É tetra!Azzurra despacha a França, quebra jejum de 24 anos sem vencer um Mundial e leva para casa...

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Rio de Janeiro, julho de 2006 Ano XIII – Nº 98 É tetra! Nova geração de ítalo-brasileiros Nova geração de ítalo-brasileiros comemora de norte a sul do Bra comemora de norte a sul do Bras comemora de norte a sul do Br comemora de norte a sul do Bras ISSN 1676-3220 R$ 7,50 ww.comunitaitaliana.com A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Vespa: símbolo italiano completa 60 anos

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Rio de Janeiro, julho de 2006 Ano XIII – Nº 98

É tetra!Nova geração de ítalo-brasileiros Nova geração de ítalo-brasileiros comemora de norte a sul do Brasilcomemora de norte a sul do Brasilcomemora de norte a sul do Brasilcomemora de norte a sul do Brasil

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N 1

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A M A I O R M Í D I A D A C O M U N I D A D E Í T A L O - B R A S I L E I R A

Nova geração de ítalo-brasileiros Nova geração de ítalo-brasileiros comemora de norte a sul do Brasilcomemora de norte a sul do Brasilcomemora de norte a sul do Brasilcomemora de norte a sul do Brasil

Vespa: símbolo italiano completa 60 anos

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4 EditorialReações assimétricas

Julho de 2006

5 Cose NostreRetrato do pintor italiano Giacomo Leopardi é encontrado em Parma, 170 anos após sua morte

8 Marco LucchesiDrummond e o tempo

20Atualidade

24Notizie

26Saúde

42Comportamento

46Sapori d’Italia

Turismo

Portofino, na costa da Ligúria, é uma das rivieras mais procuradas no verão europeu

Tecnologia

Enquanto Brasil opta por sistema de TV digital japonês, Itália adia decisão para 2008

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Comunidade

Niterói abriga 90% dos sacchesi que vivem no Brasil

EntrevistaFranco VicenzottiDiretor do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro fala sobre seu retorno à Itália e destaca sua passagem pelo Brasil

CAPAItália: Copa do Mundo 2006

Azzurra despacha a França, quebra jejum de 24 anos sem vencer um Mundial e leva

para casa o tetracampeonato

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Cultura

No Rio, a mostra “Filhos de Abrahão”, do arquiteto italiano Paolo Portoghese, apresenta projetos de igrejas, mesquitas e sinagogas

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EDITORIAL

DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR:Julio Cezar Vanni

VICE-DIRETOR EXECUTIVO:Adroaldo Garani

PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:Editora Comunità Ltda.

TIRAGEM:30.000 exemplares

ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:19/07/2006 às 17:30h

DISTRIBUIÇÃO:Brasil e Itália

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:Rua Marquês de Caxias, 31

Centro – Niterói – RJ – BrasilCEP: 24030-050

Tel/Fax: (21) 2722-0181 /(21) 2719-1468

E-MAIL:[email protected]

SUBEDIÇÃOLuciana Bezerra dos Santos

[email protected]

REDAÇÃO:Nayra Garofl e

e Rosangela ComunaleSílvia Souza (estagiária)

REVISÃO / TRADUÇÃOAna Paula TorresGiovanni Crisafuli

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:Alberto Carvalho

CAPA:João Carnavos

COLABORADORES:Franco Vicenzotti – Braz Maiolino

– Pietro Polizzo – Venceslao Soligo – Marco Lucchesi – Domenico De Masi – Franco Urani – Fernanda Maranesi – Giuseppe Fusco – Beatriz Rassele

CORRESPONDENTES:Guilherme Aquino (Milão)Ana Paula Torres (Roma)

Renata Summa (São Paulo)

Comunità Italiana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos

brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira

responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refl etem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista.

La rivista Comunità Italiana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima

libertà, personali opinioni che non rifl ettono necessariamente il pensiero

della direzione.

ISSN 1676-3220

Filiato all’Associazione

Stampa Italiana in Brasile

FUNDADO EM MARÇO DE 1994

Entretenimento com cultura e informação

Materazzi provoca Zidane e ganha uma cabeçada; radicais palestinos matam três soldados israelen-ses e seqüestram outros dois e Israel responde

matando civis inocentes; governo de São Paulo tenta tirar regalias de presos e transferindo-os e a população paulis-tana sofre com represália dos bandidos; cúpula do presi-dente Lula se envolve num dos maiores escândalos da história e, segundo pesquisas para as próximas eleições, ele ganha no primeiro turno; uma nova tsunami mata quase 400 pessoas na Indonésia sem que elas tivessem a possibilidade de abrigar-se ou fugir porque nenhum dispositivo de alarme foi implanta-do desde a tragédia do fi nal de 2004... Até o momento em que esta edição de Comunità chegar às suas mãos é bem provável que novas tragédias aconteçam. “O tempo não pára” e com o avanço da tecno-logia, nós, seres humanos, temos a “oportunidade” de ter acesso à informação em questão de minutos, através de mídias variadas.

Alternativa ou invasão? Antes para termos acesso às informações precisávamos ir a uma banca de jornais, ou ligar um rádio, um televisor. Hoje, as redações de jornais transformaram-se em agências de notícias frenéticas que disparam novidades na internet, em nossa caixa de e-mail, celular... Isso muda nossa rotina, humor e, por conseqüência, o nível de estresse.

A notícia de uma crise política e militar no Oriente Médio mexe em curtíssimo prazo com nosso dinheiro. As bolsas caem, os países “emergentes” fi cam fragilizados, recalcula-se juros, DIs, poupan-ça... Sendo assim nos obrigamos a respostas mais rápidas, a atitudes muitas vezes impensadas e desca-bidas no nosso dia-a-dia.

A velocidade imposta pela globalização criou uma geração homogeneizada. Hoje, não temos grandes líderes. Não temos gênios. Decisões são tomadas sem “tempo” certo de estudo, de análise. Atribuo grande parte da desgraça humana, da intole-rância, à “evolução”. Da mesma forma, a informação em tempo real deixa nervos à fl or da pele, cria reações assimétricas.

A raiva gerada pelo ataque terrorista às Torres Gêmeas, que completa cinco anos no próximo dia 11 de setembro, levou à morte dezenas de milha-res de civis inocentes. O mesmo acontece agora no Oriente Médio. Fecham-se os olhos e é dada uma cabeçada no escuro. Aliás, sem arrependimento e com honras de chefe de estado. Maquiavel, ainda no renascimento, advogou que “os fi ns justifi cam os meios”. Em outras palavras, a razão deve se impor a des-peito dos meios utilizados. O problema para Maquiavel não está em usar a vio-lência, mas em saber usá-la, na intensidade certa e no momento oportuno.

Portanto, nos falta a calma. A literatura. O ritmo pausado de uma poe-sia. A leitura representa uma enorme contribuição para as relações humanas e evita exemplos de irracionalidade que nutrem os barbarismos e envergo-nham gerações. Além dos tratados fi losófi cos, sociológicos, a literatura tem a vantagem de trabalhar sobre a matéria bruta, os personagens criados em toda a sua plenitude e fragilidade que caracterizam o humano. Contribui para a compreensão dos contextos históricos, para uma análise sociológica, política e fi losófi ca dos caminhos percorridos e daqueles a serem seguidos.

Por isso, ComunitàItaliana busca um paralelo entre Brasil e Itália, países de história e ginga, arte e compreensão. Nesta edição também propõe e valoriza a reportagem dinâmica, com matérias sobre atualidade, política, economia, tanto quanto os textos que buscam a refl exão, o bem estar, a formação. Neste número o leitor entenderá melhor o que traz a implantação da TV digital, com a implantação de um sistema que promete alterar nossa relação com a tela. Nas páginas 20 e 21, o percurso dos 60 anos da marca que é símbolo da criatividade italiana em todo o mundo: a Vespa. Dicas para as doenças li-gadas às vias respiratórias, agravadas pela estação do inverno, estão na seção de Saúde. Na editoria de Turismo, nossa correspondente em Roma, Ana Paula Torres, vai até as vinícolas romanas e Guilher-me Aquino, de Milão, nos leva à jóia do verão europeu: Portofi no. Confi ra ainda a história da cidade de Sacco. Pacata, localizada na montanha do Vale do Cilento – região que tem proteção ambiental da WWF –, em Salerno, essa pequena localidade se reduziu a 700 moradores após a imigração de milha-res de cidadãos para o exterior. O curioso é que, em especial, transferiram-se para Niterói, no Rio de Janeiro. Nesta edição, também a moda masculina, proposta para a temporada primavera-verão 2007 nas passarelas de Milão, pode ser conferida na página 48.

O leitor poderá mergulhar ainda na poesia contemporânea de Drumond e no sempre especial Mosaico Italiano, editado pelo poeta Marco Lucchesi, desta vez trazendo à tona Borges, Dante e Ma-chado de Assis.

Boa Leitura!

Reações assimétricas

Pietro Petraglia Editor

OS VINTES MAIS DA HISTÓRIA

Um levantamento feito por histo-riadores e jornalistas fl uminen-

ses este ano, indicou 30 italianos que mais se destacaram na história da cidade do Rio de Janeiro. Entre eles: Américo Vespúcio, Giuseppe Adorno, Imperatriz Tereza Cristina, Libero Badaró, Giuseppe Garibaldi, Luigi Vicenzo Di Simoni, Cesare Per-siani, os irmãos César e Domenico Farani, os irmãos Pasquale, Afonso e Gaetano Segreto, Raffaele Rebecchi, Antônio Januzzi, Ângelo Agostini, Rodolfo Bernadelli, Eliseu Visconti, Lemmo Lemmi, Carlo Parlagreco, Giuseppe Fogliani, Carlo Pareto, Ân-gelo Fiorita, Carla Delamastro, Gio-vanni Castelpoggi, Del Secchi, Luigi Basini, Mario Cataruzza, Luigi Fos-satti e Paolo Rossi.

COPA I

A rede de lojas alemã Media World levou um prejuízo com o tetra-

campeonato italiano na Copa do Mundo. Antes da competição, o ma-gazine realizou na Itália uma pro-moção que dava aos compradores de televisores o direito de receber o di-nheiro de volta, caso a seleção local fi casse com o título. Resultado: cer-ca de 10 mil consumidores aderiram à promoção, comprando aparelhos entre 900 e 5 mil euros. Agora a em-presa terá que desembolsar em tor-no de R$ 28 milhões para conseguir ressarcir todos os consumidores.

ITALIANO EM ALTA

O número de estudantes de língua italia-na dos cursos da Associação Cultural

Ítalo-Brasileira [Acib], mantidos por con-vênios entre a Associação e escolas públi-cas do Rio de Janeiro ultrapassam três mil alunos. Atualmente os cursos acontecem apenas em escolas municipais como: Es-cola Itália, 665; Escola 25 de Abril, 1089: Escola Pio X, 1124; Escola Paulo VI, 62. Há outros acordos em negociações.

VEREDICTO PENALIZA CLUBES ITALIANOS

A Justiça italiana não quer saber de virada de mesa, ou pizza, num dos campeonatos de futebol mais ca-

ros do mundo. Juventus, Lazio e Fiorentina caíram para a série B e o Milan continua na A, porém com 15 pontos negativos. A sentença saiu no dia 14 de julho e não pa-ra por ai. A Juve irá iniciar o campeonato da segundona italiana com menos 30 pontos e pode perder, além do scudetto atual, também o da competição 2004-05. A Fio-rentina e a Lazio iniciarão a série B com respectivamente menos 12 e 7 pontos. Todos os outros dirigentes envolvi-dos e os árbitros foram condenados com afastamento. Esse é um bom exemplo italiano, dentro e fora dos campos.

Julio Vanni

COSE NOSTRE

RARIDADE

Um retrato do pintor italiano Giaco-mo Leopardi, autor de “O Infi nito”

foi encontrado 170 anos após sua mor-te. O professor de História da Arte da Universidade Tor Vergata de Roma, An-tonio Giuliano — autor da descoberta — achou a preciosidade numa hospeda-ria de Parma, local onde o pintor costu-mava se hospedar. Segundo historiado-res, o traço foi esboçado em 1825 pelo amigo e também pintor, Biagio Martini, durante uma viagem dos dois a Milão.

ALÔ FASHION

A dupla de estilistas italianos Domenico Dolce e Stefano Gab-bana, assinam novo aparelho de celular de uma empresa de

telefonia móvel. O moderno V3i, um ultrafi no com exíguos 13,9 milímetros de espessura, é todo dourado, vem com o logo DG e um pingente exclusivo. O modelo apresentado durante a sema-na de moda de São Paulo sai pela bagatela de dois mil reais. Os estilistas, donos da badalada grife Dolce & Gabbana desenha-ram nesta Copa a camisa da seleção campeã de futebol.

ACERVO LIBERADO

A partir de 18 de setembro os arquivos do Papa Pio XI (1922-1939), que atualmente só podem ser consultados de for-

ma parcial pelos investigadores, poderão ser abertos, segundo um comunicado divulgado pelo Vaticano, no fi nal de junho. A abertura desse acervo, que diz respeito fundamentalmente às atividades diplomáticas da Santa Sé antes da Segunda Guerra Mundial, foi decidida pelo Papa Bento XVI, confi rmando assim os desejos de seu predecessor João Paulo II.

COPA II

No Brasil um grande magazine fez a mesma promoção. Neste

caso, oferecia grátis um televisor de plasma para quem comprasse outro, caso o Brasil vencesse a copa. Como a França despachou a seleção cana-rinho nas oitavas de fi nal para casa, o grupo economizou 20 milhões.

RAPIDINHAS

Roberto Perrotta a comunidade ita-liana de Niterói liderada pela Abita e pelo Clube italiano promoveu, em junho, homenagem ao prefeito de Paola, na Calábria, durante sua pas-sagem pela cidade. Na ocasião, Per-rotta concedeu diploma de mérito a personalidades de Niterói como Pie-tro Polizzo, Francesco Giglio, Pietro Petraglia e este colunista.II Mostra Internacional Rio Arqui-tetura (Mira) acontece em agosto no Rio de Janeiro com exposição de obras de 15 países, inclusive a Itália.FestaItália Blumenau até 23 de julho, apresentação de grupos fol-clóricos, atrações musicais, gas-tronomia, partidas de truco, de-gustação de vinho e realização do concurso nacional de comedores de macarrão a metro.

RELÓGIO ANTI-FURTO

Se a moda pega... Idealizado pe-la região de Campânia, chegou

ao mercado da cidade de Nápoles uma novidade que bem poderia ter sido inventada no Rio ou em São Paulo: um relógio “anti-furto”. O medidor é de plástico e está à dis-posição nos hotéis para uso dos tu-ristas que temem por seu relógio de estimação. Artistas como Ernes-to Tatafi ore e Lello Esposito acha-ram a idéia tão original que aderi-ram voluntariamente à iniciativa e preparam desenhos modernos para o apetrecho.

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Uma mulher vestida de sereia chamou a atenção de quem passava pela Fontana de Trevi, em Roma, neste mês. Imer-

sa nas águas e junto a faixas com os dizeres “A pesca pirata mata o mar” e “A única grande rede que nos serve é aquela das reservas marinhas”, o ato aconteceu em decorrência de um patrulhamento feito por ativistas do Greenpeace a bordo do Rainbow Warrior. Durante o monitoramento, foram denun-ciados quatro casos de pesca ilegal em barcos. O movimento espera, agora, encontrar o ministro De Castro para discutir a aplicação de medidas urgentes para conter a ação.

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Opinione

PARLIAMONEcon l’Avvocato Giuseppe Fusco

Oggi parliamo di scuola, o meglio, di riconoscimento dei titoli di studio conseguiti all`estero.

Ecco la domanda che mi é stata fatta:Sono cittadino italiano e vorrei andare in Italia e frequen-tare un`Universitá. Il titolo di studio ottenuto a Rio de Ja-neiro serve?Prima di tutto in Italia vogliono verifi care se il tuo titolo di studio equivale al diploma di maturitá rilasciato da un Istituto secondario superiore italiano.

Pertanto, il primo passo burocratico consiste nel chie-dere il riconoscimento (si dice l`equipollenza) del tuo titolo di studio rispetto a quello rilasciato da una scuola superiore italiana. (Decreto Legislativo 16 aprile 1994, n.297).Come devi fareLa domanda la devi presentare al Provveditore agli Studi della Provincia di riferimento della tua famiglia.

Tieni presente che, pur essendo un tuo diritto, l`equipollenza potrá essere condizionata al superamento di prove integrative eventualmente ritenute necessarie per ciascun titolo di studio straniero da una Commissione no-minata dal Ministero della Pubbica Istruzione e dal Mini-stero degli Esteri.

Assieme alla domanda, visto che sei cittadino per na-scita, devi presentare un attestato di cittadinanza italiana rilasciato dal Consolato Generale.

Comunque devi sapere che, in linea di massima, vengono riconosciuti i titoli conseguiti al termine di un percorso sco-lastico di almeno 12 anni, purché consentano l`accesso ad un corso analogo a quello che viene richiesto in Italia presso Universitá del Paese al cui ordinamento si riferiscono.

In questo caso, alla domanda di immatricolazio-ne all`Universitá (che potrai presentare direttamente all`Istituto Italiano di Cultura) dovrai allegare solo il diplo-ma originale che possiedi.

Se lo ritieni complicato, puoi anche fare cosí: iscriviti ad una Universitá locale, supera gli esami del primo anno e poi potrai iscriverti al primo anno di una Universitá italiana, an-che se gli esami sostenuti qui non ti verranno rinosciuti.Cosa devo fare?Vai all`Istituto Italiano di Cultura, allega alla domanda di preiscrizione all`Universitá italiana il tuo titolo di studio autenticato dalle autoritá competenti brasiliane e corre-dato di traduzione giurata in lingua italiana.

Lo stesso Istituto fará la cosiddetta “dichiarazione di valore” e cioé:

— la posizione giuridica della scuola (se pubblica o privata)

— l`origine e il grado degli studi ai quali il titolo di studio fi nale si riferisce, secondo l`ordinamento scolastico brasiliano

— gli anni complessivi di scolaritá— gli effetti ai fi ni della prosecuzione degli studi e

dell`assunzione a posti di lavoro.Comunque, prima di decidere cosa fare, fai una scappa-

ta all´Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro , visto che sei carioca, lí troverai persone competenti e gentili che ti diranno quello che devi fare, meglio di me, sicuramente.

[email protected]

Serviço

agenda cultural na estanteSÃO PAULO

CINEMA ITALIANO

Il Viaggio di Capitan Fracassa, 1990

No século XVII, é Pulcinella a contar a história, aquela de uma companhia de cômicos em viagem a Paris, para encontrar o rei Luís XIII. Aos atores de teatro agrega-se o decadente Barão de Signognac; e será este último, cortejado por Serafi na e Isabella, a personifi car em cena o capitão Fracassa, levando o espetáculo ao sucesso. Data: 24 de julho. Horário: 19h. Local: Istituto Italiano di Cultura — Rua Frei Caneca, 1071 — Sala Firenze

Os eternos desconhecidos

Retrospectiva Mario Monicelli. Data: quarta-feira, 26 de julho de 2006. Horário: 19h Local: Teatro Abílio Pereira de Almeida — Praça. Cônego Lázaro Equini, 240 — São Bernardo — Tel.: 4125-0582

Mostra Mauro Rubi

O fotógrafo italiano apresenta ensaio com 11 imagens da ilha de São Pedro, que fi ca no litoral sul ocidental da Sardenha. Horários: de terça a domingo, das 12h às 20h. Local: O Museu da Imagem do Som (MIS) — Avenida Europa, 158. Telefones: (11) 3062-9197 e 3088-0896.

RIO DE JANEIRO

“Ensinar brincando”

Workshop de música para crianças com a presença da pianista Maura Pansini. Data: 10 e 11 de agosto. Local: Escola Vila Lobos — Rua Ramalho Ortigão Centro.

Concerto di Maura Pansini

Data: 10 de agosto. Horário: 17h. Local: Auditório Guiomar Novaes — Lago da Lapa, 47 — Lapa — Centro.

SEMINÁRIO

Congresso Internacional Brasil-Itália

Travessias políticas, literárias e cinematográfi cas, com o professor de língua, literatura brasileira e portuguesa da Universidade Tor Vergata, de Roma, Aniello Angelo Avella. Na ocasião, ele vai lançar o livro Dal “Pan di Zucchero” al Colosseo. Data: 10 de agosto na Biblioteca Nacional [Rua Rio Branco, 219 — Centro] e, dia 11, na sala Itália [Av. Presidente Antonio Carlos, 40/ 4º andar — Centro]. Informações: (21) 2532-2146

Rumos Artes Visuais 2005-2006 — Paradoxos Brasil

A exposição reúne os 143 trabalhos selecionados na 3ª edição do projeto “Rumos Artes Visuais”, Data e horário: terça a domingo, das 12h às 18h. Local: Paço Imperial — Praça XV de Novembro, 48, Centro. Informações: (21) 2533-4407.

BELO HORIZONTE

Exposição Paraíso Desenhos inéditos de Arthur Luiz Piza vão estar expostos até 27 de agosto. São trabalhos reunidos nos últimos anos em moleskines, cadernetas que artistas e intelectuais europeus levam em suas viagens. Horário: terças a sexta, das 13h às 19h, sábado e domingo, das 13h às 18. Local: Instituto Moreira Sales [IMS] — Belo Horizonte — Av. Afonso Pena, 737, Centro. Informações: (31) 3213-7900

A DOMANDA RISPONDE

serviços

Arquitetura na Itália 1400 – 1500, de Ludwig Heydenreich, analisa as inovações trazidas por Brunelleschi, Michelozzo, Ghiberti, Donatello, Alberti e Leonardo da Vinci, bem como a produção de contemporâneos e sucessores desses mestres, nas cidades de Florença, Roma, Urbino, Mântua e Veneza. Editora Cosac & Naify, 196 págs., R$ 95

Um Quarto com Vista, de Edward Morgan Forster, conta a história de Lucy Honeychurch. Moça bem-comportada,

que se casa por interesse com Cecil Vyse, que conheceu na Itália. Mas a viagem à Bota acaba mudando sua concepção de mundo e de si mesma, e ela se torna uma nova mulher,

longe da rigidez de sua classe e das convenções inglesas. O livro é contemporâneo das emergentes lutas feministas que aumentaram no século 20. Globo Editora, 288 págs., R$ 39

Dal “Pan di Zucchero” al Colosseo, de Aniello Angelo Avella, reúne depoimentos sobre intelectuais brasileiros nas ruas de

Roma e adjacências. Editora Iapadre, 143 págs., 14 euros

O caderno de Michelangelo, de Paul Christopher, narra a descoberta de um raro desenho do renascentista italiano Michelangelo, pela estudante Finn Ryan. Uma série de assassinatos tentam encobrir a existência da obra e enquanto sobrevive à perseguição implacável de inimigos ganhos da noite para o dia, Finn quer saber a razão de tamanho zelo. Ela se envolve em situações que a levam de encontro a sociedades secretas, tráfi co de obras de artes e um garoto misterioso protegido pela Igreja e por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Editora Rocco, 360 págs., R$ 43

INTERCÂMBIO NA ITÁLIA

O Instituto Politécnico de Turim está com inscrições abertas nos cursos de En-genharia e Arquitetura até 30 de julho. Os selecionados poderão fi car de seis a 12 meses em um dos mais importantes centros de estudos italianos, o Instituto Politécnico de Turim. A instituição ita-liana é referência em estudos nas áreas de engenharia e arquitetura, principal-mente em design. A bolsa inclui: auxílio instalação; seguro saúde; 1.100,00 eu-ros (cerca de R$ 3 mil); passagem aérea internacional de ida e volta em classe econômica promocional.Informações: www.capes.gov.br

A Sprachcaffe do Brasil abre inscrições para o programa de intercâmbio para estudo de italiano na Universidade da Calábria. Será em 6, 13, 20 e 27 de agosto. O pacote é vá-lido para duas semanas e inclui duas aulas diárias de 45 minutos cada, além de acomo-dação. Informações: (11) 3285-3288.

CURSOS DE ITALIANO

Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (IIC-SP) recebe inscrições para cursos regulares e intensivos de italiano a partir de 10 de agosto. O programa, dividido em sete estágios, tem duração de quatro meses. Informações: (11) 3285-6933.

Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ): as provas de nivelamento acontecem dia 3 de agosto. E as aulas iniciam a partir do dia 5. Informações: (21) 2532-2146 (Centro) e 2255-5543 (Copacabana).

Associação Cultural Italiana do Rio Grande do Sul (ACIRS): inscrições até o dia 9 de agosto. A matrícula inclui material didático. Informações: (51)3212-5535.

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Ezio Maranesi

Amor di patria

Ci hanno insegnato l’amor di patria associato al profi lo di Mussolini, con l’elmetto. Fare leva sulle emozioni per aggregare le masse e trovare

consensi é tipico dei governi forti. Fu cosí per Stalin, Mao, Saddam ecc. ed é cosí per Fidel, Chavez ecc. Il culto della personalitá é alimentato dalla esaltazione del naziona-lismo trovando terreno fertile nei cuori delle persone piú semplici. Poi, quando Mussolini se ne andó, restó il vuoto. Con tutto ció che era avvenuto in Italia in quegli ultimi anni era diffi cile credere nell’ideale di patria. Piú facile era credere in Bartali che vinceva il tour de France e evitava la rivoluzione dopo l’attentato a Togliatti, o nel grande Torino, che vinceva sempre, dovunque e comunque. Disturba l’idea che l’amor di patria, un senti-mento cosí bello, nobile, forte e delicato nel-lo stesso tempo, sia manipolabile dai tiranni o volubile per sua natura. Eppure ricordiamo Tito, padre di una orgogliosa Iugoslavia na-zionalista; morto Tito, i nazionalisti iugo-slavi di ieri sono oggi i nazionalisti sloveni, croati, montenegrini, ecc. Sono cosí labili le fondamenta di questo sentimento? Non é co-me l’amore per mamma che, qualunque cosa avvenga, é sempre mamma? Mi chiedo come nasce l’amor di patria. É amore viscerale per la circoscrizione geo-politica nella quale so-no nato? É stima e consenso per i governanti di ieri e di oggi che hanno determinato, e determinano, come dobbiamo vivere? É ma-linteso orgoglio perché vicino alla casa dove sono nato vissero un tempo Giuseppe Verdi o Michelangelo? Le domande potrebbero essere mille, la risposta sarebbe sempre poco razio-nale. Allora, non dobbiamo cercare le radici di questo sentimento nel cervello; dobbiamo trovarlo nel cuore, ed é sempre legato ai ri-cordi, alla cultura, ai colori, ai sapori, alle amicizie, agli amori che hanno scandito il tempo della nostra infanzia e della nostra giovinezza, al paesello. Essere e sentirsi ita-

liano vuol dire sentire fortemente questo senti-mento delicato. L’orgoglio non c’entra; potevo nascere piú in su e sarei nato svizzero e la mia icona, per ereditá culturale, sarebbe Guglielmo Tell e non Dante Alighieri.

