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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Aplicação de vinhaça em cana-de-açúcar por gotejamento
subsuperficial: dinâmica de íons e balanço de água
Roque Emmanuel da Costa de Pinho
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Física do Ambiente Agrícola
Piracicaba 2013
2
Roque Emmanuel da Costa de Pinho Engenheiro Agrônomo
Aplicação de vinhaça em cana-de-açúcar por gotejamento subsuperficial: dinâmica de íons e balanço de água
versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011
Orientador: Prof. Dr. JARBAS HONORIO DE MIRANDA
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Física do Ambiente Agrícola
Piracicaba 2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
DIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBD/ESALQ/USP
Pinho, Roque Emmanuel da Costa de Aplicação de vinhaça em cana-de-açúcar por gotejamento subsuperficial: dinâmica de íons e balanço de água / Roque Emmanuel da Costa de Pinho.- - versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011. - - Piracicaba, 2013.
96 p: il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2013.
1. Vinhaça 2. Balanço de água 3. Cana 4. Fertirrigação I. Título
CDD 633.61 P652a
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
DEDICATÓRIA
A todos os meus familiares, especialmente aos meus pais e irmãos, que sempre me
apoiaram, e a todos os meus amigos que transformaram esse período em um tempo de
diversão e, sobretudo, de amadurecimento.
4
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AGRADECIMENTOS
À minha família, pelo apoio incondicional, mesmo com a distância física e as poucas
visitas anuais;
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, pela oportunidade de pós-
graduação;
Ao CNPq, pela concessão da Bolsa de Estudos;
À FAPESP, através do Projeto nº: 10/00787-2, por possibilitar a realização desse
trabalho;
A todos os professores da ESALQ com os quais tive contato desde o mestrado, pelo
conhecimento transmitido. Em especial, aos professores que fizeram parte da minha
rotina, Jarbas Honorio de Miranda, pela paciência e compromisso na orientação,
Quirijn De Jong van Lier, pelos ensinamentos e por todos os momentos de diversão
compartilhados, Paulo Leonel Libardi, pelos ensinamentos e pela companhia diária,
e Sergio Oliveira Moraes, por todo o conhecimento físico, filosófico e poético
compartilhado;
A todos os funcionários dos Departamentos de Física do Ambiente Agrícola e
Engenharia de Biossistemas. Em especial, a Angela Márcia Derigi Silva, Luiz
Fernando Novello, Gilmar Batista Grigolon, Paula Bonassa e Francisco Bernardo
Dias, pela amizade e prestatividade ao longo de todo este tempo;
Aos colegas João Alberto Lelis Neto e Fábio Jordão Rocha, pela amizade e ajuda
em campo;
Ao amigo Jaedson Cláudio Anunciato Mota, pela companhia, ajuda e prontidão em
todos os momentos, e por toda a contribuição científica dada desde o início; e
A todos os amigos que aqui reconheci, professores e alunos, por compartilharem
esse tempo de forma tão prazerosa. Em especial, aos colegas de sala (Angelica,
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Valéria, Susan, Marcos, André e João Batista), de corredor/departamento (Pablo
Javier, Alex, Jaedson, Mônica, Adriano, Fernando, Verena, Christiane, Dirceu,
Marcelo, Luciano, Ismael, Luís Fernando, Marinaldo, Dinara), moradia (Lucas
Vellame, Josenita Barreto, Luzimario, Alcione, Anderson, Carlos Augusto, Helon,
Renan, Marival e Carlos Antônio).
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EPÍGRAFE
“Somewhere, something incredible is waiting to be known”
Carl Sagan
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SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................... 11
ABSTRACT ............................................................................................................... 13
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 15
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 17
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19
2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 21
2.1 Cana-de-açúcar ................................................................................................... 21
2.2 Irrigação localizada ............................................................................................. 22
2.3 Aplicação de vinhaça .......................................................................................... 23
2.4 Dinâmica de íons no solo .................................................................................... 25
2.5 Balanço de água no solo ..................................................................................... 27
2.6 Análise Multivariada ............................................................................................ 29
2.7 Material e Métodos .............................................................................................. 31
2.7.1 Descrição da área experimental ....................................................................... 31
2.7.2 Tratamentos e delineamento experimental ...................................................... 33
2.7.3 Adubação e Fertirrigação ................................................................................. 34
2.7.4 Aquisição e aplicação de vinhaça .................................................................... 35
2.7.5 Atributos químicos da solução do solo ............................................................. 36
2.7.6 Balanço de água no solo .................................................................................. 36
2.7.7 Produtividade e Características tecnológicas da cana-de-açúcar .................... 40
2.7.8 Análises estatísticas ......................................................................................... 41
2.8 Resultados e Discussão ...................................................................................... 42
2.8.1 Condições climáticas ........................................................................................ 42
2.8.2 Atributos químicos do solo ............................................................................... 44
2.8.2.1 Análise multivariada ...................................................................................... 44
2.8.3 Atributos químicos da solução do solo ............................................................. 49
2.8.3.1 Análise exploratória ....................................................................................... 49
2.8.3.2 Análise multivariada ...................................................................................... 60
2.8.4 Balanço de água no solo .................................................................................. 64
2.8.5 Produtividade ................................................................................................... 76
2.8.6 Características tecnológicas ............................................................................. 76
3 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 81
10
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 83
ANEXOS ................................................................................................................... 91
11
RESUMO
Aplicação de vinhaça em cana-de-açúcar por gotejamento subsuperficial:
dinâmica de íons e balanço de água
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com produção de 734 milhões de toneladas em 2011 (41% da produção mundial), sendo apontado como líder no setor de bioenergia. A aplicação de vinhaça, resíduo da fabricação do álcool, como fertilizante na cultura da cana-de-açúcar tem se tornado frequente, aumentando também a preocupação com seu potencial poluente. Estudos sobre o tema culminaram em uma instrução normativa (P4.231) da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), cuja dose recomendada baseia-se nas concentrações de K+ no solo e na vinhaça. A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a percolação da vinhaça no solo aplicada via gotejamento subsuperficial em um Nitossolo Vermelho Eutrófico, considerando-se a hipótese de que a dose recomendada depende também da dinâmica de água e íons no solo. Para tanto, foram aplicados seis tratamentos: T1 (Sem irrigação + adubação convencional); T2 (Fertirrigação + sem vinhaça); T3 (Fertirrigação + 1/2 dose CETESB); T4 (Fertirrigação + 1 dose CETESB); T5 (Fertirrigação + 2 doses CETESB) e T6 (Fertirrigação + 3 doses CETESB). As variáveis condutividade elétrica, pH e as concentrações dos íons K+, Ca2+, Mg2+, Na2+, SO4
- e NO3-, na solução do solo, foram analisadas por meio de análises
multivariadas; enquanto variáveis de produção (colmos e ponteiras) e características tecnológicas (Brix, Pol, Açúcares Redutores, Pureza, Fibra, Açúcares redutores totais, Açúcar total recuperável e Cinzas) foram analisadas pela estatística convencional. Um balanço de água foi realizado na área experimental, considerando a camada de 0 a 0,8 m de solo. A partir dos resultados obtidos neste experimento, concluiu-se que a quantidade de vinhaça aplicada ao solo depende não somente dos teores de potássio no solo e na vinhaça, mas também da dinâmica da água e de íons na solução. Em função da aplicação, houve aumento para todas as variáveis analisadas da solução do solo, com exceção para o íon nitrato. Há risco de enriquecimento do lençol freático, se este estiver presente e ascender até próximo de 0,8 m da superfície do solo, independente das doses aplicadas. As variáveis de produção e tecnológicas, com exceção para teor de cinzas, não foram afetadas pelas aplicações.
Palavras-chave: Vinhaça; Balanço de água; Cana; Fertirrigação
12
13
ABSTRACT
Vinasse application on sugarcane by subsurface drip irrigation: ion dynamics
and water balance
Brazil is the world’s largest sugarcane producer, with 734 millions of tons in 2011 (41% of the world’s production), being considered a leader in the bioenergy sector. The application of vinasse, a byproduct in the ethanol production process, as a fertilizer on sugarcane has become frequent, increasing thus the concern with its polluting potential. Studies on this subject have culminated in a normative instruction (P4.231) of the Environmental Protection Agency of São Paulo State (CETESB), of which the recommended dose is based on the K+ concentrations in both soil and vinasse. This study aimed to verify vinasse percolation in soil applied via subsurface drip irrigation in a Nitossolo considering the hypothesis that the recommended dose depends also upon the water and ion dynamics in soil. For that, six treatments were applied: T1 (No irrigation + conventional fertilization); T2 (Fertigation + no vinasse); T3 (Fertigation + 1/2 CETESB dose); T4 (Fertigation + 1 CETESB dose); T5 (Fertigation + 2 CETESB doses) e T6 (Fertigation + 3 CETESB doses). Multivariate statistical analysis was used to evaluate electrical conductivity, pH, and the concentrations of K+, Ca2+, Mg2+, Na2+, SO4
- and NO3- in the soil solution; while
conventional statistical analysis was used for sugarcane production (stalk and tops) and technological characteristics (Brix, Pol, Reducing sugar, Purity, Fiber, Total reducing sugar, Total recoverable sugar and Ash percentage). A water balance was performed in the experimental area, considering the soil layer of 0-0.8 m. From the obtained results, it was concluded that the amount of vinasse applied on soil depends not only on the potassium contents in the vinasse and soil, but also on water and ion dynamics. As a result of the application, there was an increase for all the variables analyzed in the soil solution, except for nitrate. There is risk of groundwater enrichment, if it is present and ascends to close to 0.8 m from the soil surface, regardless of the applied doses. Technological and yield variables, except for ash content, were not affected by the applications.
Keywords: Vinasse; Water balance; Sugarcane; Fertigation
14
15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Vista aérea da área experimental, localizada na Fazenda Areão,
Piracicaba, SP ........................................................................................ 31
Figura 2 - Área experimental plantada com cana-de-açúcar, variedade CTC 12, sob
vista panorâmica (a) e terrestre (b) ........................................................ 32
Figura 3 - Disposição de parcelas (P), tratamentos (T) e repetições (R) na área
experimental ........................................................................................... 34
Figura 4 - Colheita manual das parcelas experimentais (a) e detalhe do
carregamento da caminhonete para pesagem (b) .................................. 40
Figura 5 - Pesagem das parcelas experimentais (a) e detalhe dos colmos de uma
das parcelas (b) ...................................................................................... 41
Figura 6 - Diagrama de ordenação dos atributos químicos do solo e dos
tratamentos em profundidades. As letras i e f junto à variável se referem
ao início e final do experimento, respectivamente .................................. 47
Figura 7 - Dissimilaridade entre os grupos estabelecida pela distância euclidiana a
partir dos atributos químicos do solo: pH, matéria orgânica, potássio,
alumínio, cobre, ferro, zinco e manganês. As letras i e f junto à variável
se referem ao início e final do experimento, respectivamente................ 48
Figura 8 - Diagrama de ordenação dos atributos químicos da solução do solo e dos
tratamentos em profundidades ............................................................... 62
Figura 9 - Dissimilaridade entre os grupos estabelecida pela distância euclidiana a
partir dos atributos químicos da solução do solo: pH, CE, potássio, sódio,
nitrato, enxofre-SO42-, cálcio e magnésio ............................................... 63
Figura 10 - Valores médios de umidade na profundidade de 20 cm para os
tratamentos 1 (sem irrigação e com adubação convencional), 2
(fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com
aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m3 de vinhaça ha-1, respectivamente)
............................................................................................................... 65
Figura 11 - Valores médios de umidade na profundidade de 40 cm para os
tratamentos 1 (sem irrigação e com adubação convencional), 2
(fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com
aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m3 de vinhaça ha-1, respectivamente)
............................................................................................................... 65
16
Figura 12 - Valores médios de umidade na profundidade de 60 cm para os
tratamentos 1 (sem irrigação e com adubação convencional), 2
(fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com
aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m3 de vinhaça ha-1, respectivamente)
............................................................................................................... 66
Figura 13 - Valores médios de umidade na profundidade de 80 cm para os
tratamentos 1 (sem irrigação e com adubação convencional), 2
(fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com
aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m3 de vinhaça ha-1, respectivamente)
............................................................................................................... 66
Figura 14 - Variação diária de armazenagem de água no solo, com os respectivos
desvios-padrão da média, em 17 períodos de monitoramento do
segundo ciclo da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP (T1 = Sem
irrigação, adubação convencional; T2 = Fertirrigado, sem vinhaça; T3 =
Fertirrigado, 176 m3 de vinhaça ha-1; T4 = Fertirrigado, 352 m3 de
vinhaça ha-1; T5 = Fertirrigado, 704 m3 de vinhaça ha-1; T5 = Fertirrigado,
1056 m3 de vinhaça ha-1) ....................................................................... 68
Figura 15 - Densidade de fluxo diária, com os respectivos desvios-padrão da média,
em 17 períodos de monitoramento do segundo ciclo da cana-de-açúcar,
em Piracicaba-SP (T1 = Sem irrigação, adubação convencional; T2 =
Fertirrigado, sem vinhaça; T3 = Fertirrigado, 176 m3 de vinhaça ha-1; T4
= Fertirrigado, 352 m3 de vinhaça ha-1; T5 = Fertirrigado, 704 m3 de
vinhaça ha-1; T5 = Fertirrigado, 1056 m3 de vinhaça ha-1) ..................... 69
Figura 16 - Análise de regressão entre as variáveis lâmina de água aplicada e
densidade de fluxo para 8 períodos de monitoramento no segundo ciclo
da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP (P1, P4, P6, P7, P10, P11, P14,
P6 e Ptotal correspondem, respectivamente, aos períodos de 06/07 a
27/07/2011, 10/08 a 13/08/2011, 19/08 a 28/08/2011, 29/08 a
12/09/2011, 23/09 a 27/09/2011, 28/09 a 22/10/2011, 31/10 a
08/11/2011, 18/11 a 18/12/2011 e 06/07/2011 a 12/01/2012. ............... 71
Figura 17 - Análise de regresssão para o teor de cinzas em cana-de-açúcar, em
função de doses de vinhaça, em Piracicaba-SP .................................... 79
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características granulométricas e classe textural de quatro camadas do
Nitossolo Vermelho Eutrófico da área experimental ............................... 32
Tabela 2 - Análise química inicial para quatro camadas do Nitossolo Vermelho
Eutrófico da área experimental ............................................................... 33
Tabela 3 - Descrição dos tratamentos aplicados à cana-de-açúcar .......................... 33
Tabela 4 - Atributos químicos das oito aplicações vinhaça, e média final, ao longo do
2º ciclo da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP ...................................... 35
Tabela 5 - Valores médios de coeficientes de cultivo (kc) para as fases fenológicas
da cana-soca .......................................................................................... 37
Tabela 6 - Informações meteorológicas correspondentes ao período do experimento
............................................................................................................... 43
Tabela 7 - Autovalores e percentagem da variância dos atributos químicos do solo
explicada por cada componente ............................................................. 45
Tabela 8 - Correlação dos atributos químicos do solo com os componentes principais
CP1 e CP2 ............................................................................................. 46
Tabela 9 - Análise exploratória dos dados de pH na solução do solo ....................... 51
Tabela 10 - Análise exploratória dos dados de condutividade elétrica (S cm-1) na
solução do solo ...................................................................................... 53
Tabela 11 - Análise exploratória dos dados de potássio (mg L-1) na solução do solo
............................................................................................................... 54
Tabela 12 - Análise exploratória dos dados de sódio (mg L-1) na solução do solo .... 56
Tabela 13 - Análise exploratória dos dados de nitrato (mg L-1) na solução do solo .. 57
Tabela 14 - Análise exploratória dos dados de enxofre-SO42- (mg L-1) na solução do
solo ......................................................................................................... 58
Tabela 15 - Análise exploratória dos dados de cálcio (mg L-1) na solução do solo ... 59
Tabela 16 - Análise exploratória dos dados de magnésio (mg L-1) na solução do solo
............................................................................................................... 60
Tabela 17 - Autovalores e percentagem da variância de atributos químicos da
solução do solo explicada por cada componente ................................... 61
Tabela 18 - Correlação dos atributos químicos da solução do solo com os
componentes principais CP1 e CP2 ....................................................... 61
18
Tabela 19 - Componentes do balanço de água no solo em 17 períodos de
monitoramento no segundo ciclo da cultura de cana-de-açúcar, em
Piracicaba-SP. (continua) ...................................................................... 73
Tabela 20 - Produção de massa verde de ponteiras (PMVP) e de colmos (PC) por
cana-de-açúcar em um Nitossolo Vermelho Eutrófico, em cultivo sem
irrigação com adubação convencional e em função da fertirrigação com
doses de vinhaça, em Piracicaba-SP .................................................... 76
Tabela 21 - Qualidade tecnológica da cana, em cultivo sem irrigação com adubação
convencional e em função da fertirrigação com doses de vinhaça, em
Piracicaba-SP ........................................................................................ 78
19
1 INTRODUÇÃO
O Brasil destaca-se como um país potencialmente capaz de assegurar
parcela significativa da produção de alimentos para o mundo, tanto por possuir
extensa área territorial agrícola, parte dela ainda não explorada, quanto por dominar
tecnologias de ponta que garantem aumento da produção das culturas sem
necessariamente expandir a fronteira agrícola.
A agricultura é um setor que historicamente tem se constituído em uma das
bases sólidas da economia brasileira e, portanto, pela importância que representa,
requer cuidados especiais no tocante ao manejo de todos os fatores de produção a
ela atrelados. Neste contexto, a cultura da cana-de-açúcar, dentre inúmeras que são
exploradas, tem despontado desde muito não apenas como fonte de alimento, mas
também como componente da matriz energética nacional, o que tem atraído a
atenção da pesquisa científica do setor agrícola para a busca da otimização de toda
a cadeia produtiva relativa a esta cultura.
Neste aspecto, são inegáveis os avanços tecnológicos relativos ao
desenvolvimento de maquinaria e implementos agrícolas, os quais têm agilizado
muito sobre todas as etapas do processo produtivo, desde o preparo do solo até a
colheita. Da mesma maneira, não se pode esquecer o quanto se avançou em termos
de controle de pragas e doenças, domínio do processamento pós-colheita,
minimização de custos de produção e, por fim, na logística, com o propósito de
mostrar ao mundo o quanto o país é capaz de fornecer um produto agrícola de boa
qualidade.
No entanto, mesmo com todos os avanços mencionados, ainda não está
completamente compreendida a ocorrência de alguns processos importantes no solo
e na planta ao longo de seu ciclo, por exemplo, a dinâmica da água, de íons, de
gases, entre outros. É importante destacar que em um cultivo altamente demandante
de insumos agrícolas, como é o caso da cana-de-açúcar, o conhecimento sobre a
dinâmica desses processos é importante para que se tenha o controle e a garantia
de que fontes utilizadas como fertilizantes para a cultura não se tornem também
fontes de poluição para o ecossistema.
