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Escola Estadual Professor Morais – R.0.0.5.C.4 Rua Cornélio Cerqueira, 475- Bairro Progresso – Fone: 3411-2186 Belo Horizonte – Minas Gerais – CEP 30.730-530 EIXO TEMÁTICO I: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-CULTURAIS (1500-1808) Tema1: As grandes navegações e o alargamento do mundo Sub-tema 1: Representações européias do Novo Mundo Tópico 1: O Novo Mundo nos relatos de viagens dos navegantes e cronistas: mitos e visões Habilidades: 1- Ler e analisar fontes iconográficas européias que evidenciem suas representações mentais sobre o Novo Mundo 2- Ler e analisar fontes: relatos dos cronistas dos impérios coloniais (Pero Vaz de Caminha), descobridores (Cristóvão Colombo) e viajantes em geral (Hans Staden, Jean de Léry, Thevet) • Atividade 01 Leia do documento a seguir: Documento 1 “Pardos, nus, sem cousa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos... Os cabelos deles são corredios.(...) Até agora não podemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal (...) Contudo a terra em si é de muitos bons ares, frescos e temperados (...) Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que tem! [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.(...) Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!” “(...) Parece-me gente de tanta inocência que se a gente os entendesse e eles a nós, que seriam logo cristãos, porque eles não têm nem atendem a nenhuma crença (...) Por isso pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E eu bem creio que se Vossa Alteza aqui mandar quem mais devagar ande entre eles, que todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E, para isso, se alguém vier, não deixe de vir logo clérigo para os batizar, porque, então, já terão mais conhecimento de nossa fé (...)” (Trecho extraído da Carta de Pero Vaz Caminha, 01 de maio de 1500). • Atividade 02 Leia os outros dois documentos a seguir: Documentos 2 e 3 "Por isso, quando a imagem desse Novo Mundo, que Deus me permitiu ver, se apresenta a meus olhos, quando revejo assim a bondade do ar, a abundância dos animais, a variedade das aves, a formosura das árvores e das plantas, a excelência das frutas em geral, as riquezas que embelezam essa terra do Brasil, logo me acode a exclamação do profeta do salmo 104: ‘Senhor Deus, como tuas obras diversas são maravilhosas em todo o universo! Como tudo fizeste com

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Escola Estadual Professor Morais – R.0.0.5.C.4 Rua Cornélio Cerqueira, 475- Bairro Progresso – Fone: 3411-2186

Belo Horizonte – Minas Gerais – CEP 30.730-530

EIXO TEMÁTICO I: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-CULTURAIS (1500-1808) Tema1: As grandes navegações e o alargamento do mundo Sub-tema 1: Representações européias do Novo Mundo Tópico 1: O Novo Mundo nos relatos de viagens dos navegantes e cronistas: mitos e visões Habilidades: 1- Ler e analisar fontes iconográficas européias que evidenciem suas representações mentais sobre o Novo Mundo 2- Ler e analisar fontes: relatos dos cronistas dos impérios coloniais (Pero Vaz de Caminha), descobridores (Cristóvão Colombo) e viajantes em geral (Hans Staden, Jean de Léry, Thevet)

• Atividade 01

Leia do documento a seguir:

Documento 1

“Pardos, nus, sem cousa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos... Os cabelos deles são corredios.(...) Até agora não podemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal (...) Contudo a terra em si é de muitos bons ares, frescos e temperados (...) Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que tem! [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.(...) Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”“(...) Parece-me gente de tanta inocência que se a gente os entendesse e eles a nós, que seriam logo cristãos, porque eles não têm nem atendem a nenhuma crença (...)Por isso pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm.E eu bem creio que se Vossa Alteza aqui mandar quem mais devagar ande entre eles, que todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E, para isso, se alguém vier, não deixe de vir logo clérigo para os batizar, porque, então, já terão mais conhecimento de nossa fé (...)”

(Trecho extraído da Carta de Pero Vaz Caminha, 01 de maio de 1500).

• Atividade 02

Leia os outros dois documentos a seguir:

Documentos 2 e 3

"Por isso, quando a imagem desse Novo Mundo, que Deus me permitiu ver, se apresenta a meus olhos, quando revejo assim a bondade do ar, a abundância dos animais, a variedade das aves, a formosura das árvores e das plantas, a excelência das frutas em geral, as riquezas que embelezam essa terra do Brasil, logo me acode a exclamação do profeta do salmo 104: ‘Senhor Deus, como tuas obras diversas são maravilhosas em todo o universo! Como tudo fizeste com grande sabedoria! Em suma, a terra está cheia de tua magnificência’."

