Post on 02-Dec-2018
UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE
ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM
Genilda Dias
Juliana Kelly Costa de Carvalho
Simone Kele da Silva
Thais Trindade Mendes
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO:
recuperando o parto normal
Governador Valadares 2009
GENILDA DIAS
JULIANA KELLY COSTA DE CARVALHO
SIMONE KELE DA SILVA
THAIS TRINDADE MENDES
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO:
recuperando o parto normal
Monografia para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Área de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce. Orientadora: Profª. Enfª. Denise Dias
Cardoso.
Governador Valadares
2009
GENILDA DIAS
JULIANA KELLY COSTA DE CARVALHO
SIMONE KELE DA SILVA
THAIS TRINDADE MENDES
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO:
RECUPERANDO O PARTO NORMAL
Monografia para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Área de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce.
Governador Valadares, _____ de ______________ de_____
_______________________________________________ Profª. Enfª Denise Dias Cardoso - Orientadora
Universidade Vale do Rio Doce
Banca Examinadora:
__________________________________________________ Profª. Enfª Erica Barbosa Magueta
Universidade Vale do Rio Doce
_______________________________________________ Profª. Enfª Êrick Silva Ramalho Universidade Vale do Rio Doce
____________________________________________
Profª. Enfª Tatiana Heidi de Oliveira Universidade Vale do Rio Doce
Dedicamos esse trabalho a Deus, Pai Onipotente, por
tudo aquilo que nos lega ao longo da vida.
AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, o nosso bem maior, pelo dom da vida, por tudo que vimos,
ouvimos, aprendemos e vivenciamos ao longo desses quatro anos.
Aos nossos familiares que sempre estão do nosso lado, que sacrificaram seus
sonhos em favor dos nossos, o nosso muito obrigada.
À nossa orientadora, professora enfermeira Denise Dias, por compartilhar
conhecimentos e nos direcionar ao objetivo proposto.
Aos professores que se disponibilizaram colaborando para ampliação de nossos
conhecimentos na sala de aula bem como no campo de estágio.
A todos, o nosso muito obrigado.
Sou mulher, sou mãe, sou deusa,
e assim mereço ser cuidada.
Se parir faz parte da natureza,
que esta força seja respeitada.
Respeitada pelos homens e por mim mesma,
pois fazemos a humanidade crescer.
Que as cesáreas, induções, tecnologia,
sejam usadas com magia e saber.
Saber que os médicos dominam,
e nós, mulheres, também.
Conhecendo nosso corpo e instinto,
sabemos mais do que ninguém.
Portanto, minha gente,
é hora de parir como e com quem quiser.
Se durante a noite ou na aurora,
a ordem é esperar quando vier.
Chega de intervir na natureza!
As mulheres precisam compreender,
receber o bebê no coração,
experimentar o "dar à luz e renascer".
Autor: Livia Pavitra
RESUMO
O parto tem se tornado foco de pesquisas, no decorrer dos anos devido ao seu percurso histórico, pela ascensão profissional da mulher e a sua notoriedade no ambiente social e familiar. O parto é considerado um processo psicossomático, onde o comportamento da gestante ou parturiente vai depender do nível de informação da mulher, sua história pessoal, contexto socioeconômico, personalidade, simbolismo. A fisiologia do parto em nenhuma sociedade é tratada de forma apenas fisiológica, pois é um evento biossocial, cercado de valores culturais, sociais, emocionais e afetivos. Compreendemos que o parto normal é o mais seguro tanto para a mãe quanto para o bebê, sendo de suma importância trabalhar essa escolha no decorrer da gravidez. Levando em consideração o aumento significativo da incidência do parto cesárea e suas complicações, é importante ressaltar que o profissional enfermeiro tem participação efetiva em todas as etapas do processo, desde a descoberta da gestação (pré-natal) até os cuidados puerperais. O tema em questão, ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO: RECUPERANDO O PARTO NORMAL, tem como objetivo identificar como é realizado o trabalho destes profissionais frente à decisão por via de parto, o suporte e cuidados direcionados durante o pré-natal, trabalho de parto e puerpério, além de identificar os fatores sócio-culturais e emocionais que podem estar contribuindo para o aumento do índice de cesárea, com o intuito de subsidiar ações de enfermagem no sentido de minimizar a incidência deste tipo de parto na sociedade. Esta pesquisa trata de um estudo qualitativo de natureza descritiva e exploratória de revisão de literatura. Ao final do processo de pesquisa concluímos que a atuação do profissional enfermeiro é fundamental para elaborar e planejar estratégias e intervenções, através de ações realizadas nos programas de saúde, assistência pré-natal e humanização do parto. Uma vez que os profissionais se encontram em desenvolvimento das técnicas e habilidades sociais, criando um estreito vinculo com as gestantes, possibilita-se um atendimento especializado, humanizado e individualizado, promovendo desta forma assertividade na escolha da via de parto, o que irá reduzir de forma significativa os riscos à saúde da mulher e do recém-nascido. Palavras chave: Recuperar. Parto normal. Atuação do enfermeiro.
ABSTRACT The child-bearing has become a focus of research over the past years because of their evolution, the career advancement of women and their reputation in the social and family environment. Childbirth is considered a psychosomatic process, where behavior of pregnant or parturient will depend on the level of awareness of women, their personal history, socio-economic status, personality and symbolism. The physiology of labor in any society and treated just physiological, it is a biosocial event, surrounded by cultural values, social, emotional and affective. We understand that a vaginal birth is safer for both the mother and the baby, which is extremely important work that choice during pregnancy.Considering the significant increase in the incidence of cesarean section delivery and its complications. Importantly, the nurse has an effective participation in all stages of the process, from discovery of the pregnancy (prenatal) until the postpartum care. The subject matter, the professional practice of nursing: Reclaiming the normal delivery; aims to identify how it's performed the work of these professionals will face a decision by the delivery, support and care targeted at pre-natal, as well as identifying the factors socio-cultural and emotional changes that may be contributing to increasing rates of cesarean section, in order to support nursing actions to minimize the incidence of this type of labor in society. This research comes from a qualitative study of descriptive and exploratory review of the literature. At the end of the search process conclude that the performance of professional nurses is essential to develop and plan strategies and interventions, through actions performed in programs for health, prenatal care and humanization of birth. Since the professionals are developing the technical and social skills, creating a close bond with these women. Providing a specialized, humanized and individualized care, and thereby promotting assertiveness in the choice of mode of delivery, which will significantly reduce the risks to health of women and their babies. Keywords: Recover. Delivery. Nurse's role.
LISTA DE ILUSTRACÕES Quadro 1 - Prop. partos cesáreos - res (%) segundo Região e Unidade da
Federação Período: 2005........................................................................58
Quadro 2 - Prop. partos cesáreos - res (%) segundo Região e Unidade da
Federação Período: 2006........................................................................60
LISTA DE SIGLAS
ANS: Agência Nacional de Saúde Suplementar
COFEN: Conselho Federal de Enfermagem
COREN: Conselho Regional de Enfermagem
FAZ: Fundo de Assistência Social
HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana
HUB: Hospital Universitário de Brasília
OMS: Organização Mundial da Saúde
PAISM: Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PHPN: Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento
RN: Recém-Nascido
SAMDU: Serviço de Assistência Domiciliar de Urgência
SINASC: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SUS: Sistema Único de Saúde
UTI: Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................12
2 PARTO NORMAL................................................................................................14
2.1 CONTEXTOS: HISTÓRICO DO PARTO NORMAL ...........................................14
2.2 DEFINIÇÃO........................................................................................................15
2.3 VARIANTES DO PARTO....................................................................................17 2.3.1 Parto Fórceps ................................................................................................18 2.3.2 Parto Leboyer ................................................................................................18 2.3.3 Parto na Água................................................................................................19 2.3.4 Parto de Cócoras ..........................................................................................19
2.4 INDICAÇÃO........................................................................................................20
2.5 VANTAGENS .....................................................................................................20
2.6 EPISIOTOMIA ....................................................................................................21
3 PARTO CESÁREA ..............................................................................................23
3.1 INDICAÇÕES .....................................................................................................25
3.2 VANTAGENS .....................................................................................................25
3.3 DESVANTAGENS ..............................................................................................26
3.4 PROCEDIMENTO ..............................................................................................27
3.5 ANESTESIA .......................................................................................................28
3.6 INCIDÊNCIA.......................................................................................................28
4 FATORES QUE INTERFEREM NA DESCISÃO POR VIA DE PARTO ..............30
4.1 FATORES SÓCIO-CULTURAIS.........................................................................30
4.2 FATORES EMOCIONAIS...................................................................................31
5 ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL ...............................................................................33
5.1 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO (PHPN) 37
6 A HUMANIZAÇÃO DO PARTO...........................................................................40
7 ATUACAO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO PROCESSO DE RECUPERACAO DO PARTO NORMAL..................................................................42
8 METODOLOGIA ..................................................................................................46
9 CONCLUSÃO ......................................................................................................47
REFERÊNCIAS.........................................................................................................48
ANEXOS ...................................................................................................................56
12
1 INTRODUÇÃO
O processo de tomada de decisão do tipo de parto que é indicado para cada
gestante é uma dúvida frequente vivenciada por estas mulheres e seus familiares,
que participam de forma cada vez mais ativa, focando o senso de comprometimento
e responsabilidade das partes envolvidas.
Propor uma análise do tema ‘Atuação do Profissional enfermeiro:
recuperando o parto normal’, nos faz recorrer a Davim e Menezes, (2001, p. 26) que
relata:
A gravidez é um processo fisiológico que representa a capacidade reprodutiva inerente à mulher e traz ao organismo feminino uma serie de mudanças físicas e emocionais. Estas transformações podem gerar medo, duvidas, angustias, fantasias ou, simplesmente a curiosidade de saber o que ac16ontece com o próprio corpo, é neste momento que o profissional da área de saúde desempenha um papel relevante à transmissão de apoio, orientação e confiança para que a mulher se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto.
Em nosso país, não há uma tradição de conhecimento científico em saúde e
menos ainda da escolha, ou da recusa informada. A cultura médica influência na
assistência ao parto. No Brasil há uma subestimação dos riscos da cesárea. A falta
de instrução durante a gestação pode levar as mulheres a aceitar qualquer opinião
que lhe possibilite a certeza de que o bebê nascerá bem. A informação é o grande
trunfo para melhorar esta situação, considerando que o parto normal traz benefícios
tanto para a mãe quanto para o bebê, se faz necessário trabalhar essa escolha no
decorrer da gravidez com um pré-natal de qualidade, levando em consideração os
fatores que interferem por via de parto.
