Post on 02-Sep-2021
XADREZ COMO AUXÍLIO EDUCACIONAL
Maria Eneida Stasiak de LIMA1
Luís Sérgio PERES2
RESUMO
Este estudo traz algumas considerações sobre o papel do jogo de Xadrez no desenvolvimento do aluno que apresenta insucesso escolar, pois este jogo consiste num instrumento que permite repensar estratégias, o que enriquece a autoconfiança, já que as atividades enxadrísticas, além de favorecer o desenvolvimento mental, tornam-se um atrativo agradável à medida que os educandos passam a ser praticantes e logo percebem a possibilidade de progredir também nas disciplinas escolares. Com isso, aumenta-se a motivação pessoal e escolar, pois o aluno será estimulado a pensar e realizar conscientemente suas tarefas. O objetivo do trabalho desenvolvido foi proporcionar aos alunos com dificuldades de aprendizagem a absorção de conhecimentos através dos fundamentos do xadrez. O estudo caracterizou-se do tipo descritiva exploratório. A população foi composta por todos os alunos do ensino Fundamental que frequentam o Colégio Estadual Diamante do Oeste - Ensino Fundamental e Médio, do núcleo de Toledo. A amostra foi composta por 20 alunos, escolhidos de forma intencional, indicado pelos professores e coordenação pedagógica, que apresentam dificuldade de aprendizagem do 6ª e 7ª ano do Ensino Fundamental II. O instrumento utilizado foram pareceres dos professores e analise do rendimento escolar através de planilha de notas. Bem como um questionário fechado para os alunos verificando o nível de satisfação dos mesmos com relação ao projeto. No desenvolvimento da intervenção foram realizadas diversas atividades, as quais levaram o aluno a desenvolver o raciocínio lógico, estimular a concentração, a criatividade, o raciocínio lógico e melhorar a sociabilidade. Os resultados obtidos foram muito positivos, uma vez que, os alunos tiveram um salto qualitativo em seu rendimento e socialização em sala de aula, conforme pareceres apresentados pelos demais professores, bem como desenvolveram eficazmente a modalidade de xadrez, aprendendo a sentir gosto por este esporte.
PALAVRAS- CHAVE: Aprendizagem; Motivação; Xadrez escolar.
1. INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), realizado pelo governo
do Estado do Paraná, é ofertado aos professores da Rede Pública de Ensino que
pertencem ao Quadro Próprio do Magistério, proporcionando oportunidades de
aprimoramento profissional, pois tem como objetivo principal estabelecer um diálogo
1Professora de Educação Física da Rede Estadual de Ensino – PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional do Paraná – Cascavel – PR.
2Professor Dr. Luís Sérgio Peres – Orientador do Curso de Educação Física da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná - UNIOESTE – CAMPUS Marechal Cândido Rondon – PR.
e interação entre professores da Educação Superior e da Educação Básica, por
meio de estudos e atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a
construção de conhecimentos e mudanças na prática pedagógica das Escolas
Públicas do Estado do Paraná.
Para tanto, no decorrer do Programa foram propostas diversas atividades
que foram desenvolvidas ao longo de 2012 e 2013, cujos resultados serão
contemplados neste artigo.
O trabalho inicial partiu de um Projeto de Intervenção Pedagógica, que se
respaldou em diferentes teóricos e que resultou na publicação de um material
didático, formato Unidade Didática, que teve foco o xadrez como auxílio educacional,
cujo objetivo foi proporcionar aos alunos com dificuldades de aprendizagem a
absorção de conhecimentos através dos fundamentos do xadrez.
Tal iniciativa teve respaldo no fato de que, nos dias atuais percebe-se cada
vez mais que, os alunos estão perdendo o foco e desviando facilmente a atenção
das explicações em sala de aula nas diversas áreas de ensino.
Um exemplo disso são os sistemas de avaliação desenvolvidos na escola e
apresentados nos conselhos de classe, nos quais observa-se muitas dificuldades
por parte de alguns alunos nas séries finais do Ensino Fundamental II, isto devido a
fatores como a falta de atenção, concentração, conhecimento e domínio de suas
obrigações.
