1 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA GARANTIA DA QUALIDADE EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO...

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 1 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA GARANTIA DA QUALIDADE EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tarick Elias e Silva 1  Leandro Gosling Batista 2  RESUMO  Nas ultimas décadas qualidade passou a ser quesito de sobrevivência de uma organização no mercado. A concorrência acirrada, número de processos devido à má qualidade de serviços, maior conhecimento e exigência por parte dos clientes são fatores que forçam as UANs a  buscarem qualidade do início da produção até seu produto final. UANs são unidades que  prestam serviços a fim d e fornecer refeições dentro dos padrões diet éticos, higiênicos visando atender as necessidades nutricionais de seus comensais. O objetivo dela é assegurar qualidade em todos seus produtos e serviços, porém qualidade não acontece sozinha ela precisa ser administrada, neste caso o profissional nutricionista é o melhor preparado para a administração da mesma, o nutricionista é responsável pela execução de rotinas de trabalho e gestão de toda mão de obra envolvida no processo de produção sendo necessária a adoção de um programa de gestão de qualidade para tal. O processo administrativo proposto por Fayol composto por  planejamento, organização, direção e controle foi um marco na administração moderna, sendo implantado por diversas organizações. Devido a sua abordagem simples e objetiva o processo administrativo vem sendo adotado como um programa de gestão de qualidade em UANs, pois 1  Aluno do 8período do curso de Nutrição da Faculdade Atenas. 2  Coordenador e Professor do curso Nutrição da Faculdade Atenas.

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    A IMPORTNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

    PARA GARANTIA DA QUALIDADE EM UNIDADES DE

    ALIMENTAO E NUTRIO

    Tarick Elias e Silva1

    Leandro Gosling Batista2

    RESUMO

    Nas ultimas dcadas qualidade passou a ser quesito de sobrevivncia de uma organizao no

    mercado. A concorrncia acirrada, nmero de processos devido m qualidade de servios,

    maior conhecimento e exigncia por parte dos clientes so fatores que foram as UANs a

    buscarem qualidade do incio da produo at seu produto final. UANs so unidades que

    prestam servios a fim de fornecer refeies dentro dos padres dietticos, higinicos visando

    atender as necessidades nutricionais de seus comensais. O objetivo dela assegurar qualidade

    em todos seus produtos e servios, porm qualidade no acontece sozinha ela precisa ser

    administrada, neste caso o profissional nutricionista o melhor preparado para a administrao

    da mesma, o nutricionista responsvel pela execuo de rotinas de trabalho e gesto de toda

    mo de obra envolvida no processo de produo sendo necessria a adoo de um programa de

    gesto de qualidade para tal. O processo administrativo proposto por Fayol composto por

    planejamento, organizao, direo e controle foi um marco na administrao moderna, sendo

    implantado por diversas organizaes. Devido a sua abordagem simples e objetiva o processo

    administrativo vem sendo adotado como um programa de gesto de qualidade em UANs, pois

    1 Aluno do 8perodo do curso de Nutrio da Faculdade Atenas.

    2 Coordenador e Professor do curso Nutrio da Faculdade Atenas.

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    incorporando seus componentes a todo fluxo de trabalho e produo da unidade pode-se

    estabelecer padres que visam qualidade sempre como produto final.

    Palavras-chave: Qualidade. Unidades de Alimentao e Nutrio. Processo Administrativo.

    INTRODUO

    O mercado de alimentao cresceu paralelo evoluo do processo urbano-

    industrial, onde o fluxo e uma rotina intensa de trabalho restringem cada vez mais a

    possibilidade do trabalhador realizar refeies em sua residncia. Este mercado de alimentao

    pode ser divido em alimentao comercial e de coletividades, e os estabelecimentos produtores

    e fornecedores so caracterizados como Unidades de Alimentao e Nutrio (UAN), e

    abrangem empresas fornecedoras de alimentao coletiva, restaurantes comerciais e similares,

    hotelaria, cozinhas de estabelecimentos de assistncia a sade, alimentao escolar bem como a

    alimentao do trabalhador.

