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VANESSA SILVIA LIMA ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DAS GESTANTES DO MUNICÍPIO DE SANTA RITA DO PARDO - MS

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VANESSA SILVIA LIMA

ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DAS GESTANTES DO MUNICÍPIO

DE SANTA RITA DO PARDO - MS

SANTA RITA DO PARDO – MS

2011

VANESSA SILVIA LIMA

ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DAS GESTANTES DO MUNICÍPIO

DE SANTA RITA DO PARDO - MS

Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação em nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família.

Orientadora: Profª Esp. Nadieli Leite Neto

SANTA RITA DO PARDO – MS

2011

Dedico este trabalho à minha família, meu esposo e minha querida filha Paola, pelo

amor e presença em minha vida.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de realizar este curso.

À minha família, meu esposo e minha filha pelo apoio e presença em todos os momentos.

À minha orientadora Nadieli, pela atenção e dedicação durante a realização do curso e deste trabalho.

Aos meus colegas de equipe, em especial a ASB Sandra, pelo apoio durante a realização deste trabalho.

Aos meus colegas de turma, pela troca de experiência neste período de convivência.

Obrigada a todos.

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi conscientizar as gestantes da importância do tratamento odontológico no pré-natal, caracterizando-as para entender o que pensam sobre a dicotomia saúde bucal x gestação, desmistificando conceitos e crenças sobre a impossibilidade do tratamento nesta fase. Para isto, foi aplicado um questionário com 29 gestantes, em diferentes semanas gestacionais, entre os meses de maio e junho de 2011, na Unidade de Saúde José Francisco Pereira, no município de Santa Rita do Pardo – MS, local em que é realizado o acompanhamento do pré-natal com a Médica Ginecologista/Obstetra. Neste questionário continham questões que caracterizavam essas mulheres (idade, escolaridade, número de filhos) e sobre seu conhecimento em relação à saúde bucal: a satisfação com sua boca, o que pensam sobre a possibilidade do tratamento odontológico durante a gravidez, os mitos e tabus existentes e os hábitos de higiene oral. Pela análise dos dados obtidos, constatou-se que se trata de um público jovem e de um número considerável de adolescentes, sendo 41,37% das entrevistadas com menos de 20 anos, e foi possível identificar muitos receios em relação ao tratamento odontológico na fase gestacional, interferindo significativamente na associação do mesmo ao pré-natal. Apesar da maioria das gestantes entrevistadas (55,17%) afirmarem que as grávidas podem realizar tratamento odontológico, somente 6 delas (20,68%) procuraram por atendimento no início da gravidez, demonstrando mais uma vez que ainda persistem mitos e receios. E de acordo com diversos estudos é comprovada a importância do tratamento odontológico na gravidez tanto para a mãe, devido a uma maior predisposição à cárie dentária e a doença periodontal, quanto para o bebê. Assim, buscou-se a conscientização destas mulheres, através de cartazes fixados na Unidade de Saúde e a entrega de folhetos pela odontóloga, com o objetivo de fortalecer o vínculo entre a equipe de saúde bucal e as gestantes, sempre ressaltando o importante papel da mulher na propagação de cuidados bucais na família. Além disso, foi articulada a inclusão da atenção odontológica no pré-natal no município, como recomendado pelas atuais Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal.

Palavras-chave: Gestantes. Odontologia Comunitária. Saúde Bucal.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 8

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 9

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 14

5 RESULTADOS ...................................................................................................... 15

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 20

7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 22

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ............................................................................ 24

APÊNDICE B – CARTAZ/FOLHETO ....................................................................... 25

APÊNDICE C – FOTOS ........................................................................................... 26

6

1 INTRODUÇÃO

O Programa Saúde da Família (PSF), teve início em 1994, como um dos

programas propostos pelo governo federal aos municípios para reorganização do

modelo assistencial, sendo este baseado na atenção primária. É composto por

equipes multiprofissionais, responsáveis pelo acompanhamento de um número

definido de famílias de uma determinada área, valorizando as ações de promoção e

proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas; em

meados de 2004, passou a ser chamado de Estratégia de Saúde da Família (ESF),

baseada em uma política nacional de humanização, com acolhimento e

comprometimento do profissional com o usuário (WELGATCH; SAMALEA, 2008).

Em dezembro de 2000, o Ministério da Saúde consolidou a inclusão das

Equipes de Saúde Bucal (ESB), no Programa Saúde da Família (PSF),

estabelecendo incentivo financeiro para a reorganização da atenção à saúde bucal

nos municípios por meio deste programa.

