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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ANA CARMEN ROSA ALVES
ROSA EUNICE ALVES PINHEIRO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS: A Possibilida de de Uma Escola Sustentável
GURUPÁ – PARÁ
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ANA CARMEN ROSA ALVES
ROSA EUNICE ALVES PINHEIRO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS: A Possibilida de de Uma Escola
Sustentável
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado ao Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do Plano Nacional de Formação de Professores de Educação Básica – PARFOR, da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, orientado pela Profª Esp. Rosenilde Fonseca Santos
GURUPÁ – PARÁ
2015
Alves, Ana Carmen Rosa
Educação ambiental nos anos iniciais: a possibilidade de uma
escola sustentável / Ana Carmen Rosa Alves, Rosa Eunice Alves
Pinheiro. – Gurupá, PA, 2015.
55 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em
Pedagogia) – Plano Nacional de Formação de Professores, Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015.
Orientadora: Rosenilde Fonseca Santos
1. Educação Ambiental 2.Meio Ambiente 3.Sustentabilidade
4.Escola Sustentável I.Pinheiro, Rosa Eunice Alves II.Santos, Rosenilde
Fonseca, orient. III.Título
CDD – 372.357
ANA CARMEN ROSA ALVES
ROSA EUNICE ALVES PINHEIRO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS: A Possibilida de de Uma Escola Sustentável
Banca Examinadora
Profª Esp. Rosenilde Fonseca Santos (Orientadora)
1º Membro: Prof.º Dr.º Pedro Silvestre da Silva Campos
2º Membro: Prof.ª Esp. Maria Flaviana do Couto da Silva
GURUPÁ – PARÁ 2015
AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida;
Aos nossos pais, pela educação e criação recebidas e pelo estímulo de sempre estudar para que nós nos transformássemos em seres capazes de atingir alvos e objetivos na vida;
Aos nossos parentes e amigos, pelo apoio que nos deram, principalmente nos momentos de dificuldades;
Aos nossos professores, que foram fundamentais para que galgássemos cada degrau da escada acadêmica e chegássemos à conclusão desta graduação.
Deus é um ser que nunca me desamparou, por intermédio D´ele dedico este Trabalho em memória de meu pai João Siqueira Alves, destaco a minha mãe Neli Rosa Martins, meus filhos: Neliane, Fernando, Felipe e Lais, bem como ao meu querido esposo, Sr. Luiz Fernandes e a todos aqueles que de certa forma contribuíram para que este trabalho fosse concretizado.
Ana Carmem Rosa Alves
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por me inspirar força e sabedoria, mas de maneira especial dedico aos meus pais: Sr. Aldino Fróes da Silva e Da. Nazaré Nogueira Alves, bem como aos meus filhos Camila Alves Monte e Matuzalem Alves Monte, bem como aos demais familiares que sempre me deram apoio.
Rosa Eunice Alves Pinheiro
RESUMO
Este estudo cujo tema é a Educação Ambiental na perspectiva de uma escola
sustentável tem por objetivo analisar como a Educação Ambiental pode ser
trabalhada e que práticas podem ser desenvolvidas em sala de aula. Pretende-se
através deste estudo promover novas propostas de atividades sobre Educação
Ambiental para a Sustentabilidade para a aplicação de uma prática metodológica
inovadora tendo em vista a formação de cidadãos para contribuir ativamente em
busca de um futuro melhor e sustentável. Dessa forma, o presente estudo se propõe
analisar o processo educativo formal a ser organizado a partir de uma breve revisão
ou pesquisa bibliográfica. A questão central da pesquisa é: O que precisa ser feito
para a escola ser sustentável? Que práticas reforçam uma escola sustentável?
Quais os benefícios que a escola sustentável deve oferecer a comunidade escolar?
As populações a cada dia vêm modificando o seu modo de ver, pensar e agir diante
a sua realidade, assumindo a cada dia uma cultura típica do meio urbano. O
referencial teórico da pesquisa será delineado sob as literaturas de meio ambiente,
educação ambiental e sustentabilidade. Em termos de método de abordagem, a
pesquisa bibliográfica se pretende qualitativa, permitindo a reflexão a respeito da
importância e significado das práticas de Educação Ambiental na perspectiva de
uma escola sustentável.
PALAVRAS-CHAVE: Meio Ambiente; Educação Ambiental; Sustentabilidade;
Escola Sustentável
ABSTRAC
This study whose subject is the Ambient Education in the perspective of a sustainable school it has for objective to analyze as the Ambient Education can be worked and that practical they can be developed in classroom. It is intended through this study to promote new proposals of activities on Ambient Education for the for the sustainable application of one practical innovative methodological in view of the formation of citizens to contribute actively in search of a better and sustainable future. Of this form, the present study if it considers to analyze the formal educative process to be organized to break d soon in revision or bibliographical research. The central question of the research is: What it needs to be made it school to be sustainable? Practical what strengthen a sustainable school? Which the benefits that the sustainable school must offer the pertaining to school community? The populations to each day come modifying its way to see, to think and to act ahead its reality, assuming to each day a typical culture of the urban way. The theoretical referential of the research will be delineated under literatures of environment, ambient education and sustainable. In terms of boarding method, the bibliographical research if intends qualitative, allowing to the reflection regarding the importance and meaning of the practical ones of Ambient Education in the perspective of a sustainable school.
Keywords: Environment; Ambient education; Sustainable ion; Sustainable school
A educação deve ajudar o homem brasileiro a inseri-
se cri t icamente no processo histórico e a l ibertar-se
pela conscientização da síndrome do ter e da
escravidão e do consumo.
Paulo Freire
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................... ............................................................. 09
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................. .................................................. 11
1.1 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ......................................... 11
1.2 DEFINIÇÕES DE MEIO AMBIENTE .................................................................. 15
1.3 CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................................ 16
1.4 PERFIL DE UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL ..................................................... 21
1.5 UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA ............................................... 26
1.6 UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL NO PARÁ ........................................................ 28
1.7 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS QUE TRABALHAM A SUSTENTABILIDADE ................................................................................................................................... 31
1.8 ENTRAVES E BENEFÍCIOS DE UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL .................... 36
1.9 ASPECTOS LEGAIS DA PRESERVAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......... 38
1.10 PRINCÍPIOS DE DIREITOS AMBIENTAL ....................................................... 40
1.11 POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL ................................................................................................................................... 44
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO ..................... ............................................. 47
2.1 SUGESTÕES PARA AÇÕES E ATIVIDADES ................................................... 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................. ....................................................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ................................................ 53
APRESENTAÇÃO
O presente estudo se propõe analisar o processo educativo formal da
população de Gurupá na construção de uma cultura ambiental sustentável. As
populações a cada dia vêm modificando o seu modo de ver, pensar e agir diante a
sua realidade, assumindo a cada dia uma cultura típica do meio urbano em
dissonância com as características naturais em que estão inseridas
geograficamente.
Tal postura pode ser entendida, inclusive, como uma aculturação da
população ribeirinha com as populações e egressos dos centros urbanos mais
próximos a Região das Ilhas do Arquipélago Marajoara. Dessa forma, entender a
Educação Ambiental Sustentável como um elemento primordial da relação da cultura
urbana com a cultura ribeirinha, constitui finalidade precípua deste estudo.
O objetivo de implantar uma escola sustentável é de educar as crianças,
os jovens, os adultos e os idosos para uma visão de sustentabilidade, onde a
responsabilidade individual de cada cidadão é imprescindível para a construção de
valores coletivos e democráticos que assegurem o bem-estar humano e o respeito a
todas as formas de vida, principalmente qualificando ambientalmente a vida da
comunidade local, despertando para a consciência crítica de uma cidadania
comprometida com os reais interesses e expectativas de uma cultura ambiental de
sustentabilidade, pois os benefícios que serão conquistados com essa proposta de
trabalho promovido pela Escola, favorecerá um ambiente escolar mais limpo, com o
armazenamento adequado do lixo, de forma que a população ribeirinha que a
frequenta, venha despertar para uma cultura de cuidado com suas próprias casas,
preservando os rios para que não contaminem os peixes, cuidando da higiene do
seu próprio corpo. Neste âmbito a Escola servirá como referência de educação,
compreendida como o processo de prevenção a saúde.
Cabe a Escola proporcionar aos alunos e comunidade local um ambiente
escolar saudável e coerente com aquilo que ela pretende alcançar com relação ao
contexto ambiental em que está inserida. Assim, o objetivo deste estudo é discutir
concepções e debater a inserção de uma escola sustentável no contexto da
educação formal, bem como levantar informações sobre a realidade de uma Escola
em Gurupá, para contribuirmos com propostas alternativas nesta orientação na
expectativa uso adequado dos recursos naturais disponíveis.
Para tal, procedeu-se uma revisão bibliográfica para construção do
referencial teórico que norteia a relação do binômio teoria e prática que permeia a
relevância do tema proposto, tendo com referência de procedimento metodológico, a
abordagem qualitativa. O estudo torna-se relevante na medida em permite a reflexão
dos sujeitos envolvidos nos processos de relação com no meio ambiente, na
expectativa de avaliação de posturas, atitudes, concepções e outros, socializando
práticas, experiências e sugestões de projetos que promovam mudanças de
mentalidade e de comportamentos.
O estudo pretende contribuir significativamente para as práticas docentes
e discentes, numa perspectiva de um ensino de qualidade, com adoção de
metodologias que venham oportunizar soluções para os problemas ambientais,
baseada nos princípios do desenvolvimento sustentável.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .
1.1. CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
De acordo com o Relatório Brundtland1 Sustentabilidade ambiental é
entendida como atendimento as necessidades humanas sem o esgotamento das
fontes de satisfação dessas necessidades de forma que as gerações que estão por
vir possam dispor dos mesmos recursos de que nos servirmos. Em outras palavras,
trata-se de não somente esgotar os recursos do mundo, mais também cuidar para
que as próximas e futuras gerações herdem a Terra como um habitat hospitaleiro e
não insalubre. O termo original foi desenvolvimento sustentável, adaptado pela
Agenda 21 do Programa das Nações Unidas. Agenda 21 é um plano de ação
aprovado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, com intuito de melhorar a qualidade de vida para humanidade e
que seja econômica social e ambientalmente sustentável onde estão envolvidos 179
países (entre eles o Brasil) que assinaram e assumiram o compromisso de construir
um novo modelo de desenvolvimento. Na Agenda 21 da UNESCO (1999), destaca-
se:
Definitivamente para caminharmos no sentido do desenvolvimento sustentável será necessário que a educação não apenas dure por toda a vida, mas que, além disso, seja ampla como a própria vida, uma educação a serviço de toda a população, que aproveite todas as áreas do conhecimento e trate de inserir o saber em todas as principais atividades da vida”. (1999. p. 46.)
Neste sentido, para que se planejem políticas ambientais para um
desenvolvimento sustentável, é necessária a compreensão das inter-relações que se
estabelecem entre processos históricos, econômicos, ecológicos e culturais no
desenvolvimento das forças produtivas da sociedade.
1 Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987. No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais. Indicada pela entidade, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para estudar o assunto. O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland.
Tratar da problemática da gestão ambiental do desenvolvimento obriga a
pensar nas condições de articulação dos processos materiais que definem uma
racionalidade ambiental do processo de desenvolvimento e uma estratégia de
manejo integrado dos recursos. A articulação dos objetos de uma ou mais ciências
implica que os processos materiais do campo do conhecimento científico são
afetados, condicionados ou super determinados pelos processos e efeitos materiais
de outro(s). A gestão ambiental do desenvolvimento, fundada no potencial ecológico
e na conservação da diversidade de modos culturais de aproveitamento de seus
recursos, requer uma caracterização da organização específica de uma formação
social.