    UANs so formadas por um conjunto de reas e servios responsveis pela

    produo de refeies balanceadas dentro dos padres dietticos e higinicos visando atender

    as necessidades nutricionais de seus clientes e comensais, adequadas aos recursos financeiros

    da unidade. Com o forte crescimento do setor de servios a concorrncia acirrada, presena de

    doenas transmitidas por alimentos e processos devido baixa qualidade de produtos a

    qualidade de produtos e servios passou a ser um dos objetivos a ser alcanados pelas UANs, a

    fim de promover a sade de seus clientes e garantir o seu lugar no mercado de alimentao.

    Qualidade pode ser conceituada como uma sistematizao da produo de produtos

    e servios com o intuito de assegurar um resultado econmico das operaes e que atendam

    plenamente a satisfao do consumidor, o conceito de qualidade uma idia antiga, porem sua

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    gesto para obteno recente. Henry Fayol, engenheiro francs, dedicou-se ao estudo da

    administrao, tornando assim um dos fundadores da teoria clssica da administrao e da

    administrao moderna, Fayol desenvolveu a teoria da gesto administrativa ou processo

    administrativo, onde ele define o conceito de administrao baseada em quatro princpios

    (planejamento, organizao, direo e controle), segundo ele, previso seguido de mtodos

    adequados de gerncia torna os resultados satisfatrios inevitveis, afirma ainda que esses

    princpios so universais e podem ser aplicados a qualquer organizao.

    2 CONCEITUANDO QUALIDADE EM UAN

    Conforme Bravo (2010) a ateno por qualidade em produo de produtos

    comeou a partir da dcada de 30, devido variabilidade da produo em funo da variao

    das matrias-primas, da habilidade dos operadores e dos equipamentos. A preocupao no era

    a existncia da variao mais sim distinguir as variaes aceitveis das flutuaes que

    indicassem problemas. Diante desta questo surgiu o controle estatstico da qualidade,

    passando a atuar j no sentido de prevenir problemas, pela possibilidade de detectar a tendncia

    de um processo de fabricao.

    Segundo Maximiano (2007) o controle estatstico da qualidade proposto no incio

    do sculo XX evoluiu, at chegar qualidade de hoje em dia, onde a administrao tem como

    ponto de partida para a definio de qualidade a figura do cliente.

    Boa qualidade reduz custos de retrabalho, refugo e devolues bem como assegura

    consumidores satisfeitos. Alguns gerentes de produo acreditam que, em longo prazo, a

    qualidade o mais importante fator singular que afeta o desempenho de uma organizao em

    relao a seus concorrentes.

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    A qualidade precisa ser entendida do ponto de vista do consumidor porque, para o

    consumidor, a qualidade de um produto ou servio em particular aquilo que ele percebe como

    qualidade. A viso de qualidade da operao preocupa-se com tentar atingir as expectativas dos

    consumidores. A viso de qualidade do consumidor oque ele percebe ser o produto ou servio

    (SLACK, 2009, p.552).

    Segundo Teichmann (2000) a cada dia, mais se fala de qualidade nos locais onde

    h interesse na melhoria do desempenho. A busca de informaes em literatura pertinente e a

    frequncia nos cursos de qualidade so cada vez maiores, sendo evidente que tal busca vai ao

    encontro da forte competio existente hoje nas empresas prestadoras de servio, pois se as

    mesmas no estiverem preocupadas com a satisfao de seus clientes, certamente, outras

    estaro buscando encantlos.

    Bravo (2010) ensina que a gesto de qualidade facilita o processo de mudanas

    organizacionais evolvendo pessoas e criando processos que facilitem o alcance da mudana

    esperada. Slack (2009) ressalta que a gesto da qualidade envolvendo planejamento e controle

    envolve muito mais do que qualidade, envolve melhoria de todos os aspectos de desempenho

    da produo.

