(03a - NA Capitulo 03 - Orçamento detalhado de obras)

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CAPTULO 3 ORAMENTO DETALHADO DE OBRAS 3.1 Introduo Um oramento detalhado visa fornecer com mais perfeio a avaliao do custo, sendo considerados os custos relativos a cada servio a ser executado. Para a sua execuo so necessrias as informaes formecidas pelos projetos (arquitetnico, eltrico, hidro-sanitrio, estrutural, incndio, etc.) e pelas especificaes de materiais e tcnicas (memorial descritivo) O oramento de um projeto deve satisfazer aos seguintes objetivos: - definir o custo de execuo de cada atividade ou servio; - ser um documento contratual, servindo de base para o faturamento da empresa executora do projeto, empreendimento ou obra, e para sanar dvidas ou omisses quanto a pagamentos; - servir como referncia na anlise dos rendimentos obtidos dos recursos empregados na execuo do projeto; - fornecer, como instrumento de controle da execuo do projeto, informaes para o desenvolvimento de coeficientes tcnicos confiveis, visando ao aperfeioamento da capacidade tcnica e da competitividade da empresa executora do projeto no mercado. 3.2 Classificao dos custos de obras Em um oramento, os custos podem ser divididos em: - Custo Direto: gasto feito com insumos como mo de obra, materiais e, ainda, equipamentos. - Custo Indireto: somatrio de todos os gastos com elementos coadjuvantes necessrios correta elaborao do empreendimento. 3.2.1 - Custos Diretos de Produo So de trs tipos: - mo de obra; - materiais e equipamentos incorporados obra; - equipamentos de construo. 3.2.1.1 - Custo Direto da Mo de Obra A mo de obra representa parcela significativa do custo da produo, sendo que na construo civil ela atinge cerca de 40% do custo total de uma construo. O custo da mo de obra (CMO) pode ser estimado a partir do seu custo por unidade de tempo (CUT), da sua produtividade (PMO) e da quantidade de um determinado tipo de servio (QS) a ser realizado, ou seja: CMO = (QS / PMO) x CUT A produtividade da mo de obra pode ser obtida consultando-se revistas e livros especializados ou, ento, a partir de observaes e registro direto das quantidades de mo de obra e dos tempos gastos na execuo dos servios pelo empreiteiro, que forma, assim, o seu prprio banco de dados. O custo por unidade de tempo nada mais que o salrio horrio do trabalhador, acrescido de encargos sociais e trabalhistas especificados em lei que sero vistos mais a frente. J o salrio hora pode ser obtido por meio de levantamento feito na regio geogrfica onde se localiza a obra. 3.2.1.2 - Custo Direto de Materiais

Os materiais representam cerca de 60% do custo da construo, e o seu custo dependem do consumo e preo. O consumo de materiais depende fundamentalmente das condies de gerenciamento do projeto. Quanto ao preo, este depende das condies do mercado. 3.2.1.3 - Custos de Utilizao de Equipamentos de Construo O custo de utilizao de equipamentos de construo na execuo de obras resulta de dois outros casos: o custo de propriedade (equipamento adquirido por compra ou aluguel) e o custo de uso do equipamento (depreciao, manuteno, armazenagem, seguro).

3.2.2 - Determinao dos Custos Indiretos So subdivididos em custos indiretos no operacionais e operacionais. 3.2.2.1 - Custos Indiretos No Operacionais Relacionam-se com as atividades necessrias ao funcionamento da empresa como um todo, custos esses que devero ser rateados entre todas as obras que a empresa tem em andamento. a) Custos administrativos: - salrios da direo, do pessoal tcnico e do pessoal administrativo; - despesas de representao; - amortizao da compra ou aluguel do imvel sede da empresa; - material de consumo do escritrio; - energia eltrica e comunicaes; - despesas com manuteno do escritrio, oficinas de reparos e manuteno de equipamentos e depsitos para guarda de materiais e equipamentos. Obs.: As despesas com administrao central, so custos indiretos no passveis de generalizao para todas as empresas e obras. Qualquer taxa adotada, sem um estudo do caso particular em que seria aplicada, teria as seguintes limitaes: - nmero de obras que esto sendo executadas ao mesmo tempo pela empreiteira, quanto maior esse nmero, menores as despesas indiretas em relao ao custo direto total; - o tamanho da empresa, sendo razovel supor que as maiores tenham um custo indireto de administrao central relativamente mais alto que as menores; - a distncia da obra em relao a sede central. b) Custos comerciais: - promoo e propaganda comerciais, salrios e comisses de vendedores; - assessoria tcnica para vendas ou licitaes (honorrios, viagens e estadas) e despesas com apoio fiscalizao; - assessoria jurdica a contratos; - elaborao de propostas e de estudos tcnicos; - direitos de propriedade ou patente. c) Custos tributrios: - tributos, impostos e taxas. d) Custos financeiros:

