() MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i...

15
_fc__fK«-3s**-f ÍÍ1$ '.. ' _¦'<w —«-¦¦..—*»—-—_.rw>-w—~~ ' IKK*:¦%* » **_)¥ ¦ '**¦ \Jmr'3f \mfm*TmmtàfmWl iTéTmYtSWf Í rrüfa *- ¦ ^•«Ww - -J*.-,- ¦ ¦<*«_*•¦ ?._*¦._ -^wf .«fi*iaasJt 'c«xbH¦¦_. * *J_É_ÍL'ik<* *:i»_««W^' v ¦ ___BH^ **rf?H M^ * '^'"t^Sj .»¦ V_l¦¦ B^•'¦".-¦*.*. ¦fcjSiit. ¦ \^MMgrii^^mmmmmmamWi-^. MM MWÊV^imm\SWK i_B->i AWfli^w-I #5w*"*r* jUlM Jl ^^^BPT^BlI^F^* » Vi lfc_K*^^'l__vm«MI^E>¦ '* ¦¦ '_?_?-¦ •"¦**«_^»* ^^_Pfl_|Tnfl_liflflj*''-* _?*'*¦•_¦_¦&_& -^__V jSMWmmmm^L^^.JÊamm^B^_HPcVÍHi_MÉI6__S_K 90flHft^_flfl_fl_rV > fl^BBB^^^^" ;^S^iS_B*_r __¦¦<¦_ ^BépUÇ-tHiIbBÍ _S>_i_#flHTvcP__vvJI IBu ^SlH ^h^H at^k-y—_¦ Mfc—3_f?^_?—31 ir^i—ili-JflH-P S3—B*««iipZlS^^—I '¦E*'*"' OMVRO em questão tem olgodocicondoloso. Três ycics, noi momentos de- c.iivos do enredo, lançaic a hc- roíno do romance o polavro..., bem, noo é o polavro "prostituto" nem "meretríi" mar. sim eipres- sao méis popular que nunca so imprimo em letras do fôrma. So- bretudo não so dii isso a uma mu. Iher tão puro quo é ainda par ei- tno heroina de um livro bíblico, do qual aquele romance c a pa- fódio irreverente Nem se fala. f«o de obra tão escandalosa as- sim se não for escrita com tan- ta arte que merece bem o apelido de "clássica". Infelizmente, "clássico" dc uma literatura desconhecida c por isso desconsiderada entre nós: da ho- lendcsa. Mas com aquelas indi- cações acredito ter bastante pre- parado o terreno para poder cn- frentar a costumeira objeção contra os "ilustres desconheci- dos". Um desses ate pouco Kafka também pertenceu ao gru- po co flamengo Marnix Sijscn, poeta que cantou cm moderníssimos versos.o elogio dc São Francisco de Assis c depois o da sua cidade natal de Antucr- pia. Seu novo romance chama- sc: "O Livro de Joaquim da Ba- bilônia, isto c, a relação sincera da sua vida c da vida da sua célebre esposa Susana" Saiu em 1948; o o editor, A. M. Stols em Hayo, pode anunciar a oitava edição, o que sc deve, tal- vez, mais ao escândalo daquela palavra três vexes repetida do Que ao incontestável volor da obra. Contudo, nem isso garante o futura tradução para nossa língua mas seria isso moti- vo para não tomar conhccimcn- to? A literatura holandesa não c mundialmente conhecida. Mos não se encontram porventura no mesmo caso certos valores uni- versais da literatura brosileira? Em "Joaquim da Babilônia" tom- bém encontrei valores universais: literários, emocionois e até fi- losóficos; Marnix Gijsen tratou deles com uma clarexa luminosa, uma coragem, uma digamos grandeza d'olma que são raras em toda a literatura contempo- rânea, de modo que o cronista, ciente da estranha mensagem do .marido da bíblica Susana, está com o dever de transmiti-la. Mas o que é, enfim, que nos tem de dizer esse Joaquim pre- histórico? ycaquím de Babilônia" ê uma espécie de paródia de relato bí- hlico: da história da casta Susa- na que foi espiada no banho por dois velhos safados e, tendo re- sisrido às propostas indecentes, denunciada como adúltera. Qua- se teria sofrido o pior se o ins- Pirado profeta Daniel não tives- se revelado a verdade. Foi êle mesmo que escreveu mais tarde o livro bíblico, como necrológio «a mulher mais pura de todos os tempos. Mas quando o marido . Susano o leu, achou muito ¦"comp,ej0 Dan.e|íe ^ •^í-ura de poeta lunático c es- Perto, chefe de publicidade da ^rf«de, nem achara necessário mencionar o nome do marido d,r °Penos "um judeu rico", 0 que seria mer* teutolcgio, as- *m como "historfodor erudito" Cyo$ do Wrtwlà do Oriente on. m W$Ê&mÊm& AUoUSTE REMOfR "SUZANA NO BANHO () MARIDO DE SUZANA 'OTTO MARIA CARPEAUX »«go, resolveu escrever aquela relação sincera", do seu próprio ponto de vista de marido da bela Susana, tão pura que ele, o marido, ¦ conhecia real- mente. Sua relação será dife- rente. A beleza de Susana deslum- brou a todos. Até aqueles dois velhos sábios não resistiram à tentação de desgraçar, se fosse possível, virtude tão fascinante. Mas eles, assim como todo mun- do, não sobiartt Joaquim sobe melhor: Susana foi estéril Nâo podia ter filhos. Não lhe ficou outro cominhe porá perpetuar- se do que a giória de ter renun- ciado oo amor e enfim a tudo o que é humano A sua virtude ' virou profissão e enfim insti- tuição pública. E contro essa verdade oficial lovrou Jooquim seu protesto. Joaquim víojara muito, Co* M 1^'J-.°mo comerciante via- jante, todo o Oriente aníigo, seus tesouros, perfumes, religiões e odaliscas, o Egito, a Grécia e países desconhecidos do Norte; um Ulisses oriental, não encon- trando a paz da alma em parte alguma, nem na caso e cama do Susana, belo como uma estátua. que o abraçou sem o amar Mas era ciumenta. Não tolerava ou- tros deuses ao seu ledo, nem se- quer o Trabalho Numa ocasião dessas, quando a estéril lhe quis vedar essa mais pura da, saíis- facões, Joaquim cochichou . pela primeira vez, meio brincando, dquelo palavra fatídica: -— di- gamos "meretriz". Depois, o po- vo, acreditando na falsa ecusa- ção, repetiu aquela mesma pa- lavra, gritando. Enfim, quando Joaquim devia fazer o discurso de inauguração do monumento, dedicado à virtude da sua mulher ainda em vida, curvou-se no fim entre aplausos poro c!o, beijan« do-c, murmurando-lhe aos ouvi- des: "Mulher pública!" Do livro não consta nada mais; explica- Ção nenhuma. E "qu'est-ce que cela prouve?" Aquela palavra três vezes repelida é mesmo a chave da obra enigmática. Na primeira vez, o apenas o protesto do pagqo oriental que escreveu o livro contra o cul- to puritano da virtude abstro- ta. Pois, embora Joaquim tenha sido "judeu rico", conforme o pro- fota Daniel, foi na verdade do espírito um grego: o poeta fia- mengo Marnix Gijsen tampouco o grego por nascimento, mas um grego saberia escrever esti- Io tão clássicamente sóbrio, sa- zonondo o descrição do o/iente onhgo com onacronismos t6o deliciosamente irônicos que otrós do Babilônia do romance sc le- venta a imagem do nosso mundo de hoje, com os nossos comer- ciontes e sábios, mulhererf (pú- ces- ío:*rui;n ca E Uiô- blicos ou não) e velhos ás moir dos veies solados c eom o po- dor publicitário da verdodo ofi- ciai. No estilo reside o valor li- ierário da obra. Mos serio pou- ce, isso. No segunda vez, aquela pa- favrn ciprime apenas a fúria da mundo vulgar e incomprcensivo contra a Be'czo: gastariam do destrui-la porque a considerom como privilégio. Mos não sabem como elo foz sofrer. Na cena da folsi acusação, quem sofre poreca Susana, sacrificoda ás folsas convenções da Sociedade. Mas Joaquim sobe melhor. Dc maneira parcdoxal defende os dois velhos safados "c desc- jo, num sexagenário, não é ver- gonha. mas sinal dc força" visitando-os na prisão antes dc cies serem executados; c, mais paradoxalmente, são eles que pro- curem inspirar-ihe cowgcm. Q-Jcm íofre no verdede c esse Ulisses cricntol, Ulisses o "so- fredor divino" símbolo do ho- mem "tout co-.irt" na Babilônia da nossa ciyilizcção, indivíduo representativo, sacrificado aos valores convencionais des queis um des mais fortes e móis fer- rer.hos é a convenção da motri- mõn'o. Ai reside o impulso emo- cionol do obra, explicando os palavras soícr.cs da ultima pú- gina: "Adeus, e. fim, conhecido; Jos*;: nia sauda-tc. Por um in^aníe c!e siirgi-j da rein*. cãz ccr.;brcs; ag"ra, vcíía o ds;c?z:a:ct Mas fsrio cpcrccido cm v-a se nin- Suem roparesse o gota às san- Çuc do coreção no rcu comi- nho." Os Icilífcs do 7 edições repararem? "Joaquim da Bobüò- n-a" é livro pera homens mo- duros, saturados do dolorcso cx- poriencia da vida. Livro tervyvel que parece tratar apenas da es. tcriíidade da Beleza, com maiús- cuia mas, dizia Milton, "quer;-, coloca o matrimônio ou qual- quet ouira instituição acima da exigência ciara da misericórdia, esto é um fariseu" Joaquim, po- rom, escreveu sua parábola, que parece tratar do matrimônio, para advertir contro a idolatria "da V»rtuds ou do Vício ou da Dolcici eu da Glória ou do Tra- belho" e de todas os institui- ções antropófagas da nesso civi- lizcçõo babüònica que nos fa- zem perder a alma. A virtude c5e Susana ternara-se "institui- ção pública" assim; e por isso Joaquim virou-sc pera ela, di- -rendo-lhe- aos ouvidos: "Mulher pública!" A Bibüa, menos pudi- ca nas expressões, fala mesmo, no LtocaWpse, da "Grande Mere- triz da Babilônia" E ainda vi- vemos na Babilônia. Da boca dos condenados rece- beu, porém, Joaquim a lição do coraçem que se parece com o conselho de remoto patrício ho- landes de quem escreveu essa historio; dizia o Tcciturno: "Point n est bcsoSn d'es»ércr r>our entreprsndre, ni de ré-jssir pour persevérer". pcra tionsmitir-ncs essa mensagem, para sabermos que não estames condenados hc não o r-i-isermos C5:im( surgiu do reino dos sembras o pré-hisfóri- co Jooquim: um ilustre desconhe. cido que saúda a nós, seus lei- tores desconhecidos, cornn ho« mem e como irmão. á&ê* ..,. tt....

Transcript of () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i...

Page 1: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

_fc__fK«-3s** -f ÍÍ1$ '.. ' _¦' <w —«-¦¦..—*»—-—_.rw>-w— ~~ 'IKK*: ¦%* » **_)¥ ¦ '**¦ \Jmr'3f \mfm*TmmtàfmWl iTéTmYtSWf Í rrüfa *- .¦ ¦ ^•«Ww - -J*.-,- ¦ ¦< *«_*•¦ ?._*¦._

-^wf .«fi* iaasJt 'c«xbH ¦¦_.f« * *J_É_ÍL'ik <* *:i»_««W^' v ¦ ___B H^** rf?H M^ * '^'"t^Sj .»¦ V_l ¦¦ B^ •'¦".-¦*.*. ¦fcjSiit. ¦

\^MMgrii^^mmm mmmamWi-^. MM MWÊV^imm\SWK i_B-> i AWfli ^w-I #5w*"*r * jUlM Jl^^^BPT^Bl I^F^* » Vi lfc_K*^^'l__v m«MI ^E> ¦ '* ¦¦ '_?_?-¦

•"¦**«_^»* ^^_Pfl_|Tnfl_l iflflj*''-* _?*'*¦ •_¦_ ¦&_& -^__V

jSMWmmmm^L^^. JÊamm ^B^_HPcVÍHi_MÉI 6__S_K 90flHft^_flfl_fl_rV >

fl^B BB^^^^" ;^S^iS_B*_r __¦¦<¦_ ^BépUÇ-tHiIbBÍ _S>_i_#flHTvcP__vvJI IBu^SlH ^h^H at^k -y—_¦ Mfc—3_f?^_?—31 ir^i—ili-JflH-P S3—B*««iipZlS^^—I '¦E*'*"'

OMVRO

em questão temolgodocicondoloso. Trêsycics, noi momentos de-c.iivos do enredo, lançaic a hc-roíno do romance o polavro...,bem, noo é o polavro "prostituto"

nem "meretríi" mar. sim eipres-sao méis popular que nunca soimprimo em letras do fôrma. So-bretudo não so dii isso a uma mu.

Iher tão puro quo é ainda par ei-tno heroina de um livro bíblico,do qual aquele romance c a pa-fódio irreverente Nem se fala.f«o de obra tão escandalosa as-sim se não for escrita com tan-ta arte que merece bem o apelidode "clássica".

Infelizmente, "clássico" dc umaliteratura desconhecida c por issodesconsiderada entre nós: da ho-lendcsa. Mas com aquelas indi-cações acredito ter bastante pre-parado o terreno para poder cn-frentar a costumeira objeçãocontra os "ilustres desconheci-dos". Um desses — ate há poucoKafka também pertenceu ao gru-po — co flamengo MarnixSijscn, poeta que já cantou cmmoderníssimos versos.o elogio dcSão Francisco de Assis c depois oda sua cidade natal de Antucr-pia. Seu novo romance chama-sc: "O Livro de Joaquim da Ba-bilônia, isto c, a relação sincerada sua vida c da vida da suacélebre esposa Susana" Saiu em1948; o o editor, A. M. Stolsem Hayo, já pode anunciar aoitava edição, o que sc deve, tal-vez, mais ao escândalo daquelapalavra três vexes repetida doQue ao incontestável volor daobra. Contudo, nem isso garanteo futura tradução para nossalíngua — mas seria isso moti-vo para não tomar conhccimcn-to? A literatura holandesa nãoc mundialmente conhecida. Mosnão se encontram porventura nomesmo caso certos valores uni-versais da literatura brosileira?Em "Joaquim da Babilônia" tom-bém encontrei valores universais:literários, emocionois e até fi-losóficos; Marnix Gijsen tratoudeles com uma clarexa luminosa,uma coragem, uma digamosgrandeza d'olma que são rarasem toda a literatura contempo-rânea, de modo que o cronista,ciente da estranha mensagem do

.marido da bíblica Susana, estácom o dever de transmiti-la.Mas o que é, enfim, que nostem de dizer esse Joaquim pre-histórico?

ycaquím de Babilônia" ê umaespécie de paródia de relato bí-hlico: da história da casta Susa-na que foi espiada no banho pordois velhos safados e, tendo re-sisrido às propostas indecentes,denunciada como adúltera. Qua-se teria sofrido o pior se o ins-Pirado profeta Daniel não tives-se revelado a verdade. Foi êlemesmo que escreveu mais tardeo livro bíblico, como necrológio«a mulher mais pura de todosos tempos. Mas quando o marido

. Susano o leu, achou muito¦"comp,ej0 Dan.e|í e ^•^í-ura de poeta lunático c es-Perto, chefe de publicidade da^rf«de, nem achara necessáriomencionar o nome do maridod,r °Penos "um

judeu rico",0 que seria mer* teutolcgio, as-*m como "historfodor erudito"

Cyo$ do Wrtwlà do Oriente on.

m W$Ê&mÊm&AUoUSTE REMOfR — "SUZANA NO BANHO

() MARIDO DE SUZANA'OTTO

MARIA CARPEAUX»«go, resolveu escrever aquelarelação sincera", do seu próprioponto de vista de marido dabela Susana, tão pura que sóele, o marido, ¦ conhecia real-mente. Sua relação será dife-rente.

A beleza de Susana deslum-brou a todos. Até aqueles doisvelhos sábios não resistiram àtentação de desgraçar, se fossepossível, virtude tão fascinante.Mas eles, assim como todo mun-do, não sobiartt Joaquim sobemelhor: Susana foi estéril Nâopodia ter filhos. Não lhe ficououtro cominhe porá perpetuar-se do que a giória de ter renun-ciado oo amor e enfim a tudoo que é humano A sua virtude 'virou profissão e enfim insti-tuição pública. E contro essaverdade oficial lovrou Jooquimseu protesto.

Joaquim víojara muito, Co*M 1^'J-.°mo comerciante via-

jante, todo o Oriente aníigo,seus tesouros, perfumes, religiõese odaliscas, o Egito, a Grécia epaíses desconhecidos do Norte;um Ulisses oriental, não encon-trando a paz da alma em partealguma, nem na caso e cama doSusana, belo como uma estátua.que o abraçou sem o amar Masera ciumenta. Não tolerava ou-tros deuses ao seu ledo, nem se-quer o Trabalho Numa ocasiãodessas, quando a estéril lhe quisvedar essa mais pura da, saíis-facões, Joaquim cochichou . pelaprimeira vez, meio brincando,dquelo palavra fatídica: -— di-gamos "meretriz". Depois, o po-vo, acreditando na falsa ecusa-ção, repetiu aquela mesma pa-lavra, gritando. Enfim, quandoJoaquim devia fazer o discursode inauguração do monumento,dedicado à virtude da sua mulherainda em vida, curvou-se no fimentre aplausos poro c!o, beijan«

do-c, murmurando-lhe aos ouvi-des: "Mulher pública!" Do livronão consta nada mais; explica-

Ção nenhuma. E "qu'est-ce quecela prouve?" Aquela palavratrês vezes repelida é mesmo achave da obra enigmática.

Na primeira vez, o apenas oprotesto do pagqo oriental queescreveu o livro contra o cul-to puritano da virtude abstro-ta. Pois, embora Joaquim tenhasido "judeu rico", conforme o pro-fota Daniel, foi na verdade doespírito um grego: o poeta fia-mengo Marnix Gijsen tampouco

o grego por nascimento, mas sóum grego saberia escrever esti-Io tão clássicamente sóbrio, sa-zonondo o descrição do o/ienteonhgo com onacronismos t6odeliciosamente irônicos que otrósdo Babilônia do romance sc le-venta a imagem do nosso mundode hoje, com os nossos comer-ciontes e sábios, mulhererf (pú-

ces-ío:*rui;n ca E Uiô-

blicos ou não) e velhos ás moirdos veies solados c eom o po-dor publicitário da verdodo ofi-ciai. No estilo reside o valor li-ierário da obra. Mos serio pou-ce, isso.

No segunda vez, aquela pa-favrn ciprime apenas a fúria damundo vulgar e incomprcensivocontra a Be'czo: gastariam dodestrui-la porque a consideromcomo privilégio. Mos não sabemcomo elo foz sofrer. Na cena dafolsi acusação, quem sofreporeca Susana, sacrificoda ásfolsas convenções da Sociedade.Mas Joaquim sobe melhor. Dcmaneira parcdoxal defende osdois velhos safados — "c desc-jo, num sexagenário, não é ver-gonha. mas sinal dc força" —visitando-os na prisão antes dccies serem executados; c, maisparadoxalmente, são eles que pro-curem inspirar-ihe cowgcm.Q-Jcm íofre no verdede c esseUlisses cricntol, Ulisses o "so-fredor divino" — símbolo do ho-mem "tout co-.irt" na Babilôniada nossa ciyilizcção, indivíduorepresentativo, sacrificado aosvalores convencionais des queisum des mais fortes e móis fer-rer.hos é a convenção da motri-mõn'o. Ai reside o impulso emo-cionol do obra, explicando ospalavras soícr.cs da ultima pú-gina:

"Adeus, e. fim,conhecido; Jos*;:nia sauda-tc. Por um in^aníec!e siirgi-j da rein*. cãz ccr.;brcs;ag"ra, vcíía o ds;c?z:a:ct Masfsrio cpcrccido cm v-a se nin-Suem roparesse o gota às san-Çuc do coreção no rcu comi-nho." Os Icilífcs do 7 ediçõesrepararem? "Joaquim da Bobüò-n-a" é livro pera homens mo-duros, saturados do dolorcso cx-poriencia da vida. Livro tervyvelque parece tratar apenas da es.tcriíidade da Beleza, com maiús-cuia — mas, dizia Milton, "quer;-,coloca o matrimônio ou qual-quet ouira instituição acima daexigência ciara da misericórdia,esto é um fariseu" Joaquim, po-rom, escreveu sua parábola, queparece só tratar do matrimônio,para advertir contro a idolatria"da V»rtuds ou do Vício ou daDolcici eu da Glória ou do Tra-belho" e de todas os institui-ções antropófagas da nesso civi-lizcçõo babüònica que nos fa-zem perder a alma. A virtudec5e Susana ternara-se "institui-ção pública" assim; e por issoJoaquim virou-sc pera ela, di--rendo-lhe- aos ouvidos: "Mulherpública!" A Bibüa, menos pudi-ca nas expressões, fala mesmo,no LtocaWpse, da "Grande Mere-triz da Babilônia" E ainda vi-vemos na Babilônia.

Da boca dos condenados rece-beu, porém, Joaquim a lição docoraçem que se parece com oconselho de remoto patrício ho-landes de quem escreveu essahistorio; dizia o Tcciturno:"Point n est bcsoSn d'es»ércr r>ourentreprsndre, ni de ré-jssir pourpersevérer". pcra tionsmitir-ncsessa mensagem, para sabermosque não estames condenados hcnão o r-i-isermos C5:im( surgiu doreino dos sembras o pré-hisfóri-co Jooquim: um ilustre desconhe.cido que saúda a nós, seus lei-tores desconhecidos, cornn ho«mem e como irmão.

á&ê* ..,. tt. ...

Page 2: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)

)

L° Congresso doNegro Brasileiro

FOR IK1CIATIVA DO TEATRO EXPERIMENTAL DONEGRO, EM 1950, NO RIO DE JANEIRO

K **RTE8 Domingo.

10¦ • HTT—m.i .H.I.U,,

i»..«^i*f. .a !*.-»**• .„¦.**. r3:i4"^p5w^4/.,.vJ*pTÍ5Xi,íi j-**~"i*»*"***-»*«..**i!R»J6!iv.5»i. «?*'*ii«o"v *¦<

DJALMA VIANA

HISTÓRIA

1 — 0$ tlciiient.tr. negro* Impor*tado». u traiu» ile escravos. M*.iritiuiçãu du» Bfriraaoii nu pais,Mi.nri.-i do trafico Estatísticas dapopulação escrava na» província*do império a migração interior deescravos (tralho interno)

li — Castigou de eicravos, l»e-formaçCcs conseqüentes ao iraba-llio escra to O ekcravo nas piau*taçòe* dc cana de ........ «jc rafr,de algodão. O trabalho nas minas.O trabalho doméstico.

tu — u> qttUomtHM c ai revul-nu, Ue escravos, Palmai o*, .*,.»Rtvi males na Babla. (>s balaiosO movimento de Iurs das lavoura»paulistas

IV — Contribuição du negro aaboliç.1" c A campanha ahoiirionis-ta Lula Gama •? José do Patroci-nio. As juntas de alforria.

— o valor -io escravo, na Aíri-ca e nu iirn.ít. <>s mercados deescravos vs crias.v* — O» rertos tk* Homens Pre-to., (cs Uenriiucs). Colaboração donegro na luta contra o Invasor h<>-lande:, o negro ru guerra do Pa-ra;uai. o negro nas bandeiras, ohomem a> «or na Inconfi.lem iaItaíana <n«0) Contribuição ri.,negro a Independência, Participa-

eAu do noRro no» movimentos no-pulara de 1S22 a IslD. Joáo (an-dldo e a revolta da Armada (lí»l(.>O negro c a lf.ii.

•11 — figuras eminente» oonegrea.

VIDA SOCIALi — Condições gerais de vida fia-*-•;-,. t.--.T-, ti-.- eu?. c:irac:cri/ácão""io n5 na populacAo negra Olstri-bu•"..-> scctal c especial da popu-hi o •!•* cur.

Aspectos dereogràflcos.mento da papulaeãg tle cor"•> c movimento da populaçãooc Natalidade c mortalidade'.?.»••• infantil. \ populaçãooc secundo os rcccnscamemos

d^ 'lepúbllca.- Salemas de vida da popn-ia 5 de cor. Hábitos alimentares.M" a vão. Profissões. Higiene.âo. titlacões sexuais. Poder»'¦ ..*'! vo. Associações culturais,re -Iva.» e beneficentes Jogose ' 'torrriís. Condições de Ira-

— A-nectos patológicos t!.iV.:!a''"° rt<" r-,r- Criminalidade,vao-, -rcm Alcoolismo e prostitui-çao D***»n/a«; freqüentes na po-m-

«ação dc tor. i«...n.... IfitMai dnÁfrica.

— Statu. social du negro. Onegro c u uiuiatu na literatura, nas• lèutia» »« nas «rie*. o negro nasrldader, q no*, campo». A» faveltlO necro ruu forca» armadas, o ne-r.ru e u uinlalu na lert Ja, na» pro-fl»»uc. liberal», na iuiin»irla r nuComércio Mtt:rac0c» da imputarãode cor. Fadroet de vida.VI — A.slmilacfto e nroHuraç.lu

da populaÇiO de cur. O cuntatu deraça», Oi Mibllpo» resultantes duronlato de raça*. Iinpuit.inriu *-.».rlal e histórica du nnilatu o In-trrramblo sesuat entre a» imçOeaafricanas, a dhrriminaç.lu de cor,ncus motivos, nua» t-ou»et|iiciicla»,-im Importância.

vil — Ponlbllidadei de organi*»açío Melai t\o muro o d«i homemde cor, lendo em vl»ta a elevaçãodo mu nível cultural e eronômt-CO. OrlentaçAo vocacional do necroí do mulato. ne»en>ohlmenlu (lucpirliu associativo.

