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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA
JOALANA ARAÚJO MACÊDO
O GEOPARQUE ARARIPE E O DESENVOLVIMENTO NO GEOSSÍTIO RIACHO DO MEIO
FORTALEZA
2014
JOALANA ARAÚJO MACÊDO
O GEOPARQUE ARARIPE E O DESENVOLVIMENTO NO GEOSSÍTIO RIACHO DO MEIO
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Geografia. Área de concentração: Análise geoambiental e ordenação do território nas regiões semiáridas e litorâneas. Orientação: Prof. Dr. Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro
FORTALEZA 2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Sistema de Bibliotecas
Macêdo, Joalana Araújo. O Geoparque Araripe e o desenvolvimento nogeossítio Riacho do Meio [recurso eletrônico] /Joalana Araújo Macêdo. – 2014. 1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol.
CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF dotrabalho acadêmico com 105 folhas, acondicionado emcaixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm).
Dissertação (mestrado acadêmico) – UniversidadeEstadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia,Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza,2014. Área de concentração: Análise geoambiental eordenação do território nas regiões semiáridas elitorâneas.. Orientação: Prof. Ph.D. Daniel Rodriguez deCarvalho Pinheiro.
1. Desenvolvimento. 2. Crescimento econômico. 3.Geoparque. I. Título.
AGRADECIMENTOS
À Deus pela vida e por colocar em minha vida pessoas tão especiais.
À minha mãe que sempre me apoiou nas decisões tomadas. Contar com o apoio e a
dedicação de alguém tão inspiradora me deu forças para seguir nos momentos mais
difíceis. Mostrando-me a importante de entender como é simples o segredo da
felicidade que ela descobriu no decorrer de sua vida.
À minha irmã pelo companheirismo, amizade e compreensão nas horas de angústia.
Compartilhando comigo a saudade de casa e o procurando sempre tornar os dias
mais leves com sua alegria contagiante.
Aos meus colegas de sala que tantas vezes me ajudaram no período de mudança
de cidade e Universidade, em especial, ao meu grande companheiro e parceiro de
todas as horas, Paulo Wendell.
As minhas amigas Tatiane e Soraia pela ajuda e o apoio nos momentos difíceis.
Durante o trabalho sempre me ajudavam a arranjar tempo para os afazeres do
mestrado.
A toda equipe do Geoparque Araripe, principalmente os gestores, que prontamente
me atenderam durante a pesquisa de campo.
Ao Prof. Josier Ferreira, que além de ter sido meu orientador na graduação, me
incentivou a fazer o processo seletivo para o mestrado e sempre me ajudou durante
os anos do curso.
Aos grandes amigos que deixei no Cariri, mas que continuam em meu coração e
que em tantos momentos foram meu apoio, em especial, Maria do Socorro, Isaac,
Mikaely, Suyanne, Larissa Donato e Paulo Gutemberg.
Sem esquecer os agradecimentos às pessoas que são parte da minha história, mas
que hoje não fazem mais parte da minha vida. A separação é uma dor com a qual se
aprende muito e que me ajudou a ser ainda mais forte.
Ao meu orientador, Prof. Daniel, pela paciência e compreensão ao logo desses anos
de trabalho.
A Capes pelo apoio financeiro durante o último ano de curso.
RESUMO
A pesquisa tem por objeto de análise a percepção dos moradores em relação ao desenvolvimento (SEN, 2000) proposto pelo Geoparque Araripe (HEZORG et. al.2008) no geossítio Riacho do Meio em Barbalha, CE. O Geoparque desenvolve atividades pautadas em estratégias de desenvolvimento. O objetivo da pesquisa foi investigar o desenvolvimento do Riacho do Meio, localizado em Barbalha, CE, a partir da implantação do Geoparque Araripe. Os objetivos específicos foram: identificar o nível de conhecimento das pessoas sobre o Geoparque Araripe; investigar se o desenvolvimento do Riacho do Meio está associado ao Geoparque Araripe; caracterizar os sinais de desenvolvimento associados ao Geoparque Araripe. A pesquisa é de natureza quantitativa, descritiva e exploratória. Os dados foram coletados por meio de observação direta registradas no diário de campo e questionários estruturados aplicados aos moradores da cidade. Análise de documentos produzidos pelo Geoparque Araripe. Depoimento oral dos moradores do Riacho do Meio. Os resultados mostram que o Riacho do Meio não apresenta indicadores empíricos de desenvolvimento após a implantação do Geoparque.
Palavras-chaves: Desenvolvimento. Crescimento econômico. Geoparque.
ABSTRACT
The survey's purpose is to analyze the perceptions of residents regarding the development (Sen, 2000) proposed by the Geopark Araripe (HEZORG et. al. 2008) in the Middle Creek geosite in Barbalha, CE. Geopark develops activities based on development strategies. The objective of the research was to investigate the development of the Middle Creek, located in Barbalha, CE, from the deployment Geopark Araripe. The specific objectives were to identify the level of knowledge of people about the Geopark Araripe; investigate whether the development of the Middle Creek is associated with the Geopark Araripe; characterize the signals associated with the development Geopark Araripe. The research is quantitative, descriptive and exploratory nature. Data were collected through direct observation recorded in the field diary and structured questionnaires to city residents. Analysis of documents produced by the Geopark Araripe. Oral testimony of the inhabitants of the Middle Creek. The results show that the Middle Creek presents no empirical indicators of development after implantation of the Geopark.
Keywords: Development. Economic growth. Geopark.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Localização do Geossítio Riacho do Meio no município de Barbalha. .. 14
FIGURA 2 - Distribuição dos membros da Rede Global de Geoparques. ................. 27
FIGURA 3 - Distribuição dos membros da Rede Europeia de Geoparques .............. 28
FIGURA 4 - Mapa de Localização das propostas avaliadas, em avaliação e programadas do Projeto Geoparques. ...................................................................... 31
FIGURA 5 - Localização do Geoparque Araripe ....................................................... 34
FIGURA 6 - Localização dos nove Geossítios que integram o Geoparque Araripe. Fonte: IPECE/IBGE (2010). Elaboração: Lima, 2014. ............................................... 39
FIGURA 7 – Foto do muro de escalada geológica. ................................................... 41
FIGURA 8 - Região Metropolitana do Cariri .............................................................. 44
FIGURA 9 – Imagem do Riacho que drena o geossítio Riacho do Meio ................... 48
FIGURA 10 – Mapa Geológico da área do geossítio e entorno no município de Barbalha, Ceará, Brasil. ............................................................................................ 49
FIGURA 11 – Mapa geomorfológico da área do geossítio e entorno no município de Barbalha. ................................................................................................................... 51
FIGURA 12 – Mapa fitoecológico da área do geossítio e entorno no município de Barbalha. ................................................................................................................... 52
FIGURA 13 – Fotografia de um exemplar de Samambaia-açu. ................................ 53
FIGURA 14 – Fotografia de um casal de Soldadinhos do Araripe A: macho. B: fêmea. ....................................................................................................................... 53
FIGURA 15 – Fotografias das placas de sinalização no Geossítio Riacho do Meio. 55
FIGURA 16 – Fotografias de atividades do Geoparque com Escola da Região utilizando o espaço do Geossítio. .............................................................................. 55
FIGURA 17 – Fotografias da Colônia de Férias 2012 com crianças da comunidade desenvolvendo uma oficina de bonecos com material reciclado. .............................. 56
FIGURA 18 - Legenda do questionário ..................................................................... 66
FIGURA 19 – Gráfico 1: Entendimento da definição oficial do Geoparque Araripe ... 68
FIGURA 20 – Gráfico 2: Entendimento da definição de Geoeducação ..................... 69
FIGURA 21 – Gráfico 3: Entendimento da definição de Geoconservação ................ 70
FIGURA 22 – Gráfico 04: Entendimento da definição de Geoturismo ....................... 71
FIGURA 23 – Gráfico 5: Participação nas oficinas propostas pelo Geoparque ........ 72
FIGURA 24 – Gráfico 6: Participação nos cursos propostos pelo Geoparque .......... 73
FIGURA 25 – Gráfico 7: Participação nas palestras propostas pelo Geoparque ...... 74
FIGURA 26 – Gráfico 8: Nível de conhecimento sobre Geoparque .......................... 75
FIGURA 27 – Gráfico 9: Nível de conhecimento sobre Educação Ambiental ........... 76
FIGURA 28 – Gráfico 10: Nível de conhecimento sobre Geoconservação ............... 77
FIGURA 29 – Gráfico 11: A limpeza do Riacho do Meio ........................................... 78
FIGURA 30 – Gráfico 12: A proteção contra o desmatamento no Riacho do Meio ... 79
FIGURA 31 – Gráfico 13: A principal fonte de renda das pessoas ............................ 80
FIGURA 32 – Gráfico 14: A contribuição do Geoparque para a renda das pessoas . 81
FIGURA 33 – Gráfico 15: A influência do Geoparque no desenvolvimento .............. 82
FIGURA 34 – Gráfico 16: O comportamento dos turistas no Riacho do Meio ........... 83
FIGURA 35 – Gráfico 17: A vinda de turistas no Riacho do Meio ............................. 84
FIGURA 36 – Gráfico 18: A contribuição dos turistas que visitam o geossítio para a renda das pessoas .................................................................................................... 85
FIGURA 37 – Gráfico 19: Opinião sobre incorporar o Riacho do Meio ao território do Geoparque Araripe .................................................................................................... 86
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Instrumento de coleta de dados consolidado e aplicado. ................... 65
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 18
3 CARACTERIZAÇÃO DO GEOPARQUE ARARIPE ........................... 25
3.1 O Geoparque no Brasil ................................................................. 30
3.2 O Geoparque Araripe ................................................................... 33
3.3 O município de Barbalha e o Geossítio Riacho do Meio .............. 42
3.3.1 Barbalha ................................................................................. 43
3.3.2 Geossítio Riacho do Meio ...................................................... 47
4 MATERIAL E MÉTODO ..................................................................... 58
4.1 Definindo a População de Interesse ............................................. 59
4.2 Escolhendo o Método da Coleta de Dados .................................. 59
4.3 Escolha da Estrutura da Amostragem .......................................... 60
4.4 Seleção de um Método de Amostragem ....................................... 60
4.5 Determinando o Tamanho da Amostra ......................................... 61
5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................ 67
5.1 Confiabilidade do instrumento de entrevista com escala Likert. ... 67
5.2 O conhecimento das pessoas sobre o Geoparque ....................... 68
5.3 A influência do Geoparque no desenvolvimento da comunidade . 79
6 CONCLUSÃO ..................................................................................... 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 92
ANEXOS .................................................................................................. 89
13
1 INTRODUÇÃO
Geoparque é uma área unificada com patrimônio geológico de
importância internacional, cujo patrimônio está sendo usado para promover o
desenvolvimento sustentável das comunidades locais que vivem em sua área
(UNESCO, 2012).
Este programa de abrangência internacional foi implantado no Brasil em
01 de dezembro de 2006, através do Decreto Estadual n° 28.506. O Governo do
Ceará considerando a importância do complexo geológico, paleontológico,
paisagístico, riqueza fossilífera do Período Cretáceo, dentre outros atributos de
relevante significado cultural criou-se as unidades de conservação de proteção
integral que compõem o Geoparque Araripe (GEOPARK, 2011, p. 14).
Desse modo, o Geoparque Araripe é um território de significativa
importância geológica, destacado pela sua rara beleza. Estes patrimônios da Terra
são parte de um conceito integrado de proteção, educação e estratégia de
desenvolvimento (HERZOG et. al, 2008, p. 65).
O Geoparque é composto por geossítios, no caso do Araripe são nove:
Colina do Horto; Cachoeira de Missão Velha; Floresta Petrificada do Cariri;
Batateiras; Pedra Cariri; Parque dos Pterossauros; Ponte de Pedra; Pontal da Santa
Cruz e Riacho do Meio. Para esse trabalho foi escolhido o Riacho do Meio,
Barbalha, CE, Brasil (7°18’20” S 39°18’9” O) como ilustrado na figura a seguir.
14
FIGURA 1 – Localização do Geossítio Riacho do Meio no município de Barbalha.
Dentre os geossítios o Riacho do Meio se destaca pelas características
naturais. No local há a surgência de fontes de água, conferindo ao lugar importância
hidrogeológica, além de apresentar uma vegetação densa e úmida que preserva
alguns exemplares da flora e da fauna nativas do Araripe.
Os geoparques são programas de incentivo ao crescimento econômico
das comunidades e, principalmente, de bem-estar. Para alcançar o desenvolvimento
(SEN, 2000) o Geoparque Araripe estabeleceu relações empíricas: o geoturismo, a
geoconservação e a geoeducação. A geoeducação é o desenvolvimento de
15
atividades de sensibilização, junto à população dos municípios onde os geossítios
ficam inseridos (LUCAS; GALVÃO, 2011). O geoturismo é um segmento de atividade
turística que tem o patrimônio geológico como seu principal atrativo (MOREIRA,
2010). A geoconservação visa à preservação da diversidade natural que tratam dos
aspectos e processos geológicos, geomorfológicos e de solo (SHARPLES, 2002
apud MANTESSO-NETO, 2007).
À medida que o Geoparque Araripe promove o desenvolvimento a partir
das estratégias de geoturismo, geoconservação e geoeducação, as pessoas que
moram no entorno dos geossítios, assim como nos municípios, devem ser as
maiores beneficiadas. Partindo dessa premissa, a pesquisa tem como pergunta
norteadora: qual a percepção comunal de desenvolvimento associado à implantação
do Geoparque Araripe?
A partir da proposta de desenvolvimento, o Geoparque Araripe promove
uma intervenção na Região do Cariri que necessita de um estudo aprofundado,
levando em conta a percepção das pessoas mais afetadas pela implantação desse
projeto.