- juros de emprstimo para financiar capital de giro ou aquisio de bens durveis, como equipamentos. 3.2.2.2 - Custos Indiretos Operacionais Relacionam-se com as atividades necessrias ao funcionamento da obra. So eles: - vistorias; - planejamento, programao e controle do projeto (inclusive cronogramas e oramento); - controle tecnolgico; - projetos - elaborao de desenhos e especificaes de arquitetura, geotecnia, fundaes, estruturas, paisagismo, montagem eletromecnica, instalaes (eltricas, gs, hidrossanitrias, ar condicionado, ventilao mecnica, etc.) - cpias heliogrficas, xerogrficas e fotogrficas; - despesas legais com licenciamento de obra, seguros, contratos, cartoriais, impostos, despachantes, certides, habite-se e ART do CREA; - mquinas e ferramentas para manuteno, peas de reposio e reparos, ferramentas de pequeno porte; - administrao do projeto, compreendendo pessoal (engenheiros, tcnicos, mestres, encarregados, apontadores, almoxarifes e vigias), transporte e consumo de energia eltrica, gua, telefone, material de limpeza, combustveis e lubrificantes, material de escritrio e medicamentos de primeiros socorros; - equipamentos de segurana; - limpeza permanente da obra; - retirada de entulho; - ligaes definitivas de gua, luz e fora, gs e esgoto; - arremates gerais. Obs.: Administrao local - so as despesas de apoio tcnico, administrativo e de superviso no prprio local da obra. As despesas de administrao local, ao contrrio das relativas administrao central, podem ser adotadas genericamente com base em experincia anterior. Isso quer dizer que h uma taxa de administrao local mais ou menos igual para todas as empresas. 3.3 Clculo de Leis Sociais Sobre o custo de mo de obra operacional (diretamente envolvida na execuo dos servios), incide uma taxa de Leis Sociais, basicamente uma soma de obrigaes legais e riscos inerentes ao contrato de trabalho. As Taxas de Leis Sociais e Riscos do Trabalho para os mensalistas compreendem-se de: A. ENCARGOS SOCIAIS BSICOS A.1. Previdncia Social 20,00% A.2. Fundo de Garantia por Tempo de Servio 8,00% A.3. Salrio Educao 2,50% A.4. Servio Social da Indstria (SESI) 1,50% A.5. Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) 1,00% A.6. Servio de Apoio Pequena e Mdia Empresa (SEBRAE) 0,60% A.7. Instituto Nacional Coloniz. e Ref. Agrria (INCRA) 0,20% A.8. Seguro contra os acidentes de trabalho (INSS) 3,00% A.9. SECONSI - Serv. Soc. da Indst.da Const.e Mobil. 1,00% A. Total dos encargos sociais bsicos 37,80%

B. ENCARGOS SOCIAIS QUE RECEBEM A INCIDNCIA DE A B.1. Repouso semanal remunerado 17,91% B.2. Feriados B.3. Auxlio enfermidade B.4. Acidente de trabalho B.5. Licena paternidade B.6. Licena maternidade B.7. 13 salrio B. Total dos encargos que recebem incidncia de A 4,12% 1,87% 1,40% 0,11% 0,08% 11,24% 36,73%

