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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESNVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE
AQUÁTICA NO IDOSO
MÁRCIO CARVALHO VIEGAS
Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
RIO DE JANEIRO
2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESNVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE
AQUÁTICA NO IDOSO
MÁRCIO CARVALHO VIEGAS
Monografia apresentada a Universidade
Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do Título de Especialista em
Psicomotricidade.
RIO DE JANEIRO
2003
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia à minha família: por
estarem sempre ao meu lado. O suporte deles me
dão forças para enfrentar qualquer jornada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores da UCAM, pela
dedicação e ensinamento com quem pude
aprender muito durante este periodo.
Aos meus colegas de turma.
“Como é que muitos indivíduos que
possuem apenas habilidades limitadas
conseguem atrair grande admiração pelos
resultados extraordinários?”
Kenneth Hildebrand
RESUMO
Psicomotricidade é uma ciência relativamente nova que, por ter o homem como objeto de
seu estudo, engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicos e de saúde. Além disso,
ela é uma terapia porque se dispõe a desenvolver as faculdades expressivas do indivíduo. O
objeto de estudo é o corpo e a sua expressão dinâmica, fundamentado por três
conhecimentos básicos que o substanciam. A psicomotricidade para idosos, como parte do
atendimento interdisciplinar à velhice, tem como objetivo maior à manutenção das suas
capacidades funcionais. Envelhecer mantendo todas as funções não significa problema quer
para o indivíduo ou para a sociedade. A presente monografia visou demonstrar a atuação da
psicomotricidade aquática no idoso. Verificou-se que de modo geral associa-se idoso e
velhice à enfermidade. É muito cômodo e inexato concluir que a velhice representa
enfermidade generalizada. Doença e redução de capacidade não são a mesma coisa, embora
apresentem desvios semelhantes em relação a um estado de saúde “ideal”. O hábito de se
considerar a velhice como doença impede, na maioria dos casos, que a própria pessoa
idosa, e às vezes até sua família, realize esforços no sentido de buscar uma boa forma. lugar
social que ocupavam, é dar-lhes sentido de vida, quando pela lógica estão tão próximos da
morte. Percebe-se assim a responsabilidade da sociedade, subjacente ao oferecimento de
oportunidades de inserção da população idosa. Há necessidade de um movimento do
próprio idoso no sentido de acolher as diferentes oportunidades oferecidas, mas cabe à
sociedade desenvolvimento de programas que estimulem a população idosa o envolvimento
que permita a busca da manutenção do seu nível satisfatório de funcionamento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
CAPÍTULO I – TERCEIRA IDADE......................................................................................4
1.1 – Idade e Cultura...................................................................................................8
1.2 – As Mudanças......................................................................................................9
CAPÍTULO II – REFLEXÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO.....................................11
CAPÍTULO III – TERCEIRA IDADE: UM DESAFIO PARA TODOS............................14
CAPÍTULO IV – TRANSTORNOS EMOCIONAIS DO ENVELHECIMENTO..............19
CAPÍTULO V – A SOCIEDADE E O MERCADO DE TRABALHO...............................22
5.1 – Aposentadoria, trabalho e capacidade..............................................................23
CAPÍTULO VI – ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE.....................................27
6.1 – Idade Cronológica x Idade funcional (exames médicos).................................26
6.2 – Os Programas de Exercícios.............................................................................26
CAPÍTULO VII – GERONTOLOGIA.................................................................................28
CAPÍTULO VIII – RECURSO HIDROTERAPÊUTICO....................................................30
8.1 – Modificações Fisiológicas durante o Exercício em Água Aquecida................31
8.2 – Efeitos Terapêuticos.........................................................................................32
8.3 – Contra-indicações.............................................................................................33
8
CAPÍTULO IX – O JOGO CORPORAL NO MEIO LÍQUIDO E A ABORDAGEM
PSICOMOTORA....................................................................................
...34
CONCLUSÃO................................................................................................................
......37
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................39
9
INTRODUÇÃO
No cotidiano da vida, no dia-a-dia, vemos as mais diversas formas de
discriminação. O envelhecimento é talvez uma das mais concorridas. Contudo, hoje,
entidades estão lutando pelos direitos dos cidadãos idosos, providenciando o
cumprimento de leis existentes, e por medidas mais eficazes que inibam e coibam
atitudes de maus tratos, deseducadas e a falta de urbanidade do qual o idoso é alvo
frágil e fácil (ALVES, 2003).
A capacidade física dos idosos está limitada por alguns fatores fisiológicos:
diminuição da potência muscular, fragilidade óssea, doença degenerativa e perda da
elasticidade do tecido conjuntivo.
Os fatores que afetam o sistema nervoso central são os que, com maior
freqüências, produzem incapacidades no transcurso dos anos. Variações das
atividades mentais como a diminuição de atenção, perda progressiva de memória e
instabilidade emocional, adicionadas às alterações da atividade neurológica como
diminuição dos reflexos e dificuldade em realizar movimentos, além das alterações
sensoriais decorrentes do processo do envelhecimento (ASSIS, 1998).
Os idosos mostram-se ansiosos quanto à sua segurança, à sua saúde, às
relações familiares e cansam-se mais facilmente à medida que a idade aumenta. Não
10
aprendem tão rapidamente nem retém as informações recebidas como as pessoas
jovens, portanto em psicomotricidade os objetivos devem ser direcionados para estas
características peculiares dos idosos.
Através do estímulo ao auto-conhecimento e ao autocuidado, gerando uma
melhoria na auto-estima, o idoso tem condições de lidar com seus potenciais e a
partir daí construir uma maneira própria de se relacionar com o meio social, atuando
nele mais autonomamente. Basicamente, procura-se que o idoso tenha um
desempenho mais independente possível, enfatizando as áreas de auto-cuidado, do
trabalho remunerado ou não, do lazer, da manutenção de seus direitos e papéis
sociais (VIEIRA, 1996).
A atividade aquática é um meio através do qual se vivencia significado
existencial através da expressão de valores, da auto-responsabilidade, da (re)
descoberta de competências e habilidades, do compromisso, e de sistematicidade,
podendo envolver ainda convívio social pautado por bem-estar.
Bueno (1998) relata que a psicomotricidade constitui o estudo relativo às
questões motoras e psico-afetivas do ser humano. A mesma seria o ponto de encontro
entre a expressão motora (o que a pessoa faz) e a característica pessoal-emocional de
cada ser humano (o que a pessoa sente). Esta pesquisa vem mostrar a atuação da
psicomotricidade aquática no idoso, com objetivo maior de oferecer adequadas
experiências corporais, para que ela chegue à percepção de si mesma e da relação
que pode ter com o espaço físico e humano que a rodeia.
Este estudo consiste na descrição da psicomotricidade que tem por objetivo
desenvolver aspecto comunicativo do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a
possibilidade de dominar seu corpo, de economizar sua energia, de pensar seus
11
gestos a fim de aumentar a eficácia e a estética, de completar e aperfeiçoar seu
equilíbrio.
Aborda também a descrição do idoso, na qual relata que à medida que as
pessoas envelhecem, os comportamentos e as atividades que promovem a saúde
requerem maior atenção, segundo Fonseca (1999). A população da terceira idade é
um grupo mais diversificado do que qualquer outro grupo etário, fato que se deve às
diferenças em relação às experiências ao longo da vida e a influência do meio
ambiente. Essa população apresenta grande diferença no que diz respeito à saúde e o
grau da atividade. A psicomotricidade dispõe de conhecimentos básicos necessários
para trabalhar com essa população, melhorando seu comportamento, visando um
envelhecimento mais saudável.
