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Bellkis Lilia Becher o PAPEL DA FILOSOFIA PARA A CONSTRU<;:AO DOS VALORES NA EDUCA<;:AO INFANTIL Trabalho apresenlado a disciplina de Metodologia da Pesquisa I, orientado pelo professora Ana Maria Mact:faltp Lopes Escher. , ,~ CURITIBA 2003

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Bellkis Lilia Becher

o PAPEL DA FILOSOFIA PARA A CONSTRU<;:AO DOS VALORES NAEDUCA<;:AO INFANTIL

Trabalho apresenlado a disciplina deMetodologia da Pesquisa I, orientado peloprofessora Ana Maria Mact:faltp Lopes Escher.

, ,~

CURITIBA2003

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SUMARIO

INTRODU<;:Ao 3

2 A FILOSOFIA 5

2.1 A UTILI DADE DA FILOSOFIA.

UM MELHOR PENSAR, PARA UM MELHOR VIVER NO CAMPO

EDUCACIONAL E SOCIAL 11

..........8

3.1 COMO SERIA POSSiVEL UM PENSAR COLETIVO ... ..17

4 A IMPORTANCIA DO TRABALHO DE FlLOSOFIA COM AS CRIAN<;:AS 19

5 A FILOSOFIA NA PRATICA EDUCACIONAL 25

5.1 ALGUMAS METODOLOGIAS PARA DESENVOLVER A COGNI<;:Ao 32

6 COGNI<;:AO E PENSAMENTO 35

6.1 HABILIDADES DE INVESTIGA<;:Ao . .. 40...........40

...41

6.2 HABILIDADES DE RACIOciNIO

6.3 HABILIDADES DE FORMA<;:Ao DE CONCEITO ..

6.4 HABILIDADES DE TRADU<;:AO .. .. 42

7 CONCLUsAo 45

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 46

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INTRODUr;:AO

o principal objetivo deste trabalho e observar e compreender 0 papel da

filosofia direcionada a urn melhor pensar, no campo de investigaC;8o, tentando

despertar isso nas crianc;;as, e como 5e da esse processo. E de extrema import2lncia

salientarmos tambem que 0 nosso interesse em relac;:ao a este tema proposto surgiu

durante 0 curso de P6s-gradua9ao, com estimulos da disciplina de Didatica, voltada

para a EducaC;8o para 0 Pensar, Teorias de EducaC80 para 0 Pensar Metodologia

Cientifica, Investiga9ao Filos6fica, destacando-se urn estudo aprolundado da

Filosofia e da proposta de EducaC;8o para 0 Pensar de Mathew Lipman.

Urn dos estudiosos que mais influenciou Lipman a buscar 0 questionamento e

a investiga9ao com a filosofia foi Dewey. Isso se deu pelo lato de ambos

acreditarem que filosofia, democracia e educaC;Elo S8 alimentam e potencializam

mutuamente, contribuindo para uma sociedade melhor. Para uma boa democracia

estao 0 grau de reflexividade de uma comunidade e a qualidade dos jufzos que nela

se produzem.

Todavia, este curso de P6s-Graduayao possibilitou urn contato mais direto

com estes pensamentos, conhecendo sobre a hist6ria da filosofia, permitindo tracas

de ideias, questionamento, experiemcias ja vivid as na profissao, envolvendo a

pratica do trabalho com filosofia e educayao.

Este trabalho segue de varios comentarios e investigayoes, assim como as

relayoes entre conceitos de filosofia, em que consiste a trabalho de filosofia com as

crianyas, ° que se entende por cogniyao e pensamento. Em suma, como se da

habilidade para 0 pensar e a capacidade para tal.

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Segundo Lipman, todos nos contamos com repertorio basico de habilidades

cognitivas, as quais devemos desenvolver afim de torna-Ias habilidades cognitivas

de ordem superior. Isto ocarre quando tais habilidades sao articuladas naquilo

Lipman ira chamar de mega habilidade, isto e, grupos de habilidades que sao

utilizadas conjuntamente para operac;6es de raciocinio, investigac;ao, formac;ao de

conceitos, etc.

a presente trabalho parte da premissa que a educac;ao nao e uma questao

de aquisiC;ao de habilidades cognitivas, mas de fortalecimento e aperieic;oamento

das habilidades. Em outras palavras, as crianc;as estao natural mente inclinadas a

adquirirem habilidades cognitivas, do mesmo modo que adquirem naturalmente a

linguagem, e a educac;ao e necessaria para fortalecer 0 processo.

o valor da filosofia na educac;ao, para Lipman, e sem duvida, 0 enfoque

sistematico mais significativ~ relativo a cognic;ao entre as crianc;as e a filosofia.

A filosofia para crianc;as admite que crianc;as tem a capacidade e 0 dire ito de

investigar qualquer conceito au ideia que as intrigue. E necessaria que elas

construam significado para si mesmas e nao aceitar tudo que Ihe sao dados.

Trataremos da filosofia de modo como esta pode se tornar atrativo para as crianc;as,

e assim apropriar-se dela, aprendendo a pensar par si mesmas.

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2 A FILOSOFIA

A Filosofia, naD busca 0 status busca de alguma mane ira a essencia das

eaisas. E notorio que 56 permanecemos tranquilos quando estamos habituados it

rotina ja conhecida. A compreensao do mundo S8 faz a medida que Ihe damos

sentido e agimos sabre ele. Precisamos de interpretac;:5es, de teorias, por mais

simples que sejam a tim de "organizar a caos", Toda vez que as esquemas de

pensamento nos faltam, sentimos que a chao nos foge dos pes.

Ao considerar 0 conhecimento no sentido ample passivel, percebemos que

ele S8 faz no enfrentamento continuo das dificuldades que desafiam 0 homem. E

como tal, naD e fruto exclusivo da razac, mas tambem, dos sentidos, da memoria,

do habito. da imagina,ao. das eren,as e desejos.

Na verdade a filosofia naD e urn conjunto de conhecimentos prontos, urn

sistema acabado fechado em si mesmo. Ela e, antes de mais nada, uma pratica de

vida que procura pensar os acontecimentos alem da sua pura aparencia, se

voltando para qualquer objeto.

Pode pensar a ciencia, seus valores, seus metod os, seus mitos, pode pensar

a religiao; pode pensar a arte; pode pensar 0 proprio homem em sua vida cotidiana.

A filosofia incomoda porque questiona 0 modo de ser das pessoas, das

culturas, do mundo. Nao ha area onde ela nao se meta, nao indague, nao perturbe.

E esse sentido a filosafia e perigosa.

Oessa forma pademos perceber a razao da condenac;ao de Socrates na

Antiguidade au da proibic;ao da leitura de Karl Marx no Brasil. Ambos foram e ainda

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sao subversivos. pois ao indagar sobre a realidade de sua epoca, fizeram surgir

novas possibilidades de comportamento e de relagao social.

Qualquer que seja a problema, a refiexao filos6fica considera cada um de

seus aspectos, relacionando-o ao contexto dentro do qual ele se insere e

restabelecendo a integridade do universo humano. Do ponto de vista filos6fico por

exemplo, e impossivel considerar a inflagao brasileira somente a partir de principios

econ6micos. E preciso relaciona-Ia com interesses de classes, interesses politicos,

interesses socia is.

A ci€mcia econ6mica interessa somente verificar como a inflagao funciona

para poder controla-la, sem se incomodar com os reflexos que esse controle possa

ter sobre a sociedade.

Na hist6ria da humanidade especialmente hoje, se faz necessaria a refiexao

filos6fica, reflexao esta que faz a critica dos fundamentos do conhecimento e da

agao humana.

Todavia, quando pensamos no termo Filosofia, ja somos levados a pensar 0

que esta significa.

Para Marilena Chaui (1995, p.102), a filosofia tem varias defini90es, pois na

verdade a filosofia nao e ciencia, e uma refiexao critica sobre os procedimentos e

conceitos cientificos.

Nao e religiao, nao e arte, nao e sociologia nem psicologia, nao e politica, nao

e hist6ria mas indaga cada campo desses citados.

E 0 conhecimento da transformagao temporal dos principios do saber e do

agir, vasculha 0 processo da transformagao da mudan<;a das formas do real ou dos

seres. A Filosofia tern uma Hist6ria e esta na Hist6ria.

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Nos perguntamos sempre 0 que e util para nos ou inulil. Se olharmos a

filosofia com os olhos do sen so comum nao agut;:ado pelo dam de investigac;ao, se

acreditarmos que 0 prestigio, a fama, a riqueza nos e ulil, podemos esquecer do

conceito real de filosofia e ela nos parecera inutil, muitas vezes na sociedade,

considera uti I tudo 0 que nos liga ao material, tuda 0 que nos e visivel.

o senso comum, sendo a interpretac;ao do mundo em que vivemos, da-nos

condic;oes de operar sobre ele, ao mesmo tempo em que nos orienta na busca do

sentido da existemcia. No en tanto, 0 senso comum nao e refletido, impoe-se sem

criterios ao grupo social. Por ser um canjunto de concepc;6es fragmentadas, muitas

vezes incoerentes, condicionada a aceitac;:aa mecimica e passiva de valores nao

queslionados. Mas como cila Marilena Chaui (1995, p.112), "( ... ) a pr6pria

sociedade se pergunta a que e util ou inulil fazer, agir, construir." que esta ligada ao

bom senso, au seja, ao sensa critico, 0 que nos possibilita, encontrar a passagem

do senso comum para 0 born senso.

