Post on 20-Jan-2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E
DIVERSIDADE CULTURAL COLEGIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
3º COLÓQUIO DO GRUPO DE ESTUDOS LITERÁRIOS
CONTEMPORÂNEOS:
UM COSMOPOLITISMO NOS TRÓPICOS
e
100 ANOS DE AFRÂNIO COUTINHO (1911-2011):
A CRÍTICA LITERÁRIA NO BRASIL
Programação Geral e
Caderno de Resumos
Feira de Santana 2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Reitor
José Carlos Barreto de Santana
Vice-reitor Genival Corrêa de Souza
Pró-Reitor de Graduação
Rubens Edson Alves Pereira
Pró-Reitora de Extensão
Maria Helena da Rocha Besnosik
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação
Marluce Maria Araújo Assis
Diretora do Departamento de Letras e Artes Mávis Dill Kaipper
Coordenador do Programa de Pós-graduação em
Literatura e Diversidade Cultural Aleilton Santana da Fonseca
Universidade Estadual de Feira de Santana
Avenida Transnordestina, S/N
Bairro: Novo Horizonte Tel.: (75) 3161-8000 CEP: 44.036-900 Feira de Santana-BA
Site: www.uefs.br
ORGANIZAÇÃO
COORDENADOR GERAL Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (GELC/UEFS)
COMISSÃO ORGANIZADORA
Profa. Dra. Maria da Conceição P. Araújo (GELC/IFBA-Salvador) Ma. Juliana de Souza Gomes Nogueira (GELC)
Ma. Silvania Cápua Carvalho (GELC/PPgLDC/UEFS)
Ma. Elizangela Maria dos Santos (GELC/PPgLDC/UEFS)
Andreia Ferreira Alves Carneiro (GELC/PPgLDC/UEFS) Edinage Maria Carneiro da Silva (GELC/PPgLDC/UEFS)
Maria David Santos (PPgLDC/UEFS)
Danilo Cerqueira Almeida (GELC/UEFS)
COMITÊ CIENTÍFICO
Prof. Dr. Cláudio Cledson Novaes (UEFS)
Prof. Dr. André Luis Mitidieri Pereira (GELC/UESC)
Prof. Dr. Roberto Henrique Seidel (UEFS) Prof. Dr. Benedito José de Araújo Veiga (UEFS)
Profa. Dra. Edite Luzia de Almeida Vasconcelos (IFBA)
Profa. Dra. Maria da Conceição P. Araújo (GELC/IFBA-Salvador)
SECRETARIA
Georgia Kaline Maciel da Silva (CPLDC/PPgLDC/UEFS)
Thais Leite da Silva Macedo (CPgLet/UEFS)
MONITORIA
Bárbara Daiana A. Nascimento
Cíntia Portugal de Almeida Eliseu Ferreira da Silva
Juliana Pacheco Oliveira Neves
Maurício de Oliveira Santos
Nathielly Gadelha da Silva Palloma Morais Rocha
Patrike Wauker Pereira da Silva
Priscylla Marinho Magalhães
Tiago Rebouças de Almeida
WEB DESIGNER
Danilo Cerqueira Almeida Leonardo Nunes da Silva
ASSESSORIA WEB
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho Maurício de Oliveira Santos
EDITORAÇÃO
Andreia Ferreira Alves Carneiro Edinage Maria Carneiro da Silva
Danilo Cerqueira Almeida
REVISÃO Ma. Elizangela Maria dos Santos
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho
Maria David Santos
REVISÃO FINAL
Grupo de Estudos Literários Contemporâneos
GELC
Grupo de Estudos Literários Contemporâneos: da literatura de jornal ao sistema literário
Site: www2.uefs.br/dla/romantismoliteratura/coloquiogrupodeestudos2011
E-mail: acoutinhocoloquio3@gmail.com
SUMÁRIO
A diversidade dos novos estudos literários .............................. 6
Programação geral ................................................................... 8
Programação: sessões de comunicação .................................. 12
Resumos de conferências e palestras ..................................... 17
Resumos de comunicações .................................................... 34
A diversidade dos novos estudos literários
O projeto de pesquisa A Literatura de Jornal em
Periódicos Brasileiros (CONSEPE 059/2009) tem como uma
de suas atividades, o Grupo de Estudos Literários Contemporâneos, o qual tem por fim o estudo de uma obra ou
autor durante o período de um ano, culminando com a
realização de colóquio para apresentação de resultados, debates
com especialistas e avaliação das atividades. O grupo já realizou dois colóquios, um sobre o livro do historiador
Jacques Le Goff, I Colóquio do Grupo de Estudos
Contemporâneos: história, memória e literatura, e outro sobre o
livro O Local da Cultura, do crítico hindu-britânico Homi K. Bhabha, II Colóquio do Grupo de Estudos Literários
Contemporâneos: o local da cultura. Além desses eventos, o
grupo promoveu também a realização do IV ENAPEL –
Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos, em setembro de 2010 e o Simpósio 22, no III SIMELP – Simpósio
Mundial de Estudos em Língua Portuguesa, Macau-China, 30
de agosto a 2 de setembro de 2011.
Agora, após estudo do livro eleito para este ano: O
Cosmopolitismo do Pobre (2004), de Silviano Santiago, organizamos o 3º Colóquio do Grupo de Estudos Literários
Contemporâneos: um cosmopolitismo nos trópicos. Realizado
nos dias 15 e 16 de dezembro de 2011, no Anfiteatro do
módulo II da Universidade Estadual de Feira de Santana, aproveitamos a oportunidade para homenagear também o
grande crítico baiano Afrânio Coutinho (1911-2011), que
completa 100 anos de nascimento este ano, promovendo no
evento uma discussão sobre o autor e sua grande obra. Assim, surgem debates também sobre os rumos dos estudos literários
nas suas três faces: teoria, crítica e história da literatura.
Para tanto convidamos alguns nomes importantes para
contemplar os temas abordados. São eles: Prof. Dr. Eduardo
Coutinho (UFRJ), Prof. Dr. Luiz Roberto Velloso Cairo (UNESP/Assis), dois grandes especialistas em literatura
comparada e crítica literária de expressão nacional e
internacional e o Prof. Dr. Roberto Carlos Ribeiro, um
pesquisador especialista na produção crítica e ficcional de Silviano Santiago. Juntam-se a estes nomes de ponta dos
estudos literários, especialistas do grupo de pesquisa e da casa,
igualmente renomados, como o Prof. Dr. Jorge de Souza
Araujo (UEFS), Prof. Dr. Benedito José de Araujo Veiga (UEFS), Prof. Dr. André Luis Mitidieri Pereira (GELC/UESC),
Profa. Dra. Maria da Conceição Pinheiro Araujo
(GELC/IFBA).
Além desses nomes, uma ruma de doutorandos, mestres, mestrandos, especialistas, especializandos, bolsistas de
Iniciação Científica e graduandos pertencentes ao Grupo de
Estudos Literários Contemporâneos e a outras instituições
apresentaram propostas de trabalho. Durante o evento, lança-se o primeiro livro do grupo de estudos: Literatura, história e
memória: leituras de Jacques Le Goff (UEFS Editora, 2011).
Desde já desejando votos de excelente evento, esperamos
poder oferecer à comunidade o retrato dos nossos esforços
durante o ano de 2011, assim como oportunidade de pesquisadores de outras instituições partilharem conosco as
suas produções para o avanço dos estudos literários e
contemplarem as expectativas das comunidades envolvidas em
nossos debates, escritas, compromissos, interesses e paixões.
Adeítalo Manoel Pinho
Comissão Organizadora.
