Post on 10-Nov-2018
I
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808
Monografia
Manoel da Paixão Silva
Salvador (Bahia)
Novembro, 2015
II
FICHA CATALOGRÁFICA (elaborada pela Bibl. ANA LÚCIA ALBANO, da Bibliotheca Gonçalo Moniz : Memória da Saúde
Brasileira/SIBI-UFBA/FMB-UFBA)
Silva, Manoel da Paixão.
S586 Panorama das mortes por afogamento de crianças e adolescentes em
Salvador, Bahia (Brasil) / Manoel da Paixão Silva. Salvador: MP, Silva, 2015.
viii, 24 f.: il.
Monografia como exigência parcial e obrigatória para Conclusão de Curso de
Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da
Bahia (UFBA).
Orientador: Raul Coelho Barreto Filho.
Palavras chave: 1. Afogamento. 2. Criança. 3. Adolescente.
I. Barreto Filho, Raul Coelho. II. Universidade Federal da Bahia.
Faculdade de Medicina da Bahia. III. Título.
CDU: 616.001.8
III
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808
Monografia
Panorama das mortes por afogamento de crianças e
adolescentes em Salvador, Bahia (Brasil)
Manoel da Paixão Silva
Professor orientador: Raul Coelho Barreto Filho
Coorientador: Marco Antônio Vasconcelos Rêgo
Monografia de Conclusão do
Componente Curricular MED-
B60/2015.1, como pré-requisito
obrigatório e parcial para
conclusão do curso médico da
Faculdade de Medicina da Bahia
da Universidade Federal da Bahia,
apresentada ao Colegiado do Curso
de Graduação em Medicina.
Salvador (Bahia)
Novembro, 2015
IV
Monografia: Panorama das mortes por afogamento de crianças e
adolescentes em Salvador, Bahia (Brasil), de Manoel da Paixão Silva.
Professor orientador: Raul Coelho Barreto Filho
Coorientador: Marco Antônio Vasconcelos Rêgo
COMISSÃO REVISORA:
Raul Coelho Barreto Filho (Presidente, Professor orientador), Professor do
Departamento de Patologia e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da
Bahia da Universidade Federal da Bahia.
Luciano Santos Garrido, Professor do Departamento de Anestesia e Cirurgia
da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.
Renée Amorim dos Santos, Professora do Departamento de Patologia e
Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da
Bahia.
Lílian Silva Medina, Doutoranda do Curso de Doutorado do Programa de Pós-
graduação em Ciências da Saúde (PPgCS) da Faculdade de Medicina da Bahia
da Universidade Federal da Bahia.
TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO:
Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e
julgada apta à apresentação pública no IX Seminário
Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da
Bahia/UFBA, com posterior homologação do
conceito final pela coordenação do Núcleo de
Formação Científica e de MED-B60 (Monografia
IV). Salvador (Bahia), em ___ de _____________
de 2015.
V
“O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram
antes de vencer.”(Abraham Lincoln)
VI
Aos meus pais, Valneide Costa e
Dr. Luciano Aragão, e à minha irmã,
Manuela Paixão, pelo apoio e incentivo
VII
EQUIPE Manoel da Paixão Silva, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Correio-e:
manoel.90@hotmail.com; e
Raul Coelho Barreto Filho, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA.
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)
FONTES DE FINANCIAMENTO
1. Recursos próprios.
VIII
AGRADECIMENTOS
Ao Professor orientador, Raul Coelho Barreto Filho, pela disponibilidade em
orientar esse estudo.
Ao Professor coorientador, Marco Antônio Vasconcelos Rêgo, pela colaboração
neste trabalho e pelo incentivo a contribuir com a comunidade científica
desenvolvendo novas pesquisas.
Aos membros da comissão revisora, professores Luciano Santos Garrido, Renée
Amorim dos Santos e doutoranda Lílian Silva Medina, pela excelente
colaboração.
À Raquel Arraes Argolo, pela amizade, companheirismo, exemplo e incentivo a
nunca desistir dos nossos sonhos.
Aos colegas, Caio Andrade, Ricardo Teixeira, Bruno Campos, Rodrigo
Almeida e Tainã Carvalho, pelo apoio, amizade e incentivo.
1
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS, GRÁFICOS, MAPAS E
TABELAS 2
I. RESUMO 3
II. OBJETIVOS 4
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5
IV. METODOLOGIA IV.1. Desenho do estudo
IV.2. População-alvo
IV.3. Coleta de dados
IV.4. Software utilizado para análise dos dados
10 10
10
10
11
V. RESULTADOS 12
VI. DISCUSSÃO 17
VII. CONCLUSÕES 21
VIII. SUMMARY 22
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23
2
ÍNDICE DE FIGURAS, GRÁFICOS, MAPAS E TABELAS
FIGURA FIGURA I. Etapas do afogamento. 6
GRÁFICO GRÁFICO 1. Distribuição dos indivíduos vítima de afogamento,
segundo o mês de ocorrência. Salvador, 1996 a 2012. 14
MAPA MAPA 1. Mapa dos óbitos por afogamento na região metropolitana de
Salvador, 2012.
