Post on 09-Nov-2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE EPIZOOTIA DE FEBRE
AMARELA EM PRIMATAS NÃO-HUMANOS EM APARECIDA DE
GOIÂNIA, GOIÁS, NO PERÍODO DE 2007 A 2010
Denizard André de Abreu Delfino
Orientadora: Maria Auxiliadora Andrade
GOIÂNIA 2011
iii
DENIZARD ANDRÉ DE ABREU DELFINO
INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE EPIZOOTIA DE FEBRE
AMARELA EM PRIMATAS NÃO-HUMANOS EM APARECIDA DE
GOIÂNIA, GOIÁS, NO PERÍODO DE 2007 A 2010
Dissertação apresentada para
obtenção do grau de Mestre em
Ciência Animal junto à Escola de
Veterinária da Universidade Federal
de Goiás
Área de concentração: Sanidade Animal
Linha de pesquisa:
Epidemiologia das doenças infecciosas
Orientadora:
Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade – UFG
Comitê de orientação:
Prof. Dr. Aires Manoel de Souza – UFG
Prof. Dr. Valéria de Sá Jayme – UFG
GOIÂNIA 2011
iv
Ficha catalográfica elaborada por:
Lilian C. de Pádua Guimarães – Bibliotecária CRB1 1819
Delfino, Denizard André de Abreu.
Investigação epidemiológica de epizootia de febre amarela em
primatas não-humanos em Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil. /
Denizard André de Abreu Delfino. – 2011.
36 f.
Orientadora (a): Profª. Drª. Maria Auxiliadora de Andrade
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal De Goiás, Escola de
Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, 2011.
1. Diagnóstico 2. Epidemiologia 3. Macacos 4. Vírus Amarílico.
I Título
CDU: 619:616.9(817.3)
v
DEDICO
A Lourdes Marina Alencar Delfino e Rafael
Alencar Delfino
OFEREÇO
A minha amada esposa Claudia Regina Alencar dos Santos, ao meu querido pai
Antônio Delfino Pereira e as minhas irmãs Helvídia Dulcineia de Abreu Delfino e
Deborah Lena de Abreu Delfino
vii
AGRADECIMENTOS
É com extrema emoção que escrevo estas poucas palavras de agradecimentos
para aqueles que foram responsáveis por mais esta vitória alcançada na minha
vida:
Antônio Delfino, meu sábio pai que nos seus oitenta e cinco anos se mantém em
lucidez e saúde como um jovem de vinte e cinco anos.
Claudia Regina, minha esposa e companheira de todas as horas, principalmente
nas mais difíceis que passamos juntos e que sem seu apoio não chegaria aonde
cheguei.
Lourdes Marina e Rafael, meus filhos e presentes dos céus, pois eles preenchem
toda minha vida e o significado da palavra pai.
Profa. Maria Auxiliadora, que sempre me apoio e confiou em mim, desde a
graduação e do meu estágio curricular, quando foi possível a minha viagem para
Garanhuns-PE.
Profa. Valéria, que acreditou e me apoio nesta etapa da minha vida com paciência
e persistência.
Prof. Aires, a mais de duas décadas, primeiro professor, colega de profissão e um
grande amigo.
Prof. Francisco, um grande professor e defensor dos médicos veterinários.
Dr. Leonardo, ex-chefe, colega de trabalho e amigo, pelo incentivo.
E a Deus que me deu forças naqueles momentos em que sem o seu apoio, fé e humildade, muitos outros não conseguiram superar os obstáculos e desistiram sem conhecerem este momento mágico de realização pessoal, profissional e acima de tudo espiritual. Obrigado, ó Pai!
viii
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................. vi
ABSTRAT ............................................................................................................. vii
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 3
3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 8
3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 8
3.2. Objetivos específicos .................................................................................... 8
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 9
4.1 Aspectos da área estudada ............................................................................ 9
4.2 Definições de um caso ................................................................................... 9
4.3 Etapas da investigação ................................................................................ 10
4.3.1 Planejamento das ações ........................................................................... 10
4.3.2 Registro fotográfico ................................................................................... 10
4.3.3 Captura de primatas não-humanos ........................................................... 11
4.3.4 Colheita e envio de material para exame laboratorial ................................ 11
4.3.5 Bloqueio vacinal ........................................................................................ 12
4.4 Exames Laboratoriais ................................................................................... 12
4.4.1 Isolamento e identificação viral ................................................................. 13
4.4.2 Detecção de antígenos virais e/ou ácidos nucléicos virais ....................... 13
4.4.3 Diagnóstico histopatológico ....................................................................... 13
4.4.4 Testes sorológicos .................................................................................... 13
4.4.5 MAC-ELISA ............................................................................................... 13
4.5 Análise estatística ........................................................................................ 14
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 15
6. CONCLUSÕES .............................................................................................. 27
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 28
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 29
ANEXOS. ........................................................................................................... 32
ix
RESUMO
O presente estudo constituiu na condução e análises de ações desenvolvidas no
controle da epizootia de febre amarela em primatas não-humanos, registrada nos
meses de novembro 2007 a março de 2010 em Aparecida de Goiânia, Goiás. As
informações epidemiológicas primárias relativas à enfermidade foram obtidas
junto à Secretaria Municipal de Saúde, pelo Centro de Controle de Zoonoses
local. A partir das fichas de notificação para epizootia os dados foram analisados.
Foi realizado estudo descritivo, que estudou as ações de controle, como bloqueio
vacinal contra a FA pela secretaria municipal de saúde do município e a avaliação
das barreiras físicas na contenção do vírus amarílico. Foi utilizada a inspeção de
58 primatas não-humanos mortos, que representaram 100% dos animais
encontrados no período acima citado, sendo que destes 34,48% (20/58) estavam
aptos para colheita de amostras, segundo as especificações do com o Manual de
Epizootia. Deste montante, foram coletados 27,59% (16/58) de macacos, com
uma positividade para o vírus amarílico de 3,45% (2/58). Avaliando as ações que
contribuíram para realização da investigação epidemiológica no município,
destaca-se que ocorreram mortes entre três gêneros e espécies de primatas não-
humanos, Alouatta caraya, Cebus spp. e Callithrix spp., com a circulação do vírus
da FA em duas localidades com características epidemiológicas distintas. As
áreas de maior ocorrência de mortes de macacos foram aquelas com maior grau
de antropização, caracterizadas por alterações ambientais recentes e
manutenção residual de áreas naturais.