A passagem do sensa comum para 0 born senso (a investigac;:ao, critica etc.)

nao se faz espontaneamente, e podemos constatar, diante de nossos pr6prios olhos

que nem sempre acorre de falo.

Este entendido como elaborac;:ao coerente do saber e como explicitac;:ao das

intenc;6es consclentes dos individuos livres. 0 homem de born senso e alivo, capaz

de reflexao e dono de si mesma. 0 bom sensa tern sua especialidade e vale

enquanto forma vigorosa de orientac;ao vital para todos os homens.

Nao podemos considera-Io um saber menor aa sequer inferior as formas mais

rigorasas ou eficazes de conhecimento, como, por exempla, a ciemcia. Mesmo 0

cientista recorrera ao born sensa nos inumeros campos nao abarcadas pelo seu

saber especializado.

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Grande parte das pessoas nao estao preparadas para esta passagem, pois,

considera a arte do pensar como mera racionalidade onde podemos perceber que 0

pensar nao se resume meramente no dom de sermos humanos e racionais, mas de

usarmos tal racionalidade para interagir em nosso meio com indagac;oes,

construindo ideologias e refletindo sobre nos mesmo, ou seja, fazendo filosofia.

Parte de nossa sociedade nao esta pronta para a filosofia, pois a desconhece,

deixando-a perdida no campo da inutilidade. Como ja dizia Marilena: "0 senso

comum de nossa sociedade considera util 0 que da prestigio, poder (... ) quer

sempre levar vantagem em tudo. Desse ponto de vista, a Filosofia e inteiramente

inutil e defende 0 direito de ser inutil." (1995, p.101).

2.1 A UTILIDADE DA FILOSOFIA.

o problema crucial e 0 seguinte: a filosofia aspirar a verdade total, que 0

mundo nao quer. A filosofia e, portanto, perturbadora da paz. Todavia, 0 problema,

podemos observar abaixo defini,oes do que e filosofia segundo alguns grandes

pensadores.

A Filosofia para Platao seria algo benefico ao seres humanos, ou seja, um

saber verdadeiro. Para Kant e 0 conhecimento que a razao adquire de si mesma,

tendo a felicidade como finalidade. Ja Descartes diz que a Filosofia seria 0 estudo

da sabedoria, conhecimento perieito de todas as coisas que os humanos podem

alcanc;ar para 0 uso da vida.

Segundo Marilena Chaui, a Filosofia se define a partir dessas defini,oes,

como sendo util a todos os saberes de que os seres humanos sao capazes.

Mas e inevitavel prosseguirmos este trabalho sem antes mencionarmos

Lipman que nos diz:

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"Fazer Filosofia nao e questao de idade mas de refletir escrupulosa e

corajosamente sobre 0 que a gente considera importante." (1999, p.95)

Este grande estudioso, visa a filosofia para crianyas e jovens. Tentou criar urn

espayo dentro da educayao, que ate hoje nao tomou 0 seu devido e considerado

espa,o dentro das salas de aula.

Lipman, acreditava que os jovens precisavam do contata com a 16gica e a

Filosofia e que esses teriam grande interesse e adequada capacidade para lidarem

com a sua problematica. Sua intenyao seria tratar a filosofia de forma saudavel e

mlo algo ma,ante.

Vivemos em um mundo que a visao das pessoas esta marcada pela busca

dos resultados imediatos do conhecimento. Dessa forma e considerada importante a

pesquisa de urn bi61ogo na busca da cura para alguma doenya. Ou constanternente

os estudantes se perguntam; "para que estudar isto, se nao esta ligado a profissao

que irei exercer?"

Seguindo este pensamento a filosofia realmente e "inutil" nao servimos para

nenhuma altera,ao imediata de ordem pragmatica. Mas nao ter utilidade imediata

nao quer dizer desnecessaria.

A Filosofia e, portanto, a critica da ideologia, enquanto forma ilus6ria de

conhecimento que visa a manutenc;ao de privih3gios. Ela exige coragem, pois,

filosofar nao e um exercicio purarnente intelectual. Descobrir a verdade e ter a

coragem; e aceitar 0 desafio da mudanya e saber para transformar. A filosofia se va

"rodeada de inimigos", a maiaria dos quais nao tern consciencia dessa condi9aO.

Em 1969, Lipman criou 0 primeiro material para concretizar a sua ideia,

escrevendo urn romance para adolescentes, que seria "Harry Stottlemeier's

Discovery". Como professor, percebia as falhas de raciocinio de seus alunos foi

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ande passou a perceber que precisavam manter urn certe contata com a 16gica e a

filosofia, ou seja, criar silogismos.

Tais pensamentos vao de encontro com 0 que foi comentado acima, sabre a

busca do sensa critica, do pensar na essen cia das caisas e naa fiear somente com

o conhecimento comum. Lipman percebeu a necessidade de criar urn material

adicional que permitisse uma melhor pratica filos6fica nas salas de aula. Criou assim

urn material de apoio para as professores, com exercicios e pianos de discussao,

experimentando Institui~ao de desenvolvimento filosofia para crian~as 0 IAPC

(Instituto For Advancement Of Philosophy For Children.) a qual foi fundada ha rna is

de 20 anos. Oferecendo seminarios para formayao em filosofia para crian9as.

Com 0 grande sucesso do programa de Lipman, verificam-se as programas

de Especializa90es e P6s-Gradua9ao sabre a tematica primeiro em Montclai e,

depois em outros paises. No Brasil a Especializa<;ao au P6s-Gradua<;aa em filosafia

infantil, au seja, filosofia para crianc;:as.

Tadavia, para Lipman filosofia e, antes de mais nada; "Um pensar sabre a

pensar e para pratica-Ia adequadamente e precisa canhecer a 16gica desse pensar."

(1990,p.54).

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UM MELHOR PENSAR, PARA UM MELHOR VIVER NO CAMPO

EDUCACIONAL E SOCIAL

Antes de prosseguirmos seria interessante considerarmos 0 conceito de

valores.

A familia que e a fonte principal de formal;ao de valores, esta dividindo a

responsabilidade de educayao da crian9a e do jovem com a escola. E de concluir

que os filhos nao mais formam seus valores pela 8930 direta da familia. mas par

inumeras fontes, difusas e contraditorias, incluindo os meios de comunicayao de

massa, tais sao geradas pelas circunstancias do mundo maderna, justificam a

necessidade de clarificayao de valores. E como cabe a escola, cada vez mais 0

papel decisive nesse processo, ela deve S8 adequar competentemente a essa

expectativa.

Muitas crianc;:as, adolescentes, tarnam-S8 independentes logo cedo, porque

tendem a tomar decisoes per conta pr6pria, pOis seus pais trabalham 0 dia todo.

Estas crian9as e adoleseentes quase sempre flearn sozinhos ou com ernpregadas.

Com certeza, sao bombardeados per informa90es vindas da midia, computadores,

radios, revistas, enfim criam seus valeres em rela9aO as coisas, sem ter um

intermediario que seriam os pais para intervir nesses conceitos.

Esses indivfduos, na maioria das vezes sao pessoas carentes de afeto,

desconhecendo 0 valor que existe em compartilhar momentos familiares.

( ... ) A comunicac;:ao Iriunfa, a planeta e alravessada par redes, fax, lelefanes celulares,modens, internet. Entretanto, a incompreensao permanece geral. Sem duvida, ha importantese multiplos progressos da compreensao, mas 0 avanr;o da incompreensao parece aindamaior. 0 problema da compreensao tornou - se crucial para os humanos. E por, esle motivo,deve ser uma das finalidades da educac;:ao do futuro. (MORIN, p. 93)

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Hoje em dia, isso pode ser passado para os individuos em casa, mas em

muitas situay5es nao e contextualizado.

Como diria Sathya:

Existe uma s6 lei que guia e protege este rnundo: a lei do arnor . Cada eamunidade ou cadana~ao lem a alegria ou 0 sofrimento, a vida boa ou dificil, a que tenham side determinados porsuas alividades e que delas derivem. 0 mal vista de um ponto de vista diferente e, de fato,lambem um bern: serve para ensinar quilo que deve ser evitado; nunca sera mau ou negativopara sempre, pois sua exislencia sera sempre breve. Nem 0 bern, nem 0 mal podem serjulgados como eslados absolutamenle irremediaveis. 0 conhecimento revela e esclarece quetanto 0 bern como 0 mal nao sao senao rea.;oes provocadas por fallas ou sentimentos damente humana" (SATHYA, p.20)

Todos sabemos que a questao da afetividade entre as pessoas e

fundamental, pois uma pessoa pode ser gigante em sabedoria, em conhecimento,

mas urn anao em sentimentos. e os sentimentos estao relacionados aos valores.

E fundamental se trabalhar com a crian9a os valores absolutos como:

verdade, a9aO c~rreta, a9ao amorosa conectada com a consciencia, paz, amor e

nao violencia. Como diria Martinelli; "A cada valor absoluto espiritual, correspond em

valores relativos, que exercitados, aprimoram a personalidade e fortalecem 0

carater" (SATHYA,MARTINELLI, p. 20).

