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/ A N N O D O M I.N G O , 8 DE DEZEMBRO DE 1901 N.° 2 1
S E M A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A
A ssig n atu raAnno, iSooo reis; semestre, 5oo réis. Pagamento adcantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio co vale.Avulso, no dia da publicação, 20 réis.
EDITOR— José Augusto Saloio
P u b lica çõ esAnnuncios— i.a publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,
20 réis. Annuncios na 4.» pagina, contracto esp ciai. Os auto&- H graphos não se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
EXPEDIENTE
A cceitam -se com g r a tidão q u aesq u er n o t ic ia s que sejam de in te r e s s e pqihlico.
VICTOK HUGOA Associação dos Jorna
listas de Lisboa resolveu commemorar o centenário do grande escriptor fran- cez Victor Hugo, promovendo, num dos primeiros theatros de Lisboa, um sarau litterario e musical, em que sejam recitados por artistas portuguezes trechos escolhidos de Victor Hugo, em prosa e verso, sendo a parte musical confiada a cantores de reconhecida reputação e composta de trechos de opera tirados dos dramas do grande poeta.
O producto do espectáculo será applicado á compra de uma corôa artistica, que será levada a Paris e deposta no Pantheon, onde repousam os restos do Mestre, por uma commissão de membros da associação que queiram, á sua própria custa, prestar essa homenagem ao maior talento do seculo que findou. O excedente da receita será applicado á edição de um livro artistico, com as versões principaes dos livros de Hugo, feitas por poetas e prosadores portuguezes.
E’ uma idéa levantada e nobre a da Associação dos Jornalistas; todos os que leem e comprehendem teem de curvar-se deante d’es- sa extraordinaria figura de poeta, tão grande, tão luminosa, que ainda enche o mundo com os clarões brilhantes do genio; os seus livros, onde refulgem as scintillações de um talento sem egual, são um Evangelho onde os pobres, os pequenos, os opprimidos, teem muito que ler e que aprender; as creações ex- traordinarias das suas personagens são tão bellas, tão artísticas, tão cheias de verdade, que nos parece vêl-as em nossa frente, taes quaes o auctor as descreve; João Valjean, o desgra
çado, preso por ter roubado um pão, Fantina, a pobre mulher perdida pela fome, Cosetta, a creança abandonada pela miséria, são typos colhidos em flagrante na sociedade em que vivemos e tratados com mão de mestre por esse artista colossal.
Ninguém melhor do que elle descreveu as paixões humanas; ninguém melhor soube penetrar nos recon- ditos arcanos do coracão e>extrahir de lá, trazendo-os á grande luz do dia, todos os sentimentos nobres ou miseráveis, dignos ou des- honestos, honrosos ou infames.
O bispo dos Miseráveis é o mais bello typo que tem apparecido em litteratura. O ideal da doçura e da bondade. Não ha quem leia os Miseráveis sem sentir-se commovido até ao fundo da alma por aquella linguagem, ora branda e serena como uma noite de luar, ora vigorosa e vibrante como o trovão que percorre o espaço em noites de tempestade.
Bem faz a Associação dos Jornalistas em promover essa homenagem a Victor Hugo; é preciso saber- se que neste cantinho do occidente ainda ha quem saiba prestar o seu preito aos grandes vultos que honram a sua patria e pelejam pela humanidade; porque Victor Hugo não é só da França; o seu nome pertence a todo o mundo.
J o a q u im d o s A n j o s
C R I M I N O L O G I ANos annaes de crimino
logia portugueza, fica o mez de novembro do corrente anno tristemente as- signalado.
Raro é o dia em que os jornaes da capital nos não informam da consumação d’um novo crime, digno de reparo pelas causas extraor- dinarias que o provocaram e pelas consequencias fa- taes que delle resultaram.
Dir-se-hia que em todo o paiz, de norte a sul, reina uma atmosphera pezada,
sombria, que encandesce o cerebro e desvaira a razão, que enlouquece e faz perder aos homens a nocão>da sua dignidade, que lhe faz olvidar os seus deveres de homem para o transformar em fera.
