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    Ms das Almas do Purgatrio

    Mons. Dr. Jos Basilio Pereira

    10.a EDIO 1943

    Editora Mensageiro da F Ltda. Salvador Baa

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    NIHIL OBSTAT: Baa, 19 de Julho de 1942

    FREI BRUNO MOOS, O. F. M. Cens. Dioc.

    REIMPRIMATUR Baa, 20 de Julho de 1942

    MONS. ANNIBAL MATTA - Pro-Vig. Geral

    DIREITOS RESERVADOS

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    MS DAS ALMAS DO PURGATRIO

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    Para as pobres almas, que sofrendo esto,

    Bom Jesus, no falte vossa compaixo.

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    INTRODUODoutrina da Igreja Catlica

    I

    Existncia do Purgatrio

    I. O Purgatrio um lugar de sofrimento em que as almas dos que morrem em estadoda graa, mas sem haver satisfeito justia divina quanto pena temporal incorrida porseus pecados, acabam de se purificar, solvendo essa dvida para poderem ser admitidasno Cu, onde conforme a Escritura, s entrar quem for puro.

    II. As provas da existncia do Purgatrio podem ser tomadas :

    1. DA ESCRITURA SAGRADA. O Antigo Testamento mostra-nos Judas Macabeurecolhendo doze mil dracmas, espolio de uma vitria memorvel, e remetendo-as paraJerusalm, a fim de que se oferecessem sacrifcios pelas almas dos que haviam perecidono combate, por ser, dizia ele, um pensamento pio e salutar o de orar pelos mortos para

    que se resgatem de suas faltas.O Novo Testamento refere-nos estas palavras de Jesus Cristo bem claras e precisas: Hpecados que nunca so remetidos, nem neste mundo nem no outro. (Mat. 12) Haver,portanto, pecados que sero perdoados na outra vida. No so menos frisantes estasoutras palavras da parbola do credor: H uma priso donde no se sair seno quandose tiver pago o ceitil derradeiro. (Mat, 18). E estas de So Paulo: Haver no ltimo diaum fogo que destruir as obras de certas almas, que s ento salvar-se-o. (Cr, 3.)

    2. DA TRADIO INTEIRA, qual deu o Concilio de Trento esta ratificao infalvel:

    Se algum pretender que todo pecador penitente, quando recebe a graa da

    justificao, obtm a remisso da culpa e da pena eterna de tal sorte que no ficadevedor de nenhuma pena temporal a sofrer na terra ou na vida futura no Purgatrio,antes de entrar no reino dos Cus: seja antema ! (Sess. 6.a)*

    3. DA RAZO, finalmente, como So Boaventura com sua lucidez ordinria expe nestestermos:

    O Purgatrio deve existir por muitas causas:

    A primeira, como observa Santo Agostinho, que h trs ordens de pessoas: Umasinteiramente ms, e a essas no aproveitam os sufrgios da Igreja; outras inteiramenteboas, que no precisam de tais sufrgios; outras, enfim, que no so de todo ms, nem detodo justas e a estas cabem as penas passageiras do Purgatrio, porque suas faltas soveniais.

    A segunda causa a prpria justia de Deus, porque, assim como a soberana bondadeno sofre que o bem fique sem remunerao, assim a suprema justia no permite que omal fique sem nenhuma punio...

    A terceira razo para que haja um Purgatrio a sublime e santssima dignidade da luzdivina que somente olhos puros devem contemplar. preciso, pois, que volte cada um sua inocncia batismal, antes de comparecer na presena, do Altssimo.

    Alm disso, todo pecado ofende a Majestade Divina, prejudicial Igreja edesfigura em ns a imagem de Deus.

    *O escritor no cita ipsis verbis os textos, mas d seu sentido exato. (Do Trad.)

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    Ora, toda ofensa pede um castigo, todo dano uma reparao, todo mal um remdio;portanto necessrio tambm (neste mundo ou no outro) uma pena que corresponda aopecado.

    Demais, os contrrios ordinariamente curam-se com os contrrios, e como o pecadonasce do prazer, o castigo vem a ser o seu remdio natural.

    A ningum pode aproveitar a negligncia, que um defeito, e, se tal defeito no fossepunido, pareceria de vantagem para a vida futura no cuidar de fazer penitncia nestemundo. (Comp. teol., 7).

    II

    Penas do Purgatrio

    A revelao que nos fala claramente da existncia de um Purgatrio no se explica toclaramente sobre o estado em que se acham as almas que precisam de purificar-se; nopodemos, portanto, saber com exatido nem onde elas sofrem, nem o que sofrem, nemde que modo sofrem.

    S podemos afirmar que as penas do Purgatrio so extremamente graves e de duas -espcies: a primeira, a mais insuportvel, diz o Conclio de Florena, a privao deDeus.

    A necessidade de ver e possuir a Deus, que a alma, desprendida do corpo, compreendeser o objeto nico de sua felicidade: essa necessidade se faz sentir a todas as nossasfaculdades com uma fora extraordinria.

    uma sede ardente, uma fome devoradora, um vazio medonho, uma espcie deasfixia produzida pela ausncia de Deus, que o alimento e o ar de nossa alma.

    A segunda uma dor que pe a alma em torturas mais cruis do que as que os tiranos

    infligiam aos mrtires.

    A Igreja no definiu a natureza desta dor, mas permite ensinar-se geralmente que h noPurgatrio, como no inferno, um fogo misterioso que envolve as almas sem consumi-las;e, diz La Luzerne, conquanto no seja um artigo de f, todas as autoridades do tantopeso doutrina de um fogo expiatrio que seria temeridade desprez-la.

    III

    Causas do Purgatrio

    So duas as causas do Purgatrio:

    1.a A falta de satisfao suficiente pelos pecados remetidos. de f que Deus, perdoandoos pecados cometidos depois do batismo e a pena eterna devida a esses pecados quandoso mortais, deixa ordinariamente ao pecador j reconciliado a dvida de uma certa penatemporal que ele h de solver nesta vida ou na outra.

    2.a Os pecados veniais de que os justos podem estar maculados quando partem destemundo.

    IV

    Estado das almas do Purgatrio

    Conquanto padecendo os mais cruis tormentos, no se abandonam as almas doPurgatrio impacincia nem ao desespero: esto na graa e na caridade, e sua vontadetanto se conforma com a vontade divina, que elas querem com alegria tudo o que Deus

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    quer. Adoram a mo que as castiga e, por mais desejos que tenham de seu livramento,no o almejam seno na ordem dos decretos divinos. Consolam-se com a certeza quetem de no ofender mais a Deus e de ir um dia possu-lo no Cu por toda a eternidade.

    V

    Durao das penas do Purgatrio

    Essas penas duraro pouco em relao s penas do inferno que so eternas, mas,consideradas em si mesmas, podem durar muito tempo. A Igreja autoriza os sufrgios deaniversrio por muitos anos e at durante sculos: o que faz supor que as almas podemficar todo esse tempo no Purgatrio. Autores respeitveis, entre outros Belarmino,admitem que haja pecadores detidos no Purgatrio at o fim do mundo.

    VI

    Boas obras em favor das almas do Purgatrio

    H entre os fieis vivos e os fieis mortos comunicao das boas obras.

    A Igreja catlica, esclarecida pelo Esprito Santo, aprendeu nas divinas Escrituras ena antiga Tradio dos Santos Padres e tem ensinado nos grandes Conclios que h umPurgatrio e que as almas detidas nesse lugar so socorridas pelos sufrgios dos fiis eprincipalmente pelo precioso Sacrifcio do Altar. (Conc. Trent. sess, 25.)

    O corpo mstico de Jesus Cristo se compe de trs Igrejas bem distintas: a Igrejatriunfante no Cu, a Igreja padecente no Purgatrio, a Igreja militante na terra. EssasIgrejas, distintas em razo de sua situao diversa, compem realmente um s corpo, doqual Jesus Cristo a cabea; em virtude da comunho dos Santos, que professam nosmbolo, elas se prestam mtuo auxilio. Tal a magnfica harmonia do corpo da Igrejacatlica.

    No poderamos nunca, diz o catecismo romano, exaltar e agradecer devidamente ainefvel bondade divina que outorgou aos homens o poder de satisfazer uns pelosoutros e pagar assim o que devido ao Senhor.

    VII

    As oraes das almas do Purgatrio

    certo que as almas do Purgatrio no podem merecer para si, mas ensinamcomumente os telogos, diz Monsenhor Devie, que se lhes pode fazer splicas e queDeus se digna atend-las, quando elas exercem a caridade para conosco, pedindo o que necessrio. Os Santos no Cu, acrescenta esse prelado, no podem merecer para si;entretanto eles pedem por ns. a doutrina de Belarmino, de Suarez, de Lessio e deLiguori.

    As almas que pensam, diz Belarmino, so santas, oram como os Santos; e so escutadasem razo de seus mritos anteriores.

    A opinio de que as almas do Purgatrio oram por ns, diz Suarez, muito pia e muitoconforme ideia que temos da bondade divina: no em nada errnea.

    Os mortos, observa ainda Belarmino, podem vir em nosso auxilio, porque os membrosdevem imitar a cabea, o chefe Jesus Cristo... H-de se dar a reciprocidade entre osmembros de um mesmo

    corpo: assim como na Igreja os vivos socorrem os mortos, os mortos devem socorrer osvivos, cada um a seu modo.

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    Todavia, a Igreja em seu culto externo no pratica a invocao das almas do Purgatrio.

    VIII

    Aparies das almas do purgatrio

    1. Estas aparies esto na ordem, das coisas que Deus pode permitir, e no repugnam

    a nenhuma das suas perfeies.Mas as almas do Purgatrio, privadas dosseus corpos, no podem por fora prpriaentrar em comunicao com o mundo sensvel: preciso um prodgio para que isto serealize.

    2. A Sagrada Escritura faz meno de aparies de mortos como de Samuel a Saul, deJeremias e do gro-sacerdote Onias a Judas Macabeu, de muitos que saram do tmulona morte de Jesus Cristo e foram vistos em Jerusalm.

    3. Um grande nmero de aparies que se contam so imaginrias, mas certo que astem havido verdadeiras, at mesmo em tempos no remotos. Santo Agostinho, S.Bernardo, S. Gregrio Magno e S. Liguori referem vrias, e seria mais do que temerrioacus-los de mentira ou de imbecilidade. S. Toms diz: As almas dos mortosmanifestam-se algumas vezes por uma disposio particular da Providencia para seocuparem de coisas humanas.*

    4. A Igreja no condenou, em tempo nenhum, esta crena. Cumpre dizer tambm queela nunca sancionou com sua autoridade a autenticidade absoluta de nenhuma apariocitada pelos Santos.

    5. Sendo as almas do Purgatrio santas, boas e caritativas conosco, quando tm de Deusa permisso de nos aparecer no evidentemente seno para testemunhar seu amor ouinvocar o nosso: longe, pois, de nos causar terror, uma apario deveria alegrar-nos.

    Assim devemos ter como alucinao fantasmagrica, conto de pura inveno, todaapario que s tenha por fim apavorar os vivos. uma indignidade prestar este papel aalmas santas.

    * portanto, contrria ao ensino da Igreja, alm de humilhante e afrontosa aos destinos e condio das almas dos finados, a

    doutrina do espiritismo que d aos mdiuns o poder de as chamar ao mundo a fazerem revelaes. A Igreja tem por vrias

    vezes condenado esse erro e suas funestas prticas e, ainda recentemente, ocupou-se do assunto o Instituto Psicolgico deParis, nomeando para estud-lo uma comisso que a esse fim celebrou 60 sesses, nas quais tomou parte o medium maisafamado da Europa e cujo resultado Gustavo Le Bon, que um eminente cientista e no um clerical nos Annales de SciencesPsychiques, resume na seguinte concluso: O que h de certo no espiritismo ter abalado milhares de mioleiras que j noestavam muito slidas. (Do Trad.)

