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BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO - PROPEX PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS – PPGECE MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMÁTICA VISANDO A UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE FUNÇÕES AFINS, FAZENDO USO DO COMPUTADOR COMO FERRAMENTA DE ENSINO Rosane Fátima Postal Lajeado, abril de 2009

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    bdu) CENTRO UNIVERSITRIO UNIVATES

    PR-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSO E PS-GRADUAO - PROPEX

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENSINO DE CINCIAS EXATAS

    PPGECE

    MESTRADO EM ENSINO DE CINCIAS EXATAS

    ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMTICA VISANDO A UMA

    APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE FUNES AFINS, FAZENDO

    USO DO COMPUTADOR COMO FERRAMENTA DE ENSINO

    Rosane Ftima Postal

    Lajeado, abril de 2009

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    CENTRO UNIVERSITRIO UNIVATES

    PR-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSO E PS-GRADUAO - PROPEX

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENSINO DE CINCIAS EXATAS

    PPGECE

    MESTRADO EM ENSINO DE CINCIAS EXATAS

    ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMTICA VISANDO A UMA

    APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE FUNES AFINS, FAZENDO

    USO DO COMPUTADOR COMO FERRAMENTA DE ENSINO

    Rosane Ftima Postal

    Dissertao de mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao de Ensino de

    Cincias Exatas do Centro Universitrio

    Univates, como requisito parcial para

    obteno do ttulo de Mestre em Ensino de

    Cincias Exatas.

    Orientador: Claus Haetinger

    Co-orientador(a): Maria Madalena Dullius

    Lajeado, abril de 2009

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    Centro Universitrio Univates

    Pr-Reitoria de Pesquisa, Extenso e Ps-Graduao - PROPEX

    Programa de Ps-Graduao em Ensino em Cincias Exatas - PPGECE

    Declarao

    Declaramos, para os devidos fins, que a dissertao da mestranda Rosane

    Ftima Postal, de ttulo ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMTICA VISANDO A

    UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE FUNES AFINS, FAZENDO USO DO

    COMPUTADOR COMO FERRAMENTA DE ENSINO est de acordo com as

    alteraes sugeridas pela banca.

    Lajeado, ..........................................

    -----------------------------------------------------

    Prof. Dr. Claus Haetinger

    Orientador

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    DEDICATRIA

    PARA O ORIENTADOR: Professor, Dr. Claus Haetinger e Pr-Reitor de

    Pesquisa, Extenso e Ps-Graduao do Centro Universitrio Univates.

    A voc, professor Claus, grande mestre, que com toda sua sabedoria soube

    me ouvir desde as primeiras intenes deste trabalho, durante sua realizao e

    finalizao, fazendo com que em minha simplicidade me sentisse grandiosa. Grande

    incentivador, que em nossas conversas usou de todo seu conhecimento para mediar

    meu aprendizado fazendo-me mais feliz. Durante o tempo que me acompanhou

    mostrou-se sempre disponvel, auxiliando e indicando o caminho a ser percorrido

    para alcanar os objetivos a que nos propomos. Agradeo toda sua dedicao e

    sensibilidade ao enxergar o ser humano alm do conhecimento cientfico e

    tecnolgico. A ateno, o carinho e a amizade solidificados nesta caminhada so

    sentimentos verdadeiros que ficaro para sempre. Toda minha admirao e

    profundo desejo de grande sucesso.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a todos que de alguma forma estiveram envolvidos com a

    realizao deste trabalho:

    A Deus que a luz interior que me d foras para buscar novos

    conhecimentos e trilhar novos caminhos.

    Ao meu marido Lus Carlos Postal por incentivar-me a prosseguir os estudos.

    Aos meus filhos: Eduardo, Lus Amadeu e Lorenzo que permitiram minha

    caminhada mesmo sentindo a falta da me.

    Aos meus colegas que muito contriburam nesta caminhada e me apoiaram

    em especial durante a gravidez.

    A todos os mestres que mediaram a construo de nossos conhecimentos

    deixando a saudade e a mais profunda admirao.

    A todos os colegas de trabalho e aos alunos da turma 102 da Escola Estadual

    de Educao Bsica rico Verssimo que permitiram a realizao desta proposta de

    trabalho.

    Em especial a Prof Dra. Maria Madalena Dullius pela dedicao e apoio

    recebido.

    Minha profunda gratido.

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    RESUMO

    O presente estudo descreve o resultado de um trabalho fundamentado nospressupostos tericos da Aprendizagem Significativa, com a utilizao dametodologia da Modelagem Matemtica, incluindo o computador como ferramentade ensino. Estabelecemos previamente um conjunto de aspectos que caracterizama ocorrncia da Aprendizagem Significativa quando as atividades de ensino eaprendizagem compem uma proposta que considera o ambiente de ModelagemMatemtica. O assunto proposto refere-se a funes afins, que desenvolvemos emuma turma de primeiro ano de trinta e dois estudantes do Ensino Mdio da EscolaEstadual de Educao Bsica rico Verssimo Lajeado/RS. O tema de estudo foi atelefonia celular. Aplicamos funes afins nos planos de telefonia celular oferecidospelas operadoras, trabalhamos com estas funes e chegamos a concluses sobrevantagens e desvantagens de optar por determinado plano. As informaesprovenientes das produes dos estudantes no decorrer das aulas provm deinstrumentos elaborados para este fim: como ficha de levantamento, diagramas,trabalhos em grupos e outros. As contribuies deste estudo mostram que h umgrande envolvimento dos estudantes quando o assunto do seu prprio interesse. Otrabalho privilegiou a colaborao e a cooperao entre os estudantes na realizaodas atividades. Como resultados, podemos destacar a utilizao da ModelagemMatemtica como uma alternativa vivel e eficiente estratgia de ensino eaprendizagem que atende aos anseios da Educao Matemtica para a formao docidado.

    PALAVRAS-CHAVES: Modelagem Matemtica. Aprendizagem Significativa.Tecnologias. Funes.

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    ABSTRACT

    The present work describes the results of a study based on the theoreticalpresuppositions of the Meaningful Learning Theory through the MathematicalModeling methodology including the computer as teaching tool. Previously, wasestablished a set of aspects which characterize the occurrence of the MeaningfulLearning when the teaching and learning activities present a proposal that considersthe context of Mathematical Modeling. The proposed subject refers to lineagesfunctions, that were developed with a group of thirty two students in the public HighSchool rico Verssimo, in Lajeado, RS. The study was about the cellular telephonyoffered by the different operators. Linear functions were applied through the plansoffered by them. The results show that there are advantages and disadvantages inchoosing one or another plan. The productions of the students along the classescame out from instruments prepared for this purpose, such as schemes, group workand others. The study shows that there is a great engagement of the students whenit is of their own interest. The study favored the collaboration and cooperation of thestudents in the accomplishment of the activities. We might conclude that using theMathematical Modeling as a viable teaching learning alternative responds to thedesires of Mathematical Education in the formation of the citizen.

    KEY WORDS: Mathematical Modeling. Meaningful Learning. Technologies.Functions.

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    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 01 - Estatstica de aproveitamento final por srie da E.E.E.B. ricoVerssimo...............................................................................................................12

    QUADRO 02 Trs planos de telefonia...............................................................47QUADRO 03 Preo do minuto das ligaes..................................................... 53QUADRO 04 Trs planos diferentes de telefonia ............................................55QUADRO 05 Planos de telefonia com respectivos preos de acordo com otempo e servios utilizados.................................................................................. 57QUADRO 06 Exerccio A.................................................................................... 57QUADRO 07 Exerccio B.................................................................................... 57QUADRO 08 Exerccio C.................................................................................... 58QUADRO 09 Exerccio D.................................................................................... 58QUADRO 10 Exerccio E.................................................................................... 58QUADRO 11 Exerccio F.................................................................................... 58QUADRO 12 Exerccio G.................................................................................... 58QUADRO 13 Planos da operadora Claro.......................................................... 61QUADRO 14 Valor das chamadas fora da rea de cobertura da OperadoraVivo......................................................................................................................... 63QUADRO 15 Preo do minuto das ligaes de uma operadora para ligaesfora da rea de cobertura..................................................................................... 71QUADRO 16 Uso dos conceitos........................................................................ 73

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 01 Software Graphmatica.......................................................................75FIGURA 02 Retas representando planos de telefonia celular...........................76FIGURA 03 - Retas representando planos de telefonia celular com taxa fixa deR$5,00........................................................................................................................77FIGURA 04 Comparao de grficos desenhados.............................................78FIGURA 05- Grfico para x>0..................................................................................75

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    SUMRIO

    1 INTRODUO......................................................................................................11

    2 FUNDAMENTAO TERICA............................................................................172.1 Aprendizagem Significativa ................................................................................172.1.1 Aprendizagem Significativa e Aprendizagem Automtica ...............................202.1.2 Condies para uma Aprendizagem Significativa ...........................................212.1.3 Organizando Substantiva e Programaticamente o Ensino..............................232.1.4 A Aprendizagem Significativa na Viso de Novak...........................................242.1.5 Mapas Conceituais..........................................................................................262.2 A Incluso da Tecnologia na Educao .............................................................272.2.1 O professor no Contexto da Tecnologia..........................................................282.2.2 Concepes Construcionista...........................................................................302.2.3 A Tecnologia como Recurso para Aumentar o Interesse dos Estudantes ......312.2.4 Avaliao de Softwares Educativos ................................................................322.3 Modelagem Matemtica .....................................................................................352.3.1 Modelagem Matemtica em Vrios Olhares ...................................................352.3.2 A Modelagem Matemtica na Matemtica Aplicada........................................362.3.3 Definio de Modelo Matemtico ....................................................................362.3.4 Etapas do Processo de Modelagem................................................................372.3.5 Modelagem Matemtica como Estratgia de Ensino e Aprendizagem ...........372.3.6 Um Caminho para a Efetivao de uma Proposta em Sala de Aula ...............38