O conceito de sustentabilidade está muito mais presente entre nós, nos
últimos anos do que desde sua criação. A noção de sustentabilidade traz uma visão
de desenvolvimento que busca superar e estimular um pensar e fazer sobre o meio
ambiente, diretamente vinculado ao diálogo entre sociedade e natureza, que seus
membros e suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o
seu maior potencial no presente e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os
ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir com eficiência na
manutenção indefinida desses ideais, mas, para um preenchimento humano ser
sustentável, tem de ter em vista quatro requisitos básicos. Esse empreendimento, de
acordo com o Relatório Brundtland, tem de ser:
a) Ecologicamente correto; é todo artigo que é artesanal, manufaturado,
ou industrializado, de uso pessoal, alimentar, residencial, comercial, agrícola e
industrial, seja não poluente, não tóxico, notadamente benéfico ao meio ambiente e
a saúde, contribuído para o desenvolvimento de um modelo econômico e social
sustentável. O uso de matérias-primas naturais renováveis, obtidas de maneira
sustentável, ou por biotecnologia não transgênica, bem como reaproveitamento e a
reciclagem de matérias- primas sintéticas por processos tecnológicos limpos são os
primeiros itens de classificação de um produto ecologicamente correto.
b) Economicamente viável: é a capacidade de produção, distribuição e
utilização equitativa das riquezas produzidas pelo homem, ou seja, a educação
ambiental para a sustentabilidade equitativa integra em processo de aprendizagem
constante na busca de atrelar, numa relação de interdependência, diversidade,
justiça social e equilíbrio ecológico, para o desenvolvimento de programas
educativos que privilegiem a preservação ambiental e a qualidade de vida e que o
homem seja ele próprio, o guardião desse ambiente, protegendo-o de ataques
insensatos.
c) Socialmente justo: um país socialmente justo se caracteriza pelo
baixo grau de concentração de renda, com um equilíbrio entre as rendas regionais,
baixo grau de desemprego e níveis residuais de pobreza, e/ou indigência. Para
Santa Cruz do Ararí, ser um município socialmente justo é preciso ações
preventivas, que ampliem a capacidade de apropriação de renda de todos,
principalmente as famílias da comunidade ribeirinha com qualificação da educação
básica e das ações de saúde preventiva.
d) Culturalmente aceito; é algo orgânico, vivo e particular, portanto,
questiona e argumenta o direito de pelo menos pensar o que realmente se faz
necessário as futuras gerações; ou seja, olhando as coisas ruins acontecendo, como
a matança de peixes no nosso Rio Gurupá, com a destruição de nossas palmeiras
de açaí, enquanto que também na sociedade local, constata-se a existência de
cidadãos excluídos e marginalizados, pois as políticas públicas e as políticas
econômicas internacionais só visam o lucro e pouco se importam com o ser humano.
Na busca da superação desses impasses vividos pela sociedade
moderna, temos diante de nós, o desafio do desenvolvimento sustentável, por meio
do qual precisamos oferecer condições de vida que satisfaçam as necessidades da
sociedade, principalmente da Amazônia, das comunidades ribeirinhas do Pará
precisamente da Ilha do Marajó, para atender aos anseios das gerações viventes e
futuras. Essas combinações, porém só podem ocorrer com o empenho e interação
das políticas sociais, que direcionem o desenvolvimento tecnológico e cientifico da
sociedade, superando o individualismo possessivo gerador do desequilíbrio
ambiental e das desigualdades sociais e promovendo uma análise critica sobre as
transformações provocadas no meio ambiente pelo uso inadequado da matéria
prima.
Neste sentido, os olhos dos governos de outros países se voltam para a
Amazônia, pois ela é a parte do planeta que tem a maior diversidade biológica e
onde se encontram as maiores riquezas de terra firme ainda com cobertura florestal,
os ecossistemas de várzeas, mangueiras e terra firme. A densidade da ocupação
dessa região deve-se em especial à proximidade da cidade de Belém, em torno da
qual foram lentamente se organizando a economia e sociedade desde, o período
colonial, com suas freguesias rurais, muitas dando origens as cidades ribeirinhas,
que estão sofrendo com os danos causados ao meio ambiente provocado pelo
homem. Sobre a importância desta análise, os Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCNS (2001) destacam a questão ambiental: (...) vem sendo considerada como
cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade
depende da relação estabelecida entre natureza e o uso pelo homem dos recursos
naturais disponíveis. (2001, p. 15)
Desde os primórdios as sociedades humanas, utilizaram os recursos
naturais existentes a sua volta, inicialmente de forma equilibrada, usando apenas o
que era necessário à sobrevivência da espécie, intervenção essencial para a sua
sobrevivência e permanência no planeta. É por ocasião desse contato direto entre o
meio ambiente e o homem que podemos ver sua distinção como ser biológico.
Sobre este aspecto, Freire (1996), considera que foi assim que o homem, pelo
processo natural do trabalho, aos poucos veio a desvendar, conhecer, dominar e
modificar a natureza para melhor aproveitá-la (1996. p. 24). E aos poucos essa
relação entre ser humano e natureza foi ficando desordenada.
Vale ressaltar que os problemas ambientais afetam todos os indivíduos,
mas uns são mais afetados que os outros, uma vez que a dinâmica das classes
sociais não desaparece diante das dinâmicas ambientais. Contraditoriamente,
porém, a degradação ambiental surgiu com o próprio homem, pois no momento em
que ele começa a intervir no meio ambiente, produzido para além de sua
sustentação, e acumulando a produção excedente, ou seja, a partir da propriedade
privada, inicia-se, também, a deterioração da relação homem-natureza e as relações
de produção.
A esse fato, segue historicamente, a instauração da sociedade moderna
que muda o modo de produção social do campo para a cidade, com modelo
industrial-urbano. Assim, a sociedade progride do ponto de vista social-econômico e
cultural, desprezando os fatores ecológicos, base necessária à produção da vida
social e a humanidade acaba sendo despertada com o surgimento dos desastres
ecológicos. Podemos perceber que o homem contemporâneo tem fundamentado
sua prática social no consumismo e desperdício, na busca da acumulação de bens
que são símbolos de status, pois para teoria do capital, os valores se invertem,
significando a perda do homem como ser histórico e comprometendo a
sobrevivência das futuras gerações.
Desta forma, torna-se oportuno uma breve revisão conceitual quanto à
definição de meio ambiente, de forma contribuir para uma maior reflexão a cerca do
debate que incorpora a dimensão social da relação homem e natureza e
sustentabilidade ambiental.
1.2 . DEFINIÇÕES DE MEIO AMBIENTE
O meio ambiente é considerado como sinônimo de natureza, havendo
necessidade de sua preservação, porém é necessário no ponto de visto mais amplo,
estabelecer no ser humano a noção de pertencimento ao meio ambiente, onde são
identificados vínculos naturais da sua sobrevivência. Para Reigota (2002), meio
ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, culturais, urbanístico,
biológicos, sociais, capazes de causar efeitos diretos ou indiretos em longo ou curto
prazo por meio dos seres vivos e atitudes humanas, que permitem compreender e
abrigar áreas e componentes que foram influenciados pelo homem em todas as
suas formas.
A atual crise ambiental vivenciada no mundo tem mostrado níveis
alarmantes de degradação dos recursos naturais, principalmente do solo e da água,
assoreamento e poluição dos rios, córregos, lagoas e mares, afetando o ciclo natural
dos elementos, a saúde dos animais e da humanidade, causando problemas de
geração de energia, de disponibilidade de água e queda dos níveis de produção
agropecuária. Tudo isso compromete a economia global e a qualidade de vida da
população.
O ambiente também pode ser objeto de entendimento e abordagens
bastante diferenciados. A começar pelo significado atribuído à natureza, que muitos
insistem em separar da ação humana, distinguindo rigidamente fenômenos naturais
e artificiais, enquanto outros consideram absurda a separação conceitual entre
homem e natureza, em virtude tanto da origem natural da espécie humana, quanto
do predomínio absoluta atingido pelo mundo criado pelo homem na superfície do
planeta.
O Artigo 225 da Constituição Federal (1988), com relação ao significado
do meio ambiente para a sobrevivência humana, enfatiza:
Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum da população e é essencial à
qualidade de vida de todos impondo ao Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações”. (1988: p. 69)
Portanto, cabe a sociedade como um todo, ser responsável pela
preservação do meio ambiente. Então, é necessário que se aja da melhor maneira
possível para não modificá-lo de forma negativa, pois isso terá segundo Emídio
(2006) conseqüências desastrosas para qualidade de vida da atual e das futuras
gerações, pondo em risco as necessidades e sobrevivência de sua espécie” (2006,
p.1270).
A autora relata ainda que o espaço ocupado pelo homem está a todo o
momento sofrendo modificações, relacionadas ou impostas pelo próprio homem, que
podem causar prejuízo ao meio ambiente quando não é utilizado corretamente.
Sabe-se que o papel central da escola com relação à educação ambiental é
construir um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado. Pois o mesmo
requer responsabilidade individual e coletiva. Vale ressaltar que a educação sozinha
não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente o começo para
sensibilizar a população e motivá-los a lutar para se obter um equilíbrio ecológico do
qual fazemos parte.
Assim, a educação ambiental não deve ser vista somente como
ecologismo em uma visão apenas de fauna e flora, mas principalmente onde se
forma o individuo para interagir com o meio em que se insere de maneira
responsável e consciente. Pois, no momento em que se descobre a relevância
dessa temática e diante de tantas mudanças em todos os campos do conhecimento
e em todos os setores, temos certeza de que caminhamos para uma sociedade
onde será inevitável o resgate de uma aprendizagem significativa que tenha como
base a realidade do educando, pois o homem é a base de qualquer mudança.
1.3. CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Definir Educação Ambiental não constitui tarefa fácil, pois em várias
abordagens que o tema meio ambiente sustentável sugere, o termos pode assumir
conotações polissêmicas. Contudo, uma breve revisão bibliográfica permite-nos
localizar a compreensão de Paulo Freire (1996), sobre a dimensão processual da
Educação Ambiental:
Educação Ambiental é um processo de formação e informação permanente no qual os indivíduos são orientados para o desenvolvimento da consciência critica sobre as questões ambientais que leva a participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental construindo valores sociais, habilidades, atitudes, competências, experiências e determinações voltadas para a conservação do meio ambiente (Paulo Freire: 1996. p. 26).
Como podemos observar, para que os cidadãos se tornem aptos a agir
individualmente e coletivamente para resolver problemas ambientais presentes e
futuros a escola precisa aproveitar a experiência que os alunos possuem de viver
em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a
poluição dos rios, lagos e igarapés e os baixos níveis de bem estar das populações
ribeirinhas, os lixões e os riscos que estes oferecem a saúde das pessoas.
Dessa forma é necessário que a escola tenha uma visão mais abrangente
do que é realmente a educação ambiental, o que é verdadeiramente meio ambiente,
de que maneira pode ser trabalhada a educação ambiental, tendo cuidado de não
falar somente o verde pelo verde, mas de discutir atitudes, procedimentos, e levantar
questões sociais, históricas, geográficas, cientificas, bem como de outras áreas do
conhecimento que fomentem e ampliem as discussões acerca das temáticas
ambientais.
Diante dessas circunstâncias, não podemos deixar de considerar a
importância das Organizações Mobilizadoras da educação ambiental nas escolas,
pois é urgente que haja uma mudança na forma de praticar o fazer pedagógico
atrelado às questões e dessa forma fazer o que realmente o que preconizam as
legislações ambientais e os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS.
Logo, a escola precisa aprender a ensinar no sentido nato da palavra, ao
contrário não haverá transformação significativa na comunidade onde a mesma está
inserida, nem tão pouco na concepção no que se refere a sua própria relação com o
meio ambiente. Neste sentido, é que se considerem os múltiplos aspectos que
formam uma determinada questão ambiental, visando assim propostas
interdisciplinares integradoras e holísticas. Dessa forma não podemos visualizar as
questões ambientais, considerando apenas os fatores ecológicos. Como afirma Dias
(1994), seria desconsiderar de forma lamentável, as raízes profundas das nossas
mazelas ambientais situadas nos modelos de desenvolvimento. (1994: p. 34)
O desafio agora é buscar instrumentos que fortaleçam ações significativas
e transformadoras, visualizando o ensino-aprendizagem de conceitos, valores,
atitudes e procedimentos que possibilitem uma nova forma de pensar e agir. Pois,
com isso a escola estará cumprindo com uma das nobres funções sociais que é
formar os alunos para interagir de forma consciente na sociedade em que estão
inseridos.
