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GUERRA FRIA: A IMPORTÂNCIA DO CINEMA NESTE CONFLITO

“O cinema revela-se como um instrumento de propaganda ideológica na medida que é produzido com determinados fins, interessado em impor formas de pensar e ditar comportamentos. Como ressalta Ferro (1977, p. 15), é difícil medir ou avaliar a ação exercida pelo cinema, mas não é possível ignorar esta intervenção. Por isso que esta relação entre a propaganda, a arte e a intervenção torna-se uma fronteira imprecisa.” (Manduca; p.14,15. 2010)

Resumo:

Apresentamos a partir deste estudo algumas possíveis relações entre Cinema e História, o primeiro de grande auxílio na compreensão do último. Como veremos os EUA e também a URSS beneficiaram-se bastante dessa fonte de conhecimento para a propagação de seus objetivos e ideais em níveis mundiais no período correspondente a guerra fria; Porém entendemos que não somente neste período as imagens foram utilizadas para convencer as pessoas em relação a determinado tema, através de propagandas. Os filmes de Hollywood estadunidenses se espalharam pelo mundo em formas de propagandas a fim de convencer a população sobre seu modo de viver ou do american way life. Os filmes anticomunistas e comunistas (estes em quantidades menores) eram comercializados nos mais variados países a baixos custos para facilitar o acesso. Essas super potências da época sem planejar deixaram um importante material para analisarmos as formas de pensar do período. Neste sentido os filmes apesar de não serem caracterizados como fontes históricas empíricas, são para nós de grande utilidade para análise do tema abordado. A partir de um livro escrito por Alexandre Busko Valim e de alguns outros autores, não menos importantes, mas imprescindíveis para este estudo seguiremos esta reflexão, abordando além dos filmes, acontecimentos do período.

Palavras chave: Capitalismo, Comunismo, Filmes, Concorrências, Sociedade

Introdução:

Como anteriormente mencionamos nosso objetivo esta em apresentar por

meio desta reflexão um livro recentemente escrito por Alexandre Busko Valim:

Imagens Vigiadas; Cinema e Guerra Fria no Brasil, 1945-1954. O autor escreveu a

obra visando mostrar aos leitores a relação existente entre cinema e história, utilizou

para o tema de sua tese o período que prosseguiu a segunda guerra mundial analisando

filmes correspondentes ao período os quais exerceram grande influência na mente das

pessoas. Para uma maior abrangência desse assunto relataremos agumas especificidades

do presente tema. A guerra fria exerceu grande influência nos mais variados países,

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neste sentido perceberemos principalmente os objetivos dos dois principais países EUA

e URSS. Cada país aliado era movido por interesses particulares. Seus objetivos

específicos estavam ligados ou a expansão do comunismo ou capitalismo.

Com o fim da segunda guerra mundial, em 1945 a corrida armamentista

entre as superpotências da época seguia com o intuito de construir um grande arsenal de

armas de guerras. O autor a seguir fala sobre isso, e a influência dos filmes:Pairavam sobre a Terra os invasores vindos de mundos diferentes, inclusive de Marte, o planeta vermelho. O perigo da contaminação ideológica proporcionada pelo alienígena traduzia o medo das ideias que vinham de fora: tudo que viesse dos outros era antiamericano. Já em 1950, com Destino Lua (Destination Moon, dir. Irvin Pichel), o espaço é abordado como mais um território a ser disputado com os russos. No mesmo ano, The Flying Soucer (dir. Mikel Conrad) foi o primeiro filme a usar a expressão disco voador, mas trata-se de um artefato terrestre, um disco inventado pelos cientistas estadunidenses que é roubado pelos inimigos soviéticos. Em 1951, O homem do Planeta X (The Man From Planet X, dir. Edgar Ulmer), filme B, tinha um enredo no qual uma nave cai na terra, e seu tripulante é capturado por um astrônomo. Apesar de pacífico, o alienígena tem poderes telepáticos de dominação, podendo transformar os mais inescrupulosos cientistas em inocentes vegetais. É o criador do que depois seriam clichês quanto à possível invasão da terra.18 Ainda em 1951, viria O monstro do Ártico (The Thing from Another World, dir. Christian Nyby), ameaça de invasão russa pelo Alaska e alegoria sobre a guerra fria, através de uma criatura, e termina advertindo para o perigo que vem do céu. Os filmes de ficção científica seguiram, por anos de produção constante, em grau diferente de engajamento.19 Exportar o tema do anticomunismo para outros gêneros, ainda que de forma alegórica ou difusa, era a garantia de pautar a audiência com uma mesma mensagem disfarçada. (Castro; 2011. P; 09)