80DREVIVENCIAS RELIGIOSASi •— A rellgllo do» nagfis. a re-llKláo ilo» r»»Kes. Os candomblé»

de caboclo macumba t Umbanda,o tambor de mina. Os paras, t»stangos. A cabula. Contribuição donegro A pageiança, o> ritos tone-r.irios. A fcitiçarla e a adivinha*çlo. O slmullsmo religioso. Pro-cesso» acnlturatlvos das religiõesdo nej-ro nc llrasll

ii — Organização e funciona-mento das rasas de culto. Influ-éncla da casa de culto na vida rivii._Os chefes tie seita o sua importânricor.

iii — O curandeirismo.IV — \ música, a daura e o ranIo rituais

OS MOLEQUES DE JOÃO PESSOAc OMISSO quc me deixei

j vencer pelo raplemcnto li-lerárlo do jornal "A Uni-«o", de João Penoa. ••CorreioHSS Arieü", o seu titulo. Al-fiuem, v já náo me recordoquem. me ralara no caderno li-leiaiio dos paraibanos como deuma coisa tjue, fura o Hio. náose encontrava em sáo Paulo.lorlo Alegre, Jtelo Uorlxontfl eItecifc. A seguir, outros meafirmaram, com grande respei-Io pela província, tpie o suple-mento literário orientado pnrEdson Refii punha no ehiiieloa maior parle dos suplementosdos jornais cariocas. Estava Cs-crilo, porem, t-ue viria a conhe-err o suplemento pelas mãosdesse meu querido amigo que éJosé Slmeáo Leal, o calvo. O«ornem, que ê um paraibano dequatro costados — sempre me-nos universalisla que Santa Ko-«•a e menoa regionalista que jo-•se Lm*, tio Rego — levou-melã ao impo andar do Mlnisté-im da Educação e, com unsM,n de quem estivesse a meapresentar uma respeitável do-na boa, nfto puupuu a lingua:— Veja. seu Djalma, é du.Norte!

Tenho comigo, neste instante,du/c números dn

examinei

SOBRBV1VENCIAS FOLCLÓRICAS

I — Folguedos coletivos num-ba-meu-hol. Quilombos. Marar.i-tus. Afoxé*:. Rodas tle s;:mba. Ma-kulêlí. Capitão de maio. O autodos Consos. O frevo. Hatoradas.Os rordõos carnavalescos. Escolasda Samba. (. louvor a São Rene-dito,

H — Disputas dialogadas do ne-«ro c do branco. Pai João.

111 — Formas de luta. A capoel-ra de Angola e suas várias formas.O batuque, os batuqueiros e a per-nada.

(Conclui na 14.* pág\)

se derra-vida. 12

Lei ras e AriesOkíENTAÇÃO

DE

JURGE LACERDACOLABORADORES :

Adonias Pilho, Afrânio Couunho, Alcântara Silveira AlceuAmoroso Lima, Almeida Fischer, Almeida Sales Alphonsus

AuSto^SSh^cSS0 ^Fl Bandeira. Asccndino Lede.Augusto Frederico Schrnidt, Augusto Meyer Batista da CosiaBrjno Acíolí, Brito Broca Carlos Drummond de And°adeCasstano Ricardo. Cecília Meireles, Chrístiano Martn c odos Anjos Clarisse Lispector Cláudio T. Barbosa Dalton

S1 ^mf,fr Eui7al° Cíinabrava. Fernando Ferreira dcLn.mcla Franklln cie Oliveira. Geraldo Ferraz Gabn iMunhoz da Rocha. Guerreiro Ramos, GuLvo Barroíó cí!l-mioui oa oamara, João Conde, Joaquim Ribeiro, J p Mo--e:CoHhoPrrrernfH HrS d° ***>> J°^e dc L™*- ^é

so LuS i,t Jelcs' ,Lopes de A"drade. Lúcio Òardo-

r/rfo- pón.tn í J a Cn,*Pcaux. Paulo Ronai, Peregrino

C-mha rasso da Silveira. Temistoeles Linhai-es? íhiersMartins Moreira, ümberto Peregrino. Vicente Ferreira daSilva. Wilson Figueiredo Xavier Plaeer.1LUSTRÁDORES :

Alfredo Ceschlattl. Armando Pacheco, Athos Balcão. Mar-cíer, Fayg-a Ostrower, libere Camargo, Luiz Jardim, NoemiaO.swairto üosldi, Paulo O. Flores. Paulo Vincent, Renina' - ' Percy Deane. Santa Rosa, Van Rogger e Yllcn Kerr.

-*».... > com aseveridade de um inveterado

Icitur de suplementos, desci auseu miolo c devorei a sua pa-pa, levei seu pape] ;lo nariz csondei d l,om ^Mo, para con-fluir finalmente ser inacredilã-yc|

oi que se está fazendo nafarafba. Não dispondo infeliz-mente da certidão de nasci-mento dos seus colaboradores,mas conhecendo-os tão somentepor intermédio das colabora-Coes, posso assegurar que. alémdo bom gosto, o quima pelas páginas émuita vida, eu juro.São dezesseis páginas bati-fias, esplendidamente ilustra-das, movidas por uma ãpresen-tação técnica admirável. O fei-tio gráfico, porém, pouco im-I»orta. Mas o que imporüi é di-zer qne o suplemento literáriodc "A Uniáo", considerado as-sim em confronto com os ou-tros suplementos literários, cli-mina definitivamente o precon-cçito imbecil que sempre iro-mza o melhor trabalho provin-cíano. Posto numa espécie deconcurso de beleza à sombra

de Quilandinha, recrutados oscariocas e os paulistas, d-ificilnao será prever que apenas um«ii dois suplementos poderãocom ele competir. Feito para opais inteiro, e alguns dos seusnúmeros superando a maiorparte das nossas revistas litera-nas, núo perde em momentoalgum o caráter singularmenteregional, yeni a menor dúvida,sobretudo sem o menor exagero,"Correio das Artes" constituí«ma extraordinária lição quenos chega da Paraíba.

Imagino, á distância, o enor-me esforço, a extrema dedica-eao, mesmo o sacrifício que per-mitiram tamanha realização.K dizer-se principalmente queum caderno literário como••Correio das Artes" surge emuma época de duro couro paraa literatura, em um tempo emque grandes jornais cariocassuprimem seus apêndices lite-ranos .por drásticas medidaseconômicas... Mas é precisa-mente dai, dessa coragem emvalorizar a literatura e a litera-Una colocar acima de tudo, quesái a lição. Com a sua equipede cabeças chatas, disposto asalvar a literatura' na provin-cia quando ela perece nosgrandes centros urbanos. Edson,Regls conseguiu mais que fa-zer um dos melhores suplemen-tos literários deste país. Riço-rosamente, como aquele Moi-sés, arrancou água das pedrasnuas.

Água bem melhor que a do

coco, certamente. Não direi st»Ja melhor que a aguardente deCampina (írande, mas «llreiC|0c preferirei ler o suplemento(te "A União" a aguenlar em«éco a rotina ilomlngueir.t dousuplemento*, cariocas c paulis-tanoS- Censurar-im-..m ou rs-erlOSS urbanos c civilizados, o-fropicali.ssimoH letrados da ru.tdo Ouvidor c do restaurante tlellerbert nfOSCS, que ehtou que-rendo fazer da literatura umprotliito rural. Como argumen-io, negarão aos cabeças chatasde João Pessoa os títulos liule-íecliveis de uma gluiia mun-dana — simples mosqueteiros,acrescentarão, quando lemos osduques e os reis. Para mim, po-rcm, como não ignoram os lei-lores, os títulos valem pitangas.Envio tranqüilamente ao In-ferno todas as glorias e às bft-laias remeto as medalhas que.em uma cidade sem "pregos*

,só podem ser empenhadas mes-mo na Caixa Econômica, O quedesejo é uma tarefa assim co-mo a própria casca da terrasem cabolinismos, tão humildeque nao chega a acreditar emsi mesma. O que quero e sen-lir. ao lado desses cabeças cha-tas, no convívio desses rapazes

,q«C sabem tirar poesia da pon-ta dc uma faca. o que quero tsentir, dizia, a literatura, assimcomo uma cobra cascavel sentea musica:— Na base dt;s instintos, semaparência dc cruditismb creti-no, sem citações maviosas, sem

luleiragcns!No entanto, se por ai alguém

Julga que os colaboradores dc"Correio das Artes" são artls-tas como os primitivos da pin-tura, arrasto logo o pé e chutobem por cima. São artistas,Sim, mas conscientes. E, comoqualquer sujeito informado te-legraficamente de tudo o quese passa neste mundo em ma-teria dc cultura, esses de JoãoI*essoa não ignoram nada tlecoisa alguma. Conhecem Sar-ire tão bem quanto as proezasde Olivicr na adaptação cine-matográfica do "Hamlct". Náoconduzem André Gide em so-vaco, mas nas cabeças chatas.E a melhor ilustração disso, oexemplo direto dêsse interessepela cultura como uma expres-cao universal, nós a topamosexatamente em "Correio dasArtes":

— Seu mundo ali esta.O registro literário atinge

naturalmente as capitais doglobo, Londres como Roma, Fa-ris como o Itio, mas nada im-pede que uma página inteira seabra para conter o que litera-riamentc se fez ou se faz cmCampina Grande. A cidade tiosociólogo Lopes dc Andrade —que ainda ontem me~*ehvlavaunia autentica faca paraibanacomo brinde para os meus me-lhores inimigos ¦— geográfica-mente mais importante que Pa-ris, literàriamentc c um lugardo respeito para o bando deEdson Itcgis. Estranha fideli-dade ao sertão que comove ccomove ainda mais quando ve-mos o sertão responder comuma fidelidade espantosa à li-teratura. Em Campina Gran-de como em João Pessoa —atesta o "Correio das Artes" —nm poeía é um poeta, um cri-tico é um critico. E que se aíir-me a bem da fé pública e daverdade dos cartorisias:

— Ninguém escreve pensandoem sineouras!Por isso mesmo é que temos

que nos confessar vencidos dl-ante desses cabeças chatas.Antônio Brayner ou AntônioFranca, Bandeira Tribucl ouCarlos Itomeio, Clovis Assun-çao ou Dilcrmano Luna, Ha-milton Pequeno ou Juarcz Ba-ttsta, todos eles, que compra-ram com a literatura uma pa-rada de vida ou de morte, es-crerem no caderno '''(..r-írin da

-A União" ja esquecidos «i.iiue ouirora o* estnitorai daiprovíncias nao podiam sol.rcvlver. Muík que w grupos «|Santa Catarina r Goiás, Ceanv Manaus, cies revelam a Independência, uma espécie damplo treze tle maio em relaMO a metrópole e ás suas um(Ias. Adultos, agora coiiiluzinthnas costas os próprios destinosja dispensam os conselhos, ospalpites* a« orientações, o tabuliterário da metrópole Ja náoPC». E, o que ainda c mais*-érlo c surpreendente. Ja come-Ç.im a Impor á metrópole —como nesse ca**o tao magnífico(Io seu "Correio das Artes • —os ttrus valores, a sua mercado-ria, a sua presença. A metro-polc provavelmente abaixara arabeca porque o valor <• bom,excelente a mercadoria «• cs-plénditla a presença.

Austeridade náo falta Em-hora Simcão Leal me assegureque Edson Regia r o grupo di"( orrelo das Artes" organi-nm neste momento uma revis-ta — uma espécie tle suplemen-'to ao suplemento — que se in-titulará "moleque", a verdadeé que eles andam bem longe damolecagem. A seriedade c.irac-teriza tudo, tanto o pequeno cn-saio sobre o existem ia Usinoquanto a simples nota di .tudade sobre um poeta mono, ¦»6 uma seriedade sadia, sem' opedantismo dos gagás c laços degravatas medidos a régua. Aliáse eu sobretudo que o digancsLt história de molecagemem literatura, nós apenas a eu-centramos nos recintos azuis econdicionados, entre os aratlc-micos hebdomadários e a ar-rala grau da que se reúne eiuconveseotes para contar a últi-ma anedota picante e glosar emmote o mais grosso palavrão...Os moloques de João Pessoa.que a si próprio; assim se !¦:;-tizam, de moleque talvez te-nham a origem, tenham única-mente a grande liberdade queos impulsiona no trabalho li-teiário de todos os dias.

Mas, moleques mais sériosque os doutores c sobretudomais sérios que os espoletas fieuma falsa cultura, os rapazesde João Pessoa não devem seorgulhar. Náo devem cantar degalo porque, se já fizeram mui-to, e fizeram melhor que ou-tros que dispõem de favoráveiscondições materiais, fizeramtão somente o que deviam fa-ser. Sc fizeram, no entanto, cnão fizeram os outros, cabe me-nos o elogio a eles e mais acensura aos outros. Na verdade,os bolidos das metrópoles, querpor indolência mental ou queretn conseqüência de uma gravecrise de cabeça, já não ca ml-nham. Arrastara-se, dcc.idcn-tes, acumpliciados com «ma pu-blicidade que julgam ser capazde salvar este mundo e o céutambém. São bacilos cm caldode Manguinhes que, pr?sos emum tubo de vidro, já não furamas vísceras e já náo matam co-mo devem matar os bacilos.Orquídeas de estufa, em gás deestufa, que provocam espirros.Eles, porém, cs moleques deKdson Kegis tanto quanto osmoleques que agora declamampaís a dentro, nâo lêem Mon-taigne deitados em colchãoianque. Mas decoram Sháke-speare sobre os estrumes das va-eas e, quando escrevem, nãoatráiçóám os ossos c a salivada boca. Entre eles e nós a di-ferenea que existe é esta, noduro:

Nós somos os técnicos.Eles sáo os criadores.

E criar, criar mais oue pro-criar, é o que estão fazendo.Hoje, com o "Correio das Ar-tes", exercitam os másculos dcantigos empinadores de papa-gaio:-;, abrem as narinas para

tOwKlwl na 1!." ;>áR.) *, fl

Page 3: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

(at*arm*>

mDamaso Rocha

W

Do*{*go, 10-7-1949

Bstú enfermo v deputado .Damas» Rocha' Damaso msha, deputado faderal pelo Mo Grande do me uma das figuras da maior re-teco do pariumento luaaileiro étambém um uita e$ptrito ae m-Itíectual, interessado pelos as*««lias naturais, e dos Que vâmencarando com a maior slmpa"tia a atividade desenvolvida netanouo suplemento em prol dm"iras e das artes. Sempre ti.ZT* nte. um am,0° compre-"tísico c entusiasta, a favorecer.no» cm o mal» grato estimulo.Nao podíamos, portanto, deixarae ser diretamente afetados pelo

panhetro no mommffatS^l^ 'Jf&s rom'uma enfermidade daaualãStfcJJ9*0* ?õ lcito mr

f Técnica Fçrcnsc c Prática Processual"Mais um livro dc Direito, do maior valor ™r«

ír^dn ,rnot,OÍS aí5ntodM volume?, que aquele nut

"Rui Barbosa para a juventude"nea1e%e^ra^hí ÚvSt ütete' do cscrltor <*-de Tratí-se £ V^rf Si -Ser díldo íl PUbliclda*.£S«' "Tr's «¦£ 8S3SSC'de Sao Paulo, no qual o notável tribuno rcmíbhvT.'

Em seu novo livro Genesio Pereira FHho anresen

público °S!0S da crItIca e d0 Ingresse"Panorama

da Jovem Poesia Brasileira'

¦SSS &S í-r5 * «SSflgsíw-^SS fiSSSS ffSürSPSE

níãern Alhn^A f rSS B°rba' Alfonsus de om

O gift? woí ?r/// ífa província'd^£LJ»°[X° Í>CS-SÔÍ1, maIs um número do 'Correioas At tes suplemento literário do iornal <A umío»íuííZ &PS? *f°" 3»i**; ^ Pelo StfSb

¦E ARTES de UIn irmao mais «ovo de LETRAS

role^Sra^^n^.^^P^PS o primeiro nume-arte lançado

'mauetaHH^? J°mal do litei'^ura e«Binai e sob a diíSrftn Si?8- C0,m colílboração ori-

- DeAiblf Lq- í°n°, Franclsco Ferreira,de «Tentativa^ nuhn*0 -PaUJ0, ° segundo nunieroPor um grUpo

'dcSgj^ encabeçadaim corno deT rnufivil eiíC lt0^s e apresentandodo S?ÓPpaudlo e°ÍSma?

°reS VarÍ0S nomes de rele™''ITAPAGIPE,

minha infância na Balviq»A Livraria José Olímpio Editora lançou esta se, ItaPaBlpe, minha infância na B&VUvrO"""f^lSSSaSMB de reminiscências de autoriade Hermano Requião, uma dasmais salientes figuras da im-prensa carioca. Num intervalo

i «e^-labor como secretáriodo "Diário de Notícias", Her-mano Requião deu vazas aoseu pendor para a crônica dememórias, fixando em um ex-celente livro a.? lembranças dcsua vida infantil na mais vc-lha cidade brasileira. Os tiposcostumes, lugares e língua.arguardados no livro de Hérnia-Hermano Reauiân /hJJ6?111*0 constituc!IJ um pa-Ktquiao trimônlo que o escritor registrou

«nguagem literária «,Sülíidelldade» beleza e sobrl»

MTK.IS E IRTEí.¦ "¦¦¦'**&*B-«r:-s:'?-n£! ^^H^.r,

hia

85» ^f *^w\'.- ..aM*-\\í1»*8H|

'• % ;1... ,4i\!

comento do "JarLl ,l? r T ',* 'Qi */eí?r o '«"•

O reaparecimento dc Barreto PilhoȐmPSm

" iarnalil"»o literário brasile.ro, n.n*lttui

a crí/;e« lierlrii' In"'' ja e™rci(l» l^lhavtemcntc?tn. 1 , Meruria. é Barreto Filho um dos mu-i lua-

,.;,.L «jasiem dos suplementos. Contudo ênutra.Tr T', *. rc')ita a """"Ir <*o notSexTnaaVdfdk

O 34" número dc "Amorna"

pando em sim<; nAoinô.. italianos. Estom-dos fieu"s X .KÍf'?fts'I?on,° •seml)rc- colaboraçõesd^lSratSra^SiSÍPS 5í panora"la {'« ">o-estrangefiSTrev&J d^i!,!?*6^?^ ° P0»1"veiculo de rrulmcS ,*niH.!rU,igl, Fiore"t»no constituieficientes. ,rradmÇÜ0 cu,turní dos mais poderosos eou?ror,r^ insere, entronlch. I.»iíz de Oon-ora r rd° ^uatlr!' QuWo p^'

O caso de Pascoal Carlos Ma-/,no. forçado a ter que abando-nar a atividade teatral no mo-mento cm que revelava ao nossonubhco um Festival Shakespearcrepresentado pelo Teatro do Es-tudante. Impressionou fundamen-re os yiossos círculos artísticos eo povo cm geral, uma vez queo* motivo» de sua decisão resul-raiam dos encargos financeiro<nor etc assumidos, confiante <?••.um resultado de bilheteria quenao ocorreu.Decidido a vender muito da

objetos de arte PaleoltUrV^Ü8^ «»«««" «

juse, contribuindo assim para que o? sen* ,»•..,„-,.enfimentos teatrais continuem, em vtta de seiZ'

em sua adSv^íf^6 ^ ^ ^ ~»íto

j Exposição de pintura lilisicr Xavier

uo natal, temas sobre os quais versam as telas itn?imente expostas nesta Capital- dez ouídros a to£lQuarenta aquarelas. Elisier XavLr^em deípe t?n-e merecendo as melhores referências da crítica.

PifllW ^. f

*Si////íí A1,?^ é*m* Paris>~*m*$m

6anta Rosa

>^)^M m\

Pascoal

-Letras portuguesas"Anterp de

'Oitenta! e a Mulher*

Neste ensaio, publicado precedentemente5!, 5SSS d° °cidíente- R«i Galvão de CarTa-lho realiza um curioso trabalho de interpreta-m!*jfiSm%fí*Â 1ÍfcMrÍa' Visand0 demonstrarque Anterp de Quental, ao contrário do ouecomummente se diz, foi um homem sensível aosencontros femininos e teve amores Ta ^

"S O R TB"E' ê&se o titulo do último romance de Ppr

F2;Td0aednnnCaStT°' ^^ Ú° *^ AnWtotode vrnfe0 LtniC1°U SUa vida Iifcerarla ha cercaue vinte anos como poetisa.

GIL VICENTE

n-i-S? vjcente continua a ser um dos grandesassuntos da literatura portuguesa, Várias obraíd,dadsra^afcUÍF0- têm sid0 úiUmamente apresen-tadas em edições críticas.

Im breve a /•«*.= a ,./„.¦ ,ftí ' Pía*tmaayntuhuza, que rei rtsrt*muar o Bm»it, a convite do oo-imJ/TV', m Cmanumunucas de Atte, que ora se rea-na naquela capital,

A permanência de Senta non*a França será de certo bastan-e fecunda para esse brilhantexplnto de artista qlie (fe nanum se iwpit ao cenário bra»Il.!™i p"fl Jm contribuiçãopessoal e p^a sua admirarei

Três livros importantesA Noüo

8Sln^!?Ç2S? ,,arn íite ano- vai a Editoraa iNoite lançar brevemente três livroí d*Mtin**uVZobter uma notável repercussão tZ naZ !n ?" a

ft,^bl/C0- ° P^«»í5é o^DIàrto de^bSls^Jm

da literatura russa. Em sciruídi ir» n..mJÍhÍnovela "Avaiir» .i. rí-! w»u,«íl« ^«i nubhcada a

turínfSc!^U C ^uc é um d«« «arcos da ütera-

*SV//;//o ///(/;/tTo de "Revista Branca"0numero^e0'^^ SLZ^^ seinana maís u™vanguardn. S?5|.S^*StSi 1°*%* W^**" daNesse número nTclS^iíiS5, da nova 8t'raçáü-Haroldo B-inJ « m u -^li^05- Poemas e contos de

ULTIMAS EblÇÓns"A Excluiria"

mais um romance de Pirandelo lançado n*»ia r^O grande tcatrolotro. oue só ew^nH! ] A J?ècom romancista, peto -Defuíto httt n6^

S;,"^e ao nco aspecto de sua personalidade a

SSSf% «T. ar°W„r. ° Perrtau d° «-'do quando

tos insistem em coSdert-lò -JK SmS?*11-* a qUan"tomam eonlfinStoda sua arte ^55*52 e,n!°sempre, tendo nnnHih V- te* vai Produzindoum púbUco cadi^ez^Sir?°w?,níflte editor' comopela Editora Vecchi tS? nâ Este hvro' «P^entadodan Zach ' l az na caPa u,níl tricromia de

PEQUENAS NOTICIAS

tanto ruído com »l'Hon?m^ , 1S qmme anos fej:Ia-se ••Vovanede Lo ir?«T-m ' ^ lnc0!*nu"- Intitu-mente X&I^SmS*^"0 dC 'Fras"

al^nL^c1^^^^ ^tPads acaba ^ exporEntre elas um volSm?^£?^íe/tas ncste ultimos niio.s.prio poeta- iní^nH»^ Une wotado Pel° P^-a StendnàV e Sr es e anoiSE*íqUÍCU> Ql,e >w^«>'derot^e variaiiciSc 2? Ãd r! um nianuscrito dc Di-vanai, cai tas de Benjamin Constant.

Como as coisas eram outróra»s rasgas ;:„ &átcadaI,fo s^°Adolfo Caminha escrevia- «Z^SSg** "terárías".cinqüenta ou cem obS? Ànk Zli6x3?mos anualmentero boas. A g^nde caía ríf ?«? deZ sofrívei« e cm-ferindo é a ^dialeS uSfriW!% a qlle me Vou re-

Romance de Marques Rebelo

Marques Rebelolidaâe literária detavel marca.

^o Plano das obras completa,£*

Uarques Rebelo, a cago daEditora Cruzeiro, acaba disatnotw^edição do romance' "

vL {reh sobc"- Focalizando a

/"emJjadl0' ésse romance.c^seni duvida a obra-prima deMmues Rebelo, e suaPpeZntUm» PfZCiPal Leniia- ü"í %s™Án??l0S mais Pagantesaue 7a atravessaram «.-. r~*..„-"«àlonais. Refletindo o"tnmuuòeír-f,- SUã Vai?m»i e seus tipo.;,esmto numa linguagem voêfíea\fin,ln'» Í°fe" dá à Persona*Vai quês Rebelo a sua mais no-

Peru, cento cim %!í Lace1da> rua ^Publica rfo, ^mo c um, apartamento novecentos e dois.

Page 4: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

Pigini -» *mÊÊmff i30SKSSSS3USm

IETRAS E ARTES Domingo, 10-7-1949

8f " ^^ÉmWm\\\tjmmmÊmmm^mr^fV^^^'^-^' "tf"-*^^^S^Ssh^^***^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^B

^.^AjkíeJSas ¦jpí _ ^ j^- ... - ^fl

t%a.*'_^^^Jt' -W*J^****É***r <V'*SI^Sftl><l<*fcA. *^«MÉP^M«*a |^jMM«Sj&iM|al ^K

m íp "''' ¦ ''vii ¦atSíamm aW^' *MÊ

¦SM BP1' "?SHÉH^D ID^ ... vdMI ******

BHEí JÉÊarí-. u,i**iH ¦W9H0F'' £ Jl^^B!l^t^^autSJÍB IK^^H

rj!2tf*tl* -1 IíjiíH Pr ' -•**¦ ¦IÜj**P^^B*b,> ¦*¦ 'J8*n**********f***PgH|*^H ¦•* m*^Hv^£*^^k »-TCsV'»mií *-*• *- «wY*fl| H^B E **HB BkVMí ^"mHHÍIIIÍSj ssn íoK* ."*""!"*"• ' jffl

B;*|«ÍÉÉ'^!^^lra> **SÊSJt.» àrf^Jiyfi- AmvGfàm]l***^kí****>ú^. -"a. ^aw *************i******** ¦ShVW^í ám *****^H

I Br ***?•*'" "''*.*'¦«¦

K* ¦ ;M

ESM ¦M>v"> •oa^Küil^ -'Jdi ¦Wt'~?^M mmlaai %mmmmmmfy^^J^^' ^B

WEB ¦l/< Ml^^ :*í(B| Bí^**J**i l«**7*f**f*M KfM^ >f*B H' •hSB ¦wf^' 'J b

¦** f*^tfB !^Bh*^*k^ia^i^!s**BB

''"*t-**"'^*S**3^5 H

CLARICE LISPECTORVOLTA AO B R A SI L«a—i—————*—i

A história do uma adolescente que foi o maior cariai literirio do 1943 —*Pintada por Chirico, na Itália, começou um romance cm Nápoles — Suasimorciioes tÂkPC | Suiç.i o suas experiências pessoais — "A Cidade Sitia-da", seu último romanco.

