1. IDENTIFICAÇÃO SANEP, Serviço Autônomo de Saneamento...

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1 1. IDENTIFICAÇÃO SANEP, Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas, Autarquia Municipal de Saneamento, CNPJ 92.220.862/0001-48, localizada à Rua Félix da Cunha, nº649 – Pelotas, Fone (53) 30261144, e-mail [email protected] , vem por meio deste solicitar a V. Sª. análise e aprovação do Projeto de Manejo de Vegetação para a área de instalação da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) dos Balneários Santo Antônio e Valverde, da Praia do Laranjal. O terreno em tela situa-se à Rua Nova Prata, s/n, Balneário Valverde, Bairro Laranjal, Município de Pelotas – RS, e possui uma área total de 9,0645 hectares, conforme mapa e contrato de compra e venda anexos. O Responsável Técnico pelo Projeto e execução do Manejo e Recuperação da Área, bem como do corte da vegetação, é o Engº Agrônomo Edson Plá Monterosso, CREA – RS nº 51.587-D, estabelecido à Rua Félix da Cunha, nº 649, Pelotas, Fone (53) 3026-1144, e-mail: [email protected] 2. DADOS TÉCNICOS DO PROJETO 2.1. Descrição Geral da Obra 2.1.1. Obra Civil A Estação de Tratamento (ETE) será implantada em duas etapas, estando projetada para uma população final máxima de 33.130 habitantes, nos meses de verão, correspondendo a vazões máxima e média de 117,3 e 72,0 l/s, respectivamente, compõe-se de três unidades: a) Pré-tratamento: gradeamento, desarenação e medição de vazão; b) Tratamento Primário Avançado: reatores UASB; c) Tratamento Secundário: filtros biológicos; d) Tratamento Terciário: banhados construídos; e) Leitos de Secagem.

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1. IDENTIFICAÇÃO

SANEP, Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas, Autarquia

Municipal de Saneamento, CNPJ 92.220.862/0001-48, localizada à Rua Félix da Cunha,

nº649 – Pelotas, Fone (53) 30261144, e-mail [email protected], vem por meio deste

solicitar a V. Sª. análise e aprovação do Projeto de Manejo de Vegetação para a área de

instalação da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) dos Balneários Santo Antônio e

Valverde, da Praia do Laranjal.

O terreno em tela situa-se à Rua Nova Prata, s/n, Balneário Valverde,

Bairro Laranjal, Município de Pelotas – RS, e possui uma área total de 9,0645 hectares,

conforme mapa e contrato de compra e venda anexos.

O Responsável Técnico pelo Projeto e execução do Manejo e

Recuperação da Área, bem como do corte da vegetação, é o Engº Agrônomo Edson Plá

Monterosso, CREA – RS nº 51.587-D, estabelecido à Rua Félix da Cunha, nº 649, Pelotas,

Fone (53) 3026-1144, e-mail: [email protected]

2. DADOS TÉCNICOS DO PROJETO

2.1. Descrição Geral da Obra

2.1.1. Obra Civil

A Estação de Tratamento (ETE) será implantada em duas etapas, estando

projetada para uma população final máxima de 33.130 habitantes, nos meses de verão,

correspondendo a vazões máxima e média de 117,3 e 72,0 l/s, respectivamente, compõe-se

de três unidades:

a) Pré-tratamento: gradeamento, desarenação e medição de vazão;

b) Tratamento Primário Avançado: reatores UASB;

c) Tratamento Secundário: filtros biológicos;

d) Tratamento Terciário: banhados construídos;

e) Leitos de Secagem.

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O projeto da ETE objetiva, juntamente com as redes de esgoto, a redução

dos impactos ambientais da ocupação humana, através do saneamento dos balneários Santo

Antônio e Valverde, com a redução da contaminação do lençol freático e da Lagoa dos

Patos no local, uma vez que o sistema atualmente existente compõe-se de fossas sépticas

individuais e sumidouros, que contribuem para as valetas de escoamento pluvial, e que por

sua vez deságuam na Lagoa dos Patos, em área balneária. O efluente tratado pela ETE

verterá para o canal de drenagem da Rua Nova Prata, que drena em direção ao Canal São

Gonçalo.

2.1.2. Caracterização Ambiental sucinta da área

Trata-se de área plana, com 9,0645 ha, situada entre o loteamento Pontal

da Barra e a região das dunas do Laranjal, Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo, sendo

caracterizada por terreno plano e constituída basicamente por planossolo hidromórfico.

O terreno possui canais de drenagem antigos e uso histórico pela

pecuária, estando, portanto, bastante antropizado.

A cobertura vegetal atual do terreno pode ser caracterizada

fisionomicamente como campo úmido (figura 1), com nítida predominância de vegetação

herbácea graminóide, onde gramíneas e ciperáceas apresentam-se como os tipos mais

abundantes.