    Ainda no pensamento de Bravo (2010) o conceito tradicional de gesto de

    qualidade tem uma viso de qualidade baseada em certas manifestaes fsicas mensurveis no

    produto ou pelo menos detectveis sensorialmente, todas elas capazes de atestar um efeito

    benfico. J o conceito dentro da gesto de qualidade no pode ser descrito simplesmente como

    uma varivel. Por maior que seja seu valor econmico, h um envolvimento do conjunto

    integrado pelo produto e seu contexto, o que inclui todo processo produtivo correspondente,

    num sentido amplo.

    Baseado no exposto anteriormente observa-se que este tipo de abordagem fornece

    um enfoque completamente diferente, passando de uma viso dos aspectos do produto final, ou

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    seja, produzir algum bem fsico, neste caso, alimentos, e simplesmente tentar v-los

    independente do grau em que suas caractersticas sejam favorveis para a sociedade, para uma

    viso sistmica com o intuito de reconhecer as necessidades sociais, que neste caso, referem-se

    fundamentalmente a um contedo nutritivo, suficiente e equilibrado, priorizando a ateno no

    tocante sade da populao.

    Segundo Rgo (2004) importante lembrar que o conceito de segurana alimentar

    foi atualmente ampliado, incorporando tambm o acesso aos alimentos os aspectos nutricionais

    e as questes relativas qualidade bem como do aproveitamento biolgico dos alimentos.

    Abreu (2007) diz que para se garantir a qualidade dos alimentos, devem ser evitar

    as doenas de origem alimentar, enfatizando as situaes que tem como objetivo a preveno

    da veiculao de agentes patognicos de maior severidade e as condies de maior risco.

    Riedel (2005) expe em sua obra que as caractersticas sanitrias de um alimento

    constituem apenas uma das facetas que compe o complexo problema dos alimentos em

    relao sade do ser humano. Sendo impossvel isolar completamente este aspecto restrito de

    transmisso de doenas atravs dos alimentos, de outros problemas de qualidade que de alguma

    forma, tambm acabam influenciando na sade humana. Do ponto de vista da sade, os

    conceitos de sanidade e qualidade alimentar no podem ser considerados separadamente. Um

    produto pode atender usualmente os padres de qualidade aceitveis, porque esses padres so

    relativos s condies fsicas e organolpticas, e estar sanitariamente inadequado devido

    presena de agentes ou substncias prejudiciais sade, no detectveis pelos rgos dos

    sentidos.

    Conforme Salinas (2002) estes campos esto intimamente correlacionados. Sendo

    necessrio o uso de todos os recursos possveis com a finalidade de fornecer ao consumidor

    alimentos mais seguros e eficientes do ponto de vista nutricional.

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    Neste contexto Vieira (2007) diz que os consumidores se tornam cada vez mais

    exigente em relao qualidade dos produtos que adquirem, questionam sobre a origem dos

    mesmos, como e por quem foram produzidos, exigem informaes sobre o que de fato esto

    consumindo e determinando garantias em relao qualidade final dos produtos.

    Segundo Mezomo (2002) atualmente necessrio ver em cada cliente a figura de

    uma pessoa, supondo tambm, que os funcionrios sejam qualificados para produzir servios

    de qualidade. Ainda no pensamento de Vieira (2007) Se no inicio a indstria focava no

    controle do processamento, aos poucos as exigncias e os controles de qualidade se estenderam

    para todo o sistema, da matria-prima ao consumidor final. As implicaes organizacionais da

    necessidade de controlar a qualidade dos produtos alimentares foram e so grandes

    determinantes nas cadeias de suprimentos cuja principal racionalidade institucional ter

    controle sobre a qualidade e especificidade da matria-prima e da disponibilizao do produto

    final para o consumidor, apresentando importante contribuio na obteno de um processo

    mais uniforme ao longo da cadeia, facilitando assim o compartilhamento de informaes e

    prticas produtivas.

    Teichmann (2009) afirma que procurar manter e melhorar continuamente a

    qualidade, no fornecimento dos servios de alimentao, tornou-se um desafio permanente.

