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Ano XIII | 216 | Junho 2013
ISSN
217
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Vitória dos produtoresPlano Safra deve injetar R$ 13 bilhões em Goiás
Dez anos de Pesebem Programa atende quase três mil pecuaristas e já pesou cinco milhões de cabeças
Açafrão Norte de Goiás investe na
produção altamente rentável
PALAVRA DO PRESIDENTE
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR,
com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos
assinados são de responsabilidade de seus autores.
CAMPO
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Bartolomeu Braz Pereira; Claudinei Rigonatto;
Eurípedes Bassamurfo da Costa; Marcelo Martins
editores: Francila Calica (01996/GO)
reportagem: Catherine Moraes e Leydiane Alves
Fotografia: Larissa Melo e Mendel Cortizo
revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO)
diagramação: Rowan Marketing
impressão: Gráfica Talento tiragem: 12.500
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hares Ribeiro. suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira,
Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius,
Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo
Moreira Guimarães. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da
Costa, Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva
Prates Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. suplentes:
Arno Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Mar-
gareth Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo
Vicente. delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu
Cortez. suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira,
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José Mário SchreinerPresidente do Sistema
FAEG/SENAR
A nova forma estabelecida pelo governo para definir necessidades e recursos, para o Plano Agrícola e Pecuário 2013, fez com que a recém-anunciada medida se apresen-tasse como a mais bem estruturada nos últimos anos. O envolvimento de entidades do setor na construção do Plano fez toda a diferença.
Somente em Goiás, a equipe de trabalho da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) esteve por duas vezes com a equipe técnica da Faeg para levantar as demandas goianas. Com essas reuniões, conseguimos expor uma série de entraves que estávamos enfrentando e contribuir para que fossem melhorados.
O resultado está em um Plano com recursos 18% maio-res que no ciclo passado, cerca de R$ 13 bilhões destinados à Goiás e consideráveis avanços nas áreas de seguro rural, estrutura de armazenagem, de atendimento aos pequenos e médios produtores rurais e de assistência técnica e extensão rural. Além de um compromisso público, da presidente Dil-ma Rousseff , em suplementar recursos, caso necessário, na medida em que os produtores necessitem.
Nossa preocupação, agora, é com a garantia de que os produtores conseguirão acessar, no tempo certo, os recur-sos anunciados. Temos enfrentado, ano após ano, a moro-sidade e as excessivas exigências dos agentes financeiros em aprovar os limites de crédito. Muitas vezes, quando o produtor consegue acessar o recurso, já é tarde. Não raro, há casos de produtores que são excluídos do benefício. A forma de operacionalização do Plano será preponderante para mantenção seus avanços iniciais.
resultado de uma negociação
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PAINEL CENTRAL
Plano Safra prevê R$ 25 Bi para
que produtores como João Van
Ass invistam em armazéns. Foto
produzida por Mendel Cortizo
Dez anos de balança do produtor
Norte de Goiás investe no açafrão
Pesebem nos frigoríficos garante boa relação entre indústria e pecuaristas
Rendimento é expressivo e mercado está em crescimento
Agenda Rural 06
Fique Sabendo 07
Mercado e Produto 11
Delícias do Campo 32
Campo Aberto 38
Treinamentos e cursos do Senar 36
Sociedade na apicultura 34
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As grandes questões doagronegócio acontecemprimeiro aquiDias 8 e 9 de agostoem Cuiabá-MTCenarium Ruralwww.bienaldaagricultura.com.br
MT - MS - DF - GOESTADOS PARTICIPANTES 2
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Para ter sucesso na nossa atividade,você, produtor rural, precisa acompanhartemas bem diversos e cada vez mais complexos.Participe da Bienal de Negócios da AgriculturaBrasil Central, um evento de vanguarda quecoloca em debate questões estratégicaspara o seu negócio.
Sucessão no Agro | Cobrança de RoyaltiesLogística | Apagão da Mão de Obra
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AGENDA RURAL
24/06 26/06
Encontro Técnico Processamento de Frutos do CerradoHora: 9h
Local: Mini-auditório do Senar Goiás, GoiâniaInformações: 3545-2600
Lançamento da Bienal dos Negócios da Agricultura - Brasil CentralHora: 14h
Local: Centro de Convenções de GoiâniaInformações: (62) 3096-2208
26/06 28/06Abertura Oficial da Exposição Agropecuária de São Miguel do Araguaia
Hora: 14hLocal: Parque de Exposição Agropecuária de
São Miguel do AraguaiaInformações: (62) 3364-1102
Assembleia Geral Ordinária da FaegHora: 14h
Local: Auditório da Faeg, GoiâniaInformações: (62) 3096-2115
25, 26 e 27 de JunhoCongresso Internacional da Carne
Hora: das 8h às 18h
Local: Centro de Convenções de Goiânia
Informações: www.congressodacarne2013.com.br
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FIQUE SABENDO
ArmAzém
O Serviço Nacional de Apren-dizagem Rural (Senar) está distri-buindo um kit composto com três livros do Programa Sindicato Forte destinado aos dirigentes e funcio-nários dos Sindicatos Rurais. Ma-nual de Capacitação, Manual de Excelência Sindical – Volume 1 E Manual de Aplicação, Índice de Desenvolvimento Sindical – IDS – Volume 2 trazem conteúdo para desenvolvimento pessoal com atu-alização de conhecimento, apli-cação de diagnóstico e guia para um planejamento estratégico do sindicato. O objetivo final do ma-terial é melhorar o atendimento e os serviços prestados ao principal cliente do Sistema, o produtor ru-ral brasileiro. Toda a metodologia de avaliação de Sindicatos Rurais presente nas cartilhas foi desen-volvida pelo Sistema Faeg/Senar e compartilhada em nível nacional.
Ano 2013. Editora e autor: Ser-viço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)
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Faeg recebe homenagem do setor avícola
sindicato Forte
rEGISTrO
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, recebeu homenagem da Associação dos Avicul-tores Integrados da Perdigão Agroin-dustrial (Avip), de Mineiros. A placa destaca os “assinalados serviços, dedi-cação e apoio dispensados” à entidade e foi entregue das mãos do presidente da Avip, Suair Pereira Barbosa.
A homenagem ocorreu durante o 3º Fórum Avícola realizado pela Avip e Unifimes, no início de junho, naquele município, onde o José Má-rio ministrou palestra. Ele defendeu que o Brasil será o maior produtor mundial de alimentos dentro de
nove anos e que no ano de 2022, a demanda mundial por alimentos será 20% maior. “O Brasil tem con-dições de atender 40% dessa de-manda. Mas, é preciso sanear uma série de gargalos”, ressaltou.
O dirigente ainda explicou que com a capacidade de produção do produtor brasileiro e com a cres-cente aplicação de tecnologia no campo, em 2022, a safra brasileira poderá atingir os 205 milhões de to-neladas. Para que essas estimativas se concretizem, diz José Mário, é preciso investir no desenvolvimento das famílias rurais.
pESquISA
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou no mês passado uma nova cultivar de mi-lho com a quantidade de pró-vitamina A (carotenoide) cerca de quatro vezes superior à encontrada em cultivares comuns do cereal.
Segundo a cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embra-pa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Unidade responsável pelo desenvol-
vimento da cultivar, o milho biofor-tificado, identificado pela sigla BRS 4104, apresenta concentração de caro-tenoides percursores da vitamina A na faixa de 6 a 8 microgramas por grama de grãos. O milho comum apresenta entre 2,5 e 4 microgramas.
A pró-vitamina A se transforma em vitamina A a partir de reações químicas no organismo. Entre suas funções estão a manutenção de uma
boa visão, uma pele saudável e um bom funcionamento do sistema imu-nológico. A falta dela no organismo humano resulta na hipovitaminose A, considerado um dos principais problemas de nutrição no mundo. Essa deficiência está associada à per-da de visão em crianças.
Mais informações pelo telefone: (31) 3027-1905 ou pelo e-mail: cnpms.nco.geral@embrapa.br
embrapa lança milho quatro vezes mais vitaminado
Laris
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PROSA RURAL
Gerenciamento da propriedade é o segredoFrancila Calica | francila@faeg.com.br
Laris
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SérGio De ZeN ,engenheiro agrônomo,
professor da ESALQ/USP e pesquisador do CEPEA
revista Campo: Sérgio, o que o
pecuarista pode esperar do merca-
do nestes próximos seis meses e no
próximo ano?
sérgio de Zen: Nos próximos seis
meses eu acredito que o mercado
deve passar por um período de es-
tabilidade. Não acredito em sobres-
salto de preços. É uma tendência do
mercado doméstico e do mercado
internacional não crescer em acelera-
do. Por outro lado, a oferta tem uma
tendência à estabilidade, dado que o
mercado futuro não espelha preços
muito altos para o segundo semestre.
revista Campo: Como a crise
europeia pode influenciar no de-
sempenho do mercado de carne do
Brasil?
sérgio de Zen: A crise europeia, de
8 | CAMPO Junho / 2013 www.sistemafaeg.com.br
O professor e doutor da Universidade
de São Paulo (USP), Sergio De Zen é
estudioso da economia agrária e esteve
em Porangatu, no último mês de maio, durante
o Encontro Regional de Pecuária de Corte.