Clarice Lispector

DEPOIS de três anos do

permanência na Suíça,onde esteve em compa-

nhia de seu marido, o diplonu-ta brasileiro Mauri Gurgel Va-lente, regressou a esta capitala romancista Clarice Lispector.E antes de divulgarmos qual-quer palavra sua, da entrevistaque a admirável escritora pres-tou a LETRAS E ARTES, te-mos que contar uma história.

Havia nesta capital unia ado-lesccnte chamada Clarice Lis-pector. Foi descoberta por Lú-cio Cardoso, que a associou aoseu grupo. Ela estudava direi-to. mas seu ofício era o Jorna-lismo. As vezes, indo fazer umareportagem sobre um incêndio,Clarice Lispector esquecia-se dareportagem e assistia ao sinis-tro como uma criança dianteue um espetáculo maravilhoso.

EM

SEU tratado de dança,recentemente publicado,o famoso bailarino SergcLifar alude ao velho conflitoentre os técnicos e os artistas,no campo coreográfico.

Esse conflito, tão freqüentena história da dança, Llfar oconsidera normal, visto comoem nenhuma outra arte hátanta necessidade de que a téc-nica e a inspiração se censor-ciem e se ajustem. Assim, énatural que uma e outra pro-curem afirmar os seus direi-tos. e da luta pelo predomíniode cada uma delas advem oequilíbrio, como síntese.Em nossos dias, devido a in-fluência do "duncanismo" ede certas escolas alemãs, obser-

va-se a tendência para esquecerque existe uma técnica acadê-mica, e muitos amadores, comseis meses de "studio", se crê-em autorizados a abrir cursosde dança e a se proclama-rem coreógrafos.

Nâo há arte sem técnica —lembra Lifar — mas, por ou-tro lado, o absolutismo técnicoprovoca a ruina da arte. asfi-xiando a inspiração.

Não podemos^ conceber. timfi

Escrevia contos e chamava aatenção dos círculos literáriospela sua figura estranha, deuma beleza quase nórdica.

Um dia ela escreveu um ro-mance, lançado pela Editora ANoite. O titulo era "Perto docoração selvagem". Ora, acon-teceu que essa estréia a colocoino primeiro plano do romancebrasileiro. Em poucas semanasa obra se esgotou. Grandescríticos escreveram entusiásticosartigos sobre essa nova revela-çao literária, que se afirmavanum livro revolucionário peloestiio e pelo contendo humanoem páginas altamente poéticase desenvolvidas dentro de umatécnica surpreendente, cheia damonólogos. Os leitores, atraídospela descoberta, também a con-sagraram, uma vez que um dostraços mais veementes de Cia-

rlee Lispector era o seu poderdc comunicação, a sua facul-dade dc tornar qualquer pes-soa Interessada no drama doMU romance. Poucas foram, noBrasil, as estréias tão sensa-cionols, que elevassem a talprestigio, chegando mesmo acercá-lo dc uma aura mistério-sn, um escritor de cujo nomoJamais so ouvira falar antes.

Laureado com o Prêmio deRomr.fícc da Fundação GraçaAranha, -Perto do Coração Sei-vagem" tomou-se um livromarcante, desses que exigemuma nova Interpretação para ahistória dc nossas letras. Doisanos depois, Já casada e obc-dlente ás Imposições da vidaeonsular, Clarice Lispector man-dava dc Nápoles o seu segundolivro, "O Lustre", que tornoumais evidente c definitiva asua posição intelectual, reafir-mando os seus poderosos dotesartísticos c sua ambição de fa-zer do romance um caminhopara o conhecimento da vida edo mundo, revolucionando atécnica da narrativa, dando áspalavras um significado e umaforça só suscetíveis . de aferl-mento na linguagem poética,seguindo as suas personagenscom a humildade c a intuiçãodos que conhecem profunda-mente o ofício dc transformaio Imaginário em uma nova di-mensão da vida.

Agora, eis novamente entrenós a romancista Clarice Lis-pector. A reportagem de LE-TRÁS E ARTES ouviu-a noescritório da Editora A Noite,aonde ela fora a fim de ver asprovas de seu novo romance,"A Cidade Sitiada", a ser lan-çado brevemente em conexãocom o Círculo Literário Bra-sileiro.

FALA CLARICE LISPECTORHouve antes uma luta suraaentre o repórter e a romancis-

ta. Nós queríamos entrevista-Ia, e ela, sequlosa de notíciasbrasileiras, tentava a todo custoentrevistar-nos.

—- Ê verdade que Lücio Car-doso abandonou a literatura eagora se dedicou ao cinema? Eos filmes sáo bons? Apareceu

aigum taicnto novo noa últimosanos?

Maliciosamente, ulguém quoestava an nosso lado a lnfor-mou de que não tinham apa-retido talentos novos. Em com-pensação, vários talentos vc-lhos tinham desaparecido.

Clarice Lispector estava alar-mada com a crise editorial, eprincipalmente com o alto custodc vida. Uma noticia para o*suas fãs: na Suíça nasceu hanoves meses o menino Pedro,filho da romancista. Ela con-tou que, tendo Ido a um arma-tem, para comprar leite con-densado, o calxclro lhe cobrou18 cruzeiros. Ela disse: "Creioque o senhor está enganado.O preço..." ao que o nomematalhou: "Não estou engana-do, não senliora. O preço e«Sssc mesmo".

Clarice Lispector foi plntaô*.'-»por Chirico. e dizem quo o re-trato ó belíssimo. Perguntamospela tela.

—- Está em rainha bagagem.De sua permanência na Sul-

ça, guarda impressões exce-lentes. Impressionou-a muito osentido de organização do povo 'suíço. Contou que uma vea,querendo desfazer-se de umJornal, delxou-o num banco. Nodia seguinte, recebeu o Jornalpelo correio, uma vez que, sen-do assinante do mesmo, o seunome estava carimbado no ca-beçário do periódico.

E a literatura suíça?Há um escritor admirável:Ramuz. Seus romances, mais oumenos poéticos, evocam as ai-delas suíças, as lutas dos ho-mens simples com os elemen-tos da natureza, e deveriam serconhecidos no Brasil.

DEIXOU DE ESCREVERPOEMAS

Em 1943, Clarice Lispectorsonhava quase todos os diascom a romancista RosamondeLehmann. Segundo suas pala-vras, êsses sonhos a abando-miram.

Lembramo-nos de um seuverso, famoso nos cafés litera-rios durante sua estréia, o ver-so era — "Quem mais eternado que eu?"

Clarice abanou a cabeçt

LIFAR E A TÉCNICA ACADÊMICAmusico que componha sinfo-nias, ignorando os preceitos daharmonia. Se é inspirado, nomáximo poderá êle inventarum tema, mas não saberá va-riá-lo, vesti-lo, enfim, trans-formá-lo em música.

A dança náo é um tema,mav% sim, uma sinfonia: obe-

dece a leis particulares e rigo-rosas; tem seus acordes de sé-tima, seu maior e seu menor,suas modulações e sua orques-tração, finalmente, sua teoria,que não foi ainda formulada,mas, há-de sê-lo um dia — es-creve o conhecido bailarino.

Tanto o grande concertista,

como qualquer sovador de te-cias se exercitam nas escalas:sabem que não há pianista na-to, do mesmo modo que nãoexistem serralheiros ou eletri-cistas de nascença.

Mas, em matéria de dança —queixa-se Lifar — as coisas sopassam dc maneira diverso;

(conclusão da 12a pag.)ta, hoje reputado o fundado-do romance moderno. Para ex-Dlicar o prestigio de Balzac,seria preciso responder às se-guintes perguntas: "Que acha-mos, nele, que antes nâo ha-viamos encontrado, pelo menosem tal grau? Por que é seuexemplo tão fecundo? Por queas indicações por éle dadas,ainda hoje, cem anos depois,nos aparecem como essenciaisA missão do romance?

Balzac, ontem e hojelhe causou — diz Romalns —a releitura de Balzac. Uma de-Ias poderia chamar-se "realis-mo do contacto". Em Balzac,há uma presença do objeto,que vai até à alucinação —qualquer que seja o objeto: umhomem, uma alma, uma rua,uma casa, um interior. Pelaprimeira vez, pode-se crer in-teiramente naquilo que o ro-mance conta.

A outra impressão foi a dôprofundidade. Balzac dgarra-seaos objetos e seres que nos

dado desses objetos e seres,que éle mete as pinças, assen-ta o sugadoiro de seu espirito.Nada de profundidade espe-culativa: permanecemos prega-dos ao objeto. Certos pensa-dores ou romancistas conside-rados "profundos" costumamconstruir um mundo cujas re-lações com o mundo real sãovaguíssimas. Balzac não. E'um homem de olhar tenaz.Pode enganar-se ao interpretar

Também deixei dc íazeipoemas.

"A CIDADE SITIADA"Diante das provas dc seu prõ-ximo romance, ela nos declara

que começou a escrever "A et-dade sitiada" em Nápoles.Contudo, teve de abandoná-lo,e só foi retomá-lo em Zurlqtie.Cortando o assunto, para ui-formar que o seu filho Já pcs.t11 quilos, ela depois compleMa informação:

Mas,.quando retomei a rc-daçfto do livro, tudo correubem. Escrevi-o todo à mâqul-na, rct«xarrffo-o mais dc vintevezes.

MOVIETONE DE UMAROMANCISTA

Indagamos-lhc quais os scualivros preferidos.

Para dizer a verdade, nftotenho livros preferidos, e, mes-mo que os tivesse, náo me lem-brarla deles agora, pois es-tou completamente transtorna-da com a viagem.

Qual a sua leitura prc«ferida?—• Prefiro ler ensaios.Evocamos-lhe que o çrandopoeta Ungarettl, que alias tra-

duzlu vários capítulos de seulivro de estréia para o italla-no, recentemente a evocou ementrevista famosa.

Eu 11 a entrevista -- foia sua resposta.

Clarice Lispector Informa ain-da que esteve na França e n.-*»Espanha, e desses lugares man-dou vários postais para amlgo.ibrasileiros, que aliás não os rc-ceberam.

Finalizando, ela diz que vatpassar uns três anos no Brasil.Qual a sua maior preo-cupação literária neste mu-mento?

Não é literária: quero ar-ranjar um apartamento.O repórter atalha:¦- Então é literária, pois voeõnão vai encontrar apartamento

algum.¦*- Creio que treminarel en-contrando-o. Aliás, Já me dis-seram que sai mais baratocomprar um do que alugá-lo,.As luvas sáo menores.

Z il:- °e? , ¦ a aos obJetos e seres «» «os (° fl«e y*.jraw nunca, cessa de,

em qualquer "studio" (e, In-felizmente, em muitas salas doespetáculos) a gente encontra,aos magotes, "gênios desconhe-cidos" que, náo podendo apren-der os preceitos da técnica outendo preguiça de o fazer, in-ventam alguma variante malaou menos inétiita de pretensadança livre, e imaginam, doboa fé, que estáo fazendo obrade arte.

Cumpre, todavia, advertirquo a técnica acadêmica, talcomo a ensinam — escreve oautor, noutro ponto — é geral»mente atrasada de uma gera-Ção, pois as "estrelas" de on-tem, aposentadas, é que sotornam os professores de hoje.

A dança é uma evolução per-pétua e, graças á circunstán-cia de se manter presa a tra-dlções estáveis, enriquecidascada dia, pode sair do "impas-se" em que a maioria das ar-tes se encontra em nossa épo-ca.

A música e a pintura atin-giram um termo além do qualse impõe completa subversãodos valores existentes. O mcs«mo náo ocorre com a -dança,que prossegue seu curso lógicoyi-^Ç.Çs^rio^ontínuo./ ^

A

Page 5: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

Domingo. 10-7-1949 isBTHAS »1 lf I b 9"LETRAS E ARTES" OUVEGEORGES DÜHAMEL EM PARIS

"A QUEmS?tUA» -CDIZM0°ATUETOrn^STAD0 N0ITES E NOITES Dí• i^urtiA — DIZ O AUTOR PA "VIE DES MARTYRS"

Pagina — >?

LOUIS WICNITZER

l

Paris, Junho, Via 8. A. 8. —Mt-iiioiu úa Academia Fraâoe-sa. medico, cirurgião, OjorgcsDuhamel ó tambi'-m um gran-de viajante. Ja percorreu omundo lodo; eacvo duo* vezesno Brasil, varias vezes no Uri-ente e no Extremo Oriente,uma vez na ttu..;.i.i. Sob o pontode viola da Idade, pertence ageração que se situa entre Gidec Malraux, mais moço do que

[o primeiro, mal*' velho do quo. o segundo.Encontrei-o na sua bibllotc-

> ca, que é para encher de água\ na boca um escritor: milha-

res de livros, esplendidos qua-dros de Vlamlnck. o retrato deRimbaud. um silencio propicioao trabalho intelectual. Duna-mel expllca-me que fez a guer-

tra de 14 como medico e viveuno meio de gemidos e do oa-

rulho Infernal dos bombardcl-ns. o que o levou a habituar-sccom o ruído, embora prefira oellenclo. — " Posso suportai tu-co, menos á^ burrice que 6 oque mais me irrita" — disse-me êle. E tendo-o à minhafrente, com o seu gorro basco,o seu olhar penetrante, cometoa interrogá-lo. Falamos pri-meiramente do Brasil, do qualéle conheeo vários Estados epelo qual manifesta a maioradmiração, '-ium pais do-ce e humano" — observa-me oescritor — um pais de tique-zas extraordinárias!" Julgr queo Brasil poderia vir a ser umrefugio das civilizações latinas8e as pátrias que as represen-tam fossem ameaçadas. Diz-moter longamente conversado, noRio, com um homem que con-sidera extremamente lnteligen-te. o ministro Rau1 Fernandes.

Mas preciso concretizar as ml-ilhas perguntas.O HUMANISMO FOI QUE FEZ

A EUROPA*— Que pensa o senhor do en-

Bino francês? Deveria ele ten-der para um cunho mais práti-to, renunciar aos concursosmuito "puxados", ou ao contra-rio. reforçar o estudo das hu-manldades que começa a serdescurado hoje em dia?-* Foram aa humanidades quefizeram o valor da Europa —responde êle. -- Chamo numa-tUsmo o conjunto de noções que•o&o sfto susceptíveis de aplica-Çáo, o trabalho desinteressado.O estudo das humanida" s ma-leabiliza o espirito, dá-lhe a ra-pidez a o vigor necessários paraestabelecer e resolver lnteligen-temente os problemas. Bato-mede corpo e alma pelo incremen-to desses estudos. Alias, nao ve-Jo porque todo mundo ha de es-tudar a mesma coisa. A Brogllee a Descartes devemos teoriasextraordinárias e eles confessa-vam nao ser sábios» de labo-ratório. Outros, ao contrário, de-veriam inclinar-se para os estu-dos práticos, as ciências, segun-oo as vocações e as faculdades.°e. qualquer forma, sou sempre

«pelo humanismo.A LITERATURA FRANCESA

CONTINUA,,nT JVlgft naver- atualmente,üma crise na literatura france-•Br

úüT^* m*itól1"» alguma. CertoBla me disseram que a Alemã-a %hlf * °°efche: a In*later-

r* Shakespearo; Portugal, Ca-

meies, c perguntaram-me quema Franga podaria opor a citesReapondí-lhej »- Alguém demaior ainda"; c como o meu In-tcrlocutor &c espumasse, dccla-rel-lhc: "A Literatura France-«»". «Sim, ela forma um todo,um organismo vivo, que vem su-perando todas as crises, ha mui-tos séculos. Veja: depois da ge-ração de Proust. de Oldc, devolery. houve a minha.geraçfiocom Olraudoux. Purgue. Ro-main Rolund; depois a geraçãode Malraux, Salnt-Exjipéry;depois a de Sartre. Camus.Anovilh. Nao ha nada a te-mer. A sucessão vem sendo as-segurada. A literatura france-sa continua, imperturbável, a-Pesar dc tudo.O SURREALISMO NAO FOI

UM FRACASSOQue pensa do «mrre&lls-

mo? Teria sido um fracasso ouuma verdadeira libertação?Um fracasso náo, porqueesse gênero de tentativa nun-ca pôde tornar-se um fracas-so- O surrealismo procurou oque está acima e atrás do real,e isso constitui, no fundo, oobjetivo de toda obra de arteMas ê preciso distinguir o sur-realismo do dadaismo que náofoi senão uma reação de de-sespero. Os surrealistas qulse-ram fazer falar o "eu", na suatotalidade e n&o em expressõesfragmentárias. O eu é umatorrente que canaliza coisasinverossímeis, verdadeiros te-souros. Dostoiewski escreveu

nos "Irmãos Karamazov":"Quando o homem pensa, quêpensa ele?" Os escritores fran-cêses têm sido, em todos ostempos exploradores de ouromas náo se dáo ao trabalho defazer a triagem. Querem colhertudo. em todos os domínios:nao só a literatura, como apintura, o cinema. Algumasobras, somente, se tornarão co-nhecldas, mas as tentativaseram necessárias, em que pre-tendíamos recolher o maiornúmero de verdades possível.

A INVENÇÃO —FACULDADE EUROPEU

Pensa que a Europa con-tinuará a ser um fermento deidéias para o mundo?Certamente. A invenção êuma faculdade européia. Isso seliga a náo sei que circunstán-

cia especial, sem duvida ao so-Io, talvez ao cálcio, ao íosfo-ra A champanha n&o a encon-tramos sen&o na champanha;um certo vlnhozlnho sen&o emcerto lugarejo. A America vivetoda voltada para o pratico,para o útil. Mas nada inven-tou. Limita-se a atrair os ge-mos europeus. Quando umamericano procura lembrar-sede um grande homem de ciên-cia americano, cita logo Edison,que na Europa seria uma fi-gura de terceira categoria. AAmerica do Norte n&o teve se-n&o dois grandes poetas: poee Whitman. fi multo pouco.Ela terá assim tudo a ganharcom uma aproximaç&o dos pai-ses europeus. Com a Americado Sul « diferente; esta per-maneceu e x t raordinariamenteeuropea pelos seus üiteresses esua sensibilidade. Quanto àRússia, Já deu ela escritores,músicos de gênio, enquanto fez

Píví-í da Europa, recebendo•UM tradições, seus valores dRoma, do Ocidente. Dm umDosioicwski, um TolatoL umPuchkliie. um Mussorg ky etcMas sc a Rússia se volta

'paraa Asla, como parece fazer hoje.está perdida. A Europa c*tápresa, atualmente, entre as te-nazea de uma pinça gigantes-ca( mas é ela que da sentido aessa pinça.

NAO SOU HOMEM DEPARTIDO

Vou-lhc propor uma quês-tao indiscreta, mas o senhor aresponderá como lhe aprouverQuais suas relações com oigreja, de um lado, e o partidocomunista do outro?Não sou católico, mas deformação racionalista. Fiz es-tudos científicos e .«a»n}»~e-f~t-tentado pelo racional. Pensoque tudo quanto ha de irraclo-nal no mundo poderá ser en-volvido e assimilado pelo ra-cionaL Náo fecho os ouvidos ásmensagens irracionais, conser-vando sempre a esperança doracionalizá-las. Pondo de ladoisso, minhas relações com ospadres sáo excelentes. «Quantoaos comunistas eles sabem quaeu n&o sou homem de um par-tido, que penso livremente eme recuso a submeter-me aqualquer disciplina. O escritorque se torna um instrumentopolítico, é, aos meus olhos, umtraidor. Os comunistas conhe-cem a minha posição, toleram-na muito mal; mas afinal sãoobrigados a tolerá-la

UMA QUESTÃO DIFÍCIL—- Na primeira guerra mun~

mmmmWymwmW^^^ ^^*\m\ ¦¦£¦ flmMsr ^m B-- ím ?¦-¦¦» ffl %¦ § "1 i

HnHn^-tt^' •WmmmVriífrlfl fl. */m WÊ BE" mW~%& iHH Hs&flJ BflÉiflV^-% fl HB^jyinnL' :'^.tl«u -

fl nTflinP1' Íll IK'11-vSíls^^sflsl m .flKv * >¦¦*.-*& er mmmmm%lFs'^r7^mimmL.'24 " 'JS^à^y^ÒW W > 4¦fl Hsnsflsl Basúr^'£và>- *J flHHfluflsW ' t jJaT-ij.fi mWjÊS^-.Jr I BR^HqIk. -wiyj-ff» s

fl P^^ Mflfl K* *'¦' $ -^rifnlI ^'ííSHl br?1 í'jisf iI 1^'ÍlsQ P%:' (&* lm Jm\ W-VWI wUm me*>»l'j /?» -* f

fl IsBufliSniiia^fll flK V'^flÍAr*rr' f*i

flflflJHJHflJ flsnsfll Paa.»»«flBflxL. WÊkmtW -

Itm- Jfl %Wc JmHWJBbÍÍjBT fl fl^^ •- J&àm 9

rMflklP •"• ; ^flflflfl¦fl. -***-flB g-*«flfl flB

«w .ér*m IÉmÍ mMOeorees Duhamel, lendo LKTRA8 E ARTES, em Pari,

dial o senhor foi ardentementepacirista. "Vie des Martyrs" éum testemunho disso. Terá mu-dado depois?

Moífeü kl Voss/erNBMUH

jornal brasilei.ro noticiou, ao que notconsta, o falecimento deProfessor Karl Vossler, ocorri-

g w •»««> em Munich. Tinha76 anos o grande erudito, ida-ae desmentida pela mobilidade

fo seu espirito, mas no entan-to pequena considerando-se aQuantidade de trabalho e pen*tamentos que Vossler noa dei-«w. Seu nome ê familiar a to-«o* Que se interessam entnnós e nos outros países nco>latinos pelas coisas de lingue• de Uteratura. Vossler remo-

delou completamente a ciêncise o estudo das línguas neo-Ia-tinas, introduzindo os método»de análise estilística. EscreveuUvros definitivos sobre Lope dtVega, Soros Inés de Ut Cruz,Racine e Leopardi e mais umgrande comentário, em 4 volu*mes, d Divina Comédia. Sewcolaboradores e discípulos, Sputzes, Hatrfeld, Ulrich e nume*rasos franceses e italianos, pro-fessam como catearaticos emuniversidades do mundo intei-ro. Ê pena que os métodos su-tis dessa nova escola ainda nãotenham sido utilisados para ainterpretação de grandes obraspoéticas da literatura vortu*Suesa e brasileira,

— Sempre tive horror aguerra, e p contacto com os fe-ridos na primeira guerra mun-dial determinou meu pacifis-mo. Não me coloquei em pontode vista diverso senão cm 38,por ocasião da ameaça nazis-ta. Acreditei que náo adianta-va coisa alguma depor as ar-mas ante inimigos como os na-zistas, que depois nos obriga-riam a combater com o unlfor-me deles e suas armas. Ata-quei, assün, a posição de Gionoem 38. A questão do pacilismoé uma questão difícil. Ela metem custado noites e noites deinsônia. Permaneço pacifis-ta na medida em que conservo

meu horror á guerra, e nadame levaria a tomar a iniciativade provocá-la. Mas creio quecontra certas humilhações, econtra, sobretudo, o perigo deser forçado a se bater tuna vezvencido, precisamos nos defen-der.

A POSIÇÃO DO ESCRITORUma pergunta Já um tan-

to gasta, mas que não pode-rei deixar de dirigi-la. Achaque o escritor deve ou não as-sumir uma responsabilidadepolítica? Seu combate é o doimediato ou o do eterno?

Minha posição é bem de-íinida no assunto. Resume-se; ela nas palavras de Vigny, nofim de "Stello", cujo sentido

será o seguinte: O escritor de-ve meditar e trabalhar no seuretiro, mas quando tiver algu-ma coisa a dizer, ir ante omundo, ante os homens e di-ze-la; e enquanto a sua pala-vra fizer ruido e engendrarações, ele já deverá se acharem vias de voltar para o seuretiro, para sua meditação. Afunção do escritor é abrir ho-rlzontes, procurar as bases, as

justificativas da conduta e nâiconduza*.

O MEDO DC ESTAR SANeste momento, os es^rl-tores assinam de todos os ia-dos manifestos, apelos coleti-vos. O senhor é do "Figaro"

e do "Comitê Nacional de Es-critores". Entretanto n&o ve-mos sua assinatura em nenhumde tais manifestos. Como se ex-PlJca isso?

Respeito profundamenteos escritores que se atiram emcertos debates, certos grandesprocessos da Historia. Seja Vol-tnire ou Jean-Paul Sartre. Bpreciso escutá-los com respeí-to, pois isso exprime vitalída-de. Mas na minha opinião denada valem assinaturas em ma-infestos. Tem havido mesmoabuso deles de 25 anos para cá.As assinaturas acabam por seresquecidas e tude recai na in-diferença. E o medo de estarsó que as ietennina. Costuma-se proclamar que o escritor iso-lado se torna inútil. São os to-los que assim falam No mun-do das letras, cada escritor temo seu lugar e a sua função.

Cada qual possui uma experi-ência e algo a dizer, que naodizem os outros. O perigo mal-or a ameaçar a Franca é a pai-xão da política. Um país so égrande quando produz grandeshomenf

NUNCA APRECIEI OCINEMA

*— Acha que o cinema atualesta em atraso com relação a icinema mudo?•— Nunca apreciei o cinema.

Creio que o radio e o cinemasubstituem a vida interior nagente de hoje. As vezes, con-tam-me um filme. Vou assisti-Io e fico desiludfdoí ponhe-me,então, a cismar «m a dormir. Enão os soníferos que me atra-cm: é a atividade e o desper-tar-

. }

Page 6: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

Página —. C hETRAS E .'ARTES

(V I AH primeira?. «u sinas du, X^ um etiMlu admirável,**• * inil.ul.ido "(iiui»»»r *,«•.,

Destin**, i •¦ -in. Madaule apon-ta «• define tuna daa causaifundamentais da mrdiorridau.*contemporânea.

