1 INTRODUÇÃO A busca por um material restaurador direto que ...
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1 INTRODUO
A busca por um material restaurador direto que permitisse a reproduo de
caractersticas dos dentes naturais culminou no desenvolvimento dos compsitos
resinosos. Muitos anos de pesquisas foram necessrios para que algumas
desvantagens desse material, como alto coeficiente de expanso trmica, desgaste
excessivo, elevada contrao de polimerizao, fossem minimizadas. Parte dessas
caractersticas, que so inerentes a um material orgnico, continuam sendo foco de
pesquisa at os dias atuais (1).
Na clnica odontolgica comum a presena de restauraes de resina
composta manchadas. Para ser considerado clinicamente aceitvel necessrio
que o material restaurador mantenha a estabilidade da cor intrnseca e apresente
resistncia ao manchamento superficial. A alterao de cor dos compsitos pode ser
intrnseca ou extrnseca. A alterao intrnseca o manchamento do material
propriamente dito e pode ser causada pela oxidao da matriz polimrica. O
manchamento extrnseco alterao de cor da superfcie do material e est
relacionado com os hbitos de consumo e alimentares do paciente.
A exigncia crescente pela esttica tem feito com que pacientes e at mesmo
profissionais no tolerem a alterao de cor das restauraes estticas. A troca
constante de restauraes tem preocupado alguns clnicos e pesquisadores, pois
representa, atualmente, a principal razo de realizao de restauraes diretas (2-
6). Uma das principais causas de troca de restauraes de resina composta em
dentes anteriores o manchamento adquirido pelo material (3-6). Assim, a
capacidade de um material sofrer alterao de cor atravs da pigmentao pode ser
considerada um critrio significante na seleo do material a ser usado em regio
esttica (7).
Dessa maneira, o entendimento do processo de manchamento dos
compsitos e das propriedades envolvidas, pode ser relevante para o
desenvolvimento de materiais que no sejam to susceptveis pigmentao.
Quanto maior a durabilidade de uma restaurao, menor a necessidade de
substituio da mesma, preservando-se estrutura dental sadia.
A literatura sobre alterao de cor das resinas compostas bastante vasta.
No entanto, a maior parte dos estudos se preocupa em comparar materiais e
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corantes. At o momento no h um consenso sobre quais propriedades dos
compsitos so responsveis por facilitar e, at, desencadear o processo de
manchamento.
Novos compsitos resinosos vem sendo desenvolvidos na tentativa de
aperfeioamento das propriedades do material. Nesse estudo, foram testadas tanto
as resinas compostas de uso universal quanto as resinas desenvolvidas mais
recentemente, com tecnologia mais moderna, como o compsito baseado em
dmero cido e o compsito baseado em silorano.
A literatura sobre alterao de cor das resinas compostas bastante vasta.
No entanto, a maior parte dos estudos se preocupa em comparar materiais e
corantes. At o momento no h um consenso sobre quais propriedades dos
compsitos so responsveis por facilitar e, at, desencadear o processo de
manchamento. Assim, esse estudo se props a observar a relao do manchamento
extrnseco de compsitos resinosos com algumas propriedades desse material.
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2 REVISO DA LITERATURA 2.1 COMPSITOS
As resinas compostas so o material restaurador direto mais utilizado hoje na
Odontologia. um material que apresenta caractersticas fsicas e qumicas
adequadas para o meio bucal, apesar de algumas limitaes, e proporciona o
restabelecimento de forma, funo e esttica dos elementos dentrios.
Os compsitos foram inicialmente desenvolvidos por Bowen (8), em 1962, e
so constitudos basicamente por uma matriz orgnica (monmeros, iniciadores,
modificadores de cor, entre outros), uma matriz inorgnica (carga) e um agente de
unio (silano) que propicia a ligao das partculas de carga com a matriz (1, 9).
Um compsito definido como sendo o produto resultante da mistura de dois
ou mais componentes quimicamente diferentes, apresentando propriedades
intermedirias quelas que so caractersticas dos componentes que o originaram.
A dentina um excelente exemplo de compsito, sendo constitudo de uma matriz
orgnica (colgeno, protenas e gua) e uma carga inorgnica (hidroxiapatita) (1, 9).
As propriedades fsico-qumicas dos compsitos resinosos so dependentes,
principalmente, dos monmeros e do tipo de partculas inorgnicas presentes em
sua composio. O BisGMA (bisfenol A glicidil metacrilato) foi desenvolvido por
Bowen (10) e o monmero base da maioria dos compsitos restauradores at os
dias atuais. Devido ao seu alto peso molecular e elevada viscosidade, o BisGMA
costuma ser associado a outros monmeros de baixo peso molecular, como o
TEGMA (trietilenoglicol metacrilato), para que seja possvel alcanar uma
viscosidade ideal para maior incorporao de partculas de carga e para obter um
maior grau de converso do polmero. O UDMA (uretano dimetacrilato) e o BisEMA
(bisfenol A dimetacrilato etoxilado) so outros monmeros comumente usados na
composio dos compsitos restauradores disponvel no mercado. Ambos
apresentam alto peso molecular e baixa viscosidade (11, 12).
As partculas de carga inorgnica so essenciais no desempenho mecnico
dos compsitos, diminuindo a contrao de polimerizao e melhorando sua
resistncia ao desgaste. Sua composio , geralmente, base de quartzo, ou vidro
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ou outra forma de slica. A classificao mais encontrada dos compsitos resinosos
feita de acordo com o tamanho de carga presente (13, 14).
Para que as partculas de carga consigam cumprir sua funo de reforar a
resina preciso que haja uma unio eficiente entre essas estruturas. Para isso, so
empregadas molculas bifuncionais e anfteras, e os organossilanos so os agentes
de unio mais comumente encontrados. A unio qumica entre as partculas de
carga e matriz orgnica garante uma distribuio mais uniforme das tenses. Falhas
nessa unio fazem com que as tenses se concentrem na interface carga/matriz,
propiciando a formao de fendas e podendo levar ao destacamento das partculas
de carga. A silanizao pode atenuar o processo de degradao atravs da proteo
da partcula de carga e melhorar a resistncia do compsito degradao hidroltica
(1, 15).
Ferracane et al. (16) relatam que as propriedades mecnicas dos compsitos
so significativamente influenciadas por trs variveis: grau de converso, volume
de carga inorgnica e porcentagem de carga tratada com silano
Ao longo dos anos, os compsitos foram evoluindo no que diz respeito sua
composio, buscando aperfeioar o comportamento clnico das restauraes
resinosas. No entanto, at h pouco tempo, os compsitos disponveis
comercialmente eram baseados em metacrilatos, estando prximos ao compsito
desenvolvido por Bowen na dcada de 60. Recentemente novos compsitos tm
sido desenvolvidos com o objetivo de diminuir a contrao de polimerizao e o
estresse relacionado polimerizao, melhorando a resistncia abraso e
propriedades pticas (17). Os siloranos foram desenvolvidos como uma alternativa
aos metacrilatos na composio dos compsitos resinosos por causa de sua
caracterstica hidrofbica e baixa contrao de polimerizao (18).
Eick et al. (18) testaram a estabilidade de siloranos atravs da anlise das
mudanas na estrutura qumica do grupo oxirano quando em ambiente aquoso. Os
resultados mostraram que os siloranos foram estveis em todos os fluidos biolgicos
testados. Os autores acreditam que a falta de solubilidade dos siloranos seja
responsvel por este comportamento.
Alm dos siloranos, recentemente foi desenvolvido um compsito baseado
em um dmero cido, comercialmente conhecido como NDurance (Septodont).
Segundo Bracho-Troconis et al. (19), este compsito apresenta elevado grau de
converso, baixa contrao de polimerizao e baixa soro de gua.
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2.2 COR E MENSURAO DE COR
O fenmeno da cor uma resposta psicofsica interao fsica da energia da
luz com um objeto e a experincia subjetiva de um observador individual (20). A
percepo da cor de um objeto depende da combinao de trs elementos: fonte de
luz, objeto e observador. A luz pode interagir com os objetos de diversas maneiras.
Ela pode ser refletida da superfcie do objeto, ser absorvida por ele ou ainda ser
transmitida atravs do objeto (21, 22).
Uma das grandes dificuldades no estudo da cor a tentativa de comunicar aos
outros a sua visualizao da cor. Para esta finalidade diversas escalas de cores
foram desenvolvidas (20). O sistema de cor de Munsell o sistema de escolha para
avaliao de cores em Odontologia. Nele a cor pode ser ligada a uma esfera ou
cilindro. Um eixo acromtico se estende pelo centro do cilindro, branco puro no topo,
preto puro na base. Uma srie de cinzas, progredindo de preto a branco, conectando
as extremidades. As cores se arranjam ao redor do eixo e dentro de cada matiz as
cores so arranjadas em escalas de acordo com seu valor (luminosidade) e seu
croma (saturao). As cores claras esto localizadas na parte superior do cilindro e
as cores escuras em direo base do cilindro (22).
A cor pode ser descrita, de acordo com o espao de cor de Munsell, em termos
de matiz, valor e croma. Matiz o atributo de uma cor que permite distinguir entre as
diferentes famlias da cor, como, por exemplo, vermelhos, azuis e verdes. Valor
indica a luminosidade de uma cor que varia do preto puro at o branco puro. Croma
o grau de saturao da cor e descreve sua intensidade (20).
Diversos mtodos podem ser utilizados na avaliao da cor dos materiais
odontolgicos. A avaliao da cor pelo sistema visual passvel de falhas e o
sistema instrumental elimina o fator subjetividade na aferio da cor do material.
Para isso podem ser utilizados espectrofotmetros, colormetros e tcnicas de
anlise de imagens. Os espectrofotmetros medem um comprimento de onda por
vez atravs da reflectncia ou transmitncia de um objeto e tem sido usado para
medir o espectro visvel de dentes e materiais (20).
A Comission Internacionale de lEclairage (CIE), uma organizao dedicada
padronizao em reas como cor e aparncia, definiu em 1931 uma fonte de luz
padro, desenvolveu um observador padro e viabilizou o clculo dos valores
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triestmulos, que representam como o sistema visual humano responde a uma
determinada cor. Em 1976, a CIE definiu um sistema matemtico para descrever as
trs dimenses da cor dentro de um espao de cor, denominado CIELab, que se
baseia na teoria de percepo de cor a partir de trs diferentes receptores de cor
nos olhos (vermelho, verde e azul), sendo atualmente considerado como um padro
internacional para mensuraes de cor (20, 21).