Dessa forma, analisar a educação formal das populações ribeirinhas
levando em consideração a educação ambiental é fundamental, pois, nos
possibilitará o conhecimento da realidade, dimensões e das transformações dos
impactos causados por essa nova racionalidade. Uma vez que a educação é
concebida como parte de uma estrutura social, política e econômica, e que está
presente em nossa sociedade tendo como papel de transformação de si e do
mundo.
A educação ambiental atualmente em algumas comunidades ribeirinhas
urbanizadas, e que se caracteriza por uma problemática ambiental conceitual
associada aos problemas estabelecidos por sua prática, principalmente em nossa
comunidade que os pescadores não se preocupam e pescam os peixes na época do
defeso, isto é quando os mesmos estão no período da reprodução das espécies.
Analisando alguns estudos que apontam a educação ambiental como
ferramenta indispensável para nos alertamos sobre o desequilíbrio ambiental que
está ocorrendo em nosso planeta, vamos perceber que as futuras gerações
dependem do que vai ser realizado hoje, embora muitos não percebam que a
conservação e a preservação do ambiente devem começar hoje e agora, amanhã
pode ser tarde demais, para o desenvolvimento de uma verdadeira educação
ambiental de vários grupos sociais.
É interessante notar que, analisando alguns dos estudos do aquecimento
global e outras manifestações da natureza, percebe-se claramente a tendência de
mobilizar a sociedade para os problemas ambientais que atingiram e atingem os
países, provocando mortes, acidentes, fome, miséria, terremotos, enchentes e
demais fenômenos até mesmo invisíveis ao homem.
Sobre este contexto amplo de análise das questões ambientais, Silva
(2006), enfatiza:
A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sob todas as formações de vida com as quais
compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites a exploração dessas formas de vida pelos seres humanos. (Silva: 2006, p. 19).
Vale ressaltar que se precisa ter mais clareza dos fundamentos da
Educação Ambiental, do papel das políticas ambientais, para que as mesmas
possam contribuir para a construção de uma proposta educacional que visa preparar
os ribeirinhos para conviver com o ambiente urbanizado e desenvolver a autogestão
e a ética nas relações sociais e com a natureza. Compreender o espaço, identificar
culturas, cuidar da biodiversidade, preservar o meio ambiente e conservar os
patrimônios nas cidades e comunidades é dever de todos nós mais a escola tem um
papel fundamental neste processo, pois não há dúvida que a educação ambiental
seja a conexão necessária para a formação de uma sociedade socialmente justa e
ecologicamente equilibrada e o ambiente escolar poderá começar a propor essa
nova maneira de se trabalhar a educação ambiental. Considerando esses
argumentos é que surge a educação ambiental critica que vem mudando
profundamente essa forma tradicional de se trabalhar a educação.
Sobre este aspecto, afirma Carvalho (1992):
A educação ambiental fomenta sensibilidade afetivas e capacidades cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de vista ambiental. Dessa forma estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões das experiências dos indivíduos e dos coletivos sociais em suas relações com o ambiente. Esse processo de aprendizagem por via dessa perspectiva de leitura dar-se particularmente pela ação do educador como intérprete dos nexos entre sociedade e ambiente e da Educação Ambiental como mediadora na construção social de novas sensibilidades e posturas éticas diante do mundo. (Carvalho: 1992: p. 40)
A autora considera que a educação ambiental é um processo educativo
com o objetivo de formação de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir
nele de forma crítica e consciente, com comportamentos e escolhas que não afetam
a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. A educação ambiental propõe
transformar nossos velhos hábitos e estilo de vida assentados na cultura do
desperdício e no desrespeito com a natureza. Educador e educando são atores
imprescindíveis deste processo de transformação de atitudes num esforço conjunto
em habitar um mundo melhor.
Ainda sobre a importância dessa reflexão, Dias (1994) enfatiza:
A educação ambiental não se trata de um tipo especial de educação, mais, de um processo continuo e longo de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho, de um estado de espírito em que todos: família, escola e sociedade devem está envolvida. O objetivo da Educação Ambiental não entra em conflito com os objetivos do Sistema Escolar, pelo contrário ambos se direcionam para a formação integral do indivíduo, enquanto cidadão inserido na sociedade e no meio ambiente. Em síntese o processo educativo, de uma maneira geral, não é complexo se as pessoas estão conscientes, mas não estão habituadas a internalizarem suas consciências. A Educação Ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-econômico, política, cultural e histórica, não podendo se basear em posturas de aplicações universal, devendo considerar as condições e estágio de cada lugar, sob de uma perspectiva histórica. Permitindo a compreensão da natureza complexa do meio interpretar a interdependência entre os diversos que compõe o ambiente, com vista a utilizar adequadamente os elementos no presente e no futuro”. (Dias: 1994, p. 58)
Dias (1994) afirma que a educação é que gera cidadãos mais cuidadosos,
responsáveis e comprometidos, capazes de contribuir para um mundo mais justo e
pacífico, que deve começar na dimensão política das práticas ambientais que evoca
uma transformação não apenas política, mas da política, isto é da maneira de
compreender, de viver e de fazer política, acenando com novos trânsitos e também
com possíveis riscos para a própria esfera política, pois a educação ambiental não
deve ser entendida como um ato político, mas sim como um processo pedagógico
participativo e permanente, que envolva a extensão holística do conjunto dos
elementos socioambientais.
Portanto, os cidadãos possuem grandes desafios, como reelaborar
estruturas socioambientais, políticas de assistência, controle e monitoramento das
práticas de usos dos recursos naturais, o prazer de ser educador ambiental reside
não na certeza dos resultados, mas na construção permanente de novas
possibilidades e reflexões que garantam o aprendizado, o respeito, pois se o
professor não considerar isso importante, não vai se preocupar em ensinar e o aluno
muito menos em aprender, pois o fato de saber que os conhecimentos adquiridos no
dia a dia em sociedade, vão ser valorizados para o desenvolvimento de cada
indivíduo e assim a cada dia vai se formando pessoas para o exercício da cidadania,
onde teremos uma sociedade melhor para que todos possam ter oportunidade de
expressar suas culturas e conhecimentos, e aprender a respeitar o ambiente,
valorizando seus recursos, preservando o meio ambiente principalmente onde está
inserido.
Com base nestas premissas, faz-se relevante analisar algumas
considerações a cerca de um modelo ou perfil de uma escola sustentável, capaz de
promover adequadamente uma proposta de educação ambiental em consonância
com a concepção de sustentabilidade ambiental.
1.4. PERFIL DE UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL
Uma escola sustentável propõe uma educação básica que inclui o ensino
de valores, a promoção do cuidado com o planeta, o cuidado com as pessoas e a
partilha justa de recursos. Fazendo parte também deste processo a sustentabilidade
ambiental consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de
modo sustentável, podendo igualmente designar-se como a capacidade que o
ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para outras
espécies. A idéia de sustentabilidade está relacionada com a prática de fazer
alguma coisa de forma perene, isto é, utilizar um mecanismo que permita o fazer
hoje de uma maneira que possa contribuir e facilitar a continuidade desse mesmo
fazer amanhã. Quer dizer, a sustentabilidade é uma prática produtiva que deve ser
continuada, e, se possível melhorada ao longo do tempo.
Para muitos estudantes o futuro parece incerto e até assustador. Por isso
existe a necessidade desta interpretação mais ampla da educação. É preciso mudar
o foco e escolher temas que ofereçam ferramentas para construir um futuro
sustentável, isso envolve um aprendizado continuo e interdisciplinar e o meio
ambiente pode fazer essa ponte.
A reorientação da educação envolve não somente aumentar o
conhecimento do aluno, mas incentivar o desenvolvimento de habilidades e valores
que motivaram para estilos de vidas sustentáveis. Já está comprovado que levar o
grau de instrução das pessoas não é suficiente para alcançar sociedades
sustentáveis.
Sobre estes aspectos das finalidades da Educação Ambiental, com
relação ao desenvolvimento sustentável, Dias (2002), reitera:
Desenvolvimento Sustentável é um tipo de desenvolvimento que busca compatibilizar o atendimento das necessidades sociais e econômicos do ser humano com as necessidades de preservação da vida na terra... Acredita-se que o desenvolvimento sustentável seja a forma mais viável de sairmos da rota da miséria, exclusão social e econômica, consumismo, desperdício e degradação ambiental em que a sociedade humana se encontra. (Dias: 2002, p. 64)
Para Dias (2002), o modelo de desenvolvimento econômico gerou
enormes problemas. Se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no
mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam
dia a dia. Diante disso, surge a idéia do desenvolvimento sustentável, buscando
conciliar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental e, o fim da pobreza
no mundo.
A Educação não pode se omitir, dessa questão tão importante que é a
Educação Ambiental. Educar para a sustentabilidade envolve um processo político
pedagógico, que coloca a compreensão da vida como foco central. O educando
experimenta, um aprendizado da sua realidade, que supera o seu conhecimento da
natureza gerando um sentido de pertencimento do meio.
Ao se desenvolver um currículo que ensine aos alunos os pressupostos
da ecologia, os profissionais de educação, desenvolvem em seus alunos atitudes e
valores, os transformando em cidadãos críticos e atuantes, que respeitarão a
natureza e o seu meio. Uma das formas de trabalhar a educação para a
sustentabilidade na escola e atingir a comunidade, é a ação do professor, na sala de
aula e nas reuniões de pais, conselho de escola, etc. Por meio de atividades como:
debates, trabalhos escolares, pesquisas, leituras, etc.
Os alunos compreendem os problemas que afetam a sua comunidade, a
refletir e criticar as ações que degradam o meio ambiente.
A sustentabilidade busca inspirar todos os povos a um novo sentido de
interdependência global e responsabilidade compartilhada voltada para o bem-estar
de toda família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É
uma visão de esperança e um chamado à ação presente entre nós, pois, nos últimos
anos desde sua criação, a sustentabilidade traz uma visão de desenvolvimento que
busca superar o reducionismo e estimular um pensar e fazer sobre o meio ambiente
diretamente vinculado ao diálogo entre sociedade e natureza, que seus membros e
suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior
potencial no presente e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os
ecossistemas naturais.
Esse conceito reforça e situa a Educação Ambiental, no campo do
conhecimento sistematizado, como a Educação que parte do que está próximo do
indivíduo ou da comunidade (cotidiano/ambiente de vida) e da compreensão de
realidade em suas múltiplas dimensões, enfatizando a interdisciplinaridade e o
processo educativo na promoção de uma nova sociedade, ambientalmente
sustentável e socialmente justa.
Para Capra (1998), a respeito das evidentes transformações no meio
ambiente e dos impactos ambientais daí decorrentes, importante destacar que:
As últimas duas décadas de nosso século vêm registrando um estado de profunda crise mundial. É uma crise complexa e multidimensional cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política. [...] Pela primeira vez, temos que nos defrontar com a real ameaça da extinção raça humana e toda a vida no planeta. (Capra: 1998, p. 19).
Nos últimos séculos houve um grande crescimento do conhecimento
humano proporcionando um amplo desenvolvimento das ciências e da tecnologia.
Ao mesmo tempo ocorreram mudanças nos valores e modo de vida das sociedades,
com o surgimento do processo industrial e o crescimento das cidades, aumentando
a utilização dos recursos naturais e a produção de resíduos. Todos esses fatos
geraram profundas mudanças na cultura afetando principalmente a percepção do
ambiente pelos seres humanos, que passaram a vê-lo como objeto de uso para
atender suas vontades, sem se preocupar em estabelecer limites e critérios
apropriados.
Em pouco tempo surgem às conseqüências dessa cultura moderna: o
surgimento de problemas ambientais que afeta a qualidade de vida, como a crise de
relações entre a sociedade e o meio ambiente.
Deste feito, verifica-se um elevado crescimento da cultura urbana em
núcleos de povoamento dentre eles as comunidades ribeirinhas da Amazônia como
a Vila de Jenipapo. A população a cada dia se projeta ao horizonte das cidades,
causando-lhes um grau de dependência chegando ao ponto de corroer a vida pacata
que culturalmente mantinham. Com essas práticas, um novo padrão de urbanização
vem se desenhando nas comunidades ribeirinhas, pois a cada dia vem modificando
o seu modo de ver, pensar e agir perante o processo de urbanização da população.
