1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o...

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Relatório de Inflação Junho 2002 11 1 – Nível de atividade Após mostrar recuperação nos primeiros meses do ano, trajetória iniciada ao final de 2001, os indicadores do nível de atividade têm sinalizado arrefecimento do ritmo de retomada. Essa percepção foi detectada por pesquisas mais recentes, realizadas com o objetivo de avaliar intenções de consumo e expectativas dos empresários. Observe-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número de dias úteis em abril deste ano, ante 2001. A diluição desse efeito, em maio, deverá provocar queda de patamar para a maior parte dos indicadores. 1.1 – Vendas no varejo A atividade do comércio varejista tem apresentado tendência de crescimento desde agosto de 2001, mês em que o desempenho do setor atingiu o piso do ano, influenciado, principalmente, pela crise de energia. O movimento de recuperação refletiu, inicialmente, a melhora gradual de expectativas dos consumidores ao longo do segundo semestre, acompanhada pela retomada das vendas, reprimidas nos primeiros meses do racionamento. Além disso, assinale-se a contribuição do crescimento do emprego e da evolução favorável da renda agrícola. Contudo, recentemente o setor passou a mostrar sinais de desaceleração, movimento que pode ser atribuído, principalmente, à perda do poder aquisitivo de salários e rendimentos, à manutenção das taxas de juros em patamar relativamente elevado e ao esgotamento do processo de recuperação de expectativas dos consumidores.

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Relatório de Inflação Junho 2002

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1 – Nível de atividade

Após mostrar recuperação nos primeiros meses do ano, trajetória

iniciada ao final de 2001, os indicadores do nível de atividade têm

sinalizado arrefecimento do ritmo de retomada. Essa percepção foi

detectada por pesquisas mais recentes, realizadas com o objetivo de

avaliar intenções de consumo e expectativas dos empresários.

Observe-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte,

o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou

em maior número de dias úteis em abril deste ano, ante 2001. A

diluição desse efeito, em maio, deverá provocar queda de patamar

para a maior parte dos indicadores.

1.1 – Vendas no varejo

A atividade do comércio varejista tem apresentado tendência de

crescimento desde agosto de 2001, mês em que o desempenho do

setor atingiu o piso do ano, influenciado, principalmente, pela crise

de energia. O movimento de recuperação refletiu, inicialmente, a

melhora gradual de expectativas dos consumidores ao longo do

segundo semestre, acompanhada pela retomada das vendas,

reprimidas nos primeiros meses do racionamento. Além disso,

assinale-se a contribuição do crescimento do emprego e da evolução

favorável da renda agrícola. Contudo, recentemente o setor passou

a mostrar sinais de desaceleração, movimento que pode ser

atribuído, principalmente, à perda do poder aquisitivo de salários

e rendimentos, à manutenção das taxas de juros em patamar

relat ivamente elevado e ao esgotamento do processo de

recuperação de expectativas dos consumidores.

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Relatório de Inflação Junho 2002

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Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP),

a Federação de Comércio do Estado de São Paulo

(Fecomercio) registrou crescimentos de 2,3% nas

vendas varejistas no trimestre março/maio, ante

os resultados assinalados no trimestre

imediatamente anterior, a partir da série isenta de

sazonalidade, percentual que confirma movimento

de recuperação. A análise considerando os

principais grupos revelou melhores resultados em

bens de consumo, tanto duráveis quanto não-

duráveis, assim como em autopeças e acessórios

e materiais de construção. Os demais grupos

assinalaram perda de dinamismo, mais acentuada

em concessionárias de veículos.

Análise da série isenta de influências sazonais

mostrou ainda, em abril e maio, alternância de

resultados positivos e negativos em quase todos

os setores, o que indica movimento de

acomodação do faturamento do varejo na RMSP.

Fogem da regra, registrando altas nesses dois

meses, as vendas reais de autopeças e acessórios

e de bens de consumo durável. Nesse último caso,

parte da explicação reside, ainda, no final da

restrição da oferta de energia elétrica e, também,

na influência da copa do mundo.

Comparativamente a igual período de 2001, as

estatísticas da Fecomercio registraram recuo de

2,9% nas vendas nos primeiros cinco meses do ano. Considerando

os principais grupos de produtos, identificou-se, nessas bases de

comparação, crescimento apenas no faturamento relacionado às

vendas de bens de consumo não durável. A abertura dos principais

grupos de produtos permite identificar onde se concentraram as

quedas mais acentuadas no movimento do varejo nos primeiros

cinco meses do ano. Nesse sentido, apresentaram contração acima

de 20% os subgrupos de cine, fotos, som e ótica, 25,7%, lojas de

CDs, 34,7%, vestuário, 28,1%, concessionária de veículos,

25,5%, e materiais de construção, 21,5%. Esses bens, na sua

Faturamento real do comércio varejista na RMSP

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Jan Fev Mar Abr Mai*

No mês1/

Geral -1,5 2,3 -1,2 2,9 -2,4 3,2

Bens de consumo -1,5 3,2 -0,1 4,6 -4,5 2,5

Duráveis -1,7 3,0 -1,2 0,9 1,4 1,1

Semiduráveis 4,5 -0,6 -1,1 -2,5 -4,1 -1,0

Não-duráveis -0,5 0,8 0,2 7,3 -10,5 3,3

Comércio automotivo -0,6 -7,5 -3,2 -1,6 4,8 -5,6

Concess. de veículos 0,6 -10,5 -4,6 -0,8 6,7 -7,2

Autopeças e acessórios -8,8 7,2 1,5 -3,0 0,8 0,4

Material de construção -11,1 6,4 -0,8 0,9 2,3 -5,3

Trimestre/trimestre anterior1/

Geral 3,7 2,9 1,3 1,8 1,0 2,3

Bens de consumo 3,0 4,2 2,7 4,7 3,0 3,3

Duráveis 6,0 7,5 4,1 3,2 1,3 2,4

Semiduráveis -10,0 -3,6 0,8 0,1 -3,0 -6,3

Não-duráveis 2,2 2,9 1,4 3,9 1,7 1,3

Comércio automotivo 7,1 1,6 -6,1 -11,1 -7,9 -5,1

Concess. de veículos 8,9 1,7 -7,4 -14,3 -9,8 -5,8

Autopeças e acessórios -2,1 -4,3 -4,3 0,2 1,3 0,9

Material de construção -7,5 -8,5 -8,2 -2,4 0,7 2,2

No ano

Geral -5,5 -5,5 -6,3 -4,6 -4,7 -2,9

Bens de consumo -4,4 -2,6 -3,3 -0,9 -1,7 0,1

Duráveis -7,0 -5,3 -6,2 -5,6 -3,9 -1,5

Semiduráveis -21,5 -20,9 -21,0 -21,9 -22,3 -24,7

Não-duráveis 0,9 -0,3 -0,8 3,5 0,5 1,9

Comércio automotivo -16,3 -19,5 -23,0 -25,4 -21,8 -21,4

Concess. de veículos -19,0 -23,3 -28,0 -30,2 -26,0 -25,5

Autopeças e acessórios -2,7 -1,5 3,2 0,0 -0,2 -0,2

Material de construção -1,3 -24,0 -23,9 -24,2 -21,6 -21,5

Fonte: Fecomercio

1/ Dados dessazonalizados.

* Preliminar.

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Relatório de Inflação Junho 2002

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maioria, se caracterizam, basicamente, pelo fato

de sua demanda ser sensível a variações da taxa

de juros ou das condições para a concessão de

crédito.

Considerando estatísticas nacionais, o declínio da

atividade do comércio mostrou-se menos

acentuado do que o apontado pela Fecomércio

para a capital paulistana. Nesse sentido, o

indicador de volume de vendas do varejo,

calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), registrou redução de 1,1%

no primeiro quadrimestre, ante igual período de

2001. Até março, a queda atingira 0,8%. Por

grupos de atividade, identifica-se recuperação das

vendas de combustíveis e lubrificantes, que

refletiu a redução dos preços no início do ano, e

dos grupos tecidos e vestuário e móveis e

eletrodomésticos.

A taxa de juros praticada no comércio varejista,

divulgada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças,

Administração e Contabilidade (Anefac), manteve tendência de

queda gradual, presente a partir de julho de 2001, quando atingira

6,88% a.m. Em dezembro, o indicador registrou 6,72% a.m. e em

abril de 2002, 6,62% a.m. Por tamanho das empresas, observou-se

que as taxas praticadas pelas de maior porte situaram-se, em abril,

1,9 p.p. inferior às ofertadas pelas pequenas empresas. Observou-

se também, que a trajetória de queda ocorreu

em todas as redes. Apesar desse comportamento,

as taxas de juros no varejo permanecem

elevadas, o que pode ser explicado, em parte,

pela evolução da inadimplência.

Nesse sentido, e refletindo também o

comportamento desfavorável dos salários e

rendimentos, os indicadores de inadimplência têm

assumido percentuais elevados, apesar da

tendência de queda apresentada pelos últimos

Índice de volume de vendas no varejo - Brasil

Variação % no ano

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar Abr

Comércio varejista -1,2 -1,1 -1,3 -0,8 -1,1

Combustíveis e lubrificantes -2,7 4,7 5,3 5,1 5,2

Hipermercados, supermercados 1,0 -1,2 -1,9 0,6 -1,7

Tecidos, vestuário 1,6 0,3 -1,7 -2,7 -2,2

Móveis e eletrodomésticos -1,4 1,0 0,0 -1,4 1,0

Demais artigos de uso pessoal -6,4 -5,7 -4,1 -4,6 -3,6

Automóveis, motocicletas -3,5 -19,8 -20,7 -23,4 -20,6

Fonte: IBGE

Indicadores de inadimplência

Taxa

Discriminação 2000 2001 2002

Média Média Jan Fev Mar Abr Mai

SPC (SP)1/5,7 7,4 5,4 8,2 6,0 9,4 8,8

Cheques devolvidos2/3,6 4,9 5,5 5,2 5,2 5,0 ...

Telecheque (RJ)3/1,9 2,0 3,5 3,3 3,9 2,9 ...

Telecheque (Nacional)4/2,3 2,5 3,3 3,1 3,0 2,8 ...

Fonte: ACSP, Bacen e Telecheque

1/ Novos registros (-) registros cancelados/consultas realizadas (t-3).

2/ Cheques devolvidos por insuficiência de fundos/cheques compensados.