Personagem da Prosa deste mês, ele discorreu
sobre as deficiências da pecuária de corte do
Brasil, assim como as formas de aumentar a
produtividade. O consultor afirmou ainda que
apesar de inúmeros desafios, a pecuária brasileira
ainda pode ser considerada um caso de sucesso
e destacou pontos que podem ser positivos
para o Estado de Goiás que sedia, neste mês, o
Congresso Internacional da Carne.
por hectare. Isso porque tem o fator
de produção terra que é abundante
e você consegue ter produtividade
nesse nível, sem grandes riscos para
a alimentação do gado e tudo mais.
Agora, quando falamos de uma pe-
cuária de duas a três unidades animal
por hectare, falamos de uma proprie-
dade mais arriscada e que demanda
do produtor, uma capacidade geren-
cial muito grande. Isso, se ele quiser
produzir bastante com baixo custo.
revista Campo: O produtor ques-
tiona muito essa questão da con-
centração de frigoríficos. Como isso
impacta na produção e na comer-
cialização da carne no Brasil?
sérgio de Zen: O processo de con-
centração tem que ser separado do
processo de influência que isso exer-
ce sobre os preços. Por exemplo, no
caso do mercado de soja, mundial-
mente, a gente tem quatro ou cinco
grandes empresas que controlam a
comercialização, mas o preço é for-
mado em bolsa, no caso, na Bolsa de
Chicago. No caso da carne, nós ain-
da não chegamos a esse ponto, mas
temos grandes chances de caminhar
para isso. Ou seja, temos um proces-
so de formação de preços muito for-
te através do mercado futuro. Com
a presença de investidores que não
são do setor, mas são investidores
financeiros, podemos ter um pro-
cesso de formação de preços que se
assemelha ao mercado da soja. As-
sim, a concentração teria um efeito
muito pequeno sobre o processo de
formação de preços. Agora, se não
ocorrer isso, a gente tem que estudar
meios de incentivar a competição, aí
a situação se complica.
revista Campo: Sérgio, por que o
ano de 1994 foi um marco na mu-
dança de atuação do setor?
sérgio de Zen: Logo depois que
o presidente Collor promoveu o
confisco, em 1990, o boi começou a
ser usado como forma de reserva de
certa forma, ela tira um importante
mercado consumidor. A Europa, sau-
dável, representa um mercado muito
importante, não só para o Brasil,
mas para outros países, dado que
é um mercado que é exigente por
qualidade, paga preços elevados pela
carne e respeita contratos.
revista Campo: Quais são as
deficiências, hoje, na pecuária de-
senvolvida no Brasil em termos de
produtividade?
sérgio de Zen: Produtividade na
pecuária demanda não só o domínio
da tecnologia, mas uma verdadeira re-
volução em termos gerenciais de uma
propriedade. Uma coisa muito simples
é gerenciar uma propriedade que
tem menos de uma unidade animal
Junho / 2013 CAMPO | 9www.senargo.org.br
valor. A partir daí, não existia con-
fiança no sistema bancário, no meio
circulante, então, muitas pessoas
mantinham parcela de suas reservas
em bovinos no geral, porque repre-
sentavam uma fonte interessante de
reserva de valor. A partir de 1994,
com a edição do Plano Real, a queda
dos níveis de inflação e a existência
de uma moeda circulante valiosa, a
situação mudou. A pecuária passou
a ter importância, na medida em que
a sua produção gera excedentes, gera
valor a ser exportado, atendendo
mercados interno e externo.
revista Campo: O que a pecuá-
ria brasileira pode aprender com o
vizinho Uruguai?
sérgio de Zen: Há 10, 15 anos, o
Uruguai tinha uma carne que esta-
va no mesmo patamar de preço da
carne brasileira ou da carne argentina,
quando o governo uruguaio passou a
fazer investimento pesado para criar
uma rastreabilidade para seu produto.
Com esse processo bem conduzido,
ganhou confiabilidade no mercado
internacional. Esse ganho se trans-
formou num elevado ganho de preço.
Hoje, a carne uruguaia tem um preço
equivalente à norte-americana ou aus-
traliana, porque tem acesso a pratica-
mente todos os mercados do mundo.
revista Campo: Como os recentes
movimentos do Governo Federal
brasileiro no mercado influenciaram
a pecuária e o consumo no Brasil?
sérgio de Zen: O governo brasilei-
ro, de certa forma, adotou uma po-
lítica que não deixa claro para os in-
vestidores se vai manter alguns dos
pontos macroeconômicos que foram
referência no processo de estabiliza-
ção, como a política de controle dos
gastos públicos, controle dos níveis
de inflação, através de uma política
monetária rígida, e controle da ba-
lança comercial, através de um dólar
flutuante. Isso afasta os investidores
e daí temos um ambiente onde não
existe capital suficiente e afeta os
investimentos, também no setor da
produção de carnes. Além disso,
sem esse investimento, a economia
cresce pouco, o mercado doméstico
tende a se estabilizar e isso afeta
também o mercado de carne.
revista Campo: Diante deste cená-
rio, qual a saída para o pecuarista?
Há fatores que ele pode controlar e
conseguir uma saída favorável?
sérgio de Zen: O grande instru-
mento que o pecuarista tem é o
gerenciamento interno da sua pro-
priedade. Ele deve investir na gestão
de tal forma que consiga elevar os
índices de produtividade dos fatores
de produção, dentre eles, a terra.
Uma probabilidade para se fazer
grandes investimentos é implantar
um sistema de rotação de agricultura
e pecuária no qual ele reforma as
pastagens usando certas atividades
agrícolas que deixam resíduos de
fertilizantes, por exemplo, na terra,
que dá uma qualidade melhor, uma
recuperação com baixo custo para a
atividade. Dessa forma, renovando
uma parcela da sua propriedade todo
ano, a parcela que resta para a pas-
tagem vai ter um nível de produtivi-
dade maior, com baixo investimento.
revista Campo: Em termos de
comercialização, que ferramentas
estratégicas o pecuarista pode
lançar mão, uma vez que ele não é
formador de preço?
sérgio de Zen: O pecuarista na reali-
dade é um tomador de preços, então,
ele tem que partir desse pressuposto.
E, ao fazer uma venda antecipada deve
fazê-la fixando preço. Dessa forma,
garante sua margem e evita de ofere-
cer o produto sem a fixação de preço
que é um caso indesejável.
revista Campo: Apesar dos pon-
tos de melhoria, a pecuária brasilei-
ra é considerada sucesso. Quais são
os fatores que garantem esse suces-
so apesar dos pontos já citados?
sérgio de Zen: A pecuária tem
sucesso porque, antes de mais nada,
consegue prover o mercado interno e
gerar excedentes exportáveis da pro-
teína mais nobre, que é a proteína da
carne bovina. Não é um sucesso por
acaso, nós temos variedade de capim
mais adaptada às condições climáti-
cas brasileiras, temos uma melhoria
da qualidade genética do rebanho,
melhoria na tecnologia de suplemen-
tação mineral dos animais que tem
evoluído muito nos últimos anos.
Agora, não quer dizer que a gente es-
gotou a possibilidade do crescimento,
existe muito mais ainda a melhorar.
revista Campo: Goiás vai sediar,
no mês de junho, o Congresso
Internacional da Carne. Que oportu-
nidades, o Estado e o país poderão
encontrar, sediando, no território,
esse tipo de evento que é tão rele-
vante?
sérgio de Zen: Goiás estará na vitri-
ne, então, esses agentes internacionais
que vão estar aqui. Tanto o público,
quanto os palestrantes, vão observar
o Estado. Goiás precisa aproveitar a
oportunidade e mostrar, tanto na pre-
sença do produtor dentro dos deba-
tes, quanto fisicamente, o setor para
esses agentes do mercado internacio-
nal. Haverá uma troca muito grande
de conhecimento, de experiências e
de imagem. A formação da imagem
da carne goiana para esses agentes é
o ponto principal que o estado deve
buscar nesses momentos.
