08 novo, porém antigo

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Pç. Arqt. Nº. 08/2012 - Jorge Simões - MI,PGSS,SEM,KT. Supremo Grande Capítulo Irm. Rui Ferreira da Silva, M.M., M.R.A.

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Pç. Arqt. Nº. 08/2012 - Jorge Simões - MI,PGSS,SEM,KT.

Supremo Grande Capítulo

Irm. Rui Ferreira da Silva, M.M., M.R.A.

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Novo, porém Antigo. Este foi o títu-lo do artigo publicado sobre o Real Arco no E&A # 5, do verão de 2000, parodiando o lema do Grande Orien-te do Brasil. De lá para cá, muita coi-sa aconteceu para acender o interes-se dos Maçons brasileiros sobre este último caminho regular da Franco-Maçonaria.

A Grande Loja Unida da Inglaterra, no âmbito do Grande Oriente do Bra-sil, está incentivando a criação de Ca-pítulos do Arco Real em língua por-tuguesa. A GLMESP criou um Gran-de Capítulo do Arco Real inglês, atra-vés da Grande Loja da Espanha, pa-ra o Estado de S. Paulo.

Da mesma forma, os três Capítulos do Real Arco americano, que haviam feito uma petição ao Grande Capítu-lo Geral de Maçons do Real Arco Internacional receberam sua Carta Patente para o Supremo Grande Ca-pítulo de Maçons do Real Arco do Brasil.

Assim, de repente, os Maçons brasi-leiros estão recebendo notícias so-bre algo meio desconhecido e é mais

do que natural que estejam, ao mes-mo tempo, confusos e curiosos.

Arco Real, a Versão InglesaO Arco Real inglês já existia ao Brasil há algum tempo, seus Capítulos sem-pre vinculados a uma Loja Simbóli-ca. Isto porque, pelo Artigo II do Tra-tado de União de 1813, origem da United Grand Lodge of England, o Arco Real inglês é parte dos Graus Simbólicos, constituindo-se num Grau lateral, complemento do Grau de Mestre Maçom. Diz o Artigo que “a pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e mais nenhum, isto é, os de Aprendiz, Companheiro e Mes-tre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Sagrado Arco Real”.

Foi a maneira sutil de harmonizar os pontos de vistas antagônicos para que as Grandes Lojas rivais, Antigos e Modernos, aceitassem a união. Os estudos para unificar o ritual dos Graus Simbólicos culminaram na primeira exibição do novo ritual sim-bólico inglês, em 23 de agosto de 1815. A primeira Loja de Instrução,

Os Degraus Maçônicos da Maçonaria Americana

Maçom do Real Arco

Graus Crípticos

Graus deCavalaria

Graus Capitulares

Graus Simbólicos

Graus Simbólicos

Graus Inefáveis

GrausCapitulares

Graus Filosóficos

GrausAdministrativos

4º5º6º

7º8º

9º10º

11º12º

13º14º

15º16º

17º18º

19º20º

21º22º

23º24º

25º26º

27º28º

29º30º

31º32º

33º

Super Excelente MestreMestre EscolhidoMestre Real

Mui Excelente Mestre

Past Master

Mestre de Marca

Ordem da Cruz Vermelha

Ordem dos Cavaleiros de Malta

Ordem dos Cavaleiros Templários

Soberano GrandeInspetor Geral (33º)

MestreSecreto (4º)

Cavaleiro Eleito dos Quinze (9º)

Perfeito e Sublime Maçom (14º)

CavaleiroRosa-Cruz (18º)

Cavaleiro Kadosh (30º)

Grande Inspetor InquisidorComendador (31º)

Sublime Príncipe do Real Segredo (32º)

Cavaleiro do Sol (28º)

Chefe doTabernáculo (22º)

Rito de YorkRito Escocês Antigo e Aceito

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The Lodge of Stability, funcionou a partir de 1817. Mas o Arco Real in-glês, em sua nova forma, só iria ga-nhar um ritual impresso em 1834.

Real Arco, a Versão AmericanaO Real Arco americano, sem proble-mas, chegou à sua forma atual em 1797, ao mesmo tempo em que os Graus Simbólicos, todos organiza-dos por Thomas Smith Webb.

Na verdade, os americanos tinham resolvido pragmaticamente seus im-passes bem antes de 1813. Como a Maçonaria já estava estruturada nos Graus Simbólicos, não havia mais o que mexer. Assim, os Graus Capitu-lares, tanto do Rito de York quanto do Rito Escocês Antigo e Aceito, foram organizados numa estrutura sim-ples e seqüencial, acima dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O lado Escocês da famosa ilustração da escada Maçônica vai do 4º ao 33º, enquanto o lado York vai de Mestre de Marca, o primeiro Grau do Real Arco, a Cavaleiro Templário, o mais elevado.