16
TABELAS TABELA 1. Distribuição dos indivíduos vítimas de afogamento,
segundo variáveis sociodemográficas. Salvador, 1996 a
2012.
12
TABELA 2. Taxas de mortalidade por afogamento, distribuídas por
faixa etária. Óbitos/100.000 habitantes. Salvador, 1996 a
2012.
TABELA 3. Taxas de mortalidade por afogamento, distribuídas por
sexo. Óbitos/100.000 habitantes. Salvador, 1996 a 2012.
13
13
TABELA 4. Distribuição dos indivíduos vítimas de afogamento,
segundo a classificação CID-10. Salvador, 1996 a 2012. 15
3
I. RESUMO
PANORAMA DAS MORTES POR AFOGAMENTO DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES EM SALVADOR, BAHIA (BRASIL)
INTRODUÇÃO: No mundo, por ano, 500.000 pessoas morrem afogadas, 98,1% ocorre
em países de média e baixa renda. No Brasil ocorrem 7.210 mortes por afogamento ao
ano, sendo 88% de causa acidental, que poderiam ser evitadas com a adoção de medidas
preventivas e socioeducativas. OBJETIVO: Analisar o perfil epidemiológico das mortes
por afogamento de crianças e adolescentes na região metropolitana de Salvador.
METODOLOGIA: Estudo de agregados realizado com dados do Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de 692 crianças e adolescentes
que foram a óbito no período de Janeiro de 1996 a Dezembro de 2012. Utilizou-se o
programa TabWin para importar os dados e calcular taxas de mortalidade.
RESULTADOS: Houve uma redução da taxa de mortalidade de 5,31 para 2,81 entre
1996 e 2012. O grupo de idade entre 15 e 19 anos e o sexo masculino apresentaram as
maiores taxas de mortalidade. Houve um predomínio de óbitos entre Outubro e Janeiro
(45%). Quanto ao tipo de afogamento 2,1% ocorreram em piscina, 2,7% foram
classificados em outros tipos especificados, 27,6% ocorreram em águas naturais e
67,5% foram classificados como não especificados. DISCUSSÃO: A alta ocorrência de
afogamento em jovens de 15 a 19 anos e do sexo masculino deve-se a exposição desse
grupo a situações de risco. Limitações do estudo impediram investigar a associação de
álcool com afogamento e de reconhecer os tipos de afogamento em todas as vítimas.
Outras informações podem dimensionar melhor o problema e contribuir para medidas
preventivas. CONCLUSÃO: O perfil epidemiológico das mortes por afogamento na
região metropolitana de Salvador mostrou maior incidência no sexo masculino e na
faixa etária de 15 a 19 anos. Foram registrados mais casos nos meses entre primavera e
verão.
Palavras-chave: 1. Afogamento; 2. Criança; 3. Adolescente.
4
II. OBJETIVOS
GERAL
Analisar o perfil epidemiológico das mortes por afogamento de crianças e
adolescentes, de 0 a 19 anos, baseado em dados coletados no Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), na região metropolitana de
Salvador, Bahia, no período de 1996 a 2012.
ESPECÍFICOS
1. Identificar o perfil epidemiológico das crianças e adolescentes vítimas de
afogamento, quanto à idade, sexo e cor.
2. Determinar mês, ano e municípios de ocorrência do afogamento.
3. Identificar os principais tipos de afogamento ocorridos, de acordo com a
categoria CID-10.
5
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A água é um elemento de fundamental importância para o desenvolvimento da
vida, sendo um elemento sempre presente no cotidiano em todas as fases da vida,
inclusive nos momentos de lazer. Entre as crianças e adolescentes o meio aquático é
associado à diversão e brincadeiras, porém um pequeno descuido ou a autoconfiança na
capacidade de nadar pode transformar esses momentos em tragédia (SZPILMAN,
2005).
Segundo Genival Veloso de França “afogamento é um tipo de asfixia mecânica,
produzido pela penetração de um meio líquido ou semilíquido nas vias respiratórias,
impedindo a passagem do ar até os pulmões.” (FRANÇA, 2011). Embora seja o meio
mais comum, a água não é o único meio em que pode ocorrer o afogamento, há relatos
de casos de afogamento em tanques de indústrias químicas, cervejarias, e até mesmo
com o próprio sangue da vítima.
A etiologia do afogamento pode ser acidental, homicida ou suicida. Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apenas 0,7% das mortes por
afogamento no mundo ocorrem de forma intencional, ou seja, um homicídio ou suicídio
(SZPILMAN & VASCONCELLOS, 2014). No Brasil esse número é um pouco maior,
cerca de 1,9%, enquanto que as mortes por afogamento de causa acidental representam
88%, e 9,9% são mortes por afogamento de intenção desconhecida (SZPILMAN, 2013).
