020 - Cadenos de Teatro

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Revista de Teatro Esgotada - O tablado

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C

ADERNOS

DE

TE

ATRO têm n ôvo asp ecto . Neste

n.? 20

mudam

os a

penas

s

ua

ap

rese

nta

çã o g

rá f

ica pois

pro

.

cur a

re

mos co

nservar

sem pre o es pírito

qu

e nos animou ao

fund

ar a re vista. Hoje com o

naquela.

ocasião se nt imo s o

in ter

êsse pel o teatro sempre c

resc

ente . Formam   se grupos

real izam  se festivais  cursos debates de onde surgem no-

vos au to re s  at ôres diretor es .

CADERNOS DE TEAT RO con tinuam se ndo a

ntes

de

tud o  o tr abalho de um gr

upo

amador  qu e proc

ur

a se u

cami nho at rav és a li ção dos

qu

e pa s

sa r

am   a exper

iên

cia

impor

tad

a e a n ossa própr ia ex

pe r

i ênc

ia .

T

en t

amos passar

a

diante

essa me

sma

experiê

nci

a e o

qu

e dev

em

os aos n os-

sos m es

tr

es na formação de um espí rito de t tro   Não é

som en te a técn ic a qu e int eressa ma s es sa técn ica v iv ifi -

cada

por

um

e

spír

ito

de

teat

ro . Com o di zia D

clli

n  e

repe

timos agora ;  Não é de m

áq

uinas de fa zer descer os deus es

à ce na de que necessitamos em nosso tea tr o  ma s de

DE USES  .

CADE RN OS DE TEATRO  ainda

hoj

e encont ram no

me

smo

lem a  

não e

squ

er

o

interior

do B

ra

sH   uma

da s pri

ncipai

s r azões de sua sob r e vi vê nci a . Não esquecer

o jovem do inter ior   se m r ecu rsos sem livro s sem escola s 

sem tea tro e q ue deseja fa z

er

teatro . E a correspondência

r ecebida dos lugar e jos   m ais di

stante

s do pa ís mo s-

tr a que os CADERNOS v

êm

cumprindo de al

guma forma

o se u

pape

l . Isso

nos

anima a. continuar dando em n ossas

páginas e às vêzes re petidam

en t

e  r

ud

imentos de div er sas

técn ica s : como fa z

er

um

bo

nec

o co

mo

fazer um a m ás

cara

uma

re

sis tência esc rev er u ma pecin ha com o aprovei tar  um

tema para

dramati

za r etc . pois tu do isso que pode

pare

-

c

er

r ep is

ad

o e já sabido nas ca p ita is  é buscado com a

vid

ez

pelo p rofessor ou est udante do i

nt

er ior . E a lé m de ar tigos

tr ad uzidos de d

ebat

es de probl

emas

t

eatra

is da at ual

ida

de

conti

nuamos ap r es e nt a nd o peças de fácil montagem para

grupos pr incipian t es  res enhas dos

jorna

is e  a parti r dêst e

número e sempr e que possível uma relação das úl timas

publicações. \

 

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CADERNOS DE TEATRO

N.o

20 de

zembro de 1962

Pub licação t rimes

tr

al d O TABL

ADO

  sob o patr o

cínio do IBECC

Av

Li n

eu

de P

au

la Mach

ad

o 795 - J ard im Bot ã

níco - R io de J an

ei r

o - Estado da Gu an aba r a .

DIRET

OR R

ESP

ONS

ÁVEL

:

Jo ã

o S

ér

gio Mari

nho

Nu nes - DIRETOR

EX

E

CUTIVO

M

ar i

a Cl

ar

a Mach

ado

- RED

ATOR

CHEFE : J

acqueline

Laur

en

ce - SECRE

T

ÁRIA

V

ir

gínia Valli - TESOUREIRO Eddy Rez

end

e

  u

.

COLABORAM NESTE NúMERO B

ár b

ara Hel iodora

Blan che T . J aco

bin

a

Ann

a

Mar ia Magn u

s  Vi rgí

ni a Va

ll i .

COMPOSIÇÃO - Ana Le tycia J oão José Costa

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busca de uma ome

Peter rook

Tr

echos do artigo a

ba i

xo   tr an s

cr i

to já for

am

publica

dos no

núm

ero anteri or dês tes Cad

erno

s, entr e os

depoi

m

en t

os

re

la cion

ados po r

H

ugh

Hu

nt

sob o

t it ulo D ir

eitos

e Dev

er

es do

Dir

etor

. Acr

ed itam

os, por

ém

,

que

nossos lei

to r

es

ap r

eciarão a lei t u ra do

ar t

igo do \

brilhant

e

di reto

r

bri tân ico

na

sua ín tegra , já que o me

smo

coloca em foco

pr ob l

ema

s e dú

vida

s comu ns a t ôda a g

en t

e de teatro .

A cr ise é

evident

e .

Hoje

  em

dia

, é pos

sív

el re

al i

z

ar

de

ma neira

satisfatória uma

gr ande variedade

de peças;

no en t an to, quem fôr hones to consigo

me

smo há-de saber

mui

to bem, no fun d o, que o qu e está fa zen do é tot

alm

e

nte

inút il. O que nos move é

um

simples . im

pu

lso pessoa.l .

Ci

nqüenta

anos

at r

ás,

acred

it

ava

-se

na

ar te pela arte e

na

art e para o

ar

tista,

isto

é,

que

o

artist a

ex istia

tant

o

para

si m e

smo

quan

to

para

os ou

tr o

s .

Hoje,

damo

-no s con ta de

que,

i

ndi

vidualmente , somos fàci.l

mente

sub

stituídos.

O

mundo é tão ri co de atividades e rea lizações - os

filmes

já estão abarrotando os

museu

s, ist o sem falar nos

qua

dros

, na cer

âmica

e no s discos - qu e

não

se p

ode mais

ac r

ed i

ta r qu

e

um empr

e

endim

ento

artíst i

co,

qualquer

que

se ja, sej a

n  ssário

(po r

exe

m plo: a mo

rt

e de Tosc

anin

i,

cujo

va

lor pessoal er a indiscut ível,

não

deixou nenhum

vazio

na v ida

cult

ural de qualquer um de nó

s).

A terrível

verdad

e é q

ue

, se

todo

s

OS

teatros dêste

p aís fôssem

fecha

dos de

re pente

,

haveria

a

pena

s uma

sen

s

ação

col

etiva

e

cor

tê s de falta de alg

uma comodid

ade

civil izada, assim

como

nos

far iam fal ta

os ôn

ibu

s e ou águ a da. to

rneir

a .

A emoção, a indignação emanar ia m do

contribuint

e .  I e r.,

se- ia t alvez

um

assu

nt

o de conv

er

sa a m

en

os . Mas

será

que

have

ria

um verd

ad

eiro pr otesto, a sensação de

que

a.lgo

  es

faz

endo

falta

  ?

Uma

  fome

? (De ago

ra

em

di

an

te, semp

re

q

ue

eu sentir

vontad

e de

parar pa

r a

tomar

fôlego , pa ssarei a citar

Antonin

Ar t

aud, qu

e, na m

inha

op i

nião, po r

mai

s

que

t

enha

sid o um vi

sioná

rio, i

ndubitáve

l

m

ente

louco, es

creveu um maior n úm

ero de coisa s s en

satas

sôbre t

eatro

do

que

qu em quer

qu

e se ja ) .

Eis

o que êle

nos diz :

 

Se

qu is

er

r e

enc

on t

ra r

a sua

raz

ão de s

er,

o te a

tr

o

pr

ecisa nos dar

tu

do o que encon tr amos no crime, no

amo

r ,

na

guer ra ou

na

loucu

r a .

(Le Théâ tre et son Double)

No de

corr

er dos dez últ imos anos, t e

nt

ei tôdas as

for

ma s de , tea tro. a

fa r

sa, a óp

er a (não

tão d

ife

r

ente ),

o

te

atro

sér io, com a

se

ns

açã

o da mi ssão cumprid a e poltro

na

s vazias, o po

pu lar

, com a f

eb r

e da

bilh

et er ia e o calor

de

uma

sala super lotada .

Tent

ei t

udo

isso

na Amér

ica

ond e o suces so é

um

obj etivo em si e tentei-o na França ,

onde

um

tra balho

in t

eres

sant

e

ainda

é

um

obj et ivo em si.

Mas, n

em na França

, n

em na Inglaterr a

,

nem na Amér

ica ,

n

em

obse

rvando

as

realizaçõe

s dos

outro

s, t

ive

a

írnpres-

 

.

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são

de que o nosso trabalho

correspondia

a

uma ne

cessidade.

Recentemente , estive no México. Na vida das aldeias

de índios, o ponto culminante é a  fiesta   . A palavra   fies

ta tem um go

stinho

de

folclore

para

cidade

turís tica mas,

em tôdas as aldeias puram

ente

indígenas, ist o r

epresenta

tudo,

até me

smo

um

meio de

pr eservar

o eq u il íb r io eco

n

ômico.

As

pes

soas

que mai

s ganham

dinheiro

sabem

po r

instinto

qu e

não

haveria

ínter êsse

em uti lizar êsse dinheiro

na · compra de coi

sas

materiais, mas que comprar prestí

gio é

algo

de marav ilhoso . Por tsso, compram

 fiestas

 ,

isto é,

não

compram coisas durávei s t ais como ou ro ou

máquinas

de l av ar, mas sim as coi

sas

as mais efêmeras,

que sã o os fogos de a rtifício. Os s eu s ganho s e xp lodem

no céu ma s su a  f i esta é mui to melho r do que a do vi

zinh

o; com isso, ganham mais .p r est ígio . As

sim

, a vida

não muda

nunca . E o tempo

não

se torna aquela r

otin

a

irritante que conhecemos . Tudo é

uma

questão de ciclos,

de círculos e de explosões periódicas. Se alguns ganham

mais dinhe iro,

a

 f i

est

a

é

mai s e

spetacular;

se

ganham

m enos, a  fiesta é

menor.

  Ma s o ritmo é constante: as

excitações

aumentam, aceleram-se e encontram o seu

apo

geu

na

explosão. Isto,

na m inha

opinião, é uma necessi

dade .

Tirem

dos índios a sua   fi es ta : vão

contrair

doen

ças ou t rucidar- se uns aos outros . Os diretores, os at ôres,

os autores exper imentam e

ssa fôrça

que os impele a

tr

balhar, mas ta l

não

acontece com o

público.

Parece es

tra

nho

chegar ao México,

vindo

de

Nova York (o nd e

o tea

tro constitui-se

num

dos pr azeres sociais mais onerosos e,

em teoria , mais aprec iados) e constatar

que,

cá e

, se

todos os teatros

fecha

ssem (como o fizeram recentemente,

durante. uma greve) , o

público pouco

se importaria .

E

c la ro que

a

solução não

é s

implesmente organizar

  I íestas   em

Nova

York ou em Londres. Para os nã o

mex icanos, as fiestas são ca

cete

s . Os fogos de artifício

sã o divertidos mas cansam ; cinco horas a ouvir a m

esma

melod ia eternamente repet ida no me

smo

ritmo fa

zem

bo

cejar

os .n ão-íniciados. Mais is to quer apenas dizer

que

as

nossas  f i e

sta

s - o

teatro

, qu e deveria se r a nossa  fiesta

- devem -ser mui to mais complexas e que o nosso pro

bl ema é tanto maior, já que não

podemos

contentar-nos

com fogos de

ar t

ifício e um homem

tocando tambor

.

A desmistifi c

ão

e

a demolição dos últ imos anos têm

sido magníficas. Todos os  ismo s são

suspeitos

, t ôdas as

frases

são

fr a

ses

feita

s; no entanto,

não podemo

s

parar

;

P es

soalmente , prefiro a anarquia ao l ixo organizado, que

é

qu ase inevitàv

elmente a única

alternativa

qu e se nos

oferece . Não vou de j eito n

enhum

sugerir soluções . Quero

tão somente sal ientar o

vazio

de

nossa

posição ajual e a

n

ecessidade

de uma

busca

.

Busca

de qu e? De

algo

que

só poderemos reconhecer e

definir

quando o tivermos en

contrado.

No ponto em

qu

e e

stamos,

qualquer

coisa poder ia s er

útil.

Discussão abstra t a? Sim . E verdade

que,

du rante os

en

saio

s,

quanto

mai s se

di scut

e,

menor

certeza se

tem

de

ch

egar

a

qualquer

 res u ltado . Mas, em ger al , penso

que

a

di

scu

ssão

pode

te r

valor.

Os

inglêses

orgulham-se

de

não di

scutir

nem

teor

izar . Tôda e

qualqu

er discu ssão ar

tística

sempre foi considerada al tamente suspe it a .

 Preo,

cupe-se

com

o seu tr abalho , et c

.

Estou conv

encido

de

qu e isto é um a fr aq

ueza,

mais uma daquelas b

arr

eiras que

nós mesmos no s

imp

omos e qu e são a cau sa do nosso pr o

vinciali

smo.

já ba

stant e tempo, esc

re

vi na

revist a

  En

care

que

o te atro só poder ia encont r ar a mesma liberdade

qu e

o r o

mance, a mú sica ou a pintura, caso est i

vesse

disposto a

trabalhar dur an te mui to tempo para pl at éias vazias. E .

claro que , em prin

cipi

o,

todo

mundo es tá de acô

rd

o com

a hip

ótese

Coward-Rat tígan de que uma peça de sucesso

lot a o teatro . Qu em tem dúvidas? O problem a é qu e a

p

eça

de

suc

esso

não

ex is te mais; o modêlo de on tem não

lo ta os

teatro

s; o de am a

nh ã também nã

o e, par a ligar

duas épocas estáveis, temos

qu

e

atrave

ssar um precipício

numa

corda

b amba . Numa

corda bamba , os valor es nor

mais deixam

temporàriam

ente de valer . Temos qu e aceitar

o

isolamento

e o des

confô

rto. Lembro ..me de ter

pensado,

logo após

a gue rr a, q ue

não preci sávamos ent ão

nem de

discussões nem de experiência .

haviamos tido

ba

stante

de stas durante as dé cadas de 20 a 30 e ba

stant

e destrui

ções

depoi

s de 1940; naquele momento , havia neces

sidade

de utilizar e da r

vid

a ao material de qu e dispúnhamo

s.

A

gora

,

penso

o

cont

rár io - o

nos

so

crédito

es tá

esgo

t ado .

O cinema

tem um

a ma rgem de

vantagem

sôbre o te atro;

quanto à pintura e à mú sica, es ta s têm m eio-século de

vantagem . .

Chega

a ser

mon

ótono

atacar sem pr e os c

rítico

s;

mes

mo as sim, devo fazê-lo . Na situação atual , são culp

ados

de aceitarem aquilo

que não

dev eriam

aceita

r; estou pronto

a

ac r

editar qu e sã o

boas

pes

soas

,

ju

stas e imparciais, ex

ternando

com

liberdad

e su as opiniões   e, p orisso mesmo,

gan han do a vida honestam

ente.

Mas

qual d

êle

s jamais se

deu ao

trabalh

o de formular

p r s  r

ópr o os seus pr

ó,

pr ios

critérios?

Tev e êle alguma experi

ência

satisfatória

em teatro? E sob que

forma?

Em qu e g

ênero

de teatro

acredita? Que gêne ro de

te

a t ro

julga

êl e essencial para o

pro

gr esso da

vida?

De qu e gênero de teatro gosta r ia d e

participar? De que g

ênero

de t ea tro sen ti ri a maior

falta?

Eis o

que eu quer i

a qu e êle s

me

disses

sem

.

Como

é

possí

vel não desconf

ia r

de que, quando dizem   gosto de tea

tro, estão usando ta l verbo no sentido

qu

e eu

dou

ao mes

mo quando digo que gosto de rum ou de coca-

cola? Que

definam um a só vez, com uma só

frase,

o qu e se r ia

para

êles o

teatro

ideal e poderemos saber então o

qu

e

querem

dizer quando declaram que uma peça é

boa

ou m á, um

sucesso ou um fracasso. Evidentemente, devo ab

solver

imediata e

vigoro

sam

ente

o muito di

scutido

K enneth

Tynan, que conta en tr e os raríssimos críticos conhecidos

que

jamai

s esclarecer am aos seus leitores os

crit

érios

a

partir dos quais fazem seus ju lgamentos. Pode-se não con

cordsr-com tais cr itérios

ou

com

as

conclusões,

pode

-se

não

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gostar ou discuti r tôdas as pefinições, po rém uma

critica

dês se gêne ro a

juda

o tea tro. E r ealmente válida .

Em

arte,

o t êrrno  b u

rguês

é bastan te

bom

. Su a

sig

n ificação é

vaga

ma s êle qu

er

dizer muita coisa .

Cin

qü enta

anos

at

rás, a pin tura e a música descobri

ram

aquilo qu e

só ago

ra

o teat r o acaba de descobrir, ist o é

qu

e a

ar

te

bu

r

gue

sa é u

ma

art

e ·

 a ca dêmica compl

ace

nte ,

 t

r is

te

,

 s em vida .

 c l

asse méd

ia

  ; por-isso,

o pode ser a a

rt

e

viv a do Século XX . Subo r

dina

do o r esultado im ediato da

bilhete ri a e porisso mesm o ligado ao mai s ba ixo denomi

nad or comum no público e na im

pr e

ns a, o te at ro foi se

ar ras tando

durant

e mei o-s écul o até che gar à mesma

conclusão .

Estam os todos de acôrd o ao di zer qu e o t ea tr o burguês

mor reu P. o pr

óprio

Noel Coward , qu ando

at a

ca aquilo

qu e

sabemos ser um -nôvo teat ro in

ad

equado, não diz que

o te at ro antigo

er a

bom mas qu e o nôvo

teatro

é quase

tão

ruim

quanto o antigo e, no seu gê

ne

r o. tão   c

la

sse mé ,

di

a

.

Par

a

mim,

o

que

er a

cla

sse m

édia

no no sso t

eatro.

o

que

e

ra

burguês e

continu

a sendo. é a

maneira

de consi

derar os homens . .

Todo

s nós a

inda

pensamos em gen te em

t

êrm

os

naturalistas.

O natu ralismo, em

pintura, queria

di

z

er

r ep resentar

duas

pe s

soa

s senta das a -urna me sa, como

se a r eprodução

exata

de ssa cena fôsse a descrição

total

de todos os el ementos qu e a compunham . Depois,

pou

co

a pouco, fomos nos dando conta de qu e

uma

cad

eira

não

é

um

a cadeira e

qu

e

um rost

o

o é

um

ro sto: que a ma

té r ia , co

mp

ondo-se , descompondo- se, evoluindo e existindo

na

vida

dos sentidos, conforme as pos

sibilidad

es de p

er

cepç ão do observador, forma dissimulando forma , es tr ut u

ra so

br e

posta a est ru tura, ela mesma dissimulando um a

est ru tu

ra ,

e

ra

uma

a

bs tração

mais

pr

óx

ima

da

re a

lida de

do qu e o

in

st a

ntâne

o jam ais o tinha sido . Todavia, nós,

au

tor es e atôres, nunca nos demos con ta do na turalismo com

qu e enc ar amos as pessoa

s.

O qu e é

carac

te r ização? P er

gun tem a um

au t

or . P

er

guntem a um a tol . As respostas

dos dois r efl etem sem dúvida ne

nh

u

ma

a ac

eita

ção não

formulada da ve l

ha

noção de que   s pesso s são t is  o o

são O fra casso de Laurence Olivier, p

or

·exemplo, no papel

do Rei Leal , foi dev ido ao fat o de te r êle

at

acado

o papel ,

qu e

tr

an sbo

rd a

de energia de um p

onto

de v ist a est r it a

men te séc ulo dezenov

e.

Deu -nos êle o  r et rato de um

 ve

lho

te .

Os no ssos autores dr

am

á ti cos (com exceção de

.

Bren

da n B

eh

an)

tamb

ém

pensam

qu e as

pe

s

soa

s são pes_

soas e

qu

e, me

sm

o se f

or

em inconsist

en t

es. a inda são ra

cional e fotog rà ficamente incons is te n

te s

. No

entant

o, êsse

modo de v

er

um ser

human

o em nada cor re sponde ao

modo pelo qual vejo a. mim mesmo como

criatura

. O que

somos, você e eu? Coisas fechadas dentro de quadros sólidos

e estúpidos? E evid

en t

e

qu

e

o . Somos

um sem

-fim de

im

agens

mentais qu e escapam de nós e .se sob r ep õem ao

mundo  ex t er ior , às vêzes com êle coincidindo, contradi

zendo -o alguma s vêzes . Somos , ao

mes

mo tempo: voz, pen

same ntos,

pa

lav ra s, meias/p alav ras , ecos, lembranças, im

pu lsos. A

cad

a in stante, mud am os de obj etivo , Fi tando os

no ssos

amigos

nos olhos, nove

-déc

imos de nó s es tão

noutra

part

e, aq u i. e ali ouvindo vagamente,

sonhando.

mud

ando

de

hum

or e identidade, num

movim

ento contínuo; não r e

conheço nem a mím nem ao meu vizinho naqueles  bonecos

fec hados e ob tusos qu e a

car

acter ização nos ofe re ce .

Nossa

 ap

roximação é pu ram

en

te

re a

lística , por

ém

não

tem os.

con

scíência do nosso próp rio

naturalism

o po

rq u

e,

num dado

mom

en to, d

ecidimo

s

que

o natural i

smo

er a tão

so

mente um

a

qu

e

st

ão de es

tilo

pict u

ral.

Sabem

os

qu

e, há

já muito tempo , no princípio do século (o lado p ictur al do

t

eatro

sendo o

mais

fàcilm

ente in flu

enciável p

el a

r ev

olu

ção

ocorrida

na

pin

tura

) , Gordon Cralg, Ap pia , etc .

at a

caram o

cenár

io

naturalist a

e

substituiram

as tô

rres

e as

á

rv

or es .por luzes, degraus e -sornbras . Hoje, a té mesmo

um a

peça realista é represen tada dentro de um cenário de

andai mes esqueléti cos e com isso, co

nc l

uímos,

er

ra damen

te.

qu e

o problema do r eal i

smo

foi r esolvido . Na

minh

a

opinião, não foi

nem

seq

ue r

ab ordado

Quer

se pr efir a o

têrmo naturalismo ou outro qu alquer , é esse ncialmen t e o

element o século dezenove qu e aind a n ão mudou,

qu

er seja

no . t

ex

to, no

cenário

,ou

na

in t

erpretação

. E v

er d

ad e

qu

e,

. a partir de Ionesco, houve uma cer ta libertação da forma,

uma cer ta explosão

em tôdas as direções. Mas

se

qu

e o

teat ro aborda o seu próprio material, o se u mat erial hu

mano , emocional, tã o pr ofundamente quanto a pintur a? O

imenso sucesso popular da r ec

en t

e exposição de P icasso , em

Lond res, é

uma

ind icação notável de que , para o g

rande

público , o que antigam en te er a

ab

st rato tornou -se conc

re

to;

os m

ai s velhos

 r eacioná rios al i est a vam, p

er

ceb

end

o de

re pente que aqu ilo

tinh

a um sentido . . . .

 E

  preciso acreditar

num

sent ido   da vid a ,

re

novado pelo

tea

t ro .   Mas

quando pr

onunciam os

a

pala

vr

a. vida , é

pr

ecis o en te

nd

er

qu

e

não

se

tra

ta da

vida

qu

e

se

r econhec e pelos - fa tos v isíve is,

mas dessa espé cie de núcleo

fr á

gi l e movediço,

não d

efinido

pelas formas

Ar taud

)

Qual o

motivo

de no ssa obsessão pela i

mpr

ovi sação?

 n t i utor   anti-dir et or e anti-públi co, o anti-

at

or improvi

sa. -

em

busca de qu e? O anti

-d i

retor de cinem a improv isa

um filme.

Em

bu

sca

de qu e? Tra

ta r

-se -á some

nt e

de neo,

surrea lis m o, de c

omp

osi ção a

utom

á tic a, de

cult

o do ilog is

mo? Não creio . O su cess o do surreali smo, logo qu e s

urgiu

,

foi devido ao fa to de que r svelava aos espíritos do sécu lo

de z

en

ove

que

existia

algo

ma

is a l

ém

de suas

própr

ia s,

tid as e claras percepções . Hoj e em di a, tra ta-se de outra

coisa  m primeiro luga r , t ôdas as formas de orde m nos

abandona

ram

. Na r ealidad e, é t ôda a

estrut u

r a de  nove..

centos

ano

s qu e se coloca em questão. In stintivament e,

desej

amos

a ordem e, no entanto, tôdas as o

rd

ens

qu

e co

nh ecemos  tu lmente ou já conhe cemos no s p

ar

ecem des

tituidas de valor . Damo-nos con ta do movimento giratór io

- f ôr ça , velocidade, imagem, melodrama em ot iv o - em

qu e vi vemos e a ordem , qu er se ja a organização de uma

int r

iga

, a

defini

ção de um cará te r ou de pan aceias políti

cas, nos parece lamentàve lmente

inad

equada , como o se-

 

Page 7: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 7/41

,  J

riam lemas de escoteiros em tempo de guerra . Aceitamos

o barulho, o ritmo, o amor, as caneladas, a comida , a be ..

bida, a droga , a v

elocidade

, o p

er i

go, a

violência

como

fat os, elem en tos : não queremos di scuti -los

porqu

e são tão

simples

qu e

desafiam tôda e qualquer an ál ise, Estão aí ,

eléctrons de vida, de sligados de qualquer s ist em a ou

ordem .

Um   script de filme - ou uma pe ça - é um mapa

s ôbr e

o

qual

se cir

cula

de

um

ponto

ao

outro.

Num f ilm

e

convencional,

c ada tomada , c ad a

movimento do ato l

deve

ser funcional, deve

seguir essa linha

j á t ra çada . Fica-se,

poi s, impedido   de

fotografar

o

intangív

el - como autor,

utiliza-se o tangível para expre ssar um ponto de vis ta sôbre

qu

estões comple

xa

s -

como

a tol . sentem-se

intangibilida

des selv agens ma s fica-se obrigado a seg uir as simplifica

ções impostas pelo autor e

pelo

autor e pelo

di r

etor , As

sim

,

a improvisação

afrouxa

o freio

..

. Qu er se j a com palavras,

açõ es, imagens ou at é mesmo com

um

pincel, .a improvi

sa

ção

é um meio de utilizar as fôrças vivas que giram

em

t ôrno

de n

ós.

Falando

do

tr

abalho

dos

atôre

s,

na

r

evista

 S ight a nd

Sound

, Albert

Finney

diz

que

 numa peça como .