O autor discute acima a disputa armamentista entre os dois países, porém

esta não era a única ou a principal finalidade. A guerra fria foi também uma luta de

interesses políticos, culturais, militares, uma luta em defesa da forma de pensar o

mundo, para isso as telas dos cinemas foram essenciais.

Faz-se fundamental entendermos que o termo “guerra fria” simboliza o fato

de não ter ocorrido derramamento de sangue, porém a guerra do Vietnã (1950-1953),

guerra da Coréia (1962-1975), entre outras relacionadas ao mesmo conflito prova o

contrário. Apesar de as batalhas civis não ser necessariamente nosso objetivo central

acredito ser necessário falarmos um pouco sobre tais. Guerras civis que autodestruíram

seus países, enquanto as superpotências saíram ilesas diante da grande quantidade de

sangue derramada e prejuízos econômicos causados dentro dos países afetados por tais

afrontamentos. Países como estes citados anteriormente dividiram-se entre comunistas e

anticomunistas ou entre as potências vencedoras do grande conflito mundial anterior,

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gerando, dessa forma guerras “dentro de suas próprias habitações. Estados unidos e

União Soviética intervinham nestes conflitos civis com suas armas adquiridas durante a

segunda guerra mundiais.

Após ter sido derrotado na segunda guerra mundial o Japão perdeu o

controle sobre a Coréia. Este país foi dividido, capitalista ao sul e comunista ao norte,

nem o norte e nem o sul aceitaram a escolha interna e em junho de 1950 o norte invadiu

o sul. Os Estados Unidos enviaram tropas internacionais comandadas pelo general norte

americano MacArthur, os soviéticos também se envolveram no conflito, prestando

auxílio militar aos coreanos do norte. Nesta guerra três milhões de pessoas perderam

suas vidas, só então os Estados Unidos resolveram negociar a paz em junho de 1948,

isso confirmou a divisão das Coréias já existente desde 1948. A guerra ocorreu da

seguinte forma: Vietnã , antiga colônia da França, conquistou sua independência e já foi

dividido em norte e sul. O Vietnã do Sul era uma ditadura com perseguições políticas

aos socialistas residentes, apoiada pelos Estados Unidos e Vietnã do Norte era uma

república socialista que rapidamente cresceu economicamente e acabou com o

analfabetismo. Em 1960 os comunistas organizaram a frente de libertação nacional a

fim de unificar os dois países sob o comando do socialismo do norte. A frente de

libertação nacional criou um exército nacional chamado ‘Exército Vietcongue’. Assim

os Estados Unidos perderiam o Sul, então enviaram seu exército para combater o

exército Vietcongue o que se transformou em um conflito entre o Sul e o Norte. No

entanto os 500 mil homens enviados pelos EUA e as bombas não foram suficientes para

combater os vietcongues. Os habitantes do Vietnã fizeram uso das selvas vietnamitas

para proteção. Com a derrota dos Estados Unidos cresce a insatisfação, o custo da

guerra fora muito alto, segundo, dado de livros didáticos chegou a ser gasto mais de 250

bilhões de dólares, 58 mil americanos acabaram mortos, sem contar os milhares

mutilados. Os americanos do norte com as várias derrotas e pressões internas da

população a respeito acharam mais conveniente acabar com o conflito em 1973 com a

assinatura do Acordo de Paris em 1973. A assinatura de um acordo de paz significou

uma derrota para os EUA. Neste último caso não foram os filmes, mas a televisão, os

repórteres filmaram toda a guerra podendo ser transmitida nas telas, este fato levou aos

estadunidenses a oportunidade de assistiram boa parte das cenas da guerra do Vietnã.

