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© ENESEB2015

Organizadores: Carlos A. Gadea, Rodrigo Marques Leistner, Suélen Acosta, Anelise Gregis Estivalet.

Preparação dos originais: Leandro RaizerProjeto gráfico: CirKula EditoraDiagramação: Mauro Meirelles

Capa: Mauro Meirelles e Luciana HoppeImpressão Digital dos Anais: CirKula Editora

CirKula / ENESEB Todos os direitos reservados ao LAVIECS.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

AVISO

A ficha catalográfica será disponiblizada on-line no site do evento juntamente com o ISBN após o término do mesmo.

Apoio e Financiamento SBS/LAVIECS/CIRKULA.

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Porto Alegre2015

IV ENESEB

IV ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE

SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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DADOS INSTITUCIONAIS DO EVENTO

Data: 17 a 19 de julho de 2015Local: Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Av. Unisinos, 95093022-000 São Leopoldo RS

Comissão Organizadora Local do IV ENESEB: Carlos A. Gadea (Unisinos), Daniel Gustavo Mocelin (UFRGS), José Rogerio Lopes (Unisinos), Leandro Raizer (UFRGS), Luiz Inácio Gaiger (Unisinos), Luiza Helena Pereira (UFRGS).

Comissão de Apoio: Anelise Gregis Estivalet (Unisinos), Rosa Oliveira dos Santos (UFRGS), Tamirez Galvão da Silva Paim (UFRGS), Rodrigo Marques Leistner (Unisinos), Suélen Acosta (Unisinos), Victor Ricco Avila (UFRGS).

Comissão Científica: Alexandre Zarias (Fundaj), Ana Laudelina Ferreira Gomes (UFRN), Anita Handfas (UFRJ), Carlos A. Gadea (Unisinos), Claudio Roberto dos Santos de Almeida (UNIVASF), Danyelle Nilin Gonçalves (UFCE), Geovânia Toscano (UFPB), Heloísa Martins (USP), Ileizi Fiorelli (UEL), Irlys Barreira (UFC), Leandro Raizer (UFRGS), Luiza Helena Pereira (UFRGS), Maria Assunção de Lima Paulo (UFCG), Mário Bispo dos Santos (SEE/Distrito Federal – Brasília), Marili Peres Junqueira (UFU), Rafael Ginane Bezerra (UFPR), Rosângela Pimenta (UVA), Rosane Alencar (UFPE), Rosemary Almeida (UECE), Sandra Maria Mattar (PUC-PR), Simone Meucci (UFPR), Sueli Guadelupe de Lima Mendonça (UNESP), Thiago Ingrassia Pereira (UFFS).

Comissão de Avaliação da Mostra de Painéis: Alexandre Zarias (Fundaj), Anita Handfas (UFRJ), Carlos A. Gadea (Unisinos), Daniel Gustavo Mocelin(UFRGS), Danyelle Nilin Gonçalves (UFC), Heloísa Martins (USP), Ileizi Fiorelli (UEL), Leandro Raizer (UFRGS), Luiza Helena Pereira (UFRGS), Mário Bispo dos Santos (SEE/Distrito Federal-Brasília), Marili Peres Junqueira (UFU), Régis Leonardo G. Barcelos (UFRGS), Sandra Maria Mattar (PUC-PR), Simone Meucci (UFPR), Sueli Guadelupe de Lima Mendonça (UNESP), Thiago Ingrassia Pereira (UFFS).

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Realização

Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS)Comissão de Ensino (SBS)

Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação (UNISINOS)Escola de Humanidades (UNISINOS)

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UNISINOS)Curso de Graduação em Ciências Sociais (UNISINOS)Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFRGS)

Curso de Especialização em Ensino de Sociologia (FORPROF/UFRGS)Laboratório Virtual e Interativo de Ensino de Ciências Sociais (LAVIECS/UFRGS)

Apoio

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

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Sumário

APRESENTAÇÃO ................................................................... 9

PROGRAMAÇÃO GERAL ........................................................ 11

PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO ...................... 13

LISTA GERAL DE TRABALHOS (GTS) ...................................... 17

RESUMOS DOS GTS ............................................................ 55

GT 1 O PIBID e a formação docente em Ciências Sociais: limites e possibi-lidades ................................................................................ 57

GT 2 Metodologias e práticas de ensino de Ciências Sociais na Educação Básica ................................................................................. 81

GT 3 Livros didáticos de Sociologia ............................................ 107

GT 4 Formação de professores de Ciências Sociais ........................ 121

GT 5 História do ensino de Sociologia no Brasil ........................... 143

GT 6 Escola, culturas juvenis e sociabilidade ............................... 155

GT 7 Ensino de Sociologia nas modalidades diferenciadas de ensino ... 177

GT 8 Política no ensino de Sociologia: desafio didático e formativo .... 193

GT 9 O ensino de Sociologia e a categoria trabalho ....................... 211

GT 10 Gênero e sexualidade - o que o ensino de Sociologia/Ciências Soci-ais na Educação Básica tem a ver com isso? ................................... 225

GT 11 A dimensão ambiental no ensino da Sociologia e as experiências in-terdisciplinares .................................................................... 255

OFICINAS PEDAGÓGICAS (LISTA GERAL) ............................... 261

PROPOSTAS DE OFICINAS PEDAGÓGICAS (RESUMOS) ............. 267

MOSTRA DE PAINÉIS (LISTA GERAL) ..................................... 299

RESUMOS DOS TRABALHOS EM PAINÉIS ............................... 315

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Apresentação | 9

Apresentação

O ENESEB é um evento nacional promovido pela Comissão de Ensi-no da SBS, que chega a sua quarta edição, e se propõe a discutir os rumos do ensino da disciplina de Sociologia na escola, assim como a formação do pro-fessor e o papel da Universidade nesse processo. Participam deste encontro professores da rede básica de todo o território nacional, representados aqui por professores de 17 estados, estudantes de licenciatura em ciências sociais e áreas afins de universidades públicas e privadas, professores universitários e pesquisadores. No ano de 2015, o Encontro que tem como temática – Escola, Cur-rículo e Sociologia – discutirá os desafios do ensino da sociologia no contex-to de reforma dos currículos do ensino médio, destacando-se as experiên-cias de ensino nas escolas como suportes para intervenção nos processos de definições das políticas curriculares no Governo federal e nos estaduais. O IV ENESEB manterá o eixo definido desde a sua primeira ed-ição em torno do compromisso das universidades e instituições de ensino superior na formação de profissionais de alto nível que lidem com os desa-fios postos no século vinte e um diante das realidades juvenis e da Educação Básica no Brasil. Um dos destaques do evento será o II Encontro Nacional do Programa Institucional de Iniciação à Docência de Sociologia no qual li-cenciandos, professores da educação básica e professores universitários terão oportunidade de compartilhar experiências vivenciadas nas escolas públicas e particulares do país. A programação dessa edição conta com 11 Grupos de Trabalho Temáticos; Mostra de Painéis com 95 trabalhos; e mais de 30 Oficinas Ped-agógicas. A construção dessa programação ampla e qualificada só foi possível graças ao apoio recebido da Comissão Científica, Coordenadores de GTs e Oficinas, Apresentadores de trabalhos e demais participantes; e da Presidên-cia da SBS e das Universidades do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e da CAPES.

São Leopoldo, 17 de julho de 2015.Comissão de Ensino de SBS

Comissão Organizadora do IV ENESEB

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10 | Anais do IV ENESEB

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Programamação | Geral 11

PROGRAMAÇÃO GERAL

17.07.2015 – Sexta-feira (Unisinos)

13:00 – 18:00 Credenciamento18:30 – 19:20 Solenidade de abertura 19:20 – 20:30 Conferência de abertura

“Sociologia: a arte da ruptura, da construção e da explicação”Conferencista: Profa. Dra. Luiza Helena Pereira (UFRGS)

20:30 – 21:00 Entrega da Homenagem Especial do IV ENESEBHomenageada: Profa. Dra. Heloisa Martins (USP/UEL)

Apresentação artística

18.07.2015 – Sábado (Unisinos)

08:00 – 08:50 Café09:00 – 12:00 Oficinas pedagógicas (número 1 a 17)13:00 – 15:00 Painéis15:00 – 19:00 GT´s (11), sessões simultâneas 17:00 – 17:30 Café18:00 – 22:00 Encontro dos alunos do Curso de Especialização em So-ciologia do Estado do RS (LAVIECS/UFRGS)

19.07.2015 – Domingo (Unisinos)

08:00 – 08:50 Café09:00 – 12:00 Oficinas pedagógicas (número 18 a 32)13:00 – 15:00 Painéis15:30 – 18:00 Mesa redonda - “Escola Currículo e Sociologia” Coord.: Profa. Dra. Danyelle Nilin - UFC - Comissão de Ensino/SBS

Expositores: Prof. Dr. Thiago Ingrassia Pereira- UFFS/ABECS, Profa. Dra. Simone Meucci - UFPR

18:30 – 19:00 Encerramento Confraternização

20.07.2015 – Segunda-feira (UFRGS)

09:00 – 11:00 Reunião ampliada da Comissão de Ensino da SBS

Coordenadoras: Profa. Dra. Danyelle Nilin - UFC, Profa. Dra. Ileizi Fiorelli Silva - UEL

11:15 – 13:00 Reunião de trabalho PIBID’s

Coordenadores: Prof. Dr. Alexandre Zarias (FUNDAJ), Profa. Dra. Célia Elizabete Careg-nato (UFRGS), Profa. Dra. Rosimeri Aquino da Silva (UFRGS)

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12 | Anais do IV ENSEB

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Programação dos Grupos de Trabalho | 13

PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO

GT 1 – O PIBID e a formação docente em Ciências Sociais: limites e possibilidadesCoordenadora: Rosângela Duarte Pimenta (Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA)

Vice-coordenadora: Marili Peres Junqueira(Universidade Federal de Uberlândia-UFU)

18/07/2015[SESSÃO A]

18/07/2015 [SESSÃO B]

GT 2 – Metodologias e Práticas de Ensino de Ciências Sociais na Educação Básica

Coordenador: Rogerio Mendes de Lima (Colégio Pedro II – CP2)

Vice-coordenadora: Fátima Ivone de Oliveira Ferreira (Colégio Pedro II – CP2)

18/07/2015 [SESSÃO A]

18/07/2015 [SESSÃO B]

GT 3 – Livros Didáticos de Sociologia

Coordenadora: Anita Handfas (UFRJ)

Vice-coordenador: Amaury Cesar Moraes (USP)

18/07/2015 [SESSÃO ÚNICA]

GT 4 - Formação de Professores de Ciências Sociais

Coordenador: Amurabi Oliveira (UFSC)

Vice-coordenadora: Célia E. Caregnato (UFRGS)

18/07/2015 [SESSÃO A]

18/07/2015 [SESSÃO B]

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14 | Anais do IV ENESEB

GT 5 - História do ensino de Sociologia no Brasil

Coordenador: Marcelo Pinheiro Cigales (UFSC)

Vice-coordenador: Cristiano das Neves Bodart (USP)

18/07/2015 [SESSÃO ÚNICA]

GT 6 – Escola, culturas juvenis e sociabilidade

Coordenador: Irapuan Peixoto Lima Filho (Universidade Federal do Ceará-UFC)

Vice-coordenadora: Danyelle Nilin Gonçalves (Universidade Federal do Ceará-UFC)

18/07/2015 [SESSÃO A]

18/07/2015 [SESSÃO B]

GT 7 – Ensino de Sociologia nas modalidades diferenciadas de ensino

Coordenadora: Rogéria Martins - Universidade Federal de Viçosa

Vice-coordenador: Diogo Tourino - Universidade Federal de Viçosa

18/07/2015 [SESSÃO ÚNICA]

GT 8– Política no ensino de sociologia: desafio didático e formativo

Coordenador: Sandro Amadeu Cerveira - Universidade Federal de Alfenas

Vice-coordenador: José Silon Ferreira – UNISINOS

18/07/2015 [SESSÃO A]

18/07/2015 [SESSÃO B]

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Programação dos Grupos de Trabalho | 15

GT 9 – O ensino de Sociologia e a categoria Trabalho

Coordenadora: Nise Jinkings (UFSC)

Vice-coordenadora: Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul (IFC)

18/07/2015 [SESSÃO ÚNICA]

GT 10 - Gênero e sexualidade - o que o ensino de Sociologia/Ciências Sociais na Educação Básica tem a ver com isso?

Coordenadora: Tânia Welter (UFSC)

Vice-coordenadora: Adriana Regina de Jesus (UEL)

18/07/2015 [SESSÃO A]

18/07/2015 [SESSÃO B]

GT 11 - A dimensão ambiental no ensino da sociologia e as experiências interdisciplinares

Coordenador: Aloisio Ruscheinsky (UNISINOS)

Vice-coordenador: Daniel Gustavo Mocelin (UFRGS)

18/07/2015 [SESSÃO ÚNICA]

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16 | Anais do IV ENESEB

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 17

LISTA GERAL DE TRABALHOS (GTs)

GT 1 - O PIBID e a formação Docente em Ciências Sociais: Limites e Possibilidades

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO A]

MÁRIO BISPO DOS SANTOS

O PIBID na área de Ciências Sociais: estudo exploratório sobre as representações sociais e práticas dos licenciandos da Universidade de Brasília

DIOCLEIDE LIMA FERREIRA

A preparação das intervenções dos bolsistas do subprojeto PIBID Ciências Socias/UVA: um olhar para as performances, conflitos e demais estratégias dos grupos

MARCIA ROSE MARQUES UMBELINO ALINE CHANCARE GARCIADANIEL HENRIQUE LOPES

A contribuição do PIBID para a construção da identidade docente e formação do professor em Ciências Sociais

EVERTON PEREIRA LEITE RICARDO A.C. RODRIGUESOSMAR JUNIOR SALGADO

Consciência social e sustentável:uma discussão a partir das aulas de Sociologia no Ensino Médio

CÁSSIA FERREIRA DE OLIVEIRA GEYSA FERNANDES RIBEIRO

Mediação pedagógica no ensino de sociologia: experiências na periferia Ludovicense

ANTONIO MARCIO HALISKI

PIBID nas Ilhas: da organização de um trabalho incipiente aos desafios da proposta

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18 | Anais do IV ENESEB

GERÔNIMO DE PAIVA SILVA IZABELLE DE PULA BRAGA MENDONÇA

A influência do PIBID na formação do professor de Sociologia

BRUNA KARINE NELSON MESQUITA

O papel do PIBID-Sociologia/UFPI na construção dos saberes docentes

RUANA CASTRO MARIANO NALAYNE MENDONÇA PINTO

A contribuição do PIBID para a formação do docente em Ciências Sociais e para a pesquisa de Pós-Graduação em Educação

ADRIANO MAIA JUCÁ

Seleção de bolsista do Pibid de Sociologia: dúvida cruel! Quetalento tenho?

EMANNUELLA SANTANA VIEIRA ROSANE MARIA DA SILVA ALENCAR

O programa Pibid no processo de formação inicial: a constituiçãode uma identidade docente

RAFAEL FERNANDO LEWER TÂNIA WELTER

As possibilidades de atuação do Pibid Ciências Sociais e os limites da condição ACT

18 de julho de 2014 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO B] ALEF DE OLIVEIRA LIMA HARLON ROMARIZ RABELO SANTOS

O Pibid como experiência social: continuidades e rupturas entre o discurso oficial e as sociabilidades

ANNA PAULA RIBEIRO MAIAMARIA VALERIA BARBOSA VERÍSSIMO

A importância da mediação no processo de ensino e aprendizagem: discutindo as teorias de Vygotsky acerca do ensino de Sociologia na educação básica

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 19

LETÍCIA BERNAL MARTINSSUELI GUADELUPE DE LIMA MENDONÇA

Pibid/Marília: o foco na formação do professor-pesquisador

SÔNIA DA SILVA MARINHOKARINA ALMEIDA DE SOUSACÍCERA POLIANA ALVES DE SOUSA

Gênero, raça e etnia: reflexões sobre o Pibid para a formação docente em Ciências Sociais no Bico do Papagaio-TO

FRANCISCO XAVIER FREIRE RODRIGUESEDILENE DA CRUZ SILVA

Contribuições do Pibid Sociologia/Ciencias Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso na formação de professores de Sociologia para Educação Básica

MARIA LUZIA ERTHAL MELLO

O uso das Tecnologias de Informação e de Comunicação nas aulas de Sociologia da escola

ANA LETÍCIA COSTA LINSJOSÉ VALTERDINAN MESQUITA XAVIER

Desestruturando a escola: uma análise crítica acerca do Pibid no espaço escolar

ANA PAULA FERREIRA D’ÁVILAGABRIEL BANDEIRA COELHOEVERTON GARCIA DA COSTA

O Pibid interdisciplinarcomo espaço de disputas simbólicas e a formação do licenciando em Ciências Sociais da UFPEL

DOUGLAS MICHEL RIBEIRO PORTOMANOEL FELIPE FERREIRA RODRIGUESTHAIS MARQUES DE SANTO

Educação e realização da autonomia: apontamentos sobre a experiência no Pibid Sociologia

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20 | Anais do IV ENESEB

FRANCIELE RODRIGUES

O Pibid como laboratório para o ensino de Sociologia nas escolas

KATIUSCIA VARGASRAPHAEL GOUVEA ROMPINELLIMARCOS PAULO DE CASTRO MELLOPEDRO JEHLE GOUVEA

Clube de Sociologia: uma experiência para além da sala de aula

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 21

GT 2 - Metodologias e Práticas de Ensino de Ciências Sociais na Educação Básica

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO A]

TATIANE OLIVEIRA DE CARVALHO MOURA ANDERSON DUARTE PATRÍCIA BANDEIRA DE MELO

A prática etnográfica na escola média: uma proposta metodológica para a abordagem de cultura no Ensino Médio

VANESSA MUTTI DE CARVALHO MIRANDA

Ensino de ciênciase iniciação cientifica: um fio sociológico

VALÉRIA LOPES PEÇANHANATÁLIA BRAGA DE OLIVEIRA

A Sociologia no Colégio Pedro II: O tripé Ensino, Pesquisa e Extensão

MARIA DO CARMO DA SILVA DIASJEAN ROBERTO PACHECO PEREIRACÍCERO DE OLIVEIRA PEDROSA NETO

Metodologia de ensino de Sociologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA): percepções dos atores

RAFAEL GINANE BEZERRARICHARD ROCH JR

Pollak e o conceito de memória: do Realismo Fantástico como recurso para o ensino de Ciências Sociais

BIANCA GHIGGINOFLÁVIA VIDAL MAGALHÃESLUISA BARBOSA

Sociologia e interdisciplinaridade: a experiência recente da cidade de Arma-ção dos Búzios

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22 | Anais do IV ENESEB

THAÍS MACEDO LOPESNUBIA REGINA MOREIRA RAINAN MARQUES SANTOS ANDRADEA prática pedagógica do ensino de Sociologia nas escolas estaduais baianas

CHRISTIANY REGINA FONSECAO ensino de Sociologia no Ensino Médio Integrado no Instituto Federal de Mato Grosso

ROMERO JASKU BASTOSJogos eletrônicos e o ensino de Sociologia no Ensino Médio

BIANCA RUSKOWSKIJULIANA BEN BRIZOLA DA SILVAEducação científica, pesquisa e interdisciplinaridade: desafios e possibilidades na prática do ensino-aprendizagem de Sociologia na educação básica

CRISTIANO P. CORRÊAExperiências e práticas no Ensino Médio: construindo metodologias

PAULA C. S. MENEZESCLARISSA TAGLIARI SANTOSCinema e Sociologia: critica e descolonização da imagem

YTALLO KASSIO FRANCO DE SOUZA

Metodologias participativas no ensino da Sociologia

MARCOS MACHADO DUARTE

Um olhar sobre os Direitos Humanos

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO B]

SIMONE MEUCCI CARLOS FAVORETTO

De onde vc vem? Os lugares e experiências dos alunos de Sociologia de uma escola pública de Curitiba

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 23

CARLA GEORGEA SILVA FERREIRA

Mídia e educação: refletindo com estudantes do Ensino Médio os sentidos da tecnologia através da produção de vídeos

FRANCISCO XAVIER FREIRE RODRIGUESANÉLIA SILVESTRE

A utilização de histórias em quadrinhos nas aulas de Sociologia na educação básica

LUÍSA TOLEDO BARBOSAKATIUSCIA C. VARGAS ANTUNES

Fotografia e educação: uma breve discussão sobre a fotografia como ferramenta de aprendizado da Sociologia na educação básica

MARIA VALÉRIA BARBOSAMATHEUS BORTOLETO RODRIGUES

Pensando caminhos para o processo de ensino e aprendizagem de Sociologia na educação básica:pressupostos da teoria histórico-cultural

MAIRA GRACIELA DANIEL

A Sociologia brasileira vai à escola

RUBIA MACHADO DE OLIVEIRAJULIANA FRANCHI DA SILVAJERFFERSON PAIM LUQUINI

Pensando as práticas do ensino de Ciências Sociais

JOSÉ AMARAL CORDEIRO JUNIOR

Contrariando o Fato Social: balanço de uma proposta pedagógica de Introdução à Sociologia no Ensino Médio

JOSEMI MEDEIROS DA CUNHAJEREMIAS ALVES DE ARAÚJO E SILVAIRENE ALVES DE PAIVA

Estratégias de organização do conhecimento e metodologias de problematização/compreensão no ensino da Sociologia

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24 | Anais do IV ENESEB

DIEGO FERNANDES DIAS SEVERO

Os clássicos no primeiro ano do ensino médio? Do conceito básico aos temas – começando com Durkheim

LILIAM CAMILO SOUSA HOLANDAANDRÉ DE QUEIROZ PEREIRAWILSON FUSCO

A pesquisa nas aulas de Sociologia do Ensino Médio: entre relatos e possibilidades

TAINAN ROTTER BEGARA GOMES

Uma pesquisa de campo na formação docente em nível médio

ALINE DIAS POSSAMAI

A Sociologia na escola: contribuição da Sociologia para a construção do pensamento crítico no Ensino Fundamental

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 25

GT3- Livros Didáticos de Sociologia

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO ÚNICA]

VANUSA RODRIGUES SENA

Pensamento social brasileiro no livro didático de Sociologia: um estudo a partir dos livros aprovados no Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2015

CÍCERO MUNIZ

O ensino de gênero nos livros didáticos de Sociologia: o caso do PNLD 2015

MANOEL MOREIRA DE SOUSA NETOROSEMARY DE OLIVEIRA ALMEIDAMÁRCIO KLEBER MORAIS PESSOA

Ferramenta didática ou guia curricular? Percepção de professores sobre o processo de escolha dos livros didáticos de Sociologia em seis escolas do Ceará

LUIZ FELIPE GUIMARÃES BON

Tramas discursivas presentes nos manuais didáticos de Sociologia aprovados no PNLD 2012: um olhar a partir dos referenciais da análise do discurso

MARCELO SALES GALDINOARACELLI GOMES

Relação professor e livros didáticos no ensino de Sociologia: Quem é o mediado e quem é o mediador?

NATÁLIA DE OLIVEIRA DE LIMA

Ciências Sociais, “Colonialidade do Saber” e o livro didático de Sociologia no Ensino Médio das escolas brasileiras

BÁRBARA DE SOUZA FONTES

A antropologia na educação básica: uma análise dos livros didáticos

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26 | Anais do IV ENESEB

THAYENE GOMES CAVALCANTEJORGE JOSÉ LINS DE QUEIROZ

A mediação pedagógica e a Sociologia no Ensino Médio: a utilização do livro didático eas práticas docentes

TEREZA RAQUEL GOMES BATISTAVILMA SOARES DE LIMA BARBOSA

A pesquisa e o ensino nos livros didáticos de Sociologia

MARIANA INGRID DE OLIVEIRA PEREIRAMARCIA CRISTINA DE OLIVEIRA DIAS

Livro didático de Sociologia: a abordagem da educação das relações étnico-raciais e do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos livros aprovados pelo PNLD

ANA MARTINA BARON ENGERROFF

Os sentidos de cidadania nos manuais do professor dos livros didático de Sociologia

AGNES CRUZ DE SOUZAROGÉRIO DE SOUZA SILVA

Políticas curriculares para a disciplina de Sociologia e o atual Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 27

GT 4- Formação de Professores de Ciências Sociais

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO A]

GABRIELLE COTRIM D’ALECIO

Formação de professores: o mapa situacional dos cursos de Ciências Sociais no Brasil

CHARLLES DA FONSECA LUCAS

Formação do/discente e relações de ensino/aprendizagem na pesquisa e na prática de ensino em Ciências Sociais na educação básica

JUNIOR ROBERTO FARIA TREVISANMARCELO RODRIGUES CONCEIÇÃO

Formação docente: a importância da experiência e vivência no âmbito escolar

SUELI GUADELUPE DE LIMA MENDONÇAMARIA VALÉRIA BARBOSA

A trajetória de formação de professores de Sociologia da UNESP/Marília: dos confrontos aos encontros

CERES KARAM BRUM

Estranhando o currículo: notas sobre os percursos e as (re)configurações dos cursos de formação de professores em Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria

SIDNEY REINALDO DA SILVAEVELINE TENORIO MENDESNÁTALLY DAMASCENO GARCIA

A licenciatura em Ciências Sociais nos Institutos Federais: características de um modelo

JUAREZ LOPES DE CARVALHO FILHOLEOMIR SOUZA COSTA

Formação em Ciências Sociais na UFMA: desafios para a consolidação da licenciatura

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28 | Anais do IV ENESEB

SILVANA MARIA BITENCOURTFRANCISCO XAVIER FREIRE RODRIGUES

“Eu quero ser professor de sociologia”: um estudo sobre as influências da Sociologia e do professor de Sociologia no Ensino Médio em Cuiabá - Mato Grosso.

ELEANOR GOMES DA SILVA PALHANOSHEYLA ROSANA OLIVEIRA MORAESSYLVIA CASTRO

Formação docente - a pesquisa e a extensão: o que dizem os professores

NATHALIA MARTINSCLÁUDIA CHUEIRE DE OLIVEIRADIRCE APARECIDA FOLETTO DE MORAES

Formação de professores e o exercício da docência: um olhar para o curso de licenciatura em Ciências Sociais

INAÊ ELIAS MAGNO DA SILVATANIA ELIAS MAGNO DA SILVAADRIANA MARIA GIUBERTTI

As instituições públicas de ensino superior brasileirase a formação de pro-fessores de Sociologia para a educação básica na modalidade a distância

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO B]

PATRÍCIA SILVA XAVIER

A escolha pela licenciatura e pela profissão de professor de Sociologia: razões reveladas por egressos licenciados em ciências sociais

VILMA SOARES DE LIMA BARBOSAIVAN FONTES BARBOSAGEOVÂNIA DA SILVA TOSCANO

Os licenciandos em Ciências Sociais na Paraíba

MARCELO PINHEIRO CIGALESLEON MCLOUIS BORGES DE LUCAS

Formação de professores em Ciências Sociais na UFPEL: o perfil do egresso

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 29

ROGERIO MENDES DE LIMA

Novos caminhos na formação continuada de professores de Ciências Sociais: reflexões sobre o Programa de Residência Docente do Colégio Pedro II

GAMALIEL DA SILVA CARREIRO

O Programa de Formação de Professores da Educação Básica emdebate: um estudo de caso com os egressos do PROFBPAR formados em Ciências Sociais pela UFMA

ANICÉLIA FERREIRA DA SILVAALEXANDRE ZARIAS

Formação continuada de professores: a experiência da RENAFOR no IFPE

ANNA CHRISTINA DE BRITO ANTUNES

A formação do professor de Sociologia: algumas reflexões sobre a relação entre teoria e prática nos documentos oficiais e nos projetos pedagógicos dos cursos de Ciências Sociais

JEAN ROBERTO PACHECO PEREIRAMARIA DO CARMO DA SILVA DIASCÍCERO DE OLIVEIRA PEDROSA NETO

O campo de estágio e a formação docente: um estudo sobre as práticas de ensino das Ciências Sociais na Escola de Aplicação da UFPA

KARLA DANIELLE DA SILVA SOUZADALLIVA STEPHANI ELOI PAIVAFERNANDO FRANCELINO LOPES JÚNIOR

Práticas docentes e a formação de professores de Sociologia na UFRN

ROSANA DA CÂMARA TEIXEIRA

Entre mundos: o licenciando como mediador cultural entre a universidade e a escola e as repercussões do estágio supervisionado na constituição da identidade docente

THIAGO INGRASSIA PEREIRA

Por uma "Pedagogia da Pergunta" na formação inicial de professores de Sociologia

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30 | Anais do IV ENESEB

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 31

GT 5 –História do ensino de Sociologia no Brasil

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO ÚNICA]

GUSTAVO CRAVO DE AZEVEDOTAIS BARBOSA VALDEVINO DO NASCIMENTO

O discurso de apoio à Sociologia no Ensino Médio nos anos 30 e nos anos 90/00: similitudes e diferenças

JULIO GABRIEL DE SÁ PEREIRA

A Sociologia, os intelectuais e a política: o campo educacional nas décadas de 1920-1940

MARCELO PINHEIRO CIGALES

Raymond Murray e a Sociologia católica no Brasil: análise a partir de um manual didático da década de 1940

BRUNA LUCILA DE GOIS DOS ANJOS

Sociologia no Ensino Médio: uma análise histórica e comparada das propostas curriculares

LÍVIA BOCALON PIRES DE MORAES

Por uma Sociologia da história do ensino de Sociologia: cientistas sociais e espaço social acadêmico

MARIA TEIXEIRAABENIZIA AUXILIADORA BARROSFRANCISCO XAVIER FREIRE RODRIGUES

Contribuições de Florestan Fernandes para a institucionalização do ensino de Sociologia no Brasil

SALOMÃO ALVES PEREIRA

A sociologia no Ensino Médio brasileiro: um campo de tensões políticas

REBECA MARTINS DE SOUZA

A hierarquização dos saberes no ensino de Sociologia

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32 | Anais do IV ENESEB

NATÁLIA SALAN MARPICA

Cultura escolar e o ensino de Sociologia: continuidades e rupturas

ALINE DIAS POSSAMAIEDUARDA BONORA KERN JANINE ROSSATO

Sociologia no Ensino Fundamental: a implementação e experiência da rede municipal de São Leopoldo/RS

ISABELLE LEAL DE LIMALUIZ BELMIRO TEIXEIRA

A implantação da disciplina de Sociologia nos colégios da rede estadual de ensino do município de Pontal do Paraná

GABRIEL BANDEIRA COELHOLUCAS LIGABUE PINTOJULINE FERNANDES DA SILVA

A história da inserção da Sociologia como disciplina do Ensino Médio e Técnico: um estudo de caso do IFSUL/Campus Pelotas

NARA LIMA MASCARENHAS BARBOSAROGÉRIA DA SILVA MARTINS

O ensino de Sociologia e o acesso à educação superior: uma análise dos conteúdos da disciplina nos processos seletivos de admissão nas Universidades Federais de Minas Gerais

JOSÉ ANTONIO RIBEIRO DE CARVALHOJOSÉ DOMINGOS CANTANHEDE SILVA

O ensino de Sociologia na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA: aprendizados e desafios

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 33

GT 6 –Escola, culturas juvenis e sociabilidade

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO A]

ADRIANA GOMES SILVEIRA DEANE MONTEIRO VIEIRA COSTA JOÃO GOMES DA SILVEIRA

As tribos juvenis escolares do Instituto Federal do Espírito Santo e seus jogos: uma saída aos trilhos da vida comum em Venda Nova do Imigrante

NATHÁLIA POTIGUARA DE MORAES LIMANATÁLIA CRISTINA DE MEDEIROS

Heterogeneidade de grupos e o recreio como ferramenta de sociabilidade

BRUNO CHRISTIAN ALVES DE SOUZA

Rap na escola: aproximação ou distanciamento?

ANA PAULA OLIVEIRA FRANCISCO

Juventude, conflitos e escola: estudo a cerca de sociabilidades juvenis e culturas juvenis entre jovens do Ensino Médio em duas escolas públicas de Seropédica/RJ

WILSON MACHADO ALENCAR

Formação de grupos associativos na Unidade Escolar Professora Áurea Freire: a escola como grupo social

CAMILA MARIA CUNHA DE SOUZASUIANNY ANDRADE DE FREITAS

Expressões culturais na escola: um estudo a partir dos acessórios usados por estudantes

KÁTIA SAMI SIEBRA DE MELO

Sim senhor, Coronel: um estudo sobre culturas juvenis e a promoção de alunos em hierarquias militares

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34 | Anais do IV ENESEB

ÁGATHA ALEXANDRE SANTOS CONDÉ ELISABETH DA FONSECA GUIMARÃES

Cultura juvenil e Ensino Médio: o caso do Ced 04 de Sobradinho

RÔMULO IAGO DE JESUS E SANTOSCÍCERO MUNIZ

Brincadeira, intimidação e perseguição: uma abordagem sociológica sobre o bullying em ambiente escolar

ADELINE ARAÚJO CARNEIRO FARIASJOCELAINE OLIVEIRA DOS SANTOS

Juventudes e processos de construção identitária: contribuições da Sociologia para a compreensão das culturas juvenis

EMILANA SOARES ZIANISANDRA ISABEL DA SILVA FONTOURA

Construindo novas culturas no espaço escolar: relato das vivências dos jovens em uma escola de periferia

JERFFERSON PAIM LUQUINI

Uma etnografia na escola Edna May Cardoso: pensando a juventude atráves dos espaços de sociabilidades que o ambiente escolar e o Seminário Integrado podem constituir

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO B]

MERABE SANTOS SILVA ROSANE SILVA DE JESUSNUBIA REGINA MOREIRA

A Sociologia pela ótica dos educandos do Ensino Médio

JOSIARA GURGEL TAVARES

Lendo e ouvindo: o que pensamos sobre nossos jovens alunos

CAMILA PELEGRINIARI JOSÉ SARTORI

Relações de poder no espaço escolar e a influência no ensino-aprendizagem

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 35

EDINÉIA TONATO

As redes sociais nos espaços escolares: mecanismos de socialização e construção do “self ”

NATALIA MARIA CASAGRANDEJANAINA DE OLIVEIRA

A crise da credibilidadeno sistema de ensino: uma análise a partir de pesquisa de campo em uma escola pública

LUCILA RICCI VIGANÓ FELIPE DE OLIVEIRA E SILVAMARILI PERES JUNQUEIRA

A interação dos estudantes do Ensino Médio da rede pública com as redes sociais: a internet como uma ferramenta de socialização

KIRLA KORINA DOS SANTOS ANDERSONConectados às redes sociais: juventude e sociabilidade em Tucuruí/PA

WILKA BARBOSA DOS SANTOSSer jovem no Ensino Médio

LUCAS BOTTINO DO AMARALJovens em uma interseção entre escola e trabalho: os sentidos da permanência

TSAMIYAH CARREÑO LEVI

Trabalho e escola: a condição juvenil entre estudantes trabalhadores

TABATA LARISSA SOLDANOs desafios da realização de um estudo de caso em uma escola da periferia de Curitiba

MILENA DA SILVA ALMEIDAMARIA ALDA DE SOUSA ALVESPATRÍCIA MARIA APOLÔNIO DE OLIVEIRA

O jovem aluno e o professor de Sociologia: reflexões sobre o sentido da disciplina no Ensino Médio

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36 | Anais do IV ENESEB

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 37

GT 7–Ensino de Sociologia nas modalidades diferenciadas de ensino

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO ÚNICA]

RENAN AUGUSTO FERNANDES SILVABÁRBARA MACHADO ALEXANDRETHIAGO H. FARIA DE BRITO

Reflexões acerca do Ensino para Jovens e Adultos: versatilidade na docência, a contradição do elogio

SILVANA COLOMBELLI PARRA SANCHES DANIELA OLINDA DALBOSCO

O ensino de Sociologia e a juventude do campo: perspectivas de jovens matriculados em Campus Rural de Instituto Federal

JAQUELINE RUSSCZYK

Especificidades da Sociologia no Ensino Médio Integrado

LETÍCIA BEZERRA DE LIMA

Quilombo São José da Serra (RJ) e a educação enquanto Projeto de Extensão

RICARDO CORTEZ LOPESJÚLIO CÉSAR BALDASSO

Experiência de ensino de Sociologia no Curso Popular ONGEP – Organização Não-Governamental para a Educação Popular

SUIANNY ANDRADE DE FREITASCAMILA MARIA CUNHA DE SOUZA

Práticas docentes e ensino: um contraponto entre a escola regular e o ensino profissional

FABSON CALIXTO DA SILVAMARIA AMÉLIA FLORÊNCIO

Escola Estadual de Ensino Médio de Tempo Integral e Profissional em Alagoas: qual o lugar da Sociologia nessa estrutura de ensino?

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38 | Anais do IV ENESEB

CESAR ALESSANDRO SAGRILLO FIGUEIREDOLIDIANE DA CONCEIÇÃO ALVESMAURO MEIRELLESA experiência do PibidIndígena na UFT: algumas reflexões

LARISSA JOICE SILVA TELESROBERTO MARTINS DE SOUZAA construção da proposta de educação do campo na Escola da Ilha de Superagui: o cotidiano dos pescadores artesanais como principio educativo

SANDRA REGINA GAVASSO AMARANTESSIDNEY REINALDO DA SILVAEnsino de sociologia entre modalidades de educação: o Proeja

ADRIELY, P. JESUSVANESSA F. OLIVEIRAANA PAULA R. VALEA arte de ensinar: um estudo sobre o processo de educação não formal, no Ponto de Cultura Buracão da Arte

ADIMILSON RENATO DA SILVAA Sociologia na Escola de Jovens e Adultos: algumas problematizações

MARÍLIA MÁRCIA CUNHA DA SILVAFoucault para crianças: “vigiar e punir” aos olhos dos estudantes do nono ano do Ensino Fundamental

LAVINA PEREIRA DA SILVAO ensino de Sociologia no Ensino Médio das escolas estaduais do Bico do Papagaio – norte de Tocantins

TATIANE PEREIRA MUNIZOs desafios do docente “multimodal”: a experiência do ensino de Sociologia no Instituto Federal da Bahia

NILTON MIGUEL AGUILAR DE COSTA“Sociologia só ensina o que a gente já sabe”: o desafio de ressignificar a realidade de estudantes de Sociologia na EJA

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 39

ELEUSA MARIA LEÃO

Produção de documentários como ferramenta metodológica para o ensino de Sociologia

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40 | Anais do IV ENESEB

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 41

GT 8–Política no ensino de sociologia: desafio didático e formativo

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO A]

SÉRGIO CÉSAR CORRÊA SOARES MUNIZ

“Alguém já ouviu falar em Sociologia?”: etnografia das representações sociais acerca do ensino de Sociologia no fundamental II no município de Chapadinha –MA

JORGE LUIZ DA CUNHAJOANA ELISA RÖWER

Orientações Curriculares Nacionais e Referenciais Curriculares Estaduais: recontextualizações do campo oficial para o ensino de Ciências Sociais/Sociologia na Educação Básica

FERNANDA FEIJÓ ALEX MOREIRA ELIANE DA CONCEIÇÃO SILVA

O projeto Parlamento Jovem e a formação política de jovens cidadãos

JOÃO VINICIUS CARVALHO GUIMARÃES

Eleições 2014: discussões sobre a política partidária brasileira através da análise de Planos de Governo no Ensino Médio

KEYWILLA DA SILVA VENCESLAU

Educação e cidadania: a importância e os desafios de uma orientação que vise promover a autonomia, a diversidade e a igualdade social

NEURI JOSÉ ANDREOLA

Uma reflexão sobre a importância da participação na vida escolar: - sujeitos comprometidos com a democracia e o coletivo

LUIS ALEXANDRE CERVEIRA

Do Cemitério à Praça, O Positivismo gaúcho em uma saída de campo.

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42 | Anais do IV ENESEB

ANA CLAUDIA RODRIGUES DE OLIVEIRA

Contribuições do multiculturalismo para o ensino de Sociologia: a con-strução de bases para o reconhecimento da diversidade cultural

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO B]

JADE DE BARROS

Direito à informação como prerrogativa para o avanço na democratização do acesso ao Ensino Superior no Brasil

RITHIANE ALMEIDA SOUZA

Eleições, juventude e a ação da política na vida: uma análise da influência do período eleitoral sobre as concepções políticas estudantis

RODRIGO RAFAEL FERNANDES SIDNEY REINALDO DA SILVA

Ciências humanas e suas tecnologias: politicas e orientações para o ensino de sociologia

NAYARA DOS SANTOS ABREU KARINE FERREIRA DE MORAES MATHEUS LARA DO AMARAL

O reflexo do policiamento escolar na formação do sujeito

KARINE FERREIRA DE MORAES MARILI PERES JUNQUEIRA

Ciências Sociais na sala de aula: o sistema de cotas raciais em foco

CRISTIANO RUIZ ENGELKE

Ensino de política no Ensino Médio: reflexões e possibilidades

ADRIEL DE FARIAS RIBEIRO

A construção de eleições no Ensino Médio: o Pibid - Ciências Sociais dis-cutindo democracia

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 43

ANA PAULA BARBOSA

Trabalhando com o preconceito em uma sala de aula de segundo ano de Administração /Ensino Integrado em uma escola pública no município de Londrina

GIOVANA CARINE LEITE SANDRO AMADEU CERVEIRA

A discussão política na Educação Básica: uma experiência de projeto de extensão no ensino de Sociologia

VANESSA SIMÕES RIBEIRO THIAGO EMANUEL FOLGUEIRAL GUSTAVO MELETTI FERREIRA

Políticas educacionais do estado de São Paulo: uma análise dos Cadernos de Sociologia do São Paulo faz Escola

CAMILLA G. N. BORGESJOSÉ FARIA PEREIRAJAMES SÉRGIO NASCIMENTO

Uma análise dos movimentos sociais nos livros didáticos de Sociologia

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44 | Anais do IV ENESEB

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 45

GT 9–O ensino de Sociologia e a categoria Trabalho

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO ÚNICA]

VALCI MELO

O ensino de Sociologia face aos desafios históricos do Ensino Médio brasileiro: a problemática relação entre educação e trabalho na sociedade de classes

ROSANGELA DA SILVA BRUNO VIDOTTI

Uma reflexão acerca da categoria trabalho a partir dos documentos que norteam o ensino de Sociologia no Ensino Médio

JOSÉ ANCHIETA DE SOUZA FILHO GEOVÂNIA DA SILVA TOSCANO

Os desafios da prática pedagógica dos professores de Sociologia em Fortaleza (CE)

KELEM GHELLERE ROSSO

Ensino de Sociologia e Educação Popular: uma discussão para um novo projeto de educação

MARCELO AUGUSTO DE LACERDA BORGES

O ensino de Sociologia no Instituto Federal de Goiás (IFG): a categoria trabalho na abordagem sociológica Durkheimiana e Marxiana

INAÊ SOARES DE VASCONCELLOS

O desafio do ensino da categoria trabalho no contexto dos Institutos Federais de Educação Profissional, Técnica e Tecnológica

PAULO HENRIQUE MIRANDA DA SILVEIRA

O ensino da Sociologia como elemento indutor para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizado de estudantes do Ensino Médio Profissionalizante no Campus Vitória de Santo Antão-PE

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46 | Anais do IV ENESEB

ELEANOR G DA. S PALHANOSHEYLA, R. O. MORAESSYLVIA DE N. F. CASTROANA PATRICIA DE FREITAS CORREA

Ciências sociais no PARFOR/UFPA: uma análise do ensino da Sociologia na Educação do Ensino Superior

MARCO AURÉLIO PEDROSA DE MELO

Impressões sobre o trabalho docente entre professores na rede pública estadual de Goiás: precarização do trabalho em Goiânia

LAÍSSE SILVA LEMOS SOBRALLUCINÉIA SCREMIN MARTINS

O Cientista Social hoje: desafios para permanecer em sala de aula. Estudo de caso em Goiânia/GO

MAYCON BEZERRA DE ALMEIDA

O ensino de Ciências Sociais na “Escola-Comuna” Soviética

LUIZ PAULO JESUS DE OLIVEIRA

Juventude trabalhadora: uma categoria mediadora para o ensino de Sociologia

GABRIEL MIRANDA BRITO

Educação, Trabalho e Economia Solidária: apontamentos para uma discussão inicial

MARIA IVONEIDE GOMES DE OLIVEIRA MONTEIROKARLLA CHRISTIANE ARAÚJO DE SOUZAADELITA ALVES DE SOUZA

Relato de experiência de aula de campo como estratégia de ensino interdis-icplinar de Ciências Naturais e Sociologia no Ensino Médio

CLÁUCIA PICCOLI FAGANELLO

O ensino de Sociologia nos cursos de Administração Pública do Estado do Rio Grande do Sul

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 47

GT 10–Gênero e sexualidade - o que o ensino de Sociologia/Ciências Sociais na Educação Básica tem a ver com isso?

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO A]

JORGE LUIZ ZALUSKIELENICE DE PAULA

O gênero em sala: análise de atividades feitas nas aulas de Sociologia em Guarapuava-PR e as contribuições para o ensino

GABRIELA GARCIA SEVILLA

Gênero e sexualidade nos livros didáticos de Sociologia: encontros e desencontros

IZABELLE DE PAULA BRAGA MENDONÇALILIAN RODRIGUES DA SILVATHACYMARA GOMES FILGUEIRA

Necessidade de trabalhar gênero e sexualidade no currículo de Sociologia

PAULA LEONARDISANDRA UNBENHAUMMARIA JOSÉ ROSADO NUNES

Gênero, feminismos e cidadania nos Cadernos do Professor de Sociologia do Ensino Médio do Estado de São Paulo

VINÍCIUS PASCOAL EUFRAZIO SAMANTHA SUENE DE ABREU LEITE VIVIANE SIARLINE LUCENA FRANCISCA ERIKA LEAL LINHARES

Diversidade sexual na escola: homofobia, práticas discriminatórias e ações educativas

JOSYANNE GOMES ALENCAR ANTONIO LEONARDO FIGUEIREDO CALOU

Experiências do fazer docente: escolhas e decisões entre trabalhar com gênero e sexualidade no Ensino Médio

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48 | Anais do IV ENESEB

THAÍS KARWOWSKI JOÃO GABRIEL DE OLIVEIRA FERREIRA IAGO AQUINO SANTOS FERREIRA

Trabalhando gênero e sexualidade no Ensino Médio

VINÍCIUS GABRIEL DA SILVA MÓNICA LOURDES FRANCH GUTIÉRREZ

Educação e perspectivas de gênero: um estudo do ambiente escolar envolvendo questões de gênero e violência

FRANCISCO WERIQUIS SILVA SALES

“Desconstruindo preconceitos e cultivando o respeito”: as Ciências Sociais no debate sobre gênero e sexualidade no Ensino Médio

NAIARA FREIRE RIBEIRORAYSSA MORAES LEITE PINHEIRO

Bullying homofóbico nas escolas: omissão também é sinônimo de violência?

LUÍSA BONETTI SCIREA

Gênero, Educação e Sociologia: análise e reflexão acerca da abordagem da temática de gênero e sexualidade em aulas de Sociologia do Ensino Médio

EMÍLIA HALINE DUTRA MARISA NASPOLINI NATHÁLIA DOTHLING REIS

Projeto Papo Sério: abordagenssobre gênero e sexualidade na escola

STEPHANIE NATALIE BURILLE SILVANA MARIA BITENCOURT

Gênero, sexualidades e as aulas de Sociologia no Ensino Médio Cuiabano: o que as/os estudantes têm para nos contar

LIZA APARECIDA BRASÍLIOKARINA ALMEIDA DE SOUSA MARIA ALZIRENE RODRIGUES DE SÁ

Gênero e sexualidade: formação e práticas educativas do Pibid-Ciências Sociais

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 49

PATRICIA SCHONSLEANDRA BATISTA DE AZEVEDOTÂNIA WELTER

Ciências Sociais, gênero e sexualidade na Educação Básica

FÁTIMA IVONE DE OLIVEIRA FERREIRA

A contribuição da Sociologia para a construção de uma política de gênero em uma escola de Educação Básica

ROSANGELA DE SOUSA VERAS

O compromisso de trabalhar a diversidade de gênero e sexual na Educação Básica

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO B]

RÔMULO GUEDES E SILVAJOSEMAR MEDEIROS DA SILVAALEXANDRE ZARIASPolíticas públicas para enfrentamento da violência contra a mulher em Pernambuco: modelo pioneiro para a discussão de gênero na escola

CAMILA SILVA MARQUESViolência contra a mulher: problematizando algumas questões fundamentais

TAIALA ÁGUILAN NUNES DOS SANTOSRITHIANE ALMEIDA SOUZASexualidade humana: do biológico ao social

LARISSA ARAÚJO SANTOSRAYSSA MORAES LEITE PINHEIROUm novo olhar para a prática docente

MARILÚ ANTUNES DA SILVAOSNÍ VALFREDOWAGNER TARCÍSIO ALFONSO WICKERTJovens estudantes de Ensino Médio e gêneros : uma análise da identidade de estudantes lésbicas

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50 | Anais do IV ENESEB

JOSÉ MIRANDA OLIVEIRA JÚNIORNÚBIA REGINA MOREIRA

A diversidade sexual em pauta no contexto escolar

MARIANA ALVES DE SOUSA HALLANNA GABRIELA DE LIMA

Discussões de gênero e a instituição escolar: influências do modelo tradicional na tentativa de implantação de desconstruções

LAIS MOURA PONTES RAFAEL HENDGES COUTINHO MARCELA AMARAL

Educação/orientação sexual do currículo à sala de aula

CÍNTIA DE SOUZA BATISTA TORTATOMARIA LUCIA BUHER MACHADO

Educação e diversidade como disciplina na licenciatura em Ciências Sociais

FRANCIVALDO ALVES DE SOUSA THAYNÁ SILVA ALMEIDA GRACE INÊS DO NASCIMENTO SILVA

Funk como canal de transmissão da voz subalterna

CLÁUDIA CHUEIRE DE OLIVEIRA NATHALIA MARTINS ROGÉRIO DA COSTA

Representações de discentes de licenciaturas de Universidade Pública a respeito do gênero na docência

LÍGIA WILHELMS ERAS

A condição feminina e a corporalidade adaptada no espaço acadêmico -escolar: interfaces com o ensino de Sociologia na Educação Básica

LÍVIA BENKENDORF DE OLIVEIRA

Os significados da escola para as mulheres trabalhadoras da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 51

KARINA ALMEIDA DE SOUSA MARIA LEAL PINTO MARCIA DE SOUSA

Mulheres: (re)construindo histórias”: o processo de construção e as representações sobre as identidades de gênero na região norte do Tocantins

PATRÍCIA BAPTISTA GUERINO

Currículo “sexual” oculto - reflexão sociológica a respeito de gênero em sala de aula

ADRIANA REGINA DE JESUS SANTOS HÉLIO JOSÉ LUCIANOLUANE BERTOLINO

Gênero e precarização docente sob a ótica dos discentes dos cursos de Ciências Sociais, Filosofia, História e Letras da Universidade Estadual de Londrina

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52 | Anais do IV ENESEB

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Lista de Trabalhos dos Gt’s | 53

GT 11 – A dimensão ambiental no ensino da sociologia e as experiências interdisciplinares

18 de julho de 2015 – sábado – 15h às 19h [SESSÃO ÚNICA]

RYLANNEIVE LEONARDO PONTES TEIXEIRAWENDELL MARCEL ALVES DA COSTA

Sociologia ambiental no Brasil: apontamentos sobre uma perspectiva teórica no ensino

MARCIELE CORRÊA PRISCILA CRISTINA SANTOS EVERTON PEREIRA LEITE

Ambiente e sociedade: um debate a partir do contexto de Fordlândia-Pará-Brasil

ANA CLAUDIA BATISTA SOUZA

Ecologia, Psicologia, Sociologia: uma abordagem interdisciplinar da Educa-ção Ambiental

VIVIANE BASSI DOS REIS MARQUES

Subsídios para projetos de educação ambiental com base em representações sociais de sustentabilidade

RODRIGO DA SILVA SOARES

Uma caminhada interdisciplinar: a experiência escolar do projeto re(vi)vendo êxodos no Distrito Federal

LEANDRO RAIZER

O ensino de Sociologia e a crise ecológica: um relato de experiência

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RESUMOS DOS TRABALHOS EM GTs

ObservaçãoNa edição dos textos dos resumos abaixo reproduzidos

foi mantida a redação original, conforme o envio dos autores.

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GT1 – O PIBID E A FORMAÇÃO DOCENTE EM CIÊNCIAS SOCIAIS: LIMITES E POSSIBILIDADES

Coordenadora: Rosângela Duarte Pimenta - Universidade Estadual Vale do Acaraú / UVA. E-mail: [email protected]

Vice-coordenadora: Marili Peres Junqueira - Universidade Federal de Uberlândia / UFU. E-mail: [email protected]

SESSÃO A – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

O PIBID NA ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS: ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E PRÁTICAS DOS LICENCIANDOS DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Mário Bispo dos Santos - UNB

Desde o início da década de 80, no contexto da abertura política, parlamentares, movimentos sociais, entidades sindicais e científicas já se mobilizavam para que a Sociologia fosse incluída como componente nos currículos do antigo 2º grau. Todavia, somente em 2008, a Lei 11.684 altera a LDB e a torna disciplina obrigatória. Esse novo status legal contribuiu para que seu ensino passasse a ser alcançado de forma mais sistemática pela política educacional do Governo Federal em programas como PNLD e o PIBID. Rosângela Pimenta (2013) nos lembra da feliz coincidência temporal conjugando o retorno pleno da disciplina à escola básica (2008) e a criação do PIBID em 2007. No caso da Universidade de Brasília (UnB), a adesão do curso de Ciências Sociais ao PIBID (2013) acontece no contexto de discussão da necessidade de reformulação da própria licenciatura. Objetivos: neste artigo, pretende-se mostrar os resultados de um estudo exploratório realizado na referida instituição sobre as representações sociais e práticas de licenciandos bolsistas e não bolsistas do PIBID na área de Ciências Sociais. Quadro teórico-metodológico: os dados foram obtidos por meio de questionários, grupos focais e observações e analisados com apoio de dois programas: EVOC e ALCESTE. Na análise dos dados, considerou-se as três hipóteses metodológicas propostas por Willem Doise. Ressalta-se que a referida proposição intenciona articular as construções teóricas de Pierre Bourdieu e Serge Moscovici numa abordagem societal das representações sociais. Assim, para Doise, é razoável supor que os atores pertencentes a um dado grupo ou envolvidos em um

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dado projeto, no caso o PIBID, não obstante, variáveis como posição institucional, gênero, formação e idade compartilhariam de referenciais comuns acerca do papel da Sociologia. Os referenciais constituiriam uma espécie de mapa ou campo comum ou jornal nos termos de Bourdieu, a partir do qual, eles podem seguir caminhos distintos e assumir diferentes posições. Desse modo, também é aceitável uma segunda hipótese de pesquisa: a existência de variações entre as posições dos atores ligados a um campo comum. Haveria uma terceira hipótese relativa à ancoragem das diferentes tomadas de posição: posição de classe, inserção política e experiências sociais que podem funcionar como moduladores das posições diferenciadas. Discussão: os resultados ainda que preliminares apontam que licenciandos bolsistas e não bolsistas convergem quanto à importância da Sociologia no Ensino Médio no processo de compreensão da realidade social. Porém, eles se diferenciam quanto ao papel do professor nesse processo. Os sujeitos do primeiro grupo tendem a acentuar a sua importância, enquanto no segundo grupo, há uma tendência a relativizá-la. Essas diferenças talvez estejam ancoradas em inserções e práticas pedagógicas na escola que acontecem por vias distintas: um grupo via PIBID e outro somente via Estágio Supervisionado. Podem estar ancoradas também nas condições epistemológicas sob as quais se desenvolve o curso de licenciatura em Ciências Sociais da Universidade de Brasília. Considerações finais: ressalta-se que o referido estudo constitui a primeira etapa de um projeto mais amplo de pesquisa de doutorado no qual, buscar-se-á verificar as concepções de licenciandos de diversas universidades sobre o papel da Sociologia no Ensino Médio e as possíveis influências do PIBID e do Estágio Supervisionado naquelas concepções. Nessa e nas demais etapas da pesquisa, com base nas contribuições Fernanda Sobral (2011), serão consideradas as condições epistemológicos de duas ordens. Condições relacionadas a aspectos macroestruturais, sócio-epistemológicos e externos ao processo de produção e ensino da ciência e as condições internas ao referido processo que se relacionam a fatores didático-epistemológicos de ordem mais microssociológica. No caso desse projeto, são elencadas como condições internas: as concepções e representações dos atores envolvidos com a execução do PIBID no interior das escolas e das universidades.

A PREPARAÇÃO DAS INTERVENÇÕES DOS BOLSISTAS DO SUBPROJETO PIBID CIÊNCIAS SOCIAS/UVA: UM OLHAR PARA AS PERFORMANCES, CONFLITOS E DEMAIS ESTRATÉGIAS DOS GRUPOS

Diocleide Lima Ferreira - UVA

O presente trabalho objetiva analisar as diversas performances dos bolsistas do subprojeto de Ciências Sociais do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA,na busca da construção de novas estratégias para a formação docente. Isto me ocorre por acompanhar o Programa de “perto e de dentro”, como bem dispôs Carlos Guilherme Cantor Magnani, enquanto Coordenadora de Área do referido subprojeto, o que me beneficia para o trato de uma espécie de etnografia do trabalho dos bolsistas. A ideia é descrever e analisar de forma cuidadosa a preparação dos trabalhos, mais conhecidos como intervenções na escolas

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parceiras do nosso subprojeto: como se organizam, o que levam em consideração para a organização das atividades, como elaboram os planos, como relacionam teoria e prática na escola básica e finalizar a análise com a culminância desse processo, que é a intervenção em sala de aula e sua avaliação. As intervenções sempre são momentos de tensão entre os/as bolsistas. Em alguns momentos chegam a gerar conflitos nos grupos, demonstrando que há entre alguns deles relações de hierarquia e também de apropriação da “boa vontade” dos que se destacam pelos que não “estão a fim de levar a coisa a sério”. Isso denota um campo misto de preocupação com a execução das atividades com a qualidade do trabalho e também do quantitativo de produtos a serem apresentados à CAPES nos relatórios semestrais e anuais. Seria essa preocupação a “encarnação” da lógica da competitividade, que de certa forma é travestida de melhoria na formação das Licenciaturas? O que leva um/uma bolsista a se destacar e em muitos casos, assumir papel de liderança num grupo?O que eles pensam do que fazem, parafraseando Clifford Geertz? A percepção inicial é a de que temos de pronto quem serão os melhores e os piores professores na Educação Básica com as performances que se nos apresentam. No entanto aproveito para refletir para além desse polo classificatório, que nivela profissionais e busco compreender como eles e elas (bolsistas) entendem esse processo e até que ponto encampam a ideia-propósito da formação com as suas próprias performances.

A CONTRIBUIÇÃO DO PIBID PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE E FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Marcia Rose Marques Umbelino - UFMSAline Chancare Garcia - UFMSDaniel Henrique Lopes - UFMS

O presente trabalho pretende relatar a experiência enquanto bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), Grupo Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grasso do Sul (UFMS/CPNV), sobretudo no que diz respeitoa suarelevância no processo de formação de professores. Assim, serão debatidas as contribuições do Programa para a inserção participante dos acadêmicos da graduação no campo da educação básica, de modo a problematizar a construção da identidade docente na área de Ciências Sociais. A participação no PIBID tem apresentado uma série de avanços e desafios no processo de formação inicial. Todavia, tal possibilidade contribui de maneira significativa para a futura atuação profissional, tendo em vista que antecipa experiências que seriam vivenciadas no início da docência e de maneira isolada. Nesse sentido, a ação no PIBID torna possível, ao propiciar o diálogo entre discentes do ensino superior, professor supervisor e coordenador de área, que os desafios sejam analisados e superados coletivamente e por meio da ação/reflexão/ação. Assim, o Programa tem proporcionado uma visão ampla do que é ser professor de Ciências Sociais, evidenciando a prática docente em sua amplitude e diversas dimensões: política, técnica e didática. Como bolsistas do PIBID Ciências Sociais da UFMS, se torna possível participar ativamente das atividades da escola, como, por exemplo: preparar e executar

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aulas e avaliação, conselho de classe, formação continuada em serviço, feiras de ciências, preenchimento de livros e diários, oficinas de sociologia, elaboração de jogos didáticos, dentre outras. Portanto, por meio da interação constante com o ambiente escolar e da identificação, análise e intervenção assistida em situações próprias do processo de ensino e aprendizagem, bem como da consequente ampliação da autoestima que o graduando apresenta em relação à Licenciatura, o PIBID vem contribuindo para o avanço e aperfeiçoamento da formação de professores para a educação básica, o que historicamente tem sido pensado como algosecundário dentro dos Cursos de Ciências Sociais no Brasil.

CONSCIÊNCIA SOCIAL E SUSTENTÁVEL:UMA DISCUSSÃO A PARTIR DAS AULAS DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Everton Pereira Leite - IFPRRicardo A. C. Rodrigues - IFPROsmar Junior Salgado - IFPR

Esta comunicação é fruto de um trabalho que vem sendodesenvolvido pelos acadêmicos do curso de Ciências sociais do IFPR, participantes do Programa PIBID.A partir deste foi possível o acesso à escola para que pudéssemos compreender os limites e as possibilidades para o ensino de sociologia no ensino Médio. Neste trabalho, a proposta é relatar as experiências obtidas a partir do contato com o Professor da disciplina de sociologia e os alunos do 1° ano do ensino médio,da Escola Cidália R.Gomes.A partir dos diálogos em sala de aula e partindo do pressuposto das atividades didáticas, discutiu-se a necessidade de intervir nas aulas de sociologia para que o aluno venha refletir o ambiente no qual estão inseridos, buscando refletir a relação sociedade x natureza na busca de amadurecer uma consciência social para uma sociedade sustentável,focamos na reciclagem de resíduos sólidos.A abordagem metodológica para concretização desde trabalho seguiu a perspectiva de unir o conhecimento sociológico e ambientais para despertar uma imaginação sociológica com os alunos que moram na Ilha do Valadares.Realizamos com os alunos um trabalho de campo in loco.Ele foi fundamental para que pudéssemos observar a realidade local,os conflitos socioambientais e comparar com outra realidade possível.Também utilizamos o livro didático,filmes,entre outros,possibilitando aos alunos um conhecimento prévio sobre o tema, sustentando-os de forma teórica para então conhecerem a associação Nova Esperança, a qual trabalha com a reciclagem de resíduos sólidos naquele ambiente.A partir do contato dos alunos com as pessoas que trabalham na associação, eles puderam compreender o resultado do consumo exacerbado pelo homem.Durante o contato foram feitas diversas perguntas, gravações de áudio e vídeo para uma rediscussão do assunto e posteriormente a socialização dessa experiência com a comunidade escolar e o entorno.Os conteúdos aplicados em sala de aula, sobre o consumo sustentável x degradação do meio ambiente resultou em uma aula de campo em concordância com os alunos. Estas prática atrela-se a ideias de autores como Moran (2006),ao afirmar que uma educação inovadora [...] o conhecimento integrador e inovador, o desenvolvimento da

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autoestima e do autoconhecimento, a formação do aluno-empreendedor e a construção do aluno-cidadão são indispensáveis.As práticas pedagógicas iniciaram com a discussão de uma “transição” da sociedade tradicional para uma sociedade moderna.Vimos como a sociedade começou a pensar no progresso o que desencadeou no surgimento das indústrias, das máquinas, da produção,do consumo e das consequências desse crescimento desenfreado, o capitalismo é a força motriz. A saída de campo integrou a realidade ao conhecimento teórico.Nosso propósito foi despertar uma consciência ambiental,em síntese“Para compreender as modificações de muitos ambientes pessoais,temos a necessidade de olharmos além deles.” (MILLS,1975).Considerando a experiência em sala de aula, proporcionada pelo programa PIBID, pudemos conhecer os limites e as possibilidades da prática pedagógica do ensino de Sociologia no ensino Médio, em nosso caso constatamos a partir do desenvolvimento do tema Reciclagem,assim, pela nossa experiência incipiente. Conclui-se que o professor deve buscar ferramentas diversas, métodos que sejam possíveis esclarecer teorias afim de que o aluno possa ter uma consciência crítica do meio em que vive, podendo intervir na sua realidade,ou seja,ser sujeito de seu próprio destino.

MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE SOCIOLOGIA: EXPERIÊNCIAS NA PERIFERIA LUDOVICENSE

Cássia Ferreira de Oliveira - UEMAGeysa Fernandes Ribeiro - UEMA

Este trabalho pretende discutir a atuação da agente-pibidiana enquanto mediadora pedagógica no ensino de Sociologia. Agente-pibidiana, aqui, refere-se a cada bolsista do Pibid de Ciências Sociais/UEMA (15 alunas) que atuaram no Centro de Ensino Médio Cidade Operária I (CEM I) e Escola Paulo VI, escolas públicas localizadas no bairro Cidade Operária, periferia da cidade de São Luís/MA. Trataremos de problematizar nesse trabalho a experiência próxima (GEERTZ, 2012) dos integrantes da comunidade escolar que estivemos inseridas ao longo desses 12 meses de docência compartilhada junto à nossa supervisora do Pibid – professora de Sociologia desde o final de sua graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão –, ou seja, o que a escola e o Estado facilmente elaboram sobre a (des)importância do ensino de Sociologia na educação básica. Faremos também (breves) etnografias sobre a prática docente, situando o nosso lugar de fala e maior desafio: produzir saberes em uma escola pública da periferia ludovicense. Os objetivos desse trabalho são além de analisar as formas de interação produzidas no ambiente escolar, expor as nossas experiências na realização de algumas atividades feitas em sala de aula, como a confecção de cartazes na turma de 1º ano do CEM I e a partir daí analisar o modo como os alunos se relacionam, comportamento e desempenho nas atividades de Sociologia. A abordagem metodológica que utilizamos para a elaboração desse trabalho foi a etnografia e na prática docente utilizamos a pedagogia histórico-crítica (GASPARIM, 2002) que consiste em uma teoria dialética de construção do conhecimento. Essa teoria discute os caminhos percorridos para tornar a aprendizagem significativa, relacionando o

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conhecimento espontâneo que o aluno traz à sala de aula ao conhecimento científico trazido pelo professor. A observação situada (GEERTZ, 2012) foi a técnica de coleta de dados utilizada para elaboração desse trabalho. A prática docente do ensino de Sociologia além de revelar a Sociologia como uma disciplina complementar revelou as fronteiras do fazer pedagógico, aquilo que Althusser (1974) já havia dito, classificando o sistema educacional como um Aparelho Ideológico do Estado, logo, que funciona pela repressão (violência) e pela ideologia, ou seja, um duplo funcionamento, massivamente ideológico e secundariamente repressivo, mesmo que de forma atenuada, dissimulada ou até simbólica, onde a escola “educa” por meios de sanções, exclusões, de seleção, etc. Desse modo, o que o nosso olhar de cientista social, atuando na docência de sociologia da educação básica, pública e de periferia, revelou foi aquilo que Bourdieu (2013) já havia dito sobre o sistema de ensino, como o reprodutor da estrutura das relações de força e simbólicas que distribui o capital cultural entre as classes. Diante disso, recorro ao que Freire (1987) pontuou quando se propôs escrever sobre a pedagogia do oprimido: “Quem melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora?”. As fronteiras do fazer pedagógico são palpáveis do ponto de vista da execução dos projetos que planejamos/planejávamos fazer. Porém, como afirmou Freire (1987) é preciso que haja “mãos humanas, que trabalhem e transformem o mundo”.

PIBID NAS ILHAS: DA ORGANIZAÇÃO DE UM TRABALHO INCIPIENTE AOS DESAFIOS DA PROPOSTA

Antonio Marcio Haliski - IFPR

O trabalho visa trazer para o debate os desafios e perspectivas do desenvolvimento do Pibid nas ilhas do litoral do Paraná, especificamente, em uma escola na ilha do Va-ladares, duas escolas na Ilha do Mel e uma na ilha do Superaguí. Para tanto, parte-se da descrição da proposta deste projeto, iniciado em março de 2014, passando pelas características gerais das escolas/comunidade, até chegarmos ao estágio atual que nos encontramos. No artigo faz-se uma análise do trabalho desenvolvido pelos coordena-dores, supervisores e bolsistas do projeto. A ideia consiste em trazer a tona questões relativas à organização do trabalho e desenvolvimento do mesmo nas escolas, para tanto, emergem questões centrais como a necessidade de um (re)planejamento constante de atividades/ações, a construção de uma agenda de atividades/trabalhos que propiciem o desenvolvimento do projeto PIBID e ao mesmo tempo a dinâmica “natural” da escola que o aluno bolsista atua, a transitoriedades dos bolsista, bem como os seus afazeres no ensino superior e, como elemento chave, o entendimento da realidade que a escola esta inserida. Este ultimo quesito exige um grande esforço coletivo e tem como proposito mostrar que a escola pertence a uma realidade socioeconômica e ambiental que deve estar presente na sala de aula, via planos de ensino e Projeto Político Pedagógico (PPP). O desafio é o desenvolvimento de uma horizontalidade de saberes e praticas nas rela-ções universidade-escola-comunidade, pois a comunidade deverá participar ativamente na escola, ou seja, mostrar que a comunidade é a escola e não somente o lócus da escola.

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Os saberes vernaculares ganham espaço/notoriedade. Por isso as danças, como o fan-dango caiçara, usos dos recursos naturais, praticas de pesca, construção de instrumen-tos como a rabeca (instrumento musical), embarcações, comidas típicas, produção de alimentos, entre outros, são trazidos para a escola, ou melhor, servem para “inserimos” a escola de fato na comunidade. É uma proposta desafiadora, já iniciada por nós, e que encontra eco em varias partes da América Latina, visto que evidencia um movimento de (re)construção de currículos escolares/universitários que buscam dar um sentido a educação, qual seja, trata-la enquanto bem comum a serviço de todos.

A INFLUÊNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA

Gerônimo de Paiva Silva - UERN Izabelle de Pula Braga Mendonça - UERN

O presente artigo tem como objetivo principal diagnosticar o papel de construção que o PIBID proporciona para as novas gerações de professores e alunos das Ciências Sociais, bem como saber como o mesmo contribuiu e ainda contribui durante a fase de discente e posteriormente na condição de docente de Sociologia a fim de refletirmos qual a maneira adequada de utilizar esse programa educacional para um aprimoramen-to e desenvolvimento dos métodos educacionais, com vistas ao aperfeiçoamento do ensino de Sociologia. O Programa de bolsa de iniciação a docência – PIBID/Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN, tem como desa-fio compreender a maneira que o futuro profissional (graduando) tem se inserido na realidade escolar, como tem vivenciado a superação dos problemas no processo ensino-aprendizagem e como tem buscado soluções científicas, pedagógicas e metodológicas para tornar a Sociologia um conhecimento mais atrativo, que busque a interação dos alunos. Tendo em vista que se devem ampliar as possibilidades de inserção dos saberes das Ciências Sociais nos níveis de formação básica. Através de entrevistas e relatos orais realizados com ex-bolsistas – PIBID/Ciências Sociais e atuais professores, supervisores institucionais e discentes iniciantes na graduação e no PIBID, fizemos uma compara-ção dos aprendizados e expectativas dos alunos e professores que mantiveram um elo participativo no programa durante a sua graduação a fim de compreendermos a con-tribuição do programa na construção e fortalecimento do ser docente de sociologia. Observou-se com isso que o programa faz parte de um processo prático educacional antes/pós-carreira docente, e apresenta uma grande importância para uma maior iden-tificação com a profissão da docência relacionada à área da Sociologia. O desempenho profissional de quem passou pelo PIBID se mostra mais desenvolvido, de forma que as experiências trocadas e absorvidas dispõem de uma grande carga de conhecimento contextualizado, oferecendo um aprofundamento prático na docência. A partir dos re-sultados, consideramos que ser um agente mediador de novas práticas e conhecimentos na vida do profissional das Ciências Sociais deverá ser, portanto, estratégia principal do PIBID Ciências Sociais/UERN.

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O PAPEL DO PIBID-SOCIOLOGIA/UFPI NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES DOCENTES

Bruna Karine Nelson Mesquita - UFPI

O presente trabalho aborda uma reflexão sobre o processo da formação de profes-sores e o ensino de sociologia na educação básica. Propõe-se, neste trabalho, discutir os modelos de formação de professores em Ciências Sociais a partir do Programa In-stitucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), com o intuito de articular as questões no tocante à formação dos professores com os desafios postos à licenciatura em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Piauí, ante ao ensino de Ciências So-ciais na educação básica. Em função da importância que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) vem ganhando, desde a sua implantação pela CAPES, em 2007, em prol da melhoria do ensino na educação básica, teve interesse nesta pesquisa de investigar as compreensões e os significados do programa, pela ex-ecução do subprojeto de Sociologia, da Universidade Federal do Piauí e as implicações do mesmo para a construção de saberes docentes na formação de professores de Socio-logia. A pesquisa realizada priorizou uma abordagem qualitativa, e as fontes de infor-mações foram os documentos públicos sobre o PIBID (Edital MEC/CAPES/FNDE), subprojeto de Sociologia do PIBID-UFPI, e entrevistas com quatro licenciados, agora professores da educação básica, que participaram do primeiro subprojeto de Sociologia como bolsistas. Através da análise das entrevistas foi possível compreender e refletir sobre a importância do PIBID na resignificação da formação inicial de professores de Sociologia. Também foi possível discutir sobre suas limitações a partir da dinâmica das ações desenvolvidas no subprojeto. E ainda constatar que o subprojeto de Sociologia da UFPI contribuiu para a construção dos saberes docentes (curriculares e pedagógicos), e do professor pesquisador. Neste sentido, além de promover a melhoria da formação inicial, o PIBID-SOCIOLOGIA/UFPI também contribuiu para a formação continu-ada, por meio de momentos de reflexão, pelos professores da educação básica, sobre novas abordagens para o ensino de Sociologia, que possibilitou a melhoria da prática pedagógica e consequentemente do seu ensino nas escolas da educação básica.

A CONTRIBUIÇÃO DO PIBID PARA A FORMAÇÃO DO DOCENTE EM CIÊN-CIAS SOCIAIS E PARA A PESQUISA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Ruana Castro Mariano - UFRRJ / UNIFESPNalayne Mendonça Pinto - UFRRJ

Esse trabalho se propõe a analisar quais são os caminhos enveredados pelos bolsistas do PIBID durante a execução dos projetos do programa e quais os impactos que essa experiência tem em suas formações não apenas como estudantes de Licenciatura, mas também como futuros docentes e pesquisadores em potencial. A proposta é PIBID como o programa trouxe diversas inquietações e questionamentos que permitiram um maior aproveitamento do curso de graduação e da formação profissional do graduando

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como docente e quais as possibilidades que ele pode alcançar como pesquisador. Desse modo, o objetivo desse trabalho é pensar como foi o processo de construção de saberes e práticas acadêmicas a partir da experiência do PIBID, apresentando quais os desa-fios enfrentados pelos bolsistas durante a execução dos projetos e quais os frutos essa vivência também proporcionou. O PIBID é um programa pensado para incentivar os alunos da Licenciatura a se manterem na área da educação e formar novos quadros de educadores e pesquisadores da área, entretanto não é possível afirmar categoricamente como essa vivência se dá pela perspectiva dos estudantes, quais são os impactos na vida acadêmica e profissional do mesmoe os desafios que a carreira docente traz consigo. Assim a proposta é pensar através dos relatórios oficiais da CAPES e pela perspectiva dos bolsistas quais são os questionamentos trazidos durante o projeto e como influencia diretamente a formação do bolsista e como as práticas do PIBID possibilitaram isso. O diferencial dessa análise é o fato de que os relatórios oficiais da CAPES não incluem quais são as perspectivas dos bolsistas enquanto agentes participativos e quais os traje-tos percorridos por eles até se tornarem parte das estatísticas como objetivo final do programa. Esse quadro torna mais do que necessário o conhecimento acerca de como essas influências foi impactante nas trajetórias dos estudantes que foram bolsistas do PIBID e como os mesmos seguiram - ou não - a proposta que a CAPES pensou após a implementação dessa política no ensino superior. A principal problemática a ser tratada nesse trabalho é trazer a tona literalmente os “Limites e possibilidades” que o programa proporciona para o bolsista, apresentando além dos índices oficiais de desenvolvimento escolar as questões internas a execução do projeto como política pública voltada para fomentar a educação básica.

SELEÇÃO DE BOLSISTA DO PIBID DE SOCIOLOGIA: DÚVIDA CRUEL! QUE TALENTO TENHO?

Adriano Maia Jucá - UFC

Quando um indivíduo participa de seleção para uma função, cargo ou mesmo em-prego, sempre existem etapas no processo seletivo. A entrevista pode ser uma etapa que varia de fácil até difícil ou mesmo complicado se houver perguntas ligadas a si próprio. Partindo do fato de que as pessoas, em muitos casos, não são capazes de reconhecer valores e qualidades em si mesmas. Este trabalho tem como objetivo analisar de modo reflexivo as questões ligadas às habilidades e/ou talentos individuais, reconhecidos ou não, pelos bolsistas do PIBID de Sociologia da UFC, durante a seleção de bolsista, no período que compreende os semestres de 2014.1, 2014.2 e 2015.1, quando ocorreu seleção para este PIBID. As propostas de ações para o Subprojeto de Sociologia apre-sentada a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) (conforme o item 4.4 do Edital nº 61/2013), as quais norteiam as atividades desen-volvidas neste PIBID para o projeto atual, requerem do bolsista competências para execução das atividades. Neste caso, os talentos individuais podem ser considerados um diferencial. A partir da categoria de habitus e também capital simbólico (BOUR-DIEU, 2005 & 2007), demonstraremos o que o PIBID de Sociologia anseia do bolsista,

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assim como que tipo de expectativas o bolsista tem em relação ao PIBID de Sociologia. Analisaremos os capitais (sociais, culturais, intelectuais, etc.) acumulados durante sua vida do bolsista, a qual viabiliza um olhar sobre como os talentos são construídos e reconhecidos, durante o processo de acumulação de capital simbólico. Embasado no relato dos bolsistas, através de entrevistas semiestruturadas, referente ao processo sele-tivo para o programa, analisamos o discurso que cada sujeito demonstra referente a seus talentos, que foram objeto de análise durante a entrevista. Qual a importância do talento para o PIBID? Como assim que talento tenho para o PIBID? O que seria esse talento? São perguntas comum a alguns participantes do processo, o que demonstra um deficit em reconhecer um potencial talento presente no indivíduo. Assim como a ausência no reconhecer talentos, o contrário também acontece e neste contexto a dúvida é que talento escolher ou mencionar, pensando se é ou não é válido apontar uma ou outra característica como um talento, sendo em certa medida um diferencial. Por exemplo, um bolsista tem uma habilidade para o desenho, outro para fotografia, etc. Essas competências são construídas e podem ser uteis para o programa, através de ofi-cinas, intervenções artísticas, na organização de espaços para atividades, entre outras. Cada indivíduo tem potenciais presentes em si mesmo, e em muitos casos toda a essa capacidade em potencial é descartada por ele próprio, reconhecida por outros, porém os que são os revelados ou demonstrados, serão mencionados aqueles que permanecem ocultos continuaram ocultos, se o indivíduo não se dispor a desocultá-lo.

O PROGRAMA PIBID NO PROCESSO DE FORMAÇÃO INICIAL: A CONSTITUIÇÃO DE UMA IDENTIDADE DOCENTE

Emannuella Santana Vieira - UFPERosane Maria da Silva Alencar - UFPE

O presente trabalho apresenta o projeto de pesquisa no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco sobre o processo de formação inicial nos cursos de licenciatura com o foco no processo de socializa-çãoprofissional docente ofertada pelo Programa PIBID. Pensando sobre esse processo formativo em uma profissão que apresenta o seu status social desvalorizado, por sua má remuneração, problemas de estrutura e organização da educação pública nacional; e a disciplina Sociologia que retorna aos componentes curriculares nacionais do en-sino médio em 2008, como disciplina obrigatória, mas que pela intermitência de sua presença na educação básica não possui professores com formação em Licenciatura em quantidade suficiente para suprir a demanda nas escolas; problema este que não é exclusividade da Sociologia e, sim devido um grande déficit nacional de professores nas diversas disciplinas. Em 2010 é implantado o Programa Institucional de Bolsas de Ini-ciação à Docência nos diversos cursos de Licenciatura nos Institutos de Ensino Superior como um momento diferenciado na formação inicial dos futuros docentes. Estando o PIBID de Sociologia inserido no processo de formação inicial dos bolsistas, futuros professores de Sociologia, como um momento diferenciado, nos perguntamos de que forma, a partir das atividades desenvolvidas pelo programa se dá o processo de consti-

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tuição de uma identidade profissional docente?O principal objetivo da pesquisa con-siste em analisar o processo de formação profissional oferecido pelo PIBID Sociologia UFPB para a constituição de uma identidade docente. A fim de identificar as concep-ções sobre identidade profissional docente nos documentos oficiais do Programa PIBID e dos elaborados pelo PIBID Sociologia UFPB, bem como analisar as concepções de ensino de Sociologia e da docência; e o processo de socialização profissional dos sujeitos participantes da pesquisa. O PIBID de Sociologia poderá então contribuir para o apro-fundamento dos conhecimentos teóricos sobre o próprio conteúdo das Ciências Soci-ais, e nos conhecimentos práticos que envolvem a prática pedagógica necessárias para futura atuação docente no ensino médio. Como se trata de um momento diferenciado na formação que o PIBID proporciona, podem assim, os bolsistas participantes, terem a oportunidade de antecipar e vivenciar as práticas que compõem o arcabouço de con-hecimentos utilizados na profissão docente.A teoria escolhida parte da perspectiva do interacionismo simbólico e como categoria analítica a interação social entre os sujeitos que compartilham processos mediados simbolicamente.Os conceitos de socialização profissional apresentada por Hughes e Dubar, identidade em Strauss, formação profis-sional em Tardif e trajetória social por Dubar com base na teorização da Sociologia das Profissões e sobre a formação docente com foco na formação inicial. Para a coleta de dados foi escolhida a observação participante, de cunho etnográfico, com a composição de diário de campo e videografia das reuniões do grupo, com realização de entrevistas com os coordenadores e supervisores do grupo; e da aplicação de questionários no início e no fim do semestre com os bolsistas. Para a análise dos dados foram escolhidas a análise de conteúdo e da análise conversacional. A pesquisa encontra-se em andamento.

AS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PIBID CIÊNCIAS SOCIAIS E OS LIMITES DA CONDIÇÃO ACT

Rafael Fernando Lewer - UFFSTânia Welter - UFFS

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência, coordenado pela profes-sora Dra. Tânia Welter, foi o primeiro projeto na área de formação docente no curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó, que ocorreu entre o ano de 2012 e 2013. O projeto contou, desde seu início, com a participação de 13 estudantes do curso na modalidade de bolsistas, que desen-volveram atividades na Escola de Educação Básica Marechal Borman, localizada no mu-nicípio de Chapecó/SC, sob a supervisão do professor de Sociologia Tarcísio Brighenti. Sendo que participei do PIBID apenas no ano de 2013. Tendo como objetivo a formação dos bolsistas para a iniciação à docência, para conhecer e compreender o espaço escolar, bem como experimentá-los, foram planejados e desenvolvidas atividades de diversas modalidades na escola. Essas atividades variaram entre estudos de documentos e leitu-ras dirigidas e aplicabilidade de oficinas, projetos, e aulas propriamente ditas. Essas experiências no projeto possibilitaram reflexões acerca dos limites e possibilidades na

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atuação enquanto professor de Sociologia no Ensino Médio, além de permitir uma am-pla discussão sobre o currículo da disciplina na escola, e em quanto a Sociologia pode se tornar uma disciplina que trabalhe na perspectiva de emancipar os estudantes através da formação crítica. Muitos dos bolsistas iniciaram seus trabalhos no magistério em es-colas públicas estaduais a partir do ano de 2013 na modalidade de ACT – Admissão em Contrato Temporário. Eu iniciei minhas atividades no magistério no ano de 2015, na Escola de Educação Básica Lídia Glustak Remus, localizada no distrito de Alto da Serra no município de Chapecó, SC, ministrando as disciplinas de Sociologia e Filosofia, am-bas para o Ensino Médio. Com o PIBID obtive uma formação sobre a prática docente e as possibilidades de atuação pedagógica, além de uma profunda reflexão acerca dessas práticas, percebi que a disciplina de Sociologia pode e deve ser uma disciplina emanci-patória, porém, ao encarar uma nova realidade, me deparei com uma estrutura rígida e de poucas possibilidades, que mantém os servidores do magistério sob correntes, impedidos de desenvolver dentro da escola quase que qualquer uma das alternativas trabalhadas no PIBID sem alguma adaptação para a sala de aula. Essa comunicação tem por objetivo então, relatar algumas atividades desenvolvidas no projeto PIBID e os lim-ites para a realização da mesma enquanto ACT, e apresentar algumas reflexões sobre a condição engessada em que aparece o quadro do magistério estadual determinada pela estrutura educacional no Estado de Santa Catarina.

SESSÃO B – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

O PIBID COMO EXPERIÊNCIA SOCIAL: CONTINUIDADES E RUPTURAS ENTRE O DISCURSO OFICIAL E AS SOCIABILIDADES

Alef de Oliveira Lima - UFCHarlon Romariz Rabelo Santos - UFC

A proposta deste trabalho é analisar como o Programa Institucional de Bolsas de Ini-ciação à Docência (PIBID) pode ser constituído enquanto experiência social, usando o conjunto de resumos submetidos no contexto do III Encontro Nacional sobre o Ensino de Sociologia na Educação Básica (ENESEB): Juventude e Ensino Médio, que ocorreu na cidade de Fortaleza/CE, em junho de 2013. O aporte metodológico constituiu-se de um mapeamento dos resumos citados, com o intuito de uma construção tipológi-ca, utilizando-se da análise de conteúdo como técnica principal. Esta metodologia foi complementada pelos registros do diário de campo dos autores (ambos pibidianos), feito durante o período de setembro de 2014 a janeiro de 2015, objetivando assim uma maior problematização do objeto. Os resultados iniciais apontaram para três tipologias sobre o Programa e sua forma de atuação: a) o PIBID como espaço propiciador das práticas de pesquisa, cumprindo uma função contextual; b) elemento sintético, que facilita a junção entre teoria e prática; c) objeto pedagógico, que se limita investigar a prática docente e seu impacto no ambiente escolar, desconsiderando os processos de

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socialização dos bolsistas. Percebeu-se que em nenhuma das três categorias o Programa é abordado enfatizando as sociabilidades construídas ao longo da trajetória dos pibidi-anos. Ao contrário, constatou-se a sobreposição muito simétrica entre os resumos e os objetivos postos no discurso oficial do Projeto. Logo, é necessário compreender de que forma o PIBID se torna uma experiência social no sentido concebido pelo sociólogo François Dubet. Afinal, é a partir do momento em que o bolsista tem um panorama de seu percurso e de como este último foi significado por laços, contatos sociais e práticas de compartilhamento que podemos vislumbrar uma maior consciência da profissão docente e de que modo ela é influenciada pelo Programa.

O ENSINO DOS AUSENTES: EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO SOB A PERSPECTIVA DA SOCIOLOGIA

Felipe de Oliveira e Silva - UFULucila Ricci Viganó - UFUThiago Vargas Castilho - UFU

O presente trabalho é fruto de pesquisa desenvolvida pelo PIBID - Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia e versa sobre a questão da evasão escolar no período noturno numa escola estadual do município de Uberlândia e como o PIBID contribui para a formação docente que irá lidar com essa situação.Uma das escolas em que o PIBID – Ciências Sociais atua é a Escola Estadual do Parque São Jorge, também conhecida como “Cadeião” e foi escolhida para compreendermos a questão da evasão escolar e como o professor deve lidar com esse cenário.Para tanto, foi necessário levan-tar a situação da evasão escolar ao tentar responder as indagações iniciais: “Há evasão escolar significativa na escola?”, “Em comparação com a realidade brasileira, a evasão é alta?”, “Qual o principal motivo dela acontecer?”, “Como deve agir o professor diante de tal realidade?”. A partir dessas indagações, a hipótese levantada é de que “Existe uma evasão escolar significativa na escola, que segue a tendência da evasão escolar brasileira que ocorre em razão do desinteresse pela educação em geral, e que a única alternativa do educador é de seguir o planejamento escolar ‘à risca’”. Levantamos a hipótese ini-cial por considerar que a desvalorização da educação e a questão da evasão escolar no ensino noturno é um dos problemas mais evidentes na educação brasileira, posto que a presença intermitente dos estudantes no ambiente escolar enfraquece os vínculos necessários para uma boa educação e desenvolvimento, ao passo que coloca em xeque o planejamento obrigatório da disciplina exigido pela Secretaria de Educação.Para te-star a hipótese,definiu-se um espaço amostral por método não probabilístico, sendo composta pelos alunos da Escola Estadual do Parque São Jorge dos anos de 2013 e 2014, especificamente do período noturno. Uma amostra secundária, a título de com-paração, foi extraída do período diurno. Valemo-nos da análise estatística descritiva que nos evidenciou uma tendência e perfil dos estudantes que se encontram em situação de abandono escolar. Contudo, apenas os aspectos quantitativos não foram suficientes para responder à realidade estudada. Por meio do trabalho de campo, coletou-se a percep-ção de alunos em situação tendenciosa ao abandono. Dessa primeira etapa, comprovou-

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se que a hipótese inicial estava parcialmente correta. Observou-se que há uma situação de evasão escolar preocupante na escola estudada e que ela segue a tendência brasileira. Todavia, ela foi refutada pela segunda etapa: como o professor lida com essa situação. Para a segunda etapa, observou-se que a prática didática adotada não é a de seguir es-tritamente o conteúdo programático. Dada a situação de sala parcialmente vazia e de alunos cuja frequência é intermitente, outros métodos precisavam ser utilizados para o bom andamento do processo de ensino aprendizagem. Observou-se que a prática do diálogo, aulas lúdicas ou que envolvam materiais midiáticos que os alunos tenham acesso em outros horários se mostrou a alternativa mais adequada para manter as aulas de sociologia fluindo. Assim, no processo de construção teórica da realidade social da educação, e do ensino de sociologia, é que o PIBID contribui diretamente para a for-mação do professor ao adiantar o choque/contato do estudante com a realidade escolar, apresentando e preparando o futuro educador a como lidar com formas alternativas de ensino quando a realidade educacional é de abandono e de ausência.

A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZA-GEM: DISCUTINDO AS TEORIAS DE VYGOTSKY ACERCA DO ENSINO DE SO-CIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Anna Paula Ribeiro Maia - UNESPMaria Valeria Barbosa Veríssimo - UNESP

O presente texto apresentará parte do trabalho desenvolvido pelo projeto PIBID/Socio-logia/Marília, na Escola Estadual “Professor Baltazar Godoy de Moreira”, na cidade de Marília – SP. Este trabalho ocorreu, por meio de atividades com alunos do primeiro ano do Ensino Médio com base na Teoria Histórico-Cultural, durante as aulas de Sociologia, no qual, foram utilizadas metodologias de ensino e materiais didáticos desenvolvidos previamente pelo próprio grupo, e que servem como complemento aos Cadernos de Sociologia da SEE/SP. Objetiva-se problematizar uma experiência em sala de aula que nos permitiu pontuar o papel do professor como mediador e peça fundamental para a potencialização da ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal) definido por Vigotsky, em que se destaca a importância da atuação do professor na garantia da construção do conhecimento científico como condição e alavanca do desenvolvimento humano. Para a realização da atividade em sala, foi proposto que os alunos montassem um cartaz para uma exposição, composto por uma charge sobre o período do Golpe Civil-Militar e uma análise crítica acerca da referida charge, tendo como base um texto didático e teórico desenvolvido pelo grupo sobre o período. A partir da concepção de Vygotsky foi possível entender o conceito de aprendizagem mediada, que diz respeito à aquisição de conhecimentos através de um elo entre o ser humano e o ambiente. Aplicando os referidos conceitos à prática educacional, foi possível atribuir grande importância na relação professor-aluno, colocando o professor como aquele que exerce o papel do mediador mais importante, pois aproxima o aluno e o conteúdo trabalhado em sala de aula. Ou seja, faz a ponte entre o conhecimento que será adquirido e o que o aluno já conhece, colocando-o como capaz de descobrir e compreender novos conhecimentos.

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A atividade de análise crítica das charges nos possibilitou observar claramente a (ZDR) Zona de Desenvolvimento Real e Proximal dos alunos. Além disso, essa atividade nos proporcionou apropriarmo-nos, como alunos de graduação no processo de iniciação à docência, do papel de mediação, auxiliando os alunos na construção do pensamento mais elaborado, que posteriormente pôde ser objetivado nos diferentes materiais pro-duzidos. A atividade de análise crítica expõe a apropriação de conceitos sociológicos e a construção do pensamento abstrato dos alunos cuja atividade foi desenvolvida, bem como a desnaturalização da realidade social em que vivem. Para nós, bolsistas do PIBID, a atividade proporcionou uma oportunidade de apropriação do papel de mediador, a fim de potencializarmos as Funções Psíquicas Superiores dos nossos alunos.

PIBID/MARÍLIA: O FOCO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR-PESQUISADOR

Letícia Bernal Martins - UNESP Sueli Guadelupe de Lima Mendonça - UNESP

O trabalho tem como objetivo discutir o processo de formação dos graduandos e futuros docentes e a contribuição do projeto PIBID em aperfeiçoar a formação dos docentes. A discussão articula teorias estudadas nas disciplinas de licenciatura e nas reuniões teóricas do projeto com as práticas pedagógicas e a vivência na escola, re-fletindo sobre o papel do professor no ensino de Sociologia e sua importância dentro da escola.O objetivo do ensino de Sociologia no ensino médio é oferecer ao jovem instru-mentos teóricos para a desnaturalização e compreensão da realidade social, torna-se necessário a presença de um professor de Sociologia que ministre as aulas com o olhar crítico da sociedade, mas que adquira uma postura de cientista social dentro da escola. As relações e conflitos sociais que acontecem dentro da instituição escolar devem ser problematizados, além da própria escola. Essa função pode ser realizada pelo profes-sor de Sociologia, sem se desvincular do cientista social, que pode fazer da escola seu próprio campo de pesquisa, contribuindo para a melhoria da mesma.Os subgrupos - separados pelas escolas quais atuamdentro do grupo do PIBID-Sociologia, compostos de bolsistas graduandos, professor supervisor da rede pública e os professores da uni-versidade - reúnem-se uma vez por semana para fazer relatos de suas experiências den-tro da escola, programarem atividades para as turmas e fazerem estudos teóricos sobre o ambiente escolar ou qualquer temática que os guie para a prática na sala de aula. Com essa troca de conhecimentos e reflexões levantadas nas reuniões semanais, percebemos o fim da dicotomia entre ensino prático e conhecimento teórico, já que os estudos teóricos sobre o ambiente escolare criação de novas metodologias aproximam os alunos dos conteúdos por meio de sua realidade, a partir de análise de cada turma e escola do projeto. O aluno bolsista encontra uma proposta diferenciada de formação, com o envolvimento do professor da universidade e professor da educação básica, em torno de um mesmo objetivo: a formação do futuro professor, tendo como decorrência um impacto na própria escola. Essa conformação proporciona uma melhoria qualitativa nas atividades pedagógicas, criando uma relação mais profunda e ativa da universidade com o ambiente escolar. O objetivo comum permeia a formação e vivências dos envolvidos,

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dando-lhes uma perspectiva de articulação de teoria e prática, de ensino e pesquisa, numa dimensão adequada ao trabalho escolar. Assim, esses professores de Sociologia, em diferentes tempos de sua formação vislumbram, concretamente, a necessidade e possibilidade da formação do professor pesquisador capaz de ensinar os conteúdos de Sociologia ao mesmo tempo em que consegue desvendar as relações sociais na escola e sua complexa rede de relações externas à instituição. Sendo assim, é possível analisar como o PIBIDtem um papel transformador tanto para a escola quanto para a universi-dade, na formação e aperfeiçoamento dos professores, pois, sua contribuição aproxima o conteúdo teórico da realidade prática pedagógica, mas vão além delas ao analisar, questionar e refletir sobre a escola e suas práticas pedagógicas, aproximando-as com o conhecimento científico, transformando os alunos bolsistas e o professor supervisor da escola pública em pesquisadores teóricos da instituição escolar e da educação,e o professor da universidade com um elo com o cotidiano escolar, visando superar a di-cotomização do ensino com a pesquisa, o estranhamento do papel do professor dentro da instituição escolar e seu papel de professor reprodutor de uma ordem vigente, em todos os níveis de ensino.

GÊNERO, RAÇA E ETNIA: REFLEXÕES SOBRE O PIBID PARA A FORMAÇÃO DOCENTE EM CIÊNCIAS SOCIAIS NO BICO DO PAPAGAIO-TO

Sônia da Silva Marinho - UFTKarina Almeida de Sousa - UFTCícera Poliana Alves de Sousa - UFT

Os debates sobre cidadania, direitos humanos e interculturalidade estão presentes na contemporaneidade de modo essencial para a formação dos indivíduos visando a con-strução de uma sociedade democrática. Esses temas estão relacionados a alteridade, ou seja, a relação com o outro e a diversidade cultural. Os direitos humanos e a cidadania são históricos e sociais, portanto, passíveis de mudança, logo, a expansão dos direitos de cidadania a partir do reconhecimento dos direitos políticos, sociais, civis e culturais dialoga com estas transformações. Deste modo, objetiva-se apresentar a experiência do Programa de Bolsas de iniciação à docência-PIBID da área de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Tocantins, campus de Tocantinópolis. O PIBID tem atuado a partir da perspectiva dos Estudos Pós-coloniais apontando para o debate sobre dife-rença, sendo assim, tem orientado suas ações de formação junto aos seguintes eixos temáticos:identidade de gênero, etnia, raça e regionalidade. O espaço de atuação (Bico do Papagaio- localizado na região norte do Estado do Tocantins) caracteriza-se, primor-dialmente, pela vulnerabilidade social e econômica. Busca-se, portanto, ao apresentar a experiência de implementação do Programa refletir sobre as transformações que este enseja, tanto como espaço de construção de conhecimento, quanto como espaço de aprimoramento da formação de futuros Licenciados em Ciências Sociais. A implemen-tação do Programa se pauta ainda no escopo legal que orienta o atual sistema de ensino brasileiro- a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as Diretrizes e Orientações Cur-riculares para o Ensino Médio Nacionais e Estaduais. A pauperização associada a um

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processo educacional fragilizado, a escassez no atendimento a saúde e ainda a desarticu-lação da sociedade civil, muitas vezes fruto das ações do próprio Estado, contribuem para o desenho de um quadro de desconhecimento e desrespeito aos direitos humanos e a cidadania. No plano formal os Direitos Humanos estão previstos, contudo, não se efetivam plenamente, sendo necessário a articulação da sociedade civil para reivindicar a garantia do que já está estabelecido na Constituição e nas Declarações Nacionais e Internacionais. Nesse sentido, buscamos refletir sobre as possibilidades de implemen-tação do PIBID no campo das Ciências Sociais, a partir de seu objetivo central de fo-mento a iniciação à docência por meio da contribuição para melhoria da qualidade de ensino dos/as licenciandos/as, a partir da vivência de todas as atividades relacionadas ao ensino, e ainda para a melhoria das escolas públicas brasileiras, por meio do apoio teórico-metodológico.

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID SOCIOLOGIA/CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIVER-SIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SOCIOLOGIA PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

Francisco Xavier Freire Rodrigues - UFMTEdilene da Cruz Silva - UFMT

O trabalho analisa as contribuições do PIBID Sociologia/Ciências Sociais da Universi-dade Federal de Mato Grosso na formação de professores de Sociologia para Educação Básica em Cuiabá/MT. O principal objetivo deste texto é problematizar o alcance e as limitações que as concepções e práticas vigentes nas escolas públicas de educação básica e instituições de nível superior formadoras de professores, por um lado, e os fatores que influenciam o recrutamento para a carreira docente, por outro, podem implicar para os objetivos do recente Programa de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID – CAPES. Procura também contextualizar as diferentes perspectivas de for-mação docente na educação brasileira. Busca entender o PIBID como um importante mecanismo de melhoria na qualidade dos cursos de licenciatura em Ciências Sociais. O referencial teórico adotado se fundamenta na sociologia da educação e nos estudos sobre formação docente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem como técnicas principais revisão bibliográfica, etnografia (realizada nas escolas de atuação do PIBID) e entrevistas com bolsistas de Iniciação à Docência e bolsistas Supervisores. Conside-rando que o Programa está inscrito num conjunto mais amplo de ações que visam constituir uma política pública para a formação docente e a educação básica, a primeira parte do artigo descreve os objetivos e princípios que dão sustentação à proposta. Na segunda parte, o trabalho é dedicado ao balanço das repercussões das ações formativas do PIBID Sociologia/Ciências Sociais da UFMT sobre licenciados bolsistas e não bolsis-tas e à contextualização da experiência no quadro mais geral dessa licenciatura. Por fim, à luz das experiências detalhadas na segunda parte, o artigo apresenta uma avaliação de características atuais dos sistemas de ensino que podem obstar, caso não alteradas, a consecução dos objetivos perseguidos pelo programa: promover o aperfeiçoamento da formação e valorização da carreira docente, integrar a formação teórico-prática ao

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currículo das licenciaturas com o recurso da inclusão das escolas como lócus de forma-ção. Resultados preliminares indicam os participantes do PIBID Sociologia/Ciências Sociais da UFMT reconhecem os efeitos positivos do programa na formação docente, destacando a dimensão teórico-prática como relevante na definição da identidade do professor de Sociologia, bem como na valorização desta ocupação em Cuiabá/MT. O estreitamento da relação entre Universidade e Escola é apontado como um resultado importante das atividades desenvolvidas no PIBID.

O USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO NAS AULAS DE SOCIOLOGIA DA ESCOLA

Maria Luzia Erthal Mello - UFF / SEEDUC-RJ

Este trabalho busca refletir sobre o uso das chamadas TIC’s como ferramenta ped-agógica para tornar as aulas de Sociologia, no Ensino Médio, mais atraente e como um novo recurso para fazer uso de novospadrões de ensino, no qual o professor não mais vai se apresentar com uma posição tradicionalista de único portador dos conteúdos programáticos e sim, apontar um novo caminho estruturante de um novo discurso pedagógico: o professor como promovedor do diálogo, da pesquisa e do debate, con-struindo com o aluno a emancipação de ideias e novos caminhos no processo de forma-ção. Ao apontarmos o uso das novas tecnologias em sala de aula como fator extrema-mente positivo para o trabalho do professor de Sociologia da escola básica, entendemos que as TIC’s podem servir como um recurso a mais no planejamento docente diário, tornando as aulas do professor mais dinâmicas, objetivas, atraentes, claras, adequa-das e coerentes com as necessidades demandadas pela Pós-Modernidadena tentativa de atenuar o descompasso entre a escola e a sociedade. A pesquisa vem sendo realizada desde 2014, em duas escolas básicas do estado do Rio de Janeiro, na cidade de Niterói. No processo de investigação venho utilizando e observando as implicações do uso das TIC’S em algumas turmas do Ensino Médio. Esse estudo conta com a participaçãode seis alunos do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, da Universidade Federal Fluminense,bolsistas do Programa de Iniciação à Docência CAPES/PIBID/UFF e que estão sob minha supervisão no desenvolvimento dessa proposta de trabalho. Os resul-tados parciais dessa pesquisa apontam para os benefícios desta nova prática pedagógica, operacionalizada pelos professores que estão atentos à necessidade dessa demanda no cotidiano escolar. Na conjuntura atual em que se encontra a nossa sociedade, as tecno-logias estão presentes em todo nosso cotidiano de forma irreversível, pois praticamente não vivemos sem elas. A escola, enquanto espaço que escolariza, não pode ficar à mar-gem desse processo, que clama para que todos os professores possam estar antenados e preparados no sentido de educarnas mais diferentes linguagens os seus educandos, objetivando a desnaturalização e o estranhamento da sociedade em que estão imersos.

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DESESTRUTURANDO A ESCOLA: UMA ANÁLISE CRÍTICA ACERCA DO PIBID NO ESPAÇO ESCOLAR

Ana Letícia Costa Lins- UFCJosé Valterdinan Mesquita Xavier - UFC

O presente artigo trata de um estudo sobre o PIBID em duas escolas regulares da rede estadual de ensino médio, localizadas no município de Fortaleza - CE e, se propõe a analisar as relações de poder dentro do ambiente escolar, a saber: professor x aluno; pibidiano x supervisor; pibidiano x gestão. A metodologia utilizada é fundamentada em algumas obras que versam sobre a temática do ensino de sociologia na educação básica e no PIBID através de suas ações pedagógicas, como também a partir de uma leitura dos escritos de Foucault e Bourdieu, tendo em vista a utilização desses autores para fazermos uma análise da “violência simbólica” que os estudantes sofrem, e da função que a escola possui para o desenvolvimento de uma consciência crítica e manutenção da ordem social. Tal estudo tenta compreender o espaço que o pibidiano ocupa na escola, levando em consideração a maneira como o mesmo é visto pelo corpo docente e pelos alunos, lhe atribuindo assim uma identidade de “ser intermediário”, já que não se en-caixa no tipos ideais construídos como “professor” e “aluno”. Isto nos faz refletir acerca das intervenções propostas pelo programa, que faz “romper” com a estrutura da sala de aula, entendendo “estrutura” em âmbitos tanto espaciais quanto simbólicos. Assim sendo, compete-nos a tarefa de investigar como se dá as relações dentro deste ambi-ente, como também tentar compreender as intervenções como ações lúdicas e de fun-damental importância dentro de um espaço enquadrado por uma estrutura sólida que parece não permitir o desenvolvimento pleno dos estudantes e dos professores – seja na dimensão humana, seja na dimensão profissional. Desta forma, percebemos que apesar da recente implementação do PIBID (2009), este já nos traz resultados significativos na realidade escolar, uma vez que oferece aos estudantes em formação para a docência, uma visão diferente da instituição que, através das atividades realizadas, faz com que estes possam compreender e apreender a real dinâmica que os espera no magistério.

O PIBID INTERDISCIPLINARCOMO ESPAÇO DE DISPUTAS SIMBÓLICAS E A FORMAÇÃO DO LICENCIANDO EM CIÊNCIAS SOCIAIS DA UFPEL

Ana Paula Ferreira D’Ávila - UFPELGabriel Bandeira Coelho - UFPELEverton Garcia da Costa - UFPEL

Temos por objetivo, neste trabalho, problematizar o processo de interdisciplinaridade, como prática e como produção de ciência na política pública denominada “Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência” (PIBID), a partir do projeto posto em prática pela Universidade Federal de Pelotas, principalmente o PIBID humanidades, em 2010. O PIBID II Humanidades, onde os autores desta investigação atuaram como bolsistas, dentre os anos, de 2010 a 2012, o qual apresentavacomo foco central a pro-

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posta de trabalho interdisciplinar (BRASIL, 2010). Diante do exposto consideramos os aspectos históricos e epistemológicos sobre o conceito de interdisciplinaridade e como essa perspectiva fora proposta e desenvolvida no projeto da UFPel, tomando como ponto de partida a teoria dos campos (sobretudo científico) de Pierre Bourdieu que abarca as noções de campo, habitus, dentre outras. Sendo assim, optamos por de-senvolver uma análise do campo do conhecimento cientifico procurando identificar, através dos subcampos (disciplinas), as relações de poder que subjazem ao processo de relação entre as diversas disciplinas que constituem o campo da ciência. Para tanto,a metodologia utilizada para a observação de tal processo consiste na narrativa das ex-periências dos autores que participaram do PIBID como bolsistas, no período de 2010 a 2012, além das análises das entrevistas semiestruturadas com questões abertas, feitas a outros participantes do PIBID. Deste modo, problematizamos a dimensão da prática disciplinar e suas principais características (fragmentação, linearidade, compartimen-tação, etc.), bem como da prática interdisciplinar (sinergia, diálogo, interação, etc.) a fim de compreendermos os reflexos da produção de conhecimento na formação dos licenciandos em ciências sociais da Universidade Federal de Pelotas.

EDUCAÇÃO E REALIZAÇÃO DA AUTONOMIA: APONTAMENTOS SOBRE A EXPERIÊNCIA NO PIBID SOCIOLOGIA

Douglas Michel Ribeiro Porto - PUCRS Manoel Felipe Ferreira Rodrigues - PUCRS Thais Marques de Santo - PUCRS

A educação escolarizada apresenta-se como um dos grandes desafios da contempora-neidade. Os estudantes não se reconhecem na escola, não veem importância e aplica-bilidade nos conteúdos apresentados; os professores são socialmente desvalorizados e as extensas jornadas de trabalho levam à exaustação física, mental e à reprodução dos planos de aula durante anos; e os licenciandos são constantemente desencorajados a seguirem a carreira docente no Ensino Básico; configurando assim um processo de decomposição da instituição escola. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) é criado no intuito de promover uma relação de troca entre os profes-sores nas escolas e os licenciandos, para que compartilhem suas práticas e teorias, quali-ficando o fazer docente e, com isso, favorecendo o aprendizado dos estudantes. Nosso estágio docente foi desenvolvido na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no turno da noite, em uma escola estadual localizada na zona leste de Porto Alegre, durante o se-gundo semestre de 2012. A primeira atividade que desenvolvemos foi criar e aplicar um instrumento socioantropológico para que conhecêssemos a realidade social e os anseios dos educandos e assim orientar nossa prática pedagógica. Obtivemos 182 respostas que estão analisadas neste artigo a partir da técnica de análise de discurso e de literatu-ras que nos possibilitaram problematizar a educação (restrita e ampla): as pedagogias críticas e emancipadoras de Paulo Freire e Miguel Arroyo; as reflexões propostas por Theodor Adorno e Antonio Gramsci; e as análises de Cornelius Castoriadis para pensar a educação dentro de um quadro social mais amplo, sendo potencialmente um meio

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para a realização da autonomia individual e coletiva. A experiência na escola e a reflexão teórica evidenciaram que uma das principais contribuições dos discentes vinculados ao Pibid Sociologia é de operarem enquanto mediadores entre os educandos, os educa-dores e a escola, fomentando o reconhecimento e a socialização de diferentes saberes, bem como propiciando momentos de reflexão e participação, a fim de contribuir para a efetivação da escola como espaço de construção de democracia.

O PIBID COMO LABORATÓRIO PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA NAS ES-COLAS

Franciele Rodrigues – UEL

Este ensaio apresentará as reflexões desenvolvidas por meio de pesquisa realizada du-rante o ano de 2014 para trabalho de conclusão de curso (TCC) cujo objetivo foi ma-pear e analisar quais os saberes estão sendo produzidos pelos subprojetos do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) de Ciências Sociais nas dife-rentes regiões brasileiras. Dessa forma, questionamos: Quais tipos de conhecimento estão sendo criados pelo programa? Estes novos saberes são específicos e/ou pedagógi-cos? Eles têm contribuído para o desenvolvimento da Sociologia enquanto disciplina es-colar? Diante de tais indagações buscamos em um primeiro momento apresentar o que é o PIBID, expor seus princípios pedagógicos a fim de situarmos os PIBID de Ciências Sociais nesta iniciativa voltada à formação inicial de professores. Posto isso, almejamos entender o que está estabelecido e é recorrente entre conteúdos e metodologias para a área, embora saibamos que não existe um currículo nacional para o ensino de Sociolo-gia na educação básica. Com isto, tivemos o propósito de verificar como o PIBID tem inovado estes debates. Para tanto, nos debruçamos sobre diferentes modelos e concep-ções de currículos no intento de compreender os diferentes significados da presença da disciplina em divergentes períodos históricos. Recorremos também ao estudo de dois documentos oficiais: PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de 1999 e as OCN (Orientações Curriculares Nacionais) de 2006. Observamos que tais propostas trazem finalidades distintas para o ensino de Sociologia, sendo que o primeiro baseado em hab-ilidades e competências traz a disciplina como tema transversal e enfatiza a necessidade de conduzir o aluno ao exercício da cidadania. Já as OCN estabelecem que a Socio-logia deva promover o estranhamento, isto é, capacitar os estudantes a desnaturalizar os fenômenos sociais e levá-los a desmistificação da realidade social, que nas palavras de Wright Mills (1982) corresponde ao desenvolvimento da “imaginação sociológica”. Assim, para as OCN um dos desafios postos ao professor de Sociologia é a busca por métodos que traduzam os conhecimentos científicos das Ciências Sociais em um saber escolar com linguagem adequada para o ensino médio prezando pelo rigor e a objetivi-dade e rompendo com a reprodução estratégias de ensino academicistas na educação básica. Portanto, o documento atenta-se ao exercício da mediação pedagógica. Não convergente, identificamos que o PIBID também surge com esta atenção do que e de que forma ensinar, isto é, com a intenção de fornecer suporte a prática docente e criar novos metodologias e recursos didáticos. Com baste neste entendimento, exploramos

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blogs, caderno de resumos do III ENESEB (Encontro Nacional sobre o Ensino de So-ciologia na Educação Básica) que ocorreu em 2013 na cidade de Fortaleza-CE e relatos de experiência de bolsistas de iniciação à docência a fim de conhecermos atividades realizadas e coletarmos materiais produzidos pelos subprojetos vinculados as seguintes universidades: UFPA (Universidade Federal do Pará), UVA (Universidade Estadual do Vale do Aracaú), UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), UFV (Universidade Federal de Viçosa) e UEL (Universidade Estadual de Londrina). Posteriormente os produtos encontrados como planos de aula, estratégias de ensino, materiais didáticos diversos foram interpretados a luz da Sociologia do Conhecimento. Constatamos que entre os cinco subprojetos analisados há proximidade na forma como organizam seus trabalhos e suas ações acontecem, predominantemente, através da criação de produções didático pedagógicas e bibliográficas. A partir disso, notamos que as intervenções nas escolas entre os PIBID estudados contribuem para que os licenciandos atuem como construtores de novos conhecimentos, o que, por sua vez, coopera para a formação de um docente pesquisador e reflexivo a sua prática. Ademais, estes saberes têm subsidi-ado e potencializado o ensino de Ciências Sociais no ensino médio além de impactar os cursos de licenciatura neste campo.

CLUBE DE SOCIOLOGIA: UMA EXPERIÊNCIA PARA ALÉM DA SALA DE AULA

Katiuscia Vargas - UFJFRaphael Gouvea Rompinelli - UFJFMarcos Paulo de Ccastro Mello - UFJFPedro Jehle Gouvea - UFJF

O presente trabalho tem por objetivo relatar uma atividade extracurricular denomi-nada “Clube de Sociologia” criada no âmbito do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora, financiado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior). Esta tarefa vem sendo desenvolvida através de uma mutua parceria dos bol-sistas do programa com alunos do ensino médio da Escola Estadual Antônio Carlos.Esse trabalho foi motivado pela necessidade de aproximação de alunos do ensino médio com a disciplina recém inserida nos currículos escolares.Somente pela Lei nº 11.684, de 02 de junho de 2008, que altera a LDB, a Sociologia tornou-se disciplina obrigatória no currículo do ensino médio brasileiro (BRASIL, 2008). Com isso, a disciplina se apre-senta como uma ferramenta importante no entendimento da nossa própria sociedade. Segundo Bauman (2010), “[...] aprender a pensar com a Sociologia é uma forma de compreender o mundo dos homens que também abre a possibilidade de pensá-lo de maneiras diferentes” (BAUMAN, 2010, p. 17). A análise sociológica, que opera com base na reflexão, proporciona aos alunos uma atividade questionadora, com o obje-tivo de construir uma interpretação da sua vida em suas diversas esferas, seja cultural, política e social. Para Meirelles, Raizer e Pereira (2007), a aprendizagem da disciplina deve ocorrer através da conciliação entre teoria sociológica e as experiências dos alu-nos, em busca de uma desnaturalização de noções socialmente constituídas. Essa prática

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fomenta uma maior participação dos alunos através do diálogo, dando o devido valor a sua opinião ao mesmo tempo em que o induz a pensar criticamente junto aos con-ceitos teóricos. Esse processo ajuda a construir uma consciência mais crítica, através da compreensão de sua realidade social. Portanto, o Clube de Sociologia representa um esforço em proporcionar, fora da sala de aula, uma aproximação entre a escola e a sociedadeatravés das atividades desenvolvidas como: oficina de fotografia, exposições, seminários, discussões sobre assuntos variados, grupo de leitura, entre outros. Desta forma, o clube vem se empenhando na tentativa de aproximar a teoria sociológica como cotidiano dos alunos que participam desta atividade.O projeto possui uma estru-tura organizacional em que os próprios alunos planejam as atividades a serem realiza-das, sempre com o suporte dos bolsistas, ocupando cargos como: direção, direção de eventos, direção de comunicação, secretariado, além dos demais membros.O clube de sociologia é, portanto, uma tentativa de inserir novas ideias através da interação social dos alunos do ensino médio com alunos de graduação, criando um espaço fora da sala de aula de investigação social, estabelecendo uma via de mão dupla de aprendizado ao promover uma troca de experiênciasentre seus membros, com o intuito de enriquecer o ensino da disciplina de sociologia.

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GT2 – METODOLOGIAS E PRÁTICAS DE ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Coordenador: Rogerio Mendes de Lima (Colégio Pedro II – CP2) E-mail: [email protected]: Fátima Ivone de Oliveira Ferreira (Colégio Pedro II – CP2)E-mail de contato: [email protected]

SESSÃO A – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

A PRÁTICA ETNOGRÁFICA NA ESCOLA MÉDIA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A ABORDAGEM DE CULTURA NO ENSINO MÉDIO

Tatiane Oliveira de Carvalho Moura - Fundação Joaquim Nabuco (PE)Anderson Duarte - Fundação Joaquim Nabuco (PE)Patrícia Bandeira de Melo - Fundação Joaquim Nabuco (PE)

Em que medida é possível introduzir práticas de pesquisa no ensino médio? O objetivo deste artigo é trazer uma proposta para utilização de metodologias e práticas didáticas relacionadas com o tema da cultura no ensino médio. Essa ideia parte de duas experiên-cias de pesquisa desenvolvidas no âmbito do Mestrado Profissional em Ciências Sociais para o Ensino Médio, da Fundação Joaquim Nabuco. Ambas tratam de manifestações culturais populares. Uma traz como pano de fundo a festa da Cavalgada à Pedra do Re-ino e foi desenvolvida na cidade de São José do Belmonte, Pernambuco, onde se realiza a festa. A outra aborda o oficio e as práticas dos Rezadores em Itapororoca, Paraíba. Essas experiências permitem uma aproximação teórica, metodológica e didática para o ensino de cultura, tendo por base a legislação vigente a respeito da sociologia e do ensino médio. Do ponto de vista teórico, o trabalho mostra a diversidade do conceito de cultura, esclarecendo que isso deve ser apresentado ao discente de maneira ampla. A perspectiva adotada no nosso trabalho é a antropológica, uma vez que a cultura é objeto de estudo da antropologia e as ciências sociais devem fazer parte do ensino de sociologia no ensino médio (BRASIL, 2011). Entende-se que não há a intenção de for-mar antropólogos, mas fazer uma escolha da abordagem do conceito de cultura entre as várias possíveis dentro das ciências sociais. Tem-se por referencial Clifford Geertz (2013), compreendendo que os educandos poderão enxergar a possibilidade de viven-ciar o mundo por outras chaves, outras teias de significados. Do aspecto metodológico, a abordagem que traremos procura aproximar metodologias da antropologia ao ensino médio. A intenção é mostrar que, com a nossa proposta, o estudante poderá com-preender melhor a ideia de cultura, colocando-se a observação participante e a elabora-ção de diário de campo como exercício de estranhamento do familiar (VELHO, 1978).

