Post on 11-Nov-2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
UFBA
ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA
MONOGRAFIA
TECNOLOGIAS LIMPAS PARA PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA QUALIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS NO SEMI-ÁRIDO DO ESTADO
DA BAHIA
AUTORA: Clélia Nobre de O. Proença
ORIENTADORA: Iara Brandão de Oliveira
Salvador, junho de 2002
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Agradecimentos
Agradeço a contribuição valiosa da professora Iara Brandão, que foi além da orientação de uma
aluna na elaboração de uma monografia. Para mim foi muito importante e enriquecedor, o seu
acompanhamento, pois recebi orientações quanto ao método mais prático e eficiente para a
realização de qualquer trabalho que envolva pesquisas bibliográficas, buscando aliar o tempo
disponível, a forma de identificar essas bibliografias, partindo do tema geral para o particular,
bem como o armazenamento das mesmas para a etapa de elaboração do texto. Nessa etapa sua
colaboração implicou no dinamismo da leitura, que espero eu, tenha resultado em um texto claro e
de qualidade.
Agradeço também ao Grupo de Recursos Hídricos da Escola Politécnica da UFBA, que facilitou a
elaboração dessa pesquisa a partir da minha participação no desenvolvimento de Projeto em
parceria com o Ministério do Meio Ambiente, cujo objetivo engloba o tema escolhido para essa
monografia.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO................................................................................................ 4
3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 8
3.1 Área de estudo ................................................................................................................... 9
4. DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS LIMPAS OU TECNOLOGIAS
ALTERNATIVAS IDENTIFICADAS..................................................................................... 10
4.1 Uso de aguapé ou baronesa ............................................................................................ 10
4.2 Aplicação de sistema de solos-filtrantes ........................................................................ 12
4.3 Utilização do junco em águas residuárias para purificação da água ......................... 15
4.4 Sanitário Bason................................................................................................................ 17
4.5 Uso da semente da moringa para purificação de água ................................................ 19
4.6 Reprocessamento e Aproveitamento do Efluente de Dessalinizadores ...................... 21
4.6.1 Aproveitamento para cultivo de plantas halófitas.................................................................................. 22
4.6.2 Aproveitamento para cultivo de peixes ................................................................................................. 23
4.6.3 Aproveitamento pela separação dos sais ............................................................................................... 23
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 24
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 29
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANA: Agencia Nacional de Águas
BNB: Banco do Nordeste do Brasil
CAA: Centro de Assessoria do Assuruá.
CAATINGA: Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-
Governamentais Alternativas
CERB: Companhia de Engenharia Rural da Bahia
DHS: Depuração Hídrica com Solos
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia
ESALQ: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
FNE: Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste
GRH: Grupo de Recursos Hídricos
IEA: Instituto de Ecologia Aplicada
IPA: Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária
IRPAA: Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
MMA: Ministério do Meio Ambiente
ONG: Organização Não-Governamental
SASOP: Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais
SRH: Secretaria de Recursos Hídricos
SUDENE: Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
UFBA: Universidade Federal da Bahia
UNESP: Universidade Estadual Paulista
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LISTA DE FIGURAS
Pg.
Figura 1: Região Semi-Árida do Estado da Bahia e suas Bacias Hidrográficas (BAHIA, 1996)
9
Figura 2: Aguapé – planta aquática, que apresenta flores roxas e pode ser utilizada para o tratamento de efluentes
11
Figura 3: Sistema-piloto de solo-filtrante Lâmina d’água de 10 cm sobre o arrozal Piracicaba, SP. (FILTRO DE ARROZ, 1990)
12
Figura 4: Esquema do sistema de solo filtrantes da ESALQ, Piracicaba, SP (FILTRO DE ARROZ, 1990)
13
Figura 5: Sistema de Depuração Hídrica com Solos - DHS (WETLAND, 2000) 13
Figura 6: Corte transversal – fluxo descendente. (PI 850-3030) (WETLAND, 2000) 14
Figura 7: Corte transversal–fluxo ascendente (PI 9600420-7) (WETLAND, 2000) 14
Figura 8: processo de implantação do tratamento de águas residuárias por raiz de junco (STEGEMANN, 1995)
15
Figura 9: Amostra da água ao passar pelo processo de despoluição por raiz de junco (STEGEMENANN, 1995)
17
Figura 10: Sanitário tipo Bason – Campinas do Riachinho, Chapada Diamantina, BA 18
Figura 11: Moringa Oleifera: árvore originária da Índia. No Nordeste do Brasil, é conhecida como Lírio branco
20
Figura 12: Cultivo de plantas salinas do gênero Atriplex ou plantasal e do gênero Sesuvium portulacastrum ou bredo-salgado. Experimento do IPA, Recife (HERRERA, 1999).
22
Figura 13: Criação de tilápia com utilização do rejeito do dessalinizador. EMBRAPA. Petrolina/PE
23
Figura 14: Tanques para extração de sais. EMBRAPA. Petrolina/PE 23
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o assunto mais discutido no mundo diz respeito à escassez e a falta de gerenciamento
da água, que, segundo as previsões mais alarmantes, será motivo de grandes conflitos mundiais
ainda neste século.
No semi-árido do Estado da Bahia, por exemplo, a população enfrenta grave problema de escassez
de água que coloca em risco a própria sobrevivência, agrava as questões de saúde, gera altos índices
de mortalidade infantil e provoca enormes dificuldades econômicas (BAHIA, 1997). Esses
problemas se tornam mais ameaçadores quando se verifica o estado de degradação nas margens dos
cursos d’água, devido principalmente às atividades antrópicas, com forte contribuição para a
degradação da qualidade dessas águas através de: cultivos e pastagens sem técnica de manejo
apropriada; uso de agrotóxicos e fertilizantes de forma inadequada; ausência de tratamento e
destinação dos dejetos animais; presença de atividades agroindustriais e industriais com utilização
da água de forma indiscriminada e disposição de seus efluentes de forma inadequada.
Da mesma forma, a falta ou precariedade de saneamento básico para grande parte da população do
semi-árido - situação típica no nordeste brasileiro - implica no lançamento do lixo e dos efluentes
líquidos nos mananciais e cursos d’água da região. Os impactos decorrentes destes problemas tem
se tornado crescentes, sobretudo, porque essa região também apresenta problemas de escassez de
água, a qual tem se agravado com o aumento da demanda.
Os problemas verificados na quase totalidade das reservas de águas superficiais e subterrâneas da
região semi-árida, são decorrentes de uma seqüência de usos inadequados, que se estabeleceram
sem nenhum critério quanto aos padrões mínimos de qualidade que se deve manter para evitar
riscos de saúde às populações que se abastecem dessa água. Estes problemas merecem uma maior
preocupação dos segmentos da sociedade, tanto daqueles envolvidos com saneamento ambiental,
como por parte de qualquer cidadão que preze o equilíbrio do meio ambiente como prioritário à
qualidade de vida das populações.
Considerada como bem infinito, a água nunca mereceu maiores preocupações por parte da
sociedade, quanto à perspectiva de sua indisponibilidade, postura essa que vem sendo modificada
recentemente. No Brasil, o Governo brasileiro vem acelerando o processo de colocar em prática a
Lei Federal no 9.433, criada em 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, tendo
como um dos fundamentos gerir tais recursos, proporcionando uso múltiplo, em consonância com
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objetivos que assegurem “à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”. Assim, diretamente ligados à qualidade das
águas, são apresentados os instrumentos de política para o setor de recursos hídricos, como (i) o
Plano de Recursos Hídricos; (ii) o Enquadramento dos Corpos de Água em Classes; (iii) a Outorga
de Direito de Uso dos Recursos Hídricos; (iv) a Cobrança pelo Uso da Água e por último (v) o
Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, exibidos no Capítulo IV, seções I, II,
III, IV e VI respectivamente, na referida Lei.
As águas são constantemente ameaçados por utilizações inadequadas, que aceleram o seu processo
de degradação. Na verdade, por ser um bem tão escasso, deve ser gerenciada com instrumentos que
garantam sua preservação. Por exemplo, a aplicação de técnicas consideradas limpas em diversas
regiões do país, tem contribuído para melhorar a qualidade das águas, contaminadas por resíduos
provenientes de diversas atividades antrópicas. São técnicas alternativas, que aliadas aos
instrumentos de gestão da Lei no 9.433/97, são extremamente importantes para a preservação dos
recursos hídricos.
As informações descritas no presente trabalho, fazem parte de um documento mais completo, o
“Manual de Tecnologias Limpas Utilizadas no Controle e Preservação dos Recursos
Hídricos”. Este trabalho foi elaborado no período de dezembro de 1999 a junho de 2001, pelo
Grupo de Recursos Hídricos (GRH) da Escola Politécnica da UFBA - EPUFBA, no qual a autora
desta monografia teve participação como pesquisadora e organizadora do documento final, sob a
coordenação da Profa Iara Brandão. A realização desse Manual foi viabilizado através da parceria
com a Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, no intuito de contribuir
para a gestão dos recursos hídricos do Semi-árido do Estado da Bahia.