Como percebemos as telas foram fundamentais na construção de opiniões. As mães e

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esposas, por exemplo, com as terríveis cenas de violência fizeram o possível para

impedir filhos e maridos de participar dos afrontamentos.

Mas como essas duas potências conseguiam tais materiais bélicos capazes

de acabar com o mundo em poucos dias, trata-se também de uma herança alemã, pois

muitas idéias a respeito de como seguir em frente nesta corrida armamentista eram

provenientes de cientistas japoneses e alemães.

O bloco anticomunista liderado pelos EUA contava com a participação da

Europa Ocidental, América Latina e Japão. O bloco comunista liderado pela União

Soviética também possuía aliados, sendo estes: Polônia, Tchecoslováquia, Hungria,

Iugoslávia, República democrática da Alemanha, Bulgária e Albânia. Ambos os eixos

agiam militarmente quando alguma nação resolvia separar-se e seguir seu próprio rumo.

Então o que dizer do nome “guerra fria”? A corrida armamentista levou as duas

potências a realizarem altos gastos militares com armas, bombas atômicas e no exército,

era uma forma de proteção caso estourasse uma grande guerra entre os blocos; porém os

Estados Unidos sempre estiveram mais a frente, seria pelo fato de ter sofrido menos

influencia na guerra precedente? A bomba atômica primeiramente esteve sob o domínio

dos Estados unidos. Portanto o que pensava a população do período? Eles apoiavam

uma das potências através da corrida armamentista, às potências os alienavam. Por

determinado período de minha vida fui professora de um grupo de idosos em um

programa ainda existente chamada Paraná Alfabetizado, e nestas aulas discutíamos

diversos assuntos, quando tocávamos no assunto de reforma agrária, assunto tão

próximos a meus alunos e do qual eles gostavam muito, recordo-me de explicar para

eles que isso era proveniente da teoria socialista, comunista. Porém estes alunos, exceto

alguns, ficavam irritados. Percebemos ai como as pessoas foram influenciadas, e até os

dias atuais isso ainda permanece vivo em suas mentes. Seria como diz Valim no

decorrer de toda sua obra resultado da conquista de mentes desde o período da guerra

fria, resultado do mecanismo usado por eles?

Valim, diz que os EUA utilizaram o termo American Way of life que denota

o estilo de vida estadunidense e faz referência ao patriotismo, e a liberdade para se

realizar a busca contínua da felicidade. Essa expressão era utilizada não somente para se

mostrar as vantagens de se morar nos EUA, mas também para apresentar as

desvantagens de se viver na URSS. Segundo a visão dos estadunidenses a União

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Soviética era caracterizada pelo ateísmo comunista, enquanto eles, os estadunidenses

eram democráticos e cristãos, quando essa forma de pensar espalhava-se pelo mundo

assustava qualquer cidadão, construíram uma forma de pensar em alguns cidadãos,

difícil de ser desconstruída, como percebemos no exemplo do parágrafo anterior.

Desenvolvimento:

Valim nos mostra em sua obra que os habitantes dos EUA poderiam ter

sucesso na vida, desde que trabalhasse com determinação, coragem e muita fé em Deus.

Nos Estados Unidos prevalecia à propriedade privada e a livre concorrência econômica,

uma verdadeira prática capitalista. Os anticomunistas diversas vezes comparavam o

comunismo com o fascismo da segunda guerra mundial, objetivando em todos os

momentos acabar com o socialismo soviético.