    Neste sentido, no resta alternativa para indstria alimentcia, seno buscar a qualidade em

    todo o processo, e por intermdio de todas as pessoas e por todos os meios nela envolvidos.

    Para Teixeira et al (2000) para se obter qualidade a UAN deve contar com um

    quadro de pessoal adequado tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo,

    desenvolvendo aes pr-ativas, antecipando-se nas suas aes, prevenindo desvios

    comportamentais e de desempenho profissional que podem vir a prejudicar a qualidade dos

    servios e produtos.

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    Segundo Abreu (2007) so vrios os instrumentos que podem ser utilizados para a

    garantia da qualidade dos alimentos e servios de uma unidade de alimentao e nutrio.

    Dentre eles, os mais utilizados nos dias de hoje so: a adoo de Boas Prticas de Fabricao

    (BPF) dos alimentos, o conhecimento e adoo dos Padres e Procedimentos Operacionais de

    Sanitizao (PPOS/SSOP) bem como a aplicao do sistema de Anlise de Perigos e Pontos

    Crticos de Controle (APPCC). As BPF servem para garantir a qualidade dos alimentos e

    conseqentemente, a sade do consumidor, pois a partir das mesmas so adotados

    procedimentos corretos que devem ser seguidos para a produo de refeies em UANs.

    Nascimento (2003) diz que qualidade em servios de alimentao pode significar o

    fornecimento de refeies balanceadas e microbiologicamente adequadas, de acordo com as

    necessidades nutricionais do cliente, a satisfao total do cliente interno e externo e o

    oferecimento de refeies com menor custo, a preos razoveis para os mesmos.

    Para Abreu (2007) pode se dizer que a dificuldade da definio da qualidade dos

    servios de uma UAN est na converso das necessidades do usurio em caractersticas

    mensurveis, de forma que o produto possa ser planejado e modificado visando satisfao por

    um preo que o cliente venha a pagar. Sendo assim, nos dias de hoje se o gestor deseja que seu

    servio tenha futuro o mesmo dever no s atender os requisitos do cliente como tambm

    controlar a expectativa do mesmo. Quando simplesmente satisfazemos os requisitos desejados

    pelo cliente, o mesmo no tem motivo para voltar, porem quando satisfazemos sua expectativa,

    ou mesmo, a ultrapassamos, ele seguir fiel por muito tempo. O gestor deve sempre ter em

    mente que se antes o cliente desejava qualidade, atualmente ele exige e para que isso acontea

    ele dever preocupar com a qualificao de seus colaboradores para servir a melhor qualidade

    possvel do servio prestado.

    3 CARACTERIZANDO UNIDADES DE ALIMENTAO E NUTRIO

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    Para Teixeira et al (2000) Unidades de Alimentao e Nutrio (UANs) podem ser

    caracterizadas como uma unidade de trabalho ou rgo de uma empresa, que desempenham

    atividades relacionadas alimentao e nutrio, independente da situao que ocupa na escala

    hierrquica da entidade, seja em nvel de diviso, seo ou setor.

    UANs podem ser consideradas um subsistema, que desempenham atividades de

    fins ou meios. No primeiro caso, como rgos-fins podemos citar as UANs hospitalares e de

    centros de sade, que colaboram diretamente com a consecuo do objetivo final da entidade,

    uma vez que correspondem a um conjunto de bens e servios destinados a preveno e

    recuperao da populao atendida seja atravs de atendimento ambulatorial ou hospitalizao.

    As unidades consideradas rgos-meios, podem ser caracterizadas como refeitrios industriais,

    instituies escolares, asilos e abrigos (TEIXEIRA et al, 2000).

    Abreu (2007) diz que tais unidades podem ser estabelecidas sob diversas formas de

    gerenciamento como, auto-gesto onde a prpria empresa possui e gerencia a UAN,

    produzindo as refeies de seus funcionrios. Concesso ocorre quando a empresa cede um

    espao para outra empresa especializada produzir as refeies, livrando-se dos encargos da

    gesto, e por fim a refeio transportada, onde a UAN est estabelecida em uma empresa

    especializada na produo de refeies, transportando para as unidades conveniadas que no

    dispe de cozinha, somente de refeitrio.

