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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO
CESAR AUGUSTUS ZOCOLER DE SOUSA
Efeitos do Treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos de
diferentes faixas etária
São Paulo
2014
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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO
CESAR AUGUSTUS ZOCOLER DE SOUSA
Efeitos do Treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos de
diferentes faixas etárias
São Paulo
2014
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-‐ Graduação Stricto-‐Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu para a análise da banca examinadora como requisito à obtenção do título de mestre em Ciência do Envelhecimento.
Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto
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AUTORIZO REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADO A FONTE
FOLHA DE APROVAÇÃO
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecário: Ricardo de Lima -‐ CRB 8/7464
Sousa, Cesar Augustus Zocoler de
S725e Efeitos do treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos de diferentes faixas etárias / Cesar Augustus Zocoler de Sousa. -‐ São Paulo, 2014.
68 f. : il. ; 30 cm.
Orientador:Erico Chagas Caperuto.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2014.
1. Educação física. 2. Envelhecimento. 3. Fisioterapia. 4. Treinamento. I.Caperuto, Erico Chagas. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-‐Graduação Stricto Sensu em Ciência do Envelhecimento. III. Título
CDD 22 – 613.70446
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CESAR AUGUSTUS ZOCOLER DE SOUSA
Efeitos do Treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos de
diferentes faixas etárias
Aprovado em: ______/_______/______
Banca Examinadora
Profa. Dra. Priscila Santos Donghia
Instituição: UNISANTANA
Profa. Dr. Maria Luiza de Jesus Miranda
Instituição: USJT
Prof. Dr. Erico Chagas Caperuto (orientador)
Instituição: USJT
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-‐ Graduação Stricto-‐Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu para a análise da banca examinadora como requisito à obtenção do título de mestre em Ciência do Envelhecimento.
Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto
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Dedicatória
Dedico esse trabalho a minha avó Maria Pereira da Fonseca (in memoriam), pois
acreditou muito em mim antes mesmo de qualquer pessoa.
Eu fui para a floresta porque queria viver deliberadamente! Eu queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida. Queria acabar com tudo que não fosse vida, Para que quando chegasse a minha morte, Eu não descobrisse que não vivi.” Henry David Thoreau
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Agradecimentos
Deixo aqui meu grande agradecimento a todos os voluntários, funcionários e aos
professores da USJT (Aline, Juliana, Márcia, Eliane Gama, Flavia, Cesar Faride,
Toninho), que acreditaram e enfrentaram com muito sorriso alegria e suor, como também
por ser um dos poucos trabalhos a terem diversos departamentos envolvidos e
participativos. Não poderia de deixar de agradecer a participação do Prof. Dr. Leoni
neste estudo. Aos Prof. Dr. Luiz Mochizuki e Profa. Dr. Patrícia Franciulli, pela
participação do estudo e principalmente pela ajudar na elaboração do estudo científico a
ser publicado.
Ao Roberto Mauro Savioli e sua família, obrigado pelo todo apoio e compreensão para a
realização deste trabalho e espero contribuir com o trabalho que desenvolvemos na
academia.
A todos os amigos do Laboratório do Movimento Humano, dos Cursos de Mestrado tanto
da Ciência do Envelhecimento quanto da Educação Física, pela ajuda nas discussões,
dicas, desde o início deste estudo, principalmente o Prof. Bruno Rodrigues, Emy Suellen
e Patrícia Carbone.
A minha família, pois sem seu apoio não estará concluindo mais uma etapa da minha
vida, de coração aberto que digo que passamos juntos uma das maiores provas de amor
juntos, todos aprendemos juntos nesses dois anos, com certeza nossa família sempre foi
unida e agora esta muito mais, como também outra pessoas muito especiais na minha
vida que estão sempre no meu coração.
Ao meu orientador e amigo Erico Caperuto, em primeiro lugar me aceitar como um
candidato deste mestrado, por acreditar nesse trabalho em especial pelo seu
compromisso e dedicação, por todo incentivo e desafios que me colocou e que me fez
crescer como profissional e principalmente apoio nas dificuldades não só deste pequeno
grande trabalho mais como também na minha vida. Obrigado!
Mas o meu grande e um muito, muito obrigado para meus amigos Carlos L. Luckmann e
Vera I. Bekin, sem aquele nosso papo em um dos nossos cafés da manhã, que me
fizeram, iniciar na área do envelhecimento, se não fosse isso estaria aqui, agradeço de
coração todo apoio, carinho e por acreditar em mim e no meu trabalho profissional.
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SUMÁRIO
1- INDRODUÇÃO............................................................................................................................ 15
1.1. Síndrome da Fragilidade........................................................................................................... 21
1.2 Justificativa................................................................................................................................. 27
2 - OBJETIVO.................................................................................................................................. 27
3 – METODOLOGIA........................................................................................................................ 28
3.1 Amostra do estudo..................................................................................................................... 28
3.1.1 Critérios de inclusão................................................................................................................ 28
3.1.2 Critérios de exclusão.............................................................................................................. 28
3.2 Instrumentos de avaliação......................................................................................................... 28
3.2.1 Anamnese............................................................................................................................... 28
3.2.2 Avaliação Isocinética............................................................................................................... 29
3.2.3 Teste de Wingate.................................................................................................................... 30
3.2.4 Avaliação antropométrica........................................................................................................ 30
3.2.5 Exames Laboratoriais............................................................................................................. 31
3.3 Coleta de Dados........................................................................................................................ 32
3.4 Treinamento............................................................................................................................... 33
3.4.1 Período de Adaptação e Reconhecimento............................................................................. 33
3.4.2 Período de Treinamento Propriamente Dito........................................................................... 33
3.4.3 Exercícios................................................................................................................................ 34
3.4.3.1 Circuitos............................................................................................................................... 34
3.5 Coleta de Sangue Durante o Treinamento................................................................................ 34
3.5.1 Fase Incial............................................................................................................................... 35
3.5.2 Fase Final............................................................................................................................... 35
3.5.3 Lactato.................................................................................................................................... 35
3.6 Desenho Experimental............................................................................................................... 35
4 - ANALISE DOS RESULTADOS.................................................................................................. 36
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5 - RESULTADOS............................................................................................................................ 37
6 –DISCUSSÃO.............................................................................................................................. 50
7 – CONCLUSÃO............................................................................................................................ 58
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 60
ANEXOS..................................................................................................................................... 66
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Capacidade Funcional x Idade....................................................................................... 16
Figura 02. Diagrama da Mecanismo da Sarcopenia....................................................................... 18
Figura 03. Principais Fatores da Síndrome da Fragilidade............................................................. 22
Figura 04. Descrição da Distribuição da Composição Corporal...................................................... 37
Figura 05. Avaliação do Wingate do G1.......................................................................................... 39
Figura 06. Avaliação do Wingate do G2.......................................................................................... 39
Figura 07. Porcentagem de Fadiga Muscular no Teste do Wigante............................................... 40
Figura 08. Avaliação do pico de Torque na Extensão G1............................................................... 40
Figura 09. Avaliação do Pico de Torque na Extensão G2.............................................................. 41
Figura 10. Avaliação do Pico de Torque na Flexão G1.................................................................. 41
Figura 11. Avaliação do Pico de Torque na Flexão G2................................................................... 42
Figura 12. Avaliação da Potência na Extensão G1......................................................................... 42
Figura 13. Avaliação da Potência na Extensão G2......................................................................... 43
Figura 14. Avaliação da Potência na Flexão G1............................................................................. 43
Figura 15. Avaliação da Potência na Flexão G2............................................................................. 44
Figura 16. Avaliação da Média na Extensão G1............................................................................. 44
Figura 17. Avaliação da Média na Extensão G2............................................................................. 45
Figura 18. Avaliação da Média na Flexão G1................................................................................. 45
Figura 19. Avaliação da Média na Flexão G2................................................................................. 46
Figura 20. Número de Repetições por Segundo para os Grupos nos Momentos Inicial e Final
(reps/seg.)........................................................................................................................................ 47
Figura 21. Intensidade Através da Escala de BORG...................................................................... 48
Figura 22. Concentração de Lactato no Sangue. ........................................................................... 48
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LISTA DE TABELA
Tabela 01. Número de Artigos Encontrados no Levantamento Bibliográfico Sobre a Síndrome da
Fragilidade......................................................................................................................................... 23
Tabela 02. Dados da Anamnese dos Grupos.................................................................................. 37
Tabela 03. Níveis de CPK e DHL no Início do Treinamento........................................................... 49
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LISTA DE ABREVIATURAS AVD’s = Atividade da Vida Diária
C1 = Circuito 1
C2 = Circuito 2
C. Bebida A. = Consumo de Bebida Alcoólica
C. Alimentar = Consumo Alimentar
CPK = Creatinofosfoquinase
DHEA = Desidroepiandrosterona
DHL = Desidrogenase Lática
E = Estrogênio
F = Final
G = Gordura
GH = Hormônio do Crescimento
G1 = Grupo 1
G2 = Grupo 2
I = Inicial
IGF1 = Fator de Crescimento Semelhante á Insulina Tipo 1
IMC = Índice de Massa Corporal
Kg = Quilograma
ml = Mililitro
m/s = Metros por Segundo
MG = Massa de Gordura
MM = Massa Muscular
N = Newton
n = voluntários o = Grau
PMT = Placa Motora Terminal
Pré = Pré Treinamento
Pós = Pós Treinamento
PTH = Paratormônio
RM= Repetição Máxima
s = Segundo
t = Tempo
T = Testosterona
TCLE = Termo Consentimento Livre e Esclarecido
TRH = Terapia de Reposição Hormonal
VO2 máx. = Volume de Oxigênio Máximo
W = Watts
W. máx.. = Potência Máxima
W. med. = Potência Média
W. min. = Potência Mínima
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%F = índice de fadiga.