O livro de Valim foi dividido em três capítulos, o primeiro capítulo da

ênfase ao marcathismo, ou seja, a perseguição dos inimigos políticos. Nos EUA um dos

principais representantes foi o senador MarCarthy, este realizava investigações

fraudulentas, forjava acusações e coagia suspeitos a testemunharem suas ações, essa

forma de agir assemelhava-se as inquisições da igreja católica no século XVI. Qualquer

indivíduo que desrespeitasse as idéias anticomunistas dos EUA era considerado

comunista, um traidor da nação, sendo investigado e levado a julgamento, se

considerado culpado pagaria pela ‘traição à Pátria’ na prisão. A pessoa considerada

culpada podia perder o emprego e não mais conseguir outro. No mesmo capítulo o autor

nos mostra como a corrida armamentista política e cultural tornou-se uma verdadeira

guerra por poder. No segundo capítulo o autor apresenta a eficiência do cinema nas

transmissões da idéias anticomunistas dos EUA em outros países. O terceiro capítulo

apresenta algumas relações culturais e diplomáticas entre Brasil e EUA no combate ao

comunismo. Assim como os praticantes do comunismo nos Estados Unidos eram

severamente reprimidos, os não favoráveis à esta corrente eram incentivados a produzir

aparatos capazes de convencer a população mundial sobre o “perigo vermelho”, nas

palavras do autor Nilo André Piana de Castro:Entre 1952 e 1955, várias providências foram tomadas. O Estado Maior das Forças Armadas dos EUA convocou reuniões com dirigentes dos estúdios de Hollywood para que eles explorassem a “liberdade militante” como tema recorrente em seus filmes, criando um contraste entre o valor da liberdade norte-americana e as propostas estrangeiras. Também foi pedida uma pauta que evitasse trabalhar com fatos sórdidos da sociedade, como a pobreza e o

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racismo, e colocar personagens estadunidenses com desvio de caráter ou como consumidores excessivos de álcool, num tipo de propaganda de imagem positiva.

A população dos EUA, como já mencionado anteriormente era fortemente

ligada à religião católica e a bíblia. Trumam estava convencido de que Stalin era

herdeiro de Marx, portanto a URSS ameaçava as forças de paz já que Marx era ateu. Os

EUA preocupavam-se em salvar o mundo do totalitarismo soviético. O sucessor de

Truman: Dwight Eisenhouer pensava a religião da mesma maneira que Truman; Desta

forma o comunismo continuava sendo considerado um sistema do satã. A religiosidade

foi representada em muitos filmes da época. As pessoas do período temiam uma

destruição nuclear. O medo do povo alimentou as profecias apocalípticas da bíblia,

levando os estadunidenses a converter-se com Deus antes que fosse tarde demais. As

dúvidas e incertezas apontavam para um fim não muito distante, levando ao temor de

uma terceira guerra mundial. Não vagamente nos referimos a uma terceira guerra, pois

com a derrota alemã, os Estados Unidos e a União soviética, embora sendo países muito

distantes um do outro se tornaram as grandes potências.

Durante o marcathismo H. Spiro aponta pelo menos cinco traços

representantes do totalitarismo nos EUA. Entre estes: ‘O universalismo: a idéia de que o

sistema totalitário pretendia refazer o gênero humano a sua imagem; A supressão das

organizações e associações não oficiais’; ‘A violência militar e para militar’; ‘A

incerteza, a imprevisibilidade, a insegurança das regras: A vontade pessoal faz a lei e

pode mudar incessantemente as instituições positivas. Disso resulta um sentimento de

insegurança que leva a irracionalidade e ao terror’; E por último: ‘A perseguição a um

objeto único como única explicação da realidade que caracteriza bem o totalitarismo.

Nenhuma política alternativa é possível a todo obstáculo, todas as oposições eram

interpretadas como diabólicas’. Esse totalitarismo dos EUA proibiu qualquer expressão

artística que fugisse das criticas ao comunismo.

Segundo o autor a guerra fria não se distingue muito da guerra mundial

antecedente. Ambas foram formadas por eixos antagônicos. Entre os vários autores que

Valim utilizou para a construção de seu livro, Munhoz é um deles; Segundo este autor

na segunda guerra mundial a invasão da URSS pela Alemanha beneficiou a Inglaterra e

os Estados Unidos, ambos esperavam o esgotamento dos países em guerra para intervir.