Na pesquisa de campo desenvolvida pela equipe do GRH-EPUFBA, nesse período, verificou-se a
inexistência de programas governamentais voltados exclusivamente para a melhoria da qualidade
dos recursos hídricos, sendo priorizadas intervenções para aumentar a oferta de água para as
comunidades locais, como por exemplo construções de açudes, cisternas e perfuração de poços. Foi
constatado, entretanto, que o número destas estruturas hídricas são insuficientes para atendimento
da demanda da região, considerando-se também que em sua maioria, armazenam águas com
prováveis índices de contaminação.
Um elemento positivo na gestão dos recursos hídricos da região do semi-árido, identificado pela
equipe do GRH, foi a presença de organizações não governamentais (ONGs) que trabalham com as
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comunidades rurais, na busca de alternativas para a escassez de água, treinando a população para o
manejo adequado da água e do solo e para a convivência com as características naturais da região
do semi-árido do Estado da Bahia.
Dentre as ONGs atuando no semi-árido nordestino visando a melhoria da qualidade dos recursos
hídricos, podem ser citadas as seguintes: Projeto CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos
Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas, em Ouricuri-Pe, CAA - Centro de
Assessoria do Assuruá, PE, SASOP - Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais,
Salvador-Ba e IRPAA- Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada, Juazeiro-Ba.
Foi identificado também na região, a atuação da Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE, que vem
desenvolvendo outras alternativas visando o aumento da oferta hídrica, ao tempo que induzem a
melhoria da qualidade da água. Uma dessas alternativas é o aproveitamento sustentável das águas
subterrâneas salinas para consumo humano e animal, com a utilização dos dessalinizadores de água.
Na forma que vem sendo aplicado por vários setores, tendo a Companhia de Engenharia Rural da
Bahia (CERB) como um dos exemplos, o uso dos dessalinizadores resulta em água obtida após o
processo de boa qualidade, no entanto, o maior problema radica no despejo indiscriminado dos
resíduos dos dessalinizadores a céu aberto, atividade que está contribuindo para que sejam criados
outros problemas, como a salinização das áreas contíguas às centrais de processamento da água.
A Embrapa Semi-Árido desenvolve técnicas para reutilização dos resíduos altamente salinos dos
dessalinizadores e assim se efetivar o uso racional das águas salobras dos aqüíferos subterrâneos,
em equilíbrio com a natureza. Esses resíduos podem ser aproveitados para fins pecuários, visto ser
a região semi-árida muito carente no aspecto de mineralização dos animais; na piscicultura,
principalmente com Tilápias, que são espécies extremamente resistentes a ambientes salinos, e no
cultivo irrigado de plantas halófilas, a exemplo da Atriplex, que necessitam de águas com teores
salinos elevados para se desenvolverem (HERRERA, 1999).
Em vista disso, percebe-se a necessidade de maior intensificação na gestão dos recursos hídricos,
principalmente do que diz respeito a forma de manejo, buscando a preservação desses recursos e
aumentando a sua disponibilidade para atender a demanda de um bem já tão escasso na região.
Este trabalho de pesquisa fez um levantamento de técnicas alternativas para a melhoria da qualidade
dos recursos hídricos na região semi-árida do estado da Bahia. Estas técnicas, devido aos resultados
de sua implantação, mesmo em caráter experimental, foram consideradas como tecnologias limpas,
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uma vez que se utilizam dos recursos naturais preservando-os e contribuindo para a recuperação e
minimização da poluição dos recursos hídricos.
As tecnologias limpas apresentadas aqui, foram selecionadas de acordo com os benefícios à
qualidade da água e estão descritas apresentando a sua caracterização geral, metodologia de
aplicação, instituição que aplica e resultado esperado. Inicialmente é apresentada a tecnologia
alternativa de tratamento de efluente líquido, através da aplicação de sistema de solos-filtrantes e
uso da raiz de junco, além da utilização de sanitário tipo Bason, que permite o aproveitamento dos
resíduos líquidos e sólidos ao invés de despejá-los a céu aberto. Em seguida, são apresentadas as
tecnologias utilizadas para purificação da água, que envolvem o uso de aguapé ou baronesa e o uso
da semente da moringa. Foi acrescentado a tecnologia de aproveitamento de resíduos de
dessalinizadores, por ser uma técnica que implica na redução de um dos maiores problemas da
região: a salinização do solo, com contribuição indireta na qualidade da água.
A apresentação dessas tecnologias visa contribuir na implantação e divulgação de técnicas para a
melhoria da qualidade da água, permitindo o melhor aproveitamento desses recursos.
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
O conceito de tecnologias limpas surgiu inicialmente na indústria química, visando fazer com que,
em todas as operações que possam resultar em impactos ambientais, se escolham as melhores
técnicas e procedimentos que resultem na minimização da poluição indireta. Neste trabalho, este
conceito foi utilizado para auxiliar na identificação das práticas e manejo apropriados, que resultam
na redução da contaminação dos recursos hídricos.
No setor industrial, tem tomando corpo a certeza de que os melhores métodos e sistemas para
minimizar o impacto de poluentes é minimizar a sua produção na fonte e isso se inicia com a
revisão dos processos e sistemas que estão sendo utilizados, e a busca das oportunidades para alterá-
los, de forma que se obtenha um desenvolvimento sustentável e maior economia dos recursos
naturais.
No entendimento desse conceito alguns estudos foram realizados abordando os temas que podem
interferir diretamente no desenvolvimento industrial e que são amplamente discutidos por
ambientalistas preocupados com a preservação e manutenção do equilíbrio entre os diversos
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sistemas naturais que envolvem o homem e o meio ambiente. Dentre esses temas são aqui
mencionados a ecologia industrial, a produção limpa e prevenção da poluição, que apresentam
similaridades, principalmente quanto a preocupação na redução dos impactos ambientais,
envolvendo práticas de minimização de resíduos, que são considerados mais difíceis de serem
controlados, uma vez que, na maioria dos processos, são necessárias alterações na planta industrial,
o que na visão das empresas responsáveis pela poluição ambiental, trará custos adicionais,
prejudicando seus lucros.
Essa situação, pode ser evitada com a utilização das estratégias citadas a seguir, identificadas como
ferramentas na busca da redução ou não emissão de resíduos no meio ambiente, que primeiramente
avaliam os ganhos econômicos, antes da tomada de decisão, apresentando às empresas as vantagens
econômicas, uma vez que a proteção ambiental representa uma boa imagem para a empresa perante
seus clientes e fornecedores, e consequentemente irão adquirir vantagem na competição do
mercado.
A ecologia industrial surge diante da necessidade de solucionar os problemas oriundos das
atividades econômicas industrias, que vem causando alterações irreversíveis ao meio ambiente.
Esse é um conceito que ao ser aplicado deve procurar analisar os processos econômicos e industrias,
não como um sistema isolado, mas sim em harmonia com o sistema que os rodeia, e portanto, já que
se utiliza dos recursos ambientais, deve interagir com ele, através de procedimentos que tragam
benefícios para ambas as partes. Esses procedimentos devem otimizar o ciclo dos materiais de
forma integral, desde os materiais brutos até os materiais acabados, aos componentes, aos produtos
ultrapassados, até a disposição final, considerando-se a utilização de energia, de água e capital
(SOCOLOW, 1994).
A proposta da ecologia industrial avalia os impactos ambientais gerados pelas atividades
econômicas, considerando-se também os custos envolvidos, e inclui as seguintes linhas de pesquisa:
sistema de emissão zero; substituição de materiais; desmaterialização; descarbonização e;
funcionalidade econômica (KIPERSTOK, 2000).
O conceito de Produção limpa baseia-se no fato de que qualquer resíduo de qualquer sistema
produtivo só pode ser proveniente das matérias-primas ou insumos de produção utilizadas no
processo. Dessa forma, obtêm-se um aumento do produto e uma diminuição dos resíduos. Isto traz
um imediato resultado financeiro para a empresa, gerando benefícios econômicos e ambientais,
decorrente da diminuição do volume de resíduos (CHRISTIE, 1995).