HAM

·

LET,

os

problemas

e o

sentimento deveriam

se r

transmi

s

síveis a. t ôdas as

classes ; mas

, logo

adiante

;

cai êle

. na

armadilha

que

consiste em pensa r que a s

olução

é tornar

Hamlet  r econhecíve l , isto é, como no ca so do Leal de

L

auren

ce

Olivier

,

fazer

dêle

um homem

ordiná

rio. Finney

é

um

atol mar av ilh os o mas t emo

que e st ej a

correndo o

perigo

de

perpetuar tôdas as noções acad êmicas

qu e aca

bamos de discutir e que êle mesmo detestaria. Fa zer de

Ham let fundamentalmen te um

homem

ordinário é uma

con

cepção tão

burguesa

quanto

er a   cl ass e média fazer

dêle, eventualmente , um

príncip

e . Mas a p

eça

e o pe rsona..

gem

de

Hamlet

são

um emaranhado

de fios

atravé

s dos

quais pod

em

os encontrar realidades profundam ent e enco,

ber tas, comuns a todos nós. Tomemos como exemplo um

dos

pr

obl

ema

s de

HAMLET:

O fa

ntasma.

O

qu

e r ep re

sen ta. realmente, o F

antasma

na estrutura

da peça?

Sem

dúvida in enhuma , o

Fantasma

deve representar o sobrena

tural, no sentido mais amp lo do têrmo - o mi.stério da

na tureza de um pa i e tudo o qu e isso rep resenta

pa r

a um

filho.

Sab

emos qu e, no seu sentido mais pr ofu

nd

o. to do o

dese

nv

olv

im ento

da, peça es tá prêso a essas r el a ções com

o pai, as qu ais são

primitiva

s e

profunda

s e

qu

e dev

emo

s

.

encon tr ar um

a forma teatral

qu e

p

ermita

comunicar is so

ao

públi

co .

Não

dúvida

de

qu

e

um

público

elisa

be ta

no

est

ava

bastan te acostumad o à idéia de fan tasmas pa ra fi

ca r gela do de m êdo di

an t

e de

um

efe

ito

de ce

na

, me

smo

pouco ap a

vorante.

Se você e seu público tiver

em

as mes

ma s

cren

ças. se r -l

hes

- à possível

comuni

car

por int erm

édi.o

de

um a

espécie de estenograf ia .

Um

a revista de esque rda ,

qu

e con side ra o P resid en te dos Est

ad

os Unidos

um

ca

na

..

lha , pode r epre sentá -lo com

um

n

ar i

z cômico, um te lefone ,

tt acos de golf e

um

curs o de dic ção por corr espondê ncia :

o públi co

cairá

na gargalhada

ma

s n

em por

isso deixará

o Presid ente de ser um per sonagem p

erig

oso . Não

vida de que, quando o Fan ta sma entrava em cena vestido

com

uma

roupa

branca e comprida, o

público

elisabetano

ri a ; aqu ilo não era apavorante, êle podia ri r .

Mas

er a um

ri so de gen te qu e, mesmo rindo, não esqu ecia qu e os fan

ta

sma

s

são

ap

avor

an tes e

qu

e, caso se tivesse

tratad

o de

um

verdadei ro

fant

asma , êles não ter

iam rido

. Assim, o

-riso pode su be n te n de r o

contrário.

Hoje em dia, o

qu

e é

qu e acontece? Se o

Fant

a

sma

tiver uma

forma

de ilusão

romântica

;

 

úblico não ri nem se

apavora: quando muito

,

ta l

vez

fique

um

p

ouco

impr

es

sionad

o, p

orém

,

impre

s

siona

do de um a man

eira

românt ica. E mesmo que você se

apa

vo r

e com o aparecimento inesperado do

Fantasma,

subli

nhado po r

.

sica, ainda

assim isso não

se t

er á dado

de

j

eito nenhum porque

você e

steja

convicto de aue

não

nas

cemos só s, p

orém,

ligados

àquele

s

au

e

nos

pr ec

ederam

e

aos

qu

e

virão

depois de nós. Quando

diri

gi a peça , tentei

. fazer al

guma

coisa para reagir

contra

isso e caí

direit

inho

na armadi lha que consiste em fazer do F an tasma um ser

humano, interp retado de maneira realística - o

qu

e, em

teoria, ser ia perfeit

ament

e válido - fazendo-o falar como

um

pa i o f

ar i

a com o

filh

o e (s

em qu

e o at or t

iv

ess e

qual

qu er

culpa

o r e

sultado

foi

ssimo;

er

a o opo

sto

da solu. :

ção pois era

exatamente

o

contrár io da

concepção de um

fantasma e a cena parec ia morta e representada abaixo

do tom .

Por ou tro lado, vi sitei

em

Nova York um lugar cha

mad

o

 Primitive Museum onde

se fazia

um

a e

xpo

sição

de

figura

s

melanesianas:

o

efei to produzido er a um

efeito

de estranho terror Mesmo hoje

em

di a, o terror

primitivo

ex iste. Não se pode dize r que ten ha sumido do mundo;

é um aspecto

eterno

da vida .

Pode

acontecer aue alguém

fique profundamente perturbado ou at é mesmo- apavorado

vendo

um a expo

sição de arte

azteca

ou o quadro   Guer

nic

a

de

Picas

so .

Ta l

emoção

existe

.  

Basta

- ir a

certos

lugares paar exp

erim

entar o  

terror:

a certos   lugares, mas

não ao teat r o . Se , fôsse possível

experim

entá-lo no teatro,

se os te atros fôssem os únicos lug

ar

es onde se pu dess e ex -

..p

eriment

ar certas coisas qu e sabemos corresponder pr o

fun

damente

à

vida,

então o t eatro

seria

re lmente neecssário

Quando lev am os

TITUS ANDRONICUS

em

tournée

pe la

Eu

r op a , o público acadêmico

o era o único qu e com.

pa r ecia ao tea tr o; vinha gen te de t ôdas as classes, de to

dos os ní veis soci ais, tanto na burguesa, Viena .q ua nt o na

socialista Va rsóvia .  P or qu e? Po r causa de Laur

enc

e Oll

vi.er e

Vivien

Leigh?

Sim

. Uma

peça

raramente e

nce

nada?

Sim. Um

es

pe

tácu lo

excita

nte?

Sim

.

Mas

es tas

não

er

am

as verd

ad

ei

ra

s r azões. C

ada uma

daqu

elas cidad

es já

vira

o trabalho de grandes atôres e produções interessantes. A

verdadeir a at

raç

ão exercida   por TITUS

ANDRONICUS

(sô bre outras

peça

s t

eàri

camen te  m aiores como HAM

LET e o REI LEAR) pr ovinha de

qu

e, por ma is ab st rata ,

est il izada,

rom

a

na

e

clá

ss ica

qu

e

ela

possa parecer ,

er a

evidente

qu

e, pa ra t odo o

públi

co, ela

tratav

a das mais

moder n as emoções : a violên cia, o ódio , a cr ue

lda

de, a

dor

- e isso

num

a for

ma

qu e, por não ser realista transcen

dia a hi stória e, pa ra cada auditório,

torna

va-se inteira·

mente abstr t e porisso tot lmente reaL

Page 8: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 8/41

Se

eu

ti

vesse

um a es col a de

ar

te dramática,

com

eçaria

o t

rabalho bem

longe

d a caracteriz

ação , da sit uação, do

pensamento ou do comportamen to . Não ten ta rí am os evocar

acont ecimen to s passad os de nossa ex is tê n ci a p

ar

a ch egar

a a lguns

inciden t

es , p

or

mais verdad

eiro

s

que

fôssem .

Procurarí

am

os

ma i

s

pr o

fun d

ame

n te , não os

inciden t

es ,

m as a

qu alidad

e, a essênc ia dessa e

moçã

o,

muito

al

ém das

pa lavras. D

epo

is , começaríamos a apre nder como sentar,

ficar de pé, levantar um braço . Nã o es tudar íamos nem a

cor

eog

rafia, nem a es tética, nem a p

sicologia,

e

studaríamos

ap enas a i

nt

erpret ação . A defin ição do t eat ro : dua s tá- .

buas e uma p aix ão fa z abstra ção do atol ; p

ar

a mim , o

que

importa é a di fe r en ça ent re o hom

em

qu e , imobilizado

s ôbre o palco , pre nde a no ssa

atençã

o e ·

aqu

êle qu e

o

consegu e fa zê-lo . Qual é a diferen ça?

Em

qu e consiste,

quimicam

en

te , fi sic

amen

te , psiquicam

ente

?

Qualidad

e ex

cepcional? P ers

onalidad

e?

Não

. Ser ia fácil d

emai

s e es ta

não é a

re s

posta.

Eu

não conh eço a resposta ·m as se i qu e é

na

r e

sp

osta a esta pe rgunta qu e pode remos encontr ar o

pon to de partida de t ôda a no ssa ar t

e.

E' preciso r econhecer

que

a, psicanálise e tu do aquilo

que de la d

ecorre

per t

en

ce t ão

esse

ncial

me

nte a o

proc

esso

mat eri

al ist a

do sé

cu l

o .X IX quan to tôda e qualquer outra

t en tat iva ' de  resolv er a

vida

po r m eios analíticos . Acabo

de ler

num

jornal a declaração de um cientista, de que:

 Ainda

não ex is te n enhuma pr ova científica de qu e o cé

r eb r o pode controlar o espí r ito ou pod e

expli

c

ar

cornple,

ta

me

nt e o esp í r i to .' As h ipóteses do materialismo

nunca

foram justifi

cada

s . A ciê ncia não t r az nenhuma

luz

s ôbr e

a

na t

ureza do espír i to

 .

F inalmen te E, no entanto , êsses home ns . du r ant e um

século, se esforç a ram por v ir ar -nos a cabeça,

po r

per

sua

di r-nos de trazer para dentro de nossa a

rt

e c m enorme

palav

rório p

sican

al ítico,

na

t

en t

ativa

de

definir n osso

modo de agir . Di z René Guénon (ci tad o po r Artaud )

que

isto . se dev e   à nossa maneira

pu r

amente ocidental de

considerar os princípios,

fora

do es ta do espiritual

maciço

e en érgico

qu e

lhes corresponde   . Acredito em

nívei

s,

acr edito em ord

em;

acr edito qu e, to dos , or ie

nt

am os nos sa

vid

a de

acô rdo

com p re ferências apaixonadas que, se m

dú v id a , es ta be lecem uma

infin

idad e de escalas de va lores;

to dos, p r efer

im

os os ali

ment

os à imundície e,

tod

os, re s

p ir amos me lhor ao ar livr e do

qu

e com o nar iz n a lama;

e

ntretanto,

não posso a

cred

it

ar

n o ve rda deiro se nti do dos

va lores de qu alquer um . Na vida, isto é .

Mas

, in do ao tea tr o, encon

tro

-

me

dois

mil an

os

atrá

s .

Estou de volta àq uela id ade de ouro em qu e a vida er a

govern ada por verdades, po r noções indiscutívei s de bem

e de m al .

Aqui

, no te

at

ro , durante o ensaio , todos nós:

at a

r, autor , diretor, produtor, aludimos constant

ement

e a

um a , m edida invisível de bem e de mal que todos aceita,

mo s. Es

melhorand o

I

sso não es tá muito bem .

 Voc

ê

es ta

va notável .

Mais

devagar . Céus Qu e · coisa

ca cete Qu e horror Tôdas estas expressões tamiliares com

põem uma avaliação de va lor es r elativos sôbre os qu

ais

;

no ent ant o, todos concordamos.

, Estabeleçamos, pois, um a hierarquia. Com ecemos pela

v

id a

: é impossíve l e

xami

n

á-la

, c

omp

r e

end

ê-la

OU

até mes

mo percebê-la no seu todo. No fim '

da

escala, encontra

mo s o drama bu rgu ês, realis ta , que, impondo-nos sôb

re

a

vida

um estrito sistema de idéias u lt rap as sad as , nada nos

dá qu e

ainda

possa t

ocar

-nos ou es t imular-n os .

M

elhor

então o d rama

qu

e nos liber

ta

das

conve

nções:

mesmo se f ôr de um a' só conv enção de ca da ve z; LOOK

BACK lN ANGER, de Jo hn Osborne, politicamente não

co

nf

orm ist a ; Ionesco,

lingüist

icamente não conform

 

s ta ; as

improvisações do

 Actors

Studio ; o antiteatro de O

CONTATO , de J a ck Gelber ou as imagens de THE .HOS

TAGE , de Brendan -Beh an ou , ain da, a anarq u ia de UBU

ROI, de

Alf

r ed J arry . Aí sentimo-nos libertados, a vida

pode correr, r ica, confu

sa

e abundante .

Ao me

smo

t

empo

, é

pr

eci so encarar o fato de qu e essas

obras, ap es

ar

de novas e excitantes, ai nd a são insufi ientes

não são necessá ri as naquel e sen t id o de

qu

e falá

vam

os

acima; elas nos ofe recem a supe r fície assim como

rara

m en te a

tínham

os vis to , des cem

ab

ai xo

da

su

pe

rfície,

at

é

o subconscien te e utilizam

uma

pa  o da s cor

re

n

te

zas da

qu

el e i

me

ns o e escondido

mar.

Ma s, e

al ém

di sso? S

er á

que penetram

ainda

mais fundo, lá onde , debaixo da ter

r , deba ixo da ág ua, encontra-se, segundo

no

s dizem, o

fogo? E' lá e so

me

nte lá que en c

ontramo

s o vasto

campo

de experiên cia

que

nos p ermitirá buscar aquilo

aue é a nr ónria

vid

a . E ' Já ou e d

everem

os procurar

aqu ê.,

les verd ade ir os f ra

gment

os . de comporta

me

n

to que

por

mais es tranh os e in

con

sist en te s qu e possam p ar ecer , no s

permitirão (co mo dizia h á pouco um crítico de cinema )

 c r ia r um

al f

ab

eto gr a

ças :ao qu

al

o hom

em

possa com

pre

end

er os se us semelhan te s .

Brecht pr et endia repres

entar

friamente, apelando

para

o espírito, mas a sua vi sã o poét ica er a , na realidade, pro

fu nda

me

n te simbólica;

êl e

esc

ulpia pod

erosas

imagen

s por

meio de gestos precisos, sem qu e fô ss

em

r ealista s, po r

in

tonações precisas,

porém

não

naturais

. O traba lho de

Br

echt

impressionava porque, po r

baixo

do mesmo, encon

tr avam -se

f ôrças

poderos as , i ndefiníveis mas

tornadas

v

iv

as para nós graças a um cal eidoscópio de desenhos con,

cr etos , Ei s a í a ordem , a ordem po

ét

ica,

qu

e encon tr o

num únic o ou tr o te at r o de nosso tempo: o de J ean G

en

êt ,

na· minha opinião, o teatro m ai s

pr

ofético do séc u lo

XX

.

Os clás sicos es tã o mais acima . Uma excele nt e rep re

sen tação de um clássico - co isa qu e ra r amente acontece .

- é uma das mai s impressionantes

exper

iências au e o

te

at ro

mod

ern

o possa fo

rn

ecer , se

bem

qu

e não se ja

ne

cessàr iamen

te

mai s do que o t

ea t

ro modern o poderi a nos

oferecer , se sou

bes

se encon

tr

a r o seu cam inh o . No prin

cípio da exper iên cia do cubismo, o trabalho dos pintores

da Renascença er a mais impressionante e sa ti sf at ór i o do

que a luta da nova escola c

om

as

forma

s . .Hoje

em dia

,

ex istem obras do séc u lo XX que r

efletem

nossa época,

com

tanta gr an

dez

a e vis ão qu

an t

o o faziam os m estres clássi

cos, na sua ép oca;

poder

ia dar -se a m esma coisa com o

t

eatro

do futuro. Mas o teat ro do fu tu ro não pod e utiliza r

as velhas ferramentas.

Não acredito

que as novas formas

 

Page 9: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 9/41

 

do no sso teatro de vem ser um a vo lt a

à

pompa e

à

ve r si

fi ca ção. Ass im como tam bém não se enc on tr am numa

nova m aneira de

utilizar

as pa lavras.

Ac red i

to

na

paalv

ra

no drama, cl á

ssic

o, po r qu e a pa

l

avra

er a a sua f

er ram

ent a . Não a

cr

ed

ito

mu

ito

na pa

la v r a , h oj e

em

dia , porque a pa lavr a es tá u lt ra passad a .

As pa lavras n ad a com un icam , exp r imem pou ca co isa e , na

m aior pa rte dos casos,

qu

ando se t r at a de dar um a def i

ni

ção, fa

lh a

m lamen tàvelmen te. Na

hi

st

ór i

a do mundo,

h

ouv

e g

ra n

de

s tea t r os

qu

e

ti

ver am su a pr óp r ia lin

gu

agem

concreta , qu e não er a a lingu agem das ru as nem a dos li

vro s . Êst e é um dos p robl em as em que o autor cont empo

r âneo deve pensar muito, já q

ue

êle sabe qu e a n a tur eza

me

sm

a do -se u t r

ab

a lh o, inst intivame

nte,

o t

orna sectário,

f

aze

ndo -o

gr it

ar :   Viva a pa la v

ra .

Ar tau d, de

nôvo

:

  Sei muito

be

m, aliá s, que a

li n

gu agem dos

ges

tos e

da

s a

titud

es , qu e a dan ça e a músi ca não

têm a ca

paci

dade de elucida r um car áter, de ex

pl icar os p ens amen tos human os de um persona

gem, de expo r os es tados de consciên ci a c om ta n

t a cl ar eza e

pr

ecisão q

uant

o a li

ngu

ag

em ve rbal;

ma s quem disse que o teatro foi feito p

ar

a el u cidar

um car áter , pa

ra

solucionar con fl itos de ord em

humana e pas sional, de ord em atu al e p sicológica ,

de qu e es

ch eio o nos so t ea t r o con t

em

por âne

o?

A

fa l

ên cia da pal avr a é de tal ordem q

ue

não posso

di z

er

sim plesm e

nt

e qu e todo grande tea tro é

re l

ig ioso e

ter a

mínima

esp er ança de ter as

sim

exp l icado cl ar am

en t

e

o que qu ero dizer . A palavra r eligião ev oca ime

diata

me n

t e Graham Gr een , o P apa,

Bi l

ly Gr aham, o capelão da

esc

ol a

; o Ch ri stianismo, o Zen , Alan W

att

s e o Presiden t e

-K ennedy . O qu e

es t

ou ten tando ex p licar é qu e

um

a

ve

r

dad

ei

ra expe

r iê

ncia

no

te atro

ex ige q

ua l

i d

ad

es de ta l ar .

dem e nos fa z encar

ar

r e

alid

ades tão ac ima de n ossa ex is

t ência

qu

otíd iana que sent im os necessi dade de usa r un ia

pal av ra com um sa bor d iferent e para poder exprim í-Ias .

P orque essas qualida des par ecem li gad as ao fu ncion

am

en

to humano naq ui lo que

ê

le tem de

maior

, por qu e tr an

sce

n

dem nossa ex pe r iênc ia n orm al , porqu e nos p õem em con

ta to com eleme ntos aue n os   tor nam

mai

s v ivos, mais di s

pos tos à lu ta po rque par

ece

m elevar -nos m ais do qu e r e  

bai x ar-nos, s ou ob r

igado

a

ut il i

za r

êsse t êrrno

gót ico, qu e

sugere t ambém u

ma

t ôr re de igr ej a

apo

n tada par a o céu .

Sabe

mo

s que; hoj e em dia , é

mui

to fá cil elevar-

no s

até a sant i dad e e ao conhecimento m ísti co : basta um a

lu la p

ar

a

ta

l . Com determ inada

dro

ga , fi c

am

os fo ra

do nosso es t ado no

rm

al , com o

ut

r a pod emos

fl u tuar

nos

céu s . Ma s es ta s ex pe ri ências são tota lme n te pass ivas . Do

pont o de vist a da qua

li d

ade , um a expe r iência no teatro é

m e

lh

or do que

um

a exper iên cia p ro vocada por

um

a dr oga,

po rqu e ex

ig e

uma par t icipa ção ativa da ass is tê nc ia tan to

qu an to dos in t

érpr

etes . Tôda ex pe r iência ma is int ensa do

qu e a vida dar á ao público a

v

  t

ade

de voltar. Uma ex

p

er i

ência

tran

scend en t

al

far á com qu e o público sin ta ne -

cessidade de vo

l tar

. P re cisamos viciar o público .

\

Agora

, vol t

em

os

à

terra . Não desejo fech

ar

o teatro

de ni ng

uém

. P esso

alm

e

nt

e, gos to de f ilmes r uns e sint o

um

só na gargan ta ao ass is ti r mu it a p eça gr ossa e r ealist as ,

Ten ho pr aze r em dirigi r  qua lq uer coisa, oper a ou qu al

qu er

ou t ro espet ácu l o .

M  i

cre io que cheg ou a hor a   de enfren t ar o

desafio . não co

nh

ehço nenhuma das r es postas, mas

se i de ond e q

ue

a exper iê ncia . comece; quero   ve r

os per sonagens traba lha r em fora de seus caracte r es ,

de n

tro

das

menti

ra

s, da in cons is

ncia e

da

confusão

total da v

id a

qu otidian a . Qu ero ver o rea li

smo ex

ter ior

como uma r essac a, sem

fim

, com

barr

ei ra s e l

imit

es mó

ve is, gent e e situ açõ es

qu

e se fo r

ma

m e se desf azem diante

de meu s olhos . ver id entidad es mutáveis, não como

se

troc

a uma r o

up

a por out r a , m as as

sim como

as cenas

se fu ndem num f ilm e, assim com o a tin ta goteja de

um

p incel.   depois ,

qu

ero ver o r e

alism

o in te r io r como um

out r o esta do de movim en to,

qu

ero se nti r -as en er g ias que ,

quan to m ais fun do se des ce, mai s fo r tes , m ai s n ít idas e

def

in i

das se t

or

na m . Qu er o goza r da in t oxicaçã o do vas to

mundo de fa z de- conta , decepção e il usão . dele ita r,

me

com  a m e

ntir

a e v i

br a

r c

om

o poder

hi st

ér i

co das emo

ções fa lsa s ;

quero

sen ti r as verdadeiras I ôr ças qu e acio

nam as no ssa s

fa l

sa s id ent idades ; que ro s en ti r aq

uilo (,ue

. r ealmente n os liga , aquilo que r ealmente nos separ a . Qu ero

ap rese n tar um esp

elho

, não à natureza ,

ma

s à nat u r eza hu

ma

na e com isso, e

st o

u fa lan do dêsse

mundo

a

tr a

van c

ado

t a l q

ua

l o conhecemos   em

1961

e não ta l qu al era def

ini.

do em

1900 ;

quero

comp

r eender t udo isso ; não com a mi

nha

r

azão

, mas com

aq u

êl e clarão de conhe cimen t o

qu e

me

diz qu e essa é a

ve r

dade p orq ue também den tro de

mim a en contro .

Quero ver uma multi dão de gente e de aco n te címen.

tos fa zer em eco ao m eu campo de bat alha inter ior . Quero  

v

er,

a

tr á

s d essa conf

usão

dese

sperad

a e

en can

tada

,

uma

or

de

m,

um

a est r u tur a qu e cor

re

spondam à m i

nh

a mais

pr

o

funda e verdadeira necessidade d e e

strutura

e de

le i

. P or

êsse caminho, que r o

encon trar

as formas novas e, at r av és

da s formas novas, a nova arquit

etura,

e atr avés da nova

arq

uite

tu r a, os n ov os

padr

ões e os n ovos

ri

t os da ép oca

q

ue

vibra em t ôrno

de

nós.

UmE palav ra de Ar taud me   tr a z fo rçosame n te ao fim :

 O u conseguiremos tra zer t

ôda

s as a rt es de

volta a uma atitu de e a um a necessidade cen-  

t rais,

enc

ontrando um a analogia e

nt

r e um ges to

fei t o na pi

ntur

a, ou no t

ea

tr o e

um

gesto

feito

p ela,

lava

de um v

ulc

ão em at ividade, ou en tão

d

ev em

os para r d e pin

ta r

, de

par

olar, de escrever

e de f

aze

r o qu e q uer que .se

ja

.

(Rep ro d uzido do boletim men sal do In stitut o In te r

nacional do T

ea t

ro - Fe vereiro de

1962).

Page 10: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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 ORM Ç O

  IR TOR

 orman arshall

Perg

u

nt a

m-me 6

qu

e penso a r espeito da formação dos

di

retore

s. No teatr o profissional inglês, a opinião gera l é

qu

e não ex iste nenhum método satisfató

rio

par a a forma

ção de dir e t or es . Q

uase

todos

os diretores do

teatro

inglês

ch egaram ao teatro at ravés

das

Un iver

sidad

es e

todo

s ob

ti ve

ra

m s

uces

so

ent re v in t

e e v

inte

cinco ano s. Não con

sigo encontrar nen hum d

iret

or famo so q

ue tenha

estado

numa escola dramát ica. Também não encon tr o nenh um

que tenha chegado ao teatro ao

sai

r da ún ica

Un

i

ve r

sidade

inglêsa

que

t em ensino

dram ático.

Os

diretore

s a qu e me

r efi ro es

tudaram

na Univers idade humanidades clássicas e

li t

er

a tur a

inglêsa

ou

estrangeira.

Tod os, po

m, t inham exper iê ncia como a tôr es

ama

dores e, algumas

v êzes,

como dire tor es de o

utro

s

atôr

es

am adores. E 

tamb

ém sig nificat ivo que todos os jovens

dir etores de maior e

vid

ência no tea

tr

o inglês de hoj e te-

. nham vindo das Univer sidades de Oxf o

rd

e Cam

br

idge,

ond

e as principais

sociedad

es dramá ticas e

stão

a car go

de di

re t

ores de

exc

epcional

ta l

en to, membros do co

rp

o

de professôres da Univer sidade e qu e, de vez em quando, ·

têm sido convidados por teatros profi ssionais de

Londr

es

para dirigirem

. os nos sos melhores

atôres

. P ar ece pois r e

sult a r do que va i acima dito que a melhor base par a um

fu

tu r

á

diretor

consiste

em

traba

lha

r como

ator

sob as or

den s de um diretor compe ten te , observando-lhe os métodos.

Mas o número de grupos amadores com possibilidad es

de ter diretores dêsse gabarito é, em qualquer pa ís, in e

vi t àv elmente r ed uzido . Qu e deverá   en tã o fa zer o amador ,

se não tiver ta

l

oportun

idade? D

everá aprender

o qu e

pud

er lendo, ouv indo confer ências e assistindo a sessões

de d

emonstração

dadas por diretores de r enome .

Po r p io r que se ja um ator penso que é essenc ia l qu e

êle t

enha

a lguma

exp

eriência

como ator

ant es de t

entar

se tornar diretor

poi

s não acredito

qu

e q

uem

nunca r e

pr esentou possa entend er os problemas do ator , Na Ingla-

ter ra, o fu

turo di r

et or ge ra lmente

trabalha

ta nto

na

dire

ção de cena quan to na

in

te

rpreta

ção de um papel . Ist o

tam bé m me parece essencial.

Os elemen tos té cnicos

da

.di reção são

ba

stante sim

pl es . As suas poucas re

gr

as pod em ser fàcilmen te assimi

lad

s. A v

erdad

e

ir a

ar

te

da

di reção consi

st e na

ap tidã o

em compreender e ava liar um

tex

to, em imagin á-lo no

palco e ,em traduzi r par a

osatôr

es a concepção do di retor .