Mi telefonó giorni fa un italiano “bionico”, prodotto dalla legge che regala la cittadinanza italiana a oriundi di qualsiasi generazione che italiani non sono. Mi chiedeva, naturalmente in portoghese non conoscendo una parola di italiano, di suggerirgli come votare all’ultimo referendum. Non aveva la minima idea di che cosa si stesse parlando, né era interessato ad averla. Italiani cosí non servono. Camoranesi, che gioca nella nazionale italiana, ha ottenuto la cittadinanza ma non canta l’inno italiano perché non lo ha voluto conoscere e perché non si sente italiano. Revochiamo il decreto che l’ha fatto italiano e rimandiamolo in Argentina. Ita-liani cosí non servono. Le leggi, in particolare quelle sbagliate come quella, troppo generosa, che defi nisce chi ha diritto alla cittadinanza italiana, non prevalgono sui nostri sentimenti; o si é italiani o non si é. Avere due patrie é come essere bigami; ti puó fare piacere se sei ricco e masochista abbastanza per tenerti due mogli, ma non va bene. Italiani si é, non si di-venta. L’italianitá uno se la trova cucita addos-so quando nasce, a Cuneo cosí come a Caserta. Con molta parsimonia puoi, al limite, regalare la cittadinanza a chi se la merita. Si adotti un test decisivo per giudicare l’italianitá di una perso-na. Non vale chiedergli se é disposto a dare la vita per la patria; molti giurerebbero il falso. Poi, in certe circostanze, si diventa eroi, ma c’é troppo sangue e lotta nei nostri inni nazionali. Per capire se l’esaminando é italiano si potreb-be vedere come mangia gli spaghetti, ma c’é un test ancora piú trasparente: fallo sedere davanti alla televisione ad assistere ad un Italia-Brasile e vediamo come si comporta. Applichiamogli dei sensori specifi ci per sapere cosa passa nel suo cervello e nel suo cuore. Sapremo tutto di lui. L’idea di affi dare a undici ragazzi in mutande un

verdetto tanto vitale puó sembrare leggerez-za, ma non é cosí. Nel momento in cui Baggio sbaglia il rigore decisivo, i sensori ci diranno tutto sulla purezza dei suoi sentimenti, op-pure ci diranno se l’esaminando é una falsa carogna. Il football assume quindi la dignitá, che si presume illibata, di un giudice. Ci dicono peró, proprio in questi giorni, che il mondo del pallone é marcio. Lo si poteva sospettare, vedendo il viso di certi dirigenti. Avremmo dovuto capirlo quando vedemmo in campo, nei team milanesi, nove, dieci, undici stranieri su undici, e, tra gli italiani, quan-do ce n’é qualcuno, nessun lombardo. Tutti mercenari, quindi, e nessuna purezza. Magari bravi nel loro mestiere, cosí come bravo fu Ettore Fieramosca quando, a Barletta, alcu-ni secoli fa, alla guida di altri 12 soldati di ventura, cioé mercenari, sconfi sse i francesi. Ma i sentimenti sono ciechi e forti, e i media contribuiscono a ingigantirli e infi ammarli; ed é lí, soprattutto lí, che si svela il patriota, che magari evade il fi sco ma gioisce, soffre, si contorce, urla, piange, abbraccia i vicini, quando si segna o si subisce un gol. Il gol di Del Piero ci ha dato l’immensa dimensione dell’amor di patria del nostro popolo meravi-glioso che peró, ahimé, troppo spesso scio-pera e non paga le tasse. Anche nella gioia del gol ci vorrebbe peró un po’ di stile. Quel gruppo di italiani del Bras (quartiere di San Paolo), fi lmati dalla Globo durante le partite della azzurra, non hanno reso un buon servi-zio alla loro patria. Gli perdoniamo di cuore le urla e la poca compostezza, frutto di genuino entusiasmo e patriottismo, ma quei padelloni di sugo di pomodoro, per festeggiare il dopo-partita con la spaghettata non avevano pro-prio una bella cera. L’esame per ottenere la cittadinanza dovrebbe essere rifatto per loro ogni dieci anni, come la patente di guida, per essere aggiornati sull’Italia che cambia, anche in cucina. E l’Italia é molto cambiata negli anni; i patrioti dicono in meglio.

Italia: Prospettive e speranze del nuovo governo Prodi

Franco Urani

Opinione Articolo

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ção

za sanitaria, avrebbe comportato sperequazioni tra regioni ricche e povere d’Italia, e cioè favo-rito il Nord a scapito del Sud. Inoltre, in un’eco-nomia già largamente defi citaria come quella italiana, l’attribuire alle Regioni poteri assai più consistenti degli attuali, avrebbe dovuto comportare un corrispondente alleggerimen-to delle corrispondenti organizzazioni centrali, l’abolizione di enti provinciali, e si sa quanto sia diffi cile dimettere e trasferire personale, de-rivandone probabilmente ingenti maggiori spese insostenibili nell’attuale situazione italiana.

La seconda considerazione riguarda le pro-fonde modifi che proposte alla Costituzione, che era stata frutto di un accordo globale tra i par-titi antifascisti nel 1946, istituendosi una Re-pubblica di tipo parlamentare per scongiurare futuri pericoli di dittatura dopo il lungo periodo fascista, reso possibile da una convivenza tra il Re e Mussolini nel senso che il potere veniva to-talmente esercitato dal dittatore ed avallato dal Capo dello Stato, a condizione di salvare le for-me ed essere anche lui partecipe dei trionfalismi dell’epoca, fi no alla nefasta alleanza con la Ger-mania nazista disastrosa per il nostro Paese.

Ora, era evidente che da parte di Berlusconi vi fossero tentazioni autoritarie e che mordesse il freno per i condizionamenti delle Camere, del-l’opposizione e dei due ultimi Presidenti della Repubblica, ai quali credo che l’Italia debba es-sere profondamente grata : il coriaceo Scalfaro e l’affabile, popolarissimo e sempre vigile Ciampi, che mai si lasciarono prevaricare e che furono i fedeli custodi della Costituzione del 1946, fermo restando che — con la dovuta prudenza — essa potrebbe anche adeguarsi alle nuove necessità, purchè con ampio consenso tra le varie forze po-litiche e non certo con colpi di mano unilaterali, come nel caso della devolution.

A questo punto, credo che tendano a vani-fi carsi le speranze di Berlusconi di tornare ra-pidamente al potere in una posizione di forza. E’ anzi probabile che il nuovo Governo durerà il quinquennio previsto, che cominci a sfaldarsi la casa della liberta’ con possibili defezioni di fran-ge di estrazione democristiana che potrebbero permettere a Prodi, se e quando il caso, di non essere troppo condizionato dai partiti estremisti dell’Unione. Pare anche sperabile, grazie alla di-stensione nazionale di cui sembra farsi fautore il nuovo Presidente della Repubblica Napolitano, che si renda fi nalmente possibile iniziare quel responsabile dialogo democratico tra le varie forze politiche completamente mancato dopo il 1990, con conseguenti profonde ripercussioni negative sull’economia italiana.

In un mio ricente articolo [Considerazio-ni Personali Sulle Elezioni Italiane] ave-vo dissertato sulla striminzita vittoria dei partiti di coalizione dell’Unione ottenuta

nelle elezioni del 9/10 Aprile 2006, sulle spe-ranze di Berlusconi di conseguente ingover-nabilità e necessità di tornare alle urne nel-lo spazio di qualche mese, anche considerata l’eterogeneità del nuovo Governo in cui alcuni partiti de estrema sinistra avrebbero assunto un ruolo determinante.

In effetti, la costituzione del nuovo Ministe-ro è stata di estrema diffi coltà, appunto per la necessità di dovere accontentare tutti i partiti della coalizione, scaturendone un apparato di oltre cento ministri e sottosegretari, primato della nostra Repubblica.

Completata questa fase, si passava, a Mag-gio, all’elezione da parte delle nuove Camere del Presidente della Repubblica, scadendo il setten-nato di Ciampi che rifi utava - per l’età avanzata — la possibilità di una sua possibile rielezione. ‘La casa della libertà di Berlusconi auspicava, data la situazione di equilibrio politico verifi -catasi, di scegliere una personalità super-partes senza connotazioni politiche, anche considera-to che — nel caso di ingovernabilità — spetta al Capo dello Stato indire nuove elezioni. Ma, a questo punto, si verifi cava un irrigidimento da parte dei partiti dell’Unione che, conquistato faticosamen-te il potere, ritenevano di preminente impor-tanza il conservarlo a tutti i costi ed a tutti i livelli, accan-tonando — almeno per il momento — i loro dissidi ideologici. Venne così eletto, dopo complesse trattative, Giorgio Napolitano, an-tico militante del partito comunista, poi DS (demo-cratici di sinistra), galantuomo che aveva dato buona prova nel precedente Governo Prodi come Mi-nistro dell’Interno, poi Presidente della Camera e Senatore a vita, tollerante e portato al dialo-go, ottantenne. La casa della liberta’ lo considerò il minore dei mali e si astenne dalla vo-tazione.

Seguirono le elezioni comunali di fi ne Maggio con risultati largamente favorevoli al-

l’Unione, nonostante il perdurante attivismo di Berlusconi che aveva sperato invano di potere dimostrare un crescente appoggio popolare.

E, in un tour de force senza precedenti, il 25 Giugno scorso i cittadini erano ancora chiama-ti alle urne per votare il referendum abrogativo su un pacchetto di leggi denominato devolution, votato negli ultimi mesi del Governo Berlusco-ni, che avrebbe avocato alla Regioni la piena re-sponsabilità dell’assistenza sanitaria, dell’ordine pubblico, della scuola (cavallo di battaglia della Lega Nord e sua condizione per partecipare alla ‘casa della liberta’), oltre a prevedere profonde modifi che della Costituzione del 1946 riguardanti essenzialmente la funzione del Capo del Governo che avrebbe assunto pieni poteri esecutivi, limi-tando quella del Presidente della Repubblica a in-carichi essenzialmente rappresentativi. Altra mo-difi ca costituzionale che giudicavo positivamente consisteva nella diminuzione del numero di sena-tori e deputati, ed in una funzione del Senato li-mitata praticamente alla sfera regionalista.

Non potendosi modifi care la Costituzione senza raggiungere i 2/3 dei voti delle Camere, si trattava di sottoporre a referendum popolare la nuova legge, e, nuovamente, Berlusconi si im-pegnò allo spasimo, unitamente alla Lega, per potere ottenere un’affermazione confi dando sul suo prestigio personale, mentre l’Unione, impe-

gnata nei suoi complessi pro-

blemi go-vernativi, lasciava un

po’ correre. Ma il risul-

tato registrò una nuova, ina-

spettata , s o n a n t e sconfitta di Berlu-sconi, e la legge fu re-

spinta con oltre il 60% dei voti.

A questo punto, vale forse la pena di rifl et-tere su questi ultimi avve-nimenti e su quello che avrebbe potuto accadere

nel caso in cui fosse stata approvata la devolution. Come prima considerazione, un ordi-

namento prettamente federalista, specie per quanto riguarda l’assisten-

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Marco Lucchesi - Articolo

O que mais impressiona em toda a poesia de Drummond é a sua maravilhosa capacidade de ser contemporâneo. Não apenas porque viu mais e melhor. Mas porque não ignorava as razões do tempo — com seu irrefragável sentimento da história. Como Bandeira e Cabral não puderam e não quiseram jamais negar o processo em suas razões profundas, Drummond tam-

bém soube, de modo absolutamente solitário, elaborar uma fi na película, quase invisível, entre a história e a poesia, mas com uma leveza, que se

poderia esperar somente de um elevado gênio poético:

Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutrae te pergunta, sem interesse pela resposta,pobre ou terrível que lhe deres:Trouxeste a chave? (...)

(Procura da Poesia)

A História respira na pele das palavras, nas entrelinhas, não como causa e efeito mecânico,

mas como multicausação, sem espelhos ou refl exos de estruturas, ou diversas tópicas sociais. E é exatamente por causa dessa marca histórica que a obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coefi ciente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de refêrencias, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas. A obra de Drummond repousa não mais na sua modernidade, mas na sua contemporaneidade (tanto em 2001 como em 2100). Esse aparente paradoxo aparece luminoso em sua Cosmovisão:

Eternidade:os morituros te saúdam.

Valeu a pena farejar-tena traça dos livrose nos chamados instantes inesquecíveis.

Agônicoem êxtaseem pânicoem pazo mundo-de-cada-um dilata-se até as lindesdo acabamento perfeito.

Eternidade:existe a palavra,deixa-se possuir, na treva tensa.

Incomunicávelo que deciframos de tie nem a nós mesmos confessamos.

Teu sorriso não era de fraude.Não cintilas como é costume dos astros.Não és responsável pelo que bordam em tua corolaos passageiros da presiganga (...)

(Discurso)

Drummond e o tempo

O século XX corre inteiro em suas páginas, como um rio profundo, caudaloso, inarrestável, com suas ondas de enigma e transparência, fogo e palavra, promessa e desencanto. Nessas águas de absoluta clareza, refl ete-se uma parte de nosso rosto, quando não o rosto por completo. Daqui surgiram nomes de tantos brasileiros, como os de Luís Maurício, Pedro e Francisco, e não sei quantos títulos de livros, bilhetes e cartas de amor, e possibilidades de fazer poesia e música, porque nos vemos instantaneamente nessas águas da poesia drummondiana.

Já nos apossamos, por usucapião, de uma pequena parte da gleba drummondiana, de um braço de rio. Assim, pois, em pleno desespero, ou quase, lembramos de José; quando não somos correspondidos no amor, recorremos à “Quadrilha”; se enfrentamos um obstáculo, a imagem mais efi caz de que dispomos é a “pedra no meio do caminho”; e se o mundo e o coração andam descompassados, socorre-nos a rima com Raimundo, e todas as plausíveis soluções. Boa parte de nossa forma de sofrer o mundo já se tornou drummondiana. Dessas águas e terras não podemos prescindir:

Tenho apenas duas mãose o sentimento do mundo,mas estou cheio de escravos,minhas lembranças escorrem e o corpo transigena confl uência do amor (...)

(Sentimento do Mundo)

Sua obra guarda um século XX universal, mas com a força de um modo brasileiro, como foram os modos de um Portinari, de um Gilberto Freire, de um Villa-Lobos, ou de um Guimarães Rosa. Um Brasil cosmopolita, do modernismo ao pós, dentre muitas estéticas, acima das quais Drummond sobrenada. Um Brasil profundo, com sua paisagem de matas e solidões, que Mário de Andrade ia descobrindo em viagens e aparências. Um Brasil lingüístico, com novas regências, neologismos oportunos, conjugações inesperadas. Todas as línguas do Brasil. A História percorre os poemas de Drummond, de Itabira ao Rio, do Brasil ao Mundo:

Era preciso que um poeta brasileiro,não dos maiores, porém dos mais expostos à galhofa,girando um pouco em tua atmosfera ou nela aspirando a vivercomo na poética e essencial atmosfera dos sonhos lúcidos,era preciso que esse pequeno cantor teimoso,de ritmos elementares, vindo da cidadezinha do interioronde nem sempre se usa gravata mas todos são extremamente polidose a opressão é detestada, se bem que o heroísmo se banhe em ironia,era preciso que um antigo rapaz de vinte anos,preso à tua pantomima por fi lamentos de ternura e riso, dispersos no tempo,viesse a recompô-los e, homem maduro, te visitassepara dizer-te algumas coisas sobcolor de poema (...)

(Canto ao Homem do Povo Charlie Chaplin)

Essa alta poesia toca graves altitudes, que começam e terminam no quotidiano, mas com uns laivos de verdade absoluta ou de absoluto desespero, que o levam da imanência para uma frágil e perene transimanência. E aquelas altitudes parecem originar-se de um ritmo inconfundível, como o que desponta, grandioso, em “A máquina do

mundo”, com uma forma de dizer as coisas, entre abismo e vertigem. E não tenho dúvidas de que esse é um dos maiores poemas da língua portuguesa, porque sussurrado junto ao abismo, atravessado por um sopro genesíaco e misterioso. E não só. Mas com uma pietas realmente nova, de quem já havia tratado do desconcerto do mundo ou de seu perene desassossego, atingindo altíssimos patamares de signifi cação:

E como eu palmilhasse vagamenteuma estrada de Minas, pedregosa,e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatosque era pausado e seco; e as aves pairassemno céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindona escuridão maior, vinda dos montese de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriupara quem de a romper já se esquivavae só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,sem emitir um som que fosse impuronem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeçãocontínua e dolorosa do deserto,e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcendea própria imagem sua debuxadano rosto dos mistérios, nos abismos. (...)

(A Máquina do Mundo)

O sentimento do mundo e o sentimento da história se entrelaçam, afi nal, na grande piedade cósmica, que atravessa boa parte de nossa poesia, cujo centro é Manuel Bandeira, desde Cinza das horas até os últimos poemas. Uma solidariedade profunda, que corre em Murilo e Jorge de Lima, e em tantos versos de Cabral e Gullar. Uma compaixão visceral pelos bois e pelos meninos carvoeiros, pelo artista de circo e pela infância, por Severina e por Fulana, pela franja de escuridão que toca o âmago das coisas. O sentimento do mundo e da história desagüam numa vasta perspectiva universal.

E Drummond traduziu essa incógnita. Na carne. Na medula. Na essência. O mais maravilhoso e último dos poetas contemporâneos:

Era tão claro o dia, mas a treva,do som baixando, em seu baixar me leva

pelo âmago de tudo, e no mais fundodecifro o choro pânico do mundo,

que se entrelaça no meu próprio choro,e compomos os dois um vasto coro. (...)

(Relógio do Rosário)

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Entrevista

Comunità Italiana — O senhor está deixando o Instituto Italiano de Cultura para se apo-sentar. Que análise faz de sua passagem pelo Brasil?

Franco Vicenzotti — Foi uma experiência muito impor-tante seja do ponto de vista profi ssional ou humano. Estive em contato direto com a complexa problemáti-ca referente à nossa comunidade de emigrantes deste enorme País, que tem mais de 25 milhões de oriundi. Problemas, da emigração, que conheci quando passei por países como Escócia, Colômbia, Austrália e, em muito menor número, Índia. São países onde desenvolvi meu trabalho e nos quais estão presentes emigrantes e seus fi lhos. O que mais me chamou a atenção no Brasil foi a pouca familiaridade que os descendentes de italianos têm com a língua italiana. Estão quase que completamente perdidas as raízes lingüísticas. Devido aos conhecidos motivos sócio-econômicos e políticos e sem a compre-ensão do idioma italiano torna-se particularmente difícil realizar uma política efi caz de promoção cultural. Estou realmente convencido de que é necessário dedicar maior empenho na promoção e difusão da língua de Dante. O interesse das nossas autoridades por este tema é já visível e tal fato me faz pensar de modo muito otimista quanto ao futuro. No plano humano não posso deixar de lembrar que no Rio nasceu minha fi lha Valeria Gaia. Paralelamente lembro que em 1900 esteve brevemente de passagem pelo Rio, na qualidade de emigrante, meu avô paterno. Para mim há algo simbólico em tudo isso como recentemente relatei no meu breve discurso de agradecimento na Câma-ra dos Deputados [Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro] quando fui condecorado com a prestigiosa Medalha de Tiradentes. CI — Há projetos futuros ou o senhor está saindo para descansar mesmo? Há a possibilidade de o se-nhor ser solicitado novamente para atuar em outro Istituto?Vicenzotti — Estou sendo aguardado no fi nal de agosto no Ministério das Relações Exteriores, em Roma. É possí-vel que eu seja enviado, posteriormente, para uma nova missão no exterior.CI — Quais iniciativas o senhor acredita que foram relevantes durante sua direção no Istituto do Rio?Vicenzotti — Fecho minha contribuição no Brasil com dois eventos importantes: “Filhos de Abrahão” e “Uma ponte poético-musical entre Gênova e Rio de Janeiro”. Ambos importantíssimos no âmbito religioso. Sobre o futuro do Istituto não posso me comprometer porque cada diretor tem suas idéias e a visão sobre cultura. Se continuasse aqui, minha bandeira sem dúvida seria tra-balhar a difusão da língua italiana, que é um dos maiores compromissos de um diretor cultural. Quando cheguei aqui — por se tratar de um país com muitos oriundi — pensei que as pessoas falassem o italiano. Na Colômbia, por exemplo, onde quase não há italianos, cerca de 13 mil, mais ou menos, estudam e falam a língua como idio-ma cultural. É levado a sério pela maioria dos colombia-nos. Mas isso se deve também em virtude da imigração. Os italianos que vieram para o Brasil tinham uma cultura diferente da dos que aportaram na Colômbia. CI — O que o senhor vai levar de lembranças da cida-de maravilhosa?Vicenzotti — Seguramente o Rio me revelou algo que não esperava. Cheguei aqui com minha mulher há cinco anos e hoje tenho uma fi lhinha de um ano e oito meses que nasceu carioca. Posso deixar o Rio, mas meu coração será sempre ligado à cidade por causa da minha fi lha. CI — Da sua vasta experiência nos quatro continentes, em qual país o senhor acredita ter sido mais difícil de se trabalhar?

Vicenzotti — Exatamente no Brasil, devido aos motivos de ordem institucional e sócio-cultural. Pouco tempo antes da minha vinda foi decidido que o Istituto Italiano di Cultura do Rio teria, novamente, o status de instituto independente em relação ao Istituto Italiano di Cultura de São Paulo. Infelizmente a ação jurídica não se seguiu à adequação das estru-turas e, sobretudo, do orgânico funcional, com a fi nalidade de melhor corresponder aos novos desafi os que aguardam um Instituto como o do Rio de Janeiro, que opera em uma das cidades de maior vivacidade e riqueza cultural no cenário nacional e internacional. Isto sem considerar as constantes solicitações tanto no campo cultural como de emissão de certifi cados e documentos de caráter burocrático que chegam ao Istituto provenientes da grande comunidade ítalo-brasi-leira presente no Rio de Janeiro.CI — O senhor é historiador de formação, na sua opinião, quem é o maior nome atual da arte, literatura e cultura no mundo?Vicenzotti — Na qualidade de “promotor cultu-ral” italiano, me sentiria tentado em responder — cometendo um pequeno “pecado” de orgulho nacional — que, se ontem os “gurus” da cultura internacional foram Leonardo Sciascia, Italo Calvino, Carlo Gadda e, sobretudo, Pier Paolo Pa-solini, hoje o líder incontestável da inteligência internacional poderia ser Umberto Eco. Tais afi r-mações me pareceriam excessivamente naciona-listas e provinciais mesmo porque hoje considero que os grandes intelectuais sejam provenientes de terras de fronteira como Claudio Magris, ou de países ex-colônias como Sir V. Naupaul ou Salmam Rushdie, ambos de formação indiana — sendo Naipaul originário da comunidade indiana de Trinidad e Tobago. Estes grandes es-critores respondem perfeitamente às exigências e à problemática de um mundo globalizado no qual culturas diversas se sobrepõem e aprendem a conviver. Refl etindo as grandes interações, interferências e fusões de outras culturas que as grandes imigrações de massa, típicas dos nossos dias estão provocando. É interessante observar como as ex-línguas imperiais — o Inglês e o Es-panhol — encontram exatamente nas periferias das ex-colônias autores que souberam enriquecê-las e aperfeiçoá-las, como os citados: Nailpaul e Rushdie, para a língua inglesa — mas podería-mos acrescentar Derek Walcott para a poesia —, e o grande contador de histórias e fábulas Garcia Marquez, considerado o maior romancista em castelhano depois de Cervantes. Em “Cem Anos de Solidão” soube operar um prodigioso enrique-cimento da língua castelhana acrescentando-lhe termos indígenas, africanos, profi ssionais e re-gionais, assim como na língua brasileira o soube fazer Guimarães Rosa na sua obra-prima “Grande Sertão — Veredas”. Se, além destes, me pedem para indicar o intelectual que considero de maior importância nos dias de hoje, coerentemente indicaria um outro indiano, Amartya Sen, Prêmio Nobel para a economia pelos seus textos nos quais oferece apaixonada análise e propostas em favor dos deserdados do mundo.CI — Fale um pouco da sua experiência na Índia e na Colômbia?Vicenzotti — De todos os lugares em que traba-lhei, sem dúvida foi minha passagem pela Índia

a que mais me surpreendeu. Naquele país, segu-ramente, a tolerância das pessoas surpreende. Para minha grande surpresa foi bastante fácil trabalhar na Índia, apesar da distância cultural daquele país em relação à Itália. Lá também descobri que a elite moderna e fi lo-ocidental da época — ao fi m dos anos setenta — via, de al-guma forma, a Itália como alter-ego da Índia as-sim como a Índia se considerava a base da civili-zação e da religião no Oriente, a mesma imagem tinha-se da Itália, como base da cultura ociden-tal. Tal conceito era constantemente reafi rmado e lembrado até mesmo no título “bepenisular” — uma das mais sérias revistas culturais daque-le tempo. Havia, portanto, um certo “apetite” em relação às iniciativas culturais provenientes da Itália, encontrava-se bastante disponibilida-de e colaboração e bastante curiosidade pelos vários aspectos da nossa civilização, mesmo os mais simples. Atualmente, parece que tal posi-cionamento tenha mudado um pouco, a nova

Índia, orgulhosa pelo reencontrado poderio eco-nômico e científi co, estaria hoje mais “fechada” aos infl uxos ocidentais e valorizando sua própria civilização milenar. Quanto à Colômbia, da qual guardo lembranças especialmente gratas, o as-pecto que mais me chamou a atenção foi o bom nível da educação de massa, que se refl ete na qualidade das escolas públicas. A Colômbia sofre com um forte preconceito coletivo, relacionado aos indubitáveis graves problemas de ordem pú-blica que, há mais de quarenta anos a afl igem. Em contrapartida, observa-se um País de notável cultura, que se evidencia no seu Prêmio Nobel para e literatura, se muitos conhecem o escritor Garcia Marques e o escultor Botero, poucos sa-bem que estes dois artistas representam apenas a ponta de uma pirâmide que poderia obter uma dezena de “Prêmios Nobel”; desde Alvaro Mutis — cantor de “Makroll el Gaviero” a Fernando Vallejo — cronista da terrível violência mafi osa de Medellín, com a “Virgen dos Sicarios”, ao alucinado pintor Fernando Obregon. Assim como poucos sabem que a violenta Medellin abriga o festival de poesia mais importante do mun-do, que tem a participação de uma verdadeira “kermesse” juvenil, entusiasmada e vociferante, como se estivesse em um concerto de rock. A Colômbia é um País de contrastes, que por outro lado tem em relação à Itália uma dívida incrível: é italiano o autor do hino nacional, Oreste Sindi-ci; é italiano o cartógrafo que desenhou os con-tornos do País, nomeado General-Governador por

Simon Bolivar, Agostino Codazzi. De inspiração genovesa, naturalmente, o nome Colômbia.CI — O que a arte e a religião podem infl uen-ciar na vida de uma pessoa?Vicenzotti — Religião e arte são dois aspectos nos quais uma pessoa se reconhece: um italiano, por exemplo, pode não ser crente em termos religiosos mas não pode não se identifi car nos valores gerais e simbólicos que o catolicismo difundiu no mundo ocidental e é impossível que não tenha interiorizado a beleza das esplêndidas obras de arte que a Igreja Católica encomendou aos grandes artistas do passado. O mesmo se diga de um hebreu; freqüentemente encontramos hebreus que se professam pouco praticantes, quando não ateus, mas que igualmente se identi-fi cam com os valores da civilização hebraica em termos de raízes fundamentais e códigos gerais de comportamento e participação. Naturalmente poderíamos lembrar como todas as grandes reli-giões foram direta ou indiretamente responsáveis pelos esplêndidos momentos de fl orescimento artístico. Seja fi nanciando, como já foi dito, de modo direto os grandes artistas da época, seja estimulando grandes empreendedores privados a investir em obras de arte de conteúdo religioso. Não vem à mente somente o Taj Mahal, na Índia, San Pietro, em Roma, ou o Palácio das Quarenta Colunas, em Kom, ou os infelizmente destruídos Buddas, de Bamyan, ou os Stupas, de Katmandú, ou ainda a Mesquita, de Ali en Mazar i Sharif, mas também a grande variedade artística de caráter popular que caracteriza pintores e escul-tores “naif” de todas as latitudes.CI — Quais medidas o governo italiano vem desenvolvendo para a difusão da cultura e da língua italianas no mundo?Vicenzotti — Está ocorrendo atualmente um processo de revitalização das Sociedades Dan-te Alighieri — associações de gestão local por conta de italianos ou fi lo-italianos que, ao lon-go do tempo, tinham perdido a importância que tinham, se não por outros motivos, ao menos em termos numéricos. Seriam mais de quatro-centos e cinqüenta nos cinco continentes em contrapartida aos oitenta e nove Istitutos de Cultura. Foi já iniciada uma agressiva, mas ele-gante e criativa, campanha promocional que, sem dúvida, chamou a atenção daqueles que seguem os programas da RAI International. A idéia é de que o relançamento da difusão da língua italiana não pode não recorrer às Socie-dades Dante Alighieri, que abrangem o territó-rio dos cinco continentes de modo muito mais capilar de quanto possam fazer os oitenta e nove Istitutos. A decisão política parece estar sendo seguida à risca. É tarefa dos Istitutos, por determinação do Ministério das Relações Exteriores Italiano, exaltar, a cada ano, o idio-ma nacional com a “Semana da língua Italiana” — normalmente no mês de outubro, que, este ano, terá a sua sexta edição. O objetivo é reu-nir todas as forças acadêmicas, intelectuais, es-colares, mas também políticas que se ocupam, no exterior, da difusão da língua italiana para que se verifi que o andamento dos trabalhos e se estude a hipótese de relançamento e de va-lorização da língua, refl etindo sobre um tema escolhido “ad hoc” que este ano terá o tema da linguagem do alimento e da culinária.