3/ Cheques devolvidos/cheques recebidos.

4/ Médias das seguintes cidades: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo

Horizonte, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.

Taxa de juros média praticados no comércio

% a.m.

Discriminação 2000 2001 2002

Dez Dez Jan Fev Mar Abr

Juros médios 6,85 6,72 6,70 6,66 6,64 6,62

Por redes

Grandes 5,83 5,70 5,67 5,64 5,61 5,58

Médias 7,16 6,94 6,91 6,88 6,86 6,82

Pequenas 7,85 7,57 7,54 7,52 7,50 7,47

Fonte: Anefac

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Relatório de Inflação Junho 2002

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resultados. Mesmo assim, esses percentuais estão acima dos

registrados em meses correspondentes de 2001.

Com base em estatísticas da Associação Comercial de São Paulo

(ACSP), considerando defasagem de três meses para o número de

consultas, a taxa líquida de inadimplência no Serviço de Proteção

ao Crédito (SPC) situou-se em 8,8%, em maio, ante 9,4%, em abril

de 2002. Considerando a média dos cinco primeiros meses do ano,

os percentuais assinalaram 7,5%, em 2002, e 9,2%, em 2001. A série

isenta de influências sazonais confirma inadimplência mais reduzida

em 2002, comparativamente ao ano anterior. Comparando a

inadimplência média do trimestre março-maio, com a do trimestre

imediatamente anterior, descontadas as influências sazonais,

entretanto, observou-se crescimento, com as médias respectivas

tendo atingido 5,9% e 5%.

Indicador para o país, divulgado pelo Telecheque,

mostrou declínio da inadimplência nos primeiros

quatro meses de 2002. A relação entre cheques

devolvidos e recebidos no comércio varejista

passou de 3,3% em janeiro, para 2,8%, em abril,

taxa pouco superior à de igual mês de 2001, que

correspondeu a 2,5%. As médias do primeiro

quadrimestre, entretanto, mostraram nível de

inadimplência de 3,1% em 2002, ante 2,4%, no

ano anterior, comportamento inverso do indicador

da ACSP.

Indicador mais global de inadimplência, que considera a proporção

entre o total de cheques devolvidos por insuficiência de fundos e o

total de cheques compensados, apresentou elevação nos cinco

primeiros meses de 2002, com média de 5,2%, ante 4,7% no período

correspondente em 2001. A trajetória do indicador, na série sem

flutuações causadas pela sazonalidade, revelou que a tendência de

elevação gradual, registrada ao longo de 2001, cedeu no início de

2002. Tal fato é ratificado pela comparação das médias dos trimestres

março-maio e dezembro-fevereiro que alcançaram, respectivamente,

4,9% e 5,5%.

Indicadores de inadimplênciaDados dessazonalizados%

3

4

5

6

7

8

9

10

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai

SPC (SP) Cheques devolvidos

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Relatório de Inflação Junho 2002

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Além do comportamento da inadimplência, a

evolução recente das expectativas dos

consumidores tem se mostrado desfavorável. Após

crescer de novembro a abril, o Índice de Intenção

dos Consumidores (IIC), divulgado pela

Fecomercio, apresentou queda em maio, seja nas

intenções futuras, que representam 60% do

indicador, ou nas intenções atuais. Apesar da queda

não ter sido intensa, pode-se detectar mudança nas

disposições do consumidor, principalmente em

relação às intenções futuras. As preocupações

continuam centradas basicamente na questão do desemprego e no

cenário político.

Em junho, o IIC atingiu 85,9, caindo 12,3% ante maio. Ao situar-se

abaixo de cem, o índice denota comportamento cauteloso do

consumidor. O resultado do mês foi determinado por quedas de

11,1% no Índice de Intenções Atuais (IIA), que atingiu 75,2 pontos,

e de 12,9% no Índice de Intenções Futuras (IIF), que alcançou 93.

Dentre as principais causas apontadas para esse comportamento se

encontra o desemprego em alta, o cenário político relativamente

instável, as pressões sobre o câmbio e o nível de atividade aquém do

esperado.

Os condicionantes do consumo mostraram-se, portanto, no segundo

trimestre, relativamente menos favoráveis do que no final de 2001 e

início de 2002. De maneira geral, predominaram sinais de

acomodação, situação que para ser superada depende de fatores tais

como elevação do poder aquisitivo dos salários e rendimentos, maior

geração de postos de trabalho ou condições que induzam o

consumidor a optar por recorrer a financiamentos para expandir a

demanda de bens duráveis e semiduráveis.

1.2 – Estoques

No início do segundo trimestre de 2002, o movimento detectado no

nível de estoques não foi homogêneo. Para as indústrias de

transformação, objeto da sondagem realizada trimestralmente pela

Índice de Intenção do Consumidor (IIC)

60

70

80

90

100

110

120

Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr Jun

IIC Intenções atuais Intenções futuras

Fonte: Fecomercio

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Relatório de Inflação Junho 2002

16

Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou-se

redução gradativa dos estoques em relação à

avaliação realizada em janeiro, mas os mesmos

ainda se encontram acima do desejado, conforme

percepção da maior parte dos empresários

consultados. A intenção, sinalizada em janeiro, de

trazer os estoques a níveis mais condizentes com

as possibilidades de absorção pelo mercado

comprador, ainda não foi completamente efetivada,

o que indica, provavelmente, continuidade do

movimento de ajuste nos próximos meses.

Os resultados da Sondagem Industrial da Confederação Nacional da

Indústria (CNI), realizada no primeiro trimestre de 2002, evidenciaram

que os níveis de estoques apresentaram evolução distinta conforme a

categoria do produto. Bens finais registraram elevação dos níveis de

estoque e matérias-primas e produtos intermediários assinalaram

queda. No primeiro caso, o indicador da evolução do nível de estoques

ultrapassou cinqüenta, significando estoque acima do planejado e, no

segundo, manteve-se abaixo desse limite.

Avaliação considerando o tamanho da empresa

assinalou, no que se refere aos produtos finais, que

a elevação dos estoques foi mais acentuada para

as empresas de grande porte, com o indicador

passando de 47,8, no quarto trimestre de 2001,

para 50,4, no primeiro trimestre de 2002. Para as

pequenas e médias empresas, o nível de estoques

de produtos finais cresceu de 48,2 para 50,3.

Considerando os dezesseis gêneros pesquisados, a

Sondagem da CNI identificou estoques de produtos

finais com nível abaixo de 50 em cinco e de matérias-

primas e produtos intermediários, em onze. No

primeiro caso, os níveis mais baixos foram registrados

em material de transporte, mobiliário, borracha, química e bebidas. E, no

que se refere a matérias-primas e produtos intermediários, em minerais

não-metálicos, material elétrico e de comunicações, madeira, mobiliário,

vestuário, calçados e artefatos de tecidos, produtos alimentares e bebidas.

Estoques na indústria de transformação 1/

Discriminação 2001 2002

I II III IV I

Indústria de transformação

Produtos finais 51,2 50,9 50,9 48,0 50,4

Matérias-primas e intermediários 48,0 49,1 49,7 48,6 47,7

Grandes empresas

Produtos finais 52,7 52,3 52,4 47,8 50,4

Matérias-primas e intermediários 48,4 51,7 53,4 50,5 49,5

Pequenas e médias empresas

Produtos finais 50,4 50,1 50,0 48,2 50,3

Matérias-primas e intermediários 47,9 47,6 47,7 47,5 46,7

Fonte: CNI

1/ Valores acima de 50 significam estoque acima do planejado.

Estoques na indústria de transformação 1/

44

46

48

50

52

I2000

II III IV I2001

II III IV I2002

Produtos finais Matérias-primas e intermediáriosFonte: CNI1/ Valores acima de 50 significam estoque acima do planejado.

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Relatório de Inflação Junho 2002

17

Na rede de concessionárias, conforme estatísticas

da Federação Nacional da Distribuição de

Veículos Automotores (Fenabrave), a média de

veículos estocados no primeiro quadrimestre

situou-se 3,4% abaixo da relativa a igual período

de 2001. Por tipo de veículos, apenas em ônibus

foi identificado estoque mais elevado. Por outro

lado, registrou-se elevação do número de dias

necessários para girar os estoques, de 24 dias,

considerada a média do primeiro quadrimestre de

2001, para 26,3 dias, em igual período de 2002.

Entretanto, analisando os dados dos últimos três meses, observou-

se redução no número de dias, de 30, em fevereiro, para 27, em

março e 22, em abril.

Constatou-se, portanto, que apesar de não serem uniformes os dados

disponibilizados pelas diferentes pesquisas sobre o comportamento

recente dos estoques, é possível perceber redução do nível de alguns

segmentos, como o de matérias-primas e produtos intermediários, o

que sugere possibilidade de movimentos de recomposição no curto

prazo. Em relação aos produtos finais, entretanto, os indícios de

recomposição que possam causar resposta correspondente da

produção da indústria não são expressivos.

1.3 – Produção e Produto Interno Bruto(PIB)

1.3.1 – Produção industrial

Após apresentar resultados favoráveis por quatro meses consecutivos,

a produção industrial registrou queda em março, considerada a série

isenta de influências sazonais. Observe-se que o resultado

dessazonalizado desse mês foi influenciado pela incidência da páscoa

em março, e não em abril, como ocorre na maioria dos anos. Esse fato

foi compensado em abril, quando foram registrados crescimentos de

4,1% na indústria geral, de 5,2% na transformação e de 1,8% na

extrativa mineral, segmento cuja produção, dadas suas características,

não foi afetada pelo efeito calendário.

70

80

90

100

110

120

130

140

Fev2000

Mai Ago Nov Fev2001

Mai Ago Nov Fev2002

Mai

21

23

25

27

29

31

Total de veículos Número de dias

1000 unidades

Estoque de veículos nas concessionárias

Fonte: Fenabrave

Número de dias

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Relatório de Inflação Junho 2002

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Corrigindo os resultados de abril por meio de ajuste

nos fatores sazonais, obtém-se taxas de variação

mais modestas, porém, mesmo assim, positivas, o

que indica efetiva expansão da atividade da

indústria em abril, principalmente em bens de

capital e bens de consumo.