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A expressão Produção Limpa foi proposta pela organização ambientalista não-governamental
Greenpeace, para representar o sistema de produção industrial que levasse em conta:
a auto-sustentabilidade de fontes renováveis de matérias-primas;
a redução do consumo de água e energia;
a prevenção da geração de resíduos tóxicos e perigosos na fonte de produção;
a reutilização e reaproveitamento de materiais por reciclagem, levando a um consumo
energético eficiente e eficaz;
a geração de produtos de vida útil longa, seguros e atóxicos, para o homem e o ambiente, cujos
restos (inclusive as embalagens), tenham reaproveitamento atóxico e energia-eficiente e;
a reciclagem (na planta industrial ou fora dela) de maneira atóxica e energia-eficiente, como
substitutivo para as opções de manejo ambiental representadas por incineração e despejos em
aterros.
A produção limpa aumenta a eficiência das empresas e a competitividade dos produtos. É
considerada uma boa estratégia para manter o equilíbrio entre o desenvolvimento dos processos
produtivos e o uso dos recursos naturais do planeta. Enfoca a redução de impactos ambientais,
durante todo o ciclo de vida do produto, desde a etapa de extração da matéria-prima até seu despejo,
por isso, envolve a racionalização do uso de energia, de água e de todas as matérias-primas usadas
pelos diversos setores de produção (CHRISTIE, 1995).
Em relação a prevenção da poluição, seu conceito esta baseado em práticas que levem à prevenção
dos resíduos poluentes na fonte geradora levando à minimização dos mesmos, bem como, a
implantação de sistemas que induzam a uma melhor eficiência energética e à redução do consumo e
desperdício de água, com a adoção de estratégias como um bom manejo operacional e a reciclagem
e/ou reaproveitamento dos resíduos gerados no processo de produção, medidas essas que envolvem
segmentos da sociedade que possam vir a influenciar nas decisões a serem tomadas para a melhoria
de qualidade de vida (KIPERSTOK, 2000).
A prevenção da poluição representa uma mudança de atitude reativa, onde o foco é o controle da
poluição, para uma atitude pró-ativa, que adota a prevenção ao longo de todo o processo produtivo.
Essa prática alia os aspectos econômicos com a lucratividade da empresa (KIPERSTOK, 2000).
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O conceito de prevenção da poluição esta inserido nos conceitos da ecologia industrial e produção
limpa, pois percebe-se uma maior abrangência em suas propostas ambientais. Observa-se também
que a produção limpa segue os princípios da ecologia industrial, pois requer que o sistema industrial
seja visto, não isoladamente dos sistemas que o rodeiam, mas em harmonia com eles. Na visão
destes, faz-se necessário a implementação de medidas de redução dos impactos ambientais, durante
todo o ciclo de vida do produto (KIPERSTOK, 2000).
A implementação de práticas consideradas limpas, permite às empresas, adotar ações e
procedimentos adequados que as conduzam à minimização e/ou erradicação de resíduos, de forma a
reduzir os impactos causados ao meio ambiente. Através dessas ações, as empresas estarão
contribuindo para melhorar a qualidade de vida da população, bem como, possibilitando a redução
de custos na produção e aumento da produtividade.
Portanto, Tecnologias Limpas são consideradas também, como ferramentas que exercem a função
de abater a poluição, resultando no uso mais racional dos recursos naturais, ao tempo em que se
preserva o equilíbrio dos sistemas.
No setor de produção agrícola e manejo dos recursos naturais, o conceito de tecnologias limpas
também vem sendo aplicado, embora com diferente terminologia, tais como tecnologias alternativas
ou apropriadas, e ainda tecnologias de baixo custo.
Os estudos desenvolvidos durante a etapa de levantamento de informações na região de interesse
deste trabalho, permitiram identificar a aplicação de estratégia de minimização de resíduos com o
uso racional dos recursos naturais, e a adoção de tecnologias que permitem o uso adequado dos
recursos hídricos, considerando a relação disponibilidade e demanda, visando a melhoria das
condições de vida das comunidades. Como exemplo, identificou-se as seguintes técnicas: sistema
de solos-filtrantes (FILTRO DE ARROZ, 1990), utilização do junco em águas residuárias para
purificação da água (STEGEMANN, 1995), uso da semente da moringa para tratamento da água
(ESPLAR/CPEMA, 1997), dentre outras.
Verificou-se também que na adoção de algumas dessas tecnologias estão inseridos os ganho
econômicos para o produtor rural, para a agroindústria, e o barateamento dos custos finais para o
consumidor.
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3. METODOLOGIA
Para atingir o objetivo desse trabalho de pesquisa a metodologia aplicada baseou-se em i) revisão
bibliográfica, ii) visita à campo, iii) processamento e organização das informações.
O levantamento bibliográfico efetuado permitiu a identificação e seleção das tecnologias limpas,
apropriadas e de baixo custo, com destaque para o acervo da biblioteca da Embrapa Semi-árido em
Petrolina, Ba; do IRPAA em Juazeiro, Ba e da SASOP, em Salvador, BA. A consulta aos órgãos
ambientais do governo resultou infrutífera. Os poucos documentos disponibilizados, não continham
dados atuais e também não abrangiam as principais áreas de interesse do projeto, que seriam
aquelas com maior degradação ambiental.
No levantamento bibliográfico efetuado na internet, diversos sites de entidades e pesquisadores
interessados no desenvolvimento dos estudos sobre as tecnologias limpas aplicáveis ao semi-árido
também foram consultados.
Nas visitas a campo, o objetivo foi proceder ao acompanhamento da aplicação de técnicas de
manejo consideradas adequadas às atividades econômicas desenvolvidas na região que possuam
como produto final resíduos que degradem os recursos hídricos. Assim, pode-se obter, como
resultado, o estabelecimento de contatos com pesquisadores e técnicos de ONGs, como o Instituto
Regional da Pequena Agropecuária Apropriada-IRPAA e de instituições governamentais como a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, que desenvolvem projetos que incluem
o uso racional dos recursos hídricos.
As informações colhidas em campo com técnicos e pesquisadores envolvidos com estudos
relacionados à área do semi-árido tiveram grande contribuição na seleção de algumas das técnicas
apresentadas.
No processo de levantamento bibliográfico, também obteve-se informações sobre práticas
ambientais de outras regiões do Brasil, mas que podem ser perfeitamente adaptadas à região de
estudo.
Na organização das informações, atenção especial foi dada às técnicas de baixo custo e elevada
eficácia, passíveis de serem apropriadas pelas prefeituras locais, comunidade pobres do interior e
pequenos produtores rurais. A aplicação destas técnicas, inclusive contando com a participação das
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comunidades, tem ajudado tanto no aumento da oferta hídrica como na melhoria da qualidade da
água para consumo humano.
3.1 Área de estudo
A área de interesse dessa pesquisa corresponde
ao semi-árido do Estado da Bahia, porque é esta
região que apresenta os maiores problemas
relativos a escassez e manejo inadequado dos
recursos hídricos disponíveis.
Segundo o Projeto Áridas (BAHIA, 1995), os
rios do semi-árido, principalmente os que
apresentam um regime intermitente, estão
fortemente impactados pela retirada da cobertura
vegetal, implementação de perímetros irrigados, e efluentes de indústrias de transformação e de
mineração localizadas nas proximidades dos cursos d'água.
Esses corpos d’água, por terem vazão nula ou desprezível durante grande parte do ano, não são
eficientes como diluidores de despejos.
Os problemas decorrentes da intensificação da prática da irrigação em várias bacias hidrográficas
do semi-árido, embora diversos em sua manifestação, estão inter-relacionados, quais sejam:
destruição das matas ciliares, crescentes níveis de salinização do solo, poluição e redução de
disponibilidades hídricas, conflitos quanto aos usos dos recursos, inobservância das normas de uso
da água e, por fim, o aumento dos índices de morbi-mortalidade por conta das doenças de
veiculação hídrica.
A delimitação desta região obedece à Resolução nº 10.929/94 da SUDENE que a redefiniu para fins
de aplicação do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE. Esta definição
ampliou a área denominada de semi-árido, anteriormente determinada com base em critérios
somente climatológicos, estabelecidos na Lei nº 7.827 de 27 de setembro de 1989 Apud Resolução
no 10.929/94 (BRASIL, 1994). Os critérios climatológicos estão apresentados na Proposição nº
Figura 1: Região Semi-Árida do Estado da Bahia e suas Bacias Hidrográficas (BAHIA, 1996)
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08/94 da Secretária Executiva da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE,
sendo: precipitações médias anuais menores ou iguais a 800 mm/ano, insolação média de 2.800
h/ano e evaporação de 2.000 mm/ano.
O semi-árido da Bahia corresponde a 69% da área do Estado, abrangendo um total de 257
municípios. Esta região encerra importantes bacias e sub-bacias hidrográficas, entre elas as dos
rios: São Francisco, Vaza-Barris, Itapicuru, Real, Paraguaçu, Inhambupe, Recôncavo Norte,
Recôncavo Sul, de Contas, Pardo, Leste, Jequitinhonha, segundo classificação da Secretaria de
Recursos Hídricos (BAHIA, 1996), apresentadas na Figura 1.
4. DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS LIMPAS OU TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS
IDENTIFICADAS
Foram identificadas (6)seis tecnologias limpas ou alternativas, as quais vem descritas a seguir.
Dentre as tecnologias alternativas, aplicadas para o tratamento da água, identificadas nessa pesquisa
estão o uso de aguapé ou baronesa, aplicação de sistema de solos-filtrantes e uso da raiz de junco,
para auxiliarem no tratamento de águas residuárias, além do uso da semente da moringa, que auxilia
na purificação da água. Também foi identificada a técnica alternativa de tratamento de efluentes
por meio da utilização de sanitário tipo Bason, a qual permite o aproveitamento dos resíduos sólidos
e líquidos ao invés de despejá-los a céu aberto.
Por fim, são apresentadas técnicas que envolvem a reciclagem de efluentes como o reprocessamento
e aproveitamento do efluente de dessalinizadores.
4.1 Uso de aguapé ou baronesa
Trata-se de uma planta flutuante, com flores roxas e raízes brancas amareladas, muito comum em
toda a América do Sul. No Brasil, é encontrada do Rio Grande do Sul ao Amazonas, recebendo
diversos nomes, como mururé, moreru, baronesa ou aguapé. Em outros países, é conhecida por
jacinto de água (TORNISIELO, 1987).
O aguapé é tido agora como uma planta respeitável e útil, depois de ter sido, no passado, chamado
de praga por sua enorme capacidade de crescer, multiplicar-se e tomar conta de lagoas e rios. Essa
rapidez de proliferação na presença de impurezas é uma das principais características do aguapé.
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Por exemplo, uma área coberta com 100 m2 dobra para
200 m2 depois de quinze dias (TORNISIELO,
1987).Por funcionar como um autêntico filtro
biológico, o aguapé, passou a ser pesquisado e utilizado
em projetos de pré-tratamento de rios e esgotos, pois
suas raízes retêm as impurezas contidas na água e estas,
quando se decompõem pela ação de microorganismos,
vão servir de nutrientes para a planta. Por sua
capacidade de limpar, o aguapé pode perfeitamente ser
usado nas águas para o abastecimento público,
removendo naturalmente muitas das impurezas que, de outra forma, teriam de ser eliminadas com
substâncias químicas. Por suas virtudes - além de purificar a água, serve de alimento a suínos e
para a utilização em biodigestores (TORNISIELO, 1987).
Alguns cuidados se fazem necessários na utilização dessa planta, como por exemplo, em um riacho,
convém reservar um canal separado para o aguapé, de preferência na parte mais baixa do terreno,
por onde passa toda a água mas que, pela própria localização, impede que os aguapés tomem conta
totalmente da área. De quinze em quinze dias, recomenda-se retirar algumas plantas para que a
densidade fique entre cinquenta e sessenta aguapés por metro quadrado, deixando espaço para todos
crescerem. Se faltar espaço, alguns podem morrer e, então, fazer um trabalho inverso - em vez de
filtrar a água, os aguapés mortos devolvem a ela toda a poluição que havia sido anteriormente retida
por suas raízes.
Segundo informações da Horto Jardim, em Salvador, empresa que trabalha com recuperação das
margens de mananciais em regiões urbanas, é recomendado que se plante o aguapé em áreas mais
profundas para evitar o rápido emaranhado das raízes, e que seja respeitado na fase inicial de
despoluição, um mínimo de 9 aguapés por m2, obtendo-se dessa forma, melhores resultados.
A Universidade Estadual Paulista –UNESP, Campus de Botucatu, através da Faculdade de Ciências
Agronômicas – Fazenda Experimental do Lageado, SP, realiza pesquisas para recuperar a qualidade
de águas servidas, envolvendo o tratamento do esgoto doméstico. A coordenação do projeto da
Unesp afirma que o sistema é ideal para fazendas, e até pequenos distritos. A pesquisa consiste na
adoção de uma rede de coleta do efluente e na utilização de dois ambientes distintos, constituindo-
se em dois depósitos de decantação. Um deles tem a finalidade de reter o material sólido, despejado
no efluente. Após essa etapa, o efluente segue para o segundo ambiente, onde se encontram as
Figura 2: Aguapé – planta aquática, que apresenta flores roxas e pode ser utilizada para o tratamento de efluentes
12
plantas aquáticas. Assim, a água recupera parte de sua qualidade e pode ser utilizada em serviços
domésticos e na agricultura.
Ainda segundo Tornisielo (1987), o uso de aguapé ajuda na purificação da água, pois mostrou-se
um competente absorvedor de matéria orgânica, reduzindo-a em 70% a 80%, além de reter metais
pesados e pesticidas.
Como tecnologia alternativa, o uso do aguapé pode se mostrar uma das mais simples a ser
implantada, uma vez que essa planta é facilmente encontrada nas margens de rios e lagoas, não
exigindo mão-de-obra qualificada, com custo praticamente zero, não sendo necessário a elaboração
de grandes projetos e sim uma maior atenção no desenvolvimento da planta, evitando que ela
chegue num estágio em que não possa ser mais aproveitada no ciclo, e passe a ser um rejeito
poluidor dos recursos hídricos pois deve-se lembrar que o manejo inadequado dessa planta, acarreta
no acúmulo de microorganismo que podem ser patogênicos.
4.2 Aplicação de sistema de solos-filtrantes
O sistema de solos-filtrantes é um processo em
que plantas aquáticas e sistemas de solos filtrantes
dividem as responsabilidades pela despoluição
hídrica. Desenvolvido por Enéas Salati, na Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz –
ESALQ, em Piracicaba, São Paulo, os tanques de
solo-filtrante são utilizados para o cultivo de
arroz, exibindo uma elevada produtividade com
custo zero de adubação. Esse sistema tem
eficiência própria e ainda economiza 50% da área, se comparado com estações de tratamento
baseadas exclusivamente no aguapé (FILTRO DE ARROZ, 1990).
A desvantagem apresentada por esse sistema refere-se ao encontro da composição ideal de solo que
exiba elevada porosidade e, ao mesmo tempo elevado poder de retenção de micropoluentes. A
solução encontrada pelos pesquisadores foi a construção de um solo artificial composto de
vermiculita expandida, terra, casca de arroz, pedra e brita, em quantidades que dependem da
natureza do poluente e do nível de limpeza que se pretende alcançar (FILTRO DE ARROZ, 1990).
Figura 3: Sistema-piloto de solo-filtrante Lâmina d’água de 10 cm sobre o arrozal.. Piracicaba, SP. (FILTRO DE ARROZ, 1990)
13
O sistema desenvolvido na ESALQ, em
Piracicaba, SP, envolve três estágios: 1)
construção de tanques com perfeito sistema de
drenagem; 2) preenchimento desses tanques com
um solo especial, composto de vermiculita
expandida, terra e palha de arroz; 3) plantio de
arroz inundado nos canteiros. Segundo os
pesquisadores, os tanques devem ser construídos
em duplicata, de preferência em forma retangular,
para que o sistema possa funcionar em rodízio
semanal, evitando-se a saturação e o
endurecimento de cada módulo (FILTRO DE ARROZ, 1990).
A transformação da água que entra suja e malcheirosa numa ponta, e sai na outra limpa e
praticamente potável, reforça o sucesso dessa técnica. Recomenda-se a passagem preliminar da
água por um tanque adicional de aguapé para aprimoramento do processo (FILTRO DE ARROZ,
1990).
Os canteiros devem ser construídos preferencialmente em terrenos com ligeira inclinação para
auxiliar a vazão da água. As dimensões de cada módulo vão variar de acordo com o volume de
água a ser tratado. Calcula-se que cada hectare de solo filtrante dá conta de 250 litros/segundo. A
profundidade dos tanques nunca deve exceder 40 cm (FILTRO DE ARROZ, 1990).
Segundo os pesquisadores da ESALQ, esse método tem custo de manejo zero.
Outro modelo de sistema de solo-filtrante é desenvolvido pelo Instituto de Ecologia Aplicada (IEA)
de Piracicaba - SP, e recebe a denominação de Sistema de Depuração Hídrica com Solos – DHS.
Esse sistema é do tipo terras úmidas construídas, que
são ecossistemas artificiais utilizando-se diferentes
tecnologias, usadas para filtrar águas residuais das
estações de tratamento de esgoto industrial e urbano.
Segundo os pesquisadores do IEA, as terras úmidas
construídas podem alcançar boa qualidade de água,
com remoção de coliformes fecais de 95%. Figura 5: Sistema de Depuração Hídrica com Solos - DHS (WETLAND, 2000).