Baseado neste exposto, e na lei 7498/decreto, que dispõe sobre a
regulamentação do exercício da enfermagem, de acordo com a resolução de 2008
do Conselho Federal de Enfermagem que normatiza a atuação do enfermeiro a
conduzir e fazer o parto sem distócia. E a resolução COFEN n° 223 de 3 de
dezembro 1999 que dispõe sobre a atuação do enfermeiro na assistência do ciclo
gravídico puerperal.
Este trabalho tem como objetivo geral identificar como é realizado o trabalho
destes profissionais frente á decisão por via de parto, o suporte e os cuidados
direcionados durante o pré-natal, trabalho de parto e puerpério. E como objetivos
13
específicos, identificar os fatores sócio-culturais e emocionais que podem contribuir
para o elevado índice de cesáreas e subsidiar ações de enfermagem, possibilitando
assim, encontrar respostas para o problema levantado.
A promoção à saúde no pré-natal ocorre quando possibilitamos à mulher
conhecimento sobre seu corpo e compreensão das alterações ocorridas, atuando de
forma mais consciente e positiva no seu gestar (CARDOSO; SANTOS; MENDES,
2007).
A educação em saúde necessita o olhar para o conceito de gênero em sua
dimensão social, histórica e política, necessário ao atendimento da mulher que
vivencia o processo de gestar e parir e os condicionantes sociais, culturais e
históricos que restringem, fixam e ocultam o valor e o poder desses sujeitos
(CARDOSO; SANTOS; MENDES, 2007).
Para Stotz (1993), o ser consciente da sua cidadania exerce influência sobre
os demais, favorece o desenvolvimento da autonomia e empodera a mulher que
toma decisões baseadas nas suas necessidades, nos seus saberes e,
consequentemente, ganha mais saúde e liberdade.
A escolha por este tema surgiu da expectativa de conhecer e compreender
quais fatores e variáveis influenciam na decisão pela via de parto, levando em
consideração a incidência da cesariana. Partindo do princípio de que o cuidar do
corpo humano exige necessariamente um olhar do ser como um todo, é
imprescindível para o enfermeiro uma maior conscientização a cerca do importante
papel que este profissional representa ao interferir no processo de recuperação do
parto normal.
14
2 PARTO NORMAL
2.1 CONTEXTOS: HISTÓRICO DO PARTO NORMAL
A participação feminina no parto predominou na maioria dos povos
primitivos. E, o fenômeno da parturição era indissociável de aspectos místicos e
religiosos (OSAVA; MAMEDE, 1995).
Na antiguidade, essas mulheres eram frequentemente anciãs que, ao longo
da vida, foram adquirindo conhecimento e prática, passando sua experiência para as
mais novas, dando origem as parteiras. “Dessa forma, as gestantes foram sendo
assistidas pelas parteiras em seus domicílios” (BARROS; MARIN; ABRÃO, 2002, p.
35).
De acordo com Ferreira (1994), durante séculos, o saber relacionado à
gravidez, ao parto, à menstruação era monopólio das mulheres que
desempenhavam um relevante papel na história como conselheiras, comadres,
parteiras, etc. ‘Dar à luz’ era coisa de mulher, referida à natureza. Estas mulheres
eram de inteira confiança do mulherio e eram consultadas sobre temas vários, como
cuidados com o corpo, doenças venéreas, entre outros.
Segundo Barros, Marin e Abrão (2002), com o surgimento da obstetrícia
como área acadêmica do conhecimento, a partir da metade do século XIX, a
assistência empírica prestada por mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal
perde seu espaço. É justamente nesta época que se inicia uma intensa disputa
entre a classe médica e as parteiras , por consequência, estas perdem,
progressivamente, o domínio do saber sobre a arte de assistir o parto e o
nascimento. Nessa nova ordem, a mulher passa então de sujeito da ação a objeto
de estudo da nova ciência médica.
O saber referente ao universo feminino é reconstituído e reconfigurado para
o universo masculino já que somente aos homens era possível conhecer o saber
científico. O nascimento da obstetrícia sob tutela cirúrgica condicionou o
desenvolvimento de um saber pouco voltado para as particularidades da gestação e
do parto (OSAVA; MAMEDE, 1995).
15
Segundo Barros, Marin e Abrão (2002), o parto é institucionalizado no século
XX, mais expressivamente depois da Segunda Guerra Mundial, em nome da
redução da mortalidade infantil e materna. Desta forma, o parto, que é a expressão
da vida e que alberga consigo certos riscos, ao ser institucionalizado, é
medicalizado, com base na premissa de que a ação médica pode dominar e/ou
neutralizar seus riscos.
O autor ainda continua o aumento gradativo dos números de médicos na
assistência ao parto, a incorporação e o manejo por esses profissionais de novas
tecnologias, tais com anestesia, anti-sepsia e, posteriormente, antibioticoterapia e
hemoterapia, tornaram o parto mais seguro e valorizado pelos procedimentos
invasivos e pela possibilidade do controle clínico e cirúrgico da fisiologia.
No Brasil, o parto foi também institucionalizado e medicalizado, como regra
geral, a partir da década de 1950, não sendo acompanhado por uma política de
desenvolvimento do setor público de saúde, que se incorpora aos avanços
tecnológicos, a garantia de leitos hospitalares e aos recursos humanos qualificados
para uma assistência adequada a mulher no ciclo gravídico-puerperal (BRENES,
1991).
Pela trajetória citada acima, pode-se perceber que o parto saiu de um
domínio doméstico\familiar, o qual era visto como um acontecimento normal, e se
transformou em um processo medicalizado e permeado por controle de todas as
variáveis que envolvem este processo (uso de tecnologia).
2.2 DEFINIÇÃO
O parto normal está diretamente relacionado a uma série de aspectos que
envolvem esta vivência feminina. Autores diversos definem este termo, entre eles o
de Santos e Carvalho (2009). O parto, além de ser um ato fisiológico, é também um
evento familiar, pessoal e sagrado e, em mais de 80% dos casos, não deveria ser
um ato médico.
Domingues, Santos e Leal (2004), cometam que a Gravidez e parto são
eventos marcantes na vida das mulheres e de suas famílias. Representam mais do
16
que simples eventos biológicos, já que são integrantes da importante transição do
status de "mulher" para o de "mãe". Embora a fisiologia do parto seja a mesma, em
nenhuma sociedade ele é tratado de forma apenas fisiológica, pois é um evento
biossocial, cercado de valores culturais, sociais, emocionais e afetivos.
Davim e Menezes (2001), afirmam que o parto é considerado como um
processo psicossomático, onde o comportamento da gestante ou parturiente vai
depender, além da própria evolução do trabalho de parto, do nível de informação da
mulher, sua história pessoal, contexto sócio-econômico, personalidade, simbolismo.
É vivido como uma realidade distante que encerra risco, irreversibilidade e
imprevisibilidade que nunca podemos prever se vai transcorrer normalmente ou se
vai surgir complicações. Estas situações podem ser vivenciadas pela mulher de
forma tranquila ou não, dependendo de sua adaptação.
A vivência do parto é complexa e rodeada de mitos, fantasias, medos e
expectativas, que torna real para a mulher a realização de desejos, principalmente
frente ao seu ciclo de vida e seu objetivo vital que é a procriação.
Os seguintes autores, Davim e Menezes (2001), descrevem os estágios que
envolvem o processo do parto.
O período definido clinicamente de primeiro estágio, período de dilatação,
inicia-se com a instalação das contrações regulares que induzem duas importantes
mudanças na cérvice:
a) apagamento completo do canal cervical consiste na incorporação deste
ao segmento inferior do corpo uterino, o que ocorre gradualmente
durante o período de dilatação;
b) dilatação total da cérvice: considera-se o mais demorado, apresenta-se
variável se for observado em primigestas ou multigestas.
Pode-se dividir o primeiro período em duas fases: latente e ativa. A fase
latente corresponde a fase inicial e lenta do trabalho de parto, caracterizada por
contrações irregulares, de intensidade fraca, com duração de 15 ou 20 segundos,
em intervalos de 10 a 15 minutos, de duração variável. A fase ativa ou período de
dilatação rápida caracteriza-se por contrações mais intensas, levando a dilatação
cervical e efetivando o trabalho de parto.
Ainda de acordo com Barros, Marin e Abrão (2002), a total dilatação da
cérvice caracteriza o início do segundo período do parto e termina com o nascimento
da criança; sua duração e menor em relação ao primeiro período, com contrações
17
fortes que duram 60 a 90 minutos, levando á distensão do períneo durante a descida
da apresentação. O segundo período pode durar minutos, até duas horas.
Para Barros, Marin e Abrão (2002), o secundamento ou terceiro período do
parto é também chamado de decedura, delivramento ou dequitação. Inicia–se após
a expulsão do feto e termina com a expulsão da placenta. Nesse momento, a
parturiente experimenta um período de bem-estar e alegria, definido como repouso
fisiológico do útero, pelo término das contrações uterinas. A aproximação precoce
entre a mãe e o recém-nascido fortalece o vínculo afetivo e a maternidade inicia-se
com a interação desse novo ser, portanto, a sucção do mamilo pelo recém-nascido
estabelece o vínculo precoce, favorecendo a retração uterina e a dequitação.
De acordo com Barros, Marin e Abrão (2002), O período de Greenberg,
definido como a primeira hora após a saída da placenta, período de grandes
hemorragias, pode apresentar complicações que solicitam habilidades e
conhecimento da enfermeira-obstetra no intuito de detectá-las precocemente. A
assistência ativa nesse período e a vigilância ao lado da paciente surpreendem e
corrigem oportunamente quaisquer desvios do mecanismo fisiológico.
Frente os estágios citados acima, é interessante ressaltar a importância da
assistência de enfermagem obstetra, durante o nascimento, proporcionando
cuidados específicos, para garantir bem-estar à mulher e ao seu feto, incluindo as
transições de mulher para mãe e de feto para recém-nascido.