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Real Arco ou Arco Real?Tanto faz. Desde os primórdios do Real Arco americano no Brasil, foi mantida a tradição do título adotado pelo Capítulo pioneiro, Jerusalém, do Paraná. Como os Companheiros da versão inglesa adotam Arco Real, a própria nomenclatura ao mesmo tempo guarda a semelhança e esta-belece uma certa diferença.

Vejamos quais são:

– O Real Arco americano, de quatro graus, é Maçonaria Capitular, com estrutura, liturgia e organização pró-prias. Forma um todo seqüencial, cronológico e harmonioso. Não está ligado às Lojas Simbólicas e nada tem a ver, administrativamente fa-lando, com as Obediências Simbóli-cas, a não ser relações fraternas e res-peitosas.

– O Arco Real inglês é uma exten-são lateral do Grau de Mestre Ma-çom, ao qual complementa. Está li-gado sempre a uma Loja Simbólica, ficando, portanto, sujeito à Obediên-cia Simbólica que o abriga.

Apesar das diferenças estruturais, lembramos que tanto a essência co-mo a origem de ambas as versões é a mesma.

O início do Real Arco americano no Brasil

O Capítulo José Guimarães Gonçal-ves Nº 1 de Maçons do Real Arco foi instalado pelo Capítulo Jerusalém em 8 de maio de 1993, um tributo à coragem e à capacidade de realiza-ção do Irm. José Nunes dos Santos.

Recebeu sua Carta Constitutiva defi-nitiva em outubro de 1997, direta-mente do General Grand Chapter of Royal Arch Masons International.

Do Capítulo José Guimarães Gonçal-ves surgiram mais dois Capítulos, Thomas Smith Webb, no Rio Gran-de do Sul, em 1997, e Keystone, no Estado do Rio de Janeiro, em 2000.

Embora antigo nos Estados Unidos, o Real Arco americano é novo entre nós. Jóias, aventais, alfaias, rituais, instruções e mais toda a parafernália necessária à realização das cerimô-nias, tudo teve que ser criado e pro-duzido seguindo a orientação do Ge-neral Grand Chapter americano.

Além disso, organizar calendários anuais, preparar eventos litúrgicos e sociais. Sem falar na preparação dos formulários para remessa da ca-pitação anual, redigidos em inglês, em formulário próprio, trabalho pa-ra apavorar qualquer Secretário.

Por isso, para fazer crescer o Real Arco no Brasil, tornou-se imperioso criar uma estrutura central nacional para ajudar na divulgação, na admi-nistração e na liturgia, dando supor-te efetivo na educação dos Maçons do Real Arco e na criação de novos Capítulos.

O Supremo Grande CapítuloAssim, no dia 15 de novembro de 2000, de acordo com as Tradições Maçônicas, os representantes dos três Capítulos originais fizeram uma petição ao General Grand Chapter para a criação do Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil, cuja fundação, para os efeitos legais, oficializou-se no dia 1º de ja-neiro de 2001. A Constituição e o Re-gulamento do Supremo Grande Capí-tulo foram registrados no Registro de Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro.

Tivemos, finalmente, a honra de re-ceber a Carta Constitutiva do Supre-mo Capítulo, outorgada no dia 24 de maio de 2001, assinada pelo Grande Sumo Sacerdote Geral, Companhei-ro William Schoene.

Hoje, já são 8 Capítulos no Brasil: Jo-sé Guimarães Gonçalves 1 (RJ), Thomas Smith Webb 2 (RS), Keys-tone 3 (RJ), São Paulo 4 (SP), Portal da Luz do Nordeste 5 (PB), Jacques DeMolay 6 (SC), Arca da Aliança 7 (RS) e Luz Sobre Trevas 8 (AM).

Alguns detalhesO título de quem alcança o Grau de Maçom do Real Arco é Companhei-ro, derivado Companion (termo in-glês derivado do latim cum panis, "aquele com quem se reparte o pão").

Ao terminar os três primeiros Graus, Mestre de Marca, Past Master e Mui Excelente Mestre, o Mestre Maçom re-cebe um Certificado.

Quando alcançar o último Grau Ca-pitular, receberá o Diploma e seu Ca-dastro de Maçom do Real Arco.