Outro importante instrumento de gestão da Política Nacional de Meio
Ambiente é o licenciamento ambiental, que tem, por princípio, a conciliação do
desenvolvimento econômico com o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar
a sustentabilidade ambiental e econômica. Por meio do licenciamento, a
administração pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades
humanas que interferem nas condições ambientais, como um mecanismo para
incentivar o diálogo setorial, rompendo com a tendência de ações corretivas e
individualizadas, passando a ter uma postura preventiva, mais pró-ativa, com os
diferentes usuários dos recursos naturais.
Dessa forma, analisar a educação formal das populações ribeirinhas
levando em consideração a educação ambiental é fundamental, pois nos
possibilitará o conhecimento da realidade e das dimensões das transformações e
dos impactos causados por essa nova racionalidade. Uma vez que a educação é
concebida como parte de uma estrutura social, política e econômica, e que está
presente em nossa sociedade tendo como papel de transformação de si e do
mundo.
Retomando as análises referentes à Educação Ambiental na perspectiva
da sustentabilidade ambiental, Berna. (2000), enfatiza:
Se quisermos um planeta preservado de verdade, não basta apenas lutar contra poluidores e depredadores. É preciso também nos esforçamos para mudar nossos valores consumistas, hábitos e comportamentos que provocam poluição, atitudes predatórias com os animais, as plantas e o meio ambiente [...]
Por isso precisamos além de ambientalistas, nos esforçamos para sermos mais fraternos, justos e pacíficos com os nossos semelhantes [...]
O importante é que tenhamos o compromisso de sermos melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. (Berna: 2000, p. 14)
Partindo-se do pressuposto suscitado por Berna (2000) e reconhecendo a
importância da educação ambiental na educação dos povos ribeirinhos, e
considerando os novos modos de vida em contextos urbanos na Amazônia, para
que as mesmas possam contribuir para a construção de uma proposta educacional
que visem preparar a população de Gurupá para que construam um modo de vida
sustentável, faz-se ainda necessário sensibilizar a comunidade para uma postura de
não negação de seus costumes e valores e desenvolver a autogestão e a ética nas
relações sociais e com a natureza.
Para a mobilização social e escolar em relação à educação ambiental,
fazem-se necessárias atitudes simples, mas que garantirão a vida das futuras
gerações. Dentre elas a reciclagem que contribui para a diminuição do consumo de
matérias-primas, pois muitas das matérias-primas não são renováveis, reutilizar, ou
seja, usando os objetos mais de uma vez, reaproveitando os materiais que podem
ser devolvidos às fábricas para um novo tratamento, doando roupas e brinquedos
em condições de uso. Essas são algumas medidas que se forem adotadas
freqüentemente reduzirão significativamente a retirada de matérias-primas do meio
ambiente, o que causará menos impacto ambiental.
Preservar os ecossistemas, as espécies animais e vegetais ameaçados
de extinção, adotando medidas preventivas e medidas de vigilância adequada, não
desmatar e não queimar as florestas (pois essas atividades aumentam a poluição
atmosférica devido o lançamento da fumaça no ar) torna-se possível retirar da
natureza somente recursos necessários a sobrevivência da nossa geração.
No passado as discussões sobre desenvolvimento sustentável eram feitas
apenas em grandes eventos, hoje elas se propagam por todos os cantos. A
sustentabilidade é discutida nos veículos de comunicação, nas conversas de barcos,
nas pontes e palafitas, nas salas de aulas. O conceito ganhou importância nos
currículos escolares e os professores pensam em novas maneiras de tratar o tema
nas aulas.
A educação ambiental deve ser entendida, pois, não somente como ato
político, mas um processo pedagógico participativo e permanente, que envolva a
extensão holística do conjunto dos elementos socioambientais. São intervenções
práticas pedagógicas que auxiliam a enxergar com os olhos mais críticos, os
diferentes impactos presentes em nosso cotidiano e que implicam na perda da
qualidade de vida de todos.
As práticas de educação ambiental propõem transformar nossos velhos
hábitos e estilos de vida assentados na cultura do desperdício e no desrespeito com
a natureza. Nesse processo, o mundo está sendo destruído pelo esgotamento de
recursos naturais. O mundo sustentável pede raciocínio como de trazer idéias
novas, e ajudar economizar e gera dinheiro, podendo adquirir produtos que tenham
uma vida mais longa, que seja de fácil conserto ou produzido em sua região, com
esse comportamento responsável podemos reduzir o lixo, favorecendo o meio
ambiente.
A sustentabilidade hoje é a palavra de ordem em todas as atividades
humanas e sendo assim, na Educação não poderia ser diferente, ou seja, a
necessidade de que a educação também se enquadre nesse preceito. Entretanto,
para que a Educação seja efetivamente sustentável é fundamental que todo o
cenário educacional esteja enquadrado na sustentabilidade, o que ainda está muito
longe da realidade neste país. Contudo, pensar a sustentabilidade do contexto da
realidade amazônica, implica necessariamente na discussão das especificidades de
uma escola sustentável na Amazônia.
1.5. UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA
A Amazônia possui a maior floresta tropical existente, que equivale a um
terço das reservas de florestas tropicais úmidas e ao maior banco genético do
planeta, com cerca 21 mil espécies vegetais catalogadas. Contém cerca de um
quinto da água doce disponível no mundo é um patrimônio mineral imenso e não
mensurado. Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE,
responsável pelo monitoramento de cobertura da floresta Amazônia, revelam que a
taxa média de desflorestamento bruto e da ordem de 20 mil km² por ano. Isso
acontece por falta de responsabilidade do homem que destrói a natureza com a
utilização da matéria-prima em excesso e sem consciência de que estará
prejudicando o meio ambiente hoje e para as futuras gerações, em detrimento de
uma cultura econômica de desenvolvimento sustentável.
A análise de Brown (2001) a respeito do desenvolvimento econômico na
Amazônia em uma perspectiva sustentável considera que:
O destino da economia atual não apresenta mais nenhuma perspectiva de progresso. Essa economia “sustentável” no desmatamento das florestas, extinção de espécies e poluição das águas que ocasiona efeitos maléficos com o aumento das
temperaturas e desertificação do solo, o que ocasiona um ciclo de devastação. (Brown: 2001, p. 56)
Nesta abordagem Brown (2001) afirma que a economia não está tendo
progresso, em decorrência da falta de responsabilidade do homem, que está
fazendo uso exagerado do meio ambiente. A partir do crescimento dos consumistas,
deixando evidente que o padrão de consumo das sociedades, além de ser
socialmente injusto e moralmente indefensável, e ambientalmente sustentável. O
ambiente natural está sofrendo uma exploração excessiva que ameaça a
estabilidade dos seus sistemas de sustentação (exaustão de recursos naturais
renováveis e não renováveis desfigurações do solo, perda de florestas, poluição da
água e do ar, perda de biodiversidade, mudanças climáticas etc.). Por outro lado o
resultado dessa exploração excessiva não é repartido equitativamente e apenas
uma minoria da população planetária se beneficia desta riqueza.
Neste contexto, os riscos de conflitos por recursos naturais, fome,
migrações internacionais e refugiados ecológicos tenderão aumentar. Tão dilema a
ponta para a percepção ética de que todos os povos devem ter direitos
proporcionais no acesso e utilização dos recursos naturais. Assim, para reduzir a
disparidade social e econômica, seria necessário tanto um piso mínimo quanto um
teto máximo de consumo. Porém, cada povo tem o direito e dever de estabelecer
padrões próprios de estilo de vida e consumo, não necessariamente copiando os
estilos de vida de outras culturas.
De acordo com o documento denominado Os Caminhos da Educação
Ambiental no Estado do Pará (2001) elaborado pela Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará – SECTAM, a Educação Ambiental
assume singular importância no contexto das políticas públicas, destacando que
esta tem função de “contribuir” para a formação de cidadãos conscientes capazes de
decidir e atuar na realidade sócio-ambiental, de modo comprometido com a vida e o
bem-estar de cada um e da sociedade (SECTAM, 2001: p. 175).
Na Amazônia no município Novo Aripuanã o projeto uma escola
sustentável já é uma realidade. Trata-se do Projeto Juma, uma iniciativa pioneira da
Fundação Amazonas Sustentável – FAS2. O projeto é desenvolvido pela FAS em
parceria com rede de Hotéis Marriott International e o Governo do Estado do
Amazonas. Os recursos investidos no projeto permitem programar medidas
necessárias ao controle e monitoramento do desmatamento dentro dos limites do
projeto em seu entorno, além de reforçar o cumprimento das leis e melhorar as
condições de vida das comunidades locais.
Além dos benefícios climáticos, espera-se gerar diversos benefícios
sociais e ambientais na área do projeto, através da aplicação dos recursos em
atividades, com: fortalecimento e controle ambiental, geração de renda através de
negócios sustentáveis, desenvolvimento comunitário, pesquisa cientifica e
educação; e pagamento direto por serviços ambiental-programa bolsa floresta.
A reserva do Juma foi criada em uma área de 589.612 hectares de
Floresta Amazônica no ano de 2006. O projeto tem como objetivo conter o
desmatamento e a consequente emissão de gases de efeito estufa. Sua
implementação faz parte de uma ampla estratégia planejada para conter o
desmatamento e promover o desenvolvimento Sustentável da Amazônia para
beneficiar os índios, os ribeirinhos, os imigrantes e outros povos da Amazônia.
Resta-nos ainda analisar e refletir o contexto de uma escola sustentável
para a realidade do Estado do Pará em especial.
1.6. UMA ESCOLA SUSTENTAVEL NO PARÁ
Por meio de pesquisas documentais detectamos que no Estado do Pará
já pode ser considerado a primeira escola sustentável a Escola Estadual de Ensino
Fundamental Dr. Carlos Guimarães, localizada no bairro Marambaia na área
metropolitana de Belém/Pa. De acordo com o Governo do Estado, em parceria com
2 A Fundação Amazonas Sustentável – FAZ, é uma instituição privada, não governamental e sem fins lucrativos brasileira, criada pelo Governo do Estado do Amazonas e pelo Banco Bradesco (também seu mantenedor) em 20 de dezembro de 2007. Entre as demais organizações que a apoiam estão Coca-Cola, Fundo Amazônia – BNDES, Marriott, Samsung e outros parceiros. A soma das contribuições de origem privada está acima de 90% do total das fontes de recursos da FAS. As ações da fundação estão voltadas principalmente para projetos de redução de desmatamentos e a preservação da biodiversidade em àreas da Amazonas, melhorando assim a qualidade de vida das populações tradicionais. Através de parcerias, empresas e outras organizações podem compensar suas emissões de carbono investindo em ações da fundação.
a Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, a escola foi totalmente reformada
para que estivesse em harmonia com o meio ambiente.
O projeto foi concebido com o sistema de aproveitamento da água da
chuva destinado a limpeza da escola, coleta de lixo seletivo, além da reciclagem de
garrafas pet e papel. A escola reservou espaço, também para implantação do
projeto mesa saudável, por meio do cultivo de horta.
A partir das constantes revisões bibliográficas necessárias a
fundamentação teórica deste estudo entendeu que para uma escola ser sustentável
precisa elaborar planos, projetos e práticas combatendo o desperdício e consumir e
preservar os recursos naturais com responsabilidade apostando na educação
ambiental que são ensinadas nas salas de aula, pois o que os alunos absorvem na
escola, levam para os pais, que acabam aprendendo com eles, em uma inversão de
papéis muito saudável para o futuro do planeta.
Os modelos de educação ambiental centrados no aluno são fundamentais
para a criação de uma consciência sustentável. Eles oferecem processos interativos
que podem ajudá-los a se sentirem responsáveis por seu aprendizado,
desenvolvendo habilidades. Esse modelo de educação oferece aos alunos
ferramentas para restabelecermos o controle sobre os alunos o aprendizado,
dirigindo nosso futuro para a sustentabilidade.
