Post on 02-Apr-2021
Conversas digitais sobre inteligência urbana em tempo de pandemia
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Conversas digitais sobre inteligência urbana em tempo de pandemia
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Edição:
Instituto Superior de Estatística e Gestão
de Informação da Universidade Nova de
Lisboa. NOVA Information Management
School (NOVA IMS).
Coleção:
NOVA Cidade – Urban Analytics Lab, Nº 1
Autores:
Miguel de Castro Neto
António Almeida Henriques
Redator:
Tiago de Melo Cartaxo
Apoio técnico:
Henrique Costa Mota
Assessoria de Comunicação:
F5C – First Five Consulting
Produção de Conteúdo de Design:
Ana Filipa Goulão
Design gráfico e paginação:
UP - Agência de Publicidade
ISBN:
978-972-8093-17-4
Versão digital:
http://hdl.handle.net/10362/98506
Este trabalho está licenciado com uma
Licença Creative Commons - Atribuição-
CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Media Partner:
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Índice
1 – Notas Introdutórias 7
2 – Sumário Executivo 11
3 – Inteligência urbana em tempo de pandemia 15
3.1 – Coesão territorial 17
3.2 – Resposta à emergência social 20
3.3 – Turismo inteligente 24
3.4 – Ensino e inclusão territorial 27
3.5 – Comércio: entre a proximidade e a tecnologia 31
3.6 – Privacidade e proteção de dados pessoais 34
4 – Conclusões e perspetivas futuras 39
5 – Fichas técnicas dos Webinars 43
5.1 – Inteligência Urbana e Coesão Territorial
no Combate à Pandemia 45
5.2 – Covid-19: Inteligência urbana
na resposta à emergência social 46
5.3 – Turismo inteligente: e depois da pandemia? 47
5.4 – Ensino no pós-pandemia: desafios da inclusão territorial 48
5.5 – Futuro do comércio: entre a proximidade e a tecnologia 49
5.6 – Inteligência urbana e privacidade no combate à pandemia 50
6 – A NOVA Cidade 53
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1 – Notas Introdutórias
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O combate à COVID-19 que temos vindo a travar nos últimos meses colo-
cou os autarcas entre os principais protagonistas das múltiplas batalhas
diárias que, localmente nas câmaras municipais e juntas de freguesia, es-
tão na linha da frente da resposta às necessidades das populações e na
implementação de medidas de prevenção que assegurem, tanto quanto
possível, a saúde pública e, paralelamente, as urgentes medidas de recu-
peração da economia e de resposta à emergência social que desponta.
Foi precisamente neste contexto, em que constatamos que aqueles au-
tarcas que adotaram estratégias visando tirar partido da transformação
digital para lançar iniciativas de inteligência urbana estão hoje mais bem
apetrechados para gerir esta crise, que decidimos lançar os SMART POR-
TUGAL Webinars.
Estas conversas digitais visaram debater, semanalmente e de forma te-
mática, os principais desafios e oportunidades que enfrentamos no qua-
dro da inteligência urbana e coesão territorial no combate à pandemia.
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA Information Management School e Coordenador da
NOVA Cidade – Urban Analytics Lab
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Ao longo dos anos de trabalho como autarca, tenho acompanhado de per-
to o dia-a-dia das pessoas, das famílias, das empresas e das associações
do meu concelho. Vivo com eles os momentos felizes e também aqueles
que podem, por vezes, ser mais difíceis.
A pandemia que atingiu o nosso país e as nossas cidades, vilas e aldeias foi
um momento que nos obrigou a procurar reinventar a forma como gover-
namos e gerimos o nosso território, sempre mantendo a proximidade com
as populações. Do comércio à saúde e à ação social, do ensino à promoção
do turismo e da cultura, os desafios têm sido enormes para todos nós, que
nos propomos sempre trabalhar para garantir a coesão do territorial e a
inclusão de todos, sem exceção.
Os SMART PORTUGAL Webinars foram uma oportunidade para debater o
presente e o futuro das nossas comunidades, com os diferentes setores da
nossa sociedade e ao mais alto nível, com a certeza de que a inteligência
urbana e territorial muito nos pode ajudar neste caminho.
António Almeida Henriques
Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Vice-Presidente da Associação
Nacional de Municípios Portugueses, Presidente da Mesa da Secção de
Municípios “Cidades Inteligentes”
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2 – Sumário Executivo
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Os SMART PORTUGAL Webinars corresponderam a um ciclo de conferên-
cias via online promovidos pela NOVA Cidade – Urban Analytics Lab, o la-
boratório de inteligência urbana da NOVA IMS – Information Manage-
ment School, a escola da Universidade NOVA de Lisboa dedicada à gestão
de informação e ciência dos dados. As seis conversas digitais decorreram
com periodicidade semanal, entre os dias 8 de abril e 13 de maio de 2020.
Com um tema previamente definido para cada webinar, o objetivo da ini-
ciativa foi fazer face à necessidade de debater as mais variadas matérias
relacionadas com a inteligência urbana, durante o período de estado de
emergência em Portugal provocado pela pandemia do novo coronavírus
SARS-CoV-2, bem como de que forma pode a mencionada inteligência ur-
bana, os seus instrumentos e diferentes soluções servir para ultrapassar
as dificuldades e os impactos da Covid-19 na sociedade e nos territórios.
Os debates foram moderados por Miguel de Castro Neto, Subdiretor da
NOVA IMS – Information Management School e Coordenador da NOVA Ci-
dade – Urban Analytics Lab, e tiveram como participante residente António
Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Vice-Pre-
sidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e Pre-
sidente da Mesa da Secção de Municípios “Cidades Inteligentes”, que têm
vindo a distinguir-se como responsáveis pela organização e dinamização
de uma vasta quantidade de iniciativas de âmbito nacional em matéria de
inteligência urbana, de que é exemplo maior o Smart Cities Tour da ANMP.
Foram convidados a participar nos seis webinars protagonistas de diver-
sos sectores e sempre ao mais alto nível de representatividade, incluindo
público, privado e social, como membros do governo, representantes da
academia ou dirigentes de empresas.
Com a intenção previamente determinada de não ultrapassar uma hora de
debate, os webinars versaram, de forma mais específica, sobre as temáti-
cas da coesão territorial, resposta à emergência social, turismo inteligen-
te, ensino e inclusão territorial, proximidade e tecnologia no comércio, e
privacidade e proteção de dados pessoais. Após uma primeira ronda de
exposição por parte dos oradores participantes, o debate incluiu sempre
uma segunda ronda de resposta, bem como um espaço aberto a pergun-
tas ou comentários por parte da assistência, tanto nas plataformas ZOOM
como Facebook.
Além da transmissão em direto nas referidas plataformas ZOOM e Fa-
cebook, cada um dos webinars ficou disponível no perfil de Facebook da
NOVA Cidade – Urban Analytics Lab.
Os SMART PORTUGAL Webinars contaram ainda com a colaboração da Re-
vista Smart Cities, na qualidade de media partner oficial, a quem desde já
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se agradece pela disponibilidade e divulgação desta iniciativa.
Espera-se que as sessões dos SMART PORTUGAL Webinars, que se mantêm
disponíveis para a consulta de qualquer internauta interessado na temáti-
ca da inteligência urbana, possam ter contribuído para uma ainda melhor
ideação e implementação de estratégias e instrumentos de inteligência
urbana nos mais diferentes sectores da sociedade portuguesa, no combate
à pandemia da Covid-19 e na gestão dos próximos tempos.
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3 – Inteligência urbana em tempo de pandemia
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As estratégias, instrumentos e soluções de inteligência urbana têm vindo
a ser promovidas em toda a atividade desenvolvida pela NOVA Cidade –
Urban Analytics Lab desde a sua criação, em especial no que respeita ao
contributo da mesma para a melhoria da governação das cidades, a pro-
moção da sustentabilidade e a próprio impulso para a inovação, o cresci-
mento económico e a criação de emprego.
No entanto, a propagação da pandemia Covid-19 trouxe novos desafios às
cidades, vilas e territórios, bem como às comunidades que neles habitam,
trabalham ou visitam. As temáticas que se seguem correspondem às ma-
térias escolhidas pela organização dos SMART PORTUGAL Webinars, como
áreas-chave para o recurso à inteligência urbana e territorial no combate
à pandemia e gestão do chamado período de “desconfinamento”, após a
vigência do estado de emergência em Portugal.