Estamos diante de latos que devemos e pretendemos analisar. Certas a,6es

sao objeto de valoriza9ao; podemos eonsidera-Ias justas ou injustas, certas ou

erradas, boas ou mas. E, em funyao de tais avalia90es, que sao dignas de

admira9ao ou desprezo, nos perguntamos, 0 que e valor?

Ha, 0 mundo das eoisas e 0 mundo dos valores. Mas as eoisas nao sao

iguais aos valores, po is 0 valor e sempre uma relayao entre 0 sujeito que valora e 0

objeto valorado. A nao indiferen,a e a principal caracleristica do valor, Somos

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8arilJU\

sempre afetados pelas as coisas e pelas pessoas e nao devemos nos tornar

indiferentes a isso.

Portanto, os valores resultam da experiencia vivida pelo homem ao se

relacionar com 0 mundo e com OS outros homens, e talvez pudessemos concluir

que, tambem tais experiencias variam conforme 0 povo e a spoca. Torna-se ainda

bern mais claro a importancia que Lipman atribuiu a pratica filos6fica. Vivemos na

coletividade dentro de regras morais e conceitos eticos, onde podemos atribuir

valores bern mais agUl;ados, partindo da investigat;ao e de questionamentos, dentro

de uma comunidade socio-polftica.

Lipman atribuiu urn valor muito grande a logica do pensar. Pode-se deduzir

que para ele e inevitavel se pensar filosofia, sem antes criar premissas. Escreveu

inumeros romances, com a colaborat;ao de alguns disci pulos. Os romances

apresentam, em todos os casos, personagens modelo da mesma idade das

criant;as que os leem. Cad a obra apresenta-se com habilidades cognitivas

diferentes, contendo varios problemas filosoficos assim como; 0 bem, a beleza, a

verdade, a justi,a, a liberdade, que 0 autor considera problemas constantes da

filosofia.

Neste sentido, segundo Socrates, 0 saber humano e filos6fico por natureza;

que 0 saber nao e uma posse mas um caminho, uma investigat;ao, e 0 desejo de

saber e ao mesmo tempo 0 reconhecimento da impossibilidade humana de adquirir

um saber, pleno, segura, acabado. Este parte do pressuposto "So sei que nada sei",

que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a pro-ignorancia, ponto de

partida para 0 saber.

Oesta forma a filosofia e entendida como uma busca, urn exame, urn

caminho, e 0 professor de filosofia como alguem que e respons8vel em promover e

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facilitar essa busca para 0 aluno percorrer urn caminho de perguntar e perguntar-se;

partindo tambem do pressuposto "S6 sei que nada sel". Desenvolve 0 estimul0 apergunta, a discussao, a procura de conceito, cnde nem sempre chegara a

conc1us6es definitivas.

Lipman, considera que para entendermos uma pessoa precisamos primeiro

en tender as processos sociais dos quais essa pessoa participa. Pierce tambem diz

que; "Ser si mesma e ser um passive I membra de alguma camunidade".(1979, p.30)

Evidentemente, ninguem vive sozinho, precisamos viver com os Qutros, entre os

Qutros e i550 nos torn a verdadeiramente social, e preciso a busca, a dialogar.

Para Vygatsky (1992, p.68), a individua e apenas uma vaz da sua

comunidade. Mas ao entrarmos no ambito da educa<;:ao observaremos que "( .. ) as

crian<;:as na~ viram seres socia is ao irem a escola, mas devem ser sociais para

poder participar do processo de aprendizagem que nela se desenvolva."

Lipman reconhece que 0 pensar e 0 agir esta ligado a um determinado

contexto social ao qual faz parte. Assim a pro3tica filos6fica e exatamente a

prioridade do social sobre a individual. Onde se misturam conceitos, ideias, onde

falam de etica e moral. Neste contexto, a crianc;a deve ser um ser social para poder

aprender. Ela nao se torna um ser social pelo aprendizado, pois, ela ja e um ser

social par excelencia. Contudo, nao existe dialogo se os individuos nao se

escutarem com aten98o, assim conseguem criar um contexto social de modo que as

pessoas a ele expostas internalizem essas praticas de confian9a mutua, cooperac;ao

respeito, e possam de pais recria-Ias em todos as ambitos da sua experiencia.

E de fundamental importancia destacar, segundo Lipman, que tad a a

investiga980 tem como produto um juizo e que potencializar 0 pensar que gera

esses juizos e uma das tarefas basicas de uma educa980 filos6fica. Deve ser

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observada e melhorada a capacidade de julgar e os juizos que S8 fazem presentes

nas crianyas.

Lipman dislingue 0 pensar normal do pensar de ordem superior, sendo que 0

primeiro seria 0 acriterio, mecElnico e 0 segundo de aspecto, critico de pensar de

criar e de cuidar, corresponde aD modo de julgar assertivQ, mostrativQ e alivo. Cada

urn tern uma certa dimensao de pensar. Lipman, segue algumas ideias de J. Dewey,

ao falar sabre a comunidade de questionamentos de investiga98o, como pratica

para a educay8o, au seja, democracia e educa98o. Contudo, segundo J. Dewey

(1999, p.56), "Uma sociedade democri!tica e uma sociedade que muda, que se

autocorrige, que 58 renova,"

Na verdade, a democracia nao tern urn conceito exato esle esla em

transforma980. Entretanto, a democracia identifica-se com uma forma associada de

vida em comunidade, na qual todos os membros pensam em, n6s, nosso, ou seja,

pensam em conjunto e nao somente no individual, eu, meu, agindo socialmente.

Dewey, idealiza uma democracia, que na verdade nunca existiu. Ele refere-se a uma

democracia modelo, relacionando;

Do ponto de vista do individuo. ela consiste em se ter uma participayao responsavel. deacordo com a pr6pria capacidade, na idealizayao e orientayao das atividades dos grupos aosquais se pertence, e em compartilhar, segundo a necessidade, dos valores que 0 gruposustenta. Do ponto de vista dos grupos, exige libertayao das potencialidades dos membros deurn grupo em harmonia com as inleresses e bens que sao comuns. (DEWEY,1999, p.61)

Significa ter a liberdade de desenvolver a inteligemcia, a potencialidade de

cada um amadurecimento na formal;(ao dos valores que regulam a vida social.

Desenvolver a capacidade de observal;(ao de reflexao. Se pensarmos democracia

com educal;(ao, e inadmissivel nao citarmos Dewey onde segundo ele, esse bin6mio

forma uma rela9ao dialetica, que levari! a um processo de delibera9ao publica e

aberta, levando ao crescimento pessoal e social, compartilhando as experiencias

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individuais, tornando-se educativa, au seja, enriquecendo da sua experiencia

pessoal e coletiva. Chega-se a conclusao que a partir do momento que fazemos

parte de uma sociedade, somas condicionados a viver em grupos, pois convivemos

com crianc;:as, poHticas, reli9i6e5, moralidade. Assim a educac;:ao e indispensavel

para conseguir S8 viver bern com as Qutros, pensar, julgar, agir, criar, entre tantas

manifestac;:oes.

Assim a filosofia e a disciplina que cultiva 0 pensar olhando para a

experiemcia, definindo suas dificuldades e propondo caminhos para enfrenta-Ias.

Dewey (1999, p.61) considera a filosofia como uma teoria da pr;'tica. 0

vinculo mais proximo que ele chegou a estabeiecer entre filosofia e educaC;:8o foi

como problematizay80 te6rica do processo de formac;ao intelectual e moral que

constitui a educac;ao. Este acreditava na educac;ao como processo de mudanc;a

social. Mas a filosofia deveria voltar sua reflexao para a problematiza9ao da

experiencia educativa, mas nao ser uma pratica educativa.

A democracia nao esta como fim nem como meio, deve ser renovada no dia-

a-dia, pais seus valores estao dentro de cada um de n6s e n6s os refletimos. E esta

ai a func;c3o da educaC;80, ou seja, da institui~ao educativa, desempenhando um

papel questionador, deliberador, resultando no enriquecimenta da vida social.

Diante das conceP90es demonstradas par Dewey, sabre a educa9ao politica,

Lipman constr6i seus argumentos e suas investiga~5es. Este afirma que as crjan~as

estao capacitadas para praticar a filosofia logo que come~am a fazer parte de uma

institui~80 educacional, pais atribui a filosofia na experiencia educativa.

A educa<;:80 deve ser portanto, um processo de reconstru<;:ao da experiencia

do estudante e a filosofia cabe preparar as crian~as para pensar nas outras

disciplinas e com isso fornecer-Ihes as ferramentas que iraQ permitir-Ihes achar

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sentido e problematicidade na sua experi€mcia. Lipman considera a filosofia como

pratica vital, em todos as niveis escolares.

A Investigatyao filos6fica, educativa baseada no pensar questionador,

problematizador contribui para a transformac;:ao do modo de vida das pessoas que a

praticam dentro e fora das escolas. Lipman, assim como Dewey, considera a

democracia urn ideal de vida social; e lulou pela educaryao da democracia.

