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INSTRUÇÕES DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE INGLÊS/LÍNGUA ESTRANGEIRA: DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE LEITURA E ESCRITA Nicea Teresinha do Nascimento Professora PDE Anelise Copetti Dalla Corte Orientadora IES RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir sob a perspectiva da utilização de jogos de regras para desenvolver a leitura e a escrita de aprendizes de língua estrangeira inglês. A partir da implementação de uma unidade didática, elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE, pretendeu-se compreender em que medida o trabalho com elementos lúdicos, jogos instrucionais mais especificamente, pode contribuir com o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nas aulas de língua inglesa. Os jogos de regras são bastante conhecidos dos alunos e as instruções dos jogos configuram-se como material didático rico em elementos que podem contribuir com o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira. As atividades foram realizadas a partir do tema: “Textos instrucionais de jogos”, e aconteceram de forma colaborativa em grupos e duplas, mas, também, individualmente, tendo como objetivo observar a eficácia do uso do gênero regras de jogos e textos instrucionais por meio de atividades lúdicas na aprendizagem dos conteúdos de língua inglesa, numa tentativa de sanar algumas das dificuldades existentes no processo de ensino/aprendizagem dessa língua, tais como: problemas de assimilação dos conteúdos, interação e, também, a motivação. Observou-se no andamento do trabalho a reação positiva dos alunos quanto à aceitabilidade, motivação, interação e socialização. Percebeu-se também que o aspecto lúdico é um ótimo suporte e muito relevante para um trabalho bem sucedido em sala de aula. Para levar a cabo as discussões propostas, além das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná DCE (2008), servindo-nos de embasamento teórico obras de autores como Vygotsky (1989), Marcuschi (2006), entre outros. PALAVRAS-CHAVES: Língua inglesa; Textos instrucionais; Jogos; Leitura; Escrita. INTRODUÇÃO Este artigo tem como objetivo discutirmos a utilização de jogos de regras para desenvolver a leitura e a escrita de aprendizes de língua estrangeira inglês. A partir da implementação de uma unidade didática elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE pretendeu-se compreender em que medida o

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INSTRUÇÕES DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE

INGLÊS/LÍNGUA ESTRANGEIRA: DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE

LEITURA E ESCRITA

Nicea Teresinha do Nascimento – Professora PDE

Anelise Copetti Dalla Corte – Orientadora IES

RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir sob a perspectiva da utilização de jogos de regras para desenvolver a leitura e a escrita de aprendizes de língua estrangeira – inglês. A partir da implementação de uma unidade didática, elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, pretendeu-se compreender em que medida o trabalho com elementos lúdicos, jogos instrucionais mais especificamente, pode contribuir com o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nas aulas de língua inglesa. Os jogos de regras são bastante conhecidos dos alunos e as instruções dos jogos configuram-se como material didático rico em elementos que podem contribuir com o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira. As atividades foram realizadas a partir do tema: “Textos instrucionais de jogos”, e aconteceram de forma colaborativa em grupos e duplas, mas, também, individualmente, tendo como objetivo observar a eficácia do uso do gênero regras de jogos e textos instrucionais por meio de atividades lúdicas na aprendizagem dos conteúdos de língua inglesa, numa tentativa de sanar algumas das dificuldades existentes no processo de ensino/aprendizagem dessa língua, tais como: problemas de assimilação dos conteúdos, interação e, também, a motivação. Observou-se no andamento do trabalho a reação positiva dos alunos quanto à aceitabilidade, motivação, interação e socialização. Percebeu-se também que o aspecto lúdico é um ótimo suporte e muito relevante para um trabalho bem sucedido em sala de aula. Para levar a cabo as discussões propostas, além das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná – DCE (2008), servindo-nos de embasamento teórico obras de autores como Vygotsky (1989), Marcuschi (2006), entre outros.