Tal estratégia permitiria aos dois países aliados, livrar-se de uma vez da URSS de quem

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eram inimigos ideológicos e da Alemanha com quem estavam em guerra. Terminada a

segunda guerra os bolcheviques no poder pregavam a revolução proletária internacional,

objetivando o fim da propriedade privada e não mais reconhecendo os débitos

contraídos por seus devedores.

Na segunda guerra mundial os EUA não eram totalmente contrários a

URSS, mas com o fim dos conflitos do fascismo e nazismo começaram os

desentendimentos entre eles. A doutrina Trumam começou a oferecer suporte militar e

econômico a todos os países atingidos por idéias comunistas, neste sentido entendemos

o Plano Marchal como sendo decorrente da Doutrina Trumam. Para a disputa dos dois

eixos principais da guerra fria Valim utilizou o termo ‘fileira de dominós’. Se um país

fosse atingido pelo comunismo os outros logo também poderiam sofrer as influências.

Mas se os EUA conseguissem implantar nas mentes sua forma de pensar, o

anticomunismo poderia ganhar vários países. Vale salientar que os EUA conseguiram

grande número de seguidores graças às propagandas fílmicas vendidas aos outros

países. As produções cinematográficas anticomunistas chegaram a diversos países e

através disso alguns passavam a apoiar os EUA.

Neste período surgiram também alguns filmes comunistas como, por

exemplo: O Grande Ditador e Monsier Verdoux de Charlie Chaplin, O Terceiro

Homem e o Estranho de Orson Welles e A Grande Ilusão de Robert Rosseen. A seguir

veremos algumas palavras do filme considerado comunista: “O grande Ditador”, neste

filme o personagem principal utiliza a forma totalitarista de Hitler, para fazer um

discurso, neste discurso ele defende os comunistas; Apesar de imitar Hitler no discurso,

ou seja, na forma de expor seus objetivos, faz também uma “crítica engraçada” à Hitler

ao fazer uso de um globo simbolizando o mundo, ele brinca com este mundo como uma

criança faz uso de uma bola. A situação é a seguinte como Hitler poderia dominar o

mundo? Isso nunca seria possível, então o uso do globo nas imagens foi uma forma de

chamá-lo de louco. Enfim vejamos parte do discurso realizada no filme, lembremos que

este espalhava ideais comunistas, e era condenado pela oposição:“Desculpem-me, mas eu não quero ser um grande ditador, este não é meu ofício. Eu não quero conquistar nem governar ninguém. Eu gostaria de ajudar a todos sempre que possível, judeus, não judeus, negros e brancos. Todos nós queremos ajudar uns aos outros. O ser humano é assim, nós queremos viver da felicidade dos outros não do sofrimento. Não queremos odiar nem desprezar uns aos outros, neste mundo tem lugar pra todos. A terra é boa e rica e pode alimentar a todos, o estilo de vida poderia ser livre e lindo. Mas

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nós nos perdemos no caminho. A ganância envenenou a alma do homem criou uma barreira de ódio, nos guiou no caminho do assassinato e sofrimento. Nós desenvolvemos a velocidade e nós fechamos em nós mesmos, máquinas que nos deu abundância, nos deixam em necessidade. Nosso conhecimento nos fez cínicos; nossa inteligência nos fez cruéis e severos, nós pensamos muito e sentimos pouco. Mais do que máquinas nós precisamos de humanidade, mais do que inteligência nós precisamos de carinho e bondade. Sem estas qualidades a vida será violenta, etudo será perdido. O avião e o rádio nos aproximam, a natureza dessas invenções grita em desespero pela bondade do homem, grita pela irmandade universal e a unidade de todos nós. Mesmo agora que minha voz está alcançando milhões pelo mundo, milhões de homens, mulheres e crianças desesperados. Vítimas de um sistema que fez o homem torturar e prender pessoas inocentes. Para aqueles que conseguem me ouvir eu digo: “Não se desesperem. O sofrimento que está entre nós agora é soa passagem da ganância, o amargor do homem que teme o pregresso humano, o ódio do homem vai passar e os ditadores morrerão e o poder que eles tomaram das pessoas vai retornar para as pessoas. Enquanto os homens morrerem a liberdade nunca se acabará. Soldados não se entreguem a estes homens cruéis. Homens que desprezam e escravizam, vocês que querem reger suas vidas, e te dizer o que pensar o que falar , e o que sentir; que treinam vocês e tratam com desprezo para depois serem sacrificados na guerra. Não se entreguem a estes homens artificiais. Homens máquinas, com mentes e corações de máquinas. Vocês não são máquinas, vocês não são desprezíveis. Você é homem, você tem o amor da humanidade em seu coração. Você não odeia, so ao que não são amados e não são naturais que odeiam. Soldados não lutem pela escravidão, lutem pela liberdade.”{...}(o grande ditador)

