Ç DQR Volume 4 · • Arte bizantina, arte românica e arte gótica • Dança, música e teatro...

30
Capítulo 4 Arte na Idade Média 2 Volume 4

Transcript of Ç DQR Volume 4 · • Arte bizantina, arte românica e arte gótica • Dança, música e teatro...

Capítulo 4Arte na Idade Média 2

Volume 4

capí

tulo 4 Arte na

Idade Média

O período conhecido como Idade Média ocorreu entre os

séculos V e XV. A tomada de Roma por povos bárbaros – vários

povos vindos do norte, oeste e centro da Europa, como vânda-

los, hunos, francos e godos – foi o marco inicial desse longo pe-

ríodo, dividido em Alta Idade Média (do século V ao X) e Baixa

Idade Média (do século XI ao XV).

Nesse contexto, desenvolveu-se a arte medieval, que será

estudada ao longo deste volume.

• Arte cristã primitiva

• Arte bizantina, arte românica e arte gótica

• Dança, música e teatro medievais

o que vocêvai conhecer

BRUEGEL, Pieter (O Velho). A parábola dos cegos. 1568. 1 têmpera sobre tela, 86 cm × 154 cm. Museu de Capodimonte, Nápoles, Itália.

©Museu de Capodimonte, Nápoles, Itália

2

Arte

• Ter acesso a um panorama das produções artísticas medievais.

• Conhecer elementos da notação musical utilizada atualmente e suas origens.

• Reconhecer a arte produzida na atualidade influenciada pela Idade Média.

• Aprender sobre diferentes técnicas artísticas utilizadas na Idade Média e ainda hoje praticadas.

objetivos do capítulo

Arte cristã primitiva

A arte praticada nos cinco primeiros sécu-

los após o surgimento do cristianismo é divi-

dida em dois períodos: antes e depois do re-

conhecimento dessa fé pelo Império Romano.

Em 313, o imperador Constantino proclamou

o Édito de Milão, garantindo liberdade para

cultuar qualquer deus, o que foi fundamental

para a conversão total do império à religião

cristã no ano de 380, por ordem do imperador

Teodósio I.

O período artístico anterior a esse reco-

nhecimento é chamado de fase catacumbá-

ria, porque as principais manifestações cristãs

ocorriam dentro de catacumbas, construções

subterrâneas que servem de sepultura. Os

cristãos, que eram perseguidos pelo Império

Romano, pintavam clandestinamente símbo-

los de sua fé em Jesus nas paredes das cata-

cumbas onde enterravam os seus mortos.

Já a fase posterior, quando o cristianismo

se estabeleceu e as perseguições cessaram, é

chamada de arte cristã primitiva. Os cristãos

passaram a transformar antigos mercados e re-

cintos para audiências públicas em amplos sa-

lões, conhecidos como basílicas, e a ornamentá-

-los com mosaicos romanos de temas religiosos.

Essa fase se desenvolveu entre os anos

de 330 e 500. No fim desse período, a arte

do cristianismo se dividiu em dois grandes ra-

mos: um oriental (bizantino) e outro ocidental

(românico). O MILAGRE dos pães e dos peixes. [ca. 520]. 1 mosaico. Basílica de Santo Apolinário Novo, Ravena, Itália. Detalhe.

Mural das catacumbas de Priscilla, Roma, Itália

©G

reg

ori

o B

org

ia /

AP

Ph

oto

/Glo

w I

ma

ge

Bri

dg

em

an

Im

ag

es/

Ea

syp

ix B

rasi

l

3

Arte bizantina

O Império Bizantino, também chamado de Império Romano do Oriente, era formado pe-

las regiões orientais de fala grega. Essas regiões eram dominadas pelo Império Romano, cuja

capital era Bizâncio ou Constantinopla (atual Istambul). Foi lá que surgiu uma arte que reúne

influências gregas clássicas, asiáticas e europeias. Na arte bizantina, destacam-se pinturas

murais, manuscritos, ícones religiosos e mosaicos de cores fortes e brilhantes, com profundo

caráter espiritual.

Arte românica

A arte românica se desenvolveu quando os bárbaros dominaram a civilização romana.

Essa arte, criada nos mosteiros, centros de arte e cultura, era predominantemente religiosa,

mas também bastante voltada para o ser humano.

Na maioria das vezes, a pintura românica foi realizada em paredes e tem a deformação

das figuras como uma de suas características.

SIENA, Guido da. Nossa Senhora entronizada. [ca. 1270-1280]. Igreja de São Domenico, Siena, Itália.

©B

rid

ge

ma

n I

ma

ge

s/E

asy

pix

Bra

sil

4

Arte

Geralmente, nas cenas religiosas, os artistas representavam a

imagem de Cristo em tamanho maior que o das imagens dos san-

tos. Cenas semelhantes também eram esculpidas nos tímpanos. A

arquitetura de casas, castelos, igrejas e monastérios incluía naves,

no sentido horizontal, e uma estrutura pesada, que era acentuada

por fortes muros de pedra, contrafortes e torre. Também chama-

vam atenção as abóbadas que cobriam os edifícios.

tímpanos: espaços semicirculares sobre o grande portal de entrada das igrejas.

naves: espaços centrais que cortam a igreja, normalmente estreitos, compridos e delimitados por colunas; é o espaço onde se reúnem os fiéis.

contrafortes: pilares suficientemente fortes para sustentar uma abóbada ou um terraço.

abóbadas: tetos curvilíneos encontrados em algumas igrejas.

A Catedral Notre-Dame la Grande, Poitiers, França, é uma igreja típica do estilo românico, construída em 1140.