Assim, observando a necessidade de trazer algumas contribuições, e tendo
em vista que, o ensino do jogo de xadrez poderá colaborar no desenvolvimento das
habilidades intelectuais é o que justifica a proposta desenvolvida com alunos do 6a e
7a ano do Ensino Fundamental II do Colégio Estadual Diamante do Oeste- Ensino
Fundamental e Médio, município de Diamante do Oeste/PR.
2. DESENVOLVIMENTO
Atualmente o jogo de xadrez vem sendo usado nas escolas como um auxílio
para o desenvolvimento de algumas habilidades como raciocínio, atenção e
concentração por ser dinâmico e desafiador, visto que estes problemas afligem
grande parte dos educadores que consequentemente tentam encontrar possíveis
soluções.
Após leituras realizadas em algumas pesquisas educacionais relacionadas
com o xadrez, provando sua eficiência e influência positiva junto aos seus
praticantes, alguns autores como Manzano e Vila (2002) colocam que, Binet a mais
de cem anos estabeleceu que, o xadrez tem influencia na mente, fazendo com que
indivíduo adquira inteligência, concentração, imaginação e memória.
Outro ponto relevante deste jogo, é que o mesmo faz parte da cultura de
vários povos e países, e é o segundo esporte mais praticado no mundo e tem dado
grandes contribuições para os povos pelo papel desempenhado no desenvolvimento
das habilidades cognitivas fundamentais para os indivíduos.
Como os historiadores colocam, o xadrez é jogado há mais de 1.500 anos e
tem vasta literatura sobre sua origem, como progrediu pelo mundo e suas
contribuições. Assim, acredita-se que desenvolver um projeto de xadrez em uma
escola será desafiador, gratificante e prazeroso, pois esta atividade poderá
proporcionar a valorização de habilidades já citadas.
Neste sentido, Bracht (1992) coloca que,
Os valores que privilegiam o coletivo são imprescindíveis para a formação
de ser humano, o que pressupõe compromisso, solidariedade e o respeito, a compreensão de que o jogo se faz a dois e de que é diferente jogar com o companheiro e jogos contra o adversário (BRACHT, 1992 p.71).
Assim, de acordo com os autores acima, tudo isso pode ser um mecanismo
de sociabilidade, capaz de fazer com que os adolescentes neles envolvidos
aprendam a respeitar regras, aceitar as diferenças, atuar em equipe, a entender que
adversários não são inimigos, mas coadjuvantes de uma ação comum na qual todos
são participantes e têm chances iguais.
Falar da importância do ensino de jogo de xadrez é ter uma preocupação em
buscar mecanismos para uma educação de qualidade, além disso, é desmistificar
esse jogo compreendido por alguns como “eletísta’’, a fim de oportunizar aos alunos
a prática desse jogo de forma “lúdica’’, sendo ao mesmo tempo intelectivo e
importante para seus praticantes.
Segundo Marques et al., (2008) o aluno deve progredir no seu próprio ritmo,
para melhorar isso é preciso estabelecer boas relações entre professor-aluno, não
sobrecarregando-os com muitas leituras, tarefas e informações em pequenos
espaços de tempo, o qual deixa o aluno incapaz de se reorganizar individualmente,
resultando num conhecimento unificado.
Marques et al., (2008) coloca que, o xadrez surge como uma virtude
interdisciplinar por desenvolver principalmente o sentimento de autoconfiança, sendo
assim, o aluno que se destacar na prática deste, consequentemente irá se
sobressair nas outras disciplinas.
De acordo com o professor Lemos (2010) o esporte proporciona aos alunos
experiências positivas, quando conciliam os conhecimentos do xadrez co m o ensino
regular. Para ele, o esporte de inteligência traz como resultado: o desenvolvimento
da memória, a concentração e o raciocínio, tudo isso se reflete nas outras disciplinas
e aumenta o rendimento escolar.
O xadrez sendo utilizado como uma ferramenta interdisciplinar auxilia no
desenvolvimento dos alunos, podemos perceber sua utilização conforme nos é
apresentado PCNs, segundo Brasil (2002), que:
A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e
alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88-89).
Com isso devemos entender que o xadrez, de modo geral, pode dar suporte
pedagógico principalmente nas turmas que apresentam agitação e pouca atenção,
dando subsídios e auxiliando nas várias disciplinas. É por entender que a escola é
um espaço de diálogo entre os conhecimentos, que devemos valorizar as diferenças
e que a valorização do trabalho interdisciplinar deve dar condições necessárias para
melhorar a totalidade.