A importância científica e cultural do espaço onde se localiza o Projeto
merece ser estudada e protegida, mas sem deixar de ser usada em benefício dos
municípios. No entanto, receia-se que a própria fragilidade institucional do processo
de desenvolvimento permita a apropriação de projetos como o Geoparque Araripe
por indivíduos, ou até mesmo por instituições, mas não pelas pessoas que vivem
nessas áreas que são o objetivo e objeto último de qualquer projeto de
desenvolvimento (OLIVEIRA; CHACON, 2009).
Para que esse fato não venha a se concretizar a produção científica é
indispensável, a fim de levar ao conhecimento da sociedade essas políticas, assim
os cidadãos serão capazes de intervir no processo e colocar a necessidade das
pessoas que vivem dentro do território apropriado pelo geoparque.
Como objetivo a pesquisa se propôs a investigar os indicadores de
desenvolvimento do Riacho do Meio, localizado em Barbalha, CE, a partir da
implantação do Geoparque Araripe. Considerando que a população que vive no
16
entorno do geossítio percebe a transformação capaz de beneficiá-los após a
implantação do programa.
Em seguida serão apresentados os objetivos específicos:
Identificar o nível de conhecimento das pessoas sobre o Geoparque Araripe;
Investigar se o desenvolvimento do Riacho do Meio está associado ao
Geoparque Araripe;
Caracterizar os sinais de desenvolvimento associados ao Geoparque Araripe.
Esta dissertação está dividida em cinco capítulos:
a) O primeiro capítulo, após a introdução, traz o referencial teórico que serviu
como base para as análises deste estudo;
b) No segundo capítulo apresentam-se o Geoparque a nível mundial, o
Geoparque Araripe e geossítio Riacho do Meio;
c) O terceiro capítulo descreve o método utilizado para desenvolver este
trabalho;
d) No quarto capítulo são apresentados e discutidos os dados obtidos, com
destaque à análise da proposta do Geoparque, das entrevistas e
questionários;
e) O sexto capítulo são as considerações finais.
Espera-se então, promover o debate acerca da proposta de
desenvolvimento do Geoparque Araripe, levando em conta a percepção das
pessoas mais afetadas pela implantação do projeto, tendo em vista que considerar o
modo como as pessoas percebem a atuação do Geoparque é algo fundamental para
entender como o projeto vem afetando-as. Neste contexto a percepção é entendida
como sendo a organização das informações transmitidas pelas sensações que
permite conhecer a realidade. Em tal organização há a intervenção de fatores
externos (movimento, intensidade e contraste do estímulo) e fatores internos
(biológicos - fome, sono, etc., e psicológicos - motivação, expectativa, etc.)
(MESQUITA; DUARTE, 1996). Esta perspectiva pode contribuir para outros
trabalhos que busquem investigar projetos de desenvolvimento.
17
Buscamos, ainda, entender a contribuição do Geoparque Araripe para o
desenvolvimento da localidade do Riacho do Meio e do município de Barbalha,
levando em conta suas estratégias de desenvolvimento que têm por base a
geoeducação, o geoturismo e a geoconservação. Além de procurar apontar
potencialidades do espaço e direcionamentos capazes de promover melhorias na
atuação do programa em estudo.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Desde o início do século XX o desenvolvimento constitui-se em tema de
estudos e debates. A partir de então tal conceito tem se deslocado das propostas
em torno do crescimento econômico para aprofundar-se no entendimento do
desenvolvimento ligado a melhoria da qualidade de vida e a importância da
sustentabilidade.
Para Veiga (2011) o tratamento dado a questão da sustentabilidade, hoje,
está carregada da preocupação em perpetuar a existência da espécie humana do
que propriamente com a preservação do planeta Terra ou da biosfera. Baseado na
preocupação com o futuro das gerações que estão por vir esse conceito assume um
caráter antropocêntrico. Mas para o autor, discutir a sustentabilidade está na
esperança de que a humanidade deixe de abreviar o prazo de sua inevitável
extinção se souber cuidar da biocapacidade dos ecossistemas dos quais depende.
Sobre o desenvolvimento, Veiga (2010) reforça que até início da década
de 1960 não havia necessidade de distinguir desenvolvimento de crescimento
econômico, tendo em vista que os países ricos e desenvolvidos eram os
industrializados e os pobres e subdesenvolvidos tinham uma industrialização ainda
no princípio ou nem existia. Com o surgimento de países em processo de
industrialização e intenso crescimento econômico não havia garantia que a
população tivesse acesso a bens materiais e culturais, bem como a saúde e
educação, como ocorrera nos países considerados desenvolvidos. Assim, surgem
debates acerca do sentido do vocábulo desenvolvimento.
Desse modo, tratar sobre desenvolvimento requer pensar além do
crescimento econômico da população. Levar em conta apenas o aumento do
Produto Interno Bruto (PIB) ou renda per capita de uma nação é desconsiderar o
bem-estar das pessoas (SEN, 2000).
19
Segundo Nogueira (2002) Amartya Sen conceitua o bem-estar
envolvendo uma distinção entre aspecto do bem-estar e o aspecto da condição de
agente do bem-estar.
O primeiro abrange as realizações e oportunidades do indivíduo no contexto de sua vantagem pessoal, enquanto o segundo vai além e examina as realizações e oportunidades também em termos de outros objetivos e valores, possivelmente extrapolando a busca do bem-estar do próprio indivíduo (SEN, 1999, p.74 apud NOGUEIRA, 2002, p. 114).
Veiga (2010) afirma que existem três tipos básicos de resposta à
indagação “o que é desenvolvimento?”. A mais frequente é tratar o desenvolvimento
como sinônimo de crescimento econômico. A segunda resposta é afirmar que o
desenvolvimento não passa de reles ilusão, crença, mito, ou manipulação
ideológica. A terceira seria mais bem representada pela afirmação de Celso Furtado:
O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população (FURTADO, 2004, p. 484 apud VEIGA, 2010).
Para reforçar a ideia de que crescimento econômico não significa
melhoria na qualidade de vidas pessoas, Furtado (1980) faz a seguinte colocação:
“É bem sabido que, mesmo nos países em que mais avançou o processo de
acumulação, parte da população não alcançou o nível de renda real necessária para
satisfazer o que considera como sendo necessidades elementares”.
No entanto, mesmo o acumulo de riqueza não devendo ser enxergado
como único indicador de desenvolvimento, o mesmo não pode ser desconsiderado
como parte do bem-estar das pessoas. Sobre isso, Sen (2000) considera a
importância dos rendimentos como parte de uma boa qualidade de vida. O alerta é
para que os ganhos não seja o único fator levado em conta para considerar um país
desenvolvido.
20
Furtado (2008) destaca que “A acumulação é apenas o vetor que permite,
mediante a inovação, introduzir as modificações no sistema de produção e nas
estruturas sociais que chamamos de desenvolvimento”. E concluiu seu pensamento
afirmando que “Desenvolvimento é, portanto, um processo de recriação das relações
sociais que se apoia na acumulação. ”
Além de negar o desenvolvimento como sendo sinônimo do crescimento,
Sen (2000) coloca que o papel do desenvolvimento “é a eliminação de privações de
liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer
ponderadamente sua condição de agente”.
O termo “agente” é usado pelo autor:
No sentido de alguém que age e ocasiona mudança e cujas realizações podem ser julgadas de acordo com seus próprios valores e objetivos, independentemente de as avaliarmos ou não também segundo algum critério externo. O papel da condição de agente do indivíduo como membro do público e como participante de ações econômicas, sociais e políticas (interagindo no mercado e até mesmo envolvendo-se, direta ou indiretamente, em atividades individuais ou conjuntas na esfera política ou em outras esferas) (SEN, 2000, p. 33).
Veiga (2010) traz o pensamento de Amartya Sen, no título
“Desenvolvimento como liberdade”, ao retratar que “a expansão da liberdade é o
principal fim e o principal meio do desenvolvimento, o que consiste na eliminação de
tudo o que limita as escolhas e as oportunidades das pessoas”.
Partindo de tais considerações é que desde a década de 1990 o
desenvolvimento de um país é medido pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)1 e
publicado no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH). Este relatório foi criado
1 O IDH é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde.
21
pelo paquistanês Mabub ul-Haq, e seu colaborador Amartya Sen, juntamente com
outros pensadores do desenvolvimento (PNUD, 2010).
Os próprios idealizadores do Relatório do PNUD reconhecem a
necessidade de pensar o desenvolvimento de um país a partir da “liberdade
humana”. A liberdade como indicador de desenvolvimento é um ponto central a ser
considerado, pois no momento em que as pessoas passam por privações e/ou
ausência de liberdade, elas perdem seu papel de agentes no processo de decisão
sobre seu próprio destino (PNUD, 2010).
Para Sen (2000) a liberdade é o principal fator que leva ao
desenvolvimento. Para haver desenvolvimento é preciso remover as principais
fontes de privação de liberdade das pessoas, por exemplo: pobreza, falta de
oportunidades econômicas, negligência dos serviços públicos.
Citando ainda o mesmo autor, às vezes a ausência de liberdades
substantivas tem relação direta com a pobreza econômica, pois tira a liberdade das
pessoas de saciar a fome, de morar de modo apropriado, de ter acesso à água
tratada e saneamento básico. A violação da liberdade também é resultante, em
alguns casos, da negação de liberdades políticas e civis, que impedem a
participação na vida social, econômica e política.
Diante da necessidade de tornar o processo de medir o desenvolvimento
de um país mais abrangente é que em 2010 o Relatório do PNUD introduziu três
novas médias – que registram a desigualdade multidimensional, as disparidades de
gênero e a privação extrema. Mas já fazendo uma projeção os RDHs futuros
precisarão incorporar problemas ainda mais difíceis, como a sustentabilidade, a
desigualdade e os conceitos mais amplos de capacitação (PNUD, 2010, p. v).
Considerando o grande número de fatores a serem levados em conta
para medir o desenvolvimento fica cada vez mais claro que não adianta apenas
possuir recursos financeiros, é indispensável saber aplicá-lo. Furtado (2004) coloca
que:
22
Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento (FURTADO, 2004).
Por isso, idealizar um projeto que se propõe a promover o
desenvolvimento deixando de fora considerações sobre bem-estar humano, que
está pautado nas realizações e oportunidades pessoais de cada pessoa e também
no coletivo (SEN, 2000), não condiz com a proposta de crescimento dos dias atuais.
Assim, o geoparque foi pensado com o objetivo de atender a demanda de proteção
do meio ambiente, mas sem deixar à margem as pessoas que vivem nestes
ambientes.
Para atingir tal objetivo o Geoparque Araripe estabelece suas relações
empíricas: o geoturismo, a geoeducação e a geoconservação.
O geoturismo é um segmento da atividade turística que tem o patrimônio
geológico como seu principal atrativo e busca sua proteção por meio da
conservação de seus recursos e da sensibilização do turista, além de promover a
divulgação desse patrimônio e o desenvolvimento das ciências da Terra
(NASCIMENTO; RUCHKYS; MANTESSO-NETO, 2007).
O geoturismo é considerado como uma forma sustentável de
desenvolvimento, já que parte do pressuposto da promoção de atividades de
incentivo ao conhecimento do patrimônio ambiental para estimular a exploração
econômica desse recurso, mas sem o esgotamento do mesmo por falta de cuidados
e pelo manejo inadequado (MOREIRA, 2010).
Para o Geoparque a definição operacional do geoturismo é “o conjunto de
atividades turísticas que respeitam os princípios da educação, conservação
ambiental e sustentabilidade” (GEOPARK, 2011).
Dentro da proposta do Geoparque Araripe, esse segmento da atividade
turística é a promoção do crescimento econômico das pessoas, a entrada de
recursos financeiros e o aumento do rendimento das pessoas para que elas
23
usufruam do ambiente natural sem destruí-lo (GEOPARK, 2011). No entanto, se faz
necessário conhecer os recursos para poder explorá-los de forma adequada a não
esgotá-los.
A educação é indispensável ao processo de desenvolvimento. Paulo
Freire (1999) em seu ensaio “Educação com prática da Liberdade” entende a
necessidade de uma educação para a decisão, para a responsabilidade social. É
preciso respeitar a liberdade do educando. Acreditar no homem e que ele não só é
capaz como deve discutir os seus problemas; os problemas do seu país, do seu
continente e do mundo.
Acreditando nessa capacidade é que a educação é uma das bases do
geoparque. Para que as pessoas tomem decisões e ajudem na implantação do
projeto visando à qualidade de vida delas mesmas é preciso que conheçam o
ambiente onde vivem e principalmente saibam o que propõe o geoparque.
A disseminação desse conhecimento acontece através da geoeducação
que é acima de tudo considerar que os múltiplos processos do espaço geográfico
educam e reeducam de forma permanente. A natureza, a cidade, o campo, assim
como suas paisagens educam. Da mesma forma o trânsito, as fábricas e bancos, as
casas, ruas e praças educam e constroem toda uma interação de ensino-
aprendizagem (OLIVEIRA, 2012).
O geoparque trabalha a geoeducação através de estratégias que visam o
desenvolvimento de atividades de sensibilização, junto às pessoas que vivem no
entorno dos geossítios, assim como, nos territórios das cidades onde ele está
inserido (LUCAS; GALVÃO, 2011).
A definição operacional de geoeducação trabalhada pelo Geoparque está
associada a educação ambiental que “é saber da importância de se preservar o
meio ambiente e utilizar os recursos naturais de forma sustentável” (GEOPARK,
2011).
Com o conhecimento e a exploração controlada dos recursos há a
promoção da geoconservação que visa à preservação da diversidade natural (ou
24
geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos (substrato),
geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, pela manutenção da evolução
natural desses aspectos e processos (SHARPLES, 2002 apud MANTESSO-NETO,
2007).
A geoconservação é definida operacionalmente, segundo o Geoparque,
como sendo promoção do uso sustentável dos recursos naturais e a proteção do
patrimônio geológico (GEOPARK, 2011).
Visando a perpetuação do patrimônio que conta a história da Terra o
geoparque promove a proteção e uso sustentável desses recursos. A exploração se
torna controlada para que os recursos naturais continuem protegidos da
degradação, mas a população possa continuar fazendo uso dos espaços para retirar
o seu sustento (HERZOG et. al. 2008).