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MERCADO E PRODUTO
Até o início da colheita da primei-ra safra de milho, os preços se mantiveram firmes em torno dos
R$ 25 a saca de 60 kg, em Goiás. Porém, como já era esperado, começaram a cair a partir de abril quando se acentuou a colheita da primeira safra em todo o país.
Apesar de uma redução na área planta-da da ordem de 9,2% em nível nacional e de 25,6% em Goiás, as condições climá-ticas proporcionaram um acréscimo de 2,9% na safra nacional, com 34,84 milhões de toneladas colhidas, apesar de uma redução na primeira safra goiana de 4,38 milhões de toneladas para 3,11.
A expectativa de uma maior pressão de oferta interna vem se confirmando com a consolidação de um safra cheia no Paraná e Mato Grosso, onde o clima tem contribu-ído favoravelmente para o bom desenvolvi-mento do plantio. Apesar do clima adverso em Goiás, um incremento na área plantada da ordem de 12,8%, será o suficiente para compensar as perdas e ainda colher um volume próximo do ano anterior, 4,2 mi-lhões de toneladas.
Assim, o país deve colher 11,5% acima da segunda safra passada, com 43,6 mi-lhões de toneladas, o que totalizará 78,5 milhões de toneladas neste ano, nas duas safras - 5,5 milhões de toneladas a mais do que no ano anterior. Já em nível esta-dual o total da safra goiana deverá ficar em 7,3 milhões de toneladas, cerca de 1,3
milhão a menos em relação à safra ante-rior. O estado ainda terá um excedente em torno de dois milhões de toneladas a ser destinado, principalmente, à exportação. Isso ocorrerá devido às boas colheitas nos estados do sul do país, principal região consumidora.
Com relação ao mercado externo, as cotações da Bolsa de Chicago para o últi-mo trimestre deste ano, quando é colhida a safra dos Estados Unidos, é de baixa diante da expectativa de uma supersafra da ordem de 355 milhões de toneladas. Um atraso no plantio já levou a uma redução nas estimativas iniciais de cerca de 3,5 milhões de toneladas, mas que é muito pouco para impactar o mercado.
Diante destas considerações sobre a colheita a ser concretizada até fim de agosto, as expectativas de preços não são muito favoráveis. Os preços já caíram (referência Rio Verde - GO), neste primeiro semestre, em torno de 27%. Atualmente, estão próximos a R$ 19,50 o saco de 60 kg e com tendência de baixa.
E podem, ainda, ser mais achatados caso se concretize toda essa perspectiva de safra e caso o Governo Federal não implemente operação de sustentação de preços bem maiores que as já sinalizadas em Contratos de Opções e de apoio à ex-portação, conforme pedido já encaminha-do pela CNA, Faeg e diversas instituições dos demais estados brasileiros.
Milho: preços em quedaPedro Arantes | pedro@faeg.com.br
Pedro Arantes é
economista e analista
de mercado da Faeg
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AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL
LuzIânIA
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pALmEIrAS dE GOIáSBELA VISTA dE GOIáS
O Sindicato Rural de Luziânia recebeu em sua sede, no dia 6 de maio, o Presidente da Câmara Municipal, Álvaro Roriz. Ele estava acompanhado do Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Luziânia, o vereador Marcelo Braz; além dos vereadores Luzia Diretora, Denis Meireles e Nei Queiroz. Na ocasião, foi apresentado o trabalho da Faeg e do Sindicato Rural de Luziânia. “O que chamou a nossa atenção foi o carinho e o compromisso que estes vereadores demonstraram com o Sindicato. Sabemos que outros vereadores também estão engajados em nossos ideais, que é o de construir um Sindicato à altura de nossa querida Luziânia”, disse o presidente do Sindicato, Marcos Epaminondas.
O Sindicato Rural de Itarumã ministrou uma palestra, no dia 17 de maio, sobre Associativismo, com o tema: Organizar para Empreender. O intuito foi motivar lideranças formadoras de opinião para fomento à criação de formas organização dos produtores e trabalhadores rurais capazes de dinamizar a produção no município.
O Sistema Faeg/Senar e Sindicato Rural de Palmeiras, presidido por César Savini, estiveram presentes e apoiaram a realização das Cavalhadas de Palmeiras de Goiás, juntamente com o Sindicato Rural do município, no último dia 2 de junho. José Mário Schreiner, presidente do Sistema Faeg/Senar, esteve na abertura oficial das Cavalhadas e participou do cortejo que partiu da Igreja Matriz ao cavalhódromo e que deu início à batalha, simbólica, entre Mouros e Cristãos.
Uma cavalgada, em homenagem aos 25 anos de realização da exposição agropecuária de Bela Vista de Goiás, reuniu cerca de quatro mil cavaleiros, no dia 2 de junho. Realizada pelo Sindicato Rural do município, presidido por Wanderley de Siqueira, a cavalgada já é tradicional e atrai a atenção de toda a população, que se aglomera nas ruas de Bela Vista para ver carros de boi e cavaleiros desfilarem. O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário, participou da cavalgada conduzindo a bandeira brasileira pelo percurso. Também participaram no pelotão de frente da cavalgada o prefeito do município, Eurípedes do Carmo; o deputado estadual Valcênor Braz e toda a diretoria do Sindicato Rural de Bela Vista de Goiás.
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sindicato recebe presidente da Câmara
Associativismo e empreendedorismo
resgate da tradiçãohomenagem de 25 anos
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Recomendações de calagem e adubação.Monitoramento da qualidade física e química dos solos.
Orientação de práticas conservacionistas dos solos.Planejamento de uso e manejo de resíduos agrícolas e industriais.
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Qualidade e dedicação a serviço do agricultor.Qualidade e dedicação a serviço do agricultor.
pETrOLInA
JATAí
ArAGuApAz
pALmInópOLIS
Foi realizada em Petrolina, no mês de maio, a terceira etapa do Programa Prefeito Aliado do Progresso (PPAP), programa desenvolvido pela Faeg. Na ocasião, foi apresentado o resultado do planejamento feito pela equipe participante e relatado pelos representantes do Sindicato Rural e da Secretaria da Agricultura. O objetivo principal do projeto é a criação de oportunidades de negócios para os produtores do município e solidificação do agronegócio municipal, por meio da gestão participativa.
O Sindicato Rural de Jataí realizou abertura oficial da 41ª Exposição Agropecuária de Jataí (Expaja), no dia 12 de junho, com uma programação de palestras técnica de alta qualidade, com nomes como o consultor de mercado Fernando Muraro e o jornalista apresentador do Jornal Nacional, Heraldo Pereira. José Mário falou da importância da produção agropecuária do município e do perfil dos produtores locais. O presidente do Sindicato, Ricardo Perez, fez a abertura oficial do evento e comentou a importância do evento em levar informações atualizadas de mercado e de perspectivas de negócios aos produtores rurais, empresários, técnicos e estudantes presentes.
Associação dos Produtores do Vale do Araguaia (Aprova) realizou, no dia 25 de maio, o III Encontro Técnico dos Parceiros da Aprova, na Fazenda Barra do Santo Antônio. O Sistema Faeg/Senar e o Sindicato Rural de Britânia e Aruanã foram apoiadores do evento, que reuniu um público com aproximadamente 200 produtores rurais, empresários, técnicos, autoridades e representantes das empresas patrocinadoras. O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner participou do encontro.
O Sistema Faeg/Senar, representado pelo presidente José Mário Schreiner, esteve presente, no dia 1º de junho, no encontro de produtores rurais cooperados da Cooperativa Mista Agroindustrial de Palminópolis (Coomap). Mais de cinco mil produtores e seus familiares estiveram na sede da cooperativa para o encontro, que também teve o apoio do Sindicato Rural de Palmeiras de Goiás, presidido por César Savini.
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Prefeito Aliado do Progresso
sucesso em feira de negócios
sistema Faeg/senar participa de dia de Campo
Comemoração ao cooperativismo
especiaria dá lucro e movimenta a economia de municípios. em Mara rosa, apenas uma cooperativa espera colher 500 toneladas do produto
Karina ribeiro | revistacampo@faeg.com.br
Produção muda realidade do Norte
AÇAFRÃOM
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Uma erva ancestral, de fácil manejo cultural e com mer-cado consumidor pungente,
o açafrão vem mudando o cenário e estilo de vida de pequenos produto-res rurais da região Norte do Estado. Em pequenos lotes de terra, é pos-sível extrair do condimento de cor amarelada, um rendimento expressi-vo e ainda ter tempo para se dedicar a outras culturas.