    Teixeira et al (2000) afirma que no caso das UANs o profissional nutricionista o

    melhor preparado para a gesto, dependendo do quadro de pessoa e da distribuio das tarefas

    o mesmo dever definir as necessidades nutricionais da clientela, estabelecer padres, planejar

    cardpios, analisar o ndice de rejeitos e sobras, ao realizar tais funes o nutricionista estar

    executando atividades tcnicas.

    Segundo Ansaloni (1999) tal situao comum aos nutricionistas devido natureza

    do trabalho que os mesmos vm desempenhando nas empresas de refeies ao longo do tempo,

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    cujos requisitos passam tanto pela atuao como especialistas em Nutrio quanto pelo

    desempenho de funes administrativas e gerenciais. O nutricionista normalmente ocupa

    posies medianas na estrutura hierrquica, e como gerente intermedirio, investido de

    autoridade, ao mesmo tempo em que lhe so exigidas habilidades administrativas e gerenciais

    no desempenho do papel de supervisor de outros empregados e gestor da fora de trabalho.

    A resoluo CFN N 380/2005 a qual dispe sobre a definio das reas de atuao do

    nutricionista e suas atribuies diz que:

    Alimentao coletiva- atividades de alimentao e nutrio realizadas nas Unidades

    de Alimentao e Nutrio (UAN), entendidas como as empresas fornecedoras de

    servios de alimentao coletiva, servios de alimentao de auto-gesto, restaurantes

    comerciais e similares, hotelaria martima, servios de buffet e de alimentos

    congelados, comissrias e cozinhas dos estabelecimentos assistenciais de sade;

    atividades prprias da Alimentao Escolar e Alimentao do Trabalhador (BRASIL,

    2005, Art 2, inciso I, p.2).

    Abreu (2007) discorre que a gesto de uma UAN dever estar nas mos de um

    gerente eficaz, com esprito de realizao e liderana capaz de responder s imposies de um

    mercado competitivo. O bom administrador obtm resultados atravs de pessoas, motivando-

    as, gerando confiana e satisfao no trabalho, no perdendo o foco de busca da qualidade de

    seus servios. Esta estrutura modifica-se em funo dos servios a serem prestados e a

    preocupao com a qualidade o crescimento, o fortalecimento e a profissionalizao do setor.

    Ainda neste pensamento Teixeira et al (2000) diz que tal normatizao das

    operaes realizadas para o funcionamento adequado de uma UAN, ir possibilitar a

    racionalizao do trabalho, permitindo assim uma avaliao constante de seu desempenho, a

    partir do qual podero ser definidas quais modificaes so necessrias, tornando possvel em

    tempo hbil, proceder s reformulaes e redirecionamentos pertinentes a qualidade dos

    servios.

    Abreu (2007) ainda afirma que dentro da UAN necessrio satisfazer o cliente

    tanto por aspectos tangveis como intangveis da qualidade. Os tangveis esto incorporados s

    caractersticas fsicas dos produtos manifestadas atravs do cardpio, apresentao dos

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    alimentos, aparncia fsica do restaurante e assim sucessivamente. Em contrapartida os

    intangveis esto relacionados s expectativas, percepes, desejos conscientes e inconscientes

    da clientela, incluindo-se aqueles de natureza emocional, tais como: o atendimento, o ambiente,

    as caractersticas sensoriais dos alimentos dentre outros.

    Nobre (2004) afirma que em funo dessa exigncia por parte da clientela, o

    profissional nutricionista deve comear a se adaptar a essa nova realidade, voltando sua

    administrao para resultados contnuos atendendo essa nova necessidade da UAN, e no

    apenas que as refeies sejam nutricionalmente adequadas e que proporcionam a satisfao do

    cliente.