O desenvolvimento está relacionado com a liberdade que as pessoas
desfrutam no que diz respeito às oportunidades de crescer economicamente e ter
acesso a serviços como saúde e educação, no intuito de aumentar o bem-estar
(SEN, 2000). Mas, isso deve estar aliado à proteção e ao conhecimento do meio
onde vivem.
25
3 CARACTERIZAÇÃO DO GEOPARQUE ARARIPE
A questão ambiental vem sendo foco de vários encontros, conferências e
debates por todo o mundo. Durante a Conferência Rio ECO 92, realizada pela
Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, no Rio
de Janeiro, em 1992, a proteção e preservação ambiental ganharam destaque
transformando-se em palavras chaves nos roteiros de desenvolvimento compostos
sob a denominação de AGENDA 21 (COSTA F., 2008).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente a AGENDA 21 pode ser definida
“como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades
sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção
ambiental, justiça social e eficiência econômica”.
A Agenda 21 estabelece seus objetivos e diretrizes de criação como
instrumento de planejamento:
A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e complementar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e subregionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não-governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados (CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1992).
Após o Rio ECO 92 e a AGENDA 21 houve iniciativas para o
reconhecimento de sítios de interesse científico. Com o apoio da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), através da
Divisão de Ciências da Terra, foi lançado um programa para conservação do
26
patrimônio geológico, A Rede Global de Geoparques Nacionais – The Global
Network of National Geoparks – visando valorizar e proteger espaços que
conservem testemunhas da história da Terra.
A UNESCO começou a fazer parte dessa iniciativa em 1999, quando o
geoparque foi um projeto da própria entidade (documento 156 EX/11 Rev, UNESCO,
1999). No entanto, em 2001, na sessão 166 do Conselho Executivo, a maioria dos
delegados decidiu “não prosseguir com o desenvolvimento de um programa de
geoparques da UNESCO, mas, ao invés disso, dá apoio aos esforços individuais
que os Estados-Membros julgassem apropriados” (UNESCO, 2012, p. 1).
Hoje a UNESCO dá apoio às iniciativas de criação de geoparques
nacionais que se encontram sob a coordenação da Rede Global de Geoparques ─
Global Geopark Network (GGN), segundo a própria GGN (2014), “The aim is that
members from across the network assist these aspiring territories in their
development and membership bids, in order to ensure the overall high quality of
services that the network insists on.”
A GGN foi criada em 2004 seguindo o modelo europeu de troca de
experiências entre seus membros e dando subsídios para a cooperação e
intercâmbio entre especialistas e profissionais em património geológico. Sob a égide
da UNESCO e através da cooperação com os parceiros da rede global são
reconhecidos sítios geológicos locais e nacionais.
A Rede Global de Geoparques conta com 100 Geoparques distribuídos
em 29 países até setembro de 20132 (figura 2).
2 Na lista em anexo pode-se ver a distribuição dos geoparques no mundo e o ano de admissão na GGN.
27
FIGURA 2 - Distribuição dos membros da Rede Global de Geoparques. Fonte: globalgeopark.org (2014)
28
As Redes são um importante instrumento de interação entre os territórios
que utilizam o patrimônio geológico para promoção do desenvolvimento
socioeconômico sustentável, pois permite aos territórios que fazem parte delas
compartilharem objetivos e metodologias e possibilitando a troca de experiências e
realização de atividades em comum. (MODICA, 2009).
Além da Rede Global, há a Rede Europeia de Geoparques - European
Geoparks Network (EGN), que serviu de modelo para a GGN, criada em 2000
composta por 4 territórios: a Reserva Geológica de Haute - Provence, na França; a
Floresta Petrificada de Lesvos, na Grécia; o Geoparque Vulkanaifel na Alemanha e o
Geoparque do Maestrazgo, na Espanha. Em 2013 contava com 58 geoparques
distribuídos em 21 países europeus representados na figura a seguir.
FIGURA 3 - Distribuição dos membros da Rede Europeia de Geoparques Fonte: europeangeoparks.org (2014)
29
A EGN tem por objetivo principal “to support its members to bring
sustainable territorial development to the geopark by using that territory’s geological
heritage, primarily through the development of geotourism.” (EGN, 2014).
Outra organização em rede é a Rede de Geoparques da Ásia-Pacífico -
Asia Pacific Geoparks Network (APGN) - fundada em 2007 na Primeira Conferência
da Ásia-Pacífico no Langkawi Geopark, na Malásia. O principal objetivo estabelecido
pela APGN é:
To provide a networking platform between stakeholders of established geoparks and geosites (for those without a geopark) with stakeholders of geoheritage3 sites to facilitate the establishment of future geoparks and improve geoheritage and geoparks governance (APGN, 2014).
Esta Rede é composta por 7 países: Austrália, China, Irã, Japão, Coréia,
Malásia e Vietnã e conta com 32 geoparques.
Existem também redes de geoparques que não possuem o selo da
UNESCO, mas que são reconhecidos nacionalmente por atenderem as normas e
especificações de seu país. A Alemanha e a China são exemplos de países com um
grande potencial em Geoparques Nacionais.
Seguindo o modelo de rede, foi criada no Brasil, em dezembro de 2009, a
Rede de Geoparques do Brasil (RGB) durante o I Encontro Brasileiro de
Geoparques, realizado em Crato, Ceará, Brasil, reunidos na II Mostra Nacional de
Desenvolvimento Regional, promovida pelo Ministério da Integração Nacional. Os
principais objetivos para criação da Rede é dar apoio à criação de novos
geoparques no Brasil e promover a interface junto às redes regionais (Rede
Europeia de Geoparques e Rede Ásia-Pacífico de Geoparques) e à Rede Global de
Geoparques.
3 Geoheritage: heritage – herança; traduzido literalmente: geoherança.
30
Sob os auspícios do mesmo Ministério, os membros da RGB criaram o
Grupo de Trabalho de Geoparques do Brasil (Working Group on Brazilian) para
implementação da Rede de Geoparques do Brasil.
Com vistas à oficialização da RGB está sendo redigida uma minuta para
dar andamento ao processo. Quanto ao Grupo de trabalhos foi elaborada
internamente uma minuta de Portaria Interministerial pelo Ministério da Integração e
encaminhada ao Ministério do Turismo, mas não houve até o momento informações
quanto à oficialização.
3.1 O Geoparque no Brasil
O Projeto Geoparques do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), criado em
2006, desempenha o papel introdutor para implantação de Geoparques no Brasil.
Esse projeto tem como premissa básica a identificação, levantamento, descrição,
inventário, diagnóstico e ampla divulgação de áreas com potencial para futuros
geoparques no território nacional (SCHOBBENHAUS; SILVA, 2010, p. 6).
Para o desenvolvimento desse trabalho é levado em conta o acervo de
levantamentos geológicos existentes no País e a participação de profissionais
experientes que compõem o corpo técnico da empresa, além do aporte de estudos e
propostas da comunidade geocientífica. Em alguns casos, essa atividade indutora é
feita juntamente com universidades e outros órgãos ou entidades federais, estaduais
ou municipais que tenham interesses comuns, em acordo com as comunidades
locais.
O trabalho do Serviço Geológico do Brasil atua em consonância com a
Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), criada em
1997. A SIGEP ocupou-se pela primeira vez no Brasil da identificação, avaliação,
descrição e publicação de sítios do Patrimônio Geológico, em sintonia com o World
Heritage ou Patrimônio Mundial da UNESCO. Esta é a iniciativa mais importante e
31
abrangente no movimento pela conservação do patrimônio geológico nacional, à
qual deverá se somar agora a nova iniciativa representada pelos Geoparques
(SCHOBBENHAUS; SILVA, 2012, p. 15). Em 2012 a SIGEP havia referendado 167
sítios, com 119 publicados em volumes impressos ou na internet4.
Na publicação do primeiro volume do “Geoparques do Brasil: propostas”
de 2012 o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apresentou a descrição de 17
propostas de Geoparques. Mas entre os avaliados, em avaliação e programados
somam um total de 28 áreas5 com potencial para se tornarem geoparques indicadas
na figura 4.
FIGURA 4 - Mapa de Localização das propostas avaliadas, em avaliação e programadas do Projeto Geoparques. Fonte: CPRM, 2012
4 A figura com a localização destas áreas encontra-se em anexo. 5 Tabela em anexo.
32
A ação introdutória desenvolvida pela CPRM necessita da posterior
criação de uma estrutura de gestão do geoparque e outras iniciativas
complementares que deverão ser propostas por autoridades públicas, comunidades
locais e interesses privados agindo em conjunto.
Para completar o processo e receber o selo de Geoparque reconhecido
pela UNESCO deve haver a candidatura à Rede Global de Geoparques. O
geoparque aspirante encaminhará um dossiê (application dossier) ou documento de
candidatura à Divisão de Ciências Ecológicas e da Terra (Division of Ecological and
Earth Sciences) da UNESCO. A proposta será submetida a uma avaliação que inclui
uma visita in loco de auditores indicados pela UNESCO.
Mas a participação na Rede Global de Geoparques não é para sempre,
são seguidas algumas etapas para renovação do selo:
Com o intuito de verificar que sejam mantidos os requisitos de qualidade requeridos para fazer parte da Rede Global, os parques da GGN são avaliados a cada quatro anos. A avaliação desenvolve-se em duas fases:
a) a apresentação de um relatório e b) uma visita por parte de dois avaliadores (geralmente dois profissionais de outros geoparques).
Nessa avaliação são considerados: • progressos na proteção do patrimônio geológico e da paisagem; • gerenciamento; • desenvolvimento do Geoturismo; • atividades de informação e educação; • impacto sobre o desenvolvimento econômico sustentável do território; • participação ativa na vida da Rede.
Depois da visita in loco, os dois avaliadores relacionam por escrito à Assembleia Geral que podem emitir um Cartão Verde (Green Card) se os progressos alcançados são bons e os requisitos são mantidos, um Cartão Amarelo (Yellow Card) se o geoparque tem alguma coisa para melhorar, ou um Cartão Vermelho (Red Card) no caso em que os requisitos sejam
perdidos e for necessária uma expulsão da Rede. (MODICA, 2009, p. 25).
Esse modelo de avaliação permite que o Geoparque em avaliação possa
corrigir possíveis transgressões, no caso do cartão amarelo, resultando numa
tolerância as exigências do programa que por se tratar de um processo novo para
33
preservação do patrimônio natural, nem sempre é bem compreendida de início pelos
novos membros.
3.2 O Geoparque Araripe
O único Geoparque do Brasil reconhecido como membro da Rede Global
de Geoparques está localizado na porção cearense da Bacia Sedimentar6 do
Araripe, Nordeste brasileiro, entre as coordenadas geográficas 39° 8’ a 39° 44’ de
longitude oeste e 7° 5’ a 7° 18’ de latitude sul. Seu território tem uma extensão de
3.796 km², abrangendo seis municípios: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão
Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri (figura 5).
6 “A Bacia Sedimentar do Araripe é uma sequência predominantemente mesozoica, localizada no extremo sul do Estado do Ceará, compreendendo ainda porções dos Estados de Pernambuco e Piauí, possuindo uma área próxima de 10.000 km2. É limitada pelas coordenadas geográficas: 38°30’ a 40°55’ de longitude oeste de Greenwich e 7°07’ a 7°49’ de latitude sul, sendo regionalmente inserida no conjunto geotectônico informalmente referido como, “bacias interiores do Nordeste”.” (SALES 2005)
34
FIGURA 5 - Localização do Geoparque Araripe
O Geoparque Araripe teve os primeiros estudos realizados por uma
equipe multidisciplinar da Universidade Regional do Cariri (URCA), orientada pelo
Prof. Dr. Gero Hillmer do Instituto e Museu de Paleontologia da Universidade de
Hamburgo, com apoio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) no
Estado do Ceará.
Em dezembro de 2005 o Governo Estadual do Ceará solicitou ao
Departamento de Ciências da Terra da UNESCO a inclusão do Geoparque Araripe
como membro da Rede Global de Geoparques. Depois da conclusão do relatório
técnico produzido a partir do levantamento geológico e paleontológico, foi feita uma
avaliação em campo por peritos da UNESCO. Assim o Geoparque Araripe foi
oficialmente reconhecido na Segunda Conferência Internacional de Geopaques da
UNESCO em Belfast, Irlanda do Norte, em 2006, passando a integrar a Rede Global
de Geoparques (HERZOG et al., 2008).
35
Em decorrência deste credenciamento foram definidas diretrizes para
estruturação territorial, a partir de um detalhado Plano de Ordenamento e
Estruturação do Geoparque Araripe, com sugestões da Missão de Avaliação da
UNESCO, onde foram estabelecidas ações de proteção e preservação ambiental
necessárias à consolidação deste conjunto de monumentos naturais protegidos que
é o Geoparque. Assim, foram definidas as respectivas infraestruturas a implantar,
além de programas vinculados onde se incluem ações quanto a:
a. Proteger e preservar os principais sítios selecionados, verdadeiras janelas
educativas da história da evolução do planeta Terra e da vida, e que incluem
sua delimitação e os estatutos legais de suas respectivas proteções estritas;
b. Proteger e preservar os ecossistemas naturais conexos e aspectos do
patrimônio da paisagem natural relevante da Bacia do Araripe;
c. Interagir com outros contextos relevantes já preservados da região, como a
Floresta Nacional do Araripe, primeira unidade de conservação da natureza
do Brasil, estabelecida em 1946;
d. Possibilitar contatos com registros arqueológicos próprios do povoamento
ancestral da região e característicos de cultura própria, até hoje imprecisos;
e. Intensificar relações com todo um espectro de atividades – científicas,
culturais, turísticas e econômicas – com ênfase na história evolutiva da Terra
e da vida, das ciências do ambiente e da natureza, das humanidades e da
cultura;
f. Validar as relações entre aspectos da história da ocupação do território, a
cultura regional e suas manifestações e as formas de apropriação dos
recursos naturais na região;
g. Proporcionar à população e aos visitantes e pesquisadores oportunidades de
compreender os contextos científicos de várias eras geológicas componentes
dos Períodos Devoniano, Jurássico e Cretáceo Inferior;
h. Organizar um programa de estruturação dos geotopes7 e do centro de
documentação e sede do Geopark8 Araripe;
7 Denominação antiga dos geossítios utilizado quando da criação do Geoparque, com posterior modificação após os relatórios de atualização do Dossiê de Candidatura de 2005 realizados em 2011.