Mas ha urna diferenc;:a entre Dewey e Lipman e que, 0 primeiro definia suas

ideias S8 expand 0, publicamente. Enquanto 0 segundo passui urna caracteristica, de

pratica educativa deniro e fora dos Estados Unidos. Lipman, torn a a democracia um

campo de questionamento e investigac;:ao filos6fica, analisando seus criterios,

conduzindo para que exista uma sociedade melhor.

3.1 COMO SERIA POSSIVEL UM PENSAR COLETIVO.

Todas as pessoas necessitam de dialogo deliberativ~, expondo seus

conceitos, metodos, valores etc. E a filosofia em contexto questionador e

investigador permite 0 deliberalismo diante das diferen<;as de uma sociedade. Assim

como pensa Lipman;

A filosofia numa comunidade de questionamento e investigar;ao Lipmaniana e, entao, umafilosofia em e para a democracia. Islo nao significa que as quesl6es filos6ficas sejamresolvidas democralicamenle. Somenle a filosofia pode eslabelecer seus pr6prios melodospara resolver as suas quesl6es. (1999, p.64)

A filosofia nao serve apenas a democracia ela propria deve ser a pratica que

envolve a coletividade e a democracia. Nao vivemos s6s, convivemos com os outros

e assim 0 di<ilogo dirigido com cooperativismo e um bem pensar seria educativo,

proveitoso, aperfeiyoando os metod os de questionamento e investiga<;ao. Segundo

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Lipman a educagao e a filosofia S8 interam; "T oda verdadeira filosofia e educativa e

toda verdadeira eduea,ao e filos6fiea." (1999, p.62)

Lipman, tenta tazer metas filosoficas educativas, considerando a filosofia para

criangas. Este forneceu uma pratica filosofica para que as criangas e jovens

respirem a filosofia, criando uma pratica educativa diferente nao existente. Assim as

crian9as terao grandes possibilidades de usufruir urn contexte mais reflexivo em

reJagao aos saberes e praticas sociais.

E inadmissivel, nao buscar conhecimentos devido a nossa propria existemcia

dentro do mundo em relac;ao com as Qutros, e vital, portanto a busca da fHosofia

critica e transformadora, que deve abranger varios niveis do ensina como; escolas,

universidades, creches.

Na verdade, segundo Lipman, seria atraves de uma educa~ao concebida

como delibera~ao compartilhada, existindo 0 dialogo entre as pessoas, discutindo a

problematizavao de suas experiencias. E a filosofia deve agir como pane de fundo

para que isso aconte~a, pais ela e primordial no processo educativ~.

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4 A IMPORTANCIA DO TRABALHO DE FILOSOFIA COM AS CRIAN<;:AS

A reforma da educa9ao tem de ter a investiga9ao filos6fica compartilhada na

sala de aula como urn modele heuristico, ou seja, como pesquisa e investigat;ao.

Segundo Lipman,

"(...) a filasofia e ela mesma, por excehancia, educativa par que alem de trabalhar tesouroscullurais proprios, ela realiza estudo proprio da forma como pensamos e produz refenanciasimporlanles para 0 pensar mether lanlo em rela1;ao aos seus conleudos, quanta em rela~aoaos de qualquer Qutra area." (1999, p.52)

Lipman e a favor do trabalho filos6fico serio com crianc;as e jovens no qual 0

objetivo, alem do desenvolvimento dos processos de ajuizamento e argumentac;ao,

deve ser a busca con stante da compreensao e produc;ao dos significados. Isso S8

dt! segundo Lipman, a busca da compreensao que S8 serve obviamente, do

desenvolvimento, cada vez melhor das capacidades ou habilidades de pensar bem

o qual deve ser 0 papel do desenvolvimento das habilidades de pensamento.

Todavia, 0 estudante que apenas tem em suas maos os resultados de uma

investigac;ao, sera apenas um estudante instruido. Ao passo que a filosofia einvestigac;ao conceitual, que e a investiga980 na sua forma, mais previa e essential.

A compreensao nao resulta da argumentac;ao e sim da sua busca que se da

no processo de investiga980 comprometido com a encontrar a verdade, 0 bern, a

justo, a bela etc. Ha varios modos de interpreta9aa sabre a bam, a justo 0 bela, mas

eles resultam de algum tipo de investigaC;8o, sendo colocados em questao com

vistas a sua melhor compreensao.

Lipman deixa claro que a investiga980 e uma constante explorac;ao de

quest6es considerados importantes e problematicas, que dizem respeito a verdade,

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ao belo, aD justa etc., buscar, aprimorar res pastas sem deixar S8 levar por ceticismo

e relativismos, mas construir significados.

A filosofia oferece urn campo curiosa no qual as criangas podem descobrir,

par si mesmas, a importancia, para suas vidas e 0 que existe e podera existir na

vida das pessoas e na verdade, conseguir ver 0 mundo com Qutros olhos; assim

tambem pensa Lipman; "Talvez em nenhum outre lugar a filosofia seja mais bem-

vinda do que no inicio da educ8gao escolar ... " (1999, 50)

Seria para crianya urn encaminhamento para 0 melher pensar, assim S8

colocassem a filosofia nas series iniciais do 1° grau seria uma forma de melhorar 0

pensamento, ou seja, caminhar para urn pensamento rnais 16gico,mais coerente,

mais produtivo, rna is sucedido. Nao podemos nos esquecer que para a autor e

muito importante a dialogo, a comunidade de investigaC;ao, como ja comentado no

capitulo anterior; e necessario que a "cia sse" se tome em uma comunidade de

investigaC;ao, descobrinda professor e aluno.

E necessaria esse cantata com a comunidade de investigaC;8o para que a

crianc;a tenha a nOC;8o dos aspectos sociais. Deve ser despertado na crianc;a a

busca dos significados da sua experiencia.

As crianc;as pod em buscar significados filos6fico. Devernos perceber que;

"( ... ) em pouco tempo, as criancas que agora estao na escola serao pais. 5e pudermos, dealgum modo, preservar 0 seu senso natural de deslumbramento, sua prontidao em buscar 0significa e sua vontade de compreender 0 porque das coisas serem como sao, haveri~ umaesperanca de que ao menos essa geracao nao sirva a seus pr6prios mhos como modelo deaceitacao passiva." (LIPMAN. 1999, p.64)

Assim, 0 rnelhor pensar carninharia para urn melhor viver.

Podemos a partir das ideias de Lipman nos direcionar a de Arist6teles, como

cita Marilena Chau;;

"( ... ) que acreditava que a filosofia comeca com 0 espanto, ver as coisas como se Fosse pelaprimeira vez ( ... ) como se estivessemos acabando de nascer para 0 mundo e para n6s

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mesmos e precisassemos perguntar 0 que e, par que e e como e 0 mundo, e precisassemosperguntar lambem 0 que somas, por que somas e somo somos.~ (1995.12).

A reflexao segunda Marilena e radical porque e urn movimento de volta do

pensamento sobre 5i mesma para conhecer-se a si mesma, para indagar como e

passive I 0 nossa proprio pensamento, mantendo uma relaQ80 circulante com 0

mundo.

o trabalho da filosofia com as crianyas consiste em desenvolver nestas as

habilidades do pensar bern, atraves da filosafia, fazendo com que a crianQa seja

capaz de formaQao de conceitos e concep90es. Entretanto torna-S8 extremamente

importante explicarmos como S8 da esse processo para a "pensar bern,"

Quanta mais informa90es (estimulos) a crianya receber, rna is ela ira

aprender. Nao se pode considerar 0 gen6tipo, como urn determinador do fen6tipo,

mas como alga que cria urn campo de possibilidades que serao atualizados pela

hist6ria. Sendo assim, a fen6tipo atua como aquila que somas, vemos, e 0 que

externamos, e 0 conjunto do que so mos. E 0 gen6tipo nos garante de certa forma

uma carga hereditaria que trazemos de nossos antepassados, portanto, podemos

herdar uma certa capacidade de inteligencia, mas isso ira depender do meio on de

vivemos de carga de informayoes para desenvolver a inteligencia

conseqlientemente a aprendizagem.

A inteligencia esta relacionada ao numero de sinapses, onde nos possibilita a

aprendizagem, por nosso cerebra ser plasUco.

Os aspectos biol6gicos, portanto, interagem como urn todo em cada um de

n6s, pois, urn necessita do outro para a formac;ao completa da educac;ao da

inteligencia.

Caracterizamos ainda mais a grande diferenc;a entre as homens e as animais,

pois, a partir desse texlo acima retratamos, como se da a inteligencia

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(geneticamente falando) nos homens, au seja, a racionalidade esta na capacidade

de abler informa<;:6es, armazena-Ias, refleti-Ias, sendo capazes de ser educaveis,

estando ex pastas a mudan<;:8S. Buscando assim diferentes fins e par isso a

necessidade tambem de reflexao, de cogni<;:ao e pensamento. Sendo capazes de

formular hip6teses e relacionar as eoisas. Possuindo 0 dom da linguagem. embora

nassos antepassactos naD usassem a mesma linguagem que hoje usamos, eles S8

comunicavam atraves de signos da linguagem.

S60 homem passui a razao e, a partir dela, e capaz de inquerir consequencia

das eoisas.