8
PROGRAMAÇÃO GERAL
Quinta-feira
15 de dezembro de 2011
MANHÃ
ABERTURA
Anfiteatro, módulo. II, 9h00: Solenidade
Prof. Dr. José Carlos Barreto de Santana – Reitor
Profa. Ma. Mávis Dill Kaipper – Diretora do DLA
Prof. Dr. Aleilton Santana da Fonseca – Coordenador do
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade
Cultural
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho – Coordenador do evento
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Afrânio Coutinho e os estudos literários no Brasil
Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho (UFRJ) Coordenação: Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (GELC/UEFS-BA)
10h50: Intervalo
Anfiteatro, módulo. II,11h00: Mesa 1
Cosmopolitismo, cultura e literatura Coordenação: Profa. Dra. Edite Luiza Vasconcelos
(IFBA/GELC)
A crítica literária no jornal: impasses e alternativas Edinage Maria Carneiro da Silva
(Mestranda/GELC/PPgLDC/UEFS-BA)
9
Entre tacapes e espadas: a polêmica Alencar-Nabuco em
busca de uma literatura glocal
Andreia Ferreira Alves Carneiro (Mestranda/GELC/PPgLDC/UEFS-BA)
A cultura em trânsito: olhares e perspectivas sobre os
estudos culturais Tatiane Santos de Araújo
(Mestranda/GELC/Capes/UEFS-BA)
TARDE
Sala de eventos – PPgLDC, 14h30: Mesa 2
Afrânio Coutinho e a história da literatura Coordenação: Profa. Dra. Alana de O. Freitas El Fahl (UEFS-BA)
"A Literatura no Brasil" e "Enciclopédia da Literatura
Brasileira": estudos literários e Afrânio Coutinho Prof. Dr. Jorge de Souza Araújo (UEFS-BA)
Afrânio Coutinho, 100 anos por um amadurecimento
cultural da Bahia Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (GELC/UEFS-BA)
Coutinho e Candido: elogio à crônica Profa. Dra. Alana de O. Freitas El Fahl (UEFS-BA)
16h00: Intervalo e lançamentos
16h30: Comunicações (1ª Sessão)
18h00: Comunicações (2ª Sessão)
10
Sexta-feira
16 de dezembro de 2011
MANHÃ
Sala de eventos – PPgLDC, 8h30: Mesa 3
Afrânio Coutinho e a Crítica Literária
Coordenação: Prof. Dr. Francisco Ferreira de Lima (UEFS-BA)
Afrânio Coutinho e os estudos de fontes no Brasil Prof. Dr. Benedito José de Araújo Veiga (UEFS-BA)
Prefácio à Literatura no Brasil: crítica e estudos literários
Prof. Dr. Luiz Roberto Velloso Cairo (UNESP-Assis)
10h00: Intervalo
Sala de eventos – PPgLDC, 10h30: Mesa 4
O Cosmopolitismo do pobre: crítica cultural e crítica literária Coordenação: Profa. Dra. Maria da Conceição Pinheiro Araujo
(GELC/IFBA-Salvador)
Cosmopolitismo e identidades: fala de pobre e fala de
negro, na academia
Profa. Dra. Maria da Conceição Pinheiro Araújo (GELC/IFBA)
O ser como elemento cultural: diálogos entre Silviano
Santiago e Martin Heidegger
Ma. Juciene Silva de Sousa Nascimento
(GELC/FADBA/UEFS)
A sensibilidade clariciana de narrar o cotidiano
Profa. Ma. Silvania Cápua Carvalho (GELC/UEFS)
11
TARDE
Sala de eventos – PPgLDC,14h00: Mesa 5
Silviano Santiago e a crítica cultural
Coordenação: Profa. Dra. Rosana Maria Ribeiro Patrício
(UEFS-BA)
Crítica Cultural e Biografia: aproximações
Prof. Dr. André Luis Mitidieri Pereira (UESC-BA)
Crítica e Diversidade Cultural: cosmopolitismo à brasileira
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (GELC/UEFS-BA)
Santiago e as novas escrituras no cenário da literatura: um
diálogo com Jorge Amado e Paulo Coelho
Ma. Arlânia Maria Reis de Pinho Menezes (GELC/UEFS)
Literatura e democratização cultural: negociações para um
novo olhar na contemporaneidade
Ma. Elizangela Maria dos Santos (GELC/UEFS)
16h00: Intervalo
Sala de eventos – PPgLDC
16h30: PALESTRA DE ENCERRAMENTO
O ensaio no Brasil: Silviano Santiago Prof. Dr. Roberto Carlos Ribeiro
12
PROGRAMAÇÃO: SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
I Sessão de Comunicação – 15 de dezembro de 2011, 16h30
às 18h00
Mesa 1: ARTE, DISCURSO E SUBALTERNIDADE SOB
O OLHAR DA CRÍTICA CULTURAL Local: Sala 16b – Programas de Pós-graduação em Educação,
Letras e Artes
Coordenador: Eduardo Pereira Lopes
(Mestrando/PPgLDC/UEFS)
A literatura baiana marginal: Enoch Carneiro, um estudo de
caso
Eduardo Pereira Lopes (Mestrando/PPgLDC/UEFS)
Narrativas orais: discurso e questionamento cultural
Paulo Roberto Costa da Silva (Mestrando/UNEB/CAPES)
A aula de arte-educação como espaço de reflexão cultural
Wilson Sousa Oliveira (Mestrando/UNEB/CAPES)
Mesa 2: LITERATURA, MEMÓRIA E PERIÓDICOS Local: PAT 27
Coordenador: Danilo Cerqueira Almeida
(Especializando/UEFS/GELC)
Memórias n’O Imparcial: a literatura brasileira por João
Paraguassú
Danilo Cerqueira Almeida (Especializando/UEFS/GELC – Orientador: Prof. Dr. Adeítalo
Manoel Pinho/GELC/UEFS)
A memória de Irecê através de periódicos Nathielly Gadelha da Silva (Graduanda/UEFS/GELC –
Orientadora: Profa. Dra. Maria da Conceição Pinheiro
Araújo/IFBA)
13
A concepção de cultura de Afrânio Coutinho n’O Imparcial da
Bahia
Patrike Wauker Pereira da Silva (Graduando/UEFS/GELC – Orientador: Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho/GELC/UEFS)
Mesa 3: NARRATIVA, NARRADOR E NARRATÁRIO:
CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES
Local: Sala 17 – Programas de Pós-graduação em Educação,
Letras e Artes
Coordenador: Ricardo Thadeu Guimarães (Especializando/UEFS)
A ironia romântica e o lugar do narratário em Coração, cabeça
e estômago Ena Caroline Lélis Xavier (Especializanda/UEFS)
O conto, o narrador e a narrativa moderna e pós-moderna em
Silviano Santiago e Walter Benjamin Eliseu Ferreira da Silva (UEFS)
O narrador-ensaísta em A caverna de José Saramago
Ricardo Thadeu Guimarães (Especializando/UEFS)
O frágil verniz da civilização em Caetés, de Graciliano Ramos
Davi Santana de Lara (Especializando/UEFS)
Mesa 4: LITERATURA, CULTURA E OUTRAS ARTES
Local: Sala de eventos – PPgLDC
Coordenadora: Maria David Santos (Mestranda/PPgLDC/UEFS/Bolsista FAPESB)
Luís Antonio Cajazeira Ramos à luz de Ítalo Calvino: leitura
do poema Elegia Érica Azevedo Santos (Mestranda/PPgLDC/UEFS/Bolsista
CAPES)
14
Páginas e cenas: olhos que leem a margem da Bahia:
documento e ficção
Josimeire dos Santos Brazil (Mestranda/PPgLDC/UEFS)
A cultura baiana do Vale do São Francisco: ―Jacuba‖ de
Wilson Lins
Maurício de Oliveira Santos (Graduando/UEFS/PIBIC/CNPq/GELC – Orientador: Prof. Dr.
Adeítalo Manoel Pinho/GELC/UEFS)
Passeios pela concisão: proposta para uma leitura de ―Manhã Cinzenta‖, de Olney Alberto São Paulo
Maria David Santos (Mestranda/PPgLDC/UEFS/ FAPESB –
Orientador: Prof. Dr. Claudio Cledson Novaes/UEFS)
II Sessão de Comunicação – 15 de dezembro de 2011, 18h00
às 19h30
Mesa 5: LITERATURA COMPARADA E SEUS
POSSÍVEIS DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS
Local: Sala 17 – Programas de Pós-graduação em Educação,
Letras e Artes Coordenadora: Elis Angela F. Ferreria Santos
(Mestranda/PPgLDC/Bolsista CAPES
O escritor e a cultura: as viagens de Cyrano de Bergerac
presentes na ficçâo de Saint Exupéry
Cintia Portugal de Almeida (Graduanda/UEFS/Bolsista
PROBIC/GELC – Orientador: Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho/GELC/UEFS)
Don Juan às avessas: a paródia amorosa em Confissões de
Narciso, de Autran Dourado Elis Angela F. Ferreria Santos (Mestranda/PPgLDC/Bolsista
CAPES – Orientadora: Profa. Dra. Alessandra Leila Borges
Gomes/UEFS)
15
De esquecido a exaltado, de louco a gênio: os vai-e-vens da
crítica sobre Sousândrade
Juliana Pacheco Oliveira Neves (Graduanda/UEFS – Orientador: Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho/GELC/UEFS)
Crítica literária clariceana: por uma perspectiva comparada
Juliana Andrade de Moraes (Mestranda/UNEB)
Mesa 6: SERTÃO: CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS E
IMAGINÁRIO CULTURAL
Local: Sala 16b – Programas de Pós-graduação em Educação, Letras e Artes
Coordenadora: Dinameire Oliveira Carneiro Rios
(Mestranda/PPgLDC/UEFS/ FAPESB)
―Patra Véa do Sertão‖ e o discurso da invenção do Nordeste
Clarissa Moreira de Macedo (Mestranda/PPgLDC/UEFS)
O cinema de Olney São Paulo: uma análise de Grito da Terra no contexto do cinema novo
Dinameire Oliveira Carneiro Rios
(Mestranda/PPgLDC/UEFS/ FAPESB – Orientador: Prof. Dr.
Claudio Cledson Novaes/UEFS)
O sertão deslocado no conto de Ronaldo Correia de Brito
Thiago Lins da Silva (Mestrando/UEFS)
A questão cultural e a formação da identidade nacional em A
literatura afortunada de Afrânio Coutinho
Juliana Cordeiro de Oliveira Silva (Graduanda/UEFS/ PROBIC – Orientador: Prof. Dr. Claudio Cledson Novaes/UEFS)
16
Mesa 7: HISTÓRIA E LITERATURA: ENCONTROS E
ENTRELAÇAMENTOS SOB A PERSPECTIVA DA
METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA Local: Sala de eventos – PPgLDC
Coordenadora: Sinéia Maia Teles Silveira
(Doutoranda/PUCRS/UNEB)
A produção literária de Altamirando Requião: a Bahia do
século XVII na ficção meta-historiográfica
Cristiane Tavares Santos Melo
(Mestranda/PPgLDC/UEFS – Orientador: Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho/GELC/UEFS)
Viagens de índios brasileiros e negros africanos à Europa:
retratos do exótico no Velho Mundo Maria David Santos
(Mestranda/PPgLDC/UEFS – Orientador: Prof. Dr. Adeítalo
Manoel Pinho/GELC/UEFS)
Além da história: os recursos metadiscursivos na
invenção/reinvenção dos personagens em O retrato do rei
Mônica Naiara Pereira da Silva Santos
(Mestranda/PPgLDC/UEFS/ FAPESB)
O conquistador: um entrelaçamento parodístico entre o texto
historiográfico e o ficcional Sinéia Maia Teles Silveira
(Doutoranda/PUCRS/UNEB)
18
AFRÂNIO COUTINHO E
OS ESTUDOS LITERÁRIOS NO BRASIL
Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho (UFRJ)
Considerado uma das maiores expressões dos estudos literários
no Brasil, no século XX, Afrânio Coutinho teve um papel
fundamental na reestruturação dos estudos de Literatura no país, através das contribuições que introduziu no âmbito da
Crítica, da Teoria e da Historiografia literárias. Além disso,
destacou-se pela sua atuação no ensino da Literatura, onde
transformou significativamente os métodos de abordagem de autores e textos, e na divulgação de escritores brasileiros por
intermédio das obras coletivas que realizou. Nesta palestra,
faremos uma apresentação das principais linhas de reflexão
desenvolvidas pelo autor e ofereceremos uma visão de sua contribuição nos diversos estratos dos estudos literários no
Brasil.