De acordo com as atuais Políticas Públicas de Saúde, a promoção de saúde

bucal é a nova meta dos cirurgiões dentistas integrados à Estratégia da Saúde da

Família (ESF). Trabalhar não somente com a doença, mas principalmente com

pessoas saudáveis, a fim de orientá-las e educá-las quanto à prevenção (SILVA;

MARTELLI, 2009).

Segundo Bastos, Peres e Caldana (2007), a Promoção de Saúde

transformou-se em palavra de ordem da Odontologia. A saúde tem uma relação

muito forte com o processo educativo, a maneira como se vive e a personalidade

está intimamente vinculada à educação, assim, devem-se conhecer os fatores locais

e as condições socioambientais, para compreensão das causas das doenças.

Dentro deste trabalho educativo que é um marco da sociedade atual, encontra-

se a gestante, que é um grupo muito importante e com força suficiente para

desenvolver hábitos saudáveis para si próprias, quanto para futura geração

(MOIMAZ et al., 2007).

As mulheres grávidas passam por várias mudanças corporais e psicológicas e

neste contexto a mulher se encontra mais susceptível e sensível para receber

informações que possam levar melhorias à sua vida e à de seu bebê (COSTA et al.,

1998).

7

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo levar conhecimento a um grupo

prioritário - as gestantes - pelo risco temporário em desenvolver complicações

bucais, conscientizando-as sobre a possibilidade e importância do tratamento

odontológico na fase gestacional, sobre os hábitos adequados de higiene bucal e

alimentação saudável, ressaltando a importância do papel da mulher como

propagadora da saúde no núcleo familiar.

8

2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Conscientizar as gestantes quanto à importância do tratamento odontológico

no período gestacional.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar as gestantes que realizam o pré-natal na Unidade de Saúde

José Francisco Pereira;

Identificar mitos e crenças relacionados à impossibilidade do tratamento

odontológico na fase gestacional;

Orientar quanto à importância do tratamento odontológico para as gestantes e

para os bebês;

Orientar sobre a importância da higiene bucal adequada durante a gravidez,

para a prevenção de agravos à saúde.

9

3 REVISÃO DE LITERATURA

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde não

se limita à ausência de doença ou enfermidade, mas deve ser entendido como um

conjunto de elementos que proporcionem o bem-estar físico, mental e social.

O Relatório da I Conferência Nacional de Saúde Bucal, realizada em 1986,

enfatiza a saúde bucal como parte integrante e inseparável da condição geral do

indivíduo, estando ela diretamente relacionada com as condições de alimentação,

moradia, trabalho, renda, meio ambiente, transporte, lazer, acesso aos serviços de

saúde e à informação (BRASIL, 1986).

As ações de promoção e proteção à saúde visam à redução de fatores de

risco, que constituem uma ameaça à vida das pessoas, podendo provocar-lhes

incapacidade e doenças (MOYSÉS; KRIGER; MOYSÉS, 2008).

Ainda segundo estes autores, promover a saúde bucal implica recolocar a

boca dentro do corpo; este dentro da pessoa e esta dentro do seu conteúdo de vida

em sociedade.

A Educação em Saúde poderá possibilitar ao usuário a mudança de hábitos e

estilo de vida, apoiando-o na conquista de sua autonomia, constituindo-se de ações

que objetivam a apropriação do conhecimento, incluindo os fatores de risco e os

métodos de proteção à saúde bucal (BRASIL, 2004).

Para Miranda et al. (2000), a Educação em Saúde é um processo que induz à

mudança de comportamento relativo à saúde. E esta não deve ser somente

individual, mas também coletivo, com vistas à promoção de informações e

motivação de hábitos que mantenham uma condição saudável e previnam as

doenças.

Segundo Pereira (2003), a Promoção de Saúde busca fazer com que as

escolhas mais saudáveis torne-se as mais fáceis, utilizando o instrumento de

transformação social que é a educação, não só a formal, mas toda ação educativa,

que propicie a reformulação de hábitos, a aceitação de novos valores e o estímulo à

criatividade.

