01 Fundamentos de Historia e Teoria1

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ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte Italiana. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. GIEDION, Sigfried. Espaço Tempo e Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2004. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. GRAEFF, Edgar Albuquerque. Edifício. São Paulo: Projeto, 1979. HAUSER, Arnold. Teorias da Arte. Lisboa, Presença, 1988. HAUSER, Arnold. História Social da Literatura e da Arte. São Paulo, Mestre Jou, 1982. MALARD, Maria Lucia. As Aparências em Arquitetura. Belo Horizonte, UFMG, 2006. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã: Teses sobre Feuerbach. São Paulo: Moraes, 1984. VILLALBA, Antônio Castro. Historia de la Construcción Arquitetónica. 2 ed. Barcelona. UPC – Universidat Politècnica de Catalunya, SL, 1999. ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitectura. 1 ed. Lisboa. Arcádia, 1966. Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo I Bibliografia Erecteion (Acrópole, Atenas, séc. V a.C.)

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Page 1: 01 Fundamentos de Historia e Teoria1

ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte Italiana. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

GIEDION, Sigfried. Espaço Tempo e Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16 ed. Rio de Janeiro:

LTC, 1999.

GRAEFF, Edgar Albuquerque. Edifício. São Paulo: Projeto,

1979.

HAUSER, Arnold. Teorias da Arte. Lisboa, Presença, 1988.

HAUSER, Arnold. História Social da Literatura e da Arte. São Paulo, Mestre Jou, 1982.

MALARD, Maria Lucia. As Aparências em Arquitetura. Belo Horizonte, UFMG, 2006.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã: Teses sobre Feuerbach. São Paulo: Moraes, 1984.

VILLALBA, Antônio Castro. Historia de la Construcción

Arquitetónica. 2 ed. Barcelona. UPC – Universidat

Politècnica de Catalunya, SL, 1999.

ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitectura. 1 ed. Lisboa.

Arcádia, 1966.

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IBibliografia

Erecteion

(Acrópole, Atenas, séc. V a.C.)

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Renzo Piano & Richard RogersCentro Georges Pompidou - Beaubourg

Paris - 1975

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IEmenta

Estudo e análise da produção arquitetônica e do espaço urbano da pré-história ao século XIX segundo seus condicionantes culturais, construtivos, sócio-econômicos, e estéticos.

Interpretação e análise crítica do espaço arquitetônico, das formas e das funções dos edifícios em cada um dos períodos históricos.

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Le Corbusier

Ville Savoye

(Poissy: 1929)

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo ITeoria e Método

É impossível dissociar a teoria ou uma arte, produtos do pensamento, do espírito humano, das condicionantes de seu tempo.

A arquitetura é produção humana e, como tal, é “O resultado da atividade de toda uma série de gerações”. Desse modo, não pode existir uma história da arquitetura dissociada da história da sociedade.

É portanto no entrelaçamento entre a produção material e a representação humana, sobre as condições dadas à sua época, que reside a dimensão histórica da arte e da arquitetura, e sua transcendência ao longo do tempo para as gerações sucedentes.

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São essas condicionantes, a totalidade concreta de um período, que constituem o que chamamos de História. Nessas condições, o entrelaçamento entre as duas categorias: Teoria e História é fundamental para a compreensão do fenômeno arquitetônico.

Teoria e história andam juntas:

Para Marx, a história não é uma compilação de fatos memoráveis que se sucedem ao longo do tempo e determinam resultados sobre as gerações posteriores, mas

“A sucessão de diferentes gerações cada uma das quais explora os materiais, os capitais e as forças de produção a ela transmitidas pelas gerações anteriores; ou seja, de um lado prossegue em condições completamente diferentes a atividade precedente, enquanto, de outro lado, modifica as circunstâncias anteriores através de uma atividade totalmente diversa”.

(Karl Marx, in "A Ideologia Alemã")

Arquiteto do século XIX, trabalhando em sua prancheta

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo ITeoria e Método

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Nossa arte intervém diretamente sobre o espaço. É, portanto, conhecendo o espaço e os fatores que envolvem a obra, sua criação, seus aspectos funcionais, estéticos, etc., que se pode compreender uma obra de arquitetura.