Se um dir etor n ão po

ssui

um certo sentido de texto e

a aptidão de

expr

essar-se isso não poderá se r-l

he

- ensi

nado. Assim como nenh

um en

sinamento pod

erá

dar-lhe

a

au

toridade que lhe

granj

ea rá a confiança. dos

seu

s

at

ô

re s . Também não se pode ensinar-lhe a percepção instin

tiva da s di ve r

sas mane

ir as de li

da r

com at

ôr

es a fim de

conseguir t ir ar dos mesmos o

me

lhor

qu

e cada um pode

d

ar

. E  v erdade

que

as r eg ras da composição de

gr

u

pos

 

e de movimentos de cena podem se r en sin adas, mas

elas

nunca serão empregaads com ef icácia se o di retor

não

ti

ve r , por in stinto, o se

nt i

do da

compo

sição p lá

stica

e a

aptidão de empregá

 

lo

dra

màt

icarnente .

A não ser que

à dir etor seja

sensív

el às mais sut ís variações de r itmo,

de

inte

ns i

da

de e vo l

ume

,

nu

nca há

-de

ser

UD;1

bom

diretc

r

pois isso também não pode

se r

ensi n ado . E, acima de

tu do, o ma is   essencial pa ra

um

diretor é aque la coisa

miste

riosa .chamada  senti do te

at

ral que,

na

m inha opi

nião, não se pode en si

nar.

Cr eio, todavia, qu e pode ser

adqu irido e desen vol

vid

o, vendo tea tro . Um fut uro di retor .

ap rende,

pr i

ncipalmente, sent

an

do-se

na

platéia, ouvindo

peças e obser vando a r eação do público que o cerca . Não

sei o

qu

e oc

or r

e nos out ros países

ma

s, aqui,

na

Ingla

t e

rr

a , o a tol a

ma

dor e o diretor

amad

or

qu

ase

não

a

 

S

tem a espetáculos de te a tr o

pro

fissional   Não conheço

nenhum diretor profissional que não t enha sido Ireqiien.

tad or as síduo de teat ro de

sde

os seus pr im

ei r

os an os ; no

en tanto, su

rp

r eendo-me cons

ta

ntemente ao en coruo r dt

ret or es a

madores

que pouco vão ao

te atro

,

Espe

ro qu e esta s pa lav ras cons

titu

am, na medida   do

possível ,

uma re

sposta às pe rgunta s que me foram fe itas.

(Êste depoimento . foi feito por Norman Marshall,

conhecido

di r

etor profissional britânico,

 

edido   da As

sociação I

nt

ernacional do Teatro Amador (A .I .T .A .) ,

com sede em

Br

uxela s) .

 

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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  INTERPRET ÇÃO

 O O

Antes de m ai s nada

é

preci

so

nã o cair

na

caricatura,

Mesmo os

me nores

papéis nada devem

manifestar

ide

ex a

gerado ou trivial. Ao contrário, .os atôres encarregados

dos m esmos

deverão

e

sforçar

-se po r encont

ra

r

moderaç

ão

e

simp

licidade .

Quanto

 menos t entarem ser engr açados e

provocar , o ri so,

mai

s fà cilm

ente

r ev

elarã

o o

ri d

ículo

de

seu papel . Êsse

ridículo há

-de

manife

star-se

por

si mesmo ,

pe la ser ie

da

de com qu e cada

pe r

sonagem en

cara aquil

o

que

o

pr

eo

cupa

. E , o espectador

qu e

 , de fora en

xe

rg a a

futilidad

e do suas  preocupações .

Em

vez de d ar a te nção  aos tiques ou me squinhas par-

ti

cularidad

es exte

ri

ores do pa pel,

um atar in t

eligen te es

for

çar

-se -á

po r

captar lh

e a

ex

p

ress

ão

univ

er

salm

ent

e

hu

. ,

m

ana

a

preocupa

ção pr

incipa

l da

pe r

sonagem o pensa

m ento

qu e a pe

rsegue incess

an temente

, a mane

ir a

como

  í

gast

ando

sua v

ida

r

Que

o

at

or

nã o

se preoc upe d

emai

s

com d

etalh

es; se êle não

se

es

quece

r do

prin

cipal, os si

na is e det

al h

es

irã o apa

r ecendo pouco a pouco . .

P

equ

en os t ruques, f

àcilm

e

nt

e us

ad

os por

qualqu

er at

ar

capaz de imitar certos gestos ou um an

da r

-

ma

s n ão

de cria

r

um

papel

compl

et

  nad

a

ma

is sã o

qu

e m

at i

ze s

 sob repostos a um des

enho

bem conçebi do. Êl es são a ve s

timenta

, o corpo do p

ap

el , ma s

não

a

alma

.

Captar portanto

, em

prim

e

iro lu g

ar a al

ma

e n ão

a

vestimenta.

 

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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  nário

-

René

 llio

 enário

René

 llio

(No número ante rior

dês

te s Cadernos, publicamos um

artigo

de René Allio, cenógrafo do Théâtre de la Cité, di .

rigido po r Roger

Planchon,

em qu e êle ex pun ha os seu s

pontos de vi st a r

elati

vo s a, um a no va arquitetura da s casa s

de espetáculo. Tra nscrevemos agora out ro art igo do mes

mo René Allio, descrev endo os métodos po r êle utilizados

na re

aliz

ação dos c

enários

da peça As

Alma

s M

orta

s

adaptação

de

Arthur

Adamov

do

romance

de Gogol) , os

quais encerram

uma

bem definida concepção quanto ao

papel -do

cenário

, no teatro) .

o

papel do cenarro, no

t ea tro, não consi

ste

apenas

em

representar

de terminados lugares

em

qu e

ocorrem

deter

minadas ações e em

estabelecer, entre

lugars e

açõe

s, cor

respondências

qu e os

escl

areçam reciprocamente.

O cen á

ri o

deve também fo r

nece

r à p

eça

um quadro geral qu e

a situe em seu conjunto e às vêzes, a comente .

Êst e qu adro geral, e

sforçamo-no

s po r cr iá-lo na pe ça

Henrique IV , de Shakespeare , pela utilização de gr an des

mapas m edi

ev

ai s

qu

e,

envolv

endo con st an tem e

nt

e a aç ão,

tr

aziam o

espe

ct ado r de vo

lt

a a um mom

ento

h istórico

e a um

clim

a dr am

át

ico bem def inidos ; pa ra A

seg

unda

s

urprê

sa de Am or  , de

Mari

vaux , r ecor remos a um a, so

luç ão p

ar

ecida : as ampl i ações das páginas de croquis de

.Wa tteau sugeriam a mane ir a como um

cont

emporâneo da

ação

via e des

crev

ia o meio soc ia l apre sentado - a çâo

e meio so

cial

que,

h oje em

dia,

via

de

regr

a ,

apa

recem

no

pa

lco subli

ma

dos e desincarnados .

Que dev er ia t razer ao espe ctador a r ep resen tação de

  As A lmas Mortas ? Logo nas prim

ei r

as

pág

in as do   poe-

.m a de Gogol, aparece uma ev ocaç ão lí rica

da

Rú ssi a,

de su a imensi dão, de sua

nu

dez quase ap av orante . A pr i

m eir a imp ressão que se tem é, po is, a de um a relação

i

rr

isó ri a en

tr e

o hom em e o espaço qu ase infinito que o

cerc a. E a

peç

a - assim com o o

livro

- desc reve em

primeiro

lug

ar o caminho percorrido po r Tchit

chiko

v, at r a-

vé s des 

imen

sidão (com o

seu

cocheiro, seus cavalos e

sua bri tchka ) ,

em sua

perseguição a um obj etivo qu ê,

pouco a pouco , ir á ficando mais preciso.

Sem a r epresen ta ção de ssa, imen sidão, dêsse

afasta

. ·

m

ento,

não se perceberia a es t ranha mi

stura

de Idade

Méd ia e de Sé

culo XIX que

caracteriza   As

Almas Mor

tas , a

aliança

do f

eudalismo

e de

um a burocr

acia

bem

moderna, a de sproporção entre a escravidão - do maior

número e a  c i

vilização

  de alguns, a

relação

entre a   ex -

. tensão dos la tifúndios e o poder que êles conferem.

Mas, como   fabricar o

espaço?

O teatro - assim

como

de terminado tipo de p

intura

- tem-se contentado de modo

gera l em

suger

ir que se po eri percorrer

ta l

espaço;

para

tanto , utilizava a perspectiva e os telões pintados . Tornar

se nsív el o caminho qu e es

sendo percorrido é mais difí

cil; pode-se

recorrer

ou a uma sucessão de imagens

fixas,

cada qual modificando a situação do observador (o tempo,

en tão , não t em continuidade,

qu e a

dura

ção que separa

um a

imagem

da ou tr a fi ca s

endo, por

as

sim

diz

er

,

expulsa

da, r ep resentação) ou à r epresentação do percur so em si,

fa zen do-se a mudança de loca l à vist a do esp ectador, to r

n

ando

-se o tempo ass im contínuo .   cin ema pode u tilizar

êstes doi s

proc

essos. Mas, no teatro, a rep resen tação .

con

tínu a de um a viagem  ou

andança)

- p ossível a

um

com

plicado sis tema de deslocamento de p

or

  e

de tap êtes

rolant

es - . n os p

ar

eceria, pelo fato de es

ta

rmos

ha bi tu ad os ao s movimen tos  de cinem  

pesad

a , s em je ito

e fo ra de moda . Além do mai s, essa ilusão naturalist a

se é que se pod e consegui-Ia com meios ta is - não nos

p

ar

ec e ser o ob je ti v o do teatro.

Em co

mp

ensação, a r

ep r

es

entação

s

ucess

iv a de

lu

ga -

/ r es diferentes pode da r a sen sação do espaço

percorrido,

sob cond ição, por exemplo, de se conserva r no fu nd o um a

ima gem indi

cand

o

essa

con tinu idade, ao pa sso qu e as im a

gens do pr i

me

ir o plano vã o sendo mud adas . Sob condição

ta

m bé m de qu e a ma quinaria subs ti t

ua,

po r

interm

éd io de

desl oc

am

en tos reais, efetuados no palco,

um

local

por out

ro.

Foi ês te o sistema ad

ota

do

para

  As

Alma

s Mortas ,

acrescido de

um

jôgo de ap resenta ções simultâne as dos

locais, em dif ere

nt

es escalas .  

Page 13: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 13/41

  ,

 

Um ca

rrinho

t

ra

z a

a fr en t e do palco o cenário do

local

repr

esentado.

. NO FUNDO,

um

grande cicloram a: lug

ar

es

muito

af a

stad

os, e

sp

aços

muito

ext en sos, isto é, a parte da vai.

sag

em

qu

e não p

ode mudar

apesar dos desl

ocam

entos . A

es ca la é mi

s

cu l

a, a figur

açã

o t o

rna

..se qu ase ab st r

at a

e

fica r

eduzida

a

um

a

linha

de horizon te, f

ervilhando

de

formas e man chas qu e n ão podem ser lidas .

Acima do CENARIO e n a ·fr ente do ciclo ra

ma

es tá

su spenso um grande quadro   (dif erente par a cada ce

na

que

é

um

a

am

pl i

ação de um f

ragme

nto do ho ri z

onte:

a

cidad

e, o

campo

, a

planície

desolada, arborizada ,

cultiva

da

,

etc

. D

entro

dêste

quadro

, vê-se,

recolocado dentro

de

sua, verdadeira situação o cen

ár

io qu e se encontra na

pa r

te da frente do palco: o albergue na cidade, o caraman

chão em f re nt e

à

pais

agem,

etc

. A e

scala cr

esceu.

tem

..se

uma representação puramente pictura l .

DE CADA LADO DA CENA,

dispo

sitivo móvel qu e

permite enq

ua

drar os cenários

definindo

-lhe a si tuação to

pogr áfica e social: im pon en tes casas, em es tilo oficial

emoldur ando as cenas pa ssadas

na

casa do governador ou

dos  p ropr ie tár ios mais ricos;

casa

s de madeira velhas igre

jas emoldur

an

do as ce

nas que

se pas

sam no campo

ou em

ca

sas

de p

equ

enos

propr

iet

ário

s. A e

scala

é

ainda

m aior :

a  ndona

se a r

epre

sentação gr áfica

pela

re

stitui

çã o do

volume, mais próx imo

da

r ealidade; as linhas, po

rém ainda

são singelas . .

NO

MEIO

, enfi m, o c

enário

dá,

na

escala

normal.

um a

r

ep r

es

entação

realista dos

locais

-

sem qu e

se

pr

ive,

po r

ca us a disso, de abrir

parede

s ou de

reduzir

as

portas

. .

Tod

avia , essa represen

tação simultânea

de

situações

no espaço se

bem que

uma imagem

 omplet dos locais

(a ssim

como um quadro

cubista   tendia a da r

um a

imagem

completa dos obj etos de screvendo-lhes tôdas as rorrnas

Page 14: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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não

ba stava

para,

exprimir

tu

do.

E

ra pr

eciso sub linha r

também

o aspecto épico

da

viag

em

de Tchitch ikov, a imo

po r t ância de sua s p

eregrina

ções, o lad o

 v

indo não se

sa

be

de onde, ind o

não

se sabe para on

de

. E, para isso,

devíamos

most

r ar o p róprio p ercu rso .

Esta necessidade

levo

u-

nos a

u

tili

zar

proc

essos de cine-

ma

.

E'

ev i

den

te qu e

não

se tratava de

  fazer

ci

nema

  m as

de ani

ma

r

uma

pa

rt

e do ce

rio ,

um

a só, aq

ue

la que ,

s ôbre o loca l

re

pre

sen

tado , des

cr

ev e as ce

rcani

as .

Não

 

t r a tava, ta mbém de fa

ze r

concorr ê

nci

a

à

r e

alid

ade das

pe s

soa

s e do s

obje

to s

pr

es

entes

no pa lco,

ma

s de pe

rma-

necer

na

ár e

a

da

r epres

entação

gráfica . E  p

orisso

que

as

pai

sa gens e os p

er

sonag

en

s do

film

e são des

enhado

s, o

qu

e

p

ermit

e

al i

ás tornar mais ev id e

nt e

o esti l o do ce

r io e os .

se us   pa

rt

is- p

ri s

  .

Enfim, as pr ojeções an im

ad

as t

êm um

a ou

tr

a va

nt a

gem: e

la

s suge

re

m, pa ra lel

am

e

nt

e ao percurso geog

rá f

ico ,

um

perc

u

rso

bem

diferente

. P ois, r e

alm

en te: se · a peça

de Adamov , na p

rime

ir a pa

rte, seg

ue o her ói a tr avés de

suas

pereg

r inações

concretas,

e

la

most ra de poi s a pr ogres.

são de

um

r umor e de um e

scânda

lo n

um

amb

ien

te d e

p

eq

u

en

os f uncio

nário

s de p rovíncia , os quais

pa ssam

da

ma

is inconsciente

am iza

de ad

mir

ado ra aos ódios e tem

or

es

ma

is louc os, assim q

ue

vêem suas carr

eira

s

am

eaçad as,

Est a

pr

o

gr

essão ps icológ ica é

re

prese

n tada p

or

dese

nh

os

mai s

ca r

icatura is, qu e se sucedem

num ritmo mai

s

descom

pa ssado, mais . saltit an t e .

Tod

avia , o

engr

ossamento dos

t ra

ços c

or

re s

ponde

aqui à liberd

ade

de, f

ei t

ura q

ue

, na

p

rimei ra parte, c

ar

ac te r izava a r epre

sent

ação das paisa

gens .

Não há

, pois,

nenhum

a

quebra

de e

stilo

.

(  

Le

tr a

vai

au Théâtre de la

Ci t

é - Saiso n 1959 --  

..

1960

Ed

. L

'Arc

he  

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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· J

 oz

e

  iccáo

Ex ercícios para, a boa

emi

ssão de

grupos

de con

soan

tes:

BR - As

bruzunda

ngas do b ric ab ra.que do Br

an

dão abran

g

em bro

qu éis de .bronze b

ru

nido, brocados b

ru

xo

le

an t

es,

br

o

chu

ras,

breviár

ios, abraxas br az

onadas

,

abr igos e

brinq

uedos .

CR - O acrós

tico

crava

do

na

c

ruz

de

crisó

li

das

da criança

acreana

cr

iada na

c

reche

é o c

red

o cri s tão .

DR - A hidra, a

dríade

e o dragão,

ladrões

do dromedá

do Drúida ,

foram

ap

ed

re jados .

FR - A

frota

de

fráge

is fr

agatas fretadas por

fr u

stra

dos

franco-atira

dores , en freados de frio

na

ufragou na

re frega com

fre

me n

tes frech

e

iros

afr icanos.

GR - O g

ru

me

te des

gr enhado

g

ri t

av a

na gr

u ta de grisu,

g

racejand

o com gr upo

gro

te sco de gr il

heiros.

TR -

A

en

tr ada

tri un fa l d a tr

op a de t

re

z

en t

os

tr u

culen

tos t

roianos

em

trajes

t

ricolo

r es , com

seus

tr

abuc

os,

tr om bone s e

triâ

ngu los,

transt

ornou o trá fego

tranqüilo

.

PR

- O prato de p rata premiado é precioso e se m pr eço;

foi pr e

sen

t e do p

re c

ep t

or

da

prince

sa prim og

ên

i ta ,

probo

P rimaz,

procurador

da P

ssia .

VR - O lavrador lav r

en

se estudou as livr ilh as e as la

vr a

scas

no livro do livr e iro de Lavras .

BL

- No

tablado

ob

long

o os emblemas . das b

lu

sas das

oblata

s e

stavam obliterado

s pe

la

ne

bl i

na ob

líq

ua.

CI, - O c

lango

r dos

cla

r ins dos cicl istas do

club

e ec

lé t

ico

eclodiu no cla u

stro

.

FL - A

flâmula

fle xível no

flor

e te do fli

bu

stei ro fl u tu a

va

fluor

esc

ente na florest a

de F la n

dr e

s .

GI - A aglomeração na gleba glacial glo

sava

a i

nglê

sa

gl

amoro

sa

que

gli s

sava

com o

gladiador glutão.

PI, -

Na

réplica, a pl eb e .p leiteia p lan os de plu ra lidade,

p laus íveis na pl at afo

rm

a do diplomata pl

enip

ot

en

ciá

r io .

GN - O magneti

smo

ig nor

ado

do

in significante gnomo

gnat

odont

e da

gnai

sse é

maligno

.

ExeTcícius pam cor

reçdo de

v ícios

de

inclusão

de

voga

l

O advogado Edmundo, ab ne

ga d

o e conv

ict

o, observa

seu

ad j

u

nt o

Edgar com o

objetivo

de

adverti-lo

de

qu e

ab

so

lu

t ament e não f

aça

ob

jeçõe

s à

rec

epção do ab sol

vido

digno

de se r a

daptad

o pel o obsequioso administrador .

 Não dizer a

  iv

ogado, edimundo, abinegado, etc .

Go

sto mais

do so1 mas a lua é

mai

s poética .

Podes demo

ra r

m ais

tempo

, ma s

ficarei

mais saudosa.

H

oma

ma is sor vete , mas d

eva

gar .

Seu col ega es tu

da ma i

s

que voc

ê,

mas fa lt

a

mai

s às

aula

s .

Ma s

porque amav

a

ma i

s a R

oma.

. . . . (n ão c

onfundi r mas com mais

Nã o diz

er nó i

s

por

nós ; v óis p

or

vós, d éíz

por

dez.

gá is

Exercício para corre

ção

de

víc o s

de omi

ssão

da vo al

O  cabele ir e iro maneiroso

curou

a c

efalei

a- do barb

eiro.

O l

ei l

o

eiro

ap

reg

oou os pert

en

ces do s jo

al heiro

s,

colh

e

r e iros, ca ldei

re

iros, balai

ei r

os e

arr

íeiros .

L

eit

eiros,

padeiros

, q u it a nd eí ro s e pe

ix

eiros lev aram a

band

eira

do el

eito

reiro

.

(Do

Vo

z

 

dicção,

da

.p r of .

Lil ia Nunes

.

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renovou a direção

o Teatro da Ásia

 recht 

través

  rtaud

e

  raig

-

Claude Bonnefoy

No Tea tro das Nações, os parrsien,

ses têm a opor

tunidad

e de satisfazer

o seu g ôsto pe los pa íse s longinquos,

pelo insóli to e o exót ico, Na medida

em que

o.

t

ea t

ro , mesmo

qua

ndo  

êle

pão

está

Egado a

um ritual

antigo,

como o são o   Wayang indonésio ou

as danças africanas, r eflete o espíri

to e muitas vezes a história   de um

povo, as re pre senta ções leva das a

e

feit

o no Teatro Sarah-Bernhar dt ou

no Teatro Lut êce nos ofe recem ma is

do que meros espetáculos.

Frut

o das Con ferências do Tea tro

da s Nações e da s

Jo rnadas

de Estudos

de

Rav aumont,

o tr ab alho coletivo

br e  O s teatros da Ásia  , que o Cen

tr

o

N

aci

o

na l

de P esquisa Científica

acaba de publicar, nos convida às

mesmas r eflexões.

Quando Sean

O

 Ca

sev

é encenad o

pelo

grupo

do Tea

tro Abbev,

é a . vi

da do povo

irland

ês , com su as revol

tas e suas esper anças , que surg e dian

te de nós com tôda a

naturalid

ade.

Um   n ô ou um   kabuki nos dá a

chave do J apão an tigo.   O espectador

de hoje - diz René Sieffert - ao ver

os herois de

 o

 

arn í

(célebre

au t

or

de   kabuki ),

acha

-se r

ealmente

trans

portado para

um século pa

ssado

, e

isto é par ticularmente precioso para

o observ ad or estra ngeiro , pois essa

ressurreição f a-Io-á compreender a

ati1ud e dos japonêses do século XIX

melhor do que a leitu r a dos mai s au

torizados tratados históricos .

Sabe-se a importân cia que teve pa

ra Jean-Louis Barrault a descobert a

da óp er a de

Pequ

im e o

arreba

tamen-  

to de que foi tomado Roger Planchon

ao ver pela pr imei r a vez um espe tá

culo do B

erlin

er

Ensemble.

O

tr

abalho do Centro

Nac

iona l de

Pesqui sa Científ

ica

. contém informa

ções pr eciosas sôbre a or igem e o de

senvolvimento dos diversos tea tros   da

Ásia, sôbre as técnicas de feitura de

;;eças e de rep resenta ção, sôbre a con

dição social dos atôre s ori entais, so

bre o comport amento das

di f

er en tes

platéias

(atit

ude de r eco

lhim

ento dos

especta

dores

do  n ó [aponês, à von-

ta de e bonachona mas ao mesmo tem

po exigen

tis s írna

em relação aos at

ô

r es do público da óper a chinesa) .

O que logo nos impressiona é a ri

queza e a diversidade d êsses teat r os.

Tod os têm uma or igem re ligiosa ou

sacra

mas. hoje em dia , êsse sentido

original nem sempr e fica a pa re nte. O

 ch

am tib et

ano

é um r itu

al

pura-

mente religioso. Os  w av

an

gs java-

nese s são ilust

rações

do

 Ma hâ

bhara -

ta   o u de

  Râ

mâva

na .

No

Ja

pão, se

o   n ô é muitas vêzes de inspiração

budista, tanto o   j ôr

ur

i   como o  k a-

buki   ap resenta m cenas da vida coti

diana e pode-se até mesmo fala r, a

propósi to de certas

peças

de

Ch ik a

ma

ts u (Séc. XVI -

XVIII)

de teatra

da atualidade. Na China, se bem que

a ópe

ra

aproveite mu ita s cr en ças an

tigas, ela é.

an

tes de mai s nada,   um

espetáculo popular.

Alguns teatros da Ási a têm. como

o nosso. uma base

esse

ncialmente li

terária .

É

o que se verifica no Japão

e na índia. O que vem em pr imeiro

luga r é o texto , o poema dramático.

Na China , ao contrá

ri

o, o t

ext

o pou co

importa . O que cont a . são os moví

mentes, as danças, o s ca nt os e o tr a

ba lho do a tol .

 

diálogo é popular,

convencional e, de uma peça a outra ,

re encontr

am

-se as me

sm

as fr ases es

te r

eotipadas. . A ó

per

a chin

esa

não é

uma arte liter

ária

, mas sim

uma arte

do

e

spet

áculo,

Mas é preciso não se equivocar. To

dos os t eatros a siáticos, mesmo quan

do r epresentam obras literárias, t êm

em comum,   além do sent ido do espe

táculo ,

o da estilização. O trabalho

dos

at

ôres

(traba

lho complexo, já que

o comediante deve se r também can tor,

da

nçar

ino , acrobata) nunca é realis

ta. Não deve da r ao espectador a im

pressão de estar ass istindo a um tre

cho da

vida

,

mas

sim, de

estar

pene

trando num mundo diferente. Da í o

fr

eqü

ente uso de

 

máscaras e o suces

so das mar ionet es no

Japã

o ou em

Balí . Pois  o atol vivo - diz Claudel

- se rá sem pre um ser fantasia do , e

ainda  A mar ionete é a má

scara

in te

gral e animada, não mais some nte o

rosto , ma s os membros e todo o cor

po . A marione t e é, ao mesmo t

empo

,

real e irreal e a pr esença yisível dos

Page 17: 020 - Cadenos de Teatro

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seus manipuladores, lon ge de incomo

dar, contribu i para acentu

ar

a impres

são de passagem de um lu

ga r

e de um

tempo pr esentes par a um lu

ga r

e um

tempo míticos . O trabalho do a tar,

como o da marionete, tem por tanto

como obj etivo criar um a atmosfera . O

atar

, dizia Zeami, o gr ande me

st r

e do

  nô , deve ser sempre   insólito .

Todavia, os teatros da Ásia - per

feitamen

te analisados na

obra

do Cen

tro

Nacional de Pesqui

sa

Científica

- não têm para nós somente um

ínt e-  

rê sse documentário. 1:les tiveram e

ainda têm

uma

influência sôbr e a evo

lução do te a

tro

. ocídent al.

Em primeiro lugar, sôbre os auto

res. Claudel não se contentou em es

crever uma das admirá

veis páginas

sôbre o  n

ô 

e o j

ôruri

em   O Pás

saro Negro no Sol Levante  . El e se

deixou fascinar por êsse teatro e essa

lembrança

é

encontrada notadam

ente

na peça o descanso do

s ét imo d ia

e

nos

argumentos

dos

baIlets

 A

alma

e

o seu desejo  e   A

mulher

 e sua som

br a  . Se ta l influência não aparece

muito mais, é

porque

Claudel

foi

so

bre tudo sensíve l aquilo que , no teatro

japonês,

pod ia lembrar

o

t ea tro ant i

go  empr

êgo

da máscara , atitudes hie

ráticas

,

papel

do côro e dos

recitan

tes).