14
O sistema DHS é constituído por camadas superpostas de brita, pedrisco e solo cultivado com arroz
(Patente PI 850.3030), e pode alcançar um nível de filtragem de até 100-300 l/s/ha.
Tendo como base o estudo do IEA, a implantação do sistema DHS associado ao sistema de terras
úmidas construídas, funciona com fluxo descendente ou ascendente, a depender do efluente a ser
tratado.
No sistema descendente, a água a ser tratada é
lançada sobre o solo plantado com arroz ou outra
planta emergente. O solo é colocado sobre um
sistema de drenagem especialmente protegido
(WETLAND, 2000).
Ainda segundo os pesquisadores do IEA, o
funcionamento do sistema com fluxo ascendente é
normalmente utilizado no tratamento secundário e
terciário de esgoto urbano (WETLAND, 2000).
Os dois modelos apresentados de sistema de solo-
filtrante, apresentam vantagens na sua aplicação
quando comparados com sistemas convencionais
de tratamento de esgotos domésticos, a exemplo da redução dos custos, uma vez que pode-se
associá-los a fossas sépticas ou a caixas de decantação. Esses sistemas também possuem a
vantagem de evitar o contato direto com o efluente a ser tratado, pois estão sob camadas de brita e
areia, eliminando os problemas de maus odores e proliferação de insetos.
A implantação da tecnologia alternativa do IEA, segundo pode ser observado é um pouco mais
sofisticada que a da ESALQ, embora não implique que seja um processo mais complexo, ao
contrário, se utiliza dos mesmos recursos naturais disponíveis e que se tornam renováveis a medida
que vão sendo recuperados pelo tratamento, não esquecendo de mencionar, que o maior beneficiado
a médio e longo prazo com certeza são os mananciais superficiais e subterrâneos, que deixam de
receber uma carga poluída e/ou contaminada.
Vale ressaltar que os dois sistemas procuram aliar o benefício ambiental e da saúde, com o
benefício econômico que a implantação da técnica pode levar, uma vez que é sugerido o cultivo de
arroz como uma atividade de subsistência e de ganhos econômicos.
Figura 6: Corte transversal – fluxo descendente. (PI 850-3030)
(WETLAND, 2000).
Figura 7: Corte transversal–fluxo ascendente
(PI 9600420-7) (WETLAND, 2000).
15
4.3 Utilização do junco em águas residuárias para purificação da água
A Epagri - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia, através de seus
pesquisadores, garantem que a eficiência da técnica da raiz de junco na eliminação de coliformes
chega a 99,99%, e é considerada uma tecnologia de tratamento de esgotos viável na área rural, pois
é eficiente e não agride o meio ambiente. O método foi introduzido na Alemanha, na década de 60,
quando cientistas descobriram que em áreas alagadas, onde há juncos, a água se torna de boa
qualidade, pois liberam oxigênio pelas raízes, facilitando o desenvolvimento de bactérias, que
digerem os dejetos, fornecendo nutrientes às plantas e purificando a água (STEGEMANN, 1995).
A Epagri iniciou também experimentos com outras espécies de juncos e gramíneas aquáticas, como
a taboa.
O primeiro passo é escolher a área. Ela deve
ficar distante de nascentes e de cursos d'água
e não ter lençol freático na superfície. O
ideal também é um local sem árvores, pois o
excesso de sombra estimula o crescimento da
folhagem do junco, em prejuízo do
desenvolvimento das raízes, que
fundamentais na depuração dos efluentes.
Todo o esgoto da casa, proveniente da
cozinha, dos banheiros e da lavanderia, deve ser conduzido, por tubos de PVC ou manilhas de
barro, em desnível, até uma caixa de controle da vazão e depois para uma fossa séptica, dotada de
um suspiro para eliminação de gases e de uma tampa de inspeção. A construção da fossa deve
adotar os padrões da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (STEGEMANN, 1995).
Para uma família de cinco pessoas, as dimensões recomendadas são de 1,48 metro de profundidade,
1,52 metro de comprimento e 75 centímetros de largura. Os técnicos da Epagri, recomendam
limpar a fossa a cada 18 ou 24 meses, para melhor resultado do tratamento. O lodo pode ser
dissolvido em água e introduzido no sistema para tratamento. Um tubo de PVC de 100 milímetros
de diâmetro, enterrado no solo, com leve caimento, conduz, pela força de gravidade, os efluentes da
fossa para o sistema de zona de raízes, onde se liga a um tubo de PVC de igual calibre, dotado de
furos e localizados no fundo do buraco, no lado mais próximo à fossa, para funcionar como dreno
de entrada. Num dos cantos desse tubo de distribuição dos efluentes, coloca-se um suspiro ou cano
Figura 8: processo de implantação do tratamento de águas residuárias por
16
com cerca de 1 metro, dotado de tampa e usado para desentupir a tubulação, mediante injeção de ar
ou de água sob pressão. Em alguns casos, a retirada da tampa já é suficiente para desobstruir o
cano, pela ação da pressão atmosférica. O sistema de zona de raízes é montado num buraco aberto
no solo, com 70 cm de profundidade, 1 metro de largura, no fundo, e 8 m de comprimento, com
leve inclinação, para melhor distribuição do esgoto pela área onde ficarão os juncos. As paredes
laterais, inclinadas, evitam desbarrancamentos. O buraco deve ser forrado com lona plástica com
200 micra de espessura, igual às usadas para silagem (STEGEMANN, 1995).
Uma recomendação importante feita pelos técnicos é que em solos muitos porosos, como os
arenosos, é fundamental colocar uma camada de argila de, no mínimo, 20 cm de espessura, antes de
estender a lona, com 10,4 m de comprimento e 3,4 de largura (STEGEMANN, 1995).
Os excessos laterais devem ser colocados sobre as beiradas e cobertos com terra, para firmar a lona.
Outro cuidado importante é não rasgar o plástico na montagem do sistema. O passo seguinte é
instalar e cobrir com brita número 2 os drenos de entrada e saída, em lados opostos, no fundo do
buraco. Depois, sobre a lona plástica, no interior do buraco delimitado pela camada de brita,
assenta-se o leito filtrante, formado por camadas de 10 cm de casca de arroz, saibro e areia, pela
ordem. A operação deve ser repetida, em camadas menores (cerca de 5 cm), de saibro e areia,
terminando com uma camada de 10 cm de casca de arroz, até atingir 70 cm, no máximo, pois as
raízes do junco crescem, em geral, 60 cm e o sistema só funciona nessa faixa (STEGEMANN,
1995).
Casca de trigo e serragem podem substituir a casca de arroz. A função desses materiais é acelerar a
decomposição da matéria orgânica dos esgotos quando as raízes dos junco ainda são jovens. O
processo passa a funcionar plenamente quando o junco entra na maturidade, em torno de 2 anos de
idade. No assentamento do leito filtrante, é preciso evitar o pisoteio e a conseqüente compactação
do material, que impede a oxigenação das raízes e diminui a permeabilidade das camadas. Uma
solução é trabalhar sobre tábuas, distribuindo melhor o peso (STEGEMANN, 1995).
Finalmente, após a montagem do processo de zona de raízes, os efluentes vindos da fossa séptica
atravessam o leito filtrante, onde estão as raízes e as bactérias.
Após despoluída, a água penetra no dreno de saída, ligado a um dreno subterrâneo de distribuição,
que desemboca em um tubulão de concreto ou numa caixa de controle de vazão, que é fundamental
para o bom desempenho do processo (STEGEMANN, 1995).
17
Em caso de excesso, quando a água ameaça
escorrer pela superfície, é preciso deixar a
vazão livre. E se o problema for escassez, é
preciso impedir a saída dos efluentes tratados,
mantendo-os por mais tempo no leito filtrante.
Esse cuidado aumenta a eficiência do
tratamento. Quando a água é pouca, os juncos
e as bactérias não conseguem transformar a matéria orgânica e a água sai suja. Nesse caso, a planta
dá o alarme: fica ressequida, primeiro nas pontas e depois em todo o seu comprimento
(STEGEMANN, 1995).
A Epagri - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia, conforme
apresentado, fez uso de um sistema de fácil implantação e baixo custo, baseando-se no uso de um
tipo de junco como filtro biológico dos esgotos.
Pode-se verificar que os procedimentos de implantação da técnica de utilização do junco em águas
residuárias para purificação da água, são acompanhados de recomendações a cada etapa do
processo, indicando que é uma técnica que deve ser bem estudada e planejada antes de sua
implantação, uma vez que o manejo de resíduos oriundos de esgotos domésticos contêm organismos
patogênicos prejudiciais à saúde humana.
Vale mencionar que dentre as técnicas alternativas selecionadas, foi a que apresentou maior riqueza
de detalhes nos documentos identificados na fase de levantamento bibliográfico, permitindo que a
descrição da mesma, fosse aqui desenvolvida, mostrando o maior número de detalhes possíveis para
o entendimento da mesma.