__________________
PALAVRAS-CHAVES: Diagnóstico, epidemiologia, macacos, vírus amarílico.
x
ABSTRACT
The objective of this study was to carry out and analyze the actions taken to
control the yellow fever epizootic in non-human primates, recorded in November
2007 to March 2010 in Aparecida de Goiania, Goias Brazil. The primary
epidemiological information on the disease was obtained from the Municipal
Health Secretariat, by the local Center for Zoonosis Control. Data were analyzed
from the outbreak reports. In A descriptive study, the control actions, such as
blocking vaccine against yellow fever by the municipal health department and the
evaluation of physical barriers to contain the virus, were verified. The inspection of
58 dead nonhuman primates, representing 100% of the animals found in the
period previously mentioned, was used. From these, 34.48% (20/58) were able to
have samples collected, according to the specifications of the Epizooty Handbook
Of this amount (58), 27.59% (16/58) of monkeys were collected and3.45% (2/58)
presented positivity for yellow fever virus.
By evaluating the actions that contributed to the epidemiological assessment at
the city, it is emphasized the occurrence of three deaths among genera and
species of nonhuman primates, Alouatta caraya, Cebus apella and Callithrix spp,
with the circulation of yellow fever virus in two cities with epidemiological distinct
characteristics. The areas which showed the highest incidence of deaths of
monkeys had also the greatest degree of urban growth, characterized by recent
environmental changes and residual maintenance of natural areas.
__________
KEYWORDS: diagnosis, epidemiology, monkey, yellow fever virus
1 INTRODUÇÃO
A febre amarela (FA) é uma doença infecciosa febril aguda, de curta
duração, no máximo 10 dias, causada por Flavivírus que tem como hospedeiro
natural os primatas não-humanos (PNH) que habitam as florestas tropicais e
equatoriais e se apresenta de forma cíclica, ou seja, em períodos de tempo, com
maior intensidade a cada cinco ou sete anos. São identificados dois tipos de FA:
febre amarela silvestre (FAS) e a febre amarela urbana (FAU), ela é transmitida
para o homem e animais através da picada de vetores artrópodes Haemagogus
ou Sabethes infectados (VASCONCELOS, 2003).
No caso da FAU, a transmissão ocorre pela picada do Aedes aegypti, o
mesmo agente do dengue. Os dois tipos de febre amarela apresentam as
mesmas manifestações clínicas, diferenciando-se pelo modo de transmissão
(MONATH, 2001).
As pessoas infectadas com o vírus da FAS são geralmente indivíduos
jovens do sexo masculino realizando atividades agropecuárias e de extração de
madeira, que adentram a floresta sem terem sido vacinados. Contudo com as
crescentes atividades de eco turismo, as características das pessoas afetadas por
esta enfermidade têm mudado, registrando-se o acometimento de jovens,
mulheres e crianças (BRASIL, 2009; VASCONCELOS et al. 2001a).
Para a vigilância da FAS, os PNH são considerados animais sinalizadores,
ou seja, animais sentinelas, sendo que em qualquer situação de mortes de
macacos se desencadeiam medidas de investigação epidemiológica e vacinação
de pessoas nas áreas de risco (BRASIL, 2005).
De acordo com BRASIL (2009), o último caso da febre amarela do tipo
urbana ocorreu em 1942, no Acre. Em virtude do grande número de mosquitos
Aedes aegypti em todo País, acredita-se que novos casos possam surgir, já que
se a pessoa infectada pela forma silvestre da doença for picada pelos mosquitos
Aedes aegypti e Aedes albopictus, é possível que aconteça a transmissão,
caracterizando-se em risco de reurbanização da FA no Brasil. Contudo, segundo
observado no estudo que analisou a infestação de Aedes aegypti e Aedes
albopictus e sua associação com fatores climáticos e com a sua frequência em
2
criadouros de área urbana realizado por MUTEBI et al. (2001), os resultados
evidenciaram no período a predominância de Aedes. aegypti sobre Aedes
albopictus em área urbana, indicando que o crescimento populacional do primeiro
parece ter afetado a chance de sua coexistência. Sugere-se que algum processo
de seleção natural possa estar operando e desse modo contribuindo para levar à
separação das duas espécies (ROBERTSON et al., 1996; COSTA et al., 2002).
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
A FA é uma doença infecciosa não contagiosa, classificada como uma
arbovirose, que se mantém endêmica ou enzoótica nas florestas tropicais da
América e África, causando periodicamente surtos isolados ou epidemias de
maior ou menor impacto em saúde pública. A transmissão de pessoa para pessoa
não ocorre por contágio (MONATH, 2001; BRASIL, 2009a).
A FA destaca-se como um dos principais problemas de Saúde Pública já
enfrentados pelo Brasil, tanto pelo alto índice de letalidade da doença, como pelo
desconhecimento da sua profilaxia e tratamento, na segunda metade do século
passado, quando ela se instalou no litoral brasileiro e depois se alastrou pelo
interior do País. Pelo seu caráter zoonótico e sua distribuição na maioria do
território nacional, ainda hoje o seu controle tem sido um grande desafio para as
autoridades responsáveis pela Saúde Púbica (BRASIL, 2005).
De acordo com VASCONCELOS (2003), o vírus da FA pertence ao gênero
Flavivirus da família Flaviviridae (do latim flavus, amarelo). Ele pertence ao
mesmo gênero e família de vírus responsáveis por doenças no homem, entre os
quais do dengue, da febre do Nilo, do rocio e da encefalite de St. Louis. Embora
apenas um sorotipo do vírus amarílico seja reconhecido, há pequenas alterações
genéticas entre as cepas da América e da África que permitem atualmente
caracterizar dois e cinco genótipos, respectivamente, não estando esclarecido se
um é mais patogênico que o outro.
Segundo o mesmo autor, nas Américas não se encontram os
transmissores africanos. No entanto, outros mosquitos mostram-se responsáveis
pela transmissão da forma silvestre da arbovirose. No Novo Mundo, os mosquitos
dos gêneros Haemagogus (Haemagogus janthinomys, Haemagogus
albomaculatus, Haemagogus leucocelaenus, etc.) e Sabethes (Sabethes
chloropterus, Sabethes soperi, Sabethes cyaneus, etc.) constituem os vetores da
FAS.
Os mosquitos transmissores da FA são primatófilos, ou seja, se
alimentam preferencialmente em macacos e, secundariamente, no homem, e
apresentam atividade diurna. Destaca-se este aspecto agravante, uma vez que a
4
maioria dos indivíduos que adoeceram desenvolviam suas atividades e incursões
nas matas neste período. Durante as epidemias os mosquitos dessa espécie que
habitam a copa das árvores, também têm sido encontrados frequentemente
infectados com elevados índices de infecção. Essas características explicam a
facilidade em transmitir a virose, e credenciam este mosquito, por conseguinte,
como o principal transmissor da febre amarela no Brasil e em quase todos os
países da América do Sul onde a arbovirose revela-se endêmica
(VASCONCELOS, 2003).
No Novo Mundo, todos os gêneros de primatas não humanos
reconhecidos e infectados experimentalmente, se mostraram sensíveis e
suscetíveis ao vírus amarílico (VASCONCELOS, 2003).