De todos

 s dramaturgos, Yeats

foi

o ,

mais

atingido

pela

arte

asiática

.  Four

p lavs for dance rs

  e   The

dre

aming of the Banes  se referem expli

citam

ente

ao

 n ô

japonês . Tôda

ar

te - diz Y

êats

- deve

permanecer

a

uma certa dis tânc ia e, uma vez escoo

lhida est a distância, deve se r

mantida

com firmeza

contra

a pressão do mu o

do.

Ver

so,

ritual,

música e

danca

, as

soci ados à a ção, exigem que o - ges to,

a roupa , a expressão facial, a disposi

ção cênica

con

tribuam

tamb

ém

pa ra

manter a

porta

fechada  .

, Enfim, B

ertolt

Br echt deve- ao Ex

tremo-Oriente muito mais do que a

lenda chine

sa

que inspirou  O círculo

de giz caucasiano . A

import

ância da

da aos tr echos cantados; a utilização

de apresen ta dores , o cuidado em acen

tu ar que não se

trata

da realidade

mas sim de

uma

r epresentação, a dis

ciplina de

tr

ab

alho imposta

aos at  

res e

até

mesmo,

em certos

casos. . o

emp rêgo da máscara , tu do isso mostra

um pa r

ent

esco com o teatro asiático.

Aliás , não nos dizem os especialistas

desse teatro que a másc

ar

a

 ta

nto no

  nô como na óper a ch ines a ) tem co

mo ob je tívo produzir uma distancia

ção ?

Mais do que às estruturas dramáti

cas, os aut o

res

for am sensíveis às

con- _

dições de  represent ação, às técnicas

de trabalho do te

atro

as iático. Não é

pois de se admirar que a influência

dêsse teatro tenha sido especialmente

importan

te sôbr e os

dir

et

ores

de tea

tro. De

Lugné-Poe

até Jean

Dasté ,

rios dir etores montaram peças japo

nêsas. Mas for am sobretudo Craíg e

Ar ta ud que fizer am a tent a t iva, não

de imitar êsse

tea

tro mas , de encon

tra r-lhe a essência.

C

ra

íg, que acusa o ata r de copiar

servilmente a realidade e quer faze r

dêle

uma

sup

er-mar

ionete, encontra

no teatro

japonês

(

 jôruri

e -  nô  )  a

confi rmação de

suas

teorias.  Nã o é

desta vida e de seus males - escreve

êle - que o teatro nos deve

apre

sen

ta r

a

ima

gem. 1:le deve

provocar

em  

nós a

nostalgia

daquilo que não é dês

te mundo .

Artaud , impressionado pelas

repre

sentações  do teatro de Bal

í

na Exposi

ção Coloni al de 1931, diz:  Nosso tea,

tro , que

nunca

teve a

idéia

des

sa

me

tafísica dos gestos, que

nunca

soube

aprov

eitar

a música

para

fins

dramá

tico s tão

imediato

s, tão concretos, nos

so teatro puram

ent

e verbaí

. .

e que tu

do ignora daquilo que FAZ o teatro,

isto é aquilo que est á no ar do .tabla

do, que se mede e se circunda de ar ,

que tem

uma

densidade no e

spa

ço:

movimentos,

form

as , c ôres . vibrações,

atitud

es , gr i tos , poderia, em re lação

aquilo que não se mede e que depende

do poder de sugestão do e

spír

ito, pe

dir ao tea tro de B

al í

uma li ção de

espiritualidade .

At

ravés Craíg

e A

rt a

ud. como tam

bém at ravés

Brecht

, muitos di

retor

es

a tuais sof rem, mais ou m enos dír eta

mente, a influ

ência

do tea tro orien

tal. No teatro chinês , as cenas de

combate são apresentadas c

omo

bal

lets ou

mimada

s sôbre um

ritmo

mui

to pe

culiar

por vários atôres. Não se·

rá isso o que reencontramos em   J ú

lio César , montado por J ean-Louis

Barra ult e, com ma ior fe li cidade e

f ôr ça ,

no Henrique IV  e no  E duar

do II ap resentados por Roger Plan

chon? O simbolismo dos ges tos e, no

tadam

ent

e, das mãos nas dan ças

balí

nesas não ter ão sido a in

spir

ação de

alguns baI lets de Maurice B éjart, onde

êste se mostra preocupado mais do

que com

uma

exp

re

ssão

puram

en t

e

plástica, como a

tradu

ção de

uma

ver

dade int

erior

?

Mas a , gra nde lição do teat ro asiá

tico é a de um te atro compl eto , em

que tod os os elem

entos devem con

cor rer ao mesmo tempo ao diverti

mento do momento e à significação do

conj unt o, de um

te atro

em que não

existe

hiato entre

o sensível e o espi-

ritual. .

(Do J

orn

al Arts de

16·5=62

Tradução de A. M. Magnus).

 

Page 18: 020 - Cadenos de Teatro

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Texto

para títeres

Do.... i:A.....

 

LJ J IJ

J

r ri rue r f bt4fIlJttt4

60 . D o_

  l 4 ~ M

 

kf í t

r

I e

r

I r

 

J

I J

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J11 1J\1

J J

SoL

1-

  DoM Dol

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o

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r

r

 

r

r I

 

R ...

Fot._

Dot4

  _ FAM-Hi

.... soq

Do

~ \ f I ~ r

~ f

ri

r

ulc ine ia e o

 ilão

Cenár io : RUA DO ALVORôÇO

Personagens .

Dulcinéia

Rafaela, a bruxa

Príncipe

Tinhorão

Vilão

VILÃO

 PASSEIA COM AR SUSPEITO

RAFAELA  ENTRANDO Que guapo

rapaz

Parece can-

to r

de tango .

VILÃO

- Não se

aproxime

dona donzela,

porque

sou o

vilão.

RAFAELA - Me chamou de dona donze la .

Me u

nome é

Rafaela

, garboso

mancebo.

 

VILÃO

- Me

chamou

de

mancebo,

rará

Não s abe

quem

sou eu.

RAFAEL

A  INSISTENTE Meu nome é Rafaela.

VILÃO· -

Rafaela

ou não,

não

interessa . P rocuro coisa

melhor.

Dulcinéia,

a

princ

esa.  SAI

RAFAELA

 SAI ATRAs DÊLE

DULCINÉIA  ENTRA,

procura

alguém, suspira e

canta

Minha v ida, minha, vida,

passo a esperar,

d a j an ela não vejo êle

. e

me

ponho a chorar,

a chorar   SOLUÇA

VILÃO  ENTRA Rará Linda princesa,

quer

casar

comigo?

PRINCESA

 EMPURRA·O

Não, não e não

VILÃO

-

Sim,

sim

e sim

_

DULCINÉIA

- Não, não e não Só

me

caso

por amor

.

VILÃO

- Sim, sim, s im ,

porque

sou o vi lão

AVANÇA

PARA

DULCINÉIA

DULCINÉIA - Ai, ai, ai SA I PERSEGUIDA PELO

VILÃO   VOLTA IDEM

E

SAEM NOVAMENTE

PRíNCIPE

 AFLITO

Ouvi gri tos

.

Será

ela

Dulcinéía em

perigo?

VOZ DE DULCINÉIA - Ai, ai, ai

PRíNCIPE - Sim , é ela em

pe

rigo . Corro a

sa

lv á-la . t .

SA

I

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.  

.  

RAFAELA  OUVINDO A F

AL

A

DO

PRÍNCIPE Va i ma

tar

va i m a

ta

r o m

eu

q

ue

rido

Vil

ã o . Ai   ai Ai

DULCIN

ÉIA

 EN TRA SEGUIDA DO VIL.ÃO  

Não

não

não

SA I

VILÃ O - Sim . sim ,

sim

RAFA

EL

A

 INTERCEPTANDO

O

V I

O

S

im, senhor

vilão

.

V

ILÃO

-

Não,

dona donzela PROCURA

AFASTÁ-

LA

Dá li cenca

RA

FA

E

LA

  :

Sim ,

senhor

vilão

VILÃO

 EM

PUR

RA

RAFA

EL

A , ES

TA

CA I Sa,;

Vou

atrás de la .

R

AFAEL

A - Ai , ai , ai q

ue

bruto.

Não vá não, ela é um a

chorona.

VILÃO - Mas é linda

Vou

vou vou SA I

RAFAELA

 CHO

RAN

DO

Ai, a i, ai

PR ÍN CIPE -

Não

salvei a

mi

nh a ama da Dul

cin

é ia . Que

fazer ? Ai; ai , ai CH

ORA

R

AFAELA

- P osso aj udar , senhor  I inhorão , Com uma

condicâo . . .

PR ÍNCIPE - Anj o celestial, Que cond

içã

o é essa?

RAFAELA - A

con

dição

é

esta,

senhor

Tinh

orão: o se

nhor

me

a

rranj

ar um

noivo. •

PRíNCIPE -

Um noivo?

Que n

oivo

?

RAFAELA.....:..- O

Vil

ão ser

ve .

E  

muito

simpático, com car a

de cantor e lindos bi godes r evolucionário s .  SUS

PIRA  

Ai . . .

PRÍNCIPE

- Não pr eci sa susp ir ar tã o feio , eu a jud a re i.

Ou ca sa

com

a senho ra ou ma tá-Io

-e i

pa

ra se m

p re  

.  T

IR

A . A ESPADA

RAFAELA

 

Não,

não Não m ate o

me

u amado Vilão

PRÍNCIPE

- Mato e r

em a

to .

RAF AELA - Não, não , n ão

PR

ÍN

CIPE

- Mato, m   r ema to

RAFA

EL A

-

En

t ão

na

da

feito

.

PR ÍNCIPE

- Sim ,

eu

o

mato

e não m ato. Só mato se

êl e

não

qu iser

ca

sa r

com a

senhora.

R

AF

A

EL

A .- Isso

sim

COCHICHAM DUR ANTE A LGUM TEMPO

PR ÍNCIPE - Sim , sim sim

R

AF

AEL A - E  , é é .

 SAEM UM PAR A ESQUERDA O

UTRO

, D .

DULCINEIA   EN TRA DESGRE

NH

ADA Que fazer n esta

conjetu

ra

?

VILÃO - Casa comigo , li nd a cr ia tu ra .

DULCINEIA - Não não e não

VI LÃO - E   assi m e

ntão?

DU

LCI

NEI

A - E

 .

VIL

ÃO - Se rei o

briga

do a m at

á- l

a

 A

V

ANÇA PAR A

DULCIN

ÉIA

 

DULCINEIA - Socor ro

PR ÍNCIPE - Pron to Cá es tou

Iind

a princesa .  A

GA

RRA

O

VIL

ÃO

P

RÍNC

IP E - Quem é êsse cara de meia- tigela  

RA

FAELA

- E o

me

u v

ilão,

p ieda de, pr

ínci

pe  

, PRÍN

CIP

E -

Pi

ed ad e coi

sa

ne

nhum

a , es tava m

alt

ra t ando

a minh a Dulc in éia . Toma lá   DÁ NO VIL

ÃO

 

I

RAFAEL

A - Ai , ai , a i não o mate .

Piedade

é o m eu

noi

vo .

VI

LÃO

- Noiv o eu? Desde quando?

RAFAELA - N oivo, sim , desde agora .

PR Í

NCIPE

- No ivo sim , senã o morre  LUTAM NOVA

MENTE.

VIL ÃO

C

AI

RAFAELA - Matou, matou o m eu am ado. Ai , a i ai

CHORA

PR

ÍN CIP E -

Não

está mo

rto nã

o . E

st

á só desm aiad o.

Quan

do

acor

dar

vai pe

dir a sua

o .

RAFAELA - Ai qu e alegria Beij o as mãos ben fei tor as

de Vossa Alteza Senhoria .

DULCINÉI A

  Me u h erói

RA FAEL

A

 

PA

RA

O VIL

ÃO QUE

DESPERT

A

M

eu

herói

ENQUAN

T O PR

ÍNCIPE

E

DULCINEI

A SE BEIJA M ,

O VIL

ÃO

A

TACA PELAS

COSTAS  

VILÃO - Her ói co

isa

nenhuma  EMPUR

RA

RAFA ELA

E DÁ

NO

PR ÍNCIPE  

LUTAM OS DOIS ENQU

ANTO

RAFAELA

TORCE

P/VILÃO E D

ULCINEIA

PARA O

PRÍNCIPE

 

R

AF

AELA - Isso isso

DULCINÉIA

-

Prín

cip e,

cuidado

V

 

ÃO

CAI

.fJRÍNCIPE - A senhora nã o quer mais ca sar? Vou acabar

com

o noivo de vez . Agora eu

mato

êle bem . rematado.

RAFAELA -

o nã o fa ca isso E o no sso a côrdo?

PRÍNCIPE

 DÁ NO VIL ÃO

QUE

CAI Toma  

RAFAELA  CHORANDO Ai ai ai Matou êle : Nã o vou

mais casar .

PRÍNCIPE

  Mor to ou não

morto

, a senhora agora tem

oue ca sa r com êle , Pala

vra

de príncipe é pa

lavra

de re i .

R

AF

AELA - Caso de qua lque r j ei to, contanto que o

se

n

hor

o sa l

ve

.

PR ÍN

CIPE

-  SACODE O VIL

ÃO ATÉ

ÊL E

DESP

ER

PERTA R

Aco rd a, aco rda  

Nunca mais

..

. .

VI

O - Nu nca mais se casa rá com

igo

.  CH ORA

VIL

ÃO - N

un

ca mai s . . .

P RÍ

NCIPE

- Nun ca mais o que. coisa ?

VI LÃO - Nunc a ma is .   me m et o n  outra .

PR ÍNCIPE - P ed e  logo a mão da dona Rafaela

VI LÃO  HESITA

PR Í

NCIPE

- P

ed

e senão mor

r e

VILÃO - P eco a m ão del a .

RAFAELA - -Es tá aqui a minh a mão , as

minha

s m ãos . . .

au

er ido

vi

lâoztnho

.

 ABRACA

-O

 

F

ôRÇ

A

P

RÍN

CIPR A BRAÇA D

ULCINÉIA

,

BEIJAM·SE.

TO -

DOS

CA N T A M ,

Du lcin é  a . Du lcin éi a , p

ar a

de cho rar,

pois um dia, lá na cap ela,

com u

J;Il

príncipe hás de

cas

a r .  

(Texto de Vi rgínia V

alli

,

ba

sead o na c

ena

de bonecos

da peça

A GATA Bor ralheira,

de Maria Cl

ar a  

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 ulc in é ia

 

i lão

  ç

seu

p

f ntoche

 

istóri

teri l

-

1 f

ôlha de

cart

olin

a

br

anca

  es

pess

ura

dia) ;

1 met r o de a lgo

dãozinho

r al o  t el a ) ; polv

il h

o ;

tesoura ; ag ulha e li nha de ca r

rete

l  glacê 24) ;

cadarço branco .

 r cesso -

Faça um gr

ude ralo . Espal

he

o grude s ôbr e

a cart

olina

. Estique o

pan

o pre-enco lhi do

sôbre a ca rt o li na sem deixar ruga s . Dei x e se

car . Tome o mold e da cabeça em cart ão e am

plie . f ig . 1

Aplique Q molde s ôbre a ca rtolina ent elad a   j á sêca) ,

ri sque com lapi s e depois recorte . Tome o molde do na r iz

 fi g . 2) , cu jo

feit

io v

ar i

a confo

rm

e o tipo  grande para o

vilão, adunco para a br uxa , pequen o pa ra Dulcinéia, regu

la r

pa

ra

o

pr íncip

e)  , apliq

ue

s ôbr e a car t

olina

, ri sque e

cor

te . Aplique o nariz sôbre a

face

an te r ior cos tur ando

com

l inha dupla.

Faça as pinças la terai s e superiore s pa

ra

da r volume à ca

beça,

gr ampeie e depois costure . Apliqu e

a face anterior sôbre a post er ior e costure.

/o •

. .

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..

 

\

  ~ ~

-

-   fn

 

-

,,-

 -

-

 

Ter mi n ad a a cab eça, aplique o

molde

da mã o sôbre a

ca r

tolin

a do

br a

da, r

i

squ

e e r e

cor

 t

. Costure de

pr

efer

ên

cia

à máq u in a. d

eixando

ab

erto

o  p unho onde se met em os

dedos do manipula dor  pol ega r e méd io) . L igu e a,

mão

direita   à esquer da por m eio   io cadarço . Costu re o cadarço

ao pe scoço do boneco  atrás . (F ig. 3 e 4) . .

Tom e o seguint e mat er ial: uma m eada de

fia par a

a cabeleira de Dulcinéia,

uma

m eada de r áf ia para a ca

beleir a do

príncip

e; fios de sisai p

ar

a a cabe le ira da br

ux

a ,

fios

de lã mescla pa ra a

cab

eleira e os bigodes do vilâ o ; ;

10 cm s . de tarlatana bran ca .

Apl

ique os fios de r áfia, si

sa l ou lã sôbre a  en trete la, no feitio

qu

e des

eja

r p

ar a

fa

ze r

a

cabeleira

e bigodes e co

sture

. Cost u re a ent

re t

ela

sôb

re

a ca b eça , ou cole com grude .

 f ig

. 5)

  in t u r -

P ara p

inta

r o

bon

eco,

tom

e guache ou

tin

ta

em pó, p incel

méd

io e p

equ

eno , g

oma ar

ábica . P r ep ar e a

ti n

ta dissolven do o pó-n a goma a

bica e r al eando com

água. P ar a se ob

te r

côr-de-pele ou ba se de maqui llage,

m istura- se pó b

ra n

co (a lvaiade ) com amar elo e ve rm elho,

conforme a tonalidad e desejada . Risqu e os olh os do

b o,

neco, sob r an ce lh as e bô ca , P inte tôda a cabeça com a

ba se obtida, dep ois pin t e olhos, b ôca e sob

ra

nc e

lhas

na c ôr

desej

  P in te as mãos com a ba se .

LU VA e roupa - P ar a fazer a luv a , tome 1 metr o de

algodão prêto par a as do vilão e do príncip e ; meio

metro

de algodãozinho pa

ra

a lu va de Dulcinéia ; meio metro de

qualquer pan o para a lu va da br uxa . Dobr e o pa no e

corte confo

rme

o molde . (f ig . 7) Cos

tu

r e à m

áquina

, d ei

xando ab er tura para o pescoço e as mãos . Vis ta o boneco

co

sturan

do a luva no pescoço, sem fechar a ab er

tura

on de

se met e o ind icad or do manipulador . Costur e o

pun

ho da

mãozi

nha

à a

be r

tur a do b ra ço . . Vi st a  os pe rsonagen s, fa

zendo ca saco, vest id o, e

tc .

confor

me

o molde da luva e

o t ipo de

cada

um . Experi men te. ca l

çando

o boneco, cuja

lu va deve se adaptar bem à mão, sem incomodar , nem

es ta r lar ga dema is, nem ap er ta da .

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r e  

p

r e s e n

t

  r

  u e

 

o

LLI

 

Z

LLI

U

 

>

va

mos

os MIS

TÉRIOS

DA V IRGEM

ou

AUTO

DE

MOFINA

MENDES  

de

 IL VI

T

Ê

st e

au

to

con

s

ta

d e :

prólogo;

2  cena

em

qu e

s e

profetiza

o n a

sci

mento d e Cr isto;

3

ce

na

pa s to ri l e

4

ce

na

da

adoração

à V

irgem

.

O P

RóLOGO

é fei to por um

FRA

DE , anuncia o a ssunto d a peça   Os

m ts

térios

da V

irgem

e a s p

rimeir

as

per sonagens a en trar em cena: a

VIRGEM e quatro damas , qu e s ã o

a

POBREZA , a HUM ILDADE , a

 

e a

PRU

DÊ NC IA ,

tôdas

p r e c e d i d a s

de

m ús ica, Seguem -se as cenas das pro

fecias e d a anunciação e, após, a d os

past

ô

res

 q ue

se

ju n

t a m

para

o

tem

po , d o n ascimento . E a

conheci

da

cena da MOFINA MENDES , que aca

bo u d and o nome à peça.

Êst e

auto

, fo i re pre sentado pe la pr i

-m eir a vez diante d e e l r e i D. J oã o III.

po r oc asi ã o do

natal

, em 1534 .

P od e se r r

epre

s

entado

 â o

ar

li

vre.

D ispensa cená rios .

Personagens :

P r ólogo  

Um FRA

DE

A VIRGE M

D a m a s : P R

UD

ÊNCIA -

P OBREZA

HUMILDADE

Anjo GABRIEL

São J OS É

P a st ôr es: AN D RÉ

PAIO VAZ

PESSIVAL

BRAZ

CARRASCO

BARBA TRISTE

TIBALDIN H O

MOFINA MENDES

Anjos

FRADE

Três coi sa s ac h o q u e f azem

a o doido se r sa nde u :

u m a te r po uco siso d e se u ,

a ou t r a , que êss e que tem

não

lh e

pr e

st a ma l

nem

b em .

E a t er cei r a , .

que

en d oidece em grã manei ra,

é o fa vo r (livre -nos deus 

que

faz do ve nto cimeira,  

e do toutiço moleira ,

e das ondas fa z il h eos ,

Diz F r a n c isco d e Mairôes,

Ricardo e Bona-ventura,

não m e lembra em q u e escr í

tura;

não

s ei

em

q

ua i

s d i

stinçõe

s ,

nem

a cópia da s ra zões .

Ma s o la t i m

cr

eio que dizia a ss im :

NOLITE VAN I T AT IS .

DEBEMUS

CONFIDERE DE

BI

S , QUI CAPITA

SUA POSSUER UN T   MANIBUS

VE NTORUM ET

C.

Quer di zer êst e m a ti z

ent r e os primei r os qu e t raz:

não é sisu to   ju iz

q

ue tem je it

o

no

q

ue

diz,

e não acer

ta

o q UJ ; faz . .

Diz Beócio - :bW C ONSOLATIONIS ,

ORIG E NE S - MARCI

AURELI

,

SALLU

STIUS - CATEL I N A R U M

JOS

EPHO

SPECULUM

BELL I ·

GLOSA

INTERLINIAR

UM

VICENTIUS - _

SCALA

COELI,

MAGISTER SENTENTIARUM.

DEMOSTHENES, CALISTRATO ;

t odos êst es

concer

taram .

com SCOTO,

livro quarto.

Dizem

:

Não

vos

enganeis,

letrados d e

rio torto

.

que o porvir não no sabeis ,

e -que m ni ss o q

uer

pô r pé is

te m cabeça d e minhoto .

Ó

 b ru t o a n im al da terra,

ó te rr a filha do

barro

,

com o

sabe

s

tU,b

ebarro

quando há de tremer a terra,

qu e espantas os

boi

s e o

carro?

Pe lo s quais DIXIT A N8E L MUS ,

e SENECA - VANDALIARUM ,

e

PLINIUS

-

CHARONICAR

UM,

ET

TAMEN

GLOSA

ORDINARIA,

e ALEXANDER  - DE A LIIS,

ARISTOTELES DE SECRETA

[SECRETARUM ;

LBERTUS MAGNUS,

TULLIUS

CICERONIS

,

RICA

RDU

S , I

LA

R

IUS

, REMIGIUS ,

diz em , convém a sab er : .

se t

en

s pr

enh

e t U:

mulh

er , L..  

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e . p or t o compuseste  

qu

er ia de ti e n t e n d e r

em que hora h á de na scer  

ou qu e f

eições

há de

ter

êss e filho qu e fizeste .

N ão no sa b e s ;

quan

to m ais

co me

te r

d es f alsa gu erra

p r es u m ind o qu e al c

an

çai s

os se g r ed os di ví n ai s

q u e es t ão d eb a

ix o

d a te r r a .

P el o q

ue

  diz

QUINTUS

CURTIUS  

BEDA

- DE RELIGIONE CHRIS·

-

[TIANA.

THOMAS

-

SUPER

TRIMTAS

[TERNATI 

AUGUSTINU S

-

D E A NG EL OR UM

[CHORIS

HIERO

NIMUS

D   ALPHABETUS

 

[HEBRAICE

BERNARDUS DE

VIRGO AS

-

[SUMPTIONIS

REMIIGIUS DE D IG NI TA TE S A-

[CERDOTUM;

êstes d ize m juntam

ente

no s li

vr

os aq u i al egados :

se fil ho s

ha v

er nã o podes

n em f ilha s p

or

te us pecados

cria d ês ses en jeitados

fil ho s d e cl ér ig os p obres

P ois t en s s a cos d e cruzados.

le m

br o

-t e o r ico a

va

re nto

q u e n es t a vi d a

gozava

e n o i

nf

er no can tava :

Á gu a deu s  ág ua

qu

e l

he

ar

de

a

po u

sa d

a .

Ma n

daram

-m e aq u i subir

n

este

sa n t o

an

f

itea

t r o

para

a

qu

i

in

troduzir

as f ig u ra s que hão de vi r

com

to do seu

aparat

o .

E   de notar

qu

e h aveis

de

co n

siderar

i

st o

ser contemplação

f

or a

da hi

stória

ge

ral

m as

fundada

em de vo ção.

A

qual

obra

é

chamada

OS

M IS TÉ RI OS D A

VIRGEM 

qu e entrará acompanhada

d e qua tr o DAMAS  co m quem

. d e m enina

fo i criada.

A um a

chamam POBREZA

 

O u t r a   ch a m a m

HUMILDADE;

d

am

as d e ta

nt a nobr

eza  

qu

e tô d a alma

qu

e a s

pr

eza

é m or ad a d a T ri nd ad e.

  ou t r a t

er

c

eira

d elas

ch ama m   p or ex celência;

à ou tr a cha ma m

P R U D ~ N I

E v ir á a v irg em com el as 

co m m u i fo r

mo sa

a pa rência

.

S

er á

logo o f un

da

m e n t o

t ra t a r

.d a

sau da ção

e depois dê ste se r m ã o

um

p ou co do

na

scim en t o 

t

ud

o p or n

ov a invenção.

A nt es di sso

qu e

  di ssemos

v ir á com m úsica orf éia

DOMINE

L AB IA M EA

e VENITE

ADOREMUS

ve stido com ca pa a l h e i a .

T ra r á TE DEUM LAUDAMUS

d e es ca r ia t e u ma ilb ré;

JA M LUCI S ORTO SIDERE

Ca nt a r á o

BENEDICAMUS

p el a g

ra nde

fe s

ta que é.

QUEM

TERRA

 

PONTUS AETHERA

vir á m ui to ass ossega d o

nu m

se n de ir o m al p en sado 

e um gibã o d e t af etá

e

um a

g

or

r a de or e l h a d

a.

 im do

 rólogo

 

P r ofecias

ENTRA A VIRG EM   v estida como

r ainha   ac om pan h

ad a

da s DAMAS

p r ecedidas d e

QUATRO

ANJOS com

mú sica. SENTAM-S E e c

om

am

a

ler ca d a

um

a

em

s

eu

livro.

VIRGEM

Qu e ledes  minhas criadas ?

Q

ue

a ch am es cr ito aí?