‘O que mais me chamou a atenção

no Brasil foi a pouca familiaridade que

os descendentes de italianos têm com a

língua italiana’

Ainda menino, Franco Vicenzotti, nascido em Sacile, no Vêneto, já ou-via falar do Brasil. Seu avô, como a maioria dos italianos do século 19, rumou ao país que prometia “boas novas” ao sofrido povo italiano. Tudo por uma vida mais digna. Na bagagem, quando regressou à Itália, levou inúmeras histórias que mais tarde dividiu com os netos. Vicenzotti, um deles, tinha no avô um herói e nunca imaginaria que um século depois conheceria ou mesmo trabalharia em terras brasileiras. Há cinco anos à frente do Istituto Italiano de Cultura [IIC-RJ] do Rio de Janeiro, o di-plomata Vicenzotti destacou, em entrevista à Comunità, que deixará a direção do Istituto em agosto. Exímio conhecedor da arte e cultura mundiais, seu principal desafio ao longo de uma vasta e promissora carreira foi, sem dúvida, sua passagem pelo Brasil, quando superou as barreiras idiomáticas, e pela Índia, onde aprendeu o significado da pa-lavra “tolerância”. O Rio, ele nunca mais esquecerá, já que o destino lhe reservou um presente genuinamente carioca. Sua filha de apenas um ano e oito meses nasceu aqui e “arranha” no seu pequeno vocabu-lário o nosso bom e velho português.

Luciana Bezerra dos Santos

Um ‘cuore’ carioca

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Economia

Oltre alla Alfaparf, il gruppo è proprietario di altri due marchi: Yellow e T’e’N. La prima è conosciuta per la qualità dei suoi prodotti senza risciacquo per il trattamento di tutti i tipi di capelli. Sul listino dell’azienda sono presenti più di 650 prodotti. E tra i prodotti di punta ci sono la linea Semi di Lino e la linea di colorazione Evolution of the Color con circa 116 tonalità.

Nel 1990, Franchina è venuto in Brasile per valutare il comportamento del mercato nazio-nale di cosmetici e nel 1997 ha impiantato il primo parco industriale dell’azienda nel Paese. Forse lui non lo sapeva, ma circa 25 milioni di oriundi vivono in terre brasiliane, motivo suf-fi ciente per incrementare gli investimenti nel mercato verde-oro.

Ubicata presso la zona industriale di Campo Grande, ad ovest della città, la Alfaparf Milano possiede circa 300 dipendenti. La principale concorrente diretta è la L’Oreal, azienda che pre-senta una stessa forte penetrazione nel mercato mondiale. Ogni mese sono prodotti circa un mi-lione di pezzi a Rio, di cui il 50% viene commer-cializzato nel Paese. L’altra metà viene esportata nel Mercosul, Italia, Stati Uniti, tra altri mercati. Secondo il responsabile di produzione Federico Orlando — in azienda da 14 anni —, la Alfaparf segue tutti i parametri di qualità stabiliti dalla Fondazione Regionale di Ingegneria Ambientale (Feema) e ogni anno destina una grande somma alle nuove tecnologie.

— Da gennaio a giugno di quest’anno l’azienda ha investito circa 300 mila dollari nel suo parco industriale in Brasile. Entro dicembre, l’aspettativa è che siano destinati altri 500 mila dollari. Inoltre, stiamo valutando la possibilità di ampliamento della fabbrica e la divisione della produzione per segmento per facilitare il lavoro dei dipendenti — sottolinea Orlando.

Il direttore commerciale dell’azienda, Giu-seppe Cracolici, sostiene che il mercato brasilia-no di cosmetici sembra facile, ma non lo è per via della grande concorrenza e dei prezzi bassi.

— In questo scenario, le aziende di co-smetici del Brasile hanno iniziato a competere con prodotti internazionali — valuta Cracolici.

Il Brasile è il quarto mercato di cosmetici al mondo, con un movimento fi nanziario re-gistrato l’anno scorso di US$ 13,8 miliardi nel consumo di prodotti di igiene persona-

le, profumeria e cosmetici. Con una prestazio-ne così entusiasmante, il paese, secondo i dati dell’istituto di ricerca Euromonitor, che segue il consumo delle dieci più grandi industrie al mondo, è salito di due posizioni nella classifi ca mondiale del settore. L’Associazione Brasiliana dell’Industria di Igiene Personale, Profumeria e Cosmetici (Abihpec) stima che il segmento chiu-derà il 2006 con una crescita di 20 punti percen-tuali sopra l’indice registrato nel 2005. Se non ci saranno ribaltamenti nell’economia del paese, l’industria brasiliana di bellezza sarà la terza più forte del mondo tra il 2007 e il 2008. La previ-sione non poteva non essere così ottimista. Il consumatore nazionale “è andato agli scaffali” e ha fatto aumentare di 34,2 punti percentuali le

vendite nel settore, mentre il mercato mondiale è cresciuto soltanto dell’8,2%. Davanti al Brasile soltanto Stati Uniti, Giappone e Francia.

— L’auspicio è che con una crescita annuale superiore al 20%, possiamo arrivare alla terza posizione nel 2007 o, al massimo, nel 2008 — rinforza la previsione il presidente dell’ Abihpec João Carlos Basílio da Silva.

Alcune ragioni spiegano questa crescita ac-celerata: la prima di queste è la riduzione delle tasse sui prodotti come creme solari, carte igie-niche e assorbenti; la seconda, la creazione di nuove abitudini di consumo; la terza, il costante sforzo dell’industria del settore nel promuovere nuovi prodotti competitivi.

Nonostante i paesi del Sudamerica siano ancora i principali destinatari dei cosmetici, è in ampliamento la diffusione di prodotti dell’in-dustria brasiliana anche in altri mercati esteri. Negli ultimi anni, nuovi mercati, come i paesi

arabi, sono entrati nell’elenco degli importatori, con particolare attenzione per gli Emirati Arabi Uniti, seguiti da Libano, Giordania e Libia.

ALFAPARF INCREMENTA POLO DI COSMETICI DI RIO DE JANEIROUno dei principali centri dell’industria di co-smetici del Brasile si trova a Rio de Janeiro e, senza dubbio, l’Italia non sarebbe potuta rima-nere fuori da questo mercato così promettente. Implementata negli anni ‘80, la Alfaparf Milano è un’azienda italiana di cosmetici con sede a Milano, e una delle leaders internazionali in prodotti per parrucchieri, con punti vendita presso i migliori centri estetici del mondo. Fon-data da Roberto Franchina, è presente in più di 80 paesi e possiede due fabbriche in America Latina [Messico e Brasile]. Recentemente ha inaugurato una fabbrica in Cina che fornisce il mercato asiatico e la sede italiana.

Le vendite della Alfaparf rinforzano le parole del manager. L’anno scorso la compagnia ha registrato una crescita del 20% nelle vendite, posizionandosi però, al di sotto della media del settore di cosmetici che è stata del 34,2%.

Cracolici sottolinea anche che l’America Latina rappresenta il 65% degli affari del-l’azienda. Nell’indice di consumo dei prodotti in Brasile, le regioni Sud, Sudest e Nordest trat-tengono insieme circa il 75% del mercato. Per la formazione dei dipendenti, sono realizzati ogni mese dei corsi presso i centri tecnici del-l’azienda, con sedi a San Paolo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

ESPORTAZIONI DEL POLO INDUSTRIALE CARIOCAIl settore di cosmetici dello stato di Rio de Janeiro ha presentato un forte incremento del fatturato tra gli anni 2000 e 2005. La crescita accumulata delle esportazioni fl uminensi in que-sto periodo sono state del 365,42% contro una crescita nazionale del 134,97%.

Buoni i numeri della ‘bellezza’ brasiliana

Entusiasmata con il mercato di cosmetici in Brasile, l’italiana Alfaparf rinforzerà gli investimenti nel parco industriale di Rio

Luciana Bezerra dos Santos

Con questa evoluzione, Rio de Janeiro di-venta il produttore dell’8,3% delle esportazioni nazionali di cosmetici, consolidandosi secondo nella classifi ca tra gli stati brasiliani.

Nell’aggregazione di valore dei prodotti del settore, Rio de Janeiro si distingue per l’eleva-to ricavo dei suoi prodotti nel mercato esterno. I cinque maggiori stati esportatori rappresen-tano il 97,69% delle vendite esterne di cosme-tici e, tra questi, Rio de Janeiro è quello che rappresenta il più grande valore aggregato nei suoi prodotti.

Il Brasile si distingue per l’esportazione di prodotti per l’igiene orale e capillare che, insie-me, rappresentano il 50,33% delle esportazioni brasiliane del settore.

Tra i 54 paesi che importano prodotti cosme-tici dall’industria fl uminense, cinque risaltano, e sono: l’Argentina che è la principale destinazio-ne, seguita da Cile, Venezuela, Uruguay e Fran-cia. Insieme rappresentano l’85,96% delle nostre esportazioni.

Federico Orlando e Giuseppe Cracolici: Alfaparf Milano amplia la sua gamma di prodotti per rispondere alla richiesta nazionale

Le formule dei prodotti sono tutte studiate nella sede centrale della ditta, in Italia, e poi ripassate alle fabbriche del Brasile e del México

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Politica Politica

Em 25 e 26 de junho, cerca de 48 milhões de italianos foram chamados às urnas para confi rmar ou não a maior reforma constitucional da história da República

Italiana. Proposta pela Casa delle Libertà, a mo-difi cação seria feita defi nitivamente na segunda parte do texto da Constituição.

Muitas polêmicas antecederam a votação, principalmente no que diz respeito às propostas referentes aos poderes do primeiro-ministro, das regiões e às funções do Parlamento. Se a reforma tivesse obtido a aprovação da população, a Itália passaria a ter um primeiro-ministro com plenos poderes de chefe do Executivo, autorização para nomear e revogar ministros e para descompor a Câmara. Dessa forma, o governo e a assembléia passariam a depender do premier e o poder do Presidente da República seria redimensionado.

Outro quesito muito discutido foi a ‘Devolu-tion’ que permitiria a atribuição de poderes ex-clusivos às regiões em matéria de saúde, educa-ção e segurança pública. O Parlamento também sofreria algumas mudanças com uma redução no número de deputados, passando dos atuais 630 a 500, e 252 senadores em vez de 315. Seriam nomeados outros 42 senadores, que representa-riam as regiões e as entidades locais, porém, sem direito a voto, não possuindo portanto a plena função dos senadores, mas o salário sim. A Câma-ra passaria a se ocupar somente de questões na-cionais e o Senado somente daquelas regionais.

As mudanças foram vetadas por 61,7% dos italianos, enquanto que 38,3% da população op-tou por aprová-las. Considerando os votos no ex-terior, o resultado fi nal foi de 61,4% para o ‘não’ e 38,6% para o ‘sim’. A confi rmação prevaleceu somente na Lombardia e Veneto, e em 23 pro-víncias, de um total de 110. Porém, em Milão, o voto negativo liderou com 52,67%. A província de Sondrio foi aquela que apresentou maior per-centual de votos favoráveis à reforma, 65,4%, seguida por Como, 63,9%, Bergamo, 62,7% e Verona, 61,5%. Mais uma vez fi cou clara a diver-gência entre norte e sul, onde ao invés de preva-lecer o ‘sim’, houve vitória esmagadora do ‘não’, na maioria das províncias. A campeã foi Crotone, com 86,2% de votos negativos e 13,8% de posi-tivos. Em seguida, aparece Cosenza com 83%.

Para que o plebiscito tivesse validade não era necessário atingir o quorum mínimo, mas na

prática este foi surpreendentemente alcançado, com uma afl uência total entre Itália e exterior de 52,3%.

- Depois de 10 anos, a Itália volta a superar o quorum. Um sinal importante de participação democrática – afi rmou Giuliano Amato, ministro do Interior.

O segundo e último dia de votação, seguido de imediata apuração, coincidiu com a realiza-ção do jogo da Copa do Mundo entre Itália e Austrália, tendo sido comentado pelo Presiden-te da República Giorgio Napolitano da seguinte forma.”Realmente um belo dia, da grande parti-cipação ao plebiscito, ao resultado da seleção”.

Por outro lado, Francesco Speroni, deputado pela Lega Nord, exprimiu uma opinião totalmen-te contrária.

- Os italianos dão nojo, a Itália também, venceram aqueles que querem viver às custas dos outros. Exa-

tamente a Lega Nord tinha feito da ‘devolution’ o seu cavalo de batalha, o principal objetivo da sua história – garantiu.

Umberto Bossi, líder da Lega Nord disse que o povo votou pelo sim por falta de maturidade.

– Do rio Pó para cima, o ‘sim’ foi de 55%, como já era sabido. Mas fi quei um pouco desilu-dido com o resto do país que não quer nem sa-ber de mudar as regras e a Constituição, talvez o povo tenha que amadurecer. Votou ‘sim’ a parte mais avançada do país. Tentaremos novamente. Na Escócia e em Galles também tentaram várias vezes – alfi neta Bossi.

O ex-premier Silvio Berlusconi também se la-mentou pelo resultado do plebiscito.

– Perdeu-se uma ocasião histórica para melho-rar o funcionamento do Estado, Parlamento e Regi-ões, e modernizar o país – esbraveja Berlusconi.

Para o primeiro-ministro Romano Prodi, ago-ra é o momento do diálogo. “Como maioria no governo, agora é nosso dever abrir o diálogo com todas as forças políticas para discutir as atualizações necessárias à Constituição”. Dias antes da votação, Prodi havia se comprometido a cortar o número de deputados de 630 a 400, caso vencesse o ‘não’. De acordo com a reforma proposta, o corte dos parlamentares entraria em vigor somente em 2016.

No exterior, votou um total de 27,8% dos eleitores com direito, subdivididos da seguin-te forma: Europa, 24,7%; América meridional, 34,6%; América setentrional e central, 26,1%; Ásia, África, Oceania, Antártida, 31,7%. No caso específi co do Brasil, 29,8% dos cidadãos italia-nos exprimiram o seu voto. Contrariamente ao

resultado em território italiano, no exterior venceu o ‘sim’ com

52,1% dos votos, contra 47,9% do ‘não’. Somente na Europa houve predo-

mínio do ‘não’, 54,7%, contra 45,3% do ‘sim’.

No Brasil, 73,4% vota-ram a favor da reforma, contra os restantes 26,6%.

Não foi dessa vez

Italianos rejeitam, com 61,7% dos votos, reforma constitucional e Berlusconi perde mais uma na Itália

Ana Paula TorresCorrespondente • ROMA

RESULTADO POR ÁREA GEOGRÁFICA (%)

NORTE - AFLUÊNCIA: 60,4

47,4 52,6

SIM NÃO

CENTRO - AFLUÊNCIA: 57,2

32,3 67,7

SIM NÃO

SUL - AFLUÊNCIA: 42,6

25,2 74,8

SIM NÃO

ILHAS - AFLUÊNCIA: 44,3

29,4 70,6

SIM NÃO

TOTAL ITÁLIA

38,3 61,7

SIM NÃO

TOTAL VOTOS NO EXTERIOR 52,1 47,9

SIM NÃO

E’ in corso, da parte della magistratura di Potenza, capoluogo della Basili-cata, un’inchiesta che vede coinvol-te una ventina di persone, tra cui il

principe Vittorio Emanuele di Savoia, con l’accu-sa di associazione a delinquere. Le oltre duemila pagine di intercettazioni telefoniche farebbero riferimento ad attività illecite legate ai video-giochi contraffatti, al Casinò di Campione d’Ita-lia, all’assunzione di vallette nelle trasmissioni Rai e, persino, ad affari in Bulgaria.

Dopo tante polemiche che hanno messo in dubbio la legittimità dell’indagine condotta dal pubblico ministero Henry John Woodcock, il tri-bunale del Riesame ha dato parere favorevole al proseguimento dei lavori presso il Tribunale lucano per le accuse di associazione a delin-quere. Le ipotesi di corruzione al Monopolio di Stato, invece, sono state trasferite a Roma, e le indagini sulla corruzione al Casinò di Campione d’Italia, a Como.

Dal giudice per le indagini preliminari Al-berto Ianuzzi è partita la concessione agli ar-resti domiciliari per alcuni dei principali inda-gati: il sindaco di Campione d'Italia, Roberto Salmoiraghi, gli imprenditori veneti Achille De Luca e Ugo Bonazza, nonché il principe Vitto-

rio Emanuele, che avrebbe confessato il suo coinvolgimento e si sarebbe reso disponibile ad una collaborazione, durante l’interrogato-rio di garanzia dello scorso 20 giugno. "Tenuto conto delle dichiarazioni parzialmente confes-sorie e dell'atteggiamento serbato durante l'in-terrogatorio di garanzia - scrive Ianuzzi - ca-ratterizzato dalla disponibilità a offrire ampia collaborazione nella ricostruzione dei numero-si episodi delittuosi contestati, possono rite-nersi affi evolite le esigenze cautelari".

Da allora, Vittorio Ema-nuele si trova agli arresti domiciliari, in compagnia della moglie Marina Doria, in una casa romana, messa a loro disposizione da un amico. L’appartamento di 240 metri quadrati, nel cuo-re dell’elegante quartiere Parioli, a Roma, ha cinque stanze, tre bagni, cucina, lavanderia, un ampio cor-ridoio, un balcone immer-so nel verde e un ricercato arredamento composto da quadri e mobili antichi.

LA VICENDATutto inizia a metà giugno quando Vittorio Emanuele di Savoia, fi glio dell'ultimo Re d'Ita-lia Umberto II e della regina Maria José, viene arrestato a Varenna, sul lago di Como. L’accusa è di associazione a delinquere fi nalizzata alla cor-ruzione e al falso, e di sfruttamento della prosti-tuzione. Insieme al principe, vengono arrestati anche il portavoce di Gianfranco Fini, Salvatore Sottile, e il sindaco di Campione d'Italia, Rober-to Salmoiraghi.

Il pubblico ministero John Woodcock avrebbe scoperto che l’imprenditore Rocco Migliardi ave-va provato ad avere delle licenze dal Monopolio di Stato per mettere in commercio migliaia di schede contraffatte per videogiochi da bar, im-portate da Taiwan, vere e proprie slot machine o videopoker, proibite in Italia. Vittorio Emanuele viene coinvolto per trovare un contatto al mini-stero e diventa allo stesso tempo un componen-te del gruppo. Entrano nel giro anche Achille De Luca, probabile organizzatore materiale dell’ap-proccio ai funzionari del Monopolio, e Gian Nico-lino Narducci, uomo di fi ducia del principe.

Salvatore Sottile, addetto alla segreteria del leader di Alleanza Nazionale, Gianfranco Fini, e Francesco Cosimi Proietti, esperto del medesimo uffi cio, sarebbero due dei mediatori dei contatti con il Monopolio di Stato. Il direttore generale Giorgio Tino, e la dirigente dell'uffi cio apparec-chi da intrattenimento, Anna Maria Lucia Barba-rico, secondo l'accusa, sarebbero coinvolti per aver favorito il rilascio di alcune centinaia di au-torizzazioni per installare i videogiochi, e aver ricevuto in cambio denaro e regali, anche pre-ziosi, nel caso della Barbarico, e la nomina nel consiglio di amministrazione della Scuola nazio-nale del cinema e la promessa della conferma nell'incarico al Monopolio di Stato, per Tino.

Dopodiché, l’attenzione degli investigatori si sarebbe spostata al Casinò di Campione d’Ita-lia. Risulterebbe che Ugo Bonazza, attraverso Vittorio Emanuele, avesse ottenuto dal sindaco di Campione, l’incarico uffi ciale di procacciato-re di clienti per i tavoli da gioco. Ma da quanto emerge dalle indagini, ci sarebbero degli affari anche all’estero, come l’affi damento per appal-ti sanitari e di telefonia in Bulgaria, attraver-so il primo ministro, nonché cugino di Vittorio Emanuele, Simeone di Sassonia Coburgo Gotha. Inoltre, Vittorio Emanuele, cercando di recupe-rare l’eredità dei Savoia, era pronto ad offrire a Silvio Berlusconi, allora primo ministro, i voti di persone a lui legate.

Arrestato Vittorio Emanuele

Ana Paula TorresCorrespondente • ROMA

Figlio dell’ultimo Re d’Italia è accusato di associazione a delinquere finalizzata alla corruzione e al falso

Vittorio Emanuele: indagato dalla giustizia

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Atualidade

O primeiro protótipo da Vespa recebeu o no-me de "Paperino", por causa da sua forma es-tranha que não agradou a Enrico, o qual solici-tou ao projetista Corradino D’Ascanio de rever o projeto. D’Ascanio fez várias modifi cações e dali veio ao mundo um modelo totalmente revolucio-nário, que antecipava os estudos de ergonomia por oferecer ao usuário uma posição cômoda e segura quando sentado sobre o veículo, além de uma proteção da carroceria para não se sujar ou desarrumar as roupas. A primeira Vespa foi pro-duzida nesse mesmo ano e recebeu o nome, por acaso, de Enrico Piaggio, que ao vê-la disse: "Sembra una vespa!" [“parece uma vespa!”], e assim o nome pegou.

Da primeira Vespa 1946, equipada com um motor 98cc, que produzia uma potência de 3,2 cv e atingia uma velocidade de 60Km/h, chega-se hoje à última invenção, a Vespa LX 50 HyS [Hybrid Scooter]. Trata-se de um modelo co-compatível com dois motores, um elétrico e o outro térmico catalizado, capazes de fornecer simultaneamente potência às rodas. Esta Vespa de última geração é o primeiro scooter híbrido de tipo “paralelo” e será testado por um ano nas principais metrópolis italianas.

JÓIA RARAPara festejar os 60 anos da Vespa, a Piaggio lan-çou um modelo especial, com produção limitada de 999 unidades. Sonho de qualquer apaixonado colecionador, a GT 60° apresenta formas, mate-riais e cores, estudados e unidos em uma combi-nação única que respeita e reinterpreta a mítica Vespa 1946, mas não renuncia à melhor tecno-logia atualmente disponível no mercado, como: motor 250cc, injeção eletrônica, 4 válvulas, res-friamento a líquido, amortecedor traseiro duplo, rodas de 12” e freios com disco.

Além do modelo produzido em escala limitada, a Piaggio lança outras duas séries especiais que homenageiam as Vespas dos anos 50 e 60. A Vespa GTV é uma revisitação do protótipo MP6 de 1946 e apresenta um design retrô e única cor ‘avio grey’, idêntica àquela da primeira Vespa. Esse modelo entrará no mercado em setembro e será disponí-vel nas versões 125 e 250cc, no valor de 4.670,00 euros e 5.295,00 euros, respectivamente. A Vespa LXV, por sua vez, inspira-se nos modelos da déca-da de 60, adotando um design simples que coloca em evidência o guidão cromado. Em comércio a partir deste mês nas versões 50 e 125 cc, custa 3.030 euros e 3.890 euros, respectivamente.

A Vespa não foi apenas um fenômeno comer-cial, mas sim uma invenção que marcou uma épo-ca. Nos anos da “dolce vita”, a Vespa se tornou o símbolo do veículo sobre duas rodas e as repor-tagens dos jornalistas estrangeiros descreviam a Itália como o país das Vespas. Prova de todo esse sucesso é a presença da Vespa em centenas de fi l-mes. “Férias em Roma” [título original “Roman Ho-liday”], fi lme dirigido por William Wyler em 1953, foi um dos primeiros a imortalizar seus protago-nistas Audrey Hepburn e Gregory Peck, andando pelas históricas ruas de Roma a bordo de uma Ves-pa. Mas a Vespa não afascinava os atores somente durante as cenas dos fi lmes. Alberto Sordi, um dos “monstros da comédia à italiana” e ator entre os mais amados pelo público, usou a Vespa por muito tempo em seus deslocamentos pela Cidade Eterna. De fato, a Vespa tornou-se um símbolo de Roma, um meio de transporte ideal para percorrer as rue-las do centro histórico.

Exemplo de sucesso absoluto do design industrial, a Vespa chega aos 60 anos em ótima forma. Como aconteceu desde sua criação, a mítica senhora, que nas-

ce como um simples produto para a mobilidade, continua sendo a protagonista do mundo sobre duas rodas, ditando a moda e conquistando sem-pre novos admiradores.

Símbolo da criatividade italiana, conhecido em todo o mundo e a mais prestigiosa das mar-cas do grupo Piaggio, com sede em Pontedera [Pisa], a Vespa vem se renovando e continua ganhando terreno no seu segmento. Com suas linhas leves e arredondadas, grande conforto e

Ana Paula TorresCorrespondente • ROMA

A cara da ItáliaPaixão nacional, a Vespa completa 60 anos de um sucesso que parece fadado a eternidade

motores com baixo impacto ambiental, os mo-delos da nova geração tiveram um incremento nas vendas superior a 50% devido não somen-te ao sucesso no mercado italiano, também pela conquista da Europa e Estados Unidos. Além da Vespa, o grupo Piag-gio é proprietário da Aprilia, Derbi, Moto-Guzzi e Gilera, re-presen-t a ndo o pri-

meiro construtor europeu de veículos sobre du-as rodas, com uma produção anual de 610 mil unidades.

O amor pela motoclicleta é tão forte que foi lançado o livro "60 anni della Vespa", em Turim, durante a Euro Vespa 2006 [encontro internacio-nal dos apaixonados pela moto], realizado em junho. A obra escrita por Giorgio Sarti e publi-cado por Giorgio Nada, editora especializada do segmento na Itália, passeia por toda a história da Vespa. Além disso, retrata centenas de ima-gens e preciosos documentos da época.

Tudo começou em 1884 quando Rinaldo Pia-ggio funda a empresa, especializada em constru-ção naval, estendendo em seguida a atividade ao setor ferroviário. Durante a Segunda Guerra

Mundial a empresa começa a atuar também no campo aeronáutico. Piaggio torna-se um dos maiores construtores de aviões e exatamente por isso a fábrica será bombardeada e completa-mente destruída durante a guerra.