O modelo CIELab representa um espao de cor uniforme, com distncias iguais
correspondendo a igual percepo das diferenas de cor. Neste espao
tridimensional de cor existem trs eixos ou coordenadas, o L*, o a* e o b*. O valor de
L* a medida de luminosidade ou claridade de um objeto e quantificado numa
escala tal que o preto perfeito tem um valor de L* igual a zero, enquanto que o
branco total tem um valor de L* igual a 100. Existem ainda dois componentes
cromticos que representam a variao de matiz e croma. O eixo a medido do
avermelhado (a* positivo) ao esverdeado (a* negativo), variando respectivamente de
+120 a -120. O eixo b* medido do amarelado (b* positivo) ao azulado (b*
negativo), variando respectivamente de +120 a -120. As coordenadas a* e b*
aproximam-se de zero para as cores neutras (branco, cinza) e aumentam em
magnitude para as cores mais saturadas e intensas. Este sistema permite a
definio numrica da cor e a diferenciao existente entre duas cores (23).
A vantagem do sistema CIELab que as diferenas de cor podem ser expressas
em unidades que podem ser relacionadas percepo visual e significncia clnica
(21, 23-25). A frmula de diferena de cor prope-se a fornecer uma representao
quantitativa (E) da diferena de cor percebida entre um par de amostras coloridas
sob condies experimentais (26).
No entanto, o sistema CIELab possui uma uniformidade pobre do espao da cor,
pelo menos quando pequenas diferenas de cor esto em questo. Com o objetivo
de aperfeioar a correo entre as diferenas de cor percebida e computada nas
aplicaes industriais, uma nova frmula proposta pela CIE foi introduzida. Nela
houve a incorporao de correes especficas para a no-uniformidade do espao
CIELab (as chamadas funes de pesagem SL, SC E SH) e parmetros que
contabilizam a influncia do iluminante e das condies de visualizao na avaliao
da diferena de cor (os chamados fatores paramtricos KL, KC E KH) (26). A frmula
da diferena de cor CIEDE2000 (E00) foi adotada como a nova equao de
diferena de cor da CIE (27). Nela esto inclusas, no somente luminosidade, matiz
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e croma, mas tambm um termo interativo entre as diferenas de croma e matiz
para aperfeioamento do desempenho para cores azuis e um fator para CIELab a*
para aperfeioamento do desempenho das cores cinza(28). Assim, esta nova
equao foi oficialmente adotada como a nova frmula de diferena de cor da CIE, a
CIEDE2000 (27).
Por enquanto, poucas tentativas foram feitas para a aplicao desta nova
frmula em odontologia. Lee (28) desenvolveu uma pesquisa que mediu a
correlao dos valores de diferena de cor calculados com as frmulas CIELab e
CIEDE2000 aps a polimerizao e termociclagem de resinas compostas. O autor
testou 10 cores da resina composta Synergy (Coltene) e 13 cores da resina
composta Vitalescence (Ultradent). A cor inicial foi medida e em seguida os
espcimes foram submetidos termociclagem com temperaturas entre 5 e 55C em
gua destilada por 3000 ciclos com tempo de imerso de 15 segundos. A cor dos
materiais foi novamente medida de acordo com a escala de cor CIELab com
iluminante D65 sobre um fundo branco. A diferena de cor foi calculada com as duas
frmulas. Os resultados mostram que a frmula CIEDE2000 proporcionou dados
experimentais mais precisos baseados nas pequenas diferenas de cor do que a
frmula CIELab. O autor acredita que a nova frmula se encaixa melhor nas
respostas dos observadores humanos.
Lee e Powers (29) realizaram estudo que mediu a correlao entre as
diferenas de vrias cores de resina composta calculadas atravs das frmulas de
E*ab, E00 e E99 e determinar a dependncia de diferenas de cor calculadas
pelas frmulas E00 e E99 em funo da diferena nos fatores paramtricos. Duas
resinas compostas e vinte e seis cores ao todo foram avaliadas: Synergy
(Coltne/Whaledent) e Vitalescence (Ultradent). Cinco espcimes de cada cor foram
confeccionados. A mensurao da cor dos espcimes foi realizada de acordo com o
sistema CIELab, com iluminante D65 e fundo branco. A diferena de cor entre cada
par de cores foi calculada com as trs frmulas. Baseado nos resultados possvel
afirmar que houve diferena significativa entre todas as frmulas avaliadas,
independentemente da variao nos parmetros de cor. A diferena mdia entre
E*ab e E00 foi maior do que 1 quando a variao de valores nos C*ab, H* ab e b*
foi alta. Comparado com os valores de diferena de cor do sistema CIELab, a funo
de pesagem includa na frmula CIEDE2000 teve uma influncia significativa nos
valores de diferena de cor. Os autores concluem que, embora a determinao de
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um limite perceptvel ou aceitvel para a frmula CIEDE2000 com materiais
dentrios seja necessria, esta frmula deveria ser considerada para o clculo da
diferena de cor quando a diferena no matiz ou saturao a principal causa da
diferena de cor.
Prez et al. (26) realizaram um estudo com os objetivos de avaliar a possvel
significncia das correes introduzidas na frmula CIEDE2000, assim como
proporcionar conhecimento para aplicao da frmula para materiais estticos
restauradores. Os autores utilizaram a resina Artemis (Ivoclar Vivadent) e a Eshtet-X
(Dentsply) utilizando as 17 e 16 cores, respectivamente, disponveis. Seis espcimes
de cada cor foram confeccionados. A diferena de cor foi calculada com as duas
frmulas (Eab e E00). Este estudo estabeleceu que houve correlaes
significativas entre Eab e E00 . No entanto, dependendo dos parmetros
estudados, impossvel encontrar uma nica relao entre as duas frmulas. Os
autores relatam que, baseando-se nos resultados do presente estudo e por
recomendao da CIE, a frmula CIEDE2000 deveria ser usada para avaliar as
diferenas de cor das resinas compostas.
O estudo mais recente sobre percepo de cor relacionada s frmulas
propostas pela CIE, foi desenvolvido por Ghinea et al. (30). Os autores
determinaram os limiares de perceptibilidade e aceitabilidade para cermicas dentais
usando as frmulas de diferena de cor CIEDE2000 e CIELAB. Os valores de
aceitabilidade/perceptibilidade obtidos com a frmula CIEDE2000 correspondem
aproximadamente 70% dos valores obtidos com a frmula CIELAB. Houve diferena
estatisticamente significativa entre os limiares de perceptibilidade e aceitabilidade
para as cermicas dentais. Ficou estabelecido que o valor limite de aceitabilidade
de E00 2,25. Para a perceptibilidade encontrou-se E00 1,30.
Os parmetros utilizados na leitura da cor das resinas compostas afetam os
resultados obtidos. Powers e Lepeak (31) realizaram uma pesquisa com o objetivo
de determinar os efeitos da reflexo especular, cor de fundo e espessura do
espcime na cor de quatro resinas acrlicas. Blocos das resinas foram
confeccionados e as curvas de reflectncia e os comprimentos de onda das
amostras foram obtidos em um espectrofotmetro. Quatro espessuras de espcimes
foram testadas: 1.3, 2.5, 5.61 e 8.53 mm. Foram usados fundos branco e preto para
as leituras de cor. Os resultados mostram que a mensurao da cor dos espcimes
foi afetada tanto pela cor de fundo quanto pela espessura. Os autores concluram
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que valores maiores de reflexo luminosa foram obtidos com fundo branco. Alm
disso, o efeito da cor de fundo foi menos dramtico para as resinas mais opacas e
em espcimes mais espessos.
2.3 ALTERAO DE COR DOS COMPSITOS
A alterao de cor das resinas compostas um fenmeno multifatorial e pode
ser causado por fatores extrnsecos e intrnsecos. Os fatores intrnsecos envolvem a
alterao de cor do material propriamente dito, como alterao da matriz resinosa
causada pela oxidao da amina aceleradora, ou pela oxidao da matriz polimrica
ou, ainda, pela oxidao de grupos metacrilatos que no reagiram. A cor do
compsito pode se alterar intrinsecamente aps a exposio a diferentes fontes de
energia e imerso em gua por longo perodo. Essas alteraes dependem do
sistema de fotoiniciadores nos compsitos. So causadas por alteraes qumicas
na matriz da resina composta (24, 32, 33).
A alterao de cor intrnseca permanente e est relacionado qualidade do
polmero, tipo e quantidade de carga inorgnica, assim como o tipo de acelerador
adicionado ao sistema fotoiniciador (34). O manchamento interno dependente da
formulao do fabricante e de uma fotoativao correta (25).
Os fatores extrnsecos incluem manchamento por adsoro e/ou absoro de
corantes como resultado de contaminao de fontes externas (24). O manchamento
extrnseco depende do tipo de dieta do indivduo, higiene e das propriedades
qumicas da resina composta. A composio e volume da matriz orgnica, tipo e
volume das partculas inorgnicas, tipo de silanizao matriz-carga e polimento so
fatores relevantes na susceptibilidade do compsito ao manchamento (35, 36).
A matriz polimrica susceptvel degradao pelos componentes qumicos
(37) e a extenso do dano causado pode depender da taxa de difuso, que depende
do peso molecular da substncia corante (38).
Chan et al. (39) compararam as propriedades corantes de quatro alimentos
conhecidamente corantes. Foram avaliadas duas resinas compostas disponveis
comercialmente na poca (Adaptic e Concise). Os espcimes foram imersos em
caf, ch, refrigerante do tipo cola, shoyu ou gua destilada. Os espcimes foram
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mantidos nas solues pelo perodo de 6 semanas. Aps o perodo de imerso,
metade dos espcimes foram escovados com dentifrcio por 2 minutos, enxaguados
e secos e a outra metade no foi submetido a nenhum procedimento. No houve
diferena significativa no manchamento entre as duas resinas e o caf foi a soluo
que causou a maior alterao de cor. O manchamento aumentou conforme
aumentou o tempo de imerso. Uma constatao importante que o manchamento
observado na primeira semana diferiu-se significativamente das semanas
subsequentes, onde o manchamento atingiu um plat por diversas semanas. Os
autores relatam que esse resultado indica que, embora os espcimes tenham sofrido
alterao de cor com o tempo, o maior manchamento ocorreu durante a primeira
semana, se estendendo pela segunda semana. A escovao realizada aps o
perodo de manchamento reduziu o grau de manchamento, no entanto no houve
diferena significativa com os espcimes no submetidos escovao. Concluram
que a escovao no capaz de remover o manchamento, apesar de este ser
superficial.
Resinas compostas so susceptveis degradao causada pela produo
de cidos orgnicos produzidos pela placa bacteriana, o que pode facilitar o
manchamento dos compsitos. Asmussen e Hansen (40) investigaram a relao
entre o manchamento e a degradao superficial de uma resina hbrida. Testaram
trs corantes: soluo de eritrosina em gua, soluo de eritrosina em lcool e
soluo de eritrosina em cido propinico. Os resultados demonstram que o lcool e
o cido propinico aumentam a susceptibilidade ao manchamento superficial.