“Achei interessante a cultura. Ela é rentável, precisa de pouca extensão de terra e ocupa pouquíssimo tem-po”, resume o produtor de açafrão e diretor da Cooperativa dos Produto-res de Açafrão de Mara Rosa (Coope-raçafrão), Elson Carlos Martins. Para ele, esses foram os principais moti-
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vos que o atraíram, há cinco anos, na empreitada do plantio do açafrão. Ao contrário do que muitos imaginam, a erva também tem valor comercial na indústria têxtil e farmoquímica.
Ele explica que o ciclo do açafrão é bianual e seu manejo é considerado rústico. O plantio ocorre logo depois que iniciam as chuvas, ou seja, entre os meses de outubro e novembro. An-tes disso é necessário preparar a lim-peza do terreno por meio de aragem.
Para o desenvolvimento da planta, não é utilizada adubação química e o espaçamento recomendado para a cul-tura é de 40 centímetros entre plantas e 50 centímetros entre linhas, o que além de apresentar boa produtividade também facilita a capina. “Em solos com boa fertilidade natural ou após culturas bem adubadas, pode-se dis-pensar a adubação”, afirma.
Elson explica que o manejo do aça-frão, basicamente, se restringe à ca-pina manual ou animal. Como o ciclo completo da cultura é de 18 meses, as duas primeiras capinas ocorrem logo no início, após 30 dias e 60 dias do
plantio. Já no segundo ano, ocorre mais uma capina, entre 30 e 90 dias após a emergência de brotos. “O tra-balho de manejo é praticamente este, por isso ocupa pouco tempo e permi-te que o produtor trabalhe com outras culturas. Não toma tempo”, ressalta. Outra particularidade é que caracterís-ticas da própria planta não permitem a presença de invasores. De cheiro acentuado e gosto forte, nem animais se atrevem a consumi-la.
RecomendaçõesEmbora seja considerada uma cul-
tura de fácil manejo, a colheita ne-cessita de um pouco mais de cuidado e pode se tornar dispendiosa para o produtor rural. O período de colhei-
ta ocorre nos meses de seca, entre os meses de junho e setembro. “Enquan-to não estiver chovendo, a colheita pode se estender”, ensina. A matu-ração manifesta-se com o amareleci-mento das folhas até a secagem total.
Durante a colheita, diz, alguns produtores ainda praticam a queima da palha seca para obter maior lim-peza da área e amolecer levemente o solo, pela umidade trazida pela eva-poração de partes mais profundas. Dessa forma, os produtores dividem a área em talhões com a quantidade a ser colhida em dois ou três dias, já que, após esse intervalo o solo torna--se duro, o que dificulta a colheita. “Mas há dois anos, estamos traba-lhando para que não haja mais a quei-
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O município de Mara Rosa, referência no plantio do açafrão, corresponde a 90% da produção goiana e abriga cerca de 200 pro-dutores. Destes, um pouco mais da metade estão filiados à Coo-peraçafrão. Criada em 2003, com objetivo de organizar e propiciar caráter empresarial à comunidade produtora de açafrão, a coopera-tiva processa, atualmente, cerca de 500 toneladas do produto in natura. Quando processado, ou na forma desidratada, fatiada ou mo-ída, esse volume cai para 18% da quantidade inicial.
Aproximadamente 80% da produção têm como destino o Es-tado de São Paulo (SP) e o restante é distribuído pelos Estados de Goi-ás (GO), Pará (PA), Tocantins (TO) e Minas Gerais (MG).
Elson lembra que, no ano pas-sado, eles exportaram parte da produção para a China. Entretanto, a mesma medida não será tomada em 2013. “Não vamos continuar para não deixarmos o mercado interno desabastecido”, diz. Infor-mação que leva a crer que o produ-to tem mercado comprador e um aumento de área pode temperar ainda mais a economia da região.
Produção em Mara rosa corresponde a 90% do total de Goiás
ma da palha. Estamos tentando incu-tir a prática da roçagem”, afirma.
Outra recomendação feita por El-son diz respeito ao tamanho da área. Ele afirma que o ideal é cultivar so-mente um hectare da raiz. “A colhei-ta é pesada tanto no manejo quanto financeiramente”, diz.
Dessa forma, explica, o produtor deve se ater a plantar uma quantida-de de área na qual ele e sua família consigam colher sem precisar da con-tratação de mão de obra externa. Em um hectare é necessário o trabalho de seis pessoas para a colheita. Em
média, um trabalhador consegue co-lher até 300 quilos/dia.
Para se ter ideia, um hectare pro-duz até 40 toneladas do produto in natura, ou seja, com rendimento de até 7,5 toneladas do açafão em pó. Co-mercializando o produto processado a R$ 4,50 o litro, essa área irá render ao produtor até R$ 33 mil.
Elson afirma que o custo de pro-dução gira em torno de R$ 15 mil. Nesse cálculo, ele está incluindo tam-bém o custo da mão de obra para a colheita – cerca de R$ 10 mil, o que corresponde a dois terços do valor do
custo total de produção. “Sem a mão de obra, ele iria pagar somente as se-mentes e o trato da terra”, ressalta.
Na ponta do lápis, caso o produtor tenha que contratar funcionários para a colheita do açafrão, ele irá lucrar cerca de R$ 18 mil. Entretanto, no re-gime de agricultura familiar, no qual todos os componentes da família tra-balhem nessa etapa do ciclo do aça-frão, o rendimento pode saltar para R$ 28 mil. “Por isso é que orientamos para que as pessoas plantem uma área em que elas mesmas conseguem colher. O lucro é bem maior”, afirma.
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Medida é válida para equipamentos fabricados a partir deste ano. Faeg vai auxiliar produtores
Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
Contran exige emplacamento de máquinas agrícolas
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Proprietários de máquinas fabricadas em 2013 terão de pagar IPVA
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Máquinas agrícolas fabrica-das a partir de 1º de ja-neiro de 2013 deverão ser
emplacadas e licenciadas. A decisão foi do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que modificou a Resolução nº 429 aplicando esta necessidade a partir de 1º de junho deste ano. No intuito de conscientizar os produto-res rurais goianos com a nova reso-lução, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu, no último dia 10 de junho, com re-presentantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o chefe do Setor de Operações do Departamento Na-cional de Infraestrutura de Transpor-te (Dnit), Eurípedes Júnior e presi-dentes de Sindicatos Rurais.
De acordo com a resolução, o pro-prietário que não cumprir as determi-nações será multado em R$ 191,54, terá o veículo apreendido e receberá sete pontos na carteira. Antes, o Có-digo de Trânsito Brasileiro (CTB) pre-via que esses veículos só eram per-mitidos transitar em carrocerias de caminhões. Por enquanto, máquinas antigas ainda não estão sendo em-placadas mas, em outra resolução, o Contran determinou que o registro de tratores fabricados até 1º de ju-nho deste ano, quando necessário, pode ser feito sem necessidade de pré-cadastramento.
Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg, destacou que a entidade se preocupa em adequar to-dos os produtores rurais às novas re-gras. Segundo os inspetores da PRF, Álvaro de Rezende e André Maeda, para poder trafegar com os veículos,
os proprietários deverão atender a le-gislação de Trânsito, cumprindo todas as medidas necessárias para empla-camento e licenciamento, bem como, a verificação das medidas máximas para o trânsito.
Segundo Álvaro, dependendo das dimensões das máquinas agrícolas (acima de 2,60 metros), os produ-tores precisarão de autorização de tráfego obtida junto ao Dnit; uso de batedores particulares ou da Polícia Rodoviária Federal. “O registro é ne-cessário para a fiscalização dos equi-pamentos em trânsito, embarcados. Esse é o único instrumento para veri-ficação da propriedade que dispõem, e com isso teriam mais facilidade na verificação da propriedade e assim coibir os furtos e roubos de máquinas agrícolas”, salienta.
Bartolomeu acrescenta, entretan-
to, que essa exigência não deve causar custo ao produtor. Segundo ele, exis-tem milhares de máquinas agrícolas desprovidas de documentos para re-gistro por serem muito antigas, mui-tas inclusive são anteriores ao Código de Trânsito. “A Faeg vai buscar junto às autoridades a adequação da legisla-ção para não prejudicar os produtores. Essas inovações são importantes, mas devem ser implementadas de forma gradativa e com bastante orientação.”
