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1 INTRODUÇÃO A história mostra que o trabalho sempre esteve ligado ao homem desde os mais longínquos tempos. Segundo Maia (2005), a origem do trabalho deu- se quando os senhores, aqueles que detinham melhores condições socioeconômicas, viram em outros “trabalhadores que poderiam atender as suas necessidades básicas”. Isso ocorreu ao longo dos séculos, e o tempo ao se cristalizar registrou inimagináveis tipos de trabalho. No Brasil, o trabalho teve início com os negros que vieram de terras distantes para prestar os mais diversos tipos de serviços aos senhores e, em menor proporção, atender aos seus próprios interesses. O trabalho não exigia comprovação da experiência e era realizado ou em regime de escravidão ou através de negociações de permuta; o trabalho era executado em troca de mercadorias (alimentos, moradia, vestuário etc.). No cotidiano da vida atual, o trabalho compreende, de acordo com a Delta & Ambientec (1998), “a representação social do indivíduo, onde ele concretiza suas necessidades de sobrevivência e realização pessoal”. Nesse contexto, o trabalho assume singular importância na vida dos seres humanos, tanto no âmbito socioeconômico como antropológico e psicológico, pois ao mesmo tempo em que é o elemento central da atividade produtiva como indivíduo e sociedade, figura como fator de realização individual ou social, chegando a dimensionar aspectos emocionais, como, por exemplo, a auto-estima e a autoconfiança.

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1 INTRODUÇÃO

A história mostra que o trabalho sempre esteve ligado ao homem

desde os mais longínquos tempos. Segundo Maia (2005), a origem do trabalho deu-

se quando os senhores, aqueles que detinham melhores condições

socioeconômicas, viram em outros “trabalhadores que poderiam atender as suas

necessidades básicas”. Isso ocorreu ao longo dos séculos, e o tempo ao se

cristalizar registrou inimagináveis tipos de trabalho.

No Brasil, o trabalho teve início com os negros que vieram de terras

distantes para prestar os mais diversos tipos de serviços aos senhores e, em menor

proporção, atender aos seus próprios interesses. O trabalho não exigia comprovação

da experiência e era realizado ou em regime de escravidão ou através de

negociações de permuta; o trabalho era executado em troca de mercadorias

(alimentos, moradia, vestuário etc.).

No cotidiano da vida atual, o trabalho compreende, de acordo com a

Delta & Ambientec (1998), “a representação social do indivíduo, onde ele concretiza

suas necessidades de sobrevivência e realização pessoal”. Nesse contexto, o

trabalho assume singular importância na vida dos seres humanos, tanto no âmbito

socioeconômico como antropológico e psicológico, pois ao mesmo tempo em que é

o elemento central da atividade produtiva como indivíduo e sociedade, figura como

fator de realização individual ou social, chegando a dimensionar aspectos

emocionais, como, por exemplo, a auto-estima e a autoconfiança.

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Contudo, em contrapartida aos efeitos benéficos do trabalho, surgem

os efeitos maléficos provocados pelo ambiente de trabalho, pela carga horária, pela

segurança e pelas condições em que o trabalho é desenvolvido. Nesse particular,

Selli e Kurcgant (2000) afirmam que o trabalho desenvolvido em ambientes quentes,

frios, ou na presença de ruídos, geram, como qualquer outro, os processos de

saúde-doença nos trabalhos. Trata-se dos processos de adaptação, que são as

soluções que o corpo humano encontra para se manter vivo e funcionando, diante

de fatores que o levem a sair fora de seu funcionamento fisiológico normal. Um

processo que se agrava quando o homem se dedica excessivamente ao trabalho ao

desenvolvimento do trabalho, esquecendo-se dos fatores sociais, do cuidar do

próprio corpo e de proporcionar ao mesmo, condições para que este não sofra com

cargas de trabalho excessivo e/ou com as condições de trabalho, cargas horárias e

agentes nocivos à saúde humana.

Cabe salientar que a partir da industrialização, que propiciou o

aperfeiçoamento da mão-de-obra especializada, o trabalho passou a ocupar, em

média, 75% do tempo dos seres humanos, fazendo com que o ambiente de trabalho

seja objeto de constante preocupação, a qual deve ser concentrada na saúde e na

segurança, que interferem na integridade do cidadão e em sua capacidade para

trabalhar.

Contudo, apesar do avanço tecnológico e legislativo ocorrido no

transcorrer do século XX, visando proporcionar ao trabalhador o amparo legal, que

lhe assegure a melhor integridade possível no desenvolvimento de suas atribuições

(equipamentos, treinamento, adequação de cargas horárias, prevenção, indenização

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etc.), a problemática da insalubridade ainda permeia, especialmente, o chão das

industrias pesadas, que, pelo gênero de atividade expõem seus colaboradores à

inalação e/ou contato físico com produtos prejudiciais à saúde, cuja permanência

nesse estado pode acarretar invalidez permanente e/ou temporária.

Essa realidade alerta para a necessidade de que os profissionais de

segurança e saúde no trabalho voltem suas atenções para o reconhecimento e a

possibilidade de eliminar todos os riscos existentes nos locais de trabalho. Assim, a

ação do engenheiro especializado em segurança do trabalho contribui para a

elaboração, o desenvolvimento e a prática das estratégias que visam inibir os

aspectos insalubres e proporcionar ao ser humano (trabalhador e colaborador) o

ambiente de trabalho próprio ao desenvolvimento de sua função, visando a

segurança e a integridade física, assim como os benefícios que podem trazer a

administração da organização.

Desta feita, com vistas a contribuir para a solução da problemática que

envolve a insalubridade, eventual causa de afastamento dos colaboradores de uma

indústria de embalagens; e, escopando propiciar o aprimoramento das condições de

segurança e saúde ocupacional dos seus colaboradores, além de evitar perdas

mútuas, partindo-se da hipótese de que o fato gerador se concentra nas condições

ambientais do trabalho, de um setor básico e imprescindível para o crescimento do

país, o presente estudo de caso, originalmente recebeu o título de AVALIAÇÃO DOS

RISCOS FÍSICOS E QUÍMICOS DE UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS DE

ARAPONGAS-PR, e visava analisar em um só estudo os riscos decorrentes de

agentes físicos e químicos insalubres, com os quais os colaboradores da empresa

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mantêm contato. Contudo, num segundo momento, achou-se propício o

desmembrado em dois trabalhos distintos, que receberam os títulos: AVALIAÇÃO

DOS RISCOS FÍSICOS DE UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS DE

ARAPONGAS-PR e AVALIAÇÃO DOS RISCOS QUÍMICOS DE UMA INDÚSTRIA

DE EMBALAGENS DE ARAPONGAS-PR, que analisam os riscos físicos e químicos,

respectivamente, e figuram como complemento um do outro. Cabe salientar que,

segundo Luft (2000, p. 582), o termo risco compreende um “perigo muito provável,

iminente”.

