Post on 05-Nov-2020
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas e Letras
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Doutorado em Psicologia
INGESTÃO AGUDA E CRÔNICA DE ETANOL NO FUNCIONAMENTO
AUDITIVO E NEUROCOGNITIVO
Jandilson Avelino da Silva
João Pessoa,
Fevereiro de 2015
i
JANDILSON AVELINO DA SILVA
INGESTÃO AGUDA E CRÔNICA DE ETANOL NO FUNCIONAMENTO
AUDITIVO E NEUROCOGNITIVO
Tese apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Psicologia Social
da Universidade Federal da Paraíba,
Doutorado em Psicologia, como
requisito para obtenção do título de
Doutor em Psicologia.
Orientação: Prof. Dr. Natanael
Antonio dos Santos
João Pessoa,
Fevereiro de 2015
iv
“Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz (...)”
(Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir).
“Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z.
O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada”
(Albert Einstein).
v
Aos meus avós (Assis e Marli, João e Idalina) aos meus pais (Jandir e Irene), ao meu
irmão (Janilson), e aos meus tios e primos com todo meu amor, pela construção de
quem sou, pelas orações, pela torcida e por todo apoio verdadeiro de sempre.
vi
Sumário
Certificado de aprovação..........................................................................................
Epígrafe......................................................................................................................
Dedicatória.................................................................................................................
Sumário......................................................................................................................
Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas................................................................
iii
iv
v
vi
viii
Lista de Tabelas......................................................................................................... xii
Lista de Figuras......................................................................................................... xiv
Lista de Apêndices....................................................................................................
Lista de Anexos..........................................................................................................
Resumo.......................................................................................................................
xviii
xix
xx
Abstract...................................................................................................................... xxi
Resumen..................................................................................................................... xxii
1. Introdução...............................................................................................................
1.1. Caracterização da ingestão moderada de etanol..............................................
1
4
1.2. Caracterização da ingestão crônica de etanol.................................................. 5
1.3. Implicações biológicas da ingestão de etanol.................................................... 8
1.4. Alterações psicológicas relacionadas à ingestão de etanol.............................. 9
1.4.1. Funcionamento auditivo decorrente ao uso do etanol..................................
1.4.1.1. Consequências do etanol sobre as funções
auditivas.................................................................................................................
1.4.2. Funcionamento neuropsicológico decorrente ao uso do etanol...................
9
11
12
1.4.2.1. Memória e sua relação com o uso do etanol............................................... 13
1.4.2.2. Atenção e sua relação com o uso do etanol................................................. 17
1.4.2.3. Funções executivas e sua relação com o uso do etanol...............................
1.4.2.4. Consequências do etanol sobre as funções
neuropsicológicas...................................................................................................
19
22
2. Método.....................................................................................................................
2.1. Aspectos Éticos....................................................................................................
2.2. Instrumentos e equipamentos utilizados...........................................................
25
25
25
vii
2.2.1. Controle da amostra........................................................................................
2.2.2. Experimento de ingestão moderada de álcool...............................................
2.2.3. Experimento de ingestão crônica de álcool....................................................
2.2.4. Testagem psicofísica da audição.....................................................................
2.2.5. Testagem neuropsicológica da memória, atenção e funções executivas......
2.3. Caracterização da amostra................................................................................
2.3.1. Critérios de inclusão e exclusão.......................................................................
2.3.2. Descrição da amostra.......................................................................................
2.4. Procedimento geral do estudo............................................................................
3. Resultados...............................................................................................................
25
27
29
30
33
37
37
39
42
44
3.1. Estudo 1: Efeitos da ingestão moderada e crônica de etanol na
discriminação entre as diferentes notas musicais de uma escala ocidental
padrão.....................................................................................................................
3.1.1. Hipóteses...........................................................................................................
3.1.2. Objetivos...........................................................................................................
3.1.2.1. Geral...............................................................................................................
3.1.2.2. Específicos......................................................................................................
3.1.3. Resultados.........................................................................................................
3.2. Estudo 2: Efeitos da ingestão moderada e crônica de etanol na
performance neuropsicológica da memória, da atenção, e das funções
executivas...............................................................................................................
3.2.1. Hipóteses...........................................................................................................
3.2.2. Objetivos...........................................................................................................
3.2.2.1. Geral...............................................................................................................
3.2.2.2. Específicos......................................................................................................
3.2.3. Resultados.........................................................................................................
4. Discussão Geral......................................................................................................
5. Considerações Finais..............................................................................................
6. Referências..............................................................................................................
7. Apêndices................................................................................................................
8. Anexos.....................................................................................................................
45
46
47
47
48
48
64
65
70
70
71
72
133
148
150
175
185
viii
Lista de Símbolos, Siglas, e Abreviaturas
+ – Aproximadamente
σ – Desvio-padrão
X – Média
% - Porcentagem
χ2 – Qui-quadrado
5-HT – Serotonina
Ʃ – Somatório
A1, A2, A3, A4, A5, A6, e A7 – Primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, e
sétima repetições da lista de palavras A do RAVLT
AA – Alcoólicos Anônimos
AAV – Aprendizagem Auditivo-verbal (ƩA1A5) no RAVLT
Ach – Acetilcolina
AD – Adrenalina
ADH – Álcool Desidrogenase Gástrica
ALT – Aprendizagem ao Longo das Tentativas [ƩA1A5-(5xA1)] no RAVLT
ALDH – Aldeído Desidrogenase
AUDIT – Alcohol Use Disorder Identification Test (Teste para Identificação das
Desordens pelo Uso do Álcool)
B1 – Repetição da lista de palavras B do RAVLT
BAC – Blood Alcohol Concentration (Concentração de Álcool no Sangue)
BDI – Beck Depression Inventary (Inventário de Depressão de Beck)
BFD-50 – Modelo de etilômetro
CANTAB – Cambridge Neuropsychological Test Automated Battery
ix
CCS – Centro de Ciências da Saúde
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
DA – Dopamina
DOD – Teste Dígitos Ordem Direta
DOI – Teste Dígitos Ordem Inversa
EEG – Eletroencefalografia
ERP – Event Related Potencial (Potencial Evocado)
FE – Funções Executivas
g/Kg – Grama por quilograma
GABA – Ácido Gama Aminobutírico
GC – Grupo Controle
GC-H – Grupo Controle formado por homens
GC-M – Grupo Controle formado por mulheres
GD – Game of Dice
GE – Grupo Experimental
GE1, GE2, GE3, GE4, e GE5 – Grupos Experimentais de Alcoolistas Abstêmios
GE-H – Grupo Experimental formado por homens
GE-M – Grupo Experimental formado por mulheres
Glu – Glutamato
Hz – Hertz
IG – Iowa Gambling
IGT – Iowa Gambling Task
IP – Interferência Proativa (B1/A1)
IR – Interferência Retroativa (A6/A5)
ISO – International Organization for Standardization
x
MAO B – Monoamina Oxidase
MCP – Memória de Curto Prazo
MEG – Magnetoencefalografia
MLP – Memória de Longo Prazo
MMN – Mismatch Negativity (Potencial de Disparidade)
MR – Memória de Reconhecimento
NA – Noradrenalina
Nac – Núcleo Accumbens
NAC – Controles não alcoólicos
NS – Neurociência Social
PET 18-FDG – Tomografias por Emissão de Pósitrons
RAVLT – Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey
DAS – Síndrome da Dependência do Álcool
SN – Sistema Nervoso
SRAA – Sistema Ativador Reticular Ascendente
ST – Spondee Test
SW – Shapiro-Wilk (Teste de normalidade para amostra < 50)
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TNDA – Indivíduos dependentes do álcool nunca tratados
TE – A7/A6: Taxa de Esquecimento
TR-A – Taxa de Reconhecimento de palavras da lista A
TR-AB – Taxa de Reconhecimento de palavras das listas A e B
TR-B – Taxa de Reconhecimento de palavras da lista B
VI – Variável Independente
VD- Variável Dependente
xi
WAIS-III – Wechsler Adult Intelligence Scale (Escala de Inteligência Adulta de
Wechsler, terceira versão)
WAIS-III – Wechsler Adult Intelligence Scale-III
WAIS-R – Wechsler Adult Intelligence Scale-Revised
WCS – Wisconsin Card Sorting
xii
Lista de Tabelas
Tabela 1.
Tabela 2.
Tabela 3.
Tabela 4.
Tabela 5.
Tabela 6.
Tabela 7.
Tabela 8.
Tabela 9.
Tabela 10.
Tabela 11.
Tabela 12.
Tabela 13.
Tabela 14.
Tabela 15.
Notas testes e distratoras em quarta oitava utilizadas no experimento de
discriminação de notas musicais................................................................
Número e porcentagem de participantes alcoolistas abstêmios por tipo
de grupo experimental (GE).......................................................................
Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes tomados
em conjunto no teste de discriminação para cada uma das notas
musicais por condição experimental..........................................................
Quantidades de acertos obtidos pelas mulheres no teste de
discriminação das notas musicais por condição experimental.................
Número total de respostas corretas obtidas pelos homens no teste de
discriminação para cada uma das notas musicais por condição
experimental...............................................................................................
Quantidades de acertos no teste de discriminação das notas musicais
para mulheres e homens após ingestão de placebo...................................
Quantidades de acertos obtidos no teste de discriminação das notas
musicais pelas mulheres e homens após ingestão de etanol......................
Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes no teste
de discriminação para cada uma das notas musicais por condição
experimental...............................................................................................
Quantidade de acertos dos participantes nas tarefas neuropsicológicas
de memória após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)...................
Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas
de atenção após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE).....................
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas condições
controle (placebo) e experimental (álcool)................................................
Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte A, nas
condições controle (placebo) e experimental (álcool)...............................
Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas
de funções executivas (FE) após ingestão de placebo (GC) e de etanol
(GE)............................................................................................................
Teste de normalidade para as possíveis variáveis paramétricas do Teste
Stroop na condição de ingestão de placebo...............................................
Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis paramétricas do
Teste Stroop na condição de ingestão de placebo......................................
32
41
49
51
52
54
55
57
73
83
87
88
93
94
95
xiii
Tabela 16.
Tabela 17.
Tabela 18.
Tabela 19.
Tabela 20.
Tabela 21.
Tabela 22.
Tabela 23.
Tabela 24.
Tabela 25.
Teste de normalidade para as possíveis variáveis paramétricas do Teste
Stroop na condição de ingestão de álcool..................................................
Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis paramétricas do
Teste Stroop na condição de ingestão de álcool.........................................
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas condições
controle (placebo) e experimental (álcool)................................................
Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte B, nas
condições controle (placebo) e experimental (álcool)...............................
Número total de acertos obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-
GE3-GE4-GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas
neuropsicológicas de memória...................................................................
Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-
GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de
atenção........................................................................................................
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas condições
controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)........................
Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-
GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de
funções executivas (FE)..............................................................................
Teste de normalidade para a média de tempo de execução do teste
Stroop, nas condições controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-
GE4-GE5)...................................................................................................
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas condições
controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)........................
95
96
103
103
105
117
119
122
123
131
xiv
Lista de Figuras
Figura 1.
Figura 2.
Figura 3.
Figura 4.
Figura 5.
Figura 6.
Figura 7.
Figura 8.
Figura 9.
Figura 10.
Figura 11.
Figura 12.
Figura 13.
Figura 14.
Figura 15.
Funções neuropsicológicas avaliadas relacionadas às suas
subfunções e aos seus respectivos testes........................................
Discriminação entre as notas musicais pelos participantes
agrupados após a ingestão de placebo e de etanol (N = 40, *p <
0,05)................................................................................................
Discriminação entre as notas musicais por mulheres após a
ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)......................
Discriminação entre as notas musicais por homens após a
ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)......................
Discriminação entre as notas musicais por mulheres e homens
após a ingestão de placebo (N = 40, *p < 0,05).............................
Discriminação entre as notas musicais por mulheres e homens
após a ingestão de etanol (N = 40, *p < 0,05)................................
Comparação entre si dos grupos de alcoolistas divididos pelo
tempo de abstinência em função da discriminação entre as notas
musicais (*p < 0,05).......................................................................
Alcoolistas em abstinência de 1-3 anos (GE1) comparados ao
grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............
Alcoolistas em abstinência de 4-6 anos (GE2) comparados ao
grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............
Alcoolistas em abstinência de 7-9 anos (GE3) comparados ao
grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)..............
Alcoolistas em abstinência de 10-12 anos (GE4) comparados ao
grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............
Alcoolistas em abstinência de 13-15 anos (GE5) comparados ao
grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............
Comparação das curvas de aprendizagem dos homens (N = 20) e
mulheres (N = 20) após a ingestão de placebo (GC) (*p < 0,05)...
Comparação das curvas de aprendizagem dos homens (N = 20) e
mulheres (N = 20) após a ingestão de etanol (GE) (*p < 0,05)......
Curvas de aprendizagem elaboradas pelo agrupamento de todos
os participantes após a ingestão de placebo (GC) e etanol (GE)
(N = 40; *p < 0,05).........................................................................
34
50
52
53
55
56
58
59
60
61
62
63
76
77
78
xv
Figura 16.
Figura 17.
Figura 18.
Figura 19.
Figura 20.
Figura 21.
Figura 22.
Figura 23.
Figura 24.
Figura 25.
Figura 26.
Comparação entre as taxas de interferência proativa (IP) após
ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os participantes
agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres (N = 20) (*p <
0,05) ...............................................................................................
Comparação entre as taxas de interferância retroativa (IR) após
ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os participantes
agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres (N = 20) (*p <
0,05)................................................................................................
Comparação entre a quantidade de acertos no teste de recordação
a longo prazo (A7) para todos os participantes agrupados (N =
40), para os homens (N = 20), e para as mulheres (N = 20) após
ingestão de placebo (GC) e de alcool (GE)....................................
Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC) e de álcool
(GE) respectivamente para todos os participantes agrupados (N
= 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) no
teste dos Códigos – WAIS-III (*p < 0,05).....................................
Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC) e de álcool
(GE) respectivamente para todos os participantes agrupados (N
= 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) no
teste Procurar Símbolos – WAIS-III (*p < 0,05)...........................
Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC) e de álcool
(GE) respectivamente para todos os participantes agrupados (N
= 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) no
teste dos Dígitos, ordem direta – WAIS-III (*p < 0,05)................
Diferenças entre a duração de execução do teste das Trilhas,
parte A, nos grupos de ingestão de placebo (GC) e álcool (GE)
respectivamente para todos os participantes agrupados (N = 40),
para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) (*p < 0,05)
Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de álcool (GE)
pelo total de participantes agrupados em função do número de
erros de omissão e confusão no Teste do A (N = 40; *p < 0,05)...
Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de álcool (GE)
pelos homens em função do número de erros de omissão e
confusão no Teste do A (N = 20; *p < 0,05)..................................
Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de álcool (GE)
pelas mulheres em função da quantidade de erros
respectivamente de omissão e confusão no Teste do A (N = 40;
*p < 0,05) ......................................................................................
Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três
fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20) após ingestão
80
80
81
85
85
86
89
90
91
91
xvi
Figura 27.
Figura 28.
Figura 29.
Figura 30.
Figura 31.
Figura 32.
Figura 33.
Figura 34.
Figura 35.
Figura 36.
Figura 37.
Figura 38.
de placebo (GC) (*p < 0,05) ..........................................................
Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três
fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20) após ingestão
de etanol (GE) (*p < 0,05) ............................................................
Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três
fases entre homens após ingestão de placebo (GC) e de etanol
(GE) (N = 20; *p < 0,05) ...............................................................
Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três
fases entre mulheres após ingestão de placebo (GC) e de etanol
(GE) (N = 20; *p < 0,05) ...............................................................
Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três
fases entre o conjunto de participantes agrupados após ingestão
de placebo (GC) e de etanol (GE). (N = 40; *p < 0,05).................
Diferenças entre a duração de execução do teste das Trilhas,
parte B nos grupos de ingestão de placebo (GC) e álcool (GE)
respectivamente para todos os participantes agrupados (N = 40),
para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) (*p < 0,05)
Comparação entre os grupos de alcoolistas divididos pelo tempo
de abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e o grupo
controle (GC) (N = 30) no teste dos Dígitos, ordem inversa –
WAIS-III (*p < 0,05) ....................................................................
Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas
com tempo de abstinência de 1-3 anos (GE1) (N = 30) e do
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................
Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas
com tempo de abstinência de 4-6 anos (GE2) (N = 30) e do
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................
Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas
com tempo de abstinência de 7-9 anos (GE3) (N = 30) e do
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................
Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas
com tempo de abstinência de 10-12 anos (GE4) (N = 30) e do
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................
Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas
com tempo de abstinência de 13-15 anos (GE5) (N = 30) e do
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................
Comparação entre as taxas de interferência proativa dos grupos
experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e controle
97
98
99
100
101
104
107
108
109
110
110
111
xvii
Figura 39.
Figura 40.
Figura 41.
Figura 42.
Figura 43.
Figura 44.
Figura 45.
Figura 46.
Figura 47.
Figura 48.
(GC) (N = 30) (*p < 0,05)..............................................................
Comparação entre as taxas de interferência retroativa dos grupos
experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e controle
(GC) (N = 30) (*p < 0,05)..............................................................
Comparação entre a quantidade de acertos no teste de recordação
a longo prazo (A7) de alcoolistas divididos pelo tempo de
abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e do grupo
controle (GC) (N = 30; *p < 0,05).................................................
Comparação entre as taxas de reconhecimento de palavras da
lista A (TR-A) para os diferentes grupos experimentais (GE1-
GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e para o grupo controle (GC) (N
= 30) (*p < 0,05)............................................................................
Comparação entre o tempo médio de execução do teste das
Trilhas, parte A, para os grupos experimentais (GE1, GE2, GE3,
GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)...........
Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas
três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência
de 1-3 anos (GE1) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)
(*p < 0,05)......................................................................................
Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas
três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência
de 4-6 anos (GE2) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)
(*p < 0,05)......................................................................................
Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas
três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência
de 7-9 anos (GE3) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)
(*p < 0,05)......................................................................................
Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas
três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência
de 10-12 anos (GE4) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)
(*p < 0,05)......................................................................................
Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas
três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência
de 13-15 anos (GE5) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)
(*p < 0,05)......................................................................................
Comparação entre o tempo médio de execução do teste das
Trilhas, parte B, para os grupos experimentais (GE1, GE2, GE3,
GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)...........
112
113
114
115
120
125
126
127
128
129
132
xviii
Lista de Apêndices
Apêndice A.
Apêndice B.
Apêndice C.
Termo de Consentimento Livre e esclarecido................................
Questionário Sócio-Bio-Demográfico 1.........................................
Questionário Sócio-Bio-Demográfico 2.........................................
175
177
181
xix
Lista de Anexos
Anexo 1.
Certificado de liberação para realização do estudo pelo Comitê
de Ética em Pesquisa......................................................................
185
xx
Silva, J. A. (2014). Ingestão aguda e crônica de etanol no funcionamento auditivo e
neurocognitivo. Tese de Doutorado (185 p.). Universidade Federal da Paraíba, João
Pessoa, Brasil.
Resumo
Sabe-se que o etanol, presente nas bebidas alcoólicas, ingerido de forma aguda
ou crônica, em seus vários níveis, leva a uma série de alterações orgânicas que podem
interferir em processos cognitivos e comportamentais básicos. Nesse sentido, o presente
estudo teve como objetivo avaliar a influência da ingestão aguda e crônica de etanol na
percepção auditiva e no funcionamento neuropsicológico. Manipulou-se a ingestão
aguda em estudantes universitários, de 18 a 30 anos, os comparando consigo mesmos
em duas condições diferentes. Em uma delas, solicitava-se que os participantes
ingerissem uma quantidade de álcool proporcional ao seu peso corporal para que no
momento dos testes possuíssem 0,08 % de etanol no sangue. Na outra, ingeriam apenas
uma bebida placebo. Avaliou-se a ingestão crônica do álcool em participantes de
Alcoólicos Anônimos, com idades de 40 a 60 anos, que possuíam de 1 a 15 anos de
abstinência, sendo que se avaliaram estes em grupos separados pelo tempo de três anos
de abstinência em comparação a um grupo controle formado por parentes em primeiro
grau. Avaliou-se a percepção auditiva por meio de um teste de discriminação de
frequências sonoras correspondentes às notas musicais de um escala ocidental padrão.
Já o funcionamento cognitivo avaliou-se por meio de testes neuropsicológicos relativos
aos processos de memorização, atenção, e de funcionamento executivo. Os resultados
mostraram que ambas as formas de ingestão do álcool ocasionam prejuízos perceptivos
na audição, bem como em algumas das subfunções neuropsicológicas avaliadas,
sugerindo que o uso do etanol pode ser um demarcador de determinadas deficiências
cognitivas.
Palavras-chave: Ingestão aguda de etanol; ingestão crônica de etanol; percepção
auditiva; discriminação de notas musicais; avaliação neuropsicológica
xxi
Silva, J. A. (2014). Acute and chronic ethanol on auditory and neurocognitive
functioning and intake. Ph.D. Thesis (185 pp.). Federal University of Paraíba, João
Pessoa, Brazil.
Abstract
It is known that ethanol present in the alcoholic beverages, of acute or chronic
ingestion in its various levels, leave to a variety of organic alterations that can interfere
with more basic behavioral and cognitive processes. In this sense, the present study
aimed to evaluate the influence of acute and chronic ethanol intake in the auditory
perception and neuropsychological functioning. Acute ingestion was experimentally
manipulated in college students with 18 to 30 years old compared with themselves in
two different sessions. In one of days, they had to ingest a quantity of alcohol
proportional to their body weight and when they possessed 0.08% of ethanol in the
blood they were evaluated. In another day, they drank just a placebo drink. The chronic
ingestion of alcohol was evaluated in Alcoholics Anonymous participants, aged 40-60
years, who had 1-15 years of abstinence. They were evaluated in separate groups of
three years of abstinence and were compared to a control group of first degree relatives.
The auditory perception was evaluated by means of a test for discrimination of musical
notes corresponding to standard Western scale sound frequencies. Cognitive functioning
was evaluated by means of neuropsychological tests for the processes of memory,
attention, and executive functioning. The results showed that both forms of alcohol
intake cause perceptual hearing loss as well as the some neuropsychological
subfunctions evaluated, suggesting that the use of ethanol may be a path of some
cognitive impairment.
Keywords: Acute moderate intake of ethanol; chronic ethanol ingestion; auditory
perception; discrimination of musical notes; neuropsychological assessment
xxii
Silva, J. A. (2014). La ingestión aguda y crónica de etanol en funcionamiento auditivo y
neurocognitivo. Tesis de Doctorado (185 p.). Universidad Federal de Paraíba, João
Pessoa, Brasil.
Resumen
Se sabe que el etanol presente en las bebidas alcohólicas, ingerido aguda o
crónica en sus varios niveles, conduce a una variedad de alteraciones orgánicas que
pueden interferir con los procesos cognitivos y conductuales más básicos. En este
sentido, el presente estudio tuvo como objetivo evaluar la influencia de la ingesta aguda
y crónica de etanol en la percepción auditiva y en el funcionamiento neuropsicológico.
Se manipuló experimentalmente la ingestión aguda en estudiantes universitarios de 18 a
30 años, comparados con ellos mismos en dos sesiones diferentes. En uno de los
xxiieur, se les pidió ingesta de una cantidad de alcohol proporcional a su peso corporal
hasta que poseían 0,08% de etanol en la sangre. En otro dia, bebieron sólo una bebida
placebo. Se evaluó la ingestión crónica de alcohol en los participantes de Alcohólicos
Anónimos, con edades entre 40 a 60 años que tenían 1-15 años de abstinencia, los
cuales fueron evaluados en grupos independientes de abstinencia en el tiempo de tres
años en comparación con un grupo control de parientes de primer grado. Se evaluó la
percepción auditiva por medio de una prueba para la discriminación de las notas
musicales correspondientes a una frecuencia estándar de sonido en la escala occidental.
El funcionamiento cognitivo se evaluó mediante pruebas neuropsicológicas para los
procesos de memoria, la atención y la función ejecutiva. Los resultados mostraron que
ambas formas de la ingesta de alcohol causan pérdida de percepción de audición, así
como en algunas de las subfunciones neuropsicológicas evaluadas, lo que sugiere que el
uso de etanol puede ser un camino de cierto deterioro cognitivo.
Palavras clave: Ingesta aguda de etanol; ingestión crónica de etanol; percepción
auditiva; discriminación de las notas musicales; evaluación neuropsicológica
2
A Neurociência Social (NS) trata-se de uma perspectiva recente e promissora da
Psicologia Social que está envolvida no estudo complementar a outras explicações dos
fenômenos psicossociais (Ferreira, 2010). A NS utiliza-se de explicações
neurofisiológicas (biológicas) para a interpretação que é dada para as informações
sociais, incluindo os comportamentos, ou seja, para a NS as alterações do sistema
nervoso (SN) seriam a causa dos comportamentos sociais, aqueles que ocorrem dentro
de um dado contexto (Cacioppo & Cacioppo, 2014; Grande-García, 2009; McEwen &
Akil, 2011). Em meio a esses comportamentos estão os processos psicológicos básicos
(Cacioppo & Cacioppo, 2014), bem como também estão inseridas as suas alterações
devido a vários fatores, entre os quais, o uso ou abuso de substâncias químicas por
serem condutas que interferem nas interações sociais (McEwen & Akil, 2011).
A ingestão de substâncias químicas farmacológicas psicoativas, legais ou ilegais,
podem acarretar mudanças estruturais e funcionais em todo o organismo, inclusive e
principalmente no SN que possivelmente tendem a gerar como consequências prejuízos
em muitos âmbitos para os indivíduos (Fernández-Serrano, Pérez-García, Río-Valle, &
Verdejo-García, 2010; Ferreira, 2010). Entre essas substâncias, o etanol (álcool etílico,
ou simplesmente álcool), uma das mais utilizadas (Ferreira, 2010), pode influenciar
negativamente nas variadas manifestações comportamentais sociais (Duning, Kugel,
Menke, & Knecht, 2008; Green et al., 2010; Lyvers & Tobias-Webb, 2010).
O etanol é um composto químico orgânico, utilizado a partir de sua fermentação
para produção principalmente de combustíveis e bebidas. A elaboração de cada uma
dessas substâncias se dá por processos diferenciados (outras informações mais
detalhadas acerca da caracterização e produção das bebidas alcoólicas podem ser
obtidas em Cavalcanti, 2007; Silva, 2011). Como bebida, o etanol é usado desde 6000 a.
3
C. em vários contextos distintos. A grande aceitação social do seu consumo pode ter
sido derivada desses longos anos de uso de diversas formas (Ferreira, 2010).
Embora seja aceita e amplamente consumida, a bebida alcoólica ocasiona um
grande número de implicações para a sociedade. Os custos sociais vinculados à
utilização de bebidas alcoólicas são amplamente preocupantes, envolvendo desastres
automobilísticos, acidentes laborais, internamentos hospitalares em clínicas gerais e
psiquiátricas, ampliação do número de episódios ligados aos comportamentos violentos
(Bresighello, 2005; Nascimento & Justo, 2000). Além disso, o álcool pode facilitar o
uso de outras substâncias psicotrópicas (Bresighello, 2005). Essas consequências sociais
do uso de bebidas alcoólicas devem-se a atuação bioquímica do etanol no organismo
(Planeta & Graeff, 2012). Consequências psicofísicas e neuropsicológicas do etanol
serão testadas no presente trabalho, que ora apresenta-se dividido em três partes
principais.
A primeira parte dessa tese corresponde à fundamentação teórico-literária dos
principais efeitos/consequências da utilização de etanol, na forma de bebidas alcoólicas,
apresentando estudos relacionados a alterações neurocognitivas, nos âmbitos da
audição, memória, atenção e funções executivas. A segunda parte descreve o método de
execução de dois estudos diferentes relacionados ao uso agudo e crônico de etanol nas
funções neuropsicológicas. A terceira parte trás o relato separado dos dois referidos
estudos. A quarta, a quinta, a sexta, a sétima e a oitava partes apresentam
respectivamente uma discussão geral da presente tese, as considerações finais, as
referências dos estudos, apêndices e anexos.
4
2.2. Caracterização da ingestão moderada de etanol
O uso do etanol de forma aguda, de leve a moderada, ou seja, a frequência e
quantidade utilizada pelas pessoas que dizem “beber socialmente”, é considerado pela
World Health Organization (1994), como sendo o limite alcoólico que não ocasiona
agravos à saúde. Contudo, segundo Brick (2006) e Edwards et al. (2005), o nível de
ingestão “moderado” não possui consonância científica ou clínico-médica. As questões
políticas e culturais estão envolvidas na quantificação desse limiar podendo variar de 8-
20 g de etanol puro por semana (o que corresponde em média a três doses diárias de
bebidas destiladas, duas latas de cerveja ou dois cálices de vinho) (Andrade & Oliveira,
2009; Grinfeld, 2009; Klatsky, 2003).
Os estudos a respeito das consequências da ingestão moderada de etanol ainda
são bastante controversos, sendo que alguns indicam o surgimento de decorrências
clínicas positivas como os efeitos tensiolíticos, orexígenos, coronarianos,
cerebrovasculares, arteriais, e protetivos contra a diabetes mellitus do tipo II e as
demências (Almeida & Barbosa Filho, 2006; Andrade & Oliveira, 2009; Clemente &
Fonseca, 2002; Edwards et al., 2005; Glória, 2002; Klatsky, 2003; Meyer, Nicastri,
Bordin, Nisenbaum, & Ribeiro, 2004; Planeta & Graeff, 2012). Por outro lado, outros
estudos propõem que ocorram alterações orgânicas graves principalmente referentes aos
sistemas digestório (principalmente danos hepáticos), cardíaco (arritmias e aumentos da
pressão arterial) e nervoso (comprometimentos neuropsicológicos) (Clemente &
Fonseca, 2002; Ferreira, 2010; Figueira, 2002; Glória, 2002).