Se os factos a que allu-dimos se tivessem dadonum paiz selvagem, numaregião onde o direito e ajustiça se regulassem pelaforca e violência ainda es- )ses mesmos factos se poderiam não justificar, mas emfim desculpar pela igno- rancia e grosseria dos seus habitantes; mas em Portugal... num estado civili- sado, numa nação que se impõe ao respeito das outras, senão pela força ao menos, pelas suas tradições históricas.
Sabemos bem que não é só em Portugal que se perpetram crimes que indignam a opinião publica, não ignoramos que as outras nações, a este respeito, dão um largo contingente, mas não estamos persuadidos que isso seja motivo sufficiente para nos calarmos, e occultarmos a péssima impressão que nos deixa o commettimento de tantos crimes consecutivos: Aqui, é um homem que desvairado pelo ciume arranca a vida a um companheiro; acolá, um outro, por uma questão futil, assassina cobardemente um seu similhante; ainda um terceiro que esfaqueia uma mulher; emfim... é um nunca acabar!
Repetimos: ao lermos a descripção de tão repugnantes façanhas, julgamo- nos por momentos transportados aos mysteriosos sertões africanos onde barbaras tribus celebram horríveis festins!
E não havemos de bradar ao povo: instrui-te, il- lustra-te, que é pela scien- cia que um povo se torna digno e respeitado!
Troca a taberna sórdida e immunda, onde arruinas a saude e roubas aos teus filhos o pão, pela bibliothe- ca onde apprendes a conhecer o que vales e o que podes chegar a ser!
Infelizmente, conhecemos que bradámos ao vento ...
J. M. S.... ———----------------
0 JURAMENTO
E’ cousa santa o juramento.
O homem que presta um juramento não é mais um homem, é um altar, tem Deus em si.
O homem, essa enfermidade, essa sombra, essa gotta de agua, esse atomo, esse grão de areia, essa lagrima cahida dos olhos do destino; o homem, tão pequeno, tão debil, tão incerto, tão ignorante, tão inquieto ; o homem, que anda na perturbação e na duvida, sabendo de hontem pouca cousa e nada de áma- nhã; vendo no caminho, quando chega para pôr os pés, o rosto — tudo trévas; trémulo, se olha para deante, triste, se olha para traz; o homem envolvido nessa immensidade,nessa obscuridade— o tempo, o espaço, e nelles perdido, tendo em si um abysmo (sua alma é um abysmo), fóra de si o céo; o homem que, em certas horas, se curva com uma especie de horror sagrado a todas as forças da natureza, ao ruido do mar, ao agitar das arvores, á sombra das montanhas, ao irradiar das estrellas; o homem, que não pode levantar a cabeça de dia, sem que o cegue a luz, de nou- te, sem que o esmague o infinito; o homem, •:.ue nada conhece, que pode ser levado ámanhã, hoje, agora mesmo, pela onda que passa, pelo vento que sopra, pela pedra que rola, pela hora que sôa; o homem, esse ser timido, incerto, miserável, brinco do acaso., ludibrio do minuto que se escòa; ergue-se, de subito, deante do enygma que se chama vida humana, sente que ha nelle alguma cousa maior que o abysmo — a honra; mais forte que a fatalidade — a virtude; mais profunda do que o desconhecimento — a fé; e só, franco, nu, diz a todo este mysterio que o
envolve:— «faze de mim o que quizeres, mas eu farei isto e não farei aquillo», e altivo, sereno, tranquillo, criando com uma palavra um ponto fixo nessa sombria instabilidade que enche o horisonte; como o marinheiro joga uma ancora no oceano, elle joga no futuro o seu juramento.
O juramento! Esse esplendor da alma, confiança admiravel do justo em si mesmo! sublime permissão de affirmar, dada por Deus ao homem.
V IC T O R HUGO
MANUEL FERREIRA G1RALDES
Esteve de cama durante alguns dias, o nosso estimável amigo Manuel Ferreira Giraldes; mas felizmente, este nosso excellen- te amigo, encontra-se já no periodo da convalescença da grave enfermidade que o atacou, o que sinceramente estimamos, como quem estima o bem estar dum tão leal quanto valioso amigo.
A ssa lto ?
Na madrugada de segunda-feira, depois do baile que se realisou na Sociedade Phylarmonica i.° de Dezembro, Francisco de Sousa Fortunato sahiu a acompanhar até a casa umas pessoas de familia e juntamente uma menina, filha do nosso amigo, sr. José Antonio da Costa, morador na rua da Fabrica.