Para além das dimensões económicas e sociais, abordamos também ques-
tões como a utilização de dados pessoais, para melhor gerir momentos de
crise como o caso da Covid-19 – nomeadamente a utilização de telemóveis
na monitorização da localização de cidadãos em quarentena ou a análise
de registos de transações de cartões de crédito de infetados e imagens de
câmaras de segurança de forma a recriar os seus movimentos e identificar
interações anteriores – e suas implicações éticas, foram alguns dos temas
abordados.
Em destaque esteve ainda a capacidade da ciência dos dados e da inteli-
gência artificial para antecipar o desenvolvimento da pandemia. Para tal
acontecer, é indispensável a libertação dos dados relevantes em tempo real
e com a granularidade necessária em Portugal, para que se compreenda os
diferentes fenómenos e se antecipe o futuro.
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3.1 – Coesão territorialA capacidade da inteligência urbana desempenhar um papel chave no
combate à pandemia e de ser uma arma efetiva nas várias frentes de ba-
talha foi o primeiro tema escolhido para debate nos SMART PORTUGAL
Webinars.
Inteligência Urbana e Coesão Territorial
O primeiro webinar realizou-se na quarta-feira, 8 de abril, tendo assu-
mido as smart cities e a coesão territorial em contexto de pandemia como
destaque. Teve como objetivo geral debater temas como o regime de tele-
trabalho, o ensino à distância e os serviços remotos, enquanto desafios ou
oportunidades para o futuro da inteligência urbana e do reforço da coesão
territorial.
Neste sentido, os oradores convidados foram o Ministro do Planeamento,
Nelson de Souza, responsável no governo por matérias relacionadas com
os desafios estratégicos e investimentos que o país enfrenta; o Presidente
da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, repre-
sentando o sector da indústria nacional ao mais alto nível; e o Presidente
Executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, que tem vindo a liderar
Nelson de Souza Ministro
do Planeamento
António Saraiva Presidente da CIP – Confederação Empresarial de
Portugal
Alexandre Fonseca
Presidente Executivo
da Altice Portugal
Oradores convidados:
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA IMS, Coordenador
da NOVA Cidade
António Almeida Henriques Presidente
da CM Viseu, Vice-Presidente
da ANMP
Painel residente:
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a adaptação das infraestruturas de telecomunicações em Portugal, para
fazer face às exigências da pandemia.
A importância da transformação digital para fortalecer a economia por-
tuguesa, depois da crise provocada pela COVID-19, e a necessidade de pro-
curar novos modelos de negócio, reuniram consenso no primeiro webinar
dedicado à coesão territorial.
Miguel de Castro Neto abriu a sessão lançando o repto: “será a inteligên-
cia urbana uma resposta aos desafios que a pandemia coloca e capaz de
apoiar a recuperação económica de que iremos necessitar assegurando
simultaneamente uma maior coesão territorial?”
De acordo com o Ministro do Planeamento, Nelson de Souza, o Governo
Português encontra-se já a preparar o período pós-CODIV 19, que prevê a
promoção de modelos de negócio que passam pelo reforço da utilização
da tecnologia e pela qualificação de pessoas e organizações, incluindo a
administração pública.
António Almeida Henriques salientou o carácter extraordinário da situa-
ção que se tem vivido nas últimas semanas, explicando que os respon-
sáveis políticos estão a trabalhar “num cenário que não estava previsto,
com uma grande dose de imprevisto.” Acrescentando ainda que a primeira
preocupação para a sociedade portuguesa nesta situação de exceção é “a
saúde, mas depois vem o apoio aos cidadãos” e às empresas, sendo que “é
necessário pensar no dia seguinte [à pandemia]”.
O mesmo sublinhou Nelson de Souza, defendendo ser necessário preparar
o futuro, esclarecendo que o pós-crise decorrerá em dois tempos. Primei-
ro o tempo de “cuidar daqueles que saíram profundamente afetados desta
crise2, em que é necessário “assegurar liquidez” e, de seguida, “assegurar
aquilo que falta para repor as condições para que essas empresas, que sou-
beram resistir a estas condições dificílimas tenham a sua continuidade.”
Acrescentou também que existe “um segundo tempo de aprendermos
com esta crise e de avançarmos com aquilo que gostaríamos de ter tido
e não tivemos à nossa disposição, que são modelos de negócio diferentes,
de acesso à tecnologia e do seu uso eficiente, modelos que exploram con-
venientemente a capacidade das pessoas com competências adquiridas, e,
naturalmente, estratégias que assentem na qualificação das pessoas, das
organizações e da administração pública.”
Estas declarações seguiram a linha traçada por António Saraiva, sobre
a tarefa de recuperar a economia, estabelecendo a transformação digital
como imperativo. O presidente da CIP sublinhou que se vive um período
de disrupção, que obrigou à alteração de comportamentos, atitudes e for-
19
mas de trabalho, mas que as empresas estão a procurar adaptar-se, num
processo que requer todo o apoio, com acesso facilitado e rápido. “Temos
a tarefa de salvar a economia”, disse, acrescentando que o futuro terá de
ser construído com o foco na transformação digital e explorando as opor-
tunidades que a crise também está a criar.
Alexandre Fonseca defendeu esta mesma ideia, esclarecendo que “é ne-
cessário garantir que as empresas continuam a existir”, para que seja
possível preparar o futuro. E, para que isso aconteça, “é fundamental que
as medidas, do ponto de vista económico, sejam tomadas com a mesma
celeridade com que são tomadas as decisões para proteção das pessoas”,
acrescentou.
As posições apresentadas mereceram a concordância dos restantes par-
ticipantes e internautas que acompanharam o primeiro SMART PORTU-
GAL Webinar, organizado semanalmente pela NOVA Cidade, sublinhando a
preocupação com “o dia seguinte” e apontando como necessidades, para
o futuro, o reconhecimento da importância da transformação digital, a
promoção da literacia digital e a uniformidade de informação no sector
público.
Foi ainda enfatizado o facto de a rede digital em Portugal ter uma pene-
tração relevante, o que permitiu suportar o aumento significativo de flu-
xos, em consequência da determinação de confinamento das populações
e da exploração do teletrabalho pelas empresas. Neste sentido, Alexandre
Fonseca afirmou que “o investimento feito pelos operadores, nos últimos
anos, foi decisivo.”
António Almeida Henriques concluiu o debate, afirmando ser fundamen-
tal “pensarmos no dia de amanhã e pensarmos também para ir refletindo
sobre novos modelos de construção da sociedade” e prevendo que o esfor-
ço para ultrapassarmos esta situação dramática terá de ser um esforço de
todos, incluindo os governos, os autarcas, os empresários, dos trabalha-
dores e das famílias. O futuro dependerá, portanto, deste esforço conjunto
de um Portugal que, com os seus 900 anos de história e um ADN excecio-
nal, ultrapassará mais esta dificuldade.
Este primeiro encontro serviu de kick-off para o conjunto de webinars sema-
nais que se seguiram, onde se debateu a capacidade da inteligência urbana
ter um papel chave no combate à pandemia e desenvolvimento do país. A
exigência de garantir a coesão territorial em Portugal, não apenas durante
o período de pandemia, mas também e cada vez mais no futuro, foi um ele-
mento com que todos os intervenientes concordaram, como reforçou Mi-
guel de Castro Neto “a inteligência urbana assumirá um papel fundamental
neste caminho que o país tem de fazer, com a participação de todos sem
exceção e cobrindo todo o território nacional.”
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3.2 – Resposta à emergência socialOs SMART PORTUGAL Webinars reuniram-se pela segunda vez na quar-
ta-feira, dia 15 de abril de 2020, com o objetivo de debater as situações
de fragilidade social emergentes no contexto de pandemia, bem como as
possíveis respostas e ferramentas ao dispor das instituições.
Covid-19: Inteligência urbana na resposta à emergência socialOradores convidados:
O tema da emergência social tem vindo a tornar-se uma questão cada
vez mais premente no âmbito da pandemia, em especial no que concer-
ne à situação dos lares ou na possibilidade de alterações relativamente a
matéria de criação ou manutenção de empregos, mas também no respei-
tante aos cidadãos que se encontram mais distantes dos centros urbanos
e que podem ter mais dificuldade no acesso aos serviços e infraestruturas.