A observação é, por esta razão, a técnica fundamental da pesquisa de arquitetura. Todo arquiteto deve ter uma curiosidade especial em relação ao espaço que o envolve.

Entretanto, quando essa curiosidade busca a totalidade do conhecimento sobre o objeto, deve-se superar a simples observação estática do edifício e ampliá-la para os horizontes da relação espaço-tempo, que é indissolúvel na arquitetura.

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IA Pesquisa de Arquitetura

Mosteiro de São Bento(Rio de Janeiro – séc. XVII)

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A permanência do edifício no espaço torna-o, ao longo do tempo, referência de largo alcance na sociedade, cujo significado transcende o período de sua construção.

Assim, se podemos ter na literatura a manifestação documentada do modo de vida de uma sociedade, pode-se também dizer que o convívio com a arquitetura, muitas vezes de um remoto passado, nos traz a materialização das intenções estéticas e funcionais que a nortearam.

A excelência da arquitetura pode ser conceituada por esta transcendência, que nos permite compreender a civilização grega visitando a Acrópole, mesmo nas ruínas de uma religião que não mais existe...

MichelangeloPiazza del Campdoglio

(Roma– 1563)

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Grosso modo, é verdadeiro afirmar que émais fácil compreender a civilização grega visitando a Acrópole, mesmo em ruínas, do que pela simples leitura dos textos que a descreveram...

Ao estudar a arquitetura dos templos gregos, mantendo-nos no exemplo dado, deve-se somar, à observação dos aspectos formais de suas ruínas, a análise da sociedade escravista que gerou aquele tipo de solução arquitetônica.

Compreender a função da religião e da reverência aos deuses; o papel do artista na Antigüidade; as constantes guerras entre cidades; a base comercial e agrícola de sua economia; a divisão de classes; a acumulação cultural; a base tecnológica; enfim, as várias faces do fenômeno traduzidas em linguagem arquitetônica.

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IA Pesquisa de Arquitetura

Acrópole (Atenas, séc. V a.C.)

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A maior permanência da dimensão plástica da obra arquitetônica pode conferir-lhe uma compreensão distorcida de atemporalidade.

De fato, pode-se ouvir Mozart com o mesmo prazer estético da época de sua composição. Entretanto, a arquitetura, diferente de outras manifestações artísticas, possui um valor utilitário essencial para sua compreensão plena.

Ao ouvir uma música não perguntamos pela sua utilidade. Para que serve? Todavia, observando um edifício, logo nos vem àmente o fato de ser esse uma casa, um templo, um hospital, ou uma escola. Logo identificamos ou queremos descobrir o “para-que-serve”.

“O programa de necessidades determina a realização de um espaço arquitetônico para abrigar e favorecer o exercício de certas atividades humanas. Sob a forma de um edifício ou sob a forma de um espaço urbano, o espaço arquitetônico tem como traço mais importante o fato de constituir um ambiente especialmente condicionado às atividades que abriga”. (11)

(10) Edgar Graeff (1921– 199): O Edifício (1979)

Oscar NiemeyerMuseu de Arte Contemporânea

(Niterói, Rio -1996)

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IEstética e Função

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Esse condicionamento é determinado basicamente pela função que o edifício desempenha para a sociedade.

A função possui uma dimensão própria que se transforma, com maior rapidez, ao longo do tempo.

Usando o exemplo de Lúcio Costa, podemos repetir o modelo, ou o “estilo”, de um casarão do período colonial brasileiro. Todavia, o que dava sentido ao projeto, isto é, a presença do escravo, transportando água, acendendo lampiões, abanando os senhores à mesa; não mais existe, foi substituída pelos modernos serviços urbanos, aparelhos eletrodomésticos, e outros.

Sem o escravo, a própria função “morar”perde o sentido.

É comum vermos casarões como esses transformados em decadentes cortiços, ou restaurados com novas funções: museus, bares, centros culturais, etc.

Paço Imperial. Rio, 1743

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IEstética e Função

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Essa transformação revela não apenas a impossibilidade da transposição de uma arquitetura do passado às funções do presente, como também a mudança que ocorre no próprio significado da obra.