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A etnografia, enquanto método de pesquisa próprio da antropologia, requer um conhe-cimento teórico prévio, como indica Malinowski (1976), para depois visitar o campo. Dessa maneira, o antropólogo poderia apreender as vicissitudes da observação partici-pante, não só fazendo mera descrição, mas atribuindo sentido às ações observadas. Sem desmerecer a etnografia, a nossa intenção é de que se leve à sala de aula uma perspectiva etnográfica básica, dado que os alunos de ensino médio não são antropólogos e, não estando embasados na teoria antropológica, tampouco farão descrição densa a respeito de objetos observados. Destarte, a perspectiva etnográfica como prática pedagógica, após as aulas que abordem o tema cultura, poderá fazer com que o aluno enxergue o mundo à sua volta de maneira estranhada e crítica. Didaticamente, é exposta no artigo uma sequência didática (ZABALA, 1998), de modo a que a pesquisa de campo permita ao aluno participar da práxis cultural a partir de experiências locais, como na festa da Cavalgada ou com os rezadores, mas que podem se reproduzir em outros contextos. Da legislação, podemos confirmar a possibilidade de utilização da pesquisa enquanto fer-ramenta de ensino, prevista nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006). Assim, em função da legislação e das diretrizes nacionais para o ensino médio, acredita-mos que o artigo irá discutir uma proposta que atende ao objetivo da sociologia para a formação do cidadão crítico e pensante. Finalizamos destacando que a ideia apresentada é apenas uma alternativa possível para a abordagem didática do tema cultura no âmbito da sociologia no ensino médio, mas que a inovação estimulou o engajamento dos edu-candos às aulas da disciplina.

ENSINO DE CIÊNCIAS E INICIAÇÃO CIENTÍFICA: UM FIO SOCIOLÓGICO

Vanessa Mutti de Carvalho Miranda - IFBA

O presente trabalho pretende propor o ensino das ciências e a iniciação cientifica como temática balizadora e introdutória para o contato inicial com o fazer científicodo es-tudante ingresso na educação profissional técnica de nível médio. Diante das práticas cotidianas em sala de aula, tem sido possível perceber dois fenômenos. Primeiro, o fato de que existe, por parte do corpo discente, uma visão equivocada e menosprezadora da elaboração da pesquisa escolar. O advento das tecnologias e o acesso às fontes de internet tem criado um know-how para execução dessas atividades: a conhecida tarefa de “copiar e colar”. As fontes pesquisadas não são fontes científicas; geralmente, os estudantes optam por sítios de atividades escolares, wikis e blogs, que reproduzem con-teúdos e recortes teóricos de outros sítios sem menção cientifica ou acadêmica. A tran-scrição também se revela de forma amadora, sem a consideração das regras acadêmicas e metodológicas. O segundo fenômeno se refere ao distanciamento entre a ciência e as atividades e a rotina comum. A ciência é vista como algo inalcançável e restrito a determinados grupos, personificados por pessoas de guarda-pós brancos e intelectuais barbudos. Por outro lado, as exigências propostas pelo MEC, através das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e dosPCNs, preconizam a pesquisa como princípio pedagógico que possibilita o estudante se tornar protagonista na investiga-ção e na busca de respostas em um processo autônomo de construção e reconstrução

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de conhecimentos. Sendo assim, considerando as exigências e os fenômenos repro-duzidos nas salas de aula, citados anteriormente, a proposta desse trabalho é abordar qualitativamente, através de pesquisa bibliográfica, em conformidade comLakatos e Marconi (2003)e Lampazzo (2005), sobre o imprescindível fio sociológico que per-mite ao estudante conhecer e compreender os matizes sociais, culturais e políticas que originam o lugar diferenciado para as ciências, além de compreender e problematizar a respeito do contexto histórico-social que é gerador e,ao mesmo tempo, fomentador das demandas assumidas pelo fazer científico.Ao assumir criticamente que a ciência é fruto do contexto social em que está inserida, aludindoà confluência de interesses e va-lores históricos e sociais, o referencial teórico está fundamentado em Chalmers (1993, 1994), Adorno (1985, 1995) e Kuhn (1961, 2003).

A SOCIOLOGIA NO COLÉGIO PEDRO II: O TRIPÉ ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

Valéria Lopes Peçanha - Colégio Pedro II (RJ)Natália Braga de Oliveira - Colégio Pedro II (RJ)

O trabalho realiza uma análise sobre a experiência das autoras no campus Niterói do Colégio Pedro II, que, em uma trajetória recente ligada ao Departamento de Socio-logia, têm buscado articular ensino, pesquisa e extensão visando a construção de um pensamento crítico e autônomo do educando. Através da interdisciplinaridade (no campo das Ciências Humanas e para além dela) e do estreito diálogo com os estu-dantes e suas organizações (grêmio estudantil e coletivos de gênero), objetiva-se criar uma relação pedagógica dinâmica que tem vivificado a comunidade escolar. Partindo do pressuposto de que os alunos são sujeitos produtores de sentidos, conhecimentos e práticas, buscamos em cada atividade pedagógica trabalhar com os interesses dos discentes, aproximando a disciplina dos estudantes, fortalecendo o protagonismo es-tudantil. Nesse trabalho, a Sociologia emerge como uma disciplina com força prática, que acolhe necessidades, potencializa a ação dos sujeitos, recriando a dinâmica escolar. Vale ressaltar que as possibilidades criadas no âmbito do Colégio Pedro II – tais como projetos, editais e demais recursos – são apropriadas para a vivificação do pensamento crítico na escola, fortalecendo o projeto de escola participativa e democrática, para além do produtivismo expresso em metas educacionais e exames, que assola a educa-ção brasileira. Os espaços dos laboratórios de humanidades, realidade cada vez mais concreta no colégio, permitem a construção de projetos que ampliam a educação para além da sala de aula, tais como atividades de extensão e iniciação científica jr. A pesquisa na educação básica se mostra uma importante ferramenta na transformação da escola em um espaço produtor de conhecimento, e por outro lado, faz com que o estudante seja sujeito ativo nesse processo, fortalecendo sua autonomia. Os laboratórios tam-bém são marcados pela interdisciplinaridade, permitindo um diálogo mais constante das diferentes disciplinas que compõem o campo das humanidades, a saber: Filosofia, Geografia, História, Português e Sociologia. Tal diálogo se apresenta como um facil-itador na construção de sentido, pelos estudantes, dos programas disciplinares face à

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realidade. Assim, o trabalho busca apresentar as diferentes metodologias que permeiam a prática pedagógica do Laboratório de Humanidades (LabHum) do Campus Niterói, tendo como foco principal a atuação da disciplina de Sociologia; e realizar uma análise preliminar dos resultados obtidos até o momento.

METODOLOGIA DE ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): PERCEPÇÕES DOS ATORES

Maria do Carmo da Silva Dias - UFPAJean Roberto Pacheco Pereira - UFPACícero de Oliveira Pedrosa Neto - UFPA

O ensino/aprendizagem de sociologia voltado para aos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (EAUFPA), depara-se com um público heterogêneo, uns muito jovens, inseridos de forma precária no mercado de trabalho, com experiências negativas na relação com a escola e que parecem se encontrarem em condições vulneráveis frente ao atual projeto societal que não possuium “lugar” para eles e outros, já na idade adulta, trabalhadores, afastados da escola por vários anos, com a qual mantiveram relações transitórias, que não dominam de forma satisfatória a leitura e a escrita, sendo que em pleno século XXI, não podem dispor dessas habilidades para se inserirem no mundo atual. Para essas pessoas a EJA não tem apenas a função qualificadora, mas a função reparadora e equalizadora, como explana Cury (2000). O que ensinar e como ensinar sociologia a esses estudantes? O desafio consiste em contribuir para que aqueles alunos expressem o mundo em que vivem, valorizem as suas historias de vida e as suas manifestações culturais, como tam-bém, que não “banalizem” as contradições e injustiças do seu cotidiano. A compreensão dessa realidade remete a pressupostos teóricos que os alunos da EJA devem ter acesso. O desafio consiste em o “que” e “como” ensinar. Nela, a extensão, a interdisciplinari-dade e a pesquisas despontam como orientações necessárias e imprescindíveis. A dis-ciplina sociologia, na EJA trabalhada nos últimos anos dentro da Escola de Aplicação da UFPA, parte do diálogo, da problematização da realidade objetiva, lançando mão da teoria crítica, tentando reconstruir o entendimento da realidade em questão. A pes-quisa, documental e de campo, é outra forma de percepção e interação com a realidade. Os alunos constroem o projeto: escolhem o tema, respondem e debatem as perguntas: por quê? Pra quem? Como? Onde? Ao fazerem isso estão elaborando de forma simples e direta, o seu projeto de pesquisas. O resultado da ida em campo gera um relatório, exposição de fotografias e uma peça de teatro, onde são os alunos que criam as falas, lançando mão dos conhecimentos adquiridos em outras disciplinas e no seu cotidiano. O que se percebeu foi que os alunos gostam dessa metodologia, se tornam mais ativos e mais participativos nas aulas. Declaram que “é uma forma de todos os alunos falarem o que sabem, exporem o que aprenderam”. Os alunos se tornam os protagonistas, os atores principais dentro do processo de ensino e aprendizagem da disciplina Sociologia. Dessa forma, este trabalho se propõe a apresentar as metodologias de ensino da discip-lina sociologia e a percepção destas por alunos do EJA, considerando o seu aprendiza-

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do, bem como a percepção de professores e estagiários da disciplina sociologia. Este trabalho é resultado parcial do projeto do Laboratório Interdisciplinar para o Ensino de Sociologia na Educação Básica – LIS/EAUFPA, que há três anos pesquisa e experimenta metodologias e recursos didáticos, para o ensino de sociologia na educação básica.

POLLAK E O CONCEITO DE MEMÓRIA: DO REALISMO FANTÁSTICO COMO RECURSO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Rafael Ginane Bezerra - UFPRRichard Roch Jr. - UFPR

As OCN, no capítulo sobre o ensino de Sociologia, formalizaram os objetivos da discip-lina no currículo da educação básica através das noções de estranhamento e de desnatu-ralização. Procedimentos compatíveis com aquela conduta pautada pela reflexividade, eles demandam um trabalho didático que ultrapassa o domínio do vocabulário con-ceitual e sua aplicação à realidade empírica. Eles demandam que esse vocabulário seja associado a situações que façam sentido para os alunos. Respeitando esse pressuposto e seguindo orientações metodológicas construídas a partir das obras da antropóloga Mi-chèle Petit, foram desenvolvidos planos de aula que têm como elemento central a lei-tura coletiva de textos literários acompanhada de problematização através de conceitos sociológicos. No presente trabalho relatamos a experiência realizada com esses planos no âmbito das disciplinas de Metodologia e Prática de Ensino do curso de Ciências So-ciais da Universidade Federal do Paraná. A experiência, desenvolvida ao longo de 2014, em diferentes turmas de ensino médio do Colégio Estadual Pedro Macedo, recorreu ao conto / curta metragem “Rogelio”, do escritor e roteirista mexicano GuilhermoAr-riaga, para possibilitar o trabalho com o conceito de “memória coletiva” de Michael Pollak. A escolha de “Rogelio” deu-se pelo fato de que a trama contempla o gênero do realismo fantástico.Ela gira em torno de um homem que releva sua morte e sai às ruas no intuito de continuar a vida da maneira usual, refém de uma insônia incomum de-rivada do apego às memórias obtidas em vida.Os alunos foram convidados a assistir ao curta sem receber orientações a respeito do seu conteúdo. Em seguida foram estimula-dos a manifestar suas opiniões e indagados a respeito das possíveis origens da narrativa. Uma vez obtida a sua adesão ao diálogo, revelamos que essa origem deriva de um conto que não ultrapassa uma pequena página. Impressionados pelo fato de um texto tão pequeno originar uma narrativa tão rica em possibilidades, eles começam a explorar os seus prováveis sentidos. Nesse momento, o aspecto mais importante da metodologia se manifesta: a narrativa serve como um elemento objetivo sobre o qual os alunos proje-tam suas subjetividades. Através da metáfora do “morto que continua vivo”, os alunos acabam evocando uma série de ideias e considerações sobre situações conhecidas que dizem respeito ao campo da memória. Uma vez atingida essa identificação, percebe-se que há um sentido compartilhado por eles para que a discussão conceitual tenha início. Na experiência aqui relatada, além do conceito proposto por Pollak, exploramos a situação de grupos sociais que não são celebrados midiaticamente e procuramos refle-tir sobre os motivos dessa condição de aparente invisibilidade. Por fim, detalhamos as

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estratégias utilizadas para viabilizar a leitura coletiva e tecemos considerações sobre os seus limites e possibilidades.

SOCIOLOGIA E INTERDISCIPLINARIDADE: A EXPERIÊNCIA RECENTE DA CIDADE DE ARMAÇÃO DOS BÚZIOS

Bianca Ghiggino - INEFI / IFRJFlávia Vidal Magalhães - Colégio Municipal Paulo Freire/Colégio Estadual Cinamomo Luisa Barbosa Pereira - Colégio Municipal Paulo Freire/Colégio Estadual João de Oliveira Botas

O presente estudo pretende analisar a inserção da Sociologia – suas práticas dentro de sala, o currículo que a estrutura e suas possibilidades interdisciplinares - numa proposta de matriz integrada e interdisciplinar para as Ciências Humanas, elaborada pelo mu-nicípio de Armação dos Búzios-RJ para o Ensino Médio. Tal matriz, que tem como base as competências e habilidades dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN e PCN+) e da Matriz de Referência do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), foi construí-da como forma de garantir uma maior integração temática, que pudesse tanto trazer avanços ao processo ensino-aprendizagem e tornar a aprendizagem mais significativa, quanto aproximar a escola da realidade do município e dos estudantes. Nesse sentido, objetivamos com este trabalho compreender o lugar e a potencialidade da Sociologia nesta nova matriz integrada. As metodologias e práticas de ensino na educação básica ainda são marcadas por uma profunda divisão do trabalho intelectual, fragmentação do conhecimento e pela excessiva predominância das especializações. Na escola, as discip-linas pouco dialogam e, quando isso ocorre, muitas vezes o que temos é a justaposição de informações de diferentes áreas, na esperança de que o coletivo amplie a compreen-são do todo. Nesse sentido, a interdisciplinaridade é um grande desafio para a prática docente. Ao propor o diálogo com os diferentes campos da ciências, fazendo entender o saber como um todo e não partes (FAZENDA, 1994), a proposta interdisciplinar procura romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo do conhe-cimento. E ainda toma como proposta, a necessidade de interação dos saberes disciplin-ares, de forma a não eliminar suas diferentes potencialidades (Pombo, 2004). Atentas a essas questões do âmbito teórico, defendemos que a Sociologia pode vir a cumprir um papel fundamental no processo de construção de uma proposta interdisciplinar, conectando os diferentes conteúdos à realidade social e valorizando a interlocução com as outras disciplinas, conforme a proposição das Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCNEM). Dessa forma, o presente trabalho pretende contribuir com reflexões presentes e futuras sobre as potencialidades da Sociologia numa proposta de matriz integrada e na prática docente propriamente dita, bem como compartilhar a experiência que vem sendo desenvolvida na cidade de Armação dos Búzios-RJ.

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A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NAS ESCOLAS ESTADUAIS BAIANAS

Thaís Macedo Lopes - UESBNubia Regina Moreira - UESBRainan Marques Santos Andrade - UESB

A partir da recente aprovação da Lei 11.684 em Julho de 2008, quealterou o art. 36 da LDBEN, reintroduzindo a sociologia como disciplina obrigatória no ensino médio, estimulou o interesse por pesquisas, dentre outros temas, que tratem das metodologias da prática docente na prática de ensino de sociologia na escola básica.Dessa forma, são muitos os desafios didáticos-metodológicos a serem superadosna construção de um conhecimento escolar em sociologia. Assim, neste trabalho analisamosas práticas dos educadores que ministram a disciplina de sociologia nos três anos do ensino médio a partir do referencial da pedagogia histórico-criticacom objetivo de perceber de que forma o conhecimento sociológico é transmitido.Apresentaremos resultados iniciais proveniente de investigação empírica, realizada por meio de observação da prática de professores das escolas estaduais situadas em Vitória da Conquista, BA. Nessa investiga-ção buscamos analisar algumas questões, como: o educador consegue fazer a mediação entre conhecimento cientifico para conhecimento escolar? Como se realiza o plane-jamento de ensino, seleção de conteúdos e avaliação da aprendizagem?Qual o livro didático de sociologia disponibilizado pelo governo nas escolas estaduais de Vitória da Conquista, Bahia? O docente consegue fazer uma interdisciplinaridade entre os saberes sociológicos e os demais saberes escolares, tal como a literatura, português, história, geografia e biologia?O conhecimento sociológico é ensinado de forma contextualizada ou fragmentada? Qual o perfil do docente de sociologia no ensino médio?A pesquisa é incentivada dentro do meio escolar pelo docente? Esse profissional possui formação em Ciências Sociais ou é licenciado em outra área? Qual a importância dada a disci-plina de sociologia na instituição escolar? Com base nessa investigação encontramos algumas tendências metodológicas e práticas diversificadas. Dessa forma, esperamos que o nosso trabalho seja relevante na construção de um patrimônio comum do ensino de sociologia nas escolas baianas e que sirva de instrumento norteador para os novos professores de sociologia.

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO NO INSTITUTO FEDERAL DE MATO GROSSO

Christiany Regina Fonseca - IFMT

Este trabalho descreve e analisa algumas experiências nas aulas de Sociologia no Ensino Médio no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), em Cuiabá-MT, tendo em vista a estrutura diferenciada e as modalidades de ensino ofertadas por esta instituição, sendo predominante o Ensino Médio Integrado, estrutura no qual temos cursos de ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio. Nesse sentido, trata-se

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de uma investigação que tem por objetivo identificar e entender as diferentes experiên-cias do ensino de sociologia no IFMT, no período de 2011-2014 (pós-aprovação da lei 11.684/2008). Pretende-se fazer uma abordagem que tem como foco a organização da disciplina na grade curricular escolar, o material didático utilizado, as estratégias de utilização deste material, os recursos didático-pedagógicos, o perfil do professor de Sociologia e a receptividade dos alunos quanto aos conteúdos da referida disciplina. O referencial teórico-metodológico tem como base a literatura nacional acerca da insti-tucionalização do ensino de Sociologia no Brasil (Florestan Fernandes, Simone Meucci, Nise Jinking) e os estudos contemporâneos sobre as particularidades e desafios atuais do ensino de Sociologia(Flavio Sarandy, Pacheco Filho, Marival Coan). Utiliza-se como técnicas revisão bibliográfica, entrevistas, análise documental e análise de conteúdo. Em 2008, no Brasil, foi regulamentada a lei 11.684/2008, que rege a obrigatoriedade da disciplina de Sociologia em todas as séries do Ensino Médio. No IFMT quanto à regularidade da disciplina em todos os anos do ensino médio, há uma maior consonân-cia com a lei. No entanto, ainda se tem professores de outras áreas, como de pedagogia e história ministrando essas aulas na rede pública federal. No IFMT, até o ano de 2011, não havia material didático de Sociologia, no qual, cada professor da área, era quem deveria organizar um material para trabalhar em sala de aula, ao longo do ano letivo. Já no ano de 2012, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) passou a subsidiar o trabalho pedagógico dos professores de Sociologia por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica, tendo, até o momento, a instituição já feito duas escolhas do respectivo material, sendo a primeira em 2011, para utiliza-ção em 2012 e a segunda escolha em 2014, para utilização a partir de 2015. Quanto à receptividade dos alunos ao conteúdo de Sociologia, o mesmo vem se apresentando de forma positiva. Percebe-se uma preocupação com o aprendizado deste conteúdo, visan-do à resolução de questões de Sociologia nos diversos vestibulares e no ENEM (Exame Nacional do Ensino-Médio) como apontado em nossas pesquisas e também a preocu-pação de uma disciplina que possa contribuir com esse aluno enquanto um formador de opinião, no entanto, temos dificuldades e enfretamentos já que a carga horária das disciplinas da área técnica são maiores do que as disciplinas da grade básica do Ensino Médio e em especial a da disciplina de Sociologia ministrada somente uma vez por se-mana, o que muitas vezes faz com que o aluno possa não dar a mesma importância para a mesma. Nesse sentido, as estratégias de ensino, de modo a alavancar a importância da disciplina na atual estrutura, são feitas pelas docentes da instituição tanto no formato de suas aulas e na construção de atração ao conteúdo, como na utilização do material e na interlocução da nossa área com as outras áreas de conhecimento tanto da base comum como do ensino técnico. Nesse sentido, ainda pautamos desafios em nosso espaço de trabalho no sentido de garantir a formação integral da mesma, bem como fortalecer os espaços para o fortalecimento e legitimação de nossa disciplina no Ensino Médio.

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JOGOS ELETRÔNICOS E O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Romero Jasku Bastos - SEEDUC/RJ

Em “Not for profit: why democracy needs the humanities”, a filósofa norte-americana Martha Nussbaum sustenta que os “sistemas democráticos não sobrevivem sem o es-tímulo à imaginação e ao pensamento crítico”, faculdades que, de acordo com ela, são desenvolvidas sobretudo pelas humanidades. Nussbaum, no entanto, rejeita qualquer abordagem meramente pragmática ou instrumental do ensino e do aprendizado das hu-manidades. “Acredito que as habilidades desenvolvidas pelas humanidades, pensamento crítico e imaginação, são constitutivos da boa cidadania, parte do que significa ser um bom cidadão; e não apenas meios para se chegar à boa cidadania”. Buscando contribuir para esse debate, o presente trabalho tem como objetivo refletir sobre metodologias e práticas de ensino de Sociologia no Ensino Médio que incorporam a análise e a inter-pretação da narrativa de jogos eletrônicos de maneira crítica. Há algum tempo os jogos eletrônicos deixaram de ser encarados apenas como uma diversão de crianças e ado-lescentes, tornando-se não apenas um negócio que movimenta bilhões em dinheiro em todo o mundo, mas também um objeto de estudo que, não obstante, suscita diferentes visões entre teóricos que se debruçam sobre o assunto na atualidade. Enquanto alguns desses teóricos enxergam nos jogos eletrônicos um caminho possível para apreender a lógica subjacente às relações sociais do mundo contemporâneo, além de um campo fér-til para fomentar o questionamento da ideologia própria do capitalismo tardio, outros preferem ressaltar o papel funcional e propriamente ideológico que os jogos eletrôni-cos desempenham no tocante ao conjunto das relações de dominação social, mostran-do-se, assim, mais céticos quanto ao possível caráter crítico e utópico desse tipo de mídia. Nas aulas de Sociologia, as discussões em torno dessa questão crucial – isto é, se, no campo da cultura que lhes é próprio, os jogos eletrônicos apontam na direção de um horizonte de emancipação ou se, ao contrário, não passam de mais uma técnica ilusionista e alienante engendrada pela indústria cultura e de massa – acontecem por intermédio da leitura crítica de jogos eletrônicos com as ferramentas e instrumentos próprios das Ciências Sociais. Com efeito, o que está em jogo não é apenas fomentar a imaginação e o pensamento crítico entre alunos, mas mostra-los que essas faculdades extrapolam o campo da ciência em geral (e da ciência da sociedade em particular) e abrangem também o campo das artes, da cidadania, do mercado, da economia etc. Isso significa que a importância da Sociologia (pensada aqui como parte da grande área das humanidades) não se resume às expectativas do Estado face ao ensino dessa disciplina, dizendo respeito às necessidades mais fundamentais daqueles que vivem em sociedade e têm a necessidade de criar algo novo que ultrapasse o horizonte do imediato e do meramente útil. Pensando dessa maneira, é possível estabelecer um rico diálogo com o campo das artes, aqui representado pelos jogos eletrônicos.

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EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, PESQUISA E INTERDISCIPLINARIDADE: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA PRÁTICA DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Bianca Ruskowski- IFSUL Juliana Ben Brizola da Silva - E.E.Ensino Médio Politécnico Roque Gonzáles

Após três anos da obrigatoriedade do ensino de sociologia no ensino médio, vê-se um aumento significativo de materiais didático-pedagógicos e propostas formativas para a qualificação da disciplina na educação básica. Neste sentido, alguns desafios surgem no percurso de implementação e sedimentação das propostas curriculares. Este texto tem por objetivo propor algumas reflexões, a partir da experiência em sala de aula em esco-las estadual e federal do Rio Grande do Sul. As experiências aqui apresentadas apontam caminhos para a construção de uma sociologia no ensino médio que seja capaz de aliar teoria e prática, instrumentalizando os e as jovens para o desenvolvimento de habi-lidades e competências voltadas à compreensão de seu lugar no mundo. No entanto, algumas tensões se apresentam no contexto escolar no que tange ao risco em transfor-mar a disciplina de sociologia numa caixa fechada de conhecimentos. A pesquisa cientí-fica, quando trabalhada de maneira sistemática, como princípio didático-pedagógico tem o potencial de colocar o e a estudante no centro do processo de construção do conhecimento e ao torná-los participantes ativos nesta construção do saber a própria disciplina emerge como eixo fundamental para o trabalho interdisciplinar, escapando do encapsulamento institucional. Neste sentido, este texto se propõe a dialogar com as abordagens de pesquisa na escola de Marcos Bagno (2005) e Maria Otilia Guimarães Ninin (2008). Bagno defende que o educador e a educadora, ao trabalharem a pesquisa em sala de aula, devem se dedicar a “ensinar a aprender”, criando possibilidades para que os e as jovens acessem e confrontem as fontes de conhecimento desenvolvendo um olhar crítico a partir desta experiência. Ninin chama a atenção para o papel da atividade de pesquisa como instrumento-resultado, no qual o processo é tão ou mais importante que o resultado final. Daí o importante papel do educador e da educadora como mediadores deste conhecimento, capazes de desenvolver nos e nas estudantes a autonomia tão necessária à pesquisa. Os resultados obtidos em sala de aula expressam a validade destes pressupostos e trazem à tona um debate importante a ser realizado entre os profissionais sobre as propostas que vem sendo desenvolvidas em sala de aula e os conteúdos abordados na sociologia na educação básica.

EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS NO ENSINO MÉDIO: CONSTRUINDO METODOLOGIAS

Cristiano P. Corrêa-UEL

Esta exposição pretende compartilhar experiências didáticas de professores de socio-logia do Ensino Médio da rede pública de Londrina e de estudantes de ciências sociais, materializadas através de publicações que reúnem relatos de experiência, organizados

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pelo LENPES-UEL. Estes volumes são fruto de práticas e demandas que professores de sociologia desenvolveram em suas atividades docentes, procurando desdobrar diversos assuntos relacionados ao ensino de sociologia, buscando transformar conceitos, teor-ias e temas em conhecimento, lançando as bases para o processo de abstração. Assim sendo, a reunião destes materiais, pretende contribuir para a superação de carências de metodologias, que possam auxiliar professores e alunos no desdobramento de suas atividades profissionais. As aproximações que contingenciam professores da rede de en-sino, alunos e a própria instituição, ampliam-se a outras iniciativas como, por exemplo, o projeto OBEDUC2 , que entre outros desdobramentos, está organizando e execu-tando, em parceria com o LEMPES e PIBID das ciências Sociais, um censo do Ensino Médio na microrregião de Londrina. Estas abordagens buscam também visualizar os indicativos metodológicos presentes nesta etapa do Ensino Básico, promovendo a inte-gração entre ensino e pesquisa. Um dos indicadores que esta pesquisa procura desven-dar relaciona-se, por exemplo, com os indicativos presentes nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná, que convidam os professores a guiarem-se pela Pedagogia Histórico Crítica e seus passos na construção de atividades didáticas, evidenciando a alinhamento histórico com vertentes de cunho marxista, emergindo questões que permeiam a construção dos currículos e sua relação com políticas pública. Deste modo, estes relatos, que congregam práticas docentes e enfrentamentos didáti-cos, dispõem-se a dialogar, a partir, de projetos de extensão e ensino, com as neces-sidades presentes no contexto do Ensino Médio, indicando possibilidades e direções de forma conjunta.

CINEMA E SOCIOLOGIA: CRÍTICA E DESCOLONIZAÇÃO DA IMAGEM

Clarissa Tagliari Santos - Colégio Pedro II (RJ)

O presente trabalho pretende trazer as contribuições de algumas teorias sobre cinema para o ensino de Sociologia. As interfaces possíveis entre o conhecimento e os métodos sociológicos/antropológicos e o cinema passam pela análise crítica das imagens, os es-tudos sobre diversidade cultural e a construção de narrativas. Sendo assim, as aproxi-mações com teorias críticas da imagem e da cultura são elementos que fazem convergir, no campo teórico, o cinema e a sociologia. Na dimensão prática, as proposta de como “fazer cinema” e a construção do objeto a ser filmado possuem afinidades eletivas com a própria forma de “fazer sociologia”.Neste trabalho, portanto, apresentaremos diálogos que temos explorado entre Cinema (em particular o documentário) e Ciências Sociais a partir do projeto de documentário feito com alunos no Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro. As propostas do documentarista Eduardo Coutinho e do crítico/cineasta Jean-Louis Comolli serão aqui analisadas como pertinentes para se fazer cinema na escola. Ambos destacam a subjetividade do olhar cinematográfico, embora com métodos e visões diferentes de se conceber o cinema-documentário. O primeiro dá lugar central ao cinema como a “escuta do outro”, um encontro entre aquele que filma e o objeto fil-mado (é sempre, pois, uma intervenção). Para Comolli, o documentário requer um en-gajamento no mundo e se realiza apenas “sob o risco do real”, atravessado pelas incerte-

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zas da experiência de filmar e da própria realidade: daí a impossibilidade do roteiro. As referências dos estudos pós-coloniais/decoloniais na análise crítica das imagens e da prática cinematográfica também tem se tornado um campo de interface interessante neste diálogo. Sendo assim, as referências de Robert Stam e Ella Shohat são igualmente fundamentais, assim como a proposta de pedagogia decolonial, de Catharine Walsh. Por fim, apresentaremos a metodologia elaborada com base nas teorias utilizadas a partir do projeto de documentário sobre a Copa do Mundo no Brasil, com um grupo de alunos da unidade Humaitá II, do Colégio Pedro II. Apresentaremos o desenvolvimento do processo e os resultados preliminares da confecção do documentário, sugerindo ainda pontos de encontro entre o fazer sociológico e a experiência fílmica.

METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS NO ENSINO DA SOCIOLOGIA

Ytallo Kassio Franco de Souza - UNAMA

A Universidade da Amazônia-UNAMA, juntamente com a Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), executa o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) que realiza através do Curso de Ciências Sociais o Projeto Sociologia com Arte, que tem por objetivo executar metodologias participati-vas para o ensino da Sociologia. Este projeto utiliza manifestações da cultura paraense, como músicas, jogos, dinâmicas e ações que envolvem o cotidiano dos alunos, recursos didáticos que ajudam na compreensão de conceitos sociológicos. O Projeto Sociologia com arte é realizado no 8º e 9º ano, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Luiza Pinto Amaral, localizada no Município de Belém-Pará, teve seu início em abril de 2014 e o projeto está em funcionamento até o presente momento. Como aluno bolsista PIBID/UNAMA do Curso de Ciências Sociais faço parte da equipe responsável pela elaboração dessas metodologias participativas. As metodologias participativas aplica-das neste projeto compreendem os alunos como sujeitos culturais heterogêneos. São utilizadas como uma prática de ensino que tem por finalidade criar medidas educacio-nais para fortalecer a identidade cultural dos alunos. Partindo desse pressuposto este trabalho pretende alcançar os seguintes objetivos: - Identificar modalidades didáticas necessárias para constituir as estratégias de ensino-aprendizagem na disciplina de So-ciologia que contribuam para a o fortalecimento da identidade cultural. - Estudar os pressupostos teóricos do uso das Metodologias participativas no processo de ensino-aprendizagem para fortalecer a identidade cultural dos alunos. - Discutir a aplicação de metodologias participativas no ensino de Sociologia no Ensino Fundamental para for-talecer a identidade cultural dos alunos. Na Educação Básica quando os educadores uti-lizam métodos de ensino pautados na pedagogia tradicional, desconsideram os aspectos heterogêneos de toda uma classe social. Tornando o ensino mecanicista e reforçando valores sociais e culturais baseados em uma classe dominante. Segundo Pierre Bour-dieu (1992, p.35), “...a escola impõe um arbítrio cultural, socialmente discriminatório, produz um processo de homogeneização cultural...”. Partindo desta análise quando a metodologia tradicional é aplicada, a escola valoriza e ensina a educação do grupo social com maior poder cultural. Nesta perspectiva, o autor compreende que “na sociedade

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de classes, a legitimação de um arbitrário cultural corresponde a força da classe social que o sustenta, o arbitrário impõe uma cultura legítima, valores culturais legitima-dos pela classe dominante” (BOURDIEU, 1992, p.22). Contrapondo ao pensamento de Bourdieu (1992), Antonio Gramsci (1982) nos remete a possibilidade da formação de um pensamento crítico da realidade através de uma intervenção pedagógica. Para Gramsci (1982, p.131),“...na medida em quer o professor é consciente dos contrastes entre o tipo de sociedade e de cultura que ele representa e o tipo de sociedade repre-sentado pelos alunos...”, o professor torna-se um “intelectual orgânico”, pois reflete sobre sua atuação no meio didático e assume o compromisso de transformação social e cultural. As metodologias participativas no ensino da Sociologia desenvolvem ativi-dades de forma metódica e sistemática, que ajudam no fortalecimento da identidade cultural dos alunos, servindo como um instrumento didático contra processo homo-geneização cultural imposto pela classe dominante, o desenvolvimento da mesma no espaço escolar poderá produzir nos alunos a compreensão de si como sujeitos culturais, históricos e sociais de sua cultura.

UM OLHAR SOBRE OS DIREITOS HUMANOS

Marcos Machado Duarte - Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus / Supervisor PIBID - UFRGS

O ensino de Sociologia na Educação Básica tem como objetivo propiciar espaços para que ocorram atividades voltadas para a investigação e compreensão da realidade social e do cotidiano dos alunos. Buscando sempre desenvolver o imaginário sociológico dos estudantes (Mills, 1972) e produzir o estranhamento de a desnaturalização do universo aparente (PCNs). O objetivo deste projeto é desafiar o estudante do Ensino Médio a colocar-se frente à produção de conhecimento a partir da interpretação de fenôme-nos sociais que dizem respeito aos Direitos Humanos, podendo assim, construir uma percepção cidadã da realidade vivenciada. O projeto é dividido em cinco momentos. 1) Compreensão das abordagens sociológicas que atravessam as diferentes temáticas dos Direitos Humanos. 2) Construção de um recorte da realidade social através da produção de uma fotografia que registre o momento onde um ou mais Direitos Huma-nos estão sendo atendidos ou negados. 3) Apresentação para a turma e a realização de um debate sobre os recortes problematizados. 4) Produção de textos síntese do debate e dos estudos realizados. 5) Seleção dos trabalhos para compor um livro onde fique registrado os principais trabalhos produzidos ao longo do projeto e para que o conhe-cimento produzido possa ser compartilhado com toda a comunidade escolar. Durante o desenvolvimento do projeto foi debatido diferentes questões acerca da condição dos indivíduos frente a desigualdade. Os estudantes demonstraram muita capacidade de es-tranhar práticas e condições sociais que passavam despercebidas antes de se colocarem o desafio de observar seu cotidiano. Entendemos que ao longo de todo o projeto foi possível dar concretude as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação em maio de 2012. Compreender o desenvolvimento histórico dos Direitos Humanos e como essas ideias são debatidas na

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atualidade é um passo importante na construção de indivíduos reflexivos e conscientes do seu espaço e de sua possibilidade de intervenção na realidade social.

SESSÃO B – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

DA ONDE VC VEM? OS LUGARES E EXPERIÊNCIAS DOS ALUNOS DE SOCIOLOGIA DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE CURITIBA

Simone Meucci - UFPRCarlos Favoretto - UFPR

Esta comunicação apresentará resultados de uma Oficina de Sociologia realizada pelo PIBID-UFPR-Ciências Sociais com alunos do ensino médio de uma escola da periferia de Curitiba. A Oficina, nomeada ‘De onde vc veio?”, foi desenvolvida para discutir os ‘lugares’ de origem dos alunos como ‘lugares sociais’. Para isso, a vivência local dos alunos foi organizada segundo três eixos temáticos: trabalho (o que as pessoas fazem?), política (quem - e como - decide sobre o lugar onde moro?) e cultura (o que as pes-soas sentem, gostam, acreditam?). Os trabalhos ocorreram em encontros semanais e, a cada sessão, lançamos mão de diferentes ferramentas de análise: música, fotos, filmes, vídeos, textos literários, mapas, questionários e entrevistas. As categorias que, ao fi-nal, orientaram as reflexões dos três eixos foram as seguintes: identidade, alteridade e desigualdade social.

MÍDIA E EDUCAÇÃO: REFLETINDO COM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO OS SENTIDOS DA TECNOLOGIA ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE VÍDEOS

Carla Georgea Silva Ferreira - IFPI

O presente trabalho é fruto das experiências desenvolvidas nas aulas da disciplina de Sociologia no IFPI- Campus Uruçuí, quando trabalhamos o tema “A sociedade tec-nológica”. O debate sobre os avanços tecnológicos e a utilização deles na sociedade con-temporânea é um dos temas que desperta grande interesse entre os alunos, pois pos-sibilita uma interlocução entre teoria e prática. A abordagem teórica de autores como McLuhan (1969), Giddens (2012) e Castells (1999) ajuda os alunos a compreenderem o processo e as consequências do avanço tecnológico em nossa sociedade e, por outro lado, os permite visualizar esses avanços nos diversos aparelhos e mídias as quais eles têm acesso, como: computadores, samrtfones, tabletes, internet, vídeos dentre outros. Mas, é a possibilidade de utilizar efetivamente esses recursos no processo de ensino e aprendizagem que chama mais atenção dos alunos.O estudo teve como objetivo anal-isar o desenvolvimento de uma atividade realizada para disciplina Sociologia, intitulada Vídeo – Seminário. A referida tarefa tinha por objetivo aguçar o olhar dos estudantes

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para a utilização da tecnologia como instrumento de problematização da realidade so-cial e despertá-los para a inserção de mídias e tecnologias no processo de ensino-apren-dizagem. A turma produziu vídeos nos quais os grupos enfocaram a relação tecnologia – sociedade, utilizando situações e personagens reais para retratar a forma como lidados e vivemos com a tecnologia. Utilizamos na pesquisa a abordagem qualitativa por meio de pesquisa-ação. As técnicas utilizadas compreenderam: a divisão dos alunos do 4º Ano Curso Técnico em Agroindústria e 4º Ano Curso Técnico em Agropecuária em grupos, foram sorteados entre os grupos subtemas relacionados aos avanços tecnológicos e, por fim, feita a análise dos vídeos produzidos em conversas entre os alunos e professora. Nas produções dos jovens notou-se a presença de situações e preocupações cotidianas que envolvem o uso da tecnologia. O acesso precoce de crianças à internet e às redes sociais como facebook, whatsApp, o choque geracional entre os usuários da tecnologia e, principalmente, a dificuldade de socialização dos adolescentes e jovens por causa das redes sociais foram os temas mais abordados. Assim, podemos apontar como aspectos positivos da atividade: a possibilidade de apropriarem-se dos conteúdos ministrados de forma teórica e pratica; a oportunidade que os alunos tiveram de sair dos muros da escola, conversar com pessoas da comunidade, perceber as opiniões sobre os temas e exercitar a participação no processo de construção e avaliação dos trabalhos. Embora a escola em alguns casos veja os recursos tecnológicos como inimigos no processo de ensino - aprendizagem é possível perceber que eles estão cada vez mais presentes no dia a dia dos jovens. Assim ao pensar a sociedade tecnológica, segundo Belloni (2005) não podemos perder de vista que a escola é um espaço privilegiado de socialização e de produção de conhecimento, sendo assim ela precisa atentar para necessidade de uma aprendizagem contextualizada que seja capaz de fazer a apropriação das mídias e tecno-logias de forma consciente e criativa. Neste sentido, faz-se necessário que o professor encampe o desafio de promover a integração entre prática pedagógica e utilização das tecnologias possibilitando aos discentes a oportunidade de se expressem através de novos códigos e linguagens e que os aproxime de suas realidades.

A UTILIZACAO DEHISTÓRIAS EM QUADRINHOS NAS AULAS DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Anélia Silvestre - UFMTFrancisco Xavier Freire Rodrigues - UFMT

Este trabalho discute as histórias em quadrinhos como recurso didático-pedagógico. O objetivo é apresentar a utilização das histórias em quadrinhos como um recurso didático nas aulas de sociologiana educação básica. Trata-se de um relato de experiên-cias de preparação e desenvolvimento de aulas no Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto Sociologia/Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso. Dado que os processos de socialização dos alunos na sociedadecon-temporânea são dentro de uma cultura fortemente visual, nesse aspecto a utilização de um recuso linguístico e visual pode trazer os estudantes para uma discussão sobre a sociedade e apresentar novas reflexões a respeito do mundo social em que estão inseri-

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dos. Assim como outros elementos, a produção e reprodução dessas imagens também fazem parte de uma indústria que opera no campo cultural, a qual se designa “indústria cultural”, um conceito formulado pelos frankfurtianos por volta de década de 1940. A discussão em torno do surgimento de uma nova forma de expressão cultural a “de massa” difundida através dos meios tecnológicos se polariza. Entre os autores que se posicionavam contra a massificação da cultura está Adorno e Horkheimer que acredi-tavam na dependência da cultura submetida às técnicas industriais, e a perspectiva de Benjamin e Kracauer afirmando que essa nova forma de expressão cultural era positiva, pois apresentava um caráter democrático através dos meios em que eram difundidas. A discussão sobre a indústria cultural avança em consequência do desenvolvimento dos meios de comunicação intitulados de “massa” (TV, cinema, rádio). Nosso entendimento e de que as historias em quadrinhos são expressões da industrial cultural. Utilizar as histórias em quadrinhos como recurso didático auxilia o processo de ensino, pois, seu conteúdo aborda uma diversidade de temas, a junção da imagem e do texto propor-ciona um melhor entendimento do conteúdo abordado, não há rejeição por parte dos alunos sobre as histórias em quadrinhos, entre outros motivos. Dentro desta perspec-tiva, percebe-se que o impedimento pedagógico que se tinha a respeito das histórias em quadrinhos vem sendo destruído ao longo dos tempos e que a sua utilização pode dinamizar e motivar os alunos e melhor o processo ensino e de aprendizagem. Consid-eramos exitosa a tarefa que realizamos por meio da elaboração e montagem de aulas de Sociologia que teve como recurso didático as historias em quadrinhos, pois os alunos entenderam melhor os conteúdos trabalhados.

FOTOGRAFIA E EDUCAÇÃO: UMA BREVE DISCUSSÃO SOBRE A FOTOGRAFIA COMO FERRAMENTA DE APRENDIZADO DA SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Luísa Toledo Barbosa - UFJFKatiuscia C. Vargas Antunes - UFJF

Diante do crescimento da tecnologia, o mundo ganhou nova dinâmica frente à criação de modernos aparelhamentos tecnológicos. Nossa sociedade passou a ser regida con-forme a velocidade das novas mídias, carregadas, principalmente, de imagens. Vivemos num período em que as imagens são fortemente presentes em nossas vidas, sejam elas para retratar situações como as notícias do cotidiano ou a troca de conversas via re-des sociais. A consagração e ampliação das ferramentas de transmissão de informações como a internet nos proporcionou maior facilidade na busca por informação. Entre as novas possibilidades pelo qual as mídias veem se utilizando para repassar as infor-mações, podemos perceber o crescimento do potencial que as imagens estão sendo divulgadas com variados fins. Há na atualidade uma real valorização das imagens para retratar inúmeros acontecimentos, isso pode ser verificado também nas redes de rela-cionamento dado o aumento de aplicativos na internet que visam à utilização de foto-grafias e vídeos nas interações cibernéticas. As imagens podem nos levar a questionar de que forma elas podem nos afetar e de que maneira podem vir a ser usadas como, por

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exemplo, o papel de informar, educar etc. A partir dessa discussão sobre a fotografia como ferramenta para diversos fins, pretendemos levantar questionamentos sobre a relação que a imagem pode apresentar dentro do campo da educação. Um dos pontos a se questionar seria de que forma a fotografia poderia ser trabalhada em conjunto com a educação de maneira a contribuir para o processo ensinoaprendizagem dos estudantes. Com base nesses questionamentos, realizamos um estudo de campo no intuito de ob-servar uma atividade de oficina de fotografia para alunos do Ensino Médio. A oficina é uma atividade proporcionada pelo Clube de Sociologia de uma escola pública da Rede Estadual de Educação do município de Juiz de Fora/MG. A criação do Clube de Socio-logia é uma das iniciativas do projeto de Iniciação à docência – PIBID, ligado à Licen-ciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. A proposta da oficina de fotografia foi oferecer aos alunos um novo olhar sobre a disciplina de sociologia, de forma a aumentar as estratégias de ensino da matéria de modo a fazer com que o aluno repense a disciplina por intermédio da fotografia. Para a oficina os estudantes optaram pelo tema sobre tribos urbanas a fim de construir suas fotografias e fazer uma exposição no colégio com essas imagens. A partir desse tema a oficina con-tou com a ajuda de profissionais da área que promoveram palestras sobre a temática e aula/exposição sobre como tirar fotos. De acordo com Susan Sontag (2004), podemos conferir às imagens um relato da realidade e de nos posicionar no mundo, sendo que as imagens também apresentam como característica a de informar. Outro autor impor-tante na área da fotografia, Philippe Dubois (2012), ressalta o papel da fotografia como uma nova ferramenta de apreensão do mundo. Sobre a educação há um crescimento na discussão sobre as novas formas de pensar sobre educação, como ilustra Pierre Lévi (2010) ao pensar a educação juntamente com a tecnologia. No campo do ensino de sociologia, Ileizi Fiorelli Silva (2007) nos mostra os desafios enfrentados pela disciplina até a sua consolidação no campo da educação básica. Com o relato dos alunos podemos fomentar a análise sobre o efeito que essa oficina de fotografia os proporcionou e de que maneira essa estratégia metodológica despertou novo olhar sobre a disciplina de sociologia.

PENSANDO CAMINHOS PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA. PRESSUPOSTOS DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL

Maria Valéria Barbosa - UNESP/Marília Matheus Bortoleto Rodrigues - UNESP/Marília

O presente trabalho é resultado de pesquisa realizada pelo grupo Pibid/Ciências Soci-ais de Marília, no âmbito da sua atuação em escolas de rede pública estadual de ensino, bem como, da reflexão teórica fundamentada na concepção da Teoria Histórico-Cul-tural. A pesquisa encontra-se em andamento e tem como objetivo o desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas para o ensino de Sociologia com estudantes do En-sino Médio. O fio condutor do trabalho pauta-se pela compreensão de que a apropria-ção de conceitos a partir das ações objetivas dos seres humanos — neste caso os estu-

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dantes — é fundamental para o processo de uma educação desenvolvente, e, portanto, propulsora do desenvolvimento humano. A partir deste pressuposto organiza-se um conjunto de atividades que proporcione alcançar estes objetivos e a Teoria da Atividade de Leontiev é a que se mostra mais adequada no desdobramento prático-pedagógico em sala de aula. Procede-se, sempre, criando uma situação problema que é apresentada aos estudantes; quando necessário utiliza-se instrumentos lúdicos para sensibilizá-los para a temática ou para mediação de algum conhecimento mais complexo; pede-se para que os estudantes demostrem o conhecimento que possuem sobre a situação problema; relaciona-se esse conhecimento com o conjunto de outros dados fornecidos por eles — trechos de músicas; filmes que assistiram; situações do cotidiano, dentro outros — e o professor, como mediador mais experiente, vai inter-relacionando com o conteúdo sociológico que precisa ser apreendido. Ao final os estudantes precisam ser capazes de expressar, sobretudo de forma escrita, os novos conhecimentos que os conceitos sociológicos lhes proporcionaram. O outro ponto interessante, deste procedimento é a interação do conteúdo ministrado com a realidade dos estudantes, esse elemento se fez necessário, pois propicia sentido em relação aquilo que está sendo aprendido e facilita o processo de ensino-aprendizagem ao aproximar a linguagem científica da realidade imediata de cada um dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. O grupo vem alcançando bons resultados no processo de ensino aprendizagem e na apropria-ção e objetivação do conhecimento por parte dos estudantes do ensino médio. Porém, longe de propor uma metodologia de ensino-aprendizagem finalizada, traz novos el-ementos, caminhos que merecem ser traçados por meio de uma pesquisa de maior amplitude. Também tem possibilitado problematizar a importância e a possibilidade de uma formação integral dos estudantes do ensino médio nas escolas públicas paulistas, o que vem evidenciando que, só é possível a desnaturalização da realidade social mediante e a apropriação conceitual dos conhecimentos acumulados histórica e socialmente pelas Ciências Sociais e com o envolvido dos sujeitos no processo educativo.

A SOCIOLOGIA BRASILEIRA VAI À ESCOLA

Maira Graciela Daniel - Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha

Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a inserção da sociologia brasileira na programa curricular do ensino médio. A proposta já está em andamento e se de-senvolve com alunos do segundo ano em um contexto de escola técnica, a Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha, localizada em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Ao longo do ano serão apresentados aos alunos autores,considerados clássicos, dentro da sociologia brasileira, como: Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Roberto Damatta e Florestan Fernandes. A metodologia do trabalho desenvolvida envolve lei-tura de trechos de obras dos autores acima citados, a saber, Casa-grande e senzala, Raízes do Brasil, Carnavais, Malandros e heróis e A Revolução burguesa no Brasil, re-spectivamente. Ocorrerão também, aulas expositivas e, ainda, seminários em torno da discussão do processo de formação da sociedade brasileira. Nas raízes formativas da sociedade brasileira, encontram-se desenvolvidos processos sócios históricos que

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obstruíram a constituição de uma esfera pública, da democracia e cidadania. O Estado brasileiro constitui-se permeado de valores como autoritarismo, patrimonialismo, pa-ternalismo, e existe a impossibilidade de separação entre esfera pública e privada. Isso se expressa através de uma longa tradição autoritária evidenciando um constante pro-cesso de dualidade entre, por um lado, práticas sociais e políticas de caráter patrimoni-alistas e, por outro, uma formalidade jurídica e institucional, de certa forma compatível com a de uma moderna sociedade democrática. Portanto, a importância desse tipo de trabalho está em que, ao final do ano, o aluno será capaz de compreender o desen-volvimento da sociologia no Brasil. Poderá, também, identificar as etapas desse desen-volvimento relacionando-as com as transformações do panorama político, cultural e econômico do país e, ainda, conhecer as obras de referência da sociologia no Brasil.E, principalmente, poderá compreender as características do processo de formação do Estado e da sociedade brasileira através de um olharcrítico e reflexivo.

PENSANDO AS PRÁTICAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Rubia Machado de Oliveira - UFSMJuliana Franchi da Silva - UFSMJerfferson Paim Luquini- UFSM

O presente trabalho visa apresentar considerações referentes a metodologia e as prati-cas de ensino de Ciências Sociais na Educação Básica a partir de elementos observados nas aulas de Sociologia da Professora Mara Miranda, na Instituição de ensino Estadual Olavo Bilac, Santa Maria, RS. O objetivo é contribuir com as reflexões relacionadas as praticas que vem sendo utilizadas pelos professores de Sociologia/Ciências Sociais no cotidiano das escolas brasileiras, apresentando as experiências metodológicas ob-servadas na disciplina de Sociologia. Nesse sentido apontar alternativas metodológicas para a prática de ensino para a disciplina de Sociologia. Os elementos para a realiza-ção deste trabalho são fruto de observações realizadas entre 2011 e 2013 nas aulas de Sociologia da professora a qual nos referimos anteriormente. Para a realização desta pesquisa valemo-nos do método etnográfico, atuando junto à escola, mais especifica-mente, observando as aulas de Sociologia. O que se pretende por meio da apresentação das diferentes metodologias e estratégias postas em práticas pela professora com a sua turma de alunos no ensino médio é construir um debate sobre as estratégias de ensino e formas mais pedagógicas de apresentar as ciências sociais aos estudantes de maneira que a disciplina se torne atrativa e chame a atenção dos alunos para a importância do con-hecimento Sociológico, Antropológico e Político. Portanto, sendo a “qualidade docente a marca maior de uma boa escola e, consequentemente, de uma boa aprendizagem dos alunos”, Pedro Demo (2011, p.44). Temos que considerar, quando se trata de ensino, a qualificação metodológica e pedagógica do professor e desta forma as trocas de infor-mações referentes às diferentes metodologias e estratégias de ensino vêm a contribuir para que o professor aperfeiçoe suas metodologias de ensino.

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CONTRARIANDO O FATO SOCIAL: BALANÇO DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

José Amaral Cordeiro Junior - Colégio Pedro II (RJ)

Este trabalho consiste em uma proposta de introdução à sociologia no ensino mé-dio, apresentada ao Programa de Residência Docente do Colégio Pedro II em 2012. Em nossas aulas na educação básica, sugerimos aos alunos um experimento em que desobedeçam alguma norma escolar com o propósito de refletir sobre o fato social e a construção do objeto de estudo da sociologia.Nossos pressupostos teóricos foram os objetivos cognitivos e as preocupações pedagógicas expressos nas Orientações Cur-riculares Nacionais (Brasil, 2006), assim como a provocação intelectual “imaginação sociológica”, do sociólogo norte-americano Charles Whright Mills (1959). Elaboramos uma sequência didática de modo a introduzir nossos estudantes de ensino médio a uma perspectiva holista da sociologia: a de Émile Durkheim (1895). Nossos objetivos eram que (i) os alunos estranhassem e desnaturalizassem o cotidiano do seu espaço escolar, (ii) problematizassem a leitura individualista das relações sociais e (iii) reconhecessem e aplicassem o fazer científico da sociologia. Abordamos o conceito de fato social e o processo de socialização, com ênfase no período escolar, através de aulas expositivas e do largo uso de filmes que provocassem discussões sobre o cotidiano da instituição em que se inseriam. Propusemos, então, que os estudantes realizassem um experimento prático: a desobediência deliberada e controlada de uma norma escolar escolhida por eles para que provocassem a coerção de certas “maneiras de agir, sentir e pensar”. Com a finalidade de observar-vivenciando os efeitos coercivos do fato social, elaboramos previamente um roteiro de realização do trabalho e o apresentamos aos alunos. Por fim, como avaliação, produziram-se relatórios escritos que procuravam relacionar o experi-mento aos conceitos estudados em sala de aula. Em nossa apresentação, analisaremos as dificuldades e os resultados de nossa sequência didática, que teve de vencer inúmeras resistências para ser aplicada e, por vezes, foi fadada ao fracasso, tendo sua realização impedida. Em um exercício de reflexividade sobre nossa própria prática docente, com-pararemos, ainda, dois momentos distintos de aplicação da mesma sequência didática.

ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E METODOLOGIAS DE PROBLEMATIZAÇÃO/COMPREENSÃO NO ENSINO DA SOCIOLOGIA

Josemi Medeiros da Cunha - UFRNJeremias Alves de Araújo e Silva - UFRNIrene Alves de Paiva - UFRN

A presente comunicação propõe algumas reflexões sobre algumas experiências do-centes que vem sendo operacionalizadas na rede pública de ensino do Estado do Rio Grande do Norte nos últimos três anos a partir da utilização de metodologias que valorizam a problematização a partir da inter-relação dos conhecimentos, a organização de momentos de estudo, a compreensão e a elaboração de propostas de intervenção

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em situações-problemas no Ensino Médio. As experiências têm se dado segundo a uti-lização de três modelos de organização do ensino/conhecimento ou metodologias: a esfera da existência humana (SEVERINO, 1994), os três momentos do conhecimento: concreto, abstrato e concreto pensado (MARX, 1990), e a árvore do diagnostico ou problema (ARMANI, 2004). A primeira metodologia consiste na esfera da existência humana, apresentada como elemento problematizador de uma determinada situação/fenômeno social estudado em sala de aula, consiste em uma reflexão que problematiza e explica a inter-relação entre as práticas produtiva (do trabalho), social (politica) e simbolizadora (cultural) nas sociedades humanas. Tomando a proposta da esfera e da inter-relação entre as suas práticas como ponto de partida, os alunos são convidados a refletir sobre temas escolhidos no planejamento da aula, e mobilizar os conhecimentos da sociologia de maneira relacionada a cada prática, como por exemplo os conceitos de identidades e ideologia são discutidos e relacionados a prática simbolizadora, os conceitos de trabalho e mais-valia relacionados a prática produtiva, e os conceitos de poder e status relacionados a prática social ou política. A ideia é discutir os temas ou contextos, com base nos conhecimentos estudados em sala de aula, e na esfera, conside-rando-os como multidimensionais e inter-relacionados, como por exemplo o estudo sobre a situação de rua no Brasil, a partir dos conceitos de estratificação e exclusão social, e das suas dimensões cultural, política e do trabalho. Posteriormente todos os conceitos são inter-relacionados (ou a articulação entre as dimensões das esferas são retomadas) para discutir as realidades de maneira mais ampla e multidimensional. A ideia é que os alunos possam utilizar os conceitos como lentes interpretativas e a esfera como mais um “mecanismo” de compreensão sobre os temas estudados. A segunda se dá na organização de três momentos do conhecimento (concreto-abstrato-concreto pensado) em sala de aula. A ideia é que os estudantes compreendam a importância de sistematizar ou de estabelecer critérios para o estudo dos conhecimentos da sociologia, tomando as realidades ou temas propostos como ponto de partida(concreto), identifi-cando os conceitos e teorias que poderão ser mobilizados para refletir sobre os temas (abstrato), e elaborando reflexões/explicações sobre os temas por meio do debate ou da escrita (concreto pensado). Estes momentos têm motivado a dialogicidade nas aulas (FREIRE, 1996), a elaboração e orientação de pesquisas, a produção textual, a orga-nização das questões de provas e as suas correções. A terceira, a Árvore do diagnostico ou analise da problemática, consiste em uma proposta de reflexão que toma a imagem de uma árvore e a localização de seus três momentos (raiz do problema, tronco do problema e copa do problema) como elementos de debate e reflexão sobre as possíveis motivações e consequências de questões ou problemas sociais, bem como a elaboração de propostas de intervenção com base no diagnóstico (como apresentado nos textos dissertativos-argumentativos). A ideia é utilizar esses recursos como estratégias do es-tudo da Sociologia, considerando-os como instrumentos que possam ser adquiridos pelos estudantes, incentivando suas autonomias na busca pelo conhecimento, a partir da problematização, organização do conhecimento, analise de possíveis causas e conse-quências dos fatos estudados e a produção textual como estratégias do conhecimento, destacando as práticas do estranhamento e da desnaturalização, como momentos do ensino e da aprendizagem.

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OS CLÁSSICOS NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO? DO CONCEITO BÁSICO AOS TEMAS – COMEÇANDO COM DURKHEIM

Diego Fernandes Dias Severo - IFF (Alegrete/ RS)

Este trabalho pretende apresentar e discutir uma forma de introdução da Sociologia para os alunos ingressantes no ensino médio. O ensino médio no Brasil sofre com uma crise de identidade, reformulação curricular, integração técnica, muitas são as questões, aqui busco problematizar minha prática docente em cursos integrados ao ensino técnico de agropecuária e informática. Apresentar a disciplina com os clássi-cos parece exagero e corre o risco de cair no “conteudismo”, porém ao iniciar sobre as imposições sociais sobre o indivíduo, desde o colocar o brinco nas meninas até o ritual masculino à iniciação sexual na adolescência, os alunos vão criando expectativas e questões para o andamento da disciplina. No avanço do conteúdo, saindo de Dur-kheim e saltando para Weber, onde a oposição metodológica e de objeto é radical, urge análises dos discentes: “mas professor, como assim, é óbvio que a realidade impõe e nós só obedecemos”; questionamentos de validade, atualidade e veracidade perpassam e fazem esquentar as relações entre sociedade e indivíduo, contradições, no entanto são recorrentes, tais como: “então na solidariedade mecânica o todo impõe regras e todos cumprem, sociedade tradicional, tal como o tradicionalismo gaúcho! Quem não obe-dece sofre penas pesadas”, de certa forma o pensamento anda em comunhão, contudo cabe aí um cuidado metodológico e social. Partindo desses questionamentos o acesso a temas polêmicos como reforma agrária, homossexualismo, feminismo fica mais fácil, sem o risco imediato de rejeição, e coloca em diálogo perspectivas sociais presentes no cotidiano dos discentes que os relacionam com o “tijolo do social” sobre si, no vácuo criado de sua reflexão, o discente passa a entender as transformações e imaginar formas outras de sociedade daquela onde está inserido. Nesse sentido, pretendo aqui discutir como, a partir de Durkheim, a Sociologia clássica se torna mais didática, apresentando por meio dos conceitos do autor, fato social, solidariedade mecânica e orgânica, ano-mia, suicídio, que a teoria se torna visível.

A PESQUISA NAS AULAS DE SOCIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO: ENTRE RELATOS E POSSIBILIDADES

Liliam Camilo Sousa Holanda - Fundação Joaquim NabucoAndré de Queiroz Pereira - Fundação Joaquim NabucoWilson Fusco - Fundação Joaquim Nabuco

As discussões acerca do ensino com pesquisa na literatura educacional possuem uma longa trajetória marcada por variadas propostas, nas quais o professor é sempre uma figura de destaque. Quando o tema é a relação entre ensino e pesquisa, o foco do debate transita por diversos posicionamentos, como os que argumentam que a atividade de ensinar exige habilidades distintas da atividade de pesquisar, ou aqueles que defendem a pesquisa como elemento essencial no trabalho docente, dentre outros. A prática de

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pesquisa dos alunos do ensino médio, em geral, está voltada principalmente ao acesso à Internet e ao “copiar-colar” dos conteúdos dos sites, ou seja, uma pesquisa voltada à coleta de informações e/ou dados, sem preocupação com o exercício da reflexão crítica. Faz-se necessário, entretanto, uma pesquisa que crie e amplie a capacidade de questionamento, aguce a curiosidade científica, leve a construção de argumentos e que permita aos alunos assumir um papel ativo no seu processo de aprendizagem. Esse jeito de utilizar a pesquisa encontra eco em boa parte dos documentos que norteiam o ensino médio, dentre eles: LDB, DCN, OCN, PSA PE e Pacto pelo fortalecimento do ensino médio, bem como no trabalho de diversos autores especializados no tema. As Ciências Sociais possuem um acúmulo de pesquisas empíricas que informam caminhos e metodologias a serem perseguidos e que podem dar ao ensino de Sociologia no nível médio um novo impulso. Neste trabalho será apresentada uma proposta de utilização da pesquisa como ferramenta de ensino de Sociologia no nível médio em duas dimensões complementares: uma de espectro mais geral, tratando conceitualmente da pesquisa, sua caracterização para algumas disciplinas no nível de ensino em referência e a vivência do docente quanto à questão em foco; e outra mais específica, tratando da aplicação prática de uma pesquisa social, seu método de utilização e seus efeitos na realidade. Para desenvolver a primeira parte, o estudo da pesquisa de forma mais geral no ensino médio, serão utilizados os resultados de uma pesquisa de campo qualitativa entre pro-fessores de diversas áreas do conhecimento de escolas estaduais de Petrolina-PE, com vistas a captar como eles vivenciam e compreendem a pesquisa em sala de aula, relacio-nando suas experiências ao que dizem os documentos e buscando ver se os professores de Sociologia tem algo de específico. A aplicação dessa ideia será desenvolvida pela utilização da cartografia social como instrumento de prática pedagógica para a pesquisa nas aulas de Sociologia do ensino médio em uma escola de Cabo Santo Agostinho-PE. Essa técnica mostra-se relevante, pois permite trabalhar as mais variadas questões que envolvem o cotidiano dos alunos, como cidadania, papel do Estado, construção da reali-dade, entre outras, e assim proporcionar aos alunos a possibilidade de relacionar teoria e prática. Espera-se, com o desenvolvimento e aplicação dessa proposta, levar o aluno ao “estranhamento” e “desnaturalização” propostos pelas OCN no ensino de Sociologia, já que permite repensar o contexto social do lugar em que o aluno está inserido, ao mesmo tempo em que possibilita que ele, por meio de sua atividade e reflexão, produza algo sobre o lugar em que vive e problematize sua própria realidade. Dessa forma, o estudo proposto pode contribuir nas discussões acerca do ensino de Sociologia, de um lado, pela investigação a respeito da prática dos professores com a pesquisa em sala de aula e, de outro, trazendo e utilizando uma ferramenta que auxilie essa prática nas aulas de Sociologia.

UMA PESQUISA DE CAMPO NA FORMAÇÃO DOCENTE EM NÍVEL MÉDIO

Tainan Rotter Begara Gomes - UENP

Este trabalho pretende apresentar o resultado de uma atividade de Pesquisa de Campo realizada pelos alunos da 2ª série do ensino médio sob orientação da professora de

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Sociologia no Colégio Estadual Cristo Rei de Cornélio Procópio – Paraná, que é uma escola que oferece a modalidade profissional em Ensino Normal há 60 anos. O tema da pesquisa foi levantado pelos próprios alunos ao notarem a recusa de grande parte dos colegas em seguir a carreira docente. A atividade foi iniciada a partir da pesquisa e exposição da metodologia que seria empregada, no caso o método quantitativo e o qualitativo. Após, foi respondido um questionário pelos alunos da sala quanto a própria intenção de seguir carreira docente e a opinião sobre a visão que a sociedade tem da profissão do professor. A partir desta problematização, iniciou-se uma discussão sobre a profissão docente baseada no texto A Epistemologia da Educação de Lílian Anna Wacho-wicz, abordando as questões da sexualização da profissão de professora, o preconceito ao professores do sexo masculino e a depreciação do Magistério.Após a construção do questionário da entrevista os estudantes iniciaram a coleta de dados no colégio. A ent-revista foi realizada pelos alunos da 2ª série com 265 alunos e alunas de todas as séries e períodos. A principal pergunta do questionário era: “Você pretende seguir a carreira docente após o curso de Formação Docente em nível Médio?”. O questionário também indagava sobre a origem escolar, a motivação da escolha do Colégio Cristo Rei, a opin-ião sobre a remuneração dos professores, e o preconceito aos homens que estudam no colégio.A apuração e levantamento dos dados foram realizados pelos alunos, separados por séries e períodos letivos. E depois fizeram a interpretação dos dados levantados. Os alunos puderam notar as diferentes porcentagens quanto a intencionalidade de seguir carreira docente ao comparar as séries e períodos letivos, e registram suas impressões em relatórios, que posteriormente foram avaliados. Os resultados gerais da pesquisa de campo, as dificuldades e descobertas da turma no percurso da atividade foram apresen-tados ao corpo docente e à comunidade escolar.

A SOCIOLOGIA NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOLOGIA PARA A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Aline Dias Possamai - Prefeitura Municipal de São Leopoldo

O presente Grupo de Trabalho (GT) Metodologias e Práticas de Ensino de Ciências Sociais na Educação Básica tem por objetivo propor a analise da contribuição da disci-plina de Sociologia para a construção do pensamento crítico no ensino fundamental. A escolha surgiu através das experiências recentes e intensas da disciplina de Sociologia no ensino fundamental da rede pública do município de São Leopoldo, no estado do Rio Grande Sul. Tem como delimitação espacial as escolas que fazem parte da esfera pública deste município que possuem a disciplina de Sociologia. A escolha do tema visa verificar se há efetivamente a contribuição da sociologia na formação de estudantes mais críticos no ensino da rede municipal de São Leopoldo.Este trabalho irá explicar o que é o pensamento crítico para a Sociologia e a sua oposição inicial ao senso comum, sua visão inicial positivista e, posteriormente, crítica dialética. Irá explicar, também, a construção da sociologia como ciência e conceitos como imaginação sociológica, senso comum, ciência e conhecimento. Visando a análise da disciplina de sociologia na educa-ção básica brasileira, principalmente, no seu efetivo desenvolvimento para a formação do pensamento crítico pelos estudantes, através da perspectiva dos professores de so-

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ciologia que lecionam esta disciplina no ensino fundamental. O presente estudo busca analisar a visão utilitarista e funcionalista da sociologia, em que ela deve ser obrigatória e necessária, pois serve para desenvolver o pensamento crítico dos alunos, e também, para os mesmos compreenderem o seu cotidiano, com o que chamamos de ‘olhar soci-ológico’. O presente estudo busca analisar a visão utilitarista e funcionalista da sociolo-gia, em que ela deve ser obrigatória e necessária, pois serve para desenvolver o pensa-mento crítico dos alunos, e também, para os mesmos compreenderem o seu cotidiano. Os objetivos propostos para o ensino de sociologia são semelhantes à importância da disciplina. Dois objetivos monopolizam o ‘senso comum’ na fala dos professores e da própria pesquisadora: fazer os estudantes desenvolverem um pensamento crítico e propiciar aos alunos a oportunidade de analisar, interpretar e compreender a realidade social. Em suma, o trabalho tem como foco a analise da contribuição da sociologia na construção do pensamento crítico no ensino fundamental é uma forma de legitimá-la no currículo escolar, visto que, sua introdução na rede municipal é decorrente da compreensão de sua importância para a formação de sujeitos críticos e autônomos que possam exercer plenamente a cidadania.

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GT3 – LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

Coordenadora: Anita Handfas - UFRJE-mail: [email protected]: Amaury Cesar Moraes - USPE-mail: [email protected]

SESSÃO ÚNICA – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO NO LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA: UM ESTUDO A PARTIR DOS LIVROS APROVADOS NO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO – PNLD 2015

Vanusa Rodrigues Sena- UFSC

O presente trabalho propõem-se a analisar os seis livros didáticos de sociologia aprova-dos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) – 2015, com o objetivo de in-vestigar como os autores (clássicos e contemporâneos) do pensamento social brasileiro apresentam-se nesses manuais, buscando compreender em que medida eles contribuem para o processo de estranhamento e desnaturalização da realidade, tal como propõem as Orientações Curriculares Nacionais (2006). Para tal estudo, toma-se como referência os trabalhos de Sarandy (2004), Meucci (2000, 2013) e Botelho (2009,2010). Segundo Sarandy (2004), á análise dos manuais didáticos ganha em relevância se considerarmos que eles também são resultantes da institucionalização das Ciências Sociais no Brasil e do insulamento na academia vivenciado pelo debate acerca do Ensino de Sociologia. Para Meucci (2000), os manuais representam testemunhos significativos do esforço de constituição do saber sociológico entre nós, portanto, não podem ser desprezados numa investigação que pretende compreender as Ciências Sociais no Brasil ou, ao me-nos, compreender que Ciência Social é apresentada no ensino médio no Brasil. Ainda segundo a autora, os livros didáticos não possuem somente uma intenção didática, mas deveriam ser tomados como sistematização do que é consensual (ou próximo disso) em um dado campo cientifico. Botelho (2010) enfatiza que a necessidade de compreender problemas relativos à própria formação da sociedade brasileira e ganhar perspectiva histórica para o entendimento de temas contemporâneos, faz com que as interpreta-ções do Brasil constituam-se num espaço social de comunicação entre presente, passado e futuro, que pode nos dar uma visão mais integrada e consistente da dimensão de pro-cesso que o nosso presente ainda oculta. Nestes aspectos, este trabalho busca analisar se á forma e a finalidade com a qual os autores do pensamento social brasileiro são apre-sentados no livro didático contribuí para com os objetivos pedagógicos fundamentais das Ciências Sociais na Educação Básica: “estranhamento” e “desnaturalização”, e aqui

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especificamente, o estranhamento e a desnaturalização das relações e dinâmicas sociais nacionais para compreensão dos fenômenos sociais brasileiros por meio de correlações e contextualizações históricas e sociais.

O ENSINO DE GÊNERO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA: O CASO DO PNLD 2015

Cícero Muniz - Colégio Estadual Odorico Tavares / Supervisor do PIBID Sociologia (UFBA)

Este trabalho propõe-se a analisar como as abordagens sobre Gênero são explicitadas nos livros didáticos de Sociologia para o Ensino Médio aprovados no Programa Na-cional do Livro Didático – PNLD 2015. Tem-se então, como objetivo, investigar os discursos desses autores acerca do Gênero enquanto fenômeno sociológico e político. Para tanto, utilizou-se como procedimentos metodológicos: primeiro, a seleção de dois livros dentre os aprovados pelo PNLD 2015, seguido da identificação das visões/abordagens que essas obras possuíam sobre Gênero; Segundo, buscou-se ênfase aos títulos que destacavam o conteúdo de forma autônoma; Terceiro, verificou-se a abor-dagem metodológica do conteúdo proposta nos livros, buscando destacar se havia um enviesamento em prol do argumento científico e/ou do político e um direcionamento ideológico, a nível do discurso e conteúdo sobre o fenômeno. A análise do material co-letado se fez à luz da análise de conteúdo combinada à análise crítica do discurso. Como resultado, observou-se que as abordagens do conteúdo são transpassadas por orienta-ções políticas e ideológicas, o que resulta muitas vezes em uma leitura imbricada, pelo leitor, entre o argumento que se baseia em “proposições científicas” e aqueles que se baseiam em “posições políticas”, o que muitas vezes pode gerar uma leitura confusa ou ainda um processo de contestação sobre a validade científica dos argumentos acerca do tema, sobretudo quando o(a) leitor(a) é o(a) estudante. Conclui-se que, desta forma, o conteúdo de Gênero ainda padece de leituras enviesadas por visões de mundo que desconhecem a indissociabilidade entre os argumentos políticos e científicos acerca do tema, e a relação que há entre o discurso científico e a formulação de políticas e direi-tos de minorias, sobretudo daquelas abarcadas pelos Estudos de Gênero. Em suma, tal contexto pode resultar em um entendimento enviesado e/ou a um empobrecimento da apreensão total do conteúdo, por parte do estudante e professor que utilizam o livro didático.

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FERRAMENTA DIDÁTICA OU GUIA CURRICULAR? PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE ESCOLHA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA EM SEIS ESCOLAS DO CEARÁ

Manoel Moreira de Sousa Neto - SEDUC/CERosemary de Oliveira Almeida - UFCMárcio Kleber Morais Pessoa - UECE

A disciplina de Sociologia retornou, na última década, de forma oficial às escolas de ensino médio de todo o país. A situação em torno da implementação da disciplina é marcada por uma série de desafios que dizem respeito à formação de professores, à proposta curricular, ao número de aulas, à situação da escola pública brasileira, às mu-danças no currículo da escola média brasileira, aos objetivos do ensino médio e, por fim, à produção de livros didáticos para a disciplina. (MORAES, 2010) A análise aqui proposta tem como objeto a percepção dos professores de sociologia em relação à forma de escolha dos livros didáticos da disciplina em seis escolas públicas da rede estadual do Ceará. Nesse sentido, o trabalho enfoca questões relacionadas ao processo de escolha e apropriação do livro didático de Sociologia pelos professores desta disci-plina, mediante estudo das percepções dos professores sobre o uso deste artefato. Para operacionalizar esse estudo, parte-se da hipótese de que o livro didático é utilizado como referência pelos professores no momento de construção do plano de curso para a disciplina nas escolas e, dessa maneira, ultrapassa a condição de ferramenta auxiliar da prática pedagógica e torna-se guia curricular de Sociologia no ensino médio. O ob-jetivo do trabalho é compreender quais critérios são utilizados pelos professores para a escolha do livro didático de Sociologia tendo como parâmetro as categorias discutidas por Meucci (2014), a saber: topicalismo, nominalismo e contextualismo. Isso porque o livro didático pode ser apropriado pelo docente, através de seus recursos específicos de escrita e exposição do conhecimento científico em âmbito escolar, de forma particular como referencial teórico para o conhecimento escolar daquela disciplina. Para a obten-ção dos dados empíricos que orientam esta pesquisa estão em processo de análise as seis obras escolhidas no último edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 2015) e o guia para escolha dessas obras produzido pelo Fundo Nacional de Desenvolvi-mento da Educação (FNDE). E, ainda, entrevistas semiestruturadas com professores da disciplina em seis diferentes escolas, cada qual tendo optado por obras diferentes no PNLD 2015. Com base em pesquisa exploratória, percebeu-se nesta análise, ainda em andamento, que a escolha do livro foi feita para atender em primeiro lugar à de-manda por quais conteúdos devem ser ministrados pela disciplina no ensino médio, em detrimento das características didático-pedagógicas que cada obra possui. Os dados analisados até o momento apontam que há uma relação de aproximação entre a divisão curricular aconselhada pelo estado, por meio das matrizes curriculares contidas na coleção Escola Aprendente (CEARÁ, 2008) e a forma como os professores escolheram os seus livros. Em outras palavras, quanto mais o conteúdo do livro se “adequa” àquelas matrizes estaduais, maior será a chance de ser escolhido.

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TRAMAS DISCURSIVAS PRESENTES NOS MANUAIS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA APROVADOS NO PNLD 2012: UM OLHAR A PARTIR DOS REFERENCIAIS DA ANÁLISE DO DISCURSO

Luiz Felipe Guimarães Bom - Colégio Pedro II

O presente trabalho insere-se no quadro geral de estudos recentes acerca dos manuais didáticos de Sociologia produzidos para o ensino médio da escola básica brasileira. A partir da consideração inicial de que vivemos um momento caracterizado pela crescen-te produção de estudos acerca dos manuais didáticos de Sociologia, o presente estudo é parte dos esforços em curso no sentido do aprofundamento da investigação científica dos recursos pedagógicos que estão sendo empregados no campo do ensino da Socio-logia para adolescentes e jovens. Submetemos os manuais didáticos selecionados pelo PNLD 2012 ao método investigativo no campo da Análise do Discurso (AD), conforme as bases formuladas por Michel Pêcheux e Eni Puccinelli Orlandi. Em busca de padrões discursivos reveladores das tramas sociais e ideologias que estão ocultadas nas textuali-dades e narrativas sob o manto de temas, categorias e conceitos sociológicos, recortes foram efetuados nas obras selecionadas, possibilitando a utilização do método compara-tivo em torno da estrutura narrativa das mesmas. As estruturas discursivas submetidas ao método investigativo comparativo revelaram estruturas discursivas com profundas reflexões pedagógicas, reduzindo ou ampliando as possibilidades de diálogo entre as textualidades presentes nos manuais didáticos e os adolescentes e jovens que acessam e procuram compreender os fenômenos sociais à luz das citadas textualidades. Com-preender os manuais didáticos selecionados pelo PNLD 2012 enquanto expressões de um determinado padrão discursivo que se tornou hegemônico no decorrer das décadas de 1990 e 2000, em consonância com parâmetros avaliativos que permeiam critérios de seleção de manuais no PNLD, desvelando, a partir daí, redes discursivas e os padrões discursivos, é o objetivo central do presente estudo. Para além dos estudos centrados na Análise de Conteúdos, a Análise do Discurso (AD) aplicado aos manuais didáticos pode contribuir para a compreensão da atual predominância de um padrão narrativo e dis-cursivo na Sociologia que está presente na escola básica, quando comparados inúmeros currículos, manuais didáticos e outros recursos pedagógicos. Desvelar determinadas tramas sociais e suas imbricações no plano da construção e hegemonização de determi-nadas estruturas discursivas no plano do discurso pedagógico da Sociologia na escola básica, a partir dos objetos selecionados no PNLD 2012, é o objetivo central de Tramas discursivas presentes nos manuais didáticos de Sociologia aprovados no PNLD 2012: um olhar a partir dos referenciais da Análise do Discurso.

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RELAÇÃO PROFESSOR E LIVROS DIDÁTICOS NO ENSINO DE SOCIOLOGIA: QUEM É O MEDIADO E QUEM É O MEDIADOR?

Marcelo Sales Galdino - Fundação Joaquim Nabuco Aracelli Gomes - Fundação Joaquim Nabuco

Este trabalho de pesquisa qualitativa visa realizar, a partir de estudos de caso, três no total, uma reflexão em torno da autonomia de professores, que lecionam a disciplina de Sociologia na Rede Pública Estadual de Pernambuco, em relação ao uso livro didático. Considerando-se que ainda é recente a obrigatoriedade do ensino da Sociologia no nív-el médio e, partindo-se da premissa de que é grande o número de professores que não possuem formação específica para lecionar tal disciplina, e muitos que exercem a fun-ção são emprestados de outras matérias, busca-se identificar e avaliar quais usos esses professores fazem do livro didático: se o docente é o mediador entre o livro e o aluno, conforme uma perspectiva construtivista vigostskyana, ou se é o próprio livro que faz essa mediação, deixando assim o professor dependente deste instrumento. No estudo proposto, parte-se da perspectiva teórica de Gimeno Sacristán acerca do livro didático: que o mesmo é um meio tradutor do currículo oficial para os professores e os alunos, bem como que, quanto mais deficiente é a formação do professor, menos autônomo, portanto “desprofissionalizado” e dependente ele é em relação ao livro didático. Sendo assim, quanto mais distante ou deficiente for à formação do professor em relação à Sociologia, supõe-se que será maior o poder do livro didático no processo ensino-apre-ndizagem, podendo levar a uma alienação da atividade docente, em relação ao aluno, ao currículo e ao próprio conjunto das atividades próprias da função de professor. Para responder a indagação central desta proposta de trabalho serão usados os métodos de observação, não participante, de aulas e entrevistas semiestruturadas com os professo-res que lecionam Sociologia, selecionados de três escolas da rede pública estadual. Foi estabelecido como critério para seleção destes professores a sua formação acadêmica ao nível de graduação, devendo cada professor possuir uma formação diferente, a fim de possibilitar o exame de possíveis contrastes, a saber: um graduado em Ciências So-ciais, um graduado em História e um graduado em Geografia. Nas categorias analisadas busca-se dialogar com os métodos propostos pelas Orientações Curriculares Nacionais de Sociologia (OCN), a saber: a autonomia dos professores na escolha, planejamento e ensino dos temas; a autonomia na escolha e ensino das teorias; a autonomia na escolha, uso, ensino e aplicação dos conceitos; bem como a autonomia em relação à escolha e planejamento de atividades propostas aos alunos; a autonomia no uso de recursos e materiais de apoio didático que estejam além do livro; dentre outros aspectos que por-ventura venham a aparecer durante a investigação.

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CIÊNCIAS SOCIAIS, “COLONIALIDADE DO SABER” E O LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS BRASILEIRAS

Natália de Oliveira de Lima - UFSC

O ensino de Sociologia no Brasil, desde seus primórdios, é caracterizado por diversos intervalos e interrupções em sua trajetória. Desde a última lei que o tornou obrigatório no Ensino Médio das escolas brasileiras, promulgada em 2008, os debates em torno de “como” e “o que” ensinar ganham destaque e importância. O livro didático, por sua vez, pode ser visto, ao menos, de duas formas distintas no espaço da sala de aula: por um lado, representa um dos principais meios de acesso aos conteúdos a serem estudados (por parte tanto de professoras/es quanto de alunas/os), sendo considerado uma espé-cie de “alicerce”. Por outro lado, pode representar uma espécie de mecanismo de con-trole, definindo e controlando os textos e conteúdos disponibilizados em seu interior, deixando, assim, pouca coisa para decisão da/o educadora. Dessa forma, mesmo que de forma “oculta”, seria possível conduzir os objetivos e resultados deste ensino. Tendo-se em vista que o ensino de Sociologia é a representação das Ciências Sociais no âmbito escolar, os dilemas e limitações típicos desta ciência somam-se ao desafio deste ensino. Percebe-se, nos saberes acadêmicos das Ciências Sociais, uma certa tendência à valo-rização do conhecimento com um lócus de enunciação determinado e que considera como verdadeiro e válido uma forma específica de saber. Ao estudarmos a constituição das Ciências Sociais enquanto ciência, veremos que esta se deu no contexto específico de ascensão da sociedade capitalista em alguns países da Europa, e a visão de mundo que acompanhou esta conjuntura deu as bases para a construção do arcabouço dos sa-beres sociais modernos. Uma vez que toda a leitura do espaço/tempo passa a ser feita a partir da experiência particular da história europeia (ao admitir-se e naturalizar-se seus saberes e visão de mundo) cria-se uma universalidade radicalmente excludente. Ao desconsiderar todas as outras formas de conhecimento, tal mecanismo reproduz uma visão única da história, perpetuada pela “colonialidade do saber”. Sendo assim, através da análise de um dos livros didáticos utilizados nas salas de aulas, o artigo teve como ob-jetivo caracterizar a “colonialidade do saber” no/do ensino de Sociologia, considerando como “colonialidade” as heranças eurocêntricas e coloniais internalizadas e ainda vivas no presente. A análise concentrou-se na “Introdução” do livro “Sociologia para o Ensino Médio” de Nelson Dacio Tomazi (2010), um dos títulos selecionados nos PNLD (Plano Nacional para o Livro Didático) dos anos de 2012 e 2015.

A ANTROPOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS

Bárbara de Souza Fontes - UFRJ

O ensino da Antropologia na Educação Básica está ligado à disciplina Sociologia que, desde 2011, está efetivamente inserida no ensino médio de toda a rede de ensino brasileira e, apesar da nomenclatura, todas as diretrizes curriculares específicas indicam

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que seus conteúdos devem contemplar as Ciências Sociais, incluindo a Antropologia e a Ciência Política (cf. PCNEM+ e OCNEM). Pela primeira vez, em 2012, a disciplina fez parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que distribui livros didáticos para estudantes de escolas públicas no país. A conjuntura atual possui uma singularidade que justifica o interesse em investigar o campo temático do Ensino de Ciências Sociais na Educação Básica. Com a aprovação da Lei 11.684 de 2008, que define a obrigato-riedade do ensino de Sociologia em todas as séries do Ensino Médio a partir do ano de 2011, os conteúdos e temas das Ciências Sociais chegam a um público que corresponde a cerca de oito milhões de estudantes através de aulas e da recomendação de livros didáticos de Sociologia, escolhidos pelo MEC no âmbito do PNLD. Essa expansão que o campo das Ciências Sociais está vivendo desde a implementação da Lei 11.684 é marcada por um ‘silêncio’ de pesquisas em relação à Antropologia, afinal, “Que Antro-pologia é essa ensinada nas escolas?”. Com isso, o objetivo dessa proposta é contribuir para esse campo problemático realizando uma reflexão sobre o ensino de antropologia para não antropólogos, especificamente no caso do ensino básico. Publicações da Asso-ciação Brasileira de Antropologia (2004, 2006, 2010) evidenciam que ainda não há uma preocupação do campo em relação à qual apropriação da disciplina está sendo feita no nível básico da educação. Destaca-se, além disso, que, na interface entre Antropologia e Educação, as pesquisas antropológicas voltadas para a Educação Básica são direcionadas, sobretudo, no sentido de apreender as diversas dimensões do cotidiano escolar e das práticas pedagógicas como um objeto de pesquisa ou, em outras palavras, como campo etnográfico. Nesse sentido, não há uma reflexão sistemática na comunidade acadêmica sobre qual antropologia é essa que está agora presente nas escolas a partir da disciplina Sociologia. Esta comunicação propõe uma reflexão sobre o ensino de Antropologia na Educação Básica no Brasil a partir da abordagem que os seis livros didáticos de Sociolo-gia aprovados no processo do PNLD 2015 fazem dessa área do conhecimento. Para isso, será utilizado o método de análise de conteúdo. Algumas questões norteiam a reflexão, tais como: que antropologia é essa ensinada nas escolas? Que categorias antropológicas são mais utilizadas para a compreensão da sociedade? Quais são os principais autores, temas e conceitos mobilizados? Que competências e habilidades se pretende promover nos estudantes com determinada abordagem da antropologia?

A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA E A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: A UTILIZAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO E AS PRÁTICAS DOCENTES

Thayene Gomes Cavalcante - Fundação Joaquim NabucoJorge José Lins de Queiroz - Fundação Joaquim Nabuco

Este trabalho pretende estudar como o livro didático de sociologia é utilizado pelos docentes de escolas básicas públicas da rede estadual de ensino da Paraíba e de Pernam-buco. A proposta é investigar a prática docente do professor de sociologia, a partir da utilização do livro didático, observando: os critérios utilizados para seleção dos livros didáticos aprovados pelo PNLD, os fatores que influenciam seus métodos e recursos didáticos no planejamento de aula, as estratégias didáticas utilizadas para o trabalho

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com conceitos e teorias sociológicas e a forma como os professores utilizam o livro didático como ferramenta para o ensino de sociologia.O livro didático possui caracter-ísticas e funções bastante peculiares, especialmente no contexto de reintegração desta disciplina na escola. Pode funcionar como formação de professores, adquirir função de currículo, tem potencial para transpor um discurso científico a um domínio cognitivo mais compreensível, dentre outros atributos. No entanto, alguns professores sequer o utilizam com seus alunos ou para leitura própria, já outros empregam um caráter de centralidade ao livro como recurso didático. Este ora assume uma função central para o professor – que faz o programa do curso e organiza suas aulas unicamente com base nele; ora a adesão ao livro didático se torna desnecessária para muitos professores, que não o utilizam e preferem construir suas discussões partindo da utilização de diversos outros recursos didáticos – o que pode ser muito positivo, por permitir autonomia do docente e a possibilidade de contribuição de diversos outros elementos, conforme aconselha o próprio guia do PNLD; ou pode ser prejudicial, no caso do distanciamento completo das teorias e conceituações sociológicas. Sendo assim, levando em consid-eração sua utilização pelos docentes nas escolas, o livro didático fica entre um papel central e um papel secundário, entre a hipercentralidade e o desprezo, como discute Simone Meucci. No caso da não adoção, há uma questão preocupante, especialmente no que tange às escolas públicas brasileiras, que é o amplo investimento do governo federal para a aprovação e distribuição dos livros didáticos para as escolas básicas públi-cas brasileiras, o PNLD. Há muitos gastos do Estado nesse programae, devido a isso, existe paralelamente um grande jogo de interesses que permeia a produção de livros didáticos e que faz dele uma política pública de extrema importância. Segundo o Guia do Programa Nacional de Livros Didáticos os professores exercem uma função primor-dial no trabalho pedagógico por meio de sua criatividade e compromisso, e reconhece a centralidade do professorna escolha do Livro Didático e na sua ação para fazer dele um instrumento de estímulo à curiosidade e ao conhecimento dos estudantes. Nesse sen-tido, este trabalho pretende analisar os usos do livro didático de sociologia nessa nova etapa em que a sociologia se encontra, buscando compreender os sentidos atribuídos ao livro didático pelo professor e os diversos significados em que isso se traduz para a prática pedagógica do mesmo.

A PESQUISA E O ENSINO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

Tereza Raquel Gomes Batista - UFCGVilma Soares de Lima Barbosa - UFCG

O estudo sobre os métodos e técnicas de pesquisa nos manuais didáticos, é de grande relevância, já que a pesquisa pode colaborar para a ruptura das limitações que difi-culta os estudantes a desenvolverem seu pensamento crítico. Diante desse quadro, esta monografia ora apresentada, buscou identificar se há nos livros didáticos de Sociologia uma discussão sobre os métodos e técnicas de Pesquisa em Ciências Sociais, isto é, se os livros apresentam uma preponderância para um Ensino da Sociologia Científica. A coleta de dados desta pesquisa ocorreu em quatro livros: Sociologia para o Ensino Mé-

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dio de Nelson DacioTomazi(2007); Tempos Modernos, Tempos de Sociologia de Hel-ena Bomeny e Bianca Freire-Medeiros(2010); Sociologia para o Ensino Médio de José Rodorval Ramalho(2012); Sociologia para o Ensino Médio: Introdução à uma Ciência da Sociedade de Maria Cristina Castilho Costa(2005). O presente estudo é uma pes-quisa descritiva com abordagem qualitativa, através da técnica pesquisa documental e a utilização do método análise de conteúdo. O aporte teórico deste estudo ancora-se nas análises de Freitaget al, sobre a política pública de livro didático, nas pesquisas realizadas por Meucci e Sarandy sobre os manuais de Sociologia e no conceito deBasil Bernstein (1996) sobre Contextualização e Recontextualização, sendo que esta teoria foi funda-mental para que pudéssemos entender como a Sociologia tem sido recontextualizada nos livros. A partir da análise dos dados podemos inferir que os manuais que foram aprovados no Programa Nacional do Livro DidáticoPNLD(2012), ou seja, as obras de Tomazi e Bomeny e Bianca não apresentam nenhum capítulo sobre os métodos e técni-cas de Pesquisa em Ciências Sociais e o manual de Ramalho(2012) mostra um capítulo sobre as teorias e métodos do nosso campo científico, contudo o autor não aprofunda esta temática, uma vez que os capítulos deste livro são pequenos. No entanto, a obra de Cristina Costa avança em relação aos demais manuais analisados nesta monografia, pois é o único livro que apresenta uma preponderância para o Ensino de uma Sociologia Científica, e mostra um destaque para os métodos e técnicas de pesquisa.

POLÍCIA E SEGURANÇA PÚBLICA NA PERSPECTIVA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: DEMOCRACIA OU AUTORITARISMO?

José Maria NobregaThaís Gomes Ferreira Nunes - UFCG

Após a transição da Ditadura para a Democracia, algumas questões do regime militar ainda permanecem na atualidade. Um aspecto importante dessa permanência é a não superação do militarismo na segurança pública, o que pode ser visto na Constituição Federal de 1988 em seu artigo de número 144 . No seu parágrafo sétimo, que informa a necessidade de regulamentação dos órgãos de segurança pública, ainda há uma lacuna legislativa. Isso faz com que as polícias sigam suas funções fundadas em seus próprios regimentos. Para tanto, algumas questões nos servem como norteadoras da pesquisa, são elas: Como se deu o processo de institucionalização das polícias brasileiras, seu histórico e condução política? O que podemos entender por democracia e como as For-ças Armadas se relacionam com este regime político em moldes teóricos minimalistas, mas não submínimos ? Como as Polícias Militares estão constituídas para a segurança pública brasileira? Como é o desenho institucional da segurança pública brasileira na atual conjuntura da democracia? Analisar/avaliar os aspectos formais e informais da segurança pública brasileira tendo como fundo teórico a democracia contemporânea. Analisar/avaliar o desenho institucional das instituições de segurança pública no Brasil conforme está delineado pelos artigos constitucionais. Estudar teoria democrática con-temporânea avaliando o papel do estado de direito democrático e da segurança pública

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em ambientes de democracias consolidadas; Avaliar/analisar o desenho institucional dos órgãos de segurança pública conforme os delineamentos formais da Constituição Federal de 1988; A metodologia da pesquisa está sendo de análise documental, bibli-ográfica e exploratória. Busca assim, trazer uma compreensão mais generalizada do fenômeno da segurança pública brasileira e de seus aspectos normativos e institucionais. Num segundo momento da pesquisa, será utilizado o método estatístico descritivo para o cruzamento de algumas variáveis institucionais levantadas pela literatura explorada.Os dados estão sendo levantados de bancos de dados secundários. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição 2014, será o nosso principal documento estatístico. O Brasil contempla uma democracia eleitoral robusta, no entanto ainda permanece com características que impedem o avanço democrático em sua totalidade. Temos eleições livres, relativamente limpas, periódicas, pluripartidárias, com direito à alternância, com um poder exógeno extra coordenando suas relações; contudo, nossa sociedade so-fre com uma violência excessiva e constante, com baixo nível de confiança institucio-nal e graves violações aos direitos humanos, fragilizando assim, a legalidade do Estado de direito. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2014). Sobre confiança institucional: Pesquisa efetuada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito) SP. a)32% das pessoas entrevistadas pela pesquisa declararam confiar no Poder Judiciário; b)81% dos entrevistados concordam que é fácil desobedecer as leis no país; c) 33% dos ent-revistados acionaram as polícias para resolverem problemas em que foram vítimas e/ou partícipes. Desses, só 37% declararam-se muito ou um pouco satisfeitos com o serviço por elas prestado. 62% declararam-se insatisfeitos com o serviço policial; d) 59% dos brasileiros acreditam que a maioria dos juízes é honesta e 51% acreditam que a maioria dos policiais é honesta; e) 48% dos entrevistados confiam no Ministério Público. De acordo com o observado, o Brasil ainda está longe ser uma democracia consolidada, precisamos avançar muito no que se diz respeito a garantia de direitos básicos, como a liberdade, sem liberdade não há vida, sem vida não há condição alguma de tornar pos-sível o nosso sonho democrático.

LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA: A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NOS LIVROS APROVADOS PELO PNLD

Mariana Ingrid de Oliveira Pereira - UFRRJ Marcia Cristina de Oliveira Dias - UFRRJ

Após onze anos da implantação da Lei n° 10.639/2003 ainda é possível perceber a su-perficialidade com que a questão do negro e sua história é trabalhada no contexto esco-lar. Neste sentido, este artigo tem como objetivo identificar a abordagem das questões étnico-raciais pelos livros didáticos de sociologia para o Ensino Médio aprovados pelo PNLD. Diante da impossibilidade técnica e metodológica de análise de todos os livros do referido programa, optou-se por realizar um recorte sobre quatro livros – “So-ciologia para o Ensino Médio” (TOMAZI, PNLD 2012); “Tempo Modernos, Tempos de Sociologia”, (BOMENY, PNLD 2014); “Sociologia em Movimento” (SILVA, LOU-

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REIRO, MIRANDA et. al., PNLD 2015), e “Sociologia para os jovens do século XXI” (OLIVEIRA E COSTA, PNLD 2015). Cabe destacar que a escolha dos referidos liv-ros não foi aleatória, mas por razão prática. Nas escolas em que estagiamos tivemos a oportunidade de conhecer os livros da Bomeny e do Tomazi. Em relação aos livros de Oliveira e Costa e o de Silva, Loureiro, Miranda et all, a escolha se deu devido à opção por incluir dois livros aprovados pelo PNLD 2015. A partir da análise dos livros acima citados, objetiva-se compreender se e de que modo estes livros abordam as questões étnico-raciais. Busca-se contribuir para o conhecimento e reconhecimento das questões étnicas presentes em nossa sociedade. A análise comparativa destes livros revelou que nem todos trabalham uniformemente com estas temáticas. Bomeny (2010), por exem-plo, aborda as questões étnico-raciais, mas apesar de o racismo, as etnias e as desigual-dades sociais serem abordados, a questão não é aprofundada, nem suscita uma reflexão acerca do assunto. Tomazi (2010) aponta para as questões das desigualdades sociais e raciais no Brasil, no entanto, estas questões são pouco trabalhadas. Por outro lado, os livros de Oliveira e Costa (2013), e deSilva, Loureiro, Miranda et. al. (2013) mostram uma construção mais elaborada e mais completa sobre o tema, incluindo no debate as questões do racismo no cenário contemporâneo, da etnicidade e um pouco da história referente aos negros africanos e dos afro-brasileiros, entre outros assuntos pertinentes à temática, que devem ser trabalhados em sala de aula. Esta análise revelou que há dis-paridades no modo como as questões étnico-raciais são abordadas nos referidos livros. Sendo o livro didático uma ferramenta do saber que muito auxilia tanto o professor, quanto os alunos no processo de ensino-aprendizagem, faz-se necessário uma reflexão sobre essas disparidades que acabam por invisibilizar a história cultural do negro e sua importância na construção da história do Brasil.

OS SENTIDOS DE CIDADANIA NOS MANUAIS DO PROFESSOR DOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

Ana Martina Baron Engerroff - UFSC

Neste trabalho discutem-se os sentidos de cidadania contidos nos livros didáticos aprova-dos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2015. Especificamente, buscam-se os sentidos de cidadania nos manuais do professor dos seis livros físicos aprovados, na medida em que estes revelam objetivos para o ensino da disciplina de Sociologia no Ensino Médio, tanto na apresentação da obra quanto na seleção e apresentação dos conteúdos. No final do século XX, em um contexto de redemocratização do Brasil com mudanças nos campos políticos, sociais e econômicos, a cidadania é retomada como um problema social a ser resolvido, residindo na escola o instrumento social para a sua resolução. Em paralelo, a luta pela retomada da Sociologia como disciplina escolar é so-bremaneira justificada pela via da cidadania, assentando-se nela a finalidade de preparar o aluno ao exercício da cidadania, conforme dissertação dada pela Lei de Diretrizes e Bases. A partir desta formulação legal, são elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999), preconizando-se a formação cidadã do aluno para a prática política, seguindo-se pelas Orientações Curriculares Nacionais (2006) que embora relembre a

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formação do aluno para o exercício da cidadania, propõe um abordagem voltada para a desnaturalização e estranhamento. Cada um destes documentos, portanto, reelabora diferentes sentidos para cidadania, perpassando uma ideia de conformação do aluno aos conhecimentos de seus supostos direitos e deveres, conduzindo a um caráter de civilismo e civismo. Com as modificações legais na Lei de Diretrizes e Bases em 2008 que introduziram a Sociologia no currículo do Ensino Médio, perdendo assim a relação explícita da Sociologia e exercício da cidadania, questiona-se em que bases assentam-se os objetivos desta disciplina escolar transmitidos via livros didáticos aprovados em rela-ção à cidadania. Tendo como base estudos sociológicos que abarcam o “estado da arte” sobre o ensino de sociologia na educação básica e as proposições do processo civilizador de Norbert Elias, evidencia-se a permanência dos conflitos acerca relação da disciplina de Sociologia com o exercício da cidadania, fundada em noção de pertencimento for-malmente conferida. Neste interim, traz-se a discussão acerca da presença-ausência da Sociologia no currículo escolar, colhendo-se diferentes interpretações em disputa que justificam o fenômeno mais pelo caráter crítico da disciplina e, portanto, relacionada aos períodos democráticos, ou, de outro lado, estudos que demonstram que as con-tradições do próprio fenômeno, percebendo-se que a Sociologia esteve assentada em diversos momentos históricos em bases mais conservadoras e normatizadoras.

POLÍTICAS CURRICULARES PARA A DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA E O ATUAL PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDATICO (PNLD)

Agnes Cruz de Souza - UNESPRogério de Souza Silva - IFSP

Após seis anos da volta da obrigatoriedade da disciplina de Sociologia na escola média por força de lei federal, os caminhos que permeiam o que se deve lecionar em sala de aula ainda carecem de espaço e discussão. A partir dessa contenda, o presente trabalho pretende voltar-se para as proposições curriculares existentes nas obras selecionadas pelo PNLD, compreendendo que as mesmas dão origem a novos pareceres e reflexões sobre as possibilidades de ensino e abre profícuo debate a respeito da base curricular para a disciplina. Dessa forma, a seleção de obras para o PNLD pode ser compreendida, nesse contexto, como uma nova reinterpretação da produção curricular, sugerindo sua recontextualização, em especial quando nos referimos à disciplina de Sociologia. As-sim, pretendemos identificar as propostas curriculares presentes nas obras escolhidas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2015 para a área de Sociologia no Ensino Médio. Partindo do levantamento de conteúdos programáticos, pretend-emos abordar como, e se, estas obras sugerem novos pareceres sobre o que ensinar e quais as possibilidades de ensino para a disciplina. Por fim, verificaremos se há diálogo, retomada ou distâncias relativas às políticas curriculares oficiais presentes nos Parâmet-ros Curriculares Nacionais (PCN e PCN+) e nas Orientações Curriculares Nacionais (OCN) de Sociologia. Os PCN, PCN+ e as OCN são publicações do Ministério da Educação que, desde o fim da década de 1990 têm orientado a seleção de conteúdos de ensino das diferentes disciplinas e áreas do conhecimento do Ensino Médio. Apesar de

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serem anteriores à inserção da Sociologia na base nacional comum (2008), incorporam a disciplina na área de “Ciências Humanas e suas Tecnologias” ao lado de Geografia, História e Filosofia, discutindo seus aspectos epistemológicos, metodológicos e didáti-cos.

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GT4 – FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Coordenador: Amurabi Oliveira - UFSCE-mail: [email protected]: Célia E. Caregnato - UFRGSE-mail: [email protected]

SESSÃO A – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O MAPA SITUACIONAL DOS CURSOS DE CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL

Gabrielle Cotrim D’Alecio - UFRJ

Este trabalho está inserido na pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro - na linha de pesquisa Cur-rículo e Linguagem- especificamente no Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes (LabES). Tem como objetivo central analisar a situação dos cursos de Ciên-cias Sociais no Brasil, se respaldando em alguns questionamentos sobre a realidade do Curso ao longo de sua história. Primeiramente, é sabido ao longo dos estudos sobre a institucionalização do curso, que historicamente, os cursos de Ciências Sociais, têm se caracterizado pela formação do bacharel (pesquisador), em detrimento do licenciado (professor). Esse quadro começa a sofrer mudanças a partir da década de 1990, quando são lançadas pelo MEC as novas diretrizes curriculares para a formação docente, extin-guindo o modelo conhecido como 3+1 - segundo o qual o aluno buscava sua formação pedagógica nas Faculdades de Educação - e induzindo as instituições de ensino a cria-rem cursos de licenciatura, com currículos próprios e independentes do bacharelado. Um segundo ponto é que a lei 11.684/08 -que altera o art.36 da Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional, para in-cluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio- potencializa a necessidade de professores formados em graduação de licen-ciatura em Ciências Sociais/sociologia. Desse modo, tanto as diretrizes curriculares que fomentam a criação das licenciaturas, quanto a lei 11.684/2008, potencializam o aumento do número de cursos de ciências sociais no Brasil. Assim, esse trabalho de cunho exploratório irá apresentar a situação dos cursos de Ciências Sociais no Brasil a despeito das características do quantitativo de cursos de graduação em ciências sociais por: a) Natureza administrativa: pública ou privada; b) Região Brasileira; c) Habilita-ção: bacharelado, licenciatura, licenciatura e bacharelado;d) Modalidade: presencial ou à distância; e) Por ano de criação.A fim de entender a situação dos cursos, esse trab-alho irá contribuir na revelação de um panorama geral dos cursos de Ciências Sociais/

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Sociologia no Brasil em suas respectivas características supramencionadas. Provocando reflexões e discussões a respeito, principalmente, da quantidade de novos cursos de licenciatura que vem crescendo no país e seus reflexos sobre a formação de professores. Dessa forma, o quadro teórico-metodológico é baseado nas pesquisas da Bernadete Gatti sobre os cursos de graduação em pedagogia, numa perspectiva quantitativa e qualitativa das informações apresentadas que são retiradas dos dados do Ministério de Educação. Por fim, aponta-se o aumento em dobro de 2008 até 2014, dos cursos na categoria “sociologia’, à distância, licenciatura e privada e que, além disso, até 2007 contávamos com 171 cursos de ciências sociais/sociologia no Brasil e hoje já contamos com 285 cursos. Esses dados já mostram como vem ocorrendo uma mudança radical na situação dos cursos, proporcionando-nos discussões e questionamentos sobre os re-flexos dessa mudança na construção curricular dos cursos e na formação do cientista social e em especial aos licenciados que atuarão na educação básica.

FORMAÇÃO DO/DISCENTE E RELAÇÕES DE ENSINO/APRENDIZAGEM NA PESQUISA E NA PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Charlles da Fonseca Lucas - UNICAMP

No I Congresso Brasileiro de Sociologia, em 1954, Florestan Fernandes posiciona-se favorável ao Ensino da Sociologia na escola secundária brasileira, afirmando a Sociolo-gia como um dos meios do indivíduo exercer de modo crítico a sua cidadania durante a participação na vida em sociedade, e diante das tendências, dilemas e desafios da vida social. Por meio de outra perspectiva, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/96, retoma a importância do Ensino da Sociologia para o exercício da cidadania, quando assegura de modo interdisciplinar e flexível a obrigatoriedade deste Ensino, que será angariada de fato por meio da Lei 11.684/08. Entretanto, a intermitência do Ensino da Sociologia, que atravessa transversalmente a história do Ensino dessa disciplina na Educação Básica, ainda permanece como uma ameaça real. Cabe ressaltar que esta intermitência comprometeu significativamente a consolidação do Ensino da Sociologia na Educação Básica ao afetar, sobretudo, a definição de con-teúdos programáticos, habilidades e competências, enfim o Currículo, mas também a agenda de pesquisa desta área de conhecimento. Por outro lado, deve-se ressaltar a rele-vância e o impacto na discussão em tela dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), e no caso do Estado do Rio de Janeiro, do Currículo Mínimo de Sociologia (2011 e 2012) nas três Séries do Ensino Médio, que se constitui como um esforço de contemplar a Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política nas suas duas versões por meio, respectivamente, dos seguintes Eixos Estruturantes: Trabalho, Cul-tura e Política. Pari passu, procurar-se-á reunir contribuições da Sociologia, da Ciência Política e da Antropologia, mas também de disciplinas afins, que tratam da formação do/discente e das relações de ensino/aprendizagem na pesquisa e na prática de En-sino em Ciências Sociais na Educação Básica. A presente discussão tem a pretensão de provocar reflexões, análises, interpretações e explicações sobre a complexa e tensa

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relação existente entre o Bacharelado e a Licenciatura Plena em Ciências Sociais, com o propósito de dirimir a oposição firmada entre Pesquisador e Professor, ratificando o compósito de natureza complementar Professor/Pesquisador, uma vez que a referida dicotomia tem reverberado na formação inicial e continuada dos cientistas sociais, e consequentemente na formação do/discente e nas relações de ensino/aprendizagem na pesquisa e na prática de Ensino em Ciências Sociais no Ensino Superior e na Educação Básica. A querela supracitada formaliza um convite para se repensar o Projeto Político Pedagógico das Ciências Sociais, e ao mesmo tempo os Currículos (oficial e oculto), o saber fazer e o fazer saber, as histórias de vida, as trajetórias sociobiográficas e as iden-tidades dos cientistas sociais. Nesse contexto, justifica-se a necessidade improrrogável de se estabelecer uma relação dialógica profícua entre teoria/prática, saberes/fazeres, conhecimento científico/conhecimento escolar, vida acadêmica/cotidiano escolar, le-gal/real e espaço/tempo, sem perder do horizonte os fatores político-institucionais e socioeconômicos, com suas respectivas naturezas conjuntural e estrutural.

FORMAÇÃO DOCENTE: A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR

Junior Roberto Faria Trevisan - UNIFAL (MG) Marcelo Rodrigues Conceição - UNIFAL (MG)

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) foi criado com o intuito não só de incentivar a formação docente em nível superior, mas também de assegurar aos futuros licenciandos uma formação efetiva e em consonância com a reali-dade e necessidades da educação básica contemporânea. Tal demanda revela, portanto, a importância da construção de estratégias e atividades que ofereçam aos participantes do programa uma capacitação educacional mais concreta. O objetivo deste trabalho é relatar o impacto de algumas experiências e práticas vivenciadas no campo de ações do Pibid – Ciências Sociais da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), assim como sua correlação e contribuição no que confere à formação docente e ao ensino de socio-logia. Tais atividades tiveram como enfoque a imersão no ambiente escolar, por meio da elaboração e organização de instrumentos de coleta de dados e informações das escolas parceiras (mapeamento escolar) e pelo estabelecimento de ações conjuntas de ensino e aprendizagem. Assim, num primeiro momento, o planejamento de trabalho contou com a composição de um roteiro de pesquisa com o intuito de capturar e conhecer as estruturas e regras das escolas parceiras, os sujeitos que circulam pelos seus espaços e a relação que estas instituições edificam com o meio sociocultural no qual estão inseridas. Num segundo estágio, passou-se a acompanhar as aulas de sociologia nos anos finais do Ensino Básico. Com base nas circunstâncias e necessidades observadas, foi elaborado e desenvolvido em conjunto com os(as) professores(as) regentes algumas atividades e oficinas didático-pedagógicas como, por exemplo, a oficina temática “A Sociologia e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)” cujo objetivo foi problematizar e debater, junto aos estudantes, questões como a relevância da sociologia e sua relação com os eixos cognitivos que estruturam a prova e as possibilidades de acesso a programas gov-

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ernamentais e de progressão dos estudos por meio dos resultados do exame. Ao final das ações foi possível observar que o esforço em fundamentar estratégias e atividades que concebam uma relação e/ou integração concreta com a realidade, possibilidades e contradições do ensino básico, fez com os participantes do programa, se sentissem mais motivados e preparados para trabalhar com os conteúdos sociológicos tanto em sala de aula quanto em projetos extraclasse. Tal condição possibilitou, também, uma maior identificação profissional e reconhecimento da carreira docente, visto que, houve, por parte dos futuros docentes, um acréscimo do interesse em atuar no ensino básico pú-blico.

A TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SOCIOLOGIA DA UNESP/MARÍLIA: DOS CONFRONTOS AOS ENCONTROS

Sueli Guadelupe de Lima Mendonça - UNESP/Marília Maria Valéria Barbosa - UNESP/Marília

O objetivo deste texto é analisar a trajetória do curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências, Unesp/Marília e destacar as contribuições mais relevantes à formação do professor de Sociologia, no contexto da implantação da obrigatoriedade da Sociologia no ensino médio e de novas perspectivas como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), em nível nacional, visando à formação de um profissional comprometido com a educação pública de qualidade e com a socialização do conhecimento. A análise da trajetória do curso remete-nos a um perfil caracterizado pela fragmentação, que, embora perseguisse a consolidação de um projeto cientificista no bacharelado, não esteve articulado à licenciatura. Há nitidamente dois projetos in-dependentes, que ora estabelecem alguns momentos de diálogo, ora se fecham,um se submetendo sumariamente ao outro. A falta de visão do todo e a fragmentação da formação do bacharel/licenciado de Ciências Sociais colaboram, de modo decisivo, para o processo de formaçãodo futuroprofessor que, dessa forma, não portará as fer-ramentas necessárias para o desenvolvimento de seu trabalho pedagógico. Essa con-statação mobilizou um conjunto de professores para a construção de um projeto alter-nativo, na licenciatura, que realmente viesse a interferir nessa realidade. Para tanto, foi de fundamental importância a existência do Núcleo de Ensino - programa da UNESP voltado ao financiamento de projetos com as escolas públicas da educação básica -,que permitiu odesenvolvimento de pesquisas com egressos do curso, bem como sobre a formação de professores de Sociologia e sua prática pedagógica, desde o final da década de 1980. Nesse tempo, criou-se um acúmulo de conhecimentos dessa problemática, extremamente específica da Sociologia, que foi se consubstanciando em ações junto ao próprio curso, em alguns momentos até em mudanças/adequações curriculares. Pas-sados algumas décadas, temos um novo contexto da licenciatura de Ciências Sociais que avança na consolidação de um projeto de formação de professor, que articula teoria e prática, com planejamento político e pedagógico elaborado coletivamente, em espe-cial, via projetos do Núcleo de Ensino e agora Pibid, resultando num novo patamar de qualidade para o curso e que também aponta para a formação do professor pesquisador,

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numa perspectiva pertinente à escola da educação básica, com produção de conheci-mentos nesse espaço, se constituindo num caminho possível à requalificação da escola e da formação do professor de Sociologia.

ESTRANHANDO O CURRÍCULO: NOTAS SOBRE OS PERCURSOS E AS (RE)CONFIGURAÇÕES DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Ceres Karam Brum - UFSM

A presente proposta de trabalho objetiva historiar os processos e as (re)configurações decorrentes da criação de 5 (cinco) cursos destinados a formação de professores de Sociologia/Ciências Socais, lotados no Departamento de Ciências Sociais da Univer-sidade Federal de Santa Maria, entre os anos de 2007 e 2015, quais sejam: a Turma Especial para Formação de Licenciados em Ciências Sociais (2007), o Curso de Licen-ciatura em Sociologia modalidade EAD (2009), o Curso de Licenciatura em Sociologia modalidade presencial (2010), o Curso de Especialização para formação de professores de Sociologia (2014) e o Curso de Licenciatura em Ciências Sociais (2015). Através de um olhar da Antropologia da Educação, bem como na qualidade de protagonista destes processos formativos, enquanto docente e gestora, pretendo analisar os Projetos Pedagógicos (PPCs)dos referidos cursos. Esta análise ocorrerá em consonância com o cotidiano institucional e didático-pedagógico dos mesmos. Neste sentido, no contexto da Universidade Federal de Santa Maria, desejo focalizar as relações existentes entre as políticas públicas destinadas a criação de novos cursos de graduação no Brasil, espe-cialmente o Programa do Governo Federal de Apoio a Planos de Reestruturação e Ex-pansão das Universidades Federais Brasileiras (REUNI) e Universidade Aberta do Brasil (UAB), com as articulações institucionais que possibilitaram uma nova configuração na formação de professores de Ciências Sociais na região central do estado do Rio Grande do Sul, destacando alguns aspectos, tais como: características curriculares, questões identitárias relacionadas à licenciatura e problemas enfrentados com a transposição didática que impactam nossos egressos no seu cotidiano escolar. A abordagem teórico-metodológica escolhida se cinge à Antropologia/etnografia da educação, explorando as relações entre observação participante (Malinowiski: 1923), participação observante (Wacquant 1999) e objetivação participante (Bourdieu: 1989), com o intuito de, a um só tempo, valorizar a riqueza da documentação escolar encontrada (Rockwell: 2009), com o cotidiano universitário e o protagonismo da minha atuação como docente e ges-tora neste percurso ainda inconcluso.

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A LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS NOS INSTITUTOS FEDERAIS: CARACTERÍSTICAS DE UM MODELO

Sidney Reinaldo da Silva - IFPREveline Tenorio Mendes - IFPRNátally Damasceno Garcia - IFPR

Os Institutos Federais reafirmaram uma lógica de formação profissional e licenciatura que já vinha ocorrendo no CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica) com o predomínio do âmbito técnico e tecnológico. Mas o compromisso com a formação hu-manística também foi afirmado. Contudo esta formação tende a ser vista como “com-plemento” da formação técnica. Frente a isso os cursos de licenciatura em Ciências Sociais no IFPR constituem, de um modo especial, um campo privilegiado para se refletir sobre “as ciências humanas e suas tecnologias” e vice-versa. A relação entre ciên-cias sociais e tecnologia pode ser pensada no contexto do próprio MEC e das políticas públicas educacionais. A tendência de predomínio do Ensino Médio Integrado como um dos principais campos de trabalho do professor de Sociologia da Educação Básica acarreta desdobramentos para os cursos de licenciaturas da disciplina em questão. Este texto visa pensar a formação de professores de sociologia no contexto das ciências hu-manas e suas tecnologias inquirindo sobre os fundamentos ético-políticos dessa forma-ção. Perguntar por fundamentos ético-políticos da formação de professores significa in-quirir a respeito de certos consensos (valores amplamente reconhecidos) norteadores dos cursos e das políticas que os possibilitam. Trata-se de analisar e avaliar as políticas públicas não somente nos equívocos de sua concepção e nas suas promessas não comp-ridas, mas na incoerência em relação ao que poderia ser feito e não se faz. Esta análise se dá a partir da teoria crítica. Abordam-se os cursos de licenciatura em Ciências Sociais nos Institutos Federais reconstruindo um modelo crítico de formação de professores. O estudo baseia-se na análise de documentos do MEC referentes à formação de profes-sores de Sociologia e ao Ensino Médio Integrado. Discute-se, a partir da teoria crítica, o significado da tecnologia e sua relação com as ciências humanas mostrando os pressu-postos ideológicos (ético-políticos) que orientam os documentos de formação de pro-fessores. Aponta-se para o significado do estranhamento em relação à licenciatura em Ciências Sociais oferecida pelos Institutos Federais e como isso é também sintoma de um mal-estar decorrente da desarticulação das políticas públicas. Mostra-se ainda que, no contexto de formação de professores de Sociologia -constituídos na área de ciências humanas e suas tecnologias- para atuarem no Ensino Médio Integrado, nada mais autên-tico do que exigir dos Institutos Federais a oferta do curso de Licenciatura em Sociais.