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Fig. 1 – Vista parcial da área, mostrado campos úmidos antrópicos

A vegetação arborescente (figura 2) está concentrada num único

minúsculo caponete encontrado na área, contendo exemplares das seguintes espécies: aguaí

(Chrysophyllum marginatum); aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius), coronilha (Scutia

buxifolia), unha-de-gato (Acacia bonariensis), veludinho (Guettarda uruguensis), acácia-

do-banhado (Sesbania punicea), pitangueira (Eugenia uniflora), molho (Schinus

polygamus), figueira (Ficus organensis), Chal-Chal (Allophylus edulis), Quebra-foice

(Calliandra tweediei), maricá (Mimosa bimucronata), salso-crioulo (Salix humboldtiana),

fumo-bravo (Solanun erianthum), embira (Daphnopsis racemosa) e coração-de-bugre

(Maytenus cassineformis).

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Fig. 2 – Vista dos campos úmidos e do pequeno caponete, ao fundo

Medições realizadas nesse caponete apontaram um volume de madeira

próximo a 3,0 m³

A vegetação herbácea deste caponete é formada, principalmente, por

população de bananinha-do-mato (Bromelia antiacantha).

A única espécie legalmente protegida encontrada no caponete é a

figueira (Ficus organensis), considerada como imune ao corte pelo Código Florestal

Estadual (Lei 9519/92).

Deve-se, entretanto, levar em conta o artigo 2° da lei municipal 4428/99,

que dispõe sobre a flora nativa e exótica do município de Pelotas:

Art. 2º - As florestas, bosques, árvores, arbustos e demais formas de vegetação

de domínio público, situadas no território do município, são imunes ao corte,

não podendo ser derrubadas, podadas, removidas ou danificadas, salvo nos

casos expressos em lei.

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Assim sendo, no rigor da lei, a vegetação presente em áreas públicas,

seja ela qual for, tem o status de “intocável”, podendo, entretanto, supressão, poda ou

transplantes serem autorizados pelo poder público em casos especiais.

No presente caso tem-se uma obra de grande utilidade pública projetada

sobre terreno com vegetação altamente alterada pela agropecuária e pelas drenagens

realizadas. Dessa forma não existem mais, no local, charcos capazes de abrigar peixes-

anuais (charcos formados por Eryngium pandanifolium e/ou Eryngium eburneum, com

formação de lâmina d’água rasa por certo período de tempo), nem vegetação de banhado

grosso (áreas cobertas por vegetação cespitosa, como juncais, palhas, tifais, importantes

como áreas de alimentação, abrigo e nidificação de várias espécies da fauna); tem-se apenas

um campo úmido altamente descaracterizado e um único caponete remanescente, composto

de espécies muito comuns em toda a restinga intralitorânea.

3. MEDIDAS PROPOSTAS

3.1. Supressão do caponete e transplante de exemplares

arborescentes

O fragmento florestal existente não poderá ser preservado na

implantação da ETE, visto que estão previstas construções sobre o local onde o mesmo se

situa. Assim haverá necessidade de supressão de árvores, bem como do transplante de

algumas delas. O transplante será realizado para trecho da periferia do terreno.

Com base no levantamento botânico lá realizado e na avaliação de

indivíduos passíveis de transplante, chegou-se a conclusão da viabilidade de realizar tal

prática em exemplares de Ficus organensis (1), Allophylus edulis (2), Maytenus

cassineformis (1), podendo outras espécies ser incluídas durante a execução.

A retirada dos indivíduos será efetuada escavando, com o auxílio de uma

retro-escavadeira, ao redor dos mesmos, numa profundidade adequada para que as raízes

laterais secundárias não sejam prejudicadas e levando o indivíduo arbóreo diretamente para

uma cova previamente aberta na periferia do terreno.

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Quando do transplante, deverá ser executada uma poda nos indivíduos,

de modo a remover as raízes em excesso, bem como reduzir a copa.

A figueira deverá sofrer poda drástica dos troncos, devendo os mesmo

serem enterrados visando a obtenção de novos indivíduos por propagação vegetativa.

Espécies frutíferas nativas regionais, como araçá (Psidium cattleyanum);

pessegueiro-do-campo (Hexachlamys edulis), entre outras, poderão ser plantadas como

forma de enriquecimento do novo caponete a ser formado na área do transplante, podendo a

aquisição destas mudas ser feita junto ao Horto Municipal da Secretaria da Qualidade

Ambiental (SQA).

3.2. Projeto de Cortina Vegetal

Tendo em vista a necessidade de proteção da área dos ventos

predominantes, minimizando assim problemas com odores durante a operação da ETE;

considerando ainda a necessidade de atender ao aspecto estético, bem como também de

criar ambiente propício para uma futura implantação de árvores nativas no perímetro do

terreno, far-se-á necessário a implantação de uma cortina-vegetal.