O mecanismo da morte por afogamento pode ser resumido em cinco etapas. Na
primeira etapa a vítima se debate na tentativa de manter as vias aéreas acima da
superfície e ocorre inspiração voluntária fora da água. Na segunda etapa há uma apnéia
voluntária para evitar que a água entre nas vias respiratórias. Na terceira há uma
inspiração involuntária, seguida de uma expiração reflexa devido ao contato da água
com a mucosa laríngea. Na quarta etapa ocorrem convulsões asfíxicas e na quinta inicia-
se o processo de morte, quando há uma pausa respiratória, seguida de uma parada
cardíaca (FRANÇA, 2011). A figura I representa essas cinco etapas.
6
Figura I. Etapas do afogamento.
Fonte: <http://www.reginaldofranklin.com.br/fases-de-ponsold-do-afogamento/>
No exame médico-legal são descritos sinais cadavéricos, externos e internos, que
evidenciam que a morte foi por afogamento. Os sinais externos são produzidos
principalmente pela ação da água no corpo, dentre os quais podemos citar: a
temperatura baixa da pele; pele anserina, semelhante a pele da galinha; retrações do
mamilo, saco escrotal e pênis; maceração epidérmica; tonalidade mais clara dos livores
cadavéricos; cogumelo de espuma; erosão dos dedos e presença de corpos estranhos sob
as unhas; equimoses da face das conjuntivas; mancha verde da putrefação; lesões que
ocorrem após a morte produzidas por animais aquáticos; embebição cadavérica; dentes
e unhas róseos. As lesões internas refletem principalmente a presença do líquido no
interior do corpo: presença de líquido nas vias respiratórias; presença de corpos
estranhos nesse líquido; manchas de Paltauf nos pulmões; diluição do sangue; presença
de líquido no sistema digestivo, no ouvido médio e nas cavidades pleurais. São
encontrados também sinais gerais de asfixia, congestão polivisceral e equimoses
(FRANÇA, 2011).
No Congresso Mundial de Afogamento de 2002, em Amsterdã, especialistas de
várias áreas chegaram a um consenso para uma nova definição de afogamento, “o
processo de experimentar o comprometimento respiratório devido a submersão ou
imersão em líquido” (VAN BEECK et al., 2005). O principal objetivo da nova definição
7
seria simplificar e unificar as definições já existentes, a fim de facilitar as notificações
de afogamentos e obter números mais precisos.
Devido às discordâncias em relação ao conceito de afogamento há uma grande
subnotificação e não se tem uma ideia exata do impacto das mortes por afogamento em
todo o mundo. Há estimativas de que 500.000 pessoas morrem afogadas por ano no
mundo, sendo esta a segunda causa de mortalidade por causas externas, sendo superada
apenas pelas mortes por acidentes de trânsito. Apesar desses números alarmantes
permanece o descaso das autoridades em relação a este grave problema (VAN BEECK
et al., 2005; SZPILMAN, 2005). Em 2004, de acordo com dados da OMS, 388.000
pessoas morreram afogadas e dessas cerca de 175.000 (45%) tinham menos de 20 anos.
Este número é representado principalmente pelos países de média e baixa renda
(98,1%). Todavia esse número pode ainda estar sendo subestimado, devido a exclusão
de afogamentos por inundações, tsunamis ou acidentes de transporte aquático (OMS,
2008).
No Brasil são 7.210 mortes, em média, por afogamento ao ano, sendo a segunda
causa de morte na faixa etária de 1 a 14 anos e a terceira na faixa de 15 a 19 anos
(SZPILMAN, 2005). Em 2010 6.590 pessoas morreram por afogamento, 3,5/100.000
habitantes (SZPILMAN, 2013). Segundo dados do DATASUS em 2012 foram 1.921
mortes por afogamento na faixa etária de 0 a 19 anos. Szpilman mostrou que de 1979 a
2010 houve uma redução de 37% no número de mortes por afogamento. Quanto ao
risco por faixa etária, a população de 15 a 19 anos apresentou maior risco e os menores
de 1 ano apresentaram menor risco. Os homens morreram 5,2 vezes mais que as
mulheres e 88% das mortes foram de causa não intencional (SZPILMAN, 2013). O
local mais frequente de ocorrência é em água doce, rios, lagos, lagoas e represas, sendo
responsável por 50% dos casos (SZPILMAN, 2005).
Nas praias do Rio de Janeiro, dos 13% dos casos de afogamento em que foi
identificado algum fator precipitante, 37% havia ingerido bebida alcoólica, que acabam
encorajando as pessoas e ao mesmo tempo diminui a capacidade física e os reflexos
(SZPILMAN, 2005). Alguns estudos já tentaram analisar essa associação entre consumo
de bebidas alcoólicas e afogamento. Howland & Hingson, 1988, mostraram que um
estudo realizado em 1984, no Canadá, em uma população de 15 a 19 anos, apontou
8
consumo de álcool em 36% das vítimas e no ano seguinte, outro estudo realizado no
México, encontrou presença de álcool em 44% das vítimas. Driscoll et al., 2004,
sugeriram que o álcool parece ser amplamente consumido durante atividades aquáticas
de recreação, porém ainda faltam informações para estabelecer com precisão o risco
atribuível ao álcool nos afogamentos. Alguns fatores como sexo masculino, idade,
afogamento devido a imersão de automóvel e afogamentos não intencionais aumentam a
probabilidade de estar envolvido o consumo de álcool, necessitando de um estudo
controlado para verificar essa associação (WINTEMUTE et al., 1990).