Assim, o presente estudo, que tem como escopo principal à

avaliação dos riscos físicos, realiza no Capítulo 5 uma pesquisa bibliográfica, que

compôs a fundamentação teórica necessária ao desenvolvimento de toda pesquisa

exploratória, e aborda os temas-chave: O trabalho e sua importância para o ser

humano, as relações entre trabalho e saúde, ambientes de trabalho, legislação

regulamentadora das condições e ambiente de trabalho, além dos agentes físicos

(calor, frio, umidade, pressões anormais, ruídos e vibração) que podem causar

doenças ocupacionais no ser humano, assim como os cuidados preventivos.

No Capítulo 6 são apresentadas a caracterização da empresa e sua

história. Finalmente, o Capítulo 7 discussão os dados coletados na pesquisa

realizada junto ao Técnico de Segurança de Trabalho, representando a empresa; e

na pesquisa realizada junto aos funcionários estudados, além de apresentar os

resultados encontrados na forma de tabelas, gráficos e comentários.

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2 JUSTIFICATIVA

Segundo Galvêas (2005, p. 1), o início da segunda metade do

século XVIII, a Europa foi palco do fenômeno que caracterizou a passagem da

manufatura à indústria mecânica. A introdução de máquinas fabris multiplicou o

rendimento do trabalho e, conseqüentemente, a produção global. Tal advento

transforma as relações sociais e cria duas novas classes sociais, fundamentais para

a operação do sistema. Os empresários (capitalistas), que são os proprietários dos

capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos pelo trabalho; e os

operários, proletários ou trabalhadores assalariados, que possuem apenas sua força

de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias em troca de

salários.

Para o mesmo autor, o início da revolução é marcado por

empresários que impõem duras condições de trabalho aos operários sem aumentar

os salários, para assim aumentar a produção e garantir uma margem de lucro

crescente. A disciplina é imposta com rigidez, mas as condições de trabalho nem

sempre oferecem segurança.

Nesse contexto, surgem os conflitos entre os operários revoltados

com as péssimas condições de trabalho e os empresários. As primeiras

manifestações são de depredação de máquinas e instalações fabris. Com o tempo

surgiram as organizações de trabalhadores de uma mesma área, resultado de uma

conquista gradual do direito de associação.

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No Brasil, a saúde, as condições de trabalho e os acidentes são

motivos de grande preocupação nos trabalhadores, desde o início do processo de

industrialização, quando se passou, segundo Maia (2005), a definir as tarefas e as

remunerações, e surgiram os contratos de trabalho, que continham as regras e

direitos dos trabalhadores e empregados, especificando as classes trabalhadoras.

Cabe anotar que no governo de Getúlio Vargas criou-se a CLT -

Consolidação das Leis do Trabalho, o salário mínimo, a carteira de trabalho, o

décimo terceiro salário, o FGTS, a aposentadoria e as férias, entre outros, que visam

atender às necessidades dos trabalhadores e de suas famílias. Após um tempo e

depois de muita luta, é reconhecido o direito dos deficientes, e a lei passa a garantir

as cotas para pessoas com deficiência trabalharem nas empresas. (MAIA, 2005).

Apesar dos avanços legislativos para garantir melhores condições

ao trabalhador brasileiro, esse período registra semelhança com o ocorrido na

Europa, pois se verificavam nas indústrias péssimas condições de trabalho, jornadas

prolongadas, baixos salários e alto índice de acidentes do trabalho.

Atualmente, os acidentes de trabalho ainda constituem a face visível

de um processo de desgaste e destruição física de parcela da força de trabalho no

sistema capitalista.

No Brasil, segundo dados da Campanha Nacional de Combate aos

Acidentes de Trabalho - CANCAT, ocorreram 6.677 (seis mil e seiscentos e setenta

e sete) acidentes de trabalho graves e fatais no ano de 1995; e 3.296 (três mil e

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duzentos e noventa e seis) aposentadorias por invalidez permanente, decorrentes

de acidentes de trabalho. (MAIA, 2005, p. 1).

Uma visão holística revela que o problema atinge proporções

gigantes e aterrorizantes, pois as perdas não se limitam à sociedade, que sofre

mediante maus tratos ou destratos com o homem e o meio ambiente, decorrentes de

uma produção, mas atingem a saúde do indivíduo, que acarreta em redução de sua

capacidade laboral, e afeta o seu rendimento e a sua remuneração; além dos

prejuízos à empresa que arca com o custo da reposição do trabalhador substituto,

desde o processo de avaliação e seleção, passando pelo treinamento na função até

o atendimento do nível de qualidade e de produção que se poderia esperar pela

continuidade do trabalho do afastado.

São perdas e/ou danos humanos ou materiais, que levam as

empresas, cada vez mais, a concluir que o custo-benefício da engenharia de

segurança na prevenção de acidentes é positivo, pois os recursos financeiros

destinados ao controle e à prevenção dos acidentes se revertem, em médio e/ou

longo prazo, em benefícios para a empresa, em relação à produtividade, eficiência e

eficácia no trabalho exercido pelo empregado.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Detectar e analisar as possíveis causas de riscos ambientais por

agentes físicos (ruídos e calor, entre outros), que ocasionam os afastamentos

temporários ou permanentes em uma indústria de embalagens, localizada na cidade

de Arapongas, Estado do Paraná, escopando contribuir para a prevenção das

ocorrências de doenças ocupacionais, além do melhoramento das condições de

segurança e saúde ocupacional da indústria em questão.

3.2 Objetivos Específicos

· Realizar o levantamento das condições atuais de segurança e

saúde ocupacional na indústria;

· Elaborar um estudo das condições ideais de segurança e saúde

ocupacional;

· Citar e comentar a legislação pertinente ao tema;

· Analisar as condições de segurança e saúde ocupacional na

atualidade.

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· Apresentar um diagnóstico geral sobre riscos de doenças

ocupacionais;

· Despertar o espírito prevencionista nos indivíduos envolvidos na

atividade;

· Contribuir para o cumprimento das normas, procedimentos e

medidas de segurança, reduzindo o número de doenças

ocupacionais.

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4 METODOLOGIA

4.1 Perspectiva do Estudo

O presente trabalho compreende um estudo de caso, com caráter

exploratório qualitativo e quantitativo, que visa através da observação, análise de

documentos e entrevista, detectar as possíveis causas de insalubridade, com a

finalidade de prevenir doenças ocupacionais e inibir os constantes afastamentos

(temporários e/ou permanente) de colaboradores.

Vale salientar que, segundo Gil (1996), o estudo de caso possui uma

série de vantagens, “o que faz com que se torne o delineamento mais adequado em

várias situações”, tais como: o estímulo a novas descobertas, a ênfase na totalidade

e a simplicidade dos procedimentos.

A primeira etapa tratará de levantar os dados sobre a situação atual

da empresa, no tocante ao ambiente e às condições de trabalho proporcionado pela

empresa aos seus colaboradores. A coleta de dados compreende a observação e a

entrevista junto ao técnico de segurança do trabalho, além da análise documental

em livros, atas e outros documentos pertinentes ao tema. Essa etapa da pesquisa

será norteada mediante o planejamento das questões e o teste-piloto do

questionário, composto por perguntas objetivas e subjetivas, que objetivaram

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conhecer a política utilizada pela empresa para o trato com a segurança e saúde de

seus colaboradores.