2.3 VARIANTES DO PARTO
Com o objetivo de proporcionar à gestante melhores condições de parto,
alivio da dor e recuperação, como cita, Moraes (2008), a partir da década de 70, na
pós-segunda guerra e dentro do movimento revolucionário que se iniciou com o
movimento hippie, alguns médicos e mulheres passaram a questionar o excesso de
intervenções e melhores condições para dar a luz, propondo o resgate do parto
como um evento fisiológico, familiar e afetivo. A partir daí surgiram as demais
possíveis classificações das “formas de nascer”.
18
2.3.1 Parto Fórceps
Duarte (2000), ressalta que eventualmente o parto ficava difícil e havia a
aplicação do fórceps alto (um instrumento que consiste de um par de colheres
metálicas), que buscava a cabeça do bebê no canal de parto para puxá-lo para fora.
Essas experiências eram traumáticas para a mãe e com frequência lesavam
irreversivelmente o bebê. Era o ‘Parto Fórceps’ ou ainda ‘Parto a Ferro’.
Hoje em dia caiu em desuso e os médicos agora usam o "fórceps de alívio",
quando o bebê já está mais baixo no canal de parto. Usado com parcimônia seria
um excelente recurso para acelerar o período expulsivo em casos de emergência ou
sofrimento fetal, lembrando que estas são ocorrências extremamente raras em
partos de baixo risco (DUARTE, 2000).
O uso rotineiro é desaconselhado, o que vale para qualquer intervenção
médica em um processo natural e fisiológico.
2.3.2 Parto Leboyer
Na França, o obstetra Frédérick Leboyer focou-se no recém-nascido e
defendeu uma forma menos violenta de nascer. Foi o primeiro a considerar a
importância do vínculo mãe-recém-nascido no momento do nascimento. Pouca luz,
silêncio, massagem nas costas do bebê, esperar o cordão parar de pulsar para o
bebê fazer a transição respiratória de forma mais suave, banho do bebê perto da
mãe, amamentação precoce (MORAES, 2008).
No entanto seu foco era o bebê, não a mulher. Geralmente estava deitada
de costas, pernas em estribos e o uso da episiotomia era rotina (MORAES, 2008).
19
2.3.3 Parto na Água
O obstetra francês Michel Odent, na cidade de Pithiviers, começou a usar
banheira com água quente para o conforto das parturientes e alívio da dor. Algumas
parturientes se sentiam bem dentro da banheira e o bebê nascia ali mesmo. De lá
para cá, o parto na água tem sido utilizado no mundo inteiro, em banheiras especiais
ou improvisadas (MORAES, 2008).
Estudos científicos comprovam que o uso da água quente no trabalho de
parto é um excelente coadjuvante no combate à tensão e à dor, ajudando
significativamente na dilatação do colo de útero. O nascimento para o bebê é muito
mais suave e o períneo da mãe ganha maior flexibilidade com a água quente
(MORAES, 2008).
2.3.4 Parto de Cócoras
Desde a mais remota antiguidade as mulheres procuravam posições que
facilitassem o parto. Nas gravuras antigas o mais comum é ver mulheres ajoelhadas,
de cócoras, ou em banquinhos baixos de parto. De um jeito ou de outro o que se
observa é que as costas estão em posição vertical. A posição das pernas é variável
(MORAES, 2008).
A mulher só assume a posição de cócoras (ou senta-se no banquinho de
parto ou cama de parto) na fase final do parto e só durante as contrações,
descansando nos intervalos. O pai pode participar do parto mais ativamente,
oferecendo apoio com seu corpo atrás da mulher (MORAES, 2008).
20
2.4 INDICAÇÃO
As vantagens do parto normal são várias, tanto para o bebê quanto para a
mãe. Uma delas é o fato da mãe estar mais disposta à convivência inicial com o
bebê, sem as dores do corte da barriga feito na cesárea, o que permite uma
movimentação muito mais fácil e precoce (REVISTA ELETRONICA COMCIENCIA,
2004).
2.5 VANTAGENS
Atualmente o parto normal está se popularizando, a partir de campanhas e
de estimulação do mesmo através de profissionais capacitados e orientados para
programas de saúde pública, voltados para assistência à gestante.
Segundo Ministério da Saúde, o parto normal é o mais seguro tanto para a
mãe quanto para o bebê. Nesse caso, a mulher pode amamentar a criança e fazer
os seus cuidados pessoais logo após o nascimento, além de estar em contato com o
filho e com os familiares rapidamente. O contato pele a pele e o aleitamento na
primeira hora após o parto oferecem benefício psíquico para a vida toda da criança.
Além de ter menos riscos de problemas respiratórios, o bebê cria um forte vínculo
com a mãe (BRASIL, 2002).
É justamente neste contato inicial entre mãe e filho, que se desenvolve o
vinculo e o processo de introdução deste recém nascido no âmbito familiar-social.
Para Franco (1999), as vantagens são: a recuperação rápida; não há dor
pós-parto, a rápida recuperação deixa a mãe mais tranquila, o que favorece a
lactação; a alta é mais rápida, o que possibilita que a mãe retorne seus afazeres
prontamente; a cada parto normal, o trabalho de parto não altera em nada no
desempenho sexual.
Pelas referências citadas acima, pode se observar os principais benefícios
do parto normal, entre eles a rápida recuperação da mulher, o que proporciona um
estreitamento entre mãe e filho, nestes primeiros momentos após o parto,
21
possibilitando a mãe ser mais ativa frente o desenvolvimento de atividades
referentes à função materna.
A desvantagem do parto normal, segundo Tornelli (2009), não se pode
decidir o momento em que o bebê vai nascer. Deve se esperar as contrações e a
dilatação do colo do útero. Após 37 semanas, a mãe deve diminuir suas atividades
normais e despertar pelo parto tranquilamente. Pode ser a qualquer momento.
Para mulheres que não fazem atividade física frequente e tem uma
fragilidade dos músculos do períneo, há maior risco de apresentam prolapsos
vaginais em idade mais avançada, ou seja, bexiga caída ou útero caído. Esses
problemas podem ser corrigidos com cirurgia (TORNELLI, 2009).
2.6 EPISIOTOMIA
O primeiro relato sobre este corte data de 1742 (século XVIII); ele foi criado
por Felding Ould, que servia como“ Second Master” em um hospital na Irlanda. Sir
Ould defendia que a incisão só deveria ser aplicada quando necessário, em partos
dificultosos, como intervenção utilizada para auxiliar o momento do parto (SÃO
BENTO; SANTOS, 2006).
De acordo com São Bento e Santos (2006), a episiotomia é uma incisão
cirúrgica realizada no períneo da mulher no momento da expulsão – segundo
período do parto. O termo episiotomia vem de epision, que significa região pubiana,
e tome, de incisão. Pode ser feita com tesoura ou bisturi, possui modalidades
diferentes: perineotomia, médio-lateral e lateral. A sua sutura é feita com fio cirúrgico
absorvível pelo organismo e é chamada de episiorrafia. Toda a técnica é asséptica e
feita com utilização de anestésico.
A episiotomia seletiva traz maiores benefícios que o uso rotineiro, sendo
indicada em situações de sofrimento fetal, ou seja, feto em apresentação pélvica,
progressão insuficiente do parto e ameaça a laceração perineal de terceiro grau
(MATTAR; AQUINO; MESQUITA, 2007).
Segundo Diniz (2006), a episiotomia é a operação obstétrica mais
frequentemente realizada no ocidente. É uma das maneiras mais dramáticas e
22
intensas em que o território do corpo das mulheres é apropriado, a única operação
feita sobre o corpo de uma mulher saudável sem o seu consentimento.
De acordo com Bittar (2007), apesar dos procedimentos cirúrgicos a
recuperação é rápida e menos traumática e dolorida do que a recuperação da
cesariana. É preferível que nos quarenta dias pós-parto a puerpera não se desgaste
excessivamente.
23
3 PARTO CESÁREA
Segundo as enfermeiras obstetras, Moura, Nery e Sá (2007), o nascimento é
historicamente um evento natural e a mulher foi ao longo dos séculos protagonista
do seu parto com o apoio da família e parteiras de confiança da comunidade.
Principalmente a partir do século XX, com a institucionalização do parto, esse evento
que era íntimo e feminino, passou a ser público e medicalizado, o que tem
contribuído com as altas taxas de cesáreas e morbimortalidade materna e perinatal.
Barbosa et al. (2003), a cesárea é um procedimento cirúrgico originalmente
desenvolvido para salvar a vida da mãe e/ou da criança, quando ocorrem
complicações durante a gravidez ou o parto. É, portanto, um recurso utilizável
quando surge algum tipo de risco para a mãe, o bebê ou ambos, durante a evolução
da gravidez e/ou do parto.
De acordo com Dias (2006), ao longo do século XX, os inúmeros avanços da
medicina transformaram a cesariana numa alternativa segura ao parto vaginal
quando há algum risco para a mulher ou para o feto. Entretanto, desde a década de
70, as indicações de cesariana vêm crescendo indiscriminadamente, e esta cirurgia
sendo utilizada de forma abusiva em vários países. Pelo seu uso indiscriminado, a
cesariana tem se voltado contra os objetivos para os quais foi idealizada,
ocasionando aumento nos riscos de morbimortalidade materna e perinatal.
A escolha realizada pelas mulheres, pelo parto cesárea é definida, muitas
vezes e exclusivamente devido a um capricho, tendo em vista a comodidade que
este possibilita, levando em consideração o perfil das mulheres do século XXI, que
tem a sua profissão, suas obrigações que vão além do âmbito domiciliar.
O autor Dias (2006), evidencia o contexto da mulher deste século, que com
sua ascensão profissional e facilitação do parto através de sua institucionalização,
vai de encontro a sua agenda de trabalho e suas prioridades na vida. Mas,
compreendemos que com o novo conceito de trabalho de parto humanizado tem
sido resgatado o antigo conceito de parto como evento natural. Observando assim,
que com a institucionalização ocorreu à melhoria da qualidade de assistência ao
parto, tendo em vista a diminuição da morbimortalidade materno infantil por
complicações decorrentes do parto, uma vez que este não tinha o acompanhamento
adequado.