PALAVRAS-CHAVES: Língua inglesa; Textos instrucionais; Jogos; Leitura; Escrita.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo discutirmos a utilização de jogos de regras para

desenvolver a leitura e a escrita de aprendizes de língua estrangeira – inglês. A

partir da implementação de uma unidade didática elaborada durante o Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE pretendeu-se compreender em que medida o

trabalho com elementos lúdicos, jogos instrucionais mais especificamente, pode

contribuir com o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nas aulas de

língua inglesa. Escolhemos esta temática pelo fato de o meio circundante aos alunos

ser rico e bastante favorável neste aspecto e, ainda mais, por ser possível

desenvolver habilidades de leitura e produções textuais por meio de atividades

lúdicas, com elaboração de jogos de regras de nível fácil que estimulam o interesse

e a participação coletiva, valorizando as relações sociais entre os aprendizes.

O uso das atividades lúdicas em sala de aula tem se tornado um assunto

bastante recorrente e relevante, visto que ensinar, especialmente uma língua

estrangeira, requer atenção ao usar estratégias para que o processo de

ensino/aprendizagem possa acontecer de forma motivadora, instigante e prazerosa.

Trabalhar com gêneros textuais, especialmente os gêneros instrucionais de jogos,

de receita, entre outros, nas aulas de língua estrangeira, permite ao professor

enriquecer sua prática pedagógica ajudando o educando a estabelecer relações e

favorecendo o desenvolvimento de uma aprendizagem mais sólida e atrativa.

Os textos de gêneros instrucionais e as atividades lúdicas com jogos são um

impulso motivador e gerador de uma aprendizagem de significados na construção do

conhecimento. Os alunos, quando utilizam atividades lúdicas como jogos,

brincadeiras, dinâmicas, além de se divertirem, têm a oportunidade de aprender,

levantar hipóteses e ir muito mais além. Os momentos de socialização, por meio das

interações, com as atividades em grupos e os momentos de trocas de ideias,

discussões, os levam à compreensão e a valorização dos saberes compartilhados.

Neste artigo, inicialmente trataremos de alguns aspectos relacionados aos

gêneros textuais e sua utilização enquanto subsídios pedagógicos no processo de

ensino/aprendizagem. A seguir, abordaremos a questão dos jogos didáticos e seu

papel como elemento facilitador no processo de aprendizagem de língua estrangeira

– inglês. Posteriormente, discutiremos a relação entre o lúdico e a construção do

conhecimento. Por fim, apresentaremos a implementação de uma unidade didática

elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, em uma

turma de 9º ano do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Vila Nova, na cidade

de Prudentópolis/PR.

Gêneros textuais como instrumento de ensino/aprendizagem

Falar de gêneros textuais e do uso de texto enquanto instrumento de

ensino/aprendizagem em aulas de língua estrangeira requer o entendimento da

amplitude desta temática. A relação entre as práticas discursivas e o trabalho com

gêneros justifica-se, de acordo com Marcuschi (2006, p. 25) “quando ensinamos a

operar com um gênero, ensinamos um modo de atuação sócio discursiva numa

cultura e não um simples modo de produção textual”.

Conforme MARCUSHI (2008, p.150), “cada gênero textual tem um propósito

bastante claro que o determina e lhe dá uma esfera de circulação”. Assim sendo,

cada gênero textual tem sua forma e sua função. Porém, o conteúdo que ele propõe

é que vai objetivar a prática da leitura e da escrita.

A linguagem lúdica em um jogo se caracteriza como uma composição híbrida

na qual há duas ou mais linguagens e o uso das regras, por exemplo, confere a essa

língua um caráter mais atrativo/atual, afinal, todo educador dever estar atento às

novas formas de aprendizagens utilizando todos os materiais disponíveis para que a

prática da língua inglesa seja revista, e que os alunos possam entendê-la como uma

possibilidade nova de aprendizagem não apenas de uma língua, mas de cultura, de

experiência de vida.