Mesmo com a queda verificada em março, a média

do primeiro trimestre de 2002 situou-se 2,9%

acima da média observada no trimestre anterior,

retiradas as influências sazonais. Por categoria

de uso, as comparações entre os trimestres citados

evidenciaram trajetória positiva para todas as

categorias e subcategorias, sendo mais expressiva

para bens intermediários, 4,6%, seguindo-se bens

de capital, 3,4%, e bens duráveis, 2,9%. Bens de

consumo apresentaram crescimento de 0,9% e

bens de consumo semidurável e não-durável, de

0,4%, no período.

A análise da média móvel trimestral revelou,

incorporado o resultado de abril, retomada

gradual no ritmo de expansão, iniciada em

fevereiro, comportamento, em parte, explicado

pelas trajetórias da produção das categorias de

bens de capital e de bens intermediários. Observe-

se que recentes avaliações de estoques realizadas

pela CNI haviam registrado redução exatamente

nesse último segmento.

Considerando o resultado de abril, 17 dos 20

gêneros pesquisados e todas as categorias de uso

registraram crescimento na produção. As taxas

mais elevadas foram detectadas em produtos

alimentares, mecânica e material elétrico e de

comunicações. Por categoria de uso, bens de capital apresentaram

elevação de 7,1% e bens de consumo, de 7%, percentual idêntico ao

relativo a bens duráveis. O patamar produtivo dos bens semiduráveis

e não-duráveis cresceu 6%, enquanto a indústria de bens intermediários

Efeito calendário sobre a produção industrial 1/

Variação percentual

Discriminação 2002

Jan Fev Mar Mar2/ Abr Abr2/

Produção industrial 1,4 0,3 - 0,8 - 0,3 4,1 1,9

Por gênero

Extrativa mineral 5,7 - 0,5 3,5 2,5 1,8 0,8

Indústria de transformação 2,0 0,3 - 1,9 - 0,6 5,2 2,0

Por categorias de uso

Bens de capital 1,1 5,3 - 3,9 - 2,1 7,1 5,1

Bens intermediários 3,5 1,2 - 1,6 - 0,7 2,5 1,3

Bens de consumo 0,9 - 1,4 - 1,1 - 0,2 7,0 3,1

Durável - 2,1 1,2 1,0 2,2 7,0 2,5

Semidurável e não-durável 1,3 - 1,1 - 1,9 - 1,1 6,0 2,6

Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil

1/ Dados dessazonalizados.

2/ Variações incorporando o efeito calendário sobre os fatores sazonais.

Produção da indústria geralMédia móvel trimestral

80

90

100

110

120

130

140

Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

Fonte: IBGE

Produção industrialDados dessazonalizados1992=100

110

130

150

170

190

210

Fev2000

Abr Jun Ago Out Dez Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

Total Indústria de transformaçãoExtrativa mineral

Fonte: IBGE

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Relatório de Inflação Junho 2002

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assinalou crescimento de 2,5%, o único inferior

ao da média da indústria geral.

Comparando a produção do primeiro

quadrimestre com a de igual período de 2001,

foi registrado declínio de 0,1%, ante queda de

2,1% ocorrida até o final do primeiro trimestre.

Esse resultado decorreu do crescimento de 9,7%

na indústria extrativa mineral e de redução de

1,3% na indústria de transformação. Na

composição da taxa da indústria geral, os gêneros

de material elétrico e de comunicações,

metalúrgica e material de transporte foram os que

mais influenciaram negativamente os resultados,

enquanto, em sentido inverso, destacou-se a

contribuição da indústria extrativa mineral.

Dos vinte gêneros considerados pela pesquisa do

IBGE, sete apresentaram crescimento da produção

ante o primeiro quadrimestre de 2001, com

destaque para fumo, 37,8%, farmacêutica, 17,7%,

extrativa mineral, 9,7% e mobiliário, 7,3%. Dentre

os quatorze gêneros cuja produção declinou em

2002, assinalem-se material elétrico e de

comunicações, queda de 11,7%, couros e peles,

8,8% e bebidas, 5,7%.

Por categoria de uso, a inclusão do mês de abril

transformou em posit ivos os resultados

acumulados no ano referentes a bens de capital e

a bens de consumo. A abertura dos bens de

consumo mostra que os menos dependentes de

condições de crédito foram os que apresentaram

resultados positivos, ou seja, os bens de consumo

semidurável e não-durável, 1,8%. Desagregação

dessa subcategoria mostrou, por sua vez,

crescimento de 11,6% em não-duráveis e queda

de 5,1% nos semiduráveis, o que reforça a

constatação de que, efetivamente, foi a produção

Produção industrial por gênero 1/

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

1º Trim Abr No ano

Produção industrial 1,5 - 2,1 4,1 - 0,1

Extrativa mineral 3,5 8,4 1,8 9,7

Indústria de transformação 1,2 - 3,5 5,2 - 1,3

Minerais não-metálicos - 1,8 - 4,7 3,3 - 2,7

Metalúrgica 0,7 - 4,0 - 0,2 - 2,9

Mecânica 5,2 - 0,9 8,4 1,8

Mat. elétrico e de comun. 6,9 - 13,6 11,0 - 11,7

Material de transporte 5,3 - 5,4 3,3 - 3,0

Madeira - 0,3 - 3,4 3,6 - 1,8

Mobiliário - 1,1 2,8 13,4 7,3

Papel e papelão 0,1 0,3 2,3 0,8

Borracha - 4,5 - 6,2 2,0 - 3,3

Couros e peles - 9,4 - 11,6 13,2 - 8,8

Química - 0,7 - 1,7 1,6 - 0,6

Farmacêutica - 1,0 17,4 - 0,7 17,7

Perfumarias, sabões, velas - 1,2 - 5,2 - 3,7 - 4,2

Produtos de mat. plásticas - 5,0 - 4,6 8,3 - 1,8

Têxtil - 5,7 - 6,3 7,0 - 3,7

Vestuário, calçados, tecidos - 6,5 - 5,3 8,3 - 0,4

Produtos alimentares 5,1 - 1,2 6,6 2,2

Bebidas 0,2 - 6,9 3,2 - 5,7

Fumo - 4,7 34,3 8,2 37,8

Fonte: IBGE

1/ Em abril, variação calculada a partir de dados dessazonalizados.

Produção industrialVariação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Jan Fev Mar Abr

Indústria geral

No mês1/ 1,0 1,4 0,3 - 0,8 4,1

Trimestre/trimestre anterior1/ - 0,4 1,7 2,9 2,9 2,7

Mesmo mês do ano anterior - 6,6 - 1,2 - 1,3 - 3,8 6,0

Acumulado no ano 1,5 - 1,2 - 1,3 - 2,1 - 0,1

Acumulado em 12 meses 1,5 0,5 0,3 - 0,7 - 0,7

Indústria de transformação

No mês1/ 0,4 1,9 0,2 - 1,9 5,2

Trimestre/trimestre anterior1/ - 0,5 1,1 2,1 2,0 2,7

Mesmo mês do ano anterior - 7,3 - 2,3 - 2,1 - 5,7 5,1

Acumulado no ano 1,2 - 2,3 - 2,2 - 3,5 - 1,3

Acumulado em 12 meses 1,2 0,2 0,0 - 1,2 - 1,2

Extrativa mineral

No mês1/ 1,6 4,5 0,2 3,5 1,8

Trimestre/trimestre anterior1/ - 2,5 5,4 7,6 9,9 7,0

Mesmo mês do ano anterior - 1,1 7,1 5,1 13,1 13,5

Acumulado no ano 3,5 7,1 6,1 8,4 9,7

Acumulado em 12 meses 3,5 3,1 2,6 3,2 3,7

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Page 10: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

20

de bens cuja demanda não é muito sensível à taxa

de juros e condições de crédito que deu suporte

à produção industrial em período recente. A

produção de bens de consumo durável ainda

acumula queda de 3,8% no ano, em parte devido

à elevada base de comparação.

Com dados até maio, a análise da produção da

indústria automobilística mostrou queda de 9,2%

ante igual período de 2001, com a produção total

tendo atingido 739,2 mil unidades. Considerada

a série isenta de influências sazonais, registrou-

se contração de 3,9% na produção do trimestre

março-maio, ante a assinalada no período

anterior, comportamento que sugere

desaceleração acentuada no setor. Em relação às

vendas de autoveículos, a comparação das médias

trimestrais assinalou queda de 13,4% nas vendas

internas e elevação de 17,2% nas exportações,

resultando queda de 6% nas vendas totais.

O nível médio de utilização da capacidade

instalada na indústria de transformação, calculado

pela FGV, contraiu 2,6% em abril, após ter

apresentado elevação de 2,4% em janeiro, dados

dessazonalizados. Dentre os setores, contribuíram

para o aumento da ociosidade as indústrias de

bens de capital, -7,2%, de bens intermediários,

-2,2% e de bens de consumo, -0,9%. Por outro

lado, a queda foi amenizada pela recuperação

apresentada pelas indústrias de material de

construção, nas quais ocorreu aumento de 2,2%

no uso das instalações industriais.

Comparação com abril de 2001, quando ainda

não se observavam os efeitos das crises externa

e de suprimento de energia, evidencia declínio

de 4,8 p.p. no nível de utilização, reflexo,

principalmente, de menor at ividade nas

Indústria automobilística - produção e vendas

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Jan Fev Mar Abr Mai*

No mês1/

Produção de autoveículos 1,7 1,9 -5,5 1,0 1,0 -7,4

Vendas totais -3,5 -6,2 0,1 -2,1 1,2 -7,9

Mercado interno 7,0 -16,4 -2,6 0,2 -4,4 -10,4

Exportações -27,2 26,4 0,9 -0,6 12,5 1,9

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção de autoveículos 2,0 11,2 7,3 3,4 -2,8 -3,9

Vendas totais 12,4 14,5 3,8 -4,9 -6,3 -6,0

Mercado interno 24,5 28,1 13,1 -9,3 -13,0 -13,4

Exportações 0,4 -9,4 -16,2 -0,7 9,1 17,2

No ano

Produção de autoveículos 7,1 3,0 -4,9 -8,8 -6,2 -9,2

Vendas totais 7,4 -5,2 -8,3 -11,3 -9,9 -11,9

Mercado interno 8,6 -4,6 -9,1 -12,1 -11,2 -14,2

Exportações 3,3 -8,5 -4,3 -7,6 -4,2 -2,5

Fonte: Anfavea

1/ Dados dessazonalizados.

* Preliminar.