O vice-presidente institucional diz que, dessa maneira será possível pro-porcionar a adequação dos proprietá-rios das máquinas. “Lembrando que é necessário buscar junto ao Detran uma maneira de viabilizar registros das máquina já existentes no campo, sabendo que estes equipamentos não possuem notas fiscais”, finalizou. (Colaborou Leydiane Alves)
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Veículos sem placa poderão ser apreendidos
Negociado com entidades do setor agropecuário, Plano divulgado, se concretizado, será o mais bem estruturado da história
Karina ribeiro | revistacampo@faeg.com.br
Especial para a Revista Campo
Governo Federal prevê R$ 13 bi para agricultura goiana
PLANO SAFRA
Senadora e Presidente do CNA, Kátia Abreu, participa de lançamento
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As novidades do novo plano safra agrada produtores e entidades. As maiores novidades são o se-
guro rural, recursos para construções de novos armazéns e criação da Agência de assistência técnica e extensão rural. O lançamento do Plano Safra Agrícola e Pecuário 2013/2014, se consolidado, pode ser considerado o melhor planeja-mento da atividade agrícola pecuária da história do País.
De olho na sustentabilidade das ati-vidades que correspondem a um quar-to do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, os recursos oficiais para custeio, comercialização e investimentos para a próxima safra são da ordem de R$ 136 bilhões – um incremento de 18% se comparados ao ciclo anterior. O pro-grama avança no que tange ao seguro rural, à estrutura de armazenagem de grãos e ao atendimento aos pequenos e médios produtores rurais. Com forte articulação de federações e entidades do setor, o plano deve contemplar al-gumas antigas reivindicações.
A retomada de políticas públicas voltadas para o pequeno e médio pro-dutor rural é vista como um dos pon-tos mais importantes do novo plano e evidencia uma preocupação do Gover-no Federal no crescimento do superá-vit primário da balança comercial. Com disponibilização de assistência técnica e investimentos na ampliação de maior conhecimento no campo, a medida deve imprimir maior produtividade nas
lavouras dos pequenos e médios produ-tores rurais.
O presidente da Comissão de Cré-dito Rural da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Alexandre Câmara, acredita que os resultados pos-sam começar a serem colhidos na pró-xima safra, desde que haja um traba-lho efetivo para que a medida não seja inócua. “Temos que saber como tudo isso será feito. Cabe a nós cobrarmos do governo para que as medidas saiam do papel”, conclui.
Embora o setor comemore a libera-ção de mais dinheiro para o custeio e investimentos no campo (somente para Goiás está prevista a liberação de cerca de R$ 13 bilhões), Alexandre se mos-tra preocupado com a morosidade da análise de limites de crédito. Ele explica que houve uma mudança na forma de cálculo, que centralizou a verificação da análise de crédito do produtor, capaci-dade de pagamento e alavancagem de recursos dos agentes financeiros ins-talados em Brasília. “Precisamos des-centralizar. De acordo com o volume pleiteado, essa demora pode atingir 40 dias”, afirma. Essa também é uma pre-ocupação do presidente da Faeg, José Mário Schreiner. “Temos enfrentado, ano após ano, a morosidade dos agen-tes financeiros em aprovar os limites de crédito”, diz. Ele espera que na próxima safra seja diferente, uma vez que mais agentes financeiros passarão a operar com recursos oficiais.
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Alexandre Câmara enxerga como positivo o novo modelo de acesso ao seguro rural da safra 2013/2014, que terá projeto piloto testado em Goiás. Nessa nova modalidade, os recursos para subvenção do prêmio serão aces-sados diretamente pelos produtores rurais que poderão escolher a segura-dora que os atenderão.
Ele afirma que com a mudança da forma de contratação, ou seja, com a
regionalização dos recursos o produ-tor terá maior garantia e seguridade. Ou seja, a “customização” do servi-ço deve imprimir maior eficácia. “O produtor daqui tem características diferentes do produtor de Mato Gros-so, por exemplo. É como seguro de carro, suas características como con-dutor traçam uma melhor apólice de seguro de veículo”, explica.
Embora desconheça detalhes do
novo plano safra, o produtor rural de Montividiu, José Oscar Durigan, vê com bons olhos o novo modelo do se-guro rural. Ele acredita essa forma de implementação não deve baratear os custos dos produtores rurais, porém deve ser mais eficiente. “Recebo mui-tos produtores dos Estados Unidos que ficam impressionados com o seguro rural brasileiro. Lá eles têm garantias enquanto que aqui não temos”, diz.
Produtores terão novo modelo de acesso a Seguro rural
João Van Ass diz que falta de armazéns é um dos principais problemas da região
Uma das maiores novida-des do Plano está vinculada ao crédito de R$ 25 bilhões destinados para a construção de armazéns. Esse dinheiro será investido ao longo dos próximos cinco anos, sendo que R$ 2,3 bilhões poderão ficar em Goiás.
Alexandre afirma que o aporte financeiro é expressivo e expli-ca a importância dessa medida chegar até o produtor rural. A construção de silos nas propriedades rurais, am-pliaria o poder de barganha do pro-dutor e de todos os elos da cadeia e, de quebra, permitiria o controle da oscilação de preços. A medida es-timula a criação de silos para esto-cagem de 65 milhões de toneladas nas propriedades rurais do País. “O armazém é uma espécie de agente balanceador. Atualmente, só temos capacidade para armazenar 70% da
safra de grãos”, conclui.Alexandre lembra que há um pon-
to a ser observado. “É um avanço os recursos para armazenagem de grãos e de aumento de limites de crédito para o produtor, mas de nada adianta o aumento de oferta creditícia se, em contrapartida, há aumento de preços dos equipamentos e máquinas agríco-las”, diz. O receio é de que as medidas do governo sejam neutralizadas com
o aumento dos preços dos equipamen-tos por parte da indústria de capital.
O produtor rural de Montividiu, município localizado na Região Su-doeste, João Van Ass, afirma que a falta de armazéns na região é um dos principais problemas dos produtores rurais. Ele diz que, se consolidada, a medida deve facilitar a negociação e garantir melhores preços. “Estamos carentes de armazéns. Quem tem grãos depositados dentro da proprie-dade é dono do produto. Quem não tem, fica refém de um único compra-dor”, afirma. Ele lembra que, mesmo calculando o custo da armazenagem, ter armazéns na propriedade, é ga-rantia de ganho na rentabilidade.
Para João, a armazenagem ainda pode melhorar as condições de tra-balho dos caminhoneiros. Para ele, o tempo para cumprimento de metas e horários são responsáveis por vários acidentes nas rodovias. “Para saldar seus compromissos, acabam forçando viagens, cansados e à noite”, afirma.
Medidas avançam para a melhoria na armazenagem
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No novo Plano Safra e Pecuário 2013/2014, a agricultura familiar foi atendida com maiores recursos, am-pliação de créditos e menores juros. Os recursos giram na ordem de R$ 39 bilhões para financiar diversas políti-cas públicas voltadas para o setor.
Com ampliação de seus limites de crédito e renda, o enquadramento no Programa de Agricultura Familiar (Pronaf), foi aumentado de R$ 160 mil para R$ 350 mil e o limite para finan-ciamento de custeio da safra saltou de R$ 80 mil para R$ 100 mil. Para as operações de custeio com valor acima de R$ 30 mil, os juros foram reduzi-dos de 4 % ao ano para 3% - nas de-mais linhas, a taxa é de 3,5% ao ano.
Os agricultores familiares que se enquadravam no Grupo B do Pronaf,
ou seja, aqueles de menor rendimento terão aumento de até 40% em seu limi-te de financiamento. A partir da safra 2013/2014, o agricultor familiar com renda bruta anual de até R$ 10 mil, poderá contratar até R$ 3,5 mil pelo Pronaf B. Na safra passada, esse limite era de R$ 2,5 mil. Na safra atual, o pro-grama dispõe de R$ 21 bilhões para as linhas de crédito. O programa também considerado uma oportunidade para que os agricultores coloquem em prá-tica projetos de desenvolvimento, ex-pectativa de renda e mudança de vida.
GarantiasSerão disponibilizados para o Segu-
ro da Agricultura Familiar (Seaf) – R$ 21 bilhões. O programa é um mecanis-mo de prevenção disponibilização aos
agricultores familiares que contratam financiamentos de custeio e investi-mentos agrícolas no âmbito no Pronaf.
A ampliação de recursos para o Programa de Aquisição de Alimen-tos (PAA) e para o Programa Nacio-nal de Alimentação Escolar (Pnae), é, segundo o assessor técnico da Faeg, Pedro Arantes, fundamental para a agricultura familiar. “A comercializa-ção é um dos principais gargalos da agricultura familiar”, comenta.