Blanco (2008) coloca que na Fundepar os estudiosos consideram que através
da atividade “enxadrística’’ os alunos têm uma opção a mais para desenvolver sua
capacidade de raciocínio a partir da exercitação de uma atividade lúdica. Assim
mesmo estimam que a escola terá uma ferramenta pedagógica a mais para atender
os objetivos como: Desenvolver o pensamento lógico; Estimular habilidades de
reflexão, análise e sínteses; Desenvolver habilidades e hábitos necessários para à
tomada de decisões; Compreender e solucionar problemas para análise do
contexto gerais na qual estão inseridos; Ampliar o interesse pelas atividades
individuais; Melhorar o desempenho escolar em todas as áreas de estudo.
Segundo Piaget (1975, p.162) ‘’o jogo constitui o pólo extremo, assimilação da
realidade e do ego, tendo relação com a imaginação criativa que será fonte de todo
pensamento e raciocínio posterior’’.
Acredita-se que o xadrez como conteúdo didático-pedagógico, além de
melhorar a disciplina e o relacionamento, enriquece a cultura, o respeito mútuo, a
imaginação e a realizar observações de qualidade.
Vygotsky (2003 p.125) afirma também que: “[...] embora no jogo de xadrez
não haja uma substituição direta das relações da vida real, ele é sem dúvida, um tipo
de situação imaginária’’. Neste sentido, conforme esse psicólogo, através da
aprendizagem do xadrez a criança elabora habilidades e conhecimentos socialmente
disponíveis, passa a internalizá-los e propicia a ela um comportamento além da sua
idade.
Piaget (2002) refere-se a respeito dos jogos com fins pedagógicos como
importantes atividades facilitadoras da introdução de regras sociais que viabilizam o
convívio em grupo e o espírito esportivo. O jogo se relaciona a possibilidade de
ganhar e de perder de forma legitimada e regulamentada por códigos transcritos de
geração em geração ou por acordos momentâneos. Portanto, as suas regras
assumidas e compreendidas por todos os jogadores favorecem a socialização e a
preparação para a aquisição das atividades intelectuais por parte do cidadão em
formação.
Copablanca (2002) diz que o xadrez é algo mais que um jogo, ou seja, é uma
diversão intelectual, que tem algo de arte e muito de ciência. Assim, podemos
concordar com as colocações de Manzano e Vila (2002), os quais colocam que “o
xadrez desenvolve também a memória a imaginação e a capacidade de
concentração e favorece o raciocínio lógico, desenvolve a vontade e habilidade do
jogador a melhor análise e tomada de decisão”. (MANZANO; VILA, 2002, p.13)
Dessa forma, acredita-se que um Projeto de Xadrez com auxílio educacional
leva os educandos envolvidos a pensar através do estímulo de raciocínio lógico da
observação, da concentração, habilidades fundamentais para apropriação do
conhecimento.
Assim, através de leituras, podemos observar que a prática do xadrez escolar
demonstra ser importante coadjuvante escolar. Binet apud Blanco (2008, p. 77)
coloca, “que este (Binet) foi o primeiro a estabelecer relações entre o xadrez e sua
influencia sobre aspectos da mente tais como: inteligência, concentração,
imaginação e memória”.
Ballmam (2010) coloca que, depois de testes aplicados para alunos que eram
praticantes de xadrez conclui-se que obtiveram resultados significativos na questão
da concentração e não somente visto, mas também no raciocínio lógico, paciência e
memória, tendo como parâmetro uma turma que não praticava o xadrez.
Podemos então constatar que, pesquisas mostram concretamente os
benefícios como relação aos valores pedagógicos, esportivos, cognitivos e sociais
em relação à prática do xadrez, no qual naturalmente será utilizado para melhorar
seu potencial escolar e social e consequentemente para o bem comum.
Esta visão mostra que o jogo de xadrez é muito mais que movimento de
peças, os alunos aprendem a criar estratégias e isto contribui decisivamente na
formação de um pensamento mais humano e cooperativo que o jogo pode trazer a
seus praticantes, e principalmente a interação com todas as áreas do conhecimento,
na qual o aluno poderá se beneficiar.