36
i. Ordenar e estruturar cada um dos parques componente do Geopark Araripe
de acordo com a especificidade própria, a partir de projetos específicos de
ordenamento, estruturação territorial e tratamento paisagístico;
j. Modernizar, qualificar e ampliar a segurança do acervo do Museu de
Paleontologia de Santana do Cariri, como instituição âncora de referência do
Geopark Araripe;
k. Retomar as atividades e instalações do Projeto Bacia Escola9, em Santana do
Cariri, como elemento de suporte à pesquisa geológica e paleontológica da
Bacia Sedimentar do Araripe que conta com o apoio da Petrobrás. (COSTA
F., 2008).
Após a criação do Geoparque Araripe o conceito de geoparque passou a
ser mais discutido no Brasil. Mas, ainda é pouco conhecido e gera discussões,
principalmente, em relação à legislação ambiental, por não se tratar de uma Unidade
de Conservação (UC)10 que faça parte do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) instituído pela lei 9.985/2000.
Sobre tais discussões Boggiani (2010, p.1) coloca que:
O nome “parque”, atrelado à denominação, tem gerado discussões sobre as relações com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, lei na qual se regulamenta a criação de diversas categorias de unidades de conservação no Brasil assim como os seus planos de manejo. A primeira reação é a de que um geoparque não pode ser criado no Brasil, pois não há previsão dessa categoria no SNUC. O entendimento que se deve ter é a de que um geoparque não é uma unidade de conservação no sentido do SNUC
8 Denominação antiga atualizada para Geoparque após os relatórios de 2011.
9 O Projeto Bacia-Escola do Araripe é vinculado à Universidade Regional do Cariri e financiado pela Agência Nacional de Petróleo - ANP e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP. O investimento se destina à instalação de unidades de laboratórios, alojamento e refeitório em Santana do Cariri, assim como à aquisição de veículos, equipamentos geológicos e acervo bibliográfico (CEARÁ, 2002).
10 A Lei 9985/00 conceitua Unidade de Conservação como espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
37
e, por isso, não há necessidade de criação de categoria específica e nem uma legislação para geoparques no Brasil.
Nolasco (2009) afirma que “O geoparque não interfere com o SNUC,
algumas unidades de conservação são grandes parceiras do geoparque”.
Existem nas áreas do Geoparque Araripe entre os municípios de Santana
do Cariri, Nova Olinda, Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha, de modo
parcial, seis unidades de conservação da natureza: a Área de Proteção Ambiental -
APA do Araripe, a Floresta Nacional – FLONA do Araripe e quatro Monumentos
Naturais.
Sobre os Monumentos Naturais, a criação dessas unidades de
conservação se deu pela preocupação no planejamento do geoparque, que por ser
um programa que não existe na figura jurídica e legislação nacional, assumiu-se o
compromisso ao propor que quatro dos geossítios, por serem áreas públicas
pudessem ser, pelo poder público estadual, definidos como monumentos naturais
em obediência ao SNUC (HERZOG et. al., 2008).
E em 1º de dezembro de 2006, através do Decreto Estadual nº 28.506, o
Governo do Ceará considerando a importância do complexo geológico,
paleontológico, paisagístico, riqueza fossilífera do Período Cretáceo, dentre outros
atributos de relevante significado cultural, criou as unidades de proteção integral
Monumentos Naturais, que tem por objetivo preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica:
a. Pontal de Santa Cruz, em Santana do Cariri, que se refere ao
geossítio Pontal de Santa Cruz;
b. Sítio Cana Brava, situado também em Santana, que se refere ao
geossítio Parque dos Pterossauros;
c. Sítio Riacho do Meio, situado em Barbalha, que se refere ao
geossítio Riacho do Meio;
38
d. Cachoeira do Rio Batateira11, situado no município de Missão
Velha, referente ao Geossítio Cachoeira de Missão Velha.
Tem-se notícia de que, para a criação do Geoparque Araripe, foram
inventariados 59 sítios de relevância científica para a candidatura do Geopark
Araripe em 2005. Com a atualização desse inventário o Geoparque passou a ter 26
geossítios12, sendo que as políticas para o desenvolvimento foram direcionadas para
nove sítios (figura 6, mapa de localização dos geossítios).
11 Denominação presente no decreto, mas a denominação deste rio no município de Missão Velha é Rio Salgado, o Rio Batateiras é tributário do Salgado e localiza-se no município do Crato. (GEOPARK ARARIPE, 2011)
12 Tabela com a localização dos 26 geossítios em anexo.
39
FIGURA 6 - Localização dos nove Geossítios que integram o Geoparque Araripe. Fonte: IPECE/IBGE (2010). Elaboração: Lima, 2014.
40
O Geoparque Araripe é uma ação do Governo do Estado do Ceará,
representado pela Secretaria da Ciência e Tecnologia e a Universidade Regional do
Cariri (URCA), com o apoio do Governo Alemão, através do DAAD e do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 4ª Superintendência Regional. Foi
incorporado ao Programa Cidades do Ceará, desenvolvido pela Secretaria das
Cidades do Governo do Estado do Ceará com fomento e financiamento do Banco
Internacional de Recursos para o Desenvolvimento (BIRD) (COSTA F., 2008, p. 68).
Quanto à infraestrutura, o Geoparque possui um escritório central dotado
de espaço para arquivar documentos, realizar reuniões e eventos e dar suporte ao
trabalho do corpo gestor do Projeto. O Geoparque também conta com um Centro de
Interpretação e Educação Ambiental (CIEA) que recebe visitantes e realiza diversas
atividades com estudantes, turistas e a população da região, há no local uma
exposição sobre os Geossítios com informações dos municípios onde se encontram.
Algumas instituições foram incorporadas a área do Geoparque e
desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento do projeto, sendo os
principais: o Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, sediado na
cidade de Santana do Cariri, com um acervo composto por peças que registram
milhões de anos de informações sobre a formação da Terra e a evolução da vida no
planeta. A Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, na cidade de Nova
Olinda, que dispõe em seu acervo da cultura material e imaterial do homem Kariri,
lendas que são contadas para explicar formações rochosas e inscrições rupestres
existentes na Chapada do Araripe, além de achados arqueológicos como máscara,
urnas funerárias, machadinhas, instrumentos musicais, utensílios para preparo de
alimentos, fotos de sítios arqueológicos e mitológicos.
O Geoparque Araripe desenvolve ações de Educação Ambiental;
Conservação do Patrimônio Geológico; Desenvolvimento Regional; Geoturismo;
Comunicação; organiza e participa de eventos na área de atuação.
Na educação ambiental são desenvolvidas as seguintes atividades:
Geopark na Escola; Capacitação de Professores; Oficinas Educativas; Colaboração
no projeto Kit de Fósseis do Araripe desenvolvido pelo Departamento Nacional de
41
Produção Mineral (DNPM); Atividades com crianças com necessidades especiais e a
montagem de um muro de escalada ecológica (figura 7).
FIGURA 7 – Foto do muro de escalada geológica. Fonte: Geopark, 2011.
Para promover a conservação do patrimônio geológico o Geoparque
sinalizou os geossítios; elaborou um projeto de resgate de fósseis junto com o
DNPM; fez um projeto de conservação do patrimônio arqueológico e trabalha
cooperando na gestão de Unidade de Conservação da região.
As ações para o desenvolvimento da região são: Workshop de designer
para artesões locais; colaboração técnica com artesãos e parceria com os setores
de hotelaria e gastronomia.
42
As práticas de geoturismo baseiam-se em curso de condução de
visitantes, curso técnico de guia de turismo em parceria com o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC), elaboração de um manual operacional e
iniciativas para a inserção do Cariri como destino turístico do Estado do Ceará.
No intuito de divulgar as ações que desenvolve na região o Geoparque
investiu na reestruturação do Newsletter13 e do site geoparkararipe.org.br, fazendo
divulgações pelo rádio e a televisão, foi publicado o livro “Geopark Araripe: histórias
da terra, do meio ambiente e da cultura”, além de capacitação de jornalistas locais e
da equipe de comunicação e mídia do Geoparque.
A participação em eventos é indispensável para os Geoparques que
fazem parte de redes, sendo assim, o Geoparque Araripe organizou a 1ª
Conferência Latino-Americana e Caribenha de Geoparques ocorrida em 2010 na
cidade de Juazeiro do Norte. Participou de eventos como o I Simposio de
Geoparques y Geoturismo en Chile; II Congresso Nacional de Geoturismo; 5º Salão
de Turismo; 4º Encontro Nacional de Cidades Turísticas e Históricas; I Simpósio
Brasileiro de Patrimônio Geológico; 10th European Geoparks Conference; Taller
Regional – Geoparques: Uma alternativa para el desarollo local.
O intercâmbio também é uma prática do projeto trazendo consultores
internacionais; visitas técnicas aos geoparques candidatos; visitas técnicas à UCs da
região; visita ao Museo Del Desierto, México; auxílio ao Projeto Geoparque Caminho
dos Canyons no Estado de Santa Catarina e apoio ao Projeto Ciclo do Ouro –
Geoparque Guarulhos.
3.3 O município de Barbalha e o Geossítio Riacho do Meio
13 Boletim informativo.
43
3.3.1 Barbalha
O geossítio Riacho do Meio, do qual trata este trabalho, localiza-se em
Barbalha, um dos municípios que compõe a Região Metropolitana do Cariri (RMC)
criada através da Lei Complementar Nº 78 de 26 de junho de 2009. Além de
Barbalha a RMC é constituída pelos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Jardim,
Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri (figura 8) e
terá a responsabilidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum (CEARÁ, 2009).
45
A população residente nessa área é de aproximadamente 564.478
habitantes de acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 (IBGE, 2010).
Na Região Metropolitana do Cariri destacam-se os municípios que
compõem o denominado Triângulo CRAJUBAR – Crato, Juazeiro do Norte e
Barbalha – que se constituem em centros secundários no interior do Estado do
Ceará, concentrando a maior parte do contingente populacional e os maiores
indicadores socioeconômicos da região.
Barbalha localiza-se na mesorregião do Sul Cearense e na microrregião
do Cariri, sob as coordenadas 7° 18’ 40”S; 39° 18’ 15”WGr (IPECE, 2013). O
município está dividido em quatro distritos: Caldas, Arajara, Estrela e a sede
municipal, totalizando uma área de 569, 508 km² e uma população estimada para
2013 de 57.818 habitantes (IBGE, 2013).
Segundo o PNUD (2010), em 2010 Barbalha foi o 2.359º colocado no
ranking de municípios brasileiros com um Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) de 0.683, a renda chegou a 0.613, a educação 0.637 e a
longevidade obteve o melhor índice com 0.817.
O município possui um patrimônio cultural importante para o estado do
Ceará. Dentre as manifestações populares que mais atraem turistas estão: a festa
do Pau da Bandeira, os Penitentes, as Bandas Cabaçais e a Festa do Bom Jesus no
distrito do Caldas (GEOPARK, 2011). Além de relevante potencial em recursos
naturais, com a surgência de mais de 30 fontes de água natural e hipotermais.
Parte do município de Barbalha faz parte da Chapada do Araripe, que
segundo Souza et. al. (2000) está inserida entre os planaltos sedimentares
tabuliformes e cuestiformes – o domínio das bacias sedimentares paleomesozóicas.
A Chapada é constituída pelo Grupo Araripe que faz parte das Formações
Mesozóicas descrita por Souza et. al (op. 2000):
46
Conforme o Projeto RADAMBRASIL (1981), o Grupo Araripina (Cretáceo Inferior) é composto pelas Formações Missão Velha, Santana e Exu, ocorrendo na porção meridional do Estado. A Formação Missão Velha é constituída por Arenito micáceo de cor amarelo-avermelhada, granulação média e grosseira, com intercalações de siltitos e argilitos. Segundo o Projeto RADAMBRASIL (op. cit.), na região entre Crato e Porteiras, esta Formação exibe maior espessura, evidenciando uma sedimentação dirigida de leste para oeste durante a colmatação da bacia. A Formação Santana é constituída por siltitos, margas, calcários e folhelhos, com intercalações de gipsita. A Formação Exu possui uma sequência de arenitos com granulações média a grosseira, com intercalações de bancos conglomeráticos e siltitos. Exibe estratificação cruzada. Constitui a camada superficial que capeia a Chapada do Araripe.
A Chapada do Araripe apresenta o formato de uma mesa com o eixo
maior disposto de lesta a oeste e extensão na ordem de 170-180 km. De norte a sul
a largura não ultrapassa 70 km. A altimetria está em torno de 800-900 m. As feições
planas e com dissecação praticamente nula exibidas pelo relevo são mantidas pelos
arenitos da Formação Exu (SOUZA et. al., 2000).
Os rebordos são marcados por glint que se associam com folhelos,
concreções e argilitos da Formação Santana. No Araripe a morfogênese química é
verificada nas encostas, desse modo, o “brejo” é de encosta e de pé de serra. As
camadas sotopostas mergulhadas para leste favorecem a ocorrência dos cursos
d’água que drenam este setor da depressão periférica meridional do Ceará.
A outra porção do município está inserida nas depressões sertanejas.
Esta unidade geomorfológica tem níveis altimétricos inferiores a 400 m e engloba
cerca de 100.000 km², quase 70% do território estadual. Dispõem-se na periferia dos
grandes planaltos ou embutidos entre estes e os maciços residuais (SOUZA et. al.,
2000). São marcadas pela primazia de topografias planas ou levemente onduladas.