Produção industrial por categoria de uso

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Jan Fev Mar Abr

No mês1/

Produção industrial 1,0 1,4 0,3 - 0,8 4,1

Bens de capital - 0,8 2,0 5,6 - 4,0 7,1

Bens intermediários 1,2 3,1 1,5 - 1,5 2,5

Bens de consumo 0,9 0,5 - 1,9 - 1,1 7,0

Duráveis 5,9 - 3,4 1,1 1,0 7,0

Semi e não-duráveis - 0,7 1,1 - 1,5 - 1,9 6,0

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção industrial - 0,4 1,7 2,9 2,9 2,7

Bens de capital - 6,4 - 6,3 - 0,3 3,4 7,4

Bens intermediários - 1,4 1,2 3,5 4,6 3,9

Bens de consumo 3,0 4,7 3,2 0,9 0,5

Duráveis 11,4 13,6 10,5 2,9 3,9

Semi e não-duráveis 1,1 2,3 1,3 0,4 0,0

No ano

Produção industrial 1,5 - 1,2 - 1,3 - 2,1 - 0,1

Bens de capital 12,7 - 3,9 0,3 - 1,8 0,3

Bens intermediários - 0,2 - 1,9 - 1,6 - 2,2 - 0,4

Bens de consumo 1,3 1,3 - 0,6 - 2,3 0,5

Duráveis - 0,6 - 3,9 - 7,3 - 8,5 - 3,8

Semi e não-duráveis 1,8 2,7 1,3 - 0,4 1,8

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Page 11: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

21

indústrias de bens de capital, -10,8 p.p., e de

bens de consumo intermediário, -4,7 p.p.

Somente nas indústr ias de materiais de

construção ocorreu redução da ociosidade,

0,7%. Considerando a abertura para 21 gêneros

da indústria, apenas em sete elevou-se a

utilização das instalações, assinalando-se que em

três deles – editorial e gráfica, têxtil e papel e

papelão – a evolução esteve vinculada à

proximidade das eleições.

De acordo com os dados coletados pela CNI em

doze estados, o nível médio de utilização da

capacidade na indústria de transformação

elevou-se 1,3% no primeiro trimestre de 2002,

ante o último de 2001, enquanto o indicador de

abril expandiu 1,3%, considerada a série isenta

de sazonalidade. Essa evolução, entretanto, não

impediu que a análise do primeiro quadrimestre

de 2002, comparativamente ao período análogo

no ano precedente, identificasse contração de

1,3%. Na indústria paulista, estatísticas da

Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo (Fiesp) revelaram declínio de 1,1% na

utilização da capacidade instalada, respeitada a

mesma base de comparação. Da mesma forma,

em bases trimestrais, na série sem fatores

sazonais, o primeiro trimestre de 2002 registrou

patamar superior ao do último trimestre de 2001,

de 1,9%. Em bases mensais, o mês de abril foi o

quarto a apresentar resultados positivos, com

crescimento de 1%. Observe-se que entre março

e fevereiro havia sido registrada estabilidade.

Os índices que medem a evolução da confiança

dos empresários assinalaram, de maneira geral,

estabilização ou queda suave das avaliações e

expectativas, nas últimas aferições.

Utilização da capacidade instaladaDados dessazonalizadosPercentual médio

78

80

82

84

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Fiesp CNI FGV

Utilização da capacidade instaladaBens de consumo intermediárioDados dessazonalizadosPercentual médio

83

85

87

89

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Fonte: FGV

Utlização da capacidade instaladaBens de capitalDados dessazonalizadosPercentual médio

72

77

82

87

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Fonte: FGV

Utilização da capacidade instaladaMaterial de construçãoDados dessazonalizadosPercentual médio

79

81

83

85

87

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Fonte: FGV

Page 12: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

22

Nesse sentido, a Sondagem Conjuntural da

Indústria de Transformação, realizada pela FGV

em abril de 2002, identificou nível de demanda

ainda fraco e estoques acima do desejado. Existem

sinais de recuperação mais evidentes entre os bens

intermediários e duráveis. Apesar do baixo

dinamismo da atividade da indústria de

transformação, as previsões para o trimestre abril-

junho continuaram favoráveis, mesmo ainda

prevalecendo a intenção de reduzir estoques. São

positivas, dentre outras, as expectativas de elevação das compras de

matérias-primas e componentes e em relação ao emprego.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial,

calculado pela CNI com periodicidade trimestral,

baseado em informações de federações da

indústria de dezenove estados, sinalizou, em abril,

acomodação das expectativas dos empresários,

que haviam crescido fortemente em janeiro de

2002, ante outubro de 2001. A queda de 1 p.p.,

para 58,9, em abril, decorreu principalmente do

declínio da confiança das pequenas e médias

empresas. Observe-se também que o índice que

avalia as condições atuais regrediu de 50,1 para 47,9, enquanto o

relativo às expectativas contraiu apenas 0,2 p.p. Declinaram, por

outro lado, as expectativas quando à trajetória da economia brasileira.

Apesar das quedas observadas, o indicador global manteve-se acima

de cinqüenta, patamar que indica manutenção de confiança pelos

empresários.

1.3.2 – Produção agropecuária

Lavouras

A produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas poderá

alcançar 99,3 milhões de toneladas, superando em 0,8% a safra de

2001, conforme Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

(LSPA), realizado pelo IBGE em abril.

30

40

50

60

70

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Índice geral Expectativas Condições atuais

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Fonte: CNI

Utilização da capacidade instaladaBens de consumoDados dessazonalizadosPercentual médio

73

75

77

79

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Fonte: FGV

Page 13: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

23

A elevação esperada da safra decorreu,

principalmente, de aumentos nas expectativas

relacionadas à produção de arroz, feijão e soja.

Quanto ao feijão, o resultado positivo esteve

associado à colheita da primeira e da segunda

safras, haja vista a quebra prevista para a terceira.

Essa safra, entretanto, representa, em média, cerca

de 10% da colheita total. O bom desempenho da

produção desse produto, item importante da cesta

básica, já refletiu em queda de 23,6% nos seus

preços até maio, conforme aferido pelo Índice

Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Em 2001, os preços do feijão cresceram 174%.

Para a soja, o crescimento esperado da produção

corresponde a 11,3%.

A produção de arroz deverá crescer 2,5%, e a

área plantada, 1,4%, comparativamente a 2001,

ano em que os preços elevaram-se 43,8%,

medidos pelo IPCA. O LSPA realizado em

outubro previu redução para a safra de 2002,

em relação à avaliação realizada em março,

evolução explicada por fortes chuvas no Rio

Grande do Sul e pela redução de área no

sistema de arroz de sequeiro, em Mato Grosso

do Sul, onde a estiagem prejudicou a lavoura.

Até maio, registrou-se redução de 10,8% nos

preços desse produto.

A safra de milho deverá contrair 12%, redução

decorrente do declínio de 15,7% assinalado na

primeira safra, na medida em que para a segunda

safra é previsto crescimento de 8,6%.

Redução acentuada, tanto na área quanto na

produção, deverá ser apresentada pela cultura de

algodão herbáceo, comportamento explicado,

principalmente, por retração verificada em Mato

Grosso, maior produtor nacional.

70

75

80

85

90

95

100

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Produção de grãos 1/

Em milhões de toneladas

Fonte: IBGE1/ Em 2002, estimativa.

Produção de grãosEm mil toneladas

Discriminação Produção Variação (%)

2001 20021/

Produção de grãos 98 543 99 337 0,8

Caroço de algodão 1 718 1 493 -13,1

Arroz (em casca) 10 195 10 453 2,5

Feijão 2 436 3 163 29,8

Milho 41 439 36 462 -12,0

Soja 37 683 41 923 11,3

Trigo 3 261 3 873 18,8

Outros 1 812 1 970 8,7

Fonte: IBGE

1/ Estimativa.

Estimativa das lavouras para 2002Variação percentual

Discriminação Produção Área Rendimento

médio

Produção de grãos 0,8 7,9 -6,6

Caroço de algodão -13,1 -10,8 -2,6

Arroz (em casca) 2,5 1,4 1,1

Feijão 29,8 20,5 7,8

Milho -12,0 -2,1 -10,1

Soja 11,3 17,2 -5,1

Trigo 18,8 8,3 9,7

Outros 8,7 -1,8 10,7

Outros produtos

Batata -2,3 -1,4 -2,3

Café (em grãos) 10,2 0,4 9,8

Laranja 10,1 -0,4 10,6

Cana-de-açúcar 4,2 1,6 2,6

Mandioca 1,8 -0,7 2,5

Fonte: IBGE

Page 14: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

24

Dentre as demais culturas, registrem-se as elevações acentuadas

na produção de café em grão e laranja, seguindo-se as relativas a

cana-de-açúcar, produtos com representatividade direta, ou de

seus derivados, tais como suco de laranja e açúcar, nas

exportações do país.

Pecuária

O desempenho da pecuária tem sido avaliado por meio de

indicadores indiretos, haja vista a inexistência de estatísticas para

2002. Nesse sentido, uma das variáveis consideradas consiste na

evolução das vendas externas do setor que, até abril, apresentaram

expansão de 25,4%, mantendo tendência observada nos últimos

quatro anos.

Discriminando as vendas externas pelos principais

grupos, observa-se que a maior expansão foi

observada nas exportações de carne suína, 64,6%,

seguindo-se as referentes a bovinos, 45,1%, e

frangos, 13,4%.

A análise da produção industrial, calculada

pelo IBGE, também poss ib i l i ta o

acompanhamento do desempenho de setores

ligados à evolução da pecuária. Nesse sentido,

a produção de alimentos para animais cresceu 110,4%, no

primeiro quadrimestre. Também evidenciando resultados

positivos, as indústrias voltadas para o abate de animais

(exclusive aves) e preparação de carnes, assinalaram crescimento

de 9,9% no primeiro quadrimestre, e o abate e preparação de

aves, de 12,7%. Por outro lado, as atividades voltadas para o

resfriamento e preparação de leite e laticínios apresentaram

redução de 3,9%.