Detalhe do tímpano da Catedral Notre-Dame la Grande

©S

hu

tte

rsto

ck/K

hd

©S

hu

tte

rsto

ck/W

ale

nci

en

ne

5

As figuras eram pintadas em afresco, técnica de pintura mural realizada sobre uma su-

perfície de argamassa úmida. Nessa técnica, as tintas são diluídas em água. Como a pintura

deve ser feita com a argamassa ainda úmida, os artistas da época tinham que começar e ter-

minar suas pinturas no mesmo dia. Assim, apenas a parte a ser pintada era preparada, pois,

em um afresco, não é possível fazer retoques ou consertos.

Em todas as manifestações, predomi-

navam temas bíblicos, com figuras simpli-

ficadas e cores chapadas.

A escultura dessa época tinha a inten-

ção de levar seus apreciadores a temer o

pecado, suscitando sua devoção.

As iluminuras, que são ilustrações de

um texto manuscrito feitas com pena ou

pincel, também surgiram nesse período e

eram muito utilizadas antes da difusão da

imprensa. Geralmente, eram realizadas

por religiosos.

Detalhe do afresco Jesus Cristo Pantocrator, Basílica de Santa Sofia, Istambul, Turquia

Página de livro com iluminura em

comemoração ao Pentecostes, século XIV

©S

hu

tte

rsto

ck/V

iach

esl

av

Lo

pa

tin

©G

ran

ge

r/G

low

Im

ag

es

6

Arte

Os retábulos eram estruturas de madeira, mármore ou outro material, colocados atrás

ou sobre o altar. Normalmente, eram compostos de um ou mais painéis pintados ou em

baixo-relevo.

Arte gótica

O período gótico compreende os três últimos séculos da Idade Média. É caracterizado

pela expressão da dualidade, representada em pontos opostos de uma verticalidade: céu e

terra, bem e mal, sagrado e profano.

A arte gótica era inteiramente voltada para temas ligados a

Deus (teocentrismo). Nesse estilo, não havia preocupação alguma com a representação do

espaço, do ambiente, da profundidade e dos volumes. Tudo girava em torno da figura de

Deus e de seu papel na cena representada.

Nesse período da arte, a técnica da perspectiva ainda não era de domínio dos artistas.

Apenas a partir do Renascimento essa técnica foi desenvolvida.

Essa arte tinha a intenção de transmitir ensinamentos cristãos, presentes nos afrescos,

nas imagens de santos e cenas bíblicas.

Na pintura, predominavam cenas religiosas, voltadas para a admiração e contemplação

dos fiéis.

Retábulo medieval que retrata a conversão de São Paulo, Jesus na cruz e o batismo de Jesus, Catedral de Valência, Espanha

profano: não religioso.

©jo

risv

o/D

ep

osi

tph

oto

s/F

oto

are

na

7

Na arquitetura das magníficas catedrais, destacam-se as amplas naves principais, com

paredes cobertas de vitrais, também voltados à contemplação dos fiéis.

A técnica para a composição de um vitral consiste em preencher espaços com peda-

ços de vidros coloridos, como um mosaico. Primeiro, é feito um desenho que, em seguida,

é copiado em filetes de chumbo. Os espaços entre esses filetes são preenchidos com

uma combinação de vidros coloridos ou pintados. A intenção é criar uma atmosfera de

magia e mistério em função do jogo de luzes e transparência.

curiosidade?

Vista interna da capela gótica Sainte-Chapelle, Paris, França

Vitral da Basílica de Saint-Denis, França

©S

hu

tte

rsto

ck/J

av

ier

Ca

lve

te©

Sh

utt

ers

tock

/Iso

go

od

_p

atr

ick

8

Arte

Outras obras também podem ser feitas em folhas de papel avulsas e expostas no

evento Artes em festa. Aliás, já estamos na reta final da organização desse momento

tão especial para as turmas do Ensino Fundamental – Anos Finais. Mas é claro que você e

seus colegas, se considerarem interessante, podem incluir na programação os trabalhos

artísticos realizados neste bimestre.

artes em festa

atividades

Inspire-se nos vitrais das catedrais de estilo gótico para criar um trabalho artístico. Para isso, separe cola, tesoura e pedaços de papel-celofane coloridos. Observe que uma das característi-cas dos vitrais góticos é o uso de formas simétricas na composição. Utilize o espaço abaixo para fazer o planejamento de seu vitral.

9

GALERIA

Observe as imagens das obras seguintes:

MARTINI, Simone; MEMMI, Lippo. A anunciação. 1333. 1 têmpera sobre madeira, color., 184 cm × 210 cm. Galleria degli Uffizi, Florença, Itália.

Detalhe de altar feito para a Catedral de Siena, Itália

Mosaico na cúpula do Batistério de São João, Florença, Itália©

Sh

utt

ers

tock

/Flo

we

r J

ou

rna

l

©S

imo

ne

Ma

rtin

i /A

rt M

ed

ia/H

eri

tag

e I

ma

ge

s/G

low

Im

ag

es

10

Arte

atividades

Escolha uma das obras apresentadas na página anterior. Pesquise os detalhes, as cores, as figuras e o tema da obra escolhida, relacionando esses elementos ao contexto histórico. Depois, escreva um comentário sobre a presença da arte medieval na cultura da atualidade.

Dança na Idade Média

Na Antiguidade, a dança era sagrada, mas ela foi considerada profana na Idade Média.

Apesar de não ter sido proibida pela Igreja como manifestação da espontaneidade indivi-

dual, sua execução era condenada.