12
CAPÍTULO I
TERCEIRA IDADE
De acordo com Alves (2003), a velhice ou terceira idade é o período que se
inicia aos 55 anos, após o indivíduo ter atingido e vivenciado as realizações pessoais
na fase da maturidade.
De acordo com o IBGE, a população brasileira com mais de 60 anos de
idade que já soma 13,5 milhões de pessoas. Este número representa 8,7% da
população do país. Em países do primeiro mundo a população de idosos fica em
torno de 15%.
Os índices apontam para um aumento significativo de idosos nos próximos
anos, estando a previsão de se dobrar o número no ano de 2020, chegando a 27
milhões. Isto ocorrerá devido a queda nas taxas de fecundidade e de mortalidade
observadas em nossa população. A população de idosos está aumentando e com
saúde.
A expectativa de vida média atual do brasileiro é de 67 anos e 8 meses ,
sendo maior para as mulheres ( 71 anos e 7 meses) quando comparada com os
homens (64 anos e 1 mês).
Na busca de uma resposta do que é a velhice encontram-se preconceitos,
contradições e associações de que a idade avançada está ligada ao declínio, à
inferioridade.
13
O conflito psicossocial básico da velhice é a integridade do ego (estrutura da
personalidade) e o desespero. Envelhecer assusta. Mas quem consegue encarar como
uma nova fase da vida, cheia de desafios a enfrentar, aproveita-a muito bem. É
preciso apenas se preparar para esse período da existência humana, tanto física como
espiritualmente – renovar os objetivos de vida, manter-se ativo e com a mente
ocupada (NEGRINE, 2000).
De modo geral associa-se idoso e velhice à enfermidade. É muito cômodo e
inexato concluir que a velhice representa enfermidade generalizada. Doença e
redução de capacidade não são a mesma coisa, embora apresentem desvios
semelhantes em relação a um estado de saúde “ideal”.
O hábito de se considerar a velhice como doença impede, na maioria dos
casos, que a própria pessoa idosa, e às vezes até sua família, realize esforços no
sentido de buscar uma boa forma.
Quando o indivíduo, por variados motivos, não consegue passar essa fase da
vida aceitando suas transformações e seu declínio físico, fica impedido de suportar
mudanças de meio, opiniões, dependências, esquivando-se a novas situações e se
deixando levar pelo declínio físico e mental. É inevitável que sejam comprometidas,
num maior ou menor grau, suas funções físicas e psíquicas, em velocidade desigual
nos diversos aparelhos e sistemas orgânicos em diferentes pessoas. É importante que
não só os idosos, como também a sociedade, passem a ver a terceira idade não como
doença, mas como um período em que diminuem somente as suas potencialidades.
No que tange às mudanças, biologicamente pode ser considerado um
período de involução. Primeiramente as reservas orgânicas são diminuídas. A relação
com o meio torna-se muito sensível, o corpo fica suscetível às intempéries
climáticas, infecciosas, físicas e químicas, o esforço é mais difícil, as necessidades
alimentares mudam (a quantidade de ingestão diminui), o ritmo do sono é alterado, a
sexualidade é alterada e a prática diminuída também. Ao nível do sistema nervoso
ocorre uma diminuição em peso e volume do cérebro e conseqüente deterioração
intelectual, interferindo na performance e coordenação sensório-motora. O indivíduo
14
passa a ter dificuldade de adaptação a situações novas e tanto a visão como a audição
é afetada com o envelhecimento (ALVES, 2003).
Em relação às qualidades motoras básicas, essa deteriorização não é a
mesma quando o indivíduo executou atividade física anterior e periódica. Ocorre, é
claro, uma redução da capacidade de aprendizagem, tornando-se mais lenta. No
aspecto motor há um agravamento de suas qualidades motoras básicas como
agilidade, destreza, velocidade e força. Há menos massa muscular e diminuição do
tônus, podendo emergir a atrofia muscular.
A postura corporal é modificada, com o curvamento gradativo do corpo para
frente e o achatamento das cartilagens intervertebrais, ocasionando a redução da
estatura do indivíduo. O número e o tamanho das fibras musculares vão diminuindo,
embora os músculos propriamente ditos permaneçam basicamente em boas
condições até uma idade bastante avançada. A flacidez aumenta, devido ao acúmulo
de gordura na região subcutânea e os ossos tendem a perder cálcio e a se tornarem
quebradiços.
As capacidades cardiovascular e respiratória ficam agravadas com o
aumento do sedentarismo. Durante a expiração, as pessoas idosas retêm mais ar nos
pulmões e a troca gasosa fica deficitária, incidindo nessas capacidades. Os vasos
sangüíneos estão menos elásticos e mais estreitos, aumentando a resistência ao fluxo
sangüíneo, podendo ocasionar a hipertensão. Percebe-se que o sistema renal não
funciona com a mesma eficiência, podendo essa dificuldade ser reduzida com a
atividade física.
Contudo, dando ou não a forma e as condições para que o envelhecimento
seja normal, ainda que o tempo de vida se prolongue, ainda que as pessoas idosas
encontrem proteção e segurança, o ser humano fatalmente morrerá. A morte é o
fecho de um ciclo que começa com a separação do indivíduo do mundo intra-uterino
pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e
silêncio.
15
Agora, analisando a situação social do idoso no Brasil, percebe-se a
escassez de assistência e respeito ao indivíduo da terceira idade que, ao contrário de
senil, deveria ser considerado sábio, tanto por parte do governo como das próprias
famílias. Atualmente, e de forma geral, a sociedade brasileira marginaliza as duas
extremidades da vida: a infância e a velhice.
Em relação à terceira idade, num país essencialmente jovem como o nosso,
o que encontramos são atividades e infra-estruturas voltadas para a juventude,
deixando o idoso de lado. E isso sem considerar a dificuldade em toda a sua essência
de alterações morais e tecnológicas em direção ao futuro, ou seja, desde o
hambúrguer com batata frita e a correria contra o relógio das pessoas nas ruas até a
comunicação pelo fax, e-mail e computador ou internet (NEGRINE, 2000).
Neste novo milênio que acabamos de entrar, ainda podemos encontrar
idosos que no final de suas vidas vêem-se condenados ao isolamento social e cultural
pela fragmentação da família, aposentadoria e por uma política insatisfatória de
atendimento às necessidades. A essas condições soma-se o declínio funcional, mental
e físico.
A velhice não precisa necessariamente ser um período de declínio e
decadência e, quando saudável, é uma fase natural da existência, com possibilidade
de renovações, mudanças e realizações. Com o advento de inúmeros medicamentos
que permitiram maior controle e tratamento mais eficaz das doenças infecto-
contagiosas e crônico-degenerativas, aliadas aos avançados métodos diagnósticos e
ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas cada vez mais sofisticadas e eficientes,
houve aumento significativo da expectativa de vida do homem moderno.