Acredita-se que a plastificao confere ao polmero uma estrutura mais aberta que
facilita a soro do corante. Os autores concluram que uma higiene bucal pobre
aumenta a susceptibilidade ao manchamento pelas resinas compostas e este
aumento pode ser explicado pelo efeito da plastificao de cidos orgnicos
produzidos pela placa bacteriana.
Satou et al. (41) realizaram um estudo com o objetivo de estudar o
mecanismo de manchamento superficial, os autores produziram cinco resinas sem
carga, hidroflicas e hidrofbicas. A medio da alterao de cor das resinas
causada por dois tipos de corantes orgnicos permitiu a comparao dos diferentes
tipos de resina. Foram preparados dois tipos de soluo, hidroflica e hidrofbica. Os
espcimes foram divididos em dois grupos: o primeiro foi submetido ao
manchamento imediatamente e no segundo grupo os espcimes foram imersos em
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gua destilada por 40 dias antes de serem colocados nas solues corantes. Para
avaliar o ndice de hidrofobia das resinas, o ngulo de contato foi medido. Os
resultados mostram que a resina com grupo hidroxila na composio apresentou o
menor ngulo de contato, enquanto a resina sem o grupo hidroxila obteve o maior
ngulo de contato. No foi observada correlao positiva entre o ngulo de contato
das resinas testadas e o E das resinas manchadas pela soluo hidroflica. Por
outro lado, com a soluo hidrofbica foi observada uma relao positiva entre o
ngulo de contato e o E. Os autores acreditam que o manchamento da resina pela
soluo hidroflica ocorre atravs da impregnao do corante concomitantemente
com a soro da gua, e a ponte de hidrognio parece tambm contribuir para o
processo de manchamento. Alm disso, foi constatado que o grupo que foi imerso
em gua destilada previamente ao processo de manchamento, apresentou menor
alterao de cor, mostrando que o manchamento pode estar relacionado absoro
de gua pelo material.
Um e Ruyter (24) realizaram um estudo que avaliou a estabilidade de cor de
diversas resinas com carga e sem carga expostas a substncias corantes. Aps a
confeco, os espcimes foram polidos em ambas as faces e a espessura de 1,30
0,02 mm obtida. Os espcimes foram imersos em caf ou ch e mantidos a 50
1C por 0.5, 1, 2, 3, 6, 9, 12,18, 24, 36, 48 e 1000 horas. Os espcimes foram
submetidos a um processo de limpeza (escovao e enxgue) aps o
manchamento. O grupo de 1000 horas de imerso foi submetido a polimento com
lixa de carbureto de silcio por 60 segundos nas duas faces dos espcimes. A
espessura dos espcimes foi aferida antes e aps o polimento. A medio da cor foi
realizada aps a limpeza e aps o polimento dos espcimes. A avaliao da cor foi
realizada atravs do sistema CIELAB. Apesar do desgaste superficial realizado aps
o processo de manchamento, os espcimes continuaram apresentando alterao de
cor. Os resultados mostram que o manchamento causado pelo ch foi facilmente
removido pelo processo de limpeza dos espcimes. J o manchamento pelo caf
ocorreu pela absoro das substncias corantes, que no foi removido pela
escovao. Os autores concluram que a susceptibilidade ao manchamento
dependente da composio das resinas compostas.
Seguindo metodologia similar, Ferracane et al. (42) o objetivo deste estudo foi
utilizar a tcnica de manchamento com prata para avaliar a hiptese de que os
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procedimentos tradicionais de acabamento produzem uma regio subsuperficial
degradada em compsitos dentais. Dois instrumentos de acabamento e cinco
compsitos (Silux Plus, 3M; Herculite, Kerr; P-50, 3M e mais duas formulaes
experimentais) foram avaliados. Barras retangulares foram confeccionadas e
polidas. Os espcimes foram submetidos ao manchamento com soluo de nitrato
de prata. As barras foram seccionadas transversalmente e observadas em
microscpio para determinar a profundidade de manchamento, tanto das superfcies
submetidas ao acabamento quanto daquelas em que a superfcie obtida com a
matriz de polister foi mantida. A profundidade de manchamento variou de 5 a 50
m, dependendo do compsito. O tipo de acabamento no interferiu na profundidade
de manchamento do material. Alm disso, tanto as superfcies polidas quanto as no
polidas apresentaram penetrao significante de corante.
Dietschi et al. (43) realizaram estudo in vitro que avaliou a estabilidade de cor
de resinas compostas submetidas a testes de manchamento usando diferentes
corantes sob diversas condies fsico-qumicas. Os espcimes foram submetidos
ao manchamento com quatro substncias diferentes. Alm disso, outros grupos
foram submetidos previamente a 1 semana de imerso em soluo salina,
termociclagem, ps-polimerizao ou polimento. Com o objetivo de determinar o
grau de penetrao do corante dentro do material, uma observao microscpica de
seces de compsito manchado foi realizada. Assim, trs espcimes de cada
marca de compsito foram imersas em eritrosina por 3 semanas e fraturadas sob
compresso diametral. Os fragmentos resultantes foram embebidos em resina
epxica e seccionados perpendicularmente superfcie. Seces de 100 m foram
obtidas e observadas em microscpio eletrnico de transmisso. A natureza do
manchamento foi determinada como: adsoro de corante, absoro sub-superficial
de corante ou manchamento interno. Os resultados mostram que no houve
diferena estatstica entre os espcimes polidos e os no-polidos. A armazenagem
dos espcimes em soluo salina por uma semana diminuiu o manchamento para
todas as marcas comerciais avaliadas. A ps-polimerizao causou uma tendncia
de diminuio no manchamento dos espcimes. No entanto, a termociclagem dos
compsitos imersos em eritrosina apresentou uma tendncia de maior
manchamento. A observao microscpica dos espcimes fraturados mostra que o
manchamento aconteceu principalmente devido adsoro de corante e absoro
sub-superficial de corante. A penetrao sub-superficial de corante foi mais
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pronunciada na superfcie oposta quela fotoativada. Compsitos com maior
porcentagem de carga foram menos manchados. Nenhum compsito apresentou
manchamento interno.
Vieira et al. (44) desenvolveram um estudo in vitro que avaliou a estabilidade
de cor de cinco resinas compostas submetidas ao manchamento com caf. Os
autores testaram trs resinas acomodveis (P-60; Solitaire e Surefil) e duas resinas
de uso universal (Charisma e Z250). Todos os espcimes foram imersos em caf a
60C ou em gua destilada por 336 horas. Antes e aps o perodo de armazenagem,
a cor dos espcimes foi medida de acordo com o sistema CIELAB. Os compsitos
acomodveis apresentaram maior alterao de cor do que os compsitos de uso
universal.
Em 2001, Stober et al. (45) desenvolveram um estudo que investigou a
estabilidade de cor de resinas compostas com elevada carga inorgnica aps
exposio a agentes corantes e irradiao ultravioleta. Oito resinas compostas foram
avaliadas. Aps a polimerizao dos espcimes, os mesmos foram polidos e
armazenados em gua deionizada a 37C por 24 horas. Trs espcimes de cada
resina foram submetidos a diferentes tratamentos: A) envelhecimento artificial com
luz ultravioleta; B) armazenagem em enxaguatrio bucal; C) armazenagem em ch;
D) armazenagem em caf; E) armazenagem em vinho tinto; F) armazenagem em
soluo de curcuma a 0,1% a 37C; G) armazenagem em gua deionizada (37C)
sem exposio luz. O teste de estabilidade de cor foi conduzido aps 4 e 8
semanas. Os resultados mostram que o envelhecimento em luz ultravioleta alterou
significativamente a cor dos espcimes. A alterao de cor mais severa ocorreu com
os espcimes armazenados em vinho tinto e em soluo de curcuma. Os autores
concluem que facetas de resina composta no apresentam a mesma estabilidade de
cor que as facetas cermicas.
Reis et al. (46) desenvolveram um estudo com o objetivo de investigar a
influncia de vrios sistemas de acabamento na rugosidade superficial e
manchamento de trs resinas acomodveis (Solitaire, ALERT, Surfefill) e uma resina
microhbrida convencional (Z250). Os espcimes foram mantidos em gua destilada
a 37C por 24 horas e divididos aleatoriamente pelos seis grupos testados. Aps o
acabamento e polimento, foi realizado o exame perfilomtrico e em seguida os
espcimes foram imersos em soluo de azul de metileno a 2% por 24 horas e a
concentrao de corante nos espcimes foi calculada. Os resultados mostram que o
-
25
manchamento de um compsito no dependente de fatores extrnsecos somente,
como a rugosidade de superfcie. A estabilidade de cor est diretamente relacionada
fase orgnica da resina e composio inorgnica. A menor susceptibilidade est
geralmente relacionada a uma menor taxa de absoro de gua ou baixo contedo
orgnico e a um polimento adequado.
Trkun e Trkun (47) compararam as alteraes de cor de trs resinas para
faceta quando expostas a solues corantes e avaliar a efetividade do clareamento
dom com perxido de hidrognio a 15% e trs diferentes sistemas de polimento para
remoo do manchamento. Os espcimes foram confeccionados e polidos com um
dos trs sistemas de polimento, em seguida foram armazenados em caf ou ch por
7 dias. Aps esse perodo, os espcimes foram submetidos ao clareamento em uma
face e a outra face foi polida com um dos trs sistemas de polimento. A medio da
cor foi efetuada antes da imerso (baseline), aps 1, 3, 5 e 7 dias e aps o
clareamento e o polimento. O sistema CIELAB foi usado para avaliao da cor. Os
espcimes mantidos em gua no apresentaram alterao significativa da cor. No
houve diferena entre ch e caf. Aps a imerso nas solues corantes, todos os
espcimes apresentaram alterao significativa da cor. Todos os compsitos
recuperaram a cor prxima inicial aps o procedimento clareador e obtiveram cor
equivalente a um dia de manchamento aps o polimento. O polimento foi menos
efetivo que o clareamento, mas ainda assim foi capaz de remover parte do
manchamento. Este trabalho mostrou que o manchamento das resinas compostas
envolve adsoro de corante e absoro na regio sub-superficial.