Francisco de Sousa quando depois acompanhava esta menina a casa, suspeitou de dois indivíduos que passaram compassadamen- te perto delle, e um após outro. Ao despedir-se, pediu a esta menina que lhe emprestasse um páu, mas vendo tomar os indivíduos de quem suspeitava, um caminho differente do seu, recusou-o.
Os malfeitores, provavelmente, resolveram tomar cada um o seu melhor ponto de espera para assim poderem fazer limpa a façanha permeditada.
O DOMINGO
Quando Francisco de Sousa descia a rua da Fabrica, ao chegar á rua do Club, lhe sahiu detraz da esquina um dos malfeitores que, jogando-lhe uma re- pontoada lhe arrancou os botões do collete, mandando-lhe em seguida uma pancada para a cabeça, de que este se defendeu, fugindo immediatamente e gritando por soccorro.
O vadio ainda lhe jogou o páu pelo ar não lhe servindo de coisa alguma os seus maus instinctos.
Fransciscq.de Sousa desconfia que o quizesse roubar.
O outro de quem tambem desconfiava não tornou mais a vèr.
E’ vergonhoso, numa terra como a nossa, darem-se escandalos desta ordem.
Paciência!
. in a iv c r s a r lo s
Completou hontem o seu 29.0 anniversario natalício a ex.ma sr.a D. Anna dos Anjos Restolho.
As nossas sinceras felici- tacÕes.
Na próxima terça-feira, 10 do corrente, faz annos o nosso illustre amigo, ex."10 sr. Manuel Neves Nunes d’Almeida, distincto director e professor da escola Secundaria,
Antecipadamente o felicitamos, assim como a sua ex.m;i familia,
ERR A TA
Por erro typographico, sahiu no ultimo numero d’O Domingo, no artigo do nosso amigo e distincto col laborador Mendes Pinhei ro, já bem conhecido dos nossos estimáveis leitores, com a epigraphe «Revolução de 1640»: «D. João vi» quando deve ser «D. João iv».
Que nos desculpe o nosso tão illustrado quanto amavel collaborador a falta que aqui deixamos corrigida.
NOVA ASSO CIACA O>
A convite dum grupo de commerciantes desta villa, reuniu no dia 4 do corrente, pelas 8 horas da noite, na séde da Sociedade Phy- larmoríica 1.° de Dezembro, grande numero dos principaes commerciantes, para tratar de se organisar uma Associação Commercial.
A’ reunião presidiu 0 illustre e considerado negociante o ex.'"0 sr. Antonio Maximó Ventura, secretariado pelos srs. Diogo Igna- cio Lucas e Izidoro Maria d’Oliveira.
Expostos os fins da reunião e como houvesse di- vergencias se a Associação deveria ou não ser composta exclusivamente de negociantes e fabricantes de carnes, foi deliberado pelo sr. presidente pòr-se este assumpto á votação, ficando approvado que s aggregasse todos os commerciantes da villa e que se denominasse «Associa çao Commercial».
Ficou tambem organisa- da a Commissão Installa dora que se compõe dos seguintes senhores:
Antonio Máximo Ventu ra, Francisco Rodrigues Pinto, Francisco Freire Caria Junior, Joaquim José Lucas, Bernardo Cardei ra, Diogo Ignacio Lucas e Izi- doro Maria d’01iveira.
E’ de esperar que os tra balhos para a fundação da nova associação prosigam o mais breve possivel, at- tendendo ás boas qualida
ides dos cavalheiros que compõem a Commissão Installadora.
T i í C í d r o ISeriBsIffiiií
Teve Jogar na quinta-feira ultima o beneficio dos distinctos actores Pires e Rodrigues.
O espectáculo agradou.— Na próxima quinta-fei
ra é o beneficio de duas actrizes da Companhia, tomando parte no espectáculo o sr. Antonio Pylonas, que exhibirá umas scenas femininas. Um delirio!...
C O F I E D i P E R Q L Ã S
A LUIZ DE CAMÕESEu, dobrando o joelho aos pés do monumento Que a divida pagou da antiga geração,Sou como o crente bom que eleva ao firmamento 0 seu humilde olhar em tanta adoração.