O fato dessa técnica aproveitar resíduos de atividades agrícolas, como casca de arroz, trigo ou
serragem, na formação das camadas de filtração do efluente, é bastante significante para os recursos
hídricos, que deixam de receber esses materiais, e outros mais impactantes, em suas margens
contribuindo para a formação de sedimentos e o conseqüente processo de erosão dos rios.
4.4 Sanitário Bason
As comunidades do semi-árido do Estado da Bahia apresentam mananciais com altos índices de
contaminação por efluentes domésticos, sendo que as formas de tratamento adotadas, quando
existem, não são satisfatórias, pois é uma situação que se agrava cada vez mais na região.
Figura 9: Amostra da água ao passar pelo processo de despoluição por raiz de junco (STEGEMENANN, 1995).
18
Os impactos negativos do esgoto sanitário das aglomerações urbanas podem ser amenizados com a
aplicação de tecnologias alternativas de coleta e tratamento, sendo recomendável um sistema
coletivo de esgotamento. Os tratamentos convencionais embora sejam eficientes para a remoção da
carga poluente, não estão disponíveis para o atendimento dessas comunidades. Já para as zonas de
baixa densidade habitacional, como a zona rural, as soluções individuais são mais indicadas, por
serem de baixo custo e fáceis de implantar (BNB, 1999).
Dentre as técnicas alternativas que podem ser utilizadas na região, o sanitário Bason é uma técnica
que, se bem manejada, realiza de maneira eficiente o tratamento do esgoto; é de baixo custo e
contribui para a melhoria da qualidade dos recursos hídricos, uma vez que apresenta a grande
vantagem de não gerar resíduo líquido.
A construção de sanitário Bason, apresenta, como vantagem principal, a possibilidade de
aproveitamento do resíduo sólido após mineralizado, podendo todo esse resíduo ser reaproveitado
em cultivos de subsistência, evitando-se, assim, o seu lançamento no solo e nas vias hídricas,
possibilitando a redução dos índices de doenças, e de perigo à saúde da população; a melhoria de
qualidade das águas e o aumento dos benefícios dessas águas para os diversos usos.
Fora do Brasil, estes sanitários são produzidos em nível industrial, sendo fabricados pré-moldados
com material impermeável, como por exemplo o material utilizado na fabricação de máquinas de
lavar. Geralmente, são instalados nas residências de regiões com problemas de escassez de água.
A pesquisa de campo desenvolvida pela equipe do
GRH identificou a implantação de um sanitário
Bason em uma pequena comunidade na localidade de
Campinas do Riachinho, Chapada Diamantina, BA,
estando ainda em fase experimental.
O sanitário foi construído na parte externa de uma
residência, sendo utilizado como um dos
equipamentos parte de um sistema mais completo.
O objetivo do sanitário era o de recolher o material a ser transportado para um biodigestor que faz o
trabalho final de transformar a matéria orgânica em fração mineral, para assim ser utilizado como
adubo, sem os riscos da presença de algum organismo patogênico.
Figura 10: Sanitário Bason – Campinas do Riachinho, Chapada Diamantina, BA
19
Esse sanitário é totalmente fechado, evitando o contato das fezes com o solo, possui um tubo de
ventilação pintado de preto que induz a saída dos gases e contribui para o processo de ressecamento
do material. Recomenda-se o uso de pó de serra, antes e após o uso para facilitar o escorregamento
das fezes e também ajudar no seu ressecamento.
Após o tempo de biodecomposição e mineralização parcial da matéria orgânica que ocorre na parte
inferior do sanitário, onde ficam acumuladas as fezes, esse material é retirado e transferido para um
biodigestor que fará o papel de acelerar sua decomposição e mineralização total.
Segundo informações oral de membros da comunidade de Campinas do Riachinho, essa técnica foi
desenvolvida pela ONG TIBÁ – Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura, sendo
originária da América Central. Foi encontrado em documento publicado no site da internet, através
do site www.tiba.ong.br, que essa ONG, lançou os seguintes manuais para implantação desse
sanitário:
1) Manual Sanitário Seco Bason, Rio de Janeiro, Brasil, 1993.
2) Pequeno Manual Técnico para Implantação, em Sistema de Autoconstrução, do Sistema
Sanitário Bason, Tibá/Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bioarquitetura.
Conforme já mencionado, além de ser uma técnica de fácil aplicação na região, pois envolve o uso
de materiais simples, como cimento, areia e brita, não necessita de mão de obra especializada, ao
contrário, recomenda-se que a comunidade se organize em mutirões para que cada um possa dar sua
contribuição a partir de seus conhecimentos e doação dos equipamento e materiais necessários. O
resultado dessa ação é a redução de gastos com mão de obra e materiais, e o ganho ambiental, com
a não deposição de material contaminante no solo e nos recursos hídricos.
4.5 Uso da semente da moringa para purificação de água
A utilização da semente da moringa, conhecida como lírio branco, representa um método simples e
eficaz de limpar e tratar água turva. A substância química presente na semente da moringa provoca
a formação de flocos na água suja, os quais ganham peso e assentam rapidamente. Esse processo
produz o tratamento da água e acaba com uma grande parte dos micróbios existentes. Tendo em
vista que para aplicação desse método são necessários somente alguns materiais que podem ser
encontrados no mercado local, conclui-se que o cultivo dessa espécie nas comunidades rurais será o
20
primeiro passo para a implantação desta técnica para purificação da água contaminada na região.
(ESPLAR/CEPEMA, 1997).
Da Moringa Oleífera aproveitam-se quase todas as partes.
Podem-se comer as folhas e vagens verdes como verduras
(cozidas) e as sementes maduras (torradas), que servem
também como suplemento da ração animal. Da semente
tira-se também um óleo de alta qualidade, que está sendo
usado para cozinhar, fazer sabão e na indústria de
cosméticos. As folhas são ricas em proteínas, minerais
(cálcio, fósforo, ferro) e vitaminas. As flores são
procuradas pelas abelhas e aproveita-se também a madeira. Quase todas as partes da planta tem um
valor medicinal. Além do mais, a moringa pode ser utilizada também como cerca viva e quebra
vento. Suas sementes trituradas constituem um coagulante natural amplamente usada nas regiões
semi-áridas da Ásia e África Oriental (ESPLAR/CEPEMA, 1997).
O tratamento da água com a semente da moringa, não representa riscos à saúde e sua aplicação é
bastante simplificada: primeiro são selecionadas as sementes secas, de onde se extrai a polpa. A
partir daí, ela é macerada em pilão, até transformar-se em pó. Quanto mais fino e menos granulado
for o pó, maior sua eficácia, pois a substância química natural terá maiores chances de reação físico-
química com o material coloidal que dá turbidez à água. Existem registros do uso da semente da
moringa no processo de purificação de água nos municípios de Santa Filomena, Ouricuri e Bodocó,
na região de Pernambuco (O FILTRO NATURAL, 1999).
A possibilidade de utilizar um coagulante primário natural, produzido no local e com baixo custo
representa um grande potencial na luta contra os problemas ligados ao consumo de água não
potável, segundo preconiza a ONG CAA - Centro de Assessoria do Assuruá,.
Outra ONG que vem desenvolvendo pesquisas com essa semente é o Centro de Assessoria e Apoio
aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas – CAATINGA, que
implementou uma ação preventiva para aumentar o acesso à água potável. Essa iniciativa utiliza
um conceito inovativo para o tratamento de água e melhorar as condições de vida de
aproximadamente 1.000 residentes do Sertão. A fim de obter um acesso maior à água potável, o
CAATINGA combinou a construção de cisternas com a introdução da semente da moringa (CRS,
1999).
Figura 11: Moringa Oleifera: árvore originária da Índia. No Nordeste do Brasil, é conhecida como Lírio branco
21
A combinação de cisterna com a implantação dessa tecnologia alternativa é uma evidência, de que
na região do semi-árido, a população pode ter seu sofrimento minimizado quando é esclarecida
quanto aos cuidados com o armazenamento de água para abastecimento. Infelizmente, por falta de
esclarecimento, pôde ser visualizada no interior do município de Juazeiro, na visita de observação
em campo, que as cisternas, em sua maioria não eram bem vedadas e não possuíam nenhum critério
quanto aos usos.
Concluindo, pode ser dito que o uso dessa técnica tende a ser bem simplificado, exigindo-se no
entanto um conhecimento da planta no que diz respeito a melhor época de colheita para retirada da
semente, bem como do aproveitamento das outras partes da planta, sem causar prejuízo à
continuidade do tratamento.