No Real Arco, estimula-se um clima de respeito, propício ao diálogo e ao aprendizado. Os ensinamentos são discutidos livremente, sem qual-quer imposição dogmática, como é próprio a homens livres e de bons costumes. Até porque – e este é um dos motivos de fascínio do Real Arco – estamos todos aprendendo e construindo. Dentro deste princí-pio, o Brasil, único em sua plurali-dade de Ritos regulares – Adonhira-mita, Francês ou Moderno, Escocês Antigo e Aceito, Schröder, York (ri-tual Emulação), Brasileiro e agora também Escocês Retificado – ofere-ce uma esplêndida oportunidade de

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aprendizado. Muitas vezes, o Ma-çom percebe em outro Rito aquilo que não ficara de todo explicado no seu Rito de origem.

Por isso, o Real Arco no Brasil não só está aberto a Maçons de todos os Ri-tos e de todas as Obediências regula-res, como também incentiva o estu-do e a análise.

Os Graus do Real Arco

O Grau de Mestre de Marca resgata uma das tradições operativas mais singelas e significativas da Idade Mé-dia. O Mestre de Marca passa a iden-tificar-se como o faziam nossos ante-passados que construíram as magní-ficas catedrais góticas.

O Grau de Past Master é um privilé-gio para o Mestre Maçom, porque, no começo, o Real Arco era prerroga-tiva exclusiva de Mestres Eleitos ou Instalados.

O Grau de Mui Excelente Mestre é o único Grau Maçônico, de qualquer Rito, que fala da terminação e dedi-cação do Templo de Salomão. Sua nobreza e carga emocional o tornam uma das mais belas etapas da senda Maçônica.

O Grau de Maçom do Real Arco co-roa, de forma grandiosa, os conheci-mentos do Mestre Maçom. É o mo-mento em que a Lenda do Templo é concluída em magnífico esplendor.

O Real Arco traz, a Maçons de todos os Ritos, uma nova compreensão do Simbolismo. Leva-nos a pensar, a comparar e a entender. Conduz-nos à emoção e ao encantamento. Eleva-nos, cada um de nós, a uma dimen-são inteiramente nova.

A Fundação Machado de Assis de Maçons do Real ArcoUma das grandes tradições da Maço-naria americana é a dedicação à fi-lantropia. Mas resultados bem mais expressivos e controláveis, aqui no Brasil, serão obtidos se os recursos forem concentrados e gerenciados dentro do rigor que a legislação bra-sileira impõe. Da mesma forma que nos Estados Unidos, o Real Arco fez de uma fundação o seu braço filan-trópico. A Fundação Machado de Assis de Maçons do Real Arco já está operando desde 3 de dezembro de

1999, inscrita na Provedoria de Fun-dações. Está realizando projetos vol-tados às crianças desassistidas em parceria e com patrocínio de várias Secretarias Municipais, Estaduais, Federais e Empresas de Economia Mista, por ora no Rio de Janeiro.

Isto é apenas o início, os primeiros passos nesse novo caminho para os Maçons brasileiros. Custou muito aos pioneiros, mas valeu a pena. Em todos os sentidos.

Por eles, os que já se foram e os ainda estão conosco, e pelos sagrados prin-cípios da Franco-Maçonaria univer-sal, empenhamos nosso trabalho, nossa dedicação e nosso amor para que o Real Arco, no Brasil, possa ser reconhecido, por aqueles que nos su-cederem, como “trabalho bom, tra-balho fiel, trabalho no Esquadro”, tal como em nossos rituais. Que o Su-premo Arquiteto assim nos inspire e mantenha firme.

Para o Maçom, a busca da Verdade é constante. Sabemos todos que esta

Verdade é interior, mas o Real Arco é uma das formas mais belas de en-contrá-la – pela companhia, pelo am-biente, pelas Cerimônias e pela sen-sação esplêndida de estar construin-do algo absolutamente novo.

Vamos deixar que as palavras do Irm. Richard Sandbach, membro da famosa Loja de Pesquisas Quatu-or Coronati, de Londres, escritor Ma-çônico de fama internacional, en-cerrem esta breve exposição:

"Ao perceber que os ensinamentos da Ordem os deixa com um sistema de moralidade voltado às coisas do mundo e com uma lenda de perda, os Mestres Maçons percebem que de-ve haver algo mais. [...] O Real Arco é uma lenda de descobertas e sua mensagem é a de que vivemos na luz e na glória da eternidade. [...]

O Real Arco mais do que completa a educação do Mestre Maçom com re-lação à história e os segredos – ele co-loca a Maçonaria no contexto da Eter-nidade.”

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