Soa de talpequene\!... Deslumbra-me esse brilho Da coroa que lhe adorna afronte luminosa!... Mas a terra fe li\ que possuiu tal filho Tambem f o i minha mãe amante e carinhosa.
Sinto arder-me no peito um vivo enthusiasmo!Tive por berço meu o nobre Portugal,Que desperta emfim do gélido marasmo,Fazendo a apotheose ao epico immortal.
Quando elle não tivesse o Tempo vinculado A gloria que o honra em todas as nações, Bastava-lhe mostrar o nome aureolado Que assombra todo o mundo — o nome de Camões!
J o a q u im d o s A n j o s
A CAUSA DA VIDA(De José de Roure;
Em soledade nunca interrompida Vão-se abysmando os sabios,Para encontrar a causa desta vida. A causa desta vida... Pobre gente! Ao reunir meus labios aos teus labis, Aprendemol-a nós continuamente
JOAQUIM DOS ANJOS
PENSAMENTOS
0 systema republicano é antes de tudo a aspiração constante da civilisação europêa! Lê-se esse desejo immortal nas paginas da sua historia e nos annaes das suas conspirações; está escripto nos tropheus das suas victorias e nas cupulas dos seus monumentos. — Lopes de Mendonça.
— Não é pobre 0 que tem pouco, mas o que deseja muito. — A, Pinto.
A N E C D O T A S
coUm sujeito amador da pinga, adormeceu r i um banda Praça. Acordou-o a chuva que cahia em tor-
entes. Glha em torno de si, e o scintillar das Ilibes na calçada molhada, dd-lhe a sensação da agua.
— Olha o mar! disse elle.E atira comsigo ao chão.Apanha uma forte pancada, e di- com espanto:— E está gelado!
___Hiiiiiimiiiiiimmi___Kllilliàllll Jlllillllll-----
— Eu disse-lhe que désse um passeio de uma hora, di1 a dona da casa para a creada, e você anda-me por
fóra quatro horas!A h! minha senhora, ê que eu ando muito devagar.
O i."D E DEZEMBRO
No domingo ultimo, Aldegallega estava em festa.
A Phylarmonica i.° de Dezembro, pela uma hora da manhã, tocava pelas ruas da villa o hymrio da Restauração. A’tarde tocou no coreto, na Praça Serpa Pinto, que se achava intransitável devido á agglo- meração de povo.
Na Sociedade 1 ,n de Dezembro, que completou neste inolvidável dia o seu 32.° anniversario, encontrava-se um lauto beberete para todas as pessoas que alli entrassem. A entradei franqueou-se a toda a gente, sendo por isso a Sociedade muito concorrida. Houve baile á noite até ás quatro horas da manhã. Esta sociedade offereceu aos seus phylarmonicos um abundante jantar, que lhes foi servido no hotel Lisbonen- se desta villa.
SsslelííioEuzebio Tavares Pielga-
ta, casado, trabalhador, foi hontem encontrado de manhã, em sua casa morto. As auctoridades, até á data ignoram 0 dia em que o infeliz puzéra termo á vida.
Na sessão extraordinaria de 29 de Novembro findo, foi discutido o orçamento ordinário para o proximo anno de 1902, no qual foram incluidas duas verbas: uma de 1.000',$000 réis para comeco da construocão> > de um mercado para a venda de carnes, peixe, fructas, hortaliças, etc., no Largo do Edificio do Tribunal, e outra.de 1 .ooo.Sooo réis para a conclusão do aterro e embellezamento do referido Largo. O orçamento está a publico por espaço de 8 dias nos termos da lei.
No dia 1 do corrente mez foi assignada a es- criptura do contracto, entre a Camara Municipal de
21 FOLHETIM
Traduccúo de J. DOS ANJOS
 ULTIMA CRUZADAX X V I
«O marquez e a marqueza de Tail- lemaure rogam a V. Ex.a a fineza de assistir ao baile que dão no seu pala- cio, na rioite de 7 de fevereiro».
Guarnecia-o uma delicada aguarella de gosto japonez. assignado pelo pintor de mais voga em Paris.