Segundo Vieira (1996), esse Brasil está envelhecendo, e sem nenhum
preparo para isso. Enquanto a faixa etária de 0 a 15 anos cresce numa porcentagem
de 0,5% ao ano, a população com mais de 65 anos aumenta 3%. O que mais nos
assusta são os dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (1996) nos
informando que, no ano 2000, mais de 5 milhões de pessoas terão ultrapassado a
marca dos 70, com 10% dessa população acima dos 80 anos. E grande parte desses
16
indivíduos precisando de cuidados médicos específicos. Vemos com isso que o
Brasil não está equipado para enfrentar essa “carga” de anos. Desde dificuldades
governamentais e financeiras, como a aposentadoria até auto-assistenciais e de
moradia.
Essa postura precisa mudar. Há necessidade de se buscar a visão da
educação permanente para a terceira idade. Entende-se como educação permanente, a
capacidade ininterrupta de aperfeiçoamento educacional em direção a alguma meta
atingível enquanto busca constante de uma situação melhor, divorciado da noção de
resultados definitivos e voltada sempre para o alcance de uma situação ideal, que
sabemos, é inatingível.
As evidências demonstram que o melhor modo de otimizar e promover a
saúde no idoso é prevenindo seus problemas médicos mais freqüentes, para isso
vários estudos tem documentado que um estilo de vida, considerado saudável, deve
incluir exercícios regulares, uma nutrição sadia, ingestão moderada ou abstenção de
álcool, participação em atividades significativas, tempo adequado de sono e
abstenção do fumo.
1.1 - Idade e Cultura
Costuma-se dizer que a idade determinante da velhice é 65 anos,
quando se encerra a fase economicamente ativa da pessoa e começa a aposentadoria.
Contudo a Organização Mundial da Saúde, através de estudo e levantamento
estatístico mundial, elevou essa idade para 75 anos, devido ao aumento progressivo
da longevidade e da expectativa de vida (FONSECA, 1999).
Em muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, o
velho, o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de
experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da
17
reflexão. Enquanto em outras, o idoso representa "o velho", "o ultrapassado" e "a
falência múltipla do potencial do ser humano".
1.2 - As Mudanças
A velhice é um processo pessoal, natural, indiscutível e inevitável,
para qualquer ser humano, na evolução da vida. Nessa fase sempre ocorrem
mudanças biológicas, fisiológicas, psicossociais, econômicas e políticas que compõe
o cotidiano das pessoas.
Há duas formas básicas de ocorrer essas mudanças, de maneira consciente e
tranqüila ou ser sentida com grande intensidade, tudo dependerá da relação da pessoa
com a velhice. Os sinais característicos dessas mudanças são nítidos por conta da
ação do tempo e social. Vejamos abaixo alguma delas:
Mudanças Físicas: gradual e progressivas: aparecimento de rugas e
progressiva perda da elasticidade e viço da pele; diminuição da força muscular, da
agilidade e da mobilidade das articulações; aparição de cabelos brancos e perda dos
cabelos entre os indivíduos do sexo masculino; redução da acuidade sensorial, da
capacidade auditiva e visual; distúrbios do sistema respiratório, circulatório;
alteração da memória e outras (FONSECA, 1999).
Mudanças Psicossociais: modificações afetivas e cognitivas: efeitos
fisiológicos do envelhecimento; consciência da aproximação do fim da vida;
suspensão da atividade profissional por aposentadoria: sensação de inutilidade;
solidão; afastamento de pessoas de outras faixas etárias; segregação familiar;
dificuldade econômica; declínio no prestígio social, experiências e de valores e
outras.
Mudanças Funcionais: necessidade cotidiana de ajuda para desempenhar as
atividades básicas.
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Mudanças Sócio-econômico: acontecem quando a pessoa se aposenta.
Uma geração só vai se preocupar com o envelhecer quando sente que
esta nova fase da vida está se aproximando, produzindo sensações de desconforto,
ansiedade, temores e medos fantasiosos. Freqüentemente essa ansiedade gera a falta
de motivação levando-o a uma depressão, repercutindo organicamente e acelerando o
envelhecimento ou provocando distúrbios e dificuldades de adaptação a um novo
contexto social.
Estudos recentes comprovam que o avanço da idade não determina a
deterioração da inteligência, pois ela está associada à educação, ao padrão de vida, a
vitalidade física, mental e emocional. Também é preciso perder o preconceito sobre a
idade cronológica das pessoas. Pode-se afirmar que há jovens com 20, 40 ou 90 anos
de idade, tudo dependerá da postura e do interesse de cada um.
19
CAPÍTULO II
REFLEXÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO
O envelhecimento se caracteriza por algumas perdas das capacidades
fisiológicas dos órgãos, dos sistemas e de adaptação a certas situações de estresse
(CHAZAUD, 2001).
Tal fenômeno é universal, progressivo, na maioria das vezes irreversível e
resultará num aumento exponencial da mortalidade com a idade, bem como mais
probabilidade de doenças. No entanto, a grande disponibilidade alimentos, os
conhecimentos de uma alimentação balanceada, da necessidade de exercícios físicos
constantes e das vantagens de se viver em um ambiente saudável, além dos
progressos da medicina, têm levado a subverter este conceito e aumentar a
longevidade.
Mais do que em qualquer época da vida, a pessoa idosa é um todo. Os
problemas somáticos podem refletir dificuldades psicológicas e vice-versa. Nada é
inócuo.
Apesar disso, no interior de uma mesma espécie, como no ser humano, os
indivíduos vão apresentar freqüentemente caminhos variáveis no momento e na
progressão do seu envelhecimento. Certos fatores externos não influenciam
igualmente a diferenciação do envelhecimento: o clima, a profissão, a poluição, o
meio sócio-cultural, as radiações, a nutrição etc. Enquanto, no próprio organismo, o
envelhecimento dos diversos sistemas fisiológicos também não é sincrônico, uma vez
20
que suas involuções não começam ao mesmo momento, nem atingem a mesma
intensidade, resultando graus diferentes de senilidade.
Este envelhecimento diferencial envolve preferencialmente os órgãos
efetores e resulta de processos intrínsecos que se manifestam a nível dos órgãos, dos
tecidos e nas células.
Assim, a pele, sujeita a mais intempéries, lesões e radiações, envelhecerá
mais rápido e mais precocemente que o fígado, por exemplo. As complicações
vasculares afetarão o sistema cardíaco principalmente, e serão prevalentes nas
pessoas de mais de 65 anos, em conseqüência da arteriosclerose acumulada pela má
alimentação, pelo estresse, possível contaminação bacteriana etc, mas poderão
ocorrer mais cedo ou mais tarde de acordo com os hábitos prevalentes e a resistência
orgânica especifica.
O estudo da biologia e da fisiologia do envelhecimento demonstra
claramente a dificuldade em se distinguir o envelhecimento primário normal e
inevitável, do secundário, patológico e potencialmente reversível. Será que
aconteceria o mesmo em relação ao declínio psicológico e social que os acompanha?
Por quê algumas pessoas envelhecem mais rápido que outras? Será que podemos
aprender coisas novas mesmo estando velhos? Não seria possível preservar uma boa
saúde mental e uma melhor integração social até o fim da vida?
Tais questões trarão respostas diferentes, que só poderão ser entendidas de
acordo com a história de vida de cada um. Nisto reside toda a riqueza do contato com
o idoso.