A inteligência urbana assume, neste contexto, um papel fundamental no
suporte à gestão do território e à tomada de decisões por parte das en-
tidades públicas, no apoio a quem mais precisa e a quem sofre maiores
dificuldades económicas.
Manuel Lemos Presidente
da União das Misericórdias Portuguesas
Humberto Carneiro Provedor
da Misericórdiade Póvoa do Lanhoso
João Bento CEO
dos CTT
Rui Sabino CEO
da ESRI Portugal
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA IMS, Coordenador
da NOVA Cidade
António Almeida Henriques Presidente
da CM Viseu, Vice-Presidente
da ANMP
Painel residente:
21
Para debater o tema, Miguel de Castro Neto e António Almeida Henriques
convidaram para oradores da segunda sessão dos SMART PORTUGAL We-
binars Manuel Lemos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas,
e João Bento, CEO dos CTT, duas instituições de cobertura nacional, que
acompanham diariamente e de perto os problemas das populações locais.
O debate contou também com a participação de Rui Sabino, CEO da ESRI
Portugal, responsável pelos dashboards oficiais dos números da evolução
da Covid-19 em Portugal e que identificam também os equipamentos en-
cerrados e eventos cancelados por todo o país.
O recurso à tecnologia tem-se revelado essencial no funcionamento da
economia, mas também para apoiar quem mais precisa. Foi precisamen-
te a importância do papel da tecnologia na construção de soluções e de
respostas ao setor social que serviu de mote para a realização da segunda
sessão dos SMART PORTUGAL Webinars, com um painel de especialistas
nas áreas da ação social, tecnologia e empresas. Nesta lógica, o webinar
teve como tema “Covid-19: Inteligência Urbana na resposta à Emergência
Social.”
Miguel de Castro Neto enumerou alguns desafios da inteligência urbana,
sublinhando que “a transformação digital e a atual capacidade de sen-
sorização possibilita-nos conhecer muito melhor a realidade, o que nos
permite planear e agir de forma mais eficiente e até atuar proativamente,
mesmo antes de os problemas acontecerem.”
Esta opinião foi partilhada também por António Almeida Henriques, Pre-
sidente da Câmara Municipal de Viseu, Vice-Presidente da ANMP, onde é
ainda Presidente da Mesa da Secção de Municípios “Cidades Inteligentes”.
O autarca explicou que a atual pandemia veio expor o “débil conhecimen-
to que a Segurança Social tem sobre a realidade das IPSS”, vincando que
a tecnologia terá “um papel importante para melhorar o conhecimento
que temos em relação a estas instituições e também para darmos uma
resposta melhor às populações mais carenciadas e aos setores mais es-
tigmatizados.”
Almeida Henriques defendeu ainda a criação de uma plataforma única de
apoio social e uma monitorização mais ativa da população envelhecida,
apoiada pela monitorização dos apoios que são diariamente promovidos
e ainda a criação de plataformas que permitam a promoção do envelhe-
cimento ativo.
Por serem um grupo de risco que tem sido particularmente afetado pelos
efeitos do COVID-19, mas também devido às tendências demográficas da
sociedade portuguesa, os mais idosos estão no centro das preocupações
quer das IPSS, quer dos próprios municípios. O desafio está, portanto, nes-
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te momento em saber como a tecnologia pode ajudar-nos a cuidar melhor
dos nossos idosos.
Para Manuel Lemos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas,
é urgente “utilizar a tecnologia para nos adaptarmos às alterações sociais
e ao envelhecimento da população”, sendo que há um novo perfil de idosos
que está a começar a chegar aos lares e que são pessoas que lidam melhor
com computadores e tecnologia. “A tecnologia pode ser um instrumento
de combate à solidão e à insegurança dos idosos”, assegura o responsável
pela União das Misericórdias Portuguesas.
Os exemplos de como a transformação digital já está a ser aplicada no ter-
reno para apoiar as populações mais fragilizadas são inúmeros. Humberto
Carneiro, Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa do Lanhoso,
deu o exemplo da plataforma GTA- Gestão de Tarefas e Atividades, que
permite uma redução do tempo de registos, o reforço da segurança dos
utentes e a monitorização de indicadores, entre outras valências. O espí-
rito inovador e disruptivo desta plataforma valeu à Santa Casa da Miseri-
córdia da Póvoa do Lanhoso o Prémio Saúde Sustentável, na categoria da
área dos cuidados continuados. “Este é um caso de como a transformação
digital pode ter um papel relevante no desenho de novos de modelos de
gestão na nossa atividade”, garante Humberto Carneiro.
Mas os exemplos continuam. João Bento, Presidente-Executivo dos CTT,
que este ano comemoram 500 ao serviço das populações e chegando a
todo o território nacional, salientou algumas das iniciativas tomadas pela
sua empresa para responder aos desafios que o COVID-19 trouxe, expli-
cando que, com o surgimento desta pandemia, os CTT aceleraram “al-
gumas iniciativas na área digital para responder às necessidades atuais”.
Entre essas iniciativas destaca-se a parceria com a Associação Nacional de
Farmácias, que permitiu implementar um serviço de entrega de medica-
mentos às populações, via CTT.
Outra iniciativa relevante dos CTT foi a criação, juntamente com o Minis-
tério da Economia, de lojas online para pequenos comerciantes. Segundo
João Bento, “há hoje 700 pequenas e médias empresas que até agora não
estavam no comércio online e agora estão”, acrescentando ainda que os
CTT disponibilizarão em breve nas suas lojas oficiais kits com máscaras de
proteção a preços acessíveis.
O esforço da adaptação dos diversos agentes políticos, económicos e so-
ciais à nova realidade digital é também corroborado por Rui Sabino, CEO
da ESRI Portugal, responsável pelos dashboards dos números da evolução
da Covid-19 em Portugal. De acordo com o dirigente da empresa, “de uma
semana para a outra vimos como as empresas passaram a utilizar ferra-
mentas tecnológicas, com base na localização, para gerirem a sua ativida-
23
de, assegurarem a continuação de prestação de serviços e monitorizarem
os seus colaboradores. Muitas entidades perceberam que a localização é
um fator estratégico para as suas atividades”.
Rui Sabino deu o exemplo do município de Viseu, que lançou uma aplica-
ção para a gestão e recolha de resíduos que permite comunicar à proteção
civil quais são as zonas da cidade que estão limpas e desinfetadas.
Há também, neste momento, entidades a utilizar a georreferenciação para
fazer a mitigação do contágio do COVID-19. O responsável da ERSI Portu-
gal referiu ainda as muitas plataformas criadas para ajudar a identificar
os produtores agrícolas que estão disponíveis para vender os seus produ-
tos. Referiu outrossim os casos das plataformas que identificam as lojas
de comércio local abertas, permitindo evitar as grandes concentrações de
pessoas nos hipermercados e, ao mesmo tempo, ajudar a dinamizar a eco-
nomia local. Tudo isto está a ser feito com o recurso à tecnologia e com o
foco na georreferenciação.
No segundo encontro deste conjunto de webinars semanais, voltou, por-
tanto, a ser debatida a capacidade da inteligência urbana como tendo um
papel chave no combate à pandemia e desenvolvimento do país, desta vez
no fomento à capacidade de resposta à emergência social.
António Almeida Henriques terminou reconhecendo que as novas plata-
formas comerciais podem vir a ser “a forma de ajudarmos a salvar o nosso
comércio de proximidade.” Por outro lado, esclareceu que a área social
cada vez será mais importante, na lógica da proximidade, devendo as tec-
nologias estar ao serviço deste trabalho de proximidade dos diferentes
atores que, todos os dias, desenvolvem. Quando queremos, sabemos co-
laborar uns com os outros e consertar esforços para ajudar os outros.” Se
isto é possível fazer neste momento de pandemia, também será possível
fazer daqui para o futuro, “em que temos de estar atentos à recuperação
da economia e à perspetiva do apoio social.”
24
3.3 – Turismo inteligenteO estado do turismo em Portugal e a capacidade que o sector tem para
utilizar as novas tecnologias no processo de recuperação que se seguirá à
pandemia de Covid-19 foram os temas em debate na terceira sessão dos
SMART PORTUGAL Webinars, que se realizou na quarta-feira, dia 22 de
abril de 2020, através das plataformas ZOOM e Facebook.
