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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA ADRIANA DA SILVA FERREIRA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NA PERSPECTIVA DE ESTAGIÁRIOS E PROFESSORES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

ADRIANA DA SILVA FERREIRA

INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NA PERSPECTIVA

DE ESTAGIÁRIOS E PROFESSORES

NATAL – RN

2017

ADRIANA DA SILVA FERREIRA

INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA PERSPECTIVA DE

ESTAGIÁRIOS E PROFESSORES

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

Orientação: Prof. Dr.ª Adriane Cenci.

NATAL – RN2017

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Ferreira, Adriana da Silva.

Inclusão escolar de alunos com deficiência na perspectiva de estagiários e professores/ Adriana da Silva Ferreira. - Natal, 2017.

34f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Adriane Cenci.

Monografia (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Educação. Departamento de Educação.

ADRIANA DA SILVA FERREIRA

INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA PERSPECTIVA DE

ESTAGIÁRIOS E PROFESSORES

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________Prof.ª Dr.ª Adriane Cenci (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________________________Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Leandro de Paiva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________________________Prof.ª Dr.ª Priscila Ferreiro Ramos DantasSecretaria Municipal de Educação de Natal

RESUMO

FERREIRA, Adriana da Silva. Inclusão escolar de alunos com deficiência na perspectiva de

estagiários e professores. Pedagogia. UFRN, 2017.

A inclusão dos alunos com deficiência nas escolas regulares tem levantado uma série de discussões entre os educadores e tem exigido que as instituições se reconfigurem para atender esses alunos. Essa pesquisa teve como objetivo compreender como os profissionais que trabalham junto aos alunos com deficiência na escola – o professor e o estagiário – percebem a inclusão e o papel que eles tem nesse processo inclusivo. Para tanto, foram realizadas entrevistas com professores e estagiários da educação infantil, do ensino fundamental I, do ensino fundamental II e do ensino médio. Foram 4 professores e 4 estagiários, sendo um sujeito para cada nível de ensino, de escolas e turmas diferentes. As entrevistas foram o principal instrumento de produção de dados nessa pesquisa, que pode ser caracterizada como um estudo multicasos. Os dados obtidos foram organizados em quatro categorias, elas discorrem sobre as dificuldades que os estagiários encontram, a ausência de profissionais habilitados para o trabalho com alunos com deficiência, os desafios de mediar os conteúdos e os avanços que os sujeitos percebem no processo de inclusão. Concluiu-se que esses professores e estagiários apostam no potencial da proposta inclusiva para transformação da escola, mas que no momento enfrentam muitas dificuldades para trabalhar com o aluno com deficiência.

Palavras-chaves: Educação inclusiva. Contexto escolar. Estagiário. Professor.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................6

2 METODOLOGIA................................................................................................................8

2.1 TIPO DE PESQUISA.........................................................................................................8

2.2 UNIVERSO DA PESQUISA.............................................................................................8

2.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA.....................................................................................8

2.4 APRESENTANDO DOS PARTICIPANTES....................................................................9

2.5 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE DADOS...............................................................10

3. INCLUSÃO ESCOLAR...................................................................................................11

3.1 PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA INCLUSÃO................12

3.1.1 O ESTAGIÁRIO NA ESCOLA INCLUSIVA.............................................................14

4. INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA PERSPECTIVA DE ESTAGIÁRIOS E PROFESSORES............................................................................16

4.1 DIFICULDADES DOS ESTAGIÁRIOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO.................16

4.2 AUSÊNCIA DOS PROFISSIONAIS HABILITADOS E CAPACITADOS PARA O APOIO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS...................................................................18

4.3 O DESAFIO DE MEDIAR O CONTEÚDO NO ENSINO FUNDAMENTAL II E NO ENSINO MÉDIO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIAS..............................................22

4. 4 CONQUISTAS PERANTE DESAFIOS.........................................................................25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................29

REFERÊNCIAS....................................................................................................................30

ANEXOS................................................................................................................................33

ANEXO 1- Questionário de Pesquisa....................................................................................34

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1 INTRODUÇÃO

A inclusão escolar é um assunto debatido no dia a dia das escolas. Discussões que

vem se avolumando nas últimas décadas. O acesso a escolarização tem se ampliado no

Brasil, principalmente, a partir dos anos 1990 com políticas de educação para todos (SILVA,

UBERLÂNDIA, 2016) e para os alunos com deficiência1 se amplia bastante, a partir da

implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva (BRASIL, 2008).

Foi2 nesse contexto da inclusão escolar que inicio em 2012 o estágio não obrigatório

(trabalhando com crianças com deficiência) no meu primeiro semestre do Curso de

Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Assim, a idealização

desse trabalho partiu de uma angústia pessoal vivenciada durante os cinco anos do curso de

Pedagogia. A experiência nos estágios remunerados por 10 semestres me trouxe algumas

inquietações acerca da inclusão escolar. Idealizei este trabalho para investigar como

professores e estagiários, que trabalham com alunos incluídos, percebem a inclusão, no

intuito de refletir sobre experiências que poderiam ser parecidas ou muito diferentes

daquelas que tive.

O diálogo com as percepções de outros estagiários e professores, bem como o

diálogo com referencial teórico sobre inclusão e sobre a prática do estágio e a prática

docente no geral tem o potencial de ampliar a compreensão sobre essa problemática que me

angustia desde minha inserção na escola como estagiária – tal angústia pode ser

compartilhada por outros colegas estagiários e colegas professores, sendo importante

apresenta-las para que se possa refletir acerca delas e buscar alternativas que promovam a

aprendizagem e bem-estar dos alunos com deficiência e também dos profissionais que

trabalham com esses educandos na escola.

Organizando a pesquisa, o objetivo ficou assim definido: investigar a percepção de

professores e estagiários que trabalham com alunos com deficiência acerca da inclusão e do

papel que eles tem na sala de aula.

1 No texto será utilizada a nomenclatura “aluno com deficiência” referindo-se ao alunos público-alvo da educação especial, definidos como alunos com deficiência, alunos com transtornos globais do desenvolvimento e alunos com altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2008). Conforme Magalhães e Soares (2016) a denominação alunos com deficiência representa a percepção social tida para o grupo de alunos. Contudo, em momentos pontuais do texto se fará necessário especificar esses alunos, principalmente, quando na discussão dos dados for referenciado de outro modo o aluno.2 O texto está estruturado em terceira pessoa. Apenas esse parágrafo é exceção, uma vez que ao apresentar a justificativa ela ficaria melhor expressa apontando os motivos pessoais que a desencadearam.

