À Conversa com - Loures · da fábrica de Móveis Olaio À Conversa com... Museu de Cerâmica de...

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Ao longo do século XX, as preocupações, concep- ções e uso do desenho alargaram-se, transforma- ram-se e difundiram-se. As fronteiras do desenho deixaram de ser estanques e a sua expansão de- ve-se, sobretudo, à sua autonomia e independên- cia, para além da sua presença junto e a par de outras formas de expressão. No entanto, apesar dessa independência o desenho não deixou de es- tar presente em outras formas de arte, este con- tinuou a ser sustentáculo das disciplinas com as quais agora perfilava. Na pintura encontra-se de- senho, como na escultura ou na arquitetura, po- dendo-se assim falar do desenho do desenho, do desenho da pintura, do desenho da escultura, ou do desenho da arquitetura. Propomos então falar do desenho do design, mais propriamente do desenho enquanto elemento materializador de uma ideia em design. Existem duas grandes famílias do universo do de- senho, enquanto representação figurativa: o dese- nho tirado do real, comodamente chamado de de- senho à vista, e o desenho do imaginário, aquele que nos leva a desenhar o que passa pelas nossas cabeças, ou simplesmente as nossas ideias. Os desenhos em que nos vamos debruçar são dese- nhos fruto da imaginação criadora, figurativos (não abstratos), representações para uma futura materialização. São desenho com fins criativos como no caso de design, associado depois a ou- tros factores. A colecção de desenhos da fábrica de Móveis Olaio, em acervo do Museu de Cerâmica de Saca- vém, conta com cerca de 590 exemplares, data- dos entre 1947 e 1970, que se podem dividir gros- so modo em três grupos: os desenhos de projeto, objetos geralmente em perspetiva para constru- ção nas oficinas de carpintaria, os desenhos de ambiente, de conjunto, ou ilustrações, e os de- senhos puramente técnicos, em papel vegetal e transparências. O seu estado de conservação das diversas coleções é bom, e devemos ter em conta que são desenhos com uso de trabalho, que cer- tamente eram manuseados e consultados várias vezes. Acerca dos desenhos da colecção da fábrica de Móveis Olaio À Conversa com... Museu de Cerâmica de Sacavém 19 março 2016 15:00 A. Jorge Caseirão “Os desenhos da fábrica de Móveis Olaio”

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  • Ao longo do século XX, as preocupações, concep-ções e uso do desenho alargaram-se, transforma-ram-se e difundiram-se. As fronteiras do desenho deixaram de ser estanques e a sua expansão de-ve-se, sobretudo, à sua autonomia e independên-cia, para além da sua presença junto e a par de outras formas de expressão. No entanto, apesar dessa independência o desenho não deixou de es-tar presente em outras formas de arte, este con-tinuou a ser sustentáculo das disciplinas com as quais agora perfilava. Na pintura encontra-se de-senho, como na escultura ou na arquitetura, po-dendo-se assim falar do desenho do desenho, do desenho da pintura, do desenho da escultura, ou do desenho da arquitetura. Propomos então falar do desenho do design, mais propriamente do desenho enquanto elemento materializador de uma ideia em design.Existem duas grandes famílias do universo do de-senho, enquanto representação figurativa: o dese-nho tirado do real, comodamente chamado de de-senho à vista, e o desenho do imaginário, aquele

    que nos leva a desenhar o que passa pelas nossas cabeças, ou simplesmente as nossas ideias. Os desenhos em que nos vamos debruçar são dese- nhos fruto da imaginação criadora, figurativos (não abstratos), representações para uma futura materialização. São desenho com fins criativos como no caso de design, associado depois a ou-tros factores.A colecção de desenhos da fábrica de Móveis Olaio, em acervo do Museu de Cerâmica de Saca-vém, conta com cerca de 590 exemplares, data-dos entre 1947 e 1970, que se podem dividir gros-so modo em três grupos: os desenhos de projeto, objetos geralmente em perspetiva para constru-ção nas oficinas de carpintaria, os desenhos de ambiente, de conjunto, ou ilustrações, e os de-senhos puramente técnicos, em papel vegetal e transparências. O seu estado de conservação das diversas coleções é bom, e devemos ter em conta que são desenhos com uso de trabalho, que cer-tamente eram manuseados e consultados várias vezes.

    Acerca dos desenhos da colecçãoda fábrica de Móveis Olaio

    À Conversa com...

    Museu de Cerâmica de Sacavém19 março 201615:00

    A. Jorge Caseirão“Os desenhos da fábricade Móveis Olaio”

  • NOTA BIOGRÁFICA

    A. Jorge Caseirão, artista plástico e investigador, nasceu em Lisboa no início dos anos 1960. Dedicou largo período à pintura de objetos construídos e pintura em suporte recortado, tendo sido representado pela Galeria Novo-Século, de Lisboa, para, nos últimos anos apresentar trabalhos em suporte fotográfico. Licenciado em Pintura, mestre em Teorias da Arte, e doutorado em Desenho – ESBAL e FBAL, atualmente, com forte dedicação ao desenho, utiliza a máquina fotográfica como um meio, tendo o seu trabalho um carácter transversal, abraçando o desenho, a pintura, a escultura e a instalação. Foi cenografista da RTP (Rádio Televisão Portuguesa), sendo atualmente professor auxiliar na Faculdade de Arquitetura, da disciplina do Desenho.

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