O Programa Saúde da Família (PSF) depois chamada de Estratégia de Saúde

da Família (ESF) foi uma proposta do Ministério da Saúde visando à consolidação

do SUS, revertendo o modelo assistencial até então vigente. É composta por uma

10

equipe multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades de promoção,

proteção e recuperação, características do nível primário de atenção. Representa o

primeiro contato da população com o serviço de saúde do município, assegurando a

referência e contra-referência quando houver necessidade (BRASIL, 1997).

A inclusão das Equipes de Saúde Bucal (ESB) às Equipes de Saúde da

Família (ESF) se consolidou em dezembro de 2000, tendo como objetivos principais

a melhoria dos índices epidemiológicos de saúde bucal e a ampliação do acesso da

população brasileira às ações a ela relacionadas (BRASIL, 2000).

O grupo das gestantes é um agrupamento importante para ser trabalhada a

Educação em Saúde, através da equipe de ESF. A maternidade é um momento de

muito impacto e mudanças no ciclo vital feminino, no qual a mulher tem

oportunidade de alcançar novos níveis de integração e desenvolvimento da

personalidade. Com isso, é importante que a grávida receba apoio e informações,

proporcionando um bem estar na hora do parto e futuramente o crescimento e

desenvolvimento do bebê (COSTA; SALIBA; MOREIRA, 2002).

As mulheres grávidas passam por várias mudanças tanto físicas, preparando-

as para o parto e amamentação, bem como fisiológicas e psicológicas. As alterações

que ocorrem na cavidade bucal são: aumento da salivação, a gengiva se torna mais

flácida e elástica, aumento da vascularização das estruturas que envolvem os

dentes e maior tendência a náuseas e vômitos. Devido a estas modificações e

também com o aumento da pressão do útero sobre o estômago, a gestante passa a

ingerir alimentos em menores quantidades, mas com maior freqüência, o que pode

aumentar o risco à cárie dentária durante a gestação (MOIMAZ et al., 2007).

Segundo Costa, Saliba e Moreira (2002), a participação e a integração do

cirurgião dentista na equipe do pré-natal, proporcionará uma melhor assistência,

mais consciente e mais segura, levando a um maior conforto no atendimento

odontológico à gestante com caráter preventivo, educativo e curativo. Os cuidados

bucais básicos dispensados a estas pacientes devem ser entendidos como

fundamentais e únicos, devido ao momento de motivação que ela atravessa,

prioritários pela importância que a futura mãe tem na multiplicação de hábitos

saudáveis no seio familiar e imprescindível quanto ao aspecto da promoção da

saúde.

A cárie é uma doença de natureza infectocontagiosa, que ocorre devido à

interação de uma série de fatores primários (dieta, microorganismos, hospedeiro e

11

tempo), secundários (saliva, flúor e higiene bucal) e terciários (sexo, idade, raça e

nível socioeconômico) (RODRIGUES, 2002).

Ainda segundo este autor, a gravidez não é responsável pelo aparecimento

de cáries e nem pela perda de minerais dos dentes da mãe, mas o aumento da

atividade cariogênica está relacionado com a alteração da dieta e com a presença

da placa bacteriana, causada pela limpeza inadequada da estrutura dental.

Faz parte do trabalho educativo a conscientização das gestantes da

importância de desenvolver hábitos de higiene bucal saudáveis, uma alimentação

equilibrada e a necessidade do acompanhamento pelo dentista durante a gestação,

fornecendo ferramentas necessárias, para que essas mulheres possam manter uma

rotina que lhes propicie a saúde da boca (WELGATCH; SAMALEA, 2008).

A gengivite é a complicação bucal mais comum que pode ocorrer na gravidez,

afetando cerca de 100% das mulheres e pode ser identificada a partir do segundo

mês de gestação. A maior susceptibilidade se deve aos altos níveis de

progesterona, que levam à maior permeabilidade dos vasos sanguíneos gengivais,

tornando a área mais sensível aos irritantes locais, como a placa bacteriana

(MEDEIROS; ZEVALLOS; ROSIANGELA, 2000).

A maioria das enfermidades gengivais que coincide com a gravidez pode ser

tratada mediante a eliminação dos fatores locais. Em condições normais, as

necessidades periodontais poderiam ser resolvidas por procedimentos simples como

raspagens e instrução de higiene bucal correta, assim a importância do controle

periódico pelo cirurgião dentista, que tem o papel de motivar a gestante para o

comportamento preventivo (MEDEIROS; ZEVALLOS; ROSIANGELA, 2000).