Palavras-chave: Afrânio Coutinho. Crítica. Teoria. História da Literatura. Brasil.
19
AFRÂNIO COUTINHO E O PROCESSO EVOLUTIVO
DA LITERATURA BRASILEIRA
Luiz Roberto Velloso Cairo (UNESP/CNPq)
No ano em que se comemora o centenário de nascimento do
crítico e historiador baiano Afrânio Coutinho (1911-2011),
releio o Prefácio à 1ª. edição d’A literatura no Brasil (1955), sua magistral história da literatura brasileira, que constitui um
importante divisor de águas dos estudos literários no Brasil, no
Século XX. Numa tentativa de fazer circular algumas de suas
idéias entre os jovens leitores do século XXI, aproveito o espaço oportuno do 3º Colóquio de Estudos Literários e 100
anos de Afrânio Coutinho, da UEFS, para refletir,
particularmente, sobre algumas características da evolução da
literatura brasileira e de nossa atividade literária, levantadas na década de 50, do século passado, com enorme lucidez, por este
crítico, ―sem pretensões a trabalho definitivo, sem tampouco
confiar de todo na perdurabilidade dos traços definidores‖.
Palavras chaves: Afrânio Coutinho. Crítica Literária. História
da Literatura.
20
SILVIANO SANTIAGO E A LEITURA CRÍTICA
Prof. Dr. Roberto Carlos Ribeiro
Silviano Santiago, como escritor e professor, trilha o caminho
da ficção, da pedagogia e da crítica. Em seus escritos, não é
difícil notar que essas fronteiras da produção intelectual se
cruzam e se autoexplicam. É o caso do conceito de ―leitura crítica‖ que ele elege para a análise de obras de outros autores e
que usarei para mapear a trajetória crítica desse professor. A
leitura crítica pressupõe um leitor que distingue a qualidade da
obra a ser interpretada, se empenhe na literatura imersa na vida e busque o viés da arte no dia a dia. É assim que Silviano
Santiago se posiciona perante a literatura contemporânea. Um
leitor crítico do fazer literatura na contemporaneidade. Por isso,
sua escrita apresenta problematizações sobre a cultura brasileira, como o advento da comunicação de massa; a
subjetividade perante a questão do cerceamento das liberdades
pessoais; a necessidade de dar voz àqueles que reivindicam o
reconhecimento como cidadãos plenos de uma determinada sociedade, como as mulheres, os homossexuais e os negros. Os
ensaios básicos para a formação da sua visão teórica sobre a
literatura brasileira estão relacionados pelos debates a respeito
das questões de influência, cópia e o questionamento sobre o lugar das minorias. Dos ensaios, sobressai a visada consciente
do crítico sobre o seu lugar geográfico e cultural. Nos textos de
Silviano Santiago estão explicitados os temas que um professor-crítico deve enfrentar dentro de uma sociedade em
tempos de mudança, emblematicamente aberta para a
globalização e o poder da comunicação, não fugindo de sua
atração, mas propondo a convivência não-pacífica e não-alienante com seus estratos culturais. O crítico parte da
dicotomia local/global para, com a sua implosão, celebrar na
escrita literária um caminho ―entre‖ que não privilegie
nenhuma das margens, mas que se alimente de suas opressões na conformação de espaços e fragmentos porosos.
Palavras-chave: Silviano Santiago. Leitura crítica. Literatura
contemporânea.
21
CRÍTICA E DIVERSIDADE CULTURAL: UM
COSMOPOLITISMO À BRASILEIRA
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (GELC/UEFS)
A diversidade cultural brasileira pode ser pensada em duas
instâncias intelectuais, ou, como queira, de leitura: na
arrancada do recente discurso ecológico, no qual a descoberta das dimensões geográficas e problemáticas do Brasil alcança a
moldura cultural. Finalmente nos preocupam fronteiras,
diferenças, posse, soberania de maneira social e econômica. A
outra instância, na narrativa cultural, que denomino de memória perfeita (ficcional, histórica, biográfica etc.), tem
implicação com os estudos da história e da crítica da literatura.
No exame das ideias de Silviano Santiago, no livro em foco, O
cosmopolitismo do pobre, vemos que a visão do país, pela ótica semântica do termo cosmopolitismo, provoca desconfortos e
obriga a emissão de textos muitas vezes contrários ao próprio
sentido da reflexão. Sendo assim, a partir das provocações do
crítico cultural mineiro, abordo alguns desses sujeitos emissores e textos construídos, para, quiçá, tracionar (do
passado), identificar (no presente) ou construir (no futuro)
modos de cosmopolitismo a partir da diversidade cultural
brasileira.
Palavras-chave: Crítica Cultural. Diversidade Cultural.
Cosmopolitismo. Silviano Santiago. Memória Perfeita.
22
AFRÂNIO COUTINHO, 100 ANOS POR UM
AMADURECIMENTO CULTURAL DA BAHIA
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (GELC/UEFS)
Pretendo aproximar a leitura da obra do crítico e historiador
Afrânio Coutinho a alguns dos termos forjados por mim
durante o estudo do sistema literário da Bahia e da pesquisa de periódicos. Esteio de Sistema e Amadurecimento de Cultura
são dois desses termos. Caros para a argumentação, pretendem
na sua prática, reverter em positivo o negativo do termo
tradição (amadurecimento de cultura) e as íntimas ligações entre escritores cuja obra são capazes de manter acesos os
formatos dos acervos literários da Bahia: esteio de sistema.
Afrânio Coutinho, por seu lado, é um esteio. É capaz de erguer,
nas suas inúmeras pesquisas, principalmente nas obras A Literatura no Brasil e Enciclopédia da Literatura Brasileira, um
rol imenso de autores e obras ligadas ao sistema literário do
Estado. Sendo assim, me utilizo das ideias da Teoria da
Recepção, dos estudos culturais e da nova história da literatura.
Palavras-chave: Afrânio Coutinho. Amadurecimento de
Cultura. Sistema Literário. Bahia.
23
COUTINHO E CANDIDO: ELOGIO À CRÔNICA
Profa. Dra. Alana de O. Freitas El Fahl (UEFS)
O presente trabalho pretende demonstrar a importância da
crônica no sistema literário brasileiro. Desde sua gênese no
século XIX, através das colunas em periódicos até a
contemporaneidade, essa modalidade narrativa habita as preferências dos leitores e vem sofrendo mudanças ao longo
dos anos. Tal aspecto passa incólume em grande parte dos
estudos dos historiadores da literatura em nosso país, todavia
Afrânio Coutinho e Antonio Candido destacam em suas obras a grandeza desse gênero menor.
Palavras-chave: Crônica. Sistema literário. Afrânio Coutinho.
Antonio Cândido.
24
CRÍTICA CULTURAL E BIOGRAFIA: O
COSMOPOLITISMO DE QUINTANA E A POBREZA
DA HISTÓRIA LITERÁRIA BRASILEIRA Prof. Dr. André Luis Mitidieri Pereira (UESC/URI-FW)
A comunicação ora proposta investe na história editorial de
Mario Quintana, situando produções literárias de sua autoria que, publicadas em jornais e revistas entre as décadas de 1920
e 1930, permitem lançar novas visadas às partes que lhe tocam
na crítica literária e na história da literatura brasileira. A
investigação possibilita contribuir à biobibliografia do poeta sul-rio-grandense, produzindo um recuo em sua vida editorial,
cujo início vem sendo majoritariamente demarcado nos anos de
1940, a partir do lançamento de seu primeiro livro de poemas:
A rua dos cataventos. Primeiramente, discorremos sobre Crítica Literária e Crítica Cultural e, nessa articulação,
sublinhamos o papel dos arquivos literários e dos acervos de
escritores. Ao compreendermos a prática acervística/arquivista
como relacionada à (auto)biografia, buscamos divisar perspectivas de diálogo entre a historiografia literária e uma
modalidade historiográfica de biografia: aquela praticada pela
micro-história italiana. Da micro-história literária que então
propomos, destacamos os aportes de ordem biobibliográfica, fundamentados em consultas a fontes primárias, a testemunhas,
a edições de cunho biográfico ou crítico etc. O material
consultado permite-nos contar uma história e compor um escrito histórico-literário cujos princípios metodológicos se
fundamentam especialmente nas considerações de Carlo
Ginzburg.
Palavras-chave: Mário Quintana. Crítica literária. Crítica
cultural.
25
ENTRE TACAPES E ESPADAS: A POLÊMICA
ALENCAR-NABUCO EM BUSCA DE UMA
LITERATURA GLOCAL Andreia Ferreira Alves Carneiro (PPgLDC/CAPES/GELC/UEFS)
Durante o século XIX, com a liberdade de imprensa, a
literatura nacional encontrou espaço para expansão e passou a dar enfoque a símbolos nacionais como o índio e a natureza.
Por outro lado, alguns literatos defendiam a continuidade da
publicação de obras europeias, questionando a qualidade das
obras brasileiras e de seus escritores, o que gerou grande polêmica. Neste contexto, surgem no cenário nacional José de
Alencar e Joaquim Nabuco, o primeiro defendia uma literatura
brasileira, o segundo, a eurocêntrica. Através de cartas,
publicadas em folhetins da época e aqui analisadas, estes escritores trocaram farpas, defendendo seu ponto de vista e
deliciando seus leitores com o embate literário.
Palavras-chave: José de Alencar. Joaquim Nabuco. Embate literário.
