· 2 ESCOLA DO ESPIRITISMO MORAL, FILOSÓFICO E CRISTÃO. CAPÍTULO I ORGANIZAÇÃO DO ESPIRITISMO...

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1 José Fleurí Queiroz BURI-SP LICEU ALLAN KARDEC CENTRO ESPÍRITA “SINHANINHA” ESCOLA DO ESPIRITISMO MORAL, FILOSÓFICO E CRISTÃO.

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    Jos Fleur Queiroz

    BURI-SP

    LICEU ALLAN KARDEC

    CENTRO ESPRITA SINHANINHA

    ESCOLA DO ESPIRITISMO MORAL,

    FILOSFICO E CRISTO.

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    ESCOLA DO ESPIRITISMO MORAL,

    FILOSFICO E CRISTO.

    CAPTULO I

    ORGANIZAO DO ESPIRITISMO

    O GRANDE DESCONHECIDO (J.HERC. PIRES)

    O TESOURO DOS ESPRITAS (MIGUEL VIVES)

    PUREZA DOUTRINRIA (J. HERC. PIRES)

    REVISTA ESPRITA. DEZEMBRO DE 1861. Pgs. 387-402.

    ALLAN KARDEC

    1. At o presente, embora muito numerosos, os Espritas se tm dis-

    seminado por todos os pases, o que no um dos caracteres menos salientes

    da doutrina. Como uma semente levada pelo vento, ela fixou razes em todos

    os pontos do globo, prova evidente de que sua propagao no efeito de

    uma camarilha (grupo de pessoas influentes em torno do governante), nem de

    uma influncia local e pessoal. A princpio isolados, os adeptos se surpreen-

    deram hoje com seu nmero; e como a similitude de idias inspira o desejo de

    aproximao, procuram reunir-se e fundar sociedades. Assim, de toda parte

    nos pedem instrues a propsito, manifestando o desejo de unio Socieda-

    de central de Paris. , pois, chegado o momento de nos ocuparmos do que se

    pode chamar a Organizao do Espiritismo. Sobre a formao das sociedades

    espritas, O Livro dos Mdiuns (2. Edio) contm observaes importantes,

    s quais remetemos os interessados, pedindo-lhes meditem com cuidado. Dia-

    riamente a experincia vem lhes confirmar a justeza, que lembraremos de

    modo sucinto, acrescentando instrues mais circunstanciadas.

    2. Inicialmente falemos dos adeptos ainda isolados em meio a uma

    populao hostil ou ignorante s idias novas. Diariamente recebemos cartas

    de pessoas que esto neste caso e perguntam o que podem fazer, na ausncia

    de mdiuns e de co-participantes do Espiritismo. Esto na situao em que,

    apenas h um ano, se achavam os primeiros Espritas dos mais numerosos

    centros de hoje; pouco a pouco multiplicaram-se os adeptos e h cidades onde

    quase se contaram por unidades isoladas, mas hoje o so por centenas e mi-

    lhares; em breve dar-se- o mesmo em toda parte; uma questo de pacin-

    cia. Quanto ao que devem fazer, muito simples. A princpio podem traba-

    lhar por conta prpria, penetrar-se da doutrina pela leitura e meditao das

    obras especiais; quanto mais se aprofundarem, mais verdades consoladoras

    descobriro, confirmadas pela razo. Em seu isolamento, devem julgar-se fe-

    lizes por terem sido os primeiros favorecidos. Mas se se limitassem a colher

    na doutrina uma satisfao pessoal, seria uma espcie de egosmo. Em razo

    de sua prpria posio, tm uma bela e importante misso a cumprir: a de

    espalhar a luz em seu redor. Os que aceitarem essa misso e no se deixarem

    deter pelas dificuldades, sero largamente recompensados pelo sucesso e pela

    satisfao de haver feito uma coisa til. Sem dvida encontraro oposio;

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    sero motivo da troa e dos sarcasmos dos incrdulos, mesmo da malevoln-

    cia das pessoas interessadas em combater a doutrina; mas onde estaria o m-

    rito se no houvesse obstculos a vencer? Assim, aos que fossem detidos pelo

    medo pueril do que diriam, nada temos a dizer, nenhum conselho a dar. Mas

    aos que tm a coragem de sua opinio, que esto acima das mesquinhas con-

    sideraes mundanas, diremos que o que tm a fazer se limita a falar aber-

    tamente do Espiritismo, sem afetao, como de uma coisa muito simples e

    muito natural, sem a pregar e, sobretudo, sem buscar nem forar convices,

    nem fazer proslitos a todo custo. O Espiritismo no deve ser imposto: vem-se

    a ele porque dele se necessita, e porque ele d o que no do as outras filosofi-

    as. Convm mesmo no entrar em explicaes com os incrdulos obstinados:

    seria dar-lhes muita importncia e os levar a pensar que se depende deles. Os

    esforos feitos para os atrair os afastam e, pelo amor-prprio, eles resistem

    na sua oposio. Eis por que intil perder tempo com eles; quando a neces-

    sidade se fizer sentir, viro por si mesmos. Enquanto se espera, preciso dei-

    x-los tranqilos, satisfeitos no seu ceticismo que, acreditai, muitas vezes lhes

    pesa mais do que eles manifestam. Porque, por mais que digam, a idia do

    nada aps a morte tem algo de mais apavorante, de mais pungente que a

    prpria morte.

    Ao lado dos trocistas encontrar-se-o pessoas que perguntaro: Que

    isto?. Esforai-vos, ento, em satisfaz-las, proporcionando-lhes explica-

    es conforme as disposies que nelas encontrardes. Quando se fala do Espi-

    ritismo em geral, preciso considerar as palavras que se pronunciam como

    gros lanados a esmo: no nmero, muitos caem nas pedras e nada produ-

    zem; mas se um nico tiver cado em terra frtil, julgai-vos feliz: cultivai-a e

    estareis certos de que essa planta, frutificando, ter renovos. Para alguns a-

    deptos, a dificuldade responder a certas objees; a leitura atenta das obras

    lhes fornecer os meios; mas, sobretudo, podero ajudar-se, para tal efeito,

    da brochura que vamos publicar sob o ttulo: Refutao das crticas contra o

    Espiritismo, do ponto de vista materialista, cientfico e religioso.

    (continua no Captulo II)

    *

    RELIGIO ESPRITA

    O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO: (A. KARDEC) -

    CAPTULO I NO VIM DESTRUIR A LEI.

    1: No penseis que vim destruir a lei ou os profetas; no vim para destru-los, mas

    para dar-lhes cumprimento. Porque em verdade vos digo que o cu e a terra no passaro,

    at que no se cumpra tudo quanto est na lei, at o ltimo jota e o ltimo ponto. (Mateus, V:

    17-18).

    7. Da mesma maneira que disse o Cristo: Eu no venho destruir a lei,

    mas dar-lhe cumprimento, tambm o Espiritismo nada ensina contrrio ao

    ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos cla-

    ros para todos, o que foi dito sob forma alegrica. Ele vem cumprir, na poca

    predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futu-

    ras. Ele , portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que

    igualmente anunciou: a regenerao que se opera e que prepara o Reino de

    Deus sobre a Terra.

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    LIVRO DA ESPERANA (EMMANUEL) CULTO ESPRITA.

    (Pgs. 15-17).

    O Culto Esprita, expressando venerao aos princpios evanglicos

    que ele mesmo restaura, apela para o ntimo de cada um, a fim de patentear-

    se. Ningum precisa inquirir o modo de nobilit-lo com mais grandeza, por-

    que reverenci-lo conferir-lhe fora e substncia na prpria vida.

    Me, aceitars os encargos e os sacrifcios do lar, amando e auxiliando

    a Humanidade, no esposo e nos filhos que a Sabedoria Divina te confiou. Di-

    rigente, honrars os dirigidos. Legislador, no fars da autoridade instru-

    mento de opresso. Administrador, respeitars a posse e o dinheiro, empre-

    gando-lhes os recursos no bem de todos, com o devido discernimento. Mestre,

    ensinars construindo. Pensador, no torcers as convices que te enobre-

    cem. Cientista, descortinars caminhos novos, sem degradar a inteligncia.

    Mdico, vivers na dignidade da profisso sem negociar com as dores dos

    semelhantes. Magistrado, sustentars a justia. Advogado, preservars o di-

    reito. Escritor, no molhars a pena no lodo da viciao, nem no veneno da

    injria. Poeta, converters a inspirao em fonte de luz. Orador, cultivars a

    verdade. Artista, exaltars o gnio e a sensibilidade sem corromp-los. Chefe,

    sers humano e generoso, sem fugir imparcialidade e razo. Operrio,

    no furtars o tempo, envilecendo a tarefa. Lavrador, protegers a terra.

    Comerciante, no incentivars a fome ou o desconforto, a pretexto de lucro.

    Exator, aplicars os regulamentos com eqidade. Mdium, sers sincero e le-

    al aos compromissos que abraas, evitando perverter os talentos do plano es-

    piritual no profissionalismo religioso.

    O culto esprita possui um templo vivo em cada conscincia na esfera

    de todos aqueles que lhe esposam as instrues, de conformidade com o ensi-

    no de Jesus: O reino de Deus est dentro de vs e toda a sua teologia se re-

    sume na definio do Evangelho: a cada um por suas obras.

    vista disso, prescindindo de conveno (acordo, pacto, ajuste, o que

    resulta de um acordo tcito entre os membros de um mesmo grupo social) e

    pragmtica (coleo de regras ou de frmulas que regulam os atos e cerim-

    nias da corte e da Igreja), temos nele o caminho libertador da alma, educan-

    do-nos o raciocnio e sentimento, para que possamos servir na construo do

    mundo melhor.

    *

    PASSES E ASSISTNCIA ESPIRITUAL

    *

    FILOSOFIA ESPRITA

    O LIVRO DOS ESPRITOS (A. KARDEC). Questes 886

    CARIDADE E AMOR AO PRXIMO e 887 AMAI OS VOSSOS

    INIMIGOS.

    886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia

    Jesus? Benevolncia para com todos, indulgncia para as imperfeies alhei-

    as, perdo das ofensas

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    O amor e a caridade so o complemento da lei de justia, porque amar

    ao prximo fazer-lhe todo o bem possvel, que desejaramos que nos fosse

    feito. Tal o sentido das palavras de Jesus: - Amai-vos uns aos outros, como

    irmos. A caridade, segundo Jesus, no se restringe esmola, mas abrange

    todas as relaes com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferio-

    res, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes, porque temos neces-

    sidade de indulgncia, e nos probe humilhar o infortnio, ao contrrio do

    que comumente se pratica. Se um rico nos procura, atendemo-lo com excesso

    de considerao e ateno, mas se um pobre, parece que no nos devemos

    incomodar com ele. Quanto mais, entretanto, sua posio lastimvel, mais

    devemos temer aumentar-lhe a desgraa pela humilhao. O homem verda-

    deiramente bom procura elevar o inferior aos seus prprios olhos, diminuin-

    do a distncia entre ambos.

    887. Jesus ensinou ainda: Amai aos vossos inimigos. Ora, um amor

    pelos nossos inimigos no contrrio s nossas tendncias naturais, e a inimi-

    zade no provm de uma falta de simpatia entre os Espritos? Sem dvida

    no se pode ter, para com os inimigos, um amor terno e apaixonado. E no foi

    isso que ele quis dizer. Amar aos inimigos perdo-los e pagar-lhes o mal com

    o bem. assim que nos tornamos superiores, pela vingana nos colocamos a-

    baixo deles.