Apesar de, no Brasil, a maior parte dos afogamentos ocorrer em água doce
(SZPILMAN, 2014), nas cidades litorâneas, um número considerável ocorre em praias e
um mapeamento dos locais contribui para adoção de medidas como a devida sinalização
das praias e distribuição do efetivo responsável pelos salvamentos aquáticos. A região
metropolitana de Salvador possui uma extensa faixa litorânea com diversas praias
procuradas, tanto por baianos como por turistas de outras regiões. O clima tropical
atlântico, que apresenta temperaturas mais amenas durante o inverno e temperaturas
mais altas no verão, também intensificam a procura por praias, piscinas, rios, lagos,
lagoas, onde as pessoas possam se refrescar, principalmente durante o verão.
Foram encontrados dois estudos referentes à Salvador. Oliveira et al., 1998,
mostrou uma redução na taxa de mortalidade por afogamento de 7,9 para 5,3 mortes por
100.000 habitantes na cidade de Salvador, no período de 1980 a 1994. As características
prevalentes entre as vítimas foram sexo masculino, estudantes e pessoas com primeiro
grau de escolaridade, ocorrendo com mais frequência durante o verão. A prevalência de
vítimas do sexo masculino e de 15 a 19 anos pode ser explicada devido a maior
exposição desse grupo a situações de risco bem como uma possível associação com
consumo de bebidas alcoólicas (OLIVEIRA et al., 1998). Só Segundo et al., 2015,
estudou os casos de afogamento fatais e não fatais, ocorridos no ano de 2012, combase
nos dados registrados pelo Salvamar, órgão de salvamento marítimo da prefeitura de
Salvador. Nesse estudo também prevaleceu sexo masculino, adolescentes, seguidos de
adultos jovens e estudantes. O período de maior ocorrência de afogamento foi entre 10 e
16 horas e nos meses de Janeiro e Fevereiro.
9
Atualmente, apesar dos números alarmantes, as mortes por afogamento não
recebe a mesma atenção, quando comparado aos acidentes de trânsito e aos homicídios,
no que se refere à preocupação das autoridades e da população em geral, necessitando
de maior destaque e intervenções para alcançar uma redução nesses números
(SZPILMAN, 2005). Além de surpreender a família pela morte inesperada e, na maioria
das vezes, precoce, as mortes por afogamento são bastante onerosas, tanto por atingir
principalmente uma população jovem e muitos economicamente ativos, quanto devido
aos gastos do sistema de saúde e das equipes de resgate. As medidas de prevenção, se
bem aplicadas, podem evitar até 85% dos casos de afogamento (SZPILMAN, 2005),
dentre elas estão a supervisão de crianças por um adulto com exclusividade, a presença
de barreiras físicas, o uso de equipamentos de segurança, a orientação sobre
comportamento e aprendizagem da natação, que podem evitar afogamentos
principalmente no grupo de 1 a 4 anos (VAN BEECK et al., 2005; PAES & GASPAR,
2005; SZPILMAN, 2005; OLIVEIRA et al., 1998; RAUCHSCHWALBE et al., 1997).
Para a implantação de políticas públicas de prevenção, que incluam medidas
preventivas e a distribuição de equipes de salvamento aquático, pelas autoridades
responsáveis, são necessárias algumas informações sobre cada caso de afogamento em
particular, ou seja, é necessário estabelecer um perfil epidemiológico dessas vítimas
(VAN BEECK et al., 2005). Também é relevante identificar fatores precipitantes
associados, como ingestão de bebidas alcoólicas, convulsões, traumas, doenças,
mergulhos, entre outras causas.
Levando em consideração que há poucos estudos que abordam o perfil
epidemiológico das mortes por afogamento na região metropolitana de Salvador e a
considerável redução nos números de casos que pode ser atingida apenas com medidas
preventivas e socioeducativas, foi proposto este estudo para traçar um perfil
epidemiológico das mortes por afogamento em Salvador que possa contribuir na
construção dessas medidas preventivas.
10
IV. METODOLOGIA
IV.1 Desenho do estudo
Estudo de agregados, baseado em dados coletados do Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), para traçar um perfil
epidemiológico das mortes por afogamento em crianças e adolescentes.
IV.2 População-alvo
Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, que foram a óbito devido a afogamento,
na região metropolitana de Salvador, Bahia.