Estes filmes, considerados comunistas tornavam-se alvo de acusações

nos Estados Unidos, não precisavam de provas para ser considerada uma forma de

traição a Pátria. Quando o cidadão era chamado para a audiência ele poderia confirmar

ou negar sua aliança com os comunistas. Caso afirmasse seria condenado e se negasse

sua culpa seria preso por perjúrio. Quando o acusado admitia ser comunista era

obrigado entregar os seus aliados, participantes de reuniões e planejamentos comunistas.

Os filmes anticomunistas do período caracterizado pelo termo ‘caça as bruxas’

instruíam como eram os comunistas, muitos deles apresentavam os na forma de

assassinos e comedores de criancinhas, as imagens deveriam fazer com que a população

temesse os soviéticos. Ambos os países produziam longas e curtas metragens, vejamos

agora alguns filmes produzidos pelos capitalistas na guerra contra os comunistas

apresentados pela autora Andréa Helena Puydinger De Fazio no artigo: “Crítica a

imagem eurocêntrica: Uma reflexão acerca das representações étnicas e culturais em

Hollywood”. Na seguinte passagem ela nos mostra algumas construções fílmicas

estadunidenses na luta por mais países aliados:‘O período de Guerra fria também rendeu uma grande demanda de filmes pró americanos que mostravam os valores democráticos, libertários e cristãos, preocupados em proteger o mundo da maldade dos comunistas, geralmente

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representada como força do mal. O consumismo de alimentos e bens passa a ser focado nos filmes e documentários de propaganda político-ideológica, chamando a atenção para a variedade de escolha existente no sistema capitalista. O gênero da ficção científica se fortalece e a ameaça vermelha é representada como a ameaça extraterrestre, como em guerra dos mundos, de Orson Weles. A idéia de forças maiores invadindo os EUA é temática central dos filmes catástrofe, e a espionagem também se mostrando presente no cinema da época. Alguns heróis culturais foram criados durante a Guerra Fria, e refletem estes gêneros. São eles James Bond, com o filme Dr. Fantástico e Superman _ criado anteriormente, mas é no contexto da guerra fria que se popularizou nos cinemas com o filme Superman em busca da paz.”(2009. P. 03)

Este período era de dúvidas e medos de uma possível terceira guerra

mundial, isso levou as escolas a adotarem novas formas de educação, as crianças

precisavam saber se proteger em meio a uma guerra e antes de tudo saber se resguardar

do sistema comunista. Já em 1950 aprendiam nas escolas a se esconder embaixo das

carteiras, fechar os olhos na hora das bombas, cobrirem a cabaça com os braços,

estender-se no solo com o corpo coberto de panos. As escolas adquiriram um novo

compromisso: Preparar as crianças para os mais terríveis acontecimentos, não deixando

de formar civis democráticos e católicos.

As produções fílmicas rapidamente se espalharam pelo mundo a preços

acessíveis para todos. Segundo dados colocados por Valim entre 1918 e 1939 foram

produzidos cerca de 30 filmes anticomunistas, este número saltou para 50 produções

entre 1947 e 1954. Eram produzidos filmes de guerras, ficção científica e drama.

Como mencionamos anteriormente os comunistas também produziam

alguns filmes, muitas vezes utilizavam mulheres sedutoras prontas para atacar os

anticomunistas com lições de marxismo. Nos filmes dos EUA as mulheres russas não

eram sedutoras, mas muito feias. Percebe-se em quase todas as passagens do livro existe

rivalidade entre os países.