O conde Mohilow òrgan sava agora tudo no palacio de Tallemaure, e não sabendo o que havia de imaginar com a marqueza para deslumbrar toda a.geute e ganhar a batalha trava
da contra a sr.a Stockford, inventara aquelle baile: uma especie de «ker messe» pittoresca que fazia recordar ás festas do tempo do Império. Durante uma semana o assumpto obri- gado em todos os salóes foi o proximo baile dos Taillemaure. Os aguarel- listas recebiam maços de rartas sup- plicanJo-lhes que desenhassem um trajo original. Os alfayates perdiam a cabeça e os noticiaristas descreviam já minuciosamente os vestiários prováveis e applaudiam o resurgimento dos carnavaes antigos, abolidos havia tanto tempo.
A alta dá; ac0 es do banco Conti nental accentuava-;e cada vez mais.
X X V II
:— Por que se não ré ;olve a conceder-me a §ua linda máostnha? dizia
com a maior seriedade La Croix Ra- milles á pequena Fanny Rob, que apresentava um trajo provocantíssi- mo de bacchante.
Ella, encarando-o descaradamente, ria ás gargalhadas e afinal respondeu- lhe, com uma voz timida de ingénua !
— Tem muito desejo de ser enganado, meu pobre amigo! O casamen to só se inventou para essé genero de divertimento; ha sempre uma pessoa lograda... Antes de casar julga a gente que nos amamos muito, e de- sengana-se logo depois da primeira noite de noivado. Realmente tenho dó de si, continuou, mostrando com um gesto desdenhoso os pares que valsavam. Não o julgava da me ma raça d'esses titeres!
— Seja assim! disse La Croix-Ramil-
Depois, reconciliados, começaram a tagareliar.
Fanny Rob estudava attentamente o trajo da marqueza de Taillemaure.
Regina tinha um encanto seductor. Era a viva encarnação da primavera Andava pelo salão como uma rainha victoriosa.
O baile estava efTectivamente phan tas tico.
A sr.» Stockford conversava com lord Shelley. Acceitára o convite dos Taillemaure como um jogador que procura surprehender os golpes do seu adversa-io costumado. Observava pacientemente os minimos gestos de Reg na, sobre tudo quando ella valsava com Ivan Mohilow.
Os administradores do Credito Continental, o p in c p e de Ròché-*'
dreux, Fortis, Taillemaure e outros rodeavam Krubstein.
O banqueiro voltavà de Roma depois de ter offerecido ao dinheiro de S. Pedro cèm mil acções libe;aJas e obtido a benção do summo pontiíice. Esta benção consagrava o Credito Cotinental como uma basilic a aberta aos fieis. E embora fatigado pela sua longa viagem, Krubstein agradecia com ruidosa eflusão aos amigos que o felicitavam.
Taillemaure aborrecia-se e parecia estar doente. Òs milhões ganhos no negocio de KrubstèJn tinham augmen- tado o vacuo amargo'da sua existen- cia. Via a mulher ainda menos vezes que d’antes, porque ella estava sempre a sahir, com o pretexto de,visitas, de costureiras .ou de modistas.
[Continua).
Aldegallega e a casa con- structora, Cardoso, Dar- gent & C .a, de Lisboa, do fornecimento de luz electri- ca para a illuminação publica e particular desta villa.
A escriptura já subiu superiormente ao Ministério do Reino para os devidos eífeitos.
A VIDA N5ALDEIAii
R e a lism o e p o es ia(Continuação)
— Mas eu não sei nada. Não me lembro de cou
sa alguma capaz ...O’ menina Esther! gritou
sollicito o regedor, não esteja com vergonha de mim ... eu nan sou cd da- quellas de cerimonias . . .
— Vá, Esthersinha, pediu o tio Mathias, não te faças rogada...
Então ella começou:
Em noute fria e gelada Sem um lampejo da lua,Ninguém caminha na rua Ao longe estala o trovão!Junto a uma porta cerrada, Pallida, triste, sosinha...Uma creança rotinha Chorava, pedia pão!
Dae-me uma esmola por Deus! Que eu morro de frio e fome,Se quereis saber o meu nome Sou orphã, não tenho mãe!Nasci alem no albergue Junto ao palacio da esquina, Tenho uma irmã pequenina,Pae cego, e . .. mais ninguém!