Fiel a antiga tradição soeru-tira. *«•»•« * » por indagar o quwta a mediocridade, paiavra daouitl nos wrvimos constante-nieiilc tiem termos puretu, umaidéia ciara c precisa du que*.««•!i«.i. Falamos tia fortuu.imedJoere, em inteligência uu *i-utaçAo medíocre, sabendo quonula disto constitui a médio-cridade. Pois a fortuna médio-tre, por exemplo, situada entroa miséria c o luxo supérfluo,sempre foi aconselhada pcloifuhios como conveniente à vir-tude

geria inútil multiplicar uiexemplos para mostrar que .*mediocridade náo está fom.mas .,..., dc nus, e náo de-pende dc circunstâncias aucondições exteriores, mas denos mesmos e d.i nossa liber-dade.

inicialmente, consiste numaentrega, num abandono, numademissão. Porque nâo se co-nhecem, Ignoram os homens«juc o essencial de sua vida«•onsiste em lutar contra a me-dloeridade e, quase sempre, su-cumbir a ela. Esse peso que«aricsamos, essa tentação daInércia e do repouso, que desfi-i;ura o nosso corpo tom o tem-iJO, ao longo de todos os rela-aumentos e capitulações, essarecusa ao que há em nós demelhor, que asfixia e mata osimpulso.; generosos, os ideais cos sonhos, esse temor cm en-írentar c assumir o própriodestino, está na raiz, é o pra-pno germe da mediocridade.

Fruto de um abandono, d=uma fuga rio homem diante dc:í mesmo, te a quiséssemos dc-Unir negativamente, deveria-«nos dizer que é o contrário dagrandeza.

A falia dc caráter, dc qur-rao acusados tentos dos nossosi «ntemporâucos, o que é í.enã:i«• abandono ao plano inclina-• o das tentações c rias faeili-t a ri es'. "Paro. ter caráter, c:t-i revê Madaule, é preciso quaum homem, ao menos uma vezdurante a vida, se tenha em-penhado totalmente, enfren-laudo o próprio destino".

Quase sempre nos deixamoslevar pela correnteza, pela vo-rogem rios acontecimentos, semprotestar, sem rr-açir. como lo-lhas mortas arrastadas pelo im-peto das águas. As grandes ea-lastrofcs, as guerras e as revo-luções, tornam-se inúteis, naorios arrancam do torpor e da,eonolência, são fatos exteriores•:ue roçam apenas a periferia,». superfície ua nossa vida.Ora, so há um meio de fu-

«*"'**• dc escapar da mediocrida-de, e voltar-se para a viria in-tenor. Sabemos o quanto é di-ficil preservar a viria interiorneste século em que preriomi-nam as massas, a estandardi-zaçao e a propaganda. Não haomro meio, porém. Só porierc-mo.s deixar de ser espectadoresrazios ou vitimas inertes, suconseguirmos voltar para den-tro de. nos mesmos, assumindolivremente o encargo ria nossaexistência.Turio conspira contra essaImeriorizacão ria vida. As fa-cilidades, os divertimentos, o;rspeíácuíos, mrdliplicam-se em

proporções jamais conhecidas,permitindo ao homem, seio ea-íôreo c sem risco, esquecer-se rfugir constantemente de simeímo.

O divertimento ê o grandeitinerário de fuga e de evasão.A margem de tempo que ou-trôra existia entre o trabalho ea diversão, permitindo o fio-reseimento da viria própria, d»vida interior, desapareceu, de-vorada pelo trabalho que ener-va c extenua, não deixando nohomem outra exigência senãon de se nárcõtízãr com os esp^-táculos e os prazeres.Depois de terem ganho opão, enearr-inham-se todos par»o circo. Não se rcolhem mais.As salas escuras rio1: cinemasaspiram, duraníe o dia e riu-rante a noite, as multidões dis.poniveis e en/e'l*a'"'as; ~.-^nvtas de homens vazios, cujas vi-

Domingo, 10-7-1949

ELOGIO DA PARTICIPAÇÃO

das se desdobram e se gastamnum trabalho • ,-„i sentido, pur-que feito Mm amor, e num di-verlimetitu que om entorpece.fasendo-os esquecer, dutautealgumas horas, a mediocridadeda* próprias existi mias.

.Mulispii i assim, a raçadaqueles que, nos momentos emque deixam de ser vitimas, lor-nam-so espectadores. Cunfortavelmente sentados em .sala-*refrigeradas ou aquecidas, con-tempiam. seguros e preserva-do, as desgraças e as tragediaihumanas. Alimentam-se. então,do heroísmo «• do sacrifício dosoutros. As cidades ardem dlan-te drtes, os soldados são pulve-rizados nas trincheiras e noscampos de batalha, as popuia-ções civis são destruídas naatrocidade dos bombardeios.Faces transtornadas pelo «leses-pero acendem, na penumbra dasala, a emoção fácil «los espec-tadtires. Destinas humanos sedespedaçam no choque das pai--xôrs violentas e irrcprimivcls.Quanto mais atrozes forem ascenas, maior será o interesse,a curiosidade do público.

O espectador «'• avarento com«• próprio sangue, mas é gene-roso com. o sangue dos outro*.Por isso é medíocre. "Há grau-d«'za. escreve Madaule, naquelesque se acham na fornalha, sejade que lado fòr, porque ai háheroísmo c generosidade; masnâo há nem uma coisa nemoutra cm contemplar apenas,mesmo com piedade. Aquelesque eombaíem e morrem, sem-pre mereceram mais rio que apiedade".

Nessa humanidade tle espec-t a dores, dc«r. pareceu não só oespirito mágico e aventureiroCa infância, mas também o es-

ROLAND CORBISIÜR

plrilo heróico da mocidadePoli, m- para as criativas tudoC dc»lttmiiruim*n(o e revelação,nem por isso deixam elas deparlieip.tr intensamente rio e*.petácuio du mundo. Empe-niiam-tc sempre, tuialiuctite,nas coisa« que fasem, c Bftopnnnpci, espadachlits, piratasr conquistadores O jogo. entãonáo e JôgOi c o brinquedo naoé brinquedo, porque se confim-dem com a própria vida.

A essa indiscriminada e totalcapacidade de participar, ca»ractcnsliea da idade infantil,sucede, na mocidade, a exigcii-cia de sacrifício e de heroismo.Os granries entusiasmos, os ar»dores, as paixões, fervem nocoração dos moços c "rilr-sc-la,escreve Madaule, que essa su-perabund&ncla de vida só lhe-»foi daria para que corressem orisco «le perde-la, pois o jogonáo teria Interesse se não fossemortal". O.s moços não con-tempiam, não assistem, masInterferem, participam, amame sofrem, arrlscam-se e com-põem o próprio espetáculo Ks-tão «lentro da vida que é umdrama do qual não somos ape-nas espectadores, mas atoresresponsável!".

Essa a razão pela qual no.ichoca, nos fere como uma con-tradição c um escândalo, umamoeitiaile medíocre Se aquelesque «levem ser os portadores dachama, da inquietação o «Iosonho, abdicam e se confor-mam, o que esperar dos outros,que vivem de cautelas, dc com-promlssos c de transigencias?Acontece, porém, que se cadaidade tem o seu segredo e oseu privilégio, só poderemos «»crplenamente humanos se sou-Ivcrmos conservar, na itlatlcadulta, alguma coisa do mis-

ièrlo da Infftni ia e 0.0 ardor,do'frêmito d.t mocidade. I* se-ria apenas mostrar uma evi-dênciã, lembrar que a idade docorpo não coincide .sempre coma idade da alma.

Há homens nos quais as vir-tudes da iníuiicía e da adotes-réneia permanecem Intocadas,}-.ki os poetas, os homens dogênio, os lirrols. No universoda infância náo ha industriais,nem banqueiros, nem comer-dantes. Há príncipes, soldados,cavaleiros anrianles, mágicos esantos. Náo lia lugar para .%mediocridade 110 universo dainfância, que se alimenta domistério e de poesia.

K não apenas por coineidên-cia o mundo moderno, cuja me»dloeridade nos causa ás vetesum mal estar, uma repugnan-cia quase física, é não só omundo que exclui e atormentaos pobres, mas também o tnun-do que expulsa r elimina dosseus cálculos o mistério da In-f anciã.

C* verdade, porém, que anossa vida náo se desenvolve,normalmente nesses extremos,no espetáculo puro ou no com-promisso, na participação qu'ienvolve um risco mortal. Emregra, desdobramos um planoou realizamos um projeto que,a rigor, se confunde rom onosso próprio ser. Sc Inferes-sar-sc por tudo eqüivale a náose Interessar por nada, quererser tudo também eqüivale .1nada querer ser. Para o ho-mem, ser é escolher o seu des-tino e vivê-lo integralmente."Existir, ensina Kirkegaard, Cescolher c apaixonar-se".Aqueles que sáo incapazes dcuma coiíua e tle nutra c que, poravareza e egoismo se recusam

BILHETE DE MANUELBANDEIRA A MARIO SETTE

Rio, 22 dc abril de 1049Caro confrade Mario SctteEnfim cumpro o grato dever

de lhe dar as minhas impres-soes sabre seu belo livro AR-RUAR. Li-o devagar, sabo-reando-o deliciadamente, comose faz com os manjares finos,u semelhança daqueles que euvia preparar cm casa de meuavô Costa Ribeiro na rua daUnião, no tempo das "festas"(retiravam-se então da despen.sa as grandes tachas de cobre,oue se arcavam até avermelhe-jarem como o sol de certos dia 9nublados). A imagem do Re-ctfe da minha infância se con-funde em meu espirito com aimagem do meu avô e ouviralguém contar a história doRecife no século XIX eqüivalea ouvir contar a biografia demeu avô. Aquele mesmo "en-ternecido envolvimento evoca-tívo" com que você declara terescrito aquelas páginas, domL-nou-me durante as horas detritura. Quantas reminisedn-cias iá apagadas revocou vor.flá minha lembrança: eu iá metinha esqwcido dos Filomomose dos Cavaleiros da fcpoea. daDouvizv, do Manuel do Carmoe da Viuva Guilherme e doCouceirol Ceda um desses no-mes devolvidos à minha mc-morta fpi corno uma varinhaãe conãâo a me reslituir lar-rta.s constelações do passado.Vr>"* vr,0 esqueceu nada reine-to cre'o. o "papel picado" -lo**"""""""" antJnn 0Uo aunrâouaté hoje a maior importância

para mim); até o "sampalo"(parece que estou a vê-lo noseu formidável prestigio de pa-pel aquisitivo do rolete da <fâ-na, do amendoim cozido, das ta-piocas na estação dos trens deOlinda). Quando você fala dosjornais, pensei comigo: êle vaiesquecer-se do Henrique Soidodos sonetos do Jornal do Re-cife... Pois lá estava o Hcn-rique Soido,, que ó uma dasminhas mais antigas recorda-Çôes literárias (lembro-me deprocurar o habitual soneto dè-le tio Jornal; tinha eu meusoito anos).

Aprendi muita coisa no seulivro sobre a minha queridacidade natal, inclusive este de-talhe familiar: que um dos dn-zolto primeiros assinantes do

telefone foi o medico Raimun-do Bandeira, morador à rua daUnião n.° 25. Saiba que esseRaimundo Bandeira era meutio e meu padrinho de batismo.Na casa da rua da União nP25, residia meu avô AntônioHerculano de Souza Bandeira,professor de filosofia do CursoAnexo da Academia de Direi-to, reprovador de Castro Alvesno exame de geometria...

Assim, meu caro Mario Set-te, sobrinho dc meu velho pro-fessor Set te, o seu ARRUAR cum livro precioso, onde esperoque um dia você virá pôr uma'dedicatória para este seu ami-* admirador

, - MANUEL BANDEIRA

£.••••••»•.«>-«..#.. *"•«*" •"•"«*•• —•-•-•-•-•-•«•..«..#..«..».„ »¦•¦••"+¦—*-»..m..:.f.:.*.*.+^.„.

LEIAM 'MEMÓRIAS DE UM MASCATE", de autoriade Tanus Jorge Bastam. Livro edificante, ondo cadapagina e um documento histórico da vida gloriosa dosmascates nos países americanos.Conheçam a história dos Judeus, italianos, alemães,portugueses, libaneses, sírios, espanhóis, franceses eoutros mais, na descrição emocionante desse livro I

Pedidos à EDITORA BRICUIET & CIARua do Ouvidor n. 109 - Rio de Janeiro, e em todas

«s livrarias.PREÇO; CRS 60,00.

"•"••««'¦«"i-.ft.ii..f...i,«.vt,.»,.t^„ü;tli,lli.„„;^i;^i;.§••».•«,..«.,,..,.. ,.-»..t,.t..,„t„#.. ¦¦#•-•¦¦«..#..».,»..,.'

i- opção e ao risco, és*es r-ria-ráo «-.'iitli-iiaiios a situação or.»•le vimuaM un 1 ics, ora de es-pedadores pojdvos, e, cm qual-quer hipótese, à mediocridade

Pois a ;;i.uu|i-/a e o heróis-mo, «jiii est ui no polo oposto,que m,í 1 contrário da mediu-cridade, náo «'«insistem própria-mente nos dons e talentos queporventura tenhamos recebido,nas no uso que fa/emos de nosmesmos, valorinamlu e transli-garantiu esses dons e esses la-lentos. Há mais grandeza Im-mana, porque ha desprendi»mento t amor, no gesto da mu-Iher operária que wí consomeem preocupações «• trabalhaicom a casa e com os filhos, doque 110 olhar agudo e pcnclr.ui-le do Intelectual nilli que, in-capas tle viver, tece variações efcc distrai com a vida e o sofri-iiicnin dos outros."O homem é algo que dev«-ser ultrapassado", exclamaNletsselie do lumlo de bua dore de sua revolta. E «orno ultra-passar o homem sem esforço,sem sofrimento, sem sacrifício,sem aaior? Por<|iie 6 um serlivre, o homem tem nas mfto-Juma faca dc dois guines, que?tanto o pode salvar como opode perder. Como evitar amediocridade, porém, entre ho-meus que vivem cada vez maisuma vida de empréstimo, umavida dc segunda mão, contem»plando, sem dela participar, .^vida aulènlica vivida pelos ou-tros?

Quando o bem-estar, confór-Io c o prazer inscrevem-se nohorizonte da historia como uni-CO ideal, entáo o.s homens abril-cam dc si mesmos e se conrie-nam a uma inevitável meriio-cridade; Acontece, no entanto,que os germeus de grandeza oheroismo náo sáo destruídosmas apenas sufocados, revelan-do a sua presença sob a mas-cara de tédio e do desespero.Nunca houve tantos espeta-culos, tantos caminhos de fuga,e nunca os homens se sentiramtáo sos, táo vazios c entctllados.

Porque náo têm a coragemde correr o risco do própriodestino, assumindo virilmente oencargo da sua existência, náofazem outra coisa senão seatordoar e fugir, instalando-senuma sonolência cômoda, queé uma espécie de morte dentroda vida. Não prometem, nâofalam, não procuram senão :ifelicidade, mas, como trocaramo sacrifício e a grandeza pelodivertimento e pelo prazer, en-contraiu não a felicidade mas aamargura, o sofrimento e otédio.

Náo conhecem mais a alegriaIntensa que resulta das longasridelidades, dos deveres humil-demente cumpridos, do desvelo,do carinho em construir umavida própria ou criar uma obranova, que traga a marca daeua personalidade e do seu san-gue. Transformaram-se em"robots", em bonecos mecãnl-cos, modelados pela propagan-da, todos iguais e substituiveisuns pelos outros, fazendo osmesmos gestos e repetindo co-mo autômatos as mesmas fór-mulas e os mesmos lugares co-muns. Foram reduzidos a ummesmo padrão, como objeto?fabricados em série, foram to-dos mediocrizados.

Em pleno esplendor da civi-lização da técnica e da máqui-na, o homem, reduzido à sim-pies condição de espectador davida, nunca foi tão débil, tãoInconsistente, tão estéril, tãomedíocre Passivo e inerte, semousar o gesto que poderiaarrancá-lo de todas as servi-does, espera que a salvação lhavenha de fora, trazida peloamitos coletivos .e providenciais.A rutura com as fontes «Iavida está na origem da imensadesolação, da imensa tristezacontemporânea. Pois o homemnáo foi feito para se poupar,para se economizar a si mesmo,como os cofres guardam asmoedas, mas, ao contrário, paraentregar-sc generosamente aoseu destino e responder corajo-samente á sua voeação

Para que o grão frutiliquc efloresçaj deve mergulhar nalerra escura e morrer. E a me-diocrldáde só será vencida pelosacrifício, pela generosidade 0pelo amor.

Page 7: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

M«F *t*#:''-í4e*''^Í>l!ÜFi%<| ¦ "¦

Domingo, 10 7 !949

1J ...ki escrever imu boaiiMMria de fantasma* i-necessário .i.i..(,llf m,

l& ~4 »i«ühi iiiu.lu; paia a* «re apiee*JU| lamoctn ,i uteratu-ia ida cheia un uniu in». n,^.M IIOIII.UIO, pgu u t-^;.u.l.» Uuhomem Jam*** reallsou u i.l, 41.tüMniMouiMn ua positivismo,ti«» confinar-** fti-uMvaineiHc«IU Íllll-MHI llil.». COIMI |Ml|l.ly.,,r concretas,

A vsiiatar.i do Hrr humanoriesenvoive-to entre o plano datanglbUidade material r «. prrs-sentimento iit» numas Impondo-ra.iis, movendo-sc nuni.i ai-mosicra palpuume e secreta. Asaa condição na Infância o no«onho descobre-lho com p.trti-uular Intensidade a tessituraentranha desse nutro unlverao,resido |ior um Kimbollstnt di-verso ua lógica oomum i- ondes pode tei ..Ma experiência an-gustiosa r intensificada dosenigmas interiores."Margarida U Koc«|u«", onov.» iivro de Dinah Silveira deQuiirox, e uma dessas twm su-cedidas explorações du reinouc» rontasmas B» quase umcouto, w: considerarmos i-on,osimples preparação c amblcn-laçan a vida da heroina naFrança ds» Scmlo XVI, a via-gera que empreende en» buscadr imãs longínquas, o roman-ce cum «i marinheiro, o castigoconseqüente aos rigores da lei(i<» mar, que a abandona ao jui-gunento de Deus na Ilha donDemônios, e a própria vida. ARoblttsOD, de três entes htinia-nos — ela, o amante e a ama— in meio iiosiii c desconhe-ildi.

Tudo isso .sáo preliminares,porque, desde o Inicio da nar-ratlva, o destino da heroina e»s-ta polarizado pcia ratalldade,a? :tj;è!o do mundo dos fantas-nu?;, c tada um de seus passosparece dominado pela inexora-ve| atração da viagem ao in-ferno.

A escritora usa de linguagemligeiramente arcalzante, o queaju<!a a estabelecer a verosst-miiluuiqa da época e dos earac-teres; não visa, porém, ã v.-rda-deira reconstitulçáo; está apres-soda para chegar à Ilha dos De-momos e fa?er. afírmi, a exoc-riência da volúpia e do sofri-me:Uo extra-humanos.

O ponto dc partida de sua Ta-JUlaçao e o registro de um fa-to. de duvidosa autenticidade»que teria ocorrido a uma mu-Iher cujo nome serve de tituloao livro. A autora identificou-se tem a heroina, c eriou umaíig-ira realmente interessante;eolocando o núcleo de seu cará-ter, não propriamente nas pai-xòes e Interesses humanos, masn<> compromisso violento eom oproibido, o secreto, o interdito.

Coloca-se diante do mundo,da família, da sociedade, dosin'er;sses. coma uni desafio,no m.ida dc antemão por aquê-les demônios que marearamcem ela uma entrevista inevitâ-vel ua ilha perdida.Se as peripécias anterioresda vida de Margarida La Koc-que constituem a expectativa«a visito de sua heroina aomundo dos fantasmas, a che-

gada à ilha abandonada nooceano é o começo real da his-torla. O ambiente estranho quea circunda desde o nascimentoencontra agora o seu clima na-lural. As árvores, as águas, osseres vivos que habitam a ilhaaparecem desde logo como que•ueiados de um ambiente deeneantaçâo. tal como o doscontos maravilhosos de que se? I,.U a nossa imaginação In-lantil.

I>oscobrem-se, sem dúvida,aijui e ali, elementos moder-ü°S'iilomatios de empréstimo aV>ait Disney, por exemnlo, que,I or conUngências da técnica«inematográfica, "naturaliza"«m pouco as grandes persona-K«n.s da ficção universal. A le-'•<• que fala está entre esses ti-l>t»s transportados do desenhoanimado, se bem que com aPsicologia alterada. Mas o que«inconfundível é a ambienta-

nVv-' il í^mosícra palpitante de^y.-swel. do formas imponderã-Ãr J?Uo Proeurani matcriali-

1,híu os seres humanos com

tIETR A ft E i K T £,ç

HiST()KtADE FANTASMASP%ttia — 7

uma irônica menção a uma ou-».a ivaiiuauc nrc.eia que Mtra«"«a espcetotira

Avst.su-.m, iog,i de inicio, adeterioração do. caracteres doeirei» Hcrcs hu'naiio?i abandona.•Io» as jMileutias estranhas d.una.oO auiauu dc Margarida»a Koeque, depoln de compor-larw tomo uiu IlubiiiMin CJUiate das necessidades de adan-taçáo ao melo ÜOSUI, entra cmur.sajrtí-açao física c morai A»r\a física csgotA-i^e-lhc emlongas caminhadas pela ilha e»os excesso* sexuais a que carrastado pela Dama Verde c aprópria uma dc Margarida Arigura desta é a que n«-a maismareada, processando-rc nrlauma espécie dc anlmallsaeao0.uo acata na íerocldaoe.

»c suas ausências com JoãoMaria, longe da eabana ondeHCa Margarida, ihíiico se sabea nao wr pelas insinuações dalebre, eriatuni vigilante e am-Digna, que ás véus parece pro-Idria c as vc2cs hostil Masadivlnha-sr pelas suas alusAe*o que há de furioso e dementenessas correrlas pelo mundo••xtcrlor .A história centrauza-se emtorno dc Margarida I^i Boequcao seu abandono, c da mise.-a-vel maternidade qur vai ama-d u recendo.A teoria implícita do livro cquo os seres invisíveis vivemcobiçando a condição eorporea.ávidos das sensações de que elae sede. Desincarnados. tendem0 posse dos corpos humanos,

pela volúpia que eles pronorclo-liam.A frágil matéria humana nâoacuta. porem, as descargas po-«lerosas desses seres maléficoso Marca rida l.a Rocqne resiste,enquanto pode. ao abandono

que lhe é solicitado e implorado.O nascimento de nm meninoserve-lhe durante muito tempo

li ARRETO EI/./K)

ni. iit.... i.i/eitUo-a ucr-^tir ..fisionomia :,«„,,,« Ç1^ £maternidade. é

ta por inuner. ||„ Cc.lUs |í(.SJfft

'"'""W »** Peripéciasue levam a esse desenlacc. aomesmo t.mpo .,ue sr esgeíam'•«•U as ultimas reaervai. íc r"SÍSSSÍ ^PreSfià dos dc.»ejosdoslncarnados. o duende Soeprocura possui-la prrewa de teuonseniimento e. para dt-sin-r-tar a eumplieldade dc suaA ten-Oencias demoníaca», desenrol-2L uma dW6tIca Irresistível.convencendo-a de que a volu-Pia extra-humana é maior cmata completa que a pruporclo-nada pelo homem. "Ku te da-• c um esquecimento maior queO bom cuqueclmento do amor".Os louco;, e os solitários ficama mercê das potências maléfi-SnJUT" íim ^fsrida cede.contando cemo foi tomada d».ebriedade, vendo-se "confusa-mente resplandecer no escuro"A intrepide/ com que a Autorasc aventura a tratar dc seme-lhante tema tem qualquer coi-sa da ineonsequênefa infantilK o mais singular é que ronseiRiie ía/e-lo guardando toda a«orça da situação que Imagina«• revelando a qualidade npug-'nante da união dc doLs seresde natureza diversa, aem pro-porção entre si. num conúbiomais intimo e mais penetranteque a união dos sexos.

E' então que ela enfrenta, emtoda a sua plenitude, a expe-riência a que estava destinadadesde o ihtço. e lhe é dado pe-netrar visivelmente no reino dosdemônios. Há outras cenasmagníficas como sensação domaravilhoso demoníaco: entreestas, a sarabanda dos duendcie dos bichos e o mom?nto cmQue ela. delirante e cimo quehinnoti/ada pe!o malefício d»Dama Verde, vai desenterrar u

filho morto. Incorrendo na ten-taçao üiiuk.» Ut. rmSSUS9i%St «.«uipo inainmado. Vrja-ae un.POUCO da cena: •Cav,/lunosTNao sentia minhas niaos. Sm«n.lrumnuo*. p,darü:, ^ fm

o Inv/rn U,,U Cümo un,a Wi»rio Inverno, quando a alva rom.