24
Entre os fatores que influenciam a opção por um parto cesáreo têm sido
relatados: (a) a organização da atenção obstétrica, pautada pela conveniência de
uma intervenção programada e pela insegurança do médico, decorrente de
treinamento insuficiente na gama de variações que ocorrem durante o desenrolar de
um parto normal; (b) fatores institucionais ligados à forma de pagamento e à
exclusão do pagamento de anestesia peridural para partos vaginais pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), situação já revista pelo Ministério da Saúde, mas não
modificada em todos os hospitais; (c) a esterilização cirúrgica, realizada
frequentemente durante cesáreas eletivas; e (d) fatores socioculturais, que levariam
à preferência, por parte das mulheres e dos profissionais de saúde, por um parto
cirúrgico, tais como: medo da dor no parto normal, medo de lesões na anatomia e
fisiologia da vagina e a crença de que o parto vaginal é mais arriscado do que uma
cesárea, sendo esta última considerada a forma mais ‘moderna’ de se ter filhos
(FAUNDES; CECATTI, 1991; RATNNER, 1996). A partir de tais considerações, tem
sido sugerida a existência de uma "cultura da cesárea" entre as mulheres brasileiras,
ou seja, uma preferência pelo parto cirúrgico, considerado superior ao parto vaginal.
A informação e orientação á gestante durante o pré-natal e o diálogo entre
equipe de saúde e a mesma é fundamental para que todos os aspectos tanto físicos
como psicossocioculturais sejam avaliados e levados em consideração, o que
promoverá um estreitamento na relação e culminará com uma tomada de decisão
individualizada e assertiva e o sentimento de participação da mãe em todas as
etapas da gravidez.
Segundo Ronzani (2008), as pacientes chegam ao consultório querendo
fazer cesariana, sem parar para analisar o que significa o parto normal. Isso
acontece por desinformação e, em boa parte, por influência da mídia que nos mostra
a dor como o grande elemento que envolve o parto normal. A informação é o grande
trunfo para melhorar esta situação. É possível sim, no século XXI, um parto normal,
sem dor, com analgesia, desde que bem acompanhado, sem esquecer que a
escolha contribui na rápida recuperação da mãe, facilita na hora de amamentar,
aumenta o vínculo mãe-filho, entre muitos outros benefícios.
O momento de interação com esta gestante que chega ao consultório ou
posto de saúde cheia de dúvidas e expectativas, é fundamental, pois através destes
esclarecimentos ela poderá compreender as vantagens e desvantagens que
envolvem cada tipo de parto.
25
3.1 INDICAÇÕES
Segundo Ymayo (2008), ginecologista e obstetra do Hospital Santa
Marcelina, há indicações médicas para a cesárea, como quando o bebê está
sentado ou não passa pela estrutura óssea da mulher. Mas ele diz que o
procedimento não deve ser banalizado, pois aumenta o risco, por exemplo, de
hemorragia, infecção e de complicações no pós-operatório em relação ao parto
normal.
3.2 VANTAGENS
Segundo a médica chefe da Obstetrícia do Hospital Universitário de Brasília:
A vantagem da cesárea é poder retirar o feto no momento apropriado, com mais rapidez, quando existem dificuldades para que esse nascimento ocorra pelas vias normais, essa é a indicação primordial da cesariana. Antes de existir cesárea morriam mulheres e morriam crianças porque não era possível interromper a gravidez no momento certo (FERRAZ, 2009, p. 86).
Com o advento da cesariana o índice de mortalidade materna e neonatal
aumentou significamente nos últimos séculos, devido às complicações decorrentes
da cesariana. Visto que avaliações do recém nascido, um pré-natal com qualidade
diminuem este percentual. Considerando-se que o momento exato do nascimento é
o que se dá pelo parto natural. Pode-se ressaltar as situações em que o parto
natural não é viável, colocando em risco a vida da mãe e filho, onde se faz
necessária uma intervenção cirúrgica para assegurar a saúde e recuperação da
díade evitando possíveis complicações e sequelas futuras.
Segundo Santos e Carvalho (2009), a cesárea é indicada em 10% a 15%
dos casos, como recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde), é uma
cirurgia de grande porte e maior risco. Sendo assim, somente deveria ser realizada
no intuito de salvar a vida da mãe e/ou do bebê ou de evitar risco de dano à
integridade da unidade mãe-bebê.
26
Algumas das indicações de cesariana são a cesárea prévia, falha da
progressão do trabalho de parto, apresentação pélvica, sofrimento fetal,
desproporção feto-materna, gestação gemelar e infecção pelo vírus HIV (prevenção
da transmissão vertical). O procedimento não é isento de risco e associa-se a taxas
maiores de morbi-mortalidade materna, como infecção puerperal, embolia pulmonar,
hemorragia, complicações anestésicas, trombose e hemorragia cerebral, justificando
a importância de acompanhar seus índices e suas indicações ao longo do tempo,
pois a indicação indiscriminada aumenta os riscos durante e após o parto, não só
para a mãe como para o bebê (PAIM et al., 2008).
A escolha pelo parto cesárea traz benefícios também para o médico,
principalmente no que se refere à organização do seu plantão e agendamento de
outras tarefas. Atualmente o fato de a mulher ter tido o primeiro parto via cesárea,
não é regra para que os outros também sejam, pois à medida que existe um
acompanhamento durante todo o período que precede o parto o médico obtém
informações que interferem nesta conduta.
O mito bastante difundido de que a mulher que se submete a uma cesariana
não pode mais optar pelo parto normal tem sido cada vez mais desmentido por
pesquisadores. A suspeita era de que após uma cesariana, a mulher que fizesse o
parto normal poderia, junto com o filho, correr risco de morte devido ao rompimento
do útero (CAMPOS, 2004. p. 56).
Entende-se que é viável o parto normal após a cesárea desde que este
ocorra com um intervalo interpartal de no mínimo dois anos, visto que antes deste
período podem ocorrer complicações.
3.3 DESVANTAGENS
A retirada cirúrgica de bebês do útero antes que tenham atingindo a
completa maturidade fetal é grave, pois estudos demonstram que fetos nascidos
entre 36 e 38 semanas têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas
respiratórios agudos e, em consequência, necessitar de internação em UTI neonatal
do que aqueles nascidos com 39 semanas ou mais (BRASIL, 2007).
27
Segundo a ANS, não raro, as cesarianas são agendadas antes de a mulher
entrar em trabalho de parto, aumentando a chance de o bebê ser retirado do útero
ainda prematuro, já que é impreciso o cálculo da idade gestacional realizado antes
do parto por meio da ultra-sonografia ou considerando-se a data da última
menstruação. A definição exata se o bebê é ou não prematuro somente ocorrerá
após o nascimento (BRASIL, 2007).
O parto cesariana aumenta significativamente as despesas hospitalares,
frente à assistência á mulher e ao seu período de permanência no hospital, além do
risco da mulher de ocorrer hemorragia ou infecção no pós-parto. Outro fator é o
estabelecimento do vínculo entre mãe e filho, em que o contato é um pouco mais
demorado do que no parto normal, no qual o RN ao receber os cuidados imediatos é
entregue a mãe.
A pesquisadora Berquó em Fecundidade, Saúde Reprodutiva e Pobreza na
América Latina (1999), ressalta que o Caso Brasileiro, também corrobora a tese de
que a cesárea aumenta o número de mortes por infecção pós-parto e riscos da
anestesia. Contudo, há situações em que a cesariana é a única opção de parto,
como nos casos em que a gestante tem algum problema grave de saúde, como
cardiopatias, insuficiência renal, ou quando a criança está em sofrimento fetal.
Como citado pela autora o parto cesariana envolve algumas complicações,
mas em contrapartida nos beneficia com êxito em partos considerados de risco.
As complicações maternas na cesariana podem variar de eventos menores
como um episódio de febre ou a perda maior de volume de sangue, até eventos
maiores como lacerações acidentais de vísceras, infecções puerperais e acidentes
anestésicos (DIAS; DESLANDES, 2004).
3.4 PROCEDIMENTO
Zampieri et al. (2008), afirmam que a cesárea é definida como uma técnica
cirúrgica para partos, que constitui num corte feito na pele acima da linha dos pêlos
púbicos, abrindo se a parede abdominal (laparotomia) e, depois, a parede uterina
(histerotomia). Pode ser transversal (mais utilizada atualmente) ou longitudinal.
28
O parto por cesárea exige uma serie de cuidados clínicos, técnicos e
anestésicos, que se associa também a algumas complicações que devem sempre
ser ponderadas antes da indicação. Deve, portanto, ser decidido por critérios
estritamente clínicos e obstétricos (BRASIL, 2001).
3.5 ANESTESIA
Para Corrêa (1994), caberá ao anestesista, de comum acordo com o
obstetra, analisando as condições maternas e fetais, optar por algum tipo de
anestesia usualmente empregado. Considerando- se a condição física e emocional
da parturiente, as condições fetais, o tempo previsto para sua extração e a
experiência e habilidade cirúrgica obstetra.
A anestesia peridural para analgesia do parto é uma técnica efetiva para o
alívio da dor e a mais empregada na grande maioria das parturientes em diferentes
países (CÔRTES et al., 2006).
O bloqueio peridural, amplamente utilizado em obstetrícia, tem como
vantagens a manutenção da consciência materna, participação no momento do
nascimento e preservação dos reflexos protetores das vias aéreas superiores.
A associação dos anestésicos locais as opiniões proporciona anestesia adequada
para o procedimento cirúrgico e maior conforto materno no pós-operatório. Também
permite deambulação precoce reduzindo o risco de complicações pós-operatórias,
como tromboembolismo, íleo paralítico e problemas respiratórios (BRAGA et al.,,
2009).
3.6 INCIDÊNCIA
A incidência do parto cesariana vem aumentando consideravelmente,
principalmente nos últimos anos com o advento da ocupação profissional da mulher
e devido os mitos e anseios que envolvem o parto.
29
De acordo com Mandarino et al. (2009), a Organização Mundial da Saúde
(OMS) preconiza como ideal uma taxa de cesarianas entre 10% e 15%.
Éboli (2002), relata que o Brasil está conseguindo reduzir a taxa de
cesarianas nos hospitais da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos
anos, mas ainda assim o índice é alto. O mais preocupante é que a cirurgia provoca
mais mortes maternas do que o parto normal. Dados do Ministério da Saúde revelam
que as cesáreas causam 3,7 vezes mais óbitos que o parto normal.
O programa DATASUS (ministério da saúde/SVS – Sistema de Vigilância em
Saúde e Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC). Revelou, que o
percentual de parto cesariana considerados segundo o local de residência ‘res’ no
ano de 2005 e 2006 em todas as regiões brasileiras.