As danças, geralmente em formato de roda, eram realizadas coletivamente ao som das

canções compostas por menestréis e trovadores. Condenadas pela Igreja Católica, elas

aconteciam de forma reservada.

A dança medieval mais conhecida é a carole, dança coletiva no formato de roda, dançada

por adultos e crianças. Era cantada inicialmente por um solista e respondida pelos dançari-

nos. Entre os séculos V e VIII, não era admitida pela Igreja. Em 774, um decreto do Concílio

de Avignon, do papa Zacarias, posicionou-se contra os movimentos da carole, que ele con-

siderava indecentes. Apesar da proibição, continuou a ser dançada de forma discreta nas

colheitas e festas das vilas.

Nos séculos XII e XIII,

em festas e feiras, eram

comuns as danças típicas

e a apresentação de trova-

dores, músicos e poetas,

especialmente na França

e na Itália. As danças mais

conhecidas eram: estam-

pie, uma dança sapateada;

saltarello, uma dança salti-

tante; e as danças de roda

coletivas e acompanhadas

por instrumentos.BRUEGEL, Pieter (O Velho). A dança dos camponeses. 1568. 1 óleo sobre madeira, color., 114 × 164 cm. Museu de História da Arte, Viena, Áustria.

©S

hu

tte

rsto

ck/O

leg

Go

lov

ne

v

11

Durante os séculos XIII e XIV, época da Guerra dos Cem Anos, das pestes, de pouca co-

lheita e de crise da Igreja Católica, a dança refletia as desgraças, as tristezas e até a morte.

A carole, que anteriormente era a dança da alegria, transformou-se em uma dança macabra,

algumas vezes dançada nos cemitérios, às escondidas, como um ritual para enfrentar a mor-

te ou até mesmo espantar as epidemias.

Nesse contexto, surgiu uma forma de dança voltada ao espetáculo, o momo, dançada

pelos nobres. Esse gênero de dança tinha um formato próximo ao da carole, em que os par-

ticipantes dançavam mascarados. No fim do século XV, essa forma de dança já fazia parte

das cortes, com a participação de nobres, príncipes e princesas. O momo inspirou e serviu de

base para o surgimento do balé, mais adiante.

atividades

Inspire-se nas danças medievais e dance em roda com a sua turma. Registre aqui o resultado da atividade. Se possível, fotografe a brin-cadeira, imprima essa imagem e cole-a no espaço abaixo.

BRUEGEL, Pieter (O Velho). Jogos infantis. 1560. 1 óleo sobre madeira,

color., 118 cm × 161 cm. Museu de História da Arte, Viena, Áustria. Detalhe. ©

Mu

seu

de

His

tóri

a d

a A

rte

, Vie

na

, Áu

stri

a

12

Arte

Está chegando o grande dia! Como estão os preparativos para o evento comunitário?

A data está definida com a direção da escola? Vocês já combinaram com as outras turmas

como será o uso dos ambientes? Cada grupo vai ocupar um espaço ou os espaços serão

compartilhados? Haverá locais exclusivos para exposições e apresentações ou serão es-

paços híbridos? A organização dos espaços será temática? Os convidados poderão circu-

lar por todas as salas? Haverá uma proposta para a circulação ou ela será livre?

Discutam a organização do evento e tomem decisões, tendo em mente a quantidade

prevista de pessoas presentes e a duração tanto das visitas às exposições quanto das

apresentações de teatro, dança, música, performances e tudo o mais que vocês tiverem

selecionado. Esse é um momento fundamental para rever a quantidade de elementos se-

lecionados para serem levados ao público. Identifiquem se há excesso na quantidade de

obras selecionadas ou se há lacunas que devem ser preenchidas. Certifiquem-se de que

todas as criações estejam identificadas com o título, a técnica e o nome de quem as pro-

duziu. Vocês podem elaborar etiquetas para ajudar o público a identificar os trabalhos.

Pensar nos tempos e espaços disponíveis também ajuda a refinar a curadoria.

E quanto aos convidados especiais? Algum artista foi convidado a participar dessa

celebração? Haverá apresentações seguidas de bate-papos? Artistas mais experientes fa-

rão oficinas para a comunidade?

Como está a divulgação do Artes em festa? Estão sendo feitos cartazes, banners,

bilhetes, arquivos em áudio e vídeo? Essa também é uma oportunidade para estimular

talentos criativos, porque há necessidade de desenvolver peças publicitárias que orga-

nizem imagens e textos para chamar a atenção do público, convidando-o a comparecer

ao evento. Os textos dos convites terão chamadas impactantes? O humor será utilizado

nessa propaganda? Por fim, definam um calendário para essa divulgação para atingir o

público-alvo e até antecipar o espírito festivo, mostrando um pouco da “cara” do que eles

conhecerão no local, data e hora combinados.

Quando faltar um mês para o dia do evento, enviem os convites aos pais e a toda a

comunidade escolar.

artes em festaf

Eld

er

Ga

lvã

o. 2

01

9. D

igit

al.

13

Música medieval

Na Idade Média, grande parte da música era voltada para a religiosidade, desenvolven-

do-se principalmente em igrejas e mosteiros. Os cânticos religiosos em uma só voz (canto

monódico) ou em conjunto (uníssono) eram considerados um caminho para Deus. Essa forma

de cântico predominantemente vocal era chamada de cantochão.

Os coros cantavam em dois estilos: antifonal e responsorial. No estilo antifonal, dife-

rentes coros cantavam alternadamente. Já no estilo responsorial, o coro cantava como se

estivesse respondendo a um ou mais solistas.

Mais tarde, o papa Gregório simplificou a liturgia, possibilitando o canto em conjunto.