Com os jogos de regras existe o movimento da consciência de uma

determinada “situação-problema”, a busca competitiva de encontrar uma possível

saída para resolver esta situação e, quando se encontra a solução, a recompensa

por ter conseguido tal façanha. Regras, aqui, são entendidas como as leis do jogar, o

que pode e o que não pode: elas são orientações das ações dos que estão

envolvidos na competição, elas propiciam limites da conduta, possibilidade (ou não)

de diferentes ações.

Então, devemos explorar o conhecimento prévio e o contexto para que haja

êxito na aprendizagem. É importante que o ensino de Língua Inglesa, dentro do

Currículo Escolar, também se aproprie das novas técnicas de ensino, por meio dos

diferentes gêneros textuais e do lúdico, com o intuito de mediar, fortalecer e construir

para uma aprendizagem mais efetiva da língua estrangeira.

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná – DCEs apregoam que “é

preciso que o educador tenha cuidado para não empobrecer a construção do

conhecimento em nome de uma prática de contextualização. Daí a importância de

que o contexto seja apenas o ponto de partida da abordagem pedagógica”

(PARANÁ, 2008, p. 28). Ainda segundo as DCEs, para o ensino de Língua

Estrangeira Moderna – LEM enfatiza-se que seus aprendizes “façam uso da língua

que estão aprendendo em situações significativas, relevantes, isto é, que não se

limitem ao exercício de uma prática de forma linguística descontextualizada”

(PARANÁ, 2008, p. 57), pois o ensino de língua inglesa não pode ser limitado tão

somente às atividades gramaticais com exercícios de leitura e escrita que os livros

didáticos trazem, menosprezando as demais habilidades existentes.

O jogo como facilitador da aprendizagem e sua importância na construção do

conhecimento

Segundo MACEDO (1995, p.9-10):

Os jogos são importantes na escola, mas antes disso são importantes na vida. Por que se joga? (...) Os jogos são respostas que damos a nós mesmos ou que a cultura dá a perguntas que não se sabe responder. Joga-se para não morrer, para não enlouquecer, para manter a saúde possível, em um mundo difícil, com poucos recursos pessoais, culturais, sociais.

Como assevera Macedo (1995) a competição é a “problematização universal

da vida” e está presente nas mais variadas áreas, portanto cabe, também, a nós

professores relacionar esse saber com os saberes escolares e ensinar aos nossos

alunos que o competir com o outro e consigo mesmo deve ser no sentido de

construir um entorno melhor para si e também para o outro (todos) e não competir

para diminuir esse outro. Assim, nossa tarefa deve ser a de mostrar o “outro lado” do

uso das regras do jogo.

Podemos acrescentar ainda que os jogos didáticos sejam ainda pouco

utilizados nas escolas, devido à falta de conhecimento de sua importância e eficácia

para o ensino/aprendizagem. Segundo Macedo (1995) os jogos de regras e a

ludicidade que nele se insere são novas ferramentas que vale apena conhecer e

aplicar nas aulas para motivar, e desafiar um aprendizado mais eficaz e prazeroso.

Também, em consonância com as DCEs (PARANÁ, 2008 p. 31-47), “devemos

formar cidadãos que construam sentido para o mundo, que compreendam

criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao

conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na

sociedade (...). Para isso, as atividades pedagógicas devem priorizar a

comunicação”.

De acordo com KISHIMOTO apud Nogueira e Cristóvão:

A expansão dos novos ideais de ensino propicia o conhecimento de novas experiências com o jogo, funcionando como facilitador da aprendizagem. Surgem então jogos magnéticos para ensinar história, geografia e gramática. Quebras-cabeças e brinquedos de cubos são inspirados pelas fábulas de La Fontaine e de Perrault. Os meios de comunicação se desenvolvem e o comércio se expande, surgindo, assim, a necessidade de se ensinar línguas vivas, o que se estimula a criação de jogos para esse fim, como “Bazar Alfabético”, destinado ao aprendizado de vocabulário e o “Poliglota” para ensinar até cinco línguas concomitantemente. (NOGUEIRA, CRISTOVÃO 2007, p. 87).