Sousa, Cesar Augustus Zocoler de (2014). Efeitos do Treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos de diferentes faixas etárias.
Dissertação de Mestrado, Ciências do Envelhecimento, Universidade São Judas
Tadeu, São Paulo, SP. 71p.
RESUMO Com o processo de envelhecimento dos indivíduos ocorre um declínio nas suas
capacidades físicas. Uma perda fundamental para o idoso e que está relacionada com a
síndrome da fragilidade é a da força e da potência muscular. Uma das prevenções para o
declínio da capacidade física e para a síndrome da fragilidade pode ser a prática de
atividade física. Essa prática vem se tornando cada vez mais difundida por ser uma
estratégia simples, eficaz e econômica. Dessa forma, este estudo teve como objetivo
investigar os efeitos de um treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos
de diferentes faixas etárias. Foram avaliados 23 sujeitos, com idades entre 30 a 70 anos
de ambos os sexos, os voluntários foram divididos em 2 grupos sendo grupo 1 (G1) com
idade de 30 a 34 anos e o grupo 2 (G2) entre 35 a 69 anos. Os voluntários foram
submetidos a avaliações Inicias (I), composta por índice de massa corporal (IMC), % de
gordura (%G), % de massa muscular (%MM), potência muscular (Wingate e Isocinético) e
parâmetros inflamatórios (CPK e LDH), além da percepção de esforço pela escala
analógica de BORG. O treinamento foi de 4 semanas, sendo o treinamento propriamente
dito duas vezes por semana e outro dia de aeróbio livre. O treinamento propriamente dito
foi composto de 2 circuitos C1 e C2, onde cada um foi realizado 1 vez na semana. Ambos
foram compostos de 5 exercícios e foram realizado 4 rodadas de cada exercício. Em
cada exercício, o indivíduo fez 20 segundos de repetições em velocidade máxima
(Resp./sec.), com um intervalo de 10 segundos para a troca de exercícios. Após o
treinamento foram realizadas as avaliações finais (F) sendo as mesmas que as iniciais (I).
Resultados: O grupo 1 (G1 n = 11) apresentou os seguintes resultados: idade
(30,09±1,81); IMC (I 23,97±2,09 e F 23,61±2,13), %G (I 25,70±6,29 e F 23,69±5,93),
Rep/sec. C1 ( I 0,680±0,166 e F 0,871±0,164), Rep/sec. C2 (I 0,871±0,164 e F
1,027±0,138). O grupo 2 (G2 n = 11) apresentou os seguintes resultados: idade
(45,55±9,80), IMC (I 27,53±5,12 e F 28,38±4,74), %G (I 25,73±7,61 e F 23,40±7,08),
Rep/sec. C2 (I 0,724±0,216 e F 0,870±0,171), Rep/sec. C2 (I 0,947±0,172 e F
1,117±0,238). Concluímos que os efeitos do treinamento de alta intensidade e curta
13
duração sobre a potência muscular em diferentes faixas etárias promoveu diminuição da
porcentagem de gordura, aumento da massa magra de ambos os grupos estudados e
gerou equilíbrio muscular dos flexores de joelho principalmente no G2. Além disso, foi
possível estabelecer uma relação entre os efeitos do treinamento de potência com a
síndrome da fragilidade do idoso, e essa relação foi possível através da melhora de
algumas capacidades físicas como a força muscular, equilíbrio e coordenação do
movimento sendo que os indivíduos apresentaram uma menor alteração da marcha
podendo assim alterar uma das principais causa de quedas que podem levar o individuo
a perda de massa muscular e devido a esse evento podem desenvolver a síndrome da
fragilidade. .
Palavras Chaves: Educação física. Envelhecimento. Fisioterapia. Treinamento
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Sousa, Cesar Augustus Zocoler de (2014). Efeitos do Treinamento de alta intensidade e curta duração em indivíduos de diferentes faixas etárias.
Dissertação de Mestrado, Ciências do Envelhecimento, Universidade São Judas
Tadeu, São Paulo, SP. 71 p.
ABSTRACT With the aging process a decline in the physical abilities occur. A key loss for the elderly, which is associated with the frailty syndrome, is the strength and muscle power loss. One of the preventive actions for the decline in physical capacity and the frailty syndrome is physical activity. This practice is becoming increasingly widespread as a simple, effective and economic strategy. Thus, this study aimed to investigate the effects of a high intensity and short duration training program in individuals of different age groups. We evaluated 23 subjects, aged 30-70 years of both sexes, the volunteers were divided into 2 groups; group 1 (G1) aged 30-34 years and group 2 (G2) 35 to 70 years. Initial assessments (I) were, body composition (BMI, % body fat (% BF), % muscle mass (% MM), muscle power (Wingate and Isokinetic), inflammatory parameters (CPK and LDH), and muscle pain perception. Training was 4 weeks long with training itself twice a week and one day free where aerobic exercise was suggested. The training consisted of two circuits C1 and C2, which were performed each once a week. Both the C1 and C2 were composed of 4 rounds of 5 exercises. In each exercise, the subject did 20 seconds of repetitions at maximum speed (Reps / sec), with an interval of 10 seconds to change exercises. After the training final assessments were performed (F) being the same as I. Results: G1 (n = 11), age (30.09 ± 1.81), BMI (I 23.97 ± 2.09 and F 23.61 ± 2.13) % G (I 25.70 ± 6.29 and F 23.69 ± 5.93), Reps/sec C1 (I 0.680 ± 0.166 and F 0.871 ± 0.164), Reps/sec C2 (I 0.871 ± 0.164 and F 1.027 ± 0.138). G2 (n = 11), age (45.55 ± 9.80), BMI ( I 27.53 ± 5.12 and F 28.38 ± 4.74), % G (I 25.73 ± 7.61 and F 23.40 ± 7.08), Reps/sec C1 ( I 0.724 ± 0.216 and F 0.870 ± 0.171) Reps/sec C2 ( I 0.947 ± 0.172 and F 1.117 ± 0.238). We conclude that high intensity and short duration training program promoted fat loss lean mass and muscle power increase, which meant neuromuscular and aesthetic aspects improvement. Considering that one of sarcopenia treatment is physical activity, our study showed that in a short period, training was able to promote benefits aiding to breaking the vicious cycle of frailty syndrome. Keys Words: Physical Education. Aging. Physiotherapy. Training
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1. INTRODUÇÃO
A ciência com o passar dos anos vem tentando desenvolver um conceito
de envelhecimento.
Um dos conceitos mais relevantes sobre o envelhecimento é proposto
por Papaléo Netto (1996), que o descreve como um processo dinâmico e
progressivo onde ocorre a perda da capacidade de adaptação do individuo. Essa
perda é decorrente das alterações funcionais, morfológicas e bioquímicas do
corpo humano, isso acentua a diminuição das reservas funcionais fazendo com
que haja um aumento da vulnerabilidade e também levando a incidência de
processos patológicos que podem levar a morte.
SPIRDUSO et al, (2005), descrevem que o envelhecimento é um
processo ou grupo de transformações que ocorre nos seres vivos e com o passar
do tempo leva a perda da adaptabilidade ao ambiente, a incapacidade funcional e
progride para a morte. Esse ritmo biológico progressivo é individual e varia para
cada ser.
PASCHOAL et al, (2007) ; RAFANI et al, (2009), também relacionam o
envelhecimento humano com um processo de transformação progressiva do
organismo que se manifesta nas estruturas físicas, motoras e cognitivas,
normalmente sendo iniciado no final da terceira década de vida.
A teoria do envelhecimento biológico é a mais comum e trata da passagem
do tempo, em anos, a partir do nascimento. As pessoas podem ser agrupadas em
categorias etárias de acordo com a idade cronológica, no entanto, com o aumento
da população de idosos, foi necessário criar novas categorias e classificações. O
que acreditamos hoje, entretanto, é numa outra teoria que está intimamente
ligada a idade cronológica que é a teoria do envelhecimento bem sucedido ou
saudável, descrita por diversos autores (TIEN, LIN, 2008; SILVA, SANTOS,
2010).
Para melhor entendimento, podemos dizer que no envelhecimento comum
os fatores extrínsecos (poluição, vida social, hábitos, atividade física, etc.),
aumentam os efeitos adversos que ocorrem com o passar dos anos, enquanto no
envelhecimento bem-sucedido esses fatores não estão presentes ou se mostram
amenizados (JARDIM, MEDEIROS, BRITO, 2006).
16
Como os autores citados anteriormente descrevem, o envelhecimento, ou
melhor, as teorias que o descrevem, podem resumir que o mesmo é um evento
progressivo e cronológico desencadeado por uma série de eventos que levam a
alterações biológicas e estruturais. Entre essas, uma bastante marcada e
altamente importante para a funcionalidade do ser humano é a alteração das
estruturas físicas e motoras, sendo que os fatores externos podem ou não
acelerar esse processo. (VRIES et al, 2012.)