Uma das fontes utilizadas como fertilizante do solo na cultura da cana-de-
açúcar é a vinhaça, que é um resíduo da destilação fracionada do caldo fermentado
da própria cana-de-açúcar quando se obtém o álcool. Esse subproduto, até pouco
20
tempo atrás, constituía-se em um problema ao ambiente ao ser lançada em rios ou
outros mananciais de água, por ser poluente. Entretanto, agora aplicado como fonte
de potássio em cultivos de cana-de-açúcar, requer monitoramento permanente de
seu comportamento para evitar a contaminação do solo e do lençol freático.
Desse modo, considerando a existência de alguns estudos sobre a vinhaça,
que culminaram na publicação de uma instrução normativa da Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) quanto à
quantidade máxima de sua aplicação no solo, a P4.231 de dezembro de 2006, esta
pesquisa teve o objetivo de testar a hipótese de que a quantidade máxima de
vinhaça a ser aplicada ao solo não depende somente das concentrações de potássio
no solo e no próprio resíduo, mas também da dinâmica da água e de íons no solo.
Para testar essa hipótese, buscou-se avaliar a percolação da vinhaça
aplicada em doses via gotejamento subsuperficial em um Nitossolo Vermelho
Eutrófico, cultivado com cana-de-açúcar (cana-soca) em Piracicaba-SP, cujo
monitoramento se deu por meio de medidas de parâmetros químicos no solo e em
sua solução.
21
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Cana-de-açúcar
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com produção de
734 milhões de toneladas em 2011 (41% da produção mundial), seguido pela Índia e
China com 342 e 115 milhões de toneladas, respectivamente (FAO, 2013). Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2013 a produção de
cana-de-açúcar deve ser de 738.376.461 toneladas, com um aumento de 9,4% em
relação a 2012. Quanto ao rendimento médio, as projeções são de 75.213 kg ha-1,
5% superior ao da safra do ano anterior (IBGE, 2013). Quanto à área cultivada, a
estimativa é de que na safra 2012/2013 seja de 8.517.770 ha (ANUÁRIO
BRASILEIRO DA CANA-DE-AÇÚCAR 2012, 2012).
No cenário atual, em que as discussões convergem para a busca de
matrizes energéticas menos degradantes ao ambiente, o Brasil, por razões
ambientais e tecnológicas, tem sido considerado na maioria dos estudos como o
país que lidera o setor de bioenergia no mundo. Neste sentido, os esforços das
pesquisas na busca de novas formas de energia alternativa têm sido orientados pelo
aumento da demanda por biocombustíveis. Estes, dentre vários aspectos,
apresentam benefícios para o setor agrícola por meio da implantação de projetos
específicos para fins energéticos, objetivando promover o desenvolvimento regional
sustentável, bem como a redução da emissão de gás carbônico que, além do
benefício em si, se constitui em fonte de ganhos no mercado de carbono uma vez
que a parcela de gases não emitida por um país pode ser comercializada na forma
de créditos a outro participante interessado em não reduzir as suas emissões
(MASIERO; LOPES, 2008).
Ao que tudo indica, segundo Libardi e Cardoso (2007), o álcool combustível
assumirá grande importância na demanda mundial de combustíveis e, é provável, à
semelhança da petroquímica, será a base para um novo complexo industrial, o
álcool-químico, e o Brasil ocupará posição de destaque nesse cenário. Para Otto et
al. (2010), os acordos internacionais para o uso de fontes renováveis de energia e
diminuição das emissões de gases que provocam o efeito estufa tenderão a
promover nos próximos anos um aumento significativo da área plantada com cana-
de-açúcar no Brasil com vistas à produção de etanol.
22
2.2 Irrigação localizada
A irrigação consiste na aplicação de água ao solo em quantidade e momento
definidos, de maneira a suprir a necessidade das culturas (LIBARDI; SAAD, 1994),
uma vez que o déficit hídrico não é limitado apenas às regiões áridas e semiáridas
do mundo, pois, mesmo em regiões consideradas úmidas a distribuição irregular das
chuvas pode, em alguns períodos, limitar o crescimento das plantas (OMETTO,
1980). Dantas Neto et al. (2006), além de ressaltarem a importância da irrigação
para manter sempre o solo com água disponível às culturas, afirmam que, desde
que bem planejada, garante retorno econômico a quem faz uso dela em cultivo de
cana-de-açúcar.
Usualmente, na maioria dos cultivos agrícolas, adota-se o sistema de
irrigação por gotejamento em superfície, caracterizado por aplicar próximo ao colo
da planta volumes de água conhecidos que podem variar durante o ciclo
dependendo do estádio fenológico da cultura (MEDEIROS et al., 2005). Allen et al.
(1998) ressaltam que o fato de a irrigação localizada molhar apenas uma fração da
superfície do solo reduz consideravelmente as perdas de água por evaporação,
principalmente nos primeiros estádios quando a cultura ainda não protege a
superfície do solo contra a incidência direta da radiação solar.
Outro sistema em uso desde algum tempo é o de gotejamento em
subsuperfície. Em uma revisão bibliográfica sobre o estado da arte da irrigação por
gotejamento subsuperficial, Marques et al. (2006) informam que as primeiras
experiências ocorreram em torno de 1960, em Israel, com alguns problemas
relacionados ao entupimento dos gotejadores, especialmente pela penetração de
raízes. Com o passar dos anos, a técnica foi aprimorada e tem-se com o seu uso,
dentre outras vantagens, a redução da lâmina total de água requerida, maior
eficiência de uso da água e dos fertilizantes, redução da evaporação, menor
incidência de plantas daninhas, redução na drenagem interna abaixo da zona
radicular e possibilidade da formação de um sistema radicular mais profundo. Uma
das desvantagens é que o estabelecimento inicial da cultura é dificultado, uma vez
que o sistema não possibilita condições ótimas de umidade do solo em sua camada
mais próxima à superfície.
Gava et al. (2011) avaliaram a produtividade de três cultivares de cana-de-
açúcar em sistemas de sequeiro e irrigado por gotejamento, em Jaú-SP, e
23
concluíram que em sistema sob irrigação houve um incremento de 24% na produção
de colmos e de 23% na produção de açúcar. Dalri et al. (2008), em Botucatu-SP,
verificaram que a irrigação não alterou as características tecnológicas da cana-de-
açúcar, e que em comparação a uma situação de sequeiro houve um aumento de
58,5% na produtividade de colmos e de 66,1% na produtividade de açúcar teórico
recuperável.
O consumo de água pela cana-de-açúcar, aqui considerado como sendo a
evapotranspiração, pode ser determinado por métodos diretos e indiretos, sendo os
métodos diretos os que utilizam lisímetros, parcelas experimentais no campo,
controle de umidade do solo e método de entrada e saída de água em grandes
áreas (GONÇALVES, 2010). Os métodos indiretos são aqueles que fazem a
mensuração a partir do conhecimento de outras variáveis, as climatológicas, por
exemplo (ALLEN et al., 1998). Para Toledo Filho (2001) a evapotranspiração é a
variável mais importante a ser observada no planejamento e manejo dos recursos
hídricos, como também para o monitoramento, desenvolvimento e planejamento de
práticas de irrigação, com particular importância em regiões áridas e semiáridas que
dependem dessa técnica para exploração das culturas agrícolas. Em regiões
úmidas, a sua importância está relacionada ao fato da expansão da irrigação como
prática complementar.
Alguns autores têm verificado que o consumo de água durante o ciclo da
cana-de-açúcar é de 1105,77 mm em Ituiutaba-MG (ALVES et al., 2008); 1057,8 mm
em Jaboticabal-SP (BRITO et al., 2009), 1067,1 mm em Pirassununga-SP
(GHIBERTO, 2009) e 1074,1 mm em Paraipaba-CE (GONÇALVES, 2010).
2.3 Aplicação de vinhaça
A vinhaça é o principal resíduo gerado pelo setor sucroalcooleiro. É o liquido
derivado da destilação do vinho, resultante da fermentação do caldo da cana-de-
açúcar ou melaço (CETESB, 2006). É produzida em uma proporção de
aproximadamente 13 litros para cada litro de álcool (BRITO; ROLIM, 2005).
Quando lançada ao solo, e atinge mananciais de água, causa sérios
problemas ambientais, pois sua carga orgânica eleva a demanda bioquímica por
oxigênio (DBO), causada principalmente pela proliferação de microrganismos, que
esgotam o oxigênio dissolvido na água, destruindo a flora e a fauna aquáticas. Por
24
causa desses problemas há uma forte pressão para a reutilização dos resíduos
gerados pelo setor, a fim de se ter uma cadeia produtiva limpa, sem prejuízo ao meio
ambiente e às pessoas que vivem próximas às usinas (BARBOSA, 2010).
De acordo com Brito e Rolim (2005), a aplicação de vinhaça no solo teve sua
disseminação após o surgimento do programa Pró-álcool (que objetivou a
substituição dos derivados de petróleo por álcool), quando a produção de álcool se
deu em larga escala e, por conseguinte, provocou o aparecimento de grandes
quantidades do resíduo. Segundo Silva et al. (2007), a vinhaça aplicada ao solo
promove a melhoria de fertilidade desde que quando utilizada para esta finalidade as
quantidades não excedam à capacidade de retenção de íons pelo solo, isto é, as
doses máximas devem ser calculadas segundo as características do solo, uma vez
que cada solo apresenta quantidades não balanceadas de elementos minerais e
orgânicos. Doses elevadas de vinhaça no solo podem provocar a lixiviação de íons,
principalmente nitrato e potássio.
Um dos fatores que afetam a produtividade da cana-de-açúcar é a
fertilização. No entanto, o uso de fertilizantes minerais onera sobremodo os custos
de produção, o que induz a se buscar fontes alternativas de suprimento menos
onerosas (GÓMEZ; RODRIGUEZ, 2000). O fato de se resolver o problema ambiental
da deposição da vinhaça, aliado a um menor custo em relação às outras fontes de
fertilizantes, fez com que o uso da vinhaça tenha sido difundido tão largamente entre
os produtores de cana-de-açúcar.
Para Wang et al. (2006), o uso da vinhaça como fertilizante para a cana-de-
açúcar no Brasil tem uma história de séculos, e trouxe benefícios econômicos. Na
China, um dos grandes produtores mundiais, poucos estudos têm sido feitos, o que
indica que o Brasil também está à frente nesse aspecto da pesquisa científica,
embora, segundo Silva et al. (2006), a literatura acerca dos efeitos da vinhaça no
solo e em águas subterrâneas ainda seja bastante limitada e, por isso, os resultados
encontrados são muito variáveis em função da grande diversidade de solos e
composição das vinhaças. De qualquer modo, sabe-se que a ampla utilização da
vinhaça em canaviais melhora o ambiente, reduz o custo de produção e, ainda,
satisfaz as exigências da estratégia de desenvolvimento sustentável.
Segundo Gómez e Rodriguez (2000), a vinhaça contém níveis elevados de
potássio, cálcio e matéria orgânica em sua composição química, bem como
quantidades moderadas de nitrogênio e fósforo. Esses autores, estudando efeitos da
25
vinhaça sobre a produtividade de cana-de-açúcar, encontraram que a aplicação de
50 m3 ha-1 de vinhaça pode substituir 55% do N, 72% do P2O5 e 100% do K2O que
tem de ser aplicado usando fertilizantes minerais.
Experimentos têm evidenciado que na maioria dos casos a aplicação de
vinhaça melhora as qualidades do solo e, consequentemente, a produtividade da
cana-de-açúcar. Comprovou-se a melhoria da fertilidade química do solo e do
ambiente (ARAFAT; YASSEN, 2002; BRITO; ROLIM, 2005), o aumento da
produtividade da cultura (GÓMEZ; RODRIGUES, 2000; WANG et al., 2006) e
redução na taxa de infiltração da água no solo (DALRI et al., 2010). No aspecto
físico do solo, em contraposição ao trabalho de Dalri et al. (2010), Camilotti et al.
(2010) observaram que os atributos físicos do solo (grau de floculação e
condutividade hidráulica) não foram alterados pela aplicação de vinhaça. Passarin et
al. (2007) concluíram que doses de vinhaça não promoveram mudanças
significativas nos diâmetros médios ponderado e geométrico e no índice de
estabilidade de agregados de amostras das camadas de 0–10, 10–20, 20–30 e 30–
40 cm de um Latossolo Vermelho Distroférrico típico de textura muito argilosa.
2.4 Dinâmica de íons no solo
A adubação da cana-de-açúcar varia de cana planta para cana-soca, uma
vez que no plantio ocorre a associação de bactérias fixadoras de N2 do ar por causa
do açúcar contido no tolete. Portanto, na adubação de plantio, aplica-se uma
pequena quantidade de nitrogênio e grandes quantidades de fósforo e potássio. Na
condição de cana-soca, em que já não há mais a associação da bactéria com o
sistema radicular da cultura, são requeridas altas doses de nitrogênio e, também, de
potássio, porém menores quantidades de fósforo (VITTI et al., 2005).
Desse modo, o entendimento a respeito do comportamento dos íons no solo,
principalmente os requeridos em maior quantidade pelas culturas, é fundamental
para aumentar a eficiência agronômica dos fertilizantes, causando menores riscos
de degradação do ambiente. Para ressaltar a importância sobre o conhecimento da
dinâmica de íons, Nielsen e Biggar (1961) afirmam que ele não permite apenas a
determinação de como os íons se deslocam no solo, mas, principalmente, possibilita
a explicação física para os processos da lixiviação, da troca e da adsorção de íons à
medida que se deslocam no solo.
26
Sabe-se que a mobilidade de um íon no solo depende, além de suas
propriedades físicas e químicas, das propriedades inerentes à fração coloidal do solo
(FERREIRA et al., 2006; RIVERA et al., 2008). Quanto ao nitrogênio, Cunha et al.
(1987) ressaltam que a sua dinâmica em solos tratados com resíduos orgânicos,
como é o caso da vinhaça, é complexa, principalmente por causa das
transformações bioquímicas. Robinson et al. (2011), considerando a hipótese de que
a cana prefere amônio a nitrato quando há elevada disponibilidade de nitrogênio no
solo, e que essa não preferência ao nitrato contribui para o seu acúmulo no solo,
concluíram que o fato de a cana acumular muito pouco deste íon na parte aérea faz
com que solos fertilizados com nitrogênio nos primeiros três meses de crescimento
da cultura sejam um ambiente vulnerável à sua perda.
Estudando fatores que afetam a lixiviação de potássio em diferentes solos,
Alfaro et al. (2004) verificaram que as perdas eram dependentes dos teores do
elemento disponível no solo e que a natureza química não era tão importante em
controlar a dinâmica da mobilidade do potássio tanto quanto as propriedades
hidráulicas. Já o fósforo, segundo Grant et al. (2001), é relativamente imóvel no solo
e por isso permanece próximo ao local em que foi colocado o fertilizante. Sabe-se
que os fosfatos procedentes do fertilizante reagem com o Ca2+ e o Mg2+ nos solos
com pH elevado para formar compostos de baixa solubilidade, menos disponíveis
para a planta que os adubos fosfatados, e tornam-se cada vez menos disponíveis
com o tempo.
Ao estudarem o comportamento do nitrogênio e do potássio em solo
fertirrigado com vinhaça, Cunha et al. (1987) concluíram que desde que o teor de
íons lixiviados além de 1,2 m de profundidade seja baixo, o risco de contaminação
do lençol freático com nitrato e potássio devido à aplicação de vinhaça é pequeno. É
importante sempre ressaltar que a dinâmica de íons é dependente, em parte, da
dinâmica da água no solo. Para corroborar essa assertiva vale recorrer aos trabalhos
de Ghiberto et al. (2009, 2011). Em um experimento com cana-de-açúcar em
Jaboticabal-SP, Ghiberto et al. (2009) encontraram perdas consideráveis de
nitrogênio por lixiviação, mesmo havendo grande demanda do nutriente pela cultura,
fato que associaram à ocorrência de chuvas atípicas que elevaram a umidade do
solo para além da capacidade de campo. Quanto ao fósforo, as perdas foram muito
baixas. Já em relação a potássio, cálcio e magnésio as perdas foram significativas,
constituindo-se um fator a ser observado no manejo químico do solo para assegurar
27
o pleno desenvolvimento da cana-de-açúcar sem poluir os mananciais de água. Em
outro experimento, também com cana-de-açúcar, em Pirassununga-SP, Ghiberto et
al. (2011) não registraram perdas consideráveis de nitrogênio por lixiviação devido
ao fato de o excedente de água no período de monitoramento ter sido menor que o
esperado e pela elevada extração do nutriente pela cana-de-açúcar.
2.5 Balanço de água no solo
De acordo com Timm et al. (2002), existem vários métodos para estimar a
demanda de água dos diferentes estádios de desenvolvimento das culturas
agrícolas, cada um deles com características específicas com relação aos
parâmetros utilizados para a sua estimativa. Entre estes, o balanço hídrico das
culturas realizado diretamente no campo permite o acompanhamento das relações
hídricas durante o ciclo da cultura, sendo, portanto, muito importante para uma
gestão racional dos recursos solo e água, e para a maximização da produtividade.
O balanço de água em um determinado volume de solo corresponde à
diferença entre a quantidade de água que entra neste volume e a quantidade de
água que sai dele, durante um determinado intervalo de tempo. Quando essas
quantidades forem expressas em lâmina de água, o resultado do balanço
corresponde à variação da armazenagem de água no volume, ocorrida no intervalo
de tempo considerado (MOTA, 2010). Em caso de solo cultivado, o volume de
controle é normalmente delimitado por duas superfícies: uma superior, coincidente
com a superfície do solo, e uma inferior, de igual área e paralela à superior,
coincidente com a profundidade do cultivo, igual à profundidade efetiva de raízes
(HILLEL, 2004).
A água que entra pela superfície superior do volume de controle de solo, a
partir da atmosfera, é oriunda principalmente da precipitação pluvial e/ou da
irrigação, e a que sai do volume para a atmosfera, na forma de vapor, incluindo a
que sai através da planta, é denominada de evapotranspiração. Dependendo do tipo
de solo e do relevo do terreno, uma quantidade de água pode também sair do
volume e/ou nele entrar lateralmente, por sobre a superfície do solo (deflúvio
superficial) e por debaixo dela (deflúvio subsuperficial). A quantidade de água que
sai através da superfície inferior do volume de controle e a que por ela nele entra é
denominada de drenagem interna e ascensão capilar, respectivamente. Pode-se,
28
desse modo, escrever uma equação para o balanço em que a variação da
armazenagem de água no volume de controle, em dado intervalo de tempo, é igual à
soma algébrica das entradas (valores positivos) e saídas (valores negativos) de
água que ocorrem no volume durante o intervalo, isto é, as entradas e as saídas de
água constituem um membro da equação e a variação da armazenagem o outro
membro (MOTA, 2010).