Todas essas implicações fisiológicas gerais decorrem porque a ingestão de
bebidas alcoólicas apresenta absorção e distribuição rápidas em todos os tecidos e
fluidos do organismo devido ao seu transporte fácil para o interior das membranas
celulares que são altamente permeáveis ao etanol (Yonamine, 2004). Para qualquer
5
quantidade de etanol, aproximadamente metade é absorvida em 15 minutos, a
concentração máxima no sangue é atingida em 30 minutos e a absorção total ocorre em
cerca de duas horas. Variáveis como a alimentação ou a realização de exercícios físicos
antes ou durante o processo pode retardar esses valores de tempo (Drummer & Odell,
2001; Leyton, Ponce, & Andreuccetti, 2009).
1.2. Caracterização da ingestão crônica de etanol
Segundo Laranjeira e Pinsky (2001), a ingestão crônica do etanol pode partir de
uma ingestão moderada inicial por se desenvolver gradativamente do uso ao abuso das
bebidas alcoólicas, podendo chegar à dependência. O uso é qualquer consumo
esporádico com finalidade de experimentar não associado com problemas biológicos ou
sociais (Bordin, Figlie, & Laranjeira, 2004). O abuso trata-se de um consumo recorrente
e nocivo relacionado a problemas orgânicos, sociais e/ou legais (Planeta & Graeff,
2012). A dependência está relacionada à doença do alcoolismo, e consiste na
necessidade do consumo ininterrupto, causada pela tolerância, para impedir a ocorrência
da abstinência (Hales & Yudofsky, 2006).
Segundo a American Psychiatric Association (2002), a tolerância está ligada a
atenuação progressiva dos efeitos das drogas, devido ao uso contínuo, impelindo o
indivíduo a ingeri-las em quantidades cada vez maiores para atingir a intoxicação. A
abstinência incide em um conjunto de sintomas comportamentais decorrentes de
alterações fisiológicas ocasionadas pela diminuição ou retirada da substância do
organismo.
A abstinência pode iniciar-se aproximadamente de 4 a 12 horas após a
interrupção do uso do álcool, tendo intensidade máxima no segundo dia e melhora
acentuada no quarto ou quinto dia, podendo persistir em intensidades inferiores de até 3
6
a 6 meses depois. Seus sintomas compreendem a ansiedade, a sudorese, o aumento da
frequência cardíaca, tremores das mãos, náusea e vômitos, alucinações ou ilusões
perceptuais diversas transitórias, agitação psicomotora, convulsões e insônia.
(American Psychiatric Association, 2002).
As consequências do alcoolismo, diferente do uso moderado de etanol,
geralmente não são consideradas positivas pela literatura (Edwards et al., 2005; Harper
& Matsumoto, 2005; Wegner, Günthner, & Fahle, 2001). A maioria dos estudos
sugerem alterações orgânicas gerais prejudicadas pela ingestão crônica do álcool, como
a presença de doenças e eventos cardiovasculares (hipertensão e acidente vascular
encefálico), respiratórias (infecções pulmonares), digestivas (hepatite, cirrose,
pancreatite, gastrite), ósseas (osteoporose), podendo ainda desenvolver anemias e até
mesmo o câncer (Edwards et al., 2005).
O alcoolismo pode comprometer também estruturas e funções celulares do
sistema nervoso, seja por meio de deficiência nutricional (malnutrição, deficiências
vitamínicas e redução do metabolismo cerebral) ou por distúrbios ocasionados nos
sistemas imune e hormonal (Figueira, 2002; Wong et al., 2003). Estruturalmente, os
alcoolistas apresentam cérebro e corpo caloso (responsável pela comunicação entre os
hemisférios cerebrais) diminuídos (Hommer, 2003; Wong et al., 2003) e irregularidades
na substância branca (extensões axonais indicadoras do enfraquecimento da relações
neuronais (Wong et al., 2003).
Funcionalmente, o alcoolismo aumenta a estimulação da dopamina (DA) e da
serotonina (5-HT), neurotransmissores excitatórios presentes respectivamente no
Núcleo Accumbens (Nac), envolvido no reforço e na motivação, e dessa forma na
experiência subjetiva de recompensa e prazer, e no núcleo da rafe, relacionado à
emoção, motivação e atenção, sugerindo aumento da ansiedade e agressividade na
7
abstinência, bem como da tolerância a droga, fazendo alcoolistas sentirem a necessidade
de quantidades gradativamente maiores da substância para obter a sensação de prazer
agregada a ela (Di Chiara, 1997; Lovinger, 1997; Wong et al., 2003).
Segundo Meyer et al. (2004), o alcoolismo é um problema de saúde de difícil
tratamento. Desse modo, existem diversos âmbitos de intervenção, que podem ser
psicológicos, farmacológicos, ou por grupos de apoio, que servem principalmente para
o alívio dos sintomas da abstinência e diminuição da vontade de ingerir álcool.
Segundo Oliveira, Freire e Laranjeira (2011), no tratamento psicológico, as
terapias cognitivas e comportamentais (TCC’s) têm se mostrado efetivas por meio do
uso de técnicas de psicoeducação, para o paciente aprender o funcionamento do
transtorno aditivo e assim adquirir a capacidade de identificar situações de risco, e
realizando treinamentos de novas habilidades sociais, como dos comportamentos
assertivos, para aprender, por exemplo, a recusar convites para eventos que representem
riscos de recaídas e para auxiliar na criação de redes de apoio social.
Além disso, as TCC’s têm auxiliado ensinando a manejar a fissura, a partir do
comportamento de lidar com as emoções negativas, e elaborando reestruturações
cognitivas dos indivíduos com alcoolismo, para fortalecer as crenças de controle e
enfraquecer as crenças permissivas (Oliveira, Freire, & Laranjeira, 2011).
Nas intervenções farmacológicas são utilizados principalmente sensibilizantes ao
álcool e agentes anti-craving (anti-fissura). Os sensibilizantes (por exemplo,
Dissulfiram) acionam a enzima aldeído desidrogenase (ALDH) que aumenta a
concentração de acetato, uma substância tóxica que produz sintomas desagradáveis
como cafaléia, náuseas e vômitos, tontura, turvação da visão, sonolência, taquicardia e
dores pulmonares que terminam por provocar reação aversiva a droga. Os agentes anti-
craving (exemplos: Naltrexona, antagonista opióide que age na sedação e Acamprosato,
8
estimulante GABAérgico que inibe sintomas da abstinência) reduzem a vontade de
consumir álcool (Castro & Baltieri, 2004).
A integração aos grupos de apoio são formas auxiliares de tratamento, nas quais
os indivíduos se identificam como dependentes alcoolistas, compartilham suas
experiências e buscam mudanças no estilo de vida e na forma de lidar com o álcool
(Silva, Viana, Andrade, & Gadelha, 2013). O mais popular deles trata-se dos Alcoólicos
Anônimos (AA), fundado nos Estados Unidos, em 1935, e instalado no Brasil em 1947
(Zaluar, 1994). Esse programa baseia-se na abstinência total ao álcool.
1.3. Implicações biológicas da ingestão de etanol
O etanol trata-se de uma substância que desestabiliza as células nervosas
refletindo em alterações inespecíficas na transmissão de impulsos elétricos e na
liberação de neurotransmissores (Clemente & Fonseca, 2002; Ferreira, 2010; Figueira,
2002; Glória, 2002). Fatores como a concentração sanguínea, a espécie de bebida, a
quantidade e velocidade da ingestão, os atributos individuais do consumidor e o
contexto social no qual está inserido, influenciam quantitativa e qualitativamente nos
efeitos ocasionados (Andrade & Oliveira, 2009). As mulheres, por exemplo, por
possuírem maior quantidade relativa de gorduras e menor volume de água por peso
corporal, bem como menor atividade da Álcool Desidrogenase Gástrica (ADH), terão
sempre concentrações sanguíneas maiores, ainda que a mesma quantidade de álcool seja
consumida por ambos, homens e mulheres (Andrade et al., 2009). A ADH é uma das
enzimas mais importantes para o metabolismo do etanol. As mulheres só a possuem no
fígado. Os homens a possuem no fígado e no estômago (Edwards, Marschall, & Cook,
2005; Ramchandani, Bosron, & Li, 2001).
9
Sua atuação neurológica se dá tanto no sistema excitatório quanto no inibitório,
mediados respectivamente pelo glutamato (Glu), e pelo ácido gama aminobutírico
(GABA). Dessa forma, o uso do álcool pode aumentar a liberação dos
neurotransmissores dopaminérgicos, além de estimular os receptores opióides, gerando
a liberação de endorfinas, ocasionando respectivamente as sensações de prazer e de
bem-estar nos indivíduos (Carvalho, 2008; Ferreira, 2010; Yonamine, 2004). Ao mesmo
tempo, pela ingestão dessa substância pode-se inibir a liberação de acetilcolina (Ach),
fato contribuidor para instalação de prejuízos nos mecanismos colinérgicos influentes
em aspectos psicológicos perceptivos, como a audição (Harkrider & Hedrick, 2005;
Lustig, 2006; Sahley, Nodar, & Musiek, 1997), e neurocognitivos, como a memória
(Blokland, 1996; Gold, 2003; Hasselmo, 1999; Hasselmo, 2006), a atenção (Botly & De
Rosa, 2008; Sarter, Bruno, & Turchi, 1999) e as funções executivas (Robbins, 2000;
Robbins & Roberts, 2007). Todas essas problemáticas decorrentes do uso de álcool
também estão conectadas à forma de ingestão, seja aguda, em seus vários níveis: leve,
moderado e intenso (Green et al., 2010), ou crônica (utilização longitudinal), que está
ligada as síndromes de dependência (Lyvers, 2000).
1.4. Alterações psicológicas relacionadas à ingestão de etanol
1.4.1. Funcionamento auditivo decorrente ao uso do etanol
A percepção auditiva trata-se do resultado final de um processo que se inicia
com a vibração dos objetos no ambiente alterando a pressão atmosférica do ar e tem seu
término com a modulação cortical referente ocorrida no encéfalo (Costamilan, 2004;
Mendes, 2008; Moore, 2007; Puggina, da Silva, Gatti, Graziano, & Kimura, 2005;
Samelli & Schochat, 2008). De forma geral, o som adentra o pavilhão auditivo na orelha
externa, atravessando a membrana timpânica, o que possibilita a movimentação dos três
10
ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo), equilibrando a entrada de ar/som.
Esses ossículos estão ligados a uma membrana chamada janela oval que recobre um
pequeno orifício do crânio, e está conectada a cóclea, na orelha interna, onde é feita a
primeira separação e interpretação dos sinais sonoros (Bear, Connors, & Paradiso, 2008;
Moore, 2005; Paulucci, 2005; Rui & Steffani, 2007).
A cóclea é uma estrutura espiralada que possui em seu interior um líquido
chamado linfa que se movimenta pelas vibrações externas ocasionando potenciais de
ação nas células ciliadas: quinecílios (mais longas) e estereocílios (mais curtas). Quando
a linfa oscila em direção aos quinecílios as células são despolarizadas ocasionando o
aumento da excitação neuronal. Já quando a oscilação se dá em direção aos estereocílios
elas são hiperpolarizadas, acarretando a inibição neuronal (Bear et al., 2008; Hudspeth,
1997; Schiffman, 2005; Vollrath, Kwan, & Corey, 2007).
Essas informações processadas perpassam por meio dos nervos vestíbulo-
cocleares por uma série de estruturas até chegarem no córtex, região organizada
tonotopicamete. Isso significa dizer que essas áreas possuem representações
proporcionais, como mapas, das localizações dos neurônios específicos para a
interpretação das diferentes frequências sonoras (Bilecen, Scheffler, Schimid, Tschopp,
& Seelig, 1998; Formisano et al., 2003; Joris, Schreiner, & Rees, 2004; Langers,
Backes, & Dijk, 2006; Machado, 2005; Schiffman, 2005; Schönwiesner, Cramon, &
Rübsamen, 2002).
As células da região mais espessa da cóclea, chamada base, são acionadas por
sons de frequência alta, enquanto que na região mais fina dessa estrutura, chamada
ápice, os sons de frequência baixa são os que ativam as células nervosas (Dallas, 1992;
Gold, 1948; Robles & Ruggero, 2001). Outras informações mais específicas em termos
de estruturas e processamento da audição podem ser obtidas em Silva (2011).
11
Frequências sonoras específicas são relacionadas individualmente aos diferentes
tons, que são atributos sonoros correspondentes diretos das notas musicais. Por esse
motivo, tarefas de discriminação de notas musicais são utilizadas para avaliação da
percepção das frequências de som (Lecanuet, Graniere-Deferre, Jacquet, & Decasper,
1999; Silva, Bezerra, Gadelha, Andrade, Andrade, Torro-Alves, & Santos, 2014; Silva,
Cavalcanti-Galdino, Gadelha, Andrade, Santos, 2013; Silva, Cavalcanti-Galdino, Simas,
& Santos, 2015).
Todo o funcionamento físico e químico da audição pode ser alterado em função
da ingestão alcoólica. Estudos apresentam alterações neurofisiológicas, psicofísicas,
cognitivas e comportamentais da audição devido às interferências do etanol (Kähkönen,
Rossi, & Yamashita, 2005; He et al., 2013; Vanneste & De Ridder, 2012; Meerton,
Andrews, Upile, Drenovak, & Graham, 2005; Maurage, Campanella, Philippot, Pham,
& Joassin, 2007; Maurage, Campanella, Philippot, Charest, Martin, & de Timary,
2009). A audição pode ser prejudicada, por exemplo, no que se trata da distinção entre
as diferentes frequências de som (Bellé, Sartori, & Rossi, 2007; He et al., 2013;
Pearson, Dawe, & Timney, 1999; Rossi, Bellé, & Sartori, 2010).
1.4.1.1. Consequências do etanol sobre as funções auditivas
Estudos com potencial auditivo evocado relatam alterações eletrofisiológicas na
audição, por exemplo, Kähkönen, Rossi e Yamashita (2005) sugeriram ocorrer
prejuízos no processamento auditivo de novos sons e de mudanças de frequência
combinando MEG e EEG. Eles avaliaram 11 indivíduos destros por meio de um estudo
duplo-cego controlado por placebo (0,8 g/kg de etanol ou suco). Segundo os autores, o
álcool prejudica o processamento de tons, a mudança de frequência, e a percepção de
novos sons originados dos sons padrões, em diferentes fases do processamento auditivo,
12
de forma semelhante em ambos os hemisférios. Da mesma forma, He, Li, Guo,
Näätänen, Pakarinen e Luo (2013) avaliaram os efeitos do etanol no processamento pré-
atentivo da audição em quatro características do som: frequência, intensidade,
localização e duração. Observaram-se 12 participantes sob a condição de ingestão
alcoólica (0,65 g/kg) comparados à condição sem álcool. As amplitudes de todos os
quatro tipos de onda MMN diminuíram significativamente após a ingestão de etanol.
Um pouco mais semelhante ao presente estudo, Pihkanen e Kauko (1962)
analisaram as consequências do álcool para a discriminação auditiva de frequências
sonoras utilizando três pessoas com deficiência visual que eram afinadoras de pianos.
Dois dos três participantes apresentaram uma diminuição estatisticamente significante
da sua capacidade de discriminar frequências.
Do mesmo modo, nos estudos de Pearson (1997) e Pearson, Dawe, Timney
(1999), investigaram-se os efeitos do 12euroc sobre a audição. Eles testaram o limiar de
identificação das frequências sonoras. Em ambos os estudos, a ingestão de álcool a
0,08% BAC alterou negativamente apenas a percepção das frequências mais altas
(acima de 1.000 Hz).
1.4.2. Funcionamento neuropsicológico decorrente ao uso do etanol
A Neuropsicologia é uma subárea das Neurociências que está integrada a
Psicologia e que tem se estabelecido nos últimos anos na tentativa de relacionar o
funcionamento encefálico ao funcionamento psicológico básico. Dessa forma, regiões
específicas do cérebro e de outras áreas do sistema nervoso têm sido ligadas ao
processamento funcional e disfuncional perceptivo e de outros sistemas cognitivos
(Andrade & Santos, 2004; Ellis & Young, 2014; Gil, 2010; Kristensen, Almeida, &
Gomes, 2001; Luria, 1984).
13
A Neuropsicologia está dividida em duas grandes modalidades gerais que se
tratam da avaliação e reabilitação neuropsicológica (Abrisqueta-Gomez, 2006; Gil,
2010; Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011; Pontes & Hübner, 2007). A primeira delas diz
respeito à elaboração, validação e execução de testes, a partir da descrição do
funcionamento habitual do sistema nervoso (SN), podendo ser útil para diagnosticar
prováveis defeitos em campos encefálicos responsáveis pelas funções cognitivas
específicas (Mäder-Joaquim, 2010; Gil, 2010; Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011).
A segunda modalidade da Neuropsicologia, baseada na ideia da plasticidade
neural, trata-se da prática de exercícios que forçam o desempenho neurocognitivo e
consequentemente habilitam os indivíduos para sua reintegração social, intervindo
assim no melhoramento de sua qualidade de vida (Gil, 2010; Haase & Lacerda, 2004;
Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011; Muszkat & Mello, 2012; Thompson, 2000; Wilson,
1996).
As alterações cognitivas estão vinculadas a lesões do encéfalo que podem
ocorrer pelos mais diversos motivos, entre os quais o uso de substâncias químicas como
o álcool. Uma série de estudos tem se voltado para o desenvolvimento de testes e
protocolos de intervenção que possam ser utilizados na avaliação e reabilitação
neuropsicológicas dos variados atributos neuropsicológicos (perceptivos e cognitivos)
decorrentes do uso do álcool (Cunha & Novaes, 2004; Kolling, da Silva, Carvalho,
Cunha, & Kristensen, 2007; Salgado, Malloy-Diniz, Campos, Abrantes, Fuentes,
Bechara, & Correa, 2009; Scheffer, Pasa, & Almeida, 2010).
1.4.2.1. Memória e sua relação com o uso do etanol
A memória é um processo cognitivo instituído pela unificação de diversas
estruturas neurofuncionais inter-relacionadas com o papel de reter informações (Abreu
14
& Mattos, 2010; Tomaz, 1993; Tulving, 1985). De forma geral, a memória constitui-se
de um sistema operativo que perpassa pelos estágios de codificação, armazenamento, e
recuperação dos dados informativos cotidianos (Atkinson & Shiffrin, 1968; Thompson,
1986). Esse sistema geral é organizado em diferentes módulos neurocognitivo-
funcionais que são responsáveis pelo registro diferenciado dos diversos elementos do
conhecimento (Squire, 1986).
Uma primeira divisão desses subsistemas da memória pode ser feita em termos
da capacidade e tempo de armazenamento dos dados. Esses subsistemas são a memória
de curto prazo e memória de longo prazo (Baddeley, 2011; Squire, 1986). Além disso,
pode-se atribuir ainda outro tipo de memória chamada sensorial, que se refere ao
armazenamento temporário das informações que são captadas pelos órgãos sensores
antes que elas se encaminhem para a memória de curto prazo. Essas diferentes
modalidades perceptivas são processadas, moduladas e associadas no neocórtex, região
cerebral que apresenta muitas camadas celulares e várias subáreas sensoriais e motoras
(Baddeley, 2011; Squire, 1986; Thompson, 1986; Tomaz, 1993).
A memória de curto prazo tem uma capacidade de armazenamento limitada que
se restringe aos valores mínimo e máximo respectivamente de 5 a 9 itens ou grupo de
itens, ao passo que retém informações por uma quantidade mínima de tempo que está
em torno de alguns minutos (Ebbinghaus, 1885/1913; Miller, 1956; Yu, Zhang, Jing,
Peng, Zhang & Simon, 1985). Dentro desse subsistema de memória encontra-se ainda a
memória operacional ou de trabalho que tem por função armazenar itens necessários
para o desempenho de uma determinada tarefa específica enquanto se está executando a
mesma (Baddeley & Hitch, 1974).
No geral, a memória de curto prazo ativa regiões mais frontais do encéfalo sendo
que a memória de trabalho aciona particularmente de forma mais efetiva a área
15
dorsolateral do córtex pré-frontal, o cerebelo, os gânglios da base, e o córtex motor
(Squire, 1986; Thompson, 1986; Tomaz, 1993). Por outro lado a memória de longo
prazo possui uma capacidade ilimitada de armazenamento de uma grande quantidade de
informações por longos períodos de tempo, ativando principalmente determinadas áreas
do sistema límbico como o hipocampo e a amígdala (Baddeley, 2011).
A memória de longo prazo é subdivida em duas categorias principais que são as
de memória implícita (não declarativa) e explícita (declarativa) (Baddeley, 2011;
Squire, 1986). Esta última subdivide-se ainda em duas outras categorias: memória
explícita episódica e memória explícita semântica (Tulving, 1985).
A memória implícita diz respeito ao registro de informações utilizadas para
realização automática de habilidades motoras, como tocar um instrumento musical ou
simplesmente amarrar o cadarço de um sapato. Ela atua basicamente no estriado
(habilidades), na amígdala e cerebelo (condicionamento comportamental, um tipo de
aprendizagem associativa), no neocórtex (priming, um melhoramento na capacidade de
identificar ou processar determinada informação, como resultado de uma experiência
anterior com um mesmo estímulo), e nas vias reflexas (habituação e sensitização, tipos
de aprendizagem não associativa) (Baddeley, 2011; Schacter, 1992; Schacter, Chiu, &
Ochsner, 1993).
A memória explícita trata-se da capacidade de representação interna de fatos e
eventos do mundo perceptualmente não presentes no momento. Sua atuação encefálica
liga-se ao córtex temporal medial, ao diencéfalo e ao córtex pré-frontal (Schacter,
1992). A memória explícita episódica (atuante no lobo frontal) diz respeito à capacidade
de armazenamento e recuperação de informações relativas às experiências pessoais
subjetivas contextualizadas, enquanto que a memória explícita semântica (atuantes nos
lobos temporais mediais e parietal esquerdo) refere-se ao registro de fatos que não
16
podem ser re-experienciados nos contextos nos quais eles originalmente ocorreram, ou
seja, fatos descontextualizados (Baddley, 2000).
A recuperação das informações registradas nos sistemas de memória podem
ocorrer por meio de reconhecimento ou recordação. O procedimento de reconhecimento
é aquele no qual se tem que resgatar uma informação que já está posta dentre outras,
envolvendo o circuito dorsolateral do encéfalo. O procedimento de recordação se dá
quando se tem que resgatar uma informação de forma relativamente completa com ou
sem ajuda de elementos auxiliares, envolvendo regiões dos córtices pré-frontal lateral,
temporal, parieto-occiptal medial, do cíngulo anterior e do cerebelo (Cabeza & Nyberg,
2000; Lockhart & Craik, 1990; Pinto, 2001).
Esse processo de recuperação pode ser prejudicado por um processo de
interferência de informações que podem se dá no âmbito proativo ou retroativo. A
interferência proativa é aquela na qual uma informação antiga pode intervir na
memorização de uma nova informação. Já a interferência retroativa diz respeito à
intervenção de uma nova informação em uma informação já registrada (Müller &
Schumann, 1894; Pergher & Stein, 2003; Underwood, 1957).
De forma geral, os procedimentos de memorização envolvem o fortalecimento
ou enfraquecimento das sinapses por meio das quais ocorre a liberação do
neurotransmissor acetilcolina (Tomaz, 1993). A ingestão do álcool pode interferir nesse
processo ocasionando alterações em várias estruturas relacionadas com os sistemas de
memorização, como o hipocampo, corpos mamilares, tálamo e córtex cerebelar
(Rosenbloom, Sullivan, & Pfefferbaum, 2004). Haper e Matsunoto (2005) sugerem a
ocorrência de déficits na aprendizagem viso-espacial e verbal, bem como na memória
de curto-prazo devidos ao uso de etanol na forma de bebida.
17
1.4.2.2. Atenção e sua relação com o uso do etanol
A atenção é um domínio neuropsicológico importante para nossa interação
social e para organização de nosso processamento cognitivo, que se refere à capacidade
que se tem de selecionar e focar em determinados estímulos do ambiente (James, 1890;
Lima, 2005; Posner, 1990; Sternberg, 2010). Grande parte da literatura toma esse
atributo cognitivo como sendo um aglomerado de capacidades que atuam em conjunto
para a tarefa de focalizar sinais internos e externos aos organismos (Petersen & Posner,
2012; Posner, 1990; Shipp, 2004). Essa forma complexa de considerar a atenção é
devida a existência dos vários subtipos desse processo cognitivo, cada um a seu modo
envolvendo tarefas diferenciadas que envolvem consequentemente desempenhos
cognitivos direcionados a objetivos particulares relacionados de forma geral a regiões
encefálicas distintas (Gil, 2010; Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010).
A circuitaria da atenção está eminentemente envolvida com os estados de vigília
e de consciência, necessários para manutenção da responsividade geral dos indivíduos
por meio do acionamento do sistema ativador reticular ascendente (SRAA), um
agrupamento de neurônios localizados no tronco cerebral que projetados para várias
regiões do encéfalo exercem função excitatória sobre o córtex de forma total ou
específica quando necessário (Gil, 2010; Dalgalarrondo, 2008; Ramachandran &
Blakeslee, 2002). A manutenção desse estado de alerta é modulada principalmente pela
neurotransmissão de acetilcolina nessas regiões, contudo as diversas catecolaminas
(dopamina [DA], noradrenalina [NA], e adrenalina [AD]) estão envolvidas na excitação
ou inibição do encéfalo sinalizando respectivamente para o surgimento/conservação dos
focos e para a desatenção para determinados estímulos (Lima, 2005; Mello, 2006;
Sternberg, 2010).
18
O sistema atencional é basicamente constituído em termos de suas propriedades
principais que são a seletividade, a sustentação, a alternância, e a divisão. Essas
características são correspondentes aos diferentes tipos de atenção encontrados na
literatura (Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010; Dalgalarrondo, 2008; Petersen & Posner,
2012; Posner, 1990; Shipp, 2004; Sternberg, 2010). Na maioria das vezes, um ou mais
desses tipos de atenção atuam de forma integrada (Sisto, Castro, Cecilio-Fernandes, &
Silveira, 2010).
A atenção seletiva diz respeito à seleção de parte dos estímulos disponíveis em
detrimento a outros estímulos considerados distratores (Coutinho, Mattos, & Abreu,
2010; Sternberg, 2010). Dessa forma, sua ativação neural depende da modalidade
sensorial envolvida, abrangendo, assim, diferentes regiões ligadas aos diferentes
atributos dos estímulos. Contudo, de forma geral, compreende os córtices associativos,
parietais e pré-frontais (Lima, 2005).
A atenção sustentada está ligada a capacidade de manutenção do foco em certo
estímulo por um período de tempo mais prologado com o mesmo padrão de consistência
(Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010). No geral, esse tipo de atenção possibilita uma
diminuição global da atividade elétrica encefálica, sendo que em contraposição ocorre
um maior fluxo sanguíneo nos lobos frontal e parietal, principalmente no hemisfério
direito (Lima, 2005).
A atenção alternada se refere à capacidade de alternar o foco entre estímulos
específicos ou grupo de estímulos (Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010). Essa alternância
deve-se a um processo que envolve o desengajamento de um primeiro foco, o que
aciona o lobo parietal posterior, principalmente do hemisfério direito; a mudança de
foco, que ativa os colículos superiores; e a localização e engajamento em um novo foco,
o que intensifica a atuação do tálamo, principalmente no núcleo pulvinar (Lima, 2005).
19
A atenção dividida corresponde à capacidade de focar ao mesmo tempo em dois
estímulos diferentes (Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010; Sternberg, 2010). Para tanto,
ocorre um processamento diferenciado para os dois estímulos atentados. Para um deve
ocorrer um processamento automático (lobo pré-frontal dorso lateral), enquanto que
para o outro ocorre um processamento controlado (giro cingulado anterior) (Lima,
2005).
O álcool pode influenciar os processos atencionais (Coutinho, Mattos, & Abreu,
2010). Smith e Oscar-Berman (1992) sugeriram que medidas de tempo de reação de
alcoolistas abstinentes foram maiores quando solicitados a realizar uma tarefa de
detecção de estímulos visuais, de formas aleatórias, espacialmente distribuídos. Já o
estudo de Kopera et al. (2012) demonstrou que alcoolistas abstinentes há menos de um
ano cometeram mais erros em tarefas de mudança atencional do que controles saudáveis
e/ou alcoolistas com períodos mais longos de abstinência.
1.4.2.3. Funções executivas e sua relação com o uso do etanol
Segundo Luria (1973), o processamento de informações se dá pela atuação
integrada de três campos diferentes de regulação básica das ações cognitivas e
comportamentais ligadas a estruturas encefálicas específicas, sendo um deles regulador
fisiológico basilar, atuando no tônus do córtex e na vigília (ligado às estruturas
subcorticais), outro responsável pela captação de informações sensoriais (relacionado às
áreas posteriores do cérebro, incluindo regiões parietal, temporal e occipital) e um final
que realiza programação, monitoramento e regulação das atividades intelectuais (lobos
frontais). Este último está ligado a um processamento administrador neurocognitivo
amplamente estudado que é chamado de Funções Executivas (FE) (Barkley, 2001;
Robbins, 2000; Robbins & Roberts, 2007; Royall et al., 2002).
20
Apesar de ainda não se ter um conceito final formado a respeito, devido a sua
complexidade em termos de processamento de diferentes domínios, as FE tratam-se de
um sistema neuropsicológico composto por um conjunto de habilidades cognitivas
complexas e especializadas voltadas para o gerenciamento das atividades mentais.
Dessa forma, as FE servem ao planejamento, organização e monitoramento dos
comportamentos intencionais orientados a objetivos específicos (Uehara, Charchat-
Fichman, & Landeira-Fernandez, 2013).
Neste sentido, os diferentes recursos cognitivos, motivacionais, emocionais e
comportamentais são conservados, controlados e associados por esse sistema integrador
(Godoy et al., 2010), que é descrito como sendo composto por diversas esferas como os
diferentes tipos de atenção (exemplos: concentrada, seletiva), a capacidade de
abstração, a tomada de decisões, a memória operacional, o planejamento, organização e
sequenciamento cognitivos e comportamentais, o controle inibitório de impulsos, a
flexibilidade e controle cognitivos, a iniciativa de movimentos, a antecipação de
consequências, a modulação da excitação emocional e do humor, e as táticas auto
tranquilizadoras (Argimon et al., 2006; Barros & Hazin, 2013; Carvalho et al., 2012;
Corso et al., 2013; Ferreira et al, 2012; Godoy et al., 2010; Uehara et al., 2013). Dentre
todas essas funções acredita-se que o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva
estejam entre as funções nucleares no desempenho de outras atividades mentais mais
complexas (Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes & Leite, 2008).
