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EMPARN SEBRAE CARTILHA DO CAJU - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO NATAL RN AGOSTO DE 2013

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EMPARN SEBRAE

CARTILHA DO CAJU

- CAJUEIRO –

VIVENDO E APRENDENDO

NATAL RN

AGOSTO DE 2013

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1 – Plantio do Cajueiro

1.1 – Condições adequadas de clima e terra

1.2 – Uso de calcário

1.3 – Escolha do cajueiro tipo anão

1.3.1 – Cajueiro irrigado

1.3.2 – Cajueiro em cultivo de sequeiro

1.4 – Espaçamento

1.5 – Coveamento e adubação orgânica

2 – Manejo do cajueiro

2.1 – Controle do mato

2.2 – Coroamento

2.3 - Integração lavoura-cajueiro

2.3.1 – Integração cajueiro-ovino

2.4 – Poda

2.4.1 – Poda de formação em cajueiro novo

2.4.2 – Poda de limpeza

3 – Pragas e doenças

3.1 – Pragas

3.1.1 – Mosca branca

3.1.2 – Broca das pontas

3.1.3 – Traça da castanha

3.2 – Doenças

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3.2.1 – Oídio

3.2.2 – Antracnose

3.2.3 – Resinose

4 – Colheita

5 – Pós-colheita

6 – Aproveitamento do pedúnculo do caju

6.1 – Fruto de mesa

6.2 – Polpa e suco integral

6.3 – Cajuínas e doces

6.4 - Ração para ruminantes

7 - Comercialização

7.1 – Mercado de caju de mesa e caju para suco

7.2 – Mercado de castanha de caju

8 – Referências.

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APRESENTAÇÃO.

Na análise de problemas e definição de prioridades para a cultura do

cajueiro, a EMPARN juntamente com o SEBRAE, Fundação do Banco do Brasil

e agricultores familiares estabelecidos no “guarda chuva” das associações,

trabalharam em uma parceria efetiva na geração, estabilização e difusão das

tecnologias preconizadas (produção de mudas enxertadas de cajueiro,

substituição de copas de cajueiros improdutivos e o uso de resíduos de

pedúnculo de caju na suplementação alimentar e engorda de ovinos e caprinos

na estação seca do ano).

Esta proposta se constituiu em uma ação de capacitação do agricultor

familiar visando à articulação dos diversos elos da cadeia produtiva do cajueiro,

agregando valores e assim, minimizando sua independência financeira dos

intermediários na comercialização dos produtos, se inserindo no agronegócio

da cultura do cajueiro.

Esta cartilha contém orientações básicas, partindo da escolha da terra,

aplicação de calcário, necessidade de chuvas, manejo do cajueiro anão

precoce, pragas e doenças de maior relevância, procedimentos na colheita e

pós-colheita, aproveitamento do caju como um todo, formulação de ração,

qualidade da castanha, opções de mercado e comercialização.

Finalmente, acredita-se que a apropriação dessas tecnologias pelo

produtor se constitua num real instrumento de alavancagem da sua condição

socioeconômica influenciando positivamente a economia do Estado e

favorecendo a dinamização do segmento agroindustrial do Rio Grande do

Norte.

José Geraldo Medeiros da Silva

Presidente

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1 - PLANTIO DO CAJUEIRO

1.1- CONDIÇÃO ADEQUADA DE CLIMA E TERRA.

A condição ideal de chuvas para o cajueiro é que ocorra mais de 800 mm

por ano, sendo a produção afetada mais fortemente quando chove menos de

500 mm no ano. Quanto à temperatura do ar, até 40 ºC é considerada regular

para o cajueiro que não suporta frio abaixo de 15 ºC. Com relação à umidade

do ar, a ideal situa-se entre 65% e 85%, não sendo adequada condição muito

seca, menor que 40% ou umidade do ar muito elevada, acima de 90% (Quadro

1).

As terras consideradas ideais para cultivo do cajueiro são profundas, sem

pedras e sem camadas endurecidas, até dois metros de profundidade, que

apresentem composição arenosa, sejam bem drenadas e não apresentem

risco de encharcamento (Figura 1)

Quadro 1. Características do clima e da terra favoráveis ao cultivo do cajueiro.

Condição1 EExxcceelleennttee RReegguullaarr IInnaaddeeqquuaaddaa

CChhuuvvaass ((mmmm//aannoo)) 880000 -- 11550000 660000 -- 880000 << 550000

PPrrooffuunnddiiddaaddee ddaa tteerrrraa ((mm)) >> 22,,00 11,,55 –– 22,,00 << 11,,00

TTeexxttuurraa ddaa tteerrrraa ((%% bbaarrrroo)) 1155 -- 3300 8 –– 1155 4400

AAllttiittuuddee –– nníívveell ddoo mmaarr ((mm)) 00 -- 330000 300 –– 660000 990000

TTeemmppeerraattuurraa mmééddiiaa ddoo aarr ((ººCC)) 1199 -- 3344 3344 -- 4400 << 1155

UUmmiiddaaddee RReellaattiivvaa ddoo aarr ((%%)) 6655 -- 8855 4400 -- 6655 << 4400 ou >> 9900 1 Adaptado de Aguiar et al., 2000.

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Figura 1. Terra apropriada para cajueiro.

1.2- USO DE CALCÁRIO.

As terras arenosas em geral, e as situadas em áreas de serras apresentam

problemas de acidez e deficiências de nutrientes essenciais para o

crescimento, desenvolvimento e produção das plantas. A maioria das áreas

exploradas com cajueiro é pobre em matéria orgânica e são deficientes em

cálcio, magnésio, fósforo, potássio e micronutrientes.