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FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA UFMA: DESAFIOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DA LICENCIATURA

Juarez Lopes de Carvalho Filho - UFMALeomir Souza Costa - UFMA

O objetivo deste trabalho, além de contribuir para a história da formação em Ciências Sociais na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), é refletir sobre os desafios en-contrados no Curso de Ciências Sociais para a consolidação da Licenciatura, tendo em vista a obrigatoriedade da disciplina na Educação Básica. Na UFMA o curso de Ciências Sociais foi criado em 1987 com a missão de formar bacharéis em Sociologia/Antro-pologia. Em 1999 foi implantada a Licenciatura, como complemento do Bacharelado, podendo o concludente sair com duas habilitações: Bacharelado e Licenciatura. Com a volta da Sociologia ao Ensino Médio, passa por nova reforma em 2011, quando essas duas modalidades se separam. O objetivo do curso, no entanto, foi sempre formar cien-tistas sociais habilitados para a pesquisa e a docência nos níveis fundamental, médio e superior. Contudo, como aconteceu na historia das Ciências Sociais no Brasil, a forma-ção continua bastante marcada pela tradição bacharelesca. A partir do que vem sendo colocado, é justo afirmar que a objetivação dos entraves para a consolidação da forma-ção em Ciências Sociais na modalidade Licenciatura somente é possível através de uma incursão na própria historia dos programas de formação acadêmica. No caso proposto, a problematização do processo de formação em Ciências Sociais na UFMA implica uma historia da própria disciplina no Maranhão, especificamente em São Luís. Desse feito, uma dificuldade metodológica se impõe: a literatura sobre a historia das Ciências Soci-ais na UFMA é praticamente inexistente. O que temos são pequenos relatórios funda-dos na “memória do curso”, daqueles que foram os fundadores ou atas de Assembleias Departamentais e Colegiado de Curso, além do Projeto Político Pedagógico. Assim, nossa discussão se apoia nas observações, discussões e pesquisas conduzidas no quadro da formação em Ciência Sociais no nível da graduação, nas modalidades Bacharelado e Licenciatura. Num primeiro momento busca-se reconstituir as diferentes fases, que não sãos lineares, mas dinâmicas e complexas, do processo de implantação e institu-cionalização do Curso de Ciências Sociais na UFMA; num segundo momento busca-se objetivar os obstáculos para a consolidação da Licenciatura em Ciências Sociais na referida IES. Por último reflete-se sobre algumas estratégias implantadas para a supera-ção da dicotomia pesquisa/ensino. Postula-se que, embora a instituição da Licenciatura fortaleça a formação docente para o ensino da Sociologia no nível médio, é importante superar a dicotomia entre pesquisa e ensino. Uma das inovações da junção das modali-dades e da implementação da Licenciatura foi a criação do Laboratório de Ensino em Ciências Sociais (LECS). Com carga horária equivalente à das disciplinas, os LECS são atividades conjugando ensino, pesquisa e extensão, visando preparar docentes para atu-ação nestes três níveis de trabalho. A experiência tem favorecido ainda, a produção de conhecimento da realidade educacional maranhense, da prática do ensino de Sociologia em São Luís, através do Estágio Licenciatura, da produção de monografias, seminários e trabalhos apresentados em congressos pelo país. Outro elemento importante para a superação dos grandes desafios para consolidação da licenciatura é o PIBID/Sociologia.

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A visibilidade que este vem adquirindo no Curso de Ciências Sociais vem contribuindo para fortalecer a licenciatura nessa área de conhecimento, mobilizando alunos e docen-tes doravante envolvidos com as atividades ligadas à área da educação.

“EU QUERO SER PROFESSOR DE SOCIOLOGIA”: UM ESTUDO SOBRE AS INFLUÊNCIAS DA SOCIOLOGIA E DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO EM CUIABÁ - MATO GROSSO

Silvana Maria Bitencourt - UFMTFrancisco Xavier Freire Rodrigues - UFMT

Nos últimos anos a obrigatoriedade do ensino de sociologia no ensino médio tem se apresentado a partir de uma disciplina, cuja história tem sido marcada por uma serie avanços e recuos. Uma vez que a hierarquia das disciplinas e a própria representação do professor de sociologia apresenta aspectos que não colaboram para sua efetiva consoli-dação no ensino médio, considerando que muitos que lecionam sociologia na educação básica não têm licenciatura em ciências sociais torna-se fundamental que este “lugar” seja preenchido a partir de conteúdos ministrados por cientistas sociais, pois tratam de teorias, metodologias de sua área de conhecimento. Nos últimos anos podemos observar uma mudança positiva em relação às novas abordagens sobre o estágio super-visionado e a introdução do programa de iniciação à docência (PIBID), este que desde 2010 tem sido desenvolvido em alguns cursos de licenciatura em ciências sociais no Brasil, assim como a experiência do Programa de bolsas de Iniciação Científica para ensino médio, que contribui para o estudante ter mais proximidade com as pesquisas das ciências sociais. Estas mudanças positivas em relação à sociologia no ensino médio têm contribuído para uma formação de professores de ciências sociais direcionada a reflexões mais contextualizadas em termos teóricos e metodológicos, na medida em que o ensino de sociologia consolida-se como um objeto de estudo, assim conquistando espaços acadêmicos nos cursos de graduação e algumas pós-graduações que concen-tram linhas de pesquisa privilegiando esta discussão tanto de maneira direta quanto indireta. Partindo desta perspectiva, este estudo tem como objetivo investigar as moti-vações que os estudantes têm apresentado para cursar licenciatura em Ciências Sociais na UFMT no atual contexto. Para atingir este objetivo realizou-se revisão bibliográ-fica sobre a emergência da sociologia no ensino médio, posteriormente analisaram-se os discursos construídos pelos estudantes ingressantes do segundo semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015 em ciências sociais da UFMT. A partir dos resultados podemos constatar que houve uma mudança no perfil dos estudantes, o curso por ser noturno primeiramente atraia uma grande quantidade de estudantes trabalhadores e estudantes já graduados que justificavam a procura do curso a fim de “agregar con-hecimento”, a partir de 2010 verificam-se mudanças no perfil dos estudantes, estes apresentam mais jovens apostando no curso de licenciatura em ciências sociais a pos-sibilidade de “fazer a diferença” como fez seu professor de sociologia, conforme as falas deles. Conclui-se que a obrigatoriedade do ensino de sociologia no ensino médio tem garantido um movimento de reciprocidade entre professor e aluno, criando um ciclo

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que é retroalimentado a partir do diálogo entre pesquisa/ensino quando o estagiário que também é acadêmico apresenta-se como um modelo a ser seguido pelo estudante de ensino médio, assim como o Pibid que tem possibilitado o diálogo entre a escola e a universidade. Finalizando vale a pena pontuar que este novo contexto marcado pelo Enem, apresenta-se a partir de uma maior presença de habilitados e juventude interes-sada em ciências sociais, sendo que isto pode ser uma nova tendência da licenciatura como um curso que se consolida a partir do respaldo da juventude e de seus professores de sociologia que possuem formação em Ciências Sociais.

FORMAÇÃO DOCENTE - A PESQUISA E A EXTENSÃO: O QUE DIZEM OS PROFESSORES

Eleanor Gomes da Silva Palhano - UFPASheyla Rosana Oliveira Moraes - UFPASylvia Castro – UFPA

O trabalho tem como objetivo apresentar parte dos resultadosobtidos da investigação acerca das concepções e práticas de professores da educação básica, que atuam com o ensino da sociologia, em relação à atividade de pesquisa e extensão. O estudo teve como tema central, a pesquisa como saber mediador para a formação do docente e a extensão como dimensão da prática docente. A pesquisa constatou que os profes-sores precisam de condições e de tempo para estudar. Impasses foram identificados no cenário da formação e requerem posições. Como formar um professor? Como o conhecimento cientifico do docentese expressa na sua pratica pedagógica? E fato que a qualidade do ato educativo se coloca na formaçãode professores. Nesse sentido, o estu-do contribui com questões para repensar os modelosteóricos presentes nas instituições responsáveis pela formação de professor da educação Básica, da área de sociologia. Os subsídios teóricos para o desenvolvimento do estudo foram os pressupostos de Bernard Charlot, sobre a natureza do saber e a formação dos professores; Donald Schon, formar professores como profissionais reflexivos; Maurice Tardif, saberes profissionais dos pro-fessores (...) suas consequências em relação à formação para o magistério; Bernadete Gatti, politicas de formação docente no Brasil; Pierre Bourdieu, questões de sociologia e razões práticas; Boaventura de Sousa Santos, A universidade no século XXI e outras referencias. Os procedimentos foram: observações de práticas pedagógicas, entrevistas semiestruturadas, análises dos projetos pedagógicos dos cursos e fotografias. O estudo foi realizado em um período de um ano, participaram do estudo 30 professores da educação básica que exercem docência na área da sociologia. Os professores informa-ram que compreendem a natureza e a importância da pesquisa no processo de ensino e aprendizagem, todavia suas práticas se distanciam da pesquisa, pois a sala de aula exige dos mesmos um ensino técnico e menos reflexivo. Sinalizam ser a pesquisa uma ação estruturante do fazer pedagógico. Quanto a extensão na avaliação dos professores, esta oferece subsídios ao trabalho docente e amplia a relação da escola com a comunidade. Cria uma expectativa no docentede participação em um projeto social democrático.

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA: UM OLHAR PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Nathalia Martins - UELCláudia Chueire de Oliveira - UELDirce Aparecida Foletto de Moraes - UEL

O presente resumo é fruto de uma pesquisa relacionada ao gênero na docência. Desta maneira, apresenta as representações dos alunos do curso de licenciatura de uma uni-versidade estadual em relação a reflexão sobre o exercício da profissão docente. Para consolidação deste trabalho um questionário para alunos dos 1º e 4º anos do curso de licenciatura em Ciências Sociais foi o instrumento para coletar informações. O objetivo norteador da pesquisa foi identificar e analisar a representação dos discentes do curso de graduação com intuito de problematizar a formação inicial ofertada aos futuros pro-fessores. Os aportes teóricos que embasaram a análise foram Gadotti (2007), Nóvoa (2009) Pimenta e Anastasiou (2008), entre outros que buscam o entendimento das diversas dimensões que compõem o processo de formação de professores e o exercício docente. A metodologia utilizada para analisar as declarações dos alunos participantes da pesquisa se deu por meio da Análise do Discurso. Os participantes da pesquisa apre-sentaram em suas representações sociais aspectos que buscam valorizar e respeitar o profissional docente, atribuindo-lhes características que perpassam sua profissão, isto é, condizem com o exercício profissional de cunho político e social. Entretanto, o pro-fessor também foi apresentado como mero transmissor de conhecimentos que deve seguir modelos técnicos de ensino, cujo espaço de atuação é apenas o da sala de aula. Diante disso, entende-se que estas representações necessitam ser mais investigadas com profundidade, visto que se pretende a superação pontual e para que não sejam para-doxalmente reproduzidas na prática docente. Neste sentido, é necessário que conste do projeto pedagógico do curso, por meio do seu currículo, espaços de reflexão e de debate sobre as representações da profissionalização docente, para desta maneira, con-struir novas possibilidades em relação à profissão docente, pois, a formação inicial só faz sentido quando possibilita ao futuro professor condições de refletir sobre o exercício profissional e vivenciar experiências significativas, as quais possivelmente irão refletir em sua profissionalização.

AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SOCIOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

Inaê Elias Magno da Silva - CAPESTania Elias Magno da Silva - UFSAdriana Maria Giubertti - Câmara dos Deputados (Brasília - DF)

Em nove anos de existência, o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), programa do Governo Federal responsável pelo pagamento das despesas com bolsas e custeio

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dos cursos de graduação, aperfeiçoamento e especialização das instituições públicas de ensino superior (IPES) ofertados na modalidade a distância, reúne quase uma centena de IPES e mais de trezentos cursos destinados à formação inicial de professores. Os números do programa são vultosos e confirmam a tendência de aceitação da modalidade a distância no ensino superior público brasileiro. A oferta de cursos de formação inicial para o ensino de Ciências Sociais/Sociologia no Sistema UAB, contudo, não respeita a tendência geral do conjunto do Sistema. No universo acima descrito há apenas cinco IPES e, correspondentemente, cinco cursos inscritos, com oferta de vagas intermitente ano a ano. Esses dados sugerem a existência de entraves à oferta de licenciaturas em Ciências Sociais/Sociologia na modalidade a distância que merecem ser investigados. Eis o que propõe este paper, na condição de estrato de um estudo maior ainda em andamento: tendo como ponto de partida a análise comparativa de dados secundários relativos ao Sistema UAB, ao ensino presencial, dentre outros, pretende-se identificar quais são e qual a relação entre questões endógenas ao Sistema UAB e a baixa incidência de oferta de cursos de licenciatura em Ciências Sociais/Sociologia que o mesmo regis-tra. O referencial teórico que orienta o presente estudo fundamenta-se no debate pro-movido por Bourdieu a respeito do campo científico e suas lutas intestinas por posição, capital e poder, bem como na leitura de autores que discutem a dialética resistência/aceitação no uso das chamadas tecnologias de informação e comunicação (TICs) e da educação a distância propriamente dita na formação de professores, a exemplo de Jai-me Giolo. Os resultados preliminares do presente estudo confirmam a inexistência de instrumentos indutivos no Sistema UAB que, por privilegiarem determinada área do conhecimento ou certo tipo de oferta, tenham resultado em prejuízo à oferta de licenciaturas em Ciências Sociais/Sociologia. Tampouco registra-se no Sistema con-centração de IPES com maior vocação acadêmica para as outras ciências em prejuízo das Ciências Sociais. Preliminarmente, portanto, os resultados indicam a inexistência de causas endógenas ao Sistema UAB para o fenômeno observado, sugerindo que sua causalidade seja predominantemente exógena, ou seja, ligada a outras instâncias, tais quais, a legislação educacional e as próprias IPES, em seus respectivos departamentos, faculdades, institutos de Ciências Sociais/Sociologia. Neste paper, contudo,não se pre-tende oferecer uma resposta terminativa à questão das causalidades do fenômeno aqui apresentado, mas sim apontar questionamentos e problematizações.

SESSÃO B – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

A ESCOLHA PELA LICENCIATURA E PELA PROFISSÃO DE PROFESSOR DE SOCIOLOGIA: RAZÕES REVELADAS POR EGRESSOS LICENCIADOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Patrícia Silva Xavier - UFC

O presente trabalho pretende entender os motivos pela escolha, por partes dos egres-sos do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal Ceará, pela modalidade li-

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cenciatura entre os anos de 2002 a 2008. Esse momento corresponde ao período em que a disciplina de Sociologia ainda não fazia parte da grade curricular obrigatória do Ensino Médio, tendo sido incorporado somente em 2008, com a aprovação da Lei Nacional nº 11684/08 que assegurou o retorno desta disciplina como componente curricular. Busca-se compreender como os estudantes conduziram suas escolhas em um período que não se tinha um campo profissional institucionalizado, assim também objetiva-se entender como o curso de Ciências Sociais na modalidade Licenciatura era organizado, se havia incentivos para a sua escolha ou discussões a respeito da profissão de professor, seus campos de atuação e quais as perspectivas de formação apresentadas nos projetos políticos-pedagógicos da licenciatura. A pesquisa tem como objetivo prin-cipal compreender o significado que teve para esses egressos optarem pela licenciatura, quais motivações os levaram a escolherem essa modalidade como primeira opção em detrimento do bacharelado. Fazendo- se assim necessário saber como foi construído o espaço da Licenciatura do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Ceará- UFC e os campos profissionais destinados para esses estudantes no período de 2002 a 2008. As respostas para essas indagações serão buscadas por meio de entrevistas com egressos, professores e coordenadores do curso daquele momento e também na análise de documentos (projeto político pedagógico, ementas e conteúdos das disciplinas). A pesquisa está em andamento, mesmo assim com alguns dados obtidos já nos mostra o quanto foi difícil à construção dessa carreira, pois naquele tempo não havia políticas de incentivo. Conclui-se que os alunos formados durante esse período na Licenciatura não chega à metade dos formandos no curso de Ciências Sociais, ainda assim é essencial saber por que essa parte menor escolheu esse caminho.

OS LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA PARAÍBA

Vilma Soares de Lima Barbosa - UFCGIvan Fontes Barbosa - UFPBGeovânia da Silva Toscano - UFPB

A presente pesquisa, edificada a partir da necessidade de entender os limites e as pos-sibilidades da formação de licenciados em Ciências Sociais na Paraíba, buscou construir um panorama dos principais elementos sociais, culturais e institucionais que estru-turam o cotidiano e as expectativas dos estudantes da licenciatura do curso. Realizou-se nos Cursos de Licenciatura da UFPB e UFCG/Sumé mediante a aplicação de question-ários, entrevistas, problematização do tema formação em ciências sociais nas disciplinas ministradas pelos pesquisadores envolvidos com a área de sociologia da educação. Du-rante os anos de 2012 e 2013, construiu-se um painel das principais representações dos alunos acerca das Ciências Sociais, das perspectivas profissionais e dos fatores sociais e culturais que balizam a relação com as atividades acadêmicas. Os resultados indicam a falta de clareza sobre a atuação e a vocação do cientista social, o restrito mercado de trabalho, as dificuldades na conciliação entre trabalho e estudo e o ritmo de exigências intelectuais e abstratas necessárias à condução das atividades na disciplina e na con-fecção dos trabalhos, como variáveis elucidativas destas questões.

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA UFPEL: O PERFIL DO EGRESSO

Marcelo Pinheiro Cigales - UFSCLeon Mclouis Borges de Lucas - UFPel

A formação de professores em Ciências Sociais no Brasil é emblemática, pois existe uma série de dificuldades institucionais que historicamente valorizou a formação do bacharelado por considerar lócus privilegiado para pesquisa em oposição à licenciatura vista por muitos como espaço de práticas pedagógicas voltadas ao ensino. Este binômio deturpado de que o ensino não requer pesquisa, fez com que se desenvolvesse uma divisão desfavorável para a licenciatura no interior dos cursos de Ciências Sociais no Brasil. No cenário específico da Universidade Federal de Pelotas, Cigales (2013), con-statou que a maioria dos professores do curso não possuía vinculo de pesquisa com as questões educacionais e com o ensino de sociologia, mesmo aqueles que eram respon-sáveis pela formação de professores. Isto significa que a formação dos licenciados era naquele momento destinada à Faculdade de Educação. Em outras palavras, a formação pedagógica do professor de sociologia tinha frágeis vínculos com a produção sociológi-ca. Entretanto, nos últimos anos, projeta-se um novo horizonte para os licenciandos, principalmente com a criação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docên-cia – PIBID, e da abertura de concurso para uma vaga destinado ao Ensino de Sociolo-gia. Reflexo da Lei de 2008 (11.684), a formação dos professores em Ciências Soci-ais se remodela, e junto com isso, observa-se a crescente abertura de concursos para vagas destinadas ao ensino de Sociologia, a criação de laboratórios de ensino, grupos de trabalho nos eventos nacionais de Ciências Sociais (ABCP, SBS, ABA), assim como a crescente publicação de dossiês, artigos, resenhas e relatos de experiência docente sobre o tema. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é destacar a formação docente do licenciado em Ciências Sociais no Brasil, contrastando com o cenário específico do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pelotas. O referencial teórico busca dialogar com Bourdieu e Charlot. O primeiro autor será utilizado para discutir o processo objetivo do currículo, representado não somente pelas disciplinas escolares, mas também pelas estruturas de poder que caracterizam a divisão entre licenciatura e bacharelado. Através do segundo autor, busca-se pensar os aspectos subjetivos da for-mação do professor de sociologia, na medida em que o currículo pode ser pensado para além das estruturas objetivas, pois experiências que transcendam os muros da universi-dade, quando relacionadas com os conteúdos da disciplina, podem ser um importante complemento formativo. O trabalho se utilizará da metodologia qualitativa e de várias técnicas de pesquisa tais como: a) revisão bibliográfica a cerca da produção científica sobre a formação de professores; b) análise documental: sobre o Projeto Político Ped-agógico do curso de Ciências Sociais da UFPel; c) questionário aplicado aos estudantes egressos do curso de Ciências Sociais da UFPel, a fim de conhecer o perfil do egresso, bem como a aplicabilidade das práticas pedagógicas disponibilizadas durante a gradu-ação. Entre os principais resultados, é possível destacar, por um lado, a valorização do PIBID como uma importante ferramenta de inclusão, permanência e formação dos professores de Sociologia, por outro, a carência do curso em oferecer disciplinas que

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estejam de acordo com a realidade enfrentada pelos professores de Sociologia em sala de aula.

NOVOS CAMINHOS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS SOCIAIS: REFLEXÕES SOBRE O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA DOCENTE DO COLÉGIO PEDRO II

Rogerio Mendes de Lima - Colégio Pedro II (RJ)

A promulgação da Lei 11.684/2008 e a consequente ampliação da presença das Ciên-cias Sociais nos currículos da educação básica verificada nos últimos anos, fez emergir um conjunto de questões relacionadas à atuação cotidiana dos licenciados na área, que vão desde às práticas e métodos utilizados nas salas de aula, às precárias condições de trabalho dos professores nas diferentes modalidades de ensino. Nesse contexto, um dos temas mais relevantes tem sido a formação do professor de Sociologia/Ciências Sociais, especialmente diante da necessidade de ocupar e consolidar um espaço que durante décadas foi considerado secundário, tanto acadêmica quanto profissionalmente. No caso do Estado do Rio de Janeiro uma das constatações é a de que boa parte dos licen-ciados em Sociologia/Ciências Sociais que passam a atuar na rede estadual de educação, que absorve o maior contingente de professores de nossa área, vivenciam uma realidade que se caracteriza pela precariedade e pelo isolamento profissional, o que tem tornado premente a busca, por parte daqueles que decidem enfrentar o desafio, por uma for-mação continuada que lhe permita adquirir ferramentas para interferir na realidade na qual estão inseridos. Em consonância com esses anseios e buscando ser uma alternativa importante nessa luta cotidiana, o Colégio Pedro II (CPII) criou a partir de 2012, o Programa de Residência Docente (PRD) que atende diferentes áreas do conhecimento, entre elas a área de Ciências Sociais/Sociologia. O objetivo do programa é unir à longa e exitosa experiência da instituição na educação básica as experiências, realidades e desafios enfrentados por professores recém-formados, para conjuntamente desenvolv-er metodologias, práticas e estratégias de atuação no espaço escolar. Especificamente na área de Ciências Sociais/Sociologia, o programa tem procurado aliar à formação pedagógica um debate sobre as condições em que a prática docente se realiza, dis-cutindo o próprio papel da escola na construção e reprodução das desigualdades sociais e como a atuação dos professores pode ser um instrumento para que se vislumbre out-ras possibilidades para toda a comunidade escolar, particularmente para os estudantes. Desse modo, o presente trabalho pretende refletir sobre quais tem sido os impactos do programa no processo de formação continuada de jovens professores de Sociologia/Ciências Sociais no Estado do Rio de Janeiro, debatendo quais possibilidades, limites e desafios estão postos por esse novo caminho na formação continuada de professores.

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O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DEBATE: UM ESTUDO DE CASO COM OS EGRESSOS DO PROFBPAR FORMADOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS PELA UFMA

Gamaliel da Silva Carreiro - UFMA

O presente trabalho é o resultado de pesquisa com professores que concluíram o curso de segunda licenciatura em Ciências Sociais pelo Programa de formação de Professo-res da Educação Básica (PAFOR/PROFEBPAR) implantado na Universidade Federal do Maranhão em meados de 2009. Após cinco anos de funcionamento e seis turmas concluídas, resolvemos iniciar uma pequena pesquisa de modo a ter elementos para fazer um balanço das atividades do programa e uma avaliação dessa política publica em termos de cumprimento de algumas de suas metas. O universo da pesquisa é composto por 70 professores de quatro cidades maranhenses formados pelo programa entre 2009 e 2014. Indagamo-nos sobre a formação inicial desses professores e seu impacto na apreensão da sociologia, entendendo esta como uma segunda socialização. Após a for-mação, eles assumiram as disciplinas de sociologia no ensino médio atendendo assim as expectativas da política pública? Obtiveram êxito em concursos ou seletivos específicos da área de formação? Que imagens possuem do programa e do curso de ciências Sociais nessa modalidade? Como avaliam o ensino de sociologia nas escolas onde trabalham? Houve alguma mudança em termos de conteúdos ministrados, capacidade de trans-missão dos conteúdos específicos das Ciências Sociais, atendendo assim os objetivos da disciplina no Ensino Médio? Os resultados indicam que uma parte dos formados tem assumido as disciplinas de sociologia nas escolas ande trabalham, ocupando vagas antes preenchidas por professores que objetivavam apenas complementar suas cargas horárias. No lugar de filósofos, historiadores e pedagogos aparecem agora o licenciado em ciências Sociais. Uma parcela tem se aventurado pelas cidades vizinhas buscando seletivos na área de sociologia e assim complementarem suas rendas. Outros avançaram e foram aprovados em seleção de mestrado em CS ou estão planejando. É prematuro afirmar, mas os dados podem indicar que o oferecimento da formação em Ciências So-ciais nessa modalidade de segunda licenciatura, embora com todas as dificuldades, pode ter consequências não previstas tais como o fortalecimento do próprio campo das ciên-cias Sociais no Estado, na medida em que cria um espaço de disputa entre esses novos diplomados e os pedagogos, pelo direito de ministrar sociologia no ensino médio. Essa disputa tende a ser maior quanto menor forem as oportunidades em termos de vagas em concursos públicos. Pode fortalecer também a perpetuação da disciplina no ensino médio, na medida em que uma nova classe de professores com formação específica em sociologia agora começa a batalhar para manter seus empregos.

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FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: A EXPERIÊNCIA DA RENAFOR NO IFPE

Anicélia Ferreira da Silva - Fundação Joaquim Nabuco Alexandre Zarias - Fundação Joaquim Nabuco

O presente trabalho visa apresentar a RENAFOR – Rede Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica e o IFPE – Instituto Federal de Pernam-buco enquanto instrumentos disponíveis que possibilitam a viabilizaçãoe legitimação das práticas de formação continuada de professores. Apresentando especificamente a experiência do Curso de Aperfeiçoamento em Sociologia para o Ensino Médio, oferta-do pelo IFPE campus Pesqueira,no período de novembro de 2013 a maio de 2014. Busca apontar a importância do curso como propostade formação para professores de Sociologia, descrevendo os percalços do curso, desde os motivos que levaram a sua elaboração, percorrendo os meios que o viabilizaram, público alvo, o planejamento, or-ganização e realização. Além de apresentar, parcialmente, dados referentes aos resulta-dos do curso, a partir da pesquisa realizadano Mestrado Profissional em Ciências Sociais para o Ensino Médio ofertado pela FUNDAJ – Fundação Joaquim Nabuco. As bases teóricas para análise dos resultados, obtidos na referida pesquisa que alimentaram esse trabalho, partem de dados coletados por meio de questionários e entrevistas semies-truturadas, tendo sido construídas sob as perspectivas dos professores formadores e participantes do curso. A análise bibliográfica se utiliza da literatura atual que aborda a formação continuada de professores como uma questão emergente e necessária. O aprofundamento teórico permite conhecer os percursos e abordagens sobre a temática de formação continuada de professores, bem comoas leis e documentos oficiais que abordam o assunto. Assim, partindo das circunstâncias sob as quais o curso foi desen-volvido, pretende dar continuidade às discussões que cercam a temática de formação docente em serviço, alimentando-a com as contribuições no campo de formação dos professores de Sociologia, considerando que estes representam um público que neces-sita de meios alternativos para aperfeiçoar a prática docente e consequentemente mel-horar a qualidade da educação básica, prioritariamente através de formações comple-mentares baseadas em realidades e contextos específicos, respeitando as peculiaridades de cada público.

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS E NOS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Anna Christina de Brito Antunes - UFSC

A proposta de trabalho surge a partir de reflexões presentes na dissertação defendida no ano de 2014, a qual investigou a formação de professores de Sociologia a partir da noção de profissionalidade docente. Para isso, foram analisados documentos referen-tes às Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores, às Diretrizes

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Curriculares Nacionais para os cursos de Ciências Sociais e aos Projetos Pedagógicos dos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Cata-rina (UFSC), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). No que se refere à formação de professores de Sociologia, podemos considerar a implementação das DCN’s e a obrigatoriedade do ensino de So-ciologia nas séries do Ensino Médio (Lei nº 11.684/2008) como fatores fundamentais que impactam nos cursos de licenciatura em Ciências Sociais. Nesse sentido, tanto as diretrizes quanto a obrigatoriedade colocam aspectos relevantes a serem investigados no campo da formação de professores. Dentre eles, destacamos a relação entre teoria e prática. A leitura dos documentos oficiais abordam diretamente estas duas dimensões, as quais têm destaque em diversos momentos do texto (Parecer CNE/CP 09/2001), e também estão ligados a outras ideias e princípios importantes nas diretrizes, como por exemplo, a noção de competências. Nesse sentido, nossa intenção neste trabalho é: a) pensar qual concepção de teoria e prática norteia as normativas e, b) entender qual concepção de teoria e como se configuram a prática e os estágios curriculares super-visionados nos currículos nos cursos. Diante do proposto, embasaremos nossas ideias nas contribuições de Saviani (2009), Pimenta (2012), Pimenta e Lima (2012), Pimenta e Almeida (2014), Diniz-Pereira (2011), dentre outros. Acreditamos que este trabalho contribui para o debate sobre a questão da relação entre teoria e prática nos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais, como também com a questão mais geral da formação de professores.

O CAMPO DE ESTÁGIO E A FORMAÇÃO DOCENTE: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE ENSINO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA UFPA

Jean Roberto Pacheco Pereira - UFPAMaria do Carmo da Silva Dias - UFPACícero de Oliveira Pedrosa Neto - UFPA

Este trabalho se propõe a discutir o campo de estágio como elemento da formação docente do professor de Sociologia. Faz-se aqui, uma análise dos estágios docentes per-tinentes às práticas de ensino do Curso de Ciências Sociais (licenciatura e bacharelado) desenvolvidas na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará – EA/UFPA. Comumente quando há a pretensão em debater a temática formação docente, por vezes surgem ideias que envolvam o viés da vocação, ou seja, o “ser professor” é algo inerente ao indivíduo que pretende seguir a carreira docente. Perante a atual conjuntura, per-cebe-se também um debate marcado pela ideia de que a docência seria a “saída última”, ou seja, a sala de aula seria um espaço profissional a ser ocupado apenas “se nada der certo” profissionalmente. Quer pela dificuldade profissional, quer pela vocação, o pro-fissional do ensino não emerge sem uma preparação, sem uma formação, a escolha do fazer docente é, como qualquer outro campo profissional, um processo. Dessa forma, o caráter subjetivo da escolha é impulsionado por outros elementos, que irão moldar ou preparar o indivíduo para seguir os caminhos da sala de aula. Neste sentido, o estágio

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docente apresenta-se como uma etapa importante da/na formação acadêmica do aluno postulante a professor. É a fase prática do processo, onde o graduando terá contato di-reto com a sala de aula, auto-avaliando e sendo avaliado sobre os conceitos apreendidos, observando e interpretando a realidade prática, a etapa onde muito do fazer docente tende a ficar mais claro e perceptivo. Debruçado sobre estas perspectivas, unindo as experiências de participação em projetos voltados para o ensino/aprendizado da disci-plina Sociologia na Educação Básica, desenvolveu-se uma pesquisa voltada para desvelar as percepções de alunos e professores da graduação do curso de Ciências Sociais acerca do estágio docente como parte da formação acadêmica. As análises desta pesquisa se deram em torno dos relatórios de estágio dos alunos graduandos, de entrevistas com professores da graduação responsáveis pelas práticas de ensino e com professores de Sociologia que atuam na educação básica da Escola de Aplicação da UFPA, além da observação participativa destes alunos ao desenvolverem suas práticas docentes. Da relação ensino de Sociologia e estágio docente, surgem indagações e inquietações que formam uma teia de proposições acerca da contribuição do estágio para a formação do professor de Sociologia. Ao discutir esta realidade observa-se que o campo de estágio docente é um espaço de diferentes percepções, de dicotomias, onde a aplicabilidade do “fazer docente” apresenta variações entre os indivíduos. As análises primeiras da pesquisa revelam que os envolvidos no campo de estágio percebem o trabalho docente como um espaço de insatisfações, sobrecarga de atividades, baixos salário, sensações de impotência, falta de reconhecimento e valorização. A sala de aula denota um campo de possibilidades, que vive em constante conflito, amenizado pelo uso de metodolo-gias e recursos didáticos que procuram tornar o ensinar/aprender mais interessante e significativo (tanto para quem ensina quanto para quem aprende). O campo de estágio está imerso a essa realidade. Na perspectiva dos estagiários, ele é a real aproximação com a profissão, muitos se encontram encantados com as possibilidades de ser profes-sor, entretanto, há aqueles que cumprem os estágios docentes apenas pela obrigato-riedade. Portanto, a incursão do aluno da graduação nas práticas de ensino compõe-se de maneira processual, articulando elementos subjetivos e elementos de formação acadêmica, que, dispostos de maneira prática, podem levá-lo a inserir-se no campo da docência ou não, caracterizando o estágio docente como uma etapa de consolidação ou de desistências.

PRÁTICAS DOCENTES E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SOCIOLOGIA NA UFRN

Karla Danielle da Silva Souza - UFRNDalliva Stephani Eloi Paiva - UFRNFernando Francelino Lopes Júnior– UFRN

Este trabalho tem como objeto de estudo as práticas docentes na formação inicial de licenciandos em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O nosso objetivo é refletir acerca de tais práticas e o modo como o referido curso está formando os professores de Ciências Sociais para o ensino médio. Buscamos

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uma aproximação da realidade da licenciatura e apontamos as preocupações e os an-seios presentes no curso. Para compreensão do contexto e da realidade da licenciatura do referido curso, partirmos de uma reconstituição histórica da disciplina no Brasil, como também, pensamos sobre o modo como tem se estruturado o curso dessa uni-versidade, suas mudanças de currículo, reformulações didáticas, incorporação de docu-mentos nacionais e institucionais, entre outros. Para tanto, nos orientamos a partir das leituras: das Orientações Curriculares para O Ensino Médio, do Regulamento dos Cursos de Graduação e do Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Posteriormente, dialogamos com professores do ensino médio, e futuros profissionais do curso em apreço. A bibliografia a qual orientou essa pesquisa foi fundamentada pelas obras de BARBOSA JÚNIOR (2002); BARTH (2000); BRZEZINSKI (2011); BOURDIEU (1998-1974); CAMINHA (1963); EAGLETON (1997); FILHO (2005);FREIRE (1987); HONORATO (2007); MILLS (2009); e WEBER (1971). A presente pesquisa vem demonstrando que se faz necessário problematizar as práticas docentes no curso de Ciências Sociais para com-preender em que medida está se formando o bacharel na licenciatura. A problemática central se dá por meio do questionamento: há de fato uma preocupação com a licen-ciatura e, portanto, com a formação de professores da educação básica? A partir disso, refletir e despertar uma atenção à formação do professor de Sociologia a partir da mediação dos formadores de formadores, no caso, o docente de ensino superior. Desse modo, propor uma ressignificação da concepção que os professores formadores dos licenciandos/licenciados têm do curso de licenciatura em Ciências Sociais.

ENTRE MUNDOS: O LICENCIANDO COMO MEDIADOR CULTURAL ENTRE A UNIVERSIDADE E A ESCOLA E AS REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE

Rosana da Câmara Teixeira– UFF

Neste trabalho pretende-se discutir as percepções dos licenciandos sobre a experiência do estágio supervisionado e seu impacto na construção da subjetividade docente a partir da produção textual realizada ao longo da licenciatura em Ciências Sociais, no âmbito da disciplina Pesquisa e Prática de Ensino. Tal produção possibilita conhecer dilemas e desafios envolvidos no processo de formação inicial, indicando de que modo a realidade escolar tem sido vivenciada e interpretada pelos futuros professores, influenciando seus projetos futuros de carreira. Se o desencantamento é um sentimento recorrente em inúmeros relatos, levando, inclusive, os alunos a questionarem, em alguns momentos, as propostas didático-pedagógicas discutidas nos cursos, considerando-as “distantes” do cotidiano observado, por outro lado, nota-se que esta percepção é relativizada, pouco a pouco, convertendo-se na formulação de propostas de ação, a partir de um campo de possibilidades, entremeado de relações de poder, que se delineia durante a imersão no ambiente escolar. Pretende-se discutir nesta apresentação, em que medida a condição liminar de estagiário no trânsito realizado entre os mundos da universidade e da escola e, no interior do espaço escolar, entre as experiências do professor supervisor e dos

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alunos, o transformam em uma espécie de mediador privilegiado. A mediação está sendo aqui considerada nos termos propostos por Gilberto Velho & Karina Kuschnir (2001) como fenômeno sociocultural em que as diferenças possibilitam trocas, comu-nicação e intercâmbio. Assim, o estudo da mediação e, especificamente, do papel des-empenhado pelos mediadores permite compreender como se dão as interações entre categorias sociais e universos culturais diferenciados. A mediação, como ação social permanente refere-se, portanto, a processos de comunicação que podem gerar confli-tos, reavaliações, orientar escolhas e redefinir projetos. Sem dúvida, tanto o “efeito pro-fessor” (François Dubet (1997) quanto o “efeito aluno” (decorrente da aproximação que se estabelece no cotidiano das aulas e da exposição aos anseios e visões dos discentes) afetam a subjetividade do licenciando, se configurando como dimensões cruciais para a compreensão de como este processo de formação inicial vem se desenvolvendo. As condições sócio-estruturais nas quais se encontra a educação pública no país e, particu-larmente, a situação da sociologia na grade curricular entre a legalidade e o reconheci-mento social também são elementos centrais nas narrativas. Espera-se que essas análises possam contribuir para melhor dimensionar o lugar do estágio supervisionado e o papel do licenciando como mediador, revelando a complexidade e a centralidade deste pro-cesso, assim como provocar reflexões no âmbito das licenciaturas sobre os desafios que estão colocados na formação do professor de Ciências Sociais da Educação Básica.

POR UMA “PEDAGOGIA DA PERGUNTA” NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE SOCIOLOGIA

Thiago Ingrassia Pereira– UFFS

O estágio curricular supervisionado nos cursos de formação inicial de professores da área de ciências sociais vem assumindo uma posição de destaque nos debates atuais. O cenário da pós-obrigatoriedade da disciplina de sociologia fomenta discussões acer-ca de currículos e saberes associados à docência na educação básica. Nesse sentido, inovações metodológicas e de referenciais teóricos se tornam pertinentes, pois um dos atuais desafios das ciências sociais no Brasil é a qualificação do espaço curricular da sociologia no ensino médio. Por isso, este trabalho apresenta resultados de pesquisa acerca de novas estratégias formativas nas disciplinas de estágio curricular nos cursos de licenciatura, estabelecendo diálogo teórico com referenciais das ciências sociais e da educação. Em especial, apresenta a pedagogia de Paulo Freire como uma referência ao desenvolvimento da docência em suas dimensões éticas, políticas, epistemológicas e metodológicas. Este referencial é posto em diálogo com a “Metodologia da Problema-tização” a partir da obra de Neusi Berbel, na qual o Arco de Maguerez é apresentado como um caminho metodológico para o ensino. Dessa forma, aproxima-se a “pedagogia da pergunta” na acepção freireana com a “metodologia da problematização” a partir de Berbel com o apoio da teoria/método de Maguerez. O principal objetivo deste exer-cício é a produção de subsídios analíticos para a práxis pedagógica na formação inicial da docência na área de ciências sociais. Nesse sentido, a supervisão de estágios curricu-lares é tratada como uma ação de pesquisa, tendo em vista a qualificação permanente

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que esta atividade exige. Observando o trabalho desenvolvido nos estágios a partir de uma “pedagogia da pergunta” em conexão com a “metodologia da problematização”, compreende-se que os resultados preliminares, obtidos por meio da sistematização de experiências, sugerem a pertinência do arcabouço teórico freireano, pois ele está as-sociado às diretrizes curriculares normativas da área de ensino de sociologia, além do enfoque da escola pública em uma dimensão popular. Professores indagadores e curio-sos (na dimensão epistemológica) são essenciais para a construção de estudantes com essas habilidades.

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GT5 – HISTÓRIA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NO BRASIL

Coordenador: Marcelo Pinheiro Cigales - UFSCE-mail: [email protected]: Cristiano das Neves Bodart - USPE-mail: [email protected]

SESSÃO ÚNICA – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

O DISCURSO DE APOIO À SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NOS ANOS 30 E NOS ANOS 90/00: SIMILITUDES E DIFERENÇAS

Gustavo Cravo de Azevedo – UFFTais Barbosa Valdevino do Nascimento – UFRJ

O trabalho tem como objetivo pensar a trajetória de institucionalização da Sociologia como disciplina escolar obrigatória, na educação básica, a partir dos discursos produzi-dos a cerca da disciplina nos anos de 1930/1940 e nos anos de 1990/2000. O motivo para este recorte temporal se dá, pois nos anos de 1930/40, assim como, em 1990 e 2000, a presença da Sociologia na escola foi discutida não só, por representantes das Ciências Sociais, como por exemplo, Delgado de Carvalho nos anos 30 e entidades representativas, como a APSERJ, nos anos 90, mas também, foi posta em pauta, pelo legislativo. Durante as décadas de 30/40 a Sociologia esteve presente na escola. A dis-ciplina foi inserida no então chamado ensino secundário através da reforma Rocha Vaz, em 1925, mantida, na reforma Francisco Campos, 1932, e depois retirada, pela re-forma Gustavo Capanema, 1942. Na década de 30, quando a Sociologia foi obrigatória na escola, houve uma expressiva produção de livros didáticos (cerca de duas dezenas de livros) e discursos sobre a importância da Sociologia ser ensinada na escola. Para entendermos os discursos produzidos em relação à presença da Sociologia nos anos 30, este trabalho analisou a Carta de Miguel de Carvalho a Luis Vergara encaminhando relatório sobre o ensino de Sociologia, os programas da disciplina do ensino secundário e também levou em consideração o tipo de cidadão que se pretendia formar. Já nos anos de 1990 e 2000, as discussões favoráveis à reinserção da Sociologia na escola básica são retomadas. Para analisar os discursos dos anos 90/00, esse trabalho utilizou as duas tra-mitações de projetos de lei federal (PL 3178/97 e PL 1641/03) que visavam a aprova-ção da Sociologia obrigatória no ensino médio. A primeira, em 2001, sem sucesso, a segunda, em 2008, com sucesso. Nas duas tentativas, são analisados os discursos pro-duzidos pelos parlamentares nas duas Casas do Congresso, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. O trabalho toma o cuidado com a comparação entre as duas épocas

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e propõe um debate necessário sobre o sentido da Sociologia no ensino médio nos dois períodos, de modo a apresentar as similitudes e diferenças.

A SOCIOLOGIA, OS INTELECTUAIS E A POLÍTICA: O CAMPO EDUCACIONAL NAS DÉCADAS DE 1920-1940

Julio Gabriel de Sá Pereira - UFSC

Este trabalho tem como proposta refletir sobre o processo de desenvolvimento históri-co do ensino de sociologia no Brasil,resgatando o contextodas décadas compreendidas entre 1920 e 1940, tendo como pano de fundo a disputa pela legitimidade do discurso no campo intelectual sobre a educaçãono processo de constituição de um projeto que visava levar o país a modernidade. O objetivo é entender como um contexto político que se desenvolvia especialmente no período recortado, envolveu as questões educa-cionais, e especificamente, envolveu a disciplina de sociologia para tais fins.Para isto, se propõe a discussão sobre as noções de campo do sociólogo francês Pierre Bourdieu. Tal conceito procura perceber como se configuram as relações entre agentes em dado campo a partir de códigos e regras que influenciam e são influenciados de forma mais ou menos independentes por/de outros âmbitos. Será preciso também realizar um resgate histórico-reflexivo sobre a composição de um campo intelectual preocupado com a temática da educação na primeira metade do século XX no país, bem como onde se encontrava a disciplina de sociologia neste campo e que esforços foram demandados para sua consolidação. Neste sentido, os intelectuais franceses, com as contribuições teórico-metodológicas de Emile Durkheim e a corrente de pensamento do positiv-ismoprincipalmente, ocupam posição importante enquanto representantes do campo científico na construção dos moldes educacionais no país.Sabe-se que a sociologia no auge do seu desenvolvimento foi uma das principais bases teóricas para que se fosse possível pensar o contexto de um país que entrava num processo de industrialização e crescente urbanização. Neste percurso se faz necessário o questionamento sobre as disputas que estavam em campo: por que a escolha da sociologia francesa? Que outros discursos estavam em disputa no campo? Considera-se necessário melhor compreender este contexto histórico para que seja possível também entender a situação em que se encontra o ensino da disciplina de sociologia no ensino básico em dias atuais, e além do mais quando encontramos em situação de urgência refletir sobre que tipo de sociedade está se querendo construir, cabendo à sociologia e seu papel crítico ocupar espaço de importância fundamental neste sentido.

RAYMOND MURRAY E A SOCIOLOGIA CATÓLICA NO BRASIL: ANÁLISE A PARTIR DE UM MANUAL DIDÁTICO DA DÉCADA DE 1940

Marcelo Pinheiro Cigales - UFSC

A institucionalização da sociologia no Brasil se desenvolveu a partir das pesquisas cientí-

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ficas propiciadas pela criação das primeiras universidades brasileiras, e pela inserção da disciplina nas modalidades do ensino secundário, normal e superior. A disputa entre os intelectuais católicos e liberais marcou o período e caracterizou o desenvolvimento de distintas concepções sociológicas, entre elas a chamada “sociologia católica”. Esta proposta de sociologia teve início da França no final do século XIX, e representou uma oposição da Igreja Católica sobre a ciência social proposta por Émile Durkheim, que iniciava seu processo de institucionalização no campo acadêmico e científico daquele país. De certa forma, a Igreja não queria perder a legitimidade do discurso sobre a sociedade, tendo que mobilizar dessa forma, seus intelectuais na construção de uma sociologia que fosse na esteira de seus princípios. No Brasil, um dos principais repre-sentantes desse movimento foi Alceu Amoroso Lima, figura de destaque na produção e circulação das ideias católicas no campo social e educacional. Tendo como fundo a discussão mais ampla sobre a inserção dessa concepção de sociologia no país, este trab-alho visa analisar e descrever o manual “Introdução à Sociologia” escrito por Raymond Murray, autor católico e norte-americano, traduzido para o português em 1947 e pub-licado pela editora Artes Gráficas Indústrias Reunidas (AGIR), fundada por Amoroso Lima. O referencial teórico busca dialogar com Norbert Elias, na tentativa de com-preender o projeto civilizatório que a Igreja pretendia desenvolver junto às novas ge-rações em processo de escolarização. A metodologia se apoia na pesquisa qualitativa de análise documental. Entre os principais resultados destaca-se a busca por legitimidade dessa concepção de sociologia, dentro do campo educacional e científico, refletido na tradução de um manual da sociologia católica produzido por um autor norte-america-no. Em relação ao manual propriamente dito, percebe-se uma normatização das ideias sociológicas que (re)afirmam a relevância da moral católica para o ensino da disciplina nos espaços sociais, principalmente no campo educacional sob o domínio da Igreja.

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE HISTÓRICA E COMPARADA DAS PROPOSTAS CURRICULARES

Bruna Lucila de Gois dos Anjos - UFRJ

O objeto de estudo deste trabalho é o ensino de sociologia na educação básica. Mais especificamente, pretende-se analisar e comparar do ponto de vista histórico e social as propostas curriculares de três diferentes estados, a saber: Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.A temática desta investigação é voltada à questão da história da disciplina escolar Sociologia nos diferentes contextos educacionais estaduais. A Sociologia é uma disci-plina peculiar nos currículos escolares. Isto se deve às inúmeras vezes que foi retirada do currículo, não permitindo assim que a mesma se consolidasse no Ensino Médio. A recente aprovação da disciplina para todo o Ensino Médio (Lei 11.684/2008), no entanto, abriu amplas possibilidades e ao mesmo tempo trouxe novas contradições e debates que, até então, não se colocavam na pauta dos pesquisadores e/ou professores de Sociologia.Apesar do contexto favorável, propiciado pela obrigatoriedade recente, o tema ligado às propostas curriculares ainda tem pouca expressão nos estudos relati-vos ao ensino de Sociologia em comparação com outras comunidades disciplinares. A

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inexistência de um Currículo Nacional de Sociologia, ou um documento que prescreva os temas/conteúdos a serem ensinados, possibilita múltiplas maneiras de organização destes conteúdos pelos estados. E desta forma uma análise comparadade propostas cur-riculares geradas em diferentes contextos de luta pelo retorno da sociologia no ensino médio pode trazer elementos para a compreensão da história dessa disciplina escolar. Nessa direção, pretende-se avaliar em que medida os diferentes processos históricos de implementação da disciplina e dos currículos podem influenciar as propostas cur-riculares. Para tal, será examinado como as propostas curriculares dos estados se ap-ropriaram dos documentos oficiais existentes – Orientações Curriculares Nacionais e Parâmetros Curriculares Nacionais a fim de comparar os conteúdos expressos nas diretrizes curriculares estaduais de diferentes estados, possibilitando assim verificar as similaridades e distanciamentos entre as propostas curriculares.Para direcionar nossa investigação, a perspectiva teórica de currículo a ser adotada é a de Ivor Goodson. Este autor nos orienta a analisar o currículo, como um documento de construção históri-ca, percebendo como os documentos escolares são construídos e como circulamentre instituições, docentes e discentes. A metodologia deste trabalho será a análise docu-mental comparada, por meio debibliografia sobre o tema, além de uma investigação histórica utilizando entrevistas realizadas com autores das propostas curriculares e/ou pesquisadores de referência no campo deEnsino de Sociologia dos estados investigados. O recorte temporal deste estudo considera a reintrodução da disciplina nas grades cur-riculares estaduais, partindo assim da obrigatoriedade em 2008. Para isto, os currículos analisadosserão: Paraná (2008), Rio de Janeiro (2012) e São Paulo (2010).Através da análise documental e histórica das propostas curriculares dos diferentes estados poder-emos constatar quais são os conteúdos escolares de Sociologia que mais tem expressão nos currículos, e assim perceberemos como está configurado o ensino de Sociologia em diferentes contextos escolares.Atualmente a discussão de políticas curriculares nacio-nais, e de mudanças no Ensino Médio está permeando os espaços educacionais, por isso estudos como este sobre conhecimento escolar através de documentos oficiais são de importante contribuição para entendimento do cenário da disciplina.

POR UMA SOCIOLOGIA DA HISTÓRIA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA: CIENTISTAS SOCIAIS E ESPAÇO SOCIAL ACADÊMICO

Lívia Bocalon Pires de Moraes - UNESP

Minha pesquisa tem como objeto de estudo o processo recente de institucionalização da obrigatoriedade da sociologia no Ensino Médio, ocorrido entre 1997 e 2008, e pre-tende, empregando a teoria sociológica de Pierre Bourdieu, e suas noções de habitus, poder simbólico, capital, campo, estratégia e representação, analisar a posição de al-guns dos cientistas sociais diretamente envolvidos nesse processo no campo de disputas constituído internamente às ciências sociais, compreendidas enquanto espaço social acadêmico.Para tal, construo um histórico da constituição do que chamo de espaço social acadêmico no Brasil, adotando como “recorte” temporal o ano de 1964, e a pos-terior implantação, pelos governos militares, de uma política educacional voltada à in-

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stitucionalização da pós-graduação e à centralidade das agências de fomento no setor de Ciência e Tecnologia do país, refletindo acerca do impacto destas para a área das ciên-cias sociais e seus integrantes, e da gradual valorização de determinadas formas de fazer científico, e de fazer-se cientista neste espaço social, por elas acarretadas.Em seguida, partindo do esboço da estrutura deste espaço, elaborado com base em dados obtidos nas plataformas virtuais destas agências de fomento, em especial a Capes e o CNPq, tra-ço um perfil acadêmico e institucional dos cientistas sociais estudados, a saber, os pro-fessores Amaury Moraes; Heloísa Martins, Lejeune Mirhan, Ileisi Silva, Nelson Tomazi, Sueli Mendonça e Elisabeth Guimarães, com vistas a apreender a estrutura dos capitais por eles estabelecidos em suas trajetórias profissionais, e a compreender as relações de disputa/parceria que mantiveram e mantêm entre si e com outros cientistas sociais, no período estudado e atualmente.Realizo também entrevistas semiestruturadas com estes agentes, e a observação empírica de eventos da área em que estejam presentes, a fim de apreender suas concepções sobre este processo de institucionalização e sobre a função social das ciências sociais e de seu ensino, retornando à sua posição no espaço acadêmico, conforme o poder simbólicodetido por cada um deles, para entender as representações que possuem sobre si mesmos, as disputas estudadas, os demais agentes envolvidos e o próprio espaço social.Intento, assim, com base na reflexão sociológica a ser realizada, compreender as relações entre as ações do grupo e a interiorização de certo habitus relativo à representação do ser cientista social, incluindo nesta pesquisa a luta entre representações do real, tanto no sentido de imagens mentais, quanto no de manifestações sociais com vistas a instituí-las.

CONTRIBUIÇÕES DE FLORESTAN FERNANDES PARA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NO BRASIL

Maria Teixeira - UFMTAbenizia Auxiliadora Barros - UFMTFrancisco Xavier Freire Rodrigues - UFMT

A história da sociologia como disciplina é marcada pelas idas e vindas no Ensino Médio brasileiro,embasando discussões e investigações científicas em torno dos desafios apon-tados para o ensino desta disciplina no Brasil. Aqui, o ensino de sociologia na educação básica antecedeu aos primeiros cursos de formação na área e a principio limitava-se a memorização de conceitos e teorias. Só a partir dos anos 30 do século XX foram cria-dos os primeiros cursos de Ciências Sociais, mais voltados para a formação de técnicos e pesquisadores do que para a formação de professores. Em termos de politicas publicas educacional, após o Estado Novo, as propostas assumiram um caráter elitista, voltadas para a reprodução das condições sociais, privilegiando os cursos técnicos. Este processo de formação em Ciências Sociais não propiciou uma articulação com o ensino da dis-ciplina na educação básica, se atribuindo isto a uma tradição bacharelesca existente no país.No sentido de contribuir para o entendimento histórico da sociologia no Brasil, o estudorealizado traz como objetivo ressaltar a contribuição e a importância de Flores-tan Fernandes e do seu trabalho de pesquisa sociológica, na institucionalização da so-

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ciologia no ensino médio e na criação da Sociologia brasileira. As reflexões de Florestan Fernandes desenvolveram analises criticas sobre a constituição histórica da sociedade brasileira, levantando questionamentos acerca das transformações sofridas no âmbito da urbanização; industrialização; educação; regimes e governos, entre outros. Este es-tudo bibliográfico teve como analise crítica duas de suas obras: A Sociologia no Brasil (1977) eA Condição de Sociólogo (1978), propondo discutir e conhecer um pouco mais da trajetória de Florestan Fernandes e sua formação, como professor e ao mesmo tempo pesquisador, interessado em compreender os problemas do mundo moderno.Defendia o estudo de sociologia no ensino médio pautado nas referencias metodológi-cas básicas e na variação de estratégias de ensino que colaborasse para aguçar o pensar sociológico do aluno, posto como essencial para a construção do conhecimento, procu-rando sempre adaptar o ensino de Sociologia as condições brasileiras. Criador da teoria crítica sociológica no Brasil sua contribuição é de relevância impar, principalmente no âmbito da educação. Figurando no cenário politico do país, atuou nas subcomissões da constituinte de 1988, em defesa da escola pública e da educação em geral, destacando-se no debate sobre o projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB. Influenciado pelo marxismo, os estudos de Florestan Fernandes assumem um viés interpretativo sobre os dilemas da dominação de classes no Brasil, tornando a leitura de sua obra indispensável para o conhecimento histórico da organização da sociedade brasileira e da sociologia no Brasil.

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO: UM CAMPO DE TENSÕES POLÍTICAS

Salomão Alves Pereira - IFG

Busca-se, nos limites desse artigo, situar-se frente às principais discussões referentes ao ensino de sociologia na educação básica e às licenciaturas em ciências sociais no Brasil. Em tais discussões é unânime a ideia de que a principal marca da sociologia no ensino secundário é sua intermitência. Esta, por conseguinte, acaba por influenciar o próprio campo das ciências sociais no ensino superior. Entende-se aqui que tal realidade de ensino é reflexo de contextos políticos específicos do país. Os problemas que subjazem a essa comunicação elencam-se da seguinte forma: a) qual a relação histórica entre a presença da sociologia no currículo básico brasileiro e a estrutura política do país? b) quais as principais causas da intermitência da disciplina no ensino médio? c) como tal intermitência influi na organização dos cursos superiores de ciências sociais no Brasil? d) qual é a posição política associada à presença da disciplina no currículo básico, e como a organização política e econômica do país sustenta tal colocação? Partindo dessa problematização, pretendo realizar, além de uma digressão na história da disciplina no Brasil, uma breve reflexão que tem como fio condutor as discussões realizadas acerca da presença da sociologia no currículo escolar e dos cursos superiores de ciências sociais.

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A HIERARQUIZAÇÃO DOS SABERES NO ENSINO DE SOCIOLOGIA

Rebeca Martins De Souza - UFRJ

Este trabalho se inseriu no âmbito da pesquisa “O Mapa da Sociologia na Educação Básica no Estado do Rio de Janeiro”, tendo sido apresentado na XXXII Jornada Gi-ulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural no ano de 2010 e retomado nos estudos do Curso de Especialização em Ensino de Sociologia (CESPEB-UFRJ) em 2014. Seu objetivo principal é investigar de que maneira se organizam osconteúdos da sociologia, quando sistematizados como disciplina escolar. Tendo em vista o contexto de obrigatoriedade do ensino de Sociologia no ensino médio, por meio da lei 11684/08, alguns obstáculos surgem para os professores recém formados, cujas origens remontam debates internos a própria disciplina: qual seria efetivamente o objetivo da transmissão deste conhecimento para os alunos da escola básica? Ou ainda, por qual eixo temático deve-se começar, e como deve ser o desenvolvimento programático desta ciência, para que a disciplina faça sentido para este público? Partindo do pressuposto de que algu-mas ciências já institucionalizadas como disciplina escolar desenvolvem uma espécie de “hierarquização de saberes”, cabe indagar: a disciplina escolar sociologia necessitaria, também, desta hierarquização? Se esta hipótese está correta, quais seriam efetivamente os saberes sociológicos necessários e de que forma eles devem se articular, de modo a criar as condições necessárias para a apreensão de seus conteúdos pelos estudantes do ensino médio? Estas, dentre outras questões, passam por uma discussão epistemológica acerca da construção curricular da disciplina que pode ser compreendida a luz das teo-rias sobre o estudo das ciências de Thomas Kuhn e Boaventura de Sousa Santos.

CULTURA ESCOLAR E O ENSINO DE SOCIOLOGIA: CONTINUIDADES E RUPTURAS

Natália Salan Marpica - USP

O presente trabalho busca alicerces nos estudos sobre a cultura escolar para a reflexão acerca dos desafios colocados à sociologia na educação básica, mais especificamente na rede estadual paulista. Vidal (2009) aponta a pertinência de reconhecer os elementos perenes da cultura escolar, mas também as mudanças, ainda que sutis, que são paula-tinamente inseridas no dia a dia do universo escolar. É neste sentido que a reflexão acerca da articulação entre cultura escolar e ensino de sociologia pode auxiliar a com-preensão de como uma nova disciplina no currículo se integra à forma e cultura da escola, ao mesmo tempo em que a cultura escolar é apropriada por esta nova disciplina, num movimento dialético de construção das práticas escolares. Pretende-se refletir sobre como as reformas institucionaistransformam os contornos da escola, as maneiras como ela é percebida e as práticas de diferentes grupos sociais a seu respeito (VIN-CENT, 2001), mais especificamente como a sociologia se integra à cultura escolar e dis-puta por espaços de poder no interior da escola. A partir deste panorama entre cultura escolar e ensino de sociologia as reflexões giram em torno das seguintes questões: as

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especificidades da sociologia e de seu ensino se articulam com os elementos da cultura escolar? De que forma? Para alcançar o objetivo proposto, é utilizado o conceito de cultura escolar esboçado por Juliá (2001), como um conjunto de normas e práticas que permite a transmissão de conhecimentos e a incorporaçãode comportamentos. A partir da observação das aulas e de entrevista com professores, pode-se afirmar que a sociologia, como um novo corpo de saberes na escola, acaba por manter os traços da cultura escolar de maneira geral, mas também, abre oportunidades para pequenas transformações das relações e práticas na escola. Por um lado, a falta de legitimidade da disciplina frente aos alunos, aos demais professores e à instituição política e burocrática da escola acarreta em menos tempos e espaços destinados à sociologia, por outro lado, esta mesma falta de legitimidade significa também menor rigidez e abre espaços para novas práticas, que ao longo do tempo podem se consolidar ou não.

SOCIOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: A IMPLEMENTAÇÃO E EXPERIÊNCIA DA REDE MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO/RS

Aline Dias Possamai - EMEF Paulo CoutoEduarda Bonora Kern - EMEF Paulo BeckJanine Rossato - EMEF João Goulart

A história recente do Ensino de Sociologia no Brasil é uma trajetória multifacetada iniciada com a obrigatoriedade no Ensino Médio e também com algumas iniciativas de implantação no Ensino Fundamental. As experiências da disciplina com outros públi-cos e espaços além do Ensino Médio contribuem para fortalecê-la enquanto matéria escolar, pois essa diversidade contribui para o enriquecimento didático da Sociologia na Educação Básica. Nesse sentido, algumas experiências vêm sendo vivenciadas nas Séries Finais (6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental e auxiliam a repensar as estratégias metodológicas, os materiais didáticos, o currículo e as concepções teóricas específicas para esse público alvo, uma vez que a existência da Sociologia no Ensino Fundamental ainda possui uma inserção de pequena escala, em virtude do amparo em legislações municipais ou a partir de decisões de cada instituição escolar. Portanto, esse trabalho é um esforço de iniciar a sistematização e organização da história sobre a implementação da Sociologia no Ensino Fundamental na rede municipal de São Leopoldo/RS. A So-ciologia está na rede a quase 10 anos e precisamos registrar a nossa história e fazer um balanço sobre essa implementação: avanços, retrocessos, possibilidades, experiências e perspectivas. Por isso, o objetivo é conseguir apresentar um retrato dessa realidade, para dialogar com outras experiências similares e fortalecer a nossa disciplina enquanto componente curricular no Ensino Fundamental. Uma vez que a falta de obrigatoriedade faz sua permanência ficar suscetível as mudanças políticas dos governos que assumem as administrações municipais. Muitas questões se colocam em um contexto como esse, onde a fragilidade de amparo legal se reflete em dificuldades enfrentadas em sala de aula, desde a disparidade da carga horária em relação às demais disciplinas, poucas indi-cações de matriz curricular e materiais específicos, a sensação de isolamento e de estar sempre “inventando a roda”. Dessa forma, o esforço de organizar esse trabalho também

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visa demonstrar a potencialidade da Sociologia nas Séries Finais. Assim, esse resgate se desenvolverá a partir da análise de documentos e registros de eventos, reflexões sobre as trocas entre docentes da rede e através do resgate das experiências de sala de aula, no intuito de formar e apresentar um registro histórico local. A análise sobre a inserção da Sociologia no Ensino Fundamental é de extrema importância para ampliarmos a nossa capacidade de tornar a Sociologia acessível a qualquer público em diferentes contextos sociais, sendo assim, mais um elemento que colabora para a legitimidade e presença permanente da Sociologia na Educação Básica, se tornando também, parte da história do Ensino no país.

A IMPLANTAÇÃO DA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA NOS COLÉGIOS DA REDE ESTADUAL DEENSINO DO MUNICÍPIO DE PONTAL DO PARANÁ

Isabelle Leal de Lima - IFPRLuiz Belmiro Teixeira - IFPR

O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma pesquisa sobre o processo de implantação da disciplina de sociologia no ensino médio, no litoral do estado do Paraná. O histórico da disciplina de sociologia seja a nível estadual ou nacional é marcado por longos períodos de instabilidade, a partir de 2008 a disciplina passa a ser obrigatória no currículo escolar do ensino médio do Brasil, no caso do Paraná especificamente, esta in-clusão se deu de forma processual nos três anos seguintes. Analisamos como o processo ocorreu no litoral paranaense, em quatro colégios do município de Pontal do Paraná: Colégio Estadual Paulo Freire, Colégio Estadual Maria Helena Teixeira Luciano, Colé-gio Estadual Hélio Antonio de Souza e Colégio Estadual Sully da Rosa Vilarinho. Nossa análise parte de dados coletados junto ao Núcleo Regional de Educação de Paranaguá e aos colégios em questão, além de entrevistas com os professores de sociologia que atuam nos mesmos. Apresentaremos um panorama histórico do processo e um perfil dos professores da disciplina, dados que embasam a análise do contexto em questão. O trabalho traz como base teórica a ideia de configuração de Norbert Elias, pensando a Sociologia enquanto inserida em uma rede de relações que inclui a disciplina no Ensino Médio, a formação dos professores nos cursos de licenciatura no estado do Paraná, além da política educacional desenvolvida e colocada em prática pelos governos federal e estadual. Partimos do pressuposto de que o processo de implementação da discip-lina se apresenta de forma estrutura, desta forma, seguimos também os pressupostos teórico-metodológicos de Elias. Segundo os quais, para chegarmos ao entendimento das estruturas e processos sociais devemos estudar as relações entre os diferentes es-tratos funcionais que convivem juntos num mesmo campo social, e observando a mais lenta ou mais rápida mudança nas relações de poder inseridas neste campo, podemos identificar uma estrutura específica deste mesmo campo, que se repete sucessivas vezes durante a história.

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A HISTÓRIA DA INSERÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO DISCIPLINA DO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO: UM ESTUDO DE CASO DO IFSUL/CAMPUS PELOTAS

Gabriel Bandeira Coelho - IFSULLucas Ligabue Pinto - IFSULJuline Fernandes da Silva - IFSUL

O presente trabalho tem como principal objetivo destacar os principais fatores que marcaram a inserção da Sociologia, enquanto disciplina do conhecimento científico, nos currículos dos cursos integrados (médio e técnico) do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia Sul Rio-Grandense (IFSUL/campus Pelotas). Em outros ter-mos, buscamos identificar os fatores dificultadores e também aqueles que têm facilitado a inserção da sociologia nesses currículos, sobretudo a partir da Lei Federal 11.684/08, que a colocou como obrigatória no ensino médio das escolas brasileiras. Para tanto, fo-caremos nossos esforções metodológicos na análise de conteúdo das ementas da disci-plina e também na análise de discurso, das entrevistas semiestruturadas, realizada com os atores, especialmente professores e gestores que participaram desta reorganização curricular a partir do momento em que a sociologia passou a ser obrigatória nos cur-rículos do ensino médio. É nosso interesse, também, neste trabalho, mostrar qual a realidade da Sociologia nos currículos do médio integrado ao técnico no IFSUL, após 7 anos de obrigatoriedade desta disciplina. Em suma, como o campo científico tem se estruturado a partir dessa organização curricular se atentarmos para o espaço escolar? Quais os maiores desafios que uma disciplina como a Sociologia, fazendo parte daquilo que é considerado como Ciências Humanas, tem enfrentado para buscar seu espaço e demonstrar sua relevância para formação cidadã, mesmo que a escola seja voltada para o ensino técnico, voltado, sobretudo ás ciências duras (exatas)?

O ENSINO DE SOCIOLOGIA E O ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR:UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DA DISCIPLINA NOS PROCESSOS SELETIVOS DE ADMISSÃO NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DE MINAS GERAIS

Nara Lima Mascarenhas Barbosa - UFRRJRogéria da Silva Martins - UFV

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a consolidação da sociologia en-quanto campo disciplinar através da investigação do modo como seus conteúdos são co-brados nos processos seletivos de admissão ao Ensino Superior. Observa-se que devido ao longo período de intermitência nos currículos da educação básica, os conhecimen-tos, bem como as competências fundamentais da sociologia deixaram de compor o quadro de exigências atribuídas ao ensino médio e também às provas de acesso ao en-sino superior. Apenas com a aprovação da Lei 11.684 de 2008, a sociologia volta a fazer parte desse quadro, sendo seus conteúdos passiveis de cobrança nos exames de admis-são das universidades. Assim, tendo em vista que o Ensino Médio tem se configurado, em parte, como um passaporte para o Ensino Superior, torna-se essencial investigar

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como a Sociologia tem se apresentado nesses espaços.Principalmente, no que concerne à efetividade da lei que a torna obrigatória e aos desafios que se mostram perante sua legitimidade.Nesse sentido, foi realizada uma análise qualitativa das provas de admissão das onze Universidades Federais de Minas Gerais, como também as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), no período de 2009 a 2013. Durante a pesquisa observamos que os conteúdos temáticos da sociologia quase não apareceram de forma específica, mas de maneira dispersa, ou seja, incluídos em questões referentes a disci-plinas de outras áreas das ciências humanas, não necessitando, assim, de um domínio acerca de seus conteúdos específicos. Entretanto, percebemos que a importância não conquistada nos vestibulares e nos processos de avaliação seriada das Universidades, tem se mostrado presente na nova versão do ENEM, que apesar de também não trazer a disciplina Sociologia de forma “específica”, tem cobrado, ainda que de forma tímida, algumas questões próprias de seu campo disciplinar. Sendo assim, o novo formato do ENEM se mostra como uma possibilidade de contribuir de maneira efetiva para a con-solidação da disciplina na educação básica.

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA: APRENDIZADOS E DESAFIOS

José Antonio Ribeiro de Carvalho - UEMAJosé Domingos Cantanhede Silva - UEMA

Neste trabalho apresentamos o processo histórico do ensino de Sociologia na Univer-sidade Estadual do Maranhão – UEMA, com a finalidade de refletir sobre as aprendiza-gens e os desafios da construção dos projetos pedagógicos e suas contribuições para a Licenciatura no Curso de Ciências Sociais. Aplica-se, como metodologia, a análise de depoimentos e documentos, utilizando-se as fontes primárias e secundárias, bem como entrevistas com os principais atores desse processo. A criação desta Universidade ocorreu em dezembro de 1981, resultante de um processo histórico de uma Federação de Escolas Superiores do Maranhão- FESM com concentração nas áreas tecnológicas e ciências agrárias, sendo obrigatória nos cursos de Administração, Engenharia Civil e Engenharia Mecânica, em São Luís, e nas duas Escolas de Licenciatura, nos municípios de Caxias e Imperatriz. No período do regime militar, a Sociologia não foi excluída dos currículos, mesmo com a obrigatoriedade da disciplina Estudo de Problemas Brasileiros que, em algumas IES substituiu a Sociologia. Entre os docentes do campus de São Luís havia graduados em Ciências Sociais e alguns foram sendo pós-graduados nos mestra-dos de Antropologia e Sociologia. Com a consolidação da universidade, diversos cursos de licenciatura foram implantados nos anos 90, inclusive o curso de Ciências Sociais, no Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA. Com a estruturação dos grupos de pesquisa na área da Antropologia e dos Programas de Mestrado Desenvolvimento So-cioespacial e Regional e, Cartografia Social e Política da Amazônia, amplia-se o envolvi-mento dos discentes de Ciências Sociais. Por recomendação do Ministério da Educação, o curso foi separado em dois projetos distintos, a saber: bacharelado e licenciatura. A licenciatura tem mantido o maior número de alunos, principalmente depois da im-

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plantação do Programa de Iniciação Docente – PIBID e a realização de eventos sobre o ensino de sociologia; cita-se a parceria com a Universidade Estadual de Londrina – PR e a Jornada de Ciências Sociais da Uema. Neste estudo, busca-se ainda, compreender e explicar a importância do exercício do magistério de Sociologia na Educação Básica no Maranhão e no Brasil, bem como os desafios contemporâneos.

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GT6 – ESCOLA, CULTURAS JUVENIS E SOCIABILIDADE

Coordenador: Irapuan Peixoto Lima Filho - Universidade Federal do Ceará/UFCE-mail: [email protected]: Danyelle Nilin Gonçalves - Universidade Federal do Ceará/UFCE-mail: [email protected]

SESSÃO A – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

AS TRIBOS JUVENIS ESCOLARES DO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO E SEUS JOGOS: UMA SAÍDA AOS TRILHOS DA VIDA COMUM EM VEN-DA NOVA DO IMIGRANTE

Adriana Gomes Silveira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - ESDeane Monteiro Vieira Costa - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - ESJoão Gomes da Silveira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - ES

Este trabalho é resultado do projeto de pesquisa do Núcleo de Estudos sobre Trabalho, Educação e Juventudes (NETEJUV) que está sediado no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), na linha de pesquisa “Escola, culturas juvenis e sociabilidades”. É desen-volvido pelos professores e alunos pesquisadores. O olhar se volta sobre as práticas juvenis construídas no IFES/ Campus Venda Nova do Imigrante (VNI). A escola está localizada num município de colonização predominantemente de italianos, com vo-cação econômica regional e local para a agroindústria e turismo. Atende a um público juvenil oriundo de diversos segmentos socioeconômicos e de outros municípios. A escola possui prestígio diante das outras escolas estaduais da região, isso faz com que a maioria desses(as) jovens deixem suas cidades e venham para a escola em busca de uma escola de ensino médio com melhores condições de infraestrutura e qualidade de ensino. O intuito desta pesquisa é buscar, nos depoimentos desses/as jovens alunos/as, elementos que permitam entender as novas demandas e necessidades desses sujeitos diante do universo escolar.Nesse sentido, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, uma vez que foram realizadas observações diretas e indiretas, com a finalidade de inter-pretar os significados que os indivíduos dão às suas ações, no meio em que constroem suas vidas e suas relações.Além disso, os grupos focais mostraram-se como momentos fecundos para o aprofundamento de questões “não entendidas” durante as observações e entrevistas. Para isso, investigamos dimensões juvenis geralmente negligenciadas no ambiente escolar, como: o lazer, a diversão, o tempo livre, o homoerotismo, o espaço não tutelado pelo adulto, a experimentação dos relacionamentos grupais e os sentidos estéticos de identificação, que refutam a ideia de uma juventude homogênea. Concluí-mos que, além do aprendizado, os jovens desejam frequentar uma escola que valorize a

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sociabilidade, o encontro, pois, mesmo reconhecendo a oportunidade de se credencia-rem para o mundo do trabalho por meio da escola, não admitem a forma como muitas vezes acontecem as práticas pedagógicas.

HETEROGENEIDADE DE GRUPOS E O RECREIO COMO FERRAMENTA DE SOCIABILIDADE

Nathália Potiguara de Moraes Lima - UFRNNatália Cristina de Medeiros - UFRN

O presente trabalho tem como objetivo a realização de um estudo de caráter empírico, a partir de uma análise de campo, sobre a importância do momento do recreio escolar como ferramenta de sociabilidade entre os alunos, levando em consideração a hetero-geneidade existente nos grupos constituídos pelos discentes (com idade entre 14 a 18 anos) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), campus Natal - Central. Optou-se pelo recreio como contexto da pesquisa, por perceber-se que é este o momento onde há mistura de alunos de áreas acadêmicas diferentes, embora tenham idades, muitas vezes, semelhantes. Há, claramente, divisões entre estes jovens em grupos definidos, percebidos por qualquer profissional que atue neste espaço, assim sendo, essa pesquisa busca compreender os fenômenos que levam a divisão desses adolescentes, bem como, analisar se há inter-relações existentes entre eles, e destacar a importância do momento do recreio para a autoafirmação destes sujeitos no contexto social em que se encontram. Há que se considerar diversos fa-tores contribuintes para a constituição desses grupos, comumente conhecidos como ‘tribos urbanas’. Normalmente, definem-se num conjunto de pessoas que compartil-ham de gostos semelhantes ou perfis parecidos. Tais semelhanças podem ser pautadas com base em fatores sociais como, por exemplo, condições socioeconômicas da família, religião, afinidades em gostos musicais similares, gênero, gostos literários, gostos cin-ematográficos, aptidão a determinados tipos de esporte, dentre outros. A metodologia a ser utilizada como subsídio para a elaboração deste artigo será uma pesquisa de na-tureza qualitativa, que envolve a participação das pesquisadoras e a interação com os sujeitos da pesquisa mencionados anteriormente. Como procedimentos facilitadores da construção do trabalho serão utilizados: Pesquisa bibliográfica voltada para temas que discutam o assunto a ser desenvolvido; observações; entrevistas formais e diálogos informais registrados, realizados com os alunos envolvidos na investigação. Em síntese, pode se afirmar que os grupos existentes na escola são bastante heterogêneos, e isso nos dá subsídios para ter um apanhado, com base nesta realidade, dos diferentes grupos existentes nos diferentes âmbitos da sociedade.

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RAP NA ESCOLA: APROXIMAÇÃO OU DISTANCIAMENTO?

Bruno Christian Alves de Souza - UNESP

O resumo a ser exposto é parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em anda-mento, intitulado, A rua educada: análise sobre o rap em espaço escolar. Temos como objetivo, compreender a relação existente entre o rap e a escola. Como o rap é apro-priado pela escola por parte dos diferentes agentes, com especial atenção aos profes-sores, e quais suas motivações para o uso do mesmo. O rap, através do DJ e MC é uma expressão artística vinculada ao movimento hip hop. Em São Paulo, o rap tem sua origem concentrada nas ruas, como a histórica utilização das áreas próximas às estações de metrô do centro da cidade de São Paulo. A escola por sua vez, é entendida aqui, como uma instituição com atividades formais estabelecidas, distribuídas de formas fix-as, como deveres oficiais e muitas vezes inquestionáveis. Trata-se então de uma análise do contato entre a “rua” e a instituição e as inúmeras consequências dessa relação. Essas consequências, ora mostra-se como um diálogo promissor. Ora, manifesta-se como um sério conflito. Como recurso metodológico, fizemos um levantamento bibliográfico do rap e especificamente de estudos sobre o rap e a educação. Além disso, fizemos um levantamento da bibliografia referente à sociologia da educação. Usamos também, como ferramenta de análise uma etnografia feita em escola da periferia da zona norte da cidade de Marília. A partir dessa etnografia, constatamos que o rap ao ser apropriado por essa escola, não foi trabalhado dentro do seu contexto histórico, incluindo suas reivindicações e sua relação com o espaço conflituoso da periferia, o que fez surgir, e reafirmar em alguns momentos, estereótipos. O trabalho encontra-se em andamento e a fim de prosseguir o mesmo, faremos entrevistas com agentes (professores) de outras escolas da cidade de Marília que também tiveram experiências com o rap.

JUVENTUDE, CONFLITOS E ESCOLA: ESTUDO ACERCA DE SOCIABILIDADES JUVENIS E CULTURAS JUVENIS ENTRE JOVENS DO ENSINO MÉDIO EM DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SEROPÉDICA/RJ

Ana Paula Oliveira Francisco - UFRRJ

O presente artigo decorre do resultado da pesquisa intitulada “Juventude, Conflitos e Consensos: Percepções de jovens sobre conflitos, violências e resolução pacífica de conflitos”, projeto que contou com financiamento do MCT/ CNPq e que teve como objetivo realizar um estudo com alunos de duas escolas públicas do município de Sero-pédica - Rio de Janeiro. Com esse artigo apresentamos uma discussão sobre sociabili-dades juvenis, juventude e culturas juvenis e como esses conceitos se relacionam a par-tir da formação de grupos em sala de aula e do conceito de tribos urbanas. A proposta foi compreender como eles classificam e relatam os conflitos sociais e as violências que vivenciam dentro da escola. As culturas juvenis que ali se organizam identificam e vivenciam formas de conflitualidades constituídas na escola a partir de disputas e interações entre alunos e grupos. A proposta metodológica foi realizar um estudo a

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partir de observação em escolas e dentro da sala de aula, com alunos das três séries do Ensino Médio, buscando compreender como eles classificam e relatam os conflitos sociais e as violências que vivenciam dentro da escola. As técnicas de pesquisa utilizadas em conjunto com o trabalho de campo foram 5 grupos focais, 253 questionários apli-cados e 30 entrevistas individuais com roteiros semiestruturados, o que nos permitiu visualizar como as chamadas tribos se constituem a partir das redes de relações sociais dos sujeitos, das disposições estéticas características de uma cultura juvenil e dos ideais compartilhados que servem também como mecanismo de sustentação do grupo e sua sociabilidade no espaço escolar. Por fim, a pesquisa destacou a necessidade de pensar a escola como um espaço de sociabilidade para facilitação e orientação sobre formas adequadas de resolução e conflitos. Um espaço plural, onde os jovens aprendem a con-viver com a diversidade, deve ser também o espaço da tolerância e do diálogo.

FORMAÇÃO DE GRUPOS ASSOCIATIVOS NA UNIDADE ESCOLAR PROFESSORA ÁUREA FREIRE: A ESCOLA COMO GRUPO SOCIAL

Wilson Machado Alencar - UFPI

O presente trabalho versa sobre o estudo da escola como grupo social. Neste sentido, buscamos identificar tipos de grupos associativos e suas relações no ambiente escolar, bem como evidenciar as características atuantes na formação de suas identidades. A escola, como grupo social distinto, tem vida própria, “cujas leis escapam em parte à su-perordenação prevista pela sociedade. Ela é uma “unidade social”, determinando tipos específicos de comportamento, definindo posições e papeis, proporcionando formas de associação (CÂNDIDO, 1955 apud PEREIRA & FORACCHI, p.12, 1971). Além disso, temos a escola como espaço de encontro das subculturas juvenis destinado a “receber e abrigar os diferentes sujeitos socioculturais que são seus estudantes” (GUIMARÃES NETO, GUIMARÃES & DE ASSIS, 2012, p. 122). Ao estudar a escola, devemos levar em conta as formas elementares de sociabilidade, o pré-organizado, que faculta enten-dimento mais adequada da formação, dos agrupamentos não visíveis à primeira vista e de toda dinâmica relacional do jovem. Portanto, realizamos um estudo qualitativo sobre a formação, caracterização e a interação entre grupos associativos na Unidade Escolar Professora Áurea Freire – escola localizada na Praça João Mendes, Avenida Principal do Bairro Sacy no município de Teresina, capital do Estado do Piauí – durante o ano letivo de 2014. Utilizamos os métodos etnográfico e comparativo, objetivando obter o número de informações possíveis sobre o comportamento juvenil dos grupos no espaço escolar. A princípio, procurou-se definir as associações de acordo com as fun-ções exercidas pelos sujeitos participantes das atividades escolares, como funcionários administrativos, professores e alunos. Depois disso, centramos nossas preocupações no grupo dos alunos, cuja sociabilidade particular pode ser definida como fator de organização propício à formação de agrupamentos, correntes ou movimentos. Deste modo, foi possível a identificação de duas associações com características bastante sin-gulares e que os diferenciavam dos demais grupos de alunos, a saber: os homoafetivos e os roqueiros. Aqueles eram compostos por pessoas que se autodeclaram homoafetivas

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e estes eram categorizados como roqueiros mesmo. O grupo dos alunos homoafetivos era formado somente por pessoas do sexo masculino. Já o grupo dos roqueiros era maior do que o grupo dos homoafetivos, sendo constituído por homens e mulheres com idades entre catorze e quinze anos. Logo, as duas associações estudadas eram trata-das de modo depreciativo pelos demais sujeitos envolvidos na cena escolar. Constan-temente eram objetos de preconceito e maus tratos advindos de alguns funcionários administrativos, professores e outros alunos. Isso ocorria porque o comportamento e as atitudes dos membros das duas classes descritas confrontavam-se com os valores e interesses defendidos e protegidos pela escola. Esta, por sua vez, tende a moldar tipos específicos de comportamento procurando ajustá-los conforme às normas e valores definidos pelas classes dominantes situadas fora do meio escolar. As gerações mais no-vas que ali se encontram reagem à imposição dos valores a elas submetidos através da reprodução de estilos e modos de viver presentes na sociedade. O embate entre as associações proporciona o surgimento de uma contracultura escolar em virtude do estado de tensão decorrente da busca por reconhecimento e poder, o qual motiva o uso da violência, principalmente a simbólica, entre as associações constituídas no interior da unidade escolar.

EXPRESSÕES CULTURAIS NA ESCOLA: UM ESTUDO A PARTIR DOS ACESSÓRIOS USADOS POR ESTUDANTES

Camila Maria Cunha de Souza - UFCSuianny Andrade de Freitas - UFC

Esta pesquisa se realiza em uma Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP), lo-calizada em um bairro da periferia de Fortaleza-CE, faz parte do projeto intitulado “Adesões e conflitos entre culturas juvenis na escola: práticas, saberes e valores da ju-ventude no ambiente escolar”, do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) da UFC. As EEEPs possuem particularidades como o tempo integral e são divididas não apenas por séries, mas por cursos técnicos. Discussões sobre o mercado de trabalho e formações específicas de cada curso somam-se às dinâmicas comuns das demais escolas e criam um palco interessante de sociabilidades, conflitos e discursos. O objetivo deste trabalho é discutir as maneiras que os jovens encontram de driblar o processo homogeneizador que se dá no espaço escolar onde, por exemplo, o uso de uniforme é obrigatório. Con-sideramos a cultura juvenil como um estilo de vida com uma série de características próprias, os jovens encontram maneiras de demonstrar os grupos os quais pertencem por meio de uso de acessórios ou customizações. O uso desses recursos são agregadores e ao mesmo tempo distintivos e ainda podem contribuir na eclosão de conflitos tanto entre alunos quanto entre alunos e núcleo gestor ou outros funcionários que por vários motivos usam da sua autoridade no espaço escolar para tolher as expressões culturais jovens. O foco das observações são as estratégias de utilização dessas “marcas”, as uni-formizações dos corpos em fardas e ainda as estratégias de vigilância desenvolvidas. É importante ainda observar como a utilização de signos se dá por meninos e meninas que na escola por inúmeras vezes são reduzidos a alunos que assumem o papel de “um

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ser assexuado”. A abordagem de juventude que utilizamos é a explorada por autores como Abramo (1994), Pais (2003) e Carrano (2000, 2009), que entendem a juventude enquanto categoria social e não apenas como faixa etária. Seguimos a linha de Bourdieu (1983) e Sarlo (1997) para pensar a juventude envolvendo estilos de vida, estética, cat-egorias de consumo, sentimento de pertença etc. Camacho (2004) que trata da invisi-bilidade dos estudantes, por vezes nem percebidos enquanto jovens. O pano de fundo será a discursão de Dayrell (2007) que analisa a escola como espaço de socialização. Utilizaremos ainda conceitos foucaultianos acerca da vigilância e disciplinamento de corpos. Para realizar tais reflexões, a pesquisa utiliza-se, neste momento, de levanta-mento bibliográfico, observações e rodas de conversa com os alunos.

SIM SENHOR, CORONEL: UM ESTUDO SOBRE CULTURAS JUVENIS E A PROMOÇÃO DE ALUNOS EM HIERARQUIAS MILITARES

Kátia Sami Siebra de Melo - UFC

Este trabalho se encontra em processo de construção e se propõe a compreender as Culturas Juvenis no espaço escolar, mais especificamente no Colégio Militar de For-taleza - CMF que se destaca pelos índices como o IDEB, que em quase todos os anos superou a projeção das metas para a escola e está muito além da meta nacional para escolas públicas, no ENEM se destaca como a melhor escola pública do Município de Fortaleza. Sabemos que a posição do Colégio Militar no que se refere à qualidade do ensino é um dos fatores de adesão e atração de alunos, haja vista, a alta concorrência dos concursos realizados para ingresso de não descendentes de militares, e o inves-timento realizado em cursos preparatórios para os referidos concursos. O Objetivo deste trabalho é compreender as regras estabelecidas pelo CMF e a maneira como tais condicionantes podem ser motivo de adesão de jovens, observando preliminarmente os jovens que se destacam por promoção, tais como a Coronel-aluna e o Tenente Coronel-aluno, verificando o que significa para eles atingir o mais alto grau da hierarquia do colégio, observando que essa promoção é resultado do excelente comportamento, de notas ótimas e da participação em grupos de estudos e monitorias promovidos pela es-cola. Esse estudo será feito com base em pesquisa bibliográfica em torno das categorias juventudes, jovens, culturas juvenis e jovens alunos a partir de autores como Abramo (1994), Pais (2003) e Carrano (2000, 2009), Dayrell (1996, 2002, 2003, 2006) e para pensar a juventude conforme estilos de vida, estética, categorias de consumo, senti-mento de pertença, etc., autores como Bourdieu (1983) e Sarlo (1997), para análise acerca da cultura escolar e da categoria aluno, leitura de Sacristán (2003). Serão apre-ciados documentos que fundamentam a organização do trabalho pedagógico do CMF, principalmente o Guia do Aluno. Os dados empíricos serão colhidos a partir da obser-vação direta da Formatura realizada pelo CMF às sextas-feiras e entrevista semiestrutu-rada com os alunos que estão no topo hierárquico do CMF como a Coronel-aluna e o Tenente Coronel-aluno. A Sociologia da Educação tem buscado compreender o jovem aluno e suas concepções, formas de pensar e agir e como as características juvenis in-fluenciam diretamente na adesão e conflito dos grupos entre si e destes em sua relação

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com a escola. Essa pesquisa visa compreender como interagem os grupos juvenis no CMF e como a organização pedagógica desta escola, em particular, influencia na for-mação ou afirmação de uma cultura juvenil focada na responsabilidade individual e/ou coletiva, observando primeiramente quem é, como vive, quais as visões de mundo e sociabilidades do jovem aluno que chega às mais altas patentes de lideranças de alu-nos do referido colégio. Considerações finais: A pesquisa iniciou em fevereiro de 2015 com a leitura da bibliografia básica e primeiras visitas ao CMF, sendo uma delas para conhecimento da estrutura física do colégio e algumas ponderações sobre a organização pedagógica, participação em Formatura, onde se observou os destaques dados a deter-minados alunos e suas posturas diante do que representa ser homenageado por todo o corpo discente da escola.

CULTURA JUVENIL E ENSINO MÉDIO: O CASO DO CED 04 DE SOBRADINHO

Ágatha Alexandre Santos Condé - UFUElisabeth da Fonseca Guimarães - UFU

Diante das transformações sociais, políticas, econômicas, culturais e tecnológicas vivi-das hoje, uma (re)significação dinâmica das relações entre os indivíduos em todas as esferas sociais é notadamente experimentada. No estudo de caso em questão, os efeitos desse processo são vislumbrados no espaço escolar, onde são consideradas, ainda, as características político-institucionais da evasão escolar, da falta de pré-requisitos cog-nitivos do estudante, da necessidade do jovem em conciliar trabalho e estudo. Neste sentido, o estudo sobre Cultura Juvenil e Ensino Médio, com o intuito de se debater as reflexões atuais sobre a construção do espaço escolar como território da cultura juvenil e suas manifestações, dá-se, neste trabalho, por meio da etnografia de um grupo de jovens do Centro Educacional 04 de Sobradinho, no Distrito Federal. Para isto, objetivo geral é caracterizar a cultura juvenil manifestada pelo grupo observado e, ai-nda, relacionar as manifestações vinculadas ao espaço escolar, descrever as práticas que a definem simbolicamente, apontar os desafios inerentes ao contexto juvenil, em se pensando nas escolhas futuras e, também, a relação com o grupo ao qual pertencem. A hipótese conferida sugere que o espaço escolar possibilita a manifestação de compor-tamentos singulares a esses sujeitos, qualificando as relações sociais estabelecidas como formadoras de identidades de uma cultura juvenil vivida e compartilhada na escola. Desta forma, pretende-se compreender como se dá a construção social da identidade juvenil. Para tanto, por meio do referencial teórico baseado, principalmente, nas dis-cussões promovidas pela Sociologia da Juventude e da Educação, procura-se delinear as definições conceituais desses campos de conhecimento, relacionando-os entre si e à realidade estudada. Além disso, a pesquisa de campo com jovens estudantes da escola pesquisada compõe o caminho metodológico a se percorrer, com o intuito de conhecer seus aspectos sociais formadores.

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BRINCADEIRA, INTIMIDAÇÃO E PERSEGUIÇÃO: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA SOBRE O BULLYING EM AMBIENTE ESCOLAR

Rômulo Iago de Jesus eSantos - UFBACícero Muniz - UFBA

As escolas brasileiras refletem a realidade da sociedade em que estão inseridas, e, por isso, esses espaços têm demonstrado inúmeras formas de violência, devido ao fato de serem reflexo e termômetro dos conflitos sociais mais gerais. Neste escopo, um tipo de violência tende a passar despercebido, devido ao fato de muitas vezes ser confundida ou ser tratada como “brincadeira”: o Bullying. Esta forma de violência, apesar de ser possível em vários âmbitos sociais, tem se mostrado bastante profícua em meio escolar, a nível mundial, devido às transformações que a escola e os sistemas de ensino têm passado ao longo dos anos. Apontada como um dos grandes elementos influenciadores no abandono escolar e ao surgimento de outros tipos de violências, o Bullying vem se caracterizando como um problema social dentro dos colégios, que na maioria das vezes carece de uma abordagem correta em seu combate. Desse modo, esse trabalho visa apresentar como o Pibid em Sociologia da UFBA, ao longo de três anos seguidos (2012, 2013 e 2014), construiu estratégias de combate a esta violência no Colégio Estadual Odorico Tavares, localizado em Salvador – Bahia. Surgindo como uma de-manda da própria comunidade escolar, ao perceber a forte presença do Bullying e do Cyberbullying no colégio, o Pibid Sociologia constituiu intervenções e oficinas para a discussão e combate do problema. Para tanto, tem-se como objetivo geral o combate e a desnaturalização do Bullying como uma prática corriqueira. Assim, especificamente, objetivamos: 1) demonstrar através de exemplos reais os efeitos na vida das vítimas, 2) estabelecer as estratégias de ação que a Escola e a Família devem possuir no combate ao Bullying juntamente com os estudantes. A partir dos dados coletados, percebe-se que a experiência permitiu uma compreensão maior do conceito e das consequências do Bullying pelos estudantes e um maior engajamento dos alunos no enfrentamento a esse tipo de violência, através da construção de ações combativas ao Bullying, como a confecção e divulgação de cartazes na escola e do encetamento de discussões nos corredores do colégio sobre o tema. Conclui-se, a partir do que foi observado, que as ações do Pibid Sociologia UFBA em relação aos casos de Bullying no Colégio Estadual Odorico Tavares levaram ao reordenamento dessas práticas violentas, levando a que, num primeiro momento, houvesse o estranhamento e a reflexão acerca do Bullying pe-los alunos, para que, em seguida, essas práticas fossem paulatinamente desconstruídas ao longo do tempo, levando a uma minimização do problema na escola.

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JUVENTUDES E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA: CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA PARA A COMPREENSÃO DAS CULTURAS JUVENIS

Adeline Araújo Carneiro Farias - IFRRJocelaine Oliveira dos Santos - IFRR

Este trabalho apresenta um relato de experiência sobre um projeto realizado a partir da articulação entre aspectos teóricos e práticos da disciplina de Sociologia, desen-volvida junto aos jovens matriculados nos cursos Técnicos integrados ao Ensino Médio, no Instituto Federal de Roraima-IFRR. O referido projeto visou favorecer uma melhor compreensão teórica sobre a relação indivíduo-sociedade e a ação social, a partir de uma percepção da sociologia compreensiva de Max Weber. Partindo desse entendi-mento, os alunos participaram de discussões e produções sobre processos identitários, vivenciados pelos jovens, segundo suas próprias experiências. Para tanto, foram real-izadas palestras, debates sobre o processo de construção da identidade e as culturas juvenis identificadas pelos alunos, e ainda, produções de portfólios. Para a produção dos portfólios foram elaboradas: árvores genealógicas comentadas, por meio de relatos autobiográficos que retrataram aspectos das histórias familiares, diagnóstico do ambi-ente em que vivem, dos objetivos para o futuro e das ações necessárias para alcançá-los, a partir da ferramenta F.O. F. A. Houve, ainda, análise crítica do projeto, momento em que buscamos avaliar a compreensão teórica do aluno, bem como, sua capacidade de articular o repertório teórico para a compreensão da realidade pessoal e social, e ainda, a orientação desta na tomada de decisões futuras. O trabalho teve por aporte teórico a teoria da ação social de Max Weber, a teoria do desenvolvimento psicosso-cial de Erikson, o entendimento de Sposito sobre a juventude, enquanto categoria de análise, e ainda, os autores Zygmunt Bauman e Stuart Hall para referir-se aos processos de construção identitária. Foram atendidas seis turmas de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, perfazendo um total de 208 jovens envolvidos. A partir do de-senvolvimento deste projeto de ensino, buscamos promover a importância e utilidade do estudo de Sociologia pelos jovens, a partir de questões vivenciadas em seus cotidi-anos, fomentando a compreensão e a percepção crítica sobre a realidade social, a partir dos conteúdos trabalhados em sala de aula.

CONSTRUINDO NOVAS CULTURAS NO ESPAÇO ESCOLAR: RELATO DAS VIVÊNCIAS DOS JOVENS EM UMA ESCOLA DE PERIFERIA

Emilana Soares Ziani - UFSMSandra Isabel da Silva Fontoura - UFSM

Este artigo é constituído por apontamentos/memórias e reflexões sobre as culturas e relações de pertencimentos vivenciadas nos espaços/tempos de interação dos jovens em sala de aula, bem como entre a coordenação pedagógica da escola. Para tanto, elenca-se o relato vivenciado dos jovens de Ensino Médio da Escola pública da Rede Estadual de

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Ensino de Santa Maria: Edna May Cardoso, localizada na Cohab Fernando Ferrari no bairro Camobi, em uma zona de periferia. O objetivo central desse trabalho volta seu olhar para as possibilidades depensar a escola como um espaço marcado por movimen-tos que se colocam além do ensino e aprendizagem dos conteúdos, provas e do próprio tempo marcado pela mecanicidade do relógio. Nesse sentido, a escolaproporciona ao jovem a descobrir e construir novas culturas sociais no âmbito de suas ações na comuni-dade, na qual tece seu cotidiano, sonhos, amores e desejos. Mediante as práticas vividas dentro da escola pelas autoras, uma enquanto estagiária e bolsista, e a outra na condição de professora do quadro efetivo da instituição. Lugar, onde procuramos vivenciar e compreender os grupos de jovens que ocupam em cada fase/etapa o sonho e a paixão do instante vivido na partilha de estilos musicais e artísticos, questões políticas, éticas e religiosas; enfim na esteticidade de ser jovem e desafiar padrões e rigidez de normas, por elaboradas a sua revelia. Pensar a escola como um lugar onde os jovens podem ex-pressar seu cotidiano dialogar acerca dos impactos socioeconômicos, na diversidade de experiência que produzem e, em particular nas relações de gênero e nas redes sociais onde tecem seus modos de pensar o mundo e revelar uma nova subjetividade, mediada pelas tecnologias. Haja vista, que muitos desses jovens passammaior parte do tempo na sua comunidade, ou seja, na periferia da cidade tecendo culturas diferenciadas, pela singularidade do lugar que habitam. Para dialogar sobre este assunto,adentramnessa re-flexão filosófica, autores como: Regina Magalhães de Souza, que discute sobre escola e a juventude, Theodor Adorno para trata sobre a indústria cultural. Para, a partir de um estudo interdisciplinar junto à sociologia entender o conceito de juventude e também de grupos/tribos sociais, entre alguns autores já estabelecidos destaca-se: Luís Groppo e Michel Maffesoli.Em suma, esse trabalho é relevante para pensar a atual situação do ensino no país, já que situa a realidade dos jovens de uma escola pública de periferia, adornada pela diversidade de experiência e saberes, onde o ensino das humanidades e, da filosofia criam espaços de liberdade e autonomia no pensar e sentir o mundo.

UMA ETNOGRAFIA NA ESCOLA EDNA MAY CARDOSO: PENSANDO A JUVENTUDE ATRÁVES DOS ESPAÇOS DE SOCIABILIDADES QUE O AMBIENTE ESCOLAR E O SEMINÁRIO INTEGRADO PODEM CONSTITUIR

Jerfferson Paim Luquini - UFSM

O presente trabalho visa contribuir para a discussão em torno da antropologia da edu-cação, bem como, as possibilidades que o método etnográfico pode proporcionar para o campo educacional. O objetivo é fazer umaproblematização acerca da tríade escola, juventude, e a disciplina de seminário integrado; sendo a ultima o nosso objeto de investigação. A pesquisa vem sendo realizada junto ao programa de pós-graduação em ciências sociais da Universidade Federal de Santa Maria-RS. Entende-se que tal prob-lematização busca protagonizar o jovem,compreendendo seus anseios perante a socie-dade, anseios estes que acabam adentrando no ambiente escolar, e de alguma forma interferindo nas suas relações interpessoais. Para a realização desta pesquisa valemo-nos do métodoetnográfico, atuando junto à escola Edna May Cardoso, que selocaliza na

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zona leste da cidade de Santa Maria/RS. Para tanto, nos reportamos a alguns autores que compõem o rol da teoria antropológica para compreendermos essa realidade em lócus, pois temos a convicção de que não se faz uma pesquisa de caráter etnográfico sem levar em consideração toda dimensão que o universo escolar abarca, ou seja, toda disputa simbólica que esta colocada neste espaço de ensino e aprendizagem. Neste sen-tido, segundo (OLIVEIRA, 2013) a escola, muito mais do que uma reprodução do social,ela também é o lugar aonde a inventividade se faz presente a todo instante, bem como a criação e a produção de novas práticas. Estabelecendo neste universo a criação de uma “cultura escolar”, que possui uma dinâmica que lhe é própria, a qual se entre-cruza com outras culturas presentes na sociedade envolvente. Nesta ceara de discussão, segundo (GUSMÃO, 2003) devemos compreender que a escola não é apenas um es-paço de socialização, é também um espaço de sociabilidades, ela seria por excelência um espaço sociocultural.Diante deste contexto, ao realizar a observação participante na disciplina de seminário integrado, não podemos deixar de considerarmos o lugar social que esses jovens ocupam, bem como todos os limites e possibilidades que enfren-tam perante a realidade que estão imersos. Quem são esses jovens? Quais as suas ex-pectativas de vida? Estas são algumas arestas que a pesquisa tem levantado, e que neste trabalho iremos problematizar. Por fim, não temos nenhuma pretensão de fazer grandes generalizações com esta pesquisa, mas através dela, entender como vem se estrutur-ando a disciplina de seminário integrado na escola Edna May Cardoso, problematizando a escola, e a juventude que nela esta inserida.

SESSÃO B – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

A SOCIOLOGIA PELA ÓTICA DOS EDUCANDOS DO ENSINO MÉDIO

Merabe Santos Silva - UESBRosane Silva de Jesus - UESBNubia Regina Moreira - UESB

Na atual conjuntura em que o ensino de sociologia volta a ser obrigatório nas três séries do Ensino médio refletir sobre como os educandos percebem esse saber no cotidiano escolar, e como é a recepção desse novo conhecimento é fundamental para a relação educador-educando, visando uma maior compreensão entre as diversas polifonias que há no contexto escolar. O objetivo da nossa investigação é saber como a geração a qual é denominada de Y lê o mundo da vida a partir da instrumentalização sociológica. Ao compreendermos a juventude pela ótica da diversidade, entendemos que embora a juventude seja um fenômeno universal, ela é ao mesmo tempo particular já que cada grupo social a experimenta de maneira singular, assim desmitificarmos as imagens co-muns que temos do que é ser jovem que ora tem conotação de um “vir a ser”, ora é o jovem como um problema, ou a visão romantizada desses sujeitos.Durante observação realizada na escola registramos como a informação, acessível a essa geração Y é trans-formada em conhecimento mediante a experiência que esses educandos têm com as

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aulas de sociologia . Entrevistamos alunos das três séries do ensino médio, em duas escolas estaduais, sendo que uma oferece ensino técnico enquanto a outra o ensino médio regular, Com as informações provenientes das entrevistas apresentaremos uma breve análise das narrativas dos (as) educandos (as) com objetivo de entender quais são as dimensões de juventude presentes em uma mesma escola? Qual é a agenda dos nossos jovens entrevistados? Qual o papel da sociologia em sua formação? Como o con-hecimento sociológico é compreendido por eles? Essas são algumas inquietações que norteiam a nossa análise sobre quais são os perfis de estudantes inseridos no ensino mé-dio e de como montar uma estratégia de sociabilidade que dê conta da complexidade da escola como um ambiente que deveria formar para a cidadania, tendo a sociologia como um dos pilares para o entendimento da própria diversidade dessas juventudes.

LENDO E OUVINDO: O QUE PENSAMOS SOBRE NOSSOS JOVENS ALUNOS

Josiara Gurgel Tavares - UFC

O desafio em trabalhar com “jovens hoje” é constantemente discutido pelos docen-tes. As discussões acompanham o nosso cotidiano, extrapolam os espaços escolares. Nesses momentos percebemos concepções defensoras da meritocracia tão comumente defendida pelas diferentes mídias e pela sociedade, isto é, quem é bom, inteligente e esforçado se encaminhará para o sucesso e, portanto, ocupará os melhores cargos profissionais e terá melhores condições de vida. Quem não é bom na escola é incom-petente, incapaz, vai se tornando invisível, vai se diluindo e desiste do mundo esco-lar. Há uma espécie de desencaixe entre a instituição escolar e seus alunos. Enquanto para muitos professores o maior problema da escola é exatamente o jovem aluno, para muitos alunos a escola se revela enfadonha e desinteressante. Pouco refletimos sobre essa situação. Já naturalizamos o que é “ser aluno”, elaboramos uma moldagem para o “aluno ideal”, exigindo que este passe a assumi-la ao entrar na escola. O objetivo desse trabalho é refletir sobre as opiniões registradas nas rodas de conversa com docentes na Escola de Ensino Fundamental e Médio Doutor César Cals em Fortaleza, Ceará, assim como, nas escutas diárias nos espaços escolares e extraescolares a respeitodos nossos alunos. Serão aspectos relevantes descobrir as representações sociais sobre os jovens estudantes permeadas no imaginário docente, o que pensamos sobre os mesmos, sobre suas experiências, suas potencialidades,sobre a função social da instituição escolar e o fazer docente nesse contexto de transformações. Relacionaremos esses registros às considerações de caráter bibliográfico produzidas principalmente pela Sociologia. Os desafios da escola e do Ensino Médio são grandiosos. Compartilhamos as angústias de um sistema educacional que precisa serdiscutido, refletido, repensado por todos os atores que o compõe, de forma que estes possam contribuir na construção de um projeto que se defina os sentidos, considerando os alunos como sujeitos de direitos e de cultura. Afinal não existe processo educativo sem sujeitos concretos.

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RELAÇÕES DE PODER NO ESPAÇO ESCOLAR E A INFLUÊNCIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM

Camila Pelegrini - UFFSAri José Sartori - UFFS

Atualmente, a educação, além de ser vista como um direito humano, requer condições para acesso e permanência do indivíduo no espaço escolar. Dentre as condições de permanência encontram-se o bom convívio, a socialização, ensino-aprendizagem, entre outras demandas escolares. Diante disso, o estudante inserido no contexto escolar, sub-mete a diversas situações em meio ao seu grupo, seja pela, amizade conquistada, confi-ança aos docentes, bom relacionamento com gestores e funcionários, além de, questões de diferenças e/ou desigualdades, seja por descriminação, conflitos, submissão e até possíveis violências. A presente pesquisa, aborda no contexto escolar, a vida cotidiana dos docentes e estudantes, seja ela no espaço interno e externo sala de aula. Trata-se de um estudo de caso, sobre as relações de poder entre professores e estudantes e as influências no ensino- aprendizagem, observado em uma escola da rede pública da cidade de Chapecó/SC. Dessa forma, a escola tem como função primordial, inserir o estudante ao processo educacional, usufruindo de capacidades e competências que per-mitem fazer encarrar situações difíceis de forma mais efetiva, a fim de formar um ci-dadão critico, reflexivo e autônomo, através do desenvolvimento pessoal, do bem estar e da consciência dos seus direitos e deveres perante a escola e a sociedade. Consideran-do que a escola, é um dos espaços produtor de conhecimento e diversidade. É também espaço que produz e reproduz disciplina, poder e autonomia.Dentre, essas abordagens, as relações de poderes, podem se apresentam de inúmeras formas, umas, mais visíveis, outras ocultas. O intuito da pesquisa é analisar as possíveis formas de poder presente na escola, além de observar as estratégias e métodos utilizados entre professores e alunos na construção do conhecimento. A obtenção de informações e dados para a pes-quisa baseia-se na metodologia qualitativa através de observações, relatos, entrevistas semiestruturadas, realizados com professores de docentes. Cabe ainda destacar que a importância de se desenvolver essa pesquisa para fins cientifica e voltado a Educação, direcionado pelo curso de Licenciatura em Ciências Sociais aos seus acadêmicos, pois através do aprofundamento e aperfeiçoamento de métodos, estratégias, melhores re-sultados são possíveis para um docente encarrar o contexto escolar com autonomia, eficácia e segurança.

AS REDES SOCIAIS NOS ESPAÇOS ESCOLARES: MECANISMOS DE SOCIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO “SELF”

Edinéia Tonato - UFFS

O presente estudo busca entender a representação dos sujeitos e os processos de social-ização dos estudantes nos espaços escolares aliados a construção de sentidos que esses atribuem ao uso das redes sociais. Objetiva-se também verificar de que maneiras as

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redes sociais tem influenciado no distanciamento ou reformulações das relações face a face nos intervalos escolares, tendo em vista o crescente uso, por parte dos estudantes, de aparelhos celulares com acesso as redes sociais. A partir de tal afirmação, busca-se avaliar, relacionar e entender a complexidade dos fenômenos e tecnologias oriundas da modernidade nos ambientes escolares e a construção do eu social (self) nesses espaços. Para tais apontamentos recorro a recortes históricos de como a modernidade modifica os espaços escolares em termos estéticos e comportamentais. Em específico será abor-dado o impacto/ influência das tecnologias de informações voltadas às redes sociais e suas implicações nos ambientes escolares no que abrange a socialização, comunicação e expressão. Busca-se também entender os mecanismos que estão envoltos nesses espa-ços de socialização além de pensar no sentido que esses estudantes remetem a utilidade do uso das redes sociais, e de que forma esse universo de informações rápidas tem se relacionado com a construção do eu social categorizado por Erving Goffman como self. Para tal entendimento, o método utilizado foi quantitativo abrangendo 36 estu-dantes de uma escola da rede pública estadual correspondendo às turmas 203 e 402 do ensino médio noturno da EEB Pedro Maciel localizada no Município de Chapecó - SC. Notavelmente os estudantes pesquisados têm hábitos de utilizar as redes sociais como instrumento de socialização e interação nos espaços escolares e para além deste. Constatou-se nesta pesquisa muito significante o sentido/ importância atribuída pe-los entrevistados para a categoria amizade nas redes sociais e nos ambientes escolares, representando 70% da amostra. Dado esse percentual pode-se fazer uma análise do quanto a ferramenta/ rede social Facebook (64%) e WhatsApp (31%) as mais utilizadas pelos estudantes fazem parte do cenário dos mesmos e de certa forma os possibilita interações, representações, comunicação, formação de identidade, grupos, páginas, entre outras formas de socialização na rede. A representação dos atores nesses espa-ços formam espaços de interações, lugares de fala construídos pelos atores de modo a expressar elementos de sua personalidade, afinidade ou formação grupos de interesse. Nesse sentido, a heterogeneidade de perfis e personalidades dos atores via redes sociais mistura-se formando vários tipos e modos de interação virtual. Deste modo, as pos-sibilidades de comunicação nesses espaços de certo modo tende a compor novos tipos de socialização e interação mediados pelas redes sociais. Essas novas tecnologias de in-teração e comunicação social têm de certo modo transformado os padrões de interação social no ambiente escolar, não substituindo as formas de relação face a face, mas sim, as transformando em outras formas de interação social.

A CRISE DA CREDIBILIDADE NO SISTEMA DE ENSINO: UMA ANÁLISE A PARTIR DE PESQUISA DE CAMPO EM UMA ESCOLA PÚBLICA

Natalia Maria Casagrande - Faculdades ITESJanaina de Oliveira - Faculdades ITES

A presente discussão traz a análise de uma pesquisa de campo efetuada na Escola Estad-ual “Victor Lacorte”, situada em Araraquara, interior do Estado de São Paulo, através do acompanhamento sistemático das atividades em uma sala de aula do terceiro ano

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do Ensino Médio, sobretudo com relação aos alunos, na disciplina de Sociologia, assim como a rotina do funcionamento escolar no que se refere ao trabalho da coordenação e direção da instituição em questão. Outro material utilizado de forma analítica foi um questionário aplicado à diretora, coordenador e alguns professores.Diante do que foi analisado em sala de aula (aproximadamente 40 alunos), notou-se um desinteresse destes adolescentes pelo universo escolar. A educação atingiu um nível que não se sus-tenta – não mais gera estímulo para o estudo. É fato que todos anseiam por um bom emprego. Contudo, estes jovens sabem que há um árduo caminho pela frente, cujo êxito não será obtido unicamente com um diploma do Ensino Médio. Há outras etapas, sendo a faculdade a primeira delas. Mas estes adolescentes incorporam a crença de que não foram preparados para ingressar na universidade pública, e não possuem condições financeiras de cursarem uma universidade particular. Esta constatação remete à dis-cussão realizada por ErvingGoffman (2005), a qual demonstra que a sociedade cria “senso de lugar”, levando os indivíduos não apenas a aceitar a sua condição, como tam-bém afirmar: “isso não é para mim”. Diante deste cenário, devemos dimensionar a escola pública frente à necessidade de reconfiguração do espaço de ensino. Assim, apre-senta-se como necessário a criação de um amplo debate entre órgãos responsáveis pela educação no país, juntamente com os professores, demais agentes escolares e pais, para que possamos rediscutir funções e tarefas, redefinir espaços e tempos, discutindo a res-peito dos objetivos a serem alcançados. E sobre este objetivo, nos remetemos à Jürgen Habermas (1997), para o qual é necessário que reabilitemos a esfera pública, fazendo com que as pessoas possam tomar sabiamente suas decisões, orientando ações por uma disposição democrática de diálogo que ocasionaria o alcance de um consenso decor-rente da racionalidade comunicativa. A partir das nossas colocações, temos argumentos para concluir que a escola pública passa por uma crise de credibilidade, expressa por alunos e professores diante de um sentimento de descrença e desesperança frente ao sistema escolar público, o qual ocasiona certa fragilidade na relação entre o que é en-sinado e a realidade para além da escola, marcada pela ausência de expectativas. Nesta intermediação, os espaços legítimos para o estabelecimento da razão comunicativa dis-cutida por Habermas (1997), na qual os discursos não se apresentariam viciados ou cor-rompidos, permitindo, assim, a todos os integrantes o mesmo poder de manifestação, encontram-se obstruídos na esfera educacional.

A INTERAÇÃO DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA COM AS REDES SOCIAIS: A INTERNET COMO UMA FERRAMENTA DE SOCIALIZAÇÃO

Lucila Ricci Viganó - UFUFelipe de Oliveira e Silva - UFUMarili Peres Junqueira - UFU

O presente trabalho mostra a interação dos estudantes de uma Escola Estadual de En-sino Médio, situada na cidade de Uberlândia, com a internet, através da frequência que os alunos fazem das redes sociais, seus principais grupos de contato, como se comuni-

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cam e quais são seus hábitos. Objetiva-se mostrar que a forma de socialização exercida nas redes sociais pode ter um efeito de distanciamento ao mesmo tempo em que é capaz de aproximar as pessoas. Essas redes sociais e formas de socialização tornam estes jovens populares à medida que são alvos da atenção de outros usuários, mas também gera um distanciamento, pois o jovem hoje encontra seu lazer nas redes sociais e acaba por modificar outras formas de sociabilidade anteriormente exercidas e que exigiam a presença face-a-face. Essas novas formas culturais de sociabilidade fazem parte da ciber-cultura, que nada mais é do que a interação contemporânea mediada pelas estruturas das tecnologias digitais e que, com a internet, teve uma fácil e rápida sua propagação, atingindo intimamente as pessoas no seu cotidiano. Quanto à metodologia, a presente pesquisa pode ser classificada como exploratória, descritiva e comparativa. Valemo-nos de pesquisa bibliográfica, em específico, referenciais teóricos das novas tecnologias de informação e socialização (Manuel Castells, Raquel Recuero, Pierre Levy, Aldemir Nicolau, André Lemos, entre outros) que nos permitiram o contraponto das formas anteriores de socialização e sociabilidade humanas e as mudanças ocasionadas nessas mesmas relações na contemporaneidade. Valemo-nos, também, de levantamento quan-titativo e análise estatística descritiva da frequência de utilização de redes sociais. Para tanto, utilizou-se ferramentas de coleta de dados quantitativos na forma de formulário semiestruturado aplicados aos alunos de Ensino Médio. A partir dos dados coletados, percebeu-se que apesar de acessarem a internet por meios variados, suas formas de socialização convergem para as mesmas redes sociais, numa tentativa de fortalecer vín-culos entre si. Contudo, os vínculos de sociabilidade identificados são efêmeros, cur-tos, que os mantém próximos apenas na própria rede social ou nos locais em que são forçados a permanecerem fisicamente próximos, como por exemplo, a escola. O que se concluiu com a pesquisa foi que formas antigas de sociabilidade e socialização ainda existem, mas estão perdendo espaço para formas mediadas pelas tecnologias e pelas redes sociais, gerando um distanciamento entre os alunos.