A segunda etapa trata da coleta de dados junto aos colaboradores

da empresa, através da aplicação de 11 (onze) questionários, previamente

planejados, compostos por perguntas objetivas e subjetivas, que objetivaram

conhecer, através do critério de amostra, a opinião da totalidade sobre o tema

insalubridade na indústria objeto do presente estudo.

O critério de amostra adotado é o de amostra não-probabilística por

conveniência, que, segundo Samara e Barros (2002), propicia a seleção dos

elementos de acordo com a conveniência do pesquisador; assim, são escolhidas

pessoas acessíveis e dispostas a responder ao questionário.

Para preservar a identidade dos entrevistados, as transcrições de

falas constantes na apresentação e discussão dos dados, são identificadas através

da denominação “Colaborador”, seguida do número de ordem destinado aos

questionários.

A apresentação dos dados, processados através de tabulação

manual, complementada pela discussão, compõem gráficos, tabelas e relatórios. A

elaboração de um relatório informativo de conclusão integra as conclusões e as

sugestões propostas.

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4.2 Delimitação do Estudo

O objeto de estudo compreende uma industria de embalagens,

localizada na cidade de Arapongas, Estado do Paraná, iniciado em maio de 2004.

4.3 Limitações do Estudo

A principal dificuldade se concentrou no receio por parte da empresa

em tornar públicas singularidades quanto às suas ações e políticas pertinentes ao

tema.

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5 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

5.1 O Trabalho e Sua Importância para o Ser Humano

Segundo Alves (2005, p. 1), uma das primeiras dimensões

estruturais da categoria de trabalho, em significado histórico-ontológico, define o

“trabalho como intercâmbio orgânico entre o homem e a Natureza”, seguindo o

pressuposto estrutural e estruturante da atividade humana genérica. Trata-se do

início constitutivo do ser social, distinção primordial do homo sapiens diante dos

demais animais, pois,

(...) apenas o animal homem tornou-se capaz de constituir tal intercâmbio orgânico, consciente e racional, com a Natureza, no sentido de mudar as formas da matéria, constituindo objetivações (que aparecem como “segunda natureza”), em sua busca pela satisfação das necessidades vitais. (ALVES, 2005, p. 1).

O trabalho pré-capitalista era composto por múltiplas formas

societais, atividades práticas instrumentais de luta pela existência, que, ao contrário

da integração a um metabolismo sistêmico de produção e reprodução social

atualmente existente, compreendia “mundos de trabalho”, pois somente com o

advento do capitalismo constitui o mundo de trabalho no sentido singular, a forma

social de trabalho sob a vigência do trabalho abstrato, oriundo das múltiplas

espécies do trabalho escravo ao artesanal, unicidade das atividades de luta pela

existência, que tenderia a envolver todas as demais atividades prático-instrumentais

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num processo sistêmico de acumulação de valor, elemento do processo de

civilização humano-genérico.

Para Alves (2005, p. 1), o trabalho surge como modo de produção

social, que mesmo com sua “forma estranhada”, tende a possuir, como “pressuposto

negado”, signo de “humanização e hominização”, cujo aperfeiçoamento implica num

determinado modo de cooperação social e aprimoração do produto social da

atividade do trabalho, além de um determinado grau e modo de desenvolvimento de

forças produtivas do trabalho social.

Nesse contexto, os mundos de trabalho do homo sapiens

compreendem atividades de trabalho meramente predatórias. “O homem é um mero

parasita da natureza”. Um “caçador, coletor/extrator e pescador”, que usufrui,

através do desenvolvimento das rudimentares técnicas pré-históricas, daquilo que a

natureza primordial lhe oferecia, pois somente com a invenção da agricultura é que o

homem veio a tornar-se realmente um produtor social. (ALVES, 2005, p. 1).

Apesar da caça, pesca, coleta e extração mineral constituírem

atividades sócio-gregárias, é o trabalho da agricultura que dá inicio ao processo de

evolução da espécie humana, que se impõe em novas formas de sociedade, de

relação com a Natureza e consigo mesmo. A partir da agricultura surgem as

primeiras civilizações (Mesopotâmia, Egípcia e Chinesa), assim como as

aglomerações humanas, ainda que esparsas, além de um complexo de sociedades,

de organizações sociais e políticas, originárias das margens dos afluentes férteis dos

rios, como: Tigre/Eufrates, Nilo, Amarelo. Trata-se da primeira Revolução Humana,

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ocorrida há cerca de 10.000 anos, importante salto no desenvolvimento das forças

produtivas sociais. Concomitantemente ocorre o desenvolvimento da atividade

artesanal, da produção de utensílios e artefatos, ferramentas e objetos técnicos

diversos, o homem revela-se um produtor de objetos úteis, oriundos da atividade

artesanal, composta por força de trabalho (trabalho vivo), meio de trabalho (técnica e

ferramenta) e objeto da natureza (matéria-prima), fatores constituintes do processo

de trabalho.

Assim, o artesanato constitui a forma primordial do processo de

trabalho constituído pelo homem, que somente se alterou, através dos tempos, em

meio ou técnicas, o qual, atualmente imerso na relação-capital tende a possuir

diferente forma histórico-social, mas que outrora recebeu nova qualidade à sua

forma, proporcionada pelo mercado, pela troca comercial originada no seio das

sociedades antigas, a qual denota a dimensão de autonomia dos homens livres pré-

capitalistas. “O trabalhador artesão dominava o processo de trabalho e seus

elementos (o meio de trabalho e o seu objeto, alem, é claro, de serem possuidores

de habilidades técnicas pessoais adquiridas)”. (ALVES, 2005, p. 1).

Vale salientar que,

(...) o artesão pré-capitalista era a representação plena do homem autônomo, capaz de transformar a natureza por meio do desenvolvimento das técnicas e de sua ciência particular, tendo o domínio de seu oficio. É contra tal forma de trabalho que o capital irá lutar nos primeiros séculos de sua existência, buscando expropriar o homem trabalhador de seus objetos, de seus instrumentos e por fim, de suas habilidades. (ALVES, 2005, p. 1).

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Contudo, os artesãos, embora homens livres e detentores do

domínio de suas atividades de trabalho, não possuíam autonomia nas suas

atividades de vida política e social, pois já se submetiam às classes sociais

dominantes e seu Estado político, cujo caráter societal promovia a divisão

hierárquica do trabalho social e o poder político.

A liberdade sobre as atividades de trabalho foi lentamente sufocada

pelo desenvolvimento da produção capitalista, que levou o artesão a perder

gradativamente o objeto de trabalho (matéria-prima), até então fornecida por

estranhos: o capitalista-comerciante. Em outras palavras, o capitalismo transforma a

força de trabalho, o trabalho vivo, em mercadoria.