Desta forma, percebemos que o mundo se transforma constantemente e cada
vez mais aumenta a exigência de pensar com autonomia e não apenas a
memorização. Partindo desse pressuposto a escola deve repensar sua ação
educativa na busca de superar essa situação.
É nesse contexto que nos propusemos a elaborar e executar uma proposta de
usar o xadrez com auxilio pedagógico, a fim de amenizar algumas dificuldades de
alunos do ensino fundamental II, do Colégio Estadual Diamante do Oeste que
apresentam agitação e pouca atenção.
3. METODOLOGIA
Quanto ao processo metodológico da pesquisa, podemos caracterizá-la
como uma pesquisa de campo descritiva exploratória participativa, no qual Bisquerra
(1989) define estudo descritivo aquele que tem por objetivo a descrição dos
fenômenos. Lakatos e Marconi (1991) comentam que, o estudo descritivo
exploratório tem por objetivo descrever completamente determinado fenômeno e que
uma variedade de procedimentos de coleta de dados pode ser utilizada, como
entrevistas, questionários e análise de conteúdo.
Para Thomas e Nelson (2002), a pesquisa descritiva é um estudo de status
que tem o seu valor baseado na premissa de que os problemas podem ser
resolvidos e as práticas melhoradas por intermédio da observação, análise e
descrição objetiva e completa do fenômeno.
A população para o referido estudo foi composta por todos os alunos do
ensino Fundamental que frequentam o Colégio Estadual Diamante do Oeste -
Ensino Fundamental e Médio, do núcleo de Toledo. A amostra foi composta por 20
alunos, escolhidos de forma intencional, indicado pelos professores e coordenação
pedagógica, que apresentam dificuldade de aprendizagem do 6ª e 7ª ano do Ensino
Fundamental II, onde serão encaminhados convites para participação.
O instrumento utilizado no estudo foram pareceres dos professores e análise
do rendimento escolar através de planilha de notas. Bem como um questionário
fechado para os alunos verificando o nível de satisfação dos mesmos com relação
ao projeto.
Como procedimento projeto primeiramente foi apresentado ao Núcleo,
Direção da Escola e Equipe Pedagógica onde foi analisado, solicitando assim
autorização para aplicação junto à escola. Após, foi apresentado a todos os
professores em reunião pedagógica, resgatando a relevância do estudo.
Na sequência, foi apresentado o projeto e explicado aos alunos e assim
convidando-os a participarem do projeto. Definindo o grupo da amostra, foi
encaminhado aos pais, um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme
prevê as normas éticas de pesquisa com seres humanos, explicando aos
mesmos, a importância do estudo e informando que os dados obtidos junto ao
estudo seriam somente para a pesquisa, que seus filhos não seriam identificados.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Logo após os procedimentos realizados para adequação da amostra, como
primeira atividade junto aos alunos, foi aplicado um questionário contendo questões
pessoais e outras relacionadas ao conteúdo do xadrez, que foi utilizado como pré-
teste. Mesmo procedimento foi realizado com os professores da turma, onde foi
solicitado uma planilha de notas e avaliação, sobre o rendimento escolar de cada
aluno naquele momento, com relação a sua disciplina, para assim no final podermos
observar o rendimento obtido ou não de cada aluno após a implementação.
Logo após a aplicação do questionário, relatamos para os alunos como iriam
se desenvolver as atividades, tanto práticas como teóricas sobre o xadrez. Explicou-
se que de forma sistematizada, que seriam realizadas atividades, versando sobre a
história do xadrez, as lendas, os jogos pré-enxadrísticos, as regras básicas, os
movimentos especiais. Todas estas atividades sendo desenvolvidas por meio de
textos, TV multimídia, internet e vídeos, bem como no final da intervenção seria
organizado um grande torneio.
Assim, neste contexto, e considerando a relevância do Xadrez, uma vez que
esse jogo permite repensar as estratégias e isso enriquece a autoconfiança, já que
as atividades enxadrísticas além de favorecer o desenvolvimento mental torna-se
um atrativo agradável à medida que os educandos passam a ser praticantes, é que
realizou-se diversas atividades, as quais possibilitaram que o aluno percebesse a
possibilidade de progredir também nas outras disciplinas, aumentando com isso a
motivação pessoal e escolar, sentindo-se estimulado a pensar e realizar
conscientemente suas tarefas.