Dentre vários benefícios que o lúdico traz para os aprendizes e a infinidade de

autores que abordam esses aspectos onde o lúdico deve ser considerado como

parte integrante da vida do ser humano como uma forma de penetrar no âmbito da

realidade. Para CELANI, apud NICHOLLS, 2001:

O desenvolvimento de uma língua estrangeira constitui, muitas vezes, um entrave que fecha o acesso ao mundo moderno, que impede o consumo de conhecimentos produzidos no estrangeiro, além de cercear a contribuição ativa e eficiente na produção e no desenvolvimento científico e tecnológico internacional. (CELANI apud NICHOLLS, 2001, p.15)

Para Moita Lopes (2005) o inglês é utilizado como idioma que rege o discurso

da globalização e, segundo o pesquisador, o inglês é a língua pela qual podemos

compreender e participar criticamente do mundo contemporâneo. Também o ensino

de inglês dá oportunidade de interação ao educando nos campos: sociais científicos

e tecnológicos, fazendo-o entrar em contato com outras culturas e civilizações,

tornando-o um indivíduo mais autônomo.

Segundo Freire (1980) “O educador enquanto educa, também aprende.

Ninguém educa ninguém tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se

educam em comunhão, mediados, pelo mundo.” O mesmo ainda salienta, podemos

ressaltar que o homem visualiza, absorve, verbaliza, assimila e transforma seu

cotidiano, sua realidade partindo de seu saber assistemático.

A temática da autonomia que ganhou centralidade nos pensadores e na

educação moderna, ganha em Freire (1996) um sentido sócio-político-pedagógico:

autonomia e a condição sócio-histórica de um povo ou pessoa que tenha se

libertado, se emancipado, das opressões que restringem ou anulam sua liberdade de

determinação. E conquistar a própria autonomia implica, para Freire, em libertação

das estruturas opressoras, “que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua

busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela"

O lúdico e a construção do conhecimento

A utilização de elementos lúdicos além de facilitar a aprendizagem contribui

para o desenvolvimento pessoal, social e cultural do educando. Colabora para uma

boa saúde mental. Prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de

socialização, comunicação, expressão e também a curiosidade junto com a

construção do conhecimento.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil

(BRASIL, 1998, p. 23):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Segundo Vygotsky (1989), os jogos proporcionam o desenvolvimento da

linguagem do pensamento e da concentração. O lúdico influencia no

desenvolvimento do aluno, ensinando-o a agir corretamente em uma determinada

situação e estimulando sua capacidade de discernimento. Os jogos possuem um

papel relevante no processo de aprendizagem, fazendo com que os alunos tenham

mais iniciativa e autoconfiança. Vygotsky ainda afirma que a influência do brinquedo

no desenvolvimento da criança é muito ampla. Por meio do brinquedo, ela aprende a

agir em uma esfera cognitiva, sendo livre para determinar suas próprias ações.

Também sobre as atividades lúdicas, Vygotsky (1989, p.84) entende que “as

crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira,

a criação de situações imaginárias surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O

lúdico liberta a criança das amarras da realidade”. Já para Ronca (1989, p. 27), “o

movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois

nele a criança constrói classificações, elabora sequências lógicas, desenvolve o

psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência”.

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA

De acordo com as orientações recebidas na primeira etapa do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE - fomos levados a refletir sobre os problemas

enfrentados na educação, especialmente em sala de aula, no que diz respeito ao

ensino/aprendizagem de língua inglesa, levando-nos a repensar nossa prática

pedagógica. A partir daí, elaboramos um projeto de implementação pedagógica na

escola, objetivando principalmente contribuir para a superação das dificuldades e

problemas apontados, com a finalidade de promover a melhoria na qualidade do

ensino de língua estrangeira.