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    ORAES PARA CADA DIA DO MS

    Em nome do Padre, e do Filho e do Esprito Santo. Amem.

    Senhor, preparai e fortalecei nossos coraes com a abundncia de vossa graa, a fim deque, penetrando, em esprito de f, caridade e compaixo, nas tristes prises doPurgatrio, possamos levar aos fieis que nele sofrem os tesouros de sufrgios que do

    alvio a seus padecimentos, glria vossa divina Majestade, consolao e paz a nossasalmas.

    V. Vinde, Senhor, em meu auxilio.

    R. Deus, acudi em meu socorro.

    V. Dai s almas o repouso, Senhor.

    R. E da luz eterna o esplendor.

    V. Descansem em paz.

    R-. Amem.

    ORAO

    santa e augustssima Trindade! Jesus! Maria! Anjos benditos; Santos e Santas doParaso, alcanai-me as seguintes graas que peo pelo Sangue de Jesus Cristo: Fazersempre a vontade de Deus;

    Viver estreitamente unido com Deus;

    Pensar incessantemente em Deus;

    Amar sobre todas as coisas a Deus;

    Fazer tudo por Deus;

    Procurar s a gloria de Deus;

    Fazer-me santo por amor de Deus;

    Reconhecer minha misria e o meu nada; Conhecer cada vez mais a vontade de meuDeus.

    Santa Maria, oferecei ao Eterno Padre o Sangue precioso de Jesus Cristo pela salvao deminha alma, pelas santas almas do Purgatrio, pelas necessidades da Santa Igreja, pelaconverso dos pecadores, pelo mundo inteiro.

    L-se a Meditao prpria do dia, cuja srie se encontra adiante, e reza-se, depois esta

    Salve RainhaPELOS MORTOS

    Salve, Rainha, Me de misericrdia, vida, doura, esperana nossa, no s neste vala delgrimas, porm ainda no lugar de nossa expiao, salve! A vs clamamos, Consoladorados aflitos; a vs suspiramos, gemendo e chorando por nossos irmos que sofrem noPurgatrio. Esses vossos olhos misericordiosos volvei a eles, Advogada nossa; e mostrai-lhes Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Isto vos rogamos encarecidamente por eles, clemente, piedosa, doce Virgem Maria! Intercedei pelos mortos, Santa Me de Deus,para que entrem j nogozo das promessas de Cristo. Amem.

    ORAO Jesus, abandonado de todos e at de vossos apstolos no Jardim de Getsmani, dignai-vos lanar os olhos de misericrdia sobre as almas do Purgatrio, em particular sobre as

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    Santos Pontfices e Confessores, rogai pelos fieis defuntos.

    Santa Maria Madalena, rogai pelos fieis defuntos.

    Santa Catarina, rogai pelos fieis defuntos.

    Santas Virgens e Vivas, rogai pelos fieis defuntos.

    Santos todos e Santas de Deus, intercedei pelos fiis defuntos.

    Sede propcio: perdoai-lhes, Senhor.

    Sede propcio: escutai-nos, Senhor.

    De todo o mal, livrai-os, Senhor.

    Da vossa ira, livrai-os, Senhor.

    Do ardor da fogo, livrai-os, Senhor.

    Da regio das sombras da morte, livrai-os, Senhor.

    Por vossa admirvel conceio, livrai-os, Senhor.

    Por vosso nascimento, livrai-os, Senhor.

    Por vosso nome dulcssimo, livrai-os, Senhor.Pela multido de vossas misericrdias, livrai-os, Senhor.

    Por vossa Paixo acerbssima, livrai-os, Senhor.

    Por vossas chagas sacratssimas, livrai-os, Senhor.

    Pela morte ignominiosa com que, morrendo, vencestes nossa morte,

    Pecadores: ns vos rogamos, atendei- nos.

    Vs que absolvestes a pecadora e escutastes o bom ladro, ns vos rogamos, atendei-nos.

    Vs que salvastes gratuitamente todos os que esto salvos, ns vos rogamos, atendei-nos.

    Que absolvais de todos os seus pecados e penas aos nossos parentes, propnquos ebenfeitores, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que vos digneis lembrar-vos e compadecer-vos de todos os fiis defuntos que no somais lembrados na terra, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que outorgueis a todos os que descansam em Cristo o lugar de refrigrio, da luz e da paz,ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que convertais sua tristeza e luto em alegria, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que vos digneis coroar sua aspirao, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que os faais bendizer-vos de tudo e vos oferecer para sempre o sacrifcio do vossolouvor, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que os eleveis ao grmio dos vossos escolhidos, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Filho de Deus, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Fonte de piedade, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Vs que tendes a chave da morte e do inferno, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai o repouso aos fiis defuntos.

    Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai o repouso aos fiis defuntos.

    Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai aos fiis defuntos o repousoeterno.

    Jesus Cristo, ouvi-nos.

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    Jesus Cristo, atendei-nos.

    Senhor, tende piedade de ns.

    Jesus Cristo, tende piedade de ns.

    Senhor, tende piedade de ns.

    Padre-Nosso

    V. Das portas do inferno,

    R. Salvai as suas almas, Senhor.

    V. Descansem em paz.

    Amem.

    V. Senhor, escutai a minha orao,

    R-. E chegue at vs o meu clamor.

    OREMOS

    Deus, que perdoais aos pecadores e quereis a salvao dos homens, de vossaclemncia imploramos que, pela intercesso da bem-aventurada sempre Virgem Maria ede todos os vossos Santos, leveis eterna bem-aventurana nossos irmos, parentes ebenfeitores que tem partido deste mundo. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amem.

    Querendo orar especialmente por um defunto:

    Inclinai-vos, Senhor, a ouvir as humildes preces com que solicitamos vossa misericrdia,para que transporteis regio da paz e da luz a alma de vosso servo .............. queretirastes deste mundo, e a faais participante da felicidade dos Santos. Por Cristo NossoSenhor. Amem.

    Por uma defunta:Ns vos suplicamos, Senhor, por vossa misericrdia, que vos amerceeis da alma de vossaserva .............................. e, tendo-a libertado da corrupo da vida mortal, lhe deis a posseda salvao eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amem.

    Salmo DeProfundis:

    Do profundo abismo, em que me achava, clamei por vs, Senhor: Senhor, ouvi a minhavoz.

    Inclinem-se vossos ouvidos atentos ao clamor de minhas splicas.

    Se considerardes nossas iniquidades, Senhor: Senhor, quem se poder sustentar?

    Mas em vs se encontra a propiciao, e Vossa lei me anima a confiar em vs, Senhor.

    Minha alma descansou na palavra do Senhor e nele ps toda a sua esperana.

    Espere assim Israel no Senhor, desde o raiar da aurora at o mais escuro da noite.

    Porque o Senhor todo misericrdia, e copiosa a graa de sua redeno.

    E ele mesmo h de remir Israel de todas as suas iniquidades.

    V. Dai-lhes o descanso eterno, Senhor,

    R. E da luz perpetua o esplendor.

    V. Da porta do inferno,R. Livrai, Senhor, suas almas.

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    V. Descansem em paz.

    R. Amem.

    V. Ouvi, Senhor, a minha orao,

    R. E chegue a vs o meu clamor.

    ORAO Deus, Criador e Redentor de todos os fiis, concedei s almas de vossos servos e servasa remisso de todos os seus pecados, a fim de que, pelas humildes splicas de vossaIgreja, obtenham o pleno perdo que sempre esperaram de vossa infinita misericrdia.Vs que viveis e reinais por todos os sculos dos sculos. Amem.

    V. Dai-lhes o descanso eterno, Senhor,

    R. E da luz perpetua o esplendor.

    V. Descansem em, paz.

    R. Amem.

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    LEMBRANA DAS ALMAS DO PURGATRIO

    DIA 1

    A viglia dos mortos

    Acabo de ler a tocante denominao da festa de amanh: Comemorao dos mortos,lembrana dos finados.

    A Igreja catlica no quer que sejamos ingratos e esquecidos, e por isso criou esta festadas recordaes, festa pia dos coraes amantes.

    Sede bendita, Santa Igreja, que depois de nos terdes assistido at nossa hora derradeirae depois de nos haverdes cerrado os olhos, ainda cuidais de ns: trazendo-nos lembrana daqueles que em vida tanto amamos, e dando-lhes os meios de nos aliviareme at obrigando-os a pensar em ns!

    Os hereges abandonam os seus, quando a morte lhos arrebata: desde que cessam de v-los, no se interessam mais por eles. Para os descrentes e hereges tudo se acaba nessahora: no podem oferecer mais nada a seus mortos e, se, no momento da separao, noousam julgar admitido no cu o companheiro que perderam, desde logo cessou tudo, slhes restam as lgrimas!

    Ah! as lgrimas so para os vivos, desafogam o corao, mas, sem as oraes, as lgrimas

    de nada servem aos mortos.Sede, pois, bendita, Santa Igreja catlica! Sede bendita por nos trazerdes, no meio dasagitaes de nossa vida material, como um eco de alm-tmulo, esse grito to tocanteem sua simplicidade:

    Tende compaixo de ns, vs ao menos, amigos de outrora, porque a mo do Senhorse descarregou sobre ns.

    Sede bendita Santa Igreja catlica, por nos dardes os meios de sermos teis queles queDeus chamou a si.

    Se a crena no Purgatrio no existisse, o corao humano, pela voz de suas mais ntimas

    necessidades e de seus mais nobres instintos, o inventaria, fosse embora s parasuavizar a morte e para fazer a luz na tristeza e no crepe dos funerais. Antigamente, em

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    algumas comunidades religiosas, deixava-se desocupado na capela e no refeitrio,durante quarenta

    dias, o lugar de um irmo que falecia: na capela faziam-se-lhe as saudaes do costume,como se ele fora presente; dava-se-lhe o sculo de paz, e se dizia em sua direo orequiescant in pace do ofcio coral.

    No refeitrio serviam-lhe sua rao diria e, todos os dias, acabada a refeio comum,vinha um pobre com-la de joelhos, orando pelo finado.

    Ns desejamos tambm, durante este ms, convidar-vos para o nosso lar, mortosqueridos ! queremos ocupar-nos de vs, orar convosco, trabalhar convosco!

    Daremos igualmente aos pobres, pelo repouso de vossa alma, a parte que vos tocaria emnosso labor cotidiano.

    DIA 2

    Lembrana dos mortos

    No esqueais vossos mortos, vs a quem eles tanto amaram! Vi estas palavrasgravadas, na porta de um cemitrio, aos ps de um crucifixo, e me despertaram umasrie de pensamentos de tristeza, de confuso e de remorso !

    No esqueais vossos mortos, que tanto vos amaram! Estas palavras se deveriamescrever, no s na porta do cemitrio em que repousam seus corpos, aguardando aressurreio, mas ainda em cada um dos mveis que temos ao redor de ns e que deles

    recebemos.Neste aposento. No foi ele, esse finado talvez j esquecido, esse pai que queria tanto;no foi ele quem o disps tal qual est proporcionando-nos tantas comodidades?

    No- foi nesse leito que ele exalou o ltimo suspiro, que nos disse o derradeiro adeuse que nos deu a sua ultima beno?