26
SANTIAGO E AS NOVAS ESCRITURAS NO CENÁRIO
DA LITERATURA: UM DIÁLOGO COM JORGE
AMADO E PAULO COELHO Ma. Arlânia Maria Reis de Pinho Menezes (GELC)
Segundo a reflexão realizada por Silviano Santiago, em ―O
cosmopolitismo do pobre‖, os termos nacional e universal estão sendo desconstruídos, trazendo para o cenário literário
novas perspectivas de escrituras, isso porque, ainda segundo o
autor, a ficção que deu respaldo à luta de classes abandonou
certas regras oitocentistas na fabulação da intriga e caracterização de personagens para levar o leitor a aceitar como
real aquilo que fosse colocado em pauta. Nesse contexto, é
possível pensar que esse tipo de ficção acaba por se tornar
Best-Seller? Esse gênero estamparia inequivocamente o gosto e a preferência do leitor-cidadão? Santiago cita Jorge Amado e
diz que os laços que sua obra cria podem ser críticos em
relação à sociedade, mas não estimulam a imaginação e a
inteligência do leitor. Esta é geralmente também a opinião de grande parte dos críticos em relação aos escritores de Best-
Seller. Este trabalho irá enveredar pelos caminhos desse
gênero, utilizando Jorge Amado, autor brasileiro reconhecido
tanto pela crítica nacional quanto internacional, e um dos mais traduzidos, perdendo apenas para Paulo Coelho, com quem
também traçaremos diálogo, cuja ficção faz um caminho
inverso ao visto positivamente pela crítica literária.
Palavras-chave: Desconstrução. Novas escrituras. Gosto
literário. Best-Sellers.
27
AFRÂNIO COUTINHO E OS ESTUDOS DE FONTES
NO BRASIL: UM CASO EXEMPLAR
Prof. Dr. Benedito José de Araújo Veiga (UEFS)
Em 1948, com a assinatura de ―Correntes Cruzadas‖ no
Suplemento Dominical do Diário de Notícias do Rio de
Janeiro, Afrânio Coutinho, com seu retorno ao Brasil, de um período de aproximados cinco anos nos EUA, acirra as
pregações por uma crítica literária estética, mais centrada no
texto que nos percalços de uma vida em torno da literatura. O
jovem estudioso das letras, munido de certos critérios rigorosos, como o respeito a fontes primárias, a conceituação
precisa, a bibliografia usada etc., presentes em seus livros e
publicações – O Ensino da Literatura (1952), A Crítica (1958),
Introdução à Literatura no Brasil (1959), No Hospital das Letras (1963) etc. –, tenta a implantação de outros caminhos,
apesar de todos os enfrentamentos e debates.
Palavras-chave: Crítica estética. Fontes primárias. Outros caminhos.
28
A CRÍTICA LITERÁRIA NO JORNAL:
IMPASSES E ALTERNATIVAS
Edinage Maria Carneiro da Silva (PPgLDC/GELC/UEFS)
As relações entre literatura e jornal sempre foram bastante
estreitas, desde meados do século XIX, quando a imprensa
passou a constituir a opção preferida (ou quase única, visto a carência de editoras e os altos custos editorias da época) dos
postulantes a escritores e escritoras, que dela se valiam para a
publicação de seus textos poéticos ou ficcionais. A crítica
literária incipiente no Brasil também foi exercida tendo o jornal como o principal meio. Nosso objetivo, nesta comunicação, é
discutirmos o enfraquecimento da relação literatura/jornal,
apontando suas possíveis causas, mas com o olhar voltado
sobretudo para a questão da crítica literária jornalística, enfraquecida que foi, por volta da década de 1940, por conta
da atitude da crítica especializada que reclamou para si o
direito de exercê-la. As nossas considerações serão pautadas
nas ideias de Silviano Santiago que, ao fazer um balanço da crise, apresenta alternativas para que se reverta esta situação
que tem trazido prejuízos para a cultura brasileira.
Palavras-chave: Crítica literária. Jornal. Impasses.
29
LITERATURA E DEMOCRATIZAÇÃO CULTURAL:
NEGOCIAÇÕES PARA UM NOVO OLHAR NA
CONTEMPORANEIDADE Ma. Elizangela Maria dos Santos (GELC/UEFS)
Ao propor uma leitura das produções literárias
contemporâneas, ou seja, da literatura produzida a partir da década de 1990 até os dias atuais, esse texto visa à reflexão de
importantes aspectos concernentes à cultura e arte do novo
milênio. Parte-se, sobretudo, das considerações empreendidas a
partir da leitura das ―galinhas-d’angola atiradas pelo meeiro criador‖ (SANTIAGO, 2004, p. 248), Silviano Santiago; ao
discutir acerca do cosmopolitismo do pobre, o crítico
questiona/comenta a respeito de uma democratização da
cultura, a partir de quando alguns críticos começaram a demonstrar interesse pela cultura da maioria, acirrando o
embate entre o erudito e o popular. Esse interesse é revigorado
por meio das produções contemporâneas, as quais não apenas
modificam a forma de produção, divulgação e circulação da arte, como exigem diferentes valores e formas de avaliação da
arte e da cultura. Estudiosos da contemporaneidade, como Karl
Erik Schollhammer, Beatriz Resende, Ângela Maria Dias,
Regina Dalcastagnè e Tânia Pellegrini sustentam a leitura do fazer literário na contemporaneidade, proposta nesse texto. Os
escritores investem na possibilidade de promover e divulgar
atividades artísticas como caminho para democratizar a cultura, ao mesmo tempo em que combatem a indústria mercadológica
que impera como massificadora, distorcendo o sentido da arte.
Palavras-chave: Literatura Contemporânea. Democratização. Cultura.
30
O SER COMO ELEMENTO CULTURAL: DIÁLOGOS
ENTRE SILVIANO SANTIAGO E MARTIN
HEIDEGGER Ma. Juciene Silva de Sousa Nascimento (FADBA/UEFS)
O estudo se refere à discussão dos elementos identitários, ao
levar em consideração a importância dada ao ser que vem se solidificando no imaginário literário em virtude das
movimentações históricas, econômicas e sociais que os
indivíduos sofrem ao longo do tempo, já que tais
deslocamentos provocaram a fragmentação do indivíduo, bem como a mudança de paradigmas da cultura. Nesta análise, nota-
se que o autor Martin Heidegger desenvolve a ideia da
compreensão do indivíduo como ser social, baseada na ordem
do comum-pertencer, enquanto Silviano Santiago discute as relações do sujeito com o outro e com a comunidade mediante
o movimento de ressemantização. Constatar-se-á, aqui, que o
ser auxilia a noção do princípio de identidade, no sentido de
evidenciar os lados do indivíduo mediante a concepção filosófica do ser e do ente em Heidegger e o processo de
subjetivacão em Santiago, criticando-o, discutindo-o e
reconfigurando-o, na medida em que apresenta em si traços das
mudanças sociais, históricas, econômicas e culturais presentes, a todo o momento, na linguagem, nas reflexões e atos que se
perfazem em sua existência.
Palavras-chave: Martin Heidegger. Silviano Santiago.
Indivíduo. Sociedade. Deslocamento identitário.
31
COSMOPOLITISMO E IDENTIDADES: FALA DE
POBRE E FALA DE NEGRO, NA ACADEMIA
Prof. Dr. Maria da Conceição Pinheiro Araújo (GELC/IFBA)
O texto propõe algumas considerações pontuais, sob a
perspectiva da crítica cultural, acerca do tema
negritude/pobreza na cultura e na literatura. A proposição é de fazer um percurso das reflexões levantadas por Silviano
Santiago, em alguns textos da sua produção crítico/teórica,
partindo do seu ensaio Imagens do remediado (1983), até
Cosmopolitismo do pobre (2004), propondo articulação com as ―políticas sorrateiras‖ de ocultação de textos produzidos
por/sobre grupos que se incluam na categoria pobre/negro, —
estratégias, por exemplo, como a de o professor não indicar
para leitura certos textos/livros para suas turmas de graduação/especialização/mestrado/doutorado. Essa é uma
forma silenciosa de dizer que essa produção teórica e/ou
literária não existe ou não serve para ser lida, sem se
comprometer com o ―politicamente incorreto‖ — mesmo, hoje, quando sabemos que a inclusão dessa produção é, além de um
comprometimento educacional político-ideológico, uma
questão legal. A lei 10.639/03 implementa a obrigatoriedade do
ensino da História e Cultura africana e afro-brasileira nas escolas de ensino médio. Como os docentes licenciados, por
uma infinidade de instituições públicas e privadas no Brasil e,
particularmente, na Bahia poderão incluir em seu conteúdo de disciplina, discussões em termos de Língua, Literatura e
Produção Textual no aspecto normatizado pela lei, quando não
foram preparados em sua formação docente?
Comprovadamente, inclusive pelo senso 2011, o nosso é um Estado de população maciçamente negra e mestiça.
Palavras-Chave: Universidade. Negro. Pobre.
32
A SENSIBILIDADE CLARICIANA DE NARRAR O
COTIDIANO Profa. Ma. Silvania Cápua Carvalho (GELC/UEFS)
O presente trabalho tem como objetivo evidenciar a maestria
da ficção de Clarice Lispector, sob o olhar concretizado pela
quotidianidade enxovalhante da vida em A aula inaugural de Clarice Lispector: cotidiano, labor e esperança. Miranda
(1999) nos relata o processo de deshierarquização da escrita da
autora. A expressão de uma literatura que cativa o leitor
despertando-lhe a sensibilidade para coisas comuns da vida. Dotada de uma narrativa cuja leveza expõe a linguagem
utilizando palavras simples, torna-se é um veículo ideal para
explorar os fatos do cotidiano, sua capacidade de ―estourinhar‖
o país durante um período político marcante. O texto literário utiliza valores do passado, sem se estabelecer como adepta dos
moldes oitocentistas de narrar a sua realidade de mulher, mãe e
cidadã. A linguagem de tom novelesca considerada como um
marco na literatura brasileira.
Palavras-chave: sensibilidade. Cosmopolita. Identidade
nacional. Deshierarquização.