É descrito na literatura clássica, que as alterações ocorridas entre as
idades de 20 e 80 anos refletem um declínio tanto no tamanho da fibra muscular
quanto no número de fibras. Essas alterações provocam uma perda de massa
muscular, ou seja, em seu volume, de aproximadamente 30%. Os membros
inferiores acabam sendo os mais acometidos, com uma redução de 20%,
principalmente na região do terço médio da coxa, analisada no corte de secção
transversal. Essa perda natural e progressiva é denominada Sarcopenia e sua
influência nas estruturas físicas e motoras, acaba levando a um declínio nas
capacidades físicas, como detalhando na Figura 1 (MONTERO-FERNÁNDEZ,
SERRA-REXACH, 2013).
Figura 1 - Capacidade Funcional X idade
Infância
Crescimento e
Desenvolvimento
Adulto Jovem
Manter o maior nível funcional possível
Adulto Idoso
Manter independência e prevenir incapacidade
Limiar de Incapacidade
Reabilitar e garantir qualidade de vida
Capacidade
Fun
cion
al
Idade
Mudança de Condicionamento
Suporte Ambiental
Incapacidade
Linha do processo fisiológico do envelhecimento Declínio Patologico
Fonte: Active Ageing: A Policy Framework, WHO, 2007 Variação individual
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Consenso Europeu de Sarcopenia de 2010, relata que em 1989, Irwin Rosenberg
propôs o termo "Sarcopenia" (“Sarx” do grego, carne e “Penia” perda) para
descrever a perda de massa muscular relacionada com a idade.
A Sarcopenia é uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e
generalizada da massa muscular esquelética e da força com risco de resultados
adversos tais como deficiência física, má qualidade de vida e morte. (CRUZ-
JENTOFT, 2010; CEDERHOLM, CRUZ-JENTOFT, MAGGI, 2013).
O desenvolvimento dessa síndrome resulta em modificações no equilíbrio,
velocidade e execução de movimentos que leva a distúrbios motores,
principalmente da marcha, em indivíduos com idade avançada. Distúrbios
funcionais também são observados culminando em incapacidade funcional,
fenômeno paradigmático para o bem-estar daqueles que envelhecem (DUARTE,
2009).
O mecanismo de estabelecimento da síndrome não é bem claro, com um
ou mais dos mecanismos descritos que podem estar envolvidos no aparecimento
e progressão da sarcopenia. Entre outros, os mecanismos de controle da síntese
proteica e proteólise, a integridade neuromuscular e o teor de gordura muscular
parecem ser fundamentais no processo ponde ser observado na Figura 2 (CRUZ-
JENTOFT, 2010; CHUMLEA, et al, 2012).
A perda de massa muscular promovida pela Sarcopenia representa uma
diminuição de 1% nos primeiros anos entre 20 e 30 anos, outros estudos relatam
que dentro da faixa etária de 25 e 65 anos de idade há uma diminuição
substancial da massa magra de 10 a 16%, relacionado às perdas de massa óssea
e na água corporal total, sendo que essas perdas tem uma acentuação a partir
dos 50 anos, principalmente nos membros inferiores.
A perda de massa muscular ocorre de forma gradativa nos homens
enquanto nas mulheres o processo é mais acentuado após a menopausa.
(CHUMLEA et al,2012)
18
Figura 2 - Diagrama do Mecanismo da Sarcopenia
Fonte: CRUZ-JENTOFT, 2010
Entre os fatores mais importantes que estão envolvidos com a perda
massa muscular bem como de sua função, podemos destacar a diminuição do
teor de proteína miofibrilar em consequência de uma combinação de perda e de
atrofia das fibras, especialmente das fibras de contração rápida (Tipo II) em
relação as fibras de contrações lentas (Tipo I), além da manifestação de
alterações metabólicas como a resistência à insulina e alterações hormonais.
(MONTERO-FERNÁNDEZ; SERRA-REXACH, 2013; MATSUDO et al, 2000).
Outras alterações que acometem o tecido muscular foram observadas por
Kamel et al, (2002), a diminuição da massa muscular e da área de secção
transversa como já citado, a infiltração de tecido gorduroso e conectivo no
músculo, o decréscimo do tamanho e do número de fibras do tipo II, e do número
de fibras do tipo I, desarranjo dos miofilamentos e das linhas Z dos sarcômeros e
decréscimo do número de unidades motoras.
19
Quando o declínio na resistência muscular proveniente do aumento da
idade gera a perda de função que pode levar a incapacidade física, uma
capacidade que é extremamente prejudicada é o equilíbrio. Neste caso, para a
manutenção do equilíbrio, há uma maior demanda e recrutamento de fibras
musculares para produzir a mesma força ou realizar uma atividade regular
levando à fadiga muscular e estresse metabólico, aumentando o risco de queda
(NOGUEIRA et al, 2009; SKELTON et al,1994; HUNTER et al, 2004).
Os músculos estriados esqueléticos tem importantes funções corporais
(contração muscular, locomoção, produção de força e sustentação) que podem
funcionar melhor quando esses são mais bem adaptados sendo estimulados em
suas quatro capacidades físicas (força, potência, hipertrofia e resistência).
A Potência Muscular é descrita como a produção de trabalho por unidade
de tempo (t) ou força medida em Newtons (N) multiplicada pela velocidade
medida em metros por segundo (m/s), sendo que a sua unidade de medida
expressa em Watts (W) (IDE, LOPES, SARRIPA, 2010).
Como citado anteriormente, o declínio da força muscular acaba
influenciando diretamente a potência muscular em ambos os sexos, podemos
imaginar, portanto, que a preservação da potência muscular no processo de
envelhecimento pode ser benéfica, especialmente para a realização das
Atividades de Vida Diária (AVD’s) (SAYERS, 2007; ACSM, 2009).
Uma das causas descritas da diminuição da potência muscular no
envelhecimento é a diminuição da frequência de estímulos na placa motora
terminal (PMT). Sabe-se que a frequência de estímulo é a quantidade máxima de
estímulo que a PMT alcança por segundo, tendo uma frequência de 8 a 60 Hz,
porém, estudos utilizando 80% de 1 repetição máxima da força dinâmica podem
atingir entre 150 e 200 Hz. Elevar a frequência de estímulos pode levar a um
aumento nos níveis de força e aumento da potência muscular (AAGAARD et al,
2003).
Potência = N x m/s = W
20
Para compreender melhor as relações da potência muscular no processo
de envelhecimento e como a potência é abordada do ponto de vista do
treinamento físico, foi necessário realizamos uma revisão de literatura com
objetivo de investigar os tipos de treinamento e do tempo de treinamento por
sessão em indivíduos de meia idade e acima dos 45 anos.
O levantamento foi realizado na base de dados PUBMED, com as
seguintes palavras “Power Training” (1663), sendo adotados os seguintes filtros,
humanos (12995), 5 últimos anos (3978), estudos clínicos (clinica trial) (693),
artigos completos livres (157) e sujeitos de meia idade e acima de 45 anos (81).
Os artigos deveriam descrever o treinamento físico para ser incluídos e os artigos
com modelo de experimentação animal e em humanos associados não foram
considerados. Da análise de 63 artigos observamos três eixos principais de
treinamento propostos: o treinamento resistido, aeróbio e potência muscular.
A análise desses estudos mostrou 33% de exercícios resistidos, 28% de
exercícios aeróbios e 13% de exercícios de potência, entre eles, foi possível
identificar 6% de treinamento combinado (resistido e aeróbio), 2% combinando
potência e resistido, 2% na plataforma vibratória, 2% intervalado, e 12% que
compreendia um tipo único de treinamento que variava entre yoga, treinamento
balístico, equilíbrio, continuo, isométrico, combinando aeróbio e funcional,
combinando aeróbio e circuito, combinando potência e equilíbrio, combinando
potência e aeróbio, flexibilidade e funcional. O tempo de duração dos
treinamentos descritos foi em sua grande maioria (85
%) acima de 40 minutos e apenas 11% abaixo de 20 minutos.
Após esse levantamento, foi possível identificar um único estudo que
descreveu o treinamento em circuito, proposto por NIKANDER et al, (2012) o
estudo teve como objetivo examinar o treinamento físico realizado 3 vezes por
semana, no sentido de recuperar a aptidão física de sobreviventes de câncer de
mama. Em sua metodologia, os autores descrevem um treinamento em circuito
utilizando exercícios de saltos, com 3 séries de 20 – 40 segundos com o mesmo
período de intervalo, sendo um dos treinamento semanais orientado e os outros
dois realizados em suas residências.
O levantamento nos mostra que o treinamento de potência é o terceiro tipo
21
de prática mais estudado na faixa etária de 40 anos e acima, embora seja muito
menos descrito (e portanto, utilizado) do que os demais (resistido e aeróbico). As
sessões dos treinamentos variaram entre 14 – 90 min, demonstrando que esse
tipo de treinamento pode ser realizado em uma faixa grande de duração.
Podemos demonstrar com esse levantamento a importância de se estudar
os efeitos do treinamento aeróbio, resistido e de potência muscular no processo
de envelhecimento, no sentido de prevenir ou minimizar as modificações
morfológicas e de função da musculatura que acarretam em desequilíbrio com
consequências desastrosas como as quedas. As modificações naturais somadas
as acidentais podem levar os indivíduos a síndrome da fragilidade (LUSTOSA, et
al, 2011; SIQUEIRA, et al, 2007).
As quedas são grandes causas de internações levando o indivíduo a falta
de mobilidade com consequente perda de massa muscular, que nesse caso leva
o nome de caquexia. Se essa condição, conhecida como síndrome da fragilidade,
não for revertida, ela pode levar o indivíduo a morte (SÃO PAULO, 2010;
SIQUEIRA et al, 2007).