Brandão Junior (2000, p. 1) concordam e afirmam que alguns

séculos antes da Revolução Industrial os instrumentos de trabalho eram concebidos

pelo próprio homem (trabalhador) de forma artesanal e prazerosa, os quais são

submetidos à divisão social capitalista, que afasta os pequenos artesãos da

concepção e produção do seu produto e os limita ao exercício de funções

previamente determinadas por outrem. O início do sistema fabril submete os

trabalhadores a normas e desadapta o sistema habitual do trabalho humano e abala

a estrutura familiar, social, física e mental dos trabalhadores. (Machado et al, 1997).

Assim, a despeito do advento do capitalismo, que castrou no homem

o prazer e o domínio sobre suas atividades o obrigou-o a tornar-se senhor e servo

da produção e comercialização de bens, o trabalho é uma atividade fundamental na

vida humana, “pois pode funcionar como fonte de construção, realização, satisfação,

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riqueza”, provedor e mantenedor de bens materiais e serviços úteis à sociedade

humana.

Ansoline (2005, p. 1) concorda e afirma que:

(...) na relação do homem com o trabalho, não somente se “ganha como também se constrói a vida, estabelecendo-se um status social que não se restringe ao ambiente físico do trabalho. Pelo contrário, a atividade profissional é parte inextricável do universo individual e social de cada um, podendo ser traduzida tanto como meio de equilíbrio e de desenvolvimento quanto como fator diretamente responsável pela saúde. (ANSOLINE, 2005, p. 1).

Contudo, também pode ser fonte inesgotável de escravidão,

exploração, sofrimento mental, doenças e morte, pois a lógica capitalista defende o

processo de valorização do capital, através da produção da mais-valia, que gera o

desgaste/adaptação humano, conceito associado a um processo de trabalho que

fragmenta a relação entre trabalhadores e os meios de produção e o produto

resultante do trabalho. Trata-se da lógica de acumulação, na qual os trabalhadores

se submetem a toda sorte de riscos materiais, ambientais, maquinários,

instrumentais e organizacionais, que, segundo Brito e Porto (apud BRANDÃO

JUNIOR, 2000, p. 2), impõem a coerção e o ritmo de produção, por meio de métodos

de trabalho, relações hierárquicas e sistemas punitivos, o que constitui fato histórico

de mais alta importância civilizatória, pois institui socialmente a “força de trabalho

como mercadoria que irá contribuir para que a forma-mercadoria se torne a célula-

mater da sociedade ocidental”. (ALVES, 2005, p. 4).

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5.2 As Relações em Trabalho e Saúde

Segundo Galvêas (2005, p. 4), o advento da Revolução Industrial

acarretou em imenso aumento da produtividade, por meio da utilização dos

equipamentos mecânicos, da energia a vapor e, posteriormente, da eletricidade, que

substituíram animais e diminuíram a utilização do trabalho humano, o que resultou

em excesso de mão-de-obra e desemprego, os quais passam a se incorporar às

grandes massas de mendigos que circundavam as grandes cidades. A tragédia só

não tomou proporções muitos piores porque paralelamente ocorre a revolução

agrícola, que proporcionou o desenvolvimento de novas técnicas, rotação de safras,

sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos agrícolas, que para

sorte da humanidade produziu um extraordinário aumento de alimentos, barateando

a alimentação e melhorando as condições de sobrevivência dos trabalhadores.

Contudo, não demorou muito e a industria têxtil desenvolvida exigiu uma enorme

produção de algodão, fazendo com que os camponeses fossem expulsos de suas

terras e passassem a engrossar as enormes filas de desempregados.O excesso de

mão-de-obra nas cidades industriais fez baixar os salários, permitindo que somente

os especializados mantivessem seus postos e suas dignas remunerações.

Nesse contexto, as condições de vida do trabalhador se deterioram,

o desemprego e a miséria assolam a Europa, e aqueles que porventura conseguem

o trabalho se submetem às condições de trabalho impostas, por absoluta falta de

melhor opção.

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Para Brandão Junior (2000, p. 2), a falta de experiência profissional

causa no trabalhador um sentimento de desqualificação e corte em sua identidade

profissional, resultando na alienação progressiva em relação aos processos de

produção, pois “o trabalho torna-se estranho aos desejos e interesses da pessoa”.

Vale salientar que, além da separação entre concepção e execução,

outras formas de divisão do trabalho foram implantadas, originando atividades

laborais cada vez mais segmentadas, o que serviu para intensificar o ritmo das

atividades e favoreceu o aumento do controle exercido sobre os trabalhadores,

acarretando em fadiga, superexploração, ansiedade, acidentes e uma série de

doenças.

A hierarquização e a divisão de tarefas constituem aspectos

essenciais na organização do trabalho, o que do ponto de vista capitalista funciona

como modo de garantir, simultaneamente, o máximo de eficácia no processo de

produção e a máxima sujeição possível dos trabalhadores.

Segundo Seligmann-Silva (1994),

(...) os dispositivos e processos psicológicos e psicossocias utilizados como forma de pressionar os trabalhadores são de toda ordem. As tecnologias de controle como a disciplinarização dos mecanismos de trabalho, a gestão dos afetos realizados pelos serviços de Recursos Humanos e as novas formas mais sofisticadas de controle – introjeção da dominação, controle recíproco, etc. – têm importante peso para a vida psíquica dos (as) trabalhadores (as), quer em termos de cansaço físico, mental e de tensão, quer no efeito alienante. (apud BRANDÂO JUNIOR, 2000, p. 3).

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Vale salientar que nesse contexto ocorre a ocultação do desgaste

dos trabalhadores através da monetarização dos riscos no trabalho. Essa prática

induz o trabalhador a aceitar as condições de insalubridade e de risco de vida

(periculosidade) pagos em dinheiro, ao invés de exigir a transformação das

condições de trabalho, visto que pela ação do aparelho ideológico institucional, a

saúde e a integridade física e mental do trabalhador fica em segundo plano ante os

interesses da produtividade. Assim, a monetarização dos riscos leva o trabalhador a

submeter-se à negação do próprio risco existente na concentração de inúmeras

tecnologias industriais de fabricação, que concentram energias e materiais que o

corpo humano não possui preparo suficiente para enfrentar sem os devidos

cuidados e equipamentos que proporcionem proteção.

Cabe acrescentar e frisar que, embora dinâmico e flexível, o ser

humano possui limites para enfrentar determinadas alterações ambientais que

impedem ou desfavorecem a manutenção e a expressão de sua vida, pois,

(...) o uso de novas técnicas tornam maiores as exigências de concentração mental e a tendência é tornar o trabalho mais intenso e complexo. O acidente com máquinas e instrumentos de trabalho associados a material biológico e o desgaste físico e mental decorrentes de ritmos elevados de trabalho e mecanismos rígidos de coerção, são alguns dos exemplos de casos onde o trabalhador (a) pode adoecer em função do trabalho. (BRANDÃO JUNIOR, 2000, p. 4, grifo nosso).