Em 1946, Enrico Piaggio, um dos fi lhos de Rinaldo, assume a direção da empresa e decide mudar totalmente o setor de atuação, passan-do da aeronáutica à mobilidade individual, em um país destruído pela guerra. Decide criar um produto de baixo custo e largo consumo, algo ideal para aquela Itália intransitável por causa dos entulhos acumulados com os bombardeios. A bicicleta era o melhor meio de transporte, mas adequada para pequenas distâncias. Sobrava so-mente a moto, restrita a um pequeno grupo de apaixonados. Portanto, o que servia realmente era um meio econômico que pudesse ser usado para se locomover com facilidade, para ir todos os dias ao trabalho.

nas vendas superior a 50% devido não somen-te ao sucesso no mercado italiano, mas também pela conquista da Europa e Estados Unidos. Além da Vespa, o grupo Piag-gio é proprietário da Aprilia, Derbi, Moto-Guzzi e

Desde o primeiro modelo em 1947, a Vespa, símbolo italiano de veículo sobre duas rodas, fez sucesso inclusive

em filmes e continua conquistando adeptos

Audrey Hepburn e Gregory Peck, atores do filme “Férias em Roma”, de 1953, do diretor William Wyler

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Rosangela Comunale

Tecnologia

Tudo ficará mais nítido

Brasil e Itália passam por momentos definitivos na era da digitalização que fará da transmissão de televisão algo (quase) real

Repetir um lance de partida de futebol por diversos ângulos ou até mesmo de-clarar o imposto de renda pela televi-são, dentre tantas outras façanhas. Sim,

isso é realmente possível. E a novidade não pára por aí: está perto da realidade para brasileiros e italianos.

No entanto, os dois países vivem momentos diferentes no processo. Enquanto a Terra Brasilis acaba de escolher o sistema japonês de TV digi-tal, a Itália já estabelece datas para que o sonho seja concretizado e o atual padrão analógico se-ja excluído de vez. Em algumas localidades, a transição foi adiada para o ano que vem.

De acordo com o ministro das Comunicações, Paolo Gentiloni, em recente entrevista coletiva, a

migração do analógico para o digital, o chamado switch off [anteriormente previsto para este mês] foi transferido para o dia 1º de março na Sarde-nha e 1º de outubro de 2008 no Vale D´Aosta. Na ocasião, ele explicou que a decisão foi tomada porque nessas duas regiões uma grande parte da população ainda não possui o decoder, indispen-sável para a recepção do sinal da TV digital.

— Não restam dúvidas de que a fase de transição passará por tempos mais longos. Mas, por enquanto, nos empenharemos nessas duas áreas. Sempre disse que o tempo previamente fi xado para esse processo era pouco acreditável — comenta o ministro, referindo-se ao governo do ex-premier Giuliano Amato que, em 2001, fi -xou o término do prazo para o fi m deste ano em

escala nacional e, Berlusconi, por sua vez, para dezembro de 2008.

Ainda, segundo o ministro, várias iniciativas serão tomadas durante a incorporação da digi-talização. Dentre elas, está o desligamento dos canais analógicos, que não pode ser feito sem que a maioria dos habitantes já esteja munida de um modo de recepção digital. Para tanto, ele prevê que, em março de 2007, isso já possa acontecer e a expectativa é que, na época, 80% das famílias dessas regiões já possam receber as transmissões digitais, sendo que 70% destas, através do decoder.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va, assinou, no mês passado, um decreto que fi xa as bases para implantação da TV digital [incluindo as regras de transferências dos sistemas] depois de ter feito um acordo com o governo japonês no qual estabelece a cooperação na área industrial, de transferência de tecnologia e formação da mão-de-obra para desenvolvimento, dentro do país, da indústria de semicondutores, chips a serem usados nos novos aparelhos de TV. Tudo isso contando também com a inclusão de pesquisas feitas por cientistas brasileiros para a tecnologia japonesa.

De acordo com o ministro brasileiro das Comu-nicações, Hélio Costa, o governo acredita que até, no máximo, dois anos, a nova concepção televi-siva estará em praticamente 50% dos lares brasi-leiros. Ele afi rmou que o modelo a ser implantado será equivalente a um produto made in Brazil.

— Vai ser o Sistema Brasileiro de Televisão Digital [denominado SBTVD], que usa ferramen-tas do padrão japonês, europeu e americano, mas é um produto nacional — defi ne Costa.

Ainda de acordo com o ministério, a es-timativa é que a transição total , a partir do analógico, no país ocorra num período de 10 anos. Assim como na Itália, o sinal poderá ser recebido mesmo sem a troca do aparelho de TV, por meio de um decodifi cador.

Para o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, oriundi, a escolha do modelo japonês de tecnologia implicará em novos inves-timentos para o Brasil.

— Já houve entendimentos não somente com o governo, mas também com empresas japonesas para que realizem investimentos no Brasil — declara.

O governo brasileiro estuda a implantação desde 1994, quando a Agência Nacional de Teleco-municações (Anatel), fi cou à frente das pesquisas. Na época, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, chegou a contratar o grupo Set/Abert que apontou o modelo japonês como o mais indi-cado. No entanto, as negociações não evoluíram e a decisão foi adiada para a atual gestão. Já na administração de Lula, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) coordenou os trabalhos de análise sobre tudo o que existia no mundo e no Brasil a respeito do assunto e, ainda, pudesse ser adaptado à reali-dade nacional.

MODELOS EM FOCOAs pesquisas para a defi nição do tipo de digita-lização a ser escolhido foram concentradas nos modelos europeu, norte-americano e japonês já existentes. Aquele originário da Europa refere-se ao sistema Digital Vídeo Broadcasting (DVB), às vezes, também chamado de DVB-T [o T diz respei-to à palavra “terrestre”, já que o formato é tam-bém utilizado em outros meios como celulares]. Uns de seus atrativos é a múltipla programação e a possibilidade de oferecer serviços. Na Ingla-terra, 57% dos lares já possuem sinais digitais, segundo o Consumer Panel da OFCOM, órgão que regula a indústria da comunicação do Reino Uni-do. Os alemães, por sua vez, inciaram os testes em 2002 e só terão o sinal pelos idos de 2010. Na Espanha e na Suécia, a estimativa é que a partir do ano que vem o modo analógico seja extinto. A Comissão Européia estipulou o ano de 2012 co-mo a data-limite para que todos os países deste continente passem a transmitir digitalmente. A Austrália também adotou o modelo europeu.

Quanto ao americano, sua principal caracte-rística é a alta defi nição de imagem por conta do consórcio Advanced Television Systems Com-mittee (ATSC). No entanto, este atributo restrin-ge a capacidade de transmissão a um só progra-ma por canal. Esta tecnologia foi desenvolvida a partir de 1987 por um grupo de 58 indústrias de equipamentos eletrônicos.

Já o Japão utiliza o Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB) que propõe uma

integração de serviços. Este padrão foi estabele-cido para transmitir sinais de vídeo não só para aparelhos de TV tradicionais, mas também para celulares e outros equipamentos móveis. Os ja-poneses iniciaram seus primeiros experimentos referentes à digitalização ainda nos anos 60.

O QUE MUDA NA TELAA digitalização traz à tona algumas novidades consideradas, para muitos, surpreendentes. Den-tre elas, a criação de serviços comerciais intera-tivos, jogos, consultas personalizadas como pre-visão do tempo e resultados de jogos.

Além disso, as emissoras poderão enviar da-dos extras sobre a programação que está sendo transmitida, como estatísticas e informações, por exemplo, sobre o perfi l dos personagens e re-sumo dos últimos capítulos de uma novela. Outro benefício possível é a consulta a emails e o envio de mensagens instantâneas por meio da tela da TV, sem que seja necessário mudar de canal.

Mas não é só a imagem que fi ca mais defi nida com a nova TV. O áudio também. Basta perceber que no sistema analógico, as opções se restringem ao Mono [um canal] ou Estéreo [dois canais]. Em linhas gerais, assemelha-se à qualidade fornecida pelos aparelhos de home theater mais avançados, com seis canais diferentes de saída.

O ministro das Comunicações Hélio Costa e o do Japão Heizo Takenaka

Características técnicas do DVB-TDecodifi cadorO decoder interativo é o instrumento que re-cebe o sinal de uma antena tradicional [por onde se mantém ligado juntamente com o aparelho televisivo] e o transforma em ana-lógico, permitindo ver os canais digitais em uma televisão comum. É um pouco menor que um videocassete. Para efeitos de intera-ção, pode ser conectado ao telefone.

Também chamado de set-top-box ou “receptor digital terrestre”, o decoder inte-rativo custa cerca de 200 a 300 euros. Mas, em 2004, o governo italiano previu um in-centivo de 150 euros para os primeiros 700 mil consumidores. No entanto, o subsídio se referia a um decoder por família. Agora, a Itália reservou uma contribuição de 70 euros para os assinantes de TV das regiões da Sardenha e Vale D´Aosta e aos proprietá-rios de uma segunda casa nessas localida-des mediante ao pagamento de uma taxa. Para mais informações, basta acessar http://decoder.comunicazioni.it

O SinalAntes de adquirir o decoder, é necessário que se tenha certeza a respeito da recepção do sinal na área desejada. E não é só isso: através de uma consulta a um especialista, convém também verifi car a qualidade da re-cepção. Caso seja insufi ciente, não é possí-vel a visualização, o que não acontece com a TV analógica. Resumindo: o digital terres-tre é um sistema on/off: ou tudo ou nada.

A velha antena de TV e o telefonePara assistir à nova televisão, não basta apenas existir o sinal, é preciso também capturá-lo. É aí que entra a antena entra em cena, mesmo a antiga. Caso não funcione rapidamente, deve-se fazer uma adaptação.

No que diz respeito a fi ns interativos, o telespectador pode utilizar o controle remoto através do “canal de retorno” e, conseqüentemente, a conexão via modem, assim como na internet. O custo depende do fornecedor dos serviços e do tipo de linha que o consumidor faz uso.

Saiba mais sobre o sistema brasileiroGratuidade — O sistema fornecerá aos con-sumidores a oportunidade de continuar cap-tando imagens referentes à programação te-levisiva gratuita. A diferença é que ganharão alta defi nição, assim como o áudio.Portabilidade — No sistema brasileiro, se-rá possível assistir à programação através de telefones celulares e terminais portáteis, sem nenhum custo adicional.Mobilidade — Até em veículos automoto-res, haverá recebimento de sinal de qualida-de por meio de terminais instalados.

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Notizie

CRESCE IL TURISMO AL SUD

Il turismo al Sud continua a crescere.Dal 1961 al 2004, i turisti in vacanza nel Mez-

zogiorno sono passati dal 14,2 del totale al 20,6. E’ quanto emerge dal Rapporto Svimez sul turismo nel Mezzogiorno. Prima la Cam-pania (con 20 milioni di presenze),seguita da Sicilia (13 mln) e Sardegna (10,3 mln). Secondo lo stesso Rapporto, i maggiori fre-quentatori del Sud sono proprio i turisti meridionali e si individua nella carenza di servizi il limite allo sviluppo del turismo in queste regioni.

PRIMAVERA-ESTATE 2007

Per la prossima primavera-estate, tre marchi importanti della moda propon-

gono collezioni innovative. La collezione C.P. Company uomo sarà piena di luci e superfi ci tridimensionali. Rivetti, patron di Sportswear Company, ha pensato al Rinasci-mento con una visione moderna. Sabelt pro-durrà per il marchio Aston Martin Racing una nuova calzatura: pelle scamosciata e tela. La Gattinoni, per la sua 1/a collezione uomo crea giacche informali e disimpegnate.

NAPOLITANO RICEVE TREMAGLIA

Ricevuto questo mese dal Presidente della Repubblica Giorgio Napoletano, al Quirinale, l’ex Ministro per gli italiani nel mondo, Mirko Tremaglia, che in questa legislatura siede alla

Camera come deputato di Alleanza Nazionale. “Ho avuto il piacere di intrattenermi a lungo con il Presidente della Repubblica sui temi di forte rilevanza che riguardano il futuro degli italiani nel mondo ed i loro organismi parlamentari” ha commentato Tremaglia che, nel corso dell’in-contro ha fatto presente al Capo dello Stato “la necessità di raggiungere fi nalmente la paci-fi cazione nazionale tra tutti gli italiani”. Il colloquio si è infi ne spostato sui temi dell’attuale momento politico.

UNA COPPA VERAMENTE ITALIANA

È stato il milanese Silvio Gazzaniga chi ha scolpito l’attuale Coppa del Mondo,

durante un concorso artistico in Germania, per la creazione del nuovo trofeo della FIFA, dato che quello vinto nel 1970 dal Brasile sarebbe rimasto ai vincitori per sempre. La coppa, realizzata in oro massiccio a 18 ca-rati, è alta 36,8 cm. e pesa 6.175 grammi. Vicino alla base si trovano due strati di ma-lachite semipreziose, mentre sotto la base della Coppa sono incisi l’anno e il nome del-le squadre vincitrici delle precedenti edizio-ni, a partire da quella del 1974.

D´ALEMA IN AMERICA LATINA

Il Ministro degli Affari Esteri, Massimo D’Alema, ha offerto, questo mese, a Vil-

la Madama, una colazione di lavoro ai Capi Missione dei Paesi latinoamericani e carai-bici accreditati a Roma. L’iniziativa si inseri-sce nella più ampia cornice del rilancio che il Governo intende imprimere alle attività ed alla presenza italiana in America Latina e nei Carabi. Nell’occasione, è stata annunciata l’intenzione del Ministro D’Alema di recarsi in America Latina, ed è stata data notizia delle visite che il Sottosegretario Di Santo compirà questo mese in Bolivia, Brasile e Perù.

DIMEZZATA FAMIGLIA

Famiglia italiana si è dimezzata. Il tasso di natalità in Italia è in netto calo. Da-

gli anni ‘70 ad oggi la media è passata di 2,7 a meno di 1,2 fi gli per donna. È quanto emerge dalla ricerca del think tank vision su ‘La famiglia del futuro’. La capacità di fa-re bambini della società italiana, in soli 25 anni, si e’ ridotta di quasi tre volte. Tra le cause i bassi investimenti per la promozio-ne della famiglia.

“TRADIZIONE IN FESTA”

L’Assessorato alle Attività economiche e all’Identità Veneta della Pro-vincia di Padova promuove l’iniziativa “Tradizioni in Festa”. In 65

comuni del territorio padovano si svolgeranno vari eventi, patrocinati dalla Provincia ed organizzati dalle amministrazioni comunali e dalle Pro Loco, fi nalizzati a promuovere le tradizioni locali. Si tratta di sagre paesane con stands di cucina tradizionale, iniziative di promozione del territorio, nei suoi aspetti turistici e produttivi, e dei prodotti tipici locali, spettacoli e rappresentazioni di attori locali anche in dialetto veneto, mostre e dimo-strazioni di antichi mestieri. Per questo mese il programma prevede la 6a Festa del Prosciutto e Melone a Stanghella; la Sagra Parrocchiale di San Pie-tro a Montegrotto Terme, la Festa delle Rane a Pernumia; la Festa d’estate e della Sopressa a Megliadino San Fidenzio.

NUOVO CORPO DIRETTIVO

Nel mese scorso è stato eletto il nuovo corpo direttivo del Circolo Bergamasco di Santa Catarina, in Brasile. Presidente è stato nominato Domingos Co-

lombo; vice presidente, Jùlio César Colombo; Prima Segretaria, Isabel Maccarini; Primo Tesoriere, Waldir Mangili; Seconda Segretaria, Salete Giassi Borges de Me-deiros; Secondo Tesoriere, Divino Colombo; Direttore di Nucleo, Mario Doneda.

PREMIAZIONE A SAN PAOLO

È stata consegnata nel mese scorso durante l’Assemblea Legislativa dello Stato di San Paolo, presieduta dal deputato Ricardo Tripoli, la “Lupa ro-

mana”, onorifi cenza accordata agli italiani e loro discendenti che si siano distinti nel campo del lavoro e delle opere meritevoli. A consegnare il rico-noscimento è stato il deputato Vitor Sapienza, e a riceverlo, commossi, Odu-valdo Donnini Segretario Generale dell’Associazione Stampa Italiana in Bra-sile, il senatore Edoardo Pollastri, Fabio Porta, Elisa Borrini Artioli, Giovanni Manassero, Giuseppe Bezzi, Rosa Marra Pacifi co, Zilda Zerbini Toscano, Anto-nio Ary Martorelli, Francisco Cesar Comenale, Marcos Vinicius Busoli Cascino, Abbelino Pampalon, Armando Raucci, João Basili e Nurimar da Silva Turi.

A BOLOGNA IL CENTRO MASTROIANNI

Da Roma a Bologna. Cambia sede il Centro Mastroianni, presieduto da Ro-berto Cicutto, che sarà ospitato dalla biblioteca ‘Renzo Renzi’. Nell’anno

in cui ricorre il 10° anniversario della morte dell’attore, diventa operativo il trasferimento del Centro fondato a Roma nel 1998, tra gli altri da Ettore Sco-la. Con l’arrivo del Centro Mastroianni a Bologna, sarà a disposizione della città un’ampia raccolta di documenti audiovisivi, bibliografi ci e fotografi ci anche rari sull’attore. ANAGRAFE DEI

SICILIANI ALL´ESTERO

L’Assessorato al Lavoro, Formazione Professionale, Previdenza Sociale ed

Emigrazione della Regione Sicilia, in col-laborazione con l’Osservatorio Itenets Si-cilia, ha avviato la creazione dell’Anagrafe Regionale dei Siciliani all’estero. L’obiettivo dell’iniziativa è quello di giungere ad una maggiore conoscenza dell’universo dei sici-liani che vivono fuori dall´Italia, integrando le informazioni fornite dalle fonti uffi ciali, Anagrafi Consolari e Aire, con un quadro delle caratteristiche socio-anagrafi che, del-la realtà lavorativa, dell’universo associativo dei siciliani che abitano in paesi stranieri.

MOSTRA: I PROFUMI A CIPRO

Le donne del 2000 a.c. avevano il vezzo dei profumi: scoperta a Cipro da un team

del Cnr la più antica fabbrica di profumi del Mediterraneo. Alle essenze preistoriche è dedicata la mostra “I profumi di Cipro. Olio d’oliva e fascino dall’isola di Afrodite”, alle-stita a Trevi (Perugia) al Museo della Civiltà dell’Ulivo, aperta fi no al 12 novembre. Il pro-fumo più antico: rosmarino, origano, alloro, mirto, lavanda, cinnamo, coriandolo, prezze-molo, mandorla amara, camomilla e anice.

ESPOSIZIONE ANTOLOGICA

Matera ricorda lo scultore Alberto Via-ni, a 100 anni dalla sua nascita, con

una mostra antologica di sue sculture nel-le chiese rupestri. La rassegna, inaugurata nelle chiese dei rioni Sassi di San Nicola dei Greci e Madonna delle Virtu’, rimarra’ aperta fi no al 15 ottobre. Esposti 107 disegni ese-guiti nel 1943-1984, provenienti da musei italiani e stranieri, note collezioni private italiane e dalla fi glia Eva.

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Com a chegada do frio aumentam os casos de doenças como alergia, rinite e a der-matite atópica, doença de pele pouco co-

nhecida, mas que atinge cerca de 20% das crian-ças brasileiras. Somente no mês de maio, quando os termômetros começaram a despencar, houve um aumento de quase 40% nos casos de pacien-tes com crises de dermatite. O ar frio, mais seco, e a poluição estão entre os principais fatores para a ocorrência de manifestações alérgicas. Segundo especialistas da área, o contato com ácaros, pre-sentes principalmente em cobertores, carpetes, bichos de pelúcia e roupas guardadas por muito tempo, facilita o aparecimento das alergias.

Estimativas do Sistema Único de Saúde (SUS) apontam que cerca de 35% da população brasileira sofre de uma ou mais doenças alérgi-cas. Entre os casos mais comuns estão a rinite e asma. Este último responde por mais de 350 mil

Vilãs do invernoAberta a temporada de combate a doenças como rinite, asma e até dermatite atópica, que cresce 40% no período de frio

internações na rede pública. Dados do Ministério da Saúde de 2005 indicam que cerca de 70% das pessoas que sofrem de asma são portadoras de rinite. Também conhecida como “bronquite asmática” ou como “bronquite alérgica”, a asma ataca os pulmões e causa infl amação crônica dos brônquios. As complicações da doença po-dem até levar o paciente a morte.

De acordo com estudo Internacional de Asma e Alergia na Infância (Isaac) realizado em 2005, o Brasil ocupa a primeira posição do ranking en-tre os países da América Latina e o 4º lugar em índice de prevalência da doença na infância, nos lugares onde o idioma inglês é predominante.

Mestre em alergia e imunologia pela Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o médico e oriundi José Laerte Boechat Morandi enfatiza que essas doenças não aparecem no in-verno, mas tendem a piorar nessa época porque

as pessoas permanecem durante muito tempo em locais fechados e úmidos.

— A tríade atópica é associação da rinite e da asma alérgicas a dermatite atópica. Essas alergias são comparáveis à pressão alta e à dia-betes, ou seja, são doenças crônicas, sem cura, mas com tratamento contínuo e em longo prazo — defi ne ele, que também é professor do Insti-tuto de Pós-graduação Carlos Chagas.

Morandi destaca também que a dermatite ató-pica geralmente aparece na infância, enquanto a rinite prevalece no adulto e a asma pode ocorrer em todo o ciclo da vida. Ele lembra que a medi-cina ainda não estabeleceu a cura para estas do-enças, apesar de a vacina contra a alergia (a imu-noterapia) ser indicada para pacientes com rinite que têm resultado positivo no teste cutâneo.

Saiba maisRinite — Infl amação da membrana do nariz, causada por reações alérgicas. Normalmente surge na infância ou na juventude. Histórico familiar de alergia é um fator de risco importante para desenvolver rinite alérgica e asma.

Asma — Doença infl amatória das vias aéreas. Algum microorganismo — vírus ou bactéria, na maioria das vezes — ou produtos alergênicos (poeira, fumaça etc) desencadeiam um processo de infl amação no organismo e provocam o estreitamento dos brônquios e bronquíolos pulmonares, canais por onde passa o ar. Poeira, fumaça de cigarro, mofo e pêlos de animais favorecem seu aparecimento.

Dermatite atópica — Doença crônica que causa a infl amação da pele e desencadeia o aparecimento de lesões e coceira. Principais causadores: alimentos (como ovo, soja e leite) e fatores emocionais e ambientais, como contato com ácaros e fungos. O indivíduo sente intensa coceira e é comum vermelhidão, inchaço e secreção no corpo.

ÍNDICE ALARMANTE

A Organização das Nações Unidas [ONU] divulgou, em julho, um relatório onde

o Brasil aparece entre os maiores consumi-dores de drogas do mundo utilizadas como fórmulas para emagrecimento. São nove doses diárias para cada mil habitantes, enquanto os Estados Unidos e a Argentina ocupam a segunda e terceira colocações com 7,7 e 6,7. Segundo epidemiologistas, a anfetamina é a substância farmacológica mais comum entre os medicamentos para emagrecer. Os especialistas explicam que os sintomas mais freqüentes entre os pa-cientes crônicos são a ansiedade, a depres-são e a psicose.

SEM GORDURAS

Medir aquela “barriguinha” inde-sejável através da ressonância

magnética é agora possível. O fato se deve graças ao chamado “Hippo Fat” criado pelo Consiglio Nazionale delle Ricerche [CNR] de Pisa. O software utiliza imagens para detectar a quan-tidade de gordura no abdômen, acu-muladas em volta dos órgãos internos dessa região, revelando os cálculos com precisão e rapidez. Nos últimos dois anos, o aparelho foi testado em mais de 100 pacientes em risco com distúrbios metabólicos.

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CONTRA CEGUEIRA

A mutação de uma proteína leva à ce-gueira um em cada 30 mil meninos

na Itália. O problema se origina através de uma atrofi a ótica. A descoberta foi feita por Luca Scorrano, pesquisador do Istituto Tele-thon Dulbecco [DTI] junto ao Istituto Veneto di Medicina Molecolare [Vimm] de Padova. Os pesquisadores se concentram agora na procura de uma substância que bloqueia o processo degenerativo do nervo transmissor dos sinais de visão para o cérebro.

REJUVENESCIMENTO

Agora o tomate não será elemento impor-tante apenas para o sugo. O fruto serve,

também para prevenir sinais de envelhecimen-to. Um estudo conduzido pelo médico Fiorenzo Pastono, vice-presidente da Ordine dei Biologi Italiani, em Roma, constatou uma quantidade signifi cativa de licopeno [substância que con-fere a cor vermelha ou alaranjada aos alimen-tos] em extratos de tomate. Segundo o médico, quanto mais maduro o fruto, maior o benefício. Quando cozido, o teor de licopeno aumenta.

CALOR FAZ BEM

Aplicar bolsas de água quente alivia dores como cólicas e câimbras de acordo com pesquisadores da University

College London [UCL], na Inglaterra. Eles usaram tecnolo-gia de DNA para monitorar células e concluíram que o mal-estar é eliminado quando temperaturas acima de 40º C bloqueiam o efeito dos men-sageiros químicos. Os cientistas tam-bém descobriram que o calor pode amenizar a dor por um período de até uma hora. Segundo eles, a descoberta po-de ser usada no de-senvolvimento de uma nova geração de analgésicos.

INFARTO “FOTOGRAFADO”

A partir de agora será possível diagnosticar um infarto ou outra patologia do tórax

em apenas cinco segundos. A nova tecnologia, batizada de Pet/Tac, foi apresentada este mês na Policlínica Universitária de Tor Vergata, em Roma. A máquina identifi ca com precisão alte-rações moleculares de doenças em fases mais acentuadas. O exame não é invasivo, sendo muito menos demorado. Bastam apenas trinta minutos para analisar detalhadamente o cor-po inteiro.

MIL E UMA UTILIDADES

Figo seco é excelente para os músculos e, em forma de pó para uso tópico, nas infl amações e abscessos. O suco puro e as sementes

servem como laxante natural. Já a fruta fresca é muito utilizada nas infl amações do aparelho respiratório como expectorante. Além disso, macerado com sal e vina-gre, combate a caspa e, diluído com água morna nos gargarejos, é um ótimo antiinfl amatório. Para as manchas de pele, basta lavar o rosto com água de fi go triturado para eliminar o problema. Em ca-sos de bronquite, tosse e gripe, pode ser mistu-rado com leite e mel.

ADEUS OLHEIRAS

A mais nova ferramenta contra as olhei-ras é a vitamina K1 injetável. Aplicada

em toda a extensão das manchas, ela faz regenerar os vasos rompidos. Com duas ses-sões de 15 minutos, o problema é minimi-zado, apesar de, no início, surgir um leve inchaço na região. Caso não seja possível a aplicação, vale aplicar a velha técnica de fazer uma compressa com duas fatias bem fi nas de batatas sobre os olhos por 20 minu-tos. Em seguida, lave o rosto com bastante água fria e aplique um hidratante para a re-gião dos olhos.

DO PARÁ

A castanha-do-pará, rica em selênio, pode aju-

dar no combate ao câncer de mama. Foi o que apontou pesquisa realizada por cien-tistas americanos em junho. Segundo eles, a substância encontrada interage quimica-mente no organismo inibindo à doença. O estudo constatou também que algumas mulhe-res com uma determinada es-trutura genética podem se be-nefi ciar com dietas mais ricas em selênio.

CULINÁRIA PREGUIÇOSA

O nível intelectual da mulher infl uencia no padrão de consumo alimentar de famílias

brasileiras. De acordo com estudo da Escola Su-perior de Agricultura Luiz de Queiroz [Esalq] da USP de Piracicaba, quanto maior é a instrução da mulher, menor o consumo de alimentos que demandam maior tempo de preparo, como arroz, feijão, mandioca e carnes. A pesquisa analisou cerca de 49 mil domicílios em todo o Brasil e verifi cou que as pessoas consomem, cada vez mais, alimentos “poupadores de tempo”, co-mo iogurtes, refrigerantes e sucos, congelados, pães e alimentação fora de casa.