Por meio da análise da terra se tem conhecimento do grau de acidez e da

deficiência de nutrientes antes de implantar o cajueiro. A amostra de terra pode

ser coletada com enxadeco, chibanca ou trado (Figuras 2 e 3). De posse dos

resultados da análise, se calcula a dose de calcário para corrigir a acidez da

terra e se faz a recomendação de adubos para suprir nutrientes assegurando

uma boa produção do cajueiro.

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Figura 2. Amostragem de terra com o uso de uma chibanca.

Figura 3. Amostragem de terra com o uso de um trado.

Em geral as recomendações de calcário para as terras da região se

situam de duas a três toneladas por hectare e o corretivo deve ser distribuído

uniformemente a lanço, manualmente em áreas pequenas, ou em máquina de

distribuição a trator, em toda a área de terra (Figura 4).

Figura 4. Distribuição de calcário em máquina tratorizada.

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1.3- ESCOLHA DO CAJUEIRO TIPO ANÃO

Existem vários tipos de clones de cajueiro recomendados para cultivo no

Rio Grande do Norte. No entanto, é importante antes de tudo observar as

condições sanitárias da muda.

Na formação da muda, a castanha do cajueiro comum pode ser usada como

porta-enxerto. Quanto ao enxerto, normalmente só se distingue de que clone a

muda foi propagada por ocasião da frutificação ou quando é previamente

identificada pelo viveirista (Figuras 5a e 5b).

A escolha do clone depende do cultivo, se sequeiro ou irrigado, uma vez

que existem clones específicos. Para cultivo de sequeiro são recomendados os

clones: FAGA 11, BRS 253, BRS 265, Embrapa 51(Figura 6) e CCP 76 sendo

os quatro primeiros mais indicados para o mercado de amêndoas. Desses, o

único com pedúnculo de cor amarela é o FAGA 11 (Figura 7).

Figura 5. Mudas de cajueiro identificadas pelo viveirista: clone Faga 11 (a) e clone CCP 76 (b).

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Figura 6. Clone Embrapa 51 frutificando.

Figura 7. Clone FAGA 11 com destaque para o pedúnculo amarelo.

Para cultivo irrigado são recomendados os clones: CCP 76 (Figuras 8 e 9) e

BRS 189, com pedúnculos de coloração laranja a vermelho claro, mais

indicados para o mercado de mesa, polpa e suco.

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Figura 8. Planta jovem do clone 76. Figura 9. Caju do clone 76 realça a cor laranja

do pedúnculo.

Uma muda de qualidade apresenta o caule com no mínimo 15 cm de

altura e contém pelo menos seis folhas definitivas bem formadas; o porta-

enxerto deve apresentar uma boa cicatrização entre as partes enxertadas,

deve estar decepado e livre de brotações, sem plantas invasoras, pragas e

doenças (Figura 10).

Figura 10. Muda de cajueiro expressando todo seu vigor.

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1.3.1- CAJUEIRO IRRIGADO.

A irrigação tem sido uma prática utilizada com a finalidade de se

conseguir aumento de produtividade, melhoria da qualidade dos produtos,

produção fora da época de maior oferta e ampliação do período de colheita.

Com a descoberta do cajueiro anão precoce possibilitando um sistema

de produção em cultivo adensado com uso de fertilizantes e controle de pragas

e doenças, tornou-se viável a irrigação do cajueiro.

O alto custo de materiais, equipamentos e de operação requer

conhecimentos técnicos na elaboração do projeto para que o mesmo tenha

retorno econômico. Informações como qualidade e disponibilidade de água,

quantidade a ser aplicado, sistema de irrigação, tipos e quantidades de

inseticidas e fertilizantes a serem aplicados e destino da produção são

fundamentais para a tomada de decisão.

Após o segundo ano de idade, a dotação de água para o cajueiro

irrigado, nos meses mais secos do ano é de 85 litros/planta/dia. O cajueiro

irrigado expressa seu potencial de produção a partir do quarto ano (Figura 11)

Figura 11. Produção de castanha em sequeiro e irrigado

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

2º ano 3º ano 4º ano

Sequeiro 163 306 307

Irrigado 385 1497 2849

ssta

nh

a k

g/h

a

Produtividades do CCP 76 - ambiente irrigado e sequeiro (Santos et al, 2001)

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1.3.2- CAJUEIRO EM CULTIVO DE SEQUEIRO.

O plantio das mudas deve ser feito no início das chuvas, quando a

umidade do solo for favorável ao pegamento e desenvolvimento das plantas,

haja vista o risco de inverno de chuvas curtas e mal distribuídas. Recomenda-

se colocar a muda no centro da cova, ter cuidado na retirada do saco plástico

para não desmanchar o torrão nem danificar as raízes e acomodar a terra ao

seu redor (Figuras 12 e 13).

Após o plantio da muda, fazer a cobertura morta colocando ao redor do

tronco da planta o mato proveniente de capinas ou roços, e outros restos

vegetais. Essa prática é importante principalmente em plantio de sequeiro para

manter por mais tempo a umidade e temperatura do solo mais favoráveis ao

crescimento e desenvolvimento da planta (Figura 14).

Figura 12. Muda de cajueiro na cova.

Figura 13. Plantio de cajueiro

Figura 14. Plantio de cajueiro com cobertura morta e tutor.

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1.4- ESPAÇAMENTO

De uma maneira geral, recomenda-se que no plantio da muda de cajueiro

anão precoce seja usado o espaçamento de 8m x 8m na forma quadrada,

totalizando uma população de 156 plantas por hectare (Figuras 15, 16 e 17).

Figura15. Marcação das covas em sistema quadrado.