O sistema das FE e seu conjugado de campos de habilidades é basicamente
subdividido em funções “quentes” e “frias” (Zelazo, Qu, & Müller, 2005). As funções
quentes dizem respeito ao monitoramento dos componentes emocionais, motivacionais
e interpretativos, além de está envolvido nos esquemas de 20eurocogniti e punições. Já
21
as funções frias, referem-se ao gerenciamento dos elementos cognitivos (Argimon et al.,
2006; Carvalho et al., 2012; Malloy-Diniz et al., 2008).
Zelazo, Qu e Müller (2005) afirmam que as FE sempre exigem uma combinação
dos componentes executivos “quentes” e “frios” em níveis diferentes. As funções
quentes estão ligadas às regiões ventromediais e orbitofrontais cerebrais. A região
ventromedial está ligada a demonstração e ao controle das emoções e comportamentos
instintivos; a área orbitomedial ao controle inibitório, a capacidade de inibir (bloquear)
respostas para as quais os indivíduos apresentem uma tendência forte para 21euroco-las
e reações a estímulos distratores que possam interferir no desempenho de uma ação.
Ambas as regiões estão envolvidas nos circuitos de neurotransmissão serotoninérgicos
(Barkley, 2001; Malloy-Diniz et al., 2008; Uehara et al., 2013). As funções frias estão
relacionadas à região pré-frontal dorsolateral, uma área de convergência multimodal
interconectada com outras áreas associativas corticais que está envolvida em atividades
mentais como a flexibilidade cognitiva, a capacidade de mudar o curso de pensamentos
ou comportamentos de acordo com as demandas ambientais. Essa região está ligada aos
circuitos de neurotransmissão dopaminérgicos (Argimon et al., 2006; Malloy-Diniz et
al., 2008).
De forma mais geral, o córtex frontal é a região cerebral mais relacionada às FE.
Isso se deve a grande quantidade de conexões com diversas outras áreas do encéfalo, o
que demonstra sua importância na integração e no controle das FE (Royall et al., 2002).
Goldberg (2002) afirma que as funções executivas atuem como um administrador das
funções mentais gerais por meio de uma maior ativação do lobo frontal do cérebro.
O uso de álcool ocasiona mudanças nos lobos frontais, em regiões envolvidas
principalmente na decisão, julgamento e solução de problemas (Rosenbloom, Sullivan,
& Pfefferbaum, 2004). Estudos utilizando humanos ou animais têm sugerido que as
22
partes frontais do cérebro (córtices frontal e pré-frontal) são particularmente sensíveis
ao alcoolismo (He & Crews, 2008). Harper e Matsunoto (2005) encontraram déficits na
solução de problemas abstratos. Feldens (2009) também encontrou comprometimento
do planejamento e da flexibilidade cognitiva de alcoolistas em abstinência de oito dias.
1.4.2.4. Consequências do etanol sobre as funções neuropsicológicas
Encontraram-se alguns estudos, a respeito dos efeitos do etanol sobre as funções
neuropsicológicas, como abordado na presente tese. Schreckenberger et al. (2004)
investigaram 20 voluntários saudáveis apenas do sexo masculino em três diferentes
condições experimentais (fases de influxo e de eliminação, e placebo) de forma
aleatória usando etanol por via intravenosa. Durante e após a infusão de etanol (ou
placebo), testes neuropsicológicos de atenção dividida com estímulos visuais e auditivos
foram realizados com posterior aquisição de imagens PET 18-FDG. As fases de influxo
e eliminação do etanol apresentaram ativações focais no estriado bilateral e córtex
frontal e desativações no córtex occipital. A comparação da fase de influxo versus a fase
de eliminação revelaram ativações no cingulado anterior e no córtex pré-frontal direito,
e desativações relevantes foram encontrados no córtex temporal superior esquerdo,
incluindo a área de Wernicke.
Os testes neuropsicológicos mostraram deficiência de atenção sob o influxo de
etanol em comparação com a eliminação de etanol e com o placebo, com uma
correlação inversa do desempenho da atenção para estímulos auditivos na atividade
occipital e para estímulos visuais para o córtex temporal esquerdo (incluindo o córtex
auditivo). Os resultados sugeriram, desse modo, que a administração aguda de etanol
em voluntários saudáveis estimula essas regiões estriadas que são consideradas de
relevância especial para o desejo de álcool (“sistema de recompensa”) e que o processo
23
de inibição recíproca específico da atividade do córtex sensorial parece ser relevante
para o desempenho da atenção durante o impacto agudo de álcool.
O estudo de Poltavski, Marino, Guido, Kulland e Petros (2011) examinou o
impacto do álcool na memória verbal em função da hora do dia em que foi
administrado. Os participantes ingeriram álcool ou placebo às 8 ou às 18 horas e
posteriormente tiveram que recordar quatro passagens de um texto em prosa. Os
resultados indicaram que a recordação declinou para os indivíduos que ingeriram álcool,
mas a hora do dia não influenciou esses efeitos.
O estudo de Ray e Bates (2006) examinaram os efeitos da intoxicação alcoólica
aguda usando uma tarefa de memória de reconhecimento de palavras e uma tarefa de
memória de repetição do tipo “priming” para a mesma informação, sem referência
explícita ao contexto do estudo. Vinte e dois bebedores sociais femininos e masculinos
(idades de 21-24 anos) realizaram versões equivalentes das tarefas de memória em duas
sessões contrabalanceadas (ingestão de álcool/ sem álcool). Eles encontraram que o
álcool afeta o processamento da memória de reconhecimento, mas não o “priming”,
apoiando a ideia de que ocorram efeitos dissociativos do álcool sobre os sistemas de
memória.
Wetherill e Fromme (2011) examinaram os efeitos do consumo de álcool sobre a
recordação narrativa e a memória contextual entre os indivíduos com e sem história de
apagões fragmentários, em uma tentativa de entender melhor por que alguns indivíduos
experimentam perda de memória induzida pelo álcool, enquanto outros não o fazem,
mesmo com concentrações de álcool no sangue comparáveis (BACs). Os resultados
indicaram que a intoxicação alcoólica aguda levou a deficiências na recordação livre,
mas não na recordação com pistas no dia seguinte.
24
Além disso, os participantes apresentaram desempenho de memória semelhante
quando sóbrios, mas os indivíduos que consumiram álcool e tinham um histórico
positivo de apagões fragmentários apresentaram maiores deficiências de memória
contextual do que aqueles que não haviam experimentado um apagão fragmentário
(Wetherill & Fromme, 2011). Assim, parece que alguns indivíduos podem ter uma
vulnerabilidade inerente ao álcool induzida pela perda de memória, devido aos efeitos
do álcool sobre os processos de memória contextual.
Por fim, Schweizer, Vogel-Sprott, Danckert, Roy, Skakum e Broderick (2006)
administraram uma bateria de testes neuropsicológicos para avaliar o grau em que o
aumento e a diminuição dos BACs durante uma dose aguda de álcool prejudicam nove
dos processos cognitivos básicos em adultos. Ao todo, 20 bebedores sociais saudáveis
do sexo masculino (estudantes universitários) foram designados para um dos dois
grupos (n = 10) que receberam uma bebida contendo placebo ou 0,65 g/kg de álcool.
Comparações entre os grupos de álcool e placebo revelaram prejuízos (respostas mais
lentas e/ou aumento de erros) em sete dos processos cognitivos: memória verbal de
longo prazo; processamento de informação; memória declarativa; controle inibitório;
memória visual de curto prazo; memória visual de longo prazo e memória de trabalho
visuo-espacial.
No entanto, Schweizer e colaboradores (2006) relataram que alguns desses
processos foram prejudicados apenas durante o aumento da concetração de álcool no
sangue (BAC), enquanto outros durante o seu declínio. Estes resultados mostraram que
tarefas cognitivas não são igualmente afetadas pelo aumento e declínio dos BACs, e
chamam a atenção para a importância de avaliar a velocidade e precisão em ambos os
componentes da curva BAC. Os processos cognitivos específicos diferencialmente
afetados pelo o aumento versus o declínio dos BACs levantou a possibilidade de que a
25
intoxicação aguda induzida por álcool pode prejudicar um hemisfério cerebral em maior
grau do que o outro.
3. Método
3.2. Aspectos Éticos
Todos os experimentos seguiram as recomendações em relação à realização de
pesquisas com seres humanos regidas pela Resolução Brasileira nº. 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (Ministério da Saúde, Brasil). O prospecto geral do estudo foi
aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa local (CEP/CCS/UFPB) sob o protocolo
nº. 0330/11 antes que qualquer protocolo da pesquisa fosse inicializado (ver Anexo 1).
A participação na pesquisa se deu de forma voluntária, e mediante a assinatura
de um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). No TCLE os voluntários
eram informados sobre os objetivos e método da pesquisa, sobre a possibilidade de
desistência em qualquer fase do estudo, sobre os possíveis riscos, benefícios e
ressarcimentos relacionados à sua participação nos testes, e sobre a garantia de
confidencialidade dos dados. Todos os dados foram avaliados em conjunto, sem a
identificação particular de quaisquer dos participantes. O TCLE pode ser melhor
observado no Apêndice A deste trabalho.
2.2. Instrumentos e equipamentos utilizados
2.2.1. Controle da amostra.
Utilizaram-se os instrumentos a seguir para triagem e caracterização da amostra
de todos os estudos:
Questionário Sócio-bio-demográfico e Clínico 1 – utilizado para triagem e
caracterização da amostra de estudantes (experimentos de ingestão moderada de
26
etanol), criado especificamente para o estudo e composto por questões sobre
idade, anos de escolaridade, raça, estado civil, religião, renda,
comprometimentos físicos e psicológicos, uso anterior ou atual de substâncias
tóxicas (por exemplo, o próprio etanol) e tópicos relacionados, como tempo de
consumo e tipo de substância (no caso do etanol, o tipo de bebida e quantidade
de doses ingeridas), ocorrência de treinamento musical, entre outras (Ver
Apêndice B);
Questionário Sócio-bio-demográfico e Clínico 2 – utilizado para triagem e
caracterização da amostra de alcoolistas (experimentos de ingestão crônica de
etanol), criado especificamente para o estudo e composto por questões sobre
idade, anos de escolaridade, raça, estado civil, religião, renda,
comprometimentos físicos e psicológicos, uso anterior ou atual de substâncias
tóxicas (por exemplo, o próprio etanol) e tópicos relacionados, como o tempo de
consumo crônico e de abstinência, bem como o tipo de substância (no caso do
etanol, o tipo de bebida e quantidade de doses ingeridas), histórico familiar de
alcoolismo, natureza do tratamento para o controle do alcoolismo
(psicofarmacológico, psicoterápico, grupos de autoajuda), ocorrência de
treinamento musical, entre outras (ver Apêndice C);
Questionário de Lateralidade de Edinburgh – criado por Oldfield (1971),
tendo sido usada a versão em português de Noffs et al. (2002), utilizou-se esse
teste para avaliar a lateralidade por meio da definição dos indivíduos sobre com
qual das mãos ele realizava 12 atividades diferentes (por exemplo escrever uma
carta, ou riscar um fósforo), tendo para cada opção cinco respostas possíveis que
variavam de “sempre direita”, equivalente ao número 1, a “sempre esquerda”,
equivalente ao número 5.
27
Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression Inventary – BDI) –
criado por Beck & Beamesderfer (1974), versão em português de Cunha (2001),
constituído por 21 questões de múltipla escolha, tendo cada questão quatro itens
a respeito de como o indivíduo tinha se sentido afetivo e fisicamente na semana
de aplicação do teste. A variação de itens avaliava a presença e severidade dos
sintomas depressivos presentes nos indivíduos, com pontuação mínima de 10-18
pontos indicando depressão de leve a moderada. Todos os participantes
apresentaram pontuação não indicativa de quaisquer sintomas depressivos.
Teste para Identificação das Desordens pelo Uso do Álcool (Alcohol Use
Disorder Identification Test - AUDIT) – criado por Babor, Higgins-Biddle,
Saunders e Monteiro (1989), versão em português de Lima et al. (2005),
composto por 10 itens que abrangiam três domínios teóricos: 1- Frequência do
consumo de álcool (por exemplo, “Com que frequência você consome alguma
bebida alcoólica?”); 2- Dependência do consumo de álcool (por exemplo, “Com
que frequência você achou que não seria capaz de controlar a quantidade de
bebida depois de começar?”); e 3- Consequências negativas do consumo de
álcool (por exemplo, “Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois
de beber?”), possuindo de 8-15 como pontuação indicativa mínima de consumo
de risco. Todos os participantes apresentaram pontuação não indicativa de
quaisquer problemas relacionados ao álcool.
3.2.3. Experimento de ingestão moderada de álcool.
Os estudos que avaliaram a ingestão experimental moderada de etanol utilizaram
os seguintes instrumentos e equipamentos específicos:
28
Dosagem – um software desenvolvido pelo Laboratório de Percepção
Neurociências e Comportamento (Silva, 2011) para calcular a quantidade de
bebida alcoólica a ser ingerida levando em consideração o sexo dos voluntários
para se atingir o valor da porcentagem BAC pretendida no estudo. No Dosagem,
cálculos diferentes são realizados para homens e mulheres baseando-se na
quantidade de água corporal dos mesmos a partir de adaptações das fórmulas
sugeridas por Brick (2006). Utilizaram-se no programa as variáveis peso, altura,
e idade para definir a quantidade de álcool a ser ingerida pelos participantes. A
sequência de cálculos seguida para a obtenção da quantidade de álcool de cada
voluntário pode ser observada em Silva (2011) e Silva et al. (2015).
Etilômetro digital – marca “Instrutherm”, modelo “BFD-50”, que permitiu
aferir a quantidade de álcool no sangue ao longo de todo o protocolo
experimental. Para a realização das medidas o indivíduo deveria tomar bastante
fôlego e soprar em um bocal descartável presente no lado esquerdo do aparelho.
O valor era apresentado em um painel digital frontal.
Procedimento de ingestão experimental moderada de etanol
Solicitaram-se a todas as pessoas que aceitaram participar do estudo a não
consumirem quaisquer alimentos durante o período das duas horas anteriores ao
experimento e a não ingerirem álcool nas 24 horas que o antecediam (ainda assim, a
concentração de álcool no sangue foi aferida antes do início de cada sessão
experimental). Chegando ao laboratório, os participantes ofereciam dados pessoais
específicos para cálculo, por meio do software Dosagem, da quantidade de bebida
alcoólica a ser ingerida na ocasião do teste para a obtenção do valor pretendido de 0,08
% BAC. Escolheu-se esse valor baseado em estudos semelhantes e por referir-se a
29
média internacional permitida pelos 29euroc de regulamentação do trânsito para
condução de veículos.
O pico de álcool no sangue era alcançado em média após 30 minutos da ingestão
da bebida, quando esse valor era aferido por meio de etilômetro. Além dessa aferição,
três outras medidas também eram realizadas: ao chegar ao laboratório, para garantir que
realmente o indivíduo não havia ingerido álcool nas horas antecedentes ao estudo, logo
após a ingestão e ao final do experimento, realizando-se, por fim, uma média entre os
valores de BAC obtidos, devendo ela ser próxima ao valor total desejado.
Realizou-se a administração da bebida alcoólica sob a forma de vodca da marca
russa “Stolichinaya”, com concentração de 40 % de etanol, diluída em suco de
maracujá, na proporção de 1 : 3. Na condição placebo, substituiu-se a vodca por duas
colheres de sopa de suco de limão em pó sem açúcar. Acrescentou-se ainda uma
quantidade de 10 ml da vodca para disfarçar o aroma da bebida. Padronizou-se o tempo
médio para ingestão do conteúdo em 15 minutos.
3.2.4. Experimento de ingestão crônica de álcool.
Para os experimentos de ingestão crônica de álcool, contactaram-se grupos de
Alcoólicos Anônimos nos quais se solicitaram que alcoolistas de 1 a 15 anos de
recuperação (abstinência) realizassem os testes de discriminação auditiva e de
funcionamento neuropsicológico. Com os próprios alcoolistas solicitavam-se formas de
contato com algum parente em primeiro grau, de preferência irmãos do mesmo sexo,
que não fizessem uso de bebidas alcoolicas. Testaram-se também estes parentes
utilizando as mesmas tarefas psicofísicas e cognitivas avaliadas nos alcoolistas.
30
3.2.5. Testagem psicofísica da audição
Os estudos que avaliaram a percepção auditiva dos participantes utilizaram os
seguintes instrumentos e equipamentos específicos:
Venda de tecido – colocada sobre os olhos dos voluntários, para evitar que
estimulações visuais interferissem nas suas respostas auditivas.
Dois fones de ouvidos – sendo um para o experimentador, da marca “Nokia”,
modelo “WH102”, e outro para o participante, da marca “Sennheiser”, modelo
“HD 205”. O fone do experimentador era mais simples e utilizado apenas para
acompanhamento e controle da apresentação dos estímulos. O fone do
participante tinha por objetivo dar maior fidedignidade possível ao som
apresentado. Utilizou-se, também, um adaptador para a conexão dos fones em
conjunto à placa de som;
PsySounds – um software programado na linguagem JAVA, gerador de notas
musicais por meio do sequenciamento conjugado de áudio e MIDI (Musical
Instrument Digital Interface/Interface Digital para Instrumentos Musicais)
desenvolvido pelo Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento.
Outras características e o funcionamento geral do programa está descrito na
literatura (Silva, 2011; Silva et al., 2013; Silva et al., 2015). Processou-se o
referente programa em um micro-computador desktop com sistema operacional
“Windows XP”, ao qual foram conectados uma placa de som externa da marca
“Creative”, modelo “X-Fi Surround USB 5.1 Sound Blaster” e um mouse, para
indicação das respostas dos voluntários aos estímulos apresentados;
31
Estímulos sonoros utilizados no PsySounds.
Apresentaram-se para cada participante em cada uma das sessões experimentais
(antes e após a ingestão de álcool) as frequências sonoras de 261.63 Hz, 293.67 Hz,
329.63 Hz, 349.29 Hz, 392 Hz, 440 Hz, e 490.55 Hz, com temperamento igual e razão
de semitom 21/12
:1. Essas frequências eram tons complexos apresentados em timbre de
piano habitualmente relacionados direta e respectivamente às notas musicais DÓ, RÉ,
MI, FÁ, SOL, LÁ, e SI na quarta oitava.
Embora essas notas musicais não tenham intervalos iguais entre elas (a saber,
elas possuem um ou dois semitons intercalando-as), elas correspondem às teclas brancas
em sequência que são as mais ouvidas e conhecidas pela população em geral, o que
impulsionou a escolha por elas para a realização do estudo. Já a quarta oitava, escolheu-
se devido sua localização na porção central dos sons possíveis dentro das escalas
musicais, fato esse que fez também a DAS (International Organization for
Standardization) considerar o padrão de 440 Hz (correspondente a nota LÁ central),
como referência apara afinação de qualquer instrumento musical (Ver Silva et al.,
2013).
Em cada sessão experimental selecionava-se apenas uma dessas notas na opção
“nota teste”, ao passo que na opção “notas distratoras” selecionavam-se suas duas notas
vizinhas na escala: as notas anterior e posterior a essa nota inicialmente escolhida. As
relações entre as notas teste e distratoras utilizadas no estudo apresentam-se na Tabela
1, a seguir.
32
Tabela 1
Notas testes e distratoras em quarta
oitava utilizadas no experimento de
discriminação de notas musicais
Nota Teste Nota Distratora
DÓ SI3 ou RÉ
RÉ DÓ ou MI
MI RÉ ou FÁ
FÁ MI ou SOL
SOL FÁ ou LÁ
LÁ SOL ou SI
SI LÁ ou DÓ5
Nota.: Além das notas da própria
escala, utilizaram-se ainda a nota SI
na terceira oitava (SI3 = 245.28 Hz) e
a nota DÓ na quinta oitava (DÓ5 =
523.25 Hz) para que todas as notas da
quarta oitava pudessem ser
comparadas.
Procedimento de avaliação da percepção auditiva
Obtiveram-se as medidas de percepção das frequências sonoras pelas respostas
dos participantes a uma tarefa de discriminação sonora realizada por meio do método
psicofísico da escolha forçada entre duas alternativas temporais (adaptado dos estudos
de percepção visual de Cornsweet, 1962; Levitt, 1971). Em cada sessão, apresentaram-
33
se aleatoriamente para cada participante sete grupos de 20 pares de estímulos, sendo
cada par constituído por um estímulo de teste e um estímulo distrator. Cada um dos sete
grupos tinha sempre uma das notas musicais (DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, ou SI) como
estímulo de teste, que deveria ser escolhida quando diferenciada das notas distratoras.
Essa nota teste foi sempre apresentada isoladamente ao participante por cinco vezes
consecutivas antes que a apresentação das duplas de estímulos fosse iniciada.
Os estímulos distratores foram sempre duas notas musicais diferentes da
escolhida como teste. Esses estímulos variavam randomicamente, em igual proporção,
entre as duas notas vizinhas a cada uma das notas teste, sendo uma localizada à direita e
outra à esquerda, considerando apenas as notas musicais correspondentes às teclas
brancas do piano, sendo todas elas simuladas no Psysounds. Maiores detalhes podem
ser obtidos na literatura (Silva, 2011; Silva et al., 2015).
3.2.6. Testagem neuropsicológica da memória, atenção e funções executivas
Para a realização dos estudos que empregaram testagem neuropsicológica dos
participantes utilizaram-se instrumentos específicos para cada uma das funções
neurocognitivas requeridas, como mostra a Figura 1 a seguir. Seguem descrições de
cada um deles.
34
Figura 1. Funções neuropsicológicas avaliadas relacionadas às suas subfunções e aos
seus respectivos testes
Teste Códigos (Weschsler, 1997) – Trata-se de um subteste não verbal da
Wechsler Adult Intelligence Scale, ou simplesmente WAIS-III, que é uma
bateria de testes multidimensional desenvolvida ao longo de várias décadas para
avaliação das habilidades cognitivas de adultos, mas que mede várias funções
psicológicas de forma independente por meio de suas subescalas. Nesse teste
apresenta-se ao participante como modelo uma série de dez números (de 0 a 9)
que correspondem a determinados símbolos. Abaixo desse modelo uma
quantidade maior de números é colocada com espaços nos quais a tarefa do
participante é colocar o símbolo correspondente, o mais rápido possível, durante
o período de 120 segundos. Esse teste mede a atenção seletiva.
35
Teste Procurar Símbolos (Weschsler, 1997) – Também é um subteste da
WAIS-III, que avalia a atenção seletiva. Nesse teste, a tarefa do participante
consiste em identificar durante 120 segundos, se um de dois símbolos mostrados
em um grupo alvo está presente entre outros cinco símbolos que compõem um
grupo de busca, marcando a resposta em um campo apropriado.
Teste Dígitos (Weschsler, 1997) – É outro subteste da WAIS-III que se
subdivide em outros mais dois subtestes: Dígitos Ordem Direta (DOD) e Dígitos
Ordem Inversa (DOI). No primeiro, a tarefa do participante era repetir séries
crescentes de números na mesma ordem que lhe são fornecidas. No segundo, o
participante tem que repetir séries de números na ordem contrária da que são
apresentados. O DOD avalia a atenção sustentada, enquanto que o DOI avalia a
memória de trabalho auditiva.
Teste das Trilhas – Foi um teste originalmente criado por Partington em 1938,
posteriormente integrado ao Army Individual Test Battery (1944), e
subsequencialmente incorporado à bateria Halstead-Reitan (Reitan & Wolfson,
1985). O teste possui duas partes. Na parte A, o voluntário tem por tarefa ligar o
mais rápido possível com lápis, sem que ele saia do papel, círculos
consecutivamente numerados em ordem crescente, distribuídos aleatoriamente
em uma folha de papel. Na parte B, o voluntário tem que intercalar, obedecendo
aos mesmos requisitos da parte A, entre números em sequência crescente e letras
em ordem alfabética. A parte A avalia atenção sustentada, enquanto que a parte
B avalia a função executiva de flexibilidade mental.
Teste do A (Strub & Black, 2000) – Conhecido também como “teste de série de
letras lidas”, trata-se de uma tarefa na qual várias letras aleatórias são lidas pelo
examinador em razão de uma letra por cada segundo, para que uma delas seja
36
destacada (a vogal “A”). Esse destaque é feito pelo participante ao dar uma
pancada na mesa cada vez que escuta a letra alvo. Ao final são contabilizados o
total de vezes que o participante deixou de bater (erros de omissão) ou que bateu
quando se falou uma letra diferente (erros de confusão). Esse teste avalia
atenção sustentada.
Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey (RAVLT) (Malloy-Diniz et
al., 2008) – Foi desenvolvido em 1958 pelo psicólogo e pedagogo suíço André
Rey e publicado em seu livro L’exame Clinique das Psychologie, em 1964
(Boake, 2000). No Brasil, o teste foi validado para população de adolescentes,
adultos e idosos por Malloy-Diniz, Cruz, Torres, & Cosenza (2000). O RAVLT
avalia as memórias de curto (MCP) e longo prazo (MLP), inclusive a memória
de reconhecimento (MR), além de outros processos como os de interferência
proativa (IP) e retroativa (IR). Ele é constituído por 15 substantivos (lista A)
lidos para o sujeito cinco vezes consecutivas (A1-A2-A3-A4-A5), cada uma
delas seguida por um teste de evocação, além de 15 outros substantivos
diferentes (lista B) posteriormente apresentados uma única vez e seguido
também por um teste de evocação. Logo após (A6), e 20 minutos depois (A7),
solicita-se ao sujeito a recordação da lista A. Finalmente, apresenta-se uma lista
de 50 palavras semelhantes semântica e foneticamente para testagem do
reconhecimento, no qual o participante tem que indicar as palavras lembradas
das listas A.
Teste Stroop (Versão Victória) (Regard, 1981) – É composto por três cartões
apresentados em sequência ao participante. Cada cartão é constituído por 24
itens divididos em seis linhas e quatro colunas. O primeiro cartão possui círculos
coloridos em quatro diferentes cores: verde, azul, amarelo e vermelho. O
37
segundo cartão possui palavras neutras escritas com as mesmas cores dos
círculos. O terceiro possui nomes das cores dos círculos do primeiro cartão
escritos, mas impressos em cores conflitantes. Para quaisquer dos cartões,
solicita-se ao indivíduo que verbalize sempre os nomes das cores impressas em
cada um deles o mais rápido possível. Registra-se a quantidade de erros e o
tempo que o sujeito leva para ler completamente cada um dos cartões
apresentados. Esse teste avalia a função executiva de inibição de respostas.
2.3. Caracterização da Amostra.
2.3.1. Critérios de inclusão e exclusão.
Para o experimento da ingestão aguda de etanol, incluíram-se na amostra adultos
jovens destros (estudantes universitários de graduação ou pós-graduação com idades
maiores ou iguais a 18 anos e menores que 30 anos, podendo ser homens ou mulheres)
sem experiência de estudo formal ou informal com música, como por exemplo, tocar
qualquer instrumento, que estavam em boa saúde física e mental e não faziam uso atual
ou anterior de fármacos ou de outras substâncias tóxicas (por exemplo, a nicotina
componente do cigarro), exceto etanol, de forma habitual moderada e contínua, sem
intercorrências pessoais e/ou familiares (como dependência à substância ou problemas
legais relacionados ao seu uso). No caso das mulheres, elas não poderiam estar grávidas,
nem ter a possibilidade de estarem.
Avaliaram-se esses critérios por meio do Questionário Sócio-bio-demográfico e
Clínico 1 (Apêndice C), e por escalas psicológicas como o Questionário de
Lateralidade de Edinburgh ( X = 1,70; σ = ± 1,47); o Inventário de Depressão de Beck
– BDI ( X = 1,20; σ = ± 0,40); e o Teste para Identificação das Desordens pelo Uso do
Álcool – AUDIT ( X = 1,80; σ = ± 0,99), os quais apresentaram valores resultantes
38
ajustados ao crivo de constituição da amostra. Escolheram-se os participantes por meio
de amostragem não probabilística acidental, excluindo-se voluntários que não atendiam
aos critérios de inclusão relatados.
Para o experimento da ingestão crônica de etanol, introduziram-se, por meio de
amostragem não probabilística acidental, apenas homens adultos abstêmios que, desse
modo, apresentavam a Síndrome da Dependência do Álcool (DAS) em remissão
completa mantida, com critérios para dependência e abuso não satisfeitos por um
período igual ou superior a um ano (APA, 2014). Esses participantes deveriam ser
frequentadores de grupos de Alcoólicos Anônimos (AA) que não estavam passando por
tratamento psicofarmacológico ou psicoterápico, e que não haviam feito uso de outras
substâncias tóxicas (por exemplo, a nicotina componente do cigarro) agregadas ao
etanol na sua época de uso, ou isoladas no atual momento. Ademais, por causa da
variação de tempo de consumo de álcool optou-se em integrar ao estudo apenas
indivíduos que haviam consumido álcool por 15 anos seguidos.
Acrescido ao grupo de alcoolistas abstêmios (GE: Grupo Experimental), o estudo
contou também com um grupo de indivíduos não alcoolistas (GC: Grupo Controle), que
deveriam ser irmãos dos componentes do grupo experimental para controlar os efeitos
de contexto, que provavelmente foram iguais entre eles em suas épocas de formação de
caraterísticas básicas psicofisiológicas. Excluíram-se automaticamente os abstêmios
cujos parentes não aceitaram participar do estudo. Além disso, os dois grupos foram
pareados em suas principais características. Assim, todos os participantes de ambos os
grupos eram destros, com idades maiores ou iguais a 40 anos e menores que 50 anos, e
estavam em boa saúde física e mental, na ocasião dos experimentos. Eles tinham pelo
menos nove anos de estudo completos (o que no Brasil corresponde ao fim do Ensino
39
Fundamental), e não possuíam experiência de estudo formal ou informal em música,
como por exemplo, tocar qualquer instrumento.