    RELIGIO DOS ESPRITOS (EMMANUEL). SE TIVERES

    AMOR. (Pag.15).

    Se tiveres amor, caminhars no mundo como algum que transformou

    o prprio corao em chama divina a dissipar as trevas... Encontrars nos

    caluniadores almas invigilantes que a peonha do mal entenebreceu, e releva-

    rs toda ofensa com que te martirizem as horas... Surpreenders nos maldi-

    zentes criaturas desprevenidas que o veneno da crueldade enlouqueceu, e

    desculpars toda injria com que te deprimam as esperanas... Observars

    no onzenrio (que cobra juro exorbitante) a vtima da ambio desregrada,

    acariciando a ignomnia da usura em que atormenta a si prprio, e no viciado

    o irmo que caiu voluntariamente na poa de fel em que arruna a si mes-

    mo... Reconhecers a ignorncia em toda manifestao contrria justia e

    descobrirs a misria por fruto dessa mesma ignorncia em toda parte onde

    o sofrimento plasma o crcere da delinqncia, o deserto do desespero, o in-

    ferno da revolta ou o pntano da preguia...

    Se tiveres amor sabers, assim, cultivar o bem, a cada instante, para

    vencer o mal a cada hora... E percebers, ento, como o Cristo fustigado na

    cruz, que os teus mais acirrados perseguidores so apenas crianas de curto

    entendimento e de sensibilidade enfermia, que preciso compreender e aju-

    dar, perdoar e servir sempre, para que a glria do amor puro, ainda mesmo

    nos suplcios da morte, nos erga o esprito imperecvel bno da vida eter-

    na.

    *

    O CONSOLADOR (EMMANUEL). Segunda Parte. FILOSOFIA.

    VIDA. APRENDIZADO. Questes 115 a 130.

    115. a Filosofia a interpretao sinttica de todas as atividades do es-

    prito em evoluo na Terra? A Filosofia constitui, de fato, a smula das ati-

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    vidades evolutivas do Esprito encarnado na Terra. Suas equaes so as e-

    nergias que fecundam a Cincia, espiritualizando-lhe os princpios, at que

    unidas uma outra, indissoluvelmente, penetrem o trio divino das verdades

    eternas.

    116. O homem fsico est sempre ligado ao seu pretrito espiritual?

    Como a maioria das criaturas humanas se encontra em lutas expiatrias, po-

    demos figurar o homem terrestre como algum a lutar para desfazer-se do

    seu prprio cadver, que o passado culposo, de modo a ascender para a vi-

    da e para a luz que residem em Deus. Essa imagem temo-la na semente do

    mundo que, para desenvolver o embrio, cheio de vitalidade e beleza, necessi-

    ta do temporrio estacionamento no seio lodoso da terra, a fim de se desfazer

    do seu envoltrio, crescendo, em seguida, para a luz do Sol e cumprindo sua

    misso sagrada, enfeitada de flores e frutos.

    117. A inteligncia, julgada pelo padro humano, ser a smula de v-

    rias experincias do Esprito sobre a Terra? - Os valores intelectivos represen-

    tam a soma de muitas experincias, em vrias vidas do Esprito, no plano ma-

    terial. Uma inteligncia profunda significa um imenso acervo de lutas plane-

    trias. Atingida essa posio, se o homem guarda consigo uma expresso i-

    dntica de progresso espiritual, pelo sentimento, ento estar apto a elevar-se

    a novas esferas do Infinito, para a conquista de sua perfeio.

    118. Como se registram as experincias do Esprito em sua encarnao,

    para servirem de patrimnio evolutivo nas encarnaes subseqentes? no

    prprio patrimnio ntimo que a alma registra as suas experincias, no a-

    prendizado das lutas da vida, acerca das quais guardar sempre uma lem-

    brana inata nos trabalhos purificadores do porvir.

    119. Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual? -

    Ainda no encontramos uma frmula mais elevada e mais bela que a do es-

    foro prprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de

    lies da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de perfec-

    tibilidade para a futura elevao dos nossos destinos de espritos imortais.

    120. Pode existir inteligncia sem desenvolvimento espiritual? Dire-

    mos melhor: inteligncia humana sem desenvolvimento sentimental, porque

    nesse desequilbrio do sentimento e da razo que repousa atualmente a do-

    lorosa realidade do mundo. O grande erro das criaturas humanas foi entro-

    nizar apenas a inteligncia, olvidando os valores legtimos do corao nos

    caminhos da vida.

    (continua no captulo II)

    *

    FILOSOFIA GERAL

    Livro: ENSINAMENTOS BSICOS DOS GRANDES FILSOFOS.

    NATUREZA DO UNIVERSO

    (O mundo, no qual voc e eu vivemos, j existia muito antes de ns. Co-

    mo surgiu? Foi criado ou sempre existiu? Quem ou o que o fez e como foi feito?

    As rvores, estrelas, homens e mulheres existem realmente ou so simples cria-

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    es de nosso esprito ou do esprito de Deus? Como veio a existir o universo e

    de que feito?)

    No existe quem no tenha indagado como surgiu o mundo. Ele, com

    suas flores, rios, rochas, cu, estrelas, sol e lua, tudo isso no surgiu por mero

    acaso, costumamos raciocinar. Tudo o que vemos em torno de ns, tudo que

    conhecemos, deve ter-se transformado, no que hoje, por algum processo. Se

    pudssemos compreender esse processo, compreenderamos a natureza do

    universo.

    Os primeiros homens, dos quais temos registro, tinham teorias sobre o

    comeo e a natureza das coisas. Teceram-nas para suas religies, e os sacer-

    dotes e religiosos explicaram-nas aos jovens que, por sua vez, as transmiti-

    ram aos filhos. Uma dessas teorias encontra-se no Gnese, o primeiro livro da

    Bblia. Ele nos diz que Deus criou o mundo do nada em seis dias, fez a luz e as

    trevas, o sol, a lua e as estrelas, a terra e as guas e, finalmente, fez todas as

    coisas vivas, inclusive o homem. Depois, quando tudo ficou terminado e o

    homem e a mulher foram colocados num belo jardim, Deus veio ao mundo e

    passeou pelo jardim, satisfeito com Sua obra.

    Teoria dos Primeiros Filsofos Gregos

    Os primeiros filsofos, os gregos, mostraram-se grandemente interes-

    sados no problema da natureza do universo. Realmente, foi o primeiro que

    atacaram. Assim como as crianas costumam quebrar os brinquedos para

    descobrir de que so feitos, aqueles filsofos da infncia da raa humana

    procuraram quebrar no esprito, o universo e penetrar no mistrio da forma-

    o de todas as coisas nele encontradas. De que matria provm todas as coi-

    sas? inquiriam a si mesmos.? Como se explica que existam tantas coisas

    no universo?

    Tales. Que viveu em Mileto, na Grcia antiga (cerca de 600 A.C.), foi o

    primeiro a propor uma soluo para esse problema. Declarou aos vizinhos

    que a gua a matria donde tudo se origina. Via-a transformando-se em s-

    lido gelo quando congelada, e em ar vapor quando aquecida. Racioci-

    nava, pois, que tudo, desde a rocha mais dura at ao mais leve ar, se origina

    da gua e para ela acaba voltando.

    Anaximandro. Pouco tempo depois, outro cidado de Mileto, Anaxi-

    mandro, escrevia que a primeira matria, de que tudo feito, no era a gua,

    conforme Tales havia sugerido, porm, uma massa viva que enche todo o es-

    pao. A essa massa deu o nome de infinito. No comeo dos tempos, dizia ele

    aos companheiros, essa massa, esse infinito, era inteirio, no estava partido

    em pedaos. Continha, porm, movimento. O movimento f-lo comear a agi-

    tar-se para cima e para baixo, para a frente e para trs, e em volta. Lenta-

    mente, foram as peas destacando-se da massa, surgindo assim, eventualmen-

    te, as coisas que agora temos no universo. Acreditava ele que, medida que o

    movimento prosseguia, aqueles inmeros pedaos comearam a voltar e fo-

    ram-se reunindo, e a massa, o infinito, reassumiu a forma inteiria original.

    Anaximandro fez uma exposio muito minuciosa sobre a maneira como a-

    creditava se tivessem originado dessa massa o mundo, o sol, as estrelas, o ar,

    os animais, os peixes e o homem.

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    Anaxmenes. Um terceiro filsofo de Mileto, Anaxmenes, no se satis-

    fez com as teorias expostas pelos dois pensadores que o haviam precedido.

    Aventou a idia de ser o ar a primeira matria de que tudo o mais, no univer-

    so, feito. Compreendeu que o homem e os animais respiram o ar e podem

    viver, e, raciocinando, declarou que o ar se transforma em carne, osso e san-

    gue. Prosseguindo em seu raciocnio, disse que o ar pode transformar-se em

    vento, nuvens, gua, terra e pedra.

    Esses trs filsofos de Mileto, estavam interessados em descobrir a ma-

    tria de que feito tudo o mais. Seguiu-os um grupo de filsofos que, con-

    quanto se interessasse pelo mesmo problema, tinha mais interesse em desco-

    brir os processos a que as muitas coisas, no universo, se acham relacionadas.

    Foram os pitagricos, um grupo ou escola fundada por Pitgoras.

    Pitgoras. Pitgoras e os pitagricos impressionaram-se com o fato de

    muitas coisas, no mundo, se acharem ligadas por processos que podiam ser

    enunciados pelos nmeros. Por exemplo: a resistncia de um fio ou de um

    pedao de tripa acha-se relacionada ao seu cumprimento, num modo que po-

    de ser expresso em nmero. Por isso raciocinavam o nmero deve ser a

    matria que os filsofos procuram. Para eles, os nmeros passaram a ser coi-

    sas e entidades; comearam, ento, a ensinar que todo o universo fora cons-

    trudo de nmeros. Acreditavam que, abrangendo a oitava harmnica oito

    notas, o algarismo oito representa amizade. O ponto afirmavam o um, e

    a linha, o dois. E assim prosseguiram e desenvolveram um complicadssimo

    sistema de nmeros, em seus esforos para demonstrar que tudo realmente

    feito de nmeros.

    (continua no captulo II)

    *

    CINCIA ESPRITA

    O LIVRO DOS MDIUNS (A. KARDEC). Cap. I, EXISTEM

    ESPRITOS? Questo 01:

    A causa principal da dvida sobre a existncia dos Espritos a igno-

    rncia da sua verdadeira natureza. Imaginam-se os Espritos como seres

    parte na Criao, sem nenhuma prova da sua necessidade. Muitas pessoas s

    conhecem os Espritos atravs das estrias fantasiosas que ouviram em crian-

    a, mais ou menos como as que conhecem Histria pelos romances. No pro-

    curam saber se essas estrias, desprovidas do pitoresco, podem revelar um

    fundo verdadeiro, ao lado do absurdo que as choca. No se do ao trabalho

    de quebrar a casca da noz para descobrir a amndoa. Assim, rejeitam toda a

    estria, como fazem os religiosos que, chocados por alguns abusos, afastam-se

    da religio.

    Seja qual for a idia que se faa dos Espritos, a crena na sua existn-

    cia decorre necessariamente do fato de haver um princpio inteligente no U-

    niverso, alm da matria. Essa crena incompatvel com a negao absoluta

    do referido princpio. Partimos, pois, da aceitao da existncia, sobrevivn-

    cia e individualidade da alma, de que o Espiritualismo em geral nos oferece a

    demonstrao terica dogmtica, e o Espiritismo a demonstrao experimen-

    tal.