(Trecho retirado do livro Viagem à Terra do Brasil, de Jean de Léry, viajante francês que esteve na América portuguesa em 1557, na região do atual estado do Rio de Janeiro.)

“Devia de haver um protetor dos índios para os fazer castigar, quando houvesse mister, e defender dos agravos que lhes fizessem. Este deveria ser bem assalariado, escolhido pelos padres e aprovado pelo governador (...)A lei que eles hão de dar é defender-lhes de comer carne humana e guerrear sem licença do governador, fazer-lhes ter uma só mulher, vestirem-se, pois têm muito algodão, ao menos depois de cristãos, tirar-lhes os feiticeiros, mantê-los em justiça entre si e para com os cristãos; fazê-los viver quietos sem se mudarem para outra parte, se não for para entre cristãos, tendo

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terras repartidas que lhes bastem e com esses padres da Companhia para os doutrina“.

(O texto data de 1558 e foi escrito pelo padre Manuel da Nóbrega, jesuíta e missionário, que morou no Brasil de 1549 a 1570.)

• Atividade 03

Observe as imagens a seguir:

img 01 - Terra Brasilis, mapa do Atlas Miller, 1515-1519, de Lopo Homem com Pedro e Jorge Reineimg 02 - Abate do prisioneiro – Theodore de Bry, 1592.

• Orientações: as duas imagens apresentam uma certa visão sobre o Novo Mundo e sobre os povos que o habitavam. É necessário considerar que as duas imagens tinham como público o europeu e foram, de certa maneira, responsáveis pela difusão de uma certa visão da América e de sua gente. Ambas as imagens datam do século XVI, período em que ocorre na Europa uma renovação artística e literária também conhecida como Renascimento.

Ritual antropofágico:O ritual antropofágico era uma prática comum entre os índios tupinambá. Trata-se de uma cerimônia que ocorria após uma guerra com tribo inimiga. Após o fim de uma batalha, os índios faziam prisioneiros que eram incorporados à tribo vencedora para depois serem comidos. Não se tratava de puro canibalismo, mas sim de uma prática indissociável da guerra. Naquele tempo, a guerra não se dava para o enriquecimento e aumento de terras, mas sim para exaltar a honra dos guerreiros. Pelo que se sabe, várias tribos praticavam esse ritual. E os prisioneiros aceitavam com naturalidade seu destino. Morrer nas mãos do inimigo conferia honra à vítima. Assim como ao guerreiro que o capturava e o matava. Alias, o guerreiro era o único da tribo que não comia suas vitimas.

Orientação Pedagógica: O Novo Mundo nos relatos de viagem dos navegantes e cronistas: mitos e visõesCurrículo Básico Comum - História Ensino Médio Autor(a): Virgínia dos Santos Mendes e Raphael Rocha de AlmeidaCentro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005

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EIXO TEMÁTICO I: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-CULTURAIS (1500-1808)

Tema: 1 As grandes navegações e o alargamento do mundo

Sub-tema 2: Conhecer, colonizar e dominar

Tópico 2: A partilha do Novo Mundo

Habilidades: 1- Usar a cartografia e fontes textuais para análise das relações entre Portugal e Espanha no que se refere à partilha de suas possessões coloniais. 2- Ler e analisar, por meio de cartografia os primeiros tratados políticos-territoriais para partilha do Novo Mundo entre Portugal e Espanha e a divisão administrativa da colônia portuguesa. . Atividade 1 Pedir aos alunos que observem o mapa

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Peça ao aluno que identifique no mapa onde está Portugal, a Espanha e as terras pertencentes ao Brasil atual, da seguinte forma: letra P- Portugal, letra E- Espanha e B- Brasil.

• Atividade 2

Peça aos alunos para identificarem no mapa qual a cor das setas referente ao Tratado de Tordesilhas e a Bula Inter-Coetera. Posteriormente realize a leitura dos textos abaixo juntamente com os alunos.

Tratado de Tordesilhas 1494“(...) visto que como entre os ditos senhores seus constituintes há certa divergência sobre o que pertence a cada uma das ditas partes ... e portanto para o bem da paz e concórdia . . . se trace e assinale pelo dito mar oceano uma raia ou linha direita de polo a polo; ... a trezentos e setenta (370) léguas das ilhas de Cabo Verde em direção à parte do poente, por gráus ou por outra maneira, que melhor e mais rapidamente se possa efetuar (...)”.