Uma higienização bem feita ajuda no controle das doenças gengivais e

diminui o risco da cárie dentária. Assim, a gestante deve ser orientada para escovar

os dentes após as refeições, utilizando dentifrício fluoretado, bem como sobre a

importância do uso do fio dental para prevenção da atividade cariogênica e remoção

da placa bacteriana interproximal. Quando bem informada, essas mulheres se

tornarão um elemento-chave na quebra da transmissibilidade dessas doenças

(COSTA et al., 1998).

Para que os programas educativo-preventivos direcionados às gestantes

atendam suas reais necessidades e tenham efetividade, é importante que se

conheça a percepção das mesmas em relação à saúde bucal. De acordo com o

12

conhecimento das entrevistadas por Araújo et al. (2005), a cárie dentária era o

problema bucal mais conhecido, seguido de gengivite e afta.

Existem muitos mitos e restrições sobre o atendimento odontológico durante a

gravidez, relacionados às preocupações com a possibilidade de seqüelas à saúde

do bebê. Dentre eles, o risco das exodontias, hemorragias, uso de anestesia e raios-

X. Assim, fatores psicológicos como a emotividade, o medo e a crença transmitidos

através de gerações interferem negativamente na resolutividade de necessidades

odontológicas, muitas delas emergenciais e, portanto, com indicação de intervenção

imediata (CODATO; NAKAMA; MELCHIOR, 2008).

Este fato também é relatado no estudo de Araújo et al. (2005), citado por

Rosa et al. (2007), que indica que as crenças populares, tabus e mitos de que o

tratamento odontológico durante a gravidez causa problemas para a saúde da

gestante e do bebê, reduz a aceitação ao atendimento clínico.

Segundo Codato, Nakama e Melchior (2008), todo o atendimento

odontológico essencial pode ser feito durante a gravidez, incluindo as exodontias

não complicadas, restaurações dentárias, colocação de próteses, tratamento

periodontal e endodôntico. As cirurgias mais invasivas, sempre que possível, devem

ser programadas para o período pós-parto.

Em relação à doença periodontal na gravidez, estudos recentes têm

apresentado evidências de que a mesma pode ser um dos determinantes de baixo

peso ao nascer e prematuridade. Essa associação fundamenta-se na indução pelos

patógenos periodontais, na produção de mediadores inflamatórios (prostaglandinas

e interleucinas) capazes de levar ao trabalho de parto e afetar o desenvolvimento

fetal à distância (ALVES; RIBEIRO; COSTA, 2007).

Segundo Moimaz et al. (2007) quanto mais severa a doença periodontal,

maior é o risco de ocorrer o parto prematuro, sendo que seu tratamento leva a uma

diminuição do percentual de prematuridade e baixo peso ao nascer.

Existe a necessidade de um programa de atenção odontológica voltado às

gestantes, considerando ser um grupo estratégico devido às características

psicossociais inerentes ao processo reprodutivo e em razão do papel que as

mulheres possuem na promoção de uma melhor qualidade de vida de sua família. É

sabido que quanto maior for à atitude positiva da mãe com relação à sua própria

saúde, melhor será a de seus filhos (COSTA et al., 1998).

13

Ainda segundo Costa et al. (1998), citado por Moimaz et al. (2007), as

gestantes podem ser adequadamente motivadas, sendo de grande importância a

sua introdução na ação de agentes multiplicadoras de hábitos saudáveis, pois existe

uma maior predisposição das futuras mamães em adquirir novos conhecimentos que

possam beneficiar seus filhos, mostrando uma boa receptividade em relação a um

programa educativo de saúde bucal.

Com relação à assistência odontológica, especificamente no pré-natal, é

salientado que todas as gestantes inscritas deverão ser agendadas para a consulta

de rotina nas unidades de saúde que disponham deste serviço. Deve-se realizar o

exame clínico da cavidade bucal e elaborar um plano de tratamento, a ser

desenvolvido durante a fase gestacional (MOIMAZ et al., 2007).

14

4 METODOLOGIA

Foi realizado um estudo através da coleta de dados junto às gestantes em

acompanhamento de pré-natal na Unidade de Saúde José Francisco Pereira, no

município de Santa Rita do Pardo – MS.

Os dados foram obtidos entre os meses de maio e junho de 2011, através de

um questionário aplicado às gestantes, em diferentes semanas gestacionais

(APÊNDICE A), neste continham questões que caracterizavam essas mulheres

(idade, escolaridade, número de filhos) e sobre seu conhecimento em relação à

saúde bucal: a satisfação com sua boca, o que pensam sobre a possibilidade do

tratamento odontológico durante a gravidez, os mitos e tabus existentes e os hábitos

de higiene oral.