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A intenção da pesquisa foi levantar informações sobre a inclusão nos diferentes

níveis de ensino. Nesse sentido buscou-se investigar como é o trabalho do professor e do

estagiário com os alunos com deficiência nas turmas de educação infantil, de ensino

fundamental I, de ensino fundamental II e de ensino médio.

Quanto a organização da escrita desta monografia, seguirá à introdução o capítulo

apresentando o percurso metodológico, destacando o tipo de pesquisa, o universo da

pesquisa, os instrumento de produção de dados, o perfil dos sujeitos participantes, e os

caminhos da análise dos dados. O terceiro capítulo busca organizar referencial teórico que

oferece uma visão geral do contexto histórico da inclusão e uma breve reflexão sobre esse

assunto; também vai levantar referencial acerca dos profissionais da educação que estão

trabalhando com alunos com deficiência, dando destaque a discussão das funções do

estagiário. No quarto capítulo, cerne do trabalho, os dados são discutidos, estando

organizados em quatro categorias, elas discorrem sobre as dificuldades que os estagiários

encontram, a ausência de profissionais habilitados para o trabalho com alunos com

deficiência, os desafios de mediar os conteúdos e os avanços que os sujeitos percebem no

processo de inclusão. Ao final do texto se busca apresentar uma síntese dos resultados e

reflexões sobre o trabalho de professores e estagiários no contexto da inclusão escolar.

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2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE PESQUISA

De acordo com Seltiz et. al (1965), o presente trabalho tem como característica a

pesquisa exploratória por descobrir ideias e intuições sobre o fenômeno pesquisado. A

abordagem da pesquisa é qualitativa, a ênfase está na interpretação dos dados e não na

quantificação deles (TRIVIÑOS, 1987). Dessa maneira, buscou-se ouvir educadores

(estagiários e professores) que estavam vivenciando a inclusão escolar e entender as suas

concepções e práticas sobre esse modo de ensino.

Quanto ao tipo de pesquisa, pode ser definida como um estudo de caso multicascos.

Segundo Triviños (1987), nesse tipo de pesquisa os casos não são tomados para comparação,

são casos que requerem análise situacional. A intenção de se investigar diferentes casos, na

pesquisa, foi de obter informações sobre diferentes contextos.

2.2 UNIVERSO DA PESQUISA

A pesquisa buscou levantar dados em 3 escolas da rede particular - 1 escola de

educação infantil, 1 escola do ensino fundamental I e outra do ensino fundamental II- e em

2 escolas públicas de ensino - sendo 1 escola infantil e mais 1 de ensino médio teve como

sujeitos quatro professores e quatro estagiários de turmas diferentes.

2.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA

O principal instrumento da pesquisa é a entrevista. Utilizou-se um roteiro de

entrevista com perguntas de resposta aberta. De acordo com Marconi e Lakatos (1996) esse

instrumento é adequado, pois interessava ter um roteiro similar para os respondentes

professores e estagiários, possibilitando a comparação das respostas.

As entrevistas foram realizadas no mês de maio, com quatro professores e quatro

estagiários, com o total de 21 perguntas sobre o tema em questão, utilizando perguntas

abertas. Foram questões direcionadas aos alunos deficientes e como os profissionais fazem

para buscar informações e atualizações sobre atividades e comportamentos dos mesmos. O

roteiro da entrevista encontra-se anexo (Anexo 1).

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2.4 APRESENTANDO OS PARTICIPANTES

As entrevistas foram realizadas com professores e estagiários da rede particular de

ensino, da educação infantil, do ensino fundamental I (do 1º ao 5º Ano), do ensino

fundamental II (do 6º ao 9º Ano) e do ensino médio. Os quadros a seguir, apresentam

informações sobre os participantes desta pesquisa:

Quadro 01: apresentação dos estagiários participantes da pesquisa

Estagiário da Educação

Infantil "A"

Estagiário do ensino

fundamental I "B"

Estagiário do Ensino

Fundamental II "C"

Estagiário do Ensino Médio

"D"

Sexo Feminino Masculino Feminino Masculino

Idade 27 21 19 27

Ano de

conclusão ou

previsto para

conclusão da

graduação

2017.2 2018.1 2017.2 2017.1

Tempo de atuação em estágio

4 anos 1 ano e meio 2 anos 1 ano

Ensino/rede Público Particular Particular Particular

Fonte: Dados da pesquisa.

Quadro 2: apresentação dos professores participantes da pesquisa

Professor da Educação

Infantil "A"

Professor do ensino

fundamental I "B"

Professor do Ensino

Fundamental II "C"

Professor do Ensino Médio

"D"

Sexo Feminino Feminino Masculino Masculino

Idade 25 21 25 47

Disciplina Estágio IV 4º ano Professor de Professor de

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lecionada/turm

a que atua

língua

portuguesa

língua

portuguesa

Tempo de atuação

Atua a 6 anos Atua a 6 anos Atua a 5 anos na profissão.

27 anos

Pós/Mestrado/Doutorado

Psicopedagogia Não Mestrando em Estudos da Linguagem

Pós-graduação em Especialização em Literatura e Ensino

Especialização em Mídias da Educação

Mestrado em Letras – Análise Dialógica do Discurso

Ensino/rede Particular Particular Particular PúblicoFonte: Dados da pesquisa.

2.5 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE DADOS

Para a analisar os dados recorreu-se a análise textual discursiva de Moraes (2003).

Este tipo de análise é sistematizado em três etapas: 1) a desconstrução do corpus de dados,

criando unidades de sentido; 2) o estabelecimento de relação entre as unidades, criando as

categorias; e 3) a organização dessas categorias numa nova síntese.

O corpus de dados foram as respostas dos sujeitos nas entrevistas. As relações

organizadas a partir desse corpus originaram as categorias; essas categorias partiram

principalmente dos eixos de discussão colocados no roteiro da entrevista. A nova síntese

desses dados é o texto apresentado aqui no qual se organizam os dados e as reflexões a partir

deles.

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3. INCLUSÃO ESCOLAR

O conceito de integração só chega ao Brasil, na década de 1970, e opunha-se aos

modelos de segregação e defendia a ideia de possibilitar, às pessoas que apresentavam

deficiência, condições de vida o mais normal possível, assemelhando-se com a de todas as

pessoas consideradas normais (SILVA, UBERLÂNDIA, 2016). Ao conceito de integração,

seguirá o conceito de inclusão, segundo Sánchez:

A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos, sustentada em que as escolas, enquanto comunidades educativas, devem satisfazer as necessidades de todos os alunos, sejam quais forem as suas características pessoais, psicológicas ou sociais (com independência de ter ou não deficiência). (SÁNCHEZ, 2005, p.9).