PRUDÊNCIA - S

enhora

  eu ac h o

[aqui

g r

an de s

coisas in

ovadas

e

mui alta

s

para

mi m .

Aqui a

Sibila Cimé

ri a

di z

qu e

Deus

Ciméria

d e um a

virgem

sem pecado

o

qu

e é

p r of u nd a m a té r ia

p ar a m eu f r a c o cuidado.

POBREZA

Erutéia

profetisa

di z aqui tamb ém o qu e sente:

qu

e na sc

er á pobr

em ente

sem cu eiro n em ca m i s a .

n em coi sa com que se aquente .

HUMILDADE - E O

profeta Is a

ías

fa la n iss o t ambém cá  

eis a

virg

em n e e ~ á

e p a ri r á o Messias.

e f l

or

v ir gem ficará

F É - C ass a

nd r

a d  el -r ei P r i a m o .

m os tro u ess a r os a-

frol

com u m m en in o a par d o so l

a Ca esa r Ot avi an o

q u e o a do

ro

u p or se nho r .

PRUD ÊN CI A -

RUBRU

M QUE M

[VIDER

AT MOI S

EM

sa r ça que n o er mo es t av a

sem lh e p ôr lu m e n in gu ém ;

o fogo ar dia m u i be m

e a s arça nã o se q u e i m ava .

FÉ - S ign

ifica

a Madre d e D eu s

est a s ar ça é ela só ;

e a es ca da q u e vi u J acó. v

q u e su b ia ao s

al t

os céu s

tam bém era d e se u v ôo .

PR UDÊNCIA - D ev e de se r p or

ra

zão

d e tô das p erf ei ções ch ei a

t ôd a

qu

em qu er

qu

e ela é .

HU MILDADE -

Aqui

a chama

[S alom ã o

TOD A PULCHRA

AM I

CA ME A

E T

MA C

U LA NO N ES T l N TE .

E d iz m ais

qu e

é PORTA COELI

ET

E

LE

C

TA

UT SOL.

B ál sam o m ui cloroso

PU

LC HRA UT L IL IU M g

raci

oso

d a s fl ôr es m ais

li n

da

fl or

dos cam p os o

ma

is f ormoso ;

cha

ma

-lhe

P L

A

NT

ATIO RO S A 

NO VA OL IVA ESPECIOS A 

m an sa C OL U MB A NO E  

esrr êla a ma is lu mi nosa .

PRUDÊNCIA - ET A CIES

ORDI

·

[NATA

f or mo sa filha d  e l

-rei

de J a có ET TABERNACUL A

SPECULUM SINE

MACULA

 

ORN A TA

CÍVITAS

DEI.

Mais di z a i n d a

Sa l

om ã o:.

HO RTUS CONCLUSUS FLOS

[HORTORUM

 

-MEDE CI NA

PECCATORUM

 

dir eit a vara d e

Aa r

ão

a lv a sôbre qu antas for am  

sa n ta sô b

re

q u an ta s

são.

E se us cab elos p olidos

Page 24: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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são formosos

em

seu grado

como manadas de gado

,

_e m ai s

qu

e os

campo

s

floridoos,

em q ue a nd a apa

c

entad

o .

PRUDÊNCIA

- E'

tã o

zeloso o

Senh

or ,

qu

e

qu

er er á se u es tado

da r ao mun do po r favor ,

pOr

uma Eva pec ador

,

um a

v irg em sem

pecado

.

VIRGEM

- Oh se

eu fôsse tão ditosa

que

_

com

ê

stes olhos

v i

sse

senhora tão

preciosa

,

tesouro

da

vida nossa

,

e po r e

scrava

a

servisse

Que ond e

t an to b em se ence

rr

a,

-

vendo

-a. cá en tre nó s,

n

el a

se

verão

os céus,

e as virtudes

da

terra ,

e as

moradas

de

Deus.

II I Anunciação

Entra

o

anjo GABRIEL

GABRIEL

- Oh Deus te

salve

,

Mar

ia ,

cheia

de

graça graciosa,

dos pecadores abrigo

Goza- te com alegr ia ,

humana e

divina rosa,

porque

o

Senhor

é

contigo.

VIRGEM

-

Prudência,

que

dizeis

vós?

que eu muito turbada sou,

porque ta l

s

audação

-.

não

se co

stuma entre

s.

PRUDÊNCIA

Pois que é

ato

do

Senhor,

S

enhora, não esteis

turbada;

tornai em

vo s

sa calor,

que ,

segundo

o

embaixador,

ta l se

espera

a

embai

xa da .

GABRIEL

Ó

Virgem,

se

ouvir me qu

er

es ,

mai

s t e

que ro i nda dizer

_.

Benta és tu em m

er

ec

er

es

ma i

s

qu

e t

ôda

s as

mulher

es ,

n asc

idas

e

po r na

sc

er

.

VIRGEM

-Qu e di zeis vó s, Humildad e,

qu e

êst e

ve r

so

vai mui fundo.

porque eu te

nho

por verdade

s

er

em minha

qualidad

e

a m

eno

s coi sa do

mundo

?

HUMILDADE

O

an j

o,

qu

e

o

recad

o.

sabe b

em

di sso a certe

za

.

Diz Davi

no seu

tratado.

que êsse e

spírit

o as sim humilhado

é coisa

qu

e D

eu

s

mais pr

eza .

GABRIEL

Alta

'

Senhora

,

sa

be

s

que

tu a

santa humildade

t e d eu tanta

dignidade

ou e um filho conceberás

da

di

vina

Et

ernidade.

S eu nome

, ser á

chamado

Je

su s e

Filho

de

Deus

. .

e o

te u

v

entre

sagrado

fic ará

horto

cer

ra

do ;

e

tu

-

princesa

-dos

Céus.

VIRGEM

Que di r

ei ,

Prudência minha

?

A .vó s

quero

po r

espelho

.

PRUDÊNCIA

Segundo' o

caso caminha

,

d

eveis

,

senhora rainha

,

t

omar com

-o

anjo conselho

.

VIRGEM

(mo

MODO

FIAT

ISTUD

,

QUONIAM VIRUM

NON CONOSCO?

Por qu e e u

dei

minha pur ez a

ao Senhor, e meu .poder , -

com

t ôda,

minha

-

firmeza

.

GABRIEL

SPIRITUS SANCTUS SUPERVENIT

[lN

TE

,

  i

a v irtude do Altís

simo

,

- S

enhora

, te

cub

ri r á:

p

orqu

e seu

filho

será ,

e teu v

entr

e sacra

tíss

im o

po r gr aça c

onceberá.

VIRGEM

Fé, di zei -m e

vosso

intent

o,

au

e êste

pas

so a vós

convém .

C

uida

mo s ni

sto mui

b

em

,

po rq ue a m eu c

onsen

ti

men

to

g

ra

ndes dú

vida

s

lh

e v

em

.

Ju

st o é

qu

e

imagin

e eu,

e

qu

e es te ja mu i tu

rbad

a,

q

uere

r qu

em

o

mundo

é seu ,

sem m er ec

im

ento m

eu

,

en t r ar em

minha

mo

r

ada,

e

uma

suma p

erfei

ção

,

de re

splendor guarnecido

,

to mar para s

eu

vest ido

sang

ue

do m

eu

coração,

indi

gno

de ser ;

nascido

E

aq uêl e qu e

ocu

pa

o

mar,

enc

he

os

céus

e as

profundezas,

'

os orb es e redondeza s;

em tã

o p

eq u

eno

lugar

como

poderá estar

a

grandeza das grandeza

s

GABRIEL

Porq

ue

tanto

isto

não peses

nem duvides

de

querer

,

tu a prima

Isabel

é prenhe , e

de

seis

me ses.

E

tu , senhora

, h ás de cre r ,

- que

tudo

a Deus é possível,

e o

qu e

é

mais impossív

el,

lh e é

menos

de

fazer

,

VIRGEM

Anjo, perdoai-me vós

,

au e

com

a Fé

quero

falar,

Pedirei sinal

dos

Céus.

-

Senhora,

o

poder

de

Deus

não se há de examinar .

Nem

'd ev eis de

duvidar,

po is so is dêle tã o

querida .

GABRIEL

E

d abinicio

escolhida.

E

manda-vos

convidar:

p ara mad re vos

convida

.

VIRGEM

Ecce

ancíl  Domini

,

fa ça- s e sua

vontad

e /

no

qu

e sua

Divindade

m

andar

au e sej a

de mim

e de m inha

liberdade

.

J

(Sai 6 Anjo GABRIEL

,

e

nquanto

os

anjos tocam)

  Cena pastoril

ANDRÊ

- Eu p

erdi

, se s' anoit

ece

,

a as

na ruça

de m

eu

p

ai .

O ra

sto

por

aqui vai

,

mas a

burr

a não

ap

ar

ece,

n

em se

i em

qu

e v

al e

ca i.

Lev a os t

arros

e a

pe

iros

e o sur r

ão com

os

chocalh

os,

dois sa cos de

es in t

eiros,

porros,

cebola

s _e .alhos .

 

Page 25: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 25/41

o

Le va as peias da boiad a ,

as c

ar

ra ncas dos raf eiros,

e foi -se a pa st ar fol had a;

po r

qu e

be st a de sp ead a .

não ' pas

ta

rios s

overe

i

ro s

,

E

s ela nã

o a

parece

r

at é

a no i

te

fec

ha

da ,

não

te

mo s hoj e pr az er ;

qu e na fest a sem come r

não há

hi

gaita

t

em p

er

ad

a .

P AIO VAZ (E ntr a)

Mofi na Me ndes é cá '

com um fa to de gado om

eu

?

ANDRÉ

Mo

fina Mend

es ouvi eu

as s

oviar,

pouco

há.

no vale de Jo ão Vis

eu

. , _

PAIO

Nunca essa

m ôça sossega,

n

em samica

quer

fortuna,

Anda

em

saltos como

pega

tanto fa z

,

tanto tr a

sfega

qu e

a

muitos

im p

ortuna

.

ANDRÉ

Mof

in a Mendes

quanto

qu

e

vos serve

. de

pastôra

?

PAIO

Bem trinta anos

haverá

,

ou creio

qu e

' os faz agora  

Mas sos sêgo

o alcança;

não se i

qu e

mal eit a a t oma,

el a d

eu

o sa co em Roma

e pr endeu el re i de F rança,

agor a andou com Mafoma,

oe pôs o t

u r

co

em balan

ça .

Qu a

nd o cuidei qu e ela an dav a

com m

eu gado

onde sa ia

P or Deus ela e

ra

em

Turquia

,

e os

turcos am

ofi nava ,

e a C

arlos

C ésa r serv ia o

Diz .que as

si m

r e

splandec i

a

nest e ca pit ão do céu

a vontade

qu

e

tr

azia,

qu

e o

turco

esm o

rece

u,

e a gen

te qu

e o segui a.

Rece

io u

a. gue r

ra cr ua

que o Cés

ar

lh e prometia o

En t

on

ces PE R AL IAM VI A

o

RE VE RT E SU NT

lN P

ATRI

A .

SU A

co m

quan

ta

gen te t razia .

PESSIV

AL (En t

ra

) .

Ac h

aste a

tu a bu

r

ra

,

Andr

é?

ANDRÉ

Bafá, não

P

ESSIV

AL - Nã o pode se r .

Bu sca bem , deix a o fa rdeI;

que a b

u rra

não

er a mel,

q

ue

a

ha v

i

am

ode com

er

.

AN

DRÉ

Sa ltar iam p êga s n el as,

por causa da matadura?

PESSIVAL

P or d

eu

s

essa se r

ia ela

E qu e p êga se r á aq u el a,

qu e

lh e tirasse a

albardura

?

PAIO

Ma s c

rê qu

e andou por aí

M o fi n a M e nd e s,

rapaz

;

q u e s eg u nd o

as

coisa

s faz,

se i

st o nã o

fôr as

sim.

nã o

seja eu Paio Va z '

Or a chama

tu

por ela.

e

ap o

st o-te a

carapuça.

que a negra

burra

ru ça

M of in a M en d es

d

eu nela

.

ANDRÉ

Mofina M

ende

s Mo

fi n

a Mendes

MOF I

NA

Que

qu

eres, André? que h ás ?

  l ong

ANDRÉ

V

em

tu cá e

vê -

la-hás :

E se hás de vi r , logo ve m,

e acharás aqu i tam b

ém

a teu amo P ai o Va z.

  Entra M

ofin

a Men des )

PAIO

VA Z

On d

e d

ei x

as a boiada,

e as vacas, Mof in a M

en d

es ?

MOFINA

Mas

qu

e

cuid

ad o vós ten des

de me pagar a soldada, '

que há tan to que me re

te

ndes?

PAIO

Mofina , dá-m e conta

tu

onde fica o gado m eu .

M

OFINA

A boiada nã o vi eu,

andam lá nã o sei por onde ,

nem

se i

que

pa

cigo é o

se u

.

Nem as

ca bra s

não

n as

vi ,

samicas com os a

rv o

redos.

Mas

o se i a

qu em

o

uv

i

qu e andavam e

la s

por oaí

sa

lt a

ndo pe los p

en

edos .

PAIO

-m

e conta r ez a r ez,

pois ped es todo t

eu

fr e t e .

MOFINA

Da s

va cas,

morr er

am

sete,

e dos bo is morreram

tr

ês .

PAIO

VA Z

Que conta de negr

egura

:

Que ta is

andam

os meu s po rc os?

MOFINA

Dos

porcos

os ma is sã o mortos

de m ag r

eira

e

m á

ventura o

PAIO

E as

mi nh a

s

tr

in ta v it

elas

,

da s va cas qu e te entregaram?

MOFINA

Cr

eio que a í

fica

ra m de la s,

po rque os l ôbos dizimaram .

e d

eu ôlh o ma u

po r elas ,

qu

e mui poucas

esca

pa ram .

P

AI O

VAZ

Dize-me, e dos

cabr

it i

nh o

s

que r ecado me dá s tu ?

MOFINA

Era m t

en

r os e gordinhos,

e a zor ra t

in h

a f ilhinhos,

e levou-os um a um . '

P AI O V AZ

Essa

zo r

r a, essa

mali

na , .

se lhe cor re ra s

tr i

gosa,

não fi zer a

ess a

ch

acina,

porq ue ma

 

s

corr

e a Mofina

vint e v êzes que a ra p ôsa ,

Page 26: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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MOFI

NA

Meu amo, j   te

nho

d

ad

a

a con ta do vosso ga do

mu it o bem, com bom r ecado.

Pagai-me m inha sol

dada,

como

temos concertado.

PAIO VAZ .

Os carneiros qu e f

ica

ram,

e as ca

br

as,

qu

e

se

fiz

er

am?

MOFINA

As ovelhas

rega

nharam,

as

cabras

e

ngafecera

m,

os carne iros se afog

ar

am ,

e os ra fe

iros

morreram .

PESSIVAL

Paio Vaz, se qu

er

es gado,

Dá ó demo

essa

past ôra ,

Pa ga

-lh

 o se u, vá -se em

bora

ou má hora,

e põe o teu em r ecado .

PAIO VAZ  

Po is Deus quer qu e pagu e e peite

t ão daninha pegureir a ,

em pago de

st a

canseira

toma êst e pote de azeite,

e

va i

-o v

end

er

à

feira .

E quiçá medrarás tu,

o que eu c

ontigo não

posso.

MOFINA

Vou

-me

à

feira de Tranco

so

logo, nome de Jesus,

e fa rei dinheiro

gross

o .

Do que êste az

ei t

e render

c

om

prarei ovos de pata ,

qu e é a coisa mai s barata

qu e de lá posso tr azer .

E ês

te s

ovos , chocarão,

cada ôvo d

ar á

um pato,

e cada pa to

um

tostão,

q

ue

passará

de

um

m

ilh

ão

e me io, a vender

barato.

Casa rei r ica e honrada

po r ês

tes

o

vos

de pata,

e o di a qu e fô r ca

sad

a

sairei at

av ia

da

com um br

ia l

d  e

scarla

ta,

e diant e o despo

sad

o,

que me estará

namo

rando :

vi r

ei de dentro

bailando

assim de

st

 ar te b

ai l

ando,

es

ta

can tiga can

ta n

do .

(Ao diz

er

i

st

o, com o pote de aze ite

à

cabeça, ca i-l

he

o pote )

PAIO VAZ

Ag

or a

possa eu dizer

e

ju r

ar

e ap

ostar

q

ue

és Mofina Mendes tôda.

 

ESSIVAL

E se

el a

ba

ila

na boda

qu e está ainda por sonhar,

e os pat os por nasc

er ,

e o az

eite

po r vend

er

,

e o noivo por

ach

ar ,

e a Mofina a bail

ar

,

qu e menos pod ia ser?

MOFINA

SAI

CANTANDO

  P or mais que a

dita

me enjeite,

pastôres

não

-me

dei

s gu erra ,

qu e to do o humano

deleit

e,

como o meu pote d a z ei te,

há de da r consigo em te rra.

(En tram

outro

s past ôres)

BRAS

CARRASCO

. Ó Pessival, meu vizinho

PESSIVAL .

Br

ás

Carrasco

,

dize

,

viste

a burra

dêsse ou teirinho?

BRAS

P ergunta

tu

a

Tivaldinho

,

ou pe rgunta a

Barb

a

Tr

is te,

ou per gunt a a João C

alve

iro .

JOÃO

O fa to trago eu aqui,

e a burra eu a m

et i

na côr te do Rabil

eiro

.

Nós dei t

emo

-nos por

aí .

Andamos todos cansados,

o ga do seg uro está,

e nós

aqui

abrigados

durmam os sonhos bo cados,

que a meia noi te vem já .

(

Deita

m-se pa ra dormi r )

(S

egue

-se uma b reve

contemplação

sôbr e o Nascimento)

VIRGEM

Oh cor deiro divinal.

precioso ver bo

profundo

,

vem -se a

hora

em que teu corpo human al

quer caminha r pe lo mun

do .

Desd e

agora

sa irás ao campo mundan o

a dar crua e nova g

ue rr

a

aos

inimigo

s.

e glória ao Deus soberan o

lN

EXCELSIS ET

lN

TERRA

P

AXHOMINlBUS

.

, S

ai r

á o n

ob r

e leão,

r ei da tribo de Judá,

RADIX

DAVID:

o duque da promissão

como

espôso sai

do seu jard im:

E o D

eu

s dos anjos se

rv

ido,

SANCTUS SANCTUS , sem cessar

lhe can t

ando,

.

ver eis

em

palhas nascido,

sem candeia e s em luar,

sus

p irando.

E po rq ue a noi te é quase ra ea

e são

horas

qu e

esp

e

remos

.

seu nascer,

ide, FÉ , po r e

ssa aldeia

acender esta candeia,

pois outras tochas

não

  temos

qu e acender .

E sem s

er

des p

erguntada

,

nem lh es vi r pel a m emória,

di rei s em cada

pou

sada .

qu

e est a é a vel a da glória .

(S. JOSÉ e   a FÉ vão acend

er

a

candeia e a

VIRGE

M e as DAMAS

r ezam de joelhos o salmo)

VIRGEM

Ó dev

ot a

s almas feli z

pa

ra sem

p

re

sem cess

ar

L

AUD

ATE

DOMINU

M DE

COELIS

,

LAUDATE EUM lN

EXCELSIS

,

qu an to se pode l ouvar. .

PRUDÊNCIA

Louvai,

anjos

do senhor,

ao sen

ho r

das al

tezas,

e tôd as as profu nd ezas.

louvai vosso criador

com t ôd as suas . grandeza

..

Page 27: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 27/41

HUMILDADE

LAUDATE EUM, SOL ET LUNA

,

LAU

DATE EUM,

STELLAE ET

[LUMEN,

ET L

AUDE. HIERUSALEM

,

ao Se

nh

or que te enfu na

neste p

or t

al de Bel

ém

.

VIRGEM

L

ouvai

o senhor dos céus ,

louvai-o ág

ua

das

águas,

qu

e sôb

re

os céus sois fir

mada

s;

e l

ouv

ai o senhor Deus,

r el

âmp

agos e

tr ovoada

s .

PRUDÊNCIA

LAUDATE DOMINUM

DE

TERRA

DRACONES ET OMNE

S AB 'Y

SSI

,

e t ôd as adv ers idades

de né

voa

s e se r ra ,

v

ento

s

nuvens ET ECLYPSI

,

e

louvai

-o, t

empestad

es.

HUMILDADE

BESTIAE

ET

UNIVERSA

PECORA, VOLueRES, SERPENTES,

Louvai

-o

t ôdas

as g

entes,

e

t ôda

a coi

sa diversa,

Que no

mundo

soi s pr e

sentes.

(Vem

a

FÉ com

a

vela sem

' lume)

JOSÉ

Não

vo s

anojeis,

Senhora,

pois estais

em

terra

alh

eia,

ser o

parto

sem c

and

eia,

porq

ue

as·

gente

s d

 agora

são de

mui perversa

v

ei a

.

Todos do rm

em

a prazer,

sem lhes vir pel a mem

ória

que

po r f'ôr ça

hão de mo

rr

er ,

e não

qu erem

ac

ender

a san

ta

vela

da gl

ória

.

HUMILDADE

Devi

am

t

er piedad

e

da S

enhor

a p

er

eg

rina

,

r

om

ei r

a da

cr istandad

e,

qu

e es

ne

st a

escu

ri

dade,

sendo pr in cesa di v

ina

,

para

exe

mp lo dos sen

hore

s

para lição dos

tirano

s,

par a espe lho dos

mundano

s,

pa

ra le i ao s pec

adores,

e

memória dos

enganos.

 Ê  

Não

fica por lh ' o pre

gar.

.

não fica por l

h o

dizer ,

não fi ca por lh 'o r ogar;

mas não q

ue r

em acordar,

com pr essa de

adorm

ecer,  

dêles fazem q

ue não

ou vem,

e êles o

uve

m mu

ito

bem;

dêles fazem que não v

êm

,

e dêles

qu

e não

ente

n

dem

o

que va i

n

em

o

qu

e vem .

S

em

m

em

ó

ri a

n

em

cuidado

d

ormem

em c

am

a de f'lôres,

fe it a de pr azer sonhado:

seu fog o t ão a

paga

do

como em choça de

pa

stôres;

a

vossa

di

vin

a ve la,

vossa , ete rnal c

and

eia,

feita de c

êr a mais

bela.

em _cidade n

em al d

eia

não há ai

lum

e para e

la .

Todo mundo

está m

ortal,

p ôsto em

tão es

curo pô rto

de

uma

ceguei ra

geral,

qu

e

nem

fogo,

nem

si

na

l,

nem von tade : t udo

é

morto

.

VIRGEM

Prudência,

i vós com ela,

qu

e

na

s

hora

s

mudan

ça ,

e ac

endei

es

t ou

tr a

vela

,

que se ch

ama

da e

speran

ça,

e lh es convém acendê-l a .

E di zei

-lhe qu

e o

pavi

o

desta

ve

la é a sa l

vação,

e a cê ra o pod

er i

o

que

t

em

o

livr

e al v

edri

o,

e o

lum

e a per feição .

JOSÉ

Senhora, não m

ont

a mais

se

mea

r

milh

o nos ri os,

qu e

qu

er e

rm

os

po r

si

na

is

me

te r

coisas div i

nais

na

s

cab

eças dos

bu

gios.

Ma

ndai-lh

e

ace

nde r

candeia

s,

qu e

chame

m ou

ro

e

faze

nda,

e

vereis bail

ar

ba l

eias:

porq

ue

ir

ão

ti r

a r das ve ias

o

lum

e com

qu

e se

acenda

e

à

ge nte re ligiosa

manda-lh

es v elas b í

spai

s;

a

cêra

,

de

r enda

gr

ossa,

os pavios, de

casa

is,

e logo

não

por ão gro sa ,

PRUDÊ

NCIA

Se

nhora,

a meu parec

er

,

para es ta esc

urida

de,

candeia

não

h á mister ;

que

o S

enh

or q

ue

.h á-de

nascer

é a me

sma clar

i

da

de;

LUM

EN AD RE

VELATIONEM

GENTIUM

é p

rofe

tizado a nós,

e ago ra se há de cumpr i r ;

pois para

qu

e é ir e

vi r

',

bu

sca

r lume p

ar

a vós.

pois

lum

e h aveis de p

ar t

ir ?

N

em

  deveis de es ta r

aflita,

pa

ra lh e g

uisar

manj

ar

,

po

rqu

e é fa r t

ur

a in

fin

ita,

é c

ha

ma

do PANIS

VITA

,

não

t

end

es _que de sejar .E se

para

seu

na

scer

tão

pobre

ca sa e

scolheu.

não vos

dev

eis de

doer,

p

orque

onde

êle e

stiver

está

a

côr

te do

céu

.

Se

cu

eiro

s vos

dão

guerra

,

qu os

o tendes

porventura,

não

fa ltará cobertura

'

a

qu em

os céu s e a terra

ve

stiu

de ta l

formosura.

(C

hora

o m

enin

o pôst o em

um be rço;

as DAMAS

canta

ndo o em

ba

lam e o

ANJ O

va

i

aos PASTôRES

e

diz

ca

nta

n do ) .

ANJ O

 R

ec

ordai

pa

st ôres

ANDRÉ

Hou

de lá,

que

nos

[qu

er eis?

ANJ O -  Q

ue

vo s l

evanteis

  .

ANDRÉ - P

ar

a qu e, ou

qu

e vai lá?

ANJ

O -

Nasceu

em ter r a de Jud á

um

De

us só que vos

sa

lvará .  

ANDRÉ - E dou -lhe q

ue

fôss

em

[t

rês:

eu não se i

qu

e nos

qu

ereis .

ANJO

-  Qu e

vos levanteis.

 

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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ANDR i\

Quero-me eu e rgue r, e nt an to ,

ve remos

que

isto quer

ser.

.

Semp re m 'e

squece

o benzer

cada vez que me

levanto

.

ANJOS

 cantando

Ah pastor Ah pas to r

ANDRÉ

-

Que

nos

quereis,

[e

scudeiros?

ANJO

Chama todos t

eus

parceiros,

vereis

vosso

Red

en

tor.

ANDRÉ

Não

durmai

s mais, Paio Vaz,

ou

virei

s

canta

r aquilo .

PAIO

Ou

tu

não

vês que é g

rilo

?

Vai

-t e daí,

aram

á vás,

que eu

nã o

he

i

mister

ouví-Io .

ANDRÉ

Pessivel, acorda já .

PESSIVAL

Acorda tu a Brás Carrasco.

BRAS

Não cre io eu

,

não, em São

Vasco,

se me tu acolhes lá .

ÀNDRÉ

Levanta

-te d 'h i ,

Barba

Tr ist e .

BARBA

Tu que

hás ou

que

me

quere

s?

ANDRÉ

Qu e vamos ver os pr azer es,

que eu n

em tu

nunca vi

st e

.