Avaliaram-se esses critérios por meio do Questionário Sócio-bio-demográfico e
Clínico 2 (Apêndice C), e por escalas psicológicas como o Questionário de
Lateralidade de Edinburgh (GE: X = 1,53; σ = ± 0,81 e GC: X = 1,60; σ = ± 1,65); o
Inventário de Depressão de Beck – BDI (GE: X = 1,13; σ = ± 0,51 e GC: X = 1,40; σ
= ± 0,62); e o Teste para Identificação das Desordens pelo Uso do Álcool – AUDIT
(GC: X = 1,40; σ = ± 1,04), os quais apresentaram valores resultantes apropriados a
constituição da amostra. Utilizou-se o AUDIT apenas para o grupo controle, já que se
trata de um teste de verificação dos índices de problemas de bebedores atuais de álcool,
e o grupo experimental estava em abstinência. Excluíram-se todos os voluntários que
não atendiam aos critérios de inclusão relatados.
3.2.7. Descrição da amostra.
No experimento da ingestão aguda de etanol, participaram do estudo 48
estudantes universitários, sendo que apenas 40 deles concluíram todo o protocolo de
estudo (20 mulheres e 20 homens). Estes se encontravam na faixa etária de 21 a 29 anos
de idade ( X = 23,95; σ = ± 1,92, tendo as mulheres: X = 23,75; σ = ± 2,07 e os
homens: X = 24,15; σ = ± 1,78), na sua maioria fazendo um curso de graduação (47,5
%). O curso de maior representatividade foi o de Psicologia (95 %), tendo maior
participação os estudantes do quarto semestre (27,5 %).
A maior parte da amostra era composta por brancos (60 %), solteiros (90 %),
católicos (85 %), com renda de três a cinco salários mínimos (65 %) que tomavam
bebidas alcoólicas há mais de cinco anos (50 %). Maior parte deles bebia pelo menos
40
uma vez por semana (90 %), sendo que em sua maioria costumavam beber vodca (60
%) ou cerveja (25 %), em grande parte das vezes de 1 a 5, respectivamente, doses ou
copos de bebida (65 %).
No experimento da ingestão crônica de etanol, participaram 192 alcoolistas em
remissão completa frequentadores de AA paraibanos, sendo que somente 150 deles
concluíram todo o protocolo do estudo, por se adequarem aos critérios de inclusão.
Devido a grande variabilidade de tempo de abstinência dos alcoolistas, dividiu-se o GE
em cinco diferentes grupos de 30 participantes unidos pelo tempo de abstinência de três
anos (GE1, GE2, GE3, GE4, e GE5). Por esse motivo, compararam-se cada um dos
grupos experimentais com um grupo controle constituído por 30 indivíduos não
alcoolistas. Parearam-se para ambos os grupos aspectos como idade, anos de estudo,
raça, estado civil, religião, e renda. A idade dos indivíduos estava na faixa etária dos 41
aos 49 anos de idade ( X = 44,80; σ = ± 2,26), tendo eles na sua maioria 12 anos de
estudo (73,3 %), o que corresponde no Brasil ao ensino médio completo. A maior parte
deles eram brancos (66,7 %), casados (66,7 %), católicos (80 %), com renda de um a
dois salários mínimos (80 %).
Além disso, caraterísticas particulares de cada um dos grupos também foram
avaliadas. O grupo de alcoolistas encontrava-se em abstinência total do álcool em
períodos que variaram de 1 a 15 anos, como pode ser observado na Tabela 2, e
iniciaram a ingerir bebidas alcoólicas em idades que foram de 12 a 22 anos ( X =
15,23; σ = ± 3,10), sendo que bebiam cerveja (77,3 %) ou cachaça (22,7 %). O grupo
controle também não estava fazendo uso de qualquer quantidade de bebida alcoólica nos
últimos 15 anos, começaram a beber em idades parecidas (variação de 11 a 20 anos,
tendo X = 15,63, e σ = ± 2,67), e bebiam do mesmo modo cerveja (16,7 %) e cachaça
(3,3%).
41
Tabela 2
Número e porcentagem de participantes alcoolistas abstêmios por tipo de Grupo
Experimental (GE)
Grupo
Anos de
Abstinência do
álcool
Frequência
Porcentagem em
relação ao total
de participantes
GE1
1 9 6
2 14 9,3
3 7 4,7
GE2
4 7 4,7
5 11 7,3
6 12 8
GE3
7 12 8
8 10 6,7
9 8 5,3
GE4
10 5 3,3
11 8 5,3
12 17 11,3
GE5
13 1 0,7
14 12 8
15 17 11,3
Total N = 150 % = 100
Nota.: Cada um dos Grupos Experimentais (GE1, GE2, GE3, GE4, e GE5) foi
composto por 30 participantes.
42
3.3. Procedimento geral do estudo.
No experimento da ingestão aguda de etanol, o mesmo grupo de voluntários
passou pelas condições de ingestão de álcool e de placebo. Cada um dos indivíduos
participou separadamente das duas fases do experimento em dois dias diferentes com
um espaço temporal de aproximadamente duas semanas entre as sessões. Utilizou-se a
técnica do contrabalanceamento para controlar o possível efeito de ordem na aplicação
das condições experimental e controle. Embora a literatura não sugira diferenças nos
efeitos consequentes à ingestão de álcool ao longo do dia (por exemplo, Poltavski,
Marino, Guido, Kulland, & Petros, 2011), preconizou-se que todas as sessões
experimentais fossem realizadas no período matutino, sempre às 10h00min.
Para garantir que os participantes estavam de acordo com os critérios de inclusão
do estudo, ao chegar ao laboratório, antes de cada sessão experimental, o participante
respondia ao Questionário Sócio-bio-demográfico, bem como a todas as escalas
descritas antes, utilizadas para triagem e controle de variáveis intervenientes. Em
seguida era iniciada a aplicação do protocolo de ingestão experimental moderada de
álcool. Logo após, as luzes do ambiente eram desligadas, solicitava-se ao participante
que vendasse seus olhos, quando então se dava início ao protocolo de avaliação da
percepção auditiva. Nesse protocolo, as respostas eram dadas de forma oral pelos
participantes, sendo que o próprio experimentador era quem apertava o botão de um
mouse para indicação da resposta, evitando desse modo que possíveis alterações
motoras ocasionadas pela ingestão de álcool interferissem nos resultados alcançados.
Testou-se a discriminação de cada nota musical, considerando-se as teclas brancas de
um piano, em comparação com suas notas vizinhas (à esquerda e à direita) dentro da
escala ocidental padrão, por 20 vezes consecultivas.
43
Para o experimento da ingestão crônica de etanol, inicialmente entrou-se em
contato com os dirigentes de cada um dos AA que integraram o estudo. Após liberação
institucional, apresentou-se a proposta de estudo ao grupo de alcoolistas abstêmios e
aqueles que concordaram em voluntariar-se a pesquisa participaram separadamente da
sessão experimental em salas do próprio grupo de AA, o que ocorreu em um único dia.
Nesse mesmo dia, solicitava-se ao voluntário uma forma de contato com um de seus
irmãos de mesmo sexo para proposição da realização dos testes e formação do grupo
controle. Os testes com os parentes realizaram-se também em salas dos próprios AA,
sempre em dias diferentes dos quais o alcoolista havia realizado. A diferença de tempo
entre as sessões experimental e controle foram de aproximadamente duas semanas.
Para garantir que os participantes estavam de acordo com os critérios de inclusão
do estudo, antes de cada sessão experimental, deveriam responder ao Questionário
Sócio-bio-demográfico 2, bem como as escalas psicológicas descritas anteriormente,
utilizadas para triagem e controle de variáveis intervenientes. Logo após a resolução dos
testes, as luzes do ambiente eram desligadas, solicitava-se ao participante que vendasse
seus olhos, quando então se dava início ao protocolo de avaliação da percepção
auditiva. Nesse protocolo, as respostas eram dadas de forma oral pelos participantes,
sendo que o próprio experimentador era quem apertava o botão de um mouse para
indicação da resposta.
Pra ambos os experimentos, a aplicação da bateria de testes neuropsicológicos
selecionados ocorreu na seguinte ordem: 1) Teste da Aprendizagem Auditivo-verbal de
Rey; 2) Teste das Trilhas, partes A e B em sequência; 3) Procurar Símbolos; 4) Teste do
A; 5) Teste Stroop; 6) Teste dos Códigos; 7) Teste dos Dígitos, nas ordens direta e
inversa em sequência. Toda a testagem durou o tempo aproximado de 30 minutos. A
seguir serão apresentados os estudos resultantes da presente tese.
44
4. Resultados
A seguir, serão apresentadas as descrições dos dois estudos realizados na
presente tese. Para ambos os estudos, realizaram-se avaliações separadas da ingestão
aguda e crônica de etanol que serão expostas em termos de hipóteses e objetivos dos
estudos, bem como da descrição dos resultados obtidos.
O estudo 1 está intitulado como “Efeitos da ingestão moderada e crônica de
etanol na discriminação entre as diferentes notas musicais de uma escala ocidental
padrão”, e trata-se da avaliação da percepção auditiva em termos dos atributos inerentes
ao processamento da discriminação de frequências sonoras correpondntes as notas
musicais. O estudo 2 tem por título “Efeitos da ingestão moderada e crônica de etanol
na performance neuropsicológica da memória, da atenção, e das funções executivas”, e
trata-se da avaliação 44eurocognitiva dessas funções psicológicas básicas referidas, por
meios de testes neuropsicológicos correspondentes.
45
4.2. ESTUDO 1: EFEITOS DA INGESTÃO MODERADA E CRÔNICA DE
ETANOL NA DISCRIMINAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES NOTAS
MUSICAIS DE UMA ESCALA OCIDENTAL PADRÃO
46
3.1.1. Hipóteses
I) Considerando o etanol enquanto um depressor do sistema nervoso que
influencia a diminuição dos disparos neurais excitatórios (Ex. catecolaminas) ao passo
que aumenta os disparos neurais inibitórios (Ex. Acetilcolina), podendo rebaixar as
funções orgânicas, inclusive as perceptivas da audição (Bellé, Sartori, & Rossi, 2007;
He et al., 2013; Kähkönen, Rossi, & Yamashita, 2005; Meerton, Andrews, Upile,
Drenovak, & Graham, 2005; Maurage, Campanella, Philippot, Pham, & Joassin, 2007;
Maurage at al., 2009; Pearson, Dawe, Timney, 1999; Rossi, Bellé, & Sartori, 2010;
Vanneste, & De Ridder, 2012), espera-se que:
A ingestão aguda de bebidas alcoólicas na concentração de 0,08% BAC altera
negativamente a audição, dificultando a discriminação de frequências sonoras
correspondentes às notas musicais de uma escala padrão ocidental (Dó, Ré, Mi,
Fá, Sol, Lá, Si) apresentada na quarta oitava de um piano;
II) Supondo que o alcoolismo pode afetar a percepção auditiva, principalmente
no que diz respeito à discriminação (comparação) de frequências sonoras, sejam baixas
e/ou altas, com especial atuação sobre as frequências mais altas (Bellé et al., 2007;
Hermann et al., 2006; Hienz, Bowers, Spear, & Brady, 1992; Hienz, Brady, Bowers, &
Ator, 1989; Marco, Fuentemilla, & Grau, 2005;Marinkovic, Halgren, & Maltzman,
2001; Maurage et al., 2007; Maurage et al., 2009; Pearson et al., 1999; Pekkonen et al.,
1998; Ribeiro et al., 2007; Verma, Panda, Basu, & Raghunathan, 2006), espera-se que:
47
A ingestão crônica de bebidas alcoólicas altera negativamente
a discriminação de frequências sonoras correspondentes as notas musicais de
uma escala padrão ocidental (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si), na quarta oitava de
um piano, dificultando a identificação e comparação entre as mesmas;
III) Além disso, pressupondo que o tempo de abstinência do álcool pode reverter
parte dos danos auditivos ocasionados aos alcoolistas (Durazzo et al., 2010; Junghanns
et al., 2004; Loeber et al., 2010; Mann, Günther, Stetter, & Ackermann, 1999; Soto,
O’Donnell, & Soto, 1989), espera-se que:
Quanto mais anos de abstinência do álcool os indivíduos possuam, no
intervalode 1 a 15 anos, menos serão os danos auditivos encontrados, podendo
ser percebidos numa melhor discriminação das frequências sonoras
correspondentes as notas musicais, gerando uma maior quantidade de acertos
na comparação entre as mesmas.
3.1.2. Objetivos
3.1.2.1. Geral:
• Avaliar em estudantes universitários, homens e mulheres adultos jovens, as
consequências da ingestão moderada de etanol (0,08% BAC), bem como em
homens alcoolistas adultos com abstinência de 1 a 15 anos as consequências da
ingestão crônica de etanol para a percepção de frequências sonoras
correspondentes as notas musicais ligadas às teclas brancas da quarta oitava do
piano (DÓ4, RÉ4, MI4, FÁ4, SOL4, LÁ4, SI4) na escala ocidental padrão.
48
4.2.3.1.Específicos:
• Aferir em estudantes universitários a quantidade de acertos no processo de
discriminação entre cada uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas após
ingestão de etanol;
• Aferir em estudantes universitários a quantidade de acertos no processo de
discriminação entre cada uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas após
ingestão de uma bebida placebo;
• Comparar em estudantes universitários a quantidade de acertos na tarefa de
discriminação das duplas de notas musicais obtidas pelos mesmos indivíduos
antes e após a ingestão de etanol.
• Avaliar em alcoolistas abstêmios a quantidade de acertos no processo de
discriminação entre cada uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas;
• Avaliar em indivíduos não consumidores de álcool, irmãos de alcoolistas em
abstinência, a quantidade de acertos no processo de discriminação entre cada
uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas;
• Comparar os resultados da discriminação de notas musicais entre indivíduos
alcoolistas e não alcoolistas.
4.2.4. Resultados
Resultados referentes ao experimento de ingestão aguda de etanol
Todos os participantes apresentaram valor de BAC pretendido ( X = ± 0,084; σ
= ± 0,015, tendo os homens X = ± 0,081; σ = ± 0,017, e as mulheres X = ± 0,087; σ
= ± 0,012). Desse modo, iniciaram-se as análises dos dados agrupados de acordo com
49
cada nota musical em função das condições experimental e controle, como apresentado
na Tabela 3.
Tabela 3
Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes tomados em conjunto no
teste de discriminação para cada uma das notas musicais por condição experimental
De forma geral, como pode ser visto na Tabela 3, na avaliação global dos
participantes agrupados, observou-se maior quantidade de acertos na condição placebo.
Contudo, conduziram-se análises estatísticas para confirmação dessas diferenças entre
os grupos. Para essas análises tinham-se como variável independedente (VI) de dois
níveis as condições experimental e controle, e como variáveis dependentes (VD) as
quantidades de acertos obtidos no teste de discriminação sonora para cada uma das
notas musicais. Como se tratava da avaliação de frequências de valores discretos e
dicotômicos (acerto/erro), realizaram-se testes Qui-quadrado (χ2) de aderência para cada
uma das notas utilizadas no estudo.
Como pode ser visto na Figura 2, todas as notas musicais apresentaram
diferenças estatisticamente significantes: Dó [χ2 (90) = 124,4; p = 0,010], Ré [χ
2 (121) =
166,5; p = 0,004], Mi [χ2 (121) = 194,1; p = 0,001], Fá [χ
2 (132) = 212,2; p = 0,001],
Sol [χ2 (110) = 235,4; p = 0,001], Lá [χ
2 (100) = 164,1; p = 0,001], e Si [χ
2 (156) = 242;
p = 0,001]. Essa análise sugere que a discriminação das frequências sonoras de + 262, +
NOTAS MUSICAIS
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
Placebo
541 544 521 576 598 532 542
Álcool
469 466 448 476 438 441 464
50
294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz foi melhor nos indivíduos que não ingerirem
etanol (Condição Placebo).
Figura 2. Discriminação entre as notas musicais pelos
participantes agrupados após a ingestão de placebo e de etanol
(N = 40, *p < 0,05)
Além disso, para melhor visualização dos dados, agruparam-se também os
acertos obtidos pelos participantes, tomando-se como VI as condições experimental e
controle em função do sexo dos participantes, como pode ser visto a seguir. A Tabela 4
apresenta os dados relativos às respostas das mulheres nas diferentes condições. Nessa
forma de organização dos dados, pode-se perceber que as mulheres apresentaram
maiores quantidades de acertos quando haviam ingerido apenas placebo.
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Placebo
Álcool
51
Tabela 4
Quantidades de acertos obtidos pelas mulheres no teste de discriminação das notas
musicais por condição experimental
Para essa análise, do mesmo modo que na avaliação anterior, todas as notas
musicais observadas (Dó [χ2 (56) = 82,4; p = 0,012], Ré [χ
2 (72) = 150,71; p = 0,001],
Mi [χ2 (90) = 158,9; p = 0,001], Fá [χ
2 (56) = 113; p = 0,001)], Sol [χ
2 (63) = 132,7; p =
0,001], Lá [χ2 (80) = 168,6; p = 0,001], e Si [χ
2 (90) = 198,6; p = 0,001]) apresentaram
diferenças estatisticamente significantes. Isso pode ser melhor observado na Figura 3,
sugerindo que as mulheres discriminam melhor as frequências sonoras de + 262, + 294,
+ 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz quando não estão alcoolizadas.
NOTAS MUSICAIS
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
Placebo 258 269 244 277 313 263 248
Álcool 226 215 200 239 208 213 210
52
Figura 3. Discriminação entre as notas musicais por mulheres
após a ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)
Da mesma forma, avaliaram-se também os homens antes e após a ingestão de
etanol. Estes também tiveram maior quantidade de acertos para todos os estímulos
quando haviam ingerido apenas placebo. O número total de acertos obtidos na
discriminação de cada nota musical é apresentado na Tabela 5.
Tabela 5
Número total de respostas corretas obtidas pelos homens no teste de discriminação
para cada uma das notas musicais por condição experimental
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Placebo
Álcool
NOTAS MUSICAIS
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
Placebo
283 275 277 299 285 269 294
Álcool
243 251 248 237 230 228 254
53
As análises estatísticas realizadas demonstraram diferenças significantes para as
notas musicais Dó [χ2 (64) = 69,6; p = 0,029], Ré [χ
2 (70) = 62,6; p = 0,007], Mi [χ
2 (70)
= 77,6; p = 0,002], Fá [χ2 (81) = 95,6; p = 0,012], Sol [χ
2 (80) = 81,7; p = 0,004], Lá [χ
2
(48) = 59,1; p = 0,001], e Si [χ2 (64) = 64,7; p = 0,004]. Isso pode ser observado na
Figura 4, e sugere que os homens, do mesmo modo que as mulheres, discriminam
melhor as frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz
quando não estão alcoolizados.
Figura 4. Discriminação entre as notas musicais por homens após a
ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)
Realizaram-se também análises intrasexo de acordo com as condições
experimental e controle separadamente. A Tabela 6, a seguir, apresenta os valores
relativos à condição placebo em função de cada um dos grupos separados pelo sexo dos
participantes.
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Placebo
Álcool
54
Tabela 6
Quantidades de acertos no teste de discriminação das notas musicais para mulheres e
homens após ingestão de placebo
Como pode ser observado na Figura 5, na condição placebo, as notas musicais
Dó [χ2 (9) = 22; p = 0,009], Mi [χ
2 (11) = 40,4; p = 0,001], Fá [χ
2 (11) = 46,8; p =
0,001], Sol [χ2 (10) = 36,1; p = 0,001], e Si [χ
2 (13) = 73; p = 0,001] apresentaram-se
estatisticamente significantes, sendo que para todos os estímulos os homens tiveram
maior quantidade de acertos, com excessão da nota Sol, para a qual as mulheres
apresentaram um número maior de acertos do que os homens). Isso pode sugerir que os
homens discriminam melhor do que as mulheres as frequências sonoras de + 262, +
330, + 349, 392, e + 491 Hz sem a ingestão de etanol.
NOTAS MUSICAIS
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
Mulheres
258 269 244 277 313 263 248
Homens
283 275 277 299 285 269 294
55
Figura 5. Discriminação entre as notas musicais por mulheres
e homens após a ingestão de placebo (N = 40, *p < 0,05)
Avaliaram-se também os participantes após a ingestão de etanol. Para todos os
estímulos, quando alcoolizados, os homens tiveram um número total de acertos maior,
como pode ser visto na Tabela 7.
Tabela 7
Quantidades de acertos obtidos no teste de discriminação das notas musicais pelas
mulheres e homens após ingestão de etanol
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Mulheres
Homens
NOTAS MUSICAIS
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
Mulheres
226 215 200 239 208 213 210
Homens
243 251 248 237 230 228 254
56
Com características semelhantes à análise anterior, nessa avaliação, quando os
indivíduos haviam ingerido etanol, as notas musicais Dó [χ2 (10) = 21; p = 0,021], Ré
[χ2 (11) = 35,2; p = 0,001], Mi [χ
2 (11) = 30,8; p = 0,001], Sol [χ
2 (12) = 36,6; p =
0,001], Lá [χ2 (11) = 20,8; p = 0,036], e Si [χ
2 (12) = 24,9; p = 0,015] mostraram
diferença estatística significante, como pode ser observado na Figura 6. Isso sugere que
os homens discriminam melhor do que as mulheres as frequências sonoras de + 262, +
294, + 330, 392, 440, e + 491 Hz quando estão sobre o efeito da ingestão aguda do
álcool.
Figura 6. Discriminação entre as notas musicais por mulheres
e homens após a ingestão de etanol (N = 40, *p < 0,05)
Resultados referentes ao experimento de ingestão crônica de etanol
Os alcoolistas avaliados no presente estudo tiveram uma variabilidade de 1 a 15
anos de abstinência do uso do álcool. Dessa maneira, inicialmente, agruparam-se o
conjunto de indivíduos por períodos de três anos de abstinência como forma de
controlar a variabilidade das alterações ocasionadas temporalmente após a retirada do
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Mulheres
Homens
57
álcool do organismo. Assim, formaram-se cinco grupos (GE1, GE2, GE3, GE4 e GE5)
que foram comparados separadamente a um grupo controle (GC). Organizaram-se a
quantidade de acertos obtidos pela discriminação das frequências sonoras (VD) por cada
um desses grupos (VI-1) em função de cada uma das notas musicais testadas (VI-2).
Descreveram-se esses valores na Tabela 8, na qual podem ser observados a seguir.
Tabela 8
Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes no teste de
discriminação para cada uma das notas musicais por condição experimental
Os dados desse estudo eram compostos por valores discretos e dicotômicos
(acerto/erro), o que impeliu o uso de testes não paramétricos para comparação dos
resultados entre os grupos. Além disso, as medidas utilizadas eram independentes já que
os grupos testados eram diferentes.
Antes de qualquer outra avaliação, primeiramente analisou-se as diferenças entre
os grupos experimentais para cada uma das notas musicais utilizadas no estudo. Para
Notas musicais
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
Controle
412 378 361 391 400 379 469
GE1
265 274 252 234 301 309 233
GE2
255 279 279 217 311 262 237
GE3
264 294 288 224 280 265 213
GE4
243 286 289 259 252 262 206
GE5
243 277 292 266 236 237 196
58
tanto, empregou-se o teste estatístico de Kruskal-Wallis, na medida em que se pretendia
avaliar os efeitos da relação entre duas Vis (grupo e nota musical) sobre uma VD
(índice de discriminação sonora). Os resultados apresentaram diferença estatisticamente
significante apenas para as frequências sonoras de 392 e de +491 Hz, correspondentes
às notas musicais Sol (χ2(4) = 11,95; p = 0,018) e Si (χ
2(4) = 11,69; p = 0,020),
sugerindo que os diferentes grupos de alcoolistas discriminam melhor essas duas notas
musicais, como pode ser melhor observado na Figura 8.
Figura 7. Comparação entre si dos grupos de alcoolistas divididos pelo tempo de
abstinência em função da discriminação entre as notas musicais (*p < 0,05)
Em seguida, iniciaram-se as comparações de cada um dos grupos experimentais
com o GC para cada uma das notas musicais estudadas, começando pelo grupo de
alcoolistas que estavam de 1 a 3 anos em abstinência do álcool (GE1). Para estas
comparações utilizou-se o teste Mann-Whitney (medidas independentes) que
demonstrou diferença estatisticamente significante para todas as notas musicais: Dó (U
= 84; z = - 5,44; p = 0,001), Ré (U = 171; z = - 4,17; p = 0,001), Mi (U = 195; z = -
3,96; p = 0,001), Fá (U = 122,5; z = - 4,87; p = 0,001), Sol (U = 256; z = - 2,88; p =
0,004), Lá (U = 289,5; z = - 2,39; p = 0,001), e Si (U = 28; z = - 6,28; p = 0,001), sendo
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
GE1
GE2
GE3
GE4
GE5
59
que em todas elas os indivíduos do GE1 obtiveram uma quantidade menor de acertos.
Esses dados sugerem que alcoolistas em abstinência de 1 a 3 anos apresentaram
prejuízos na discriminação das notas musicais testadas correspondentes respectivamente
às frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz. Essas
informações podem ser observadas na Figura 9.
Figura 8. Alcoolistas em abstinência de 1-3 anos (GE1)
comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p <
0,05)
Para o grupo de alcoolistas em abstinência de 4 a 6 anos (GE2), utilizando o
mesmo tipo de análise também demonstraram diferenças estatisticamente significantes
para todas as notas musicais: Dó (U = 46,5; z = -6; p = 0,001), Ré (U = 142; z = -4,61; p
= 0,001), Mi (U = 226; z = -3,33; p = 0,001), Fá (U = 84; z = -5,43; p = 0,001), Sol (U =
253,5; z = -2,92; p = 0,004), Lá (U = 199; z = -3,73; p = 0,001), e Si (U = 33,5; z = -
6,18; p = 0,001). Isso sugere que alcoolistas em abstinência de 4 a 6 anos apresentaram
prejuízos na discriminação de todas as notas musicais testadas correspondentes
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Controle
GE1
60
respectivamente às frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349, 392, 440, e +
491 Hz. Essas informações podem ser observadas na Figura 10.
Figura 9. Alcoolistas em abstinência de 4-6 anos (GE2)
comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p
< 0,05)
Resultados semelhantes foram encontrados para o grupo de alcoolistas em
abstinência de 7 a 9 anos (GE3) que também demonstrou diferenças estatisticamente
significantes para todas as notas musicais: Dó (U = 65; z = -5,73; p = 0,001), Ré (U =
170; z = -4,19; p = 0,001), Mi (U = 236,5 z = -3,18; p = 0,001), Fá (U = 73; z = -5,61; p
= 0,001), Sol (U = 207,5; z = -3,62; p = 0,001), Lá (U = 204,5; z = -3,65; p = 0,001), e
Si = (U = 21,5; z = -6,36; p = 0,001). Esses dados sugerem que alcoolistas em
abstinência de 7 a 9 anos apresentaram prejuízos na discriminação de todas as notas
musicais testadas correspondentes respectivamente às frequências sonoras de + 262, +
294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz. Essas informações podem ser observadas na
Figura 11.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Controle
GE2
61
Figura 10. Alcoolistas em abstinência de 7-9 anos (GE3)
comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p <
0,05)
A avaliação do grupo de alcoolistas em abstinência de 10 a 12 anos (GE4) por
meio do teste Mann-Whitney também demonstrou diferenças estatisticamente
significantes para todas as notas musicais: Dó (U = 65; z = -5,74; p = 0,001), Ré (U =
184; z = -3,97; p = 0,001), Mi (U = 238,5 z = -3,16; p = 0,001), Fá (U = 187; z = -3,92;
p = 0,001), Sol (U = 138; z = -4,65; p = 0,001), Lá (U = 206,5; z = -3,62; p = 0,001), e
Si = (U = 14,5; z = -6,47; p = 0,001). Esses dados sugerem que alcoolistas em
abstinência de 10 a 12 anos apresentaram prejuízos na discriminação de todas as notas
musicais testadas correspondentes respectivamente às frequências sonoras de + 262, +
294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz. Essas informações podem ser observadas na
Figura 12.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Controle
GE3
62
Figura 11. Alcoolistas em abstinência de 10-12 anos (GE4)
comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p
< 0,05)
Por fim, a avaliação do grupo de alcoolistas em abstinência de 13 a 15 anos
(GE5) também demonstrou diferenças estatisticamente significantes para todas as notas
musicais: Dó (U = 39,5; z = -6,10; p = 0,001), Ré (U = 135,5; z = -4,71; p = 0,001), Mi
(U = 254 z = -2,92; p = 0,003), Fá (U = 221; z = -3,40; p = 0,001), Sol (U = 110,5; z = -
5,04; p = 0,001), Lá (U = 145,5; z = -4,53; p = 0,001), e Si (U = 12,5; z = -6,50; p =
0,001). Esses dados sugerem que alcoolistas em abstinência de 13 a 15 anos
apresentaram prejuízos na discriminação de todas as notas musicais testadas
correspondentes respectivamente às frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349,
392, 440, e + 491 Hz. Essas informações podem ser observadas na Figura 13.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Controle
GE4
63
Figura 12. Alcoolistas em abstinência de 13-15 anos (GE5)
comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical
(*p < 0,05)
De forma geral, os resultados indicam que os alcoolistas apresentam uma menor
quantidade de acertos no processo de discriminação de todas as notas musicais
utilizadas no estudo independente da quantidade de anos de abstinência do álcool,
considerando a faixa temporal de 1 a 15 anos. Desse modo, sugere-se que
provavelmente prejuízos na percepção das frequências sonoras dos alcoolistas
permaneçam por até 15 anos após a retirada total da substância do organismo.