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ACCORDI TRA FRATELLI

Dopo uma serie di incontri com i sindaci di Rio de Janeiro, Barra do Piraí e Petrópolis, Roberto Perrota, sindaco della città italiana di

Paola, in Calábria, ha lasciato il Brasile dopo avere ricevuto omaggio nell’Assemblea Legislativa dello stato di Rio(Alerj), in quest’ultimo gior-no 20. In tale occasione, Perrotta e la comitiva di politici italiani che lo há accompagnato, che contava consiglieri comunali e giudici di c.a., sono venuti a conoscenza di un Fronte Parlamentare Brasile-Italia creato dalla Alerj e composto da 12 parlamentari “oriundi”, tra i quali il presi-dente dell’Assemblea Legislativa deputato Jorge Picciani e il presidente del Fronte Parlamentare deputato Adroaldo Peixoto Garani. Secondo Ga-rani, l’incontro è servito a rafforzare i legami sócio-culturali, scientifi ci e politici tra i due paesi.

— Solo nella circoscrizione di Rio de Janeiro gli italiani sono 41.000, e, come avvenuto a Barra do Piraí, è mia volontà sottoscrivere accordi socio-commerciali per Niterói e São Gonçalo — auspica il deputato.

Nel ringranziare per l’accoglienza dei politici fl uminensi, il sindaco di Paola ha donato a Adroaldo il blasone di San Francesco di Paola, santo patrono della città italiana.

Durante 15 giorni la comitiva italiana ha partecipato a uma serie di eventi organizzati dalla Comunità italo-brasiliana, tra i quali la Festa dell’Associazione Calabrese. C’è stato tempo anche per una visita alla redazione del giornale “O Globo”. Un dato curioso há corroborato per la visita al gionale carioca: la maggior parte dei giornalai dello stato è della città di Paola.

Il piú importante di tutti gli incontri è stato la sottoscrzione del “Gemellagio”, un accordo stretto tra città, considerate sorelle, di nazio-ni diverse, fi rmato tra Paola e il comune fl uminense di Barra do Piraí. Secondo l’accordo, le città si impegnano a promuovere l’interscambio culturale, turístico, sociale e economico per il futuro. Altro principale motivo della visita di Perrotta in Brasile è stato divulgare le celebrazio-ni per i 500 anni della morte di San Francesco di Paola, che si terranno nella città italiana nell giorno 2 di aprile del prossimo anno, e che con-teranno con la presenza del Papa Benedetto XVI. (S.S.)

MARCA DI LANCom fotografi e scattate dal console stesso e copertina illustrata dal vi-gnettista Lan, il libro già è considerato la migliore opera di informazione per stranieri di determinato paese che vengono ad abitare in Brasile. Per il direttore dell’IIC-RJ, Franco Vicenzotti, l’iniziativa stimola l’intercam-bio culturale e commerciale tra regioni.

— Rio è la porta d’entrata del Brasile e — anche se molti dicono il contrario — ancora è la capitale della cultura. Nulla di piú giusto che questa idea sia partita da persona lungimirante e che ha coscienza del potenziale nella città — fece notare.

L’editore Paolo Rocco ha messo in risalto che la gestione di Bellelli è stata contraddistinta da iniziative che avvicinano e divulgano il lavoro degli italiani nel Brasile.

— Molti ragguagli della Guida i propri brasiliani o li sconoscono o non li hanno appresi a scuola. La Festa della Repubblica Italiana è stata altra prova di successo della comunità, e con il libro non sara diverso. (S.S.)

GLI ITALIANI HANNO NUOVE FONTI

Quante stelle e quali colori disegnano la bandiera brasi-liana? Quali sono i luoghi turistici del paese? Che cosa

è necessario per acquisire la cittadinanza italiana? Quante domande, vero? Le risposte a esse e a molte altre che interes-sano tutti gli ítalo-brasiliani si trovano nella ‘Guida Consolare [Casa Editrice Comunità], idealizzata dal consule generale di Rio de Janeiro Massimo Bellelli, sin dalla sua permaneza nel Consolato di San Paulo, tra il 1989 e il 1993, e che solo ora ha potuto concretare.

L’opera, di 210 pagine, presentata nella libreria Leonardo Da Vinci — Centro di Rio — il 21 giugno, è diretta ai 41.000 italiani iscritti nella circoscrizione di Rio. Durante la serata di autografi di Bellelli, Comunità ha anche dato l’annuncio del nuovo sito del-la casa editrice e della rivista Comunità Italiana (www.comunitaitaliana.com), che a settembre arriverà a 100 edizioni ininterrot-te. Il lancio, insieme, del libro e del sito rafforza, frattanto, l’in-tenzione del Consolato e della casa editrice di fornire la migliore informazione agli oriundi e immigranti che vivono a Rio.

L’iniziativa ha riunito personalità e incentivatori della cultura, come l’editore e presidente del Sindicato Nazionale degli Editori di Livri (Snel), Paulo Rocco, il direttore dell’Istituto Ita-liano di Cultura(IIC-RJ), Franco Vicenzotti, e i consoli: Rafael Pita Gon-záles, della Spagna; Agustin Molina de Arambarri, dell’Argentina; Pedro Emilio Coll, del Venezuela.

La Guida avrà um aggiornamento costante. Nella edizione del 2007, Bellelli pensa di includere um glossário con le parole italiane piú simili al portoghese, e le piú dissimili. La burocrazia è, tuttavie, il principale ostacolo per gli stranieri che vengono a stabilirsi in Brasile, e il libro, che pur si rivolge ai visitatori, serve come “bibbia” agli italiani che met-teranno radici in questa terra.

— La gente desidera sapere di piú su storia, geografi a, política e economia brasiliana. La Guida riporta curiosità come effettuare uma lo-cazione, aprire um conto in banca, stabilimenti dove si hanno sconti, indirizzo di ospedali, in conclusione cioé, tutto quello che è utile per gli italiani di questa circoscrizione e quelli di altre circoscrizioni che ver-ranno a passare um tempo qui da noi — spiegó Bellelli citando che il Brasile receve circa 250.000 turisti italiani l’anno.

Paulo Rocco, Massimo Bellelli e Franco Vicenzotti durante la presentazione della “Guida Consolare”

Adroaldo Garani, Roberto Perrota: scambio di omaggio nell’Assemblea Legislativa di Rio

32º CONGRESSO NAZIONALE DEI GIORNALISTI DEL BRASILE

OURO PRETO-MG — Promosso dalla FENAJ — Federazione Nazionale dei Gior-nalisti Professionisti e dal Sindacato dei Giornalisti Professionisti di Minas Ge-

rais, si è svolto a Ouro Preto, dal 4 all’8 luglio, il 32° Congresso Nazionale dei Gior-nalisti, con il tema “Libertà di Stampa e Democratizzazione della Comunicazione”.

Una quarantina di pannelli, tra cui temi come la conferenza su “Media e Potere” di Marilena Chauí, Codice di Etica, Diritti d’autore, TV digitale, ecc., hanno illu-strato ed informato i presenti.

Dalla parte italiana hanno partecipato dei dirigenti dell’Associazione Stampa Italiana in Brasile, tra cui Giancarlo Palmesi e Venceslao Soligo. Quest’ultimo, ha spiegato in che modo si sono organizzate le associazione giornalistiche in Europa. Inoltre, ha parlato della risoluzione del 16 settembre 1993, nella quale il Parlamen-to Europeo riferisce i codici deontologici da affi dare alle associazioni professionali. Si è poi trattenuto in modo speciale sull’ordinamento dell’Ordine dei Giornalisti e della Federazione della Stampa [Sindacati]. In particolare, ha evidenziato la neces-sità di garanzia di autonomia per l’informazione, rispetto alla politica e alla gestio-ne economico-fi nanziaria.

Nel documento fi nale denominato “Carta de Ouro Preto”, la FENAJ riafferma la lotta della categoria per l’istituzione del Consiglio Federale dei Giornalisti e per l’ap-provazione della legge sulla stampa, ferma da 14 anni nella Camera dei Deputati.

Ha poi ricordato che la Stampa Italiana è presente in Brasile dal 1765, quando iniziò ad essere pubblicato il periodico “La Croce del Sud”. Oggi, con le pubblicazio-ni “Insieme”, “Comunità Italiana”, “Oriundi”, “Fanfulla”, “l’Italia del Popolo”, “Af-fari”, e le svariate trasmissioni radiofoniche e televisive, ed i siti internet, il gior-nalismo italiano si fa portavoce della dinamica della comunità ed ora con i nuovi parlamentari, anche della politica.

L’ASIB sollecita ai nuovi parlamentari eletti all’estero l’elaborazione di una nuo-va legge sulla professione che riconosca e tuteli il lavoro della stampa italiana all’estero. Sull’editoria, richiede invece, un fi nanziamento come quello che viene concesso in territorio italiano.

Alla conclusione dei lavori, è stato comunicato che il 33° Congresso verrà rea-lizzato a San Paolo, nel 2008. (V.S.)

MOSTRE A FIRENZE

Cezanne nel 2007 è uno degli obiettivi della neona-ta ‘Fondazione Palazzo Strozzi’ presentata questo

mese dal presidente Lorenzo Bini Smaghi. La Fondazione punterà su una mostra principale nel periodo estivo, con un tema di richiamo internazionale, più una mostra au-tunnale con temi di interesse nazionale. ‘Entro fi ne mese — ha spiegato Bini Smaghi — sarà scelto il direttore. Al-la selezione hanno partecipato 45 persone. Ne sono state scelte 6, italiane e straniere, da cui uscirà il vincitore’.

GLI STONES VESTONO ITALIANO

Il Made in Italy conquista i Rolling Stones. La band, in concerto a San Siro, ha fatto incetta di giacche dei

fratelli Boglioli. Ne dà notizia la stessa azienda bresciana, spiegando che gli Stones hanno fatto i loro acquisti da Victoire, a Parigi, dove si riforniscono anche Nicolas Sar-zoky e Bernard Henry Levy. L’azienda, a conduzione fami-liare, ha oltre 200 dipendenti e produce tutto in Italia.

NUOVE SCOPERTE A STABIA

Importante scoperta nella ‘Passeggiata archeologica di Stabia’: nell’area del pia-noro di Varano è affi orato il peristilio di Villa San Marco. È un nuovo tassello

verso la realizzazione del Parco Archeologico Stabiese, un progetto della Sovrinten-denza Archeologica di Pompei e Comune di Castellammare di Stabia che comprende-rà Villa San Marco e Villa Arianna, già recuperate e aperte al pubblico.

SANITÀ: ASSISTENZA IN CASA CON TV

Un servizio di video assistenza utilizzerà il televisore di casa come strumento di dialogo fra pazienti e operatori sanitari. Si tratta di una soluzione, messa

a punto da Alcatel per Telbios, in fase di valutazione con l’Istituto Scientifi co Uni-versitario San Raffaele. Il servizio, che sarà disponibile alla fi ne del 2006, richiede l’installazione di uno specifi co dispositivo a casa del paziente, che connesso all’ap-parecchio Tv e ad una web cam permette di fare le video chiamate.

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uando si sente parlare dell’Italia, oltre ai famosissimi monumenti come il Co-losseo o la torre di Pisa, spesso vengono in mente i piatti tipici della cucina ita-liana, ma anche i vini prodotti nel paese

e che variano d’accordo con la regione di coltiva-zione dell’uva. Nel Lazio, una delle aziende che produce vini di qualità è la Principe Pallavicini, che si trova a Colonna, in provincia di Roma, nella zona dei Castelli Romani, luogo di grandi tradizio-ni nella produzione vinicola di questa regione.

L’azienda appartiene ai Pallavicini, famiglia sto-rica di Roma che ebbe il suo momento massimo di splendore alla fi ne del ‘600. Giovanna Trisorio, rap-presentante dell’azienda, spiega che in quel perio-do, la famiglia acquistò le tenute di Colonna e di Cerveteri, le quali, con il passare degli anni, subiro-no dei cambiamenti nel tipo di coltivazione. Negli

inizi del ‘900 la loro produzione era essenzialmente di uva da tavola, passando posteriormente alla col-tivazione di uva da vino. Attualmente l’azienda ha un totale di 80 ettari di superfi cie vitata ed è con-siderata la più grande azienda vinicola nell’area del Frascati Doc, con una produzione di circa 800 mila bottiglie all’anno, vendute in Italia, ma soprattutto esportate in Europa, Stati Uniti, Canada ed Emira-ti Arabi. Oltre al vino, l’azienda ha una produzione marginale di olio di oliva, con circa 2 mila e 500 piante di varietà mista. Nel totale, il fatturato am-monta a circa un milione e mezzo di euro all’anno.

L’azienda ha sempre partecipato all’iniziativa ‘Cantine Aperte’, attività che comprende tutto il territorio italiano, ogni anno durante l’ultimo fi ne settimana di maggio. E’ ormai un appuntamento tradizionale organizzato dal Movimento Turismo del Vino, associazione senza fi ni di lucro che ha

lo scopo di promuovere le visite dei luoghi di pro-duzione del vino, al fi ne di accrescerne il presti-gio e creare prospettive di sviluppo economico.

In genere, chi visita la vinicola in questi gior-ni è un appassionato di vini, persona dal profi lo non particolarmente tecnico, ma che apprezza la qualità e vuole imparare qualcosa in più dei prodotti. Inoltre, Principe Pallavicini partecipa a ‘Welcome Vendemmia’, evento organizzato dallo stesso ente che vede protagonista la raccolta del-l’uva a partire da fi ne settembre. In questa occa-sione sono organizzate delle attività per le scuo-le e per i gruppi di ragazzi disabili che vengono coinvolti direttamente nel lavoro di raccolta.

Tra i principali prodotti dell’azienda c’è una Malvasia Puntinata, vitigno autoctone che loro stanno cercando di rivalutare, mentre tutti i nuo-vi vigneti piantati sono della Malvasia del Lazio, vitigno su cui credono, afferma Trisorio. Si tratta di un vino abbastanza strutturato, con un retro-gusto mandorlato che caratterizza la Malvasia del Lazio. Poi c’è il Pagello, nato dalle sperimenta-zioni dell’azienda, è un bland di Greco, Grechetto e della Falanghina, che è un’uva tipica della Cam-pania. La Falanghina è stata introdotta perché ha un tenore alto di acidità, contrariamente ai vitigni di questa zona del Lazio. La Cavata, inve-ce, che porta il nome di una parte dell’azienda, è stato il primo vino rosso da loro prodotto. E’ un Cabernet Sauvignon con Montepulciano, Sangio-vese e Cesanese e ha un passaggio di 18 mesi in barrique usate e un affi namento in bottiglia pres-so le antiche grotte dell’azienda. Mentre l’Amara-sco è un 100% Cesanese, prodotto in quantità li-mitatissima, circa 5 mila bottiglie, con passaggio in botti grandi non tostate. Ma indubbiamente il più gettonato dei loro vini è lo Stillato, candi-dato all’Oscar del vino dell’Associazione Italiana Sommelier. E’ un 100% Malvasia del Lazio, detta anche Malvasia Puntinata, ha un previo appassi-mento in pianta per 20 giorni e dopodiché viene prodotto con una breve macerazione pellicolare e parziale fermentazione in barrique.

Durante il periodo di affi namento, che du-ra dai quattro agli otto mesi in bottiglia, i vi-ni vengono sistemati all’interno delle antiche grotte, ad una temperatura media di 14°C, sia d’estate che d’inverno, con un’umidità tra l’80 ed il 90%. Mauro De Angelis, responsabile del settore agricolo della Pallavicini racconta che le grotte sono in realtà delle parti dell’acquedotto Claudio, costruito tra gli anni 50 e 70 d.C. e che nell’antichità romana era uno dei cinque acque-dotti che portava l’acqua a Roma.

Turismo

Facciamo un brindisi?Italiani alla scoperta dei sapori e territori dei vini

Ana Paula TorresCorrespondente • ROMA

La Pallavicini si trova nei Castelli Romani, luogo di grandi tradizioni nella produzione vinicola del Lazio

Deve haver algo de muito inspirador na Ri-viera Italiana. Monet dizia que era o sol. Para ele, o sol do Mediterrâneo deveria ser pintado com ouro e pedras preciosas.

E tão logo você desembarque em algum dos vila-rejos pesqueiros da costa da Ligúria vai perceber que o sol daqui tem mesmo vocação de pintor. Em cada parede das casinhas verticais dos mora-dores, a luz rebrilha num tom diferente entre o vermelho-sangue e o amarelo-palha, oferecendo uma ampla gama de cores solares que nem a mais avantajada caixa de lápis de cor poderia ter. As aldeias da Ligúria são tão iluminadas que até o pior humor pode mudar de rumo diante delas.

A água cor de esmeralda faz um belo contras-te com os terraços prateados de olivas e averme-lhados pelos vinhedos. Os pinos marítimos com suas copas frondosas fi cam cada vez maiores com a aproximação do barco. A bela enseada de Portofi no desponta entre a vegetação mediter-rânea. A pequena baía em forma de ferradura éuma das pérolas da costa mediterrânea. Seja a remo, vela ou a motor, todos os caminhos levam a Portofi no. Não por acaso ela é considerada pa-trimônio histórico da União Européia. Mas lá to-do mundo parla italiano, è chiaro!

Portofi no se projeta sobre o golfo de Tigullio, no Mar Mediterrâneo, a oeste de Gênova, na região da Ligúria. A fama do lugar atravessa os séculos. No início era um ponto de observação dos antigos romanos, como indicam manuscritos e restos de fortifi cações. Mais tarde, durante o período dasrepúblicas marinhas, no século 15, suas águas

foram palco de batalhas navais entre genove-ses e venezianos. Mas em nenhum destes pe-ríodos conturbados da história o encanto do lugar passou em branco. Não foi à toa queos monges beneditinos escolheram a região para fundar o mosteiro de San Fruttuoso.

Hoje, o velho burgo de pescadores é um dos locais mais sofi sticados da riviera italiana e detoda a Europa. Ele cresceu muito pouco, con-tinua com a sua forma de meia lua em torno da enseada, mas o prestígio ganhou o mun-do. Mansões de época à beira mar e no alto das colinas não comprometem a paisagem. Aorla da pequena baía é emoldurada por lojas de grife, cafés e restaurantes, galerias de arte, hotéis e pelas velhas casas com suas fachadas coloridas e desenhadas segundo a técnica do tromp-oeil.

ILUSTRES NA ITÁLIA MEDIEVALA marina de Portofi no pode abrigar até 237 bar-cos. Milionários e a classe média de todo o mun-do lançam âncoras ou amarras na enseada. Mais do que um porto de chegada, a baía é um ponto de partida para descobrir porque Marlon Brando, Elizabeth Taylor, Cary Grant e Grace Kelly, entre tantos reis e rainhas, astros e estrelas, escritores, pintores passaram boas temporadas na região. O ex-primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, tinha uma mansão alugada “al mare”.

Ainda hoje Portofi no é referência para a “dol-ce vita” do jet set internacional. Mas para esca-par do mundanismo concentrado na Piazzeta, em frente ao cais, basta dobrar a esquina de uma

viela qualquer e se deixar levar pelo aroma dos bosques de “lecce”, caminhar à sombra das rou-pas penduradas no varal das janelas para secar com o “scirocco” [vento seco que sopra da Áfri-ca], ou entrar na igreja de San Martino. Se forde noite, basta seguir a luz do farol.

A beleza natural emoldura atrações bem in-teressantes em terra fi rme. Um delas é o cas-telo Brown erguido no século 15. De fortifi ca-ção medieval às mãos do Comune de Portofi no, ele passou por Napoleão [1725 — 28] e pelo proprietário inglês sir Montagne Yeats Brown, cônsul em Gênova. Rege a lenda que ele tinha Portofi no à seus pés. Ainda hoje o castelo tem uma das escadarias mais belas de toda a Itá-lia, toda em mármore com azulejos originais em estilo mouro. A vizinha igreja de San Gior-gio tem como fundação o costão rochoso dePortofi no. Ela foi reconstruída depois de ter sido bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial.

Dezenas de trilhas cruzam o monte da re-gião e levam às cidades como Camoglie, Rapallo e Santa Margherita, todas espremidas entre os apeninos e o mar. As caminhadas cortam as plantações de azeitonas e de uvas. Para quem não quer perder de vista o barco um só instan-te, o parque marinho de Portofi no oferece la-gostas, polvos, chernes e outros habitantes do fundo do mar aos olhos dos mergulhadores. Em San Fruttuoso, a 15 metros de profundidade está a escultura em bronze do “Cristo dos Abismos”. A estátua é uma homenagem aos homens que o mar não devolveu. Em dias de muita visibilidade é possível vê-la da superfície.

As praias das redondezas são de pedra. A areia só se encontra no fundo do mar. Com pouco material em suspensão a água é sem-pre cristalina. Portofi no é um daqueles lugares que já dá saudades de ir embora, antes mesmo de chegar. Içar velas e partir é quase um sa-crilégio executado em nome da razão, porquese fosse da paixão... o fi nal seria outro.

Portofino, a Búzios italiana

Turismo

A região que inspira pintores e poetas há mais de um século faz parte do inesquecível e chique litoral da Itália

Guilherme AquinoCorrespondente • MILÃO

Da Igreja de San Martinho, o turista conclama a beleza da baía

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Comunidade

Segunda casa dos sacchesi

hoje —, mal tiveram o primeiro fi lho e ela já estava grávida novamente. A vinda do sacchese — o mais velho de três irmãos — para o Brasil foi decidida depois que ele percebeu que poderia ganhar mais dinheiro no país.

— Eu estava decidido a morar aqui por, no máximo, cinco anos. Este seria o tempo necessá-rio para fazer dinheiro e voltar para a Itália com a vida boa, mas quando cheguei e vi que seria muito bom trazer a minha família, chamei minha mulher com meus dois fi lhos para cá — conta Giovanni, com os olhos marejados.

Dona Maria Carmela, ou simplesmente “Carme-lina”, como prefere ser chamada, é uma italiana simpática, de sorriso largo e trejeitos típicos do sul da Bota, como o falar com as mãos. Ela relembra que na época em que se preparava para mudar-se para o Brasil, o governo brasileiro pagava as passa-gens dos imigrantes, mas a burocracia na Itália difi -cultava bastante a vinda para o “novo continente”.

— Fazíamos muitos exames médicos. Não era interessante para o governo italiano deixar seus conterrâneos saírem do país. Então, o que eles podiam fazer para difi cultar, eles faziam. Éramos vistoriados do fi o de cabelo ao dedão do pé. Por esse motivo, meus sogros não puderam vir, pois o pai de meu marido não estava com a audição boa — diz Carmelina, comovida.

Aqui, no Brasil, já estavam uma tia e dois irmãos de Giovanni. O mais novo abriu uma sa-pataria onde ele começou a trabalhar logo que chegou no país. Foi assim que a sua “história brasileira” começou. Distante de casa, o ca-sal se adaptou a vida na terra verde-amarela, aprendeu o português no dia-a-dia e, hoje, vive na cidade fl uminense.

— Tudo é motivo de festa na minha família. Preparo uma boa macarronada e é aquela alegria — comenta Carmelina, entusiasmada.

TRADIÇÃO NA MEDICINAEm 1963, desembarcou no porto do Rio de Ja-neiro, rumo a Niterói, um menino de apenas oito anos de idade. Junto aos pais, ao irmão e à avó, Benito Petraglia chegou ao Brasil depois de 16 dias atravessando o Atlântico deixando para trás uma cidadezinha que, segundo ele, ainda mora em seu coração.

— Acho o Brasil um país fantástico, mas ainda cultivo a idéia de voltar a morar na Itália, no Sacco ou em qualquer lugar. Tenho a alma italiana, apesar de minha vida ser hoje aqui. Há algo em mim que não consigo explicar direito, mas é como se lá eu me sentisse completamente realizado — declara Petraglia, de 51 anos, ho-je médico especializado em obstetrícia e atual Presidente da Unimed Leste-Fluminense.

Ao responder as perguntas sobre as melho-res lembranças que tem da cidade de Sacco, Pe-traglia não hesitou e rapidamente falou sobre a liberdade e a festa della Madonna degli Angeli [Nossa Senhora dos Anjos].

— Esta comemoração é uma das minhas melhores lembranças, está guardada na minha memória. Sabe aquelas festinhas de cidade do interior? É assim. Procissão, barraquinhas e fo-gos. Há várias outras lembranças, mas esta é uma das principais — conta.

A santa, mais venerada que o próprio pa-droeiro de Sacco, San Silvestro Papa, é motivo de festa até para os italianos residentes em Niterói. Tamanha a fé deles que todo o mês de junho se organizam e enviam dinheiro para que a festa da cidade não deixe de ser reali-zada. Comemorada no dia 2 de agosto, os sac-chesi em Niterói festejam com uma missa e um coquetel na igreja Porciúncula de Sant’Anna, em Icaraí.

Por dentro do paese O senhor Francesco Coccaro trabalhou gra-

tuitamente para a igreja paroquial de São Sil-vestre onde, além de várias molduras e cavida-des para as estátuas dos santos, em 1959, en-talhou o batistério e em 1976 o altar maior.

As cidades vizinhas são: Roscigno, Cor-leto Monforte, San Rufo, Teggiano, Piaggi-ne, Laurino

Sacco fi ca a 86 km de Salerno, sendo que a Sella di Corticato, e a passagem entre o Cilento e o Vallo di Diano, são as localida-des mais interessantes.

A saída mais próxima é a de Atena Luca-na, na estrada A3.

A altitude mínima do território munici-pal é de 279m e a máxima de 1.700m.

Nayra Garofle

Niterói abriga 90% dos italianos e descendentes de Sacco, pequena cidade ao sul da Itália

Os sacchesi em Niterói, região metropo-litana do Rio de Janeiro, são poucos, mas os oriundi são muitos. Supõe-se que cerca de 300 deles vivam na terra

fundada pelo índio tupi Araribóia. O fato cha-mou tanto a atenção que foi tema de uma das edições do ‘Programa Legal’, apresentado pe-la atriz Regina Casé, há oito anos. Surpresa, a apresentadora chegou a dizer que a cidade de Sacco, localizada na região da Campania, deve-ria ter um busto do índio por lá.

As razões para tamanho espanto a própria história justifi ca. Ainda no século passado, esses italianos chegaram à cidade niteroiense e desenvolveram atividades como engraxates, abriram bares ou venderam bilhetes lotéricos. Hoje, cerca de 90% dos descendentes que mo-ram no município são professores, médicos e en-genheiros com residências localizadas entre os bairros de Icaraí e Centro.

A porcentagem pode explicar o porquê do es-casso número de habitantes ainda existentes na cidade italiana que, hoje, acumula aproximada-mente 700 moradores. Além disso, segundo eles mesmos, a população não se renova, uma vez

que os jovens deixam a cidade pois há somente uma escola primária no lugarejo.

Há 86 quilômetros de Salerno, a província é tão pequenina [estende-se por uma área de 23 quilômetros quadrados] que todas as pessoas se conhecem. O local faz divisa com Corleto Mon-forte, Laurino, Piaggine, Roscigno e Teggiano.

RETRATO DE UM POVOPrestes a completar 50 anos de-pois de ter embarcado no transa-tlântico Conte Grande, Giovanni Di Mango, de 78 anos, construiu uma nova vida no Brasile que tan-to prometia aos imigrantes. Em 1957, deixou a pequena Sacco e mora até hoje em Niterói. O ita-liano certamente guarda inúme-ras histórias de sua cidade natal. Em seu paese, era proprietário de muitos lotes. Porém, faltava mão-de-obra e ele trabalhava duro para sustentar sua família. Casado com Maria Carmela Lambruna Di Man-go, 72 anos — com quem vive até

‘Amo muito a Itália, mas o meu coração bate mais forte pelo

Brasil. Niterói é minha casa’

MARIA CARMELA LAMBRUNA DI MANGO, 72 ANOS

Giovanni e Carmelina Di Mango esbanjam a simpatia dos sacchesi

Assim como Benito Petraglia, outros tantos sacchesi e oriundi seguiram a carreira da medi-cina. Como é o caso da família Accetta. Hoje, são cerca de 16 médicos no mesmo clã. Pietro Accetta, de 59 anos, é brasileiro, mas fi lho do italiano Antonio Accetta, que, como muitos ou-tros, chegou em Niterói e também trabalhou co-mo engraxate.