IV.3 Coleta de dados
Utilizaram-se dados coletados no DATASUS, no site
<http://www.datasus.gov.br/>. A seleção dos dados foi elaborada a partir da plataforma
Informações de Saúde (TABNET), selecionando o item “estatísticas vitais”. A partir
desse item foram selecionados os óbitos por causas externas, de acordo com a
Classificação Internacional de Doenças (CID-10), considerando as classificações do
capítulo XX relacionadas a óbitos por afogamento, V90 – Acidente com embarcação
causando afogamento e submersão, V92 – Afogamento e submersão relacionados com
transporte por água sem acidente com a embarcação, W65 – Afogamento e submersão
durante banho de banheira, W66 – Afogamento e submersão consecutiva a queda dentro
de uma banheira, W67 – Afogamento e submersão em piscina, W68 – Afogamento e
submersão consequente a queda dentro de uma piscina, W69 – Afogamento e
submersão em águas naturais, W70 – Afogamento e submersão consequentes a queda
dentro de águas naturais, W73 – Outros afogamentos e submersão especificados, W74 –
Afogamento e submersão não especificados. Foram selecionadas também região
metropolitana de Salvador e idades de 0 a 19 anos. Após isso variaram-se os anos e as
informações desejadas: sexo, mês do óbito, cor/raça, faixa etária, município e categoria
CID-10.
11
Na plataforma TABNET também foram coletados dados populacionais para
cálculo das taxas de mortalidade, foi selecionado o item “demográficas e
socioeconômicas” e dentro deste a opção “população residente, segundo Censos (1980,
1991, 2000 e 2010), Contagem (1996) e projeções intercensitárias (1981 a 2012),
segundo faixa etária, sexo e situação de domicílio”; a partir desse ponto foi selecionada
a região metropolitana de Salvador e a faixa etária alvo e variaram-se os anos, os
municípios, o sexo e a faixa etária. Esses dados populacionais foram originados das
seguintes fontes: 1996: IBGE - Contagem Populacional; 1997-1999, 2001-2006: IBGE -
Estimativas preliminares para os anos intercensitários dos totais populacionais,
estratificadas por idade e sexo pelo MS/SGEP/Datasus; 2000 e 2010: IBGE - Censos
Demográficos; 2007-2009: IBGE - Estimativas elaboradas no âmbito do Projeto
UNFPA/IBGE (BRA/4/P31A) - População e Desenvolvimento. Coordenação de
População e Indicadores Sociais; 2011-2012: IBGE - Estimativas populacionais
enviadas para o TCU, estratificadas por idade e sexo pelo MS/SGEP/Datasus.
IV.4 Software utilizado para análise dos dados
As tabulações geradas pelo TABNET foram importadas utilizando-se o
programa Tab para Windows – TabWin, versão 3.6 b, disponível para download no
mesmo site, <http://www.datasus.gov.br/>. Também utilizou-se o programa TabWin,
para realizar os cálculos das taxas de mortalidade.
12
V. RESULTADOS
No Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS)
foram encontrados registros de 692 vítimas de afogamento de 0 a 19 anos, que foram a
óbito na região metropolitana de Salvador no período de 1996 a 2012. Na tabela abaixo
estão sistematizadas as características gerais que representam o perfil dessas vítimas.
Tabela 1. Distribuição dos indivíduos vítimas de afogamento, segundo variáveis
sociodemográficas. Salvador, 1996 a 2012.
Característica Grupo Nº (%)
Idade <1 7 1,01
1 a 4 107 15,46
5 a 9 99 14,30
10 a 14 162 23,41
15 a 19 317 45,80
Sexo
Masculino 568 82,08
Feminino 124 17,91
Cor
Parda 367 53,03
Preta 41 5,92
Branca 25 3,61
Amarela 2 0,28
Indígena 1 0,14
Ignorada 256 36,99
Quanto à idade das vítimas observou-se que a maior parte (69,21%) eram
crianças e adolescentes na faixa etária entre 10 e 19 anos e apenas 1,01% eram crianças
menores de um ano. Houve também um predomínio do sexo masculino (82,1%), foram
568 vítimas do sexo masculino e 124 do sexo feminino. Quanto a cor da pele, mais da
metade (53,03%) foram classificados na cor parda, entretanto, em grande parte
(36,99%) a informação quanto a cor da pele foi ignorada.
No período estudado, de 1996 a 2012, houve uma redução da taxa de
mortalidade por afogamento de 5,31 para 2,81 por 100.000 habitantes, chegando a 1,73
por 100.000 habitantes em 2007. Na tabela 2 verifica-se que o grupo de idade entre 15 e
19 anos apresenta as maiores taxas de mortalidade, com exceção do ano de 2002,
quando a maior taxa de mortalidade ocorreu no grupo de 10 a 14 anos.
13
Tabela 2. Taxas de mortalidade por afogamento, distribuídas por faixa etária.
Óbitos/100.000 habitantes. Salvador, 1996 a 2012.