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    SEARA DOS MDIUNS (EMMANUEL). Questo n. 01 de O Livro

    dos Mdiuns: NUM SCULO DE ESPIRITISMO.

    Num sculo inteiro de atividades, temos visto a Cincia procurando

    apaixonadamente as realidades do Esprito. Provas indiscutveis no lhe fo-

    ram regateadas. E tantas foram elas que Richet conseguiu articular, com xi-

    to, as bases clssicas da Metapsquica, usando recursos to demonstrativos e

    convincentes quanto aqueles empregados na exposio de qualquer problema

    de patologia ou botnica. Sbios distintos, entre os quais Wallace e Zllner,

    Crookes e Lombroso, Myers e Lodge, mobilizando mdiuns notveis, efetua-

    ram experincias de valor inconteste.

    Entretanto, se nos vinte lustros passados a mediunidade serviu para

    atender aos misteres brilhantes da observao cientfica, projetando inquiri-

    es do homem para a Esfera Espiritual, justo satisfaa agora s necessida-

    des morais da Terra, carreando avisos da Esfera Espiritual para o homem.

    Se o primeiro sculo de Doutrina Esprita viu realizaes admirveis,

    desde os clculos profundos da fsica nuclear aos fundamentos da astronuti-

    ca, surpreendeu, igualmente, calamidades terrveis, como sejam: as guerras

    de conquista e rapinagem, nas quais os campos de prisioneiros foram teatro

    para os mais hediondos espetculos de barbrie e degradao, em nome do

    direito; a tcnica da destruio de cidades em massa; as inquisies religio-

    sas, amordaando a liberdade de conscincia; a proliferao das indstrias

    do aborto, s vezes com o amparo de autoridades respeitveis; a onda cres-

    cente dos suicdios; o delrio dos entorpecentes; o abuso da hipnose; o lenoc-

    nio transformado em costume elegante da vida moderna; o aumento dos

    chamados crimes perfeitos, com manifesta perverso da inteligncia, e a per-

    centagem assustadora das molstias mentais com alicerces na obsesso.

    Desse modo, no nos basta apenas um espiritismo cientfico que

    despenda indefinida quota de tempo averiguando a sobrevivncia do ser, a-

    lm do sepulcro. Embora a elevao de propsitos dos pesquisadores eminen-

    tes, que tateiam os domnios da alma, no podemos esquecer a edificao do

    sentimento.

    assim que, repetindo as lies do Cristo para o mundo atormentado,

    no nos achamos simplesmente diante de um espiritismo social, mas em

    pleno movimento de recuperao da dignidade humana, porquanto, em ver-

    dade, perante o materialismo irresponsvel, a sombrear universidades e ga-

    binetes, administraes e conselhos, laboratrios e templos, cenculos e mul-

    tides, o Evangelho de Jesus, para esclarecimento do povo, tem regime de ur-

    gncia.

    *

    A GNESE. (A. KARDEC). Cap.XIV, item 46: OBSESSES E

    POSSESSES.

    Assim como as molstias so o resultado das imperfeies fsicas que

    tornam o corpo acessvel s influncias perniciosas exteriores, a obsesso

    sempre a decorrncia de uma imperfeio moral, que d entrada a um mau

    Esprito. A uma causa fsica, ope-se uma causa fsica; a uma causa moral,

    ser preciso contrapor uma causa moral. Para se preservar das molstias,

    fortifica-se o corpo; para garantir-se contra a obsesso, ser preciso fortificar

  • 10

    a alma; da resulta, para o obsedado, a necessidade de trabalhar para sua

    prpria melhoria, o que geralmente basta, na maior parte dos casos, para o

    desembaraar do obsessor, sem o auxlio de pessoas estranhas. Tal socorro

    torna-se necessrio quando a obsesso degenera em subjugao e em posses-

    so, pois ento o paciente perde por vezes a sua vontade e o seu livre arbtrio.

    A obsesso quase sempre o fato de uma vingana exercida por um

    Esprito, e que mais freqentemente tem sua origem nas relaes que o obse-

    dado teve com ele, em uma existncia precedente. No caso de obsesso grave,

    o obsedado est como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso

    que neutraliza a ao dos fluidos salutares e os repele. do fluido que ser

    preciso desembaraar-se; ora, um mau fluido no pode ser repelido por um

    mau. Por uma ao idntica do mdium curador no caso de molstia, ser

    preciso expulsar o fluido mau com o auxlio de um fluido melhor. Esta a a-

    o mecnica, porm que nem sempre basta; ser preciso, tambm, e acima

    de tudo, agir sobre o ser inteligente ao qual preciso ter o direito de falar

    com autoridade, e esta autoridade no dada seno superioridade moral;

    quanto maior esta, maior a autoridade.

    Mas nem tudo se resume nisso: para assegurar o livramento ser ne-

    cessrio levar o Esprito perverso a renunciar a seus maus desgnios; preci-

    so fazer nascer nele o arrependimento e o desejo do bem, com o auxlio de

    instrues habilmente dirigidas, em evocaes particulares feitas com a fina-

    lidade de sua educao moral; ento pode-se ter a doce satisfao de livrar

    um encarnado e de converter um Esprito imperfeito.

    A tarefa se torna mais fcil quando o obsedado, compreendendo a si-

    tuao, traz seu auxlio de vontade e de orao; no assim quando o doente,

    subjugado pelo Esprito enganador, se ilude a respeito das qualidades de seu

    dominador, e se compraz no erro em que este o mergulhou; pois, ento, longe

    de auxiliar, ele repele toda assistncia. o caso da fascinao, sempre infini-

    tamente mais rebelde que a subjugao mais violenta. (Livro dos Mdiuns,

    cap. XXIII). Em todos os casos de obsesso, a orao o mais poderoso auxi-

    liar para agir contra o Esprito obsessor.

    *

    OPINIO ESPRITA. (EMMANUEL). De A Gnese, Cap. XIV, item

    46: PRECE E OBSESSO.

    A Providncia Divina, pelas providncias humanas, sustenta o amparo

    indiscriminado a todas as criaturas, mas estatui a reciprocidade em todos os

    processos de ao pelos quais a bondade da vida se manifesta.

    Comparemos a prece e a obsesso ao anseio de saber e ao tormento da

    ignorncia. O professor esclarece o discpulo mas no lhe dispensa a aplica-

    o direta ao ensino. E se o aluno surdo-mudo, mesmo assim, para instruir-

    se, obrigado a concentrar muitas das possibilidades da viso e da audio

    nas sutilezas do tato, se quer assimilar o que aprende.

    Recorramos, ainda, lio viva que surge, entre a doena e o remdio.

    Administrar-se- medicamento ao enfermo, mas no se pode eximi-lo do con-

    curso necessrio. E se o paciente no consegue ou no deve acolher os recur-

    sos precisos, atravs da boca, constrangido a receb-los por intermdio dos

    poros, das veias ou de outros canais do corpo. Todo socorro essencial ao ve-

  • 11

    culo fsico reclama a participao do prprio veculo fsico. Ningum extin-

    gue a prpria fome pelo esfago alheio.

    Assim, tambm, nas necessidades do esprito. Na desobsesso, a prece

    indica a atividade libertadora, no entanto, no exonera o interessado da obri-

    gao de renovar-se pelo servio e pelo estudo, a fim de que se lhe areje a ca-

    sa ntima, de vez que todos aqueles que se acumpliciaram conosco, na prtica

    do mal, em existncias passadas, somente se transformam para o bem, quan-

    do nos identificam o esforo, por vezes difcil e doloroso, da nossa reeduca-

    o, na prtica do bem.

    Resumindo, imaginemos o irmo obsidiado, ainda lcido, como sendo

    prisioneiro da prpria mente, convertida ento em cela escura e comparemos

    o socorro espiritual lmpada generosa. Obsesso o bolo pestfero trans-

    formado em caprichoso ferrolho na sombra. Orao luz que se acende. A

    claridade traa orientao do que se tem a fazer, mas o detento chamado a

    tomar a iniciativa do trabalho para libertar a si mesmo, removendo corajo-

    samente o tenebroso foco de atrao.

    *

    NO LIMIAR DO AMANH. (J. HERCULANO PIRES). A BUSCA

    DA VERDADE.

    Professor, considero o Espiritismo uma tentativa ingnua de raciona-

    lizar a Religio. As transmisses de f no so racionais. So realizaes emo-

    cionais para ajudarem o homem a suportar a vida. Como o senhor me res-

    ponderia a isto?

    Respondo que continua em vigor o seu preconceito. O senhor est tra-

    tando com preconceito o problema religioso. Quem lhe disse que se chegou

    concluso, do ponto de vista cientfico e religioso, de que a religio seja isto,

    apenas um problema emocional? No. O senhor conhece, por exemplo, a po-

    sio pragmtica de William James, nos Estados Unidos, no tocante s religi-

    es? O senhor sabe que ele encarou as religies sob o ponto de vista racional

    e didtico e chegou concluso de que a Religio tem uma finalidade prtica,

    muito importante, na vida humana?

    O senhor sabe que Augusto Comte, o grande filsofo do Positivismo,

    que fez a sua filosofia baseada inteiramente no estado subjetivo da cincia,

    acabou criando aquilo que ele chamou a religio da humanidade? Sabe que

    no Rio de Janeiro existem centros positivistas, onde o senhor pode assistir s

    cerimnias religiosas? Que Augusto Comte confirmou a existncia da Metaf-

    sica, baseando-se nas experincias concretas e positivas? Que para ele as reli-

    gies no tratavam de um Deus imaterial, abstrato, mas daquilo que ele cha-

    mava a Deusa, que a prpria humanidade, o culto da humanidade?

    A religio no tem apenas um sentido emocional, mas tem tambm um

    sentido de busca da Verdade. A religio faz parte do Campo do Conhecimen-

    to. No tocante ao Espiritismo, ns consideramos o Conhecimento, no sentido

    geral, em trs campos, trs grandes provncias, por assim dizer, que so: a

    Cincia, a Filosofia e a Religio. As ligaes entre esses campos do conheci-

    mento so ligaes praticamente genticas. Por que? Porque sempre a Cin-

    cia nasce da experincia do homem, no contato com a Natureza, da sua pro-

  • 12

    cura em conhecer a realidade das coisas, em descobrir as leis que governam

    as coisas e servir-se delas, para poder utilizar-se delas.

    A Cincia d os dados sobre a realidade. Estes dados vo levar o ho-

    mem a formular um conceito da Natureza, a criar uma concepo do mundo,

    da vida. Essa concepo do mundo a Filosofia. Ento, a Cincia nasce da

    experincia humana na Terra. A Filosofia nasce das conquistas da Cincia.

    Estas conquistas da Cincia se projetam na concepo do mundo formal, que

    a Filosofia e permitem que o homem tenha um comportamento adequado

    quilo que ele considera ser o mundo, na feio moral. Mas a moral mostra

    que o homem no um ser efmero, como nos parece, pela sua aparncia ma-

    terial. Assim, o ser, que sobrevive aps a morte, nos leva, naturalmente, Re-

    ligio. A Religio , ento a busca da Verdade, da mesma forma que a Cin-

    cia, da mesma forma que a Filosofia. Cada uma testa, estrutura o seu conhe-

    cimento; cada uma no seu campo. Todas elas exercem em conjunto, uma fun-

    o, que a busca da Verdade.