Produção da pecuáriaPeso total das carcaçasVariação acumulada em 12 meses

2

6

10

14

18

Jan1999

Mai Set Jan2000

Mai Set Jan2001

Mai Set

Bovinos Suínos AvesFonte: IBGE

Page 15: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

25

Renda agrícola

A renda auferida pelos produtores rurais, em especial a proveniente do resultado das

lavouras, tem sido apontada como um dos fatores que tem contribuído para o incremento

dos fluxos de dispêndio este ano, em especial o de consumo, bem como para a continuidade

dos gastos de investimentos no setor. É um fator que concorre, ainda, para explicar as

diferenças entre os resultados de pesquisas sobre comércio varejista apurados nas regiões

metropolitanas (Fecomercio e Federação de Comércio do Estado de Minas Gerais - FECMG)

com o de abrangência nacional aferido pelo IBGE, que mostra menor queda na comparação

com igual período do ano anterior.

Estudo realizado pela Diretoria de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (Ipea/Diset) indica que a renda agrícola real, em 2002, deve apresentar o maior

crescimento dos últimos anos, alcançando variação próxima a 14%, conforme se observa no

gráfico a seguir. Resultado semelhante havia sido observado em 1994.

O cálculo do Ipea considera a safra por produto, multiplicada pelos respectivos preços

médios anuais1, em cada ano. Para 2002, foi utilizada a estimativa de safra realizada pelo

LSPA do IBGE. Os valores foram atualizados pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade

Interna (IGP-DI).

Na análise por principais itens agrícolas, alguns aspectos merecem ser destacados.

Primeiramente, note-se que cerca de 55% do incremento da renda agrícola deste ano advém

Renda agrícola realEm R$ bilhões

40

45

50

55

60

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002Fonte: Ipea

1/ Para 2002 foi considerado o preço médio anual até o mês em que a informação está disponível (abril).

Page 16: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

26

das culturas de soja e laranja, tipicamente exportáveis, cujos aumentos na renda refletiram,

adicionalmente à expansão assinalada no produto, os aumentos de preços resultantes, em

parte, da depreciação cambial em 2001. Atribua-se também a esse efeito, parte da variação

da renda dos produtores de cana-de-açúcar.

Outro ponto a destacar é que entre as principais culturas, apenas a do milho apresentou

redução da safra, movimento associado, em parte, à evolução desfavorável dos preços no

ano anterior. Assim, o crescimento da renda agrícola não resulta apenas da mudança de

preços relativos, o que tenderia a aumentar dispêndios de um setor em detrimento de outro.

Trata-se, portanto, de aumento que reflete o crescimento real do produto agrícola, abrangendo,

além da safra de grãos, cujo aumento estimado para 2002 é de 1%, outras culturas que

apresentaram resultados expressivos no ano, como por exemplo a cana-de-açúcar, expansão

de 4,2%, café, 10,2%, laranja, 10,1%, e banana, 6%.

Renda agrícola realVariação percentual em 2002

Discriminação Renda agrícola - R$ milhões Renda Produção Preço

2001 2002

Soja 13 504.15 15 901.15 17.8 11.3 5.8

Cana-de-açúcar 8 835.55 9 842.98 11.4 4.2 6.9

Milho 6 813.61 7 343.30 7.8 - 12.0 22.5

Laranja 4 367.15 6 005.30 37.5 10.1 24.9

Arroz (em casca) 3 034.67 3 789.38 24.9 2.5 21.8

Feijão 2 346.06 3 270.29 39.4 29.8 7.4

Banana 2 734.92 2 786.51 1.9 6.0 - 3.9

Café (em côco) 1 756.56 1 674.52 - 4.7 10.2 - 13.5

Fonte: Ipea

1.3.3 – Mercado de trabalho

Emprego

O comportamento do mercado de trabalho tem se caracterizado pela

ampliação na geração de postos de trabalho com carteira assinada,

conforme estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Em relação à taxa de desemprego, calculada por meio de pesquisas

domiciliares realizadas pelo IBGE em seis regiões metropolitanas,

sua elevação no trimestre ocorreu paralelamente à criação de

Page 17: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

27

ocupações. Relativamente ao emprego na indústria de transformação,

as pesquisas da CNI e da Fiesp apresentaram resultados

contraditórios, explicados, entre outros, pela diferença de

abrangência das pesquisas.

Nos primeiros quatro meses de 2002, a taxa de

desemprego aberto, obtida pela Pesquisa Mensal

do Emprego, elaborada pelo IBGE com base em

informações de seis regiões metropolitanas,

manteve-se acima da registrada em meses

idênticos de 2001. A média do primeiro

quadrimestre situou-se em 7,1%, um p.p. acima

da registrada em igual período de 2001. Em abril,

o percentual atingiu 7,6%, ante 7,1% em março,

e 6,5% no mês correspondente em 2001.

O aumento da População Economicamente Ativa

(PEA), em maior proporção que o do número de

novas ocupações, explica a elevação da taxa de

desemprego. A PEA passou de 18,3 milhões de

pessoas, em abril de 2001, para 19 milhões, em

igual mês de 2002, representando elevação de 4%

em doze meses. Já o número de ocupados cresceu

2,7% no período.

A análise por categorias de ocupação,

considerando como base de comparação o

primeiro quadrimestre de 2002 e do ano

precedente, explicitou elevação mais acentuada

no número de empregados sem carteira assinada, 5,1%, ante 2,3%

para empregados com carteira e 1,5% para empregadores. O total

de trabalhadores por conta própria reduziu-se em 0,8%, no período.

No âmbito setorial, a construção civil apresentou seguidas reduções

no contingente de trabalhadores, no comparativo mensal com 2001,

acumulando, no quadrimestre, contração de 6,3%. Nos demais

setores, o número de postos de trabalho superou o relativo a iguais

meses de 2001, com crescimentos de 3,3%, em serviços, de 3% no

comércio e de 0,2% na indústria de transformação.

Taxa de desemprego aberto%

4

5

6

7

8

9

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr

Normal DessazonalizadaFonte: IBGE

Ocupação por setores e por categoria ocupacional

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar Abr

Total de ocupados 0,7 1,2 1,8 2,1 2,3

Setor

Indústria de transformação 0,6 -0,7 -0,6 -0,2 0,2

Construção civil -2,8 -8,5 -7,9 -6,3 -6,3

Comércio -0,7 2,5 3,5 3,5 3,0

Serviços 1,5 2,5 2,8 3,0 3,3

Categoria ocupacional

Com carteira assinada 3,8 2,0 2,0 2,2 2,3

Sem carteira assinada -1,2 4,6 4,8 5,0 5,1

Por conta própria -0,7 -3,1 -1,6 -0,9 -0,8

Empregadores -7,1 -1,5 -0,3 1,2 1,5

Fonte: IBGE

Page 18: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

28

Em relação ao emprego formal, estatísticas do

MTE, com base no Cadastro Geral de Empregados

e Desempregados (Caged), assinalaram saldo

positivo de 175,1 mil postos de trabalho, em abril,

o melhor resultado mensal desde o início da

divulgação da série, em 1985. No acumulado do

ano, a criação de empregos com carteira assinada

no país atingiu 391,6 mil vagas, ante 303,5 mil em

2001. Desse total, 145 mil ocorreram em serviços,

mantendo tendência do ano anterior, 92,2 mil na

indústria de transformação e 42,6 mil no comércio. A construção civil

foi o único setor a apresentar recuo no número de vagas no período,

de 25 mil para 18 mil.

De acordo com a série isenta de sazonalidade, o

emprego formal registrou taxas positivas desde

outubro de 1999. Nesse sentido, a comparação

das médias do primeiro trimestre de 2002 e do

trimestre anterior revela expansão de 0,8%. Por

setores, os crescimentos mais acentuados, na

mesma base de comparação, ocorreram na

indústria de transformação, 0,9%, o que ratifica

a trajetória dos indicadores da CNI, no comércio,

1,5%, e em serviços, 1%.

O nível do emprego na indústria de

transformação, nos primeiros quatro meses do

ano, situou-se abaixo da média registrada em

2001, acumulando queda de 1%, conforme

pesquisa da CNI em doze estados, após

dessazonalização da série. As estatísticas da

pesquisa mensal da Fiesp registraram queda mais

acentuada no período, de 2,3%. Na comparação

do primeiro trimestre de 2002 com o último de

2001, entretanto, os dados da Fiesp indicaram

desaceleração, exibindo queda de 0,6%, enquanto os da CNI

mostraram recuperação, com crescimento de 1,3%. A evolução em

âmbito nacional é ratificada pelo fato de que nas comparações

mensais foram registrados cinco meses sucessivos de resultados

Evolução do emprego formal

Número de postos de trabalho (em mil)

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar Abr No ano

Total 591,1 44,2 82,0 90,3 175,1 391,6

Indústria de transformação 103,8 15,0 9,0 23,6 44,6 92,2

Comércio 209,8 2,3 11,0 10,9 18,4 42,6

Serviços 311,0 18,2 38,0 37,2 51,6 145,0

Construção civil -33,4 2,0 2,1 3,5 10,5 18,1

Serviços ind. de util.pública 1,5 0,8 0,6 1,1 -0,3 2,3

Outros1/-1,6 6,0 21,3 13,9 150,2 191,4

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

1/ Inclui extrativa mineral, administração pública, agropecuária e outras.

Emprego formal2001=100

95

97

99

101

103

Fev2000

Abr Jun Ago Out Dez Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

Observado Dados dessazonalizados

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

Emprego industrialDados dessazonalizados1992=100

72

73

74

75

76

77

Fev2000

Abr Jun Ago Out Dez Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

Fiesp CNI

Page 19: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

29

Evolução do emprego formal, segundo o MTE

O MTE disponibiliza estatísticas mensais sobre a evolução do emprego formal, com

abertura por setores e por regiões. Seu acompanhamento permite identificar, em princípio,

tendências da atividade econômica, tais como o seu movimento entre as regiões.

Para avaliar a representatividade dos dados do MTE, considere-se que os empregos com

carteira assinada totalizaram 23.962,7 mil no país, em abril, mês em que a PEA nas seis

regiões metropolitanas objeto da pesquisa domiciliar do IBGE atingiu 19.015,8 mil, e os

ocupados, 17.564,1 mil. Observe-se, também, que segundo o censo realizado pelo IBGE em

2000, o total de pessoas ocupadas atingiu 76.158,5 mil. Em dezembro daquele ano, havia

22.979,9 mil pessoas ocupadas mediante contrato de trabalho. Essa forma de vínculo

empregatício representava, portanto, em torno de 30% dos ocupados no país.