O projeto elaborado na primeira etapa deu origem a um material didático,

produzido pelo professor-pesquisador, no formato de Unidade Didática. O material

foi desenvolvido em oito unidades, explorando a temática “jogos”. Foi elaborado

tendo como eixo central um ensino contextualizado, em que os conteúdos fizessem

parte do dia-a-dia dos estudantes e, assim, optamos pelo gênero textual “Regras de

jogos”, contemplando os elementos lúdicos para auxiliar no processo de

aprendizagem, contribuindo no para a formação do aluno, oportunizando o

desenvolvimento de atitudes de cooperação e respeito ao próximo.

A implementação da unidade didática ocorreu no Colégio Estadual Vila Nova,

no município de Prudentópolis/PR, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.

Iniciamos o projeto de implementação com um vídeo de Lino de Macedo sobre a

importância dos jogos para a aprendizagem, e, na sequência, foi realizado um

debate que levou a muitos questionamentos a respeito da temática.

Durante a aplicação das atividades, observamos as atitudes dos alunos em

relação à interação, cooperação, o interesse e assimilação dos conteúdos. Com os

resultados obtidos percebemos que ao realizarem as atividades propostas por meio

de brincadeiras e jogos, os estudantes foram percebendo que para que as coisas

acontecessem, teríamos regras e que precisaríamos respeitá-las. Desse modo, os

aspectos como organização, respeito, comunicação foram sendo ampliados, e a

valorização social dos componentes dentro do grupo se iniciou. Assim sendo, por

meio das atividades lúdicas o aluno compreendeu o mundo ao seu redor, aprendeu

a ser, fazer, aceitar, enquanto as relações sociais se construíam e o aprendizado se

tornava mais significativo e produtivo.

Sabendo que nem sempre nossos alunos conseguem escrever e ler em

língua inglesa, mesmo pequenos textos, nossa unidade didática teve como tema de

estudo “Textos instrucionais de jogos”, contribuindo para a assimilação e

socialização dos conteúdos por meio de atividades lúdicas, com produção de jogos

com regras, adquirindo resultados satisfatórios na busca por uma formação de

indivíduos produtivos, criativos e autônomos. Pudemos perceber, também, a

importância da leitura e da compreensão do vocabulário para a melhoria da

qualidade da escrita e da leitura, e, consequentemente, na aprendizagem de língua

inglesa.

As atividades da primeira parte da unidade didática foram realizadas com

muitos questionamentos, debates, leituras, compreensão oral e escrita, pesquisas

na internet, em livros de apoio didático, revistas educativas, textos científicos e

artigos online referentes a jogos e regras, com instruções, além dos vídeos

educativos que foram assistidos para ter ideia de como adaptar à realidade da nossa

escola. Num segundo momento, foram feitas atividades de compreensão oral e

escrita com leituras de textos informativos e científicos. Tudo isso despertou uma

grande curiosidade a respeito de como seria possível produzir os jogos? Como

deveriam ser as produções: em inglês ou português? Que material seria utilizado?

Além de outros questionamentos a respeito das produções.

Ao longo do desenvolvimento da segunda parte da unidade didática, foi mais

trabalhoso fazer com que todos participassem com a mesma empolgação, pois

sempre havia aqueles que se desanimavam por qualquer motivo. Então, tivemos,

muitas vezes, um trabalho mais cauteloso e fatigante por parte do professor, mas

nada que impossibilitasse a continuidade do trabalho.

A partir desta perspectiva, propusemo-nos à aplicação de atividades criativas,

com jogos e dinâmicas diferenciadas, desafiadoras, sendo estas em grupos, duplas

e também individuais. Sempre priorizamos as atividades em grupos para que

houvesse uma maior interação de acordo com a abordagem sócio-interacionista.

Os alunos gostaram das atividades realizadas em grupos, participando de

todas com bastante interesse e empolgação, pois entenderam o quanto era

importante participar e aprender de forma coletiva, para depois mostrar para a

comunidade escolar seus esforços e desempenho. Durante esses trabalhos em

equipe, com um animando e colaborando com o outro, pode-se perceber a evolução

das mudanças em todos os sentidos. Aqueles que só reclamavam e não estavam

dando a mínima importância, começaram a perceber e se integrar aos demais e

também começaram a produzir, mostrando que o mais importante ao longo do

processo é a interação, a participação e a mudança de atitude para que aconteça a

aprendizagem.