Turismo inteligente: e depois da pandemia?Oradores convidados:
Este debate teve como convidados o Presidente da Confederação do Turis-
mo de Portugal, Francisco Calheiros; o Presidente do Turismo de Portu-
gal, I.P., Luís Araújo; e o Co-CEO da Ubiwhere, Nuno Ribeiro.
A iniciativa, que contou também com os participantes residentes António
Almeida Henriques e Miguel de Castro Neto, focou-se na atual realidade
do turismo. Este tem sido, nos últimos anos, o motor do crescimento da
economia portuguesa, mas também é dos sectores mais afetados pelos
efeitos globais da pandemia de Covid-19.
O período que se segue à abertura dos mercados, depois da redução ou le-
Francisco Calheiros Presidente
da Confederação do Turismo de Portugal
Luís Araújo Presidente do Turismo de Portugal
Nuno Ribeiro Co-CEO
da Ubiwhere
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA IMS, Coordenador
da NOVA Cidade
António Almeida Henriques Presidente
da CM Viseu, Vice-Presidente
da ANMP
Painel residente:
25
vantamento das medidas de contingência para evitar a propagação da Co-
vid-19, constitui um teste à capacidade dos agentes económicos do sector
do turismo para revitalizarem os seus negócios, mas também à capacida-
de de Portugal manter a sua capacidade e potencial de atração turística.
O pós-pandemia representa agora, também, um desafio para as soluções
de inteligência urbana ao serviço do turismo, que já vinham sendo utili-
zadas de forma crescente ao longo dos últimos anos, e que podem agora
servir ainda melhor o desenvolvimento do setor.
É, por isso, essencial tirar partido dos mais recentes desenvolvimentos
tecnológicos, alicerçados na utilização de soluções analíticas capazes de
explorar o big data disponível, o que permitirá melhorar a gestão dos lo-
cais com maior atração e promover outros destinos com elevado potencial
e que ainda não foram descobertos.
Os participantes na terceira sessão dos SMART PORTUGAL Webinars, dedi-
cado à atual situação do turismo, acreditam que o sector vai, naturalmen-
te, retomar a atividade, mas agora em estritas condições de segurança,
para gerar confiança nos consumidores. A tecnologia terá também neste
sector um papel essencial a desempenhar na gestão do pós-pandemia.
Neste debate, o Presidente da Confederação do Turismo de Portugal,
Francisco Calheiros, defendeu que Portugal tem de ser considerado “um
destino [turístico] extraordinariamente responsável e seguro, do ponto de
vista sanitário”, para que o sector do turismo possa retomar a atividade,
a médio prazo, após o levantamento gradual das restrições impostas pelo
combate à pandemia de Covid-19. Esta perceção começa a ser construída
agora, com as medidas adotadas e com a preparação da reabertura da eco-
nomia. Acrescentou ainda Francisco Calheiros que o nosso país tem de ser
considerado “o santuário da sanidade, porque vai ser importante ser um
exemplo, quando a retoma vier.”
António Almeida Henriques referiu a importância do sector do turismo
na economia, que, em cinco anos, mais do que triplicou o número de dor-
midas, para cerca de 350 mil, e registava taxas de crescimento da ordem
dos 13%, antes de sofrer aquilo a que Miguel de Castro Neto intitulou de
“impacto brutal” e “incalculável, no curto prazo”, da pandemia provoca-
da pelo vírus SARS-CoV-2 (o novo coronavírus).
No entanto, António Almeida Henriques considera que, apesar da violên-
cia da provação criada pela pandemia, o turismo português continua a ter
condições para recuperar. Asseverou o autarca de Viseu que “Portugal é
uma boa marca, do ponto de vista do turismo interno, mas também in-
ternacional”, afirmou, acrescentando que se trata de um “bom ponto de
partida” para a recuperação e “as competências continuam cá”.
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O Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, concordou com António
Almeida Henriques, sublinhando que “os recursos de Portugal estão cá” e
que o objetivo tem de ser manter a capacidade para responder à procura,
depois da pandemia, acrescentando que Portugal tem “de estar na linha
da frente quando derem o sinal de partida [para a retoma] e com o motor
a trabalhar.”
Luís Araújo apontou ainda que a recuperação passa, obviamente, por
continuar a existir oferta, mas também pelas conectividades – “porque
tem de haver voos” – e pela análise dos mercados, que não vão reto-
mar todos ao mesmo tempo. Sustentou o responsável pela Autoridade
Nacional de Turismo que o foco inicial será o mercado interno, que é
responsável por quase 35% das dormidas, seguindo-se Espanha, que
Almeida Henriques considera como o “mercado interno alargado”, es-
pecialmente para os concelhos do interior português, que se encontram
mais próximos da raia.
Para que tal aconteça, a confiança é, portanto, fundamental, mas também
a criatividade para a reinvenção do sector, que passa, por exemplo, pelo
tratamento da informação existente, pela promoção direta através de ca-
nais digitais e pela criação de redes colaborativas na oferta turística.
E aqui entra, necessariamente, a tecnologia, que, como refere o Co-CEO
da Ubiwhere, Nuno Ribeiro, permite ajudar a criar as condições para con-
cretizar a perceção de segurança necessária à confiança de quem visita
Portugal. Isto traduz-se, naturalmente, na gestão dos acessos, na vigi-
lância para que se evite a aglomeração e pessoas, na análise de indícios de
doença, no próprio apoio para tornar a experiência mais segura, através,
por exemplo, de assistentes virtuais e de check-in automático.
António Almeida Henriques acrescentou ainda que, da experiência que tem
sido desenvolvida, ao longo dos últimos 4 anos, com o Smart Cities Tour,
por vezes há uma ideia de que a tecnologia parecia separar as pessoas.
Ora, este é o momento em que nos apercebemos todos que é exatamente a
tecnologia que nos passou a aproximar. Desde a família aos amigos ou até
mesmo aos vizinhos que nem se conheciam e passaram a conhecer-se. “E
porque não aproveitar estas redes colaborativas para fazer chegar lá fora
conteúdos de Portugal que, por vezes, são até desconhecidos?” Podemos,
por isso, com as soluções tecnológicas e a inteligência urbana, transfor-
mar este momento numa oportunidade, também no setor do Turismo.
Miguel de Castro Neto encerrou os trabalhos do webinar, salientando a
importância que as redes colaborativas terão neste futuro próximo. Tor-
na-se, cada vez mais, essencial mapear e conhecer melhor a realidade,
usando a tecnologia para “conhecer e poder comunicar a experiência in-
substituível que é visitar o nosso território.”
27
3.4 – Ensino e inclusão territorialO ensino e a forma como o setor tem de se adaptar às contingências do
estado de exceção provocado pela pandemia de Covid-19 foi o tema da
quarta sessão dos SMART PORTUGAL Webinars, que se realizou na quarta
feira, dia 29 de abril, pelas 17:00, e que teve como convidados o Secretário
de Estado Adjunto e da Educação, João Costa; a Reitora da Universidade de
Évora, Ana Costa Freitas; e Presidente-executivo da RTP – Rádio e Televi-
são de Portugal, Gonçalo Reis.
Ensino no pós-pandemia: desafios da inclusão territorialOradores convidados:
Como habitual, a quarta sessão dos SMART PORTUGAL Webinars contou
com a intervenção dos participantes residentes António Almeida Henri-
ques e Miguel de Castro Neto, que receberam os convidados e deram início
aos trabalhos.
Foi reconhecido por todos que o sistema de ensino foi alvo de uma disrup-
ção repentina, devido ao confinamento decretado em pleno decurso do
ano letivo. Esta realidade obrigou a que fossem encontradas, rapidamen-
João Costa Secretário
de Estado Adjunto e da Educação
Ana Costa Freitas Reitora
da Universidade de Évora
Gonçalo Reis Presidente- -Executivo
da RTP – Rádio e Televisão de
Portugal
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA IMS, Coordenador
da NOVA Cidade
António Almeida Henriques Presidente
da CM Viseu, Vice-Presidente
da ANMP
Painel residente:
28
te, soluções que permitissem o cumprimento de objetivos dos sectores da
educação e do ensino superior.
O debate proposto neste SMART PORTUGAL Webinar versou sobre a capa-
cidade de o ensino responder ao desafio de chegar a todos os pontos do
país, cumprindo a sua função numa situação de exceção como aquela que
o país tem vivido, no âmbito da pandemia.