A inclusão de pessoas com deficiência requer repensar as abordagens pedagógicas

para com a turma, estar atento às necessidades individuais, implica o desenvolvimento de

linguagens, discursos, práticas e reorganização dos contextos relacionais. (MIRANDA;

GALVÃO FILHO, 2012).

Embora as experiências pioneiras em inclusão tenham sido feitas na segunda metade

dos anos 80, foi no início da década de 90 que o mundo da educação tomou conhecimento

de um novo caminho para uma escola de qualidade e verdadeiramente aberta para todas as

pessoas (SASSAKI, 2005). Nessa direção, ainda nos anos 1990, foram celebrados

congressos e acordos internacionais, com destaque para a Declaração Mundial sobre

Educação para Todos (UNESCO, 1990), aprovada pela Conferência Mundial sobre

Educação para Todos, realizada em Jomtiem – Tailândia, no ano de 1990, e para a

Declaração de Salamanca (Unesco, 1994), firmada na Espanha em 1994, marcam, no plano

internacional, momentos históricos em prol da Educação Inclusiva (SANT’ANA, 2005;

SILVEIRA, NEVES, 2006).

A inclusão escolar da pessoa com deficiência é um tema que vem se destacando,

chamando atenção a necessidade de uma escola que atenda às diferenças. Para Sánchez

(2005, p.9):

A educação inclusiva é antes de tudo uma questão de direitos humanos, já que defende que não se pode segregar a nenhuma pessoa como consequência de sua deficiência, de sua dificuldade de aprendizagem, do seu gênero ou mesmo se esta pertencer a uma minoria étnica (seria algo que iria contra os direitos humanos).

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Estar preparados, conhecendo o assunto da inclusão é fundamental para acompanhar,

entender e identificar a necessidade de cada aluno, e assim, proporcionar escolarização

adequada a todos.

Vale ressaltar que para a escola ser inclusiva torna-se necessário o envolvimento de

todos os membros da equipe escolar no planejamento de ações e programas voltados à

temática. Para que assim, o trabalho se torne cada vez mais consistente e produza impactos

positivos na escolarização de todos. A existência e interesse de todos os profissionais da

escola em aprimorar a inclusão nesse contexto proporcionará uma maneira mais eficiente de

se manter firme nessa necessidade existente em todos os espaço educacionais

3.1 PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA INCLUSÃO

De acordo com Monteiro e Manzini (2008, p.35):

As ações de um indivíduo têm como base uma concepção que foi desenvolvida dentro de um processo histórico, sendo assim, pode-se dizer que o conceito que se tem de algo direciona a prática, ou ainda, determina as atitudes. Portanto, em se tratando da temática inclusão de alunos com deficiência em salas de aulas de ensino regular, as atitudes do professor em relação ao ensino desse aluno estariam diretamente ligadas ao seu conceito de inclusão.

A compreensão do que é inclusão direcionaria as ações dos professores. Desse modo,

se os professores sabem das possibilidades de aprendizagem investiriam na aprendizagem

dos alunos, se as desconhecem desacreditariam a proposta de escola inclusiva

Sobre o profissional da educação na inclusão escolar, Ferreira (2005, p.41) ressalta

que:

Um professor comprometido com a inclusão deve ter em mente que: a educação é um direito humano; as crianças estão na escola para aprender; há crianças que são mais vulneráveis à exclusão educacional do que outras; e é da responsabilidade da escola e dos professores criar formas alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos.

O comprometimento com o trabalho é um fator importante para qualquer que seja a

área de atuação, falando sobre a educação esse comprometimento torna-se ainda mais

relevante, uma vez, o professor é o espelho e a peça fundamental na transmissão de boas

maneiras e atitudes para a visão do aluno. Dessa forma, faz-se necessário o investimento

nesse profissional, possibilitando-o no rendimento de sua prática.

“A formação de educadores para uma escola inclusiva não se restringe a cursos de

capacitação, reciclagem, aperfeiçoamento e outros que são oferecidos em diferentes

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instâncias educacionais” (FERREIRA, 2005, p.41). Entende-se que a formação continuada

do professor também pode acontecer a partir de estudos individuais, não formais, uma vez

que a busca por diversas informações pode proporcionar um melhor resultado nos trabalhos

apresentados no dia a dia, atualizando sobre as necessidades e como reagir diante delas. Para

tanto é importante que os professores tenham um tempo para estudar, planejar as aulas,

pensar quais estratégias de ensino poderiam ser mais eficazes para os alunos com

deficiência.

Sobre as habilidades e competências para o profissional da educação frente à inclusão, se referiram também à questão curricular. Segundo as autoras, o currículo deveria ser planejado e coordenado de maneira que assegurasse, a cada aluno, a aquisição dos conhecimentos e as habilidades essenciais respeitando a diversidade. Valle; Guedes (2003 apud MONTEIRO, MANZINI, 2008, p. 47).

Estar estudando ajudará o professor de uma turma inclusiva a desenvolver

estratégias, métodos e atividades que venham a contribuir para uma melhor aprendizagem e

desenvolvimento dos alunos. Quando não há informações adequadas para o professor,

quando não há políticas de formação inicial e continuada abordando a inclusão, quando não

há apoio de profissionais especializados, quando falta estrutura na escola na escola a

proposta da escola inclusiva não se efetiva no sentido de promover avanços para a

aprendizagem dos alunos.

[...] a implantação da educação inclusiva tem encontrado limites e dificuldades, em virtude da falta de formação dos professores das classes regulares para atender às necessidades educativas especiais, além de infra-estrutura adequada e condições materiais para o trabalho pedagógico junto a crianças com deficiência (SANT’ANA, 2005, p.5).

Uma vez que não há políticas de formação inicial e continuada, os profissionais

necessitam cada vez mais estar procurando a atualização e informações necessárias sobre

essas questões; bem como, o apoio por parte de toda a equipe escolar, para estar trabalhando

de maneira correta e obtendo informações de outros profissionais sobre o caso quando assim

over a necessidade. É importante destacar, essa parceria de todos os que estão ligados a

educação e quão importante é o trabalho em conjunto, para assim obter os resultados

almejados e necessários para um melhor na educação inclusiva.

A seguir, discute-se a função do estagiário no ambiente escolar, entendendo ser ele

fundamental na organização da escola inclusiva e para a aprendizagem e desenvolvimento

do aluno com deficiência.

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3.1.1 O ESTAGIÁRIO NA ESCOLA INCLUSIVA

Para Colombo e Ballão (2014) o estagiário pode ter sua experiência adquirida por

meio da aplicação prática daqueles conhecimento construído nas aulas teóricas, sob a

supervisão de um professor-orientador, para que o mesmo consiga desenvolver o saber e o

fazer dentro da realidade que está e quer ser inserido.