    Para Teixeira et al (2000) o xito no funcionamento de uma unidade de

    alimentao e nutrio, depende da definio clara de seus objetivos, de sua estrutura

    administrativa, de suas instalaes fsicas e recursos humanos e, sobretudo da normatizao de

    todas as operaes desenvolvidas, que devem ser baseadas nos elementos do processo

    administrativo bsico, preconizado por Fayol.

    Segundo Abreu (2007) o sucesso de uma organizao baseada nos processos pelo

    qual a mesma opera, podendo ser o processo administrativo o responsvel. Este processo pode

    ser definido como as varias funes do administrador de UAN como um todo. O Planejamento,

    organizao, direo e controle, constituem as funes administrativas. Quando visualizadas na

    sua abordagem total para o alcance de objetivos, tais como a qualidade de um servio forma o

    processo administrativo.

    4 O PROCESSO ADMINISTRATIVO COMO FERRAMENTA DE

    GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DOS SERVIOS DE UANs.

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    Para Sobral (2008) a administrao foi definida por Henri Fayol, como um

    processo dinmico que compreenderia cinco funes interligadas: planejar, organizar,

    comandar, coordenar e controlar, ainda nos dias de hoje, livros e manuais de administrao so

    organizados de acordo com essas funes, tendo como nica diferena a fuso das funes

    comandar e coordenar para formar uma nova funo denominada direo, que esta associada

    aos processos de gesto de pessoas na organizao.

    Segundo Dias (2008) direcionar adequadamente os recursos organizacionais faz

    parte de um conjunto maior de funes, denominado processo administrativo. Da atribuio de

    atividades a um funcionrio elaborao do oramento de investimento e desenvolvimento de

    uma empresa, o administrador exerce diversas funes que lhe so prprias.

    No pensamento de Mezomo (2002) a estrutura administrativa de uma UAN revela

    uma filosofia e uma atitude que precisam ser discutidas e reformuladas para que a qualidade

    seja seu produto ou resultado normal. Sendo que o sucesso de qualquer empresa depende das

    pessoas que nela trabalham. Empresa e pessoas so interdependentes, tanto a empresa, quanto

    os empregados, que devem ser preparados para produzirem qualidade, pois a mesma funo

    de todos.

    Teixeira et al (2000) afirma que a administrao realizada atravs do processo

    administrativo, envolve atividades administrativas, tcnicas e operacionais. Sendo evidente que

    os objetivos da UAN devem sempre ser considerados com ateno especial, a fim de que a

    atuao profissional esteja sempre voltada sua consecuo. Ressaltando a importncia do

    processo administrativo para o alcance dos objetivos da UAN. Ser feita uma abordagem sobre

    as funes administrativas que compe o processo administrativo.

    4.1 PLANEJAMENTO

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    Para Abreu (2007) o planejamento tem importncia indiscutvel para todos os

    problemas e situaes. Planejar consiste em decidir por antecipao a respeito do que, com que

    meios, para que fim, como, onde e quando fazer, bem como quais so os objetivos a alcanar.

    Segundo Paladini (2010) Planejar qualidade tem como significado tomar decises

    gerenciais antes que as mquinas parem por defeitos, antes que os fornecedores nos deixem

    sem abastecimento, antes que nossos consumidores reclamem, antes que os custos de produo

    disparem. Planejar qualidade significa tambm selecionar os recursos mais adequados para

    cada ao, envolvendo a mo de obra mais qualificada. Tem como principal significado a

    definio da melhor maneira de adequar o produto final ao uso que dele se espera, estruturando

    servios fundamentais a serem agregados ao modelo de atuao da unidade significando

    principalmente, selecionar, com calma e convico a melhor forma de atender o mercado.

    No pensamento de Teixeira (2000) ao definir parmetros que serviro para

    mensurar o alcance do objetivo da UAN, ou seja, definir o padro socioeconmico do cardpio

    e aceitao das preparaes com isso o nutricionista estar planejando o seu trabalho.

    Mezomo (2002) discorre que o planejamento no servio de alimentao tem como

    objetivo principal garantir instalaes adequadas e funcionais, assegurando a operacionalizao

    dentro dos mais rgidos, padres tcnicos e de higiene, bem como a qualidade da produo do

    servio prestado aos comensais.