Após levantamento e análise das informações, foi feito um trabalho de

Educação em Saúde pela odontóloga, com orientações e distribuição de folhetos às

gestantes. Além disso, foram elaborados cartazes (APÊNDICE B), sendo fixados em

diversas salas da Unidade.

Nos recursos informativos fornecidos às gestantes constavam orientações

sobre a importância da atenção odontológica tanto para a mãe quanto para o bebê,

quebrando mitos e tabus sobre a impossibilidade deste tratamento durante a

gravidez, ressaltando o importante papel da mulher na propagação de cuidados

bucais na família.

Após este contato com a odontóloga, as gestantes eram encaminhadas para

a Auxiliar de Saúde Bucal (ASB) para orientações sobre alimentação saudável e

higiene oral, com escovação dos dentes e uso de fio dental; foram utilizados

cartazes com ilustrações e manequins odontológicos. Ao final, foi entregue kits de

saúde bucal, contendo escova e creme dental com flúor, do Programa Brasil

Sorridente/Ministério da Saúde (APÊNDICE C).

A entrega de folhetos pela odontóloga teve como objetivo fortalecer o vínculo

entre mesma e as gestantes, oportunizando o esclarecimento de possíveis dúvidas.

15

5 RESULTADOS

A amostra foi constituída por 29 gestantes que responderam ao questionário

aplicado na Unidade de Saúde José Francisco Pereira, antes da consulta de pré-

natal. Das entrevistadas, 12 eram menores de 20 anos (41,37%), 11 tinham entre 21

a 30 anos (37,93%) e 6 mulheres (20,68%) tinham mais de 31 (Quadro 1/Gráfico 1).

Quadro 1. Idade das gestantes entrevistadas, Santa Rita do Pardo - MS, 2011.

Idade < 20 anos 21 a 30 anos > 31 anos Total

n (29) 12 11 6 29

% 41,37 37,93 20,68 100

12

11

6

Idade das Gestantes

< 20 anos21 a 30 anos> 31 anos

Gráfico 1. Distribuição das gestantes segundo a idade, Santa Rita do Pardo - MS, 2011.

O gráfico 2 apresenta os níveis de escolaridade das gestantes entrevistadas,

e, de acordo com o mesmo, 7 mulheres (24,13%) possuem ensino médio

incompleto, 15 delas (51,72%) tem ensino médio completo e apenas 1 (3,44%)

possui ensino superior, sendo este incompleto.

16

5

1

7

15

1

Nível de Escolaridade

Ens. Fundamental IncompletoEns. Fundamental CompletoEns. Médio IncompletoEns. Médio CompletoEns. Superior IncompletoEns. Superior Completo

Gráfico 2. Distribuição das gestantes segundo o nível de escolaridade, Santa Rita do Pardo -

MS, 2011.

Em relação ao número de filhos, 15 gestantes estão na primeira gravidez

(51,72%), 7 delas tem 1 filho (24,13%), 6 mulheres tem 2 (20,68%) e 1 já tem 3

filhos (3,44%) ( Gráfico 3).

15

7

61

Número de Filhos

0123

Gráfico 3. Distribuição das gestantes segundo o número de filhos, Santa Rita do Pardo – MS,

2011.

17

A respeito da satisfação das gestantes em relação à sua saúde bucal, 21

entrevistadas (72,41%) responderam não estarem satisfeitas, enquanto que 8

(27,58%) estavam contentes com sua boca (Quadro 2/Gráfico 4).

Todas as entrevistadas (100%) responderam que é importante cuidar dos

dentes (Quadro 2/Gráfico 4), sendo que 5 gestantes (17,24%) visitaram o dentista

entre um a três meses, 1 (3,44%) entre três a seis, 15 (51,72%) entre seis meses a

um ano, 7 (24,13%) com mais de um ano e 1 (3,44%) respondeu que nunca foi a um

consultório odontológico.

Quando perguntado às gestantes se a gravidez traz problemas para os

dentes, 18 (62,06%) afirmaram que não e 11 (37,93%) disseram que sim, sendo que

destas 5 relataram que sangra a gengiva, 3 disseram acreditar que a gestação dá

cárie e 3 relataram que enfraquece a estrutura dental (Quadro 2/ Gráfico 4).