— Meu irmão mais velho, Domenico, estu-dava medicina e isso me infl uenciou. O Ítalo, meu irmão mais novo, também é médico. Foi um infl uenciando o outro e entre fi lhos, sobri-nhos e primos somos quase 20 na área biológica — explica Pietro, que é cirurgião e professor ti-tular da Universidade Federal Fluminense.

Segundo Accetta, toda a cultura italiana ain-da é bastante presente em sua família desde as músicas até às comidas.

— Em nosso modo de ser e de agir temos muito das características italianas. Não falo o italiano propriamente dito, mas arrisco no diale-to que aprendi com meu pai — relembra.

Localizada no Vale do Cilento, Sacco chegou a ter três mil habitantes. Hoje existem apenas 700 moradores

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— Na verdade, sou mais brasileira que italia-na, já que cheguei aqui com 27 anos. Amo muito a Itália, mas o meu coração bate mais forte pelo Brasil. Niterói é minha casa. Sinto saudade da minha terra, mas não pensamos em voltar a mo-rar lá. Visitamos o Sacco, mas hoje temos nos-sos fi lhos e uma vida aqui — enfatiza Carmelina, que tem três fi lhos: Franco Di Mango [médico], Antonio Di Mango [engenheiro] e Anna Di Mango [professora de italiano].

Outro orgulho dos sacchesi está localizado na rua Visconde de Itaboraí, no centro da cida-de. Conhecida como o “Calçadão da Cultura”, a livraria Ideal é a mais antiga de Niterói e foi uma realização de Silvestre Monaco, falecido na dé-cada de 70. Atualmente, aos cuidados da admi-nistração de seu fi lho, Carlos Monaco, a livraria já participou de cerca de 800 eventos culturais.

— Meu pai chegou aqui em 1935, aos 20 anos, em busca de uma vida melhor e conseguiu. A livraria é freqüentada por acadêmicos da cida-de. Sinto um grande orgulho quando aparecem pessoas à procura de obras italianas. Nunca fui à Itália, mas meu pai sempre me contava as histó-rias dele — relata Carlos, 64 anos, com seu jeito intelectual, porém simples, sentado em frente à livraria que existe há 71 anos.

CLUBE ITALIANOPara não deixar escapar da memória as lembran-ças da Itália, em 1979 foi fundado em Piratinin-ga, região oceânica de Niterói, o Clube Italiano. A criação foi uma iniciativa entre calabresi e sacchesi. Na época, as esposas dos fundadores preparavam quitutes da mamma aos domingos para serem vendidos, arrecadando dinheiro para a manutenção do clube.

O calabrês Pietro Polizzo, 74 anos, 54 deles vividos no Brasil, é um dos fundadores do clube e conta que há, atualmente, cerca de 200 sócios.

— A relação entre calabresi e sacchesi sem-pre foi muito boa. A intenção da idealização do clube era a de nos reunirmos, de termos um local bom para nos encontrarmos — afi rma Polizzo.

No entanto, não é somente o clube que esti-mula a preservação das raízes. As tradições ainda são mantidas, até mesmo pelas indumentárias. O luto, por exemplo, ainda é usado pelas senhoras e a comida feita em casa é à moda italiana.

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Comunidade

Renata Summa

VINHEDO, SP — Jammo ‘ncoppa, jammo ja’, funiculi’, funicula’! Ao som da famosa música napolitana tocada pela banda Ar-tur Germano Show, o público que estava

em frente à roda gigante não se conteve. Tomado por uma explosão de alegria, pares foram forma-dos, dançando nos mais diversos estilos, até se juntarem numa grande roda. Homens, mulheres, jovens e senhores vindos de diversas partes do país contagiavam os passantes, que entravam na festa. O que eles tinham em comum? Vieram pres-tigiar o HopItália, evento organizado pelo Circolo Italiano di Jundiaí, que aconteceu no dia 25 de junho, em São Paulo. Segundo os organizadores, cerca de sete mil pessoas passaram pelo parque naquele dia, entre as quais, muitas, oriundi.

Caravanas do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de diversas cidades paulis-tas estiveram presentes, conferindo o sucesso do evento, que tinha como objetivo principal reunir italianos de todo o Brasil num só lugar. A iniciativa, inédita na comunidade italiana, não poderia ter sido realizada em lugar melhor: o Hopi Hari, um país fi ctício, com 760 mil metros quadrados de diversão para todos os gostos. Or-gulha-se de ser il paese più divertente del mon-do, com suas quarenta atrações, que vão desde o clássico carrossel a montanhas russas radicais. Além disso, fi ca localizado numa região onde cerca de 60% da população é composta por des-

cendentes de italianos. Em Jundiaí, esse número é ainda maior: 80%.

Os “habitantes” do parque têm orgulho de preservar a língua local, o hopês. Mas, em sinal de confraternização, no dia em que as cores verde, branco e vermelho tomaram o local, grande par-te dos comunicados era feita na língua de Dante. Também, pudera! A parceria inédita entre o Circolo Italiano di Jundiaí e o Hopi Hari não era apenas juntar italianos e oriundi dos diversos circoli espa-lhados pelo país. Mas também divulgar aos pre-sentes a rica e tradicional cultura italiana.

E a grande homenageada do dia foi a músi-ca da bota: uma rádio foi instalada no local e tocou, durante dez horas consecutivas, músicas que iam desde o gênero infantil a clássicos co-mo ‘O Sole Mio’, de Caruso. Ecoadas por todas as partes do parque, a rádio foi citada como um dos pontos singulares da festa.

— Adorei o hino [italiano] mixado — de-clara animado Rafael Moser, membro do Grup-po Giovani do Circolo Trentino di Belo Horizonte, que veio para São Paulo com o único propósito; conhecer o Hopi Hari e concretizar a união dos italianos de todo o Brasil no local.

Mas a homenagem não parou por aí. Monta-da num teatro, uma exposição sobre a história da música italiana permitia ao visitante viajar através dos seus principais momentos, passan-do pela Ópera, Tarantella, canções de guerra e

Festa italiana reúne cerca de sete mil pessoas, entre as quais muitos oriundi, no maior parque de diversões da América Latina

Hopi Haritricolor

até mesmo da música moderna. Espalhados pelo parque, espetáculos de danças folclóricas, apre-sentações de coral e até mesmo uma espetacular apresentação do tenor jundiaiense Caio Durand encantavam os visitantes, oriundi ou não.

— Gostei muito de ser convidado para o Ho-pItália — alegra-se o italiano de Campobasso An-tônio Perrella. Vestido com calça, camisa e colete das cores da bandeira italiana, o cantor do grupo I Cantanti d’Italia, outra atração do evento, bus-cava trazer para o público um pouco do folclore de diversas regiões do seu país de origem.

Mas nem só de arte vive o homem. Após tantas atividades e com o friozinho trazido pelo cair da tarde, o estômago começava a reclamar. Depois de enfrentar algumas fi las, a surpresa de encontrar até na comida, um pouquinho de casa: eles tinham pizza! Na primeira mordida, uma de-cepção: aquele pedaço de pizza não seria jamais aceito pelos padrões de qualidade estabelecidos pelo diário ofi cial da Itália. Se o Hopi Hari é ‘il paese più divertente del mondo’, ainda tem mui-to que aprender em matéria de gastronomia com a nossa velha Itália. Mas valeu o esforço.

E claro que não podia faltar a grande paixão comungada por brasileiros e italianos: o futebol. Uma exposição dedicada à história do Palestra Itália fazia a alegria dos torcedores Rodrigo Oli-veira e João Moura Filho. Estes estudantes de Campinas, descendentes de italianos, foram ao Hopi Hari sem saber que havia uma homenagem à cultura da terra de seus bisavôs naquele dia.

— Foi inesperado, uma grata surpresa. En-trei aqui [na exposição do Palestra] e enlouque-ci. Seguramos a taça do tricampeonato (1932/33/34) e foi muita emoção — conta Rodrigo.

Para encerrar um dia inteiro de música, adre-nalina e molte chicacchere, Enzo Echiani fez um show tributo a Eros Ramazzotti. Enquanto para a maioria era o fi nal de uma festança, para outros era apenas o início de algo maior.

— O evento é uma semente que está sendo plantada. Já estamos em negociação para que o HopItália entre para o calendário ofi cial do Par-que — planeja Leandro Nalini, diretor social do Circolo Italiano di Napoli. Você perdeu este? Não se preocupe, em 2007 tem mais.

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Comunidade

La Miss Italia nel Mondo 2006 è la paulista-na Karina Michelin. Studentessa di Comu-nicazione, modella e madre del piccolo Ric-cardo. Karina è stata eletta dagli italiani,

tramite il televoto, lo scorso 28 giugno. Ha origini venete da parte di entrambi i genitori, capelli ca-stani, occhi verdi, 26 anni e 1,76m di altezza.

Karina Michelin ha partecipato alla 16a. edi-zione del concorso con il titolo di Miss Amazzo-nia, ed era l’unica mamma tra le quaranta fi nali-ste. Oltre alla sua evidente bellezza, è stata brava nello scegliere di parlare a Riccardo durante il momento che veniva offerto ad ogni candidata per esibirse in ciò che sa fare di meglio, dal bal-lo al disegno, dalla rappresentazione teatrale alla recita di una poesia. E Karina in quel momento ha scelto di tirare fuori le sue doti comunicative, fi -nendo per stregare tutti con uno sguardo coinvol-gente, un sorriso solare e tanta spontaneità nelle parole rivolte al fi glio di 6 anni. Pochi giorni pri-ma, in una conferenza stampa, aveva detto:

— Avevo 19 anni quando è nato Riccardo. Partecipo al concorso anche per lui. Riccardo co-nosce già l'Italia perché è venuto due volte con me. Ora è in Brasile con i nonni.

Lei si ricorda con piacere proprio di una va-canza trascorsa in Italia e di un episodio vissuto a Capri: "In una visita a Capri – racconta – im-provvisai uno spettacolo cantando e ballando musica brasiliana. Il pubblico era estasiato per la mia esibizione. E conclude: Gli italiani sono accoglienti e calorosi come il loro Paese".

Karina Michelin non è stata l’unica brasilia-na tra le quaranta fi naliste. Con il titolo di miss

Modella e mamma, Karina Michelin sogna di affermarsi nel mondo della moda e dello spettacolo

Brasile, ha partecipato Heloísa Christina Zeferi-no Beraldo, bisnonni di Parma e Pozzonovo (Pd), mentre Steffany Rossin, miss Tunisia, è fi glia di madre brasiliana e padre veneto.

Con la sua vittoria, Karina porta a casa una Peugeot 1007, un gioiello ed alcuni contratti di la-voro. Ma la Michelin, che lavora già come modella, sogna di affermarsi nel mondo della moda e dello spettacolo e di aprire un centro benessere in Bra-sile. Dice di ispirarsi all’attrice Angelina Jolie, defi -nendola una brava ambasciatrice dell’Onu, sem-pre impegnata ad aiutare i meno fortunati.

— Sono molto felice e la mia vittoria è stata come un sogno — ha dichiarato Karina in conferenza stampa, il giorno dopo la sua elezione.

— Vorrei portare alla gente tut-ta la mia allegria. Ora però, vorrei riabbracciare mio fi glio Riccardo, che non vedo da tre settimane — conclude la modella paulistana.

LA TRASMISSIONE"La ragazza che vince Miss Italia nel Mondo — ha dichiarato l’attrice Sabrina Ferilli poco prima della trasmis-sione — deve avere sembianze materne, forme calde e rotonde: tutte caratteristiche che rappresentano le donne italiane anche all’estero". E l’opinione della presidentessa di giuria ha trovato consenso nei gusti del pub-

blico, che ha potuto seguire la gara di Salsomag-giore Terme, condotta da Carlo Conti, in diretta televisiva su Rai Uno e Rai International. Ad af-fi ancare la Ferilli nel compito di scegliere la più bella tra le ragazze straniere di origini italiane in concorso, c’erano i calciatori Antonio Cabrini, Giancarlo Antognoni, Stefano Fiore, Bernardo Cor-radi, Stefano Bettarini e Fabio Galante.

Durante la trasmissione, pochissimi sono stati i riferimenti agli italiani all’estero. Si è persa l’oc-casione di parlare dell’incrocio di due culture o del mantenimento della lingua italiana in famiglia, temi che certamente fanno parte del quotidiano delle ragazze partecipanti. Invece, come succede spesso, è prevalsa la voglia di fare spettacolo e di presentare un programma di prima serata che, ol-tre ad avere il compito di intrattenere il pubblico a casa, doveva vincere la sfi da dell’audience. "Sia-mo molto soddisfatti, anche se ci aspettavamo dei numeri superiori" — ha affermato Paolo De Andreis, capostruttura di Rai Uno. L’emittente ha avuto livelli di ascolto di poco inferiori all’edizio-ne 2005 del concorso. Lo share è stato del 16,03% nella prima parte della trasmissione, con un totale di 3.122.000 spettatori e ascolti del 21,99% nella seconda parte, con 4.046.000 spettatori, contro Canale 5, che con il fi lm “Il fuggitivo” ha registra-to share del 19,69% e 3.679.000 spettatori.

Anche Patrizia Mirigliani, che insieme al pa-dre Enzo ha ideato questo concorso, si è mostrata soddisfatta dei risultati, nonostante abbia sottoli-neato che il televoto molte volte può penalizzare qualche concorrente: Il televoto a volte penalizza ragazze meritevoli. Forse questo criterio dovreb-be essere rivisto, dando al televoto una valenza minore rispetto al giudizio della giuria in stu-

dio. E conclude: — Abbiamo

visto andar via ragazze bellissime e

questo è un vero pec-cato.

Ha vinto il BrasileAna Paula Torres

Correspondente • ROMA

Karina Michelin è studentessa di Comunicazione, modella e madre del piccolo Riccardo

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Vitória da Azzurra! Pelas ruas e avenidas das principais cidades brasileiras onde estão concentradas as comunidades ita-lianas no Brasil, muita festa. Depois de

um longo jejum de 24 anos, a Itália conquista, nos pênaltis, o título de tetracampeã, encerran-do assim no Olympiastadion, em Berlim, a Copa de 2006. O resultado de 5 a 3 [1 a 1 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação] para a Itália foi decidido pela cobrança de Trezeguet, que perdeu sua chance pela bola que não entrou, bateu na trave. Meno male!. A Fifa considerou Gianluigi Buffon o melhor goleiro desta Copa.

— Para mim, é um sonho de criança que se torna realidade. A força do grupo, muito unido, foi o que mais ajudou, mais que o talento indi-vidual — celebrou o goleiro.

Ambos os times lutaram muito pela con-quista do título, travada em um duelo onde

imperaram persistência, suor e cansaço. E agressão também. No segundo tempo de pror-rogação, o meia Zidane agrediu com uma cabe-çada de graça no peito de seu adversário Mate-razzi. Uma atitude vergonhosa de um jogador que vinha fazendo fama e ainda ter sido aplau-dido ironicamente pelo seu treinador quando o árbitro lhe deu cartão vermelho. Materazzi teria ofendido verbalmente por duas vezes a irmã de Zidane. Com fama de antipático entre os jornalistas italianos, o zagueiro Materazzi teria também chamado o craque francês de “terrorista sujo”, o estopim para a paciência de “Zizou”.

Logo aos primeiros minutos, a França já abre o placar com 1 a 0 com a cobrança de Zidane pela falta cometida de Materazzi sobre Malouda. Mas a Itália não deixou por menos e aos 19 mi-nutos Materazzi escorou de cabeça e fez o empa-

te. O treinador Marcelo Lippi dedicou a vitória à família, mas também a dois nomes que lhe vie-ram à mente: Cannavaro e Buffon.

— Devo dizer obrigado e dar um abraço a todos os rapazes, mesmo àqueles que jogaram só por vinte minutos, mas faço desses dois no-mes em particular por um motivo, e vocês sabem qual é o motivo — disse Lippi, referindo-se aos dois melhores defensores nesta Copa.

Esta é a primeira vez que a Itália ganha na prorrogação. Seus títulos anteriores foram nos anos de 1934, 1938 e 1982, em Madri, na fi nal com a Alemanha Ocidental, com um resultado a favor de 3 a 1.

Os jornais italianos divulgaram recente-mente conteúdo de conversas telefônicas so-bre o maior escândalo da história do futebol italiano, que envolve quatro grandes clubes e 26 dirigentes processados por manipulação de

resultados. Ao responder às perguntas dos jor-nalistas de como seria voltar à dura realidade dos escândalos, Lippi respondeu que a Itália voltou “à realidade” do futebol, que é campeão do mundo e será “duro” para os outros que fi -caram para trás.

OITAVAS-DE-FINALFoi um sufoco para a Itália ganhar de 1 a 0 da Austrália em sua chegada às oitavas-de-fi nal em Kaiserslautern, no dia 26 de junho. O ár-bitro espanhol, que apitou o pênalti cometido por Lucas Neill sobre o zagueiro Grosso, teve sua atuação questionada pelos australianos. Eles alegaram que o lateral havia se jogado dentro da área. O meia-atacante Totti se limi-tou a fi car no banco de reservas desde o iní-

cio, sendo convocado nos acréscimos pelo seu treinador para dar a virada. A imprensa italiana deu destaque em suas páginas pela sua atua-ção, mesmo tendo entrado em campo no fi nal do jogo. O Gazzetta dello Sport, um dos princi-pais periódicos de esportes do país, abriu com a manchete “Para frente, Totti”, porém lembrou aos seus leitores que “os pênaltis já destruíram nossas esperanças na Copa do Mundo muitas vezes — em Nápoles, em Pasadena, em Paris”, disse o jornal, sobre as eliminações da sele-ção italiana nas Copas de 1990, 1994 e 1998. Outro jornal, o Corriere dello Sport, fez elogios ao ‘salvador da Pátria’ com “Totti da Itália”, e ainda teceu críticas ao técnico da seleção pela decisão de convocar Alessandro Del Piero como titular em vez de Totti.

Logo aos três minutos de jogo a Itália teve sua primeira chance de gol: Del Piero cruzou da esquerda e Luca Toni deu um toque de cabeça, acertando bem rente à trave. Por duas vezes seguidas a Azzurra chegou quase lá se não fos-se o goleiro australiano Schwarzer a defender seu time.

Buffon aos 29 minutos tirou a Itália da ame-aça do time adversário: Neill deu um toque de cabeça para o alto. A bola sobrou com o lateral-esquerdo Chipperfi eld, que chutou forte, mas o goleiro defendeu.

Ainda para piorar a situação da Azzurra aos 5 do segundo tempo, Materazzi, que ainda não

tinha levado nenhuma falta, foi ex-pulso ao dar um carrinho pela frente em Bresciano, da Austrália. Com um a menos, Lippi tirou Luca Toni para colocar o zagueiro Barzagli.

O resultado veio somente aos 50 minutos do segundo tempo com a façanha de Totti, que fez a cobran-ça do gol e garantiu uma vaga da Azzurra às quartas-de-fi nal.

Em 2002, os italianos foram eli-minados pelos anfi triões coreanos nas oitavas-de-fi nal. Na época, mar-cada por uma arbitragem polêmica do equatoriano Moreno. No jogo, o meia Francesco Totti recebeu cartão vermelho por suposta simulação de falta. Além disso, os italianos tive-ram um gol anulado na prorrogação, e a Coréia do Sul acabou vencendo o jogo de lambuja.

QUARTAS-DE-FINALA Itália mostrou-se desta vez em grande vanta-gem contra a Ucrânia, com o melhor resultado até agora de 3 x 0, embora desfalcada com o za-gueiro Alessandro Nesta, que fi cara fora do con-fronto em virtude de uma lesão na coxa. — Perdemos Totti por três meses com uma le-são, depois Zambrotta, Gattuso e Nesta — disse o treinador.

Do lado ucraniano, Shevchenko seguiu como titular no seu time. Por anos o atacante defen-deu o Milan, mas nesse jogo deixou de lado seu afeto pelos amigos italianos, pensando em obter a classifi cação para seu time.

Logo aos 5 minutos do primeiro tempo, a Azzurra já garantia sua classifi cação: Totti tocou de letra, Gusin fi cou no chão, Zambrotta avan-çou e bateu forte, de longe, no canto esquerdo. Seu gol atingiu um raio de 25 metros de distân-cia a 107 km/h. A Ucrânia não conseguia chegar

Não teve Ronaldinho Gaúcho, Zidane, Ronaldo, Riquelme, Tevez ou Ballack. Quem levantou o ‘caneco’ foi Cannavaro e a Copa do Mundo ficará por quatro anos em Roma

Itália campeã!

Marcos Petti(Especial para Comunità)

Azzurra comemora passagem para as oitavas

Luca Toni e Del Piero felizes com a classificação

A torcida enlouquecida fez, literalmente, a cabeça para a Copa da AlemanhaFo

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perto e uma tentativa frustrada de gol foi vista aos 32 minutos, com Tymoschuk.

Aos 4 do segundo tempo, Gusin cabeceou no canto direito e Buffon defende sua bola. Mais uma vez aos 12 segundo tempo, Buffon defendeu um chute forte de Gusev vindo pela direita da área. O segundo gol para deixar a tor-cida orgulhosa aconteceu aos 14 minutos: Toni, o camisa nove, fez de cabeça após cruzamento de Totti.

Luca Toni fecha com chave de ouro seu se-gundo gol aos 23 minutos. Zambrotta entrou pela esquerda, driblou dois zagueiros e passou para o atacante tocar para o gol vazio.

Ao fi nal da partida, Cannavaro e Ferrara er-guem uma faixa com os dizeres “Pessottino sia-mo con te” dedicada ao amigo de campo que foi hospitalizado por tentativa de suicídio.

ENQUANTO ISSO, NA CANTINA... A semifi nal contra a Alemanha foi motivo de muita vibração e entusiasmo nas cantinas de São Paulo. Mas também de sofrimento e angús-tia. Os torcedores bradavam, alguns chegaram ao fi nal do jogo quase sem voz. E a cantina fi cou pequena para a folia dos fanáticos, que se entu-siasmaram com a vitória da Seleção pelos 2 gols nos últimos minutos da prorrogação: o primeiro de Grosso, aos 13 minutos e, o segundo, aos 14, de Del Piero. As duas equipes demonstraram bas-tante equilíbrio e com uma boa defesa. Foi a vez de a Azzurra mostrar aos anfi triões a que veio, já que na Copa de 1990 os alemães venceram o tricampeonato em solo italiano.

Para o “Gran Finale”, muita energia positiva com arruda acompanhava os torcedores da Azzur-ra em São Paulo. A grande concentração foi no

reduto tradicional da ‘italianada’, no Bixiga, em São Paulo. Milhares deles caíram no ritmo do ‘Fu-niculí-Funiculá’, do hino do Palmeiras e do samba também. A principal rua do bairro, a Rui Barbosa, fi cou tomada pela alegria e euforia da torcida.

Leandro Poli, emocionado, disse que “mun-dialmente a Itália passa a ter mais ‘força’”.

Bruno Stippe, fanático de carteirinha, disse que “a defesa do time é imbatível”.

— A Itália veio evoluindo com consciência, sem fazer um jogo de espetáculo — argumenta.

Pierluigi Lucchesi, 60 anos, declara que “vi-vemos aqui e isso reaviva a chama de ser italia-no, que não se apagará”.

Uma cantina da região fez um desafi o em co-memoração à Azzurra. Se viesse o título oferece-ria 500 quilos de macarrão. E, por ironia do des-tino, tudo acabou em macarrão desta vez.

No Rio de Janeiro, a última partida da Co-pa já demonstrava, desde o início, que os ventos sopravam a favor da Azzurra. Um problema técnico durante a exibição

do jogo no Consulado da França, vizinho ao da Itália, impediu que muitos franceses vissem o início da disputa. A partir daí, não bastou muito para que fosse provocada uma verdadeira corre-ria ao território italiano.

A francesa Emilie Floch, 26 anos, originária de Nantes, confessou ter fi cado aliviada ao po-der ver, ao menos, o pênalti a favor de seu país, batido logo no início do embate.

— Corri muito e deu tempo para ver o nosso gol. Não tive problemas em fi car aqui — ressalta Emilie, morando há dois meses no Rio.

Em meio a gritos de encorajamento e palavras de ordem como “fora”, no momento em que o cra-que francês Zidane foi expulso, os cerca de 700 italianos que foram ao consulado eram só euforia. Durante a partida, recheada de suspense e também

de comida e vinho, um dos mais empolgados era o menino Pierpaolo Piccardi [capa], 6 anos, que, vez ou outra, largava sua bola de brinquedo para espiar o jogo no telão exposto no quarto andar.

— Gosto de futebol e sou fl amenguista. Mas hoje o meu craque favorito é o Buffon — comen-ta o menino referindo-se ao goleiro italiano.

A italiana Francesca Angeloni, 32 anos, em férias no Rio, veio visitar seus pais que moram em Ipanema e, ainda, assistir ao jogo de sua na-zionale no Consulado.

— Foi um belíssimo espetáculo e valeu ter vin-do aqui ver o jogo. Itália e França têm rivalidades históricas — diz Francesca, que vive em Roma.

Além dela, a dona de casa Modestina Pinno-la, 45 anos, acompanhada de suas fi lhas Bianca, 9, e Chiara, 11, aproveitou a festa para reunir a família e comemorar. Segundo ela, fi lha de cala-breses, o momento foi inesquecível.

— Foi marcado por muita emoção e sofrimen-to. Mas eles tiveram o mérito de ganhar. Meu co-

ração bateu forte, vibrei e chorei — lembra Mo-destina, que considera o jogador Luca Toni como um dos melhores da Azzurra.

Para o cônsul da Itália, Massimo Bellelli, que, assim como sua esposa Matilde, fez ques-tão de vestir a camisa Azzurra, a equipe italiana foi marcada pela garra e a capacidade de contro-le que evoluíram a cada jogo. Quanto aos fran-ceses que foram assistir ao jogo no consulado, ele foi enfático:

— Chamamos os franceses de “nossos pri-mos” na Itália, mesmo sabendo que em toda família, existem os bons e os maus momentos. Mas quero ressaltar aqui que a maior comunhão é entre brasileiros e italianos — afi rma, depois de conclamar os presentes a uma carreata pela orla da zona sul carioca.

E que o diga um dos funcionários do Con-sulado, Sebastião de Moura, 42 anos. Afi nal de contas, quem o visse, admitiria se tratar de ape-nas mais um italiano em pleno momento de êx-tase após o jogo.

— Foi tudo ótimo e o jogo foi marcante. A hora em que Zidane foi expulso foi a mais emo-cionante para mim. De qualquer modo, todos os italianos jogaram bem e isso é o que importa — comemora o brasileiro, momentos antes de a rua do consulado, a avenida Antonio Carlos, no centro da cidade, fi car repleta de torcedores ita-lianos e carros ao som de buzinas. Puro êxtase italiano. Por algumas horas a cidade do samba se transformou na cidade da tarantella.