BARBA

Po r Deus, va i

tu

se quiseres,

salvo

se

na

refestela

me dessem bem de

comer;

senão, deixa-me jazer,

que não hei de

bailar

n

ela;

va i

tu lá embora ter,

Acorda

  o

Tibaldi

nho,

e ó

Calveiro

e outros tr ês,

e a

mim

cobre-me os pés ;

então

vai-t

e teu

caminho,

que

eu

he i de dormir   mês,

ANJO

Pastôres,

ide

a

Belém

.

ANDRÉ

Tibaldinho , não te

digo

 que no s chama

não

se i quem?

TIBALDINHO

Bem n' o ouço eu,

porém,

qu

e

tem

Deus

de

ve r

comigo?

ANDRÉ

Isso é parvoejar,

lev

anta

i-vos,

companheiros,

qu e por

val

es e

outeiros

não fa zem

nego chamar

por pastôres e vaqu

eiros,

ANJ O

P ar a a festa do Senhor

poucos pastôres es tais .

PAIO

Vós

bacelo

quereis pô r

ou

fazer

algum

lavor?

que tanta gente a junta is?

ANJO

Vós não sois oficiais

sin ão de guardardes gado.

JOÃO

ÇAL

,

Dizei ,

senhor,

sois

casado?

ou quando embora

casais?

ANDRÉ

Oh como és de

sentoado

ANJ O

Quis

er a

qu e

for

eis vós

vinte ou trinta pegureíros .

PAIO

Antes que vós deis t r ês vôos,

bem ajuntaremos nós

nest a serra cem vaqueiros .

ANJO

Ora , tr azei-os

aqui

,

e esperai naq ue la e

str

ad a ,

qu e logo a

Vir

gem sagrada

a J eru salém va i po r hi

ao templo end er eçada ,

(ON ANJOS tocam seus in st rumentos,

e as , DAMAS cantando e os PASTô ·

RES , dan

çando

, se vão) .

ESTOU CONVENCIDO DE QUE A

FERTILIDADE

DRAMÁTICA DE UM

PAfS PODE SER AVALIADA

PELA

VITALIDADE DE SEUS AMADORES

E QUE, SEM O ,MOVIMENTO AMA

DOR DE BASE, NÃO HÁ

ARTE

DRAMÁTICA.

MICHEL SAINT DENI

..

  aF lâvlo )

Oh

Sr. Guimarãe

s

Ah

 

Ah

Ah

Re née

.

Peça par a

se r representa.da

po r grupos amadores inex-

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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Sra..

Guimarães

Ah

Ora

, eu não p

odia da r

os nossos

nome

s. Você

não

fal ou qu e o seu

pa i conh

ece

êsse ho tel

?

Imagina , reg i

strar Flávio da

Costa e Renée

Durand

Oh m on Dieu 'Qu e coisa

ho r

rí v

el voc

ê ter

falado

tanto

neste

h

otel

lá em casa .

Papai

a

beaucoup de m em o

ir

e . Éle de ve se lembrar do

n

ome

do hot

el .

Hotel dos Est rangei ros,

c'es

t

fa cile . E

vou lh

e diz

er

un

e cho se pior: eu

acho

qu

e eu vi m eu

pai

. J 'ai vu de lo

in

son

ch ap e

au gr i

s.

- Há mu ito chapéu

cin

za no

Rio

.

-

(n

ervosa) Ma s eu reconh eci o cha péu do

m

eu pa i

.

- A voz do sangue (i r on

izando

) . Tu dis

des

bê tises

.

-

(suavemen

te) Mon

ch é r i .

-

Não d ig a

Mon

ché

ri, di ga meu querido.

- M

eu

queri do . . . Eu gos taria d' êtr e . Nós f'ize.

mos mal em partir as

sim

nós dois .

-

Foi

pr

eci

so,

er a

o

único

mei

o de fazer o s

eu

pa i

con s

entir

no no sso ca

samento.

- Se o seu p

atrão

l

he ti v

es

se .  

Com o

é qu

e

se di z

 

. a ssoci

er

? . .

- Associ

ar

.

- A -

sso

- ci - a r .  

papai

teria . . . commen t

di t

es-vous? .

..

dei

xa r eu

me casar com você?

- Eu se i, ma s meu pa tr ão está

sempre

adiando

i

sto. d iz endo : No

s ve r

emos

daqui a

tr

ês m e

ses e

 0

seu

pa i

continua também adiando

o

cas am en to a té qu e

eu

me

torne

s

ócio.

· Ora

Tive

que

da r

um

jeito.

-

Você

d

evia  

deixar

agor

a

mesm

o o

seu

pa-

tr

ão

ou

dizer a. êle : Vau s ne v

ou l

ez pas me

associa

r, eu vou

embora

. Voilâ

- E' , mas eu não posso. Se eu tivesse

fa lad

o

as

sim

, eu estar ia na

ru a.

E d

ep

ois, eu ti nha

que v

ir

ao

Rio

p

or

con

ta

da fi rm a .

-

Mas

, assim ser á

obrigad

o a me deixar . por

ca

us a

dos negócios.

- Mas os negócios não vão me .prender t odo o

tem po. D

ep

ois é m

elhor

nos se p

ararmos

de

vez

em

quand

o, as

sim

você

não

se

can

s

ar

á de

mim.

Oh mon c

r i J amais

Eu nunca me cansarei

de

voc ê

-

óti

mo

Não

está

mais a

qui quem

fa

lou

. Desde

que voc ê fi que

satisfeit

a

eu

também fico. Eu

vou

lh

e dei

xa r

p

or um

a meia

ho ra

. . . V

ou

t e

leg rafar ao m eu

patr

ão e d

epoi

s ir ei ve r um

clie n te na

ru

a 7 de Set

emb

ro.

Oh

D ej â

Você

va

i me deix

ar

sozinha E se

eu

pr

ecisar de qu

elqu

e c

hose

?

Mas

você fa la tão bem o po

rt u

guês.

(Entra

a ge ren

te )

Fl

ávio

Fl

ávio

Flá

vio

Renée

Ren ée

Fl

ávio

Renée

Flá

vi o

Re n'êe

Renée

Flávio

. Renée

\ Flávi

 

René e

F l

áv i

o

Renée

Fl ávio

po r

R

enêe

eu

de

F

lávio

R

enée

ASe

Fl ávio

  Flávio Bou Renée Gerente

(ao boy )

Pr

ecisamos de dois quartos .

Vou

falar

com o

ge r

en te .

- Podia

me informar

se há um

correio

aqui

perto?

-

sim ,

na

esqu

in

a.

O .senh or qu

er qu

e

leve alguma

coisa

lá ?

- P ode de

ix a

r . P r efiro

ir

eu m e

sm

o . T

en h

o

pa ssar

um

t el egr

ama

par a Pa

ris

.

(

Sa

i o boy)

J e vou

dr

ais

un

e ch

ambr

e au soleil .

-

Oui

, ma ch

ér ie.

- J e su is

trê s fatigué

e .

- M

eu

bem, habi

tu

e-se a fa la r portu

gu

ês.

sim

nos

not

ar

ão . m

en

os . .

-

Oh

 

Eu

sei

tão

pouco po

rt uguê

s

- Nã o, você

sab

e muito bem .

- O qu e é qu e o senho r deseja?

 

ge

rente)

Dois

qu

a

rt

os, mas não

mui

t o lon -

ge

um

do outro. .

- Nos t emos o o

nze

e o doze no

seg

undo

and

ar .

- E' muito per to .

 

- Fi ca quiet a. (s ussu ra ndo)

- Qu

er

esc

reve

r se u nome, por favor .

(escre v

endo)

Sr

. e

Sra.

Guim

ar

ães.

Os

sr s

. p or f

avor

e

sp

er

em um

pouco qu e

eu

vou mandar

pr eparar

os

qu

artos .

peri

entes, col

égios

, patronatos,

etc

. ..

A

cena

se pa

ssa

num ho

tel do Rio de

Janei

ro

Fláv

io

Boy

Flávio

o

boy do hotel

Fl áv

io da Costa, jov

em

br

a

si l

e

ir

o emp

rega

do num

banco

francês

Renée,

jovem

f rancesa, sua

noiva

A ge

rent e

do h otel

Du rand

,

pa

i de R

en

ée

Um in vestigador de policia

Um

guarda

Pe rsonagens pela orde m de en t rada em cena ; \

Boy

CEN I

de Blanche T. Jacobino

Adaptação da Comédia em 1

ato

de TRISTAN

BERNARD

  L Anglais  el u  on Le Parle

F lá vio

o INTÉRPRETE

Renée

Flávi

o

Renée

Fl ávio

R

en

ée

Fl ávi o

Gerente

Fl

áv

 

o

Ger ente

R

en

ée

Fl ávio

G

er

ente

Fl ávio

Gerente

0 J

Renée Eu só po sso falar o p

or

tu guê s com você . Mas

Gerente - E ' , como o

Sr.

não r espondeu nad a fiqu ei

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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(Um' cas

al

a

tr

av e

ssa a.

cena,

o inté

rp r

et e

os olha p

ass

a r ,

d ep ois su spi r a )

(En tr a a ger en te )

G

er

en te - Ah Escu ta , eu esque ci de per gunt

ar

um a co

isa

bas tante im por t

an

t e ; h á

muit

os in térp r et es que

arranham vári as lín

gu

as e qu e

nem

s

ab

em

dir eit o o po r tug uês . O Sr . sab e bem o

por-

tug uês? . '

N . 1. - P

er f

eitamen te  

com os outros, eu t en ho m êdo, j ai peur de

par ler .

Fl ávio Em

todo o caso , (par a a ge

re

n te

),

um in

tér p r e

te

aq u i?

Ger ente - C

ert

am

en te , h á semp re um in té rpr et e . Ch e.

ga r á a qu a lque r mom en to   Estará à sua d is

posição. Os quartos est ão

pr

ontos .

Flávi

o (à R

en

ée )

Vou lev á-la ao se u

qu

a

rt

o e ir ei em seguida

ao te légra fo . (sai pel a esquerda)

l :

ôv o In tér prete (ao boy) Olh a , se r á qu e apa

re

cem

m uitos es t range ir os aq

ui?

Boy Mais ou m enos . Depende da época . V

êm

ba s-

t

an t

e

fr

an ceses .

N.

I

Ah  . . . Ser á

qu

e vêm mu itos ag

ora?

Boy

Não

mu it os

ne

sses dia s

N. I E você ac ha qu e a lguns po

derã

o

ch

egar, hoje?

Boy - Não sei. eu v

ou

lh e da r o bo n

et .

N. I

ln

- tér - p re - t e . . . P ux a   Tomara qu e

não apareça nenhum f

ra n

cês por aqui. Não

se i uma p

atav

in a de

franc

ês , nem de

al e

mão ,

n em de inglês, ne m de j

apon

ês, de nenhum

dêsses di a letos . . . Ma s é uma coisa bem ne,

ce ssá r ia p

ar

a a

pr

ofissão . . . Ist o me f êz h esi

tar

um po uqu inh o ao ace

it a

r subst i tu ir o Silo

va, por um dia , Mas é um dia só Eu não na do

em dinheiro e faço o que

apare

ce. Tomara

qu e não apa r eça já um fra ncês , p ois nossa

con ve rsa se r ia

mui

t o pouco animada.

;

EN II I

(N . I . , Dur and , depois a gere n

te

e o b oy)

C' es t ici l' h ôte l des E tranger s?

Ou i, ou . . . (vira o casquette) ,

Bi en, je v

eu

x voi r la gér en te p

ou r

lui deman

der si e lle a r eçu un jeun e couple .

- (

re l

u

ta

ndo) Oui, oui. (desapa rece )

 Q u 'e st ·c e qu'il a? J e vo udra is pa rl e r â l'i n te r-

prê te

(grita)

In ter p r e

te

. . . Lnterprêt

e

..

.

- O

qu

ê qu e ho uve? O

qu

ê es t á ac on tec

end

o?

- Oh Bonj ou r , m ad am e  P ouvez-v

ou

s m e d ir e

si Monsi

eu

r da Cust a es t ici?

Isso

é

nom e de hósp ede? Não

sen

hor, n ós não

tem os nenhum da Costa , n ão .

N. L

N .1 .

Gerente

I

com mêdo qu e o Sr . n ão ,soubess e a nossa

língua.

A Sra. pod e fi ca r des can sada . Eu fa lo adrni

r àvelmente o po r tuguês .

Aliás, atualmen te não há m

ui t

os es t r angeiros

no hot el . (O t el efone toca ) Al ô - Es tão te-

lefonando de Paris, tele fone d e P a

ri

s, es

o

falando

em f

ra

ncês . . . Atenda .

-

Al

ô . . .

P ronto os f

rance

ses N

ão

en tendo

nada Oui,

Oui

- O qu e é que ê les es t ão di zendo?

- Coisa s sem importân

cia

. . .

- Enf im, não estão te lefonando de P ar is pa r a

na d a .

- Ou i, oui . . . , sã o

un

s france ses . . . u n s fran.,

ce ses que qu

er

em r es erv ar qua

rt

os. E eu es

to u r es po

nd end

o oui ou i

Ge r

en

t e - 'Mas afina l , é p reciso p

ed

ir -lhe a lgumas infor -

ma ções . Quan tos qu a r t os qu e q uer em ?

- Quatro

- Para

quando

?

- P

ar

a t êrca

feira pr

óx im a .

- Em qu e  andar ?

- No primeir o .

- Diga a êle qu e só temos dois

quart

os .no 1.0

anda r por enquan to ,

ma s

pod er emos dar-lhes

·dois b

ons

apa

r t

am entos n o segundo .

- Tenho qu e dizer isso, é?

- Cl

ar

o . . . apr esse -se . . .

- Bri gi

tt

e Bardot , oh la , la Oui, ou i, m on Di eu

Mon Dieu de la Fran ce P igal le, etc

  Puxa

co

mo

es tã o me x in gan do Cheg a Assim 6

dem ai s (indo

para

o balcão) P '

ra

vocês ve

r em com o sa

be

r lí n

gu a

s

é

b

om

Se eu

pud es se, obr igada t odo

mun

do - pr incipal

m en

te

os in té rp

re

tes a aprender as

língu as viv as, em vez de fic a r mofando apre n

dendo la.t im . . . não fal o por m im qu e nunca

ap rendi n

ad

a .'. . Enfim , tom

ara qu e

tu do dê

certo . . ,

Ge

re

nte

N I

Ger

en

te

N L

Geren te

N. 1.

Ger

en

t e

N. 1.

Gerente

N. 1.

G

er

en te

N  r

Ge r

en te

Durand

Du r and

N. r

Dur an d

G er e

nt

e

N   L

Du ran d

 EN

  II

- Por que se r á

qu

e o in térpre

te

ain

da

não

ch e

gou?

- O s

r.

Sil va? A

sr

a. não se lembra qu e ê le

não v ir á hoj e?

Ma

s pr omete u man

da

r

alg

uém

.

Olhe, es tá chegando .

(ao boy ) Diga a êle par a. vi r

aq

ui (ao

inté

r

pr ete ) E ' o sr.

qu

e vem subs ti tui r o int érp re

te? J á lhe di s seram as condi ções? O d ir eto r fa z

qu

est ão de te r

um

bom

in t

é

rp r

et

e . O sr .

o

tem m ais na da a fazer do qu e f ica r aqui à

esper a dos est r an ge

iros

. O sr. en tend e?

Boy

Ger ent e

Ger en t e

um francês . . . Êle est á querendo a lguém da

polícia. . . Eu não sei o qu ê que quer .

- Madarne, s'i l vousplait (impaciente)

Avez

vous

recu ce matin un

jeune

homme

et

une

Page 31: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 31/41

N   I

N  

N.  

N r

Durand

N. r

Durand

Inves tig.

N I

Invest ig.

N.

I

Durand

In vestig .

Du

ra

nd

Inves t ig.

N. r

Muito

menos eu .  

Durand

- Et al or s? Ou

es t

cet inspecteur de police?

Invest ig. - O

que

é

qu

e

acontece

u ? E '

êsse

o senhor

qu

e mandou-me chamar?

(para

Dur

and)

O

Sr . não podia te r se ab a lado at é o

distrito

?

Ger

en t

e -

Como

é qu e êle ia, se ê len ão sabe

uma

pa

lavra de português?

Invest ig. - E eu , nã o se i uma palavra de francê s . As

sim

,

va

mos

nos

entend

er

muito

b

em

..- (ao N .

r

q ue esta

va

esc

apulindo

) In t

érp

rete

- Pronto

- - Vê

se voc

ê consegue sa

be

r o que .é que êle

qu er ?

 

AhI

In térpr ete

Oui , oui .

Dites-lui qu e je suis Pierre Du ra nd , de Paris .

Di t

e

s-Iui

, . . J

'a i

cinq

fill

es et ma d

eu

xiêrne

fille, Renée, s' est en fu ie evec un jeune homme.

M . da Costa . Di tes -lui .

Investig. - O que foi qu e êle disse?

N. r B

em

, . . E' mu ito complicado . . . E ' uma hi s-

t

ória enorm

e . . .

Bem.

..

Êle é

franc

ês .

 

Mas isso eu sei .

Eu

também  

Êle veio visit a r o Ri o como

todos os franceses.

Investig. .- - E é porisso que

êle

mandou chamar o

comis

.

- Não . . . es p e re . . . O Sr.

nem

dá tempo  da

gente traduzir  

Durand - Di t es- Iu i aus si que le

jeune

homme

es t

bré si

lien

,   est employé dans

une banque à

P ar is

- Ju st

am

ente (ao investig

ad

or ) P or

que

um

fr

ancês recém-chegado ao Rio

ir

ia

procura r

um

com

i

ssário?

  Por

um

r

oubo

de j

óias

. . .de car te i ra .

 

pront

o Êst e S

r.

ao desc

er

no

Ga leã o, foi empu rrado

po r

um su je ito qu e lh e

ro ubou a carteira . (O lnvest lgad or t om a no -

tas;

Durand

se

ap

ro

xima

, tir ando a carteira) .

En

tão êle

tinh

a

du

as

cart

e

ir

as ?

-

Ah

O· Sr . sabe como são

êsses

fr an ceses. . .

- Voici la photographie du

jeune

homme

- A foto

grafi

a do ladrão?

 

-

Ou

i , c' est lu i m êm e . . .

- São admiráveis

êsses

franc eses . .  Um desco-

nhe cido esba r r a n êles na ru a e os r oubam . . .

e

êles

já têm a fot ografia do la dr ão? Com o

é

que

êle co

nse

guiu iss o?

- Eu

não

lh e disse qu e

o

h om em que o

rou

bo u

lh e é muito conhec

ido?

In ves ti g . - Nã o' di sse , não . ... Como é en tã o

au

e ele

chama? -

- Êle j á me disse - O- nom e é . . . é . . . é . . .

Charles

A

zn avour

,

Investig. - Como é qu e se esc re ve i sso?

N. L - E

sc r

eve -se como se d iz . . . W, Z, V, Y,

etc

.

G

er

e

nt

e

N r

Inspetor

- (sua casque

tt e

ainda ao cont rá r io ) Nin guém

po r

aqui  

E ainda não são nem dez e meia

Te nho qu e fi ca r aqui até meia-n oite . . .

Espero que ningu ém

apareç

a at é

'.

- Ond e é qu e o

sen

ho r estava at é ago

ra

?

- Eu ?

- O

Sr

. m esmo

Eu

não lhe disse pa

ra nã

o sair

em hipótese al guma?

- Sim , m as eu ouvi um grito de soc orro, em

espanhol. . . m a.s f elizm

en t

e nã o er a daqui .

- O Sr . saiu com tanta pres sa

qu

e sua   cas

qu ette está ao con tr ário .

E '?

O qu e que o sr. est á esperando pa ra colocá -la

di r

eito? Não saia mais daí

agora. .

. Est á aí

 EN

jeune fille?

- Ih

Não

estou entendendo

nada

. . . In t ér pre,

te . . . Intérprete . . . Ma s

onde

é que êle se

met eu?

(vira

-se paar o boy) Voc ê nã o

viu

o

intérprete?

Êle

e

st a

va

aqui

agora mesmo

 

(p rocur

an

do

num dicionário manual)

P oli

ciá . . . ici (faz o sinal)

O

qu e

é

qu

e êle es

di

zendo

?

  Eu

acho que êle

quer

a polícia . (ge

sticu

lando

para

Durand)

E ' aqui perto

Comi

ss

ário

de

policiá,

  ici . . . ic i . . . iei . . .

(ao boy)

- (ao boy) Corra

at é

o distrito e tr aga r ápido

um

investigador aqui.

par

a. r esolver a qu estão.

- Ma s, ni nguém na polícia sabe francês . . .

- Bem , em todo ca so n ós te mo s

um

in tér pre te .

- Maint

emmt

, '

madam

e, je v

eux

un e chambre

- Eu ach o qu e isso

quer

diz

er

quar to. . .

(apa

-

nh a

uma

ch

av

e)

Vou lhe

da r

une chambre

.

E

ntra um

grupo

.

 EN

- Ah ' Você já

tem

que sair . . . Va i ·demorar

. muito?

- Só vou

at é

o correio, meu bem .

- Você ouviu êsse gri to? Eu tenho tanto

mêdo ...

parecia a voz de papa

- Que nada . . . Isso já v irou até obs essão De

manhã er a o chapéu; agora é a

voz

. Vamos

vamos

. .

.

Vou

te r qu e

sa ir . . .

Au

revoir

t

Au re v oir, Mon ch éri

(Êle sa i

à

di r

ei t

a e e

la à

esque rda)

(En t ra outro

grup

o)

F lávio

Fl

ávio

R

enée

Renée

Gerente

N r

Ren ée

N r

N r

G

erent

e

Ger ente

N  

r

G

er

en t

e

Page 32: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 32/41

Mr. Durand, o Intérprete, a Gerente

Mr.Durand -

Qu

est -ce

qu i

m a dit? (o intérp r

ete inclina

a

cab

eça,

sem

re

sponder)

.

Mr

.Dur

and -

Qu

est -ce qu il m  a dit?

In térpre te - Oui, oui.

M

r.Durand

-

Qu

oi Oui,

oui?

G

erent

e - O qu ê é

qu e êle

diz ?

In té rp r

ete

-

Nada

, nada .

Gerente - P ar ece qu e êle es tá

furio

so 'P er gu nt e a êle o

.

que

há .

Intérprete -

Não, não

E

bom deixá

-lo tranqüilo . :Éle

pediu

qu e o

deix

áss

emos em paz .

:Éle

disse qu e

se a g

ente

come

ça r

a

f al ar mui to

com

êle , va i

embora

d  uma

vez

.

Gerente - E' um louco

Int érp r ete -

Ou

um mártir  

o, 'eu é que

sou

o

mártir

Mr.Dur

an d -

Mauvai

s,

mauvais

interprete  (êl e procura no

seu

dicionário).

.

Gerente

-

O qu

ê é

que êle está dizendo?

Mr.Durand

-

Mau

. . . mau   · .

G

erente

- Ah :Éle está di

zendo:

Mau intérprete.

Intérpret

e -

Eum.

 

Mau

 

mau

.

 

A

senhora não

sab e

o qu e is to qu er diz er

em fran

cês.

Mr.Durand - Mad a

me,

[e ri

' ai

jamais vu un pa rei h ote l et

jamais un pa rei l in terprête. P en se

z-vous

qu e

je

suis' ve

nu

de

Pari

s p

ou r qu on

se m

oqu

e

de

moi?

C'es t

la

d

erni êre

fois qu e je pr

end

s

un e chambre dans

cet

Hotel.

(êle

sa i) .

Gerente - :Éle est á

furioso

Int

érpr

ete -

Qual

n

ada

:Éle está

encant

ado.. . (

êle imita

a saída de Mr. Dur and) E' um j

eito franc

ês.

Geren te .•

Eu

vou sai r um minuto. F az favor de fi ca r

aqui

e não sai r

ma i

s.

I nt

érpr

ete - (Enxuga ndo o r o

sto

e sen t

an

do -se c

om um

ar

ca ns a do) Ah Uma ca sinha no .campo, bem

long

e do Rio

Aqu

i tem est

ra

nge

i

ros demai

s .  

Lá vi

ve

r ei

cm paz..

. Os

caipira

s

falan

,do a

seu m odo e eu

não ser ei obr igado

a en t

end

er

nem a responder .

Ínvestig,

N.1.

Invest ig.

N.1.

In ve

st i

g.

Renée

(

tornand

o

nota) E

c

omo

é

qu e

'você pro

nuncia

?

- Distei

- Enfim , já tenho bastante -informações; v ou

come

ça r as

inv

e

stigaç

ões ag ora m e

smo

.

Est á certo .

Bom,

o hom em es tá muito cansa

do e acho que

va i

desc

an

sa r

um pouco .

Bem

,

vou com

e

ça r

a

trabalhar.

 EN VI

 EN VI I

 Renée, In térprete

Intérprete

in t

érprete

Ren ée

In térpret e

R

en

ée

In

rp ret e

Renée

In térprete

Ren ée

In t

é

rp r

et e

Intérprete

Renée

' I nt ér pr et e

Renée

Intérprete

Renée

Inté

rprete

Ren

ée

In térpret e

Flávio

In térprete

Fl

ávi

o

In térprete

P ronto . . . (

êie

faz sinal a Ren ée que êle

o pod e falar)

Mal.

  ga.rganta  

voz

ac

abou

. . .

O Sr . n ão pod e falar .

A S ra . .

fala

português

Então

por

que

não di sse logo?

O Sr . já está p

odend

o fa la r?

Ai

nd

a não,  

ma

s, es t

ou melhorando . .

.

hu

m,

hum

 

J á e

stou

bom , n ão

fa l

e

mo

s mai s ni sso.

Est-ce qu e

vau s savez

si la

po

ste

e

st

lain

d 'ici?

- Ah   Se a Sra.

sabe

um pouco de por

tuguês, po r qu e está falando francês? o

ún ico meio .de

se des embaraçar é

falar

o

id i

oma

.

Ah Eu sei tã o p

ouco

. . . '

Ju s tam

ente

  .   De

agora

em di

an

t e, se

a Sr a . fa

la

r

comigo em

francês,

não

r esp onderei . .

Oh

  Mai s je parle le portugais a vec tant

de di

fficult

é

. .

.

Eu não estou entendendo

nada , nem

quero entender . .

Est á

bem

,

vou lhe..

.

(v

endo

à chapéu

cin

za . de Durand ) Oh .

Qu ê

que

foi ?

O Sr . sabe de

quem

é

aquêle

chapéu

cin za ?

Foi

um

francês

qu

deixou aqui,

pouco

.

Oh

(Ela

examina o

fôrro

do

chapéu)

Le chapeau de

mon

p êrel (ao intérprete,

muit

o

rápido)

' Oh

Mon

am i

e

st

parti,

 

m 'a

la issé toute

seul

e, il

n e st pa

s

en

ca

re reve

nu J e

vais

à

ma

chambr e ,

Sim

, es tá bem

Eu vou à ma chambre .

Est á. . . b

em..

. é isso   .

va i

logo  

log

o  

. .

, r ápido (Re

e sai )

Pelo

m

enos

com el a a

gent

e

pode falar

Não

é

como

aq u êle francês Se rá

que

êle

s

não

podem

ap r

end

er a no ssa lín

gua

?