Tal desgaste provém da tentativa ou do processo que o corpo

desenvolve para se adaptar às condições às quais está exposto e pelas quais sofre

agressão, do risco ao qual está exposto, o que acarreta em perda da capacidade

potencial e/ou efetiva corporal e psíquica. (LAURELL apud BRANDÃO JUNIOR,

2000, p. 4).

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A expressão Carta de Trabalho é utilizada por Laurell e Noriega

(apud BRANDÃO JUNIOR, 2000, p. 3) para denominar o conceito de Risco, que

engloba aspectos físicos, químicos, mecânicos, fisiológicos e psíquicos, os quais

“interatuam dinamicamente entre si e com o corpo do (a) trabalhador (a)”.

Segundo Oliveira (2001, p. 4), as cargas podem ser divididas em

dois grupos: as que têm materialidade externa ao corpo do trabalhador, tais como

físicas, químicas, biológicas e mecânicas, e as que adquirem materialidade no corpo

humano: fisiológicas e psíquicas.

As cargas físicas, como, por exemplo, vibrações, ruídos, umidade,

ocasionam alterações nos mecanismos fisiológicos humanos, que podem ser

reversíveis ou não; as químicas consistem em poeiras, gases, vapores etc., as

biológicas (microorganismos) e as mecânicas, provenientes de equipamentos

utilizados no processo de trabalham, compõem as cargas que possuem

materialidade própria, que causam danos à saúde do trabalhador, e se manifestam

independentemente do corpo do trabalhador e se interatuam com o mesmo. Já as

cargas fisiológicas se expressam pelas condições de trabalho ao qual se submete o

trabalhador, pelo esforço repetitivo, posturas estáticas, rotação de turnos, posições

incômodas, entre outras; e as psíquicas se concentram nas cargas que provocam

tensão prolongada ou sobrecarga psíquica, como, por exemplo, ritmo acelerado de

trabalho, trabalho perigoso, atenção e supervisão constante etc., ou ainda subcarga

psíquica, “que limita o uso da capacidade mental decorrente de atividades

desprovidas de conteúdo, da separação entre concepção e execução do trabalho”,

que resultam em desqualificação do trabalhador. (OLIVEIRA, 2001, p. 4).

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Assim, o desgaste não se expressa claramente, pois como é

decorrente de um processo de adaptação, desenvolvido pelo corpo do trabalhador

como conseqüência da ação das cargas de trabalho agressivas, que como afirmam

Laurell e Noriega (apud OLIVEIRA, 2001, p. 4), não se traduz por um processo

isolado, mas por um conjunto de processos biopsíquicos, que podem acarretar em

perda de órgãos, bem como em comprometimento do desenvolvimento das

potencialidades psíquicas ou biológicas do trabalhador.

Nesse contexto, cabe salientar que a identificação da carga com a

intenção de amenizar o desgaste é vital tanto para a sociedade quanto para o

capitalismo, pois as perdas e os danos humanos ou materiais, justificam o custo-

benefício da engenharia de segurança na prevenção de acidentes, que visa o

controle e a prevenção dos acidentes, e proporciona benefícios para a empresa, em

relação à produtividade, à eficiência e à eficácia no trabalho exercido pelo

trabalhador.

5.3 Ambientes de Trabalho

Segundo Wada (apud SANTOS, 2005, p.1), o ambiente de trabalho

compreende “um conjunto de fatores interdependentes, materiais ou abstratos, que

atua direta e indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados dos

seus trabalhos”. O local de trabalho (escritório, fábrica, banco) deve ser sadio e

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agradável, pois aqueles que nele co-atuam precisam ter condições que lhes

proporcionem o máximo de proteção e satisfação no trabalho.

Assim, os fatores que compõem o ambiente de trabalho podem ser

agrupados em dois blocos: físicos e organizacionais. Vale salientar, no entanto, que

ambos se equivalem em grau de importância, pois um ambiente de trabalho é

resultado desses diversos fatores.

Contudo, considerando a natureza do estudo em questão, o mérito

ater-se-á nos aspectos físicos, que contribuem para composição do ambiente de

trabalho, cujas características apresentam risco à saúde e à integridade física

humana, constante preocupação da segurança no trabalho e, portanto, objeto de

avaliações.

5.3.1 Avaliações ambientais

Para Panzotto (2002, p. 23), a avaliação ambiental deve ser

realizada in loco (no local do trabalho), sempre que este abrigar pessoas que

executam tarefas, independentemente do tempo de permanência das mesmas.

Considerando que todo ambiente é impreterivelmente visitado por funcionários em

determinado período de tempo (dias, meses ou anos), toda avaliação precisa ser

ampla e irrestrita, sendo executada em todos os ambientes da organização

(indústria, comércio, administrativa, construção civil, serviços bancários etc.), além

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de ser coerente com a realidade profissional e abranger todos os riscos de todos os

ambientes profissionais, cujo resultado positivo advém da junção da avaliação

qualitativa e quantitativa dos ambientes.

5.3.1.1 Avaliação quantitativa

A realização da avaliação quantitativa requer instrumentos

científicos, os quais devem estar calibrados e preparados para cada tipo de análise

a ser realizada. Essa avaliação é essencial para a elaboração do Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais, Norma Regulamentadora no. 9 (NR-9), através da

qual se pode atestar a insalubridade ou não de um ambiente de trabalho; e na

elaboração de laudos técnicos em Engenharia de Segurança de Trabalho, relatórios

de insalubridade etc., pois oferece precisão e confiabilidade às avaliações.

A avaliação quantitativa compreende a medição da quantidade de

iluminação, ruído, temperatura, umidade e velocidade do ar, entre outros fatores

presentes no ambiente de trabalho, cuja natureza, quantidade ou qualidade possam

auferir perigo à saúde e à integridade física do trabalhador.

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5.3.1.2 Avaliação qualitativa

A avaliação qualitativa compreende toda avaliação que não usa

recursos instrumentais científicos, mas se baseia na prática de profissionais, opinião

de pessoas, experiência empírica e ambiental etc.. Trata-se de avaliação subjetiva,

na qual os riscos são identificados e reconhecidos com base na experiência do dia-

a-dia e nos conhecimentos teóricos de atividades prevencionais, entre outras. Nesse

contexto, os funcionários figuram como peças fundamentais para a elaboração da

avaliação, pois no ambiente de trabalho se expõem ao calor, às vibrações e aos

ruídos que podem representar riscos.

Assim, segundo Ponzetto (2002, p. 25), a avaliação qualitativa tem

por finalidade levantar a composição de algum elemento, químico, biológico etc.,

para que, “através da fórmula usada para a confecção do referido produto, se

pesquise, em literatura técnica, o risco que ele causará ao ser humano e ao meio

ambiente”. Cabe salientar que os riscos físicos se são: ruído, vibração, umidade,

pressões anormais, temperaturas extremas, radiação ionizante e não ionizante,

alturas extremas, calor e frio.