CONECTADOS ÀS REDES SOCIAIS: JUVENTUDE E SOCIABILIDADE EM TUCURUÍ/PA

Kirla Korina dos Santos Anderson - IFPA

Compreender significados sobre o acesso às redes virtuais no cotidiano de jovens estu-dantes do ensino médio na cidade de Tucuruí, localizada na Região Sudeste do estado do Pará, consistiu no principal objetivo deste trabalho, no sentido de perceber como tais redes contribuem para a formação (e ou exposição) de suas identidades. Para isso, toma como campo de análise a juventude como momento de experimentações, rituais de passagens e projetos para o futuro, articulando com a construção de identidade no contexto da sociedade da informação (CASTELLS, 1999; ABRAMO, 2004; NOVAES, 2004). O estudo se deu no contexto da tecnologia da informação e comunicação e sua influência no cotidiano dos jovens, investigando quais são os recursos mais utilizados por eles, quais mais usam para se comunicar, e como expõe sua identidade (quais aspec-tos da identidade são ressaltados por eles e quais momentos fazem isso). Foram ouvidos

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26 jovens, com idades de 16 à 18 anos, com ênfase para abordagem qualitativa, sobre as redes virtuais que mais costumam acessar, o que costumam expor publicamente, quais critérios adotam para aceitar amigos, além de também investigar o que costumam fazer em seu tempo livre (além de conectados às redes virtuais). O interesse pelo tema surgiu a partir de meu contato diário com jovens estudantes de cursos técnicos, inte-grados ao ensino médio, mais especificamente, no quadro de discussões da disciplina de sociologia. Costumo trabalhar situações cotidianas ligadas às instituições sociais, social-ização, trabalho e indústria cultural, debatendo situações de vizinhos, amigos, pessoas próximas trazidas por eles para a interpretação sociológica. Eles demonstram bastante interesse, iniciativa e participação quando são utilizadas matérias de jornal, músicas, vídeos do gosto deles (sendo o interesse maior quando já tenha sido compartilhado nas redes virtuais). Assim, é muito comum também que eles tragam outros exemplos da internet, pela facilidade que têm em acessar à rede virtual, principalmente através do celular (aliás, segundo eles, não é luxo ter celular que acesse internet, ainda mais com os pacotes das operadoras que oferecem pacotes de acesso de dados, custando centavos por dia; ou através do acesso por redes Wi-Fi). É importante salientar que conhecer muito bem um meme de internet está longe de significar uma discussão sobre assuntos mais importantes do cenário social ou político do país. Quero dizer com isso que os jovens que participaram deste estudo acompanham as informações que são facilmente veiculadas pelas redes virtuais, mas não fazem qualquer reflexão sobre isso, ou seja, são apenas receptores de tais informações, o que pode prejudicar suas habilidades para interpretação e escrita. De acordo com o que venho discutindo, além de gostar de com-partilhar informações com o professor, eles também gostam de “indicar” sites e páginas de relacionamento, que, segundo eles, “é importante que a senhora veja o que tem lá, professora”, postam (ou fazem menção de que gostariam) publicar os acontecimentos no Facebook (uma foto, recados, declarações de amor, “indiretas”, sem contar na re-produção dos bordões de novelas e comerciais, que viram referencia fácil no vocabu-lário deles). Neste sentido, as redes que eles mais utilizam são Facebook e WhatsApp. É como se costuma classificar uma ideia que é bastante divulgada, seja através de figuras, vídeos ou músicas. Neste sentido, posso dizer que a janela de contatos sociais que a In-ternet pode disponibilizar, em especial para os jovens, comporta também a necessidade de compreender o universo dos estudantes dentro e fora da sala de aula, enfatizando qual percepção têm estar com o outro, principalmente através das redes virtuais, inves-tigando a importância de “estar conectado” no seu cotidiano e a como as redes virtuais se estabelecem como instrumentos para construção de identidade.

SER JOVEM NO ENSINO MÉDIO

Wilka Barbosa dos Santos - UFPB

O trabalho se dedica a reflexão sobre o ser jovem no ensino médio, analisando como o espaço escolar junto a disciplina de Sociologia contribui positiva ou negativamente para a construção de indivíduos críticos acerca do processo corporal e social. A proposta é compreender as interações que os adolescentes desenvolvem entre si e a escola, ob-

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servando em seus discursos uma nova forma de perceber o âmbito social e as relações entre os indivíduos, no qual tomará como base de seu pensamento os posicionamen-tos dos professores e funcionários. A pesquisa foi realizada junto ao ensino médio do colégio Sesquicentenário, localizado no Bairro dos Estados na cidade de João Pessoa. A priori, a observação tinha como objeto de estudo o ensino de Sociologia, contudo, foi possível perceber como as discussões colocadas em sala de aula tomavam os corredores da escola, ficando notório a construção de grupos sociais preocupados em assumir pa-peis que correspondam ao que esperam do jovem brasileiro/a no século XXI, ou seja, um jovem transformador, questionador. Esse encontro fora do espaço da sala de aula acaba reunindo indivíduos com os mesmos pensamentos, contribuindo para construção de identidades juvenis diversas. Assim, dentre diferentes fatores, ficou percebível que os assuntos que fazem parte das conversas dos/as alunos/as variam de acordo com sua identidade e grupo social, tomando acima de tudo as redes sociais para respaldar seus argumentos, dentro e fora de sala. Assim, para alcançar tais resultados, fez-se necessária a presença nas aulas de Sociologia e nos corredores da escola, utilizando a observação de campo e as conversas informais como métodos legítimos da pesquisa. A dinâmica da escola, de uma maneira geral, traz para alunos e professores conhecimentos diversifica-dos, nos quais se encontram no espaço da sala de aula, causando em alguns momentos um desencontro de gerações, haja vista que os argumentos dos jovens são respaldados em fontes diferentes dos professores. O estudo em determinado contexto demonstrou como a disciplina de Sociologia tem influência nas temáticas discutidas pelos jovens, podendo ser vista como uma disciplina formadora de opiniões, tornando o ensino mé-dio um rito de passagem para a vida adulta.

JOVENS EM UMA INTERSEÇÃO ENTRE ESCOLA E TRABALHO: OS SENTIDOS DA PERMANÊNCIA

Lucas Bottino Do Amaral - SEEDUC/RJ

Este trabalho teve como objetivo investigar e compreender as motivações e sentidos estabelecidos por jovens para permanecer no sistema de ensino público, concomitan-temente a uma inserção no mercado de trabalho. Durante o período da pesquisa e, a partir dos dados levantados, procurou-se elaborar explicações sociológicas sobre as relações que se estabelecem entre os processos de permanência e os próprios sujeitos. Como prática de pesquisa, ao investigar as relações, as formas de inserção e as moti-vações dos jovens em uma interseção da escola com o mundo do trabalho buscou-se compreender como socializações secundárias a importância da família permitiram aos sujeitos permanecer na escola. Dentre os diversos fatores que interferem nos itinerári-os dos jovens, muitos deles, se traduzem em evasão. Especificamente, na rede pública do Estado do Rio de Janeiro, o que se constata é que ainda existe um número grande de jovens fora da escola ou em distorção idade-série. Em 2006, somente no Estado do Rio de Janeiro, 23,68% dos jovens que estavam fora da escola, estavam por se inserirem no mercado de trabalho e, praticamente o dobro (40,79%), não estava estudando por que “não queria”, porque não tinha interesse (NERI, 2009). Revelando entre outras coisas,

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uma falta de atratividade da escola, bem como de um sentido prático para o conteúdo que é ministrado nas escolas públicas e sua certificação. Segundo dados da PNAD de 2010, o Ensino Médio aparece como a etapa mais problemática da educação básica. O relatório revelou que 48,2% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade não estavam na série escolar apropriada. Ou seja, a trajetória de permanência na escola destes sujeitos ainda é muito intermitente e não corresponde aos percursos exigidos pelas políticas e órgãos públicos. A pesquisa investigou, portanto, de que forma as escolhas dos sujeitos estão interligadas a fatores sociais e individuais, que envolvem não só estratégias famili-ares, mas como variáveis intra e extra muros escolares, relações (com o) do mundo do trabalho, além de outros elementos da estrutura social. A partir dos dados levantados, procurou-se elaborar explicações sociológicas sobre quais são as relações entre as situa-ções de permanência e as construções identitárias que se apresentaram. Ao investigar casos que não são considerados como regulares dentro de modelos sociológicos, e da própria sociedade, percebe-se que existem itinerários diferenciados dentro de um es-paço que, muitas vezes, tem caráter homogeneizador. E, para além disso, como a partir desta permanência planejam para si próprios, futuros diferentes daqueles que se julgam possíveis e prováveis, a partir de seus capitais econômico, cultural e social. Com isto, buscou-se compreender os projetos de futuro e as representações que os sujeitos têm sobre os sentidos de permanecer estudando e sobre suas inserções atuais.

TRABALHO E ESCOLA: A CONDIÇÃO JUVENIL ENTRE ESTUDANTES TRABALHADORES

Tsamiyah Carreño Levi - UFSC

De acordo com o documento “Ensino Médio Noturno: democratização e diversidade”, divulgado pelo MEC em 2008, em média 59% dos alunos que frequentam o ensino mé-dio noturno nas escolas brasileiras trabalham. Dentre a ampla produção teórica da So-ciologia das Juventudes possibilitam-se diversas formas de analisar e discutir a condição juvenil de tais sujeitos e sujeitas. Este estudo se propõe a, dando voz aos estudantes que trabalham, entender como estes constroem para si categorias de entendimento acerca de suas próprias vivências. Observando as culturas juvenis a partir de seus contextos vivenciais cotidianos e grupos de pertencimento, propõe-se analisar como, no curso de suas interações, constroem-se as formas de compreensão que se articulam com formas de reflexão e consciência de si. Objetiva-se compreender como, na percepção daqueles que acumulam estudos e trabalho, organizam-se os conceitos utilizados para delimitar suas próprias condições juvenis e, em que medida, tais percepções mobilizam questões de classe, gênero, raça, geração, poder e privilégios. O estudo de caso iniciou-se com uma turma de 2º ano de ensino médio noturno em uma escola pública estadual de Flo-rianópolis/SC. E segue com a participação de dez alunos em um grupo focal e a real-ização de quatro entrevistas individuais. A articulação teórica se dá de forma a amparar a compreensão das juventudes enquanto condição socialmente articulada a elementos diversos, tendo a escola e o espaço de trabalho como eixos fundamentais. A análise dos dados obtidos até o momento aponta para o uso de uma ampla gama de concepções e

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categorias demarcadoras da condição juvenil, por parte dos sujeitos e sujeitas entrev-istadas, pautadas em diversas influências e determinações conjunturais. Os resultados ilustram certa compatibilidade entre a produção teóricobibliográfica sobre as juven-tudes e as compreensões, percepções e ações dos jovens, enfatizando a importância de enxergá-los como protagonistas quando se trata de analisar os aspectos que dizem respeito a suas próprias condições e trajetórias.

OS DESAFIOS DA REALIZAÇÃO DE UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DA PERIFERIA DE CURITIBA

Tabata Larissa Soldan - UFPR

Este trabalho é parte constituinte da pesquisa de dissertação desenvolvida dentro do programa de pós-graduação em sociologia da Universidade Federal do Paraná, de-nominada: “‘CULTURA, SOCIEDADE e POLÍTICA’: A sociologia escolar segundo os alunos – uma análise de representações sociais”, que tinha por objetivo geral elucidar as representações sociais da disciplina de sociologia construídas pelos alunos de uma escola estadual da periferia de Curitiba, e como chegaram a essas. Foi utilizando-se de várias técnicas que procuramos alcançar esse objetivo, lançamos mãos de: observação participante, confecções de sociogramas e realizações de grupos focais, por exemplo. Através da observação participante tinha como objetivo principal compreender como se davam as práticas em sala de aula e os projetos na escola, buscando entender de que maneira a sociologia escolar estava incluída nas ações e, se possível, comparar com o lugar de outras disciplinas. Foram acompanhadas as aulas de uma professora de socio-logia (agente e informante dessa pesquisa) durante seis meses, lecionadas em cinco turmas do ensino médio (dois primeiros anos, um segundo ano e dois terceiros anos). Focando nos processos de interação desenvolvidos em sala de aula: nos comportamen-tos assumidos pelos alunos durante as aulas de sociologia, na posição tomada e no modo como a professora transmite o conhecimento sociológico e como ela interpreta esse é que buscamos compreender que sociologia é essa que está presente na escola segundo o imaginário dos alunos. Tendo em vista que é a interação que gera a produção do simbólico, partimos da hipótese de que seria essa interação de sala de aula que geraria a representação social dos alunos sobre a disciplina de sociologia. Neste artigo preten-demos abordar alguns aspectos sobre o contexto da escola (campo da pesquisa), de sua estrutura e de suas normas. Além disso, esclarecer de quais perspectivas parti para a realização do trabalho de campo, aliás, narrar como foi a entrada na escola e de como lidei com os imponderáveis também serão pontos trabalhados durante este artigo. Adi-antamos que a realização do campo foi importantíssima para o desenvolvimento da dis-sertação como um todo, pois, por exemplo, e buscamos elucidar isso durante o artigo, provocou mudanças na hipótese e no problema de pesquisa construídos anteriormente a essa experiência.

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O JOVEM ALUNO E O PROFESSOR DE SOCIOLOGIA: REFLEXÕES SOBRE O SENTIDO DA DISCIPLINA NO ENSINO MEDIO

Milena da Silva Almeida - UECEMaria Alda de Sousa Alves - UECEPatrícia Maria Apolônio de Oliveira - UECE

A heterogeneidade de jovens alunos que chegam ao Ensino Médio brasileiro nas últi-mas décadas traz novos desafios à construção do processo de ensino-aprendizagem. Os novos atores sociais que integram a escola trazem consigo múltiplas experiências socioculturais que transpõem os muros da escola. O tornar-se aluno ganha outros sig-nificados, que não consiste apenas em obedecer a modelos pré-estabelecidos, mas em construir no cotidiano escolar sentidos para suas experiências. A escola e seus docen-tes precisam reconhecer os jovens alunos e suas demandas, pois ainda é perceptível a propagação de uma cultura escolar tradicional, disciplinadora e homogeneizante. Nesse sentido, a proposta educativa deve ser repensada a fim de que a escola possa oferecer instrumentos para que os jovens, nas suas especificidades e diversidades, consigam con-struir seus projetos de vida com autonomia. Mediante a disciplina de Estágio Supervi-sionado III do curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará, em 2014.2, pude observar e refletir sobre a prática docente dos professores de sociologia em uma escola de ensino médio do Estado do Ceará, na qual analiso a importância desse professor e seu papel de sociólogo na escola, enquanto construo minha identidade profissional. As reflexões realizadas ressaltam a importância do papel do professor de sociologia, entendendo que este deve também desempenhar o papel de sociólogo, procurando compreender quem são os jovens alunos que chegam à sala de aula do ensino médio. O que passa também pela desnaturalização junto à comunidade escolar s da visão que têm sobre as juventudes. Ao mesmo tempo, o docente deve prob-lematizar os acontecimentos cotidianos, conhecendo o contexto em que a escola está inserida, visando problematizar sobre os sujeitos jovens e seu universo de vida como tema nas aulas de sociologia. Nesta perspectiva, podemos pensar na mediação que o professor de sociologia poderá fazer entre os conteúdos e os jovens alunos a fim de pro-mover uma aprendizagem significativa, que contribua para a ampliação da percepção da realidade que esses indivíduos estão inseridos e na construção de suas identidades e projetos de vida.

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GT 7 – ENSINO DE SOCIOLOGIA NAS MODALIDADES DIFERENCIADAS DE ENSINO

Coordenadora: Rogéria Martins - Universidade Federal de ViçosaE-mail: [email protected]: Diogo Tourino - Universidade Federal de ViçosaE-mail: [email protected]

SESSÃO ÚNICA – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

REFLEXÕES ACERCA DO ENSINO PARA JOVENS E ADULTOS: VERSATILIDADE NA DOCÊNCIA, A CONTRADIÇÃO DO ELOGIO

Renan Augusto Fernandes Silva - UEMBárbara Machado Alexandre - UEMThiago H. Faria de Brito - UEM

O trabalho é fruto de idas a campo, tendo sido produzido por meio da observação e construção de relatórios durante as visitas do PIBID na escola para Jovens e Adul-tos, Professor Manoel R Silva em Maringá, Paraná; assim como, pela análise das con-tradições político-sociais em que o EJA está inserido. As frequências buscavam elucidar a importância de se inserir no ambiente escolar antes de criar as intervenções educa-cionais propriamente ditas. Construída de forma coletiva, e alicerçada em diversos pilares teóricos, uma dentre as propostas fundamentais das visitas, era uma inserção mais crítica e criativa e menos reprodutiva. Por isso, a própria escolha do local de análise carrega essa carga crítica, tendo em vista o foco muito menor dado a essa área quando comparada ao ensino regular. A fim de refletir sobre prática docente a partir destas visitas semanais ao EJA, deu-se prioridade às investigações acerca da influência exercida a partir um complexo de estruturas externas à escola que, quando relacio-nadas com as questões educacionais definem de forma incisiva as práticas dentro das instituições educativas. As observações in loco, além de auxiliarem na construção de propostas de trabalhos – ainda em desenvolvimento – a serem aplicados neste local particular, evidenciaram duas categorias fundamentais de estímulos externos à escola que medeiam de forma incisiva desde a conduta dos alunos, até o próprio regulamento e funcionamento do EJA. O trabalho, que historicamente influenciou, e foi influen-ciando pela instituição destinada ao ensino de jovens e adultos, é a primeira delas. Se fazendo necessário, portanto, evidenciá-lo como um dos motivos da precarização desta instituição, da dedicação dos alunos, e até da prática docente (observação presente em diversos trabalhos sobre o tema). Diante do estado problemático da estrutura física, das confusões burocráticas, e da atenção necessária às múltiplas demandas dos discentes, a

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relação da versatilidade no trabalho tornou-se uma característica examinada como item imprescindível para os afazeres no EJA. Não obstante o estado que se encontra a Escola para Jovens e Adultos Professor Manoel R. Silva, deriva em grande parte de posições e decisões governamentais – ou a falta delas. Principalmente porque o ano de 2015 se iniciou com a greve dos setores de ensino do estado do Paraná, que perpassou direta-mente por essas questões de precarização. E por isso, a segunda categoria fundamental é justamente a análise dessas posições e decisões do governo que comprometem a insti-tuição, estrutural e educacionalmente. À vista disso, tais pesquisas e denúncias seguem e se fazem necessárias quando há real preocupação com a educação.

O ENSINO DE SOCIOLOGIA E A JUVENTUDE DO CAMPO: PERSPECTIVAS DE JOVENS MATRICULADOS EM CAMPUS RURAL DE INSTITUTO FEDERAL

Silvana Colombelli Parra Sanches - IFMTDaniela Olinda Dalbosco - IFMT

Este artigo revela pesquisa realizada no campus São Vicente do Instituto Federal de Mato Grosso através da aprovação em edital da pró-reitoria de pesquisa da mesma instituição em convenio com o CNPq e propõe compreender a perspectiva do (a) es-tudante de ensino superior em zootecnia e do técnico em agropecuária integrado ao ensino médio no que se refere ao ensino de sociologia. Os sujeitos da pesquisa incluem-se no grupo social da juventude do campo, impactado pela precariedade do trabalho e a falta de políticas públicas como acesso ao lazer e à moradia adequada. A pesquisa é qualitativa e ocorre, além da observação intermitente da professora pesquisadora e bolsista, por meio da aplicação de extenso questionário, dividido em três partes, além das informações gerais: a seção participação - onde se descortina como e se estes estu-dantes inserem-se em movimentos sociais e qual a profundidade deste engajamento. A seção opinião, onde se aborda temas contemporâneos como maioridade penal, direitos reprodutivos, trânsito, entre outros; e, a seção sugestão, que aborda o ensino de socio-logia propriamente dito. O projeto finaliza-se em setembro deste ano e está - na fase de aplicação do instrumento de coleta de dados a duzentos estudantes. A importância da investigação reside em revelar a sociologia para/com o público objetivo - a juven-tude do campo, sociologia esta que deve pensar políticas para juventude que vive e\ou trabalha e\ou estuda em área rural. Este, ao estudá-lá, qualifica-se para protagonizar proposições políticas em benefício de coletividades nas quais se insere e atuar ativa-mente em questões que influenciam as ações do Sistema Nacional de Juventude. Para que isto aconteça, é imprescindível que a juventude retome o sentimento de pertença a terra e ao trabalho no campo, o que se torna um desafio ao perceber que há uma visão pejorativa do campo. Durante séculos o rural foi associado ao menor conhecimento, ao leigo, ao desqualificado, ao distante da modernidade, ao atrasado, dentre outras vinculações. Não obstante, há o avanço notável do Estatuto da Juventude sancionado em2013, que afirma apoiar o jovem trabalhador rural na organização da produção da agricultura familiar e dos empreendimentos familiares rurais. Saber como os jovens que moram, trabalham e estudam no campo pensam e se relacionam entre si e como

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percebem a sociologia poderá - fornecer caminhos para uma prática educacional coer-ente com a realidade social dos alunos pertencentes a este grupo social e, desta forma, contribuir na discussão da relação entre a sociologia enquanto disciplina e o ensino médio técnico e superior oferecido nos Institutos Federais, principalmente aqueles que se expandem consideravelmente pelo interior do Brasil.

ESPECIFICIDADES DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

Jaqueline Russczyk - IFSC

O debate sobre o desempenho da sociologia na educação básica é perpassado por novos desafios, inclusive o referente à expansão do ensino de sociologia em novos espaços de ensino. Otávio Ianni, em 1954, já criticava o caráter enciclopédico da sociologia, atentando para o caráter pedagógico da disciplina. Esse debate ainda hoje não se es-gota, ou seja, o desenvolvimento de materiais didáticos para o ensino de sociologia é uma demanda da área e pode contribuir para a operacionalização criativa dos conceitos sociológicos, estes muitas vezes abstratos. A criação de sites, blogs, cartilhas, elabo-ração de poesias, textos, quadrinhos, jogos, bem como a seleção de músicas e filmes, entre outros, são indicações de possíveis atividades a serem elaboradas de acordo com os objetivos traçados pelo educador e de acordo com a realidade institucional e dos educandos. Desse modo, tão importante é o conteúdo ensinado como o modo como o mesmo pode ser ensinado. Assim, os conhecimentos sociológicos poderão ser mais acessíveis aos educandos, contribuindo para a melhoria no aprendizado dos mesmos. Junto a isso, a inovação e a criatividade são inerentes a proposta dessa pesquisa, já que trata-se de elaborar recursos didáticos como jogos, dinâmicas, brincadeiras e demais possíveis atividades. Procurou-se abordar conceitos, temas e teorias, conforme pon-deram as Orientações Curriculares Nacionais (OCNs), considerando a identidade do professor de sociologia e o projeto de formação do educando. Junto a isso, ponderou-se metodologicamente que o ensino de sociologia tem como objetivo o desenvolvimento da “imaginação sociológica”, segundo Wright Mills, como um tipo de problematização inerente as ciências sociais, bem como o estranhamento e a desnaturalização. Desse modo, essa pesquisa indaga sobre qual a especificidade do ensino de sociologia no Ensi-no Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT)? Objetivou-se analisar o perfil dos alunos, suas representações sobre a disciplina, o papel da pesquisa no ensino médio, bem como as características metodológicas da disciplina. Os procedimentos metodológicos utiliza-dos incluem pesquisa bibliográfica, questionário aos discentes, elaboração de materiais didáticos e avaliação dos mesmos. A pertinência desse estudo dá-se porque entende-se que é mister que a prática docente problematize as características da instituição e dos sujeitos às quais se destina para compreender o processo ensino-aprendizagem. O es-tudo ainda está em andamento, e devido a isso as considerações finais são parciais.

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QUILOMBO SÃO JOSÉ DA SERRA (RJ) E A EDUCAÇÃO ENQUANTO PROJETO DE EXTENSÃO

Letícia Bezerra de Lima - CEFET/RJ

O presente trabalho tem como principal objetivo apresentar a nossa prática docente na comunidade quilombola São José da Serra (RJ) e relacioná-la ao que coletivamente podemos construir a partir disso. Esta comunicação é fruto do projeto de extensão Quilombo São José da Serra: valorização da cultura e memória afro-brasileira em Va-lença (RJ), que desenvolvemos na comunidade desde março de 2015, com o apoio do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), cam-pus Valença e a participação de três professores coordenadores da instituição: Bárbara Marques (Filosofia), Juliano Gonçalves (Contabilidade) e Letícia Lima (Sociologia). Inicialmente, no âmbito educacional, o projeto de extensão pretendia oferecer aulas de reforço para os alunos do ensino fundamental II – a sociologia também se faria pre-sente enquanto disciplina escolar -, cujo objetivo ao final desse processo de ensino e aprendizagem, seria tê-los no quadro discente da instituição, uma vez que iniciamos no presente ano dois cursos técnicos integrados ao ensino médio (Alimentos e Química, respectivamente). Além do conhecimento específico, esta experiência, possivelmente reverberaria no fortalecimento sociocultural e econômico da comunidade, como por exemplo, a geração de renda, a valorização do espaço e cultura local, a valorização da identidade quilombola. Porém, ao adentrar neste espaço e nestas relações, percebemos que questões mais urgentes precisariam ser resolvidas como a garantia do direito à edu-cação dos jovens e crianças. O que está em pauta, então, não é apenas como o ensino de Sociologia e a prática docente se faria presente ali no espaço, mas de modo geral, como nós professoras poderíamos contribuir efetivamente para o desenvolvimento educacio-nal de São José. Quais são as particularidades de estar inserida na comunidade quilom-bola? Para além dessas questões, pretendemos apresentar as diferentes contribuições que os quilombolas de São José podem proporcionar à comunidade escolar do CEFET – Valença, trazendo à superfície outra forma de se compartilhar a história da região, de se pensar as tradições locais e colaborando para a desconstrução do senso comum do que é ser quilombola no município.

EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE SOCIOLOGIA NO CURSO POPULAR ONGEP - ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL PARA A EDUCAÇÃO POPULAR

Ricardo Cortez Lopes - UFRGSJúlio César Baldasso - UFRGS

O maior concurso vestibular do Rio Grande do Sul sem dúvidas é aquele que é re-alizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul anualmente. Sua mera ex-istência mobiliza um mercado bastante expressivo de cursos preparatórios – chamados habitualmente de “cursinhos” por frequentadores e por pessoas de fora deles. Há uma tipologia de cursinho específica: o cursinho popular. Nossa experiência de ensino de

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sociologia foi em um cursinho popular do município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a ONG para a Educação Popular (ONGEP), fundada no ano de 2002. Ingressamos no curso em novembro de 2013, na condição de docência em sociologia. O nosso prin-cipal objetivo no cursinho é oportunizar aos alunos um contato com a disciplina socio-logia – bastante recente em sua volta aos currículos escolares e ainda pouco legitimada como saber prático em um mundo socializado pelo mercado de trabalho – a partir de dois esforços para “legitimá-la” diante dos alunos: um teórico e um metodológico. Na construção das aulas o pressuposto mais fundamental na elaboração do programa foi o de que as pessoas tendem a criar uma zona de segurança ontológica, ideia de Giddens, que é um local cognitivo onde a pessoa para de questionar sobre uma série de conceitos importantes da vida para poder realizar tarefas mais pontuais. Para poder agir nela, optamos pela abordagem de Jacques Derrida sobre a desconstrução. Fizemo-la agir principalmente sobre a “herança de verdade” do discurso metafísico ocidental. O obje-tivo era o de fazer o aluno pensar ou repensar o que estava por já consolidado em sua área de segurança ontológica. Assim, os alunos se organizavam em grupos, discutiam perguntas geradoras e depois as discutiam com o grande grupo, para depois se iniciar uma aula expositivo-dialogada. A segunda estratégia foi metodológica, que foi a de conectar as aulas com duas disciplinas, Redação e Filosofia. A primeira foi incorporada na metodologia das aulas através de seu caráter conceitual, com vistas a desenvolver a capacidade argumentativa para a redação, que traria os temas empíricos. Neste ponto, gostaríamos de nos ater um pouco nas reações dos alunos. Como era de se esperar, muitos dos alunos “mataram” as aulas de sociologia antes de conhecê-la. Mas, depois dos debates, foi muito interessante observar à sua surpresa quando viam exemplos de aulas pinçadas de suas infâncias e adolescências, uma vez que a lógica de ensino “torre de marfim” não estava sendo respeitada no decorrer da aula, de modo que também eles mesmos eram chamados a sugerirem visitas a sites ou a vídeos da internet. Percebemos que foi possível manter o interesse dos alunos que já seriam mais naturalmente “inclina-dos” para a discussão sociológica e despertar o interesse de outros alunos que provavel-mente desistiriam diante das abstrações possíveis na disciplina sociológica. Houve um outro segmento que apenas ficava observando a aula, mas deixamos bem explícito que, caso alguém não quisesse responder exteriormente às perguntas propostas em aula, deveria respondê-las introspectivamente, para si mesmos, o que esperamos que tenha gerado o mesmo efeito em quem se propôs a dividir opiniões com os colegas.

PRÁTICAS DOCENTES E ENSINO: UM CONTRAPONTO ENTRE A ESCOLA REGULAR E O ENSINO PROFISSIONAL

Suianny Andrade de Freitas - UFCCamila Maria Cunha de Souza - UFC

O trabalho que ora apresentamos surgiu na medida em que nos aproximamos da re-alidade do professor de sociologia no ensino profissional no Estado do Ceará. Tendo em vista que o ensino profissionalizante foi um alvo privilegiado de investimento do Governo e que foram construídas várias escolas no padrão MEC, com essa inserção da

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modalidade profissionalizante no Ensino Médio, os professores de sociologia tem de adequar as práticas docentes a essa nova modalidade de ensino. Nesse contexto o pre-sente trabalho traz como proposta uma discursão acerca das práticas docentes que são adotadas pelos professores de sociologia na escola comparando as realidades distintas do ensino regular e do ensino profissional, atentando para os desafios que os docentes das ciências sociais enfrentam para reproduzir os conhecimentos sociológicos no am-biente das escolas. Essas diferenças têm relação com a carga horária, pois enquanto os alunos da escola regular tem em média 06 horas aula por período, os alunos das escolas profissionalizantes permanecem de 07:10 até às 17:00 horas. Essas diferenças na carga horária alteram inclusive as relações e os vínculos que são construídos no ambiente escolar, não somente dos alunos entre si, mas também deles com os professores, além disso, temos o desgaste físico de uma jornada mais intensa de trabalho e atividades. Para fundamentar nossa discursão teórica, usamos autores como Durkheim (2009) que con-cebe a educação como um projeto que promove a coesão social, nos elevando a pensar acerca do lugar que a sociologia ocupa na escola. Por outro lado Silva (2007) levanta questionamentos sobre as teorias dos currículos, colocando como principal objetivo deles, a decisão acerca do que deve ser ensinado e as reflexões que se fazem sobre os conteúdos que são importantes para a formação dos discentes. Nesse sentido podemos traçar um dialogo entre a real estruturação do currículo, ou como ele é pensado e o lugar da sociologia no ensino regular e profissional. Os recursos metodológicos utiliza-dos foram a observação das aulas de sociologia tanto no ensino regular e no profissional em duas escolas públicas das periferias de Fortaleza. Também foram realizadas entrev-istas com os discentes acerca dessas duas realidades. A pesquisa ainda esta em fase de coleta e análise de dados, mas já permite perceber que mesmo com materiais didáticos iguais, encontramos diferenças com relação à execução das aulas, à conduta disciplinar dos alunos e o tempo em sala de aula. Além disso, temos o problema das contratações e concursos que impactam diretamente as condutas dos profissionais temporários da educação regular.

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DE TEMPO INTEGRAL E PROFISSIONAL EM ALAGOAS: QUAL O LUGAR DA SOCIOLOGIA NESSA ESTRUTURA DE ENSINO?

Fabson Calixto da Silva – Secretaria de Estado da Educação e do Esporte de AlagoasMaria Amélia Florêncio – Secretaria de Estado da Educação e do Esporte de Alagoas

Alagoas esteve deslocada do movimento nacional de luta pela obrigatoriedade do en-sino de sociologia nas escolas médias. Isto ocorre pela ausência de uma política educa-cional estruturada e pelas diversas crises socioeconômicas que enfrentava. O período de ascensão da sociologia no Brasil (1925 a 1942) não voga em Alagoas, em razão às instabilidades políticas, um sistema educacional direcionado para uma pequena elite e a falta de recursos financeiros para instauração e manutenção das reformas em curso no país (FLORÊNCIO, 2007). No entanto, como disciplina no Ensino Médio em Alagoas, a disciplina encontra-se presente a partir do ano de 1999. Por essa e outras razões

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a sociologia escolar tende a ser marcada por uma dinâmica de conflitos, ausências e divergências. Para tanto, tem-se avançado quanto aos rumos dessa disciplina e novos lugares e ares esta tem alcançado. Neste ano, o Governo de Alagoas, inaugura a pri-meira escola do estado pública em tempo integral e profissionalizante, somente para a última etapa da educação básica, o ensino médio. Inicialmente composta por oito turmas (quatro turmas de primeiro ano; três turmas do segundo ano; uma turma do terceiro ano), um quadro de professores diversificado (do ensino médio e dos cursos técnicos profissionalizantes), uma nova estrutura física e pedagógica. Dispõe de diver-sos Laboratórios de Aprendizagem (LAP), inclusive um de “Ciências Humanas”, o qual a sociologia se enquadra. À vista disso, o objetivo deste trabalho é a análise do impacto da sociologia escolar nesta organização de ensino. Onde, a escola oferece aos alunos os cursos técnicos que funcionam de forma integrada com o ensino médio; a possibilidade de novas experiências de aulas e de novas metodologias de ensino a partir do uso do LAP; A oferta de cursos eletivos na área; e o acompanhamento dos docentes por meio dos cursos de formação continuada. Este trabalho está baseado nas concepções teóricas e metodológicas das ciências Sociais e da Educação, pautado principalmente no En-sino de Sociologia e da Sociologia da Educação. Destarte, nossa experiência, vivência e prática de ensino nessa instituição escolar, conduziram de melhor maneira (in loco) a construção da pesquisa. A sociologia, nesta instituição, encontra avanços e limites e várias são as razões. Avanços no que se refere no aumento da carga horária da disciplina (duas horas nas três séries); maior tempo para se trabalhar os conteúdos e com diferen-tes metodologias; a capacidade de trabalhar no LAP as dificuldades de aprendizagens dos alunos específicos da sociologia. Mas, esbarramos ainda em uma cultura escolar que insiste em tomar a disciplina como algo de menor valor, ao menos quando esta pode contribuir para o ENEM; a defasagem dos alunos no que diz respeito aos conhecimen-tos sociológicos, justificado por vezes pelas más qualidades de aulas em outras escolas que passaram.

A EXPERIÊNCIA DO PIBID INDÍGENA NA UFT: ALGUMAS REFLEXÕES

Mauro Meirelles - UNILASALLECesar Alessandro Sagrillo Figueiredo - UFTLidiane da Conceição Alves - UFT

O ensino de sociologia possui como ambiente privilegiado de pesquisa e ensino o es-tudo da sociedade e as suas várias matizes. Enfocamos que este processo de ensino foi construído a partir de um ambiente acadêmico não multicultural em sua gênese; no entanto, nos dias de hoje torna-se condição sine qua non exercer um diálogo profícuo com a realidade vivida a partir de diferentes contextos socioespaciais. A partir desta abordagem, inserimos o construto do ensino de sociologia na região norte do país, mais especificamente, desempenhada pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), na região do Bico do Papagaio no Norte do estado do Tocantins. Portanto, esta uni-versidade possui um lócus privilegiado, pois divide-se geograficamente no Norte do Brasil entre os estado do Pará e do Maranhão, agregando a diversidade étnica e cultural

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da região. Destacamos nesta abrangência o trabalho realizado de formação docente dos alunos do curso de ciências sociais da UFT junto as escolas da aldeia do povo Api-najé. Este trabalho possui como objetivo principal examinar as práticas docentes dos acadêmicos de licenciatura em ciências sociais, que estão desempenhando a função de estágio docente junto a comunidade indígena da Aldeia Mariazinha. Realçamos que trabalhamos numa perspectiva multicultural e de alteridade, ou seja, buscamos apre-sentar tanto a realidade “não indígena” acadêmica para a aldeia, assim como, trazer a aldeia para dentro da universidade respeitando a diversidade cultural própria da comu-nidade indígena Apinajé. Ainda, abordamos a sociologia em suas várias diversidades em diferentes espaços, de acordo como é sugerido pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Este trabalho possui como metodologia uma abordagem qualita-tiva, primeiramente, através de um estudo do seu referencial teórico e bibliográfico, para em seguida, aplicar com a saídas de campo e a observação participante o ensino de sociologia nas aldeias indígenas. Finalizando, procuramos demonstrar a relação dos conteúdos teóricos e conceitos a partir da realidade própria do povo indígena Apinajé.

A CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NA ESCOLA DA ILHA DE SUPERAGUI: O COTIDIANO DOS PESCADORES ARTESANAIS COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO

Larissa Joice Silva Teles - IFPRRoberto Martins de Souza - IFPR

O presente trabalho resulta da ação do PIBID Ciências Sociais, no ano de 2014, na Escola Estadual do Campo de Superagui, município de Guaraqueçaba, PR. A proposta pretendeu problematizar o conteúdo: Movimentos Sociais, Direitos e Cidadania de-senvolvido no ensino de sociologia (Área de Humanas II) ofertado ao 3º ano do Ensino Médio, a partir de uma análise crítica do cotidiano da comunidade tradicional e seus conflitos sociais como consequência da sobreposição do Parque Nacional de Superagui em seu território. A PropostaPolítico Pedagógica das Ilhas – PPP Ilhas, informa que a escola possui papel fundamental no diálogo entre os conhecimentos escolares e tradi-cionais, constituindo-se em uma instituição política essencial para a sobrevivência e permanência dos sujeitos em seus territórios de pertencimento (SEED, 2009). Nosso objetivo foi contextualizar os conflitos na ótica da comunidade, do movimento social de pescadores artesanais - MOPEAR, e dos estudantes-pescadores artesanais com a intenção de desnaturalizar o discurso dominante que não concebe o trabalho, território e identidade enquanto uma realidade. Autores como Arroyo, Molina (2004) e Caldart (2007) apresentam possibilidades de repensar e refazer a educação, considerando as contradições existentes nos espaços do campo – Ilhas. A dissonância fica manifesta no confronto entre a prática de ensino de sociologia e as orientações do PPP, que considera o conflito social com a Unidade de Conservação como eixo articulador dos temas a ser-em desenvolvidos, bem como a afirmação da identidade étnica do grupo e sua territori-alidade. A investigação da realidade social na sua dimensão prática, através da realização de visitas seguidas de entrevistas com lideranças da comunidade,trabalhos em sala de

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aulas com os estudantes sobre sua percepção do tema, nos levou a exercitar a problema-tizaçãodurante as aulas de sociologia. Produzimos nos trabalhos a reflexão crítica sobre o discurso dominante, seus interesses e contradições, em contraponto com o discurso subalternizado dos grupos locais, oportunizando reeditar o conteúdo estruturante a partir do contexto local.A construção da proposta de educação do campo nas ilhas, em Superagui,possibilitou a inclusão das experiências e saberes tradicionais do cotidiano no currículo da escola do campo e, no repensar e refazer o significado do ensino de sociologia na escola.

ENSINO DE SOCIOLOGIA ENTRE MODALIDADES DE EDUCAÇÃO: O PROEJA

Sandra Regina Gavasso Amarantes - IFPRSidney Reinaldo da Silva - IFPR

Depois da LDB (Lei 9394/1996), as modalidades da educação no Brasil possibilita-ram diversas formas de trabalho com as Ciências Humanas que vão além de sua oferta disciplinar. Contudo, quando se refere à Sociologia, assim como à Filosofia, a questão principal tem se colocado em relação à grade curricular do Ensino Médio, ficando in-visíveis outras formas de inserção dessas disciplinas na Educação Básica. Mas, no entre-cruzamento de modalidades de ensino, as linhas divisórias entre o trabalho disciplinar e o trabalho transversal ficam embaralhadas. Este texto tem por objetivo discutir o en-sino de Sociologia perante duas modalidades bem específicas de educação: o PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Básica com a Educação Profissional na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e a Educação Profissional. A proposta oficial do PROEJA é de oferecer de modo integrado Educação Profissional e Educação Básica buscando superar a dualidade trabalho manual e intelectual, indicando que a formação do trabalhador deve se dar numa abordagem “criadora e não alienante”. A questão desta pesquisa refere-se à inscrição do ensino de Sociologia na lógica das mo-dalidades de educação, sobretudo quando se trabalha uma turma (de PROEJA) com alunos que estudam essa disciplina no Ensino Médio, onde ela é obrigatória, e alunos que não a estudam por estarem ainda no Ensino Fundamental. Buscou-se compreender como as modalidades em questão se relacionam com os níveis de ensino fundamental e médio apontando como os alunos tiveram contato com abordagens de conteúdos e temas de sociologia. Especificamente, este texto relata um estudo sobre cursos de PROEJA oferecidos pelo IFPR no Litoral do Paraná. A investigação partiu de uma abor-dagem da concepção dos Institutos Federais e suas diretrizes, destacando o modo como se pressupõe a formação tecnológica articulada com a humanística. Posteriormente foi feito uma apresentação do PROEJA como uma política pública que articula a formação profissional com Educação Básica, mostrando críticas já feitas a esse programa. Foram feitas entrevistas e aplicados questionários junto a professores e alunos. O estudo e a análise dos dados coletados deram-se a partir da concepção de sociedade e educação de Gramsci apropriada pela pedagogia histórica-crítica de Saviani. O texto mostra que a formação profissional, no contexto dos Institutos Federais, tende a afastar a Educação de Jovens e Adultos da tradição de educação popular inspirada na pedagogia de Paulo

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Freire, apontando, contudo, para as possibilidades de contribuição do ensino de Socio-logia para a ressignificação dessa tradição no contexto formativo estudado.

A ARTE DE ENSINAR: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, NO PONTO DE CULTURA BURACÃO DA ARTE

Adriely, P. Jesus - UFGVanessa F. Oliveira - UFGAna Paula R. Vale - UFG

O Ponto de Cultura Buracão da Arte localizado na cidade de Goiânia - GO foi criado no ano de 2011, pela Associação de Capoeira Angola do Estado de Goiás (Só Angola), no qual recebeu recursos de um convênio firmado entre o Ministério da Cultura do Governo Federal e a Prefeitura de Goiânia. Esta pesquisa aborda o processo de edu-cação não formal, existente neste espaço, a partir das atividades oferecidas, tais como a Capoeira Angola, Construção de Instrumentos Artesanais, Teatro, Viola e oficinas de Samba de Roda. O presente artigo busca apresentar as experiências vividas, as relações constituídas culturalmente e as principais expectativas/frustrações dos sujeitos ali pre-sentes. Ao trabalhar o conceito de habitus por Bourdieu, compreendemos as relações de afinidade entre os indivíduos e as estruturas propostas no condicionamento social vivenciado. A educação não formal é essencial ao processo de transformação da socie-dade, e na Capoeira Angola, como em outras manifestações da cultura popular, nota-se a presença de valores fundamentais para existência humana. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica que permitiu o diagnóstico do fenômeno. A coleta de dados secundários foi realizada em parceria com o Ponto de Cultura Buracão da Arte, que nos ofereceu suporte para a compreensão dos dados e a elaboração de gráficos. Neste sentido a proposta de trabalho está interligada nas manifestações artísticas e culturais do nosso país. Utilizando-se das atividades oferecidas nesta instituição, chegamos à con-clusão que elas fazem uma preservação da nossa cultura popular, para que haja uma compreensão de valorizar a participação dos povos africanos na formação da história brasileira, que é pertinente e necessário para o processo de desmarginalização da ima-gem e cultura do negro no Brasil. Apoiando-se em materiais que deem subsídios para o entendimento da cultura brasileira como uma linguagem híbrida, e com um trabalho coletivo no qual o educador é na verdade, um “estimulador” e os alunos os próprios “criadores”. O Ponto de Cultura Buracão da Arte pressupõe autonomia, protagonismo sociocultural e sugere que os indivíduos possibilitem que a cultura seja desenvolvida e transmitida dessa forma para seus alunos.

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A SOCIOLOGIA NA ESCOLA DE JOVENS E ADULTOS: ALGUMAS PROBLEMATIZAÇÕES

Adimilson Renato da Silva - UNISINOS

Este trabalho visa a problematização do estágio atual do ensino da disciplina de socio-logia no ensino de jovens e adultos (EJA). Teríamos um enfoque específico na aborda-gem do aprendizado para este público de estudantes? Passado menos de dez anos do retorno da sociologia como disciplina obrigatória no Ensino Médio, essa trajetória nos bancos escolares apresentaria elementos para a discussão específicas das modalidades de ensino? Para isso, um primeiro movimento se constituiu na apreciação de pesquisas que versam sobre a temática na área de ciências sociais, para posteriormente, fazer um paralelo com a problemática da educação no ensino básico de maneira geral. Os parâmetros curriculares nacionais indicam que três competências básicas devem ser estimuladas na construção de experiências de ensino-aprendizado – ler, escrever e in-terpretar problemas – constituindo-se como a pedra de toque da formação de jovens e adultos. Deste âmbito das competências gerais os eixos articuladores desta modalidade de ensino, cultura, trabalho e tempo, tornam-se propositivos na promoção de sujeitos críticos e reflexivo. Ainda que exista muito trabalho a ser feito, iniciativas foram toma-das para a complementação da formação de educadores responsáveis pelo ensino de sociologia. Nessa perspectiva, percebe-se que os sujeitos de aprendizagens se encon-tram em condições semelhantes, os desafios de enfrentar novos problemas colocados à medida que as trajetórias de ambos percorrem caminhos distintos, olham o mundo de lugares diferente e chegam a destinos “diametralmente opostos”. O contrário também é suscetível a ser concebido. Desnaturalizar a situação da educação, na atualidade, anco-rando-se em ângulos, dimensões e perspectivas complementares torna-se pressuposto para abarcar o estado da arte da construção e troca de saberes. Os jovens e adultos po-dem “ensinar” as ciências sociais a se descobrirem enquanto área do conhecimento im-prescindível para a qualificação da escola no país. Espera-se então colidir a perspectiva teórico-analítica com algumas experiências de ensino-aprendizagem nesta modalidade de ensino, ao investir na apreensão de potencialidades e limitações ainda existentes e suscetíveis à tratativa investigativa.

FOUCAULT PARA CRIANÇAS: “VIGIAR E PUNIR” AOS OLHOS DOS ESTUDANTES DO NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Marília Márcia Cunha da Silva - Pedro II ∕ RJ

O presente trabalho procura refletir sobre as respostas dadas por alunos do nono ano do ensino fundamental do Colégio Pedro II, campus São Cristóvão II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, ao conteúdo trabalhado na disciplina “Ciências Sociais”. No nono ano do ensino fundamental, trabalham-se, nas Ciências Sociais, temas que dizem respeito às construções sociológicas e filosóficas que tratam do controle social, e dentre estas, estão as concepções de disciplina analisadas pelo filósofo Michel Foucault. Neste

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trabalho, apresentaremos como o livro “Vigiar e Punir” é trabalhado nas salas de aula e como os estudantes analisam a formação da sociedade disciplinar, ainda tão atuante na construção de “corpos dóceis e úteis” (FOUCAULT, 1999). O conteúdo foi trabalhado durante três meses, e neste período, os estudantes não apenas leram um material pro-duzido pela equipe de Ciências Sociais acerca da filosofia foucaultiana, como também visitaram a Colônia Juliano Moreira, localizada na cidade do Rio de Janeiro, antigo hos-pital psiquiátrico e atual Museu Arthur Bispo do Rosário; e participaram de um ciclo de filmes e debates cujo tema norteador foi “a sociedade disciplinar”. Concluímos, com este trabalho, que o estudo da sociedade disciplinar – com suas tecnologias de poder para a transformação e ajustamento de corpos e mentes ao sistema econômico capi-talista – como analisada por Foucault, levou os estudantes do ensino fundamental, a ex-ercitar as suas imaginações sociológicas (WRIGHT MILLS, 1965) e a refletir sobre suas relações com a instituição escolar, localizando-se, desta forma, no interior de amplos processos históricos, políticos e sociais. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: a história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1999. WRIGHT MILLS, C. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1965.

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO BICO DO PAPAGAIO – NORTE DE TOCANTINS

Lavina Pereira da Silva - UFT e SEDUC / TO

Partindo do princípio de que atualmente a educação básica envolve contextos de ensino diferenciado e que levam em consideração a “identidade, a diversidade e a diferença nas dimensões que compõem o cenário das políticas educacionais”, faz-se necessário que haja um olhar aprimorado no que se trata sobre a formação docente em especial dos das ciências sociais. Tal debate se faz necessário em caráter de urgência, uma vez que o ensino de sociologia se faz obrigatório no ensino médio das escolas públicas brasileiras, e este deve ser ofertado com qualidade, já que este vem contribuir de forma positiva e significativa para a formação plena do cidadão, garantindo assim que este se torne sujeito consciente dos seus direitos e deveres, podendo assim contribuir para as trans-formações sociais. Nesse sentido o presente trabalho oportunizará o aprofundamento do debate sobre a formação dos profissionais das Ciências Sociais pela UFT – Campus de Tocantinópolis, (localizado no Bico do Papagaio), como também sobre o desafio dos educadores de diversas áreas que ministram Sociologia, para estudantes do ensino médio nas escolas públicas da rede estadual de Tocantins. Quais as maiores dificuldades enfrentadas por parte destes profissionais, como também pelos educandos? Qual sua maior angustia a respeito do assunto, como também de sua pratica profissional? E ainda abrira-se um leque de discussão sobre os desafios e as perspectivas dos futuros profis-sionais das ciências sociais para atuarem na rede pública de ensino como profissional de Ciências Sociais, podendo assim ministrar aulas de Sociologia para estudantes do ensino médio nas escolas públicas do Bico do Papagaio, estado de Tocantins. O que os estudantes esperam do profissional das Ciências Sociais? Qual a contribuição que este trará para sua formação? O objetivo principal desse trabalho é oportunizar o de-

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bate conforme descrito, expondo assim as experiências vividas como também o que já se presencia através de observações no cotidiano das escolas da SEDUC – TO, mais especificamente na região do Bico do Papagaio, e ainda saber mais sobre a realidade existente em escolas de diversas regiões do Brasil. Possibilitando assim a reciprocidade de experiências a respeito da formação dos profissionais das Ciências Sociais e sobre o ensino de sociologia no ensino médio das escolas públicas brasileiras, contribuindo as-sim para que o mesmo aconteça com mais qualidade nas redes pública de ensino.

OS DESAFIOS DO DOCENTE “MULTIMODAL”: A EXPERIÊNCIA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

Tatiane Pereira Muniz - IFBA

A implementação do ensino de Sociologia e Filosofia como disciplinas obrigatórias dos currículos do ensino médio, a partir da Lei nº 11.684/08, ao lado do processo de ex-pansão do Institutos Federais de Educação, vivenciado nos últimos anos, tem colocado desafios institucionais, no que se refere à lógica de trabalho imposta aos docentes, que precisam lidar com uma diversidade de modalidades inerentes à forma como está orga-nizado o Ensino nestes institutos, contando com cursos de pelo menos 3 modalidades: de Ensino Médio integrado ao técnico, Subsequente (que tem como requisito o Ensino Médio) e cursos de nível superior, dentre os quais bacharelados, licenciaturas e/ou cur-sos para formação de tecnólogos. Este caráter multifacetado da organização do ensino impõe ao profissional docente a necessidade de adequar os conteúdos e metodologias aos diferentes públicos, com os quais, na maioria das vezes, se trabalha de forma con-comitante. Ao lado disso, o docente da disciplina Sociologia precisa lidar com um alto número de turmas ou ementas, para contemplar a carga horária mínima exigida, já que a distribuição por currículo é muito reduzida. O suposto é de que as disciplinas de So-ciologia e Filosofia, são compreendidas no mais das vezes, de maneira equivocada, pelos demais docentes de áreas técnicas e coordenadores de curso, que entendem a educação profissional, alvo principal dos instituto federais de educação, como estritamente pro-fissionalizante, o que confere um caráter instrumental às práticas docentes empreendi-das, colocando em segundo plano a formação cidadã, mais amplamente abraçada pelos docentes das humanidades; isto culmina em arranjos nem sempre pedagogicamente eficazes, na distribuição da carga horária docente e, na dificuldade de se dedicar maior cuidado na preparação das aulas, tendo em vista o grande volume de trabalho de regên-cia, decorrente do grande número de turmas ou ementas, no caso da Sociologia. Di-ante destes problemas, o docente desta disciplina tem que lidar cotidianamente com o assédio, tendo que justificar a pertinência e importância desta disciplina no cursos ofertados nas diversas modalidades, procurando soluções cotidianas para enfrentar o problema da precarização do trabalho docente. A proposta de apresentação de trabalho visa discutir, a partir de revisão bibliográfica e do relato de experiências, os aspectos referentes a atuação do docente de Sociologia, no contexto “multimodal” de ensino, inerente à carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico dos Institutos Federais de Educação.

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“SOCIOLOGIA SÓ ENSINA O QUE A GENTE JÁ SABE”: O DESAFIO DE RESSIGNIFICAR A REALIDADE DE ESTUDANTES DE SOCIOLOGIA NA EJA

Nilton Miguel Aguilar de Costa - UNB

O presente trabalho se baseia, sobretudo, em minhas breves experiências como pro-fessor-estagiário de sociologia em uma turma do terceiro segmento da Educação para Jovens e Adultos (EJA), em Sobradinho II, Distrito Federal, em 2011. Durante o tempo em que estive atuando e acompanhando as atividades escolares, além obser-var o contexto de ensino de sociologia para jovens e adultos no ensino médio, tive a oportunidade de empregar técnicas de pesquisa social e coletar dados empíricos.A partir da pesquisa realizada e de minha experiência como estagiário, pude analisar: o entendimento das/os estudantes sobre o que é sociologia; qual a importância de seu ensino e o contraste dessas elaborações com a maneira como as/os estudantes se comportavam e interagiam no momento das aulas; o entendimento da então profes-sora regente sobre o que é sociologia; qual a importância de seu ensino e o contraste dessas elaborações com a forma como ela selecionava suas estratégias didáticas; e a especificidade do ensino de sociologia na educação para jovens e adultos, mormente no discurso da professora e em sua postura ante o corpo discente, levando em conta suas peculiaridades. A partir dessa experiência, pude refletir sobre uma série de questões concernentes à condição de se ensinar sociologia na educação para jovens e adultos.Dentre os diversos aspectos analisados, o que me chamou mais atenção foi o sentido que ganha a disciplina na perspectiva docente e discente. De um lado a defesa sensata de que o curto tempo disponível para ensinar sociologia (cerca de trinta minutos sema-nais) deve focar na problematização da existência e dos efeitos dos fenômenos sociais na realidade das/os estudantes, em detrimento de uma abordagem mais apurada desses fenômenos (por exemplo, a partir de sua historicização e analise teórica). De outro, a frustração de estudar uma disciplina que tangencia temas importantes, mas não ex-atamente novos. Na minha perspectiva a abordagem proposta nas diretrizes oficiais e adotada pela professora mostrou-se duplamente ineficaz: nem proporcionou às/aos estudantes o desenvolvimento do pensamento sociológico, que é a própria lógica da construção do conhecimento em sociologia, nem logrou conscientizar boa parte das/os alunos sobre a relevância dos fenômenos sociológicos em suas vidas, uma vez que ao trazer a problematização dos conceitos descolada da lógica específica de sua elabora-ção – logo sem um exame específico e apurado –, aqueles não aparecem como novos a algumas/ns alunos. Neste trabalho, no entanto, não me proponho a oferecer possíveis soluções para contornar essas dificuldades. Minha tentativa foi a de pontuar quais são as dificuldades sobre as quais deve-se debruçar no intuito de se conseguir realizar um trabalho docente interessante, que não apenas busque contemplar as diretrizes para o ensino de sociologia pautadas nos parâmetros curriculares nacionais, mas que o faça de maneira cognitiva e afetivamente relevante e eficaz tanto para professoras/es quanto para alunas/os. Reexaminar essa pesquisa realizada há tanto tempo me é interessante neste momento em que começo a atuar na educação de jovens e adultos como profes-sor regente de sociologia, em que tenho a oportunidade de observar essas questões em minha própria realidade como docente.

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PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA

Eleusa Maria Leão–IFG

O foco principal deste trabalho diz respeito às metodologias de ensino de Sociologia. Consideramos que em vista do tipo de ensino vigente nas Escolas de Ensino Médio brasileiras, a Sociologia tem um importante desafio pela frente. Infelizmente, a prática docente tradicional é pautada na transmissão do conhecimento pelo professor, o qual deve ser assimilado pelos alunos. A base desse enfoque está na seleção dos conteúdos, no ensino enciclopédico, sendo estes, geralmente, deslocado do cotidiano dos alunos. Neste tipo de ensino, docente privilegia a aula expositiva tornando o aluno um memo-rizador dos conteúdos. O trabalho aqui apresentado objetiva demonstrar que o ensino de Sociologia pode propiciar ao aluno a aquisição de conteúdos de maneira significa-tiva, claramente expressa na proposta ausubeliana (AUSUBEL; ROBINSON, 1969), rompendo com modelos tradicionais de ensino. Neste sentido discute o resultado de uma proposta metodológica realizada com os alunos do terceiro ano do Técnico Inte-grado em Edificações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás durante o ano de 2014, cujo objetivo foi desenvolver e apurar um olhar e sensibilidade sociológica por meio da produção de documentários. Estes documentários foram elab-orados com o objetivo de suscitar discussões sobre sociedade disciplinar e sociedade de controle. O referencial teórico são as teorias de Foucault (1987), sociedade disciplinar e Deleuze (1992) sociedade de controle. O desenvolvimento do trabalho demonstra a importância de se buscar metodologias que proporcionem momentos de construção do conhecimento, fugindo dos modelos de aulas excessivamente abstratas e eruditas, pou-co acessíveis à compreensão e à linguagem dos estudantes e com baixa capacidade de mobilizá-los subjetivamente. Neste sentido, evidencia que dentre os desafios propostos aos professores de Sociologia destacam-se aqueles ligados à construção, junto aos alu-nos, de uma interpretação da realidade pautada na criticidade e interdisciplinaridade.

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GT8 – POLÍTICA NO ENSINO DE SOCIOLOGIA: DESAFIO DIDÁTICO E FORMATIVO

Coordenador: Sandro Amadeu Cerveira - Universidade Federal de AlfenasE-mail: [email protected]: José Silon Ferreira - UNISINOSEmail: [email protected]

SESSÃO A – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

“ALGUÉM JÁ OUVIU FALAR EM SOCIOLOGIA?”: ETNOGRAFIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ACERCA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NO FUNDAMENTAL II NO MUNICÍPIO DE CHAPADINHA-MA

Sérgio César Corrêa Soares Muniz - UFPI

Este trabalho tem por objetivo problematizar o processo de implementação do ensino da sociologia nos componentes curriculares que integram o projeto político pedagógi-co do sistema educacional do município de Chapadinha, localizado na mesorregião do Baixo Parnaíba, Maranhão. Tomando como fonte de coleta de dados os alunos, profes-sores, técnicos administrativos e gestores educacionais, um dos objetivos desse trabalho é compreender as representações individuais e coletivas que esses sujeitos constroem sobre o ensino da sociologia aplicada à segunda fase do ensino fundamental, além de tentar identificar quais as implicações dessas representações sobre o ensino da discip-lina, sua eficácia e abrangência, sobretudo do ponto de vista dos alunos e professores. Como metodologia para esta pesquisa, utilizou-se a etnografia proposta por Geertz na intenção de compreender a produção de significados e sentidos de uma determinada comunidade. Como instrumento de coleta de dados tomou-se a observação direta, a entrevista e aplicação de questionários semiestruturados entre alunos e professores. As representações sociais, considerando as propostas conceituais de Durkheim se mani-festam em formas de ser, pensar e agir dos indivíduos que estão sempre relacionadas às suas origens socioeconômicas, processos pedagógicos formativos, processos de so-cialização e histórias de vida dos sujeitos que integram determinada sociedade, grupo, ou nesse caso, uma comunidade escolar, campo de pesquisa desse trabalho. A Unidade Integrada Alexandre Costa é uma escola que integra a rede municipal de ensino de Chapadinha e atende majoritariamente a um público etário de 7 a 15 anos para as séries de 1° ao 9° ano do ensino fundamental. A maior parte de seus alunos residem nas prox-imidades da escola e se deslocam diariamente até ela a pé. Em um quadro mais amplo, o perfil socioeconômico e familiar dos alunos da escola revela que a maioria são alunos

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que possuem renda familiar inferior a dois salários mínimos e que não contam com a figura paterna como componente familiar - que é formado por uma maioria de mães e parentes maternos. A maioria dessas mães não finalizaram o ensino básico e se ocu-pam com serviços domésticos (donas de casa), ou serviços em comércios (atendentes, vendedoras, auxiliares) e em serviços gerais (cantinas e refeitórios de outras escolas ou nas próprias escolas onde seus filhos estudam). No que tange aos professores, sua formação e atuação profissional, dos que atuam no U.I. Alexandre Costa, é integrada por docentes que atuavam como professores por meio do processo de formação de magistério, atuando mesmo sem uma formação em nível superior, formação essa que só seria adquirida por estes em meados dos anos 2000, por meio de ensino à distância oferecido por faculdades particulares do Estado do Piauí. Em sua maioria, esses profes-sores atuavam como docentes de quase todas as disciplinas que compunham a grade curricular do ensino básico do município, e a partir do ano de 2013, com a inserção do currículo de sociologia no currículo básico do município, passaram também a atuar no ensino da sociologia. Nesse sentido, para compreender o modo como alunos e profes-sores de uma determinada comunidade escolar pensam a necessidade e importância do ensino da sociologia, é necessário cruzar as situações e contextos que permeiam a vida do corpo discente e docente de modo a conhecer, no dizer de Bourdieu os “habitus” implícitos ao ensino da sociologia nesses contextos. Isso revelará um campo de disputa das representações sobre o ensino da sociologia entre professores, alunos e gestores educacionais.

ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS E REFERENCIAIS CURRICULARES ESTADUAIS: RECONTEXTUALIZAÇÕES DO CAMPO OFICIAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS/SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Jorge Luiz da Cunha - UFSMJoana Elisa Röwer - UFSM

Este texto compõe pesquisa relacionada ao Doutorado em Educação na linha de Políti-cas públicas e práticas escolares. O foco deste trabalho são as orientações curriculares para o ensino de sociologia na educação básica, consideradas como políticas públicas educacionais. O objetivo geral envolveu analisar as Orientações Curriculares Nacionais (OCN, 2006) na relação com as orientações e referenciais curriculares estaduais, das unidades federativas do Brasil, para o ensino de ciências sociais/sociologia, com o intu-ito de visualizar as recontextualizações dos textos curriculares, seus hibridismos e suas especificidades. Os objetivos específicos versaram sobre: (1) indicar a existência de um currículo nacional a partir da recontextualização dos referenciais estaduais; (2) veri-ficar o componente diversificado que atende as características locais e especificidades regionais; e, (3) promover uma discussão teórica sobre currículo nacional e diversi-dades curriculares. A pesquisa é de caráter quanti-qualitativo, em relação aos objetivos é do tipo descritiva, e quanto aos procedimentos técnicos trata-se de uma abordagem documental e bibliográfica. O desenvolvimento da pesquisa ocorreu pela realização de

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um estudo comparativo entre as orientações/referenciais curriculares estaduais para o ensino de sociologia no que se referem aos objetivos e conteúdos. O estudo foi emba-sado no dispositivo teórico da análise de políticas públicas educacionais curriculares, sobretudo nos de Alice Nogueira Lopes (2008), sobre o conceito de currículo híbrido; e, de Basil Bernstein (1996) sobre a noção de recontextualização discursiva. As Dir-etrizes Curriculares Nacionais (DCN, 2013) sustentam a necessidade de uma base cur-ricular nacional comum e uma parte diversificada que atenda as características locais e regionais de forma complementar e que vise a uma prática da integralidade. Contudo, as OCN (2006) são passíveis de reinterpretações pelos sistemas e unidades de ensino, o que leva a compreender que a noção de um currículo nacional ocorre na observância das recontextualizações. De modo geral, as análises indicaram: (1) variabilidade na es-trutura das propostas curriculares estaduais; (2) ênfase na questão temática-conceitual das Ciências Sociais em detrimento dos aspectos teóricos; (3) preponderância de al-guns conteúdos e o silenciamento de outros; e, (4) ausências de indicação de diversi-ficação curricular que atenda as características locais e regionais. Considera-se que as interlocuções das orientações curriculares nacionais e os referenciais regionais são um aspecto do campo das recontextualizações do discurso oficial curricular e que aqueles também são produtos de recontextualizações. Os descentramentos dessa dinâmica que resultam em hibridismos podem ser potencializadores da multiplicidade, problema-tizando a percepção da verticalidade e tornando efêmera a linearidade. Contudo, as interpretações e traduções do por que ensinar, o quê ensinar e como ensinar Ciências Sociais/Sociologia que fundamenta a construção curricular exprime também as articu-lações e recorrências discursivas que mantém e contribuem para a especificidade da disciplina e os sentidos pedagógicos e sociais da mesma.

O PROJETO PARLAMENTO JOVEM E A FORMAÇÃO POLÍTICA DE JOVENS CIDADÃOS

Fernanda Feijó - UNESP/AraraquaraAlex Moreira - UNESP/AraraquaraEliane da Conceição Silva - UNESP/Araraquara

O presente trabalho pretende relatar a experiência docente empreendida durante a execução do projeto Parlamento Jovem, realizado na cidade de Araraquara – SP. O referido projeto consiste em um esforço de pesquisa aliado à extensão universitária que visa a formação política de adolescentes da série final do ensino fundamental, através de um processo de formação que inclui três etapas: curso teórico sobre o sistema político brasileiro, oficina prática de atividade legislativa e vivência na Câmara de Vereadores do município.O Parlamento Jovem foi idealizado e executado pelos pesquisadores do Laboratório de Política e Governo da UNESP, no ano de 2014, a partir da hipótese de que a educação política seria de suma importância para a formação de jovens estudantes prestes a terminarem o ensino fundamental. Tal hipótese foi formulada partindo-se do pressuposto que alunos dos 9ºs anos já possuem maturidade para adquirir conhecimen-tos básicos sobre sistema política, porém sem ter acesso a ele, uma vez que ainda não

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possuem o ensino de sociologia em sua grade de disciplinas. A partir desse diagnóstico, os pesquisadores empenharam-se em selecionar uma gama de assuntos que poderi-am ser trabalhados com o público-alvo selecionado e chegou a um conjunto básico de temas: distinção entre espaços público e privado, organização do sistema político brasileiro, organização do sistema eleitoral brasileiro, funcionamento do poder legisla-tivo local e formas de participação do jovem na política. Uma parceria com a Câmara Municipal de Araraquara nos permitiu ampliar a ideia de participação e levar os jovens estudantes para uma vivência dentro da casa legislativa. Desse modo, pudemos desen-volver as três etapas do projeto. Na primeira, portanto, focamos na formação teórica, com os tópicos já explicitados. Na segunda, oficina de produção legislativa, estimula-mos os adolescentes a apresentarem ideias sobre a cidade que pudessem se tornar um Projeto de Lei, de modo que pudessem compreender como era realizado o trabalho do vereador. Nessa primeira edição do projeto, participaram 24 escolas, entre municipais, estaduais e particulares. Cada uma delas enviou um projeto, dentre todos os elaborados pelos alunos durante a Oficina, representando a respectiva escola. Dos 24, 18 foram escolhidos (por se tratar de uma Câmara na qual se elegem 18 vereadores) na Câmara, para serem defendidos por seus autores em plenário, numa sessão jovem parlamentar, a terceira etapa do Parlamento Jovem.Esse paper busca, portanto, divulgar os resulta-dos obtidos com a primeira edição do projeto, ocorrida em 2014, relatando como ele foi organizado e implementado na sala de aula, bem como os resultados obtidos junto aos alunos que participaram do Parlamento Jovem.Além dos relatos da experiência em docência e organização desse amplo trabalho objetivamos apresentar nesse texto resultados concretos do comportamento político dos jovens com os quais mantivemos contato durante todas as etapas de realização do Parlamento Jovem. Tais dados foram obtidos a partir de um questionário elaborado especialmente para o projeto e aplicado após a primeira etapa, partindo desse questionário intentamos traçar um perfil político dos estudantes do ensino fundamental da cidade de Araraquara.

ELEIÇÕES 2014: DISCUSSÕES SOBRE A POLÍTICA PARTIDÁRIA BRASILEIRA ATRAVÉS DA ANÁLISE DE PLANOS DE GOVERNO NO ENSINO MÉDIO

João Vinicius Carvalho Guimarães - Centro Educacional Inovação

O trabalho a seguir objetivou desenvolver uma análise do sistema político-partidário brasileiro através da apresentação por temática dos planos de governo dos candidatos a presidente da república para as eleições de 2014. O conhecimento de nossas instituições político-partidárias, a assimilação de conceitos-chave num período pré-eleitoral, bem comoa necessidade do amadurecimento nos debates com a juventude em um momento histórico decisivo funcionaram como fatores de motivação para a realização deste trab-alho. O público foi formado por alunos das três séries do Ensino Médio de um colégio privado localizado na cidade de Poços de Caldas – MG, com perfil econômico elevado, sendo turmas de 25 a 35 alunos para cada série. O desenvolvimento se baseou em seis fases: 1 - Explanações teóricas feitas pelo professor sobre os mecanismos de uma eleição e o funcionamento de nosso sistema eleitoral. 2 - Apresentação teórica de um

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plano de governo e a importância do mesmo para nortear o trabalho de campanha e pautar as decisões políticas da população. 3 – Apresentação de temas chave para a vida social brasileira como educação, saúde, economia, cultura, segurança, programas soci-ais e a separação de grupos de quatro a cinco alunos para a escolha do candidato e do tema a ser apresentado. 4 - Trabalho de pesquisa realizado pelos alunos que consistiu em pesquisas prévias para apresentação em slides e vídeos durante período de tempo determinado pelo professor, com prazo mínimo de uma semana e máximo de duas se-manas. A ordem das apresentações foi definida por sorteio. Durante as apresentações, houveram pontuações objetivas. 5 - Rodadas de debates para o confronto das propostas e análise dos próprios grupos sobre as potencialidades e lacunas de cada projeto. O em-penho na busca pelo melhor plano de governo ou dos melhores argumentos a ser uti-lizados na discussão foi notório, assim como a qualidade dos debates e o envolvimento dos alunos na análise e crítica de candidatos rivais até mesmo os apoiados pelos próprios alunos. Fator interessante foi a ausência de discussão dos planos de governo de sete dos dez candidatos a Presidente da República, com uma discussão pautada nas propostas dos três candidatos que no momento estavam à frente das pesquisas. A mediação do professor foi importante para garantir a possibilidade de argumentação e exposição de ideias de maneira justa e não tendenciosa. Também agiu para evitar a animosidade entre os alunos, bem como fazer correções necessárias (a análise prévia de todos os planos de governo realizada pelo professor com antecedência foi de suma importância) e direcio-namento para a discussão de questões importantes e não devidamente abordadas pelos grupos. De uma maneira geral a sequência didática superou expectativas por um lado, com apresentações mais racionais e propositivas e menos apaixonadas, destacando-se o grande interesse nas pesquisas e apresentação dos trabalhos. Porém, deixou a desejar em outros pontos como ausência de propostas de candidatos menos midiáticos. Tal fato abre a necessidade de discussão de outros temas durante as aulas de Sociologia como o papel dos meios de comunicação de massa na formação política dos alunos, a inserção do debate político em situações do cotidiano e também um aprofundamento no conhe-cimento do funcionamento do sistema político brasileiro e o funcionamento de nossas principais instituições.

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: A IMPORTÂNCIA E OS DESAFIOS DE UMA ORIENTAÇÃO QUE VISE PROMOVER A AUTONOMIA, A DIVERSIDADE E A IGUALDADE SOCIAL

Keywilla da Silva Venceslau

A família e a escola sempre foram os principais grupos sociais. É com a escola e com a família que iniciamos nosso processo de socialização. No entanto, com a falta de estru-tura familiar, problema enfrentado por muitas crianças e adolescentes de escola pública nos dias atuais, a escola passa cumprir o papel mais importante na formação do caráter e da personalidade dos indivíduos. O que nos leva a figura do professor que nessas circunstâncias é o adulto responsável pela orientação. A grande questão a ser debatida é que tipo de orientação queremos dar, e que orientação damos as nossas crianças. Se

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pensarmos que todos queremos uma sociedade justa e igualitária, parece fácil respond-er que a queremos e damos orientações que promovam a justiça e a igualdade, porém a facilidade da resposta é ilusória, pois a maior parte dos responsáveis pela orientação não foram educados para autonomia, muito menos para promover justiça e a igualdade. Vivemos numa sociedade dividida em classes, e esse divisão reflete e é reflexo da edu-cação que nos é proporcionada. O que nos leva a concluir que se alterarmos o modelo educacional, podemos contribuir na formação de cidadãos autônomos e na construção de uma sociedade igualitária. A partir da minha experiência em sala de aula tanto como aluna quanto como professora pude chegar às conclusões acima citadas e pretendo por meio destas abordara importância e o desafio de uma orientação que promova a au-tonomia, igualdade social e a diversidade. O intuito é fazer uma analise da orientação que é dada as nossas crianças e adolescentes na escola. Apresentando a importância e os desafios de debatermos a igualdade de género, a divisão social de classes e diversidade cultural para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

UMA REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO NA VIDA ESCOLAR: SUJEITOS COMPROMETIDOS COM A DEMOCRACIA E O COLETIVO

Neuri José Andreola - UFFS

Por que há pouca participação na Democracia brasileira? Tomando-se esta questão como ponto de partida, trata-se de explorar algumas reflexões sobre a falta de participação dos brasileiros na sociedade civil e na Esfera do Estado. A educação quando se tem uma proposta participativa - em seguida pode ser uma proposta para reverter esse quadro presente do pouco engajamento a Democracia. Em seguida, enfocar diretamente a atividade intelectual – participação, democracia, cidadania, gestão, - por hipótese ir-redutível à racionalidade da educação Elitista Burguesa, faz com a massa populacional, seja uma marionete de manipulação. Discute-se inicialmente o sentido da participação, pelo imperativo da educação participativa no meio escolar. Menciona-se a importância da gestão democrática participativa na escola, como uma ferramenta de romper o ci-clo vicioso da não participação das pessoas comuns na Democracia brasileira, chega a instrumentalizar os indivíduos para uma ação no coletivo, ao colocar a especificidade que a democracia requer de uma maior participação dos sujeitos, marcado pela criação de uma cultura educativa voltada para os alunos vivencia-la na pratica, e resplandecer na comunidade. A pesquisa pretende detectar como é possível, uma proposta inovadora dos educadores, das escolas publica coloca-se a questão da democracia em evidencia, face ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos nos ambientes escolares que em seu Plano Político Pedagógico contempla a participação de uma gestão democrática, e realmente seja um principio educativo na práxis, em que os educando desse processo, possa instituir gradativamente, de forma sólida, a participação dos sujeitos,ha uma re-lação recíproca entre a dimensão política e a dimensão pedagógica da escola.

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DO CEMITÉRIO À PRAÇA, O POSITIVISMO GAÚCHO EM UMA SAÍDA DE CAMPO

Luis Alexandre Cerveira - Instituição Evangélica de Novo Hamburgo

O presente trabalho tem por objetivo relatar e refletir sobre uma atividade pedagógica de caráter empírico em que o Positivismo gaúcho é abordado em uma saída de campo com alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Esta prática que já realizo faz alguns anos, tem por objetivo proporcionar aos alunos, que estudaram o tema do Positivismo no Rio Grande do Sul, uma aula em espaços que foram marcados de maneira significativa pelo pensamento positivista. O embasamento teórico metodológico tem por fundamento a aprendizagem significa tive de Ausubel. Os lugares escolhidos foram: O Cemitério da Santa Casa (túmulos de Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado), o monumento a Júlio de Castilhos na Praça da Matriz e diversos prédios neoclássicos, todos localizados no centro de Porto Alegre-RS. Os resultados obtidos com essa saída de campo tem se revelado bastante animadores, uma vez que os alunos tem compreendido de maneira mais complexa a influência do positivismo na História e sociedade sul-rio-grandense.

CONTRIBUIÇÕES DO MULTICULTURALISMO PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA: A CONSTRUÇÃO DE BASES PARA O RECONHECIMENTO DA DIVERSIDADE CULTURAL

Ana Claudia Rodrigues de Oliveira - UEL

Este trabalho teve como intuito compor uma reflexão sobre as possíveis contribuições de teorias políticas do Multiculturalismo para o fomento do respeito e reconhecimento das diversidades no espaço escolar, abordando especificamente o papel do Ensino de Sociologia neste processo construtivo. Pensando o problema da pesquisa em um quadro mais amplo da realidade social brasileira, trata-se de questionar qual seria o papel da Sociologia na Educação Básica, frente ao problema da intolerância cultural, religio-sa e política que permeia as relações sociais nas diferentes esferas da sociedade civil. As contradições entre diferentes segmentos sociais e grupos culturalmente diversos, bem como os embates ideológicos na esfera pública, manifestam ações de violência e negação do “outro” nas relações cotidianas. A necessidade de promover, através da educação, o reconhecimento da heterogeneidade cultural e o respeito às diversidades é uma demanda já reconhecida pelo Ministério da Educação e incorporada na legisla-ção educacional brasileira, compondo também os “desafios socioeducacionais” para a Educação Básica nos últimos anos. O instrumental teórico-metodológico da Sociologia exerce um papel fundamental para a desnaturalização das relações sociais e superação do preconceito, discriminação e segregação social. Dentre os instrumentos dos quais dispõe a disciplina estão as teorias políticas do Multiculturalismo e seus estudos. Este trabalho inclina-se à adequação de tais estudos para o Ensino de Sociologia e à presença da temática em livros didáticos de Sociologia para o Ensino Médio. A discussão con-tida nesta pesquisa foi realizada a partir de leituras do Multiculturalismo e educação

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multicultural, teorias políticas do reconhecimento, legislações educacionais e diretrizes curriculares. Também foram analisados e comparados alguns livros didáticos de So-ciologia. Como resultado parcial destaca-se a necessidade de inclusão dos estudos do Multiculturalismo nas diretrizes curriculares da disciplina e entrada da temática nos livros didáticos utilizados no Ensino Médio. A perspectiva multicultural é apontada como elemento central para a educação voltada ao desenvolvimento de uma cultura de respeito e reconhecimento das diversidades.

SESSÃO B – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

DIREITO À INFORMAÇÃO COMO PRERROGATIVA PARA O AVANÇO NA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

Jade de Barros - UFRGS

O presente trabalho versa sobre o acesso à informação acerca das Políticas de Inclusão do Ensino Superior Brasileiro. A questão principal da pesquisa foi atentar para a possível falta de informação do público alvo, que pode impedir em primeiro lugar que ele se reconheça como tal. O acesso à informação pode ser um dos requisitos para o acesso, pois o acesso ainda é limitado e há parte das vagas reservadas pelas cotas que não obtém ocupação. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, cerca de 4% das vagas reservadas aos alunos do ensino público retornaram ao acesso universal em 2014. Além disso, dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) demonstraram que a democratização do acesso ao ensino superior nas IES públicas estagnou, mesmo com o aumento das vagas reservadas pelas cotas. O Programa Universidade para Todos (ProUni), primeira política de inclusão de larga escala do ensino superior brasileiro, possui ampla divulgação. A divulgação das Cotas é feita apenas a partir de um edital formal. A linguagem formal dos editais tradicionais requer uma série de disposições prévias que permitam compreendê-la, disposições es-sas que alunos de nível médio em sua maioria ainda não possuem. Disposições coloca-das aqui enquanto tendências duradouras de agir, pensar e sentir que são adquiridas nas socializações e podem ser combinadas por agentes que tenham percorrido trajetórias descendentes ou ascendentes no espaço social (LAHIRE, 2004). Há também a necessi-dade de se pensar o acesso à informação como uma forma de capital cultural incorpora-do, conceito de Bourdieu. O conceito que ajuda a analisar a questão da informação é o capital cultural incorporado, que é aquele que diz respeito ao aprendizado pré-escolar, o aprendizado que é adquirido na família ou através de experiências (BOURDIEU, 2007). Acesso à informação pode não ter uma relação direta com o capital cultural incorporado, porém, compreender e interpretar essa informação sim. A informação divulgada pelo meio de um edital, por exemplo, prevê que o leitor seja capaz de com-preender aquela informação, porém, se o público alvo do edital é um aluno egresso do ensino médio, então se espera que esse aluno possua capital cultural incorporado que o permita interpretar linguagem formal e específica, pois o nível médio de ensino não

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proporciona as disposições necessárias à compreensão desse tipo de linguagem. Pesqui-sas prévias realizadas com alunos do ensino médio público comprovaram a hipótese de que realmente há um déficit de acesso à informação. Isso pode gerar um entrave para o acesso ao ensino superior dos alunos privados de informação. Sem obter a informação de que pode concorrer pela reserva de vagas, ele concorre a partir do acesso universal e, por conseguinte, tem menos oportunidades de obter uma vaga. Em função da com-plexidade dos editais da UFRGS e da falta de informação dos alunos, seria fundamental a existência de um programa voltado ao empoderamento dos possíveis cotistas. Apesar da limitação dos dados apresentados até o presente momento da pesquisa, ela traz as-pectos muito importantes do sistema de cotas e revela a necessidade de se acompanhar os dados sobre a democratização do ensino superior e compará-los aos futuros dados que serão coletados acerca do acesso à informação.

ELEIÇÕES, JUVENTUDE E A AÇÃO DA POLÍTICA NA VIDA: UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO PERÍODO ELEITORAL SOBRE AS CONCEPÇÕES POLÍTICAS ESTUDANTIS

Rithiane Almeida Souza - UFBA

O presente trabalho tem por objeto analisar os impactos das intervenções didáticas que tematizaram o Sistema Político, o Sistema Eleitoral e Sistema Partidário brasileiros, realizadas pelo PIBID Sociologia UFBA, no ano de 2014, sobre o corpo estudantil do Colégio Estadual Odorico Tavares, localizado em Salvador - Bahia. A idealização e planejamento dessas atividades foram motivados pelo espectro ideológico que se des-dobrou no país, por ocasião do período eleitoral, de modo a trazer para a esfera da sala de aula um debate que dialogasse com as temáticas políticas mais atuais e exploradas nos debates presidenciais e que ganharam destaque público. A partir desse contexto, es-tabeleceu-se enquanto objetivo geral investigar a influência do período eleitoral sobre a execução dessas intervenções propostas. Especificamente, objetivou-se: a) demonstrar a relação que o presidencialismo de coalizão e a tripartição de poderes apresentam no imaginário estudantil; b) identificar os paralelos estabelecidos pelos estudantes en-tre o momento político vivido e a composição político institucional; c) identificar a conexão que os estudantes desenvolveram acerca das relações entre sistema político e partidário. A aplicação das intervenções se deu em três turmas matutinas no 3º ano do ensino médio, totalizando aproximadamente 100 alunos, com idades entre 17 e 21 anos, oriundos de diversos bairros de Salvador. Para analisá-las, foram utilizados os relatos de experiência do supervisor e dos bolsistas que executaram as interven-ções junto às turmas, em conjunto com a observação participante. Como resultado, foi possível notar que apesar do desconhecimento teórico relacionado às instituições políticas brasileiras, os estudantes conseguem correlacionar a importância da política na vida cotidiana, mesmo que essa correlação ocorra de maneira desfigurada, haja vista que eles não conseguem, muitas vezes, compreender os fenômenos do cotidiano como pertencentes à esfera política. Todavia, ao entrar em contato com os conceitos con-cernentes ao Sistema Partidário e ao Sistema Eleitoral, tornou-se possível para eles a

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reconstituição da relação que duvidavam existir entre esses dois sistemas, construindo conexões com a atualidade. Conclui-se então que a execução da sequência didática levou os estudantes a desmistificação de uma série de questões relacionadas a relação entre a política institucional, os fatos cotidianos e a própria apreensão alargada do que é a política. Somadas ao contexto político no qual os discentes estavam inseridos, as correlações entre a “teoria” e a “prática” potencializaram o interesse e desempenho dos estudantes na condução das intervenções. Assim, o ato de trazer para debate uma série de colocações sobre o processo eleitoral, ressaltando a importância dos partidos e as especificidades do presidencialismo brasileiro agudiza a consciência política crítica dos estudantes e instrumentaliza-os para o exercício do voto de maneira mais plena, além da percepção de que consciência política extrapola esse ato.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS: POLÍTICAS E ORIENTAÇÕES PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA

Rodrigo Rafael Fernandes - IFPRSidney Reinaldo da Silva - IFPR

O que os documentos oficiais e as políticas públicas para educação dizem sobre a for-mação política dos alunos da Educação básica? Qual concepção de política tem pre-dominado? Este texto discute essas questões a partir de uma abordagem dos Parâmet-ros Curriculares Nacionais (PCNs), das Diretrizes curriculares Nacionais (DCNs) e das Matrizes de referência do Enem para as “Ciências Humanas e suas Tecnologias”. A discussão da relação entre política e tecnologia é o eixo da análise. Os referidos docu-mentos falam em competências da área de humanas, mostrando o que pode ser enten-dido como um reducionismo tecnicista. O termo competência acaba por circunscrever a educação à lógica das tecnologias e de seu domínio. Isso fica patente em relação ao que se propõe como norteamento da Educação Básica, sobretudo da sua última etapa, o Ensino Médio. O discurso das habilidades e competências no âmbito da educação está ligado a concepções de sociedade e de sujeitos humanos que se pretende formar numa época que tem sido ideologicamente caracterizada como era da informação e de suas tecnologias. Frente à isso, se fortalece o discurso voltado para a formação de competências e habilidades nos estudantes de Ensino Médio. O objetivo deste trabalho é compreender este discurso de formação de competências e habilidades afeta o ensino de Sociologia no Ensino Médio, pretendendo-se discutir, a partir dos documentos ofi-ciais do Ministério da Educação, as orientações dadas aos professores de sociologia em relação àabordagem da política na sala de aula, discutindo, num primeiro momento, as orientações para a formação dos professores de Sociologia (DCNs), e em um se-gundo, analisando as indicações para o ensino de Sociologia no Ensino Médio (PCNs/Matrizes de Referência do ENEM). São analisadas também entrevistas com professores do Ensino Médio do Litoral do Paraná sobre a compreensão que eles têm das “Ciências Humanas e suas Tecnologias” e sua correlação com a política. A abordagem se dá a partir do materialismo histórico, apoiando-se especialmente nos críticos do reducionismo da práxis educativa a mera formação de competências. Os estudos sobre o Ensino Médio

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Integrado, baseados na concepção de pedagogia histórico-crítica, são retomados para pensar o ensino de sociologia na Educação Básica frente aos discursos das habilidades e competências. O texto mostra como o discurso das Ciências Humanas e suas Tecno-logias se apoia numa concepção de tecnologia social que vem se tornando hegemônica no interior do MEC e que vem restringindo a compreensão da política ao ofuscar a sua dimensão de negatividade histórica.

O REFLEXO DO POLICIAMENTO ESCOLAR NA FORMAÇÃO DO SUJEITO

Nayara dos Santos Abreu - UFUKarine Ferreira de Moraes - UFUMatheus Lara do Amaral - UFU

Este trabalho aborda a questão do policiamento militar no meio escolar, observando de que forma é feito, quais os objetivos pretendidos e se ao tentar coibir a violência não acabaria por incitá-la. A segurança pública é um tema de grande visibilidade e tem sido discutido amplamente por vários setores da sociedade. Na escola não é diferente, visan-do o combate a criminalidade, a polícia aparece como ponto de apoio, mas ao utilizar métodos militares não atende as reais necessidades da escola. Segundo Bicudo (2000), a Polícia Militar conceitua as populações marginalizadas como inimigo interno e cumpre o papel de eliminá-lo. A violência que surge a partir disso gera um debate recorrente no campo educacional: a violência se combate com ações policiais de repressão? Ou esse tipo de estratégia prejudica a formação dos alunos como sujeitos moralmente críticos, e diminui a autonomia dos professores e demais funcionários em resolver os problemas do ambiente escolar? Os policiais concebem o seu trabalho a partir da dissociação entre pessoa e população, tendo isso em vista, há em suas práticas uma ausência de capacidade de pensamento no sentido proposto por Hannah Arendt ao “diagnosticar” Eichmann, um colaborador nazista. Dessa forma, os policiais tratam o mal como banal, enquanto cumprimento de uma meta estabelecida por um superior, no caso o Estado. Os policiais por estarem inseridos em um sistema neoliberal que aplicam cortes biopolíticos, pre-vendo manter em segurança à população enquanto categoria abstrata, a saúde da nação, e não cada indivíduo particularmente, encara assim a exclusão de alguns como natural, um fatalismo. Desse modo, o mesmo Estado que ressalta como valor supremo a con-servação da vida a qualquer custo, também admite a aniquilação dos inaptos, pela lógica da seleção e eliminação, dos que não conseguem se encaixar (sobreviver) aos moldes do novo soberano, no caso, o mercado. A pesquisa ainda está em andamento, coletando os dados empíricos, mas a hipótese é que a saída para uma escola mais segura não estaria na repressão por ações policiais esvaziadas, no sentido de não conseguirem pensar em termos de fins, apenas nos meios, possuindo um mecanismo psicológico de abolição do senso moral ao realizar o seu trabalho. Sendo assim os conflitos que surgem dentro da escola não deveriam ser criminalizados, transferindo a responsabilidade para profis-sionais que não estão preparados para lidar com sujeitos em sua fase de formação. Uma alternativa possível seria a aproximação e o diálogo entre a escola, o aluno e a família, considerando que a violência ultrapassa os muros da escola, ou seja, o que acontece lá

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dentro é reflexo de uma sociedade que sofre todos os tipos de violência, seja estrutural ou simbólica. Militarizar a escola torna o ambiente educacional ainda mais hostil, por isso a necessidade de promover debates acerca dessa problemática, tanto na formação de professores como com os próprios estudantes, considerados como agentes ativos e conscientes. A Sociologia, enquanto disciplina escolar que busca oferecer ao estudante instrumentos para que ele consiga analisar, de forma objetiva e racional, a realidade social na qual está inserido, tem um papel importante na análise da temática proposta, uma vez que ao estimular o espírito crítico, é capaz de contribuir para a suavização de conflitos ao mostrar as reais causas destes nas relações sociais envolvidas.

CIÊNCIAS SOCIAIS NA SALA DE AULA: O SISTEMA DE COTAS RACIAIS EM FOCO

Karine Ferreira de Moraes - UFUMarili Peres Junqueira - UFU

O acesso à educação é reconhecido como um direito humano fundamental. Porém, muitas pessoas se encontram à margem do sistema escolar, sobretudo, a população neg-ra brasileira. As desigualdades entre brancos e negros é evidente e constroem notáveis obstáculos para o acesso e a permanência dessa população no sistema educacional, ai-nda mais quando consideramos o Ensino Superior. Isto posto, em prol da construção de uma política educacional que alcance todos os cidadãos brasileiros, foi sancionada a Lei 12.711, determinando que até 2016, todas as instituições de ensino superior federais deverão reservar 50% das vagas para estudantes oriundos de escolas públicas, negros, pardos ou índios e os 50% restantes das vagas deverão ser destinadas a ampla concorrência. O presente estudo teve como objetivo analisar questionários aplicados a alunos e alunas do Ensino Médio de uma escola pública e de um curso da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a aceitação ou não dos argumentos que justificam as cotas raciais. Algumas vivências relacionadas a esta temática também foram exploradas, como o relato de ações realizadas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID/Sociologia/UFU e a experiência pessoal da autora quando docente no Ensino Médio de uma escola pública da cidade de Uberlândia/MG. Para discutir a questão iniciamos com a análise da Declaração Mundial sobre a Educação para Todos: Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem eo Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos/2014, da UNESCO. A análise desses documentos foi importante para o início da compreensão do tema proposto, uma vez que apresentam dados estatísticos mundiais e regionais referentes a educação. Para discutir a questão teórica e científica sobre a questão racial no Brasil, alguns autores como Antônio Sergio Alfredo Guimarães, Nilma Lino Gomes, Kabengele Munanga, Oracy Nogueira, Renato Ortiz entre outros, farão parte do referencial teórico desta pesquisa. Em seguida, constatando-se na realidade a necessidade de inclusão de uma população discriminada e sujeita a preconceitos, abordou-se as políticas afirmativas como um princípio ético que tem como objetivo promover o acesso dessa população à educação, sobretudo a educação superior, e contribuir para o progresso pessoal e

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social daqueles que delas se beneficiam. As experiências em sala de aula, juntamente com a pesquisa teórica, nos levaram a concluir que o sistema de cotas raciais se justifica como princípio ético, sendo considerado um instrumento capaz de reduzir determi-nadas desigualdades e que é urgente a necessidade de promoção da cultura negra bem como de debates a cerca da temática como uma das formas de combater o racismo no âmbito escolar, pois, a reação negativa ao sistema de cotas se deve, também, a falta de entendimento da própria estrutura e significado da Lei de cotas. Neste sentido, enfa-tizamos a importância do ensino das Ciências Sociais no Ensino Médio, apto a oferecer ao estudante instrumentos para que ele consiga analisar, de forma objetiva e racional, a realidade social na qual está inserido, propondo alternativas de trabalho pedagógico que contemplem as discussões raciais e sua adequação a vida cotidiana, assim como o entendimento de conceitos como o de política, poder, Estado, etc. A compreensão do poder e das estruturas sociais deve constar como fator primordial na busca de soluções para os problemas de desigualdades raciais presentes na sociedade brasileira, como, também, o conhecimento a cerca do movimento negro. Isso significa que a concepção de política deve ser ampliada e entendida como algo presente nas relações cotidianas, permitindo-nos refletir sobre as relações de poder que estruturam a sociedade brasilei-ra na contemporaneidade.

ENSINO DE POLÍTICA NO ENSINO MÉDIO: REFLEXÕES E POSSIBILIDADES

Cristiano Ruiz Engelke - FURG

O conhecimento acerca da política e suas instituições é fundamental na construção da cidadania, entendida como um processo de conscientização e construção de direitos e deveres. Dessa forma, o ensino de política torna-se um imperativo se temos como horizonte a formação de cidadãos e cidadãs críticos. Porém alguns questionamentos se colocam e são objetos deste trabalho: de que forma se deve trabalhar a política em sala de aula? É possível a busca da neutralidade da figura do professor ou este deve desempenhar um papel político militante? Necessariamente o pensamento crítico deve buscar a transformação e emancipação sociais? A sociologia deve fomentar o “pensar sociológico” (Bauman & May) ou “imaginação sociológica” (Wright Mills) com vistas ao empoderamento? De que modo se deve lidar com posicionamentos que se coloquem de certa forma contrários a uma visão de sociedade mais justa? Como relacionar o con-hecimento teórico com o senso comum e opinião pública? Essas e outras questões são discutidas com base em experiências de sala de aula e referências teóricas com objetivo de trazer algumas linhas de ação para que se possa ter um resultado positivo na discussão política no Ensino Médio. Embora pareça simples suprir a necessidade de conhecimen-to político em sala de aula, ao nos depararmos com a prática de sala de aula, bem como diferentes posicionamentos pedagógicos, percebemos a complexidade desse trabalho. Além disso, notamos a importância de uma discussão e construção de propostas que busquem respeitar alguns princípios básicos de uma sociedade democrática, tentando chegar a alguns pontos comuns que permitam a livre construção de um conhecimento e de uma práxis que permita a construção da cidadania com respeito às diferenças, sem

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perder o horizonte da tolerância e respeito como pilares da democracia. O objetivo do trabalho, portanto, é fazer a análise do ensino de política nas aulas de Sociologia no En-sino Médio e apontar algumas possibilidades práticas para que se tenha uma educação política que seja ao mesmo tempo livre, transformadora, democrática e cidadã, e que faça da Sociologia um verdadeiro “esporte de combate”, como definia Pierre Bourdieu.

A CONSTRUÇÃO DE ELEIÇÕES NO ENSINO MÉDIO: O PIBID-CIÊNCIAS SOCIAIS DISCUTINDO DEMOCRACIA

Adriel de Farias Ribeiro - UFFS

A presente comunicação analisa o ambiente da escola como um campo de possibili-dade para realização de trocas e experiências de reflexão a respeito dos conceitos de democracia representativa, nesse caso, suas regras, os procedimentos e ainda, as pos-sibilidades da participação na sociedade. Para o desenvolvimento da atividade, foi re-alizada uma eleição na Escola Estadual de Ensino Médio Érico Veríssimo em Erechim/RS, conduzida pelos bolsistas do subprojeto Pibid-Ciências Sociais no ano de 2014. O objetivo principal da atividade foi trabalhar a noção de sistema eleitoral, nesse caso dando um enfoque maior para a eleição e todas as etapas que compõem o seu processo: a elaboração, execução e ainda avaliação da experiência. A eleição foi um desdobra-mento de outra atividade realizada pelo PIBID- Ciências Sociais, a oficina “Cin&rico”, que consiste na exibição de filmes nos sábados, uma vez por mês. Cada exibição possui uma temática especifica a qual dialoga com os conteúdos da disciplina de Sociologia na Escola Érico Verissimo. Assim, como forma de oportunizar aos estudantes uma maior participação no processo da escolha das temáticas da mostra de cinema, foi sugerido que o processo de escolha dos temas ocorresse através da participação de todos os es-tudantes interessados. Sendo assim, sob àorientação dos bolsistas, teve início as etapas do processo eleitoral composta por: constituição de uma Comissão Eleitoral, criação de regimento, processo de cadastramento de eleitores, período de campanha, votação, apuração dos votos e ainda avaliação final do processo realizado. Ao final da atividade, os estudantes que participaram puderam vivenciar a prática eleitoral e ainda compreender como os mecanismos democráticos presentes na sociedade brasileira operam. Inseridos dentro da proposta de produção de mediações pedagógicas, a atividade de eleição pôde construir uma ferramenta metodológica de discussão dos conceitos selecionados e ai-nda foi possível aprimorar os conteúdos que fazem parte dos Parâmetros Curriculares para o ensino da disciplina de Sociologia.

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TRABALHANDO COM O PRECONCEITO EM UMA SALA DE AULA DE SEGUNDO ANO DE ADMINISTRAÇÃO/ENSINO INTEGRADO EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE LONDRINA

Ana Paula Barbosa - UEL

Este trabalho tem por objetivo discutir em sala de aula a questão do racismo, do precon-ceito, suas causas e consequências que estão presente no cotidiano escolar, bem como na sociedade como um todo, no sentido de contribuir para desconstruir o processo social que leva a formação de uma sociedade violenta, para isto partimos dos conceitos teóricos e metodológicos para serem trabalhados com estudantes de ensino médio na disciplina de sociologia. No contexto em que estamos presente nos deparamos com inúmeros casos de racismo, preconceitos que são praticados não só no cotidiano da escola, mas em todos os espaços sociais, são situações que desde a época do Brasil Colo-nial, desde que os europeus pisaram em território brasileiro se tornou uma constante. Os portugueses trouxeram com o “descobrimento do Brasil” o ideal de que possuíam uma superioridade racial, a partir daí, desencadeando ideais racistas e preconceituosos. Neste sentido trabalhando o contexto histórico com estudantes e trabalhando teóricos das Ciências Sociais como Guerreiro Ramos, Kabelenge Munanga, podemos de uma forma científica e metodológica desvendar o caminho da construção de uma sociedade preconceituosa e racista, que carrega dentro de si as raízes da violência e contribuir na construção de uma sociedade mais humanizadora. Queremos chamar atenção para um debate necessário e atual, onde procuraremos expor como trabalhamos em nosso está-gio estas questões como preconceito, discriminação, violência e a construção de novas vivências em sociedade.

A DISCUSSÃO POLÍTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA EXPERIÊNCIA DE PROJETO DE EXTENSÃO NO ENSINO DE SOCIOLOGIA

Giovana Carine Leite - UNIFALSandro Amadeu Cerveira - UNIFAL

O Ensino de Sociologia é muito recente na educação básica. Mesmo existindo registros da sua presença no currículo desde 1891, passou por várias instabilidades ao longo da sua trajetória e tornou-se obrigatório nos três anos do Ensino Médio apenas em 2008. No entanto, o que chamamos de Sociologia é na verdade o espaço para as três grandes áreas das Ciências Sociais: Sociologia, Antropologia e Ciência Política. Entendendo que esta última grande área, a Ciência Política, precisa ser melhor compreendida pelos alunos e principalmente ressignificada, o presente trabalho teve como objetivos criar alternativas para aproximar os alunos da discussão política e favorecer a redução de sensações e impressões negativas já trazidas das influências cotidianas. Assim, através de estratégias de “Pesquisa-ação” associada a “pedagogia de projetos”, foram desenvolvidas atividades práticas, lúdicas e de pesquisas sobre o poder executivo e legislativo mu-nicipal que reforçaram os desafios, importância e responsabilidade de quem “toma”

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as decisões de uma cidade, proporcionando o estranhamento das relações políticas e abrindo o caminho para novas reflexões e conhecimentos. Com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Alfenas-MG, as estratégias foram realizadas no segundo semestre de 2013 com 30 adolescentes de 14 e 15 anos presentes no 9° ano do Ensino Fundamental e no 1° ano do Ensino Médio em uma escola na cidade de Machado, Minas Gerais. Os resultados foram significativos, percebemos que de fato os alunos apresentaram baixa familiaridade com o assunto além de intensa percepção negativa associada à palavra política, o que demonstrou no início do projeto ser motivo de resistência ao tema. No entanto, ao vivenciarem os desafios da administração pública como equacionar demandas múltiplas, escassez de recursos, bem como a importância da representatividade, as ações ajudaram na desconstrução de conhecimentos pautados apenas por senso comum e carregados de distanciamento frente às questões políticas, contribuindo assim, para a mudança de interesse diante dessas discussões.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE DOS CADERNOS DE SOCIOLOGIA DO SÃO PAULO FAZ ESCOLA

Vanessa Simões Ribeiro - Universidade Estadual Julio de Mesquita FilhoThiago Emanuel Folgueiral - Universidade Estadual Julio de Mesquita FilhoGustavo Meletti Ferreira - Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho

O presente trabalho trata-se de um estudo de como as políticas neoliberais no Estado de São Paulo implicam na despolitização da educação, atacando, por exemplo, a escola pública, com o preceito de implantar estratégias com um programa público educacio-nal, que através da política de centralização autoritária, impossibilita uma educação pública, democrática e de qualidade para a população. Esta política pública educacional se faz, em uma de suas medidas, na forma do material São Paulo Faz Escola, disponível de forma á centralizar o mesmo conteúdo e a mesma forma de abordagem em todo o estado, em resposta á má qualidade das escolas da rede estadual e aos índices de alunos evadidos ou analfabetos funcionais. O neoliberalismo defende que a educação é uma mercadoria e os alunos são os consumidores, mesmo que mascarado pela ideia da escola pública ser para todos nos preceitos da legislação educacional brasileira. Toda a educa-ção é gerada pelo governo por meio do sistema econômico em que os que têm maior poder aquisitivo colocam os filhos em escolas particulares, consideradas as com mel-hores índices educacionais. Tendo, então, um modelo econômico da educação que cria a disputa de escolas e a mercantilização da educação. Dentro desse modelo, baseado nessas políticas do Estado, um dos elementos implantados nas redes estaduais de ensino é na forma do material didático como forma centralizadora do currículo. Portanto o objetivo deste trabalho é discutir qual a função da escola no processo de ensino e apre-ndizagem na disciplina de Sociologia no Ensino Médio do Estado de São Paulo perante a utilização de um material didático voltado não somente para o rendimento escolar dos alunos, na forma de apropriação do conhecimento, mas principalmente para melhores resultados de índices e rendimentos e também em função de avaliações externas, como o SARESP. Á partir desses apontamentos será utilizado um levantamento bibliográfico

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de autores que abordam a temática de utilização desses materiais sob a perspectiva das políticas neoliberais, como também o levantamento documental da Proposta Cur-ricular do Estado de São Paulo na disciplina de Sociologia no Ensino Médio. Também será utilizado o próprio material São Paulo Faz Escola para análise da sua funcionali-dade e finalidade na sala de aula. Portanto, a finalidade deste trabalho tende também á discussão dos processos da educação, que se dão de uma forma centralizadora, pois as formalidades burocráticas do Estado que são impostas ás escolas estão cada vez mais deteriorando o ensino e as práticas escolares. Infelizmente com o ensino de massas, o Estado somente dá importância ao seu projeto de educação, e mesmo assim, tem cobrado massivamente todos os envolvidos na educação á cumprir com as ordens que lhe são impostas. A maior crise na escola é que por esta (des)importância do Estado, determina uma desqualificação geral no setor educacional, tanto em relação aos profes-sores, quanto á aprendizagem dos alunos.

UMA ANÁLISE DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

Camilla G. N. Borges - IFGJosé Faria Pereira - IFGJames Sérgio Nascimento - IFG

O presente trabalho tem como objetivo discutir a forma pela qual os livros didáticos do ensino básico de Sociologia têm tratado a temática dos movimentos sociais no Brasil. Uma análise pouco mais acurada, no entanto, indicou uma série de problemas nessa abordagem, que são objeto de reflexão neste artigo. Há demasiado enfoque dos movi-mentos sociais tradicionais que, e ainda que se considere sua importância histórica, acabam por ganhar espaço demasiado. Esta abordagem que não raro mostrou-se cansa-tiva, dos movimentos sociais tradicionais (como o M.S.T. o movimento operário do ABC, etc.), se deu em detrimento dos novos movimentos sociais surgidos nas últimas décadas, surgidos principalmente a partir do processo de redemocratização do país que, por outro lado, acabaram ganhando um espaço menor e secundário, dando a im-pressão de que são tão importantes quanto os primeiros. Assim, aqueles movimentos relacionados a terceira e quarta geração de direitos, segundo a teoria de Marshall, como o indigenista, o movimento feminista e os movimentos relativos a questões de gênero, entre outros, acabam não sendo discutidos nos livros didáticos ou, quando são tratados nesses livros, são abordados de forma superficial. Ainda, por se preocupar em demasi-ado com a abordagem histórica dos movimentos, acabam não conseguindo situar estes movimentos na atualidade, não conseguindo apontar e discutir desta forma a relevância destes movimentos para a construção da cidadania. Analisamos no presente artigo to-dos os seis livros didáticos de sociologia selecionados pelo PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) para o estado de Goiás e produziu-se um trabalho de natureza compara-tiva buscando-se apontar entre eles elementos comuns e falhas. Quanto às estratégias empregadas para realizar essa investigação destacamos a análise bibliográfica dos livros de sociologia do ensino básico, assim como o emprego do método comparativo que

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permitiu o estabelecimento de relações entre os textos e a abordagem da temática social nos livros didáticos. Esta análise dos textos mostrou que existe um gap entre os livros didáticos que foram indicados pelo PNLD e as transformações sociais ocorridas nos últimos anos que permitiram o nascimento de novos movimentos sociais no Brasil. Esta distância não contribui para a percepção e aprendizado do aluno, assim como não o faz perceber a importância da contribuição da sociologia para compreensão das trans-formações do mundo atual.

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GT9 – O ENSINO DE SOCIOLOGIA E A CATEGORIA TRABALHO

Coordenadora: Nise Jinkings - UFSCE-mail: [email protected]: Ana Carolina Caridá - Instituto Federal Catarinense Email: [email protected]

SEÇÃO ÚNICA – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

O ENSINO DE SOCIOLOGIA FACE AOS DESAFIOS HISTÓRICOS DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO: A PROBLEMÁTICA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E TRABALHO NA SOCIEDADE DE CLASSES

Valci Melo - UFAL

O Ensino Médio é, talvez, o nível de escolaridade no qual concentram-se, desde longa data, os mais gritantes problemas educacionais brasileiros, a saber: baixo desempenho estudantil, altas taxas de abandono e retenção, carência de professores devidamente ha-bilitados, indefinição acerca de sua finalidade, entre outros. A estes desafios históricos soma-se o fato de que é neste nível de ensino que a relação entre educação e trabalho se torna mais direta e conflituosa, seja porque parte considerável dos estudantes precisa desde já assumir a dupla condição de estudante e trabalhador, seja porque a equação escolaridade – mercado de trabalho - ascensão social começa a ser percebida pelos estudantes como uma “meia verdade” e/ou uma promessa cada vez mais distante. No interior deste cenário, por sua, vez, insere-se o ensino de Sociologia, ciência que pela segunda vez na história da educação brasileira ocupa o posto de componente curricular obrigatório da base comum nacional do Ensino Médio. Assim, no presente estudo, à luz do referencial teórico-metodológico do materialismo histórico-dialético, buscamos analisar a intrínseca relação entre os desafios históricos do ensino de nível médio no Brasil, as transformações ocorridas, especialmente, no mundo do trabalho e o ensino de Sociologia em sua intermitência e finalidades. Para tal, ao longo do trabalho, demon-straremos que este nível de ensino se constitui em um contínuo de dualidade, mas que tal característica não lhe é próprio, e sim, reflete os problemas estruturais da sociedade na qual está inserido que põem de um lado aqueles cuja escolarização deve contri-buir para formar a elite dirigente, e de outro lado, aqueles que a escola deve preparar rapidamente para a ocupação profissional e a reprodução material e social da ordem vigente – mesmo quando legalmente tal processo se dá sob a falácia legal de um Ensino Médio universal e de caráter formativo. Por fim, evidenciaremos que o ensino de So-ciologia, enquanto componente curricular atrelado a esta estrutura dual e conflituosa, expressará tais contradições e sofrerá as consequências das indefinições deste nível de

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ensino, seja na reconhecidíssima intermitência, seja nas problemáticas expectativas e finalidades a ele atribuídas.

UMA REFLEXÃO ACERCA DA CATEGORIA TRABALHO A PARTIR DOS DOCUMENTOS QUE NORTEIAM O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Rosangela da Silva - UNIOESTEBruno Vidotti – UNIOESTE

Propomos analisar qual é o sentido atribuído à categoria trabalho nos documentos que norteiam o ensino de sociologia no ensino médio. As Diretrizes, Parâmetros e Orienta-ções Curriculares Nacionais, bem como as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, elaboradas pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, compõem o conjunto dos documentos a serem analisados. A justificativa para a inclusão deste último documento reside no fato de que, a partir dele, é possível pontuarmos algumas especificidades do lugar de onde falam os autores deste trabalho. Partimos do entendimento de que a cat-egoria trabalho, como afirma a teoria marxista, tornou o ser humano consciente de si e do mundo, ou seja, fundou o ser social, a partir de sua relação dialética com a natureza, que proporciona a satisfação das diversas necessidades humanas. Assim, partindo desta perspectiva teórica, é importante que, para além do mapeamento da referida catego-ria é fundamental entender como ela aparece. Neste sentido, é preciso reconstruir o contexto histórico em que tais documentos foram elaborados, pois diz muito da perspectiva teórica subjacente. Por um lado, tanto as Diretrizes quanto os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados no governo do Fernando Henrique Cardoso, portanto, refletem a preocupação do mesmo em dar respostas aos processos em curso, como a globalização, o desmonte do Estado, juntamente com o processo de reestrutu-ração produtiva, ambos no intuito de sanar a crise cíclica do capital, que havia iniciado na década de 1970. No âmbito educacional, presenciamos a construção de um currí-culo baseado não mais em disciplinas, mas em áreas de conhecimento, que aciona como pilares elementos como: a noção de competências e habilidades, interdisciplinaridade, contextualização, hibridismo, trazendo para dentro da escola uma preocupação imedi-atista com a inserção do indivíduo no mundo produtivo. Por outro, as Orientações Cur-riculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Estaduais - do Estado do Paraná, foram elaboradas em outro momento político. Assumem o poder - no nível federal e estadual - governos que propõem uma nova concepção de currículo, construído principalmente a partir do acionamento de categorias inerentes ao pensamento de Gramsci da Escola Unitária e do trabalho como princípio educativo, e do pensamento de Saviani, através da teoria histórico-crítica, nas quais a categoria trabalho reaparece com um conteúdo que se aproxima da perspectiva marxista do trabalho como constituidor do ser social.

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OS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE SOCIOLOGIA EM FORTALEZA (CE)

José Anchieta de Souza Filho - UERNGeovânia da Silva Toscano - UFPB/UERN

Analisa-se o ensino de Sociologia na cidade de Fortaleza/CE a partir da prática do professor no tocante aos desafios enfrentados por este em sua ação docente. A ori-gem deste estudo advém de uma pesquisa de natureza qualitativa e quantitativa de base amostral com 55 professores que atuavam na disciplina no ano letivo de 2012. Como procedimento para obter as informações foi enviado um questionário por e-mail para a direção de 55 escolas de ensino médio para que o diretor entregasse a um profes-sor de sociologia. O questionário respondido pelos professores apresenta os seguintes elementos constitutivos: a) a formação do professor; b) a condição de trabalho; c) a implementação da sociologia na escola d) o ensino de sociologia no cotidiano; e) prob-lemas enfrentados pelos docentes; f) como os professores avaliam a compreensão da Sociologia pelos alunos; g) as reclamações dos alunos em relação à disciplina Sociolo-gia. Como referencial teórico dialogou-se com: Moraes (2004), Sarandy (2004), Gui-marães (2014), Fiorelli Silva (2014), Santos (2014), Jinkings (2014), dentre outros. No tocante a prática do professor obteve-se os seguintes resultados: os professores tem despertado nos alunos o interesse pela reflexão sobre os problemas da vida em socie-dade no sentido de fazê-los compreender criticamente a dinâmica social; as condições pedagógicas referentes à gestão de sala de aula (indisciplina dos alunos), o pouco tempo (carga horária) destinado à aula de Sociologia, assim como as metodologias de ensino pouco atraentes constituem nas dificuldades para a realização da prática do professor; a disciplina Sociologia é reclamada pelos alunos em função de inadequações didático-metodológicas exercidas na prática realizada pelo professor, visto que os caminhos en-contrados por este para a realização do processo de ensino não tem permitido a ne-cessária participação dos alunos na disciplina, o que revela o pouco envolvimento destes no desenvolvimento das aulas. Considera-se que observar a prática do professor no ensino de sociologia permite identificar as situações-problema que desafiam o exercício profissional docente. A perspectiva da formação continuada em serviço e a reflexão so-bre a própria prática realizada pelo professor podem ser indicativas de novos caminhos para a ação docente no enfrentamento dos desafios que se apresentam efetivamente na sala de aula, o que permite resignificar o ensino de Sociologia na educação básica.

ENSINO DE SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO POPULAR: UMA DISCUSSÃO PARA UM NOVO PROJETO DE EDUCAÇÃO

Kelem Ghellere Rosso - IFPR

Com a inserção da Sociologia como disciplina obrigatória no ensino médio, os seus professores passam a ocupar espaço cada vez maior no interior das escolas básicas, principalmente da rede pública. Com isso, a discussão sobre o caráter atual da educação

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no país ganha um reforço nas preocupações desses profissionais: além de ser objeto de estudo, próprio do ramo da Sociologia da Educação, a escola conforma-se progres-sivamente como o principal espaço de atuação do profissional das Ciências Sociais, portanto, de sua intervenção direta. Assim, o papel do professor de Sociologia e o lugar dessa disciplina no projeto de educação vigente ganha centralidade. Partimos do pres-suposto defendido por Florestan Fernandes, da inseparável relação entre o trabalho do professor e sua atuação como cidadão, portanto, da impossibilidade de o profissional da educação desprezar a articulação entre a sua atuação dentro e fora da sala de aula. Com essa preocupação, este trabalho busca apontar os elementos determinantes do caráter do projeto de educação em vigência no país, entendendo-o em sua articulação com a forma de organização do trabalho própria do sistema capitalista, ou seja, com a reprodução do trabalho alienado. Bem como, refletir sobre a necessidade de elaboração de um projeto alternativo de educação, seus elementos centrais e o papel do professor de Sociologia nesse processo. Por se tratar de uma pesquisa em estágio inicial se limita a apontar caminhos para a reflexão pretendida. Dentre esses caminhos, faz-se necessário recorrer aos elementos centrais presentes na perspectiva da pedagogia histórico-críti-ca, da concepção de Sociologia crítica e militante inaugurada por Florestan Fernandes, da concepção do trabalho como princípio educativo, advindas das contribuições de Antônio Gramsci, e das reflexões de István Mészáros sobre a educação para além do capital. De onde apontamos como proposta sintética a concepção de um projeto de educação popular, definido a partir do seu papel na transformação social.

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS (IFG): A CATEGORIA TRABALHO NA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA DURKHEIMIANA E MARXIANA

Marcelo Augusto de Lacerda Borges - UFU/IFG

Partindo das considerações oficiais e iniciais da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação é uma re-alização social processual e abrangente, que envolve multidimensionalmente a família, o trabalho, as instituições de ensino e pesquisa, os movimentos sociais, as organizações da sociedade civil e as manifestações culturais. Ainda, no que diz respeito às diretrizes da educação básica, no Título V, Capítulo II, o exercício da cidadania e a progressão nos estudos e no mundo do trabalho são também finalidades indispensáveis à formação dos educandos.Mais particularmente, quanto às finalidades do ensino médio, presentes no Artigo 35 da lei supracitada, a preparação básica para o trabalho na sua dimensão flexív-el, a compreensão teórico-prática dos processos produtivos e o desenvolvimento de um pensamento ético, crítico e autônomo aparecem como proposições estruturantes do processo formativo dos alunos. É nessa medida que o ensino da Sociologia se destacará no conjunto de tais requisições, no âmbito do Instituto Federal de Goiás (IFG). Por tais diretivas, a partir do ano de 2012, orientados pela Pró-Reitoria de Ensino, os docentes da disciplina de Sociologia formularam uma espécie de ementário comum que pudesse conduzir as temáticas da disciplina nos 14 campi da instituição, com o objetivo de ho-

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mogeneizar e dirigir os componentes curriculares no sentido de atender às demandas criadas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e por suas diretrizes de obje-tivos e competências, aqui especialmente àquelas vinculadas à categoria conceitual do “trabalho” como atividade exclusivamente humana.A proposta fundamental do trab-alho aqui desenvolvido é expor os delineamentos teórico-metodológicos do “trabalho” como categoria-chave do pensamento sociológico clássico encetando para as suas rela-ções com a dinâmica da vida social na modernidade ocidental, a partir de uma leitura crítica e de enfrentamento das obras de Émile Durkheim (1858-1917) e Karl Marx (1818-1883). De modo genérico, o trabalho contempla a temporalidade histórica en-tre os autores – a implantação de um novo modo de produção, o capitalista – que foi cotejada por posições epistemológicas distintas e, por extensão, com propostas teóricas e práticas também em distinção. Introdutoriamente, em Durkheim, notar-se-á, por exemplo, que a educação ocuparia uma função social de integração das coletividades humanas diante da dissolução promovida pela profunda especialização funcional ditada pela divisão do trabalho social. Por outro lado, em Marx, a educação forneceria uma dupla sistemática: servir aos interesses reprodutivos da lógica capitalista (como inte-grante da vida superestrutural) ou fomentar criticamente os processos de emancipação e ruptura com a mesma lógica reprodutora do capital, apoiada numa práxis revolu-cionária. Por fim, o estofo teórico desse debate clássico pode fornecer aos educandos uma compreensão mais abrangente e crítica do mundo do trabalho.