Na safra 2013/2014, o governo fede-ral ampliou o limite de aquisição anual por agricultor – que saltou de R$ 4,5 mil para R$ 5,5 mil. Embora não divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o objetivo para esta sa-fra é ampliar os volumes de aquisição de alimentos para atender o Pnae.
Agricultura familiar receberá r$ 39 bilhões
Produtor José Oscar Durigan vê com bons olhos novo modelo de seguro rural
Durigan alega que, para conse-guir financiamento para custear as lavouras de milho e soja, distribuí-das em uma área de 1,5 mil hecta-res, não é demorado, porém faz um desabafo. “O dinheiro até está dis-ponível, mas sempre temos que ad-quirir outro produto, como seguro, cota de consórcio. Isso deveria aca-bar”, afirma.
ArticulaçãoA articulação entre Governo Fe-
deral e entidades do setor foi fun-damental para que a elaboração do novo plano safra alcançasse par-te dos anseios do setor. Para se ter ideia, somente em Goiás, o secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária e Abasteci-mento (MAPA), Neri Gueller esteve, no início deste ano, duas vezes, em reuniões com o corpo técnico da Faeg para levantar as demandas do setor. “Com essas reuniões conseguimos expor uma série de entraves que está-vamos enfrentando e contribuir para que fossem melhorados”, afirma José Mário, presidente da entidade.
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evento realizado no Palácio das esmeraldas destinou doações à oVG
Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br
Entidades doam 63 mil litros
DIA MUNDIAL DO LEITE
Em comemoração ao Dia Mun-dial do Leite, produtores rurais e indústrias que compõem a ca-
deia do leite em Goiás, se reuniram no dia 3 de junho, no salão Dona Ger-cina Teixeira Borges, do Palácio das Esmeraldas. Durante um “Leite da manhã”, com presença do governa-dor de Goiás, Marconi Perillo, foram entregues 63 mil litros de leite para o governo do Estado, que os remeterá a entidades filantrópicas e à Organiza-ção das Voluntárias de Goiás (OVG).
O presidente do Sindileite, Joa-quim Guilherme, ressaltou que Goi-ás é a quarta maior bacia produtora de leite do Brasil, com mais de 60 mil unidades produtivas. “O leite é muito importante do ponto de vista econômico e também do social.” Jo-aquim Guilherme afirmou ainda que a parceria do Governo de Goiás com
a cadeira produtiva do leite permitiu o crescimento do setor, que passou a importar leite para a industrialização. “A desoneração que houve de tribu-tos nos últimos anos possibilitou o crescimento da nossa indústria, que hoje é forte na produção e na comer-cialização por ser competitiva.”
Para o presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, a come-moração do dia mundial do leite é simbólica e muito importante, porque o leite é um alimento necessário a to-dos os seres humanos. Ele explica que, por trás da produção de leite existe uma cadeia muito forte no Estado de Goiás, onde se têm 65 mil produtores envolvidos. “Se observarmos a cadeia toda, são mais de 220 mil pessoas li-gadas direta e indiretamente”, conta.
Durante o evento, o governador Marconi Perillo afirmou que o agrone-
gócio é o sustentáculo da economia e do desenvolvimento do Estado e que o governo vem fazendo a sua parte, de maneira planejada, para viabilizar o crescimento do setor. Marconi an-tecipou aos produtores presentes no evento que já enviou à Assembleia Legislativa projeto para a prorrogação dos incentivos fiscais até 2014.
“Antes dos incentivos do Governo, a cadeia produtiva leiteira era expor-tadora de matéria-prima, de produtos in natura para outros estados. Ago-ra, precisamos importar leite para a industrialização. Isso se deu graças a uma política agressiva de incenti-vos fiscais para que nosso produto fosse competitivo. Desenvolvimento combina ação produtiva, o capital do empresariado, a ação trabalhadora de operários com a ação proativa dos go-vernos”, completou.
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Segundo o presidente José Mário Schreiner, atualmente, a cadeia leiteira representa mais de 60 mil produtores envolvidos
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Programa da Faeg possui quase 3 mil cadastrados e balanças nos principais frigoríficos do estado
Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
10 anos de Pesebem
BALANÇA DO PRODUTOR
Atualmente, seis frigoríficos fazem parte do Pesebem, em Goiás. No total são 10 unidades do Estado inclusas no Programa.
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Mais de 5 milhões de ca-beças pesados. Este é o balanço do programa Pe-
sebem, a balança do produtor que completa 10 anos em 2013 e já soma 2.753 produtores cadastrados. Insta-ladas com a finalidade de suprir uma reclamação dos produtores sobre possíveis fraudes, as balanças da Fe-deração de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) já estão presentes em 10 frigoríficos do Estado. Com captura automática, o programa trouxe mais lisura ao processo e segurança aos produtores.
Gestor do Pesebem, Olímpio Tava-res explica que o programa teve início após produtores procurarem auxílio junto à Faeg por meio dos Sindicatos Rurais. A reclamação era que alguns frigoríficos estavam fraudando as pe-sagens com a coleta feita à mão. “Era muito complicado, porque o balan-ceiro atendia telefone, auxiliava em outros serviços, nem sempre a ba-lança estabilizava e a perda chegava a arrobas. Hoje, a luta é por diferença de gramas, isso mostra que já conse-
guimos muito”, justifica. Depois que a reclamação foi for-
malizada, a Federação buscou apoio do Sindicato das Indústrias de Car-nes e Derivados no Estado de Goiás (Sindicarne) e da cooperativa Goiás Carne. Olímpio conta que no início foi complicado e alguns frigoríficos reagiram contra a novidade quei-mando balanças com o uso inade-quado de água, por exemplo. “Agora, chegamos ao ponto de alguns frigo-ríficos solicitarem a implantação das balanças. Os produtores ficam mais tranquilos quando existe nossa pre-sença. porque estamos lutando pelo produtor e caminhamos na direção que ele indicar”, afirma.
Produtor do município de São Mi-guel do Araguaia, Osvaldo Guima-rães ressalta que o Pesebem é uma grande ferramenta que atende aos interesses não só dos pecuaristas, mas também dos frigoríficos. “Este programa é um termômetro do peso justo. Nós ficamos muito felizes por saber que Goiás foi pioneiro no Brasil. Esta foi uma iniciativa que
deu certo e o desejo é que continue prestando este serviço”, completou.
Osvaldo recorda que ajudou a implantar o programa e, hoje, pos-sui até balanças na própria fazenda. Como conselho, ele diz que a Fede-ração precisa investir ainda mais em divulgação do Pesebem para que de-mais produtores saibam dos benefí-cios que podem garantir. “Com maior divulgação e agressividade positiva, mais produtores saberão das melho-rias que podem obter depois de ade-rirem ao Pesebem”, finaliza.
O Pesebem possui uma equipe própria selecionada e contratada pela Faeg que atua nos frigoríficos em apoio ao produtor. A balança utilizada opera com um software que foi desenvolvido exclusivamen-te para esta finalidade. Ao final da pesagem de cada lote autorizado, é impresso um relatório oferecendo ao pecuarista o resultado do peso dos animais. O romaneio do Pesebem fica pronto antes do
Osvaldo Guimarães, produtor de São Miguel do Araguaia, afirma que programa é termômetro do peso justo
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relatório do frigorífico e o produtor pode comparar o desempenho de di-ferentes lotes em diversos períodos. Além disso, os equipamentos passam periodicamente por vistorias e afe-rições do INMETRO e da fabricante das balanças.
Olímpio afirma que, com o passar do tempo, o programa ganhou tanta credibilidade que alguns produtores só pesam em unidades cadastradas e os frigoríficos solicitam a inclusão. “Os produtores pensam que, se o fri-gorífico não abriu as portas para a Faeg, é sinal de que algo pode estar errado e confiam mais quando existe a nossa presença”.
Valor e cadastroO valor cobrado do produtor,
atualmente, é de R$ 1,41 por animal pesado e a renda é revertida apenas para custear o programa, ou seja, paga a balança e o funcionário da Fe-deração, que fica disponibilizado no estabelecimento. No total, 10 unida-des do Estado estão inclusas no Pe-sebem. Para que demais frigoríficos façam parte do programa, é necessá-rio que o valor arrecadado seja sufi-ciente para manter as despesas. Para
se cadastrar é necessário assinar uma autorização para o acompanhamento da pesagem dos animais. O produtor pode procurar a Faeg ou o Sindicato Rural, até mesmo por telefone.