    Nestes moveis. No foi essa me, de quem talvez j no nos lembrvamos, quem oscomprou para ns? Evoquemos nossas recordaes: foi para a festa de nosso dia deanos: ela fizera economias, condenara-se a privaes para nos adquirir esses objetos,porque uma vez lhe manifestamos vagamente o desejo de possu-los.

    Nesta cadeira. No a que ela ocupou em seus ltimos dias, donde tanto nosacariciava? Esse lugar junto mesa no era o seu?

    Neste oratrio. No era aquela boa irm, menina to piedosa, quem o ornava? Nsvnhamos rezar ali com ela e, chamados por ela, vnhamos todos, pai, me, os irmospequenos... e agora, est abandonado talvez... como a lembrana daquela que j no podemais orar conosco.

    Neste crucifixo que guardamos como uma relquia, No recebeu ele os sculosderradeiros de um pai, de uma me, de um filho?

    meus mortos mui queridos, com que dita eu acolho estas recordaes que me

    comovem, consolando-me? com que prazer eu vos revejo em esprito e peo a Deusvosso alvio, vossa paz, vosso repouso eterno!

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    16 Ms das Almas do Purgatrio

    Se o tivsseis querido, Senhor, estes seres to amados, viveriam ainda e estariam junto ans!

    Eu me resignei vossa santa vontade: aceitai em ateno a esta resignao dolorosa,mas submissa, recebei as oraes que por eles fao hoje e quero fazer todos os dias destems.

    DIA 3

    Lembrana dos mortos

    A lembrana dos mortos um encanto para o corao.

    Uma animao para o trabalho.

    Um conforto para as horas do cansao.Um freio para o mpeto das paixes.

    Quantas vezes, vendo um rfo crescer e desenvolver-se na inteligncia e no corao,dizem os amigos da famlia: Oh! se os pais o vissem, como se julgariam felizes !

    Quantas vezes, tambm ns temos dito nessas horas em que, aflitos, no encontramosum corao que se nos abrisse e com o qual desafogssemos: ah! se minha me aquiestivesse, eu no sofreria tanto! se meu irmo, se minha irm, se meu amigo vivesse, noestaria agora abandonado!

    Qual de ns se no surpreendeu j num desses momentos de angstias que atravessam

    toda a existncia humana, exclamando: Meu pai! minha me!At em nossas alegrias, em nossos triunfos, acaso no ternos repetido s vezes: Se minhame me visse, que prazer teria!

    Recordaes to caras, embora to dolorosas, vs rejuvenesceis minha vida!

    Quantas vezes, um bilhete velho de um amigo de infncia, uma carta, principalmentede pai ou me, demonstrando-nos sua afeio, dando um conselho, fazendo umaadvertncia, carta deparada por acaso no fundo de uma gaveta, levou-nos de novo aesses dias passados em que vivemos todos juntos, trabalhando e sofrendo unidos, eajudando-nos uns aos outros! E essas recordaes nos despertaram tambm a de que

    no fomos sempre bastante indulgentes, bastante obedientes e amantes: e pusemo-nos acorrigir os erros.

    Oh! no ser estril a lembrana de hoje! Meu pai, minha me, vou reler vossas cartas,escutar vossas advertncias, e a satisfao que no vos dei, quando estveis a meu lado,vs a tereis agora.

    Conta-se de uma me que, na idade em que a filho comeava a compreender e sentir, olevou em frente ao retrato do pai e lhe disse: Jura que te esforars para ser digno dele!

    O menino jurou, e, por vezes, se detinha ante o retrato que parecia olh-lo, e assim ointerpelava: Meu pai, est contente comigo?

    Eis a minha promessa de hoje: Sim, eu me farei digno de vs, meus mortos muitoamados! Vs me haveis de ver fiel a Deus, fiel a meus deveres, fiel aos vossos exemplos.

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    17 Ms das Almas do Purgatrio

    DIA 4

    Relaes com os mortosSe a lembrana dos mortos to grata, se tem tanta fora para nos determinar a fazer obem, que ser o pensamento ntimo de nossas relaes de cada instante com eles?

    A doutrina catlica oferece a perspectiva mais consoladora sobre essa estreita e afetuosacomunicao das almas dos escolhidos, que comea alm-tmulo e prossegue na bemaventurana eterna.

    O ensino da Igreja nos permite crer que nossos defuntos no esto ausentes, mas apenasvelados e sempre junto a ns.

    Ah! o pai, a me, o filho, o amigo a quem eu prezava, no era somente aquele Corpo quese via e se tocava, mas tambm aquela alma a quem Deus havia concedido toda a afeioque me mostrava e que eu lhe retribua. Aquela alma j no se manifesta maisexteriormente, porm ainda me faz sentir sua presena.

    Falem a respeito aqueles a quem Deus outorgou a graa de compreender o que essacomunicao das Igrejas militante e

    purgante encerra de consolador e suave! Aquele a quem choramos, escrevia Fenelon,no se ausentou de ns, fazendo-se invisvel. Ele nos v, ele nos quer, ele se compadecede nossas necessidades. Os sentidos e a imaginao s que perderam seu objeto.Aquele que j no podemos ver, est mais do que antes conosco. Encontr-los-emos

    sempre no meio de ns, olhando-nos e oferecendo-nos os verdadeiros socorros. No-sofrendo mais suas enfermidades, melhor do que ns conhece ele as nossas, e pede osremdios que nos do cura. Embora privado de v-lo h muitos anos, eu lhe falo, abro-lhe meu corao, tenho a crena de encontr-lo na presena de Deus; e, conquanto j otenha chorado amargamente, no posso dizer que o perdi. Oh! quanto real esta uniontima!

    A morte, diz S. Bernardo, no separa dois coraes unidos pela piedade.

    As almas dos justos no nos deixam. Se quisermos, elas se conservaro conosco e nosfaro experimentar um bem estar indefinvel, mas real. Invoquemo-las frequentementecom as nossas preces, com as nossas aspiraes, e com as boas obras que lhes fizeram e

    tambm a ns faro ganhar o Cu. (Gergers)Eu posso, portanto, associar-vos a meus trabalhos, a minhas oraes, a minhas alegrias,a minhas tristezas, meus queridos finados! Que bem me faz este pensamento!

    DIA 5

    Relaes com os mortos

    Ocupemo-nos ainda hoje das relaes ntimas que h entre nossa alma e as almas dosnossos mortos. Nada mais triste, escreve Ozanam, nada mais desolador do que o vcuo

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    18 Ms das Almas do Purgatrio

    aberto pela morte ao redor de ns. Eu conheci esse tormento depois da morte de minhame, porm durou pouco. No tardaram a vir outros momentos em que entrei acompreender que no estava s, em que alguma coisa de suavidade infinita se passoudentro de mim: era como uma confiana de que no me haviam abandonado, era comouma vizinhana benfazeja, embora invisvel; era como se uma alma estremecida, depassagem, me acariciasse com a ponte de suas asas.

    E, assim como outrora eu reconhecia os passos, a voz, a respirao de minha me; assimquando um bafejo aquecia ou reanimava minhas foras, quando uma ideia nobrepreponderava era meu esprito quando um impulso generoso abalava minha vontade,logo me vinha o pensamento de que partia dela.

    J se passaram dois anos, correu o tempo que dissipa todas as iluses da imaginaoperturbada, e experimento sempre a mesma coisa.

    Quando pratico o bem, quando fao qualquer coisa pelos pobres, a quem minha meacudia tanto, quando estou em paz com Deus que ela servia bem, afigura-se-me que elame sorri de longe.

    s vezes, ao rezar, julgo ouvir sua orao acompanhando a minha, como fazamos juntos, noite, aos ps do crucifixo. Finalmente, quando tenho a felicidade de comungar,quando o Salvador vem me visitar, parece-me que ela o segue a meu msero corao,como tantas vezes seguia, levado em Vitico, s casas dos indigentes.

    Todo o corao amante e piedoso h de experimentar mais ou menos o queexperimentava Ozanam, mas isto s acontece ao que tiver sido realmente piedoso, aoque amar sinceramente a Deus, ao que houver sido bom e dedicado enquanto viveramaqueles a quem chora!

    S esse poder dizer o que S. Jernimo diz de Santa Paula: Ns a possumos aindaconosco... Aquele que volta ao Senhor continua a fazer parte da famlia.

    DIA 6

    A depositria das recordaes

    No grata ao corao dos mortos, no consoladora essa reconstituio, pelopensamento, da famlia, que a morte dispersou.

    Me! esse filho que morreu em teus braos, a esta hora o amigo, o irmo ocompanheiro de teu anjo da guarda perto de ti, a teu lado talvez; ele te diz baixinho: Nochores, me, eu sou feliz!

    Filho! tua me, teu pai, mortos na paz do Senhor, so como outrora, embora de um modoinvisvel, teu guia, teu conselheiro, teu defensor!

    Amigos, irmos, esposos! aquele que o bom Deus chamou a si, no cessa de vos amar:mais puro com a expiao do purgatrio, mais amante pela sua unio com Deus, no Cuele ser para convosco tudo o que era na terra, e ainda mais clara e poderosamente!

    Nutri-vos destas ideias, pobres almas aflitas; os sentimentos que elas despertarem

    suavizaro a amargura de vossa dor. Se tais sentimentos perseverarem, se fizerempermanncia em vossa vida, oh! como os dias vos correro tranquilos! Mas, ah! osentimento de sua natureza passageiro: tanto mais impressionvel quanto mais

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    delicado, o corao tambm v apagarem-se, pouco a pouco, suas impressessubstitudas por outras. Os vestidos do luto ficam durante algum tempo a avivar nossasrecordaes queridas, mas esses vestidos se deixam, e com eles aliviam-se primeiro edepois desaparecem tambm as lembranas.

    Pobre natureza humana! a Igreja bem o conhece, e, no querendo que nos tornemosesquecidos, constituiu-se, em nome de Deus, a depositaria das recordaes de nossosmortos.

    Vejamos o que ela fez.

    Consagrou um dia inteiro todos os anos, orao pelos finados. Nesse dia, reveste-se detodas as suas pompas fnebres e nos conduz todos ao cemitrio a olhar mais uma vez otmulo dos nossos mortos.

    Quis que um dia de cada semana, a segunda-feira fosse especialmente consagrado asufragar os falecidos, e, em muitas Ordens religiosas, junta-se nesse dia ao Ofciocannico o dos mortos.

    Disps que no fim de cada Ofcio, isto , sete vezes por dia, todos os sacerdotes ereligiosos tivessem uma lembrana em favor dos mortos e rogassem a Deus para eles odescanso e a paz.

    Instituiu aniversrios, a fim de que as famlias viessem regularmente, todos os anos,ajoelhar-se ao p do altar para pedir de um modo particular por seus defuntos.

    Determinou que todas as manhs, no santo sacrifcio da Missa, houvesse umarecomendao e um memento especial pelos mortos.

    Concedeu indulgncias particulares s oraes pelos defuntos, e permitiu que se apliqueem favor deles grande nmero de indulgncias ganhas por oraes e boas obras.

    Aprova, sustenta e acorooa*

    a fundao das confrarias consagradas ao cuidado dosmortos.

    Vs que praticais o culto dos mortos, amai a Igreja que tem a misso de conserv-lo emvossos coraes!

    Aquele que no vai mais Igreja, esquece depressa os mortos!

    DIA 7Consolao

    Serve a todos a pgina seguinte, embora escrita expressamente para a consolao de ums.

    Todos aqueles que amavam e a quem a morte arrebatou o objeto do seu amor, todoscarecem das mesmas palavras que levantam o esprito e que o tranquilizam.