Sob'e> * pedra coberta uoiP-^tuca .amada de neve e!me sentei, carregando-o emeu colo. Ouvw.sc resp,r.r ViJo. •» o sangue paxjuiva romotorrente impetuosa. estronSK!"o em meu» ouvidos. Vinha amenino todo atado em pclrs -nrívs.m^UU Km »*™>«i>prema.as tire,, uma a uma. ForJ

m, livc-o em meus braços, err,?»ua própria figuraEstava inteirinho, ulm M.,sJã nio era um anjo. Era tunapwta pftlida de rarne. carne si.carne enrijecida, vil carn,..seus braços ao despertá-lo. f|-

:í^m um, d« »"tro separados.ív«°%:LduroV°mo coxas deSJSi ScUS P°nh« fechados Ocabelo era uma >ó pasta escura.hrtn^ 7 Pan-ciam de massaoranca As pestanas, perfeitascaiam sobre •» brancura esver-'Jeada das olheiras. Despertei-nh_ Ml?,n I,!°Sn,a: s;ii dx n,t-nha funa. com o grito que Ia*2L€ <,!"'..SC pPrdeu» ecoando,pelos vales' .*l£rtuS.?°, d? ,ivro tçm umaumplloldade inquietante a fei-tüS *2Éttc5 é apenas Percpn-uvel, deixando a narração cor-rer'como se fosse uma crônicaSív?*

rec0,md" d* a|f"m ar-A poesia ao ar livre de -«"In-

radas na Serra" continua, em-bora afetada dos novos harmò-nicos da magia c do segredoveja-se, por exemplo, essetrecho: "K ela trotou, súbita-mente, marginando as acuas doictraío. toda verde, os pplos, oumusgos, agltando-se ao sol. VI-

«ha a Dama Vciue ci^.indaaeu canto ti neroti,,,. a*TUtna-bros reijondo». ue momua, iu-pauirira ». eam«iin«u uar.\m.in cantando, ranui,^ JS"1^^ • Pettws eram canftu Diria muno ., s„:t ra^ ÜUese elerara, ri.ii.endi Invisíveiseram ioda » Srt.i pmsm",,'f' /"-^"avu nmi.t, .„c«r-naça«, «|, pr,.,,,,* m-iuu lüda.JeU. iuíu,r/H. ,u.vir>{ a tftdos nimul., .ipan-eei.do sem»re rjijMvada depois do^ eenu-•os tól.re a reh, Ktíl p,ia-Jav ,.» ftrrrn., ui ujujjs.•ptre,^,,,, tom.ndo banlso nascascatas Ot tampos do 1 rdâowao eram t.^o p-rve-nas, nw»Igualmente (entadorni

A qualidade poética bartartanara vs cgurar a eotitlnrffdodeda inndn caraelrriítieo da es-crifbraMas ainda há eaíre m deislivros uma constante dgna derc-istro Parecendo tão d-ase-melhantes, no fundo o tema éo mesmo. No seu prrs" o ro-manec. a heroína iamb.Vi é r->-locada num mundo m .-«domais próximo dos nar- m on«'d.» vivos F ai se #!c«»-r-n|a' asoa aventura de doonte entr»rt^-ntes I-;- a m^n,t P_nn?i(>

Pira alem das fronte*-a, ,1^normal, a m^m* •»•«-• --~, *x»!ri.i mi condi-óes dc tensãoextrema, embora r»»"T«- ^«-n(?la.dj n»i novo li»»r<»O fini de ambas a» aovclasrçpre enia-nos a heroria fu-Slndo da mesma terra rr?.*.JUa,e vendo de lon;;c nri}^re-«-s« assombras que Hcam e r-ra -í,«iua:a ainda d-Kge nm cí? r ali-:usíat}o e coniventeVariando-Ihe a verrio. a ar-te de í)in;ih Silveira de Otic'-rot rçexprime a tendi"--ta" in-

consciente para viS!«a- r»-iô-sInexploradas d;i a'm' Natrc-sec.\ Intrcpides c do sr.-í-. -ne re-piam, w:m mov!mrn««i \ do«átempos, a cvn-ins-ln t-n^ráriav. a te;ração fi"»rt'va ?'.., n«ü-canalista haveria lego -* »>e--guntar oue :icon»rr»-3rrlo ej.quecido de <u.i >r-. ^. teria

~- jiíi 114 1 i fií e*rmi$7

- ' i ^' *í-'' 'i»' ir^lCí r*àrífrM *f -j; '

deixado esse esquem-nem sua estrutura afetírr *?~s°rsa indagação er<-i fr-3 f->»:ipr*ciacâo literária, qre b-mpode contentar-se cor' rs t>ro-priedades formars t^n "h-^ %a-ra af.rniar que «'« u r» b-»-.j T?vro>

e nue a compenhia ds »- .<? f-ij-tasmas é d" nm ag-nr?i ernni»sito c sutil. bn,:r'!-« c**m ~n «-rn-limtmtos arl^-me"14!!»?. cv**nun-ca deixam de acordar em nnsaa f.o'n-i» do maraT*»hcso e doOrcêntricG

Desenng de O^YAL,l>g ÇwclOí

li»7! eickrezíwfo riifjírílftp de "(Mes?"

A

P^OPoSlTO de referênciado sr. Oswald de Avdru-de a Dialma V!a"a p. no

iovem poeta Fernando Perreirnde Loanda. este último, em '!-peiros esclarecimentos a L/7-TRÁS E ARTES disse o *e-çitinte:

— Em primeiro lugar, eu iaoescrevo poemas rimados e mr-trincados. Em segundo iurar,Tomás Antônio Gonzaga vun-ca exteve cm Loanda, c sim 'miMoçambique^ Êsscs dois er-ondo sr. Osuxild de Andrade ex-primem, bem o estado de esvi-rito de uni homem que fracas-sou em tudo. se bcri i.^nha «n-s^stido até sete vezes ?ias mes-vias experiências. Quero dizerainda que a mágoa do atuo»do sintomático "Marco Z^r"se origina do segivntje evso-dio: o poeta Ciro Pimentel meescreveu, cemumeando-me gue.0 sr. Oswald queria "intercâm-b;o" com "Orfcu". e correspón-der-se comigo. Declaréi-ihe guenão me interessava aproxima-cão alguma com o venerwuiobéletrista, aliás cortejado' tetodos os jovens. Dai a sua me-goa po>'s as ir^s do sr OstfiiJdse explicam da seauinte ma-neira: êle quer s»r rhefe >aser chefiado pelos mocos, e ês-tes não o querem nem na-av.»ta ^oísfi -»'"m r>ora ovtra Ko resto è com Djalma Viana-

Page 8: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

imwr^mwm' >m ->¦' s«f»

T r 'A S H

&mggm -ê*fc»>M«*Hí.

NOME: OTTO MARIA CARPEAUX,NAaCfcU Im IVOO NA CIDADE DC viin,CASADO.^tMJIlLHOSí^NAO TRANSMITIU A NINHÜMA CRIATURA 0 LIGADOALTUR»* I 71COLARIMIO: VARIÁVEL. CONFORME O GRAU DE MAL-ESTAR INTIMOSAPATOS: NAO SABE O NUMERO. MAS SAÜE ONDE LHE APERTAMV MUFO MÍOPE, NAO USA ÓCULOS PORQUE NAO T PRECISO VER TUDuCABELO COM ENTRADAS, MAS AINDA NAO PODE ECONOMIZAR O CAUELEI.REIRO *l CATÓLICO ROMANO.GOSTA DOS SEUS VIZINHOS DE EDIFÍCIO; CORONEL OLÍMPIO MOURÂO FILHOFUMA; NAO DIZ A MULHER QUANTOS MAÇOS POR DIAGOSTA MUITO DE UÍSQUE ESCOCÊS, CONHAQUE FRANCÊS, MAS AINDA MAISDO CAFEZINHO NACIONAL. MA 5OUASE NUNCA COME FRUTAS NEM LEGUMES.NAO GOSTA DE FAZER VISITAS: MAS FAZE* NERVOSO, MAS NAO CONTROLADOAS MAIS DAS VEZES NÁO SABE O QUE COME.DORME A MADRUGADA E LEVANTA-SE CEDOGOSTA DE VIAJAR DE AVIÃO, E GOSTARIA MAIS SE FOSSE BARATOENTRE OS MEIOS DE CONDUÇÃO, PREFERE O TAXI ¦»*"*»"«NUNCA DEIXA SEM RESPOSTA UMA CARTA, EMBORA RESPONDA COMATRASO.TEM PAIXÁO PELOS CACHORROS, ESPECIALMENTE "BASSCT" OUE NaO CtòU

5ÍDERA COMO BICHOS.SO' ESCREVE A MÁO.GOSTA MUITO DE TOMAR REMÉDIOS E INJEÇÕES; NÁO ACREDITA EM VITA-MINAS, MAS "QUE LAS HAY, HAY". «

a r.M vifaSEU MAIOR AMIGO: ÁLVARO LINS.NAO GOSTA DE CRIANÇAS.USA EXCLUSIVAMENTE GRAVATAS LISTRADASJA APRENDEU A JOGAR NO BICHO, MAS NUNCA ACERTOUJULGA-SE MUITO ORGANIZADO, ENTRETANTO NÂO TEM FICHARIODETESTA RADIO E NÃO APRECIA CINEMA SONOROPOETAS BRASILEIROS DE SUA PREDILEÇÃO: (SEM PREOCUPAÇÃO DE ORDEM!MANUEL BANDEIRA, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, MURILO MEN-DES, AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT, DANTE MILANO e CECÍLIAMEIRELES E JORGE DE LIMA"""»mwwww...w.w....w»^ rTTmrmmm.

OTTO MARIA CARPEAUX? 3T ãò ¦* ' '¦:'vv '¦*¦£ -¦"¦¦' *,**¦?*?' ' *&%¦$*$£ ->**** ? .,.¦ - *Mfc^-.í ¦¦MJ%'::-iW-' • v* *+

*®fâÊÃÈ&s

ML.fP-'.''À

C7T0 MARIA CARPEAUX c JOÀO CONDE'

EIXO ESPORTIVOMINAS - BAHIA

Eminente Amigo GovernadorOtávio Mangabeira:

O Clube Atlético Mineiro, va-lorosa associação desportiva deMinas, vai à Bahia em missão decordialidade e de aproximaçãoentre os desportistas dos dois Es-tados.

Aproveitando a oportunidadee por intermédio de tão distintadelegação, é com o maior júbiloque me dirijo a Vossa Excelênciae ao povo baiano, em mensagemde saudações muito efusivas e devotos muito sinceros pela prós-peridade do Estado da Bahia sobo patriótico Governo de VossaExcelência.

Belo Horizonte, 30 de Outu-brade 1947

GOSTA MUITÍSSIMO DO POETA PAULISTA JUO' BAMAurnrROMANCISTAS BRASILEIROS DF SUAfmiuSczi .iíl"f*CILIANO RAMOS, OCTAVIO D^E FARIA

Ç' j°" UNS D° RfG0' GRA*SANTO DE SUA DEVOÇÃO: SANTA TERESA DE ÁVILADOS SEUS LIVROS PREFERE OS QUE NAO PUBLICAR^ MlturaSE PUDESSE RECOMEÇAR A VIDA, FARIA PW^VIU?«A* „BOBAGENS PROVAVELMENTE AS MESMASPINTOR BRASILEIRO DE SUA PREDILEÇÃO- PORTINABIE' UM DEVOTO PROFISSIONAL DA MUSICA *SEUS COMPOSITORES PREDIUTOS: BACH E BEETHOVEMDETESTA MUSICA POPULAR DE QUALQUER PAISSEUS ESCRITORES PREFERIDOS: DANTE E SHAKBPfADBACREDITA NAO DESCONHECER NENHUM

"iJvSnSL -.. . *,BRASILEIRA; MAS OESEMRIA OESCO^ME«l IE-iiÍi. ^ UTERATURA

APRENDEU A LÍNGUA PORTUGUESA SO' POR MfX MfSSSíSfi UUSELHOS DE AURÉLIO BUARQUE OE MOLaSda

E TU*A * D°S C0N'SUA LEITURA PREDILETA: POESIA "OLANDA.LÍNGUAS: FALA 5. ESCREVE 4, LI 11

l ,0RM°^í:AMATEMAT,CA- "S'C* ¦ ««"MIC*. E DEPO.S IM LETRAS tÜÍJKSS^.

"SCR,PTS'* pARA CINEMA MUDONAO GOSTA DE ESCREVER; ESCREVE POROUF popí-ka0 fm^oL,x,rmo cue 58sra« RTcoEtH?o^E ri!PERDEU EM VIENA SUA BIBLIOTECA; VENDEU EM S PAULfl mrmAe «B,r

TEM MEDO DA AGONIA, MAS NÁO TEME A MORTE"N,£ AWrST

AF'N,DADS B"«''^"'C*»"» DRUMMOND DE .

E*Sh%W5aoDaM,XAR ° PA,S- FICAN0° *Nfl"NA0

^N&SES l\ ^^.1^" ' *"C'*"«™ AS OBRASD0S Ss^s; SM MA,S • ,M~U'«.M^^ NA POUT.CA.

CIGANA $ °E ,DADE' C0NF0RMe «-HE PREDISSE UMA

ARQUIVO SIMPLACÁVEIS

DE

JOÃO CONDE... ^0 um dia eu rasgasse oi meus ver-•os por desencanto ou nojo da poesto,nóo estono certo da sua citmcòo: r ¦•.tonam

OS ARdUlVOS IMPLACÁVEIS do JoãoConda"

Carlos Drummond dc Androd-

O HOMEM DAS TRÊS CICATRIZ ÉS ADONIAS PILHO.Capítulo III

Resumo dos capítulos publicadosNum dia dc grande calor, um homem desce a Avenida e se

ffím^Jr.?^ w°', d?.q,,al sc achava aías-ado há multo tempoChama-se João Gabriel. Para fugir dc um conhecido por êle encon-irado na fia de ônibus, dirlgc-se. sob o pretexto do cal ^ paranma casa dc banhos, onde sc prepara para tomar uma dm.»a. Aosair da cabinç onde trocou dc roupa, depara um homemalto, forte, enrolado numa toalha. O homem está de costas c JoãoGabriel pode ver, gravatas do seu dorso, três pequenas cicatrizes,fcnlâo reconhece Fronza, a quem êle agredira na Casa Verde, enter-rando-lhe um garfo nas costas. Mais do que depressa, desistindodo banho, João Gabriel foge c, Já na rua, passa a espreitar aporta da casa de banhos, para ver que rumo tomaria o outro homemao sair. Entrando num bar defronte, encontra-se dc repente e cmcircunstancias curiosas com uma mulher que éle nâo via há anos.Ela se chama Ester e dá-lhe uma notícia que o transtorna: Ludniiláesta viva. Enquanto conversara, um carro para junto à calçada c,recaindo em si, João Gabriel sc defronta com Fronza.

do inferno. Em Fronza, as escondidas cicatrizes pareciam seabrir e, ensangüentadas, reanimar a dor estúpida da carnerasgada. Em ambos, os nervos que se retesam como cordaso suor abundante, as mãos crispadas.Voltam-se, finalmente. O olhar de um alcança apenas oolhar do outro. São dois círculos de vidro, em febre durosque nada mais projetam a não ser o dese]o incontroíável dêextermínio. Fixos c implàcáveisMâ não sondam, não inter-rogam, nao examinam. Mas rat gem os freios do carroçochofer, quase uma peça da máutina, exclama, sem se voltar— Chegamos, professor — eFronza não responde. Abre

João Gabriel que, por sua vez, iSaltam ao mesmo tempo e os o

tudo o que diz.i porta, sempre encarando>rc a porta do outro lado.lares novamente se encon-

ijtk /

IuÊ

ÍOÃO

GABRIEL não pensou fugir. Não poderia mesmoescapar porque, apontando o automóvel com a mão, Es-ter disse, a voz dura como se articulasse uma sentença:— Ali está Fronza.Ali estava Fronza. Os cabelos lisos, de indio. As mãosenormes, de gigante. Os olhos congestionados, de bêbado. En-contravam-se agora definitivamente. Nas duchas, apenas obreve reconhecimento. A visão brusca do passado que sabianao se interrompera e que agora se fundia para continuar.Ele regressava, depois da longa ausência no Sanatório, e malchegara já Ester o detinha.

E Ludmila! E Fronza esperando, Fronza, o animal!Abriu novamente a mão, como que sentindo o cabo dogarfo, a saliva empastada dentro da boca. Mas antes que pu-desse falar— e seria fácil gritar, mais fácil ainda empurrarEster e fugir, — antes que pudesse mesmo saber o que faziaencaminhou-se para o automóvel e entrou. Fronza bateu aporta sem despedir-se de Ester, que ficou no passeio. Sentiaum atordoamento como se estivesse hipnotizado. Estaria sen-Fronza?0

* ^ P<lra ° Sanatório? Nunca Iicaria livre de

nm^JíhAíer' um^conhecido, de bigodes mongólicos eT%&% Vt°,S prretos- Fronza> ao lad0- O carro rodando. Re-sença ' Fr0n*a parecia não sentir a sua Pre'

do oPt^ndVom^n^>Jn&7to C0XÍm> os ombros se encontran-voroódio ano ZS? deSÜ'aí;a COm mais ^^ncía, difícil su-cão de Ludmila %i\?nT° U° OUtro' evocado pela sedu-Em LStt^ ° sctTfgue e late1ar ™ têmporas.*m joüo Gabriel, a cólera renascia como se viesse do fundo

J^K?^^y^W-^^^^"fMBBB^^^^^JB^Ç^OBW jÉM üta^M ^fcLy--**mS

y^fatjSíjgx^JtwjÇ-t^^^SBi^^B^^r^jSf fií?a':'i7£ff& ^S^f**iS(wv£iMH

rmjj^3f^el wt^L* iiu vffl Fn

)Vt icidofarro dispara, com força,idos pela raiva, os dedosmn a paisagem em volta.«» As nuvens baixas e es-

0m'n!nPeSSa ê tt lUZ d° SOl0 Mascaras paradas, sem

tram, acesos, em plena estrada.erguendo uma nuvem de pó. Vpesando como martelos, não pertArvores esgalhadas, mas sem foicuras. O silêncio, profundo. Parie as fisionomias, deformadas, smúsculos.

Aproximam-se, mudos. A sedição de 7i/r7»»,7„ „-,„*.peito. Mas a saliva já rompe os toos^nM^iSE)? í^rjá sente o cheiro da carne suad i, percebe nill í°a° ?abndFronza, estão eriçados. E. impulsionados nor%ÍJe!°s'*-€mque não distingue os homens dos obos as unhata j~™t0briel se agarram nas orelhas dc [fronza e n, t,?L!V°í.°procuram o seu pescoço. Rápido) João Gabriel rZl6 Fr??lZado, e chuta com força a perna ^mX!\l^S!manrtando o palavrão, mas logo sc èrumam?n II ajoelha> 0rl~braço suspenso, na mão o punhal. joão JJ!»anSar com omede a distância, sente os dentes afiada Tí\ ve a lâmina>E, na defesa crua que só a ameaça da mnrt* UTZ serrote-morte permite, espera

que o braço de Fronza desça. Segura-o, no pulso, e seus dedosse fecham como uma torquês. Tremendo, o esforço de Fron-za. Menos ele e mais o bruto que arranca forças de um san-gue selvagem, João Gabriel já nâo sente a si mesmo Tudoagora, é uma exigência monstruosa. Quer bater, arrebentarmorder e pisar. Interiormente, é um cego. Imensurável, âsua cólera. A mao que lhe ficara livre, uma garra contorcidapela furta, se fecha como uma boca faminta na garganta deFronza. Fecha-se, aos poucos, e aperta. Inutilmente, Fronzatenta arranca-la e nao a arrancaria mesmo com uma cordade.aço Asfixiado, Fronza abre os dedos. E o punhal cai JoãoGabriel o vê. Abre as pernas, inclina o corpo velozmente eenquanto morde a face de Fronza, bate com o joelho em seúestômago. E' uma pancada firme, pesada, direta. Fronza ac-me c João Gabriel, libertando as mãos, empurra-oO punhal, agora, está em sua mão. Fração de um minutotempo apenas de determinar o espaço para o salto, e êle no-vãmente sente na cara a respiração odiosa do outro Há san-gue em sua bochecha. E, mais que a exasperação de todos ossentidos, é este sangue que o impele, que o enlouquece, queo poe acima de sua condição. Grita, possesso, a voz como umuívo Fronza oscila um instante, fraqueja na vigilância equando procura recuar - já é tarde. O punhal atingira-o naaltura do pescoço. Sangrava-o João Gabriel como se sanaraum porco. yÚ* JOã° $MHél vê *çorpo, o olhar apagado, o sangue absor-vido pelo barro. A odiosa respiração já não existe. Do vu-nhal ve apenas o cabo, feito de osso. Move com o vé sempressa o rosto do morto. Debruça-se sobre êle - enquantoos sentidos se aquietam, o sangue se acalma, o homem renas-ce ~- e, ainda sem pressa, com as mãos tranqüilas, vira-o decostas para cima. Suspende o paletó, rasga a camisa. E, comos dedos, sobre a carne ainda quente, contorna as cicatrizes.A primeira, a segunda e a terceira. Está na Casa Verde e es-™7arfo°èC<dered°ri Fr0nza se aProxima> « varede é de pedra,

a„o ?Jiyue no pó' ? c.ab0 d0 vunhal. Ergue os olhos. Semque soubesse quem o fazia, quem movia agora a sua mão se-aura o cabo do punhal. Puxa-o, com violência. E' um òbje-to sujo, a lamina ensangüentada contrastando com o cabobranco. E,ja que o tem, já que Fronza náo gritará como ou-trora, golpeia sobre as cicatrizes. O sangue jorra, suja as suasmãos, salpica os seus sapatos.Percebe, então, as árvores esgalhadas, sem folhas E entao cospe a saliva que amarga como fel.

Convido o escritor Josué Mon-tello a continuar o próximo ca-pitulo da novela.

¦;. - vv-; ¦ .: :¦¦ ¦¦¦ --¦'• *mmm*m ':.--Á -¦!/. ísm: -i, ¦

EIS A MAQUINA..."Conde velho —

M ÜV**? Rr"?! é *,ton *• "L«*« « Arttt- « md7^.Tdo7Mut Arquivos . Ficou impressionado com esso idéia dc Caruaru pro-mover uma maquino de escrever para a Componha de Alfabetizaçâoa Assistência Social de Cachoeira de Itapemirim. E v. sobe como Bea-tru a violento quando sa trata de praticar uma bondade, v sobe oueela perdeu o esplendido conforto em que vivia, espalhou seis milhõesde cruzeiros pelas mãos dos pobres, e depois de lutar eom0 ninguém,no Brasil, pela sua Franca espezinhada, está lutando agora pelas bro-sileiros mesmos, pelos mais pobres, mais doentes, mais desgraçados,móis tristes.

Essa grande doodora de bens, que distribuiu tonro maquina dccostura por mocinha pobre c tonto livro por intelectuais "quebrades"esso amigo dos tuberculosos e dos artistas, dos mendigos o dos sonha-:°T T

C,° ° h°'e $obrCTudo urn« 9'ondc pedinte. Vai-se desrazenocainda do resto dc sua fortuna — c dia c noite ando para um lado coutro pedindo o algumas centenas de ricos uma ajuda qualquer pareseus muitos milhares dc pobres.Seu opclo, Conde, não podia deixar de comover Bcalrix Ela en-tão resolveu "rebentar o bonca" e me trouxe em casa subitamente,umai belo maquina de escrever suiço, absolutamente nova, poro ence-minnar a voce. E' o que ora faço simbolicamente, pois já despache

a máquina poro Zilma.Devo lhe dizer que, além disso, Bcatrix trouxe — e dc vez err.

quando ainda trás — peças dc fazenda para as crianças pobres diCachociro: elo me disse que espera mandar pano suficiente para vestir umas 600 crianças, e não está longe disso! E' dc nos todos, capi-xobos e pernombucanos, ficarmos sinceramente humilhados perante cvelho Provcnço.

Feche, portanto, sua subscrição — c êsse dinheiro já coletado ficará como principio de uma nova campanha que eslou começando corganizar — para conseguir uma camionete paro Zilma Vai ser duremas tentarei, e tenho cá meus planos. E fora disso um grande abracee um profunda muito obrigado. Prometo estimular os néo-alfabetiza-dos de Cachoeiro a tomor assinaturas do seu JORNAL DE LETRAS,que está uma beleza. Honra e glória a Caruaru!

RUBEM

Com a carta que acima publicamos do cronista Braga, terminamos a campanha para a compra de uma má-quina para D. Zilma. Vou entregar ao Braga a importân-cia de Cr$ 3.250.00; êle a utilizará, como se vê pela su:carta, em outra e maior campanha em favor da obra daprofessora Zilma.

Danhf T-1 mUÍ'? Sa,Hsfeit° COm ° resultad0 d«sa campanha, po.s muitos leitores resolveram auxiliar a admi-™*l professora de Cachoeiro. A Beatrix Revnal agradeço

cobiçar530' °,,iro"que deu « "^ "- *

rehi urTJtT qUG

fÔ Uma VeZ tÍVG med0: foi quando re-ceb, uma ca.xa m.ster.osó, contendo um donativo. O meureceio era de que dentro da caixa houvesse alguma bom

crilí?'0 °.U meÍm° Uma bomba comum- °e*^ ^ ascrianças soltam durante as festas de S. joão. Mas errum rece,o mfundado _ havia apenas uma simples con

n^n» ° Par.3 VamPanha ^ D. Zilma. enviada por um:pessoa que também não gosta de ver analfabetos

J. c.

V,

H

i

WSÊ '

Page 9: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

t

rjffín.i — 10

UMA REVELAÇÃOTEATRAL

Gustavo Nonemberg traduxliie t«ta i p:i . tit.in.iu no •¦>«•tro Oniniieire dc Oomsdls ..peça de Baioyan "Niek Bar.álcool, brinquedo.'», ambições, •

Ape.Mii de sua altura de gt-Kdiite C de sua vos. Noncmberf*que. nu que *e gabe, nunra pi-sou num imito, revelou-se unibom ator, parecendo mesmo ve-tora no. Enqmnto outros ama-dores do fprupo teatral qu-» oraso exibe no palco do simpáticotcatrinno dn ma Major Dlogordnda continuam a fassr pou-tinhas ou ta s&o autênticos ca-nasirôcs, Woncmberg quase to-ino rontn Ho palco nns horasem que tem qu»» apnrwn som?STo AbiPo Pereira d»* Al-raeida o melhor que êle nestaP<*?*a. Mas Abl»lo Pereira deAlmeida e veterano já. com «!-?uns anos de palco

Talvez tenha se revelado umbom ator p?ra o teatro nnc;o«nnl. tao desfalcado de elemen*to.> que prestem Por enqtnntatalvej sela cedo para se aí!r-mar qualquer co sa Mas se No-nemb^re. posto ú prova em nu-trás peças, sair-se a contentonovamente, então poderemosdizer qu? o homem achou asua vocação. Bem dizem que avida começu aos quarenta...O MELHOR ARTIGO SÔ-

RPF RUIO sr. Antônio Pousada, ?s-critor "doublé" de padeiro (ouvice-vers"» descoberto por Mon-teíro Lobato, è um grande ont-mnrior d-s nossas letras. Hatempos 6'e.íusütuhi um prêmio

paro o melhor trabalho anarc-cido na i*nprensa paulista rô-bre Eea de Queiroz, por oca-sião de seu centenário. Porsinal aue eu. tomo membro dicomissão julgadora, dei o pré-m.o a Càsslano Nunes que pos-teríurmente publicou sua tesena pequena coleção de livroseditada nela Casa do Fstudan-te do Brasi! («O Lusitanismodc Era d? Queiroz". C. E. BRio. 1947».