Junto ao tremulo infante A' miséria abandonado,Surgiu um vulto c'roado D’ethereo e alvo explendor!Nos labios tinha um sorriso.Nos olhos a luz da ’sp’iánça,Que á doce e frágil creança Trouxe o conforto e o amor!
Quem és tu, anjo dos céos? Quem és tu, oh Divindade?— Meu nome é caridade Aqui mandada por Deus!
Nasci no rico Oriente No mesmo dia em que o Chrislo Deu o exemplo nunca visto De liberdade e paixão!Depois... segui-o sem medo N’aquella missão extranha...Subi com Elle a montanha.Passei com Elle o Jordão!
Subi, chorando, ao Calvario!Já na cruz, o martyr santo Ao ver-me banhada em pranto. Disse:— Vai. minha Irmã! Prosegue no teu caminho, Proteje, consola, anima...E ’ essa a chamma divina Que ha de ser luz amanhã!
Já ella tinha acabado, e ainda todos se conservavam em religioso silencio! E que, realmente aquelles singelos versos, a maviosa voz de Esther e os plangentes sons da guitarra, casavam-se numa harmonia extranha que commovia profundamente aqueles que escutavam.
O DOMINGO
AGRICULTORA
L im pe*» d os to n e is
Eis aqui alguns processos para limpar os toneis que deitam cheiro desagrada- vel:
1.° Podem-se enxaguar com agua fria, depois com agua a ferver, e seguidamente méchar.
2.° Se o meio precedente é insufficiente, lança-se, dentro do tonel agua de cal, que ahi se conserva algumas horas, e depois enxagua-se.
3.° Tambem se pode empregar uma infusão de folhas de pecegueiro na lavagem do tonel.
4-° Fazer queimar dentro do tonel assucar embebido em alcool, dá bom resultado.
5.° Finalmente, como ultimo processo quando os precedentes não produzam effeito, lava-se com acido sulfurico em dez partes de agua, depois enxagua-se com agua de cal, e em seguida com agua limpa.
O r á i^ o do a ze ite
Extrahe-se o ranço do azeite lançando-lhe magne- sia calcinada na proporção de 2 kilos por ioo litros de azeite.
Conserva-se o azeite du- ran.e 6 dias, tendo o cuidado de agitar a vasilha 4 ou 5 vezes por dia, e durante um quarto de hora, pelo menos, de cada vez.
Passados os 6 dias fíltra- se o azeite e ficará sem ranco.
ANNUNCIOS
A-UNTiN-UlNTCIO
Administração do concelhode Aldegallega.
No dia 23 do corrente, pelas 12 horas da manhã, á porta da Administração deste concelho, se hade proceder á arrematação, por meio de proposta, do fornecimento do rancho, já cosinhado, aos presos da cadeia desta comarca para o futuro anno de 1902, sendo a base da licitacão
R elação d os m an ceb os so rtea d o s n ’c s te C on celh o para o se r v iç o do e x er c ito c arm ada, para o c o r ren te anno d e 1 9 0 1 .
Freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, de Canha
Antonio, filho de Agostinho José e Veridiana Maria, 9, 2 a reserva.
Antonio, filho de Joaquim dos Santos e Anastacia Maria, 6, 2 a reserva.
Antonio, filho de Manuel José Rodrigues e Marianna de Jesus, 5, 2.a reserva.
Antonio, filho de Manuel Gigante e Maria Rosa, 4, 2.a reserva.
Custodio, filho de Manuel Simões e Maria Marques, 3, infateria 11.
Francisco, filho de Antonio Eduardo e Theodora, 7, 2.:‘ ressrva.
Francisco, filho de pae incognito e Thalea Rosa, 2, in- fanteria 11.
Geraldo, exposto, 1, infanteria 11.João, filho de Manuel Custodio e Ritta Maria, 10, 2.
reserva.José, filho de Emygdio José e Joaquina Maria, 8, 2.a re
serva.