Uma escola sustentável não é somente aquela que possui compromisso
com o uso consciente de recursos naturais, mas também pela qualidade de ensino e
de vida dos alunos. Sobre este aspecto, a então Secretaria de Meio Ambiente do
Estado do Pará (hoje SECTAM), destacava:
Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, preocupado com os problemas associados a esse ambiente e que tenha o conhecimento, as atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de soluções para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros. (PARA, 1997: p. 22).
Neste sentido, as escolas têm o papel muito importante na
conscientização dos alunos, pois eles serão os futuros homens que com certeza
terão uma responsabilidade concreta em preservar o meio-ambiente, com escolhas
adequadas e um comportamento responsável podendo reduzir o lixo, favorecendo o
meio-ambiente. A educação ambiental cumpre papel importante quando se
consideram processos de transformação socioambientais com a participação de
múltiplos atores como o corpo docente e discente de uma escola, que irão contribuir
no processo educativo e aponta outros percursos possíveis a serem trilhados pela
escola e comunidade, com a doação de princípios e práticas sociais sustentáveis.
A Escola Sustentável pode se tornar referências para suas comunidades,
promovendo uma gestão mais democrática e participativa. O espaço escolar tem
que envolver estudante, membros da comunidade, professores, funcionários e
gestores em diálogos constantes voltados à melhoria da qualidade de vida, pois por
acreditarmos na escola como uma espiral de possibilidades e descobertas e por
apresentar uma proposta de aprendizagem circular, que não se fecha e permanece
inacabada na incompletude de avançar e recuar, de ensinar e aprender. Uma Escola
Sustentável considera que o território é o espaço que constrói as identidades, ou
seja, um currículo cultural do sujeito, da comunidade escolar e também da
sociedade brasileira.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Meio Ambientes e
Saúde (1997):
Sabe-se que o papel central da escola com relação à educação ambiental e construir um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado. Pois o mesmo requer responsabilidade individual e coletiva. Vale ressaltar que a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente o começo para sensibilizar a população e motivá-los a lutar par se obter um equilíbrio ecológico do qual fazemos parte. (BRASIL: 1997, p.24)
Assim, a educação ambiental não deve ser vista somente como
ecologismo em uma visão apenas de fauna e flora, mas principalmente onde se
forma o individuo para interagir com o meio em que se insere de maneira
responsável e consciente. Pois, no momento em que se descobre a relevância
dessa temática e diante de tantas mudanças em todos os campos do conhecimento
e em todos os setores, temos certeza de que caminhamos para uma sociedade
onde será inevitável o resgate de uma aprendizagem significativa que tenha como
base a realidade do educando, pois o homem é à base de qualquer mudança.
Sustentabilidade não se constrói com ações pontuais, mas com a
transformação da cultura interna, ou que inclui mobilizar diretores, coordenadores,
professores, funcionários administrativo, alunos e pais, nada se faz do dia para a
noite nessa área. Mudar procedimentos arraigados leva tempo, é um processo
constante crescente, com idas e vindas assim como no restante da sociedade, a
implantação de políticas de sustentabilidade nos confronta com inúmeras
contradições, principalmente no que refere aos aspectos da viabilização econômica
ou tecnológica.
Embora nas escolas ainda seja um processo inicial há muitas
experiências que podem ser compartilhadas, como por exemplos Organizações Não
Governamentais – ONGS e empresas de outros segmentos. Do mesmo modo, é
preciso investir em formação continuada também na área ambiental, é preciso lutar
contra o fosso entre a teoria do que se faz em sala de aula e o que se realiza no
cotidiano da instituição, a noção de sustentabilidade ultrapassa em muitos os limites
da escola.
É preciso estimular os alunos e a atrair a comunidade, tornando um pólo
difusor dessa nova consciência, estamos em plena transformação, não há soluções
esquematizadas, cada escola encontrará o seu caminho, mas não se contente
apenas com a implantação de ações como a coleta seletiva do lixo, embora seja um
bom começo para uma escola que quer abraçar essa causa, pois para se construir
uma Escola Sustentável, é preciso saber que nada se faz de cima para baixo. É
preciso saber ouvir e dialogar com vários setores e interesses envolvidos.
A respeito desta análise, Bezerra (2005) enfatiza:
Confirma-se assim na Educação Ambiental um conhecido lema ecológico, o de: agir localmente e pensar globalmente ressaltam- se que esse agir e este pensar não são separados, mas constituem a práxis da Educação Ambiental que atua consciente da globalidade que existe em cada local e em cada individuo consciente de que a ação local ou individual age sincronicamente no global, superando-as para a ação entre o local e o global, entre o individuo e a natureza, alcançando uma consciência planetária que não é apenas compreender, mas também se sentir e agir integrado a esta relação: ser humano/natureza: adquirindo assim, uma cidadania planetária. (Bezerra: 2005, p. 38)
Segundo Bezerra (2005) essa consciência tem o objetivo de uma nova
era de resgate, do diálogo, da reflexão, como união de todos para uma cidadania
planetária. Pois o problema da degradação da natureza é responsabilidade do
homem que faz uso exagerado dos recursos da mesma sem se preocupar com a
preservação, pois sabemos que de onde se tira é não se põe a tendência é acabar.
Pois a natureza por sua vez não será ouvida a menos que nos engajemos com ela,
a menos que nós tenhamos o desejo de escutá-la.
No âmbito destas premissas sobre o papel da escola em relação à
educação ambiental e desenvolvimento sustentável, faz-se também, necessário uma
breve revisão a respeito da abordagem relativa às práticas pedagógicas que
orientam para uma sustentabilidade ambiental na escola.
1.7 . PRÁTICAS PEDAGÓGICAS QUE TRABALHAM A SUSTENTABILIDADE NA
ESCOLA
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS incorporaram a educação
ambiental como tema transversal nas disciplinas convencionais, relacionando-as a
realidade. A intenção é despertar a escola e outras instituições para uma nova forma
de trabalho pedagógico que ajudará o individuo no engajamento político-social
ampliando assim, a responsabilidade do educador com a formação dos alunos, para
que os mesmos possam exercer uma verdadeira cidadania, por isso, os professores
precisam repensar seu papel enquanto transmissor de conhecimentos, nesse
sentido, acredita-se que a formação inicial e continuada de professores podem ser o
caminho para uma melhor atuação dos mesmos em relação à educação ambiental,
pois observamos tantas agressões ao meio ambiente como, por exemplo, o acúmulo
de lixo nas vias públicas, as transformações de córregos e igarapés em verdadeiros
esgotos a céu aberto.
É fundamental o uso de processo lúdicos na educação dos alunos de
como aprender a cuidar da horta, e reciclar materiais como se fosse uma
brincadeira, incentivar o contato das crianças com elementos da natureza. A escola,
para ser sustentável tem que se desenvolver a partir dos serviços que a escola
puder prestar primeiramente ao público docente e discente depois para o público
externo de seu entorno.
A escola tem que se fazer centro de atividades, constituindo-se em
interesse de todos que estão em sua proximidade ou que de alguma maneira são
afetados por sua interferência. Esse grupo de pessoas que compreende os alunos,
os professores, os servidores, os moradores do entorno, os comerciantes do entorno
entre outros, constitui a comunidade-escola. Essa comunidade precisa ser atendida
pela escola em todos os interesses possíveis. Para tanto cada segmento dessa
comunidade precisa se sentir como sendo os verdadeiros donos da escola.
Assim, essas participações em práticas são importantes para o
desenvolvimento da aprendizagem de práticas ambientais de cada individuo, por
isso, é importante o professor observar no educando seu interesse pelos problemas
ambientais que ocorrem em seu município, seu bairro e na própria comunidade
escolar. Assim, a escola criará tarefas culturalmente ligadas à escola, como uma
prática cotidiana na forma de atividades que requeiram a reflexão sobre conceitos
ambientais a partir de situações problemáticas. As práticas ambientais é uma peça
importante nessa nova maneira de se pensar em educação ambiental, todas as
mudanças no que diz respeito ao meio ambiente, com certeza mudam nossa visão
sobre o verdadeiro sentido da palavra conservação e preservação ambiental.
Implantar práticas sustentáveis na escola não é tarefa fácil, mais com um
projeto bem elaborado, onde gestores, professores, coordenadores, alunos e
comunidades se interagem com o objetivo de alcançarem com êxito, vale apena, o
corpo docente e discente terá que promover atitudes sustentáveis no coletivo e,
individualmente, agindo coerentemente com elas, para que os alunos desenvolvam
atitudes diárias de respeito ao ambiente e à sustentabilidade, apoiadas nos
conteúdos trabalhados em sala de aula, em que os gestores envolvam a
comunidade, pais e responsáveis com o interesse pelo projeto em que os mesmos
se integram em sua organização e implantação.
A respeito da possibilidade da implementação de atividades de educação
ambiental em uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, Carvalho (2002)
adverte que diante de tantas pistas para uma implementação efetiva da educação
ambiental nas escolas, evidentemente posicionamo-nos por um processo de
implementação que não seja hierárquico, autoritário, competitivo e exclusivista, mas
que seja levado diante fundamentado pela cooperação, participação e pela geração
de autonomia dos autores envolvidos. Projetos impostos por pequenos grupos ou
atividades isoladas, gerenciadas por apenas alguns indivíduos da comunidade
escolar, como um projeto de coleta seletiva no qual a única participação dos
discentes seja jogar o lixo em latões separados, envolvendo apenas um professor,
coordenador, essa participação de pequenos grupos em atividades sobre a
educação ambiental não são capazes de produzir a mudança de mentalidade
necessária para que a atitude de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resíduos
sólidos se estabeleça e transcenda para além do ambiente escolar.
Portanto, devem-se buscar alternativas que promovam uma continua
reflexão capaz de mudar a mentalidade das pessoas, apenas dessa forma,
conseguiremos programar em nossa escola, a verdadeira educação ambiental com
atividades e projetos não meramente ilustrativos, mas fruto da ânsia de toda
comunidade escolar em construir um futuro no qual possamos viver em um ambiente
equilibrado, em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com os nossos
semelhantes.
Mas para que isso ocorra de forma significativa precisamos reeducar a
sociedade em relação a práticas ambiental e a escola é o lugar ideal para esse
processo, ela ajudará muitas pessoas que estão dispostas a mergulhar de cabeça
nessas mudanças, para que se possam compreender nossas ações sobre o
ambiente.
As práticas ambientais são uma peça importante nessa nova maneira de
se pensar em educação ambiental, todas as mudanças no que diz respeito ao meio
ambiente, com certeza mudam nossa visão sobre o verdadeiro sentido da palavra
conservação e preservação ambiental. Enfim, atitudes simples nossas
transformaram o ambiente onde estamos inseridos, pois é necessário que o aluno
esteja numa linha de sintonia que ele seja capaz de tornar o ambiente harmônico
para ter um futuro sustentável.
A escola terá que fazer o levantamento da demanda dos recursos
naturais que entram na escola (água, energia, materiais e alimentos) dos resíduos e
da situação estrutural da escola (instalações elétricas e hidráulicas). A comunidade
poderá se envolver na questão ambiental, com construção de novas práticas e
valores e na realização de interferências de educar seus filhos colaborando com o
uso adequado dos recursos, para que sejam utilizados com responsabilidades
evitando o desperdício e assim a escola venha a se beneficiada para oferecer aos
alunos, funcionários e comunidades melhores condições de funcionamento. As
práticas de educação ambiental propõem transformar nossos velhos hábitos e
estilos de vida assentados na cultura do desperdício e no desrespeito com a
natureza.
A preocupação com a cultura do desperdício e desrespeito à natureza
enquanto questão estratégica na organização das atividades de Educação
Ambiental na escola é ainda referenciada por Brundtland (1987) destacando que
aquele que é capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a
capacidade de atender as necessidades das gerações futuras, contribui para o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. (1987: p.25)
O mundo sustentável pede raciocínio como de trazer idéias novas, e
ajudar economizar e gera dinheiro, podendo adquirir produtos que tenham uma vida
mais longa, que seja de fácil conserto ou produzida em nossa região, com esse
comportamento responsável podemos reduzir o lixo, favorecendo o meio ambiente.