A velhice acarreta situações como:
- Afastamento da atividade profissional,
- Queda do poder aquisitivo pela aposentadoria,
- Possibilidade de viuvez,
- Solidão do casal dependente dos filhos quando de seus casamentos ou
afastamentos,
21
- Necessidade econômica e/ou de saúde de morar com os filhos, passando a uma
situação de grande dependência, as quais dificultam as relações sociais,
- Carência de respeito e carinho que lhe eram anteriormente dedicados,
- A jubilação é comumente aplicada, preconceituosamente sem discriminação dos
que ainda são capazes daqueles que não o são, independentemente mesmo da
criatividade, que é um mito atribuído aos mais jovens,
- Um regime de inatividade forçada é imposto, produzindo no idoso bem
conservado um sentimento de frustração e uma vulnerabilidade especial para
enfermidades psíquicas etc.
Estes fatores operam também como agentes ativadores no processo de
envelhecimento e intensificam as mudanças negativas no âmbito da inteligência, do
caráter e da vitalidade. Assim, o homem quando envelhece pode perder a sua
identidade social, a sensação de poder e atividade, de auto-estima e de sentimento
básico de valorização de si mesmo.
Negrine (2000) é ainda atual na sua assertiva: de que aquilo que o homem
mais precisa é sentir seguro em seu amor próprio. Quando o idoso se depara com a
realidade intrínseca de uma condição ignóbil, os problemas de adaptação podem se
multiplicar.
Basicamente, o idoso caminha pari passu ás diversas gerações, distintas da
sua sob todos os aspectos. Uma estrutura de condições sociais e de papéis, de
costumes e regras de comportamento muitas vezes inaceitáveis podem tornar-se
incompreensíveis para ele.
Contrariando o pressuposto que o idoso é abandonado pelos familiares,
percebemos que alguns os superprotegem, limitando ainda mais o seu espaço.
22
CAPÍTULO III
TERCEIRA IDADE: UM DESAFIO PARA TODOS
Tão importante quanto oferecer oportunidades educacionais na infância é
também, igualmente, importante oferecer condições para que pessoas da 3ª idade
recuperem oportunidades perdidas e vivenciem situações de estudo e aprendizagens
(MEUR e STAES, 1999).
Inicialmente trataremos da influência da variável demográfica, uma das
mais importantes.
Os dados demográficos nos indicam que, a partir do ano 2000, em especial,
a população brasileira de sessenta anos ou mais apresenta taxas de crescimento oito
vezes superiores às taxas de crescimento da população jovem: o Brasil está cotado
para ser o sexto país com maior população idosa do mundo. A previsão é que em
2010 tenhamos 18.114.300 idosos e em 2020 - 27.173.600 idosos.
Segundo Vieira (1996), ao contrário do que se pensa e, inclusive, é
rotineiramente divulgado nos meios de comunicação, esse envelhecimento se deve,
preponderantemente, à diminuição de filhos das mulheres (fecundidade) e não à
diminuição da mortalidade.
Para Palma, 2000, no Brasil e em quase todos os países em
desenvolvimento, excetuando-se talvez alguns países africanos, há uma diminuição
de fecundidade, geralmente rápida, paralela a uma diminuição da mortalidade,
23
fenômeno demorado “transição demográfica” e que tem produzido transformações na
pirâmide populacional no sentido de retangularização que registra o envelhecimento.
A Unesco, em 1972, festejou o lançamento do Relatório da Comissão
Internacional sobre Desenvolvimento da Educação, Aprendendo a ser.
Segundo este documento, elaborado sob a coordenação do francês Edgar Faure, o
século XXI exigirá de todos nós grande capacidade de autonomia e discernimento,
juntamente com o reforço da responsabilidade pessoal na realização de um destino
coletivo.
Chama a atenção ainda para outra exigência, a de não deixar sem explorar
nenhum dos talentos que constituem como que tesouros escondidos no interior de
cada ser humano: memória, raciocínio, capacidades físicas, sentido estético,
facilidade de comunicação com os outros.
Há uma recomendação para dar oportunidades de educação ao longo de toda
a vida para toda a sociedade e com isto, todos tenham como acompanhar e adaptar-se
constantemente às transformações, valorizando os saberes básicos da experiência
humana.
Em 1996 – Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a
Educação para no Século XXI, cujo tema central é Educação, um tesouro a descobrir.
O conceito de educação ao longo de toda a vida, aparece como uma chave de acesso
ao século XXI. Este documento sugere uma educação permanente, dirigida às
necessidades das sociedades modernas, pois deve-se aprender ao longo de toda a
vida.
Cabendo à educação contribuir para permitir às pessoas, desde a infância até
ao fim da vida, obter um conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si
mesma, combinando os quatro pilares de educação: aprender e conhecer – cultura
geral, aprender e fazer aprender a ser e aprender a viver juntos.
24
A Política Nacional do Idoso – PNI – Lei n.º 8842 visa assegurar vários
direitos sociais dos idosos e na área de educação, apresenta como caminhos, dentre
outros:
- Desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de
comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento;
- Apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio
universalizar o acesso às diferentes formas do saber.
Segundo Paul Baltes, o envelhecimento é tratado, na maioria das vezes,
como um fenômeno de declínio. Mas o curso de vida humana é muito mais que um
resultado inevitável da biologia.
O desenvolvimento humano e conseqüentemente o envelhecimento,
refletem a influência da genética e da cultura. Ao longo da vida acumula-se um
conhecimento sobre a condução e o sentido da vida e, sob condições favoráveis, fica
organizado de modo que pode transformar-se em algo muito especial: “ Sabedoria”.
Este conhecimento pode ser poderoso o bastante para compensar, ao menos
em parte, as perdas biológicas. Em alguns casos, a cultura pode exceder os limites
biológicos.
A inteligência mecânica, como um processamento básico da informação,
declina com o passar da idade, já a Inteligência Pragmática, como conhecimento
cultural pode manter-se até o final de nossa vida.
Segundo Gutierres Filho (2003), a idéia de envelhecimento bem-sucedido,
ideal, uma longa velhice, sem perda do vigor físico e da agilidade mental do jovem,
atrai o interesse das pessoas desde a antigüidade.
Desde os tempos mais remotos, os indivíduos que possuíam sabedoria,
freqüentemente, assumiam posição de destaque na sociedade e tinham o respeito da
comunidade. Isto porque, em tempos antigos, em culturas mais tradicionais e
25
implicitamente em todas as civilizações orientais, o acúmulo dos anos na vida de
alguns significava um acúmulo da sabedoria.
Na atualidade, diversos estudiosos dão ênfase à variedade de forças ligadas
à longa existência, como calma, tranqüilidade, liberdade e sabedoria.
Para Alves (2003), “a sabedoria é uma função pertinente ao crescimento ao
longo da vida, uma forma rara de especialização cognitiva, perfeição excessivamente
difícil de ser atingida em sua totalidade”. Entenda-se, bem difícil mas possível de ser
atingida.
Fonseca (1999) afirma que segundo importantes dicionários, a sabedoria foi
definida como sendo uma “introspecção e um conhecimento sobre si mesmo e o
mundo e parece ser uma espécie de julgamento no caso de difíceis problemas da
vida”
Bem, a questão do envelhecimento bem-sucedido envolve aspectos que
exigem das pessoas uma dose significativa de “sabedoria” para entender como agir
diante de transformações tão profundas e muitas vezes difíceis de serem assimiladas.
É comum ouvirmos declarações de pessoas que envelheceram, de que “não
sabiam o quanto era difícil envelhecer” ou mesmo de que “não se prepararam para
envelhecer”.