4.6 Reprocessamento e Aproveitamento do Efluente de Dessalinizadores
Uma das alternativas para o uso das águas subterrâneas salinas, no consumo humano e animal, é a
utilização de dessalinizadores de água. No Estado da Bahia, a CERB – Companhia de Engenharia
Rural da Bahia é a instituição com maior número de dessalinizadores implantados, principalmente
na região do semi-árido, onde a carência por água é mais intensa.
Ao utilizar-se os dessalinizadores, a qualidade da água obtida após o processo é boa, no entanto, o
maior problema, radica no despejo indiscriminado dos resíduos a céu aberto, gerados após o
processamento da água. Este fato vem despertando incertezas do benefício desse equipamento por
diversos pesquisadores do meio ambiente pois, ao mesmo tempo que a água é reduzida do seu teor
salino em quase 50%, esse mesmo percentual representa o resíduo gerado que é despejado sobre o
solo. Esse rejeito, extremamente rico em sais, atualmente é depositado em lagoas de decantação ou
mesmo colocado ao ar livre sem maiores preocupações, constituindo-se em um grave problema
ambiental a ser solucionado pelos pesquisadores, pois está contribuindo para que sejam criados
outros problemas, como o aumento das áreas salinizadas (HERRERA, 1999).
Devido aos impactos identificados com o uso de dessalinizadores, pesquisadores do IPA - Empresa
Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - e também da EMBRAPA, apontam para a necessidade
do aproveitamento do efluente dos dessalinizadores, como uma alternativa de uso racional das
águas salobras dos aqüíferos subterrâneos, em equilíbrio com a natureza.
Dentre as alternativas testadas para manejo dos efluentes salinos estão: o cultivo irrigado de plantas
halófilas, a exemplo da Atriplex, também chamada erva sal, que necessitam de águas com teores
22
salinos elevados para se desenvolverem; o aproveitamento desses sais para fins pecuários, visto ser
a região semi-árida muito carente no aspecto de mineralização dos animais; o aproveitamento na
piscicultura, principalmente com Tilápias, que são espécies extremamente resistentes a ambientes
salinos; e, o aproveitamento pela separação dos sais para produção de sal doméstico.
4.6.1 Aproveitamento para cultivo de plantas halófitas
Os vegetais halófitos, entre os quais se sobressaem os
gêneros Atriplex, também conhecido como plantasal e o
Sesuvium portulacastrum, também conhecido como
bredo-salgado, possuem mecanismos fisiológicos
específicos que os habilitam para viver sem problemas
em solos com elevado teor de sais. Em ambientes
áridos, essas plantas são geralmente irrigadas com águas
salobras que podem provir de aqüíferos subterrâneos,
dos dessalinizadores, ou mesmo água do mar. Devido a esses fatores, as halófitas podem se
constituir em fontes de nutrientes para ruminantes no semi-árido nordestino, sobretudo, quando essa
produção estiver atrelada à utilização dos resíduos salinos provenientes dos dessalinizadores ou
ainda na utilização direta da água salobra (HERRERA, 1999).
No experimento irrigado com água do rejeito da dessalinização, desenvolvido pela EMBRAPA
Semi-Árido, no seu Campo Experimental da Caatinga, obteve-se uma produtividade de 26 t/ha de
matéria fresca, sendo obtidas 4,7; 14,8; 3,2; e 3,3 t/ha de material lenhoso, folhas, caules finos e
caules grossos, respectivamente. No plantio da Atriplex, a EMBRAPA adotou um espaçamento de
3 m de linhas por 3 m entre plantas e afirma que o processo mais rápido é através de mudas
produzidas por estacas. Por ser um arbusto perene, quando irrigada, pode-se obter o primeiro corte
antes de seis meses (EMBRAPA, 1999a). Por outro lado, os pesquisadores da IPA fizeram uma
análise química e bromatológica de 18 plantas, mostrando que ao lado de seus aspectos peculiares,
tais como resistência à seca e adaptação a solos salinos, as plantas apresentam teores de proteína na
matéria seca em torno de 17%, fibra bruta variando entre 9% e 28% e grande acumulação de sais
nas cinzas, variando entre 6% e 35%. Por estes motivos, a erva sal tem sido utilizada em várias
regiões áridas e semi-áridas do mundo, como um recurso forrageiro importante, na complementação
de dietas para ruminantes (EMBRAPA, 1999a).
Figura 12: Cultivo de plantas salinas do gênero Atriplex ou plantasal e do gênero Sesuvium portulacastrum ou bredo-salgado. Experimento do IPA, Recife (HERRERA, 1999).
23
Portanto, as halófitas constituem-se numa alternativa promissora para o Nordeste brasileiro,
cobrindo as necessidades nutricionais do gado na época seca. Ou seja, o cultivo de halófitas
forrageiras é uma alternativa viável do ponto de vista ambiental e da utilização de águas
subterrâneas salinizadas em áreas com déficit hídrico. Conclui-se com isto, que, qualquer que seja a
qualidade da água subterrânea, ela poderá ser melhorada e utilizada (HERRERA, 1999).
4.6.2 Aproveitamento para cultivo de peixes
No experimento desenvolvido pela EMBRAPA
Semi-Árido, dedicado à criação de Oreochromis sp,
também conhecido como tilápia rosa, são sugeridos
dois métodos alternativos de criação em água
salobra:
Modelo 1 – Sistema com troca intensiva de água;
alternativa indicada para situações onde existem
recursos hídricos em maior abundância e para poços com vazão em torno de 10m3/h. Ë importante
ressaltar que os peixes, de um modo geral, são sensíveis ao teor de oxigênio na água. Quanto maior
a taxa de renovação - em torno de 10%, melhor o ambiente para os peixes (EMBRAPA, 1999b).
Modelo 2 - Com uso de aeradores, indicados nas situações com poços de baixa vazão – de 3 a 5
m3/h - reduzindo dessa forma a capacidade de troca de água diária, apenas 3%, suficiente para
manter o nível de oxigenação necessário para a vida dos peixes (EMBRAPA, 1999b).
Os pesquisadores da EMBRAPA Semi-Árido, alertam que a criação da tilápia em água salobra
deverá obedecer às técnicas básicas da piscicultura convencional.
4.6.3 Aproveitamento pela separação dos sais
A terceira alternativa de reprocessamento do
efluente dos dessalinizadores, refere-se à
separação e aproveitamento dos sais presentes
no rejeito. Neste caso, além de trazer ganho
ambiental, advinda com a redução da carga
poluidora nos recursos hídricos, também gera
ganhos econômicos pela produção de sal
Figura 13: Criação de tilápia com utilização do rejeito do dessalinizador. EMBRAPA. Petrolina/PE.
Figura 14: Tanques para extração de sais. EMBRAPA. Petrolina/PE
24
doméstico (NaCl), de sais de magnésio (MgCl), do cloro, entre outros, que podem ser
comercializado.
No processo de beneficiamento testado na Embrapa Semi-Árido (Figura 14), o resíduo do
dessalinizador é encaminhado através de tubulações para tanques previamente construídos para
recebê-lo. O primeiro tanque recebe o resíduo na forma bruta, iniciando-se aí o processo de
evaporação e decantação para subsequente separação dos diversos sais presentes na água salina. A
separação seqüencial, por precipitação, vai ocorrer em uma série de tanques, onde é adicionado o
componente (cloro), que reage com o sal presente no tanque. Devido a exposição constante à
energia solar, ocorre o processo de evaporação e simultaneamente as substâncias vão se depositando
no fundo do tanque, e após decantadas são retiradas para outro tanque para a fase de mineralização
e transformação em sal doméstico.
Das três técnicas de aproveitamento apresentadas, pode-se afirmar que não existem limitações
técnicas para extração de sal de água salobra. O que pode se observar são limitações econômicas,
pois a depender do volume de resíduo proveniente da fonte poluidora, envolverá custos altos de
instalação, e também limitações culturais, uma vez que não existe consciência da população a cerca
da importância do uso de métodos alternativos disponíveis de dessalinização que tornariam viável o
uso de outra fonte de água.
5. CONCLUSÃO
Este estudo identificou a influência positiva de algumas tecnologias limpas e alternativas, na
melhoria da qualidade dos recursos hídricos. Os benefícios da implantação de tecnologias limpas
para preservação e manutenção da qualidade das águas do semi-árido do Estado da Bahia, terá
reflexos significativos na qualidade de vida das populações e comunidades locais, bem como,
resultará em maior ganho para a agroindústria, para o produtor rural e o barateamento dos custos
finais para o consumidor.
Em sua maioria, estas técnicas vem sendo aplicadas em muitas regiões de semi-árido, tanto no
Brasil, como no exterior, enquanto outras estão ainda sendo testadas por órgãos de pesquisa, a
exemplo da reutilização da água de dessalinizadores na produção pesqueira e plantio de forrageiras
resistentes ao meio ambiente salino.