Figuras 16 e 17. Cajueiros no espaçamento 8 m x 8 m

1.5- COVEAMENTO E ADUBAÇÃO ORGÂNICA.

O preparo da cova para receber a muda de cajueiro tanto pode ser feito

antes do período chuvoso como por ocasião do mesmo, contudo, suas

dimensões deverão ter 0,40 cm tanto de largura como de profundidade.

Recomenda-se, por ocasião do plantio, colocar 500 gramas de farinha de osso

adubo no fundo da cova (Figuras 18 e 19).

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Figuras 18 e 19. Abertura da cova, adubação orgânica e ajuste da planta.

Recomenda-se ainda, que por ocasião do plantio seja colocado um tutor

de madeira com altura de 1m (Figura 19), de forma a prevenir a inclinação da

planta provocada pelo vento.

2- MANEJO DO CAJUEIRO.

2.1- CONTROLE DO MATO.

Embora sendo de grande porte e rusticidade, o cajueiro sofre

forte competição por água e nutrientes com o mato ao redor que causa

redução na sua produção. Os efeitos tornam-se ainda mais graves quando

ocorrem anos seguidos de poucas chuvas, mal distribuídas, que deixam o

cajueiro debilitado e com pouca condição para produzir.

O mato precisa ser controlado logo na fase inicial de crescimento

(Figura 20) para assegurar melhor desenvolvimento e produção do cajueiro. O

controle do mato fora de época não beneficia o cajueiro, contribuindo apenas

para aumentar o prejuízo decorrente da redução na produção e as despesas

de capinas realizadas.

A passagem da grade (Figura 21) não deve ser muito próxima do

cajueiro para não quebrar seus galhos, nem muito profunda para evitar corte

das raízes finas que são responsáveis pela absorção de água e nutrientes que

alimentam as plantas. Os ferimentos provocados nas raízes se constituem em

portas abertas para entrada de pragas e doenças. Além de eliminar o mato, a

gradagem favorece a infiltração da água de chuva e incorpora as folhas caídas,

contribuindo para o enriquecimento da terra com matéria orgânica.

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Figura 20. Controle manual do mato no cajueiro

Figura 21. Controle mecanizado do mato

2.2- COROAMENTO.

É uma pratica usual utilizada pelos produtores, que consiste em manter

limpa uma área circular sob a copa do cajueiro, que varia de acordo com o

porte da planta. O coroamento é conhecido por muitos como “fazer o bozó”,

muito útil por ocasião da colheita, como forma de facilitar essa prática e assim,

minimizar os custos de produção. Nas entrelinhas recomenda-se passar a

grade ou roçadeira.

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Figura 22. Coroamento ou “bozó” do cajueiro.

2.3 - INTEGRAÇÃO LAVOURA-CAJUEIRO

A utilização de consórcios ou associações de culturas é uma

prática bastante utilizada e com vantagens na ocupação de espaços livres nas

entrelinhas do cajueiro. Além de aumentar a receita, diversificar a produção,

melhorar a eficiência do uso da terra e reduzir custos, favorece o

desenvolvimento do cajueiro e consequentemente contribui para aumentar a

renda do produtor (Figura 23).

Figura 23. Integração lavoura caju (mista)

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Nas integrações exploradas no Rio Grande do Norte normalmente se

utilizam as culturas do feijão macassar, milho e mandioca. Contudo, a cultura

do feijão é a mais empregada pelos produtores familiares, especialmente pelo

fato de o feijão ser o alimento básico da população e o seu curto ciclo de cultivo

apropriado para o tipo de terra onde o cajueiro se encontra estabelecido.

Figura 24. Integração cajueiro com feijão macassar..

2.3.1- INTEGRAÇÃO ENTRE CAJUEIRO E OVINOS.

O emprego de ovinos como meio de controlar as ervas daninhas é

frequente, mas deve ser evitado durante o período de florescimento e

frutificação. Os animais ao se alimentarem de pedúnculos ingerem ou

danificam as castanhas com a pressão dos dentes, causando deformações e

perfurações que comprometem a qualidade das amêndoas. Os ovinos são

mais eficientes por serem menos seletivos e apresentarem grande capacidade

para consumir forragens (Figura 25)

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Figura 25. Integração cajueiro e ovino.

2.4 - PODA

A poda é importante para a produção da planta porque influencia

diretamente no formato da copa e na disposição das plantas no pomar, não

permitindo o entrelaçamento dos ramos que é prejudicial ao florescimento e

frutificação. É importante ainda, porque induz a formação de ramos novos o

que significa maior potencial de produção.

A poda deve ser realizada após a colheita e antes do início da

brotação e florescimento, quando as plantas encontram-se aparentemente em

repouso vegetativo. Além da poda de limpeza que consiste na eliminação de

ramos secos e praguejados, recomenda-se também a poda de formação para

manter a copa livre do contato com as plantas vizinhas. Nesta, são eliminados

as pontas dos ramos e aqueles que encostam na terra ou crescem para fora da

copa.

Recomenda-se evitar podas drásticas, como as que frequentemente são

feitas no cajueiro comum, reduzindo bastante sua copa e elevando-a para a

parte superior da planta (Figura 26). Essas podas são bastante prejudiciais,

pois o cajueiro tem produção periférica, ou seja, na parte externa e

concentrada nos dois terços inferiores da copa. Além da perda de ramos, o

cajueiro ainda é muito prejudicado pela queima dos galhos cortados, próximos

da planta, matando parte da folhagem e ramos.

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. Figura 26. Tipo de poda indesejável.