Janda et al. (33) realizaram pesquisa com o objetivo de investigar a influncia
dos dispositivos fotoativadores da polimerizao e dos tempos de ativao no valor
de b* (sistema CIELab) de compsitos, ormocer e compmero aps simulao de
exposio ao sol. Os materiais avaliados foram a resina Durafill (Heraeus Kulzer), a
resina Charisma (Heraeus Kulzer), o ormocer Definite (Degudent) e o compmero
Dyract AP (Dentsply). Os dispositivos testados foram o Translux Energy (Heraeus
Kulzer) que de lmpada halgena de tungstnio e o Apollo 95-E (DMDS) que
lmpada de arco de plasma. Os espcimes foram confeccionados usando os
diferentes dispositivos de ativao com tempo de ativao de 20, 40 ou 60 segundos
para a lmpada halgena e 3, 10 ou 20 segundos para a lmpada de arco de
plasma. A mensurao inicial da cor foi efetuada 90 minutos aps a fotoativao. Em
seguida os espcimes foram submetidos lmpada de xenon para simular o
-
26
envelhecimento pela exposio luz e uma hora aps esse procedimento a cor foi
mensurada novamente. Os resultados mostram que houve diferena significativa da
estabilidade de cor dos materiais avaliados quando fotoativados com a lmpada
halgena e com a lmpada de arco de plasma. A lmpada halgena de tungstnio
proporcionou uma emisso espectral ideal e intensidade de luz para uma cura
adequada e estabilidade de cor. A estabilidade de cor dos materiais fotoativados
com lmpada de arco de plasma no foi aceitvel.
Patel et al. (48) o objetivo do estudo foi avaliar a estabilidade de cor de
resinas compostas usando trs diferentes tratamentos de acabamento de superfcie.
Os autores testaram a resina Z250 e uma resina sem carga inorgnica. Aps a
confeco dos espcimes, eles foram polidos com um dos trs sistemas de
polimento testados e imersos gua destilada por 48 horas, os espcimes foram
divididos em 3 grupos contendo trs solues diferentes: caf, vinho tinto e
refrigerante a base de cola. Os espcimes foram mantidos imersos nas solues
pelo perodo de 7 dias. As medies da cor foram realizadas aps o primeiro e
segundo dia de imerso em gua, assim como aps um, dois, trs e sete dias nas
solues corantes. O E* nos diferentes perodos foi calculado. A maior alterao de
cor dos espcimes foi registrada aps 7 dias de imerso. Os espcimes com
acabamento obtido com a tira de polister foram manchados mais intensamente do
que aqueles polidos. O vinho tinto produziu maior manchamento nos compsitos
avaliados. A resina sem carga apresentou menor manchamento superficial do que a
Z250.
Microtrincas e microbolhas localizadas na interface carga/matriz podem ser
um dos caminhos para a penetrao dos corantes nos compsitos (49). As
partculas de carga, mesmo no absorvendo gua, podem atuar na susceptibilidade
ao manchamento atravs de uma ligao fraca carga-matriz. Assim, o processo de
silanizao das partculas muito importante no comportamento do compsito no
longo prazo e na estabilidade de cor (50).
A resina composta se comporta de maneiras diferentes frente ao de
diferentes bebidas. Badra et al. (51) avaliaram a influncia de diferentes bebidas
(Coca-cola, cachaa, caf e saliva artificial) na microdureza e rugosidade superficial
de uma resina microparticulada, uma hbrida e uma de baixa viscosidade. Aps a
confeco dos espcimes, os mesmos foram mantidos em saliva artificial por 24
horas. Os espcimes foram submetidos a um ciclo de imerso de 60 dias:
-
27
inicialmente foram imersos em saliva artificial por 4 horas, ento foram submetidos
imerso de 5 minutos nas diferentes bebidas intercalados por imerso em saliva trs
vezes ao dia. As propriedades foram avaliadas nos perodos de 24h e 7, 30 e 60
dias aps a confeco dos espcimes. Os resultados demonstram que todas as
bebidas avaliadas alteraram de alguma maneira a microdureza e/ou a rugosidade
superficial das resinas testadas. O grau de alterao foi dependente das
caractersticas do material, do tipo de bebida e do perodo avaliado. Neste estudo
um maior o nmero de imerses nas bebidas resultou em um impacto mais
acentuado nas propriedades da resina.
Lee e Powers (52) realizaram um estudo que avaliou as alteraes de cor de
resinas compostas submetidas imerso em diferentes solues orgnicas e
qumicas. Os autores testaram as resinas Charisma (Heraeus Kulzer), Filtek
Supreme (3M ESPE), Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent) e TPH Spectrum
(Dentsply/Caulk). Os espcimes (10 mm de dimetro e 1,2 mm de espessura) foram
confeccionados e divididos em 6 grupos experimentais. Os espcimes tiveram a cor
mensurada por 3 trs vezes em cada um deles. A cor foi mensurada no incio
(baseline) e aps a seqncia de imerses a que os espcimes foram submetidos.
As resinas foram expostas a um ciclo de imerses em substncias qumicas e
orgnicas e ao azul de metileno a 2%. Os resultados mostram que o manchamento
causado pelo azul de metileno aps a srie de imerses realizadas foi dependente
dos compsitos e no dos protocolos de imerso.
Guler et al. (53) avaliaram o manchamento de materiais restauradores
provisrios auto e fotopolimerizveis e duas resinas compostas expostos gua
destilada, caf, caf com acar, ch, ch com acar, refrigerante do tipo cola ou
suco de cereja. Aps a confeco e polimento dos espcimes (n=5), os mesmo
tiveram a cor mensurada (baseline) e foram imersos por 24 horas nas diferentes
substncias corantes. Em seguida, a cor dos espcimes foi novamente aferida. O
vinho tinto foi a substncia que provocou maior alterao de cor nos compsitos
avaliados. O material com maior viscosidade (Micronew Bisco) apresentou maior
resistncia ao manchamento do que os outros materiais testados.
Bagheri et al. (54) realizaram estudo em que determinaram o grau de
manchamento de seis materiais estticos restauradores com cinco tipos de solues
corantes. Avaliaram uma resina composta microparticulada (Durafil, Kulzer), uma
resina composta microhbrida (Charisma, Kulzer), uma resina composta policido-
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28
modificada (F2000, 3M ESPE), um cimento de ionmero de vidro convencional (Fuji
IX, GC) e dois cimentos de ionmero de vidro modificados por resina (Fuji II LC, GC;
Photoac Fil, 3M ESPE). Todos os espcimes foram imersos em gua destilada por 1
semana, seguidos por imerso em trs diferentes solues simuladoras de
alimentos (gua, 10% lcool, Crodamol GTCC) por 1 semana e cinco corantes
(vinho tinto, caf, ch, shoyu e refrigerante do tipo cola) por 1 semana. A cor dos
espcimes foi verificada aps cada tratamento. Os resultados demonstram que os
espcimes apresentaram valores de E maiores que 3.3, que foi considerado como
alterao de cor inaceitvel. A gua destilada no causou alterao perceptvel de
cor. Caf foi o lquido corante que provou maior alterao de cor nos materiais
avaliados. O tipo de polimento e a exposio s solues simuladoras de alimentos
no foram significativos na susceptibilidade dos materiais ao manchamento.
Gaintantzopoulou et al. (36) realizaram estudo em que o objetivo foi investigar
as alteraes de cor superficiais e em profundidade de resinas compostas
submetidas ao envelhecimento atravs da exposio luz ultravioleta e avaliar a
influncia de tcnicas de polimerizao adicional nessas alteraes. Os compsitos
usados foram a Heliomolar (Vivadent), Prodigy (Kerr), Belle Glass (Kerr) e
Compoglass (Vivadent) Os materiais testados foram avaliados aps 24 e 360 horas
aps envelhecimento em gua em ambiente escuro e sob luz ultravioleta.
Fotoativao convencional e completar foram testadas. Aps 360 horas sob ao de
luz ultravioleta em gua os compsitos apresentaram alterao significativa de cor.
Os espcimes mantidos em gua na ausncia de luz no apresentaram alterao
perceptvel de cor. A fotoativao complementar diminui significativamente a
alterao de cor dos compsitos.
Bagheri et al. (54) determinaram o grau de manchamento de seis materiais
estticos restauradores com cinco tipos de solues corantes. Os resultados
demonstram que os espcimes apresentaram valores de E maiores que 3.3, que
foi considerado como alterao de cor inaceitvel. A gua destilada no causou
alterao perceptvel de cor. O tipo de polimento no foi significativo no
manchamento.
Em 2006, Omata et al. (55) examinaram o mecanismo de manchamento
superficial de uma resina composta (Clearfil AP-X, Kuraray) exposta ao
manchamento com caf, ch e vinho tinto na presena de saliva artificial.
Adicionalmente, avaliaram a habilidade de a escovao prevenir o manchamento.
-
29
Os autores submeteram o compsito a um protocolo de manchamento de 24 horas
que se estendeu por at 4 semanas. Escovao sem dentifrcio foi realizada
diariamente por 10 segundos aps o processo de manchamento. Os autores
obtiveram imagens digitais das superfcies dos espcimes nos perodos de uma,
duas e quatro semanas. As imagens foram analisadas em modo de escala cinza. A
gua no causou alterao perceptvel de cor. O vinho foi a soluo que mais
causou manchamento ao material, seguido do ch e do caf. Os resultados sugerem
que o manchamento extrnseco dos compsitos mediado pela saliva. Os
espcimes submetidos escovao tiveram menor alterao de cor. Os autores
concluem que as diferentes solues possuem mecanismos distintos de
manchamento e sugerem estudos mais complexos nesse assunto.
Villalta et al. (56) realizaram um estudo com o objetivo de investigar o efeito
de duas solues corantes e trs sistemas de clareamento na alterao de cor de
dois compsitos. Quarenta e cinco espcimes de cada resina composta (Filtek
Supreme e Esthet X) foi confeccionados. Os espcimes foram dividos em trs
grupos de 15 espcimes cada e imersos em uma das solues corantes (caf ou
vinho tinto) ou em gua por 3 horas durante 40 dias. Os trs grupos foram divididos
em trs subgrupos (n=5) e um dos trs agentes clareadores (Crest Night Effects,
Colgate Simply White Night ou Opalescence Quick) foram aplicados sobre a
superfcie dos espcimes pelo perodo de 14 dias. A cor dos materiais foi medida de
acordo com o sistema CIELAB. O valor de Eab=3,3 foi usado como valor limite
aceitvel clinicamente para comparao de cor entre os espcimes. A resina Filtek
Supreme apresentou maior alterao de cor do que a Esthet X e o vinho tinto
causou maior alterao de cor do que o caf. Aps o clareamento a diferena de cor
entre o clareamento e o valor inicial foi menor do 3,3 para todos os grupos. Os
autores concluram que o nanocompsito (Filtek Supreme) apresentou maior
alterao de cor do que o compsito microhbrido (Esthet X). Alm disso, o
clareamento foi efetivo na remoo do manchamento dos materiais.