As depressões sertanejas expõem sua morfologia através dos
pedimentos que se inclinam desde a base dos maciços residuais, dos planaltos
sedimentares e dos inselbergs. O caimento topográfico é feito no sentido dos fundos
de vales e do litoral. Na maior parte do ano são submetidas às deficiências hídricas,
responsáveis pela dispersão das caatingas.
47
Dentre as características que individualizam o compartimento em análise, podem ser destacadas as seguintes: acentuadas variações litológicas; truncamento indistinto das litologias por processo de morfogênese mecânica; revestimento generalizado por caatingas que possuem pequena espessura do manto de alteração das rochas; ocorrência frequente de pavimentos e paleopavimentos; deficiente capacidade de erosão linear em face da intermitência sazonal dos cursos d’água, justificando a pequena amplitude altimétrica entre os interflúvios e os fundos de vales; ocorrência dispersa de inselbergs e cristas residuais nos setores de maior resistência litológica; desenvolvimento de áreas de acumulação inundáveis a jusante das rampas pedimentadas (SOUZA et. al., 2000).
O clima no município é tropical quente semiárido brando. A vegetação
apresenta carrasco, floresta caducifólia espinhosa, floresta subcaducifólia tropical
pluvial, floresta subcaducifólia xeromorfa e floresta subperenifólia tropical pluvio-
nebular, em parte protegida pela Área de Proteção Ambiental (APA) da Floresta
Nacional do Araripe. Barbalha encontra-se inserido na bacia hidrográfica do rio
Salgado (IPECE, 2013).
3.3.2 Geossítio Riacho do Meio
O Geossítio Riacho do Meio está situado na localidade de mesmo nome
dentro do Parque Ecológico Riacho do Meio, uma unidade de conservação instituída
pela esfera municipal que por sua vez faz parte da APA do Araripe. Podendo ser
georreferenciado pelas coordenadas 7°21’52”S e 39°19’52”W.
A localidade recebe este nome por possuir uma drenagem que passa pela
comunidade, como pode ser observado na figura 9.
48
FIGURA 9 – Imagem do Riacho que drena o geossítio Riacho do Meio
Geologicamente o geossítio está localizado na Formação Arajara
(PONTES; APPI, 1990 apud GEOPARK, 2011), como pode ser observado na figura
10, mapa geológico, a seguir. Não há afloramentos rochosos na área de modo que
não se pode ser confeccionado um perfil geológico. Entretanto, a Formação Arajara,
uma das menos estudadas unidades estratigráficas da Bacia do Araripe, é
constituída por ritmitos compostos por arenitos finos avermelhados e lamitos mais
escuros, com lentes intercaladas de arenitos médios a grossos informacionais
(ASSINE, 2008, apud GEOPARK, 2011, p. 147).
49
FIGURA 10 – Mapa Geológico da área do geossítio e entorno no município de Barbalha, Ceará, Brasil. Fonte: IPECE/IBGE (2010); CPRM (2003/2009). Elaboração: LIMA, 2014.
50
O geossítio encontra-se dentro das depressões sertanejas (figura 11,
mapa geomorfológico). Na região onde se localiza o Geoparque Araripe são
encontradas três feições geomorfológicas: a chapada, o talude e o pediplano
(MONTE’ALVERNE, 1996 apud GEOPARK, 2011).
O geossítio em estudo encontra-se nos pediplanos que rodeiam a
Chapada do Araripe. Estes constituem uma vasta depressão com cerca de 1.500
km², mostrando uma topografia com altitude média de 400 m.
A vegetação do geossítio é subperenifólia tropical pluvio-nebular (figura
12, mapa fitoecológico). Esse tipo de vegetação localiza-se sobre os setores mais
elevados das serras cristalinas e nas vertentes superiores, no Norte do Planalto da
Ibiapaba e da Chapada do Araripe (IPECE, 2010).
Os ventos úmidos e a altitude são os principais determinantes da
ocorrência dessa floresta, considerando-se ainda a importância da água subterrânea
cuja ressurgência nas encostas da Chapada do Araripe contribui para a
permanência da vegetação florestal.
Os principais condicionantes da ocorrência das florestas serranas são as
chuvas orográficas aliadas ao orvalho determinado pelo nevoeiro sobre os níveis
mais elevados.
A fisionomia da vegetação é semelhante tanto para as serras cristalinas
como para as sedimentares, no entanto, a composição florística apresenta
diferenças. As árvores têm caules retilíneos, espessos, cobertos, muitas vezes, com
liquens, orquídeas, samambaias e bromeliáceas alcançam 30 m.
Nesse ambiente cresce a Samambaia-açu ou Cyathea medulis (figura 13)
uma árvore pré-histórica, um fóssil vivo e que está ameaçada de desaparecer. Essa
floresta é o habitat do soldadinho do Araripe ou Antilophia bokermanni (figura 14),
espécie endêmica de pássaro que se encontra ameaçada de extinção.
51
FIGURA 11 – Mapa geomorfológico da área do geossítio e entorno no município de Barbalha. Fonte: IPECE/IBGE (2010); adaptação do RADAMBRASIL (1981); CPRM (2009). Elaboração: LIMA, 2014.
52
FIGURA 12 – Mapa fitoecológico da área do geossítio e entorno no município de Barbalha. Fonte: IPECE/IBGE (2010); adaptação da base da UFC/FUNCEME (2008). Elaboração: LIMA, 2014.
53
FIGURA 13 – Fotografia de um exemplar de Samambaia-açu. Fonte: pesquisa empírica,2012
FIGURA 14 – Fotografia de um casal de Soldadinhos do Araripe A: macho. B: fêmea. Fonte: soldadinhodoararipe.blogspot, 2010.
54
De acordo com a caracterização do Riacho do Meio, este não apresenta
grande destaque geológico, como é a proposta principal do Geoparque, mas possui
uma biodiversidade com exemplares da fauna e da flora importantes para a região.
Por tais motivos o tipo de turismo que melhor se adequa ao geossítio é o
ecoturismo. Segundo a Ecoturism Society, o ecoturismo é “Uma forma responsável de
viajar em áreas naturais, conservando o meio ambiente e proporcionando o bem estar
para os moradores das destinações” (LINDERBER & HAWKINS, 1993, apud
RUSCHMANN, 1999, p.73).
A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o ecoturismo como:
Um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações (OMT, 2001).
Para uma definição mais abrangente de ecoturismo:
Turismo que consiste na visitação de áreas naturais não contaminadas e isoladas com o objetivo específico de recreação, estudo e apreciação da paisagem, das plantas e animais, bem como qualquer manifestação cultural existente nestas áreas (CEBALLOS-LASCURAIN, 1993).
O Riacho do Meio é o geossítio que apresenta a melhor infraestrutura e
onde o Geoparque consegue desenvolver algumas atividades educativas como:
trilhas ecológicas, oficinas e recreação com escolas da região e alguns membros da
comunidade (figuras 15 a 17).
55
FIGURA 15 – Fotografias das placas de sinalização no Geossítio Riacho do Meio. Fonte: pesquisa empírica, 2012.
FIGURA 16 – Fotografias de atividades do Geoparque com Escola da Região utilizando o espaço do Geossítio. Fonte: pesquisa empírica, 2012.
56
+
FIGURA 17 – Fotografias da Colônia de Férias 2012 com crianças da comunidade desenvolvendo uma oficina de bonecos com material reciclado. Fonte: MACÊDO, 2012.
As atividades são desenvolvidas por uma equipe de profissionais
multidisciplinar que envolve pedagogos, geólogos, geógrafos, biólogos, jornalistas,
entre outros profissionais, que trabalham diretamente para o Geoparque Araripe.
Agrega, também, alunos da Universidade Regional do Cariri através de bolsas de
extensão ou mesmo como voluntários e membros de Organizações não
governamentais (ONGs) que atuam na região.
Os trabalhos e eventos são planejados pelos gestores que procuram
divulgar o Geoparque não só na região do Cariri, mas para o Brasil e no exterior. O
Geoparque Araripe, hoje, compartilha suas experiências com outros geoparques
aspirantes à Rede Global de Geoparques.
57
Embora, nem sempre haja investimentos suficientes e colaboração por
parte dos órgãos financiadores, a gestão do programa se esforça para promover
ações que causem impactos positivos nas localidades onde se encontram os
geossítios. Principalmente no intuito de promover o conhecimento sobre o
Geoparque Araripe que é primordial para desenvolvimento da região, dando
destaque as atividades educacionais que são basilares nesse processo.
O Geoparque enquanto uma proposta mundial vem crescendo e
mostrando resultados em diversos países, como é o caso da China e alguns países
europeus, que se adequaram tão bem à proposta e hoje contam com vários
Geoparques em seus territórios. Mostrando que o programa é viável e atinge os
objetivos de proteger e preservar os recursos naturais promovendo o
desenvolvimento das localidades onde se encontram.
No Brasil é perceptível o interesse de diversos estados em abrigarem
Geoparques. As candidaturas à GGN mostram que o país tem potencial para se
destacar e obter sucesso na consolidação desse programa em território nacional.
58
4 MATERIAL E MÉTODO
A proposta da pesquisa que deu origem a este trabalho foi investigar a
percepção dos moradores em relação ao desenvolvimento proposto pelo Geoparque
Araripe na localidade Riacho do Meio em Barbalha, CE. A pesquisa é quantitativa,
descritiva e exploratória. As categorias empíricas que descrevem o desenvolvimento
são: (a) bons rendimentos de atividades econômicas; (b) independência do
Programa Bolsa Família e Aposentadoria Rural; (c) geoeducação; (d) geoturismo; (e)
geoconservação.
As fontes de informações primárias e secundárias foram de três tipos:
a) visitas ao município citado e aos seus respectivos perímetros,
registradas num diário de campo e ilustradas por fotografias digitais;
b) relatórios produzidos pelo próprio Geoparque Araripe; URCA; IBGE;
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE);
c) entrevistas estruturadas (GÜNTHER, 2008) que foram aplicadas a um
total de 250 (duzentos e cinquenta) moradores do município de Barbalha.
Na primeira etapa da pesquisa, foram aplicados 12 questionários, num
universo de 17.445 habitantes (IBGE, 2013) no município de Santana do Cariri que
também faz parte do Geoparque e possui dois geossítios. Este número não se
juntou ao total de questionários aplicados à amostra em Barbalha, sendo realizado
apenas para testar o instrumento de pesquisa.
A técnica de amostragem consiste na delimitação de um subconjunto de
uma população, cujas informações geradas pelos dados coletados nessa amostra
são usadas para inferir coisas sobre toda a população (FIELD, 2009). Essa técnica é
aceita, pois se torna inviável ter acesso a todos os indivíduos de uma população de
pessoas ou coisas.
59
4.1 Definindo a População de Interesse
Quando a técnica de amostragem o primeiro passo é especificar as
características dos indivíduos que fornecerão os dados para dar origem às
informações que atenderão aos objetivos da pesquisa.
A população foco do interesse pode ser especificada em termos de
algumas características como base geográfica, demográfica ou mesmo de uso de
algum produto ou serviço.
No caso desta pesquisa, o foco de interesse são os moradores locais
(barbalheses) que vivem o mais próximo possível ao geossítio Riacho do Meio
(McDANIEL; GATES, 2003).
4.2 Escolhendo o Método da Coleta de Dados
A escolha do método de coleta de dados, no processo de amostragem,
tem impacto considerável sobre as etapas seguintes, uma vez que fazer as
perguntas aos entrevistados é a essência da abordagem do levantamento.
Dentre as alternativas de levantamento como entrevista com executivos,
de interceptação, por meio da entrevista porta-a-porta ou no próprio ambiente de
trabalho. A opção em que os entrevistados são inquiridos pessoalmente em suas
casas, já foi considerada o melhor método por diversos motivos (McDANIEL;
GATES, 2003, p. 201).
O uso deste método tem vantagens que se baseiam em alguns fatores. À
medida que as entrevistas acontecem pessoalmente, num ambiente familiar,
confortável e principalmente seguro, o pesquisador pode utilizar-se dos benefícios
destes aspectos, bem como da presença do entrevistado. Assim, é possível obter,
60
com relativa facilidade, o feedback do questionamento e também explicar alguns
pontos complicados do entendimento da pesquisa (McDANIEL; GATES, 2003, p.
202).
No caso particular de pesquisas feitas em áreas afastadas da sede
municipal, como é o caso desta em alguns momentos, muitas vezes é necessário
utilizar meios de transporte alternativos, como motocicletas ou carros de linha,
dificuldade está aliada aos imprevistos de se fazer uma visita não programada, que,
na visão de McDaniel e Gates (2003, p. 203), muitas vezes confere ao pesquisador
uma “audácia” para realizar seu trabalho.
4.3 Escolha da Estrutura da Amostragem
Uma etapa indispensável no processo de amostragem se refere à escolha
da estrutura da amostragem, fase onde acontece a seleção dos elementos da
população dos quais serão escolhidas as unidades a serem amostradas.
Neste caso, uma situação ideal seria uma listagem com os elementos
escolhidos na população. Todavia, como nem sempre é possível obter esta lista, é
necessário refletir sobre a estrutura da amostra representativa dos indivíduos que
poderão ter as características almejadas; para este caso, refletir sobre quais as
mudanças que os barbalhenses têm observado com a incorporação do Riacho do
Meio ao território do Geoparque Araripe.
4.4 Seleção de um Método de Amostragem
Para determinar a escolha do método da amostragem é necessária uma
série de condições, que entre outras englobam os recursos financeiros, objetivos do
61
estudo, limitação do tempo e da natureza do problema investigado. Os métodos de
amostragem são agrupados em duas classes principais: amostras probabilísticas ou
não probabilísticas, tendo cada uma suas vantagens e desvantagens (McDANIEL;
GATES, 2003).
Para Richardson (1999), em amostras não probabilísticas os sujeitos são
escolhidos por determinados critérios, os quais podem ser acidentais, intencionais
ou de seleção racional. O mesmo autor chama atenção para que, na prática, é muito
difícil que uma amostra intencional seja representativa do universo.