1.1 Síndrome da Fragilidade
A origem da palavra fragilidade vem do Latim “fragilitate” que quer dizer
uma qualidade frágil, facilidade para se quebrar, para se deteriorar, instabilidade,
falta de resistência, enfim, a fragilidade das coisas humanas (FERREIRA, 2009). A fragilidade é definida como um estado de maior vulnerabilidade
comumente relacionada com o processo do envelhecimento, ela está ligada
principalmente ao declínio da capacidade física, que acaba prejudicando um ou
mais sistemas fisiológicos e pode levar o indivíduo à morte (Figura 3), entretanto,
por ser um fenômeno de atenção de diversas áreas, ainda não existe um
consenso sobre a definição e características da fragilidade (XUE, 2011).
22
Figura 3 - Principais Fatores da Síndrome da Fragilidade
Fone: Pinheiro M., Szejnfeld , V.L, 2014
Síndrome de fragilidade - aspectos hormonais, fisiológicos, terapêuticos e biológicos. T:
testosterona; E: estrogênio; IGF1: fator de crescimento semelhante á insulina tipo 1; DHEA:
deidroepiandrosterona; TRH: terapia de reposição hormonal; GH: hormônio do crescimento; PTH:
paratormônio.
Entre a classe dos profissionais da saúde, também não há um consenso
sobre a definição da síndrome da fragilidade, como visto em um estudo que teve
como objetivo descrever as percepções de profissionais de saúde sobre duas
definições de fragilidade em idosos (TEIXEIRA, et al, 2008).
O estudo de Teixeira et al, (2008), utilizou um questionário semi
estruturado com as definições de fragilidade e apontou, em sua conclusão, que
mesmo profissionais da área da saúde apresentaram dificuldade em definir a
síndrome da fragilidade. Sendo que os voluntários consideram que as definições
descritas na literatura internacional eram complementares uma vez que as
23
mesmas envolviam outros fatores como por exemplo, fatores biológicos,
psicológicos e sociais durante o percurso da vida.
Para facilitar a definição da síndrome da fragilidade Fried et al, (2001),
desenvolveu cinco critérios: baixa força de preensão, diminuição da velocidade,
baixo consumo energético, baixa atividade física e/ou perda de peso involuntária.
Quando são identificados três destes critérios, o indivíduo é considerado portador
da síndrome da fragilidade.
O processo de perda de peso involuntária é uma característica marcante
da síndrome da fragilidade que está associado a um processo patológico
instalado no idoso culminando em limitações funcionais e nas tarefas da vida
diária (HOGAN et al, 2003; TRIBESS, JUNIOR, OLIVEIRA, 2012).
Realizamos um levantamento nas bases de dados PUMED e BIREME,
utilizando as seguintes palavras chaves “frailty syndrome” e “síndrome da
fragilidade”, com objetivo de relatar os principais profissionais da área da saúde
envolvidos como também as principais causas investigadas nos estudos
envolvendo síndrome da fragilidade e idosos. Na tabela 1, podem ser vistos quais
critérios e filtros utilizados no levantamento.
TABELA – 1 Número de Artigos Encontrados no Levantamento
Bibliográfico Sobre a Síndrome da Fragilidade. PUMED BIREME
Inglês Inglês português
Total 405 385 2169
Últimos 5 anos 282 259 460
Humanos 211 203 374
Estudos clínicos 10 26 27
Após ter usados os filtros chegamos a um total de 63 artigos, onde foram
aplicados os seguintes critérios de inclusão, a identificação da área de atuação do
autor e artigos com humanos, somente 27 atenderam os critérios. Assim,
podemos relatar os seguintes resultados por área da saúde: 37% (10) dos
estudos foram realizados pelas áreas da psicologia e psiquiatria, 22% (3) pelas
24
áreas biomedicina e fisioterapia, 22% (2) estavam relacionados à cardiologia,
neurologia e obstetrícia e apenas 19% (1) estavam relacionados a área da
genética, enfermagem, geriatria, fisiatria, e cirurgia. Enquanto as principais
causas investigadas foram: 36% (10) estudos de alterações cognitivas, 21% (6)
em Biomarcadores, 32% (9) em alterações cardíacas, neurológicas e
tumores/câncer, 4% (2) em capacidade funcional e 7% (1) em alterações
respiratórias, síndrome metabólica, farmacologia e genética.
Esse levantamento mostra a preocupação multidisciplinar das áreas da
saúde sobre a síndrome da fragilidade como também as principais causas
levantadas nos estudos. Podemos ressaltar que a área da psiquiatria e psicologia
são as que mais estudam o fenômeno, sendo a hipnose, uma estratégia avaliada
e que se relaciona principalmente aos fatores das perdas ou alterações cognitivas
como a demência ou confusão mental, frequente na idade avançada ou mesmo,
em alguns casos, em idade precoce, que acaba gerando perda de consciência ou
tontura levando a queda.
Dentre os estudos avaliados, apenas dois estudos foram relacionados a
profissionais da fisioterapia. COELHO et al, (2012) avaliou o impacto da
intervenção fisioterapêutica sobre os níveis plasmáticos do fator neurotrófico
derivado do cérebro e LUSTOSA et al, (2011) verificou o efeito de um programa
de fortalecimento muscular com carga em mulheres pré-frágeis, idosas, com
relação à capacidade funcional, força dos músculos extensores do joelho e sua
correlação. Em nenhum desses estudos foi citado ou considerado o Educador
Físico.
Se a síndrome da fragilidade tem um caráter multidimensional, o
tratamento ou a prevenção da mesma deve acontecer da mesma forma. Quando
colocamos em foco a capacidade funcional, considerando o aspecto da perda de
massa muscular, existem dois profissionais que podem atuar diretamente sobre
essa variável, tanto isoladamente quanto associados, que são os fisioterapeutas e
os educadores físicos.
25
A atuação do profissional de Fisioterapia é vasta, e, em relação a síndrome
fragilidade apresentamos um estudo de revisão de literatura de ARANTESI et al,
2009 que teve como objetivo revisar sistematicamente a literatura sobre
intervenções fisioterapêuticas e seus efeitos em idosos frágeis.
A pesquisa foi realizada nas bases de dados Medline, Embase, PEDro,
SciELO, LILACS e Biblioteca Cochrane até junho de 2008. Foram excluídos os
artigos cuja amostra era constituída de idosos não frágeis, institucionalizados e
hospitalizados; aqueles cujas intervenções propostas não foram relacionadas a
fragilidade ou não eram específicos de fisioterapia.
Esse estudo encontrou 152 artigos na MEDLINE, porém, somente 15 foram
analisados. Na base de dados PEDRO dos 71 artigos encontrados apenas um foi
analisado, uma vez que os outros 10 eram artigos repetidos. Dos 461 artigos
encontrados na base de dados Embase, apenas dois foram incluídos.
Sete tipo diferentes de intervenções foram vistos: 1) fortalecimento
muscular; 2) exercícios de fortalecimento muscular, equilíbrio, coordenação,
flexibilidade, tempo de reação e treinamento aeróbico; 3) treino funcional; 4)
fisioterapia; 5) fisioterapia realizada no domicílio; 6) adaptação ambiental e
prescrição de dispositivo e 7) exercício na água.
Destes estudos alguns apresentaram controvérsias mesmo com
intervenções semelhantes. Quanto a definição de fragilidade os artigos
apresentaram formas distintas na descrição, dificultando o entendimento dos
resultados.
Os autores concluíram que existem poucas evidências dos efeitos da
intervenção fisioterapêutica em idosos frágeis, dificultando o estabelecimento de
um consenso ou conclusão sobre a eficácia das propostas terapêuticas.
A Educação Física compreende uma das estratégias que visam à
manutenção e reabilitação da saúde do corpo e da mente do ser humano por
meio de atividade física. A prática da educação física se insere como instrumento
de promoção do atual conceito de saúde, ou seja, ela promove o “bem-estar físico
mental e social e não apenas a ausência de doença” (OMS, 2005; CNE, 2004).
26
A Educação Física, campo de conhecimento e práticas, se instala
então oficialmente como medida de promoção de saúde dos brasileiros.
(RODRIGUES, et al, 2012)
Quando falamos em atividade física a entidade chamada The
President ́s Councilon Physical Fitness and Sport, lançou em 2000, um
documento contendo as seguintes definições: Saúde, Aptidão e Atividade Física.
No documento, Atividade Física era definida como “movimento corporal produzido
pela contração dos músculos esqueléticos que substancialmente aumenta o gasto
energético sobre o nível básico”. Esta definição compreende o exercício, o
esporte, a dança, jogos, as atividades diárias e as tarefas ocupacionais como
também as AVD’s.
As recomendações de atividades físicas do estudo seguiram os padrões do
American College of Sports Medicine (ACSM, 2011). É recomendado que a
duração dos treinos seja de, no mínimo, 150 minutos por semana. As atividades
aeróbias podem ser utilizadas, como bicicleta, caminhada, corrida, hidroginástica
e natação pois todas elas possibilitam a melhora do condicionamento físico e
melhora da qualidade de vida.
Mesmo sabendo que não há uma padronização ou mesmo um consenso
de qual atividade física ou treinamento é mais eficaz, para a população no
processo de envelhecimento, a forma mais difundida para amenizar o declínio da
capacidade física e para a síndrome da fragilidade é a prática de atividade física.