Nos séculos XVIII e XIX, os Estados Unidos foram acometidos
repetidas vezes por epidemias devastadoras. A doença foi para onde a doença
era levada através de navios procedentes das índias Ocidentais e do Caribe
(BRASIL, 2009).
No Brasil, a FA foi registrada pela primeira vez em Pernambuco, no ano de
1685, onde permaneceu durante 10 anos. A cidade de Salvador também foi
atingida, onde a doença causou cerca de 900 mortes em seis anos. A realização
de grandes campanhas de prevenção possibilitou o controle das epidemias,
mantendo um período de silêncio epidemiológico por cerca de 150 anos no País
(BRASIL, 2008).
O ciclo silvestre só foi identificado em 1932 e desde então surtos
localizados acontecem nas áreas classificadas como áreas de risco: endêmica
(estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Rondônia, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Maranhão) e de
transição (parte dos estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul) (BRASIL, 2009).
O vírus amarílico apresenta-se em sua forma clássica como agente de
febre hemorrágica de elevada letalidade. Apesar de constituir-se na febre
hemorrágica viral original, a primeira descrita no mundo, a FA persiste como grave
problema de Saúde Pública em diversas regiões do Brasil. A letalidade global
varia de 5% a 10% mas entre os casos graves, que evoluem com síndromes
5
ictero-hemorrágica e hepatorenal, pode chegar a 50% (VASCONCELOS, 2000;
TESH et al., 2001).
Sob o ponto de vista epidemiológico, a enfermidade é classificada em duas
formas, rural e urbana, que diferem entre si quanto à natureza dos transmissores
e dos hospedeiros vertebrados e o local de ocorrência (MONATH, 2001). A forma
urbana foi erradicada nas Américas em 1954, mas ainda há ocorrência na África
(BRASIL, 2009).
Segundo BRASIL (2009), na FAS o vírus circula entre animais silvestres,
dentre eles os macacos que, no período de viremia, ao serem picados pelos
mosquitos silvestres lhe repassam o vírus. O homem susceptível infecta-se ao
penetrar na mata e ser picado por mosquitos infectados e, desta forma, é inserido
acidentalmente no ciclo de transmissão: macaco → mosquito silvestre → homem.
Os PNH são sentinelas da circulação do vírus causador da FA, uma vez
que a morte destes animais pode indicar a presença do vírus em uma
determinada região. As epizootias podem preceder a ocorrência de doenças em
humano. As epizootias em PNH, bem como outras de importância epidemiológica,
tornaram-se de notificação imediata a partir da Portaria Nº. 5, de 21 de fevereiro
de 2006, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, a qual
inclui doenças na relação nacional de notificação compulsória e define doenças
de notificação imediata. A partir da necessidade de notificação imediata, os
profissionais de saúde têm que fazer uso da ficha de notificação de epizootia
(anexo 1) sempre que tomarem conhecimento da morte de PNH (BRASIL, 2009).
Segundo a mesma fonte, na FAU o vírus é introduzido no ciclo pelo homem
em período de viremia. Ao ser picado pelo Aedes aegypti, este vetor torna-se
infectado, passa pelo período de incubação extrínseca e estará apto a transmitir o
vírus para outras pessoas susceptíveis, iniciando o ciclo de transmissão:
homem→ Aedes aegypti → homem.Na forma urbana da doença, o homem se
constitui no único hospedeiro. Alguns animais domésticos aparentam serem
receptivos ao vírus amarílico, mas não sensíveis ou seja não desenvolvem
doença, como por exemplo, os cães que desenvolvem apenas resposta febril
após inoculação periférica
6
Segundo observado por COSTA (2005), os registros nacionais de FA
constantes do banco de dados do Ministério da Saúde datam do ano de 1930. O
coeficiente de incidência médio anual tem variado em torno de 0,02
casos/100.000 habitantes/ano e a taxa de letalidade média, em torno de 44,6%.
Embora o risco de adoecer por FA seja baixo, esta enfermidade ainda é
tratada de forma diferenciada pelos organismos internacionais de saúde, o que
impõe pronta notificação de qualquer evento suspeito que sinalize a circulação do
vírus em uma área. E por apresentar grande potencial epidêmico, geralmente com
altas taxas de letalidade durante os surtos, bem como por seus impactos
adversos sobre o turismo e o comércio (BRASIL, 2001).
Segundo PATZ & KOVATS (2002) VASCONCELOS (2010), estudos têm
mostrado que a atividade da transmissão no ciclo silvestre é afetada tanto por
fatores ecológicos como por outros relacionados ao comportamento humano
Embora seja difícil de medir e avaliar o impacto das condições climáticas sobre o
início e a magnitude de um surto ou epidemia de FA, estudo realizado no Estado
de Goiás durante a epidemia de 2000, mostrou que as condições climáticas
desempenharam um papel crucial na determinação sua magnitude. Uma pesquisa
de 10 anos de dados oficiais registrados entre 1991 e 2000 pelo Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET), mostrou que o aumento da temperatura e índice
pluviométrico foi muito maior em 2000 do que a média para 1990-1999. Isto
sugere que o aumento das chuvas favoreceram a proliferação do mosquito e na
temperatura promoveram a disseminação e transmissão do vírus amarílico no
ambiente.
Segundo VASCONCELOS (2003) e BRASIL (2009), no início do século
XIX, a maior parte território do Brasil era área de risco para FA. Com a
erradicação do ciclo urbano no ano de 1942 e a manutenção de casos humanos
transmitidos no ciclo silvestre, tem sido necessário manter constante a vigilância
nas áreas com risco e de transmissão da doença no País, considerando que o
processo de circulação e manutenção do vírus amarílico é de grande importância
no contexto da Saúde Pública. Neste sentido, considerando aspectos
epidemiológicos, ambientais e gerais, foram delimitadas duas áreas
epidemiologicamente distintas, caracterizando áreas com circulação do vírus,
7
portanto com recomendação de vacinação contra FA e sem circulação do vírus,
não sendo necessária a vacinação
VASCONCELOS et al. (2001) afirmaram que até o início dos anos 90
apenas o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, realizava o diagnóstico da
doença na área endêmica. Hoje há laboratórios realizando o diagnóstico no Acre,
Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Tocantins, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro. Houve, portanto,
melhora sensível da capacidade laboratorial, o que torna mais ágil a vigilância
epidemiológica. Também as técnicas diagnósticas evoluíram muito, com a
introdução da imunohistoquímica e RT-PCR, que vieram complementar as
técnicas de isolamento viral e sorologia, especialmente a identificação de IgM
pelo ensaio (TESH et al. 2001).