O envelhecimento satisfatório compreende um equilíbrio entre as perdas e
os ganhos do envelhecimento. Em termos biológicos, as perdas são muitas, pois
como disse Paul Baltes, “a biologia é inexorável”. Então o que sobra, o que nos resta
ao envelhecer? Os estudos e pesquisas indicam que a sabedoria seria este ganho e
talvez, ganho único, deste processo de envelhecimento.
Mas sabemos muito pouco ou mesmo quase nada, de como é possível
incluir em nosso dia-a-dia, atitudes sábias e que venham a melhorar a nossa vida e a
nossa convivência diária.
26
Porém, há um conjunto de critérios compreendido neste tão amplo conceito
e que, uma vez conhecido, poderá nos permitir um envelhecimento que seja
verdadeiramente considerado como satisfatório, bem-sucedido.
27
CAPÍTULO IV
TRANSTORNOS EMOCIONAIS
DO ENVELHECIMENTO
O relacionamento do idoso com o mundo se caracteriza pelas
dificuldades adaptativas, tanto emocionais quanto fisiológicas; sua performance
ocupacional e social, o pragmatismo, a dificuldade para aceitação do novo, as
alterações na escala de valores e a disposição geral para o relacionamento objectual.
No relacionamento com sua história o idoso pode atribuir novos significados a fatos
antigos e os tons mais maduros de sua afetividade passam a colorir a existência com
novos matizes; alegres ou tristes, culposas ou meritosas, frustrantes ou gratificantes,
satisfatórias ou sofríveis... Por tudo isso a dinâmica psíquica do idoso é exuberante,
rica e complicada (BALLONE, 2003).
Será difícil envelhecer serenamente quando a vida pregressa foi
ponteada pelos mais variados traumatismos, frustrações e dessabores. As vivências
traumáticas pregressas são sempre máculas indeléveis da existência e, com o
esvaziamento progressivo da energia vital, se tornarão feridas emocionais abertas.
Diante de certas circunstâncias de vida, cabe muito mais ao destino que ao terapeuta
proporcionar a cura ou prevenir doenças. Na velhice as ocorrências vivenciais
sofríveis serão as maiores determinantes do estado emocional.
Voltando a comentar sobre as condições de vida atual de nossos idosos,
aquilo que a vida traz em tempo presente ao indivíduo. O "contato social suficiente",
começa ser menosprezado na própria família do idoso. O velho é sempre colocado
numa posição de forma a proporcionar menor incomodo à dinâmica familiar. E não
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falamos apenas de uma posição existencial mas até do ponto de vista geográfico e
espacial.
Além do idoso não dispor de espaço importante no seio familiar,
geograficamente quando não é alocado numa dependência isolada da casa ou numa
cadeira bem no cantinho da sala, é levado para algum local "de repouso", longe dos
olhos dos familiares.
No meio familiar os assuntos cotidianos quase nunca são dirigidos ao velho,
pois há uma falsa e cômoda crença sobre ele não se interessar por mais nada. Em
festinhas e eventos familiares aparece novamente a falsa (e cômoda) crença sobre ele
não estar gostando de nada daquilo, nem do barulho, nem da agitação, nem de nada.
Portanto, é novamente colocado à distância. Normalmente ele não gosta mesmo é de
se sentir um incômodo e passa a não gostar também de um barulho que nunca é
dirigido à ele.
Como pode-se pretender uma "ocupação cheia de significado" num país
onde até os concursos públicos limitam a idade para admissão aos 40 anos?
Realmente, dessa forma só restará aos idosos cuidarem de canários, praticarem
jardinagem e tricô. O velho é, de fato, considerado um inapto por nossa sociedade,
um incapaz crônico e um deficiente ocupacional irrecuperável. A exaltação da
produtividade, a glória do útil e o mérito tirânico da vitalidade jovial monopolizam
toda valoração social. Fazer questão de sentir-se jovem, quase aos níveis do retardo
mental, é a pretensão dos desadaptados às suas reais condições bio-cronológicas e
dos possuídos pelo demônio da produção.
Não deve haver constrangimento ou vergonha na adaptação sadia à idade
madura, na aceitação sem frustração das naturais limitações determinadas pela idade
e no descobrimento de tantas outras e novas aptidões. O entusiasmo no idoso deve
ser sempre estimulado, porém, estimulado para atividades compatíveis com sua real
situação e não para atividades extemporâneas forçadas para o simples atendimento de
valores culturais distorcidos.
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A insegurança social e a perspectiva de abandono futuro dos idosos é tanta
que, desde há muito, tornou-se hábito em nosso sistema constituir famílias com
muitos filhos como forma de apelo para que, na velhice, algum dos filhos cuide do
destino dos pais. E isso, apesar daquilo, nem sempre acontece da forma satisfatória
prevista pelo patriarca.
A pouca importância da senilidade é percebida até mesmo nos meios
científicos. Entristece a notável discrepância entre a escolha, pelos médicos
formandos, para a pediatria e a geriatria como especialidades desejadas. Também na
psicologia a senilidade é deixada de lado, tendo em vista a mega quantidade de obras
destinadas aos temas infantis e a notável escassez de títulos geriátricos.
Os valores estéticos estão tão enraizados culturalmente no comportamento
das pessoas que um ato de afeto e carinho entre dois idosos, como por exemplo, o
caso de um beijo, é capaz de provocar atitudes de evitação, jocosidade e até
reprovação. O mesmo ato, tendo adolescentes como protagonistas, encontra
receptividade social muito maior (BALLONE, 2003).
E é assim que o idoso, considerado um peso social, frustra-se com a
subtração de seu espaço existencial, anteriormente vivido com plenitude e sucesso.
Experimenta uma profunda reação de perda sem nada a substituir o objeto perdido: o
seu valor como pessoa. Desta forma, mesmo indivíduos relativamente equilibrados
emocionalmente durante a vida pregressa, com a velhice tendem a descompensar.
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CAPÍTULO V
A SOCIEDADE E O MERCADO DE TRABALHO
Vale fazer um alerta importante, só na América do Sul estima-se que no
início deste novo milênio mais de 30 milhões de pessoas estarão com idade acima de
60 anos. No Brasil, só o Estado de São Paulo representará quase três milhões de
pessoas ou cerca de 8% dessa população. O aumento desta população tende a
expandir ainda mais nas próximas décadas, o que justifica o interesse e a
preocupação da sociedade e do governo em criar ações para tratar questões ligadas à
velhice (NEGRINE, 2000).
Hoje todas as empresas precisam vencer os desafios da competitividade e
da globalização do mercado comercial. Assim algumas empresas, vêem como saída
para esse problema o sangue novo, dispensando os mais velhos de casa e de idade e
contratando pessoas mais jovem, mais dinâmicas que consigam alavancar a empresa.
Será que essa atitude é correta? Talvez não, dependendo do número de colaboradores
que estejam nessa condição a empresa poderá perder seu know-how, sua identidade e
empregados que conhecem detalhes do serviço. Além do que essa forma de dispensa
poderá ter conseqüências diretas na perda de sua produtividade e motivação de mão-
de-obra, pois quem ficou terá receio que no amanhã isso também poderá acontecer
com ele.
Outras empresas para enfrentar os mesmos desafios, utilizam-se da
reengenharia de cultura empresarial fazendo um planejamento para os próximos dez
anos, assim, se elas tiverem colaboradores alcançando a aposentadoria nesse período
poderão programar a saída desses e treinar os mais novos. Gerando uma nova equipe
já entrosada, motivada e preparada para multiplicar essa cultura à próxima geração.