Esse jeito de cantar foi registrado em um livro, o antifonário, e denominado canto gregoria-

no. Dessa forma, podemos descrever o cantochão, ou canto gregoriano, como versos bíblicos

recitados melodiosamente, sem harmonia ou acompanhamento de instrumentos (à capela).

Poucos instrumentos acompanhavam a música medieval, pois muitos foram abolidos.

Havia a crença de que eles incitavam o corpo e a alma a dançar, e não a orar. Os principais ins-

trumentos utilizados eram: harpa, rabeca, viela, tambores, alaúde, carrilhão, címbalo, flau-

tas, saltério. Conheça a seguir alguns dos instrumentos medievais.

Tamboril medieval

Viela de arco

Galubé Alaúde medieval

RabecaCistre ou citola

Corneto

Viela de roda

Charamela

Ilu

stra

çõe

s: E

du

ard

o B

org

es.

20

14

. Dig

ita

l.

14

Arte

Menestréis e trovadores

Durante a Idade Média, predominavam as músicas sacra e erudita, mas havia também a

música não religiosa, chamada de profana. Ela era executada em feudos, praças e burgos,

sem a autorização da Igreja. A música profana contava histórias relacionadas às Cruzadas,

ao amor, aos acontecimentos do cotidiano e aos personagens locais. Os artistas da música

profana se chamavam menestréis, saltimbancos e trovadores.

Os menestréis eram andarilhos que musicavam versos nos castelos por onde passavam.

Eles criavam suas próprias obras ou inspiravam-se em outros autores. Às vezes, inventavam

trovas na hora, desafiando passantes e trovadores. Alguns tinham os senhores feudais como

uma espécie de patrocinadores fixos.

Os trovadores, muitos de origem nobre, faziam versos musicados mais sofisticados. En-

tre os mais conhecidos, estão: Adam de la Halle, Walther von der Vogelweide e o rei inglês

Ricardo Coração de Leão. Algumas canções trovadorescas foram registradas por escrito e

deram origem a obras importantes, como a dramatização do romance entre Robin e Marion,

criado por Adam de la Halle em 1282 ou 1283, que mais tarde inspirou a peça Romeu e Julieta,

de William Shakespeare.

Elomar, um músico do sertão medieval

Para algumas pessoas, a Idade

Média é um período muito distante,

para outras, é uma referência pró-

xima e determinante. Assim é para

Elomar Figueira Mello, um composi-

tor que nasceu em 1937 na zona do

mato cipó baiano, filho de um tange-

dor de gado (seu Ernesto) e de uma

costureira (dona Eurides).

Elomar estudou Arquitetura e

Urbanismo na Universidade Federal

da Bahia. Lá ele iniciou um curso livre

de violão, mas não concluiu.Sua for-

mação como músico é de autodidata.

Bem menino, ouvia cegos cantadores nas feiras de Vitória da

Conquista, cantando na linguagem do homem da roça, no modo de

fala do seu sertão. Defensor ferrenho das coisas do Brasil, Elomar

decidiu que utilizaria esse jeito de falar em suas composições, um

modo de fala que chamou de “dialeto sertanez”. Mesmo sendo um

artista contemporâneo, traz para a sua arte as reminiscências medievais que, ao nascer, já

encontrou no seu sertão, criando, assim, uma obra pertencente a esse seu mundo fantástico

que ele denomina “Sertão Profundo”.

arte brasileira

autodidata: pessoa que aprende

por si mesma, sem a intermediação de um professor ou de uma instituição de ensino.

Elomar, um admirador da cultura medieval e dos cantadores, violeiros e repentistas do sertão

©K

ika

An

tun

es

15

Escrita da música: notação musical

A notação musical usada atualmente se desenvolveu durante a Idade Média. Antes, ela

era feita de forma diferente em cada cultura. Há registros de notação musical no Egito e na

Mesopotâmia, há 3000 anos a.C. No século IV , havia aproximadamente 1 600 sinais, símbolos

e letras diferentes em sistemas de notação, tanto para a música vocal quanto para a música

instrumental.

Uma das primeiras formas de registrar a música foi o sistema de neumas, para que o

cantor pudesse entoar a melodia. Esse sistema era constituído de sinais de respiração, re-

presentados por pequenas marcas sobre a letra da música, indicando o tipo de movimento

sonoro a ser cantado.

Mais tarde, os neumas ficaram mais nítidos e adquiriram formas quadradas e angulares,

além de linhas verticais para dividir a duração de cada parte. Com o tempo, as formas qua-

dradas dos neumas foram se arredondando.

O sistema de notação musical com as notas em pautas de cinco linhas, que se utiliza

atualmente, foi criado durante a Idade Média pelo monge beneditino Guido D’Arezzo.

As notas são o principal elemento da notação musical. Cada nota tem um nome e um

desenho que representa sua duração e altura. São elas:

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Contam-se as linhas e os espaços da pauta sempre de baixo para cima.

Guido D’Arezzo (992-1050), nascido em Arezzo, aperfeiçoou o sistema de notação

musical dos neumas. Aproveitando o som da primeira sílaba de cada verso do Hino a São

João Batista, composto por ele próprio, o monge denominou as notas musicais como as

conhecemos atualmente (com exceção da nota Si, construída com as primeiras letras das

palavras Sancte e Ioannes).

curiosidade?