A partir dessa concep<;:ao, como poderiamos entender a maneira pela qual a

razao atua no homem, considerando-a como uma caracteristica que 0 distingue dos

outros anima is? Resta nos explicar que a razao faz parte da natureza humana, mas

sao as palavras da linguagem que dao origem ao conhecimento raciona1. A

linguagem consiste em passar do discurso mental para 0 verbal, ou de pensamento

para palavras.

A linguagem parte de um discurso que permite em todos os homens 0 ato de

raciocinar, de produzir conceitos em relac;:ao as coisas. E 0 dom da linguagem e

consequentemente 0 usa da razao que proporciona a todos os homens pensar,

conceber as coisas e dessas tirar as suas pr6prias definic;:5es, assim como segue a

definic;:ao que Thomas Hobbes descreve " .. 0 hom em na verdade supera todos os

autros animais nesta faculdade, que quando ele concebe seja 0 que for e capaz de

inquerir as conseqi..iencias disso e que efeitos pode obter com isso ... " (1979, 29.)

A razao, a partir da linguagem permite ao hom em abter a pensamento de

universalidade e necessidade. Os animais agem por instintos por nao serem

dotados do dom da linguagem, contudo, 56 atraves dos instintos estes seres nao

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conseguem discernir entfe 0 bern e 0 mal e, tao palco, a necessidade de pratic8-los,

e a consequencia de tal pratica. Apenas vivem em urn plano da natureza. Apenas a

homem e capaz de adquirir urn certo grau de inteligencia, pelo fata de ser educ8vel,

de armazenar informac;oes, por refletir, em suma par ter 0 dam da linguagem ser

capaz de pensar por ser raGional.

Entretanto torna-S8 ainda mais oportuno lembrar-nos sabre os discursos de

Lipman cnde diz que a crianc;a deve ter contato com a filosofia desde quando inicia

sua vida escolar. De fata, quanta mais estimulos a crianc;a reeeber, mais ela ira

aprender e conseqLientemente ira aprender a fazer reflex6es, ter as suas pr6prias

definic;oes sabre as eoisas e come<,;:as a fazer parte bern mais cedo de urna

comunidade investigaC;ao. Ira cornec;ar a desvendar sabre 0 seu senso comurn

tornando~o senso critico.

E preciso que exista urna continua insistEmcia rna necessidade de que

alguma coisa seja feita para garantir a qualidade do pensar.

Quando comentarnos acima sobre a inteligencia, nao estavamos relatando

apenas uma ideia "genetica" mas queriamos que fosse percebido a importancia da

educac;ao filosofica com a crianc;a, pois se ela e capaz da linguagem e a inteligencia

nao e herdada, lorna-se ainda rnais importante que a filosofia seja uma forma de

informaC;ao passada a sinapses, para existlr como educaC;ao nestas. Pois a

racionalidade nao esta simplesmente no dam da linguagem mas esta no que causa,

o que faz com que essa linguagem exista, sendo preciso pensar, aprender, refletir

para que assim sejamos considerados racionais.

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5 A FILOSOFIA NA PRATICA EDUCACIONAL

As crian<';:8s comec;:am a explorar, deliberar, inferir, questionar bern antes da

aquisic;ao da linguagem. Quando surge 0 comportamento verbal ele e tanto

gramatical quanta logieD. A crianC;8s adquiri as regras da logica e da gramatica

juntamente com as palavras e seus significados. Conversas familiares levarn a

crian<,;:aa preferir uscs gramaticais de acordo com as convenc;:oes linguisticas do seu

ambiente cultural. Uscs familiares que sao insinuados as crianC;8s, assim como a

pr6pria interac;:ao destas com seu ambiente, motivam a escolha que fazem par

inferencia valida ao inves de naD validas. 0 resultado e que as crianC;8s chegam aD

jardim de infElncia ja tendo urna habilidade rudimentar tanto em uscs gramaticais

como 16gicos.

Os primeiros anos escolares, 0 desvio ocasional das crianc;:as do usa

gramatical aceito estara sujeito a eensura e correc;:ao por parte dos professores. Isso

e algo que os professores estao preparados para fazer, fiear atentos a certos

desafios e prontamente eorrigi-Ios. Mas, 0 mesmo nao ocorre em relac;:ao a

habilidade da crianc;:a que comec;:a a raeiocinar. Raramente as professores sao

instruidos de modo a estarem preparados para vigiarem os tropec;:os 16gicos de seus

alunos, e a terem informac;:6es suficientes para eorrigir tais erros com seguranc;:a. E.

tido como eerto que as habilidades de raciocinio primarias sao adquiridas durante a

aquisic;:ao da linguagem. Mas, tam bern e tido como certo que nas escolas nao e

necessario tamar nenhuma providencia para diagnostiear ou earrigir deficieneia de

raciocinio, apesar de empregarem espeeialista para 0 diagn6stico e a correc;:ao de

deficiencia em leitura.

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Diante de algumas atitudes dos alunos, as professores geralmente naD S8

percebe do valor que tais express6es tern para eslimular as habilidades de

raciocinio. Infelizmente, eles tambem desconhecem as passos que devem ser

dados quando as alunos trope~am nas exigemcias 16gicas. Quando as professores

naD sao capazes de reconhecer falas de raciocinio na sala de aula (como par

exemplo, inconsistencia, auto-contradic;6es, etc) ou nao estao preparados para

remediar aquelas que constatam, as alunos com deficiencias elementares de

raciocinio estarao condenados, durante as anos escolares e durante teda vida a

enfrentar da melhor maneira que puderem. urn mundo que espera e exige deles

logicidade e racionalidade. De algum modo, muitos conseguem passar

desapercebidos, mas s6 parcialmente.

Todavia, enquanto aceitamos como verdadeiro que as habilidades de

raciocinio sao suficientemente aprendidas na primeira infancia e que nao

necessitam nenhuma atenyao subseqOente das escolas, deixaremos os alunos

abandonados, para nadar ou naufragar e, muitos deles certamente, mais cedo ou

mais tarde, comeyarao a naufragar.

Para fins educacionais, a matriz comportamental do pensar e ° falar e a

matriz do pensar organizado, islo e, raciocinar, e 0 falar organizado. 0 ideal seria

que a comunicayao lingOistica da tenra infancia na familia preparasse as crianyas a

raciocinarem na linguagem academica e esta, por sua vez, as pre para sse a

raciocinar na linguagem das varias disciplinas.

Mas, ja que a comunicayao familiar, geralmente, nao e tudo 0 que deveria

ser, 0 dialogo filos6fico deveria ser promovido nas salas de aula como seu

substituto. Certamente isto envolve transformayoes.

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As habilidades cognitivas primarias representadas por

estao como que embutidas, devem passar por uma sequencia de contextualiza96es,

descontextualizat;6es e recontextualizat;6es antes que a crian9a esteja realmente

preparada para se engajar, nas diversas disciplinas academicas, em peTiormances

que envolvem habilidades cognitivas de ordem superior.

Talvez os alunos achassem mais facil realizar sucessivas contextualizat;oes,

se os educadores de futuros professores e aqueles que preparam os curriculos

tivessem em mente a necessidade de sempre prover as meios para a realizat;ao das

tais traduyoes, ou seja, da interpretayao.

A filosofia pode ser ensinada de varias maneiras as criant;as desde 0 jardim

de infancia ate a universidade. Na sala de aula os alunos discutem essas

descobertas de uma maneira cooperativa. Se alguns oferecem generaliza90es,

oulros pod em oferecer contra-exemplos; se alguns emitem opini6es sem raz5es,

estas sao prontamente exigidas. Eles, aos poucos, VaG descobrindo inconsistencias

em seus proprios pensamentos. Com a passar do tempo, eles aprendem a cooperar

entre si elaborando sobre as ideias uns dos outros, questionando reciprocamente

pressuposi90es subjacentes, sugerindo alternativas onde alguns se sentem

bloqueados e frustrados, e ouvindo atenta e respeitosarnente outras pessoas

expressarem as seus pontos de vista. E atraves desse dialogo disciplinado que uma

comunidade percebe inteiramente a processo no qual toma parte, eles 0

internalizam e ele se torna urn metoda de abordar cada uma das disciplinas

academicas na escola. Alem disso, quando a comportamento auto-corretivo do

grupo e internalizado, torna-se uma atitude auto-critica e auto corretiva no individuo

e isso pode ser expresso de maneira comportamental na forma de maior

capacidade de auto controle.

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Aos poucos eles come~am a perceber os pontcs de vista das outras pessoas

e de apresentar argumentos de suas proprias opini6es.

Os professores devem ter 0 cuidado em nao transformar esse curso de

pensamento flIos6fico numa ferramenta em suas maDS, ou nas maDS dos

estudantes, para desacreditar alguma cultura ja entretida nas crianc;as como por

exemple; a religiao. 0 ideal seria que essa preparac;:ao para 0 ensinar filosofia

servisse como uma ferramenta com qual as crianyas possam esclarecer e encontrar

fundamentos mais firmes para suas proprias crianc;:as. 0 professor tern duple papel,

ele deve ajudar a crianc;a a encontrar raz6es melhores e mais suficientes para

acreditarem naquelas caisas, ap6s cuidadosas reflex6es, refon;ando sua

compreensao sabre as aspectos necessarios para manter as aspectos que Ihes sao

importantes.