33
A CULTURA EM TRÂNSITO: OLHARES E
PERSPECTIVAS SOBRE OS ESTUDOS CULTURAIS
Tatiane Santos de Araújo (PPgLDC/CAPES/GELC/UEFS)
Por meio dos conceitos de hibridismo, transculturação,
fronteira, multiculturalidade, entre-lugar, dentre outros termos
similares que se inter-relacionam, o presente estudo busca uma maior compreensão do fenômeno cultural aqui concebido em
seu caráter móvel, mutante. Desse modo, cabem discussões
acerca da aplicabilidade e provável eficiência dos mais
diversos conceitos difundidos no que hoje se conhece por Estudos Culturais. Perceber-se-á o quanto não apenas os
conceitos se aproximam como também as ideias que os
estudiosos depreendem deles e os ressignificam de modo a não
deixarem escapar a necessária articulação entre o teórico e a sociedade na qual essa teoria certamente será explicada e
aplicada. Daí, emerge a necessidade de se trazer para fora das
academias as discussões de temas que interessam não só à
cultura letrada, dominante, legitimadora de ideias e ideais, mas às pessoas em geral, à cultura popular, às massas. E, como se
trata de uma rede de questões, surge lugar também para as já
conhecidas postulações sobre a relação de interdependência
entre cultura erudita e cultura popular.
Palavras-chave: Estudos Culturais. Entre-lugar. Cultura
erudita. Cultura popular.
35
O ESCRITOR E A CULTURA: AS VIAGENS DE
CYRANO DE BERGERAC PRESENTES NA FICÇÂO
DE SAINT EXUPÉRY Cintia Portugal de Almeida (Graduanda/PROBIC/GELC/UEFS)
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (Orientador/GELC/UEFS)
O texto tem como objetivo investigar as ligações intertextuais nas obras: ―Viagem à Lua‖ de Cyrano de Bergerac e ―O
Pequeno Príncipe‖ de Saint Exupéry tendo como pano de
fundo cada tempo histórico no qual dialogam. Nesse sentido
tanto a experiência de Cyrano quanto a de Exupéry no reino dos astros são marcados por um contato conflituoso e
experimental entre os valores ―terrestres‖ e ―lunares‖. Uma
leitura pautada no texto ―Outubro retalhado‖, do Livro ―O
Cosmopolitismo do pobre‖, do teórico Silviano Santiago, onde outubro é lembrado pela generosidade: a função e valor da
Literatura frente ao papel do escritor.
Palavras-chave: Literatura comparada. Cultura. Cyrano de Bergerac. Saint Exupéry. Silviano Santiago.
36
“PATRA VÉA DO SERTÃO” E O DISCURSO DA
INVENÇÃO DO NORDESTE
Clarissa Moreira de Macedo (Mestranda/PPgLDC/UEFS)
Este trabalho tem o objetivo de fazer uma leitura – a partir do
capítulo ―A música do Nordeste‖, situado no livro ―A Invenção
do Nordeste‖, de Durval Muniz de Albuquerque Jr. – da música ―Patra véa do sertão‖, que faz parte da ópera A Carta,
de Elomar Figueira Mello. Este trabalho irá questionar até que
ponto a obra elomariana consolida ou diferencia, através da
música, a ideia de sertão e de nordestino, que foi trabalhada por Muniz no livro citado, presente na tese: o Nordeste como
espaço de invenção, a problematização desta região enquanto
espaço e cultura ―inventadas‖; região desconhecida por muitos
brasileiros e vista como a terra da pobreza, distante de todo desenvolvimento, seja ele econômico, cultural etc.
Palavras-chave: Elomar Figueira Mello. Nordeste. Durval
Muniz Albuquerque Jr.
37
A PRODUÇÃO LITERÁRIA DE ALTAMIRANDO
REQUIÃO: A BAHIA DO SÉCULO XVII NA FICÇÃO
META-HISTORIOGRÁFICA Cristiane Tavares Santos Melo (Mestranda/PPgLDC/GELC/UEFS)
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (Orientador/GELC/UEFS)
Contemporâneo de Jorge Amado, Carlos Chiacchio, Rui Barbosa, Afrânio Peixoto, entre outros, Altamirando Requião
dedicou-se à poesia e ao romance, mas suas atuações no
jornalismo e na política acabam tomando maior parte de espaço
de suas atividades. Foi proprietário do jornal Diário de Noticias e atuou também como colaborador em outros jornais e
revistas da Bahia e do Rio de Janeiro, onde publicou vários
outros artigos e ensaios. O presente projeto intitulado A
produção literária de Altamirando Requião: A Bahia do século XVII na ficção meta-historiográfica propõe o estudo da
memória cultural da Bahia do século XVII, a partir do romance
histórico O Baluarte (1976), bem como de alguns textos do
autor, publicados em periódicos, que serão utilizados como subsídio para analisar o romance. Para tanto, pretendemos,
primeiramente, trazer o autor, situando o seu momento cultural
de produção e sua contribuição para a produção literária
baiana. Aproveitaremos a oportunidade para discutir também algumas questões concernentes à constituição do cânone
literário, ao analisarmos o fato da supressão das identidades
artísticas, como Requião, que apesar de ser um dos membros fundadores da Academia de Letras e estar no centro da
produção intelectual baiana, não conseguiu fixar seu nome na
historiografia oficializada pela crítica literária. Em seguida,
analisaremos a obra O baluarte (1976), a partir das relações entre literatura e história e da ficção meta-historiográfica.
Palavras-chave: Altamirando Requião. Crítica literária.
Historiografia.
38
MEMÓRIAS N’O IMPARCIAL: A LITERATURA
BRASILEIRA POR JOÃO PARAGUASSÚ
Danilo Cerqueira Almeida (Especializando/GELC/UEFS) Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (Orientador/GELC/UEFS)
Apresentaremos, neste trabalho, as crônicas ―As aulas de
Benjamim‖, ―Casimiro e os outros‖, ―No entêrro do poeta‖ e ―No enterro de Bilac‖, de João Paraguassú (M. Paulo Filho),
enfatizando o caráter memorialístico desses textos para a
literatura, cultura e sociedade brasileira. Os textos, publicados
no jornal baiano O Imparcial entre 1918-1947 (3) e no livro Memórias de João Paraguassú, de 1964 (1), serão vistos como
produções de literatura que dialogam diretamente com a
realidade da época em que foram escritos, resgatando e
articulando história, literatura e política em torno de um escrito curto, direto e informativo. As motivações para produção, o
estilo empregado pelo autor e o veículo pelo qual as crônicas
chegaram ao público são aspectos importantes para que se
consolide um modo, ainda pouco estudado, de apresentar textos sobre memórias para os estudos literários, a Literatura de
Jornal (PINHO, 2008), despertando novos olhares para objetos
de leitura e pesquisa em textos publicados em colunas literárias
de jornais. Proporemos, nesta atividade, algumas pontuações a respeito de como as relações entre a Literatura e o Jornal estão
configuradas na sociedade e suas manifestações na cultura,
dialogando com textos que enfatizam o elo entre a área da literatura e o estilo jornalístico numa escrita pautada na
memória.
Palavras-chave: João Paraguassú. O Imparcial. M. Paulo Filho. Literatura Brasileira. memória.
39
O FRÁGIL VERNIZ DA CIVILIZAÇÃO EM CAETÉS,
DE GRACILIANO RAMOS
Davi Santana de Lara (Especializando/UEFS)
Este trabalho propõe fazer uma análise interpretativa do
romance de estréia do escritor alagoano Graciliano Ramos,
Caetés (1933), tendo em vista o modo como a tensão entre a civilização e a barbárie é representada na crítica dos costumes
da sociedade de Palmeira dos Índios, cidadezinha onde o
romance é ambientado; crítica a qual, embora seja um elemento
importante do romance, é em geral ignorada pela crítica especializada. Enquanto João Valério, personagem-narrador,
tenta, sem sucesso, escrever um romance histórico sobre os
índios caetés, ele tem um caso com Luisa, esposa de seu chefe,
Nicolau Varejão. Com a descoberta gradual do adultério, o equilíbrio cotidiano da cidadezinha corrói pouco a pouco e
desmorona de vez quando Nicolau Varejão se suicida,
suspendendo temporariamente todos os costumes e hábitos
sociais. O verniz da civilização se desmancha e deixa exposta a natureza primitiva dos ditos ―civilizados‖. Verifica-se aí uma
desconstrução operada no plano discursivo da dicotomia
civilizados/selvagens. Pensamento que se relaciona
intimamente com o do filósofo alemão Walter Benjamim quando, em diversos escritos, anula a distância entre
civilização e barbárie. No que diz respeito à construção da
identidade nacional, este procedimento, em Caetés, desvia o olhar do índio — usado no romantismo e modernismo para
forjar um passado mítico da nação — e volta-se para as
contradições do onde e quando do escritor mediante um
regionalismo realista pincelado de forte pessimismo.
Palavras-chave: Caetés. Graciliano Ramos. Civilização e
barbárie. Identidade nacional.
40
O CINEMA DE OLNEY SÃO PAULO:
UMA ANÁLISE DE GRITO DA TERRA
NO CONTEXTO DO CINEMA NOVO Dinameire Oliveira C. Rios (Mestranda/PPgLDC/FAPESB/UEFS)
Prof. Dr. Claudio Cledson Novaes (Orientador/UEFS)
Este trabalho apresenta uma análise do filme Grito da terra (1964), do escritor e cineasta baiano Olney Alberto São Paulo,
em contraposição ao contexto em que foi produzido, período de
surgimento do Cinema Novo. Olney São Paulo produziu seu
primeiro longa-metragem, Grito da terra (1964), em um período crítico e importante no cenário da cultura nacional,
especialmente para o cinema, devido ao surgimento do
movimento denominado Cinema Novo, e traz no bojo desta
obra importantes discussões que estavam latentes no campo cultural e político daquele momento, como a necessidade de
realização de uma reforma agrária no Brasil, a construção de
um discurso, principalmente nas produções fílmicas, sobre a
região Nordeste, o processo de urbanização da sociedade brasileira etc. Neste sentido, analisa-se como esse primeiro
longa-metragem produzido por Olney São Paulo dialoga
técnico e tematicamente com outras obras fílmicas produzidas
e lançadas dentro desse contexto de preparação e surgimento do Cinema Novo, e neste caso tem-se produções como
Aruanda (1959), Vidas Secas (1963), Os fuzis (1963), Deus e o
Diabo na terra do sol (1964), e de qual forma o cineasta baiano neste filme Grito da terra esteve preocupado em reiterar e/ou
discutir as questões presentes naquela conjuntura da sociedade
brasileira e que já estavam sendo debatidas no interior de
diversos outros filmes, em especial os engajados com as propostas cinemanovistas.