    3 OBJETIVO ............................................................................................................413.1 Objetivo Geral ....................................................................................................413.2 Objetivos Especficos.........................................................................................41

    4 METODOLOGIA ...................................................................................................424.1 Contextos da Escola........................................................................................... 424.2 O Contexto Investigado......................................................................................434.3 A Proposta de Ensino.........................................................................................434.4 Planejamento das Aulas e Elaborao do Material ............................................45

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    5 A PROPOSTA DESENVOLVIDA .........................................................................495.1 Consideraes Iniciais .......................................................................................495 1 1 Estrutura da Proposta .......................................................................................50

    6 RESULTADOS OBTIDOS ....................................................................................656.1 Consideraes Iniciais .......................................................................................65

    7 CONCLUSES.......................................................................................................80

    REFERNCIAS........................................................................................................83

    ANEXOS..................................................................................................................89

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    1 INTRODUO

    Ao elaborar esta dissertao pensamos em contemplar um tema especfico

    em Matemtica do primeiro ano do Ensino Mdio: o ensino de funes.

    Como integrante do corpo docente da Escola Estadual de Educao Bsica

    (E.E.E.B) rico Verssimo Lajeado/RS, convivi por dez anos numa engrenagem

    escolar, de professores, estudantes, funcionrios e famlias, cada um com sua

    bagagem cultural e sua histria de vida, onde todos trabalham na tentativa de

    alcanar seus sonhos e desejos.

    Vivemos numa sociedade em que a Cincia e a Tecnologia esto avanando

    a passos galopantes, trazendo mudanas muito rpidas para a vida do cidado.

    Questionar e refletir sobre estes avanos que envolvem o planeta quase uma

    exigncia. Numa sociedade cada vez mais competitiva e avanada, a educao

    constitui um instrumento indispensvel para que a humanidade possa progredir para

    os ideais de paz, liberdade e justia social. Nesta realidade no h espao para

    meros espectadores, que no questionam, no refletem sobre a interferncia dessas

    mudanas. Neste contexto preciso, tambm, dar um enfoque diferenciado para as

    prticas pedaggicas.

    Cabe tambm educao escolar em todos os nveis de ensino, a funo de

    preparar indivduos crticos, conscientes e integrados sociedade. O ensino deve,

    portanto, dar-se em ambientes nos quais a aprendizagem acontea de forma

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    significativa, em contato com a tecnologia, no perdendo a dimenso do

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico. O ensino da Matemtica, nestas

    dimenses, significa oportunizar situaes para o estudante experimentar, modelar,

    analisar, pesquisar e desenvolver um esprito crtico diante das respostas

    encontradas.

    Deste modo, inseridos neste contexto, como profissional que busca uma

    educao crtica, no podemos nos conformar diante do fracasso, mas devemos sim

    buscar algo novo no sentido de contribuir significativamente com o sistema

    educacional.

    Num ambiente escolar convivemos com muitas preocupaes e dvidas, em

    especial, o que fazer em sala de aula e como trabalhar com os estudantes para

    obter o sucesso. E no desenvolver das prticas educativas, ao longo dos anos

    letivos, este sucesso muitas vezes no ocorre, provocando inquietudes. Diante disto

    surgem as questes: possvel fazer algo para mudar a situao? O que fazer em

    sala de aula e como trabalhar com os estudantes para que ao longo do ano no

    desistam e abandonem a escola?

    Quando trabalhamos e chegamos a um envolvimento percebemos muitas

    dificuldades, especialmente em turmas de primeiros anos aonde os estudantes vem

    de muitas escolas diferentes, com os quais h dificuldade de adaptao, carncia

    afetiva, falta de integrao, falta de contedos bsicos, pouco espao para falarem e

    serem ouvidos em suas habilidades e dificuldades. Esta realidade nos remete a

    resultados preocupantes conforme constatamos no Quadro 01.

    QUADRO 01 - Estatstica de aproveitamento final por srie da E.E.E.B. rico

    Verssimo

    Fonte: Secretaria da Escola, 2008.

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    Estamos diante de uma realidade preocupante, com diversos estudantes

    desmotivados, sem interesse, sem objetivo de estudo e sem perspectiva de um

    futuro promissor. Nos anos de 2006, 2007 e 2008 tivemos 122 estudantes da

    primeira srie do Ensino Mdio reprovados em Matemtica. As turmas so

    numerosas no incio do ano letivo, mas no decorrer do tempo vo reduzindo

    consideravelmente. Alguns estudantes evadem pelos mais diversos motivos, outros

    tm nmero muito grande de faltas. Os que esto em sala de aula muitas vezes

    apresentam comportamentos no desejveis, tais como: esquecem o material em

    casa, ou nem o tiram da mochila, debruam-se sobre a mesa e no realizam

    nenhuma atividade ou apresentam problemas de disciplina. A conversa sobre

    assuntos fora da aula, nada voltado ao que esto fazendo. Alguns no copiam do

    quadro e a maioria no realiza atividades de casa. Os trabalhos frequentemente no

    so entregues e os estudantes faltam nas avaliaes e no justificam. Estudar para

    avaliaes, refazer questes, complementar com leituras afins, fazer temas de casa,

    so prticas pouco comuns. E a grande constatao dos professores que os

    estudantes no possuem base, ou seja, conceitos bsicos para poder prosseguir

    com contedos de Ensino Mdio. Dentre todos os fatores o que mais se evidencia

    a desmotivao dos estudantes.

    Como estamos vivendo hoje em plena era da comunicao eletrnica e da

    informao, fundamental que os estudantes se familiarizem com o computador e

    com programas especficos. A partir deste contexto elaboramos uma proposta de

    ensino baseada nos pressupostos tericos da Aprendizagem Significativa, com a

    utilizao da metodologia da Modelagem Matemtica, incluindo o computador como

    ferramenta de ensino, na tentativa de auxiliar professores e estudantes do primeiro

    ano do Ensino Mdio a sanarem dificuldades no contedo de funes afins.

    Escolhemos uma turma de primeiro ano do Ensino Mdio Diurno para

    desenvolver o presente trabalho, baseados nos aspectos seguintes:

    - por ter trabalhado durante muitos anos, como professora de Matemtica, em

    classes deste nvel de ensino.

    - por acreditar que tanto estudantes como professores enfrentam dificuldades

    no processo ensino-aprendizagem de Matemtica.

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    - por encontrar diversos estudantes desmotivados, sem interesse, sem

    objetivo de estudo e sem perspectiva de um futuro promissor.

    Diante dessas razes, buscar e propor um estudo diferenciado do

    habitualmente utilizado em sala de aula um grande desafio para todos. Isso

    significa buscar novos significados para o contedo a ser desenvolvido com os

    estudantes, a fim de propiciar-lhes oportunidades de Aprendizagem Significativa.

    Para um fazer Matemtica com esse enfoque, adotamos neste estudo a

    Modelagem Matemtica como estratgia de ensino e aprendizagem e suas

    contribuies para uma Aprendizagem Significativa. Para conhecer melhor esta

    metodologia estudamos autores como: DAmbrsio (1986 e 2002), Biembengut &

    Hein (2002), Bassanezi (2002). Para que os estudantes compreendam os conceitos

    relacionados a funes afins e deem significado a estes conceitos, estamos

    relacionando duas importantes teorias: Modelagem Matemtica e Aprendizagem

    Significativa, alm de incluirmos a tecnologia como recurso pedaggico.

    Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001), a atividade

    matemtica escolar no olhar para coisas prontas e definitivas, mas a construo

    e a apropriao de um conhecimento pelo estudante, que se servir dele para

    compreender e transformar sua realidade. Seguimos em busca de uma metodologia

    que pudesse oportunizar ao estudante uma aprendizagem mais significativa e

    atraente. Com este propsito, o presente trabalho est sendo fundamentado na

    Teoria da Aprendizagem Significativa, nos pressupostos tericos da Modelagem

    Matemtica e na incluso de recursos tecnolgicos. Pensando em criar situaes de

    ensino-aprendizagem que possibilitem ao educando construir a sua aprendizagem,

    propomos um trabalho que leva em conta o que o estudante j sabe para ir

    agregando novos conhecimentos. Este trabalho prope atividades de Modelagem

    Matemtica construindo as Funes Afins. O tema escolhido foi O uso da telefonia

    celular, visando a economia, o uso racional e a sustentabilidade. Ao trabalhar com

    uma proposta de Modelagem Matemtica o estudante pode vir a desenvolver a

    criatividade e apresentar uma motivao maior pelas aulas de Matemtica. Alm

    disso, o professor consegue envolver aspectos sociais, culturais e econmicos,

    ajudando a formar um cidado mais consciente dos problemas da sociedade.

