001 Percepção e a Constância Perceptiva
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PERCEPÇÃO E A CONSTÂNCIA PERCEPTIVA
Maria das Graças Teles Martins*
Percepção é, em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, a função cerebral que
atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através
da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir
significado ao seu meio. Consistem na aquisição, interpretação, seleção e organização das
informações obtidas pelos sentidos.
A percepção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico ou
fisiológico, envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos
sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os
processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação
dos dados percebidos.
O que é a percepção?
A percepção possui as seguintes características:
é o conhecimento sensorial de configurações ou de totalidades organizadas e
dotadas de sentido e não uma soma de sensações elementares; sensação e
percepção são a mesma coisa;
é o conhecimento de um sujeito corporal, isto é, uma vivência corporal, de modo que
a situação de nosso corpo e as condições de nosso corpo são tão importantes quanto
a situação e as condições dos objetos percebidos;
é sempre uma experiência dotada de significação, isto é, o percebido é dotado de
sentido e tem sentido em nossa história de vida, fazendo parte de nosso mundo e de
nossas vivências;
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Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o
comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na
realidade em si. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós.
Cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm
especial importância para si própria.
A percepção de um objeto e de suas propriedades como alguma coisa constante,
apesar das variações de sensações que recebem órgãos sensoriais, é, de maneira geral, o
que se estuda sob o título: Constância Perceptiva.
Dessa maneira, após percebermos o objeto temos que filtrar as informações recebidas
para que não sejamos enganados pelos indicadores é nesse momento que entra a
constância perceptiva possibilitando que percebamos o objeto como imutável, embora
advindo de diferentes estímulos.
As pessoas percebem os objetos como se eles tivessem sempre o mesmo tamanho,
forma, cor, localização, etc., apesar das grandes mudanças dos dados sensoriais. Quando
você observa uma pessoa se afastar, a projeção da pessoa em sua retina diminui. Ela não
diminuiu de tamanho, apenas sabemos que ela se afastou, isso é denominado constância do
tamanho.
A constância de tamanho se refere à tendência a perceber os objetos como se eles
tivessem um tamanho constante, apesar de que o tamanho da imagem retiniana se torne
menor quanto mais o objeto se distancia. A constância de tamanho parece ser um resultado
da aprendizagem que se processa, em grande parte, sem que a pessoa dela se aperceba.
Damo-nos conta, pelo menos em parte deste processo, quando observamos objetos
familiares de posições menos comuns, como, por exemplo, automóveis vistos do alto de
arranha-céus.
Outras constâncias incluem a habilidade de reconhecer que as formas dos objetos
são as mesmas, apesar dos diferentes ângulos sob os quais eles possam ser visto,
denominada constância da forma.
A constância de forma é responsável por podermos reconhecer o formato de objetos
conhecidos, apesar da forma constantemente mutável da imagem retiniana. Não importa o
ângulo, vemos uma porta como retangular.
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A habilidade de reconhecer que as cores são constantes, mesmo com a mudança de
luz ou sombra sobre elas, denominada de constância da cor.
Os estudos sobre as constâncias de cor e brilho reforçam a conclusão de que a
constância não é uma resposta a indicações específicas e sim a um conjunto de relações. Se
um pedaço carvão e uma folha branca de papel forem iluminados de forma que o papel se
torne mais escuro que o carvão, ainda assim, o carvão parecerá preto e a folha branca.
A constância de localização é que nos permite julgar estáveis os objetos no espaço,
apesar de sua localização variável no campo visual. Não percebemos as coisas rodando se
viramos a cabeça. Os estudos sobre esta constância perceptiva levam a concluir que a
estabilidade dos objetos se deve também a aprendizagem.
A percepção depende das relações entre os fatores do estímulo, captados pelos
órgãos dos sentidos e as nossas experiências passadas com este estímulo.
O comportamento de um indivíduo depende, em grande parte da forma pela qual ele
percebe o meio ambiente; a percepção do mundo exterior não pode ser encarada,
atualmente, como um processo passivo e sim como base de adaptação humana, dinâmica,
que regula e dirige as reações (Siqueira, 2013).
NOTA:
1) *Maria das Graças Teles Martins, psicóloga, professora, mestre em educação, mestre em
saúde coletiva.
2) Texto utilizado na disciplina Processos Psicológicos Básicos II/FAMA-AP 2014.1
Referência Bibliográfica:
BRAGHIROLLI, Elaine Maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antônio; NICOLETTO, Ugo.
Psicologia Geral. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.
SIQUEIRA, B. O fenômeno da Percepção. Texto 2013.
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STERNBERG, RJ Psicologia Cognitiva. São Paulo: Cengage Learning, 2010