A Tabela 1 mostra que após quedas registradas de 1997 a 1999, os saldos de empregos

formais passaram a ser positivos. Por regiões, a geração de empregos foi generalizada, exceção

feita à região Nordeste, no primeiro quadrimestre de 2002. Observa-se também que 54,74%

dos empregos gerados em 2000 ocorreram na região sudeste, percentual que reduziu-se para

50%, em 2001, voltando a crescer no primeiro quadrimestre de 2002, quando respondeu por

61%.

Tabela 1 - Variação do emprego formal - por regiões

Em mil

Discriminação 1997 1998 1999 2000 2001 20021/

Brasil -35,7 -581,8 -196,0 657,6 591,1 391,6

Regiões

Norte -6,1 -10,2 -3,6 35,5 22,2 9,5

Centro-Oeste 16,1 -13,9 -11,0 47,8 56,9 57,1

Nordeste -1,3 -35,2 -20,7 102,5 60,5 -13,3

Sul -0,6 -83,7 -3,9 111,7 156,0 96,6

Sudeste -43,8 -438,8 -156,9 359,9 295,6 241,7

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

1/ Até abril.

Page 20: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

30

Os dados da Tabela 2 indicam que o setor de serviços foi o principal responsável pela

geração de empregos no período considerado, tendo assinalado saldo negativo apenas em

1998, comportamento registrado também, mas em menor intensidade, pelo comércio. Assinale-

se, no primeiro quadrimestre do ano, o aumento acentuado do emprego na agropecuária,

bem como a recuperação registrada na construção civil. No primeiro quadrimestre de 2002,

37% dos novos postos de trabalho foram registrados em serviços, seguindo-se a indústria de

transformação, 23,5%, e a agropecuária, 17,5%.

Relacionando estatísticas do emprego por setores e por regiões, observa-se que, em 2002,

a região Sudeste foi responsável por 37% dos empregos gerados em serviços, 47% no

comércio e 58% na indústria de transformação.

Comparando os empregos surgidos no período janeiro-abril de 2002 com o de igual período

do ano anterior, observa-se que o crescimento da região Centro-Oeste superou o do país.

Abertura considerando as principais regiões metropolitanas revela que a maior parte das

novas oportunidades de emprego não tem sido criada nos principais centros, haja vista que

apenas em Fortaleza e Salvador o número de novos empregados com carteira assinada superou

o do primeiro quadrimestre de 2001. Esse desempenho sugere que a atividade econômica,

aparentemente, tem crescido menos nos grandes centros.

A evolução do emprego formal nos últimos anos mostra que o maior número de novos

postos foi registrado no setor serviços. Considerados, conjuntamente, esse setor e o de

comércio, foram responsáveis por 69,9% e por 88,1% dos empregos gerados em 2000 e em

2001, respectivamente. No primeiro quadrimestre de 2002, entretanto, essa participação

declinou para 47,9%, explicada pelo menor dinamismo do comércio.

Tabela 2 - Variação do emprego formal - por segmento

Em mil

Discriminação 1997 1998 1999 2000 2001 20021/

Total -35,7 -581,8 -196,0 657,6 591,1 391,6

Indústria de transformação -133,1 -300,7 14,9 192,9 103,8 92,2

Comércio 65,6 -57,9 14,6 175,5 209,8 42,6

Serviços 61,1 -76,7 14,9 283,9 311,0 145,0

Agropecuária -3,8 -52,0 -119,6 9,8 -17,1 68,4

Construção civil 13,5 -63,5 -113,1 -1,6 -33,4 18,1

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

1/ Até abril.

Page 21: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

31

favoráveis, enquanto no âmbito da indústria de transformação paulista

registrou-se queda do nível de emprego por nove meses. Em abril,

confirmou-se recuperação do emprego na indústria do país e queda

em São Paulo. Tal comportamento sugere desconcentração da

atividade produtiva. De fato, considerando a variação do emprego

industrial, de janeiro a abril deste ano em relação à igual período de

2001 verifica-se que, enquanto SP registra queda de 2,2%, outras

regiões industriais importantes mostram aumentos no mesmo

período: RS 8,8%, PR 6,2%, BA 2,2%, SC 0,73% e MG 0,74%.

Rendimentos

A evolução dos rendimentos médios reais no primeiro trimestre de

2002 foi mais favorável do que a registrada na maior parte dos meses

de 2001, sendo insuficiente, no entanto, para recuperar as perdas

Tabela 3 - Emprego formal - postos de trabalho criados

Em mil

Discriminação Jan-abr 2002 Jan-abr 2001 Variação %

Brasil 391,6 303,5 29,0

Regiões

Norte 9,5 9,2 2,9

Centro-Oeste 57,1 41,7 36,8

Nordeste -13,3 -33,0 ...

Sul 96,6 91,0 6,1

Sudeste 241,7 194,6 24,2

Regiões metropolitanas 74,4 122,2 -39,1

Belém 0,4 2,8 -87,5

Fortaleza 2,2 0,9 149,7

Recife -3,6 -2,9 ...

Salvador 5,3 3,6 45,2

Belo Horizonte 9,9 10,4 -5,1

Rio de Janeiro 8,1 15,3 -47,3

São Paulo 42,3 70,3 -39,8

Curitiba 3,9 10,0 -61,4

Porto Alegre 6,0 11,7 -49,3

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

Page 22: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

32

acumuladas. Evolução mais positiva, entretanto,

tem sido assinalada pelas pesquisas que

acompanham o desempenho dos indicadores do

mercado de trabalho na indústria de

transformação.

Conforme pesquisa do IBGE, a trajetória dos

rendimentos médios reais das pessoas ocupadas

não tem sido favorável, tendo prevalecido quedas

nos resultados mensais. Assinale-se que nos

primeiros três meses de 2002, foram registrados

resultados positivos em janeiro e em março, 2%

e 0,5%, respectivamente, e queda de 0,3% em

fevereiro, consideradas estatísticas

dessazonalizadas. Não obstante, os rendimentos

reais declinaram 5,6% no primeiro trimestre, ante

igual período de 2001. A maior perda ocorreu na

construção civil, 12%, seguindo-se comércio,

8,5%, serviços, 6,2% e indústria de

transformação, 4,1%. Dentre as categorias de

ocupação, as perdas também foram generalizadas,

com as maiores registrando-se entre os

trabalhadores por conta própria e empregadores,

8,7% e 8,6%, respectivamente, seguindo-se

trabalhadores com carteira assinada, 6%, e sem

carteira, 1,2%.

A comparação entre as médias dos rendimentos

do primeiro trimestre de 2002 e do período

anterior, em relação às medias registradas nos

trimestres imediatamente anteriores, de acordo

com estatísticas dessazonalizadas, resulta em

taxas de 0,8% e -3,6%, respectivamente,

sugerindo recuperação.

Os salários reais na indústria de transformação paulista cresceram

0,9% em abril, mantendo a trajetória expressa por variações mensais

positivas, iniciada em outubro de 2001, considerada a série sem

Massa de salários e rendimentos médios reais

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar

Massa de salários reais -3,4 -3,1 -3,3 -3,1

Rendimentos médios reais -3,8 -5,3 -5,8 -5,6

Setor

Indústria de transformação -5,1 -4,5 -3,5 -4,1

Construção civil -5,2 -13,0 -12,5 -12,0

Comércio -5,7 -8,5 -7,1 -8,5

Serviços -3,4 -5,4 -6,9 -6,2

Categoria ocupacional

Com carteira assinada -4,8 -7,1 -6,8 -6,0

Sem carteira assinada -2,1 -2,2 -1,6 -1,2

Por conta própria -1,4 -6,7 -8,7 -8,7

Empregadores -2,6 -2,0 -6,1 -8,6

Fonte: IBGE

Salários médios reais e massa salarial real na indústria

de transformação

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar Abr

CNI

Massa salarial real 3,2 -0,6 -0,6 -0,4 -0,4

Fiesp

Massa salarial real 6,4 2,4 2,2 2,6 2,7

Salário médio real 6,1 4,7 4,9 5,4 5,6

Fonte: CNI e Fiesp

Rendimentos reais - médios e totaisMédia móvel em 12 mesesVariação percentual

-6

-3

0

3

6

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar

Médios TotalFonte: IBGE

Page 23: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

33

influências sazonais. Desse comportamento, resultou elevação de

5,6% nos ganhos reais dos empregados na indústria paulista, ante

igual período de 2001. Observe-se que o deflator utilizado é o Índice

de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas (IPC-Fipe), que tem apresentado variações inferiores

às do INPC, índice adotado pela CNI. Já a massa salarial real, que

também registrou ganhos no mesmo período, apresentou elevação

menos significativa no quadrimestre, de 2,7%.

A pesquisa efetuada pela CNI em doze estados indicou evolução

mensal positiva da massa salarial real ao longo do primeiro

quadrimestre, considerando séries ajustadas sazonalmente. Não

obstante, no quadrimestre observou-se contração de 0,4%, ante igual

período de 2001.

Produtividade e Custo Unitário do Trabalho(CUT) na indústria de transformação

A produtividade na indústria de transformação,

definida como a relação entre o índice da

produção física do setor, obtido na Pesquisa

Industrial Mensal - Produção Física, do IBGE, e

o índice de horas trabalhadas na produção,

divulgadas pela CNI, contraiu 2,8% no primeiro

trimestre, ante período correspondente em 2001.

Esse resultado refletiu redução nas horas

trabalhadas inferior à queda na produção

Relativamente ao trimestre anterior, registrou-se

recuperação de 1% no indicador, que havia

declinado, na mesma base de comparação, 0,8%

no último trimestre de 2001, de acordo com

estatísticas dessazonalizadas.

Incorporado o resultado de abril, período no qual

a produtividade apresentou elevação mensal de

1%, terceira variação positiva no ano, o indicador

30

60

90

120

150

180

Fev2000

Abr Jun Ago Out Dez Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

CUT Produtividade

Fonte: IBGE, CNI e elaboração do Banco Central do Brasil

Custo unitário do trabalho e produtividade1992=100

Indústria de transformação e número de horas trabalhadas na produçãoDados dessazonalizados1992=100

70

88

105

123

140

Fev2000

Abr Jun Ago Out Dez Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

Indústria de transformação (IBGE)Horas trabalhadas (CNI)

Page 24: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

34

anual passou a contrair 2,3%, comparativamente ao primeiro

quadrimestre de 2001.