Baseado na comparação realizada nas tabelas em anexo (1 e 2), o
percentual da taxa de cesarianas permanece alta em todas as regiões brasileiras, e
a cada ano as mesmas aumentam consideravelmente.
30
4 FATORES QUE INTERFEREM NA DESCISÃO POR VIA DE PARTO
4.1 FATORES SÓCIO-CULTURAIS
De acordo com Osava e Mamede (1995), acima de tudo, o parto é um ato
cultural refletindo os valores de cada sociedade humana e o contexto sócio-cultural
tem importante influência no sentido que é dado às providências tomadas no parto.
As crenças, valores e religiosidade das mulheres e do contexto sócio-cultural
que esta é inserida são fatores que desempenham papel fundamental no processo
de decisão referente ao tipo de parto.
Freitas et al. (2001) apud Sakae, Freitas e D'orsi (2009), sugerem que, em
grupos nos quais são esperadas melhores condições de saúde materna e menor
risco obstétrico, os fatores socioeconômicos, de idade, escolaridade e etnia que
estão relacionados à chance de cesariana refletem o abuso desta tecnologia médica
no atendimento ao parto, desigualdades sociais no parto e equidade inversa.
Cada grupo social é caracterizado por uma série de padrões
comportamentais, de crença e valores, que estão diretamente relacionados ao nível
econômico e educacional do indivíduo em questão. Estes aspectos influenciam a
tomada de decisão do tipo de parto.
Segundo Faúndes e Cecatti (1991), as razões porque as mulheres preferem
a cesárea ao parto vaginal seriam de dois tipos. Um é o medo da dor durante o
trabalho de parto e o parto. A idéia é que uma cesárea eletiva, decidida com
antecedência para dia e hora marcados, permitirá à mulher um parto sem qualquer
dor, desde que receba também fortes analgésicos depois da cirurgia. Outro é o
conceito de que a cesárea permite à mulher manter intactas a anatomia e fisiologia
da vagina e do períneo, enquanto que o parto vaginal produz perda acentuada da
função do coito normal. Esta interpretação um tanto mecânico da fisiologia da
relação sexual tem sido encorajada até por famosos e distinguidos professores de
obstetrícia, que transmitem estas idéias aos seus alunos, a ponto de ter se tornado
um conceito prevalente entre médicos e pacientes. Outro fator cultural importante é
o conceito popular de que o parto vaginal é mais arriscado para o feto do que uma
cesárea. Assim, um mau resultado neonatal é muitas vezes atribuído ao fato do
31
médico não se ter decidido por uma cesárea, ao invés de um parto vaginal. Se uma
morte neonatal ocorre após uma cesárea, será considerado que ocorreu "apesar" da
"sábia" decisão de se realizar uma cesárea, mas nunca associada ao tipo de parto.
Por outro lado, se um recém-nascido morre depois de um parto com fórceps, a morte
será sempre atribuída ao uso de fórceps e não às circunstâncias que levaram a esta
indicação de extração fetal. Esta crença popular torna-se um fator importante na
decisão do obstetra quanto ao tipo de parto.
O profissional enfermeiro, a partir do vinculo criado com estas mulheres,
consegue uma aproximação com o seu ambiente social e pode compreender através
de qual perspectiva ela visualiza o parto; sendo este, portanto agente formador e
contribuinte na mudança desta percepção muitas vezes turva. Desenvolvendo então
o seu potencial de educador e disseminador de informações.
Conforme Bezerra e Cardoso (2006), corroborando com o pensamento dos
antropólogos na afirmação de que a cultura tem influência no comportamento
humano, e aceitando integralmente a idéia de que o profissional deve atender a
visão do mundo, crenças, valores e costumes do paciente, visto que estes vão
interferir no seu comportamento e momentos vividos durante a parturição.
4.2 FATORES EMOCIONAIS
Bezerra e Cardoso (2006), afirmam que o parto é um acontecimento de
relevância na vida da mulher, uma vez que constitui momento único para o binômio
mãe e filho. Por envolver aspectos psicológicos, físicos, sociais, econômicos e
culturais, é considerado por vários autores um fenômeno complexo, tornando-se
objeto de estudo em várias ciências, entre elas a enfermagem.
Segundo Viggiano et al. (1982) e Braga (1988), o despreparo psicológico
das mulheres para o parto vaginal condicionado pelo ambiente social e pelos meios
de comunicação e falha do pré-natal neste aspecto, são fatores agravantes do índice
de cesáreas.
Brasil (2001), relata que num contexto de importância das aspirações da
clientela e respeito ás decisões da mulher enquanto usuária do sistema de saúde
32
torna-se relevante e necessário dispor de esclarecimento a respeito das indicações
precisas do recurso as cesáreas no trato de cada caso especifico, ao lado do
reconhecimento crítico das condições de sua utilização indiscriminada. Só a
informação correta, cientificamente balizada, poderá ajudá-las na opção livre e
informada, sobre a via de parto preferencial e os riscos associados.
É importante ressaltar que a gestação e o parto são permeados por um
contexto emocional bastante complexo vivenciado pela mulher, que envolve a
relação de simbiose mãe/filho, que se desenvolve desde o processo da concepção
ao parto. Sendo este o momento culminante para a verificação de uma série de
expectativas e fantasias criadas pela mãe em relação ao bebê. Por esse motivo é
importante que a mulher tenha papel ativo neste processo de tomada de decisão
referente ao tipo de parto que será realizado; afinal envolve a sua auto-imagem
corporal e a idealização de um recém-nascido.
33
5 ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
A saúde da mulher volta a ser palco das atenções na década de 1980,
quando o Ministério da Saúde implementou, em 1984, o Programa de Assistência
Integral à Saúde da Mulher (PAISM) com objetivo de incluir a assistência à mulher
desde a adolescência até a terceira idade, comprometendo-se com o direito das
mulheres, oferecendo a opção de exercerem a maternidade ou não, tentando
abranger a mulher em todo o ciclo vital (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2005).
De acordo com Serruya, Lago e Cecatti (2004), mesmo com as prerrogativas
do PAISM, o panorama da saúde da mulher continuou sendo o ciclo reprodutivo e a
atenção à saúde, em todos os níveis de cuidado, mas deixava a desejar em termos
de qualidade. A análise dos avanços e retrocessos referentes ao PAISM originou
mudanças que se pautam em estratégias para suprir algumas lacunas e culminou
com a construção, em 2003, da Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher.
Um dos exemplos é a inserção da humanização da assistência como uma nova
estratégia para a melhoria do acesso e da qualidade no ciclo gravídico-puerperal,
com destaque para o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento,
instituído em junho de 2000 pelo Ministério da Saúde.
Segundo Aragão (2009), Pré-natal ou assistência pré-natal é um conjunto de
ações e de atenções médicas e de enfermagem direcionadas à saúde da mulher.
Desenvolve-se no período em que esta encontra-se grávida, visando assegurar uma
melhor condição de saúde, tanto para ela como para seu bebê, evitando a morte e o
comprometimento físico de ambos.
Esta estratégia de intervenção junto á saúde da mulher, deve assegurar a
mesma, assistência neste momento tão importante em sua vida, promovendo um
total bem estar, desenvolvendo e estimulando ações preventivas e terapêuticas.
De acordo com as autoras Koffman e Bonadio (2005), a assistência pré-natal
de qualidade é fundamental para redução da mortalidade materna e Peri-natal.
Garantir uma assistência adequada significa prevenir, diagnosticar e tratar os
eventos indesejáveis na gestação, visando ao bem-estar da gestante e seu
concepto, além de orientar para evitar problemas específicos do parto, ou mesmo,
determinados cuidados imediatos ao recém-nascido.
34
O pré-natal passa a ser considerado instrumento que facilita o
desenvolvimento de uma gestação tranquila e saudável, pois pode garantir para a
gestante uma melhor apropriação das suas condições de vida e saúde. Este
atendimento quando feito de forma qualificada e contextualizada proporciona além
do acompanhamento clínico, com a prevenção de intercorrências, a atuação em face
das necessidades sociais, culturais, emocionais e econômicas. Assim se deve
praticar mais a escuta, valorizar as expressões não-verbais e respeitar a
individualidade de cada um, considerando as múltiplas dimensões que circundam o
viver em sociedade, favorecendo a criação de vínculos, o diálogo e a participação
ativadas mulheres no momento do pré-natal (SOUZA, et al., [2005?]).
O controle pré-natal, segundo recomendações de organismos oficiais de
saúde, deve ter início precoce, ter cobertura universal, ser realizado de forma
periódica, estar integrado com as demais ações preventivas e curativas, e deve ser
observado um número mínimo de consultas. Seu sucesso depende, em grande
parte, do momento em que ele se inicia e do número de consultas realizadas. Este
número varia de acordo com o mês de início e com intercorrências durante a
gravidez (COIMBRA et al., 2003).
Para Freitas et al. (2001), A gestação e um fenômeno fisiológico normal e,
por isso mesmo, sua evolução se dá, na maior parte dos casos sem intercorrências.
As observações clinicas e estatísticas demonstram que cerca de 90% das gestações
começam,evoluem e terminam sem complicações:são as gestantes de baixo risco.
Outras, contudo, já se iniciam com problemas – ou estes surgem durante o seu
transcurso – e apresentam maior probabilidade de terem evolução desfavorável,
quer para o feto, quer para a mãe. Essa parcela é a que constitui o grupo chamado
de gestantes de alto risco. O objetivo da assistência pré-natal e garantir o bom
andamento das gestações de baixo risco, e também, identificar adequada e
precocemente quais as pacientes com mais chance de apresentar uma evolução
desfavorável. Elas deverão ser tratadas e, se necessário, encaminhadas para um
nível de assistência mais complexa.
A relações entre as atividades da atenção básica e as hospitalares deveriam
ser de continuidade e complementaridade. Entretanto, no pré-natal que é o momento
mais apropriado para a preparação no parto, e detecção de possíveis alterações da
gestação, graves problemas são encontrados, como o fato de que a grande maioria
das mulheres recebe “alta” no seu momento mais critico, ao redor do oitavo mês –
35
onde se agravam doenças como a hipertensão e diabetes – sem saber a que serviço
recorrer frente a uma intercorrências ou no momento do parto (BRASIL, 2001).