Procura-se, nos dias de hoje, identificar as necessidades e as soluções
existentes, especialmente no que respeita ao ensino à distância, que ga-
nhou proeminência durante este período, e o que pode ser apreendido com
outras experiências de serviços apoiados em novas capacidades tecnoló-
gicas já desenvolvidas.
Cumpre retirar desta sessão a importante mensagem apresentada por
Gonçalo Reis, Presidente Executivo da RTP: “Informar, entreter e educar.
Educar é uma das componentes fundamentais do serviço público”, afir-
mando que o “Estudo em Casa” veio para ficar. Gonçalo Reis insistiu que
“os méritos do estudo em casa são méritos permanentes, válidos daqui a
seis meses, daqui a um ano. Este é um serviço que veio para ficar”.
O “Estudo em Casa” foi, deste modo, uma das soluções encontradas pelo
Governo, em parceria com o serviço público de televisão, para garantir
o acesso a conteúdos educativos a todas as crianças do Ensino Básico e
tem batido recordes de audiências nas manhãs televisivas. “Temos aulas
com 500.000 pessoas”, explicou Gonçalo Reis. O serviço está disponível
também na RTP Play, onde o número de visitantes semanais passou de um
milhão para 1.8 milhões, e chega ainda a Angola e a Moçambique. “Temos
relatos de avós que vêm a telescola para aprenderem e terem conversa
com os netos, é um espaço de comunidade”, adiantou o Presidente Exe-
cutivo da RTP.
O mencionado serviço – que é necessariamente público – nasceu da ne-
cessidade de inclusão e coesão social e territorial do ensino, no atual con-
texto de pandemia. Com esta iniciativa, “constatou-se o que se sabia: que
todos os alunos tinham acesso a TV, mas muitos não têm acesso a PC ou
tablet. Mais grave, constata-se mais do que nunca, que a cobertura de
fibra ótica não existe numa boa parte do país, o que coloca os cidadãos
numa situação de grande desigualdade.”
Adiantou, aliás, António Almeida Henriques que “só no concelho de Vi-
seu, cerca de um terço não está coberto para não falar da inexistência
de cobertura GSM.” E o autarca deixou o repto ao Governo: “Que se mo-
bilize os operadores, participando de uma forma direta, para que a rede
de fibra ótica chegue a todas as casas, não só pelas questões do ensino,
mas também da economia, pela promoção da coesão territorial. No GSM o
29
mesmo panorama, tantos anos depois existem autênticos buracos negros
sem qualquer cobertura, e sem simetria na qualidade de acesso por parte
dos operadores.”
O plano das infraestruturas, a nível de equipamentos, rede e conectivi-
dade, é precisamente o primeiro eixo do Plano para a Transição Digital
na Educação, que está a ser ultimado pelo Governo, além da capacita-
ção dos professores e da produção de conteúdos educativos adaptados
a esta fase de transição. João Costa, Secretário de Estado Adjunto e da
Educação garantiu que o Plano “está a ser produzido de forma muito
acelerada nas suas diferentes vertentes”, estrutura financeira e estabe-
lecimento de prioridades. “O atual momento deu-nos uma filigrana das
necessidades de equipamentos e de rede por todos e país. O objetivo do
Governo é darmos uma resposta muito melhor às escolas no próximo
ano letivo, do que aquela que estamos a conseguir dar agora, até por-
que estamos a falar de operações financeiras de grande complexidade e
também de um momento de rutura de stocks”, adiantou o responsável
governamental.
Ana Costa Freitas, Reitora da Universidade de Évora, destacou alguns
avanços permitidos pelo atual momento de restrições, considerando que
“há coisas que não voltarão atrás, há uma capacidade dos docentes tira-
rem dúvidas online, de fazermos reuniões por videoconferência, percebe-
mos que não havia a necessidade de deslocações de professores para júris
de provas académicas, os concursos para a carreira docente e não docente
têm funcionado bem, tudo isto representa uma poupança enorme. As pes-
soas não se deslocam, não perdem o seu tempo, não usam o automóvel,
não poluem o ar, são enormes vantagens.”
No entanto, a Reitora da Universidade de Évora enfatizou a necessidade de
voltarmos a viver em sociedade, de alcançar um equilíbrio entre a vivên-
cia na academia e a modernização tecnológica, onde a sua Universidade
tem vindo a procurar novas soluções para aplicar quer no próximo ano
letivo, quer nos sistemas de avaliação ainda este ano. Notou Ana Costa
Freitas que “a avaliação como acontecia, não vai acontecer mais. Terá de
se fazer necessariamente de forma diferente”, adiantando que seria ne-
cessário “ter uma FCT para a inovação pedagógica e termos financiamen-
to para inovação pedagógica.” Acrescentou a responsável académica que
“começámos a mudança e devíamos mantê-la”, concluindo “que este é o
momento certo”.
Para o Secretário de Estado Adjunto e da Educação o atual contexto per-
mitiu-nos mesmo “questionar se a forma como avaliávamos era interes-
sante e justa. Este é um momento para pensarmos, todos, no que é avaliar
no contexto educativo”. Mas não só. Afirmou ainda que algumas linhas
orientadoras da educação, já identificadas como necessárias, tornam-se
30
agora evidentes e urgentes. Desde logo, a necessidade de dominar meto-
dologias múltiplas de ensino e de avaliação; a necessidade de desenvolvi-
mento de competências múltiplas, como a autonomia, a responsabilida-
de, a resolução de problemas e as competências digitais. Explicou que “é
fundamental trabalhar a literacia mediática e a literacia científica, prin-
cipalmente entre os jovens. As redes sociais estão a ser inundadas por in-
formação sem qualquer credibilidade científica. É essencial trabalharmos
dimensões como o pensamento critico” e a importância de diferenciar
abordagens pedagógicas. “A necessidade de não termos uma aula igual
para todos os alunos tornou-se completamente evidente. E é importante
não perdermos isso no final deste período”.
No entanto, o responsável político considerou que a principal lição a
retirar deste período foi a de que nada substitui, no processo educati-
vo, a relação presencial. Nas suas palavras, “certamente ficaremos com
recursos, com outro know-how, mas o ato educativo é, sobretudo, uma
relação que se estabelece presencialmente”. E deixou ainda o alerta: “O
ensino básico e secundário é um sistema educativo, mas é também um
sistema de proteção social. Há crianças que só comem porque comem na
escola, há crianças que são identificadas como crianças em risco de vio-
lência, de abusos, de negligência, de maus tratos porque a escola deteta
estas marcas. Há comunidades e grupos que só estão na escola porque é
obrigatório. Com o ensino à distância, essa função social da escola está
seriamente comprometida.”
João Costa assegurou que foram estabelecidas redes que garantiram a pres-
tação de refeições aos alunos carenciados, bem como a proximidade e a
“presencialidade” num momento em que ela esteve impedida, inclusive
com redes de voluntários. Verificou-se ainda “uma cooperação muito gran-
de da parte das autarquias, dos municípios, das juntas de freguesia, que têm
sido em muitos contextos, em muitos territórios, quem garante este con-
trolo do bem-estar de muitas crianças e jovens, e até de muitas famílias.”
Sobre a necessidade de atuar ao nível local, em várias frentes, António
Almeida Henriques afirmou que nunca como nesta fase se sentiu “que faz
sentido a descentralização, no contexto educativo, da saúde, da proteção
civil. Nunca foi tão importante a proximidade, mas, obviamente, sempre
em ligação com o poder central”.
No âmbito deste processo de reabertura também no setor do ensino, Mi-
guel de Castro Neto terminou sublinhando a importância do contacto en-
tre professores e alunos. Como professor universitário que é, recordou que
todas estas novas plataformas têm desempenhado um papel essencial,
mas, ainda assim, não garantem totalmente “aquela energia que só existe
quando se está na sala com os alunos.”
31
3.5 – Comércio: entre a proximidade e a tecnologiaCom a reabertura gradual do comércio, ainda fortemente impactado por
medidas restritivas sanitárias, os desafios e as possibilidades tecnológicas
ao serviço do setor estiveram em discussão na quinta edição dos SMART
PORTUGAL Webinars.