A poda é uma prática cultural importante para a produção da planta

porque influencia diretamente no formato da copa e na disposição das plantas

no pomar evitando o entrelaçamento dos ramos que é prejudicial ao

florescimento e frutificação. Além disso, o “levante da saia do cajueiro” facilita a

realização de capinas mecanizadas e induz a formação de ramos novos o que

significa maior potencial de produção (Figura 27).

Figura 27. Poda geral

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2.4.1- PODA DE FORMAÇÃO EM CAJUEIRO NOVO.

A poda de formação é uma prática que deve ser exercitada desde o

plantio até a planta completar dois anos, desta forma, a planta poderá ter uma

copa ideal em formato tipo guarda-chuva. É importante que se conduza a

planta com uma haste até uma altura média de um metro (Figuras 28; 29 e 30).

Figuras 28; 29 e 30. Poda de formação e desenvolvimento das plantas jovens.

2.4.2- PODA DE LIMPEZA.

Esta deve ser providenciada logo após a colheita, de forma que os

restos culturais (galhos secos e os que estejam encostando-se a terra) sejam

cortados e os mais finos enterrados ou enfileirados entre as linhas das plantas

de cajueiro (Figuras 31; 32 e 33).

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Figuras 31; 32 e 33. Realização da poda de limpeza e amontoa ramos.

3- PRAGAS E DOENÇAS.

3.1- PRAGAS.

A expansão de áreas de cajueiro tem contribuído para surgimento

de diversas pragas capazes de causar grandes prejuízos aos produtores.

Embora se tenha constatado um grande número de pragas, maior atenção

deve ser dada àquelas que ameaçam a sobrevivência das mudas durante o

seu desenvolvimento no campo e as que ocorrem no período de floração e

frutificação afetando diretamente a produção. Durante a fase de crescimento

das plantas é comum a ocorrência da mosca branca e lagartas que desfolham

as plantas, retardando o seu desenvolvimento e em alguns casos de

ocorrências com maior intensidade causando-lhes a morte.

3.1.1- MOSCA BRANCA

É uma praga de grande importância na cultura do cajueiro. Normalmente

ataca a folha alojando-se na sua parte inferior em forma de colônia de insetos

envolvidos por secreção pulverulenta branca (Figuras 34 e 35). Na face

superior das folhas ocorre o aparecimento de uma massa escura chamada de

fumagina que dificulta a respiração e consequentemente a fotossíntese. O

inseto adulto é completamente branco e se assemelha á uma minúscula

"borboleta". Sob condição normal de chuvas há um controle natural da praga.

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Figuras 34 e 35. Mosca branca atacando o cajueiro

3.1.2- BROCA DAS PONTAS.

A broca-das-pontas é a praga de maior importância para o

cajueiro sendo responsável por grandes perdas na produção. O adulto é uma

pequena mariposa de quinze a dezesseis milímetros de envergadura com

coloração cinza e asas esbranquiçadas salpicadas de preto. A fêmea faz

postura nas brotações novas e ráquis das inflorescências. Quando a larva

eclode, penetra no tecido tenro em direção à medula do ponteiro ou da

inflorescência, abrindo galerias de 10 centímetros a 15 centímetros de

comprimento, provocando murcha e secamento das partes atacadas (Figuras

36 e 37).

Figuras 36 e 37. Broca-das-pontas em duas fases de ataque ao cajueiro.

3.1.3- TRAÇA DA CASTANHA

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O ataque da praga ocorre nos primeiros estádios de

desenvolvimento do fruto (Figura 38). A mariposa faz a postura no caju ainda

novo. Após a eclosão a larva, de coloração avermelhada, penetra pelo ponto

de inserção da castanha com o pedúnculo destruindo toda a amêndoa,

tornando-a imprestável para comercialização. Próximo a atingir a fase pupal, a

larva faz um orifício na extremidade mais estreita da castanha por onde deverá

sair o adulto (Figura 39).

O controle dessa praga é feito com inseticidas que são

substâncias químicas tóxicas ao homem e aos animais, o que requer cuidados

no seu manuseio e aplicação para se alcançar os resultados esperados sem

causar prejuízos à saúde e danos ao meio ambiente. A utilização do inseticida

correto, na dose certa e no tempo certo tem grande importância, pois, é o único

meio para se conseguir sucesso.

Figura 38. Traça da castanha atacando o maturi.

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Figura 39. Traça nas castanhas na fase final de maturação.

3.2- DOENÇAS.

As principais doenças que ocorrem na cultura do cajueiro no Estado do

Rio Grande do Norte são as seguintes:

3.2.1- OÍDIO.

O oídio (Oidium anacardii) é uma doença que, até pouco tempo, era

considerada secundária pelos produtores de caju. No entanto, nos últimos

anos, ela vem provocando graves perdas para a cultura do cajueiro, afetando a

produção da amêndoa e do pseudofruto (pedúnculo), atingindo todas as

regiões produtoras.

O oídio é um fungo que ataca folhas e ramos novos, inflorescências,

pedúnculo e castanhas jovens (Figuras 40 a 43). Em geral, todo o tecido novo

pode ser infectado pelo oídio. Na superfície atacada forma-se uma cobertura

branca constituída pelo micélio e conídios do fungo. Os órgãos atacados

podem apresentar-se mal formados com desenvolvimento reduzido ou caírem

prematuramente: caju reticulado e rachado e castanha reticulada ou suja.

Para controle do oídio recomenda-se pulverizar as plantas

preventivamente no início do ataque, empregando enxofre e água (calda).

Page 25: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Sugere-se repetir as aplicações com intervalos de sete dias até a completa

formação dos frutos. Com relação à dose, esta deve ser de 500-600g de

enxofre por 100 litros de água e o volume da calda de 800 a 1000 litros por

hectare. Não associe óleos minerais ao produto ou à calda. Mexa a calda

constantemente e utilize-a no mesmo dia da preparação.