O acompanhamento da gestante e a escuta aguçada das suas sensações
corpóreas e emocionais, devem acontecer desde o inicio da gravidez ate os últimos
dias, pois este monitoramento possibilita o levantamento de possíveis queixas desde
o seu surgimento favorecendo a intervenção imediata e eficaz.
Ao receber pela primeira vez a gestante num ambulatório de pré-natal, quem
a recebe ainda não sabe os múltiplos significados daquela gestação. O contexto em
que se deu à gestação influencia substancialmente seu desenvolvimento, a relação
que a mulher e sua família estabelecerão com a criança desde as primeiras horas
após o nascimento, a sua capacidade de amamentar, os cuidados, a higiene e
principalmente o vinculo mãe-bebê, condição básica para o desenvolvimento
saudável dos seres humanos (BRASIL, 1998).
Segundo Freitas et al. (2001), toda gestante deve vincular-se a uma unidade
de saúde, receber a carteira de gestante contendo informações relativas ao seu
estado de saúde sempre atualizada a cada consulta, as quais servirão de elo entre a
assistência pré-natal e a assistência hospitalar.
O cartão da gestante é instrumento de registro; deve conter os principais
dados de acompanhamento da gestação,sendo importante para a referência e
contra referência,deverá ficar sempre com a gestante (BRASIL,1998).
Para Corrêa (1994), compete ainda às instituições assistenciais fornecerem,
exigirem e fiscalizarem os cartões de acompanhamento pré-natal. Esses são
importantes, não apenas para se acompanhar a evolução pré-natal, mas,
principalmente para facilitar a adoção da conduta mais adequada no momento em
que a paciente procura o hospital para se internar.
Segundo os autores Rios e Vieira (2007), no pré-natal a (o) enfermeira (o)
deve ficar atenta (o) para também, interpretar a percepção que a gestante tem com
relação a sua experiência da maternidade no contexto mais amplo (ambiente,
família, mudanças físicas, psicológicas e sociais) por ser essa uma experiência
única. A(o) profissional enfermeira(o) não deve impor seus conhecimentos e
desconsiderar a realidade do cliente; caso isto aconteça, as orientações dadas
poderão não ser adotadas por incompatibilidade com essa realidade. Conhecer as
necessidades de aprendizagem das gestantes no período do pré-natal é considerar
a importância da cliente na determinação de seu autocuidado.
36
Nesse sentido, Pohi in Évora (1987), aponta a tarefa de ensinar como uma
das atividades que a enfermagem desempenha a fim de concretizar o objetivo
fundamental da enfermagem: a promoção da saúde.
A realização de ações educativas no decorrer de todas as etapas do ciclo
grávido-puerperal é muito importante, mas é no pré-natal que a mulher deverá ser
melhor orientada para que possa viver o parto de forma positiva, ter menos riscos de
complicações no puerpério e mais sucesso na amamentação. Considerando o pré-
natal e nascimento como momentos únicos para cada mulher e uma experiência
especial no universo feminino, os profissionais de saúde devem assumir a postura
de educadores que compartilham saberes, buscando devolver à mulher sua
autoconfiança para viver a gestação, o parto e o puerpério. O período pré-natal é
uma época de preparação física e psicológica para o parto e para a maternidade e,
como tal, é um momento de intenso aprendizado e uma oportunidade para os
profissionais da equipe de saúde desenvolverem a educação como dimensão do
processo de cuidar (RIOS; VIEIRA ,2007).
De acordo com Câmara, Medeiros e Barbosa (2000), assim a gestante deve
ser compreendida e atendida adequadamente com todos os anseios e carências que
esta fase lhe acarreta, sejam estes fisiológicos, psicológicos ou educacionais,
significando uma melhora direta na qualidade de vida da mulher e sua prole.
Ainda de acordo com Rios; Vieira (2007), a carência de informações, ou
informações inadequadas sobre o parto, o medo do desconhecido, bem como os
cuidados a serem prestados ao recém-nascido nos primeiros dias são fatores mais
comuns de tensão da gestante, que influenciam negativamente durante todo o
processo. É de competência da equipe de saúde acolher a gestante e a família,
desde o primeiro contato com a unidade de saúde. O termo acolhimento deve ser
considerado na abordagem da grávida como o significado que a gestação tem para
ela e sua família, uma vez que é nessa fase que se inicia o desenvolvimento do
vínculo afetivo com o novo ser. Neste sentido, devem ser valorizados as emoções,
os sentimentos e as histórias relatadas pela mulher e seu parceiro de forma a
individualizar e a contextualizar a assistência pré-natal.
Lopes et al. (2005), ressaltam a necessidade de se preparar à mulher para a
maternidade, com enfoque nas ações do pré-natal, buscando-se conhecer a história
obstétrica anterior, bem como o desfecho de uma gravidez prévia. Os temores mais
comuns na gravidez têm relação íntima com as fantasias que surgem no período
37
final da gestação, tais como medo da morte, da dor, do esvaziamento e da
castração. Já a ansiedade pode estar associada a uma vivência negativa da
experiência de pré-natal e parto. O medo do parto pode ser considerado a
expressão de vários sentimentos de ansiedade desenvolvidos durante o período
gestacional e está associado ao aumento do risco de que a gestante tenha uma
experiência de parto negativa, assim como de um novo pré-natal.
5.1 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO (PHPN)
Neste contexto de construção de um novo olhar sobre o período gestacional,
visualizado não apenas como um processo biológico, mas bio-pisco-social surge o
Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. O termo humanização foi
atribuído pelo Ministério da Saúde ao PHPN com intuito de melhorar as condições
de atendimento, por meio da mudança de atitude dos profissionais que assistem as
mulheres grávidas e puérperas, contemplando, além daquilo que se vê e se palpa
também o que se ouve e o que foi descrito pela mulher, de modo que o atendimento
seja eficiente e participativo. Ressalta-se, também, a participação da família durante
a gestação, o parto e o puerpério, desse modo, a atenção ao pré-natal deixa de ser
um ato técnico, centrado no útero gravídico (CASTRO; CLAPIS, 2005).
O Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento - PHPN (Ministério
da Saúde do Brasil) foi criado para aprimorar o Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher (PAISM). O PAISM, embora tendo como base a integralidade nas
ações na área da saúde da mulher, era ainda questionado quanto à qualidade da
assistência prestada e ao impacto na mortalidade materna. Instituído em 2000, o
PHPN enfatizou a afirmação dos direitos da mulher, propondo a humanização como
estratégia para a melhoria da qualidade da atenção. Suas principais ações para a
redução da mortalidade materna, conforme definida no Pacto pela Vida (2006),
visam garantir o direito da gestante ao acesso a atendimento digno e de qualidade
na gestação/parto e puerpério (ALMEIDA; TANAKA, 2009).
Para Souza et al. [2005?], pensando em se refletir os interesses e os
contextos de vida da população feminina, foi organizado o Programa de
38
Humanização do pré-natal e Nascimento, que se propõe a atuar com a gestante e o
seu neonato, de forma humanizada, tendo em vista o atendimento das suas
múltiplas carências. Neste programa o papel dos trabalhadores da saúde é
proporcionar o bem estar físico, mental, psicológico e social da mulher, interagindo
com a gestante e tentando descobrir quais as condições que permeiam à sua
gravidez.
Segundo Farjado (1998), a assistência ao pré-natal é o primeiro passo para
o parto e nascimento humanizado. O conceito de humanização da assistência ao
parto pressupõe a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem
com as mulheres durante o processo de parturição e, compreende:
a) parto como um processo natural e fisiológico que quando bem conduzido
não precisa de condutas intervencionistas.;
b) respeito aos sentimentos, emoções, necessidades e valores culturais;
c) a disposição dos profissionais para ajudar a mulher a diminuir as
ansiedades, inseguranças e o medo do parto, da solidão, da dor, do
ambiente hospitalar, do bebê nascer com problemas e outros temores;
d) promoção e manutenção do bem estar físico e emocional ao longo do
processo da gestação, parto e nascimento;
e) informação e orientação permanente a parturiente sobre a evolução do
trabalho de parto, reconhecendo o papel principal da mulher nesse
processo, inclusive aceitando a sua recusa a condutas que lhe causem
constrangimento ou dor;
f) espaço e apoio para a presença de um acompanhante que a parturiente
deseje.
O direito da mulher na escolha do local do nascimento co-responsabilidade
dos profissionais para garantir o acesso e qualidade dos cuidados de saúde.
Esta interação dos profissionais de saúde de forma mais estreita possibilita
uma percepção da mulher e de sua família de serem ativos e responsáveis frente às
tomadas de decisão realizadas neste período e possibilita o profissional trabalhar
aspectos emocionais e habilidades sociais que são fundamentais para a excelência
técnica.
Ainda de acordo com Souza et al. [2005?], já as ações do enfermeiro devem
partir das necessidades identificadas através de uma escuta qualificada e
investigativa, respeitando e valorizando os saberes e experiências das mulheres. A
39
construção de vínculos e a confiança tende a ajudar a mulher a superar as crises
durante a gestação e estimula o profissional da saúde a utilizar sua sensibilidade
para “olhar” a cliente como um todo, como alguém que possui uma história particular
antes da clínica. Para articular as práticas de humanização durante o cuidado é
preciso valorizar a sensibilidade e a afetividade, contudo sem que esta dinâmica seja
entendida como um ato de caridade, exercido por profissionais abnegados. Deve, ao
contrário, ser percebida como um encontro de sujeitos que mutuamente constroem
seus saberes e experiências vividas. Aqui o lado humano deve ser evidenciado,
respeitando-se as singularidades e particularidades. Já os profissionais, como
humanos, podem constituir ações ‘humanizantes’ que considerem o outro em seus
direitos, em sua integralidade e dignidade.
40
6 A HUMANIZAÇÃO DO PARTO
Segundo, Aragão (2009), historicamente a assistência ao parto era de
responsabilidade exclusivamente feminina, pois apenas as parteiras realizavam essa
prática. Sabe-se que as mesmas eram conhecidas na sociedade pela suas
experiências, embora não dominassem o conhecimento científico. Assim, os
acontecimentos na vida da mulher se sucediam na sua residência, onde elas
trocavam conhecimento e descobriam afinidades, sendo considerada incômoda à
presença masculina durante a parturição.