Os componentes do balanço de água que podem ser medidos com mais
facilidade são as chuvas e irrigações. Em relação à armazenagem de água, pode-se
dizer que é determinada pela integração dos perfis de umidade do solo. Já os fluxos
de drenagem interna e ascensão capilar de água no solo são os componentes de
maior complexidade nos procedimentos de cálculo de balanços hídricos. Para sua
estimativa, um procedimento comum é o uso da equação de Darcy-Buckingham, que
envolve a condutividade hidráulica do solo em função de conteúdo de água em
volume, K(). Quanto à medida direta do deflúvio no campo, é trabalhosa e,
portanto, em muitas situações, pode ser considerada como incógnita na equação do
balanço de massas, desde que os demais componentes sejam conhecidos (vale
salientar que pode ser desconsiderado, desde que a área apresente relevo plano).
Por último, a evapotranspiração pode ser deixada como incógnita da equação
quando todos os demais componentes forem conhecidos. Há também a
possibilidade de ser estimada por algum método baseado em variáveis
climatológicas e, então, entrar como um componente conhecido da equação quando
se quer determinar um outro de maior complexidade (TIMM et al., 2002).
O balanço hídrico no solo, que recebe este nome por ser determinado a
partir de medidas no solo, difere do chamado balanço hídrico climatológico
sequencial porque este fornece uma estimativa, a partir de dados climatológicos, do
que pode ocorrer em uma determinada área com relação à situação hídrica
(REICHARDT, 1990). Em estudo comparativo do balanço hídrico obtido a partir de
dados climatológicos com o balanço de água no solo, em que foram medidos a
evapotranspiração, armazenagem de água no solo, capacidade de água disponível,
deflúvio superficial e drenagem interna, por um período de dois anos para a cultura
do café, Bruno et al. (2007) chegaram à conclusão de que o balanço hídrico
climatológico sequencial pode substituir razoavelmente o balanço de água no solo,
porém com subestimativa das variáveis mencionadas anteriormente.
29
De acordo com Brito et al. (2009), para a cultura da cana-de-açúcar ainda
são poucos os estudos que buscam mensurar os processos envolvidos na equação
do balanço de água no solo, principalmente quando a aplicação de algum fertilizante
está envolvida. Nesse caso particular, quando se quer avaliar o potencial poluente
de um fertilizante, por exemplo, uma das maneiras de fazer a quantificação é por
meio da drenagem interna. Um trabalho recente que trata da lixiviação de vários
nutrientes em um cultivo de cana-de-açúcar utilizando o balanço de água para
estimar as perdas, no município de Jaboticabal-SP, é o de Ghiberto et al. (2009).
Tanto o balanço de água medido em campo quanto o obtido a partir de
variáveis climáticas são importantes no contexto agrícola de uma região. Valnir
Júnior et al. (2001) já haviam mencionado sobre a importância do balanço de água
no solo, ao citar que a partir dele é possível obter informações sobre a lixiviação de
elementos químicos no solo e poluição de águas subterrâneas. Para Gouvêa (2008),
as informações oriundas do balanço hídrico climatológico sequencial são
importantes para as tomadas de decisões, ao tempo em que permitem saber o que
ocorreu em termos de disponibilidade hídrica no solo, deficiência e excedentes
hídricos em períodos específicos e, assim, identificar a variabilidade das variáveis
que compõem o balanço.
2.6 Análise Multivariada
Os métodos estatísticos mais elementares são geralmente univariados, uma
vez que abordam apenas a análise de variância em somente uma variável aleatória.
No caso da análise multivariada, todas as variáveis relacionadas são consideradas
ao mesmo tempo e, inicialmente, com a mesma importância (MANLY, 2008).
As informações extraídas com a aplicação de técnicas multivariadas tornam-
se, segundo Valentin (2000), muito mais precisas quanto melhor o procedimento
utilizado para o tratamento estatístico dos dados. Segundo o mesmo autor, os
modelos estatísticos mais elementares são menos sensíveis em sistemas biológicos
por não levarem em conta as particularidades próprias de cada situação, e por não
considerarem o efeito conjunto de inúmeros fatores que interferem sobre o que está
sendo avaliado. Já a análise multivariada identifica e descreve padrões estruturais,
espaciais e temporais nas comunidades biológicas, possibilitando a formulação de
hipóteses baseadas nos vários fatores bióticos e abióticos que interferem sobre as
30
características objeto de estudo. Em suma, a vantagem da análise multivariada é
que ela apresenta uma abordagem holística das variáveis em questão.
Embora a análise multivariada de dados tenha surgido no início do século
XX, somente recentemente é que tem sido possível utilizá-la em larga escala, graças
aos recursos computacionais que fornecem em pouco tempo uma gama de
resultados que permitem o entendimento das inter-relações entre as variáveis
(VICINI, 2005; MANLY, 2008).
No campo das ciências agrárias, particularmente na vertente da exploração
do ambiente para fins agrícolas, já se dispõe de informações na literatura indicando
a aplicação de técnicas de estatística multivariada (análise de agrupamento
hierárquico e análise fatorial/análise de componentes principais) para identificar
grupos similares e fatores que são determinantes dentro do sistema de produção
agrícola (VALLADARES et al., 2008; RUHOFF et al., 2009; ANDRADE et al., 2011;
TEN CATEN et al., 2011; QUEIROZ et al., 2011; PAYE, 2012).
A análise de componentes principais, uma técnica matemática de análise
multivariada, permite investigar um grande número de dados, ao tempo em que
possibilita identificar as medidas responsáveis pelas maiores variações entre os
resultados sem perdas consideráveis das informações. Neste tipo de análise
transforma-se um conjunto original de variáveis em outro conjunto – o de
componentes principais (CP) de dimensões equivalentes. Essa transformação se dá
com a menor perda possível de informação; de igual modo, nessa transformação se
busca eliminar algumas variáveis originais que possuam pouca informação (VICINI,
2005). Esta análise tem sido utilizada em diversos estudos nas distintas subáreas
das ciências agrárias (VENDRAME et al., 2007; CENCIANI et al., 2009; BELLINASO
et al., 2010; SILVA et al., 2010). Já a análise de agrupamentos, ainda de acordo com
Vicini (2005), um método numérico multivariado, é aplicada com o objetivo de
reconhecer grupos que apresentam homogeneidade de seus caracteres.
31
2.7 Material e Métodos
2.7.1 Descrição da área experimental
O trabalho, através do Projeto FAPESP nº: 10/00787-2, foi realizado na
Fazenda Areão, na área experimental do Departamento de Engenharia de
Biossistemas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP),
Piracicaba, SP (22,67º S, 47,64º W) (Figura 1).
Figura 1 - Vista aérea da área experimental, localizada na Fazenda Areão, Piracicaba, SP
A área experimental, de 112 m x 18,5 m, constou de 24 parcelas, cada uma
com 8,0 m x 8,5 m (68 m2) e foi cultivada com cana-de-açúcar, variedade CTC 12,
adquirida do Centro de Tecnologia Canavieira, localizado em Piracicaba/SP (Figura
2). A cana foi implantada em 23 de abril de 2010. Entretanto, para esta pesquisa foi
considerada a cultura em seu segundo ano, na condição de cana-soca, de Fevereiro
de 2011 até Abril de 2012. No plantio, foi adotado o sistema combinado ou
“abacaxi”, com um espaçamento de 0,5 m entre fileiras simples e 1,5 m entre fileiras
duplas. A coleta de dados foi realizada nas 3 linhas centrais da parcela, em área útil
de 36 m2 (6,0 m x 6,0 m). Vale ressaltar que o manejo aplicado à cultura foi o
Estação Meteorológica
Área Experimental do Departamento de
Engenharia de Biossistemas
Área do Experimento
Lagoa de captação da água
32
mesmo adotado nos cultivos de exploração comercial da região produtora de cana-
de-açúcar no entorno de Piracicaba-SP.
Figura 2 - Área experimental plantada com cana-de-açúcar, variedade CTC 12, sob vista panorâmica (a) e terrestre (b)
O solo é classificado como Nitossolo Vermelho Eutrófico, conforme o
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, EMBRAPA (2006), e as características
granulométricas e classe textural de cada camada se encontram na Tabela 1. Por se
tratar da continuação de um experimento, com o segundo ciclo da cana, as
condições físicas e químicas iniciais são as mesmas constantes em Lelis Neto
(2012) e Rocha (2012), conforme Tabela 2.
Tabela 1 - Características granulométricas e classe textural de quatro camadas do Nitossolo Vermelho Eutrófico da área experimental
Camada Areia Silte Argila Classe Textural
m ----------------------- g kg-1 -------------------
0,00-0,20 289 264 447 Argila
0,20-0,40 206 235 559 Argila
0,40-0,60 209 137 654 Muito Argilosa
0,60-0,80 216 125 659 Muito Argilosa
(a) (b)
33
Tabela 2 - Análise química inicial para quatro camadas do Nitossolo Vermelho Eutrófico da área experimental
Camada pH
(CaCl2) M.O. P K Ca Mg Al H+Al SB CTC V
m g dm-3 mg dm-3 ...........mmolc dm-3.......... %
0,00-0,20 5,0 27 8 2,5 30 15 1 39 48 86 55
0,20-0,40 5,2 20 5 1,7 28 14 0 33 43 77 57
0,40-0,60 5,5 13 5 0,6 22 14 0 25 37 62 60
0,60-0,80 5,7 9 4,2 0,2 17 12 0 23 35 58 62
Camada ................Micronutrientes (mg dm-3).................
m S-SO42- B Cu Fe Mn Zn
0,00-0,20 16 0 2 15 92 3
0,20-0,40 28 0 2 11 53 1
0,40-0,60 79 0 1 6 9 0
0,60-0,80 80 0 1 4 5 0
2.7.2 Tratamentos e delineamento experimental
Os tratamentos aplicados foram níveis de vinhaça (Tabela 3), tomando-se
como referência a dose, calculada por meio da Equação 1, proposta na instrução
normativa da CETESB (CETESB, 2006).
Tabela 3 - Descrição dos tratamentos aplicados à cana-de-açúcar
Tratamento Descrição
T1 Sem irrigação + adubação convencional
T2 Fertirrigação sem vinhaça
T3 Fertirrigação + ½ dose CETESB
T4 Fertirrigação + 1 dose CETESB
T5 Fertirrigação + 2 doses CETESB
T6 Fertirrigação + 3 doses CETESB
Kvi
185] x3744 xKs) - CTC x[(0,05=ha vinhaça m 13 -
(1)
34
em que,
CTC - Capacidade de Troca Catiônica, expressa em cmolc dm-3 a pH 7,0, dada
pela análise de fertilidade do solo realizada em laboratório de análise de
solo, utilizando metodologia de Análise de Solo do Instituto Agronômico de
Campinas (IAC);
Ks - concentração de potássio no solo, expressa em cmolc dm-3, à profundidade
de 0,80 m, dada pela análise de fertilidade do solo realizada em laboratório
de análise de solo, utilizando metodologia de Análise de Solo do IAC;
3744 - constante para transformar os resultados da análise de fertilidade,
expressos em [cmolc dm-3] ou [meq 100 cm-3], para kg de potássio por
volume de solo, o qual corresponde a uma área de 1 ha multiplicada por
0,80 m de profundidade;
185 - kg de K2O extraído pela cultura por ha, por corte; e
Kvi - concentração de potássio na vinhaça, expressa em kg de K2O m-3,
apresentada em boletim de resultado analítico.
O experimento foi instalado considerando o delineamento inteiramente
casualizado (DIC), com 6 tratamentos e 4 repetições, com parcelas dispostas
conforme a Figura 3.
Figura 3 - Disposição de parcelas (P), tratamentos (T) e repetições (R) na área experimental
2.7.3 Adubação e Fertirrigação
As adubações foram realizadas com base na recomendação de Raij et al.
(1996), de acordo com a fertilidade do solo e a produtividade esperada. Para a
parcela não irrigada, a adubação foi realizada no plantio (primeiro ciclo) e após a
rebrota (segundo ciclo); para as demais situações a adubação (via fertirrigação) foi
dividida em 10 aplicações ao longo do ciclo seguindo a marcha de absorção de
nutrientes da cultura.
P2 P4 P6 P8 P10 P12 P14 P16 P18 P20 P22 P24
T3R1 T6R1 T1R2 T3R3 T5R1 T1R3 T6R2 T2R2 T2R3 T4R3 T6R3 T6R4
P1 P3 P5 P7 P9 P11 P13 P15 P17 P19 P21 P23
T1R1 T3R2 T2R1 T4R1 T4R2 T5R2 T3R4 T5R3 T1R4 T5R4 T4R4 T2R4
35
Para os tratamentos em que foi necessária a aplicação de água por
irrigação, esta foi feita de maneira localizada, via gotejamento subsuperficial, com os
gotejadores instalados a 0,35 m de profundidade. O manejo da irrigação se deu com
base na média do potencial mátrico da água no solo, obtida por tensiômetros
instalados em distintas profundidades, associada ao conteúdo de água a partir da
curva característica da água no solo.
Os tensiômetros foram instalados às profundidades de 0,2, 0,4, 0,6 e 0,8 m.
As leituras dos tensiômetros foram feitas sempre pela manhã, para se diminuir a
influência da temperatura sobre a medida do potencial mátrico da água no solo
(BRITO et al., 2009). Os gotejadores, do tipo Hydrolite, espaçados de 0,45 m, tinham
vazão nominal de 1 L h-1 e operaram a uma pressão de serviço de 100 kPa.
2.7.4 Aquisição e aplicação de vinhaça
A vinhaça utilizada no experimento foi proveniente da usina Capuava e era
transportada quinzenalmente até a área experimental, sendo armazenada em
tanques até o momento de sua aplicação. Ao total, foram realizadas 8 aplicações de
vinhaça ao longo do segundo ciclo da cana-de-açúcar, as quais tiveram início em
Julho/2011 e foram até Novembro/2011.
Amostras de vinhaça de cada carregamento foram retiradas e analisadas em
laboratório; seus atributos químicos estão apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 - Atributos químicos das oito aplicações vinhaça, e média final, ao longo do 2º ciclo da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP
pH CE Potássio Sódio Nitrato Enxofre Cálcio Magnésio
S m-1 ------------------------------------mg L-1-------------------------------------
4,72 1,163 3980 2,9 161,4 908,5 1150 650
4,73 0,935 2965 - 115,4 794,7 100 225
4,77 1,161 4335 2,5 304,2 438,1 600 325
4,81 1,094 3990 155 108,9 832,3 550 300
4,65 0,912 2810 51,6 46,8 934,4 500 250
4,33 0,711 2420 40 0,0 1856,4 525 250
4,61 0,338 565 35 87,5 1008,5 50 25
4,68 0,817 2585 90 67,4 573,8 275 200
4,66 0,891 2956 53,9 111,4 918,3 468,7 278,1
36
2.7.5 Atributos químicos da solução do solo
Os atributos químicos da solução do solo (pH, CE, potássio, nitrato, sulfato,
cálcio, magnésio e cloreto) foram monitorados quinzenalmente, ao longo do ciclo da
cana, por meio do uso de extratores de solução a diferentes profundidades.
Os extratores de solução foram instalados, com a utilização de um trado, em
todas as parcelas experimentais nas profundidades de 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 m,
espaçados em 0,1 m, a uma distância de 0,1 m do gotejador. Os extratores são
constituídos por um tubo de PVC rígido de ½’’ de diâmetro e outro transparente de
12 mm, com uma de suas extremidades (superior) hermeticamente fechada por uma
borracha de vedação de silicone, e a outra extremidade (inferior) com uma cápsula
porosa.
Para a extração da solução do solo, aplicou-se um vácuo de
aproximadamente 80 kPa na câmara interna do extrator, 24 horas após a aplicação
dos tratamentos, por meio de uma bomba de vácuo. As soluções do solo coletadas
foram retiradas das câmaras dos extratores 24 horas após a aplicação do vácuo,
tempo necessário para que se atingisse o equilíbrio entre o solo e a cápsula do
extrator de solução. As soluções foram removidas com a utilização de uma seringa e
depositadas em recipiente plástico, sendo devidamente identificadas e analisadas
em laboratório quanto ao pH, condutividade elétrica, potássio, cálcio e sódio
(espectrometria de emissão de chama), nitrato e enxofre (colorimetria com uso do
espectrofotômetro UV).
2.7.6 Balanço de água no solo
O balanço de água foi feito com o objetivo de estimar os fluxos de água
(drenagem ou ascensão capilar) ao longo do ciclo da cultura. Assumindo que o
relevo da área experimental é plano, o balanço de água no solo, definido como a
diferença entre a quantidade de água que entra no volume de controle de solo e a
quantidade de água que sai dele em um determinado intervalo de tempo (LIBARDI,
2012), foi considerado conforme a equação
zΔh= ETc)+(D- AC)+I+(P , (2)
37
sendo P a precipitação pluvial (mm), I a irrigação (mm), AC a ascensão capilar (mm),
D a drenagem interna (mm), ETc a evapotranspiração da cultura (mm) e ∆hz o
balanço ou a variação da armazenagem de água no solo (mm) na camada de solo z.
O volume de controle de solo considerado terá como limite superior a superfície do
solo e como limite inferior a profundidade de 0,8 m, camada que compreende
praticamente todo o sistema radicular da cultura da cana-de-açúcar.
Com relação ao monitoramento dos processos no tempo, serão
estabelecidos quatro períodos, correspondentes às fases fenológicas da cultura da
cana-de-açúcar, associados ao grau de cobertura do solo pela planta, conforme
descrito na Tabela 5.
Tabela 5 - Valores médios de coeficientes de cultivo (kc) para as fases fenológicas da cana-soca
Fase Fenológica Referência Período Duração
Kc Dias
Inicial Até 10% da cobertura do solo 0-30 30 0.40 Desenvolvimento De 10% até 100% de solo coberto 31-80 50 0,82
Intermediária De 100% de solo coberto à maturação 81-260 180 1.25 Final Da maturação à colheita 261-320 60 0.75
Ciclo total Do corte à colheita 0-320 320 0,80 Fonte: Adaptado de Allen et al. (1998)
2.2.6.1 Precipitação pluvial (P)
As precipitações pluviais foram medidas com pluviômetro, a 1,5 m do solo,
em nível, e livre de obstáculos, instalado na Estação Meteorológica, próxima à área
experimental, considerando
∫=
f
i
t
t
dtpP ,
(3)
em que p é a precipitação pluvial, em mm dia-1, integrada para cada período
considerado.
2.2.6.2 Irrigação (I)
38
As lâminas de água aplicadas foram integradas para cada período do
balanço de água, pela equação
∫=
f
i
t
t
dtiI ,
(4)
sendo i a irrigação em mm dia-1.