Diante do cenário atual, considerando a expansão da zoonose, com riscos
de reurbanização, seus impactos econômicos, sociais e sanitários, e sua
importância no município de Aparecida de Goiânia, propôs-se este estudo. Ao
enfocar a evolução espacial e temporal da enfermidade, a descrição das
localidades de morte de macacos, a identificação das espécies envolvidas e as
ações de controle da FA, a pesquisa contribui para o sistema de vigilância
epidemiológica da FA, reduzindo a sua magnitude.
8
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Elucidar a dinâmica espaço-temporal da epizootia de febre amarela em
Aparecida de Goiânia, no período de 2007 a 2010.
3.2 Objetivos específicos
Descrever as localidades de ocorrência de epizootias em primatas não-
humanos de no município.
Identificar as espécies de primatas não-humanos relacionadas com a
epizootia de febre amarela em Aparecida de Goiânia-GO.
Analisar as amostras suspeitas do vírus amarílico colhidos em primatas
não-humanos.
Avaliar as ações de controle da febre amarela no município de ocorrência.
9
4 MATERIAL E MÉTODOS
No período de novembro de 2007 a março de 2010 foi desenvolvido estudo
epidemiológico descritivo no município de Aparecida de Goiânia. Utilizou-se a
ficha específica para notificação de morte de macacos do Ministério da Saúde
pelo seu Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, que é
alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças
e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória
(Portaria GM/MS Nº 2325 de 08 de dezembro de 2003) (BRASIL, 2009b)
(Anexo1).
Durante a investigação epidemiológica e com o auxílio da ficha de epizootia
utilizada para a notificação, extraíram-se algumas informações que alimentaram o
banco de dados, tais como: tipo de notificação; data da notificação e início da
epizootia, local de ocorrência de epizootia, incluído-se pontos geodésicos de
geoferenciamento via satélite, com localização através de auxílio de aparelho de
GPS, marca Garmin Etrex Legend H (com antena de alta sensibilidade,) e
identificação dos órgãos coletados.
4.1 Aspectos da área estudada
O município de Aparecida de Goiânia integra a macro região de Goiânia,
juntamente com 19 outros municípios, faz limites com os municípios de Goiânia,
Abadia de Goiás, Aragoiânia, Hidrolândia, Nova Fátima, Bela Vista de Goiás e
Senador Canêdo (IBGE, 2010), sendo o segundo maior município do estado, com
área de 288,34 km² e uma população de 455.735 habitantes, distribuída em 249
bairros.
Recebe aproximadamente 20.000 imigrantes por ano, possui uma
população flutuante: 150.000 habitantes, que são pessoas que residem no
município, mas desenvolvem suas atividades nos municípios limítrofes
principalmente em Goiânia.
10
O município possui uma grande quantidade de terrenos baldios e limites
imprecisos entre zona rural e urbana.
4.2 Definições de caso
Os técnicos da Vigilância Epidemiológica e do Centro de Controle de
Zoonoses (CCZ) do município de Aparecida de Goiânia, juntamente com o
mestrando, após o recebimento das notificações de mortes de PNH, deslocaram-
se às localidades de mortes de macacos, para averiguar a veracidade das
mesmas, onde seguiram-se as recomendações técnica contidas no Manual de
Vigilância de Epizootia, que consideram uma epizootia de PNH após a
visualização de animais mortos e/ou vestígios por técnicos da equipe de
investigação epidemiológica ( BRASIL, 2005).
4.3 Etapas da investigação
Após as confirmações de mortes de macacos, adotaram-se as medidas
descritas abaixo.
4.3.1 Planejamentos das ações
As ações implementadas foram desenvolvidas por um grupo
multiprofissional de técnicos (médicos, enfermeiros, veterinários e biólogo)
incluindo o mestrando, utilizando-se de equipamentos de proteção individual (EPI)
(luvas de procedimentos, máscaras semi faciais com filtro de segurança nível 3
(P3), óculos de acrílico, luvas de raspa de couro, macacões de brim, aventais
descartáveis, botas de borracha), materiais cirúrgicos (tesouras, pinças, bisturis),
frascos plásticos de 3 mL para coleta de fragmentos de vísceras, frascos tipo
vacuntainer, formol tamponado a 10% para conservação de vísceras para os
exames de Imunositoquímica, balão de nitrogênio e recipiente de descarte dos
perfuro cortantes (BRASIL, 2005).
11
4.3.2 Registro fotográfico
Seguindo a ficha de investigação de epizootia de PNH, fotografaram-se os
animais mortos, as carcaças mesmo se em decomposição (vestígios), as
características que identificassem o ambiente, tais como a presença ou ausência
de matas ciliares, matas remanescentes ou outras vegetações utilizadas como
abrigo, refúgio e fonte de alimento para os PNH. Através deste registro
fotografaram-se também imagens que identificassem as áreas urbanas, peri
urbanas ou rurais, assim como as proximidades das residências e características
que identificassem as áreas antropizadas.
4.3.3 Captura de primatas não-humanos
Em todos os procedimentos que envolveram PNH, foram utilizados EPI,
seguindo as normas de biossegurança. Fez-se necessária a retirada de licença
para coleta de material zoológico que foi previamente autorizada pelo órgão
competente (IBAMA, conforme Portaria Nº 332, de 13.3.90) (Anexo 2).
Com a declaração de nocividade utilizou-se a Instrução Normativa 141 de
19.12.2006. As capturas de animais doentes e que estavam no solo foram
realizadas mediante a utilização de puçá e luvas de couro. No tocante a animais
sadios ou doentes que se localizavam nos extratos arbóreos mais altos, nada
pode ser feito por falta de equipamentos de captura adequados.
12
4.3.4 Colheita e envio de material para exame de laboratorial
Macacos encontrados mortos ou doentes não foram removidos para outro
lugar, sobretudo para áreas com grande densidade populacional. Todos os
procedimentos que foram necessários, incluindo colheita de material para envio
ao laboratório, foram realizados no local.
Dependendo da situação encontrada no campo, adotaram-se diferentes
estratégias de ação:
a) somente a ossada – não foram colhidos materiais, preencheu-se a ficha
de notificação de epizootia.
b) estado de putrefação - não foram colhidos materiais, preencheu-se a
ficha de notificação de epizootia.
c) animal recém morto (em torno de seis horas/para isolamento viral), sem
decomposição – coletaram-se de seis a 10 mL de sangue direto do coração ou
veia, usando seringa e agulha compatível com o porte do animal e calibre dos
vasos. Foram colhidos fragmentos de vísceras de 1 a 3 cm³ do coração, baço,
rim, fígado, em duplicata, sendo a primeira parte da amostra congelada. Em
alguns casos pela impossibilidade de utilização do balão de nitrogênio os
materiais foram transportados do local da colheita até o CCZ, conservado em gelo
comum e logo em seguida transferidos para o balão de nitrogênio, para serem
armazenados posteriormente no freezer a -70 º C, juntamente com a segunda
parte das amostras conservadas em tubos de vacuntainer, conservados em
formol tamponado a 10%, enviados ao Laboratório Central de Saúde Pública
(LACEN-GO), segundo as especificações de BRASIL (2005).