As atividades trabalhadas durante a intervenção pedagógica em sala de aula

foram: textos instrucionais, receitas, jogos simples, dinâmicas e brincadeiras, para

estimular e motivar os alunos, auxiliando no processo de aprendizagem e

influenciando positivamente na interação e nas práticas em sala de aula. Observou-

se, também, que o trabalho por meio de atividades lúdicas e motivadoras fez com

que os alunos aprendessem e percebessem o quanto aprender uma língua

estrangeira pode ser interessante e divertido. Foi um trabalho realizado com muita

criatividade e responsabilidade, pois os alunos se empenharam em criar seus

próprios jogos com regras e depois instruir seus colegas sobre como jogar.

Acreditamos que o trabalho com leitura em sala de aula também deva dar

ênfase a assimilação de vocabulário, pois na medida em que o aluno for

conhecendo e aprendendo o vocabulário, a leitura em língua inglesa fica mais fácil,

contribuindo para a compreensão textual. Por isso, nosso objetivo foi desenvolver

atividades que levassem os alunos a esse processo de entendimento, tendo eles

também percebido o quanto essas atividades lúdicas ajudaram a assimilar o

vocabulário e quanto isso os ajudava nas leituras e na compreensão textual.

Os trabalhos foram feitos, com muito capricho: alguns jogos com instruções e

regras criadas em grupos foram mostrados em exposições de trabalhos

desenvolvidas pelos alunos, onde puderam mostrar seus talentos e habilidades.

Além disso, pode-se observar a mudança de atitude e de opinião com relação à

língua inglesa nas opiniões de alguns alunos, conforme exposto abaixo:

Confesso que detestava inglês, mas neste semestre eu comecei a me

interessar e simpatizar com essa língua, acho que foi o novo jeito de

ensinar com brincadeiras e conteúdos, foi muito legal, aprendi e me

diverti também.

Porque não se ensina inglês assim nas outras séries, se fosse assim,

eu hoje podia falar e também escrever em inglês.

Não gosto de inglês, tenho dificuldade para pronunciar as frases e

palavras, mas gostei de aprender inglês com jogos, até que aprendi um

pouco.

Teacher your work went D+ (I never will forget).

Eu gostei muito do novo jeito da professora ensinar, muito interessante

continue assim. Valeu.

Antes eu só fazia bagunça, agora eu bagunço com diversão, jogando e

aprendendo. O que era bagunça agora é sério. Interessante, pois a

gente nem percebe que está aprendendo e quando vê sabe um

montão de palavras e até frases. Legal!

Os obstáculos encontrados durante o desenvolvimento das atividades,

apenas estão relacionados ao uso das tecnologias que sofreram pequenas

adaptações que não interferiram no desenvolvimento das atividades.

Para a Implementação do projeto, somamos o apoio dos professores da Rede

Pública Estadual de Ensino, participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, o

qual possibilitou a inclusão virtual dos mesmos nas reflexões, discussões e

elaborações realizadas pelo professor PDE. Os participantes do GTR tiveram a

oportunidade de analisar, refletir, avaliar e dar suas contribuições sobre o tema em

estudo, postando suas considerações sobre o material, a aplicação e a verificação

dos resultados, avaliando o projeto de intervenção. Notamos que o tema em estudo

foi relevante, bem aceito pelos professores, pois por meio de suas considerações,

ficou bem claro que os elementos lúdicos contribuem para a motivação, interação e

a socialização dos educandos na aprendizagem de língua estrangeira.