Kolbeck et al. (32) realizaram um estudo com o objetivo de investigar a
estabilidade de cor endgena de oito compsitos para facetas e restauradores
diretos submetidos irradiao ultravioleta e o potencial de manchamento exgeno
por vinho tinto. Alm disso, avaliar a possvel diferena entre o manchamento
externo de espcimes envelhecidos e espcimes no envelhecidos. Metade dos
espcimes foi submetida ao envelhecimento artificial com luz ultravioleta e a outra
-
30
metade no foi. A cor dos espcimes foi aferida. Em seguida todos os espcimes
foram armazenados em vinho tinto por 10 dias e tiveram a cor aferida na seqncia.
Os resultados mostram que os espcimes no sofreram alterao perceptvel de cor
com o envelhecimento provocado pela luz ultravioleta. A imerso em vinho tinto
causou alterao significativa de cor em cinco, dos oito materiais avaliados.
Fujita et al. (57) desenvolveram um estudo em que o objetivo foi comparar os
efeitos do manchamento de trs bebidas caf, ch verde e vinho tinto em resinas
compostas modernas simulando um ambiente bucal atravs de saliva artificial
contendo uma concentrao relevante de mucina. Testaram, tambm, o
manchamento nos espcimes com a aplicao ou no de selante de superfcie.
Tiveram dois grupos controle: gua destilada e saliva artificial. Os espcimes foram
imersos em saliva artificial por 17 h e ento colocados em uma das bebidas testadas
por 7 h. Esse protocolo de 24 h foi repetido diariamente. CIELab de cada espcime
foi mensurado aps 24 h, 3 dias, 1, 2 e 4 semanas. Os espcimes imersos tanto em
gua destilada quanto em saliva artificial no apresentaram alterao visvel de cor
(E*
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31
(n=5). A cor dos espcimes foi aferida antes da exposio aos corantes (baseline)
usando o sistema CIELab. Os espcimes foram imersos nas diferentes substncias
(caf, ch, vinho tinto, refrigerante do tipo cola e gua destilada) por 24 horas. Aps
esse perodo a cor dos espcimes foi novamente aferida. O vinho tinto foi a
substncia que provocou maior alterao de cor nos compsitos avaliados. As
resinas Filtek P60 e Filtek Z250 demonstraram significativamente menor
manchamento do que as resinas Grandio, Filtek Supreme e Quadrant LC. Os trs
ltimos materiais no apresentaram diferena significativa entre eles. Todos os
compsitos imersos em ch, caf e vinho tinto apresentaram manchamento
clinicamente significativo. Este estudo mostrou que resinas nanohbridas no
exibiram maior resistncia ao manchamento do que as resinas microhbridas com as
bebidas testadas. Os autores concluram que a composio (matriz orgnica e carga
inorgnica) da resina composta apresentou papel fundamental no comportamento
dos compsitos frente s solues corantes avaliadas.
Trkun e Leblebicioglu (58) realizaram uma pesquisa com o objetivo foi
comparar a susceptibilidade ao manchamento de compsitos para dentes
posteriores (Clearfil Photo Posterior, Surefil e Filtek P60) polidos com dois sistemas
de polimento de um passo (Sof-Lex Brush e PoGo). Alm disso, testaram a
eficincia do re-polimento para remover o manchamento formado e analisaram as
superfcies polidas atravs da microscopia eletrnica de varredura. Os espcimes
foram imersos em caf por um perodo de 7 dias. O grupo controle foi mantido em
gua destilada. Ao final de 7 dias, com o objetivo de remover o manchamento, os
espcimes imersos em caf foram re-polidos por 30 segundos com os respectivos
sistemas de polimento. A medio da cor foi realizada antes da imerso (baseline) e
aps1, 3, 5 e 7 dias e aps o re-polimento. Antes de cada medio os espcimes
foram limpos em ultra-som com gua destilada por 1 minuto e secos com spray de
ar. O sistema CIELab foi utilizada para avaliao da alterao de cor. Aps 1
semana todos os compsitos apresentaram alterao significativa de cor. A resina
Filtek P60 apresentou maior alterao de cor do que os outros compsitos.
Independentemente do material, os espcimes polidos com PoGo apresentaram-se
menos susceptveis ao manchamento. O manchamento foi parcialmente removido
com o repolimento, alcanando uma cor equivalente a um dia de manchamento. Os
autores relatam que a alterao de cor observada neste estudo prova que o
manchamento est relacionado adsoro e absoro sub-superficial de corantes.
-
32
Em 2007, Yazici et al. (59) desenvolveram um que estudo investigou os
efeitos de duas unidades fotoativadoras e duas solues corantes na estabilidade de
cor de uma resina hbrida e uma resina nanohbrida aps perodos diferentes de
imerso. Trinta espcimes da Clearfil AP-X e Filtek Supreme foram confeccionados.
Os espcimes foram aleatoriamente divididos em dois grupos de acordo com a
unidade fotoativadora utilizada: lmpada de luz halgena quartzo-tungstnio (QTH)
ou diodo emissor de luz (LED). As amostras foram mantidas em 100% de umidade a
37C por 24 horas. Ento a cor dos espcimes foi aferida de acordo com o sistema
CIELab. Os espcimes foram imersos em uma das trs solues: gua destilada
(controle), caf ou ch. Os valores de cor foram novamente medidos aps 1, 7 e 30
dias de imerso. No houve diferena na estabilidade de cor entre os espcimes
fotoativados com LED e QHT. A Filtek Supreme apresentou manchamento
significativamente maior do que Clearfil AP-X aps imerso de 30 dias tanto em caf
quanto em ch. Os autores relacionam esse maior manchamento diferena de
composio dos materiais. Foi possvel concluir que as alteraes de cor dos
compsitos so tempo e material dependentes.
Lee et al. (60) avaliaram o manchamento antes e aps simulao de desgaste
das resinas compostas. Testaram seis marcas de resinas compostas: Estelite
(Tokuyama Dental), Esthet X (Dentsply/Caulk), Filtek Supreme (3M ESPE),
Heliomolar (Ivoclar Vivadent), Renamel Microfill (Cosmedent) e Tetric Ceram (Ivoclar
Vivadent), todos da cor A2. Aps a fotoativao dos espcimes, eles foram mantidos
em gua destilada a 37C por 24 horas antes da simulao de desgaste. O processo
de desgaste foi realizado com 400.000 ciclos. Os espcimes foram em seguida
colocados em ultra-som por 1 minuto e imersos em gua destilada a 37C por 24
horas. Ento os espcimes foram imersos a 37C em soluo de azul de metileno
por 24 horas. A cor das reas desgastadas e das reas no-desgastadas foi aferida
de acordo com o sistema CIELab antes e aps o manchamento. O manchamento
nas superfcies no-desgastadas foi menor do que nas superfcies desgastadas,
possivelmente devido camada superficial rica em matriz orgnica que no est
presente nas regies submetidas ao processo simulado de desgaste.
Ergc et al. (35) realizaram uma investigao que comparou as alteraes
de cor de cinco novas resinas compostas (Filtek Supreme, 3M ESPE; Grandio,
Voco; Ceram X, Denstsply; Tetric Evo Ceram, Ivoclar-Vivadent; e Premise, Kerr)
polidas com dois sistemas de polimento (PoGo, Dentsply; OptraPol, Ivoclar-
-
33
Vivadent) quando expostas ao caf durante o perodo de 1 semana. O grupo
controle (gua destilada) no apresentou alterao significativa de cor. Todos os
materiais avaliados apresentaram manchamento, independentemente do tipo de
polimento realizado. Todos os espcimes com a superfcie obtida com a matriz de
polister foram manchados intensamente quando comparados com os espcimes
polidos. Assim, os autores concluram que a remoo da camada mais externa da
resina essencial para se alcanar uma superfcie esteticamente mais estvel. Alm
disso, concluram que a susceptibilidade ao manchamento dos nanocompsitos no
est relacionada a fatores extrnsecos, como rugosidade superficial somente, mas a
fatores intrnsecos, como composio monomrica e inorgnica.
Em 2008, Samra et al. (61) realizaram um estudo cujo objetivo foi avaliar a
estabilidade de cor de cinco materiais restauradores estticos quando imersos em
caf. Foram avaliadas uma resina de uso direto (Tetric Ceram, Ivoclar Vivadent), trs
resinas de uso indireto (Targis, Ivoclar Vivadent; Resilab Master, Wilcos; BelleGlass
HP, Kerr) e uma porcelana (IPS Empress 2, Ivoclar Vivadent). Os espcimes foram
imersos em caf por 15 dias em temperatura de 37oC. A avaliao da cor foi feita
aps 1, 7 e 15 dias atravs da reflectncia em um espectrofotmetro. A Tetric Ceram
e a Resilab Master apresentaram manchamento significativamente maior do que os
outros materiais, enquanto a IPS Empress 2 foi o material que mostrou a menor
alterao de cor. Os autores concluram que o tempo de contato com a soluo
corante foi relevante, com a maior alterao de cor ocorrendo entre 1 e 7 dias,
embora tenha continuado at o perodo final do experimento.
Mundim et al. (7) avaliaram a alterao de cor de trs tipos de compsitos
(Esthet-X, Surefill e Z250) expostos ao caf e refrigerante do tipo cola. A maior
diferena de cor foi apresentada pelos compsitos submetidos ao manchamento
com caf. No houve diferena significativa no manchamento entre as resinas
testadas, apesar da diferena na composio das mesmas. A resina Surefil
apresenta volume de carga inorgnica de 65%, maior do que os outros dois
materiais testados. Apesar disso, no houve diferena estatisticamente significante
na diferena de cor entre elas.
Ardu et al. (50) realizaram um teste laboratorial mais severo na tentativa de
avaliar a longevidade da esttica do compsito. O objetivo foi avaliar a estabilidade
de cor de compsitos indicados para dentes anteriores quando expostos
continuamente a agentes corantes. As amostras foram mantidas secas em 37o por
-
34
24 h. Foram testados 6 grupos (caf, ch, coca-cola, suco de laranja, vinho tinto e
controle) durante 99 dias. O grupo controle foi mantido seco durante todo o perodo
do experimento. Os corantes foram trocados a cada 14 dias. O vinho tinto causou a
maior alterao de cor, seguido por caf, ch, suco de laranja e coca-cola. Este
ltimo corante mostrou alterao de cor similar ao grupo controle. Os autores
creditam este baixo potencial de manchamento ao tipo de pigmento presente na
bebida. O grau de manchamento variou entre os diferentes compsitos testados,
mostrando que a alterao de cor material-dependente.