Um típic

o

exempl

o do or

gulho

francês

EN VIII

(ch e

gando

) In térprete

o Não

Agora acabou Ch

ega

Renun.,

cio às minhas

pret

en sões Há fr

anc

eses

d

emai

s aqui

Que

negóci o é

ês t

e? Eu vou me

quei

-

xa r à . . , .

(in terrompendo-o) Ah   O Senhor fala

português

Faz

'um

bem

esc u tar a

língua

pátria Ah -J á

que

f ina lmente encontro

 

.

·

 

um compat riot a eu vo u pedir-lhe um fa-

Int

érp

r e te Não, es t

arei

em

bo

ns

termos

com êsse

Page 33: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 33/41

 Intérprete Investigador, Policial, Flávio,   oy

(Entram o investigad

or

e

um

p

olicia

l t r

azendo

Fl ávio

seg

uro

pelo

s br aços)

In vestigador

- P eguei o

ladrão

 

Ach

ei

justam

ent

e

quan

.

.do eu

estava

passando pel o

hotel

-

êl e

ia

sain

do

corr

endo e

reconheci

pela fo

tografia . Ora (ao in t érp r et e que n ão se

mexe) Vá

chamar

a

quêle francês;

nós

vam

os mostrar-lhe o qu e é a polícia br a

 síleira Tr

az o

francês

. . . e

volta qu e

nós

precis

am

os mu it o de você .

In t

érpret

e O Sr . · faz m

ui t

o bem em

me

avis

ar.

( à .p lat éia ) Não conheço o hot el e ap ro

ve'ito p 'r á fic ar po r a i

Fl

ávio

I

nt

érp r

et

e

Flávio

In térpre

te

Fl

ávio

In t

érpr

et e

F

lávio

Int érp ret e

Fl

ávio

I

nt

érp r

et

e

Fl ávio

I nt é rp ret e

Fl

ávio

Int

érpr

et e

F

láv

io

Inté

rpr

et

e

Fl ávio

I

nt

érpr

et e

Durand

Intérprete

Durand

I

nt

é

rp ret e

Durand

vo r , um

gr a

nde

favor:

im a

gin

e

que

eu

n ão se i bem o

fran

cês

poi

s r

ealm

ente

fa lo .inglês, italiano ,

turc

o, ru sso, ja

va

nês, etc.

O senhor

sab

e

in

glês? What

time

is

it?

Não nos a

presse

mos. Eu vinha

diz

endo

qu

e

 

Resp o

nd

a

à minha

p

ergunta: What

time

is

it

?

O S

enhor

quer ' um a resposta imediata?

P eço

-lh

e qu e

me

d

eixe

re fle ti r .

O

Sr . preci

sa

refletir

para

me dizer

que

h

or a

s

são?

São

onze e

meia

. E

scute.

. . O

sr

.

va i

m e fazer

um

fa vo r .

E

necess

ário falar

a

um

f

ra n

cês qu e está

aqui

. Éle

fala um

fran

cês

qu

e eu n ão

en tend

o . Não

se

i o

que êle que r .

Ond e é

qu e

e

st

á

êsse

f

ranc

ês ?

V

am

os procu rá- lo. Ah o sr . é b

em

gen

t

em me

pr

e

st ar

êsse

favor

.

Sou-lhe

muitíssimo agradecido

Deixa de c

onv

ersa .

Vamo

s lá .

Dev e es ta r no escr i

tó r

io . Espere

Olhe

o

meu boné . O s

r. vai

pa ssa r po r

in

tér

prete

. .

(êle

se ap ro

xima

de

um

a

porta à

esq uer da ) Sr . Oh Sr . . .

Diga

-lh

e, Mo

ns i

eur

Como é?

Mon

sieur

.

Monsíeurt

Eu

qu eria dize r

-lh

e

q ue aqui

um

bom int érprete .

Bon int

erprete

Bon

in t

e

rp r

et

e .

 

Mon

sieur

,

bon

in ter

prete

Isso me

sm

o

(cheg

and

o-se à por ta e ch

amand

o) Mon

sie

ur

Monsi

eur

Bon

in t

erprete

Vam

os

assistira . um bate-p

apo

legal em francês

EN ·

(F

láv

io,

Intérprete, Durand

)

Un bon in terpre te Enfin (ê le entra .

Logo qu e

Fl

á

vi

o o

enx

erga,

sai

prec

ip i

tad

am

ente p

ela

di r

eita

) Oh C

 est va u

s

I'in

terp

r ête? Eh bi en J e ve ux mon  

(a dm ira do) ' Chi

Fugiu também

. ,

Qu est -ce

qu  il

y a ? Ou est -il , I Interpr ête?

Não, m eu velho . Agora

o sou eu,

ago

r a é êl

e . . .

(mui to

amável)

Até

log

o,

at é

logo , mon

sieur  

.

Mais ils sont

tous

fous (ao in térpr

et

e)

E

sp

êce d

 id

i

ot

  de cr

ét

in (sa i

falando

pela

e

squ

erd

a)

Oh

,

la

la

Quelle

maison

Fl

áv i

o

Inv

est

igador

Fl

ávio

Inv e

st igador

Renée.

MI'.

Durand

Flávi

o

R

enée

In vesti

gador

Du rand

in

divíduo

(ouve-se

um ba rulho do lado

da

r

ua)

Qu e é isso? Es tã o se mat a

ndo

fora

. .Estão

fala

ndo por

tu

guês, não t

enho

nada a ve r com isso .

  N

X

 

EN

X I

Ma s

afina

l, o

que qu

er

dizer

isto Vo

cês me prendem

Não

se de têm as peso

soas

desta

maneira

  Vocês .

..

Oh Oh Nada de pr otesto E ' o

Sr

. qu e

se

chama

WKMK? Oh Não finge que

não

ent endo. . . O

Sr

. se ex plicará

na

delegacia

(ao

boy

q

ue

aca

ba

de e

nt rar)

.

chamar

aquê

le fr ancês

de hoj e de

manhã, aqu êle alto com

um ch

ap

éu

ci

nza.

.

Com

um

chapéu

cinza?

Ah Ist o

lh

e

inte

ressa   (ao policial ) Se

gu

ra

bem

Oh m on chéri mon ché r i l

Segu r a esta

mulher

Nós

tem

os dois

dêles

Oh

mon

chér

i

O qu ê q

ue

há ?

Você

tin

ha

r azão est

ama

nhã . O ch ap éu

c

in

za

es t

á a

í.

Nad a de código

Calem

-se

Eu

re co

rd ar

ei

dest a h istória de chapéu c

inza

(ao poli

cia l) Você 'viu o mo

vimento

dêl es q

ua

n

do se falou de ch ap éu cinz a? Ist o é uma

qu ad ri l

ha das

ma

is p erigosas

(en trando, Renée

cobre

a

face

com as

mão

s ) Oh Renée

ma

pettie

Ren

ée

C'est toi to í,

ma

fille As tu pensé

i

l 'anxiété

et au

désesp oir de t a pa

uvre

mam an (o Investig

ador qu er

o in te

rro

rn-

\

(chegando) Como é qu e é? o qu e é queIntérprete

per

) La issez moi As-t u

pen

se à.. .

 O

Page 34: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 34/41

;

foi ?

Acon tece cada uma aqui   O senhor se

l

embra daqu

el e francês qu e

se qu eixou

de ter sido r

oubado

? Eu me abale i para

achar o ladrão, trouxe o ga jo aqui. . . e .

êsse

su je it o aí lhe dá a mão da filha . . .

De ag

or a

em diante, tudo

qu e

se

falar

.

dos fr ancese s não vai me esp an tar mai s

( ê

le sa

i

d

epoi

s

de te r feit

o si

na l

ao po

licial para

se

gu i

-Io) .

(o l

hando para Fl ávio e Ren ée) Como é

qu e é, tu do lega l com vocês?

Tu do ótimo

ve

ndo , só por m inh a c ausa tu do te r

m inou bem  

Ué, mas

com

o?

A explicação se r ia um pouco lon ga, mas

se o

Sr.

fôsse meu c

hapa

o' Sr m e

ar

ranjav a um empr êgo ,

Como intérprete?

Es sa não , j á deixei isso para lá, ag

ora

M

eu

s

ogro va i lh e

arranjar

um

em

pr ê

go.

(estendendo a mão ao In térpret e) Vous

êtes

l

eu r ami,

vous

êt

es mon am i

puisque.

P ois não   (a Fl ávio) Eu qu

eria

di ze r-lhe

al guma coisa amável, ma s eu não com

preendo

nada

dO qu e êle di z.

.Je ne com

pre

nds pas (e

ns

in

an

do) .

(cumpr i

ment

ando

Durand

) J ê n é cu m-

pr

a

nde pá .

,

Mas afinal, o que quer ' di zer isto? Vo

'c ês me prendem? Não me pr e

nd

em

\

Inv

est

igado-

Fl ávio

In térpret e

Fláv

io

Intérprete

Pa i

In térprete

Flávio

Mr. Durand

Flávio

In

t

érpretE

1 j   :

i

In t

érprete

Fl

ávio

d

it

à

ce t h

om

me q

ue

por tefeuille?

J e n 'ai jamais di t

un

e

Durand

.

Durand

Durand

Durand

r .

Mr .

Mr . Durand

R

ené

e

Fl

ávio

In vest ígador

F lá v io

Ren ée

Inv est igador

Fl ávio

F láv io

Geren te

Investig

ador

Geren te

Fl ávio

Mr. Dur

a

nd

Fl

ávio

I

nv est igador

Gerente

In

vestig

ad

or

qu

er

interromp

ê-lo

nova

m en t e ) L aissez-moi, vo us di s-je

O Sr . sabe que

está

p

er d

en do o se u

te

m

po .

Mon am i,

j a

i ci

nq

f illes; ma

d

eux

i êrne

fille

.  

I nvestig

ad

or . - Est á bem,

está be

m Ês te é o hom em

que

roubo

u su a

carte

i

ra?

Ou

i

Como?

Vous

avez

j avais vo lé

votr

e

Mon porte-feu

ille?

c

hose

pa r e

il l

e

Est á ve ndo? Êle disse qu e nu nca di sse

isso

O Sr . sabe

que

eu não com p

re e

ndo fran

cês; pod e f az ê-lo conta r o

qu

e lh e con-

v

ém .

  Va

mos

Ao

xa

dr ez, o homem e

a

mul

h er.

Savez-vous

qu

'il ve ut

mettre

vo t

re

f

ille

en prison?

En pri

son? Ma fi.

lle?

En

p

rison?

(t

oma

su a f ilha

nos se us b

raços).

.

(c h

egan do) O que é que est á ac on tecen

do aí?

Eh

Vocês já estão m e e

nc

he ndo um bo

cado  Vai todo m

un

do em c

an a.

Ma s eu sou la f ille

Quer me

d izer o

qu e

é que es tá acon

te cendo aí ? (toca o tel efon e)

Estão chama ndo de P ari s . . . Sr . Fl áv io

da Costa .

E ' pa ra

mim.

Ma s o Sr . n ão se chama Gu im arães?

Guimarães e depois Brsc

hw i

lb . Ah Ist o

n ão est á m e che ir ando b

em

.

- _M e deixa atender. (êle vai ao ap arelh o,

ac

om

panhado de um po licia l

Alô,

Al ô .. .

E ' o meu pat r ão de Pari s Oui , oui . P a

r ece que

êle

já, .rentou t elefonar

um

a

ve z e

que

ligaram para. um h ospício

Oh Merci, merci beau c

oup (p ara Du-

ra

nd ) Êle m e aceitou '

par

a sócio .

(ao pa i) Oh Pa pá, Fl ávio va être

as socié.

Vrai

m

en

t ?

Oh

  J e suis t r ês h

eu r

eu

se

Deix e o seu pai ou vir Écout ez vo us

m êm e . .

 a

o

in sp e t or , in do ao

telefone)

Ah Cela

va t

ou t

.arranger (ao telefone)

Allo

, allo ...

Durand à l'app

ar

eil. Parlez pl us hau t,

je n 'e

nt

en ds pas Ah C'est bí

en

 

bien . . . merci m er ci beaucoup   . Ad ieu .

.(a Fl ávi.o) Mon

ami,

je V0\1.5 dorm

e

ma

filI e

Mr

.

Ren ée

In térp re t e

Mr

Page 35: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 35/41

 

.o

ano de 1962 foi marcado, no Ri.o de

Ja

ne

ir

o, p

elo

espe

ta c

ular sucesso

qu

e vem obtendo a cé

le b

re co

dia

mu si

cad

a MY

FAIR LADY

, e

qu

e nos foi

ap r

esentada

em

tr

adução de H

enrique

Pong

etti

.

Produzid

o por O

scar

Orn

steín

e

Victor

B

erbara

no T

eatro

Carlos

Gom

es e

en.

sa iad o em tempo   recor d p

elo

dí retor

ameri cano Gre

gor y K ayne, d e ac

ôr

do com a d ireção ori.

gi nal

de Moss

H

ar

t para a pr od

ão da Broadway, com cen ár ios de

Oli

ver Sm i

th e figurinos de C

ecil

Be

at

on , o espe

tá c

ulo r e

sultou

naq

ui l

o que Bárb ar a Heliodor a , crítico tea tr a l do Jor nal

do

 

r s l

 

pôd e cham

ar

de :   O

tr

i un fo da disciplina .

Com

Bib í F

er

r ei

ra

, P au lo Autran , J aim e Costa, Sérgio Viotti, 

Su zan a Negr i e Hél io P

aiva

int

erpr

e tando i.mpecàve

lme

n

te

os papé is principai s, c

orpo

de bai le, côro e orq u e

stra fun

ciona ndo à p

er

feição, as

sim

como tô

da s

as comp licadas

m uda n ças de cen á

ri

os, MY FAIR L

ADY

é uma r ealiza

çã o apur

aa

d

qu

e m

er

ec

eu

ra

sg

ad

os elog ios de tô

da

a

im

prensa especializada e vem h á muitos

me

se s re cebendo

do

públ i

co

carioca

verdadeira

con

sa

gração

,

In felizmente;

o

ano de

1962 foi também m

arcado pelo

de saparecimento de duas companhias cariocas : a CTCA

(Companhia TONIA-CELI-AUTRAN) e o TEATRO DA

PRAÇA , se ndo q

ue

a última

pr

oduçã o da CTCA , ,  TIRO E

QUEDA

, de

Mar

cel A

chard

, di

rigid

a p

or

An t

onio

do

Cabo

e que n os apresen tou  I on ia, Ca r re ro num de sempenho ex

cepcional, fêz um enorme suc

esso

de .bilheteria.

O

TEATRO NACIONAL

DE COMÉDIA encenou

com

suce

sso O

PAGADOR DE PROMESSA

  de

Dia

s Gomes;

com

dire

ção de

Jo s

é R

enato

, c

en

ár i

os e

figurin

os de

An í

si o

M

edeiros

e

com Lu i

z Lí

nhares

e B

eatriz Veiga

nos papéis

principais, Depois de en cerrada a t

empor

ad a da peça

no

Rio

de

Janeiro,

o

TNC

partiu em exc u rs ão ao Uruguai e

ao sul do pa ís .

. Também de Di as

Gome

s e c

om

ce nários e figurinos

de A

sio M

ed eiro

s é a

pe ç

a

qu

e o TE;ATRO

DO RIO

es

t r eou

no mê s

de o

ut

ubro,  A I

NVASÃO

, em di reção de

Ivan de

Albuq

u

er

qu e e com

um

ele

nco

de

quarenta pes

soas

qu e inclui J ar del Filho, Rubens Corr êa, Isabel Tereza,

Jur

em a Magalhães, L éa Garcia , Atila l

ór

io e outros .

O TEATRO

DOS

SETE encenou   O

HOMEM

, A

BESTA

E A

VIRTUDE

  de P

ír an d

ello

,

com

dir

e

ção

e ce

nár io de Gianni R

at

to e

figu

ri nos de Bel á Pa es Lem e,

sendo os

princip

ai s in

té r

p re

te s

Fernanda M

on t

ene

gr

o, It al o

Rossi, Cl

au d

io Co

rr ê

a e Ca st ro e Sérgio Brí tt o -. A  se guir,

a co

mpa

nhia remontou duran t e a lgumas semanas  O BEI

JO

NO ARFALTO , de Nel

son

Rodrigues e pa rtiu depois

em

exc

u rs ão ao

Su l

do paí s onde se ex ibiu

du r

ant e do is

meses em Pô

rt

o Al

eg r

e

com exce

pc ional

sucess

o ,

an

o

t r

ou xe também de vo lt a ao Ri o de J aneiro

CACILPA BECKER e su a c

ompanhia

que , depois d e apre -

  ovim nto

sen tarem durante

um a

semana, no Tea tro Municipal,   A

VISI

TA

DA VELHA

SENHO

RA , de F . Dürr en m

att

,

t ransfe

ri

r

am-se

para o Teat ro Copacabana onde

erice-

  na ram  EM MOEDA CORRENTE DO PAÍS   , . d e Abílio

P er eira de Almeida e   OSCAR , de Cla ud e Magn íer . A

pr

óxim

a

pr

odu

ção

do

TCB

s

erá  A

TERCEIRA PESSOA

de

Andrew

Ro senthal

para

cujo -pap el pri

ncipal

a

comp

a

nhia .promoveu

um

concu

rso

saindo venc

edor

Érico Freitas.

AUR IMAR ROCHA

dirigiu e in te

rp r

etou ,

para

a

c

ompanhia qu

e tem seu no

me ,

  RATOS E

HOMENS

 , de

J o S teinbeck (P rêmio Nobel de Li ter

atura

de 1962 ) , re

cebe

ndo ex cel en t e acolhida da cr ítica e do público. O es

petáculo con

ta

c

om cená

r ios e fig

uri

n os de Nap oleão Moniz

Freire,

En fim , o

TEATRO

JOVEM nos deu uma mon tag em

cuidada da peça de

Franci

sco

Pere ir a

da

Si lva, CHAPEU

DE SEBO

, di

rigida po r

Kl

éb e

r

Santo

s, com c

enári

os e fi

gurino

s

de Ani

sio

M

edeiros

e

um numero

so

elenco

de

jovens

at

ôres.

EÍn SÃO PAULO , o TEATRO BRASILEIRO DE CO

MftDIA apr esen tou , em direção de An tu nes F ilho,

 YER

MA , de Garcia Lor ca , com

CLEYDE

Y

ACONIS

no pap el

p rincipal e, em

seg

uida,   A REVOLUÇÃO

DOS BEATOS

 ,

de Di as Gomes, diri

gida

por Flávio  Rangel.

O.

'TEATRO

OFICINA co

ntra

to u a a triz

Ma

r ia F e

rnan

da

para

a

presentar

  UMA

RU

A

CHAMAD

A P

ECADO

  , de

Tenessee W

illi

a ms e, depois, Madame MOR INEAU a quem

coube

o pa pe l p ri n

cip

al da peça   r ODO ANJO É

TERRÍ

VEL

  d e Ket ty

Frin

gs .

M

ARIA DELI

A

COSTA

volt

ou

ao seu t e

at

ro , d epois

d e

um

a. t

em porad

a no Rio de J an

ei r

o c

om  A

RMADILHA

PARA UM

HOMEM

SÓ  , peça p

ol i

cial de Rob er t Thomas

e apresentou ao

públi

co paulist a

 O

MARIDO VAI A

CAÇA , de F eydeau . (

Com

in

t e i ro

êx

it o de

orític a

e púb li co, o T

EA

TRO DE

ARENA enceno u A

MANDRAGORA

  , de Maquiavel, com

d ír eção

de Au gu

sto

Boa l e Gianfranc esco Cuarnier i num

dos

papéi

s de ma i

or dest

a

qu

e .

Page 36: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 36/41

 e i

t

r o

 

L FEST

IVAL

PAULISTA

DE TEATRO

DE ESTUDANTES

Realizou -s e

em Campina

s, de 27

a

31

de

ju n

ho de

,1962, o   Fes tiva l

Pa

ulista de Tea t ro de Estudantes, com

a pa

rticipa

ção de 12 equip es teat

ra i

s de São P

aulo,

Cam

pinas e de outras cid ades do in ter

io r

do Estado . O F estival

t ev e in tei ro êx i to e o Júri , inte

gr

ad o por

Fr

anc isco

Ribeiro

(di re tor do Tea

tr

o Na

cional

, de Li sbo a) , Barbara Heliodora.

Moyses Lér ner  re p resen tante da C

omi

ssã o Estadual do

Te

at

r o ) , Pa t

rícia

Ga Ivã o e S

álvi

o de

Oliv

ei ra

 r

ep r

esen

ta ndo P aschoal C

ar

los Magno) , de

cidiu

conced er os se

gu in

tes

pr

êmi

os :

- Pr

êmio

J osé Salvador

Juli

an elli - Melhor espe tá

culo -

à

p eça

  Aqu êle qu

e diz sim , aq

le

qu

e di z

não

.

de Ber t

ol t

Brecht,

leva

da à cen a pelo Grupo de Teatro

Horácio

L

ane,

da Univ

er

sidade

M

acken

sie , de São

Pa

u

lo .

- P r

êmio

Jo sé Sal

vador

Julian

elli

- Me lhor espetácu lo

  à. peça ·   Aquêls qu e diz sim , aq uê le q

ue diz

não , de

Be

rtolt

Br

echt

, lev ada

à

ce na pe lo  G

rupo de

Teatro Ho

r ácio Lane, da Uni ver sidade Mack

en

sie , de São

Pa u

lo

- Prêmio Paschoal Car los Magno, com inscrição au

tomática no V Fe

st iva l Nacio

na l de Tea tro de Est

udantes,

a. se r ealiza r em 1963 na Bahia, ao s segu in tes grupos:  

Gru

po de Teatro Horácio Lane;   Grupo

Exp

erimental

de Tea tr o

da

Facu ldad e

de Filo

s

ofia da Unive

r

sidade

de .

São.P

aulo, com a peça   O B

AL

ANÇO e c) Teatr o Univer

s ítá r ío

do Esta do de

São

P aulo, com  A QUADRATURA

DO

CÍR

CULO . .

Foram di st r ibuídas t

rê s b ôlsas

de e

studo

na Escola

d e A

rt

e

Drarn át

íca de São P au lo p

ar a

o m

elhordiretor,

An

tonio

pen teado , de  O

BALANÇO ;

melho r a tol , P aulo

Rob

e

rto

lVIelegni, de AS RÉDEAS e

me l

ho r at r iz, -Din a

Sfat. de  A qu êlo

qu

e di z sim , aq u êle qu e diz não , que

ainda r eceber am medal has especiais , assim como: J airo de

Ol iveir

a ,. de O B

ALANÇO .

m

elhor coadjuv an t

e

mas

culino : Regina A1chefsk i, de  A s

RÉDEAS

 , m elhor coad

juvante

f

em i

n

ina;

Geraldo Mayer

Jur

g

en sen,

de Campinas,

melh or c

enógr

afo.

com

a peça  O SR . LEôNIDAS EN.

 96

FRENXA

A

REAÇAO

e Paulo Lara, m elhor figurin ist a

com  AS RÉDEAS .

Não

fo i at r ib u íd o prêm io ao m

elhor

aut or .

X I F

ESTIVAL DE ARTE DE

BELO HORIZO

N

TE

No XI Festiva l

de

Arte de Belo Hori

zont

e,

re a

li

zad

o

êste ano, os alunos do Conserva

tório

Nacional de Tea t r o,

do S

ervi

ço

Na

cional do I eat ro , ganha

ram

na da menos de

tr ês prêmios pelo espe tác u lo com o qual se

ap

r es

entaram

- A PRIMA-DONA , de J osé Mar ia Mon tei ro . Os prê

mi os fo

ram

os seguin te s : Melh

or

Conjunto, Mel h

or

Repre

sentação e Melh or Atriz, o qu al co

ube

a Isa b

ela

C

amp

os .

NOTíCIAS DE   O TABLADO   •

O TABLADO completou. em

1961,

dez anos de

ex

is

tênc ia, encenando M R O ~ U I N H S FRU-FRU, de

Maria

Clara, Machado, dire çâo da au tora , cenário de Anna Lety ,

cia,

figurino

s de Ka

lma

Murtiriho e

mú sica

de Ca

rlo

s Lvra

e O MALENTENDIDO, de Alber t Camus,

dir

e ção de Yan

Mi

cha

l

sk i

, cen ár ios e figurinos de Napoleão Mon iz

Frei re.

Abrindo

a t

empor

ad a de 1962, Maria Clar a

Machad

o

di r

igiu

sua. ad apt ação da h istór ia A GATA BORRALHEIRA,

com

c

ená

r io de Bel á Pa es Lem e, f igu rin os de Kalm Mur

tinho e música de Carlos Lyra , tendo o espetáculo ag ra

dad

o ig

ua

lm

en

te às platé ia s in fa n

ti l

e adu lt a .

No mê s de se tembro, foi es tr eado O MÉDICO A FôR

ÇA. de Mo

lier

e,

com

dir

e ção

de :

Maria

Clara

Machad

o,

c

enário

s e fi

gurino

s de

An

na L

et

y

cia  Em

nosso

próxim

o

número, public

ar

emos not as r e

fe r

en te s à p rodução dêste

espetáculo) . Qu

eremo

s sa

li e

ntar que

tom

aram parte n essa

produção de O· TABLADO dois de seus mais a

ntigo

s ele

mentos , que

es tav

am trabalh

ando

pro f

 

s

sionalmente há

al

gu n

s anos : Napoleão Moniz Freire, qu e se de

sincumbi.u

brilhantem

en te do

pap

el

títul

o e Ca

rm en

Sylvia

Mu r

gel,

qu e tev e a seu cargo o

difí

cil pa pel da cr iada J acqueline .

O TABLADO pr oj

et a

es trear em 1963

com BARRA

BÁS,

de Michel de

Gheld

er ode ,

  ..

  ;

p et á

culo

shake

sp

earian

o

n a B iblio teca do

Con

g r

esso

, e

a lém dos dois espetá culos p

ar

a d

ip l

om at as , au toridades,

Page 37: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 37/41

AINDA OS MALES DA BROADWAY

 Con clusão

do

art igo publicado no n.