De acordo com a mesma autora, entretanto, a partir do século XX na década
de 40, foi intensificada a hospitalização do parto, que permitiu a medicalização e
controle do período gravídico puerperal e o parto como um processo natural,
privativo e familiar, passou a ser vivenciado na esfera pública, em instituições de
saúde com a presença de vários atores conduzindo este período. Esse fato
favoreceu a submissão da mulher que deixou de ser protagonista do processo
parturitivo.
Diante do exposto, a mulher perdeu sua privacidade e autonomia, foi
separada da família e submetida a normas institucionais e práticas intervencionistas
sem o devido esclarecimento e consentimento da parturiente e foi oferecido para
mulher e seu bebê uma assistência com aparente segurança. Neste processo, o
parto passou a ser vivenciado como um momento de intenso sofrimento físico e
moral. O medo, a tensão e a dor das parturientes nesse modelo de assistência
impedem o processo fisiológico do parto normal, o que pode culminar com práticas
intervencionistas que, na maioria das vezes, poderiam ser evitadas.
Ao final do século XX, difundiu-se mundialmente o movimento que tinha por
objetivo oferecer uma assistência à saúde baseada na evidência empírica da
segurança, dos procedimentos e da afetividade, em todas as especialidades
médicas (CHALMERS, 1992).
Para Castro e Clapis (2005), o conceito de humanização do parto pode ser
bastante diversificado, porém, há um movimento defendendo-o como um processo
que respeita a individualidade das mulheres, valorizando-a como protagonista e
permitindo a adequação da assistência à cultura, crenças, valores e diversidade de
opiniões dessas pessoas. Assim, ‘humanizar o parto é respeitar e criar condições
41
para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas: espirituais,
psicológicas e biológicas’.
De acordo com as mesmas autoras, Devido ao modelo assistencial vigente,
entretanto, a mulher muitas vezes não tem sequer noção do que seria o respeito à
sua individualidade - satisfaz-se em encontrar o leito obstétrico para acolhê-la
quando vai parir. A assistência à mulher perdeu seu ponto básico que é o de ser
voltada para ela própria, sendo essa uma pessoa completa, com princípios, cultura,
vontades e medos.
O Ministério da Saúde através da Portaria/GM n. 569, de 1/6/2000 afirma
que a humanização seria receber com dignidade a mulher, seus familiares e o
recém-nascido, exercendo uma atitude ética e solidária por parte dos profissionais,
de modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam
com o tradicional isolamento imposto à mulher. Evitar práticas intervencionistas
desnecessárias, que não beneficiam a mulher e o recém-nascido pode acarretar
com frequência, maiores riscos para ambos (BRASIL, 2000).
O papel que a mulher ocupa na Humanização do parto é o diferencial, pois
durante o pré-natal, com as palestras e orientações, ela é preparada para ser agente
durante o procedimento do parto, ela é protagonista decidindo junto ao médico qual
o tipo de parto é indicado e quem ela deseja que a acompanhe.
O enfermeiro é o profissional que se coloca ao lado desta mulher, na
prestação de cuidados e suporte emocional.
Ávila (1998) e Mendes (1991), acreditam que a relação estabelecida entre o
enfermeiro e a parturiente torna-se fundamental, pois o enfermeiro vê o corpo da
mulher não como uma máquina que desenvolve o seu trabalho (parir), mas como um
todo, uma pessoa que para além de cuidados físicos precisa de cuidados
holisticamente.
Segundo Osava (2003), mais de 20 anos de excessiva intervenção médica
no nascimento criaram representações muito fortes acerca de sentimentos de pavor
que envolvem o parto. No parto humanizado, a mulher reencontra sua autonomia,
requerendo assim nova postura dos profissionais que a assistem.
42
7 ATUACAO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO PROCESSO DE RECUPERACAO DO PARTO NORMAL
No Brasil, o ensino da obstetrícia, teve inicio em 1932, sendo denominado
curso de ‘partos’, que era ministrado em faculdades de medicina, em conjunto com
os cursos de medicina e farmácia. Somente 90 anos depois, o ensino de
enfermagem surgiu, com seu primeiro currículo, incluindo no seu programa, a arte
de enfermeira em obstetrícia e ginecologia (MOURA et al., 2007).
Desde 1998, o ministério da saúde vem qualificando enfermeiras obstétricas
para sua inserção na assistência ao parto normal, através de cursos de
especialização em enfermagem obstétrica e portarias ministeriais para inclusão do
parto normal assistido por enfermeira obstétrica na tabela de pagamentos do SUS.
Na legislação profissional de enfermagem, os não médicos que podem realizar o
parto normal é obstetriz/enfermeira obstétrica, assim como a parteira titulada no
Brasil até 1959 (MOURA et al., 2007).
Segundo Caron e Silva (2002), existe a necessidade de um modelo
assistencial que resgate o processo natural e humano do parto e do nascimento e
freie o abuso das práticas obstétricas inadequadamente intervencionistas. Para
tanto, tem-se recomendado a reintrodução da obstetriz ou enfermeira obstétrica nas
maternidades públicas e privadas, onde ela é considerada profissional estratégica
para a redução dos índices de mortalidade e morbidade perinatal e materna, bem
como, para a diminuição dos índices de intervenções cirúrgicas no parto.
A obstetrícia moderna transformou o parto e o nascimento em um evento
medicalizado descaracterizando a essência original do fenômeno existencial,
embasada pela racionalidade, mercantilismo, tecnicismo e carência de princípios
humanísticos, onde mãe e filho são vistos como objetos da assistência e não como
pessoas, o que tem provocado uma crescente angústia nas mulheres para quem o
parto é visto como um evento de riscos e dor física. Além do temor inerente ao parto
a mulher sente medo de quem a atenderá, fazendo-se necessário um profissional
enfermeiro capacitado em atendimento humanizado que irá trabalhar a gestante
quanto à arte de dar a luz.
Brasil, Resolução COFEN nº 223 de 3 de dezembro de 1999. Dispõe sobre a
atuação de Enfermeiros na Assistência à Mulher no Ciclo Gravídico Puerperal.
43
De acordo com CONFEN 2008, Com a resolução n. 339, aprovado pelo
plenário do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), fica normatizado a atuação
e responsabilidade civil do enfermeiro obstetra nos Centros de Parto normal ou
Casas de Partos (BRASIL, 2008).
Segundo Selbach (2009), o enfermeiro está habilitado a conduzir o parto, ou
seja, realmente ‘fazer’ o parto. Isto ocorre em consideração á natureza puramente
natural e fisiológica do processo.
A mesma relata que durante o trabalho de parto, o enfermeiro pode
examinar a gestante verificando suas contrações dilatações e outras alterações
fisiológicas do organismo, devendo também saber discernir entre alterações
patológicas, onde deverá imediatamente encaminhar a gestante para cuidados
médicos. Além disso, o enfermeiro obstetra está habilitado a realizar episiotomia e
episiorrafia com anestesia, já que o mesmo é capacitado e treinado para tal.
Garantido pelo Ministério da Saúde, o enfermeiro é acobertado para realizar
todo e qualquer parto normal sem distócia, ou seja, sem nenhuma complicação, e
também que não haja nenhuma doença associada a gravidez (como hipertensão,
diabetes ou cardiopatias). Uma prova disso são as casas de parto, onde são os
enfermeiros obstetras quem realizam os partos normais, cabendo a eles,
privativamente, a direção e coordenação destas instituições.
E finalmente, durante o puerpério (período após o parto) o enfermeiro realiza
os cuidados necessários à mãe, aplicando seus conhecimentos técnico-científicos,
para que seu organismo volte o mais rápido possível às condições pré-gravídicas,
realizado também orientações de auto-cuidado, cuidados com o recém-nascido e
ainda planeja e executa ações de conforto para mãe e para o neonato, afirma
Selbach (2009).
A portaria n. 985 (BRASIL, 1999), traz a definição de Casa de Parto como
“uma unidade de saúde que presta atendimento humanizado e de qualidade
exclusivamente ao parto normal sem distócias...”. Ela atua de forma complementar
as unidades de saúde existentes e é organizada no sentido de promover a
ampliação do acesso, do vínculo e do atendimento humanizado à atenção ao parto e
ao puerpério. Esta medida representa um estímulo à prática do parto normal, pois
amplia as condições para sua realização, deixando de ser um ‘procedimento médico
exclusivo’.
44
Aos Profissionais Enfermeiros Obstetras, atuando no Centro de Parto
Normal ou Casa de Parto, ficam conferidas as seguintes atribuições: Acolher a
mulher e seus familiares no ciclo gravídico-puerperal e avaliar todas as condições de
saúde materna, assim como a do feto; garantir o atendimento à mulher no pré-natal
e puerpério por meio da consulta de enfermagem; desenvolver atividades sócio-
educativas e de humanização, fundadas nos direitos sexuais, reprodutivos e de
cidadania; garantir a presença de acompanhante(s), da estrita escolha da mulher,
desde o pré-natal, até a sua alta, ao final do procedimento (BRASIL, 1999).
Deve ainda, avaliar a evolução do trabalho de parto e as condições fetais,
utilizando recursos do parto grama e dos exames complementares; priorizar a
utilização de tecnologias apropriadas ao parto e nascimento, respeitando a
individualidade da parturiente; prestar assistência ao parto normal sem distocia ao
recém-nascido; Assegurar a remoção da mulher no caso de eventual intercorrências
do parto e do puerpério, em unidades de transporte adequadas, no prazo máximo de
01 (uma) hora, acompanhando-a durante todo o percurso até a ultimação de todos
os procedimentos (BRASIL, 1999).
Além de prestar assistência imediata ao recém-nascido por um período
mínimo de 10 (dez) dias; fazer registrar todas as ações assistenciais e
procedimentais de Enfermagem, consoante normatização pertinente (BRASIL,
1999).
De acordo com autores Caron e Silva (2002), a atitude da enfermeira, em
estabelecer uma comunicação efetiva com sua cliente, constrói uma relação
terapêutica, estabelecendo uma condução de trabalho de parto resolutiva e não
intervencionista. O diferencial do modelo de assistência adotado pela enfermeira
reside em sua capacidade de comunicação e apoio, o que favorece a interação
efetiva entre parturiente e profissional.