Futuro do comércio: entre a proximidade e a tecnologiaOradores convidados:
O debate realizou-se na quarta feira, 6 de maio, às 17:00, e teve como
convidados João Vieira Lopes, Presidente da Confederação do Comércio e
Serviços de Portugal, Ana Jacinto, Secretária-Geral da Associação da Ho-
telaria, Restauração e Similares de Portugal e Gaspar D’Orey, CEO do Dott.
Como habitual, também esta sessão dos SMART PORTUGAL Webinars con-
tou com a intervenção dos participantes residentes António Almeida Hen-
riques e Miguel de Castro Neto, que moderaram o debate.
João Vieira Lopes Presidente
da Confederação do Comércio e Serviços de
Portugal
Ana Jacinto Secretária-Geral
da Associação da Hotelaria, Restauração e
Similares de Portugal
Gaspar D’Orey CEO
do Dott
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA IMS, Coordenador
da NOVA Cidade
António Almeida Henriques Presidente
da CM Viseu, Vice-Presidente
da ANMP
Painel residente:
32
Num momento em que as relações tradicionais de proximidade no comércio,
serviços, restauração e hotelaria, estão fortemente comprometidas, e perante
projeções que apontam para a maior recessão global desde 1929, considerou-
-se essencial discutir o papel da tecnologia na reinvenção destes setores para
um regresso progressivo à generalidade das atividades económicas.
A atual crise, que ditou o encerramento da generalidade dos estabele-
cimentos comerciais durante seis semanas, tem sido uma oportunidade
para acelerar a transição digital também no comércio de proximidade.
Neste âmbito, o Dott, que iniciou a sua atividade há cerca de um ano e é
hoje um dos maiores shoppings online do país, registou uma subida de 20%,
nos últimos 40 dias, no número de empresas que vendem os seus produtos
através da plataforma e conta já com mais de 900 empresas e mais de dois
milhões de produtos na sua oferta.
Para Gaspar D’Orey, “nada limita que um comerciante que tenha uma loja
de rua possa vender para o outro lado do mundo hoje em dia. A tecnolo-
gia veio permitir isso. Os retalhistas devem ver o digital como um aliado
e como um potenciador do seu negócio.” Esta inovação chegou mesmo à
própria realidade das feiras regionais. O Dott organizou, recentemente, a
primeira feira digital: a Feira dos Vinhos e do Queijo DOP, “o que significa
termos dezenas de pequenos produtores, a vender online para o país in-
teiro. E já temos várias feiras planeadas para abrir nos próximos meses”.
João Vieira Lopes reconheceu o atraso, principalmente do pequeno comér-
cio, no desafio da transição digital, mas destacou as oportunidades do mo-
mento. Do ponto de vista do responsável da CCP, “por um lado, muitas pes-
soas redescobriram este tipo de comércio e, por outro, é a oportunidade de
darem o salto tecnológico e integrarem-se na digitalização do conjunto da
economia e alargarem a sua capacidade de intervenção. Penso que esse será
um dos grandes ganhos à saída desta crise”. Adiantou ainda que, “curiosa-
mente, já tinha existido um salto na crise de 2008, também por más razões,
mas que acabaram por criar uma oportunidade. Com o alastramento do
desemprego, muitos filhos de comerciantes acabaram por ir trabalhar com
os pais e acabaram por rejuvenescer os negócios e serem pioneiros na in-
trodução do digital neste tipo de estabelecimentos.” Uma oportunidade que
a Secretária-Geral da AHRESP reconheceu que existe, embora, para isso,
seja necessário que as empresas sobrevivam ao atual momento.
19/05/2019 15/09/2019 12/01/2020 10/05/2020
Resultados de procura por “compras online” no Google Trends
33
Na perspetiva de Ana Jacinto, existe “aqui uma grande oportunidade para
as empresas se digitalizarem e reinventarem, existem grandes oportuni-
dades de construir ofertas interessantes em territórios com menor den-
sidade populacional, mas é necessário que existam empresas”. A repre-
sentante do sector da restauração e da hotelaria alertava para o facto dos
apoios do Governo e da banca não estarem a chegar às empresas, o que
leva 27% das empresas inquiridas pela AHRESP a considerarem avançar
para processos de insolvência.
Estes apoios não se esgotam, contudo, no Governo e na banca. Falar do
pequeno comércio é falar de proximidade, também ao nível do poder local.
Por isso mesmo, António Almeida Henriques destacou o papel das au-
tarquias, dando o exemplo de Viseu. O município isentou todas as taxas
e tarifas das esplanadas até ao final do ano, como forma de compensar
os bares e restaurantes pela limitação da sua capacidade, e prepara-se
para lançar a campanha “Viseu compra aqui”, com o objetivo de dina-
mizar o comércio local. O Presidente da Câmara Municipal de Viseu e
Vice-Presidente da ANMP admitiu ter “a certeza de que as pessoas vão
sentir-se motivadas para comprar mais no comércio de proximidade, até
pela dimensão das lojas.” Muito embora tenha reforçado a importância
da transição para o digital no pequeno comércio, uma vez que “alguns
restaurantes em Viseu serviram mais refeições no último mês, através
das vendas online com serviço de entrega, do que serviriam em condições
normais.” António Almeida Henriques aproveitou ainda para reter cinco
palavras fundamentais para o momento que o país tem vivido e também
para os próximos tempos: “confiança, segurança, reinvenção, resiliência e
cooperação.” Por isso mesmo, feiras como a de São Mateus, que comemora
os seus 628 anos de história, mesmo que não tenham condições para se
realizar em termos físicos, não podem deixar de estar presentes na vida
dos portugueses na mesma. Ficou já provado que, recorrendo às novas
tecnologias, é possível continuar a colocar vários produtos à disposição
daqueles que habitualmente visitam estas feiras.
Miguel de Castro Neto, que moderou o painel, acabou por recordar a ca-
pacidade portuguesa em “encontrar novos caminhos para fazer negócio,
apesar da necessidade recorrente de diminuir a burocracia e sistematizar
e disseminar a informação visando combinar de forma virtuosa as po-
tencialidades da transformação digital e do comércio eletrónico com as
relações humanas e o comércio de proximidade tradicional”.
34
3.6 – Privacidade e proteção de dados pessoaisA dicotomia entre a privacidade dos dados e os meios tecnológicos atual-
mente disponíveis para controlo de um novo surto epidémico esteve em
discussão na sexta e última sessão dos SMART PORTUGAL Webinars.
Inteligência urbana e privacidade no combate à pandemia: entre utopia e distopiaOradores convidados:
O debate realizou-se na quarta-feira, 13 de maio, às 17:00, e teve como con-
vidados João Marques, Vogal da Comissão Nacional da Proteção de Dados;
Jorge Portugal, General Manager da COTEC Portugal; e Fernando Matos,
Presidente da Data Science Portuguese Association, contando, como regu-
larmente, com a intervenção dos participantes residentes António Almeida
Henriques e de Miguel de Castro Neto, que moderaram a discussão.
As várias possibilidades tecnológicas com vista ao controlo da mobilidade dos
cidadãos e de um ressurgimento do pico da infeção, em contraponto com a
utilização de dados pessoais e a perda progressiva de privacidade, represen-
taram alguns dos temas a abordar neste último SMART PORTUGAL Webinar.
João Marques Vogal
da Comissão Nacional de
Proteção de Dados
Jorge Portugal General Manager
da COTEC Portugal
Fernando Matos Presidente
da Data Science Portuguese Association
Miguel de Castro Neto
Subdiretor da NOVA IMS, Coordenador
da NOVA Cidade
António Almeida Henriques Presidente
da CM Viseu, Vice-Presidente
da ANMP
Painel residente:
35
Fernando Matos, Presidente da Data Science Portuguese Association, reco-
nheceu que “as melhores respostas que devem ser dadas a esta crise podem
ser de facto conseguidas através da ciência dos dados e os nossos responsá-
veis políticos deveriam olhar para este tema com muita seriedade.” O res-
ponsável da associação considerou também pouco provável que o país al-
cance o sucesso na retoma da economia sem a monitorização dos infetados.
Para isso, acrescentou que Portugal precisa “de identificar os infetados,
não necessariamente com dados como nome e morada, mas sabendo
que aquele ID de telemóvel pertence a um infetado. É o nível mínimo de
dados de que necessitamos para desenvolvermos aplicações que sejam
realmente eficazes.”