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    Em aulas tradicionais onde os estudantes realizam listas de exerccios,

    simplesmente repetindo o exemplo apresentado pelo professor, recebendo tudo

    pronto, criam dificuldade de formular problemas, lanar hipteses e aventurar-se na

    investigao das mesmas. Ao fazer os exerccios de forma mecnica, o estudante,

    segundo Piaget (1958), no assimila, apenas estoca conhecimento.

    Para formar sujeitos crticos, autnomos e conscientes, a escola pode

    desenvolver a educao pela pesquisa, onde a prtica da mesma seja uma atitude

    cotidiana tanto do professor como do estudante. Segundo SACRISTN (2007):

    A educao deveria ser reinventada sem fantasias futuristas nem olharessaudosistas, impulsionada com o que sabemos sobre como atingir comqualidade seus objetivos em experincias pontuais, com bons e dedicadosprofessores, apoio das administraes e das famlias, sem se deixar levarpelo caminho sem solidariedade do mercado (SACRISTN, 2007, p. 11).

    Sendo a Educao um processo de formao da competncia humana,

    cabem algumas perguntas:

    - Diante da realidade vivenciada pelos estudantes, no contexto apresentado,

    como a Modelagem Matemtica pode contribuir para uma Aprendizagem

    Significativa?

    - Como os recursos tecnolgicos utilizados podem dar maior significncia

    aprendizagem de funes lineares realizadas pelos estudantes da turma 102, do

    turno da manh, do primeiro ano do Ensino Mdio, da E. E. E. B. rico Verssimo?

    - Como ensinar e aprender funes afins num ambiente de Modelagem

    Matemtica?

    - O tema escolhido pela turma: O uso da telefonia celular ir ser atrativo

    durante todo o processo?

    A organizao escrita desta dissertao compreende sete captulos. No

    primeiro fazemos uma introduo do trabalho, com a problematizao e a

    contextualizao. No segundo captulo apresentamos uma fundamentao terica,

    dividida em trs partes: Teoria da Aprendizagem Significativa, Modelagem

    Matemtica e a incluso da Tecnologia como ferramenta de ensino. No captulo 3

    apresentamos os objetivos. A opo metodolgica est no captulo 4. No captulo 5

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    apresentamos a proposta desenvolvida. O captulo 6 os resultados obtidos. No

    captulo 7 temos as concluses e por ltimo encontramos as referncias

    bibliogrficas.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 Aprendizagem Significativa

    Esta dissertao est fundamentalmente embasada na Teoria da

    Aprendizagem Significativa. Esta teoria formulada por D. Ausubel, na dcada de

    1960, uma proposta psicoeducativa, com um enfoque cognitivista e depois,

    seguida por Joseph Novak na dcada de 1980, com um enfoque mais humanista.

    Na sequncia desta fundamentao terica fizemos a leitura de vrios autores sobre

    a definio de aprendizagem: Ausubel (1978), Machado (1995), Coll (1998), Masetto

    (2000), Mauri (2001).

    A Teoria da Assimilao, descrita por Ausubel (1978), uma profunda

    reflexo sobre o que ensinar e aprender, particularmente em contextos escolares,

    de sala de aula, em que a aprendizagem verbal dominante, mas no exclusiva.

    Ausubel defende que o principal processo de aprendizagem se d por recepo,

    num processo ativo, que exige ao e reflexo do aprendiz e que facilitada pela

    organizao cuidadosa das matrias e das experincias de ensino.

    Ausubel descreve as condies em que a Aprendizagem Significativa pode

    ocorrer dando especial importncia ao papel da linguagem e da estrutura conceitual

    das matrias, bem como os conhecimentos e competncias que o estudante j

    possui. Este conhecimento prvio , para Ausubel, o fator determinante do processo

    de aprendizagem. A construo do conhecimento complexa, apreendida em longo

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    prazo de forma significativa e organizada. A aquisio de novos significados por

    parte do aprendiz se d a partir da interao deste com os materiais potencialmente

    significativos apresentados e relacionados na prpria estrutura cognitiva.

    importante a estrutura cognitiva do estudante na aquisio, reteno e

    transformao de novos significados. Este um processo de Aprendizagem

    Significativa (no memorizada) de onde emergem novos significados, que so os

    produtos substantivos da interao entre significados potenciais no material de

    instruo e as ideias ancoradas relevantes existentes na estrutura cognitiva do

    aprendiz e que, acabam por se tornar, de forma sequencial e hierrquica, parte de

    um sistema organizado, relacionado com outras organizaes de ideias

    (conhecimento), tpicos semelhantes da estrutura cognitiva. O prprio processo de

    Aprendizagem Significativa necessariamente complexo.

    Para tanto, a utilizao de organizadores prvios potencialmente eficaz visto

    que os subsunores existentes na estrutura cognitiva so normalmente gerais e no

    possuem particularidades de contedo necessrias para funcionarem como ideias

    ancoradas eficientes para uma Aprendizagem Significativa. Subsunores: so ideias,

    conceitos ou proposies existentes na estrutura cognitiva do indivduo, mas de

    onde eles vm?

    Segundo Moreira (1999) a origem dos conceitos subsunores pode ser

    explicada sob dois aspectos: quando so apresentados ao indivduo proposies ou

    conceitos em uma nova rea de conhecimento ocorre a aprendizagem mecnica,

    at que alguns destes elementos tornem-se relevantes a novas informaes na

    mesma rea e possam servir de subsunores, ainda que pouco elaborados.

    medida que a aprendizagem torna-se significativa estes subsunores vo sendo

    aperfeioados, tornando-se capazes de ancorar novas informaes.

    O segundo aspecto relaciona-se ao processo de formao de conceitos - que

    ocorre em crianas pequenas - que envolve generalizaes de reas especficas.

    Para ocorrncia da aprendizagem significativa necessria a formao de um

    conjunto adequado de conceitos, o qual est presente na maioria das crianas

    quando estas atingem a idade escolar.

    A Aprendizagem Significativa relaciona-se diretamente com dois processos:

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    - Diferenciao progressiva: modificao de um subsunor atravs do

    processo de interao e ancoragem, quando um novo conceito ou proposio

    aprendido. Os conceitos e proposies mais gerais do contedo devem ser

    apresentados no incio da instruo e diferenciados em termos de detalhe e

    especificidade (MOREIRA, 1999).

    - Reconciliao integrativa: novas informaes so adquiridas e as ideias

    estabelecidas na estrutura cognitiva, no curso de novas aprendizagens, podem ser

    reconhecidas como relacionveis e reorganizar-se, adquirindo novos significados. A

    relao entre as ideias deve ser explorada durante a instruo, apontando aspectos

    comuns e diferenas relevantes (MOREIRA, 1999).

    Ausubel entende a aprendizagem como um processo de modificao do

    conhecimento e para tanto reconhece a importncia dos processos cognitivos dos

    estudantes, que ocorrem em uma interao entre as informaes novas e a

    estrutura cognitiva de cada um. A estrutura cognitiva representa um dos principais

    fatores que influenciam a Aprendizagem Significativa. Esta estrutura compreende

    um complexo organizado de informaes presentes na mente de quem aprende, e

    dependendo de como se encontra organizada, a aprendizagem pode ser mais, ou

    menos facilitada.

    A Aprendizagem Significativa pode ser definida como um processo por meio

    do qual o sujeito que aprende relaciona, de maneira no-arbitrria e substantiva,

    uma nova informao a um aspecto relevante de sua estrutura cognitiva (MOREIRA,

    1999).

    A no-arbitrariedade e a substantividade so conceitos bsicos que

    caracterizam a Aprendizagem Significativa. A no-arbitrariedade indica que o

    relacionamento de uma nova informao deve se dar com um conhecimento

    especificamente relevante da estrutura cognitiva de quem aprende, no com um

    aspecto qualquer, arbitrrio, da mesma. A substantividade significa que o que

    essencial na nova informao que deve ser interiorizado pela estrutura cognitiva,

    no as palavras ou smbolos especficos usados para express-la (MOREIRA,

    1997).

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    2.1.1 Aprendizagem significativa e aprendizagem automtica

    No mbito escolar a Aprendizagem Significativa e a Aprendizagem

    Automtica esto entre os principais tipos de aprendizagem. Numa aprendizagem

    automtica no h nenhum esforo para integrar o novo conhecimento a conceitos

    existentes na estrutura cognitiva do estudante. Nenhum compromisso afetivo de

    relacionar novos conhecimentos a conhecimentos prvios. Existe a incorporao

    no-substantiva, arbitrria, literal de um novo conhecimento estrutura cognitiva. Na

    Aprendizagem Significativa h um esforo deliberado para ligar o novo

    conhecimento a conceitos de ordem superior, mais inclusivos na estrutura cognitiva.

    Existe o compromisso afetivo de relacionar novos conhecimentos a conhecimentos

    prvios. H a incorporao substantiva, no arbitrria, no literal de novo

    conhecimento estrutura cognitiva. Estudos de Ausubel et al. (1980), Moreira

    (1999), Coll et al. (2000), para diferenci-las, propem que se faa distino entre

    dois processos de aprendizagem, denominados aprendizagem receptiva e

    aprendizagem por descoberta. Na aprendizagem receptiva o contedo do qual o

    estudante deve tomar conhecimento e aprender lhe disponibilizado de forma

    acabada. No processo de aprendizagem por descoberta, no se apresenta o

    contedo a ser aprendido de forma sistematizada, mas este deve ser descoberto

    pelo estudante antes e, s depois, incorporado significativamente por sua estrutura

    cognitiva.