Essa prática vem se tornando cada vez mais difundida por ser uma estratégia
simples, eficaz e econômica, (GOBBI, et al, 2008).
Podemos perceber que ambas as áreas, a Fisioterapia e a Educação
Física, tem um objetivo principal promover o envelhecimento bem-sucedido e
promover o ganho ou manutenção das capacidades físicas como a aptidão física
funcional. Um indivíduo de 70 anos, por exemplo, pode apresentar um
desempenho na força ou potência muscular de um indivíduo de 50 anos, pois o
mesmo pode ter tido uma qualidade de envelhecimento diferente.
27
Toda essa argumentação sugere ao leitor que o declínio natural das
capacidades físicas, especialmente no que tange a musculatura esquelética, pode
levar a síndrome da fragilidade, sendo extremamente prejudicial ao indivíduo que
envelhece. Embora esse processo tome corpo principalmente nas fases mais
avançadas, cronologicamente falando, o início do processo está ligado ao estilo
de vida e a prática de atividades físicas que o indivíduo tem nos primeiros
estágios do processo de envelhecimento.
A prática da atividade física parece ser um elemento interdisciplinar que
conjuga a Fisioterapia e a Educação Física, na prevenção, atenuação ou ainda
reabilitação dos indivíduos em relação a sarcopenia e suas consequências, que
podem culminar na síndrome da fragilidade.
O tipo de atividade física também parece representar fator chave na
promoção de determinadas capacidades que são fundamentais para que o
processo de envelhecimento seja bem sucedido. Entre elas, o treinamento de
potência, além de representar o aspecto menos estudado da literatura, também
pode influenciar positivamente importantes características do indivíduo que são
normalmente perdidas na ausência desse tipo de exigência física. Assim, esse
tipo de treinamento representa uma quebra de paradigma que pode determinar
uma melhor qualidade de vida para o indivíduo no processo de envelhecimento.
1.2 Justificativa
Dessa forma, devido a pouca abrangência em trabalho publicados sobre
treinamento alta intensidade e curta duração e seus efeitos tanto na potência
muscular como também em resposta ao processo de envelhecimento, mais
estudos se fazem necessários, uma vez que a perda no envelhecimento pode
implicar em incapacidade funcional tendo como possíveis consequências as
quedas, levando o indivíduo a síndrome da fragilidade.
2. OBJETIVO
Os objetivos do presente estudo foram:
28
1) Avaliar os efeitos do treinamento de potência sobre a potência muscular
em diferentes faixa etárias
2) Estabelecer uma relação de uma possível prevenção entre os efeitos do
treinamento de potência com a síndrome da fragilidade do idoso.
3. METODOLOGIA Esse estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade São Judas
Tadeu sob o n° CAAE18504513.8.0000.0089. 3.1 Amostra do estudo
A amostra foi composta inicialmente por 31 voluntários de ambos os sexos,
com faixa etária de 30 a 70 anos, divididos em 2 grupos experimentais conforme
faixa etária. O Grupo 1 (G1) foi composto por voluntários de até ≥30 a >35 anos,
essa faixa representa auge da capacidade funcional e o Grupo 2 (G2) foi
compostos por voluntários entre ≥35 e ≤66 anos, que representa um momento da
fase do declínio da capacidade funcional. Todos os participantes foram orientados
a ler e assinar o Termo Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
3.1.1 Critérios de inclusão
Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: voluntários que
concordaram com dia e horário do treinamento e estivessem aptos a prática de
atividade física, para isso, os voluntários deveriam apresentar atestado médico
com liberação para a prática.
3.1.2 Critério de exclusão
Foram considerados critérios de exclusão: os voluntários que
apresentassem labirintite, pressão arterial sistólica acima de 180 mmHg não
controlada, apresentar instabilidade articular importante (p. ex. rompimento de
ligamento cruzado anterior não tratado) e lesão muscular não tratada, bem como
apresentar mais que 3 faltas consecutivas. Também foram excluídos participantes
que deixaram de apresentar atestado de liberação médica para a prática de
atividade física.
3.2 Instrumentos de avaliação
3.2.1 Anamnese
29
A ficha de anamnese tiveram os seguintes dados dos voluntários: nome,
idade, sexo, profissão, histórico clínico, telefone de contato e de emergência e
medicamentos utilizados (Anexo II).
3.2.2 Avaliação Isocinética
A avaliação isocinética teve como objetivo identificar desequilíbrios
musculares que possam interferir na prática ou no retorno para realização de
atividades esportivas e até mesmo nas atividades da vida diária.
As variáveis de Força, Potência e Resistência Muscular podem ser
estudadas isoladamente para cada grupamento muscular, funcionando como um
método preventivo e terapêutico de lesões musculares, podendo ainda programar
no equipamento qual o ângulo e velocidade a ser executado (o/s).
O dinamômetro isocinético permite a avaliação objetiva e direta dos
componentes de desempenho muscular relacionados às articulações de quadril,
joelho, tornozelo, ombro, cotovelo, punho e tronco.
Os sujeitos foram posicionados na cadeira do dinamômetro na posição
sentada a 90o de flexão do quadril e devidamente estabilizados por meio de cintos
de contenção cruzados sobre o tronco, na região do quadril e na coxa do membro
inferior dominante.
O eixo mecânico de rotação do dinamômetro foi alinhado com o epicôndilo
lateral do fêmur e a perna é fixada ao braço de resistência do dinamômetro,
sendo que a articulação é mantida livre. (MACHADO et al, 2012)
O equipamento isocinético (Biodex Medical System 3, Manual Applications
/ Operations, 2013), foi utilizado para avaliar os sujeitos onde tiveram que realizar
cinco repetições na velocidade baixa (60o/s), 10 repetições na velocidade média
(180o/s) e 10 repetições na velocidade alta (300o/s), com intervalo de repouso de
2 minutos entre as séries. (ALEXANDRE et al.; 2009)
Durante o teste os sujeitos receberam estímulos verbais de incentivo,
30
assim como estímulo visual no monitor durante a realização da flexão e extensão
do joelho.
3.2.3 Teste de Wingate
O teste de Wingate consistiu em 30 segundos de exercício de máxima
intensidade, equivalente a um valor superior a 2 a 4 vezes superior ao encontrado
para o volume de oxigênio máximo (VO2 máx.). Foi efetuado num ciclo
ergômetro que possui uma resistência de atrito contra um pêndulo com uma carga
de 4% do peso corporal total (QUEIROSA et al, 2013; FRANCO et al, 2012).
Este protocolo induz um notável nível de fadiga (perda na potência
mecânica) desde os primeiros segundos. Foi utilizado um programa de
computador que calculou a resistência necessária, em quilos, sendo essa
colocada na bicicleta ergométrica. Dentre as informações fornecidas pelo
software, utilizamos os resultados de potência máxima (W. máx..), potência média
(W. med.), potência mínima (W. min.) e índice de fadiga (%F) (QUEIROSA et al,
2013).
No momento da avaliação o participante pedalou o mais rápido possível até
atingir a sua velocidade máxima para quebrar a inércia. A carga foi então aplicada
na bicicleta ergométrica e o avaliador incentivou o participante a manter a
velocidade durante 30 segundos (FRANCO et al, 2012).
3.2.4 Avaliação antropométrica
As avaliações antropométricas foram utilizadas para avaliar possíveis
alterações na composição corporal resultantes do treinamento.
31
Foram realizadas medidas antropométricas das seguintes regiões: peitoral,
cintura, quadril, abdômen, coxa, braço, antebraço e perna, bilaterais utilizando fita
metálica de 5 milímetros Sanny, como também peso corporal utilizando a balança
modelo Filizola e altura utilizando estadiomêntro Sanny para realizar o cálculo do
índice de massa corporal (IMC).
Para a mensuração do percentual de gordura (%G), massa de Gordura
(MG) e massa muscular (MM) em quilogramas (Kg) foi usado o protocolo de
Pollock & Jackson de 7 dobras cutâneas (Tríceps + Subescapular + Supra-ilíaca +
Abdominal + Axilar Média + Peitoral + Coxa), foi utilizado adipômetro científico
marca Sanny para o cálculo foi utilizado o programa de avaliação Physical test 7.0
(MARGOTI, 2009).
3.2.5 Exames Laboratoriais
Os principais marcadores inflamatórios analisados foram:
Creatinofosfoquinase (CPK) e Desidrogenase Lática (DHL), todos os
procedimentos das analises foram realizados por meio do sistema colorimétrico
conforme kit laboratorial da marca DOLES® (SIQUEIRA et al, 2009; CRUZAT et al, 2007).
A CPK é uma enzima que desempenha um importante papel regulador no
metabolismo dos tecidos muscular contráteis. Está presente principalmente nos
músculos, tecido cardíaco e no cérebro. Usando a técnica da eletroforese, podem
ser identificadas três tipos de enzimas onde o CPK-BB é a forma comum
encontrada no cérebro; a CPK-MB é forma encontrada no miocárdio (músculo
cardíaco), e a CPK-MM é forma encontrada no músculo estriado. (LIMA et al,
2012; BARQUILHA et al, 2009).
A CPK catalisa a fosforilação da adenosina difosfato do fosfato de creatina,
tornando a adenosina trifosfato disponível para a contração muscular. A LDH, tem
a função de que catalisa a reação durante a reversibilidade de lactato para
piruvato nos tecidos, que está presente altas quantidades na musculatura
esquelética, porém, esse aumento não significa de forma específica, a presença
32
de lesão muscular (CÂMARA E SILVA, SOLO-BLANCO; 2007; CLARKSON,
HUBAL, 2002; UCHIDA, et al, 2009; CASTRO et al, 2011).