Assessoria de AbateCaso o produtor não possa ou não
queira fazer, pessoalmente, esta veri-ficação, é possível contratar ainda os serviços de uma assessoria de abate. O trabalho já existia antes mesmo do programa, mas agora funciona de forma diferenciada devido ao traba-lho desenvolvido pela Faeg. Há seis anos, Cândido Carvalho de Resende, técnico em agropecuária, abriu uma empresa de assessoria, juntamente com a esposa. Ele conta que o serviço é bastante procurado e acaba por au-xiliar o produtor garantindo que seus direitos sejam cumpridos.
“Queremos o melhor para o pe-cuarista e tudo que vem para agregar é ótimo. Nem todos os produtores podem estar presentes para conferir a pesagem e é, por isso, que nós repre-sentamos o produtor dentro dos fri-goríficos. O Pesebem é um programa que garante melhoria no rendimento do pecuarista”, complementa.
Hélio de Oliveira Gomes é ge-rente de compras dos frigoríficos JBS em Goiás que inclui as unida-des: Goiânia, Anápolis, Senador Ca-nedo e Mozarlândia, todas inclusas no Pesebem. Ele recorda que quan-do o programa teve início ainda trabalhava no Minerva, localizado em Palmeiras de Goiás. Na época, se esforçou para que o estabeleci-mento aderisse à novidade e conse-guiu a implantação. Hoje, no JBS, ele se orgulha em dizer que todas as unidades do Estado já possuem balanças da Faeg e afirma que isso possibilita mais transparência entre a empresa e o produtor.
“Hoje, por exemplo, se exis-te uma contestação por parte do produtor, ele pode comparar com a pesagem da Faeg e perceber que os números batem. Vejo com muito bons olhos esta ação e é uma for-ma eficaz de conseguir melhorias neste processo. No JBS todas as unidades estão equipadas, inclu-sive a de Senador Canedo, aberta recentemente”, finaliza.
Sinal de transparência
Ao final da pesagem de cada lote autorizado, é impresso um relatório oferecendo ao pecuarista o resultado do peso dos animais
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• JBS-Friboi: Goiânia, Anápolis, Senador Canedo e Mozarlândia• Marfrig: Mineiros e Rio Verde• Mataboi: Santa Fé de Goiás• Minerva: Palmeiras de Goiás • Plena Alimentos: Porangatu• Independência: Senador Canedo
• Contra-pesagem comparativa e garantia de peso certo;• Produzir e fornecer um documento seguro e autêntico para comparação com relatório emitido pelo frigorífico;• Histórico de pesagens anteriores possibilitando um comparativo;• Dados das pesagens obtidos logo após o processo de pesagem do último animal, antes do relatório emitido pelo
frigorífico.
Unidades Cadastradas no Pesebem
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Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
Rações desoneradas
IMPOSTOS
Antiga reivindicação da Federa-ção da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e da Confedera-
ção da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que reduz a zero as contribuições para PIS/Pasep e Cofins para rações, su-plementos minerais e ureia pecuária deu mais um grande passo para a concreti-zação, no último dia 5 de junho.
Nesta data, a Comissão Mista da Câmara dos Deputados analisou a Me-dida Provisória 609/13, que desonera itens da cesta básica. Além disso, a desoneração foi estendida também a todos os tipos de máquinas utilizadas na agricultura com a mesma redução já concedida a tratores e máquinas auto-propulsadas. A medida espera agora a
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aprovação final da Câmara e a sanção presidencial.
O líder do governo no Senado, sena-dor Eduardo Braga (PMDB-AM), assim como o relator Edinho Araújo (PMDB--SP) estão confiantes na aprovação da MP nas duas Casas. “Houve a queda da obstrução aqui, e o que acontece na comissão costuma ser um bom termô-metro”, afirmou Araújo na ocasião. O presidente da Faeg, José Mário Schrei-ner, comemorou a conquista, conside-rada por ele um incentivo à produção agropecuária. “Essa desoneração é uma reivindicação antiga do setor rural e permitirá que o produtor rural dimi-nua seu custo de produção e aumente a aplicação de tecnologia em sua proprie-dade”, ressaltou.
De acordo com a zootecnista e as-sessora técnica da Faeg para pecuária, Christiane de Paula Rossi, alguns estu-dos estão sendo realizados pelo CNA com o Ministério da Fazenda no intuito de minimizar os impactos a outros se-tores envolvidos.
- Carnes, Carne de frango Congelada, mortadelas e linguiças;
- Camarões e ração para esses animais;
- Café, mate, suCos integrais e açúCar;
- Óleos vegetais em estado bruto;
- pão de forma e bisCoitos Cream CraCker, água e sal, maria e maizena;
- molho de tomate, vinagre e polvilho;
- manteiga;
- material esColar e de Construção;
- gás de Cozinha;
- água sanitária, sabão em barra, desinfetantes;
- esCovas de dente, absorventes higiêniCos e fraldas desCartáveis;
- papel higiêniCo, pasta de dente e sabonete.
Confira itens que foram isentos
Inclusão Durante a votação do texto, o rela-
tor, deputado Edinho Araújo (PMDB--SP) promoveu apenas uma alteração incluindo o sal entre os produtos da cesta básica, sugestão dos depu-tados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e
Sandra Rosado (PSB-RN). A redução também se deu em outros produtos (veja box). Arroz, feijão, farinhas, pão comum, massas alimentícias, leite e queijos, entretanto, já são isentos destes tributos desde 2004, pela Lei 10.925/04.
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60 anos de tradição em alimentos e respeito às culturas do mundo
Com mais de 300 unidades de produção espalhadas por todos os continentes, a JBS oferece ao mercado produtos com garantia de origem, qualidade e atenção às práticas sustentáveis.
DELÍCIAS DO CAMPO
MASSA
1 kg de trigo para quibe750 ml de água fervendo1 kg de carne moída (colocar no mínimo 1 kg de carne moída e no máximo 3 kg para cada 1 kg de trigo para quibe)1 cebola média picada1 maço de hortelã picado10 dentes de alho picados3 pimentas bode verde picadas1 colher de chá de pimenta do reinoSal para temperar
RECHEIO:200 g de mussarela raladaOrégano a gosto
MASSA
1º PASSO: Coloque a água para ferver.
2º PASSO: Coloque o trigo em uma tigela e jogue a água fervendo mexa bem e deixe descansar por 1 hora.
3º PASSO: Moa de 2 a 3 vezes, em pente fino da máquina de moer, o trigo hidratado junto à carne e aos temperos (não tempere com sal, senão enferruja a máquina de moer).
4º PASSO: Sove bem a massa já moída com o sal e corrija os temperos.
5º PASSO: Faça bolinhas para separar a massa por igual e modele os quibes (sem ou com recheio) e use sempre um pouco de água nas mãos para não grudar.
Receita elaborada por tecnólogo em gastronomia e instrutor do Senar Goiás, Cristiano Ferreira da Silveira.
QUiBe
Envie sua sugestão de receita pararevistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200.
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Curso do Senar une trabalhadores, em sociedade, em busca de nova atividade. Meta dos sócios para 2013 é produzir mil quilos de mel
Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
Parceiros na apicultura
CASO DE SUCESSOFr
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Trabalhando durante toda a vida como vaqueiro, Manoel Elias, 40, sofreu um acidente de tra-
balho há pouco mais de três anos e descobriu que a profissão não seria mais viável. Ele caiu de um cavalo en-quanto tocava o gado, teve uma fratura na coluna cervical e ao implantar uma
placa de metal no pescoço soube que teria que arranjar outro emprego. Por meio do Sindicato Rural de São Do-mingos, foi informado sobre o curso de apicultura promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Se-nar Goiás) e lá, ganhou mais que uma especialização, ganhou um amigo.
O futuro parceiro de Elias, como é popularmente conhecido, Antônio Lino da Conceição, 55, participava do curso pela segunda vez. Juntos, eles descobriram uma forma de trabalhar em dupla. Antônio, que é agricultor desde os 12 anos, conta que os dois compraram uma pequena terra já no
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estado da Bahia, próximo ao municí-pio. Lá começaram a criação de abe-lhas que, somente em 2012 rendeu 400 kg de mel. Para este ano, entre-tanto, a expectativa é de ultrapassar mil quilos. No trabalho, cada um possui renda individual.
“Nós trabalhamos juntos, nos aju-damos, mas possuímos as próprias caixas. Depois de colher o mel, cada um é responsável pela própria venda. Para mim é um trabalho muito espe-cial, porque eu não posso mais carre-gar peso e ser apicultor é bem mais tranquilo. No início a gente tinha al-guns problemas, as abelhas fugiam.