2.2.6.3 Variação de armazenagem (hz)
A armazenagem de água no solo foi determinada diariamente por meio da
equação
∫ =
8,0
0
z 1000.zΔ . θ h ,
(5)
sendo hz a armazenagem de água na camada de 0-0,8 m, em mm; o conteúdo
médio de água na camada de 0-0,8 m (m3 m-3); z a distância entre os tensiômetros
(0,2 m); 1000 a constante para converter de m para mm. O conteúdo de água foi
obtido a partir das leituras dos tensiômetros às profundidades de 0,2, 0,4 0,6 e 0,8 m
e suas respectivas curvas características de água no solo. A partir das
armazenagens, foi calculada a variação diária de armazenagem (hz) pela equação
inicialh-
finalh=
-0,8m0hΔ
, (6)
em que h0-0,8m é a variação de armazenagem na camada de 0 a 0,8 m, hfinal é a
armazenagem na camada de 0 a 0,8 m no último dia do período e hinicial é a
armazenagem na camada de 0 a 0,8 m no início do período.
2.2.6.4 Evapotranspiração da cultura (ETc)
39
A evapotranspiração da cultura foi obtida a partir da estimativa da
evapotranspiração potencial pelo método de Hargreaves (ALLEN et al., 1998),
segundo a equação
)medT8,17( .min)T -maxT(.Q . 0023,0 ETp 5,00 +=
,
(7)
em que: ETp é a evapotranspiração potencial, em mm dia-1; Q0 é a radiação solar
extraterrestre, mm dia-1; Tmax, Tmin e Tmed são as temperaturas máxima, mínima e
média, respectivamente, em ºC. Essas informações foram obtidas na estação
climatológica localizada próxima da área experimental.
A partir da ETp calculada diariamente pelo método de Hargreaves, e
conhecendo o coeficiente de cultivo (kc) da cultura da cana-de-açúcar para os seus
estádios fenológicos, foi possível estimar a evapotranspiração da cultura (ETc) pela
equação
kc . ETp ETc = . (8)
Desse modo, a evapotranspiração da cultura (ETc) foi integrada para os
vários períodos, a partir a equação
∫=
f
i
t
t
dt cETETc ,
(9)
sendo ETc a evapotranspiração da cultura, em mm dia-1.
2.2.6.5 Drenagem interna (D) e Ascensão capilar (AC)
A drenagem interna e a ascensão capilar (D e AC), aqui tratadas como
densidade de fluxo, foram consideradas como incógnitas da equação do balanço de
água. Portanto, conhecidos os demais componentes, a drenagem interna ou
ascensão capilar foi obtida pela equação
40
ETc+I-P - Δ= AC ou D z . (10)
Nesta expressão, valores positivos à esquerda indicam ascensão capilar;
valores negativos indicam drenagem interna.
2.7.7 Produtividade e Características tecnológicas da cana-de-açúcar
A colheita da cana-de-açúcar foi feita manualmente, durante duas semanas
entre 26 de Março e 13 de Abril de 2012 (Figura 4). Para avaliação de produtividade
e análises tecnológicas, somente as três linhas centrais de cada parcela foram
utilizadas, descartando-se as linhas de bordadura.
Figura 4 - Colheita manual das parcelas experimentais (a) e detalhe do carregamento da caminhonete para pesagem (b)
A produtividade da cana-de-açúcar foi estimada pela pesagem de colmos e
ponteiras separadamente, para cada parcela do experimento (Figura 5a),
representando os tratamentos e suas repetições, extrapoladas posteriormente para
toneladas por hectare. A pesagem foi realizada sobre uma balança VESTA de
quatro apoios com capacidade para 16000 quilogramas, 4000 kg em cada um,
assentados sobre uma área plana de cimento no galpão da Fazenda Areão,
utilizando-se uma caminhonete pequena para o transporte. A massa da
caminhonete, tomada como tara para as pesagens, era registrada novamente ao
final de cada quatro pesagens de parcelas.
Aleatoriamente, 10 colmos de cada parcela foram retirados no momento da
pesagem total (Figura 5b), para que fossem levados ao laboratório do Departamento
de Agroindústria, Alimentos e Nutrição – LAN, onde foram realizadas as análises
(a) (b)
41
tecnológicas da cana-de-açúcar. As amostras foram avaliadas quanto ao Teor de
sacarose aparente, Açúcares redutores, Pureza, avaliados para o caldo e o colmo da
cana, e Fibra, Açúcares redutores totais, Açúcar total recuperável e Cinzas,
avaliados somente para o caldo.
Figura 5 - Pesagem das parcelas experimentais (a) e detalhe dos colmos de uma das parcelas (b)
2.7.8 Análises estatísticas
O experimento foi instalado considerando o delineamento inteiramente
aleatorizado, com 6 tratamentos e 4 repetições. Entretanto, devido às diferentes
características dos parâmetros avaliados, duas técnicas estatísticas foram
empregadas.
Produtividade e Características Tecnológicas
Os dados foram analisados de acordo com a estatística clássica, com o uso
do programa ASSISTAT (SILVA, 2013). Como o experimento continha duas
testemunhas, uma para a situação convencional de cultivo, e outra para a situação
fertirrigada, no primeiro instante a análise de variância foi feita por meio do teste F,
com a comparação entre as médias dos demais tratamentos em relação à situação
convencional de cultivo pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade. Em um
segundo cenário, considerando apenas os tratamentos fertirrigados (5 tratamentos e
4 repetições), uma nova análise de variância foi feita, também utilizando o teste F,
com as médias sendo comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
(a) (b)
42
Neste último cenário, somente se identificada diferença estatística entre os
tratamentos, procedeu-se a análise de variância para a regressão entre níveis de
vinhaça e variável analisada.
Atributos químicos do solo e da solução do solo
Para os parâmetros químicos destes dois itens, foram empregadas técnicas
estatísticas multivariadas de análise de componentes principais (ACP), em função do
grande número de variáveis e da relação de interdependência entre uma e outra.
Com isso, tornou-se possível o entendimento de como essas variáveis interagiram
conjuntamente. Para este procedimento de análise utilizou-se o software XLSTAT,
Trial Version (XLSTAT, 2013).
Os valores originais desses atributos químicos, para as camadas de 0-0,1 m,
0,1-0,2 m, 0,2-0,3 m e 0-0,3 m, foram padronizados (µ = 0; ² = 1) para se dar o
mesmo peso a cada variável, a fim de compor as variáveis utilizadas na ACP. Com a
ACP para esses atributos, foram gerados os componentes principais.
Para a matriz de correlação dos atributos com os componentes considerou-
se o nível de significância de 5% de probabilidade para, então, selecionar os
atributos tidos como significativos que apresentam alta correlação com o
componente principal em que se encontram. Foram selecionados os atributos que
apresentaram correlação de no mínimo 0,6 em módulo, em pelo menos um dos
componentes principais. Após esse procedimento foram excluídos os atributos que
apresentaram baixa correlação, e feita uma nova ACP, gerando então novos
componentes. Foram selecionados os dois primeiros componentes principais (CP1 e
CP2), que melhor explicaram a variância dos dados originais. Para a análise de
agrupamento das variáveis utilizou-se o método de Ward, com a medida euclidiana
para a distância entre os casos nos grupos.
2.8 Resultados e Discussão
2.8.1 Condições climáticas
Ao longo do experimento (Fevereiro de 2011 a Abril de 2012), a temperatura
média foi de 21,9 ºC, com máxima de 25,7 ºC em Fevereiro/2012 e mínima de 15,9
43
ºC em Junho/2011. A precipitação total mensal foi o fator de maior variação ao longo
do ciclo da cana, com valores entre 2,1 mm, em Setembro/2011, e 241,2 mm, em
Março/2011 (Tabela 6).
Tabela 6 - Informações meteorológicas correspondentes ao período do experimento
Meses Ano
Vel. do Vento Média
Radiação Global Média
Temperatura Média
Precipitação Total
UR Média
m s-1 MJ m-2 d-1 ºC mm %
Fev/2011 1,2 22,8 24,9 89,6 75,1
Mar/2011 1,4 15,9 23,3 241,2 78,5
Abr/2011 1,2 17,1 22,4 5,2 75,6
Mai/2011 1,3 15,6 18,3 27,2 73,2
Jun/2011 1,4 14,4 15,9 56,3 73,5
Jul/2011 1,5 14,6 18,7 3,9 66,6
Ago/2011 1,7 15,5 19,2 36,1 67,0
Set/2011 1,8 21,7 20,9 2,1 56,4
Out/2011 1,9 15,5 22,6 217,7 64,2
Nov/2011 1,8 23,0 22,6 171,7 62,3
Dez/2011 1,8 24,4 23,9 162,0 65,8
Jan/2012 1,1 24,3 23,5 23,4 67,4
Fev/2012 0,7 24,7 25,7 139,2 81,7
Mar/2012 1,4 21,7 23,9 36,4 66,7
Abr/2012 1,4 18,8 23,3 93,5 68,9
O ano de 2011 foi marcado por um período seco no mês de Setembro, o
qual não é comum, sendo normalmente o mês de Julho o mais seco para a
localidade, como citado por Timm et al. (2002). O somatório da precipitação
pluviométrica em todo o ciclo foi de 1305,5 mm, caracterizado por oscilação nos
eventos de chuva e má distribuição ao longo dos meses. O mês de setembro de
2011, que apresentou o valor mínimo de precipitação, também apresentou alto valor
médio de Radiação Global (21,7 MJ m-2 d-1), o menor valor médio de Umidade
Relativa, associado a um alto valor médio de Velocidade de Vento. Essa condição
potencializa a evapotranspiração, devido à maior capacidade de conter vapor de
água da massa de ar atmosférica, sua maior quantidade de energia, e à constante
alteração da camada limite, ao redor das folhas, causada pelos ventos. O valor
médio de velocidade do vento ao longo do experimento foi de 1,4 m s-1, com mínimo
de 0,7 m s-1 em Fevereiro/2012 e máximo de 1,9 m s-1 em Outubro/2011.
44
2.8.2 Atributos químicos do solo
2.8.2.1 Análise multivariada
Nos dados obtidos em campo, a análise de componentes principais e de
agrupamentos hierárquicos foi eficiente para distinguir as interações dos atributos
químicos do solo com os tratamentos nas camadas de solo estudadas, indicando
que essa ferramenta pode ser utilizada para selecionar variáveis relevantes na
caracterização do comportamento do solo em resposta à aplicação de tratamentos.
Para os dados em discussão foram considerados os atributos pH, matéria
orgânica, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, alumínio, enxofre-SO42-, cobre, ferro,
zinco, manganês e boro. No entanto, na análise multivariada, a matriz de correlação
das variáveis com os fatores indicou para a exclusão de fósforo, cálcio, magnésio,
enxofre-SO42- e boro, por explicarem muito pouco da variância dos dados.
Na Tabela 7 são apresentados os componentes principais que explicaram o
conjunto das variações nos atributos considerados no solo no início e final do
experimento. É importante ressaltar que, na análise de componentes principais,
devem ser selecionados apenas os fatores que apresentem autovalor maior que a
unidade, uma vez que, por este critério, são os que devem sintetizar uma variância
acumulada em torno de 70% (VICINI, 2005). Por este critério, foram considerados os
componentes 1 (autovalor 12,55 e que melhor reteve a variabilidade dos dados
originais) e 2 (autovalor 1,11 e que melhor reteve a variabilidade dos dados
excluindo a variabilidade expressa pelo primeiro componente), que juntos
manifestaram 85,36% da variação das medidas originais (78,43% e 6,93% pelos
fatores 1 e 2, respectivamente).
45
Tabela 7 - Autovalores e percentagem da variância dos atributos químicos do solo explicada por cada componente
Componente Autovalor % da
variância explicada
Autovalores acumulados
% da variância explicada
acumulada
1 12,55 78,43 12,55 78,43 2 1,11 6,93 13,66 85,36 3 0,66 4,10 14,31 89,46 4 0,63 3,92 14,94 93,38 5 0,37 2,31 15,31 95,69 6 0,27 1,72 15,58 97,40 7 0,12 0,76 15,71 98,17 8 0,11 0,66 15,81 98,83 9 0,07 0,43 15,88 99,26 10 0,05 0,32 15,93 99,58 11 0,03 0,16 15,96 99,73 12 0,02 0,13 15,98 99,86 13 0,01 0,08 15,99 99,94 14 0,01 0,04 16,00 99,99 15 0,00 0,01 16,00 100,00 16 0,00 0,00 16,00 100,00
A correlação das variáveis analisadas no solo com os componentes
principais está apresentada na Tabela 8. Constatou-se que as variáveis que mais
contribuíram para o componente principal 1, em ambas as condições de solo (início
e final do experimento), foram pH, matéria orgânica, potássio, alumínio, cobre, ferro,
zinco e manganês; apenas potássio no início do experimento esteve também
associado ao componente principal 2.
46
Tabela 8 - Correlação dos atributos químicos do solo com os componentes principais CP1 e CP2
Variável CP1 CP2
pHi 0,97 -0,02 pHf 0,85 0,21
Matéria orgânicai -0,98 0,10 Matéria orgânicaf -0,86 -0,28
Potássioi -0,63 0,68 Potássiof -0,65 0,13 Alumínioi -0,90 0,25 Alumíniof -0,65 0,27
Cobrei -0,98 0,01 Cobref -0,94 -0,25 Ferroi -0,99 0,10 Ferrof -0,91 -0,28 Zincoi -0,95 0,19 Zincof -0,88 -0,33
Manganêsi -0,96 0,12 Manganêsf -0,95 -0,24
OBS.: Os subscritos i e f se referem ao início e final do experimento, respectivamente.
Na Figura 9 está apresentada a ordenação dos atributos químicos do solo e
dos tratamentos nas profundidades avaliadas. Como definido, foram considerados
apenas os dois componentes que mais explicaram a variação dos dados analisados,
o que gera uma ordenação em duas dimensões. De acordo com Alvarenga e Davide
(1999), neste caso, os demais componentes podem ser desconsiderados, uma vez
que a bidimensionalidade proporciona uma clara ordenação das variáveis em
questão, com a construção de um gráfico biplot, e não vale a pena inserir a
tridimensionalidade a partir de um valor que agregue tão pouco na explicação da
variação dos dados originais.
Pelo círculo unitário, quanto mais próximo do perímetro estiver a variável, ou
seja, partindo do centro, quanto maior o comprimento da linha que a representa,
maior é a importância desta na explicação da variância. De igual modo, o ângulo de
inclinação da linha em relação a cada eixo do círculo indica quão estreitamente esta
variável é correlacionada com esse eixo. Outra utilidade do círculo unitário é que
com a sobreposição deste sobre o plano dos fatores é possível visualizar a relação
entre os atributos químicos e os tratamentos nas várias profundidades (VICINI,
2005).
Interpretando a Figura 6, depreende-se que potássio para o solo no início do
experimento foi a variável que teve menor peso na explicação da variância das
medidas associadas ao componente principal 1. O fato de os vários tratamentos
47
estarem localizados em um mesmo quadrante indica a formação de estratos
homogêneos, ou seja, no caso em análise, em geral, indistintamente do tratamento
aplicado, há a clareza de que as camadas mais próximas à superfície do solo
(medições feitas em 20 e 40 cm) formam grupos que se diferenciam dos formados
para as camadas mais profundas (medições feitas em 60 e 80 cm). Nos quadrantes
II e III, as profundidades de 20 e 40 cm, indiferente do tratamento aplicado, foram
discriminadas pela forte influência das variáveis matéria orgânica, alumínio, potássio
e micronutrientes (zinco, manganês, ferro e cobre). As profundidades de 60 e 80 cm
se apresentam posicionadas mais à direita do diagrama, e mais aproximadas do eixo
horizontal, nos quadrantes I e IV, fato que indica que o comportamento dos
tratamentos nestas profundidades foi fortemente influenciado pelas variáveis pHi e
pHf, justamente as que se correlacionaram com o eixo horizontal, o componente
principal 1. Vale destacar que em qualquer interpretação da Figura 6, quanto mais
próximo ao centro estiver o tratamento-profundidade menor é a correlação que este
guarda com os atributos químicos de maior importância.
Figura 6 - Diagrama de ordenação dos atributos químicos do solo e dos tratamentos em profundidades. As letras i e f junto à variável se referem ao início e final do experimento, respectivamente
Kf
48
A dissimilaridade entre os grupos formados a partir dos atributos avaliados
no solo está apresentada na Figura 7. Por ela se buscou identificar se os atributos
químicos diferiram no solo quando comparadas as situações de início e final do
experimento. Pelos resultados, foram estabelecidos cinco grupos, cada um com
suas particularidades, cujas características de um mesmo grupo são semelhantes,
porém diferentes do comportamento de outros agrupamentos (VALLADARES et al.,
2008). Vale salientar que a literatura que trata da análise de agrupamento deixa
clara a possibilidade, a critério de quem vai interpretar o dendrograma, do
estabelecimento de outros grupos, conforme se queira aumentar ou diminuir a
homogeneidade entre eles.
Kf Alf Ki Znf Fef Mnf Cuf MOf Ali Zni Mni Fei Cui MOi pHf pHi0
20
40
60
80
100
Dis
tância
entr
e g
rupos
Figura 7 - Dissimilaridade entre os grupos estabelecida pela distância euclidiana a partir dos atributos químicos do solo: pH, matéria orgânica, potássio, alumínio, cobre, ferro, zinco e manganês. As letras i e f junto à variável se referem ao início e final do experimento, respectivamente
Constatou-se que os tratamentos aplicados ao solo levaram à formação de
grupos diferenciados, mostrando haver, no tempo, efeito dos tratamentos sobre a
maioria dos atributos analisados. Quanto ao pH, o fato de estarem compondo o
mesmo grupo indicou que os valores não diferiram no tempo e que, assim, não
foram influenciados pelos tratamentos aplicados. As variáveis matéria orgânica,
cobre, ferro, manganês, zinco e alumínio apresentaram características distintas entre
49
o início e final do experimento, tanto que formaram grupos heterogêneos entre si,
corroborando a tese de que há relação de causa e efeito entre os tratamentos e as
variáveis em análise. As variáveis potássio, em ambas as situações analisadas, e
alumínio, ao final do experimento, apresentaram comportamento completamente
diferenciado, o que as levou, cada uma delas, ao isolamento das demais variáveis.
2.8.3 Atributos químicos da solução do solo
2.8.3.1 Análise exploratória
Nas Tabelas 9 a 16 estão apresentadas as análises exploratórias dos dados
relativos à solução do solo para as variáveis pH, condutividade elétrica, potássio,
sódio, nitrato, enxofre-SO42-, cálcio e magnésio. Nelas figuram todos os dados
obtidos por tratamento, oriundos da solução do solo extraída após cada uma das
oito aplicações ao longo do ciclo da cana-soca.