Apresentamos aqui algumas das opiniões dos professores participantes do

GTR:

“Você levantou um ponto necessário a ser discutido, cara colega, pois

não é simples a tarefa de levar os alunos a compreender que

atividades lúdicas são preparadas para facilitar o aprendizado deles. E

quando eles compreendem nem sempre nossos colegas

compreendem. Confesso que já estou me (re)motivando nesse GTR,

pois eu andava meio relapsa com minhas aulas lúdicas devido a vários

fatores.

Regra de jogo contribui para a inserção do educando em seu contexto

social, precisamos respeitar regras em nosso cotidiano, ela contribui

para a relação e respeito humano. Jogos na escola é uma valiosa

oportunidade para resolver problemas de aprendizagem e

desmotivação, favorece não só a formação intelectual como a moral.

O trabalho com o lúdico é muito gostoso e motivador, sabendo dosar e

usado no momento certo com certeza enriquece e enobrece qualquer

disciplina. Por essa razão é que me motivou a fazer esse GTR.

Sem dúvida alguma, a partir da implementação e do gênero textual

trabalhado, conseguimos atingir diversos objetivos nas áreas do conhecimento.

Alguns deles foram:

A melhor compreensão dos alunos quanto aos objetivos e as funções

da escrita;

Aprimorar a capacidade de interpretar textos por meio da leitura e

trabalhos em grupos;

Identificar as características do gênero textual trabalhado e

desenvolver a habilidade de respeitar regras e fazer uso delas para organizar suas

conquistas e se tornar um cidadão autônomo, crítico e responsável no mundo em

que atua;

Maior compromisso e responsabilidade com relação as produções e

confecções dos jogos e dos textos e entrega das atividades;

Melhora na socialização dos conteúdos, no envolvimento e na

dedicação.

Os resultados obtidos foram observados durante a aplicação das atividades

bem como no término da aplicação do projeto. Consideramos as tentativas do aluno

na realização das atividades, as dúvidas manifestadas, o respeito mútuo, o

progresso em relação a problemática levantada no projeto, entre outras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aprender língua estrangeira hoje é muito importante para o aprimoramento,

tanto pessoal quanto profissional, porque a maior parte dos avanços em pesquisas

encontra-se em língua estrangeira. Com a inclusão dos jogos no contexto escolar

pode-se observar um avanço significativo na aprendizagem de forma bastante

curiosa. Ao longo de nossa pesquisa e implementação percebemos que, de modo

geral, os alunos sentiram-se bem à vontade e participaram com interesse das

atividades. Alguns se destacaram mais em termos de criatividade, como na

confecções dos jogos, mostrando as habilidades adquiridas na parte artística, outros

na construção das regras e na parte escrita (produção textual).

Portanto, podemos concluir que alunos estimulados e entretidos pelos jogos

tendem a aprender mais. A elaboração de jogos didáticos com regras para as aulas

de inglês pode ser uma ótima opção para turmas com maiores dificuldades de

aprendizagem, pois cada jogo pode abordar uma temática diferente, o que permite

jogá-lo ao final de uma explicação para estimular a fixação do conteúdo. Além disso,

ao trabalhar com atividades lúdicas pode-se substituir uma série de exercícios

repetitivos, que na maioria das vezes é massacrante e que tornam a aula

desinteressante.

Conclui-se, ainda, que no trabalho com jogos pedagógicos e produções

textuais devemos nos preocupar em levar o aluno a assimilar novos vocabulários,

melhorando a compreensão da língua estrangeira por meio da leitura ou de práticas

de compreensão auditiva e expressão oral. Os resultados obtidos com este trabalho

nos fizeram crer que o professor pode sempre investir em atividades lúdicas, pois

este tipo de atividade realmente contribui no desenvolvimento das habilidades e na

fixação dos conteúdos.

REFERÊNCIAS

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FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, 36 ed. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: MARCUSCHI, configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, Acir Mário.; GAYDECZKA, Beatriz; BRITO, Karim Siebeneicher. Org. Gêneros textuais reflexões e ensino. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.

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NICHOLLS, Susan Mary. Aspectos pedagógicos e metodológicos do ensino de inglês. Maceió: EDUFAL, 2001.

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