Conclusão:

Entre todos os países consumidores das produções cinematográficas o Brasil

era um dos maiores clientes dessas propagandas anticomunistas. Os filmes eram

lançados aqui com dois objetivos: Primeiro, evitar o avanço comunista, e em segundo

lugar obter lucros econômicos. Nos dias atuais esses filmes de Hollywood ainda são

muito consumidos no Brasil, e muitas vezes as produções nacionais são deixadas em

segundo plano. Como poderá crescer nossa indústria cinematográfica nacional? A maior

parte dos brasileiros considera esses filmes interessantes, na maioria das vezes, sem dar

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se conta de estar contribuindo economicamente com os Estados unidos além de estar

sendo atingidos palas formas de pensar de países estrangeiros, como estamos vemos,

nem sempre corretas. Precisamos valorizar mais nossos produtos, claro o que não

podemos é ignorar totalmente as produções estrangeiras, pois ao vermos as produções

de diversos países despertamos um olhar critico sobre o acontecimento.

O Brasil era um mercado bastante cobiçado pela indústria dos Estados

Unidos. A URSS começou a revoltar-se contra esses filmes por volta de 1948,

militarizando a organização e apostando no confronto, protestaram contra vários filmes,

dentro e fora dos cinemas brasileiros, vejamos:"Nas manifestações contra o filme The iron curtain, ocorridas em janeiro de 1949 e 11 e 12 de setembro do mesmo ano em vários cinemas, na cidade de São Paulo, foram utilizadas ‘bombas’ de ácido sulfídrico entre as poltronas (que, segundo depoimentos tomados pelos agentes do DOPS, exalavam um forte odor mal cheiroso); ‘laranjas’ de tinta preta, que eram jogadas na tela durante a exibição do filme, protestos em couro, como ‘quebra-quebra’, ‘abaixo o imperialismo ianque’ e ‘viva a União Soviética’, também durante a exibição; a inutilização de algumas poltronas, e, finalmente, a quebra das vitrines dos cinemas. (Valim, 2010; p.113)

Os comunistas atacavam e destruíam diversos filmes. Valim apresenta várias dessas

revoltas comunistas, porém não mencionaremos em nosso estudo todas as revoltas, pois

a maioria era pelos mesmos objetivos e todas muito parecidas. Alguns filmes dos EUA

além de desagradar os comunistas, era considerado ‘ruim’ até mesmo pelos

anticomunistas, é o caso de ‘O Traidor’ de 1950 no Cine Metro: “tratava-se de um

clássico abacaxi americano que desagradou até mesmo os “cronistas da sadia”, segundo

Valim. Nos jornais mais reacionários sua péssima qualidade foi acentuada”. Não

demorou muito tempo e a população do Rio de Janeiro se revoltou contra esse filme,

apedrejando a bilheteria e o cinema. Estes inúmeros filmes são apontados por Valim

como importantes meios de se preservar a memória daquele período. Utilizou-se da

opinião de Michael Pollak, segundo este autor a memória coletiva transmitida pelos

filmes se deu por um grupo de pessoas ou pela coletividade da qual o indivíduo sentia-

se membro. Vejamos a opinião de Valim a respeito da mídia: “A mídia não só como elemento de construção, mas também de manutenção desta memória, age em função das preocupações pessoais e políticas do momento, mostrando que a memória é um fenômeno construído.” (Valim, 2010; p.144)

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A partir desta reflexão sobre um livro recentemente publicado percebemos a

importância desse aparato tecnológico: O cinema na sociedade em meados do século

XX. Segundo Jorge Nóvoa o discurso cinematográfico tornou-se muito importante na

transmissão dos processos históricos, superando todas as outras formas de expressão

artísticas existentes antes, este autor diz que mesmo os filmes que visam somente o

entretenimento estão relacionados com a vida, com fenômenos naturais ou sociais,

influenciando a forma de pensar das pessoas.