Anos <1 1-4 5-9 10-14 15-19 Total
1996 0 6,37 3,04 4,88 7,58 5,31
1997 0 2,88 2,61 6,59 9,16 5,55
1998 2,01 4,26 3,67 5,61 7,33 5,30
1999 3,96 4,66 2,17 3,49 6,39 4,25
2000 1,78 3,58 2,54 1,68 6,28 3,61
2001 1,74 4,39 1,07 3,30 4,82 3,38
2002 0 3,02 3,50 3,89 3,69 3,40
2003 0 4,24 2,07 3,83 4,67 3,58
2004 0 2,51 2,71 3,14 3,58 2,91
2005 0 1,61 2,29 1,52 4,69 2,59
2006 0 2,77 1,93 1,79 3,64 2,47
2007 0 1,67 0,66 0,67 4,10 1,73
2008 0 1,61 0,94 2,23 4,53 2,27
2009 1,67 0,40 1,24 0,94 5,42 2,11
2010 0 0,53 1,19 2,04 4,37 2,13
2011 2,01 2,11 2,74 2,02 4,33 2,84
2012 0 1,57 0,77 3,01 5,61 2,81
Em todo o período observou-se maior taxa de mortalidade no sexo masculino em
relação ao feminino, 82,1% das vítimas eram homens. Nota-se essa diferença na tabela
3, onde as taxas de mortalidade estão estratificados por sexo, apresentando uma
diferença da ordem de 10,2 e 10,4 vezes nos anos de 2006 e 2010, respectivamente, e da
ordem de 19,2 em 2007, quando houve apenas um óbito feminino.
Tabela 3. Taxas de mortalidade por afogamento, distribuídas por sexo. Óbitos/100.000
habitantes. Salvador, 1996 a 2012.
Anos Masculino Feminino Total
1996 7,97 2,68 5,31
1997 8,99 2,14 5,55
CONTINUA
14
Tabela 3. [continuação].
1998 9,51 1,13 5,30
1999 7,26 1,28 4,25
2000 6,05 1,15 3,61
2001 4,81 1,94 3,38
2002 5,05 1,75 3,40
2003 6,06 1,09 3,58
2004 4,43 1,38 2,91
2005 3,84 1,34 2,59
2006 4,49 0,44 2,47
2007 3,27 0,17 1,73
2008 3,74 0,79 2,27
2009 3,26 0,94 2,11
2010 3,86 0,37 2,13
2011 4,91 0,74 2,84
2012 4,86 0,73 2,81
Na distribuição de todos os óbitos por afogamento, de 1996 a 2012, pelos meses
do ano, nota-se uma predominância de casos entre Outubro e Janeiro, quando ocorreram
45,08% dos afogamentos. Janeiro foi o mês mais frequente, quando ocorreram 85 óbitos
(12,28%).
Gráfico 1. Distribuição dos indivíduos vítima de afogamento, segundo o mês de
ocorrência. Salvador, 1996 a 2012.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
15
Em relação aos tipos de afogamento, de acordo com a classificação CID-10
utilizadas para coleta dos dados, foram encontrados casos nas seguintes classificações:
W67 – Afogamento e submersão em piscina, W68 – Afogamento e submersão
consequente a queda dentro de uma piscina, W69 – Afogamento e submersão em águas
naturais, W70 – Afogamento e submersão consequentes a queda dentro de águas
naturais, W73 – Outros afogamentos e submersão especificados e W74 – Afogamento e
submersão não especificados. A maior parte dos afogamentos (67,48%) foi classificada
como não especificados e 27,6% ocorreram em águas naturais.
Tabela 4. Distribuição dos indivíduos vítimas de afogamento, segundo a classificação
CID-10. Salvador, 1996 a 2012.
CID-10 Nº (%)
W69 184 26,58
W73 19 2,74
W67 10 1,44
W70 7 1,01
W68 5 0,72
W74 467 67,48
Quanto aos municípios de ocorrência do óbito foram 449 casos (64,9%) de
afogamento em Salvador e 243 (35,1%) nos demais municípios de sua região
metropolitana. Em Camaçari ocorreram 72 (10,4%) casos de afogamento, 19 (2,7%) em
Candeias, 21 (3%) em Dias d’Ávila, 5 (0,7%) em Itaparica, 48 (6,9%) em Lauro de
Freitas, 2 (0,3%) em Madre de Deus, 10 (1,4%) em Mata de São João, 12 (1,7%) em
Pojuca, 4 (0,6%) em São Francisco do Conde, 11 (1,6%) em São Sebastião do Passé, 33
(4,8%) em Simões Filho e 6 (0,9%) em Vera Cruz. No mapa da página seguinte está a
distribuição das taxas de mortalidade por afogamento nos municípios da região
metropolitana de Salvador, no ano de 2012.
16
Mapa 1. Mapa dos óbitos por afogamento na região metropolitana de Salvador, 2012.
Fonte: <http://www.mapasparacolorir.com.br/mapa/rm/rms/regiao-metropolitana-
salvador.jpg>. Adaptado pelo autor.