Figuras 40 e 41. Oídio na folha e na inflorescência respectivamente.

Figuras 42 e 43. Oídio no fruto e no pseudofruto respectivamente.

3.2.2- ANTRACNOSE.

A antracnose é uma das doenças que causa mais prejuízos aos

produtores. Constitui-se na principal doença do cajueiro anão-precoce em

razão de ser a mais disseminada e por ocorrer durante todo ano e em todas as

fases da planta. É mais prejudicial às plantas mais susceptíveis nas fases de

florescimento e frutificação.

É causada por um fungo e ocorre nas folhas, frutos e pedúnculos

(Figuras 44 a 46). Nas folhas, os sintomas caracterizam-se por manchas

necróticas pardo-avermelhadas que se tornam escuras com o envelhecimento,

depois secam e rasgam. A lesão em plantas novas pode levar à morte, mas é

na produção que causa maior prejuízo. Além das deformações nos frutos,

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provoca graves quedas de frutos novos e inflorescências. Estimam-se perdas

de até 40% em anos favoráveis ao desenvolvimento do fungo e nos pomares

onde predominas plantas mais susceptíveis à doença.

Figuras 44 e 45. Antracnose no caju e nas folhas

Figura 46 – Antracnose na castanha e no maturi.

3.2.3- RESINOSE.

A resinose é uma doença que causa grande preocupação, pois

sua incidência vem aumentando consideravelmente. Não existe controle para a

mesma. Seu ataque leva a planta à morte e a sua transmissão pode ser feita

facilmente por meio de insetos ou qualquer ferramenta como machado, foice,

facão e canivetes utilizados em plantas doentes e posteriormente em plantas

sadias.

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A doença é identificada pelo excesso de resina na planta,

escurecimento da casca dos caules e ramos atacados (Figura 47).

Progressivamente a doença vai se alastrando na planta em todas as direções,

e a casca do caule vai secando, se desprendendo e dessecando até a planta

morrer. Para evitar maior disseminação da doença, recomenda-se eliminar

todas as plantas que estejam contaminadas sem usar durante esse trabalho as

ferramentas em plantas sadias.

Figura 47. Resinose no tronco e galho do cajueiro.

4. COLHEITA

Quando se pretende aproveitar o pedúnculo, é interessante que o caju

seja colhido direto da planta, mantendo assim o fruto sempre limpo. Nesta

condição o cajueiro anão por ser de porte baixo favorece a colheita, que deve

ser feita diariamente nas horas mais frias do dia.

O ponto de maturação do caju se distingue pela manifestação da cor e

aroma característicos e pela firmeza ao ser pressionado entre os dedos,

indicadores de que estão prontos para colheita se desprendendo facilmente da

planta com uma leve torção. Os cajus maduros devem ser colocados

diretamente em caixas plásticas, de isopor ou de papelão revestidas com

espuma de nylon, em uma única camada quando para consumo de mesa ou

em caixas plásticas de 20 kg, a granel quando para a indústria de sucos.

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Figura 48. Caixas plásticas de 20 kg de caju no pátio da indústria de suco.

Mesmo que o pedúnculo não se destine ao consumo humano, ele deve

se colhido juntamente com a castanha, quer do cajueiro ou do chão e levado

para se descastanhar, para que dessa forma se possa aproveitá-lo para ração

animal. Na sombra, o cajueiro o caju leva 21 dias para secar e quando exposto

ao sol, em 10 dias está seco.

Alguns produtores, pensando na vantagem, procuram vender a castanha

assim que colhem, visando um ganho de peso pela umidade. Essa manobra

não surte efeito, pois as indústrias estabelecem o preço com base na qualidade

e tipo da castanha.

Deve-se evitar a colheita de castanhas podres, furadas, chochas, mal

formadas e tipo cajuí, que contribuem para o aumento de avarias e redução de

preço do produto. Da mesma forma deve-se evitar colher cajus imaturos,

rachados ou em processo de fermentação, pois se constituem num trabalho a

mais para exclusão nas esteiras de seleção das unidades de processamento

de suco.

Page 29: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

As castanhas do cajueiro comum devem ser colhidas separadas das do

cajueiro anão, pois, pela uniformidade apresentada por este último, o produto

pode ter um preço diferenciado. Por outro lado, é aconselhável providenciar o

descastanhamento logo após a colheita objetivando evitar o apodrecimento ou

a fermentação da castanha ou do pedúnculo.

5. PÓS-COLHEITA

Antes de serem armazenadas as castanhas não devem ficar

amontoadas sobre o chão, necessitam ficar de três a quatro dias ao sol em

chão batido ou com piso de cimento de forma que completem todo o processo

de secagem até atingir umidade de 8 a 10%. Se a área não tiver cobertura, as

castanhas devem ser cobertas com lona plástica durante a noite ou por ocasião

de chuvas.

Ao espalhar as castanhas, retirar as impurezas (restos de folhas,

gravetos, cajus) e materiais estranhos como areia, pedra e sujeiras em geral.

O ensacamento das castanhas deve ser feito com teor de água

(umidade) de no máximo 10%, em sacos limpos, de pano ou juta com

capacidade de 50 ou 60 kg. Os sacos devem ser armazenados sobre estrados

de madeira em local seco e ventilados.

6. APROVEITAMENTO DO PEDÚNCULO DO CAJU

Nos últimos anos, o pedúnculo do caju vem sendo cada vez mais

aproveitado no Rio Grande do Norte, especialmente para o mercado de frutos

de mesa cujo preço varia entre R$ 1,00 e1,50/kg. O pedúnculo destinado à

ração animal normalmente é vendido por um preço equivalente a 25% do

primeiro; é o que menos agrega valor, contudo, não requer tanta qualidade na

aparência.