Em se tratando de amostras probabilísticas, ao escolher qualquer
elemento da população há uma probabilidade conhecida e o valor desta difere de
zero. Neste caso, o pesquisador precisa ater-se aos procedimentos de seleção para
evitar uma escolha contrária às regras estabelecidas. Se tais normas são seguidas
fielmente, é possível utilizar as leis da probabilidade para executar a etapa seguinte
que é determinar o tamanho da amostra.
4.5 Determinando o Tamanho da Amostra
Os fatores dos quais depende o tamanho da amostra e influenciam em
sua representatividade são: a amplitude do universo pesquisado, o nível de
confiança estabelecido, o erro de estimação aceitável e a proporção da
característica pesquisada no universo (BUSSAB; MORETTIN, 2003; RICHARDSON,
1999).
Quanto maior o tamanho da amostra (n), maior a precisão e,
consequentemente, o coeficiente de variação amostral tende a diminuir, porque um
aumento no tamanho desta reduz a variância da média amostral. Entretanto, alguns
aspectos relevantes e fundamentais para realização de pesquisas como estas
devem ser levados em consideração.
62
O processo para se estipular a dimensão da amostra probabilística
coaduna das questões estatísticas, demandas gerenciais e financeiras. Segundo
McDaniel e Gates (2003), amostras maiores têm custos maiores também. Em
contrapartida, fundos e tempo disponíveis são recursos, na maioria das vezes,
limitados.
É pertinente então analisar que os custos aumentam proporcionalmente
ao tamanho da amostra, mas o nível de erro decrescerá numa proporção bem
menor. Desta forma, cabe ao pesquisador avaliar a conveniência e priorizar a
precisão de um pequeno erro de amostragem ou confiar nos critérios estabelecidos,
considerando as limitações para a realização do trabalho.
McDaniel e Gates (2003, p. 398) ainda lembram que o tamanho da
amostra, em síntese, é geralmente determinado “de trás para frente”. Mediante o
orçamento disponível, o pesquisador toma as decisões ponderosas para executar
um trabalho conveniente com as condições disponíveis, mas que possua nível de
confiança apropriado. Neste caso então, o crucial não é o tamanho da amostra em
relação à população, mas se a amostra selecionada é representativa desta.
Normalmente, em pesquisas sociais, trabalha-se com um nível de
confiança de 95% e erro de 5%. Sobre a estimativa da proporção, Richardson (1999)
sugere que sendo, nas Ciências Sociais, muito difícil realizar tal estimativa de
proporção; se ela for de 50%, como aqui, configura-se como o caso mais
desfavorável, logo o tamanho da amostra deve ser maior.
Segundo a amplitude, o universo da amostra pode ser considerado finito
ou infinito. Consideram-se finitos aqueles que não superam as 100.000 unidades. O
cálculo para determinar o tamanho da amostra em universos finitos é dado pela
fórmula:
63
(RICHARDSON, 1999).
Para uma amostra probabilística, estipulando uma margem de erro de 8%,
nível de confiança de 95%, proporção de 50%, universo de 38.039 e ao utilizar o
cálculo acima (BUSSAB; MORETTIN, 2003; RICHARDSON 1999), onde:
n: tamanho da amostra
N: tamanho do universo. População urbana de Barbalha: 38.039 habitantes na zona
urbana. A proporção escolhida de 52%, que é a pior situação.
q: proporção complementar (1-p) de 51% e 49, mulheres e homens
E: erro de estimação permitido de 6,5%
σ – nível de confiança escolhido, em número de desvios (Z=1,96).
Temos então:
49,051,096,1)138039(065,0
49,051,096,138039 n
22
2
n = 225 entrevistas deveriam ter sido feitas em Barbalha para que a pesquisa
tivesse um erro de 6,5% para mais ou para menos. Foram feitas 250 entrevistas,
para que fosse possível usar os recursos da estatística descritiva.
64
A entrevistas em Barbalha foram feitas por três alunas da Universidade
Regional do Cariri, dois alunos de mestrado da Universidade Estadual do Ceará e
uma professora de geografia. As perguntas foram realizadas pelo entrevistador que
preenchia o questionário de acordo com a resposta do entrevistado.
O instrumento de coleta de dados (ICD) consolidado, quadro 1 a seguir,
possui a qualificação dos entrevistados, a classificação do entrevistado em classes
A, B, C, D e E e o grau de instrução do chefe de família. As respostas assentadas no
ICD foram conferidas em todos em que houve qualquer dúvida.
A pesquisa de que este caso faz parte é exploratória, documental,
descritiva de caso e tem como principal objetivo investigar o desenvolvimento do
Riacho do Meio, a partir da implantação do Geoparque Araripe. (PINHEIRO, 2011).
Para um adequado desenvolvimento, o procedimento metodológico
adotado foi a pesquisa bibliográfica e uma pesquisa empírico-analítica, tendo sido
entendida como mais apropriada aos objetivos do estudo, uma vez que avalia
proposições de planos, programas ou políticas, tentando apresentar problemas
organizacionais já identificados, apontando diagnósticos, enfocando o ambiente e
definindo os problemas como racionalização dos processos, introdução de
programas de qualidade etc. (PINHEIRO, 2011).
O diário de campo foi organizado tomando-se por base informações
colhidas durante os dois dias de visitas em maio e 2012, em que o coordenador da
pesquisa esteve em Barbalha e em dois municípios que também fazem parte do
Geoparque Araripe. Nesse período, foram visitados os geossítios: Colina do Horto
em Juazeiro do Norte, Floresta Petrificada e Cachoeira de Missão Velha em Missão
Velha e Riacho do Meio em Barbalha. A visita se estendeu ao escritório do
Geoparque Araripe e ao Centro de Interpretação e Educação Ambiental, ambos
localizados em Crato.
Os registros fotográficos foram feitos com câmara digital de resolução
superior a 8 megapixel e uma câmara de mine-dv.
65
CRITÉRIO DE INCLUSÃO: Somente serão entrevistadas as pessoas que moram na Cidade que faz parte do Geopark Araripe.
GEOPARQUE 0 1 2 3 4 5
1
O Geoparque é um território que possui riqueza geológica aliada a uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a região baseada em atividades de geoconservação, geoeducação e geoturismo.
Não sabe Discordo Discordo em parte
Não tenho opinião
Concordo em parte
Concordo
2 A Educação ambiental é saber da importância de se preservar o meio ambiente e utilizar os recursos naturais de forma sustentável.
Não sabe Discordo Discordo em parte.
Não tenho opinião.
Concordo em parte
Concordo
3 A Geoconservação promove o uso sustentável dos recursos naturais e proteger o patrimônio geológico.
Não sabe Discordo Discordo em parte.
Não tenho opinião.
Concordo em parte
Concordo
4
O Geoturismo é o conjunto de atividades turísticas que respeitam os princípios da educação, conservação ambiental e sustentabilidade.
Não sabe Discordo Discordo em parte.
Não tenho opinião.
Concordo em parte
Concordo
5 Na minha casa, sem o dinheiro da aposentadoria pelo FUNRURAL e/ou bolsa família, os ganhos (rendimentos) seriam:
Não sabe Péssimos Ruins Regulares Bons Ótimo
6 Na minha família, se o Geoparque não existisse, os ganhos (rendimentos) seriam:
Não sabe Péssimos Ruins Regulares Bons Ótimos
7 A contribuição do Geoparque para o desenvolvimento da comunidade é:
Não sabe Péssima
Ruim Regular Boas Ótima
8 A idéia de transformar Riacho do Meio em geoparque foi:
Não sabe Péssimo Ruim Regular Boas Ótima
GEOEDUCAÇÃO
09 Seu conhecimento sobre o Geoparque é: Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
10 Seu conhecimento sobre Educação Ambiental é:
Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
11 Já participei de uma oficina oferecida pelo Geoparque e achei:
Não participou
Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
12 Já participei de um curso de capacitação ofertado pelo Geoparque e achei:
Não participou
Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
13 Já participei de palestras ofertadas pelo Geoparque e achei:
Não participou
Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
GEOCONSERVAÇÃO
14 O seu conhecimento sobre preservação ambiental é:
Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
15 A limpeza do Geossítio é: Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótima
16 A proteção contra o desmatamento da vegetação no Geossítio é:
Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótima
GEOTURISMO
17 A vinda de turistas ao Geoparque é: Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótima
18 O comportamento dos turistas no Geoparque é:
Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
19 Os ganhos (rendimentos) deixados pelos turistas são:
Não sabe Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
QUADRO 1 – Instrumento de coleta de dados consolidado e aplicado.
66
Para análise e totalização dos dados foi utilizado o software SPSS
(Statistical Package for Social Sciences) versão 15, na aplicação de tratamento
estatístico de dados o Pacote Office 2010. Os dados foram digitados em colunas,
para cada pergunta do questionário, com valores iguais aos demonstrado na figura
18:
PARTE 1: Influência do Geoparque
PARTE 2: Conhecimento sobre Geoeducação,
Geoturismo e Geoconservação
Não sabe: 0
Discordo: 1
Discordo em parte: 2
Não tenho opinião: 3
Concordo em parte:4
Concordo: 5
Não sabe/Não participou: 0
Péssimos: 1
Ruins: 2
Regulares: 3
Bons: 4
Ótimos: 5
PARTE 3: Tempo de residência na cidade
PARTE 4: Escolaridade
Completa
Até 1 ano: 1
Mais de 1 ano: 2
Analfabeto: 0
Alfabetizado: 4
Fundamental: 9
Médio: 12
Superior: 16
Especialista: 18
Mestre: 20
Doutor: 24
FIGURA 18 - Legenda do questionário Fonte: Arquivo pessoal adaptado do SPSS
67
5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A descrição dos resultados preliminares foi feita construto a construto ou
variável a variável, com o objetivo de investigar o desenvolvimento do Riacho do
Meio, a partir da implantação do Geoparque Araripe. Entre os objetivos específicos
têm-se;
Identificar o nível de conhecimento das pessoas sobre o Geoparque Araripe;
Investigar se o desenvolvimento do Riacho do Meio está associado ao
Geoparque Araripe;
Caracterizar os sinais de desenvolvimento associados ao Geoparque Araripe.
Mas, antes de tratar sobre a descrição dos dados observou-se dois
aspectos sensíveis da pesquisa empírica. O primeiro foi o exame da confiabilidade e
o segundo foi de adequação da amostra.
5.1 Confiabilidade do instrumento de entrevista com escala Likert.
Os resultados preliminares são interessantes. Primeiro, o instrumento é
confiável. O Alfa de Cronbach foi 0,708. O Alfa de Cronbach baseado na
padronização dos itens foi 0, 787. Para FIELD (2009), uma escala é aceitável
quando o Cronbach é igual ou superior a 0,7.
O KMO (Kaiser-Meyer-Olkin medida de adequação da amostra) deve ser
superior a 0,5 (FIELD, 2009, p. 580). Nesse caso, o KMO foi 0,807. Portanto, a
amostra é adequada e pode-se fazer a análise fatorial exploratória dos dados.
68
Fre
quência
5.2 O conhecimento das pessoas sobre o Geoparque
O foco do geoparque é trabalhar diretamente com as pessoas que vivem
nos municípios onde se encontram os geossítios, para isso é importante que estas
tenham conhecimento do que é o Geoparque.
Analisando as respostas dadas pelos entrevistados à pergunta sobre a o
conhecimento de o Geoparque ser um território que possui riqueza geológica aliada
a uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a região baseada em
atividades de geoconservação, geoeducação e geoturismo, observada no Gráfico 1.
Percebe-se que mais de 60% concorda totalmente ou parcialmente com tal
definição, mostrando que as abordagens feitas para expor o projeto estão surtindo
efeito, isto pode ser explicado pelos trabalhos de divulgação feitos através da mídia
falada e escrita.
FIGURA 19 – Gráfico 1: Entendimento da definição oficial do Geoparque Araripe Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Fre
quência
69
Fre
quência
Quanto ao conceito de geoeducação associado a educação ambiental
como um saber da importância de se preservar o meio ambiente e utilizar os
recursos naturais de forma sustentável. O entendimento foi maior ainda, já que
86,4% concordam total ou parcialmente com a definição (Gráfico 2). Tal resultado
mostra que as informações sobre educação estão chegando de modo
compreensível as pessoas.
FIGURA 20 – Gráfico 2: Entendimento da definição de Geoeducação Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Ao explorar o conceito de geoconservação apresentado como sendo a
promoção do uso sustentável dos recursos naturais e a proteção do patrimônio
geológico, percebeu-se um estranhamento dos entrevistados, pois como mostra o
gráfico a seguir, 39,2% não souberam ou não tiveram opinião (Gráfico 3), isso pode
ter ocorrido pelo fato de a geoconservação não ser um assunto debatido com tanta
frequência.
Fre
quência
70
Em contrapartida, quase 60% concordou com a definição, isso pode ser
um indicativo de que atuação do Geoparque tem surtido efeito e as pessoas que
entenderam provavelmente tiveram acesso a essa informação através das iniciativas
do projeto.
FIGURA 21 – Gráfico 3: Entendimento da definição de Geoconservação Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Para promover o crescimento econômico a proposta do Geoparque é
incentivar o geoturismo, visando à exploração dos recursos naturais, principalmente
do patrimônio geológico, pelo turismo. Mas, para dar início às atividades ligadas a
atração dos turistas é necessário que as pessoas beneficiadas com as visitações
tenham conhecimento do que é o geoturismo.
Sobre o conceito de geoturismo ser é o conjunto de atividades turísticas
que respeitam os princípios da educação, conservação ambiental e sustentabilidade,
dentre os entrevistados 42,4% mostrou entender tal definição (Gráfico 4). Levando
em consideração a importância das atividades turísticas para aumentar os
Fre
quência
71
rendimentos das famílias, o número de pessoas que deveriam ter mais
conhecimento sobre o assunto precisaria ser bem maior para que houvesse sucesso
no desenvolvimento de tais atividades.