O DESAFIO DO ENSINO DA CATEGORIA TRABALHO NO CONTEXTO DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, TÉCNICA E TECNOLÓGICA

Inaê Soares de Vasconcellos - UFU

A sociologia na educação básica tem como atribuição abordar categorias analíticas básicas para o entendimento das sociedades, consideradas conceitos estruturantes da disciplina. Numa escola participante da Rede Federal de Institutos de Educação Profis-sional, Técnica e Tecnológica, no entanto, apresenta-se um problema notável: como lidar com a categoria trabalho no ensino de sociologia para pessoas que estudam o currículo básico comum e ao mesmo tempo aprendem direcionamentos para o mundo do trabalho? Mundo este que eles próprios e muitos professores, das áreas técnicas e tecnológicas e outras, tratam como “mercado de trabalho”; um termo necessariamente discutível e já internalizado pela comunidade escolar. Considerando que o elemento econômico é um dos determinantes do social, estudar a categoria analítica trabalho em sociologia é fundamental. O teórico clássico que aborda mais aprofundadamente as questões econômicas e o trabalho, por consequência intrínseca do estudo dos modos de produção, é Karl Marx. Já Émile Durkheim traz a contribuição acerca da importância do trabalho para a coesão social nas sociedades de solidariedade orgânica, nas quais é justamente a especialização profissional dos indivíduos – a alta divisão do trabalho so-cial - que os torna interdependentes; ou seja, o trabalho é um elemento fundamental para a coesão e para a organização moral dos indivíduos. Ainda em Émile Durkheim,

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este autor afirma que a educação tem a função de preparar e direcionar indivíduos na divisão social do trabalho para as atividades nas quais tiverem maior destaque enquanto no processo socializante da escola. Já Max Weber, no método compreensivo aplicado ao capitalismo, à modernidade e aos sentidos subjetivamente atribuídos e compartilhados que os sustentam, explica que o valor atribuído ao trabalho mudou de negativo, no contexto do feudalismo, para positivo e “enobrecedor”, no ambiente cultural e ético do capitalismo. Para este autor, esta mudança é explicada pelo fator de racionalização do mundo e da própria fé religiosa - a ética protestante calvinista como seu objeto de análise neste campo -, que então se provará pela prática cotidiana de vida modesta e in-tensa dedicação ao trabalho como condições primordiais àqueles que buscam a salvação. A fé não mais se prova por atividades de contemplação e adoração, práticas próprias do catolicismo medieval. Como lidar com esta categoria quando se trata de uma escola em que os estudantes se encontram em processo de formação não apenas intelectual, física e científica, mas também profissional e técnica? Considerando-se a discussão de Der-meval Saviani, pode-se dizer que este é o sentido da educação politécnica proposta por Marx, em suas Instruções aos Delegados do Conselho Central Provisório da Associação Internacional dos Trabalhadores, de 1868, quando demonstrava seu entendimento do trabalho como também um princípio educativo. Serviria não apenas para produzir os bens necessários à sociedade, mas também formar a classe trabalhadora num nível aci-ma da burguesia, entendendo o processo produtivo como um todo e, por conseguinte, a produção das riquezas, do lucro e das desigualdades. Qual são as concepções sobre trabalho e educação mais adequadas, entre os autores clássicos e os contemporâneos em diálogo com aqueles, para compreender-se realidade de educação profissional, técnica e tecnológica praticada no Instituto Federal do Triângulo Mineiro? Considerando a re-alidade de oito campus do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, o perfil de inserção socioeconômica dos estudantes - segundo levantamentos realizados por profissionais do Serviço Social dos campi - e os conteúdos comuns aos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Ensino Técnico Integrado ao Médio, o presente artigo discute o papel do professor de sociologia no contexto formativo da rede.

O ENSINO DA SOCIOLOGIA COMO ELEMENTO INDUTOR PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZADO DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO PROFISSIONALIZANTE NO CAMPUS VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE

Paulo Henrique Miranda da Silveira - IFPE

Nos últimos anos, o campus Vitória de Santo Antão- PE vem se destacando entre os demais campi do IFPE pelo envolvimento dos seus docentes e técnicos administrativos em ações de pesquisa e extensão, do mesmo modo que essas ações vêm estabelecendo parcerias com instituições de fomento à pesquisa (CNPq, FACEPE) de âmbito nacional e internacional. Todavia, observa-se que dentre os estudantes do ensino médio profis-sionalizante, não há o mesmo vigor acerca da participação destes nos eixos temáticos voltados para a formação profissional. Portanto, do ponto de vista sociológico, faz-se

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necessário compreender quais as causas que contribuem para o distanciamento desses estudantes numa instituição que desenvolve o ensino, pesquisa e extensão? Nesse sen-tido, o presente artigo busca estimular o referido debate, ao incentivar a prática de ensino em sociologia como elemento indutor para mitigar a desarticulação entre os eixos de atuação no campus Vitória e a participação estudantil nesse processo. Para tanto, com o apoio e a participação dos monitores do componente curricular em so-ciologia, buscamos desenvolver/ampliar a participação estudantil, ao envolvermos os estudantes do ensino médio em ações que fomentariam a realização de seminários, tra-balhos colegiais, fóruns e encontros acerca dos principais debates que (re) constituem o campo de reflexão das ciências sociais. De modo que, ao ampliaríamos o interesse e a curiosidade dos estudantes em compreender as atividades vivenciadas no campo do ensino e da pesquisa, possibilitaríamos aos estudantes articularem suas experiências educacionais com os diversos itinerários de conhecimento que são desenvolvidos no campus Vitória. Nesse sentido, o ensino da sociologia no nível médio integrado a edu-cação profissional tem como um dos seus grandes desafios contribuir para a formação cidadã dos estudantes, ao abordar aspectos: civis, políticos e sociais de nossa sociedade. Pois, ao abordar os principais processos sociais1 que norteiam a vida contemporânea, a prática do ensino da sociologia perpassa a interdependência entre a relação indivíduo/sociedade no âmbito geral dessa ciência e, o seu estudo aprofunda as principais trans-formações no campo educacional e no mundo do trabalho2 a partir das condições sócio históricas levantadas pelas diversas correntes do pensamento social (Funcionalismo, Interacionismo, Estruturalismo e Pós-Estruturalismo).

CIÊNCIAS SOCIAIS NO PARFOR/UFPA: UMA ANÁLSE DO ENSINO DA SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR

Eleanor G da. S Palhano - UFPASheyla, R. O. Moraes - UFPASylvia de N. F. Castro - UFPAAna Patricia de Freitas Correa - UFPA

Pretendemos analisar a implementação do ensino de Ciências Sociais por meio do curso de Sociologia no ensino superior, com base no Plano de Ações Articuladas Formação de Professores da Educação Básica-PARFOR da Universidade Federal do Pará, iniciado em 2012, observando os currículos e disciplinas acadêmicas, que influenciam para a con-strução das identidades sociais e coletivas. Defendemos que há relevância desse curso de graduação na formação e aperfeiçoamento de professores da educação básica no Estado do Pará, capazes de exercer uma sociologia da educação crítica, responsável e combativa na construção do aluno-cidadão. Considerando a multidimensionalidade da educação e do fazer sociológico que o PARFOR/UFPA no curso de sociologia se baseia no método dialógico e incentiva a participação do aluno-professor na tessitura do con-hecimento teóricos e metodológicos como: leituras de textos sociológicos, pesquisas empíricas e teóricas para a formação do professor-educador de sociologia.

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IMPRESSÕES SOBRE O TRABALHO DOCENTE ENTRE PROFESSORES NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE GOIÁS: PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO EM GOIÂNIA

Marco Aurélio Pedrosa de Melo - UEG/SEDUCE

Discussões sobre as atividades dos professores de Sociologia no Ensino Médio em Goiás. O perfil e a precarização do trabalho docente, sua visão da atividade educacional, organização do trabalho e escola como instituição social. Referencial teórico baseado na Sociologia do Trabalho e Sociologia da Educação com discussão da precarização do trabalho, escola como instituição social e capital social. Entre os autores para discussão temos Ricardo Antunes, Roberto Helionai, Christophe Dejours, Anita Handfas, Ivan Illich, Celestino Alves da Silva Junior, Bárbara Freitag e Wagner Gonçalves Rossi.

O CIENTISTA SOCIAL HOJE: DESAFIOS PARA PERMANECER EM SALA DE AULA. ESTUDO DE CASO EM GOIÂNIA/GO

Laísse Silva Lemos Sobral - UFGLucinéia Scremin Martins - UFG

Partindo da lei (11.684/2008) que obriga o ensino de sociologia nas três séries do en-sino médio, logo sua reinserção em todas as instituições educacionais é garantida pela existência de medidas legais, buscamos conhecer as condições de trabalho e o perfil do sociólogo que ingressou na rede estadual de ensino em Goiânia entre 2009 e 2010, e principalmente as renúncias/saídas desses licenciados em ciências sociais da sala de aula. Dessa forma os objetivos percorrem uma minuciosa análise das condições em que ocorre o trabalho dos docentes (com licenciatura em ciências sociais e/ou sociologia), que ministram aulas de Sociologia, mapeando as causas para a saída desse profissional em um curto espaço de tempo da sala de aula. Para alcançar os objetivos a abordagem usada na pesquisa foi o método de investigação qualitativo, com entrevistas face-a-face, que foram gravadas com o consentimento do entrevistado. A base teórica pilar é o materialismo histórico dialético de Karl Marx, e de estudiosos contemporâneos que abordam a questão do mundo do trabalho, como Ricardo Antunes, David Harvey, Cris-tophe Dejours, entre outros.Com a obrigação do ensino de Sociologia, alguns licen-ciados viram na educação uma possibilidade de exercer sua profissão no magistério, porém, apesar de sua entrada ser via concurso, o que lhes garantiriam estabilidade, um salário, plano de carreira, entre outros benefícios, a permanência desses docentes em sala de aula não se consolidou, ao contrário, em um curto espaço de tempo houve um grande número de pedidos de exoneração ou adaptação para outros cargos e setores da administração pública do Estado de Goiás, o que era indicativo de que esse ambiente educacional deveria se estudo mais detalhadamente. Os primeiros resultados apon-tam que as novas configurações no mundo social, e principalmente a vertente política econômica via ditames do neoliberalismo veem ordenado para a estrutura educacional, um sistema de intensificação e precarização do trabalho docente, onde a mesma máxi-

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ma de gestão empresarial é direcionada para a escola: eficácia e eficiência contornadas pelo imperativo da meritocracia. Não obstante, doenças físicas e psíquicas, violência, ausência ou precárias condições de infraestrutura, falta de reconhecimento são fatores que pressionam a saída desses profissionais de sala de aula. Consideramos que diante da eminente reforma do ensino médio, é necessário conhecer o professor, o ambiente de trabalho disponibilizado, e construir uma política educacional que realmente prime pela qualidade do ensino e daquele que ensina. É necessário aproximar as atuais teorias que envolvem o cenário da Educação, com a práxis docente,desmitificando o discurso neoliberal.

O ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA “ESCOLA-COMUNA” SOVIÉTICA

Maycon Bezerra de Almeida - IFFluminense

O presente trabalho propõe a reflexão e a discussão a respeito da abordagem do en-sino das ciências sociais na Escola-Comuna do NarKomPros (Comissariado Nacional da Educação), na Rússia soviética, entre 1918 e 1923. Trata-se de uma instituição escolar “demonstrativo-experimental” criada e dirigida pelos maiores expoentes da geração pioneira de pedagogos soviéticos, com o objetivo de desenvolver teórica e pratica-mente uma pedagogia propriamente socialista a ser implementada, posteriormente, no sistema educacional do país como um todo. A experiência desses primeiros anos foi documentada no livro “A Escola-Comuna do NarKomPros”, editado em 1924 sob a organização de Moisey M. Pistrak, e que serve de base à nossa investigação. Nosso ob-jetivo é tomar a experiência da Escola-Comuna do NarKomPros como uma base para refletir sobre o lugar e o papel do ensino das ciências sociais no âmbito de uma pedago-gia socialista em construção, fundada no trabalho como princípio educativo. Sob uma abordagem teórico-metodológica materialista e dialética, tal como desenvolvida por Marx, apresentamos a experiência em questão como expressão da presença decisiva das ciências sociais no processo educativo, como concebido e efetivado pelos pedagogos so-viéticos, nos primeiros anos da construção revolucionária socialista. Essa presença das ciências sociais que, do ponto de vista especificamente curricular, alcançou um patamar inconcebível nos sistemas educacionais do mundo capitalista de então, era – de certa forma – o desdobramento de sua presença no planejamento educacional, na reflexão pedagógica geral e, mesmo, na atividade política e planificadora do Estado soviético, enquanto tal. Nos marcos de uma pedagogia orientada a formar, na prática e através da prática, que é trabalho, os lutadores e construtores da sociedade socialista, o ensino das ciências sociais é tomado como momento imprescindível. Capazes de compreender a dinâmica societária do processo revolucionário e julgar com independência suas re-sponsabilidades em relação a ele, os sujeitos a formar por essa pedagogia socialista têm nas ciências sociais um elemento decisivo na constituição de sua estrutura cognitiva e valorativa. Do ponto de vista dos professores e professoras de Sociologia na educação básica, aqui e agora, comprometidos com a superação das iniquidades e irracionalidades do sistema econômico e social vigente, pensamos que a experiência da Escola-Comuna soviética pode contribuir para o enriquecimento de nossa reflexão coletiva.

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JUVENTUDE TRABALHADORA: UMA CATEGORIA MEDIADORA PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA

Luiz Paulo Jesus de Oliveira - CAHL/UFRB O objetivo dessa comunicação é problematizar a partir do achados empíricos da pes-quisa de doutoramento a respeito das transformações e especificidades dos processos de transição e inserção da força de trabalho juvenil no mercado de trabalho brasileiro nos anos 2000, resultante de um estudo de caso das trajetórias sócio-ocupacionais, das experiências de trabalho e expectativas futuras de jovens trabalhadores da Região Met-ropolitana de Salvador, a centralidade da categoria juventude trabalhadora enquanto dimensão teórico-empírica mediadora do ensino de sociologia, num contexto de ex-pansão e massificação escolar nas últimas duas décadas. Face ao processo de valoriza-ção e consolidação da Sociologia no ensino médio, em parte impulsionado pela usa obrigatoriedade nas escolas públicas e privadas brasileiras, um conjunto de questões reflexivas ganha destaque para além dos seus aspectos constitutivos enquanto disciplina escolar (sua função na escola, a proposta curricular, a definição de parâmetros míninos de um currículo nacional, a formação docente nas licenciaturas etc.), que interferem diretamente no ensino de sociologia. Nesse sentido, destaca-se importância da com-preensão das especificidades da condição social dos sujeitos a quem se destina o ensino de Sociologia, principalmente nas escolas públicas brasileiras. Parte-se do pressuposto que a transição escola-trabalho entre os jovens brasileiros assume especificidades, sendo que a sua construção sócio-histórica é mediada fundamentalmente pelo trabalho, de tal forma, que não se constitui em nenhum truísmo, qualificar a juventude brasileira de juventude brasileira trabalhadora. Para os jovens pobres, filhos e filhas da classe trabal-hadora, das camadas populares, a juventude não pode ser caracterizada como moratória em relação ao trabalho, mas antes a condição juvenil só é vivida porque trabalham, para assegurar o mínimo de recursos para a sobrevivência familiar, o lazer, o estudo, o namoro etc. Logo, o mundo do trabalho se configura como uma mediação efetiva e simbólica de experimentação da condição juvenil brasileira. No Brasil, o ingresso precoce, sobreposição e vivência concomitante de estudo e trabalho sempre fizeram parte dos percursos juvenis. Sendo assim, para a imensa maioria dos jovens não se trata necessariamente de uma inserção no mercado de trabalho, mas de inúmeras reinser-ções em virtude da sua trajetória ocupacional precoce, as quais geralmente também se superpõem às descontínuas trajetórias escolares. A partir dos anos de 1990, houve mu-danças significativas no padrão brasileiro de transição escola-trabalho; provocadas pela expansão do sistema educacional e pela reestruturação produtiva que implicaram no adiamento da entrada no mercado de trabalho; o desemprego no início das trajetórias de vida, e consequentemente, a constituição de um mercado de trabalho altamente competitivo, onde as vagas (escassas) passaram a ser disputadas entre jovens e adul-tos. Contraditoriamente, no momento em que ocorre uma elevação da escolarização dos jovens e a escola passa a ganhar centralidade nas chances de inserção no mercado de trabalho, é justamente o momento em que as chances se tornam mais escassas e a busca do primeiro emprego se torna mais difícil, quando comparado com as gerações jovens de períodos anteriores, o que pode ser explicado pelo déficit estrutural de vagas

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acumulado no período recente e a deterioração da qualidade dos postos de trabalho existentes. O paradoxo imanente à inflexão do padrão desenvolvimentista de transição, é que a geração dos jovens trabalhadores dos anos 2000, egressos da expansão escolar dos anos de 1990, descobre assim que ingressam no mercado de trabalho, que o seu horizonte de “futuro” está marcado pela inserção precária e instável em um mercado de trabalho reestruturado. Neste sentido, considera-se que a compreensão das múlti-plas contradições e tensões que se encerram na condição da juventude trabalhadora brasileira se constitui como um pressuposto elementar para a própria realização da ação educativa na qual se inscreve o Ensino de Sociologia.

EDUCAÇÃO, TRABALHO E ECONOMIA SOLIDÁRIA: APONTAMENTOS PARA UMA DISCUSSÃO INICIAL

Gabriel Miranda Brito - UFRN

A história do capitalismo é a história da destruição das condições de trabalho. En-tretanto, a história do trabalho não é a história do capitalismo. No modo de produção capitalista, a educação assume a tarefa de capacitar os indivíduos para que estes con-sigam inserção no mercado de trabalho, uma vez que, nesta forma de sociabilidade, a totalidade do indivíduo é reduzida à sua força de trabalho. Mas a mesma educação que induz a competição e alienação, pode também induzir a cooperação e a liberdade.O propósito deste estudo é realizar uma pesquisa exploratória sobre os limites e possibi-lidades da educação para jovens e adultos como uma prática pedagógica comprometida com um projeto de transformação social que se proponha a abolição da exploração do homem pelo homem. Para a construção deste estudo foi realizado um resgate da literatura sobre a modalidade de educação para jovens e adultos; economia solidária; trabalho associado; e trabalho assalariado. O artigo inicia com uma reflexão sobre as categorias supracitadas, construindo um cenário propício para uma seção que discuteos desafios e possibilidades da introdução da economia solidária no currículo da educação para jovens e adultos. Em seguida, conclui-se o artigo apresentando as considerações parciais sobre a função da educação para, a partir de princípios de cooperação e solidar-iedade, apresentar uma alternativa ao trabalhador que se encontra à margem da socie-dade de mercado. Como mencionado anteriormente, este estudo não apresenta qual-quer similitude com outros textos que legitimam a ideia de meritocracia e traduzem a ideia de educação pautada na competição entre indivíduos.Espera-se que as discussões expostas neste estudo possam servir para fornecer um estímulo a todos aqueles que se comprometem com o ensino crítico da sociologia, e reconhecem a inviabilidade da continuidade do atual modelo de sociabilidade, marcado pela desigual distribuição de recursos e exploração do trabalhador.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DE AULA DE CAMPO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO INTERDISICPLINAR DE CIÊNCIAS NATURAISE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Maria Ivoneide Gomes de Oliveira Monteiro - SEEC/RNKarlla Christiane Araújo de Souza - UERNAdelita Alves de Souza - SEDIS/UFRN

No Brasil, estudos do REVIZEE demonstraram a inexistência de estoques de pesca-do capazes de gerar ou sustentar um aumento significativo na produção. Não bastasse isso, verifica-se a sobre-exploração dos recursos pesqueiros marinhos e a eliminação de ecossistemas aquáticos através da captura acidental. Nesse contexto, a aquicultura surge como fonte de alimento, como forma de garantir os estoques pesqueiros e como forma de crescimento do trabalho domiciliar, familiar e cooperativista. Aquicultura é o desenvolvimento de instalações e técnicas de criação de animais aquáticos em cativeiro (VALENTI, 2002). Contudo, como toda atividade produtiva, ela provoca alterações ambientais que suscitam a urgência de alternativas sustentáveis para reduzir o impacto sobre o meio ambiente a um mínimo indispensável, de modo que não hajaredução da biodiversidade, esgotamento ou comprometimento negativo de qualquer recurso nat-ural e alterações significativas na estrutura e funcionamento dos ecossistemas. Com o intuito de observar in loco uma iniciativa sustentável, e ao mesmo tempo, encontrar espaços ideais e alternativos para a motivação da consciência ambiental e auxiliador da construção do conhecimento, promoveu-se como ação do PIBID/CSOCIAIS/UERN/CAPES, uma aula de campo como estratégia de ensino interdisciplinar de ciências bi-ológicas e sociologia em propriedade da região litorânea de Icapuí/CE, que empreende cultivo, coleta e venda de algas, a espécie denominada(Gracilaria caudata), tanto da sua forma bruta, como da fabricação de seus derivados: cosméticos e alimentos. A im-portância desta atividade está na forma como os conteúdos são tratados. Esse contato direto com os elementos a ser explorados, desperta no estudante um maior interesse, bem como permite que a interação entre o grupo seja mais intensa, fazendo com que a condução da aula flua naturalmente. Para essa aula foi elaborado um roteiro com per-guntas sequenciais visando o estímulo do raciocínio lógico, coerência e compreensão dos fatos. Esta ação, que foi implementada em espaços não formais de aprendizagem, tornou possível coma união do conteúdo escolar e a vivência experimental, criar situa-ções de aprendizagens onde os estudantes foram autores e protagonistas do próprio conhecimento (MORAN, 2007). E ainda, ao conhecer de forma prática como se dá o cultivo de algas nessa localidade, pelas famílias agricultoras contribuindo para sustent-abilidade da região e manutenção do ecossistema marinho existente, foi possível desen-volver e passar da teoria a prática os conceitos de economia solidária (SINGER), sus-tentabilidade (BOFF, ABRAMOVAY, SHIVA e CANDIDO) e gênero/trabalho/poder (BRUSCHINI). E ainda, também permitir aos educandos de forma geral, compreender que as tecnologias e os métodos de produção sustentáveis, contribuem para o avanço da ciência e para a melhoria do bem estar da comunidade na qual estão inseridos, o semiárido brasileiro.

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O ENSINO DE SOCIOLOGIA NOS CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Cláucia Piccoli Faganello - UFRGS

Relacionar o ensino de sociologia nas graduações em Administração Pública, pensadas a partir do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Univer-sidades Federais (REUNI) e a categoria “trabalho” se justifica porque a Administração Pública brasileira não exige uma formação específica na área pública para ingresso no serviço público e, raramente, capacita o ingressante para o trabalho que irá desenvolver. Assim, o que vem ocorrendo é que os trabalhadores da esfera pública que buscam as Universidades para uma formação nos cursos do Campo de Públicas já vêm com conceitos fundamentais para o entendimento da coisa pública pré-concebidos, e, nessa problemática, a disciplina de sociologia, tem um papel fundamental na formação do estudante-trabalhador de Administração Pública, a qual precisa ser trabalhada, de modo a criar nesse futuro gestor público a capacidade de pensar a realidade da Administração Pública em consonância com a realidade brasileira. Uma boa formação sociológica nos cursos de graduação do Campo de Públicas possibilita a melhor realização da atividade laboral, assim como um direcionamento da execução da função no serviço público para a consolidação das relações entre Estado e sociedade. A Administração Pública, repre-sentada por seu corpo técnico, é a esfera para qual o cidadão recorre para ter acesso a bens e serviços públicos garantidos legalmente e, por isso, necessita de um corpo técnico capacitado para dar conta das demandas da sociedade, bem como, pensar pos-sibilidades para a resolução de problemas e para a formulação de políticas públicas que atendam aos anseios da população. Com isso, esse trabalho tem como objetivo analisar o conteúdo obrigatório da disciplina de sociologia nos cursos de graduação integrantes do Campo de Públicas no Estado do Rio Grande do Sul. Assim, pretende-se verificar como os projetos políticos-pedagógicos dos cursos de Administração: Gestão Pública da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS e de Administração Pública e Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, organizam o ensino de sociologia nas suas graduações. A pesquisa terá foco qualitativo e utilizará como método de procedimento a pesquisa bibliográfica e documental.

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GT10 – GÊNERO E SEXUALIDADE: O QUE O ENSINO DE SOCIOLOGIA/CIÊNCIAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA TEM A VER COM ISSO?

Coordenadora: Tânia Welter - UFSCE-mail: [email protected]: Adriana Regina de Jesus - UELEmail: [email protected]

SESSÃO A – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

O GÊNERO EM SALA: ANÁLISE DE ATIVIDADES FEITAS NAS AULAS DE SOCIOLOGIA EM GUARAPUAVA-PR E AS CONSTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO

Jorge Luiz Zaluski - UnicentroElenice de Puala - Unicentro

Recentemente a aprovação da Lei do Feminicídio no Brasil foi motivo de polêmica, entre os prós e contras, possibilita demonstrar que ainda existe muito a ser feito no que refere-se a violência especialmente contra a mulher. A Lei Maria da Penha trouxe algu-mas conquistas às mulheres, no entanto não conseguiu inibir a existência de tais atos, sejam elas físicas ou psicológicas estão em meio a sociedade. Compreendendo a violên-cia como um dos temas emergentes aos estudos da sociologia, esta comunicação tem como objetivo apresentar uma atividade realizada em dois colégios estaduais da cidade de Guarapuava da rede de ensino pública do Paraná. Com o interesse em demonstrar resultados obtidos com as atividades, tendo em vista que foram bastante significativas para o debate, pretende-se também apresentaresta atividade como uma das possibi-lidades de falar sobre gênero e violência, pois compreendemos que além destes esta-rem entre as propostas curriculares para o desenvolvimento da imaginação sociológica, tornam-se pertinentes ao serem utilizados como uma das formas de promover o debate contra a violência e discriminação de gênero. Ao fazer os alunos/as refletirem sobre uma imagem de uma mulher vestida no que se refere a um imaginário que supunha ser prostituta, levantaram-se as discussões sobre o gênero e o corpo. Em seguida, como a finalidade de refletir sobre casos de violência e o imaginário social, através de pesquisas, foram analisados algumas notícias sobre feminicídios que trazem em seus discursos a vítima como culpada. Diante de suporte teórico, entre eles os estudos de Joan Scott e as relações de gênero, Elizabeth Jelin e os casos de violência de gênero, foram levan-tados dados e algumas informações sobre índices de violência contra as mulheres da cidade de Guarapuava – PR no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2014, através da Secretária da Mulher e do site Mapas da Violência.Constatou-se que por ter o Estado

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do Paraná, principalmente a cidade de Guarapuava, com um dos maiores índices de violência contra a mulher. Assim, além de tratar de discussões pertinentes ao ensino, aproxima-se da realidade de muitos alunos/as, do qual a reflexão acerca de determi-nadas situações possam contribuir para a acabar ou diminuir com a violência. Diante disso, tendo como um dos resultados significativos, a percepção por parte da maioria dos alunos/as acabar com a violência e informar a sociedade sobre como proceder em casos de agressão dentre outros, foi organizado uma exposição chamada Caminhos da Violência, do qual alunos/as puderam participar com a demonstração de cartazes, falas, músicas, dentre outros materiais construídos em sala no que se refere a construção da violência contra a mulher. O nome dado à exposição tinha como objetivo fazer com que as pessoas percebessem como atitudes e ações cotidianas contribuiriam para a violên-cia, assim, o caminho traçado para a apresentação à comunidade tinha o propósito de mostrar como era feito mas junto a isso como impedir a existência de tais atos. Tendo percebido resultados positivos nas atividades propostas, torna-se relevante traze-la para discussão, com a finalidade de socializar os resultados, assim abrir para críticas com o objetivo de melhorar a prática de ensino.

GÊNERO E SEXUALIDADE NOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA: ENCONTROS E DESENCONTROS

Gabriela Garcia Sevilla - UFRGS

A sociologia como disciplina curricular obrigatória no ensino médio vem se consoli-dando de forma crescente desde a implementação da Lei nº 11.684, de 02 de junho de 2008 e tem enfrentado uma série de desafios, entre eles a escassez de materiais didático-pedagógicos para este nível de ensino que possam servir de apoio aos profes-sores/as nas salas de aula de todo o Brasil (como é notório, muitas vezes estes profis-sionais não são formados na disciplina). Neste sentido e no âmbito da política pública educacional, o programa nacional do livro didático (PNLD), que contempla sociologia desde 2012, tem contribuído para a institucionalização desta disciplina, juntamente com outros incentivos como o programa institucional de bolsas de iniciação à docência (PIBID), os eventos promovidos na área de ensino de sociologia, a criação de asso-ciações, entre outros. Na primeira edição do PNLD de sociologia apenas dois livros foram aprovados para a escolha por parte dos professores, porém, já na segunda edição (2015), podemos perceber uma melhoria com a inscrição de treze obras e a aprovação de seis. Este marco recente na história da sociologia no ensino médio merece reflexão, pois amplia as possibilidades de se trabalhar com a disciplina na escola ao mesmo tempo em que constitui referências de conteúdos e abordagens para projetos futuros. Com este intuito, a presente pesquisa visa analisar os livros didáticos de sociologia aprovados no PNLD de 2015 no que se refere às questões que envolvem gênero e sexualidade, partindo das preocupações de uma professora de sociologia no ensino médio que tam-bém é uma pesquisadora engajada nesta temática. Desta forma, emergem as seguintes questões: quantos abordam a temática? Como estes temas, conceitos e as perspectivas teóricas associadas a seu estudo são contemplados por estes livros? São abordados de

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forma específica em um capítulo ou de forma transversal? Ocupam espaço privilegiado na obra ou apenas um lugar complementar? São considerados aspectos centrais da vida em sociedade e, logo, do estudo da sociologia ou servem apenas como exemplos ou ilustrações de questões consideradas mais fundamentais? Entre outras perguntas. Tal análise tem por embasamento a perspectiva pós-estruturalista dos estudos de gênero e sexualidade no campo da educação e considera o livro didático um artefato cultural importante no âmbito escolar e que circula para além dele. A sociologia no ensino médio possui premissas e expectativas previstas nas orientações curriculares como o estranhamento e a desnaturalização da “realidade social”, que visam contribuir na for-mação do cidadão. Também sabemos que a legislação atual prevê o respeito aos direitos humanos e a diversidade no âmbito escolar. Tendo estas questões em vista, o objetivo deste trabalho é refletir sobre as possibilidades e a relevância da abordagem da temática de gênero e sexualidade nos livros didáticos de sociologia no ensino médio.

NECESSIDADE DE TRABALHAR GÊNERO E SEXUALIDADE NO CURRÍCULO DE SOCIOLOGIA

Izabelle de Paula Braga Mendonça - UERNLilian Rodrigues da Silva - UERNThacymara Gomes Filgueira - UERN

O presente artigo tem como objetivo apresentar reflexões acerca do planejamento didático utilizado para abordar o tema gênero e sexualidade na educação básica. Para tanto, procuramos refletir sobre a diversidade dos tabus e multiplicidades dos gêneros, uma vez que é de fundamental importância para a formação da juventude, visto que a orientação sexual é inerente à vida e a saúde. Nesse momento, a sociedade vive intensas transformações de crescimentos e incertezas, então, nossa intenção é trabalhar essas questões de forma clara e concisa para orientar, conscientizar e amadurecer os pensa-mentos dos jovens alunos de Sociologia do Ensino Médio. O interesse em trabalhar essa temática surgiu através de discussões semanais do PIBID Ciências sócias – UERN, Mossoró-RN, sobre os currículos de sociologia dos estados brasileiros. Nosso intuito a principio era de propor um currículo para o Estado do Rio Grande do Norte, o que gerou pesquisas realizadas nas escolas da rede estadual de ensino com o intuito de conhecermos a real necessidade e fragilidade dos alunos com relação a abordagem da temática em questão. Os resultados da pesquisa apontaram para a necessidade do tema da sexualidade como uma questão a ser tratada nas aulas de sociologia. Pretendemos que a sociologia em relação à orientação sexual cumpra a finalidade de construir um conhecimento crítico como auxílio para compreender os desafios que se apresentam às novas gerações, possibilitando uma sociedade includente, justa e solidária. A partir dos resultados da pesquisa visamos a construção de um Currículo que poderá servir de exemplo e como meio de nortear os professores e futuros professores, alcançando assim planos de aulas que abordem o assunto de uma forma natural. Pretendemos com a inserção do trabalho em sala de aula sobre gênero e sexualidade “forçar” a quebra de tabus em adolescentes dentro e fora do contexto escolar. Uma vez que a impossibili-

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dade de tratar o tema de uma forma clara dificulta a aprendizagem dos alunos. É sabido que esse assunto também é motivo de tabu para os professores, pois não veem uma maneira de interagir e tratar com naturalidade. Então nossa proposta de currículo vem para quebrar os anseios e facilitar a transmissão e recepção para ambos, o que gerará indivíduos críticos e bem informados.

GÊNERO, FEMINISMOS E CIDADANIA NOS CADERNOS DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Paula Leonardi - Fundação Carlos ChagasSandra Unbenhaum - Fundação Carlos ChagasMaria José Rosado Nunes - PUC/SP

O foco central desta pesquisa é a relação entre ciência e ensino e tem por objetivo analisar a difusão da crítica feminista às desigualdades de gênero no Ensino Médio, no-tadamente no que se refere à disciplina Sociologia, interrogando, também, se e de que maneira as questões religiosas perpassam esta difusão. Desde 2008, por meio da Lei n. 11.684 de 02 de junho, a Sociologia foi reincorporada como disciplina obrigatória ao currículo das escolas brasileiras. No estado de São Paulo, a partir da proposta curricular de 2007 (SEE, Rede do Saber), foram elaborados e distribuídos (em 2008) os Cadernos do Professor cujo conteúdo abrange sequências didáticas e sugestões de trabalho para serem utilizadas e ampliadas pelo docente em sala de aula. O Caderno do Professor – Sociologia - foi elaborado em 2009 quando se introduziu a disciplina em todas as séries do Ensino Médio. O objetivo desta pesquisa é acompanhar, por meio dos Cadernos, de que modo a crítica feminista vem sendo incorporada neste material e difundida aos professores e aos jovens ao longo do Ensino Médio, na 1ª, 2ª e 3ª séries. As questões que norteiam esta investigação podem ser assim elencadas: quais os sentidos dados para gênero, feminismo, sexualidade e outras diferenças nos Cadernos do Professor elaborados pela Secretaria da Educação do governo do Estado de São Paulo? Há articu-lação com a religião? De que modo essas questões aparecem no material selecionado vinculadas a consciência crítica e a cidadania, como problemáticas do contexto contem-porâneo? É então atrás das visões apropriadas pela sociologia, e por outras disciplinas da educação básica, que buscaremos que tipo de saber tem sido transmitido sobre as mulheres, sobre as relações de gênero, sobre os feminismos, aos professores e jovens brasileiros, nesses primeiros quatros anos (2009-2012) de reinserção oficial da sociolo-gia no ensino médio: Em que medida as perspectivas são críticas ou reducionistas; em que medida há a incorporação de autoras clássicas do feminismo e de autoras brasilei-ras da teoria feminista; e até que ponto se considera a relação entre gênero e religião, feminismos e religião com todas as nuanças que tem essas relações. Para a leitura do material e coleta de dados, algumas temáticas foram elencadas: referência a gênero (pa-lavra ou conceito); relações de poder/desigualdade de gênero e sexo; invisibilidade/silenciamento das questões de gênero; referência à diversidade; referência à religião; referência à família. A partir da leitura, foram elaboradas tabelas para cada uma das séri-es a fim de quantificar as ocorrências. Por fim, analisou-se o conteúdo dos Cadernos no

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que tange as questões aqui propostas. Observou-se a presença da temática de “gênero” em alguns volumes. Entretanto, ao longo das séries perde-se de vista o conceito e sua abrangência e perspectivas que retornam a uma ideia tradicional e conservadora sobre os papéis sociais de homens e mulheres sobressaem.

DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA: HOMOFOBIA, PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS E AÇÕES EDUCATIVAS

Vinícius Pascoal Eufrazio – UERNSamantha Suene de Abreu Leite – UERNViviane Siarline Lucena – UERNFrancisca Erika Leal Linhares– UERN

O ambiente escolar é um local de formação de indivíduos, que atualmente é caracter-izado por sua diversidade, tornando-se um espaço propício às divergências e ao desres-peito às pessoas tidas como diferentes. Compreendemos que as ações acerca da homo-fobia são de grande relevância, uma vez que o espaço escolar é um ambiente tanto de diversidade cultural, quanto de gênero, o que torna este assunto um desafio maior para a tríade educacional: docentes, discentes e gestores. O interesse de pesquisar a respeito deste assunto partiu das experiências enquanto bolsistas de Iniciação à Docência do PIBID Ciências Sociais UERN, aliado a certa inquietação: como entender a forma que as escolas vêm desenvolvendo ações educativas acerca do tema homofobia? Com a falta de um projeto de convívio escolar mais amplo, as escolas vivem na chamada “lei do silêncio”. Se o abandono é a solução encontrada por alguns alunos, a expulsão é a outra face do problema das escolas que não conseguem lidar de maneira efetiva com a homo-fobia. Na medida em que os gestores, pais, alunos e professores não abordam o tema ou negam-se a falar, estão cada vez mais reforçando práticas discriminatórias e homofóbi-cas. Os objetivos dessa pesquisa foram mapear as dificuldades e as possibilidades de uma ação educativa que contemple a diversidade sexual e trate de problemas relativos a questões vinculadas à sexualidade e à homofobia e perceber as dificuldades sofridas pelos professores, a ação dos gestores e o preconceito existente entre os alunos. Para a construção do presente trabalho, utilizamos uma pesquisa bibliográfica acerca dos parâmetros legais, tais como, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996); Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), Brasil Sem Homofobia: Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e Promoção da Cidadania Homossexual (BRASIL, 2004) como documentos que es-tabelecem paradigmas de comportamento sexual e afetivo na escola. A realização do trabalho de campo ocorreu nas Escolas Estaduais Moreira Dias e Governador Dix-Sept Rosado na cidade Mossoró-RN, onde foram realizadas observações e aplicação de ques-tionário com perguntas fechadas aos gestores, professores e alunos. Assim, percebemos o que acontece quando a própria escola não sabe, ou não quer lidar com este precon-ceito, qual o contato do professor com estudos sobre educação sexual e homofobia e como os alunos assumem práticas que disseminam o preconceito em sua convivência escolar, contrariando a expectativa da escola como local de uma aprendizagem que

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promova a cidadania para todos e o respeito às regras que permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes.

EXPERIÊNCIAS DO FAZER DOCENTE: ESCOLHAS E DECISÕES ENTRE TRABALHAR COM GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO MÉDIO

Josyanne Gomes Alencar - URCA Antonio Leonardo Figueiredo Calou - URCA

No que concerne aos debates sobre gênero e sexualidade, até os anos 60 acreditava-se que dentro das ciências sociais a antropologia estaria mais ligada a debater questões sobre a sexualidade, uma espécie de senso comum acadêmico disseminava tal ideia. Talvez, isso se deva ao método do relativismo cultural, enfim. Nessa perspectiva este trabalho tem por objetivo geral elencar as dificuldades e desafios que o educador de sociologia se depara no momento em que deve planejar e executar o roteiro de aula a ser trabalhado, surge então uma hesitação ou algo em torno de se questionar a respeito de questões de gênero e sexualidade na escola: abordar ou resignar? Em que medida o profissional de ciências sociais detém essa decisão, no sentido de dar voz ou calar tais aspectos que dizem respeito a esse tema ou seria uma escolha por parte do cur-rículo institucional de cada escola? Eis que surge esse pensamento e algumas dúvidas em meio a tantas modificações que a escola enfrenta nos dias de hoje; denominada, por “tempos de incertezas”. É nesse ponto que entra o ensino de Sociologia, como forma de trabalhar em coletividade com outras disciplinas que compõe o currículo do ensino médio. Na procura de falar a respeito de temas considerados transversais ou debater a cerca de conceitos como o fato de conscientizar politicamente, o debate sobre questões referentes à formação do cidadão crítico, tais como a promoção de um discurso iguali-tário sobre: gênero, sexualidade, gerações, raça e etnia, meio ambiente, segurança en-tre outros. Sendo assim, temas que foram considerados como tabu, vem à tona a partir da escolha e ou decisão do profissional de sociologia em nível de formação e esclare-cimento a serem trabalhados em sala de aula ou não. Os estudantes encontram-se, por suas vivências e manifestações sociais em tempos bem a frente do que o tempo que é ocupado pelos diálogos travados na escola. Desse modo, o currículo tem de abarcar essa nova discussão e avançar nesse sentido. Como metodologia operacional refletir a cerca de observações realizadas em sala de aula e, revisão literária sobre o a proposta do trabalho. Em2006 o ministério da educação lança o Gênero e Diversidade na Escola- GDE material de formação e capacitação de professores para que possam lidar melhor com esses temas recorrentes em sala de aula e desmitificar os tabus existentes. No ano de 2011, outra proposta do MEC vem a público por debates a nível nacional que é o famoso kit anti homofobia, porém não chegou a entrar em vigor por conta do veto do governo federal. Frente a essas políticas é possível perceber que não tem como fugir desse debate, os discursos se tornaram recorrentes nas esferas de âmbito social tais como: família, escola, religião, política, mídia. Sendo assim, tem-se como premissa que na busca de uma práxis no campo da educação a partir da autonomia dos sujeitos em relações dialógicas, ocorra uma participação mútua do educador e educando atuante na

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promoção da formação de qualidade pari passu de caráter humano.

TRABALHANDO GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO MÉDIO

Thaís Karwowski - UFUJoão Gabriel de Oliveira Ferreira - UFUIago Aquino Santos Ferreira - UFU

Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia e versa sobre a questão da história da sexualidade, trabalhada em uma atividade no período noturno numa escola estadual do município de Uberlândia, e como o PIBID contribui para a formação do-cente que irá lidar com essa temática. O PIBID – Ciências Sociais tem como um de seus campos de atuação a Escola Estadual do Parque São Jorge, e ao início do projeto foram feitos levantamentos de temas que poderiam ser discutidos. Este levantamento foi feito nas salas dos primeiros, segundos e terceiros anos do Ensino Médio e um tema que se mostrou recorrente foi gênero. Para atender a necessidade de discussão acerca do tema foram realizadas algumas atividades que tangem os debates de gênero e sexualidade, em conjunto com outras áreas do conhecimento como a biologia. A atividade que coube ao PIBID de Ciências Sociais foi a apresentação e discussão da história da Sexualidade por um palestrante convidado. O palestrante é estudante do Curso de Ciências Sociais da UFU que volta seus estudos para Gênero e Sexualidade, mais especificamente a situa-ção dos travestis da cidade de Uberlândia. A atividade envolveu a pesquisa bibliográfica acerca de Gênero e Sexualidade, por parte dos bolsistas do PIBID, e a apresentação e discussão do tema com os estudantes do Ensino Médio, por meio da apresentação expositiva dialogada utilizada pelo palestrante. Esta foi uma das atividades programada pela escola para aquela semana e pudemos perceber que houveram modificações na percepção dos estudantes, antes e depois da atividade, visto que a participação dos mes-mos nas outras atividades, sendo que em uma outra atividade, que envolvia uma roda de conversa com um transexual, se deu de forma mais densa e fundamentada em per-guntas e comentários que demonstravam proximidade com os conceitos e conteúdos trabalhados na palestra. Compreendemos que a disciplina Sociologia e o PIBID Ciên-cias Sociais tem fundamental importância na construção e desconstrução de ideologias, comportamentos e concepções sociais que interferem diretamente na sociabilidade e aceitação das diversas formas de manifestação de gênero e sexualidade. Assim, o pro-cesso de mudanças acerca dos temas de gênero e sexualidade influenciam diretamente na formação do cidadão e é papel da instituição escolar trabalhar esses temas de forma que impacte na realidade social dos indivíduos que estão envolvidos neste processo.

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EDUCAÇÃO E PERSPECTIVAS DE GÊNERO: UM ESTUDO DO AMBIENTE ESCOLAR ENVOLVENDO QUESTÕES DE GÊNERO E VIOLÊNCIA

Vinícius Gabriel da Silva - UFPMónica Lourdes Franch Gutiérrez - UFP

O presente trabalho tem por objetivo abordar questões de gênero e violência, a partir do método etnográfico e das análises situacionais (GLUCKMAN, 1940) de três “even-tos” ocorridos numa escola pública do ensino médio na cidade de João Pessoa - Paraíba. O primeiro evento faz menção à exposição de painéis com fotos, pinturas, textos, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (08 de março) realização feita por alunos e alunas; o segundo está ligado a um caso de bullying com uma aluna que teve fotos de sua intimidade divulgadas por toda a escola; e a terceira uma cerimônia que tinha por função apresentar a lei Maria da Penha para a comunidade escolar e de bairros próximos, descrevo um pouco sobre essa experiência da relação escola-comunidade já que havia a presença de mulheres (mães de alunos e alunas) que sofreram violên-cia domestica. Para se chegar ao cumprimento deste trabalho foi realizada observação campo e conversa informal em salas de aula e nos momento de maior interação - os intervalos. Além disso, discussões com os discentes através de oficinas sobre o tema de gênero e violência também contribuíram para a construção deste trabalho. Ao todo minha presença na escola somou três anos de experiência através da minha participação no Programa de Iniciação a Docência (PIBID) e logo após na experiência de pesquisa. Dito isso, discorro ao longo do trabalho, como estes eventos demonstram perspectivas de gênero presentes na cultura discente e como essas questões aparecem em meio ao cotidiano escolar: num lugar de reforço das desigualdades de gênero, mais também um lugar de contestação e de resistência, em que a inserção da disciplina sociologia pode contribuir para refletir e para levar mudanças, pequenas mudanças, no cotidiano dos jovens, contestando e desnaturalizando as questões de gênero, a naturalização da vio-lência, pontes que podem ser construídas a afim, de tornar o sujeito critico que reflita seu cotidiano e estranhe o que é comum e corriqueiro.

“DESCONSTRUINDO PRECONCEITOS E CULTIVANDO O RESPEITO”: AS CIÊNCIAS SOCIAIS NO DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO MÉDIO

Francisco Weriquis Silva Sales - UFPI

O espaço escolar se constitui em um dos principais espaços de socialização da maior parte dos jovens brasileiros. Campo de atuação social, é permeado por diversas rela-ções de poder, que estabelecem-se na interação entre os indivíduos que compõem este espaço. Marcado cada vez mais por uma diversidade ínfima de identidades e formas de ser, dentre essa multiplicidade está à diversidade de Gênero(s) e Sexualidade(s). Tornam-se importantes e emergenciais debates sobre estas questões dentro das insti-tuições escolares. Neste sentido o presente trabalho tem como objetivo refletir sobre

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as contribuições, o papel a ser desempenhado pelas Ciências Sociais/Sociologia na dis-cussão sobre Gênero(s) e Sexualidade(s) no Ensino Médio, a partir da análise e reflexão de experiência didático-pedagógica realizada no âmbito da disciplina de Estágio Su-pervisionado II em Ciências Sociais da Universidade Federal do Piauí, efetivada numa escola pública de nível médio teresinense, na execução do eixo prático-pedagógico contemplado no projeto da disciplina. Desenvolveu-se um trabalho de orientação para um grupo composto de 8 discentes da turma de 2º (segundo) Ano, numa atividade escolar denominada de “Feira Cultural”, na qual foi desenvolvida a temática “Violências de Gênero(s) e Sexualidade(s)” através de monitorias intra e extraclasse, realizando discussões teóricas, através de textos, vídeos, músicas e confecção de material didático. A atividade teve como culminância a apresentação do tema, realizado pelos (as) discen-tespara a comunidade escolar (família, demais colegas de escola e funcionários da insti-tuição). Evidenciou-se a falta de informações dos(as) discentes ou informações funda-mentadas somente em explicações biológicas e com isso a necessidade de abertura para outras áreas do saber de espaços e momentos para discussão e esclarecimentos sobre a temática. Os discentes apontaram incidência de casos de homofobia no espaço escolar, principalmente dentro da sala de aula, tendo como colaboração um silenciamento por parte da escola. Torna-se de suma importância a contribuição das Ciências Sociais na desconstrução e desnaturalização de estigmas, estereótipos e preconceitos relativos às diversidades dentro do campo escolar e para além dele, no intuito formar uma “cultura de paz” e do desenvolvimento dos pilares “Aprender a conviver” e “aprender a ser” postos pela UNESCO para a educação do Século XXI. Reforça-se a importância de disciplinas sobre a temática no currículo das graduações de licenciaturas.

BULLYING HOMOFÓBICO NAS ESCOLAS: OMISSÃO TAMBÉM É SINÔNIMO DE VIOLÊNCIA?

Naiara Freire Ribeiro - URCARayssa Moraes Leite Pinheiro - URCA

Este trabalho objetiva estudar o contexto escolar em que jovens sofrem agressões físi-cas e/ou verbais por causa de sua sexualidade, mas que, por conta do ocultamento e silenciamento não deixam transparecer para a sociedade o nível de violência que estão expostos. Com este estudo foi possível caracterizar a presença dos preconceitos e da discriminação contra jovens homossexuais dentro do espaço educacional, pontuando a emergência da desconstrução do preconceito na sociedade e especialmente nas escolas. Procura refletir sobre a homofobia no ambiente escolar. Analisa a formação dos edu-cadores e educadoras para abordarem a diversidade sexual com os discentes e propõe a importância da diversidade sexual e de gênero como tema que deve ser incluído nas aulas de Educação Sexual e no currículo de formação dos profissionais da educação. A metodologia utilizada, além de uma pesquisa bibliográfica, consiste na observação participante e minicursos realizados em duas escolas de ensino médio da rede pública estadual do Município de Crato-CE, durante o estágio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), vinculado a Coordenação de Aperfeiçoamento

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de Pessoal de Nível Superior (CAPES) realizado com graduandos do curso de Licen-ciatura em Ciências Sociais da Universidade Regional do Cariri (URCA). Diante do contexto escolar descrito neste trabalho algumas medidas foram adotadas, por nós e mais sete bolsistas do programa, como formas de trabalhar a diversidade. Esse trabalho resultou em um mural sociológico feito pelos alunos, e apresentado na semana do PI-BID na Universidade Regional do Cariri, junto com outros murais resultados de outros minicursos e oficinas feitos em outras escolas no qual possui também a participação do PIBID de Sociologia. Numa das escolas foram e ainda estão sendo realizadas uma série de minicursos e oficinas aplicadas uma vez por semana no contra turno dos alunos. Como resultado do trabalho prático com os jovens, de uma das escolas, é possível de-stacar a construção e valorização das discussões críticas sobre diversidade sexual entre alunos, pais e professores.

GÊNERO, EDUCAÇÃO E SOCIOLOGIA: ANÁLISE E REFLEXÃO ACERCA DA ABORDAGEM DA TEMÁTICA DE GÊNERO E SEXUALIDADE EM AULAS DE SOCIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO

Luísa Bonetti Scirea - UFSC

Este artigo aborda e reflete acerca do ensino da temática de Gênero e Sexualidade nas aulas de Sociologia do Ensino Médio. Para tanto, o ponto de partida é a análise da experiência docente de estágio em Sociologia em uma escola da Rede de Educação Básica do Estado de Santa Catarina. A partir da análise da experiência e prática do-cente em sala de aula e das representações de gênero e sexualidade que emergiam dos e das estudantes, temse como objetivo identificar quais eram estas representações de gênero e sexualidade e apontar possibilidades didáticas e possíveis dificuldades docen-tes que a abordagem do tema pode trazer aos professores e às professoras. A análise e discussão apresentada é realizada a partir de uma abordagem etnográfica das aulas ministradas durante o estágio, sendo complementada com a análise de representações de gênero e sexualidade dos e das estudantes a partir dos exercícios realizados em sala de aula. A abordagem etnográfica é aqui concebida dentro de sua perspectiva teórico-metodológica, baseada no diário de campo, na observação sistemática, no “olhar trei-nado” (Clifford Geertz) e não reificando conceitos: o “campo” também (re)inventa a teoria. O conceito de representação, antigo e alvo de múltiplas abordagens dentro das Ciências Humanas, é considerado como uma junção de aspectos objetivos advindos da estrutura social no qual os sujeitos se localizam juntamente com aspectos subjetivos das representações pessoais. Este conceito permite entender e, então, problematizar as elaborações estudantis acerca destes temas. Percebeu-se, dentre outras coisas, a pre-sença de representações de gênero “tradicionais” e binárias entre os e as estudantes, além de uma diferença de atitudes de garotos e garotas em relação à temática das aulas. A postura masculina muitas vezes era mais “distante”, “resistente” e “conflitiva” com a proposta da aula,sendo comum acontecer “brincadeiras” homofóbicas entre garotos. Sendo assim, percebeu-se que o estudo das violências relacionadas ao Gênero e Sexu-alidade, juntamente com o estudo das “masculinidades” pode contribuir tanto para a

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“desnaturalização” das temáticas de Gênero e Sexualidade junto aos garotos e às garotas, quanto permitir uma aproximação e maior diálogo com os garotos.

PROJETO PAPO SÉRIO: ABORDAGENS SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NA ESCOLA

Emília Haline Dutra - UFSCMarisa Naspolini - UFSCNathália Dothling Reis - UFSC

De acordo com as Orientações Curriculares Nacionais (OCN) para o Ensino de Socio-logia no Ensino Médio, os princípios metodológicos da disciplina devem ser causar o estranhamento e a desnaturalização nas/nos estudantes. No entanto, quando pensamos nas questões de gênero e sexualidade, percebemos que, na prática, o ensino de So-ciologia nas escolas não tem contribuído para romper com a ideia da heterossexuali-dade como norma, evitar discriminações, nem desconstruir ideias estereotipadas dos papeis sociais dos homens e das mulheres.Em pesquisa de Tatiana Lionço e Débora Diniz (2008) sobre os livros didáticos, elas percebem que ainda há pouco espaço para discussões sobreracismo e sexismo, de acordo com elas, o silêncio é a estratégia discur-siva dominante, porém a escola é compreendida como espaço de construção de novas práticas e saberes, podendo se transformar em um lugar propício á reflexão e crítica das relações injustas, preconceituosas e discriminatórias.De acordo com Foucault (1988), falar em gênero e sexualidade é perceber que antes do capital, os corpos e seus desejos hierarquizam as e os sujeitos, produzindo e ditando comportamentos. Dessa forma, percebemos que a crítica de Bourdieu (1998), que constata que a escola não tem tido papel transformador, mas pelo contrário, tem servido como reafirmadora dos valores e crenças dos grupos e classes dominantes, se estende às questões de gênero e sexu-alidade. A partir disso, vemos no ensino das Ciências Sociais um papel extremamente importante para transformação da realidade social através da mudança do pensamento das pessoas. É neste sentido que o presente trabalho pretende mostrar como projetos de extensão universitária como o Papo-Sério,que conta com três principais eixos de atuação distintos sendo1) as oficinas Papo Sério, oferecidas nas escolas, que têm por objetivo discutir direitos sexuais, violência contra as mulheres, homo-lesbo-transfobia, masculinidades, racismo, DST, entre outros temas; 2) o Concurso de Cartazes sobre Homo-Lesbo-Transfobia e Heterossexismo nas Escolas; 3) um cronograma de even-tos de datas comemorativas e de lutas contra discriminações no campo dos estudos de gênero e sexualidades, que articula pesquisa, formação acadêmica e diálogo com a sociedade civil;configuram-se enquanto ferramentas e práticaspossíveis para comple-mentar a abordagem sobre as temáticas em torno do gênero eda sexualidade. Vinculado ao Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades – NIGS da Universidade Federal de Santa Catarina, e coordenado pela professora Dra. Miriam Grossi, o Projeto Papo Sérioconsolidou-se como uma das mais importantes atividades realizadas pelo NIGS no campo da Educação, configurando-se em boas estratégias para articulação das temáti-cas sobre gênero, sexualidade, diversidade e direitos humanos em escolas públicas da

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Grande Florianópolis. O projeto chegou à 9ª edição no ano de 2015, tendo como ob-jetivo problematizar as representações de gênero com estudantes e professoras/profes-sores de escolas públicas. A proposta deste trabalho é apresentar alguns resultados das oficinas sobre Violências contra as Mulheres, e do Concurso de Cartazes sobre Homo-Lesbo-Transfobia e Heterossexismo nas Escolas, ambos realizados no ano de 2014 pela equipe do Papo Sério, da qual nós três fazemos parte, demonstrando sua eficácia no pa-pel de desnaturalização e estranhamento acerca das temáticas de gênero e sexualidade.

GÊNERO, SEXUALIDADES E AS AULAS DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO CUIABANO: O QUE AS/OS ESTUDANTES TÊM PARA NOS CONTAR

Stephanie Natalie Burille - UFMTSilvana Maria Bitencourt - UFMT

O presente estudo tem como objetivo principalanalisar as percepções de gênero e sexualidades no contexto das aulas de sociologia a partir das enunciações dos/as estu-dantes do ensino médio cuiabano. Para atingir este objetivo procuramos compreender suas relações com a família, a escola e as relações midiáticas, sendo estas instituições re/produtorasde normas, valores e representações sociais que podem vir a contribuir de alguma forma, assim influenciando as compreensões dos/as estudantes sobre gênero e sexualidade. Partindo dos estudos de gênero de Joan Scott (1997), Guacira Lopes Louro (1997); sexualidade de Michel Foucault (1985); educação de Pierre Bourdieu (1982); e ensino de sociologia de Ileizi Fiorelli Silva (2007), buscamos analisar em que medida a socialização primária tem contribuído para reproduzir relações de gênero desiguais. A metodologia utilizada consistiu em observação de campo durante o perío-do de três meses nas aulas de sociologia em turmas de primeiro, segundo e terceiro ano em uma escola pública de Cuiabá-MT. Posteriormente, realizou-se a aplicação de entrevistas semiestruturadas com 18 estudantes, sendo nove meninas e nove meninos os informantes da pesquisa. Conforme resultados, verificou-se que as representações de gênero estão enraizadas nas dicotomias de masculino e feminino. O modelo hetero-normativo de família, sexualidade e identidades de gênero reproduzido na sociedade, é o produtor dos discursos e práticas dos sujeitos que verificamos no espaço escolar e que consequentemente promove a exclusão e a intolerância às diversidades.Além disso, verificou-se, que os/as estudantes têm consciência de que as desigualdades de gênero estão presentes na sociedade, entretanto, não há conhecimento sobre os dis-cursos sociais que as fundamentam. O professor apresentou dificuldades em lidar com estes problemas, visto que não tiveram uma formação em estudos de gênero. Dessa forma, percebe-se a necessidade desta formação, para assim, possibilitar um trabalho mais sustentado teoricamente e metodologicamente sobre as questões de gênero e sex-ualidades, colaborando para um ensino comprometido com a igualdade de gênero e o respeito às diversidades.

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GÊNERO E SEXUALIDADE: FORMAÇÃO E PRÁTICAS EDUCATIVAS DO PIBID CIÊNCIAS SOCIAIS

Liza Aparecida Brasílio - UFTKarina Almeida de Sousa - UFTMaria Alzirene Rodrigues de Sá - UFT

O PIBID (Programa de Bolsa de Iniciação à Docência) tem como objetivo central fo-mentar a iniciação à docência a fim de contribuir para melhoriada qualidade de ensino dos/as licenciandos/as, a partir da vivência de todas as atividades relacionadas ao en-sino, e ainda para a melhoria das escolas públicas brasileiras, por meio do apoio teórico-metodológico. Para atingir tais objetivos, o PIBIDdo curso de Licenciatura em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Tocantins, campus de Tocantinópolis, tem buscado novas metodologias para tratar de temas que estão presentesnos Parâmetros Curricu-lares Nacionais (PCNs) e nos Parâmetros Curriculares do Estado do Tocantins (PC/TO) como conteúdos a serem abordados na disciplina de Sociologia.Em um momento inicial, realizou-se um estudo minucioso dos programas da disciplina de Sociologia das escolas contempladas pelo PIBID. O estudo apontou para a inexistência da abordagem de alguns temas, em especial, do tema que trata das relações de gênero na sociedade contemporânea. A ausência do tema pôs em destaque a discussão acerca da formação de professores e, consequentemente, da formação dos/as licenciados/as no próprio curso em questão. Ao darmos prosseguimento ao estudo, constatamos que a matriz curricular do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Tocantins, não contempla de modo satisfatório a abordagemdas relações de gênero. Assim, observamos uma lacuna na formação dos futuros professores, posto que esta temática é essencial na atualidade, considerando-se que a escola produz e reproduz sujeitos, internalizando as concepções do que é ser homem e ser mulher. Transformar estas concepções, que se traduzem em relações desiguais, é fundamental para uma so-ciedade democrática. A partir desta concepção o PIBID realizou a formação com os/as bolsistas e supervisores/as, a partir de leituras orientadas no Grupo de Estudo Gênero e Violência contra a Mulher. Destaca-se que esta formação atendeu, mesmo que de forma inicial, a lacuna observada na matriz curricular do curso, podendo ser com-preendida como uma ação para efetiva implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais e Estaduais no que se trata da questão. Após a formação iniciada no Grupo de Estudos, elaboraram-se oficinas com os/as alunos/as do Ensino Médio, abordando, o tema das relações de gênero e sexualidades.Apresenta-se, portanto, como se deu a for-mação dos/as bolsistas e as oficinas realizadas com os/as alunos/as do Ensino Médio.

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CIÊNCIAS SOCIAIS, GÊNERO E SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Patricia Schons - UFFSLeandra Batista de Azevedo - UFFSTânia Welter - UFFS

Esta comunicação objetiva apresentar reflexões sobre os impactos da “Oficina Gênero e Sexualidade” entre estudantes do ensino médio e bolsistas do programa de iniciação à docência em Ciências Sociais. Acreditamos que a escola pode ser espaço para formação, desconstrução e transformação dos discursos e práticas discriminatórias, resistência à “pedagogia do insulto” (Rogério Junqueira, apoio à estudantes que sofrem “homofobia familiar” (Sarah Schulman) e outros tipos de fobias (homo-lesbo-bi-trans) e violências. Inspiradas nisto, propusemos e realizamos em novembro de 2013 a “Oficina Gênero e Sexualidade” numa escola da rede pública estadual como atividade do PIBID Ciências Sociais da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó (Santa Catarina). Esta oficina foi realizada em quatro etapas com objetivo de estimular estudantes de ensino médio a conhecer as categorias de gênero e sexualidade dentro da disciplina de Sociologia/Ciências Sociais. Foram realizadas as seguintes etapas e atividades: a) apresentação da oficina, exercício sobre gênero e sexo, debate sobre as dúvidas dos-as estudantes; b) reflexão sobre o exercício e depoimentos da primeira etapa, aula teórica sobre sexo, gênero, identidade, expressão de gênero e orientação sexual, e construção de cartaz; c) revisão das categorias com base no cartaz elaborado por estudantes, real-ização de teatro e sistematização das impressões sobre ele; d) reflexão sobre o teatro, elaboração de produção textual, debate final e avaliação. Constatamos que os conteúdos científicos apresentados e refletidos coletivamente durante a oficina foram absorvidos e incorporados por estudantes de ensino médio. A oficina despertou em muitos-as o desejo de conhecer mais a respeito das categorias gênero e sexualidade, refletir sobre o que é “ser mulher” ou “ser homem”, superar o senso comum e as ideias preconceituosas. Percebemos que a oficina proporcionou um ambiente favorável para que estudantes pudessem expressar suas opiniões e dúvidas, mas também um espaço para realização de debates e construção de conhecimento coletivo. Para as coordenadoras da oficina (pi-bidianas) foi uma experiência primeira de atuação numa formação docente em gênero e sexualidade envolvendo jovens estudantes. Para a escola foi uma oportunidade diferen-ciada de formação sobre essas temáticas. E, por fim, contrariando os discursos recor-rentes, observou-se que a escola e a disciplina de Sociologia/Ciências Sociais são espa-ços privilegiados para reflexões, formações, promoção e defesa dos direitos humanos.

A CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOLOGIA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA DE GÊNERO EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Fátima Ivone de Oliveira Ferreira - Colégio Pedro II

O presente trabalho tem como objeto de análise o processo de construção de uma política institucional de gênero em uma tradicional escola federal de Educação Básica: o

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Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Os debates sobre as condições de gênero e diversi-dade sexual na escola se iniciaram a partir da aula inaugural do ano letivo de 2015, pro-ferida pelo sociólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-cacionais Anísio Teixeira (INEP), Rogério Diniz Junqueira. O título da referida palestra foi “Cotidiano escolar, currículo e heteronormatividade: desafios para uma educação de qualidade para todos”. Embora faça parte do cotidiano, inclusive escolar, a diver-sidade sexual e de gênero ainda é pouco debatida pelas instituições. Entretanto, nessa Escola Básica, o ensino de Ciências Sociais que está presente em três anos do Ensino Fundamental II, 7º, 8º e 9º anos, além da Sociologia em todo Ensino Médio, permite que desde os 12 anos, a temática do gênero enquanto identidade assumida ou atribuída de acordo com o sexo ou com o papel exercido na sociedade, esteja presente no cur-rículo desses jovens estudantes que também são estimulados a perceber a desigualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres na sociedade. Organizados em coletivos LGBTs, alguns desses jovens estudantes do Ensino Médio organizaram um evento que chamaram de “Saiato”, em defesa da liberdade e do direito de uma pessoa do sexo masculino vestir saia. Os alunos se manifestaram e consideraram que o movi-mento institucional por práticas mais inclusivas e respeitosas de gênero no ano de 2015 é fruto de seu movimento. Acusam os servidores (inspetores e professores) de esta-rem despreparados para enfrentar relacionamentos homoafetivos no ambiente escolar, reproduzindo preconceitos e discriminações. Além disso, apresentaram proposta, por ocasião da elaboração do código de ética discente, de fim do uniforme binário. As vozes dos diversos atores da escola são polifônicas e por vezes marcadas pelo espanto sobre a afirmação das diferenças. A metodologia empregada foi a análise temática dos dife-rentes discursos presentes na cultura escolar, nos livros e materiais didáticos utilizados nas disciplinas escolares Ciências Sociais e Sociologia, na apreensão via observação par-ticipante em reuniões para elaboração da proposta de política institucional de gênero na escola, entrevistas com os estudantes organizados em coletivos, professores e outros servidores dos diversos campi que formaram o grupo de discussão. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de extensão das discussões curriculares acerca do gênero e diversidade sexual para as famílias dos estudantes e da permanência de atitudes de acolhimento e reflexão na luta por uma escola verdadeiramente inclusiva.

O COMPROMISSO DE TRABALHAR A DIVERSIDADE DE GÊNERO E SEXUAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Rosangela de Sousa Veras - IFMA

Este artigo é parte integrante dos estudos e pesquisas sobre gênero desenvolvidas ao longo da minha formação acadêmica e docente. Apresenta uma breve discussão teórica do gênero enquanto uma categoria analítica com base nas terias de Joan Scott, Gua-cira Louro, Teresa de Lauretes, Claudia Diniz Paz e Fabíola Rohden, para em seguida apresentar a minha iniciativa e experiência docente em trabalhar estas temáticas nas salas de aula do Instituto de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão. O objetivo é refletir sobre o trabalho pedagógico e as atividades desenvolvidas nas aulas de Sociolo-

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gia com as temáticas de gênero e sexualidades. Apresenta o fato de que a escola nunca ofereceu nenhuma formação profissional para se trabalhar estas temáticas, o trabalho que desenvolvo é fruto de um esforço e compromisso individual pelo motivo de ser uma estudiosa do gênero epor isso ser uma das poucas profissionais da educação que vem tentando trabalhar gênero e sexualidades em uma escola de tradição e formação técnica-profissionalizante onde o ensino das Ciências Humanas eSociais ainda ocupa um papel secundário frente às disciplinas específicas dos cursos técnicos.Argumenta que o ambiente escolar ainda não está preparado para o respeito às diversidades, pois está marcado por preconceitos e discriminações que dificultam a desconstrução de conceitos sobre a diversidade sexual e de gênero, apesar da necessidade já exposta por alguns grupos de alunos e alunas de teremrespeitado o direito de discutir esta temática na escola. O trabalho com as temáticas não é percebido como relevante na escola por diversos motivos, tais como: tabus sobre a sexualidade, o fundamentalismo religioso, muitos acreditam que não se deve despertar a sexualidade nos jovens. O desinteresse e ainexistente formação na área impede que novas discussões e estratégias pedagógicas sejam implantadas na escola para superar seus preconceitos de gênero e sexualidades.

SESSÃO B – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM PERNAMBUCO: MODELO PIONEIRO PARA A DISCUSSÃO DE GÊNERO NA ESCOLA

Rômulo Guedes e Silva - FUNDAJJosemar Medeiros da Silva - FUNDAJAlexandre Zarias - FUNDAJ

A rede estadual de educação de Pernambuco vivencia um significativo amadurecimento dos estudos e políticas educacionais relacionadas às questões de gênero. Em algumas Escolas de Referência em Ensino Médio do Estado (EREM), vem se tornando realidade a reflexão de que a igualdade de gênero não mais deve ser tratada como uma demanda pontual das práticas escolares, mas como uma demanda a permear o currículo educa-cional, por fazer-se presente nos Projetos Políticos Pedagógicos, justificando-se pela iniciativa da emancipação da diversidade de gênero, na perspectiva de uma sociedade mais democrática e pluralista. Em consonância com a necessidade de discutir transver-salmente os temas de gênero, conforme o estabelecido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997), a Secretaria da Mulher do Estado de Pernambuco passou a executar uma política pública voltada para a criação de Núcleos de Estudos em Gênero e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher em escolas de ensino médio da rede es-tadual. Do ponto de vista teórico, busca-se compreender as práticas desses núcleos, ao tratarem das questões de gênero, tendo como referencial os trabalhos de Joan Scott e Guacira Lopes Louro. Como estudo de caso, toma-se o exemplo das atividades desen-

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volvidas no Núcleo da EREM Oliveira Lima, que fica no município de São José do Egi-to-PE. A repercussão das atividades vivenciadas pelo Núcleo dessa EREM conseguiram mobilizar todo o corpo docente ao implementarem medidas em seu Projeto Político Pedagógico, voltadas à minimização e erradicação de práticas e estereótipos que es-tabelecem qualquer hierarquia ou desigualdade de gênero. A notoriedade das ações desenvolvidas na escola se dá também pelas importantes articulações com a Promotoria de Justiça de São José do Egito, e a Secretaria de Ação Social através da Diretoria da Mulher, instalada na cidade após as realizações alcançadas pelo Núcleo. Anualmente, renovando seu corpo discente, o núcleo foi além da conscientização da comunidade escolar via multiplicadores, tendo em vista o alcance municipal de suas ações. Como fruto da desenvoltura dessa intervenção pedagógica, surge a motivação de um estudo detalhado sobre um formato educação em gênero que poderá servir como estímulo ou modelo para futuras práticas em mais de 200 outras escolas pernambucanas que deram início a seus núcleos de estudos de gênero.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: PROBLEMATIZANDO ALGUMAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS

Camila Silva Marques -PIBID/CAPES/UFF

A violência contra a mulher é um problema social que diz respeito à violação dos direi-tos humanos, atinge todas as classes sociais e está presente na população global. Onde começa a violência contra a mulher?Esta é a pergunta que norteia o presente trabalho e, de certa forma, delimita o desenho da reflexão. Tendo por hipótese que a desigualdade entre homens e mulheres se dá através do processo de socialização feminina e socializa-ção masculina, ou seja, em um processo gradual e coercitivo de coeducação social que constrói as identidades de gênero padrão: masculino-hegemônico feminino-subalterno, esta pesquisa teve como objetivo analisar onde e como começa a violência contra a mulher, através da observação do cotidiano escolar, na escola pública no estado do Rio de Janeiro.Para responder a questão norteadora apresentada e aferir em que medida foi alcançado o objetivo principal da investigação, realizou-se uma oficina quinzenal desde Abril de 2014, em horários extraclasses, intitulada “novas masculinidades, violência e subjetividade”, com meninas e meninos entre 15 a 20 anos, matriculados em turmas de 1º e 2º anos do Ensino Médio de escolas públicas, localizadas na cidade de Niterói/RJ. Foi utilizado, também, a entrevista e a aplicação de formulário relativo à identidade de gênero e violência psicológica como instrumentos de pesquisa para coletar dados ne-cessários à analise de onde e como começa a violência contra a mulher. A decodificação dos dados coletados a partir dessa metodologia de pesquisa será apresentada em forma de resultados parciais da investigação realizada até a presente data.Podemos afirmar que existe uma desigualdade objetiva entre homens e mulheres, que se perpetua e é criada por uma desigualdade subjetiva muito bem arraigada em fundamentos epistemológi-cos, e que por sua vez fundamenta a continuidade da dominação de valores androcên-tricos representados por homens e tudo que pode ser adjetivado como masculino.Os resultados parciais da pesquisa constatam a violência simbólica e a incorporação da

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dominação que partem do lugar de onde surgem as categorias do pensamento que são desenhadas pelos valores sociais e difundidas por aquelas instituições responsáveis pela educação, como a escola básica. O esforço desta reflexão é exercer justamente a “luta cognitiva”junto aos jovens em processo de formação e assim ajudar a criar relações de paz entre brasileiros e brasileiras.

SEXUALIDADE HUMANA: DO BIOLÓGICO AO SOCIAL

Taiala Águilan Nunes dos Santos - UFBARithiane Almeida Souza - UFBA

O presente trabalho teve por objetivo trabalhar o tema sexualidade numa perspectiva que integrasse a noção biológica com a dimensão sociológica, com destaque para esta última. Sua motivação ocorreu a partir da dificuldade, polêmica ou ausência do tema nas discussões travadas em ambiente escolar. Partindo de elementos socialmente con-struídos relacionados à sexualidade, estabeleceu-se como objetivo geral um processo de esclarecimento e desnaturalização sobre o tema. Utilizou-se, enquanto procedimen-tos metodológicos, revisão bibliográfica, análise de conteúdo de filmes, livros e poesia, propiciando assim o exercício da imaginação sociológica dos estudantes acerca do tema. A proposta compreendeu os alunos de três turmas matutinas do 3º ano do ensino mé-dio, de uma escola estadual da rede pública, com público majoritariamente feminino, com idades entre 17 e 21 anos, oriundos de diversos bairros de Salvador. A partir dos dados coletados, pôde-se elencar os elementos que se configuram como determinantes para que receios e preconceitos cerquem a sexualidade humana, abordando instituições fundamentais de reforço e reprodução, como família, igreja, escola. Além desse aspec-to, foi apresentada a importância que o amor e o ato sexual ganharam no decorrer da história dos relacionamentos. Resulta-se desse contexto que demonstram que embora a escola seja idealmente um espaço propício para reflexões e desconstruções, termina por não abrir espaço para que assuntos polêmicos – como a sexualidade, possam ser discutidos, para a formação de jovens mais esclarecidos sobre o tema. O resultado da intervenção alcançou suas expectativas, pois foi questionada a dimensão social da sexualidade, desnaturalizando-a.Com relativa participação estudantes, a atividade foi rica, visto que os mesmos trouxeram relatos da sua vivência e percebendo a cada ex-emplo, o que se aproximava e se distanciava da sua realidade. Neste sentido foi possível à percepção da coerência com o que foi abordado o tema e a realidade destes alunos. É encaixando a diversidade presente na sala de aula e compreendendo as especificidades que alcançamos a inclusão de todos na atividade.

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UM NOVO OLHAR PARA A PRÁTICA DOCENTE

Larissa Araújo Santos - URCARayssa Moraes Leite Pinheiro - URCA

Esse é um trabalho de pesquisa a partir de um relato de experiência. É resultado das observações feitas nas aulas de sociologia na EEEP Gov. Virgílio Távora (escola de en-sino profissionalizante) do Município de Crato - CE. Onde vem sendo desenvolvido a função de bolsista do PIBID de Ciências Sociais. Essa observação suscitou questões relevantes para o processo de ensino aprendizagem no tocante da disciplina de So-ciologia, como a questão da ressignificação do ensino desta disciplina para jovens que vivenciam um cenário de profissionalização, e a questão da inclusão digital no processo de estruturação intelectual e social. Para tanto o fenômeno das redes sociais da inter-net se apresenta neste cenário como um instrumental pedagógico que proporciona a desterritórialização da sala de aula; pensado a partir das ideias de José Marcos de Oliveira Cruz; Andre Lemos, entre outros estudiosos do assunto. Esse processo vem se tornandouma contra partida as escolas regulares que oferecem um ensino burocrático e arcaico. Para tanto esse trabalho aponta um comparativo de observações de duas bol-sistas do PIBID de Ciências Sociais, sendo a segunda escola observada, a EEFM Estado da Bahia ( escola de ensino regular), também do Município de Crato – CE. Apontando para questão de as escolas públicas do estado Ceará estarem passando por um processo de transformação sócio – estrutural no tocante a disciplina de sociologia e a efetiva participação do PIBID nessa cena. Como metodologias foram realizados inicialmente quatro minicursos: diversidade, política, cidadania e responsabilidade sócio ambiental. Essas atividades foram o inicio de um trabalho objetivando a realização de um jornal sociológico, feito pelos próprios alunos abordando a temática dos minicursos, que será digitalizado no blog, com a supervisão de nós bolsistas.Projeto se destina aos alunos que se mostram interesse pela disciplina de sociologia. O foco do projeto é o público escolar que se identifica com a disciplina de Sociologia. Servindo como instrumento pedagógico para os discentes onde estes possam participar, escrevendo as matérias do jornal e participando ativamente de toda a produção do mesmo. O processo de ressig-nificação do ambiente escolar, objetivando oferecer aos discentes que se desenvolvam mais no tocante a área de Sociologia, e cada vez mais melhorar no campo de atuação social, através de novas práticas docentes, dando um novo significado ao espaço escolar, um novo olhar para o ensino de Sociologia no ensino médio.

JOVENS ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO E GÊNEROS: UMA ANÁLISE DA IDENTIDADE DE ESTUDANTES LÉSBICAS

Marilú Antunes da Silva - FURBOsní ValfredoWagner - Escola de Educação Básica Hercílio DeekeTarcísio Alfonso Wickert - FURB

Este trabalho tem por objetivo analisar as situações de identidadesdas mulheres lésbicas

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estudantes do ensino médio . Buscaremos privilegiar as experiências de violências ou nãovivenciadas por essas mulheres nos âmbitos socioeconômicos, judicial e pessoal ao evidenciar a identidade de gêneros . O trabalho se baseia em entrevistas realizadas com mulheres lésbicas de diferentes faixas de idadeestudantes de ensino médioem escolas do Vale do Itajaí -SC, classe social e etnia . Trata-se de um estudo exploratório de um tema ainda pouco trabalhado pelo conjunto das ciências sociais. Ainda que a violência contra a mulher tenha ganhado projeção nos últimos anos – sobretudo em função da Lei Maria da Penha -, pouco se sabe sobre as violências que ocorremno ensino médio a partir da articulação das experiências de ser mulher e lésbica. Para analisar que: “toda ondem estabelecida tende a produzir...a naturalização de sua própria arbitrariedade”(P.BOURDIEU). Visando a contribuir para a diminuição dessa invisibilidade, este trab-alho pretende analisar as principais características desse tipo de violência e os seus impactos nas trajetórias de vida dessas mulheres. “contemporânea” paralelo ao sistema de patriarcado, o capitalismo apresenta um “sistema de dominação” que semanifesta em campos político e ideológico e um “sistema de exploração” vigente no campo econômico. Assim, homens e mulheres assumem papéis de dominação ousubordinação diferentemente nesses campos (Chies2010)”. Pretendemos ainda compreender como esse tipo de violência impõe novos desafios ao entendimento das violências contras as mulheres, principalmente no que se relaciona a sua visibilidade na Educação Básicae enfretamento da cultura escolar“[...] a fixidez de um mesmo tipo de comportamento se relaciona com estereótipos oriundos da cultura [...].”completando com CROCHIK, 2006, p.12. Focalizamos a mudança radical de tratamento desta temática nocontexto das estudantes de ensino médio, quando as mulheres lésbicas assumem a posição de sujeito dessas inovadoras construções ficcionais; abordam o tema da violência como consequência da injusta da centralidade feminino - masculino na produção do conhe-cimento e construção de paradigmas éticos, sócio culturais e religiosos apontando de forma urgente para novos gêneros.

A DIVERSIDADE SEXUAL EM PAUTA NO CONTEXTO ESCOLAR

José Miranda Oliveira Júnior - UESBNúbia Regina Moreira - UESB

Devido ao preconceito pautado na suposta superioridade e naturalidade da heteros-sexualidade, a Homofobia, a Lesbofobia e a Transfobia ainda é algo vivenciado diari-amente na vida de gays, lésbicas, travestis e transgêneros, inclusive em sala de aula. A discriminação é tão grande que embarga questões sociais que visam políticas públicas que tratariam a problemáticas da violência física e simbólica, fazendo com que, em pleno século XXI, algumas pessoas ainda prefiram se manter em guetos, segregados, relegados à obscuridade de suas práticas sexuais, pois seus atos são vistos como pe-cado, doença e desvio de conduta.O Plano Nacional de Educação, amparado pela Lei nº 13.005, em 25 de junho de 2014, traz em seu Art. 2, inc. III a diretriz que visa a “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”. No entanto, embora a fala seja bas-

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tante abrangente, em nenhum momento contempla a questão da Diversidade sexual na escola. Sabe-se da necessidade de discutir o tema na Escola, tendo em vista que esse é o local em que não se visa apenas a busca por saberes formais, mas onde as expressões – culturais, morais, religiosas e de gênero – devem ser respeitadas e efetivas, por outro lado, a vivência de jovens LGBT’s nessas instituições ainda tem sido conflituosas, haja vista o preconceito vigente na sociedade.Se levarmos em consideração a perspectiva de que a escola direciona para uma abordagem crítica da realidade e da sociedade que circunda - e da qual todos os alunos fazem parte -, a educação, então, tem como fun-ção social a característica de se abrir à diversidade, bem como não contribuir para o aumento da discriminação e do preconceito, aceitando e retratando a diferença como símbolo máximo da diversidade, abolindo toda e qualquer manifestação de machismo, racismo e homofobia e todas as outras formas de opressão.A necessidade de inserir questões de gênero na pauta escolar se baseia no sentido de que a vivência com a di-versidade é um dos pressupostos para se viver em sociedade. A instrução de gestores, professores e alunos para a pluralidade deve ser encarada como um recurso social para a transformação de uma sociedade que se mostra cada vez mais intolerante com o que foge dos padrões heterocentrados. A metodologia para efetivação da pesquisa foi fundamentada na abordagem quali-quantitativa, que envolveu uma amostra onde se selecionou uma sub-amostra para realização de um estudo qualitativo realizado escolas de educação básica. Foram entregues questionários a uma amostra pré-determinada de professores e alunos, levando em consideração o tamanho de cada escola escolhida. Por fim, a pesquisa se firmou no propósito de “olhar, ouvir e escrever” e a partir da ob-servação, análise das entrevistas e dos questionários, instrumentalizada numa discussão para integrar uma pesquisa sobre diversidade sexual no âmbito escolar, estabelecidos na justificativa da pesquisa.

DISCUSSÕES DE GÊNERO E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR: INFLUÊNCIAS DO MODELO TRADICIONAL NA TENTATIVA DE IMPLENTAÇÃO DE DESCONTRUÇÕES

Mariana Alves de Sousa - UFUHallanna Gabriela de Lima - UFU

O presente trabalho surge com a proposta de analisar o motivo da resistência do alu-nado em promover pensamentos críticos que corroborem com as desconstruções de preconceitos e o papel da instituição escolar nesse entrave. Será utilizado como campo de observação a análise de uma ação que girou em torno da tentativa de desconstruções de preconceitos de gênero, desenvolvida na Escola Estadual João Rezende (E.E.J.R), situada na cidade de Uberlândia-MG, uma das escolas que integra o subprojeto Ciên-cias Sociais PIBID/UFU/CAPES. O texto propõe uma reflexão sobre a eficiência des-sas tentativas diante da estrutura conservadora tradicional das instituições escolares brasileiras. A escolha do tema se justifica diante da emergente necessidade de promover essa desconstrução entre os(as) jovens, pois essa discussão é feita em poucas disciplinas o que pode influenciar nas manifestações de preconceitos em relação às identidades

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de gênero nas escolas e na sociedade. O processo de desnaturalização das relações de gênero no ambiente escolar deve partir do esclarecimento da diferença de sexo e gêne-ro, para posteriormente, partirmos para base conceitual onde o conceito de “gênero” corresponde a uma categoria de análise que trata das relações de poder entre mulheres e homens, sendo constituído por meio de uma construção histórica, cultural, política e social. J. Scott (1989) se preocupou em constituir o gênero como categoria útil de análise histórica, demarcando a importância da discussão dos conceitos que giram na definição do que é masculino e feminino. Nesse sentido, será utilizado como referência para essa análise a crítica de autoras como Guacira Louro (2007) para problematizar a forma como é tratado o tema correspondente a diferenças na escola. Para essa autora, a abordagem ocorre de maneira distanciada em relação ao “diferente”, colocando-o na posição do “excêntrico” por estar “fora do centro”, isto é, fora do padrão estabelecido socialmente como adequado. A construção da ação realizada pelo PIBID, mesmo tratan-do de um tema de desconstrução, teve que se adaptar as possibilidades da escola que é delimitada por métodos de ensino-aprendizagem conservadores que cumprem o trab-alho de manutenção da família tradicional fazendo com que a instituição trate o tema das diferenças de sexo e gênero como “tabu”. Assim, o processo de desnaturalização das diferenças de gênero e sua discussão na escola foi viabilizado de uma forma excepcio-nal, o que de certa forma reforçou o preconceito, quando relacionado com as questões discutidas por Louro (2007) quando se trata do “excêntrico”. Por fim, após a reflexão conceitual de como se dão as relações de gênero no ambiente escolar, pretende-se apontar a importância de levar discussões acerca das temáticas de gênero para as re-lações cotidianas na escola e também para as ementas disciplinares. Essa necessidade de inserir debates acerca das discussões de sexo e gênero nas escolas surge a partir do momento em que percebemos que, apesar das mudanças que ocorreram na formação da instituição familiar ao longo do tempo, as heranças tradicionais que influenciam na construção de manifestações preconceituosas disseminadas na própria família e pela instituição escolar. Consequentemente, essas heranças tradicionais influenciam na for-mação do pensamento crítico dos(as) alunos(as) acerca desse tema – na medida em que a discussão de gênero é tratada com estranheza. Desse modo, é possível concluir que é de suma importância que esses preconceitos sejam desconstruídos no ambiente escolar, instituição responsável pela formação da cidadania dos indivíduos, para que assim os convencionalismos possam ser desconstruídos gradualmente em todos os âmbitos da sociedade.

EDUCAÇÃO/ORIENTAÇÃO SEXUAL DO CURRÍCULO À SALA DE AULA

Lais Moura Pontes - UFGRafael Hendges Coutinho - UFGMarcela Amaral - UFG

O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados preliminares de pes-quisa ensino e diversidade na cidade de Goiânia-GO, em que é analisada a problemática da Educação/Orientação Sexual em escolas públicas de ensino médio, a partir de uma

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perspectiva comparativa entre as “determinações” dos Parâmetros Curriculares Nacio-nais (PCNs) e as práticas pedagógicas docentes.Neste sentido, a revisão bibliográfica permitiu elucidar os caminhos necessários à consolidação teórica e metodológica do fenômeno em análise, especialmente, a articulação entre os conceitos que norteiam o estudo, tais como gênero e sexualidade no campo da educação que a partir de uma compreensão histórica, social e econômica do período de desenvolvimento da leg-islação orienta a educação brasileira na atualidade, sendo possível nos dedicarmos à análise dos documentos presentes nos PCNs e nos cursos de formação de professores tal como: Gênero e Diversidade na Escola (GDE). A Educação/Orientação Sexual nos PCNs pauta-se nos princípios da transversalidade e transdisciplinaridade, reiterando, neste sentido, a orientação de que a temática seja tratada nas outras áreas disciplinares. Fazendo com que os mesmos venham com a proposta de interligar as áreas de conhe-cimento e ampliando as possibilidades de realizações para que haja o contato entre as disciplinas. Para além da simples observação das práticas pedagógicas voltadas para a Educação/Orientação Sexual nas escolas pesquisadas, buscou-se, ainda perceber em que medida os conteúdos escolares contemplam questões relativas às desigualdades de gênero e sexualidade. Em geral, os debates que tratam de educação sexual ocorrem em eventos específicos, com a visita de convidados/as, geralmente da área da saúde, ou são comumente abordadas como parte do conteúdo de ciências biológicas. A pesquisa pautou-se, inicialmente, por uma revisão bibliográfica acerca da educação/orientação sexual nas escolas, abordando, ainda, o debate de gênero, sexualidade e diversidade. Posteriormente, como bolsistas do PIBID, passamos à observação dos conteúdos e práticas na componente de Sociologia, que vem permitindo discussões que ultrapassam o padrão heteronormativo no tratamento da Educação/Orientação Sexual nas escolas.

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE COMO DISCIPLINA NA LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Cíntia de Souza Batista Tortato - IFPR-ParanaguáMaria Lucia Buher Machado - IFPR-Paranaguá

Este trabalho trata da criação de uma disciplina específica para tratar de questões de gênero e diversidade na educação dentro da formação oferecida no curso de Licencia-tura em Ciências Sociais do Instituto Federal do Paraná- Campus Paranaguá. A ementa da disciplina propõe reflexões sobre a relação entre educação, diversidade e relações de poder no espaço escolar. A proposta é analisar os conceitos de identidade e de diversidade à luz das principais perspectivas teóricas da área, em temas relativos à diversidade social, cultural, e étnico-racial no contexto dos processos educativos, e como as características multiétnicas, multirraciais, de gênero e de classe na sociedade brasileira são abordadas no cotidiano escolar e nas políticas educacionais, discussões essas imbricadas com as questões do currículo oculto. Sabe-se que a inserção da per-spectiva de gênero na educação básica brasileira começou a surgir nos documentos legais a partir da Constituição de 1988 e depois com a elaboração dos Parâmetros Cur-riculares Nacionais (1997) e dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação

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Infantil (1998), no entanto, pesquisas com professores revelam que questões direta-mente correlacionadas com gênero e diversidade ainda se caracterizam como desafios diários nas salas de aula abrindo espaço para a criação e manutenção de desigualdades e preconceitos de toda forma. O trabalho com a disciplina está sendo realizado com o úl-timo ano do curso e com a experiência acumulada por uma das docentes em cursos de formação em gênero e diversidade inseridos no programa GDE – gênero e diversidade na escola, oferecido por Universidades Públicas a professores da Educação Básica. A base teórica- metodológica da disciplina está relacionada com os estudos de gênero em uma perspectiva relacional, aos estudos culturais e ao pós-estruturalismo, assim como as orientações contidas nos documentos legais que tratam do trabalho com gênero e diversidades na Educação Básica.

FUNK COMO CANAL DE TRANSMISSÃO DA VOZ SUBALTERNA

Francivaldo Alves de Sousa - UFGThayná Silva Almeida - UFGGrace Inês do Nascimento Silva - UFG

Neste trabalho pretendemos retratar a voz subalterna através do funk, estilo musical que sofre preconceito, principalmente devido o espaço de onde surgiu e também pelo público que frequenta esse segmento. Há um imaginário de associação do funk como gênero musical que carrega o apelo sexual como “carro chefe” nas letras das músicas, um dos principais motivos que levam o funk a ser visto como “inferior” em relação aos outros estilos musicais. Através do documentário “Sou feia mas tô na moda” iremos analisar as falas dos funkeiros, suas visões de mundo e suas versões sobre a/s sua/s cultura/s. O funk pode ser um fator de empoderamento para o sujeito da favela, que está na condição de subalternidade (para Carvalho, a condição de subalternidade é a condição do silêncio), mas principalmente como forma da comunidade falar da sua própria cultura, dos acontecimentos, dos problemas, das coisas boas e do esquecimento por parte do estado. Escolhemos este tema por considerar que é um movimento com-posto por sujeitos que estão em condição de subalternidade, devido à classe social, cor, gênero. O funk é uma cultura popular e representa a voz e os valores de sujeitos inseridos num contexto marcado por problemas sociais e está reproduzindo a realidade existente nas favelas, que muitas vezes não é transmitida veridicamente pelos meios de comunicação de massa.

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REPRESENTAÇÕES DE DISCENTES DE LICENCIATURAS DE UNIVERSIDADE PÚBLICA A RESPEITO DO GÊNERO NA DOCÊNCIA

Cláudia Chueire de Oliveira - UELNathalia Martins - UELRogério da Costa - UEL

O presente resumo apresenta resultados do projeto de pesquisa que trabalha com a temática: gênero na docência, o qual buscou identificar e analisar as representações dos graduandos do curso de licenciatura em Ciências Sociais, com a colaboração de 34 discentes matriculados nos 1º e 4º anos do referido curso de uma universidade estadual, que enquadram-se na faixa etária de 17 a 57 anos. Os colaboradores informaram ser 12 do sexo feminino, 8 masculino e o restante não se manifestou. O objetivo geral da pesquisa foi reconhecer em que medida as relações de gênero e docência são influen-ciadores na organização das relações sociais e educacionais, bem como, na condução do processo de ensino e aprendizagem, na medida em que determinam os papéis a serem ocupados socialmente. O suporte teórico foi baseado em Moscovici (2003), Codo (2000), Lakatos e Marconi (1987) Hypolito e Leite (2010), Louro (1989) e (2000) Santos e Machado (2010), Santos (2009), Bauman (2005), entre outros. As catego-rias destacadas para análise foram: ser professor, exercício da profissão e precarização docente. As categorias sustentam-se no estudo desenvolvido por Santos e Machado (2010), considerando que no primeiro grupo, encontram-se ideias relativas às ações inspiradas em modelos profissionais idealizados que expressam vocação, doação de si mesmo, dedicação ao outro. O segundo grupo, exercício da profissão docente, abrange as ideias referentes às condições para o exercício profissional, ligadas à formação e à atuação docente. O último grupo, precarização docente, trata das representações que emitem a preocupação com os desafios a serem superados, tais como a desvalorização profissional e a precariedade das condições de trabalho docente. Os resultados indicam que a feminização do magistério está relacionada aos significados femininos nas ativi-dades docentes, independentemente de quem as realiza. A profissão docente tem sido vista como precária e desvalorizada. Os argumentos trazidos pelos alunos podem ser encontrados desde a entrada efetiva da mulher no mercado de trabalho o que ocorreu com a revolução industrial em meados do século XIX. Embora esta seja uma discussão de longa data, o discurso sobre a profissão-professor não tem mudado, embora se re-conheça o valor da profissão e sua importância para a sociedade. Os autores consultados indicam que as representações sociais acerca da docência são construídas a partir de informações e conhecimentos ensinados e aprendidos durante os processos formativos, inicial e/ou continuado, ou seja, no conjunto das experiências das práticas escolariza-das.Dessa maneira, entendemos que a profissão docente necessita ser problematizada no contexto das licenciaturas, uma vez que os alunos estão “lançando um olhar” para o futuro como docentes, com representações que ainda carecem ser questionadas e res-significadas, para que não sejam reproduzidas automática e negativamente na prática docente posterior. Somente assimvalores individuais e coletivos poderão desencadear processos de emancipação e transformação da própria realidade, com fortalecimento da ação educativa das novas gerações.

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A CONDIÇÃO FEMININA E A CORPORALIDADE ADAPTADA NO ESPAÇO ACADÊMICO/ESCOLAR: INTERFACES COM O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Lígia Wilhelms Eras - UFPR

Nas teorias feministas vemos um esforço por posicionamentos teóricos mais pertinen-tes e que contribuam no entendimento das experiências que lidam com as questões de gênero – daquilo que cercam as representações de homens e mulheres e suas interativi-dades então plurais. A atenção para os novos sujeitos, e, sobretudo, para o tempo de re-alização da experiência feminina está se tornando um antídoto poderoso de renovação em diversas áreas de conhecimento, sobretudo, aos ligados ao campo sociológico-edu-cacional.Tais atitudes cognitivas e epistemológicas convergem com os objetivos deste trabalho: a) levantamento e conhecimento do estado da arte temática e a realização de uma análise crítica de conteúdos quanto à condição feminina e a corporalidade adap-tada/diferente; b) pensar a transposição desse objeto (a condição feminina e de corpo-ralidade adaptada) no interior do contexto acadêmico-escolar (metodologias de ensino, formação de professores,processos de aprendizagem, relações de diferença, interação e inclusão), numa interface de discussões entre a Sociologia do Gênero, da Inclusão e o do Ensino de Sociologia e as possibilidades de uma renovada epistemologia e metodolo-gia de ensino de sociologia na educação básica, ao dar visibilidade às experiências sociais codificadas e ligadas às categorias de inclusão, estigmatização, deficiência, subalterni-dade, autonomia, diferença, (in)visibilidade nas relações de gênero e a pessoa com defi-ciência.Destacamos o manuseio do seguinte quadro teórico e de análise sociológica: a) quanto às relações de dominação e estigmatização em Pierre Bourdieu (1998) e Erving Goffman (1992); b) das literaturas temáticas entre o campo do gênero e a pessoa com deficiência estão Rita Felski (1995), Miriam Adelman (2009), Miriam Grossi (2010), Anahi Guedes de Mello e Adriano Nuerberg (2012), João Baptista Ribas Cintra Ribas (1992). Em síntese, concluímos que essa militância feminina de gênero e as que esti-veram ligadas à inserção do Ensino de Sociologia na Educação Básica, estiveram abertas e abrigaram leiturasde experiênciasque tem em comum a diferenciação, seus lugares e posicionamentossocioculturais e a compreensão de sujeitos que até então não obtivera reconhecimento em suas vozes culturais, sociais e políticas e os ganhos epistemológi-cos considerados/evidenciados/valorizados nesta circulação das ideias sociológicas e, sobretudo, educacionais.

OS SIGNIFICADOS DA ESCOLA PARA AS MULHERES TRABALHADORAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

Lívia Benkendorf de Oliveira - UFF

Este presente artigo tem como objetivo refletir sobre os significados da escola para as mulheres trabalhadoras da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Estadual Baltazar Bernardino, no município de Niterói, Rio de Janeiro. A partir de minha ob-

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servação participante como professora de Sociologia desta mesma instituição, de ques-tionários aplicados, entrevistas e atividades pedagógicas realizadas constatamos que a escola é um espaço de contradição e, por isso, não só legitima relações hierárquicas de poder, mas também se constitui como espaço de luta e resistência. No tocante à desigualdade de gênero, ficou evidente que as experiências de vida de homens e de mulheres condicionam as formas pelas quais são inseridos na instituição escolar. His-toricamente, como argumenta Guacira Lopos Louro (1997), a mulher teve um restrito acesso à escolarização. A sociedade patriarcal, além de tê-la conduzido à invisibilidade do espaço doméstico, impôs limites a sua formação escolar. Entre as mulheres trabalha-doras, os motivos para a interrupção dos estudos, em período regular, costumam estar diretamente relacionados com a sua experiência de gênero – o casamento, a gravidez, o cuidado com os filhos e a família, a administração do lar, a proibição de pais e maridos, a necessidade de trabalhar entre outros. Quando retomam os estudos na EJA enfrentam outras dificuldades como o medo de não conseguirem “acompanhar o ritmo”, o cansaço após o trabalho e a preocupação com as tarefas domésticas que ainda precisam desem-penhar depois da escola. No entanto, os relatos de vida das trabalhadoras-estudantes nos levaram a concluir que a escola, em particular a EJA, se configura enquanto um lugar possível de (re)existência à medida que representa uma nova chance para melho-rar suas condições de trabalho e também proporciona às trabalhadoras-estudantes uma maior autoestima e autoconfiança, além de uma inserção ampliada nos espaços de so-cialização à medida que compartilham novas visões de mundo. Para esses sujeitos, a fun-ção socializadora da escola é de grande importância, pois lhes permite a transposição para outros mundos, a descoberta de outras formas de ser que não estejam vinculados exclusivamente ao trabalho doméstico e a seus papéis de esposa, dona-de-casa e mãe. Portanto, a escola representa um espaço de possibilidades, mesmo que as dificuldades enfrentadas para nela se manter sejam muitas e cotidianas.

MULHERES: (RE) CONSTRUINDO HISTÓRIAS”: O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E AS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS IDENTIDADES DE GÊNERO NA REGIÃO NORTE DO TOCANTINS

Karina Almeida de Sousa - UFTOMaria Leal Pinto - UFTOMarcia de Sousa - UFTO

O PIBID da área de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Tocantins, campus Tocantinópolis, tem adotado a abordagem teórica Pós-colonial como orientação para elaboração de suas atividades, nesse sentido, o Programa tem atuado a partir da dife-rença para discutir temas como: raça, etnia, gênero, sexualidade, regionalidade e direi-tos humanos, buscando desenvolver atividades que propiciem amplo espaço de debate entre estudantes e professores do ensino superior e médio, por meio da disciplina de Sociologia. A partir do exposto, exploramos as ações desenvolvidas sobre a temática de gênero. A experiência apresentada diz respeito ao documentário produzido pelos bolsistas do PIBID-“Mulheres: (re)construindo histórias”. O documentário temcomo

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objetivo apresentar, partindo do relato das histórias de vida das moradoras da cidade, o processo de construção das identidades de gênero, bem como as diferentes interpre-tações e representações sobre gênero. Em um contexto permeado pelas desigualdades de gênero e pela vulnerabilidade social, a experiência desenvolvida propõe uma nova abordagem para as atividades destinadas ao Dia Internacional da Mulher. Segundo da-dos do IBGE o município, situado no norte do Estado do Tocantins, na região nomeada como Bico do Papagaio, possui hoje aproximadamente 23 mil habitantes, dentre esses cerca de 70% vivem em situação de vulnerabilidade social, sendo atendidos por pro-gramas de assistência do Governo Federal, como, por exemplo, o Bolsa Família. Desta-camos ainda que 53% das terras destinadas ao município correspondem a Reservas da Etnia Apinagé. Esse contexto denota algumas especificidades sobre as representações de gênero, bem como sobre as identidades de gênero, logo, é notório a necessidade de se realizar uma análise interseccional da questão. Gênero, raça, etnia, regionali-dade e classe se intersectam, por exemplo, na análise da entrevista de um estudante Apinagé matriculada em uma escola de ensino médio regular situada no limite urbano do município. Esse contexto denota importantes traços para a configuração das identi-dades de gênero no munícipio. A partir da estratégia metodológica adotada-elaboração do documentário- destacamos as discussões sobre as identidades e desigualdades de gênero compreendendo que esse tema possui fundamental importância na busca por uma sociedade que busque a concretização da um mesmo status de humanidade para os sujeitos a partir de suas diferenças. O objetivo da proposta configura-se, portanto, em discutir as compreensões sobre a identidade de gênero feminina, quais os desafios enfrentados por essas mulheres cotidianamente e as possíveis transformações notadas pelas mesmas quanto a questão de gênero e ainda contribuir para que sejam valorizadas as histórias individuais de mulheres munícipes.

CURRÍCULO “SEXUAL” OCULTO - REFLEXÃO SOCIOLÓGICA A RESPEITO DE GÊNERO EM SALA DE AULA

Patrícia Baptista Guerino - UFPR

A partir da proposta do PIBID de Ciências Sociais/UFPR, de uma interação entre Uni-versidade e Escola, foi possível após 4 anos de participação no programa onde buscou-se interagir dentro das escolas, procurando conhecer na prática as diversas realidades visando um desempenho reflexivo através da sociologia em sala de aula. A partir de discussões a cerca da construção do conceito de Gênero e ainda provocando alguns questionamentos a cerca de como é formulado e pensado os currículos nas escolas do Estado do Paraná. Para estimular tais questões e também a participação dos alunos do 3º ano EM – Ensino Médio foi exibido em sala de aula do curta metragem “Eu não quero voltar sozinho” do cineasta Daniel Ribeiro. Buscou-se utilizando a análise do curto provocar estratégias e tentativas de desconstruir os mecanismos que produzem territórios demarcados, produções de subjetividades que estão circunscritas ao critério da normalidade e anormalidade onde a escola tem que ser recolocada. É sabido que a escola vigente produz e reproduz um “currículo sexual oculto” na formação escolar

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que ensina a normalização das expressões de gênero. Deste modo, partimos do pres-suposto onde a “escola é instituída como lugar para entender a história da produção de mecanismos de exclusão”. Assim, a educação sexual nas escolas seria, antes de mais nada, um ato político”.( CESAR, 2009).Neste contexto é que se faz pertinente alguns apontamentos: o primeiro é que educação sexual não é um assunto privado somente as relações familiares. Ao contrário é assunto corrente em vários âmbitos da sociedade, especialmente nas escolas, Deste modo, temos que nos questionar de que maneira esse tema está sendo abordado na escola? E qual é o papel da sociologia como disciplina nos currículos do EM neste contexto? E enquanto educadores como nos posicionamos em nossa práxis em sala de aula? Buscou-se salientar neste trabalho que existe outra forma de enfatizar os estudos e temas voltados para a educação sexual, que superem as já ob-soletas abordagens higienistas e eugenistas e também questionar-se a respeito de como é realizada a construção dos currículos, seleção de conteúdos ( estruturantes, básicos e específicos). Deste modo, o uso do filme “Eu não quero voltar sozinho” é um excelente material audiovisual para análise lúdica e dinâmica em relação ao tema da educação sexual no âmbito escolar. No filme a ideia de homossexualidade é retirada da ligação direta ligada ao “senso comum” do erotismo puro e simples. A cegueira também pode ser vista com outro enfoque devido o aluno estar frequentando uma sala de alunos não cegos, ou seja, a possibilidade da não exclusão social. A atividade proposta, oportunizou o desenvolvimento de práticas de ensino e aprendizado, não enraizadas na educação tradicional, fortemente hierarquizada, objetivando a fruição e potencialização do apre-ndizado de modo holístico, e desnaturalização dos fenômenos sociais.

GÊNERO E PRECARIZAÇÃO DOCENTE SOB A OTICA DOS DISCENTES DOS CURSOS DE CIÊNCIAS SOCIAIS, FILOSOFIA, HISTÓRIA E LETRAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Adriana Regina de Jesus Santos - UELHélio José Luciano - UELLuane Bertolino - UEL

O presente artigo tem como objetivo, identificar e analisar as representações dos dis-centes de Ciências Sociais, Filosofia, História e Letras da Universidade Estadual de Londrina em relação ao ser e fazer docente. Para o desenvolvimento da análise deste trabalho, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica pautada em pressupostos teóricos de autores que trabalham com o tema, objeto do nosso estudo. Realizou-se também uma pesquisa de campo, onde foram aplicados questionários aos alunos matriculados nos 1º e 4º anos dos referidos cursos mencionados acima. Faz-se necessário ressaltar, que os depoimentos dos alunos colaboradores neste estudo foram analisados a partir de características da análise do discurso e para garantir a preservação do anonimato dos sujeitos envolvidos, não citaremos o nome dos participantes, mas sim identificaremos os discentes, tendo como parâmetro, um número indicado. Destarte, entendemos que a formação da profissão docente é perpassada por múltiplos fatores que marcam a tra-jetória do estudante de licenciatura, dentre esses fatores, compreendemos que a inser-

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ção deste futuro docente na vida acadêmica vem acompanhada por inúmeros discursos que se entrelaçam e se confundem, caracterizando e/ou descaracterizando o professor em relação a sua identidade pessoal e profissional. Em meio a algumas discussões, a formação profissional, os saberes acadêmicos, o trabalho docente e sua profissional-ização, são perpassados por discursos variados que muitas vezes são sobrepujados por enunciados de distintas ordens, sendo que esses têm efeitos sobre o modo de pensar e atuar a docência, tornando natural determinadas representações sociais sobre caracter-ísticas do ser professor e em consequência disso das atitudes na vida docente. Dito isso, explicitamos que ao término da pesquisa, constatou-se, por meio das falas dos discen-tes, que a situação da profissão docente na sociedade contemporânea está relacionada à precarização que tem acompanhado o profissional da educação desde o princípio da profissão, bem como, a aspectos relacionados à vocação no magistério. Esses fatores, embora muito discutidos, ainda precisam ser problematizados, buscando desta manei-ra, um melhor entendimento em relação à identidade profissional do ser professor. Isto posto, é imprescindível que os cursos de licenciatura em questão, promovam espaços de reflexão e de debates sobre as representações da profissionalização docente tendo como principio conhecer e reconhecer esta profissão como um espaço fundante para a formação de sujeitos críticos, autônomos e emancipados.

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GT11 – A DIMENSÃO AMBIENTAL NO ENSINO DA SOCIOLOGIA E AS EXPERIÊNCIAS INTERDISCIPLINARES

Coordenador: Aloisio Ruscheinsky- UNISINOSE-mail: [email protected]: Daniel Gustavo Mocelin– UFRGSEmail: [email protected]

SEÇÃO ÚNICA – dia 18.07.2015 – Sábado – das 15h às 19hrs

SOCIOLOGIA AMBIENTAL NO BRASIL: APONTAMENTOS SOBRE UMA PERSPECTIVA TEÓRICA NO ENSINO

Rylanneive Leonardo Pontes Teixeira - UFRNWendell Marcel Alves da Costa - UFRN

Este trabalho versa acerca da explanação dos conceitos sobre as questões ambientais no Brasil, as quais são consideradas fundamentais ao estudo do ensino da sociologia ambi-ental, ramo que, segundo Lenzi (2006), estuda as questões ambientais, como também ecológicas. Estudiosos como Marx e Engels (1961) são teóricos que, também, já troux-eram pesquisas e estudos a respeito do relacionamento entre as sociedades humanas e o meio ambiente. A modernização ecológica, a modernização reflexiva e, principal-mente, o desenvolvimento sustentável são as principais vertentes apresentadas nesta produção, objetivando promover às pessoas a complementaridade teórico-conceitual relativamente a estas temáticas, visão esta defendida por Lenzi (2006). Partindo do contexto conceitual e teórico aqui abordado, o objetivo geral desse texto é oferecer bases teóricas a partir das experiências existentes no país sobre a “problemática am-biental” e a relação sociedade-ambiente, procurando valer-se dos avanços que foram obtidos pela sociologia ambiental. Neste sentido, o presente artigo traz, ainda, objeti-vos específicos pautados fundamentalmente pelo estudo da evolução do envolvimento da ciência social no tratamento da problemática ambiental e das questões ambientais (COSTA FERREIRA, 2004), bem como do desenvolvimento sustentável como forma de pensar na atual sociedade, sem haver comprometimento das gerações futuras. Dessa forma, o procedimento metodológico aqui adotado baseia-se no desenvolvimento de um debate, que traz discussões acerca da temática da sociologia ambiental como me-canismo de promoção do estudo na área, abordandoconceituações ebases teóricas sobre as questões ambientais. Ademais, busca-se observar alternativas de desenvolvimentonas categorias sociais e ambientais, as quais lograram êxito e foram essenciais para esta-belecer o conceito de Desenvolvimento Sustentável, o qual é um dos enfoques de es-tudo pretendido por este ensaio, tendo como referencial as contribuições de Sulaiman

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(2010). Em suma, a partir do que foi abordado, pode-se concluir que esta produção científica busca apontar conceitos a respeito da sociologia ambiental, em particular, acerca do desenvolvimento sustentável.

AMBIENTE E SOCIEDADE: UM DEBATE A PARTIR DO CONTEXTO DE FORDLÂNDIA-PARÁ-BRASIL

Marciele Corrêa - IFPRPriscila Cristina Santos - IFPREverton Pereira Leite - IFPR

A presente comunicação refere-se ao resultado das atividades pedagógicas desenvolvi-das no 3º ano do curso de Licenciatura em Ciências Sociais e que envolveram discussões sobre a questão ambiental e seu alinhamento com conteúdos norteadores da Sociologia na compreensão da dinâmica sociedade e natureza. Ao compreender a escola e comu-nidade escolar como ambiente de modificações e local de transformações do individuo, buscamos refletir sobre os aspectos ambientais no cenário de Fordlândia no Pará, onde apresentaremos a grande proporção do impacto ambiental causado pelo projeto de Henry Ford em meados da década de vinte, anos de auge e prosperidade para as indús-trias Ford. Nesse sentido, realizamos leituras sobre a Terra e sua complexidade sistêmi-ca, a noção do uso dos recursos e seu valor cultural e ideológico, a questão do domínio da técnica e os modelos atuais de ordenamento do ambiente (exploração, preservação, etc.), a rigidez do avanço do capital e, finalizamoscom a análise e debate do documen-tário Fordlândia. Como resultado das análises obtidas, verificou-se a problemática da exploração dos recursos naturais e a sujeição dos povos tradicionais do norte e nordeste brasileiro na entrada do capital fordista, transplantando junto seu modelo hegemônico norte americano, desconsiderando as dinâmicas sistêmicas e sócioambientais. O doc-umentário Fordlândia, trás consigo os elementos da interdisciplinaridade tema que muito é debatido nas diretrizes nacionais de educação e por meio dos conteúdos trans-versais foi possível trabalhar questões biológicas, sociológicas, antropológicas e que possibilitaram a identificação do valor histórico de ocupação e origem de Fordlândia, não apenas no seu resgate e singularidade no contexto sobre as discussões sociedade e ambiente, mas também reconhecer o grande potencial para o trabalho com alunos no ensino médio nos aspectos mais abrangentes sobre cultura, capital, trabalho, discurso, simbologias, etc. E com isso refletir e ampliar o debate sobre a desnaturalização do sentido do progresso.

ECOLOGIA, PSICOLOGIA, SOCIOLOGIA: UMA ABORDAGEM INTERDISCI-PLINAR DAEDUCAÇÃO AMBIENTAL

Ana Claudia Batista Souza - UFS

As questões ambientais tem se destacado consideravelmente nas últimas décadas, en-

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tretanto, ainda não são assuntos recorrentes na agenda da sociologia.No contexto atual, a percepçãoda emergência e da institucionalização da Educação Ambiental no Brasil, enquanto ferramenta intensificadora da utilidade e da conservação dos recursos nat-urais, e enquanto meio de desenvolvimento da qualidade de vida e da economia local, torna-se cada vez mais necessária.Este trabalho se propõe a apresentar algumas consid-erações sobre a Educação Ambiental, baseando-se na forma como este tema perpassa a questão ambiental, ganhando dimensões sociais e econômicas;e, como a partir de um inter-relacionamento de diversas áreas como a Sociologia, a Psicologia e a Ecologia; adquire uma abordagem interdisciplinar. Tanto a Sociologia, quanto a Psicologia (am-biental) e a Ecologia consideram o inter-relacionamento dos seres vivos entre si e com o ambiente em que vivem. Este também é o princípio básico da Educação Ambiental, intensificado poralgumas questões geográficas e populacionais, por exemplo. Esta in-terdisciplinaridade possibilitauma discussão mais crítica acerca da Educação Ambien-tal enquanto propulsora da sustentabilidade e da qualidade de vida, considerando as variáveis sociais, ambientais, psicológicas, ecológicas e culturais, encarando a sociedade como um conjunto constituído por uma totalidade de fenômenos humanos. Hoje, a educação ambiental é uma moeda de troca. É oferecida pelas consultorias ou exigida pelos órgãos ambientais como medida compensatória/mitigadora de impactos gerados pela implantação e operação de grandes empreendimentos. Nesse sentido, a reflexão se volta para o modo como as universidades tem formadoo professor de sociologia na contemporaneidade, sem considerar os desafios e as perspectivas desses profissionais; além disso, transparece a necessidade de se discutir os currículos escolares enquanto ferramentas para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a ma-nutenção da vida social. Frente a abrangência dessa temática, aponta-se a necessidade de currículos com conteúdos mais próximos da realidade sociocultural e socioambien-tal contemporâneas e da integração professor/sociedade.

SUBSÍDIOS PARA PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM BASE EM REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SUSTENTABILIDADE

Viviane Bassi dos Reis Marques - UNESP

O processo de globalização e a introdução de novas tecnologias transformaram o con-texto econômico e social mundial. Apesar dos avanços alcançados, essas transforma-ções aumentaram os problemas de ordem social e ambiental. Desta forma, torna-se necessário conceber ações alternativas para o enfrentamento de problemas socioam-bientais presentes no modelo de desenvolvimento atual. Neste contexto a educação ambiental torna-se um instrumento relevante já que o conhecimento e a conscientiza-ção trazem o posicionamento crítico e a ação consciente.A educação ambiental preza pela construção de um conhecimento integrador, consciente, motivador e mobilizador. Contudo, para constituir-se em uma prática efetiva, é preciso ir além. Ao se conhecer as representações sociais que os indivíduos trazem a respeito da temática socioambiental, pode-se pensar na construção de projetos educacionais direcionados para determinado grupo social. Verificando o conhecimento do grupo a respeito da temática, suas ações,

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o grau de importância que se dá a questões relacionadas apreservação e a sustentabili-dade, pode-se levantar subsídios para a construção de projetos voltados a educação dos grupos estudados. Deste modo, pode-se pensar na formação de indivíduos conscientes e questionadores, que podem constituir-se em agentes de transformação da realidade social. O estudo das representações sociais irá subsidiar a análise do pensamento e da prática social do grupo de jovens estudados por esta pesquisa. Em toda sociedade repre-sentações sociais são construídas, e muitas das ações dos sujeitos são orientadas por tais representações. Investigar e compreender o conteúdo representacional de um grupo de jovens acerca da temática ambiental e, principalmente do conceito de sustentabilidade, amplamente divulgado pela mídia, permitirá identificar como o grupo constrói seu conhecimento e sua prática cotidiana. O objetivo geral deste estudo consiste em iden-tificar quais as representações sociais de um grupo de jovens adolescentes a respeito da temática ambiental, amplamente divulgada pela mídia, procurando verificar se o con-hecimento construído é o transmitido superficialmente pela mídia, ou se existe uma compreensão maior das questões emergenciais ambientais que sofre o planeta, bem como compreender a relação entre conhecimento e prática, ou seja, perceber se o con-hecimento ou a superficialidade deste tem relação com ações cotidianas dos jovens na direção da preservação ambiental ou no desenvolvimento de atitudes sustentáveis. Os dados foram coletados por meio de questionários semiestruturados, aplicados ao grupo de adolescentes, e na análise dos dados foi empregado a categoria de representação so-cial desenvolvida por Émile Durkheim e a contribuição posterior de Serge Moscovici, os quais acreditam que as representações sociais são originadas no meio social e influ-enciam no comportamento dos indivíduos em grupo. Os resultados demonstraram pouco conhecimento e envolvimento efetivo dos jovens a respeito da temática ambien-tal. Verificou-se que os indivíduos reproduzem o conhecimento superficial transmitido pelos meios de comunicação, não demonstrando uma sensibilização, conscientização ou envolvimento com a problemática ambiental. Também foram levantadasas práticas dos adolescentes com relação a preservação ambiental, o que poderá auxiliar na construção de práticas pedagógicas voltadas à educação ambiental.