6.1- FRUTO DE MESA

O consumo de caju como fruta de mesa no Brasil representa mais de 2%

da produção anual, estimada entre dois milhões e dois milhões e quinhentas

mil toneladas.

Page 30: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Em levantamento feito nas Centrais de Abastecimento – CEASAS - de capitais

brasileiras, na região Sul foi encontrado caju até em Florianópolis

O caju, por ser muito perecível quando mantido à temperatura ambiente

se conserva por no máximo dois dias. Já quando embalado em bandejas de

isopor, recoberto por filme plástico e sob refrigeração a 5 ºC e umidade relativa

do ar de 90%, demora de 10 a 15 dias par se estragar. Entre os clones

cultivados destaca-se com melhor qualidade em termos de aparência e sabor

para consumo direto, o CCP 76 (Figura 49).

Figura 49. Caju do Clone CCP76 pronto para consumo.

6.2 – POLPA E SUCO INTEGRAL

Estima-se que mais de 6% da produção de caju do Nordeste são

destinadas às agroindústrias de suco de caju integral o que representa algo em

torno de 120 mil a 150 mil toneladas por ano. A safra começa no Estado do

Piauí de junho a julho e termina no Agreste e Litoral do Rio Grande do Norte de

janeiro a fevereiro do ano seguinte.

No Rio Grande do Norte, no período da safra do caju, as agroindústrias

de extração de suco de caju integral funcionam normalmente por um período

de três meses no ano. Algumas são itinerantes e podem operar por até nove

meses se transferindo sequencialmente do Piauí para o Ceará e deste para o

Rio Grande do Norte. O Estado conta com unidades de suco de caju nos

municípios de Portalegre (1), Itaú (1 a 2), Apodi (1), Mossoró (1), Lagoa Nova

(1), Tenente Laurentino (1), Currais Novos (1), Jaçanã (1), Lagoa Danta (1) e

Boa Saúde (1) (Figura 50).

Page 31: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Figura 50. Mapa do RN com localização de agroindústria de suco.

No processo de extração do suco, os cajus passam numa esteira de

seleção para retirada de maturis e dos apodrecidos, em seguida são lavados e

direcionados para prensagem e envase (Figuras 51 e 52).

Figura 51. Lavagem e elevação dos cajus para prensagem

Figura 52. Transporte do suco integral para as Indústrias concentradoras..

As unidades mais modernas de extração de suco de caju integral têm

uma capacidade de prensagem de 10 a 15 toneladas de caju por hora com

uma eficiência de extração de 90 a 95% ou seja, de cada 1.000 kg de caju se

obtêm até 950 kg de suco integral com um teor de polpa desejável de, no

máximo, 35%.

Os cajus destinados para a fabricação de polpa passam pela mesma

seleção do caju para mesa, sendo em seguida lavados e moídos em triturador

Page 32: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

com lâminas em aço inoxidável. Passa-se o caju desintegrado num cilindro

rotativo provido de peneira para obtenção de uma polpa refinada e de

consistência mais homogênea. O processo termina com a embalagem,

congelamento e armazenamento da polpa em temperatura entre -18ºC e -20

ºC.

6.3 – CAJUÍNA E DOCES

A cajuína é uma bebida preparada a partir do suco de caju sem polpa,

clarificado com gelatina, envasado e aquecido nas próprias garrafas, em

banho-maria a 100 ºC durante 45 minutos até a caramelização dos açúcares e

obtenção de uma coloração amarelo-âmbar (Figura 53). É uma bebida muito

comum no Ceará e Piauí cuja qualidade melhora com a clarificação.

No Rio Grande do Norte a cajuína é pouco apreciada e praticamente

ninguém produz. Na realidade é um produto de fabricação caseira com uma

grande variação de sabor, popularmente chamada de “gororoba”, ficando em

segundo plano pelos potiguares em relação ao suco de caju.

Page 33: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Figura 53. Cajuína de fabricação semi-industrial.

O doce de caju em calda é o mais apreciado. Pode ser obtido

artesanalmente pelo cozimento em xarope de açúcar de cajus inteiros ou em

pedaços, sem película. Nas indústrias de fabricação de doce, o mais comum é

o doce de caju em massa feito em tachos e contendo na formulação a polpa de

caju, açúcar, ácido cítrico e pectina.

6.4 – RAÇÃO PARA RUMINANTES

No Rio Grande do Norte a produção de caju (pedúnculo) situa-se em

torno de 320.000 t/ano de matéria fresca, resultando em cerca de 10.000 t de

matéria seca/ano. O mais importante é que esta produção ocorre na estação

seca do ano, período que é caracterizado pela menor disponibilidade de

Page 34: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

alimento na região e o mesmo pode ser utilizado na alimentação animal assim

como a farinha da castanha de caju.

Em diversas situações, ao se analisar os resíduos, bagaços ou

pedúnculos secos de caju tem se observado concentrações de proteína bruta

variando de 6,5% a 17%.

O resíduo da indústria de suco de caju (Figura 54) apresenta a seguinte

composição: 91,6% de matéria orgânica, 13,3% a 14,2% de proteína bruta,

4,1% a 5,4% de gordura, 12,2% de fibra bruta, 65,5% de fibra em detergente

neutro (FDN), 47,0% de fibra em detergente ácido (FDA), 11,9% de

carboidratos fibrosos, 67,4% de nutrientes digestíveis totais (NDT) e 2.964

kcal/kg de energia digestiva. É muito pobre em cálcio, fósforo, cobre e cobalto

e a proteína apresenta deficiência acentuada em aminoácidos essenciais como

metionina, isoleucina e fenilalanina, razão pela qual não é recomendável para

alimentação de aves.