    A via de acesso Aprendizagem Significativa no necessariamente o

    processo de aprendizagem por descoberta, assim como uma aprendizagem

    automtica no necessariamente resultado de um processo de aprendizagem

    receptiva. A aprendizagem , em parte, consequncia da estratgia de ensino.

    Assim, tanto a aprendizagem receptiva, como a aprendizagem por descoberta

    podem ser significativa ou automtica, dependendo das condies em que ocorrem.

    Essas condies no se referem apenas estratgia de ensino adotada pelo

    professor, mas envolvem tambm aspectos especficos de cada sujeito e, dentre

    esses, os aspectos motivacionais. Todavia, a maneira como os contedos so

    disponibilizados aos estudantes em uma situao de ensino pode levar a uma

    aprendizagem mais significativa ou mais automtica. Embora a aprendizagem por

    descoberta e a aprendizagem receptiva sejam dois processos bastante distintos,

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    tanto um quanto o outro podem levar a uma Aprendizagem Significativa ou

    Automtica.

    2.1.2 Condies para uma Aprendizagem Significativa

    Pensar em uma educao que promova uma Aprendizagem Significativa

    requer levar em conta o processo de construo de significados como elemento

    central do processo de ensino e aprendizagem. Para que o ensino conduza a uma

    Aprendizagem Significativa, Ausubel indica as condies bsicas, de grande

    influncia para esse processo (MOREIRA, 1999; COLL et al. 2000):

    a) O material organizado para o ensino deve ser potencialmente significativo;

    b) A estrutura cognitiva do estudante deve dispor de conhecimentos prvios que

    permitam o relacionamento do que o aluno j sabe com os conhecimentos novos;

    c) O estudante deve apresentar uma predisposio positiva para aprender de

    maneira significativa, ou seja, para relacionar o conhecimento que j tem com o que

    deve aprender.

    De acordo com Ausubel et al. (1980), Moreira (1999) e Coll et al. (2000), as

    duas primeiras condies (a e b) esto associadas a dois fatores principais, sendo

    eles, a natureza do material em si e a natureza da estrutura cognitiva do estudante.

    A esses dizem respeito, respectivamente, o significado lgico e o significado

    psicolgico. Para que o material seja potencialmente significativo ele deve ser

    relacionvel estrutura cognitiva do estudante de maneira no-arbitrria e

    substantiva. H diferena entre um material ser potencialmente significativo em si, e

    ser potencialmente significativo para um determinado estudante. O significado

    lgico, diz respeito estrutura interna do material, sua natureza. Um material

    logicamente significativo requer que a estrutura do material, no seja arbitrria nem

    confusa, a fim de que se estabeleam relaes substantivas com os conhecimentos

    prvios, relacionveis s novas informaes. O significado psicolgico uma

    experincia idiossincrtica, diz respeito ao relacionamento substantivo e no-

    arbitrrio do material, que logicamente significativo, com a estrutura cognitiva de

    cada estudante. Nas palavras de Moreira,

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    [...] o significado real (significado psicolgico) emerge quando o significadopotencial (significado lgico) do material de aprendizagem converte-se emcontedo cognitivo e idiossincrtico por ter sido relacionado, de maneirasubstantiva e no-arbitrria, e por ter interagido com idias relevantesexistentes na estrutura cognitiva do indivduo (MOREIRA, 1999, p. 55).

    A condio referente disposio do estudante em aprender

    significativamente requer que ele manifeste uma disposio para relacionar, de

    forma no arbitrria e substantiva, o novo material sua estrutura cognitiva. Para

    Moreira (1999) a predisposio para aprender e a Aprendizagem Significativa tem

    uma relao cclica: [...] a Aprendizagem Significativa requer predisposio para

    aprender e, ao mesmo tempo, gera esse tipo de experincia afetiva (COLL et al.,

    2000), ao enfatizar o que Ausubel j mencionava, sugerem que se volte a ateno

    tambm a aspectos motivacionais do estudante. No basta que o material, ou as

    atividades de aprendizagem sejam potencialmente significativos, se o estudante no

    estiver motivado ou no dispuser de caractersticas cognitivas adequadas, ou ainda,

    se ele se satisfaz adquirindo conhecimentos vagos ou difusos, sem a significncia

    devida, ao adotar estratgias que o levam a internalizar o contedo de forma literal e

    arbitrria.

    Para Moreira (1997), importante que na avaliao da Aprendizagem

    Significativa busquemos evidncias de que o estudante, cada vez mais, use os

    significados compartilhados no contexto da matria de ensino. Pretendemos levar o

    estudante a uma compreenso e utilizao conceitual atravs da Aprendizagem

    Significativa e no por memorizao.

    O ensino deve agir no sentido de que os estudantes aprofundem e ampliem

    os significados que constroem ou adquirem por meio da participao nas atividades

    de aprendizagem. Em uma pesquisa desenvolvida com estudantes a respeito de

    fatores que influenciaram para a ocorrncia da Aprendizagem Significativa,

    Buchweitz (2001) destaca a participao ativa dos estudantes nas atividades de

    aprendizagem. De acordo com a pesquisa, os prprios estudantes consideram sua

    Aprendizagem Significativa por representar aquisio de valores ou reflexos na

    mudana de comportamentos e tambm citaram a aplicao dos conhecimentos em

    novas situaes, a reteno do conhecimento e a satisfao em aprender, como

    motivos para considerar significativa a aprendizagem descrita.

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    2.1.3 Organizando Substantiva e Programaticamente o Ensino

    O professor tem um importante papel no processo de ensino e aprendizagem,

    pois cabe a ele organizar o material de ensino. Embasado em seu conhecimento,

    deve demonstrar habilidade para identificar os conceitos fundamentais do contedo

    e organiz-los hierarquicamente, partindo dos de maior generalizao de forma que

    esses possam ser relacionveis e capazes de integrar o maior nmero de conceitos.

    Para que a Aprendizagem Significativa acontea, necessrio pensar em

    estratgias que facilitem aos estudantes a aquisio de uma estrutura cognitiva que

    seja adequada, j que esta a varivel mais importante neste processo de

    aprendizagem.

    A estrutura cognitiva pode ser influenciada de duas formas para fins

    pedaggicos:

    Substantivamente, com propsitos organizacionais e integrativos, usando asproposies e conceitos unificadores do contedo, que tm maior poderexplanatrio, inclusividade, generalidade e relacionabilidade; eprogramaticamente, empregando princpios programticos para ordenarseqencialmente o contedo a ser disponibilizado ao estudante, respeitandosua organizao e lgica internas e planejando a realizao de atividadesadequadas (AUSUBEL et al., 1980, p. 138, MOREIRA, 1997, p. 36).

    Neste sentido, segundo Moreira (1999), alguns procedimentos so

    importantes para proporcionar a facilitao da Aprendizagem Significativa. A

    primeira orientao de que se faa uma anlise conceitual do contedo a fim de

    identificar conceitos e procedimentos bsicos, para neles concentrar o empenho na

    organizao do material com as atividades de aprendizagem. Outra orientao de

    no sobrecarregar o estudante de informaes desnecessrias que possam dificultar

    a organizao cognitiva. Por fim, importante buscar a melhor maneira de

    relacionar, explicitamente, os aspectos mais importantes do contedo a ser

    desenvolvido, aos aspectos especificamente relevantes da estrutura cognitiva do

    estudante.

    Levando em conta os fatores expostos anteriormente o papel do professor,

    atuando como facilitador da Aprendizagem Significativa envolve alguns aspectos

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    fundamentais (MOREIRA, 1999) como identificar, em cada matria do ensino, as

    estruturas conceitual e proposicional organizando-as de maneira sequencial de

    modo que, a partir de conceitos e princpios unificadores, ocorra a adequao

    necessria para o estabelecimento das particularidades especficas de cada

    contedo. Determinar quais os subsunores mais adequados (ideias, proposies e

    conceitos) so necessrios para a Aprendizagem Significativa dos contedos.

    Verificar quais dos subsunores necessrios para o desenvolvimento de cada

    contedo esto presentes na estrutura cognitiva dos estudantes.

    2.1.4 A Aprendizagem Significativa na viso de Novak

    Joseph Novak considerado um dos principais responsveis por divulgar e

    refinar a teoria da Aprendizagem Significativa. Foi colaborador de Ausubel em

    diversos trabalhos, dentre os quais a obra Psicologia Educacional de Ausubel,

    Novak e Hanesian (1980). Elaborou uma teoria, que tem como elemento central a

    Aprendizagem Significativa, incutida de uma conotao humanista, superando a

    caracterstica cognitivista enfatizada por Ausubel.

    Para Novak, a Aprendizagem Significativa compreende a integrao

    construtiva entre pensamento, sentimento e ao que conduz ao engrandecimento

    humano.

    Levando em considerao que os seres humanos pensam, sentem e agem,

    Novak prope que uma teoria de Educao deva compreender estes trs

    componentes.

    Deste modo, Novak & Gowin (1988), acreditam que em um evento

    educacional, um ser humano (estudante) adquire um conhecimento em um

    determinado contexto, interagindo com um professor (ou algo que o substitua); a

    avaliao tambm se inclui no evento porque muito do que acontece no processo

    ensino-aprendizagem-conhecimento-contexto, depende da avaliao, ou, como

    coloca Novak, muito do que acontece na vida das pessoas depende tambm da

    avaliao.