Faça uma pesquisa sobre festas e feiras atuais que mantêm características medievais em elementos como vestimentas, comidas, brincadeiras, músicas e danças. Em seguida, em uma folha avulsa, crie uma vestimenta atual inspirada nos elementos da cultura medieval que você pesquisou. Como poderiam ser os trajes atuais inspirados no estilo da época? Solte sua imaginação! Quando sua criação estiver pronta, compartilhe-a com os colegas da turma.

pesquisa

16

Arte

A clave indica a posição de uma nota a partir da qual se identificam todas as outras. A

seguir, apresentamos a Clave de Sol.

Seu desenho deve começar na segunda linha, de baixo para cima. Assim, a nota que está

nesta linha é Sol.

Clave de Sol

Como no Hino a São João Batista, de Guido D’Arezzo, a composição Minha canção

tem a sílaba inicial correspondente ao nome das notas musicais. Essa composição foi cria-

da para o musical Os saltimbancos, criado por Chico Buarque a partir das canções origi-

nais de Luis Enriquez Bacalov e Sergio Bardotti.

curiosidade

?

Bem mais tarde, em 1640, o maestro italiano Giovanni Battista Doni, diante da difi-

culdade em se pronunciar a primeira nota, Ut, substituiu-a por Dó. Convenceu seus con-

temporâneos a fazer a mudança argumentando que Dó é uma abreviação de Dominus,

palavra latina para "Deus", mas pesquisadores especulam que ele, na verdade, desejou

imortalizar-se na música ao nomear a nota com a primeira sílaba de seu sobrenome.

Observe os versos do hino, que podem ser traduzidos como “Para que teus servos/

possam ressoar claramente a maravilha dos teus feitos/ limpe nossos lábios impuros/ ó

São João”.

Ut queant laxis

Resonare fibris

Mira gestorum

Famuli tuorum

Solve polluti

Labii reatum

Sancte Ioannes©

Sh

utt

ers

tock

/Lo

tus_

Stu

dio

17

No musical Os saltimbancos, o jumento repre-

senta a inteligência; a galinha, a classe operária; o

cachorro, os militares; e a gata, os artistas. O barão,

inimigo dos animais, representava os poderosos, a

elite, etc. O conto dos Irmãos Grimm, Os músicos

de Bremen, inspirou o italiano Sergio Bardotti e o

argentino Luis Enriquez Bacalov a criarem músicas

para contar essa história. O espetáculo foi adapta-

do para o Brasil com ver-

são em português e mú-

sicas de Chico Buarque.

No musical A noviça rebelde, também há uma canção com frases que começam com nomes

de notas musicais.

Dó-ré-mi

Dó é pena de alguém

Ré eu ando para trás

Mi, assim eu chamo a mim

Fá, de fato sou capaz

Sol que brilha no verão

Lá e lá no cafundó

Si indica condição

E de novo vem o dó

RICHARD, Rodgers; HAMMERSTEIN II, Oscar. Dó-ré-mi. In: ______. A noviça rebelde: temas originais da montagem brasileira. São Paulo: Sony BMG, 2008. 1 CD, digital. Faixa 6.

Criada em 1959, nos Estados Unidos, a peça foi adaptada para o cinema em 1965, tornan-

do-se um clássico, vencedor de cinco premiações do Oscar. O musical recebe versões até os

dias de hoje, mais de 50 anos após sua estreia, sendo um sucesso na Broadway, nos Estados

Unidos e em países como o Brasil.

conectado

Pesquise em vídeos na internet as cenas dos musicais Os saltimbancos e A noviça rebelde em que as canções com as notas musicais são interpretadas.

pesquisa

Ilustração de Ziraldo para a versão em livro infantil de Os saltimbancos

musical: gênero de espetáculo que combina música, interpretação teatral e dança.

Cena do filme A noviça rebelde

©M

ich

ae

l O

chs

Arc

hiv

es/

Ge

tty

Im

ag

es

©Z

ira

ldo

18

Arte

Partitura O conjunto de símbolos utilizados para registrar a música que ouvimos é chamado de

partitura.

Existem muitas maneiras de fazer isso. Além da partitura tradicional, é possível criar

outras representações escritas que demonstram as variações da música, como fez o músico

estadunidense John Cage (1912-1992).

©S

hu

tte

rsto

ck/K

sush

a K

ho

my

ak

ov

a

FO

NT

AN

A M

IX –

JO

HN

CA

GE

© C

F P

ete

rs C

orp

ora

tio

n, N

ew

Yo

rk, U

SA

. Ba

rry

Ed

ito

ria

l C

om

. In

d. S

.R.L

.

(Re

pre

sen

tan

te e

xcl

usi

vo

pa

ra B

rasi

l)

19

atividades

Selecione a letra de uma canção e escolha um trecho dela. Em seguida, crie um gráfico com símbo-los para as variações de altura, intensidade e duração do trecho selecionado.

a) Canção:

b) Trecho escolhido:

c) Gráfico sonoro:

Teatro medieval

No começo da Idade Média, o teatro acontecia nas praças das cidades e nos feudos. Tro-

vadores e menestréis cantavam e encenavam histórias de amor, de humor ou de aventuras

de heróis e guerreiros, além de brincarem com os passantes. Havia também o teatro de fan-

toches, de bonecos e a encenação de situações engraçadas do cotidiano.

Com a queda do Império Romano, a Igreja Católica proibiu as manifestações teatrais

por considerá-las profanas. As encenações passaram a ser feitas somente durante os feste-

jos religiosos, mas havia pessoas que desobedeciam a essa determinação e continuavam a

realizar performances em ruas de feudos e vilarejos. Por isso, a Igreja decidiu adotar outra

estratégia: agregar o teatro às missas.