    No podeis habituar-vos idia de no achar mais em parte alguma, sobre a terra, oente a quem parecia ligada vossa vida. dolorosa, muito dolorosa a separao que vosferiu, mas lembrai-vos de que nossos laos s se quebram na aparncia... Deus, que os

    *Acorooar significa incitar, animar.

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    formou na terra, transporta aos Cus aqueles a quem prezamos, para nos forar a ergueros olhos at sua manso eterna.

    A vista do cristo fixa o outro mundo, mas o olhar do corao encontra um vcuodesolador. Vs, principalmente, que podeis esperar a salvao de vossa irm, nolastimeis sua sorte que a convivncia com os anjos. A vida piedosa, a morte edificanteque teve, fazem crer que sua alma est gozando de uma felicidade que vs no podeisprometer-lhe nem dar-lhe. Dizei antes, pensando em sua ausncia: Ns nos tornaremosa ver bem cedo, e ento nada mais nos h de separar!

    Penetremos nos intuitos divinos: Deus nos fere quando quer, e no ponto mais Sensvel. s a f que nos d foras para estes sacrifcios naturalmente impossveis. Um cristo nopode afligir-se como quem no tem a esperana! Falai pouco aos homens e muito a Deussobre a vossa tristeza. Eis o segredo da resignao.

    No esqueais de que devemos: sempre amar a Deus que bom, at mesmo quando nosenvia a tribulao. Estranhareis acaso que ele tenha recompensada aquela que lhe fezto generoso sacrifcio de sua mocidade, de sua beleza, de sua fortuna e de sua vida?

    Lembrai-vos do momento solene em que o sacerdote; sem abaixar a voz, disse-lhe: Sai,alma crist, sai deste mundo! Como respondeu ela com um sorriso anglico: Sim, meuDeus, j, se o quiserdes!

    Ela estava, portanto, preparada para esta viagem eterna !

    Ela morreu como morrem os santos. Voou para o lugar de felicidade em que a esperava,para coro-la, o Deus a quem tanto amou. Olhai para o Cu, e esse olhar fortalecer ovosso corao dilacerado. Aproximai-vos do sagrado Tabernculo. Que coisa melhorpoderia fazer um corao aflito que, a todo momento se apega s criaturas! Sofrei juntode Jesus Cristo: sofrereis amando.

    O amor suaviza tudo e nos consola de sobrevivermos queles que queramos mais doque a ns mesmos.

    DIA 8

    Consolao

    Nosso Senhor Jesus Cristo quis para nossa consolao experimentar as amarguras quecausa ao corao humano a perda daqueles a quem ama.

    Lzaro era apenas seu amigo, diz Monsenhor Segur; Jesus ia cientemente ressuscit-lo,e, todavia, quis chorar, quis sofrer, para santificar as dolorosas emoes da separao.

    A morte dos que nos so intimamente caros , pode-se dizer, a dor das dores.

    Vedes este esquife? dizia-me um dia um pobre operrio que seguia, soluando, oprstito de seu filho nico: minha vida que se vai!

    Para essas torturas, para tais dores que, com toda a verdade, se tem chamado uma dorlouca, s h uma consolao: a que Vs dispensais, meu Deus! Perto de Vs, sob vossamo paternal, que fere e que cura, o pobre corao recobra a paz, a prpria felicidade,no a da terra, mas a do Cu: a felicidade da terra cessou para ele.

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    21 Ms das Almas do Purgatrio

    Escutemos algumas palavras, eco abenoado de um corao partido, mas de um coraoditoso dessa ventura celeste.

    Haveis de vos considerar muito infeliz, dizia-se uma me verdadeiramente crist queacabava de perder sua filha.

    Infeliz? respondeu ela brandamente, oh! no! eu sofro muito, mas sei que minha

    filha est com Deus.Meu corao est traspassado, dizia um pai a quem falavam da morte de seu filho, onico arrimo de sua velhice. Mas, eu sinto ainda assim uma certa alegria no fundod'alma: Meu filho est salvo! Sabeis o que ele era para comigo, sabeis quanto eu o queriae ele a mim. Pois bem, se o bom Deus me propusesse restituir-mo, eu no o aceitaria.Meu filho est salvo, salvo por toda a eternidade! Tudo mais no nada!

    Eis que vosso filho est a seguro e possui a salvao eterna! escrevia a uma me S.Francisco de Sales. Ei-lo escapo e garantido contra toda a perdio!... Foi para protegervosso filho que Deus o levou to cedo... Oh! quanto ele h de estar contente e agradecidopelo cuidado que dele tivestes enquanto se achava a vosso cargo, e principalmente pelas

    devoes que praticais em seu beneficio! Em compensao, roga ele a Deus por vs e fazmil votos por vossa vida, para que ela seja cada vez mais conforme vontade divina eassim possais ganhar o Cu de que ele goza. Ficai, portanto, em paz e erguei bem o vossocorao ao Cu onde contais com esse bom santinho.

    Ei-las, as palavras de verdadeira consolao: Aquele que eu choro est no Cu, est aoabrigo das misrias... e me espera!

    DIA 9

    Felicidade de ser til aos mortos

    Oh, se tudo estivesse acabado para sempre, se eu no pudesse me ocupar mais dele, seno tivesse mais o prazer, no digo s, de torn-lo a ver no Cu, mas de lhe ser ainda tildurante o resto de minha vida, como seria isto cruel! dizia uma pobre me junto aocorpo inanimado de seu filho.

    Deveria ser muito doloroso, sim; mas consolai-vos, pobres filhos, vs podereis ainda serteis queles que a morte vos roubou, podeis ajud-los a mais depressa ganhar o Cu! A

    Igreja compreendeu essa necessidade de vosso corao e deu alimento a vosso amor.A morte separa: parte os laos materiais que nos prendiam uns aos outros; no dissolveos laos imateriais que ligavam uma alma a outra alma, um corao a outro corao.

    Est longe, no est perdido: o grito da alma crist, e assim, um pai, uma me, um filhopodem sempre ocupar-se daqueles que amavam, quando os possuam consigo, e queainda prezam, mesmo sem os verem.

    Os atos de dedicao, de que foram cheios os vossos dias e que tinham por objeto faz-los felizes, podeis pratic-los ainda, e, oferecendo-os a Deus pelo repouso dessas almas,vs continuareis a trabalhar em sua felicidade.

    O trabalho material que fazeis por eles podeis prossegui-lo ainda em sua inteno, e ofruto lhes ser aplicado pela misericrdia divina.

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    22 Ms das Almas do Purgatrio

    As riquezas que acumulveis para eles, podeis junt-las ainda, e o que em seu nomedistribuirdes aos pobres, lhes h de ser comunicado por Deus de um modo muito maistil do que vs mesmos o tereis feito.

    Conheci, diz o Visconde Walsh, um luterano que, por amor de nossa crena noPurgatrio, se fez catlico.

    Perdera um irmo querido no meio de um banquete e lembrava-se a cada instante, dessapassagem to brusca de uma orgia para o fundo de um fretro.

    Ah! disse-me ele num dia de finados, por causa de meu irmo vou me fazer catlico...Quando me for permitido rezar por meu irmo, ento respirarei, viverei para pedirtodos os dias o Cu para aquele a quem tanto estimei na terra. Vossa Igreja faz que osseres que se prezam possam ajudar-se mutuamente ainda depois da morte. Vossasoraes tiram ao sepulcro sua mudez pavorosa, Vs conversais ainda com os que jpartiram desta vida; conhecestes a fraqueza humana, essa fraqueza que no crime, masainda menos a pureza; e, entre os limites do Cu e do inferno, Deus vos revelou umlugar de expiao, o Purgatrio.

    Meu irmo est a, talvez: eu me fao catlico para libert-lo dessa priso para meconsolar neste inundo, para me aliviar deste peso que me oprime, peso que eu nosentirei mais, quando me for dado orar.

    DIA 10

    Esperana

    Um pensamento sombrio vem, talvez, lanar o terror na alma hora em que evoca alembrana de seus mortos.

    Ah! diz ela, eu me tranquilizaria, ficaria em paz e me julgaria feliz, se pudesse cont-lono Cu, se houvesse falecido cercado das preces da Igreja e purificado pelos ltimossacramentos, Mas ah! morreu de repente, morreu longe do bom Deus a quem tinhaesquecido em sua vida inteira!

    Pobre corao aflito, eu vos responderei a isto com as palavras que a Igreja me autorizaa dizer-vos:

    A Igreja no condena definitivamente a ningum. Baixa decretos para declaraes deque uma alma est no Cu e assim pode ter culto, mas nunca expede nenhum,publicando que uma alma esteja no inferno.

    So Francisco de Sales no queria que se desesperasse nunca da converso dospecadores at seu ltimo suspiro, e, ainda depois de mortos, no admitia que se julgassemal mesmo dos que tinham levado uma vida irregular, a no ser daqueles cujacondenao consta da Escritura. Alegava como razo disso que nem a primeira graanem a derradeira, que a perseverana, se d por mrito, isto , ambas so de todogratuitas. Entendia, portanto, que se devia presumir sempre bem da pessoa que ex-pirava, ainda no sendo sua morte edificante, porque todas as nossas conjecturas s sepodem firmar sobre as aparncias, e essas, muitas vezes, iludem ainda os mais

    experientes.

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    23 Ms das Almas do Purgatrio

    Entre o ltimo suspiro do moribundo e a eternidade, h um abismo de misericrdia, disse um bispo ilustre. Passam- se entre Deus e a alma certos mistrios de amor quens s conheceremos no Cu.

    Que precisa este agonizante para obter o perdo? Uma luz que lhe mostre a justia e amisericrdia divinas; uma luz, ainda rpida como um relmpago; essa luz pode produzirum sentimento de contrio e de amor, este sentimento basta para lhe fechar o inferno eabrir o Purgatrio.

    Esta luz Jesus, apresentando-se quela alma e dizendo-lhe com um olhar ligeiro como opensamento: a mim ou ao demnio que tu queres? e a alma dizendo com a mesmarapidez: A vs, a vs, Senhor! e a misericrdia triunfa! Esperai pois, esperai sempre;dirigi vossas preces constantes por esses mortos que vos fazem estar inquietos:ningum pode calcular at que ponto essas preces podem ser atendidas.

    DIA 11

    Esperana

    Ainda algumas palavras de esperana sobre as almas de nossos mortos. Fala o padreBougaud em sua obra: O Cristianismo e os tempos presentes.

    Quem poder narrar as misericrdias de Deus no leito de morte de seus filhos? Anessas sombras confusas da hora ultima, em que o olhar do homem nada mais distingue,quem pode saber o que se passa entre Deus e uma alma? Quando o esprito paira noslbios como um ligeiro sopro, j no mais da terra, nem ainda do Cu: no momento: em

    que Deus se inclina para recolher essa alma, quem poder dizer o que se passa? Umame repeliria seu filho, ainda mesmo sendo um ingrato? no tentar ela por todos osmeios traz-lo de novo a si? No ir sempre ao seu encontro, at o fim? no esgotartodos os recursos para salv-lo, a despeito de toda a obstinao dele em fugir-lhe? Ora,Deus mais do que a me.

    Vede o que fez Ele para tornar impossvel a perda das almas! No lhe bastou haver-nosenvolvido nessa graa que nos previne, nos segue e nos banha como uma atmosfera. Foipouco ter estabelecido sete sacramentos, isto , sete rios de luz e de fora que inundam avida inteira e cada um de seus perodos, como tudo isso no satisfazia ainda seu coraode pai, vede e adorai a maravilhosa inveno de seu amor.