    O senhor se engana, portanto, ao considerar a Religio como, apenas,

    um campo de emoo. O senhor fala isso por causa da f. Mas preciso lem-

    brar que Allan Kardec fez a crtica da f e chegou concluso de que a f

    verdadeira a f que se ilumina, luz da razo.

    *

    TCNICA DA COMUNICAO

    Carlos Prates

    Livro de Comunicao, Oratria e Marketing Pessoal:

    Falando em Pblico com Sucesso - Como tornar-se um campeo da

    oratria.

    1

    Por que temos medo de falar em pblico?

    Pesquisas afirmam que, depois da morte, o maior medo do Ser Huma-

    no o de falar em pblico. Este medo atribudo preocupao que temos

    de no sermos aceitos pelos ouvintes, medo de falhar e conseqentemente so-

    frer hostilidades e medo do ridculo. Os mais tmidos no suportam ser o cen-

    tro das atenes e muitos se consideram inferiores aos ouvintes.

    Entretanto, muitos de nossos alunos afirmam que as causas mais for-

    tes para os seus medos esto relacionadas com situaes desfavorveis no

    passado, geralmente na infncia, tendo como cenrios as suas residncias e

    escolas. Aqui esto alguns depoimentos: meus pais so tmidos (ou autorit-

    rios); meu professor e alguns colegas zombavam da minha voz porque eu

    gaguejava; eu no me achava bonita e no gostava do meu corpo; os co-

    legas diziam que para eu ser burro s faltava comer capim.

    Em funo do medo, o nosso corpo libera uma grande quantidade de

    adrenalina e podemos sentir a boca seca, o corao bater acelerado, tremo-

    res, d um branco e as idias desaparecerem, um vazio no estmago, su-

    armos frio ou exageradamente, sensao de que o cho est afundando, entre

    outras.

  • 13

    No fique triste e no se desespere que isso pode ser resolvido e acon-

    tece com milhares de pessoas.

    Os tempos mudaram, os pais e os professores tambm e chegou o mo-

    mento de vencermos este medo. Antes de darmos algumas dicas e tcnicas,

    voc deve estar consciente que somente o treino e a sua persistncia sero ca-

    pazes de ajud-lo na melhoria da comunicao interpessoal.

    (continua no captulo II)

    *

    PARAPSICOLOGIA

    A Parapsicologia, tambm conhecida como Pesquisa Psi, o estudo de

    certos fenmenos presumivelmente no creditados pelas outras cincias. Da

    forma como tratada no Brasil, trata-se de uma pseudocincia, que at o

    presente momento no possui embasamento emprico ou trabalhos

    publicados em peridicos cientficos internacionais. Uma nova disciplina

    cientfica, no entanto, sucessora da Parapsicologia clssica, toma as alegaes

    paranormais como objeto de estudo: Pesquisa Psi. A Pesquisa Psi

    distingue-se da Parapsicologia (como compreendida popularmente no Brasil)

    por no ter objetivos religiosos e por usar exclusivamente o mtodo cientfico

    como meio de avaliar as alegaes paranormais. No Brasil, o principal grupo

    de Pesquisa Psi - introdutor do termo no pas.

    Definio

    A Parapsicologia a rea e conhecimento que estuda certos eventos

    raros associados experincia humana.

    H uma tradio dentro do senso-comum que sustenta que os mundos

    subjetivo e objetivo so completamente distintos, sem que haja qualquer

    imbricao entre eles. O subjetivo existe aqui, dentro da cabea, enquanto

    que o objetivo existe l, no mundo externo. A Parapsicologia o estudo de

    fenmenos que sugerem que a dicotomia estrita entre objetivo/subjetivo pode

    ser, ao contrrio, parte de um conjunto, com alguns fenmenos entremeando

    ocasionalmente o que puramente subjetivo e o que puramente objetivo.

    Chamamos tais fenmenos de anmalos porque so difceis de serem

    explicados pelos modelos cientficos atuais. Ex.: a psicocinesia (PK) e os

    fenmenos sugestivos da sobrevivncia aps a morte, incluindo as

    experincias prximas da morte, as aparies e a reencarnao. A maioria

    dos parapsiclogos, atualmente, espera que estudos adicionais venham

    finalmente explicar essas anomalias em termos cientficos, apesar de no

    estar claro se eles podem ser completamente compreendidos sem expanses

    significativas (poderia se dizer revolucionrias) do estado atual do

    conhecimento cientfico. Outros pesquisadores assumem a posio de que

    modelos cientficos j existentes, tais como os de percepo e de memria, so

    adequados para explicar alguns dos fenmenos parapsicolgicos.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa_Psihttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pseudoci%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Empirismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Paranormalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa_Psi

  • 14

    Tradicionalmente, a Parapsicologia definida como a disciplina

    cientfica que tem como objeto de estudo a possvel interao extra-sensrio-

    motora entre o ser humano e o meio (que inclui outros seres humanos e

    outros seres vivos). Dizendo de outra maneira, a Parapsicologia estuda: a) a

    hiptese da existncia de uma forma de obteno de informaes

    (comunicao) que prescinda da utilizao dos sentidos humanos conhecidos

    (ESP percepo extra-sensorial: telepatia, clarividncia e precognio) e, b) a

    hiptese da existncia de uma forma de ao humana sobre o meio fsico em

    que no seriam utilizados quaisquer mediadores ou agentes (msculos ou

    foras fsicas) conhecidos (PK psicocinesia). Um dos problemas cruciais em

    Parapsicologia a utilizao de uma definio negativa de seu objeto de

    estudo, ou seja, a dizer-se o que os fenmenos parecem no ser e no o que

    eles de fato sejam. Este problema reflete a falta de uma teoria unificadora

    para os fenmenos psi. No que no existam teorias e modelos, o que no

    existe uma teoria que possa dar conta, ao mesmo tempo, das observaes de

    casos espontneos e dos dados oriundos da pesquisa experimental.

    (continua no captulo II)

    *

    MENSAGENS ESPIRITUAIS

    RECEBIDAS NO LICEU ALLAN KARDEC

    012) ACORDEMOS! CAMINHEMOS! NO OLHEMOS PARA

    TRS!

    Quase dois mil anos so passados de Sua passagem! De Seus ensina-

    mentos! E quo pouco, ou quase nada fizemos! O que esperamos? Aguarda-

    mos o qu para agarrar a enxada e limparmos o campo que est nossa fren-

    te!?

    Continuamos olhando para trs medindo, somando o que j fizemos,

    como se j tivssemos feito muito! Quo preguiosos somos! Continuando a

    achar que nosso esforo despendido nas tarefas de nosso aperfeioamento j

    basta!

    Que preguiosos! Continuamos esperando uma outra grande apario

    do Mestre para, s assim, nos levantarmos e pegar a enxada! J no bastou

    Seu grande sacrifcio? Precisamos imol-Lo novamente!?

    Acordemos, no olhemos a tarefa que ficou para trs, pois o campo

    nossa frente ainda muito grande e a toda hora crescem ervas daninhas en-

    golindo a colheita boa!

    Acordemos! Caminhemos! No olhemos para trs!

    Vamos reviver Seu sofrimento para no esquecermos que o que Ele fez

    j foi demais. Agora a nossa vez. Caminhemos!

    Coragem, F e Luta. No esperemos Sua volta porque Ele j est aqui.

    Deus abenoe a ns todos.

    Um amigo protetor e vigilante.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_extra-sensorialhttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Psicocinesia&action=edit

  • 15

    (Esprito: Um amigo protetor e vigilante. Mdium: Domitila. Liceu Allan

    Kardec. Buri. 26/03/1999).

    *

    013) ORAO DE MANH, TARDE E NOITE!

    Nesta vida atormentada que vivemos, principalmente nos dias de hoje,

    precisamos estar sempre atentos para nossas aes e nossos pensamentos, pa-

    ra que eles sejam os mais sadios possveis, para no cairmos no desespero; e,

    s na Orao que vamos nos fortalecer para suportarmos os percalos da

    vida. S na Orao obteremos F para agentarmos e suportarmos, pois a fa-

    se em que nos arrastamos muito pesada para podermos suportar sem que-

    da.

    Fora irmos, F e Muita Orao e que Deus nos ajude!

    Orao de manh, tarde e noite!

    (Esprito: Dolores. Mdium: Domitila. Liceu Allan Kardec. Buri.

    23/04/1999).

    A nossa cruz s no nos ser pesada se a carregarmos com F e Paci-

    ncia. (Adlia). Precisamos nos unir para obtermos um trabalho edificante.

    *

    014) ONTEM, HOJE, AMANH!

    O tempo Agora, Hoje. O Ontem j passou! Tiremos dele algum pro-

    veito. E o Amanh vai depender de Hoje e de Ontem!

    Lutemos, irmos! Coragem! Em frente! Com as lies de Ontem, ca-

    minhemos Hoje para um Amanh de luz, de progresso, de paz, de crescimen-

    to ntimo. F e Luta! Enfrentem com coragem o Hoje, porque no Amanh,

    por certo, colheremos desta lavoura.

    Boa noite. Aqui, hoje, uma irmzinha que muito os quer: Aninha!

    (Esprito: Aninha. Mdium: Domitila. Liceu Allan Kardec. Buri.

    06/11/1999).

    *

    087) A RVORE QUE NO D FRUTOS SER ARRANCADA...!

    Graas a Deus irmos, estamos novamente reunidos em Seu santo no-

    me.

    Venho, por meio deste irmo, falar-lhes para essa nova etapa de luta

    que recomea. Estudem muito irmos, sobre a doutrina de Jesus, e no per-

    cam uma s oportunidade de poderem exercer os dons que Deus lhes deu, a-

    travs de seus desgnios.

    Faam o mximo que puderem e estaro galgando novos degraus na

    escalada do progresso na Terra.

    Estudar e praticar, eis a questo! rvore que no cresce no d som-

    bra e nem frutos e ser arrancada pela raiz.

    Que as bnos do Divino estejam com todos e todos os familiares.

  • 16

    (Esp.: Joaquim Mdium: Joo Bueno. Liceu Allan Kardec. Buri.

    14/01/2004).

    *

    166) COMPREENSO E CARIDADE!

    Amigos: diariamente atravessam em nossa existncia irmos menos

    providos de conhecimento e com maus pensamentos a ns dirigidos, provo-

    cando-nos a repulsa.

    So criaturas menos providas de amor e paz: entretanto fazem parte

    das nossas provas que, se vencidas, proporcionaro o nosso crescimento e e-

    voluo. Por outro lado, para que isso se realize, so necessrias, de nossa

    parte, a compreenso e caridade para com elas, para que tambm se benefici-

    em, pois s obtemos aquilo que proporcionamos aos outros!

    Deus abenoe a todos e fortalea-os na misso que devem cumprir!

    (Esp.: Irmo Auxiliador. Mdium: Maurcio. Liceu Allan Kardec. Buri

    - 13/10/2006).

    *

    169) ESPRITO GRACIANO. MDIUM: NENA.

    Sou um privilegiado porque posso estar entre vocs e participar desses

    estudos muito bem conduzidos, que nos trazem luz e esperana. Gosto de es-

    tar aqui entre vocs. E sou agradecido pelo que tenho recebido. Desejo muito

    amor e paz a todos! Bnos do Cu para todos! Que todos continuem este

    trabalho maravilhoso de divulgao dessa doutrina esprita, ainda no aceita

    por muitos. Obrigado irmos. Boa noite!

