Valvopatias Aula

Post on 19-Jan-2016

26 views 1 download

Transcript of Valvopatias Aula

VALVOPATIAS

VALVOPATIAS

• As disfunções valvares constituem grupo freqüentes de cardiopatias em nosso meio. O seu reconhecimento é importante pois:

• Possibilidade de correção cirúrgica;

• Altera de modo favorável a evolução da doença;

• Aumenta as perspectivas de vida útil.

VALVOPATIAS

São considerados 3 tipos fundamentais de disfunções:

• O que determina obstrução ao fluxo anterógrado ou tipo ESTENOSE;

• O que permite regurgitação ou tipo INSUFICIÊNCIA;

• O MISTO, no qual se observam disfunções combinadas.

O conceito de disfunção valvar - pode ocorrer mesmo em presença de aparelhos valvares estruturalmente normais.

VALVOPATIAS

A evolução clínica, fisiopatológica, o prognóstico e tratamento das valvopatias dependem de vários fatores, sendo os mais importantes os seguintes:

• Local da disfunção, que em ordem decrescente de frequência situa-se na valva mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar.

• Etiologia.

• Forma de instalação (aguda ou crônica).

• Estados evolutivos.

• Tipos de disfunções.

• Variedade da disfunção – se isolada ou associada a outras cardiopatias e/ou valvopatias.

DISFUNÇÕES DA VALVA MITRAL

O fluxo através da valva mitral depende da ação integrada do “complexo mitral”, constituido pelo:

• Atrio esquerdo

• Anel

• Folhetos

• Cordas tendinosas

• Músculos papilares e

• Ventrículo esquerdo.

Alterações estruturais e/ou funcionais de qualquer um destes elementos podem resultar em disfunção valvar.

ESTENOSE MITRAL

Caracteriza-se pela presença de um obstáculo ao livre fluxo de sangue entre átrio e ventrículo esquerdo, sendo o átrio esquerdo a câmara cardíaca sobrecarregada.

Habitualmente resulta da fusão da cordoalha tendinosas, do espessamento e calcificação dos folhetos e fusão de comissuras.

ESTENOSE MITRAL

ETIOLOGIA

Em nosso meio, a principal causa é a DOENÇA REUMÁTICA, que leva a valvulites, corresponde por 90% das doenças adquiridas.

Outras causas menos freqüentes são:

• Congênitas, 85% de óbito nos dois primeiros anos de vida;

• Trombos intra-atriais volumosos

• Tumores, como o mixoma.

FISIOPATOLOGIA

• A obstrução ao fluxo → aumento do volume e pressão do sangue no átrio esquerdo.

• Reflete retrogradamente como aumento de pressão no sistema venoso pulmonar.

• Dilatação do átrio esquerdo - favorece arritmias: fibrilação atrial, e a formação de trombos intra-atriais.

• 25% dos pacientes podem desenvolver hiper-resistência pulmonar e sobrecarga ventricular direita.

Estenose Mitral

QUADRO CLÍNICO

• Principal sintoma é a dispnéia de esforço - devido à hipertensão venocapilar pulmonar.

• Fadiga e cansaço por diminuição do débito cardíaco • Palpitação pela fibrilação atrial. • Raramente ocorrem hemoptise e lesões neurológicas. • Sintomas de falência ventricular direita – ascite, edema de

membros inferiores e hepatomegalia – associado a hipertensão pulmonar importante.

• Mais frequentes em mulheres de 20 a 40 anos de idade – requer 10 anos para desenvolver e 20 anos para se tornar sintomáticos. Geralmente a doença reumática ocorre até os 15 anos.

• 80% evolui para óbito senão houver tratamento

DISPNÉIA DE ESFORÇO

Modificações tensionais no átrio esquerdo ↓

aumento da tensão no capilar pulmonar ↓

hipertensão venocapilar pulmonar ↓

congestão venocapilar pulmonar ↓

edema intersticial ↓

Interalveolar ↓

diminuição da complacência pulmonar ↓

aumento do trabalho respiratório ↓

Dispnéia.

TRATAMENTO

• Profilaxia da doença reumática deverá ser feita com penicilina até 35 anos de idade.