É importante destacar que o número de extratos coletados não atingiu o
máximo esperado em nenhuma das situações (considerando as oito aplicações de
vinhaça e quatro repetições por tratamento, deveriam ter sido obtidos 32 extratos e,
por conseguinte, 32 dados por variável para serem submetidos à análise
exploratória). Apesar do esforço para a extração de solução do solo após as
aplicações de vinhaça, ficou evidente que em alguns casos, notadamente no
tratamento sem irrigação em todas as profundidades de coleta, o número de dados
foi de apenas aproximadamente 25% do esperado. Observe-se que está se fazendo
referência ao número de extrações de solução do solo; além disso, em muitas vezes,
apesar de se conseguir extrair solução do solo, a quantidade era pouca e,
consequentemente, impossibilitava a leitura de todos os atributos pré-estabelecidos.
Justifique-se também, à parte, o menor número de dados observados para a
profundidade de 20 cm. Como o sistema de irrigação foi instalado em subsuperfície,
a 35 cm de profundidade, naturalmente a extração foi mais dificultada pela escassez
de solução no solo acima daquele ponto, visto que o aplicado via fertirrigação sofria
a influência do campo gravitacional e, assim, drenava com facilidade para as
camadas mais profundas. Em tese, a possibilidade de coleta de solução a 20 cm de
50
profundidade ficou dependente das entradas de água na superfície do solo por
precipitação pluvial ou, em subsuperfície, por ascensão capilar e run-off lateral.
As dificuldades na extração de solução do solo são amplamente abordadas
na literatura que trata do assunto. Vale ressaltar que o sucesso na extração de
solução do solo depende de fatores como o local de instalação da cápsula porosa,
do vácuo aplicado no interior do extrator, momento de aplicação do vácuo após a
entrada de água no solo e do contato da cápsula com o solo. De acordo com Blanco
(2006), o vácuo aplicado deve ser próximo ao do limite de funcionamento do
tensiômetro, aproximadamente 70 a 80 kPa, pois, como o vácuo vai reduzindo no
tempo, quanto mais próximo desse limite maior a probabilidade de coletar solução
do solo em um volume razoável para a realização de todas as análises químicas que
se desejar. O autor sugere que o vácuo seja aplicado entre 6 e 12 horas após o
término de uma irrigação, por exemplo. Entretanto, Lima (2009), em uma revisão de
literatura, constatou que ainda não há uma padronização quanto ao vácuo a ser
aplicado e o tempo decorrido entre este e a coleta da solução do solo, fatores que
concorrem conjuntamente para dificultar o uso dos extratores como coletores de
solução do solo e, consequentemente, como instrumentos que auxiliem no manejo
da fertirrigação.
Aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov a 5% de probabilidade para testar a
hipótese de normalidade, verificou-se que em todas as variáveis analisadas,
considerando o efeito dos tratamentos na solução do solo nas profundidades
amostradas, nem todos os dados seguiram distribuição normal. Portanto, apenas
para as situações em que foi constatada distribuição normal se pode assumir que os
desvios são aleatórios e, assim, considerar a média como um bom estimador da
tendência central dos valores observados.
Analogamente, vale considerar a abordagem feita por Mota (2010) quando
discutiu a análise exploratória de dados de armazenagem de água no solo em um
cultivo de meloeiro irrigado, em quatro fases fenológicas, com solo coberto e
desnudo. Para os dados aqui discutidos, nas situações em que eles apresentaram
distribuição normal, o valor médio resultante pode até não indicar o que aconteceu
quanto ao parâmetro analisado em um determinado momento de amostragem da
solução do solo, visto que o parâmetro pode ter variado no tempo decorrido entre as
oito aplicações dos tratamentos e em que se deu o monitoramento dos efeitos
destes na constituição da solução do solo. No entanto, ao integrar os valores deste
51
parâmetro no tempo, a média resultante expressa um comportamento que é devido
única e exclusivamente ao efeito de tratamento e, portanto, pode ser comparada
com a média de outro tratamento no experimento.
Quanto ao pH (Tabela 9), considerando apenas as situações em que os
dados seguiram distribuição normal, verificou-se que a variabilidade dos dados é
baixa e que em todos os tratamentos e profundidades os valores não se distanciam
da média geral 6,7, indicando não haver efeito de tratamentos para esta variável na
solução do solo.
Tabela 9 - Análise exploratória dos dados de pH na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 6,4 7,1 6,6 0,20 3,0 Não 40 9 6,3 7,3 6,6 0,30 4,5 Não 60 7 6,4 7,8 6,8 0,49 7,2 Sim 80 8 6,6 7,4 6,8 0,30 4,4 Sim
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 6,1 7,1 6,6 0,35 5,3 Sim 40 20 5,8 7,5 6,6 0,42 6,4 Sim 60 17 6,3 7,5 6,6 0,32 4,8 Não 80 16 6,3 7,2 6,7 0,27 4,0 Sim
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 12 6,2 7,4 6,7 0,42 6,2 Sim 40 12 5,7 7,0 6,6 0,37 5,6 Sim 60 16 6,2 7,5 6,6 0,35 5,2 Sim 80 18 6,2 7,2 6,7 0,31 4,6 Sim
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 6,1 7,5 6,6 0,54 8,2 Não 40 12 6,3 7,0 6,6 0,27 4,1 Sim 60 20 5,6 8,8 6,8 0,59 8,7 Não 80 23 6,0 7,3 6,8 0,26 3,7 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 6,3 7,7 6,7 0,48 7,1 Sim 40 16 6,3 7,3 6,7 0,33 4,9 Sim 60 10 6,3 7,2 6,7 0,33 4,9 Sim 80 16 6,6 8,0 7,0 0,35 5,0 Sim
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 6,3 7,3 6,7 0,36 5,3 Sim 40 11 6,2 7,3 6,8 0,35 5,2 Sim 60 20 6,5 7,5 6,9 0,29 4,2 Sim 80 25 6,1 7,5 6,8 0,28 5,2 Sim
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
A Tabela 10 contém os dados de condutividade elétrica para todos os
tratamentos e profundidades. Os valores, que estão associados à salinidade, isto é,
à presença de solutos inorgânicos na fase aquosa do solo como sódio, potássio,
magnésio, cálcio, cloretos, carbonatos, nitrato, sulfatos e outros, apresentaram
elevada variabilidade e não seguiram distribuição normal em quase 50% das
situações analisadas. Sendo esta discussão válida para as tabelas com dados
52
relativos aos íons avaliados na solução do solo, a elevada variabilidade espacial e
temporal destes em solução é natural, uma vez que é dependente da umidade do
solo durante o processo de extração; como se sabe, é o teor de água no solo que
define a diluição ou concentração dos íons na solução aquosa.
Com relação ao fato, Petillo e Castel (2007) destacam que quando se aplica
água ou solução no solo por gotejamento, cria-se um problema adicional que é a
tridimensionalidade da parte molhada. Neste caso, a variabilidade espacial da
umidade do solo é normalmente maior sob sistema de irrigação por gotejamento,
pela não uniformidade de distribuição da água tanto em superfície quanto em
profundidade. Neste experimento a irrigação deve ter contribuído para o aumento da
variabilidade dos dados referentes à variação da umidade do solo, uma vez que as
lâminas aplicadas ao solo não devem ter chegado na mesma quantidade em todos
os pontos de emissão. Considere-se também que, além da variabilidade de
parâmetros hidráulicos do solo, da não uniformidade da irrigação e das diferenças
nas perdas de água por evaporação em diferentes pontos, tem-se a planta como
uma importante fonte de variação, pelo fato de a extração de água pelas raízes
também não ser uniforme.
Uma fonte de variação temporal para os dados observados foram as
precipitações pluviais registradas em dias próximos ou durante algumas das oito
aplicações das doses de vinhaça. Para uma melhor compreensão da influência dos
eventos de precipitação pluvial sobre a composição do coletado nos extratores de
solução do solo, vale ressaltar que: o vácuo foi aplicado nos extratores 24 horas
após a aplicação da vinhaça, com um tempo de oportunidade para o processo de
extração de 24 horas após o procedimento de vácuo. Ou seja, a coleta da solução
só ocorria 48 horas após a aplicação dos tratamentos e, portanto, a composição do
coletado também estava sujeita à influência das precipitações pluviais que
pudessem ocorrer durante aquele processo.
Na interpretação dos dados é importante levar em conta que as aplicações,
no total de oito, se deram em 29/07, 10/08, 30/08, 10/09, 29/09, 15/10, 30/10 e 27/11
de 2011, e que os registros da estação meteorológica da área experimental para a
precipitação pluvial indicaram ocorrência do evento em 30/07 (3,1 mm), em 31/08
(15,0 mm), em 14/10 (101,6 mm), em 15/10 (13,2 mm), em 16/10 (3,9 mm), em
29/10 (11,5 mm), em 26/11 (28,1 mm) e 27/11 (0,3 mm). Neste cenário, e
especificamente para a análise sobre a contribuição destes eventos sobre o teor de
53
água no solo e, por conseguinte, sobre a composição da solução do solo, pode-se
desconsiderar as precipitações pluviais menos expressivas (ressalte-se que
independentemente da lâmina, os eventos registrados são importantes, por
exemplo, na contabilidade para o balanço de água no volume de solo analisado).
Entretanto, sob a perspectiva da contribuição deles para a solução do solo, podem
ser contabilizados como mais importantes apenas os eventos para a terceira, sexta e
oitava aplicação, cujo precipitado foi, respectivamente, de 15,0 mm, 118,7 mm e
28,4 mm. Nestes eventos, os menores volumes precipitados contribuíram apenas
para modificar a composição da solução mais próxima à superfície do solo.
Considerando as situações em que a média pode ser tomada como
representativa da amostra, ou seja, nos casos em que se detectou distribuição
normal, contatou-se o aumento da condutividade elétrica na solução do solo na
medida em que se aumentou a dose de vinhaça aplicada ao solo, indicando riscos
de enriquecimento do lençol freático por sais se as condições para a drenagem
forem favorecidas.
Tabela 10 - Análise exploratória dos dados de condutividade elétrica (S cm-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 88,0 213,9 138,7 50,8 36,6 Sim 40 9 84,6 401,4 183,8 105,0 57,1 Sim 60 7 119,7 191,6 138,9 24,9 17,9 Não 80 8 93,7 406,6 161,8 101,1 62,5 Não
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 46,6 558,2 171,3 151,8 88,6 Não 40 20 64,9 1439,0 267,6 322,2 120,4 Não 60 17 80,3 421,3 146,6 92,4 63,0 Não 80 16 70,8 666,1 209,8 170,6 81,3 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 11 81,4 835,7 304,5 254,7 83,6 Não 40 12 136,3 932,6 432,6 291,1 67,3 Sim 60 16 107,6 1106,0 330,2 316,7 95,9 Não 80 18 116,5 653,8 298,9 139,6 46,7 Sim
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 134,0 822,7 301,2 292,4 97,1 Não 40 12 139,2 771,4 544,1 206,1 37,9 Não 60 20 198,3 828,5 582,2 175,8 30,2 Sim 80 23 318,9 2050,0 895,3 373,5 41,7 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 149,6 588,9 308,5 192,4 62,4 Sim 40 15 274,6 1415,0 816,5 363,4 44,5 Sim 60 10 312,3 1048,0 686,9 215,2 31,3 Sim 80 16 325,3 3280,0 1473,5 808,0 54,8 Sim
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 167,8 1980,0 449,9 564,8 64,9 Sim 40 11 405,6 3120,0 1390,7 907,1 65,2 Sim 60 20 395,8 2000,0 1211,5 430,7 35,5 Sim 80 25 358,2 3530,0 1526,8 744,6 48,8 Não
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
54
Com relação aos teores de potássio (Tabela 11), ficou evidente que o
comportamento para a variável, principalmente nos casos em que não há aplicação
ou se aplica vinhaça ao solo em uma dose inferior à dose recomendada pela
CETESB, não pode ser avaliado pela média aritmética dos dados, por não seguirem
distribuição normal.
Tabela 11 - Análise exploratória dos dados de potássio (mg L-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 1,2 11,3 3,2 3,6 111,9 Não 40 9 0,0 34,9 7,5 13,4 179,0 Não 60 8 0,0 18,5 3,6 6,1 169,6 Não 80 8 0,0 21,0 3,7 7,1 191,5 Não
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 0,6 78,5 10,0 18,6 187,0 Não 40 19 0,5 210 19,9 47,9 240,5 Não 60 18 0,0 28,9 3,7 3,7 178,8 Não 80 17 0,0 51,6 9,2 16,5 178,5 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 12 0,5 220,0 43,9 64,4 146,5 Não 40 12 0,7 102,9 35,5 38,2 107,4 Não 60 16 0,7 235,0 46,6 76,5 164,2 Não 80 19 1,0 39,5 8,5 10,0 119,0 Não
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 1,5 63,1 19,5 24,7 126,6 Não 40 12 1,2 76,0 37,7 27,2 72,1 Sim 60 20 5,9 84,3 38,2 23,7 62,1 Sim 80 24 0.8 253,0 90,1 65,2 72,4 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 2,9 51,9 21,9 17,1 78,2 Sim 40 17 32,4 240,0 110,3 66,1 59,9 Sim 60 10 17,1 98,3 56,9 34,0 59,8 Sim 80 16 1,1 660,0 205,1 217,9 106,2 Não
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 14,1 300,0 138,9 104,0 74,9 Sim 40 12 17,6 670,0 206,5 222,0 107,5 Sim 60 20 20,6 370,0 168,2 95,8 56,9 Não 80 25 17,8 615,0 192,5 145,3 75,5 Sim
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
Ficou clara a relação de que os teores de potássio na solução do solo
aumentaram com o aumento das doses de vinhaça aplicada. Este fato indica que os
sítios de troca dos coloides do solo são preenchidos por cátions até um determinado
nível e que, a partir dele, a tendência é de que quanto mais sejam aplicados mais
disponíveis ficam na solução do solo. Com relação ao potássio, por ser requerido em
grandes quantidades pelas culturas, sua concentração na solução aquosa não deve
ser excessivamente alta, pois, como dito, os coloides fazem sua adsorção e o
liberam lentamente para a solução para, então, ser absorvido pelas plantas por
processo de difusão.
55
Quando não se tem informação sobre a concentração de um íon mais
adequada para uma cultura pode-se recorrer a valores de referência. Neste sentido,
Blanco (2006) informa que a concentração de potássio variando de 20 a 60 mg L-1
na solução do solo é referência para a maioria das culturas conhecidas. Desse
modo, considerando que as condições do solo são favoráveis à drenagem, e
buscando, sobretudo, minimizar os riscos de contaminação de mananciais de água
subterrâneos, deve-se evitar as doses mais elevadas de vinhaça, pois, pelos dados
observados, levaram a alta concentração de potássio na solução aquosa do solo.
Vale destacar que o enriquecimento dos mananciais de água em potássio,
por si só, não é um problema ambiental, visto que o elemento químico não é
poluente de águas. Ocorre que a alta concentração de potássio em solução favorece
a formação de pares iônicos, que, com cargas neutralizadas, são facilmente
deslocados via lixiviação. Como exemplo, o par iônico potássio (K+) e nitrato (NO3-) é
especialmente preocupante, porque o nitrato, de fato, é poluente de águas.
Os teores de sódio estão apresentados na Tabela 12. Verificou-se que a
concentração do elemento na solução do solo aumentou com as doses crescentes
de vinhaça. Embora não se tenha verificado efeito negativo do sódio ao solo e à
cultura, é importante que o monitoramento seja constante quanto ao íon, visto que é
um dos constituintes da vinhaça e, portanto, a aplicação de doses crescentes de
vinhaça significam aumentos do íon no solo e em solução. Além de ser tóxico às
plantas, o sódio é também um bom dispersor de coloides, daí os riscos da
degradação física do solo, com efeitos refletidos no aumento da densidade, na
resistência à penetração de raízes e na redução da condutividade hidráulica.
56
Tabela 12 - Análise exploratória dos dados de sódio (mg L-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 0,0 11,3 2,6 3,9 149,2 Não 40 9 0,4 9,4 2,6 2,8 107,2 Sim 60 8 0,6 5,5 2,2 1,7 76,6 Sim 80 8 0,4 3,0 1,4 0,9 59,4 Sim
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 0,0 10,5 2,2 2,4 109,7 Não 40 19 0,0 10,3 3,6 3,7 103,1 Não 60 18 0,0 8,0 1,9 1,9 97,1 Não 80 17 0,0 8,5 2,3 2,4 105,5 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 11 1,2 9,1 3,5 2,3 66,4 Não 40 12 2,4 10,2 5,7 2,9 50,4 Sim 60 16 0,0 6,0 2,5 1,8 72,7 Sim 80 19 0,0 10,5 4,0 2,8 71,0 Sim
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 1,2 7,6 2,8 2,7 94,6 Não 40 12 1,2 10,0 6,0 3,1 51,8 Sim 60 20 0,0 100,0 10,0 21,3 213,8 Não 80 23 3,7 12,0 7,9 2,3 28,7 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 1,3 4,6 2,3 1,2 51,4 Sim 40 17 2,6 14,4 8,2 3,3 40,5 Sim 60 10 0,0 9,1 6,3 2,7 42,6 Sim 80 16 5,6 20,2 11,2 4,5 39,7 Sim
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 1,1 12,4 7,0 3,6 51,9 Sim 40 12 2,4 21,0 10,2 5,5 54,5 Sim 60 20 3,9 16,9 9,7 3,5 35,6 Sim 80 25 1,3 24,3 10,2 5,3 51,6 Não
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
A Tabela 13 contém os dados para nitrato na solução do solo. Dentre as
variáveis analisadas foi a que apresentou maior variabilidade, fato comprovado pelos
altos coeficientes de variação, o que, decerto, contribuiu para o não estabelecimento
de relação de causa e efeito entre as doses de vinhaça e a concentração de nitrato
na solução do solo. Cunha et al. (1987) ressaltam que a dinâmica do nitrato em
solos tratados com resíduos orgânicos, vinhaça por exemplo, é muito complexa,
portanto com probabilidade de elevada variabilidade, especialmente por causa das
transformações bioquímicas que ocorrem no solo.
O nitrato, por ser um ânion, apresenta-se em quase sua totalidade dissolvido
em solução, daí porque é necessária alta concentração para o suprimento às
plantas, com valor de referência para culturas variando de 220 a 230 mg L-1 na
solução do solo (BLANCO, 2006). Quanto à possibilidade da contaminação de
mananciais pelo par iônico K+ e NO3-, Cunha et al. (1987) observaram que houve
pequeno risco devido à irrigação com vinhaça, visto que a lixiviação de íons abaixo
da profundidade de observação, que era de 1,20 m, foi pequena.