Por regiões, a indústria do Estado do Rio de Janeiro apresentou a

maior elevação da produtividade, 10,3%, no primeiro trimestre de

2002, ante idêntico período de 2001. Assinalem-se, ainda, os

desempenhos registrados em Santa Catarina, 3%, e Espírito Santo,

2,8%. Em sentido contrário, o indicador contraiu 18,6% no Ceará,

14,2% no Paraná e 11,3% em Pernambuco.

O CUT para a indústria de transformação, definido como a relação

entre o total de salários pagos pelas indústrias abrangidas pela CNI

e a produção do setor, divulgada pelo IBGE, tem apresentado

comportamento menos favorável em meses recentes. Assim, no

primeiro trimestre, registrou-se elevação de 2,9% no CUT real e de

3,5% no CUT nominal, ante trimestre correspondente de 2001,

comportamento que indica maior participação do custo do fator mão-

de-obra no total da produção. Assinale-se que o cálculo do CUT

nominal considera a produção nominal da indústria, valorizada pelo

Índice de Preços por Atacado - Oferta Global - Disponibilidade

Interna (IPA-OG-DI), e a massa salarial nominal, divulgada pela

CNI.

Considerando dados isentos de sazonalidade, o CUT declinou em

janeiro, nos dois conceitos, apresentando expansão nos dois meses

subseqüentes. Adicionalmente, na comparação da média do primeiro

trimestre de 2002 com a do último trimestre de 2001 resultou

crescimento de 0,9% no CUT nominal e queda de 1,3% no indicador

real. Destaque-se, ainda, que no quarto trimestre de 2001, respeitada

a base de comparação, os indicadores apresentaram contrações

respectivas de 0,1% e de 0,5%.

Em abril, o CUT voltou a apresentar evolução favorável. Tanto o

CUT nominal quanto o real registraram queda de 3,5%, nas séries

sem influências sazonais. Ante o primeiro quadrimestre de 2001,

ainda se observa elevações, de 1,3% e de 0,9%, respectivamente.

Observa-se assim, que as trajetórias da produtividade e do CUT têm

apresentado evolução favorável de fevereiro a abril deste ano.

Page 25: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

35

Contudo, tais indicadores ainda mostram deterioração em relação

ao observado em 2001.

1.3.4 – Produto Interno Bruto

O PIB a preços de mercado cresceu 1,34% no

primeiro trimestre de 2002, ante o último trimestre

de 2001, desconsideradas as influências sazonais.

O resultado, registrado após quedas no segundo e

terceiro trimestres de 2001 e relativa estabilidade

no último trimestre, ratifica movimento recente e

gradual de recuperação da atividade.

Setorialmente, esse comportamento refletiu a

evolução favorável apresentada pelos setores

agropecuário, 1,85%, e serviços, 0,98%, e a

redução de 1,49% assinalada na indústria, no

período.

Em relação ao primeiro trimestre de 2001, o PIB

declinou 0,73%, resultado explicado, em parte,

pela base de comparação elevada. Na mesma base

de comparação, foram identificadas elevações na

agropecuária e nos serviços e queda na indústria.

Nesse setor, apenas a indústria extrativa mineral

registrou crescimento. Ressalte-se as quedas

acentuadas no produto dos serviços industriais

de utilidade pública, que reflete, basicamente,

menor consumo de energia elétrica, e na

construção civil, associada à elevada base de

referência. Apesar da redução menos acentuada,

a evolução da indústria de transformação foi

determinante no resultado do PIB, haja vista sua

participação relativa no setor e sua influência em subsetores como

transporte e comércio.

Com o resultado do primeiro trimestre de 2002, a taxa de crescimento

acumulada em quatro trimestres passou de 1,5%, em dezembro, para

Produto Interno Bruto

Trimestre/trimestre anterior com ajuste sazonal

Discriminação 2001 2002

I II III IV I

PIB a preços de mercado 1,2 -1,4 -0,4 0,1 1,3

Agropecuária 7,1 -0,7 -0,6 2,8 1,9

Indústria -3,0 -2,1 1,4 -1,6 -1,5

Serviços 0,6 0,4 0,3 0,5 1,0

Fonte: IBGE

Produto Interno BrutoVariação % acumulada no ano

-5

-3

-1

1

3

5

7

9

11

I2000

II III IV I2001

II III IV I2002

Agropecuária Indústria

Serviços PIBFonte: IBGE

Produto Interno Bruto

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

I II III IV I

Acumulado ao longo do ano 4,3 3,2 2,3 1,5 -0,7

Acumulado em 4 trimestres 4,1 3,6 2,6 1,5 0,3

Trimestre/igual trimestre

do ano anterior 4,3 2,1 0,5 -0,7 -0,7

Trimestre/trimestre anterior

com ajuste sazonal 1,2 -1,4 -0,4 0,1 1,3

Fonte: IBGE

Page 26: 1 – Nível de atividadeObserve-se que os resultados referentes a abril refletiram, em parte, o efeito da ocorrência da Semana Santa em março, fato que implicou em maior número

Relatório de Inflação Junho 2002

36

0,3%, com desaceleração nos serviços e agropecuária e intensificaçãodos resultados negativos nos segmentos da indústria, com exceçãodo subsetor de extração de minerais.

Para 2002, a expectativa é de que o PIB cresça2%. Setorialmente, a expansão esperada de 3,3%na agropecuária tem como respaldo acontinuidade do crescimento apresentado pelaprodução da pecuária, facilitada pela evoluçãopositiva das exportações, bem como o resultadopositivo estimado para as lavouras. Assim, alémda elevação da safra de grãos, espera-se expansãodas safras de cana-de-açúcar, laranja e café, dentreoutros.

Na indústria, o crescimento previsto de 1,8%tem como condicionantes a recuperação dossubsetores da transformação, construção eserviços industriais de utilidade pública (SIUP).O fim da restrição da oferta de energia impactadiretamente os SIUP, com efeitos positivostambém sobre a indústria de transformação.Dada a importância deste subsetor nacomposição do PIB, a taxa positiva prevista teráefeitos em segmentos como comércio etransporte.

O crescimento de 2,2% esperado para os serviços, além dainfluência dos impactos da agropecuária e indústria sobretransportes e comércio, reflete a evolução do subsetor decomunicações e de instituições financeiras. Para setores comogoverno e aluguel de imóveis, que representam cerca de 23% doPIB, considerou-se o comportamento trimestral registrado nosúltimos anos, haja vista a estabilidade de suas taxas de variação.Para as atividades classificadas como “outros serviços”, foramcomputadas as perspectivas positivas relacionadas à evolução doemprego formal.

Produto Interno Bruto

Variação acumulada no ano

Discriminação 2000 2001 20021/

Agropecuária 3,0 5,1 3,3

Indústria 4,9 -0,6 1,8

Extrativa mineral 11,1 3,4 11,2

Transformação 5,4 0,6 1,3

Construção civil 3,0 -2,6 -0,8

Serviços ind. de utilidade pública 4,1 -5,5 4,2

Serviços 3,7 2,5 2,2

Comércio 4,7 0,7 0,9

Transporte 5,6 1,0 1,8

Comunicações 16,5 11,9 6,9

Instituições financeiras 3,5 1,1 2,2

Outros serviços 4,4 3,2 2,4

Aluguel de imóveis 2,5 2,1 1,9

Administração pública 1,1 1,8 1,7

Dummy financeiro 4,4 1,5 2,1

Valor adicionado a preços básicos 4,0 1,6 2,2

Impostos sobre produtos 7,1 0,8 0,5

PIB a preços de mercado 4,4 1,5 2,0

Fonte: IBGE

1/ Estimativa do Banco Central do Brasil.

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Relatório de Inflação Junho 2002

37

1.4 – Investimento e capacidade deprodução

Apesar do bom desempenho apresentado pela produção de bens de

capital em 2001, a participação da formação bruta de capital no PIB

declinou de 21,7%, em 2000, para 21%, comportamento associado

à trajetória desfavorável apresentada pela indústria da construção,

cuja representatividade na composição dos gastos com investimentos

atinge aproximadamente 60%.

No início de 2002, a evolução dos principais

indicadores de investimento, medida pela

comparação entre as médias do primeiro trimestre

de 2002 e do último trimestre de 2001, mostrou

sinais de recuperação, após dessazonalização das

séries. Nesse sentido, em relação à construção,

identificou-se crescimento de 1,2% na produção

de insumos para o setor, e na produção de bens

de capital, crescimento de 2,5%.

O movimento de recuperação dos investimentos

foi confirmado pelos resultados referentes a abril.

Assim, a produção de insumos da construção civil

apresentou o quarto resultado positivo, em

seqüência, tendo crescido 2,2%, após

dessazonalização da série. No que se refere à

produção de bens de capital, o crescimento de

7,1% consistiu no terceiro resultado positivo no

ano, após a queda de 2,2% observada em março.

Observe-se que, apesar da tendência de

recuperação apresentada nos últimos meses, a absorção de bens de

capital contraiu no primeiro quadrimestre, ante igual período de 2001.

A conjugação do crescimento interno da produção de 0,3%, com a

queda mais acentuada nas importações de bens de capital, 18%, do

que nas exportações, 12,5%, resultou declínio de 4,9% na absorção.

No quadrimestre, a queda na produção de insumos da construção

totalizou 7,3%, haja vista que em idêntico período de 2001 o setor

Indicadores de investimento

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2001 2002

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri Abr

Bens de capital

Produção 20,8 19,0 16,5 12,7 -1,9 0,3

Importação 43,7 34,3 22,5 16,1 -20,1 -18,0

Exportação -3,8 -8,2 -12,1 -13,7 -10,4 -12,5

Insumos da construção civil 4,1 2,2 -0,5 -2,4 -8,8 -7,3

Financiamentos do BNDES 54,7 57,3 38,7 9,4 17,8 17,0

Fonte: IBGE, Funcex e BNDES

115

120

125

130

135

Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr

Fonte: IBGE

Produção de insumos para a construção civilDados dessazonalizados1992=100

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Relatório de Inflação Junho 2002

38

ainda apresentara comportamento favorável.

Observe-se que indicadores tais como a redução

da ociosidade das indústrias voltadas para o setor,

identificada pela Sondagem Conjuntural da FGV,

e dois meses consecutivos de elevação nas vendas

reais de materiais de construção, identificada pela

Fecomercio, sinalizam, ainda que modestamente,

recente recuperação setorial.