UMA CAMINHADA INTERDISCIPLINAR: A EXPERIENCIA ESCOLAR DO PROJETO RE(VI)VENDO ÊXODOS NO DISTRITO FEDERAL

Rodrigo da Silva Soares - UNB

Esse trabalho é dedicado ao estudo de uma experiência, no campo da interdisciplin-aridade, em escolas do Distrito Federal. Tendo como objeto de pesquisao Projeto Re-vivendo Êxodos, que é desenvolvido em quatro escolas da rede de ensino publica de Brasília, a mais de 14 anos. Tal projeto trabalha com o tripé Identidade, Patrimônio e Meio Ambiente, e se diferencia por oferecer aos alunos a oportunidade de saírem de sala de aula e terem uma educação via experiência empírica. Os alunos durante todo o ano desenvolvem atividades de pesquisa e pontualmente realizam-se pesquisas de campo e caminhadas com apoio de professores e monitores. O projeto está inserido na grade curricular das escolas, como PD (Prática Diversificada), porém não há uma

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“institucionalização” via Secretaria de Educação do Distrito Federal, de forma que é desenvolvido nas escolas a medida que os professores tem interesse e disposição para aplica-lo. Como prática interdisciplinar o projeto envolve disciplinas curriculares (do ensino fundamental e médio) como sociologia, geografia, história, biologia, português e educação física. Para fins desse artigo focarem no dialogo entre as disciplinas socio-logia e biologia, no que tange a abordagem que o projeto trás sobre o reconhecimento e valorização do bioma cerrado - como parte da identidade local dos estudantes - e tentamos analisar o ponto de vista dos alunos sobre os conflitos ambientais, a parti das vivencias proporcionadas por pesquisas de campo e caminhadas. Para tal objetivo, usa-mos de metodologias qualitativas - tendo o Projeto Re(vi)vendo Êxodos como estudo de caso - aplicação de entrevistas semiestruturadas com professores(as), grupos focais com alunos(as) e análise de materiais produzidos pelos estudantes durante suas pesqui-sas. Cabe ressaltar que a presente pesquisa ainda está em processo, com cronograma de encerramento previsto para maio/junho.

O ENSINO DE SOCIOLOGIA E A CRISE ECOLÓGICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Leandro Raizer - UFRGS

O trabalho apresenta o relato de experiência didática desenvolvida em escolas de en-sino médio com a temática da crise ecológica. A experiência fez parte do currículo de turmas de sociologia de nível médio, durante os anos de 2011-2014, e tratou de temas como: mudança climática, crise energética, risco, paradigma ecológico, entre outros. A proposta didática tem como objetivo sensibilizar os estudantes para a importância da questão ambiental, e integrar saberes de disciplinas como sociologia, geografia e biologia através de uma “abordagem sociológica complexa”, que considera os diver-sos aspectos sociais, culturais, econômicos, ecológicos e políticos dessa temática. A metodologia utilizada foi o uso de aulas expositivo-dialogadas e pesquisas orientadas, assim como atividades integradas com projetos de pesquisa e extensão desenvolvidas com bolsistas de ensino médio.

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OFICINAS PEDAGÓGICAS

(LISTA GERAL)

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18/07/2015 – 9H ÀS 12H

1 - Metodologias de Ensino para a Sociologia: uma concepção sociológicaResponsáveis: Harlon Romariz Rabelo Santos e Alef de Oliveira Lima (UFC).

2 - Oficina Construção do Olhar: uso de fotografia para desnaturalizar o contexto escolarResponsáveis: Maikon Bueno, Clóvis Schmitt Souza, Daniele Fátima Marek, Amanda Mendes dos Anjos, Rubia Samanta da Silva (UFFS)

3 - Metodologias alternativas no ensino de SociologiaResponsáveis: Célia Maria Foster Silvestre, Katia Karine Duarte, Selma das Graças Lima, Marta Soares Ferreira e Lucia Pereira (UEMS)

4 - Facebook como ferramenta pedagógica e facilitador da relação entre professor e alunoResponsável: Jade de Barros da UFRGS

5 - Cultura Guarani-Kaiowá: como discutir a temática indígena em sala de aulaResponsáveis: Selma das Graças Lima, Célia Maria Foster, Katia Kaine Duarte, Lucia Pereira (UEMS)

6 - Desafios da formação docente em Ciências Sociais para o Ensino MédioResponsáveis: Ana Laudelina Ferreira Gomes (UFRN), José Anchieta de Souza Filho (Rede Pública de Ensino Médio – CE/UERN), Karla Danielle da Silva Souza (Rede Pública de Ensino Médio – RN/UFRN), Rodrigo Viana Salles (Rede Privada de Ensino Médio – RN/UFRN) e Geovânia da Silva Toscano (UFPB).

7 - Hits do momento: música como ferramenta para o pensar sociológicoResponsáveis: Camila Maria Cunha de Souza e Suianny Andrade de Freitas (UFC)

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8 - Intolerância religiosa e relações de gênero: experiências do PIBID no ambiente escolarResponsáveis: Gabriella dos Santos Ferreira, Gabriella dos Santos Ferreira, Giselle Joaquina de Santana, Lígia Gonçalves de Oliveira, Luanne da Cruz Carrion e Petra Raissa Lima Pantoja (UNB)

9 - Brasis dentro do Brasil – a diversidade dentro de nósResponsáveis: Luis Fernando Casimiro do Centro Universitário Fundação Santo André

10 - Oficina de coaching para professoresResponsável: Paulo Carlos da Silva (Rede Pública de Ensino de Pernambuco e FUNDAJ)

11 - Escritas de si como dispositivo de formação nas aulas de Ciências Sociais no Ensino MédioResponsáveis: Jorge Luiz da Cunha e Joana Elisa Röwer (UFSM)

12 - Fazendo documentário na escola básica: elaboração de um pré-roteiro sobre os “megaeventos esportivos”Responsáveis: Arthur Pereira Santos (CAp UERJ), Clarissa Tagliari Santos, Paula Cristina Santos Menezes e Siddharta Fernandes (Colégio Pedro II)

13 - Oficina pedagógica - os brasis dentro do Brasil – uma introdução às culturas regionais no território brasileiroResponsáveis: Bruno de Castro Adhmann (Centro Universitário Fundação de Santo André)

14- Avaliação e aprendizagemResponsáveis: Sandra Maria Mattar Diaz e Rita de Cássia Mattarda (PUC-PR)

15 - A Sociologia em combate: oficina de apresentação do jogo de cartas “lutas simbólicas” e suas contribuições para o ensino da teoria de Pierre BourdieuResponsáveis: Daniel C. Valentim e Erick S. De Sousa (Unilab), Mateus F. Nobre (Ufersa), Weslley Fellipe Da Silva Andrade e Icaro F. Lourenço (UFC)

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16 - Trabalhando com imagens nas aulas de sociologiaResponsáveis: Ramiro Gabriel Garcia e Virgínia Lourençon da Silva (UFPR)

17 - Café: um convite à imaginação sociológicaResponsáveis: Tainá Souza Braga, Gabriel Schenkmann Arnt, Guilherme de Oliveira Soares e Vitória Zilles Fedrizzi (UFRGS)

19/07/2015 – 9H ÀS 12H

18 - Simulando um campo: os capitais de Bourdieu vão à escolaResponsáveis: Gabriel Schenkmann Arnt, Tainá Souza Braga, Guilherme de Oliveira Soares e Vitória Zilles Fedrizzi (UFRGS)

19 - Uma abordagem didática para discussão sobre as relações de gênero no currículo de SociologiaResponsável: Josefa Alexandrina da Silva (USP)

20 - Érico Veríssimo: trilogia O Tempo e o Vento em 50 anosResponsáveis: Leila Beatriz Pinto (UNOPAR) e Maira B. Engers (UFRGS)

21 - Estudos de Gênero nas escolasResponsáveis: Bianca Salles Pires (UFRJ) e Jimena de Garay Hernández (UERJ)

22 - A pesquisa como recurso didático no ensino de SociologiaResponsável: Luciana Gomes Ferreira (IFRJ)

23 - Clique sociológico: experimentando a Sociologia pela fotografiaResponsáveis: Ana Francisca Marques Nunes Rosa, Jessica Costa de Araújoe Mariana Maiara Soares Silva (UFRJ)

24 - Construção de jogos didáticos para o ensino básico: uma experiência entre a teoria e a práticaResponsável: Patrícia de Almeida de Paula (UEL)

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Resumos das Propostas de Oficinas Pedagógicas | 265

25 - Cinema e sociedade: exercitando o olhar sociológico através do cinema em sala de aulaResponsáveis: Isaac Nazareno Paiva de Medeiros (Secretária da Educação do Ceará) e Marcia Menezes Thomaz Pereira (CEFET-RJ)

26 - Arte de ProtestoResponsável: Brenda R Martins Schwartz (UEL)

27 - Criação de vídeo-aulas para web: linguagem audiovisual e o docente de ciências sociais Responsável: Robson Rodrigues de Lima (Faculdade Ideal)

28 - Socialização interrompida: a experiência da ditadura civil/militar no brasil (1964-1985) – instrumentos para o ensino de Sociologia a partir da perspectiva histórico-culturalResponsáveis: Maria Valéria Barbosa, Tiago Vieira Rodrigues Dumont, Andressa Alves dos Santos, Anna Paula Ribeiro Maia e Emerson de Campos Maciel (UNESP - Campus de Marília)

29 - A Sociologia e o debate da educação étnico racialResponsáveis: Carla Georgea Silva Ferreira (IFPI), Fernanada Lopes Rodrigues (IFM), Jucimeire Rabelo Moreira (Observatório Bantu)

30 - Refletindo sobre o consumo: ensinando a articulação entre conhecimento social cotidiano e conhecimento científico-social Responsáveis: Josevânia Nunes Rabelo, Rouseanny Luiza dos Santos Bomfim, Monique Maria Marques Machado,Wine Santana e Tâmara Maria de Oliveira (UFS)

31 - Aprendendo e ensinando no Bonigo Mosaico de uma escola públicaResponsáveis: Vani Espirito Santo do Centro Estadual de Educação Profissional Professora Maria do Rosário Castaldi/ Londrina/ Paraná

32 - Projeto Socinema: análise e produção sociológicaResponsável: Lívia Bocalon Pires de Moraes (UNESP/IFSP)

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Resumos das Propostas de Oficinas Pedagógicas | 267

PROPOSTAS DE OFICINAS PEDAGÓGICAS

(RESUMOS)

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Resumos das Propostas de Oficinas Pedagógicas | 269

18/07/2015 – 9H ÀS 12H

1 - METODOLOGIAS DE ENSINO PARA A SOCIOLOGIA: UMA CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA

Responsáveis: Harlon Romariz Rabelo Santos e Alef de Oliveira Lima (UFC)

É de reconhecimento geral que a inclusão do ensino de sociologia no currículo da edu-cação demanda uma série de adaptações, técnicas, artifícios e métodos que propiciem um maior fomento aos processos de aprendizagem dos alunos em relação a essa nova disciplina. É em contraposição a puro academicismo que propormos esta oficina, tendo por base o objetivo de empreender uma concepção eminentemente sociológica dos métodos de didáticos, compreendendo uma postura de ensino sociológico. Portanto, a abordagem que será desenvolvida terá como fundamento um viés dialógico e prático. Pensamos em oferecer um fórum de debate e formação em torno da construção de repertório metodológico, que sirva para amplificar os resultados da prática docente, atendo-se as suas reais possibilidades em cada situação social. Nossa oficina é destinada aos professores da educação básica de Sociologia e a todos os licenciandos na área de Ciências Sociais. O tempo estimado é de cerca de duas horas e o percurso de debate será executado por uma dinâmica onde os facilitadores irão aplicar um exemplo de metodologia de ensino pensada em termos sociológicos. O material a ser utilizado consistirá basicamente de folhas de papel A4, canetas coloridas e exposição dos con-ceitos utilizados que ocorrerá em forma dialogal. Entre os conteúdos que pretendem ser abordados merecem destaques: a definição de didática e metodologia de ensino e ensino sociológico. O produto que a oficina pretende formar é um portfólio didático, que poderá fornecer subsídios para a prática cotidiana de cada professor. Esse port-fólio irá funcionar como um quadro descritivo, com os objetivos de cada metodologia, suas vantagens e desvantagens, seus principais conceitos e os respectivos autores que fornecerão os fundamentos teóricos. Logo, a nossa proposta se articula na discussão da mediação entre o saber científico e o saber escolar, compreendendo suas formas de ensino-transmissão; ensino-aprendizagem. Será necessário desenvolver uma postura lúdica e criativa, aliando o olhar sociológico com as diversas demandas do cotidiano e assim fazer com que os discentes sintam-se mais seguros sobre o que aprenderam e fiquem desafiados a empreender suas próprias análises, desenvolvendo habilidades de abstração, comparação, semelhança, lógica, dedução e indução, conservando um espírito crítico e compreensivo.

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2 - OFICINA CONSTRUÇÃO DO OLHAR: USO DE FOTOGRAFIA PARA DESNATURALIZAR O CONTEXTO ESCOLAR

Responsáveis: Maikon Bueno, Clóvis Schmitt Souza, Daniele Fátima Marek, Amanda Mendes dos Anjos e Rubia Samanta da Silva (UFFS)

A Oficina “Construção do olhar: uso de fotografia para desnaturalização do contexto escolar” tem como propósito desnaturalizar o ambiente da escola evidenciando, por meio do debate, as percepções e significados construídos pelos estudantes no seu des-locamento da casa até a sala de aula. Assim, despertasse a imaginação de ver o mesmo local que se transita todos os dias mas, sob “outras lentes”. A oficina propõe a con-strução de uma máquina fotográfica analógica, o registro fotográfico do itinerário de deslocamento até a escola e posterior construção dos significados de cada registro pelos participantes. Neste sentido, o propósito da oficina é apresentar aos interessados o procedimento metodológico das etapas que envolvem a oficina no intuito de oportu-nizar a replica da técnica no ambiente de prática didática dos participantes ajustando as múltiplas dimensões didáticas que podem ser agregadas. Aliando os componentes da ludicidade, trabalho em grupo e proposta de investigação social, os estudantes foram convidados a revistar as ruas próximas da escola. Neste exercício, a atitude de ver com “outro olhar” os locais que cotidianamente circulavam com direção a escola foi objetivo da atividade, onde o despertar de novas formas de perceber a realidade podem ser con-struídas entre os envolvidos. A oficina está dividida em cinco momentos. Na primeira etapa, denominada Construindo um olhar a turma será dividida em grupos menores; cada grupo recebeu uma imagem de satélite no tamanho A3 onde deve identificar a localização da escola e descrever o caminho que cada aluno percorria da sua casa até a escola. Após o registro de todos os percursos dos integrantes do grupo, é solicitado que cada grupo definisse uma rota preferencial para visitar nas etapas seguintes. Após a definição, toda a turma escolhe pelo voto dois trajetos para serem visitados nas etapas seguintes. Na segunda etapa, Desnaturalizando o caminho, os grupos caminham pelas duas rotas escolhidos “desnaturalizalizando” o olhar sobre as coisas do seu dia a dia, isto é, olhar com uma nova perspectiva as cenas das ruas, das casas, dos lugares ou qualquer outra imagem que o dia a dia de correria até a e escola acaba sendo naturalizado pelos estudantes.

3 - METODOLOGIAS ALTERNATIVAS NO ENSINO DE SOCIOLOGIA

Responsáveis: Célia Maria Foster Silvestre, Katia Karine Duarte, Selma das Graças Lima, Marta Soares Ferreira e Lucia Pereira (UEMS)

Essa oficina se propõe a apresentar metodologias alternativas de ensino/ aprendizagem dos conteúdos na disciplina de Sociologia do Ensino Médio, utilizando áudios e vídeos. Considerando que jovens e adultos vivem múltiplas experiências, entre as quais as vi-suais têm grande apelo, o uso de tecnologias de vídeo e áudio pode contribuir para

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refletir a respeito da sociedade em seus múltiplos aspectos. Tem como objetivo pos-sibilitar, aos professores de Sociologia, maneiras diferentes de ministrar os conteúdos, considerando a origem social e étnica de seus estudantes. O uso de múltiplas lingua-gens pode favorecer a relação intercultural e a produção de conhecimentos no ensino médio, na disciplina de Sociologia. A proposta se apoia na experiência das autoras/pesquisadoras com a formação de professores guarani e kaiowá em Licenciatura em Ciências Sociais, na rede básica e em projetos do PIBID em escolas urbanas e indígenas guarani e kaiowá no estado de Mato Grosso do Sul. O uso de metodologias alternativas de ensino/aprendizagem tem se mostrado eficaz na formação de professores e estu-dantes indígenas, por contemplar experiências e vivências, que ao serem valorizadas contribuem para a compreensão da teoria sociológica. O currículo, portanto, deve se constituir em elemento da compreensão de ser e estar no mundo, favorecendo a valo-rização das identidades. As aulas de Sociologia podem se destacar frente aos debates possíveis de serem realizados, com o apoio das várias áreas das Ciências Sociais como um todo. O uso de mecanismos e estratégias diferenciadas chama a atenção do jovem do Ensino Médio, favorecendo a reflexão e participação. Os materiais utilizados nessa oficina são celulares, letras e melodias de músicas, poemas e reportagens, notebook, Datashow, caixas de som.

O número máximo de participantes é 25 pessoas.

4 - FACEBOOK COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA E FACILITADOR DA RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO

Responsável: Jade de Barros (UFRGS)

Esta oficina descreverá uma técnica utilizada durante o estágio de docência em Ciên-cias Sociais. O estágio de docência aconteceu entre os meses de abril e julho de 2013. Durante esse período lecionei a disciplina Sociologia para alunos do ensino médio de uma escola estadual localizada em Porto Alegre. O foco da oficina é a utilização de uma ferramenta contemporânea que é uma realidade no dia-a-dia dos alunos, a rede social Facebook. Minhas aulas foram planejadas a cada semana, levando em conta as demandas que os alunos traziam ou postavam. Conhecer os alunos e seus interesses foi desde o começo do meu planejamento o requisito principal para conquistar respeito e confiança. Nunca pensei ser uma professora disciplinadora e rígida, por isso escolhi o caminho da confiança através da aproximação dos alunos. Porém, para haver uma aproximação com os alunos seria necessário demonstrar conhecimento sobre os inter-esses da geração deles, as gírias e os costumes. Para tanto lancei mão de duas vantagens, a primeira é o fato de que a minha diferença de idade em relação a eles não configu-rava um abismo geracional. Aquilo que a geração deles tem de diferente da minha eu descobri facilmente através das redes sociais. A geração atual vive o auge da exposição irrestrita pelas redes sociais. Até o momento do estágio de docência nunca havia uti-lizado o Facebook. Então, foi criada uma página apenas para fins pedagógicos. Cada um tem suas regras sobre o que divulga ou o que não divulga nas redes sociais, porém, em

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geral são expostas questões muito interessantes. O primeiro passo dado nesse caminho para conhecer mais de cem alunos em poucos meses foi a criação de um questionário. Descobri através do questionário que a maior parte dos alunos utiliza a internet mais de três horas ao dia. Além disso, todos os alunos alegavam utilizar a rede social Facebook. A partir das informações que me foram dadas pelo questionário calculei que utilizar o Facebook como ferramenta pedagógica traria bons frutos. Poderia escolher ficar alheia ao fato de que a socialização dos adolescentes dessa geração está diretamente ligada ao advento das redes sociais. Ou, eu poderia escolher criar um Facebook, adicionar todos eles e aproveitar a parte boa desse superacesso à internet. Escolhi o segundo caminho, criei uma página no Facebook e adicionei todos os meus alunos. A utilização dessa fer-ramenta foi uma estratégia não só para conhecê-los melhor e criar laços mais estreitos com eles, mas também para gerar interesse nos alunos pela Sociologia. Porém o obje-tivo principal foi prolongar o tempo da Sociologia na vida desses adolescentes. Sempre considerei um único período semanal insuficiente para desenvolver a aprendizagem sociológica, os debates e a criação do imaginário sociológico tão festejado pelos plane-jamentos pedagógicos ideais. Procurei levar informações verdadeiras para o Facebook, que viessem de fontes confiáveis e desvendassem as clássicas mentiras que são postadas e compartilhadas na página. Por fim, conclui que experiência acabou sendo muito mais positiva do que eu previa. Os alunos participaram ativamente da página do Facebook, comentaram em vários debates e valorizaram a minha iniciativa. O Facebook permite a continuidade de debates feitos em sala de aula, bem como permite ao professor estar atualizado sobre os temas atuais. A página criada contava com mais de duzentos alunos da escola, sendo que apenas metade desses alunos eram meus alunos de Sociologia. A outra metade dos alunos me adicionou por recomendação de seus colegas. A partir dessa experiência pretendo compartilhar algumas das atividades que obtiveram maior sucesso no Facebook. Para a oficina seria necessário o uso de um equipamento de pro-jeção.

5 - CULTURA GUARANI-KAIOWÁ: COMO DISCUTIR A TEMÁTICA INDÍGE-NA EM SALA DE AULA

Responsáveis: Selma das Graças Lima, Célia Maria Foster, Katia Kaine Duarte, Lucia Pereira (UEMS)

Essa oficina se propõe a mostrar um pouco da cultura guarani-kaiowá em sala de aula para maior conhecimento da temática indígena. Pois vemos ainda um grande precon-ceito em relação a esse assunto na Educação Básica. Os alunos no Ensino Médio têm uma visão produzida no senso comum sobre a temática indígena e consideram os gru-pos indígenas atrasados e inferiores. Para romper com essa visão preconceituosa pro-pomos essa oficina. Tem como objetivo possibilitar o conhecimento sobre a cultura guarani-kaiowá e ainda pensar como discuti-la em sala de aula. Em consonância com a lei 11.645/08 que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura afro-brasileira e indígena, essa oficina contribui com a formação de professores sobre o conhecimento em relação à cultura indígena, especificamente a etnia guarani-kaiowá, isso permite que

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os professores tenham uma introdução à formação sobre a temática indígena para que possam trabalhar em sala de aula. A maioria dos cursos de graduação não oferece uma formação aprofundada sobre o assunto e se faz urgente a capacitação de professores para que seja possível o cumprimento dessa lei na escola básica. Na oficina teremos a presença de alunos indígenas dessa etnia que participam do Programa PIBID e conhe-cem a dinâmica da sala de aula para contribuir com os debates e exposição do tema. Os materiais necessários para essa oficina são objetos da cultura guarani-kaiowá, como o maracá, entre outros e também materiais como canetas coloridas, Notebook, data show, caixas de som. Propomos vídeos sobre a cultura guarani-kaiowáalem de depoi-mentos de jovens indígenas sobre sua cultura. Também haverá a exposição de poemas e desenhos feitos por alunos indígenas da educação básica sobre suas perspectivas e anseios em relação a escola.

O número máximo de participantes é 25 pessoas.

6 - DESAFIOS DA FORMAÇÃO DOCENTE EM CIÊNCIAS SOCIAIS PARA O ENSINO MÉDIO

Responsáveis: Ana Laudelina Ferreira Gomes (UFRN), José Anchieta de Souza Filho (Rede Pública de Ensino Médio – CE/UERN), Karla Danielle da Silva Souza (Rede Pública de Ensino Médio – RN/UFRN), Rodrigo Viana Salles (Rede Privada de Ensino Médio – RN/UFRN) e Geovânia da Silva Toscano (UFPB)

Grupo de discussão de caráter exploratório visando realizar avaliação diagnóstica de base nacional a partir de relatos de experiências docentes e discentes abordando prob-lemáticas e desafios para a formação do professor de ciências de sociais em face das exigências decorrentes da obrigatoriedade da sociologia no currículo do ensino médio em 2008, bem como os cenários estaduais e nacional em que elas tem lugar. Tal ex-ploração poderá cobrir tanto a formação ao nível da graduação (licenciaturas), como a pós-graduação (lato e/ou stricto sensu) e os saberes escolares. Com a aplicação da Lei 11.684, de 02/06/2008 que passou a determinar a obrigatoriedade das disciplinas de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio brasileiro, pressionou-se em vários estados federativos a ampliação do mercado de trabalho para professores egres-sos desses cursos. Especificamente, os cursos de licenciatura em Ciências Sociais se inserem na emergência de rever seus currículos, a contratação de seu corpo docente, a sua relação com a área de educação, a necessidade de ampliação do número de vagas entre outras. Em alguns estados novos cursos foram criados a partir do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI – 2007). Outras políticas e programas governamentais se colocaram ao longo da história do sistema educacional brasileiro envolvendo o ensino superior e o ensino médio, os quais se apresentam como desafios para se repensar a licenciatura na área e suas articu-lações tanto com a escola básica como com a graduação e a pós-graduação (sistema for-mador). Entre eles, destacamos: o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM – 1998), o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENAD – 2004), o Programa In-

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stitucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID- 2010), o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD – 2012-2015). Mais recentemente, a aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE - 2014-2024) orienta os estados e municípios à criação dos seus próprios planos em consonância com o nacional, impactando em futuras articula-ções da Universidade com o ensino básico e especificamente com o ensino médio. Tudo isso, se afigura um novo cenário para repensar o ensino de sociologia em seus diversos níveis, em especial a licenciatura tendo em vista se constituir no pilar da formação de professores de sociologia para o ensino médio. No entanto, são raros os estudos ao nível nacional sobre o assunto fazendo-se necessário explorações diagnósticas que possam esboçar os contornos de dimensões e categorias a serem pesquisadas em rede nacional.

Material a ser utilizado: data-show, computador, quadro (branco ou negro/giz ou pincel), papel rascunho, papel madeira, canetas, microfone e mesa de som.

O número máximo de participantes é 30 pessoas.

7 - HITS DO MOMENTO: MÚSICA COMO FERRAMENTA PARA O PENSAR SOCIOLÓGICO

Responsáveis: Camila Maria Cunha de Souza e Suianny Andrade de Freitas (UFC)

A oficina que ora apresentamos traz como proposta discutir os temas sociológicos tra-balhados na educação básica através de mecanismo que contemple a realidade dos alu-nos, músicas que fazem parte da cultura jovem. Utilizar músicas em sala de aula é uma prática comum, o diferencial dessa proposta consiste em mostrar que é possível utilizar músicas que estejam inseridas no cotidiano dos alunos, portanto mais atrativas e que fujam do que é apresentado tradicionalmente, inclusive nas seções do tipo “Músicas temáticas” dos livros didáticos. A ideia dessa oficina surgiu durante a realização de uma atividade da disciplina de Oficina de Ensino, ofertada pela professora DanyelleNilin ao curso de Licenciatura em Ciências Sociais (UFC). Depois de ter sido posta em prática por nós, em nossas experiências docentes e ter sido produtiva com os alunos decidimos elabora-la no formato oficina para que haja a possibilidade de ser replicada. O uso das músicas torna as aulas mais atrativas e com isso facilita a aprendizagem dos alunos. O objetivo da oficina é compartilhar com os demais licenciados e licenciandos a experiên-cia de utilização de músicas que façam parte do universo de vivencia dos discentes. A partir da aplicação dessa atividade em sala de aula pretende-se incitar a compreensão do mundo, o conhecimento da realidade social, incentivando a imaginação sociológica e estimulando a capacidade critica do aluno no que concerne à disciplina de Sociologia. E ainda mostrar para os professores que podemos discutir os mais diversos temas da Sociologia a partir de músicas “populares” e nos mais diversos estilos, a variedade de músicas também será útil para desconstruir alguns estigmas em torno de determinados gêneros musicais. Para desenvolver a oficina utilizaremos como recurso os áudios das músicas, as letras, vídeos ilustrativos e questões norteadoras. Iniciaremos o debate a partir de questões pré-selecionadas por nós com base em livros didáticos de Sociologia

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adotados na educação básica. Em seguida vamos propor aos participantes que pensem em músicas que façam parte da realidade dos alunos com base nas particularidades do local em que os profissionais da licenciatura atuam dessa forma cada professor con-struirá um novo banco de músicas para trabalhar questões sociológicas. Concluiremos a oficina com a apresentação das músicas e o debate em torno delas (pelo menos uma música por dupla).

Material que será necessário: computador, caixas de som e data show.

O número máximo de participantes é 20 pessoas.

11 - INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E RELAÇÕES DE GÊNERO: EXPERIÊNCIAS DO PIBID NO AMBIENTE ESCOLAR

Responsáveis: Gabriella dos Santos Ferreira, Gabriella dos Santos Ferreira, Giselle Joa-quina de Santana, Lígia Gonçalves de Oliveira, Luanne da Cruz Carrion e Petra Raissa Lima Pantoja (UNB)

Esta oficina aborda a temática: intolerância religiosa e relações de gênero no ambiente escolar e possibilita, através de práticas teatrais, reflexões sobre a prática docente de Sociologia no ensino básico, bem como, sobre a relação entre professor e aluno no pro-cesso de mediação de conflitos. Essa ideia surgiu, entre estudantes de licenciatura das Ciências Sociais, a partir das vivências proporcionadas pelo Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid) das Ciências Sociais da Universidade de Brasília (UnB). A área temática deste Pibid é “Sociologia do Conflito”, diante disso, foram problematiza-dos conflitos que aparecem dentro da escola, os quais possuem origens diversas e em sua maioria não são solucionados ou problematizados pela escola que apenas os abafa ou invisibiliza, geralmente há a não resolução ou a resolução parcial de conflitos. No ano de 2014 a atuação do Pibid se deu nas escolas CEM II (Ceilândia) e CEM Paulo Freire (Asa Norte), nestas foram observadas uma série de conflitos, tanto dentro como fora das salas de aula. Religião, legalização e descriminalização de práticas, política, cotas, juventude, trabalho, todos os temas que provocam conflitos sempre que são eviden-ciados em sala de aula. Para esta oficina optamos pelas temáticas: religião e gênero, pois observamos que despertam interesse e envolvimento por parte dos alunos. Mui-tas vezes os estudantes não separam suas paixões e convicções pessoais de uma visão critica que possibilite compreender os temas como fenômenos sociais. Os episódios de conflito entram em consonância com os temas que fazem parte das vivencias destes jovens, sendo enfatizadas em seus discursos, porém não por parte das escolas. Neste sentido é que cabe ao professor(a) instrumentalizar sociologicamente os/as estudantes para discutir estes delicados assuntos. Tendo em vista essa temática do Pibid, a oficina tem como objetivo proporcionar aos participantes vivenciarem, através de represen-tação teatral, processos e relações conflituosas que são recorrentes no ambiente esco-lar, no intuito de instigar um pensamento crítico, que possibilite articular estratégias de mediações de conflitos por parte da instituição escolar, com foco na figura do/a

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professor/a. A dinâmica é feita no formato de teatro fórum, baseada na ideia de Teatro do Oprimido, metodologia criada por Augusto Boal (1960), que utiliza o teatro como ferramenta de trabalho político, contribuindo para a transformação social: produz-se uma encenação baseada em fatos reais, na qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito, de forma clara e objetiva, na defesa de seus desejos e interesses. A dinâmica acontece quando alguém da plateia sobe ao palco para dizer qual seria a alternativa para o problema encenado. No Teatro-Fórum a barreira entre palco e plateia é desconstruída e é implementado uma espécie de diálogo. No confronto, o oprimido fracassa e o público é estimulado, pelo Curinga (o facilitador do Teatro do Oprimido), a entrar em cena, substituir o protagonista (o oprimido) e buscar alternativas para o problema encenado. Para finalizar a oficina, será proposto um debate que permitirá aos participantes compartilharem experiências já vividas no âmbito da docência, as-sim como sobre as impressões dos participantes acerca da experiência proporcionada. Em seguida, serão retomados os temas abordados na dinâmica, buscando explicitar a maneira como estas temáticas são abordadas em sala. A intenção é elaborar uma oficina que se aproxime das realidades vividas nas escolas do projeto, bem como compartilhar com os/as participantes as experiências do Pibid e alguns desafios por nós enfrentados, bem como, proporcionar um momento de debate e de construção de um conheci-mento voltado às práticas docentes em Sociologia.

Vale ressaltar que a oficina tem configuração para no máximo 16 participantes, e em relação ao material, serão necessárias canetas, folhas A4 brancas e cadeiras.

9 - BRASIS DENTRO DO BRASIL – A DIVERSIDADE DENTRO DE NÓS

Responsáveis: Luis Fernando Casimiro (Centro Universitário Fundação Santo André)

Esta oficina foi apresentada no ano de 2014 para alunos de 1º ano do ensino médio, na disciplina de Sociologia, através do PIBID. Tem a proposta de refletir sobre o processo originário do Brasil, a partir de seu encontro, relação e formação com as diversas raças e povos, oriundos, vindos e estabelecidos e que corroboraram para uma particulari-dade cultural de miscigenação única. Visa apontar as diferenças nas raízes culturais ao mesmo instante que direciona para o seu ponto congruente de consolidação étnica. Tomando base o livro “O povo brasileiro – A formação e o sentido do Brasil”, de Darcy Ribeiro, há o direcionamento das raízes nas matrizes (Tupi, Lusa e Afro) como alicerces para o fomento de um povo novo. Seus vínculos, interesses, conflitos e uniões que são capazes de gerar uma cultura rica e uniforme, sincrética e de reconhecimento para sua sociedade. Na tentativa de estreitar a linguagem acadêmica e tornar seu conteúdo didático, estimulante e de fácil compreensão, foi concebida uma determinada forma de exposição sobre o assunto, com a utilização de recursos visuais como cocar de índio e chapéu de cangaceiro, sendo estes objetos típicos de diferentes regiões brasileiras. A in-tenção era de tornar a oficina mais próxima possível de referências culturais populares e com uma adequação em sua linguagem, a fim de estabelecer uma participação maior dos alunos e de sua inserção na discussão acerca da identidade nacional. Também foram

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expostas as diferenciações e influências das flautas indígenas. Apresentando atributos específicos, curiosidades, palavras, costumes e fatos históricos do Brasil, foram mostra-dos seus aspectos primitivos e traçado um quadro comparativo com outros processos de colonização das Américas. Desenvolveu-se uma reflexão aprofundada e explicou-se como o autor define os tipos de brasis. Relacionando-se com os processos civilizatórios específicos de cada região do Brasil, Darcy Ribeiro faz um estudo intrínseco de todo o movimento histórico dos índios, portugueses e negros, salientando a importância de agregar, naturalmente, os aspectos culturais para a gênese de relações sociais específi-cas, não somente para as camadas econômicas, mas também entre sua homogeneização de povo como nação, de um povo novo mutante. O debate deteve instigar e referenciar as diversas formas de manifestações culturais pela qual o Brasil se constitui em todo ter-ritório. Possibilitou que os alunos refletissem sobre as condições históricas formadoras, vividas, impostas e buscou lançar um olhar crítico sobre o quadro de temas de nossa realidade atual. Ao final da oficina expositiva, foi solicitada uma pesquisa pessoal com a intenção de saber quais eram as raízes de cada aluno.

Para esta oficina os materiais utilizados serão: mapa, flautas, cocar, chapéu de cangaceiro.

O seu tempo é de 50 minutos e a quantidade de participantes é aproximadamente 40 pessoas.

10 - OFICINA DE COACHING PARA PROFESSORES

Responsável: Paulo Carlos da Silva (Rede Pública de Ensino de Pernambuco e FUNDAJ)

A desmotivação tem interferido no rendimento pedagógico. Se falta um objetivo claro e um comprometimento com a vida acadêmica, a escola tornar-se um “passatempo” enfadonho. Isso gera um ambiente improdutivo chegando a desmotivar até o profes-sor, que precisa ampliar sua visão com relação à influência que exerce sobre sua turma para além do conteúdo da disciplina que ministra. O objetivodestaoficina é munir o professor com algumasferramentas e técnicasoriundas do coaching comométodoped-agógico e motivacionaldirigidoaoaluno de nívelmédio para o aprendizado de sociologia e melhorianasdemaisdisciplinas. Segundo Jesse Souza no seuartigo A gramática social da desigualdadebrasileira (2004), a produção de umaespécie de “subcidadão” fruto da naturalização da desigualdade social nospaíses fora do eixoeconomicamentedesenvolvi-dos, tem mais a ver com o projetoimplantadopelospaísesdominantes do que com uma-herançapré-moderna. Para explicar melhor como se configura as desigualdades sociais ele lança mão do conceito de habitus o qual é classificado da seguinte forma: a) habi-tus primário, aquele que dá a base para uma relação entre iguais; b) habitus precário, encontrado na linha abaixo do primário; tipo de comportamento que não atende as exigências objetivas de um mundo competitivo e moderno e c) habitus secundário, que está na linha limite para cima do primário, onde encontramos questões de ordem do reconhecimento social. O presente trabalho sugere uma intervenção na área do habitus precário, utilizando técnicas de reforço positivo, não como um “adestramento” do aluno para um bom comportamento no mundo do trabalho, mas como uma ênfase

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naquilo que nele há de bom para conceder-lhe um indicativo das suas condições e pos-sibilidades, elementos que, via de regra, a família ressalta o negativo.

Utilizaremos data-show, pequeno equipamento de som e cópia das ferramentas (Tríade do Tempo 2pg, Teste do sistema representacional 1pg, Avaliação de preferência cerebral 4pg, Levantamento

de Valores 1pg e Roda do Conhecimento 1pg) para o número de participantes que não deve exceder o número de 30, sendo 25 o ideal para um melhor aproveitamento.

11 - ESCRITAS DE SI COMO DISPOSITIVO DE FORMAÇÃO NAS AULAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS NO ENSINO MÉDIO

Responsáveis: Jorge Luiz da Cunha e Joana Elisa Röwer (UFSM)

Esta oficina é uma atividade didático-metodológica voltada a professores e professores em formação para o ensino de Ciências Sociais na Educação Básica. Constitui momento de ação-reflexão-ação, pois se vivencia e reflete-se sobre a mesma de forma dialógica. Configura-se em procedimento de reordenação do conhecimento com aplicação em situações práticas na estrutura e dinâmica da sala de aula, na perspectiva da qualidade do ensino. Propõe-se a construção de um espaço/tempo de escritas individuais autore-ferrenciais e momentos de reflexão/interpretação compartilhados, em uma proposta formadora de relações entre história e estruturas sociais e trajetórias individuais. Nesta proposta, os conteúdos curriculares (temas sociológicos) são rediscutidos na relação com as escritas de si e vice-versa, na geração de estranhamentos, na suspensão de sa-beres, na desconstrução de saberes do senso comum e na construção de novas inter-pretações sobre o mundo e sobre si. O objetivo geral refere-se a vivenciar experiências práticas à luz de uma reflexão teórica sobre o trabalho com escritas de si como dis-positivos de formação no ensino de Ciências Sociais. Tem-se como objetivos específicos identificar e analisar as possibilidades do trabalho com relatos de si no viés da reflexivi-dade de si e da aprendizagem e refletir sobre outras possibilidades formadoras com o uso da abordagem (auto)biográfica. A discussão que Bourdieu (2012) apresenta entre pôr a Sociologia em seus conteúdos conceituais e teóricos e produzir efeitos de reflex-ividade; a concepção do desenvolvimento da imaginação sociológica de Mills (1975) para quem a ciência social deveria fazer compreender a História e as biografias e as re-lações entre elas no contexto e estrutura social; e, o conceito de consciência sociológica de Berger (2011) que se configura como uma ação real pelo indivíduo na compreensão, ordenação e atribuição de sentidos na trajetória de vida; embasam e justificam esta proposta didático-metodológica de ensino de Ciências Sociais no ensino médio, que se utiliza das escritas de si como dispositivo de produção de estranhamentos e desnatu-ralizações de si. Ou seja, a concepção de que os conhecimentos sociológicos servem para refletir sobre as biografias individuais, demanda a construção de possibilidades didático-metodológicas, embasadas teoricamente, que possibilitem essa relação no es-paço/tempo escolar. A fundamentação teórica no campo da Pesquisa (Auto)biográfica em Educação como dispositivo de formação centra-se em Delory-Momberger (2006, 2009, 2012); Passeggi (2011); Josso (2010); e, Altheit (2006). No campo da Educação

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as concepções de Dewey (2010) e Bondiá (2012) das relações entre vida, experiên-cia, aprendizagem e sentidos. Também nos embasamos em Bruner (2014) sobre o uso das histórias e a criação narrativa do eu; e, Ferrarroti (2010) para a compreensão da relação entre história e estrutura social e trajetórias individuais. O desenvolvimento metodológico da oficina constitui-se em seis momentos principais: (1) Sensibilização do grupo em relação às escritas de si; (2) Elaboração de narrativas escritas, na rela-ção entre história e estrutura social e as experiências de vida, permeada por questões temáticas como guia de escrita e de reflexão; (3) Fase de interpretação das narrativas escritas; (4) Desenvolvimento teórico, reflexão; (5) Re-leitura das narrativas e re-in-terpretação; (6) Fase de análise cuja finalidade assenta-se em conhecer e compreender as percepções sobre o experenciado. Os resultados versam sobre sensibilizar os partici-pantes das possibilidades do trabalho com a abordagem (auto)biográfica na formação do educando, no sentido de conscientizações e reflexividade de si, pela compreensão da relação entre história e estrutura social e trajetórias individuais. Os entrelaçamentos entre aprendizagens e histórias de vida rumam a qualidade da educação. Salientamos também a necessidade de mostrar que o trabalho com relatos autorreferenciais na edu-cação escolar necessita de fundamentação teórico-epistemológica que conduzem a atu-ação professoral.

Número máximo de 25 participantes.

12 - FAZENDO DOCUMENTÁRIO NA ESCOLA BÁSICA: ELABORAÇÃO DE UM PRÉ-ROTEIRO SOBRE OS “MEGAEVENTOS ESPORTIVOS”

Responsáveis: Arthur Pereira Santos (CAp UERJ), Clarissa Tagliari Santos, Paula Cris-tina Santos Menezes e Siddharta Fernandes (Colégio Pedro II)

A presente oficina visa construir uma proposta de pré-roteiro de documentário a partir do tema dos “Megaeventos esportivos” e seus impactos nas cidades-sede. Utilizando-nos da proposta dos cineastas Jean-Louis Comolli e Eduardo Coutinho, a construção do roteiro do documentário aparece de forma “aberta” ao real, levando a uma proposta de documentário onde o “desejo está no posto de comando”, e a filmar “sob o risco do real”. A partir de Coutinho, traremos a centralidade do “ato da palavra” (e da escuta) e da construção do documentário como resultado de uma construção entre aquele que filma e quem é filmado, ou seja, considerando que a própria existência do filme já altera a realidade documentada.

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13 - OFICINA PEDAGÓGICA “OS BRASIS DENTRO DO BRASIL”: UMA INTRODUÇÃO ÀS CULTURAS REGIONAIS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Responsáveis: Bruno de Castro Adhmann (Centro Universitário Fundação de Santo André)

Esta oficina tem por intenção apresentar um projeto aula expositiva planejada para alunos de ensino médio (preferencialmente 1º ano) sobre o tema culturas regionais brasileiras, suas influências tanto históricas quanto na atualidade. Esse projeto teve como base o livro “O povo Brasileiro” do autor brasileiro Darcy Ribeiro e consiste em uma condensação e adaptação didática da parte IV do livro, “Os Brasis na História”, consequentemente abordando os reflexos atuais das determinadas culturas e expansões culturais. Este projeto tem como objetivo proporcionar aos alunos do ensino médio um maior contato com as diversidades culturais do Brasil e suas respectivas histórias, mas sendo realizado de um modo próximo, que conecte o aluno e sua realidade com essas culturas que em boa parte nos influenciam no cotidiano, sem nosso conhecimento. Sendo assim, realizando esta conexão história-atualidade no âmbito cultural e no cotid-iano, aproximar os alunos de uma valorização cultural, pouco disseminada nos tempos atuais. A aplicação desse projeto consiste previamente na entrega de uma folha com as devidas referencias que serão utilizadas na aula. Logo após se inicia a primeira etapa da aula, que consiste em uma apresentação do tema já dando uma inicial correlação com a cultura e situação atual. Já a segunda etapa é a mais extensa, consiste na exposição dos “Brasis”, ou seja, as diversas culturas regionais, sua origem, história e seus desdo-bramentos. Nesta segunda etapa é inicialmente apresentada com um mapa explanando as mudanças geográficas territoriais no decorrer da história brasileira, as respectivas mudanças e regionalizações culturais; logo após quando se inicia as particularidades de cada região, é utilizado como recurso interativo a utilização de objetos (instrumentos musicais, utensílios alimentícios e etc.), curiosidades linguísticas e cotidianas das cul-turas abordadas com o intuito de ilustrar e aproximar o tema da realidade e materiali-dade dos participantes. Como terceira etapa, se inicia a análise da situação atual de cada cultura específica: suas inter-relações, sua contração ou expansão, a resistência ou não a urbanização, a influência da globalização na sua existência e etc.

Foi elaborado para ter em média 50 minutos, ministrados para em média 40 pessoas.

Tem como materiais necessários: mapas políticos do Brasil, uma folha de acompanhamento preparada para a aula, objetos diversos de várias regiões e culturas do Brasil trazidos pelo

palestrante.

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14 - AVALIAÇÃO E APRENDIZAGEM

Responsáveis: Sandra Maria Mattar Diaz e Rita de Cássia Mattarda (PUC-PR)

Conforme Sacristán avaliar não é só o ato de comprovar o rendimento ou qualidade do/a aluno/a, mas sim, uma das etapas de um ciclo completo de atividade didática racionalmente planejado, desenvolvido e analisado, isto é, hoje se pensa em avaliação como uma fase do ensino. (1998, p.296). Observa-se que os processos avaliativos, nas propostas curriculares das instituições de ensino, são indissociados dos processos de aprendizagem, todavia, na prática, ainda não podem ser denominados de “processos” no ensino médio, como evidencia o estudo de Scherer et al (2009) no qual os autores observaram o predomínio da avaliação Por meio de provas com a finalidade de atribuir notas ou conceitos, aprovar ou reprovar e em poucos casos observa-se o que Hadji (2001, p. 15) propõe: “A avaliação, em um contexto de ensino, tem o objetivo de contribuir para o êxito do ensino [...]” de onde se deduz que “[...] o que parece legí-timo esperar do ato de avaliação depende da significação essencial do ato de ensinar”. A avaliação no ensino de Sociologia, proposta nas Diretrizes Curriculares pauta-se numa concepção formativa e continuada, onde os objetivos da disciplina estejam afinados com os critérios de avaliação propostos pelo professor em sala de aula [...] pretende-se a efetivação de uma prática avaliativa que vise “desnaturalizar” conceitos tomados his-toricamente como irrefutáveis e propicie o melhoramento do senso crítico e a conquis-ta de uma maior participação na sociedade. (DCE/PR, p. 98). O objetivo desta oficina é refletir sobre a elaboração de instrumentos de avaliação dos conteúdos de sociologia para o ensino médio, a relação entre os procedimentos de ensino e de avaliação, assim como as características das questões para que a prova contribua na aprendizagem. Os procedimentos usados são: a exposição dialogada do tema; apresentação das orienta-ções para a elaboração de questões; Indicação dos Fundamentos teórico-metodológicos concernentes à Avaliação Formativa; Atividade prática para elaboração de questões avaliativas, a partir de um dos conteúdos que compõem o currículo de Sociologia para o Ensino Médio; Orientação no decorrer de atividade;Troca de informações entre os participantes.

Os materiais necessários: Conteúdos Curriculares da disciplina de Sociologia para o Ensino Médio; Materiais de apoio, relacionados ao encaminhamento metodológico, previstos para o de-senvolvimento do conteúdo de ensino, escolhido para a elaboração de questões avaliativas (textos

didáticos, livros, sínteses, etc.); Papel sulfite, caneta, lápis, borracha; Multimídia.

Número de participantes: 20.

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15 - A SOCIOLOGIA EM COMBATE: OFICINA DE APRESENTAÇÃO DO JOGO DE CARTAS “LUTAS SIMBÓLICAS” E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DA TEORIA DE PIERRE BOURDIEU

Responsáveis: Daniel C. Valentim e Erick S. De Sousa (Unilab), Mateus F. Nobre (Ufer-sa), Weslley Fellipe Da Silva Andrade e Icaro F. Lourenço (UFC)

Os extensos números de debates, fóruns, semanas universitárias etc., dedicados a refle-tir sobre a prática da pedagogia sociológica, suas fronteiras e perspectivas, contribuiram para tornar o cenário mais propício a novas experimentações. E é nesta perspectiva de reformulação do pensamento e das metodologias pedagógicas que emergem as possibi-lidades de [re]fazer a prática do ensino de sociologia, encontrando em outras formula-ções – além de métodos tradicionais – a possibilidade da constituição e apreensão dos pluralizados saberes da vida social. Deste modo, a oficina do jogo “Lutas Simbólicas” tem o intuito de apresentar esta ferramenta metodológica para o ensino da sociolo-gia na educação regular, possibilitando levar a discusão da teoria do sociólogo francês Pierre Bourdieu para o cenário das escolas de ensino médio, assim como fornecer mais uma ferramenta metodológica de ensino-aprendizagem para ser experimentada nos espaços do ensino superior. O “Lutas Simbólicas” consiste em um jogo de cartas no qual as pessoas encarnam alguns “jogos sociais dominantes”, numa busca pela acumulação de três diferentes capitais simbólicos (econômico, social e cultural). Vale ressaltar que o jogo apresenta uma proposta crítico-reflexiva sobre a natureza e as consequências de determinados jogos sociais da sociedade capitalista. A oficina proposta será dividida em três momentos: 1) apresentação do jogo (seus objetivos e fundamentações teóricas); 2) experimentação do espaço lúdico da jogabilidade e mecânica do jogo; 3) reflexões e considerações sobre o uso desta ferramenta metodológica no ensino da sociologia de Pierre Bourdieu, assim como seus temas didáticos correlacionados. Por esta perspec-tiva, temos o intuito de refletir no ambiente lúdico do jogo sobre alguns dos principais conceitos do autor (habitus, espaço social, capitais simbólicos, economias simbólicas etc.) que transpassam toda a mecânica/nominação das cartas, fluindo nas perspectivas visuais, ilustrativas e estéticas. Trata-se, portanto, de uma tentativa de reinvenção da prática pedagógica: enfraquecer a exclusividade academicista que circunscreve a trans-missão de saberes teóricos. Conceber, talvez, um novo caminho de aproximação à so-ciologia – tornando-a acessível a um público cada vez mais amplo de pessoas, com qualquer formação, sob a mera distância de uma partida de jogo de cartas: a sociologia, então, como um esporte de combate.

16 - TRABALHANDO COM IMAGENS NAS AULAS DE SOCIOLOGIA

Responsáveis: Ramiro Gabriel Garcia e Virgínia Lourençon da Silva (UFPR)

Existem várias formas de trabalhar conteúdos de sociologia no ensino médio, como, por exemplo, o uso de imagens. Acreditamos que o uso deste aparato pode ser uma fer-

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ramenta interdisciplinar poderosa, não apenas para ilustrar os conteúdos da Sociologia, mas para estimular o senso crítico dos alunos, ajudando no processo de estranhamento e desnaturalização. Considerando que vivemos tomados por imagens e mensagens grá-ficas, entendemos que o incentivo à “leitura” de representações pode ajudar o aluno na absorção destas mensagens de forma rápida e objetiva, inclusive no caso de testes seletivos que utilizam gráficos, charges e propagandas em suas questões. Desta forma, propomos uma oficina que permita aos participantes entender um pouco a respeito da construção de imagens, conhecer ao menos um exemplo da utilização de imagens em aulas de sociologia e praticar o uso de imagens como ferramenta pedagógica. Portanto, a oficina passará por três momentos principais. Primeiro uma breve explanação a re-speito dos aspectos técnicos da construção de uma imagem, em especial a fotografia. Em seguida, a apresentação de algumas imagens e fotógrafos que podem contribuir para pensar uma aula de sociologia, juntamente com um exemplo prático da utilização de imagens como ferramenta principal. Por fim, no momento prático da oficina, pro-pomos que os participantes dividam-se em grupos (três ou quatro no máximo) e tra-balhem com imagens que serão distribuídas. O objetivo é que os participantes tentem interpretar essa imagem, assim como propor possíveis abordagens para uma aula, to-mando como base a imagem que possuem e amparados pelos documentos oficiais que regem a disciplina de sociologia. Com efeito, a oficina destina-se tanto a professores da rede de ensino em geral, quanto a alunos de graduação que pretendem trabalhar com educação. A metodologia proposta serve, antes de mais nada, como um auxílio metodológico para aulas em geral, porém, o foco será dado aos conteúdos trabalhados pela disciplina de Sociologia. Recomenda-se que o número de participantes não exceda a vinte pessoas, pois a parte prática da oficina pode ser prejudicada pelo excesso de participantes.

Quanto aos materiais necessários: serão utilizados uma sala com um computador e um projetor para a apresentação da parte teórica da oficina.

17 - CAFÉ: UM CONVITE À IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA

Responsáveis: Tainá Souza Braga, Gabriel Schenkmann Arnt, Guilherme de Oliveira Soares e Vitória Zilles Fedrizzi (UFRGS)

A oficina pedagógica “Café: um Convite à Imaginação Sociológica” tem por objetivo compreender a vinculação da Sociologia aos acontecimentos cotidianos e incentivar os participantes/alunos a desenvolver a imaginação sociológica, que, segundo Wright-Mills (1969, p. 11) capacitaria “seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para vida intima e para a carreira exterior de numerosos indivíduos”, vinculando os conhecimentos da disciplina de Sociologia com os acontecimentos cotidianos da vida dos participantes/alunos, desnaturalizando esses acontecimentos e ampliando o olhar sobre as relações sociais existentes no cotidiano. Para propiciar esta reflexão é oferecido aos participantes/alunos um copo de café e é questionando junto a eles o estranhamento de se tomar café juntos em sala de aula, já

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iniciando uma discussão sobre os espaços que são socialmente designados para certas práticas. Após esse primeiro momento, os participantes/alunos devem ler um trecho do livro Sociologia de Anthony Giddens, que faz o exercício da imaginação sociológica com o café, elencando diversos aspectos sociológicos que permeiam o simples ato de tomar um copo de café (GIDDENS, 2005, p. 24-25). Após essa leitura é solicitado que os participantes/alunos façam esse mesmo exercício com outros eventos do cotidiano deles, mostrando como essas situações também estão permeadas por diversas relações sociais e que podem ser problematizadas a partir de uma perspectiva sociológica. Pos-sibilitando uma aproximação entre a disciplina de Sociologia/Ciências Sociais e a reali-dade dos participantes/alunos, promovendo o desenvolvimento de um senso crítico a partir dessa experiência e ampliando a abrangência do conhecimento sociológico para além do âmbito escolar.

Esta oficina ocorrerá com no máximo 30 participantes e os materiais necessários para a reali-zação são: copos plásticos (30), cópias do texto (30), térmicas de café.

19/07/2015 – 9H ÀS 12H

18 - SIMULANDO UM CAMPO: OS CAPITAIS DE BOURDIEU VÃO À ESCOLA

Responsáveis: Gabriel Schenkmann Arnt, Tainá Souza Braga, Guilherme de Oliveira Soares e Vitória Zilles Fedrizzi (UFRGS)

A oficina pedagógica “Simulando um Campo: os Capitais de Bourdieu vão à Escola” tem por objetivo elucidar os conceitos de capital cultural, capital econômico, capital social e capital simbólico cunhados por Pierre Bourdieu e sua dinâmica dentro de um campo social específico, a escola, e relacionar estes conceitos com o processo de so-cialização sofrido pelos agentes (Berger e Luckmann). E, através desta dinâmica, Pos-sibilitar a construção de um pensamento sociológico que explicite as relações sociais hierárquicas nos diversos campos socias. E, assim, aproximar os conceitos sociológicos das realidades experienciadas pelos discentes. A oficina ocorrerá com dois grupos de no mínimo 6 e no máximo 16 pessoas cada (máximo 32 participantes). Cada partici-pante ou dupla receberá uma ficha com um personagem e uma pequena biografia, e, a partir, desta biografia receberá diferentes quantidades de cada capital (econômico, social e cultural) esses valores serão representadas por fichas. Cada capital possui uma cor que o representa: capital econômico (azul), capital cultural (verde), capital social (vermelho) Assim, a cada rodada será retirada uma situação relacionada ao campo es-colar em que cada participante poderá apostar algum dos seus capitais. Cada situação terá um capital que vale mais que outro e cada situação terá uma bonificação diferente. O personagem com o maior capital, levando em conta os dados da situação, irá ganhar a bonificação, aqueles personagens que perderem poderão ter algum ônus. O capital simbólico está representado no jogo indiretamnete, ele será percebido ao longo da

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oficina, no momento em que os participantes percebem quanto que cada personagem tem de capital nas situações da oficina. Após o termino de todas as situações propostas, os participantes contabilizarão com quanto de cada capital cada um dos personagens terminou, assim, abrindo o espaço para a análise e comparação de cada um, possibili-tando a compreensão de como os capitais se comportam no campo e também o papel do capital simbólico para as relações entre os agentes.

Os materiais necessários para a realização desta oficina são: cópia da biografia dos personagens e seus capitais (16), cópia das situações (36) e fichas representando os capitais (nas cores vermelho,

azul e verde).

19 - UMA ABORDAGEM DIDÁTICA PARA DISCUSSÃO SOBRE AS RELAÇÕES DE GÊNERO NO CURRÍCULO DE SOCIOLOGIA

Responsável: Josefa Alexandrina da Silva (USP)

A partir do levantamento sobre a presença da discussão sobre as relações de gênero nos currículos estaduais, a oficina busca discutir os mecanismos ocultos de dominação mas-culina e toma como referência a obra de Pierre Bourdieu. Propõe atividades didáticas que possibilitem o estranhamento e a desnaturalização desta discussão com os jovens do ensino médio. Parte-se da experiência cotidiana dos alunos, análise de músicas e leitura de textos.

Material necessário: computador com data show; textos de leitura e discussão.

Número de participantes: 30

20 - ÉRICO VERÍSSIMO: TRILOGIA O TEMPO E O VENTO EM 50 ANOS

Responsáveis: Leila Beatriz Pinto (UNOPAR) e Maira B. Engers (UFRGS)

A proposta da Oficina abordará sobre a importância da Leitura e Literaturas como instrumento fundamental para a prática no Ensino Básico da Sociologia. A humanidade desde seus primórdios necessita de meios para se comunicar, através da linguagem, transmitir conhecimentos, expressar sentimentos e ações e encontraram na história o método mais eficaz para exercitar seus direitos e deveres no processo de ensino-aprendizagem, na recreação, no divertimento, lazer. Lukesi (1998), diz que ele tem a atividade lúdica como aquela que propicia a “plenitude da experiência”. Objetivos: destacar a relevância da leitura no desenvolvimento do lúdico. Um olhar além da sala de aula, através da literatura diferentes linguagens e formas, buscando sua própria história, partindo da leitura da “saga” de Érico Veríssimo, lendo a si mesmo com as sagas fa-miliares de cada região. Relacionar as atividades lúdicas sugeridas com aspectos do cotidiano desses alunos, com intuito de valorizar seu sentimento de pertencimento e cidadania, além de proporcionar maior visibilidade àquilo que lhes é imanente: família,

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belezas naturais, etc. E, sendo assim, é por esse motivo que algumas ações poderão ser desenvolvidas em locais diversos, para que aconteçam de forma relevante. Justificativa: a ação do enredo da obra transcorre em três dias de junho de 1895, nos estertores da Guerra Civil entre republicanos (“chimangos”) e federalistas (“maragatos”). O in-dividuo é privado de seus direitos, no caso a falta de cidadania e o desrespeito do ser humano. O cenário é de guerra, onde temos a violência masculina se interpondo ao direito da esposa em ter um parto assistido, a decisão egoísta em confinar a família sem chance de retirada de crianças, que estão tendo aviltados seus direitos de proteção e cuidados (as brincadeiras com o punhal), a insalubridade do ambiente, o descaso com o idoso, etc. Obviamente, há de se levar em conta o tempo em que o teatro aconteceu, deve-se fazer um paralelo entre tempo passado e atual, verificando-se a evolução ou a involução dos direitos. Existem hoje observância e inserção de todos os atores no âmbito social? Existe hoje o mesmo respeito pela figura paterna, que no passado per-sonificava o senhor todo poderoso, dono de destinos e sinas? O ser humano com essas mudanças teve ganhos ou não? Abordará também a manipulação das massas - os se-guidores de um ou outro caudilho, nessa guerra federalista/republicana, transósta para o cenário atual. Onde sociologicamente falando, temos as manipulações mascaradas em benefícios paternalistas.

21 - ESTUDOS DE GÊNERO NAS ESCOLAS

Responsáveis: Bianca Salles Pires (UFRJ) e Jimena de Garay Hernández (UERJ)

A oficina “Estudos de Gênero nas escolas” abordará a importância dos Estudos de Gêne-ro junto aos/às professores/as de Sociologia. Com atividades lúdicas, buscaremos sen-sibilizar aos/às docentes da importância dos debates referentes às construções sociais de gênero, as violências sofridas no processo de produção e reprodução dos papeis, além de apontarmos práticas discriminatórias e estratégias de enfrentamento a essas práticas. A importância de tais abordagens, que podem ser trabalhadas transversalmente aos conteúdos da Sociologia na Educação Básica, se dá por percebermos que as questões atreladas aos papéis de gênero produzem diferentes formas subjetivas e objetivas de se estar no mundo. Desta forma, as atividades pretendem ampliar o debate acerca das imagens atreladas aos gêneros, ampliando as possibilidades de compreensão dos temas próprios aos Estudos de Gênero quando pensado sociológico e antropologicamente. Por último abordaremos as várias percepções e identidades de gênero existentes, por meio da compreensão dos vários termos (homossexualidade, bissexualidade, transexu-alidade, travestilidade, etc.) empregados e das estatísticas de violências sofridas pelos variados grupos LGBTs. A exibição do curta “Encontrando Bianca” finalizará a atividade apresentando as dificuldades encontradas por uma adolescente transexual que frequen-ta a uma escola, provocando a reflexão sobre a importância da escola como espaço de transformação e não como uma instituição de perpetuação de desigualdades sociais.

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22 - A PESQUISA COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE SOCIOLOGIA

Responsável: Luciana Gomes Ferreira (IFRJ)

A presente oficina tem como proposta abordar o uso da pesquisa como recurso didáti-co no ensino de Sociologia, destacando suas potencialidades e fornecendo subsídios para a adoção de tal prática na Educação Básica. Ela se baseia em atividade acadêmico-pedagógica desenvolvida pela autora no âmbito do Programa de Residência Docente do Colégio Pedro II – programa de especialização em Docência do Ensino Básico – e aplicada em turmas do Ensino Médio. O objetivo principal da oficina é promover a reflexão sobre a pesquisa como metodologia para o ensino-aprendizagem de Socio-logia na Educação Básica, compartilhando saberes sobre o tema que auxiliem os par-ticipantes na formulação e aplicação dessa estratégia didática em sua prática docente. Dado que métodos variados podem ser mobilizados para a realização de pesquisas em Ciências Sociais, tem-se como objetivo específico apresentar diferentes modalidades de investigação científica passíveis de utilização nessa etapa da formação de alunos. Ademais, a utilização da pesquisa nas aulas de Sociologia requer a explicação prévia dos padrões mínimos de procedimentos necessários para que o resultado obtido seja considerado válido e pertinente para a compreensão de fenômenos sociais. Há a ne-cessidade, assim, de estar atento à forma de organização dessa atividade. Logo, outro objetivo visado consiste em explicar os procedimentos adequados para a aplicação dessa estratégia didático-pedagógica na Educação Básica. A proposição dessa oficina é moti-vada pela constatação de que o recurso à pesquisa constitui uma relevante técnica de ensino-aprendizagem de Sociologia (Ciências Sociais) na Educação Básica. A análise do tema em documentos oficiais, literatura acadêmica e relatos de experiência indica que a pesquisa pode assumir uma função importante na relação dos alunos com o meio em que vivem e com o saber científico, convertendo-se em instrumento para o desen-volvimento da compreensão e explicação dos fenômenos sociais. Ela favorece a supe-ração do estudo puramente teórico da disciplina, concentrado na mera transmissão e assimilação dos conhecimentos acadêmicos, privilegiando a apropriação dos conteúdos escolares, a geração de consciência crítica e a habilidade de reflexão e argumentação fundamentada em fatos e conceitos. Tal técnica também contribui para que os alunos se familiarizem com a maneira pela qual a Sociologia concebe a sociedade – elegendo o social como esfera de compreensão da realidade e o pensamento científico como método de produção de conhecimento. Sua aplicação possibilita oferecer aos alunos noções preliminares sobre metodologias de pesquisa utilizadas pelas Ciências Sociais, além de promover a desconstrução e reconstrução dos modos de pensar usuais. Desse modo, eles aprendem informações próprias dessa disciplina e modos de pensar que lhe são específicos. Finalmente, a oficina será organizada em quatro etapas: 1) apresentação da proposta da oficina, seguida de reflexão sobre as potencialidades do uso da pesquisa como recurso didático no ensino de Sociologia na Educação Básica fundamentada na produção bibliográfica sobre o tema. 2) Exame de diferentes modalidades de investi-gação científica e suas possibilidades de utilização pela Sociologia escolar. Para tanto, serão analisados relatos de aplicação dessa estratégia disponíveis na literatura acerca do

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assunto, assim como a própria experiência da autora. 3) Explicação dos procedimentos necessários para a adequação dessa estratégia didático-pedagógica ao ensino na Edu-cação Básica, seguida da construção de modelo de roteiro para orientar os alunos na realização da pesquisa. (4) Elaboração de planos de aula que adotem a pesquisa como recurso didático, adaptados à realidade dos diferentes participantes. Desse modo, eles serão levados a refletir sobre como incorporar tal metodologia à sua prática docente, atuando como multiplicadores desse processo.

O material a ser utilizado compreende um notebook, data show e caixas de som.

Estipula-se como 20 o número máximo de participantes.

23 - CLIQUE SOCIOLÓGICO: EXPERIMENTANDO A SOCIOLOGIA PELA FOTOGRAFIA

Responsáveis: Ana Francisca Marques Nunes Rosa, Jessica Costa de Araújoe Mariana Maiara Soares Silva (UFRJ)

A Oficina de Fotografia que pretendemos ministrar durante o 4o Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica visa atrair um público de professores em for-mação ou já em atividade que se interesse em utilizar a fotografia como recurso didático durante as suas aulas. Nossa proposta está baseada no projeto desenvolvido pelo PIBID UFRJ de Ciências Sociais, chamado Clique Sociológico, que tem por objetivo prob-lematizar o uso da fotografia enquanto recurso didático nas aulas de Sociologia. Nossa oficina foi pensada para 15 participantes e será organizada da seguinte maneira: (1) Pro-moveremos uma conversa informal diagnóstica, a fim de perceber de quais maneiras nossos participantes acreditam ser possível utilizar a fotografia em sala de aula e/ou de que maneiras estão acostumados a fazê-lo; (2) Apresentaremos a proposta didática de utilização da fotografia: - Seleção da fotografia: O que deve ser levado em conta quando selecionamos fotografias e/ou imagens para trabalharmos em sala de aula? O fotógrafo. Uma vez selecionadas as imagens, explicaremos a importância de apresentá-las como produto do trabalho do fotógrafo “X”. Conhecer este fotógrafo faz-se essencial para que possamos entender o contexto da imagem. - A fotografia: Uma vez conhecido o fotó-grafo e os dados gerais da imagem (data e lugar em que foram tiradas, por exemplo) é chegada a hora de olhar mais atentamente para as suas “partes”; - O método da De-cupagem: Através de uma ficha de análise fotográfica, que será apresentada na oficina, será possível dirigir o olhar do aluno para os mais variados planos e elementos presentes na fotografia. A análise destes, que são “recortados” do todo imagético, caracteriza o método da decupagem. Através deste método conseguimos desenvolver uma reflexão mais crítica e profunda dessas partes, o que, consequentemente, nos permite construir uma avaliação mais interessante da fotografia; (3) Articulando a imagem com os temas/conceitos/conteúdos da sociologia: Esta etapa da oficina terá como objetivo principal discutir a relação da fotografia com o conteúdosociológico. Será demonstrado o po-tencial da ficha de análise fotográfica como instrumento didático para a aproximação

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dos alunos com os temas/conceitos/teorias a serem trabalhados em sala de aula pelo professor. Atividade prática com os participantes da oficina: Pediremos para que escol-ham um conteúdo previsto no currículomínimo de sociologia para a educaçãobásica e, a partir dele, saiam em busca dos elementos necessários para trabalhá-lo, registrando-os através de uma fotografia. Após o tempo determinado para a atividade os participantes voltarão para a sala onde estiver sendo ministrada a oficina e as fotos serão analisadas pelo grupo. Este será um momento de fixação do método, bem como de avaliação. (4) Será realizada uma avaliação da oficina.

Material a ser utilizado: Câmeras digitais (ou de celulares, por exemplo), um computador, data show e cópias da nossa ficha de análise fotográfica para ser distribuída pelos participantes.

24 - CONSTRUÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO BÁSICO: UMA EXPERIÊNCIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

Responsável: Patrícia de Almeida de Paula (UEL)

A oficina tem como objetivo apresentar aos participantes as etapas de elaboração de um jogo didático que atenda algumas necessidades apresentadas pelo ensino básico e pelo próprio PIBID. Desse modo, será apresentada uma experiência vivida anterior-mente que objetivou a construção de um jogo didático junto a tentativa de incitar uma discussão com os alunos acerca da articulação existente e as possíveis relações na con-strução de ideologias sobre o gênero e o papel da mídia internacional e brasileira nesse processo, destacando os pontos positivos e negativos de tal articulação. Discussão que foi de suma importância para a estruturação e “amadurecimento” do material, a qual realizou-se por meio de uma aula aplicada a duas turmas no colégio em que atuo como bolsista do PIBID. Esta oficina atende alguns objetivos apresentados pelo “Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência” (PIBID), presente na portaria n° 096 de 18 de julho de 2013 entre os quais se destaca: inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de cria-ção e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino aprendizagem; incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a quali-dade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura; contribuir para que os estudantes de licenciatura se insiram na cultura escolar do magistério, por meio da apropriação e da reflexão sobre instrumentos, saberes e peculiaridades do trabalho docente. Levando em conta as razões acima elencadas o intuído da equipe do PIBID/ Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina foi elaborar um jogo o qual mobilizasse a con-strução e aplicação de planos de aula, selecionando materiais, indicando algumas abor-dagens e enfatizando as áreas das Ciências Sociais. Envolvendo inclusive a experiência de trabalhar alguns conteúdos no ensino básico, dentre os quais selecionamos o eixo:

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ideologia, mídia e gênero. De modo que nossas ações se direcionassem para um modo de romper a rotina maçante do processo de ensino-aprendizagem com a opção de in-serção do jogo sociológico como forma alternativa de trabalhar certos temas. A aula foi aplicada em caráter experimental para duas turmas do segundo ano do Colégio Estadual Professor Maria do Rosário Castaldi localizado na cidade de Londrina/Pr. Cujos alguns aspectos da prática permitiram observar a participação dos alunos, o de-bate sobre o tema, sua importância. A partir do que foi exposto propõe-se uma oficina para compartilhar o processo de construção do jogo didático que almeja novas formas de trabalhar certos temas na educação básica a partir da perspectiva sociológica. Para a realização das tarefas é necessário um computador e um data show. Propõe-se num primeiro momento a apresentação do jogo (suas características/objetivos) e os passos seguidos para a sua construção. Num segundo momento destacam-se as dificuldades, a partir das quais a expectativa é abrir um diálogo com os participantes a fim de ouvir suas impressões, críticas e assim propor que pensemos juntos novas possibilidades para trabalhar a construção de jogos didáticos no ensino básico.

Essa oficina pode ser trabalhada com até 20 pessoas.

25 - CINEMA E SOCIEDADE: EXERCITANDO O OLHAR SOCIOLÓGICO ATRAVÉS DO CINEMA EM SALA DE AULA

Responsáveis: Isaac Nazareno Paiva de Medeiros (Secretária da Educação do Ceará) e Marcia Menezes Thomaz Pereira (CEFET-RJ)

O uso da linguagem audiovisual em sala de aula pode ser apropriado como uma fer-ramenta metodológica que para contribuir no processo de ensino e aprendizagem não apenas como ilustração dos temas propostos pelas disciplinas, mas sendo ela mesma como a construtora de um discurso, como a informante, a fonte do conhecimento e o próprio campo onde podemos trabalhar. Essa forma de linguagem pode engrande-cer a construção do conhecimento, pois através do uso das imagens aspectos como tempo, espaço, paisagens, climas, sentimentos e emoções estão presentes na leitura do conteúdo facilitando a apreensão, interpretação e ressignificação dos diferentes el-ementos que compõem a complexa vida social que buscamos conhecer. Não se pre-tende discutir o estatuto de veracidade das obras, mas indicar que filmes são capazes de manter, transformar ou subverter discursos sobre os diferentes espaços e seus atores sociais. No ensino de sociologia, o uso da linguagem audiovisual tem se tornado uma prática recorrente entre os docentes. Seu uso tem o intuito de tornar mais acessível e palatável ao estudante do ensino médio os conteúdos da teoria sociológica e ao mesmo tempo promover o exercício do olhar sociológico. No entanto, para que se constitua como uma efetiva ferramenta de reflexão crítica sobre os mais diversos fenômenos sociais, culturais, políticos e ideológicos inerentes às relações humanas, o uso de filmes demanda o trabalho de perceber e levantar questões que problematizem a naturaliza-ção das imagens e ajude a ultrapassar as impressões do senso comum. Neste sentido, esta oficina pretende abordar as implicações metodológicas do uso de filmes como

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instrumento de desenvolvimento da compreensão de conceitos sociológicos no âmbito escolar, assim como apresentar propostas de trabalhos e ações didáticas concretas que relacionem imagens e conteúdos do ensino de sociologia partindo de dois percursos curriculares e particularidades da experiência com a disciplina no estado do Ceará e no Rio de Janeiro. Para tanto, a oficina requer, em termos de recursos didáticos, para a apresentação de trechos de obras cinematográficas e discussão ilustrada dos seus usos em sala de aula, um projetor multimídia, notebook, aparelho para reprodução de áudio, folha papel A4, canetas, quadro branco e marcador de quadro branco.

Esta oficina será oferecida para no máximo 20 participantes.

26 - ARTE DE PROTESTO

Responsável: Brenda R Martins Schwartz (UEL)

Assumindo a perspectiva da arte como reflexo da sociedade, a arte mesmo tempo em que reflete, pode também contestar as relações humanas, tendo como horizonte a transformação da realidade que se denuncia. Além disso, o produto artístico de de-terminados momentos, servem-nos como elemento histórico que nos fornecem uma perspectiva da estrutura e da dinâmica da vida social. A arte de Protesto é aquela que vai para além da simples contemplação, pois possui elementos críticos que contestam e denunciam a realidade. O intuito dessa oficina é tratar da arte como forma de contestar a realidade na qual estamos inseridos, a arte como um meio de protesto contra deter-minada ordem vigente. Para issofizemos um recortehistórico, trêsperíodos da históri-abrasileira, começaremos com abolicionismo, com a obraliterária “NavioNegreiro” de Castro Alves, mostrandocomosuaobratececríticas à forma comoosnegrosviviam, o poetarefletiapormeio de seus versos a realidadequalestavainserido, e tambémcriticava o regime escravocrata. Um segundo momento seria o período ditatorial, através da música (MPB), como os artistas protestavam em um cenário totalmente restritivo, uti-lizaríamos em especial uma canção de Chico Buarque “Calice”, mostrando como algu-mas pessoas ainda encontravam formas de expor suas criticas ao regime. Por último, tratamos do Rap e do Graffiti, enquanto movimentos contemporâneos, através dessas duas expressões mostrar a voz dos que estão nas regiões periféricas das grandes cidades, e como encontram formas de se fazer ouvir. Através dessa exposição incitaríamos um ambiente de discussão entre os alunos, no qual esses perceberiam um caráter diferente da arte, não mais como algo meramente contemplativo, mais como algo funcional, que propõe um pensar voltado para crítica, voltado para ação. Cronograma da oficina: I – Breve apresentação mostrando onde a Arte de Protesto esteve presente em momentos históricos. Com exposição e análises de materiais. A obra Navio Negreiro de Castro Alve (para tratar a questão do negro); a música Cálice – Chico Buarque (para tratar a ditadura militar no Brasil); E analisamos um rap e grafites contemporâneos (movimen-tos contemporâneos) - (30 min). II – Incentivar a produção de uma arte de protesto, podendo ser cênica, poema, música ou desenho com uma temática atual e apresentar para turma. (20 min)

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27 - CRIAÇÃO DE VÍDEO-AULAS PARA WEB: LINGUAGEM AUDIOVISUAL E O DOCENTE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Responsável: Robson Rodrigues de Lima (Faculdade Ideal)

As transformações técnicas, organizacionais e administrativas que do último quarto do século XX, em conjunto com as transformações sociais e culturais influenciadas e influ-enciadoras por estas mudanças, são comumente chamadas de sociedade da informação. Pensando nas conexões entre esta sociedade da informação e o processo educacional contemporâneo, em especial no uso de novas mídias em sala de aula, propõe-se uma ação de capacitação de docentes para uso de ferramentas necessárias para criação de material pedagógico para vídeo-aulas e similares; tudo isto voltado para a produção autoral de conteúdo online. O foco da oficina em audiovis ua l voltado para a web justifica-se em dados recentes do CETIC, Centro Regional de Estudos para o Desen-volvimento da Sociedade da Informação, ligado à UNESCO e ao Comitê Gestor da Internet. Dados referentes à 2013, lançados em 2014, mostram que apesar de 96% dos professores da educação básica utilizarem recursos vindos da internet, apenas 21% de professores da rede pública e 23% de professores da rede privada utilizam vídeo-aulas de sua própria autoria. Isto mostra a relevância de se pensar pela prática o ato de filmar-se (ou utilizar a própria voz ou mão-de-obra) e suas implicações em um processo de ensino e aprendizagem dialógico e crítico, como convêm às Ciências Sociais. O proponente possui um canal de vídeo- aulas de Sociologia online onde procura criar e aplicar metodologias didáticas próprias para a linguagem de vídeos online (www.you-tube.com.br/sociovlogbr). Esta experiência docente não- tradicional trouxe desafios, demandas e resoluções que, assim se espera, sejam compartilhadas e ressignificadas para as práticas pedagógicas dos participantes. Esta oficina é voltada para profissionais das redes básica e superior de ensino, licenciandos e interessados em ingressar neste campo, bem como demais pessoas interessadas. Lembramos que a ênfase da oficina é a criação de conteúdo para o trabalho pedagógico e não em uma técnica ou ferramenta específica, por isto, não demandamos material de filmagem profissional dos partici-pantes. Cada um deve trazer seu celular ou câmera digital, bem como cabos e demais acessórios para transferência de dados e carregadores de energia, bem como roupas confortáveis. Será necessária uma sala ampla com capacidade para até 20 pessoas, bem iluminada por toda a duração da oficina, com acesso à internet, quadro branco com pincéis e apagador apropriados.

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28 - SOCIALIZAÇÃO INTERROMPIDA: A EXPERIÊNCIA DA DITADURA CIVIL/MILITAR NO BRASIL (1964-1985) – INSTRUMENTOS PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA A PARTIR DA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL

Responsáveis: Maria Valéria Barbosa, Tiago Vieira Rodrigues Dumont, Andressa Alves dos Santos, Anna Paula Ribeiro Maia e Emerson de Campos Maciel (UNESP - Campus de Marília)

Esta oficina tem o intuito de contribuir metodologicamente com o processo de ensino e aprendizagem da Sociologia na Educação Básica. A experiência apresentada foi desen-volvida com 6 turmas da 1º Série do Ensino Médio, em uma escola pública do interior do Estado de São Paulo. Para isso, articulou-se um tema histórico com o conteúdo curricular dessa disciplina, objetivando compreender o presente como resultado do passado, momento problematizado e desnaturalizado a partir da ação do jovem, consid-erado um sujeito que possui um papel e um lugar na sociedade em que vive. No ano do 50º ano da Ditadura Civil-Militar no Brasil utilizou-se este tema para desenvolver o tra-balho, tendo como suporte teórico-metodológico a Teoria Histórico Cultural (THC), mais especificamente a Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP), e a Teoria da Ativi-dade (TA). Foi utilizado como mecanismo de articulação do conteúdo e da estrutura de cada atividade, um elemento norteador que denominamos espiral, que permite, a partir da mediação com o lúdico, traçar um diagnóstico dos alunos, desvendando suas representações e necessidades. É um conjunto aberto de questões organizadas na forma de espiral e respondidas de forma rápida e direta. A análise das respostas ajuda a con-stituir o perfil da turma. Da espiral foram definidos os elementos da Atividade, bem como sua estrutura e as diversas ações. Um minucioso planejamento permitiu atuar sobre as possibilidades de aprendizagem de cada turma (atuação sobre a ZDP), por meio de um trabalho coletivo e interdisciplinar. Coube à Sociologia discutir os concei-tos de Socialização (a partir de Karl Marx) e Interação Social (a partir de Max Weber) e refletir como o período estudado, pelas prisões abruptas e violentas que promoveu, produziu uma ideia de Socialização Interrompida. O ponto de partida, do trabalho, foi a exibição de um filme que permitiu estabelecer uma temporalidade histórica entre presente, passado e futuro, tendo como mote “viver sem conhecer o passado é viver ou andar no escuro”, cumprindo, também, a função de motivar os estudantes para mer-gulhar no resgate do passado como forma de compreender o presente. Posteriormente, desenvolveu-se em cada turma um diálogo com os tempos da ditadura, por meio de poesias, músicas, desenhos, charges, fotografias e a organização de um tribunal para julgar a ditadura. Afora isto, houve o Dia D — “um dia na escola do meu filho” — que foi aberto para a participação da comunidade externa, com a exposição: “Direito à Memória e à Verdade: a Ditadura Civil/Militar no Brasil (1964-1985)”; e dos Trabalhos realizados pelos alunos; a Mesa de Debate - com a presença de: Prof. Drª Rosângela de Lima Vieira - docente do UNESP - Marília: “50 anos do Golpe civil-militar: história e legados para a sociedade brasileira”; Carlos Roberto Pittoli - capitão reformado do Exército - Ex-preso político: “Repressão da ditadura e a luta de resistência”; Prof. Dr. Clodoaldo Meneguello Cardoso - coordenador do OEDH (Observatório de Educação

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em Direitos Humanos) – UNESP – Bauru: “Memória, verdade e cidadania hoje”. Final-izada essa atividade, tivemos a apresentação da Banda formada pelos estudantes da es-cola, que tocaram músicas desse período, selecionadas pelos próprios estudantes para a elaboração de um CD. Ao destacar e refletir sobre a participação da juventude ao longo da história, a atividade buscou questionar, em diferentes temporalidades, se a juventude do presente seria capaz de produzir movimentos que se mostrassem significativos para alterar os rumos da história do país. Tal processo possibilitou construir uma participa-ção efetiva de cada estudante como protagonista das diferentes etapas da atividade, o que tornou positivo o resultado do processo de ensino e aprendizagem.

Número de participantes: 40 pessoas.

29 - A SOCIOLOGIA E O DEBATE DA EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL

Responsáveis: Carla Georgea Silva Ferreira (IFPI), Fernanada Lopes Rodrigues (IFM), Jucimeire Rabelo Moreira (Observatório Bantu)

A Lei 10.639/2003 tornou obrigatório, em todas as escolas de educação básica, o en-sino da história e cultura afro-brasileira e africana. Acrescenta-se à prescrição legal, o Parecer CNE/CP 03/2004 e a Resolução CNE/CP 01/2004 que regulamentam e instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de história e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Passado o pri-meiro decênio desses instrumentos legais para o combate ao preconceito e à discrimi-nação racial, ainda é comum nos depararmos com diversas manifestações que reclamam da ausência ou timidez da implementação da Lei nº 10 639/2003 nas escolas. Muitos fatores são alegados para explicar essa timidez, dentre os mais utilizados está a ausência de capacitação de professores para trabalhar a temática. Neste sentido, as escolas, em especial a disciplina de sociologia é um instrumento importante na promoção de espa-ços de debates, que colaborem para a tomada de atitudes, no sentido da efetivação da educação das relações étnico-raciais nas escolas. Nesta perspectiva, a presente Oficina se coloca como espaço de debates e trocas de experiências no sentido de contribuir para pensar estratégias de implantação da lei nas escolas. OBJETIVOS: refletir sobre o currículo escolar e a discussão da diversidade étnico-racial; possibilitar informações para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula, a partir de re-flexões sobre diversidade étnico-racial, identidade, embranquecimento, racismo, rac-ismo institucional e anti-racismo; refletir sobre as possibilidades de incorporar nas aulas o tema diversidade étnicoracial, racismo, identidade através de vários gêneros, como: filmes, documentários, poemas, contos, autobiografias, livros de literatura infantil e infanto-juvenil, textos de jornais e revistas, etc. METODOLOGIA: serão realizadas dinâmicas e atividades de reflexão para apreensão dos conhecimentos prévios sobre o tema em apreço. Em seguida, abordaremos o tema em foco, discutindo aspectos legais e teórico-metodológicos. Posteriormente, serão discutidas e propostas, coletivamente, estratégias de apropriação do tema nas diferentes disciplinas dos cursos de Licencia-tura. Será finalizado com a reflexão sobre as contribuições da discussão para a prática

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didático-pedagógica dos presentes na oficina

30 - REFLETINDO SOBRE O CONSUMO: ENSINANDO A ARTICULAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO SOCIAL COTIDIANO E CONHECIMENTO CIENTÍFICO-SOCIAL

Responsáveis: Josevânia Nunes Rabelo, Rouseanny Luiza dos Santos Bomfim, Monique Maria Marques Machado,Wine Santana e Tâmara Maria de Oliveira (UFS)

Nossa oficina partirá da apresentação de uma execução de plano de aula sobre o consu-mo enquanto representação social significativa e problemática das sociedades contem-porâneas e da exposição dos princípios teórico-metodológicos e instrumentos didáti-cos que guiaram a elaboração do plano de aula. Continuará com a formação de equipes de participantes que, munidos de um texto teórico sobre o consumo, serão convidados a criar um plano de aula sobre o mesmo tema. A conclusão da oficina será feita pela apresentação e discussão dialógica dos planos de aula construídos pelas equipes dos participantes. Justificada pela centralidade do consumo na socialização e sociabilidade da(s) juventude(s) contemporâneas, ou seja do público-alvo do PIBID, o objetivo geral da oficina é utilizar dois princípios nucleares do conhecimento científico-social: estran-hamento e desnaturalização dos fenômenos sociais. Como objetivos específicos, temos : incorporar a imaginação sociológica no processo de formação à docência e de apre-ndizagem e elaborar um plano de aula através de alguns instrumentos intelectuais das ciências sociais. O material a ser utilizado serão fotocópias do texto teórico a ser lido e trabalhado pelos participantes. Os participantes serão 25. A metodologia do plano de aula, que nos servirá de base para a realização da oficina, partiu da aplicação de uma entrevista semi-estruturada em torno das representações sociais sobre o consumo dos alunos do ensino médio de escolas parceiras. A partir da análise dos dados, fez-se uma dramatização em que conteúdos simbólicos aparecidos empiricamente foram o ponto de partida para a problematização sociológica do consumo enquanto orientação es-truturante da vida social contemporânea. Neste sentido, foram priorizados conteúdos que articulam o consumo aos seguintes valores estruturais da regulação social con-temporânea – ação social estratégica, competitição e desigualdades, sob a hipótese de que a problematização sociológica de tais conteúdos permitirá a aquisição de um con-hecimento empiricamente fundamentado sobre as relações entre problemas pessoais comuns entre estudantes do ensino médio (apatia, fracasso, violência escolar, etc.) e a impregnação de valores da economia de mercado na estruturação de políticas públicas educacionais.

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31 - APRENDENDO E ENSINANDO NO BONIGO MOSAICO DE UMA ESCOLA PÚBLICA

Responsáveis: Vani Espirito Santo do Centro Estadual de Educação Profissional Profes-sora Maria do Rosário Castaldi/ Londrina/ Paraná

Pretende–se fazer uma oficina com aproximadamente 30 pessoas onde o tema será juventude, direitos humanos e educação, a proposta da oficina objetiva tratar do tema do Processo de Construção do Conhecimento na Disciplina de Sociologia em alunos e alunas do ensino médio , uma vez que o debate que se tem hoje na sociedade é que estudantes não querem aprender dentro do ambiente escolar. No primeiro momento será feito uma abordagem de 40 minutos sobre a teoria de Barnard Lahire ( 2004) onde aponta que é nos processos de socialização que as pessoas demonstram suas diferentes disposições e na teoria do sociólogo Bernard Charlot ( 2000) que aponta que não ex-iste fracasso escolar, e sim, que uma pessoa no ir-e-vir da relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo, é que vai tomar forma o desejo de aprender, e esse desejo que leva uma pessoa em direção ao saber, o que pressupõe um movimento de mobili-zação - e não simplesmente de motivação, então será solicitado aos participantes que reflitam sobre o papel da escola, da sociedade e sobre o processo de conhecimento, que falem sobre situações de sucesso e fracasso escolar. Após isto farei uma breve exposição de aproximadamente 15 minutos sobre uma experiência em um centro estadual de educação profissional onde percebemos que nossos meninos(as) querem aprender, mesmo que não seja o que nós queremos ensinar e apontaremos elementos que per-mitem um despertar da busca do conhecimento por pessoas adolescentes no ensino médio, como por exemplo o uso do celular, assim como importância do trabalho em grupo, e participantes serão divididos em grupos de seis pessoas e durante 10 minutos solicitarei que façam uma reflexão de como esta prática contribui com o despertar do desejo de aprender, fazemos uma análise de como adolescentes através do uso de no-vas ferramentas tecnológicas como celulares, tablets, notebook, TVs multimídias, etc, se prejudicam, mas também se motivam a elaborar e relaborar o conhecimento. Em seguida faremos um circulo onde começarei expondo um pouco mais da experiência citada onde por dois meses trabalhamos com pessoas de 16 a 19 anos, em um total de aproximadamente 160 alunos e alunas do ensino médio e integrado em uma escola estadual da periferia do município de Londrina, Estado do Paraná, onde estudantes de ensino médio e profissionalizante produziram e apresentaram seminarios, fizeram pesquisa de campo, realizaram entrevistas, elaboraram relatórios, com temas como diversidade sexual, racismo, questão de gênero. Em seguida cada grupo será convidado a falar do sucesso e do fracasso debatido no grupo. Faremos uma síntese final. O ob-jetivo é apontar algumas situações onde é possível romper a barreira do comodismo, da preguiça, do desinteresse, mostrando que o processo de ensino e aprendizado pode acontecer das mais variadas formas com os mais diferentes elementos pedagógicos, mas é necessário formação de nossa parte enquanto docentes, sabedoria quando toda a carga moral religiosa vem contrapor a ciência e principalmente, também disposição para aprendermos junto com eles e mostrando que a educação é chave de transforma-ção. Duração da oficina: 3 horas.

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32 - PROJETO SOCINEMA: ANÁLISE E PRODUÇÃO SOCIOLÓGICA

Responsável: Lívia Bocalon Pires de Moraes (UNESP/IFSP)

A oficina proposta refere-se a um projeto de ensino de sociologia realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), no campus Sertãoz-inho, entre os meses de fevereiro e junho de 2015, junto a alunos do 1°, 2° e 3° anos do Ensino Médio. Trata-se de uma atividade cuja participação dos alunos é facultativa, ocorrendo em período oposto ao das aulas regulares e reunindo simultaneamente alu-nos das diferentes séries, com o propósito de empregar a linguagem cinematográfica para, apresentando temas analisados pela disciplina de sociologia no Ensino Médio, compreender com maior clareza seus conceitos e teorias, e por outro lado, ao realizar a análise sociológica dos filmes apresentados, apreender cientificamente os contextos sociais, culturais, políticos, históricos, econômicos e geográficos por eles retratados. O projeto visa a contribuir para suprir a dificuldade manifestada pelos alunos em relação à compreensão da sociologia como conjunto de teorias relativas a autores diversos, cujas análises da sociedade variam significativamente, bem como o emprego de conceitos e noções por cada sociólogo para realizá-las. Assim, diante da necessidade de demonstrar de forma mais contextualizada a relação, presente na sociologia, entre teoria e prática, e do interesse de meus alunos por filmes de forma geral, optei por utilizar a lingua-gem cinematográfica como um recurso para o emprego da análise sociológica por eles, partindo da “realidade” apresentada pelos filmes para, recuperando ou introduzindo determinadas teorias sociológicas, promovermos coletivamente uma compreensão sociológica da mesma. A dinâmica do projeto opera da seguinte forma: inicialmente apresento aos alunos determinado filme, que pode ser nacional, estrangeiro, de ficção, documentário, curta-metragem, animação, etc. Suas informações técnicas são apresen-tadas e o assistimos juntos, com pequenas pausas para eventuais dúvidas ou para chamar sua atenção para algum momento essencial. Na semana seguinte, sentados em roda, cada aluno comenta rapidamente o que achou do filme e se de alguma forma conseguiu relacioná-lo com os conteúdos de sociologia, sendo para isso utilizado um conjunto de duas ou três perguntas feitas a eles na semana anterior à exposição do mesmo. Em seguida, os conteúdos de sociologia relativos àquela película são expostos de forma dia-logada, utilizando a lousa ou o Datashow para a construção de esquemas, estimulando que os alunos das séries mais avançadas auxiliem a explica-los para os alunos dos demais anos. Desse modo, ao fim dessa etapa construímos juntos uma espécie de glossário dos conceitos utilizados para compreender aquele filme, referindo-os aos autores re-sponsáveis por sua formulação. Havendo tempo, os alunos se organizam em peque-nos grupos para a elaboração de formas diversas de comunicação de sua interpretação e compreensão do filme, podendo esta ser um texto dissertativo, uma poesia, uma música, um desenho, um depoimento em vídeo, ou qualquer outra forma de exposição que desejarem e que seja passível de divulgação para a comunidade escolar. Esta etapa, quando não realizada no dia da análise sociológica, é feita na semana posterior a ela e, quando finalizada, tem seus resultados publicados em páginas na internet, mantidas pe-los alunos participantes, que são divulgadas para os demais alunos, professores, e para o público de fora da escola. A oficina, limitada a 30 participantes, pretende apresentar

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a outros professores os resultados dessa experiência, por meio da troca de sugestões de filmes a serem trabalhados, da apresentação das análises sociológicas realizadas, e dos resultados das produções dos alunos, com vistas a promover trocas de experiências so-bre o emprego desses recursos, e a discussão coletiva acerca de adaptações que tornem possível sua utilização em sala de aula no cotidiano da disciplina, e não apenas em pro-jetos paralelos a ela, sendo necessários como recursos Datashow, lousa e caixas de som.

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MOSTRA DE PAINÉIS

(LISTA GERAL)

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TAIS BARBOSA V. DO NASCIMENTOANITA HANDFAS O ensino de Sociologia nas reformas educacionais de Francisco Campos e Gustavo Capanema

NATALLY RODRIGUES MORAESRAÍSSA SABRINE MARTINS Comida pra pacato cidadão: a utilização da música como ferramenta de ensino aprendizagem nas aulas de Sociologia

KARINE CRISTINE COSTALUCIANA FREITAS DA SILVAPÂMELLA PEREIRA PROTÁZIO, NATALLY RODRIGUES MORAESRAÍSSA SABRINE MARTINS CARDOSOFacebook: instrumento de ensino aprendizagem

TALVANI WESLEY REINEHRALESSANDRA SARA LEMESORIENTADORES: MARCO ANTONIO ARANTESOSMIR DOMBROWSKIPIBID de Ciências Sociais: resenha de notícias

MÁRIO JORGE BARRETO RIBEIROEntre a docência e a militância: uma relação imbricada para a Sociologia no Ensino Médio (uma análise das manifestações de junho de 2013)

MARCELA SCHIAVON INOCÊNCIO DE SOUSALUARA ALVES DE ABREUO programa São Paulo faz escola Sociologia e o diálogo com os parâmetros curriculares nacionais: Sociologia em questão

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Lista Geral da Mostra de Painéis | 301

AMANDA ANDRADE LIMASociologia e Educação Física no Ensino Médio: uma proposta multidisciplinar

ALCELIA ALMEIDA CAVALCANTE AMORIMROBERTO E. ALEXANDRE DE ABREUISABELA DUARTE VALINSIMONE MAGALHÃES BRITOROGÉRIO MEDEIROSA didática e a formação do professor de sociologia para o Ensino Médio

GESIANI DE LIMA SILVA A sociologia como uma disciplina em construção: aplicando uma análise sobre os desafios enfrentados para a sua implementação

PRISCILA FRANÇAPolíticas públicas de inclusão educacional: um estudo compara-tivo sobre a organização dos sistemas de ensino no Brasil e no Japão

AMANDA FORNER ALINE PILLON DA SILVA THAÍS RODRIGUES VIEIRAPIBID e a escola de tempo integral: uma potencialização no pro-cesso de ensino e aprendizado

ROBERTO E. ALEXANDRE DE ABREUALCÉLIA CAVALCANTE AMORINPATRICK CÉZAR DA SILVAEntre saberes e práticas da profissão docente: um olhar sociológi-co sobre a transposição didática dos conteúdos

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302 | Anais do IV ENESEB

MARCUS VINICIUS DE SOUZA PEREZ DE CARVALHO NATALIA PINEDA ZUALINI MARIA VALÉRIA BARBOSA VERISSIMOSociologia e sua abordagem nos vestibulares e na Educação Básica

HEYTOR DE QUEIROZ MARQUESMARIA EDUARDA PEREIRA LEITEPAULA SOARES TAVARESO ensino da sociologia direcionado para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nas escolas da rede pública e privada da cidade de João Pessoa - PB

NIVIANE DOS REIS COSTA ANTONIO RENALDO GOMES PEREIRA O “quarto poder”: trabalhando a proposta de intervenção do PIBID\UFC na E.E.F.M arquiteto Rogério Fróes

GIOVANA CARINE LEITE CLÁUDIA EMÍLIA DA SILVALARISSA M. F. S. S. SILVEIRAO PIBID e a Ciência Política no ensino de Sociologia

LUCAS SIMPLICIO DA SILVAGUSTAVO HIPOLITO GIAQUINTOMARIA VALÉRIA BARBOSATeoria histórico-cultural: a espiral e a relação de ensino-aprendizagem

TÚLLIO GARCIA DE CASTRO MEIRAVALÉRIA VERÍSSIMOTeoria histórico cultural e a desigualdade social

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Lista Geral da Mostra de Painéis | 303

PATRÍCIA BARWIGLEONARDO M LEEUVEN ANGÉLICA NUNESCARLOS ALEXANDRE DOS SANTOS LEIDE MAILANE DA SILVA O ensino de Sociologia e suas contribuições para educação cidadã

BÁRBARA CAROLINA ASSUMPÇÃO DE OLIVEIRAO bullying no espaço escolar: uma abordagem sociológica

JANAINA SILVA DOS SANTOS As contribuições do PIBID na formação de professores/as: uma nova forma de enxergar a licenciatura em Ciências Sociais

RUBIA RENATA AMBRÓSIOProcesso educativo na ilha de Superagui: os eixos temáticos e as alternativas metodológicas da educação do campo

PETRA RAISSA LIMA PANTOJA LEITEMetodologia de ensino e Sociologia prática: uma experiência etnográfica

ANTONIO RENALDO GOMES PEREIRANIVIANE DOS REIS COSTA Academia literária: relato de uma experiência interdisciplinar

WALDIR PATRICIO DE ALMEIDA JUNIORFRANCISCO XAVIER FREIRE RODRIGUESPelo olhar do aluno: a importância do ensino de Sociologia no Ensino Médio ministrado por Cientistas Sociais

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304 | Anais do IV ENESEB

LEANDRO DA SILVA BOARETTO. MARCELO AUGUSTO TOTTINovas metodologias e técnicas de ensino: trabalhando com a temática Estado e Movimentos Sociais para ensinar Sociologia na educação básica

SABRINA CESAR FREITASKAROLYNA BALDUINO GUTIERRES DE MELOVIRGÍNIA LOURENÇON DA SILVA Literatura e a sociologia: o uso de material não-sociológico no ensino das Ciências Sociais

VIVIAN FERREIRA MORAIS DE CARVALHOHUMBERTO MAURO GONÇALVES MARIANO DE SOUZA CASTROFLÁVIA APARECIDA BELIZÁRIO Juventude e identificação - a construção da identidade escolar

ÁGATHA MICHELLE DE FARIA SOUZA PEREIRAISABELLA BATISTA SILVEIRA Feminismo: um desafio da sociologia

KARLOS PATRICK DE PAULO SOUSA ANTONIO AURÉLIO MESQUITA SOUSAFanzine: um recurso metodológico para sala de aula

MATHEUS ALEXANDRE DE ARAÚJOPATRÍCIA PEREIRA CUNHASerá que a prova de Sociologia prova alguma coisa?

FAGNER CARNIEL LUCAS DE LIMA CARDOSOKAUE FELIPE NOGAROTTO CRIMA BELLINIANDRÉ FABRÍCIO DE SOUZAGenêro e diversidade sexual no ensino médio: um estudo sobre livros didáticos de Sociologia

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Lista Geral da Mostra de Painéis | 305

TATIANA LIMA DA SILVA Padrões de beleza estabelecidos pela mídia e sociedade: uma abordagem interdiciplinar pelo PIBID na escola Cere

MARCELLE JACINTO DA SILVARAQUEL GUIMARÃES MESQUITALUANA CAROLINA BRAZ DE LIMAUma experiência de protagonismo juvenil na rede pública de Ensino

VALÉRIA LOPES PEÇANHALARYSSA BRUMMATEUS ALMEIDAJuventude e participação política no Colégio Pedro II

ROGÉRIO SANTIAGO RAPOSOGênero: a diferença não significa desigualdade

MACIEL ALVES TAVARES PAULO HENRIQUE MIRANDA Redes de movimentos rurais: um estudo sobre redes num assentamento rural

ALDAIR DA SILVA FREIREMARCELO RODRIGUES DOS REISDurkheim versus Nietzsche: tensões e contradições na educação e formação do homem

MARIANA MAIA CUNHAANDREZZA CRISTINNE NUNESAmpliação do currículo escolar de Sociologia no Ensino Médio: reflexões sobre os impactos na escola liceu do Conjunto Ceará em Fortaleza, Ceará

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306 | Anais do IV ENESEB

GUSTAVO DIAS SILVAGABRIELA NASCIMENTO DE OLIVEIRAGUILHERME DOS SANTOS OLIVEIRANem aluno, nem professor: reflexões sobre a atuação em sala de aula do iniciando em docência através do PIBID

ANA BEATRIZ CARNEIRO FORTEAs relações entre professores e alunos na sala de aula

RENATA PRISCILA RODRIGUES VENTURAALDAIR DA SILVA FREIREO modelo dicotômico e as ações voltadas para igualdades no Ensino Básico

LUIS ALEXANDRE CERVEIRADo cemitério à praça, o positivismo gaúcho em uma saída de campo

PATRÍCIA PRESTESA contribuição sociológica dos workshops em tecnologias educativas apropriadas e críticas (TEAEC) na formação continuada dos professores de língua inglesa da rede pública municipal da cidade de Santa Rosa/RS/Brasil

ROBERTO E. ALEXANDRE DE ABREUALCÉLIA CAVALCANTE AMORINPATRICK CÉZAR DA SILVAEntre saberes e práticas da profissão docente: um olhar sociológico sobre a transposição didática dos conteúdos

MATEUS DE LIMA DOS SANTOS FRANCISCO ANDERSON MARQUESRito de passagem e violência simbólica: a nomeação de alunos com o termo “básico”

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Lista Geral da Mostra de Painéis | 307

LAVINA PEREIRA DA SILVAA Sociologia no Ensino Médio da Escola Estadual Piaçava – norte de Tocantins

GABRIEL SCHENKMANN ARNTGUILHERME DE OLIVEIRA SOARESMARCOS MACHADO DUARTETrabalhadores invisíveis: enxergando quem não vemos

BRUNA LAIS AQUINO COSTAProdução de sociologia: o protagonismo estudantil como caminho no exercício de ensino da disciplina de Sociologia na escola

FILIPE BELLINASOPolíticas educacionais, formação de docentes em Ciências Sociais e Ensino a Distância: contradições e perspectivas

DÉBORA EVELYN DA SILVAA construção do olhar sociológico nas salas do Ensino Médio: aplicando uma metodologia didático-teórica aos alunos

VILMA SOARES DE LIMA BARBOSA ANDREZA DE OLIVEIRA SILVA Uma análise sobre o perfil e perspectivas dos licenciandos em Ciências Sociais

JOSÉ MARIA, NOBREGATHAÍS GOMES FERREIRA NUNESPolícia e segurança pública na perspectiva da Constituição Fed-eral de 1988: democracia ou autoritarismo?

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308 | Anais do IV ENESEB

MARCIA MENEZES THOMAZ PEREIRAPercursos de uma disciplina em construção: trajetória e identidade do ensino de Sociologia na rede pública de educação do estado do Rio de Janeiro

EDIVANE TONATOO itinerário da Sociologia: reflexões acerca desta disciplina no currículo escolar

AILANA DELLIS OLIVEIRA NOGUEIRADAIANE DUPRAT SERRANOKARLLA CHRISTINE ARAÚJO SOUZA Por que adotar o livro didático de Sociologia? Uma análise com-parativa do livro didático de Sociologia e das apostilas dos siste-mas privados de ensino em escolas de Mossoró –RN

RAONI SILVAALLAN MONTEIROAs imagens e a questão racial nos livros didáticos de Sociologia

GEORGE SOARESCÁTIA WANDERLEY LUBAMBOEnsino Médio como ambiente de aprendizagem da prática cidadã

PEDRO VITOR DE SOUZA LOPESALEXANDRE LEONARDO ANDRADE O despertar para uma nova postura: experimentando a realidade do ensino de Sociologia na educação básica através do estágio curricular supervisionado em Ciências Sociais

MARCELO DA SILVAMARCO ANTONIO STRUVEOs jovens do Ensino Médio da rede pública em Indaial/SC e o uso do tempo livre, as práticas e o consumo de bens culturais: um estudo preliminar

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Lista Geral da Mostra de Painéis | 309

JOSÉ WILSON ASSIS NEVES JUNIOR Mecanismos de socialização e fomentação da valorização cultur-al no ambiente escolar do Ceep. Profª. Maria do Rosário Castaldi, Londrina-PR

LEANDRA BATISTA DE AZEVEDORENATA DAICI RODRIGUES CRHIS NETTO DE BRUMFala sério ou com certeza: conversando sobre sexualidade na es-cola

GABRIEL LUJAN PEREIRAAspectos de um colégio no estado de são paulo: realidades sobre a configuração do sistema de ensino paulista

ALLWARO LINO SANTANA Educação e aprendizagem através dos jogos de videogame

GUILHERME DE SOUSA LEÃOBRUNA KARINE NELSON MESQUITAA escola como espaço de sociabilidade juvenil: modernizando a relação entre jovens e o corpo escolar na contemporaneidade

DAYANA CAMPOS DE LELISA juventude e o ensino de sociologia: perspectivas acerca deste debate

MATEUS HENRIQUE JUNG NASCIMENTO ANGÉLICA NUNES ATILA ALEXIUS BRIAN APARECIDO DE ALMEIDA GEHLEN LEIDE MAILAINE DA SILVA MARIANA ROST SUÉLEN PINHEIRO FREIRE ACOSTA VIVIANE FLORESO professor na escola básica e a utilização de recursos de imagem no ensino de Sociologia: uma proposta PIBID

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310 | Anais do IV ENESEB

SUZA MARA SOUSA DA COSTAA importância do PIBID para a formação docente da disciplina Sociologia

ALINE DO ROCIO NEVES ANA PAULA MACHADO VANESSA SANTOS PIBID: Sociologia no Ensino Médio uma prática lúdica e inova-dora baseada nos direitos humanos

CÉSAR ALESSANDRO SAGRILLO FIGUEIREDO MAURO MEIRELLES WELITÂNIA DE OLIVEIRA ROCHAA experiência do PIBID indígena na UFT: algumas reflexões

EMILIA FERNANDES DE OLIVEIRA MARCONDESNALAYNE MENDONÇA PINTOO PIBID de Ciências Sociais na UFRRJ: surgimento, expansão e consolidação

GLAUCIOMARA DREWS ALINE ANDRÉA ARPINI Ciências sociais e a metodologia de ensino: aproximando o PIBID do Estágio Supervisionado

SABRINA DRIELY SARGGIN DAMAZIO MARIANA DE OLIVEIRA LOPES Relato de experiência do PIBID de Sociologia no C.E. Hugo Si-mas em Londrina, PR

RUANA CASTRO MARIANOKARLA XAVIER NAVESExercitando os direitos humanos com “Ilha das Flores”

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Lista Geral da Mostra de Painéis | 311

FABÍOLA DE CARVALHO PEREIRA SILVAGUILHERME AMARO CESÁRIO MÔNICA SILVA DIAS TIAGO CANDEIAS BRAGA Um caso prático: o PIBID e a formação docente em Ciências So-ciais

NATALI LOURENÇO MARTINS VANTUI RODRIGUES DE SOUZA MARIA LÚCIA BÜHER MACHADOLimites e potencialidades do PIBID no cotidiano escolar: uma análise inicial dos principais desafios do programa

TIAGO VIEIRA RODRIGUES DUMONTO processo de ensino e aprendizagem e o PIBID: uma contri-buição sociológica

AMANDA MENDES DOS ANJOSAtuação do PIBID em Ciências Sociais na Escola Estadual de En-sino Médio Érico Veríssimo: intervenções em sala de aula

PRISCILA CRISTINA DOS SANTOS JÉSSICA DAS NEVES SANTOSANTONIO MARCIO HALINSKPIBID na ilha do Mel/PR: um olhar a partir dos bolsistas “viven-ciando a escola e seus saberes”

GLAUCILENE FRANCISCA DA SILVAMILENA GOMES DA SILVADireitos humanos e cidadania: conhecimentos através da intera-ção e vivência

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312 | Anais do IV ENESEB

CARLOS CESAR ALMENDRA O PIBID de Sociologia da Fundação Santo André no Quadriênio 2010-2013: dinâmica e resultados

FRANCINEIDE DE MELO FREIREFRANCISCA ERIKA LEAL LINHARES PIBID: o antes e o depois de profissionais que passaram pelo Pro-grama e a importância da experiência na vida do graduando de Ciências Sociais da UERN

HALLANNA GABRIELA DE LIMAMARIANA ALVES DE SOUSAMARILI PERES JUNQUEIRAInclusão escolar por meio do reconhecimento da Alteridade

RAFAEL BRUNO PEREIRA DOMINGOSAcademia literária e o desafio da interdisciplinaridade

MICHELE LEÃO DE LIMA ÁVILABusca-se autonomia: novas práticas metodológicas para o Ensino de Sociologia na Educação Básica

YAN ROCHAMARIA TEIXEIRA SIZERNANDES FREIRE DE OLIVEIRAFRANCISCO XAVIER FREIRE RODRIGUESDemocracia representativa: das urnas às ruas

VINICIUS TADEU MILANIMARIA VALÉRIA BARBOSA VERÍSSIMO O auxílio da teoria na pratica do ensino de Sociologia na Educa-ção Básica

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Resumos dos Trabalhos em Painéis | 313

EMERSON DE CAMPOS MACIELMARIA VALÉRIA BARBOSA VERÍSSIMOO ensinar e aprender sociologia: uma proposta didático pedagógica a partir da teoria histórico-cultural

LIZA FRANCO BUSSE REIS DOS SANTOSPolifonia e responsabilidade como alternativas à lógica do verda-deiro/falso e ao desinteresse nas aulas de Sociologia

KARLA XAVIER NAVESO primeiro contato do aluno com a sociologia: experiência e prática em atividades destinadas ao 1º ano do Ensino Médio na rede estadual de São Paulo

MARCELO DA SILVA ARAUJO Cidade em curso: a experiência do minicurso de sociologia

FERNANDO FRANCELINO LOPES JÚNIORKARLA DANIELLE DA SILVA SOUZADALLIVA STEPHANI ELOI PAIVAO livro literário na disciplina de Sociologia do Ensino Médio – refletindo acerca de como a formação de leitores em Potencial podem contribuir para a apreensão dos conceitos sociológicos e do pensamento reflexivo

SILZANE CARNEIROLUCIANA FERREIRAO ensino de Sociologia na Escola Técnica e as Ciências Sociais no Ensino Fundamental: uma construção necessária

SANDRA NAYSINGER MARIANORAFAEL FERNANDO LEWERO lúdico em sala de aula como gincana sociológica

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314 | Anais do IV ENESEB

DOUGLAS G. N. DE OLIVEIRAMARCELO AUGUSTO TOTTI

Práxis docente: considerações filosóficas para um trabalho consciente

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Resumos dos Trabalhos em Painéis | 315

RESUMOS DOS TRABALHOS EM PAINÉIS

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316 | Anais do IV ENESEB

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NAS REFORMAS EDUCACIONAIS DE FRANCISCO CAMPOS E GUSTAVO CAPANEMA

Tais Barbosa V. Do NascimentoAnita HandfasUFRJ

Este trabalho se insere na pesquisa As Ciências Sociais no Brasil e a constituição da So-ciologia como disciplina escolar, desenvolvido pelo Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes - LabES-FE/UFRJ. O objetivo do trabalho é analisar as reformas educacionais de Francisco Campos (Decreto Nº 19.890/18 de abril de 1931 e Decreto Nº 21.241/04 de abril de 1932) e Gustavo Capanema (Decreto Nº 4.244/ 09 de abril de 1942) e apresentar elementos que possam aprofundar a compreensão dos motivos que levaram à inclusão e à exclusão da Sociologia no currículo do ensino secundário, no período entre 1930 e 1945. Esta pesquisa é motivada pela constatação de que no campo de estudos sobre o ensino de Sociologia há um consenso em afirmar que a pre-sença ou ausência dessa disciplina no currículo do ensino secundário se deve a períodos mais ou menos democráticos no Brasil. Tal pressuposto é que justificaria a sua inclusão na reforma Francisco Campos (considerado democrático) e a sua exclusão na reforma Capanema (considerado conservador). Contrapondo-se a essa perspectiva, este trab-alho pretende apresentar elementos novos que possam contribuir para a compreensão da trajetória da sociologia como componente curricular no ensino secundário. Visando cumprir os objetivos que este trabalho se propõe, a metodologia da pesquisa consiste na analise de material legislativo e de documentos disponíveis no acervo do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Funda-ção Getúlio Vargas e da Biblioteca Nacional. Os documentos analisados constituem-se em fontes primárias e são os seguintes: 1) Discurso do ministro Gustavo Capanema aos membros do Conselho Nacional de Educação; 2) Plano Nacional de Educação: Questionário para um inquérito; 3) Documentos diversos sobre o Plano Nacional de Educação; 4) Carta de Miguel de Carvalho a Luis Vergara encaminhando relatório so-bre o ensino de Sociologia; 5) Programa das disciplinas do ensino secundário. Com base no material pesquisado, até o momento, foi possível problematizar os motivos que levaram à inclusão e à exclusão da Sociologia no currículo do ensino secundário, entre os anos de 1930 e 1945. Nessa direção, pode-se afirmar que os motivos não se restringem apenas a contextos políticos mais ou menos democráticos no Brasil, mas sim, à ocorrência de reformas educacionais e curriculares demandadas pelas condições políticas, econômicas e sociais a que o Brasil atravessava, tanto em âmbito nacional quanto internacional.

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Resumos dos Trabalhos em Painéis | 317

COMIDA PRA PACATO CIDADÃO: A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA COMO FERRAMENTA DE ENSINO APRENDIZAGEM NAS AULAS DE SOCIOLOGIA

Natally Rodrigues MoraesRaíssa Sabrine MartinsUEM

A utilização de músicas em aulas de sociologia por meio de abordagens diversificadas promete ao educando o desenvolvimento da “imaginação sociológica”. O presente ar-tigo pretende e relatar as experiências das pibidianas no uso das músicas Pacato Cidadão (Skank) e Comida (Titãs), com os alunos do segundo ano no Centro de Ensino Médio Cidade Operaria I e São Luís do Maranhão, no eixo temático Direito e Cidadania as-sunto correspondido ao terceiro bimestre escolar. Através de pesquisas bibliográficas dos doutores Gasparin, Bodart e Tomazi, analisamos as produções dos alunos, desta-cando o pensar sociológico destes e a maneira que essa relação pode contribuir para a compreensão da temática e o interesse do aluno em participar ativamente das questões sociais, as questões levantadas para averiguarmos a análise dos alunos sobre o tema, são: A nossa sociedade tem fome de quê? e a letra da música “Pacato Cidadão” do Skank, faz referência a um típico cidadão. Como podemos caracterizar esse tipo de cidadão na sociedade atual. Por que o termo Pacato? A receptibilidade dos discentes sobre o tema,levantaram a sua indignação sobre os políticos, os problemas sociais e entre out-ros temas, o professor instiga os alunos a realizarem a imaginação sociológica, tentando analisar a origem do problema.Salientamos o fato em que ao inserir a música nas aulas de sociologia, o professor poderá refletir de acordo com o senso comum, sem enfocar nas contribuições da sociologia e consequentemente tornar a ciência uma disciplina sem os rigores metodológicos que a torna como tal.

FACEBOOK: INSTRUMENTO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Karine Cristine CostaLuciana Freitas da SilvaPâmella Pereira ProtázioNatally Rodrigues MoraesRaíssa Sabrine Martins CardosoUEM

As redes sociais, especificamente o Facebook é um meio de comunicação e interação entre os adolescentes, por meio dessa interação temos como objetivo expor uma análise sobre essa rede social, no que consta a possibilidade do uso desse meio virtual para o aprendizado escolar do aluno, a pesquisa foi possibilitada, através do programa institu-cional de bolsa de iniciação à docência (PIBID) em uma instituição escolar pública de-nominada como Centro de Ensino Médio Cidade Operaria 1 em São Luís do Maranhão. O projeto de pesquisa, cujo tema éFacebook: um instrumento de ensino aprendizagem, percebemos que essa ferramenta virtual serve tanto para o lazer dos jovens quanto para trocar saberes tanto da escola quanto do cotidiano. A abordagem metodológica que uti-

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lizamos foram a pesquisa quantitativas com questionários para as turmas do segundo e terceiro ano totalizando 220 alunos, e qualitativas com uma entrevista semiestruturada com 20 alunos do segundo ano.