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Uma empresa com pessoas novas e dinâmicas mesclada com pessoas mais
maduras, conscientes e experientes, com toda a certeza terá resultados de mercado
muito melhores.
Agora, há momentos que não tem outro jeito. É preciso cortar pessoas, os
escolhidos serão os mais velhos, não por preconceito mas por necessidade. Então é
necessário prepará-los para essa nova realidade, amparando-os, com programas
sociais e profissionais, para que aprendam e façam sua escolha de qual o melhor
caminho a seguir - se vai procurar outro emprego, dar informações de como fazer, se
vai abrir um negócio mostrar como proceder e no caso de simplesmente se aposentar,
mostrar como levar uma vida com qualidade. Certamente toda empresa que agir
desta forma terá um bom retorno desse investimento, a repercussão positiva na
equipe e garantido que as suas metas e objetivos sejam atingidos face à motivação de
todos.
Talvez uma das melhores saídas para esse problema seja o Programa de
Preparação para a Aposentadoria - PPA, que possui caráter informativo e formativo
possibilitando que essas pessoas realizar reflexões, tomar consciência do processo de
envelhecimento e quais as atitudes a serem tomadas diante das alterações
relacionadas aos aspectos econômicos, sociais e familiares no momento da
aposentadoria. As empresas que estão oferecendo o PPA aos seus colaboradores
estão colhendo como vantagens nessa relação: a renovação do seu quadro; exercício
da responsabilidade social na comunidade; aumento no nível da produtividade;
repasse de know-how; motivação e a participação nas metas; imagem positiva da
empresa no mercado e a elevação da qualidade de vida no trabalho.
5.1 - Aposentadoria, trabalho e capacidade
Toda aposentadoria tem suas implicações negativas. É preciso rever essa
atitude de aposentar seres inteligentes e capazes de dar muito mais de si pelo
mercado de trabalho. A alta competitividade de mercado e o preconceito pela idade
tem sido causas freqüentes para a dispensa dessa força de trabalho mais experiente, a
qual poderia ser recolocada e bem aproveitada.
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Recentemente uma empresa publicou uma pesquisa sobre tendências na
área de empregos e apresentou uma novidade: o número de vagas com preferência
para candidatos maduros, com mais de 40 anos, aumentou mais de 15% nos dois
últimos meses de 1999. Os candidatos maduros estão melhor preparados e as
empresas descobriram que o preconceito estava provocando a perda de
oportunidades para a contratação de talentos já comprovados.
Quando um profissional deixa a empresa e o ambiente em que era
respeitado, ele passa a enfrentar o preconceito em relação à idade. Como
conseqüência ele primeiro se revolta, depois busca novas forças e motivações para
enfrentar as dificuldades. Com isso ele aprende, desenvolve novas competências e
surpreende o mercado de trabalho.
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CAPÍTULO VI
ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
As mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o
processo de envelhecimento, podem influenciar de maneira decisiva no
comportamento na terceira idade (VIEIRA, 2002).
A desgaste ocasionado pela idade, aliado á falta da atividade física pode
causar reduções: no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade de
concentração, de reação e de coordenação, quando associadas a alterações ósseas
(osteoporose) ocorrem modificações na postura, no equilíbrio e na marcha.
Das perdas físicas, o enfraquecimento muscular, perda de flexibilidade,
presença de encurtamentos musculares e diminuição da elasticidade da pele são as
mais perceptíveis. Além disso, há modificações na composição corporal, com maior
deposição de gorduras
No idoso há diminuição de 37% no número de axônios e de 10% na
velocidade de condução do impulso nervoso.
Todo este quadro de perdas pode gerar processos de auto-desvalorizacão,
apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão.
Porém, todo o processo de envelhecimento pode ser evitado, atenuado ou
retardado pela prática da atividade física regular bem orientada, acompanhada de
uma dieta nutritiva e balanceada.
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6.1 - Idade Cronológica x Idade funcional (exames médicos)
Quando falamos de idosos, não podemos classificar o envelhecimento
apenas pela idade cronológica e sim pela idade funcional dos diferentes órgãos e
sistemas. Portanto, o grau do envelhecimento dos órgãos varia entre indivíduos
idosos sadios ou não, sedentários ou ativos, de acordo com a diferença no estilo de
vida.
Exames médicos são importantes para definir a idade funcional do indivíduo
(colesterol, triglicérides, densitometria óssea, eletrocardiograma de esforço).
Os indivíduos idosos ativos, que se exercitam regularmente, têm
diminuídos os efeitos do processo de envelhecimento, retardando-os
consideravelmente.
Com a idade necessitamos de atividade física moderada como um meio
preventivo de doenças e do envelhecimento não saudável.
Dentro deste contexto podemos salientar os benefícios trazidos pela
prática regular de atividade física, mesmo quando iniciada em idade avançada. As
adaptações ocorridas nas pessoas submetidas a um programa de atividade física são
semelhantes àquelas ocorridas em indivíduos jovens. Portanto, um programa de
exercícios adequado contribui para uma melhora da qualidade de vida em qualquer
idade.
6.2 - Os Programas de Exercícios
Os programas de exercícios devem ser adaptados ao indivíduo, priorizando
suas necessidades e suas possibilidades.
Praticar atividade moderada de forma sistemática, dá melhor resultado que
atividade intensa durante um curto espaço de tempo.
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O aumento da carga de exercícios deve ocorrer, porém deves ser de forma
gradual, evitando o cansaço intenso e a dor, objetivando desenvolver a resistência
física.
Deve-se trabalhar para aumentar a força, melhorar a flexibilidade,
criar resistência cardiorespiratória, desenvolver coordenação e equilíbrio.
As atividades devem ser um hábito de vida, portanto é importante que seja
agradável ao indivíduo para dar-lhe prazer e satisfação, aumentando a sua auto-
estima e trabalhando também seu aspecto emocional.
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CAPÍTULO VII
GERONTOLOGIA
Segundo Vieira (2002), desde o início da década de 60 o mundo inteiro
começou a tomar consciência de um “novo” fenômeno de expansão do
envelhecimento populacional que crescia progressivamente diante do aumento
populacional geral. Esse movimento demográfico fez gerar mudanças de atitudes da
sociedade, a fim de proporcionar meios, os mais variados, para atender às
necessidades e solucionar os problemas cotidianos de vida das pessoas idosas.
Embora o processo de envelhecimento seja uma conseqüência natural da
vida, não se pode evita-lo; o que se deve fazer, no entanto, é procurar estabelecer as
bases para que, nesse período, o idoso possa viver nas melhores condições possível.
A gerontologia é o conjunto de disciplinas integradas que estudam o
processo de envelhecimento. Fundamenta-se na concepção biopsicossociofisiológica,
na qual as questões concernentes à prevenção, saúde e qualidade de vida do idoso
(PAPALÉO NETTO, 2000).
A gerontologia observa e analisa, também, numa visão crítica, as funções
reintegradoras; atua, por meio de gestos e movimentos adequados em cada nível de
desenvolvimento do idoso, na tentativa de recuperar, de forma adaptada, as
habilidades parcialmente perdidas. Fundamenta-se essencialmente na
individualidade, de acordo com o processo de envelhecimento e da situação
particular de cada pessoa idosa.
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A gerontologia e a psicomotricidade, integradas, numa perspectiva
constante de renovação, estão estreitamente inter-relacionadas e vão ao encontro dos
anseios da necessidade de movimento, característica intrínseca do ser humano.