Os professares de filosofia para crianc;as da escola de 1° grau nao

necessitam menos treinamento que as professores de outras disciplinas. Filosofia e

uma materia que depende muito do professor e, consequentemente nem todos

podem estar certos de serem capazes de ensina-Ia com sucesso. Ela requer

habilidade de ouvir cuidadosamente a que as crianc;as dizem de fato e aquilo que

estao tentando dizer, a habilidade de reconhecer os pad roes 16gicos das narrativas

dos alunos e a dimensao filos6fica de seus interesses, a habilidade de dirigir

discussoes e a habilidade de incentiva-Ios a pensarem par si mesmos. 0 professor

pode mostrar interesse nas diferenc;as entre os pontos de vista, ou nas

confirmac;oes ou contradic;oes de opini5es particulares.

Assim, constata-se mais uma vez que e na troca de ideias que a pessoa tem

grande chance de estar expondo suas ideias aos outros, de estar escutando as

ideias dos outros, compartilhando e comparando suas ideias com as dos outros, a

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partir dai, podendo melhorar, completar, de modificar 0 que pensam QU, entaD

confirmar ainda mais seU$ pontcs de vista.

As habilidades que revelem compelencia no dialogo sao habilidades de

raciocinio. Assim, 0 dialogo entre crian~as permite que 0 professor promova as

habilidades de raciocfnio, sem 0 usa de treinos sem compulsao. 0 carater de jogo,

espontimeo, do dialogo entre as crian<;as faz com que a participa<;8o seja agradavel

e autogratificante. Lipman acrescenta;

"Quando nos envolvemos no di;lIlogo devemos ser intelectualmente alertas: nao ha lugar parao raciocinio desleixado au para comentiuio involunlario au brincadeiras impensadas.Devemos ouvir cuidadosamenle as Quiros (pois ouvir e pensar). Devemos, entao, ensaiar emncssas mentes 0 que n6s e os oulros dizemos e reconsiderar 0 que deveriamos ler dito ouque as oulros deveriam ler dito.Assim, parlicipar de um dialogo e explorar as mais variadas possibilidades, descobrir asalternalivas, reconhecer outras perspectivas e estabelecer uma comunidade de investigar;ao."(1995,65)

Todavia, a alma da comunidade de investigac;ao e a dialogo.

Muitos educadores ja perceberam que na~ e suficiente que as alunos

simplesmente aprendam a conteudo das disciplinas academicas; para que as

alunos sejam verdadeiramente educados precisam ser capazes de raciocinar

naquelas disciplinas. Eles devem aprender a raciocinar em todas as disciplinas, A

noc;ao que no entanto permanece entre muitos educadores e de que a caminho

certo pra atingir este objetivo, envolve a identificac;ao das habilidades de raciocinio e

de investigac;ao apropriadas a pratica de cada disciplina e a responsabilidade por

tais habilidades e dos pr6prios professores.

Se desejarmos estudantes competentes em habilidades primarias de

raciocinio - e sem elas nao pode haver competencia nas habilidades de raciocfnio

de ordem superior - nao temos outr~ escolha se nao a filosofia.

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A narrativa em sala de aula pade ser em si dramatizada usando figuras,

fantoches, casas de bonecas e brinquedos. Conceitos comuns como honestidade,

amizade, realidade e possibilidade, como as eoisas vern a ser e como elas vao

embora, magia e fantasia, espayD e tempo, pod em ser explorados em urna

multiplicidade de modo as crian~as podem explorar e relacionar.

A metodologia de filosofia para crianC;:8s deveria ser constantemente flexivel a

contexte e circunstancias. IS50 e muito acentuado na filosofia da prime ira infancia,

onde as responsiweis pelos curriculos devem estar dentes das necessidades e

perspectivas especiais de seus alunos. Eles devem acreditar que crian98s podem

ter filosofia e pensar par si mesmas.

A filosofia se ergue sobre fontes que sao, de forma geral, encontrados ja nos

muilos jovens: uma disposi980 vivid a para divagar e descobrir significado, e uma

crescente cole9ao de experiencias e pensamentos, uma visao de mundo emergente.

Crian9as pequenas expressam seus pensamentos e ideias de varias

maneiras, e lodos devem ser reconhecidos e alimentados. Alem disso, os

professores precisam ajudar as crian9as em sua luta para encontrar sentido e

erigindo sobre suas competencias mais fortes e utilizando-as para expandir as

menos fortes. As crian9as pod em querer falar todas ao mesmo tempo ou nao

falarem. Elas demoram a aprender os procedimentos de uma boa discussao,

ninguem mostrou antes como proceder numa discus sao.

A escolha de materiais de estimulo filos6fico e particularmente delicada no

nivel de primeira infancia. 0 desafio enfrentado por professores de filosofia para a

primeira infancia e projetar e administrar urn ambiente fisico e social que permita as

crianyas andarem em volta, engatinhar, correr e usar suas maos, em quanto ao

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mesma tempo S8 engajam em investiga980 cooperativa sobre assuntos filos6ficos.

As crianyas precisam apenas de oportunidades.

Para ajudar profess ores a identificar caracteristicas filos6ficas de uma

investigayao ou discussao, e preciso que os professores classifiquem as

habilidades, procedimentos e estratt~gias que rnarcarn uma investiga980 filos6fica

sabre tres titulos, como segue, raciocinio e investiga98o; forma98o de conceitos;

constitui980 de significados. Essas estrategias de raciocinio e investiga98o. Todas

essas estratE3gias estao dentro de qualquer disciplina, com diferentes enfase;

distinguir bons e maU$ motivQs, construir inferencias e avaliar argumentos,

generalizar e usar analogias (raciocinio indutivo), reconhecer contradi90es detectar

raciocinio fa Iso, esfon;:ar-se para ser coerente, ouvir os outros, oferecer exemplos e

contra-exemplos, formular e usar criterios, levar todas as considera90es relevantes

em conta, ter a mente aberta 8 ser imaginativ~, estar comprometido com a busca da

verdade, etc ..

a que importa em uma comunidade investiga9ao filos6fica nao e apenas que

os alunos apliquem estas estrategias, mas que eles 0 fa9am refletidamente ou

conscientemente, e com a visao de avaliar quae bem uma dada estrategia esta

sendo usada. As habilidades de dar motivos e formular criterios sao de pouco valor

se os que as usam nao pod em ao mesmo tempo investigar seus motivos dados as

criterios formulados sao bans.

As perguntas usadas pelos alunos sao, por exemplo, Por que? E 58 .. ? Voce

concorda? etc ..

a que a comunidade de investiga9ao gera e urn entendimento de que essas

perguntar sao estimulos para motiv~s, predi90es e pontos de vista que podem, por

sua vez, ser avaliados como bans ou maus, melhores ou piores, razoaveis ou nao.

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NaG encorajamos criany8s pequenas a se mostrarem usanda palavras

grandes mas encorajamo-nas a desenvolver uma maior consciencia da linguagem

do pensamento, e portanto a carregar essa consciencia atraves do dialogo na

comunidade de investigaQao. Para dar as crianQ8s a oportunidade de prova-Ios em

uma comunidade de sala de aula e necessaria ajuda-Ias, nao apenas a S8 tornarem

rna is claras a que esses conceitos significam em sua propria experiencia, mas a

comeQar a perceber como eles sao diferentemente interpretados par diferentes

pessoas e como essas diferentes interpreta90es importam para viver a vida. Assim

as crianQ8s chegam nao apenas a urn entendimento mais profundo de si mesmas

mas a urn entendimento rna is rico dos outros.

5.1 ALGUMAS METODOLOGIAS PARA DESENVOLVER A COGNI<;:AO

A metodologia para se trabalhar a Filosofia para Crian<;a, aparentemente

pode ser Simples, mas requer muito trabalho, podendo se trabalhar podendo iniciar

esse trabalho da seguinte forma:

• Organizar-se 0 grupo (alunos e professores) em circulo, para que todos

possam se ver e conversar .

• Faz-se a leitura em Grupo, cada aluno lendo um pequeno trecho de um

epis6dio au de urn capitulo da hist6ria.

* Solicita-se aos alunos que levantem quest6es sugeridas pela leitura do

texto.

* 0 professor registra as quest6es par escrito na lousa au em grandes folhas

de papel, colocando a nome dos autores das quest6es.

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••Faz-se, em grupo, uma analise das quest6es e procura-se agrupar as

quest6es par temas de acordo com as relac;:6es que determinadas quest6es possam

ter entre si.

••Obtidos lemas que congreguem algumas quest6es (as vezes ha apenas

uma questao para urn tema), propoe-s8 ao grupo a escolha de urn ou mais lemas

para "discussao", OU melhor, para ser investigado dialogicamente.

;, lnida-s8 0 dialogo investigativ~ partindo das quest6es dos a[unos e a elas

juntando novas quest6es surgidas no grupo, au pastas pelo professor, au buscadas

nas Planas de discussaa da Manual de Apaia .