PIBID DE CIÊNCIAS SOCIAIS: RESENHA DE NOTÍCIAS

Talvani Wesley ReinehrAlessandra Sara LemesMarco Antonio ArantesOsmir DombrowskiUNIOESTE-Campus Toledo

O projeto Resenha de Notícias, desenvolvido pelos bolsistas do PIBID - Programa In-stitucional de Bolsas de Iniciação a Docência, pertencentes ao subprojeto de Ciências Sociais do campus de Toledo - PR da UNIOESTE, consiste em apresentar uma notícia sob um enfoque sociológico, destacando criticamente aspectos da notícia, que somente com uma leitura rápida, poderiam passar despercebidos. O público alvo do projeto são os estudantes da disciplina de sociologia do ensino médio, nos colégios onde o referido PIBID atua. O intuito do projeto Resenhas de Notícias é aproximar o aluno do ensino médio da disciplina de sociologia, despertando seu interesse por essa matéria, tornando-a mais dinâmica e próxima do seu dia-a-dia. Busca-se também descontruir preconceitos oriundos do senso-comum a respeitos dos mais diversos temas bem como aumentar a participação deles durante a aula. O projeto Resenha de Notícias foi ex-ecutado durante o ano letivo de 2014 por todos os bolsistas do PIBID, subprojeto de Ciências Sociais. A performance começa com a leitura da notícia.Se esta for pequena a leitura é feita de forma integral, caso contrário trechos considerados mais pertinentes são selecionados. Após a leitura, é destacando o ponto que se quer discutir tendo como base a notícia apresentada. Mas não se trata apenas de informação em sentido único, a participação dos alunos causa debates interessantes onde dúvidas são explicadas e preconceitos descontruídos. Até mesmo novas notícias são apresentadas pelos alunos, ocasionando novas discussões durante a apresentação da resenha. A notícia é escolhida somente após consulta do plano de ensino e/ou conversa prévia com o professor de sociologia. A notícia selecionada é preferencialmente recente, portanto quase sempre é conhecida pelos alunos. Procura-se sempre, ao apresentar a notícia, fazer uma ponte com o conteúdo a ser ministrado pelo professor regente da disciplina naquela aula, para que a discussão possa progredir durante a aula sem interferir com o planejamento do professor. Por isso, procura-se sempre limitar a apresentação á 15 min do tempo total da aula. Todos os bolsistas que aplicaram resenhas de notícias em sala de aula notaram uma evolução do interesse dos alunos nas aulas de sociologia. Num primeiro momento, a atividade prende a atenção simplesmente por ser diferente, quebrando um pouco da rotina do aluno. Posteriormente a atividade passa a ser interessante por si só, momento que os alunos demonstram interesse real no assunto discutido, fazendo questionamen-tos e apresentado notícias que eles gostariam de discutir em aulas futuras.

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Resumos dos Trabalhos em Painéis | 319

ENTRE A DOCÊNCIA E A MILITÂNCIA: UMA RELAÇÃO IMBRICADA PARA A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO (UMA ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013)

Mário Jorge Barreto RibeiroUFC

O exercício da leitura me trouxe a seguinte frase: a tarefa do professor é servir aos alunos com o seu conhecimento e experiência e não impor-lhes suas opiniões políticas pessoais. Em minha opinião, Max Weber foi preciso ao situar o ofício de um docente. Há uma linha tênue que simboliza a fronteira entre a postura de professor e a conduta de militante e esta pode ser ainda mais sensível na área das ciências sociais. É a partir deste ponto que surgiu esta reflexão sobre o ser docente e o militante e a possível coexistência dessas duas posturas nas salas de aula do ensino médio na disciplina de so-ciologia. Ao aliar a minha experiência como bolsista do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) e em consequência disso a minha presença constante na escola, juntamente com leituras sobre o quadro social e politico vivido pelo nosso país especialmente em junho de 2013, que os analistas denominaram jornadas de junho, foi possível perceber que em alguns momentos a atuação em sala de aula do professor de sociologia, em destaque o docente da escola básica, sofreu distorções: houve certa confusão entre a prática de ensino e a postura militante. Ao transitar pelas diferentes escolas nas quais o PIBID de sociologia da UFC (Universidade Federal do Ceará) estava presente no momento em questão, foi possível comparar as posturas e colocações em sala de aula dos docentes em sociologia destas instituições. No período mencionado, o PIBID de sociologia da UFC estava presente em três escolas da rede pública de ensino. A efervescência politica da ocasião impossibilitou a ausência das discussões politicas em sala, principalmente nas aulas de sociologia. Havia por parte dos alunos uma intenção marcante de discutir os fatos e eventos relacionados às manifestações e aos protes-tos. Os discentes também estavam ávidos em saber a opinião dos professores sobre o assunto, principalmente a avaliação do professor de sociologia. Aqui é presumível perceber o objetivo desta reflexão: demonstrar o quanto sensível é para o docente em ciências sociais lidar com a exposição do conhecimento sociológico, a incitação do de-bate em sala de aula e ao mesmo tempo ter que se proteger para que o quadro branco não se transforme em um palanque e para que a sua postura enquanto professor não seja confundida ou dissimulada no âmbito do ambiente escolar. As incursões a escola e a observação em sala possibilitaram a análise dos perfis dos docentes das instituições acompanhadas. Foi possível visualizar a presença do professor que promovia o debate sem usar suas próprias opiniões, oferecendo aos alunos múltiplas possibilidades de dis-cussões, como também o professor que pautava as suas concepções como sendo as mais adequadas, e assim restringindo a margem de escolha dos alunos. É preciso avaliar até que ponto a função social do professor é afetada quando esse sujeito passa a ser mais notado por sua opinião ideológica sobre determinados temas políticos candentes, e menos pelo seu trabalho no processo crítico e reflexivo de ensino-aprendizagem, por sua atuação docente, numa área que ensina a duvidar, a questionar, a refletir, não de modo literário, jornalístico ou panfletário; mas a partir de um método que é antes de

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tudo, sociológico.

O PROGRAMA SÃO PAULO FAZ ESCOLA SOCIOLOGIA E O DIÁLOGO COM OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: SOCIOLOGIA EM QUESTÃO

Marcela Schiavon Inocêncio de SousaLuara Alves de AbreuUniversidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho

No início de 2008, com o objetivo de organizar o sistema educacional de São Paulo, implantou-se em toda a rede estadual a Proposta Curricular, denominada “São Paulo Faz Escola”, um projeto cuja ação integrada e articulada pretendia garantir a todos os alunos das escolas públicas de São Paulo uma base comum de conhecimentos e com-petências para que as escolas funcionassem de fato como uma rede. Esta proposta foi materializada em forma de Cadernos. Os Cadernos do Professor são um conjunto de documentos destinados aos docentes, apresentados em forma de apostilas produ-zidas para cada série do Ensino Fundamental e Médio e distribuídas bimestralmente aos professores pela Secretaria de Estado da Educação com o apoio da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas e da Fundação de Desenvolvimento da Educação. Cada caderno contém uma unidade didática composta por Situações de Aprendizagem, acompanhada de um roteiro com orientações e recomendações aos professores sobre como explorar passo a passo cada uma das atividades e, assim, nortear a atuação do professor em sala de aula e a execução das atividades propostas. De acordo com nossos estudos e com o desenvolvimento de nossa atuação em sala de aula como bolsistas de iniciação à docência Pibid percebemos que o conteúdo do Caderno de Sociologia apre-senta vários pontos em discordância com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Nossa proposta aqui é identificar esses pontos e mostrarmos de que forma estão equivocados. Objetivos: mostrar que o Currículo do Estado de São Paulo está em desacordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, uma vez que certos tópicos dos conteúdos se apresentam de forma incompleta ou até mesmo equivocada. Desenvolvimento: a partir do que foi exposto na introdução e nos objetivos, entendemos que existem conceitos da disciplina de sociologia que estão apresentados de maneira superficial, e até mesmo um pouco equivocados. Dois exemplos que acreditamos que ilustra isso são os conceitos de cultura e trabalho. Cultura de acordo com o caderno do estado de São Paulo não se mostra como origem de um processo social, e sim como algo espontâneo. O conceito de trabalho também se apresenta abordado de forma superficial, desvinculando essa categoria da desigualdade social e da luta de classes. Deste modo, acreditamos que o ensino de sociologia fica de certa forma incompleto e desconexo daquilo que foi proposto, qual seja, a desnaturalização da realidade social. Metodologia: em relação à metodologia de pesquisa ela foi norteada por dois procedimentos. Um de análise documental comparativa, neste caso entre os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Caderno do Aluno do Estado de São Paulo. Outro foi a sistematização das nossas ob-servações no desenvolvimento das atividades pedagógicas apresentadas pelo Caderno do Professor em sala, sendo uma pesquisa-ação. Considerações finais/perspectivas: du-rante a execução deste trabalho, articulado também com nossa experiência em sala de

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Resumos dos Trabalhos em Painéis | 321

aula como bolsistas do projeto de iniciação à docência Pibid, entendemos que “O São Paulo Faz Escola” não é mais do que mais uma forma de manipular os estudantes para que vejam na escola apenas um lugar relacionado ao mercado de trabalho e preparação de mão de obra. Concluímos isso uma vez que entendemos os conceitos elencados fundamentais no ensino de sociologia, pois faz parte de um processo onde um esta interligado ao outro, e ao separar esses conceitos ou até mesmo desvinculá-los cria-se um estranhamento que reflete no desentendimento, conferindo ao ensino de socio-logia certa ineficiência e falta de sentido. Por fim, também entendemos este trabalho como importante para nossa formação, uma vez que nos auxilia a enxergarmos as con-tradições e desafios do ensinar sociologia. Esperamos que ele sirva também para outros professores e alunos em formação para chamar atenção para essas questões.

SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UMA PROPOSTA MULTIDISCIPLINAR

Amanda Andrade LimaUFC

Apresentar os conteúdos escolares de forma interdisciplinar é um desafio para os pro-fessores do Ensino Médio brasileiro, embora esta seja uma possível forma de efeti-var uma educação que visa não um aprendizado enquadrado e endurecido, formulado em grades (curriculares), mas um conhecimento autônomo, que se dá de forma mais simples e prazerosa. A partir da ideia de uma multidisciplinaridade entre a Sociologia e a Educação Física o presente trabalho tem a intenção de evidenciar o amplo campo possibilidades de abordar as duas áreas em conjunto, embora a um olhar descuidado e apressado, possam parecer tão distantes. Dentre os meios que contribuíram para o pensar a multidisciplinaridade entre as duas áreas é imprescindível citar as observações e acompanhamento das aulas de Educação Física na E.E.F.M. Dr. César Cals (Fortaleza- CE), possível através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PI-BID), bem como as leituras e discussões feitas na Sociedade em Estudo dos Esportes (grupo de estudos do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará). Assim, dentre alguns presumíveis temas elencados pela autora deste trabalho, pode-se destacar: os gregos e o esporte, onde pode-se pensar a violência legitimada no esporte bem como questões de gênero. Outra possibilidade para o mesmo tema (e outros possíveis) é o estudo do próprio corpo - o corpo biológico, o corpo social, o corpo espiritual, etc (atentando aqui para o leque de interdisciplinaridade com outras disciplinas escolares como biologia, filosofia e cidadania). Outro tópico possível se-ria “estética e corpo padrão para cada esporte”, traçando relação com coerção social em Durkheim, os tipos ideias em Weber, bem como “bodybuilders: filosofia de vida”, onde podem ser discutidos os mesmos assuntos adicionando-se questões biológicas e químicas relacionadas ao campo nutrição (ponto este que também pode ser abordado em discussões com relação ao dopping nos esportes). Outro ponto a ser observado por professores de Sociologia e Educação Física é a relação das olimpíadas com a política e a economia ou ainda a possível conexão entre os países que incentivam os esportes e sua política, economia e saúde e qualidade de vida de sua população. Deste modo,

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a perspectiva é de uma multidisciplinaridade entre Sociologia e Educação Física (que termina por desencadear outras multidisciplinaridades) que dê conta de uma educação capaz de desenvolver um aluno mais consciente, reflexivo e apto a pensar de forma múltipla, complexa e ampla.

A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO

Alcelia Almeida Cavalcante AmorimRoberto Alexandre de AbreuIsabela Duarte ValinSimone Magalhães BritoRogério MedeirosUFPB

A transposição didática, conceito desenvolvido por Chevallard trata da forma de apre-sentação dos conteúdos, ou seja, da transposição do saber acadêmico para a disciplina no ensino médio. Em qualquer área de conhecimento, essa transformação da apresen-tação dos conteúdos torna-se necessária. Dessa forma, os conhecimentos de sociologia precisam de ferramentas pedagógicas para a sua mediação. Os livros didáticos atuam em parte nesta mediação, porque já fazem a transposição dos conteúdosporém, cada realidade específica de cada sala de aula, considerada como um universo único, requer do professor/mediador a adaptação dos conteúdos àquela realidade. A partir da par-ticipação no Programa Institucional de Iniciação à docência (PIBID)-Sociologia, que permite que os discentes do curso de Ciências Sociais observem as aulas de sociologia no Ensino Médio numa escola da rede pública de João Pessoa-PB., percebemos que a mediação do conhecimento exige do profissional docente, além de uma base teórica, técnicas específicas que possibilitem a construção da mediação do conhecimento, para que esta seja suficiente, eficiente ou até mesmo viável. A disciplina de didática que atualmente compõe o nosso currículo é de didática geral ministrada numa turma mista com várias licenciaturas, o que não deixa espaço para questões específicas da disciplina de sociologia que será ministrada no ensino médio. Debruçando-nos sobre esta questão pedagógica, objetivamos neste trabalho levantar a discussão sobre a inserção da discip-lina “didática da sociologia” no currículo da formação docente em ciências sociais, com o intuito apenas de abrir um espaço de discussão para que conteúdos essa disciplina iria compor no sentido de maneiras de fazer, a qual precederia os estágios supervisionados. A metodologia utilizada foi uma etnografia, observação das aulas nos três níveis do en-sino médio e a partir dessa observação analisar a recepção e resposta dos estudantes aos conteúdos apresentados. Percebemos que qualquer que seja o recurso didático, mesmo que seja o livro, sempre é necessária uma intermediação que o adapte a realidade da sala de aula. Nesse sentido, uma disciplina que aborde técnicas ou que seja um laboratório de experiências poderia proporcionar ao professor do ensino médio caminhos específi-cos que levem o aluno ao conhecimento sociológico.

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A SOCIOLOGIA COMO UMA DISCIPLINA EM CONSTRUÇÃO: APLICANDO UMA ANÁLISE SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO

Gesiani de Lima SilvaUFPB

A reinserção da sociologia no ensino médio tem enfrentado distintos desafios. As dificuldades apresentadas para essa reinserção denotam que é necessário um compro-metimento maior tanto por parte do Estado, como das instituições enquanto formadora desses profissionais. A complexidade apresentada por algumas instituições implica nas relações de poder que persiste em permanecer nos ambientes escolares até a discussão sobre os processos didáticos-metodológicos da disciplina. As transformações que ocor-rem na sociedade brasileira requerem introduções de debates que permita formar um cidadão crítico e capaz de expor suas posições ideológicas, em decorrência do que a mídia reproduz. A sociologia concede ao indivíduo, a capacidade em problematizar conceitos e temáticas em distintos níveis de ensino. Observando essas dificuldades, as possibilidades de questionamento também surgem, possibilitando levantar a seguinte questão: Como será possível aplicar uma disciplina de formação cidadã e reflexiva que abrange consciência crítica sobre a realidade e os comportamentos sociais, se não há contribuição em consolidá-la no ensino-aprendizagem do aluno? Analisando essa per-spectiva, atrelada as dificuldades em estabilizar a disciplina no ensino médio, a proposta aqui é apresentar canais de construção e contribuições, com possíveis argumentos so-bre esse dilema, enfatizando a reinserção da Sociologia como um meio de formação do indivíduo cidadão. Assim oferecendo melhores condições em promover o que a disciplina requer que são; Reflexões, observações e o estudo desses comportamentos existentes, tendo uma visão crítica e preponderante sobre os discursos apresentados e as metodologias aplicadas a tais discursos. O debate apresentado requer uma disciplina que integre no indivíduo comum, um olhar dentro da perspectiva sobre a sua relação enquanto agente participante de um Estado democrático. Na tentativa de apresentar propostas e canais de contribuição nessa reinserção da disciplina no ensino médio, torna-se necessário trazer requisitos que foram adotados anteriormente, quando a so-ciologia tornara-se disciplina que são: A valorização do conteúdo apresentado, a racio-nalidade, o planejamento e a formação do professor de Sociologia.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO EDUCACIONAL: UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL E NO JAPÃO

Priscila FrançaUEM

Este projeto visa fazer um estudo comparativo de documentos que regem a educação de pessoas surdas no Japão e no Brasil, com o intuito de analisar quais princípios regem os dois modelos de organização política em relação à inclusão de pessoas surdas dentro

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da educação. Para tanto, serão consideradas as políticas públicascom o intuito de prob-lematizar as diferenças e complementariedades que regem tais modelos nacionais na escolarização de pessoas surdas. O objetivo geral desta pesquisa é analisar os documen-tos e legislações que organizam o paradigma contemporâneo da inclusão educacional a partir de um estudo comparativo entre as políticas de educação inclusiva no Brasil e no Japão. Dentro deste contexto, os objetivos específicos são: realizar um levantamento bibliográfico sobre o tema na área da Sociologia da Educação; analisar e descrever a organização institucional dos sistemas de ensino no Brasil e no Japão; identificar “esco-las modelo” que representam as políticas de inclusão educacional nos dois países para apresentar um campo empírico que possibilite futuras investigações sobre a prática a prática local dos pressupostos normativos da inclusão educacional; elaborar relatórios e artigos para apresentar e debater os resultados da pesquisa em eventos especializados da área. Inicialmente mapearei e analisarei os documentos oficiais e as legislações que regem a educação brasileira e japonesa. A intenção é traçar um quadro comparativo dos dois modelos de ensino que permita visualizar o modo como a questão da inclusão educacional se insere em cada sistema nacional de ensino. Para isso, um breve histórico das transformações nestes sistemas de ensino deverá ser realizado em diálogo com as recentes produções acadêmicas nas áreas da História da Educação e da Sociologia da Educação. Tal histórico auxiliará a localizar os contemporâneos documentos e leis que organizam a perspectiva da inclusão em relação à tradição administrativo-pedagógica de cada país. Com respaldo dos documentos estudaremos as praticas de funcionamento, realizadas dentro da política, selecionando uma escola brasileira e uma japonesa para aprofundar a pesquisa a partir de um local empírico que permita compreender como as perspectivas instituídas pelas políticas públicas estão sendo recebidas e praticadas no cotidiano escolar. O interesse por este tema de pesquisa surgiu mediante a minha par-ticipação em um programa de trabalho voluntário no Japão com as crianças de imigran-tes brasileiros que viajavam para trabalhar no país. A dificuldade de se inserir e partici-par de uma sociedade diferente, bem como a falta de pessoas qualificadas para auxiliar na adaptação das crianças estrangeiras, funcionou como uma motivação para estudar e entender melhor os processos de inclusão social e educacional atuais. Ao conhecer essa realidade, percebi a importância política e pedagógica de estudos que problematizem a organização das políticas de inclusão educacional. Por fim, gostaria de ressaltar que esse estudo pode ser relevante tanto para a prática social quanto para a colaboração da atuação do pedagogo e sua formação. A formação do profissional na área da educação há a necessidade de qualificação adequada para que seja possível atender e compreender o indivíduo que tem uma necessidade diferente do dito “normal”, para saber lidar com esta realidade. Seguindo este contraste podemos explicitar os caminhos institucionais que o Brasil utilizou para implantar as leis.

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PIBID E A ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL: UMA POTENCIALIZAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZADO

Amanda Forner Aline Pillon da Silva Thaís Rodrigues VieiraUniversidade Estadual Paulista

Este estudo problematiza uma ação de intervenção na realidade escolar do ensino mé-dio, por meio de uma visão sociológica e pedagógica da disciplina de Sociologia na Escola de Tempo Integral desenvolvida no contexto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Docência – Pibid/CS da Unesp de Marília. Analisa-se, primeiramente, as diretrizes gerais que fundamentam a concepção e a implementação do projeto Escola de Tempo Integral no estado de São Paulo, sendo a jornada diária e as práticas ped-agógicas diferenciadas, apresentando uma reflexão das variáveis relevantes desse pro-jeto. Posteriormente, considera-se que a relação do conjunto de ações de articulação entre ensino, pesquisa e extensão, possibilitou o contato com a experiência pedagógica em que a área da sociologia, em função das atividades desenvolvidas pelo Pibid/CS, potencializou um processo de ensino e aprendizado, que se contrapôs com a lógica do empreendedorismo imposto pelo estado. Objetivos: tendo em vista o processo de escolarização a partir de uma instituição vinculada ao estado e, em conjunto com o PIBID, e entendendo a Sociologia enquanto disciplina que possibilita e estimula a re-flexão sobre a sociedade, visa-se analisar as potencialidades do processo de ensino e aprendizagem dos alunos de escola pública de ensino integral. Pretende-se perceber como esta disciplina auxilia os alunos na reflexão em relação às políticas neoliberais implementadas dentro do currículo escolar do estado de São Paulo. Metodologia: a metodologia se pauta em um processo de pesquisa-ação. A pesquisa de campo consiste na vivencia em sala de aula das participantes do Pibid/CS e na análise e sistematização da documentação pertinente à definição dos parâmetros da Escola de Tempo Integral. A partir do aparato teórico e de campo analisa-se a implementação do novo modelo de ensino integral proposto pelo estado de São Paulo, em uma escola específica do interior do mesmo estado. Problematiza-se como o curriculum das ciências humanas se desenvolveu dentro desse novo contexto escolar e o que o Pibid/CS, vinculado ao curriculum de humanas em uma escola de ensino integral, pode agregar ao ambiente escolar. Desenvolvimento: as escolas públicas podem ser analisadas dentro de uma per-spectiva de funcionamento do aparelho ideológico do estado, usadas para transmitir aos alunos os ideais de competitividade e empreendedorismo. Porém, para além desta concepção é possível considerar as brechas que poderiam ser desenvolvidas por meio de ações no cotidiano que possibilitam questionar a lógica desta reprodução. Nesta pesquisa entende-se esta brecha como sendo a conexão existente entre a universidade e a escola, quando o conteúdo científico é reelaborado numa linguagem mais acessível e os alunos conseguem compreendê-lo e, assim, desenvolver suas funções cognitivas por meio da união entre o saber científico e o seu saber fazer. Como resultado dessa união observou-se uma maior autonomia dos alunos e uma visão mais crítica do conteúdo e de sua própria realidade social, cumprindo a função do ensino sociológico na educa-

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ção básica, que é a desnaturalização dos fenômenos sociais. Por meio destas atividades percebeu-se como a dinâmica da escola se desenvolveu de modo a subverter por dentro as normas que são impostas pelo modelo estrutural do projeto de ensino integral. Con-siderações Finais: o que se observou como resultado do trabalho é um envolvimento bastante qualitativo entre a escola e o projeto Pibid/CS que possibilitou pensar em um novo modelo de escola que vem sendo implantado no estado de São Paulo, assim como em um novo projeto de formação de professores proposto por projetos como o Pibid. Conclui-se que os trabalhos desenvolvidos em sala de aula e o estudo feito dentro do projeto cumprem seus objetivos por terem influência no processo de ensino e apren-dizagem tanto dos alunos da escola quanto dos participantes do projeto.

ENTRE SABERES E PRÁTICAS DA PROFISSÃO DOCENTE: UM OLHAR SOCIOLÓGICO SOBRE A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS

Roberto E. Alexandre de AbreuAlcélia Cavalcante AmorinPatrick Cézar da SilvaUFPB

Partindo da discussão existente em estudos no campo da educação que vem e preocu-pando a compreender o processo de transposição didática dos conteúdos acadêmicos que serão ministrados em sala de aula nas disciplinas escolares. Compreendendo que a transposição didática acontece na ação da prática docente num movimento de transfor-mação do saber acadêmico para o saber escolar onde os conteúdos precisam alcançar um patamar de significação por parte dos aprendentes. Em observação assistemática no ambiente da escola, tem-se percebido que comumente se fala a ideia de protagonismo e se menciona a figura do professor como agente desse processo de transformação didática na práxis da sala de aula em relação ao que concerne o ensino/aprendizagem. Mas, se debruçando sobre este conteúdo e sobre a representação social que os profes-sores fazem quanto ao seu papel docente e confrontando esta realidade com leituras dedicadas ao tema e desenvolvendo a Imaginação Sociológica para pensar a questão, destaca-se com evidência que a transposição didática não é feita pelos professores e que este é um realizador do processo de transposição didática, não desmerecendo de modo algum a autonomia e protagonismo quanto a criatividade que o saber da experiência lhe confere para transmitir os conteúdos disciplinares aos educandos, mas construindo a observação que o processo de transposição didática ocorre anterior ao professor por estudiosos especialistas de cada área, o próprio livro didático, e dentre estes os que se dedicam ao ensino da sociologia, a maneira de apresentação dos conteúdos numa lin-guagem específica ao estudante-alvo e até mesmo os conteúdos já são pré-selecionados por especialistas de cada área do saber. Cabendo ao professor o protagonismo de en-contrar maneiras de desenvolver cada tema em suas aulas. Nesse sentido o trabalho objetiva contribuir com a discussão teórica acerca do processo de transposição didática ampliando a perspectiva bibliográfica didático/pedagógica que se realiza acerca desta temática para uma compreensão sociológica do processo que se desenvolve no arc-abouço teórico da Sociologia da Educação.

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SOCIOLOGIA E SUA ABORDAGEM NOS VESTIBULARES E NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Marcus Vinicius de Souza Perez de Carvalho Natalia Pineda Zualini Maria Valéria Barbosa VerissimoUNESP e FFC – Marília

O ensino de Sociologia, no Estado de São Paulo, há algum tempo se tornou disciplina regular dentro do Ensino Médio, a partir da alteração da LBD 9394/96 pela Lei nº 11.684/08 que consiste, entre algumas modificações, na adição do inciso IV, “serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio” (LDB, 1996). Temos, com isso, mais de cinco anos desde a aprovação da obrigatoriedade da Sociologia enquanto disciplina sendo este o ponto de partida para o desenvolvimento desta pesquisa de caráter quantitativo e critico, sobre a relação do que se é cobrado pelo Vestibular das três Universidades Publicas Estaduais de São Paulo (Unesp, Usp e Unicamp) e o caráter político e pedagógico da Sociologia enquanto dis-ciplina do Ensino Médio. A proposta desse estudo é apreender como as universidades se relacionam, em seu processo seletivo com a disciplina de Sociologia ministrada na Educação Básica; dentro dos programas de seus respectivos vestibulares. Questiona-se o fato de estar ou não presente nos vestibulares fortalece ou não o conteúdo curricu-lar desta disciplina no Ensino Médio. Por meio de análise dos editais pertinente aos processos seletivos elaborados pelas Fundações (Vunesp - Unesp e Fuvest – Usp) e a Comissão (Comvest - Unicamp), conheceu-se quais eram suas exigências pertinentes ao ensino de Sociologia. E realizou-se uma análise traçando um paralelo entre políticas públicas de educação e validade das mesmas dentro dos processos seletivos organizados pelas três universidades. Foram estudados os editais dos vestibulares das universidades referentes ao ano de 2015. A Unesp, Usp e Unicamp possuem particularidades em seus editais; a Vunesp propõe em seu edital a indicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e as Propostas Curriculares da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo; a Fuvest, em seu edital, não cita a Sociologia como disciplina a ser abordada diretamente em seu vestibular, deixando-a de fora da sua perspectiva de núcleo comum obrigatório do Ensino Médio; a Comvest discuti a falta da constituição da disciplina de Sociologia em alguns currículos dos sistemas e escolas, justificando, assim, a inclusão do conteúdo de Sociologia nas disciplinas de História e Geografia. Por essa perspectiva apresentada, conseguimos visualizar a dificuldade em que a disciplina de Sociologia se encontra. Dentro do seu processo histórico no estado de São Paulo travaram-se intensos debates para conseguir se realizar enquanto disciplina, e continua até hoje perseverando em sua própria afirmação como disciplina regular no currículo da Educação Básica. Os vestibu-lares, ou seja, as Universidades em seus processos seletivos tornam essa exigência da Sociologia mais dificultosa, ao não cobrarem a Sociologia enquanto disciplina ou fazer com que as cobranças tenham um caráter difuso, descaracterizando a importância da disciplina dentro das escolas. Modificar essa estrutura se faz necessária para que se pos-sa pensar a Sociologia como área de conhecimento importante na formação de todos

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envolvidos no processo da educação. Como dissertou Guimarães (2012, p. 83), “pre-parar para o vestibular da UFU e ensinar esses conteúdos, aos candidatos, significava o envolvimento de estudantes, professores e universidade com uma série de questões filosóficas e sociológicas que o programa exigia. Mais que isso, conferia às disciplinas visibilidade nacional, o que contribuía para recuperarem seus lugares no currículo do ensino médio”.

O ENSINO DA SOCIOLOGIA DIRECIONADO PARA O EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM) NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA E PRIVADA DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB

Heytor de Queiroz MarquesMaria Eduarda Pereira LeitePaula Soares TavaresUFPB

Tendo em vista que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) vem sendo a porta de entrada em diversas universidade públicas e privadas do país e, desde 2009, a sociologia está oficialmente presente no exame, seja indiretamente, na redação ou como pano de fundo contextualizando com outras disciplinas de humanas, é esperado que haja um conhecimento prévio em sociologia por parte do aluno. Pretendemos, portanto, analisar como são os métodos de ensino da disciplina de sociologia para a preparação do ENEM em escolas da rede pública e privada na cidade de João Pessoa - Paraíba. A partir da pesquisa realizada, faremos uma análise dos principais métodos de ensino, como se dá a transcrição do conteúdo de sociologia na sala de aula, nos atentando a uma possível distinção entre ambas escolas, se existe alguma que priorize a formação crítica do aluno, ou alguma que priorize a aprovação do aluno no ENEM.Aplicaremos ques-tionários individuais e semiestruturados e observações na sala de aula de sociologia, buscando observar os métodos que são utilizados para a preparação do Exame. Além da pesquisa qualitativa, descrita acima, pretendemos também analisar, quantitativamente à legislação para a Sociologia, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as Orien-tações Curriculares Nacionais (OCNs) e o Plano Nacional para a Educação (PNE) que normatizam o Exame Nacional do Ensino Médio. Com essa analise queremos encontrar as diferentes formas de transcrição do conteúdo de sociologia entre as instituições de ensino, além disso, queremos identificar a possível existência de BIZU que comumente é utilizada nas diversas disciplinas, para a resolução da prova. Apoiado nas pesquisas verificaremos qual a forma mais comum de métodos utilizados pelos professorespara essa transcrição de conhecimento e como esse conhecimento poderá interferir na for-mação do ensino da sociologia para os alunos.

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O “QUARTO PODER”: TRABALHANDO A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO DO PIBID\UFC NA E.E.F.M ARQUITETO ROGÉRIO FRÓES

Niviane dos Reis Costa Antonio Renaldo Gomes Pereira UFC

O presente relato de experiência é um recorte do trabalho de intervenção do PIBID\UFC, realizado na E.E.F.M Arquiteto Rogério Fróes, em Fortaleza, Ceará. que buscou conhecer a opinião dos alunos acerca do “quarto poder” que atua no Brasil, a mídia. A proposta de intervenção foi colher dados e notícias de jornais impresso locais, nacionais e internacionais, a fim de perceber o impacto que a mídia tem na vida social dos alunos do ensino médio. No caso das notícias de jornais, foram selecionadas apenas as man-chetes, para assim despertar o interesse e o entendimento sobre os 16 assuntos aborda-dos. Foram debatidas com ênfase as manchetes mais bem votadas e a menos votadas. O assunto também foi abordado com a apresentação de um vídeo de um programa sen-sacionalista que pretende interferir e incentivar a opinião de seus telespectadores. No vídeo foi retirado um trecho de um programa policial que destacava as manifestações de junho de 2013. Compreendemos que a idade de transição tem que ser levado em conta, pois os jovens que acabaram de sair do ensino fundamental, que é o caso dos alunos dos 1º anos, estes estão aprendendo algo novo, uma nova e desafiadora disciplina, que é a sociologia. Nas turmas dos 2º e 3º anos o entendimento sobre os assuntos abordados já são compreendidos e bem debatidos em sala de aula, e que, gera até discussões em out-ras categorias, como esportes, política e entretenimento, que por sua vez também fa-zem a cabeça dos nossos jovens na atualidade. Por esse motivo uma das principais metas do PIBID\UFC aplicadas na Escola Rogério Fróes, são expor os conceitos sociológicos em uma forma mais interativa e interessante de aprendizagem. E preparar melhor os nossos jovens a ter opinião própria em relação ao que o “quarto poder” tenta incentivar.

O PIBID E A CIÊNCIA POLÍTICA NO ENSINO DE SOCIOLOGIA

Giovana Carine Leite Cláudia Emília da silvaLarissa M. F. S. S. SilveiraUNIFAL

Na vida cotidiana, quando as pessoas se referem à política tendem a compreendê-la como algo distante, exercido apenas de forma institucionalizada, por membros que compõem o espaço legislativo e executivo. Não é muito claro ao senso comum, que este termo, tantas vezes associado a sinônimos negativos, não se restringe à atividades relacionadas ao Estado, mas sim a vida social como um todo, seja na escola, em casa, nas ruas, no lazer ou mesmo nas relações afetivas. A escola tem um grande potencial para estimular e vivenciar práticas das relações políticas já que é permeada por relações de poder e de propostas democráticas que nem sempre funcionam. O Ensino de Sociolo-gia, no entanto, apesar de recente sua obrigatoriedade no currículo, apenas a partir de

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2008, abre espaço para discussões frutíferas nesta área, mesmo que ainda existam cam-pos de disputa no próprio currículo, já que a Ciência Política possui pouca ênfase no ensino comparado a Sociologia e a Antropologia. Entendendo o PIBID como um par-ceiro nas escolas que pode fomentar discussões como essas, o presente trabalho teve o objetivo de estimular a percepção da política presente no cotidiano dos alunos e alunas através das relações de poder, regras (leis, moral) e hierarquia, bem como, construir uma dinâmica em sala que permitisse os estudantes refletirem sobre princípios básicos do sistema representativo e da democracia brasileira a partir da análise da realidade da própria escola. As atividades foram desenvolvidas no 2° ano do Ensino Médio, com cer-ca de 30 estudantes, ao longo do mês de setembro de 2014 na E. E. Dr. Napoleão Salles, localizada na periferia do município de Alfenas-MG. As atividades foram divididas em duas etapas: a primeira com o foco na política e o cotidiano, e a segunda com foco na democracia e representatividade. Assim, na primeira etapa os alunos e alunas foram estimulados, em duplas, a pensarem e registrarem como a política está inserida nas suas rotinas de vida. Posteriormente, foi discutido um texto que esclarecia essa percepção e relacionava com os registros. Foi finalizando esta etapa com um debate final que abriu caminhos para o próximo passo. Na segunda etapa, primeiro foi trabalhado um texto sobre democracia e representatividade de forma que os estudantes pudessem contribuir com a leitura. No segundo momento, realizou-se uma dinâmica em grupo que propor-cionou vivenciar a representatividade entre eles através de eleições e discussões sobre as demandas de melhorias na própria escola. Por fim, houve uma roda de conversa final que relacionavam os temas trabalhados e encaminhado as propostas para a gestão da escola. Com o desenvolvimento das atividades acreditamos que foi possível estimular a compreensão que a política não está restrita aos espaçosinstitucionais, ao contrário, é um atributo das sociedades humanas que vivem e convivem a partir de regras e leis que norteiam e classificam a vida em sociedade. Houve interesse e participação dos alunos dentro dos temas, principalmente em relação as demandas de melhorias da escola, uma vez que abordava questões que atingiam os alunos diariamente. No entanto, cientes de que a relação cotidiana do professor é diferente da experimentada com os integrantes do PIBID, verificamos a necessidade de avanços nas avaliações das atividades, no que se constitui em um grande desafio para compreensão do aprendizado.

TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: A ESPIRAL E A RELAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Lucas Simplicio da SilvaGustavo Hipolito GiaquintoMaria Valéria BarbosaUNESP - Marília

Diante do cenário atual, a equipe escolar no estado de São Paulo se queixa da dificul-dade da estabelecer uma relação de ensino aprendizagem com alunos. Sendo nesse contexto a atuação do PIBID Sociologia da UNESP de Marília foi arquitetou uma al-ternativa de auxílio ao processo de ensino aprendizagem. Esse auxílio fundamenta-se na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural. Consiste em atribuir sentido ao processo,

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bem como, caminhar para a construção de conhecimento, mas para isso é preciso con-hecer o universo dos alunos. Elaborou-se, então um instrumento denominado espiral. A espiral é uma atividade que serve como instrumento de coleta de informação onde cada pergunta está ligada a próxima na mesma linha em formato de espiral. Esse for-mato lúdico proporciona uma forma descontraída de responder as perguntas. Objeti-vos: pretende-se utilizar de meios que possibilite produzir processos de ensino e apre-ndizagem, que tenham sentido as partes. Assim a espiral tem propósito de conhecer o que os alunos entendiam sobre determinado tema especifico para depois proporcionar um espaço de construção de conhecimento e sentido, nesse caso o tema específico foi “o aluno na sociedade e a Sociologia”, e a atividade da espiral assim foi planejada para registro e analise dessas informações. Desenvolvimento: o resultado de uma atividade como essa, está relacionado com processo de ensino aprendizagem. A utilização desta ferramenta contribui para o planejamento de outras atividades que possam utilizar de exemplos próximos da realidade do aluno, proporcionando outro entendimento de sua própria realidade social, já que os alunos não buscam na escola simplesmente o apre-nder, mas sim construir relações com sentido, aproximando o que já está estabelecido com suas próprias indagações. O professor no caso vai mediar o conhecimento que os alunos já possuem os levando a questionamentos de significados e sentidos. Conciliando o desenvolver de novas capacidades sobre o aluno como leitura, interpretação critica outras habilidades, sobre tudo o uso autônomo desse conhecimento, que classificaria como uma etapa primordial do processo de ensino aprendizagem, já que se o aluno consegue de forma autônoma utilizar-se desse conhecimento, é porque não precisa mais da ajuda do outro para aprender. Metodologia: a atividade foi executada em uma turma do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública do município de Marí-lia. Optando pela utilização do lúdico, a atividade questionava o que eles entendiam so-bre algumas palavras-chave específicas do tema, o que entendiam sobre alguns espaços e qual a sua relação com esses espaços, como por exemplo, a sociologia, a cultura, a escola e as redes sociais. A partir da coleta dessas informações, uma analise é feita para saber as experiências em comum, as opiniões, o que eles já entendem sobre algumas especificidades e que questões são mais interessantes para eles. De posse desta análise se planeja um conjunto de atividades pedagógicas buscando sempre dialogar com que eles sabem com aquilo que eles ainda não sabem, mas querem aprender. Porém, as atividades sempre dialogam com os conceitos da sociologia e o currículo estabelecido para cada série do Ensino Médio. Considerações Finais: o trabalho tem demonstrado a importância da apreensão dos pressupostos da teoria Histórico-Cultural para planejar as atividades didático-pedagógicas e a atribuição de sentido no processo de ensino apre-ndizagem. A atividade é uma constante para entender como o aluno se constrói como sujeito no ambiente escolar e como o ambiente escolar constrói o aluno como sujeito, além de contribuir com a Sociologia e facilitar na mediação com os estudantes.

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TEORIA HISTÓRICO CULTURAL E A DESIGUALDADE SOCIAL

Túllio Garcia de Castro MeiraValéria VeríssimoUNESP – Marília

O racismo hoje é algo que não podemos desconsiderar de nossa sociedade, até porque a grande maioria dos negros estão às margens sociais e a escola hoje é o único lugar onde os adolescentes e as crianças podem entender como o problema não é levado em conta. Pensando nisso, o PIBID Sociologia Marília, pensando em trabalhar com o tema da desigualdade social, abordamos o tema do Racismo, que ambienta-se na per-spectiva da Teoria Histórico-Cultural, que visa em dar sentido ao trabalho realizado do professor para os alunos, utilizando-se de uma realidade na qual eles estão inseridos. Objetivos: por meio da Sociologia, mostrar a realidade social próxima do aluno para conseguir atribuir novos sentidos e significados de desigualdade social na vida do aluno, mostrando como o preconceito está naturalizado dentro de cada um e mostrar à eles como identificar isso dentro de sua sociedade. Desenvolvimento: o PIBID Sociologia Marília desenvolveu textos que abordam os problemas da desigualdade social no qual estamos inseridos. O professor tem o papel de mediar a leitura no texto explicando e detalhando com uma interpretação na qual ele deseja passar para os alunos, sendo as-sim, induz os alunos a passarem suas próprias interpretações da realidade, levando-os a questionar o próprio lugar na qual estão inseridos. O texto deve ter grandes relatos significativos e reais, que mostram claramente o racismo impregnado dentro de nossa sociedade. Ainda no texto é mostrado que não há diferença no corpo humano de uma pessoa negra para uma pessoa caucasiana, a não ser a cor da pele, pois ambos têm as mesmascapacidades físicas. Metodologia: em base da Teoria histórico-cultural, dentro do processo de ensino e aprendizagem, os sujeitos envolvidos, professores e alunos, trazem para a escola toda sua experiência de vida, seja ela cultural, social ou histórica. Sendo assim, antes de criarmos o texto identificamos o nível de desenvolvimento real dos alunos trabalhando sempre com a realidade na qual ele está inserido. A leitura do texto junto ao professor possibilita aos alunos outra visão de realidade e do preconceito naturalizado, possibilitando agora para o aluno o desenvolvimento potencial do assunto pois agora este tem outros olhos e outros conceitos para com o racismo. A atividade preparada tenha como intensão de estabelecer um vínculo o do assunto com a realidade social dos sujeitos que estão na aprendizagem. Considerações finais e perspectivas: o assunto é ligado diretamente com a realidade do aluno, mostrando a ele um sentido para com o conteúdo a ser passado, além, é claro, da importância do planejamento das atividades pedagógicas para desenvolver a zona de desenvolvimento proximal dos alu-nos. O trabalho rendeu muita repercussão em sala de aula, dando inclusive aos alunos um conhecimento de identificação do preconceito em seu próprio espaço.

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O ENSINO DE SOCIOLOGIA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA EDUCAÇÃO CIDADÃ

Patrícia BarwigLeonardo M Leeuven Angélica NunesCarlos Alexandre dos Santos Leide Mailane da Silva UNISINOS

A educação como uma ferramenta de transformação social desperta seu olhar crítico às práticas pedagógicas e aos métodos de avaliação como aspectos de um processo da aprendizagem que requerem maior atenção. A Sociologia no ensino médio tem possi-bilitado a participação do aluno considerando seu contexto sociocultural em propostas que despertam o olhar crítico e sensível aos temas sociais que envolvem as estruturas e participações cotidianas. O PIBID de Ciências Sociais, composto por um grupo de alunos de licenciatura da Unisinos e que desenvolve atividades no Colégio Dr. Wol-fram Metzler em Novo Hamburgo-RS, possibilitou através de projetos educacionais, a realização de atividades voltadas a uma educação cidadã com a ampla participação dos alunos. Esse artigo tem como objetivo relatar as diversas possibilidades pedagógicas que o ensino da sociologia pode se utilizar resgatando conceitos de cidadania, da valorização dos sujeitos, da participação inclusiva, da pluralidade cultural, étnica, de gênero, entre outros. A construção de propostas que possam oportunizar em mudanças que ultrapas-sam as salas de aula e que sejam contextualizadas em atividades interdisciplinares e que envolvem o ser social são algumas experiências aqui descritas através da utilização de ferramentas que permitem as várias releituras da realidade social, política e histórica da sociedade. Trabalhar temas sem deixar de relacionar as questões teóricas e metodológi-cas despertam ao PIBID maior desenvoltura nas ações pedagógicas, tornando as aulas dinâmicas e participativas. O planejamento das práticas executadas garante maior auto-nomia ao futuro docente e a garantia de melhores resultados. Os projetos desenvolvidos pelo PIBID utilizam-se sempre de várias ferramentas que abrem o leque de discussões e reflexões que podem ser interligadas e visualizadas sob várias ópticas. Os Direitos Hu-manos abriram amplo espaço de trabalho num contexto histórico e atual relacionados às questões sociais globais oportunizando um olhar crítico e a participação dos alunos nesse processo de discussão e debate. O projeto Recreio Cultural foi elaborado com o objetivo de promover uma visão da sociologia de maneira diferenciada, onde os mo-mentos de interação se dão através da descontração e da plena participação dos alunos e PIBID nesse espaço democrático e de trocas. Podemos pensar em uma escola transfor-madora e democrática voltada às diferenças quando se possibilita as mudanças estrutur-ais e principalmente quando estiverem vinculadas a ações resultantes de uma tomada de consciência, tanto pelo poder público, bem como as práticas profissionais docentes que contradizem a mera transmissão de ideologias educacionais que não mais se adequam ao aluno do Séc. XXI. Os processos de globalização e os avanços tecnológicos mudaram o perfil de comportamento das sociedades, refletindo diretamente nas relações que se estabelecem a partir de uma era informatizada e que vivencia hoje a urgência de

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mudanças, principalmente na área da educação. A experiência vivenciada pelo bolsista do PIBID dentro da rotina escolar permite maior autonomia para a concretização de uma nova filosofia nas ciências sociais que na visão docente atende a uma realidade que se modifica continuamente. A conexão direta entre o estudante universitário em formação pode, de forma significativa, influenciar na prática agregando conhecimento e proporcionando aos alunos novas perspectivas de produção de conhecimento. Na per-spectiva apontada neste artigo, a dualidade bolsista do PIBID e alunos do ensino médio público apresentam de forma prática o começo de um novo conceito de ensino, no qual a relação professor/aluno remete-se à interação e participação mútua. Essa interação resulta em momentos de reciprocidade importantes na referência para construção de propostas que ultrapassam os objetivos propostos em salas de aula.

O BULLYING NO ESPAÇO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA

Bárbara Carolina Assumpção de OliveiraUFBA

Este trabalho tem por objetivo analisar uma intervenção do PIBID Sociologia da UFBA sobre a prática de Bullying e Cyberbullying no Colégio Estadual Odorico Tavares, local-izado em uma área nobre de Salvador – Bahia. Direcionado às turmas de terceiro ano do Ensino Médio regular do colégio, esta atividade teve por objetivo geral problema-tizar o envolvimento da escola e alunos nessa prática violenta e salientar a gravidade da mesma para suas vidas. Desta forma, objetivamos especificamente: a) demonstrar os tipos de bullying que são praticados no ambiente escolar; b) compreender as con-seqüências da prática do bullying; e c) estabelecer as estratégias de ação que a escola e a família devem desenvolver para o combate ao bullying. Para tanto, utilizamos como procedimentos metodológicos os relatos de experiências, aliados a observação partici-pante, para compormos um quadro real em sala de aula do contexto que fomenta o bullying. O público que compõe a amostra é composta por alunos do 3ª ano matutino, oriundos de áreas carentes da cidade, em sua maioria negros e mulheres, na faixa etária de 16 a 19 anos, que foram estudantes no ano de 2014. A partir do que foi observado, percebe-se que o tema ainda é considerado como “inofensivo”, pelos estudantes, e visto como uma mera brincadeira corriqueira ou, ainda, como uma sátira provocada pelos estudantes considerados “normais”, “populares” contra aqueles rotulados de “estranhos” e “diferentes”. Conclui-se que após a execução da intervenção, houve, por partes dos estudantes, um processo de reavaliação das práticas e dos papéis diante do cenário de casos de Bullying no âmbito escolar. Apesar de não definitivo, esse processo teve início a partir de um estranhamento gerado com a realização da atividade, e pode permitir um processo reflexivo dos estudantes participantes de Bullyings sobre sua própria prática, levando-os a considerar atitudes e olhares mais humanos e coerentes.

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AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS: UMA NOVA FORMA DE ENXERGAR A LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Janaina Silva dos SantosUnB O PIBID em Ciências Sociais da Universidade de Brasília surgiu como uma proposta inovadora e desafiadora, capaz de proporcionar mudanças no curso de licenciaturae até mesmo na forma de se pensar o ensino de sociologia no Ensino Básico e a educação de forma mais geral. Tendo em vista as expectativas trazidas através do PIBID, este trabalho tem como objetivo relatar aprendizagens e vivências da prática de iniciação à docên-cia, ressaltando a importância do PIBIB na formação de professores/as e de alunos/as de licenciatura em Ciências Sociais. A formação em licenciatura no curso de Ciências Sociais pode se apresentar para os/as estudantes de maneira incerta, já que o próprio ensino de sociologia como disciplina na Educação Básica já passou por idas e vindas e ainda sofre com ameaças de instabilidade no currículo escolar. Além das incertezas sobre o lugar da sociologia no Ensino Básico, os/as alunos/as em formação no curso de Ciências Sociais não costumavam ter muito contato com atividades voltadas para a docência, possuindo apenas uma disciplina obrigatória de prática de ensino no cur-rículo do curso. O PIBID em Ciências Sociais traz à tona essa problematização sobre a formação dos/as alunos/as de licenciatura, sobre o ensino de sociologia na Educação Básica e sobre a preocupação acerca da educação superior na formação de futuros/as professores/as. A metodologia deste estudo foi composta através de trabalho de campo no Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia, escola da rede pública do DF inscrita no PIBID de Ciências Sociais da Universidade de Brasília, através de participação nas aulas de sociologia de turmas do 2° ano e de reuniões e debates sobre a atuação do PIBID nas escolas. As principais fontes de coletas de dados são observações e registros das dinâmicas presenciadas em sala de aula, das interações com os respectivos alunos e professores do ambiente escolar, e de debates sobre o ensino de sociologia iniciados na universidade. Apricipal hipótese é de que a presença do PIBID no curso de Ciências So-ciais trouxe uma nova forma de se enxergar a licenciatura e de se construir a formação de professores/as, possibilitando uma mudança na visão que os/as próprios/as alunos/as têm sobre a licenciatura e o exercício da profissão de educador/a. As espectativas são de que o PIBID continue construindo um diálogo entre a educação básica e o ensino superior, e de que os debates sobre a educação e o ensino de sociologia se constituam como temas presentes na universidade, através das contribuições do PIBID e de outros programas para a formação de professores/as.

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PROCESSO EDUCATIVO NA ILHA DE SUPERAGUI: OS EIXOS TEMÁTICOS E AS ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

Rubia Renata AmbrósioIFPR

Através das leituras das Diretrizes Curriculares de Educação do Campo do Paraná e do PPP das ilhas é que se tem o modelo pedagógico de como construir uma proposta que vincule os saberes socioculturais dos indivíduos com o currículo escolar. Durante o ano, foi realizado no campus, Oficinas de Conhecimentos Pedagógicos sobre as ilhas e Oficina de Formação em Educação do Campo, com a presença da nossa supervisora e moradora da ilha, que relatou a realidade da escola, da comunidade, e do ensino dividido em área de conhecimentos (Filosofia e Sociologia). Depois de todo trabalho teórico, o espaço é de investigação da realidade social da comunidade, a partir das visi-tas à Superagui e a escola, a cada uma vez ao mês, ouvindo o relato dos moradores da ilha, dos professores da escola, das lideranças da comunidade e dos alunos.

METODOLOGIA DE ENSINO E SOCIOLOGIA PRÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA

Petra Raissa Lima Pantoja LeiteUnB

Este é um estudo que aborda a temática: mediações didáticas e metodologias do ensino de Sociologia no ensino básico. O principal objetivo é evidenciar a importância da Sociologia prática como estratégiade ensino, e nessa perspectiva, discutir sobre quais seriam asresponsabilidades do/a professor/a de Sociologia no contexto escolar. Um dos pressupostos é de que os fundamentos e metodologias do ensino de Sociologia na educação básica se dão a partir de duas dimensões: a das Ciências Sociais e a da educa-ção, sendo necessário pensar a respeito da especificidade de cada uma, bem como sobre a possível articulação entre elas. Esta reflexão ocorreu a partir de três perspectivas que se inter-relacionam noprocesso de ensino: 1. professor/a sociólogo/a, 2. professor/a educador/a e, 3. professor/amediador/a de conhecimento teórico (conteúdo formal) e prático (realidade vivida). A pesquisa foi realizada em uma escola pertencente à rede pública de ensino do Distrito Federal, esteenvolvimento no ambiente escolar se deu através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência -PIBID das Ciências Sociais da Universidade de Brasília –UnB. No que se refere à metodologia de pesquisa, foram utilizados como fontes de coletade dados, os registrosadvindos das experiências etnográficas emaulas de Sociologia e emalguns eventos realizados na escola, bem como, os relatos dos/as estudantes easentrevistas dialogadas com a professora de Sociologia do turno matutino. A “hipótese” central é de que ao realizar, na escola, trabalhos práti-cos que coloquem os/as estudantescomo protagonistas na organização e execução, as-sim como os debates em sala decorrentes dessas atividades e a relação com o conteúdo teórico de Sociologia, contribuem para queexista maior atenção e participação dos/as alunos/as nas aulas. Este estudo evidencia que aSociologia pode ser verificada na vida

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prática dos sujeitos, e que o papel do/a professor/a nesse processo é de mediador, pri-meiramente, trazendo os discursos e as práticas dos/as estudantes acerca do assunto, e depois introduzindo os conceitos e técnicas da Sociologia problematizando sistemati-camente o conteúdo.

ACADEMIA LITERÁRIA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR

Antonio Renaldo Gomes PereiraNiviane dos Reis Costa UFC

O presente trabalho versa sobre as atividades realizadas a partir do Projeto Academia Literária, na Escola de Ensino Fundamental e Médio Dr. Cesar Cals, com enfoque nos dois últimos títulos temáticos (“A revolução dos bichos” de George Orwell e “O Quinze” de Rachel de Queiroz) trabalhados com as turmas de 3º ano, somando cerca de 250 alunos. O projeto visa discutir como a literatura reflete questões sociais, apro-fundar os debates literários e aproximar os escritores do público juvenil. Para isso, se organizam ações pedagógicas de leitura e escrita viabilizadas por professores de Língua Portuguesa, Literatura e Sociologia e pelo PIBID de Sociologia da Universidade Fed-eral do Ceará. Do ponto de vista teórico, situamo-nos na perspectiva de que a escola é a agência que especificamente está dedicada à tarefa de organizar o conhecimento e apresentá-lo aos alunos pela mediação das linguagens (PARÂMETROS CURRICULA-RES NACIONAIS - ENSINO MÉDIO). O projeto “Academia Literária” se apresenta como uma ação interdisciplinar que se desenvolve dentro do ambiente escolar possi-bilitando que o aluno perceba as ideias expostas nas obras literárias a partir de diversos olhares proporcionados pelas disciplinas envolvidas e desenvolvam seus pontos de vistas partindo da área de conhecimento na qual eles têm mais proximidade e facilidade de compreensão. Outra proposta interessante e positiva dentro da Academia Literária é a comparação e possível aproximação do contexto da obra com os diversos contextos sociais da atualidade proporcionando maior interação entre o autor da obra e o aluno, pois segundo Howard Gardner (1995), os estímulos e o ambiente social são impor-tantes no desenvolvimento de determinadas inteligências. As observações demonstram o envolvimento dos alunos durante as atividades: leitura, discussão, produção escrita e produção artística. As obras foram trabalhadas com um olhar sociológico, dando aos alunos uma abordagem geral do contexto social e uma breve análise do perfil dos per-sonagens de destaque nos textos e como eles estavam situados. Segundo relatos de professores da Escola Cesar Cals, “os alunos não tiveram que ‘provar’ o que haviam apreendido, mas respaldados nas discussões anteriores e deste momento foram con-struindo pensamentos, relacionando os temas ao seu mundo social amadurecendo suas ideias, atendendo, assim, a um dos objetivos do projeto Academia Literária que é trab-alhar a escrita. O desempenho dos alunos foi melhor do que com a forma convencional usando o livro didático, que infelizmente tem uma abordagem bem mais histórica do que sociológica”.

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PELO OLHAR DO ALUNO: A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO MINISTRADO POR CIENTISTAS SOCIAIS

Waldir Patricio de Almeida JuniorFrancisco Xavier Freire RodriguesUFMT

Esse ensaio busca analisar a importância do profissional formado em ciências sociais como protagonista do ensino de sociologia no ensino médio brasileiro. Almeja-se com-parar os discursos de estudantes de duas escolas estaduais de Cuiabá, capital do Mato Grosso, sendo que uma tem a presença de um cientista social professor e a outra apenas outros profissionais ministrando a mesma disciplina. Através da análise das respostas dos alunos, pretende-se refletir sobre o diferencial da sociologia ministrada por Cientistas Sociais ou Sociólogos. Assim, investigar de que forma o estranhamento, a imaginação sociológica, os conceitos de clássicos e contemporâneos da sociologia, antropologia e ciência política estão realmente contemplados em sala de aula na educação básica ofer-ecida pelo Estado. Neste sentido, a pesquisa é qualitativa, os sujeitos da pesquisa são os alunos de ensino médio que tem a disciplina de sociologia em sua grade curricular e o instrumento de coleta de dados é a entrevista que contém apenas uma questão aberta “De que forma você considera que o conteúdo das aulas de sociologia pode te auxiliar na vida?” O objetivo com esta indagação é vislumbrar a leitura que estes alunos têm de mundo. A visão de mundo dos alunos transparecerá as temáticas abordadas ou não pelos profissionais que lecionam as disciplinas nas duas escolas. O grau de profundidade das respostas, a autonomia crítica dos argumentos deles pode indicar como o professor responsável pela disciplina trabalha. Para fazer a análise pode-se agrupar as respostas em eixos norteadores do discurso ou temas gerais contemplados por estes. Esta pes-quisa insere-se no contexto de iniciação científica de um graduando bolsista do PIBID e pretende-se produzir texto completo até meados de junho com a análise dos achados. Imagina-se que este intento é mais do que meramente uma iniciativa investigativa, pois gera possibilidades argumentativas interessantes para atuar politicamente na defesa de uma sociologia ministrada por profissionais formados em sociologia ou ciências sociais.

NOVAS METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE ENSINO: TRABALHANDO COM A TEMÁTICA ESTADO E MOVIMENTOS SOCIAIS PARA ENSINAR SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Leandro da Silva BoarettoMarcelo Augusto TottiUNESP – Marília

Considerando que a escola E. E. Vereador Sebastião Mônaco se encontra em uma zona mais afastada do centro da cidade, cujos alunos apresentam disposições menos familiar-izadas com o processo mecânico de ensino e aprendizagem, o Grupo PIBID/Sociologia planejou o desenvolvimento de uma atividade lúdico-pedagógica para trabalhar o con-ceito de Estado e Movimentos Sociais. Ao compreender que a criança nasce integrada

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em uma história e uma cultura, isto é, a história e a cultura de seus antepassados, próxi-mos e distantes, ou, numa classe social, que se caracterizam como partes importantes de seu desenvolvimento, de modo que, ao longo dessa construção estão presentes as experiências, os hábitos, as atitudes, os valores e a própria linguagem daqueles que in-teragem com a criança. A presente atividade fundamenta-se nos estudos de Paul Willis (1991), uma vez que, projeta à produção de cartazes a expetativa de aproximar o pro-cesso de ensino e aprendizagem à realidade sócio cultural dos alunos. Assim, esperou-se contribuir para construção de conhecimentos e sentidos para além do senso comum. A atividade consistiu na colaboração em grupos para confecção de cartazes contendo reivindicações dos direitos sociais, entre os quais os alunos percebiam a carência do Estado. Ao longo da atividade os alunos apreenderam os conceitos e perceberam o seu sentido prático, ao passo que, entenderam as consequências que uma população sofre quando não reivindica seus direitos. A atividade estimulou os alunos a refletirem os problemas sociais e a produzirem novos conhecimentos. Objetivos: a atividade teve como objetivo elucidar o papel do Estado e sua relação com os movimentos sociais, a fim de possibilitar um melhor entendimento dessas relações aos estudantes, bem como, contribuir para construção de conhecimentos e sentidos, para que fossem capazes de refletirem a realidade social brasileira. Desenvolvimento: a atividade foi desenvolvida com a participação ativa dos estudantes o que permitiu a eles observaram como maior demanda, direitos como: saúde, educação, trabalho, transporte, dentre outros. Con-comitantemente, foram sendo realizadas discussões teóricas acerca de elementos con-stitutivos dos movimentos sociais para que compreendessem o sentido da elaboração de um projeto político, bem como o princípio de suas ideologias. Os alunos produziram os cartazes como desejado e detiveram a atenção nos temas discutidos, sobretudo, Es-tado, desigualdades sociais, direitos sociais e os movimentos sociais. A forma como o conteúdo foi abordado possibilitou a aproximação dos estudantes às diferentes formas de condutas coletivas, de modo que estes conseguiram se apropriar da percepção de como se formam as diferentes realidades socioculturais, principalmente, do ponto de vista dos direitos sociais em uma cultura de exploração capitalista, onde o Estado é capaz de eximir-se do cumprimento de uma lei estabelecida em sua própria constitu-ição, para agir em prol dos interesses privados de uma classe em detrimento de outra. Metodologia: a metodologia teve por fundamento os estudos de Paul Willis (1991), que através de etnografia escolar procurou entender as relações socioculturais dos es-tudantes e uma contra cultura escolar produzida no interior deste espaço pelo próprio confronto do dia a dia entre os diferentes sujeitos sociais. Este parâmetro permitiu analisar o conteúdo dos cartazes elaborados pelos alunos para perceber as diferentes maneiras que eles enxergavam os espaços onde vivem, ou, os bairros e as cidades onde moram. Considerações Finais: acreditamos que o conteúdo da temática que abordamos contribuiu de modo a acrescentar aos alunos uma compreensão mais ampla da realidade que se faz presente na vida de muitas pessoas que vivem no país. De modo que eles se apropriaram do conceito de divisão da sociedade em classes antagônicas, assim como, da relação existente entre elas e o papel do Estado nesse campo de ação histórico-político-cultural.

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LITERATURA E A SOCIOLOGIA: O USO DE MATERIAL NÃO-SOCIOLÓGICO NO ENSINO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Sabrina Cesar FreitasKarolyna Balduino Gutierres de MeloVirgínia Lourenço da Silva UFPR

O presente projeto constitui-se de modo “piloto” para notar os limites e alcances da re-lação entre Sociologia e Textos Literários. Visando desenvolver o conceito de consumo, partindo da perspectiva das ciências sociais, este trabalho teve como base a leitura, real-izada em sala de aula, junto aos alunos, do conto Babá, de Phillip K. Dick. Em resumo, o conto retrata o cotidiano de uma família americana do futuro e o papel fundamental que as babás-robôs possuem neste contexto. Realizou-se a leitura integral do conto em sala de aula. A leitura, deve-se realizar enquanto convite, ou seja, é intencional que os alunos sejam convidados a lerem, junto à nós, a história da família Fields. Em função do conto, foram selecionados 4 subtemas – a saber: cultura, ideologia, status e obso-lescência programada - para o desenvolvimento do tema geral do projeto, qual seja, o consumo. As aulas posteriores à leitura devem constituir como objetivo centralo desen-volvimento destes subtemas, assim, valendo-se de diversos recursos multimídia, como trechos de filmes, charges, fotografias, propagandas e músicas, bem como o próprio conto. Metodológicamente, todas as aulas serão realizadas de acordo com o seguinte esquema: 1) releitura de um trecho do conto que ilustrasse a relação com a temática da aula; 2) a explicação oral do tema da aula 3) apresentação da relação do tema da aula com o consumo; 4) a visualização do tema a partir de determinada mídia. De modo geral, o uso de materiais não propriamente sociológicos, em especial o conto Babá, deu-se positivamente, pois auxiliaram nas discussões propostas e também aproxi-maram o universo abstrato das ciências sociais com o dos alunos, acarretando assim, proximidades entre ambos. Assim, esse constitui o principal interesse e motivo para a reaplicação deste projeto, além claro, do efeito que a realização de plano de aula causou nos alunos, já que, Observou-se que todos alunos acompanharam a leitura, porém, nem todos se propuseram a realizá-la em voz alta. A participação foi aspecto destacado no projeto, e um dos mais positivos, pois os alunos tanto leram como perguntaram e participaram das aulas.

JUVENTUDE E IDENTIFICAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ESCOLAR

Vivian Ferreira Morais de CarvalhoHumberto Mauro Gonçalves Mariano de Souza CastroFlávia Aparecida BelizárioPUC-MG e Escola Estadual José Rodrigues Betim/SEEMG

O tema “juventude” tem obtido grande visibilidade nos últimos anos. Houve uma am-pliação e diversificação de focos que já existiam anteriormente, e foram colocadas no-

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vas questões e desafios para a construção de ferramentas de trabalho e diagnósticos para aqueles que atuam com o público jovem. Nesse sentido, Debert afirma que a juventude perde conexão com um grupo etário específico e passa a significar um valor que deve ser conquistado e mantido em qualquer idade através da adoção de formas de consumo de bens e serviços apropriados. Diante disso, percebe-se a necessidade de esclarecer o conceito de identificação e grupos sociais. A partir disto, desenvolveu-se um trabalho com a finalidade de estudar os comportamentos dos jovens na escola, observando a identificação que cada um dá a si mesmo e a importância que estes percebem do ambi-ente escolar na sua identidade enquanto estudantes e cidadãos. Por meio da aplicação de questionários, pôde-se descobrir o perfil dos jovens e a forma com que estes se rela-cionavam a partir dos gostos de cada um sobre temas diversos relacionados ao cotidiano dos jovens. Após analisar todos os dados obtidos através dos questionários, procurou-se fazer comparações da variedade de identificações dentro de uma turma específica e entre as outras turmas em uma grande escola localizada na região central de Belo Hori-zonte – Minas Gerais. Posteriormente, os resultados foram levados aos alunos e eles puderam analisar os dados e realizar atividades baseadas nestes. Essas atividades foram debates, aulas relacionadas ao tema, dinâmicas, fotografias e análise de dados com uso de gráficos que poderiam ser montados de maneiras diferentes e de acordo com a preferência de cada um. Apesar de o trabalho possuir um caráter de investigação pre-liminar, já que se faz necessário uma aplicação de questionários com uma amostra maior para que se tenha um resultado correto e que se possa fazer generalizações, este estudo já possui uma representatividade – mesmo que menor – que se insere na realidade de cada jovem que participou da proposta feita pelo grupo.

FEMINISMO: UM DESAFIO DA SOCIOLOGIA

Ágatha Michelle de Faria Souza PereiraIsabella Batista SilveiraUNIFAL

Vivemos em uma sociedade classista, racista, patriarcal e machista, aonde a dominação de gênero faz-se presente em todos os âmbitos das relações sociais e a opressão das mulheres, muitas vezes, passa de forma desapercebida e é vista na maioria dos casos como cultural e imutável. Na escola isso não poderia ocorrer de maneira diferente, já que, trazendo Pierre Bourdieu, ela se faz como uma reprodução dos processos sociais que estão cercadas por relações de poder e de privilégios. A partir disso entendemos o quão necessário seria trabalhar o feminismo e suas correntes, atingindo alunas e alunos do ensino médio de uma escola pública de Alfenas, Minas Gerais, levantando questões sobre como está a vida e as relações das mulheres na nossa sociedade. Objetivamos a tentativa de desnaturalizar a cultura do patriarcado, sensibilizando as/osestudantes etrazendo exemplos de práticas cotidianas para trabalhar questões como: opressão con-tra as mulheres, assédios, as diferentes violências sofridas por elas, o significado do dia 8 de março para a luta feminista e conscientizaras/os estudantes de que os movimentos feministas não enfrentam a opressão de gênero com opressão, mas com a consciência de que devemos ter equidade de gênero. Com os exemplos cotidianos levantados pelas/

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pelos estudantes, foi possível trabalhar de maneira expositiva, diferentes questões sobre a luta das mulheres como: sororidade, a importância de nos sentirmos irmãs, mercan-tilização do corpo, padronização estética, violência doméstica, sub-representatividade em cargos públicos, slut-shaming, direito ao próprio corpo negado, feminícidio, dis-criminação de gênero, culpabilização da vítima e desigualdade salarial.A atividade con-sistia na troca de considerações acerca do tema, uma dinâmica em que levamos em con-sideração o papel social atribuído à cada gênero e a busca de materiais que trouxessem algum questionamento novo. Entendemos que o “feedback” dessa atividade não se dá de forma normativa e muito menos se materializa de modo convencional no que tange ao processo de escolarização. Mas reconhecemos, resgatando o início dessa exposição, que pode ser o início da mudança necessária para que os movimentos de “contracultura” e questionamento fomentem e cresçam aonde nunca deveriam deixar de fomentar: no chão da escola. Entendemos isso como uma necessidade a partir do momento que a escola se responsabiliza pelo início e término de socialização das nossas meninas e me-ninos. Dessa forma, assumiríamos o processo dialético e dialógico, de via de mão dupla, que se faz necessário para que as novas situações inerentes à secularização e aos novos rearranjos sociais não sejam “sufocadas” pela imposição positivista, cartesiana e tão dis-ciplinaria que cerceia essa instituiçãoefaz com que o processo de escolarização se torne alheio ao que acontece na nossa rua, bairro e comunidade se fechando ainda mais em si. Assumimos uma perspectiva de continuação do projeto por entender, compreendendo que o sentido de desconstrução dentro da sociologia é um longo processo, que algumas questões, mesmo que palpáveis no cotidiano, ainda estão demasiadamente naturalizadas na vida dessas meninas e meninos. Assim tomamos por base que o que conseguimos até agora foi à situação de “estranhamento” das situações que regem e sensação da nor-malidade. O que sentimos é que as relações escolares tendem a se reorganizar quando deixamos de refletir a estrutura e criamos nossos próprios mecanismos de defesa, nesse caso, o patriarcado que também cerca o mundo educacional. A escola tem sua própria dinâmica, se organiza e reorganiza frente às novas necessidades. Nesse sentido o que está posto para nós, professoras e professores de sociologia é a disputa política e social de temas e situações construídas pelo nosso objeto de estudo/pesquisa: o mundo social e as suas relações.

FANZINE: UM RECURSO METODOLÓGICO PARA SALA DE AULA

Karlos Patrick de Paulo Sousa Antonio Aurélio Mesquita SousaUVA

O presente trabalho foi desenvolvido a partir da resolução da Instrução Normativa da Coordenação Institucional, que regulamenta as atividades especiais desenvolvidas pelos bolsistas do Projeto de Iniciação à Docência: Experiências Inovadoras entre Universi-dades e Escolas (PIBID UVA 2011). A substituição das atividades ordinárias por ativi-dades especiais foi restrita apenas ao mês de Janeiro de 2013. Na atividade desenvolvida na escola CERE com os alunos do 3º ano, elaboramos um minicurso com o tema: a Construção Social do Racismo no Brasil. O Fanzine entrou com a pretensão de ser o

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“produto”, da nossa atividade, mas depois que aplicamos o minicurso, percebemos que o Fanzine pode funcionar como um importante instrumento para ser utilizado na sala de aula com os alunos do ensino médio. Objetivos: estimular a construção de conheci-mento dos alunos do ensino médio da escola CERE, utilizando a técnica de construção do Fanzine. Metodologia: o minicurso foi desenvolvido com os alunos do 3º ano da escola CERE. Para execução e obtenção dos resultados, foi utilizado o método quali-tativo. Foram abertas 25 vagas, elaboramos uma ficha de inscrição, cerca de 20 alunos das três turmas de 3º do turno manhã se escreveram e participaram. A atividade foi desenvolvida em duas etapas uma primeira etapa teórica, onde foi abordado o tema do minicurso, através de um texto elaborado pelos dois bolsistas e uma música do cantor Gabriel pensador, chamada Lavagem Cerebral. A segunda etapa foi teórica/pratica, na qual apresentamos para os alunos o contexto histórico do seu surgimento e a técnica de elaboração do Fanzine e em seguida passamos à pratica e elaboramos o nosso Fanzine, que foi “batizado” de Sociozine. Resultado e discussão: nossa discussão se pautou em duas questões: primeiro é possível desenvolver um Fanzine a partir de qualquer tema discutido em sala de aula? E segundo foi como os alunos receberam essa atividade? Em relação ao primeiro ponto percebemos que é possível realizar a construção de um material desse a partir de qualquer tema trabalhado pelos professores, o Fanzine é uma publicação despretensiosa que não gera muitos gastos e nem tanto trabalho. Em relação à receptividade dos alunos, foi levantado a grande participação dos mesmos e o interesse em conhecer mais sobre a elaboração de Fanzine. Considerações Finais: essa atividade nos revelou mais uma possibilidade de como trabalhar com os alunos em sala de aula, nos revelou também alguns pontos negativos como, por exemplo, o tempo para executar a atividade, não é possível realizar em uma aula. Por outro lado apontou a possibilidade do Fanzine ser utilizado como um material avaliativo de construção de conhecimento.

SERÁ QUE A PROVA DE SOCIOLOGIA PROVA ALGUMA COISA?

Matheus Alexandre de AraújoPatrícia Pereira CunhaUFC

A prova de sociologia é instrumento de avaliação do aprendizado que é obrigatório na educação básica como forma de acesso ao nível educacional superior, como também a conclusão do nível médio. Com o objetivo de refletir sobre as avaliações escritas da dis-ciplina de sociologia do Ensino Médio apresentaremos a versão do professor que elabo-ra a prova escrita para o aluno e a versão do aluno que a responde. As provas bimestrais compreendem uma avaliação escolar que acontece ao longo dos quatro bimestres du-rante o ano letivo. Geralmente, a prova de sociologia abrange dez questões objetivas com cinco itens para marcar, contendo um item correto. A avaliação escolar tem como fundamento um critério de verificação de conteúdos apresentados durante o bimestre que sigam um estilo de elaboração do ENEM, a fim de também seja um treinamento para o referido exame nacional e que venha a contemplar a verificação do conteúdo tra-balhado em sala de aula com a classe e a fim de possa fazer uma preparação para futuras

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avaliações, visando principalmente o ENEM como forma de acesso ao nível superior e a continuação da vida escolar e acadêmica dos estudantes. No pôster apresentaremos uma reflexão sobre o significado das provas de sociologia realizadas em três escolas que participam do PIBID de Sociologia em Fortaleza: Liceu do Ceará, EEM César Calls e EEFM Rogério Fróes. Selecionaremos algumas questões de provas aplicadas que chamaram nossa atenção pelo fato de seguirem o modelo de provas de exames de ves-tibulares e também que despertem a imaginação sociológica. E realizaremos entrevistas com os professores elaboradores das provas e com alguns alunos paracompreender o significado daquelas questões encontradas nas avaliações bimestrais de sociologia. Ao final, analisaremos que as provas bimestrais de sociologia podem apresentar significados diferentespara o grupo de professores entre si e os seus alunos. Enquanto alguns docen-tesapresentam uma preocupação social com a formação cidadã na elaboração e escolha das questões, outros se focam na verificação da aprendizagem dos conteúdos trabalha-dos em sala de aula, ou então, visam preparar modelos para exames vestibulares. Por outro lado, alguns discentes não reconhecem o papel de aprendizagem e se preocupam exclusivamentecom a questão objetiva de ser aprovado ou não. O desejo e a vontade de acertar a questão não visa o aprendizado, mas alcançar uma nota favorável. Outros estudantes preferem resolver a questão sem ter que refletir sobre ela. A prova por si mesma carrega um símbolo de pressão, obrigação e dominação haja vista que se torna um instrumento de avaliação que permite conquistas com sua aprovação que coloca em segundo plano o valor da aprendizagem por si mesma, como um meio de alcançar a sabedoria e o conhecimento. Então, enquanto o professor a vê como um momento de aprendizagem e troca de saberes, os alunos se encontram em um momento de tensão e decisão sobre o seu futuro.

GENÊRO E DIVERSIDADE SEXUAL NO ENSINO MÉDIO: UM ESTUDO SOBRE LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

Fagner Carniel Lucas de Lima CardosoKaue Felipe Nogarotto Crima BelliniAndré Fabrício de SouzaUEM

O presente projeto tem como objetivo discutir o lugar concedido aos conteúdos de gênero e diversidade sexual nos livros didáticos de Sociologia dos colégios públicos da rede estadual de ensino no Paraná. Para isso, propõe-se uma análise do circuito de produção cultural de dois manuais que foram distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2015. Trata-se de uma proposta que surgiu das próprias dificuldades em ministrar oficinas sobre tais temáticas no Colégio de Aplicação Ped-agógica (CAP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e que se desenvolveu a partir do cotejamento com as contemporâneas teorias feministas que recolocam a dis-cussão acerca das relações de gênero e sobre a diversidade sexual na agenda acadêmica das Ciências Sociais. A hipótese subjacente a esta investigação é a de que, apesar de serem considerados temas transversais obrigatórios para o ensino médio, tais conteú-

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dos estão ausentes de muitos dos currículos da disciplina de Sociologia devido a sua invisibilização por parte dos livros e materiais didáticos que chegam às escolas. Realizar a avaliação da linguagem, pois é uma linguagem específica, segundo Meucci (2013) que caracteriza o livro didático como um material didático. Avaliar também (com um olhar pedagógico) as didáticas utilizadas por esses livros e principalmente os conteúdos neles encontrados, pois segundo Meucci (2013), existem duas ideias a respeito dos livros didáticos: a primeira diz que o livro didático pode acabar sendo um único recurso de aprendizagem e isso pode acarretar em uma defasagem da formação intelectual. A outra ideia diz respeito sobre os livros didáticos terem seus conteúdos na superficialidade. Para isso, este trabalha analisará dois livros didáticos que são distribuídos nas esco-las estaduais do estado do Paraná, Sociologia em Movimento (VÁRIOS AUTORES) e Sociologia para o Ensino Médio (TOMAZI). A análise consiste em observar como a linguagem está estruturada e como estes materiais abordam a temática de gênero e diversidade sexual (ou como não abordam). Também será analisado o texto não-verbal (ilustrações), pois este também pode estar carregado de linguagem opressora e sexista. Nesse sentido, os livros didáticos estão sendo considerados como artefatos culturais que transmitem determinados conteúdos das ciências sociais a partir de formatos e estratégias discursivas específicas (MEUCCI, 2015). A importância de conhecer pro-fundamente os livros didáticos está no fato de levantarmos conhecimento suficiente (através da pesquisa científica) para eventualmente identificar problemas, e se identifi-carmos, possivelmente melhorar ou até mesmo mudar o formato deste material. É rel-evante também na pesquisa de livros didáticos, compreender as formas de transmissão de conhecimento, para que possamos desenvolver e aperfeiçoar os processos de ensino e aprendizagem na educação brasileira.

PADRÕES DE BELEZA ESTABELECIDOS PELA MÍDIA E SOCIEDADE: UMA ABORDAGEM INTERDICIPLINAR PELO PIBID NA ESCOLA CERE

Tatiana Lima da SilvaUVA

O tema abordado surgiu da necessidade de discutir com alunos da escola CERE – Cen-tro Educacional de Referência Prefeito José Euclides Ferreira Gomes, localizado no Bairro Domingos Olímpio, Av. Humberto Lopes s/n, Sobral-Ce, os aspectos voltados para os padrões de beleza estabelecidos pela mídia e sociedade, abordando a partir das perspectivas sociológica. A influência dos fatores socioculturais da busca pelo um corpo perfeito causa transtornos alimentares, fazendo a sociedade cultivar a magreza, pessoas musculosas, associando a esse ideal estético, valores como felicidade e beleza, como resultado do consumo. Ou seja, ser esguio é ser belo, e para chegarmos tal padrão, necessitamos comprar numerosos cosméticos, fazer inúmeros regimes sem nenhuma orientação correta, apelar a cirurgias plásticas, entre outros. (ANDRADE E BOSI, 2003). Este trabalho busca apresentar visões dos alunos a partir da temática escolhida, utilizando abordagens sociológicas para que os mesmos compreendam como a mídia impõe e interfere no nosso cotidiano, ditando principalmente os padrões de beleza que devemos seguir. Afetando em maior número o público feminino, onde a sociedade está

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em constante cobrança pela busca do corpo perfeito, e que essa busca seja por todas as mulheres. Desenvolvimento: atualmente com a independência financeira as mulheres tornaram-se escravas da indústria da beleza conseqüência do processo de consumismo e padrões de beleza imposto principalmente pelos meios de comunicação, onde difun-dem um padrão estético que todos devem seguir, com isso percebe-se um auto índice de problemas físicos e psicológicos prejudicando a auto-estima e gerando uma guerra contra o espelho. Segundo Conti, Bertolin e Peres (2010) a mídia é sinônimo de meios de comunicação social, pois retrata a respeito dos meios responsáveis pela transmissão das informações, como rádio, jornais, revistas, televisão, vídeo, entre outros. Passando a trazer benefícios ou malefícios para a educação daqueles que a vem como um meio de adquirir conhecimento, podendo influenciar no modo de vidas de muitas famílias disseminando assim vários padrões de comportamento e valores. A importância de dis-cutir em sala de aula o poder de manipulação que a mídia exerce sobre nosso modo de vida. O consumo tenta preencher as necessidades, não apenas as objetivas, mas, princi-palmente, as subjetivas do ser humano contemporâneo, que está inserido numa época cada vez mais individualista e que reproduz seus ideais emancipadores, atribuindo à mulher completude e realização individual. Ou seja, hoje, a mulher, ao consumir um produto da moda, por exemplo, tem a sensação de sentir-se mais bonita, mais desejada, mais atraente e mais completa, chegando a um alto nível de satisfação pessoal. (BO-RIS E CESÍDIO, 2007). Metodologia: as atividades realizadas na escola são no formato de oficina, onde cada área aborda o tema a partir de suas perspectivas, sendo os três subprojetos envolvidos Letras—habilitação em Língua portuguesa, Ciências Sociais e Educação física. Considerações finais: o trabalho vem servindo para construir um de-bate acerca das questões sociais que estão por trás do nosso corpo, enquanto objeto de materialização, deixando de lado o bem-estar e buscando apenas aquilo que segundo essas imposições colocadas pela mídia e sociedade colocam como o perfeito.

UMA EXPERIÊNCIA DE PROTAGONISMO JUVENIL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

Marcelle Jacinto da SilvaRaquel Guimarães MesquitaLuana Carolina Braz de LimaUFC

Realizamos no mês de junho de 2012 um projeto de protagonismo juvenil em ambi-ente escolar, intitulado Por Mais Gênero, o qual visou discutir com alunos do ensino médio da Escola Liceu do Conjunto Ceará, assuntos tidos como tabus na sociedade, tais como: identidade de gênero, orientação sexual, feminismo e violência, tendo sido este último tópico o que gerou mais polêmica entre os jovens alunos, principalmente em se tratando do tema da violência contra a mulher, mais especificamente a doméstica, e a questão da homofobia. O projeto é fruto de discussões provenientes do Grupo de Estudos Feministas, realizado no Núcleo de Pesquisas sobre Gênero, Sexualidade e Subjetividade (NUSS), e conseguimos levar para a escola em supracitada com o inter-esse de instigar e debater com os jovens alunos assuntos que estão em falta na grade

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curricular das escolas em meio a pluralidade disciplinar que não alcança a interdisci-plinaridade. Aqui apresentaremos as tensões que emergiram durante o debate sobre a violência familiar, mais especificamente contra a mulher, e procuramos explicitar por meio da metodologia utilizada por nós. Sabe-se das particularidades deste tipo de vio-lência, uma vez que estão aí envolvidos afetos, deveres, relações de conjugalidade e de parentalidade, e acontece que nem sempre as mulheres vítimas de violência doméstica denunciam seus agressores, que na maioria das vezes, são seus parceiros e provedores do lar. O debate foi acalorado e os jovens participantes do projeto posicionaram-se em dois pólos: aqueles que condenavam enfaticamente as mulheres que não denunciavam e aqueles que entendiam a complexidade das relações em torno dessa violência. Em con-trapartida, quando discutimos sobre homossexualidade, muitos alunos se mostraram contra e alguns evocaram a Bíblia para enfatizar o caráter de anormalidade da relação homoafetiva. Para além de nossa experiência junto aos alunos do Liceu do Conjunto Ceará, buscando entender seus significados, angustias e buscas.

JUVENTUDE E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NO COLÉGIO PEDRO II

Valéria Lopes PeçanhaLaryssa BrumMateus AlmeidaColégio Pedro II

A participação política da juventude tem sido importante durante toda a história brasileira, destacando-se em eventos reconhecidos tais como a Semana de Arte Mod-erna, o Movimento Tenentista, a criação do Partido Comunista, dentre muitos outros. No caso do Movimento Estudantil do Colégio Pedro II, essa importante participação e engajamento se faz presente em diversos momentos da história e tonou-se objeto de pesquisa de Iniciação de Pesquisa Jr no presente projeto. Seja no engajamento nas campanhas pela Anistia e pela convocação da Assembleia Nacional Constituinte em que passaram a atuar politicamente dividindo seus apoios ao Partido Comunista ou a União Democrática Nacional; ou içando a bandeira de São Paulo demonstrando seu apoio ao movimento de nove de Julho (Revolução de 1932). Porém, o cenário político atual é diferente do cenário em que ocorreu a participação do Movimento Estudantil em décadas passadas. Sendo a participação política da juventude fruto de uma leitura crítica da realidade, entende-se que haja mudanças nas formas de organização, estruturação e pautas do movimento. A partir da compreensão do contexto político atual, temos como objetivo entender, documentar e sistematizar a participação política dos estudantes do colégio Pedro II, tendo como método a realização de entrevistas com as diversas or-ganizações que compõem essa participação, tais como os coletivos de gênero como o Feminismo de 3/4 e o Retrato Colorido, além do grupo anarquista, dentre outros. Por meio desse diálogo com os coletivos e alunos da instituição, podemos perceber algumas características marcantes na forma de organização. Os grupos surgiram no ambiente escolar a partir de reflexões e busca por melhorias e representatividade. De caráter secundarista, os movimentos buscam debater e promover uma mobilização em torno dos problemas sociais que assolam toda a comunidade, não somente o ambiente

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escolar. O Colégio Pedro II consegue reunir grupos e movimentos formados por alunos que participam politicamente e que reconhecem a importância da mobilização, sendo reconhecidos por isso.

GÊNERO: A DIFERENÇA NÃO SIGNIFICA DESIGUALDADE

Rogério Santiago RaposoUFC

O presente trabalho é parte de uma itervenção realizada pela equipe do PIBID de Edu-cação em Direitos Humanos: Gênero e Sexualidade, subprojeto interdisciplinar em História e Ciências Sociais, da Universidade Federal do Ceará, na Escola Estado do Amazonas, em Fortaleza. A intervenção realizada faz parte de uma série de atividades porpostas para o mês de março de 2015, mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher e teve como o objetivo de discutir sobre a desigualdade de gênero, tendo em vista o como se deu a construção da perspectiva dos papeís do gênero em nossa socie-dade. Procuramos apresentar como as desiguldades de gênero são constituidas e como o próprio gênero é uma produção socialmente construída, através de uma fala inicial onde são abordadas várias questões referentes às desigualdades de gênero produzidas em nossa sociedade, como a questão da inserção da mulher no mercado de trabalho e as diferenças salariais existentes para cargos iguais nas mesmas empresas, as peças publicitáriasque são produzidas para pessoas de sexos diferentes, como o consumo é realizado por homens e mulheres e o modo como essas pessoas se comportam com relação às reais necessidades de consumo, procurando sempre colocar a mulher em um patamar de inferioridade, pois essa deseja apenas futilidades, dessa forma reproduzindo um discurso machista. Após esse momento inicial passamos a ouvir dos estudantes suas opiniões e compreensões sobre como essa temática do gênero está presente no cotidi-ano, sejam nas suas relações no ambiente escolar, familiar e outros possíveis espaços em que podemos observar a presença das diversas juventudes. Podemos observar como as várias práticas que geram preconceitonas discussões relacionadas a gênero são as-similadas pelos estudantes devido ao contexto sócio-histórico, por ser esse um discurso muito presente no cotidiano, onde homens e mulheres possuem não só papeis sociais, mas preferências distintas nas brincadeiras desde a infância, no vestuário e em um pa-drão comportamental estabelicido pela sociedade.

REDES DE MOVIMENTOS RURAIS: UM ESTUDO SOBRE REDES NUM ASSENTAMENTO RURAL

Maciel Alves Tavares Paulo Henrique Miranda IFPE

O presente trabalho é uma análise ampla e discursiva, que procura demonstrar como uma organização em rede de um assentamento na zona rural do município de São Cai-tano localizado no agreste pernambucano vem buscando através da luta pela Reforma

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Agrária, mudar a forma de participação a partir da organização dos seus interesses em prol do coletivismo em parceria com outros assentamentos. Nesse sentido, este trabalho visa a partir da perspectiva da teoria de redes de movimentos comparar os agricultores assentados e os índios de Chiapas no México, pois antes da sua organização ambos eram oprimidos pelo governo, lutavam, reivindicavam melhores condições de vida, de modo que, o assentamento organiza-se em redes, ao ponto de haver semelhan-ças com a articulação em redes dos movimentos no México. Portanto, o que quer dizer rede ou redes de movimentos? Nessa perspectiva, compreendemos como um tipo de ativismo, que se alicerça nos valores da democracia, da solidariedade e da cooperação – começaram a organizar manifestos de insatisfação contra o governo e a partir daí começaram a ser atendidas as suas reivindicações, porque a partir de seus manifestos eles ganharam espaço na mídia e seus problemas deixaram de ser algo mais local e gan-haram uma grande abrangência bem maior, desse modo eles tiveram muitas conquistas pois formou-se um novo modelo político. Esse fenômeno é denominado de glocaliza-ção, pois articula as demandas locais com os fenômenos sociais de aspecto global. Obje-tivos: demonstrar como uma organização em rede de um assentamento na zona rural do município de São Caitano localizado no agreste pernambucano, vem buscando através da luta pela Reforma Agrária, mudar a forma de participação a partir da organização dos seus interesses em prol do coletivismo em parceria com outros assentamentos. De-senvolvimento: o Assentamento Boa Vista fica localizado na cidade de São Caitano no agreste pernambucano, região localizada no Planalto da Borborema com uma altitude média de 552 metros acima do nível do mar. O município abrange uma área territorial de 382,4 quilômetros quadrados São Caitano faz limite com os municípios de Brejo da Madre de Deus ao norte, ao sul com Altinho e Cachoeirinha, com Caruaru a leste, e a oeste com Belo Jardim e Tacaimbó (IBGE,2014). Metodologia: o registro de dados para o estudo foi realizado através de rodas de conversa, entrevistas e levantamentos de dados com representantes e moradores do assentamento, com diálogos abertos e amplos eles falavam como ocorreu a organização dos interesses coletivos, como tam-bém a rede ajudou nessa mudança radical de atitude do movimento. Para tanto, muitas informações foram levantadas durante as rodas de conversa e entrevistas, dentre elas a falta de conhecimento na área de informática e comunicação social, o desconhecimento do que é “Redes de Movimento” e a falta de integração entre núcleos de diferentes as-sentamentos. Resultados: a partir da coleta dessas informações, nós pudemos trabalhar com mais direcionamento para suprir a carência nessas áreas que foram detectadas, o que demandou muito trabalho para conscientizar os assentados, no que diz respeito à mudança na situação verificada. Tornando os agricultores mais politizados e mobiliza-dos com as causas em comum tendo um conhecimento mais abrangente sobre a sua situação social. Considerações finais: a orientação dada aos agricultores assentados foi de fundamental importância, pois através das redes de movimentos eles conseguiram se organizar em torno dos interesses coletivos, de modo que ficassem mais unidos e conectados com o que há de mais recente no mundo agrícola.

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DURKHEIM VERSUS NIETZSCHE: TENSÕES E CONTRADIÇÕES NA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO HOMEM

Aldair da Silva FreireMarcelo Rodrigues dos ReisUFPA

A pesquisa pretende analisar as tensões a partir das contradições na concepção de edu-cação e formação do homem entre David Emile Durkheim e Friedrich Wilhelm Ni-etzsche, pegando o termo educação e substituindo por “Domesticação”, termo este de Don Miguel Ruiz. Busca-se responder quais as diferenças na concepção da educação e formação do individuo entre Durkheim e Nietzsche? Nesse sentido o objetivo é mostrar as formas do modelo e objetivos da educação na formação do homem entre os dois au-tores. Sendo assim, pensando na Educação como um “aprisionamento” e “libertação” do ser, que segundo o próprio Durkheim tem como finalidade de socializar (Domesticar) o individuo, ao contrario, Nietzsche ver a educação como o papel de criar “vontade de poder” e sucessivamente os “espíritos livres”, sendo assim: “Educar os educadores! Mas os primeiros devem começar por educar a si próprios. E é para esses que escrevo.” (Ni-etzsche- Primavera/verão de 1875). A metodologia utilizada na pesquisa em tela é de cunho bibliográfico através das respectivas obras: Nietzsche: Schopenhauer Educador (2008); Sobre o Futuro de Nosso Estabelecimento de Ensino (2011); Carlos Benedito Martins: O que é Sociologia (1994); Rosa Dias: Cultura e Educação no Pensamento de Nietzsche; Camila Sampaio Moreira: Nietzsche: Uma Análise das Conferencias So-bre o Futuro de Nosso Estabelecimento de Ensino; Durkheim: Educação e Sociedade; José Albertino Rodrigues: Durkheim-Sociologia (1978); Don Miguel Ruiz: Os Quatros Compromissos. Conclui-se a partir de leituras preliminares que existe uma distinção na concepção e fins da educação no pensamento de Durkheim e Nietzsche em que para primeiro autor a função da educação é formar e moldar o homem de acordo de uma sociedade pragmática na obtenção de uma sociedade organizada e coesa de acordo na manutenção do sistema dominante; para o segundo autor pretende-se uma educação que possibilite libertar o homem rompendo com modelo cientificista que o aprisiona e domestica (termo esse emprestado de Don Miguel Ruiz).

AMPLIAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: REFLEXÕES SOBRE OS IMPACTOS NA ESCOLA LICEU DO CONJUNTO CEARÁ EM FORTALEZA, CEARÁ

Mariana Maia CunhaAndrezza Cristinne NunesUECE

A partir da sanção da Lei 11.684/2008, que tornou obrigatório o ensino de Sociologia no Ensino Médio, diversas escolas necessitaram fazer reajuste em sua matriz escolar de forma a incorporar a disciplina. A partir do processo de construção de pesquisa do-cente do subprojeto de Ciências Sociais do PIBID/UECE na escola Liceu do Conjunto

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Ceará localizada em Fortaleza/CE, levantou-se a discussão entorno de como realiza-se a prática docente e como exercê-la em meio às limitações postas em sala. Um dos principais obstáculos que se observava na prática docente era a grade curricular, que só dispunha de uma única aula por semana de sociologia, que inviabilizava um melhor aproveitamento da disciplina. Com base nessa demanda, a gestão do Liceu do Con-junto Ceará, em 2015 deliberou o acréscimo de mais um horário na sua grade a fim de regularizar essa pendência. O presente trabalho visa entender de que forma o aumento da carga horária gera impactos na metodologia posta em aula e se há uma reelabora-ção da ministração do conteúdo após a mudança da grade curricular de sociologia. Busca-se também observar de que forma essa ampliação da aula reflete nos alunos e se há um maior aproveitamento e identificação para com a disciplina. Com um caráter metodológico qualitativo de pesquisa, busca-se fazer uma etnografia dentro das salas de aula de primeiro e segundo ano do ensino médio, a fim de observar de que forma há alteração na forma de ministrar aula. A elaboração de entrevistas com professores e alunos também terá caráter metodológico, a fim de se extrair com base em convicções pessoais dos mesmos os efeitos da ampliação da disciplina. A referida pesquisa ainda encontra-se em andamento, porém pretende-se nesse primeiro momento partilhar das experiências na inserção no campo bem como as análises que já se tornaram tangíveis desde o início da pesquisa. Foi constatado até este momento que há uma melhor con-dução dos professores em sala, devido a possibilidade de realização de dinâmicas que antes não seriam possíveis em virtude da falta de tempo, proporcionando assim uma aula que não é somente expositiva mas também impulsionadora de debates dentro da sala. Uma melhora significativa de assimilação de conteúdos e melhor empatia por par-te dos alunos devido a oportunidade de uma maior aproximação do professor também foi constatada, tornou-se possível a vivência dos conteúdos sociológicos de uma forma mais intensificada e integrada.

NEM ALUNO, NEM PROFESSOR: REFLEXÕES SOBRE A ATUAÇÃO EM SALA DE AULA DO INICIANDO EM DOCÊNCIA ATRAVÉS DO PIBID

Gustavo Dias SilvaGabriela Nascimento de OliveiraGuilherme dos Santos OliveiraUFF

O presente trabalho pretende refletir sobre a participação em sala de aula do aluno participante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Se-gundo as ideias basilares do programa lançado pelo Governo Federal, o objetivo con-sistiria em antecipar o encontro dos futuros docentes com a realidade escolar da rede pública. Além de conceber um sistema de aproximação da Universidade com a Escola Básica, este Programa sugere uma tentativa de construir uma ponte para a transição da condição de estudante para a carreira de professor. No entanto, a sala de aula consiste um espaço de relações e tensões estabelecidas por alunos e professores. Sendo assim, nos perguntamos qual seria o lugar do aluno-PIBID? Inicialmente, a busca pela resposta desta pergunta nos conduziráà construção da categoria aluno-PIBID. E neste ponto, de

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fato, percebemos uma relação intrínseca desta categoria com o processo de formação de professores. Por isso, o escrutínio de conceitos pertinentes à formação docente parece-nos indicar as possibilidades da práxis na sala de aula do iniciando à docência. Ao mesmo tempo, faz-se necessário compreendermos problematizarmos o processo de inserção em sala de aula, ao passo que o aluno participante do PIBID, não se limita à posição de aluno e nem assume a posição de professor. Aqui nossa questão inicial retorna, pois se não épapel de professor nem de aluno, qual lugar do iniciando em docência? Para fomentar o debate em torno desse tema propomos a construção de uma narrativa etnográfica constituída por experiências de vários participantes do Programa. Sendo assim, o texto procurará refletir sobre a inserção inicial dos licenciandos em Ciências Sociais nas salas de aula do Ensino Médio Básico. Tentando mapear e caracteri-zar ações possíveis que contribuam para a formação de professores intelectuais capazes de realizar a docência a partir de uma prática reflexiva. O trabalho constituiu-se a partir de participação no grupo de PIBID de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), e as escolas investigadas integram exclusivamente a Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro.

AS RELAÇÕES ENTRE PROFESSORES E ALUNOS NA SALA DE AULA

Ana Beatriz Carneiro ForteUFC

O presente trabalho analisa a construção das relações sociais entre professores e alu-nos na sala de aula, considerando que a educação é um instrumento de coesão social baseado em regras que disciplinam os comportamentos. Tomando a turma de alunos, entre 14 e 15 anos, do 1º ano E (2013) da Escola Estadual de Ensino Médio Liceu do Conjunto Ceará, localizada em Fortaleza, e os professores que ensinaram na referida turma, analisei como o desenvolvimento das relações entre alunos e professores in-terfere no comportamento disciplinar dos alunos. Para isso, se fez necessário o uso do método observacional investigativo, com registro em um diário de campo das infor-mações coletadas durante um mês de acompanhamento das aulas do 1° ano E. Foram levados em consideração os discursos que os alunos e professores têm acerca da questão da disciplina, obtidos por meio de conversas informais. Como resultado, pude observar que a disciplina envolve as relações de proximidades afetivas, sejam elas consideradas “positivas” e/ou “negativas”, e esta construção se dá dentro das metodologias que cada professor utiliza durante as aulas.

O MODELO DICOTÔMICO E AS AÇÕES VOLTADAS PARA IGUALDADES NO ENSINO BÁSICO

Renata Priscila Rodrigues VenturaAldair da Silva FreireUFPA

As escolas lidam cotidianamente com as relações entre gênero, porém não percebem

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sua influência na construção da identidade dos indivíduos/alunos. Ao observar as práticas escolares, percebemos que as relações entre os indivíduos estão baseadas no modelo ditocômico, ou seja, polarizado entre homem e mulher. Abrindo espaço para as desigualdades, pois neste modelo há dominação do masculino em detrimento do feminino e a anulação das outras identidades sociais. Este trabalho tem o objetivo de evidenciar as práticas educacionais/pedagógicas relacionadas ao debate sobre gênero, em escolas de ensino médio público. Assim como também, refletir sobre a atuação dos professores de sociologia nesses espaços e expor ações tomadas para a promoção de igualdade nas instituições. A escola como espaço de construção social e o ensino de sociologia têm como missão desconstruir e desmistificar conceitos fundamentados no discurso sexista, construído historicamente.Assim,é intrínseca a responsabilidade de promover discussões necessárias para que os alunos desenvolvam sua capacidade crítica para analisarem as informações que recebem e assim, desenvolverem o seu senso crítico.O professor de sociologia é ferramenta fundamental neste processo,será através da mediação e condução das discussões que se estabelecerá o direcionamento para a construção de um novo modo de pensar,fugindo do modelo ditocômico. Esta pesquisa foi elaborada por atividades de registro tanto escrito quando fotográfico, através das observações nos espaços escolares, participações em debates, análises de textos sobre o tema. A vivência nos espaços escolares revelou que os alunos ainda possuem discur-sos vagos e rasos a respeito do tema, isso ocorre nas escolas onde o debate é pouco ou inexistente. Oposto a isso, nas escolas que existem políticas voltadas para a promoção da igualdade entre os gêneros, os discentes conseguem dialogar e expor suas opiniões, respeitando as diversidades e propondo soluções que ultrapassam os muros da escola. Concluí-se que a escola é marcada pelas relações sociais e de gênero, desde forma a mesma deve refletir sobre suas práticas, desconstruindo os significados de feminino e masculino formados em contextos sociais e culturais diferentes de hoje, conceitos que fundamentam o machismo, refletindo nas relações estabelecidas dentro e fora do ambi-ente escolar. Para a construção de uma sociedade baseada na igualdade a escola precisa inserir esse princípio em seu cotidiano.

DO CEMITÉRIO À PRAÇA, O POSITIVISMO GAÚCHO EM UMA SAÍDA DE CAMPO

Luis Alexandre CerveiraIENH

O presente trabalho tem por objetivo relatar e refletir sobre uma atividade pedagógica de caráter empírico em que o Positivismo gaúcho é abordado em uma saída de campo com alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Esta prática que já realizo faz alguns anos, tem por objetivo proporcionar aos alunos, que estudaram o tema do Positivismo no Rio Grande do Sul, uma aula em espaços que foram marcados de maneira significativa pelo pensamento positivista. O embasamento teórico metodológico tem por fundamento a aprendizagem significa tive de Ausubel. Os lugares escolhidos foram: O Cemitério da Santa Casa (túmulos de Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado), o monumento a Júlio de Castilhos na Praça da Matriz e diversos prédios neoclássicos, todos localizados

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no centro de Porto Alegre-RS. Os resultados obtidos com essa saída de campo tem se revelado bastante animadores, uma vez que que os alunos tem compreendido de manei-ra mais complexa a influência do positivismo na História e sociedade Sul-riograndense.

A CONTRIBUIÇÃO SOCIOLÓGICA DOS WORKSHOPS EM TECNOLOGIAS EDUCATIVAS APROPRIADAS E CRÍTICAS (TEAEC) NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DA CIDADE DE SANTA ROSA/RS/BRASIL

Patrícia PrestesUTN de Buenos Aires

Vivemos a segunda década do século XXI. Era da comunicação global e da alta velocid-ade na produção de novos saberes e tecnologias. A instituição educativa, que não apenas está impregnada dessa sociedade, mas a é, precisa metamorfosear-se para acompanhar a contínua transformação do seu cenário. Destaca-se, contudo, que as instituições de ensino em geral não têm acesso imediato às tecnologias de ponta. Porém, esse estigma, que marca principalmente a educação pública, pode (deve) servir de estímulo à (re)criação do uso das tecnologias educativas (TEs) que se tem à disposição para uma práxis pedagógica consciente, apropriada e crítica. Para isso, a formação continuada é funda-mental. OBJETIVOS: o objetivo desse trabalho é a substancialização das TEs e o aper-feiçoamento do seu uso como ferramentas de construção de conhecimento crítico e ci-dadão através da interaçãoentre professor, inglês e educandos. DESENVOLVIMENTO: As TEs sãoferramentas históricas, culturais, semiológicas e didáticasque carregam con-sigo valores de uma determinada sociedade em um determinado momento histórico e cujos resultados, construídos em sala de aula, são levados para além do espaço educa-tivo formal. As TEs não são um instrumento estático para aplicação de conteúdos, mas uma força cultural autônoma, ainda que arbitrária em sua construção, e que se constitui dentro de um contexto histórico-cultural que re-estrutura o mundo social como objeto de controle. Entretanto, a essência da práxis tecnológica e da inovação no uso das TEs reside naatuação de cada docente, pois as TEs são apenas um instrumento. METODO-LOGIA: A população investigada compreende 10 professores municipais de Língua Inglesa de Ensino Fundamental de Santa Rosa/RS/Brasil. Foram realizados nove work-shops entre 2012 e 2013. Durante eles, os professores ou partiam da prática para uma reflexão teórica ou partiam do embasamento teórico para a experimentação e a troca de ideias sobre as suas experiências em sala de aula. Como encerramento, realizou-se uma entrevista focalcujo debate foi orientado por uma guia de entrevista contendo algumas questões norteadoras do debate que foi registrado em fichas de registro pelos professores e no diário de campo da orientadora. A análise e interpretação das infor-mações coletadasse deu por triangulação de dados, quando por comparação e contraste ressaltou-se as percepções dos docentes quanto às contribuições dos workshops para a sua práxis pedagógico-reflexiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS: conformedados da ent-revista focal, os workshopspermitiram a imersão dos docentes nos elementos históri-cos, sociais e culturais que transversalizam as TEs. Assim, houve a sua substancialização. Conscientizou-se que toda a construção de conhecimento é uma construção ideológica

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e que a identidade grupal, produzida pela sua interação, por suas trocas, orienta tam-bém as suas identidades individuais, pois cada um leva para suas vidas externas a ideolo-gia edificada no grupo, podendo desencadear um processo de mudança além da sala de aula. Com base nos resultados alcançados, pode-se afirmar que a formação continuada contribui significativamente para o aprimoramento e inovação do uso das TEs como ferramentas de construção e mediação do conhecimentoa partir da troca de experiên-cias, do embasamento teórico e da exemplificação prática de possibilidades geradas e intercambiadas durante a formação. A construção da compreensão conceitual-teórica de tecnologia e seus elementos transversais permitiram formar bases de conhecimento sólidas no que diz respeito ao domínio do conhecimento, à segurança no material que se vai produzir e a sua forma de aplicação.

ENTRE SABERES E PRÁTICAS DA PROFISSÃO DOCENTE: UM OLHAR SOCIOLÓGICO SOBRE A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS

Roberto Alexandre de AbreuAlcélia Cavalcante AmorinPatrick Cézar da SilvaUFPB

Partindo da discussão existente em estudos no campo da educação que vêm buscan-do compreender o processo de transposição didática que acontece na ação da prática docente num movimento de transformação do saber acadêmico para o saber escolar, compreendemos que os conteúdos precisam alcançar um patamar de significação por parte dos aprendentes. Em observação assistemática no ambiente da escola, tem-se percebido que comumente se menciona a importância do protagonismo e se identifica a figura do professor como agente desse processo de transformação didática na práxis da sala de aula em relação ao ensino/aprendizagem. No entanto, ao nos debruçarmos sobre esta temática, pondo em foco a representação social que os professores fazem acerca do seu papel enquanto docentes, e confrontando esta realidade com leituras dedicadas ao tema e exercitando a “imaginação sociológica” sobre a questão, é possível observar que a transposição didática feita pelos professores é quase sempre incompleta e pouco sistemática. Dada a centralidade do professor no processo de transposição didática (continuar daqui), não desmerecendo de modo algum a autonomia e protago-nismo quanto a criatividade que o saber da experiência lhe confere para transmitir os conteúdos disciplinares aos educandos, mas construindo a observação que o processo de transposição didática ocorre anterior ao professor por estudiosos especialistas de cada área, o próprio livro didático, e dentre estes os que se dedicam ao ensino da sociologia, a maneira de apresentação dos conteúdos numa linguagem específica ao estudante-alvo e até mesmo os conteúdos já são pré-selecionados por especialistas de cada área do saber. Cabendo ao professor o protagonismo de encontrar maneiras de de-senvolver cada tema em suas aulas. Nesse sentido, o trabalho objetiva contribuir com a discussão teórica acerca do processo de transposição didática, ampliando a análise com base no arcabouço teórico da Sociologia da Educação.

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RITO DE PASSAGEM E VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: A NOMEAÇÃO DE ALUNOS COM O TERMO “BÁSICO”

Mateus de Lima dos Santos Francisco Anderson MarquesUECE

O estudo objetiva estudar comportamentos de estudantes veteranos de uma escola pública em Fortaleza-ce, no que se refere a frequente utilização do termo “básico” para designar alunos recém-ingressos na escola. Mediante realização de um diagnóstico, na condição de bolsistas do Programa Institucional de Iniciação a Docência/PIBID, obser-vamos a realidade escolar e as relações lá estabelecidas, a partir das quais analisamos a utilização deste termo como um rito de passagem que pode caracterizar-se tam-bém como violência simbólica. Utilizamos autores como Turner e Bourdieu que con-tribuíram com esta análise.

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ESTADUAL PIAÇAVA / NORTE DE TOCANTINS

Lavina Pereira da SilvaUFT/SEDUC-TO

O presente trabalho traz experiências sobre a prática do ensino de sociologia na Es-cola Estadual Piaçava, localizada na região norte de Tocantins, conhecida como Bico do Papagaio. E ainda sobre o ensino de sociologia de diversas escolas da rede pública estadual de ensino nas diversas escolas da rede pública de Tocantins, tanto das escolas do interior como também das escolas localizadas na zona urbana do estado. Os desafios enfrentados pelos profissionais da educação e os entraves existente que muitas vezes impedem que tal disciplina seja ministrada com qualidade para os educandos. Objeti-vos: oportunizar profissionais de outras localidades do Brasil saber mais como se da o ensino de Sociologia na Escola Estadual Piaçava. Citar práticas utilizadas no ensino de sociologia na rede publica das escolas de Tocantins. Oportunizar profissionais de outras localidades do Brasil saber mais como se da o ensino de Sociologia nas Escolas Estaduais localizadas na zona urbana de Tocantins. Conhecer os desafios enfrentados pelos profis-sionais da educação na tentativa de ministrar com qualidade a disciplina de sociologia pra os estudantes do ensino médio da rede pública de ensino. Desenvolvimento: o presente trabalho foi realizado com base em experiências vividas na Escola Estadual Piaçava, localizada na região norte de Tocantins, zona rural do estado conhecida como Bico do Papagaio. De posse destas escreve-se o trabalho que este sendo aprovado e/ou aceito pela equipe avaliadora do ENESEB 2015 será apresentado no evento de acordo com as normas descritas e exigidas pela organização deste. Metodologia: a metodologia utilizada para elaboração deste trabalho se deu a partir das experiências vivenciadas na Escola Estadual Piaçava. Uma vez que se tenha vivenciado estas, busca-se conhecer as normas exigidas pela organização do ENESEB 2015, podendo assim partir para a parte pratica de elaboração do presente trabalho, e assim esperar que a equipe avaliadora

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analise o mesmo cabendo somente a esta a decisão de aprová-lo o não para fazer parte dos pôsteres selecionados para fazer parte do ENESEB 2015. Uma vez selecionadas este seguirá todas as normas da categoria descritas pela equipe do evento. Consid-erações finais: espera-se que o presente trabalho venha contribuir para a reflexão dos profissionais da educação e para os discentes das ciências sociais a respeito do ensino de sociologia no ensino médio das redes públicas de ensino do Brasil. Possibilitando assim a reciprocidade de experiências por parte dos educadores e dos futuros profissionais.

TRABALHADORES INVISÍVEIS: ENXERGANDO QUEM NÃO VEMOS

Gabriel Schenkmann ArntGuilherme de Oliveira SoaresMarcos Machado DuarteUFRGS e Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus-RS

Este trabalho tem por objetivo apresentar o planejamento realizado para os alunos do 3° ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus, elaborado pelos bolsistas PIBID/UFRGS – subprojeto Ciências Sociais. O planejamento intitu-lado “Trabalhadores Invisíveis: enxergando quem não vemos” foi inserido na segunda parte do primeiro trimestre em que a temática central era Trabalho, sendo aplicado em 8 turmas, totalizando 200 alunos envolvidos. A temática foi planejada para acontecer numa sequência de três períodos de aproximadamente 45 minutos. Estas aulas têm por objetivo que o aluno perceba que na nossa sociedade existem trabalhadores que são obrigados a realizar trabalhos precários e que se tornam invisíveis para a sociedade, sendo ignorados em sua humanidade e vistos somente como uma ferramenta. Tendo em vista que a sociologia não deve ficar presa à sala de aula ou se manter somente no plano teórico, esse planejamento também tem como objetivo que os alunos possam verificar como esses trabalhadores enxergam seus trabalhos e como se dão as relações com os outros. Para que estes objetivos sejam alcançados foram propostas três aulas: em uma primeira aula se fez um apanhado teórico a partir da palestra do doutor em psicologia social Fernando Braga, disponível no youtube, autor este que conviveu com garis em São Paulo durante dez anos e também a apresentação do trabalho de entrevista que os alunos teriam que fazer com algum trabalhador que, do seu ponto de vista, sofresse dessa invisibilidade social; na segunda aula se abriria o espaço para a orientação das entrevistas; e a terceira aula foi reservada para que os alunos pudessem apresentar o vídeo com as entrevistas realizadas e suas reflexões sobre o que eles conseguiram per-ceber a partir dessas entrevistas. Este planejamento, a partir da entrevista, propiciou com que os alunos pudessem se apropriar dos conceitos trabalhados de uma maneira significativa, conseguindo perceber, em outros momentos do cotidiano, como essas relações são construídas. Aproximando a disciplina de sociologia à realidade dos alu-nos, desenvolvendo um senso-crítico a partir dessa experiência escolar, mas que não se limitou ao âmbito escolar.

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PRODUÇÃO DE SOCIOLOGIA: O PROTAGONISMO ESTUDANTIL COMO CAMINHO NO EXERCÍCIO DE ENSINO DA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA NA ESCOLA

Bruna Lais Aquino CostaUECE

Diante do, quase que constante, discurso dos docentes que ministram a disciplina de Sociologia nas escolas em que estive inserida nesse tempo de graduação; de que falta tempo, espaço, reconhecimento e legitimidade; observei que existe um caminho onde todos esses fatores podem ser, se não superados, amenizados: o caminho do protagonis-mo estudantil na produção da Sociologia. Por vezes, quando somos nós, (me incluo já partilhando deste título enquanto licencianda) os professores, que exercemos esse pro-tagonismo, distanciamos aquilo que é próximo, concreto, “desconstruivel”, produzível, a Sociologia, dos estudantes. O que quero dizer é que enquanto, como professores, ex-ercermos o papel de “vomitadores” de teorias, muitas vezes acreditando num provável reconhecimento adquirido pela quantidade de “intelectualismo” percebida por parte dos alunos, estamos, na verdade, distanciando os mesmos daquilo que está nos livros e teorias hoje mas que antes foi percebido na realidade: a Sociologia que é a própria realidade sob olhares. OBJETIVOS: meu objetivo, com esse trabalho, é exatamente esse, apresentar um caminho de aproximação daquilo que trazemos como bagagem intelectual e aquilo que nos é orientado pelas diretrizes, com a própria realidade dos estudantes utilizando os mecanismos próximos a eles, como a tecnologia por exemplo, e os tão conhecidos espaço e tempo extra-sala, possibilitando e favorecendo a produção por parte dos estudantes. A isso que me refiro quando falo em protagonismo estudantil. METODOLOGIA: a metodologia que utilizei na proposta desse caminho de aproxi-mação através da produção, através deste protagonismo estudantil, foi o acumulo de experiências e analises de diversas aulas de sociologia, em pelo menos três escolas de fortaleza, durante esses quatro anos de graduação, em que dois foram como bolsista do Programa de Iniciação a Docência (PIBID). Contudo foram, mais precisamente, a análise das últimas experiências que me levaram a construir este trabalho: a “produção e execução” de um minicurso proposto pela disciplina de Estágio IV e a experiência de uma aula de Sociologia ministrada pelo meu atual Professor Supervisor. CONSIDERA-ÇÕES FINAIS: tocando nos “aparentes” resultados destas experiências conclui-se que é necessário e possível superar, ou pelo menos amenizar, os tão conhecidos problemas da Sociologia enquanto disciplina do Ensino Médio: apresentar aos verdadeiros pro-tagonistas, os estudantes, os “instrumentos” e o “material”, que já estão em sua posse, apenas temos de torna-los conhecidos; para que eles possam então, não só reconhecer ou legitimar, mas, “tocar”, “mergulhar”, significar, construir a Sociologia.

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS, FORMAÇÃO DE DOCENTES EM CIÊNCIAS SOCIAIS E ENSINO A DISTÂNCIA: CONTRADIÇÕES E PERSPECTIVAS

Filipe BellinasoUNESP/FCC – Marília

O ensino a distância não é uma modalidade de educação nova, porém com os avanços tecnológicos das ultimas décadas, sob o discurso da democratização do acesso ao en-sino, tem atingido proporções das quais nunca tinha alcançado, principalmente no que se diz respeito à formação de docentes. Em algumas áreas se forma mais professores por essa modalidade do que a presencial, como o caso da Pedagogia. E nas Ciências So-ciais tal modalidade vem ganhando cada vez mais espaço não apenas na esfera privada, mas também na publica. Nesse sentido essa pesquisa vem a questionar, até que ponto se dá a qualidade da formação dos docentes dessa modalidade? Se a universidade publica presencial já está em crise no que se diz respeito à formação de docentes, o que se pode esperar das de ensino a distancia? Quais são as condições de trabalho enfrentado pelos professores dessa modalidade de ensino? E na busca de compreender, analisar e tentar responder a essas questões é que se desenvolve essa pesquisa. No que se refere ao método, o estudo está pautado numa revisão bibliográfica dos estudos de Elcio Benini, David Noble e Peters, dentre outros. Consultamos também as diretrizes da UNESCO, e do Educação Para Todos, bem como a LDB e os Decretos relativos à área.Dentre os resultados encontrados, é possível notar até então, que o avanço do ensino a distância está diretamente articulado com interesses tanto da camada politica quanto econômica, que sob o discurso da democratização (que de certa forma ocorre) se dá um método de ensino, que preza pela questão quantitativa e não qualitativa, onde não se evolui quanto um meio para a democratização, mas como um fim. Percebe-se também a ausência do contato entre os próprios estudantes, de estudantes e professores, e do próprio enriquecimento teórico que os debates em sala de aula proporciona. Com isso, haverá uma perda importante para o desenvolvimento como docente. Também é possível con-siderar um possível processo de ampliação da alienação do trabalho docente uma vez que temos uma fragmentação deste exercício, no momento em que ocorre um pro-cesso de separação do planejamento e da execução, ou seja, uma fragmentação do pro-cesso de ensino-aprendizagem entre o professor e o tutor gerando uma nova divisão do trabalho docente. Essa alienação se dá ainda na esfera em que ocorre uma separação do trabalhador do seu fruto do trabalho, onde muitas vezes, os docentes conhecem seus alunos, literalmente, como números, fazendo com que se sinta estranhado perante seu fruto do trabalho. Não bastasse isso, o professor ainda é sobrecarregado de atividades/questões a serem corrigidas/respondidas uma vez que é necessária a aplicação de várias dessas para acompanhar o processo de desenvolvimento dos alunos.Com isso, essa pes-quisa busca mostrar que o ensino a distancia não é um mal em si mesmo, porém da maneira em que se articula, acaba defendendo os interesses do capital e precarizando o ensino e o trabalho docente. Onde, se articulada da forma correta, esta tecnologia “fria” pode aproximar alunos e desenvolver habilidades que a sala de aula convencional não proporciona.