0
100
200
300
400
500
600
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
Controle
GE5
64
4.3. ESTUDO 2: EFEITOS DA INGESTÃO MODERADA E CRÔNICA DE
ETANOL NA PERFORMANCE NEUROPSICOLÓGICA DA
MEMÓRIA, DA ATENÇÃO, E DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
65
3.2.1. Hipóteses
I) Sabendo-se que a atuação do etanol na degradação do Glutamato (GLU), o
que inibe a ação da Acetilcolina (Ach), tem sido corriqueiramente relacionada a
deturpações nas estruturas corticais temporais, envolvidas no processo de memorização
de curto prazo (Por exemplo, Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08 % BAC afete
negativamente a capacidade de processar informações pela memória de curto prazo,
diminuindo o número de elementos recordados;
II) Do mesmo modo, sabendo que a memória de trabalho é um tipo de memória
de curto prazo, e que os mecanismos neurais estariam relacionados e seriam também
afetados pelo etanol (Por exemplo, Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se
que:
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC diminua a
capacidade de processar informações pela memória de trabalho;
III) Além disso, considerando-se que por causa do consumo agudo de etanol
ocorram alterações neuronais relacionadas também a deturpações nas estruturas
hipocampais, límbicas, e da amígdala, envolvidas no processo de recordação, a longo
prazo (Por exemplo, Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:
66
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete
negativamente a capacidade de recordar informações da memória de longo prazo,
diminuindo o número de informações que podem ser lembradas;
IV) Da mesma forma, considerando-se as mesmas alterações neuronais e
estruturais da memória de longo prazo, sabe-se que o processo de reconhecimento de
informações também pode ser alterado pelo consumo agudo de etanol (Por exemplo,
Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete
negativamente a capacidade de reconhecer informações registradas pela memória de
longo prazo, diminuindo o número de informações que podem ser lembradas;
V) Sabendo-se, ainda, que o etanol pode ocasionar alterações no córtex posterior
parietal, situado na conexão de regiões sensoriais, envolvidas na sustentação da atenção
(Por exemplo, Behrmann, Geng, & Shomstein, 2004), espera-se que:
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete
negativamente a capacidade de sustentar atenção sobre as informações;
VI) Por conseguinte, considerando-se que a atuação do etanol no funcionamento
dos processos atencionais também pode ocasionar alterações na capacidade de
selecionar informações por meio da atenção (Por exemplo, Behrmann, Geng, &
Shomstein, 2004), espera-se que:
67
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete
negativamente a capacidade de selecionar informações por meio da atenção;
VII) O etanol pode ainda ocasionar alterações na conectividade funcional do
córtex pré-frontal com as demais regiões encefálicas, relacionadas ao processo de
inibição de respostas, componente do funcionamento executivo (Por exemplo, Park et
al., 2011), e desse modo espera-se que:
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete
negativamente o funcionamento executivo, no que diz respeito ao processo da inibição
de respostas prepotentes, diminuindo o controle sobre as mesmas;
VIII) Por fim, considerando-se que etanol pode ocasionar alterações nas
capacidades de flexibilidade e adaptação cognitivas ligadas também ao funcionamento
executivo (Por exemplo, Park et al., 2011), espera-se que:
A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete
negativamente o funcionamento executivo relativo a flexibilidade mental, dificultando o
processo de avaliação e apresentação de diferentes respostas;
IX) Em relação ao alcoolismo, sabendo-se que ele tem sido relacionado a
alterações nas estruturas corticais temporais, envolvidas no processo de memorização de
curto prazo (Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:
68
A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de processar
informações pela memória de curto prazo, diminuindo o número de elementos
recordados;
X) Do mesmo modo, sabendo que a memória de trabalho é um tipo de memória
de curto prazo, e que os mecanismos neurais estariam relacionados e seriam também
afetados pelo alcoolismo (Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:
A ingestão crônica de etanol diminua a capacidade de processar informações
pela memória de trabalho;
XI) Além disso, considerando-se que por causa do alcoolismo ocorrem
alterações neuronais relacionadas também a deturpações nas estruturas hipocampais,
límbicas, e da amígdala, envolvidas no processo de recordação, a longo prazo (Noffs,
Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:
A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de recordar
informações da memória de longo prazo, diminuindo o número de informações que
podem ser lembradas;
XII) Da mesma forma, considerando-se as mesmas alterações neuronais e
estruturais da memória de longo prazo, sabe-se que o processo de reconhecimento de
informações também pode ser alterado pelo alcoolismo (Noffs, Magila, Santos, &
Marques, 2002), espera-se que:
69
A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de reconhecer
informações registradas pela memória de longo prazo, diminuindo o número de
informações que podem ser lembradas;
XIII) Sabendo-se, ainda, que o alcoolismo pode ocasionar alterações no córtex
posterior parietal, situado na conexão de regiões sensoriais, envolvidas na sustentação
da atenção (Behrmann, Geng, & Shomstein, 2004), espera-se que:
A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de sustentar
atenção sobre as informações;
XIV) Por conseguinte, considerando-se que a atuação do alcoolismo no
funcionamento dos processos atencionais também pode ocasionar alterações na
capacidade de selecionar informações por meio da atenção (Behrmann, Geng, &
Shomstein, 2004), espera-se que:
A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de selecionar
informações por meio da atenção;
XV) O alcoolismo pode ainda ocasionar alterações na conectividade funcional
do córtex pré-frontal com as demais regiões encefálicas, relacionadas ao processo de
inibição de respostas, componente do funcionamento executivo (Park et al., 2011), e
desse modo espera-se que:
70
A ingestão crônica de etanol afete negativamente o funcionamento executivo, no
que diz respeito ao processo da inibição de respostas prepotentes, diminuindo o
controle sobre as mesmas;
XVI) Considerando-se também que o alcoolismo pode ocasionar alterações nas
capacidades de flexibilidade e adaptação cognitivas ligadas também ao funcionamento
executivo (Park et al., 2011), espera-se que:
A ingestão crônica de etanol afete negativamente o funcionamento executivo
relativo a flexibilidade mental, dificultando o processo de avaliação e apresentação de
diferentes respostas;
XVII) Por fim, sabendo-se que o tempo de abstinência do álcool pode reverter os
danos cognitivos ocasionados aos alcoolistas (Junghanns et al., 2004; Loeber et al.,
2010; Mann, Günther, Stetter, & Ackermann, 1999; Soto, O’Donnell, & Soto, 1989),
espera-se que:
Quanto mais anos de abstinência do álcool os indivíduos possuam, no
intervalode 1 a 15 anos, menos serão os danos neurocognitivos encontrados,
podendo ser percebidos em um melhor desempenho em tarefas de memória,
atenção e funções executivas.
3.2.2. Objetivos
3.2.2.1. Geral
• Avaliar em estudantes universitários, homens e mulheres adultos jovens, as
consequências da ingestão moderada de etanol (0,08% BAC), bem como em
71
homens alcoolistas adultos com abstinência de 1 a 15 anos as consequências da
ingestão crônica de etanol para as funções neurocognitivas de memória, atenção,
e funções executivas.
4.3.3.1.Específicos
• Aferir a memória de curto prazo após a ingestão moderada de etanol tendo como
parâmetro a concentração de 0,08 % BAC (Blood Alcohol Concentration);
• Avaliar a memória de trabalho após a ingestão moderada de etanol tendo como
parâmetro a concentração de 0,08 % BAC;
• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de recordação após a
ingestão moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de 0,08 %
BAC;
• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de reconhecimento após a
ingestão moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de 0,08 %
BAC;
• Estimar a atenção sustentada após a ingestão moderada de etanol tendo como
parâmetro a concentração de 0,08 % BAC;
• Estimar a atenção seletiva após a ingestão moderada de etanol tendo como
parâmetro a concentração de 0,08 % BAC;
• Medir o processo de inibição de respostas componente das funções executivas
após a ingestão moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de
0,08 % BAC;
• Medir a flexibilidade mental componente das funções executivas após a ingestão
moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de 0,08% BAC.
• Avaliar a memória de trabalho de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;
72
• Aferir a memória de curto prazo de alcoolistas em abstinência e de não
alcoolistas;
• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de recordação de alcoolistas
em abstinência e de não alcoolistas;
• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de reconhecimento de
alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;
• Estimar a atenção sustentada de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;
• Estimar a atenção seletiva de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;
• Medir o processo de inibição de respostas componente das funções executivas
de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;
• Medir a flexibilidade mental componente das funções executivas de alcoolistas
em abstinência e de não alcoolistas.
4.3.4. Resultados
Todos os participantes apresentaram valor de BAC pretendido ( X = ± 0,084; σ
= ± 0,015, tendo os homens X = ± 0,081; σ = ± 0,017, e as mulheres X = ± 0,087; σ
= ± 0,012). A seguir, são apresentados os dados relativos aos testes neuropsicológicos.
Resultados referentes ao experimento de ingestão aguda de etanol
• Resultados relacionados à memória:
A Tabela 9, a seguir, apresenta os valores relacionados aos testes de memória.
73
Tabela 9
Quantidade de acertos dos participantes nas tarefas neuropsicológicas de memória
após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)
TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA MEMÓRIA
GC GE GC-H GE-H GC-M GE-M
Memória de Trabalho (DOI):
226 208 130 118 96 90
Memórias de Curto e Longo Prazo (RAVLT):
A1 305 257 150 129 155 128
A2 357 315 178 169 179 146
A3 404 362 220 202 184 160
A4 434 412 237 222 197 190
A5 432 406 234 217 198 189
AAV 1910 1820 989 979 921 841
ALT 574 458 336 249 238 209
A7 368 316 197 179 171 137
IP 42 38 20 18 22 20
IR 40 35 20 15 20 17
TE 46 38 22 19 24 19
TR-A 514 484 278 241 236 243
TR-B 274 137 10 6 120 102
TR-AB 788 621 288 247 356 345
Nota.: GC: Todos os participantes agrupados após ingestão de placebo; GE: Todos os
participantes agrupados após ingestão de etanol; GC-H: Apenas homens após ingestão
de placebo; GE-H: Apenas homens após ingestão de etanol; GC-M: Apenas mulheres
74
após ingestão de placebo; GE-M: Apenas mulheres após ingestão de etanol; DOI:
Dígitos Ordem Inversa; RAVLT: Teste da Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey; A1:
Memória Imediata; AAV (ƩA1A5): Aprendizagem auditivo-verbal; ALT [ƩA1A5-
(5xA1)]: Aprendizagem ao longo das tentativa; A7: Memória de Longo Prazo; IP
(B1/A1): Interferência Proativa; IR (A6/A5): Interferência Retroativa; TE (A7/A6):
Taxa de esquecimento; TR-A: Taxa de Reconhecimento da Lista A; TR-B: Taxa de
Reconhecimento da Lista B; TR-AB: Somatório das Taxas de Reconhecimento das
Listas A e B.
Analisaram-se os presentes dados considerando-se a articulação entre
quantidades e tipos de variáveis, bem como entre os níveis escalares aos quais estavam
agregados. Além disso, reuniram-se os valores obtidos em função das comparações
entre condições experimental e controle, organizados pelo sexo dos participantes. A
análise inicial teve com objetivo comparar o número de acertos no teste dos Dígitos, em
sua ordem inversa, após ingestão de placebo e de etanol por homens, mulheres e por
todos os participantes agrupados independente do sexo a qual pertenciam. Essa análise
teve como Variável Independente (VI), de dois níveis, a ingestão de etanol, e como
Variável Dependente (VD) a quantidade de acertos atingida pelo grupo. Pela VD tratar-
se de uma variável discreta, procedeu-se a utilização de um teste não paramétrico.
Assim, empregou-se o teste de Wilcoxon, na medida em que os valores de comparação
tinham sido obtidos do mesmo grupo, o qual havia passado pelos dois níveis da VI:
Placebo e Etanol.
A comparação entre as condições experimental e controle no teste DOI, que
avaliava a memória de trabalho, apresentou diferença estatisticamente significante
(p<0,05) para todos os participantes agrupados (t(39) = 20,47; z = - 4,59; p = 0,001) e
75
para os homens (t(19) = 10,5; z = - 3,94; p = 0,001), sendo que em ambas as situações a
quantidade de acertos foi maior quando os indivíduos haviam ingerido apenas placebo
(GE). Sugere-se que o etanol pode influenciar negativamente a memória de trabalho dos
homens, mas não das mulheres.
Em seguida, realizaram-se avaliações dos resultados concernetes as memórias de
curto (MCP) e longo prazo (MLP). Todos os dados seguintes possuíam características
semelhantes a dos dados anteriores e analizaram-se tomando como parâmetros
separadamente o sexo dos participantes e as condições experimental e controle.
Inicialmente compararam-se entre homens e mulheres as curvas de aprendizagem
elaboradas pela união dos acertos obtidos em cada uma das repetições (A1, A2, A3, A4,
e A5) do grupo de palavras do Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey
(RAVLT).
Para essa análise, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, na
medida em que se pretendia avaliar as curvas de grupos independentes: homens e
mulheres. Para a comparação entre as curvas de aprendizagem dos homens e mulheres
após ingestão de placebo a primeira (A2: χ2 (8) = 25,58; p = 0,001), a segunda (A3: χ
2
(9) = 22,59; p = 0,007), e a terceira (A4: χ2 (10) = 22,95; p = 0,011) repetições
apresentaram diferenças estatísticamente significantes (p < 0,05), sendo que os homens
lembraram de uma quantidade maior de palavras nos três casos. Esses dados sugerem
que, de forma geral, os homens parecem memorizar listas de palavras, com poucas
repetições, melhor que as mulheres quando ambos não estão alcoolizados. Esses dados
podem ser melhor visualizados na Figura 13, como segue.
76
Figura 13. Comparação das curvas de aprendizagem dos homens
(N = 20) e mulheres (N = 20) após a ingestão de placebo (GC) (*p
< 0,05)
Utilizando também o teste Kruskal-Wallis para a comparação entre as curvas de
aprendizagem dos homens e mulheres após ingestão de etanol, apenas a quarta (A4: χ2
(11) = 11,95; p = 0,038) e quinta (A5: χ2 (7) = 17,06; p = 0,017) repetições
apresentaram diferenças estatísticamente significantes (p < 0,05), sendo que os homens
lembraram de um número maior de palavras, como na análise anterior. Esses dados
sugerem que, ainda que os homens consigam memorizar listas de palavras melhor do
que as mulheres, ambos necessitam de uma quantidade maior de repetições para que
uma quantidade maior de palavras sejam memorizadas quando estão alcoolizados. Esses
dados podem ser observados na Figura 14.
77
Figura 14. Comparação das curvas de aprendizagem dos homens
(N = 20) e mulheres (N = 20) após a ingestão de etanol (GE) (*p
< 0,05)
Após comparação entre as respostas de homens e mulheres de forma separada,
analizaram-se as respostas agrupadas de todo os participantes, independente do sexo
deles, em função dos grupos experimental e controle. Para essa análise, como se
tratavam de medidas repetidas obtidas pelo mesmo grupo de pessoas, antes e após
intervenção experimental, utilizou-se o teste não paramétrico de Friedman.
A comparação das curvas de aprendizagem dos participantes agrupados depois
da ingestão de placebo e de etanol mostraram diferença estatisticamente significante na
primeira (A1: χ2 (1) = 8,76; p = 0,003), na segunda (A2: χ
2 (1) = 6,25; p = 0,012), e na
terceira (A3: χ2 (1) = 5,44; p = 0,020) repetições da lista de palavras, sendo que os
participantes lembraram de uma quantidade menor de palavras quando havia ingerido
etanol. Esses dados sugerem que o etanol pode dificultar o processo inicial de
memorização de listas de palavras tanto para homens quanto para mulheres. Esses dados
podem ser observados em seguida na Figura 15.
78
Figura 15. Curvas de aprendizagem elaboradas pelo agrupamento
de todos os participantes após a ingestão de placebo (GC) e etanol
(GE) (N = 40; *p < 0,05)
Após avaliação das curvas de aprendizagem inferiram-se outras informações a
respeito do conjunto de dados obtidos pelo RAVLT após ingestão de placebo e de
etanol. Avaliaram-se as taxas de aprendizagem auditivo-verbal (AAV) obtida pelo
somatório das cinco primeiras tentativas de memorização da lista de palavras A do
RAVLT (ƩA1A5). Para essa análise, utilizou-se o teste de Wilcoxon, que apresentou
diferença estatisticamente significante (N = 30; p < 0,05) para homens (t(19) = 9,91; z =
- 0,15; p = 0,008), mulheres (t(19) = 9,60; z = -1,46; p = 0,014) e para todos os
participantes agrupados (t(39) = 18,92; z = -1,10; p = 0,027). Como em todos os casos
as taxas de AAV foram menores quando os indivíduos haviam ingerido etanol, sugere-
se que o etanol influencie negativamente a AAV dos indivíduos. Esses valores podem
ser melhor visualizados na Tabela 9.
Avaliou-se também o nível de aprendizagem ao longo das tentativas (ALT)
obtido pelo cálculo da subtração da AAV menos a multiplicação da primeira recordação
79
da lista A de palavras do RAVLT [ƩA1A5-(5xA1)]. Para essa análise, utilizando o teste
de Wilcoxon, a comparação da ALT após ingestão de placebo e de etanol apresentou
diferença estatisticamente significante (N = 30; p < 0,05) para homens (t(19) = 10,04; z
= - 1,96; p = 0,005), mulheres (t(19) = 8,44; z = - 0,94; p = 0,034), e para todos os
participantes agrupados (t(39) = 17,93; z = - 2,11; p = 0,035). Como em todos os casos
as taxas de ALT foram menores quando os indivíduos haviam ingerido etanol,
sugerindo que o etanol influencie negativamente a ALT dos indivíduos. Esses valores
podem ser melhor visualizados na Tabela 9.
Além disso, avaliaram-se ainda os níveis de interferência no processo de
memorização. Conduziram-se testes de Wilcoxon para comparação dos valores de
interferência proativa – IP (B1/A1), quando uma informação antiga prejudica a
memorização de uma nova, e retroativa – IR (A6/A5), quando ocorre o inverso e uma
informação nova prejudica a recuperação de uma informação já memorizada. Ainda que
em ambos os processos de interferência, valores menores possam ser observados na
ocasião em que os indivíduos ingeriram apenas placebo, os dados não apresentaram
diferença estatisticamente significante (p < 0,05) para homens, mulheres, nem para
todos os participantes agrupados. Esses dados sugerem que o etanol pode não
influenciar a interferência proativa ou retroativa no processo de memorização. Eles
podem ser melhor visualizados nas Figuras 16 e 17 exibidas em seguida.
80
Figura 16. Comparação entre as taxas de interferência proativa
(IP) após ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os
participantes agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres
(N = 20) (*p < 0,05)
Figura 17. Comparação entre as taxas de interferância retroativa
(IR) após ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os
participantes agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres
(N = 20) (*p < 0,05)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Todos osparticipantes
Homens Mulheres
GC
GE
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Todos osparticipantes
Homens Mulheres
GC
GE
81
Avaliou-se a memória de longo prazo (MLP), obtida na sétima repetição da lista
de palavras A do RAVLT (A7), que ocorre 20 minutos após a sexta repetição, por meio
da comparação entre o número de palavras lembradas após ingestão de placebo e de
etanol. Essa análise, realizada por meio do teste de Wilcoxon, mostrou diferença
estatisticamente significante (p < 0,05) para homens (t(19) = 9; z = -1,07; p = 0,028),
mulheres (t(19) = 7,83; z = -1,13; p = 0,025) e para todos os participantes agrupados
(t(39) = 16,70; z = -1,69; p = 0,009). Esses dados sugerem que o etanol pode prejudicar
o processo de consolidação a longo prazo das informações na memória. Essas
informações podem ser conferidas a seguir na Figura 18.
Figura 18. Comparação entre a quantidade de acertos no teste de
recordação a longo prazo (A7) para todos os participantes
agrupados (N = 40), para os homens (N = 20), e para as
mulheres (N = 20) após ingestão de placebo (GC) e de alcool
(GE)
0
100
200
300
400
500
600
Todos osparticipantes
Homens Mulheres
GC
GE
82
Outro processo de memória avaliado pelo RAVLT é o de recuperação das
informações memorizadas por reconhecimento. Desse modo, o presente estudo também
comparou a quantidade de palavras reconhecidas pelos participantes após ingestão de
placebo e de etanol. Realizou-se essa comparação por meio do teste de Wilcoxon, o qual
apresentou diferença estatisticamente significante (p < 0,05) apenas para os homens
(t(19) = 9,5; z = -3,74; p < 0,001), sendo que encontraram-se valores menores quando os
indivíduos haviam ingerido etanol. Esses dados sugerem que os homens reconhecem
menos palavras memorizadas quando estão alcoolizados, enquanto que para as mulheres
está ou não está alcoolizada parece não influenciar nesse processo.
Por fim, compararam-se as taxas de esquecimento (TE) obtidas pela divisão da
quantidade de palavras lembradas na sétima e na sexta repetição de palavras da lista A
(A7/A6) do RAVLT após ingestão de placebo e de etanol. Realizou-se um teste de
Wilcoxon, para o qual se observaram diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05)
para homens (t(19) = 11,09; z = - 0,64; p = 0,005), mulheres (t(19) = 9,71; z = - 0,87; p
= 0,038), e para todos os participantes agrupados (t(39) = 20,78; z = - 1,23; p = 0,021).
Observaram-se maiores TE para os indivíduos, quando eles estavam alcoolizados. Esses
valores podem ser conferidos na Tabela 9. Sugere-se então, com base nesses dados, que
o etanol pode aumentar a TE de palavras memorizadas.
Assim, de forma geral, esses resultados obtidos com testes neuropsicológicos da
memória aludem que o etanol pode influenciar negativamente alguns aspectos da
memória ao passo que não intervém em outros. A memória de trabalho, as curvas de
aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a
memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento parecem ter sido piores para o
conjunto de participantes agrupados independente do sexo deles.
83
Do mesmo modo, a memória de trabalho, as curvas de aprendizagem, as taxas
de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e
as taxas de reconhecimento e de esquecimento dos homens parecem ter sido piores. Já
para as mulheres apenas as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-
verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento é
que parecem ter sido prejudicadas. Interferências proativa ou retroativa parecem não ter
sido prejudicadas pelo etanol para quaisquer dos grupos.
• Resultados relacionados à atenção:
Os valores dos testes neuropsicológicos relativos aos processos atencionais
podem ser observados na Tabela 10, exibida a seguir.
Tabela 10
Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas de atenção
após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)
TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO
GC GE GC-H GE-H GC-M GE-M
Atenção Seletiva
Códigos 2749 2578 1342 1331 1407 1247
Procurar
Símbolos
1301
1184
675
658
626
526
Atenção Sustentada
DOD 410 302 215 156 195 146
Trilhas A* 31,25 73,05 17,18 32,95 14,08 40,1
Teste do A:
84
Omissão** 10 25 3 8 7 8
Teste do A:
Confusão**
18
34
15
15
3
4
Nota.: GC: Todos os participantes agrupados após ingestão de placebo; GE: Todos os
participantes agrupados após ingestão de etanol; GC-H: Apenas homens após ingestão
de placebo; GE-H: Apenas homens após ingestão de etanol; GC-M: Apenas mulheres
após ingestão de placebo; GE-M: Apenas mulheres após ingestão de etanol; DOD:
Dígitos Ordem Direta; *Média de tempo em segundos levado para executar a tarefa;
**Contabilidade da quantidade de erros.
Para avaliação da atenção seletiva, realizaram-se os testes dos Códigos e
Procurar Símbolos da WAIS-III. Utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparação do
resultante de ambos os testes (Códigos e Procurar Símbolos) após ingestão de placebo e
de etanol. Os dados apresentaram diferença estatisticamente significante (p < 0,05)
apenas para as mulheres tanto no teste dos Códigos (t(19) = 10; z = - 2,22; p < 0,027),
quanto no teste Procurar Símbolos (t(19) = 11,32; z = - 1,99; p < 0,046). Em ambos,
apresentaram-se valores maiores de acerto quando os indivíduos haviam ingerido
apenas placebo. Esses dados sugerem que o etanol pode prejudicar a atenção seletiva
das mulheres, mas não dos homens. Isso pode ser confirmado pela observação das
Figuras 19 e 20, expostas a seguir.
85
Figura 19. Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC)
e de álcool (GE) respectivamente para todos os participantes
agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres
(N = 20) no teste dos Códigos – WAIS-III (*p < 0,05)
Figura 20. Comparação dos grupos de ingestão de placebo
(GC) e de álcool (GE) respectivamente para todos os
participantes agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e
para as mulheres (N = 20) no teste Procurar Símbolos –
WAIS-III (*p < 0,05)
0
1000
2000
3000
4000
5000
Todos os
participantes
Homens Mulheres
GC
GE
0
500
1000
1500
2000
Todos os
participantes
Homens Mulheres
GC
GE
86
Para avaliação da atenção sustentada realizaram-se os seguintes testes: Dígitos
(ordem direta) – DOD, Trilhas (parte A), e Teste do A (erros de omissão e de confusão).
Para avaliação do DOD, utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparação dos
participantes após ingestão de placebo e de etanol. Os dados apresentaram diferença
estatisticamente significante (p < 0,05) para homens (t(19) = 10,23; z = - 2,97; p <
0,003), mulheres (t(19) = 10,62; z = - 2,30; p < 0,021), e para o conjunto de
participantes agrupados (t(39) = 20,32; z = - 3,72; p < 0,001). Em todos os casos,
apresentaram-se valores maiores de acerto quando os indivíduos haviam ingerido
apenas placebo. Esses dados sugerem que o etanol pode prejudicar a atenção sustentada
dos indivíduos, independente do sexo. Esses dados podem ser observado na Figura 21,
exposta a seguir.
Figura 21. Comparação dos grupos de ingestão de placebo
(GC) e de álcool (GE) respectivamente para todos os
participantes agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e
para as mulheres (N = 20) no teste dos Dígitos, ordem direta –
WAIS-III (*p < 0,05)
0
100
200
300
400
500
600
Todos os participantes Homens Mulheres
GC
GE
87
No teste das Trilhas, o resultante é o tempo de execução geral da tarefa
solicitada, que se trata da ligação, o mais rápido possível, em ordem alfabética, de letras
embaralhadas aleatoriamente em uma folha de papel. Desse modo, a variável a ser
analisada tem um perfil contínuo possibilitando a utilização de um teste paramétrico, a
depender da conjugação a outros requisitos.
Nesse sentido, para decisão sobre o tipo de teste estatístico a ser empregado,
além da retirada dos valores extremos, avaliaram-se também o conjunto dos dados em
termos dos requisitos de normalidade, por meio do teste de Shapiro-Wilk (SW: teste
para amostras < 50), e de homocedasticidade, por meio do teste de Levene. Como os
valores não mostraram diferença estatisticamente significante em ambos os testes, o que
significa dizer que os dados possivelmente são homogêneos, decidiu-se pela utilização
de um teste paramétrico. Os resultados obtidos podem ser consultados nas Tabelas 11 e
12 apresentadas a seguir.
Tabela 11
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas
condições controle (placebo) e experimental (álcool)
Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)
Variáveis SW p
Placebo Homens 0,93 0,13
Mulheres 0,90 0,33
Álcool Homens 0,84 0,40
Mulheres 0,87 0,10
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
88
Tabela 12
Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte A,
nas condições controle (placebo) e experimental (álcool)
Levene (N = 40; p > 0,05)
Variáveis F p
Placebo 0,53 0,47
Álcool 0,65 0,42
Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de
significância associada.
Para comparação da média de tempo de execução do teste das trilhas, parte A,
entre as condições experimental e controle, utilizou-se um teste t para medidas pareadas,
no qual apresentaram-se diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05) para
homens (t(19) = 4,61; p < 0,001), mulheres (t(19) = 8,1; p < 0,001), e para todos os
participantes agrupados (t(39) = 8,5; p < 0,001). A média de tempo do grupo
experimental foi maior que a do grupo controle, o que significa que após ingestão de
etanol os indivíduos levaram muito mais tempo para execução total da tarefa. Isso
sugere que o etanol pode afetar negativamente a atenção sustentada dos indivíduos.
Esses dados podem ser melhor visualizados na Figura 22.
89
Figura 22. Diferenças entre a duração de execução do teste das
Trilhas, parte A, nos grupos de ingestão de placebo (GC) e
álcool (GE) respectivamente para todos os participantes
agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres
(N = 20) (*p < 0,05)
Para o teste do A, o teste de repetição de letras aleatórias que tinha como foco de
atenção a letra A, contabilizou-se a quantidade de erros cometidos pelos participantes.
Compararam-se a quantidade de vezes que o mesmo grupo de participantes não dava o
sinal após leitura da letra A pelo experimentador (erros de omissão), ou que dava o sinal
quando o experimentador havia lido uma outra letra (erros de confusão) após a ingestão
de placebo e de etanol. Desse modo, avaliaram-se os valores por meio do teste de
Wilcoxon para o qual encontraram-se diferenças estatisticamente significantes (p <
0,05) respectivamente para ambos os erros de omissão e confusão (t(39) = 14,5; z = -
2,36; p < 0,018 e t(39) = 20,6; z = - 2,44; p < 0,015) nos dados dos participantes
agrupados (Ver Figura 23). A quantidade dos dois tipos de erros possíveis no teste do A
foram maiores quando os indivíduos haviam ingerido etanol.
90
Figura 23. Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de
álcool (GE) pelo total de participantes agrupados em função do
número de erros de omissão e confusão no Teste do A (N = 40;
*p < 0,05)
Entretanto quando avaliados separadamente em termos do sexo dos
participantes, o grupo dos homens apresentou diferença estatisticamente significante
apenas para os erros de omissão (t(19) = 0,00; z = -3,77; p < 0,001), tendo apresentado
maior quantidade de erros após ingestão de etanol, enquanto que as mulheres não
apresentaram qualquer diferença para os erros de omissão ou confusão (Ver Figuras 24
e 25). Essas informações sugerem que o etanol pode ocasionar prejuízos na atenção
sustentada, observada pelo aumento da quantidade de erros de omissão e/ou de confusão
diante dos estímulos. Os homens parecer ser os mais afetados, já que para as mulheres a
quantidade de erros é igual independe da ingestão ou não.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Teste do A: Omissão Teste do A: Confusão
GC
GE
91
Figura 24. Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e
de álcool (GE) pelos homens em função do número de erros
de omissão e confusão no Teste do A (N = 20; *p < 0,05)
Figura 25. Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e
de álcool (GE) pelas mulheres em função da quantidade de
erros respectivamente de omissão e confusão no Teste do A
(N = 40; *p < 0,05)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Teste do A: Omissão Teste do A: Confusão
GC
GE
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Teste do A: Omissão Teste do A: Confusão
GC
GE
92
De forma geral, os dados referentes aos testes neuropsicológicos da atenção
sugerem que o etanol altera negativamente tarefas de atenção sustentada para todos os
participantes agrupados independente do sexo deles (DOD; Trilhas, parte A; Teste do
A: Omissão e Confusão). Do mesmo modo, quando avaliados separadamente pelo sexo,
os homens sofrem prejuízos também na atenção sustentada (DOD; Trilhas, parte A;
Teste do A: Omisão). Já as mulheres apresentaram prejuizos relacionadas ao etanol,
tanto na atenção seletiva (Códigos; Procurar Símbolos) quanto na atenção sustentada
(DOD; Trilhas A).