FIGURA 22 – Gráfico 04: Entendimento da definição de Geoturismo Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Sobre as estratégias voltadas ao aumento do conhecimento promovidas
pelo geoparque, apontamos a falta de participação das pessoas nas atividades
propostas no geossítio Riacho do Meio. Esse estranhamento é sugerido pelo fato de
80% dos entrevistados nunca terem participado de uma oficina proposta pelo
programa, em contrapartida dos 20% que participaram de oficina 17% afirmou ser de
boa a ótima a proposta de trabalho durante a atividade realizada (Gráfico 5).
Este quadro de não participação nas oficinas pode ser explicado pelo
número resumido de pessoas trabalhando no geossítio. Embora quem participe
goste das atividades, sem uma equipe com um número razoável de integrantes,
dentre estes: instrutores, guias e guarda-parques, fica complicado fazer a divulgação
das atividades, incentivar à participação e atender a maior parte do público alvo.
Fre
quência
72
FIGURA 23 – Gráfico 5: Participação nas oficinas propostas pelo Geoparque Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Para incitar a aproximação da comunidade ao geossítio, o geoparque
propõe cursos de capacitação, mas 90% dos entrevistados não participaram desse
tipo de atividade. No entanto, dos 10% que tiveram acesso mais da metade acharam
de bom a ótimo participar da ação realizada pelo programa (Gráfico 6).
Essa participação tão baixa em atividades educacionais, além de poder
ser explicada pela falta de pessoal para trabalhar, pode ainda expor uma confusão
entre a condição de parque ecológico no pretérito e a situação atual do parque
enquanto geossítio. Antes o espaço estava voltado apenas para receber os
visitantes, hoje apresenta atividades com foco educacional e assume um caráter
mais científico, podendo estar provocando um estranhamento das pessoas.
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FIGURA 24 – Gráfico 6: Participação nos cursos propostos pelo Geoparque Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Em se tratando de palestras 74% nunca estiveram presentes (Gráfico 7).
Porém, a frequência neste tipo de atividade se mostrou maior, visto que 26% dos
entrevistados já participaram de alguma ação do gênero, dessa parcela mais da
metade achou de boa a ótimo. Mesmo não atingindo um número ideal de
participantes, essa presença um pouco maior pode ser explicada pelo fato de
palestras serem atividades que demandam uma equipe menor para realização, ter
um tempo mais curto de duração e demandar menos material, do que cursos e
oficinas.
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FIGURA 25 – Gráfico 7: Participação nas palestras propostas pelo Geoparque Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
A falta de participação das pessoas nas atividades promovidas pelo
geoparque resulta no quadro representado no Gráfico 8, onde 50% dos
entrevistados julgarem ter um conhecimento de regular a péssimo sobre o
geoparque. Embora concordem com a definição de Geoparque apresentada no
primeiro questionamento, os entrevistados não julgaram suficiente o conhecimento
que possuem.
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FIGURA 26 – Gráfico 8: Nível de conhecimento sobre Geoparque Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
O conhecimento sobre educação ambiental, assim como o entendimento
sobre geoeducação, aparece como um conceito que faz sentindo para as pessoas,
tendo em vista que 86,8% parece entender o significado dessa expressão (Gráfico
9). No entanto, isso não significa que o geoparque tenha alguma influência sobre
esse fato, pois este é um tema bastante trabalhado por diversas fontes de
divulgação do conhecimento.
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FIGURA 27 – Gráfico 9: Nível de conhecimento sobre Educação Ambiental Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
O nível de conhecimento sobre geoconservação foi de regular a ótimo
com 74% das respostas (Gráfico 10). Concordando assim com o resultado para a
definição de geoconservação e mostrando que o trabalho de informar as pessoas
sobre esse conceito está surtindo efeito e popularizando essa definição.
Tendo em vista o avanço no nível de conhecimento das pessoas seria
interessante que o Geoparque passasse a trabalhar com atividades mais
impactantes, visando o aprofundamento sobre as características naturais
particulares do geossítio Riacho do Meio.
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FIGURA 28 – Gráfico 10: Nível de conhecimento sobre Geoconservação Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
A limpeza do geossítio está relacionado aos cuidados com o lixo; a situação
da limpeza e o acesso às trilhas ecológicas; a manutenção das estruturas físicas,
como: banheiros, cozinha e área de convivência; além do estado em que se
encontram as piscinas naturais.
Embora haja um bom entendimento e um elevado nível de conhecimento
sobre o conceito de geoconservação por parte das pessoas, 54% afirma não ter
conhecimento da limpeza no Riacho do Meio (Gráfico 11).
Os dados mostram que há um afastamento das pessoas, o parque ecológico
pertencia a comunidade, enquanto que o geossítio gerou um afastamento e o
sentimento de pertença ao lugar diminuiu consideravelmente.
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FIGURA 29 – Gráfico 11: A limpeza do Riacho do Meio Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Somado ao fato de 50% não saber em que estado se encontra a proteção
contra o desmatamento no geossítio (Gráfico 12), sugere-se que não há o hábito de
frequentar o Riacho do Meio e por isso, mesmo as pessoas tendo o conhecimento
teórico, o distanciamento do geossítio impossibilita a identificação dos indicativos da
conservação do ambiente na prática.
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FIGURA 30 – Gráfico 12: A proteção contra o desmatamento no Riacho do Meio Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
5.3 A influência do Geoparque no desenvolvimento da comunidade
Com o intuito de medir a influência do Geoparque no crescimento
econômico das pessoas que vivem nas áreas mais próximas do Riacho do Meio
foram analisadas algumas variáveis relacionadas aos indicadores de
desenvolvimento.
Para saber de onde vem a maior parte da renda das pessoas
entrevistadas perguntou-se: “Na minha casa, sem o dinheiro da aposentadoria pelo
FUNRURAL e/ou bolsa família, os ganhos (rendimentos) seriam:” Sobre isto, 61%
dos entrevistados afirmaram que a renda das suas famílias depende principalmente
de programas governamentais, como o bolsa família, ou mesmo do FUNRURAL
(Gráfico 13).
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FIGURA 31 – Gráfico 13: A principal fonte de renda das pessoas Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Ao serem indagados sobre a influência do Geoparque na renda das
unidades domiciliares, 35,6% afirmaram que seria bom ou ótimo se o Geoparque
não existisse (Gráfico 14). Este resultado pode ser explicado pela fala de alguns
moradores do entorno mais próximo do geossítio, que perceberam uma diminuição
na visitação do Riacho do Meio com a incorporação do parque ecológico ao território
do Geoparque, resultando no fechamento de alguns pequenos comércios e numa
queda considerável nas vendas de outros que ainda permanecem funcionando.
Os moradores do entorno mais próximo do geossítio relataram que a
visitação por parte dos banhistas diminuiu com a implantação do geoparque, pois
houve uma maior proteção da área e o público mais frequente são estudantes de
universidades e escolas. Segundo as pessoas, esse público gera menos lucro do
que os antigos frequentadores, já que não consomem alimentos e bebidas dos
comércios vizinhos ao geossítio e as visitas são curtas.
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FIGURA 32 – Gráfico 14: A contribuição do Geoparque para a renda das pessoas Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Somado ao fato de 34% não saberem a influência da criação do
geoparque no desenvolvimento do município pode-se concluir uma insuficiência das
estratégias de crescimento econômico desenvolvidas (Gráfico 15).
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FIGURA 33 – Gráfico 15: A influência do Geoparque no desenvolvimento Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
As estratégias para o crescimento econômico parecem ineficientes à
medida que a eficácia do geoturismo é questionável, já que 58% dos entrevistados
não têm conhecimento sobre o comportamento dos turistas (Gráfico 16).
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FIGURA 34 – Gráfico 16: O comportamento dos turistas no Riacho do Meio Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Somado ao fato de 44,8% não saberem opinar sobre a vinda dos turistas
ao Riacho do Meio, sugere-se que isso ocorreu pela provável ausência de turistas,
pois o que se observa em Riacho do Meio é a presença do excursionista (Gráfico
17). Por não haver qualquer tipo de hospedagem seja ela comunitária como
albergues ou individual, como hotéis e pousadas. Ressalta-se também a falta de
infraestrutura para acampamento.
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FIGURA 35 – Gráfico 17: A vinda de turistas no Riacho do Meio Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Se não há presença de turistas o mais provável é que a renda obtida com
os visitantes também não faça parte dos rendimentos das pessoas, como mostra o
gráfico 18, onde 62,4% optaram pela resposta “não sabe” a pergunta sobre a renda
obtida com os turistas.
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FIGURA 36 – Gráfico 18: A contribuição dos turistas que visitam o geossítio para a renda das pessoas Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
Embora a transformação do Riacho do Meio em geossítio apareça como
insatisfatória economicamente, 74% dos entrevistados afirmam que a ideia de
transformar o parque em geossítio foi de regular a ótimo, como aparece no gráfico
19. Essa aceitação pode ser explicada pelo bom conhecimento mostrado pelos
entrevistados sobre os principais conceitos que o Geoparque trabalha e divulga.
Enfatizando, que além do crescimento econômico as pessoas valorizam o
aprendizado que estão adquirindo e o esforço do Geoparque em contribuir para o
aumento do conhecimento científico das pessoas.
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FIGURA 37 – Gráfico 19: Opinião sobre incorporar o Riacho do Meio ao território do Geoparque Araripe Fonte: Tratamento SPSS pesquisa de campo
A falta de conhecimento expressa na resposta “não sei” durante as
entrevistas sugere que os trabalhos desenvolvidos pelo geoparque ainda são um
pouco imaturos. Apesar de pretenderem atrair as pessoas de forma convidativa,
ainda não há uma interação satisfatória com os moradores.
Os resultados obtidos com as estratégias de educação: oficinas, cursos
de capacitação e palestras, sugerem que embora haja pouca participação das
pessoas, os que comparecem acham interessantes as atividades que são
desenvolvidas. O que se observa é a pouca oferta de ações desse tipo, talvez pela
falta de um corpo de profissionais preparados para ministrar os cursos, oficinas e
palestras. Para atingir os resultados presumidos pelo projeto é preciso aumentar
essa oferta.
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6 CONCLUSÃO
Na intenção de concluir esta dissertação, serão feitas algumas
considerações a partir do que se pode observar durante o desenvolvimento do
trabalho.
Em resposta à pergunta de partida: “qual a percepção comunal de
desenvolvimento associado à implantação do Geoparque Araripe?” Que norteou a
pesquisa, chegamos a resposta de que as pessoas sabem da presença do
Geoparque, mas não percebem mudanças positivas relevantes no cotidiano.
Principalmente os moradores do entorno mais próximo do geossítio não identificam
indícios de desenvolvimento com a implantação do Geoparque no município.
A primeira constatação trata da necessidade de respeitar a liberdade das
pessoas para que elas desempenhem seu papel de agentes na conquista de uma
vida melhor e do bem-estar, pois tal ideia está intimamente ligada ao processo de
desenvolvimento.
Porém, o que se percebeu na área em estudo é que as pessoas não estão
sendo o foco do Geoparque, já que ainda apresentam dificuldade em entender do
que trata os principais conceitos do projeto, além de não conseguirem identificar na
prática ações que proporcionem melhores condições de vida, principalmente no
tocante ao crescimento econômico.
Concluiu-se que desenvolver atividades educativas voltadas a estimular o
aprendizado das pessoas e promover a capacitação, no intuito de formar
profissionais capazes de ter uma renda suficiente para manter suas famílias é
indispensável para o sucesso de um projeto que tem como principal proposta o
desenvolvimento.
No entanto, não foi isso que se verificou na situação apresentada, pois as
pessoas não estão participando das atividades que vem sendo propostas e não foi
identificada a influência do Geoparque nos rendimentos. Mostrando que as pessoas
88
não estão sendo capacitadas de modo satisfatório para atuarem como agentes no
desenvolvimento previsto com a implantação do Geoparque Araripe.
Verificou-se também uma imaturidade apresentada nos trabalhos
desenvolvidos que provém da pretensão em atrair as pessoas de forma convidativa
às atividades dentro do geossítio, ao invés de ir diretamente à comunidade. Não há
procura por se reunir com a associação de moradores que existe. Nem são
ofertados cursos dentro da comunidade para que os moradores tenham a liberdade
de se aproximarem por vontade própria do geossítio.
As pessoas ainda vêm o Riacho do Meio apenas como Parque Ecológico, um
projeto da Prefeitura Municipal. Não o associam a uma política do Governo Estadual
apoiada por uma entidade internacional para a valorização do lugar onde eles vivem.
O processo de implantação do Geoparque Araripe e do geoturismo como
alternativa ao desenvolvimento deve seguir todas as etapas de: planejamento,
políticas públicas, ordenamento e gestão, pois, cada uma destas tem sua
importância na transformação das potencialidades em um produto turístico. A sua
correta implementação dá-se através de uma organização profissional para a
definição e preparação de produtos e serviços (voltados aos consumidores,
comunidade e turistas), desde a pesquisa, elaboração/adequação e divulgação,
contando com constantes avaliações e revisões antes, durante e depois do
processo, para retificar e implementar melhorias em cada elemento que colaborará
para o êxito do crescimento econômico.
No entanto, é indispensável a participação da população em todas as
etapas do processo de planejamento e gestão da atividade. Dando amplo acesso às
informações, assim como à elaboração e avaliação das políticas públicas, planos,
projetos e programas de desenvolvimento, expondo problemas e aceitando
propostas de soluções.