57
Tabela 13 - Análise exploratória dos dados de nitrato (mg L-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 0,6 5,0 2,6 1,7 66,8 Sim 40 9 0,0 74,4 10,1 24,4 242,3 Não 60 8 0,0 8,7 2,8 3,4 121,7 Não 80 8 0,0 3,8 0,9 1,3 146,7 Não
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 1,3 28,0 10,0 8,8 87,7 Não 40 20 0,0 463,1 41,8 104,3 249,7 Não 60 18 0,0 45,8 11,6 13,0 112,0 Sim 80 17 0,5 83,6 20,0 24,9 124,2 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 12 0,0 27,9 6,9 9,9 143,9 Não 40 13 0,5 10,4 3,3 3,3 98,4 Não 60 16 0,0 11,2 1,8 2,7 149,9 Não 80 19 0,0 43,2 6,0 11,1 184,3 Não
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 0,0 16,9 7,8 6,2 80,4 Sim 40 12 0,6 3,9 1,8 1,1 59,0 Não 60 21 0,0 15,2 5,6 4,7 84,0 Sim 80 24 0,5 54,0 5,2 10,9 210,4 Não
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 0,6 10,5 3,9 3,6 92,2 Sim 40 17 0,0 11,2 3,3 3,6 106,9 Não 60 10 0,6 31,5 4,8 9,4 196,0 Não 80 16 0,0 104,1 11,2 25,5 227,0 Não
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 0,5 22,7 12,9 9,7 75,4 Não 40 12 0,0 23,6 4,5 6,7 148,9 Não 60 20 0,0 50,7 12,3 15,4 124,8 Não 80 25 0,0 87,6 30,9 27,1 87,6 Sim
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
Destaque-se que, à medida que as doses de vinhaça são aumentadas, a
drenagem deve ser desfavorecida, isto para evitar que os níveis de nitrato nos
mananciais de água não excedam 10 mg L-1 de solução, visto que em resolução do
Conselho Nacional do Meio Ambiente, número 20, de 18 de junho de 1986 (BRASIL,
1986), e Portaria do Ministério da Saúde, número 1469, de 29 de dezembro de 2000
(BRASIL, 2001), ficou estabelecido ser este o nível máximo de N-NO3- em águas
para o consumo humano.
Os teores de enxofre-SO42- na solução do solo estão apresentados na
Tabela 14. Os dados evidenciam aumento de enxofre-SO42 com as doses de vinhaça
aplicada ao solo, evidenciando, já na menor dose aplicada (176 m3 ha-1), elevado
potencial de lixiviação. Vale notar neste caso a preocupação com o fato de um ânion
nunca lixiviar sozinho, ou seja, sempre ser perdido acompanhado por um cátion.
Dias et al. (1994) constataram que o movimento dos cátions Ca2+ e Mg2+ estiveram
associados ao de sulfatos, provando que quando o enxofre lixiviava o
58
acompanhavam, para somar-se à perda, cálcio e magnésio, elementos importantes
na nutrição vegetal.
Tabela 14 - Análise exploratória dos dados de enxofre-SO42-
(mg L-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 0,9 7,6 3,9 2,4 61,7 Sim 40 9 1,5 31,8 8,5 11,3 133,1 Não 60 8 1,6 38,5 8,7 12,2 141,5 Não 80 8 1,6 31,8 7,4 10,1 136,8 Não
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 1,3 28,0 10,0 8,8 87,7 Não 40 20 0,0 97,8 13,4 23,1 171,8 Não 60 18 1,3 46,9 8,2 10,7 130,8 Não 80 8 2,9 21,8 6,2 6,4 103,8 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 12 2,5 51,5 16,3 16,2 99,5 Sim 40 13 0,0 71,4 20,8 21,0 100,9 Sim 60 16 2,9 76,3 19,4 25,2 129,9 Não 80 19 5,0 30,2 12,9 6,0 46,6 Sim
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 2,5 25,5 12,8 11,4 89,6 Sim 40 12 6,0 50,7 23,9 14,2 59,7 Sim 60 21 13,2 49,6 30,7 11,6 37,8 Sim 80 24 0,0 123,0 47,0 28,8 61,2 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 2,5 38,5 9,5 13,0 137,5 Não 40 17 20,6 114,5 50,1 27,1 54,1 Sim 60 10 25,1 56,7 39,2 11,9 30,4 Sim 80 16 0,0 194,7 77,9 55,2 70,9 Sim
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 3,2 92,9 40,3 29,2 72,5 Sim 40 12 12,7 176,3 66,7 54,7 82,0 Sim 60 20 0,0 113,3 59,9 26,6 44,4 Sim 80 25 21.3 216,5 85,6 51,6 60,3 Sim
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
Os teores de cálcio na solução do solo também aumentaram com as doses
crescentes de vinhaça que foram aplicadas ao solo (Tabela 15). Como o elemento é
um dos constituintes da vinhaça, na medida em que esta vai sendo adicionada ao
solo o cálcio vai sendo adsorvido via atração eletrostática às cargas negativas dos
coloides, o que resulta em aumento desse cátion na micela. Saturada a micela, seja
por cálcio ou outros cátions, todos os outros íons que são adicionados via aplicação
de vinhaça ficam livres em solução e, portanto, passíveis de lixiviação desde que as
condições de drenagem favoreçam o processo.
Um dos inconvenientes do cálcio em concentração muito elevada na solução
do solo é que ele pode se combinar com ânions, que por vezes nem estão em
concentração elevada na solução aquosa, e precipitar, reduzindo a disponibilidade
às plantas de outros elementos importantes na nutrição. Como dito anteriormente, é
59
comum que se formem precipitados de cálcio com sulfatos. Com o fósforo a
combinação resulta em fosfato bicálcicos e tricálcicos, geralmente insolúveis ou de
baixa solubilidade em água.
Tabela 15 - Análise exploratória dos dados de cálcio (mg L-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 3,6 11,1 7,8 2,3 29,7 Sim 40 9 4,8 15,5 9,8 3,2 33,2 Sim 60 8 6,9 27,5 11,3 6,7 59,5 Não 80 8 5,4 26,5 11,2 6,4 57,3 Não
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 1,2 87,5 16,3 21,4 131,6 Não 40 20 0,0 136,0 28,2 34,8 123,3 Não 60 15 0,5 110,5 26,4 35,7 135,3 Não 80 14 4,8 118,0 28,1 32,9 117,2 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 12 5,4 151,0 29,0 42,2 145,6 Não 40 12 1,0 68,5 26,5 22,7 85,4 Sim 60 16 2,0 106,0 21,4 26,2 122,6 Não 80 20 10,5 82,0 28,7 18,2 63,5 Sim
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 7,5 58,5 19,4 21,9 112,9 Não 40 12 6,6 59,0 30,0 15,3 51,2 Sim 60 21 1,5 176,0 49,1 41,9 85,4 Não 80 23 5,0 127,5 47,1 30,3 64,3 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 6,6 41,0 15,5 12,0 79,4 Sim 40 16 0,0 80,0 39,8 26,0 65,3 Sim 60 10 25,8 66,0 37,3 12,9 34,4 Não 80 16 14,5 173,0 75,4 49,5 65,7 Sim
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 6,0 104,0 39,7 29,4 73,9 Sim 40 12 2,5 141,0 49,3 42,1 85,4 Não 60 21 5,0 190,0 71,0 43,7 61,6 Sim 80 25 10,0 187,0 89,8 54,7 60,9 Sim
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
Na Tabela 16 estão contidos os dados de concentração de magnésio na
solução do solo. Como aconteceu com a maioria das outras variáveis analisadas, o
seu teor na solução aumentou com as doses crescentes de vinhaça, evidenciando
que, como para o cálcio, após a saturação dos sítios de troca dos coloides a
tendência é que fiquem livres em solução e aumentem sua concentração conforme
mais se aplique vinhaça. A exemplo do que ocorre na relação entre cálcio com
sulfatos e fósforo, o magnésio também pode se combinar com estes elementos e
formar precipitados.
60
Tabela 16 - Análise exploratória dos dados de magnésio (mg L-1
) na solução do solo
Tratamento Prof. N1
Mín. Máx. Média DP2
CV (%)3
Teste K-S4
Sem irrigação, Adubação
convencional
20 7 1,8 4,8 3,5 0,9 26,7 Sim 40 9 2,0 13,0 5,1 3,5 68,5 Sim 60 7 3,0 4,0 3,4 0,3 10,2 Sim 80 8 2,1 16,0 4,3 4,7 110,2 Não
Fertirrigação, sem vinhaça
20 19 0,6 43,5 6,9 10,1 147,3 Não 40 20 0,9 35,0 8,6 9,3 107,3 Não 60 17 0,5 61,0 10,4 15,5 148,8 Não 80 16 1,2 34,0 10,4 11,2 107,6 Não
Fertirrigação, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
20 12 2,0 40,0 9,7 10,8 111,9 Não 40 12 3,0 31,5 12,0 9,2 77,2 Sim 60 16 2,4 54,5 10,8 15,0 138,6 Não 80 17 3,5 24,5 11,1 6,7 60,3 Sim
Fertirrigação, 352 m
3 de
vinhaça ha-1
20 5 3,3 28,5 9,0 10,9 122,0 Não 40 12 3,6 34,0 16,8 9,2 54,6 Sim 60 20 1,0 59,5 20,8 12,4 59,7 Não 80 22 1,5 68,0 25,0 15,5 62,0 Sim
Fertirrigação, 704 m
3 de
vinhaça ha-1
20 7 6,6 41,0 15,1 12,0 79,4 Sim 40 15 1,5 61,0 30,8 16,2 52,7 Sim 60 10 14,0 38,5 22,5 7,3 32,4 Sim 80 12 4,0 69,5 28,2 20,6 73,1 Sim
Fertirrigação, 1056 m
3 de
vinhaça ha-1
20 10 3,3 68,0 22,4 19,4 86,8 Sim 40 11 3,0 68,5 31,7 22,4 70,8 Sim 60 20 8,0 61,0 33,0 15,2 46,1 Não 80 20 2,0 65,0 33,9 16,0 47,2 Sim
1Número de dados;
2Desvio Padrão da amostra;
3Coeficiente de Variação;
4Normalidade, teste de Kolmogorov-Smirnov (5%)
2.8.3.2 Análise multivariada
Os componentes que explicam o conjunto das variáveis consideradas na
solução do solo ao final do experimento estão apresentados na Tabela 17. Como
explicado anteriormente, foram considerados apenas os fatores que apresentaram
autovalor superior à unidade. Por conseguinte, foram levados em conta somente os
componentes 1 e 2 que, juntos, explicaram 87,77% da variação das medidas
originais (73,29% e 14,49% pelos fatores 1 e 2, respectivamente).
61
Tabela 17 - Autovalores e percentagem da variância de atributos químicos da solução do solo explicada por cada componente
Componente Autovalor % da
variância explicada
Autovalores acumulados
% da variância explicada
acumulada
1 5,86 73,29 5,86 73,29 2 1,16 14,49 7,02 87,77 3 0,66 8,23 7,68 96,01 4 0,12 1,56 7,81 97,57 5 0,09 1,14 7,90 98,71 6 0,06 0,80 7,96 99,50 7 0,02 0,30 7,98 99,80 8 0,02 0,20 8,00 100,00
A Tabela 18 contém a correlação das variáveis analisadas na solução do
solo com os componentes principais. Verificou-se que condutividade elétrica,
potássio, sódio, enxofre-SO42-, cálcio e magnésio foram as variáveis que mais
influenciaram o componente principal 1. Por outro lado, pH e nitrato foram as que
mais se correlacionaram com o componente principal 2.
Tabela 18 - Correlação dos atributos químicos da solução do solo com os componentes principais CP1 e CP2
Variável CP1 CP2
pH -0,42 0,69 Condutividade elétrica -0,99 0,05
Potássio -0,97 -0,02 Sódio -0,95 -0,04 Nitrato 0,27 0,81
Enxofre-SO42- -0,99 0,05
Cálcio -0,94 -0,13 Magnésio -0,97 0,01
A análise da Figura 8, que contém o círculo unitário com a ordenação dos
atributos químicos da solução do solo e dos tratamentos em profundidades, leva à
constatação de que o tratamento 1, ou seja, cultivo sem irrigação e com adubação
convencional, apresentou homogeneidade em todas as profundidades avaliadas e
contribuiu para discriminar o atributo nitrato (quadrante I). Os tratamentos 2
(fertirrigado e sem aplicação de vinhaça) e 3 (fertirrigado e com aplicação de 176 m3
de vinhaça ha-1) também não diferiram em todas as profundidades analisadas, mas
foram distintos das demais situações (quadrante IV), e não se correlacionaram com
nenhuma das variáveis em estudo. Os demais tratamentos, que incluíram a
62
aplicação de doses crescentes de vinhaça, foram influenciadores e discriminantes
das variáveis condutividade elétrica, enxofre-SO42-, cálcio, magnésio, potássio e
sódio (quadrantes II e III). O pH teve pouca contribuição para discriminar os
comportamentos.
Figura 8 - Diagrama de ordenação dos atributos químicos da solução do solo e dos tratamentos em profundidades
O dendrograma que apresenta a dissimilaridade entre os grupos formados a
partir das análises dos atributos químicos da solução do solo (Figura 9) foi
construído com a finalidade de verificar se nas profundidades de solo avaliadas
houve efeito dos tratamentos (efeito medido a partir do observado na solução do
solo).
63
T6-8
0 c
m
T6-6
0 c
m
T6-4
0 c
m
T5-8
0 c
m
T6-2
0 c
m
T5-6
0 c
m
T5-4
0 c
m
T4-8
0 c
m
T4-4
0 c
m
T4-6
0 c
m
T3-4
0 c
m
T3-2
0 c
m
T1-8
0 c
m
T1-6
0 c
m
T5-2
0 c
m
T4-2
0 c
m
T1-4
0 c
m
T3-6
0 c
m
T2-4
0 c
m
T3-8
0 c
m
T2-8
0 c
m
T2-6
0 c
m
T2-2
0 c
m
T1-2
0 c
m
0
20
40
60
80
100
Dis
tância
entr
e o
s g
rupos
Figura 9 - Dissimilaridade entre os grupos estabelecida pela distância euclidiana a partir dos atributos químicos da solução do solo: pH, CE, potássio, sódio, nitrato, enxofre-SO4
2-, cálcio e
magnésio
Por ele ficou evidente a formação de três grupos: 1) um grupo
predominantemente formado pelos tratamentos 1 (sem irrigação e com adubação
convencional), 2 (fertirrigado e sem aplicação de vinhaça) e 3 (fertirrigado e com
aplicação de 176 m3 de vinhaça ha-1), além de poucas inclusões dos tratamentos 4 e
5 (fertirrigado e com aplicação de 352 e 704 m3 de vinhaça ha-1, respectivamente); 2)
um grupo formado predominantemente pelos tratamentos 3 (fertirrigado e com
aplicação de 176 m3 de vinhaça ha-1), 4 (fertirrigado e com aplicação de 352 m3 de
vinhaça ha-1) e 5 (fertirrigado e com aplicação de 704 m3 de vinhaça ha-1), além de
uma inclusão do tratamento 6 (fertirrigado e com aplicação de 1056 m3 de vinhaça
ha-1); 3) um grupo formado predominantemente pelo tratamento 6 (fertirrigado e com
aplicação de 1056 m3 de vinhaça ha-1) com uma inclusão do tratamento 5
(fertirrigado e com aplicação de 704 m3 de vinhaça ha-1). Em suma, os grupos foram
formados segundo a escala com que os tratamentos foram aplicados, indicando que
estes levaram à diferenciação das variáveis estudadas nas profundidades a que
estão associadas, deixando clara a existência de causa e efeito entre os tratamentos
e atributos químicos da solução extraída.
64
2.8.4 Balanço de água no solo
As Figuras 10, 11, 12 e 13 contêm os valores médios de umidade observados
no solo ao longo do segundo ciclo da cana-de-açúcar nas profundidades de 20, 40,
60 e 80 cm. Nelas também estão indicados os valores de capacidade de campo
(CC) e ponto de murcha permanente (PMP), estabelecidos em níveis de energia
correspondentes a 1/3 e 15 atmosferas, respectivamente, entre cujos extremos toda
a água contida no solo está disponível à maioria das espécies cultivadas. Aqui estão
sendo desconsiderados aspectos outros, como aeração e resistência do solo à
penetração de raízes, que também devem ser considerados na definição mais
avançada de água disponível – o intervalo hídrico menos limitante (SILVA et al.,
1994).
Em geral, com algumas exceções, em todas as profundidades e datas
monitoradas o teor de água no solo foi mantido abaixo, porém muito próximo da
capacidade de campo. Por exemplo, a 20 cm de profundidade, cujo valor de CC
para o solo é 0,274 m3 m-3, o menor valor médio de umidade registrado foi 0,258 m3
m-3, ou seja, a umidade do solo foi mantida no mínimo a 94% da capacidade máxima
de armazenagem de água pelo solo. Para a profundidade de 40 cm, em que o valor
de CC é de 0,346 m3 m-3, o menor valor encontrado para a umidade foi 0,329 m3 m-
3, distando no máximo em 5% do valor da capacidade de campo. A 60 cm, com valor
de CC de 0,372 m3 m-3, a menor umidade observada foi de 0,342 m3 m-3,
correspondendo a 92% do valor máximo de armazenagem. Por fim, para a
profundidade de 80 cm, em que o valor de CC é de 0,364 m3 m-3, foi observada a
menor umidade com valor de 0,341 m3 m-3, o equivalente a 94% da capacidade de
campo.
Com base nas informações de umidade apresentadas para todas as
profundidades, constata-se que o teor médio de água no solo ao longo do ciclo
experimental possibilitou uma situação confortável à cultura sob o aspecto de
disponibilidade hídrica, ou seja, a cultura não sofreu estresse hídrico e, portanto, sob
estas condições, considerando a boa sanidade das plantas, pode-se assumir que a
evapotranspiração ocorreu ao máximo ou muito próximo disto.