• Em caso de fibrilação atrial aguda, deverá ser revertida. Crônica – anticoagulação por via oral para evitar episódios tromboembólicos.

• Valvoplastia por balão, realizada por cateterismo cardíaco.

• Tratamento cirúrgicos – comissurotomia ou troca de válvula.

ESTENOSE MITRAL

• Valva mitral - área de 4-6 cm2

• Produção de sintomas - < 2,5 cm2 (exercício)

• EM Leve - área valvar > 1,5 cm2 e gradiente

médio < 5 mmHg

• EM Moderada/Severa - área valvar < 1,5 cm2 e

gradiente médio > 5 mmHg

INDICAÇÃO CIRÚRGICA

1- Pacientes em classe funcional III-IV (NYHA)

2- Pacientes com área valvar 1,5 cm2

3- Pacientes com eventos prévios de embolização sistêmica

4- Pacientes em classe funcional II

a) área valvar 1,0 cm2

b) hipertensão pulmonar > 60 mmHg

• Comissurotomia mitral fechada

• Comissurotomia mitral aberta

• Troca valvar

INSUFICIÊNCIA MITRAL

É a condição na qual existe passagem anômala de quantidades variáveis de sangue do ventrículo esquerdo, para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular, como conseqüência da perda do poder de contenção da valva mitral.

INSUFICIÊNCIA MITRAL

INSUFICIÊNCIA MITRAL

• A movimentação retrograda de volume de sangue com elevada energia cinética ocasiona, ao nível do átrio esquerdo, desproporção entre continente e conteúdo, determinado hipertensão.

• Durante a diástole ventricular, a transferência de maior quantidade de sangue do átrio para o ventrículo determina sobrecarga de volume desta câmara.

• A fuga de sangue do ventrículo durante a sístole ventricular, pode modificar o débito cardíaco.

ETIOLOGIA

• CONGÊNITA – como entidade isolada é rara, geralmente associada a outros defeitos congênitos.

• ADQUIRIDA – mais freqüente, dentro desta, a insuficiência mitral reumática é a principal.

INSUFICIÊNCIA MITRAL REUMÁTICA

• Pode estar presente em diversos estágios da doença reumática.

• Principal manifestação aguda é o sopro cardíaco - não indica necessariamente disfunção valvar definitiva - alterações inflamatórias locais e reversíveis.

• De evolução crônica - depende de surtos sucessivos de valvulite reumática com fenômenos de cicatrização e retração.

• Dilatação ventricular por sobrecarga de volume, ao afastar os músculos papilares, desorganiza ainda mais a arquitetura valvar, piorando o grau de insuficiência.

PERDA DOS MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO DO VE

↑ regurgitação ↓

na diástole → VE maior quantidade de sangue ↓

sobrecarga de volume ↓

mecanismo de adaptação (dilatação e hipertrofia) ↓

adaptação adequada do volume residual ↓

receber grandes volumes de sangue sem dificultar o esvaziamento atrial

FALÊNCIA MIOCÁRDIA

Aumento do volume residual (VE)

AE → esvaziamento contra resistência maior

Hipertensão atrial

Hipertensão venocapilar pulmonar

DADOS CLÍNICOS

• AGUDO – Surto de cardite reumática – sinais de franca ICC

• Insuficiência mitral CRÔNICA no adulto é mais frequente

DADOS CLÍNICOS

• Mais freqüente em mulheres;

• Sintomas aparecem na segunda década de vida;

• Fadiga e palpitação são características desta fase evolutiva.

Enquanto o ventrículo esquerdo for capaz de se adaptar a sobrecarga de volume, o quadro clínico pode permanecer sem modificações.

INSUFICIÊNCIA MITRAL NÃO REUMÁTICA

O comprometimento seletivo de cada um dos componentes do complexo mitral pode resultar em disfunção valvar.

PROLAPSO VALVAR MITRAL

ESTENOSE AÓRTICA

• É a condição na qual existe obstrução em nível valvar do fluxo do ventrículo esquerdo para aorta, caracterizada pela presença de gradiente de pressão sistólica entre essas duas estruturas.