Nas colocações de Blanco (2008, p. 55 e 56), observamos que o xadrez:
Influencia nas implicações educativas mais importantes no caráter formativo
das crianças, como: Capacidade de observação e inteligência especial; Desenvolvimento do autocontrole e da atenção; Desenvolvimento da capacidade de tomada de decisões, autonomia do pensamento;
Desenvolvimento da autoestima; Personalidade autonomia; Criatividade; Reversibilidade; Respeito pela opinião alheia; Reconhecimento dos erros; Auto crítica, busca da verdade e do crescimento contínuo, entre outras
características e implicações importantes.
Na sequência das atividades, foi entregue e discutido com os alunos uma
apostila, elaborada previamente, com a história do Xadrez, geografia do tabuleiro,
colocação de peças e movimentos básicos. Para complementar os alunos foram até
o laboratório de informática e em sites de busca aprofundaram um pouco mais sobre
o assunto.
Fonte: Arquivo pessoal
A geografia do tabuleiro e a colocação das peças foram realizadas com o
auxílio do tabuleiro mural, sendo que, em duplas todos os alunos executaram a
colocação das peças em seus tabuleiros.
Fonte: Arquivo pessoal
Momento em que os alunos começaram a socializar-se e inteirar-se, o que os
motivou ainda mais a continuar a participar do projeto. Motivação esta que partiu do
próprio grupo de alunos a sugestão da construção de um tabuleiro gigante, o que foi
aceito por todos, e desta forma, utilizando a aprendizagem da matemática, foi
medido e estruturado todos os quadrantes e confeccionado, com a participação de
todo o tabuleiro gigante.
Fonte: Arquivo pessoal
Na terceira etapa foram trabalhadas os jogos pré enxadrísticos, a fim de que
conhecessem as regras, táticas, autocontrole e entretenimento, incentivando
também a concentração e disciplina. Estes foram trabalhados por partes para a
memorização dos movimentos das peças, iniciando os jogos pelos peões e depois
acrescentamos outras peças.
Para Goulart (2004),
O Xadrez contribui o ensino programático da Educação Física, pois os
conteúdos ganham sentido e significado através do corpo e do movimento. Os benefícios de sua prática iniciam-se quando a criança passa a conhecer e a exercitar o domínio do tabuleiro, o que resulta em ganhos para a sua
noção espaço-dimensional. Depois do tabuleiro são apresentadas as peças, cada qual com as suas características físicas, seus movimentos e papel no jogo, auxiliando o desenvolvimento da memória e da concentração. O
desenvolvimento do jogo com a integração das peças e os cálculos das jogadas exercitam o raciocínio lógico e imaginação, assim como a escolha do próximo lance valoriza sua iniciativa e autonomia (GO ULART, 2004
APUD RODRIGUES, 2008, P. 184).
Fonte: Arquivo pessoal
Conforme apresentávamos uma nova etapa os alunos mostravam-se cada
vez mais empolgados e com a autoestima elevada e sua relação com os colegas
melhorava cada dia mais de forma significativa.
Rockenbach (2010) aponta que o Xadrez desempenha um importante papel
socializante, por ensinar a lidar com a derrota e com a vitória, mostrando que a
derrota não é sinônimo nem de fracasso e nem vitória, mas sim sinônimo de
sucesso.
Fonte: Arquivo pessoal
Na quarta etapa desenvolvemos as partidas temáticas, em forma de aula
expositiva e também prática, no tabuleiro mural e em seguida no tabuleiro pequeno,
com o objetivo de que os alunos desenvolvessem o raciocínio lógico e matemático, o
pensamento estratégico e a capacidade de detectar possibilidades e realizar
escolhas.
Fonte: Arquivo pessoal
Outra atividade realizada foi a guerra de peças e conforme o aluno ia
aprendendo a confecção da peça, também ia aprendendo o movimento. Nesta fase
os professores já começaram a notar diferenças no comportamento dos alunos, pois
estes começaram a demonstrar mais cordialidade e cumplicidade com os colegas da
sua turma, o que consiste num ponto muito positivo, uma vez que este era um
problema que atrapalhava o andamento das aulas.