Para realização destas análises as coletas de sangue foram realizadas em
dois períodos do treinamento, pré treino e imediatamente pós treino, durante a
primeira semana, para análise dos efeitos agudos do treinamento e no pré treino
e imediatamente pós treino durante a última semana para análise dos efeitos
crônicos do treinamento.
Essas coletas foram realizadas no Núcleo de Estudos Farmacêuticos e
Análises Clínicas da Universidade São Judas Tadeu por um profissional
habilitado, utilizando luvas de procedimento, agulhas, seringas descartáveis e
ampolas estéreis. Foram colhidos 2 tubos de 5 ml de sangue em cada avaliação
para cada paciente.
Os tubos foram marcados para controle, mas a identificação do paciente foi
preservada para a análise.
3.3 Coleta de Dados
Inicialmente, os voluntários leram, concordaram e assinaram o termo de
livre consentimento e esclarecimento previsto pelo Comitê de Ética da
Universidade São Judas Tadeu (Anexo I). Nesse momento foi feita uma breve
apresentação da metodologia do estudo como também a atividade proposta e
dias de realização.
Os voluntários então preencheram no mesmo dia a ficha de anamnese e
passaram pela avaliação antropométrica além de agendar um dia e horário para a
realização do teste de Wingate e Isocinético.
As avaliações antropométricas, Isocinética, Wingate foram realizadas no
Inicio (I) e Final (F) do protocolo, enquanto os exames laboratoriais foram
realizados nos momentos pré (Pré) e pós (Pós) a uma sessão de treinamento
tanto no I e no F.
33
3.4 Treinamento
O treinamento teve um total de 7 semanas sendo divido em períodos:
1 – Período de adaptação e reconhecimento,
2 – Avaliações Físicas: após o período de reconhecimento, foi orientado aos
participantes que evitassem praticar qualquer atividade física. Dentro de um
período de uma a duas semanas após o reconhecimento, foram realizados os
seguintes testes: avaliação isocinética e teste de Wingate
3 – Treinamento propriamente dito. O treinamento, descrito abaixo, teve como
base a posposta de TABATA et al, 1997(a).
3.4.1 Período de Adaptação e Reconhecimento
Este período foi de 1 semana com 2 treinos por semana e teve como
objetivo instruir e orientar os indivíduos sobre os tipos de exercícios que
compuseram o circuito de treinamento como também sua realização.
Os mesmos também foram instruídos na utilização da Escala de BORG
modificada (0 – 10), tendo como objetivo da mesma, quantificar de forma
subjetiva o grau exaustão do treinamento (MARTINEZ, GRASSIII, MARQUES,
2011; MARTINEZ, PÁDUA,TERRA, 2004).
Ao termino deste período foram novamente realizadas todas as avaliações
iniciais.
3.4.2 Período de Treinamento Propriamente Dito
O programa de treinamento foi realizado 2 vezes por semana sendo dois
dias de circuito, durante 4 semanas.
34
Em cada dia da semana foram realizado um dos dois circuitos sendo de
formas alternadas, ou seja, um dia C1 e no outro C2 sendo que ambos tiveram
um aquecimento de marcha livre por 5 minutos.
Os voluntários foram divididos em estações e realizaram 4 passagens pelo
circuito de 5 exercícios. Em cada estação, foram realizados 20 (vinte) segundos
de execução do movimento em máxima velocidade individual com intervalo de 10
(dez) segundos, para realizar a troca de estação tanto para o C1 quanto para o
C2.
No final de cada execução os voluntários deram uma nota conforme a
escala de BORG modificada como também foi anotado o número de movimentos
executados na base em uma planilha que estava na mão de um avaliador.
3.4.3 Exercícios
Os exercícios foram planejados de maneira que os membros superiores e
membros inferiores fossem alternados. Tivemos um total de 5 exercícios para
ambos os circuitos.
A escolha dos exercícios teve como base a funcionalidade das AVD’s ,
AVI’s e agilidade.
3.4.3.1 Circuitos
O C1 foi composto por 5 bases sendo:
1 – Abdominal 45o, 2 – Flexão de braços em 4 apoios, 3 – Agachamento
livre ; 4 – Rosca simultânea (halter 3 kg) e 5 – Corrida de 20 metros.
O C2 foi composto por 5 bases sendo:
1 – Subir e descer escadas sendo 2 lances de degraus, 2 – Remada
simultânea ( 2 halteres de 3 kg), 3 – Avanço livre; 4 – Tríceps Francês (halter 3
kg) e 5 – Abdominal inferior
3.5 Coleta de Sangue Durante o Treinamento
35
3.5.1 Fase Inicial
Foi coletado 5ml de sangue pré e pós treinamento em ambos os circuitos
na primeira semana, sendo um total de 4 coletas sendo pré e pós para C1 e C2,
tanto para avaliação dos parâmetros inflamatórios quanto para comparação das
intensidades entre C1 e C2.
3.5.2 Fase Final
Foi realizada uma última coleta pré e pós treinamento na última semana do
protocolo, para avaliação dos efeitos crônicos do treinamento sobre os
parâmetros inflamatórios.
3.5.3 Lactato
O lactato foi avaliado através do aparelho modelo Accutrend® Lactate,
Roche farmacêutica. Foi realizada a assepsia no dedo utilizando álcool 70% e
algodão, o dedo foi então puncionado utilizado uma lanceta automática
descartável para colher uma gota de sangue que foi colocada na fita para a
leitura. Essas avaliações foram realizadas no momento inicial e final do C1 e C2
(SCOTTE, 2006; COELHO, GRAÇA, KOUYOUMDJIAN, 2011).
3.6 Desenho Experimental
TCLE Anamnese Avaliação Antropométrica Isocinético Teste Wingate
Treino Adaptação
Treinamento Coleta de Sangue Agudo e crônico
Avaliação Antropométrica Avaliação Isocinética Teste Wingate
Inicio
1 semana 1 semana 4 semana 1 semana
36
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados foram tabulados e avaliados do ponto de vista estatístico.
Após a confirmação da normalidade dos dados (através do teste de Kolmogorov-
Smirnov) as comparações foram realizadas pelo teste T de Student de medidas
repetidas para comparações intra grupo e independente para comparações inter
grupos. O programa estatístico utilizado foi o SPSS versão 20.0 e a significância
foi determinada a p
37
5. RESULTADOS
Dos 31 voluntários que aceitaram participar do estudo, 9 voluntários não
completaram o treinamento, 2 somente assinaram o TCLE e não compareceram,
4 abandonaram durante a fase de avaliação inicial e 3 abandonaram durante o
treinamento, sendo então, as análises realizadas com os dados de 22 voluntários.
Todos os resultados estão apresentados como média ± desvio padrão da média.
Os voluntários foram divididos em 2 grupos com um total de 11 voluntários
em cada grupo, na analise do questionário da anamnese observamos
homogeneidade entre os grupos, dados descritos abaixo (Vide Tabela 2).
Tabela 2 – Dados da Anamnese dos Grupos Idade Atividade Física Fumante C. Bebida A. C. Alimentar
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
G1
(n=11) 30,09±1,81 54,50% 45,45% 9,09% 90,91% 27,27% 72,73% 45,50% 55,00%
G2
(n=11) 45,55±9,80 63,64% 36,36% 9,09% 90,91% 36,40% 63,60% 55,00% 45,50%
Fonte: C. Bebida A. – Consumo de Bebida Alcoólica . C. Alimentar – Consumo Alimentar
Os grupos também foram avaliados em relação a composição corporal,
através dos parâmetros de IMC, % de Gordura, Massa Gorda e Massa Magra
antes e após as 8 sessões.
Em relação ao IMC foi observado que os grupos G1 e G2 se mantiveram
dentro da faixa considerada ideal no momento pré treinamento, porém podemos
observar uma pequena variação no G2 no pós treinamento.
Com relação a análise do %G, MG e MM, observamos diminuição da %G
de gordura, da MG e aumento da MM apresentando diferença estatísticas para
ambos os grupos, (Vide Figura 4).
Figura 4 – Descrição da Distribuição da Composição Corporal
38
*P
39
Figura 5 – Avaliação do Wingate do G1 (Watts)
Figura 6 – Avaliação do Wingate do G2 (Watts)
*P
40
Figura 7 - Porcentagem de Fadiga Muscular no Teste do Wingate (%)
*P
41
Figura 9 – Avaliação do Pico de Torque na Extensão G2
Na análise de pico de torque no momento da flexão de joelho o G1 não
obteve aumento significante, porém, o G2 obteve aumento significante nas 3
velocidades tendo uma maior relevância na velocidade de 60°/s, podendo ser
observado nas Figuras 10 e 11.
Figura 10 – Avaliação do Pico de Torque na Flexão G1
42
Figura 11 – Avaliação do Pico de Torque na Flexão G2
**P
43
Figura 13 – Avaliação da Potência na Extensão G2
**P
44
Figura 15 – Avaliação da Potência na Flexão G2
**P
45
Figura 17 – Avaliação Média de pico na Extensão G2
**P
46
Figura 19 – Avaliação da Média de Pico na Flexão G2
**P
47
Figura 20 - Número de Repetições por Segundo para os Grupos nos
momentos Inicial e Final (reps/seg.).