Fernando Matos defendeu o desenvolvimento de uma app global, dispo-
nibilizada por uma das grandes empresas do sector – a Google ou a Apple
– e que fosse supervisionada por entidades governamentais, e obrigatória
para quem queira sair de casa. Nas palavras de Fernando Matos, “a app
aprenderia a calcular uma probabilidade sobre quem poderá estar infeta-
do em virtude dos contactos que teve no passado, e recomendaria testes e
confinamento para alguns. Tudo o que fuja muito desta linha, parece-me
que não terá muitos resultados. É possível fazer algumas análises quase
académicas, mas sem grandes resultados.” Adiantou ainda que olha “com
muita frustração para algum do trabalho que tem vindo a ser desenvolvi-
do. Deviam estar a ser construídos modelos de risco que prevejam o con-
tágio, nomeadamente em virtude deste relaxamento de medidas, e de que
forma isso impactará as necessidades de capacidade extra nos hospitais.”
Ora, foi precisamente isso que a COTEC Portugal, em parceria com a NOVA
IMS, procurou concretizar. O projeto COVID-19 Insights disponibiliza já,
nos dias de hoje, um elemento de estimativa de risco, a nível nacional,
regional e por concelho, além de um elemento de previsão, da incidên-
cia e prevalência da infeção, mas também do número de internados, no-
meadamente em Unidades de Cuidado Intensivo. Notou Jorge Portugal que
esta solução “dá-nos a capacidade de antecipar o futuro, para podermos
tomar melhores decisões.” O responsável pela COTEC Portugal defendeu
a construção de estratégias segmentadas de “desconfinamento” e retoma
para cada região e, para isso, acrescentou que “os dados e a inovação ao
nível da aplicação de modelos que permitam definir estratégias diferen-
ciadas podem ter um papel muito importante.” No entendimento do di-
rigente da COTEC Portugal, dados como a capacidade de resposta médica
em cada região, a capacidade de teste e deteção da propagação, a estrutura
da atividade económica, a mobilidade dos fluxos regionais, entre outros,
permitiriam traçar o perfil e uma estratégia diferenciada a nível regional.
Dados e modelos que, em nenhum momento, devem colocar em causa os
direitos conquistados pelos cidadãos ao longo da história da Humanidade.
36
Jorge Portugal adiantou também que “a forma como a Europa, e o nosso
país em particular, entende os direitos, liberdades e garantias, deve ser
preservada. Não deve haver dúvidas sobre essa matéria.” Estas questões
de privacidade prendem-se não só com a própria natureza dos dados, mas
também com a construção dos modelos. No entendimento do responsável
da COTEC, “o artigo 22º do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados
(RGPD), que regula a aplicação dos algoritmos, a necessidade da transpa-
rência e explicabilidade dos algoritmos, é um aspeto inegociável. Temos
uma grande aversão a aplicações que são caixas negras, cujos algoritmos
não são conhecidos, nem validados.” Foi dado como bom exemplo Singa-
COVID-19 Insights
(https://insights.cotec.pt)
37
pura, “que publicou o seu algoritmo de tracing, de forma a que qualquer
pessoa possa testá-lo e ver o que está lá dentro.”
Já sobre a natureza dos dados, o RGPD que, em 2018, veio limitar o acesso a
dados pessoais, regula, no entanto, diferentes níveis de acesso e utilização
dos dados em função do contexto. João Marques explicou que “existem no
regulamento fundamentos que nos habilitam a tratar essa informação, para
os efeitos, nomeadamente, de garantir a saúde pública da sociedade.” O vo-
gal da CNPD acrescentou que o RGPD não proíbe o uso de dados pessoais,
mas sim regula a sua utilização em função das necessidades. Ademais, “a
questão não é se posso usar ou não dados pessoais, mas até que ponto ne-
cessito dessa identificabilidade para garantir os resultados a que me propo-
nho, e se posso ou não introduzir mecanismos de ruído nessa informação,
para garantir o mínimo de intrusão possível na privacidade das pessoas.”
Na prática, António Almeida Henriques notou que o atual regime cria di-
ficuldades para quem está no terreno, explicando que “para um autarca
é essencial termos os dados de alguém que tenha testado positivo e que
esteja confinado para o podermos apoiar, fazendo-lhe chegar alimentos e
medicamentos, por exemplo.” O Presidente da Câmara Municipal de Viseu
e Vice-Presidente da ANMP alertou ainda para a dificuldade da partilha de
dados em Portugal. “Quase que cada instituição tem a sua própria leitura
números. Quando a autarquia, no âmbito da proteção civil, quis saber com
rigor todos os utentes dos nossos lares e de quem estava em assistência do-
miciliária, os dados compilados pela autarquia versus os dados da seguran-
ça social, dava uma diferença de 1000 pessoas. O que é um número que nos
preocupa. É importante que as várias instituições que desenvolvem serviço
público possam ter uma partilha mais transparente de dados. Falta inte-
ração entre as várias instituições. Diria que ainda estamos nos antípodas
daquilo de deveria ser o modelo de organização do Estado.” Ainda assim,
no âmbito desta temática, o autarca de Viseu reconhece que, como lembra
a sabedoria popular, “no meio está a virtude” e será possível encontrar um
caminho e soluções ponderadas, com a participação de todos os atores.
No encerramento do webinar, Miguel de Castro Neto destacou ainda a ne-
cessidade da disponibilização de dados abertos e harmonizados, expli-
cando que “hoje temos de facto uma oportunidade para desenvolver pro-
jetos muito interessantes, caso os dados estejam disponíveis num formato
aberto e padronizado.”
Esta foi mais uma evidência de que ainda há um longo percurso a realizar
na utilização dos dados, de forma segura, para promover o bem-estar e a
saúde dos cidadãos.
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4 – Conclusões e perspetivas futuras
39
40
Ao longo de seis sessões dos SMART PORTUGAL Webinars, foi possível veri-
ficar que a inteligência urbana, a analítica urbana e a utilização dos dados
podem desempenhar um papel essencial, não apenas no planeamento e na
governação dos territórios e prestação de serviços de qualidade aos cidadãos,
mas também em momentos cruciais como aquele que atualmente vivemos.
Desde temas relacionados com a coesão e a inclusão territorial, em que se
procura que todos os cidadãos tenham acesso aos serviços a serem pres-
tados pelas entidades públicas, independentemente do local onde vivam
– e estes serviços incluem o ensino, a saúde ou o apoio social –, ao próprio
acesso ao comércio ou a turismo adaptado à modernidade, a inteligência
urbana ou territorial apresenta-se como um instrumento que será cada
vez mais necessário para o futuro, mas que o é já no presente.
A participação nos SMART PORTUGAL Webinars de representantes dos
mais diversos sectores, desde a administração central à local, passando
pelo sector social ou pelas grandes empresas multinacionais ou empresas
de menor dimensão, é o reconhecimento de que a realidade da pandemia
em Portugal é um problema real e a inteligência urbana apresenta os ins-
trumentos e as soluções para que o combate a este flagelo possa ser um
caminho mais suave e garantir a todos a esperança de que será possível
ultrapassar este momento, como o foi noutro momentos da História.
Não será a primeira vez que se referirá que os dados são o petróleo do
século XXI. É urgente utilizá-los, mas é também urgente saber como fa-
zê-lo. A NOVA Cidade – Urban Analytics Lab, em colaboração com os seus
parceiros, em especial também a ANMP, tem desenvolvido um trabalho
intenso nesta matéria, com as diversas iniciativas e projetos que tem
idealizado e implementado. E este tempo em que as nossas comunidades
foram afetadas por uma crise sem precedentes, é mais um momento em
que não quisemos ficar de fora.
A inteligência e a analítica urbanas fazem parte do ADN da NOVA Cidade –
Urban Analytics Lab, que estará ao lado de quem, no terreno, procura servir
as comunidades locais, a sustentabilidade, a economia e agora, mais do
que nunca, também a saúde das nossas populações.
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5 – Fichas técnicas dos Webinars
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A presente secção destina-se a identificar as características e especifi-
cidades de cada webinar, explicitando a data e hora de cada sessão, bem
como os oradores e as métricas relativas à participação e divulgação do
mesmo.