Fonte: Arquivo pessoal
Fonte: Arquivo pessoal
Na quinta etapa foram realizadas atividades no computador, as quais tiveram
como objetivos principais desenvolver o raciocínio lógico e matemático, a
capacidade de atenção, memória raciocínio lógico, inteligência, imaginação e
convívio social.
Entre as atividades os alunos puderam conhecer e jogar alguns jogos online o
do labirinto e do equilíbrio, exercitando seus conhecimentos sobre o xadrez. Os
encontros destinados a estas atividades foram muito proveitosos, os quais
proporcionaram momentos de descoberta e interação entre eles, o que contribuiu
ainda mais para o bom relacionamento do grupo.
Também tiveram acesso a algumas curiosidades sobre o xadrez, fizeram a
leitura de algumas dicas para iniciantes e movimentação de peças, instigando a
curiosidade dos educandos e desenvolvendo aspectos importantes para a
aprendizagem destes nas diversas áreas do conhecimento. Os resultados das
atividades realizadas até o momento têm mostrado que o xadrez representa uma
possibilidade de alcançar resultados positivos na escola, pois os alunos com
dificuldades de aprendizagem começaram a superar os obstáculos que os impediam
de aprender.
Sobre a inclusão do xadrez na escola, em especial em salas de aulas, com
alunos com dificuldades de aprendizagem é defendida por Araújo (2007),
Quando expõe que: “uma situação na qual o aluno tem a oportunidade de descobrir
uma atividade em que pode se destacar e, paralelamente, progredir em outras
disciplinas acadêmicas” (ARAÚJO, 2007, p. 7).
O passo seguinte foi trabalhar as estratégias e táticas do xadrez no tabuleiro.
Esta atividade consistiu no jogo propriamente dito e no decorrer desta os alunos
tiveram a oportunidade de avaliar e propor alternativa de solução a diversas
situações, também foram assimilando os movimentos das peças e as fases da
partida, ou seja, o inicio, o meio e o final.
Fonte: Arquivo pessoal
Para compreender as fases da partida os alunos foram até o laboratório de
informática e acessaram sites de busca sugeridos pelo professor, promovendo o
bom relacionamento do grupo, desenvolvendo a concentração, observação e o
senso lúdico. Logo depois jogaram em duplas, uma contra a outra no tabuleiro
grande, no qual um pode auxiliar o outro na realização dos lances e posteriormente
o jogo individual no tabuleiro pequeno.
Nesta etapa o êxito do processo de ensino e aprendizagem foi alcançado,
pois houve interação professor/aluno, sendo que neste o papel professor é
fundamental, pois ele deve ser antes de tudo, um facilitador da aprendizagem e o
criador de condições para que o aluno sinta-se motivado a aprender.
Vigotskiet al., (2001) destaca a importância do professor desenvolver as
capacidades em campos variados e aponta a necessidade de se trabalhar com o
aluno, além dos aspectos relacionados à capacidade de prestar atenção, também os
aspectos relacionados ao desenvolvimento das diferentes faculdades de
concentração sobre os diferentes conteúdos escolares. Assim, quando o professor
procura estimular os processos internos de desenvolvimento do aluno, mediando a
aprendizagem, pode ser capaz de alcançar objetivos e os propósitos esperados pela
escola.
Também foi preparada e entregue aos alunos uma apostila para que
pudessem compreender os lances especiais e aplicá-los no jogo; Aprofundar as
regras do jogo de xadrez e Incentivar a concentração e disciplina ; Despertar a
consciência e a prática do xadrez com atividade necessária para o bem individual e
coletivo e por fim incentivar o aluno a utilizar a prática correta do jogo. Para tanto, foi
feita a leitura e discussão do conteúdo e em seguida a explicação foi feita na prática,
isto é, no tabuleiro mural, incentivando os alunos a utilizar os lances.
Para complementar os alunos assistiram ao filme “Lances Inocentes”, o qual
trata o xadrez como elemento central em seu enredo, diversificando assim mais as
atividades propostas.
A atividade seguinte foi direcionada a utilização do relógio, a qual oportunizou
ao aluno a usar corretamente o relógio de xadrez e também conhecer o vocabulário
próprio do xadrez. Primeiramente fizemos algumas explicações e incentivamos o
uso do relógio durante as partidas.