Das 29 entrevistadas, 16 (55,17%) disseram acreditar que a gestante pode

ser submetida ao tratamento odontológico, entretanto acreditam que alguns

procedimentos não podem ser realizados e 13 (44,82%) afirmaram que não podem ir

ao dentista (Quadro 2/Gráfico 4). Os tratamentos impeditivos na gravidez relatados

pelas entrevistadas foram: extrações dentárias (por causa da hemorragia), uso de

medicamentos, tratamentos endodônticos (por causa do RX), sendo que a maioria

fez referência à anestesia.

Entre as gestantes entrevistadas, somente 6 (20,68%) visitaram o dentista no

início da gravidez, sendo que a maioria, 23 delas (79,31%), não foram ao odontólogo

depois que ficaram grávidas (Quadro 2/Gráfico 4).

Quadro 2. Relato das gestantes entrevistadas, em relação à sua saúde bucal, Santa Rita do Pardo –

MS, 2011.

Perguntas

Você está satisfeita com a saúde da sua boca hoje?

Resposta n (29) %Sim 8 27,58Não 21 72,42

Você acha importante tratar dos dentes?

Resposta n (29) %Sim 100 100Não 0 0

18

Você acha que a gravidez traz algum problema para os dentes?

Resposta n (29) %Sim 11 37,93Não 18 62,06

A grávida pode ir sem problemas ao dentista?

Resposta n (29) %Sim 16 55,17Não 13 44,82

Você foi ao dentista depois que ficou grávida?

Resposta n (29) %Sim 6 20,68Não 23 79,31

A freqüência de escovação após a gravidez...

Resposta n (29) %Aumentou 2 6,89Diminuiu 3 10,34

Não Mudou 24 79,31

-6-149

14192429

8

29

1116

6

21

0

1813

23

SimNão

Gráfico 4. Relato das gestantes entrevistadas, em relação à sua saúde bucal, Santa Rita do

Pardo – MS, 2011.

19

Quando questionadas sobre a freqüência de escovação, 2 gestantes (6,89%)

afirmaram que aumentou as escovações após a gravidez, para 3 (10,34%) esta

quantidade diminuiu, sendo que para a maioria, 24 delas, (79,31%) não alterou este

número em virtude da gestação, sendo entre três a quatro vezes ao dia (Quadro

2/Gráfico 5).

A freqüência de escovação após a gravidez...-1

4

9

14

19

24

29

2 3

24

AumentouDiminuiuNão Mudou

Gráfico 5. Relato das gestantes entrevistadas, sobre a freqüência de escovação após a

gravidez, Santa Rita do Pardo – MS, 2011.

20

6 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, foi possível caracterizar as gestantes

da Unidade de Saúde José Francisco Pereira, constatando que se trata de um

público jovem e de um número considerável de adolescentes (41,37%) e identificar

mitos e crenças relacionados à impossibilidade do tratamento odontológico no

período gestacional, sendo mencionados os seguintes motivos: anestesia, extrações

dentárias (por causa da hemorragia), uso de medicamentos e tratamentos

endodônticos (por causa do RX).

Apesar da maioria das gestantes entrevistadas (55,17%) afirmarem que as

grávidas podem realizar tratamento odontológico, somente 6 delas (20,68%)

procuraram por atendimento no início da gravidez, demonstrando mais uma vez que

ainda persistem mitos e receios.

A análise inicial (entrevistas) possibilitou planejar a forma de trabalhar a

educação em saúde e o elenco das informações que seriam abordados com grupo

em estudo. Esta etapa também contribuiu para estabelecer um vínculo entre a

Equipe de Saúde Bucal com as gestantes.

A conscientização sobre a importância do atendimento odontológico no

período gestacional foi promovida com o fortalecimento do vínculo entre a Equipe de

Saúde Bucal com as gestantes, através de orientações subsidiadas por recursos

visuais, como cartazes, folhetos e manequins. Durante a execução deste trabalho,

perceberam-se o envolvimento destas pacientes com as informações sobre a saúde

bucal e os cuidados odontológicos durante a gravidez.

Ao final do trabalho, muitas gestantes mencionaram à satisfação do contato

com a equipe, por se sentirem acolhidas e por terem a oportunidade de tirarem suas

dúvidas. Além disso, foi observada de imediato, uma maior freqüência às consultas

odontológicas, o que possibilita a continuidade das atividades que foram iniciadas.