As encenações passaram a ter como tema os ensinamentos bíblicos e a vida de Cristo e

dos santos, como modo de transmitir à população, de forma simples, os dogmas e a história

da religião. Esse tipo de teatro tratava de temas relacionados à origem do mundo até o juízo

final. Além das cenas religiosas, as peças retratavam personagens que sofriam tentações

ou se debatiam para resistir a elas. Entre os dramas litúrgicos, destacam-se os milagres, os

mistérios, os autos, as farsas e as moralidades.

Os dramas litúrgicos consistiam na leitura dos textos sagrados, geralmente com cânticos

e salmos recitados por sacerdotes, com base no canto gregoriano (desenvolvido pelo papa

Gregório, no século VI).

20

Arte

Os mistérios e os autos eram representações de cenas bíblicas. O auto é um gênero

teatral que apresenta maior liberdade na construção dos personagens. Nessas histórias, os

personagens buscam a salvação, especialmente na hora da morte, às portas do céu, havendo

sempre a intervenção de Nossa Senhora nesse momento. Já os mistérios eram encenações

dos passos da vida de Jesus Cristo, a exemplo da Paixão de Cristo.

Inicialmente, esses gêneros teatrais eram apresentados durante as festividades religio-

sas, no interior das igrejas. Mais tarde, eles passaram a ser encenados nas praças, geralmen-

te em frente à igreja, por atores amadores, que eram dirigidos por um condutor de cena.

Para as apresentações, era utilizado o conceito de palcos móveis ou simultâneos, onde se

realizavam cenas paralelas.

A Paixão de Cristo continua sendo uma das encenações mais populares do mundo cristão. A

história da morte e da ressureição de Cristo é representada em grandes espaços, muitas vezes

envolvendo centenas de atores, e é vista por multidões.

No Brasil, muitas comunidades se mobilizam anualmente para montar esse espetáculo,

transformando-o em um grande evento de teatro comunitário. Por vezes, essas apresentações

se tornam parte do calendário cultural de

uma região, como acontece em Nova Jerusa-

lém, maior teatro ao ar livre do mundo. Des-

de 1968, a Paixão de Cristo é encenada nesse

teatro, localizado no município do Brejo da

Madre de Deus, no interior de Pernambuco.

Outra grande montagem da Paixão de

Cristo é realizada em Curitiba pelo Grupo

Lanteri há mais de 40 anos. Tudo começou

com apenas 45 participantes; atualmente,

há cerca de 1 200 envolvidos, entre atores,

produção e equipe técnica, em um trabalho

voluntário de grandes proporções.

conectado

Apresentação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém

Apresentação da Paixão de Cristo pelo Grupo Lanteri

CQT_NV18_EF2_ART64_F021

©S

oci

ed

ad

e T

ea

tra

l d

e F

aze

nd

a N

ov

a

©G

rup

o L

an

teri

– P

aix

ão

de

Cri

sto

20

19

– f

oto

Re

ina

ldo

Re

gin

ato

21

Na Idade Média, grupos ama-

dores construíam pequenos pal-

cos sobre carroças, improvisando

um tablado para levar suas monta-

gens a outras localidades.

A farsa consistia em cenas ou quadros cômicos apresentados nos intervalos de peças

sérias e cenas religiosas densas. Bobos da corte, palhaços e bufões satirizavam os costumes

e comportamentos de pessoas de todas as classes sociais, proporcionando momentos de

relaxamento e diversão.

As moralidades são o último gênero teatral a ser desenvolvido no Período Medieval.

Com caráter didático e moral, as peças evidenciavam vícios e virtudes. Os temas religiosos,

associados aos princípios morais e cívicos, davam ânimo e esperança e reforçavam a impor-

tância de se buscar o caminho para conquistar o céu.

As moralidades podiam ser apresentadas em qualquer lugar e

a qualquer hora e eram encenadas geralmente em frente às igre-

jas, fora do palco ou nas praças.

bufões: personagens de comédias e farsas que faziam o público rir com interpretações engraçadas, caretas e gestos.

Chegou o momento da confraternização em torno das linguagens artísticas. Você,

seus colegas e as outras turmas do Ensino Fundamental – Anos Finais vão apresentar o

resultado do trabalho realizado durante o ano letivo a familiares, amigos e conhecidos.

A organização desse evento exigiu muito trabalho. A curadoria analisou as obras pro-

duzidas ao longo do ano e algumas delas foram escolhidas para fazer parte do evento.

Criações em teatro, dança, música e artes visuais também foram analisadas, selecionadas,

retrabalhadas, ensaiadas e preparadas para serem expostas.

Além das obras, vários processos criativos foram registrados, como fotografias, ví-

deos, desenhos, etc. Alguns deles, escolhidos por vocês, serão apresentados ao público

como forma de demonstrar a riqueza que o estudo das linguagens artísticas proporciona.

Artistas locais foram convidados a participar do evento, e espaços de troca e debate,

organizados. Foi realizada uma bela divulgação para convidar a comunidade escolar para

o evento Artes em festa. Agora é hora de apreciar, fruir e vivenciar esse encontro em

torno das linguagens artísticas.

Depois da realização do evento, registre esse momento especial.

artes em festa

Os espetáculos medievais eram montados por companhias itinerantes que passavam de um lugar ao outro.

©adoc-photos/Corbis via Getty Images

22

Arte

Teatro de bonecos

Durante a Idade Média, eram comuns as brincadeiras de roda e as encenações com fan-

toches. Crianças e adultos se encantavam com os bonecos. Eles faziam parte do cotidiano e

eram apresentados em peças, nos castelos e nas praças das vilas.

O universo medieval era povoado de imagens de cavaleiros, castelos, bruxas e fadas.