A gestão escolar juntamente com o corpo docente terá que fazer
planejamentos, em equipe reunindo os funcionários e iniciando um diálogo sobre a
importância de criarem um ambiente voltado à sustentabilidade. Propondo a
formação de grupos que avaliarão como a escola lida com os recursos naturais, o
descarte de resíduos e a manutenção de áreas verdes e livres. É importante que a
composição das equipes estejam de acordo com todos, assim haverá motivação e
interesse. Os gestores poderão organizar a formação dos grupos, estimando os
tempos e os objetivos das tarefas e sugerir parcerias.
Fazendo o diagnóstico inicial orientando cada grupo a fazer uma
avaliação atenta do assunto escolhido. Por exemplo, uma equipe analisará o uso da
energia levantando informações sobre a distribuição de luz natural, os períodos e
locais em que energia artificial fica ligada verificarão as condições da caixas-d’agua,
canos e mangueiros. No final, os resultados devem ser compartilhados com a
comunidade escolar. Com base no diagnóstico inicial, montaremos com os grupos
um projeto que contemple os principais pontos a serem trabalhados. Incentivando a
todos, com diálogos e avisos perto de interruptores, a desligar a energia quando
houver luz natural ou o ambiente estiver vazio, efetuar a troca de lâmpadas
incandescente manutenção periódica de equipamentos como geladeiras e freezers,
providenciando consertos de vazamentos e disseminar com lembretes nas paredes,
a prática de fechar as torneiras durante a lavagem da louça, a escovação dos dentes
e a limpeza da escola, se tiver espaço e recurso na escola para construção de
cisternas é uma boa opção para coletar a água da chuva e com isso economizará
bastante.
Fazer a coleta seletiva do lixo promovendo a reciclagem buscando
parcerias com cooperativas de catadores de lixo. A coleta seletiva ainda e restrita e
boa parte do material que pode ser reciclado, onde temos que fazer a separação dos
diversos tipos de lixo. Poderão também promover a iniciativa de horta no quintal da
escola, investindo também no aumento da superfície permeável e de área verde
criando espaço para refrescar o ambiente, diminuindo a poeira.
O corpo docente e discente da escola terá que elaborar projetos
vivenciando a responsabilidade sócia ambiental pelo desenvolvimento sustentável,
na escola levando o máximo de informações das práticas de sustentabilidade
ambiental a toda comunidade escolar e também a população do município de Santa
Cruz do Arari, para que haja mudanças de atitudes tanto na escola como no
município. Os gestores terão que fazer o acompanhamento das ações e o
andamento das mudanças, anotando os resultados e as pendências. Reunidos os
envolvidos para fazer as avaliações coletivas das medidas adotadas, procurando
levar em consideração quando houver necessidades, novas sugestões e soluções
propostas por alunos, educadores e famílias. É importante ter em mente que essa
manutenção deve ser permanente e não apenas parte isolada do projeto.
A escola terá que fazer uma avaliação, recordando o que ela espera
alcançar, questionando se os objetivos foram atingidos, total ou parcialmente,
avaliando as atitudes cotidianas em relação ao desperdício e ao consumo.
Diante do contexto das inúmeras possibilidades de organização da prática
pedagógica escolar para o desenvolvimento da Educação Ambiental na perspectiva
do desenvolvimento sustentável, resta ainda verificar algumas questões que podem
se constitui em entraves para a implementação da referida prática.
1.8. ENTRAVES E BENEFICIOS DE UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL
A Escola como uma instituição educacional deve procurar a socialização
do saber, da ciência, da técnica e das artes produzidas socialmente, deve estar
comprometida politicamente e ser capaz de interpretar as carências reveladas pela
sociedade, direcionando essas necessidades em função de princípios educativos
capazes de responder as demandas sociais.
A escola é responsável pela propagação do conhecimento, porém
observa-se que o próprio espaço escolar não diz com que efetivamente se propõe a
formação da consciência ambiental, uma vez que observam exemplos das paredes
das escolas sujas atitudes provocadas pelos próprios alunos, à ausência de lixeira
dentro e fora das salas causando poluição visual de lixos no chão gerando um
ambiente desagradável. Outro problema que as escolas enfrentam em Santa Cruz
do Arari, é o descaso do Poder Público em relação ao Saneamento Básico, por não
oferecer uma rede de esgoto viável em nossa comunidade. Essa é uma realidade
que prejudica a população, por viverem em casas de palafitas, que durante o
período do inverno as crianças tomam banho nas águas poluídas, como se fossem
verdadeiras piscinas, sem que seus pais tivessem a consciência dos males que
causariam aos pequenos.
Diante desse contexto, o gestor escolar, necessita criar situações para
romper barreiras entre a teoria e a prática, repensando na sua forma de administrar,
tendo conhecimento de todas as atividades desenvolvidas dentro do seu ambiente
de trabalho. O ponto de partida para que ocorram mudanças significativas no
sistema escolar, é o de uma gestão mais democrática onde todos possam participar
dos projetos, opinar com idéias coerentes, de acordo com as prioridades do
estabelecimento. Tal prática exige do gestor conhecimento da realidade de sua
escola, assim, poderá coordenar e por em prática e dirigir ações conjuntamente com
todos os indivíduos, preparando o ambiente para um processo de mudança em que
terão que se adaptar.
Para que ocorra essa socialização, necessita-se de uma gestão
democrática e participativa, onde aconteça uma efetiva participação, tanto nas
soluções de problemas como na tomada de decisões que vão influenciar
diretamente a escola.
Neste âmbito, Paro (1997) enfatiza que:
Cabe aos profissionais da educação fazerem valer o seu papel de educador, dando ênfase a um ensino mais democrático, com diálogos abertos, com informações que provoquem reflexões a respeito dos fatos sociais existentes. É importante que se trabalhe sempre com o concreto, assim o educando se sentirá estimulado a criar situações como todo o processo democrático, que é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação”. (Paro:1997, p. 17).
Considera-se que o processo de gestão democrática e participativa não é
uma função exclusiva do gestor escolar, mas da realização de um trabalho
participativo, que envolve todos os segmentos sociais que compõem a escola, o ato
de pesquisar busca desvelar os processos que entravam à implantação e a real
vivência da gestão democrática e participativa nas escolas públicas.
Os benefícios para uma escola sustentável começam com as seguintes
metas: redução da produção de lixo, redução da sujeira jogada no pátio da escola,
redução do desperdício e uso de água, expansão da área verde ao redor da escola,
aumento da biodiversidade na escola.
Essa iniciativa incentiva a autoconfiança dos estudantes e a formação dos
professores para trabalharem com problemas reais, obtendo resultados concretos
que criaram oportunidade de aprendizagem.
A escola poderá promover treinamento de professores e
acompanhamento das atividades, junto com as crianças e fazendo as visitas de
monitoramento, incentivando o contato das crianças com elementos da natureza.
Elas passam a sentir-se envolvidas no processo dos materiais, entendendo que
fazem parte de tudo que consomem e que descartam.
Com isso aprenderão a respeitar o espaço público assim como cuidar
dele, além de levar esses valores para outros ambientes que freqüentam; suas
casas principalmente. Ao contrário do que se pensa, sua implementação não seria
tão trabalhosa, o ambiente se torna mais agradável para o ensino, melhorando a
atenção que os alunos prestam aos conhecimentos passados em sala de aula.
Por meio de vídeos com imagem e animação os alunos terão melhores
rendimentos escolares com as atividades sustentáveis do dia-dia. Partindo do que
boa parte dos problemas ambientais atuais é decorrente principalmente de atitudes
humanas, acredita-se que somente uma mudança na educação pode melhorar ou
até reparar os erros já cometidos. As novas gerações devem ser preparadas desde
crianças para enfrentar os problemas ambientais e evitá-los o máximo possível.
Assim, deveriam aprender novos hábitos de consumo para que possam viver de
uma maneira mais sustentável.
1.9. ASPECTOS LEGAIS DA PRESERVAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Constituição Federal de 1988 é um marco histórico para o nosso País,
nela está sua estrutura política enquanto conquista que solidificou um Estado
Democrático de Direito, após vinte e cinco anos de ditadura. Com referências
implícitas ou explicitas, tratando da questão ambiental, é a maior referência de tutela
em nosso ordenamento jurídico.
A Constituição de 1988 foi, portanto, a primeira a tratar deliberadamente
da questão ambiental. Pode-se dizer que ela é uma Constituição eminentemente
ambientalista. Assumiu o tratamento da matéria em termos amplos e modernos. Traz
um capítulo específico sobre o meio ambiente, inserido no título da Ordem Social
(Capítulo VI do Título VIII).
Ela fortaleceu princípios já contidos na Lei nº 6.938 de 31 de agosto de
1981, e deste modo, inovaram profundamente o ordenamento jurídico nacional na
matéria ambiental, possibilitando efetivamente a tutela ambiental.
Tratando-se de direito constitucional ambiental, vale ressaltar a questão
de competência do poder pública a incumbência de promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente.
No ano de 1999 o Congresso Nacional instituiu a Política Nacional de
Educação Ambiental com a aprovação da Lei nº 9.795/99. O texto legal possui vinte
e um artigos, distribuídos em quatro capítulos que tratam da Educação Ambiental;
da Política Nacional de Educação Ambiental; da Execução da Política Nacional de
Educação Ambiental e disposições finais. Esse diploma veio regular definitivamente
a educação ambiental no Brasil.
A lei conceitua, em seu artigo 2º, a educação ambiental como
componente essencial e permanente da educação nacional. Determina que o poder
público, as instituições educativas, os órgãos integrantes do Sistema Nacional de
Meio Ambiente – SISNAMA, os meios de comunicação de massa, as empresas,
entidades de classe, instituições públicas e privadas e a sociedade como um todo
têm a incumbência de promover a educação ambiental.
Define os princípios básicos da educação ambiental, merecendo
destaque: o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; a concepção
do meio ambiente em sua totalidade; o pluralismo de idéias e concepções
pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinar. Um dos objetivos
consiste em garantir a democratização das informações ambientais e fortalecer a
cidadania com uma consciência crítica das causas e efeitos dos problemas
ambientais, a nível local, nacional e mundial.
As atividades da Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA são
inter-relacionadas e envolve capacitação de recursos humanos; desenvolvimento de
estudos e pesquisas na área; produção e divulgação de material de educação
ambiental e avaliação. O artigo 10 da referida Lei (1999), versa: A educação
ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e
permanente em todos os níveis e modalidades de ensino formal. (1999: Lei 9.795). A
partir daí, as escolas, públicas e privadas, ficaram obrigadas a inseri-la em todas as
disciplinas, em caráter formal e não-formal. O parágrafo primeiro deste artigo veta a
implantação de uma disciplina específica no currículo de ensino. Já no parágrafo
segundo, fica facultada para os cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas
voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental.
Destacam-se ainda, as seguintes legislações correlatas:
O Estatuto da Cidade – Lei federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 ,
que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo
diretrizes gerais da política urbana, nos municípios, tratando de temas como: o
estudo do impacto da vizinhança, o parcelamento do solo, plano diretor, gestão
democrática da cidade, entre outros. Além de regulamentar os arts. 182 e 183 da Lei
Maior, o Estatuto da Cidade tem por objetivo estabelecer diretrizes gerais da política
urbana, que, por sua vez, vista ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e da propriedade. São funções sociais da cidade as ligadas à habitação,
ao trabalho, à circulação e à recreação, enquanto são funções sociais da
propriedade as relacionadas ao uso e à ocupação do solo urbano.
O projeto de Lei de Educação Ambiental do Pará (em fase de
tramitação na Assembléia legislativa do estado do Pará) foi debatido amplamente
com vários segmentos da sociedade e ficou pronto este ano de 2011 e deverá ser
encaminhada como projeto indicativo ao Governo do Estado. Segundo dados do
MEC, o Pará é um dos quatro estados brasileiros que não possuem uma política
efetiva de Educação Ambiental. A lei estadual que trata do assunto é de 1990 e já
estaria defasada. Pela nova proposta, o Pará irá ganhar uma Política Estadual de
Educação Ambiental que englobaria um conjunto de iniciativas com o objetivo de
formar cidadãos e comunidades aptas a promover uma atuação responsável para a
solução dos problemas ambientais e a inclusão da dimensão ambiental nos
currículos das instituições de ensino básico, públicas e privadas.