Entretanto, mesmo alterado em seu significado, o edifício arquitetônico sobrevive na paisagem urbana, transmitindo um pouco do passado.

“Uma obra como o Partenon, em ruínas e nada mais significando para os rituais de uma religião que também pereceu, permanece viva e continua tocando a sensibilidade. Essa sobrevivência não se apoia no mero valor documentário - ela se nutre na capacidade de ensinar e de transmitir, comunicar algo do antigo pensamento grego”.

(Graeff, op. cit., p.27)

Partenon

(Acrópole, Atenas, séc. V a.C.)

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IEstética e Função

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Cabe, portanto, compreender a obra, o monumento, como síntese da produção cultural de uma época para entendê-la em seu conjunto e em suas relações com a vida material dos homens.Em minha aula, procurarei apresentar sempre a Arquitetura sob os diversos aspectos que a compõem:

- O Histórico (social, econômico e cultural);- A arquitetura do período;- As relações com a cultura e a arte do período;- O método construtivo;- O urbanismo;- A teoria.

“ mi mayor interés está principalmente concentrado en el propósito de mostrar sus relaciones recíprocas con las actividades humanas y la semejanza de métodos que se emplean hoy día, lo mismo en construcción, pintura, urbanística y la ciencia.”

(Siegfried Giedion, in Spacio, Tiempo y Arquitectura -1940/1966)

Leonardo da Vinci

Estudos anatômicos / laringe e perna

( 26 x 19,6 cm: 1510)

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo ITeoria e Método

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Fase 1 - Fundamentos da Teoria da Arquitetura Baseada na Metodologia da Ciência da História

Fase 2 - Pré-história: arte e arquitetura das sociedades de caçadores, agricultores e povos nômades; paralelos com a arte primitiva hoje.

Fase 3 - Antigüidade: a arquitetura e o urbanismo no Egito, Mesopotâmia e Creta.

Fase 4 - Antigüidade Clássica: a formação das civilizações grega e romana; a arte, a arquitetura e o urbanismo na Grécia e em Roma.

Fase 5 - Período Bizantino: a arte cristã primitiva, arquitetura e urbanismo no Império Bizantino.

Fase 6 - Arte Islâmica: a cultura e a religião islâmica; arte e arquitetura do Mundo Árabe; as cidades islâmicas.

Fase 7 - Arte Oriental: a cultura, a religião e a arte na Índia; na China e no Japão; arquitetura, paisagismo e o urbanismo na Índia e no extremo oriente.

Fase 8 – A Idade Média: a formação do Mundo Feudal: a arte e a arquitetura românica e gótica; a cidade medieval.

Fase 9 – O Renascimento e o Maneirismo: a retomada dos valores clássicos, arte e arquitetura na Itália renascentista; o Renascimento na Europa; o Maneirismo na arte e na arquitetura.

Fase 10 – O Barroco e o Rococó: o barroco na Itália e na França; a arte barroca na Europa; o paisagismo e as intervenções urbanísticas; o Rococó na França e na Alemanha.

Fase 11 – Neoclassicismo: a retomada dos valores clássicos na arte, na arquitetura e no urbanismo europeu; o classicismo na França e na Inglaterra.

Fase 12 – A industrialização e os fundamentos da cidade moderna; o ecletismo na arquitetura; a Art Nouveau, o impressionismo e as experiências pré-modernas na arte e na arquitetura.

Alinhamento. Carnac França 1800 a. C..

Empire State (Nova Iorque: 1931)_

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IPlano de Ensino

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O método empírico pode ser promovido a ciência, o método teórico a filosofia, mas o procedimento que permite enquadrar os fenômenosartísticos no contexto da civilização é a história da arte.

Faz-se história da arte não apenas porque se pensa que se tenha de conservar e transmitir a memória dos fatos artísticos, mas porque se julga que o único modo de objetivá-los e explicá-los seja o de "historicizá-los".

(Giulio Argan, in " História da Arte como História da Cidade ")

Fundamentos de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IGiulio Argan: Considerações sobre a História da Arte