Histórias e fábulas eram utilizadas para transmitir mensagens e ensinamentos, muitos deles

por meio do teatro de bonecos.

Assim também acontece na cultura popular brasileira dos nossos dias, repleta de perso-

nagens e enredos maravilhosos.

Fantoche e marionete?Titeragem ou titeritagem é a arte de manipular bonecos, tam-

bém conhecidos como títeres. Os tipos mais comuns de bonecos são

o fantoche e a marionete. A pessoa que manipula o boneco é chamada

de titereiro.

O fantoche é também conhecido como boneco de mão. Nesse tipo

de boneco, a mão do titereiro fica dentro do boneco, movimentando-o.

A marionete é um boneco manipulado pelo uso de cordas. As extremi-

dades das cordas se conectam basicamente a partes do boneco: pernas,

mãos, ombros, orelhas e base da coluna. O titereiro se posiciona acima do

boneco para movimentá-lo.

atividades

Reúnam-se em grupos, escolham um conto de fadas e criem uma representação teatral da história usando fantoches de meia.

©S

hu

tte

rsto

ck/D

ad

o P

ho

tos

©Shutterstock/YoPho

23

MamulengoMamulengo é o nome dado a uma forma de teatro com fantoches nascida na Idade Mé-

dia, em representações do presépio, com a finalidade de sensibilizar os fiéis. No Brasil, o

mamulengo surgiu com essa mesma função, no século XIX, em Olinda, Pernambuco. Com o

tempo, as cenas bíblicas deram lugar a temas populares e a personagens que contam histó-

rias do dia a dia de cada região.

Em cada região do Brasil,

essa forma de teatro recebeu

um nome diferente: na Bahia,

em São Paulo e no Rio de Janei-

ro, é chamada de mané-gostoso;

no Piauí, Ceará e Sergipe, cas-

simiro coco; em Minas Gerais,

joão-minhoca; no Rio Grande do

Norte, joão-redondo; na Paraíba

chamam-na de babau; e, em Per-

nambuco, de mamulengo.

Você já viu algum tipo de teatro de bonecos? Que nome ele recebe em sua região? Em livros ou na internet, faça uma pesquisa sobre algum grupo de teatro de bonecos existente na cidade onde você mora ou em regiões próximas.

pesquisa

Molengo, mãomolengo, mamulengo

O nome “mamulengo” surgiu porque os bonecos são manipulados pelas mãos e por-

que deveriam ser moles, para possibilitar movimentos. Assim, surgiu primeiro o termo

“molengo”, depois,“ mãomolengo” e, finalmente, “mamulengo”.

O teatro mamulengo mistura humor e drama, alegria e graça, elaboração e improvi-

sação. Utiliza o colorido dos personagens e a música para recriar mitos, lendas e persona-

gens do universo colonial, trazendo esse contexto para o cotidiano atual. É assim que, a

qualquer momento, nas feiras, nas praças livres e nos teatros, os mestres mamulenguei-

ros criam os bonecos e atuam na representação.

curiosidade?

©P

uls

ar

Ima

ge

ns/

Ha

ns

vo

n M

an

teu

ffe

l

24

Arte

Cordéis

Os cordéis também fazem parte da cultura popular brasileira. Eles têm origem em

uma tradição portuguesa de pendurar folhetos em barbantes. No Brasil, principalmente

no Nordeste, chamamos de literatura de cordel o conjunto de

poemas populares impressos em livretos de papéis rústicos,

com xilogravura nas capas. Esses livretos costumam ser ex-

postos em cordas, ou cordéis, para serem vendidos.

Os poemas dos cordéis são escritos em estrofes de versos rimados. Tradicionalmente,

os cordelistas recitam os versos em praça pública, de forma melodiosa, acompanhados de

violas. O formato mais popular do cordel é a sextilha. Suas estrofes apresentam seis versos,

com sete sílabas poéticas.

atividades

No cancioneiro popular, investigue cantigas de roda e brincadeiras cantadas. Escolha uma delas e faça uma dramatização usando o tea-tro de bonecos. Utilize instrumentos musicais para contar musical-mente a sua história.

cancioneiro popular: coleção ou coletânea de cantigas em livro impresso ou manuscrito acompanhada de seus registros sonoros.

xilogravura: técnica de gravura realizada com a impressão, no papel, de imagens entalhadas em madeira.

RESENDE, José C. de M. O pavão misterioso. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/especial/2017/05/03/Os-versos-e-traços-da-literatura-de-cordel>. Acesso em: 11 set. 2019.

Em 2018, o cordel foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil.

©Shutterstock/Luciano Joaquim

O pavão misterioso

Eu vou contar uma história

De um pavão misterioso

Que levantou voo na Grécia

Com um rapaz corajoso

Raptando uma condessa

Filha de um conde orgulhoso

Primeira estrofe de O pavão misterioso, de José Camelo de Melo Resende, publicado na década de 1920. Esse cordel apresenta 141 estrofes.

©S

hu

tte

rsto

ck/B

pro

ject

7

25

A temática cordelista pode ser dividida em três grupos:

temas tradicionais – contos maravilhosos, histórias de animais, anti-heróis, tradição religiosa;

acontecimentos – natureza física, repercussão social, cidade e vida urbana, crítica e sáti-

ra, elemento humano, tipos étnicos e regionais;

cantorias e pelejas – a sátira e o elogio.

atividades

Crie o seu próprio cordel com o tema que desejar. Em seguida, pendure o seu cordel no varal que você e seus colegas vão fazer na sala de aula. Use o espaço abaixo para criar o seu texto. Depois, copie-o em um livreto de cordel. Se possível, utilize folhas coloridas.