Após a colheita, colocaram-se 0,5 a 1 mL de sangue total em um tubo de
vidro ou plástico, preferencialmente do tipo criogênico, registraram-se nos rótulos,
com fita crepe ou esparadrapo, todas as informações necessárias, tais como local
de captura, espécie ou nome comum do animal, sexo, tipo de material (ex.:
sangue e data da coleta), também de acordo com BRASIL (2005).
O descarte das carcaças de PNH, após a colheita de material biológico
foram enterradas em covas fundas na própria mata e os perfurocontantes e
13
materiais hospitalares foram enviados a secretaria municipal de saúde para
destino adequado.
4.3.5 Identificação das espécies
As espécies de PNH foram identificadas com base no trabalho de
EMMONS & FEER (1997), complementado com estudos específicos para alguns
grupos taxonômicos seguindo SIMMONS & VOSS (1998).
4.3.6 Bloqueio vacinal
Seguindo orientação do Ministério da Saúde, foram conferidos os cartões
de vacinação das pessoas que moravam em torno dos locais onde foram
encontrados macacos mortos. A vacinação foi realizada na população exposta em
forma de bloqueio da área, de casa a casa, FA pelo setor de imunização do
município, trabalho que foi acompanhado pelo mestrando.
4.4 Exames laboratoriais
Das amostras colhidas e enviadas ao IEC, foram realizados os seguintes
exames:
4.4.1 Isolamento e identificação viral – Em sangue, “pool” de órgãos em
camundongos recém nascidos ou cultivos celulares. Após o isolamento o vírus foi
identificado por meio de teste de imunofluorescência indireta.
4.4.2 Detecção de antígenos virais e/ou ácidos nucléicos virais – pelo
Imunohistoquímica e reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa
(RT-PCR).
14
4.4.3 Diagnóstico histopatológico
Realizado a partir de amostras conservadas em formol neutro a 10%,
segundo recomendações de BRASIL (2005). Foram encaminhados fragmentos de
fígado, rins, baço e coração.
4.4.4Testes sorológicos
Os testes sorológicos são utilizados como triagem e complementam o
isolamento viral e testes moleculares (RTPCR), sendo utilizados como
alternativas ao diagnóstico:
4.4.5 MAC-ELISA
Esta técnica foi aplicada em 16 amostras, para detecção de anticorpos
específicos da classe IgM. É o teste de eleição para triagem de casos, por ser
sensível e dispensar coleta de duas amostras.
4.5 Análise estatística
A descrição espaço-temporal da FA em Aparecida de Goiânia foi realizada
através da análise descritiva dos dados, adotando-se as proposições de
SAMPAIO (2007) Para a análise dos dados epidemiológicos foi construído um
banco de dados com o auxílio da planilha eletrônica do BrOffic.org. © versão. 3.3.1
contendo: localização geodésica da ocorrência de morte de PNH, espécie
acometida, data da ocorrência, número de amostras colhidas, material colhido,
exames laboratoriais realizados.
15
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas 31 fichas (SINAN) de notificações de epizootias de PNH
em Aparecida de Goiânia nos meses de novembro de 2007 a março de 2010,
compreendendo um período de 30 meses de estudo.
Em todas foi compulsada a condição de mortalidade que está apresentada
na Figura 1.
.
y = -0,1686x + 4,4805
R2 = 0,1988
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Meses
Nú
me
ro d
e c
as
os
no
tifi
ca
do
s
Número de casos Linear (Número de casos)
FIGURA 1: Número de casos de mortes de primatas não-humanos em série
histórica de 30 meses no município de Aparecida de Goiânia, Goiás
2007 a 2010.
Os primeiros casos de mortes de macacos no município iniciaram-se em
junho de 2007, segundo dados da investigação epidemiológica da Secretaria
Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS). Contudo, as colheitas de
material de PNH iniciaram-se a partir do mês de novembro de 2007, com o
primeiro registro de morte de macaco e colheita de material de PNH do gênero
Alouatta caraya no Setor Rosa Sul, na chácara Santa Terezinha, em reserva
biológica. As notificações continuaram sendo estudadas até o mês de março de
2010, todas registradas dentro do município de Aparecida de Goiânia, como se
segue.
16
Nos primeiros dois meses da epizootia ocorreram 16 mortes de macacos,
período este foi dado maior ênfase pela mídia, reportando diariamente os casos
de FA, as mortes de macacos em todo Estado e a necessidade de se estar atento
com os cuidados básicos na prevenção desta doença, em destaque a vacinação
das pessoas em área de risco, gerando um estado de alerta da população a
qualquer movimentação ou alteração de comportamento dos PNH, configurando
um surto epidêmico, pela quantidade de notificações e colheita de material neste
período (Figura 1).
Observa-se ainda na Figura 1, que durante os 30 meses de estudo, não
ocorreram notificações em 15 meses e também verifica-se uma curva de
tendência descendente durante os meses de estudo.
Destaca-se o caráter cíclico da epizootia de PNH, sendo que a última
epizootia ocorrida no estado de Goiás foi no ano 2003, confirmando os intervalos
que variam de um período de quatro a sete anos, desde o último surto epidêmico.
Este espaço de tempo entre o aparecimento de mortes de macacos reflete o
tempo necessário para recuperação de novos animais no ambiente por onde
houve a circulação do vírus e conseqüente morte de PNH. As epizootias de
macacos têm esta particularidade temporal em função da população, pois os
macacos assim como os seres humanos são susceptíveis a FA.
Os mosquitos, devido à persistência do vírus em seu organismo por tempo
mais longo do que nos macacos seriam os verdadeiros reservatórios e vetores da
FA. No continente africano, os macacos mostram-se mais resistentes ao vírus e,
por conseguinte, ainda que desenvolvam a infecção, raramente sucumbem da
doença. Isto permite a rápida renovação da população símia, o que facilita a
manutenção do vírus numa área e encurta os períodos interepidêmicos. Ressalta-
se que após a ocorrência de mortes em determinada região, o período para
recomposição da população destes símios nas regiões afetadas por esta doença
ocorre aproximadamente em intervalos de tempo acima citados
(VASCONCELOS, 2000).
Além disso, deve-se destacar que durante a investigação epidemiológica
identificaram-se outras causas de mortes nos macacos da região estudada. Neste
enfoque, pode-se assinalar um animal morto, Cebus spp, o qual segundo relatos
17
de moradores da região foi encontrado atropelado no setor Nossa Senhora de
Lourdes (1/58); dois animais mortos por choque elétrico sendo um Cebus spp, no
setor Vila Brasília (1/58) e outro Callithrix spp, no setor Vera Cruz e seis PNH
todos do gênero Callithrix spp (6/58), sendo cinco no setor Santa Luzia e um no
setor Jardim Palácio, que segundo relatos das pessoas destas localidades eram
alimentados com sobras de comida e/ou frutas de descartes dos mercados, o que
pode ter determinado um quadro de toxico infecção alimentar.