65
Figura 10 - Valores médios de umidade na profundidade de 20 cm para os tratamentos 1 (sem irrigação e com adubação convencional), 2 (fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m
3 de vinhaça ha
-1,
respectivamente)
Figura 11 - Valores médios de umidade na profundidade de 40 cm para os tratamentos 1 (sem
irrigação e com adubação convencional), 2 (fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m
3 de vinhaça ha
-1,
respectivamente)
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
0,32
0,34
0,36
1 2 3 4 5 6
Um
ida
de
(m
3m
-3)
Tratamentos
06/07/2011
28/07/2011
05/08/2011
10/08/2011
14/08/2011
19/08/2011
29/08/2011
13/09/2011
19/09/2011
23/09/2011
28/09/2011
23/10/2011
27/10/2011
31/10/2011
09/11/2011
18/11/2011
19/12/2011
12/01/2012
0,26
0,28
0,30
0,32
0,34
0,36
0,38
0,40
1 2 3 4 5 6
Um
ida
de
(m
3m
-3)
Tratamentos
06/07/2011
28/07/2011
05/08/2011
10/08/2011
14/08/2011
19/08/2011
29/08/2011
13/09/2011
19/09/2011
23/09/2011
28/09/2011
23/10/2011
27/10/2011
31/10/2011
09/11/2011
18/11/2011
19/12/2011
12/01/2012
CC
PMP
CC
PMP
66
Figura 12 - Valores médios de umidade na profundidade de 60 cm para os tratamentos 1 (sem
irrigação e com adubação convencional), 2 (fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m
3 de vinhaça ha
-1,
respectivamente)
Figura 13 - Valores médios de umidade na profundidade de 80 cm para os tratamentos 1 (sem
irrigação e com adubação convencional), 2 (fertirrigado e sem aplicação de vinhaça), 3, 4, 5 e 6 (fertirrigado e com aplicação de 176, 352, 704 e 1056 m
3 de vinhaça ha
-1,
respectivamente)
A variação diária de armazenagem de água no solo, que é o balanço de
água no solo (Figura 14), reflete a contabilidade das entradas de água no volume de
solo considerado e as saídas de água desse mesmo volume. Em geral, o registrado
nos períodos de monitoramento confirma outros resultados verificados na literatura
0,30
0,31
0,32
0,33
0,34
0,35
0,36
0,37
0,38
0,39
0,40
1 2 3 4 5 6
Um
ida
de
(m
3m
-3)
Tratamentos
06/07/2011
28/07/2011
05/08/2011
10/08/2011
14/08/2011
19/08/2011
29/08/2011
13/09/2011
19/09/2011
23/09/2011
28/09/2011
23/10/2011
27/10/2011
31/10/2011
09/11/2011
18/11/2011
19/12/2011
12/01/2012
0,31
0,32
0,33
0,34
0,35
0,36
0,37
1 2 3 4 5 6
Um
ida
de
(m
3m
-3)
Tratamentos
06/07/2011
28/07/2011
05/08/2011
10/08/2011
14/08/2011
19/08/2011
29/08/2011
13/09/2011
19/09/2011
23/09/2011
28/09/2011
23/10/2011
27/10/2011
31/10/2011
09/11/2011
18/11/2011
19/12/2011
12/01/2012
CC
PMP
CC
PMP
67
de que a variação de armazenagem segue a variação das lâminas de água aplicada,
seja por irrigação ou precipitações pluviais (ANTONINO et al., 2000; LIMA et al.,
2006; MOTA et al., 2010).
Com relação à densidade de fluxo, considerada como a média diária para cada
período (Figura 15), constatou-se que nos tratamentos T1 (sem irrigação e adubação
convencional), T2 (fertirrigado, sem vinhaça) e T3 (fertirrigado, 176 m3 de vinhaça
ha-1) ocorreu predominantemente ascensão capilar. Nestes tratamentos, como a
lâmina de água aplicada na maioria das vezes era inferior à demanda hídrica da
cultura, é razoável supor que as plantas de cana-de-açúcar tenham expandido o
sistema radicular, e com isso aumentado a extração de água, o que favoreceu a
ascensão capilar de água ao volume de solo considerado nos períodos mais secos.
Brito et al. (2009) recorrem a este mecanismo desenvolvido pelas plantas de cana-
de-açúcar para explicar a elevada ascensão capilar em períodos de escassez de
água.
Nos demais tratamentos, em que se fazia a fertirrigação e, ainda, aplicação de
doses crescentes de vinhaça, verificou-se que na medida em que as doses eram
acrescidas, o que implicava maior lâmina de água aplicada ao solo, maior era a
ocorrência de drenagem além de 0,8 m de profundidade do solo. Assim, levando em
conta o potencial poluidor da vinhaça que estava sendo adicionada ao solo, a
ocorrência de fluxos de drenagem, que, registre-se, foram demasiadamente
elevados em alguns períodos dos tratamentos que consideravam a aplicação de
vinhaça, tornou-se um indicativo de que o manejo da aplicação de vinhaça ao solo
deve ser regido por um rigoroso monitoramento da água no solo de modo a garantir
que não ocorram fluxos consideráveis de drenagem ao longo do ciclo da cultura de
cana-de-açúcar.
Particularmente quanto ao manejo de água via irrigação para otimizar o uso da
água e evitar a contaminação do lençol freático com poluentes químicos, Mota
(2010) sugere irrigações rápidas, apesar do inconveniente de ter de acionar o
sistema de fornecimento de água com maior frequência no tempo. Outra
possibilidade apontada pelo autor é manter o sistema de irrigação acionado por mais
tempo, desde que os emissores de água apresentem baixa vazão.
68
Figura 14 - Variação diária de armazenagem de água no solo, com os respectivos desvios-padrão da média, em
17 períodos de monitoramento do segundo ciclo da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP (T1 = Sem irrigação, adubação convencional; T2 = Fertirrigado, sem vinhaça; T3 = Fertirrigado, 176 m
3 de
vinhaça ha-1
; T4 = Fertirrigado, 352 m3 de vinhaça ha
-1; T5 = Fertirrigado, 704 m
3 de vinhaça ha
-1; T5
= Fertirrigado, 1056 m3 de vinhaça ha
-1)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Variação d
e a
rmazenage
m (
mm
)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Variação d
e a
rmazenagem
(m
m)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Variação d
e a
rmazenagem
(m
m)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Variação d
e a
rmazenagem
(m
m)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Variação d
e a
rmazenagem
(m
m)
0
5
10
15
20
25
30
-24
-18
-12
-6
0
6
12
18
24
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Variação d
e a
rmazenagem
(m
m)
Períodos de Monitoramento
Precipitação Pluvial Irrigação Var. de armazenagem
T3
T1
T2
T4
T5
T6
69
Figura 15 - Densidade de fluxo diária, com os respectivos desvios-padrão da média, em 17 períodos de
monitoramento do segundo ciclo da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP (T1 = Sem irrigação, adubação convencional; T2 = Fertirrigado, sem vinhaça; T3 = Fertirrigado, 176 m
3 de vinhaça ha
-
1; T4 = Fertirrigado, 352 m
3 de vinhaça ha
-1; T5 = Fertirrigado, 704 m
3 de vinhaça ha
-1; T5 =
Fertirrigado, 1056 m3 de vinhaça ha
-1)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
)
0
2
4
6
8
10
12
14
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
itação P
luvia
l, I
rrig
ação (
mm
)
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
)
0
5
10
15
20
25
30
-24
-18
-12
-6
0
6
12
18
24
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Pre
cip
ita
çã
o P
luvia
l, I
rrig
açã
o (
mm
)
De
nsid
ad
e d
e f
luxo
(m
m)
Períodos de Monitoramento
Precipitação Pluvial Irrigação Densidade de Fluxo
T1
T2
T3
T4
T5
T6
70
A regressão na análise da variância dos dados diários de densidade de fluxo
está apresentada na Figura 16. Vale salientar que como os fluxos registrados foram
função não apenas das doses de vinhaça, mas também das irrigações e
precipitações pluviais, foram consideradas as respectivas lâminas de água aplicadas
em cada tratamento (por exemplo, para o tratamento sem irrigação, com adubação
convencional, a lâmina considerada era a da precipitação pluvial apenas; para os
demais tratamentos, a lâmina considerada incluiu a precipitação pluvial, a irrigação e
a respectiva dose de vinhaça). É importante informar que nos períodos em que não
houve aplicação de vinhaça não foi possível estabelecer a regressão para as
variáveis em apreço, daí o porquê de serem apresentadas apenas oito regressões
dentre os períodos analisados.
Os modelos que melhor explicaram a ocorrência de fluxos, sejam de drenagem
ou ascensão capilar, foram o linear (períodos 11 - de 223 a 248 dias após o corte,
DAC, e 16 - de 274 a 305 DAC), quadrático (períodos 6 - de 183 a 193 DAC, 10 - de
218 a 223 DAC, e 14 - de 256 a 265 DAC), cúbico (períodos 1 - de 139 a 161 DAC,
e 7 - de 193 a 209 DAC) e quártico (período 4 - de 174 a 178 DAC), todos indicando
a ocorrência de drenagem com o aumento da lâmina de água aplicada ao solo. Aqui
cabe ressaltar a importância das funções matemáticas, desde que estas expliquem
bem as relações entre as variáveis, no manejo da aplicação de água e/ou vinhaça
no solo em análise. Por exemplo, com estas funções é possível prever que a partir
de 4,3 mm (período 1), de 4,0 mm (período 4), de 4,4 mm (período 6), de 5,4 mm
(período 7), de 7,8 mm (período 10), de 6,0 mm (período 11), 4,8 mm (período 14) e
4,2 mm (período 16) de lâmina diária de água aplicada há drenagem para além de
0,8 m de profundidade do solo.
Considerando todo o período de monitoramento (de 139 a 329 dias após o
corte), a previsão é de que o excedente acima de 5,1 mm seja perdido por
drenagem. No entanto, como se trata de um valor médio, a estimativa levando em
conta todo o período subestima a evapotranspiração máxima (7,12 mm no quinto
período, Tabela 19) e superestima a evapotranspiração mínima definida para a
cultura (3,36 mm no segundo período, Tabela 19), daí por que é recomendável
observar os valores preditos para cada período monitorado.
71
Figura 16 - Análise de regressão entre as variáveis lâmina de água aplicada e densidade de fluxo para 8 períodos de
monitoramento no segundo ciclo da cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP (P1, P4, P6, P7, P10, P11, P14, P6 e Ptotal correspondem, respectivamente, aos períodos de 06/07 a 27/07/2011, 10/08 a 13/08/2011, 19/08 a 28/08/2011, 29/08 a 12/09/2011, 23/09 a 27/09/2011, 28/09 a 22/10/2011, 31/10 a 08/11/2011, 18/11 a 18/12/2011 e 06/07/2011 a 12/01/2012
y = 0,0478x3 - 0,3998x2 - 0,0547x + 3,8186R² = 0,98*
-1
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5 6
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = -0,0005x4 + 0,0244x3 - 0,3041x2 - 0,4055x + 5,15R² = 1*
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
0 5 10 15 20 25 30
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = 0,0099x2 - 1,1168x + 4,7482R² = 0,99**
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
0 5 10 15
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = -0,0506x3 + 0,8232x2 - 4,9614x + 10,777R² = 0,97**
-4
-2
0
2
4
6
8
0 2 4 6 8 10D
ensid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = 0,0136x2 - 1,3862x + 9,864R² = 0,99**
-15
-10
-5
0
5
10
15
0 5 10 15 20 25
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = -0,9206x + 5,5153R² = 0,96**
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
7 8 9 10 11 12 13 14
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = 0,0088x2 - 1,1337x + 5,1941R² = 0,99**
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
0 5 10 15
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = -1,01x + 4,2636R² = 0,98**
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
6 7 8 9 10 11
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
y = -0,982x + 5,0057R² = 1**
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3 4 5 6 7 8 9
Densid
ade d
e f
luxo (
mm
dia
_1)
Lâmina dia-1
P1 P4
P6 P7
P10 P11
P14 P16
Ptotal
72
Na Tabela 19 são apresentados os valores médios diários dos componentes do
balanço de água no solo para os 17 períodos de monitoramento. Os períodos
monitorados compreendem duas fases fenológicas do ciclo da cana-soca, sejam
elas: dos períodos 1 a 13, fase intermediária; de metade do período 14 ao período
17, fase final ou de maturação (ALLEN et al., 1998).
Com relação às precipitações pluviais, os eventos foram registrados com maior
ocorrência e intensidade na segunda metade do experimento, época que coincide
com o período normal de precipitações pluviais para a região de Piracicaba-SP
(PEREIRA et al., 2007). Quanto às irrigações, cuja necessidade foi monitorada via
tensiômetros para manter o solo com umidade menos limitante ao desenvolvimento
das plantas, os valores apresentados incluem as doses de vinhaça, daí por que em
muitos períodos, justo naqueles em que se fazia a aplicação de vinhaça, os valores
de irrigação não aparecem como sendo os mesmos para todos os tratamentos. Nos
períodos em que a lâmina de irrigação foi a mesma para todos os tratamentos que
contemplavam irrigação é porque não se irrigou (no caso de lâmina zero) ou não se
fez aplicação de vinhaça nestes períodos.
Os dados de variação de armazenagem, ou o próprio balanço de água no solo,
tornam evidente que em geral conteúdo diário de água armazenada no volume de
solo considerado é praticamente constante no tempo para todos os tratamentos.
Quanto à evapotranspiração, foi definida a partir dos coeficientes de cultivo
estabelecidos por Allen et al. (1998), considerando 1,25 para a fase intermediária e
0,80 para a fase final, portanto, puramente a partir de dados climáticos.
73
Tabela 19 - Componentes do balanço de água no solo em 17 períodos de monitoramento no segundo ciclo da
cultura de cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP . (continua)
Períodos Nº
dias DAC*
Tratamentos
P I h q** ETc
--------------- mm dia-1 ---------------
06/07 a
27/07/2011 22 161
Sem irrigação, adub. convencional
0,04
0,00 -0,51 b 3,63 a
4,18
Fertirrigação, sem vinhaça 0,68 0,55 a 4,01 a
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 1,48 0,18 a 2,84 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 2,28 0,45 a 1,94 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 3,88 0,23 a 0,49 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 5,48 0,68 a -0,66 b
28/07 a
04/08/2011 8 169
Sem irrigação, adub. convencional
0,78
0,00 -0,06 a 2,52 a
3,36
Fertirrigação, sem vinhaça 0,00 -1,57 b 1,01 b Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 0,00 -0,75 a 1,84 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -0,98 a 1,60 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -0,38 a 2,20 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -1,29 b 1,29 b
05/08 a
09/08/2011 5 174
Sem irrigação, adub. convencional
0,00
0,00 -0,12 b 4,57 a
4,69
Fertirrigação, sem vinhaça 3,70 2,64 a 3,63 a
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 3,70 2,26 a 3,25 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 3,70 3,40 a 4,39 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 3,70 1,22 a 2,21 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 3,70 2,01 a 3,00 a
10/08 a
13/08/2011 4 178
Sem irrigação, adub. convencional
0,00
0,00 -0,24 a 5,15 a
5,39
Fertirrigação, sem vinhaça 0,00 -0,24 a 5,15 a
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 4,40 -1,63 a -0,64 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 8,80 -3,38 b -8,47 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 17,6 -0,90 a -13,11 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 26,40 -0,20 a -21,21 b
14/08 a
18/08/2011 5 183
Sem irrigação, adub. convencional
0,10
0,00 0,01 a 7,03 a
7,12
Fertirrigação, sem vinhaça 2,90 -0,37 a 3,75 b
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 2,90 -0,43 a 3,69 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 2,90 -0,64 a 3,46 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 2,90 -0,00 a 4,12 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 2,90 -0,43 a 3,69 b
19/08 a
28/08/2011 10 193
Sem irrigação, adub. convencional
1,75
0,00 -0,04 a 3,04 a
4,83
Fertirrigação, sem vinhaça 1,20 -0,72 a 1,16 b
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 2,96 -0,09 a 0,03 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 4,72 -0,73 a -2,37 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 8,24 -0,03 a -5,19 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 11,76 0,07 a -8,61 b
29/08 a
12/09/2011 15 208
Sem irrigação, adub. convencional
1,01
0,00 2,41 a 7,31 a
5,91
Fertirrigação, sem vinhaça 0,38 -0,34 b 4,18 b
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 1,56 -0,24 b 3,10 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 2,73 -1,13 b 1,04 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 5,08 -0,24 b -0,41 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 7,42 -0,33 b -2,85 b
13/09 a
18/09/2011 6 214
Sem irrigação, adub. convencional
0,00
0,00 -6,17 b -0,05 b
6,12
Fertirrigação, sem vinhaça 1,92 0,15 a 4,35 a
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 1,92 -0,52 a 3,68 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 1,92 0,05 a 4,25 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 1,92 0,00 a 4,20 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 1,92 0,21 a 4,41 a
19/09 a
22/09/2011 4 218
Sem irrigação, adub. convencional
0,23
0,00 0,20 a 6,42 a
6,45
Fertirrigação, sem vinhaça 0,00 -1,55 a 4,67 a Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 0,00 0,50 a 6,72 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -0,01 a 6,23 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 0,00 0,05 a 6,27 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -1,89 b 4,33 b
DAC* = Dias após o corte; P = Precipitação Pluvial; I = Irrigação (ou Irrigação + Vinhaça); h = variação de armazenagem; q** = densidade de fluxo (valores positivos e negativos representam ascensão capilar e drenagem, respectivamente); ETc = evapotranspiração. Média seguida de mesma letra do tratamento sem irrigação + adubação convencional, na coluna, dentro de cada período, não difere deste pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade.
74
Tabela 19 - Componentes do balanço de água no solo em 17 períodos de monitoramento no segundo ciclo da
cultura de cana-de-açúcar, em Piracicaba-SP (conclusão)
Períodos Nº
dias DAC
* Tratamentos
P I h q ETc
--------------- mm dia-1 ---------------
23/09 a
27/09/2011 5 223
Sem irrigação, adub. convencional
0,22
0,00 4,16 a 10,83 a
6,89
Fertirrigação, sem vinhaça 1,00 0,66 b 6,33 b Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 4,52 2,36 a 4,51 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 8,04 0,32 b -1,05 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 15,08 0,36 b -8,05 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 22,12 1,05 a -14,40 b
28/09 a
22/10/2011 25 248
Sem irrigação, adub. convencional
7,74
0,00 -0,21 b -1,93 a
6,02
Fertirrigação, sem vinhaça 1,40 0,83 a -2,29 a Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 2,10 0,36 b -3,46 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 2,81 -0,12 b -4,65 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 4,22 0,59 a -5,35 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 5,62 0,49 a -6,85 a
23/10 a
26/10/2011 4 252
Sem irrigação, adub. convencional
2,48
0,00 -2,53 a 1,80 a
6,81
Fertirrigação, sem vinhaça 0,00 -3,76 a 0,57 a Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 0,00 -2,31 a 2,02 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -2,20 a 2,13 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -2,77 a 1,56 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 0,00 -3,30 a 1,03 a
27/10 a
30/10/2011 4 256
Sem irrigação, adub. convencional
3,58
0,00 0,13 b 2,50 a
5,95
Fertirrigação, sem vinhaça 1,50 1,72 a 2,59 a Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 1,50 0,77 b 1,64 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 1,50 1,41 a 2,28 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 1,50 1,26 b 2,13 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 1,50 1,24 b 2,11 a
31/10 a
08/11/2011 9 265
Sem irrigação, adub. convencional
0,00
0,00 -0,86 a 4,91 a
5,77
Fertirrigação, sem vinhaça 2,11 -0,30 a 3,36 a Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 4,07 -0,76 a 0,94 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 6,02 -1,71 a -1,96 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 9,93 -0,79 a -4,95 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 13,84 -0,77 a -8,84 b
09/11 a
17/11/2011 9 274
Sem irrigação, adub. convencional
12,74
0,00 1,79 a -7,15 a
3,80
Fertirrigação, sem vinhaça 0,56 0,71 a -8,79 a Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 0,56 1,25 a -8,25 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 0,56 1,24 a -8,26 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 0,56 1,55 a -7,95 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 0,56 1,16 a -8,34 b
18/11 a
18/12/2011 31 305
Sem irrigação, adub. convencional
6,02
0,00 -0,25 a -1,85 a
4,42
Fertirrigação, sem vinhaça 0,97 0,05 a -2,52 b Fertirrigação, 176 m
3 vinhaça ha
-1 1,54 -0,22 a -3,36 b
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 2,10 -0,58 a -4,28 b
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 3,24 -0,28 a -5,12 b
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 4,37 0,14 a -6,11 b
19/12 a
12/01/2012 24 329
Sem irrigação, adub. convencional
4,04
0,00 0,03 a 0,08 a
4,09
Fertirrigação, sem vinhaça 0,42 0,81 a 0,44 a
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 0,42 0,45 a 0,08 a
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 0,42 0,66 a 0,29 a
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 0,42 0,58 a 0,21 a
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 0,42 0,40 a 0,03 a
06/07/2011 a
12/01/2012 190 329
Sem irrigação, adub. convencional
3,46
0,00 0,01 2,46
5,03
-0,90
Fertirrigação, sem vinhaça 0,99 0,07 1,83
-1,18
Fertirrigação, 176 m3 vinhaça ha
-1 1,73 0,09
1,34
-1,41
Fertirrigação, 352 m3 vinhaça ha
-1 2,47 0,11
1,10
-1,89
Fertirrigação, 704 m3 vinhaça ha
-1 3,95 0,13
0,69
-2,94
Fertirrigação, 1056 m3 vinhaça ha
-1 5,43 0,10
0,53
-4,29 DAC* = Dias após o corte; P = Precipitação Pluvial; I = Irrigação (ou Irrigação + Vinhaça); h = variação de armazenagem; q** = densidade de fluxo (valores positivos e negativos representam ascensão capilar e drenagem, respectivamente); ETc = evapotranspiração. Média seguida de mesma letra do tratamento sem irrigação + adubação convencional, na coluna, dentro de cada período, não difere deste pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade.