Antes de discutir acerca da função do estagiário na escola inclusiva é preciso,

primeiramente, compreender a configuração da função de estagiário de maneira geral,

destacando que ele está presente em diversos contextos do mercado de trabalho, a escola é

apenas um deles.

O estágio é uma relação contratual muito importante para o mercado de trabalho.

Nele existe uma troca que interessa à empresa, pois ela obtém uma mão de obra barata, sem

tributação, sem recolhimento previdenciário e fundiário (SANTOS, 2017), e que para o

estudante também interessa, pois ele tem a possibilidade de inserção no mercado, podendo

obter renda (se for estágio remunerado), dando, assim, os primeiros passos na sua vida

profissional. Considerando esse cenário de interesses, muitas empresas passaram a contratar

estagiários.

No ano de 2008 é promulgada a Lei nº 11.788, que regulamenta o estágio. A Lei Do

Estágio, como conhecida, é fundamentada em um princípio-base: a obrigatoriedade de que o

estágio seja um ato formal. A Lei do Estágio rege todos os tipos de estágio, mas nesse

trabalho é importante diferenciar o estágio obrigatório do estágio não-obrigatório, este

último é o pesquisado aqui. De acordo com Paiva; Costa (2017):

O principal aspecto diferenciador entre as modalidades de estágio diz respeito à questão da escolha e da obrigatoriedade que, respectivamente, caracterizam cada um desses modos de ação na prática. O estágio não obrigatório se caracteriza por ser uma opção para o aluno, o qual o escolhe por questões financeiras e/ou no sentido de ampliar seus conhecimentos, mesmo que essa possibilidade não garanta a aquisição de saberes necessários à atuação docente (p.3).

As escolas públicas há bastante tempo são lócus de estágio para os cursos de

Licenciatura, geralmente estágio obrigatório. Porém, o interesse das escolas privadas em

receber estagiários é mais recente e vem para suprir necessidade de mão de obra de baixo

custo; desse modo, no contexto das escolas privadas geralmente se trata de estágio não

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obrigatório remunerado. Escolas públicas também recorrem ao estágio não obrigatório com

o mesmo propósito que as escolas particulares, geralmente para funções de profissional

auxiliar (PAIVA; COSTA, 2017).

Devido à crescente inclusão de alunos com deficiências em escolas regulares, essas

instituições passaram a contratar graduandos para auxiliar estes alunos. Percebe-se, e isso

aparecerá nos dados discutidos na sequência, que algumas empresas (escolas privadas) e

governos (é o caso das escolas públicas, municipais e estaduais que contratam estagiários)

não querendo contratar profissionais com formação já concluída para atividades específicas

(como a mediação pedagógica junto ao aluno incluído), pois isso implicaria em despesas

altas, se beneficiam da ânsia em aprender e da necessidade empregatícia do universitário-

trabalhador, e os sobrecarrega com tarefas para as quais sua formação, até aquele momento,

não os habilitou. Momo (2016, p.23) reforça essa percepção:

Exponho a condição da possibilidade do estágio, como qualidade de contratação, no caso das instituições particulares e a sua não categoria no caso das escolas de ensino público por considerar que esta diferença apresenta alguns aspectos pertinentes. Neste sentido, pontuo que a experiência que tive como estagiária na modalidade do estágio não obrigatório envolvia a questão do aprendizado, mas também continha uma expectativa de inserção no mercado de trabalho de forma mais imediata .

Para as autora também, acredita-se que essa contribuição do estagiário favorece a

escola (empresa) e ele próprio, uma vez que adquire conhecimentos acerca da escola e da

prática pedagógica enquanto ainda cursa a licenciatura. Entretanto, é preciso que as leis que

o ampara funcionem e se façam vigentes para que sua experiência não fuja do seu caráter

formativo, supervisionado por profissional capacitado, de preparação para o trabalho.

4. INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA PERSPECTIVA DE ESTAGIÁRIOS E PROFESSORES

A partir das falas dos estagiários e dos professores que trabalham com alunos com

deficiência em suas turmas, foram organizadas algumas respostas em comuns e que

respondiam o objetivo deste estudo. Dessa forma, os dados resultantes foram organizados

em categorias: 1) dificuldades dos estagiários no processo de inclusão; 2) ausência dos

profissionais habilitados e capacitados para o apoio dos alunos com deficiência; 3) o desafio

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de mediar o conteúdo no ensino fundamental II e no ensino médio para os alunos com

deficiência; 4) conquistas perante desafios.

4.1 DIFICULDADES DOS ESTAGIÁRIOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO.

Nas entrevistas realizadas com professores e estagiários da escola de ensino

particular, o desvio de função do estagiário foi relatado em todos os níveis, porém, no

Ensino Fundamental e Ensino Médio foram expostas situações mais extremas e que se

distanciam do propósito da participação acadêmica para auxílios de alunos com deficiência.

Fala-se em desvio de função, pois o estagiário não deveria assumir tarefas sem

orientação e supervisão, conforme consta, por exemplo, no Regulamento dos Cursos

Regulares de Graduação da UFRN (UFRN, 2014, p.43): “Art. 65. Estágio é uma atividade

acadêmica, definido como o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no

ambiente de trabalho, que visa à preparação de educando para o trabalho profissional”. As

falas dos estagiários indicam desconformidade com essa regulamentação:

“O relatório foi feito por mim, sem qualquer supervisão ou ajuda de professores ou

coordenação”3 (Estagiário D).

“[...] planejamento é feito pelo professor auxiliar, a partir das conversas feitas com

os professores titulares e os conteúdos previstos para aquela unidade de ensino."

(Estagiário C).

O estagiário D, informou que faz relatórios e isso não está previsto como sua função.

Do mesmo modo, o estagiário C (que se coloca como professor auxiliar) faz os

planejamentos, tarefa que não lhe caberia – mesmo que converse com o professor titular, tal

planejamento precisaria ser construído em colaboração real e não como responsabilidade do

estagiário.

Dessa forma, o aluno com deficiência não tem o apoio correto dento da escola.

Entende-se que o estagiário até pode buscar individualmente os meios para trabalhar e

desenvolver estratégias para que o aluno incluído aprenda na escola (do mesmo modo que o

professor poderia fazê-lo), porém por estar ainda em formação e não ter conhecimento

específico e apoio terá muita dificuldade em saber se procede de forma correta ou não.