C.ENCARGOS SOCIAIS QUE NO RECEBEM INCIDNCIA DE A C.1. Depsito por despedida injusta 40% sobre [A2 + (A2*B)] 4,65% C.2. Aviso prvio indenizado 18,30% C.3. Frias 14,98% C. Total dos encargos que no recebem incidncia de A 37,93% D. TAXAS DAS REINCIDNCIAS D.1. Reincidncia de A sobre B (37,80% x 36,73%) D.2. Reincidncia de A2 sobre C2 D. Total de taxas de reincidncias E. DIAS DE CHUVAS E OUTRAS DIFICULDADES PORCENTAGEM TOTAL Vale transporte: [{C x N (S x 0,06)} / S] x 100 3.4 BDI Aps o clculo dos custos diretos (mo de obra, leis sociais inclusive, materiais e equipamentos), atravs das composies de preos, h necessidade de apurar e alocar os custos indiretos envolvidos na administrao dos negcios da empresa executante. Tais custos indiretos so chamados de BDI - Benefcio e Despesas Indiretas. O lucro planejado poder ou no estar includo no BDI. A aplicao genrica de uma taxa de BDI, sem considerar-se as particularidades da administrao e da estrutura financeira de cada empresa, pode causar distores srias na avaliao de oramentos de obras. Na definio do preo total a ser cobrado por determinada empresa pode-se, inclusive, partir-se de situaes em que algumas despesas indiretas j estejam cobertas. O lucro efetivo ser mais alto ou o preo a ser cobrado ser mais baixo. claro que o grau de concorrncia do mercado dever influir no resultado desse processo. Dessa forma, cada empresa, em funo de seu desempenho tcnico, econmico e administrativo deve definir um BDI prprio que a relao entre as despesas operacionais e o faturamento alcanado. A seguir, apresentamos os aspectos a serem levados em conta na determinao da taxa de despesas indiretas ou de um critrio mais ou menos nico no oramento dessas despesas. Podemos classificar as despesas indiretas de uma empresa construtora da seguinte forma: Administrao central - so as despesas com apoio tcnico, superviso e administrao do escritrio central da empresa. Compreendem os itens de: a) rateio das despesas com escolha e suprimento de materiais e equipamentos;

13,88% 1,55% 15,43% 1,50% 129,39%

b) pessoal tcnico e administrativo ligado diretamente obra; c) comunicao e locomoo do pessoal do escritrio obra, alimentao, hospedagem, etc.; d) rateio das despesas com pessoal ligado parcialmente a obra: contabilidade, diretoria, oficina central de equipamentos, depsito central, assessoria jurdica, de sistemas, etc.; e) rateio das despesas gerais do escritrio central: aluguis, manuteno e operao de escritrio, impostos, taxas gerais, etc.; As despesas com administrao central, so custos indiretos no passveis de generalizao para todas as empresas e obras. Qualquer taxa adotada, sem um estudo do caso particular em que seria aplicada, teria as seguintes limitaes: a) nmero de obras que esto sendo executadas ao mesmo tempo pela empreiteira, quanto maior esse nmero, menores as despesas indiretas em relao ao custo direto total; b) o tamanho da empresa, sendo razovel supor que as maiores tenham um custo indireto de administrao central relativamente mais alto que as menores; c) a distncia da obra em relao a sede central. Administrao local - so as despesas de apoio tcnico, administrativo e de superviso no prprio local da obra. As despesas de administrao local, ao contrrio das relativas administrao central, podem ser adotadas genericamente com base em experincia anterior. Isso quer dizer que h uma taxa de administrao local mais ou menos igual para todas as empresas. Custos Financeiros - so possveis de serem calculados previamente para todas as empresas concorrentes em uma determinada obra. Transporte de Pessoal - custos decorrentes da necessidade de transportar pessoal, diretamente envolvidos na obra, dos alojamentos para as frentes de trabalho e ao final do perodo destas, de volta aos alojamentos. Esses custos so, portanto, funo da distncia da obra aos locais onde h mo de obra disponvel. 3.5 Levantamento dos quantitativos de servios Ao receber o projeto, o oramentista dever calcular as medidas lineares, de superfcie e de volumes ou saber em seus servios quantos m, m2, m3, kg e un estaro decompostos seus elementos. A priori, um bom oramento se fundamenta em um bom levantamento das quantidades de servios. Tendo como base os projetos e memoriais descritivos, efetua-se: - anlises dos desenhos e seus memoriais descritivos; - identificao dos servios e suas dimenses. Na hora da elaborao de uma planilha oramentria, um check-list pode ser bastante til permitindo identificar as etapas principais da obra de maneira que se possa relacionar os servios necessrios de cada etapa contrutiva. Uma seqencia que pode ser seguida a do TCPO:01 Servios preliminares 02 Instalao do canteiro 03 Movimentos de terra 04 Servios gerais internos 05 Infra-estrutura 06 Superestrutura 12 Impermeabilizao 13 Isolamento trmico 14 Forro 15 Revestimento de paredes internas 16 Revestimento de paredes externas 17 Pisos