    Estais enfermo: j sentis que sobre vs estende a morte suas negras asas. Acodem-vos memria vossos pecados, vossas fraquezas, aquele ato do qual vos disse a conscincia:Isto, incontestavelmente, um mal. O sacerdote no chega a tempo de recolher vossaconfisso, oferec-la a Deus e vos perdoar em seu nome: que fazer? Vs tendes umcorao: arrancai dele um alento, um grito, uma lgrima, uma palavra dearrependimento, um ato de amor, um s! sereis logo absolvido: ficais purificado eperdoado.

    Aquele homem, prestes a morrer, ainda h pouco blasfemava; o sacerdote veio, ele orepeliu: apresentaram-lhe o Crucifixo, ele o afastou com a mo. Foi seu derradeiromovimento; seu ltimo ato. Os socorros da religio no podero chegar mais at suaalma j profundamente mergulhada nas sombras da morte. Mas resta-lhe o corao, e,para ser salvo, perdoado, que ser preciso? Um simples ato de amor, um s desejo, ums pesar, uma s palavra: Meu Deus, eu vos amo!

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    24 Ms das Almas do Purgatrio

    Homens cegos, que chorais de desespero em redor desse leito! talvez mesma hora osanjos conduzam essa alma com gritos de alegria.

    Ela salvou-se com esse ato de amor.

    O Purgatrio a recebeu.

    Esse homem que acaba de suicidar-se, cometeu um crime sinistro. A Igreja afasta-se com

    horror de seus restos mutilados, e faz bem. Mas ensinar ela que o msero esteja perdidosem recurso? No, absolutamente ; pois quem sabe o que fez este alma no momento emque, lacerada, partiu desse mundo? Quem sabe o que ela viu ao claro do tiro de morte?que revelao teve ao disparar a arma fatal? Teve muito pouco tempo! direis vs. Ah!que importa? Uma palavra, um grito, um olhar, um transporte de amor a Deus, bastapara que ela saia deste mundo purificada.

    DIA 12

    Esperana

    Oh! como desconhecemos ns o corao de Deus! quando o homem est prestes amorrer, o homem que ele criou por suas mos, sobre quem velou com ternura (durantea vida, a quem seguiu passo a passo, a quem tocou e iluminou para cham-lo a si e queno atendeu a nada disto; quando est morte, Deus se prepara para dar-lhe oderradeiro combate, o combate do amor, o combate supremo de uma me que, vendo ofilho quase arrebatado, fica louca, terrvel, chega ao paroxismo da indignao e do amor.Desce, por isso, esse Deus de bondade; inclina-se esse pai inquieto, para o leito de dor

    em que vai morrer um de seus filhos.Apela para tudo o que havia j empregado com o fim de o vencer, luzes, graas, ternuras,benefcios: Eu vo-los dei s mos cheias, t-los-eis sem medida!

    Se o enfermo rende-se aos primeiros assaltos, v-se o triunfo, e a religio ganha aconverso de um pecador. Mas, se o homem resiste e, antes de ter cedido, cai nassombras que precedem a morte, nem por isso termina o combate. Ao contrario, redobrade esforo, e a vitria pode ainda ser de Deus, mesmo quando no h mais para oshomens nenhum meio de o saber. Quando os olhos do enfermo ficam turbados; quandoas extremidades ficam frias; quando para verificar se ainda vive precisa-se pr a mosobre seu corao: se a mo do homem fosse mais sensvel, sentiria a luta que continua,a luta suprema. Trata-se de obter uma palavra, nada mais do que uma simples palavra,um alento, um leve movimento! Deus trabalha para isso com a obstinao do amor: equem no compreende que Deus, lutador hbil, h de consegui-lo muitas vezes?

    Vs dir-me-eis: Que que sabeis, ao certo, em tudo isso? onde encontrastes a histriadessa luta? Respondo: Achei-a em vosso corao. Sois pai? sois me? O que eu digo, noo fareis vs?

    Ento, o corao de Deus no velar o vosso?! tereis vs a gloria de fazer por vossosfilhos mais do que Deus pelos seus? Impossvel. assim, religio divina, que no h doralguma sem consolao: tu as refrigeras todas na esperana.

    Minha luz divina, dizia Nosso Senhor a Santa Gertrudes, que lhe pedia graas paraum pobre pecador falecido sem sacramentos,minha divina luz que penetra no futuro,

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    25 Ms das Almas do Purgatrio

    manifestando-me que vs fareis por ele esta orao, eu lhe despertei no corao boasdisposies que o preparassem a gozar os efeitos da vossa caridade.

    Palavras de consolao! diz o padre Blot: Na previso de nossas oraes futuras, Deus sedigna conceder ao pecador moribundo boas disposies que assegurem a salvao desua alma!

    Sim, palavras consoladoras, bem prprias para nutrir a esperana em nossa alma.SOFRIMENTO DAS ALMAS DO PURGATRIO

    DIA 13

    1 sofrimento Pena dos sentidos

    meus caros mortos, se para meu corao toda a pena fosse a da separao, seria cruel,por certo; mas o pensamento de comunicar convosco pela orao, e ainda mais a ideia devos tornar a ver no Cu, e de vos tornar a ver mais santos e mais amantes, aliviaria estador; mas, ah! este mesmo pensamento que me d a esperana de vos tornar a ver, leva-me a contemplar-vos nas chamas do Purgatrio, sofrendo e consternados.

    No escutarei a imaginao, que poderia levar-me alm da realidade; quero ouvir ossantos, e o que me dizem eles acerca do que vs sofreis, bastante para excitar a minhacompaixo, e obrigar-me a socorrer-vos.

    Reuni, diz Santa Catarina de Gnova, todas as penas que os homens tm sofrido, sofreme sofrero, desde o principio do mundo at o fim dos tempos; juntai todos os tormentosque os tiranos e os algozes tm feito sofrer aos mrtires; ser uma plida imagem dostormentos do Purgatrio; e, se s pobres encarceradas fosse permitida a escolha,prefeririam aqueles suplcios durante mil anos a ficarem no Purgatrio mais um dia;porque, diz S. Toms, o fogo que os envolve o mesmo que atormenta os condenados noinferno, e esse fogo, oh, terrvel!

    Deus, escolhendo o fogo, soube achar um reparador digno de sua justia!

    No h dor, dizem os que tm estudado a natureza desse elemento, que iguale a que elecausa.

    No objeteis que o corpo no est no Purgatrio: a dor, diz S. Toms, no o golpe que

    se recebe, mas a sensao dolorosa desse golpe. Quanto mais delicadeza h nessasensao, mais viva a dor, e a alma, ainda sendo ferida, ela sozinha experimenta aomesmo tempo a aflio que lhe fariam sofrer todos os membros do corpo atacadosseparadamente.

    Esse fogo do Purgatrio, cuja natureza no conhecemos, dotado por Deus de umaespcie de inteligncia para esmerilhar nos recessos da alma e consumir todas asmanchas que lhe deixou o pecado, obra

    ao mesmo tempo sobre a imaginao e a memria, sobre o juzo e a vontade...

    No aprofundemos mais este ponto; porm, fixando a ateno, escutemos o grito

    pungente que, do fundo desse abismo de fogo, vem at ns: Eu sofro, sofro muito nomeio destas chamas: uma gota d'gua! uma prece, por piedade!

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    26 Ms das Almas do Purgatrio

    DIA 14

    2 sofrimento Pena do danoA pena mais terrvel do Purgatrio certamente a pena do dano, isto , a separaoforada de Deus ou uma fora irresistvel que a cada instante afasta bruscamente deDeus a alma que a todo momento; por instinto de sua natureza, corre a se unir com ele.

    Pode-se fazer uma ideia dela pelo suplcio de uma me que, chamada pelo filho prestes aser devorado por uma fera, fosse retida por uma fora invencvel no momento em que seprecipitasse em seu socorro, e isso no uma s vez, porm dez, cem vezes.

    H neste suplcio, dizem os santos, uma angstia mais sensvel, de certo modo, que a doinferno. Os mseros condenados no amam a Deus, seu desejo insacivel e sempre

    renascente ver a Deus aniquilado.Mas as santas almas do Purgatrio amam ao Senhor, amam-no tanto quanto o conhecem,e porque o viram, compreenderam o amor que lhes tem, sentem quanto h sido bompara com elas, sabem quanto sero felizes perto dele e em sua unio... e, todavia, estodetidas longe dele! nada podem, nada, para se lhe aproximarem! uma sede sem fim, aqual nada capaz de imitar. uma fome sem limites, que no h nada que possa fartar: um peso enorme que abafa, e do qual no possvel desembaraar-se.

    Santa Teresa experimentou alguma coisa destas angustias misteriosas:

    Em vo, diz ela, tentaria eu explicar sua natureza. A alma, por vezes, sente um desejo

    irresistvel de Deus que parece transport-la a um deserto onde ela nada mais v parapoder descansar. Nenhuma consolao, nem do Cu, onde ainda no est, nem da terra aque j no pertence.

    Jesus, exclama a santa, quem poderia fazer uma pintura fiel desse estado? ummartrio que a natureza custa a suportar; os ossos se separam e ficam como deslocados,as mos tomam tal rigidez que se no podem juntar, e, at o seguinte dia, sente-se umador to violenta, como se todo o corpo estivesse desconjuntado; um s desejo nosconsome: morrer! morrer! ir a Deus! Esse estado, conclui a santa, o das almas doPurgatrio.

    Oh! vs que amastes tanto na terra e que tanto sofrestes com a morte daqueles que

    amveis, vs a quem a separao ainda tortura, escutai, escutai o grito dessas almas quechamam a Deus e que no dizem : Vs no-lo podeis dar, oh dai-nos nosso Deus! fazei-nos dignos dele!

    DIA 15

    3 sofrimento Impotncia de se acudirem a si prprias

    O estado das almas do Purgatrio, diz o Pe. Faber, a impotncia absoluta.

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    27 Ms das Almas do Purgatrio

    No podem nem fazer penitncia, nem merecer, nem satisfazer, nem ganhar umaindulgncia, nem receber os sacramentos. Alguns telogos asseguram que elas nopodem nem orar por si. Esto mergulhadas nessa noite profunda de que fala S. Joo,durante a qual ningum pode mais trabalhar.

    Foram lanadas, nessas trevas exteriores, em que s h lgrimas e gemidos.

    Parecem-se com esse paraltico estendido beira da fonte de Silo, que no pde fazer omenor movimento para ter um alvio... e ainda o paraltico podia chamar em seu socorroe tinha a esperana de ser ouvido. Mas, vs, pobres almas do Purgatrio, vossa triste vozno pode chegar at ns sem uma permisso especial de Deus... e quando chega, por-ventura sempre ouvida?

    Elas veem na terra uma infinidade de graas, das quais uma s as aliviaria, as libertariatalvez, e no podem se aproveitar delas para si. o suplcio contnuo do faminto preso pouca distncia de uma mesa lauta, para a qual se dirige sem nunca chegar a alcan-la.Na terra, quantas oraes se dizem, quantas comunhes se fazem, quantas missas secelebram, quantas indulgncias se ganham! Filhos prdigos, expiando sua fuga da casa

    paterna, dizem elas em pranto: Quantas riquezas na casa de nosso pai! e ns aquitransidas de fome!

    Isto talvez uma punio especial de Deus: esqueceram as almas do Purgatrioenquanto viviam sobre a terra. Deus permite que tambm sejam esquecidas.

    Veem suas companheiras de infortnio aliviadas, de tempos a tempos, recebendo osfrutos de uma comunho, o valor do sangue de Jesus Cristo, e elas... ficam esquecidas...