Como podemos observar no âmbito legal a Educação Ambiental é um
processo permanente em que os indivíduos e as comunidades adquirem consciência
do seu meio e aprendem os conhecimentos, os valores, as habilidades, as
experiências e também a determinação que lhes capacite agir, individual e
coletivamente, na resolução dos problemas ambientais presentes e futuros.
A partir desses documentos se depreende que a educação ambiental é o
ícone para solução dos problemas ambientais, promovendo a disseminação de uma
consciência ecológica e capacitação da sociedade para a participação ativa nas
políticas públicas e comunitárias relacionadas ao meio ambiente. A sociedade civil
não pode mais se eximir do seu papel de responsabilidade socioambiental, que é um
mandamento constitucional, conforme fixa o Artigo 225 da Constituição Federal que
impõe ao poder público e à coletividade o dever de defender e preservar os recursos
naturais para as gerações presentes e futuras.
1.10. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL
No Brasil o grande marco do surgimento do Direito Ambiental foi à edição
da Lei nº 6.938, em 31 de agosto de 1981, que dispôs sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente e que começou a tratar os recursos ambientais de forma integrada e
holística.
A partir de então o Direito Ambiental passou a evoluir e gradualmente a
ganhar autonomia como ramo da Ciência Jurídica a ponto de ter os seus próprios
princípios. Ao consagrar o meio ambiente como um direito humano fundamental e de
fazer diversas outras referências ao assunto ao longo do seu texto, a Constituição
Federal de 1988 consagrou também de forma explícita ou implícita os mais
relevantes princípios do Direito Ambiental.
Não se pode esquecer de que foi por conta da ameaça à continuidade da
vida humana e dos gravíssimos problemas ambientais, como o aquecimento global,
o buraco na camada de ozônio, a escassez de água potável e a desertificação, que
o Direito passou a ser preocupar com essa temática. Entretanto, muitas vezes o
Poder Judiciário tem interpretado a legislação de forma restritiva, deixando de
proteger efetivamente o meio ambiente e colocando em risco esse direito
imprescindível à qualidade de vida, somente por causa de um atrelamento excessivo
ao positivismo jurídico e de uma falta de consideração aos princípios jurídicos.
Os princípios exercem uma função especialmente importante frente às
outras fontes do Direito porque, além de incidir como regra de aplicação do Direito
no caso prático, eles também influenciam na produção das demais fontes do Direito.
É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a
doutrina e os tratados e convenções internacionais, já que eles traduzem os valores
mais essenciais da Ciência Jurídica.
Se na ausência de uma legislação específica há que se recorrer às
demais fontes do Direito, é possível que no caso prático não haja nenhuma fonte do
Direito a ser aplicada a não serem os princípios jurídicos.
Com efeito, pode ser que não exista lei, costume, jurisprudência, doutrina
ou tratados e convenções internacionais, mas em qualquer situação os princípios
jurídicos poderão ser aplicados. Segundo Mello (1980) os princípios desempenham
um papel mediato, ao servirem como critério de interpretação e de integração do
sistema jurídico, e um papel imediato ao serem aplicados diretamente a uma relação
jurídica. Para o autor as três funções principais dos princípios são impedir o
surgimento de regras que lhes sejam contrárias, compatibilizarem a interpretação
das regras e dirimir diretamente o caso concreto frente à ausência de outras regras.
De acordo com Mello (1980) violar um princípio é muito mais grave do que
transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um
específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais
grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio
atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus
valores fundamentais.
Estudar o meio ambiente em cidades ribeirinhas é bastante complexo,
não se limitando apenas ao meio ambiente natural, pois os problemas vêm a cada
dia extrapolando as fronteiras das grandes cidades e afetando as pequenas cidades
por isso tornando um desafio para estudiosos em diferentes áreas do conhecimento
que contemplam a questão ambiental como objeto de estudo.
Desta forma, não se pode ignorar a necessidade de se estudar, refletir e
colocar em prática os recursos que a legislação possibilita na aplicação da defesa do
meio ambiente. Com efeito, destacamos a importância da Constituição Federal da
República de 1988, e as diversas leis infraconstitucionais que existem para a defesa
de um meio ambiente equilibrado e dos Princípios Ambientais que exercem uma
função especialmente importante frente às outras fontes do Direito porque, além de
incidir como regra de aplicação do Direito no caso prático, eles também influenciam
na produção das demais fontes do Direito. Vale ressaltar que os princípios possuem
valor normativo e não somente valorativo interpretativo ou argumentativo, de
maneira que se encontram hierarquicamente superiores a qualquer regra.
Para isso, é importante a construção de uma proposta de educação
ambiental comprometida com o exercício da cidadania que exija a explicitação dos
pressupostos que devem fundamentar uma prática/práxis de educação ambiental.
Nesta perspectiva, Emídio (2004) enfatiza a importância da escola como sendo uma
Instituição responsável pela socialização do saber formal e que deverá fazer a
seleção dos saberes, partindo do pressuposto de que os impactos ambientais
gerados a partir dessa nova ordem cultural estão influenciando o modo de vida dos
ribeirinhos. E, portanto devem proporcionar à educação ambiental, de modo a
articular as dimensões ambientais e sociais, problematizando a realidade e
respeitando sua cultura.
A legislação ambiental é fundamental, mas a sua eficácia depende da
implantação de uma política de educação ambiental contínua e preventiva, pois a
cidadania plena consiste no conhecimento e tutela dos direitos e exercício dos
deveres.
Os Princípios do Direito Ambiental visam proporcionar para os presentes
e futuras gerações, as garantias de preservação da qualidade de vida, em qualquer
forma que esta se apresente, conciliando elementos econômicos e sociais, isto é,
crescendo de acordo com a idéia de desenvolvimento sustentável.
Os princípios do direito ambiental, que orientam e organizam as ações
referentes a Educação Ambiental e conseqüente desenvolvimento sustentável, são
os seguintes:
Princípio do Direito Humano Fundamental: O direito ao meio ambiente
protegido é um direito difuso, já que pertence a todos e é um direito humano
fundamental, consagrado nos Princípios I e II da Declaração de Estolcomo e
reafirmado na Declaração do Rio de Janeiro.
Princípio Democrático: Assegura ao cidadão o direito à informação e a
participação na elaboração das políticas públicas ambientais, de modo que a ele
devem ser assegurados os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos que
efetivam o princípio. Esse Princípio é encontrado não só no capítulo destinado ao
meio ambiente, como também no capítulo que trata os direitos e deveres individuais
e coletivos.
Princípio da Precaução: Estabelece a vedação de intervenções no meio
ambiente, salvo se houver a certeza que as alterações não causaram reações
adversas, já que nem sempre a ciência pode oferecer à sociedade respostas
conclusivas sobre a inocuidade de determinados procedimentos. Graças a esse
Princípio, a disponibilização de certos produtos é por muitas vezes criticada pelos
vários segmentos sociais e o próprio Poder Público, como aconteceu no recente
episódio dos transgênicos, já que não foi feito o EPIA – Estudo Prévio de Impacto
Ambiental, exigência constitucional que busca avaliar os efeitos e a viabilidade da
implementação de determinado projeto que possa causar alguma implicação
ambiental.
Princípio da Prevenção: É muito semelhante ao Princípio da Precaução,
mas com este não se confunde. Sua aplicação se dá nos casos em que os impactos
ambientais já são conhecidos, restando certo a obrigatoriedade do licenciamento
ambiental e do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, estes uns dos principais
instrumentos de proteção ao meio ambiente.
Princípio da Responsabilidade: Pelo Princípio da Responsabilidade o
poluidor, pessoa física ou jurídica, responde por suas ações ou omissões em
prejuízo do meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou
administrativas. Logo, a responsabilidade por danos ambientais é objetiva, conforme
prevê o § 3º do Art. 225 CF/88.
Princípio do Usuário Pagador e do Poluidor Pagador:
Consubstanciados no Art. 4º, VIII da Lei 6.938/81, levam em conta que os recursos
ambientais são escassos, portanto, sua produção e consumo geram reflexos ora
resultando sua degradação, ora resultando sua escassez. Além do mais, ao utilizar
gratuitamente um recurso ambiental está se gerando um enriquecimento ilícito, pois
como o meio ambiente é um bem que pertence a todos, boa parte da comunidade
nem utiliza um determinado recurso ou se utiliza, o faz em menor escala.
O Princípio do Usuário Pagador estabelece que quem utilizar o recurso
ambiental deve suportar seus custos, sem que essa cobrança resulte na imposição
taxas abusivas. Então, não há que se falar em Poder Público ou terceiros
suportando esses custos, mas somente naqueles que dele se beneficiaram.
O Princípio do Poluidor Pagador obriga quem poluiu a pagar pela
poluição causada ou que pode ser causada.
Princípio do Equilíbrio: Este Princípio é voltado para a Administração
Pública, a qual deve pensar em todas as implicações que podem ser
desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, devendo adotar a
solução que busque alcançar o desenvolvimento sustentável.
Princípio do Limite: Também voltado para a Administração Pública, cujo
dever é fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de
partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos,
dentre outros, visando sempre promover o desenvolvimento sustentável.
A revisão conceitual referente a legislação da Educação Ambiental,
converge para o entendimento da importância e significados das políticas de
Educação Ambiental, necessárias para uma escola sustentável.
1.11 POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA ESCOLA SUSTENTÁVEL
A educação ambiental é uma realidade que se inclui nas políticas de
governo de vários países. No Brasil, sua prática é respaldada por Lei, sendo
amparada por uma das mais completas Legislações Ambientais, que incluem a Lei
6938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei 9605/98 dos Crimes
Ambientais. Cabem a nós cidadãos deste país, colocá-las em prática.
Atualmente a Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela lei
9.795/99, estabelece que a educação ambiental seja desenvolvida como prática
educativa integrada continua e permanente em todos os níveis e modalidades de
ensino. Na maioria de nossas escolas públicas parece não haver uma preocupação
com a real questão ambiental, isso também se deva ao fato de que muitos
profissionais não se acham capacitados ou não tem domínio sobre o assunto,
fazendo com que a educação ambiental torne-se um fracasso no processo de
ensino/aprendizagem.
O desenvolvimento da educação ambiental vem sendo pontuado por meio
de campanhas e eventos que captam a atenção da opinião pública para as
necessidades de preservar o meio ambiente, o que ainda é insuficiente para
minimizar as catástrofes.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS, o conteúdo de
educação ambiental deve ser trabalhado de forma transversal. A proposta é fazer o
aluno conhecer e compreender o meio ambiente, adotar novas posturas, analisar
situações, perceber problemas, conservar recursos naturais e socioculturais e
identificar-se como parte da natureza. Deve assim, proporcionar ao aluno diversas
experiências para poder trabalhar diferentes realidades na escola e, fora dela,
considerando a especificidade de cada região. O Ministério da Educação – MEC tem
o dever de apoiar a comunidade escolar, professores, estudantes, direção,
funcionários, pais e amigos a se tornarem educadores ambientais com a leitura
critica da palavra mundo.
Com isso aumenta a responsabilidade do Órgão Gestor (OG) da Política
Nacional de Educação Ambiental. O órgão gestor é formado por dois ministérios que
atuam juntos: O Ministério da Educação – MEC, representado pela coordenação
geral de educação ambiental, da Diretoria de Educação Integral, Direitos Humanos e
Cidadania da Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade –
SECAD e o Ministério do Meio Ambiente – MMA, de formar educadores atuantes em
processo de busca e conhecimento voltados para a educação ambiental.
No ano de 2003 aconteceu a Conferência Nacional do Meio Ambiente em
duas versões adulta e jovem, realizada pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA em
parceria com o Ministério da Educação – MEC, que transformou milhares de escolas
de todo país em espaço de mobilização que deram aos jovens, professores e
professoras e às comunidades a oportunidade de opinar, reunir e priorizar suas
sugestões de como cuidar de nosso país.
Temos também a COM-VIDA que é uma organização na escola e se
baseia na participação de estudantes, professores, servidores, gestores,
comunidade. A mesma é organizada pelo delegado ou delegada e seu suplente da
Conferência de Meio Ambiente da Escola, trazendo a Educação Ambiental para
todas as disciplinas.