A partir da pesquisa propõe-se ações que possuem características
comuns e dividem-se em três diretrizes, que são:
Não há desenvolvimento se:
89
a) Falta conhecimento das pessoas em relação ao Geoparque Araripe e suas
propostas;
b) Falta rendimentos, a partir de atividades voltadas ao crescimento econômico;
c) Não há investimento em obras de melhoria e melhor preservação do
geossítio.
d) As pessoas dependem, em sua maioria, da bolsa família e aposentadoria
rural;
Para incluir as pessoas no processo de desenvolvimento, sugere-se:
a) Informar e sensibilizar as pessoas para a importância da preservação dos
recursos naturais e sua exploração econômica através do geoturismo;
b) Promover atividades de formação e inclusão das pessoas nas atividades
ligadas ao Geoparque e a atração de turistas para o município;
c) Incentivar o empreendedorismo local com a criação de hospedagem
comunitária nas casas das pessoas que vivem no entorno do geossítio;
d) Valorizar a gastronomia local e com o incentivo para que as pessoas que
moram no Riacho do Meio sejam os fornecedores de alimentos aos visitantes;
Parceria com as empresas de hospedagem e alimentação para
capacitação e melhor aproveitamento da mão-de-obra local;
Para incrementar a proposta de desenvolvimento do Geoparque, propõe-
se:
a) Divulgar os atrativos do geossítio de uma maneira geral e dos eventos pouco
conhecidos, principalmente os que ocorrem nas imediações do Riacho do
Meio;
b) Disponibilizar transporte de qualidade viabilizando o acesso ao geossítio;
90
c) Aumentar a parceria com as empresas de hospedagem e alimentação para
melhor divulgação e atração de turistas;
d) Identificar novos atrativos naturais e culturais e inseri-los no roteiro turístico,
promovendo a renovação das atividades;
e) Capacitar as pessoas para receberem os turistas de modo satisfatório e
valorizando os atrativos locais.
Essas ações baseiam-se principalmente nas estruturas que já existem e
direcionam a maior parte dos esforços na qualificação profissional para confecção
de produtos e disponibilização de serviços para atração dos turistas. A constante
melhoria da infraestrutura e qualificação das pessoas é um ponto central para o
sucesso das ações, pois, além de beneficiar o visitante, desdobra-se ao morador
local, refletindo-se na qualidade de vida dos envolvidos.
Promover a integração entre os órgãos governamentais, não
governamentais, iniciativa privada e instituições de ensino, possibilita a convergência
entre as ações do poder público e das entidades da sociedade civil em prol da
melhoria do desempenho econômico do município de Barbalha, mantendo a
conservação do ambiente e a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
Por tanto, é indispensável perceber a demanda econômica e social das
pessoas. Levar em conta os anseios e expectativas, além da disposição para
melhorarem sua qualidade de vida. Mas, para que isso aconteça, elas precisam ter
oportunidade e liberdade para escolherem e buscarem os caminhos que vão levá-las
ao desenvolvimento.
Se não houver uma gestão que considere a participação das pessoas, o
processo de desenvolvimento fica inviável. As pessoas são o foco. O distanciamento
acarreta impasses para o sucesso das ações e políticas de consolidação do
programa. Os fatos se tornam preocupantes à medida que não é possível observar
mudanças significativas nas localidades mais próximas do geossítio e no município.
Em suma: o Geoparque Araripe é um projeto que apresenta suas bases
fundamentadas na inclusão das pessoas em um processo de desenvolvimento, mas
91
que não está dando oportunidade para que estas se manifestem. O equívoco de
impor atividades prontas gera o afastamento das pessoas, excluindo-as de um
processo que diz respeito a suas vidas e ao futuro.
Os objetivos da pesquisa foram atingidos a medida que foi possível
identificar com as entrevistas o nível de conhecimento das pessoas sobre o
Geoparque Araripe e sua atuação na região. Na grande quantidade de respostas
“não sei” percebe-se a fragilidade da atuação do programa para informar e capacitar
as pessoas com vistas a promoção do desenvolvimento. Quanto as respostas que
mostram certo nível de conhecimento, conclui-se que a proposta do Geoparque
surte efeito quando aplicada, no entanto ainda não chega a um número considerável
de moradores.
No intuito de investigar se há desenvolvimento no Riacho do Meio
associado ao Geoparque Araripe, percebeu-se, principalmente, com os indicadores
de renda que não há uma contribuição financeira relevante. No entanto, quanto a
educação, há um nível de conhecimento razoável que ajuda as pessoas a
entenderem a necessidade de conservar o meio, a partir da importância natural que
ele possui.
Os principais sinais de desenvolvimento associados ao Geoparque estão
no acúmulo de conhecimento dos moradores. Já que a educação é um indicador
indispensável para medir o desenvolvimento e a atuação do Geoparque nessa área,
embora não atinja um número ideal de pessoas, mostra que estão agindo de modo
acertado e só precisam intensificar as ações com um maior contingente de
profissionais capacitados para formar os moradores.
Para finalizar, a partir das análises feitas durante a pesquisa, a execução,
do objetivo central de investigar o desenvolvimento do Riacho do Meio, a partir da
implantação do Geoparque Araripe, procurou-se apresentar propostas que possam
auxiliar no desenvolvimento econômico/social o que permitirá dessa forma, além do
crescimento planejado e preocupado em preservar o ambiente, melhorar a qualidade
de vida das pessoas mais afetadas pelas transformações do espaço.
92
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90
ANEXO A – Geoparques que fazem parte da Rede Global de Geoparques apoiados
pela UNESCO.
As of September 2013, 100 Geoparks in 29 Member States are currently
members of the Global Geoparks Network assisted by UNESCO.
No. Geopark Name Designated
Year Country
1 Nature Park Eisenwurzen
2004
Austria 2 Huangshan Geopark
China
3 Wudalianchi Geopark 4 Lushan Geopark 5 Yuntaishan Geopark 6 Songshan Geopark
7 Zhangjiajie Sandstone Peak
Forest Geopark 8 Danxiashan Geopark 9 Stone Forest Geopark
10 Reserve Géologique de
Haute Provence France
11 Park Naturel Régional du
Luberon 12 Nature park Terra Vita
Germany 13 Geopark Bergstrasse–
Odenwald 14 Vulkaneifel Geopark 15 Petrified Forest of Lesvos
Greece 16 Psiloritis Natural Park
17 Marble Arch Caves &
Cuilcagh Mountain Park Ireland, Republic
of/Northern Ireland 18 Copper Coast Geopark Ireland,Republic of 19 Madonie Natural Park Italy 20 Maestrazgo Cultural Park Spain
1 North Pennines AONB
Geopark UK
22 Hexigten Geopark
2005 China
23 Yandangshan Geopark 24 Taining Geopark 25 Xingwen Geopark 26 Bohemian Paradise Geopark Czech Republic
91
No. Geopark Name Designated
Year Country
27 Geopark Harz
Braunschweiger Land Ostfalen
Germany
28 Geopark Swabian Albs 29 Parco del Beigua Italy
30 Hateg Country Dinosaur
Geopark Rumania
31 North West Highlands –
Scotland UK
32 Forest Fawr Geopark –
Wales 3 Araripe Geopark
2006
Brazil 34 Taishan Geopark
China
35 Wangwushan-Daimeishan
Geopark 36 Funiushan Geopark 37 Leiqiong Geopark 38 Fangshan Geopark 39 Jingpohu Geopark 40 Gea- Norvegica Geopark Norway 41 Naturtejo Geopark Portugal 42 Sobrarbe Geopark
Spain 43 Subeticas Geopark 44 Cabo de Gata Natural Park 45 Papuk Geopark
2007
Croatia
46 Geological and Mining Park
of Sardinia Italy
47 Langkawi sland Geopark Malaysia 48 English Riviera Geopark UK 49 Longhushan Geopark
China 50 Zigong Geopark 51 Adamello Brenta Geopark
Italy 52 Rocca Di Cerere Geopark 53 Alxa Desert Geopark
2009
China 54 Zhongnanshan Geopark 55 Chelmos-Vouraikos Geopark Greece
56 Toya Caldera and Usu
Volcano Geopark Japan
57 Unzen Volcanic Area
Geopark 58 Itoigawa Geopark 59 Arouca Geopark Portugal 60 Geo Mon Geopark - Wales
UK 61 Shetland Geopark 62 Stonehammer Geopark 2010 Canada
92
No. Geopark Name Designated
Year Country
63 Leye-Fengshan Geopark
China 64 Ningde Geopark 65 Rokua Geopark Finland 66 Vikos – Aoos Geopark Greece 67 Novohrad-Nograd Geopark Hungary-Slovakia
68 Parco Nazionale del Cilento e
Vallo di Diano Geopark Italy 69 Tuscan Mining Park 70 San'in Kaigan Geopark Japan 71 Jeju Island Geopark Korea 72 Magma Geopark Norway 73 Basque Coast Geopark Spain
74 Dong Van Karst Plateau
Geopark Vietnam
75 Tianzhushan Geopark
2011
China 76 Hongkong Geopark 77 Bauges Geopark France 78 Geopark Muskau Arch Germany/Poland 79 Katla Geopark Iceland
80 Burren and Cliffs of Moher
Geopark Ireland, Republic of
81 Apuan Alps Geopark Italy 82 Muroto Geopark Japan
83 Sierra Norte di Sevilla,
Andalusia Spain
84 Villuercas Ibores Jara
Geopark 85 Carnic Alps Geopark
2012
Austria 86 Sanqingshan Geopark China 87 Chablais Geopark France 88 Bakony-Balaton Geopark Hungary 89 Batur Geopark Indonesia 90 Central Catalunya Geopark Spain 91 Shennongjia Geopark
2013
China 92 Yanqing Geopark 93 Sesia - Val Grande Geopark Italy 94 Oki island Geopark Japan 95 Hondsrug Geopark Netherlands 96 Azores Geopark Portugal 97 Idrija Geopark Slovenia 98 Karavanke/Karawanken Slovenia & austria 99 Kula Volcanic Geopark Turkey
100 Grutas del Palacio Geopark Uruguay
Fonte: http://www.globalgeopark.org/homepageaux/tupai/6513.htm
93
ANEXO B – Relação de propostas do Projeto Geoparques avaliadas, em avaliação e
programadas.
Geoparque (proposta) UF Categoria Principal
1 Cachoeiras do
Amazonas AM
Estratigráfico, Espeleológico, Arqueológico
2 Morro do Chapéu BA Estratigráfico, Geomorfológico,
Histórico
3 Pireneus GO Estratigráfico, Tectônico,
Geomorfológico, Histórico-cultural
4 Astroblema Araguainha-
Ponte Branca GO/MT
Astroblema (estrutura de impacto de meteorito)
5 Quadrilátero Ferrífero MG Estratigráfico, Paleoambiental,
História da Mineração, Geomorfológico, Metalogenético
6 Bodoquena-Pantanal MS Espeleológico, Paleoambiental,
Geomorfológico, PAleontológico, Metalogenético
7 Chapada dos Guimarães MT Geomorfológico, Paleontológico,
Espeleológico, Beleza Cênica 8 Fernando de Noronha PE Ígneo, Beleza Cênica
9 Seridó RN Estratigráfico, Ígneo,
Geomorfológico, Metalogenético, Histórico-cultural
10 Quarta Colônia RS Paleontológico (tetrápodes),
Estratigráfico
11 Caminhos dos Cânions
do Sul RS/SC
Beleza Cênica, Geomorfológico, Ígneo, Estratigráfico
12 Serra da Capivara PI Estratigráfico, Arqueológico
13 Catimbau-Pedra Furada PE Estratigráfico, Paleoambiental,
Geomorfológico, Ígneo, Arqueológico
14 Sete Cidades-Pedro II PI Geomorfológico, Paleoambiental,
Mineralógico, Beleza Cênica 15 Alto Vale do Ribeira SP/PR Espeleológico, Paleoambiental
16 Chapada Diamantina BA Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza Cênica, Histórico-cultural
17 Uberaba, Terra dos
Dinossauros do Brasil MG Paleontológico
18 Litoral Sul de Pernambuco
PE Ígneo, Estratigráfico, Beleza
Cênica, Histórico-Cultural
19 Rio de Contas BA Estratigráfico, Geomorfológico,
Histórico
94
Geoparque (proposta) UF Categoria Principal
20 Monte Alegre PA Estratigráfico, Geomorfológico,
Tectônico, Arqueológico
21 Alto Alegre dos Parecís RO Estratigráfico, Geomorfológico,
Beleza Cênica 22 Serra da Canastra MG Beleza Cênica, Geomorfológico
23 Chapada dos Veadeiros GO Geomorfológico, Estratigráfico,
Beleza Cênica
24 Canudos BA Petrológico, Estratigráfico, Ígneo, Geomorfológico, Metalogenético,
Histórico-cultural
25 Cânion do São
Francisco SE/AL Geomorfológico, Beleza Cênica
26 Rio do Peixe PB Paleontológico (Icnofaunas
dinossaurianas,etc), Estratigráfico
27 Vale Monumental CE Geomorfológico, Ígneo, Beleza
Cênica
228 Tepuis RR Geomorfológico, Estratigráfico, Paleoambiental, Beleza Cênica
Fonte: CPRM, 2012.
96
ANEXO D – DADOS GERAIS DOS 26 GEOSSÍTIOS DO GEOPARQUE ARARIPE.
Nº Geossítio Município
1 Colina do Horto Juazeiro do Norte
2 Cachoeira de Missão Velha Missão Velha
3 Floresta Petrificada do Cariri Milagres
4 Batateiras Crato
5 Pedra Cariri Nova Olinda
6 Ipubi Santana do Cariri
7 Parque do Pterossauros Santana do Cariri
8 Riacho do Meio Barbalha
9 Ponte de Pedra Nova Olinda
10 Pontal de Santa Cruz Santana do Cariri
11 Sobradinho Jardim 12 Rio Salamanca Barbalha
13 Abaiara Abaiara
14 Brisa da Serra Crato
15 Pedra Branca Porteiras 16 Café da Linha Abaiara
17 Poço Mãe D’Água Nova Olinda
18 Vale do Calcário Santana do Cariri 19 Gnaisse do Embasamento Nova Olinda 20 Mina Pedra Branca Nova Olinda 21 Mina Conceição Preta Santana do Cariri
22 Cascata do Lameiro Crato
23 Serra da Mãozinha Abaiara
24 Buraco da Moça Santana do Cariri 25 Brejo Santo Missão Velha
26 Contato da Brejo Santo com a
Missão Velha Brejo Santo
Fonte: Geopark Araripe, 2011.