    Vs que viveis na terra e que to facilmente vos comoveis ante o sofrimento e a ideia doabandono, ouvi as almas do Purgatrio pedindo-vos uma migalha desse Po dos Anjosque Deus vos d com tanta abundncia e generosidade, uma pequena parte de vossasoraes, de vossas boas obras, de vossos sofrimentos!

    DIA 16

    4 sofrimento O Conhecimento dos seus pecados

    As almas no Purgatrio veem as coisas de Deus diversamente de ns. Esclarecidas peladivina luz, compreendem elas o respeito, o amor, a obedincia que Deus lhes merecia, e

    toda a felicidade, ingratido e covardia dos pecados que cometeram.E essa fealdade e laxido, sempre ante seus olhos, enchem-nas de tanta vergonha, queprocuram, embora inutilmente, fugir das vistas de suas companheiras de tormento.

    Essa ingratido, sempre patente, oprime-as de tantos remorsos, que seu corao seconfrange a cada instante e sente a necessidade de sofrer para expiar tanta falta deamor.

    Podem comparar-se, diz um piedoso bispo, com um homem que, no .meio de um calorinsuportvel, envolto, comprimido, esmagado por um manto, cujo peso o aniquila eque est como soldado a todos os seus membros.

    E sob esse manto esto encerrados, como em sua morada natural, vermes que se nutremda carne desse homem e o atormentam, mordendo-o, sem que possa expeli-los.

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    28 Ms das Almas do Purgatrio

    E esse manto est roto, sujo, repugnante, e o infeliz obrigado a estar com ele empresena do Ser mais santo e mais puro, que o v e, vendo-o assim, h de experimentarum sentimento de repulso. Que estado esse! que dor, que vergonha!

    o estado permanente, o sofrimento contnuo, a vergonha das almas do Purgatrio recordao de suas faltas e em presena dos anjos e do prprio Deus.

    A esta vergonha vem se unir o pensamento de que teriam podido facilmente evitar asfaltas que as fazem sofrer!

    Ah! dizem elas, se eu tivesse obedecido ao meu Deus naquela ocasio em que me custavato pouco; se eu no lhe houvesse recusado um sacrifcio que era bem leve! se euno proferisse aquela palavra que minha conscincia reprovava; se eu no me tivessedescuidado de ganhar aquela indulgncia to fcil... no me veria como me vejo nestemomento! no sofreria o que sofro!

    Tardio arrependimento! as lgrimas no purificam mais, quando se tem deixado passaro tempo da misericrdia!

    almas queridas, possam ao menos as vossas dores servir-nos de lio!

    DIA 17

    5 sofrimento O olvido em que caem

    Ver-se esquecido na terra, esquecido por aqueles a quem se amou e que nos amaram, uma dor pungente para o corao mas ver-se esquecido, quando, se est no

    Purgatrio, quando o corao mais sensvel e nada de exterior o distrai dessa ideia,deve ser um golpe ainda mais cruel.

    Oh! como so justas as queixas que um Religioso ouviu desses pobres coraesabandonados!

    irmos! irmos! amigos! pois que h tanto tempo vos aguardamos, e vs novindes; vos chamamos, e no respondeis; sofremos tormentos que no tm iguais, e novos compadeceis; gememos, e no nos consolais!

    Ai de ns! todos os que ammos na terra com toda nossa afeio, nos abandonaram;choramos no meio desta noite escura, e no h quem nos console.

    Ah! tudo se acabou, acabou-se para sempre! esqueceram-me e j nem mais umalembrana me prende terra!...

    Em toda a parte est o esquecimento: sobre minha vida inteira que nenhuma palavralembra mais, sobre meu nome que j ningum pronuncia, sobre meu tmulo queningum visita, sobre minha morte que no h mais quem chore; na terra s tenho oesquecimento em todos e em tudo!

    A despeito dos adeuses to sentidos, a despeito dos protestos to afetuosos, a despeitodos juramentos to ardentes, eis em que d tudo entre os vivos, no total esquecimentodos mortos.

    Ningum para rezar, ningum sequer para lembrar-se deles!...

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    Ningum?! oh! vs vos enganais, almas queridas! H na terra um corao que nuncaesquece, um corao a toda hora disposto a vir em socorro dos mortos olvidados: ocorao da Igreja catlica, corao de uma me!

    Ela pede para vs, todos os dias, o repouso, o refrigrio, a luz. E ns, seus filhos, comovs: ns, vossos irmos que tanto vos temos esquecido, queremos desde j associar-nosa todas as suas oraes e todas as suas obras...

    DIA 18

    6 sofrimento Incerteza do tempo a sofrer no purgatrio

    Um homem, diz o padre Felix, gemia, h tempos, numa priso clebre. Certo dia,cansado de sofrer, concebeu a ideia de livrar-se. Nessa poca existia uma senhora de alto

    valimento que podia bastante para quebrar as algemas do preso e pr termo a seussofrimentos.

    Eis aqui, reza a histria, em que termos eloquentes o msero lhe dirigiu sua splica;Senhora, a 25 do corrente de 1760, faz cem mil horas que eu peno, e ainda me restamduzentas mil a sofrer. No sei que despacho teve esta petio. O corao desta mulherteve a dureza de resistir a esta eloquncia? No sei, mas parece-me impossvel dizermais em to poucas palavras! H cem mil horas que sofro, tenho ainda que sofrerduzentas mil!... H cem mil horas... Portanto, ele as tinha contado?! Sim, como vs podeiscontar, uma a uma, as pancadas de um relgio durante uma noite longa e triste em que osofrimento vos faz perder o sono. Ora, se assim com os presos da terra, que dizer

    desses encarcerados do mundo invisvel (o Purgatrio)? Quem nos dir o que paraesses padecentes de alm mundo a passagem de seu prazo de tormento? A durao parans no o tempo que passa, o que sentimos passar; e a lentido dessa passagemcresce para os que sofrem, na proporo de sua angstia. isto o que, em relao salmas do Purgatrio, d a extenso de longos dias aos minutos, a de anos inteiros aosdias, e aos anos a de sculos que parece nunca se acabarem!

    Um Religioso, aparecendo, depois de morto, a um de seus Irmos, lhe revelou que trsdias passados no Purgatrio lhe haviam parecido mais longos do que centenas de anos.Outro, havendo experimentado numa viso o suplcio do Purgatrio, desde as matinassomente at a aurora, persuadiu-se de que sofria h mais de um sculo. Um homem, que

    fazia desprezo das penas do Purgatrio, viu aparecerem-lhe dois moos querapidamente o transportaram a esse triste lugar; depois de um quarto de hora desofrimento, ele j clamava: Retirai-me, retirai-me, h tanto tempo que eu sofro. Assimos encarcerados do Purgatrio, muito mais do que os presos da terra, contam essashoras interminveis que tanto custam a passar e que o suplcio parece tornar eternas!

    Se, ao menos, soubessem essas almas a hora do resgate, poderiam dizer: depois detantos mil e mil minutos, meu suplcio terminar e eu subirei ao Cu! Mas no. Sabemperfeitamente e tal a esperana e o amor de Deus, vivo e ardente em seus coraes,que, dizem ostelogos, distinguem o Purgatrio do Inferno sabem com certeza que hde soar a hora do seu livramento; mas quando soar essa hora suspirada?

    Ignoram-no, e at o momento marcado por Deus, parece-lhes ouvir cada vez queperguntam: Quando ser? uma voz terrvel que lhes responde: Ainda no! Ainda hmuito que expiar!

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    Este pensamento deve atuar em ns para continuarmos sempre em nossas oraes pelosmortos. Eu temo, diz S. Francisco de Sales, temo do bom conceito que meusamigos tm feito de mim; entendendo que eu j estou no Cu, sem querer medeixaro ficar no Purgatrio.

    ALVIO S ALMAS DO PURGATRIO

    Motivos que nos determinam a socorrer s almas do Purgatrio

    DIA 19

    Primeiro motivo: O servio que prestamos a Deus e a gloria que lheproporcionamos

    verdade que ns, frgeis e mseras criaturas, podemos prestar servio a Deus,podemos realmente lhe ser teis? Sim, diz Bourdaloue, cuja doutrina sempre segura,sim, podemos. O Purgatrio um estado de violncia para o prprio Deus. Ali, v Deusalmas a quem quer com um amor sincero, terno e paternal, almas que sofrem e s quaistodavia no pode Ele acudir, almas cheias de mrito, de santidade, de virtude, mas aquem no pode Ele ainda remunerar, almas que so suas escolhidas, suas esposas, eque Ele forado a ferir e castigar... Pois bem! ns podemos, ns, pobres criaturas, fazercessar esse estado de violncia, dando justia divina tudo o que ela pede...

    No me dado compreender o que se passa no corao do Senhor, quando com asminhas oraes e boas obras eu tiro uma alma do Purgatrio, e essa alma, numa espciede delrio de alegria, vai lanar-se no seio de Deus, dizendo-lhe: Meu pai! meu pai! mas imagino o que experimentaria o corao de uma me que, tendo conhecimento deque seu filho foi condenado priso por muitos anos, o visse, de repente, trazido por umamigo que o houvesse libertado. Oh que alegria! oh que amplexo! e quereconhecimento pelo salvador desse filho.

    esta alegria, esta felicidade a que eu proporciono a Deus! esse reconhecimento o queobtenho em seu corao.

    E, alm da alegria que ocasiono a Deus, concorro tambm para sua gloria, essa gloria de

    que Deus to cioso. Ouamos ainda Bourdaloue: Ns admiramos, diz ele, esseshomens apostlicos que, levados pelo esprito de Deus, atravessam os mares e vo aospases brbaros ganhar a Deus os infiis, mas compreendeis que a devoo das almas doPurgatrio para seu alivio e livramento uma espcie de zelo que, em relao a seuobjeto, no cede ao da converso dos pagos e at o vence de certo modo. que, sendoas almas confirmadas na graa, ho de ser incomparavelmente mais nobres aos olhos de

    Deus que as dos pagos elas esto, mormente na ocasio, num estado muito mais aptopara glorificar a Deus que as dos infiis.

    Qual de ns recusar-se- a contribuir assim para a felicidade e glria de Deus?

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    DIA 20

    Segundo motivo: O servio que prestamos a ns mesmos1. Adquirimos um protetor certo no Cu. A alma que nossas oraes tiverem libertado,contraiu para conosco, s pelo fato de seu resgate, uma estrita obrigao dereconhecimento; primeiro, diz o padre Faber, pela glria da qual lhe antecipamos a hora;depois, em razo dos horrveis sofrimentos aos quais a arrancamos; assim, para ela umdever obter-nos incessantes graas e bnos. No Cu tambm se ama e se reconhecido!

    E no somente essa alma que fica reconhecida, seu anjo da guarda tambm, aSantssima Virgem a quem essa alma era consagrada, o prprio Jesus que a nossasoraes deve o glorific-la mais cedo. E o anjo da guarda, e Maria e Jesus, tambm elesnos testemunham sua alegria com benefcios novos.

    2. Constitumos no Cu um representante nosso que, em nosso nome, adora, louva eglorifica o Senhor. Aquele que serve a Deus na terra, nunca est satisfeito; no sabe,no pode amar como deseja e sente a necessidade de faz-lo; mas, se libertou uma almado Purgatrio, oh que alegria, que consolao a de poder dizer: Uma alma santa que amaperfeitamente a Deus, foi am-lo por mim; e, enquanto eu estou na terra ocupado, nasfunes e trabalhos da vida, talvez at esquecendo-me de Deus, l no Cu ela, talvezmuitas, sem interromperem um s momento seu cntico de amor indizvel, adoram,glorificam a majestade e a beleza do Altssimo, e fazem-no em meu nome!