3 A fala dos sujeitos da pesquisa são identificadas com a escrita em itálico.

18

Contudo, cabe destacar que o propósito da proposta de inclusão é que esse aluno faça

parte da turma, da escola; e não que ele seja aluno do estagiário – o aluno é da escola, faz

parte de uma turma.

Nesse sentido, entende-se que inclusão não é responsabilidade do trabalho do

estagiário, é preciso um apoio multidisciplinar que já existe nas escolas. Nas escolas dos

participantes entrevistados, relatam haver psicopedagoga, psicóloga, mas não comentam da

participação e do suporte desses profissionais para o trabalho deles com os alunos incluídos.

Em outros casos, quando a escola não tem no seu quadro profissionais específicos, os

estagiários tentam desempenhar papel de professor da classe e de professor especialista, pois

sentem-se responsáveis pelo aluno incluído, como vemos a seguir:

"Minha experiência foi marcada por negligências e desumanidade por parte de

professores e coordenadores na instituição. Por vezes tive eu mesma que preparar

atividades de classe/casa/avaliativas, bem como, direcionar a rotina e planejamento

diferenciado para que as alunas pudessem aprender os conteúdos, já que os

professores alegavam não saber como fazer a adaptação e muito menos inclui-las nas

atividades." (Estagiário D)

Outro ponto preocupante relatado pelos estagiários entrevistados foi o

acompanhamento de dois alunos com deficiências ao mesmo tempo. Um fator que não

contribui para a aprendizagem visto a dificuldade existente em acompanhar dois com

deficiências ao mesmo tempo.

“Na turma em questão pude acompanhar de perto duas alunas, uma diagnosticada

com autismo e outra com atraso cognitivo. A experiência foi gratificante levando

em consideração o caráter afetivo e alguns aprendizados. Entretanto, também foi

marcado por negligências e desumanidade por parte de professores e

coordenadores na instituição. Por vezes tive eu mesma que preparar atividades de

classe/casa/avaliativas, bem como, direcionar a rotina e planejamento

diferenciado para que as alunas pudessem aprender os conteúdos, já que os

professores alegavam não saber como fazer a adaptação e muito menos inclui-las

nas atividades." (Estagiário D)

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Assim descreve Oliveira, Pinto (2011, p.111):

[...] certa complexidade que envolve a presença desse estagiário na escola, ao destacar, de um lado, suas dúvidas e angústias diante da indefinição de um projeto educativo para o aluno com necessidades especiais; de outro, certa imagem de liberdade e poder à medida que fica sob a responsabilidade dele acompanhar o aluno, mediar sua relação com os outros, preparar atividades diversificadas e, algumas vezes, informar os pais da situação do aluno na escola.

Destarte, o aluno especial precisa de alguém para ajudá-lo em seu desenvolvimento

cognitivo, é verdade, mas o estagiário não pode arcar com a essa reponsabilidade sozinho,

pois ele também está lá para aprender.

4.2 AUSÊNCIA DOS PROFISSIONAIS HABILITADOS E CAPACITADOS PARA O APOIO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA.

Das dificuldades que os professores relatam, uma recorrente é a ausência de

profissionais especializados que os apoiem no trabalho com os alunos incluídos. Sabe-se que

muitos alunos apresentam quadros complexos que requerem além do olhar pedagógico, o

olhar específico da educação especial, da reabilitação, da saúde.

Como constata Padilha (2014):Nossas pesquisas precisam ir além das constatações, mesmo reconhecendo que elas são necessárias ao conhecimento da realidade; precisam ir além das críticas, ainda que sem elas não se abram caminhos alternativos. O simples acesso à escola não é suficiente, ainda que muitíssimo necessário (p.237).

Quando se fala que apenas o acesso à escola não é suficiente para construir a escola

inclusiva, está se indicando que sem suporte adequado de professores com conhecimento e

de profissionais que trabalham outros aspectos envolvidos no desenvolvimento da criança –

como psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos de diferentes especialidades etc.

– não é possível atender a criança com deficiência de maneira integral e integrada, ou seja,

não se consegue trabalhar com os diferentes aspectos do desenvolvimento relacionados a

aprendizagem: psiquismo, motricidade, percepção pelos sentidos etc.

Os alunos com deficiência nas escolas regulares encontram desde o início da

escolarização obstáculos. Estes obstáculos iniciam com a dificuldade de efetivar matrícula,

encontrando escolas dispostas a receber o aluno – embora a legislação atual, através do

Estatuto da Pessoa com Deficiência, destaque que é ilegal recusar matrícula (BRASIL,

20

2015) – e acompanham o aluno em todo o processo de escolarização, com manifestações

diversas. Entretanto, a escola não tem preparação e investimentos para receber esses alunos.

O relato da professora B, na sequência, exemplifica situação corriqueira das escolas,

na qual o aluno com deficiência não participa com o grupo das atividades da turma e sente-

se aflita por não ter alguém para ajudá-la, o que sucede a inclusão-exclusão do aluno em

questão.

“Sou eu a única professora em sala, então primeiro faço a explicação da aula para a

turma enquanto o aluno desenha em seu caderno; em seguida quando a turma está

fazendo a atividade, eu copio a atividade do aluno especial no caderno, explico e

sento com ele para ajudá-lo a fazer a atividade. Logo após, copio mais outra

atividade para casa e explico para ele, acaba que ele fica com alguns intervalos

livres, devido ao fato de ter que dar aula para o restante da turma também."

(Professora B).

A fala acima mostra a falta de investimento, por parte de instituição escolar, para

apoiara professora e ela ter condições de trabalhar com todos os alunos da turma.

Contrariando a LDBEN (BRASIL, 1996), que em seu artigo 50, assegura a presença de

serviços de apoio na escola aos educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades, quando for necessário.

Situação parecida é relatada pela Professora A:

"Eu tenho 6 alunos que precisam de uma atenção exclusiva: 2 são autistas, sendo 1

com nível alto do transtorno e que precisa de uma atenção mais elevada por ter

momentos de agressividade. O outro já é mais tranquilo. Os outros 4 não tem

diagnóstico. 1 não consegue se concentrar de forma alguma, tem um histórico

familiar muito pesado, já fiz o encaminhamento, mas a família não tem renda pra

fazer uma avaliação. Duas meninas, não conseguem acompanhar a turma em nada,

precisam de alguém para acompanha-las em todas atividades. E outro menino que

tem epilepsia, tem um certo atraso cognitivo, é independente, mas nas atividades ele

precisa de um auxílio." (Professora A)

21

Em outras falas dos entrevistados, todos eles, relataram a falta de preparo das escolas

para acolher esses estudantes e as falhas da própria configuração pedagógica da instituição.