• Resultados relacionados às funções executivas (FE):
Avaliaram-se as funções executivas (FE) em termos de seus componentes de
inibição de respostas e de flexibilidade mental, respectivamente pelo uso dos testes
Stroop (Versão Victória) e Trilhas, parte B. Avaliou-se o teste Stroop tanto em relação
ao tempo total de execução de cada uma das três fases da tarefa (círculos, palavras, e
cores), quanto em relação à quantidade de erros cometidos. Já no teste das Trilhas,
avaliou-se apenas o tempo total de execução da tarefa, na qual se tinha que ligar letras
em ordem alfabética intercaladas a números em sequência crescente (Ex. A-1-B-2-C-3)
postos de forma aleatória em uma folha de papel. Expuseram-se os valores obtidos para
esses testes neuropsicológicos ligados as funções executivas na Tabela 13.
93
Tabela 13
Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas de funções
executivas (FE) após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)
TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
GC GE GC-H GE-H GC-M GE-M
Inibição de Respostas
Stroop: Círculos
Tempo 19,03 23,28 18,15 22 19,9 24,55
Erros 0 8 0 8 0 0
Stroop: Palavras
Tempo 20,65 24,45 19,4 23,6 21,9 26,3
Erros 0 4 0 4 0 0
Stroop: Cores
Tempo 25,85 31,7 24,55 28,35 27,15 32,05
Erros 4 12 2 4 2 8
Flexibilidade Mental
Trilhas B* 79,25 96,58 74,35 82,15 84,15 111
Nota.: GC: Todos os participantes agrupados após ingestão de placebo; GE: Todos os
participantes agrupados após ingestão de etanol; GC-H: Apenas homens após ingestão
de placebo; GE-H: Apenas homens após ingestão de etanol; GC-M: Apenas mulheres
após ingestão de placebo; GE-M: Apenas mulheres após ingestão de etanol; * Tempo
em segundos levado para executar a tarefa.
Como o tempo trata-se uma variável contínua de nível de razão, avaliou-se a
possibilidade de comparação entre os resultantes dos grupos experimental e controle na
94
execução das tarefas Stroop e Trilhas em termos dos requisitos para utilização de testes
paramétricos. Além da retirada dos valores extremos, testaram-se a normalidade (Teste
SW) e a homocedasticidade (Levene) dos dados dos grupos experimental e controle
para homens e mulheres nas três fases do teste Stroop e para o teste das Trilhas. Todas
as variáveis do teste Stroop apresentaram normalidade e homocedasticidade. Essa
informação pode ser confirmada observando-se as Tabelas 14, 15, 16, e 17.
Tabela 14
Teste de normalidade para as possíveis variáveis
paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de
placebo
Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)
Variáveis SW p
Círculos Homens 0,89 0,52
Mulheres 0,92 0,88
Palavras Homens 0,95 0,43
Mulheres 0,92 0,11
Cores Homens 0,94 0,24
Mulheres 0,86 0,70
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
95
Tabela 15
Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis
paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de
placebo
Levene (N = 40; p > 0,05)
Variáveis F p
Círculos 1,69 0,20
Palavras 0,77 0,39
Cores 2,66 0,11
Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de
significância associada.
Tabela 16
Teste de normalidade para as possíveis variáveis
paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de
álcool
Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)
Variáveis SW p
Círculos Homens 0,91 0,08
Mulheres 0,95 0,30
Palavras Homens 0,68 0,33
Mulheres 0,91 0,07
Cores Homens 0,59 0,41
Mulheres 0,94 0,23
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
96
Tabela 17
Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis
paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de
álcool
Levene (N = 40; p > 0,05)
Variáveis F p
Círculos 0,45 0,51
Palavras 0,44 0,51
Cores 3,01 0,09
Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de
significância associada.
Como se cumpriram os critérios para utilização de testes paramétricos,
procedeu-se inicialmente a testagem dos resultados do Stroop por meio da comparação
entre homens e mulheres após ingestão de placebo. Utilizou-se uma ANOVA Split plot,
tendo como comparação entre grupos o sexo dos participantes (medidas independentes)
e dentre grupos as três fases do teste Stroop (medidas repetidas).
Os dados apresentaram diferenças estatisticamente significante tanto para o sexo
dos indivíduos (F(1,114) = 8,68; p = 0,004) quanto para as fases do teste (F (2,114) =
22,67; p = 0,001), contudo não apresentou diferença estatisticamente significante para a
interação entre sexo e fases do teste. Esses dados sugerem que o tempo de execução da
tarefa Stroop, em qualquer de suas fases, não depende do sexo dos participantes, ou
seja, independente de ser homem ou mulher o indivíduo vai levar o mesmo tempo para
execução total do teste Stroop quando não tiver ingerido etanol. Porém, uma diferença
intragrupo pode ser encontrada na comparação entre as fases do Stroop.
97
Nesse sentido, devido à indicação de diferença de tempo entre as fases do
Stroop, realizou-se um teste Post hoc para análise da localização da diferença entre as
fases para cada um dos grupos (homens e mulheres). Utilizou-se o teste Tukey HSD (já
que os grupos comparados possuíam quantidades iguais de participantes), o qual
apresentou diferença estatisticamente significante para ambos, homens e mulheres, entre
as fases dos círculos e das cores (p = 0,001), das palavras e das cores (p = 0,001), mas
não entre as fases dos círculos e das palavras, ou seja, a fase das cores diferenciou-se
tanto da fase dos círculos como da fase das palavras. Esses dados sugerem que a maior
dificuldade encontrada no teste Stroop, seja por homens ou por mulheres, ocorreu na
fase das cores. Os dados podem ser observados na Figura 26.
Figura 26. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop
em suas três fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20)
após ingestão de placebo (GC) (*p < 0,05)
Conduziu-se também uma ANOVA Split plot, com as mesmas características da
análise anterior, para comparação dos homens e mulheres após a ingestão de etanol,
tendo como variável entre grupos o sexo dos participantes, e como variável dentre
98
grupos as fases do teste Stroop. Os dados apresentaram diferença estatisticamente
significante apenas para as fases do teste (F (2,114) = 8,52; p = 0,001). Esses dados
sugerem que o tempo de execução da tarefa Stroop, após ingestão de etanol, não
depende do sexo dos participantes, porém, está relacionado às fases diferentes do teste.
Semelhante a fase de ingestão apenas de placebo, após a ingestão de etanol o
post hoc Tukey HSD apresentou diferença estatisticamente significante entre as fases
dos círculos e das cores (p = 0,001), das palavras e das cores (p = 0,006), mas não entre
as fases dos círculos e das palavras. Esses dados sugerem que a maior dificuldade
encontrada no teste Stroop, após ingestão de etanol, ocorreu na fase das cores. A
visualização dessas informações pode ser obtida na Figura 27.
Figura 27. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop
em suas três fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20)
após ingestão de etanol (GE) (*p < 0,05)
Quando avaliaram-se apenas os homens por meio de uma ANOVA fatorial para
medidas repetidas com desenho 2 x 3 (grupos: ingestão de placebo e de etanol e fases do
teste: círculos, palavras e cores), encontraram-se diferenças estatisticamente
99
significantes para grupos (F (1,19) = 1,15; p = 0,030), para as fases do teste (F (1,21) =
14,91; p = 0,001), e para a interação entre grupos x fases do teste (F (2,21) = 0,15; p =
0,008). Por meio do uso do post hoc Bonferroni, no qual se divide o valor de p pelo
número de testes estatistísticos realizados, empregado devido a análise das medidas
repetidas, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes entre os grupos
experimental e controle (p = 0,003), bem como encontraram-se diferenças entre círculos
e cores (p = 0,004), palavras e cores (p = 0,001), e círculos e palavras (p = 0,001), sendo
que se gastou um tempo maior para todas as fases do teste após a ingestão de etanol.
Esses dados sugerem que o tempo de execução da tarefa Stroop pelos homens é
prejudicado pelo etanol em cada uma das diferentes fases do teste (círculos, palavras e
cores). Esses dados podem ser observados na Figura 28.
Figura 28. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop
em suas três fases entre homens após ingestão de placebo (GC)
e de etanol (GE) (N = 20; *p < 0,05)
Quando avaliaram-se apenas as mulheres por meio de uma ANOVA fatorial para
medidas repetidas com desenho igual a análise anterior, encontraram-se diferenças
100
estatisticamente significantes para grupos (F (1,19) = 0,04; p = 0,008), para as fases do
teste (F (1,26) = 61,65; p = 0,001), e para a interação entre grupos x fases do teste (F
(2,31) = 1,97; p = 0,016). Por meio do uso do post hoc Bonferroni, encontraram-se
diferenças estatisticamente significantes entre os grupos experimental e controle (p =
0,008), bem como encontraram-se diferenças entre círculos e cores (p = 0,001), palavras
e cores (p = 0,001), e círculos e palavras (p = 0,001), sendo que se gastou um tempo
maior para todas as fases do teste após a ingestão de etanol. Esses dados sugerem que o
tempo de execução da tarefa Stroop pelas mulheres é prejudicado pelo etanol em cada
uma das diferentes fases do teste (círculos, palavras e cores). Esses dados podem ser
observados na Figura 29.
Figura 29. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop
em suas três fases entre mulheres após ingestão de placebo
(GC) e de etanol (GE) (N = 20; *p < 0,05)
Quando avaliaram-se todos os participantes agrupados, independente do sexo,
por meio de uma ANOVA fatorial para medidas repetidas com o mesmo desenho
101
utilizado anteriormente, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes para
grupos (F (1,39) = 0,80; p = 0,003), para as fases do teste (F (1,45) = 51,40; p = 0,001),
e para a interação entre grupos x fases do teste (F (1,50) = 0,30; p = 0,009). Por meio do
uso do post hoc Bonferroni encontraram-se diferenças estatisticamente significantes
entre os grupos experimental e controle (p = 0,038), bem como entre círculos e cores (p
= 0,001), palavras e cores (p = 0,001), e círculos e palavras (p = 0,001), sendo que se
gastou um tempo maior para todas as fases do teste após a ingestão de etanol. Esses
dados sugerem que o tempo de execução da tarefa Stroop, dos participantes agrupados,
independente do sexo deles, é prejudicado pelo etanol em cada uma das diferentes fases
do teste (círculos, palavras e cores). Esses dados podem ser observados na Figura 30.
Figura 30. Comparação do tempo de execução do Teste
Stroop em suas três fases entre o conjunto de participantes
agrupados após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE).
(N = 40; *p < 0,05)
Além do tempo de execução da tarefa, avaliaram-se também a quantidade
de erros cometidos em todas as fases do teste Stroop. Para essas análises
102
conduziram-se testes de Wilcoxon, visto que as variáveis dessa análise (os erros)
eram discretas e dicotômicas (acertos/erros). Os resultados apresentaram
diferenças estatisticamente significantes para todos os participantes agrupados
(t(39) = 20; z = - 1,41; p = 0,016) e para os homens (t(19) = 180; z = - 1,43; p =
0,015) na fase dos círculos.
Do mesmo modo, na fase das palavras, todos os participantes agrupados
(t(39) = 5; z = - 2,32; p = 0,006) e os homens (t(19) = 155; z = - 2,38 p = 0,010)
apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Já na fase das cores,
todos os participantes agrupados (t(39) = 5; z = -1,80; p = 0,007), homens (t(19)
= 198; z = -0,104; p = 0,017), e mulheres (t(19) = 140; z = -2,16; p = 0,031)
apresentaram diferenças estatisticamente significantes.
Esses dados expostos sugerem que o etanol possivelmente aumenta a
quantidade de erros no teste Stroop em todas as suas fases para homens e
mulheres. Contudo, na fase dos círculos e das palavras parece que apenas os
homens são prejudicados.
Por fim, avaliaram-se os resultantes do teste das Trilhas, parte B. Nesse
teste avaliou-se o tempo gasto para realização da tarefa, do mesmo modo que nas
análises anteriores, antes e após a ingestão de etanol. As características da
variável tempo indicaram uma possível utilização de teste paramétrico na
análise, possibilidade esta, testada em termos dos critérios de normalidade e
homocedaticidade dos dados. Os resultados sugeriram o cumprimento desses
requisitos, como pode ser avaliado nas Tabelas 18 e 19, como seguem.
103
Tabela 18
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas
condições controle (placebo) e experimental (álcool)
Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)
Variáveis SW p
Placebo Homens 0,91 0,64
Mulheres 0,87 0,11
Álcool Homens 0,98 0,90
Mulheres 0,96 0,49
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
Tabela 19
Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte B,
nas condições controle (placebo) e experimental (álcool)
Levene (N = 40; p > 0,05)
Variáveis F p
Placebo 0,13 0,72
Álcool 12,43 0,10
Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de
significância associada.
Utilizou-se um teste t para medidas pareadas na comparação dos grupos
experimental e controle em função do tempo médio de execução da tarefa. Os resultados
apresentaram diferença estatisticamente significante para todos os participantes
agrupados (t(39) = 2,28; p < 0,028), e para as mulheres (t(19) = 2,24; p < 0,037), sendo
104
que o Grupo Experimental, que havia ingerido o etanol, demorou muito mais tempo
para execução do teste. Esses dados sugerem que o etanol aumenta o tempo de execução
do teste das Trilhas, parte B, sendo que as mais prejudicadas são as mulheres. Essas
informações podem ser conferidas na Figura 31, a seguir.
Figura 31. Diferenças entre a duração de execução do
teste das Trilhas, parte B nos grupos de ingestão de
placebo (GC) e álcool (GE) respectivamente para todos
os participantes agrupados (N = 40), para os homens (N
= 20) e para as mulheres (N = 20) (*p < 0,05)
De forma geral, a testagem neuropsicológica das FE indica, segundo avaliação
dos dados obtidos, que o etanol pode alterar negativamente o comportamento de
inibição de respostas de homens e mulheres (Teste Stroop, medidas de tempo e de erros
em suas três fases: círculos, palavras, e cores). Contudo, apenas a flexibilidade mental
das mulheres parece ser alterada pelo etanol (Teste das Trilhas, parte B).
105
Resultados referentes ao experimento de ingestão crônica de etanol
Encontrou-se uma variabilidade de 1 a 15 anos de abstinência do uso do álcool
entre os alcoolistas avaliados. Assim, agruparam-se os participantes por períodos de três
anos de abstinência para controlar a variação das mudanças ocasionadas devido ao
tempo após a remoção do álcool do organismo. Compuseram-se cinco grupos (GE1,
GE2, GE3, GE4, GE5), os quais se compararam isoladamente a um grupo controle (GC)
para todas as tarefas neuropsicológicas investigadas. A seguir, serão apresentados os
resultados da testagem neuropsicológica empregada neste estudo.
• Resultados relacionados à memória:
A Tabela 20, a seguir, apresenta os valores relacionados aos testes de memória
aplicados aos alcoolistas.
Tabela 20
Número total de acertos obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-
GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de memória
TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA MEMÓRIA
GE1 GE2 GE3 GE4 GE5 GC
Memória de Trabalho (DOI):
222 241 247 264 272 276
Memórias de Curto e Longo Prazo (RAVLT):
A1 77 120 124 138 141 145
A2 127 128 136 143 164 170
A3 139 146 148 167 172 180
A4 147 156 185 185 192 192
106
A5 190 190 203 209 214 223
AAV 680 740 796 842 883 910
ALT 295 140 176 152 178 185
A7 54 106 123 126 140 197
IP 98 77 70 33 32 26
IR 89 53 43 13 5 0
TE 128 100 58 52 42 14
TR-A 199 265 283 285 298 354
TR-B 188 193 201 204 239 256
TR-AB 387 466 476 502 524 610
Nota.: *Dividiram-se os alcoolistas abstêmios em grupos de acordo com o tempo de
abstinência congregados em intervalos de tempo de três anos (GE1:1-3; GE2: 4-6; GE3:
7-9; GE4: 10-12; GE5:13-15); GC: Grupo Controle formado por irmãos dos abstêmios.
DOI: Dígitos Ordem Inversa; RAVLT: Teste da Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey;
A1: Memória Imediata; AAV (ƩA1A5): Aprendizagem Auditivo-verbal; ALT [ƩA1A5-
(5xA1)]: Aprendizagem ao longo das tentativas; A7: Memória de Longo Prazo; IP
(B1/A1): Interferência Proativa; IR (A6/A5): Interferência Retroativa; TE (A7/A6):
Taxa de esquecimento; TR-B: Taxa de Reconhecimento da Lista A; TR-B: Taxa de
Reconhecimento da Lista B; TR-AB: Somatório das Taxas de Reconhecimento das
Listas A e B.
Avaliaram-se as implicações desse estudo, atendendo-se sempre às relações
entre números e tipos de variáveis, e aos níveis escalares a que pertenciam.
Congregaram-se os valores alcançados em função das comparações entre condições
experimental e controle, agrupados pelo tempo de abstinência do álcool pelos
107
alcoolistas. A análise inicial comparou o número de acertos no teste dos Dígitos, ordem
inversa (DOI), entre alcoolistas e controle.
A comparação dos valores do teste DOI entre alcoolistas e controle teve como
Variável Independente (VI) de dois níveis, o alcoolismo (presença e ausência), e como
Variável Dependente (VD) a quantidade de acertos alcançada pelos grupos. Sendo a VD
discreta e dicotômica (acerto/erro) decidiu-se pela utilização de um teste não
paramétrico. Empregou-se o teste Mann-Whitney, já que as medidas a ser comparadas
pertenciam a grupos diferentes. Os resultados não apresentaram diferenças
estatisticamente significantes para quaisquer dos grupos, ainda que no geral o Grupo
Controle tenha obtido uma maior quantidade de acertos. Esses dados sugerem que o
alcoolismo pode não ter influenciado negativamente a memória de trabalho dos
indivíduos. Esse resultado pode ser melhor observado na Figura 32, a seguir.
Figura 32. Comparação entre os grupos de alcoolistas divididos
pelo tempo de abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e
o grupo controle (GC) (N = 30) no teste dos Dígitos, ordem
inversa – WAIS-III (*p < 0,05)
0
100
200
300
400
500
600
GE1(1-3 anos)
GE2(4-6 anos)
GE3(7-9 anos)
GE4(10-12 anos)
GE5(13-15 anos)
GE
GC
108
Por meio do RAVLT, realizaram-se estimativas das memórias de curto (MCP) e
longo prazo (MLP) dos alcoolistas. Compararam-se entre os grupos experimentais e
controle as curvas de aprendizagem resultantes do agrupamento de acertos conseguidos
em cada uma das repetições do grupo de palavras do referido teste (A1, A2, A3, A4, e
A5). Para tanto, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, já que se
pretendia avaliar as curvas de grupos independentes. Encontraram-se diferenças
estatisticamente significantes (p < 0,05) entre as curvas do Grupo Controle e do grupo
de alcoolistas em abstinência de 1 a 3 anos (GE1 = [χ2(4) = 74,83; p = 0,001]). O grupo
controle teve uma maior quantidade de acertos em todas as fases de recordação dos
grupos de palavras. As curvas de aprendizagem de ambos os grupos podem ser
visualizadas na Figura 33.
Figura 33. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos
alcoolistas com tempo de abstinência de 1-3 anos (GE1) (N =
30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Do mesmo modo, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes (p <
0,05) entre as curvas do Grupo Controle e do grupo de alcoolistas em abstinência de 4 a
6 anos (GE2 = [χ2(4) = 31,92; p = 0,001]). O Grupo Controle teve uma maior
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
A1 A2 A3 A4 A5
GE1
GC
109
quantidade de acertos em todas as fases de recordação dos grupos de palavras (ver
Figura 34).
Figura 34. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos
alcoolistas com tempo de abstinência de 4-6 anos (GE2) (N =
30) e do Grupo Controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Utilizando da mesma maneira um teste Kruskal-Wallis, não encontraram-se
diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05) entre as curvas do Grupo Controle e
do grupo de alcoolistas em abstinência de 7 a 9 anos (GE3), de 10 a 12 anos (GE4), nem
de 13 a 15 anos (GE5), ainda que em todas essas comparações o Grupo Controle tenha
obtido maior quantidade de acertos em todas as fases de recordação dos grupos de
palavras. Esses dados sugerem que o processo de aprendizagem de grupos de palavras
só seja alterada em alcoolistas nos períodos iniciais de abstinência, correspondentes a
períodos entre 1 a 6 anos. A observação das curvas de aprendizagem referentes a esses
grupos relatados podem ser visualizados respectivamente nas Figuras 35, 36 e 37.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
A1 A2 A3 A4 A5
GE2
GC
110
Figura 35. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos
alcoolistas com tempo de abstinência de 7-9 anos (GE3) (N =
30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Figura 36. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos
alcoolistas com tempo de abstinência de 10-12 anos (GE4) (N
= 30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
-50
50
150
250
350
450
A1 A2 A3 A4 A5
GE3
GC
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
A1 A2 A3 A4 A5
GE4
GC
111
Figura 37. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos
alcoolistas com tempo de abstinência de 13-15 anos (GE5) (N
= 30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Compararam-se ainda nos alcoolistas as taxas de aprendizagem auditivo-verbal
(AAV), o somatório das cinco primeiras tentativas de memorização da lista de palavras
A do RAVLT (ƩA1A5), por meio do teste Mann-Whitney para os cinco grupos
experimentais. Essas comparações indicaram diferenças estatisticamente significantes
(N = 30; p < 0,05) para GE1 (U = 249; z = - 2,99; p = 0,003), GE2 (U = 292,5; z = -
2,35; p = 0,019), GE4 (U = 259; z = - 2,84; p = 0,005), e GE5 (U = 232,5; z = - 3,23; p
= 0,001). Em todos os casos, as taxas de AAV foram menores para os indivíduos
alcoolistas, sugerindo-se que o alcoolismo altera negativamente a AAV dos indivíduos,
independente do tempo de abstinência, com exceção do período dos 7 a 9 anos depois
da retirada do álcool. Esses valores podem ser visualizados na Tabela 20.
Avaliou-se também o nível de aprendizagem ao longo das tentativas (ALT),
subtração da AAV menos a multiplicação da primeira recordação da lista A de palavras
do RAVLT [ƩA1A5-(5xA1)], por meio de um teste Mann-Whitney. Essas comparações
apresentaram diferenças estatisticamente significantes (N = 30; p < 0,05) apenas para o
GE1 (U = 132; z = -4,78; p = 0,001), sendo que o Grupo Controle obteve uma taxa
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
A1 A2 A3 A4 A5
GE5
GC
112
maior de AAV. Dessa forma, sugere-se que apenas os alcoolistas em abstinência de 1 a
3 anos apresentem prejuízos relacionados ao nível de ALT. Esses valores podem ser
melhor visualizados na Tabela 20.
Por meio de testes Mann-Whitney compararam-se os valores de interferência
proativa - IP (B1/A1) e retroativa - IR (A6/A5) entre os grupos experimentais e
controle. Segundo avaliação da IP, as comparações apresentaram diferenças
estatisticamente significantes (p < 0,05) para o GE1 (U = 17; z = - 6,63; p = 0,001), o
GE2 (U = 35; z = - 6,28; p = 0,001), e o GE3 (U = 378; z = - 1,10; p = 0,027), enquanto
que a avaliação da IR apresentou diferença estatisticamente significante (p < 0,05) para
o GE1 (U = 273; z = - 2,70; p = 0,007), o GE2 (U = 280,5; z = - 2,61; p = 0,009), o GE3
(U = 311,5; z = - 2,12; p = 0,034), o GE4 (U = 314,5; z = - 2,41; p = 0,016), e o GE5 (U
= 280,5; z = - 3,25; p = 0,001). Esses dados sugerem que a IP permanece prejudicada
mesmo depois de 1 a 9 anos de abstinência, enquanto que a IR permanece prejudicada
mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência, informações que podem ser visualizadas
respectivamente nas Figuras 38 e 39, exibidas em seguida.
0
20
40
60
80
100
120
GE1 GE2 GE3 GE4 GE5
GE
GC
113
Figura 38. Comparação entre as taxas de interferência
proativa dos grupos experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-
GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Figura 39. Comparação entre as taxas de interferência
retroativa dos grupos experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-
GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Compararam-se a memória de longo prazo (MLP) de alcoolistas e controle,
obtida na sétima recordação da lista A de palavras do RAVLT (A7), que ocorre 20
minutos depois da sexta tentativa, por meio do teste Mann-Whitney. As comparações
mostraram diferença estatisticamente significante (p < 0,05) apenas para o GE1 = (U =
237,5; z = - 3,22; p = 0,001) e para o GE5 = (U = 240,5; z = - 3,21; p = 0,001).
Esses dados sugerem que as pessoas que têm alcoolismo podem apresentar
prejuízos no processo de consolidação a longo prazo das informações na memória nas
faixas de tempo de 1 a 3 anos e de 12 a 15 anos de abstinência do álcool, sendo que o
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
GE1 GE2 GE3 GE4 GE5
GE
GC
114
Grupo Controle lembrou de menos palavras que os grupos experimentais. Essas
informações podem ser conferidas a seguir na Figura 40.
Figura 40. Comparação entre a quantidade de acertos no teste de
recordação a longo prazo (A7) de alcoolistas divididos pelo
tempo de abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e do
grupo controle (GC) (N = 30; *p < 0,05)
Realizaram-se também a comparação da recuperação por reconhecimento de
informações já memorizadas, por meio do RAVLT, entre os grupos experimentais e
controle. O teste Mann-Whitney apresentou diferenças estatisticamente significantes (p
< 0,05) para o GE1 (U = 326; z = - 1,86; p = 0,006), o GE2 (U = 442; z = - 0,12; p =
0,009), GE3 (U = 403; z = - 0,71; p = 0,047), GE4 (U = 405; z = - 0,68; p = 0,004), e o
GE5 (U = 374; z = - 1,14; p = 0,025), sendo que encontraram-se menores taxas de
reconhecimento para os alcoolistas. Esses dados sugerem que os indivíduos que
possuem alcoolismo podem apresentar prejuízos no processo de reconhecimento de
0
100
200
300
400
500
600
GE1(1-3 anos)
GE2(4-6 anos)
GE3(7-9 anos)
GE4(10-12 anos)
GE5(13-15 anos)
GE
GC
115
informações memorizadas mesmo após de 1 a 15 anos de abstinência do álcool. Esses
dados podem ser melhor visualizados na Figura 41.
Figura 41. Comparação entre as taxas de reconhecimento de
palavras da lista A (TR-A) para os diferentes grupos
experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e para o
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Por fim, compararam-se as taxas de esquecimento (TE) obtidas pela divisão da
quantidade de palavras lembradas na sétima e na sexta recordações de palavras da lista
A (A7/A6) do RAVLT para alcoolistas e controle por meio do teste Mann-Whitney.
Observaram-se diferenças estatisticamente significantes (N=30; p < 0,05) para o GE1
(U = 301; z = - 2,32; p = 0,020), o GE2 (U = 49; z = - 6,07; p = 0,001), o GE3 (U = 0; z
= - 6,83; p = 0,001), e o GE4 (U = 277; z = - 2,73; p = 0,006), sendo que se observaram
maiores TE para os indivíduos com alcoolismo. Desse modo, é possível sugerir-se que
os alcoolistas permaneçam com algum tipo de esquecimento mesmo depois de 1 a 12
anos de abstinência do álcool. Esses valores podem ser conferidos na Tabela 20.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
GE1 GE2 GE3 GE4 GE5
GE
GC
116
Portanto, no geral, apenas alguns aspectos da memória parecem ter sido
recuperados devido a abstinência do álcool. Além disso, o tempo de abstinência do
álcool parece ter tido algum tipo de influência nos resultados da tarefas de memória.
Assim, as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e
ao longo das tentativas, os indíces de interferência proativa e retroativa, a memória de
longo prazo, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento parecem ainda prejudicar
os indivíduos alcoólicos mesmo com abstinência de 1 a 3 anos. As curvas de
aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os indíces de interferência
proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento são funções que
permanencem prejudicadas mesmo depois de 4 a 6 anos de abstinência do álcool.
Os índices de interferência proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e
de esquecimento permanencem prejudicados mesmo depois de abstinência de 7 a 9
anos. As taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os índices de interferência retroativa, e
as taxas de reconhecimento e de esquecimento permanencem prejudicados mesmo
depois de abstinência de 10 a 12 anos. E por fim, as taxas de aprendizagem auditivo-
verbal, os indíces de interferência retroativa, a memória de longo prazo, e as taxas de
reconhecimento, mesmo depois de 13 a 15 anos de abstinência do álcool parecem
permanecer prejudicados.
• Resultados relacionados à atenção:
Os valores dos testes neuropsicológicos relativos aos processos atencionais
podem ser observados na Tabela 21, exibida a seguir.
117
Tabela 21
Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)* e pelo
grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de atenção
TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO
GE1 GE2 GE3 GE4 GE5 GC
Atenção Seletiva
Códigos 371 426 442 478 513 825
Procurar
Símbolos
521
591
594
618
621
1124
Atenção Sustentada
DOD 222 241 247 264 272 276
Trilhas A** 89,77 87,96 64,93 51,6 45,07 34,27
Teste do A:
Omissão***
94
51
31
27
17
2
Teste do A:
Confusão***
80
75
27
34
34
18
Nota.: *Dividiram-se os alcoolistas abstêmios em grupos de acordo com o tempo de
abstinência congregados em intervalos de tempo de três anos (GE1:1-3; GE2: 4-6; GE3:
7-9; GE4: 10-12; GE5:13-15); GC: Grupo Controle formado por irmãos dos abstêmios;
DOD: Dígitos Ordem Direta; ** Média de tempo em segundos levado para executar a
tarefa; ***Contabilidade da quantidade de erros.