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    Levando em considerao estes cinco elementos, Novak prope como

    fundamental em sua teoria a ideia de que todo evento educativo implica em ao

    para trocar significados entre professor e estudante cujo objetivo a Aprendizagem

    Significativa de um novo conhecimento contextualmente aceito.

    Segundo Novak & Gowin (1988, p. 136), o interesse na captao dos

    significados, em sua reorganizao por meio da Aprendizagem Significativa e na

    interpretao compartilhada dos significados nas interaes entre professores e

    estudantes se resume na definio de governos: o controle dos significados controla

    o esforo. Para eles, as boas experincias educativas deveriam ajudar a controlar o

    significado de maneira a levar tanto a um esforo como a uma satisfao humana

    apropriados.

    Os princpios pertinentes teoria de Novak, segundo organizao de Moreira

    (1999), permitem uma viso de seu trabalho terico.

    1. Todo evento educativo envolve cinco elementos: aprendiz, professor,conhecimento, contexto e avaliao.2. Pensamentos, sentimentos e aes esto interligados, positiva ounegativamente.3. Aprendizagem significativa requer:a) disposio para aprender;b) materiais potencialmente significativos;c) algum conhecimento relevante.4. Atitudes e sentimentos positivos em relao experincia educativa tmsuas razes na aprendizagem significativa e, por sua vez, a facilitam.5. O conhecimento humano construdo; a aprendizagem significativasubjaz a essa construo.6. O conhecimento prvio do aprendiz tem grande influncia sobre aaprendizagem significativa de novos conhecimentos.7. Significados so contextuais; aprendizagem significativa no implicaaquisio de significados corretos.8. Conhecimentos adquiridos por aprendizagem significativa so muitoresistentes a mudanas.9. O ensino deve ser planejado de nodo a facilitar a aprendizagemsignificativa e a ensejar experincias afetivas positivas.10. A avaliao da aprendizagem deve procurar evidncias deaprendizagem significativa.11. O ensino, o currculo e o contexto tambm devem ser avaliados.12. Mapas conceituais podem ser representaes vlidas da estruturaconceitual/ proposicional de conhecimento de um indivduo; podem serinstrumentos de meta-aprendizagem (MOREIRA, 1999, p. 41, 42).

    Os Mapas Conceituais so considerados um importante recurso pedaggico

    para facilitar a Aprendizagem Significativa e segundo Novak (2003) ele serve como

    um tipo de modelo para ajudar a organizar o conhecimento e a estrutur-lo. Segundo

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    ele, muitos estudantes e professores so surpreendidos por ver que como essa

    simples ferramenta facilita a Aprendizagem Significativa e a criao de uma

    poderosa estrutura cognitiva que no apenas permite a utilizao do conhecimento

    em novo contexto, mas tambm a reteno do conhecimento por longo perodo de

    tempo.

    2.1.5 Mapas Conceituais

    Os Mapas Conceituais so definidos como um recurso didtico que enfatiza

    conceitos e relaes entre conceitos, de acordo com os princpios da diferenciao

    progressiva e da reconciliao integradora (MOREIRA & BUCHEWEITZ, 1987).

    De acordo com Moreira & Bucheweitz (1987) os Mapas Conceituais no so

    nicos, tendo em vista que existem diversas maneiras de dispor conceitos e suas

    relaes em um diagrama e comumente pessoas distintas apresentam disposies

    distintas e diversas dos conceitos e suas relaes. Dessa forma cada um deve ser

    entendido como uma possvel representao de certa estrutura conceitual.

    Os Mapas Conceituais podem ser obtidos de variadas formas. O professor

    pode solicitar que os estudantes os construam, ou ainda, podem ser obtidos

    indiretamente por meio das respostas destes em testes escritos ou entrevistas orais

    (MOREIRA & BUCHWEITZ,1987). Quanto sua construo, no existem regras

    fixas, mas usualmente o procedimento consta de identificar os conceitos, list-los em

    uma ordem hierrquica, distribu-los em duas dimenses (vertical e horizontal),

    traar linhas que indiquem as relaes entre eles e escrever a natureza de cada

    relao. As linhas que ligam um conceito a outro podem ou no permitir uma seta

    em um dos extremos, esta serve para indicar o sentido da leitura. A natureza da

    relao a que nos referimos, compreende o uso de conectivos (uma ou duas

    palavras) que unem dois conceitos, seu uso no indispensvel, porm, contribui

    para uma melhor compreenso do mapa.

    Conforme MOREIRA & BUCHWEITZ, (1987) e NOVAK & GOWIN (1988), os

    Mapas Conceituais constituem uma representao explcita e ao menos aproximada

    da estrutura conceitual que o estudante possui, permitindo ao professor avaliar o

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    que o educando sabe em termos conceituais. Ou seja, o professor pode observar

    como o estudante estrutura, hierarquiza, diferencia, relaciona, discrimina e integra

    conceitos de um determinado assunto. Alm disso, os mapas so instrumentos

    auxiliares para determinar o conhecimento prvio do educando e para investigar

    mudanas em sua estrutura cognitiva durante as aulas.

    Os mapas fornecem informaes qualitativas que permitem ao professor e

    aos estudantes discutirem os seus pontos de vista sobre a validade de suas

    representaes e avaliar o processo de aprendizagem. Porm, se houver

    necessidade de atribuir valor aos mapas, sugerido estabelecer critrios para

    quantific-los. Novak & Gowin (1988), sugerem que a pontuao seja atribuda

    sobre: as relaes ou conexes vlidas entre conceitos; os nveis vlidos de

    hierarquia estabelecidos; as conexes cruzadas vlidas entre segmentos distintos

    da hierarquia conceitual, e, em alguns casos, os exemplos vlidos apresentados. Os

    autores acreditam que sempre que esses critrios forem aplicados levando em conta

    os princpios da Aprendizagem Significativa, os mapas podem servir para avaliar a

    aprendizagem, pelo menos de uma maneira to eficiente quanto maioria das

    outras formas de avaliao de determinado assunto. A partir de um conceito central,

    o indivduo (ou grupo) coloca as palavras e as ideias que se relacionam com este

    conceito.

    2.2 A Incluso da Tecnologia na Educao

    A principal questo relacionada insero da Informtica na Educao a

    distino entre o uso do computador para ensinar ou para promover a aprendizagem

    (VALENTE,1998).

    A anlise desta questo nos possibilita entender que a utilizao do

    computador como ferramenta auxiliar para o desenvolvimento de atividades

    didticas no um atributo inerente ao mesmo, mas est relacionado forma como

    concebida a tarefa na qual ele ser utilizado, ou seja, deve proporcionar uma

    integrao conveniente ao enfoque educacional adotado: a tecnologia deve se

    adequar educao e no o contrrio (VALENTE, 1997).

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    Segundo Valente (1997), se o objetivo de sua utilizao for passar

    informaes para o estudante, administrando e avaliando as atividades que o

    mesmo desenvolve o computador exerce a mesma funo que o professor

    tradicional, a de transmissor do conhecimento. Para possibilitar mudanas no

    sistema atual de ensino, o computador dever ser usado como um recurso no qual o

    estudante possa criar, pensar e manipular as informaes, aes estas que auxiliam

    na construo do conhecimento.

    [...] o uso inteligente do computador na educao justamente aquele quetenta provocar mudanas na abordagem pedaggica vigente ao invs decolaborar com o professor para tornar mais eficiente a transmisso doconhecimento (VALENTE, 1997, p. 2).

    A linha construcionista de Papert (1986) nos mostra uma nova viso que

    oferece aos estudantes uma postura de investigao, de compartilhamento, que o

    leva a posicionar-se criticamente sobre a realidade em que est inserido. A

    preparao de educadores para desempenhar essas novas funes outro grande

    desafio a ser enfrentado.

    O computador, em particular permite novas formas de trabalho,possibilitando a criao de ambientes de aprendizagem em que os alunospossam pesquisar fazer antecipaes e simulaes, confirmar idiasprvias, experimentar, criar solues e construir novas formas derepresentao mental (Brasil, 1999, p.141).

    2.2.1 O professor no Contexto da Tecnologia

    Segundo DAmbrsio (1998) a relao educacional passar de professor-

    aluno para professor-aluno-computador. A implantao de recursos tecnolgicos nas

    escolas deve associar a instalao de laboratrios com computadores com a

    capacitao de professores, para que aqueles sejam utilizados adequadamente

    como recurso pedaggico. Muitas escolas dispem de computadores, no entanto,

    sua utilizao restringe-se ao navegar livremente na internet. Os professores

    mostram-se resistentes insero da tecnologia, devido ao fato de estarem

    acomodados em suas salas de aula, ministrando suas aulas de forma tradicional,

    onde o estudante o sujeito receptor. Passando a utilizar o computador em suas

    aulas, haver grande possibilidade do estudante ser sujeito ativo na busca do

    conhecimento. O estudante poder ter uma grande interatividade com os softwares

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    utilizados. O professor ser o orientador do processo. Essa desacomodao, ou

    seja, esta nova situao levar escola, professores e estudantes a um novo

    paradigma educacional.

    Valente (1999) argumenta que preciso investir na formao efetiva do

    professor para o uso pedaggico da informtica, no somente torn-lo apto a utilizar

    a mquina. Assim, se faz necessrio distinguir entre capacitao atravs de cursos

    de treinamento (resume-se a adio de conhecimentos e tcnicas de informtica s

    atividades j realizadas pelo professor em sala de aula) e capacitao atravs de

    cursos de formao (propiciam condies para que ocorra uma mudana na forma

    com que o professor v a sua prtica assumindo uma nova postura, a partir da

    compreenso de como ocorre o processo de ensino e aprendizagem atravs da

    utilizao desta tecnologia).