A avaliação dos alunos, por exemplo, aparece sendo elaborado sem ter conhecimento:

"[...] esses relatórios? A avaliação partia muitas vezes de formas superficiais, os

professores cadastravam a nota com base do que achavam que o aluno merecia,

outros me questionavam e se faziam presentes no processo. Não existia relatório por

parte dos professores." (Estagiária D)

Os professores enxergam nos outros profissionais a solução para a inclusão, e quando

um profissional não resolve a indicação é que precisa de mais gente, que a escola deveria

contratar mais professores auxiliares (que costumam ser estagiários).

"No começo do ano, eu só contava com a auxiliar que ficava com o autista com nível

mais grave, contava não, eu tinha na minha sala. Porque ela só conseguia ficar com

ele, não tinha como me ajudar. E eu só faltava enlouquecer, pois não sabia o que

fazer com os especiais e o restante da turma. As vezes apelava até para os colegas

ajudarem, formava duplas. Passei 3 meses pedindo auxiliar para a minha sala, até

que os pais caíram em cima e com a pressão, a coordenação me deu uma auxiliar.

Mas ainda é insuficiente, ela só consegue dar conta dos especiais de um modo

superficial. E eu tenho que dá conta da turma. Eu não consigo ser professora dos

especiais também. Me sinto frustrada, pois pareço não ter competência para

trabalhar a minha turma. A demanda de atividades é muito grande, existe uma

insensibilidade sobre isso. Agora a minha luta é outro auxiliar para me ajudar. Mas a

escola dizia que não tem como pagar outro estagiário. Detalhe: é uma escola de

grande porte. 1 aluno da sala, já paga o estagiário" (Professora A).

A fala da professora é indicativa do pouco suporte que lhe é disponibilizado para

trabalhar com o aluno com deficiência, mas mais do que isso, indica a responsabilidade que

ela atribui ao estagiário, no sentido de que se houvesse mais um na sala a situação seria

melhor. Em parte concorda-se com a professora, mas se acrescenta que é preciso

qualificação para todos os profissionais que estiverem trabalhando com os alunos com

deficiência e é importante uma equipe multidisciplinar que trabalhe em colaboração, pois

22

um profissional sozinho não reúne todos os conhecimentos que são demandados pela

situação.

A educação inclusiva encontra apoio de um aparato legal. Contudo, falta viabilizar o

que é dito acerca da acessibilidade, adaptação ou flexibilização curricular, equipe

multidisciplinar. Enquanto não se tem as condições adequadas, a viabilização da inclusão

depende muito da boa vontade dos professores e dos estagiários. Nesse sentido, a inclusão

segue como utopia: é almejada, perseguida pelos professores, mas ainda está distante

(CENCI, 2016).

Os professores relatam que, além do suporte para o trabalho diário inexistir, as

escolas fazem de conta que estão organizadas, oferecendo todas as condições que

professores e alunos necessitariam para efetivação da inclusão:

"A reuniões com os pais são um grande teatro. A psicóloga afirma aos pais que vai

observar os filhos. Mas isso não é verdade. A coordenadora nem sabe o que o meu

aluno está fazendo. Diversas atividades são feitas por mim e pela estagiária, não

passam por ela, pois ela está sempre ocupada e não olha o e-mail. A psicopedagoga

é o mesmo que nada. Ela atende crianças no espaço da escola com hora marcada.

Mas não está ali pra ninguém a não ser para os próprios clientes. E quanto o meu

aluno com autismo entra em crise, eu não a quem contar, a aula simplesmente para

até que ele se acalme, pare de chorar ou de querer bater nas pessoas. Não tenho a

quem contar, todos se omitem no meu caos diário." (Professora A)

A fala da Professora A denuncia a falácia da escola, indicando que ela está muito

descontente com a proposta de faz-de-conta de inclusão na sua escola, situação que vem

também sendo descrita em outras pesquisas (CENCI, 2016). E que, mesmo com

profissionais específicos na escola, ela não percebe ter suporte para desenvolver trabalho

adequado em sua turma.

4.3 O DESAFIO DE MEDIAR O CONTEÚDO NO ENSINO FUNDAMENTAL II E NO ENSINO MÉDIO PARA OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA.

Durante as conversas com os professores e estagiários, eles descrevem também um

tipo de dificuldade acentuada, principalmente, no Ensino Fundamental II e Ensino Médio.

23

Trata-se da conciliação das demandas de uma sala de aula, que vai desde a quantidade de

alunos que, frequentemente, é grande, passa pela exigência em ser cumprida uma lista

extensa de conteúdos, até a presença de alunos que precisam de atenção especial – esses

alunos acabam sem acompanhamento. É o que a professora destaca:

"A minha maior dificuldade é conciliar os conteúdos de uma sala de aula de uma

turma imensa com as adaptações e atenções que precisam ser dadas aos PNEs. E

onde colocar o aluno especial dentro desse tempo e espaço atividades exigidas."

(Professor C)

O planejamento dos alunos com deficiência é, em algumas escolas, adaptado por um

profissional. Porém, em seu trabalho na instituição, pouco e insuficiente, é o contato desses

profissionais com os alunos deficientes. Os profissionais citados foram: terapeuta

ocupacional e fonoaudiólogo, estes fazem a adaptação de provas e atividades da rotina

semanal. E tomam como partida o planejamento dos professores das disciplinas. O que inibe

o professor e tira-o a responsabilidade de participar do processo e acompanhar o

desenvolvimento do educando com deficiência.

Entretanto, já em algumas escolas, diferentemente da situação acima, não existe

suporte para essa adaptação do conteúdo e das atividades. Sendo assim, o professor ou

estagiário, como foi falado anteriormente, é quem faz as adaptações necessárias durante as

aulas, sem nenhuma orientação ou planejamento prévio. Dessa forma, evidencia o ponto em

questão, que é a dificuldade de mediar o conteúdo anunciado – para o professor a

dificuldade maior está em conhecer as especificidades do aluno, para o estagiário a

dificuldade também está em entender o conteúdo das aulas que está mediando.

Ferreira (2009) fala sobre a importância da orientação ao professor, segundo o autor

seria necessário:

Utilizar currículos e metodologias flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas ideias e desafios para novas situações. Investir na proposta de diversificação de conteúdos e práticas que possam melhorar as relações entre professor e alunos. Avaliar de forma continuada e permanente, dando ênfase na qualidade do conhecimento e não na quantidade, oportunizando a criatividade, a cooperação e a participação. (FEREIRA, 2009, p.116)

24

Quando o professor e o estagiário não tem formação específica – inicial ou

continuada – e não tem orientação na escola, fica evidenciada a dificuldade de construir

metodologias de ensino que tornem acessíveis os conteúdos aos alunos com deficiência. Os

excertos a seguir exemplificam essa realidade:

"Em alguns momentos, principalmente no final do ano nas aulas de matemática, eu

me via com dificuldade até maior do que a dos alunos em compreender o assunto.