Para avaliação da atenção seletiva realizaram-se os testes dos Códigos e Procurar
Símbolos da WAIS-III. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparação dos
grupos de alcoolistas e controle em ambos os testes.
118
No teste dos Códigos, os dados apresentaram diferenças estatisticamente
significantes (N= 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 118; z = - 4,92; p = 0,001), o GE2 (U =
164,5; z = - 4,23; p = 0,001), o GE3 (U = 169,5; z = - 4,16; p = 0,001), o GE4 (U = 201;
z = - 3,69; p = 0,001), e o GE5 (U = 237; z = - 3,16; p = 0,002).
Da mesma maneira, no teste Procurar Símbolos, os dados apresentaram
diferença estatisticamente significante (N = 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 0; z = - 6,67;
p = 0,001), o GE2 (U = 9,5; z = - 6,53; p = 0,001), o GE3 (U = 15,5; z = - 6,43; p =
0,001), o GE4 (U = 15,5; z = - 6,43; p = 0,001), e o GE5 (U = 36; z = - 6,15; p = 0,001).
Em ambos os testes (Códigos e Procurar Símbolos), para as comparações GE x
GC em função de todos os grupos, os alcoolistas apresentaram-se menores quantidades
de acertos. Esses dados sugerem que a atenção seletiva dos alcoolistas, avaliada pelos
testes Códigos e Procurar Símbolos, pode permanecer prejudicada entre os indivíduos
mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência do álcool.
Para avaliação da atenção sustentada, realizaram-se os seguintes testes: Dígitos
(ordem direta) - DOD, Trilhas (parte A), e Teste do A (erros de omissão e de confusão).
Em relação a tarefa DOD, utilizou-se o teste Mann-Whitney para comparação dos
grupos experimentais e controle. Os dados apresentaram diferença estatisticamente
significante (N = 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 296; z = - 2,36; p = 0,018), o GE2 (U =
298; z = - 2,30; p = 0,022), e o GE3 (U = 205; z = - 3,70; p = 0,001). Em todos os casos,
os alcoolistas apresentaram menores quantidades de acerto. Esses dados sugerem que a
atenção sustentada dos alcoolistas, avaliada pelo teste DOD, pode permanecer
prejudicada mesmo depois de 1 a 9 anos de abstinência do etanol.
No teste das Trilhas, avaliou-se o tempo total de efetivação da tarefa requerida
(ligar, o mais rápido possível, em ordem alfabética, de letras embaralhadas
119
randomicamente em uma folha de papel). Portanto, a variável era contínua permitindo o
emprego de um teste paramétrico, dependendo da junção com outros critérios.
Assim, para determinação do tipo de teste estatístico a ser realizado, além da
retirada dos valores extremos, avaliaram-se os dados em termos de normalidade, por
meio do teste de Shapiro-Wilk (SW: teste para amostras < 50). Como os valores para o
teste de normalidade indicaram diferença estatisticamente significante (p > 0,05) para os
dados, não foi necessária à realização da avaliação da homocedasticidade. Decidiu-se,
então, pela utilização de um teste não paramétrico. Os resultados obtidos nessa fase da
análise podem ser consultados na Tabela 22 apresentada a seguir.
Tabela 22
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas
condições controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-
GE4-GE5)
Shapiro-Wilk (N = 30; p > 0,05)
Variáveis SW p
GE1 0,71 0,001
GE2 0,90 0,009
GE3 0,78 0,001
GE4 0,54 0,001
GE5 0,74 0,001
GC 0,90 0,010
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
120
Na comparação entre as médias de tempo de execução do teste das trilhas, parte
A, dos grupos experimental e controle, utilizou-se o teste Kruskal-Wallis. Este,
apresentou diferença estatisticamente significante (p < 0,05) para o GE1 (χ2 (1) = 9,35;
p = 0,002), GE2 (χ2 (1) = 2,86; p = 0,009), o GE3 (χ
2 (1) = 15,27; p = 0,001), o GE4 (χ
2
(1) = 12,33; p = 0,001), e o GE5 (χ2 (1) = 19,58; p = 0,001), sendo que a média de
tempo dos grupos de alcoolistas foram todas maiores que a do Grupo Controle, o que
significa que alcoolistas levaram mais tempo para o cumprimento da tarefa. Isso sugere
que a atenção sustentada dos alcoolistas, avaliada pelo teste das Trilhas, parte A, pode
permanecer prejudicada mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência do álcool. Esses
dados podem ser melhor visualizados na Figura 42.
Figura 42. Comparação entre o tempo médio de execução
do teste das Trilhas, parte A, para os grupos experimentais
(GE1, GE2, GE3, GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N =
30) (*p < 0,05)
No teste do A (tarefa de repetição de letras aleatórias que tinha como foco de
atenção a letra A), contabilizou-se o número de erros perpetrados pelos indivíduos.
121
Confrontaram-se para os grupos experimentais e controle a quantidade de erros de
omissão, quando os participantes não davam o sinal após leitura da letra A pelo
experimentador, bem como de erros de confusão, quando os participantes davam um
sinal quando o experimentador havia lido uma letra diferente do A. Desse modo,
utilizou-se o teste Mann-Whitney para avaliação dos dados.
Em relação aos erros de omissão, encontraram-se diferenças estatisticamente
significantes (N = 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 225; z = - 4,13; p = 0,001), GE2 (U =
323; z = - 2,69; p = 0,007), GE3 (U = 207; z = - 4,35; p = 0,001), GE4 (U = 48; z = -
6,47; p = 0,001), e o GE5 (U = 67; z = - 6,26; p = 0,001). Em relação aos erros de
confusão, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes (N = 30; p < 0,05)
para o GE1 (U = 324; z = -2,08; p = 0,001), GE2 (U = 429; z = -0,36; p = 0,001), o GE3
(U = 387; z = -1,02; p = 0,038), o GE4 (U = 186; z = -4,10; p = 0,003), e o GE5 (U =
234; z = -3,40; p = 0,007).
A quantidade dos dois tipos de erros possíveis no teste do A (omissão e
confusão) foram sempre maiores para os alcoolistas em todos os grupos avaliados.
Esses dados sugerem que erros de omissão e/ou de confusão diante dos estímulos
podem permanecer aumentados em alcoolistas mesmo depois de 1 a 15 anos de
abstinência do álcool, indicando desse modo, permanência de prejuízos na atenção
sustentada dos indivíduos dentro desse mesmo período de tempo.
Portanto, de forma geral, os dados referentes aos testes neuropsicológicos da
atenção sugerem que a atenção seletiva, avaliada pelos testes Códigos e Procurar
Símbolos, parecem prejudicadas nos indivíduos alcoólicos mesmo depois de 1 a 15 anos
de abstinência. Do mesmo modo, a atenção sustentada, avaliada pelo teste das Trilhas,
parte A, e pelo teste do A, tanto em termos dos erros de omissão, quanto de confusão,
parece permanecer também prejudicada mesmo com abstinência de 1 a 15 anos. O teste
122
DOD indica que a atenção sustentada está prejudicada apenas nos 9 primeiros anos de
abstinência.
• Resultados relacionados às funções executivas (FE):
Avaliaram-se os componentes de inibição de respostas (Testes Stroop, versão
Victória) e de flexibilidade mental (Trilhas, parte B) do funcionamento executivo. Para
o Stroop, tempo de execução e quantidade de erros cometidos para cada uma das três
fases da tarefa (círculos, palavras, e cores). Para o Trilhas, o tempo de cumprimento da
tarefa. Os resultados relativos às FE podem ser observados na Tabela 23.
Tabela 23
Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)* e pelo
grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de funções executivas (FE)
TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
GE1 GE2 GE3 GE4 GE5 GC
Inibição de Respostas
Stroop: Círculos
Tempo 35 33,36 32,9 32,87 31,2 14,26
Erros 29 22 15 15 4 4
Stroop: Palavras
Tempo 44,07 43,9 43,63 42,23 37,67 16,27
Erros 33 23 22 22 15 6
Stroop: Cores
Tempo 67,67 66,53 59,8 58,96 54,87 21,7
123
Erros 50 33 24 20 14 8
Flexibilidade Mental
Trilhas B** 144,86 126,9 126,07 115,86 107,43 87,73
Nota.: *Dividiram-se os alcoolistas abstêmios em grupos de acordo com o tempo de
abstinência congregados em intervalos de tempo de três anos (GE1:1-3; GE2: 4-6; GE3:
7-9; GE4: 10-12; GE5:1315); GC: Grupo Controle formado por irmãos dos abstêmios;
** Tempo em segundos levado para executar a tarefa.
Sendo o tempo uma variável contínua, avaliou-se a possibilidade de comparação
entre as médias de tempo na execução das três fases da tarefa Stroop dos grupos
experimental e controle em termos da utilização de testes paramétricos. Assim, além da
retirada dos valores extremos, testaram-se a normalidade (Teste SW) do conjunto de
dados. As variáveis não apresentaram distribuição normal, não tendo sido, pois,
necessário realizar a avaliação da homocedasticidade. Essa informação pode ser
confirmada observando-se a Tabela 24.
Tabela 24
Teste de normalidade para a média de tempo de execução do
teste Stroop, nas condições controle (GC) e experimental
(GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)
Shapiro-Wilk (N = 30; p > 0,05)
Variáveis SW p
GE1 Círculos 0,78 0,001
Palavras 0,83 0,001
124
Cores 0,83 0,001
GE2 Círculos 0,88 0,003
Palavras 0,86 0,001
Cores 0,89 0,004
GE3 Círculos 0,84 0,001
Palavras 0,86 0,001
Cores 0,83 0,001
GE4 Círculos 0,92 0,032
Palavras 0,86 0,001
Cores 0,90 0,010
GE5 Círculos 0,89 0,005
Palavras 0,87 0,002
Cores 0,84 0,001
GC Círculos 0,93 0,006
Palavras 0,89 0,004
Cores 0,92 0,020
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
Não se tendo cumprido os critérios para utilização de testes paramétricos,
procedeu-se a utilização do teste Kruskal-Wallis. Realizaram-se comparações separadas
entre os grupos de alcoolistas (segundo o tempo de abstinência) e o Grupo Controle nas
três fases do teste Stroop.
Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 1 a 3 anos
(GE1), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase dos
125
círculos (χ2 (1) = 45,02; p = 0,001), das palavras (χ
2 (1) = 44,80; p = 0,001), e das cores
(χ2 (1) = 44,98; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 43.
Figura 43. Comparação entre o tempo de execução do Teste
Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com
tempo de abstinência de 1-3 anos (GE1) (N = 30) e o grupo
controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 4 a 6 anos
(GE2), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase dos
círculos (χ2 (1) = 44,74; p = 0,001), das palavras (χ
2 (1) = 44,60; p = 0,001), e das cores
(χ2 (1) = 42,83; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 44.
126
Figura 44. Comparação entre o tempo de execução do Teste
Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com
tempo de abstinência de 4-6 anos (GE2) (N = 30) e o grupo
controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 7 a 9 anos
(GE3), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase dos
círculos (χ2 (1) = 44,72; p = 0,001), das palavras (χ
2 (1) = 44,59; p = 0,001), e das cores
(χ2 (1) = 43,77; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 45.
127
Figura 45. Comparação entre o tempo de execução do Teste
Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com
tempo de abstinência de 7-9 anos (GE3) (N = 30) e o grupo
controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 10 a 12
anos (GE4), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase
dos círculos (χ2 (1) = 44,67; p = 0,001), das palavras (χ
2 (1) = 44,62; p = 0,001), e das
cores (χ2 (1) = 44,66; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 46.
128
Figura 46. Comparação entre o tempo de execução do
Teste Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas
com tempo de abstinência de 10-12 anos (GE4) (N = 30) e
o grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 13 a 15
anos (GE5), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase
dos círculos (χ2 (1) = 44,75; p = 0,001), das palavras (χ
2 (1) = 44,52; p = 0,001), e das
cores (χ2 (1) = 44,62; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 47.
129
Figura 47. Comparação entre o tempo de execução do Teste
Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com
tempo de abstinência de 13-15 anos (GE5) (N = 30) e o
grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)
Como pode ser observado, encontraram-se diferenças estatísticas
significantes para todos os grupos experimentais do estudo em função das fases
dos círculos, das palavras, e das cores no teste Stroop. Esses dados referentes ao
tempo de execução do teste, sugerem que os prejuízos ligados ao comportamento
de inibição de respostas permaneçam inalterados nos alcoolistas mesmo depois
que tenham se passado de 1 a 15 anos de abstinência do álcool.
Avaliaram-se também a quantidade de erros cometidos em todas as fases do teste
Stroop por meio do teste Mann-Whitney, visto que as variáveis dessa análise (os erros)
eram discretas e dicotômicas (acertos/erros). Na fase dos círculos, os resultados
apresentaram diferenças estatisticamente significantes para as comparações em função
dos grupos de alcoolistas com abstinência de 1 a 3 anos (GE1: U = 280; z = - 3,11; p =
0,001), de 4 a 5 anos (GE2: U = 376; z = - 1,57; p = 0,001), de 7 a 9 anos (GE3: U =
408; z = - 0,96; p = 0,038), e de 10 a 12 anos (GE4: U = 376; z = - 1,57; p = 0,003).
130
Na fase das palavras, os resultados apresentaram diferenças estatisticamente
significantes para as comparações em função dos grupos de alcoolistas com abstinência
de 1 a 3 anos (GE1: U = 298; z = - 2,97; p = 0,003), de 4 a 5 anos (GE2: U = 368; z = -
1,87; p = 0,006), de 7 a 9 anos (GE3: U = 322; z = - 2,63; p = 0,009), de 10 a 12 anos
(GE4: U = 307; z = - 2,86; p = 0,004), e de 13 a 15 anos (GE5: U = 315; z = - 2,77; p =
0,006).
Do mesmo modo, na fase das cores, os resultados apresentaram diferenças
estatisticamente significantes para as comparações em função dos grupos de alcoolistas
com abstinência de 1 a 3 anos (GE1: U = 337; z = -1,92; p = 0,005), de 4 a 5 anos (GE2:
U = 361; z = -1,49; p = 0,013), de 7 a 9 anos (GE3: U = 388,5; z = -1,06; p = 0,028), de
10 a 12 anos (GE4: U = 252,5; z = -3,20; p = 0,001), e de 13 a 15 anos (GE5: U = 419; z
= -0,58; p = 0,005).
Os dados exibidos sugerem que possivelmente ocorre um aumento da
quantidade de erros no teste Stroop em todas as suas fases para os diversos
grupos de alcoolistas independente do tempo de abstinência em que estejam,
dentro da faixa de temporal de 1 a 15 anos. A única excessão ocorreu na fase dos
círculos na qual os alcoolistas aparentam permanecer prejudicados mesmo
depois de 1 a 12 anos de abstinência.
Por fim, avaliaram-se os resultantes do teste das Trilhas, parte B, no qual
observou-se também o tempo gasto para realização da tarefa. Embora as
características da variável (tempo) indicassem uma possível utilização de teste
paramétrico na análise. Os resultados não sugeriram o cumprimento do critério
de normalidade, como pode ser avaliado na Tabela 25.
131
Tabela 25
Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas
condições controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-
GE4-GE5)
Shapiro-Wilk (N = 30; p > 0,05)
Variáveis SW p
GE1 0,85 0,001
GE2 0,81 0,001
GE3 0,74 0,001
GE4 0,71 0,001
GE5 0,78 0,001
GC 0,80 0,001
Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.
Dessa forma, utilizou-se um teste Mann-Whitney para comparação dos grupos
experimental e controle em função do tempo médio de execução do teste das Trilhas. Os
resultados apresentaram diferenças estatisticamente significantes para o GE1 (U = 354;
z = - 1,43; p = 0,015), o GE2 (U = 348; z = - 1,51; p = 0,013), o GE3 (U = 324; z = -
1,87; p = 0,006), o GE4 (U = 420; z = - 0,45; p = 0,006), e o GE5 (U = 412; z = - 0,56;
p = 0,005), sendo que os alcoolistas demoraram sempre mais tempo para finalização do
teste. Esses dados sugerem que a flexibilidade mental dos alcoolistas, avaliada pelo o
tempo gasto para efetivação do teste das Trilhas, parte B, mesmo com abstinência de 1 a
15 anos do álcool, permaneça prejudicada. Essas informações podem ser conferidas na
Figura 48, a seguir.
132
Figura 48. Comparação entre o tempo médio de execução
do teste das Trilhas, parte B, para os grupos experimentais
(GE1, GE2, GE3, GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N =
30) (*p < 0,05)
Portanto, de forma geral, a testagem neuropsicológica das FE indica alterações
em ambos os componentes testados no presente estudo. Segundo avaliação dos dados
obtidos, o comportamento de inibição de respostas (Teste Stroop, medidas de tempo e
de erros em suas três fases: círculos, palavras, e cores), bem como a flexibilidade mental
(Teste das Trilhas, parte B), parecem permanecer prejudicadas, ainda que se tenha
manutenção da ausência de álcool no organismo de 1 a 15 anos depois.
133
4. Discussão Geral
No primeiro estudo realizaram-se dois experimentos relacionados à influência da
ingestão aguda e crônica de etanol na percepção auditiva. O primeiro experimento teve
como objetivo verificar as consequências da ingestão aguda de etanol para as
frequências sonoras correspondentes às notas musicais de uma escala ocidental padrão:
Dó (+ 262 Hz), Ré (+ 294 Hz), Mi (+ 330 Hz), Fá (+ 349 Hz), Sol (392 Hz), Lá (440
Hz), e Si (+ 491 Hz), na quarta oitava do piano, tendo como parâmetro a concentração
alcoólica sanguínea de 0,08 %. Os resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais
de que as respostas dos indivíduos após a ingestão de etanol seriam afetadas
negativamente, e que desse modo, os participantes errariam mais vezes no processo de
discriminação (identificação e comparação) entre as notas musicais. Assim, os
resultados sugerem que existam alterações na percepção auditiva para notas musicais
consequentes ao uso de bebidas alcoólicas.
O presente estudo detectou que os participantes se diferenciaram em suas
respostas antes e após a ingestão de etanol em todas as notas musicais, sendo que após o
uso do etanol, eles cometeram uma quantidade maior de erros. Além disso, mulheres e
homens sem a ingestão de etanol também responderam diferenciadamente para todas as
notas, com a exceção das notas musicais Re e Lá, sendo que na maioria das vezes os
homens discriminaram melhor do que as mulheres. Do mesmo modo, após a ingestão de
etanol, mulheres e homens se diferenciaram em todas as notas musicais com exceção do
Fá, seguindo padrão semelhante ao da ingestão de placebo com mais acertos para os
homens.
Consideram-se ainda insuficientes as pesquisas relacionadas ao sistema auditivo
quando comparadas ao número de estudos voltados para outros sistemas como o visual.
A complexidade e detalhamento estrutural e funcional do sistema auditivo tem o
134
deixado em segundo plano pelos pesquisadores, impedido a realização de outras
investigações mais aprofundadas a respeito.
A compreensão dos estímulos sonoros, da captação externa ao processamento
mais central no encéfalo tem sido um objeto de difícil controle, o que tem também
possibilitado contradições nos resultados dos estudos encontrados, estejam eles
relacionados aos mais diversos atributos auditivos. Contudo o processamento auditivo é
um aspecto de grande importância para a interação dos indivíduos com seu meio,
necessitando de uma maior atenção.
Menos estudos ainda são encontrados quando se trata dos efeitos do etanol sobre
o processamento auditivo. Contudo, investigações em relação aos efeitos do álcool
sobre os mecanismos de inibição no sistema auditivo têm se mostrado importantes para
compreensão neural e comportamental da audição. Mecanismos fisiológicos podem ter
um efeito inibitório sobre as células aferentes. A estimulação dessas vias tem indicado
que essas conexões inibidoras de mecanismos aferentes são responsáveis por uma
redução da excitação que é equivalente a redução da intensidade dos estímulos (Fex,
1962).
Além disso, para chegar a um nível mínimo de atividade neural em um
determinado período de tempo, a amplitude relativa das respostas neurais é dependente
da frequência do som (Fex, 1962). Por conseguinte, estruturalmente, mesmo
estimulações diretas do Núcleo Geniculado Medial, por exemplo, resultam em respostas
visivelmente diminuídas do córtex auditivo após consumo de etanol (Teo & Ferguson,
1986). Nesse sentido, estudos têm sido realizados para avaliação dos efeitos do etanol
sobre a audição.
Os estudos de Kähkönen, Rossi e Yamashita (2005), bem como de He, Li, Guo,
Näätänen, Pakarinen e Luo (2013) que também avaliaram os efeitos do etanol no
135
processamento da audição apresentaram em consonância com a presente tese,
dimimuição nas habilidades auditivas dos indivíduos após a ingestão de etanol. Da
mesma forma, Pihkanen e Kauko (1962) encontraram diminuição nas capacidades de
discriminar frequências, o que corrobora os achados dessa tese. No entanto, a amostra
pequena e especializada utilizada na pesquisa impede que maiores comparações sejam
realizadas.
Nos estudos de Pearson (1997) e Pearson, Dawe e Timney (1999), um pouco
mais semelhantes ao presente estudo, encontraram-se alterações negativas apenas a
percepção das frequências mais altas (acima de 1.000 Hz). Ao contrário, a presente tese
desmonstrou que até mesmo a percepção de frequências mais baixas (todas com menos
de 500 Hz) podem ser prejudicada pela ingestão de etanol.
Contudo, o presente trabalho, diferente dos estudos relatados, não se deteve a
percepção de limiares auditivos, mas sim a diferenciação entre frequências de notas
musicais. Além disso, tem-se como vantagem nessa tese em relação aos estudos citados
anteriormente a avaliação de frequências sonoras com menores distâncias entre si, ainda
que tenha utilizado somente uma faixa específica de sons.
O presente estudo encontrou diferença estatisticamente significante para todas as
notas musicais utilizadas quando se comparou as condições controle (ingestão de
placebo) e experimental (ingestão da bebida alcoólica). Isso confirma a sugestão de
Pearson (1997) de que as tarefas de discriminação sonoras são mais suscetíveis aos
efeitos do álcool. Ratifica também estudos neurológicos como o de Jääskeläinen et al.
(2000), que apresentou supressão auditiva transitória, demonstrada em exames de
eletroencefalografia, ocasionada pela ingestão de álcool à 0,05 % BAC.
As diferenças de resultados encontradas pelos diversos pesquisadores para
experimentos de ingestão alcoólica geralmente podem ser explicadas, em parte, pelas
136
distintas formas com que são feitos o controle e medida da concentração alcoólica
(Capenter, 1962; Eggleton, 1941; Himwich, 1957; Hogan & Linfield, 1983; Levine,
Kramer & Levine, 1975; Wallgren & Barry, 1970). Neste estudo, tentaram-se
solucionar essas problemáticas por meio da utilização das formulas padronizadas por
Brick (2006) e pelos cuidados na elaboração do desenho do estudo.
As fórmulas de Brick (2006) se mostraram bastantes eficazes ao passo que o teor
alcoólico pretendido para as sessões experimentais foram alcançadas em todas as
ocasiões e por tempo suficiente para a execução dos testes necessários. Além disso, a
comparação dos participantes consigo mesmos, possibilitou a obtenção de resultados
mais precisos em relação às diferenças de condições experimentais planejadas.
Essa pesquisa dá continuidade a investigações em percepção auditiva iniciadas
em dissertação anterior, utilizando a discriminação de notas musicais para verificar o
desempenho de adultos jovens após ingestão de bebidas alcoólicas. Contudo, existe uma
ampla gama de possibilidades de avaliação auditiva dentro dos mesmos procedimentos
de discriminação de frequências sonoras para diversas condições. Entre as quais podem
ser inclusas diferentes faixas etárias, patologias e deficiências físicas, transtornos
psicológicos, e efeitos dos contatos com outras substâncias tóxicas.
Outra sugestão para estudos posteriores são o uso de diferentes oitavas musicais,
como forma de aumentar a caracterização do processamento auditivo por meio de outras
frequências de som. O uso de diferentes oitavas possibilita a estimulação de distintas
áreas da cóclea (ligadas às frequências sonoras baixas, médias e altas), podendo
melhorar a compreensão de possíveis alterações decorrentes de qualquer variável
experimental utilizada. Do mesmo modo, investigações das consequências dessas
variáveis relatadas em função do tempo de reação à presença de determinadas
137
frequências sonoras, como proporcionado pelo PsySounds, também podem ser
realizadas.
O segundo experimento teve como objetivo verificar as consequências da
ingestão crônica de bebidas alcoólicas observando se o alcoolismo altera negativamente
a discriminação de frequências sonoras correspondentes às notas musicais de uma
escala padrão ocidental: Dó (+ 262 Hz), Ré (+ 294 Hz), Mi (+ 330 Hz), Fá (+ 349 Hz),
Sol (392 Hz), Lá (440 Hz), e Si (+ 491 Hz), na quarta oitava de um piano, dificultando a
identificação e comparação entre as mesmas. Ao mesmo tempo, nesse estudo observou-
se a influência do tempo de abstinência do álcool, no intervalode 1 a 15 anos, na
manutenção dos danos autivos encontrados.
De forma geral, os resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais de que
as respostas dos indivíduos com alcoolismo seriam afetadas negativamente, e que desse
modo, os participantes errariam mais vezes no processo de discriminação (identificação
e comparação) entre as notas musicais. Do mesmo modo, os prejuízos encontrados são
mais fortemente percebidos nos primeiros anos de abstinência, sendo que ao longo dos
anos os danos parecem ser amenizados.
Encontraram-se apenas dois estudos relacionados à influência do alcoolismo na
percepção auditiva, e ainda assim, estes não estão diretamente relacionados aos
objetivos da presente pesquisa. Maurage, Campanella, Philippot, Pham e Joassin (2007)
realizaram um estudo sobre os prejuízos da ingestão crônica de álcool no processamento
crossmodal (auditivo-visual) de estímulos faciais emocionais. Eles avaliaram o tempo
de reação de vinte pacientes que sofriam com alcoolismo em comparação a 20 controles
saudáveis. Os participantes tinham que detectar a emoção (de raiva ou de felicidade)
apresentada por meio de estímulos auditivos, visuais ou auditivo-visuais. Os autores não
encontraram efeito de facilitação auditivo-visual para os indivíduos com alcoolismo,
138
que segundo eles relaciona-se a deficiências leves no reconhecimento de expressão
faciais emocionais ocasionadas pelo alcoolismo.
Já o estudo de Maurage, Campanella, Philippot, Charest, Martin e Timary (2009)
avaliaram a decodificação das expressões emocionais em dezoito indivíduos com
alcoolismo desintoxicados por meio de um teste que consistia em avaliações da
intensidade emocional em vários tipos de estímulos (rostos, vozes, posturas corporais e
cenários descritos) que representavam diferentes emoções (raiva, medo, felicidade,
neutro, tristeza). A ameaça e a dificuldade também foram avaliadas para cada estímulo.
Os indivíduos alcoolistas tiveram um desempenho preservado para os estímulos de
felicidade, mas uma subestimação da tristeza e do medo, e uma superestimação geral da
raiva. Observaram-se essas dificuldades para rostos, vozes e posturas, mas não para os
cenários descritos.
Como pode ser percebido, ambos os estudos, apesar de tratarem das
interferências do alcoolismo na percepção auditiva, não se relacionam diretamente aos
objetivos desse estudo, impedindo uma comparação direta com a literatura. Contudo, de
qualquer forma, observaram-se prejuízos devidos ao alcoolismo na percepção tanto dos
estímulos auditivos quanto em outras modalidades. Além disso, o presente estudo
apresentou determinadas particularidades de controle que não se apresentaram no relato
dos estudos anteriores, como a avaliação de alcoolistas em uma ampla faixa de anos de
abstinência divididos em grupos de poucos anos (três anos). Além disso, o Grupo
Controle tendo sido realizado com parentes em primeiro grau auxilia nas conclusões a
respeito dos resultados na medida em que ambos os participantes dos grupos
experimental ou controle possuem características genéticas e contextuais semelhantes.
Essa pesquisa dá continuidade a investigações em percepção auditiva iniciadas
em dissertação anterior, utilizando a discriminação de notas musicais para verificar o
139
desempenho de adultos jovens após ingestão de bebida alcoólica. Contudo, existe uma
ampla gama de possibilidades de avaliação auditiva dentro dos mesmos procedimentos
de discriminação de frequências sonoras para diversas condições. Entre as quais podem
ser inclusas diferentes faixas etárias, patologias e deficiências físicas, transtornos
psicológicos, e efeitos dos contatos com outras substâncias tóxicas.
Outra sugestão para estudos posteriores são o uso de diferentes oitavas musicais,
como forma de aumentar a caracterização do processamento auditivo por meio de outras
frequências de som. O uso de diferentes oitavas possibilita a estimulação de distintas
áreas da cóclea (ligadas às frequências sonoras baixas, médias e altas), podendo
melhorar a compreensão de possíveis alterações decorrentes de qualquer variável
experimental utilizada. Do mesmo modo, investigações das consequências dessas
variáveis relatadas em função do tempo de reação à presença de determinadas
frequências sonoras, como proporcionado pelo PsySounds, também podem ser
realizadas.
No segundo estudo, realizaram-se dois experimentos relacionados à influência
da ingestão aguda e crônica de etanol no funcionamento neuropsicológico. O primeiro
experimento teve como objetivo avaliar as consequências da ingestão aguda de etanol
para as funções neurocognitivas de memória, atenção e funções executivas em mulheres
e homens adultos jovens, tendo como parâmetro a concentração alcoólica sanguínea de
0,08%. Os resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais de que as respostas dos
indivíduos após a ingestão de etanol seriam afetadas negativamente, e que desse modo,
os participantes seriam prejudicados nas suas capacidades cognitivas.
Entre essas capacidades afetadas pelo etanol estão tanto as capacidades de
memorização, quanto de atenção e de funcionamento executivo. Com o presente estudo
pode-se perceber déficits no processamento das informações pela memória de curto
140
prazo, diminuindo o número de elementos recordados, e de trabalho, na resolução de
tarefas operacionais; na recordação de informações pela memória de longo prazo,
diminuindo o número de informações que podem ser lembradas; e no reconhecimento
de informações registradas pela memória de longo prazo, diminuindo o número de
informações que podem ser lembradas.