Antônio Lino e Manoel Elias são responsáveis pela venda do mel produzido
Apicultores recolhem mel em caixa de abelhas na divisa de Goiás com Bahia
Os interessados em treinamentos e cursos do Senar, em Goiás, no município de São Domingos devem entrar em contato com o Sindicato Rural pelo telefone: (62) 9609-4148
Mas, fomos recebendo auxílio e com três anos de trabalho posso dizer que o nosso negócio está indo muito bem”, se alegra.
No total, Antônio já trabalha como apicultor há cinco anos, mas ainda pre-cisa conciliar o serviço com a agricul-tura. Ele explica que visita as abelhas no máximo três vezes por semana e o restante do tempo é dedicado à venda do mel e ao campo. “Nós aprendemos a fazer as caixas e os equipamentos necessários para a criação. Estamos trabalhando com garra mas, em breve, quero me dedicar apenas à apicultura. Eu ainda gerencio um reflorestamen-to, mas quero que nossa parceria seja meu trabalho único. O Elias é uma pessoa ótima e é muito difícil alguém não dar certo comigo, porque eu tam-bém sou”, afirma gargalhando.
Inicialmente, a venda de todo o mel produzido pelos produtores era feita apenas no município de São Domin-gos, mas Antônio garante que com pre-tensão de ampliar o número de caixas, esta situação precisará mudar. “Agora buscamos auxílio para conseguirmos novos compradores”, completa.
Potencial de atividadeO curso de apicultura é ministrado
pelo Senar Goiás há 11 anos, mas sua procura aumentou nos últimos anos. Segundo dados da entidade, 998 pes-soas participaram do treinamento so-mente entre janeiro de 2012 e maio de 2013. Destes, mais de 66,6% são homens e, aproximadamente 32,5% mulheres. De acordo com o instrutor do Senar Goiás, Paulo Ricardo Dou-rado, esta é uma área com grande potencial de melhoria e, apesar de a agricultura familiar ainda ser a princi-pal demanda, a busca pela especiali-zação já é considerada grande.
“Esta é uma atividade com poten-cial e que pode, inclusive aumentar a produção rural pela polinização das abelhas. No Norte do Estado a pro-dução cresceu bastante e com auxílio de uma cooperativa em Porangatu, conseguimos colocar o mel na me-renda escolar. Devido à seca no Nor-deste do País tivemos uma quebra de 50% na produção nacional. Hoje, só na cooperativa, temos 60 colabora-dores e estamos precisando de uma produção ainda maior”, finaliza.
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CURSOS E TREINAMENTOS
Agricultura de Precisãoleydiane Alves | leydiane@faeg.com.br
Jana
Tom
azel
li
eM MAiO, O senAr PrOMOVeU
354 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL 75 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
5.845PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
43 150 6 6 11 107 29 36 5 3 10 13 3
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em atividades
relativas à
prestação de
serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
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A AP é uma inovação permanente para o campo que otimiza o uso de insumos. A Agricultura de Precisão (AP) é um pro-
cesso de gestão da propriedade. É uma postura gerencial que leva em conta a
variabilidade espacial para aumentar o retorno econômico e minimizar o efeito negativo ao meio ambiente. O primeiro passo é observar se existe essa variabilidade. Caso exista, o pro-dutor deve investir em Agricultura de Precisão.
AP é um sistema de gerenciamento agrícola que cresce no País na medida da disseminação dos conceitos, técnicas e vantagens para o pro-dutor rural. As tecnologias de AP detectam, monitoram e orientam homens e mulheres do campo na gestão da propriedade, para melho-rar a produtividade, a preservação do meio am-biente e a renda.
A AP começou com as tecnologias das má-quinas dotadas de receptores GPS e geração de mapas de produtividade. Com medidas de ges-tão adaptadas à realidade de cada produtor, oferece ferramentas para a otimização do uso de insumos e inovação permanente no campo.
Os interessados em participar do curso de Agricultura de Precisão devem procurar o Sin-dicato Rural de seu município, ou se informar na sede do Senar, em Goiás, no telefone (62) 3545-2600 ou pelo site: www.senargo.org.br. O curso é dividido em cinco módulos de 24 horas (Informática e GPS; Piloto Automático; Contro-lador de fluxo; Taxa fixa e variável e Monitor de colheita) com turmas de 12 pessoas por grupo.
Para mais informações sobre os treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo site: www.senargo.org.br. Procure também o Sindicato Rural de seu município
eM MAiO, O senAr PrOMOVeU
354 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL 75 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
5.845PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
43 150 6 6 11 107 29 36 5 3 10 13 3
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em atividades
relativas à
prestação de
serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
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CAMPO ABERTO
Os danos causados pelas lagartas nas principais culturas agrícolas cul-
tivadas no país vêm se intensi-ficando com o passar dos anos. Na última safra, este problema alcançou patamares nunca an-tes vistos, elevando os custos de produção, pelo aumento do nú-mero de aplicações de inseticida e diminuindo os patamares de produtividade.
A safra 2012/13 evidenciou um novo problema nas lavouras bra-sileiras, a presença de outra es-pécie de lagarta conhecida como Helicoverpa armigera. Apesar de aparecer com maior intensidade apenas nesta última safra, acre-dita-se que ela já estava presente no país há alguns anos, mas por apresentar difícil identificação vi-sual era confundida com lagartas de outras espécies.
O aumento significativo do aparecimento da Helicoverpa ar-migera no país ocorreu devido a práticas utilizadas no campo que privilegiaram a proliferação da praga. Entre elas podemos des-tacar o uso indiscriminado de inseticidas não específicos, que diminuíram as populações de ini-migos naturais, a não adoção de refúgio nos cultivos com a tecno-logia BT e o plantio sucessivo de culturas hospedeiras da praga.
A praga atinge mais de 180 espécies de plantas hospedeiras, podendo alimentar-se de prati-camente todas as culturas de in-
teresse econômico, como soja, milho, tomate, feijão, algodão, sorgo, hortaliças e citros. Outro fator que favorece o crescimento populacional da lagarta, principal-mente no Centro-Oeste brasileiro, é o plantio de milheto e sorgo em sucessão às culturas de verão, cul-turas hospedeiras da praga e que, tradicionalmente, não recebem aplicações de inseticida, facilitan-do o desenvolvimento da praga.
A lagarta apresenta uma am-pla capacidade adaptativa e re-produtiva. Uma mariposa fêmea pode depositar até 1,5 mil ovos por ciclo, de forma isolada, e mi-grar a uma distância de até mil quilômetros, comprovando sua alta capacidade de dispersão.
Por ser um problema recente no país, os métodos de controle para mitigar os danos causados pela praga, ainda estão sendo pes-quisados. É importante que esse controle seja pensado para todo o sistema de culturas durante o ano, não somente durante o desenvol-vimento do cultivo principal.
Desta forma, é recomendada a manutenção de um período sem o cultivo de plantas hospedeiras, para que ocorra a quebra do ciclo da lagarta, e consequente dimi-nuição na população. Outra im-portante prática é a destruição dos restos culturais logo após a emergência das plantas voluntá-rias depois da colheita, diminuin-do a disponibilidade de alimento da praga. Pelo mesmo fator, para
culturas como o tomate e os ci-tros, é importante realizar-se a retirada dos frutos não aproveita-dos na colheita das proximidades da área de cultivo.
Outra forma utilizada para o controle da Helicoverpa armigera nas lavouras é a liberação de agen-tes biológicos e parasitoides. Alia-do à liberação destes agentes é im-portante a diminuição do uso de inseticidas não específicos, como os piretroides, que eliminam as populações de inimigos naturais que atacam os ovos e as lagartas.
O uso de tecnologias BT, nas culturas de milho, soja e algodão também é um importante aliado no controle destas lagartas, lem-brando que é imprescindível a manutenção de áreas de refúgio, diminuindo a seleção de biótipos resistentes a tecnologia. Entre os produtos testados no controle da praga, destacam-se as diamidas antranílicas, que quando utiliza-das no momento correto, com as lagartas nas primeiras fases de desenvolvimento, apresentam um controle satisfatório.
Realmente estamos diante de uma nova ameaça às lavouras de todo o país. Pensar toda a dispo-sição da safra como um sistema, utilizando práticas que favore-çam o equilíbrio do ambiente da lavoura, para manter sob controle as populações de lagartas nocivas é a melhor forma de evitar que problemas como este voltem a ocorrer e trazer graves prejuízos.
Helicoverpa armigera: nova ameaça à produção
Christiano Palavro
é engenheiro agrô-
nomo e consultor
técnico do Sistema
Faeg/Senar para
a área de cereais,
fibras e oleaginosas
Men
del C
ortiz
o
Christiano Palavro | christiano.palavro@faeg.com.br
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© S
ynge
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