17
VI. DISCUSSÃO
Os resultados neste estudo indicaram uma diminuição significativa na taxa de
mortalidade por afogamento no período estudado, com redução de 5,31 em 1996 para
2,81 por 100.000 habitantes em 2012, dando continuidade ao decréscimo na taxa de
mortalidade apontado por Oliveira et al., 1998. Assim como ocorreu em Salvador,
estudos mostraram um decréscimo nas taxas de mortalidade por afogamento em várias
regiões do mundo (VAN BEECK et al., 2005; SZPILMAN, 2014), o que pode ser
explicado pelo surgimento dos grupos de salvamento aquático, conscientização da
população, ensino da natação, entre outras medidas de prevenção.
Quando estratificado por faixa etária a taxa de mortalidade mostrou-se maior em
quase todos os anos, com exceção de 2002, na faixa de 15 a 19 anos; nessa faixa
ocorreram 45,8% do total de óbitos por afogamento de 0 a 19 anos, no período
estudado. Esses dados são semelhantes aos de outros estudos que mostram essa faixa
etária como a de maior risco em relação aos eventos de afogamento, seguida da faixa
etária de 20 a 24 anos (OLIVEIRA et al., 1998; SZPILMAN, 2013). Ocorreram sete
mortes por afogamento em menores de 1 ano, porém, diferente da literatura encontrada,
nenhuma foi classificada como afogamento e submersão durante banho de banheira ou
consecutivo a queda dentro de uma banheira, onde ocorrem mais de 50% dos
afogamentos não intencionais nessa faixa etária, de acordo com o National Center for
Health Statistics (apud RAUCHSCHWALBE et al., 1997). E 15,5% dos óbitos
ocorreram na faixa etária de 1 a 4 anos, que junto com a população idosa podem ser
considerados grupos de risco para afogamento em piscinas devido à distração ou
desatenção no cuidado com os mesmos. Houve também uma predominância do sexo
masculino, 82,1%, e da cor parda, 53%. Quando estratificado por sexo, a taxa de
mortalidade mostrou-se até 19,2 vezes maior, no ano de 2007, no sexo masculino do
que no feminino.
Esses dados caracterizam como principal grupo de risco os jovens de 15 a 19
anos e do sexo masculino. A alta incidência de afogamento no sexo masculino está em
concordância com vários estudos já realizados e deve-se à exposição do gênero a
situações de risco, ocorrendo principalmente em águas naturais. Howland et al., 1996,
estudaram a diferença na ocorrência de afogamentos entre homens e mulheres e
18
chegaram à conclusão que um conjunto de fatores determina a maior ocorrência de
afogamento no sexo masculino: os homens se expõem mais a ambientes aquáticos,
principalmente de alto risco; homens jovens são mais propensos a assumir riscos nesses
ambientes do que mulheres jovens; os homens muitas vezes superestimam sua
capacidade de natação, colocando-se em risco; e os homens ingerem maior quantidade
de álcool que as mulheres em ambientes aquáticos ou próximo a ele. Quanto à cor da
vítima, em alguns locais, é possível associar grupos étnicos com as condições
socioeconômicas da vítima, e assim ao acesso à áreas de lazer com piscina, por
exemplo, porém, devido à grande miscigenação no Estado da Bahia, não é possível
fazer tal associação na população estudada.
Além dos fatores intrínsecos à vítima, existem outros fatores que podem estar
associados e contribuir para ocorrência do afogamento, como a ingestão de bebidas
alcoólicas e uso de outras drogas, o excesso de confiança na própria capacidade de
nadar, traumatismos e outros fatores precipitantes já mencionados. Nesse estudo
também não foi possível investigar a associação de álcool com o afogamento, devido a
falta de informações sobre esse fator. Todas as vítimas de afogamento obrigatoriamente
são submetidas a exame necroscópico no Instituto Médico Legal e em todas elas é
realizado exame toxicológico, inclusive exame de alcoolemia, logo, um estudo dos
laudos médico-legais dessas vítimas poderia elucidar a existência ou não de uma relação
do consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas com o afogamento.
Devido ao clima tropical, que ocorre em grande parte do país, incluindo
Salvador, o calor se estende durante boa parte do ano, levando um grande número de
pessoas a procurarem meios para se refrescarem, como praias, piscinas, rios e lagos.
Desta forma, casos de afogamento ocorrem durante todo o ano, porém com maior
frequência durante os meses de verão, época em que as temperaturas são mais elevadas
e quando ocorrem as férias escolares e de muitos trabalhadores. Durante os meses de
inverno os afogamentos ocorrem em menor frequência. No presente estudo os meses
menos frequentes foram de Abril a Agosto. Em Salvador, durante o verão, é grande a
busca pelas praias, levando também a um aumento no número de afogamentos. No
período estudado Janeiro foi o mês mais frequente, ocorrendo 85 óbitos (12,3%) por
afogamento, seguido de Outubro e Novembro, quando ocorreram 80 óbitos por
afogamento.