Figura 54. Farelo do bagaço de caju de cor marrom indicadora de boa qualidade.

. De uma maneira geral, os animais podem consumir o pedúnculo

de caju in natura, desidratado ou como resíduo da extração do suco. No

entanto, é imprescindível a correção das deficiências minerais para maximizar

o potencial alimentar do pedúnculo de caju que deve ser consumido em

misturas balanceadas. O uso contínuo e exclusivo de pedúnculos de caju por

Page 35: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

ruminantes pode ocasionar o abortamento de crias, o nascimento de filhotes

atrofiados (Figura 55) e até morte de animais.

Figura 55. Bezerro nanico, aos 25 dias de idade. Últimos três meses da gestação foi em pomar de cajueiro em plena safra.

Em pesquisas conduzidas no Rio Grande do Norte com até 75% de

resíduo de caju na formulação de rações para caprinos, os animais

apresentaram um ganho médio de peso vivo no intervalo de 116g a 152g/dia se

sobressaindo, em termos financeiros, as rações com maiores proporções do

caju (50% de resíduo). O maior ganho de peso vivo em caprinos e ovinos

correspondeu respectivamente a 14 kg em 90 dias (Figura 56) e 18 kg em 105

dias (Figura 57).

Page 36: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Figuras 56 e 57. Caprino e ovino alimentados com ração de caju.

O uso dos resíduos de caju beneficia os produtores diminuindo os custos

da ração e oportunizando a engorda e venda de animais no fim da estação

seca; traz vantagem para a agroindústria dando uma destinação aos resíduos e

proporcionando alguma renda, satisfaz ao consumidor pela aquisição de carne

de qualidade em festejos de final e início de ano e protege o ambiente

preservando-o de poluentes.

. Na composição e balanceamento da ração, os ingredientes podem variar

em função do custo de aquisição. Geralmente a formulação exclusiva para

ruminantes, contém: resíduo de caju (50%), torta de algodão (0 a 20%), farelo

de soja (0 a 15%), torta de coco (0 a 20%), milho/sorgo (15 a 30%) película de

castanha de caju (0 a 10%), farinha de osso calcinada (3%), ureia pecuária

(2%) e sal de cozinha (1%). Essas formulações apresentam em torno de 22%

de proteína bruta, 3.000 kcal/kg de energia bruta, 1,0% de cálcio e 0,7% de

fósforo.

Page 37: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

7. COMERCIALIZAÇÃO

Independente de ser castanha ou caju, a venda de produtos ou

coprodutos do cajueiro sempre conta com a participação de intermediários ou

atravessadores. A atuação desses comerciantes é criticada pelo fato dessas

pessoas ficarem com uma grande margem de lucro no agronegócio do caju.

Por outro lado, esses intermediários atuam facilitando a comercialização de

produtos que muitos produtores têm dificuldade de vender; assim sendo, ruim

com eles, pior sem eles.

À medida que os produtores aumentam o volume de sua produção, eles

passam a consultar um maior número de compradores antes de decidirem a

quem vender, reduzindo dessa forma a dependência da intermediação.

7.1 – MERCADO DE CAJU DE MESA E CAJU PARA SUCO

Na década de 1990 a estimativa do não aproveitamento de cajus com

consequente perda de pedúnculos era da ordem de 94%. Nos últimos vinte

anos o aproveitamento do caju vem crescendo a uma taxa próxima de 1% ao

ano de modo que em 2012 ainda se perde cerca de 75% do caju produzido.

O mercado do caju de mesa é essencialmente doméstico nas cidades de

maior porte do Estado. Sendo um produto muito perecível, é preciso acelerar o

transporte entre o local da colheita e o da venda. O caju de mesa é vendido

com a castanha e decorridas 48 horas da colheita, à temperatura ambiente, o

risco de perda por apodrecimento é muito alto.

O caju de mesa é comercializado a granel, nas feiras semanais (Figura

58) por unidade, ou em supermercados, sob refrigeração, em bandejas de

isopor com quatro a oito cajus, recobertos por película de plástico.

Page 38: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Figura 58. Caju a granel posto a venda na feira do carrasco. Natal RN, 2012.

O preço varia muito em função da disponibilidade e da qualidade do

caju; em um ano seco como 2012, o preço se eleva porque a oferta do produto

é muito limitada. Normalmente cajus de boa aparência são vendidos pelos

produtores a preços que variam de R$ 1,00 a R$ 1,50 por quilograma.

Estima-se que cerca de 50 mil toneladas de cajus são comercializadas

para consumo de mesa no Nordeste do Brasil por ano.

O aproveitamento de caju para a agroindústria de suco representa, no

nordeste, algo no intervalo de 120 mil a 150 mil toneladas por ano. No Rio

Grande do Norte existem cerca de 11 unidades de extração de suco de caju

distribuídas em 10 municípios localizados nos territórios da região Oeste,

Seridó, Trairi e Agreste do Estado.

A capacidade de beneficiamento de caju de cada unidade extratora

estabelecida no Rio Grande do Norte situa-se acima de 100 toneladas por dia.

O caju destinado às agroindústrias de suco são comercializados sem a

castanha em caixas plásticas de 20 kg chegando à fábrica em diversos meios

de transporte (Figura 59). O preço por caixa de 20 kg varia muito em função da

safra. Na seca de 2012 ficou acima de R$ 24,00 com margem de ganho dos

corretores de 10 a 15% do valor.

Page 39: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

Figura 59. Transporte de caixas de caju para a fábrica de suco.