07 Paredes e painis 08 Esquadrias de madeira 09 Esquadrias metlicas 10 Vidros 11 Cobertura

18 Instalaes hidrossanitrias 19 Instalaes eltricas 20 Pintura 21 Servios complementares externos 22 Equipamentos

3.6 Composio de preos unitrios dos servios A Composio do Custo Unitrio baseia-se na decomposio do projeto em conjuntos ou partes, de acordo com apropriaes. A Composio do Custo unitrio feita a partir de coeficientes tcnicos de consumo extrados de publicaes especializadas ou apropriados por cada empresa, pelo processo de experincia e erro, em funo do planejamento e do controle dos projetos por ela executados. A elaborao de um oramento tarefa complexa que cresce devido aos seguintes fatores: - baixa especializao da mo de obra, dificultando a obteno de nveis uniformes de produtividade; - falhas e omisses na administrao dos projetos, gerando freqentes alteraes no planejamento da sua execuo, nos tipos e quantitativos de materiais e nos tipos de mo de obra; - grande quantidade de atividades a serem executadas, gerando diferentes tipos de trabalho de difcil quantificao; - variao contnua de preos e insumos. Nessa etapa da montagem do oramento, alguns conceitos tm que ser bem entendidos: - servios: so atividades a serem executadas para a construo da obra; - composies: a unio dos insumos necessrios para se executar uma unidade do servio. O TCPO uma referncia que pode ser empregada. - insumos: so itens como materiais, mo de obra e equipamentos que fazem parte da composio do servio. Os insumos possuem uma unidade de medida e um coeficiente de consumo adequado para cada servio; - consumo: o ndice requerido por insumo que est inserido na composio para a realizao da unidade do servio. Na Figura 3.1 se apresenta um exemplo de uma composio unitria do servio de bloco de concreto aparente de 19 cm. 3.7 Montagem de planilha oramentria Uma vez levantados todos os quantitativos dos servios a serem executados com as respectivas composies unitrias de preos deve-se compor a planilha oramentria que deve constar dos dados de identificao da obra, os servios, as quantidades, os preos unitrios, os preos totais dos servios e o preo final para execuo do empreendimento. Na Figura 3.2 apresenta-se um exemplo de uma planilha oramentria.

Servio: Bloco de Concreto Aparente 19cm A - Mo de Obra Pedreiro Serventes Un h h ndice 0,63 0,63

Unidade: m Preo Unit. R$ 2,22 R$ 1,49 SOMA Total R$ 1,21 R$ 0,82 R$ 2,03 R$ 2,56 R$ 4,59

Encargos Sociais (126,10%) Total da Mo de Obra B - Materiais Bloco de concreto 19x19x39 Cimento Areia un kg m 13 2,5 0,1216 R$ 0,88 R$ 0,20 R$ 24,90

R$ 11,44 R$ 0,50 R$ 3,03 R$ 14,97

Total dos Materiais C - Equipamentos / Ferramental Betoneira 380 l Ferramentas diversas h vb -

Figura 3.2 Exemplo de planilha oramentria.

R$ 19,56

Total dos Equipamentos / Ferramental D - Total dos Custos Diretos (A + B + C)

E - Custos Indiretos (por exemplo: 70,50% s/ a somatria de todas as CPU's desta obra) Soma D + E F - Taxas do BDI (por exemplo 30,00% s/ D + E) TOTAL GERAL D + E + F (Preo de Venda)

R$ 13,79 R$ 33,35 R$ 10,01 R$ 43,36

Figura 3.1 Exemplo de CPU.