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5.4 Legislação Regulamentadora das Condições e Ambiente de Trabalho

5.4.1 Breve histórico da segurança e saúde no trabalho

Segundo Panzetto (2002, p. 17), até 1945, a preocupação dos

profissionais de segurança e saúde do trabalho era voltada para o reconhecimento e

eliminação de riscos existentes nos ambientes de trabalho. Essa era a grande

preocupação das Comissões de Prevenção de Acidentes da Ligth, primeira forma de

CIPA no Brasil, que, por recomendação dos empregadores, buscavam a modificação

dos ambientes fabris, devido ao grande crescimento do número de operários que se

acidentavam no trabalho. Na década de 1960, a Itália perde inúmeros trabalhadores

ao ano em decorrência das inadequadas condições de trabalho e da falta de

treinamento eficiente nas empresas, o que leva os trabalhadores italianos,

organizados e assistidos por seus Sindicatos, a tomarem medidas que efetivamente

eliminassem os riscos e criassem condições dignas e seguras, adotando uma cultura

empírica, que aliou conhecimento técnico de profissionais de saúde, médicos e

psicólogos. No início da década de 1970, surge o Federeziane dei Lavorato

Metalmeccanici (FLM), que desenvolveu o “modelo italiano”, cujo princípio era a

formação de grupos homogêneos, no qual “a experiência da subjetividade operária,

aliada à avaliação consensual e não à delegação pessoal, possibilitava a

participação dos trabalhadores nas ações de controle da saúde nos locais de

trabalho”. Assim,

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Era necessário, portanto, que o ambiente de trabalho ficasse livre da nocividade dos agentes ambientais, impondo-se que as descobertas cientificas nessa área ficassem conhecidas por todos, ou seja, trazendo ao conhecimento dos trabalhadores e principalmente da Comissão Italiana essas informações de forma mais eficaz. (PONZETTO, 200, p. 18).

Contudo, a questão se concentrava em como informar sobre a

intensidade dos riscos em cada área, e também aos tipos de riscos durante a

exposição. Para tanto, criou-se um mapa, que representava as áreas de riscos, as

intensidades e os tipos, além das recomendações para sua possível eliminação. O

mapa de riscos ambientais possui a representação gráfica, que se disseminou por

todo o mundo e chegou ao Brasil no início da década de 1980, cujos resultados

positivos foram constatados depois de algum tempo.

São Paulo, através da Fundacentro “Fundação Jorge Duprat

Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho” e da Delegacia Regional do

Trabalho de Osasco, foi o primeiro a ministrar cursos de preparação de instrutores

de diversos ramos de atividade. Em 1990, aconteceu o XI Ciclo de Debates sobre

Segurança e Saúde, que englobou o tema “Mapa de Riscos Ambientais” e contou

com a participação do sindicalista italiano Roberto Ripamonte, representante da

Central Sindical Italiana (CGIL). O modelo italiano que serviu de parâmetro para as

experiências positivas brasileiras, convenceu os empresários a participarem

juntamente com os funcionários, e subsidiou o processo de confecção, e estimulou a

oficialização do Mapa de Riscos Ambientais mediante portaria.

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No mesmo ano, foi regulamentada a Portaria no. 5, do DNSST,

publicada em 20.08.1992, que dispunha sobre a obrigatoriedade da elaboração do

Mapa de Riscos Ambientais (Norma Regulamentadora no. 9 – Riscos Ambientais).

A parti daí, medidas de leis, decretos, portarias e normas,

juntamente com o esforço contínuo de autoridades, órgãos, associações e

profissionais comprometidos com a segurança no trabalho, contribuem para a

preservação da saúde e diminuição do número de acidentes no trabalho ocorridos

nas empresas.

Assim, as atuais Normas Regulamentadoras, as NRs, existem desde

a aprovação e publicação da Portaria no. 3.214, de 08 de Junho de 1978, a qual

regulamenta diversos artigos do Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do

Trabalho, alterado pela Lei no. 6.514, de 22 de Dezembro de 1977, relativos à

Segurança e Medicina do Trabalho.

Desta forma, as Normas Regulamentadoras no. 9, 15 e 16

regulamentam os arts. 189 a 197, da Lei no. 6.514/77, a saber:

· Norma Regulamentadora no. 15: Trata das Operações

Insalubres;

· Norma Regulamentadora no. 16: Trata das Operações e

Atividades Perigosas; e

· Norma Regulamentadora no. 9, que até 29 de Dezembro de

1994, discorria sobre os Riscos Ambientais.

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Contudo, a Portaria no. 5, publicada em 18 de Agosto de 1992, pela

SSST, impunha a decisão de que o Mapa de Riscos deveria ser incluído na Norma

Regulamentadora no. 9 (NR-9), devido à obrigatoriedade da representação gráfica

dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho. No entanto, tal fato gerou

problemas de ordem dentro das Normas, pois “o Mapa de Risco deveria ser

realizado pelo empregador, mas seria executado pela CIPA (Portaria n. 5, de

18.08.1992, NR-9, item 9.4, alínea c)”, cujas atribuições estavam definidas e

determinadas no item 5.16 da NR-5, na qual não constava a execução do

mapeamento, assistido pela referida Comissão. A atribuição à CIPA pela execução

do Mapa de Riscos Ambientais passou a ter validade pela Portaria no. 25, de

29.12.1994, com redação incluída na Norma Regulamentadora no. 5, item 5.16. A

mesma portaria, 30.12.1995, alterou a denominação para “Programa de Prevenção

de Riscos Ambientais - (PPRA)”.

Dessa forma, o grande problema dos cipeiros atualmente é a falta de

instrumentos que permitam a confecção exata do Mapa de Riscos Ambientais. Os

cursos possuem duração de apenas 20 horas, tempo considerado insuficiente para

atender à necessidade para entendimento completo, tanto teórico como prático.

Contudo, apesar da tentativa de alterar o currículo do curso, pela Portaria n. 5, de

18.04.1994, que incluía o Mapa de Riscos Ambientais, não foi concretizada.

Portanto, o que existe, na prática, é a obrigatoriedade da execução do documento

por parte da CIPA, conforme Portaria no. 8, de 23.02.1999, que sobre a nova

redação da NR-5, discorre:

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5.16 A CIPA terá por atribuição: a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores com assessoria do SESMT, onde houver. (PONZETTO, 2002, p. 21).

5.5 Agente Físicos

Segundo Ponzetto (2002, p. 35), os agentes físicos são condições

nocivas encontradas no ambiente de trabalho (ruído, calor, frio, vibração, umidade e

pressões anormais) que, diferentemente dos agentes químicos, não penetram no

organismo, mas afetam-no interna ou externamente, devido à nocividade do

ambiente de trabalho.

5.5.1 Calor/frio

Em relação ao calor, para Verdussen (1978 apud SANTOS, 2005, p.

1-3), a temperatura deve ser considerada com muito cuidado, na adequação de

condições ambientais de trabalho, pois existem temperaturas que dão uma

sensação de conforto, enquanto outras são desagradáveis e/ou prejudiciais à saúde.