    (Esprito Graciano. Mdium: Nena. Liceu Allan Kardec. Buri.

    20/10/2006).

    *

    206) QUEREM A TO SONHADA PAZ?

    Irmos que aqui esto reunidos, em nome de Deus! Esperana, o que

    quero para vocs! Vocs esto aflitos? Querem a to sonhada paz? Ento re-

    zem, peam a Deus a compreenso e ela vir! Viro, tambm, acompanhada

    da paz, a harmonia e esperana.......

    (Esprito annimo. Mdium Carolina. Liceu Allan Kardec. Buri.

    20/03/2007).

    *

    PRTICA MEDINICA

    DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE

    O CONSOLADOR. (EMMANUEL) PRTICA. Questes 372 a 381.

    372. Como devemos entender a sesso esprita? - A sesso esprita deve-

    ria ser, em toda parte, uma cpia fiel do cenculo fraterno, simples e humilde

    do Tiberades, onde o Evangelho do Senhor fosse refletido em esprito e ver-

    dade, sem qualquer conveno do mundo, de modo que, entrelaados todos

  • 17

    os pensamentos na mesma finalidade amorosa e sincera, pudesse a assem-

    blia constituir aquela reunio de dois ou mais coraes, em nome do Cristo,

    onde o esforo dos discpulos ser sempre santificado pela presena do amor.

    373. Como deve ser conduzida uma sesso esprita, de sua abertura ao

    encerramento? Nesse sentido, h que considerar a excelncia da codificao

    kardequiana; contudo, ser sempre til a lembrana de que as reunies dou-

    trinrias devem observar o mximo de simplicidade, como as assemblias

    humildes e sinceras do Cristianismo primitivo, abstendo-se de qualquer ex-

    presso que apele mais para os sentidos materiais que para a alma profunda,

    a grande esquecida de todos os tempos da Humanidade.

    374. Nas sesses, os dirigentes e os mdiuns tm uma tarefa definida e

    diferente entre si? Nas reunies doutrinrias, o papel do orientador e o do

    instrumento medinico devem estar sempre identificados na mesma expres-

    so de fraternidade e de amor, acima de tudo; mas, existem caractersticas a

    assinalar, para que os servios espirituais produzam os mais elevados efeitos,

    salientando-se que os dirigentes das sesses devem ser o raciocnio e a lgica,

    enquanto o mdium deve representar a fonte de gua pura do sentimento.

    por isso que, nas reunies onde os orientadores no cogitam da lgica e onde

    os mdiuns no possuem f e desprendimento, a boa tarefa impossvel, por-

    que a confuso natural estabelecer a esterilidade no campo dos coraes.

    375. Os agrupamentos espiritistas podem ser organizados sem a contri-

    buio dos mdiuns? Nas reunies doutrinrias, os mdiuns so teis, mas

    no indispensveis, porque somos obrigados a ponderar que todos os homens

    so mdiuns, ainda mesmo sem tarefas definidas, nesse particular; podendo

    cada qual sentir e interpretar, no plano intuitivo, a palavra amorosa e sbia

    de seus guias espirituais, no imo da conscincia.

    376. Ser aconselhvel a determinao de dias da semana para a reali-

    zao normal das sesses espritas? Qualquer dia e hora podem ser consa-

    grados ao bom trabalho da fraternidade e do bem, sempre que necessrio;

    mas, nas reunies dedicadas ao esforo doutrinrio, faz-se imprescindvel a

    metodizao de todos os trabalhos em dias e horas prefixados.

    (continua no captulo II)

    *

  • 18

    LICEU ALLAN KARDEC

    ESCOLA DO ESPIRITISMO MORAL,

    FILOSFICO E CRISTO

    CAPTULO II

    ORGANIZAO DO ESPIRITISMO

    O que impediu a expanso do Espiritismo na Europa do sculo XIX,

    de maneira a poder renovar a velha criminosa concepo do mundo ainda

    hoje dominante, foi simplesmente o seu aspecto religioso. Como no Cristia-

    nismo Primitivo, o Espiritismo foi acolhido com ansiedade pelas camadas po-

    bres da populao, que o converteram por toda parte numa nova seita crist.

    Nesse aspecto devocional as camadas superiores viam apenas o religio-

    sismo popularesco, dotado da mesma f ingnua de toda a religiosidade mas-

    siva. Contra essa avalancha de crentes humildes, predispostos ao beatismo,

    surgiram pequenos grupos de pessoas cultas, que lutaram muitas vezes com

    entusiasmo, mas acabaram cedendo presso dos preconceitos. Esses grupos

    se fecharam em sociedades de elite, desligados do povo, ou simplesmente de-

    sapareceram por falta de elementos dispostos ao trabalho rduo e luta

    constante em defesa da doutrina. Padres e mdicos aproveitaram-se disso pa-

    ra tentar asfixiar, acompanhados por pastores protestantes de produtivos re-

    banhos, o Renascimento Cristo. A palavra Cristianismo gerara um estere-

    tipo enriquecido pelo duplo prestgio das classes dominantes e das igrejas

    tradicionais. As corporaes cientficas e as associaes profissionais de m-

    dicos representavam a reao cientfica e as igrejas crists a clera divina,

    disparando os raios do Olimpo contra os renegados. Apesar desses fogos cru-

    zados sobre as suas cabeas descobertas, os espritas conseguiram compreen-

    der os princpios fundamentais da doutrina, na sua luta pacfica no desespero

    das guerras impiedosas. (Livro: Curso Dinmico do Espiritismo. J. Hercula-

    no Pires).

    *

    REVISTA ESPRITA DEZ/1861

    Continuao do Cap. I

    3. Falemos agora da organizao do Espiritismo nos centros j nu-

    merosos. O aumento incessante dos adeptos demonstra a impossibilidade ma-

    terial de constituir numa cidade e, sobretudo, numa cidade populosa, uma

    sociedade nica. Alm do nmero, h a dificuldade das distncias, que obs-

    tculo para muitos. Por outro lado, sabido que as grandes reunies so me-

    nos favorveis s belas comunicaes e que as melhores so obtidas nos pe-

    quenos grupos. necessrio, pois, cuidar de multiplicar os grupos particula-

    res. Ora, como dissemos, vinte grupos de quinze a vinte pessoas obtero mais

    e faro mais pela propaganda do que uma sociedade nica de quatrocentos

    membros. Os grupos se formam naturalmente, pela afinidade de gostos, de

  • 19

    sentimentos, de hbitos e de posio social; todos ali se conhecem e, como so

    reunies particulares, tem-se liberdade de nmero e de escolha dos que nela

    so admitidos.

    4. O sistema de multiplicao dos grupos tem ainda como resultado,

    conforme o dissemos em vrias ocasies, impedir os conflitos e as rivalidades

    de supremacia e de presidncia. Cada grupo naturalmente dirigido pelo

    chefe da casa, ou por aquele que para isso for designado; no h, a bem dizer,

    presidente oficial, pois tudo se passa em famlia. O dono da casa, como tal,

    tem toda a autoridade para manter a boa ordem. Com uma sociedade pro-

    priamente dita, h necessidade de um local especial, um pessoal administrati-

    vo, um oramento, numa palavra, uma complicao de engrenagens, que a

    m vontade de alguns dissidentes mal intencionados poderia comprometer.

    *

    RELIGIO ESPRITA

    O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    CAPITULO XIX

    A F QUE TRANSPORTA MONTANHAS

    PARBOLA DA FIGUEIRA QUE SECOU

    8. E ao outro dia, como sassem de Betnia, teve fome. E tendo visto ao longe uma fi-

    gueira, foi l a ver se acharia nela alguma coisa; quando chegou a ela, nada achou, seno fo-

    lhas, porque no era tempo de figos. E falando-lhe, disse: Nunca jamais coma algum fruto

    de ti para sempre. E no outro dia pela manh, ao passarem pela figueira, viram que ela esta-

    va seca at s razes. Ento, lembrando Pedro, disse para Jesus: Olha, Mestre, como secou a

    figueira que tu amaldioaste. E respondendo Jesus, lhe disse:Tende f em Deus. Em verdade

    vos afirmo que todo o que disser a este monte:Tira-te, e lana-te ao mar, e isto sem hesitar

    seu corao, mas tendo f de que tudo o que disser suceder, ele o ver cumprir assim. (Mar-

    cos, XI: 12-14 e 20-23).

    9. A figueira seca o smbolo das pessoas que apenas aparentam o

    bem, mas na realidade nada produzem de bom: dos oradores que possuem

    mais brilho do que solidez, dotados do verniz das palavras de maneira que es-

    tas agradam aos ouvidos; mas, quando as analisamos, nada revelam de subs-

    tancial para o corao; e, quando as acabamos de ouvir, perguntamos que

    proveito tivemos.

    tambm o smbolo de todas as pessoas que podem ser teis e no o

    so; de todas as utopias, de todos os sistemas vazios, de todas as doutrinas

    sem bases slidas. O que falta, na maioria das vezes, a verdadeira f, a f

    realmente fecunda, a f que comove as fibras do corao, em uma palavra, a

    f que transporta montanhas. So rvores frondosas, mas sem frutos, e por

    isso que Jesus as condena esterilidade, pois dia vir em que ficaro secas

    at s razes. Isso quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que

    no produziram nenhum bem para a humanidade, sero reduzidas a nada; e

    que todos os homens voluntariamente inteis, que no se utilizaram dos re-

    cursos de que estavam dotados, sero tratados como a figueira seca.

    *

    PASSES E ASSISTNCIA ESPIRITUAL

  • 20

    *

    FILOSOFIA ESPRITA

    O LIVRO DOS ESPRITOS

    VIII INFLUENCIA DOS ESPRITOS SOBRE OS

    CONTECIMENTOS DA VIDA

    533. Podem os Espritos fazer que se obtenham os dons da fortuna,

    desde que solicitados nesse sentido?

    s vezes, como prova, mas freqentemente se recusam, como se re-

    cusa a uma criana um pedido inconsiderado.

    533-a. So os bons ou os maus Espritos que concedem esses favores?

    Uns e outros. Isso depende da inteno. Mas, em geral, so os Espri-

    tos que querem arrastar-vos ao mal e que encontram um meio fcil de o fa-

    zer, nos prazeres que a fortuna proporciona.

    534. Quando os obstculos parecem vir fatalmente contra aos nossos

    projetos, seria por isso influncia de algum Esprito?

    Algumas vezes so os Espritos: outras vezes, e o mais freqentemen-

    te, que vos colocaste mal. A posio e o carter influem muito. Se vos obsti-

    nais numa senda que no a vossa, os Espritos nada tm com isso; sois vs

    mesmos que vos tornais o vosso mau gnio.

    535. Quando nos acontece alguma coisa feliz, ao nosso Esprito pro-

    tetor que a devemos agradecer?

    Agradecei sobretudo a Deus, sem cuja permisso nada se faz, e de-

    pois aos bons Espritos, que foram os seus agentes.

    535-a. Que aconteceria se esquecssemos de agradecer?

    O que acontece aos ingratos.

    535-b. H entretanto muita gente que no ora nem agradece, e para

    quem tudo sai bem.

    Sim, mas necessrio ver o fim; pagaro bem caro essa felicidade

    passageira que no merecem, porque, quanto mais tenham recebido, mais te-

    ro de restituir.