Freguesia de S. Jorge, de Sarilhos Grandes
Antonio, filho de Manuel Narciso Gonçalves e Gertru- 7 i
des Maria, 5, 2.'1 reserva.Domingos, filho de Domingos Baptista Gomes e An
gélica Ritta, 6, 2.® reserva.Francisco, filho de Antonio Maria Alegria e Margari
da de Jesus, 7, 2.a reserva.João, filho de Joaquim Loureiro Mosca e Marianna
Marinheiro, 1, infanteria 11.Joaquim. filho de Francisco José d’OHveira e Marian
na de Jesus, 8, 2.a reserva.Manuel, filho de Joaquim d’01iveira da Coxa e Rosa
Maria, 3, cavaílaria 3.Manuel, filho de José Ribeiro Chula e Maria Miranda,
2, cavaílaria 1.Manuel, filho de José Ribeiro Chula e Rosa de Miran
da, 4, 2.“ reserva.Mathias, filho de João Mathias de Mello Juiz e Maria
Fernandes, 9, 2.“ reserva.
Aldegallega do Ribatejo, 29 de Novembro de ig.o 1.O S E C R E T A R IO DA COMMiSSÁO
Antonio Tavares da Silva
de 140 réis por cada preso.As propostas para o di
to fornecimento, serão feitas em carta fechada, dirigida ao Administrador do concelho, sem outra designação, signal ou marca exterior.
A proposta que não estiver nas condições acima referidas, será inutilisada nos termos da lei.
A tabella dos comestíveis a fornecer e as mais condições de arrematação, acham-se patentes na secretaria desta Administração, todos os dias uteis, desde as 10 horas da manhã ás 3 horas da tarde.
Administração do concelho de Aldegallega, 2 de Dezembro de 1901.
O Administrador do Concelho
J. M. Abranches.
ARREMATAÇÕESCamara Municipal de A l
degallega do Ribatejo.
Hoje devem ter logar á uma hora da tarde, na sala dos Paços do Concelho, as arrematações dos impostos no vinho e carnes, em Canha; fornecimento da illuminação publica da fregue- zia de Sarilhos Grandes; limpeza publica em deposito e o rendimento da mesma limpeza no proximo anno de 1902.
Aldegallega do Ribatejo, 8 de dezembro de 1901.
O Presidente da Camara
Domingos Tavares
F AB R I C A 1 V A P O RDE
JO S É M A R IA D E VAS-
C O N C E L L O S JU N IO R
Nesta Fabrica se vende massa de purgueira pura, tomando os proprietários da Fabrica a responsabili dade, custa 45o réis cada 15 kilos. Ha mais massa de purgueira, pelo custo de 400 réis cada i 5 kilos.
Iln a da FabricaA L D E G A L L E G A DO R IBATEJO
M A P P A S D E P O R T U G A L
Ha para vender mappas de Portugal, não coloridos, ao preço de 60 réis cada um.
Nesta redaccão se diz »quem os vende.
VIDRAÇASVende-se dois pares de
vidraças já uzadas. Quem pretender dirija-se a esta redaccão.
Ha para vender collec- ções de jornaes, taes como: Seculo, Pimpão, Parodia, Supplemento ao Seculo, e outros; assim como livros antigos de diversos idiomas.
Nesta redacção se trata.
Ha tambem jornaes para vender a peso.
MODISTAVestidos e confecções tan
to para senhora como para creança. Corta pelo syste- ma francês, rua do Norte n.° 45, nesta villa.
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D E P O S I T O DE H A I E R U E S DE G O N S T R l i C O À O IRUA DA PONTE — aldegallega
Tijolos das fabricas mais acreditadas do pai*, em todas as qualidades, taes como: tijolo burro, furado, inteiro, de alvenaria, curvo para poços e mais applica- ções, rebatido, para ladrilho, assim como gi~ande f o r necimento de telha de Alhandra, etc.
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DE
CORREEIRO E SELLEIRO 18, R U A D Q F O R N O , 18
AB^SíBiWALI.UCíA
JOSE’ AUGUSTO SALOIOEncarrega-se de todos os
trabalhos typographicos.R. DE JOSÉ M ARIA DOS SANTOS
A U )g :cA L L E :«A
COMPANHIA FABRIL SINGERP o r 5 oo réis semanaes se adquirem as cele
bres machinas SINGER para coser.Pedidos a AURÉLIO JO Ã O DA CRUZ, cobrador
da casa \ n c o c k & c .a e concessionário em Portugal para a venda das ditas machinas.
Envia catalogos a quem os desejar, yo, rua do Rato, yo — Alcochete.