Noulin (apud SANTOS, 2005, p. 1-3), assevera que o organismo

humano, para manter sua estrutura, consome uma energia “mínima de repouso”

(“temperatura interna constante”), cuja integridade depende da sua comunicação

com seu meio ambiente. Assim, as trocas de energia podem se dar por:

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· condução: propriedade de um corpo de transmitir energia

calorífica a outro, com o qual esteja em contato;

· convecção: trocas por intermédio de um fluido (ar ou água);

· radiação: troca de calor entre o organismo e o ambiente, que

consiste na transmissão de energia por meio de ondas

eletromagnéticas;

· evaporação: mecanismo mais importante do equilíbrio

térmico. Trata-se do processo de evaporação do suor, que

visa resfriar a superfície do corpo. Ocorre quando as

condições de temperatura ambiente atingem um nível em que

a dissipação do calor do corpo, tanto por radiação como por

condução-convecção, não atende às necessidades do

organismo.

Para Lamberts et al, o conforto térmico é

(...) um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a que está submetido o corpo humano for nulo e a temperatura da pele e o suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto térmico. (apud SANTOS, 2005, p. 1-3)

Esse conforto é influenciado pela temperatura, umidade e velocidade

do ar e do calor radiante; além da atividade desenvolvida pelo homem e a

vestimenta utilizada, além da interação na sensação de conforto térmico do

trabalhador. Os meios de medição das variáveis ambientais são:

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· Temperatura do ar (Tar), que pode ser medida com um

termômetro convencional de mercúrio;

· Umidade do ar (UR umidade relativa do ar), obtida com ajuda de

um aparelho denominado: psicômetro giratório, que permite

identificar a umidade relativa do ar correspondente, através do

uso da carta psicométrica;

· Velocidade do ar (Var): o termo-anemômetro é o aparelho mais

indicado para essa medição;

· Calor radiante, fator medido através de um aparelho denominado

termômetro de globo;

· Temperatura radiante média (Trm), obtida a partir de duas

equações da ISO 7726, uma de convecção natural e outra de

convecção forçada (equações 7 e 8, respectivamente), tendo

como principais variáveis a temperatura de bulbo seco e a

temperatura de globo.

Para precisar o conforto de um determinado local é necessário obter

ainda, o PMV (índice que estima o valor médio dos votos de um grupo de pessoas

na escala de sensação térmica), e o PPD (porcentagem de pessoas insatisfeitas

com o conforto térmico do ambiente), para compará-los aos valores recomendados

pela ISO 7730. Tais valores são obtidos com ajuda de um software denominado

Fanger. Contudo, na inexistência desse conforto, ou seja, durante o trabalho físico

no calor, constata-se que a capacidade muscular é reduzida, o rendimento decai e a

atividade mental se altera, apresentando perturbação da coordenação sensório-

motora. A freqüência de erros e acidentes tende a aumentar, pois o nível de

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vigilância diminui, principalmente a partir de 30° C. Assim, quando o indivíduo está

trabalhando em locais com temperaturas elevadas, pode apresentar problemas de

saúde, tais como: internação ou insolação, prostração térmica, cãibras, catarata,

conjuntivites e dermatites.

O contrário também é igualmente prejudicial à saúde. Segundo

Ponzetto (2002, p. 37), ambientes cuja temperatura é inferior àquela em que o corpo

está acostumado a sentir em condições normais de conforto, apesar de variar de

pessoa para pessoa, podem exigir o ajuste de condições circulatórias para conservar

o corpo quente, através do aumento de calor metabólico. No ambiente profissional, o

problema ocorre geralmente para aqueles que trabalham em câmaras frigoríficas,

onde os termômetros marcam temperaturas inferiores a 25o C. Assim, o frio pode

causar dano local nos tecidos, através de hipotermia, redução da temperatura

interna do corpo, além de congelamento, urticária e irritação cutânea, entre outros.

A prevenção para o desenvolvimento de tarefas em locais quentes,

segundo Santos (2005, p. 5-10), pode se dar através de:

· isolamento das fontes de calor;

· uso de roupas e óculos adequados no caso de calor por radiação;

· pausas para repouso;

· reposição hídrica adequada – ingerir pequenas quantidades de

líquido (0,25 l/vez), freqüentemente;

· ventilação natural. Sempre que as condições de conforto térmico

não forem atendidas pela ventilação natural, deve se recorrer a

ventilação artificial.

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Segundo Ayres e Corrêa (2001, p. 117-118), os Limites de

Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com

períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço, e com período de

descanso em locais apropriados, são normatizados pela NR-15, Anexo 3. As

medidas de controle coletiva se concentram na aclimatação, limitação do tempo de

exposição, educação sanitária e treinamento e no controle médico. O controle de

proteção individual se concentra no uso de EPI recomendados para atividades que

envolvem calor, tais como óculos protetores e roupas especiais.

As atividades desenvolvidas em ambientes com temperatura inferior

(frio), são normatizadas pelo Anexo 9, da NR-15, da Portaria 3.214/78 do Ministério

do Trabalho (Anexo E), que estabelece que a caracterização do risco físico frio deve

ser qualitativo, ou seja, não existe uma medição para a avaliação. A prevenção deve

ser realizada através da utilização de vestimentas adequadas, roupas protetoras que

impeçam ou controlem a perda de calor do indivíduo para o ambiente, da

aclimatação e de exames médicos periódicos. (AYRES; CORRÊA, 2001, p. 135-

136).

5.5.2 Umidade

Ponzetto (2002, p. 38) elucida que a umidade é característica básica

de ambientes que possuem águas represadas ou áreas alagadas, águas correntes,

entre outras, no local ou próximas às atividades. Para o autor, a umidade relativa é

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algo difícil de ser medida diretamente; e, embora existam instrumentos que a

determinam seguramente, o instrumento mais comum é o termômetro de bulbo seco

e úmido, utilizado juntamente com o diagrama psicométrico. Contudo,

(...) a velocidade do ar deve ser considerada quando se necessita fazer medidas precisas de umidade, através dos diferentes tipos de anemômetros, que devem ser robustos, seguros, sensíveis e de rápida resposta, para a determinação desses parâmetros. (PONZETTO, 2002, p. 38).

Cabe ressaltar que quando o ser humano se encontra em condição

de umidade, sua temperatura corpórea pode baixar, provocando hipotermia e

conseqüente perda de forças. O Anexo 10, da Nr-15, determina que:

As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.” (Apud AYRES: CORRÊA, 2001, p. 137).

O mesmo anexo reza que os trabalhos realizados em locais úmidos

são considerados de risco de grau médio, sendo assegurada ao trabalhador a

percepção de adicional de 20%, incidente sobre o salário mínimo, caso não esteja

devidamente protegido.

A prevenção contra os efeitos que a umidade pode causar a saúde

do trabalhador é realizada através da utilização de EPI adequados às atividades, tais

como:

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· botas de cano curto (24 cm) ou cano médio (35 cm), fabricada

com borracha natural ou PVC/neoprene, que visa a proteção dos

membros inferiores;

· avental: oleado (impermeável), de borracha natural ou sintético,

para trabalhos de lixamento a água e lavagem de peças em

serviços leves;

· capa: impermeável para trabalhos realizados na chuva.