Mas no caso, era uma coisa pessoal, haja vista que o aluno em questão que eu

acompanhava ainda estava em processo de alfabetização e apreensão de números e

contagem." (Estagiário B).

"O preparo para trabalhar com esse público é limitado. O professor, nesses casos,

precisar ser proativo e buscar, por si só, possibilidades para adequar suas atividades

e projetos para aqueles alunos que se enquadram na condição de PNE." (Professor C)

"A principal dificuldade é a transposição didática, pois cada interpretação dos

alunos são uma forma singular do aprendizado." (Estagiário C)

As falas dos professores e estagiários mostram que há dificuldade em pensar a

mediação dos conteúdos e que, frequentemente, o que a turma está estudando está distante

do nível de compreensão do aluno com deficiência. Nesses casos, seria necessário repensar

os objetivos das tarefas propostas para a turma para que todos os alunos pudessem participar

em alguma medida, sendo-lhes oferecidas as adaptações necessárias.

Outro ponto que precisa ser problematizado diz respeito ao preparo dos docentes e

dos estagiários, os quais, na maior parte dos casos, não tem conhecimento para trabalhar de

modo a promover a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças com deficiência; sem

conhecimento seguem aplicando métodos educacionais inadequados e projetos que destoam

da verdadeira necessidade desses alunos. A fala do estagiário traz essa dificuldade que ele e

o professor compartilham no que se refere a organizar a proposta pedagógica para o aluno

com deficiência:

25

"Embora eu reconhecesse seu avanço (coisa extremamente necessária), em

determinados momentos eu me via de mãos atadas, como quando estávamos

trabalhando Guerra Fria, por exemplo: o que fazer? O professor imprimiu fotos dos

países que participaram dela e pronto, acabou a única atividade de geografia do

semestre relacionada ao assunto trabalhado em sala de aula, totalmente

descontextualizada. Referente as atividades aplicadas no decorrer do ano, poucas

foram feitas pelos professores. A grande maioria foi elaborada por mim, coisa que

não pode acontecer em hipótese alguma na época (visto que eu estava num cargo de

estagiário). Minha grande aposta no decorrer do ano para o aluno foi o seu

desenvolvimento social, fomentando sua autonomia e oferecendo-lhe oportunidade de

ser menos infantilizado, tanto por ele mesmo e pela mãe (várias orientações foram

dadas em micro reuniões com a orientadora pedagógica) quanto pela comunidade

escolar (funcionários e alunos). No final do ano foi visto tal resultado." (Estagiário

B)

Muitos professores dizem que não fazem o trabalho adequado, pois em sua formação

não tiveram acesso a estudos específicos da educação especial-inclusiva. Alguns estagiários

estão, nos seus cursos de licenciatura, com disciplina sobre o tema, mas em estudos breves e

superficiais. Ao encontrar dificuldade na mediação do conteúdo para os alunos com

deficiência, tanto professores quanto os estagiários, focam no desenvolvimento de

habilidades sociais (como dito no excerto acima). Ao fazê-lo estão descaracterizando a

função da escola, que é de interação social, mas que é principalmente de aprendizagem dos

conteúdos (SAVIANI, 1992).

Desse modo, reitera-se a importância do conhecimento. Como afirma Padilha (2011,

p.313): Pensar a educação inclusiva exige conhecer a nossa realidade social e política, bem como dominar conhecimentos teóricos com rigor epistemológico acerca do desenvolvimento humano e do papel da escola como ato educativo.

O sistema educacional brasileiro é perpassado por série de problemas. Mas até quando

alguns licenciados não irão tomar atitudes e reconhecer que a nossa formação é continuada e

que ela muda de acordo com as necessidades da sociedade, que as informações precisam ser

buscadas?

26

4. 4 CONQUISTAS PERANTE DESAFIOS.

A construção da escola inclusiva é um desafio, porém acredita-se que é possível

ampliar o acesso à escola a todas as crianças e que esse espaço seja acolhedor e de

aprendizagem para todos. A escola inclusiva traz uma série de benefícios, o primeiro – diria

que um dos mais importantes – é a possibilidade de socialização das crianças com

deficiência com outras de sua faixa etária.

Mesmo com todos os problemas citados nas falas dos entrevistados, quando

questionados sobre como percebiam a inclusão, os professores e estagiários não

responderam algo negativo. Todos acreditam em metas positivas e compreendem a inclusão

como um benefício não somente para o aluno com deficiência, mas também para os que

participam desse processo – os colegas, os próprios professores e estagiários, a escola como

todo.

Os sujeitos que citaram os pontos negativos, o fizeram como sugestões para que a

inclusão acontecesse de forma coerente, o que não interferiu no otimismo das palavras ao se

referir aos pontos positivos.

"Eu amadureci muito pessoalmente e profissionalmente. Vejo que a turma sempre

mostra muito carinho e até me ajudam a pegar o autista que corre pela sala e brigam

com ele pra não fazer mais que isso é feio. E eu vejo como isso é fundamental para

um ser humano, que ele cresce convivendo com o "diferente", ajudando e cooperando

com a aula. Isso me encanta." (Professora A)

"Essa experiência para mim foi grandiosa no começo eu tremi na base, mais eu cresci

muito passando por isso além de aprender muito, hoje eu sei como lidar com um

autista sei que ele tem sua especificidade e que mesmo que ele não interaja com as

outras crianças ele gosta dela e cabe a você como professora saber inclui-lo no

momento certo, creio eu que o que falta por parte de muitas professoras é a

dedicação e o interesse para fazer com que esse aluno se sinta bem e incluído diante

dos demais e que se sinta capaz de fazer qualquer coisa assim como as outras

crianças." (Estagiário A)

27

“A inclusão é fundamental para mostrar a todos e principalmente o aluno especial,

que não existem diferenças, que temos que respeitar e amar o próximo da mesma

forma. O ponto negativo, na verdade não seria a inclusão, mas sim as escolas se

modificarem e melhorar para receber alunos de diferentes formas, pois até mesmo em

escolas grandes, vemos bastantes dificuldades em relação a isso" (Professora B)

"Só temos a ganhar. Entretanto, identifico a necessidade de investir na formação

continuada dos profissionais responsáveis." (Estagiário B)

"Já tive inúmeros alunos com díspares deficiências. Em sala de aula, autistas,

hiperativos, alunos com déficit de atenção. Em concursos, atuando como ledor,

disléxicos, cegos, pessoas com deficiência física e mental, dentre outros. Sempre é

uma experiência gratificante, tendo em vista que conviver com as diferenças, seja

como profissional ou em outras esferas, agrega valores e aptidões que, só depois,

você descobre que não tinha." (Professor C).