    Ainda, segundo Valente (1999), a insero da Informtica na Educao

    requer o conhecimento simultneo das partes tcnica e pedaggica, pois uma

    fornece suporte outra. No momento em que o professor sentir segurana com as

    questes tcnicas necessrias, poder avanar de forma expressiva na explorao

    do desenvolvimento de atividades pedaggicas mais elaboradas.

    [...] mesmo dispondo de uma gama imensa de possibilidades oferecidaspelos novos recursos de informtica, deparamos com os usos banais detecnologia, indicando uma falta de articulao entre o pedaggico e otcnico (VALENTE, 1999, p. 21).

    Assim, o papel do professor redesenhado dentro do processo de ensino-

    aprendizagem: ele deixa de ser um transmissor de conhecimento, transformando-se

    no organizador de ambientes de aprendizagem e assumindo o papel de mediador no

    processo de desenvolvimento da estrutura cognitiva do estudante. Pois o

    professor, atravs de suas concepes sobre o que ensinar e aprender, quem

    determina as possibilidades de uso dos softwares na Educao (SETTE, 1998,

    apud VIEIRA, 2004).

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    2.2.2 Concepes Construcionista

    Segundo Papert (1986), a construo do conhecimento atravs do

    computador tem sido denominada por construcionismo. Esta construo do

    conhecimento acontece quando o estudante constri um objeto de seu interesse,

    como uma obra de arte, um relato de experincia ou um programa de computador.

    Existem duas ideias que contribuem para este tipo de construo do conhecimento:

    o aprendiz constri alguma coisa atravs do fazer, do colocar a mo na massa e

    para este fazer ele deve estar envolvido afetivamente. O envolvimento afetivo torna

    a aprendizagem mais significativa.

    Ainda, o estudante est inserido em um ambiente social e pode usar todos os

    elementos provenientes deste como fonte de conhecimento, ampliando o campo de

    ideias e estratgias a serem utilizadas na resoluo dos problemas, atravs do

    computador (VALENTE, 1998). Desta forma, o processo de ensino-aprendizagem

    tendo como ferramenta o computador subentende que o estudante, atravs de

    aplicativos computacionais, possa adquirir ou aprimorar conceitos sobre os mais

    variados domnios do conhecimento.

    Quando o computador, atravs de softwares ensina o estudante, o processo

    continua ocorrendo de forma tradicional. O computador nada mais do que uma

    mquina de ensinar, ancorada por programas tutorias, onde os estudantes seguem

    instrues programticas direcionadas que no exigem dele habilidade de raciocnio,

    no propiciando assim o desenvolvido da sua estrutura cognitiva e muito menos do

    senso crtico necessrio para a sua formao, isto , o computador simplesmente

    substitui os livros didticos convencionais. No segundo polo, quando o estudante

    ensina o computador atravs da utilizao de softwares, o computador passa a ser

    utilizado como uma ferramenta que proporciona ao estudante a oportunidade de

    resolver problemas, escrever, desenhar, simular situaes tericas, recriar projees

    tridimensionais de objetos, ou seja, o aprendiz tem a oportunidade de manipular a

    informao, analis-la e formular suas prprias concluses. As possibilidades de uso

    do computador como ferramenta educacional est crescendo e os limites dessa

    expanso so desconhecidos. Cada dia, surgem novas maneiras de usar o

    computador como um recurso para enriquecer e favorecer o processo de

    aprendizagem. Isso nos mostra que possvel alterar o paradigma educacional;

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    hoje, centrado no ensino, para algo que seja centrado na aprendizagem (VALENTE,

    1998, p.18). Sob este aspecto o computador no mais um instrumento utilizado

    para ensinar o aprendiz, mas uma ferramenta com a qual o estudante desenvolve

    algo, e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por

    intermdio do computador (VALENTE, 1998).

    2.2.3 A Tecnologia como Recurso para Aumentar o Interesse dos Estudantes

    A utilizao da tecnologia em sala de aula trouxe a esperana de ajudar a

    resolver a questo de reter o interesse dos estudantes. Mas, o recurso por si s no

    suficiente para atingir este grande objetivo. Para acompanhar todo o processo de

    ensino e aprendizagem necessrio que o estudante esteja envolvido em uma

    Aprendizagem Significativa.

    (...) para que os estudantes aprendam significativamente, eles devem estarvoluntariamente engajados numa tarefa significativa (...) o objetivo ouinteno da tarefa deveria requerer atividades de aprendizagemcooperativas, autnticas, intencionais, construtivas e ativas (JONASSEN,2003, p.20).

    O que conduzir os estudantes a novas aprendizagens a natureza da tarefa

    ou da atividade na qual esto envolvidos. Sendo assim, a elaborao das propostas

    metodolgicas nas escolas deve contemplar atividades que levem a uma

    Aprendizagem Significativa. E uma dessas opes a Modelagem Matemtica que

    muitas vezes associada a outras estratgias pedaggicas, como o uso da

    Tecnologia da Informao e Comunicao (TIC). Para tentar expandir as

    investigaes em sala de aula em direo a temas mais gerais, buscamos integrar a

    experimentao com tecnologia ao trabalho de modelagem. Os recursos

    tecnolgicos permitem, segundo Borba (1999), que os processos de experimentao

    sejam explorados de maneira mais dinmica. Ele destaca que o papel do professor

    de extrema importncia durante todo o processo. Tambm enfatizado que os

    temas ou problemas sejam oriundos da realidade do estudante, e salienta que os

    mesmos devem escolher o tema a ser estudado.

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    2.2.4 Avaliao de Softwares Educativos

    O computador pessoal uma ferramenta que veio para facilitar a vida das

    pessoas. No contexto da Educao, veio para colaborar com o processo ensino-

    aprendizagem, ajudar no processo de conceituao e no desenvolvimento de

    habilidades para que estes participem da sociedade do conhecimento. No que se

    refere aos computadores e sua utilizao para aprender Matemtica, cada vez h

    mais softwares de domnio pblico ou de baixo custo disponveis (HAETINGER,

    2002). Algumas das novas habilidades a serem desenvolvidas pelo professor

    referem-se avaliao criteriosa de software e seu adequado uso em sala de aula.

    Avaliar um software educativo, segundo Valente (1994, 1999) significa

    analisar como ele pode ter um uso educacional, como pode ajudar o aprendiz a

    produzir seu conhecimento e a modificar sua realidade. Tambm dever ser

    avaliado dentro de uma proposta pedaggica. O software para ser educativo deve

    ser pensado segundo uma teoria sobre como o sujeito aprende, como ele se

    apropria e constri seu conhecimento. O software para ser autnomo, deve ter como

    fundamento o ensino programtico, onde as informaes por si s promovem o

    ensino de qualquer contedo, independente das condies especficas da realidade

    educacional de uma escola. Qualquer software que se prope a ser educativo deve

    permitir a interveno do professor.

    Na sociedade da informao cresce a oferta de produtos, dentre eles os que

    tiram partido das tecnologias online. Assim, so cada vez maiores os desafios com

    que se defrontam os professores que desejam incorporar a TIC nas suas prticas

    profissionais e de seus estudantes. Tomando em considerao o importante papel

    que os computadores desempenham na sociedade, cresce a importncia dos

    professores participarem da avaliao de softwares multimdia. Esta habilidade para

    ser desenvolvida deveria ser considerada como eixo principal do seu processo de

    formao, tendo em vista a preparao para o uso da TIC. Com o grande

    desenvolvimento tecnolgico assistido nos ltimos anos e as novas exigncias

    sociais que a nova TIC veio trazer, cabe a pergunta: em que medida a escola tira

    partido do seu enorme potencial, e em que medida est preparando os jovens para

    serem bem sucedidos num mundo tecnolgico?

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    A realidade de nossas escolas mostra a escassez de estudos sistemticos

    sobre a utilizao pedaggica de softwares educativos, associada a sua fraca

    utilizao e tambm quase ausncia de padres de qualidade pedaggica.

    A avaliao de qualidade do software educativo deve ser sobre o produto em

    si mesmo, forando a anlise das caractersticas intrnsecas de forma a poder

    concluir sobre o seu valor absoluto, a sua utilizao e explorao pedaggica, ou

    seja, o seu valor enquanto meio, recurso ou ferramenta ao servio do processo de

    ensino e de aprendizagem e as aquisies que proporciona, de forma a poder

    concluir-se sobre o tipo e a qualidade da aprendizagem que permite. Os softwares

    devem fornecer pistas aos professores sobre seu potencial de uso, sem prescrever,

    mas proporcionando informaes sobre uma adequada integrao ao currculo. O

    resultado da avaliao ter, pois, a funo central de ajudar o professor no

    conhecimento e na utilizao dos programas, enfatizando o conhecimento sobre os

    aspectos pedaggicos, metodolgicos e culturais que esses programas encerram.

    Segundo Valente (1994 e 1999), um bom software deve desenvolver o

    raciocnio e facilitar situaes de resoluo de problemas, favorecer a interao,

    permitir ao estudante agir sobre os resultados fornecidos pelo computador. Deve

    fazer uma abordagem construcionista (Papert, 1986), e no apenas instrucionista,

    facilitando a interao do professor. Ter a capacidade de motivar e despertar a

    curiosidade dos estudantes. Sua linguagem deve ser simples, precisa e formal. Deve

    permitir ao aprendiz a execuo de procedimentos, a reflexo do que foi executado

    e tambm a depurao dos procedimentos quando os resultados no so os

    esperados.