    4.2 ORGANIZAO

    Abreu (2007) afirma que a organizao a funo administrativa que consiste no

    agrupamento das atividades necessrias para realizar o que foi planejado, envolvendo tarefas,

    pessoas, rgos e relaes, com o intuito de caracterizar as unidades operacionais primrias,

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    definindo o fluxo sequencial e estabelecendo uma estrutura de autoridade visando

    sistematizao do trabalho.

    Mezomo (2002) diz que para se obter qualidade os diversos planos de uma empresa

    desencadeiam uma srie de atividades, que s sero administradas eficazmente se existir

    alguma forma de organizao que as divida entre as pessoas e fixe as relaes entre as mesmas,

    orientando seus esforos para um objetivo bsico, sendo que pela organizao o nutricionista

    rene condies para uma atuao integrada e solidria, sem sobreposio e estrangulamentos

    de fluxo.

    Teixeira et al (2000) diz que no campo de ao do nutricionista, as atividades

    organizacionais podem ser consideradas como aquelas delegadas estruturao administrativa,

    bem como distribuio e adequao dos recursos humanos e materiais, de modo a atingir os

    objetivos planejados.

    4.3 DIREO

    Segundo Teixeira et al (2000) direo uma concesso exclusiva das chefias,

    diferindo-a do planejamento e organizao que tambm podem ser realizados por rgos

    especializados. A funo de direo se distribui pelos diversos chefes da UAN, cada um com a

    responsabilidade sobre o setor de trabalho respectivo, distribudos na etapa da organizao.

    Para Abreu (2007) a direo a funo administrativa que orienta e indica o

    comportamento dos indivduos na direo dos objetivos a serem alcanados, uma atividade

    que concilia comunicao, motivao e liderana. Quanto a sua abrangncia, a direo pode

    ocorrer em trs nveis, nvel global, onde a gesto abrange todos os nveis da unidade,

    departamental, as reas e departamentos da unidade possuem uma direo especfica com

    caractersticas de gerencia, e operacional, ligado os cargos e funes com uma direo voltada

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    para a superviso das aes realizadas na unidade, todos fundamentados nos conceitos de

    autoridade e poder.

    4.4 CONTROLE

    Paladini (2010) diz que tradicionalmente, o controle de qualidade definido como

    um sistema dinmico e complexo envolvendo direto e indiretamente todos os setores da

    unidade, com o intuito de melhorar e assegurar economicamente a qualidade do produto final.

    Segundo Abreu (2007) controle a funo administrativa que busca assegurar se

    oque foi planejado organizado e dirigido realmente cumpriu os objetivos almejados, tendo

    como principal objetivo analisar falhas e erros em tempo hbil e oportuno,a fim de repar-los e

    evitar sua repetio e, consequentemente, aumentar a eficcia da ao. Em outras palavras

    controle consiste em avaliar os resultados em relao aos planos, apurando as distores, a fim

    de corrigir o planejamento.

    Teixeira et al (2000) discorre o controle como ultima funo administrativa tem

    interligao com as demais funes, durante todo processo administrativo, desde o momento

    do planejamento a funo controle j se faz presente.

    Para Oliveira et al (2010) o grande desafio das UANs tm sido o aprimoramento

    continuo e a reavaliao dos conceitos de qualidade de produtos e servios, bem como

    estratgias mais eficientes para a satisfao do cliente. Desta forma, busca-se um modelo

    administrativo voltado para qualidade produtividade e envolvimento do capital humano da

    unidade.

    Araujo (2011) afirma que para garantir que o servio produzido seja distribudo nos

    horrios pr-estabelecidos pela unidade, o funcionamento do servio obedece a, fluxogramas,

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    rotinas de trabalho, controles, roteiros, manuais e legislaes direta e indiretamente

    relacionados com a produo de refeies.