    *

    CINCIA ESPRITA

    O LIVRO DOS MDIUNS

    DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE

    200. Trataremos aqui, especialmente, dos mdiuns escreventes, porque

    este o gnero de mediunidade que mais se expandiu, e tambm porque h

    um tempo o mais simples, o mais cmodo, o que proporciona resultados mais

    satisfatrios e mais completos. ainda o que todos ambicionam. Infelizmente

    no h, at o presente, nenhum meio de diagnosticar, mesmo de maneira a-

    proximativa, que se possui essa faculdade. Os sinais fsicos que alguns tomam

  • 21

    por indcios nada tm de certo. Podemos encontr-la nas crianas e nos ve-

    lhos, nos homens e nas mulheres, qualquer que seja o temperamento, o esta-

    do de sade ou o grau de desenvolvimento intelectual e moral. S h um meio

    de constatar a sua existncia: experimentar.

    Pode-se obter a escrita, como j vimos, por meio de cestas e pranche-

    tas ou diretamente pela mo. Sendo este ltimo modo o mais fcil, e podemos

    dizer que o nico hoje empregado, o que de preferncia recomendamos. O

    processo dos mais simples. Consiste unicamente em pegar-se um lpis e pa-

    pel e pr-se em posio de escrever, sem qualquer outra preparao. Mas,

    para se conseguir bom resultado, so indispensveis muitas recomendaes.

    201. No tocante s condies materiais, recomendamos evitar-se tudo

    o que possa impedir o livre movimento da mo. mesmo prefervel que ela

    no se apie inteiramente no papel, A ponta do lpis deve manter o contato

    necessrio para escrever, mas no para oferecer resistncia. Todas essas pre-

    caues se tornam inteis quando se comea a escrever corretamente, porque

    ento nenhum obstculo poderia deter a mo. Essas so apenas as prelimina-

    res do aprendizado.

    202. Pode-se usar indiferentemente a pena ou o lpis. Alguns mdiuns

    preferem a pena, mas ela s pode servir para os que esto formados e escre-

    vem calmamente. H os que escrevem com tal velocidade que o uso da pena

    seria quase impossvel ou pelo menos muito incmodo. Acontece o mesmo

    com a escrita sacudida ou irregular, e quando se trata de Espritos violentos,

    que batem com a ponta e a quebram, rasgando o papel.

    203. O desejo de todo aspirante a mdium naturalmente poder con-

    versar com Espritos de pessoas queridas, mas essa impacincia deve ser mo-

    derada, porque a comunicao com determinado Esprito apresenta quase

    sempre dificuldades materiais que a tornam impossvel para o iniciante. Para

    que um Esprito possa comunicar-se necessrio haver entre ele e o mdium

    relaes fludicas que nem sempre se estabelecem de maneira instantnea.

    Somente na proporo em que a mediunidade se desenvolve o mdium vai

    adquirindo a aptido necessria para entrar em relao com o primeiro Es-

    prito comunicante.

    Pode ser, portanto, que o Esprito desejado no esteja em condies

    propcias, apesar de se encontrar presente. Como pode ser, ainda, que ele no

    tenha possibilidade nem permisso de atender ao apelo. Convm, pois, no

    princpio, abster-se o mdium de chamar um determinado Esprito, porque

    muitas vezes acontece no ser com ele que as relaes fludicas se estabeleam

    com maior facilidade, por maior simpatia que lhe devote. Antes, pois, de pen-

    sar em obter comunicaes deste ou daquele Esprito, necessrio tratar do

    desenvolvimento da faculdade, fazendo para isso um apelo geral e se dirigin-

    do sobretudo ao seu anjo guardio.

    No h para isso frmulas sacramentais. Quem pretender oferecer

    uma frmula pode ser firmemente taxado de impostor, porque para o Espri-

    to a forma nada vale. Entretanto a evocao deve ser feita sempre em nome

    de Deus. Pode-se faz-la nos termos seguintes ou em outros equivalentes:

  • 22

    Rogo a Deus todo poderoso permitir a um bom Esprito comunicar-

    se comigo, fazendo-me escrever; rogo tambm ao meu Anjo Guardio que me

    assista e afaste de mim os Espritos maus.

    Espera-se ento que um Esprito se manifeste, fazendo escrever algu-

    ma coisa. Pode acontecer que seja aquele que se deseja, como pode ser um

    Esprito desconhecido ou o Anjo da Guarda. Num caso ou noutro, geralmen-

    te ele se d a conhecer escrevendo o nome. Apresenta-se ento o problema da

    identidade, uma das que requerem maior experincia, pois so poucos os ini-

    ciantes que no estejam expostos a ser enganados. Tratamos disso logo mais,

    em captulo especial.

    Quando se quer chamar determinados Espritos, essencial dirigir-se

    inicialmente aos que se sabe serem bons e simpticos e que podem ter um mo-

    tivo para atender, como os de parentes e amigos. Nesse caso a evocao pode

    ser feita assim:

    Em nome de Deus todo poderoso, rogo ao Esprito de fulano que se

    comunique comigo. Ou ainda: Rogo a Deus todo poderoso permitir ao Espri-

    to de fulano que se comunique comigo. Ou por outras palavras correspon-

    dentes a esse mesmo pensamento.

    tambm necessrio que as primeiras perguntas sejam formuladas de

    maneira que as respostas sejam dadas simplesmente por um sim ou no. Por

    exemplo: Ests a? Queres responder? Podes fazer-me escrever? etc. Mais

    tarde, essa precauo ser desnecessria. No comeo, trata-se de estabelecer

    uma relao. O essencial que a pergunta no seja ftil, que no se refira a

    coisas de interesse privado, e sobretudo que seja a expresso de um sentimen-

    to benevolente e simptico para o Esprito ao qual se dirige. (Ver o captulo

    especial sobre Evocaes)

    204. Mais importante a se observar, do que a maneira de fazer o apelo,

    a calma e o recolhimento que se deve ter, junto a um desejo ardente e uma

    firme vontade de xito. E por vontade no entendemos aqui um desejo ef-

    mero e inconseqente, a cada momento interrompido por outras preocupa-

    es, mas uma vontade sria, perseverante, sustentada com firmeza, sem im-

    pacincia nem ansiedade. O recolhimento favorecido pela solido, pelo si-

    lncio e o afastamento de tudo o que possa provocar distraes.

    Nada mais resta ento a fazer, seno isto: renovar todos os dias a ten-

    tativa, durante dez minutos, um quarto de hora ou mais de cada vez, durante

    quinze dias, um ms, dois meses e mais se necessrio. Conhecemos mdiuns

    que s se formaram depois de seis meses de exerccio, enquanto outros escre-

    vem correntemente desde a primeira vez.

    205. Para evitar tentativas inteis, pode-se interrogar, por outro m-

    dium, um Esprito srio e elevado. Mas bom lembrar que, quando se prope

    aos Espritos a questo de saber se temos ou no mediunidade, eles quase

    sempre respondem afirmativamente, o que no impede que as tentativas se-

    jam muitas vezes infrutferas. Isso se explica naturalmente. Prope-se ao Es-

    prito uma questo geral e ele responde de maneira geral. Como se sabe, na-

    da mais elstico do que a faculdade medinica, pois ela pode se apresentar

    sob as mais variadas formas e nos mais diversos graus. Pode-se, portanto, ser

    mdium sem o perceber e num sentido diferente do que se pensa.

  • 23

    A esta questo vaga: Sou mdium? O Esprito responde: Sim. A esta

    mais precisa: Sou mdium escrevente? Ele pode responder: No. Deve-se a-

    inda conhecer a natureza do Esprito interrogado. H Espritos to levianos e

    to ignorantes que respondem a torto e a direito, como verdadeiros estrdios.

    Eis porque aconselhamos dirigir-se a Espritos esclarecidos, que geralmente

    respondem de boa vontade a essas perguntas e indicam o melhor caminho a

    seguir, se houver possibilidades de xito.

    *

    MENSAGENS ESPRITAS RECEBIDAS NO

    LICEU ALLAN KARDEC

    015) NOSSO RETORNO. NOSSO PEQUENO GRUPO!

    Boa noite, irmos. Ora, Viva! Estamos presentes mais uma vez! Ten-

    tando... Saibam que nossos agrupamentos esto se formando em nome de Je-

    sus. No nos preocupemos em ser um nmero reduzido, em comparao aos

    demais grupos; pois nossos queridos irmozinhos esto equivocados: no agem

    com a naturalidade que Cristo nos ensinou. Fantasiam atitudes e gestos espa-

    lhafatosos em Seu nome, com resultados, muitas vezes, at desesperadores,

    quando no levam loucura. Oremos por eles, irmos! Pois ainda esto no

    comeo; um dia eles chegaro onde estamos e, ento, a que comearo a en-

    tender que Jesus sempre foi simples em suas maneiras e espera que assim

    tambm o sejamos. Continuemos com f, com trabalho, sem espalhafatos. No

    esperem palmas, ou salvas para o nosso procedimento. Sejamos sempre o

    Grupo de Jesus em toda a sua simplicidade e toda a sua Inteno.

    Deus nos abenoe. Sou eu, Dolores, que fiquei feliz pelo nosso retorno.

    Boa noite.

    (Esprito: Dolores. Mdium: Domitila. Liceu Allan Kardec. Buri.

    06/11/1999).

    *

    091) NO PERCAM UM S MOMENTO COM PENSAMENTOS

    FTEIS!

    Graas a Deus irmos, estamos novamente juntos em nome de Deus,

    nosso Pai, e Jesus, nosso irmo maior.

    Queridos irmos, os ensinamentos so maravilhosos. No percam um s

    minuto de vossos dias com coisas ou pensamentos fteis, que no levam a na-

    da! Relembrai durante todo o tempo dos ensinamentos de Jesus, aqui minis-

    trados, e dai provas de que assimilaram a lio. Junto ao povo que serviro

    de ferramentas de Deus para a alavanca do progresso moral na Terra. No re-

    cuem, jamais, da tarefa; no se furtem aos compromissos assumidos no plano

    espiritual e, j que esto no caminho certo, aproveitem a oportunidade. Sem-

    pre com f em Deus, haveremos de vencer as dificuldades.

    Que Deus e Jesus abenoem a todos e todos os familiares!

    (Esp.: Joaquim. Mdium: Joo Bueno. L. Allan Kardec. Buri.

    25/02/2004).

    176) BENEVOLNCIA!

  • 24

    Benevolncia, benevolncia, no sejam preguiosos... Sejam benevolen-

    tes j. No esperem possveis momentos apropriados. Sejam benevolentes vinte

    e quatro horas por dia. Sejam benevolentes sempre, a todo instante.

    Que seus pensamentos sejam dirigidos para o bem de todos os irmos.

    Sejam benevolentes desde o raiar do dia ao cair da noite. Sejam benevolentes.

    Benevolncia, irmos. Benevolncia: esse o primeiro passo para come-

    ar a caridade, para voc comear a ser melhor. Benevolncia, no se esquea!

    Amoleam vossos coraes. Seus coraes esto duros; por isso no es-

    to conseguindo ser benevolentes. Insistam, resistam dureza de seus cora-

    es. Sejam benevolentes. A benevolncia necessria para a sua salvao.

    (Esprito: sem assinatura. Mdium: Nena. Liceu Allan Kardec. Buri.

    03/11/06).

    *

    181) QUEQUEQU! (Querer para os outros o que queremos para ns

    prprios.)

    Na noite e ao relento fui ao teu encontro! No te achei, mas tenho certe-

    za que estavas l. A escurido estava dentro de mim... que no sabia a luz pro-

    curar.

    Hoje, sei o caminho, basta amar! Deus nos quer a Seu lado, basta pro-

    curar!