"A inclusão é um reflexo de um ambiente democrático, apenas com a participação de

todos que podemos pensar em uma sociedade plural. O convívio com o diferente nos

enriquece em aprendizagem de ambas as partes, daí a necessidade da inclusão seja

efetivada na prática e de acordo com os seus parâmetros." (Estagiário C)

"A inclusão seria muito bem-vinda se os profissionais fossem primeiramente

preparados, o que não são." (Professor D)

"O lado positivo é a busca por oportunidades a todos. E o negativo acredito que seja

a falta do preparo de professores/escolas para lidar com as demandas." (Estagiário

D)

O olhar para o aluno com deficiência não deve centrar-se nos seus limites, mas nas

suas potencialidades. Essa mudança de olhar é mudança de toda a escola; para Silva (2010,

p.39):

As mudanças são fundamentais para inclusão, mas exige que todos se esforcem possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade,

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capacidade, peso, altura, deficiência física ou mental. A educação assim tem que ter um caráter vasto e abstruso, que favorece uma educação que fará parte de uma grande construção, uma construção ao longo da vida, independente das dificuldades, é claro que se essas pessoas receberem as oportunidades adequadas para o desenvolvimento de sua personalidade e potencialidade de maneira integral.

Os sujeitos da pesquisa acreditam na possibilidade de construção de uma escola não

excludente – exemplificado pelo ponto de vista do professor C:

"Outro ponto positivo que merece destaque é a possibilidade de conscientização de

toda a comunidade escolar para o trato com a diversidade. Com isso, os alunos

regulares crescem preparados para uma sociedade diversificada e tornam-se cada

vez mais sensíveis para reflexões sobre o tema." (Professor C)

A esperança dos educadores chama atenção. E apesar das dificuldades encontradas

pelos educadores, de conhecerem os problemas do sistema educacional, ainda sim,

acreditam na inclusão escolar. Há leis que garantem o direito de todos estarem na escola.

Porém estar na escola não basta. É preciso viabilizar as leis investindo na formação do

educador e na capacitação de toda equipe escolar. Nessa perspectiva Padilha (2011, p.319)

fala sobre a inclusão:

Não cairá do céu, como um maná dos deuses; não virá apenas da legislação; não se imporá como norma a ser cumprida pelas escolas e pelos professores. Virá da luta popular, virá da luta dos educadores por melhor formação nas universidades; virá da luta política por condições dignas de trabalho dos professores [...]

Virá do trabalho de professores, estagiários, universidades, famílias, pessoas com

deficiência. É preciso que a escola tenha uma consciência e um trabalho baseado na

organização do cotidiano escolar de seus alunos de forma a ter uma inclusão positiva para

todos.

29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A investigação da percepção dos professores e estagiários acerca da inclusão escolar

levou a concluir que esses profissionais apostam no potencial da proposta inclusiva para

transformação da escola, mas que no momento enfrentam muitas dificuldades para trabalhar

com o aluno com deficiência.

Percebeu-se também que os estagiários vêm assumindo centralidade nesse processo

de inclusão, cabendo-lhes muita responsabilidade na mediação pedagógica junto ao aluno.

Em várias situações ficou evidenciado que essa responsabilidade que lhes era dada

extrapolava o estipulado para a função de estagiário.

Talvez essa responsabilização do estagiário estivesse ocorrendo, pois a maioria das

escolas não contava com suporte de outros profissionais, com conhecimento específico sobre

aprendizagem e desenvolvimento de alunos com deficiência.

Além da falta dos profissionais com conhecimento específico, ficou claro que nem

professores e estagiários tinham tais conhecimentos para subsidiar a mediação junto ao

aluno; e isso ficava mais explícito com os alunos do ensino fundamental II e ensino médio –

período que na escola se trabalham conteúdos mais complexos.

Embora predominassem as dificuldades, os professores e estagiários entendem que é

positiva a proposta de inclusão. Nessa direção, se espera que este trabalho possa contribuir

inspirando outras pessoas a refletir sobre a educação inclusiva em contexto escolar. Que faça

parte dos debates que defendem a inclusão e enxergam a beleza desse processo como algo

humano e ativo. Eu posso ser uma sonhadora, mas acredito, não estou sonhando sozinha! Eu

acredito e defendo a escola inclusiva!

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TEIXEIRA, Luzimar. Inclusão na Escola - Parte III. Revista Avisa lá, São Paulo - SP,27 Ago 2002.

33

ANEXOS

34

ANEXO 1- Questionário de Pesquisa

Dados gerais

Idade Tempo de atuação na profissãoAno de conclusão da graduação ou ano previsto para a conclusãoCargo profissionalPós-graduaçãoAno de conclusão de conclusão da pós-graduação

Roteiro da entrevista

1. Qual sua experiência com alunos com deficiência? Que alunos você já acompanhou?

Como foi?

2. Atualmente, quais alunos com deficiência você acompanha?

3. Você pode falar um pouco sobre esse aluno...

4. O aluno acompanha o conteúdo da turma?

5. Há algum tipo de adaptação para esse aluno? Quem adapta as atividades para o

aluno?

6. Ele interage com os colegas?

7. Você sabe se a criança tem algum diagnostico? Qual é?

8. Você sabe se a criança tem algum tipo de acompanhamento multidisciplinar? Você já

conversou com esses profissionais?

9. Com qual frequência você conversa com os pais desse aluno?

10. Como é feito o relatório desse aluno?

11. Como é o trabalho do professor com o aluno com deficiência?

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12. Como é o trabalho do estagiário com o aluno com deficiência?

13. Quem faz o planejamento do aluno com deficiência? Como ele é feito? (Quem faz?

Com base em quê)

14. Como é avaliado o desempenho do aluno? Quem organizar os relatórios? Como são

esses relatórios?

15. Relate um dia de sua rotina na sala de aula

16. Você acredita que a escola está adequada para o trabalho com alunos com

deficiência? (Tem acessibilidade? Tem profissionais com conhecimento específico?)

17. Você acredita que está preparada para trabalhar com alunos com deficiência? Por

quê?

18. Como você busca informações?

19. Há algum apoio de apoio da escola para seu trabalho com alunos com deficiência?

20. Quais são as principais dificuldades no trabalho com o aluno com deficiência?

21. Como você percebe a inclusão: quais os pontos positivos e pontos negativos?