    Segundo Paladini (2010) as estratgias de produo da qualidade iniciam-se, sem

    dvida, pela introduo de processos de gesto de qualidade, a idia de tais estratgias

    relativamente simples. Trata-se de um processo que visa induzir as pessoas a produzir

    qualidade em suas atividades desde o incio.

    Para Mezomo (2002) os nutricionistas administradores do servio de nutrio

    devem estabelecer sistemas de gesto com uma estruturao prpria, de acordo com os

    objetivos preestabelecidos, a fim de alcanar tais objetivos e minimizar possveis problemas. O

    processo administrativo proposto por Fayol tm sido aperfeioado, porm sua aplicao pura e

    simples j suficiente para um incremento da racionalizao dos trabalhos, na maioria das

    unidades.

    Abreu (2007) discorre que o conhecimento das atividades desenvolvidas na UAN

    condio fundamental para uma boa gesto, sendo necessria uma descrio detalhada da

    rotina de cada funo e os horrios que devem ser realizadas. O tempo regente de todo a

    atividade desenvolvida, pois todo trabalho acontece em um determinado espao de tempo,

    sendo o planejamento e organizao fatores determinantes para a administrao do mesmo.

    CONSIDERAES FINAIS

    Partindo da problematizao do trabalho, observa-se que promover e manter

    qualidade essencial toda UAN que pretende alcanar e manter sucesso no mercado, sendo

    necessrio a adoo de um programa de gesto para a obteno da qualidade almejada.

    Seguindo esta linha de raciocnio o processo administrativo se demonstrou uma ferramenta

    eficaz para tal gesto devido sua abordagem cclica e sucinta. Ao se analisar o processo

  • 16

    administrativo como ferramenta para obteno da qualidade total em servios de UAN, resalta-

    se que tal proposta eficaz, pois a qualidade relacionada UAN no se restringe somente ao

    produto final, e sim a todo o processo de produo na unidade, desde a matria prima adequada

    at a mo de obra qualificada, finalizando pelo produto e servio final prestado ao cliente

    visando satisfao tanto nos aspectos tangveis como intangveis.

    Quando relaciona-se os componentes do processo administrativo como ferramenta

    de gesto para a garantia da qualidade, observa-se que planejamento, organizao, direo e

    controle administrados corretamente fornecem ao gestor um controle de toda operao, onde o

    mesmo evita desperdcio de tempo e recursos aproveitando melhor a mo de obra evitando

    retrabalho, e identifica ao final de toda produo se seus objetivos foram cumpridos e no caso

    de no cumprimento dos mesmos, o gestor consegue identificar onde se encontra a falha

    evitando sua repetio.

    Diante do exposto anteriormente conclui-se que o processo administrativo e seus

    componentes tm influencia direta com a obteno e padronizao da qualidade, visto que sua

    abordagem simples e eficaz se demonstra uma ferramenta de gesto adequada para a

    implantao em uma UAN, pois o nutricionista o responsvel por garantir a qualidade e

    segurana dos produtos e servios do ponto de vista higinico-sanitrio, desde o incio da

    produo at o produto final servido ao seu cliente.

    ABSTRACT

    In recent decades quality has become question survival of an organization in the market. The

    fierce competition, the number of cases due to poor quality of services, increased knowledge

    and demand from customers are factors that force the foodservices to seek quality start of

    production until its final product.

  • 17

    Foodservices are units that provide services to provide meals within the dietary patterns,

    hygienic to meet the nutritional needs of their guests. Her goal is to ensure quality in all its

    products and services, but quality does not happen it needs to be administered alone, in this

    case the professional dietitian is the best prepared for the administration of the same, the

    dietitian is responsible for the execution of work routines and management all labor involved

    in the production process requiring the adoption of a quality management program for this.

    The administrative process proposed by Fayol composed of planning, organization, direction

    and control was a milestone in modern management, being implemented by several

    organizations. Due to its simple and straightforward approach the administrative process has

    been adopted as a quality management program in foodservices, incorporating components for

    the entire workflow and production unit can establish standards that aim to end product

    quality as always.

    Keywords: Quality. Units of Food and Nutrition. Administrative Process.

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