Trecho adaptado

Bula Inter-Coetera 1493O Papa Alexandre VI, a pedido da coroa espanhola, dividiu o mundo repartindo as terras recém descobertas, através de uma linha imaginária passando a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde. As terras a oeste pertenceriam a Espanha e as terras a leste a Portugal.

Orientação Pedagógica: A partilha do novo mundoCurrículo Básico Comum - História Ensino Médio Autor(a): Virgínia dos Santos Mendes e Luis MolinariCentro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005

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EIXO TEMÁTICO I: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-CULTURAIS (1500-1808)

Tema 2: A lógica de dominação dos impérios coloniais: capitalismo mercantil, escravidão e circulação de idéias

Sub-tema 1: Escravidão e comércio no mundo moderno

Tópico 3: Circuitos de tráfico de escravos (Novo Mundo,África e Europa); os, circuitos comerciais de mercadorias (metais preciosos especiarias, açúcar, vinhos, etc.); praças comerciais e administrativas do império português

Habilidades: Compreender e analisar a importância do alargamento das antigas rotas comerciais e o ressurgimento e expansão do comércio, as novas mercadorias e o tráfico de escravos.

• Atividade 1

Fonte da imagem: www.gastronomias.com

Texto 1

“Antes deste nosso descobrimento da Índia, recebiam os mouros de Meca muito grande proveito com o trato da especiaria. E assim, o grão soldão [sic], por amor dos grandes direitos que lhe pagavam. E assim ganhava muito a senhoria de Veneza com o mesmo trato, que mandava comprar a especiaria de Alexandria, e depois a mandava vender em toda a Europa”

CASTANHEDA, Fernão Lopes. História do descobrimento e conquista da Índia pelos portugueses, livro II, cap. 75, apud SÉRGIO, Antônio. Breve interpretação da história de Portugal, 4 ed. Lisboa; Sá da sta,1975.

Texto 2

“A Europa Ocidental da Idade Média foi uma civilização carnívora. Grandes quantidades de gado eram abatidas no início do verão, quando as forragens acabavam no campo. A carne era armazenada e precariamente conservada pelo sal, pela defumação ou simplesmente pelo sol. Esses processos, usados também para conservar o peixe, deixavam os alimentos intragáveis, e a pimenta servia para disfarçar o que tinham de desagradáveis. Os condimentos representavam também um gosto alimentar da época, como o café, que bem mais tarde passou a ser consumido em grande escala em todo o mundo.”

FAUSTO, Boris. História do Brasil. SP: Edusp, 2004, p. 27-28.

• Atividade 2

• Orientações: serão oferecidos abaixo um pequeno resumo sobre as diretrizes básicas das políticas mercantilistas, praticadas pelos Estados europeus entre os séculos XV e XVIII e dois outros textos, sendo um deles trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, 1500.

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Texto 1

O Mercantilismo se caracterizava por uma série de práticas econômicas cujo objetivo era o enriquecimento e o fortalecimento. As diretrizes básicas eram:

I – o acúmulo de metais preciososII – balança comercial favorávelIII – exploração colonialIV – intervenção do Estado na economia

Texto 2

“Ouro e especiarias foram (...) bens sempre muito procurados nos séculos XV e XVI, mas havia outros, assim como peixe, a madeira, os corantes, as drogas medicinais e, pouco a pouco, um instrumento dotado de voz – os escravos africanos."

FAUSTO, Boris. História do Brasil. SP: Edusp, 2004, p. 28.

Texto 3

Carta de Pero Vaz de Caminha, 1500.“[...] E hoje que é Sexta-feira, primeiro dia de maio, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar rio acima [...]. Até agora não podemos saber se há ouro nem prata nela, ou outra coisa de metal [...] Contudo a terra em si é de muitos bons ares, frescos e temperados [...] Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que tem!

In História 1, Col. Compacta. RICARDO/ ADHEMAR/ FLÁVIO (orgs.). BH: Ed. Lê, 1998, p. 62-63.

Orientação Pedagógica: Circuitos do tráfico de escravos; os circuitos comerciais de mercadorias; praças comerciaisCurrículo Básico Comum - História Ensino Médio Autor(a): Virgínia dos Santos Mendes e Thiago Luiz Magalhães SilvaCentro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005