Prez et al. (17) desenvolveram um trabalho para determinar as propriedades
pticas, cor e translucidez de um compsito baseado em silorano. Compararam um
compsito baseado em silorano com seis compsitos baseados em dimetracrilato. A
cor dos espcimes foi medida antes e depois da polimerizao e o E*ab foi
calculado. Os resultados apontam diferentes propriedades pticas do silorano na
comparao com compsitos dimetacrilatos. O silorano mostrou melhor estabilidade
cromtica antes e aps a polimerizao e translucncia menor na comparao com
os outros materiais.
2.4 SORO E SOLUBILIDADE
O compsito restaurador sofre alteraes decorrentes da interao com o
ambiente bucal. Quando imerso em ambiente aquoso, observam-se os processos de
soro e solubilidade. A difuso de gua na matriz orgnica pode provocar
expanso higroscpica, com aumento no seu volume e peso. Outro fenmeno
observado a lixiviao de monmeros residuais, levando perda de massa e
reduo das propriedades mecnicas dos compsitos. Dessa forma, a soro e a
solubilidade dos compsitos restauradores so fatores importantes para a
determinao da durabilidade e qualidade das restauraes resinosas (1, 62, 63).
Um dos primeiros estudos de soro em compsitos restauradores foi
desenvolvido por Braden et al. (64), que avaliaram a cintica de soro e dessoro
de gua em compsitos disponveis em 1973. Os autores encontraram que a soro
de gua em compsitos ocorre atravs de um processo de difuso controlada. O
coeficiente de difuso aferido mostrou que o coeficiente diminuiu com o aumento da
-
35
concentrao de gua (64, 65). O coeficiente de difuso menor em polmeros com
mais cadeias cruzadas e representa a taxa de fluido que penetra na cadeia
polimrica (66).
Embora o processo de soro de gua nos compsitos seja multifatorial, ele
pode ocorrer em grande parte devido natureza hidroflica de suas unidades
monomricas, sendo altamente dependente da qumica dos monmeros (62, 67).
Alm disso, a gua pode entrar na rede polimrica atravs de porosidades e
espaos intermoleculares (62).
Pearson e Longman (68) investigaram a polimerizao inadequada de quatro
compsitos disponveis comercialmente na poca e relacionaram com a
soro/solubilidade destes materiais. Os espcimes foram fotoativados 75% do
tempo recomendado pelos fabricantes e a dureza foi avaliada. Os autores
concluram que a reduo do tempo de fotoativao comprometeu a soro e
solubilidade dos materiais testados.
Ferracane et al. (16) conduziram um estudo para determinar, a partir de
compsitos experimentais com as composies controladas, o efeito do
envelhecimento em gua na resistncia fratura, mdulo de elasticidade, resistncia
flexural e dureza. A formulao e cura dos compsitos foram alteradas para avaliar
os efeitos das seguintes variveis no envelhecimento: 1) grau de converso da
matriz orgnica; 2) volume da frao de carga inorgnica; e 3) qualidade da adeso
matriz/carga (porcentagem de carga tratada com silano). Os espcimes foram
mantidos em gua a 37C por 1 dia, 6 meses, 1 ano e 2 anos e as propriedades
avaliadas na sequncia. Os resultados mostram que houve uma reduo modesta,
mas significante das propriedades mecnicas de todos os compsitos testados. Esta
reduo est relacionada predominantemente absoro de gua pelo polmero. Os
autores relatam a hiptese de que a absoro de gua cause a degradao do
polmero atravs da expanso da rede polimrica.
rtengren et al. (69), preocupados com a degradao que o compsito sofre
em ambiente oral, avaliaram a soro e a solubilidade de alguns materiais
restauradores indiretos e de cimentos resinosos. Outro objetivo do estudo foi
identificar monmeros eludos da matriz orgnica durante o armazenamento em
gua. Os autores se basearam no ISO 4049 para a realizao do teste de
soro/solubilidade com a exceo que os espcimes foram pesados (massa inicial)
imediatamente aps sua confeco, no realizando a desidratao inicial. O teste foi
-
36
realizado nos diferentes tempos de avaliao: 4 h, 24 h e 7, 60 e 180 dias. Os
resultados mostram que houve grande variao nos valores de soro na
comparao dos materiais. Os autores justificam essa variao devido s diferenas
na composio dos materiais testados. A soro de gua parece ser influenciada
pela quantidade de grupos hidroxila dentro da matriz orgnica, as quais criam pontes
de hidrognio com gua. Os autores concluram que a composio da matriz
resinosa importante para a soro de gua e para a solubilidade dos compsitos.
Os materiais compostos de monmeros hidroflicos apresentam maior soro. A
anlise HPLC dos componentes eludos revelou que o TEGDMA foi o principal
monmero liberado. A maior concentrao de monmeros no fluido foi observada
aps 7 dias. A massa molecular e o grau de converso parecem ser importantes
para a taxa de eluio.
Os monmeros mais usados em resinas compostas o Bis-GMA (12), que
contm grupos hidroxila pendentes. Por causa destes grupos, os polmeros feitos
com este monmero tendem a ter um carter um pouco mais hidroflico e
susceptvel soro, devido formao de pontes de hidrognio com a gua (63,
70).
Testando soro, solubilidade e mdulo de elasticidade de diversos
monmeros e suas combinaes, Sideridou et al. (67) encontraram que polmeros
de TEGDMA so mais heterogneos do que polmeros de Bis-GMA, o que parece
favorecer a maior soro dos primeiros. Em uma cadeia mais heterognea h
microporos maiores que podem acomodar maior quantidade de gua. Os polmeros
de UDMA e, especialmente, de Bis-EMA apresentaram menor soro de gua do
que os polmeros de Bis-GMA. Os autores acreditam que a maior soro do Bis-
GMA ocorreu devido ao carter mais hidroflico de suas unidades. Grupos hidroxila
formam pontes de hidrognio mais resistentes com as molculas de gua do que os
grupos uretano (UDMA) ou os grupos ter (Bis-EMA). Os resultados da solubilidade
mostram dependncia do grau de converso; quanto maior o grau de converso,
menor a solubilidade.
Palin et al. (65) avaliaram novos compsitos de baixa contrao com
compsitos tradicionais em relao ao efeitos da soro e solubilidade nas
propriedades mecnicas dos mesmos. Dois compsitos disponveis comercialmente
(Z100 e Z250, 3M ESPE) foram comparados com dois compsitos experimentais,
um baseado em oxirano e outro baseado em silorano. Foram testados perodos de
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curta imerso (0.1, 0.5, 1, 4, 24 e 48h) e de mdia imerso (1, 4, 12 e 26 semanas)
em gua. A menor soro de gua apresentada pelo Z250, na comparao com
Z100, pode ser atribuda s diferenas na composio da matriz orgnica destes
materiais, uma vez que o contedo inorgnico similar. O compsito baseado em
silorano apresentou soro e solubilidade significativamente menores que os outros
materiais, resultado que pode ser atribudo ao carter hidrofbico da molcula de
silorano formulada com grupos siloxano. A soro de gua foi prejudicial na
resitncia flexural dos materiais testados.
O objetivo do trabalho de Sideridou et al. (71) foi estudar a cintica de soro
da soluo 75% etanol/gua por resinas puras preparadas com Bis-GMA, TEGDMA,
UDMA ou Bis-EMA e misturas Bis-GMA/TEGDMA (50/50 e 70/30% peso) e Bis-
GMA/UDMA/Bis-EMA (70/15/15% peso). Tambm avaliaram a Filtek Z100 e Filtek
Z250 (3M ESPE). As alteraes volumtricas que acompanham a soro foram
determinadas pela medio da densidade e relacionadas quantidade de soluo
de etanol absorvida. Os autores relatam que o compsito sofre demanda de
resistncia em longo prazo o que justifica o emprego da soluo de etanol para a
realizao dos testes in vitro. A perda de monmeros que no reagiram mostrou-se
dependente do grau de converso; quanto maior o grau de converso, menor a
solubilidade. O grau de converso apresentou-se na seguinte ordem: Bis-GMA <
Bis-EMA < UDMA < TEGDMA. O Bis-EMA, com um ncleo aromtico rgido
hidrofbico e sem os grupos hidroxila hidroflicos do Bis-GMA, foi quem apresentou
menor soro da soluo de etanol. Concluiu-se que a estrutura qumica dos
monmeros afeta diretamente a quantidade de solvente absorvido. Com relao aos
compsitos testados, os autores acreditam que o processo de soro no muito
influenciado pela presena da carga inorgnica.
Em 2009, um estudo desenvolveu e avaliou novos monmeros uretano
dimetacrilato na tentativa de melhorar a resistncia gua dos polmeros. Os
resultados mostram que a incorporao de grupos hidrofbicos pendentes pode ser
um mtodo eficiente na reduo da soro de gua e da solubilidade dos
compsitos baseados em uretano dimetacrilato (72).
Da Silva et al. (66) analisaram a cintica (soro, solubilidade e coeficiente de
difuso) da soro de compsitos (Filtek P60 e Filtek Z350, 3M ESPE) quando
imersos em saliva artificial e cido ltico. Os autores tambm avaliaram o grau de
converso dos compsitos, que foi calculado aps 24h de armazenamento em
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ambiente seco a 37oC. O equilbrio da soro foi atingido aps 16 dias. No houve
diferena significativa entre o grau de converso dos compsitos testados. O grau
de converso no influenciou a soro, mas foi encontrada correlao com a
solubilidade. O compsito Filtek Z350 apresentou maior soro do que o Filtek P60.
Os autores acreditam que as resinas nanoparticuladas so mais propensas soro
do que as resinas microhbridas. Isto pode ser explicado pela maior rea de
superfcie por volume devido aos nanoaglomerados que podem permitir maior
acmulo de fluido na interface carga-matriz. Dessa maneira, a resina
nanoparticulada pode sofrer maior degradao no ambiente oral do que a resina
microhbrida. Santos et al. (73) acreditam que a maior soro de gua nos
compsitos nanoparticulados ocorre devido baixa impregnao dos agregados de
partculas pela matriz orgnica. Esta ligao fraca pode oferecer caminhos que
facilitam a difuso de fluido para dentro dos agregados, onde a presena de
microporos provvel devido carncia de impregnao das partculas de carga
pela matriz resinosa.
Wei et al. (74) investigaram o processo de difuso de gua de alguns
compsitos resinosos, entre eles o Filtek P90. O teste de soro e solubilidade foi
conduzido durante 150 dias e o recondicionamento da massa durou 75 dias. Os
resultados mostram que o Filtek P90 sofreu mnima soro de gua (13,51 g/mm3),
significativamente menor do que os outros compsitos testados baseados em
metacrilato. Os valores para solubilidade do Filtek P90 foram negativos, indicando a
estabilidade do material em ambiente aquoso.