Utiliza como meio a gerontomotricidade. Visa a recuperar e conservar, de forma
funcional, as condutas psicomotoras; a melhorar e aprimorar o conhecimento de si e
a eficácia das ações, sobretudo das atividades de vida diária – AVD (FONSECA,
1999).
Repousa sobre as premissas de trabalho individualizado, nas quais observa
cada etapa do processo de envelhecimento. Favorece o desenvolvimento integral do
idoso, estabelecendo, de forma equilibrada e harmônica, a inter-relação entre a
motricidade e o psiquismo. Propicia o equilíbrio e a noção do corpo no espaço, em
sua totalidade, e contribui para a preservação da saúde.
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CAPÍTULO VIII
RECURSO HIDROTERAPÊUTICO
De acordo com BATES e HANSON (1998), o exercício em água aquecida é uma
modalidade de tratamento para uma grande variedade de patologias. Na imersão com a
cabeça fora da água considera-se água à 95º (35ºF) termoneutra.
Qualquer desvio mínimo na temperatura da água pode produzir mudanças
significativas no sistema circulatório. Em vez de ficar nos membros, o sangue é
redistribuído. Esta redistribuição causa o aumento do retorno venoso e é considerado a
base para todas as modificações fisiológicas associadas à imersão. As modificações
fisiológicas são melhores observadas em uma postura ereta vertical do que em uma posição
sentada ou supina.
Os efeitos fisiológicos experimentados por um indivíduo imerso em água
aquecida depende de sua postura e de qualquer elemento que possa alterar o estado neutro
do corpo. Os elementos que influenciam este estado incluem a temperatura da água, a
duração do tratamento, o tipo e a intensidade do exercício, e a condição patológica do
paciente.
A temperatura da água irá elevar a temperatura corporal apenas se estiver mais
alta do que a temperatura da pele. A magnitude do aumento da temperatura depende da
porcentagem do corpo que está imersa. Durante a imersão com a cabeça fora da água o
calor é ganho pelas áreas que estão abaixo da água e perdido através das glândulas
sudoríparas nas áreas exposta ao ar. As mudanças de temperatura variam de pessoas para
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pessoa.
As respostas fisiológicas experimentadas pelo corpo durante a imersão em água
aquecida são similares às de aplicação de calor localizado, mas menos concentradas. As
propriedades são responsáveis por muitas das respostas fisiológicas gerais que afetam uma
variedade de sistemas do corpo (BATES e HANSON, 1998).
8.1 - Modificações Fisiológicas durante o Exercício em Água Aquecida
- Aumento da freqüência respiratória
- Diminuição da pressão sangüínea
- Aumento de suprimento de sangue para os músculos
- Aumento do metabolismo muscular
- Aumento da circulação periférica
- Aumento da freqüência cardíaca
- Aumento da quantidade de sangue de retorno ao coração
- Aumento da taxa metabólica
- Diminuição de edemas das partes do corpo submersas (devido à pressão hidrostática da
superfície da água de 14,7psi mais um aumento de 0,43psi por cada pé aumentado na
profundidade)
- Redução da sensibilidade nos terminais nervosos
- Relaxamento muscular geral
No corpo humano, as respostas fisiológicas ao exercício dependem diretamente
de muitos fatores: (1) a freqüência com que o exercício é executado, (2) a intensidade do
exercício, relativa à habilidade do indivíduo de executar os exercícios em uma sessão e (4)
o tipo de exercício executado. Esses fatores influenciam as adaptações feitas pelos sistemas
fisiológicos, e uma mudança em qualquer uma destas variáveis altera a resposta fisiológica
(CAMPION, 2000).
Exercícios em piscina aquecida são talvez as atividades mais benéficas para
indivíduos idosos, pois há uma falta de forças excêntricas e os movimentos são mais lentos
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por serem executados na água, reduzindo as chances de microtraumas. Além disso, as
mudanças fisiológicas que são conseqüências da imersão em água aquecida ajudam a
reduzir a dor percebida e aumentam a facilidade no movimento.
Indivíduos idosos se beneficiam mais com um programa de treinamento de baixa
resistência, no qual a intensidade é aumentada em uma média lenta, permitindo
aclimatação.
8.2 - Efeitos Terapêuticos
Em adição às várias modificações fisiológicas que ocorrem durante a imersão em
água aquecida, as propriedades físicas da água oferecem muitas vantagens em um
programa de exercícios. Algumas das vantagens da terapia aquática em água aquecida
devem ser consideradas para tratamento eficiente da recuperação física e psicológica do
indivíduo idoso (CAMPION, 2000).
Pode dizer que os benefícios terapêuticos dos exercícios em água aquecida são:
- Promove relaxamento muscular
- Reduz a sensibilidade à dor
- Reduz espasmos musculares
- Facilita a movimentação articular
- Aumenta a força e resistência muscular em casos de fraqueza
- Reduz a atuação da força gravitacional (no início do treino para marcha)
- Aumenta a circulação periférica (condição de pele)
- Melhora a musculatura respiratória
- Melhora consciência corporal, o equilíbrio e a estabilidade proximal do tronco
- Melhora a moral e autoconfiança do paciente (efeito psicológico)
O objetivo do programa de exercícios aquáticos terapêuticos para indivíduos
idosos é ajudar a aumentar a tolerância ao exercício e o nível de resistência física,
ganhando desta forma melhoria geral do nível de condicionamento, melhora a intensidade
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dos sintomas apresentados na maioria das vezes. Cada programa de exercício deve ir de
encontro à capacidade do indivíduo e ser flexível quanto à resposta aos sintomas ou dor
experimentada durante cada sessão.
8.3 - Contra-Indicações
Os indivíduos idosos devem ser selecionados em razão das contra-indicações à
terapia na piscina. Cada instalação deve desenvolver seu próprio modo de precaução,
definindo quais são as contra-indicações absolutas e relativas. Os parâmetros dependem do
programa e da população de pacientes que está sendo tratada.
Algumas das contra-indicações da terapia na piscina incluem:
1. Doença transmissíveis pela água, como tipo, cólera e desinteria;
2. Febre alta - acima de 38ºC (100ºF);
3. Insuficiência cardíaca;
4. Doenças nos rins (onde existe uma inabilidade para fazer ajustamento na perda de
fluidos);
5. Desordens gastrointestinais;
6. Doenças infecciosas;
7. Feridas abertas;
8. Doenças da pele com erupções;
9. Tímpanos perfurados;
10. Incontinência de fezes ou urina;
11. Menstruação sem absorvente interno;
12. Epilepsia;
13. Pressão arterial anormal (hipo e hipertensão).
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CAPÍTULO IX
O JOGO CORPORAL NO MEIO LÍQUIDO
E A ABORDAGEM PSICOMOTORA
Para falar de jogo corporal torna-se necessário tomar como base algumas
afirmações significativas e que considerar ponto de partida, a citação de Berge
(1988), apud Gutierres Filho (2003), “nada está separado do nada, e o que não
compreenderás em nenhuma outra parte”.
Num trabalho aquático de aprendizagem independente, o profissional aqui
envolvido, está intimamente e corporalmente envolvido com o indivíduo.