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Todas as técnicas descritas nessa monografia, exigem um acompanhamento intensivo durante o
processo de desenvolvimento.
Por exemplo, o resultado positivo com o uso do aguapé, depende do controle que é feito para evitar
a proliferação da planta, devido a sua capacidade de crescer, multiplicar-se e tomar conta de lagoas
e rios. Daí a necessidade de uma colaboração das pessoas a serem beneficiadas, no
acompanhamento constante do processo, fazendo a retirada do excesso das raízes, que é a parte da
planta que realmente funciona como o removedor das impurezas da água. Esse acompanhamento é
que irá garantir os bons resultados da aplicação da técnica. O aguapé é uma planta que se bem
utilizada, pode deixar de ser uma praga, para ser de útil na preservação dos recursos hídricos.
Quanto aos dois modelos apresentados de sistema de solo-filtrante, para purificação de águas de
esgotos, ao se induzir esses efluentes diretamente da fonte geradora para o processo de tratamento,
aonde serão lançados sobre as camadas de solo filtrante, se faz necessário a fiscalização constante
da quantidade de efluente lançado sobre essas camadas, bem como da quantidade a ser mantida no
sistema, para evitar a saturação e/ou endurecimento das camadas, prejudicando o andamento do
processo.
Apesar das técnicas do aguapé e solo-filtrante serem duas técnicas que apresentam vantagens na sua
aplicação, quando comparados com sistemas convencionais de tratamento de esgotos domésticos, a
exemplo da redução dos custos, uma vez que pode-se associá-los a fossas sépticas ou a caixas de
decantação, as mesmas merecem cuidados especiais quando da sua utilização, para o plantio de
arroz, ou de outra espécie importante para alimentação humana.
Os procedimentos de implantação e utilização do junco para purificação das águas residuárias,
também merecem um acompanhamento intenso, uma vez que cada etapa do processo é controlado
por medidores de vazão, para que se possa manter a quantidade de efluente adequado para o
funcionamento da técnica. Esta técnica será de grande aplicabilidade quando adotada pelas
prefeituras dos municípios do semi-árido, para instalação nas escolas e em agrupamentos de
residências, pois quanto maior o número de pessoas atendidas, maior será o volume de efluente
gerado e consequentemente o processo terá garantido a vazão necessária para obtenção de
resultados positivos.
A construção de sanitário Bason, não é usual na região, mas devido a sua principal característica de
não utilizar água, é uma tecnologia apropriada na prevenção da poluição por dejetos líquidos, aliado
aos problemas de escassez de água. É uma técnica cujo princípio é evitar a fermentação da matéria
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orgânica, mas estimular sua oxidação e mineralização, ao desidratar ao máximo esse material.
Ocorrendo a desidratação consequentemente promove a saída de material não patogênico, que pode
ser então usado como adubo no desenvolvimento de atividades agrícolas.
O uso da semente da moringa é uma técnica alternativa selecionada para melhorar a qualidade da
água para abastecimento humano. Esta técnica vem sendo usada em algumas zonas rurais do
nordeste, a exemplo do interior da Bahia, Pernambuco e Paraíba, a partir da iniciativa de ONGs e da
própria comunidade que é mobilizada e treinada para o uso dessa semente. Essa técnica pode ser
adotada por qualquer região cuja água potável não se constitua adequada para consumo humano,
podendo ser associada a poços, cisternas de captação de água de chuva, reservatórios, dentre outros
sistemas simplificados existentes nas comunidades.
Quanto ao processamento e aproveitamento de rejeito salino oriundo de dessalinizadores, percebe-
se que é uma solução que pode vir a ser permanente, uma vez que o uso de dessalinizadores para
reduzir o teor de sais das águas de poços subterrâneos, tanto para abastecimento humano como para
irrigação, é amplamente aplicado e distribuído no semi-árido do Estado da Bahia. A estimativa de
produção do rejeito é com um percentual quase similar a quantidade de água dessalinizada que sai
do processo. Daí vem a necessidade de aplicação de técnicas alternativas, própria para a região. O
cultivo da erva-sal é conveniente para atender o gado que se adapta a esse tipo de alimentação,
como as cabras. A criação de tilápia, peixe de água salgada, vai contribuir para o aumento da renda
das famílias, como já ocorre no interior do Ceará, que além da tilápia, criam camarão que
consomem e comercializam para o resto do Estado. Outra alternativa de utilização desse rejeito de
dessalinizadores é a separação e comercialização de sal para uso doméstico. São três opções
simples, que exigem, é claro, conhecimentos técnicos, mas trazem resultados positivos que devem
superar qualquer dificuldade, principalmente quando se vislumbra a melhoria da qualidade da água
que está sendo encaminhada para atender necessidade prioritárias.
Resta ainda uma questão sobre essas técnicas ainda não bem respondidas, que diz respeito a geração
de resíduos, pois chegará um momento que não mais poderá ser aproveitado os resíduos salinos, a
semente da moringa e as raízes das plantas aquáticas. O que fazer com eles? Os próprios
pesquisadores sugerem procedimentos, como por exemplo, o resíduo das raízes pode ser
acrescentado de nutrientes para que possa ser utilizado na alimentação de animais, havendo portanto
uma minimização para melhor aproveitamento futuro. A semente da moringa também pode ser
reutilizada como ração animal, após o processo de purificação, desde que possa ser garantida
ausência de organismos patogênicos que foram absorvidos durante o processo. Assim como, o
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resíduo salino também é constantemente reutilizado ao passar de uma opção de aproveitamento para
outra.
Vale ressaltar que a utilização das técnicas selecionadas e descritas nesse estudo, consideradas
limpas, deve ser acompanhada na sua implantação, de estudos de viabilidade econômica; estudos
pluviométricos; estudos geológicos e geofísicos; dentre outros que se façam necessários.
O desenvolvimento dessa monografia, procurou sempre relacionar as características das técnicas
estudadas e selecioná-las de acordo com o referencial teórico escolhido. Dentre as seis técnicas
selecionadas, cinco delas utilizam plantas encontradas na própria região do semi-árido, e por serem
quase que totalmente aproveitadas, não retornam ao ambiente como resíduo, sendo até
transformadas em produto para gerar ganhos econômicos, como é o caso da moringa. Ou seja, a
utilização dessas técnicas não ocorre como um sistema isolado, mas sim em harmonia com o
sistema ao redor, interagindo com ele através de procedimentos que trazem benefícios para os
recursos hídricos, para o consumidor da água e para o consumidor do produto gerado com a
implantação.
Quanto as técnicas de processamento e aproveitamento de resíduo de dessalinizadores, embora não
ocorra a prevenção do poluente na fonte geradora, a adoção de reutilização e reciclagem, visa a
minimização desse resíduo, o que também está associado ao conceito de prevenção da poluição.
Tendo sido possível estabelecer uma relação desses conceitos com as tecnologias alternativas
selecionadas para esse estudo, espera-se que ocorra a implantação das mesmas num âmbito mais
abrangente, saindo de uma prática pontual e localizada para situações que exigem mais prioridades
no atendimento das necessidades das populações. Essas práticas devem ser seguidas por outros
regiões, tanto em setores públicos, como abrangendo as indústrias, a agropecuária e a agroindústria,
que atualmente são as grandes responsáveis pelo crescimento dos impactos ambientais negativos.
Estes setores devem adotar uma atitude pró-ativa, se antecipando aos problemas futuros decorrentes
do crescimento populacional e econômico.
Outro ponto importante e fundamental, são os investimentos necessários para a implementação de
um programa com esse objetivo, através de incentivos financeiros das instituições governamentais,
apoiando os investimentos em técnicas alternativas para a região, seja apoiando pesquisas
tecnológicas, ou incentivando sua aplicação.
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Promovendo programas envolvendo os usuário da água e a sociedade civil na escolha da melhor
tecnologia, compatibilizando suas necessidades com a disponibilidade do recurso hídrico; bem
como, criando uma rede de informações para auxiliar na divulgação das técnicas implementadas, e
conseguir assim, cada vez mais, a conscientização de um grupo maior de pessoas para aderir na
busca de soluções para aumentar a oferta de água na região do semi-árido; como, procurando adotar
desde já uma atitude preventiva, evitando ações que venham poluir essas águas.
Tecnologias inovadoras, inclusive o aperfeiçoamento das já existentes, são necessárias para
aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição. Enfim, a água é
necessária em todos os aspectos da vida, para isto deve ser assegurado uma oferta de boa qualidade,
ao mesmo tempo que se preserve o ecossistema, adaptando as atividades humanas aos limites da
capacidade dos recursos naturais.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Hídricos. Plano de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado da Bahia - PGRH/BA: plano de
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