O município de Aparecida de Goiânia, apesar de ser segundo maior
município goiano, possui particularidades, principalmente no comportamento de
seus moradores, que trazem consigo hábitos de pessoas do interior ou de zona
rural, no tocante a criação de animais domésticos (cães, gatos, pássaros, bovinos
e animais silvestres como animais de companhia). Dentre os animais, destacam-
se os macacos, principalmente os callitriquídios, abundantes no município. Por
serem tratados como animais domésticos, durante o estudo o mestrando e a
equipe receberam vários relatos de mortes de macacos em residências (PINTO,
2009).
Outro dado analisado das 31 notificações foi o número de bairros
atendidos, que está registrado na Tabela 1
TABELA 1: Identificação dos 25 bairros do número de macacos mortos no
município de Aparecida de Goiânia no período de. 2007 a 2010.
BAIRROS Nº DE ANIMAIS % DE ANIMAIS
Del Fiori 01 1,72
Rosa Sul 01 1,72
Nossa Sra. De Lourdes 01 1,72
Residencial Pôr do Sol 01 1,72
Parque Flamboyant 01 1,72
Condomínio Andaluz 01 1,72
Madre Germana 01 1,72
Parque das Nações 01 1,72
Conjunto Estrela do Sul 01 1,72
18
Vila Brasília 01 1,72
Residencial Caraíbas 01 1,72
Jardim Imperial 01 1,72
Bairro Independência 01 1,72
Conjunto Vera Cruz I 01 1,72
Serra Dourada II 01 1,72
Nova Era 02 3,44
Conde dos Arcos 02 3,44
Vila Maria 02 3,44
Conjunto Vera Cruz 02 3,44
Parque Atalaia 03 5,17
Laginha 03 5,17
Santa Luzia 05 8,62
Jardim Palácio 05 8,62
Vale do Sol 05 8,62
Região Santo Antônio 14 24,24
TOTAL 58 100%
Como pôde ser depreendido da análise da Tabela 1, os bairros Parque
Atalaia 5,17% (3/58), Laginha 5,17% (3/58), Santa Luzia 8,62% (5/58), Jardim
Palácio 8,62% (5/58), Vale do Sol 8,62% (5/58) e Região Santo Antônio 24,24%
(14/58) tiveram maior percentual de mortalidade, variando de 5,17% a 24,24%.
Analisando-se esses dados constatou-se a maior concentração de mortes
nesses sete bairros, representando 70% (35/58) das mortes. Essa concentração
de mortes de animais nestas localidades se deve provavelmente às
características da região em que os bairros estão inseridos, pois apresentam
feição rural, bairros com grande quantidade de matas remanescentes e áreas de
menor concentração de moradias. Ressalta-se a região de Santo Antônio, com
maior mortalidade de macacos, uma área de zona rural, com uma mata ciliar
preservada. A mortalidade de macacos foi observada em todo município,
abrangendo de modo inclusivo as regiões limítrofes à Goiânia (área de
19
conurbação) e em ambos os lados da BR-153 e do anel viário da cidade,
evidenciando assim, que as barreiras físicas, como estradas e rodovias, não
foram eficazes na contenção da epizootia de FA em Aparecida de Goiânia. A
Figura 2 apresenta as localidades onde foram registradas mortes de PNH durante
o surto epizoótico em 2007.
FIGURA 2: Distribuição das mortes de PNH durante o surto epizoótico em
Aparecida de Goiânia, 2007.
20
TABELA 2: Localização geodésica das 31 localidades de ocorrência de mortes de macacos, gêneros, condição, quantidade,
coordenadas, notificação e colheita de amostras para pesquisa laboratorial no município de Aparecida de Goiânia no
período de. 2007 a 2010.
Nº GÊNERO CONDIÇÃO QUANTIDADE COORDENADA NOTIFICAÇÃO COLHEITA RESULTADO
01 Alouatta ssp Morto 1 S/ 16°50’16,49” W/49°20’06,39” X Sem Colheita
02 Alouatta ssp Morto 2 S/16°50’45,79“ W/49°20’04,58” X Sem Colheita
03 Alouatta ssp Vivo 1 S/16°50’45,79” W/49°15’15,19” X X Positivo
04 Allouatta Cebus
Mortos 14 S/16°48’01,53” W/49°13’57,93” X X Positivo
05 Alouatta ssp Morto 1 S/16°50’18,50” W/49°17’23,72” X Sem Colheita
06 Alouatta ssp Morto 1 S/16°49’02,72” W/49°17’04,52” X Sem Colheita
07 Alouatta ssp Morto 1 S/16°46’38,24” W/49°20’51,52” X Sem Colheita
08 Alouatta ssp Morto 1 S/16°44’28,12” W/49°13’26,75” X Sem Colheita
09 Callitrix ssp Vivo 1 S/16°45’20,68” W/49°13’46,08” X X Negativo
10 Cebus ssp Morto 1 S/16°50’02,55” W/49°21’42,78” X Sem Colheita
TOTAL 24
11 Callitrix ssp Morto 2 S/16°45’11,00” W/49°17’03,99” X X Negativo
12 Alouatta ssp Morto 1 S/16º48’15,53” W/49°18’27,09” Sem Colheita
13 Callitrix ssp Morto 1 S/16°45’24,13” W/49°13’51,81” Sem Colheita
14 Cebus ssp Morto 1 S/16º48’53,88” W/49º15’54,02” X Sem Colheita
15 Callitrix ssp Morto 2 S/16°45’04,96” W/49°18’06,21” X X Negativo
16 Cebus ssp Morto 1 S/16°44’51,61” W/49°15’26,08” X X Negativo
17 Callitrix ssp Morto 1 S/16°45’25,51” W/49°16’10,59” X X Negativo
18 Callitrix ssp Morto 1 S/16°46’43,56” W/49°14’38,27” X X Negativo
19 Callitrix ssp Mortos 4 S/16°45’40,28” W/49°14’23,49” X X Negativo
20 Callitrix ssp Morto 1 S/16°44’34,20” W/49°17’17,91” Sem Colheita
21
TABELA 2: Localização geodésica das 31 localidades de ocorrência de mortes de macacos, gêneros, condição, quantidade,
coordenadas, notificação e colheita de amostras para pesquisa laboratorial no município de Aparecida de Goiânia no
período de. 2007 a 2010. (Cont.)