Basicamente já se encontra próximo e imerso na mesma água que o indivíduo, tendo
possibilidade de compartilhar das reações dessa pessoa mais profundamente. Não se
trata de estudar os seus comportamentos nessa relação privilegiada de exclusividade
e poder com o adulto nem subordiná-lo às situações pré-fabricadas propostas pelo
mesmo. Trata-se de saber como o profissional reage aos comportamentos da pessoa,
como esta reage à sua ação e como ocorre a evolução de ambas as partes, estando os
dois inteiramente envolvidos na situação em questão.
São essas condições que claramente exigem uma formação mais complexa
que a da abordagem aquática. Associar o vivido aos objetivos predeterminados é a
base dessa aprendizagem, pois, para a psicomotricidade ser plena nesse meio
aquático, as atividades corporais e as atividades relacionais devem ser consideradas
complementares, evoluindo conjuntamente para uma concreta expressão corporal.
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Educar ou reeducar o indivíduo para o jogo corporal é resgatar seu prazer
no movimento livre, espontâneo, conduzindo-o da pouca ou nenhuma noção que tem
de si para além dos gestos aprendidos e reproduzidos, ou seja, para gestos com
significado, com expressão criativa e com consciência emocionada dessa expressão.
Gutierres Filho (2003) define muito bem a noção desse corpo quando diz que “o
corpo é, e o é por ter no presente a sua integridade, concretizando a existência,
carregando história e símbolos que o fazem existir nesse momento e reagir ao que o
meio lhe propõe, sempre na intenção de satisfazer suas necessidades e seus desejos,
sendo esta intencionalidade que unifica as suas estruturas, tornando-o um ser uno e
indivisível. Somente a perda da intencionalidade causa uma desintegração nesse
sentido, impedindo uma visão capaz de abranger a relação dialética entre o homem e
o mundo, o sujeito e o objeto”.
Pouco a pouco, à medida que o indivíduo vai vivenciando por meio do
resgate do prazer corporal a consciência de suas ações, sua relação com o mundo
torna-se mais consistente e mais proveitosa. Fonseca (1999) diz que “cada tomada
de consciência é um ato criador”, referindo-se aqui à importância da vivência e sua
relação com o ato criativo.
O jogo corporal deve imbuir-se de atividades soltas que repassem o
significado de suas emoções por meio dos gestos e da relação, a fim de que o
indivíduo pouco a pouco se aprofunde em si mesmo, e com isso, tenha perfeito
controle das ações associadas à emoção. Bueno (1998) comenta que “mexer-se com
liberdade é exprimir nossos sentimentos mais escondidos, partilhar o que pensamos
mas não sabemos dizer, reencontrar o contato com a natureza e com o outro, realizar
um pouco nossa necessidade de autenticidade”.
Num trabalho psicomotor na água com idosos, a proposta a ser apresentada
deve evoluir com a demanda do grupo. Precisa-se acreditar que todo indivíduo possui
carga para o outro, sendo latente em alguns e encoberta em outros. Entretanto, a
capacidade de criação não pode ser comandada.
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À medida que se desenvolvem as vivências, os movimentos criativos vão
nascendo naturalmente, os gestos vão adquirindo significados e expressando
autenticamente seus desejos e demandas. Aos poucos, pelo aprofundamento e
condução das atividades, os indivíduos passam a expressar mais claramente suas
emoções por meio do movimento, libertando-se pouco a pouco de seus bloqueios em
atividades espontâneas e estabelecendo uma relação mais estruturada consigo
mesmos, reconstruindo sua auto-imagem.
O papel do profissional é facilitar essa caminhada orientando suas
potencialidades, motivando-as e sustentando seus desejos por meio de consíguas
pertinentes ao movimento individual e grupal. E Gutierres Filho (2003) afirma:
“expressão corporal sem exigências é liberdade sem responsabilidade”. É necessário
que as propostas sejam motivantes e progressivamente complexas e desafiadoras.
Uma das estratégias interessantes é utilizar-se dos contrastes, relatado
brilhantemente por Lapierre, visto que vivenciar os opostos conduz pouco a pouco ao
equilíbrio entre os mesmos. A oscilação entre os contrastes assemelha-se à oscilação
diária entre a estrutura interna do indivíduo e as interferências externas inferidas a
ele. Por meio desses contrastes o indivíduo vai-se adaptando ao inesperado, ao
exagero, flexibilizando cada vez mais suas ações. Se assim desejar, ousar nas
investidas corporais e relacionais com mais autenticidade e significação.
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CONCLUSÃO
A velhice é um processo pessoal, natural, indiscutível e inevitável,
para qualquer ser humano, na evolução da vida. Nessa fase sempre ocorrem
mudanças biológicas, fisiológicas, psicossociais, econômicas e políticas que compõe
o cotidiano das pessoas.
Para uma população idosa que sofre mais de um problema
psicossociogênico do que físico, a psicomotricidade aquática é um caminho que abre
possibilidades de encontrar outras formas de fazer o que já sabem, proporcionando a
esses indivíduos tão discriminados, viver o envelhecimento como um momento pleno
de vida, de ação e não de limitações e perdas. A conquista da auto-confiança, e o
resgate da auto-estima estimula-os ao autocuidado e motiva-os a preservar sua
independência e autonomia que são preditores de bem-estar.
Objetivo deste trabalho foi saber de que maneira a psicomotricidade
aquática interfere positivamente no processo de envelhecimento, promovendo bem-
estar, além de identificar e definir quais são os fatores que levam à boa aceitação
dessa prática pela terceira idade.
No término da pesquisa pode-se afirmar que não devemos dirigir nossa
atenção somente para um aspecto, como o motor, por exemplo, podemos por em
risco a unidade da pessoa, pois estaremos enfocando o indivíduo sob um olhar
unilateral.
Por meio da atividade dinâmica e globalizante, através da psicomotricidade
aquática, conseguimos perceber o outro e relacionamos com ele. É a ação que
expressa a intenção. A ação permite apreender, reconhecer e construir a realidade do
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mundo, a realidade dos objetos e do espaço. Diante desses propósitos, a
corporalidade, ou seja, a aceitação, conhecimento e expressão por meio da vivência
corporal, é que favorecerá sua evolução e expressão psicomotora mais verdadeira.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, F. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. Rio de Janeiro: Wak, 2003, p. 31-52. BALLONE, G.J. Alterações Emocionais no Envelhecimento. Publ. In www.uol.com. br/gballone/geriat/andropausa.html, 2002. Acessado em 12/09/2003. BATES, A., HANSON.N. Exercícios Aquáticos Terapêuticos. São Paulo: Manole, 1998. BUENO, J. M. Psicomotricidade – Teoria e Prática: Estimulação, educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo: Lovise, 1998, 17-20, 57-61, 85-86. CAMPION, M. R. Hidroterapia: Princípios e Prática. São Paulo: Ed. Manole, 2000. CHAZAUD, Jacques. Introdução à psicomotricidade. editora Manole, São Paulo, 1976. FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade. Martins Fontes Editora, São Paulo, 1983. GUTIERRES FILHO, P. A Psicomotricidade Relacional em Meio Aquático. São Paulo: Manole, 2003. MEUR, A., STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo: Manole, 1989. NEGRINE, Airton da Silva. A coordenação psicomotora e suas implicações. editora Pallotti, Porto Alegre, 1987 . PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia – A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. São Paulo: Atheneu, 2000, p. 3-7, 26-27. VIEIRA, E. B. Manual de Gerontologia. Rio de Janeiro: Revinter, 1996, p. 06-23.