Espírito democráticoRosangela Comunale

Acima, o casal Bellelli: apreensivos durante a partida, comemoram horas depois com torcedores oriundi, a vitória da Itália na Copa. Eufóricos, descendentes cantam em frente ao Consulado da França, no Rio

Explosão de alegria de norte a sul do país. Os italianos festejaram a conquis-ta do tetracampeonato soltando rojões, exibindo bandeiras e gritando "campio-

ni del mondo". Já no jogo da semi-fi nal contra a Alemanha, milhares de pessoas tinham se reunido nas principais praças das grandes ci-dades, para torcer e comemorar. Com a vitória e a classifi cação para a grande fi nal contra a França, no domingo, dia 9 de julho, o otimis-mo cresceu tanto que somente em Roma mais de 200 mil pessoas se reuniram para torcer pe-la Nazionale Azzurra. A prefeitura instalou um mega telão de 50 metros e dois de 25 no Circo Massimo. Mas não faltou entusiasmo também em praças, bares, restaurantes e nas casas es-palhadas pelos bairros da capital. Ao fi nal do jogo, a impressão que se tinha era de uma grande festa de virada de ano, dado a grande quantidade de fogos de artifício.

Em Milão não foi diferente. Os bondes para-dos na praça ‘Cinque Giornate’ começaram fazer buzinaços, anunciando a vitória da seleção ita-

liana. Milhares de torcedores ocuparam a praça Duomo, enquanto que um grupo com bandeiras da Itália chegou a escalar o monumento com a estátua de Vittorio Emanuele. Nápoles, cidade do capitão Cannavaro, não economizou nos fo-gos de artifício e explodiu de alegria poucos se-gundos após o último pênalti. A torcida festejou na praça Vittorio, na rua Caracciolo e na riviera di Chiaia. Praça San Carlo foi o lugar escolhido pelos habitantes de Turim para torcer e festejar a vitória, enquanto que em Palermo, nem mesmo a chuva estragou a festa de milhares de pessoas que assistiram ao jogo na praça Castelnuovo. Co-mo aconteceu em praticamente todas as cidades italianas, em Bolonha as pessoas comemoraram com carreatas, logo após terem assistido ao jogo na praça Maggiore.

Grande emoção sentiram as crianças, ado-lescentes e jovens nascidos após a conquista do último campeonato em 1982. Mas para Giu-seppe Massaro, 9 anos, de Avezzano, província de L’Aquila, a fi nal teve um gostinho todo espe-cial. Ele realizou o sonho de entrar em campo

acompanhado de seu ídolo, o capitão da sele-ção Fabio Cannavaro. Massaro foi uma das cinco crianças italianas que participaram do concurso ‘McDonald’s Player Escort’ e foram escolhidas pa-ra acompanhar a entrada dos jogadores nas par-tidas da Copa. E exatamente Cannavaro confes-sou ter se comportado como uma criança, após a vitória. “Preciso confessar uma coisa — disse à imprensa — dormi abraçado à copa, junto de meu fi lho Christian”.

DE VOLTA PARA CASANo dia seguinte à vitória na Alemanha, o avião que trouxe a seleção italiana, organizadores e alguns familiares, aterrissou no aeroporto mi-litar de Pratica di Mare, Roma, por volta de 19 horas. O técnico Marcello Lippi e o capitão Fa-bio Cannavaro foram os primeiros a aparecer na porta do avião, trazendo consigo a copa doura-da e levando ao delírio as centenas de torcedo-res ali presentes.

A comitiva seguiu do aeroporto rumo ao centro histórico de Roma, onde era esperada por membros do governo no Palácio Chigi. Recep-cionados pelo primeiro ministro Romano Prodi, pela ministra para as Políticas Juvenis e as Ati-vidades Esportivas Giovanna Melandri, e demais autoridades presentes, os membros da seleção italiana foram presenteados com uma medalha da presidência do Conselho.

A próxima e última etapa da maratona dos campeões foi festejar a vitória no Circo Massimo junto a centenas de milhares de fãs. Ao longo de todo o percurso um mar de gente composto por homens, mulheres, crianças, em carros, casas,

Euforia AzzurraAna Paula Torres

Correspondente • ROMA

Jogadores são recebidos como heróis em Roma doze anos depois de perder o tetra para o Brasil também nos pênaltis

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praças, ruas, exaltava os jogadores com gritos, cornetas, faixas, bandeiras. Roma parou, o trân-sito enlouqueceu. Cerca de um milhão de pes-soas vindas também de outras cidades fi zeram uma grande festa para os azzurri. E eles, a bordo de um ônibus descoberto, responderam com um entusiasmo que incendiou a multidão. Cannava-ro puxou o coro, gritando, sorrindo e dançando. Buffon, Totti, Grosso, Gattuso, Del Piero, segui-ram o capitão, aumentando ainda mais a euforia dos torcedores.

E não terminou assim. Em uma noite de lua cheia, em que reinava uma atmosfera mágica, no Circo Massimo, o prefeito de Roma, Walter Vel-troni, anunciava que aproximadamente 700 mil pessoas estavam esperando a chegada dos jo-gadores, enquanto outros torcedores ainda ten-tavam se aproximar do local. Quando o ônibus dos azzurri conseguiu fi nalmente chegar ao Circo Massimo, o ator e diretor Carlo Verdone assumiu a função de mestre de cerimônias, anunciando a entrada de cada um dos membros da seleção. Ao som de "We are the Champions" e fogos de artifício, todos festejaram a conquista da Copa do Mundo.

Mas infelizmente nem tudo correu como se desejava, durante as comemorações nas cida-des italianas. Alguns torcedores não seguiram os conselhos de Giovanna Melandri, Ministra para as Políticas Juvenis e as Atividades Espor-tivas, e de Giuliano Amato, Ministro do Interior. Em uma declaração conjunta, ambos pediam às pessoas para que festejassem com calma e sem violência.

— Vencemos a Copa do Mundo com o cora-ção. Agora não vamos perder a cabeça — afi r-maram os ministros.

Em cidades como Roma, Nápoles e Palermo, ocorreram atos de vandalismo que destruiram vi-trines de lojas e carros. Em Rieti, um jovem per-deu dois dedos de uma das mãos por causa de um rojão. Luigi Salimbene, 16 anos, de Buccino, província de Salerno, morreu em um acidente de carro durante as comemorações. Em San Michele di Pagano, localidade próxima a Portofi no, Carlo La Cavenaghi, 20 anos, morreu enquanto come-morava com amigos a bordo de um barco. Em Enna, outro jovem sofreu ferimentos graves ao cair do teto de um carro quando festejava a vi-tória na Copa.

EFEITO POSITIVOA vitória da Itália na Copa do Mundo poderá in-fl uenciar positivamente a economia do país, se-gundo uma pesquisa realizada pela Meta Comu-nicações. Foram entrevistados 50 publicitários e especialistas em comunicação que afi rmaram valer mais de 500 milhões de euros a imagem do capitão Fabio Cannavaro, erguendo a copa no domingo à noite, no estádio de Berlim. Foi como se a Itália tivesse feito uma campanha publicitária a seu favor, difusa em todos os ân-gulos do mundo. A tendência é que a imagem do país fi que em evidência de modo positivo, contribuindo não somente à venda de produtos italianos no exterior, mas infl uenciando todos os setores da economia. Um primeiro efeito a favor da imagem da Itália foi provocado ainda antes da vitória, através da bravura, mas sobretudo, da simpatia dos jogadores, que com seus sorrisos conquistaram a admiração do público no mundo todo. O melhor goleiro do mundo explicou por-que a seleção italiana é tão amada.

— A nossa seleção deixa de lado os requin-tes. É mais rude, mas as pessoas gostam mais — declarou Buffon à imprensa local.

Feliz com a vitória, a torcida italiana comemorou o tetra até o dia seguinte. Após o jogo, estudantes páram o trânsito nas ruas de Roma

No Olympiastadion faixas incentivam os Azzurri na final, em Berlin. A vitória também influenciou na economia italiana

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Se para o poeta Vinícius de Moraes, “beleza é fundamental”, que o digam as mulheres em tempos de Copa do Mundo. Na verda-de, muitas, alheias às partidas, procuram

um motivo a mais para torcerem por uma de-terminada seleção e acabam por eleger o galã da vez. O resultado? Nem Kaká, nem David Be-ckham. Pelo menos, esses nomes fi caram em se-gundo plano numa lista dos “bonitões” do mun-dial divulgada pela imprensa na Itália.

O júri, basicamente composto por mulheres ita-lianas, dentre elas, a jornalista da RAI Paola Ferrari e a psicóloga Isabella de Martini, elegeu o atacante da Azzurra Alberto Gilardino o mais belo de todas as seleções participantes. E não é somente ele que completa o pódio com a beleza mediterrânea.

Em segundo lugar, foi eleito seu companhei-ro de equipe, o zagueiro Alessandro Nesta. Já em terceiro, o inglês Michael Owen. Os resultados da pesquisa chegaram a ser publicados pela revista Chi. O britânico David Beckham aparece em quar-to, seguido pelo português Luis Figo, o italiano Luca Toni e o português Cristiano Ronaldo. O pa-raguaio Roque Santa Cruz, eleito na Alemanha o mais bonito, também não foi lembrado pela co-missão julgadora. No entanto, o critério utilizado pelas mulheres para analisar a beleza individual de cada jogador do Mundial não foi divulgado.

Ainda durante a Copa, Gilardino chegou a ser um dos escolhidos pela assessoria de imprensa da seleção italiana para falar com os jornalistas no estádio de Duisburg, na Alemanha. Em meio às indagações sobre os jogos, uma, de uma repórter italiana, o deixou desconsertado: “Como você se sente sendo considerado o jogador mais bonito

do Mundial?” Ele fi cou enrubecido, e respondeu: “Meu trabalho é jogar bem, mas é um orgulho que me considerem bonito”. Depois, disse que a namorada, Alice, morre de ciúmes dele.

Quanto aos giocatori, não é difícil perceber uma inerente vaidade entre eles. Um dos que guardam, neste quesito, uma certa dose de exa-gero é Francesco Totti. Segundo a estilista Joyce Pascowitch, para a estréia contra Gana, ele fez seu cabeleireiro pegar um vôo até a Alemanha só para acertar suas madeixas.

Mas não é apenas na terra de Paolo Rossi que os jogadores italianos causam frisson entre a mulherada. A modelo brasileira Mari Alexandre, de 32 anos, recentemente, declarou suspirar por eles, apesar de ter torcido fi elmente pela sele-ção canarinho. Além dela, a estudante Juliana dos Santos, 18, admite também apreciar o porte físico da equipe da Azzurra.

— O mais bonito de todos os participantes da Copa foi, sem dúvida, o Alessandro Nesta. Não adianta: a beleza dele é diferente, um típico ita-liano. Tem um appeal maravilhoso e não perdi nenhum jogo da Itália por causa disso — encan-ta-se Juliana.

Em relação à ala de torcedores masculinos, comum é ouvir críticas em relação ao sex appe-al dos jogadores da Azzurra. De acordo com o engenheiro Paulo Costa, 30, os italianos pode-riam mostrar um futebol ainda mais efi ciente em campo caso não manifestassem uma preocupa-ção exacerbada com a aparência física.

— Eles se preocupam em ajeitar os cabelos ou endireitar suas camisas. Até parece que estão numa passarela. Assim não dá para jogar fu-

tebol. Foram campeões mas, na minha opinião, poderiam ter oferecido uma melhor qualidade de jogo se isso não acontecesse — analisa.

Mesmo com questionamentos, o que não dá para negar é a infl uência do mundo fashion na equipe italiana. Por exemplo, o uniforme utilizado nesta Copa foi desenhado pela dupla de estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabana, da D&G [marca italiana consagrada mundialmente]. A vestimenta trazia a numeração e o nome em dourado.

Nada mais surpreendente para um país que tem uma das grifes italianas mais consagradas. A Armani é uma das maiores empresas de moda de luxo do mundo, com 4,8 mil empregados e 13 estabelecimentos de produção.

Agora, terminado o show de beldades mas-culinas da Copa, resta à mulherada assistir aos campeonatos nacionais. E muitas resolveram até pesquisar os times de seus ídolos a fi m de que não os percam de vista.

— Fiquei triste com o término deste campeo-nato mundial. Mas não tem problema. Verei todos os jogos dos times italianos, principalmente os do Juventus que tem o Cannavaro. Descobri que ele é deste time — complementa a recepcionista Car-la Oliveira, 25, fã do zagueiro italiano.

Jogadores da Azzurra são eleitos os mais belos pelas mulheresRosangela Comunale

Beleza que põe mesa!

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À esquerda, Cannavaro em pose sensual e ao lado da Azzurra com Zambrotta, Gattuso, Pirlo e Blasi.

No detalhe, o “eleito” pelas mulheres: Gilardino

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Comportamento

O apelido é brasileiro. A essência? Defi -nitivamente italiana. A verdade é que a mãe dele talvez não tenha imaginado o quanto esse codinome seria ecoado

pelo mundo quando o inventou. Aos 60 anos de idade, comemorados este mês, Antonio Pecci Fi-lho, o cantor Toquinho, travou uma proximidade com a bota que parece transcender a geografi a e suas raízes.

Afi nal não é à toa que o artista elegeu a Itá-lia como segunda Pátria e, de quebra, já partici-pou de festivais como o de Sanremo, gravou com Sergio Endrigo, Ornella Vannoni, dentre outros nomes consagrados da música italiana. Os mo-tivos referentes à tamanha identidade cultural, ele mesmo explica:

— A naturalidade do povo italiano é admi-rável porque aglutina as pessoas em torno da transparência das atitudes, sempre cercadas pe-la boa educação e respeito aos outros. É incrí-vel a capacidade de equilibrar o temperamento entre a gargalhada e o choro, fazendo com que tudo termine na encantadora alegria de viver, comemorada sempre em meio à pasta e ao vi-nho. Isso sem contar com o amor pela música e pelo futebol que os italianos também têm — conta Toquinho.

Dos antepassados italianos, o cantor de-monstra orgulho e faz questão de enumerá-los. Segundo ele, seus avós paternos Giovanni Pecci, nascido em Molise, e a calabresa Filomena Aga-zio Pecci chegaram ao Brasil nos idos de 1895.

De onde vem o som de Toquinho?

Cantor fala do orgulho de ser oriundi e da carreira no exterior

— Meu avô Carlos, da parte materna, foi um grande industrial do ramo da metalurgia. Já o ou-tro, Giovanni, ao chegar ao Brasil, trabalhou na construção de uma estrada de ferro no interior de São Paulo. Depois transferiu-se para a Capital, onde foi condutor de bonde e motorista de ôni-bus, chegando a criar uma empresa que mantinha uma grande frota de veículos que circulavam pela cidade São Paulo. Eles se constituíram em raízes das quais foi germinada uma família de homens e mulheres fortes e capazes — admira.

Sobre seu vínculo com a Itália, o cantor lembra que fi cou ainda mais fortalecido a partir de 1969, quando chegou a passar sete meses naquele país, ao lado de Chico Buar-que, impedido de pisar em terras brasileiras por conta do regime militar. De acordo com Toquinho, foram realizadas, na épo-ca, trinta e cinco apresen-tações em várias cidades italianas nos quais ele fazia o show de abertura para a cantora americana Josephine Baker.

— Mais tarde, em 1971, já com Vinicius de Moraes, gravamos, em italiano, algumas de nos-sas primeiras músicas, com versões de Sergio

Bardotti. A partir de então, passamos várias ve-zes pela Itália em atuações que fi caram marcadas pelo disco “La voglia, La pazzia...”, gravado com Ornella Vanoni em 1976 e pelo show com Vini-cius, Jobim, Miúcha e eu em 1978 — recorda.

Dos hits mais badalados na Itália, Toquinho destaca a importância da canção “Acquarello”, sucesso no país na década de 80. Quanto às parti-cipações no Festival de Sanremo, ele é enfático:

— É sempre dignifi cante participar dele. Estive em 1992 interpretando junto com Paula Turcci minha canção “Nas asas de um violão”. Lá estavam também Tina Turner, Ray Charles e Rod Stewart. Já em 1999 fi z parte do júri ao lado de Carreras, Enio Morricone e Carlos Verdone. San-remo é sempre um espetáculo grandioso — ana-lisa o parceiro de Vinícius de Moraes.

TURNÊ POR ESPANHA E ITÁLIAO cantor aproveita para falar sobre uma caracte-rística do mercado fonográfi co europeu que, se-gundo ele, acaba proporcionando maior fi delida-de ao artista e, conseqüentemente, melhores re-sultados econômicos. Por conta disso, inevitável, por parte dele, a abordagem do termo “pirataria” em tempos nos quais CDs falsifi cados são vendi-dos a preços ínfi mos nas ruas de todo o Brasil.

— Talvez o mercado europeu seja mais fi el aos seus artistas. Em toda Europa, a fi scalização sobre a pirataria é mais efi ciente, evitando o que acon-tece aqui no Brasil. Quanto ao selo independente, acredito que é uma saída para a crise do mercado fonográfi co, permitindo maior fi scalização e con-trole sobre as tiragens e as vendas — refl ete.

Mas está enganado quem pensa que Toquinho vive apenas das experiências vividas num passa-do que traz à tona mais de 300 canções, oitenta e cinco discos gravados e cerca de cinco mil sho-ws realizados no Brasil, Europa, América Latina e Japão. Este mês ele já está no velho continente para uma série de apresentações que incluem ci-dades espanholas e italianas como Chieti, Fer-rara, Limena, Terni, Mascalucia e Lamezia. Além disso, seu último cd “Mosaico”, lançado em ou-tubro do ano passado, resultou em 12 canções criadas para a trilha musical de uma peça de tea-tro em homenagem ao descobrimento do Brasil.

— Esse trabalho é fruto de uma parceria com Paulo César Pinheiro. São músicas que retratam o Brasil desde sua descoberta pelos portugueses, numa lúdica e bem humorada comparação aos dias atuais — resume.

Comportamento

Rosangela Comunale

O cantor oriundi gravou inúmeras canções em italiano

Betty Cutis faleceu em 15 de junho, em uma clínica nas proximidades do lago de Lecco, região de Milão, após lutar por um longo período contra uma grave do-

ença, que não foi revelada ao público. Foi consi-derada uma das mais famosas vozes do grupo de ‘urlatori’ [gritões], nome dado aos cantores que possuiam vozes potentes e marcantes. O movi-mento se afi rmou entre os anos 50 e 60 e se ins-pirava nos modelos da nova música americana, como Bill Haley e Elvis Presley. Foi a introdução do rock na Itália, que contou com a adesão de muitos artistas ainda hoje na praça, como é o caso de Adriano Celentano.

Roberta Corti, nome de batismo de Betty, nas-ceu em Milão em 1936. Descoberta musicalmente por Teddy Reno, desde o início começou a fazer grande sucesso. Participou inúmeras vezes do Festival de Sanremo, também intitulado Festival da Canção Italiana. Considerado um dos mais im-portantes encontros musicais do mundo [prova-velmente, o mais importante da Europa], o evento começou a ser realizado em 1951, antes mesmo da chegada da televisão na Itália, em 1955, e continua sendo um renomado evento tanto para os músicos como para a crítica especializada.

Seu dèbut no Festival de Sanremo aconte-ceu em 1959, com ‘Nessuno’, ao lado de Wilma De Angelis, outra iniciante na época. Em 1960, voltou a se apresentar com duas músicas: ‘Amore senza sole’, em parceria com Johnny Dorelli, e

‘Non sei felice’, com Mina. De 26 a 28 de janeiro de 1961, participou da 11ª edição do festival, vencendo com ‘Al di là’, em companhia de Lu-ciano Tajoli. Naquele ano, com a sua interpre-tação, Betty conquistou o júri e bateu nomes como Adriano Celentano e Little Tony, segundos classifi cados com ‘24mila baci’, e Milva e Gino Latilla, terceiro lugar, com ‘Il mare nel casset-to’. A sua canção vencedora, que iniciava com os versos: Al di là/ Del bene più prezioso ci sei tu/ Ci sei tu/ Al di là/ Del sogno più ambizioso ci sei tu… foi logo em seguida gravada também por Mina, que obteve muito sucesso.

Em 1962, Betty Curtis chegou ao primeiro lu-gar nas rádios com a versão italiana de ‘Chariot’, lançada na França por Petula Clark. Mas também fez muito sucesso com seu próprio repertório, co-mo: ‘La pioggia cadrà’, ‘Una marcia in fa’, ‘Aiutami a piangere’, ‘Più forte di me’, ‘Cantando con le la-crime agli occhi’ e ‘Scegli me o il resto del mondo’.

Voltou ao Festival de Sanremo, com Petula Clark, em 1965, com ‘Invece no’; e pela última vez, em 1967, com ‘È più forte di me’. A partir daí, Betty fi cou ausente e dedicou-se quase que exclu-sivamente à família. Suas aparições na televisão passaram a ser raras e breves.

Com a sua morte e a falta de reconhecimento dado a Betty Curtis no passado, há quem lhe reivin-dique o título de mãe das ‘urlatrici’ [gritonas]. Foi ela quem abriu caminho para artistas como Mina e, provavelmente, se esta não tivesse surgido exa-

tamente no mesmo período, Betty teria tido muito mais sucesso em comparação àquele que obteve realmente. Ambas possuiam as mesmas qualidades, mas Mina, talvez pelo seu gênio mais altivo, soube como se afi rmar muito mais que Betty.

— Ela leva consigo parte do meu coração, éra-mos muito amigos. Betty era uma mulher extraor-dinária, bonita e boa, uma grande profi ssional com uma voz única. Nunca foi tratada de acordo com o seu real valor, e na Itália, quem é bom e correto acaba deixado de lado. E ela era sempre dispo-nível, gentil com todos, pode-se dizer que era a cantora do povo. Muitas vezes cantamos juntos, na Itália e no exterior. Quando venci o Festival de Sanremo, em 1960, com a canção ‘Romantica’ ela estava na platéia torcendo. E gritava com toda a voz: ‘vai Tony, mostre a eles como se canta!’. Era uma verdadeira artista. Sentirei sua falta — de-clarou comovido, o cantor italiano Tony Dallara.

Wilma De Angelis também relembra a colega e amiga:

— Para mim foi uma notícia horrível. Nos anos 60 ela vendia milhões de discos, era a mais famosa entre nós, uma estrela. Soube de sua mor-te através de seu marido, que junto do fi lho, es-teve ao seu lado até o último momento. Betty estava doente e tinha deixado o mundo artístico. Nosso último trabalho juntas foi na televisão, no ano passado, como convidadas no programa de Fiorello [cantor e apresentador italiano] — desa-bafa De Angelis.

Adeus a

Diva do Pop rock nos anos 60 e da voz mais famosa da Itália a cantora deixa órfãos os amantes de sua música na Bota

Ana Paula TorresCorrespondente • ROMA

Betty Curtis

Em 1961, Betty Curtis, uma das mais brilhantes cantoras de sua época, venceu o Festival de Sanremo com a musica ‘Al di là’

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Planeta em perigo

Dados do Conselho Nacional Americano de Pesquisas apontam que, nos últimos 25

anos, a temperatura do planeta sofreu um au-mento de 0,7°C desde o início do século 20, sendo que 0,5°C dessa elevação ocorreu de 1978 até hoje. A pesquisa foi realizada com análises em todo o mundo e demonstra que a temperatura média global é a mais alta dos últimos 400 anos. Essa mudança climática é provocada pelo efeito estufa que continua em constante crescimento e pela ação do homem.

Junho infernal em toda a Itália, com tem-peraturas em média de 6 graus superiores aos valores normais da estação. Além do calor excessivo, a umidade relativa do ar,

freqüentemente entre 90 e 95%, agravou ainda mais a situação. Tudo culpa de uma massa de ar proveniente da África que se estacionou sobre a Europa, chegando até mesmo à Escandinávia.

Para resistir ao calor, os principais conselhos de médicos e proteção civil foram os de evitar sair de casa durante as horas mais quentes do dia, beber muita água e redobrar o cuidado principal-mente com crianças e idosos, estes representam a parte mais indefesa da população. Segundo o Mi-nistério da Saúde italiano, cerca de 1,5 milhão de idosos sofrem risco de morte devido ao forte calor. Mas mesmo assim houve o agravamento do quadro

clínico de muitos pacientes e a morte repentina de algumas pessoas, como aconteceu com Maria Angela Martini, 70 anos, que faleceu em Cagliari, caindo em frente à porta de sua casa, enquanto esperava um táxi, e Nicola De Dominicis, 51 anos, que se sentiu mal na praia de Varcaturo.

O calor abafado fez com que o consumo de energia elétrica chegasse a níveis recordes de-vido ao uso de ar-condicionado e ventiladores. Também houve aumento nas vendas de frutas, como melão e melancia, de sorvetes, sucos e demais alimentos que pudessem contribuir no combate à desidratação e ao aquecimento peri-goso do organismo.

Em toda a península, os governos regionais criaram planos operacionais para a prevenção de ondas de calor e para socorrer os cidadãos mais

necessitados, como é o caso dos idosos que vivem sozinhos e em modestas condições econômi-cas. Somente em Roma, o tele-fone “118” recebeu uma média de 100 chamadas por dia de pessoas que pediam socorro em casos de desmaios e indisposi-ções variadas, ligadas à queda da pressão arterial.

No Lazio, até dia 15 de se-tembro, o plano em vigor vai fornecer uma previsão dos dias de risco e publicar boletins no site da região e da proteção ci-vil, além de fazer a identifi ca-

ção da população idosa em perigo, e defi nir co-mo atuar na prevenção social. O plano também se estende ao litoral que, ao longo dos seus 300 quilômetros de praia, conta agora com um maior número de ambulâncias.

Em Roma, o nível de emissão de gases po-luentes voltou a superar os limites aceitáveis devido às condições atmosféricas que não per-mitiram uma disperção maior das partículas no ar. Para enfrentar o problema, a prefeitura da capital proibiu a circulação dos veículos que poluem mais, como carros sem catalizador, au-tomóveis velhos movidos a diesel e alguns mo-delos de motos.

De acordo com o ‘Telefono Blu’ [Associação do Serviço ao Turista] cerca de 14 milhões de italia-nos deverão passar uma média de 10 dias no lito-ral ou nas montanhas durante as férias de agos-to. O restante da população, aproximadamente 6 milhões de pessoas, provavelmente deva fazer o mesmo nos fi ns de semana para fugir do calor.

ÁRIDO ITALIANOComo aconteceu em 2003, de norte a sul, a Itá-lia está sofrendo com a seca. O nível dos rios e lagos no norte do país está chegando aos valo-res mínimos históricos e, se as condições cli-máticas não mudarem nas próximas semanas, o problema irá se agravar também no centro e sul, com uma inevitável recaída sobre os preços dos produtos para os consumidores.

Devido ao calor abrasador de junho, o leito do rio Pó está seco em alguns pontos, onde é possível caminhar a pé. Um fenômeno pareci-do ocorreu somente em 1962, quando os parti-cipantes de uma competição de natação foram obrigados a nadar em alguns trechos e correr em outros. Em Cremona, o nível hidrométrico chegou a -7,6 em relação à média. Com uma si-tuação tão crítica, existe grande probabilidade de perda das plantações de arroz, milho e hor-tofrutas. A Confagricoltura [Federação dos Agri-cultores] solicitou o estado de calamidade para as regiões Piemonte e Lombardia, mas o Veneto também apresenta campos quase totalmente se-cos. O quadro ainda pode piorar se a escassez de água atingir também as habitações.

Na ilha italiana da Sardenha, a temperatura superou os 30 graus, com cerca de 15% do ter-ritório registrando mais de 40. Com base nos da-dos recolhidos pelo serviço meteorológico local, a temperatura máxima foi registrada na localidade de Ottana, com 44,3, ou seja, 12,8 a mais em re-lação às médias da estação.