21 Callitrix ssp Morto 1 S/16°49’46,09” W/49°15’12,97” Sem Colheita
22 Alouatta ssp Morto 1 S/16°49’01,91” W/49°17’03,76” Sem Colheita
23 Callitrix ssp Morto 1 S/16°46’04,87” W/49°17’54,36” Sem Colheita
24 Cebus ssp Morto 1 S/16°44’58,51” W/49°14’29,54” X X Negativo
25 Callitrix ssp Mortos 5 S/16°45’24,55” W/49°14’42,65” X X Negativo
TOTAL 24
26 Alouatta ssp Morto 1 S/16°40’59,33”.W/49°16’30,82” X X Negativo
27 Callitrix ssp Morto 1 S/16°45’27,5” W/49°15’44,1” X X Negativo
28 Callitrix ssp Morto 1 S/16°4’59,31” W49°18’47,17” X Sem Colheita
29 Callitrix ssp Morto 1 S/16°45’1,30” W/49°16’55” X X Negativo
30 Callitrix ssp Morto 1 S/16°46’51,76” W/49°20’57,06” Sem Colheita
TOTAL 5
31 Callitrix ssp Morto 5 S/16°48’51,6” W/49°20’35,1” X Sem Colheita
TOTAL GERAL 58
22
TABELA 3: Distribuição dos casos por gênero/espécie com suspeita de FAS no
município de Aparecida de Goiânia. 2007 a 2010.
Número de amostra
Gênero animal positivo negativo total
Alouatta caraya 1 2 3
Cebus spp. 1 4 5
Callithrix spp. - 8 8
TOTAL 2 14 16
Como já registrado, neste estudo conduzido com 58 PNH, 20 animais,
representando 34,48% (20/58) dos animais analisados estavam aptos para
colheita. Dos animais aptos foram coletados 16 macacos representando 24,14%
(14/58), com uma positividade para o vírus amarílico de 3,45% (2/58) (Figura 3).
100%
34,48%27,59%
3,45%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
TOTAL APTOS COLETADOS POSITIVOS
TOTAL APTOS COLETADOS POSITIVOS
FIGURA 3: Frequência de animais encontrados mortos, aptos para colheita,
coletados e positivos para Febre Amarela no município de Aparecida de
Goiânia, Goiás. 2007 a 2010.
Como pode ser visualizado na Figura 2, apesar de o número de animais
aptos para colheita ser de 34,48%(20/58), houve um número inferior de amostras
testadas laboratorialmente, 27,59% (16/58). Este fato se explica pelo número de
23
colheitas no Setor Santa Luzia (Pátio da Fundação Pro - Cerrado), quando a
mesma foi realizada por amostragem, já que no momento da investigação, cinco
PNH do gênero Callithrix spp, foram encontrados mortos e somente em dois
foram feitas colheitas de material biológico.
Seguindo orientações de BRASIL (2005), dos 16 animais mortos em
condições de análise, foram colhidos fragmentos em duplicata de coração, fígado,
rim, baço e sangue total, conservados de duas formas: à baixa temperatura de -
70ºC e em formol tamponado a 10%, os quais uma parte desse material foram
remetidos ao IEC e a outra parte permaneceu como reserva técnica no CCZ e no
LACEN-GO.
Das três espécies acometidas o maior grau de dificuldades em colheita de
amostras foram encontradas no gênero Callithrix spp, devido ao seu reduzido
volume corpóreo e consequentemente tamanho das vísceras, principalmente
coração, mostrando-se de extrema dificuldade a punção cardíaca.
O diagnóstico positivo de um animal cujas vísceras tenham sido coletadas
mesmo ultrapassadas o limite de horas sugerido pelo Manual de Vigilância de
Epizootias em PNH, aponta a necessidade de se avaliar, no momento da colheita
de material a campo, se as amostras se encontram viáveis para colheita e análise,
uma vez que nem sempre é possível verificar com exatidão a hora do óbito.
As amostras conservadas que foram colhidas no máximo seis horas após o
óbito, permaneceram conservadas a -70ºC e foram submetidas à Isolamento em
células Vero C6\;36, à Inoculação em camundongos e à Reação da Transcriptase
Reversa à Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), sendo que apenas uma
amostra de coração de Alouatta caraya, submetida aos testes Isolamento em
células C6/36 e Inoculação em camundongos, apresentou resultado positivo para
FA.
As amostras colhidas no prazo acima de seis horas até 24 horas após o
óbito, permaneceram conservadas em formol tamponado a 10% e foram
submetidas a teste de Imunohistoquímica. Dessas amostras, somente um
fragmento de fígado de macaco do gênero Cebus spp apresentou resultado
positivo para FA, conforme registrado na Tabela 03.
24
TABELA 3: Vísceras de primatas não-humanos (fígado, baço, coração e sangue
colhidas) números de amostras, submetidas as provas de isolamento
células Vero, inoculação Camundongo e RT-PCR, com suspeita de FAS
no município de Aparecida de Goiânia, 2007 a 2010.
MATERIAL NÚMERO DE
AMOSTRAS
INOCULAÇÃO
Células vero Camundongo RT-PCR
Fígado 15 15 (-) 15 (-) -
Baço 16 16 (-) -
Coração 08 1 (+) 7 (-) 1 (+) 7 (-) 1 (+) 7(-)
Sangue 11 -
TOTAL GERAL 50 39 23 08
Segundo BRASIL (2009), as peças anatômicas que estavam conservadas
em formol neutro a 10%, foram submetidas às análises histopatológicas e
imunohistoquímica, conforme expresso no Quadro 01.
QUADRO 1: Amostras de vísceras de PNH, fígado, rim e coração, submetidas as
provas de Histopatológico e Imunohistoquimica com suspeita de FAS
no município de Aparecida de Goiânia, números de animais. 2007 a
2010.
Nº Gênero Categoria
de amostra
Resultados
Histopatológico Imunohistoquímica
1 Callithrix Fígado S/A (-)
Callithrix Rim S/A NR
2 Cebus Fígado Hepatite (-)
3 Cebus Rim Glomerulite NR
4 Cebus Coração Miocardite NR
5 Cebus Fígado - (+)
6 Cebus Fígado Congestão (-)
7 Callithrix Fígado S/A (-)
8 Callithrix Fígado Hepatite (-)
9 Callithrix Fígado Hepatite (-)
25
10 Callithrix Fígado Hepatite (-)
11 Callithrix Fígado Hepatite (-)
12 Callithrix Coração Miocardite (-)
13 Callithrix Rim S/A (-)
14 Alouatta Fígado
Congestão /
hemólise (-)
15 Alouatta Coração S/A (+)
16 Alouatta Rim
Congestão /
hemólise (-)
Observa-se que os resultados dos exames histopatológicos das amostras
testadas para FA apresentaram alterações inespecíficas que podem estar
relacionadas a diversas patologias ou podem ter sofrido alterações devido a
demora na colheita de material biológico.