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5.1 – Inteligência Urbana e Coesão Territorial no Combate à Pandemia
Data: → 8 de abril de 2020, 17:00 horas
Oradores convidados:→ Nelson de Souza, Ministro do Planeamento
→ António Saraiva, Presidente da CIP – Confederação Empresarial
de Portugal
→ Alexandre Fonseca, Presidente Executivo da Altice Portugal
Painel residente:→ Miguel de Castro Neto, Subdiretor da NOVA IMS – Information
Management School e Coordenador da NOVA Cidade – Urban
Analytics Lab
→ António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal
de Viseu, Vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP), Presidente da Mesa da Secção de Municípios
“Cidades Inteligentes”
Métricas de participação→ ZOOM: 50 participantes
→ Facebook: 2003 Pessoas alcançadas; 603 Interações; 8 partilhas;
1,1 mil visualizações
Link para a sessão em Facebook:https://tinyurl.com/iu-coesao-territorial
46
5.2 – Covid-19: Inteligência urbana na resposta à emergência social
Data: → 15 de abril de 2020, 17:00 horas
Oradores convidados:→ Manuel Lemos, Presidente da União das Misericórdias
Portuguesas
→ João Bento, CEO dos CTT
→ Rui Sabino, CEO da ESRI Portugal
Painel residente:→ Miguel de Castro Neto, Subdiretor da NOVA IMS – Information
Management School e Coordenador da NOVA Cidade – Urban
Analytics Lab
→ António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal
de Viseu, Vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) e Presidente da Mesa da Secção de
Municípios “Cidades Inteligentes”
Métricas de participação→ ZOOM: 60 participantes
→ Facebook: 2776 Pessoas alcançadas; 789 Interações; 13 partilhas;
1,5 mil visualizações
Link para a sessão em Facebook:https://tinyurl.com/iu-resposta-emergencia
47
5.3 – Turismo inteligente: e depois da pandemia?
Data: → 22 de abril de 2020, 17:00 horas
Oradores convidados:→ Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de
Portugal
→ Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal
→ Nuno Ribeiro, Co-CEO da Ubiwhere
Painel residente:→ Miguel de Castro Neto, Subdiretor da NOVA IMS – Information
Management School e Coordenador da NOVA Cidade – Urban
Analytics Lab
→ António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal
de Viseu, Vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) e Presidente da Mesa da Secção de
Municípios “Cidades Inteligentes”
Métricas de participação→ ZOOM: 250 participantes
→ Facebook:3678 Pessoas alcançadas; 1222 Interações; 17 partilhas;
2,1 mil visualizações
Link para a sessão em Facebook:https://tinyurl.com/turismo-inteligente
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5.4 – Ensino no pós-pandemia: desafios da inclusão territorial
Data: → 29 de abril de 2020, 17:00 horas
Oradores convidados:→ João Costa, Secretário de Estado Adjunto e da Educação
→ Ana Costa Freitas, Reitora da Universidade de Évora
→ Gonçalo Reis, Presidente-Executivo da RTP – Rádio e Televisão de
Portugal
Painel residente:→ Miguel de Castro Neto, Subdiretor da NOVA IMS – Information
Management School e Coordenador da NOVA Cidade – Urban
Analytics Lab
→ António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal
de Viseu, Vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) e Presidente da Mesa da Secção de
Municípios “Cidades Inteligentes”
Métricas de participação→ ZOOM: 60 participantes
→ Facebook: 1870 Pessoas alcançadas; 570 Interações; 8 partilhas;
mil visualizações
Link para a sessão em Facebook:https://tinyurl.com/ensino-pos-pandemia
49
5.5 – Futuro do comércio: entre a proximidade e a tecnologia
Data: → 6 de maio de 2020, 17:00 horas
Oradores convidados:→ João Vieira Lopes, Presidente da Confederação do Comércio e
Serviços de Portugal
→ Ana Jacinto, Secretária-Geral da Associação da Hotelaria,
Restauração e Similares de Portugal
→ Gaspar D’Orey, CEO do Dott
Painel residente:→ Miguel de Castro Neto, Subdiretor da NOVA IMS – Information
Management School e Coordenador da NOVA Cidade – Urban
Analytics Lab
→ António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal
de Viseu, Vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) e Presidente da Mesa da Secção de
Municípios “Cidades Inteligentes”
Métricas de participação→ ZOOM: 50 participantes
→ Facebook: 1351 Pessoas alcançadas; 242 Interações; 5 partilhas;
588 visualizações
Link para a sessão em Facebook:https://tinyurl.com/futuro-comercio
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5.6 – Inteligência urbana e privacidade no combate à pandemia
Data: → 13 de maio de 2020, 17:00 horas
Oradores convidados:→ João Marques, Vogal da Comissão Nacional de Proteção de Dados
→ Jorge Portugal, General Manager da COTEC Portugal
→ Fernando Matos, Presidente da Data Science Portuguese
Association
Painel residente:→ Miguel de Castro Neto, Subdiretor da NOVA IMS – Information
Management School e Coordenador da NOVA Cidade – Urban
Analytics Lab
→ António Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal
de Viseu, Vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) e Presidente da Mesa da Secção de
Municípios “Cidades Inteligentes”
Métricas de participação→ ZOOM: 50 participantes
→ Facebook: 2363 Pessoas alcançadas; 316 Interações; 7 partilhas;
819 visualizações
Link para a sessão em Facebook:https://tinyurl.com/iu-privacidade
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6 – A NOVA Cidade
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A NOVA Cidade – Urban Analytics Lab é uma rede de pessoas e organi-
zações, dinamizada pela NOVA IMS – Information Management School,
representando os vários agentes e interesses que constituem e protagoni-
zam a construção da cidade inteligente, que colaborativamente desenvol-
ve um conjunto de atividades visando promover a criação e transferência
de conhecimento aplicado no contexto da inteligência urbana.
Tem como objetivos apoiar os diferentes agentes presentes no território a
promover e implementar a inteligência e a analítica urbanas nas seguintes
áreas:
GOVERNAÇÃO
→ Abraçar o desafio das cidades inteligentes enquanto modelo capaz
de criar um ambiente favorável Wa uma governação mais eficaz e
eficiente por parte das entidades públicas, baseada em informação
concreta e atual.
PARTICIPAÇÃO
→ Promover uma participação mais ativa dos cidadãos, com base na
utilização das tecnologias de informação e comunicação, tirando
partido de capacidades analíticas avançadas.
AMBIENTE
→ Alcançar um desenvolvimento urbano sustentável com benefícios
económicos, sociais e ambientais para todos visando a urgente
descarbonização e transição para a economia circular.
Os projetos adiante são exemplos que demonstram a experiência da NOVA
Cidade – Urban Analytics Lab no contexto da inteligência nas suas múlti-
plas dimensões:
Estudo de boas práticas e condições de construção de plataforma de
gestão de informação necessária à geração de inteligência na gestão do
território nacional (ANMP)
Criação de uma metodologia que permita o desenvolvimento de platafor-
mas municipais de gestão de informação (PGI). Esta metodologia permi-
tirá aproximar os municípios do conceito de cidades inteligentes e de pro-
porcionar um crescimento conjunto, a partir da troca de informação entre
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Municípios, Administração Pública (AP) e entidades privadas, de forma a
potenciar a implementação de estratégias urbanas inteligentes.
https://tinyurl.com/municipios-mais-inteligentes
Política de Dados Abertos de Lisboa (CML)
Desenvolvimento da política de dados abertos de Lisboa, construção do
portal de dados abertos visando criar as condições necessárias e suficien-
tes para a criação de soluções analíticas baseadas em Big Data capazes
de melhorar o planeamento, a operacionalização e a gestão de emergên-
cia da cidade de Lisboa, contribuindo para uma melhoria sustentável da
resiliência e da qualidade de vida das pessoas que vivem, trabalham ou
visitam Lisboa.
http://lisboaaberta.cm-lisboa.pt
URBAN CO-CREATION DATA LAB
Apoiar a tomada de decisões no nível municipal, a fim de fornecer aos
cidadãos serviços de alta qualidade nas áreas de segurança, emergência,
gestão operacional e planeamento. Criação de capacidades analíticas e
serviços especificamente analíticos capazes de apoiar a gestão e melhorar
a resposta aos seguintes níveis: Mobilidade, Gestão de resíduos, Estacio-
namento, Poluição, Gestão de multidões.
http://urbandatalab.pt/
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web
inar
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