7.2 – Mercado de Castanha de Caju No Rio Grande do Norte o mercado comprador de castanha de caju é

representado por três grandes empresas, sendo duas sediadas em Mossoró:

Usibrás e Aficel e uma em São Paulo do Potengi: Iracema.

Mais de 90% da castanha de caju produzida no Estado é adquirida por

essas fábricas, que beneficiam e vendem em torno de 20% das amêndoas no

mercado brasileiro e o restante, exportam, tendo como principais compradores

os Estados Unidos da América, o Canadá e o Reino Unido. Em 2010 o Rio

Grande do Norte exportou quase oito mil e quinhentas toneladas de amêndoas

de castanhas de caju, o que correspondeu a um valor aproximadamente de 46

milhões de dólares. Informações colhidas revelam que as exportações de

castanhas de caju em anos normais se assemelham em valor às registradas

com melão.

Existe certa sazonalidade no preço da castanha durante a safra.

Geralmente no início é mais elevado, cai no pico da safra e volta a subir no

final. Geralmente as grandes agroindústrias dispõem de corretores ou

intermediários que visitam os produtores ou compram castanhas por ocasião

das feiras semanais. No território do Oeste, as cidades de Rodolfo Fernandes e

Apodi servem de referência para o agronegócio da castanha, levando assim, os

Page 40: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

produtores a comercializarem a castanha via intermediários por confiança e

comodidade.

Poucos produtores tomam conhecimento, mas, anualmente o Ministério

da Agricultura estabelece um preço mínimo, válido para a castanha de caju tipo

1. Em 2011 o preço mínimo foi de R$ 1,35/kg e o anunciado para vigorar a

partir de julho/2013 é de R$1,56/kg. Se a castanha é do tipo 2 (Quadros 2 e 3)

há uma queda de 20% na valor do preço mínimo.

Além das grandes fábricas existe uma série de beneficiadores artesanais

ou minifábricas que juntas processam entre 5% e 10% do que é produzido no

Estado e estes, normalmente oferecem um maior preço na castanha.

Informações da Serra do Mel mencionam que 55% da castanha ali produzida é

beneficiada pelos próprios produtores o que representa algo próximo de seis

mil toneladas num ano bom de chuvas.

Quadro 2. Tipos de castanhas de caju na classificação do Ministério da Agricultura – MAPA.

Tipo de

Castanha

Tolerância de Defeitos (%)

Umidade Avariadas Impurezas Cajuí

1 10 2 1 0

2 10 5 2 3

3 10 8 3 6

4 10 10 4 8

Abaixo do Padrão

>10 25 6 Inclui no total avariado

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Quadro 3. Valorização da Qualidade da Castanha de caju no preço do produto praticado por uma das indústrias de beneficiamento de castanha.

Soma Avariada + Impureza+

Umidade (%)

Aumenta Preço da Castanha (R$/kg)

Soma Avariada + Impureza+

Umidade (%)

Diminui Preço da Castanha (R$/kg)

18 Preço Mercado 18 Preço Mercado

17 +0,02 19 -0,01

16 +0,03 20 -0,02

15 +0,04 21 -0,03

14 +0,05 22 -0,04

13 +0,06 23 -0,05

12 +0,07 24 -0,06

11 +0,08 25 -0,07

10 +0,09 26 NÃO COMPRA

Juntando toda a capacidade instalada de processamento de castanhas

de caju no Rio Grande do Norte, a quantidade anual fica acima de 70 mil

toneladas. Ao se considerar que em um ano bom o estado produz no máximo

50 mil toneladas observa-se, um déficit de 20 mil toneladas/ano que os grandes

beneficiadores procuram comprar nos estados da Bahia, Maranhão, Pará,

Paraíba e Pernambuco ou mesmo por meio de importação da África.

Com relação ao preço da castanha de caju, este varia de acordo com a

irregularidade das chuvas. Em 2010, por falta de chuvas houve uma quebra de

safra de 50% em consequência desse efeito. Em meados de 2011, pela

segunda vez num período de 25 anos, a castanha de caju chegou a ser

vendida no mercado regional a dois dólares o quilo. Por outro lado, na seca de

2012 cuja quebra de safra foi acima de 70%, o preço da castanha manteve-se

abaixo de R$ 2,00/kg devido às importações de castanhas de caju produzidas

no continente africano, com autorização do Ministério da Agricultura.

Page 42: - CAJUEIRO VIVENDO E APRENDENDO

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ALVES, A.A.; ARAÚJO, D.L.C.; CONCEIÇÃO, W.L.F. Inclusão de polpa de caju

desidratada na alimentação de ovinos: desempenho, digestibilidade e balanço

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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Centro Nacional de Pesquisa do Caju (CNPCa). Cajueiro anão-precoce. Fortaleza, 1991.

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PARENTE J. I.G.; OLIVEIRA, V. H. CAJUCULTURA: Modernas técnicas de produção. Organizadores. João Pratagil Pereira de Araújo e Valderí Pereira da Silva, Fortaleza: EMBRAPA – CNPAT, 1995 292p. SAUNDERS, L.C.U.; OLIVEIRA, V.H.; PARENTE, J.I.G. Irrigação em cajueiro anão precoce. Fortaleza: EMBRAPA-CNPAT. 1995. 28p. (EMBRAPA-CNPAT. Documentos, 16). SILVA, V.V. Caju. O produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasilia-SPI; Fortaleza: Embrapa – CNPAT, 1998. 220p.

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Pendências:

1. Colocar a foto acima sobre os cajueiros da capa.

2. No mapa dos territórios (Figura 50) colocar um asterisco sobre cada município com agroindústria de suco de caju.