* P
48
Os resultados obtidos comprovam a exigência metabólica após a fase F do
treinamento tanto na fase pré quanto na fase pós treinamento. Esses dados
podem ser vistos nas Figuras 21 e 22.
Figura 21 - Intensidade Através da Escala de BORG
Figura 22 - Concentração de Lactato no Sangue (mmol/L)
*p< 0,05 em relação a Inicial
* *
49
Os exames laboratoriais de CPK e DHL também foram realizados na fase
inicial do treinamento sendo realizadas pré e pós imediatamente uma sessão para
confirmar a intensidade do treinamento. (Dados na tabela 4)
Tabela 3 – Níveis de CPK e DHL no Início do Treinamento Fase inicial
CPK
Fase final
CPK
Fase inicial
DHL
Fase final
DHL
G1 20,21
±8,94
27,41
±8,08*
126,73
±29,91
170,55
±51,28*
G2 26,58
±14,03
36,38
±14,85*
147,73
±22,42
196,91
±31,57*
* P
50
6. DISCUSSÃO
Para um envelhecimento saudável precisamos optar por bons hábitos,
como não fazer uso de fumo, consumo de bebida alcoólica, um controle alimentar
básico e principalmente prática de atividade física. Pudemos perceber, através da
anamnese que os voluntários tanto do G1 quanto do G2 apresentavam hábitos
saudáveis, porém, o G2 apresentou um número maior de voluntários que faziam
consumo de bebida alcoólica.
A prática de atividade física é um dos principais componentes para reverter
ou realizar a manutenção destas modificações podendo ser atividades simples ou
mais complexas com ou sem resistência.
TSCHOPP, SATTELMAYER, HILFIKER, (2011), apresentaram em seu
estudo, que os treinamentos resistidos, com intensidade de 70% a 85% de uma
repetição máxima (1RM), vem apresentado ótimos resultados no ganho de força
dos indivíduos, independente da faixa etária, mas principalmente para os
indivíduos idosos.
Em uma revisão de literatura, com objetivo de verificar os efeitos dos
treinamentos físicos na redução de perda de massa muscular e consequente
perda da função motora, principalmente no tocante a dose-resposta da
intensidade do treinamento, nos últimos 5 anos MAYER, et al; 2011, utilizaram a
base de dados PubMed e verificaram que o treinamento de força, em idosos,
aumenta a força muscular, melhorando o recrutamento das unidade motoras,
desta forma, apresentando um aumento da velocidade e da taxa de disparo. As
intensidades de treinamentos corresponderam a 60% a 85% de 1RM, porém, a de
85% foi a que apresentou o melhor desempenho físico tanto em idosos como em
jovens saudáveis, a frequência do treinamento foi entre 3 a 4 vezes por semana,
porém, para pessoas com baixo desempenho, o mesmo resultado pôde ser
observado com uma frequência semanal menor.
51
Porém, quando falamos em treinamento de força com alta velocidade de
movimento, que se traduzem em treinamento de potência muscular, alguns
estudos apresentam ótimos resultados para indivíduos idosos. Isso foi
apresentado em uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, onde
o objetivo foi determinar os efeitos do treinamento de força com alta velocidade e
comparar com o treinamento convencional em idosos. Os resultados primários
foram as medidas de resultados funcionais, como também, equilíbrio, marcha,
força, volume muscular e efeitos adversos. Os estudos mostraram que o
treinamento de potência muscular foi o que mais obteve resultados, embora os
autores relatem que não há como afirmar quanto a segurança dos voluntários
(TSCHOPP, SATTELMAYER , HILFKER, 2011).
Existe um consenso na literatura cientifica que apresenta características do
treinamento resistido. Entre 2 a 3 séries com 8 a 12 repetições com um período
médio de 8 a 16 semanas de treinamento.
HUNTER, et al, (1998), teve como objetivo verificar o impacto e a
intensidade do exercícios em relação ao gasto de energia e sua influência sobre o
controle do peso corporal, o estudo aponta que a intensidade do exercício pode
causar impactos favoráveis, como aumento no gasto de energia devido ao
aumento do trabalho. O treinamento resistido aumenta a massa muscular e por
sua vez, aumenta o gasto de energia. Por outro lado, os exercícios aeróbios
realizados a 70% do VO2max também promovem o gasto de energia.
HANSON, et al, (2009) fez um estudo sobre os efeitos do treinamento de
força na função física e a influencia da potência na força muscular e na
composição corporal. Os voluntários desse estudo foram adultos ativos e
sedentários de ambos os sexos, com idade acima de 65 anos. Foram 22 semanas
de treinamento onde foram aplicados teste de força muscular e potência muscular
que coincidiam com tarefas próximas as AVD’s. Foram observados, que ambos
os grupos de homens e mulheres aumentaram a força muscular, a potência, como
também tiveram aumento da massa muscular e perda de gordura, embora os
homens tivessem uma alteração significativa, comparados ao momento inicial,
quando foi analisado entre os grupos não foi observada essa diferença.
52
No entanto, a literatura clássica diz que os melhores resultados para
apresentar uma diferença na perda da porcentagem de gordura se encontram no
treinamento resistido de baixa a moderada intensidade, contrapondo nossos
resultados, pois o treinamento proposto em nosso estudo foi de alta intensidade.
Durante a elaboração dos exercícios para esse estudo tivemos a
preocupação ter como base as AVD’s, porque com o avanço do envelhecimento,
um elemento fundamental não é só a manutenção da funcionalidade, mas sim a
melhora da composição corporal e as capacidade funcionais.
Podemos ressaltar que após 8 sessões de treinamento obtivemos ganho
de massa muscular e perda de %G, no entanto, não observamos alterações no
IMC dos grupos.
Este resultado também pode ser observado no estudo de COKER et al,
(2009), que comparou o treinamento de intensidade moderada versus o
treinamento alta intensidade por 12 semanas, em idosos com sobrepeso. O
resultado apresentado foi o aumento muscular observado na coxa e perda de
gordura visceral no treinamento de alta intensidade, no entanto, não se observou
alteração no IMC.
Em nosso estudo, a intensidade foi considerada alta conforme apontado
pela própria escala de BORG, as concentrações medidas do lactato pré e pós
treinamento como também na análise laboratorial do CPK na fase I. Os dados
apresentados da escala de BORG são condizentes com os valores de lactato
sanguíneo mostrando que os voluntários de ambos os grupos se empenharam em
realizar os treinamentos conforme o indicado, ou seja em alta intensidade.
Os valores de referência de concentração de lactato descritos na literatura
são entre 1 a 2 mol/L. Nossos dados mostram que o lactato dos participantes
partiu desse valor e atingiu valores entre 9 e 20 mmol/L demostrando que houve
uma aumento da concentração de lactato no sangue extremamente alta.
53
O estudo de ALVES, et al 2012, realizou a avaliação da concentração do
lactato após 3 min de corrida em esteira a 8km/h e foi possível verificar alterações
significantes entre o momento inicial e final. Quanto a análise do CPK, também
houve um aumento significativo sugerindo um quadro de desafio muscular.
Estudos apontam que o aumento de lactato no sangue também tem
influência na produção do hormônio do crescimento (GH) pelo fígado, modulado
pela hipófise. A importância dos hormônios no controle do metabolismo é um fato
bem estudado e definido, sendo o GH um dos mais estudados. Ainda assim ele
apresenta controvérsias, como também em relação a sua síntese, mecanismo de
ação e efeitos sobre o metabolismo proteico e lipídico. Já se sabe que o GH
aumenta a oxidação de ácidos graxos e acelera a lipólise levando a alterações da
composição corporal. (CRUZAT, et al, 2008; HALPERN, et al, 2006; GOTO, et al,
2005).
Os hormônios contra regulatórios, dos quais o GH faz parte, também estão
relacionados com o aumento do metabolismo e tem direta relação com a
intensidade do exercício e com a ativação do sistema nervoso simpático
(BATATINHA et al, 2012), tendo uma provável participação nesses resultados.
Outro estudo realizado por SCOTT, et al, (2006), realizou dois tipos de
treinamento sendo um com 60% de 1RM até a exaustão e outro com 80% de
1RM com repetições limitadas, foram comparados um com o outro. Esse estudo
foi realizado para determinar se a concentração de lactato no sangue e o volume
do nível de substrato de adenosina trifosfato (ATP) em combinação fornece uma
interpretação do gasto energético total em comparação com os métodos de
consumo de oxigênio (O2). Essa medição do gasto energético total constituiu do
lactato no sangue, absorção de O2, e excesso de consumo de O2 pós-exercício
(EPOC), o estudo sugeriu que a estimativa do gasto energético total para o
treinamento é melhor quando são associados o lactato, a concentração de ATP e
o O2 ou somente com a medição do consumo de O2.
Desta maneira pudemos apontar que o treinamento proposto em nosso
estudo pode levar a perda de %G e aumento de massa muscular de ambos os
54
grupos após 8 sessões. Provavelmente, isso se deveu a intensidade do
treinamento, refletida pelo aumento da concentração de lactato no sangue, que
levou a estimulo de secreção do GH, aumento do metabolismo e também o
próprio consumo energético despendido para a realização do treinamento
propriamente dito. Soma-se a isso o EPOC e temos um conjunto de fatores que
explica a diferença significativa mesmo com a realização de um número reduzido
de sessões.
A intensidade de treinamento pode ser modulada através da duração e
intensidade, como também o tempo de recuperação que é denominado
normalmente como pausa ou intervalo de treinamento. A adição de velocidade de
execução nos movimentos exigidos torna o exercício um treinamento de potência
muscular.