2.5 GRAU DE CONVERSO
O grau de converso da resina depende da estrutura qumica dos monmeros
e das condies de polimerizao, isto , atmosfera, temperatura, intensidade de luz
e concentrao do fotoiniciador (12, 75). O grau de converso um fator de grande
influncia nas propriedades fsicas dos compsitos. No geral, maior o grau de
converso das ligaes duplas, maior a resistncia mecnica do compsito (12) e
menor a susceptibilidade ao das substncias presentes nos alimentos e ao
ataque enzimtico (75).
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A polimerizao de dimetacrilatos acontece de maneira que somente parte das
ligaes duplas disponveis reage. Antes da completa converso, o processo de
vitrificao desacelera a reao. A cadeia polimrica sofre um rearranjo at alcanar
o mximo grau de converso (66). As ligaes duplas que no reagem durante o
processo de polimerizao podem ficar presentes tanto como monmeros livres
quanto como grupos pendentes na cadeia polimrica (12). Sideridou et al. (12)
avaliou o grau de converso dos monmeros mais utilizados em compsitos
odontolgicos e constataram que o grau de converso aumenta de acordo com a
seguinte ordem: BisGMA < BisEMA < UDMA < TEGDMA.
Ferracane e Greener (76) determinaram a correlao entre grau de converso
de ligaes duplas de carbono e diversas propriedades mecnicas de resinas sem
adio de carga inorgnica. As formulaes testadas foram baseadas em BisGMA.
O grau de converso encontrado variou de 60,1% a 73,4%. O grau de converso foi
significativamente reduzido pela menor concentrao de diluente e maior
concentrao de inibidores. O grau de converso afetou positivamente quase todas
as propriedades mecnicas testadas. No entanto, as propriedades mecnicas
parecem ser dependentes de outras variveis do que somente do nmero de grupos
metacrilato que no reagiram. A concentrao de diluente e o tipo de amina no
afetaram as propriedades significativamente as propriedades, o que no era
esperado pelos autores, considerando a anlise do grau de converso. Os
resultados mostraram que o grau de converso foi maior em resinas com menor
viscosidade.
Rueggeberg & Craig (77) desenvolveram um mtodo em que o grau de
converso pudesse ser controlado e medido em uma resina com carga, em que os
espcimes no fossem submetidos ao polimento para eliminar variveis que
pudessem afetar a solubilidade ou a converso e preservar a amostra para
avaliao posterior. Alm disso, os autores avaliaram a habilidade do teste de
dureza Knoop, soro de gua e lixiviao de componentes para predizer a
extenso do grau de converso. A mxima converso obtida foi de 51% nos
espcimes de at 1,5 mm de espessura. Nos corpos de prova mais espessos, a taxa
de converso diminuiu significativamente. Houve uma correlao positiva entre
espessura do espcime e a lixiviao de componentes. O teste de dureza Knoop
mostrou que pode ser um bom prognstico do grau de converso dos compsitos.
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J a soro de gua no apresentou flutuao significante com a variao do grau
de converso, provando no ser um bom indicativo.
Aplicando o mtodo FTIR, Chung e Greener (78) estudaram o grau de
converso de sete compsitos fotoativados. O grau de converso variou entre 43,5 e
73,8%. Os autores notaram que as resinas compostas com diferentes estruturas
moleculares apresentaram graus de converso equivalentes. Desta forma,
concluram que outros parmetros, tais como a concentrao do iniciador e do
diluente, so determinantes no grau de converso.
Poucos trabalhos relacionam grau de converso ao manchamento. Em 1984,
de Gee et al. (79) avaliaram o grau de converso atravs do manchamento com azul
de metileno de 7 compsitos disponveis comercialmente. Os resultados mostram
que em regies onde o grau de converso menor o manchamento maior.
Aguiar et al. (80) avaliaram o efeito de diferentes modos de fotoativao no
grau de converso e no manchamento de uma resina composta nanoparticulada,
usando diversas bebidas. Avaliaram-se os efeitos das diferentes unidades
fotoativadoras no grau de converso, no manchamento superficial e na
concentrao de pigmentos testando vinho tinto, usque, caf, coca-cola e gua
destilada. Os espcimes foram submetidos ao manchamento por 3 horas/dia por 40
dias. Quatro tipos de unidades fotoativadoras foram testadas. Os resultados
mostram que os espcimes fotoativados com luz halgena apresentaram menor
grau de converso quando comparados com os espcimes fotoativados pelas
unidades de luz LED e laser. No entanto, no houve relao entre grau de
converso e manchamento superficial. Alm disso, no foi possvel associar o maior
manchamento superficial maior absoro de pigmentos. As bebidas alcolicas
causaram maior manchamento e as solues no-alcolicas causaram maior
concentrao de pigmentos.
H poucos relatos na literatura das propriedades do Filtek P90 (3M ESPE),
compsito resinoso baseado em silorano. Kusgoz et al.(81) avaliaram vrias
propriedades do Filtek P90, dentre elas o grau de converso. Os resultados mostram
que houve um aumento significativo do grau de converso do primeiro para o stimo
dia e para o trigsimo dia de armazenamento. O uso de LED para a fotoativao
produziu valores maiores do grau de converso do que o uso de lmpada halgena.
No entanto, para o Filtek P90, aps 1 dia de armazenamento, no houve diferena
entre os dois tipos de fotoativao. O grau de converso do silorano variou entre
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43% e 56% e foi significativamente menor do que o grau de converso do Filtek P60
e Supreme XT (3M ESPE).
2.6 RUGOSIDADE
O acabamento e polimento de restauraes de resina composta so passos
fundamentais para melhorar a esttica e a longevidade dos dentes restaurados (1).
O polimento o passo final do acabamento das restauraes de resina composta.
Uma referncia da qualidade do polimento a rugosidade superficial (82). A
rugosidade superficial, o brilho de superfcie e a cor esto entre os fatores mais
importantes na percepo visual das restauraes de resina composta (83). A
rugosidade superficial pode resultar em maior desgaste, maior acmulo de placa,
menor estabilidade de cor e comprometimento esttico da restaurao. Estudos in
vivo da rugosidade superficial de materiais restauradores mostraram que h um
aumento substancial no acmulo de placa bacteriana acima do limite de 0,2 m (84).
Vrios fatores influenciam a rugosidade superficial dos compsitos aps os
procedimentos de acabamento e polimento. Alguns desses fatores so inerentes ao
material, tais como tamanho, dureza e quantidade de partculas de carga, enquanto
outros fatores so ditados pelas caractersticas dos materiais para acabamento e
polimento, como flexibilidade dos instrumentos abrasivos, a dureza do abrasivo e a
granulao. Alm disso, a presso empregada e o tempo gasto neste passo clnico
so fatores que tambm influenciam a rugosidade do compsito (1).
Hachiya et al. (85) realizaram estudo que descreve a relao do acabamento
e polimento com o manchamento de duas resinas compostas disponveis
comercialmente na poca do estudo (Adaptic, Johnson&Johnson; Clearfil Bond
System F, Kuraray). Testaram sete diferentes instrumentos de acabamento e
polimento. O polimento foi realizado imediatamente e 48 horas aps a confeco
dos espcimes. Em seguida iniciou-se o processo de manchamento. Os resultados
mostram que o grau de manchamento no depende da rugosidade superficial do
compsito. No entanto, os autores relatam que o acabamento obtido com a matriz
de polister mais susceptvel ao manchamento do que os espcimes polidos. Os
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autores concluram que o polimento realizado imediatamente aps a confeco dos
espcimes apresentou maior manchamento do que os espcimes polidos aps 48h.
Park et al. (86) compararam o manchamento superficial de compsitos
microhbridos com superfcies polidas e com superfcie obtida com de tira de
polister. Alm disso, determinaram se o manchamento superficial no compsito
com a superfcie obtida com a tira de polister reduzido uma vez que a inibio de
oxignio na superfcie pode ser prevenida. Foram usados trs compsitos: Z100 (3M
ESPE), Spectrum (Dentsply/Caulk) e Aelitefil (Bisco). Os espcimes foram
confeccionados e divididos em trs grupos: 1) superfcie dos espcimes foi obtida
com tira de polister; 2) superfcie dos espcimes foi polida com discos e pasta para
polimento; 3) a polimerizao dos espcimes ocorreu sem a presena de oxignio. A
cor dos espcimes foi avaliada. Em seguida, os espcimes foram imersos em
soluo de 0.2% de eritrosina por 7 dias. A cor foi determinada atravs do sistema
CIELab. No houve diferena estatisticamente significativa no manchamento entre
os grupos 1 e 2. O grupo 3 apresentou menor manchamento que o grupo 1 nos
espcimes do Spectrum e do Aelitefil, mas no houve diferena para a amostra do
Z100. Os autores concluram que no houve diferena de manchamento entre os
espcimes polidos dos espcimes com superfcie obtida com a tira de polister.
A qualidade da superfcie das restauraes dentais um dos fatores
importantes que determinam o sucesso de uma restaurao. Lu et al. (87)
investigaram os fatores que influenciam a resistncia ao manchamento de resinas
compostas. Os autores testaram um nanocompsito (Filtek Supreme), um compsito
microparticulado (Filtek A110), um compsito microhbrido (Filtek Z250) e um
compsito microhbrido para restauraes em dentes posteriores (Filtek P60), todos
da 3M ESPE. Trinta e seis espcimes por material foram confeccionados e divididos
aleatoriamente em 6 grupos. Os espcimes de 5 grupos foram polidos com lixas de
granulao 1000, 1200, 1500, 2000 e 2500, respectivamente, com velocidade de
120 rpm com fora de 54N. Os espcimes do sexto grupo foram polidos com lixas de
granulao 2500 ou 1200 e usados como controle. A razo pela qual os autores
usaram dois tipos de granulao de lixas no grupo controle foi verificar se a
rugosidade superficial influenciaria a alterao de cor dos espcimes mantidos em
gua destilada. Aps a realizao do polimento, os espcimes foram imersos em
caf. A soluo foi trocada a cada dois dias. A mensurao da cor foi realizada
inicialmente (baseline) e aps 3, 7 e 14 dias. A diferena de cor foi calculada atravs
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do sistema CIELab. As quatro resinas responderam diferentemente ao polimento. A
Supreme e a A110 tiveram valores menores de rugosidade superficial do que a Z250
e P60. Os resultados mostram que as resinas com menor rugosidade superficial
apresentaram menores valores de manchamento. No entanto, a resina A110 no
apresentou diferena de manchamento quando a rugosidade superficial foi alterada.