O novo SaaraAna Paula Torres

Correspondente • ROMA

Massa scirocco provinda da África sufoca europeus com temperaturas em torno dos 44 graus e deixa a Itália em alerta

Nem mesmo os animais estão suportando o calor excessivo que atinge a Europa neste verão

Arte

São Paulo — L’universo immaginario del disegnatore e incisore Marcello Gras-smann è munito di forme più che mirabo-lanti, dove essere umani convivono con

creature dai volti diabolici, meduse e animali come gatti e cavalli, in un’atmosfera che ora si mostra tesa e violenta, ora lieve e sensuale.

L’artista di São Simão, città distante 285 chilometri da San Paolo, ha avuto 53 dei suoi di-segni e 20 delle sue incisioni esposti all’Istituto Moreira Salles di San Paolo all’inizio del mese, e ha già visto la sua opera venir etichettata come espressionista, simbolista e surrealista. Ma a lui non interessa. Se dovesse defi nirla con una paro-la, l’avrebbe chiamata anacronistica. E forse sarà vero, poiché, in un periodo in cui tutti vogliono essere moderni e diversi, lui continua ad utiliz-zare strumenti talmente “rudimentali”, come il pennello, la penna, l’inchiostro e il crayon, per fi ssare i suoi forti tratti, in forme zoomorfi che così comuni alla sua opera.

E’ stata la sensazione di anacronismo che l’ha convinto ad esporre nel 2001 le sue opere presso un antiquario. In quel periodo, ha visto che sa-rebbe stato più interessante esibirle là piuttosto che in una galleria moderna, con strutture fatte da scarpe, sacchi e bidoni vuoti.

Da quando Grassmann ha portato al pubblico il suo universo attraverso una mostra collettiva in-sieme ad altri tre artisti 60 anni fa, il suo lavoro è stato presente in 427 mostre individuali e colletti-

ve, delle quali 116 all’estero. Nonostante il cogno-me chiarisca subito l’origine tedesca della fami-glia, fu in Italia che Grassmann fece il suo debutto nello scenario delle grandi mostre internazionali, più precisamente a Venezia. La città dei 400 ponti accolse le sue opere durante le XXV, XXIX e XXXI Biennali di Venezia, una delle più importanti ma-nifestazioni di arte dello scenario mondiale. Oltre a conquistare il riconoscimento nello Stivale e nel resto del mondo, Grassmann conquistò il premio di arte sacra nella 29ª Biennale.

Gli italiani hanno anche potuto visitare due mostre individuali dell’artista a Milano e a Firenze, nella terza Biennale Internazionale di Arte Grafi ca, del Palazzo Strozzi, dove il cartonista ha ricevuto la medaglia d’oro per il suo lavoro. Ma il riconosci-mento non è rimasto ristretto alla penisola italica. Grassmann ha dimostrato il suo talento da Parigi alla Turchia e dall’Algeria all’India.

E persino in Brasile. Contraddittoriamente, il paese di Goeldi, Livio Abramo, e Iberê Camargo di solito non dà la stessa importanza alla stam-pa come quella che dà alle forme più tradizionali dell’arte, come la pittura e la scultura. Ma con Grassmann è stato diverso.

TRATTI DI GRASSMANNIl designatore ha aiutato a scrivere la storia dell’arte brasiliana partecipando alle sei prime Biennali di Arte di San Paolo. Da tre di queste, uscì ostentando titoli come “miglior disegnatore nazionale” e “miglior incisore nazionale”, negli

anni ‘50. Da allora, le sue stampe e disegni continuano ad emozionare quelli che non hanno paura di affrontare questo universo e riconosce-re in esso un po’ del suo mondo interiore. Uno spazio popolato dalla paura e dalla fantasia, ma precisamente quello che viviamo.

— Lui semplicemente trasforma la realtà che si vede dalla fi nestre in “più realtà”. E la prende per il valore del sogno, della fantasia, dei segni e del residuo memoriale delle esperienze, situato, forse, sotto la corteccia cerebrale degli esseri umani — ritratta il poeta Antonio Fernando de Franceschi, nel rendere omaggio a Grassmann durante mostra dell’ Istituto Moreira Salles di San Paolo.

Il destino, dall’altra parte, gli riservava un brutto scherzo. Nel Natale dell’anno scorso, la sua fedele mano destra non rispondeva ai comandi del

suo creativo cervello. Motivo: un’ischemia mi-nacciava la continuità della carriera di uno

dei più grandi incisori e disegnatore della sua generazione. Ma allora è arrivato il sol-lievo. Oggi possiamo vedere l’artista che adopera la sua penna in modo libero fa-

cendo dei bozzetti con la semplice e inusitata arte che nasce dal suo

immaginario.

L’anacronisticoForme scomode e avventate, a volte antropomorfiche, di Marcello Grassmann sono, crede l’artista, oltre al suo tempo

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Una mostra delle incisioni di Grasmann, conosciute e premiate internazionalmente

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Cultura

Accalorata arte di GenovaBallo, musica e poesia della regione Liguria sono esaltati nella città meravigliosa

Silvia Souza

“Ballo il ballo delle idee geniali aspet-tando che tu mi dica qualsiasi cosa

di nuovo”. Questo verso di Ballo, del poeta Claudio Pozzani, rias-sume la convergenza di diverse manifestazioni artistiche che il pubblico è andato a verifi care nello spettacolo “Un ponte poe-tico-musicale tra Genova e Rio de Janeiro”, presso l’Istituto Ita-liano di Cultura [IIC-RJ], lo scor-so 29 giugno. Nell’occasione, nonostante la bassa temperatura presente all’esterno della sala [il termometro segnava circa 18°C], la platea si è riscaldata grazie ai movimenti e alla sonorità di Ro-mina Uguzzoni e al tocco soave del pianista Fabio Vernizzi, che con la loro presentazione, hanno reso omaggio per più di un’ora alla regione Liguria, in particola-re alla città di Genova.

È stata la prima volta che l’IIC-RJ ha organizzato un tribu-to dedicato a immigranti e oriun-di di questa regione. Entusiasti del ritrovarsi a contatto con la cultura italiana, loro hanno po-tuto sentire canzoni di Fabrizio de Andrè, come Dolcenera e La canzone di Marinella; e di Paolo Conte, Genova per noi. Dalla manifestazione poetica, oltre a Ballo, sono state declamate, in italiano e portoghese, La donna dalle lacrime dolci [anch’essa di Claudio Pozza-ni], Batte botte, di Dino Campana e Meriggiare pallido e assorto, di Eugenio Montale.

Il direttore dell’Istituto Italiano di Cultura, Franco Vicenzotti, ha sottolineato che la fun-zione dell’istituzione è quella di promuovere eventi che facciano rifl ettere gli italiani e i loro discendenti. Per questo, secondo lui, in tutte le iniziative sono affrontati degli argomenti che riportano non solo all’Italia ma anche alle tema-tiche di attualità discusse nel mondo.

— Oggi abbiamo fatto una manifestazione secondo la tradizione genovese. I cantanti e i poeti di quei luoghi sono artisti e ci vuole un in-dissolubile collaborazione in questa produzione poichè il verso dei poeti è musicale. E inoltre c’è il ballo. Insomma, abbiamo visto la totalità del-l’espressione artistica — sottolinea Vicenzotti.

Malgrado l’assenza del poeta Pozzani, che per motivi personali non è venuto con il gruppo in Brasile, l’iniziativa è stata un successo. Il

pubblico ha avuto la conferma che non è per caso che a Genova si realizza il più grande festival della poesia Italiana. Sarebbe suffi ciente citare il premio Nobel Eugenio Montale [Ossi di seppia] e lo stesso Dino Campana [Canti Orfi ci], che a Genova ha creato dei capolavori.

Romina Uguzzoni e Fabio Vernizzi hanno dimostrato l’in-tesa acquisita nel periodo della tournèe di Insieme in Liguria (2003). Lei, cantando e ballando il Tip Tap [peccato che in alcuni momenti il pavimento scivoloso l’abbia costretta a non osare nei movimenti], lui, dimostrando al pianoforte quello che ha impara-to al Conservatorio “N. Paganini” orientato da Ermindo Polidori, in una serata in cui una parte di Rio si è trasformata nella simpatica città di Genova.

GENOVESE ILLUSTREUno degli spettatori più emozio-nati durante la presentazione al-l’IIC-RJ, era senza alcun dubbio l’attore genovese Nicola Siri. Lui ha commentato l’importanza del-le identità culturali e artistiche italiane. Secondo Siri, in Brasile si parla spesso della nostalgia dell’Italia riferita alla nazione, ma in realtà il sentimento si pro-va in modo più regionale. — Non c’è verso, quello che è di Genova è di Genova, della

Sicilia è della Sicilia e così via. Mi è piaciuto mol-to quello che ho seguito oggi, in particolare le canzoni di Fabrizio de André e Paolo Conte, che sono i nostri cantautori. Così come la scuola na-poletana di musica, quella genovese è nell’elenco delle più famose d’Italia e forse del mondo.

Siri, che ha interpretato Ciro Laurenza in Belíssima, telenovela di Silvio de Abreu, andata in onda su Tv Globo, ha garantito che trascor-rerà un periodo di due mesi in Italia, e dovrà tornare in Brasile a settembre per registrare i lungometraggi “Depois da Noite” (Dopo la Notte) e “Bellini e o demônio” (Bellini e il de-monio), quest’ultimo tratto dall’omonimo libro del chitarrista della band pop-rock Titãs, Tony Belloto, in cui dividerà il set con Malu Mader e Fabio Assunção. Ma afferma che adesso la sua casa è il Brasile.

— La mia carriera e la mia vita sono in Brasile. Almeno fi no al 2065 rimarrò qui — scherza.

“Non so se io sono il pensatore o un pensiero casuale. E in questi giorni di brillante noia

estiva c’è sempre un urlo lontano che

saltella” versi di Claudio Pozzani

Romina Uguzzoni e Fabio Vernizzi presentano quello che esiste a Genova di importante

nell’arte, musica e poesia

Cultura

“A Lei, sinal da promessa e da alian-ça, deveria ter regido o coração e as instituições do povo nascido da fé de Abraão”, diz um texto do

Catecismo da Igreja Católica. E o maior desejo de um pai é ver seus fi lhos unidos e felizes, cer-to? Então por que essa premissa não pode ser seguida também na religião e justamente no en-volvimento entre as três maiores religiões mono-teístas nascidas de um mesmo “pai”? É possível haver respeito e unidade entre católicos, muçul-manos e judeus?

Em busca de repostas a essas perguntas e acreditando que, através do diálogo se pode dar exemplo de convivência pacífi ca em meio à dife-rença, é que o Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ) idealizou o evento “Filhos de Abraão”, iniciado em 3 de julho. A iniciativa teve como convidado o arquiteto Paolo Portoghesi ex-pondo o “Espaço Sagrado nas Três Religiões Mo-noteístas”, na qual apresentou sua arte em mes-quitas, igrejas e sinagogas da Emiglia Romagna, além de um seminário e apresentações de fi lmes que abordavam a intolerância e a falta de paz.

O diretor do IIC-RJ, Franco Vicenzotti co-menta que a Europa tornou-se mistura com fron-teiras culturais facilmente quebráveis nos eleva-dos estágios da globalização.

— Queremos debater algo que está em voga hoje. Não podemos fi car alheios a esse clima de cruzadas e guerras entre as religiões que contri-buíram e muito para a formação dessa concep-ção de mundo que tem o ocidente — explica, citando a Divina Comédia, de Dante Alighieri, como prova dessa miscigenada produção. — Dante, poeta cristão teria bebido da obra de Ibn Arabi, datada do século XIII — conclui.

Para o cônsul geral no Rio, Massimo Bellelli, o evento satisfez a carência e a curiosidade do público ao qual se destinou.

— Um tema como esse desperta muito inte-resse, como se pode observar com as perguntas feitas aos palestrantes. Essas culturas acabam se misturando enquanto preservam suas próprias identidades, mas importa também o que essas pessoas vão levar e propagar entre suas comuni-dades e famílias — assinala.

Famoso por congregar em um mesmo espa-ço a oração de judeus, católicos e muçulmanos [em Palermo, projetou o templo multireligioso com as três faces de cada religião], o arquiteto Paolo Portoghesi, acredita que a linguagem ar-quitetônica é capaz de comunicar visualmente a história, os valores e princípios de gerações que representam o eco de tradições longínquas.

— É difícil isso acontecer, mas mesmo que os fi éis não percebam, estarão lado a lado com pessoas que têm outras crenças. Se o espaço é o mesmo, então por que não fazer uma prece co-mum? — indaga Portoghesi.

Aos 75 anos, o arquiteto mostrou-se incan-sável durante palestra após a abertura de sua exposição [“Espaço Sagrado” fi ca em cartaz até 20 de agosto, no Museu Histórico Nacional, Praça Marechal Âncora, s/n, RJ]. Ele também compôs a mesa de debate do segundo dia de Seminário que discutiu a presença das três religiões no mundo, juntamente com o reitor da Pontifi ca Universida-de Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), o padre Jesus Hortal, e com a diretora de pesquisas do Museu Judaico do Rio, Paula Ribeiro.

CINEMA“Filhos de Abraão” parece ter acertado ao apos-tar na diversifi cação em formas de comunica-ção para atrair seus expectadores depois de uma exposição e um seminário. No campo co-nhecido como a “sétima arte”, foram apresen-tados fi lmes recentes, que demonstram o quan-

Reencontro familiar nada casual‘Filhos de Abraão’ aborda união entre religiões monoteístas no Rio

Silvia Souza

to a preocupação com o tema tem permeado direta ou indiretamente as idéias de roteiristas e diretores de longas-metragens.

Olga (2004), do brasileiro Jaime Monjardim e Paradise Now (2005), de Hany Abu-Assad, in-dicado ao Oscar 2006 de Melhor Filme Estran-geiro, tratam de forma singela a luta do indi-viduo que toma decisões em prol do que con-sidera uma causa maior. O primeiro fi lme trata da vida da militante comunista Olga Benário Prestes, morta numa câmara de gás, enquanto o segundo traça, a partir da amizade entre dois rapazes, dos medos e decisões de jovens recru-tados para serem homens-bomba em ataque na capital israelense.

Acima, Cristiana Cocco, Paolo Portoghese, Paula Ribeiro, Franco Vicenzotti , Pe. Jesus Hortal e Maria

Helena Kühner debatem sobre religião. Abaixo, projetos de Igrejas, Mesquitas e Sinagogas

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O guarda-roupa de verão do homem mo-derno deve ter pelo menos cinco pe-ças fundamentais: um terno cinza, um blusão sem zíper e escuro, um blazer

com tecido entre o tecnológico e o clássico, um jeans que molde perfeitamente o quadril e as pernas e um par de calças compridas de algodão riscado. As indicações são do mestre do corte e costura, considerado o rei da moda, Giorgio Ar-mani, e foram dadas durante a Semana da Mo-da Masculina, em Milão, realizada em junho. O dono do estilo e criador de tendência saiu mais uma vez na frente e apresentou sua coleção, na qual decreta o fi m da gravata. Agora ele de-cretou o fi m da gravata. No lugar dela entra o pullover. E enalteceu a tradicional risca de giz em todos os tecidos, do azul ao cinza, matizes e até brilhantes. Bermudas de linho e calças lisas também são bem-vindas no mundo ditado pelo estilista mais badalado e imitado do mundinho fashion. A sua coleção moderniza os clássicos jaquetões e se apresenta em forma elegante e fresca. Os paletós caem como uma luva, nada de ‘pesado’ sobre os ombros. Quem viu tudo isso de perto foi o ator americano George Clooney, con-vidado ilustre no desfi le do estilista.

Mas não é só de Armani que vive a moda ita-liana. No rastro do sucesso da seleção comandada por Marcelo Lippi está a dupla Dolce&Gabbana, criadora dos trajes ofi ciais de representação da azzurra na Copa 2006. Com uma queda natural para os assuntos do futebol, e do corpo dos jo-

gadores, a coleção privilegia a exibição dos mús-culos. Afi nal, ninguém os cultiva para mostrá-los apenas ao espelho. E nada melhor do que uma daquelas camisas que realçam a dedicação à boa forma física e, claro, mental. As peças foram ins-piradas nos índios americanos e parecem saídas dos fi gurinos dos velhos fi lmes do Faroeste. O jovem apache, ou sioux, ou cheyenne ganha as passarelas com jardineiras com franjas em couro, sneaker [sapatilha estilo montanhista] nos pés, felpe [moletom] e shorts. Aliás, as franjas estão penduradas em cada item do guarda-roupa da in-trépida dupla, nas camisas, nos jeans, enfi m, es-tampas que o velho cacique Touro-Sentado usaria numa batalha contra o mítico General Custer.

DIVERSIDADE E ESTILOO esporte também não sai de moda, ainda mais em época de Copa do Mundo. A grife Iceberg pe-ga emprestado o estilo despojado da velha cal-ça, azul e desbotada, e o combina com camisas e t-shirts coloridas e [olha elas de novo] as ris-cas. As pólos também estão na ordem do dia, até mesmo se sobrepostas umas sobre as outras. Is-so mesmo: duas golas, quatro mangas viram uma peça única, despojada e diferente. Os tecidos são puros e limpos. Já o estilista Fendi interpreta os algodões e a camurça com cores claras. No tra-dicional armário da casa estão peças essenciais, nada de cortes extravagantes, mas um colete cai bem sobre quase toda a coleção. Enfi m, uma rou-pa simples sem pregas e outros babados.

Na mesma linha de corte e costura segue a americana Calvin Klein [CK]. A água e sabão são usados, para ternos, camisas e calças compridas sem maiores elaborações e de cara lavada. Ele-gância natural não se sofi stica com artifi cialis-mos. Do branco ao azul, da cor areia e seus tons, a CK garante peças usáveis em qualquer circuns-tância. A italiana Trussardi aposta no couro de veado, bem trabalhado, sempre em boa compa-nhia da linha e das fi bras naturais. Até a Mos-chino, do alto da sua já conhecida irreverência e ironia se superou. O golpe na concorrência é o blazer com ‘trompe l’oeil’ [técnica que impõe uma falsa impressão sobre o detalhe]. O efeito visual realça a peça e a deixa divertida, leve e muito, muito chique.

Chique, mas no limite do vulgar, são as cal-ças da Hugo Boss. A coleção Orange Label traz caimentos mais do que justos. Coxas moduladas, sexo delineado. Ainda assim confortável, dizem. Ela é uma moda exibicionista para quem pode e tem vontade de quase mostrar os “documentos”.

E por baixo disso tudo vai o quê? Tanga e camiseta, claro! A roupa íntima masculina deixa um pouco de lado as “sungas” boxer, que tanto fi zeram nome com as calças de cintura baixa, e [surpresa!] aposta toda a sua sensualidade nos obscuros desejos femininos. Mas, ainda assim, vale tudo quando aquilo que se mostra em quatro paredes não se revela ao grande público. Portan-to, quando o tema chega na intimidade, o bom tom indica cautela para não cair no ridículo.

Estilistas esbanjam formas e sensualidade masculina na temporada primavera-verão 2007 da semana de moda em Milão

Moda

sob medidaVaidade

Guilherme AquinoCorrespondente • MILÃO

A moda milanesa teve de tudo nas passarelas: futebol, celebridades e modelitos pra lá de inusitados

RomaAna Paula Torres

Até dia 10 de setembro, o público poderá visitar em Roma a mostra "Raffaello da Fi-renze a Roma", que reúne obras primas do

artista que foi discípulo de Perugino e antagonista de Michelangelo. A exposição tem aproximadamen-te 50 obras realizadas por Raffaello Sanzio de 1505 a 1508. São pinturas do período maduro do artista, entre os 22 e 25 anos. De pintor umbro e fi orentino, passou a romano das cortes papais. Nessa época, o seu estilo assimilou e elaborou novamente a exati-dão do desenho de Leonardo e a potência cromática de Michelangelo. As obras retornam à Cidade Eter-na para reconstruir uma antiga coleção de Scipione Borghese, desfeita no fi nal do século 17. Entre as obras expostas, encontram-se "La Belle Jardinière" que o Louvre emprestou pela primeira vez para o ex-terior, a "Madonna Colonna" da Gemaldegalerie, e a "Sacra famiglia con l’agnello" do Prado, pela primei-ra vez na Itália.

GALLERIA BORGHESE, PIAZZALE S. BORGHESE, 3 HORÁRIO: DE TERÇA-FEIRA A DOMINGO, DAS 9 ÀS 19H. INGRESSO: 10,50 EUROS.

VERÃO ITALIANO

‘Nonna Roma’ está de volta repleta de ati-vidades para os vovôs e vovós que per-

manecerão na cidade durante o verão. A Prefei-tura da capital organizou um plano de atividades e assistência para que os idosos não se sintam sozinhos. Passeios, mini-cursos, teatro, cinema, hidroginástica e encontros são as principais ati-vidades propostas como entretenimento. E para os mais necessitados, durante todo o verão vai estar funcionando uma central de assistência 24 horas por dia.

LITERATURA

Uma máquina que distribui livros gratuita-mente aos usuários do metrô é a mais nova

moda em Roma, Milão e Nápoles. A iniciativa visa reaproximar as pessoas à leitura e divul-gar novos talentos. Basta escolher um dos doze títulos à disposição para iniciar uma nova des-coberta, lendo textos de autores jovens, des-conhecidos, nunca antes publicados. Durante o próximo outono os dez melhores textos serão publicados em uma antologia a ser distribuída nas escolas secundárias.

RELAX

Quem disse que Roma não tem praia? ‘Portal’, o balneário de verão da capital,

às margens do rio Tibre, em frente ao caste-lo Sant’Angelo, foi inaugurado no dia 28 de junho e funcionará até dia 15 de agosto. O estabelecimento oferece praia artifi cial, pis-cina, serviços de massagens, e se tornou um ponto de encontro ideal para um happy-hour ou para uma noite eno-gastronômica. ‘Por-tal’ também dispõe de espaço para apresen-tações de música ao vivo, teatro e cinema ao ar livre, além de estrutura para exposição de artes.

SHOW

Claudio Baglioni se pre-para para seu novo tour

‘Tutti qui’, que começará dia 3 de novembro no Palamaggiò de Caserta. O cantor e com-positor vai propor o melhor dos seus 40 anos de carrei-ra, como fez em seu último trabalho, composto por três cds com mais de 40 músicas e que percorrem a carreira do artista romano desde 1967 até hoje.

GASTRONOMIA

A cerca de 20 quilômentros de Roma, encontra-se o Lago di Castelgandolfo. Muito freqüen-

tado pelos italianos, vem sendo descoberto pelos turistas estrangeiros. Para quem decide passar o dia na região, existem várias opções de restau-rantes. Um deles é o "Locanda del Lago" que, em um ambiente aconchegante, serve pratos típicos como massas ao molho de funghi, porcini, carnes assadas e um bom vinho de produção local para acompanhar. Via Spiaggia del Lago, 18 – Castel-gandolfo (Roma) – Fechado às segundas-feiras.

A nata da arte exposta em Museu de Roma

Madonna del Granduca e Madonna Aldobrandini são algumas das obras expostas em Roma

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Cozinha liberal

Renata Summa

Sapori d’Italia

Chef do paulistano ‘Due Cuochi Cucina’ aposta em receitas que fogem do rigor tradicional da culinária italiana R

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SERVIÇO: RUA MANOEL GUEDES, 93 – ITAIM-BIBI - ZONA SUL – SÃO PAULO

TEL.: (11) 3078-8092

São Paulo, SP — Apesar de ter recebido dois dos mais im-portantes prêmios do meio gastronômico como chef reve-lação pela revista Veja São Paulo em 2005 e pelo Guia 4 Rodas em 2006, Paulo Barroso de Barros, um dos sócios

do restaurante ‘Due Cuochi Cucina’, localizado num dos endereços mais badalados da terra da garoa, não aceita ser chamado de chef. O jovem paulistano de 33 anos, parte deles diante do fogão, ex-plica que esse é um título que para ser conquistado é necessário muito tempo, dedicação e experiência. Se depender desses três fatores, já deve estar quase lá.

São “24 horas” dedicadas ao trabalho, como ele mesmo frisa. Ninguém imaginaria que Paulinho [como é conhecido] tornou-se cozinheiro exatamente pela falta de dedicação a outro campo: os estudos. Um indisciplinado em escola de padres, recebeu um ulti-mato do pai após ter repetido o ano: “Ou arranjava um emprego, ou saía de casa”. Com 16 anos de idade e sem nenhuma experiên-

cia na cozinha, resolveu bater na porta do então renomado restau-rante Roanne, onde aprendeu coisas básicas, mas essenciais para um cozinheiro, como cortar cebolas.

Desde então colecionou experiências que enaltecem cozinhei-ros de primeiro time. Dono de um currículo invejável, Paulo traba-lhou em restaurantes consagrados de São Paulo, Miami e na cozi-nha do renomado chef francês Georges Blanc.

Mas foi após um curso no Italian Culinary Institute for Foreig-ners, localizado em Costiglioli D’Asti, no Piemonte, que Paulinho pro-pôs em 2000 à socióloga Ida Frank, na época dona do Maria’s Bistrot, uma sociedade. Ambos transformaram a casa num restaurante moder-no e aconchegante. O ambiente perdeu o sotaque francês e ganhou uma aura clean que se harmoniza perfeitamente com o menu inspira-do na moderna e elaborada cozinha do norte da Itália.

No cardápio nem um sinal do trivial spaghetti ao sugo com almôn-degas. Os pratos do ‘Due Cuochi Cucina’, aberto há um ano e meio, apresentam uma culinária italiana jovem e com combinações mais ousadas. Cuidadoso, é ele mesmo quem vai às compras para garantir a qualidade dos produtos usados em sua cozinha. Além disso, as mas-sas são feitas na hora e praticamente nada é congelado no restauran-te. A adega climatizada ganhou uma nova carta de vinhos com cerca de 70 rótulos entre italianos, franceses e outras nacionalidades.

Em breve, a casa pretende instalar um forno de pizzas e prepará-las nas noites de domingo, dia em que o paulistano tradicionalmen-te saboreia essa delícia napolitana. Para acompanhar o crescimento e manter a alta qualidade exigida por Paulinho, há um mês a casa ganhou reforço. O cozinheiro Ivo Lopes trouxe seus 13 anos de experiência e sua apurada técnica na arte de preparar massas ao restaurante. Agora sim, são due cuochi.

Codornas recheadas com mix de cogumelos ao molho de tamarindo Rendimento: 4 pessoas

Ingredientes: 4 codornas desossadas, 150 g cogumelos Pa-ris, 150 g cogumelos shitake, 150 g cogumelos shimeji, 150g funghi porcini, 150 g de pasta de tamarindo, 400 ml de molho demi-glace.Recheio: Hidratar o funghi porcini em água morna. Retirar os cogumelos. Passar em pano fi no, reservando-a. Secar os cogumelos em frigideira no fogo, até que fi quem dourados. Picar e refogar uma cebola grande na manteiga e juntar todos os cogumelos, refogando por mais cinco minutos. Acrescen-tar um pouco da água coada do funghi porcini.Molho: Fazer um caramelo com 100 gramas de açúcar e 50 ml de água; acrescentar a pasta de tamarindo e o molho de-mi-glace. Deixar reduzir à metade. Reservar na frigideira (que possa ir ao forno).Codornas: Desossar, temperar com sal, pimenta-do-reino mo-ída, louro, tomilho e alecrim. Rechear e embrulhá-las, uma a uma, em papel fi lme. Levar ao forno pré-aquecido em 100° por 20 minutos. Retirá-las do forno, tirar o papel e colocá-las na frigideira com o molho. Voltar ao forno pré-aquecido em 140° por mais 20 minutos, regando-as constantemente. Sirva-as cobertas pelo molho.

A iguaria feita especiamente para Comunità faz qualquer mortal esqucer o pecado da ‘gula’

50 C O M U N I T À I T A L I A N A / J U L H O 2 0 0 6

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