Quanto à produção de bens de capital, com o

resultado de abril, passou a mostrar crescimento

sobre o primeiro quadrimestre de 2001. Abertura

considerando bens de capital selecionados permite

observar, que, nesse mês, ocorreu crescimento

generalizado, tendo se situado acima da média

do setor os assinalados por equipamentos

industriais não seriados, 14,7%, e equipamentos

mistos, 10,6%, dados dessazonalizados.

No acumulado do ano, percebe-se, igualmente,

que é praticamente generalizada a expansão da

capacidade produtiva da economia,

principalmente nos setores agrícola e de energia

elétrica. No primeiro caso, influenciou

positivamente o crescimento acentuado da renda

agrícola e, no segundo, a expectativa de

crescimento das tarifas de energia elétrica tem

estimulado a busca da auto-suficiência. Observe-

se também, que o desempenho de máquinas

agrícolas deve-se, em parte, ao crescimento das

vendas externas, que apresentaram expansão de

17,7%, até maio.

Os indicadores de comportamento da indústria

de bens de capital mecânicos, divulgados pela

Associação Brasileira da Indústria de Máquinas

e Equipamentos-Sindicato Nacional da Indústria

de Máquinas (Abimaq-Sindimaq) foram, em

geral, posit ivos no primeiro tr imestre,

Produção de bens de capital

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Jan Fev Mar Abr

No mês1/

Bens de capital -0,8 2,0 5,6 -4,0 7,1

Industriais -4,8 12,6 1,5 -1,3 3,6

Seriados -5,4 15,4 1,3 -0,2 2,2

Não-seriados -4,5 7,1 -0,5 -6,1 14,7

Agrícolas -2,3 -7,6 -1,7 -1,2 6,1

Peças agrícolas -5,3 8,2 -5,7 -5,1 7,1

Construção -12,0 30,9 -8,4 5,8 0,4

Energia elétrica -13,6 10,9 35,6 -23,9 5,2

Transportes 1,2 4,1 -0,2 0,0 2,0

Misto 3,8 2,2 6,4 -3,9 10,6

Trimestre/trimestre anterior1/

Bens de capital -6,4 -6,3 -0,3 3,4 7,4

Industriais -12,4 -7,8 1,3 9,0 8,3

Seriados -15,3 -9,8 1,1 11,2 9,8

Não-seriados 2,3 0,8 1,1 0,8 3,1

Agrícolas 18,3 12,0 -2,9 -9,1 -6,5

Peças agrícolas -7,1 -5,9 -4,4 -2,1 -3,6

Construção -7,7 -11,1 -5,6 8,7 8,6

Energia elétrica -19,5 -24,9 -9,4 7,5 17,9

Transportes 2,9 6,5 7,7 6,4 3,6

Misto -8,4 -2,6 6,2 8,3 10,1

No ano

Bens de capital 12,7 -3,9 0,3 -1,9 0,3

Industriais 4,1 6,0 4,5 1,6 2,3

Seriados 3,5 4,9 3,0 0,3 0,6

Não-seriados 6,6 10,0 10,6 7,2 9,8

Agrícolas 20,0 12,4 12,4 9,9 12,5

Peças agrícolas 3,4 13,9 4,6 -1,0 -0,5

Construção 18,3 7,0 2,3 2,3 2,5

Energia elétrica 42,5 -4,3 14,7 8,7 8,3

Transportes 12,2 7,3 6,0 1,8 4,4

Misto 2,8 -18,0 -13,7 -15,2 -11,7

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Investimentos como proporção do PIB

% do PIB

Discriminação Formação bruta Variação de Formação bruta

de capital fixo estoques de capital

1999 I 19,6 -0,3 19,2

II 19,2 2,8 22,0

III 19,3 0,7 20,0

IV 19,1 1,2 20,3

2000 I 21,7 1,1 22,7

II 20,3 2,3 22,6

III 19,7 2,6 22,4

IV 19,4 2,3 21,7

2001 I 20,6 1,8 22,4

II 20,2 2,0 22,2

III 20,0 2,1 22,1

IV 19,4 1,5 21,0

Fonte: IBGE

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Relatório de Inflação Junho 2002

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comparativamente a igual período de 2001,

conforme evidenciado pelo crescimento de 0,2%

na utilização da capacidade instalada e pela

ampliação do número médio de semanas para

atendimento de pedidos em carteira, de 18,8,

para 24,5. O faturamento do setor, deflacionado

pelo Índice de Preços por Atacado - Oferta

Global - Produtos Industriais (IPA-OG-PI),

máquinas e equipamentos industriais, apresentou

crescimento de 5,4% no quadrimestre.

Estatíst icas da Associação Nacional dos

Fabr icantes de Veículos Automotores

(Anfavea), para o período janeiro a maio,

revelaram crescimento na produção de

máquinas agrícolas e de ônibus, ante a registrada no período

correspondente em 2001. Em relação à produção de máquinas

agrícolas, todos os segmentos apresentaram expansão relevante,

que atingiu 26,8% em colheitadeiras, 15,4% em tratores de rodas

e 8,6% no item outros, que abrange cultivadores motorizados,

tratores de esteiras e retroescavadeiras.

Entretanto, comparação da média do trimestre março a maio,

com a do período imediatamente anterior, assinalou queda da

produção de autoveículos, principalmente de ônibus, após

dessazonalização da série. Nessa base de referência, por outro

lado, houve crescimento na produção de caminhões. Já na

comparação de maio com abr i l , todos os segmentos

apresentaram queda acentuada.

Cabe ressaltar, ainda, que apesar da tendência de recuperação dos

gastos relacionados a investimentos, sua participação no PIB pode

estar declinando. Nesse sentido, a queda de 0,73% apresentada

pelo produto no primeiro trimestre, ante igual período de 2001,

foi inferior ao declínio da absorção de bens de capital, 4,9%, e da

produção de insumos da construção, 7,3%.

No primeiro quadrimestre de 2002, o total dos desembolsos do

Sistema BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Produção de autoveículos

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Jan Fev Mar Abr Mai*

Mês1/

Máquinas agrícolas 2,0 -6,0 -2,9 -6,1 17,1 -11,8

Ônibus -9,6 10,9 4,4 -12,7 -6,8 -13,3

Caminhões -0,3 1,3 7,1 -1,6 4,3 -12,5

Trimestre/trimestre anterior1/

Máquinas agrícolas 17,4 8,1 -0,2 -8,9 -5,1 -3,8

Ônibus 28,8 24,1 13,9 6,5 -3,3 -15,3

Caminhões -3,9 -4,3 1,9 3,8 8,3 1,8

No ano

Máquinas agrícolas 24,9 21,5 15,6 11,1 18,2 16,1

Ônibus 1,1 37,2 37,1 24,6 19,7 12,6

Caminhões 7,0 -14,0 -11,3 -15,1 -10,2 -13,7

Fonte: Anfavea

1/ Dados dessazonalizados.

* Preliminar.

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Relatório de Inflação Junho 2002

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e Social (BNDES), Agência Especial de

Financiamento Industrial (Finame) e BNDES

Participações S.A. (BNDESpar) – cresceu 17%

ante igual período de 2001, tendo atingido R$7,7

bilhões.

Análise considerando os principais setores

evidenciou que a maior expansão na captação de

financiamentos foi registrada na indústria

extrativa, 213,3%, seguindo-se comércio e

serviços, 142,9%, e agropecuária, 54,6%. Apenas para a indústria

de transformação foram canalizados recursos em montante inferior

em 28,3% aos recebidos pelo setor no primeiro quadrimestre de

2001.

Quanto ao custo dos financiamentos tomados junto ao Sistema BNDES,

a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), apresentou redução de 0,5

p.p.no segundo trimestre, situando-se em 9,5% a.a., o que representou

retorno ao patamar praticado no terceiro trimestre de 2001.

1.5 – Conclusão

A atividade econômica continua apresentando expansão gradual,

porém em ritmo ainda menor do que o assinalado nos primeiros

meses do ano. Confirmam esse cenário a estabilidade apresentada

pelos índices que medem as intenções de consumo e a confiança

dos empresários. Ainda indicam alguma sustentação da demanda

por consumo a trajetória favorável apresentada pelo emprego, na

medida em que tem crescido a geração de novos postos de trabalho,

e a expansão da renda agrícola. Entretanto, os indicadores do

comércio varejista têm apresentado queda comparativamente ao

patamar assinalado na primeira metade de 2001, com maior

intensidade na RMSP.

Por outro lado, são fatores que têm limitado a demanda a

inadimplência ainda elevada e a queda registrada pela maior parte

dos indicadores que aferem o poder aquisitivo dos salários e

rendimentos. Dessa forma, não existem evidências, no curto prazo,

Desembolsos do Sistema BNDES1/

Acumulado no ano (Em R$ milhões)

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar Abr

Total 25 217 1 801 4 362 6 273 7 718

Indústria de transformação 12 760 1 041 1 772 2 588 3 230

Comércio e serviços 9 298 491 2 067 2 804 3 349

Agropecuária 2 762 249 502 826 1 076

Indústria extrativa 396 20 22 55 63

Fonte: BNDES

1/ Compreende o BNDES, Finame e BNDESpar.

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Relatório de Inflação Junho 2002

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de fatores que possam pressionar a demanda, fato corroborado pelo

comportamento dos indicadores do nível de estoques.

Em relação aos investimentos, houve alguma recuperação,

comparativamente à desaceleração verificada nos últimos meses de

2001, movimento presente tanto na produção de bens de capital como

de insumos da construção. Da mesma forma que os indicadores da

demanda por consumo, essa recuperação pode ser considerada mais

do que gradual, não havendo qualquer evidência de incapacidade de

resposta do setor produtivo.

Os resultados do PIB para o primeiro trimestre do ano não

surpreenderam, sendo compatíveis com a expectativa de expansão

de 2% até o final do ano. A evolução da indústria de transformação

confirma essa previsão, com as taxas dos últimos meses tendo

sinalizado tendência de acomodação em patamar relativamente mais

elevado do que o do último trimestre do ano.

Ainda em relação à oferta, a produção de grãos deverá crescer 1%

em 2002, após expansão de 18% registrada na safra anterior. Para

produtos que impactam a composição dos índices de preços ao

consumidor, como arroz e feijão, está havendo elevação da safra

(de 2,5% e de 29,8%, respectivamente), fato que tem contribuído

para a queda dos seus preços. Entretanto, a queda esperada na safra

de milho está causando elevação nos preços dessa cultura, o que

poderá ter reflexos sobre os preços da pecuária.