Além das disfunções em termos de memória, as capacidades de sustentar
atenção sobre as informações e de selecionar informações por meio da atenção também
foram afetadas. E quanto ao funcionamento executivo, observaram-se prejuízos no que
diz respeito ao processo da inibição de respostas prepotentes, diminuindo o controle
sobre as mesmas, e na capacidade de flexibilidade mental, dificultando o processo de
avaliação e apresentação de diferentes respostas.
Mais especificamente o estudo sugeriu que a memória de trabalho, as curvas de
aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a
memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento foram piores para o conjunto de
participantes, homens ou mulheres, que haviam ingerido experimentalmente etanol. Do
mesmo modo, a memória de trabalho, as curvas de aprendizagem, as taxas de
aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e as
taxas de reconhecimento e de esquecimento dos homens foram mais prejudicados,
enquanto que apenas as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-
verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento
das mulheres é que foram mais atingidas pelo etanol.
Os dados referentes à atenção sugerem que o etanol altera negativamente tarefas
de atenção sustentada para todos os participantes agrupados (homens ou mulheres). Os
homens sofreram prejuízos apenas na atenção sustentada e as mulheres tanto na atenção
seletiva quanto na atenção sustentada. Já em relação as FE os dados obtidos sugeriram
141
que o etanol pode alterar negativamente o comportamento de inibição de respostas de
homens e mulheres. Contudo, apenas a flexibilidade mental das mulheres parece ter sido
alterada pelo etanol.
Assim, os resultados sugerem a existência de alterações no desempenho
neurocognitivo consequentes ao uso de bebidas alcoólicas. O presente estudo detectou
que os participantes se diferenciaram em suas respostas antes e após a ingestão de
etanol, sendo que após o uso do etanol, eles cometeram uma quantidade maior de erros,
concordando com outros estudos que avaliaram também a influência da ingestão de
etanol nas funções neuropsicológicas.
Schreckenberger et al. (2004), por exemplo, encontraram diminuição da atenção
dividida devido ao uso de etanol. A presente tese não avaliou a atenção dividida,
contudo diferente do estudo citado, no qual apenas homens participaram da amostra,
avaliaram-se homens e mulheres em diferentes tipos de atenção, como a sustentada e
seletiva.
Poltavski, Marino, Guido, Kulland e Petros (2011) encontraram diminuição na
quantidade de elementos recordados relativos à memória verbal de curto prazo dos
participantes que ingeriram álcool. Ray e Bates (2006) encontraram que o álcool afeta o
processamento da memória de reconhecimento, mas não o “priming”, apoiando a ideia
de que ocorram efeitos dissociativos do álcool sobre os sistemas de memória. Wetherill
e Fromme (2011) encontraram que a intoxicação alcoólica aguda levou a deficiências na
recordação livre, mas não na recordação com pistas. Por fim, Schweizer, Vogel-Sprott,
Danckert, Roy, Skakum e Broderick (2006) encontraram prejuízos devidos ao álcool
(respostas mais lentas e/ou aumento de erros) em sete dos processos cognitivos básicos:
memória verbal de longo prazo; processamento de informação; memória declarativa;
142
controle inibitório; memória visual de curto prazo; memória visual de longo prazo e
memória de trabalho visuo-espacial.
Embora todos esses estudos reforcem os resultados encontrados na presente tese
no que diz respeito à diminuição das respostas referentes ao processamento cognitivo
global, em seus mais diversos aspectos, eles não especificam por menores a respeito dos
procedimentos de ingestão do etanol. Da mesma maneira eles não padronizaram ou pelo
menos não detalharam suficientemente os elementos básicos de desenho desses estudos.
Além disso, nenhum dos estudos relatados avaliou de forma unívoca vários
processos psicológicos básicos de forma simultânea como na presente tese. Os estudos
apresentados avaliaram de forma separada apenas uma das funções neuropsicológicas,
sendo que esse estudo tratou-se de uma pesquisa, ainda que exploratória, que investigou
os efeitos do etanol sobre três das principais funções neurocognitivas básicas.
Dada à amplitude da perspectiva que essa tese tem por objetivo, existe ainda,
contudo, uma série de outras possibilidades de investigação que podem complementar
os experimentos que se realizaram. Diferentes faixas etárias, patologias e deficiências
físicas, transtornos psicológicos, e efeitos dos contatos com outras substâncias tóxicas,
bem como a avaliação de outras funções neuropsicológicas não efetivadas nesse
momento, são algumas das sugestões para futuros estudos que darão continuidade a essa
pesquisa.
O segundo experimento teve como objetivo avaliar as consequências da ingestão
crônica de etanol para as funções neurocognitivas de memória, atenção e funções. Os
resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais de que as respostas dos indivíduos
alcoolistas seriam afetadas negativamente, e que desse modo, os participantes seriam
prejudicados na capacidade de processamento das informações.
143
Desse modo, observaram-se déficits nas capacidades de memorização, de
atenção e de funcionamento executivo. Em relação à memória de curto prazo, diminui-
se o número de elementos recordados devido ao alcoolismo; quanto a memória de
trabalho, diminuiu-se a capacidade de resolução de tarefas operacionais; e quanto a
capacidade de recordar e de reconhecer informações da memória de longo prazo,
diminuiu-se o número de informações que poderiam ser lembradas.
Observaram-se ainda prejuízos na capacidade de sustentar atenção sobre as
informações e na capacidade de selecionar informações por meio da atenção. E, além
disso, quanto ao funcionamento executivo, percebeu-se rebaixamento da capacidade de
inibição de respostas prepotentes, diminuindo o controle sobre as mesmas e de
flexibilidade mental, dificultando o processo de avaliação e apresentação de diferentes
respostas.
Portanto, no geral, apenas alguns aspectos da memória parecem ter sido
recuperados devido a abstinência do álcool. Além disso, o tempo de abstinência do
álcool parece ter tido algum tipo de influência nos resultados da tarefas de memória.
Assim, as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo
das tentativas, os indíces de interferência proativa e retroativa, a memória de longo
prazo, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento parecem ainda prejudicada nos
indivíduos alcoólicos mesmo com abstinência de 1 a 3 anos. As curvas de
aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os indíces de interferência
proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento são funções que
permanencem prejudicadas mesmo depois de 4 a 6 anos de abstinência do álcool.
Os índices de interferência proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e
de esquecimento permanecem prejudicados mesmo depois de abstinência de 7 a 9 anos.
As taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os índices de interferência retroativa, e as
144
taxas de reconhecimento e de esquecimento permanencem prejudicados mesmo depois
de abstinência de 10 a 12 anos. E por fim, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os
indíces de interferência retroativa, a memória de longo prazo, e as taxas de
reconhecimento, mesmo depois de 13 a 15 anos de abstinência do álcool parecem
permanecer prejudicados.
Em relação aos dados referentes aos testes neuropsicológicos da atenção sugere-
se que a atenção seletiva, avaliada pelos testes Códigos e Procurar Símbolos, parecem
ainda prejudicar os indivíduos alcoólicos mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência.
Do mesmo modo, a atenção sustentada, avaliada pelo teste das Trilhas, parte A, e pelo
teste do A, tanto em termos dos erros de omissão, quanto de confusão, parece
permanecer também prejudicada mesmo com abstinência de 1 a 15 anos. O teste DOD
indica que a atenção sustentada seja prejudicada apenas nos 9 primeiros anos de
abstinência.
Já a testagem neuropsicológica das FE indicou alterações tanto para a inibição
de respostas quanto para a flexibilidade mental. Segundo avaliação dos dados obtidos, o
comportamento de inibição de respostas (Teste Stroop, medidas de tempo e de erros em
suas três fases: círculos, palavras, e cores), bem como a flexibilidade mental (Teste das
Trilhas, parte B), parecem permanecer prejudicadas, ainda que se tenha manutenção da
ausência de álcool no organismo de 1 a 15 anos depois.
Diferente dos resultados obtidos no presente estudo, Pitel et al. (2009) mediram
as mudanças ocorridas na memória episódica e nas funções executivas ao longo de um
período de 6 meses em alcoolistas em abstinência e em recaída e verificaram se os
resultados neuropsicológicos do início do tratamento podem prever o resultado do
tratamento no follow-up. Os resultados de Pitel et al. (2009) mostraram que, durante o
intervalo de 6 meses, os desempenhos de memória episódica e funções executivas dos
145
abstêmios tinham voltado ao normal. A recuperação das funções executivas e da
memória episódica foi correlacionada, em abstêmios, com o histórico do
comportamento de beber e idade, respectivamente. Contudo, os autores não detalharam
suficientemente as medidas de controle do estudo tomadas para constituição as amostra
de participantes tanto do Grupo Experimental quanto do Grupo Controle.
Do mesmo modo, Scheurich et al. (2004) avaliando os efeitos das instruções na
definição de metas no desempenho neuropsicológico de pacientes dependentes de álcool
e indivíduos controle, encontraram que os alcoolistas demonstraram déficits em todos
os testes neuropsicológicos utilizados. Contudo, os pacientes sob instruções de
definição de metas demonstraram melhora significativamente maior em relação aos
pacientes com instruções padrão. Controles com instruções de definição de metas
demonstraram tendências de melhoria superior em relação aos controles com instruções
normais.
Segundo Scheurich et al. (2004), apesar dos déficits neuropsicológicos em
raciocínio e funcionamento psicomotor, os pacientes dependentes de álcool em início de
recuperação são sensíveis às instruções na definição de metas e capazes de aumentar o
desempenho cognitivo, dados não concordantes com os encontrados no presente estudo.
Contudo, a presente tese não tinha por objetivo avaliação dos efeitos das instruções no
desempenho neurocognitivo e desse modo, não podem ser comprados diretamente.
Por outro lado, concordando com o presente estudo, encontraram-se uma série
de outros estudos que tiveram como intuito avaliar o funcionamento neuropsicológico
sob os efeitos do alcoolismo. O estudo de Pombo, Levy, Bicho, Ismail e Cardoso
(2008), por exemplo, que explorou o funcionamento executivo em pacientes alcoólicos
encontrou rebaixamento das medidas neurocognitivas de raciocínio não verbal.
146
No mesmo sentido, os resultados de Park et al. (2011) que investigaram as
diferenças nas funções cerebrais durante o desempenho da memória verbal de trabalho
entre indivíduos com transtornos por uso de álcool (AUD), encontraram menor ativação
das regiões frontal bilateral e pré-central, temporal, parietal superior esquerdo, e córtex
cerebelar esquerdo durante a tarefa 2-back em relação a tarefa 0-back quando
comparados ao Grupo Controle, corroborando a ideia de deficiência nas funções
cognitivas devido ao alcoolismo proposta pelo presente estudo. Em contraste, o grupo
controle apresentou menor ativação apenas no uncus direito em relação ao grupo AUD,
sugerindo que indivíduos com AUD apresentam prejuízos no funcionamento do cérebro
durante a memória de trabalho verbal.
Pitel et al. (2007) tentaram especificar quais os processos de memória episódica
eram prejudicados no início da abstinência de álcool e determinar se eles devem ser
considerados como déficits de memória genuína, ou melhor, como consequências
indiretas dos déficits executivos. Eles também encontraram que pacientes alcoolistas em
recuperação não eram cognitivamente capazes de adquirir novos conhecimentos
complexos, dado seus déficits de memória episódica e de trabalho, concordando com os
dados encontrados na presente tese.
Ozsoy, Durak e Esel (2013) encontraram também que pacientes alcoolistas em
geral tiveram volumes do hipocampo direito significativamente menores do que os
controles saudáveis. A memória imediata, a memória de trabalho e a atenção dos
pacientes foram inferiores aos dos controles. O hipocampo direito foi significativamente
menor em alcoólicos adultos com início do uso na adolescência em comparação com os
controles e com o grupo de início tardio.
Chanraud et al. (2007) investigaram a relação entre as alterações regionais
cerebrais, o desempenho executivo e o histórico do comportamento de beber. Eles
147
encontraram alteração regional do volume de substância cinzenta e branca que foram
associadas com o comprometimento do funcionamento executivo. Além de envolver
regiões frontais, estes resultados são consistentes com modelo tálamo-cortical cerebelar
de funções executivas prejudicadas em indivíduos dependentes de álcool, que foi
também corroborado com os dados do presente estudo.
Zinn, Stein e Swartzwelder (2004) também encontraram que os grupos controle
e de dependentes de álcool divergem no raciocínio abstrato, na discriminação de
memória, e na eficácia de tarefas cronometradas. Os pacientes da amostra de
dependentes de álcool também foram mais propensos a perceber-se como
cognitivamente prejudicados. O tempo de uso do álcool não se relacionou com o
desempenho nos testes neuropsicológico, mas a quantidade consumida recentemente e
os dias de sobriedade foram associados com a capacidade de raciocínio abstrato não
verbal. Esses resultados concordam com os do presente estudo na observação de déficits
neurocognitivos para os participantes alcoolistas.
Por fim, concordando, da mesma forma, com os resultados encontrados na
presente tese, Noël et al. (2012), Noël, Bechara, Dan, Hanak e Verbanck (2007), Smith
e Fein (2010), Kim, Sohn e Jeong (2011), e Kopera et al. (2012) avaliaram velocidade
de processamento das informações, inibição de respostas, flexibilidade mental,
coordenação de dupla tarefa e encontraram que os pacientes alcoolistas demonstraram
funções executivas deficientes combinadas com desempenho abaixo da normalidade na
tarefa de recordação.
148
5. Considerações Finais
A ingestão de etanol, por meio de bebidas alcoólicas, promove uma série de
alterações orgânicas aos níveis neurobiológicos e comportamentais nos indivíduos.
Essas alterações podem levar a perturbações cognitivas em seus vários atributos.
A partir do primeiro experimento realizado nesse estudo pode-se concluir que a
ingestão aguda de bebidas alcoólicas na concentração de 0,08% BAC altera
negativamente a audição, dificultando a discriminação de frequências sonoras
correspondentes às notas musicais Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, e Si. Já em relação ao
segundo experimento, pode-se concluir que a ingestão crônica de bebidas alcoólicas
pode também alterar negativamente a audição, dificultando a discriminação das mesmas
frequências sonoras relatadas. Além disso, o tempo de abstinência do álcool parece está
relacionado à quantidade dos déficits encontrados nos indivíduos com alcoolismo, ou
seja, quanto tempo de abstinência menos déficits encontrados dentro de um período de 1
a 15 anos.
No segundo estudo, observou-se o desempenho dos participantes em termos dos
procedimentos de memorização, dos processos atencionais, e do funcionamento
executivo, por meio de variados testes neuropsicológicos também em função da
ingestão aguda e crônica de etanol. O primeiro experimento sugeriu que a ingestão
aguda de bebidas alcoólicas na concentração de 0,08% BAC pode alterar negativamente
o funcionamento neurocognitivo de homens e mulheres. Do mesmo modo, os achados
do segundo experimento sugeriram que o alcoolismo pode alterar negativamente o
funcionamento neurocognitivo dos indivíduos e mais do que isso, que esses déficits
podem perdurar ao longo dos anos.
A caracterização do uso do álcool pela sociedade é relevante pelos seus aspectos
epidemiológicos e biopsicossociais. Os prejuízos acarretados aos indivíduos pelo
149
consumo do álcool estão relacionados diretamente as questões de saúde pública, o que
reafirma a abrangência dos possíveis efeitos que a ingestão do etanol pode ocasionar.
Desta tese foi possível concluir que a ingestão do etanol, presente nas bebidas
alcoólicas, seja em suas formas aguda ou crônica, pode de alguma maneira alterar tanto
a percepção das notas musicais e consequentemente das frequências sonoras auditivas
possíveis, quanto o desempenho neurocognitivo da memória, da atenção, e das funções
executivas.
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Brasiliense.
Zelazo, P. D., Qu, Li, & Müller, U. (2005). Hot and cool aspects of executive function:
Relations in early development. Em W. Schneider, R. Schumann-Hengsteler, & B.
Sodian (Eds.), Young children’s cognitive development: Interrelationships among
executive functioning, working memory, verbal ability, and theory of mind (pp.
71-93). Mahwah, NJ: Erlbaum.
Zinn, S., Stein, R., & Swartzwelder, H. S. (2004). Executive functioning early in
abstinence from alcohol. Alcoholism: Clinical and experimental research, 28,
1338–1346. doi: 10.1097/01.ALC.0000139814.81811.62
175
7. Apêndices
Apêndice A.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIENCIAS HUMANS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Laboratório de Percepção, Neurociências, e Comportamento (LPNeC)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A presente pesquisa está sendo desenvolvida por mim, Jandilson Avelino da Silva,
Psicólogo (CRP: 13-5730), Mestre, e Doutorando (UFPB). Este texto pode
eventualmente apresentar palavras ou frases não conhecidas por você. Caso isso
aconteça, por favor, diga-me para que eu possa esclarecer melhor suas dúvidas.
TÍTULO DA PESQUISA: Ingestão aguda e crônica de etanol no funcionamento
auditivo e neurocognitivo.
APRESENTAÇÃO: Esta pesquisa trata-se de um estudo de doutorado sobre os efeitos
da ingestão aguda e crônica de bebidas alcoólicas sobre o funcionamento auditivo e
neurocognitivo.
OBJETIVOS: Essa pesquisa se propõe a avaliar em adultos as consequências da
ingestão de bebidas alcoólicas na percepção auditiva das notas musicais e nas funções
neuropsicológicas de memória, atenção, e funções executivas.
PROCEDIMENTOS: Inicialmente, serão levantadas informações demográficas (idade,
sexo, escolaridade, entre outras) e clínicas (comprometimentos físicos e psicológicos,
uso de substâncias tóxicas, entre outras). Depois, a percepção auditiva será avaliada por
meio de um teste psicofísico em um computador, no qual se apresentará alguns sons
(notas musicais) que, de acordo com as instruções recebidas, devem ser diferenciados
pelo participante. Em seguida, será aplicada uma bateria neuropsicológica com testes
cognitivos em papel que deverão ser respondidos.
RISCOS E BENEFÍCIOS: A pesquisa trará grande benefício para o aprimoramento
dos procedimentos de avaliação e intervenção neuropsicológicas, principalmente no que
diz respeito às possíveis consequências resultantes do uso de bebidas alcoólicas. Além
disso, a aplicação de questionários e a avaliação da percepção de sons por meio de fones
de ouvido serão realizadas sem a possibilidade de dano algum para os indivíduos.
Mesmo assim, você poderá desistir em qualquer momento de participar da pesquisa sem
nenhuma penalidade.
RESSARCIMENTO: Não será feito nenhum pagamento para realizar a pesquisa. A
participação será de livre e espontânea vontade, contudo, caso haja algum custo
financeiro adicional referente a sua participação na pesquisa será feito o devido
ressarcimento.
176
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Os resultados da pesquisa serão
agrupados e desse modo, tomados apenas em conjunto, não divulgando assim,
identificações particulares de quaisquer dos participantes. Os protocolos serão
arquivados de acordo com as exigências da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde, Ministério da Saúde, Brasil.
Diante dessas informações, solicito, além de sua participação voluntária durante as
avaliações, sua autorização para apresentar e publicar os resultados deste estudo em
eventos e revistas científicas. Por ocasião da publicação dos resultados, bem como em
todo o processo de avaliação seu nome será mantido sob o absoluto sigilo.
Em caso de dúvidas, favor entrar em contato com:
Jandilson A. da Silva ou Natanael A. dos Santos - Laboratório de Percepção,
Neurociência e Comportamento (LPNeC), Departamento de Psicologia, Centro de
Ciências Humanas e Letras, UFPB - Campus I, Cidade Universitária, João Pessoa,
Paraíba, Brasil. E-mail: jandilsonsilva@gmail.com. Ou ainda com:
Comitê de Ética e Pesquisa/CCS/UFPB – Campus I – Ed. Arnaldo Tavares – Sala 812 –
CCS – Cidade Universitária, João Pessoa-PB. CEP.: 58051-900 Telefone/Fax: (83)
3216-7791. E-mail: eticaccsufpb@hotmail.com.
Declaro está ciente e informado (a) sobre os procedimentos de realização desse estudo,
conforme explicitado acima, e aceito participar voluntariamente da pesquisa para a qual
assino abaixo confirmando meu consentimento livre e esclarecido:
João Pessoa, Paraíba.
Data: __________/__________/__________
______________________________________________________
Assinatura do participante
______________________________________________________
Assinatura do pesquisador
______________________________________________________
Assinatura da testemunha
Código de identificação utilizado para registro em todos os testes realizados:
_________________
177
Apêndice B.
QUESTIONÁRIO SÓCIO-BIO-DEMOGRAFICO 1
(PARA EXPERIMENTO DE INGESTÃO MODERADA DE ETANOL COM
ESTUDANTES)
Código de identificação:_______________
1. Data de Nascimento
(DD/MM/AAAA):
2. Idade: ________
3. Peso: _________
4. Altura: ________
5. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Para mulheres:
a) Possui ciclo menstrual regular?
( ) Não ( ) Sim
b) Qual a data da última menstruação?
________________________________
6. Lateralidade:
( ) Destro
( ) Canhoto
7. Raça/Cor da pele:
________________________________
8. Escolaridade:
( )Ensino fundamental incompleto
( )Ensino fundamental completo
( )Ensino médio incompleto
( )Ensino médio completo
( )Ensino superior incompleto
( )Ensino superior completo
( )Pós-graduação incompleta
( )Pós-graduação completa
Indicar Série (para escolares) ou
Curso/Período (para universitários):
________________________________
9. Profissão (Se não estuda ou já é
formado):
________________________________
10. Estado Civil:
( ) Solteiro
( ) Casado
( ) Separado
( ) Viúvo
( ) Outros:
________________________________
11. Renda familiar:
( ) De 1 à 2 salários mínimos
( ) De 3 à 5 salários mínimos
( ) De 6 à 8 salários mínimos
( ) 9 ou mais salários mínimos
178
12. Religião:
( ) Católico
( ) Evangélico
( ) Ateu
( ) Outras:
________________________________
13. Você toma café?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior responder as
questões de (a) à (c):
a) Há quanto tempo?
________________________________
b) Quantos dias por semana?
________________________________
c) Quantas vezes por dia?
________________________________
14. Você fuma?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior responder as
questões de (a) e (b):
a) Há quanto tempo?
________________________________
b) Quantos cigarros por dia?
________________________________
15. Você toma bebida alcoólica?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior responder as
questões de (a) à (d):
a) Há quanto tempo?
_______________________________
b) Qual o tipo de bebida que você mais
faz uso?
_______________________________
c) Quantas vezes por semana você faz
uso dessa bebida?
_______________________________
d) Você toma quantos copos ou doses
dessa bebida?
_______________________________
16. Você tem dificuldade em
controlar a quantidade de bebida
alcoólica que ingere?
( ) Não ( ) Sim
17. Você já recebeu tratamento
médico relacionado a problemas com
ingestão de álcool?
( ) Não ( ) Sim
18. Você tem histórico familiar de
alcoolismo (alguém de sua família é
alcoolista)?
( ) Não ( ) Sim
Qual o grau de parentesco com o
familiar?
________________________________
179
19. Você faz atualmente uso de
alguma droga ilícita (maconha,
craque, êxtase, LSD, etc.)?
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
20. Você tem alguma doença geral
crônica que necessite de tratamento
medicamentoso (diabetes,
hipertensão, etc.)?
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
21. Você tem alguma doença
neuropsiquiátrica que necessite de
tratamento medicamentoso
(depressão, epilepsia, esquizofrenia,
etc.)?
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
22. Você faz uso contínuo de algum
medicamento no momento?
( ) Não ( ) Sim
Qual
(is)?___________________________
______________________________
23. Você já foi a um
Otorrinolaringologista (Médico de
ouvido, nariz, e garganta)?
( ) Não ( ) Sim
Por que
razão?_________________________
24. Você já foi a um Fonoaudiólogo?
( ) Não ( ) Sim
Por que
razão?______________________
25. Você acha que escuta bem?
( ) Não ( ) Sim
Por
quê?___________________________
26. Você tem ou já teve algum
treinamento musical?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior, responda as questões
de (a) à (d):
a) O treinamento é (foi):
( ) atual ( )anterior
b) O treinamento é (foi):
( ) Formal (em escolas)
( ) Informal (aprendeu sozinho/alguém
próximo ensinou)
Especificar:______________________
c) Qual o tipo de treinamento? (por
exemplo, curso de canto ou de violão)
_______________________________
d) Quanto tempo durou esse
treinamento?
_______________________________
e) Que idade você tinha quando teve
esse treinamento?
________________________________
180
27. Você possui alguma habilidade
musical?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior, responda as questões
de (a) à (c):
a) Qual o tipo de habilidade?
( ) Canta ( ) Toca algum instrumento
Especificar:______________________
( ) Reconhece notas musicais isoladas
( ) Outra.
Especificar:______________________
b) Idade na qual começou a ter tal
habilidade?_______________________
c) Idade na qual se tornou fluente em tal
habilidade?_______________________
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO:________________
NOME:_______________________________________________________________
TELEFONES:_________________________________________________________
E-MAIL:______________________________________________________________
DATA:______/______/______
OUTRAS OBSERVAÇÕES:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
181
Apêndice C.
QUESTIONÁRIO SÓCIO-BIO-DEMOGRÁFICO 2
(PARA EXPERIMENTO COM ALCOOLISTAS ABSTÊMIOS)
Código de identificação:_______________
1. Data de Nascimento
(DD/MM/AAAA):
2. Idade: ________
3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Para mulheres:
a) Possui ciclo menstrual regular?
( ) Não ( ) Sim
b) Qual a data da última menstruação?
________________________________
4. Lateralidade:
( ) Destro
( ) Canhoto
5. Raça/Cor da pele:
________________________________
6. Escolaridade:
( )Ensino fundamental incompleto
( )Ensino fundamental completo
( )Ensino médio incompleto
( )Ensino médio completo
( )Ensino superior incompleto
( )Ensino superior completo
( )Pós-graduação incompleta
( )Pós-graduação completa
Indicar Série (para escolares) ou
Curso/Período (para universitários):
________________________________
________________________________
7. Profissão (Se não estuda ou já é
formado):
________________________________
8. Estado Civil:
( ) Solteiro
( ) Casado
( ) Separado
( ) Viúvo
( )
Outros:_________________________
9. Renda familiar:
( ) De 1 à 2 salários mínimos
( ) De 3 à 5 salários mínimos
( ) De 6 à 8 salários mínimos
( ) 9 ou mais salários mínimos
10. Religião:
( ) Católico
( ) Evangélico
182
( ) Ateu
( ) Outras:______________________
11. Você toma café?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior responder as
questões de (a) à (c):
a) Há quanto tempo?
________________________________
b) Quantos dias por semana?
________________________________
c) Quantas vezes por dia?
________________________________
12. Você fuma?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior responder as
questões de (a) e (b):
e) Há quanto tempo?
________________________________
f) Quantos cigarros por dia?
________________________________
13. Você está em abstinência do
álcool?
( ) Não ( ) Sim
Há quanto tempo?
________________________________
14. Com quantos anos você começou
a consumir bebidas alcoólicas?
________________________________
15. Por quanto tempo você consumiu
bebidas alcoólicas?
________________________________
16. Qual era o principal tipo de
bebida consumida?
________________________________
17. Que tipo de tratamento
relacionado aos problemas com
ingestão de álcool você recebeu?
( ) Grupos de Auto-Ajuda
( ) Psicólogo/Terapia
( ) Médico/remédios
Qual (is) remédios?
________________________________
18. O que o (a) levou a buscar
tratamento?
________________________________
________________________________
________________________________
19. Você tem histórico familiar de
alcoolismo (alguém de sua família é
alcoolista)?
( ) Não ( ) Sim
Qual o grau de parentesco com o
familiar?
________________________________
20. Você já fez uso de alguma droga
ilícita (maconha, craque, êxtase, LSD,
etc.)?
183
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
21. Você faz atualmente uso de
alguma droga ilícita (maconha,
craque, êxtase, LSD, etc.)?
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
22. Você tem alguma doença geral
crônica que necessite de tratamento
medicamentoso (diabetes,
hipertensão, etc.)?
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
23. Você tem alguma doença
neuropsiquiátrica que necessite de
tratamento medicamentoso
(depressão, epilepsia, esquizofrenia,
etc.)?
( ) Não ( ) Sim
Qual?___________________________
24. Você faz uso contínuo de algum
medicamento no momento?
( ) Não ( ) Sim
Qual (is)?________________________
________________________________
________________________________
________________________________
25. Você já foi a um
Otorrinolaringologista (Médico de
ouvido, nariz, e garganta)?
( ) Não ( ) Sim
Por que
razão?___________________________
________________________________
26. Você já foi a um Fonoaudiólogo?
( ) Não ( ) Sim
Por que
razão?___________________________
________________________________
27. Você acha que escuta bem?
( ) Não ( ) Sim
Por
quê?___________________________
28. Você tem ou já teve algum
treinamento musical?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior, responda as questões
de (a) à (d):
a) O treinamento é (foi):
( ) atual ( )anterior
b) O treinamento é (foi):
( ) Formal (em escolas)
( ) Informal (aprendeu sozinho/alguém
próximo ensinou)
Especificar:______________________
c) Qual o tipo de treinamento? (por
exemplo, curso de canto ou de violão)
________________________________
________________________________
184
d) Quanto tempo durou esse
treinamento?
________________________________
________________________________
e) Que idade você tinha quando teve
esse treinamento?
________________________________
________________________________
29. Você possui alguma habilidade
musical?
( ) Não ( ) Sim
Se respondeu afirmativamente a
pergunta anterior, responda as questões
de (a) à (c):
a) Qual o tipo de habilidade?
( ) Canta ( ) Toca algum instrumento
Especificar:______________________
( ) Reconhece notas musicais isoladas
( ) Outra.
Especificar:______________________
b) Idade na qual começou a ter tal
habilidade?_______________________
c) Idade na qual se tornou fluente em tal
habilidade?_______________________
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO:________________
NOME:_______________________________________________________________
TELEFONES:_________________________________________________________
E-MAIL:______________________________________________________________
DATA:______/______/______
OUTRAS OBSERVAÇÕES:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________