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OS JOVENS DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA EM INDAIAL/SC E O USO DO TEMPO LIVRE, AS PRÁTICAS E O CONSUMO DE BENS CULTURAIS: UM ESTUDO PRELIMINAR

Marcelo da SilvaMarco Antonio StruveSEC-SC

O presente trabalho tem como objetivo principal a compreensão da vida cultural dos jovens do ensino médio da rede pública em Indaial – Santa Catarina, o uso que fazem do tempo livre, as práticas e o consumo de bem culturais. Só há relação entre um público e um objeto cultural quando ela é perceptível numa escala local ou territorial, assim conhecer o público tornou-se fundamental para o planejamento das futuras ações de-senvolvidas pela Fundação Indaialense de Cultura orientando o COMUC – Conselho Municipal de Políticas Culturais – na formulação de políticas públicas de cultura mais eficazes, não apenas mapeando o universo da produção, mas também caracterizando melhor a relação que os indivíduos mantêm com os equipamentos e com a vida cul-tural. Por isso, procurou-se dar atenção não apenas às atividades socialmente legitima-das como culturais – ir ao teatro, ao cinema ou a espetáculos musicais, por exemplo –, mas também àquelas que são mais diretamente relacionadas ao entretenimento, ao uso do tempo livre – ouvir música, assistir televisão. Apresentando as tendências que caracterizam os principais campos de atividades culturais e suas diferenciações sociais. Uma breve síntese das teorias sociológicas propostas entre outros por Bauman, Bour-dieu e Lahire situam as práticas culturais na estrutura social, e das grandes orientações das políticas públicas inerentes, fornecerão o fio condutor das análises subsequentes, sempre que possível, comparando-as aos dados de pesquisas semelhantes desenvolvidas anteriormente. Para análise dos dados coletados foi utilizada a técnica de análise descri-tiva para compreender o perfil do jovem indaialense e suas práticas culturais. A partir desta técnica, foram selecionados para este trabalho os resultados estatisticamente rel-evantes.

A CONSTRUÇÃO DO OLHAR SOCIOLÓGICO NAS SALAS DO ENSINO MÉDIO: APLICANDO UMA METODOLOGIA DIDÁTICO-TEÓRICO AOS ALUNOS

Débora Evelyn da SilvaUFPB

A partir de observações e experiências em sala de aula, este trabalho apresenta e analisa o cotidiano das aulas de Sociologia para alunos de uma escola pública na cidade de João Pessoa. Inicialmente, feitas dentro das propostas realizadas na metodologia em sala de aula, com observações que pude perceber alguns problemas recorrentes, obje-tivando como pontos principais essa falta de motivação e o desinteresse dos estudantes, dificuldades de compreensão dos textos e suas aplicações, como dificuldades no uso dos conceitos disciplinares. A partir desses problemas, optei por meio de entrevistas semi-

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estruturadas, com um recorte de variáveis explicativas como, metodologia utilizada, recursos visuais e observações feitas do meio social do aluno, procurar respostas para poder aprofundar minha compreensão da realidade e as formas de percepção dos estu-dantes dentro de seu contexto social e cultural, suas compreensões da sociologia e as dificuldades que podem reconhecer como fatores que vem comprometendo sua partic-ipação nas aulas. Logo, foram feitas alterações decorrentes da necessidade do aluno para a assimilação do ensino, com uma metodologia própria que buscasse se adequar aos alunos, a partir da aproximação da vida do autor estudado, da participação dos alunos na sala de aula junto com o livro, e por último a cargo do professor passar os conceitos teóricos relevantes, que buscasse de forma didática, interagir e procurar relacioná-los aos conceitos teóricos da sociologia, com proximidade sobre as estruturas pertencentes ao seu meio, problematizando o desenvolvimento que é construído criticamente aos fu-turos indivíduos. Desse modo, o trabalho busca trazer a discussão de um caso empírico particular para ajudar na reflexão sobre as dificuldades e limites da sociologia da busca ou falta de um método eficaz para o ensino. Mas, principalmente, a idéia é apresentar a discussão de um conjunto de dilemas que organizam e permeiam a experiência do ensino da sociologia que, se tratados criticamente, podem contribuir para o debate mais geral sobre o cotidiano escolar e suas dificuldades, aplicado as metodologias de ensino ao conhecimento válido.

UMA ANÁLISE SOBRE O PERFIL E PERSPECTIVAS DOS LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Vilma Soares De Lima Barbosa Andreza De Oliveira Silva UFCG

Segundo o Censo de Educação Superior em 1991 o número de instituições públicas e privadas correspondia a 4.908, aumentando em 2007 para 23.448 e nesse contexto de expansão identificou-se também o fenômeno do abandono, repetência e irregulari-dades nos cursos de graduação no Brasil. O objetivo principal desta pesquisa é anal-isar um perfil atrelado aos atributos sociais, culturais e institucionais que estruturam o cotidiano/trajetória dos Licenciandos em Ciências Sociais da UFCG/CDSA. Iden-tificar as principais dificuldades vivenciadas pelos estudantes do Curso nas situações de ensino e aprendizagem que obstam a sua formação e até mesmo permanência no Curso. Analisar qual a perspectiva dos discentes em relação a profissionalização nas Ciências Sociais. Foi feito o uso de métodos qualitativos (entrevistas, pesquisa docu-mental e bibliográfica) levando-se em conta ideais de Pierre Bourdieu/ Basil Bernstein e quantitativos(questionário fechado e tratamento estatístico). Na perspectiva relacio-nada ao sucesso ou fracasso escolar, buscamos explanar a não adaptação do indivíduo a partir dos ideais defendidos por Pierre Bourdieu no tangente ao Campo, capital cul-tural, habitus e violência simbólica. Também utilizamos a visão de Basil Bernstein para defender como a família ou condição social influencia no desempenho do discente em sala de aula: Sistema classificatório, enquadramento, isolamento, código elaborado e re-strito. Em contraposição aos dois teóricos mencionados acima citamos Bernard Lahire

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enfatizando que nem sempre as desigualdades sociais são inerentes as diferenciações escolares. Nessa perspectiva defenderá seu aprimoramento através das configurações familiares similares, a forma de “transmissão” do capital cultural como determinante no sucesso escolar e a “omissão parental”. Advogando também em oposição às vertentes reprodutivas da sociologia Bernard Charlot ressalta que o “fracasso” ou “sucesso” esco-lar está vinculado ao sentido advindo dos indivíduos; As experiências e ensinamentos estruturados na sua “teia” de relações (no caso a família) influenciarão no desempenho. Com relação aos resultados obtidos detectamos informações importantes sobre o perfil dos alunos: a maioria deles provém de escolas de rede pública - 91% ressalta ter estuda-do o ensino fundamental e 88% o ensino médio. Referente ao perfil familiar vimos que 34% das mães e 39% dos pais cursaram somente o ensino fundamental completo. Ainda sobre esta conjuntura, foi visto que no tangente a renda familiar 49% dos entrevistados sobrevivem com mais de um salário mínimo, de um a três. É viável salientar também que 66% dos licenciandos alegaram ter dificuldades na compreensão dos textos e 49% já reprovaram uma ou mais disciplinas, o que nos mostra uma quantidade significativa de entraves acadêmicos. Outro dado bastante interessante está atrelado as perspec-tivas profissionais: as variáveis expõem que 12% dos entrevistados desejam concluir a graduação na Licenciatura em Ciências Sociais e complementá-la com outro curso superior, 7% só querem ter uma formação superior, 21% quer exercer a profissão de sociólogo ou pesquisador nas iniciativas públicas e privadas, 17% quer ser professor de sociologia nas redes públicas ou privadas e 43% almejam o ingresso no mestrado e pos-teriormente no doutorado, exibindo uma relação “fraca” do estudante com o referido curso. Foi exposto na pesquisa que a maioria dos licenciandos proveio de escolas de rede pública com nível socioeconômico baixo o qual poderá influenciar diretamente no seu “sucesso escolar”.

MECANISMOS DE SOCIALIZAÇÃO E FOMENTAÇÃO DA VALORIZAÇÃO CULTURAL NO AMBIENTE ESCOLAR DO CEEP. PROFª. MARIA DO ROSÁRIO CASTALDI, LONDRINA-PR

José Wilson Assis Neves Junior UEL

A pesquisa apresentada estabeleceu como ponto de partida a perspectiva da intimidade existente entre o sistema capitalista de produção e a tendência ao desenvolvimento da personalidade individualista no ambiente urbano, no qual este sistema está inserido, tendo como intuito instituir um debate teórico no que diz respeito ao papel do sistema educacional em relação ao processo de assimilação de atitudes individualistas que pos-sam vir a desencadear a “atitude blasé” simmeliana, assim como as possibilidades que o ambiente escolar encontra para combater tal comportamento e promover uma maior socialização entre os alunos. A partir da inserção em meio ao ambiente escolar, em decorrência do estágio curricular obrigatória para licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, foi empreendido o processo de observação partici-pante no CEEP Profª Maria do Rosário Castaldi, na qual foi priorizada a inserção peri-férica do pesquisador. Desta forma tornou-se possível a identificação de três diferentes

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mecanismos de socialização e fomentação da valorização cultural, adotados e articula-dos por alunos e professores do colégio, assim como pela comunidade externa, sendo estes: a Semana de Humanidades, a Gincana Cultural e os Jogos Interclasse. A pesquisa valorizou as fontes orais e debateu, teoricamente, os alcances e limites dos mecanis-mos identificados na instituição escolar, concluindo que a Gincana de Humanidades se consolidou como o mais apto mecanismo de fomentação da valorização cultural e ao mesmo tempo favoreceu o estabelecimento de relações sociais entre as diferentes turmas do Colégio, assim como com a comunidade externa. Não deixando de salientar que, apesar de terem apresentado maiores restrições no que tange ao cumprimento das funções pré-estabelecidas a Semana de Humanidades (mecanismo de socialização e fomentação da valorização cultural) e os Jogos Interclasse (mecanismo de socialização) também apresentaram características relevantes no combate ao individualismo e a for-mação da “atitude blasé” em meio ao ambiente escolar.

FALA SÉRIO OU COM CERTEZA: CONVERSANDO SOBRE SEXUALIDADE NA ESCOLA

Leandra Batista de AzevedoRenata Daici Rodrigues Crhis Netto de BrumUFFS e UFRGS

Essa comunicação apresentará as oficinas sobre sexualidade que foram realizadas no período de outubro de 2014 a dezembro de 2014 em uma escola pública da cidade de Chapecó – Santa Catarina, com a participação de 101 estudantes da primeira série do Ensino Médio. As oficinas fazem parte do Projeto Novos Talentos (Edital 055/2012 CAPES) que é desenvolvido por dois professores do curso de Ciências Sociais e ti-veram a orientação da professora Crhis Netto de Brum do curso de Enfermagem e foram realizadas por duas acadêmicas do curso de Ciências Sociais. O principal ob-jetivo da oficina é incentivar o debate sobre o significado da sexualidade para que os estudantes questionem as ministrantes da oficina sobre suas dúvidas, e a partir disso, entendam mais sobre o assunto, não somente com o caráter de prevenção, mas sim de uma visão crítica. As oficinas foram organizadas em cinco encontros, totalizando uma carga horária de cinco horas com cada turma e seguiram a seguinte metodologia: 1) sondagem com os estudantes para conhecer os temas e as dúvidas mais presentes entre os jovens; 2) jogo sobre mitos e verdades sobre a sexualidade; 3) dúvidas gerais e DSTs; 4) planejamento familiar e, 5) métodos contraceptivos. Para a construção da oficina foi utilizado a metodologia problematizadora, inicialmenteapresentada por Bordenave e Pereira que se referenciaram no Arco de Maguerez. Essa metodologia é composta de cinto etapas, a primeira etapa é a observação da realidade e construção da prob-lemática do estudo; a segunda etapa é os pontos-chaves; a terceira etapa é a teorização; a quarta etapa é hipóteses de solução; e a quinta etapa é a aplicação à realidade. Além disso, utilizou-se do conceito de sexualidade abordado por Guacira Lopes Louro e Mi-chel Foucault e de materiais do Ministério da Saúde como o Projeto Acolher (parceria entre a Associação Brasileira de Enfermagem e o Ministério da Saúde) que trabalha a

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partir das experiências do “adolescer”. A metodologia problematizadora permitiu a in-tervenção prática na cultura juvenil com base na observação da realidade com um olhar crítico do contexto escolar, este que mostrou a necessidade de trabalhar e conceituar a sexualidade. Os estudantes associaram a sexualidade principalmente a DSTs e métodos contraceptivos, e foi através desses temas que as oficinas foram desenvolvidas para con-ceituar sexualidade conforme os autores citados. Concluiu-se que as oficinas obtiveram um resultado equivalente as expectativas diante da realidade encontrada, pois em cada etapa da oficina os estudantes foram participando mais do debate e das atividades pro-postas. Conforme as avaliações realizadas pelos estudantes no final da oficina percebeu-se o aproveitamento das atividades e os estudantes demonstraram que nem sempre a sexualidade é trabalhada pela escola ou família do modo que a oficina orientou e por isso, a oficina terá sua segunda edição no ano de 2015, diante da avaliação positiva dos participantes, dos professores e da gestão escolar.

ASPECTOS DE UM COLÉGIO NO ESTADO DE SÃO PAULO: REALIDADES SOBRE A CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO PAULISTA

Gabriel Lujan PereiraUNESP – Marília

O campo de atuação da sociologia da educação realiza-se através da análise cientifica dos processos e regularidades sociais do sistema educacional. Compreendendo que a educação consiste numa combinação de ações sociais e que a sociologia incide na análise da interação humana, tal analise, sob o olhar pedagógico e sociológico pode abranger tanto a educação formal que se realiza em grupos sociais como a escola, bem como a multiplicidade de processos de comunicação informal que desempenhem funções edu-cativas, ou seja, a educação não-formal. A esse respeito, não podemos pensar que o processo educacional deve ser focalizado num quadro de referência grupal, mas em conexões com suas vinculações histórico-sociais, explicitadas pelos recursos estruturais e societários fundamentais. O presente trabalho tem como objetivo analisar aspectos do sistema de ensino que caracterizam aescola pública paulista, à luz de referenciais teóricos marxistas, particularidades que confluem na caracterização obtida através da pesquisa sobre o colégio público Sebastião Mônaco, situado na zona periférica da cidade de Marilia-SP. Com o intuito de subsidiar a compreensão de um contexto local, que faz parte de uma estrutura de ordem mais geral do sistema educacional paulista, abor-daremos aspectos da sociabilidade intrínsecos à racionalidade e a dinâmica cultural dos estudantes entendidos comoparte de uma cultura juvenil. A busca por respostas que envolvem essas particularidades dar-se-á mediante evidências em escala considerável, sobre as quais podem ser desenvolvidas certa teoria acerca da relação da escola com o sistema educacional paulista, que se fragmenta no colégio em questão e os traços da reprodução social desses estudantes na sociedade capitalista. Assim, após essa breve digressão, o presente trabalho preocupa-se com o estudo darelação externa e interna da escola – material didático, professores, alunos, coordenação, funcionários, localizaçãoe relaciona-lo com a análise da cultura juvenil escolar e os demais setores da vida social, inserindo na dimensão socializadora do processo educacional, tal como se configura

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dentro e fora da escola. Portanto, faz-se mister, saber se ela cumpre minimamente com o que prega os Parâmetros Curriculares Nacionais, ou se ela atua na manutenção do status quo, que é transmitida às novas gerações, inalteradas, sob as normas de uma sociedade desigual e de classes, pois o que está em jogo não é apenas a modificação politica dos processos educacionais, mas também a reprodução da estrutura de valores que contribui para perpetuar uma concepção de mundo baseada na sociedade mercan-til.Considerando que os aspectos da sociedade são funcionalmente inter-relacionados e a escola como componente do sistema social global, é necessário considerar o sistema educacional como um aspecto da sociedade global, as escolas não funcionam como algo à parte, não são agencias extra-societárias, pois encontram-se inseridas no sistema social e não acima ou sobre ele.O estudo baseado no Colégio Sebastião Mônaco,demonstra que as características especificas do funcionamento da escola engloba como fundante de um sistema estrutural, de um conjunto de instituições publicas que produz e reproduz, pelos seus meios próprios, as condições institucionais cuja existência e persistência da autorreprodução são necessários tanto ao exercício de sua função própria de inculcação de um caráter ideológico, quanto à realização de sua função de reprodução de um arbi-trário cultural do qual ele não é o produtor, ou seja, a tendência da instituição escolar como parte integrante e ativa na reprodução das relações entre os grupos ou as classes sociais.

EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM ATRAVÉS DOS JOGOS DE VIDEOGAME

Allwaro Lino SantanaUFG

O ponto central desse trabalho é a explanação da hipótese de os videogames serem um objeto munido de características educacionais. Os videogames apesar de já terem sido tratados com certa indiferença, ou como meros itens de entretenimento, e até mesmo já tendo sido alvo de preconceitos e julgamentos errôneos sobre os efeitos causados sob a pessoa que o joga, são hoje objetos em evidência, tanto na mídia e no mercado quanto em pesquisas, cientificas ou não, de várias áreas e vários âmbitos. E a educação, seja ela formal ou não formal, é um dos âmbitos em que esse objeto vem sendo estudado. Os videogames, se tomados por uma perspectiva histórica, são invenções recentes, pois existem há menos de um século. Entretanto, para a tecnologia, isso já é bastante tempo. Tempo suficiente para mudanças e melhorias do seu real objetivo, que é o en-tretenimento, bem como é tempo suficiente para se obter várias interpretações de sua utilidade e seu modo de uso. Inobstante a isso tudo dito até então neste paragrafo, é importante frisar que, já em sua primeira concepção, o videogame foi usado como um atrativo à busca de conhecimento, tendo em vista que a sua primeira aparição, conhe-cida como “Tennis for Two”, foi utilizada para atrair pessoas ao laboratório onde trab-alhava seu inventor, o físico estadunidense William Higinbotham, que fora também um dos inventores da primeira bomba atômica. Trabalhar a relação entre os videogames e a educação é relevante e importante nos dias de hoje, tendo em vista que estes já fazem parte do dia-a-dia e do contexto cultural de uma grande parte das crianças e adoles-centes do mundo inteiro, independentemente de classe social ou do lugar onde mora.

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Os videogames estão presentes tanto fora da escola, através de consoles particulares ou em casas de jogos e lanhouses, quanto dentro dela, através de consoles portáteis e até mesmo celulares, ou através de jogos desenvolvidos unicamente para serem usados em sala de aula. O objetivo final dessa pesquisa é mostrar como os jogos de videogame são capazes de transmitir conhecimentos. Para que isso fosse possível, trouxe à discussão autores, conceitos, livros e outros trabalhos que explicam e estudam o que é educação formal e não formal; o que são os videogames e como se dá a relação entre os dois. Tendo consciência da abrangência de significações que podem se atribuir ao termo “vid-eogame”, trabalharei com esse conceito de forma a entender que videogames sãotodo e qualquer jogo eletrônico e especificar mais profundamente quando for necessário. No tocante à concepção de educação fez-se necessária a diferenciação conceitual entre o que é educação formal, educação não formal e educação informal. Para fazer essa dife-renciação tenho como base a autora Maria da Glória Gohn e Moacir Gadotti, com os respectivos textos “Educação não formal na pedagogia social” e “A questão da educação formal/não-formal”.Lancei mão também dos conceitos “Habitus” e “Capital Cultural”, de Pierre Bourdieu, para consolidar a hipótese de que os videogames são objeto cultur-al e educativo.Considerações finais. Este trabalho pretende ampliar os horizontes sobre o que é educação e mostrar como é possível encontra-la em lugares que, para alguns, são impensáveis de se existir. Dito isso pretende-se mostrar que a aprendizagem, seja de conteúdo, conhecimentos disciplinares ou mesmo de valores, também pode ser vinda tanto de lugares tradicionais – escola, família, igreja, etc. – como de espaços e objetos que não foram concebidos com este fim.

A ESCOLA COMO ESPAÇO DE SOCIABILIDADE JUVENIL: MODERNIZANDO A RELAÇÃO ENTRE JOVENS E O CORPO ESCOLAR NA CONTEMPORANEIDADE

Guilherme de Sousa LeãoBruna Karine Nelson MesquitaFaculdade Santo Agostinho

A estrutura escolar como se encontra hoje não atende os anseios do aluno da sociedade da informação, que se utiliza das redes sociais para ficar conectado, socializando com os amigos e o mundo, tornando a relação escolar um problema negligenciado. Propõe-se neste trabalho discutir como a modernização da estrutura escolar através da utilização de recursos didático-pedagógicos: análises de filmes, músicas, podcasts, entre outros que visam tornar as aulas mais interativas e dialógicas, integrando o conteúdo discutido em sala de aula com a realidade do aluno, buscando a construção do conhecimento entre professor e educando de forma mútua, buscando melhorar a relação do jovem com os atores envolvidos na educação básica brasileira, (professores, coordenação, di-reção escolar, funcionários e entre demais atores que compõem o meio educacional). A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento e as fontes que estão sendo utilizadas estão dispostas em artigos cujos autores realizam a problematização no que concerne sobre a relação entre a juventude e a escola, tratando do espaço em que essa atua na socialização dos jovens, como Juarez Dayrell e Rubem Alves. As observações que estão

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sendo feitas neste trabalho apontam que há muito campo a ser abordado na relação entre as diferentes facetas da cultura juvenil e a escola, por se tratar de uma sociedade em transformação acelerada, constante e fugaz. A mudança no âmbito escolar deve trazer o jovem a participar da vida escolar, e não se sentir apenas uma parte restrita do corpo escolar que precisa obedecer sem questionar, pois ele traz do ambiente social que vive conflitos que podem ser resolvidos no ambiente escolar. Para isso, é preciso que o aluno seja parte ativa na escolha de conteúdos que abordem as culturas nas quais ele está diretamente envolvido, através de intervenções artísticas e culturais, debates sobre assuntos próximos a essa realidade difícil que é ser jovem na modernidade líquida e conscientização pelo diálogo para contextualizar os conteúdos abordados em sala de aula, que muitas vezes estão demasiadamente distantes da vida do estudante.

A JUVENTUDE E O ENSINO DE SOCIOLOGIA: PERSPECTIVAS ACERCA DESTE DEBATE

Dayana Campos De LelisUFRRJ

O ensino da sociologia é posto, num ambiente, com as intenções de formar jovenscom a função distinta para olhar de forma diferente a realidade. A juventude representa, “histórica e socialmente, uma categoria social gerada pelas tensões inerentes à crise do sistema” (FORACCHI, 1972, p.160) e vem se construindo em um contexto de profun-das transformações socioculturais ocorridas no mundo ocidental nas últimas décadas, fruto da ressignificação do tempo e espaço e da reflexividade, dentre outras dimensões, o que vem gerando uma nova arquitetura do social (GIDDENS,1991). É preciso criar um olhar sociológico sobre a juventude, para que deste modo, não os enxerguemos como problemas sociais, e sim problemas sociológicos.Nesse sentido, portanto, compreender a categoria juvenil exige-se que haja também a compreensão do senso comum sobre a juventude. OBJETIVOS. O objetivo deste trabalho é levantar o conhecimento sobre os aspectos que marcam a constituição da juventude enquanto categoria de análise soci-ológica, e como a sociologia no ensino médio age na formação desta categoria. DESEN-VOLVIMENTO. Há uma concepção clássica sobre a condição juvenil, que a considera mera fasetransitória entre a infância e a fase adulta. É necessário considerar os atributos socioculturais desse período, essa concepção o aponta como uma fase de moratória, não no sentido de suspensão dos “deveres e direitos da produção, reprodução e participa-ção” (ABRAMO, 2005, p. 41), mas no de “possibilidade de vivência e experimentação diferenciada” (ABRAMO, 2005, p. 69). O mundo da cultura na condição juvenil é um espaço privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais no qual os jovens buscam demarcar sua identidade. Os jovens tendem a transformar espaços físicos em espaços sociais, além de a condição juvenil ser socialmente construída, ela também tem uma configuração espacial. (PAIS, 1993). O desafio que se coloca à sociologia é o da desconstrução sociológica sobre os aspectos da construção social da juventude, que, em forma de mito, nos é dada como uma categoria homogênea. O ensino da sociologia é uma inegável forma de contribuição na formação humana dos jovens. (DAYRELL, 2007). METODOLOGIA. O trabalho visa fazer uma revisão bibliográfica afim de que

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se possam fazer novos questionamentos acerca do que é ser jovem e como a sociologia pode contribuir para a construção dessa categoria. CONSIDERAÇÕES. Há uma tensão entre ser aluno e ser jovem manifestada nos processos de conhecimento e de aprendiza-gem, háposturas diferentes em que uma adere integralmente ao estatuto de aluno, e do outro lado, aqueles que recusam assumir o papel de jovem-aluno, construindo uma trajetória escolar conturbada onde a escola se constitui como um campo aberto, com dificuldades em articular seus interesses pessoais com as demandas do cotidiano escolar (DAYRELL, 2007). O professor de sociologia deve assumir dentro de sala de aula tam-bém o papel de sociólogo na escola, é preciso que ele desnaturalize a visão sobre seus alunos, superando preconceitos/rótulos a fim decompreende-os como sujeitos sociais com necessidades próprias. O ensino de sociologia no ensino médio deve fornecer aos jovens recursos e instrumentos que possibilitem uma compreensão mais ampla da realidade social e o desenvolvimentoda sensibilidade pela diferença, criando no jovem um espírito que exercite nele a convivência e o respeito pelo outro (SARANDY, 2001).

PRÁXIS DOCENTE; CONSIDERAÇÕES FILOSÓFICAS PARA UM TRABALHO CONSCIENTE

Douglas G. N. de OliveiraMarcelo Augusto TottiUNESP – Marília

O debate acerca da prática professoral, e suas implicações filosóficas, se relacionam com a formação de nossa racionalidade, tocando em questões que nos levam a refletir sobre a importância da troca humana para a construção de valores, e problematizar, inclusive, estes mesmos valores transmitidos. Este trabalho carrega consigo caracter-ísticas peculiares de atuação e participação na vida social, trazendo em suas dimensões conflitos que abarcam questões pontuais sobre o trato com outros indivíduos, mais jovens, e em formação. A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o suficiente para assumirmos a responsabilidade por ele, de maneira a não deixar os jovens à deriva, mas possibilitar alguma coisa nova e imprevista para nós; ou seja, tem a tarefa de renovar o mundo positivamente. O processo civilizatório no qual estamos inseridos encaminha os sujeitos para uma determinada igualdade no último estágio de formação, pressupondo que o professor seria o indivíduo que, mediando a relação entre a sociedade mais ampla e seus saberes com a juventude, pode gerar este nivelamento. Este tipo específico de ação profissional tem como característica uma impossibilidade de distinção entre uma ação propriamente objetiva com a subjetiva, por se dar exclu-sivamente no trato interpessoal e de forma imediata. Mediante estes elementos, a for-mação e o discernimento deste ator social são de extrema importância e determinam a maneira como estes processos vão ocorrer. Do ponto de vista do mais novo, tudo que o mundo pode oferecer-lhe é, de antemão, mais velho que ele mesmo, entretanto, nos processos educativos ou nas formulas educativas, o adulto assume uma intervenção ditatorial, apoiado em uma absoluta superioridade, educando o novo como se este já existisse anteriormente. É indispensável refletir sobre os mecanismos de poder sobre o olhar das estratégias para cumprimento de determinado objetivo, tanto de constatação

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como de oposição a determinada diretriz. Qualquer relação de dominação implica um embate, ou adversidade e quando inseridos à sociabilidade de forma institucionalizada estes embates se apresentam de maneira multiforme dependendo dos níveis estratégi-cos para atingir determinada finalidade. Neste sentido, a estrutura organizacional atual, ou o liberalismo, é toda uma maneira de ser e pensar entre governantes e governados, que em sua estratégia para o funcionamento econômico desenvolve a teoria do capital-humano, que traz a possibilidade de reinterpretação, em termos estritamente econômi-cos, para todo um campo que, até então, não era considerado econômico. Este capi-tal-humano seria o empresariamento de si mesmo, uma organização racional de seus processos de aprendizagem com a finalidade de se adquirir certa estabilidade dentro do processo de disputa capitalista, procurando produzir indivíduos de “baixo risco”, que se administram cada vez mais sistematicamente para cumprir determinada finalidade. Surge neste processo o novo Homo oeconomicus, como argumenta Foucault, que está moldado pelas práticas de exercício do poder de tal maneira que cria estratégias para cumprimento de metas em todos os níveis da sua vida, inserindo tanto os campos em-pregatícios, de trabalho e constituição como sujeitos sociais; como em níveis pessoais, atingindo inclusive os aspectos mais íntimos. O trabalho professoral, neste contexto, precisaria ser um trabalho de si sobre si, buscando um bem governar a si mesmo para quem sabe um dia vir a cuidar do governo de outro, fazendo da filosofia uma arte de viver, como um movimento anti-assujeitamento. Deste modo, a construção de uma formação ético-política para estes homens e mulheres se torna pauta elementar entre os debates no âmbito intelectual.

PERCURSOS DE UMA DISCIPLINA EM CONSTRUÇÃO: TRAJETÓRIA E IDENTIDADE DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Marcia Menezes Thomaz PereiraCEFET-RJ

A proposta deste trabalho é apresentar um resgate da história do ensino de Sociologia na rede pública de educação do estado do Rio de Janeiro com o objetivo de apontar a trajetória desta disciplina como um aspecto constituinte e relevante da construção so-cial da sua identidade no âmbito escolar. Quais são e como são ensinados os conteúdos de Sociologia, quais os sentidos são atribuídos ao seu ensino e os lugares que a disci-plina vem ocupando estão estreitamente relacionados a sua trajetória dentro sistema educacional e revelam alguns dos desafios e das possibilidades para a sua consolidação, bem como sua valorização, na educação básica. Historicamente, a Sociologia é marcada pela intermitência entre inclusão e exclusão nas matrizes curriculares em diferentes períodos da educação nacional. “Sociologia e Moral”, “Estudos Sociais”, “Organização Social e Política do Brasil”, “Elementos de Sociologia”, “Sociologia”, “Ciências Sociais” são algumas das diferentes formas e nomenclaturas oficiais que marcam a presença descontínua e instável no currículo escolar, acompanhando (mesmo quando ausente) as políticas de educação vigentes no processo de desenvolvimento econômico, político e cultural do país desde os últimos anos do século XIX até os dias atuais. Tal marca tem

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como consequência a ausência de uma tradição consolidada articulada a uma quase invisibilidade que se traduzem, entre outras coisas, em uma identidade difusa, em ob-stáculos para a construção de programas e conteúdos curriculares, em experiências com o ensino pouco articuladas entre os professores e regiões do país e nos diferentes livros didáticos que sugerem temas e abordagens diversificadas. Na rede pública de educação do estado do Rio de Janeiro, a disciplina Sociologia retornou oficialmente à matriz curricular em 1989 após um período de suspensão. Esta reinserção foi resultado de um processo amplo de mobilização, cuja bandeira pela valorização do seu ensino esteve articulada à luta pela democratização da escola pública, de qualidade, com for-mação crítica, em contraposição à perspectiva educacional pouco reflexiva, tecnicista, adotada nos anos de ditadura militar. Nesse sentido, importa ao resgate desta trajetória específica permitir demarcar a institucionalidade desta disciplina hoje na rede pública do estado e apresentar uma faceta do que vem sendo a Sociologia enquanto disciplina escolar, entendendo que as singularidades locais podem ser interessantes para estudos e reflexões comparativos que ajudem a compreender diferentes questões em torno da Sociologia neste nível de ensino. Articulada a sua trajetória, este trabalho visa apre-sentar também as peças curriculares oficiais de Sociologia da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC-RJ) publicadas a partir de 2006. Contudo, a ênfase recairá sobre a atual proposta curricular, o Currículo Mínimo, e suas implicações políticas e pedagógi-cas. A organização desta trajetória tem como fonte trabalhos acadêmicos e documentos oficiais, assim como os relatos de dez professores e professoras regentes na rede pública de ensino, entrevistados durante a pesquisa de mestrado desenvolvida pela autora desta comunicação, através dos quais revelaram dados interessantes sobre a trajetória da dis-ciplina na rede pública ao narrarem suas histórias pessoais e profissionais.

O ITINERÁRIO DA SOCIOLOGIA: REFLEXÕES ACERCA DESTA DISCIPLINA NO CURRÍCULO ESCOLAR

Edivane TonatoUFFS

A Sociologia enquanto disciplina no currículo básico é constituída por um processo de luta que apresenta o desafio da sua legitimação e do reconhecimento social. O cenário da instabilidade histórica a disciplina de Sociologia no campo educacional ainda soa como não estivesse sessado. Colabora neste entendimento Janice T. Ponte de Sousa ao afirmar que a Sociologia esta “longe de ser uma multiplicidade definida, como a matemática ou outra disciplina que tenha natureza nas ciências extas. Ao contrário ela mantém em seu caráter heterogêneo peculiar e dominador comum, ou seja, um caráter antagônico herdado já do seu nascimento. (SOUSA, 2012, p.67). Mesmo que a mesma esteja devidamente estabelecida e regulamentada pela lei Federal n°11.684/08 a qual garante sua inserção e importância atualmente a disciplina esforça-se em legitimar a sua permanência no Ensino Médio Brasileiro além de sofrer alternância de um estado para outro. Nesse sentido, o presente artigo propõe-se a refletir e ampliar o debate acerca dos seguintes pressupostos: institucionalização e legitimação. Para tanto, alguns objeti-vos específicos colocam-se como necessários: primeiro demarcar o processo histórico

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que envolve surgimento da Sociologia no Brasil. Segundo, pontuar os marcos legais da sua institucionalização e por terceiro estabelecer ponderações sobre seu conteúdo no ensino básico. Para esta última tarefa é primordial conceber a disciplina no contexto político, ou seja, analisar como as orientações e os documentos oficiais concebem a institucionalização da disciplina, ou melhor, quais são os argumentos centrais que sus-tentam a sua legitimidade enquanto disciplina curricular do Ensino Médio. Toda a insta-bilidade já assinala indica que o ato de educar pela Sociologia ainda é um grande desafio e reforça a necessidade de ampliação do debate pedagógico, didático e metodológico. Afim de ultrapassar o status de uma disciplina transversal, submetida a vulgarização de que pode ser lecionada por profissionais de outras áreas.

POR QUE ADOTAR O LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA? UMA ANÁLISE COMPARATIVA DO LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA E DAS APOSTILAS DOS SISTEMAS PRIVADOS DE ENSINO EM ESCOLAS DE MOSSORÓ/RN

Ailana Dellis Oliveira NogueiraDaiane Duprat SerranoKarlla Christine Araújo Souza UERN

Com o advento da lei 11.684 de 02 de junho de 2008, tornou-se obrigatória a in-clusão da disciplina Sociologia no Ensino Médio. Para adequar-se à lei, percebe-se a inserção da disciplina em diferentes estruturas e organizações de ensino, ocasionando a multiplicidade de cenários e contextos que irão compor o ensino da Sociologia e suas respectivas estratégias didático-metodológicas, incluindo aí o sistema privado de ensino e o uso de apostilas para a educação básica. Devido algumas organizações educacionais privadas de Mossoró-RN elaborarem suas próprias apostilas ou estarem conveniadas a uma determinada franquia de sistema de ensino ao invés de optarem pelo uso do Livro Didático de Sociologia, e imaginando que isto pode acarretar impactos na ação pedagógica em sala de aula; a partir de pesquisas anteriores realizadas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID, do curso de Ciências Sociais – UERN, surgiu o interesse em realizar um estudo comparativo junto a escolas da rede pública e privada da cidade de Mossoró-RN. Diante do exposto, o objetivo do trabalho é analisar os procedimentos de ensino/aprendizagem relativos ao uso do Livro Didático de Sociologia em duas escolas da rede estadual de ensino e compará-los aos procedi-mentos proporcionados pelas apostilas em duas escolas do sistema privado de ensino desta cidade. A metodologia aplicada no estudo em tela foi a análise bibliográfica de ar-tigos, livros didáticos selecionados pelo Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2015 e apostilas utilizadas pelos professores de Sociologia na rede privada de ensino. Além disso, foram feitas entrevistas semiestruturadas com os professores da disciplina de Sociologia, bem como a realização de grupo focal com os alunos do ensino médio, problematizando assim o quão importante o livro didático se faz na disseminação do conhecimento sociológico e na aprendizagem dos alunos. Desse modo, pretendemos avaliar a importância do livro didático nas escolas da rede pública e o impacto da sua substituição por apostilas nas escolas privadas que não utilizam os referidos livros avali-

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ados pelo Ministério da Educação – MEC, através do PNLD.

AS IMAGENS E A QUESTÃO RACIAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

Raoni SilvaAllan MonteiroUFPE e FUNDAJ

Durante muito tempo a ideologia da democracia racial vigorou no Brasil e não apenas enquanto paradigma de interpretação das relações raciais, mas como representação do Estado. O termo “democracia racial” está associado aos escritos do sociólogo e escri-tor Gilberto Freyre, embora não seja responsável por cunhar o termo, se contrapondo as ideias destes autor há um outro paradigma de interpretação das relações raciais no Brasil, este que tem como seu principal expoente o sociólogo Florestan Fernandes. O tema tem repercussões e desdobramentos que estão em debate até hoje. Em setembro de 2014 a ONU lançou um relatório afirmando que o Brasil não pode ser considerado uma democracia racial, sendo caracterizado por um racismo institucionalizado onde as hierarquias sociais são socialmente aceitas. Com isso em mente, este trabalho, resultado parcial de uma pesquisa de iniciação científica ainda em andamento, tem como objetivo analisar a forma como os livros didáticos de sociologia para o ensino médio tratam da questão racial, tendo como foco principal o uso das imagens, o ensejo é a questão da representatividade étnica, sua importância para o processo de aceitação da negritude, inclusive por parte dos próprios negros, e como ela pode produzir mudanças. Para dar suporte cientifico a pesquisa serão analisados todos os livros aprovados no Programa Nacional do Livro Didático para os triênios 2012-2014 e 2015-2017, e destinados ao ensino regular, totalizando oito livros. Neste sentido, foram feitos os seguintes quest-ionamentos: quais imagens são escolhidas para presentar a humanidade e a cidadania? Como é representado negro e sua cultura? Há espaço para a representação de intelec-tuais negros? O contexto brasileiro esta em foco? A lei Lei 10.639 institui a obrigato-riedade do ensino de história e cultura negra, onde os conteúdos serão ministrados em todo currículo escolar. A sociologia tem um lugar de destaque, lidando diretamente com a temática das relações raciais, a forma como os negros são tratados nestes liv-ros é fundamental para a a desconstrução deste racismo institucionalizado presente na sociedade brasileira. Dos resultados obtidos até o momento, vale destacar a veicula-ção de representações sobre o negro em capítulos dedicados a temas como violência, desigualdade e exclusão social; o recurso frequente a imagens que retratam contextos internacionais; e a quase inexistente figuração de intelectuais e acadêmicos brasileiros negros, em comparação ao destaque dado a intelectuais estrangeiros.

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ENSINO MÉDIO COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM DA PRÁTICA CIDADÃ

George SoaresCátia Wanderley LubamboFUNDAJ

Este artigo tem como objetivo apresentar justificativas para a inclusão do conteúdo do Ciclo das Políticas Públicas na grade curricular do Ensino Médio. Numa perspectiva prática, propõe um currículo mínimo, consistindo da seleção de conceitos, tópicos de discussão e de outros elementos analíticos, a ser ministrado pelos professores de Socio-logia do Ensino Médio no 1°, no 2° e no 3° ano. Para tanto, o trabalho percorreu duas etapas: a) levantamento bibliográfico de parte da literatura sobre o tema Políticas Públi-cas e sobre o estado da arte nesse campo disciplinar, por meio de revisão da literatura e de consulta a ementas de cursos que incluem o conteúdo abordado e b) levantamento e análise dos livros didáticos de Sociologia aprovados no Programa Nacional do Livro Didático PNLD-2015. A proposta de construção de um programa didático de políticas públicas para o ensino médio, parte, a princípio da constatação de duas evidencias; 1- lacuna de conceitos referentes às políticas públicas no currículo do referido Ensino Mé-dio e 2- certa imaturidade na percepção da cidadania pelo conjunto da população. Na fundamentação da inclusão dos temas, constata-se uma lacuna de instrumentalização-dos jovens cidadãos na direção de uma compreensão das dimensões do ciclo das políti-cas públicas. Acredita-se que essa proposta de currículo no Ensino Médio, por meio do livro didático, contribua parafomentar participação mais consciente da complexidade e dos mecanismos de empoderamento, mediante o aperfeiçoamento das formas de cog-niçãoe de postura em relação à dimensão política da realidade cotidiana.

O DESPERTAR PARA UMA NOVA POSTURA: EXPERIMENTANDO A REALIDADE DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA ATRAVÉS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Pedro Vitor de Souza LopesAlexandre Leonardo AndradeUFPE

Este trabalho surge a partir dos pontos comuns entre as experiências vividas pelos autores durante a disciplina de Estágio Curricular Supervisionado em Ciências Sociais, no 7º período do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco, em duas escolas da Rede Estadual de Ensino, a Escola Senador No-vaes Filho e a Escola Senador Paulo Pessoa Guerra, ambas localizadas no Recife. Ainda em processo de consolidação no Brasil, o ensino de Sociologia constitui-se como uma seara que requer uma analise cuidadosa e propositiva, visto que apresenta, sobretudo nas escolas públicas, uma série de lacunas que incidem diretamente sobre o resultado final da disciplina. Carga horária insatisfatória, pouca diversidade de materiais didáti-cos, ausência de professores formados em Ciências Sociais, são alguns dos problemas

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mais freqüentes e que lançam uma reflexão acerca de uma formação acadêmica que exponha aos graduandos a realidade escolar e onde teoria e prática possam dialogar com freqüência. Concebido como espaço de grau mais empírico de grande parte do currículo acadêmico no que tange às licenciaturas, a disciplina de Estágio Curricular Supervisionado em Ciências Sociais e as experiências dela decorrentes serviu aos au-tores como pontos de partida na constituição deste trabalho, que tem como objetivos nucleares discutir a importância do estágio como instrumento de diálogo entre teoria e prática; analisar e debater como a realidade escolar se coloca diante do discente quando ele, ainda que temporariamente, assume a função de membro daquela comunidade ao freqüentar aquele espaço com regularidade e assume a função de professor quando da regência de aulas; e, por fim, refletir e indicar caminhos para uma nova postura docente diante das adversidades tão comuns na sala de aula que, por vezes, são naturalizadas e internalizadas pelos professores. Nesta etapa os autores indicam três passos: o primeiro deles é pensar a educação como uma prática de interações humanas e, por isso, het-erogênea. O segundo é entender o seu papel social, não se abstendo de desempenhá-la da melhor maneira possível, refletindo sobre ela. E o terceiro, é compreendê-la como um trabalho racionalizado que requer empenho, esforço e planejamento. Fazem parte do quadro teórico PICONEZ (1991), importante base na construção do nosso pensamento sobre o estágio, LIBÂNEO (2013), referencia quando pensamos sobre a educação como um trabalho racional, BRIDI (2014), que nos oferece subsídios impor-tantes acerca do ensino de Sociologia, TARDIF e LESSARD (2014), TARDIF (2009), que abordam a educação como um campo de interações humanas, entre outros. As percepções centrais dão conta de que o estágio é um importante instrumento para os discentes situarem-se diante da realidade escolar, que envolve indisciplina, pouco tem-po de aula, conversas paralelas, professores mal preparados, indiferença dos estudantes, entre outras questões. Nesse quesito, a relevância do estágio vai além de promover uma simples constatação das adversidades, é o ponto inicial para que o graduando, obser-vando as dificuldades, reflita sobre elas, e desenvolva meios de superá-las. É comum perceber nas escolas um discurso fatalista acerca dos problemas estruturais e políticos da educação, fato que, em muitas ocasiões, é utilizado como mote para uma atuação docente descompromissada, situação também encontrada nas escolas visitadas e que suscitaram uma reflexão em torno do aprofundamento das desigualdades do qual a Escola é agente e do papel do Sociólogo e professor diante desse contexto. O Sociólogo não deve comportar-se como redentor do sistema, mas também não deve conforma-se com tal, internalizando suas contradições, sendo agente das desigualdades. Como consideração final, percebe-se a relevância da figura do professor reflexivo, que exerce uma autocrítica e, a partir dela, desenvolve meios para uma nova atuação, que vise o melhor aproveitamento pedagógico possível.

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A EXPERIÊNCIA DO PIBID INDÍGENA NA UFT: ALGUMAS REFLEXÕES

César Alessandro Sagrillo Figueiredo Mauro Meirelles Welitânia de Oliveira RochaUFT e Unilasalle

A Universidade Federal do Tocantins localizada no Norte do país, possui o seu expec-tro espacial localizada numa região privilegiada, pois encontra-se entre os estados do Maranhão e do Pará. Tal perspectiva espacial torna favorável o ingresso de indígenas da região Norte entre o seu quadro discente. Ou seja, esta conjuntura espacial privile-giada que conta com um quadro étnico que possibilita um trabalho mais aprofundado na seara da ciências sociais no tocante a questão da etnicidade, uma vez que trabalha-se num diálogo de alteriadade com a população indígena da região que consegue acesso na universidade. Este resumo tem por objetivo examinar o trabalho do Programa Institu-cional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) indígena do curso de Ciências Sociais/UFT realizado junto as escolas da aldeia do povo Apinajé. Realçamos que trabalham-os teoricamente a partir de um contexto intercutural entre a comunidade indígena e comunicadade acadêmica, num trabalho de diálogo profícuo; uma vez que existe um trabalho de ensino junto a escola Tekator, da aldeia Mariazinha, contribuindo para a formação acadêmica dos índios com o intuito que os mesmo entrem e permaneçam na universidade. Evidenciamos que trabalhamos com a perspectiva teórica antropológica intercultural e de educação indígena, ou seja, buscamos apresentar tanto a realidade “não indígena” acadêmica para a aldeia, assim como, trazer a aldeia para dentro da uni-versidade respeitando a diversidade cultural própria da comunidade indígena Apinajé. Esta pesquisa se instrumentaliza a partir de uma abordagem metodológica qualitativa, na qual privilegiamos a obervação participante, entrevistas, trabalho de campo, bem como, ações focando uma trabalho efetivo a fim de discutir a contribuição dos indíge-nas para o PIBID e a contribuição que a universidade possibilita nas suas ações junto a questão étnico racial. Finalizando, demonstraremos as ações já realizadas pelo PIBID indígena da UFT junto as escolas parceiras do programa nas aldeias trabalhadas.

O PIBID DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA UFRRJ: SURGIMENTO, EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO

Emilia Fernandes de Oliveira MarcondesNalayne Mendonça PintoUFRRJ

O presente trabalho é resultado da pesquisa realizada para a produção da minha mono-grafia sobre os impactos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docên-cia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, esse projeto continua agora na pós – graduação se voltando então para a valorização do magistério e a construção da identidade da carreira docente. A proposta é discutira trajetória do PIBID de Ciências Sociais na UFRRJ. A falta de professores nas escolas em diversas áreas do conhecimento

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fez o assunto ganhar espaço, políticas e ações nacionais foram criadas com a intenção de melhorar a formação dos professores e diminuir a falta de docentes na Educação Básica. O PIBID pretende incentivar os discentes da graduação que cursam licenciaturas a ser tornarem futuros professores, assim como melhorar a qualidade da Educação Básica Pública. O programa abrange todas as áreas do saber e desde seu primeiro edital as Ciências Sociais na UFRRJ foi contemplada, vamos trabalhar com os dados, temas e atuações dos editais desses subprojetos. O objetivo desse trabalho é buscar contribuir com as discussões sobre os pontos pertinentes a questão da formação do professor (a) de Sociologia e a aplicação do PIBID nos subprojetos de Ciências Sociais. Para incluir taisexperiências nos debates já desenvolvidos na questão do ensino de Sociologia vamos utilizar textos sobre a formação de professores no Brasil, trabalhos e pesquisas sobre o PIBID e sobre o PIBID e a Sociologia. São trabalhos de professores que acompanham o movimento em torno do estabelecimento da Sociologia como disciplina do Ensino Básicomas também de discentes da graduação que pesquisam ou atuam no PIBID. As discussões presentes nesses documentos nos apresentam o impacto da aplicação do PIBID nas universidades e escolas que atua e mais especificamente na UFRRJ, mas tam-bém as questões que essa experiência levantou para pesquisadores, bolsistas e profes-sores e os limites que o programa encontrou no caminho pela busca de cumprimento dos seus objetivos.

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PIBID DE SOCIOLOGIA NO C.E. HUGO SIMAS EM LONDRINA, PR

Sabrina Driely Sarggin Damazio Mariana de Oliveira LopesUEL

Esta comunicação tem como objetivo apresentar um relato de experências do Pibid de Sociologia no Colégio Estadual Hugo Simas em Londrina, com o intuito de refletirmos sobre os limites e possibilidades do programa para a formação do professor de Socio-logia. O grupo é composto por 6 alunos da licenciatura em Ciências Sociais pela UEL. Iniciamos em 2014 desenvolvendo algumas atividades que serão aprofundadas neste ano de 2015. Dentre elas: oficinas complementares às aulas de Sociologia, cine debates interdisciplinares, I Jornada de Sociologia na Semana de Integração Escola-Comuni-dade”, participação em Jornadas de Humanidades em outras escolas com o Pibid de Sociologia em Londrina e oficinas para a realização da Assembléia e eleição do grêmio estudantil na escola. Primeiramente pensamos na elaboração de oficinas de Sociologia brasileira, pelos alunos do PIBID. Este era , até então, um conteúdo pouco trabalhado nas aulas de Sociologia. Para isso os alunos bolsistas leram e ficharam a obra de Gilberto Freyre “Casa Grande e Senzala” , enfatizando a discussão do negro no Brasil. Outra ação prevista foi a participação dos alunos na atividade interdisciplinar criada pelos professo-res de Sociologia, Geografia, História e Artes: “Cine debate N’ Onda das Humanidades. Uma terceira ação foi a participação como organizadores e oficineiros na Semana de Integração Escola Comunidade (Outubro 2014) e na criação do Grêmio Estudantil no colégio. As oficinas de Sociologia brasileira ainda não se iniciaram no Colégio. Outras

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atividades demandaram mais tempo e dedicação como por exemplo a participação no Cine Debate onde os bolsistas do Pibid puderam interagir com os alunos e com a comu-nidade escolar. A segunda atividade realizada pelo Pibid no Colégio foi o dia de oficinas da Semana de Integração Escola e Comunidade ocorrida no dia 08/10/2014. Com a ajuda da equipe pedagógica do colégio e de outros professores selecionamos oficinas para serem ministradas no dia. Houve também uma integração entre os Pibids de So-ciologia do C.E. Heber Soares e do C.E. Marcelino Champagnat que vieram ministrar oficinas. As oficinas foram variadas; desde temas como violência, indústria cultural, movimentos sociais, trabalho, ditadura militar no Brasil, cultura, política, musica, artes etc. Este foi um importante momento de integração da escola com a comunidade ex-terna e principalmente com os bolsistas do Pibid que organizaram o evento. A terceira atividade realizada foi a participação nas I Jornadas de Humanidades do C.E. Heber Soares “É dia de diversidade, de toda raça, crença e sexualidade” e no C.E. Marcelino Champagnat. Nossa próxima ação prevista, no ano de 2015, é a contribuição na cria-ção do grêmio estudantil no colégio. Num primeiro momento faremos uma atividade de formação política, por meio de oficinas desenvolvidas pelos bolsistas do PIBID. Na seqüência desenvolveremos as etapas para a criação do Grêmio no Colégio. Com a exposição e debate destas atividades, este trabalho visa a troca de experiências com outros grupos de Pibid e também universidades que desenvolvem o programa, além de contribuir para pensarmos a formação do professor e o papel da universidade neste processo. Ademais, visamos contribuir com uma reflexão crítica acerca da nova pro-posta curricular, por grandes áreas do conhecimento, buscando discutir os desafios da Sociologia neste contexto.

EXERCITANDO OS DIREITOS HUMANOS COM “ILHA DAS FLORES”

Ruana Castro MarianoKarla Xavier NavesUFRRJ e UNIFESP

A temática da Cidadania para os docentes de Sociologia é por vezes como um desafio a ser tratado em sala de aula, ainda mais quando se pensa nas dificuldades de se com-preender questões referentes aos direitos civis, políticos ou a luta dos cidadãos pelos direitos sociais. Como forma de flexibilizar essa prática e tornar mais agradável aos estudantes entender como esse debate acontece na realidade, essa oficina se propõe a levar a sala de aula através do curta-metragem “Ilha das flores” qual é a correspondência entre teoria e prática. A proposta da oficina é que sejam apresentados slides tratando desde os primeiros conceitos sobre Cidadania na Grécia Antiga até quanto às reflexões do mundo moderno sobre os Direitos Humanos, e em seguida o curta-metragem “Ilha das Flores” para que seja possível verificar o contexto histórico e teórico na sociedade atual. O exercício será interativo com uma reflexão em grupo sobre que trechos do filme correspondem a que artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em um material preparado anteriormente a oficina, trechos da Declaração e do Roteiro do vídeo serão impressos, sendo entregues aos grupos para a atividade. Após um breve debate em grupo, esses trechos do roteiro deverão ser colados em uma folha a parte

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em correspondência com os artigos da Declaração, de acordo com a opinião do grupo. Em seguida haverá um debate geral no qual cada grupo oferece sua conclusão acerca da correspondência entre o roteiro e os artigos. Os objetivos dessa oficina são dar a oportunidade ao estudante de observar a efetividade da Cidadania no plano teórico e no prático. Os recursos necessários para a execução da oficina são: Sala com projetor para Power-point para a reprodução dos slides e do filme, folhas de papel A4 e tubos de cola pequenos. O Público alvo é de preferência focado nos alunos do ensino médio que estejam estudando as questões da Cidadania e docentes da educação básica, para que tenham novas formas de tratar os exercícios dessa questão. Número máximo de pessoas que poderão participar: 20 pessoas divididas em grupos de até 5 pessoas, com duração: Cerca de 1 hora, aproximadamente.

UM CASO PRÁTICO: O PIBID E A FORMAÇÃO DOCENTE EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Fabíola de Carvalho Pereira SilvaGuilherme Amaro Cesário Mônica Silva Dias Tiago Candeias Braga CUFSA

A presente proposta, originalmente, faz parte de um projeto realizado para o PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – no CUFSA, – Centro Uni-versitário Fundação Santo André. Como de praxe, os bolsistas do referido programa realizaram projetos de iniciação à docência, dentro e fora da escola básica; a fim de potencializar essas atividades, de forma inédita no CUFSA, elaborou-se um evento: a vinda dos alunos do ensino básico ao próprio ensino superior, num dia “feito para eles”, com atividades próprias e propícias, tais como: palestras, conversas, salas temáticas etc. Foi, portanto, nesse dia que alguns alunos-bolsistas, futuros professores, ficaram responsáveis pela elaboração duma sala temática sobre 1º de Abril de 1964. Esse evento tinha alguns pressupostos: uma articulação interativa entre o ensino básico e o ensino superior com relação às ciências sociais na formação de professores – básico e/ou su-perior – e a acumulação do conhecimento nesses níveis de educação para o público, em geral; óbvio, cada um deles possui sua especificidade particular, contudo, não se deve negligenciar o fato de que todos eles constroem, em suas respectivas áreas e con-tribuições, uma totalidade, gerada e geradora do ser social. Assim, um caminho pos-sível e promissor para um momento de troca de saberes é sinalizar aquela articulação interativa, descrita acima. A finalidade foi a de alcançar um momento de reflexão e dis-cussão com os alunos da educação básica, através de mídias audiovisuais, sobre aquele momento histórico-social da realidade brasileira. Fez-se isso deixando a sala exposta e aberta ao livre ingresso e regresso dos alunos, nela se tinha três alunos-bolsistas, futuros professores, que se dividiram em funções referentes aquelas formas – música, imagens, relatos etc. – a fim de quando se juntassem sobre elas, os aluno-bolsistas es-tavam presentes para mediar à reflexão discussão, proposta entre os próprios alunos e entre eles e os bolsistas, sobre um conteúdo especifico, exposto de formas diferentes.

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A sobredita finalidade já sinaliza a possibilidade dos alcances desejados ou dos objetivos, sendo assim, procurou-se uma interação entre alunos-bolsistas, futuros professores, e os alunos da educação básica, em diversas formas, as quais tinham em sua unidade a reflexão discussão, mas que chegava a ela pela visão, pelo ouvido, pelo tato de pegar num livro ou numa foto, na fala dos seus próprios colegas e/ou dos alunos bolsistas. Além de já estarem num ambiente acadêmico, na tentativa de tomarem interesse do que deveria ser algo comum a todos os brasileiros, uma educação básica e superior de qualidade. Aqui não podemos deixar de relatar, também, que esse é um momento primoroso para desenvolver formas e conteúdos aos novos professores, os quais pos-sui uma única e complexa “matéria-prima”, aprender com seus próprios alunos como ensinar. Dada à brevidade imposta ao texto, acredita-se, pelo que foi exposto, que a justificativa ou demonstração da importância da proposta e seus alcances já foram re-latados, ainda melhor, praticadas, com impacto na educação básica e superior! Basta, portanto, voltar no início desse pequeno texto e ver uma parte do que foi chamado de articulação interativa que precisa se multiplicar: a acumulação do conhecimento nesses níveis de educação para o público, em geral, ou seja, a divulgação desses acúmulos de conhecimento para outras pessoas.

LIMITES E POTENCIALIDADES DO PIBID NO COTIDIANO ESCOLAR: UMA ANÁLISE INICIAL DOS PRINCIPAIS DESAFIOS DO PROGRAMA

Natali Lourenço Martins Vantui Rodrigues de Souza Maria Lúcia Büher MachadoIFPR - Campus Paranaguá

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) vem desde 2007 com uma configuração de política pública de formação inicial de professores. Tem como principal objetivo segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), contribuir para a formação inicial dos professores de licenciatura da Educação Básica, mediante a inserção do mesmo dentro das escolas pública. Nosso trabalho tem como objetivo apresentar os limites que o PIBID traz no seu desenvolver dentro das escolas públicas pelos licenciados, temática central do nosso trabalho de conclusão de curso em andamento. Após um levantamento preliminar, aliado as bib-liografias produzidas sobre o programa (Allain, Gomes, Felício, 2014) se constata que o PIBID encontra dificuldades de se desenvolver como deveria dentro das escolas e os licenciados acabam não tendo uma identidade fixa na mesma. Nossa pesquisa abordará duas instituições de ensino superior localizadas no litoral do estado do Paraná, UNE-SPAR Campus-Paranaguá e IFPR Campus-Paranaguá. Apresentaremos os dados iniciais da pesquisa, sobre o funcionamento do programa desde que foi implantado nestas insti-tuições. Este serão basicamente dados quantitativos, como números de bolsistas, cursos envolvidos, colégios e etc. No contexto da escola alguns limites que o PIBID encontra é na questão do papel dos pibidianos na escola, muitas pensam o PIBID como um reforço escolar, estágio, entre outras classificações. Outra questão é a da falta de infra-estrutur-ar que limita o trabalho dos pibidianos pois muitas vezes procuram fazer trabalhos dife-

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renciados do dia-dia das escolas e precisam de materiais e estrutura como: data show, laboratórios, caixas de som. A ausência dos professores supervisores na sala de aula no desenvolvimento das atividades do PIBID é algo recorrente citado pelos licenciados. A falta de interação da gestão escolar com o PIBID e vice-versa é outro ponto apontado, acredita-se haver uma falta de comunicação entre os envolvidos. Esses são alguns dos limites do programa apresentados por três autoras dos pibidianos da UNIFAL-MG que retrata a realidade de vários programas desenvolvidos em outros estados.

O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM E O PIBID: UMA CONTRIBUIÇÃO SOCIOLÓGICA

Tiago Vieira Rodrigues DumontUNESP – Marília

A escola surge a partir de um contexto e de uma necessidade, que com o decorrer dos anos vão se modificando ou transformado. Embora estejamos vivendo na “era das globalizações” ou da “aldeia global”, é necessário levar em conta as peculiaridades históricas locais, no plano econômico, político, social e, fundamentalmente, no plano cultural. Desse modo, ao mesmo tempo em que a escola (ou o modelo educacional) aponta para necessidade de superação, não só política, como também, econômica de sua organização, necessita das relações econômicas e políticas como ponte de inte-gração e existência entre os mesmos. Ao espaço escolar coube a tarefa de socializar um conhecimento historicamente construído, no entanto, a contemporaneidade tem revelado uma crise dessa instituição, do que a ela pode ou deveria ser, de qual seria seu papel ou função, ela é uma mercadoria ou não? É diante de uma crise societária que a escola se encontra em um processo de esvaziamento do seu significado ou sentido, do lugar de formação do ser humano, da possibilidade de corroborar com a produção de uma “atividade humana”. Nesta perspectiva a relação professor-aluno, por exem-plo, de construtores do conhecimento, do ensinar e aprender teria cedido lugar para a violência, a indisciplina etc. Partindo deste diagnóstico buscamos entender através das atividades planejadas, organizadas e desenvolvidas no PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) - Ciências Sociais - Marília-SP, se a escola seria apenas um lugar de reprodução, mas também de transformação social. Nossa, hipótese, seria a de que ainda podemos produzir, organizar e materializar ações, ou melhor, desenvolver práticas pedagógicas que visem mais do que uma reprodução, uma transformação da realidade dos que estão na labuta diária de construir sentidos e significados múltiplos. É necessário, no entanto, compreendermos a não possibilidade de separação entre in-divíduo e sociedade, à medida que, somos seres sociais. Ou seja, somos resultado de um processo social que é cotidianamente construído e desconstruído. Deste modo, é necessário ao indivíduo a “tomada de consciência” para que o conhecimento, ou melhor, a teoria lhe proporcione uma objetividade, assim como, a possibilidade de autonomia e emancipação. Sendo assim, a ideia de que vivemos em um mundo cartesiano, prag-mático e relativista, onde as relações se dão por uma razão subjetiva e/ou por uma razão instrumentalizada, já que só é útil àquilo que tem praticidade, daria lugar para que o sujeito encontrasse a necessidade de entendimento da realidade a partir da razão

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objetiva, pois poderia levar a luz da superação, do imediato. Neste sentindo, a relação entre teoria e a prática devem ser instrumento para “produzir” sujeitos sociais autôno-mos e emancipados. O que nos sugere também, a superação dessa própria relação. Tentar compreender a dinâmica da escola é a possibilidade de fazer uma reflexão que vá além do mero entendimento dos acontecimentos, que possibilite o desencadeamento dos diversos aspectos de uma realidade múltipla e contraditória e seja, também, instru-mento de transformação dessa realidade. Pois, o mundo não é produto do acaso, mas sim de mãos humanas, resultado de todos os que, conscientemente ou não, na labuta diária, fazem a História. Sendo assim, não existe apenas um caminho. Haverá quantos nós formos capazes de construir, sem pensar que estamos diante de uma inevitabilidade histórica, como se o mundo e a realidade social, tal como a entendemos e conhecemos, não pudessem ser diferentes ou modificados. Portanto, o processo de ensino e apren-dizagem não pode ser entendido como algo estático, mas como algo que acompanha as mudanças e necessidades de um tempo.

ATUAÇÃO DO PIBID EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO ÉRICO VERÍSSIMO: INTERVENÇÕES EM SALA DE AULA

Amanda Mendes dos AnjosUFFS - Erechim

O presente trabalho se propõe refletir acerca da atuação do subprojeto Ciências Sociais do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade Federal da Fronteira Sul, na Escola Estadual de Ensino Médio Érico Veríssimo, em suas intervenções em sala de aula no ano de 2014. O PIBID tem por objetivo oportunizar aos alunos de licenciatura, espaços de experienciar o cotidiano escolar, bem como, as intervenções em sala de aula, possibilitando atividades pedagógicas junto aos alunos de Ensino Médio. Desta forma, aproxima a teoria acadêmica, com a prática. Importante salientar, que a presença do programa não caracteriza-se por estágio, e sim, como re-curso institucional para melhor aperfeiçoamento da construção na graduação. Com isso, reforça a relação entre a comunidade estudantil (Universidade e Escola Básica). O subprojeto estruturou suas atividades de forma a desenvolver os conteúdos da discip-lina de Sociologia com as turmas de primeiro e segundo ano do ensino médio. O PIBID concentra suas atenções refletindo novas estratégias metodológicas, com o instituto de pensar a prática pedagógica em outras perspectivas. Com a presença do programa, na disciplina de Sociologia, no qual possui um histórico defasado na questão de formação de professores, auxilia o fortalecimento de sua presença na escola básica. Com isso, a atuação dos futuros dos licenciandos no contexto da escola possibilitou uma nova forma de compreender o curso, e o exercício profissional do ser professor. Produzindo efeito no sentido ao exercício da prática.

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PIBID NA ILHA DO MEL/PR: UM OLHAR A PARTIR DOS BOLSISTAS “VIVENCIANDO A ESCOLA E SEUS SABERES”

Priscila Cristina Dos Santos Jéssica Das Neves SantosAntonio Marcio HalinskIFPR - Campus Paranaguá

As licenciaturas ganharam um grande aliado na formação de professores, trata-se do PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência- que traz uma nova forma de aproximação dos alunos das licenciaturas com as dinâmicas da escola. O PI-BID Ciências Sociais do Instituto Federal do Paraná- Campus Paranaguá, teve inicio em 2012 e já em 2014 iniciou os trabalhos nas ilhas (ilha do Mel, Ilha dos Valadares e de Su-peragui), proporcionando aos estudantes o convívio com a educação do campo. Nesta perspectiva tem-se a intenção de rompermos com o formato tradicional de ensino, onde muitas vezes, as experiências das comunidades e/ou alunos não são respeitadas. Assim, o presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência dos alunos da gradu-ação na aproximação e nas atividades de intervenção e participação junto aos estudantes do ensino médio da Escola Felipe Valentin, localizada na Ilha do Mel- Paranaguá-PR. As experiências relatadas no artigo, foram vivenciadas ao longo de 2014 sob o acompanha-mento de professores do Instituto Federal do Paraná e do colégio onde desenvolve-se o trabalho. Metodologicamente, a intervenção na escola seguiu o seguinte roteiro: a) os bolsistas do PIBID tiveram uma formação inicial de estudo sobre as teorias envolvendo a educação do campo e as legislações relacionadas a mesma; b) estudo sobre a realidade socioeconômicae ambiental do litoral paranaense e, em especial, da Ilha do Mel (en-volvendo aspectos históricos e culturais desta); c) foram realizadas visitas a campo para conhecer a comunidade e a escola e; d) tendo por base um amplo conhecimento sobre em que ambiente esta escola estava assentada é que se deu o inicio das observações em sala de aula e posteriormente intervenções por meio de oficinas e outros trabalhos. Ao longo desse processo os alunos da licenciatura vivenciaram a escola de modo concreto e puderam sentir quais dinâmicas estavam envolvidas dentro daquele espaço. Dentre as muitas riquezas do PIBID, verifica-se a possibilidade de que o graduando possa “se repensar” no seu processo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, no que é ser professor. Portanto, vivenciaram situações presentes na escola que refletem os conflitos vividos por aquela região. Assim, houve por parte dos bolsistas, a “desmistificação” do ambi-ente escolar, que saiu de uma perspectiva essencialmente teórica para uma perspectiva concreta da realidade escolar.

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O PIBID DE SOCIOLOGIA DA FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ NO QUADRIÊNIO 2010-2013: DINÂMICA E RESULTADOS

Carlos Cesar Almendra Centro Universitário Fundação Santo André – FSA

A partir de 2010, o curso Ciências Sociais do CUFSA passou a participar do PIBID através do EDITAL No. 018/2010/CAPES com o Projeto: “Lugares de Formação: A Universidade e as Salas de Aula na Educação Básica”. O curso da nossa instituição acadêmica contempla a licenciatura bem como o bacharelado e neste sentido, por meio do conhecimento e pesquisa científica aliada ao fomento da formação para a docência no ensino básico, sempre buscamos proporcionar aos futuros docentes uma melhor qualificação profissional e inserção no ambiente escolar que lhes permitisse exercitar a prática didático-pedagógica nas escolas. Desse modo, a introdução do PIBID veio a corroborar àquilo que objetivávamos em nossas atividades acadêmicas, ou seja, os coordenadores, juntamente com os supervisores buscaram demonstrar que a discip-lina de Sociologia permite ao estudante do ensino médio entender a sociedade pela análise do processo industrial globalizado, os seus impactos na apropriação e explora-ção dos recursos naturais; as relações no interior das quais as pessoas agem, interagem e se organizam; e a busca pela compreensão da realidade social como determinante do saber local que constrói padrões de expectativas, motivações e ordenamentos socio-culturais. Nessa abordagem, os objetos de estudo são diversos, tais como: o trabalho, as classes sociais, os movimentos sociais, os modos de produção e reprodução da vida em seus âmbitos econômicos, políticos e culturais, para citar alguns exemplos. Dessa forma, quando nossos supervisores atuaram juntamente com seus respectivos bolsistas na escola, objetivavam demonstrar que o papel da Sociologia no ensino médio seria o de promover a desnaturalização e a busca pela compreensão dos fenômenos sociais, ressaltando seu caráter histórico e relacionando sua existência à ação humana, o que permitia a sua respectiva problematização e questionamentos. Quanto ao arcabouço teórico-metodológico, buscamos desenvolver juntamente aos bolsistas em nossas ativ-idades cotidianas assim como nas realizações na escola e nas horas complementares uma pedagogia autonomista, ou seja, em oposição à educação bancária – duramente criticada por Paulo Freire – que engessa as discussões e reflexões coletivas escolares. Não obstante, destacamos a centralidade do trabalho e as contradições sociais que afe-tam o ambiente escolar, para assim entender a dinâmica societária, conforme assev-era Dermeval Saviani.Os supervisores desenvolveram atividades como: discussão dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Sociologia; criação de novos materiais didáticos juntamente com os bolsistas; discussão dos conteúdos das apostilas oficiais da rede estadual além de textos na área de Ciências Sociais para desenvolver as dinâmicas nas aulas de Sociologia. Os bolsistas realizaram observações das aulas de seus supervi-sores, apresentaram oficinas aos alunos, fizeram apresentações de temas específicos em Power Point, seguido de debates com os alunos e organizaram e/ou participaram em atividades culturais como “Cafés Filosóficos” e semanas culturais. Estas dinâmicas, os resultados obtidos, bem como os percalços enfrentados no quadriênio 2010-2013,é o que nos propomos a apresentar neste grupo de trabalho.

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PIBID: O ANTES E O DEPOIS DE PROFISSIONAIS QUE PASSARAM PELO PROGRAMA E A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA NA VIDA DO GRADUANDO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UERN

Francineide de Melo FreireFrancisca Erika Leal Linhares UERN

Este estudo tem como objetivo principal o desenvolver e estruturação da vida docente com o apoio e acesso ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Docência – PIBID na cidade de Mossoró, situado no estado do Rio Grande do Norte, tendo como base de estudo os profissionais já atuantes e nossa experiência como graduandos e alunas do programa. O PIBID vem nos subsidiar com a oportunidade de nos desenvolver e de forma cativante nos dá a experiência de vivenciar a docência antes do termino da graduação. O grupo de bolsistas de ciências sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, atualmente está trabalhando em quatro escolas estaduais, na qual fazemos várias atividades junto com a coordenadora e as supervisoras. Trabal-hando diretamente com os alunos da educação básica do ensino médio, com público alvo em sua maioria adolescentes, com ações e aulas motivacionais e que seja possível relacionar nosso conteúdo ao da vida, compartilhando novas experiências e expectati-vas afim de iniciar a docência após a graduação com mais afinidade com a sala de aula, e por fim, queremos construir um trabalho onde servira de base não só para nosso curso, mas sim sirva de base para novos bolsistas do programa e que possamos ser exemplos de PIBIDIANOS que deram certo. O quanto é importante e fundamental a formação extra sala, o quanto faz diferença ter uma base de vivencia em relação a profissão escolhida, já que, é comum muitos graduandos concluírem a licenciatura e ao chegar em sala de aula desistirem da profissão, isso decorre da falta de contato e conhecimento de área a vivencia que deveria existir antes da ida ao mercado.

INCLUSÃO ESCOLAR POR MEIO DO RECONHECIMENTO DA ALTERIDADE

Hallanna Gabriela de LimaMariana Alves de SousaMarili Peres JunqueiraUFU

Este artigo tem como proposta problematizar tal discussão por meio da análise de uma suposta “crise escolar” onde a solução seria o desenvolvimento e implementa-ção de uma aprendizagem dialogada; o da análise do processo de inclusão e exclusão que a diversidade e a diferença podem gerar nas escolas; e por fim a discussão sobre o problema da suposta incapacidade da escola em lidar com diferenças que pode ser explicada pela dificuldade de aceitação da alteridade fazendo com que seja criado(a) um(a) novo(a) sujeito(a). Tais questões serão abordadas com base no planejamento e execução de uma atividade desenvolvida na Escola Estadual João Rezende (E.E.J.R), no dia 22 de agosto de 2014, uma das escolas que integra o subprojeto Ciências So-

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ciais PIBID/UFU/CAPES, cujo tema perpassou a questão da inclusão escolar dos(as) deficientes físicos(as). A discussão proposta tem como objetivo estimular a inclusão dos(as) portadores(as) de deficiência física no ambiente escolar, proporcionando uma desmistificação das diversidades em relação à capacidade de cada indivíduo de se rela-cionar socialmente. Para isso partiremos da reflexão sobre a metodologia adotada na atividade executada na escola, que teve o formato de oficina por meio da participação dos(as) estudantes em uma vivência relacionada a rotina de pessoas com deficiência física. Segundo Flecha e Tortajada (2000), a educação vive um processo de crise mo-tivada pelo desenvolvimento da “sociedade da informação”. Isso ocorre, pois a escola carrega responsabilidades sociais que não são neutras, uma vez que condizem com a produção de um “capital humano” constituído por uma transmissão de conhecimentos baseados em valores hegemônicos. Nesse contexto ocorre um movimento de transfor-mação e exclusão a partir de uma incapacidade de lidar com o processo de formação de múltiplas identidades que o(a) sujeito(a) contemporâneo passa a ser submetido. No momento em que a sociedade exige da escola um papel transformador, ocorre um de-sequilíbrio no sistema escolar relacionado às influências conservadoras no método de ensino-aprendizagem. Esse desequilíbrio coloca como responsabilidade dos (as) educa-dores (as), das autoridades, da instituição e dos (as) envolvidos (as) no processo ensino a escolha entre uma educação que promova a igualdade e a que promova a exclusão. Os (as) autores (as) sugerem que caso se opte pela luta pela igualdade no sistema educa-cional, é necessário à instauração de um processo de aprendizagem dialogada, baseado na concepção de Freire (1979) onde a educação deve ser um processo transformador e não adaptador, de forma que as transformações igualitárias aparecem como resul-tado do diálogo que só é possível por meio do contato com o diferente ou do diverso. Porém, a instituição escolar e os(as) profissionais que nela atuam estão inseridos(as) em uma estrutura conservadora e acabam optando pelo comodismo e não revendo seus métodos tradicionais. Essas considerações indicam possibilidades de exercer o pa-pel transformador da educação em relação à promoção da inclusão dos(as) deficientes físicos, e a superação dos desafios estruturais que a escola propõe desde a escada até a necessidade de um(a) intérprete de LIBRAS na sala. Como base para pensar a neces-sidade dessas transformações retomaremos o objeto analisado (E.E.J.R) e a simulação vivenciada pelos(as) alunos(as), que denotaram a falta de estrutura da escola na prática de hábitos cotidianos como beber água, se alimentar no intervalo, acesso ao banheiro e salas de aula no segundo andar, uma vez que a escola não possui rampas de acesso para deficientes físicos Essas observações apontam possibilidades de promover o avanço em torno do tratamento da alteridade que as instituições de ensino tradicional possuem e a reformulação a que são submetidas, considerando transformações significativas na educação brasileira enquanto que “a questão do outro, dos outros, parece ocupar tanto um lugar de privilégio quanto de uma renovada banalização” (SKLIAR, p. 37, 2003).

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ACADEMIA LITERÁRIA E O DESAFIO DA INTERDISCIPLINARIDADE

Rafael Bruno Pereira DomingosUFC

A sociologia na educação básica – especificamente no ensino médio – apresenta uma série de debates e desafios sobre vários prismas: identidade da disciplina, material didático, formação de professores, etc. Contudo, a dimensão interdisciplinar, visando um aporte multidisciplinar, configura-se como uma prática que demonstra resistência e/ou problemas vistos como desestimuladores e, vide em alguns trabalhos e artigos, in-superáveis. A discussão sobre a interdisciplinaridade (FAZENDA, 2001; BRASIL, 2002; POMBO, 2005; LENOIR, 2005; MORIN, 2006) é bastante extensa e diversificada sobre suas bases epistemológicas e suas variações; multi, pluri, inter e trans, todas elas visando a construção de um conhecimento específico que auxilie tanto docentes e dis-centes na construção de outros conhecimentos. Na sociologia presente no ensino mé-dio, esse aporte aparece pontualmente em experiências que visam um diálogo entre disciplinas que buscam equanimidade de saberes, protagonismo das partes envolvidas e a negação de papeis subalternos entre as áreas. Contudo, apesar da boa vontade e da dedicação para esse fim, muitas vezes o que acontece não é interdisciplinar ou suas variadas facetas; o que se expõe é a abordagem de um fenômeno/objeto por diferentes prismas, mas que não constitui o pressuposto base da ação interdisciplinar. O projeto Academia Literária é uma iniciativa entre a escola Dr. César Cals, que fica no subúr-bio de Fortaleza, com a Universidade Federal do Ceará (UFC), através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). O projeto visa estabelecer um molde interdisciplinar entre as disciplinas de Língua Portuguesa e Sociologia, através do enfoque lingüístico/sociológico de obras literárias cearenses. Embora esse projeto esteja na ativa por mais de dois anos – pois teve seu inicio em 2012 – poucas pesquisas e reflexões acerca da Academia ainda foram apresentadas. Mais que isso: é necessário também fazer uma reflexão sobre as práticas e uma analise se, de fato, a interdisciplin-aridade está em voga. Há de fato interdisciplinaridade entre as disciplinas ou ambas tra-balham diferentemente sobre um mesmo objeto? Os alunos da escola são privilegiados por essa prática? Os bolsistas do PIBID são beneficiados em sua formação? Os profes-sores que participam percebem a prática de maneira plural? As problemáticas surgem de acordo com o aprofundamento do tema e as inquietações que isso gera. Portanto, o objetivo desde trabalho é apresentar a proposta interdisciplinar da Academia Literária; seus êxitos e desafios no âmbito da discussão do interdisciplinar. Há também o intuito de apresentar as percepções, analises e aportes dos sujeitos envolvidos nesse processo: alunos da escola, bolsistas do PIBID, professores envolvidos e coordenação do PIBID, para que haja uma maior dimensão analítica das ações pedagógicas em pauta. Como aporte teórico-metodológico, opto por fazer uma pesquisa de caráter etnográfico, mas de especificidade socioantropológica, buscando em Geertz (1989) a função que instru-mentaliza a pesquisa. Há também um diálogo com referências bibliográficas revisadas, trabalhos, artigos e teses que enveredam por esta seara. O intuito é propor um debate entre os trabalhos científicos produzidos e a realidade do projeto Academia Literária.

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BUSCA-SE AUTONOMIA: NOVAS PRÁTICAS METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Michele Leão de Lima ÁvilaUFRGS

A pesquisa é resultado de observações de aulas de sociologia na educação básica ao lon-go do estágio curricular obrigatório para conclusão do curso de ciências sociais com ha-bilitação em licenciatura, também aulas de sociologia no cursinho pré-vestibular popu-lar, além de leituras sobre metodologia de ensino de sociologia, bem como discussões com colegas professores de sociologia, por meio de tais observações são realizadas re-flexões acerca da experiência metodológica da disciplina realizada com educandos no intuito de pensarmos diferentes formas na construção do conhecimento na disciplina em sala de aula. Cabe lembrar, que a sociologia enquanto disciplina obrigatória para educandos de Ensino Médio possui um montante de conteúdos que transpassam a vida dos educandos, isto é, as temáticas abordadas em sala de aula jamais serão distante das realidades vivenciadas, sempre de alguma forma se conectam com experiências sociais. Dessa forma entende-se que o método de ensino pode justamente questionar a distância e propor dinâmicas que valorizem as experiências dos educandos posiciona-ndo a experiência docente em um processo dialógico em que o/a educador/a exerce um papel mediador entre a pluralidade de saberes e vivências relacionando-as com problematizações sociológicas. Sendo assim, se estabelece um diálogo com perspectivas sociológicas pós-coloniais e decoloniais que nos permitem aprofundar o debate sobre conhecimento(s) produzidos nos países do sul, é importante destacar que tais contri-buições além de traçar distintas análises sobre a constituição histórica e epistemológica do conhecimento nos ditos países emergentes, estas ensejam dar voz e autonomia aos geograficamente e historicamente excluídos. Então o objetivo norteador da pesqui-sa é investigar novas formas metodológicas para o ensino da disciplina de sociologia no ensino médio que possam proporcionar uma construção de conhecimento que na mesma medida valorize os conhecimentos trazidos por educandos também possibilite a constituição da autonomia intelectual dos educandos a partir do desenvolvimento de conteúdos sociológicos em sala de aula. Em síntese, a pesquisa parte das observações de aulas de sociologia no Ensino Médio e cursinho pré-vestibular popular, sendo que tais análises em diálogo com reflexões teóricas apontaram possibilidades, mesmo que ainda incipientes, para pensar a criação de novas e variadas metodologias de ensino alternativas aos procedimentos didáticos tradicionais, visando assim a valorização dos conhecimentos e a autonomia intelectual dos educandos.

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DEMOCRACIA REPRESENTATIVA: DAS URNAS ÀS RUAS

Yan RochaMaria Teixeira Sizernandes Freire de OliveiraFrancisco Xavier Freire RodriguesUFMT

O presente resumo apresenta discussões a respeito de um projeto do PIBID/Ciências Sociais/Sociologia, intitulado de “Democracia representativa: Das urnas às ruas”. Este projeto que foi aplicado no ano de 2014 na Escola Estadual Presidente Médici em Cuiabá-MT consiste em problematizar os limites do modelo de democracia representa-tiva no Brasil e, para isso, busca trazer e construir análises sociológicas de cunho temáti-co junto aos educandos sobre os fatos sociais referente as manifestações ocorridas em junho/julho de 2013 no país. Aproveitando o cenário das eleições que ocorreu em outubro de 2014, temos como público-alvo alunos e alunas dos segundos e terceiros anos do ensino médio que estão mais suscetíveis a já realizar o exercício do voto. Este projeto envolveu a preparação dos bolsistas por meio de leituras e discussões junta-mente com um docente da área de ciência política, bem como elaboração de resenhas, produção de materiais paradidáticos e oficinas. Baseado em referenciais teóricos da área das ciências sociais, tanto da sociologia como da ciência política e antropologia, o pro-jeto foi dividido em duas etapas: primeiramente busca-se incitar o interesse da temática aos estudantes do ensino médio tendo como foco central a diferenciação entre os con-ceitos de legalidade e legitimidade, ancorado principalmente no paradigma sociológico de Max Weber, a fim os modos pelos quais o Estado ganha sua legitimidade perante a sociedade, para assim, constituir-se enquanto instituição legal. Posteriormente, trab-alhando perspectivas de análises diferenciadas a respeito da questão da ordem social e do conflito social, como as análises de Victor Turner e a utilização do seu conceito de drama social, e Pierre Clastres com a discussão baseada em seu artigo A sociedade con-tra o Estado, buscando articulá-los com o exemplo das manifestações sociais ocorridas em anos passados. Para Turner, dramas sociais são formas estruturais e temporais dos processos sociais, que podem ser isolados e passíveis de descrições pormenorizadas. São manifestações de tensionamentos entre grupos e indivíduos, ou entre grupos, que se dá, particularmente nas esferas políticas e públicas. Isto porque em situações de conflitos dramáticos, mais do que se ter em vista uma ponderação entre meios e fins para a resolução de um impasse, a ênfase recai sobre a obrigação e a lealdade ao sistema social então vigente. Sob o olhar de Pierre Clastres, as sociedades primitivas que ele analisa, em geral, recusam a ideia de poder, permitindo-se no máximo uma posição de prestígio por parte de membros vistos como de suma importância para os povos, principalmente em situações de guerra. Porém, qualquer tentativa de algum chefe em fazer valer seus interesses privados, é rechaçada por essas sociedades, pois em função de uma organização social coesa e em prol do coletivo elas são, segundo o autor, socie-dades contra a ideia de um Estado, ou seja, possuem sua própria capacidade de se auto-organizar. Para a fundamentação metodológica do projeto, além de se ter em vista o uso de recursos audiovisuais, partimos da base pedagógica histórico-crítica de João Luiz Gasparin. A problematização se faz como elo fundamental de transição entre a prática

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social inicial e a teoria. Tendo isso em vista, o professor é um mediador entre aluno e o conhecimento científico, isto é, deve dar conta de realizar o processo de transposição didática. Assim, a necessidade desse projeto educacional-interventivo nas escolas, em ano de eleições, visa produzir amarrações socioculturais e políticas com os fatos sociais que constituíram os levantes sociais de cunho político-manifestativo na metade do ano de 2013, para assim entender os graus de legitimidade do Estado ganhados e perdidos durante este período de tempo, porém, sem realizar operações de descontextualização dos grandes processos histórico-políticos que atravessaram a nação brasileira.

O AUXÍLIO DA TEORIA NA PRATICA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Vinicius Tadeu MilaniMaria Valéria Barbosa Veríssimo UNESP – Marília

O presente trabalho é fruto da reflexão sobre a experiência vivenciada em sala de aula e auxiliada pelas discussões teóricas apoiadas na Teoria Histórico-Cultural, propicia-das pelo PIBID de Ciências Sociais da UNESP de Marília. O projeto atua nas escolas publicas da cidade e realiza na Universidade reuniões organizativas e teóricas. Nesta reflexão objetiva-se discutir como as praticas pedagógicas, quando auxiliadas por uma proposta metodológica, neste caso a Teoria Histórico-Cultural, permitem a mudança qualitativa no processo de ensino e aprendizagem de Sociologia no Ensino Médio. Visa, ainda, contribuir para a desnaturalização dos fenômenos sociais, possibilitando um mel-hor aproveitamento da função do professor e uma mudança na apreensão do conteúdo cientifico, por parte dos alunos, possibilitando a ressignificação da realidade social que os cerca. A atividade, aqui tratada, fora sistematizada nas reuniões e desenvolvida com o auxilio de um texto didático, também, elaborado pelo grupo, buscando inferir na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) dos alunos e, provocar o desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores (FPS), mediamente o reconhecimento do conceito cientifico apresentado em sala de aula e mediado pelo docente, por meio da utilização de instrumentos e signos. Neste caso, as turmas trabalhadas se concentram no primeiro ano do Ensino Médio, em que o grupo começou por traçar o perfil das turmas através de uma atividade denominada espiral, buscando obter um conhecimento do cotidiano dos estudantes e do significado dado à escola e à sociologia, pois a proposta da pratica pedagógica parte da concepção em que a relação humana com o mundo é mediada por instrumentos e signos. O instrumento é tomado como o facilitador do processo de ensino e aprendizagem, que auxilia as ações concretas do sujeito na realidade so-cial, que neste caso foram imagens impressas em folhas de papel. As imagens, em si, faziam referencia a signos presentes no cotidiano dos estudantes, que dotadas de sig-nificação da realidade social dos alunos, remetiam ao conteúdo internalizado durante as atividades pedagógicas, mediando a relação sujeito-objeto. Por sua vez, o processo de internalização desses signos é parte integrante para se desencadear o desenvolvim-ento das Funções Psicológicas Superiores (FPS). As imagens, que foram distribuídas para os estudantes, reunidos em grupos, poderiam suscitar o reconhecimento de um

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signo cotidiano ou outras formas de apreensão da realidade social, como signo cientí-fico, pois ambas as formas de compreensão da realidade social fazem parte do mesmo processo, referente à formação de conceitos. Assim, as analises das imagens deveriam ser acompanhadas de uma produção textual elaborada por eles, e outra pelo grupo, buscando proporcionar um salto qualitativo, tanto no plano interpsíquico, quanto no intrapsíquico. Em síntese, objetivou-se que os estudantes, compreendidos como sujei-tos ativos no processo de ensino e aprendizagem, reconhecessem nos signos o conceito cientifico trabalhado em sala, propiciando o caminho para o desenvolvimento das Fun-ções Psicológicas Superiores (FPS), aguçando seu senso critico e, demonstrando que a percepção da realidade social dos estudantes fora ressignificada, podendo, assim, con-tribuir para inferir nas suas ações sociais, demonstrando a importância da orientação de uma proposta metodológica na elaboração de praticas pedagógicas para o ensino de sociologia na educação básica.

O ENSINAR E APRENDER SOCIOLOGIA: UMA PROPOSTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA A PARTIR DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL

Emerson de Campos MacielMaria Valéria Barbosa VeríssimoUNESP – Marília

O trabalho discute a importância didática e metodológica que as mediações, na con-cepção da Teoria Histórico Cultural, trazem ao processo pedagógico e nas construções de ações que objetivem a produção das máximas possibilidades de desenvolvimento da personalidade integral do estudante. Nesta perspectiva o espaço da escola de Ensino Médio, seus sujeitos sociais e o processo de ensino-aprendizagem tornam-se parte con-stitutiva e fundamental da pesquisa. Assim, no desenvolvimento das atividades, con-sideramos a aprendizagem e o ensino como categorias sociais, na qual os indivíduos, estudantes e professor, devem ser ativos e buscar desnaturalizar o cotidiano escolar e das relações sociais mais amplas. Assim, a socialização e apropriação de conceitos cientí-ficos da Sociologia têm uma dimensão político-pedagógica e se torna instrumento de reflexão da realidade, o que permite ao estudante entender e compreender de forma detalhada e profunda o conteúdo problematizado em sala de aula. Atuamos, então, na produção de textos didáticos que sistematizam um determinado conjunto de concei-tos dentro de temáticas específicas, utilizando-se de vários recursos e estratégias, tais como: salas diferenciadas: de leitura e de vídeo; mediações lúdicas — oficinas, rodas de conversa, atividades em grupo, usos de imagens, dentre outras —; produções disserta-tivas, elaboradas pelo próprio grupo, fichamentos dos textos pelos estudantes; elabora-ções de argumentos fundamentos no conhecimento sociológico e, por fim, elaboração de textos pelos estudantes, como forma de objetivação da atividade que foi apropriada por eles. O conjunto de ações, que se combinam para cada sequência didática, e que compõem uma atividade, objetiva proporcionar a apropriação pelos estudantes do En-sino Médio dos conceitos científicos como instrumental intrapsicológico, interagindo e impulsionando o seu desenvolvimento psíquico. Neste sentido, a metodologia de pes-quisa se caracteriza pela pesquisa-ação, já que permite aos bolsistas da graduação estar

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envolvidos nas atividades e, ao mesmo tempo, pesquisar e refletir sobre elas. Avaliamos que a pesquisa tem alcançado resultados positivos, tanto na elaboração de estratégias que apontam para novas metodologias de ensino e aprendizagem, quanto na formação de futuros professores, e, principalmente, na aprendizagem do conteúdo de Sociologia pelos estudantes do Ensino Médio, processo que visa colaborar para o desenvolvimento integral da sua personalidade.

POLIFONIA E RESPONSABILIDADE COMO ALTERNATIVAS À LÓGICA DO VERDADEIRO/FALSO E AO DESINTERESSE NAS AULAS DE SOCIOLOGIA

Liza Franco Busse Reis dos SantosUFG

A reflexão que busco apresentar no IV ENESEB é o cerne da monografia que produzi ao final do Curso de Especialização Saberes e Práticas na Educação Básica – Ensino de Sociologia, da Faculdade de Educação da UFRJ. Ela é proveniente de minha experiência docente no Ensino Médio da Escola Estadual Américo Pimenta (Quatis/RJ), colégio que compõe o quadro de estabelecimentos de ensino da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Durante minha prática docente nesta escola me deparei com dois desafios em sala de aula que tornaram-se foco de minha investigação, por mim chamados de lógica do verdadeiro/falso e desinteresse. O primeiro refere-se a um tipo de produção ensino-aprendizagem forjado na dicotomia verdadeiro/falso, que não privilegia a constituição do jovem como sujeito em relação ao conhecimento, ao con-trário estimula-o a perceber o conhecimento como algo pronto, exterior a ele. O se-gundo é relativo ao desinteresse dos alunos pelas aulas de sociologia; nesse caso, busco levantar algumas possibilidades para a compreensão deste desinteresse. Os dois focos de investigação se cruzam quando o desinteresse pela disciplina aparece relacionado ao fato dos alunos perceberem o conhecimento escolar como incapaz de transformar a realidade, o que pode ser estimulado por uma didática amparada na lógica do verda-deiro/falso. Esse percurso reflexivo foi construído com o auxílio da análise de fala dos alunos, de perguntas que eles colocavam para mim, professora, quando defrontados com minha didática, e de respostas às perguntas que eu fazia para eles. A análise da fala dos alunos a partir da relação que se desenvolve em sala de aula, mediada pelo ensino da disciplina sociologia, ocupa, portanto, lugar central na minha investigação uma vez que é a fala deles que me leva a perceber a força da lógica do verdadeiro/falso no âm-bito escolar, como também suas falas são guias na exploração do desinteresse. Sobre o quadro teórico-metodológico, os conceitos-chave mobilizados para esse exercício reflexivo são os de Polifonia, Monofonia, Mundo da Cultura, Mundo da Vida e Respon-sabilidade, como pensados por Mikhail Bakhtin, e, Cultura Dominante, Illusio e Doxa, acordando com Pierre Bourdieu. Nas considerações finais afirmo a importância de uma metodologia polifônica para o ensino da sociologia em detrimento da monofônica – associada à lógica do verdadeiro/falso -; uma metodologia, portanto, conforme nos fala Bakhtin sobre a polifonia, que dê voz às personagens, neste caso, os autores da sociologia, que os contraponha e exponha as diferentes construções por eles feitas de um mesmo tema. Destaco, também, o lugar do professor na articulação entre o Mundo

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da Cultura e o Mundo da Vida através da noção de Responsabilidade de Bakhtin, que envolve compreensão e relação dialógica, supondo a constituição do eu na relação com o outro e a impossibilidade de abrir mão desse outro. Nesse sentido, entendo que é preciso que o professor se pense em relação aos alunos, trabalhe o conhecimento a par-tir dessa relação, exerça seu ofício com a Responsabilidade que nos fala Bakhtin, o que pode se apresentar como um antídoto ao desinteresse ao favorecer a apropriação pelo aluno do conhecimento e estimular seu posicionamento em relação a ele. Durante o trabalho encontram-se mencionados exercícios pontuais realizados em sala de aula que mobilizaram a atenção dos alunos e seu interesse, seguindo uma perspectiva polifônica e responsável.

O PRIMEIRO CONTATO DO ALUNO COM A SOCIOLOGIA: EXPERIÊNCIA E PRÁTICA EM ATIVIDADES DESTINADAS AO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO NA REDE ESTADUAL DE SÃO PAULO

Karla Xavier NavesSEC-SP

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar a importância significativa na seleção dos conteúdos e metodologias das atividades aplicadas aos alunos do 1º ano do Ensino Médio para seu primeiro contato com a Sociologia, a partir de conteúdos e reflexões que o possibilitem notar essa disciplina como inserida nos aspectos de sua sociedade. Avaliar o desenvolvimento dos alunos do 1º ano do Ensino Médio a partir do trabalho com músicas e imagens, desenvolvendo essa prática num conteúdo que trabalhe a “desnaturalização do olhar” e o “estranhamento da realidade”, certamente colaborará para seu desempenho nos próximos contatos e conteúdos da Sociologia no 2º e 3º ano do Ensino Médio. A metodologia utilizada neste trabalho se concen-tra na aplicação de atividades destinadas aos 1ºs anos do Ensino Médio na rede pública estadual de SP. A atenção especial dada aos conteúdos desta série está na importância de incentivar e desenvolver nos alunos a prática da “imaginação sociológica” conceito presente na Obra de Wright Mills (1975) tão necessária para adentrar nos conteúdos dos estudos da sociologia na escola. Após as explicações e contextualizações acerca de importâncias como a desnaturalização do olhar e do olhar do senso comum em contra-posição do olhar científico, foram aplicadas atividades e reflexões fazendo uso de versos da música “A vida é Desafio” do grupo Racionais Mc’s e gravuras do artista plástico hol-andês Maurits Cornelis Escher. A primeira atividade proposta na Apostila do Governo do Estado de São Paulo destinada aos alunos do 1º ano do Ensino Médio, se trata de uma Pesquisa de Campo. No entanto, considero necessário introduzi-los no conheci-mento que os auxiliem no tema da Sociologia, para depois, pouco mais munidos das habilidades necessárias, os alunos terem maior interesse e competência para produção deste trabalho. Ao longo do Artigo que será apresentado no GT, serão evidenciadas as atividades dos alunos, assim como suas respectivas respostas que demonstram o avanço de suas análises no decorrer das aulas. O trabalho com a música “A Vida é Desafio” do grupo Racionais Mc’s trata de uma realidade conhecida e vista aos olhos destes alunos, logo, eles se identificam com os fatos expostos na letra da canção, assim como refletem

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sobre a questão da importância de um ensino interdisciplinar, onde através das gravuras de Maurits Cornelis Escher, analisam com conhecimentos da Sociologia, imagens já an-tes vistas por eles em suas disciplinas de Artes, Filosofia, História e Física. Foi possível observar de perto o desenvolvimento e o aprendizado destes iniciantes na sociologia, tanto quanto, o interesse gradual em pensar diferentes realidades na sociedade. Já no 1º Bimestre pude notar bom desempenho dos alunos em estudar os conteúdos das Ciên-cias Sociais, apesar das dificuldades de uns e outros, o Trabalho de Campo resultou em ótimas análises e novas descobertas, se tornando o primeiro passo para a construção de cidadãos que consigam desenvolver um raciocínio sociológico. Trabalhar com ativi-dades apropriadas, evidenciando tal importância em seu primeiro contato com a So-ciologia se torna fundamental para um progresso cada vez maior no entendimento das Ciências Sociais.

CIDADE EM CURSO: A EXPERIÊNCIA DO MINICURSO DE SOCIOLOGIA

Marcelo da Silva Araujo Colégio Pedro II

Este relato narra e ao mesmo tempo propõe uma atividade extracurricular em for-mato de minicurso. Esta, entre outros elementos, proporcionou aos alunos das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio uma reflexão teórico-conceitual e um fazer autônomo de pesquisas baseadas em experiência de campo. Discutindo o tema Sociologia Urbana, o minicurso instrumentalizou os alunos-cursistas com temas e conteúdos cuja velocidade do cotidiano da sala de aula não permite conhecer satisfatoriamente, propondo ainda que pesquisassem, a partir daí, um assunto em que pudessem aplicar os elementos as-sistidos nas aulas teóricas. A atividade aqui relatada teve, adicionalmente, a função de (re)aproximar ex-alunos do Colégio, atualmente estudantes universitários em ciências humanas, que participaram na condição de professores/tutores. Teórica e metodologi-camente, o minicurso alicerçou-se em autores considerados clássicos como Engels, Simmel, Weber e os partícipes da Escola de Chicago, discutindo suas formas e metodo-logias de compreensão da cidade. Isso proporcionou aos cursistas a escolha, de acordo com seus temas e formas de abordagem, do investimento no pensador ou no conjunto de pensadores que mais se apresentassem analiticamente úteis. Deste modo, abrigado no Laboratório de Humanidades (LabHum) do campus Niterói do Colégio Pedro II, o minicurso possibilitou aos alunos que demonstravam inclinação para as ciências huma-nas e sociais - ou mesmo os que não, mas apresentavam interesse pelas metodologias e temáticas concernentes à área – estudar e discutir autores tidos como fundamentais que contribuíram com a formação do pensamento sobre a cidade, sua trajetória histórica, formas de apresentação e sobre como os citadinos afetam e são afetados por ela. Origi-nalmente elaborado como aulas de extensão universitária numa instituição do governo do Estado do Rio de Janeiro e adaptado para uma linguagem aplicável ao Ensino Médio, os temas deste minicurso, além de possibilitarem aos alunos um aprofundamento de algumas discussões essenciais da Sociologia, ainda exercitam a interdisciplinaridade, elucidando as conexões entre a Sociologia enquanto disciplina escolar e acadêmica aos jovens estudantes. Tendo sido ministrado pelos referidos ex-alunos do Colégio Pedro

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II e contando com espaço, aparelhagem e materiais adequados (projetores, ambiência com condicionador de ar e apostilas feitas exclusivamente para os cursistas inscritos, além de orientação no trabalho final e certificado de participação/conclusão), os resul-tados foram muito bons em termos de aprendizado e acúmulo de reflexões e de auxílio na escolha dos caminhos profissionais, já que muitos eram alunos de 3ª série do Ensino Médio, assim como despertou de forma microcósmica mas rica o exercício da docência e a lida pedagógica mais ampla aos universitários que colaboraram.

O LIVRO LITERÁRIO NA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO – REFLETINDO ACERCA DE COMO A FORMAÇÃO DE LEITORES EM POTENCIAL PODEM CONTRIBUIR PARA A APREENSÃO DOS CONCEITOS SOCIOLÓGICOS E DO PENSAMENTO REFLEXIVO

Fernando Francelino Lopes JúniorKarla Danielle da Silva SouzaDalliva Stephani Eloi PaivaSEC-RN

O presente trabalho apresenta uma experiência inicial no uso da literatura como forma de facilitar o ensino dos conteúdos programáticos da disciplina de Sociologia numa escola no Estado do Rio Grande do Norte. A Análise utilizada neste trabalho tem como objetivo apreender que a sala de aula é um espaço que possibilita a utilização de mé-todos ativos capazes de tornar mais atrativo e prazeroso tanto para o estudante quanto para o professor o processo de ensino-aprendizagem. Objetiva-se apontar as dificul-dades dos estudantes, proveniente do baixo aproveitamento da disciplina literatura na referida escola, percebendo o contexto sociocultural da escola e indicar ferramentas metodológicas transversais à literatura. Fica evidenciado que o professor torna-se um educador, que é o mediador entre o estudante e o conhecimento. Nessa posição cabe ao educador sugerir aos estudantes novas perspectivas, disponíveis e de fácil acesso. Seja com as ferramentas “tradicionais” (livros, impressos, etc.) ou nas mídias digitais. A partir do que se propõe nas Orientações curriculares para o Ensino Médio (2006) sobre a transposição do que se aprende no ensino superior para o ensino médio e de reflexões teóricas de CARVALHO E MENDONÇA (2006), FLORÊNCIO CALDAS DE OLIVEIRA (2010), FREIRE (1985), MARINS (2006), concebemos que o uso da literatura como mediador do ensino de Sociologia requer 1- lugar; 2- silêncio, 3- pos-tura, 4- a viabilidade das fontes e 5- planejamento metodológico que permita uma compreensão reflexiva pertinente aos conteúdos sociológicos. Nesse sentido, propõe-se discutir a relevância do texto literário como ferramenta de auxílio no ensino de Sociologia. As experiências iniciais em sala de aula apontam que a literatura tem sido uma aliada quanto à interpretação dos conteúdos de Sociologia e ainda no que se refere a compreensão de mundo. O hábito de leitura evidencia o aspecto imaginário do leitor, que é algo necessário à atividade literária, assim expandindo as ferramentas do educa-dor que pode contar com maiores possibilidades de devaneio do estudante.

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O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA ESCOLA TÉCNICA E AS CIÊNCIAS SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA CONSTRUÇÃO NECESSÁRIA

Silzane CarneiroLuciana FerreiraColégio Pedro II

Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o ensino de Sociologia na escola técnica de nível médio e o ensino de Ciências Sociais no segundo segmento do Ensino Fundamen-tal. Dada a carência de produções sobre as práticas pedagógicas, currículo e metodolo-gias para essas modalidades de ensino, tem-se como objetivo examinar metodologias e práticas de ensino-aprendizagem utilizadas pelos docentes de Sociologia/Ciências So-ciais atuantes nessas etapas da educação formal, sobretudo a experiência das autoras do presente trabalho. Destaca-se, nesse quadro, a presença inovadora das Ciências Sociais no Ensino Fundamental. Como suporte teórico buscamos os estudos sobre ensino de Sociologia/Ciências Sociais no Brasil, sobretudo as reflexões acerca da Sociologia como disciplina escolar. Segundo essas análises, a Sociologia como disciplina escolar não está consolidada e com lugar definido nos currículos da Educação Básica, sinalizando sua frágil legitimidade na grade curricular. Nesse sentido, alguns autores concluem que a falta de legitimidade da disciplina pode ser entendida ao observarmos a inserção de uma pedagogia crítica no contexto capitalista contemporâneo. Esse quadro de fragili-dade provocou uma produção discreta de análises e de definições de conteúdos e mé-todos adequados às práticas de ensino-aprendizagem dessa ciência na Educação Básica. Porém, cabe destacar o crescente debate sobre a disciplina na escola básica, a produção de materiais didáticos, bem como a participação nos fóruns de discussão e apresentação de trabalhos. Não obstante, uma lacuna persiste: pouco se tem falado de sua inser-ção, metodologias, currículo e práticas pedagógicas nas escolas técnicas e no Ensino Fundamental. Pensar a inclusão da disciplina nos currículos do Ensino Fundamental é uma possibilidade aberta pelo Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, dentre outros pou-cos existentes no Brasil. O desafio é promover a “alfabetização científica” na área de Ciências Sociais, mobilizando as categorias teóricas da Sociologia, Antropologia e da Ciência Política para que o jovem possa pensar criticamente seu estar no mundo. Por outro lado, a reflexão sobre a presença da Sociologia nos currículos do Ensino Médio envolve modalidades diversas. Destaca-se, nesse segmento, a instituição da Rede Fed-eral de Educação Profissional e Tecnológica em 2008, cuja expansão envolve mudanças significativas na Educação Básica de nível médio por meio da reintegração do Ensino Médio ao ensino técnico na forma do Ensino Médio Integrado. Frente a tal quadro, há o desafio de promover práticas de ensino-aprendizagem que atendam às especificidades dessa modalidade de ensino, compreendendo o trabalho como princípio educativo. Isto é, práticas norteadas pelo ideal da politecnia, baseadas na postulação de que o processo de trabalho desenvolva os aspectos manuais e intelectuais em uma unidade indissolúvel. Sob tal concepção de educação, a Sociologia fornece contribuições teórico-conceituais para a análise e superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre instrução profissional e instrução geral. As possibilidades abertas por ambas inici-ativas contribuem, através de seus referenciais teórico-metodológicos, para a superação

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da visão do senso comum, permitindo ao jovem estudante construir novas perspectivas e compreensões sobre sua trajetória de vida conectando-a a questões mais amplas e complexas.

O LÚDICO EM SALA DE AULA COMO GINCANA SOCIOLÓGICA

Sandra Naysinger MarianoRafael Fernando LewerUFFS

Essa metodologia foi utilizada durante o período em que estávamos no Programa Insti-tucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) no Projeto elaborado como atividade Interdisciplinar da disciplina de Sociologia ministrada pelo professor Tarcísio Brighentt na EEB Marechal Borman previsto no Planejamento do PIBID Ciências Sociais Campus Chapecó Ago/Dez 2013. E foi utilizado o livro didático e alguns materiais de pesquisa como complemento para o mesmo. Estiveram envolvidos estudantes da turma 101 do 1º ano do Ensino Médio. Bolsistas PIBID, bolsistas PIBIC EM. Entendemos que o lúdi-co através de brincadeiras e formas mais dinâmicas permite um maior envolvimento dos estudantes em atividades didáticas, tendo um desenvolvimento no processo ensino-aprendizagem de formas alternativas ao modelo conservador de educação que existe nas escolas brasileiras. E com essa idéia Utilizamos a estratégia lúdica, para promover o espaço para reflexão e produção de conteúdo da disciplina de Sociologia, dentro dos primeiro ano do ensino médio, e com isso os estudantes se apropriem dos conteúdos; e Proporcionamos um espaços em qual os estudantes aplicaram o conhecimento adquirido em aula; e com isso conseguimos Avaliar o desempenho dos estudantes na disciplina de Sociologia; e conseguimos Construir uma identidade de turma e forta-lecimento no trabalho coletivo; motivando a prática de estudo e reflexão dos conteú-dos trabalhados em sala de aula. As tarefas da gincana foram em quatro momentos: primeira etapa consistiu na apresentação da gincana, formação de equipes, nomes das equipes com base em pensadores da sociologia, gritos de guerras, e integração entre os grupos; foi o momento em que as tarefas e atividades serviram para organizar e dar seqüência as outras etapas da gincana. Foi necessário pensar em todos os detalhes, por ter sido essa, a etapa que definiu o desenvolvimento qualitativo das seguintes. Segunda etapa procurou instigar a leitura com textos prévios para a atividade. Realizamos uma primeira avaliação de conteúdo com tarefas que nos permitiram avaliar o individual e também o coletivo de cada estudante por se tratar de tarefas de competição de grupo com desempenho individual. Essa etapa nos permitiu analisar o nível de leitura e com-preensão dessa turma. Terceira etapa oportunizou os estudantes a aplicarem os con-hecimentos adquiridos referente a discussão de Gênero e Sexualidade, com a tarefa intitulada “Improvisação de Cena Teatral”, e foi aqui, que induzimos os estudantes a realizarem performances de gêneros. Quarta (e última) etapa foi para realizamos uma avaliação final, revisando os conteúdos trabalhos durante a Gincana.

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O PROFESSOR NA ESCOLA BÁSICA E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DE IMAGEM NO ENSINO DE SOCIOLOGIA: UMA PROPOSTA PIBID

Mateus Henrique Jung Nascimento Angélica Nunes Atila Alexius Brian Aparecido de Almeida Gehlen Leide Mailaine da Silva Mariana Rost Suélen Pinheiro Freire Acosta Viviane FloresUNISINOS

A recente obrigatoriedade da disciplina de Sociologia no Ensino Médio aponta para a urgente elaboração de metodologias de ensino que sejam adequadas ao saber escolar e às diferentes visões de mundo dos alunos, a fim de que sejam apropriadamente in-strumentalizados a compreender a complexidade das realidades sociais. Os recursos em imagem e vídeo são uma possibilidade a fim de desenvolver nos estudantes as po-tencialidades do pensar sociológico, antropológico e político e despertando o olhar crítico e insatisfeito com o mundo que vê. Este artigo objetiva apresentar a proposta e as diretivas de atuação do grupo de Licenciatura em Ciências Sociais do PIBID da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS no Colégio Estadual Dr. Wolfram Metzler em Novo Hamburgo – RS, durante o período de agosto de 2012 a dezem-bro de 2013. A partir de trabalho etnográfico com alunos, o grupo buscou dialogar análises da realidade social urbana a partir da Sociologia e da Antropologia Visual com o contexto escolar, produzindo vídeos sobre temáticas relacionadas à composição dos grupos sociais no entorno da escola e as diversas relações sociais que lá se estabelecem, buscando uma maior qualificação do futuro professor, a formação continuada do pro-fessor em exercício e o estranhamento e a desnaturalização das realidades sociais por parte dos alunos. O grupo buscou articular análises da realidade social urbana a partir da Sociologia e da Antropologia Visual com o contexto escolar a fim de potencializar o planejamento e realização das aulas de Sociologia. Assim, produziram-se vídeos sobre temáticas relacionadas à composição dos grupos sociais no entorno da escola, as diver-sas relações sociais que lá se estabelecem e o seu patrimônio cultural, buscando uma maior qualificação do futuro professor e da formação O desenvolvimento do projeto proporcionou uma aproximação da teoria com a prática por parte dos “pibidianos”, uma familiarização dos alunos da escola com a Sociologia e Antropologia Visual e um recurso a mais para as aulas de Sociologia, potencializando análises e discussões sobre a realidade social urbana.

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A IMPORTÂNCIA DO PIBID PARA A FORMAÇÃO DOCENTE DA DISCIPLINA SOCIOLOGIA

Suza Mara Sousa da CostaUFF

Em 2009 o Ministério da Educação criou o programa de iniciação à docência (PIBID) para os alunos de universidades públicas dos cursos de licenciaturas, para professores supervisores e coordenadores do programa com concessão de bolsas, visando melho-rias para o ensino na educação básica e promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas. Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo suscitar algu-mas reflexões sobre a importância do PIBID na formação de professores de sociologia da escola básica e discutir seus limites e suas possibilidades. Há uma distância muito grande entre a escola básica e a universidade na qual são formados os futuros profes-sores, e, portanto, o PIBID possibilita a redução dessa lacuna e permite aos futuros professores refletirem sobre os problemas enfrentados pelas escolas e pensar possíveis soluções para a superação desses problemas. Nossa análise parte da experiência como bolsista integrante do grupo PIBID-Sociologia da Universidade Federal Fluminense e percepções na/da iniciação à docência realizada com os professores da escola básica. O bolsista ao iniciar seu contato com a escola se depara com inúmeros limites existentes no cotidiano escolar, tais como: o docente assumir diversas turmas com mais de 30 alunos, faltas de professores, dificuldade de comunicação entre a direção da escola e o professor, etc. Nesse contexto, os bolsistas também se deparam com a possibilidade da realização de atividades didático-pedagógicas, sob orientação de um professor supervi-sor; planejamentos de aulas; auxilio no desenvolvimento das aulas, e, principalmente, vivenciam uma aproximação maior com a realidade escolar que se encontra distante em relação à sua formação enquanto futuro professor de Sociologia. A metodologia de trabalho compõe-se de levantamentos bibliográficos, entrevistas com bolsistas do Grupo PIBID-Sociologia UFF e observações em sala de aula de Sociologia no Colégio Estadual Raul Vidal, desde Abril de 2014. Os resultados parciais da pesquisa mostram que o PIBID é de suma importância à formação acadêmica dos licenciandos de Ciências Sociais, o que permite aos bolsistas interagir com a teoria e a prática. Conclui-se que o PIBID proporciona aos alunos licenciandos em Ciências Sociais uma vivência maior com a realidade escolar ao se deparar com as condições precárias da escola básica em que atuarão e é de suma importância para a redução da distância entre a escola básica e a universidade.

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PIBID: SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO UMA PRÁTICA LÚDICA E INOVADORA BASEADA NOS DIREITOS HUMANOS

Aline do Rocio Neves Ana Paula Machado Vanessa Santos PUC-PR

O presente artigo tem por objetivo apresentar uma das atividades bem sucedidas de-senvolvidas pelo Programa de Iniciação à Docência no Colégio Estadual Santa Cân-dida, localizado em Curitiba/PR no ano de 2014. O estudo inicia-se vinculando as características da Sociologia no ensino médio, os conteúdos consensuais à disciplina, seus parâmetros curriculares, sua importância e seu caráter científico. O eixo principal do subprojeto de Ciências Sociais são os Direitos Humanos. Desta forma se tomará como baseas Diretrizes Curriculares de Sociologia (2008) e autores como Florestan Fernandes, Nelson Dacio Tomazi, José Rodorval. Ramalho, Anthony Giddens, Eva Ma-ria Lakatos entre outros. Por meio dessas concepções teóricas busca-se refletir sobre as técnicas de ensino, organização do trabalho pedagógico, e metodologia utilizada no desenvolvimento da disciplina de Sociologia no ensino médio. A questão desafiado-ra identificada por nós discentes/docentes foi transformar conteúdos complexos em atividades didáticas, lúdicas e criativas que promovam a reflexão, o desenvolvimento crítico e cognitivo.Através do Programa de Iniciação à Docência, aprendemos na práti-ca a ser professor, elaborar um plano de ensino, buscar fundamentação teórica, fazer um planejamento com antecedência e com base nas grades curriculares de Sociolo-gia, afim de não perder a cientificidade da disciplina. Uma de nossas preocupações foi adotar a metodologia adequada, com o intuito de despertar o interesse e a dedicação dos alunos, usufruindo da tecnologia e de atividades lúdicas para alcançar o êxito na atividades proposta. Através da prática desenvolvida no PIBID, criamos a atividade da “Forca dos Teóricos”, e por meio dela pudemos analisar o comportamento dos alunos ao serem recepcionados com uma aula expositiva diferente da convencional, onde eles foram os principais participantes. Nossa exigência em relação a eles, foi somente o conhecimento adquirido da aula anterior transmitido através da aula expositiva (prin-cipais teóricos e suas respectivas teorias). E a partir da presente experiência passamos a observar e analisar a conduta de todos os professores da escola, gestão e organização como um todo.

CIÊNCIAS SOCIAIS E A METODOLOGIA DE ENSINO: APROXIMANDO O PIBID DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Glauciomara Drews Aline Andréa Arpini UFFS - Erechim

Esta comunicação discute a respeito das possibilidades metodológicas que as experiên-cias do PIBID desenvolvem e como tais ações podem se integrar com as disciplinas de

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Metodologia de Ensino e Estágio do curso de Ciências Sociais no intuito de fortalecer os aspectos didáticos do ensino de sociologia na educação básica. Segundo as Orien-tações Curriculares Nacionais (OCNs) e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) a disciplina de sociologia é trabalhada a partir de três perspectivas: temas, conceitos e teorias. Os demais materiais direcionados às aulas de Sociologia no ensino médio carecem de um debate acerca da elaboração de possibilidades didáticas e metodológicas, deixando com isso, a responsabilidade no desenvolvimento das aulas a cargo do professor. Neste sentido, por vezes, as discussões metodológicas ocorrem em espaços distintos, seja no contexto das disciplinas de Metodologia e Estágio e nas inte-rações propiciadas pelo grupo de estudantes que participam como bolsistas do PIBID. A aproximação das disciplinas tem demonstrado a necessidade e relevância de integrar essas duas perspectivas metodológicas no sentido de fortalecer o debate e as trocas de experiências docentes. Assim, os alunos bolsistas do PIBID buscam construir uma troca de experiências com a disciplina de Metodologia de Ensino em Ciências Sociais e as Disciplinas de Estágios, com a finalidade de enriquecer a formação do futuro docente e proporcionar um debate para pensar nestas lacunas.

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