Palavras-chave: Olney São Paulo. Cinema Novo. Discurso.
41
A LITERATURA BAIANA MARGINAL: ENOCH
CARNEIRO, UM ESTUDO DE CASO
Eduardo Pereira Lopes (Mestrando/PPgLDC/UEFS)
Este trabalho pretende explorar o caráter não estético da obra
de Enoch Carneiro – autor periférico do interior da Bahia – que
figura como um entre tantos dos intelectuais daquilo que se pode chamar de diáspora intelectual literária.São escritores que
existem anônimos e não-pesquisados nas diversas regiões do
país, mas que produzem uma literatura de multidão que tem um
público específico, sendo seus próprios editores ou agindo em parcerias com setores da sociedade civil, que marginalmente
também agem como agenciadores culturais, editando em
pequenas gráficas, fora de um contexto profissional de
editoração. Um Nordestino em Moscou(1990), Além das Ilusões (2001), A última Trincheira (2006) e 50 anos
depois(2011), apontam para um caminho que parece levar a
uma abordagem pós-Marxista de engajamento literário. Nesse
contexto, transcendentemente a obra de Enoch Carneiro assume uma performance de reparação que por sua vez soma-
se ao discurso marginal de cultura que gera demanda específica
por politica pública que dê conta de abrir espaços para estas
produções subalternas mas geradoras de sentido para suas comunidades.
Palavras- chave: Engajamento. Subalternidade. Enoch Carneiro. Literatura baiana.
42
DON JUAN ÀS AVESSAS: A PARÓDIA AMOROSA EM
CONFISSÕES DE NARCISO, DE AUTRAN DOURADO
Elis Angela F. Ferreira Santos (Mestranda/PPgLDC/CAPES/UEFS) Profa. Dra. Alessandra Leila Borges Gomes (orientadora/UEFS)
O texto desta comunicação é um recorte da pesquisa, ainda em
andamento, intitulada Don Juan às avessas: a utopia do amor em Confissões de Narciso, de Autran Dourado, realizada no
Programa de Pós-gradução em Literatura e Diversidade
Cultural, da Universidade Estadual de Feira de Santana. O
recorte aqui realizado tem como objetivo divulgar aspectos iniciais da pesquisa, analisando o fazer literário de Autran
Dourado no romance em estudo. Em Confissões de Narciso,
Dourado, através do diálogo intertextual, buscou na poesia, no
teatro, no ensaio e no próprio romance, elementos que favorecessem o desenvolvimento de sua narrativa, em que
ironiza alguns modelos amorosos, expondo, assim, sua própria
representação do amor. As relações dialógicas ocorrem desde a
epígrafe de Casimiro de Abreu à Mitologia grega (poesia de Ovídio), passando pelo teatro (Tirso de Molina, Molière),
ensaio (Stendhal) e o romance (Goethe). Para compor o
personagem principal e estruturar sua narrativa, Dourado
retoma os mitos de Narciso e Don Juan, além de dialogar com O sofrimento do jovem Werther, de Goethe, com Do amor, de
Stendhal, entre outros. Buscaremos aqui analisar o pastiche e a
paródia no processo de criação dessa narrativa autraniana.
Palavras-chave: Autran Dourado. Diálogo intertextual.
Processo de criação.
43
O CONTO, O NARRADOR E A NARRATIVA
MODERNA E PÓS-MODERNA EM SILVIANO
SANTIAGO E WALTER BENJAMIN Eliseu Ferreira da Silva (Graduado/UEFS)
Tomando por base o texto de Silviano Santiago, O Narrador
Pós-Moderno, percebemos que ele através da análise dos contos de Edilberto Coutinho, discute e debate qual o papel do
narrador pós-moderno em contraposição ao narrador
benjaminiano. Por isso debateremos e analisaremos alguns
aspectos do pensamento do filósofo Walter Benjamin sobre o narrador, tema esse presente no ensaio — O Narrador-
Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov — reproduzido
aqui no livro Magia e técnica, arte e política (1987), que
reconhece a importância da narração oral, e nesta, a possibilidade de transmissibilidade da verdade. Outro texto
relevante a tratar do narrador e da narrativa, está na obra de
Silviano Santiago Nas malhas da letra. Neste, ele trata
especificamente da estrutura narrativa do conto pós-moderno e, em menor escala, de suas personagens. Também
perpassaremos por outros textos de teóricos que nos mostram o
papel do narrador no conto moderno e pós-moderno em Walter
Benjamin como Edvaldo Souza Couto/Carla Milani Damião, e Ricardo Souza Cruz, mais também, segundo esses teóricos, os
tipos e formas de narrativa.
Palavras-chave: Edilberto Coutinho. Narrador pós-moderno.
Silviano Santiago.
44
A IRONIA ROMÂNTICA E O LUGAR DO
NARRATÁRIO EM CORAÇÃO, CABEÇA E ESTÔMAGO
Ena Caroline Lélis Xavier (Especializanda/UEFS)
Este trabalho traz a análise da novela satírica Coração, Cabeça
e Estômago, do escritor português Camilo Castelo Branco, na
intenção de demarcar a maneira como o Camilo realista desconstruía o Camilo romântico através de um discurso
irônico, tendo por intermédio um narratário. Para tanto, o
conceito de ironia apresenta-se, antes, na visão de críticos
como Maria de Lourdes A. Ferraz e Massaud Moisés, os quais a defendem como um ato de comunicação que envolve
emissor, mensagem e receptor, acrescendo a estes elementos
seus desdobramentos e intenções. Valendo-se destas intenções,
adentra-se, pois, no contexto histórico da época até inserir-se na ironia camiliana, quando este autor, vivendo em um
momento de transição estética, marca algumas de suas obras
com a tinta realista, ironizando o Romantismo, então
desgastado. Neste momento, apresenta-se a visão de Friedrich Schlegel, teórico do tema em questão, o qual afirma que o
autor precisa se destruir para se autocriar, tendo a ironia como
signo. Esta autocriação é o que possibilita a autoconsciência. O
resultado da presente análise mostra que a ironia que ora ganha foco protagoniza a desconstrução do Camilo romântico pelo
Camilo realista, uma vez que, para tal, este se vale de um
recurso estilístico: o narratário. O narratário, que herda os escritos de um autor-defunto e recebe a incumbência de
publicá-los, dá-se a função de editor destes papéis, ao querer
justificá-los e melhorá-los. E é ele a representação do próprio
Realismo, diminuindo, assim, o papel do narrador-autor, um romântico.
Palavras-chave: Camilo Castelo Branco. Ironia. Narratário.
Crítica literária.
45
LUÍS ANTONIO CAJAZEIRA RAMOS À LUZ DE
ÍTALO CALVINO: LEITURA DO POEMA ELEGIA
Érica Azevedo Santos (Mestranda/PPgLDC/CAPES/UEFS)
Convidado para realizar, no ano letivo de 1985-1986, as
Charles Eliot Norton Poetry Lectures, Ítalo Calvino preparou
suas conferências sobre alguns valores da literatura os quais ele acreditava ser caros, que deveriam ser preservados no milênio
presente. Publicado, postumamente, As seis propostas para o
novo milênio: Lições Americanas (1990) propõe não somente
as especificidades da literatura que deveriam prevalecer, mas também um novo método de análise literária. É a partir desses
valores que será analisado o poema Elegia de Luís Antonio
cajazeira Ramos, buscando verificar quais das propostas de
Calvino se fazem presentes no texto e como o poeta trabalha.
Palavras-chave: Ítalo Calvino. Literatura. Análise literária.
46
PÁGINAS E CENAS: OLHOS QUE LEEM A MARGEM
DA BAHIA; DOCUMENTO E FICÇÃO
Josimeire dos Santos Brazil (Mestranda/PPgLDC/UEFS)
A leitura das narrativas literárias como meio de se entender
uma sociedade dá-nos a possibilidade de inferir sobre a
importância do discurso da arte para aquilo que se chama identidade de uma sociedade. Tal procedimento reforça a ideia
de compreensão das culturas, através de sua unidade de
formação com base nas suas expressões artísticas. Sendo assim,
é pertinente propor uma investigação crítica a respeito da literatura com outras artes. A literatura, segundo Sevcenko
(1983, p. 20), tem por compromisso maior a fantasia do que a
realidade, preocupando-se com o que poderia ou deveria ser a
ordem das coisas, mais do que com seu estado real. Corroborando com esse historiador, Samuel (1986, p. 10) diz
que a imaginação é a base geral de todas as formas artísticas,
ela é a matéria sobre a qual a arte trabalha, e, por ser
imaginativa, a arte é (quase) autônoma da realidade, embora esta continue presente no mundo autônomo da arte como base.
Isso porque, como imaginação, a arte transpõe sua imanência à
realidade, criando outra realidade possível. Sob estes
parâmetros procuraremos entender a manifestação artística baiana, pelo viés da arte fílmica e da escrita literária, dentro
dum determinado espaço ideológico de interconexão entre a
literatura e o cinema. Assim, o presente trabalho visa observar a representação da Bahia em seus aspectos humanos e sua
relação com a crença e a tradição da cultura em que se permite
aquilatar a relação do eu e do outro no espaço imaginário
representativo de um povo. Para além, busca-se examinar o ideal que aponta uma identidade revestida de preconceitos,
violência, corrupção e intolerância, assinalados num cenário de
subversão, território e memória. Tal estudo se dá através do
conto Mangue de Vasconcelos Maia e do documentário Comunidade do Maciel: Há uma gota de sangue em cada
poema, de Tuna Espinheira.
Palavras-chave: Literatura. Representação da Bahia. Identidade.