26

Arte

Gravura

Gravura é o processo de gravar ou marcar superfícies para a criação e reprodução de ima-

gens por meio da impressão. Atualmente, é possível obter a gravura digital, construída com

base em imagens digitais impressas em matrizes virtuais ou interfaces gráficas.

Existem dois tipos comuns de gravura: em encavo ou em re-

levo. Em encavo, o sulco recebe a tinta e, por isso, aparece im-

presso no trabalho final (em positivo). Já em relevo, a superfície

não escavada recebe a tinta e, por isso, o sulco aparece em nega-

tivo (sem tinta) no trabalho final.

A gravura apresenta quatro técnicas principais: litografia, gravura em metal ou calcogra-

fia, serigrafia ou silk-screen e xilogravura – que, como vimos, é bastante utilizada nos cordéis.

Para uma gravura ser considerada uma obra autêntica, deverá ser assinada e numerada

por quem a criou. Normas internacionais devem ser observadas, contemplando o seguinte

procedimento: o artista deve trabalhar a matriz usando madeira, metal, pedra ou tecido,

com a finalidade de imprimir uma quantidade específica (tiragem) de exemplares idênticos.

Após aprovar uma gravura, o artista tira várias provas, que são chamadas de provas do ar-

tista. Quando ele finalmente chega ao resultado desejado, produz uma cópia bonne à tirer, que,

em português, significa "boa para imprimir".

O artista imprime então a quantidade

desejada de cópias, que devem ser assi-

nadas a lápis, com data, título da obra e

número da série em frações, conforme

o total impresso. Exemplo: 1/10, 2/10,

1/50, 1/100 (uma de dez, duas de dez,

uma de cinquenta, uma de cem). O total

dos exemplares é denominado de edição

ou tiragem.

A gravura é uma linguagem utilizada

por artistas com os mais diferentes estilos

e estéticas. No Brasil, nomes reconheci-

dos como Poty Lazzarotto, Gilvan Samico,

J. Borges, Marcelo Grassmann e Oswaldo

Goeldi trabalharam com essa técnica.

No material de apoio, verifique o

passo a passo para a produção de uma

xilogravura e, depois, as instruções para

produzir uma isogravura.

encavo: que foi cavado.

sulco: depressão ou marca, fissura, ranhura.

LAZZAROTTO, Poty. 1 xilogravura, p&b. Coleção particular.

Uma das ilustrações de Poty Lazzarotto

para a edição ilustrada do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa, edição de 1958

©P

oty

La

zaro

tto

27

A Idade Média foi uma época de grandes contrastes, muita devoção e comoção. Inspire-se no texto seguinte e crie, junto com seus colegas, uma cena de teatro em que essas características fiquem evidentes.

o que já conquistei

Os reis da época são rotulados de acordo com um certo número de tipos, cada qual mais ou menos correspondente a um motivo das canções ou das histórias de aventura: o príncipe nobre e justo, o príncipe enganado por conselheiros maldosos, o príncipe vingador da honra de sua linhagem, o príncipe amparado no infortúnio pela fidelidade de seus servos. Os súditos do fim da Idade Média, pagando impostos elevados mas sem direito a participar nas decisões sobre seu uso, desconfiam sempre que seu dinheiro será desperdiçado e não servirá ao bem comum da nação. Essa desconfiança se expressa em imagens simplificadas: o rei está cercado de con-selheiros ambiciosos, o luxo e a opulência da corte real são a causa dos males da nação. Desse modo, as questões políticas ganham ares de fábulas aos olhos do povo.

HUIZINGA, Johan. O outono da Idade Média. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 21.

Para a criação dessa cena, utilize cenários, figurinos, caracterizações de personagens, música e dan-ça. Rememore tudo o que foi estudado neste volume e reveja a pesquisa realizada sobre as feiras medievais encenadas na atualidade. Lembre-se de que, para a criação da cena, é importante fazer um planejamento: Qual será o enredo da história? A cena contará com quantos personagens? Quais as características de cada um deles?

Utilize o espaço a seguir para criar o texto que será encenado e fazer anotações sobre os demais elementos cênicos.

28

Material de Apoio6°. ano – Volume 4

Arte

Capítulo 4 – Página 27

As imagens a seguir representam o processo de criação de uma xilogravura.

©P

. Im

ag

en

s/P

ith

1

2

Página 27

Podemos criar uma gravura usando materiais alternativos, como placas de isopor e em-

balagens variadas. Vamos experimentar? Siga as orientações do professor para a criação de

uma isogravura, técnica que utiliza como matriz o isopor.

Materiais

placa de isopor

tesoura sem ponta

lápis

pincel ou rolinho de pintura

tinta guache da cor de sua preferência

papel sulfite

Como fazer

1. Em um retângulo de isopor, usando caneta hidrocor, faça um desenho inspirado em algo

que você estudou neste bimestre. Cuide para não afundar a matriz, pois, nesta etapa,

você deve apenas desenhar sobre a superfície.

2. Contorne o desenho com um lápis, apertando bem, deixando sulcos, mas sem furar a

superfície.

3. Com um pincel ou rolinho de pintura, espalhe tinta guache por cima do desenho feito na

placa de isopor.

4. Com a tinta ainda molhada, imprima o desenho em uma folha de papel sulfite, pressio-

nando a matriz de isopor contra a folha.

5. Com cuidado, retire a placa de isopor e coloque a folha para secar.

Quando o seu trabalho e o de seus colegas estiverem prontos, organizem uma exposi-

ção! Lembrem-se de que as obras podem ser apresentadas no evento Artes em Festa.

©P

.Im

ag

en

s/V

imo