••0 final do processo e 0 momento, determinado pelo tempo disponivel, em

que a "discussao" ou 0 dialogo S8 encerra. Nao ha urn compromisso com 0 "fechar"

alguma conclusao que todos devam aceitar.

o que hi! e um compromisso de buscar, 0 maximo possivel, clarificar

elementos que possam auxlliar todos as membros do grupo a irem construindo suas

pr6prias "clarezas" a respeito dos lemas.

Nao se trata de nao concluir nada. Trata-se de nao concluir no lugar do outro.

Trata-se de respeitar a possibilidade e a necessidade de cada um concluir par si e

para si.

Trata-se de criar um grupo onde cad a urn diz 0 que acha, diz porque acha,

escuta 0 que os outros dizem e as suas raz6es e e escutado pelos outros.

Em tad os as campos, hi! conceitos, ha processos que 56 podem ser

verdadeiramente aprendidos, se houver um movimento de COnSlrUf;:aO das

"clarezas" sobre eles, na mente dos alunos. Este movimento pode ser feito

individualmente ou em grupo.

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6 COGNI9AO E PENSAMENTO

A cogniyao seria 0 ato de aprendizagem • au seja, pensar abstratamente,

usanda 0 que aprendeu em Qutras eoisas, e 0 conseguir relayoes e a aprendizagem.

Ja 0 pensamento e algo que envolve dedu9ao e induyao, que aDs pOUCOS, VaG

assumindo maior complexidade na tentativa de compreender as relayoes e as

finalidades das eaisas e das situayoes, dependendo da necessidade, busca maior

consistencia no raciocinio.

Na estrutura9ao do pensamento, Dcorre 0 envolvimento de uma gama

enorme de habilidades cognitivas, que VaG adquirindo cada vez mais complexidade

com 0 aprendizado da linguagem e com 0 crescimento da crianY8. A garantia para a

conquista de experiEmcias significativas esta na capacidade cognitiva de promover

conexoes procedentes a partir das situa90es em que 0 indivfduo se encontra.

A estrutura do pensamento, ainda conta com a linguagem como elemento

chave; ela e 0 desenvolvimento cognitiv~ est80 intimamente relacionados na

educa9ao para 0 pensar. Segundo Lipman, 0 dialogo assume 0 papel de mediador

na construC;;8o do bem pensar, que seria 0 pensar com racionalidade, 0 pensar

critico. A linguagem e 0 instrumento por excelemcia da aprendizagem, ja que

aprender consiste em aprender significados.

o pensamento e estabelecer relac;;oes entre ideias e a propria articulac;;ao das

ideias. E 0 processo mental que se concentra nas ideias, pois ele se abrange

quando vemos, sentimos ou compreendemos. Pensar bem nada mais e que a

substituiC;;80 das conex6es imediatas e superficiais par relac;;oes complexas, que

pass am a contar com a auxflio das habilidades cognitivas. Lipman, explica que sua

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no~ao de pensamento reflexivo e crftico tern uma dose significativa de sustentac;:ao

no conceito de racionalidade, preferindo-o em detrimento da racionalizac;ao.

E necessaria a racionalizayao na educac;:ao, tendo prudencia, sensibilidade,

constrw;;ao do ponto de vista, a partir de argumentos. Enquanto a racionalidade

enquanto racionalizac;:ao esta ligada aos procedimentos operativ~s da investigac;:ao

cientifica. A razoabitidade de que Lipman fata e aqueta vottada para a atitude

apropriada ou conveniente, aquela [igada as conseqOencias dos julgamentos.

a pensar e 0 processo de descobrir ou tazer associac;:oes e disjunc;:oes, e a

descobrir relac;6es.

Alem dos aspectos sociais da linguagem a educac;:ao tern que potencializc3-la

na sua capacidade de construir significados e na sua relac;:ao com a ordenac;:ao do

pensamento. Para Dewey, a escola deve, ( ... ) orientar a linguagem oral e escrita dos

alunos, empregada primariamente para fins praticos e sociais, de tal modo que

gradualmente se torne instrumento consciente destin ado a transmitir 0

conhecimento e auxitiar no pensamento."(1999, 46).

Assim, a linguagem e a comunicay8o estao dentro do aprendizado, social ou

especifico. Todavia, a cogniyao e a pensamento nao sao a mesma coisa, embora

estejam relacionada e entrelayados em certos momentos para 0 desenvolvimento

intelectual, nao passu em a mesma origem.

Existe, portanto, no desenvolvimento do pensamento 0 momento pre-

intelectual e a pre-linguislico, enos dois 0 pensamento lorna-se verbal e a fala

racional. Ao se interceptarem, pensamento e fala dao origem ao pensamento verbal,

acontecimento fundamental para impulsionar a cogniy8o.

Tanto Lipman quanto Vygotsky, ve na internalizac;:ao do discurso, ou dialogos

na concepC;:80 lipmaniana, a ignic;:ao necessaria para a reflexao.

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A linguagem e 0 instrumento por excelemcia da aprendizagem a aprender

significados, consiste no processo de padronizavao simb61ica, au seja, de classificar

as coisas.

Todavia a comunicac;ao requer, pensamentos que de alguma forma reflitam 0

contexto intersubjetivo a partir do qual os significados sao construidos; assim, naD

S8 da apenas a com preen sao dos significados, mas tambem uma considerada

constru9ao de conhecimento.

Assim 0 pensamento e a cogni9ao estaD ligados a compreensao e prodU(;ao

de significados. Como ja comentados 0 pensamento esta ligado as mudanc;:as do

meio e consequentemente surge uma transformac;:ao da articulac;:ao do pensamento,

entretanto, a partir do momento que a individuo executa 0 pensamento e a fala,

origina a verbalidade, af se da a cogniC;ao que seria como ja visto a aquisiC;ao do

conhecimento, po is nao basta ria apenas pensar ao leu, ha a necessidade de

aprimorac;ao 16gica para um "bom pensar" , assim a cognic;ao e uma forma de

estabelecer relac;6es entre os pensamentos, e conseguir pensar abstratamente,

assim passando a ser uma habilidade cognitiva.

Oiante das concepc;6es de Lipman pode-se deduzir que a educac;ao para 0

pensamento reflexivo encontra dialogia autocorretiva e coerente os elementos que

viabilizam a sua possibilidade, 0 desenvolvimento da cognic;ao e a construc;ao dos

significados. A compreensao e a comunicac;ao s6 correm quando, existe significac;ao

nas express6es linguisticas. Quando 0 discurso e internalizado, vivenciados na

comunicac;ao, tambem existe a reflexao e consequentemente a formulac;ao de

novos conceitos.

o pensar produz sentido, direc;6es, significac;6es na e para a ac;ao. Assim, e

ainda mais clara a ideia de quando Lipman fala da importancia do pensar bem

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produzido, ou seja, bern construido, com examinac;:ao seria. Oessa forma Lipman

considera urn pensar de ordem superior, que caracteriza-se como critieD e criativD.

Vejamos que, 0 pensamento critieD esta sendo comentado constantemente

como sen do 0 pensar com boa examinac;:ao, com 16giea e coerencia. E urn

pensamento rico, organizado, persistente e muito investigativo. E 0 articular ideias,

estabelecendo relac;:oes entre essas.

"Podemos acrescentar que 0 pensamento de ordem superior nao equivale

somente ao pensamento criticD, mas a fusao dos pensamentos critieD e criativo."

(1995,37).

o pensamento criativo esta ligado intimamente com as interac;:oes

sociolinguisticas. Este pensamento e de grande importancia, reunindo os

ingredientes que permitem a criayao e a explorac;ao de alternativas, estando sempre

sensivel ao contexto ao qual esta relacionado.

"A decorrencia posslvel de ser extra ida destas considerac;:6es com relac;:ao a excelencia dopensar, consiste, primeiro, em se dissuadir a falsa impressao da conotac;:ao exciusivamentelogica que a filosofia para crianc;:a imprime ao pensamento. Antes disso, 0 pensar reflexivo oucriterioso envolve aspectos multiplos, como criatividade, a linguagem e a aulo • reflexao, Emsegundo lugar, nao se trata de uma proposta preocupada apenas com 0 treino mecanico dashabilidades do raciocinio 16gico, ao contnlrio, procura tirar proveito das vantagens que a logicaformal ofereceu quando aliada ao desenvolvimenlo de pensamenlos juslific<iveis econseq(jentes.~ (LIPMAN, 1995, 37)

A dinamica existente entre linguagem e pensamento pode promover a

articulayao progressiva das significa90es, dos juizos e das interac;6es que todos e

cada um de nos construimos e vivenciamos. 0 pensamento criativo, faz parte e e

influeneiado pelo pensamento eritieo, utilizando a habilidade eognitiva, que seriam

todos os desempenhos, imagina9ao e adic;6es basicas.

Sempre que investigamos, empregamos uma variedade de habilidades

cognitivas. Elas podem ser extremamente elementares, como fazer distinc;6es e

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conex6es, au extrema mente complexas, como na descric;ao e na explic8980, que

saO composic;oes intrincadas de habilidades mais simples usadas de uma maneira

coordenada. Ora, a habilidade, seria a capacidade para certos atos, as aptid6es, a

inteligencia, pratica. E necessaria desenvolver as habilidades de pensamento, (tanto

professor quanto aluno) pois segundo Lipman;

"Sem a capacidade de presumir. supor, comparar, inferir, contrastar ou julgar, para deduzir ouinduzir, classificar, descreva, definir ou explicar. nossa pr6pria capacidade para ler e escreverestaria ameayada. para nao mencionar nossa capacidade para participarmos em debates emsala de aula, preparamos experimentos e compormos textos." (1995, p 57).