MERCEARIA ALDEGALLENSEDE
José Antonio Hunes
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A N T I G A M E R C E A R I A DO POVODF
D O M I N G O S A N T O N I O S A L O I OV í-s íe e s ía b e lc f iu ie j íío cn cojttra -se á vcictla p e lo s p reço s m ais eon vi-
(la tlvos. CEin variad o s«5*lijai!Ciiiío <Ie g e e c r o s p ro p r io s «lo seu ram o dc eom - in cre io , o ffcreeeu d o p or is so as m a io res garan tias aos sesas e s t im á v e is fre- g u ezes e ao r esp e itá v e l pcihlico.
R I J A . D O C A E S — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
ALDEGALLEGA DO RIBATEJOGrande estabelecimento de /acendas por preços limitadíssimos, pois que vende
todos os seus artigos pelos preços das principaes casas de Lisboa, e algunsAINDA MAIS BARATOS
Grande collecção dartigos de Retroseiro.Bom sortimento dartigos de F A N Q U E IR O .Selins prelos e de cor para forros de fatos para homem, assim como todos os
accessorios para os mesmos.Esta casa abriu uma SECCÃO ESPECIAL que muito util é aos habitantes
desta villa, e que éaXQMP8Â EM LISBOA de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o \êlo na escolha, e o preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.
B O A C O L L E C Ç Ã O de meias pretas para senhora e piuguinhas para creanças de todas as edades.
A CO R PRETA D’ESTE ARTIG O É GARANTIDA A divisa desta casa é GANHAR POUCO PARA VENDER MUITO.
j o ã o B e n t o & n i n e s d e c a r v a l h o88, R. DIREITA, 90- 2, R. DO CONDE, 2
D E P O S I T OD E
Neste estabelecimento encontra-se d venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos proprios do seu ramo de commercio, podendo por isso offerecer as maiores garantias aos seus estimáveis fregueses e ao respeitável publico em geral.
Visite pois o publico esta casa.-co—
19 — L - A - R G S - O D A E G B E J A — 19-A
Aldegallega do K ibatcjo
VINHOS, V INAGRES E A G UA RD EN TES
E FABRICA DB LICORES
G M I D E D E P O S I T O D i A C R E D I T A D A F A B R I C A DEJA N S EN & C.‘ - LISBOA
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CERVEJAS, GAZOZAS, PIROLITOSVENDIDOS PELO PREÇO DA FABRICA
— LUCAS & C.A - -L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
V iu h o sVinho tinto cie pasto de i.a, lilro
» » » )) )) 2.a, »» branco » » i.a »» verde, tinto____ » »» abafado, branco » »» de Collares, tinto » garrafa» Carcavellos bt.cj » »» de Palmella.. . . '> »» do Porto, superior »» da Madeira............ »
V in agresVinagre t rito de i.a. litro..........
» » » 2.a, » ..........» branco » i.a, » ..........» » » 2.a, >1 ..........
SJ co resLico r de ginja de i.a, litro........
» » aniz » » » .........» » canella.........................» » ros;i............... ............» » hortelã pimenta.........
Grani to.....................................Com a garrafa mais 60 réis.
j Aguardentes5o rs. | Alcool 40o. ......................litro40 » | Aguardente de prova 3o°.70 )> s
100 » i 5o »160»240»240»400»5oo »
ie bagaço 20o » i. a» » 20o » 2.a» » 18«.»» figo 20o. »» Evora 18».»
('anna ltranea| Parati................................litro| Cabo Verde.................... »
60 rs. | Cognac.........................garrafa5o » 1 ,) ...................................... »80 » | Genebra................................. »60 » S
200 » 180 »
320 rs. 320 >> 240 » 160 » n o » 140 » 120 » 140 »
700 rs.600 »
1S200 » iS oo »
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C E B Y E JA S , GAZOZAS E P IR O L IT O SPosto em casa do consumidor
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j Cerveja de M;irço, duzia.......| » Pilcener, » .......| » da pipa, meio barril .1 Gazozas, duzia.......................! Pirolitos, caixa, 24 garrafas...
480 rs.720 » 75o » 420 » 36o »
C apilé, l itr o 8 8 0 r é is com garrafa 3 4 0 ré isE M A IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
PARA REVENDERV E N D A S A D I N H E I R O
PEDIDOS A LUCAS & C,A — ALDEGALLEGA