Volta agora- o mesmo sr.Pousada a in.dituir um prêmiode Cr$ 1.000.00 para o melhortrabalho aparecido na impren-pa deste Es-.ado sobre Rui Bar-bosa. Quem se encarregará dejuVar e premiar o artigo seráa Associação Brns;leira de Es-rritores ou uma comissão queHa determinar. Portanto, ate u-ata em que se comemora ocentenário do grande baiano,poderemos todos nós paulistasnos candidatar aos Cr$ 1.000.00do sr. Pousada, escritor "dou-

IETRAS ! H I r, ,iE

^m^t^m^JalÊ'*^9ammaawmmaaãa^aaa^ma^aam ftW ? aS é aâúW W ^. 11) Wwi Wawk\ ^m. u (v5< & A àuCm\ * ^9 W^Z V>W. -.*%_£ .Jà^ lma£ Hi Uf \Sâ\l^^^^^^^WMBBmWÉMMW fl^*--^JL-a^ '¦ -ik •mmaa^^maar -^ti—l^lL A* I ^ *fSA ^"jISP W ¦ » 'lVt aaaW* BÊk *ÊÈ Hf Vi tffllwfc^H

JJOME NAS PLACASPor recente lei municipxiforam dadas denominações avarias ruas c praças novas deSao Paulo. Entre as várias

personalidades que tiveram% honra de receber o nomeem placas figuram Pedrof/"7?0» Alexandre MarcondesMachado^ Afrânio Peixoto,Monteiro Lobato e AlbertoRangel.

Interessante foi o critérioadotado para a identificaçãodos personagens e que tam-oém figura nas placas. Embaixo dc "Rua AlexamjmxMarcondes Machado" es*»»veram: "JuóBananére", nêêse sabendo quem è o nome-nageado. se o cidadão Ale-xandre ou se o seu pseudònt-mo.. Afrânio Peixoto é con-siderado "cientista e prejm*sor". Monteiro Lobato ]MM> legislador ficou sendo •*%•-

meni de letras1', enquantoAlberto Rangel é-considera*do "escritor".

Como se vê os vereadoresmunicipais usaram de distín-ções sutis para a determt-nação do que foram os «c*mena onc pretenderam homenaaear. voti enquantoderam o título de 'homem4*Jrtras" vara Monteirotobato, nreferiram charnàiAlberto RHnffèl d", "esnri-tor". Qual o titulo mais'*/ai***v*n*ri'>

ALCÂNTARA SILVEIRAREVISTAS PAULISTAS

deriam »cr sido public.dos. ,ol,=, 0 ma. cioa n ^kTSsSS^BsSaí TÍ '**

£*da cera, os p<i~to. o ctcrüorcs são pobres e nào lôm b6«; ««í . • •! ,lpo9,oí,q> <••»»•" o olho

nõo foi o mono» obotimcn.o vond. na suo nuííêi,- ,0: ÍuUt Conh9 ¦ «W*** S-c«o rótulo do 9orrofo do eôchogaRovht.To EfiSÇ ^.T",0 qUC \* BUm °"M"eta dj «oboaeto «.grafia .. resume mumnzlllTLaZ ' °ü r°,U,° d° 9°,,0,° 4e «»'> *«*<> *"'- • »ÍP-..,•*,. at^iK mtstijstSaü r,?j° r suztr c*r '-rquo p-omelem o trabolho, mos por preou co não ÍrSammS^i^í ? ' ° C°ntr° °' «<»'»fc«*odorotcômodo possor »ré. horo. ££• ^ssE?^Í^^XM^míP,U "íh t0,àa' *oit é ™iu> •"««folha branca que precóu ser lãSS eí»^ÍS0^^^^ "^ ** *""* Ü8

iotcl-cloois c quc p-síom «m, ÍJ "piri","eu

tos o iSfi, **. "^ *anUn" meti^» «" """f áfe* "S-" •- "•-»'-- -SS^Slís rr,L"n<,i' --

md.co «Ifobctiea c remissivo poro o d cionóría hio ki'\'Z.J-, Teweiro, qus opresento sim

rumoiro ro9isto biblieorófico do, obros SSm ^l^^rt!^ <,U0SC 40° Pá9in=-. » ^dc julho o J0 de sclembro de 1944 bI'°t:!" Pub!LC0 Mu,,:ci»,a, dí «" P««^ de 1».

blé" dc padeiro (ou vice-versa».EXPOSIÇÕES

Na capital paulista acham-se abertas as seguintes mostra*de pintura:

Na Gabria Prestes Mala: ex-posição permanente da A^ssocla-çao Paulista de Belas Artes.

Na Biblioteca Municipal: ex-posição dc reproduções de pin-tura moderna.

Na Galeria Itá: exposição deRaphael Marti nl.Na Livraria Itapoã: quadrosde Trajano Vuz.Na Editora Hermes: óleos e"gouaches" de Edith Pindelsein.Na Galeria Domus: quadrosde T. Suzuki.Na União Central Brasll-Es-tados Unidos: gravuras de O.Guersoni.No Teatro Municipal: Aqua-relas e desenhos de A. Esteves.H* ainda a salientar a expo-siçao coletiva de artistas Lsrae-litas-brasileiros realizada no

bairro judeu de São Paulo aBom Retiro.AQUARELA DE TARSILA

Como é sabido, Victor Hugo(como Baudelaire, Musset,Puchklne, Tackeray e outros)'foi um bom desenhista. Nàochegou a ser como Baudelaire,de quem Daumier chegou a dl-zer que éle seria um grandedesenhista se não tivesse pre-ferido ser um grande poeta,mas mesmo assim, os desenhosque dele conhecemos recomen-dam-no bastante como conhe-cedor dos traços com que seesboçam figuras ou paisagens.

Um rfos passatempos prefe-ridos do poeta era derramarsobre uma folha de papel oresto de café que restava naxícara, após o Jantar, e do-brando-a em dois, fazer comque o café se transfromassenuma mancha que sugeria umobjeto ou uma figura irrealCom o auxilio então da pontado dedo, Victor Hugo conseguia

dar forma àqueia manchacriando seus monstros, suas íir-vores, ou cuas igrejas.Tarsila Amaral está agoraimitando o poeta, pelo menoscm parte. Se não usa derrama.café no papel, está entretantoasando a ponta do dedo paracolorir esplendidas aquarelas

que são a última novidade saldade seu "atelier". Nâo se sabeporém se a nova técnica foi ounao sugestão do criador da ar-te de ser avô. De qualquer for-ma na sua próxima exposiçãoretrospectiva, deverão figurarobrigatoriamente essas aquare-Ias feitas a bico... de dedo.

NOTÍCIAS MUSICAISRealizou-se com êxito enor*me o recital do célebre pianls-ta Malcuzinski, inteiramente

dedicado a Chopin. Magníficasinterpretações das fantasias, dosnoturnos, das mazurcas e so-natas chópinianas impregnaramdurante duas horas os ouvidos

fiara *f mu KH ^F '- ' B¦:'-:'*%- ^**MflK*fll H/ ~*IH ¦«*¦ ^E ;¦ '.. \*B mt* jh m* v^KV VH mt. S^1 H9 V- "^whH K^':: ' ¦¦'¦ yMV VM -í^^^HIj am ma

-'¦'¦;#'\ :¦¦;¦*«: :'-..^^^^SWy^WÍ^^K^BMtt.:»i»iMB^

tf -.t-:*ii:-j^^^ .- v^^Ih^I Wâ'

•>omirt,|o, 10-7-1949

dM aiiiiiuiiHtu* quo \oimm -1'eatro Munlctiial.

O DeparUxnento Municipalde Cultura fex reali^j |JUIJ*»um concerto da Orquestra 8»u-íônlea do Tea Municipal, mna rogtncls do maestro Cornar-co Cliinrnleri. Tocou como so-Istn. execuiando peçns de Vlt-torio Olanlni, Ouch. Ouarnleflo outros, a pianista Jeannetteiier.oR. que deve ser parem»do nosso querido André Mau-roU)...Fritar Jank realizou o n» 0Ultimo rccílal Ua serie ronsa-«rada á execução dns obra a pa-ni plano de Beethoven, dasquais se destacam u* "Varia-

çóes xóbre um» valsa de Dia.b^lir r a "Sonata cm ml maior.op. 14. n. 1-. 'PALESTRAS Cr CONFE-

RfNCIASPaulo Duarte falou n^ CentroFolclórico Mario de Atidrado«Obre a personalidade de Ama-diu Amoral, como folclorlsta.Aluieda Salc.-,. sob o patro-cinio do Departamento de eu:-tura da A.vjociaçfto Paulista tlíCirurgiões Dentistas, falou só*bre "Introdução á Arte do Cl-nema".

•John Lchmann. o ronheridoescritor inrrlês. discorreu no Mu-seu dc Arte Modenin sobre «opoeta no mundo modernoM \conferência que foi patrocina-da pc.o Museu, pelo Club? doPoesia c nclo Cons?lho Brita-níco. atraiu grande numero deouvintes.TEATRO DA CULTURA

ARTÍSTICAEsteve posto á visitação pú-bllcn o novo teatro da Soclc-dade de Cultura Artística quics«á sondo erigido à rua Ran-kcI Pestana. »""•'..•. c«n,i?'*'Verdadeira multidão de interes"-sadoa percorreu demorndámen-te as dependências dn futuracasa dc espetáculos, mostrando-se todo mundo bem impres*slonado com o que viu e coro

que Imaginou.Realmente, dentro das carac-terísticas modernas com que foidotado, aliados ao conforto e á,técnica mais moderna, o teatma ser brevemente inaugurado

será um dos principais da Amé-rica do Sul. Em regozijo peloacontecimento a Sociedade deCultura Artística reabriu poralguns dias a inscrição parasócios contribuintes, tendo con-quístado. no próprio teatro,maLs algumas pessoas para seuquadro social.

(anlinho para os novíssimosIntitula-se "Telha-

dos com flores e pássarosmortos", este poema do nu-vissimo Ernesto R. C.Wayne:

"Antenas e crepúsculos que-[brados pesamNos arco-iris cansados, nas

Itethas mofadas.Tão estranhos sussuros sei-

[vagens de fada»Sâo lividós pássaros morros[que rezam.

E sutis claraboias sangrei.[tas revezam

Violentas cintilaçòes, abstra-[tas. rasgadas

DfTS-flos-pendcm nuvsns e-

•i*...... * aa^-te-gafa S-S^sfflf^íri-**-*-- * -

f tardes mascarad?.?.Sóis liquifeitos superfícies

[embelezam.

Arestas salgadas. Vibraçftes. [esseuciais

De poças profundas, de cân •rticos amargos.

De anfscs, dores rotas, de ;[céus materiais, i

Lareiras de vidro com fio- j[res esquecidas, jRudes folhas rubis dançam j[nos ventos largos: jSujas, elementares, veladas. ,[decaídas " \

Page 10: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

rwâitiiiiMiiiiitiT üíi****-**^ as^g"*

Domínio, 10-7-1949

Um cocic-tail na A. I, J„e algumas perguntasembaraçosas

TRÊS Lehmann, 3 irmAos,

trilham hoje no cenáriod»', letras e das artes in*

i-i<-••¦': Rosamond, a romanci*..ta, Beatricc, a atriz, c o caçula,John, poeta, ensaísta. Foi fetoque, em vlaltu relâmpago, este-ve conosco a semana passada,trazido peln mão pnternal doConselho Britânico.

Sentado no muro do terraçoda A. M. I., sua alta estatuíade nórdlto recortada contra asluxes cia cidade, conquistou Io-uo todo mundo com sua sim-pllcldadc racéc. seu grando risocordial. Lá estavam ManuelBandeira. Cecília Meireles eMurilo Mendes, José Lhis doItégo. Ciro dos Anjos c JoséConde, Gilberto Freyre, OttoMaria Carpeaux, Jorge Lacer-da, e muitos outros, entre o.souals os simpáticos Jovens ia"Revista Branca" fazendo per-mintas embaraçosas. ("Qual é«i escritor brasileiro mais conhe-«ido na Inclaterra?" com a res-l)osta estritamente verídica:Pascoal Carlos Magno).

No dia seguinte, em ambien-te mais calmo John Lehmannroncede a LETRAS E ARTESsua única entrevista individualnesta cidade.Surpresas e revelações da

cooea de guerra

IETRAS E ARTES * m

Próximo passado e próximofuturo da literatura inglesaO POETA-EDITOR JOHN LEHMANN FALA A "LETRAS E AMES"

XARI4JDA SAUDADE'CORTESAO

Lehmann nasceu na região dcprados verdes e átruas serenasoue se estende de Oxford aLondres e. sctrulndo sua expres-são "o Tâmisa lhe corre nasveias". Fez seus estudos emEton c no aristocrático TrinltyColleqe de CambridKc, tendouublícado em 1931 seu primeirolivro de versos, seguido de maisdois. o último dos quais tem otitulo redondo e transnarentede "A Esfera de Vidro". Ousela o mundo mágico em queo poeta se encerra, a um tem-po presente e remoto. Mas ape-•jfir de ser. como disse ManuelBandeira "um erande poetaduna erande freracão" êle éconhecido sobretudo como ofundador e diretor da revistaHSSti New Writiino an*Wuiignt e sua versão popularo "Pençuin New Writing" ouecom uma difusão mundial, ti-ra cem mil exemplares.Como o temno é pouco en-tramos loco no assunto:Qua's são as cararterístl-cas da literatura inglesa de«•'ós-guerra? D'stancla-se mui-to da anterior? Apareceu nelacuaiquer coisa de tão novo eradical como o existencialismona Franea? ,>•7 Ê um pouco difícil julaarassim de oerto. Podemos aflr-mar ainda assim, que náo exis-te ab smo entre a geração quesa u da tnwrra e a orecedente.

niieSíT"? se nro^Rsou semQuebra--, dentro ria continuidade.Mas a- guerra não afetou

dalguma forma o espirito naliteratura?— A Inglaterra, di/, Lehmann.não sofreu a Invasão do Inlmi-go e não sentiu, i>or Uso, ne-cessldadc duma literatura hc-^rõlca como a da Resistência naI-rança. Os escritores Ingleses,nojo mais que nunca sentemnecessidade de reafirmar o es-pirlto lírico e imaginativo cmcontraposição ao matorialismoc a falsa ciência que por unitempo pareceram sedutores. Enecessário devolver ao homemsua dignidade.

Nesse caso o existência-lismo não exerce influência naInglaterra?O Inglês é por naturesaavesso aos problemas filosõfí-cos. Sartre e Camus sâo muitoadmirados na Inglaterra emtanto que escritores, mas o ladodoutrinário de sua obra nos de-sagrada, e até repugna. Creioque sua influência se exercemais sobre o.s norte-americanos.Deixemos então a Françae voltemos á Inglaterra: queescritores aí ocupam atualmen-te os postos de comando? AI-gum é considerado mestre in-discutível?

Creio que sobre êsse últl-mo ponto não haverá discre-panelas. T. S. Eliot ocupa porconsentimento unânime, ouquase, o primeiro lugar Os"Four Quartcts", publicado:- du-rante a guerra, são sem dúvi-da o grande acontecimento 11-terário dos últimos anos. Já osconhecem no Brasil?Respondo que foram integral-mente traduzidos e anotados«por Agostinho da Silva) m.\sque ainda não foram publí-cados.— Como vê, contínua Leh-mann, o primeiro posto é aindaocupado por um escritor da ge-ração mais velha. De restouma das maiores revelações dótempo de guerra foi dada poroutra figura dessa geração. Re-firo-me a Edith Sitwell. Es-critora rebuscada, um tantopreciosa, conhecida e apreciadaapenas por uma minoria, suapoesia ganhou subitamente umagrandeza, uma plenitude, umasegurança técnica que a colo-cam em primeiro plano. (EdithSitwell conta 61 anos).O caso de Edith Sitwell, deque já tínhamos conhecimentono Brasil, não foi único. Aguerra parece ter acelerado oprocesso de maturação c de-

rantaçAo de muitos escritoresque de suas amargas experien-cios surgem mais humanos,mais graves. Fenômeno curió*ro. sa nos lembrarmos que aoutra guerra deixou na htera-tura um travo de cínica amar-fjura e desencanto. Nessa altu-ia os moços entravam na lutacheios dc Idealismo e esperan-Ça. confiados que de seu sacrl-lido sairia um mundo melhor.Agora tudo mudou. Foram deSL ?,S n5erlos c nft0 voltaramucsiiudldos porque partiram

^^mi'J$&m\±ÉÈmm mm\ ^m\

Ts^SêL 'i*lfeu**^wBSf,&;."' ^SmmmammVí '4i<^lB

"*-¦ —»*^B ?¦''¦ **7%&*

'¦•*^*i**m **fj*ip^r' ^'if*'*rjj

•t^MMi *"* ' ' •*^*WBB ^SkÇ' ?..*•&!$*^mftSFK' ^^ffÊ^stf* '" y^&BBammW ' ^'^nétti

__ríá*W- '^Hv. '"ÍiW: **.?«-"";Mm *tí*í. MtsixSkmz jav •«, '* "'sSiB

John Lehmannsem ilusões. Voltaram, sim,com uma compreensão maioroa infinita miséria do homeme de sua inalienável grandezaJohn Lehmann cita o nome devários escritores que se reno-varam na guerra. Entre os pro-«adores, Osbert Sitwell, irmãode Edith, a romancista Elisa-beth Bowen, Graham Green eEvelyn VVaugh, ambos bastan-te conhecidos no Brasil, V. SPritchet, e por fim RosamondLehmann. Entre os poetas: Ce-0,1 Day Lewis, Ixmis Mac Neicce Dylan Thómas

Presente e Futuro'

CONGRESSO INOPORTU-

V,Af7AD,Z0SRLl"S

OVV1DO nesta Capital só-o**e o realização do J.<*

„ _ Con9resso de Escritores,na Bahia, assim se pronunciou^historiador e deputado Luís

Estes nomes nos sugerem apergunta seguinte:— Que pensa dos poetasseus contemporâneos, dos queIntegram a sua geração? Espe-clalmente de Auden e Spender?Diante da pergunta diretaLehmann tem um daqueles seusrisos expansivos que tornamcinda mais intenso o verde-

azul do srui olhos extniordl-rrtirlos. B diz-nos, com hesita-Ções diplomáticas, que duran-te a guerra Auden .sc transíe-riu para os Estados Unidos on-de sua poesia tomou rumo no-vo. e cm sua opinião erradoAqui não me contenho, e saindodc minha neutralidade respon-do que li seus últimos poemasc que me pareceram franca-mente admiráveis, e.speclalmcn-te a série inspirada na «Tem-

pestade". dc Shakcspcare?»«7« ***?*aí'iado cerebrais,' con-testa Lehmann.

Não digo nada, mas tenhovontade de lhe citar a fala deProspero a Ariel. uma das col-sas mais comoventes que Já liQuanto a Stcphen Spende-continua nosso entrevistado'tem-se ultimamente dispersadopor atividades várias, reporta-gem. crítica, etc. Quando tor-nar a concentrar-se na poesiaestou certo oue nos dará d*snovo os grandes poemas a queestamos habituados. Quem meparece em bom caminho é Da-vid Gasçoyne, recem-cmergidooa influencia surrealista, e'so-bretudo Dylan Thomas que Cü-timamente tem escrito poemasverdadeiramente admiráveis.— E entre os mais recentes''<?uem serão os poetas e roman-cistas do futuro?-— Entre os poetas, os demaior futuro me parecem Lau-rie Lee e Terence Tiller, am-bos extraordinários, e maisGeorge Fraser e Lawrence Dur-reli, também críticos penetran-tes. Entre os prosadores Wil-ham Sansom. P. H. Newby eChristopher Scherwood. me pa-recém os mais dotados.

Rosamond, Beatrice e os. Estados UnidosAs primeiras formalidades einterrogações assim satisfeitas,

passamos a conversar com maisliberdade. ,Pergunto por suaslrmas. De Rosamond. que é suacolega na direção da recém-funda-da Casa Editora JohnLehmann, éle me diz que acabade terminar um novo romanceainda sem titulo, que casadaduas vezes e divorciada, vivesozinha perto de Londres, quetem um filho servindo na Áfri-ca e uma menina ainda no co-légio: e que além da literaturase interessa muito por música.—- "A. note .of music"... Pmi-bro eu. E Beatrice? Beatricecontinua no teatro alcançando

Pipna — 11

grande êxito nos papel* dc «niiespecialidade que h&o os tragíeos ou ate macabros, du Leh.man, «uas criações mal* ceie.brrs h&o em peças de ONelJr"Mouimmf Uccames Eleetra- eo nosso velho conhecido "De-sejo".

Lehmann está regrensau^edos Estado»; Unidos 0 náo ee-conde -.uas ünpressoes:-* Sim, e verdade que os £•-tados Unidos sáo o país da fa-buloaa abundância rom quomuitos sonham. Mas estiiabundância custa caro. Pní*a-*-cem detnorteamento de espirito"desassossteo, Insatisfação, suma terrível e impiedosa cor-reria ao pomo úc ouro. no ramoderradeiro do horizonte dJstan-te. Desenfreada correria a quenem os escritores escapam.Porque o escritor tem que «ser

editado, o editor tem que «ru-nhar c ganhar significa com-petír. rivalizar. Vender, venderé a chave de tudo. E para ven-der é preciso gastar, gastarmais que os rivais, gastar sem-pre quantias maiores. Umaedição dc dez mil exemplare.-Já não compensa e se por vol-ta da terceira obra um escri-tor náo entra na casa do ai-mejado milhão, bem... passa-e? á frente, e que D*us tenhapiedade da sua alma.A morte de Vir***"nia Woolf

Lehmann é editor tambí-m estbe do oue está fa'ando. Umdc seus títulos de glória é tersucedido a Vlrgln-a Woolf nadireção da famosa Ho^artnPress. Sei que eram grandesamigos e pergunto por ela.«r~"„E verdadc <1U'-* Virr-lmaWoolf se matou por náo pode.-resistir ao espetáculo do mun-do cm truerra?

— Nâo, responde Lehmannnao creio que tenha sido essaa razão direta. Ê claro ouenuma mulher dc** «nm sens'bili-dade a guerra tinha de causarum enorme abalo. Mas a ver-dade é que já antes vinha dan-do smais de grande esTofamen-to. Ela se entreiava à criarãocom uma tal infensidade e umtal abandono, seu espírito a*!n-Bla um tal erau dc a«rudeza quecada novo livro a deixava comoque exanirüe. Ela viveu d*ma-siadamente suas obras. Creioque foi êsse estaco de tensãoespiritual que acabou com suaresistência. Pouco temno antesde sua morte ela me tinha en-tregue o oripinal de "Betweenthe Acts". atormentada comosempre pelas dúv'das oue a ass-saltavam ao término do traba-lho. O inanüscritd estava numestado caótico que dizn b«*n aluta a n g u s t i o s a que tinhacustado à sua autora. Procureiserená-la dizendo-lhe. em tôiaa verdade, que era uma gran-de obra.

No dia em que morreu, dei-xou o marido dizendo que su(Conclui na li.» pág.)

'!*«"* Ifoe que com a renún*cia da diretoria da ABDE, tor-nou-se inteiramente inoportuno

èJ!ePd0 Con9resso, se 6 quee'e estava sendo organizado.OS ESCRITORES DE SAN*TA CATARINA TO-MAM POSIÇÃOr£„s?çã0 ãa ABDE em Santacm/lni'Jefiniu-se «* face daaeL^fí!*™ se<?â0 cariocaTenhiZmade- Reunida ™ «-reSrííeJa geml extraordinária,

Ver- SLdesJqar-se de ouar.-««f vtnculagão com a ABDE,9

DE NOVO NA BERLINDA A ABDE.~

ViZr^V DC„°.-g-reS!,0 de Es?i*ores- "* MM", aclara 6 historiador LuizV.anna A posição dos escritores em Santa Catarina - Um manifes Ô^ , • ., __ sem^ignatários _ Uma diretoria ^sui generis"

mamhíSt0

passando a constituir uma so-ciedade autônoma, sob o tltu-Io de Associação Catarinensede Escritores.O MANIFESTO DA "Dl-

RETORIA" HOMEROPIRES

O recente manifesto da "di-retorta" Homero Pires--— quemereceu uns comentários irônt-cos de Rubem Braga e Guilhcr-me Figueiredo — afirma queficou na ABDE a maioria deseus sócios, Não è exato,

Votaram nas eleições de 2G¦ jde março, as mais renhidasrealizadas até agora, 852 eleí-tores, dos quais 476 sufragarama chapa Afonso Arinos, e 37tf*V £ftaP« Pires. Saíram naABDE 450 sócios, solidários coma diretoria Arinos. Onde amaioria?Estará ela representada pe-los sócios q%ie nem sequer fo-ram votar num pleito ren.fr t-díssimo, indiferentes por igual

UMA DIRETORIA "SÜICENERIS"

Outro ponto curioso do ma-nlfesto e que ê subscrito ap<--nas "pela diretoria'\ Que ai-retoria? A chefiada pelo sr.Homero Pires?\ Sabe-se nas rodas literárias

Que o expediente foi adotadopara tapar os rombos no cas-co do navio encalhado — cpartido — que 6 a ABDE. As-sim, não mbscreueria o man*-festo o candidato à vice-pre°'i-Mma, sr. prigenes Lessa, que

declarou a várias pessoas reelas estão ai, para dar testr-munho), que a atitude dos no-munlstas nâo passava de ujnapalhaçada, com a qual êle On-genes famals concordaria. Che-fiou mesmo a escrever umacarta aos seus amiqos comu-nistas, protestando contra essaatitude. Onde andará estacarta?Outro que também não as-«•«fria: o sr. Aníbal Machado.Metido na ehana comunista asua revelia, e nem sequer ten-do votado nessa chapa, êle naotomou "r>osse" do earg* «~consetoo fiscal e remova, naspalestras com os amidos oprocedimento dos comunistas.Por último, o canà^d"to a sc-qundo secretário, sr. José Ce-sar Borba, desligou-se vúbUea-mente da chapa, retirando-seda ABDE com os demais a-entores democráticos. Oue dl-retoria ê esta. sem vlce-ir''><:i-dente, sem s°"~tàrio e semconselheiro fiscal?

m* 1"m

Page 11: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

Páçlna— 12 LETRAS E ARTES Domingo, 10-7-1949

«r ~*-~. BHE3E y*^ '""a*"*v- -»--wv-^i£*»--,-:/ií32 »«*£*rl

****r •/* /\TV I*#**aluuBa*í uV'JS*3 ^r .«uu BW*uü*En»^-"^~:¦ ' JunbÉ"U^I uB*L.*>l,ounH ^*u**i *u»,»u^*fc*"l

_'""****"*' "¦•-¦-»¦— , #<¦-*ír - u-Si "**à3BM .^fl HusuuuCik..«—.---- -—* v** i-" *t> ****3HlsàMi"M "Bou "SjB ^*u**"u*uwup»u»''»'*>»»-¦ . ¦ — ^tj.^.