    3. Constitumos protetores nossos as almas por quem oramos. O ensino comum dostelogos que, no podendo as almas do Purgatrio orar eficazmente por si, podem,todavia, alcanar graas para ns, So santas, diz Suarez, caras a Deus; a caridade leva-as a nos amar... Por que no intercedero conosco, mesmo quando expiam por si? oque se d conosco sobre a terra, pois que, embora devedores em relao a Deus, nohesitamos nunca em rogar pelo prximo.

    Pode-se, portanto, invoc-las nas necessidades, nos perigos, nas inquietaes. Os fiis opraticam habitualmente e h poucas almas piedosas que no possam dizer: Quandotenho pedido alguma graa pelas almas do Purgatrio, raro que no a tenha alcanado.

    DIA 21

    Terceiro motivo: As principais virtudes que assim praticamos

    Socorrendo as almas do Purgatrio, praticamos a caridade em toda a sua extenso. Adevoo s almas do Purgatrio, diz S. Francisco de Sales, encerra todas as obras demisericrdia, cuja prtica, elevada ao sobrenatural pelo esprito de f, nos h de merecero Cu.

    Descer ao meio desses fogos devoradores, levar s almas prostradas em seu leito dechamas a esmola de nossas oraes, no , de algum modo, visitar os enfermos?

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    32 Ms das Almas do Purgatrio

    No dar de beber aos que tm sede, chover o doce orvalho de graa celeste sobre asalmas que ardem na sede de ver a Deus face a face?

    Adiantar para elas o momento em que ho de entrar na posse da bem aventurana, doCu, de Deus, do qual esto mais famintas do que o mendigo o est do pedao de po quelhe estendemos: , em verdade, alimentar os que nos pedem de comer.

    Ns remimos cativos, pagando o resgate das santas almas prisioneiras da justia divina,despedaando as cadeias que as retm longe do Cu, e que cadeias!

    Vestimos com magnificncia os que esto nus, abrindo, com a nossa penitncia, aosmortos a manso de glria em que o Senhor lhes tem preparado uma tnica de luz deeternos esplendores.

    Que admirvel hospitalidade exercemos, introduzindo-as na Jerusalm celeste, na cidadetriunfante dos espritos bem aventurados!

    Poderamos acaso comparar o mrito do sepultar corpos dados em pasto aos vermes,com a inaprecivel felicidade de fazer subir ao Cu almas imortais? Sufragando as

    almas do Purgatrio, exercitamos a gratido. Certamente no so estranhos aos queimploram socorro, so os nossos: pai, me, amigos...

    Esses coraes dedicados que outrora tanto trabalharam e sofreram, que, por nossacausa talvez por nos amarem com excesso, cometeram essas faltas, em cujaexpiao sofrem agora; esses coraes que muitas vezes ferimos com a nossa in-diferena, com as nossas queixas, com recriminaes mesmo: hoje que no palpitammais na terra, no verdade que sentimos remorsos de no lhes haver testemunhadobastante a nossa afeio? Pois bem, ns podemos reparar tudo, orando por eles! Muitasvezes os deixamos ss: vamos pensar neles; muitas vezes lhes desobedecemos:escutemos suas splicas e faamos por eles tudo o que nos pedem; faltamos-lhes complacncia e afabilidade, preferimos nosso prazer sua felicidade: privemo-nos dealguns momentos de distrao para consagr-los a orar por eles.

    meus queridos mortos, sereis contentes daquele que tanto se arrepende de vos haverpenalizado na terra: eu vo-lo prometo.

    DIA 22

    Quarto motivo: O julgamento que nos espera aps a morteOuvi estas palavras do Evangelho:

    O que fizerdes ao mnimo dos meus, a mim que o fazeis. Sereis medidos com amesma medida de que houverdes usado com outros.

    Vir um dia, e talvez esse dia no esteja longe, em que estareis vs mesmos no lugar daterrvel expiao. Conhecereis ento, por uma experincia pessoal e dolorosa, o que oPurgatrio; e, como as pobres almas que l sofrem a esta hora, clamareis com um acentoaflitivo: tende piedade de mim, tende piedade!

    E, por uma justa permisso divina, estes gritos despedaadores penetraro na alma

    daqueles a quem vos dirigirdes na medida em que agora as splicas das almas calam emvosso corao: esquecestes? sereis esquecido!; repelistes como importunos seus pedidosde oraes? vossas instncias tambm sero repelidas; no quisestes sofrer uma

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    33 Ms das Almas do Purgatrio

    privao para dar uma esmola em favor dos mortos? no se far esmola em vossobeneficio. E assim ficareis s, sem amigos, obrigado a permanecer no fogo purificadorat expiardes vs mesmo ainda a mais pequena mancha.

    E, mesmo quando, mais caridosos que vs, vossos parentes intercedessem por vossolivramento, Deus, rbitro supremo da aplicao de seus sufrgios, qui no vos deixarsentir em toda sua medida os efeitos de uma caridade da qual vos tornastes to poucodigno.

    Oh! no nos coloquemos em condies de ser assim abandonados!

    Mas, se houverdes sido bom, dedicado, generoso com essas pobres almas, Deus Eleo disse Deus mesmo que vos retribuir, e no cntuplo, o que tiverdes feito em seunome pelos seus, e, at dado que vossos parentes e amigos vos abandonem, Deussuscitar boas almas que ho de orar e expiar por vs; ou, talvez, por uma abundncia degraa toda especial, aumentando aqui mesmo na terra vosso amor por Ele, vos farexpiar em vida todos os vossos pecados.

    Deus muito justo para deixar uma s ao boa sem recompensa, e, recompensando

    como Deus, d sempre mais do que se lhe deu.Terminemos com estas palavras de Santo Ambrsio: Tudo o que damos por caridade salmas do Purgatrio converte-se em graas para ns, e, aps a morte, encontramos o seuvalor centuplicado.

    O Purgatrio como um banco espiritual em que podemos depositar cotidianamentenossas boas obras, por menores que sejam; e a esto em seguro e se multiplicam; e,quando nos vemos aflitos e inquietos, da vem, como viria o rendimento de um dinheirodepositado, a luz, a fora e a prudncia que nos so preciosas em nossas dificuldades.

    Sejamos, pois, generosos, muito generosos.

    Meios que nos fornece a Igreja para aliviar as almas do Purgatrio

    DIA 23

    Meios gerais

    Graas, meu Deus, mil graas de terdes em vossa infinita misericrdia permitido a meu

    corao fazer bem a meus pobres finados e de haverdes multiplicado em redor de mimos meios de faz-lo.

    Esses meios, diz um piedoso autor, so to numerosos como as pulsaes de meucorao, como meus pensamentos, como minhas palavras, meus suspiros, minhas aes,porque no h uma s destas coisas que no lhes possa aproveitar.

    Um movimento do corao em sua inteno, um olhar para o Cu em sua lembrana, um suspiro de piedade por eles, um pensamento de compaixo sobre os males quesofrem, os nomes de Jesus e de Maria pronunciados com devoo em seu favor,amenor obra boa em recordao deles, diminuem certamente suas penas, contantoque a caridade tenha parte nisso e que esteja em estado de graa aquele que pensa neles

    e por eles trabalha.Realmente custa-nos muito pouco sufragar os defuntos. Somos obrigados a fazer certasoraes, quer em particular, quer em pblico, a assistir santa Missa, ao menos nos

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    domingos e festas de preceitos, a aproximar-nos dos sacramentos em certas pocas, afazer alguns jejuns e esmolas, a perdoar aos nossos inimigos. Tudo isto, se, estandona graa de Deus, o oferecemos pelas almas do Purgatrio, aceito por Deus e servepara alvio delas.

    E os males de todos os dias? os dissabores que perturbam quase continuamente nossavida, a fadiga do trabalho obrigatrio, as enfermidades enviadas discretamente porDeus, as humilhaes imerecidas, a intemprie inevitvel das estaes, a tarefa desuportar os humores e caprichos dos que nos rodeiam, tudo isso ainda pode servir paraexpiar nossos pecados e os pecados das pobres almas do Purgatrio.

    Aceitemos, pois, tudo o que o bom Deus permite, sem murmurar jamais contra ele: todasas manhs, ofereamos a Deus, em favor dos nossos finados, todo o bem que pudermosfazer... oh! de que sofrimentos sero aliviados no Purgatrio!

    Quo rico o homem, diz Bossuet, pois que com to pouco pode ganhar o Cu e faz-loganhar aos outros!

    DIA 24

    Primeiro meio: A Orao

    A orao, feita diretamente pelas almas do Purgatrio, a splica de um filho a Deuspara que se mostre bom e misericordioso.

    A uma orao feita assim, no fundo da alma, ser Deus insensvel?

    De mais, a orao, quando parte de um corao puro e feita com instncia, tem por sis, diz S. Tiago, uma fora imensa. Eleva-se at o corao de Deus, penetra nesse corao,comove-o, e lhe arranca, de alguma sorte, a despeito de sua justia, o perdo e amisericrdia.

    Portanto, eu rogarei muito a Deus por meus mortos, farei a Deus esta violncia que lhe to grata.

    Entre minhas oraes, empregarei, de preferncia, as que so indulgenciadas: o Tero, aVia Sacra, invocaes especiais... etc.

    Uma indulgncia a remisso total ou parcial das penas temporais devidas aos pecados

    j perdoados quanto ofensa e pena eterna: essa remisso outorgada pela Igreja, querecebeu de seu divino Fundador o poder de faz-lo pela aplicao dos mritossuperabundantes do mesmo Jesus Cristo e dos Santos.

    Aos que vivem neste mundo, como ainda esto sob a jurisdio do Papa, este quemaplica as indulgncias a modo de absolvio por fora destas palavras de Jesus Cristo:Tudo o que remitirdes na terra ser remitido no Cu. Quanto aos mortos, no estandomais sob essa jurisdio, as indulgncias s lhes so aplicadas por modo de sufrgio, isto, o Papa toma do tesouro da Igreja, formado pelos mritos de Jesus Cristo e dos Santos,o que sua prudncia julga conveniente e o faz oferecer pelos fieis, em favor dos defuntos,a Deus que o aceita em satisfao por eles. Assim, os vivos substituem os mortos em

    virtude da comunho, dos santos. o que faz Sto. Toms dizer que a indulgncia no uma pura remisso, mas uma espcie de resgate.

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    Doutrina consoladora! Ela me d ocasio de ser bom para com os meus defuntos: incute-me a convico de que posso acumular para eles, proporciona-me o prazer de fazer poreles alguns sacrifcios, e expiar assim a falta de afeio e de reconhecimento de minhaparte que, durante sua vida, lhes foi sem dvida to sensvel!

    Uma indulgncia uma chave que a Igreja me confia para penetrar em seu tesouro, ondeesto os mritos de Jesus Cristo e dos Santos, com permisso de retirar a soma que elamesma indicou; esta soma de mritos, eu a entrego a Deus para solver as dvidas dasalmas do Purgatrio, e Deus a aceita, aplicando-a na medida que julga de convenincia.

    Oh! quanto sois verdadeiramente me, vs que nos entregais assim os vossos tesouros: eu quero, pois, eu vou me aproveitar deles !

    DIA 25

    Segundo meio: A santa missa

    o meio mais eficaz e mais pronto para, aliviar e libertar as almas de nossos mortos.