    O software a ser trabalhado, segundo Costa (2005), deve seguir as seguintes

    recomendaes:

    - ter uma perspectiva multidimensional, conjugando diferentes vertentes

    normalmente associadas ao processo educativo;

    - articular as dimenses psicolgica, curricular, didtica e tecnolgica;

    - ser avaliado em trs planos: sobre o produto propriamente dito, sua

    utilizao em contextos concretos e sobre os resultados por eles midiatizados.

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    Desta forma, para um software ser educativo ele deve ser um ambiente

    interativo que proporcione ao estudante a possibilidade de investigar, refletir sobre

    as informaes apresentadas e resultados obtidos, levantar hipteses e test-las

    com o objetivo de aprimorar as ideias iniciais referentes ao problema a ser resolvido.

    Para tanto, Papert (1986) e Valente (1998) sugerem a realizao do ciclo descrio-

    execuo-reflexo-depurao-descrio:

    - Descrio do problema: representao (insero) dos dados referentes ao

    problema usando os recursos disponveis no software.

    - Execuo dessa descrio pelo software.

    - Reflexo sobre os resultados apresentados: o processo de reflexo implica

    na abstrao dos resultados obtidos, acarretando uma das seguintes aes

    alternativas:

    1. A resoluo corresponde s ideias iniciais, logo no so necessrias

    modificaes no procedimento;

    2. O resultado apresentado no corresponde s ideias iniciais, assim so

    necessrias modificaes no procedimento.

    - Depurao: necessria quando os resultados apresentados pelo computador

    no correspondem s ideias iniciais e acontece atravs da busca de novas

    informaes que sero utilizadas para modificar a descrio anteriormente definida.

    - Descrio do problema: refeita atravs da depurao, reiniciando o ciclo

    interativo.

    Na concepo construcionista (Papert, 1986), o estudante constri, atravs do

    computador, o seu prprio conhecimento (computador como ferramenta), isto ,

    quando o aprendiz est interagindo com o computador ele est manipulando

    conceitos e isso contribui para o seu desenvolvimento mental (VALENTE, 1998).

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    2.3 Modelagem Matemtica

    Nesta seo vamos descrever as diferentes formas de uso da Modelagem

    Matemtica, mencionaremos a Modelagem Matemtica na Matemtica Aplicada,

    definiremos o modelo matemtico e descreveremos as etapas da Modelagem

    Matemtica, enfatizando-a como metodologia de ensino e aprendizagem,

    caracterizando-a como tal.

    2.3.1 Modelagem Matemtica em Vrios Olhares

    Modelagem Matemtica pode ser assumida de maneiras distintas em

    atividades profissionais.

    Chevallard et al. (2001), entendem que grande parte da atividade matemtica

    pode ser identificada como uma atividade de Modelagem. Em sua concepo, um

    aspecto essencial da atividade matemtica consiste em construir um modelo

    (Matemtico) da realidade que queremos estudar, trabalhar com tal modelo e

    interpretar os resultados obtidos nesse trabalho, para responder as questes

    inicialmente apresentadas (CHEVALLARD et al. 2001, p. 50). Para estes autores a

    atividade matemtica contempla tanto questes no matemticas, como tambm

    questes que surgem dentro do trabalho do matemtico, que denominamos

    questes intramatemticas.

    Ao discorrer sobre aplicaes da Matemtica, Bassanezi (2002) aborda dois

    aspectos da atividade da Matemtica Aplicada, que esto em consonncia com o

    Chevallard et al. (2001). Segundo ele, o primeiro aspecto consiste em adaptar

    conceitos, configuraes ou estruturas matemticas aos fenmenos da realidade.

    No segundo aspecto, as situaes da realidade aparecem como motivo para

    formulao de novos conceitos e estruturas matemticas. Em trabalhos de

    investigao em Matemtica no incomum estes dois aspectos serem

    combinados, culminando em novos mtodos e tcnicas.

    Bassanezi (2002) faz meno ao uso da Matemtica em uma colocao em

    que substancialmente se refere Modelagem Matemtica:

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    O objetivo fundamental do uso de Matemtica de fato extrair a parteessencial da situao-problema e formaliz-la em um contexto abstratoonde o pensamento possa ser absorvido com uma extraordinria economiade linguagem. Desta forma, a Matemtica pode ser vista como instrumentointelectual capaz de sintetizar idias concebidas em situaes empricasque esto quase sempre camufladas num emaranhado de variveis demenor importncia (BASSANEZI, 2002, p. 18).

    Conforme a definio apresentada por Bassanezi, Modelagem Matemtica

    um processo dinmico utilizado para a obteno e validao de modelos

    matemticos. uma forma de abstrao e generalizao com a finalidade de

    previso de tendncias. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de

    transformar situaes da realidade em problemas matemticos cujas solues

    devem ser interpretadas na linguagem usual (BASSANEZI, 2002, p. 24).

    2.3.2 A Modelagem Matemtica na Matemtica Aplicada

    De acordo com Bassanezi (2002), A Matemtica Aplicada essencialmente

    interdisciplinar e sua atividade consiste em tornar aplicvel alguma estrutura

    Matemtica fora do seu campo estrito; a modelagem, por sua vez, um instrumento

    indispensvel da Matemtica Aplicada.

    A rea de pesquisa denominada Matemtica Aplicada incumbe-se

    normalmente de questes provenientes de problemas no matemticos. O papel do

    profissional desta rea consiste em estudar a situao-problema e propor uma

    soluo. A fim de lidar com a situao, um procedimento comum, se no necessrio,

    selecionar fatores que so representativos no problema, abordando-o de maneira

    a trabalhar com uma simplificao da realidade. Desta forma, apenas as variveis

    mais relevantes so consideradas na elaborao do modelo matemtico. O

    processo de obteno do modelo constitui a Modelagem Matemtica.

    2.3.3 Definio de Modelo Matemtico

    O modelo, por outra parte, pode ser entendido como um sistema artificial,

    uma formalizao de uma poro da realidade, de um sistema do qual se seleciona

    aspectos essenciais como argumentos ou parmetros.

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    Bassanezi (2002) descreve de uma forma simplificada que um modelo

    matemtico um conjunto de smbolos e relaes matemticas que representam de

    alguma forma o objeto estudado cuja aceitao depende da necessidade de quem

    est envolvido na construo do modelo e de seus fins.

    Em meno Modelagem Matemtica, Davis & Hersh (1995) descrevem-na

    como a arte de adotar a estratgia adequada face s dificuldades prprias da

    Matemtica.

    A constatao de que a obteno do modelo, ou dos modelos, depende dashipteses escolhidas, apresentamos a seguinte definio de modelomatemtico: modelo matemtico um conjunto completo e consistente deequaes matemticas que so concebidas de modo a corresponderem auma outra entidade, o seu prottipo. O prottipo poder ser uma entidadefsica, biolgica, social, psicolgica ou conceptual, porventura at mesmooutro modelo matemtico (DAVIS & HERSH, 1995, p. 84).

    2.3.4 Etapas do Processo de Modelagem

    O procedimento de um modelador envolve vrias etapas que invariavelmente

    ocorrem na prtica. As etapas que apresentamos aqui so possveis de serem

    encontradas na literatura. H muita similaridade entre elas, algumas so mais

    sucintas, outras mais detalhadas, mas todas so representaes simplificadas e

    explicativas do processo de Modelagem Matemtica. As etapas caractersticas de

    um processo de Modelagem Matemtica, conforme (BIEMBENGUT, 2002, p. 44)

    so, pois:

    -Identificao do problema real.-Formulao do modelo matemtico.-Obteno da soluo matemtica do modelo.-Interpretao da soluo.-Comparao com a realidade.-Escrita do relatrio e apresentao dos resultados.

    2.3.5 Modelagem Matemtica como Metodologia de Ensino e Aprendizagem

    Uma caracterstica que, em geral, o processo de Modelagem Matemtica

    adquire em um enfoque educacional de que algumas etapas do esquema de

    modelagem podem ser menos enfatizadas, em relao ao trabalho de um

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    profissional da Matemtica Aplicada. O grau de rigor com os modelos tambm no

    o mesmo. Segundo Bassanezi (2002, p. 38), Mais importante do que os modelos

    obtidos o processo utilizado, a anlise crtica e sua insero no contexto scio-

    cultural.

    desejvel que durante a modelagem, ocorra a aprendizagem de conceitos e

    tcnicas do contedo que est sendo estudado. Assim o objeto de estudo pode

    contribuir como agente motivador da aprendizagem e dar suporte para a ocorrncia

    da mesma. Neste sentido, encontramos em DAmbrsio (1986) um forte argumento,

    que vem corroborar esta expectativa:

    [...] o ponto de vista que me parece de fundamental importncia e querepresenta o verdadeiro esprito da Matemtica a capacidade de modelarsituaes reais, codific-las adequadamente, de maneira a permitir autilizao das tcnicas e resultados conhecidos em outro contexto, novo,isto , a transferncia de aprendizado resultante de uma certa situao paraa situao nova um ponto crucial do que se poderia chamar aprendizadoda Matemtica, e talvez o objetivo maior do seu ensino (p.44).