O principal papel da COM-VIDA è construir para um dia-a-dia
participativo, democrático, animado e saudável, promovendo o intercâmbio entre a
escola e a comunidade. Por isso, a COM-VIDA chega para somar esforços com
outras organizações da escola, como Grêmio Estudantil, a Associação de Pais e
Mestres e o Conselho da Escola. Só tem sentido criar a COM-VIDA se for para
modificar para melhor o dia-a-dia da escola e da comunidade. No estado do Pará a
COM-VIDA, engloba 13 municípios, com o acompanhamento inicial em 17 escolas,
que vieram a aumentar para 40 escolas, vale ressaltar municípios que não
participaram do projeto, mas são frutos da conferência Infanto-Juvenil pelo Meio
Ambiente prosseguindo de forma autônoma em suas atividades
Portanto os projetos da COM-VIDA ajudam na construção da cidadania,
fazendo com que os alunos reflitam sobre suas práticas no dia a dia, sobre o meio
ambiente, pois assim cada dia vai ser formando individuo para o exercício da
cidadania, e com certeza vamos ter uma sociedade melhor onde todos possam ter a
oportunidade de mostrar seus conhecimentos sobre a educação ambiental.
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO
2.1. SUGESTÕES PARA AÇÕES E ATIVIDADES
Com base no pressuposto anterior, podemos enumerar algumas
sugestões para o desenvolvimento da educação ambiental nas escolas e tentar
minimizar o problema de desvalorização dos recursos naturais. Para isso se elencou
algumas propostas:
• Construir um Projeto Político Pedagógico – PPP na escola que vá de
encontro a expectativa da comunidade escolar e que apresente soluções
para determinados problemas ambientais.
• Propor ações de formação continuada para professores sobre educação
ambiental, uma vez que os docentes precisam discutir e pesquisar sobre
os assuntos para que possam desenvolver em sala de aula um trabalho
mais sistematizado.
• Sugerir a implantação de projetos, pois os mesmos possibilitariam aos
alunos conhecerem os problemas ambientais e propor estratégias que
possam minimizá-los, como por exemplo a realização da Conferência
Infanto-Juvenil pelo meio ambiente promovido pelo Ministério da
Educação de Meio Ambiente, que acontece a cada dois anos.
• Inserir a educação ambiental no currículo escolar assim como as ações de
mobilização que se configurem num processo permanente de
aprendizagem.
• Sensibilizar o aluno para o interesse em proteger o meio ambiente e uma
das possibilidades de mobilização desse público dentro e fora da escola é
a formação das COM-VIDAS (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de
Vida).
• Disseminar, através de práticas pedagógicas, uma concepção educação
ambiental que permita a articulação do binômio teoria e prática, atuando
com projetos numa linha coletiva, envolvendo a comunidade tanto interna
como externa promovendo mudanças de hábitos e de atitudes, quanto à
preservação e conservação do ambiente.
• Mobilizar a comunidade escolar para agir e exigir das autoridades
governamentais punições aos que tem olhos, mais não enxergam os
grandes perigos que ameaçam a nós e as futuras gerações.
• Desenvolver projetos de aprendizagem que destacam os tipos de
desperdícios de materiais orgânicos e inorgânicos e demonstrar para os
alunos qual seria o tratamento adequado, uma vez que os projetos
ambientais educacionais realizados em conjunto são de suma importância
para desenvolver um pensamento crítico sobre a questão entre os jovens,
e que eles sejam os agentes ambientais do nosso futuro.
• Promover palestras, seminários e outros eventos de natureza acadêmica
na escola, pois ela é um dos principais agentes de comunicação e
formação de opiniões, com distribuição de folders, etc.
• Adotar medidas simples para economizar a água na escola e diminuir o
seu desperdício com a construção cisternas para captação da água da
chuva; esta água pode ser utilizada na limpeza da escola.
• Criar as organizações mobilizadoras de educação ambiental na escola,
como o grupo de apoio ao meio ambiente, criando oportunidades para que
os alunos construam seus projetos e ações em favor do meio ambiente
sustentável.
• Possibilitar o pleno desenvolvimento de uma consciência critica
permanente diante aos desafios que surgiram durante o futuro dos alunos,
tornando-o apto para conviver na sociedade e serem capazes de resolver
os problemas que surgirem em suas trajetórias de vida cidadã.
• Trabalhar a educação ambiental desde ao anos iniciais do Ensino
Fundamental e procurar a melhor forma para envolver os alunos nesse
processo.
• Oportunizar estrutura aos professores para que os mesmos possam
desenvolver ações, projetos e atividades em prol de uma educação
ambiental sustentável.
• Promover encontros informativos aos pais e comunidade em geral,
destacando a importância do meio ambiente, da Educação Ambiental e do
desenvolvimento sustentável.
A escola tem um papel impar na formação de uma nova geração que
cuide melhor do planeta, embora seja um desafio para a humanidade reverter essa
situação, mas como educadores precisamos acreditar no ser humano e que a
educação modifica comportamentos. A humanidade com certeza irá reverter esta
situação de descaso e degradação do meio ambiente, é isso não pode ser
compreendido como um pensamento ingênuo. É acreditar no homem, na
capacidade do ser humano criar e gerir oportunidades de transformar o seu meio
físico e social através da educação.
Percebe-se que se partimos desse principio: a escola conseguirá dar um
bom direcionamento para os alunos ampliarem seus conhecimentos sobre o meio
ambiente para tornar realidade uma escola sustentável, um meio ambiente mais
preservado, a conscientização dos nossos alunos e comunidade, resultando numa
educação de qualidade num ambiente equilibrado respeitando sua biodiversidade.
Visando minimizar as dificuldades apresentadas quanto à importância da
educação ambiental para a sustentabilidade na escola, listamos aqui nossos pontos
de vistas que poderão ser considerados para o projeto educacional na Escola, o qual
esperou contribuir para repensar como pode ser promovida a educação ambiental
no espaço escolar tornando-a sustentável. São eles:
• Oportunizar aos professores um trabalho coletivo, onde todos possam
ouvir e ser ouvidos e por em práticas as idéias decididas pelo grupo.
• Disponibilizar material didático suficiente para a execução das atividades e
projetos.
• Integrar os alunos nos projetos e formando uma comissão composta por
eles onde os mesmos irão se comprometer com a divulgação e
culminância das atividades.
• Proporcionar atividades fora da escola que trabalhem a recuperação de
recursos naturais e patrimônios da localidade.
• Listar no projeto de plano anual da escola atividades que envolvam o
grupo de apoio ao meio ambiente, da escola para que haja uma melhor
divulgação aos outros alunos.
• Realizar conferências que destacam a importância da sustentabilidade do
planeta é práticas em educação com responsabilidade social e coletiva.
• Promover a coleta seletiva do lixo.
Estas proposições se consideradas a contento, melhorariam o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da escola, O que resultaria
num grande salto na forma de nos relacionarmos com o meio ambiente, pois se
queremos formar bons cidadãos devemos partir deste principio. Sabemos que não é
fácil mais não custa nada sonhar, porque se todos nós sonharmos juntos um dia se
tornará realidade. Assim perceberemos o quanto nossa contribuição foi significativa
para o desenvolvimento da consciência ambiental, da escola que trabalhamos, ou
melhor, do nosso Município.
Entretanto, devem-se buscar alternativas que promovam uma continua
reflexão que culmine com mudanças de mentalidades, pois só assim estaremos
implementado em nossas escolas uma educação ambiental com atividades e
projetos não meramente ilustrativos, mas fruto da expectativa de toda a comunidade
escolar em construir um futuro no qual possamos viver em um ambiente equilibrado,
em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com os nossos semelhantes.
Se partirmos desse pressuposto, saberemos que tipo de alunos queremos
formar, e qual escola queremos; o que resultará num avanço bastante significativo
na conservação e preservação do meio ambiente, pois com isso a escola estará
cumprindo com uma das nobres funções sociais que é formar alunos para interagir
de forma consciente na sociedade em que estão inseridos ou melhor no Município
de Gurupá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa bibliográfica vem nos mostrar como a escola precisa adotar
novas posturas para assim tentarmos mudar a realidade do nosso planeta, pois
acreditamos que muitos de nós integramos e refletimos com a mesma intensidade
na visão de uma educação para o meio ambiente sustentável. Considerando a
educação ambiental no âmbito escolar, sendo um espaço necessário no mundo de
hoje e inserido ao processo ensino-aprendizagem fundamentam e sustentam as
ações pedagógicas no cotidiano de todos nós educadores, gestores e educandos,
com tudo, ainda é necessária uma mobilização mútua do governo, escolas e
comunidades para garantir o futuro sustentável, valorizando o meio ambiente e seus
recursos naturais.
Diante de todos os desastres ecológicos como, aquecimento global,
enchentes, poluição da água e do ar, pesca e caça predatórias, etc., percebemos
que a sociedade não se manifesta de forma esperada, ou seja, não há preocupação
com as futuras gerações. Sendo assim a escola possui um papel fundamental diante
deste contexto uma vez que se constitui em um espaço onde interagem várias
culturas com pensamentos e atitudes diferentes. Sabemos que as barreiras são
muitas como as que nós vivenciamos durante este estudo, mas podemos dizer que
muitas vezes fica a coragem e a vontade em tentar reverter uma determinada
situação e isso nos leva a uma conscientização de que a sustentabilidade e a
educação ambiental nas escolas precisam melhorar.
Um dos pontos positivos para esse avanço é investir na formação de
nossos alunos voltada para a participação em instâncias decisórias, na escola e na
sociedade. Dessa forma, é necessário incluir a educação ambiental no currículo de
nossas escolas e em políticas públicas e nos planos municipais de educação, pois o
apoio governamental e fator de sucesso nas ações para uma sustentabilidade
ambiental, de que podemos juntos modificar este quadro. Assim em coletivo
cuidamos do Pará, da Amazônia, do Brasil, e do mundo.
Para Dias (2002), a educação ambiental facilita o desenvolvimento de
uma série de metas, conhecimentos interdisciplinares, isto é, conceitos,
procedimentos e valores que atuariam como eixos integradores, enquanto as
concepções dos sujeitos intervêm como uma constante durante todo o processo e
não apenas em determinados momentos.
E nós professores que entendemos a base que sustenta essas ações, na
busca de construir verdadeiras relações com o meio ambiente, para que isso ocorra,
faz-se necessário que o aluno compreenda que a aprendizagem é uma construção
individual a ser realizada a partir da interação com outros autores, visualizando a
necessidade de uma busca pessoal constante dos conhecimentos que não
chegaram de forma pacífica e sim conflituosa e dinâmica, necessária a transposição
dos desafios próprios do processo construtivo do conhecimento. Dessa forma o
trabalho educativo ambiental no espaço escolar deve ser considerado como
promotor do desenvolvimento global do aluno, tornando único, à medida que
provoca sua atividade mental construtiva, ao mesmo tempo em que se torne igual,
dando lhe acesso aos aspectos fazendo com que se identifique com o grau social
com o qual faz parte.
A concepção construtivista ao contribuir com ação educativa, permitindo
análise, reflexão e atuação do professor, funciona como o condutor do fazer
pedagógico ao considerar a bagagem do conhecimento prévio do educando,
possibilitando as estratégias a serem tomadas sobre o ensino. O teórico
construtivista.
Em um nível mais profundo trata-se de uma teoria sobre o
desenvolvimento intelectual na qual a concepção sobre o desenvolvimento é
também uma teoria da educação. O desenvolvimento desses processos, no ser
humano é medido por instrumentos e signos construídos social, histórico e
culturalmente no contexto em que se relacionam tais como, escola, trabalho, meio
ambiente e etc.
A partir daí, ficam nossos olhares de busca e contribuição para minimizar
as dificuldades encontradas nesse contexto, por que podemos entender que a
educação ambiental é muito importante nas nossas vidas e ter conhecimento sobre
ela é fundamental para cada individuo e para que aconteça de fato o que tanto
almejamos: formar cidadãos para o exercício da cidadania com consciência
ambiental.
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