A gestante requer atenção odontológica especial devido às alterações que

ocorrem no período gestacional, sendo fundamental o papel do odontólogo nos

cuidados no pré-natal, avaliando riscos, prevenindo doenças bucais, reforçando

conceitos sobre uma alimentação saudável e hábitos adequados de higiene oral e

realizando tratamento curativo quando necessário.

21

Diante disso, houve a iniciativa para a sensibilização da equipe da ESF e da

gestão no sentido de ofertar um cuidado integral às gestantes, que é garantido

mediante abordagem multiprofissional, sendo sugerida ainda, a implantação de

grupo de gestantes.

22

7 REFERÊNCIAS

ALVES, R. T.; RIBEIRO, R. A.; COSTA, L. R. Associação entre doença periodontal em gestantes e nascimentos prematuros e/ ou de baixo peso: um estudo de revisão. HU revista, 2007. 33(1): 29-36.

ARAÚJO, I. C., et al. Condições de saúde bucal das gestantes atendidas em instituições de saúde do bairro Guamá, no município de Belém. 2005. Disponível em: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=574.

BASTOS, J. R. M.; PERES, S. H.; CALDANA, M. L. Educação em Saúde com enfoque em Odontologia e em Fonoaudiologia. São Paulo: Editora Santos, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Saúde Bucal. 8ª Conferência Nacional de Saúde. I Conferência Nacional de Saúde Bucal. Relatório Final. Brasília: Ministério da Saúde, 1986.

BRASIL. Ministério de Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília: Ministério da Saúde, 1997.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.444 / MS. Diário Oficial da União, 20 dezembro de 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.         

CODATO, L. A. B.; NAKAMA, L.; MELCHIOR, R. Percepções de gestantes sobre atenção odontológica durante a gravidez. Ciência & Saúde Coletiva, 2008. 13(3):1075-1080.

COSTA, I. C. C., et al. A gestante como agente multiplicador de saúde. Rev. RPG, 1998. 5(2):87-92.

23

COSTA, I. C. C.; SALIBA, O.; MOREIRA, A. S. P. Atenção odontológica à gestante na concepção médico-dentista-paciente: representações sociais dessa interação. Revista Pós-Graduação, 2002. jul/set, 9 (3): 232-243.

   

MEDEIROS, U.V.; ZEVALLOS, E.F.P.; ROSIANGELA, K. Promoção da saúde bucal da gestante: garantia de sucesso no futuro. Rev. Cient. do CRO-RJ, 2000. 2:47-57.

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

Identificação

Nome (Primeiro Nome): ______________________

Idade: _______________________

Ocupação: ____________________

Escolaridade: __________________

Número de Filhos: ______________

Local em que mora (Urbano ou Rural): _______________

Período da Gravidez: _________________

SAÚDE BUCAL

1) Você está satisfeita com a saúde da sua boca hoje?

Sim ( ) Não( ) Porque? ____________

2) Você acha importante tratar dos dentes?

Sim ( ) Não( ) Porque? ____________

3) Você acha que a gravidez traz algum problema para os seus dentes?

Não traz problemas ( ) Enfraquece os dentes ( )

Sangra a gengiva ( ) Dá mau-hálito ( )

Dá cárie ( ) Caem as obturações ( )

Outros ( ) ______________________

4) Qual a sua última visita ao dentista?

1 a 3 meses ( ) 3 a 6 meses ( ) 6 meses a 1 ano ( ) Mais de 1 ano ( )

Motivo ______________________

5) Foi ao dentista depois que ficou grávida?

Sim ( ) Não ( )

6) Você acha que a grávida pode ir sem problemas ao dentista?

Sim ( ) Não ( )

Se não, quais os motivos: ___________________________

7) Quantas vezes você escova seus dentes no dia? ______________

8) Faz uso de fio dental? Sim ( ) Não ( ) Quantas vezes por dia? _______

9) A quantidade de vezes que você escovava e agora que está grávida:

Aumentou ( ) Diminuiu ( ) Não mudou ( )

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APÊNDICE B – CARTAZ/FOLHETO

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APÊNDICE C – FOTOS

Foto 1. Materiais utilizados no Trabalho de

Educação em Saúde.

Foto 2. Odontóloga desenvolvendo o trabalho

com as gestantes.

Foto 3. ASB ensinando métodos de higiene

bucal/alimentação adequada.