    Assumimos a Modelagem Matemtica como metodologia de ensino e

    aprendizagem por reconhecermos que o uso da mesma em um ambiente escolar

    traz a possibilidade de desenvolver nos sujeitos, participantes do processo,

    inmeros aspectos importantes e requeridos pela Educao Matemtica, como

    colocam os trabalhos de Clements (1989), Blum & Niss (1991), Moscardini &

    Ersoy(1994), Bassanezi (2002), Dambrsio (2002), Almeida (2003a, 2003b), entre

    outros.

    Neste contexto, consideramos a Modelagem Matemtica como uma

    abordagem, por meio da Matemtica, de uma situao ou problema da realidade,

    configurando uma atividade que se desenvolve segundo um esquema um ciclo de

    modelagem no qual a escolha do assunto tem a participao direta dos sujeitos

    envolvidos.

    2.3.6 Um Caminho para a Efetivao de uma Proposta em Sala de Aula

    De forma geral o ambiente a que nossos estudantes esto habituados

    caracterstico das aulas discursivas e expositivas, com pouco espao para interao

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    (ALMEIDA, 2002a; FERRUZZI, 2003). Deste modo, adequado que a integrao

    das atividades de Modelagem Matemtica em sala de aula seja um processo

    gradativo, permitindo ao estudante a familiarizao com o ambiente nesta

    perspectiva. Com a expresso processo gradativo, queremos dizer que a

    participao dos estudantes em termos de grau de envolvimento na atividade deve

    aumentar no decorrer do desenvolvimento da mesma.

    Os estudantes devem perceber desde o princpio a importncia e a utilidade

    do processo de modelagem. Ento sugerido que as atividades de ensino

    ponderem trs diferentes momentos (ALMEIDA, 2002a, 2002b).

    Em um primeiro momento sugere-se desenvolver com os estudantes um

    trabalho de modelagem j estruturado. Este deve contemplar todas as etapas do

    processo e no ser muito complexo para que os estudantes tenham uma

    compreenso significativa do mesmo.

    No segundo momento o professor sugere aos estudantes uma situao

    problema j estabelecida, juntamente com um conjunto de informaes, e os

    estudantes participem da formulao das hipteses, da deduo do modelo e de sua

    posterior validao.

    No terceiro momento os estudantes so incentivados a conduzirem um

    processo de modelagem a partir de um problema escolhido por eles e devidamente

    assessorados pelo professor.

    Como j nos referimos, h indcios de que a aquisio do conhecimento se d

    a partir de fatos da realidade. Entendemos que a Modelagem Matemtica em sala

    de aula viabiliza a interao da Matemtica escolar com a Matemtica fora do

    ambiente da sala de aula. No entanto, segundo Niss (1992), no suficiente que o

    contato com o processo se d apenas quanto aos aspectos puramente matemticos

    do trabalho. Para que o estudante saia da posio passiva, onde apenas recebe

    informaes, e se torne um sujeito ativo e participante, necessrio que ele

    participe do desenvolvimento de todo o processo de modelagem.

    Neste sentido, ressaltamos ainda, que, no que diz respeito ao fator motivao

    dos estudantes, melhores resultados podem ser esperados se as atividades de

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    modelagem eleitas pelo professor para serem trabalhadas nos primeiros momentos

    tiverem relao com a rea de interesse dos estudantes, ou seja, que a realidade

    no seja qualquer, mas sim a realidade na qual eles estejam inseridos.

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    3 OBJETIVO

    3.1 Objetivo Geral

    Desenvolver uma proposta de Modelagem Matemtica, utilizando como

    ferramenta auxiliar o software de domnio pblico Graphmatica1, e atravs dela

    verificar se os materiais didticos propostos foram potencialmente significativos e se

    contriburam para uma Aprendizagem Significativa de funes afins.

    3.2 Objetivos Especficos

    - Identificar, nas produes dos estudantes, evidncias de uma Aprendizagem

    Significativa do contedo de funes afins.

    - Oportunizar aos estudantes materiais com potencial para que possam

    construir conceitos cientificamente aceitos como corretos.

    - Utilizar a Modelagem Matemtica como metodologia de ensino e

    aprendizagem para facilitar a Aprendizagem Significativa.

    - Analisar de que modo os estudantes percebem a importncia do uso do

    software Graphmatica para a realizao de atividades didticas.

    1 ftp://ftp.ufv.br/dma/graphmatica/grmat16w.zip

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    4 METODOLOGIA

    Nesta seo descrevemos as opes metodolgicas adotadas para o

    desenvolvimento do trabalho, que esto fundamentadas nos pressupostos tericos

    da Aprendizagem Significativa, com a utilizao da metodologia da Modelagem

    Matemtica, incluindo o computador como ferramenta de ensino.

    4.1 Contexto da Escola

    A Escola Estadual de Educao Bsica rico Verssimo Lajeado/RS - h 30

    anos desenvolve atividades educacionais. A mesma est localizada no bairro So

    Cristvo, o qual se encontra prximo ao centro do municpio de Lajeado, na Regio

    Central do Estado do Rio Grande do Sul. Quanto ao aspecto fsico, a escola possui

    1720 m de rea construda, situada num terreno de dois hectares na principal rua

    do bairro. A mesma possui 14 salas de aula, uma sala de professores, auditrio,

    biblioteca, sala de coordenao pedaggica, sala de orientao, sala de direo,

    sala de vice-direo, secretaria, Laboratrio de Informtica, cozinha, cantina e

    banheiros. Quanto aos recursos humanos possui um diretor, 3 vice-diretores, 62

    professores, 3 coordenadores pedaggicos, 4 serventes e 2 monitores. Atende

    estudantes do Ensino Fundamental, Ensino Mdio e Educao de Jovens e Adultos,

    com funcionamento em trs turnos. O nmero de estudantes matriculados em 2008

    foi de 847. A escola possui 8 turmas de primeiro ano, sendo 5 diurnas e 3 noturnas;

    5 turmas de segundo ano, sendo 3 diurnas e 2 noturnas e 4 turmas de terceiro ano,

    sendo 2 diurnas e 2 noturnas (Secretaria da Escola, novembro de 2008)

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    4.2 O Contexto Investigado

    O trabalho proposto envolveu a turma 102, do primeiro ano, do Ensino Mdio

    diurno da Escola Estadual de Educao Bsica rico Verssimo- Lajeado, RS, no

    ano de 2008.

    A turma investigada composta de 16 meninos e 16 meninas. A faixa etria

    dos estudantes de 15 a 18 anos. Temos dois estudantes repetentes. A maioria das

    mes exerce a funo do lar e os pais so funcionrios de empresas. Temos 12

    estudantes que concluram o Ensino Fundamental na nossa escola, sendo que os

    demais so estudantes novos vindos de oito escolas diferentes. Quanto

    organizao do trabalho do professor, no que refere parte didtico-pedaggica, a

    turma trabalha em duplas, recebendo folhas fotocopiadas ou utilizando o quadro-

    verde. As aulas, em grande parte das vezes so expositivo-dialogadas. A

    metodologia de trabalho usualmente composta de: a) explicaes do contedo ao

    quadro; b) exemplos que servem para mostrar aos estudantes o que e como devem

    executar as tarefas; c) correo dos exerccios ao quadro-verde, tanto pelo professor

    quanto pelo estudante. O professor, em certos casos, caminha pela sala de aula e

    atende s solicitaes dos estudantes, mas, geralmente, est em frente classe e

    dificilmente percebe quem realmente fez os exerccios ou problemas propostos, ou

    se simplesmente copiou do quadro-verde ou do colega ao lado.

    A escola no adota livro-texto, todos os materiais de aprendizagem so

    elaborados pelos professores.

    4.2 A Proposta de Ensino

    Este estudo foi elaborado considerando pressupostos tericos da

    Aprendizagem Significativa, aspectos que caracterizam a Modelagem Matemtica e

    o uso da tecnologia como recurso pedaggico.

    Aps escolhida a turma, mantivemos o primeiro contato atravs de uma

    conversa informal. Nesta conversa colocamos nossa inteno de trabalho,

    conversamos sobre as aulas de Matemtica e foram propostos alguns temas de

    interesse dos adolescentes. O tema escolhido pela maioria foi O uso da telefonia

    celular. Este tema, a partir deste momento, passou a fazer parte de nossas

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    pesquisas. Logo aps, foi elaborada a entrevista com o objetivo de coletar dados

    sobre como o uso da telefonia celular pelos integrantes desta turma. Estes dados

    coletados serviram para elaborar exerccios, detectar conceitos subsunores

    existentes na estrutura cognitiva dos estudantes, referentes ao assunto de funes.

    Estes conhecimentos prvios, ou seja, aquilo que o estudante j sabe sobre funes

    afins, teve papel de destaque na elaborao de materiais. Em seguida, elaboramos

    o problema a ser estudado: possvel utilizar o telefone celular de maneira mais

    econmica, pensando na sustentabilidade do planeta?

    O prximo passo foi elaborar um esquema sobre todos os assuntos

    diretamente envolvidos com o tema escolhido. A partir deste esquema passamos a

    pesquisar os assuntos para a coleta de dados. Com estes dados construmos os

    modelos matemticos, atravs de atividades com potencial de serem significativas

    para que os estudantes possam chegar a conceitos relevantes de funes afins.

    Para resolver as atividades propostas, os estuda