Assim, os autores relatam que o tamanho das partculas de carga no foi o nico
fator a influenciar o manchamento. As caractersticas qumicas da matriz orgnica
tambm influenciaram a resistncia ao manchamento das resinas compostas. A
diferena de cor dos espcimes imersos em caf foi aumentada conforme o tempo
de imerso.
Um acabamento e polimento adequados da restaurao de resina composta
so procedimentos crticos que melhoram a esttica e a durabilidade das
restauraes. Choi et al. (88) realizaram um estudo cujos objetivos foram 1)
determinar as alteraes in vitro na rugosidade superficial e na cor de resinas
compostas aps a aplicao de trs sistemas de acabamento e polimento; 2) avaliar
a diferena na estabilidade de cor aps imerso em substncia corante aps o
polimento; e 3) avaliar os efeitos da condio da superfcie, especialmente
rugosidade, na mensurao da cor. Quatro compsitos foram avaliados: Filtek
Supreme (3M ESPE), Synergy Compact (Coltene/Whaledent), Tescera (Bisco) e
Z100 (3M ESPE). Avaliaram a cor dos espcimes com e sem polimento. Foram
testados 3 sistemas de polimento. O processo de manchamento foi realizado com
soluo de azul de metileno a 2% a 37C. Aps 24h os espcimes foram lavados
com gua destilada por 30 segundos e a cor avaliada. As resinas compostas
avaliadas no apresentaram diferena significativa de rugosidade nos trs diferentes
tipos de sistemas de polimento utilizados. A susceptibilidade ao manchamento pelos
compsitos avaliados no foi relacionada ao tipo de polimento realizado
isoladamente.
Badra et al. (51) avaliaram a influncia de diferentes bebidas (Coca-cola,
cachaa, caf e saliva artificial) na microdureza e rugosidade superficial de uma
resina microparticulada, uma hbrida e uma de baixa viscosidade. As propriedades
foram avaliadas nos perodos de 24h e 7, 30 e 60 dias aps a confeco dos
espcimes. Os resultados demonstram que todas as bebidas avaliadas alteraram de
alguma maneira a microdureza e/ou a rugosidade superficial das resinas testadas. O
grau de alterao foi dependente das caractersticas do material, do tipo de bebida e
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do perodo avaliado. Neste estudo um maior o nmero de imerses nas bebidas
resultou em um impacto mais acentuado nas propriedades da resina.
Lu et al. (87) investigaram os fatores que influenciam a resistncia ao
manchamento de resinas compostas. Os autores testaram um nanocompsito (Filtek
Supreme), um compsito microparticulado (Filtek A110), um compsito microhbrido
(Filtek Z250) e um compsito microhbrido para restauraes em dentes posteriores
(Filtek P60), todos da 3M ESPE. Trinta e seis espcimes por material foram
confeccionados e divididos aleatoriamente em 6 grupos. Os espcimes de 5 grupos
foram polidos com lixas de granulao 1000, 1200, 1500, 2000 e 2500,
respectivamente, com velocidade de 120 rpm com fora de 54N. Os espcimes do
sexto grupo foram polidos com lixas de granulao 2500 ou 1200 e usados como
controle. A razo pela qual os autores usaram dois tipos de granulao de lixas no
grupo controle foi verificar se a rugosidade superficial influenciaria a alterao de cor
dos espcimes mantidos em gua destilada. Aps a realizao do polimento, os
espcimes foram imersos em caf. A mensurao da cor foi realizada inicialmente
(baseline) e aps 3, 7 e 14 dias. A diferena de cor foi calculada atravs do sistema
CIELab. As quatro resinas responderam diferentemente ao polimento. A Filtek
Supreme e a Filtek A110 tiveram valores menores de rugosidade superficial do que
a Z250 e P60. Os resultados mostram que as resinas com menor rugosidade
superficial apresentaram menores valores de manchamento. No entanto, a resina
A110 no apresentou diferena de manchamento quando a rugosidade superficial foi
alterada. Assim, os autores relatam que o tamanho das partculas de carga no foi o
nico fator a influenciar o manchamento. As caractersticas qumicas da matriz
orgnica tambm influenciaram a resistncia ao manchamento das resinas
compostas, uma vez que a Filtek A110 possui um sistema de matriz orgnica
diferente dos outros 3 materiais testados. A diferena de cor dos espcimes imersos
em caf foi aumentada conforme o tempo de imerso.
Sarac et al. (89) avaliaram o efeito de tcnicas de polimento na rugosidade
superficial e alterao de cor de 3 compsitos (nanohbrido, microhbrido e hbrido).
Foram testados 4 tcnicas de polimento. Neste estudo, somente a alterao de cor
causada pelo sistema de polimento foi levada em considerao, uma vez que os
espcimes no foram imersos em qualquer tipo de fluido. A diferena de cor antes e
aps o polimento, apesar de significativa, no foi clinicamente visvel. O material que
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apresentou maior diferena de cor e maior rugosidade foi o compsito hbrido,
devido ao tamanho das partculas de carga.
Marghalani (90) avaliou a rugosidade superficial de alguns compsitos
indicados para restauraes em dentes posteriores e comparou com o Filtek P90.
Foram testados 8 diferentes sistemas de acabamento e/ou polimento. Os resultados
mostram que o Filtek P90 foi o material com valores menores de Ra. O autor credita
este resultado composio do material, uma vez que apresenta menor
porcentagem de carga e partculas menores de carga inorgnica, quando
comparado aos outros materiais testados.
Berger et al. (91) avaliaram a rugosidade superficial e susceptibilidade ao
manchamento de 3 compsitos (diferentes partculas de carga inorgnica) aps os
procedimentos de acabamento e polimento. Foram testados 3 sistemas de
polimento. A rugosidade superficial foi testada aps o polimento dos espcimes. Os
espcimes foram manchados com azul de metileno e a captao de corante foi
medida e expressa em g de corante/ml. Neste estudo, as partculas de carga dos
compsitos testados variaram de 0,2 a 1,4 m. No foi possvel observar relao
entre tamanho da partcula de carga e rugosidade superficial. Apesar de haver
diferena na rugosidade dos espcimes do grupo controle (compsitos fotoativados
sob fita de polister), houve diferena na captao de corantes. Filtek Supreme Plus
apresentou menor susceptibilidade ao manchamento em todos os grupos de
polimento testados. Os autores relatam tambm que este compsito, apesar de
conter nanopartculas, no apresentou menor rugosidade superficial do que os
outros materiais testados (Esthet-X e Renamel Microfill)
Em 2011, de Andrade et al. (92) avaliaram as mudanas na rugosidade
superficial e estabilidade de cor de um compsito nanoparticulado aps
clareamento, seguido de imerso em solues corantes (caf e vinho tinto). A
imerso nas solues corantes aumentou a rugosidade superficial dos espcimes.
No entanto, no houve diferena significativa entre as solues testadas, inclusive
gua destilada. Os autores atriburam a alterao de rugosidade composio da
resina, s substncias corantes e ao tempo de imerso.
Hosoya et al. (93) avaliaram os efeitos do polimento na rugosidade superficial,
brilho e cor de compsitos. Trs grupos de polimento foram testados. Na
comparao do Ra, o grupo que teve como lixa final a de granulao #180
apresentou rugosidade superficial significativamente maior do que os grupos que
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tiveram lixa final de granulao #2000 e #3000. No entanto, no houve diferena
significativa entre os ltimos dois grupos. No houve correlao significativa entre os
parmetros de cor L*a*b* e a rugosidade superficial.
O objetivo do estudo de Ghinea et al. (94) foi avaliar a influncia da
rugosidade superficial na cor dos compsitos odontolgicos, determinando as
diferenas de cor causadas pela variao das condies da superfcie do material.
Foram testados 10 compsitos com a mesma composio orgnica e mesmo tipo de
partculas de carga. Diferentes nveis de rugosidade foram obtidos atravs do uso de
lixas de variadas granulaes. No houve diferena significativa nos valores de Ra
entre os trs tipos de compsitos testados (microparticulado, hbrido e microhbrido).
Os autores consideram que a rugosidade superficial no influenciada pelo
tamanho e distribuio das partculas de carga inorgnica. Os resultados mostram
que as diferentes rugosidades superficiais causaram diferena na cor dos
espcimes. No entanto, a diferena de cor no foi clinicamente significativa.
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3 PROPOSIO Este estudo in vitro teve como objetivos:
a) Avaliar a possvel relao do manchamento artificial de compsitos resinosos
com grau de converso, rugosidade superficial, soro e solubilidade.
b) Avaliar a possvel diferena de submeter os compsitos ao manchamento
imediatamente ou aps 24 horas confeco dos espcimes.
c) Comparar o manchamento de cinco compsitos diferentes quando imersos
em caf e vinho tinto.
d) Comparar dois mtodos na realizao do teste de soro e solubilidade de
compsitos odontolgicos.
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4 MATERIAL E MTODOS Foram utilizadas cinco resinas compostas disponveis comercialmente (Quadro
4.1). Compsito Fabricante Tempo de fotoativao
IPS Empress Direct Ivoclar Vivadent 20 s Charisma Opal Heraeus Kulzer 20s
Filtek P90 3M Espe 40 s GrandioSO Voco 20s NDurance Septodont 30s
Quadro 4.1 Compsitos testados
Uma nica cor de compsito (A2) foi usada para minimizar os efeitos da cor
na fotopolimerizao(81). Compsitos com diferentes translucncias podem
apresentar comportamento diferente no que diz respeito ao grau de converso,
devido disperso de luz no material(95).
A composio dos compsitos testados est no Quadro 4.2.
Compsito Composio Orgnica Composio Inorgnica
% Carga Inorgnica Lote
Tempo de exposio
Charisma Opal (Heraeus Kulzer, Hanau,
Alemanha) Bis-GMA Vidro de brio alumnio Slica 58% vol 010024 20 s
Filtek P90 (3M ESPE)
Silorano
Slica/silano Trifluoreto de yttrium
55% vol 76% peso N194550 40 s
Grandio SO (Voco, Cuxhaven,
Alemanha)
Bis-GMA TEGDMA Fabricante no informa
87% peso 71,4% vol 1116276 20 s
IPS Empress Direct (Ivoclar Vivadent, Schaan,
Liechtenstein) Dimetacrilatos
Vidro de barrio Trifluoreto de itrbio
xidos mistos Dixido de silcio
75-79% peso
52-59% vol N21727 20 s
NDurance (Septodont, Louisville, EUA)
Bis-GMA UDMA
DDCDMA
Fluoreto de itrbio Vidro de slica
Brio
80% peso 65% vol K0611-3 30 s
Quadro 4.2 Com