    (H muito, Sonia, nossa irm, vem querendo manifestar-se e dizer-nos

    que a simplicidade necessria para estarmos ao lado de nosso Pai. Que a

    Verdade to simples: basta procurar os caminhos da bondade, do amor ao

    prximo, da f no Criador. Somos todos filhos de Deus; portanto, somos iguais

    e devemos, sempre, desejar ao prximo aquilo que queremos para ns).

    Deus abenoe a todos. Irmo Auxiliador.

    (Esp.: Irmo Auxiliador. Mdium: Maurcio. L. Al. Kardec. Buri.

    24/11/2006).

    *

    217) NEM MEU NOME LEMBRO MAIS...

    Assinalar o meu nome importante para mim. O que quero escrever

    no to simples. Tenho vontade de estar a com vocs... , estou, mas no

    bem assim... Sinto medo, e estou s, estou desencarnado h muito pouco tem-

    po.... quero os meus amigos, parentes,... no os vejo, Por qu? Nem o meu no-

    me os deles lembro mais.

    Quero dizer que no estou feliz, mas vejo uma luz pequena. Sou amigo

    de voc e do Maurcio. Estou triste.

    Esprito no identificado. Mdium Carolina. Liceu Allan Kardec. Buri.

    24/04/2007.

    *

    218) APRENDAM DE MIM, QUE SOU MANSO...

  • 25

    Dirijamos o nosso pensamento a Deus, Ele que nos move e nos d a

    mo para seguirmos. Estejam certos que, sem Sua presena, continuamos e-

    xaustos e no chegaremos a lugar nenhum.

    Portanto, ouam o que Cristo nos ensinou: amai a Deus e ao prximo.

    Aprendam de mim que sou manso de corao. Sejam justos... Enquanto

    tempo, e o tempo a mola que nos impulsiona a Ele, Deus, Nosso Pai!

    Estou com vocs meus irmos e claro que estarei sempre aqui entre

    vocs.

    Sejam bons e estejam sempre com Deus! Boa noite!

    Mdium Carolina. Liceu Allan Kardec. Buri. 15/05/2007.

    *

    PRTICA MEDINICA

    DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE

    *

  • 26

    FOTOGRAFIA E TELEGRAFIA DO PENSAMENTO

    A fotografia e a telegrafia do pensamento so questes at agora

    pouco explanadas. Como todas as que no apresentam ligao com as leis

    que, por sua essncia, devem ser universalmente difundidas, foram relega-

    das para segundo plano, no obstante serem de capital importncia e pode-

    rem os elementos que elas contm concorrer para a elucidao de muitos

    problemas que ainda se acham sem soluo.

    Quando um artista de talento executa um quadro, obra magistral a

    que consagrou todo o gnio que progressivamente adquiriu, d primeira-

    mente os traos gerais, de sorte que se compreenda, desde o esboo, todo o

    partido que espera tirar dali. S depois de haver elaborado minuciosamente

    o seu plano geral que entra nas mincias; e, embora a este ltimo trabalho

    deva, talvez, dispensar maiores cuidados do que quele outro, tal no lhe se-

    ria possvel, se no houvera esboado antes o seu quadro. O mesmo sucede

    em Espiritismo.

    As leis fundamentais, os princpios gerais, cujas razes existem no

    esprito de todo ser criado, foram elaborados desde a origem. Todas as ou-

    tras questes, quaisquer que sejam, dependem das primeiras. Por isso que,

    durante certo tempo, foroso se torna pr de lado o estudo dessas questes.

    Com efeito, poder-se-ia logicamente falar de fotografia e de telegra-

    fia do pensamento, antes de estar demonstrada a existncia da alma que ma-

    nobra os elementos fludicos e a dos fluidos que permitem se estabeleam

    relaes entre duas almas distintas? Ainda hoje, talvez, mal comeamos a

    estar suficientemente esclarecidos para a elaborao de to vastos proble-

    mas! Entretanto, no se acharo deslocadas aqui algumas consideraes de

    natureza a preparar as bases para um estudo mais completo.

    Limitado em suas idias e aspiraes, tendo circunscritos os seus ho-

    rizontes, o homem precisa concretar todas as coisas e pr-lhes etiquetas, a

    fim de guardar delas aprecivel lembrana e basear seus futuros estudos nos

    dados que haja reunido. Pelo sentido da vista foi que lhe vieram as primeiras

    noes do conhecimento. Foi a imagem de um objeto que lhe ensinou a e-

    xistncia desse objeto. Quando conheceu muitos objetos, tirou dedues das

    impresses diferentes que eles lhe produziam no ntimo do ser, fixou na in-

    teligncia a quintessncia deles por meio do fenmeno da memria. Ora,

    que a memria, seno um espcie de lbum mais ou menos volumoso, que

    se folheia para encontrar de novo as idias apagadas e reconstituir os acon-

    tecimentos que se foram? Esse lbum tem marcas nos pontos capitais. De

    alguns fatos o indivduo imediatamente se recorda; para recordar-se de ou-

    tros, -lhe necessrio folhear por longo tempo o lbum.

    A memria como um livro! Aquele em que lemos algumas passa-

    gens facilmente no-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente

    perlustradas tm que ser folheadas uma a uma, para que consigamos recons-

    tituir um fato sobre o qual pouco tenhamos demorado a ateno. Quando o

    Esprito encarnado se lembra, sua memria lhe apresenta, de certo modo, a

    fotografia do fato que ele procura. Em geral, os encarnados que o cercam

    nada vem; o lbum se acha em lugar inacessvel ao olhar deles; mas, os

    Espritos o vem e folheiam conosco. Em dadas circunstncias, podem

    mesmo, deliberadamente, ajudar a nossa pesquisa, ou perturb-la.

  • 27

    O que se produz de um encarnado para um desencarnado tambm se

    verifica do desencarnado para o vidente. Quando se evoca a lembrana de

    certos fatos da existncia de um Esprito, apresenta-se-lhe a fotografia des-

    ses fatos; e o vidente, cuja situao espiritual anloga do Esprito livre,

    v como ele e, at, em determinadas circunstncias, v o que o Esprito no

    v por si mesmo, tal como um desencarnado pode folhear a memria de um

    encarnado, sem que este tenha disso conscincia e lembrar-lhe fatos de h

    muito esquecidos. Quanto aos pensamentos abstratos, por isso mesmo que

    existem, tomam corpo para impressionar o crebro; tm de agir naturalmen-

    te sobre este e, de certo modo, gravar-se nele. Ainda neste caso, como no

    primeiro, parece perfeita a semelhana entre os fatos da terra e os do espao.

    J tendo sido o fenmeno da fotografia do pensamento objeto de al-

    gumas reflexes nossas na Revista, para maior clareza reproduziremos al-

    guns trechos do artigo em que o assunto foi tratado e que completaremos

    com outras observaes novas.

    Sendo os fluidos o veculo do pensamento, este atua sobre aqueles

    como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos

    traz o som.

    Pode-se, pois, dizer, com verdade, que h ondas nos fluidos e radia-

    es de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como h, no ar,

    ondas e radiaes sonoras. Ainda mais; criando imagens fludicas, o pen-

    samento se reflete no envoltrio perispirtico como num espelho, ou, ento,

    como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos vapores do ar

    tomando a um corpo e, de certo modo, fotografando-se.

    Se um homem, por exemplo, tiver a idia de matar algum, embora

    seu corpo material se conserve impassvel, seu corpo fludico acionado por

    essa idia e a reproduz com todos os matizes. Ele executa fluidicamente o

    gesto, o ato que o indivduo premeditou. Seu pensamento cria a imagem da

    vtima e a cena inteira se desenha, como num quadro, tal qual lhe est na

    mente. assim que os mais secretos movimentos da alma repercutem no in-

    vlucro fludico. assim que uma alma pode ler noutra alma como num li-

    vro e ver o que no perceptvel aos olhos corporais. Estes vem as impres-

    ses interiores que se refletem nos traos fisionmicos: a clera, a alegria, a

    tristeza; a alma, porm, v nos traos da alma os pensamentos que no se

    exteriorizam.

    Entretanto, se, vendo a inteno, pode a alma pressentir a execuo

    do ato que lhe ser a conseqncia, no pode, contudo, determinar o mo-

    mento em que ele ser executado, nem lhe precisar os pormenores, nem

    mesmo afirmar que ele se realize, porque ulteriores circunstncias podem

    modificar os planos concebidos e mudar as disposies. Ela no pode ver o

    que ainda no est no pensamento; o que v a preocupao ocasional ou

    habitual do indivduo, seus desejos, seus projetos, suas intenes boas ou

    ms. Da os erros nas previses de alguns videntes.

    Quando um acontecimento est subordinado ao livre-arbtrio de um

    homem, eles apenas podem pressentir-lhe a probabilidade, de acordo com o

    pensamento que vem; mas, no podem afirmar que se dar de tal forma, ou

    em tal momento. A maior ou menor exatido nas previses depende, alm

    disso, da extenso e da clareza da vista psquica. Nalguns indivduos, desen-

  • 28

    carnados ou encarnados, limita-se a um ponto ou difusa, ao passo que nou-

    tros ntida e abrange todo o conjunto dos pensamentos e das vontades que

    hajam de concorrer para a realizao de um fato. Mas, acima de tudo, h

    sempre a vontade superior que pode, em sua sabedoria, permitir uma revela-

    o ou impedi-la. Neste ltimo caso, um vu impenetrvel lanado sobre a

    mais perspicaz vista psquica. (Veja, em A Gnese, o captulo sobre a Pres-

    cincia.)

    A teoria das criaes fludicas e, por conseguinte, da fotografia do

    pensamento, uma conquista do moderno Espiritismo e pode, doravante,

    considerar-se como firmada em princpio, ressalvadas as aplicaes de mi-

    ncias, que ho de resultar da observao. Este fenmeno incontes-

    tavelmente a origem das vises fantsticas e desempenha grande papel em

    certos sonhos.

    Quem na Terra sabe de que maneira se estabeleceram os primeiros

    meios de comunicao do pensamento? Como foram inventados ou, antes,

    descobertos, dado que nada se inventa, pois que tudo existe em estado laten-

    te, cabendo aos homens apenas os meios de pr em ao as foras que a Na-

    tureza lhes oferece?

    Quem sabe quanto tempo foi necessrio para que os homens usassem

    da palavra de modo perfeitamente inteligvel?

    Aquele que soltou o primeiro grito inarticulado tinha sem dvida

    uma certa conscincia do que queria exprimir, mas os a quem ele se dirigiu

    nada a princpio compreenderam. S ao cabo de longo lapso de tempo se ve-

    rificou a existncia de palavras convencionadas, depois a de frases abrevia-

    das e, por fim, discursos inteiros.

    Quantos milhares de anos no foram necessrios para que a Huma-

    nidade chegasse ao ponto em que hoje se encontra! Cada progresso nos mo-

    dos de comunicao, nas relaes entre os homens, foi sempre assinalado

    por uma melhora no estado social dos seres. medida que as relaes de

    indivduo a indivduo se tornam mais estreitas, mais regulares, a necessidade

    se faz sentir de uma nova e mais rpida forma de linguagem, mais apropria-

    da a pr os homens em comunicao instantnea e universalmente uns com

    os outros.