Outros dados que merecem ser assinalados são que, após a confirmação
da morte de macacos nas localidades pela FA, a Vigilância Epidemiológica e o
CCZ local foram acionados, estabelecendo-se o bloqueio vacinal, onde segundos
dados da secretaria municipal de saúde de Aparecida de Goiânia, no município
foram vacinados aproximadamente 150.000 pessoas no período da epizootia, não
se registrando nenhum óbito humano. Foram realizadas palestras e capacitações
para os profissionais de saúde a respeito da FA, no município, melhorando o
atendimento aos pacientes com doenças hemorrágicas e que entrariam no
diagnóstico diferencial da FA no município.
Nas borrifações com bomba Ultra Baixa Velocidade (UBV), onde utilizou-se
o princípio ativo Cipermetrina a 0,3 %, em toda a extensão da área urbana em
ação conjunta com a gerência de controle da dengue, já que estas aplicações
foram realizadas onde fora detectado a mortandade de PNH em área urbanizada
(BRASIL, 2009). No entanto tal procedimento só foi utilizado em áreas urbanas,
não sendo adotado a borrifação em áreas rurais e nas adjacências das matas.
Como já registrado anteriormente, Aparecida de Goiânia é o segundo maior
município do Estado, com expansão de novas moradias e implantação de infra
estrutura de saneamento básico e, em virtude da grande quantidade de
26
imigrantes, sofre com o crescimento desordenado e o desmatamento, tornando-
se uma região intensamente antropizada, com mais de 70% de seu território
ocupado com edificações e reduzida área de preservação, de acordo com PINTO,
(2009).
Outro dado verificado no decorrer do trabalho é que as fichas de
notificações de epizootias eram preenchidas em duplicata, sendo que uma via
acompanhava o material enviado ao laboratório e outra ficava arquivada,
procedimento esse que gerou falhas no sistema de notificação, principalmente
subnotificação. Entretanto, com a inclusão de ficha específica de epizootia no
SINAN, as falhas diminuíram.
Destaca-se que a falta de padronização na colheita, preenchimento e envio
de material para laboratório foram minimizados a partir do inicio de 2008, quando
o Ministério da Saúde, através de sua Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS/MS), em parceria com Instituto Evandro Chagas (IEC) e o Centro Nacional
de Primatas (CENP), promoveram o I Curso de Vigilância de Epizootias em
Primatas, a fim de compor a Equipe Nacional de Investigação de Campo em
Situações de Emergência Epidemiológica para a FA, capacitando-os para atuarem
em emergências de epizootias de FA. Neste curso, houve a participação de
técnicos da equipe do CCZ de Aparecida de Goiânia e LACEN-GO, resultando em
maior homogeneidade na notificação, colheita e envio de material para pesquisa
laboratorial.
Como já assinalado anteriormente, dentre as atividades de controle da FA
desenvolvidas no município de Aparecida de Goiânia, a Gerência de Controle de
Vetores da SMS realizou borrifações com UBV (Ultra Baixo Volume) em dezenove
bairros, ações essas independente das desenvolvidas, que se mostraram de
extrema importância para evitar a penetração do vetor do ciclo silvestre
(Haemagogus e Sabethes), nas áreas urbanas que fazem limite com áreas rurais.
27
6 CONCLUSÕES
A epizootia em PNH no município de Aparecida de Goiânia ocorreu no
período de junho de 2007 a dezembro de 2010, com pico nos meses de outubro
de 2007 a maio de 2008, onde verificou-se maior concentração de óbitos de
macacos.
Ao longo do período de estudo houve surtos epidêmicos, caracterizados
por concentração de mortes de macacos em determinadas localidades.
Observou-se, contudo, que com a evolução temporal as mortes foram ficando
menos frequentes e com tendências à estagnação, como se verificou pelo número
decrescente de notificações registradas nos últimos meses de estudo.
Ocorreram mortes entre três espécimes de PNH, Alouatta caraya, Cebus
spp e Callithrix spp. A circulação do vírus amarílico foi constatada em duas
localidades com características ecoepidemiológicas distintas.
As áreas de maior ocorrência de epizootia foram aquelas com maior grau
de antropização, caracterizadas por alterações ambientais recentes e
manutenção residual de áreas naturais.
28
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A epizootia de PNH foi a primeira registrada no município desde sua
implantação, que até então era tido como uma área silenciosa para FAS.
Segundo informações da SMS, em consequência do grande enfoque dado
pela mídia aos casos de morte de macacos ocorrida no município de Aparecida
de Goiânia em 2007 e 2008, houve procura acentuada por vacina contra FA nos
postos de saúde.
Devido à desinformação da população de um modo geral a respeito do
ciclo de transmissão e da importância que os macacos têm como animais
sentinelas, ocorreram abates de PNH por parte de moradores que tinham suas
residências próximas à áreas de matas.
A FA, sendo uma zoonose, não pode ser erradicada no ciclo silvestre, mas
no Brasil a forma urbana da doença está controlada desde o ano de 1942, sendo
que apesar do potencial zoonótico ela é imunoprevenível, mediante a vacinação
com a amostra 17D do vírus amarílico.
Os municípios que integram a região metropolitana de Goiânia, apresentam
integrações nas ações e desenvolvem ações conjuntas pela localização de dois
dos oito CCZ, do Estado estarem localizados na capital e no município de
Aparecida de Goiânia, sendo responsáveis pela Vigilância de vários agravos.
O município de Aparecida de Goiânia, por apresentar limites imprecisos
entre zona rural e zona urbana, apresentar bolsões de matas remanescentes e
possuir poucas áreas de vegetação natural, favorece o contato direto de PNH
com a população, apresenta problemas com animais sinantrópicos com destaque
para os roedores, pombos, abelhas melíferas, caramujo africano, determinando
condição de risco na transmissão de zoonoses, em especial a FA
29
REFERÊNCIAS
1. BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo, 2010
2. BRASIL, Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica
Caderno 9. Brasília: MS; 2009
3. BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de vigilância de epizootias em
primatas não-humanos. Brasília: MS; 2005
4. BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim da SVS: Situação da Febre
Amarela Silvestre no Brasil, 2007 e 2008. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/febr. php Acesso em: 03 de março de 2009 b.
5. BRASIL, Ministério da Saúde. Sobre a Febre Amarela. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/febr. php Acesso em: 04 de março de 2009ª
6. COSTA, Z.G.A, OLIVEIRA, R.C., TUBOI, S.H., SILVA, M.M.,
VASCONCELOS, P.F.C. Redefinição das áreas de risco para febre amarela
silvestre no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.35
(supl. I): 84, 2002.
7. COSTA, Z.G.A. Estudo das características epidemiológicas a febre
amarela no Brasil, nas áreas fora da Amazônia legal, no período de 1999 a
2003. 2005.Dissertação (Mestrado Profissional em Vigilância em Saúde) - Escola
Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ),
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Anexo 1 – Ficha de Epizootia (Ministério da Saúde / Sistema de Informação de
Agravos de Notificação – SINAN.