Os filmes anticomunistas produzidos nos EUA usados como forma de

evitar a expansão comunista no mundo. Na atualidade essas imagens cinematográficas

apresentam-se ao homem moderno não somente como fonte de prazer, mas de

interpretação, aprendizado e no caso dos EUA para convencer o mundo a respeito de

seus ideais. Vejamos o que o pensa Andréa Helena Puydinger De Fazio a respeito em

outro artigo: Representações Étnicas e Culturais no Cinema e no Imaginário Norte-

Americano:“O cinema é um campo ficcional, um retrato recortado, editado e produzido. Ainda, o cinema é um campo ideológico – um campo onde se debatem as mais diversas posições e se assumem posturas. Isso significa que, para além de um retrato recortado, o cinema produz um retrato ideologicamente recortado da realidade. Assim, a leitura de imagem é produção de um ponto de vista: o do sujeito observador, não o da objetividade da imagem”.(2010.p.04)

O cinema assim como uma obra literária apresenta-se de ficção assim como

a autora acima mencionou é a produção de um ponto de vista sobre um determinado

assunto podendo ser positivo ou negativo. E quem assiste também vai interpretar da

forma como achar conveniente. O cinema pode ser visto como fonte de prazer, nos

momentos vagos, mas também pode ser uma importante fonte de aprendizado se

assistido com pontos de vistas críticos. Rosália Duarte é uma autora pesquisadora desse

tema, no livro ‘Cinema e Educação’ ela se refere a imagens como fundamentais no

século XX. Para Duarte a criança precisa aprender a ver na escola ou na família, como

sabemos aprender a ver não é somente assistir “com os olhos”, mas analisar, repensar,

ler sobre o que se assiste e comparar se possível com obras e outras produções. Esta

mesma autora diz ser importante assistirmos produções nas telas de cinema, pois ao

baixarmos filme da on-line, estes perdem a qualidade, as imagens nem sempre são

perfeitas o som muitas vezes incompreensível diminui a qualidade do filme, ela critica

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também os filmes de locadoras. Mas essas formas consideradas pela autora não ideais

para melhores aproveitamentos dos conteúdos fílmicos são mais baratas para a

população carente. A população evita freqüentar os cinemas devido ao preço.

Finalizamos esta reflexão tendo em mente a importância, pouco discutida

pelas pessoas da atualidade sobre o cinema não somente no período da guerra fria, mas

em todos os momentos da história. Valim foi de extrema importância para o estudo e

compreensão desse tema, porém o cinema não passa de ficção dirigida como vimos

anteriormente na citação. Em filmes sejam estes documentários ou comédias apresenta-

se a forma de pensar do autor, nós os consumidores decidiremos a forma como vamos

interpretar tais imagens. Foi isso que aconteceu no período analisado às imagens eram

transmitidas, ficando a cada um a responsabilidade de decidir como interpretar as

passagens designadas do ponto de vista do responsável pela produção.

Acreditamos ser imprescindível utilizar destes mecanismos em salas de

aulas. Pois como se percebe as curtas e longas metragens não são fontes históricas, mas

pode ser comparado com fontes, na medida em que precisam ser interpretadas,

analisadas. Filmes usados como propagandas para convencer a população sobre um

determinado período ou ideologia, como ressalta Duarte precisamos ensinar, educar

para ver, e é na escola que isso pode ser construído. Assistir filmes somente por assistir

não é ser esclarecido, como o ser esclarecido de Kant. Por isso concordamos com

Duarte quando ela diz ser necessário construir escolas com boas salas de vídeos, boas

bibliotecas, sendo preciso não contentar-se com o mínimo, mas estar sempre em busca

de melhorias na educação.

Assim sendo gostaríamos de fazer uma breve comparação. Após analisar

livros artigos sobre a importância do cinema no período analisado, percebemos não

estar presente nos livros didáticos essa “arma tão poderosa” da guerra fria. No entanto

como falávamos em educação esse tema é uma grande oportunidade para ensinarmos

nossos alunos a ver, assistir, discutir e criticar, não somente filmes, mas programas de

televisão também.

Referências bibliográficas:

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