75
No que se refere à densidade de fluxo, o tratamento sem irrigação, com
adubação convencional, apresentou predominantemente ascensão capilar, uma vez
que o suprimento de água à demanda da cultura e da atmosfera se deu basicamente
por água da camada de solo além 0,8 m, salvo nos períodos em que as
precipitações pluviais se deram em maior volume. Já nos tratamentos com adição de
vinhaça, principalmente nas doses de 352 m3, 704 m3 e 1056 m3 ha-1, os fluxos
ocorreram predominantemente na forma de drenagem. Considerando todo o período
de monitoramento, de 161 a 329 dias após o corte da cana-planta, um total de 190
dias, os tratamentos 1 (sem irrigação, com adubação convencional) e 2 (fertirrigado,
sem vinhaça) apresentarem ascensão capilar superior à drenagem. Nos demais
tratamentos, o saldo líquido para os fluxos foi de drenagem para além de 0,8 m de
profundidade do solo.
Considerando cada componente do balanço de água no solo no período de
190 dias de monitoramento, entraram no volume de solo 658,1 mm de água no
tratamento 1 (sem irrigação, com adubação convencional), 845,4 mm no tratamento
2 (fertirrigado, sem vinhaça), 986,2 mm no tratamento 3 (fertirrigado, 176 m3 de
vinhaça ha-1), 1127,0 mm no tratamento 4 (fertirrigado, 352 m3 de vinhaça ha-1),
1408,6 mm no tratamento 5 (fertirrigado, 704 m3 de vinhaça ha-1) e 1690,2 mm no
tratamento 6 (fertirrigado, 1056 m3 de vinhaça ha-1).
Quanto aos fluxos, nos tratamentos 1 e 2 houve um saldo líquido,
respectivamente, de 297,2 mm e 122,5 mm por ascensão capilar. Nos tratamentos 3,
4, 5 e 6 o saldo líquido foi de drenagem, com um montante de 12,4 mm, 149,0 mm,
429,2 mm e 714,2 mm, respectivamente. Com relação aos tratamentos em que
ocorreram fluxos com saldo líquido de drenagem, os resultados observados indicam
que no tratamento 3 as perdas por drenagem representaram apenas cerca de 1% da
lâmina total aplicada e no 4, 13%. Já nos tratamentos 5 e 6 as perdas foram
elevadas e significaram, respectivamente, 30% e 42% da lâmina total aplicada.
Associando os tratamentos com a questão ambiental da contaminação do lençol
freático por elementos químicos contidos na solução do solo, é cautelosa a
recomendação dos tratamentos 5 e 6 (com 704 m3 e 1056 m3 de vinhaça ha-1,
respectivamente) sem um rigoroso sistema de monitoramento da solução do solo ao
longo do perfil de solo considerado.
76
2.8.5 Produtividade
As doses crescentes de vinhaça aplicadas causaram pequeno aumento na
produção de colmos (PC) da cana-de-açúcar em seu segundo ciclo, mas não foram
suficientes para causar diferença estatística significativa para esta variável. Para a
variável produção de massa verde de ponteiras (PMVP), também não houve
diferença estatística significativa (Tabela 20).
Vale ressaltar que, para todos os tratamentos, a produtividade obtida superou a
produtividade média para esta variedade, CTC 12, na região de estudo, a qual está
em torno de 80 t ha-1. O coeficiente de variação (CV) encontrado para a produção de
colmos pode ser considerado médio, estando entre 10 e 20%; porém, o CV
encontrado para a produção de massa verde de ponteiras, quase o dobro do
primeiro, já é considerado alto para experimentos agronômicos, acima de 20%.
Tabela 20 - Produção de massa verde de ponteiras (PMVP) e de colmos (PC) por cana-de-açúcar em um Nitossolo Vermelho Eutrófico, em cultivo sem irrigação com adubação convencional e em função da fertirrigação com doses de vinhaça, em Piracicaba-SP
Tratamentos PMVP PC
------------ t ha-1 ------------ Sem irrigação + adubação convencional 28,6 a 183,9 a
Fertirrigação sem vinhaça 29,8 a 194,8 a
Fertirrigação + 176 m3 de vinhaça ha
-1 24,9 a 194,7 a
Fertirrigação + 352 m3 de vinhaça ha
-1 25,3 a 190,8 a
Fertirrigação + 704 m3 de vinhaça ha
-1 24,6 a 205,1 a
Fertirrigação + 1056 m3 de vinhaça ha
-1 28,2 a 203,4 a
Teste F
Fontes (F) 0,5642ns
0,4204ns
CV (%) 22,1 12,5
DMS 11,6 47,6
ns: não significativo a 5% de probabilidade.
Média seguida de mesma letra do tratamento sem irrigação + adubação convencional, na coluna, não difere deste pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade.
2.8.6 Características tecnológicas
Na Tabela 21, são apresentados os resultados das características
tecnológicas da cana-de-açúcar Brix (teor de sólidos solúveis), Pol (teor de sacarose
aparente), AR (açúcares redutores) e Pureza (relação entre POL e Brix), para colmo
e caldo, e Fibra, ART (açúcares redutores totais), ATR (açúcar total recuperável) e
77
Cinzas (resíduo orgânico remanescente após queima da matéria orgânica), em
função dos tratamentos aplicados.
De acordo com Ripoli e Ripoli (2004), os valores obtidos para as variáveis
POL, Pureza, Fibras, AR e ART estão dentro das amplitudes recomendadas e
indicam boa qualidade da cana colhida. As recomendações para estes indicadores
de qualidade são POL (>14), Pureza (>85%), Fibras (11 a 13%), AR (<0,8%) e ART
(>15% maior possível). Comparando-se as médias de cada um dos Tratamentos 2,
3, 4, 5 e 6 com a testemunha (Tratamento 1 – sem irrigação + adubação
convencional) pelo teste de Dunnet (5%) não houve diferença significativa para sete
das oito variáveis analisadas. Os resultados estão de acordo com Có Júnior et al.
(2008), que aplicando volumes de vinhaça equivalentes a 100% e 200% do potássio
requerido pela cana também no estado de São Paulo, não encontraram alterações
para nenhuma das variáveis tecnológicas.
78
Tabela 21 - Qualidade tecnológica da cana, em cultivo sem irrigação com adubação convencional e em função da fertirrigação com doses de vinhaça, em Piracicaba-SP
Tratamentos Brix POL
AR (%)
Pureza (%)
Fibra (%)
ART (%)
ATR (kg/TC)
Cinzas (%)
Caldo Colmo Caldo Colmo Caldo Colmo Caldo
Sem irrigação + adubação convencional 18,7 a 16,4 a 16,4 a 13,8 a 0,65 a 0,55 a 87,3 a 12,3 a 17,8 a 137,6 a 0,51 b
Fertirrigação sem vinhaça 19,7 a 17,3 a 17,6 a 14,8 a 0,57 a 0,49 a 89,4 a 12,4 a 19,1 a 147,2 a 0,56 b
Fertirrigação + 176 m3 de vinhaça ha
-1 18,5 a 16,4 a 16,3 a 13,9 a 0,63 a 0,54 a 87,8 a 11,6 a 17,7 a 138,5 a 0,64 a
Fertirrigação + 352 m3 de vinhaça ha
-1 19,4 a 17,0 a 17,4 a 14,6 a 0,51 a 0,42 a 89,6 a 12,5 a 18,8 a 144,7 a 0,68 a
Fertirrigação + 704 m3 de vinhaça ha
-1 19,0 a 16,7 a 16,9 a 14,3 a 0,59 a 0,50 a 88,9 a 12,0 a 18,3 a 142,2 a 0,75 a
Fertirrigação + 1056 m3 de vinhaça ha
-1 18,6 a 16,4 a 16,3 a 13,9 a 0,64 a 0,54 a 87,6 a 11,6 a 17,7 a 138,8 a 0,80 a
Teste F
Fontes (F) 0,741ns
0,605ns
1,102ns
0,886ns
1,388ns
1,574ns
1,173ns
2,061ns
1,020ns
0,804ns
23,866**
CV (%) 6,0 5,7 6,9 6,6 15,0 15,0 2,1 4,6 6,4 6,1 6,9
DMS 2,2 1,9 2,2 1,8 0,17 0,15 3,6 1,1 2,3 16,8 0,09
ns: não significativo a 5% de probabilidade;
** Significativo a 1% de probabilidade.
Média seguida de mesma letra do tratamento sem irrigação + adubação convencional, na coluna, não difere deste pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade.
78
79
Entretanto, houve exceção para o Teor de cinzas, que apresentou relação
direta com o aumento das doses de vinhaça. A análise de regressão relativa às
variáveis teor de cinzas no caldo de cana-de-açúcar e doses de vinhaça está
apresentada na Figura 17. Constatou-se elevada correlação positiva, significativa a
1% de probabilidade, evidenciando que aumento na dose de vinhaça provoca
aumento no teor de cinzas, com comportamento descrito por uma função linear,
cujas variações nas doses de vinhaça explicam 94% das variações no teor de
cinzas. Aplicado o teste t para o coeficiente angular (b), verificou-se que
estatisticamente ele difere de zero e, portanto, a reta que representa a função não é
paralela ao eixo das abscissas, isto é, ao eixo x. O fato do não paralelismo evidencia
a influência das doses de vinhaça sobre a variável teor de cinzas no caldo.
De acordo com Orlando Filho e Zambello (1980), o potássio é o elemento
que aparece em maior proporção nas cinzas e, por isso, a sua aplicação possui
efeito comprovado sobre esta variável. Considerando-se a sua alta concentração
média na vinhaça aplicada (2956,25 mg L-1), justificam-se os resultados observados.
Figura 17 - Análise de regresssão para o teor de cinzas em cana-de-açúcar, em função de doses de
vinhaça, em Piracicaba-SP
y = 0.5866 + 0.0002x r = 0,975**
Teste F (Anava) = 80,5219**
Teste t (coef. b) = 5,841** b ≠ 0 0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0 200 400 600 800 1000 1200
Teo
r d
e ci
nza
s (%
)
Vinhaça (m3/ha)
80
81
3 CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos, considerando a aplicação de doses
crescentes de vinhaça na cana-de-açúcar em seu segundo ciclo, pôde-se concluir
que:
A quantidade máxima de vinhaça a ser aplicada ao solo não depende
somente das concentrações de potássio no solo e no próprio resíduo, mas
também da dinâmica da água e de íons na solução do solo;
Na solução do solo, houve aumento nos valores de condutividade elétrica,
potássio, sódio, enxofre, cálcio, magnésio, sem relação de causa e efeito para
o nitrato, devido à sua alta variabilidade;
Há risco iminente de enriquecimento do lençol freático com íons, desde que
este ascenda até próximo da zona considerada para a drenagem interna (0,8
m), quando da aplicação de vinhaça no solo independentemente da dose
aplicada; e
As variáveis produção de colmo e de massa verde, e características
tecnológicas da cana-de-açúcar, exceto teor de cinzas, não foram afetadas
pela aplicação de vinhaça.
82
83
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ANEXOS
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9
2
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Anexo A - Atributos químicos do solo (0-20 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar comparados com o estado inicial do solo
pH (CaCl2) M.O.
P (resina) K Ca Mg H+Al Al
Soma Bases CTC
Sat. Bases
Sat. Al. S-SO4
- g dm-3 mg dm-3 --------------------------------mmolc dm-3-------------------------------- V% m% mg dm-3
Inicial 5,0 27 8 2,5 30 15 39 1 48 86 55 - 16
T1 4,7 24 14 2,8 30 14 42 1 47 89 53 2 14 T2 4,7 19 7 2,0 25 13 38 1 40 78 51 2 19 T3 4,9 24 13 4,2 25 11 38 0 40 78 51 0 15 T4 4,7 27 13 5,3 27 14 38 2 46 84 55 4 28 T5 5,0 24 23 3,7 28 15 34 0 47 81 58 0 19 T6 4,6 27 20 4,2 28 11 38 1 43 81 53 2 25
Anexo B - Atributos químicos do solo (20-40 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar comparados com o estado inicial do solo
pH
(CaCl2) M.O.
P (resina)
K Ca Mg H+Al Al Soma Bases
CTC Sat.
Bases Sat. Al.
S-SO4
- g dm-3 mg dm-3 --------------------------------mmolc dm-3-------------------------------- V% m% mg dm-3
Inicial 5,2 20 5 1,7 28 14 33 0 43 77 57 - 28
T1 5,2 20 7 0,6 31 14 31 0 46 77 60 0 14 T2 4,8 19 7 1,8 27 12 38 0 41 79 52 0 21 T3 5,1 19 9 4,4 32 9 34 0 45 79 57 0 19 T4 4,6 22 9 3,7 26 10 38 2 40 78 51 5 35 T5 4,7 21 21 1,8 30 12 34 0 44 78 56 0 47 T6 4,9 21 14 4,2 33 14 31 0 51 82 62 0 35
93
94
Tabela X – Anexo C - Atributos químicos do solo (40-60 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar comparados com o estado inicial do solo
pH
(CaCl2) M.O.
P (resina)
K Ca Mg H+Al Al Soma Bases
CTC Sat.
Bases Sat. Al.
S-SO4
- g dm-3 mg dm-3 --------------------------------mmolc dm-3-------------------------------- V% m% mg dm-3
Inicial 5,5 13 5 0,6 22 14 25 0 37 62 60 - 79
T1 5,5 12 7 0,3 28 14 22 0 42 64 66 0 19 T2 5,1 18 6 0,8 19 10 31 0 30 61 49 0 32 T3 5,6 11 6 1,5 36 18 20 0 56 76 74 0 43 T4 5,4 15 8 2,8 24 11 31 0 38 69 55 0 50 T5 4,9 24 14 1,8 24 11 34 0 37 71 52 0 28 T6 5,2 14 11 2,1 29 16 28 0 47 75 63 0 49
Tabela X – Anexo D - Atributos químicos do solo (60-80 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar comparados com o estado inicial do solo
pH
(CaCl2) M.O.
P (resina)
K Ca Mg H+Al Al Soma Bases
CTC Sat.
Bases Sat. Al.
S-SO4
- g dm-3 mg dm-3 --------------------------------mmolc dm-3-------------------------------- V% m% mg dm-3
Inicial 5,7 9 4,2 0,2 17 12 23 0 35 58 62 - 80
T1 5,6 13 9 0,3 21 9 22 0 30 52 58 0 21 T2 5,5 12 7 0,6 24 10 25 0 35 60 58 0 42 T3 5,6 9 7 1,3 33 15 20 0 49 69 71 0 32 T4 5,5 18 7 3,2 24 11 25 0 38 63 60 0 40 T5 5,1 19 10 1,8 23 11 34 0 36 70 51 0 40 T6 5,4 16 18 5,1 30 15 28 0 50 78 64 0 46
94
95
Anexo E - Valores de micronutrientes (0-20 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar comparados com o estado inicial do solo
Cu Fe Zn Mn B
---------------------------------------mg dm-3-------------------------------------
Inicial 2 15 3 92 0
T1 5,4 38,0 3,0 57,6 0,4 T2 4,2 28,0 1,7 41,6 0,4 T3 5,0 35,0 4,3 60,8 0,5 T4 4,8 30,0 2,4 60,4 0,7 T5 4,3 29,0 2,4 47,2 0,6 T6 4,8 34,0 2,3 58,0 0,5
Anexo F - Valores de micronutrientes (20-40 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar comparados com o estado inicial do solo
Cu Fe Zn Mn B
---------------------------------------mg dm-3-------------------------------------
Inicial 2 11 1 53 0
T1 3,5 30,0 1,0 31,6 0,3 T2 3,2 21,0 1,1 27,6 0,4 T3 4,2 22,0 2,6 34,8 0,4 T4 3,6 23,0 1,7 38,4 0,7 T5 3,2 20,0 1,3 26,4 0,3 T6 4,0 25,0 1,1 30,0 0,4
Anexo G - Valores de micronutrientes (40-60 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar, comparados com o estado inicial do solo
Cu Fe Zn Mn B
---------------------------------------mg dm-3-------------------------------------
Inicial 1 6 0 9 0
T1 1,7 9,0 0,3 7,6 0,4 T2 1,5 10,0 0,5 9,2 0,3 T3 2,1 11,0 0,3 13,6 0,4 T4 1,6 9,0 0,4 10,8 0,5 T5 2,9 17,0 1,4 26,0 0,6 T6 2,1 10,0 0,4 8,8 0,5
96
Anexo H - Valores de micronutrientes (60-80 cm) no segundo ano da cana-de-açúcar, comparados com o estado inicial do solo
Cu Fe Zn Mn B
---------------------------------------mg dm-3-------------------------------------
Inicial 1 4 0 5 0
T1 1,0 7,0 0,4 5,5 0,6 T2 0,9 7,0 0,4 4,6 0,4 T3 2,0 10,0 0,5 10,8 0,4 T4 1,1 6,0 0,2 4,5 0,5 T5 1,8 12,0 0,9 14,4 0,4 T6 1,9 15,0 0,5 8,0 0,3