Elaboramos também coletivamente uma apostila sobre o vocabulário do
xadrez e assistimos vídeos sobre a abertura dos jogos, sendo que nossa intenção
em realizar esta proposta teve como foco o trabalho pedagógico, a partir de
atividades motivadoras, pois assim como postula Piassi (2005), o ensino e a prática
enxadrística é uma alternativa possível, bastando que o professor desenvolva
atividades motivadoras que levem o aluno a aprender a jogar Xadrez e que os
profissionais envolvidos no projeto estejam suficientemente preparados para inserir
esta atividade, em sala de aula, de forma adequada de modo a explorar todos os
benefícios que o jogo pode oferecer ao aluno.
Outra ação explorada foi a notação de partidas, propondo atividades que
favoreceram a assimilação e notação de partidas através do jogo na prática.
Momento este em que os alunos exercitaram a capacidade de atenção, memória e
raciocínio lógico.
Para iniciar esta etapa usamos o tabuleiro mural movimentando as peças e
fazendo o registro dos lances, no qual os alunos acompanharam com atenção. Em
duplas um aluno executava o lance e o outro fazia o registro. Para finalizar a
atividade assistimos ao filme “Os cavaleiros de bronx”.
Para finalizar nossas atividades realizamos um torneio de xadrez entre os
alunos e os pais, sendo que previamente enviamos um convite. Na data marcada
realizamos o torneio. Foram momentos de descontração e diversão, na qual
pudemos mostrar aos pais a evolução dos alunos durante toda a jogada.
Percebemos no desenrolar de todas as atividades propostas aos alunos e
também a partir de depoimentos dos professores das diversas áreas do
conhecimento e da equipe pedagógica que nosso objetivo maior foi alcançado, ou
seja, contribuir para a melhoria da aprendizagem dos alunos que apresentam
dificuldades para aprender. Outro ponto positivo foi a melhora no relacionamento
entre aluno/aluno e aluno/professor.
Compreendemos também que, ao lançar mão do Xadrez em nossa prática
pedagógica de sala de aula, devemos estar cientes de que esta ferramenta, por si
só, não vai garantir uma aprendizagem significativa dos conhecimentos formais
sistematizados, é preciso que o professor mostre os objetivos claramente, isto é,
proporcionar uma aprendizagem significativa e estimular a construção de novos
conhecimentos.
Segundo depoimento dos professores durante a entrevista alguns alunos
apresentavam dificuldades de relacionamento com os colegas em sala de aula, o
que nos levou a proporcionar momentos em que necessitavam aproximar-se um dos
outros. Mesma situação foi citada pela direção da escola, pois segundo eles em seu
parecer, o projeto conseguiu unir os alunos, criando maior harmonia e aceitação
entre os estudantes.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para o momento, consideramos relevante apontar que a partir da experiência
acima discutida percebemos que o jogo do xadrez na escola não deve ser ensinado
somente como um passatempo ou simplesmente para uma disputa de premiações
em torneios escolares. O xadrez é um meio pedagógico e como tal apresenta
inúmeras possibilidades de ensino.
Além de ser um elemento motivador, este recurso também promove a
interação entre os participantes, desenvolve o raciocínio lógico, estimula a
concentração, a criatividade, o raciocínio lógico e melhora a sociabilidade.
Para tanto, o professor precisa ser criativo e principalmente ter objetivos
claros na preparação didático-pedagógica, pois somente dessa forma os resultados
poderão ser positivos.
A partir do projeto de xadrez aplicado identificamos situações de ensino e
aprendizagem, na qual os alunos participantes desenvolveram a autonomia, a
tomada de decisões, desenvolveram competências e habilidades. Além disso,
melhorou significativamente o relacionamento entre os alunos e até o mesmo em
relação aos educadores. Também despertou o interesse dos alunos, não somente
pelo jogo por si só, mas pelas áreas do conhecimento que o xadrez envolve.
Portanto, este instrumento não deve ser usado somente de forma lúdica,
conforme já exposto, mas aliado a isso também atividades de concentração, na qual
os alunos são instigados a pensar, o que favorece sua aprendizagem.
Ao término do trabalho, pode-se dizer que a participação no Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) representou a possibilidade para um maior
aprofundamento teórico sobre os benefícios do xadrez para a aprendizagem dos
alunos, logo refletiu positivamente na prática diária de sala de aula.
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