--•¦ •^^•****n*ul **u7 ^*uTuTÍ9*^*BM *uv,*9ur«sfW^i*5**P*orjK>~_. - ^m! / - ***—Ü--«¦ ,***. •'¦->'«aso popa',*ilir!f éu^*Mluuuu"^"^Mrli ^'' ni'^iii*oii T TIT*^-»-¦ -«-- ..^umhBB "".iíV**1* • ^B IHPMr-f ,-ift* ^/'. í i-g*IS "HO *r*n» --,. «Si

i —¦• ^-\^-v .«'•- ¦ . ttsmímWiam KljbL7\» ^uj **o***Umt»* «f g<83r» t n*«f.^""HPfrnUS^U?^^ 38•SuSu^^y ^rf«R31 ÉÉU&? ie/ i R»ãlâ aW---*"¦* ^*^^^T*-il^--*-*>^l' A. «Q *• •f*,w^""*lr vTtr*J nuwk «uuw >uH ^nw * "^1*V#|lHif"H|fH| KV ^Lum^i-^^^j! *.-»aw'uuT^aoy^J* jSy ÀW ^$Se*flr íZ^

í-lustresao dp .-ANTA ROSA

P O E ívl A' PAULA ACHILLFS;"fü^. ¦ ¦few.-.-.

/

SUPLICO AO MEU DESTINO E VIVO A IMPLORAR QUE EU TENHA 'UM PtNSAMENTO CHEIO DE VISÕES, CHEIO D£ MUNDOS. CHEIO

[DE ALVOROÇO:QUE SE ELEVE NO ESPAÇO E NAO VOLTE PARA A TERRA.SINGRE O OCEANO DAS ESTRELAS.CAMINHE NA ASA DAS VENTANIAS. NO ARROJO DAS TEMPES-

E PROSSIGA, SEM CESSAR, PELA ESCALADA EM QUE SE ABISMAMAS SUCESSÕES DO INSONDAVEL DO INFINITO; *»**MM

UM PENSAMENTO CHEIO DE HARMONIAS E CONTRASTESQUE SEJA A ARDÊNCIA DO SOL E A BRANDURA DOS LUARES,QUE CANTE E VA' CANTANDO. A VIDA INTEIRA;SEJA UM HINO DE AMOR A BELEZA E A PERPETUAÇÃO DA GRAÇAE NAO TREMA NEM VACILE ANTE £ TERROR DA MORTE;

UM PENSAMENTO QUE ALCANDORE EM^OUROPÉIS DE ÉfyO QUE ALCANCE E NAO ALCANCE* -CANTOQUE VIBRE E QUE SE EXALTE,ACREDITE NA ESPERANÇA E CREIA EM TODO ENGANO*«^CwhHcE r^?, yAR PROFUNDO E CORRA ENTRE MONTANHASSEJA VALE E PLANURA, ENCOSTA, FLORESTA E PRAIA;

ÜM ÉPyi^ MA,0R QUE TODOS OS PENSAMENTOS.QUE SEMELHE A REBELIÃO DE UM SENTIDO PROFUNDOSEJA CAOS E SILENCIO;QUE EM SI MESMO, AGRILHOADO EM TURBILHÕES TREMENDOSQUANDO TUDO PASSAR, PELO TEMPO VENCIDO lKtMt"™^PARE CLORIOSO E FORTE E FIQUE. SERENAMENTE,SENTINDO A TRAGÉDIA IMENSADO POENTE QUE SE APRESSOU PARA CHEGAR TAO CEDO,DA AURORA QUE SE ATRASOU PARA CHEGAR TAO TARDEi

A

PROPÓSITO do 150»aniversário do nascimen-co de Balzac, Jules Ro»maiuu escreveu, em "Les Nou-velles Litteraíres", este artigi

que damos em resumo:"Durante a vida de Balzacforam um tanto confusos e desiguais os julgamentos acércde sua obra. Seus companhei-

roa de geração, ha juventude,consideravam-no como eiemen-to de segunda ou terceira or-dem. Tinha talento, por certo,mas estragava-o. Por falta dedisciplina e por não saber or-ganizar sua vida, descia a ta-refas literárias baixas, aceita-va colaborações pouco lison-Jeiras. Escrevia á? pressas e,como nem sempre pudesse or-gulhar-se de suas produções,publicava-as com pseudônimos.Ao mesmo tempo, e sob a pres-são das mesmas necessidadesde ordem material, entregava-se a empresas ou especulaçõesInfelizes, fím suma, podia-seperguntar, cem maJevolência,se êle não seria apenas um

-».i

ISALZAC, ONTEM E HOJEO QUE DIZ JULES ROMAINS, AO ENSEJO DO 150.» ANIVERSÁRIO DCAUTOR DA COMÉDIA HUMANA"

desses fracassados, ou semi-fracassados, cujos dons e cujavida pitoresca os torna slmpá-ticosou até lendários,mas quenão deixam obra alguma.

Na época da '•Comédia Hu-mana" Balzac torna-se, porém,célebre, conquista vasto públi-co. Muitos confrades o adml-ram. Entretanto, sua glóriaconserva qualquer coisa de In-deciso. Com poucas exceções,ninguém pensaria em colocá-lono mesmo plano de Hugo, La-martine, Vigny, ou mesmo —o que é mais surpreendente —de Dumas pai.

Onde o situavam então? Nu-ma zona intermediária e maldefinida, entre a alta literatu»ra e a que só trabalha comylstas ao grajifle público e ao

miltflu/m. mm ^^uuuuuuuuuHr ^MMm MV I

1 .^ammaV \\ Vm^V^ **ÍB MPvw^»

Balzae ,êxito imediato, sem preocupa-Cão de disfarçar as Aparêu*

cias, no que toca & qualidadedos meios empregados.

Tentando explicar esse gra-ve erro de julgamento que oscontemporâneos do autor da"Comédia Humana" pratica-ram, em relaçáo a êle — JulesRomains chega ás seguintesconclusões: Balzac tinha con-tra si os preconceitos e a modaliterária vigente na época.Quando se iniciou a publica-.ção de sua obra, essa modafavorecia o romantismo nassuas formas mais excessivas eperecíveis. Balzac amava de-mais a verdade e pensava demodo bastante sólido, para serum romântico dos quatro cos-tados. Por outro ladd. a tra-dlçáo impunha certa prefa-

iêncía pelos gêneros conside-

rados nobres r O màw xtmmfàso historiador ou o autor de«nsípidas tragédias nfto tinhamdificuldade alguma em passarcomo grande escritor. O ro-tnance sofria, por causa dabaixeza de suas origens. Nâoera o herdeiro de uma litera-tura de passatempo vulgar?

Um século depois, a situaçãomudou bastante. Balzac tor»nou-se um dos grandes nome*da literatura universal. Nâofaltam escritores, especlalmen-te fora da França, para asse*veiar que nfto há, na literatu*ra francesa, nome maior do qut?o seu. Como se explica isto?

De um lado — explica JuleiRomains — desapareceram o/preconceitos contra a dlgnida-de do gênero "romance", e, daoutro lado, poder-se-lam invo-car, como elemento de peso, asvastas dimensões da obra bal-zaquiana. Mas, isto nâo é su»ficiente para justificar tfto rs-dlcal mudança na apreciação•crítica da obra desse romancls-

L(Conclui na ,1» pág.Jl, .

Page 12: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

K Domingo, f 0-7-1949'

OK

admirador*,, du Do*,taiewtfci «rans, ha ai, um¦noa, bem pouca nume-,rotos; ms*, como a*ouu<r.quando m primeiros admirnclu-res ato recrutados na ente. o,número tem crescido eada ve*mais. tnrnando.se a sala do"Viena Colowbler" multo pe-queria hoje. para eonté-loa to-dos. Da qae maneira podemalrnna espirites permaneoer.aluda hoje, refratárlos a essa•bra admirável, é o qae ea pre-tendo, primeiramente», examf-nar. Pela, para triunfar de um.iIncompreensão, o melhor meioé considerá-la sincera t procu-rar compreendê-la.

O qne aa teta, sobretudo, een-•tnado em Dostniewskl, em no-me de nossa lógica ocidental, é,creio. • caráter Irracional, ir-rcwiuto o quase sempre Irres-pouHAvel da* soas personagens.E' tosto • qne, na faee dites» noapacce enrantonha, esgar oawnços forçada*. Náo represen-Um eles a vida real — ditem,nos — ato espectro*

rarece-tne ser isso perfeita,mente falso; mas concordemosprovisoriamente, e náo nos con.tentemos em responder, comFrend, qne há mala slncerida-de em nossos sonhos do qne emnossas ações nn vida real. Es-curemos, antes, o qne o próprioDostoiewsU dlx do assunto, dos"absurdos e Impossibilidade»evidentes de qne estão cheiosnes** sonhos e que admitimos,prontamente, sem experimentarnenhuma surpresa, enquanto,por outro lado, nossa tntell-gemia atua com nm poder ex-traordinário. Porque — conti-nua éle — quando despertamos• rc-entramos no mundo, senti-mos quase sempre, e as vezescom rara vlvacidade, qne o sc-«ho, deixando-nos, leva, por as-sim diser, nm enigma "tndecf-Irado" por nós? A extravasai:-

,«la do nosso sonho faz-nos sor-«Ir. e ao mesmo tempo senti-«nos que esse tecido de absur-dos encerra uma Idéia, mas uma«dela real, algo pertencente Anos*» vida verdadeira, algo queexiste e sempre existiu em nos-so coração; mijamos, assim,discernir no sonho uma profeciaesperada por nós...» roIdiota").O que Dostolewski diz aqui dosonho, nós o aplicamos aos seus

próprios livros, não que eu con-sint» em assimilar essas narra-Uvas do absurdo de certos so-í-hos, mas porque sentimos,igualmente, ao despertarmosdos seus livros — mesmo quan-do a nossa rasâo se recusa adar-lhes um assentimento total— sentimos que êle acaba dctocar algum ponto secreto,pertencente á nossa vida ver-dadeira". R, creio, encontrarc-mos aqui a explicação dessa es-quivança de algumas lnteligen-eias ante o gênio de Dostole-™, em nome da cultura «d-dental, Pcj, reparo logo qne em

|°d» » nossa literatura ociclen-J11-

— «, não falo somente da.francesa — o romance, à par-ÍL?™! "«««^ ¦*• « ocnpa«náo das relações dos homens'«nt«7 «les, relações passionais•a intelectuala, relações de fa-'¦JWj de todedade, de classeswçiaia — mas nunca, ou quasonunca, das relações de indlvi-«uo consigo mesmo oa com"eus, qne superam todas asoutras.

Creio que nada vos fará me-«or compreender o que quero«"w do que as palavras de um2»», relatadas por Mme. Hoff-¦fnn na sua biografia de Dos-joiewski (a melhor das que co-ES? * ***** nâo -«MlMldn,««felizmente,,

palavras com asC eIa ->re-«-«-e. Justamente,fij,"* uma das par-

a intH88?' a quem censuravam

IETRAS K ARTES

POSTO IEVSKI^^WMSS-«SnvSÉl:ra «-*»¦«*". im par,**rv* vv.A5.AO DO CENTENÁRIO DO ROMANCISTA RUSSO

Pâgtn» — 13

Sim, a vida é difícil! m üii.tatues que devem ser vividoscom exatidão, o qae se tornamulto mais importante do qneser exato nom encontro mar-cado".A vida intima é aqui. maisimportante do qae as relaçõesdos homens entre si. Náo esta-íá ai o segredo de Dostoiewsul.

«•**•,• ,<•»• -*• frande, táoimporUnte para algnna e, aomesmo tempo, lr-«ortavel paramuitos outros?

1 'ANDRÉ* GIDENáo pretendo, absolutamente,

•cjn o ocidental, v francês, um•er de ftorledade. qae não exis-te senão vestido; o "Pensées".de Pascal «i estão, as "Fleursdu Mal", também, livros gra-jea e solitários, e náo obstan-te, táo franceses eomo quais-quer outro, de nossa literatura.Mas parece qae ama certa or-dem de problemas, de angostlas,de paixões, de relações estão re-amadas para • moralista, oicoiofo, o poeta, e o romance

náo U% mais do que sc deixarembaraçar pgr e,e< |>c iuÚQ% 0jlivros de Balsac, "Loui» Lam-hert" é. sem dúvida, o menosreli»; em todo caso, não passade um monólogo. O prodígiorealisado por Dostoiewsul eqne cada ama de suas persona-«S2ÜJT e tíe crio° tó*» «¦n».*maitldao - srxiste. primeiro, em22Ü7 t í mesma, e cada umdesses seres Íntimos, com seusegredo particular, se nos apre-senta em toda a soa complcxl-

dade proülcnuilra; o prodinoe ijue %*e i,.«»<, .»,.., au. ti|kr<fpVinoWnl que vivem cm cadauma uu sua* pen^iiagen»,, e eude.**» dizer que vivem, a es pri.aa. de cada uma da* sua» per-Srf-.u-fena — e^es p.oüirmas quose eufreniam. se d«glauiani, sohnmannam, pata agonizar ou

para trluiilar diante de nos.Nâo ha questão Ua» imUs ai-tas que o remaute de Dostole-

n»ki não aborde. Ma» imedia-tamente após Haver uito isso,

«*«——^^fl3fft«aja^fcflflajjmMs^^BB^^»j»^»»j-i-^ *** ¦ •

&**<&*WrEÊ»\a> flfll flpflfef^^ **¦» -nmer «. ^. ,___^__1tanamammmmm^ii^L fl flok. .9 «xflsV •*¦¦ l^I a'fll Bmk ¦¦¦ Vflflr-'tE ¦mrVi »sflBssstisísBSBBBBBa snw;"- >. ;hwÊ «sraV-v^ vBflflBVEB fl -W -Tf.,-' I^sHi ümua.fl "Br . fllsom P^^ffl LV D ¦ &+>> fllHHHHHHHHHHHHflHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHsv - '/' ^•^^afl amm «mal Fv^emi .!*»> Mm^sml snmV v na ¦*. Tfll'-\íí ^r *%*^f *# «onfl snfl¦fll mmmWX t ^Tsfl BBH %ÉLtk H flfl

fl*-::--- ••;^U?^1.>^^ f. 'I jJf-|fc-J|^'ií-*Wvl^*«?'í-'-e' •> fl» -'^ Jív**'t H.s" fl flfl Sn ¦¦"'* •4'íl''*.' sssm* l'!*: snmni * ?-f' fll*»*«s»»^sni^nT-*^B™*nnVlsmnlmmrJ^ssBBBm «w*m - mm mmWfr., A^iflCI ^hssMssTV* *1sbV^BP*"**tsna snov

mâ twvf-'!»^! ¦BBBBT «lafl hL1 s^B snOF^. Í«,«ÉBn mmrtt -* dana âaoTmmnmmnmmmmrv ^ - «»«». ^-^,;.»^ .'fl a £¦ flí..^fl^I/í'ifl¦fl amnmFfli BBdsssl aaaT flss ¦*>> '^POfai.J.**; ^flfl sflkV flõl flfluí %flE iX^fi.ESvfll flsnflflslB V' ^^ *¦' -»* < ?fl K>B Bst^s&mrl>Tflssfll LflsB flT 4*sflSsst * ' -i *T>>rfV fMBÍfllflfldL_£.^^Bfl sfls^^BB ssfli Ji Jr Tfljja1 ^ flfl Asafli .**'ul# ¦mVWflBBBB^Ltsflfli ^ nui f flflflMi

n| 11 "''¦' "'•': * j". ri Pi Ül HPãn r'«; ^í uniI'SlsPI i :¦¦¦¦'- 2 ' .-fl sflflii¦Mfl B*Kli2a ¦ •.•>¦ ¦B«T^BP?CíE;".it.¦flflS | .'• ;;J fl^i

•v--»''--t^vyjÉ l^g*aEy»«i«|t^fc^^*wfc ^fl ^sw Aflol flm^^^flrx^fll

b <**y^afe*wty. 'tt'<S«va^iY^jsj*i Ht ^9j|^k^.t*.^HM V^Bvsa m^H• »^-fe^'s?Çffc»a™o|B fl ' ^*fl SBR^fl fl

Hflgfl rw3^ .-,:... -' ' ^ ^S H R^f;#^ Iflr^f - *^laflbp,^ ^HiWpE^:^H Mm Kl BI *« ffifl Hr^wÍ^^rteWmmWíyi^"-"- íHB^KÜffl Kí*í.xm ^KS HH BL^'fl nSHaHM m«rÀ<H'>'-1rí%w ihi TJi i MBiii fl fll sTfl ssflfl si v >^.kjsaíiRÉÉiíJfíaW^BJ E2fl fl ti Hp !TMlfln|'r . 1" ?. . 1

^3SiSSif^*T|nyjfljBi^ ^^ft^lwMmuBJBssssssr^ ^,**n»«w^--- .

^^^^Sl ig dl BMLHnfl - jlü^^^^^^^^Hl ^| B^BI4 Wiiil 'HÍKiS:^^%ilAHHsa BI Bf Ki»-.! Rwu -;- i,swsálRwfe*<^ .^ y*<y ^5-^wS»sSô^-ôflwfl\1 BBBBsVflflSiBBBBB>^Bmflfl ^¦"''-flar- i

1 nTO^^I^^^^Éfl '?M:^^^^^fmmmM^f:^^^^ >fllt^M^^Hsnl B^^^M^W^^^^^^S^flfl flistts^swan LS'' ¦¦> '

''^^i^^^^&S^ii- •''¦:'.ffi'^sssmroiJÉIlt?¦?>

BHiiiiflsmfl' -: ¦¦-VíflKJf/'/1 '*«s^^f^^^^^l^Hfl|^nmflflflaj^^í%^.^-^ ." , i

r ¦¦¦ ¦ . ¦'¦¦ ¦ '-'V- Ch':-'<:.s*-r,'l&&&*^P'-- ¦'."¦¦¦ ..

Camus, em recente fotografia tirada rm p.«. s. ., »„^ **s »i«* uraoa em Paris, lendo LETRAS E ARTES

QUEM E' ALBERT CAMUS?

DENTRO em breve estará entre nós, em via-gem de conferências, 0 escritor Albert Ca-

i h TSJ ^eé'dom°deSanre,uZdasd^asrtlebndades que a França da Resistência e do a*S«Sl^iSSS "Í flrZdrte P0^"* «»*"»"» criar eíui-vocos, sobretudo quando vem tão repentinamente(Camus tem apenas 36 anos de idade). ES?tam pouco os desmentidos. Multiplicam-se asinterpretações e palpites. Afinal, o leitor tem odireito de perguntar: quem é Albert, Camus?

Vão responder que Camus é, logo depois doSartre, "o existencialista n.° 2" da França M"snão é tanto assim. Ê verdade que êle tambémescreVeU ttwl ensaio niosôfico> «ie Mythe deSlsyphe'. Mas nessa obra não se descobrem as

Pascal nem de Kierkeganrd nem ** ir*^»~Quando muito, Canm^Ma^er^^mo adepto de um exMencialisnuílhVrt^Tnada ou pouco em Sartre). Além disso 1 /fa carteira literária de Camus\™inÍ%Âfl?e~selibertar-se gradualmente ZTtS aW^Sí

**no inicio. Comparara éle « o5SriX.P!?/el?)l,

Ido aproxima, conforme os críticos, daVi^radicõAdo cla&sicUtmo francês. ^aai^ocs^Conclui na H,a pãg.;

preciso aciescentar: éle náo a»aborda dc mannra abstrata, asIdéias nao existem Jamais, emDostolewski, scruo era funçãodo indivíduo; c c isso que fa»«na perpetua relatividade; e Is-•o que fax, igualmente, sua for-ca. im deles náo checa a cons-ciência de Deus, da providen-cia, da vida eterna, senão por-que &abe que deve morrer den-tro de alguns dias ou algumashoras (o caso de liipouto, no"sujou") ; outro, nos "Fosses-sos", edil ira toda uma metaft-«ca — onde Nietzschc Já estaem germe — em função do seusuicídio, e por que sc deve ma-tar dentro de um quarto hora— e túo be sabe mais, ouvindo-ofalar, se éle pensa em tal coi-«a porque se deve matar, o« scdeve maiar-se -— porque pensaem tal coiss. Uutro, atinai, opríncipe Muichlune, soas maisextraordinárias, suas mais divi-nas intuu.Gcs. é á aproximaçãoda crise epiU-pÜca que éle as de-ve. E desta observação não que-ro tirar por ora outra conclu-são do que a seguinte: que osromances de Dostolewsiu, scnüoos romances — eu Ia dizer os li-vros — mais carregados de pen-samentos, não são jamais aba-tratos, pois permanecem os ll-vros cheios dc vida que coniieço.

Motivo pilo qual, por maisrepresenta.:.as que sejam aspersonagens do g.andc escritorrusso, nuuca ns vemos abando-nar a humanidade, por assimdizer, para se tornarem simbó-Ucas.

Nunca são, igualmente, tipos,como em nossa comédia cias-slca, permanecem indivíduos,táo particulares quanto asmais particulares personagensde Dickens, tão poderosamentedesenhadas e piníadas, comoqualquer outro retrato dc qual-quer literatura.

Escutem isto: "Há indivíduosdos quais se torna diftcil dizeraioo que os apresente em con-Jun;o, cm seu aspecto mais ca-racícristico; são os que enama-mo3, comumente, homens "or-dinarios ', a "massa", e que, narealidade, constituem a maiorparte da espécie humana. \essa categoria pertencem va-rias personagens da nossa nar-rativa e, principalmente, Ga-bríel Ardalionoritch".

Eis aqui pois ama persona-gem que vai ser difícil de carac-terixar. Qne dirá dele Dostole-wski?

"Desde a adolescência, ua-briel Ardalionovitch vinha sen-do atormentado pelo sentimen-to constante da soa mediocri-**de, e, ao mesmo tempo, pelodesejo irresistível de convencer-*e de que era nm homem su-Pcrior. Cheio de apetites vlo-lentos, unha, por assim dizer,os nervos irritados, de nascençae acreditava na força dos semdesejos, por serem impetuosos.O anseio raivoso de distinguir-se levava-o a arriscar os gestosmais inconsiderados, emborasempre, no último momento, setornasse razoável. Isso mata-va-o" ("O Idiota").

Eis a maneira de agir de Dos-toiewski com uma das persona-gens mais apagadas. E' prect-so acrescem ar que as outras,as grandes figuras do primeiroDlano. não as pinta, por assim

fconelui na 15* pág.)

iili

Page 13: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

* {P4*jln,i — 14

NAO enih.tr, ao que eu «i-

ba — nem pado existir,arredltu t*u — »¦*..,„.•,

definição satisfatória cam rr*.peito a* relações entre a par*-** a vida, ata» estou certo ,*:...a teluçao existe e que ela õ«b» maior Impariam Ia; tam-bem sc me ..lisura ,...„,rei lo que um poema t um *C«Íf>.» : .1 !,*,•'", |1;., „...r..m. -ü , atlionomo, uma "cria-çao" — m« tutu IdtemíuM fi».A,rnpresentes, eu dJtlai um "abio-iiilo . Quando o dr. .i..» ¦•„,*,exigia ijue os piodutu» du "en-genho" fossem "naturais e aumesmo tempo novos»", élc járeçon: eieu a* tlua* qualidadesprincipais dc um poema** a re-laçâo, por menus definirei que•laja, rom a vida; o. ao mesmotcmpu, a qualidade dc ser uma•coisa nova?. O critica literã*no. Incap»s dc definir o con-coito "ruisa", ocupa-se princl*palmente das relações dc por-aja cum oulras coisas. Uma ert-tica assim pude ler seu valor;mas nunca chega além do queArislulcles chamava "raciocíniohíbrido".

Falando .sobre o valor de úm-\coisa, supomos (talvea tncons-cientemente) uma distância,quase um aliismu entre n valerabstraiu c a coisa avaliada.Mas. Isso me parece etiv.do.Quando uma rosa afeta osmeus sentidos, é mesmo a ro*aa e náo valor qualquer quepudesse ser separado da rosa.Filósofos Ideilistas. falando do"Absoluto" e dos "Universais",prejudicaram esses conceitos,tornando-os abstractos; mas oúnico conceito invulnerável éo que está inearnado. Aindasc pensa daquela maneira por-que uma coisa, sendo sujeitaà categoria do Tempo, só podoser avaliada, extraindo-sc delaos valores intemporais; maisisso significa perder aquela coi-

IETRÂS R ARTES Domingo, 10-7-1949

PRKFACIO A UM POETAa MM—rM

LOÜIS MACNÉICE

à ttJÜÜlf ituCH9te*f »»» tos poetas mais importantes da geração dos Auden Wurf,.,e Uarker, que sucnfcti imediafanirafa á grande l^%^ií%ai^S^íSS^Í

sne i oerry o/ \\. O. \ cats r c«/o prefacio vale como definição dr atitude).

ATRAVÉS DOS SUPLEMENTOS(Conclusão da 2.' pag.)

colher um ar ainda não em-pestado dc fórmulas idiotas cespecializações enxutas comomantas de charque. Amanhã,despacharão para aqui — a ta-bua literária de lugares co-muns — os seus livrus. E nãoserá improvável que voltemos aaprender scom -êlcs, queTcomêlcs voltemos a situar a litcra-tura em seu clima exato que énm clima de inspiração sem mé-todos e de trabalho sem regula-mentos. Mas, antes que ShneãoLeal possa me asfixiar em suasgavetas de arquivista, antes queu João Candé consiga lotar onavio com os seus papéis dc co-Jecionador, declaro com solcni-dade que já estou dc projetoarmado:

— Tcmo-me de mim mesmo eboto-me para João Pessoa!

P. S.Telefonema a Oswaldo dcAndrade: Os desaforos quevocê acaba de gritar em :-eufone do "Correio da Ma-nhã", chamando-me de sabi-do gagá e turibulário, chega-ram exatamente no momentoem que meditava sobre u ir-ritação dos homens que mas-.tigam carne e idéias comdentadura postiça. Você, Os-waldo de Andrade, que ou-tróra brilhou como um cha-ruto, já não passa de umabaga de cigarro. Não elogieia nova geração para entrarem propinas, como você as-segura. Elogiei a nova gera-çao porque, ao invés cie se-

guir sua literatura homeopá-tica, preferiu trabalhar o ca-minho certo para não aca-bar velha e decadente comovocê. Quanto ao "líder órfi-co", a que você se refere, Os-waldo. êle provavelmente sedefenderá a si mesmo. E, •quanto a chamar a n /* - ge-ração de "caquética" nadatenho a fazer senão repetira anedota do caipira: tiro adoença da nova geração e a

ponho sobre você. De resto,Oswaldo. você, aí em SãoPaulo, tem tomado banho?D, V.