Propõe-se a implantação desta cortina inicialmente empregando no

mínimo 2 linhas de acácia-negra (Acacia mearnsii) com espaçamento de 1,5 m x 1,5 m,

cobrindo as faces oeste, leste e norte do terreno; e uma linha de acácia, na face sul. Esta

espécie, por seu rápido crescimento, proporcionará rápido efeito de cortinamento e

permitirá a implantação de mudas bem desenvolvidas de espécies nativas, que substituirão

gradualmente a cortina de acácias. Mudas de gerivá (Arecastrum romazoffianum = Syagrus

romanzoffiana) poderão ser plantadas no meio do renque de acácia, criando um bonito

efeito.

Na face sul propõe-se, em conjunto com a linha de acácias, a

implantação de renque com corticeiras-do-banhado (Erythrina crista-galli) espaçadas em 5

m, podendo ser plantados indivíduos de palmeira-gerivá entre este intervalo ou ainda de

capororoca-da-praia (Rapanea parvifolia = Myrsine parvifolia).

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Na face leste, em conjunto com o renque de acácias, sugere-se o plantio

consorciado de aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius), a ser plantado na linha mais

interna.

Na face Norte, também na linha mais interna, além da acácias, sugere-se

o plantio de capororocas (Rapanea umbellata; Rapanea parvifolia).

Na face oeste, em conjunto com as acácias, nas linhas mais internas,

sugere-se o plantio de capororocas (Rapanea umbellata; Rapanea parvifolia) e pitangueiras

(Eugenia uniflora).

Numericamente, o plantio será configurado como na descrição a seguir:

* Face Sul (250 m de comprimento)

170 mudas de acácia-negra

051 mudas de gerivá

051 mudas de corticeira

* Face Leste (340 m de comprimento)

456 mudas de acácia-negra

228 mudas de aroeira-da-praia

* Face Oeste (338 m de comprimento)

456 mudas de acácia-negra

100 mudas de capororoca

100 mudas de pitanga

* Face Norte (295 m de comprimento)

400 mudas de acácia-negra

200 mudas de capororoca

3.2.1. Plantio e Manejo

As mudas de acácia deverão vir acondicionadas em laminados de

madeira, podendo ser plantadas diretamente em pequenas covas.

Recomenda-se a execução de aração e gradagem, ou uma subsolagem,

antes do plantio, visando criar melhores condições físicas para a recepção das plântulas.

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Apenas na face sul, onde serão empregadas mudas de corticeira e de

gerivá já bem desenvolvidas, recomenda-se a abertura de covas grandes, com dimensões

equivalentes a 0,60 m x 0,60 m x 0,60 m.

3.2.2. Isolamento do local

Para que sejam evitadas danos às mudas, considerando a vizinhança do

terreno com áreas de ocupação humana e a áreas de pecuária, a área toda deve ser isolada e

constantemente vigiada para que não haja circulação de gado e de pessoas não autorizadas

após o início do projeto.

No período anterior ao início dos plantios, entretanto, seria salutar a

presença de gado no terreno, o qual concorreria para manter a vegetação baixa e de fácil

manejo por ocasião da implantação da cortina vegetal.

Como medida preventiva, por ocasião do início dos plantios e

transplantes, deverão ser colocadas placas de identificação do local, contendo o nome do

empreendimento, os riscos para a população e dizeres proibitivos de acesso não autorizado

ao local.

3.2.3. Parâmetros de Monitoramento

Será feito conforme do fluxograma de atividades. Será avaliado o índice

de pega dos indivíduos transplantados e das mudas plantadas. Deverá ser previsto um

índice de replantio de 30%. Onde houver baixas, será feita a reposição imediata, caso a

identificação seja feita na época adequada ao plantio.

3.2.4. Tratos Culturais

O transplante da figueira, único exemplar de maior porte, necessita de

um estaqueamento com varas de eucalipto e amarrações adequadas, até que as raízes se

estabeleçam novamente e possam por si sustentar a planta. Demais atividades estão

previstas no fluxograma do projeto.

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Para o plantio de mudas, os tratos culturais consistem em capinas

periódicas no entorno das mudas, controle de formigas, regas e replantios, se necessário.

O controle de formigas será realizado com a distribuição de iscas ao

longo do perímetro do terreno, utilizando para tanto um recipiente pet previamente

preparado para servir de porta-isca (figura 3), com aplicação de no mínimo quatro vezes ao

longo do ano, sendo a primeira no preparo de solo, a segunda no plantio das mudas e mais

duas até o mês de fevereiro.

O modelo de porta-isca empregado tem a vantagem de minimizar a

degradação do formicida pela umidade, bem como de evitar a contaminação do solo no

local onde serão instalados.

Experimentalmente serão plantados trechos com gergelim (Sesamum

indicum), considerada planta formicida eficaz na literatura agronômica.

Fig. 3 – Modelo de porta-isca formicida

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Fluxograma de atividades

MESES TAREFAS

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º

Isolamento X

Preparo do solo X

Transplante X

Plantios Cortina Veg. X X

Plantio Gergelim X

Formicida X X X X

Tratos culturais X X X X X X

Replantio X X X X X X

Monitoramento X X X X X