O

anterior

UM

 

ME

RI

  N

O I

NTR

  NQ

üLO

 

B árbam Heliodom

Con tin u

am

os ho

je

a

tr a

n

scre

v

er

e co

menta

r a co

nf e

r

ênci

a s ôbre o teat ro americano em 1961, qu e fo i r eali zada

por Ar nol d Moss n a Em baixada Am

er

icana. Moss con t i

nu av a

a fa la r s ôb re o problem a de f r eq

üê

ncia; e con

sid

er a

qu e o asp ect o ma is gr a

ve d êsse pr

obl em a de p r eços altís

simo é o desap ar ecimen to do estud an te, do jovem em ge

ra l, dos tea tr os , que

no

rma lm

en t

e deveriam ser po r

êles

-f'r eq üentados . J u lga r q ue os jo

ven

s

não

estão in t

er

essados

em t ea t ro de

alta

categoria é um

en

gano total, pois tod o

ano , na p rimavera, Moss e seu gru po ap resen tam um es-

 OS

JORN IS

congr ess istas,

etc

  Moss fêz questão de apresent a r um

t er ce iro a

pe

nas para es tudan

tes

: os quinhentos lu gares do

tea tr o são di spu tados v iolentam

en t

e,

ha v

endo sido adotado

o s is tema de se aceitar os can didatos com as m

el h

or es mé

dia s na escola , (Dizemos pós ; aqui : Notem bem   O teatro

é p r

êmi

o.) Agor a já du as cid

ad

es vizi nhas a Washington

pedir

am

que o espetácu lo seja fe it o na s sed es de seus

p r incipais

col égios

logo

ap

ós os es

petá

culos

na cap

i

ta

l, p

ar a

q

ue

seus a lunos po s

sam

vê-los .

A solu çã o, acha Moss, é a

apr

esen tação de pel o menos

um espetá culo po r mês a pre ços

muito b a

rat os para es tu ..

dant

es , em cada' t eatro qu e e

steja apres

entando um espe

tácu lo de

ca t

egoria, e declara qu e as sim far á sempre qu e

uma p

rodu

ção c

he

gue à

Broadway.

d )

Out

r o a sp ec to do t

eatr

o american o

qu

e indica es

ta r êle em declínio é o fa to de qu e men os pe ça s es tã o

sendo

escr

itas . O que é ligado ao fato notado acima, de

qu e os p rodut

or

es novos não arriscam

a p

roduç

ão

de te x tos

de au tores in te ir ament e de

sconhecid

os . As peça s qu e são

escr it as, o

qu

e é

ainda

pior,

t

endem

a já .procura r

de

si

o qu e se consider a o standard da

Broadway

, isto é, não são

pe ça s qu e o autor

escr

eve

para

que

sejam

boas, mas s im

peças

escritas para fazer suc

e

sso,

E' claro que existem

exceções a ess a r egra, mas o fato é inegável ,

e

Há menos , teatros abertos n a B ro adway, isto é,

hoje em di a só há 28 t e

atro

s pro fissionais na Br oadway,

17 d êsses pertenc

em

a

Mr ,

Schubert ,

qu

e só aluga tea

tros

ao tip o de espetáculo

qu

e êle considera interessante e

com

po ssibilidade de vencer . E o gôsto de   . Schub

ert

nem

s

empre

é exatamente aquilo qu e se poderia

dizer ar tís tico,

ou n em , ao menos de leve relacionado a

qualquer

coisa qu e

t

en h

a a

ve r

com

arte

. O a

luguel

d e

um teatro

é de

cinc

o

mi l

dólares p

or

mês de

gara

ntia

nima , e 25% da. b ilhe

te

r ia

(no caso dos musicais pa rece qu e é um pouco ma is alto) ,

E de q

ualqu

er modo o te

at

ro é or ganizado, ou desor g

an

i

zado, de t

al

m

aneir

a, na

Broadway,

qu e, ninguém p

erc

eb e

com

o é

qu

e su

bs

is

t e qua lquer tip

o .de at iv id ad e tea tr

al .

O

of

f-B1 Oadway es tá ' fi cando tão

r uim, t ão

di fícil, financeira

mente falando, quanto ã Broadway  lembramos aos le

it o

 

re s o apa recime n t o de of f off roadway, ist o é, d o teatr o

fei

to em cafés e r e

staurant

es, em bu

sca

de um lu g

ar ond

e

os sin dicatos n ão destruam os esfor ços de

qu

em

qu er

fa

zer a lgo de m

elho

r , Não há nada qu e fa.cil ite a ex ist ên

ci a

do tea t r o ,

Adianta

Mr . Moss que, for a da Br oadway , de

se

tece

nt

as

pr

odu

ções ap

resentadas

at é

hoj e, a

penas

6

 m e

ia

dú zia ) r ecupe ra ram in tegr a lm ent e o d in heiro empatado na

p roduç ão , O próprio

conf

erencista di z que compr ee nde que

n inguém a cr edite ni sso, porque ê

le s

também nã o acredi

t am , embor a sa ibam

qu

e é

verd

ad

e, Ningu

ém compree nde

co

mo

é que ai n da al guém se . Iernb r a de ga star dinh eir o

pa ra faze r t ea t r o i .   Um peq uen o ex em p lo do s ga stos de

de uma companh ia p rofi ssi ona l

é

o de p

ub

lici

da

de nos

jornais : pa

ra

uma

companhia

da

Br

oadway o melhor

anúncio p ossível

pa ra

teatro, is to é, uma

pol

egada em uma

coluna

, no N

ew York Times

ou no N .Y.

Herald

 I r ibune , ção qu e co

ntr ibui

de algum

mo

do para o

que

se chama

Page 38: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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cust a 1 .200 d

ólar

es p

or

semana .

e) Como

re s

u

lt a

do dessa

lim

itação de , a ti v

ida

des de

vido a custos, etc,

m

eno

s gente empre ga da no te atro,

e re petidame nt e q uando se

procu r

a

um

técnico, um espe.

ciali sta, em Nova Iorque, para realiza r determin ado tr a

balh

o, descob re -se que êle já se mudou pa ra a Cal ifórnia,

onde

est á

tra balhando

em cinem

a ou t el

ev i

são .

f)

uma

ênf

ase

demasiad

am

en te

forte

no papel do

dir

etor

no t

eatro. Na

Broadway e

principalment

e no s te-

tros qu e per ten cem a MI .

Schu

b

er t

, t odo o probl

ema

de

um

espe tá c ulo se r

esum

e no

nom

e do

di retor

, e é possí

vel

ap resentar

qualquer

espécie de peça, por p io r ,

qu

e sej a se

o

diretor fór Elia

Kazan , J oshu a Logan,

Tyrone

Guthrie

ou Moss

Hart

. Êsses são os

semideu

ses da Broadw ay, ape-

sa l de não

sere

m os únicos

diretor

es

capa

zes do teatro

am er icano . Moss , pe ss

oalmente, ac redita que

não há

nada

de lou vá vel na hi st ória de se dizer que o esp etáculo tinha

a marca do

di r

etor, porque no

teatro

o

di retor

não deve

fa z

er

mai s do que servir - da

melhor

man

eira

po ssível,

é cl

ar

o, e da mai s

in t

eligente

- o t

ex t

o,

qu

e

continua

a

se r

a base de

todo

o

teatro

no m

undo

. O

diretor

passou

a

se r

a ve

deta

do es

petác

ulo, e ist o é um dese

quil

í

br i

o

o

grande

quanto o da super valorização da est rê la, ou do ce

ná r

io, ou de

qualquer

o

utro membro componente

de

um

esp

etáculo

.  

Não

ex iste

mai s aq

ue

la velha

noção

de fide l

ida

de

de

um

público ao

teatro

. O que não é de e

spanta

r, pois

quem é

que pode

te r

amor

e ded ica çã o a

uma ativida

de

pa

ra

a

qual

se tem de comprar

bilhetes

c

om seis

ou oit o

meses

de an tecedência? A conq u

ista

de um bil he te é

mui-

tas vêzes mais emocionant e do qu e o pr

ópri

o espe táculo .

E o antigo mal , do vedetismo ti nha

algu

ns aspectos positi-

vos

,

tais

como

o de

trazer

o

público

ao

teatro para

ve r

produções

nas qua is

suas est rêlas favor

itas trabalhavam

.

Hoj e em

dia

o teatro ,

americano

pràticamente não tem

mai

s e

st

rêla s.

MI . Moss

exp li ca que

faz

uma

d

istinção entre

o que

é ge ralme nte ch

amado

de est rêla e a v

erdadeira

est rêla,

que é a que apenas com

seu

próp rio nome é

capa

z de ,

trazer

todo

um púb

lico ao t

ea

t

ro .

Exist i rão talv ez qua tro estrê

la s no teatro

am ericano

,

mas

só   citou

du

as ; e am

bas tra-

balham em comé dia

mu

sicada:

Mary

Martin , qu  tu l

mente trabalha em grande bobagem

sentimentalóid

e que

se

chama

 h

e Sound

of

 

U ic

 

e

que

,

po r

ela só enche o

teatro

t

ôda

s as

noite

s

(ao

le

itor:

trata

-se ,de

um

mu

sica

l

s ôb

re

a

família Trapp)

. A

outra

é

Eth

el M

erman,

a r es,

peito de qu em MI . Moss di z:  Eu ir ia ao teatro para

vê-la nem

que

ela só fósse ler a lista te lefónica . ..Rea l

m

ente

é

preci

so

convir qu

e a p

ersona

l

idade

de

Eth

el Mer

man no pa lco é

alguma

coisa de m

uito

di ferente de suas

pou cas e mel

anc

ólicas

atuaçõ

es

cin

ematográficas . Os in

glêses,

adiant

a MI . Moss, t

êm muit

o

ma ior

se

ntido

de fide

lidad

e a

seu

s at ôre s, têm essa

capa

c

idade

de aceitar in tei

ramente uma

at r iz feia ou ve

lha

demais

para de t

erminado

papel ,

desde

q

ue ela

se

ja

r ea

lm

ente u

ma

in té r

prete exce

p

cional, desde qu e se tenha a oportunidade de v er uma a tua-

de arte

dram

ática . E , por outro

lad

o, a Br

oadway

acostu

mou o público médio 

am

e ri

can

o a se satisfazer com

uma

qualidade

in f

erior de _espe táculo, entre o

utra

s coisas

por-

que o cu

sto

de

produ

ção é a lto demais para que se po ssa

en sa iar um espetáculo sat isfatoria

me

n te, e porque se qu er

fazer

o espe táculô pa re

cid

o com tod os os outros espe táculos

da Broadway, pa ra q ue o público vá. Na da de exp

er i

ências

ou o

riginalidad

es .

A essa

al tur a

, uma pessoa na

platé

ia pediu ao confe

re

ncista

qu

e f

ala

sse a

respeito

do

  e

th

od

do

Actor

s

Studio

e Moss

re spondeu que

é neces

sário

a

tod

o atol

um

método de

trabal

ho, i

sto

é, n

inguém

pode ser um atol

profi

ssional sem ado ta l determ inadas normas para a exe.,

cução de seu tr

aba

lh o, para a c

riaçã

o do pe r

sonagem

, etc .

O  et

ho d

é bom sob êsse aspecto, ma s ap enas para

um

tipo esp ecial de peça, de a utor e de época, pois deix a o

  at ol in teiram

ente

sem preparo pa ra uma sér ie de aspectos

de ar te int

erpr

etativa que são in dispensáveis para qual

qu er espetá cu lo fora do realismo mod

erno

qu e êles faz

em

.

O

 

ethod

é

um

a

distorçã

o do

todo

de S

ta n

i

slaw

ski , e

o

método

de Stan islawski con tinua sendo

mel

ho r e mais

completo do que a versão Str asb

er

g do mesmo . O próprio

Elia Kazan

co

nf

e

ss a que

os at ôres do Ac

tor s

S

tud

io

são

deficientes em técnica e, de modo geral, incapazes de faz er

teatro

clás

sico   ou poético ou de qu alquer na tu reza que

não

essa

que tem

caracteriz

ado a maioria

das

produções

qu

e têm in tegrado . Moss concor

da

in tegralme

nt

e,

porta

n

to, com o p

onto

de v

ista

de Robert Lewis

em  

eth

od

or

 adnes

s

e os dois foram colegas, es

tudan

do

Stani

slawski

com Eva Le Galli

enn

e .

g) Volta

nd

o ao ass unto inicial , Moss diz

qu

e hoj e

em dia os

críticos

de

Nova

Iorque que,

po r

um

la do têm

p

oder

demais nas mãos, pois uma crítica contrária no s

maiores jorna

is f

echa imediatam

e

nt

e um

espetáculo

, e po r

outro

la do os críticos

qu

e têm

ap a

recido u

lt

imamente não

conhecem

re a

lmen

te

interpretação,

e por t

an

to

são

men os

út eis,

men

os

lúcid

os e

o pod

em auxiliar

a

qu

em fa z tea

tr o em

sua ta r

efa

de e

ncontrar

o

caminho cer

to .  P or

exe

m

plo, Moss ci

ta um crítico que

disse que

em

det erminado

espe tá culo

Eric Portma

n tinha ti do um a at

uação

mem or á.,

vel ,

muit

o embora não se pudesse entender a

maior

part e

de suas pa lavras . Ora, como

pode

se r

memo

rá vel o t r a

balho

de um atol que, numa a rte de com

unica

ção, não

se faz

entender pe

la

plat

éia?

Isso

indi

ca o

qu

e aco ntece

em muitas críticas

em

N .Y . , que

contêm

ju

lgamen

to s in ad

mi ssíveis. P or out ro

la d

o, se o crítico é rea l

men

te

comp

e

ten te , como foi J on Ma son Brown, então o atol , o di r et or,

o autor, todos t

êm

alguma coisa a lu cr ar com a

publi

cação

das crí tica

g) As gran des emoções não ex istem ma is n o teatro;

não há

ma

is

gr

a ndes peças,

não há ma i

s

grand

es

atua ções,

não há mais grande s estilos in ter pretativos, não há ma is

grandes momento

s de [ôgo entre dois

at

ôre s: o real ismo,

o

métod

o, as

eomêd

íazin

has comerc

iais, o

suc

esso do melo

drama , tudo

isto

está destr u indo a originalidade, a va ri e 

dad e, a amplitude   o t ea tr o t em e sem as quais não atuais exigências são gro tescas : Victor Borg e, que apa

rece

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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

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pod e subsistir .

Vend o que o tempo se

esgotara,

Arnold Moss r esoL

veu f

aze

r

um apanh

ad o rápido a r esp eito do

qu

e existe

de positivo no teatro am

ericano

a tua l, porque acha qu e

al

guma

co

isa

dá es

pe

ranças de m elhora:

tud

o de bom. de

excitan te. de desafiador, de r e almen t e vá lido está sendo

feito for a de Nova Io

rqu

e, ou pe lo menos for a da. Broad

way, onde volta e meia aparece um espe

tác

u lo qu e r eal

me

nt

e l

embra

a

todo

s o

qu

e o

tea

tr

o

dev

e s

er

. Mas em

São

Franci sco, em

Dalla

s , em Washington, em

cidad

es qu e

até

há b

em

pouco ' tempo nem sabiam o qu e

er

a te

at

ro,

e

stão

sendo fe ita s tenta

tivas

ousadas, es

tá-se

montando o

teatro clássico' de t

ôda

s as épo ca s e de t

ôda

s as nações,

e tamb ém au tores novos qu e sabem qu e o teatro tem de

se r um espelho e

uma

iluminação

para

a vida.

Êsses gr

up

os

trabalh

am em bases muito dif

erent

es' das

da Broadway. Muitos d êles têm subsídios de funda ções

pa rt iculares

como

a

Ford

ou a Guggenheim, e agora o go

vê rno começa a considerar a poss

ibil

idade de se subven

cionar as at ividades

artí

sticas . O E

stad

o de Nova I

orqu

e

é o

líd

er

no as

sunto,

po is

dotou

v

erba

s

para

e

spetáculos

do

City

Ballet, da N .1.

Phillarm

onic Orchestra e do

Phoenix Theatre, um tea tro for a da Broadway que t em

realizado

um

t rabalho de

grande

mérito . Há t ambém, os

Comun ty Ttieatres grupos

que

centralizam as ativídades

artí

sticas de pequenas localidades, assim como

todo

o

trabalho

dos te atros universitários , que mui ta s v êzes têm

teatros com

facilidades

técnicas de dei xa r qua lque r p ro .

fis

sional

com água na bôca , .

Nesses maravilhosos tea tros que estão aparecendo nos

pontos ma is r ecônditos do pa ís, os desenhos da 'casa. de

espetáculos são quase sempre de concepção inteiramente

moderna - não se

usa

mais o

arco

do pr osc ênio, traz-se

o e

spet

áculo

à

platé

ia e a

platéia

ao e

spetáculo

.

Faz

em-se

ex peri ências com novos métodos de m ontagem, novos tipos

de dr arn

aturgia

e de in t

erpreta

ção . Estão

procurand

o. en-

fim, fa zer um t e

atro

' r ealmente

vivo.

.

Nessa a

ltura perguntamo

s nó s: êsse movimento é su

fici entemente 'f or t e pa ra qu e aos

pouc

os a Broad

way

possa

sofrer-lhe a influência? A influência só poderá ch

egar

,a té

a Broadway possa sofrer

-lh

e a influência? A influ

ência

poderá chegar

at

é a Broadway quando a Br

oad

way t omar

al

guma

s providências, indispensáveis,

para tornar

a

se r

 

centro de teatro vivo, ' tais como: cortar os custos de

produção, cor ta r os cu

sto

s móvei s de operação,

plan

ej

ar

cad

a espe

culo cuidado

sament

e

para pod

er

ap roveitar

o

cap it al sem jogar dinh

eiro

fora , pois hoj e

tu d

o na

Broadw ay se faz na bas e da maior con fu são, o qu e sa i

c

ar i

ssimo .

Além

di sso,

cortar

os preços das entradas , or

ga nizar um n ôvo sistema de venda de

bilh

etes

pa ra

qu e

Dão seja necess

ária

essa espe ra de meses a fi o.

fo rmar

no

vas p

la t

éias, mod

er n

izar os te

at r

os , e acabar com os 15

'de impostos qu e o teatro paga, porque ningu

ém

cons eguiu

fazer o impô st o desap

ar e

cer depois do seu aparecim ento

com a última g

ue r

ra. E' pr eciso modificar os entendirrien

t os com os sindicatos dos vários

tr

abalhadores, porque as '

no pal co sozinho, com seu piano, no final da noite fazia

comparece r à cena , para os aplausos, os 17 té cnicos de bas

t idores

qu

e er a obrigado a con t

rata

r -

pa r

a faz

er nada

- só po

rq

ue seu espetáculo era considerado musicado

Po

r ou tro lado. o sind icat o dos

m úsicos

de Ch

icag

o consi

derou qu e

A T

 mp

estade

de Shak espe ar e, er

 

m mu sical,

po

rq

ue a mú si ca compo

sta

para o espetácu lo du

rava

23

minutos, e não os 22  aceit os como

limit

e m áximo par a

um a

peça não

-mu

sic

al .

Isso impli cou na

contratação

de

11 mú sicos qu e nada fa ziam . E as histórias nesse sentido

não infindáveis .

Qu ando

  Br

o

adwa

y c

ompr

e

end

er tudo i

st

o, e

stará

em

condições de aceitar o bom te

atro qu

e se está fa z

end

o longe

d

ela

nos E

st

ados Unidos, e é melhor

qu

e c

ompr

eenda logo,

pois no te

atro

americano de 1961, o

qu

e está em de cad ência

é a Bro

adw

ay .

Como podem

ve r

os senh or es leitores, Arno ld Moss

não ev it a encarar a

real

idade do assunto que escol

he

u .

E

de lam en tar qu e sua confe rê nc ia não tenh a sido divulgada

e que tenha sido r ealizada diante de um público tão

d

iminuto

.

  Tran

scrito

do

JORNAL

DO

BRASIL

- 19-8-61).

Page 40: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 40/41

Na coleção Corpo e Alma dá

Brasil

.

da

Editôra

Difusão Eu rop éia do Li

vro . vem de se r lan ç

ado

o livro de Sa

bato Ma

gald

í que leva o

título

acima.

O acontecimento é hi stórico: pel a pri

meira ve z. em 1962. um livro que pro

cura encontrar um a pe rspectiva crí

ti ca para o

teatro

brasil

eiro

, desde

suas origens.

é

escrito p

or

um cr itico

teatral

militant

e   no Rio,

Sabato

Ma

galdi

foi

critico

do Diár io Carioca, em

São

Paulo.

atua no Estado de São

Paulo . Segundo nota do autor, o li-

. vro fOi en comendado Pelo Ministr o

Laura Escorel . pa ra divul gação no ex

terior em outras lín guas. O qu e não

mud a o fa to de que a qu i o te mo s. em

português, par a consumo in te

rn

o.

No mom

en t

o de r e

ali

z

ar essa

t

ar e

-  

Ia , com qu e h á mui to son

hava, Sabato

Magaldí

tinha . é cla r o. que

ado

ta l um

ponto-de-vista qu e desse un idade à

m

at

ér i

a a se r com

en t

a da , e o escolhi

do é excele nte, a pr o

cur

a de

todos

os

t ênu es fi os que a os pou cos chegaram

  e há muit o pou co t e

mpo

a

forma

r

a m

eada

que se pode chamar de tea

tro

br asil eiro .

O

progress ivo

alij arn en

to de eleme

nt

os a lie nige nas, a h esi

tante . mas inexorável busca de con

teúdo forma ligados à na cíonali-

dade , a

constatação

inconsciente e

me smo

inde

sejada de que

para

um

  ainda eve ntual) grande

públicobr

a

sileiro só um teatro au t

ênticament

e

br asilei ro poderá s

er

vir , tudo isto Sa

ba to

 aga l dí procura

esclarecer. per

mi tind o qu e exe mplos que . tomados

isolad

am

en te, poderiam parecer se-m

maior

significação,

adquiram

sua

p

er

spectiva e

xata ao

se r em colocados

ao l

ado

de

ta n

tos

outro

s de

apar

ência

enganosamente fr ágil. .

Panorama do

Tea tr o B ra

sileiro

tem

uma gra nd e

virtude

. a de não pr eten

der

esgota

r o a ssunto em

suas

menos

dé 300 pág inas . e

outr

a , não ·menor .

de não pret

end

er modifi

ca r

a

fac

e do

uni

ver so: tô da a pequena liter atura

existente a re sp

eit

o de dr am a e do

t eatro no Br a sil fo i compulsa da e

ap roveitada no que ti nha de aprovei

tá vel, a ê

nfase

sendo colocada ma is

no que de bom do qu e no de

mau

ne

la ex ist ia . E, sem dúvida . se nte -se

um a , sér ia te nt ati va de maior objet i

vid ad e possível, sendo que part icular-

m

en t

e nos capítulos sôbr e os

prim

ór

dio s de nos

sa

hi

stória

dramática . o

repúdio de t ôda e qu

alqu

er

ad j eti

va

cão inútil faz com que uma quanti

dad e in acredit ável de informação e

  VROS

P NOR O

avaliação sej a concentrada em um es

paço qu e pareceria não

poder

nunca

conter t anto mater ia l. .

Sendo um critico, naturalmen te Sa

bato Ma galdi expres

sa

opin iões críti

cas a r espeito das obras incluidas nes

sa ten ta t iva de estruturação da evo

lução da

dramatur

gía e. portanto, não

ser ia pos sível que ,

aqui

e a li , não se

discordasse de alguma s de suas co n

clusões .

Tod avia, é

desnec

es s

ário acr

esceu

tal que quaisquer restrigões qu e

MO

possa faz

er

a Panorama do Teatro Hr a

s ile ir o não lh e tiram o m éri to.

P i

M o

va lor do

trab

alho, em seu todo. Mil   '

ra

far

tam

en te suas passiveis

fnl ll l l

ocasionais. Além de útil e digno do

mai or es

apl

au sos em si. o livr o li   •

' /I

ba to Ma galdi, par a re alizar lntc l r u

ment e sua missão. dever ia pr ovoca r  

a pa recimento, num futuro pr

óximo .

dI

novos es tudos

crítico

s a r csp elt »

d l

l

te a

tro brasil eiro. Tem os a i111Jl11 II

de qu e, para o próprio Sabato

Mil

nl

di, se r i a: ma is a

grad

ável c  

iH

 

0

 

0

so to

rn

ar -se um desa fi o do

 

clássico apenas.

 Do

Jornal

do B

ra

sil, de 7/ 11 

  J

Page 41: 020 - Cadenos de Teatro

7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 41/41

Publica ções

à

di sposição dos leitores na s

ecretaria.

de

O

TABLADO

.

CADE

RNOS

DE TE

ATRO

-

exe

mplar av u lso: 70,00;

As

sinatur

a (6

núm er

os) 400,00

Pedidos par a O T

ABLADO

,

à Av. Lin

eu de P

aula

Ma

ch

ad o,

79ó -

Ri o de J

an

ei

ro

, Est

ado

da

Guan

ab ar a .

  VROS

ARTIMANHAS DE SCAPINO

de

Moli êre, em excelente

tradu

ção de

Carlos Drummond

de Ad

rade

, publicada pelo

Ser

viç

o de Do

cumentação

do

Mini

st

ér i

o da Educação .

o

TEATRO DE UGO BETTI

-

Conferência proferida

pelo

prof. Fernando

Capecchi. no Curs o de

A rt e D ra m

áticà

da

Faculdade

de

Filosofia da Universidade

do

R

G. do

Sul

e

publ icada por

e

st a

entidade.

MÉTODO OU LOUCURA

de

Robert

Lewis.

tradu

ção de

Ba rbara Heliod

or

a, publicado pel a

Edit

ôr a Let ras e A rtes ,

e

ngl

oba ndo u

ma

sé r

ie de con

ferê

n cias do d

ir

etor a

mer

i

c

an

o, nas

qu

ai s

an

ali sa o m

étod

o de

St ani

sla

v

sky

.

A HARPA DE ERVA 

de

Truman

Capote, em tradução

de Fa u

sto

Cunha,

Editôra

Agir.

Analisa n

do o liv ro ,

escrev

e

Walmir

Ayala

:

.

 T RU

MAN

CAPOTE

não é f

ormalm

en te

um

autor de

t eatro .

Um

a

experiênci

a com teat ro m

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ins

tr

um e

nta. a

a ção

teatral ,

A ca

sa

do bode, de

J .

Carlos Li

sbo

a .

da E di tô ra Agir:

Auto

da

Compad

ecida,

de

A ri ano S ua

s

suna . .

.

Boda

s de

sangue

e

D . Ro

sita

, a so lte i ra, de F .

Garci

a

Dorca

. .

 

.

Di ário de An

ne

Fr

ank

, de Goodrich e Hacke tt . . .

Diálogo da s Carmelitas, de G . B

ernano

s .

A ha

rp a

de e

rva,

  de T

ruman

Cap ot e .

A lo

nga jo r

nada noit e a d

en

tro, de O N

eill

.

O living r oom , de

Graham

Gr eerie .

Natal na pr

aca

, de H

enri Ghéon

.

P ad

eir

a das

Alm

as e O Telesc

ópio

, de Jo rge de

And

rade .

O r in o

cero

nte. de Ionesco .

T

ea t

r o

infa

n

ti l

de M . C .

Machado

(A br u

xinha

qu e e

ra

boa ; O

ra

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da

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ebolinha

s; O

Ch

ap

êuz inho vermelho ; Pl uft , o fanta sminha

e O boi e o bu

rro

.

Teatro de M . C

lara

Ma chado (O ca

va

linho azu l;

A vo

lt a

do Ca

ma

leão

Alf

ace e O embarque

de

Noé

.

  r

130,00

250,00

200,00

250,00

200,00

250,00

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