A comunicação pode ser considerada terapêutica, positiva ou efetiva,
quando tem a qualidade curativa ou benéfica, no sentido de ajudar a pessoa a lidar
com os eventos da vida e ajustar-se à realidade presente. Nesse sentido, no
atendimento à mulher, é possível considerar que a comunicação terapêutica entre o
profissional e a parturiente ocorre quando se subsidia uma assistência que
proporciona conforto, apoio, confiança e segurança física e emocional, guiando a
mulher no curso do trabalho de parto, permitindo e valorizando sua participação
45
nesse processo, de forma a tornar o nascimento de seu filho uma experiência
positiva (CARON; SILVA, 2002).
A falta de percepção e sensibilidade dos profissionais devido ao tecnicismo,
muitas vezes é atribuída ao fato da assistência ser idealizada unidirecionalmente
pelos profissionais, que interferem na escolha do outro, desconsiderando a pessoa a
quem se assiste como quem pensa, sente e tem plena condição de participar no
processo que esta vivenciando.
É fundamental no processo da conscientização em prol do parto normal que
haja o interesse do enfermeiro em subsidiar ações de prevenção, informatização e
qualificações nas atividades desenvolvidas no decorrer da gestação, bem como
estar realizando um pré-natal de qualidade onde a cliente é esclarecida de todos os
riscos que pode ocasionar uma escolha tanto pelo parto natural como pela
cesariana, sendo mais remota a possibilidade de risco pela opção ao procedimento
cirúrgico. Onde a gestante fica exposta a complicações puerperais, tais como
hemorragias, hematomas nas paredes uterinas, hérnias, fistulas, entre outras, alem
da difícil recuperação afetando assim o vinculo mãe-filho dificultando o processo da
amamentação ocasionando uma involução uterina mais lenta.
A enfermagem sempre teve que responder às mudanças tecnológicas e às
forças sociais; e o papel do enfermeiro está se tornando cada vez mais decisivo para
o cuidado efetivo e de qualidade ao paciente. Com as Casas de Parto, há a
necessidade de desenvolver as habilidades de liderança (MARQUIS; HUSTON,
1999).
46
8 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo de natureza descritiva e exploratória de
revisão de Literatura, baseando-se em materiais encontrados em bibliografias
disponíveis. Foram pesquisados 46 artigos, 50 revistas, 22 livros.
Foi realizada uma busca seletiva de textos através das bases: Scielo
(Scientific Electronic Library Online), Bireme (Centro Latino-Americano e do Caribe
de Informação em Ciências da Saúde), biblioteca digital de teses e dissertações da
USP, DATASUS, textos publicados em revistas cientificas e livros relacionados ao
tema.
O material recrutado foi dividido em três áreas temáticas:
a) aspecto geral do parto normal e cesárea;
b) fatores que interferem na decisão por via de parto;
c) atuação do profissional enfermeiro no processo de recuperação do parto
normal.
Após este procedimento segue-se a confecção dos fichamentos nos quais
continham a referência, o resumo da obra e as citações mais importantes.
Desta forma pode-se prosseguir com a estruturação do trabalho.
A reunião sistemática do material selecionado, a análise dos conteúdos e
fichamentos contribuíram para o levantamento de informações importantes no
desenvolvimento do estudo para o alcance dos objetivos propostos.
Teve como quesito a análise de quais fatores sócio-culturais e emocionais
interferem na decisão pela via de parto, ressaltando as vantagens do parto normal
para mulher e para bebê. Considerando o elevado índice de cesáreas e suas
complicações, e quais ações o profissional enfermeiro pode subsidiar para reduzir a
incidência de cesáreas e recuperar o parto normal.
47
9 CONCLUSÃO
Com base na revisão bibliográfica ficou possível delinear as considerações
que justificam os objetivos geral e específicos que nortearam o desenvolvimento e
fundamentaram a proposta trazida neste estudo.
O período da gestação é vivenciado como um momento único e especial na
vida de uma mulher, sendo este permeado por incertezas, medos, inseguranças,
fantasias e expectativas. E o momento culminante deste período é justamente o
parto; sendo que a escolha referente à via de parto, está se tornando palco de uma
série de discussões.
A assistência pré-natal é uma etapa significativa, que auxilia a mulher na
promoção á saúde e a orienta quanto às sensações corpóreas e emocionais tão
subjetivas neste período. E é este olhar individualizado que as equipes de saúde
estão desenvolvendo para compreender de forma holística cada caso específico.
Possibilitando a gestante à participação ativa na tomada de decisão consciente a
respeito da via de parto.
O conceito de humanização do parto pode ser bastante diversificado, porém,
há um movimento defendendo-o como um processo que respeita a individualidade
das mulheres, valorizando-a como protagonista e permitindo a adequação da
assistência à cultura, crenças, valores e diversidade de opiniões dessas pessoas.
Assim, ‘humanizar o parto é respeitar e criar condições para que todas as
dimensões do ser humano sejam atendidas: espirituais, psicológicas e biológicas’.
A incidência do parto cesárea por influência de variáveis sócio-culturais e
emocionais vem crescendo de forma significativa.
Conclui-se que a atuação do profissional enfermeiro pode ser considerada
como um avanço no processo da recuperação do parto normal, pois através de
estratégias, programas de saúde, pautada na assistência pré-natal e humanização
do parto, criando um estreitamento no vínculo com as gestantes, possibilitando um
atendimento especializado, humanizado e individualizado, promovendo desta forma
condições á escolha adequada da via de parto contribuindo assim para a
recuperação do parto normal, reduzindo de forma significativa os riscos à saúde da
mulher e ao recém-nascido.
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ANEXOS
ANEXO 1 - PROPORÇÃO DE PARTOS CESÁREOS
REGIÃO E UNIDADE DA FEDERAÇÃO PROP. PARTOS CESÁREOS – RES (%)
TOTAL 44,15
Região Norte 35,01
Rondônia 54,43
Acre 32,94
Amazonas 32,54
Roraima 25,55
Pará 34,03
Amapá 25,95
Tocantins 34,48
Região Nordeste 33,00
Maranhão 27,84
Piauí 38,72
Ceará 35,60
Rio grande do norte 37,84
Paraíba 39,41
Pernambuco 36,14
Alagoas 34,59
Sergipe 26,95
Bahia 28,17
Região Sudeste 51,88
Minas Gerais 46,68
Espírito Santo 48,67
Rio de Janeiro 52,98
São Paulo 54,08
Região Sul 49,82
Paraná 50,45
Santa Catarina 49,56
58
REGIÃO E UNIDADE DA FEDERAÇÃO PROP. PARTOS CESÁREOS – RES (%)
Rio Grande do Sul 49,27
Região Centro-Oeste 49,63
Mato Grosso do Sul 48,96
Mato Grosso 50,56
Goiás 50,37
Distrito Federal 47,71
Quadro 1 - Prop. partos cesáreos - res (%) segundo Região e Unidade da Federação Período: 2005 Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
Notas:
1. Adotou-se o número de nascidos vivos como uma aproximação do número de
partos.
2. Percentual calculado sobre o número de partos hospitalares com informação sobre
tipo de parto (partos considerados).
3. Partos considerados segundo o local de residência ("res") ou de ocorrência
("oco").
4. Não estão também considerados os partos ocorridos em outros estabelecimentos
de saúde, mesmo que cesáreos.
ANEXO 2 - PROPORÇÃO DE PARTOS CESÁREOS
REGIÃO E UNIDADE DA FEDERAÇÃO PROP. PARTOS CESÁREOS – RES (%)
TOTAL 45,94
Região Norte 36,43
Rondônia 55,75
Acre 32,81
Amazonas 34,92
Roraima 29,07
Pará 35,51
Amapá 26,56
Tocantins 36,57
Região Nordeste 35,60
Maranhão 30,08
Piauí 40,36
Ceará 37,83
Rio grande do norte 40,80
Paraíba 42,79
Pernambuco 39,39
Alagoas 36,88
Sergipe 28,94
Bahia 31,03
Região Sudeste 53,33
Minas Gerais 48,23
Espírito Santo 51,43
Rio de Janeiro 54,45
São Paulo 55,34
Região Sul 51,47
Paraná 52,11
Santa Catarina 51,62
60
REGIÃO E UNIDADE DA FEDERAÇÃO PROP. PARTOS CESÁREOS – RES (%)
Rio Grande do Sul 50,68
Região Centro-Oeste 50,98
Mato Grosso do Sul 51,29
Mato Grosso 50,86
Goiás 52,04
Distrito Federal 48,79
Quadro 2 - Prop. partos cesáreos - res (%) segundo Região e Unidade da Federação Período: 2006 Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
Notas:
1. Adotou-se o número de nascidos vivos como uma aproximação do número de
partos.
2. Percentual calculado sobre o número de partos hospitalares com informação sobre
tipo de parto (partos considerados).
3. Partos considerados segundo o local de residência ("res") ou de ocorrência
("oco").
4. Não estão também considerados os partos ocorridos em outros estabelecimentos
de saúde, mesmo que cesáreos.
61
ANEXO 3 – LEI N°. 7.498, DE 25 DE JUNHO DE
De acordo com a Lei n°. 7.498, de 25 de junho de 1986:
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem, e dá outras
providências.
O presidente da República.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art.1°. - É livre o exercício da enfermagem em todo o Território Nacional,
observadas as disposições desta Lei.
Art.2°. – A enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser
exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de
Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício.
Parágrafo único - A enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo
Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitando os
respectivos graus de habilitação.
Art.3°. – O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde
incluem planejamento e programação de Enfermagem.
Art.4°. – A programação de Enfermagem inclui a prescrição da assistência de
Enfermagem.
Art.5°. - (Vetado)
§ 1°. - (Vetado)
§ 2°. - (Vetado)
Art.6°. – São Enfermeiros:
I – o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos
termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfermeira obstétrica,
conferidos nos termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou
certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola
estrangeira segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio
cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou
de Obstetriz (MENDES et al., 2001).
ANEXO 4 – DECLARACAO DE ANÁLISE E CORREÇÃO DE ORTOGRAFIA
DECLARAÇÃO
Declaro, para os devidos fins que o trabalho monográfico do curso de
Enfermagem da Universidade vale do Rio Doce – UNIVALE, com o tema: A
atuação do profissional enfermeiro: recuperando o parto normal, foi
analisado dentro da ortografia, por Nelita Barbosa Soares Coelho Pinto,
profissional habilitada em Língua Portuguesa.
Governador Valadares, 10 de novembro de 2009.
___________________________________________ Nelita Barbosa Soares Coelho Pinto