19
Como mencionado anteriormente, a região metropolitana de Salvador possui
uma extensa faixa litorânea com diversas praias procuradas pelos banhistas. No período
analisado ocorreram 449 casos de afogamento na capital e 243 nos demais municípios
da região metropolitana. Nestes ocorreram 48 casos de afogamento no município de
Lauro de Freitas e 72 no município de Camaçari, representando quase 20% do total de
afogamentos. Além disso, o município de Camaçari possui diversas praias bastante
procurada por baianos e turistas.
A CID-10 permite a classificação dos óbitos por afogamento em diversas
categorias, de acordo com o tipo de afogamento ocorrido, em banheira, piscina, águas
naturais ou outros tipos de afogamento e submersão especificados, ou até envolvendo
acidente com embarcação, entretanto a grande maioria dos afogamentos do presente
estudo (67,5%) foram classificados como afogamento e submersão não especificados,
tornando-se uma limitação para esse estudo e dificultando a obtenção desta informação
que seria de grande valia para compor o perfil epidemiológico das vítimas de
afogamento e contribuir para adoção de medidas preventivas.
Ao longo do caminho percorrido pela vítima através do atendimento inicial,
equipes de resgate, atendimento hospitalar e Instituto Médico Legal muita informação é
perdida acerca do afogamento, das condições da vítima, e do local da ocorrência,
principalmente devido a inexistência de um documento específico e único, que
acompanhe o paciente para registrar os dados do afogamento. Além disso, informações
sobre as habilidades de natação da vítima nem sempre são registradas, porém são
importantes e necessárias para a prevenção. Devido à ausência de uma central de
informações única e completa acerca dos casos de afogamento , que foram ou não a
óbito, há uma enorme fragmentação das informações entre o DATASUS, Institutos
médico-legais, e serviços de salvamento aquático, dificultando assim o conhecimento da
real dimensão do problema e a tomada de decisões e medidas preventivas.
As informações obtidas no presente estudo, associada a outras que não puderam
ser coletadas em razão de limitações, oferecem indícios e informações que podem
contribuir para a adoção de medidas preventivas, que representam a principal arma na
redução do número de afogamentos. O perfil epidemiológico do grupo de maior risco
20
pode orientar a implementação de medidas socioeducativas, principalmente em escolas
e universidades. Além disso, os locais, época do ano e horários de maior ocorrência
podem orientar os órgãos responsáveis na melhoria da sinalização nas praias, na
disponibilidade de informações aos banhistas e na distribuição das equipes de
salvamento aquático pelos locais onde há maior número de afogamentos, e em outros
locais onde ainda não há equipes de salvamento.
21
VII. CONCLUSÕES
1. As mortes por afogamento representam um número significativo de mortes por
causas externas, e atinge principalmente a população em estudo, crianças e
adolescentes.
2. O perfil epidemiológico das mortes por afogamento em Salvador e região
metropolitana mostra uma maior incidência no sexo masculino e na faixa etária
entre 15 e 19 anos de idade.
3. Foram registrados mais casos de afogamento no período entre os meses Outubro
e Janeiro.
4. As autoridades responsáveis devem intensificar as ações das equipes de
salvamento aquático, durante todo o ano, e principalmente nos locais de maior
ocorrência, além de investir em medidas preventivas, sinalização de praias,
fiscalização de piscinas públicas e privadas e criar medidas socioeducativas em
escolas e comunidades para disseminar informações acerca do problema e como
evitá-lo.
22
VIII. SUMMARY
BACKGROUND: 500,000 people drown and die each year worldwide, 98.1% occur in
low and middle income countries. In Brazil it is estimated that 7,210 drowning deaths
occur annually, 88% of these are accidental cause, which could be prevented by
preventive and educational measures. OBJECTIVE: To analyze the epidemiology of
drowning deaths in children and adolescents in Salvador, Bahia, Brasil and its
metropolitan area. METHODS: Study of data from the IT Department of the Unified
Health System (DATASUS), of 692 children and adolescents who died in the period
from January 1996 to December 2012. The TabWin program was used to import the
data and calculate mortality rates. RESULTS: There was a reduction in mortality rate
from 5.31 to 2.81 per 100,000 population between 1996 and 2012. The age group
between 15 and 19 years and males had the highest mortality rates. There was a
predominance of deaths between October and January (45%). Regarding the type of
drowning, 2.1% occurred in pool, 27.6% in natural waters, 2.7% were classified in other
specified types and 67.5% classified as not specified. DISCUSSION: The high
incidence of drowning in young people 15-19 years and males due to exposure of this
group to risk situations. Limitations of this study prevented investigate the association
between alcohol and drowning, and to recognize the types of drowning victims in all.
More information can make the problem clear and contribute to preventive measures.
CONCLUSION: The epidemiological profile of drowning deaths in Salvador and the
metropolitan area showed higher incidence in male and in the age group 15-19 years.
More cases were recorded in the months between spring and summer.
Key words: 1 Drowning; 2 Child; 3 Adolescent.
23
XIX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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