•** por melo de evplleála. Ofato dc que a rosa esta mur-«bando nâo desmenle a rosaque conthiút com», vtlor abso-luto, ligado à existência da ro-*a (porque existência c sempreexistência, seja no modo dopassado ou do futuro).

Um poema (que lambem f,não convém esquecer is»o, umorganismo físico) petenre àmesma citei:orla de colhas. Porb*SO todos os crilleos literários«ao falsificadores quando pre.lendeni separar o valor de umpoema do próprio poema; rs-tao descascando a cebola. Porisso exagerei, no meu livro'Modem I*oetr.v", a verdade

apenas mclo-verdadelra dc quePoesia é i mine -sobre algu-ma coisa", sendo "comunica-çao". E' realmente assim: mastambém é autônoma. |>,« mes-«na maneira um animal vivo«* um Indivíduo, embora sendodeterminadu pela herediiarle-dade e as leis tia natureza cmgeral c, por outro lado, consti*íulndo um membro dc uma ca-«cia. Km •-.Modem Poetry"lambem neguei ns qualidadesmísticas da poesia, sustentan-uo que Poesia c uma allvida-«c humana inteiramente nor-mal. Ainda acredito que o poe-ta c o místico são diferentes;mas eu modificaria, agora, os

acentos da minha afirmação.Mística, no sentido estreito dapalavra, supõe uma experièn-ria especifica ã qual a maioriados poetas e a maioria dos ho-roem, ficam alheios; mas tam-bém representa um instinto hu-mano "sino qua non". Tantoo pocia como o homem comumsao Incidcntalmente místicos;e existe uma sanção (ou umamotivação) mística de todas asatividades humanas que não sc-jam puramente utilitárias (otalvez de todas as atividades,porque é duvidoso se a genterealiza qualquer atividade queseja só por motivos de utilida-•ile).

/*3^a»^S^0fAW*gi^S^j^^^»flL.

¦¦'•'¦¦ wÊnM^' *• - ^^*^S S

JSeI^^ WBtf*******' ' ""* ' ^^ ::^mmW't^:^^^m^***^55ÇsiJ»j»jr ¦ h ¦ **9**^ **!-•"* * - > «^ - rçá^igpl »^»Bri 'Jf*'»? • ^vlQ»Jl«kí • k* i*^»^»^»^^»^^

. —r3—•"a^- ^ fi^»BlllnV »li^m'i »^i i »MKa J—OHí-^ijtC&v* j^^--- \u_^7^*^_j»^»MyB»l>MB»M»lj»MiMO t.VTt. rT^^^f^fl^v,

• ^k f 1/ J1^^*í4l,Vi***'%'' m\wmmfiÈ!!,&^***<j3lam\mY-JÍ^^•-—-ai* J». & - n>á*m"r**'r'—^>^»^»Ml»WKSI>»*ik'>jittJ*Mton^»» < "»"¦'¦'**"' ¦ i ** '

'Êj^^/^mút mWÊ ma^l^^^J^tf* ^ Hl Kat^W"**•" jl u^lhu >ft^9 IRfklM L*^^.^^^ÉaWHHillil IMHff^ tIJIi •^ ' w

fjWtCjBBaK^liil'^l^ílmWÊfmmWÊmWm• i • ,'nNammmmmiijn i am >sfl ti .fWTIHI *B*Hillf í \\\ VI^WkmÊmraW^

jTfÇdyjj^iDesenho de YLLEN KERR

Q.uem é Albert Camus?(Conclusão da 13.a pág.)

No seu romance "L-Etranger", história sinta-ira ae um crime absurdo e repugnante, Camusainda foi o observador frio (e desesperado) dotomem que telefona". As peças dramáticas"Caligula» e «Le Malentendu^até parecZmals'exagerados nesse sentido: voluntária ou involun-fartamente os "heróis" aumentam a soma do«r?P,?l'»n0 V'1?0- Mas m arande romance

- « í Tute hoje a 00ra caPUal dc Camus7uen^rd°y Si^0li^to por uma epidemiammata e depois larga uma cidade, já é algode estranho ao nosso mundo, enquanto os per*

sonagens guardam a liberdade de reagir contraornai, cada um a seu modo mas dentro de cri-térlos razoáveis, por assim dizer "normais" Ehavia mesmo esperança de "normalizar" a vidase não fosse o perigo permanente da peste Id fora.auenlTv"ltÍra P6Ça' "L'Etat de -W ^que não é alias dramatização da "Peste" mas sim^utm!nePTldente te assunt0 ^melhanteJ!mainS S- Pennanente" já se esconde atrás dasM$Ê%S lelas qmk ° homem Pretende nor-o^Jdo^'

estra^nto'°- Oamus reconhece0"»frdo" como espécie de "estado de sitto"àmm ' ¦- .™trl!*^ *bsurdot pode ser

A \im -- e iUMêli, ia«n0!l aArle — ti,,., |MM|e w.r definiu *cm termos de utilidade, o. alimantos, por exemplo, •,..» Ateisa vida; mas para que serve tvida? O militarista nâo sabíreapomlar quanto ao pra/er iiemquanto ao valor. Q prazer etperimentado em lomando ba-«ho ou dançando, assim comi» prazer que transmitem nu co*res c aa íonuas. é uma e\ne-riânola mística He uma atlvl-dade mio.ulilllárla é anormal,rntáo todos on homens s.(uanormais. Porque nâo pensoque os homens são csscnrhl-mente utilitários, por Isso sus-tentei a opinião de que Poesiae uma atividade normal, que "opoeia é especialista em coisasque todo mundo pratica".

Kscrcvendo sóbre Yeats e suapoesia, ocupel-me naturalmen-le com "fatos", com aquele"nobre" que I'cats escreveu,com a vida e as Idéias que lhoInspiraram a poesia, rfcutes ía-to» fornecem chaves para asim poesia; mas esta náo snresume neles. O poema, repi-to, é uma coisa acerca de outracoisa; mas também "existe".Sendo o critico incapaz dc cx-plicar essa qualidade, nâo sopode esperar que a discussãocritica de valores poéticos pos-m Jamais explicar "o" valordo poema; porque cada poemaé único, e seu valor Insepará-vel de sua existência. O am-Mente de um poema, suas «ri-gero, s«a finalidade, seus c\e-mentos, tudo isso pode ser ana-lisado e formulado, mas o pró-prio poema só pode ser experi-mentado. O que o crítico po-de fazer é apenas construiruma ponte sóbre o rio — e émelhor esquecer essa pontequando o leitor chegou a co-municar-se imediatamente como \erdadelro objeto da critl-ca.

PRÓXIMO PASSADO E ,,i(Conclusão da li.* pág.) '

bia ao seu estúdio para traba-lhar. Passado horas, indo pro*curá-lo, èle encontrou um bi-lhete dizendo apenas: "Não me6 possível mais resistir. Foituna vida perfeita, mas agoratenho de ir embora". Só trêssemanas mais tarde seu corpofoi encontrado no rio.

Ambos nos calamos, revlven-do o drama dessa mulher cx-traordinária, cristal táo lhnpl-'do e tão frágil, quebrado peloimpacto do espirito que tentaultrapassar seu limite.

E com esta evocação emocio-nada demos por finda nossaconversa.

I.» CONGRESSO DO NEGRO( (Conclusão da 2.* pág.)

IV — o negro e o mulato no foT-clore nacional.— tis contos populares de pro-cedêncla africana. As cançGcs d«trabalho.

LÍNGUAS— O nago o çége. A Ung.iade Angola c do Congo (qulwbun-do), o dialeto muçurumlm. aslínguas raladas nos anos da escra-vldão. As línguas faladas atual-mente, no Brasil.

II — Transformações do quim-bundo, do nagô e do outras línguasno Brasil.

III — Modificações devidas aslínguas africanas no português doBrasil.

IV — A lingua falada c a línguacantada. Vocabulários.

— Importância do nagô, dogêge e .lo qulmbundo nas reUgiõese nas manifestações coletivas deorigem africana em geral.VI —• Sobrevlvênclas lingüísticas.

ESTÉTICAX — o negro e a crlaçSo este--

tica.II — O negro c a escravidão

como temas de literatura, poesia,teatro, artes plásticas.III —* Particularidades e sobre-vivências emocionais do negro.

IV — Integração e participaçãodo negro e do homem de cor naevolução geral das artes no Brasil.— a literatura, poesia, teatro,artes plásticas a serviço da causaabolicionista.

VI — As artes era geral comomelo de valorização social do jie&n»• do homem de cor,, ^-^^—-*

m

r>^rív**>Wrt.*^arj«'^rSi'"-'.'-¦. ¦>\.7,--^:ki!;;,í4.

...:LX*^i^-* .^..

¦¦.':-./•,_

.:¦ _=_^._¦_

Page 14: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

Domingo, 10-7 1949

A

At adi mia fes a en-trrga lolene, no dia te.am Prêmios de IWg, ¦„.Io c. do» Premi*, que coroaramos livrou publicados cm I2N7 ASSSSSS foi roncorrlda e brilhan-Ir, trndo falado rm nome daAcademia o Hr. (Justava Bar-roso e em nome dos premiadoso Hr. Augusto Weyer. 'lendoconcedido prêmios no valor deCrf lítí.SOO.OO, a Academia mab.uma ve» acertou na escolha dosescritores que premiou. 1; licitoreconhecer, aliás, que a Aca-demia, nestes últimos três anoslem sido sempre felix na dl*'Iríbulçáo dos seus Prêmios Ec dlRiio de nota, também. „fato dr estarem concorrendoaos Prêmios da Academia osescritores mais ilustres e maisbrilhantes do pais. Coií. livrospublicados em 1047, foram pre-núados êste ano os seguintesescritores: Sr. Augusto Meyer— 'Prêmio Machado de Assis"(conjunto de obra); Sr. PauloRonal — Prêmio "Silvio Ro-mero" (critica c erudição), como livro "Bulzac" c a comédia hu-mana"; Sta. Beatriz Jos HeisCarvalho -- Prêmio "Olawi Bi-lac" (poesia) com um livro dePoemas; Sra. Lúcia Bcnedettle Llgia Fagundes — Premiu"Afonso Arinos" (contos) eomos livros, respectivamente.•Cartas" c "Cacto vermelho";Sra. I.igia Lemos Torres —Prêmio "Joaquim N a b u c o"(história e sociologia) com ohvro "A Imperatriz I). Ame-Ha"; Sra. Maria Wanderlcy

Menezes — Prêmio "ArthurAzevedo" (teatro) com a peça"Salomê e Madalena"; o Sr.Lula Câmara Cascudo — pré-mio João Itibeiro (folclore) como livro "Ccografia dos mitosbrasileiros"; Srs. Afonso Ari-•nos de Melo Franco e ArthnrRe,; _ Prêmio "José Verissi-mo [ensaio e história) res-

pr.'Svamentc com os livros-'«íoria do Banco do Brasil"e "i ;on(eir*,s septentrionais do«rasft ; Srs. Ciro Vieira ,UUmha e Paulo Bencvjdcs —Prêmio "Carlos dc Laet" (0rô-nicaac viagens), c o Sr. Josédc Oliveira Ramos — Prêmio' .iscondc dc Tauiuy" (paralivros sobre a FEB) com o vo-Inn, • — -a epopéia dos Apc-ninos".

lAixou de ser concedido, poratr.tso na elaboração do res-peclivo parecer, o Prêmio "Co-«'Hio Neto «romance), ao qualconcorrem, dc resto, entre ou-tros, o romancista Otávio dcfaria c a Sra. Carolina Na-buco.

lKT*A* * ARTESVã&n* 15

Jo_« kÍ ü 9rU> "»»»'»dor

m.„^ _IJ,Ud° Mml0r • CO-mando da Aeronáutica sobre 1P«imÇ í enlrc ° E«tod«» • »I ohtlca Internacional",

UMA CONSULTAO Hr. Francisco Ksteves en-drreçou ao Secretário C.eral da

mOGBNMS LÀERCIO

OS PRÊMIOS DE 1948me do autor da "Replica" tem«fdo feita, a pedido do SrfranciHco Ettcvcs, por váriosewrilores: o Sr. J„á0 Manga-beira, o Sr. Mmano t ardlm,etc. Agora, chegou a vez daAcademia, g neste sentido oapelo do missivista.

Mas a Academia, consultai! 1a respeito pelo Sr. PeregrinoJúnior, resolveu sem hesitação• problema, considerando-o

• d*,e f°m .V. Leg«, o Ruy deKuy Barbosa é com y. I^aa, mjurisprudência acad-mlca. Ago-»i«. se a Imprensa Nacional não« posa essa doutrina, a Acade-mia nada tem a v.-r com Isso:

LIVROS ANUNCIADOSEstão anunciados os seguiu-

les livros de acad. micos: Oie-

A

">¦•%

'"#; '

BELO HORIZONTE- CLEGARIO MARIANNO

A CARLOS PRATES

SDí0n£ÈU AS MINHAS MÀOS NERVOSAS 1SOMBRA POR ENTRE «UMES TUTELAR^CUR./EI-ME ANTE O ESPLENDOR DOS TEUS ALTARES.

ak^BRA DAS MANGUEIRAS SILENCIOSASANDEI CONTIGO EM NOITES ESTELARESENCHENDO AS MÃOS'DE ESTRELAS LUMINOSAS¦ E OS CABELOS PRATEANDO A LUZ DOS LUARES

DKT-EWlM JÉ PA,EM' T£U MENDIGO.'e II$&V$&JQ& A UM VELH0 amigo,E EU, SEM NADA POSSUIR, NADA TE DEI.

VOLTO COM A BOCA SECA DE BEIIAR-TECOM OS.BRAÇOS FAT.CADOS DE APRACAR TI-O' TERRA BOA DO CURRAL DEL WtjWf?^RIO, MAIO DE 194«.

I

SÓCIO CORRESPONDENTE

Na sexta-feira houve na Aca-«>m:a uma sessão pública, parareceber o sócio correspondenteIrof. Aracez Alfaro. que foieieuo no ano passado. O pro-icssor Alfaro, um dos melho-res am,5°s que o Brasil conta«n Argentina. íoi saudado, em£?>«;«.» Academia, pelo Em-oaixador João Neves da Fontou-5 qbu^I'roní»ciOu um dos mais£,

* fiscurses já ouvidos naVAja de Machado de Assis, res-

52ft!? °i,ustrc vlsit*»tc ™m. endida apologia da cordia-imade continental.TRÊS SESSÕES EM UMASEMANA !

t„nA„,Acadcmia batcu> «sta sc-»»n.i, um «rccord„. ,.ca|.xou"J sessões sucessivas; „a

trí ... 1 aca<,êmicos gostaram:g"

je tons" en sete dias..."Ue pcna ser isso tão raro!MAIS,UM LIVRO DO SRJOaO neves

Minisíe^ÍÇ0 de ^Micacôes doriortcrioKdas Relações Extc-,CS ítc^« 09 publicar, em

Academia uma carta, contendo aseguinte consulta: qual ..verda-deira grafia dc Rui — com I oucom y? Acha o consuleute quea Academia devia firmar, des-de já, a verdadeira grafia donome do seu ilustre membrocujo centenário agora se ceie-!»ra. A restauração do y do no-

inexistente. Segundo peiiüamo« técnicos da Casa dc Macha-do de Assis, o acordo ortográ-fico vigente pleviu a hipótese.ao resolver que os nomes pró-Prtos náo sáo atingidos petoMmplificaçâo: devem ser escri-tos^ como seus portadores pre-ferirem. Ruy Barbosa escrevia

fcai-io Mariano "Cantigas dcencurtar caminho" e "Poe-mas"; dc Laiz Edmundo AI-jumas Poesias'; dc Guilhermede Almeida — "Poesias cm-pletas" e "História.*., talvez":de Celso Vieira "Interpretaçãode Joaquim Nabuco": de Cie-mentlno Fraga - ".fcswaid)

ESfRÉOÜ O "JQRNÃiTde LETRAS"

Comemorando o aparecimento de " Jorna 1 h *

Ute irmãos Conde, causando a melhor impressão L?^^'* n,nfúem deixou dc louvar a íni-iiti»- xtrás', então distribuído. A experiência TorcTom! a prcscntes ° Primeiro núm^ro de "Jornal de le-SSr1 XÍ° nno ^rió^ l^rsi so%"?„mcmd unTUr^1",* direça0* ° con^« ^ •

nos dispensa citar nome? eomparee.cn. o auc

(Conclusão da 13.* pàg.)

DOSTOIÊVSKIdizer, mas deixa-as pintarem-sepor si mesmas, no decurso dolivro, num retrato sempre modi-ficado e jamais acabado. Suaspersonagens estão em constantetransformação, sempre mal sal-

«o da sombra. Noto, de passa-rem, como êle difere profunda-mente, por ai, dc Paízae. cujapreocupação essencial par.eeser a perfeita conseqüência dapersonagem. Ba!zac r'c e iv>como Davfd: n^stoièwsifl p»ntacomo Kcmbrandt, ç mm püitu-

ras ião dr «ma arte tão iroae-rosa 0( fiequentemente. (ao {Jer-fc.ía. t;,,e, náo houvesse atrásdelas, em torn0 delas, tal prolrundeza de pensamento, e Dos-teiew ;ki nfvo ddsaiia aln;'a deser a maior a todos os rõmàn-ctstas.

Crut"; de Viana JMoog -•Lincoln '.

LIVROS PUBLICADOSRfeentemente aparet-enra t.seguintes livros de arad-mleu*

Wucio i^»ao "Pueiilas-; AAuntregesllo - -lntrligíncia êafeto"; João .Veies - «a s<«r-»iço do lUmaraU'; .danuil«ainteira — -poesias escolhi-dai"; Macedo Soares — "Tirso de Mollna".

CONVITE AOS PORTÜ-CUESES

O Sr. Aloysio de Castro propos — e a Academia aprovOl— que fossem convidados a to-mar parte no Congresso Brast>leiro da l.ingua Portuguesa osSrs. Júlio Dantas e JoaquimEiitao, presidente e se.-retáriuda Academia das Ciências,além dc trfs notáveis ÍKidog^P<irtuguer*s."MUNDOS MACIÇOS"

O Sr. Peregrino Jtinior pro- •nunciou. tu ultima sessão daAcademia. a4 seguintes paia-vra.s: "Tenho o prazer _ emais vivo praser, devo a-.res-cintar - dc oferecer á li,i,|iu.^ca

da Acareai..!, *m nome d<»Sr. A. L. Ne are de Meio, o sennovo livro r.e ensaies: "Mun-dc»s ^mágicos'.

Tendo estreado literária-mente com um ensaio i-òbrcAugusto dos Anjos, que dí^dclogo lhe conquistou uma .situa-çao de relevo enlrc os nosso-,melhores ensaístas, o sr. A. L.Nobre dc Melo, homem de cul-tura e homem de sciiàibii.da-<2e. vinha íazc-:tí<i. nos no.soscírculos científicos e univrrsi-tários, uma brilhante carreiracomo psiquiatra, auíor quo ede dois excelentes velumes daespecialidade: ^Introdução àPsiquiatria" e "O probíema dasneuroses".

O seu ingresso nos nessosq»Jadros literários se fe/„ j»o-rem, dc modo táo marcante,ijue a sua obra de p iquiatraacabou afinal sc incorporando,tia tambtm, ao jiatrimònio dasnossas boas leír .s, como ex-pressão de lucidiz. erudição ebem gosto, passando a interes-sar tio vivamente aos nossoscríticos e leitores como a suapara obn de escritor.

Estes "Mundos mágicos-',que rgora suigeui em tão ele-g-inte edição da Livraria Joséolímpia, colocam o Sr. Nobrede Melo definitivamente, c semnenhum favor, entre os maisbrilhantes ensaístas moderai, sdo Brasil. •

O Sr. Nobre de Melo faz dacritica literária, como quer Be-nedetto Croce, não um simples(ementário explicativo dasobras do a/ator, mas uma for-—ma «onerior d"—orinO.. ^7-*=sentido ultrapassa o das apr. -ciaçòes dc ordem puramenteafetiva.

E éle, com éste livro, realix >uintegralmente o seu programide critico; porque fez nma ai--tentica "biografia vertioal» «calguns dos romancistas maio-rcs e mais difíceis de todos ostempos, como DosteiewskiMareei Proust. André (iide AI-dous Huxley. Charles Morcan eo nosso Graça Aranha.

Além dc urna interpretaçãoa.íuda c Incida dêssrs escrito-rcs. o Sr. A. L. Nobre rV -Mel,dí^-nos. em verdade rm eh-saio muito compreensivo e in-teligente sobre o romance mo-tlcrno. E êste admirável ensaio.que se 1C» com proveito e pra-zer, caçara os seis rom-riKHsfcvsque estuda de âng-rios táo pes-'•oais e infere? - n'r !. '¦-¦<. - ^0.va os velhos teriias que dcl, .

;.7>

Page 15: () MARIDO DE SUZANA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1949_00130.pdf · P.irçin.i —. 2 I. E T R 4 S 7-194)) L° Congresso do Negro Brasileiro FOR IK1CIATIVA DO

Páejna —» 16,., IETRAS E ARrest üomlrifo, 10-7-1949

Vinhotii do SANTA ROSA

UMA FACE NA ESCURIDÃO>?

PROSA EÉramos um só., e o sol enorme, num céu de brumas

que nos cerrava e nos cobria como um manto pesado!ramos um so. A vida começou, entáo. Sentíamos queestremecia, rompendo ••lultiforme, impetuosa. Como nos-:os amores, ela era cálida, bárbara, palpitando indefini-ve! ainda no fundo dos mares lentos e oleosos, nas tor-rentes que extravasavam escaldantes das montanhas paracs abismos ne3ros. A vida rompia, ia tomando forma, iaornando cor. Por sobre o solo úmido e morno cresciamervas e animais estranhos apareciam, cortavam, com seusurros imensos, as campinas que so formavam embebidasde sol e de umidade, listava presa a ti, tão presa — queja nao sabia onde começava eu. onde acabavas tu. Estre-mecia,_vtbrava, sonhava, sob aquele céu baixo e nevo-ento, pojado de chuvas.

no, mLI/'"3 <",e,*inhan">* «*•» »*•. q-e ,e «condianos abismos, que ag.tava como uma respiração o dorso

Z2 eo:d,,heira*- 1«" '«"ntava o ma, leZ °

viscoso com ondas que explodiam e imensas bolhas -ue£¦.**?

eS'aVÜ "" nÓS' "° »eU ""••• »* ™« c"po,que era o rug.r dos animais, o alastrar das vegetações «sacud.r das montanhas que crtfornavan, a lava Wb'u*íhante — a vida nos separou. ,

Parhram o rochedos e as cordilheiras mergulharam nosora a dt ÍL* ST*°

eS,a'0U a<,Ue,e *"*• ÚBÍ" Wera a dor dos bichos que morriam tragados pelos abis-

de todos os tempos. Senti que me expelias de ti senti«Pe^radf. "', """"^ ^^ «*-» -''«nZ !n..V 2

a T

f0rça estra"ha- «ais e mais longe,e"«rtn,id.:r,a',nv"- "*ai* **m"•»Um frio de morte paralisou meu corpo — oue cia-

M ti M?"' "t "* mai* "• «""* «"»» lembrança d"que fui. Mas a v,da qui» críamos juntos me há-de acenai

milhada, a que trouxera vida e hoje abri*a a morte,m

'JE* - ** 'eU ¦k'*'"0' 0ra ***-*« ora «nc do pelos que cr.aste, terás no turbilhão dos séculosorernamente arenta à tua glória, a minha face que te eot* a a

3 ""f3 face csue te 0,ha © «l«e *€ segue, doíundo da escuridão. ^-~-¦ —™8™»«Jffi-v.. «—.

Dinah Silveira de Queiroz

POESIA

"A iwm orna*-*., gostosamente c cnvergonnaaamentebardo Manuel Bandeira envia estes versos, onde sente falhaauucla voesia auc era, tão obvia na vrosa",

A vido ia tomando forma e côr, rompia...Eu eslava tão presa a ti, que não sabiaOnde acabava eu e comecavas tu.Mas ela mesmo, a rida, a borbulhar selvagemNo uivo dos animais, no viço da folhagem- *m tudo, no teu corpo e no meu corpo nU/Ela mesma nos separou. As cordilheirasAfundaram no oceano. As vozes derradeirasDos bichos que no abismo iam todos morrer,tnchiam-me de assombro... E conheci na trevaA maior dor, a dor da força que me levaPara longe de ti. Meu ser pelo teu ser

—„s».

Clamou... Clamou debalde. Em mim subitamenteTudo descorou, tudo envelheceu. Ao quenteMeu coração de oútrora, hoje tarde refluicLT9Ut Pfb,e em que iá nâ<» Palpita «od«vNsT J P "** $em "' mwchel Bran" • Seloda,Nao sou mais do que uma lembrança do que fui.

v Í>Embora! Testemunharei eu só, aquelaQue trouxe a vida em si mais luminosa e belaDo que nunca a sonhaste, a gloria deste amor.A unU"! mm' ° qu\f0i ,uo' oro uma «*«-""<•-Da Tn1 qU!-e Pbserv0 e *« «ompanha

<mWmescuridão cada dia maior...V f

Manuel Bandeira

•rr.,jHrV&'jrf^fv>*[&£&^SB^O^^Ss^^Sâ^SSfs^^BSMiawa^ml^mãaiSISa^i^^^SSSÊÊ^^SÊâl^^Sm^^^Ê ^êl ««fBK*ri^**e*********»»*^**>—*--^*--~^r- _j~^^^l>»»»*>"***>'**'"***»»>3p»»,*»t^***,**'-»',"»^i-¦¦¦4'&.r.-<lÍ~T^r^?rtXt^^-r^ã>Ém*^-~*{&a^m.~*^^^mr*rí&ato,^^^^ ^^^^^^^^^^^^^^^^^^^**Oai^O^^^*|a^,^^^**0>^^^a*l^s, 1,11

in " ^^^ ,tgSS? - y*:*^»"^**M^%gyi«n***ggf5y^^LiKiE**v**^^ .^Rj***"**^^**»»»"»!!-^»--»!

. .¦ N, "¦',""* "•lT»»ur ^nuulnwr ^-uuauuT ^u-uuuW