Podemos ter como base a velocidade de contração muscular. Uma
execução de determinados exercícios realizados acima de 7 seg., tendo como
base a ação excêntrica e concêntrica, será chamado de baixa intensidade, 7-6
seg. será considerado de moderada intensidade e abaixo de 6 seg. será
considerado alta intensidade (RATAMESS, et al, 2009).
Desta forma, pudemos verificar que em nosso estudo a velocidade de
execução do treinamento ficou abaixo de 2 seg. de execução, demostrando que o
treinamento foi considerado de alta intensidade, também com base na velocidade
de contração.
O treinamento em circuito pode apresentar diversos benefícios, que ainda
não foram muito explorados para a população idosa segundo ROMERO-ARENA,
MARTÍNEZ-PASCUAL, ALCARAZ, 2013; WHITEHURST et al, 2005. O
treinamento em circuito, onde as cargas utilizadas podem ser moderadas ou
mesmo sem cargas e com descanso mínimo, fazem uma combinação mais eficaz
de intensidade e volume. Esse trabalho, com frequência de 3 vez por semana,
com uma sequência de exercícios adequada, pode promover adaptações
importantes no âmbito neuromuscular, aumento da flexibilidade, mobilidade
funcional, sistema cardiorrespiratório e de composição corporal em adultos de
55
meia idade e idosos. O treinamento em circuito pode ser uma estratégia muito
eficaz para aumentar o consumo de oxigênio, ventilação pulmonar, força e
capacidade funcional, melhorando a composição corporal dos voluntários.
FOUREAUX, PINTO, DÂMASO, (2006); MURPHY, SCHWARZKOPF;
(1992), observou em seus estudos sobre o EPOC, no treinamento em circuito
realizado a 50% de 1RM com intervalo de 30s com duração de 50 min por
sessão, comparado com o treinamento resistido com 80% de 1 RM com intervalo
de 120s com duração de 19 min, que o EPOC do treinamento em circuito teve
uma duração de 20 min após o termino do treinamento, embora os autores
observaram que o gasto energético foi maior no segundo grupo.
O EPOC se mostra uma importante avaliação para determinar o gasto
energético como também suas alterações na composição corporal.
MILLER, et al, (2014), teve como objetivo determinar como um programa
de treinamento de alta intensidade em forma de circuito afetou os marcadores de
saúde fisiológicos fundamentais em homem obesos sedentários. O período de
treinamento foi de 4 semanas, 3 vezes por semana por 30 min com um total de 6
horas de treinamento. O circuito foi composto por sete exercícios, foram
verificadas a pressão arterial, frequência cardíaca, percepção de esforço, trabalho
total dos voluntários durante o treino. Também foram avaliados a composição
corporal e exames sanguíneos (colesterol total, triglicerídeos, lipoproteína de alta
e baixa intensidade, glicemia e insulina) nos momento inicial e final do protocolo.
A conclusão foi que os voluntários apresentaram melhoras nos fatores
bioquímicos e na composição corporal.
Esse estudo apresenta resultados em concordância com o que foi
observado em nosso estudo. Porém, em nosso estudo o tempo total foi de 1 hora
e 20 min.
Para melhor compreender a potência muscular, em nosso estudo,
utilizamos dois métodos de avaliação para mesma, o teste de Wingate e a
avaliação Isocinética.
56
Apos oito sessões de treinamento, pudemos observar, na avaliação de
potência muscular através do teste de Wingate, que o G1 não apresentou uma
alteração importante na W.Max como também na W.Min, porém, quando
observamos o momento da W.Med, o grupo obteve leve aumento. O %F do
grupo, no entanto, foi maior, isso pode ser justificado pelo período maior de
permanência num trabalho de potência muscular durante todo o momento da
avaliação.
O G2 apresentou um aumento discreto no %F e praticamente a W.Med se
manteve estável. Porém, a W.Min teve aumento significante, mostrando que os
voluntários com mais idade conseguiram impor maior potência final. Isso pode se
dever a possível melhora do recrutamento muscular e uso de reservas
energéticas.
No isocinético foi possível avaliar de forma indireta a força muscular de um
movimento linear, sendo que a força era produzida e atuava sobre um eixo
articular que gerava um movimento rotativo, sendo convencionada a unidade
como (Nm) Newtons-Metro (Biodex, 2013).
O equipamento isocinético foi utilizado para avaliar o pico de torque, média
do pico de torque e a potência muscular na fase de extensão e flexão do joelho
com 5 repetições na velocidade baixa (60o/s), 10 repetições na velocidade média
(180o/s) e 10 repetições na velocidade alta (300o/s), (ALEXANDRE et al, 2009).
A perda da força muscular e o pico de potência apresentam um declínio de
maneira precoce e progressiva, principalmente após os 50 anos de idade, porém
o seu pico máximo se encontra entre 20 a 30 anos, podendo ter uma taxa de
decréscimo aproximada de 12% a 15% por década com uma acentuação maior
após os 65 anos. (MACALUSO, DE VITO, 2004; REEVES, NARCI, MAGANARIS,
2006).
Esses autores justificam, após um treinamento de alta intensidade, a
melhora apresentada no G2 no pico de torque, principalmente na fase da flexão,
nas 3 velocidades, onde deveríamos observar uma queda na capacidade de gerar
57
força neste grupo muscular em pessoas após 35 anos.
Porém, a potência muscular também foi mais evidente no G2, nas 3
velocidades na fase da extensão, isso pode nos levar a imaginar que o músculo
extensor teve a capacidade de gerar mais potência muscular devido a própria
natureza funcional do grupo muscular.
No estudo de TABATA et al.( 1990 b), que teve como objetivo determinar
os efeitos do treinamento de alta intensidade sobre a força muscular equipamento
isocinético, em voluntários jovens masculinos e estudantes em educação física,
foram avaliado potência muscular na fase da extensão do joelho nas seguintes
velocidades 30°, 60°, 120° consideradas baixas velocidades e 180°, 240°, 300°
consideradas alta velocidades. O treinamento foi realizado a 90% VO2max. em
ciclo ergômetro, a duração do treino foi baseada no gasto energético por 7
semanas. Os resultados apresentados mostram que só houve mudança
significativa nas velocidades baixas. Os autores ressaltam que os resultados se
deveram ao tipo de treinamento proposto.
Quando comparamos os dados dos autores acima com o nosso estudo
podemos verificar que o fator idade apresenta características diferentes para as
velocidades analisadas, porém, se considerarmos a classificação das velocidades
acima, nosso estudo se opõe ao apresentado, pois o G1 apresentou resultados
significantes nas velocidades altas tanto na extensão como na flexão dos joelhos;
em contra partida, o G2 apresentou resultados positivos tanto nas velocidades
baixas como altas para o mesmo movimento analisado.
No caso da média do pico, também observamos uma melhora do G2 na
fase da flexão, porém, nas velocidades baixa e média. O G1 apresentou melhoras
nas velocidades média e alta na fase da extensão, demonstrando provavelmente
que o G2 apresenta uma perda de capacidade da função dos flexores do joelho
mais marcada do que a perda de função dos extensores.
Nas 3 velocidades, registramos melhoras expressivas no G2 em relação ao
G1, sendo que estaríamos esperando uma possível inversão nos resultados. Isso
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nos leva a uma provável resposta que quanto mais debilitado um determinado
grupo muscular se apresente, quando submetemos o mesmo a um treinamento
de alta intensidade, os resultados positivos são mais evidentes.
Devido ao dia a dia corrido, cheio de compromissos pessoais e
profissionais, muitas vezes não contamos com tempo suficiente para a realização
de atividades físicas. Não somente pensando na estética, mas principalmente
pensando no processo do envelhecimento saudável, já que é um processo natural
de declínio das capacidades funcionais fisiológicas que pode até mesmo levar a
síndrome da fragilidade devido a um acontecimento acidental como, por exemplo,
uma queda.
Esse trabalho mostrou que atividade física mesmo sendo de curta duração,
apresentando uma intensidade correta, foi capaz de apresentar resultados
parecidos com a literatura cientifica, no que se refere a estudos que em sua
maioria foram com exercícios resistidos, ou seja, com uso de equipamentos de
academia ou pesos livres.
Muitas vezes, o tipo de atividade física tradicional pode dificultar ou
restringir a prática de atividades físicas para determinada população,
principalmente indivíduos que se encontram em declínio fisiológico como no caso
do envelhecimento.
7 - CONCLUSÃO
Concluímos que o treinamento de potência sobre a potência muscular em
diferentes faixas etárias promoveu diminuição da porcentagem de gordura,
aumento da massa magra de ambos os grupos estudados e teve efeitos positivos
no equilíbrio muscular dos flexores de joelho, principalmente do G2.
Também pudemos concluir que existe uma relação entre os efeitos do
treinamento de potência com a síndrome da fragilidade do idoso. Essa relação se
estabelece através da melhora de algumas capacidades físicas como a força
muscular, equilíbrio e coordenação do movimento. Essa melhora implica em
menores alterações da marcha, portanto, diminuição de uma das principais causa
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de quedas que podem levar o individuo a perda de massa muscular. Assim, o
treinamento de potência tem influência direta sobre os fatores que, se não
evitados, podem levar ao desenvolvimento da síndrome da fragilidade.
Embora o estudo tenha algumas limitações, como por exemplo, nenhum
dos voluntários apresentar a síndrome da fragi