    A cada Missa celebrada com devoo, diz S. Jernimo, saem muitas almas do Purgatrio. E no sofrem tormento algum durante a Missa aplicada por elas, acrescenta o mesmoDoutor.

    Na Missa, o prprio Jesus que se oferece ao Eterno Padre em troca, por assim dizer, daalma de quem se lhe pede o livramento. Um santo sacerdote, diz o Cura d'Ars, oravapor certo amigo que ele sabia estar no Purgatrio: veio-lhe a ideia de que no podia

    fazer nada de melhor do que oferecer por sua alma o santo sacrifcio da Missa. Chegadoo momento da consagrao, tomou a hstia entre as mos e disse: Pai santo e eterno,faamos uma troca. Vs tendes a alma de meu amigo que est no Purgatrio, e eu tenhoem minhas mos o corpo de vosso Filho: pois bem! livrai meu amigo e eu vos ofereovosso Filho com todos os mritos de sua Paixo e Morte.No momento da elevao, viuele a alma do amigo que, toda radiante de glria, subia ao Cu.

    Na santa Missa, o sangue de Jesus com que se quer libertar, e este sangue tem valorinfinito.

    A indignidade daquele que manda dizer a Missa ou mesmo de quem a diz, no tira ovalor da oferenda. Qualquer outra orao ou obra boa, feita em estado de pecado mortal,

    uma obra morta, mas o sacrifcio da Missa tem sempre intrinsecamente o mesmo valor.Seu mrito, diz Bourdaloue, no depende da santidade de quem o oferecer, e muitomenos de quem o faz oferecer, mas ligado s pessoa de Jesus Cristo e ao preo de seusangue; donde segue-se que um pecador, ainda em seu estado desordenado, pode con-tribuir para o repouso das almas do Purgatrio... Pode e deve-o, tanto mais quanto estesacrifcio o nico meio que ele tem de suprir a impotncia em que est de socorrer deoutro modo essas almas predestinadas. Deus olha a Hstia que se apresenta, que JesusCristo, e no aqueles pelo ministrio ou cuidado de quem ela lhe oferecida.

    Farei, portanto, oferecer a santa Missa por meus finados. Se no puder, ouvirei a Missapor eles: ouvir a Missa, unir-se ao sacerdote que a celebra, oferecer tambm a santa

    vtima. Lembrai-vos, Senhor diz o sacerdote ao ofertrio de vossos servos aquipresentes por quem vos oferecemos este sacrifcio ou que vo-lo oferecem eles mesmos.

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    Comungarei por eles: a santa comunho , depois do santo sacrifcio, o ato mais sublimeda religio, o que d mais gloria a Deus; o que, pelos sentimentos de humildade,contrio e amor que desperta na alma, constitui uma das obras satisfatrias mais teis.

    DIA 26

    Terceiro meio: O jejum, as mortificaes, a esmola

    Os atos de mortificao, em geral, nos fazem mais comedidos, mais piedosos e,consequentemente, mais agradveis a Deus; as oraes que conjuntamente fazemos soacolhidas mais favoravelmente: Deus no repele o corao contrito e humilhado; mas,alm do valor que esses atos do a nossas oraes, eles so por si mesmos umareparao em favor das almas do Purgatrio.

    Estas almas sofrem porque foram negligentes, sensuais, tbias, pouco submissas... e ns,esforando-nos por sermos mais ativos nos trabalhos, mais firmes na resistncia stentaes, mais mortificados nos sentidos, mais generosos para dar, reparamos o queelas fizeram mal, suprimos o que omitiram, compensamos o que fizeram de modoimperfeito, e, assim, pagamos realmente a Deus as dvidas, que contraram.

    Sofrem essas almas, porque buscaram com sofreguido os prazeres do mundo,permitidos, sim, mas em certos limites e moderadamente; abandonaram-se a umacuriosidade que feriu a delicadeza de sua virtude, tiveram alguma sensualidade em suasrefeies... Oh! pois que Deus nos aceita como reparadores e redentores em favor delas,privemo-nos de assistir quela festa mundana que nos impediria de orar com

    recolhimento; no vamos aonde nos convida a simples curiosidade, embora no parearepreensvel; evitemos o que pode lisonjear nossas paixes, sejamos, sobretudo,severos observadores dos jejuns e da abstinncia imposta pela Igreja.

    Meus pobres mortos, sei que padeceis, e hei de entregar-me ao prazer? privando-meapenas do que seria um perigo para minha alma, posso aliviar-vos, e no o farei ? meuDeus, aqui estou! feri a mim, porm poupai a eles! acudi-lhes!

    Faamos tambm a esmola em inteno de nossos finados.

    Quando um pobre bate nossa porta, ns lhe dizemos, entregando o que nos possveldar; Pedi por meus pobres mortos! Oh! se nos fosse dado ver o que nossa esmola faz daorao desse mendigo! Faz dela, afirma S. Joo Crisstomo, a amiga de Deus, oraosempre escutada; nossa esmola em suas mos torna-se alguma coisa de onipotente:move o corao de Deus, alcana dele tudo quanto quer. Passa-se uma espcie decontrato entre Deus e o homem: ns damos capitais, bens; privamo-nos para dar; Deus,em compensao, em troca, d o alivio, e o resgate quelas almas.

    Se soubermos que nossos mortos deixaram dvidas, quitemo-las pronta e genero-samente.

    Se soubermos que eles cometeram alguma injustia, vamos repar-la, e, dando a esmola,tenhamos a inteno de compensar os danos que possam ter causado e que ignoramos.

    Se nos fizeram algumas recomendaes, no tardemos de cumpri-las.

    Se nos pediram Missas, providenciemos para que se celebrem o mais prontamentepossvel.

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    A vontade e at os desejos dos moribundos devem ser sagrados.

    DIA 27Quarto meio: O ato heroico

    Um derradeiro meio que encerra em si todos os outros o ato heroico, que consiste emaplicar s almas do Purgatrio tudo de que podemos dispor em nossas oraes e obraspessoais, e ainda em ceder-lhes a aplicao que nos tocar das oraes e obras de outros.

    O ato heroico o mais prprio das almas que s se julgam felizes quando, depois dehaverem dado tudo, do-se a si mesmas; por isso a instituio desse ato foi bem aceita eele praticado com fervor.

    Demais, esse ato no empobrece a ningum; antes, centuplica o mrito de todas asnossas boas obras. O mrito de uma obra procede, com efeito, da caridade, e quantomaior caridade houver em uma ao, mais meritria ser ela para quem a faz. Ora,haver na vida crist ato mais cheio de verdadeira caridade do que aquele, pelo qual,despojando-nos de todo o mrito satisfatrio de nossas oraes e boas obras, ns ooferecemos a Deus para que o aplique, ele mesmo, s almas do Purgatrio?

    Esse ato heroico centuplica o fruto impetratrio de nossas boas obras. Quando pedimosa Deus uma graa, no somos ss a pedir; milhares de almas, as almas em beneficio dasquais fizemos esse ato, pedem conosco: pedem do Cu, se j o gozam; pedem doPurgatrio, se ainda nele esto!

    O ato heroico pode ter a seguinte frmula:Para vossa gloria, meu Deus, e para imitar o mais possvel o generoso Corao deJesus, meu Redentor, e tambm com o fim de mostrar minha dedicao Santa Virgem,minha Me, que tambm Me das almas do Purgatrio, deponho em suas mos todasas minhas obras satisfatrias, assim como o valor de todas as que houverem de ser feitasem minha inteno depois de minha morte, para que Ela aplique tudo s almas doPurgatrio, segundo sua sabedoria e sua discreo.

    Esse ato d aos sacerdotes altar privilegiado todos os dias do ano; aos fieis, umaindulgncia plenria com que podem livrar uma alma do Purgatrio todas as vezes quecomungam e todas as segundas-feiras, ouvindo a santa Missa pelos defuntos, contanto

    que visitem nesse dia uma igreja, e orem segundo as intenes do Sumo Pontfice; almdisso, podem aplicar aos mortos todas as indulgncias que, pela letra das concesses,no lhes fossem aplicveis.

    Quem recusar fazer esse ato, ato de generosidade, por certo, mas tambm ato que aIgreja remunera com tanta largueza e a que Deus ser reconhecido no Cu?

    Eu fao-o em toda a sua extenso: digo com alegria essa frmula que me indicada, eformo a inteno de renov-la, ao menos de corao, em todas as minhas comunhes.

    Que no faria eu, meu Deus! que no daria eu com o fim de contribuir para vossa glria epoupar o sofrimento a meus defuntos to pranteados!

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    LIES DADAS PELAS ALMAS DO PURGATRIO

    DIA 28

    I. Horror ao pecado

    Que boas lies, diz o Padre Faber, podemos retirar da meditao do Purgatrio!

    A primeira, a que domina todas as ou traz, o amor da pureza, em geral, e comoconsequncia, o temor de ofender a Deus, a fuga das ocasies do pecado, o desejo demortificar-se para expiar as prprias faltas, o zelo em ganhar as indulgncias.

    Apenas desprende-se do corpo, a alma se encontra, sem poder explicar como se d isto

    em face de Deus, a quem v, a quem conhece... e sente-se naturalmente atrada a ele comuma violncia que nada tem de comparvel na terra... Mas, de repente, revela-se-lhe apureza de Deus, essa pureza que alguma coisa de indizvel em linguagem humana, e,conhecendo-se ainda maculada, embora levemente, concebe tal horror de seu estado elogo tal desejo de se purificar para se unir a Deus, que se precipita incontinente naschamas do Purgatrio onde espera a sua purificao.

    Assim entende Santa Catarina de Gnova, a qual acrescenta: Se esta alma conhecesseoutro Purgatrio mais terrvel, em que se purificasse mais depressa, a que ela searrojaria na veemncia de seu amor por Deus. Havia de preferir mil vezes cair no infernoa comparecer ante a Divina Majestade com a mais ligeira mancha.

    E, no Purgatrio, essa alma justa e amante deixa de olhar tudo o mais para fixar duascoisas: a pureza de Deus a quem ama, e a necessidade de se tornar digna dessa pureza.

    Entretanto, sofre, e sua dor tanto mais viva quanto ela ignora completamente quandocessar o exlio que a tem longe de Deus! Diz ainda Santa Catarina: to cruciante apena, que a lngua no pode exprimi-la, nem a inteligncia conceber-lhe o rigor.Conquanto Deus em sua bondade me tenha permitido entrev-la um instante, no aposso descrever... Todavia, se uma alma, que ainda no est purificada, fosse admitida viso de Deus, sofreria dez vezes mais do que no Purgatrio; porque no estaria emcondies de acolher os efeitos dessa bondade extrema e misericordiosa justia.

    No verdade que tal doutrina nos faz temer a menor falta e amar cada vez mais a

    pureza? Roguemos s almas do Purgatrio que nos alcancem o horror do pecado.

    DIA29

    II. Reparar os pecados pela penitncia

    Santa Brgida viu, um dia, ante o Soberano Juiz, uma alma do Purgatrio, que estava

    trmula e confusa e a quem era intimada que declarasse publicamente os pecados queno tinham sido seguidos de penitncia suficiente e que lhe haviam merecido a punioque sofria.

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    A alma exclamava com uma voz que cortava o corao: Infeliz de mim, infeliz! e emsoluos, fazia a enumerao de tudo o que a manchava e prendia to longe do Cu.

    No reproduziremos essa viso, mas dela extrataremos a relao das principais faltasque, como vermes roedores, torturam uma pobre alma do Purgatrio.

    Perdi meu tempo, esse tempo bem