47
CRÍTICA LITERÁRIA CLARICEANA: POR UMA
PERSPECTIVA COMPARADA
Juliana Andrade de Moraes (Mestranda/UNEB)
O presente artigo tem como proposta fazer uma comparação
entre os críticos literários de Clarice Lispector, verificando o
que estes destacam na obra clariceana, em foco contos extraídos dos seguintes livros da escritora: Laços de Família,
Felicidade Clandestina e A via Crucis do corpo. Para tanto
utilizamos como objeto de análise autores como Nunes (1995);
Sá (1979); Manzo (2001); Colasanti (1998); Bedasee (1999); Barbosa (2001); Nolasco (2004) e também convocamos para o
debate autores aliados da literatura comparada como Miranda
(1998); Cevasco (2003); Santiago (1998); Link (2000);
Carvalhal (2003; 1998; 1991) Cunha (1998) entre outros que nos amparam nesta discussão comparativista. Com isso,
esperamos verificar quais os tons do texto clariceano
destacados pela crítica literária, enfim como se deu a recepção
de Clarice pelos críticos literários.
Palavras- chave: Literatura Comparada. Crítica Literária.
Clarice Lispector.
48
A QUESTÃO CULTURAL E A FORMAÇÃO DA
IDENTIDADE NACIONAL EM A LITERATURA
AFORTUNADA DE AFRÂNIO COUTINHO
Juliana Cordeiro de Oliveira Silva (Graduanda/PROBIC/UEFS)
Prof. Dr. Claudio Cledson Novaes (Orientador/UEFS)
O objetivo deste trabalho é retomar as diferentes maneiras como a identidade nacional e a cultura brasileira foram
consideradas no projeto de crítica literária de Afrânio
Coutinho. Nossa preocupação inicial é compreender como
estas questões culturais são implantadas. É interessante ressaltar que a problemática da cultura brasileira tem sido e
permanece, até hoje, uma questão política. Nesse sentido, as
reflexões de Coutinho (1965) debatem dentro dessa
perspectiva, enfrentando um problema que se tornou clássico na discussão da cultura brasileira: o de sua autenticidade.
Veremos como os conceitos de nacionalidade, autenticidade e
memória se estruturam atualmente no interior da sociedade
brasileira, pois na medida em que o capitalismo atinge novas formas de desenvolvimento, têm-se novos tipos de organização
intelectual. Problematizaremos as formulações de Coutinho à
luz de teorias da crítica cultural contemporânea como as de
Ortiz (2006), fazendo um contraponto entre as concepções desses autores.
Palavraschave: Identidade nacional. Cultura brasileira. Literatura.
49
DE ESQUECIDO A EXALTADO, DE LOUCO A GÊNIO:
OS VAI-E-VENS DA CRÍTICA SOBRE SOUSÂNDRADE
Juliana Pacheco Oliveira Neves (Graduanda/UEFS) Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (Orientador/GELC/UEFS)
No século XIX, quando escreveu sua obra, o poeta Joaquim de
Sousa Andrade, o Sousândrade, não foi reconhecido, passando como poeta menor para a crítica e para o pequeno público que
teve acesso à sua obra. Os críticos tradicionais do início do
século XX seguem com a opinião do século anterior e
menosprezam a produção Sousandradina diante da de seus contemporâneos do Romantismo. Com o modernismo, o poeta
é resgatado por Augusto e Haroldo de Campos, que
reconhecem nos versos características que até então não eram
valorizadas, elevado a condição de gênio incompreendido e sua obra é relançada, propiciando novos estudos. Esses novos
estudos se dividem em opiniões tão diversas quanto as que já
haviam sido feitas nos anos anteriores. Nesse trabalho,
propõem-se um levantamento dessas críticas, bem como uma análise de como elas se relacionam ao momento em que foram
feitas. Além disso, é levantada a questão sobre como a leitura
da obra de Sousândrade é influenciada por essa contraditória
recepção crítica.
Palavras-chave: Sousândrade. Crítica literária. Recepção
crítica.
50
PASSEIOS PELA CONCISÃO: PROPOSTA PARA UMA
LEITURA DE “MANHÃ CINZENTA”, DE OLNEY
ALBERTO SÃO PAULO Maria David Santos (Mestranda/PPgLDC/FAPESB/UEFS)
Prof. Dr. Claudio Cledson Novaes (Orientador/UEFS)
Neste estudo analisamos a narrativa de ―Manhã cinzenta‖ (1966), do escritor e cineasta baiano Olney Alberto São Paulo,
publicada no livro A antevéspera e o canto do sol – contos e
novelas (1969). A análise procura estabelecer um diálogo entre
os aspectos sócio-político e cultual de um Brasil pós-1964, representados no conto, e a estética da concisão proposta por
Italo Calvino, em seu livro Seis propostas para o novo milênio:
lições americanas (1990), contrapondo a discussão com o
estudo deste tema realizado por Sônia Maria van Dijck Lima, em seu livro Concisão: sétima proposta para este milênio
(2008). O texto de Olney São Paulo estabelece um diálogo com
a teoria da concisão, ao traduzir para o literário alguns traços
da linguagem cinematográfica na fundação do discurso narrativo intersemiótico. A concisão das imagens no texto
resulta no hibridismo da linguagem literária com as técnicas
cinematográficas no conto, ou seja, as sugestões de cortes nas
sequências ressignificam as imagens das frases e parágrafos, fechando cada fragmento narrativo do texto literário com os
recursos característicos da mudança de planos do discurso
cinematográfico. Nas imagens em movimentos do conto, a narrativa traduz de forma concisa a diversidade de elementos
sociais e culturais com os quais o autor dialoga, produzindo
uma escrita antropofágica com traços da intertextualidade e da
interdiscursividade que atualizam o significado das imagens já estabilizadas na tradição do modernismo.
Palavras-chave: Literatura. Cinema. Olney Alberto São Paulo.
―Manhã cinzenta‖. Concisão.
51
VIAGENS DE ÍNDIOS BRASILEIROS E NEGROS
AFRICANOS À EUROPA: RETRATOS DO EXÓTICO
NO VELHO MUNDO Maria David Santos (Mestranda/PPgLDC/FAPESB/UEFS)
Prof. Dr. Claudio Cledson Novaes (Orientador/UEFS)
Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (Orientador/GELC/UEFS)
Tem-se por finalidade neste trabalho o estudo sobre as viagens
de índios brasileiros à Europa, descrita e fundamentada pelo
historiador e literato Afonso Arinos de Mello Franco no seu
texto intitulado ―Viagens de índios brasileiros à Europa‖, um dos capítulos de O índio brasileiro e a Revolução Francesa:
origens brasileiras da teoria da bondade natural (2000), para a
partir daí traçar uma relação comparativa com o negro africano
também retratado como ―o exótico‖ símbolo resultante do processo de colonização portuguesa na primeira narrativa do
conjunto de três, que compõe o romance Periferias (1999) do
escritor galego Carlos Quiroga.
Palavras-chave: Afonso Arinos de M. Franco. Índio brasileiro.
Periferias (1999). Negro africano. O exótico.
52
A CULTURA BAIANA DO VALE DO SÃO FRANCISCO:
JACUBA DE WILSON LINS
Maurício de O. Santos (Graduando/PIBIC/CNPq/GELC/UEFS) Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho (Orientador/GELC/UEFS)
Moldados pelo cânone literário e pelos discursos hegemônicos das
representações - sejam estas literárias, jornalísticas, políticas ou historiográficas -, ao pensarmos em ―cultura baiana‖, somos
facilmente levados a vislumbrar em nosso imaginário um cenário
representativo do sertão, do recôncavo, do litoral ou da zona
cacaueira baiana, desconhecendo ou omitindo outras regiões como formadoras do que seria esta ―identidade cultural da Bahia‖. Longe
do ―eixo‖ de maior visibilidade e representatividade do estado
baiano, figura a região do Vale do Médio São Francisco, cuja
importância sócio-econômica e cultural apesar de pouco conhecida e respaldada oferta diversos elementos de uma identidade local
ímpar. É na obra de Wilson Lins, mais precisamente no folhetim
Jacuba de 1941 e no diálogo entre esta narrativa e seu ensaio
sociológico O Médio São Francisco: uma sociedade de Pastores e Guerreiros (1952), que encontraremos uma representação literária
desta região. Filho daquelas terras, Wilson Lins de Albuquerque
(1919-2004), voltou o seu olhar para as coisas do Vale, para as
águas e margens do Rio São Francisco, suas cidades ribeirinhas, e principalmente, suas gentes, seus costumes, seus sabores, suas
lutas, seus mitos e crenças, sotaques, histórias e cantos, suas vidas:
a vida do Vale. Já o título ―jacuba‖ remete a um prato típico do povo do São Francisco, mistura simples e forte de rapadura café e
farinha, alimento fundamental na dieta dos remeiros; remeiro,
figura central da obra que com seus músculos viabiliza a economia
do lugar, movendo as barcas pelo Velho Chico, e que com sua voz leva as notícias, causos e lendas às gentes ribeirinhas; sobre as
barcas: casas móveis que cruzam o rio, o remeiro inscreve o Vale
como região rica e enriquecedora da cultura baiana. Como afirmou
o autor: ―O São Francisco é um mundo que precisa ser redescoberto‖.
Palavras-chave: Cultura baiana. Identidade cultural.
Representação.
53
ALÉM DA HISTÓRIA: OS RECURSOS
METADISCURSIVOS NA INVENÇÃO/REINVENÇÃO
DOS PERSONAGENS EM O RETRATO DO REI Mônica Naiara P. da Silva Santos (Mestranda/PPgLDC/FAPESB/UEFS)
A mescla de ficção e factualidade é o alicerce que sustenta a trama construída por Ana Miranda em O retrato do rei. O
Brasil em um processo de crescimento acelerado das
desigualdades sociais é o cenário, tanto em termos políticos e
econômicos, quanto em termos sociais. Os eventos que antecedem e culminam na Guerra dos Emboabas servem de
pretexto para apresentar o tipo de homem que nasce desse
território em crise. Assim, o objetivo proposto neste trabalho é
identificar e analisar os recursos metadiscursivos empregados na (re) construção dos personagens, desde aqueles que são
citados nos compêndios da História até aqueles que emergem
na ficção para questionar as reticências deixadas pelas
narrativas ―oficiais‖. Para compreender as relações Literatura-História, além das questões relativas à metaficção e ao
metadiscurso os seguintes autores se fazem presentes na
composição deste trabalho: Hunt (1992), White (2001),
Hutcheon (1991), Fairclough (2001), Holanda (1989).