    Por que no teria cabimento no mundo moral, de encarnado a encar-

    nado, por meio da telegrafia humana, o que ocorre no mundo fsico, por

    meio da telegrafia eltrica? Por que as relaes ocultas que ligam, de manei-

    ra mais ou menos consciente, os pensamentos dos homens e dos Espritos,

    por meio da telegrafia espiritual, no se generalizariam entre os homens, de

    modo consciente?

    A telegrafia humana! A est uma coisa de molde certamente a pro-

    vocar o riso dos que se negam a admitir o que no caia sob os sentidos mate-

    riais. Mas, que importam as zombarias dos presunosos? As suas negaes,

    por mais que eles as multipliquem, no obstaro a que as leis naturais sigam

    seu curso, nem a que se encontrem novas aplicaes dessas leis, medida

    que a inteligncia humana se ache em estado de lhes experimentar os efei-

    tos.

  • 29

    O homem exerce ao direta sobre as coisas, assim como sobre as

    pessoas que o cercam. Freqentemente, uma pessoa de quem se faz pouco

    caso a exerce decisiva sobre outras de reputao muito superior. Isto decorre

    de que na Terra se vem muito mais mscaras do que semblantes e de que a

    o olhar tem a obscurec-lo a vaidade, o interesse pessoal e todas as paixes

    ms. A experincia demonstra que se pode atuar sobre o esprito dos ho-

    mens, revelia deles.

    Um pensamento superior, fortemente pensado, permita-se-nos a

    expresso, pode, pois, conforme a sua fora e a sua elevao, tocar de perto

    ou de longe homens que nenhuma idia fazem da maneira por que ele lhes

    chega, do mesmo modo que muitas vezes aquele que o emite no faz idia

    do efeito produzido pela sua emisso. esse um jogo constante das inteli-

    gncias humanas e da ao recproca de umas sobre as outras. Juntai-lhe a

    das inteligncias dos desencarnados e imaginai, se o conseguirdes, o poder

    incalculvel dessa fora composta de tantas foras reunidas.

    Se se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento a-

    ciona e dos efeitos que ele produz de um indivduo a outro, de um grupo de

    seres a outro grupo e, afinal, da ao universal dos pensamentos das criatu-

    ras umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniqui-

    lado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inmeras redes li-

    gadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para al-

    canar um nico objetivo: o progresso universal.

    Pela telegrafia do pensamento, ele apreciar em todo o seu valor a lei

    da solidariedade, ponderando que no h um pensamento, seja criminoso,

    seja virtuoso, ou de outro gnero, que no tenha ao real sobre o conjunto

    dos pensamentos humanos e sobre cada um deles. Se o egosmo o levava a

    desconhecer as conseqncias, para outrem, de um pensamento perverso,

    pessoalmente seu, por esse mesmo egosmo ele se ver induzido a ter bons

    pensamentos, para elevar o nvel moral da generalidade das criaturas, aten-

    tando nas conseqncias que sobre si mesmo produziria um mau pensamen-

    to de outrem.

    Que sero, seno conseqncia da telegrafia do pensamento, esses

    choques misteriosos que nos advertem da alegria ou do sofrimento de um

    ente caro, que se acha longe de ns? No a um fenmeno do mesmo gne-

    ro que devemos os sentimentos de simpatia ou de repulso que nos arrastam

    para certos Espritos e nos afastam de outros?

    H nisto certamente um campo imenso aberto observao, mas de

    que ainda no temos seno o esboo; o estudo dos pormenores ser a conse-

    qncia de um conhecimento mais completo das leis que regem a ao dos

    fluidos entre uns e outros. (Temos aqui um exemplo da maneira porque Allan Kardec, graas sua compreenso global dos problemas, passava facilmente da teoria prtica,

    dando aplicao moral s suas concluses cientficas. Da tcnica da fotografia do pensa-

    mento ele passa naturalmente, por necessidade lgica, sem nenhum esforo ou artifcio, s

    conseqncias morais e espirituais das novas leis descobertas. Por outro lado, devemos ob-

    servar a segurana de Kardec ao afirmar: A teoria das criaes fludicas, e por conseguinte

    da fotografia do pensamento, uma conquista do Espiritismo moderno e pode, de agora em

    diante, considerar-se estabelecida em princpio, salvo as aplicaes de pormenores resultan-

    tes da observao. Trechos como esse nos mostram que Kardec estava plenamente seguro

    do que afirmava, seguro de suas conquistas cientficas no campo da investigao psquica.

    Os que hoje o consideram superado, sem sequer se darem ao esforo de estudar as suas o-

  • 30

    bras, tm aqui uma excelente oportunidade de reflexo a respeito da seriedade e da impor-

    tncia atual dos seus trabalhos. Nota de J. Herculano Pires.).

    *

  • 31

    LICEU ALLAN KARDEC

    ESCOLA DO ESPIRITISMO MORAL, FILOSFICO

    E CRISTO.

    PRIMEIRO ANO (2007)

    ORGANIZAO DO ESPIRITISMO

    REVISTA ESPRITA. DEZEMBRO DE 1861. Pgs. 387-402.

    ALLAN KARDEC

    1. At o presente, embora muito numerosos, os Espritas se tm dissemi-

    nado por todos os pases, o que no um dos caracteres menos salientes da dou-

    trina. Como uma semente levada pelo vento, ela fixou razes em todos os pontos

    do globo, prova evidente de que sua propagao no efeito de uma camarilha

    (grupo de pessoas influentes em torno do governante), nem de uma influncia lo-

    cal e pessoal. A princpio isolados, os adeptos se surpreenderam hoje com seu

    nmero; e como a similitude de idias inspira o desejo de aproximao, procuram

    reunir-se e fundar sociedades. Assim, de toda parte nos pedem instrues a prop-

    sito, manifestando o desejo de unio Sociedade central de Paris. , pois, chega-

    do o momento de nos ocuparmos do que se pode chamar a organizao do Espiri-

    tismo. Sobre a formao das sociedades espritas, o Livro dos Mdiuns (2. Edi-

    o) contm observaes importantes, s quais remetemos os interessados, pedin-

    do-lhes meditem com cuidado. Diariamente a experincia vem lhes confirmar a

    justeza, que lembraremos de modo sucinto, acrescentando instrues mais cir-

    cunstanciadas.

    2. Inicialmente falemos dos adeptos ainda isolados em meio a uma popu-

    lao hostil ou ignorante s idias novas. Diariamente recebemos cartas de pesso-

    as que esto neste caso e perguntam o que podem fazer, na ausncia de mdiuns e

    de co-participantes do Espiritismo. Esto na situao em que, apenas h um ano,

    se achavam os primeiros Espritas dos mais numerosos centros de hoje; pouco a

    pouco multiplicaram-se os adeptos e h cidades onde quase se contaram por uni-

    dades isoladas, mas hoje o so por centenas e milhares; em breve dar-se- o mes-

    mo em toda parte; uma questo de pacincia. Quanto ao que devem fazer, mui-

    to simples. A princpio podem trabalhar por conta prpria, penetrar-se da doutrina

    pela leitura e meditao das obras especiais; quanto mais se aprofundarem, mais

    verdades consoladoras descobriro, confirmadas pela razo. Em seu isolamento,

    devem julgar-se felizes por terem sido os primeiros favorecidos. Mas se se limi-

    tassem a colher na doutrina uma satisfao pessoal, seria uma espcie de egosmo.

    Em razo de sua prpria posio, tm uma bela e importante misso a cumprir: a

    de espalhar a luz em seu redor. Os que aceitarem essa misso e no se deixarem

    deter pelas dificuldades, sero largamente recompensados pelo sucesso e pela sa-

    tisfao de haver feito uma coisa til. Sem dvida encontraro oposio; sero

    motivo da troa e dos sarcasmos dos incrdulos, mesmo da malevolncia das pes-

    soas interessadas em combater a doutrina; mas onde estaria o mrito se no hou-

    vesse obstculos a vencer? Assim, aos que fossem detidos pelo medo pueril do

    que diriam, nada temos a dizer, nenhum conselho a dar. Mas aos que tm a cora-

    gem de sua opinio, que esto acima das mesquinhas consideraes mundanas, di-

    remos que o que tm a fazer se limita a falar abertamente do Espiritismo, sem afe-

    tao, como de uma coisa muito simples e muito natural, sem a pregar e, sobretu-

    do, sem buscar nem forar convices, nem fazer proslitos a todo custo. O Espi-

  • 32

    ritismo no deve ser imposto: vem-se a ele porque dele se necessita, e porque ele

    d o que no do as outras filosofias. Convm mesmo no entrar em explicaes

    com os incrdulos obstinados: seria dar-lhes muita importncia e os levar a pensar

    que se depende deles. Os esforos feitos para os atrair os afastam e, pelo amor-

    prprio, eles resistem na sua oposio. Eis por que intil perder tempo com eles;

    quando a necessidade se fizer sentir, viro por si mesmos. Enquanto se espera,

    preciso deix-los tranqilos, satisfeitos no seu ceticismo que, acreditai, muitas ve-

    zes lhes pesa mais do que eles manifestam. Porque, por mais que digam, a idia

    do nada aps a morte tem algo de mais apavorante, de mais pungente que a pr-

    pria morte.

    Ao lado dos trocistas encontrar-se-o pessoas que perguntaro: Que is-

    to?. Esforai-vos, ento, em satisfaz-las, proporcionando-lhes explicaes con-

    forme as disposies que nelas encontrardes. Quando se fala do Espiritismo em

    geral, preciso considerar as palavras que se pronunciam como gros lanados a

    esmo: no nmero, muitos caem nas pedras e nada produzem; mas se um nico ti-

    ver cado em terra frtil, julgai-vos feliz: cultivai-a e estareis certos de que essa

    planta, frutificando, ter renovos. Para alguns adeptos, a dificuldade responder a

    certas objees; a leitura atenta das obras lhes fornecer os meios; mas, sobretudo,

    podero ajudar-se, para tal efeito, da brochura que vamos publicar sob o ttulo:

    Refutao das crticas contra o Espiritismo, do ponto de vista materialista, cient-

    fico e religioso.

    3. Falemos agora da organizao do Espiritismo nos centros j numero-

    sos. O aumento incessante dos adeptos demonstra a impossibilidade material de

    constituir numa cidade e, sobretudo, numa cidade populosa, uma sociedade nica.

    Alm do nmero, h a dificuldade das distncias, que obstculo para muitos. Por

    outro lado, sabido que as grandes reunies so menos favorveis s belas comu-

    nicaes e que as melhores so obtidas nos pequenos grupos. necessrio, pois,

    cuidar de multiplicar os grupos particulares. Ora, como dissemos, vinte grupos de

    quinze a vinte pessoas obtero mais e faro mais pela propaganda do que uma so-

    ciedade nica de quatrocentos membros. Os grupos se formam naturalmente, pela

    afinidade de gostos, de sentimentos, de hbitos e de posio social; todos ali se

    conhecem e, como so reunies particulares, tem-se liberdade de nmero e de es-

    colha dos que nela so admitidos.

    4. O sistema de multiplicao dos grupos tem ainda como resultado, con-

    forme o dissemos em vrias ocasies, impedir os conflitos e as rivalidades de su-

    premacia e de presidncia. Cada grupo naturalmente dirigido pelo chefe da casa,

    ou por aquele que para isso for designado; no h, a bem dizer, presidente oficial,

    pois tudo se passa em famlia. O dono da casa, como tal, tem toda a autoridade pa-

    ra manter a boa ordem. Com uma sociedade propriamente dita, h necessidade de

    um local especial, um pessoal administrativo, um oramento, numa palavra, uma

    complicao de engrena