Os professores devem saber reconhecer as habilidades cognitivas;

estabelecendo aos alunos atividades para desenvolve-Ias. Que seria mais au menos

uma forma de investigar as dados, observar, desenvolver a observac;ao, fazer

perguntas, e elaborar perguntas.

Sem reflexao ° pensamento torna-se habil de ordem inferior.

o pensamento quando usado de forma articulada, usando operal'ao de

racioclnio, investigac;ao, formac;ao de conceito e traduc;ao, teremos um pensamento

superior que Lipman chama de mega habilidade.

Contudo, pose-se dizer que existem campos de habilidades cognitivas como,

habilidade de raciocinio, habilidade de investigal'ao, habilidade de formal'ao de

conceitos e habilidades de traduc;ao.

Essas habilidades estao interligadas no nosso processo de pensar e no

nosso processo de falar, pois para lipman, nao ha pensamento sem a linguagem.

Nesse sentido e que 0 autor deixa claro a importancia da comunidade investigadora,

a conversa organizada, ao dialogo investigativ~ que deve ser promovido na sala de

aula.

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Assim sendo, 0 pensamento criativQ, seria a habilidade, talento, julgamento

criativo, investividade, produc;ao de alternativas ou hip6teses plausiveis, etc ..

Aprimorando ainda mais 0 pensamento crftieD.

o processo de investiga<;:ao, de raciocinio, formac;ao de conceitos e traduc;ao,

ainda estao embutidos na crianc;a, mas de maneira rudimentar, que precisa ser

lapidada aDs pOUCOS, pois e na escola que a crianc;a aperieic;oava essas

habilidades. Oesta forma mais urn a vez comprova-se que a filosofia para crian<;:a e

obviamente indispensavel, pois e ela que ajudara neste processo de

aperieic;oamento das habilidades, funcionando como despertador dos processos de

aprendizagem e pensamento superior. Assim 0 pensar em sociedade e muito

importante, produzindo em nosso conceito quatro habilidades.

Na investiga98o, nos retratamos juizos, que seria processo intenso.

6.1 HABILIDADES DE INVESTIGA9AO

Tal seria a desenvolvimento das observa90es, resultando em uma boa

produ980 de jufzos legicos. Chegando a produzir conclusoes, articulando as

pensamentos. Mas a que seria esse jufzo sobre as coisas de que a autor comenta?

Seria afirma90es ou nega90es, apes analisarmos de maneira investigadora,

descobrindo a verdade.

A partir do momento que ampliamos as nossas descobertas, estamos

fazendo um raciocinio que seria a processo de pensamento vejamos.

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6.2 HABILIDADES DE RACIOciNIO

Existem dois tipos de raciocinio, 0 raciocinio simples e 0 raciocinio complexo.

o raciocinio simples seria aquele pensamento ligado aD sensa comum, 0

saber de todos n6s, como ja comentado no inicio desse trabalho, 0 pensamento

sem investiga~ao. Ja 0 raciocinio complexo diz respeito ao pensar bern, aD pensar

de nivel superior. Esta ai urn dos objetivos de uma educac;:ao, que deve S8 ensinar

as crianc;:as e jovens a pensar bern, realizar grandes juizos de forma raGional e

complexa.

o raciocinio e 0 processo de produzir conclusoes, assim como cita Lipman;

"Raciocfnio e 0 processo de ordenar e coordenar aquila que foi descoberto

atraves da investiga<;ao. Implica em descobrir maneiras validas de ampliar e

organizar 0 que foi descoberto a inventado enquanto era mantido como verdade."

(1995.27)

E muito importante desenvolver e promover as habilidades de raciocinio,

sabendo relacionar seus raciocinios que ja seria as habilidades de formayoes de

conceito.

6.3 HABILIDADES DE FORMA<;AODE CONCEITO

A forma, 0 sentido, um significado, sao conjuntos de informa90es que se

relacionam entre si.

Esta formayao de conceitos e construida em nossa consciencia,

expressando-as com palavras, esquemas au sentenyas. 0 pensamento conceitual,

envolve a relayao dos conceitos entre si formando principios, argumentos, e a saber

explicar, definir seus conceitos, argumentar com coerencia, facilitando 0 julgamento.

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Pod em os formar conceitos em nos mesmas e com as Qutros, dentro de

conceitos culturais e sociais.

6.4 HABILIDADES DE TRADUi;Ao

E necessario desenvolver a capacidade de interpretac;ao. Traduzir, na

concepc;ao lipniana e a capacidade de conseguir dizer em Qutras palavras 0 que foi

dito, mantendo 0 mesma significado, 0 mesmo sentido. Assim torna-S8 muito

importante manter 0 significado das eoisas.

Etude isso 56 S8 torna passivel par sermos seres facianais, mas na verdade,

nao basta apenas possuirmos a racionalidade. 0 que Lipman propoe e ensinar a

raciocinar de modo a desenvolver as habilidades cognitivas dos alunos. E obvie que

tal desenvolvimento nao si da com a simples exp1ana98.0 dos principios da 16gica au

fOfyando as alunos a 5e engajarem em exaustivos exercicios de logica, ou mesmo

dando-Ihes exemplos de como e maravilhoso ser adulto e raciocinarmos.

E necessario, os educadores terem uma certa nOy80 de como isso deve ser

feito, partindo de treinamentos e certamente do curriculo que a escola disp6e.

Atualmente ha um grande interesse pelo desenvolvimento das habilidades de

raciocinio dos estudantes das escolas de 1° e 2° graus e das universidades. Para

muitos observadores do quadro educacional, a deficiemcia nessas habilidades e 0

cerne do problema da educay80 contemporanea.

Ate recentemente havia pouquissima informay80 a respeito dos pormenores

dessa deficiencia. E, enquanto a falta das assim chamadas habilidades de raciocfnio

de "ordem superior" estivessem recebendo a maior parte da ateny80, especial mente

no 2° grau e nas universidades, nao parecia necessario explorar a possibilidade de

que as raizes da dificuldades primarias de raciocinio e as de "ordem superior", e que

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S8 come~ou a reconhecer que aquelas habilidades primarias na maior parte

habilidades 16gicas elementares sao 0 aparato 16gico fundamental dos seres

humanos de qualquer idade e, virtualmente, de qualquer cultura.

Ja que cada vez mais suspeitava-se de que a deficiemcia em habilidades de

raciocinio estav8, de algum modo, relacionada com 0 decepcionante desempenho

academica da grande maioria dos estudantes, varias disciplinas comec;aram a S8

interessar pela situac;ao. A Filosofia esta entre essas disciplinas e e justamente afilosofia que deveria ser confiada a responsabilidade pelo desenvolvimento do

raciocinio. Para a Filosofia 0 desafio nao e novo.

A filosofia tern S8 preocupado com 0 desenvolvimento das habilidades de

raciocinio, com 0 esclarecimento de conceitos, com a analise dos significados e com

o cultivo de atitudes que levem as pessoas a questionar, investigar e tentar, de

varias maneiras, buscar os significados e a verdade. De fato, a filosofia tem side

tradicionalmente caracterizada como um pensar que se adeqGa ao aprimoramento

do pensamento. Portanto, para que se possa melhor cultivar 0 raciocfnio das

crianvas e dos jovens, a filosofia deveria ser parte essen cia I do curriculo da escola

de 1°grau.

A filosofia retem sua enfase na discussao 16gica das ideias que sao

importantes tanto para os alunos quanta para os professores. Continua a ser

filosofia quando consiste em investigayao intelectual cooperativa e autocorretiva,

nao importando se os estudantes em questao sao do jardim de inftlncia ou da

universidade. Quando a filosofia e adicianada ao curriculo produz uma educayao

genuinamente reflexiva motivando as alunas a conversarem uns com as outros de

maneira disciplinada sabre assuntos essenciais e a pensarem objetivamente sabre

seu pr6prio pensar.

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CONCLUSAO

E necessaria transformar as salas de aula, e a pr6pria escola, em urn espayo

de reflexao e intera980 contfnuas, OU seja, em uma comunidade de investigaC;:8o,

ande as diferentes vis5es de mundo do aluno, pais, professores, entre Qutros

articulem-se para debater as grandes quest6es que permeiam tanto as curriculos

escolares quanta os conflitos vivid as pela nossa sociedade.

Assim havera uma discussao filos6fica S8 nela houver urn aprofundamento

dos pontos de vista dos participantes (em sala de aula). um compartilhar e uma

reflexao sobre as mesmas, a luz das interven90es ponderadas e criticas dos Qutros.

A filosofia desmistifica algumas ideias, trazendo a luz da realidade a que

permanecia aculto.

Conclui-se que, a sala de aula deve ser transformada numa comunidade de

investiga980 fundada no di;3Iogo, na confian9a e no respeito, julgamento e

comportamento.

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