Palavras-chave: Literatura-História. Metaficção.
Metadiscurso.
54
A MEMÓRIA DE IRECÊ ATRAVÉS DE PERIÓDICOS
Nathielly Gadelha da Silva (Graduanda/PIBIT/CNPQ/GELC/UEFS)
Profa. Dra. Maria da Conceição P. Araújo (Orientadora/GELC/IFBA) Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho(Orientador/GELC/UEFS)
O trabalho “Memória Cultural de Irecê Através de Periódicos”
visa resgatar a memória cultural de Irecê e cidades circunvizinhas. O Boca do Inferno se torna, portanto objeto de
estudo, impresso na cidade de Uibaí (antiga Canabrava do
Gonçalo), localizada no noroeste do Estado da Bahia. Sua
população está em torno de 13.655 habitantes, segundo a contagem do IBGE de 2010. O caderno cultural teve treze anos
de existência, publicado entre os anos de 1998-2011, sendo as
publicações divididas em versões impressa e on-line, 37 e 66
respectivamente, tendo como editor chefe Alan Oliveira Machado, ele nasceu em Uibaí em 1968, estudou Letras na
Universidade de Goiás onde ingressou no mestrado em
Literatura em 2011, mais tarde, em 2009, concluiu o mestrado
em Estudos de Linguagem na Uneb, campus Salvador. Os textos do Caderno Cultural se dividem em dois níveis: o
político e o literário, sendo esse último subdividido em prosa e
poesia e tendo, em ambos, como cenário a própria cidade de
Uibaí e textos semelhantes ao conteúdo crítico de Gregório de Matos Guerra. A publicação das edições não eram regulares.
As versões impressas, as quais tenho 25 cópias, no presente
momento, estão catalogadas, lidas e quase todos os textos identificados. Este número não corresponde ao número da
edição Sendo que a versão on-line ainda não passou por esse
processo.
Palavras-chave: Literatura. Periódicos. Irecê.
55
A CONCEPÇÃO DE CULTURA DE AFRÂNIO
COUTINHO N’O IMPARCIAL DA BAHIA
Patrike Wauker Pereira da Silva (Graduando/GELC/UEFS) Prof. Dr. Adeítalo Manoel Pinho(Orientador/GELC/UEFS)
O presente trabalho busca demonstrar a concepção de cultura
que o teórico e crítico literário baiano Afrânio Coutinho deixou no jornal O Imparcial da Bahia. Assim, essa discussão se dará
através de textos do já citado escritor como A questão da
cultura, Actualidades de Shakespeare, Alma para o mundo e O
valor da cultura coletados pelo orientador desta pesquisa, Adeítalo Manoel Pinho, na sua tese de doutorado Uma história
da literatura de Jornal: O Imparcial da Bahia. Buscar-se-á
também intercalá-los com os de outros autores como A idéia de
Universidade e as idéias das classes media, de Otto Maria Carpeaux. E, além disso, demonstrar como a concepção de
cultura de Afrânio Coutinho se encaixa na sua produção
posterior na área da crítica literária. Para isto, além dos textos
já citados de Coutinho, se consultará outras obras dele como, por exemplo, Introdução à literatura no Brasil e Crítica e
poética. Então, através do cumprimento desses objetivos se
poderá obter uma melhor compreensão do pensamento de
Coutinho.
Palavras-chave: Literatura de Jornal. Otto Maria Carpeaux.
Afrânio Coutinho. Crítica Literária.
56
NARRATIVAS ORAIS: DISCURSO E
QUESTIONAMENTO CULTURAL
Paulo Roberto Costa da Silva (Mestrando/CAPES/UNEB)
Diferentes maneiras de pensar e agir tem sido expostos através
da memória, da fala e dos modos de vida. Ideologias, discursos
dominantes e de resistências tem sido tematizados por meio de lendas, causos, cantigas e contos, mostrando que há várias
formas de se conceber e se entender o mundo. A partir disso, o
presente trabalho busca fazer uma leitura interpretativa de
narrativas orais na zona rural de São Felipe-BA, procurando compreender como estas narrativas, enquanto manifestações
humanas apresentam sinais que permitem vislumbrar vozes que
subvertem um discurso dominante. Com isso, esta proposta não
só sinaliza os espaços de poder e as relações de força, mas também, aponta como estas podem ser minadas a partir da
desordem proposta pela face subversiva presente nas narrativas
orais.
Palavras-chave: Narrativas orais. Discursos. Espaços de
poder.
57
O NARRADOR-ENSAÍSTA EM A CAVERNA
DE JOSÉ SARAMAGO
Ricardo Thadeu Guimarães Souza (Especializando/UEFS)
Este trabalho analisa a presença de um narrador-ensaísta na
obra A Caverna, do escritor português José Saramago,
resgatando elementos da estrutura narrativa com o intuito de identificar elementos que delineiem esse narrador. Faz também
uma breve análise do enredo do romance, expondo de maneira
clara como a fala das personagens e o diálogo com os fatos
participam do conjunto estético da obra, fazendo eco à voz de um narrador onisciente de perfil ensaístico, característica
relevante nessa obra do escritor lusitano.
Palavras-chave: Saramago. Narrador. A Caverna. Crítica literária.
58
O CONQUISTADOR: UM ENTRELAÇAMENTO
PARODÍSTICO ENTRE O TEXTO
HISTORIOGRÁFICO E O FICCIONAL Sinéia Maia Teles Silveira (Doutoranda/PUCRS/UNEB)
Almeida Faria, em sua obra intitulada O Conquistador (1990),
narra a história de Sebastião Correia de Castro, homônimo do décimo sexto rei português, Dom Sebastião (1554-1578),
desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir. A partir dessa
realidade histórica, a literatura portuguesa, ao longo dos anos, a
representa literariamente de forma mitificada, criando mitos nacionais, como o sebastianista, os quais acabam por se
incorporar à visão do país, sendo evocados sempre que ele
atravessa momentos difíceis, numa supervalorização de um
passado idealizado, sem se questionar a validade ou pertinência dessa perpetuação. E é justamente essa validade que é
interrogada por Faria, que empreende uma revisitação do
passado pelo viés crítico, muitas vezes parodisticamente, e a
partir desse enfoque, propicia uma reflexão sobre seu país, revisita sua história, evidenciando as profundas transformações
que marcam a história portuguesa. Ele faz uma reescrita e
reinvenção dessa história, questiona os fatos que servem de
pano de fundo e matéria para o romance, problematizando-os, interrogando sua legitimidade. Com base nessas conjecturas,
empreendemos a análise dessa obra com vistas a investigar se a
forma como o autor engendra a trama narrativa coopera para a desestabilização da identidade nacional portuguesa fundada
nesse passado histórico que ele revisita e oferece ao leitor,
como uma possibilidade de releitura do misticismo português,
desestabilizando a história oficial a partir de um diálogo entre a ficção e a historiografia. Empreendemos o estudo fazendo uma
interlocução entre o romance citado e as discussões feitas por
Eduardo Lourenço (2001), Gilbert Durant (1997).
Palavras-chave: Almeida Faria. O Conquistador. Imaginário
Português. Mitologia.
59
O SERTÃO DESLOCADO NO CONTO DE RONALDO
CORREIA DE BRITO
Thiago Lins da Silva (Mestrando/PPgLDC/CAPES/UEFS)
O vocábulo ―Sertão‖ é responsável pela construção de uma
série de narrativas que se movem em diversas dimensões,
formando universos singulares que encantaram e inquietaram nossos melhores ficcionistas. No tocante à obra do escritor
cearense Ronaldo Correia de Brito, o sertão ganha uma nova
dimensão humana e simbólica, desta vez amparada sobre
aspectos que desmistificam um cenário tido quase comumente como utópico e unificador de diferenças. A partir da leitura de
contos selecionados na coletânea Faca, publicada pela editora
Cosac Naiffy em 2003, tentaremos demonstrar como a ficção
de Brito começa a configurar singularmente o cenário sertanejo, mediante uma escrita que expõe dilemas e dramas
humanos.
Palavras-chave: Sertão. Literatura. Deslocamento. Ronaldo Correia de Brito.
60
A AULA DE ARTE-EDUCAÇÃO COMO ESPAÇO DE
REFLEXÃO CULTURAL
Wilson Sousa Oliveira (Mestrando/CAPES/UNEB)
O presente trabalho tem por pretensão analisar o ensino da
disciplina Arte-educação, instituída pela lei 9394/96, e discutir
o seu espaço no contexto escolar, não como mera disciplina em meio a tantas outras, mas como momento que oportuniza
reflexões múltiplas de diversas expressões culturais e artísticas,
de caráter libertário. Pretende-se, ainda, destacar a importância
do ensino de arte nas escolas, por considerar que essa disciplina ganha fundamental importância, quando propicia a
reflexão sobre os fazeres e expressões artísticas, contribui para
a elevação do espírito criativo, instiga a imaginação e, como
arte, tem em si, a potência de poder (re)ssignificar o mundo, atribuir novos valores e significados. Pretendo lançar mão das
ideias de educadoras como Rosa Ialvberg e Ana Mae Barbosa
como suporte teórico para este trabalho. Barbosa (1991, p.03),
afirma que "como a matemática, a história e as ciências, a arte tem domínio, uma linguagem e uma história. Se constitui,
portanto, num campo de estudos específicos e não apenas em
meia atividade [...]‖.
Palavras-chave: Arte. Cultura. Educação.