• Como consequência, há sobrecarga de trabalho ventricular e modificações do débito cardíaco, fundamentalmente dependentes do grau de obstrução.

ETIOLOGIA

• Congênita - mais frequente antes dos 20 anos - única forma antes dos 10 anos.

• Reumática - raramente sintomática antes dos 30 anos.

• Degenerativa - acima dos 60 anos.

ESTENOSE AÓRTICA

• Lesão isolada - maioria dos casos relaciona-se a ANOMALIAS CONGÊNITAS da valva.

• DOENÇA REUMÁTICA - obstrução é secundária a processo inflamatório que determina fusão comissural e deformidades cicatricial - maioria dos casos, existe lesão mitral associada.

• IDOSOS - processo degenerativo crônico da valva aórtica - fibrose e calcificação - perda da mobilidade do aparelho valvar, limitando sua abertura com obstrução consecutiva.

MECANISMO DE ADAPTAÇÃO

sobrecarga de trabalho - aumento das unidades contráteis do ventrículo esquerdo

hipertrofia muscular

aumenta seu poder contrátil - diminui a sua distensibilidade

elevação da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo

Hipertensão atrial esquerda

Hipertensão venocapilar pulmonar,

MECANISMO DE ADAPTAÇÃO

• Quando estas modificações tensionais são acentuadas, elas devem ser relacionadas à presença de falência miocárdica (insuficiência miocárdica restritiva).

• O gradiente de pressão transvalvar torna-se evidente somente quando a área aórtica se reduz 50% aproximadamente.

DADOS CLÍNICOS

• Mais frequente no sexo masculino.

• Manifestações iniciais - relacionam-se às modificações do débito cardíaco - tonturas ou lipotimias durante o esforço físico.

• Isquemia relativa do miocárdio hipertrofiado - queixa inicial dor precordial - estados avançados da afecção.

• Dispnéia indica falência ventricular.

• Perda súbita dos mecanismos de adaptação - rápido aumento da pressão capilar pulmonar, podendo surgir o quadro de edema agudo de pulmão - pacientes previamente assintomáticos - indivíduos mais idosos.

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA

Sobrecarga de volume ventricular e caracteriza-se pela passagem anormal, durante a diástole ventricular, de quantidade variável de sangue da aorta para o ventrículo esquerdo.

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA

• Duas formas de insuficiência aórtica: congênita e adquirida.

• Congênita - associa-se, geralmente, a outras anomalias - comunicação inter-ventricular e o aneurisma do seio de Valsalva.

• Adquiridas - valva previamente malformadas ou valva normais - raramente são secundárias à doença reumática.

ETIOLOGIA

• Aguda ou Crônica.

• Aguda - endocardite infecciosa, aneurismas dissecantes, e pode surgir após traumatismos indiretos (queda na posição de pé).

DADOS CLÍNICOS

• Maior incidência - sexo masculino - mais frequente entre 20 e 40 anos.

• Manifestações dependem do grau de regurgitação e da forma de instalação.

• Agudas - presença de graus diversos de insuficiência cardíaca - edema agudo de pulmão de instalação súbita e inesperada.

• Crônicas - percepção de batimento arteriais no pescoço de magnitude variável ou diagnóstico é feito em exame médico casual.

• Dispnéia ou dor precordial - indica falência miocárdica.

EVOLUÇÃO

ÓBITO

• 30% dos pacientes dentro do primeiro ano,

• 65% no segundo e

• 87% antes do sétimo ano.

• Insuficiência cardíaca congestiva, a morte geralmente ocorre dentro de dois anos.

ENDOCARDITE BACTERIANA

COMISSUROTOMIA MITRAL FECHADA

PRÓTESES DE DUPLO FOLHETO

Folhetos planos Folhetos curvos

Carbomedics

St Jude

ATS

Sorin

Bicarbon

Edwards Mira

Próteses Valvares

Mecânicas

Vantagem = maior durabilidade

Desvantagem = necessidade de anticoagulação

Biológicas

Vantagem = não necessita anticoagulação

Desvantagem = menor durabilidade