5.5.3 Pressões anormais

A pressão é, segundo Ponzetto (2002, p. 38), o “ato de premer ou

apertar”. Pressões anormais são aquelas que estão acima das existentes ao nível do

mar, ou pertinentes às atividades da construção submarina, processos de mergulho

etc. O trabalhador fica exposto a seus riscos durante a construção de túneis e outros

trabalhos executados sob o nível do mar, onde pode ocorrer infiltração de água,

devido às adaptações não serem hermeticamente fechadas. Exemplos de trabalho

sob alta pressão são atividades médicas e outros trabalhos desenvolvidos em

câmaras hiperbáricas. A baixa pressão é encontrada em trabalhos desenvolvidos

em ambientes que possuem pressão menor do que a existente ao nível do mar.

Dependendo da densidade da água, a pressão abaixo do nível do mar pode

aumentar aproximadamente 1 atm a cada 32 a 33 pés, respectivamente 9,60 a 9,90

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m. Quando um corpo se encontra em ambientes sob baixa pressão, geralmente se

aplica a Lei de Dalton1, pois:

(...) a pressão parcial do oxigênio afeta a capacidade do sangue de transportá-lo através do corpo. As células vermelhas contêm hemoglobina, que é um pigmento proteínico ferruginoso presente nas células vermelhas do sangue, nas quais se fixa o oxigênio, levando-o aos tecidos. Também absorvem dióxido de carbono, que é liberado quando chega aos pulmões, sendo posteriormente exalado. (PONZETTO, 2002, p. 39).

Assim, o resultado é a hipoxia, ocasionada pela diminuição do

transporte de oxigênio às células. A hipoxia provoca perda de visão noturna, que se

manifesta a partir de uma altura de 1.800 m, e acima desta, perda parcial de

memória, julgamento e coordenação, além de euforia, síncope e morte. Uma forma

para prevenir os efeitos das pressões anormais é manter a pressão parcial do

oxigênio o mais próximo possível do valor normal ao nível do mar.

5.5.4 Ruídos

O som, de acordo com Santos (2005, p. 1-3), se caracteriza por

flutuações de pressão em um meio compressível. Não são todas as flutuações de

pressão que produzem a sensação de audição quando atingem o ouvido humano. A

sensação de som só ocorrerá quando a “amplitude” destas flutuações e a

1 Segundo Ponzetto (2002, p. 39), a Lei de Dalton, ou das pressões parciais, determina que a pressão parcial de qualquer gás em uma mistura é igual ao produto da pressão total multiplicada pela percentagem do gás na mistura: P = P total x % do gás, sendo P = Pressão parcial, P total = Pressão total; % = Porcentagem normal do oxigênio, em torno de 21%.

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“freqüência” com que elas se repetem estiverem dentro de determinadas faixas de

valores, as apresentam as seguintes características:

· freqüência (f): é definida como o no. de repetições das flutuações

de pressão ou ciclos/segundo ou no. de ciclos/segundo (1

ciclo/segundo = 1 Hz) de 20 a 20000 Hz, as ondas sonoras

podem ser audíveis.

· amplitude: compreende o deslocamento máximo da posição de

equilíbrio.

· comprimento de onda (l): distância entre dois picos sucessivos

de ondas com amplitudes similares.

Segundo Santos (2005, p. 1-3), o ruído em sua definição subjetiva

compreende um som desagradável e indesejável, que corresponde a um estímulo

que não contém informações úteis à tarefa em execução, exemplificando que o bip

intencional de uma máquina, ao final de um ciclo de operação, pode ser considerado

útil ao operador, como forma de aviso, mas para seu colega, concentrado em outra

tarefa, pode significar um ruído.

Ponzetto (2002, p. 39), por sua vez, elucida que ruído é:

(...) todo tipo de som interno ou externo a um ambiente que não seja agradável, ou seja, desejável para as pessoas ou funcionários que a ele ficam expostos. Constituem uma mistura de sons, cujas freqüências não seguem nenhuma lei precisa. (PONZETTO, 2002, p. 39).

Para Gerges (1992), o “nível de pressão sonora - escala decíbel

(dB)”, no ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde

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50

o limiar da audição até o limiar da dor. Segundo ele, a 1000 Hz a intensidade

acústica que é capaz de causar a sensação de dor é 104 vezes a intensidade

acústica que é capaz de causar a sensação de audição. (apud SANTOS, 2004, p. 1-

3).

Gerges (1992 apud SANTOS, 2005, p. 5-10), ressalta a dificuldade

existente para se expressar números de ordens de grandeza tão diferentes numa

mesma escala linear. Desta forma, optou-se pela escala logarítmica BEL, onde:

1 BEL = Log 10

â

14 BEL = Log 1014 = 14 log 10

No entanto, o BEL é ainda um valor de divisão de escala muito

grande e emprega-se, então, o decibel (dB) que é um décimo do BEL.

1 BEL = log10 = 10 dB

14 BEL = 14 log 10 = 140 dB

A Tabela 1, a seguir, demonstra a intensidade de pressão sonora e

valores de dB correspondentes.

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Tabela 1: Intensidade de pressão sonora e valores de dB correspondentes.

intensidade da pressão sonora

Exemplos – dB

100.000.000.000.000 10.000.000.000.000 1.000.000.000.000 100.000.000.000

M 100.000 10.000 1.000 100 10 1

140 – limiar da dor 130 . avião a jato . britadeira pneumática 120 . buzina de carro . forjaria 110

M 50 . escritório . sala de estar à 40 . biblioteca à 30 quarto de dormir à 20 . sala acústica à 10 limiar da audição à 0

Fonte: SANTOS, 2002, p. 5-10.

Para calcular o nível sonoro equivalente, vale ressaltar que o

potencial de danos à audição de um dado ruído depende não somente de seu nível,

mas também de sua duração. É possível estabelecer um valor único Leq que é o

nível sonoro equivalente durante uma faixa de tempo especificada.

[ ]eq

NPS

i

n

L ogn

i

==

å101

10 10

1

l

onde: NPS à nível de pressão sonora

n à número de medições

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Ponzetto (2002, p. 40) concorda e complementa que os ruídos a que

os funcionários podem ser expostos caracterizam-se por ruído de fundo e ruídos de

fontes bem definidas. Segundo ele,

o ser humano aceita bem os ruídos de fundo quando estes apresentem características estáveis em freqüência e duração, em níveis relativamente altos, mas a intensidade dos ruídos suportáveis é função direta de sua atividade, principalmente quando possui atividades de operação de máquinas, equipamentos em ambientes fechados. (PONZETTO, 2002, P. 5-10).

Cabe acrescentar que a atividade industrial caracteriza-se por

instrumentos e métodos de produção que interferem na produtividade do trabalho.

Nesse contexto, os processos diversificados da produção e a distinção de

equipamentos geram ruídos que diferem entre si em intensidade, duração e

espectro, fato que ocorre em qualquer ambiente de trabalho. Contudo, o ruído

industrial é conflituoso com as condições de vida humana, porque agrupa atividades

de produção e administração, entre outras, que produzem ruídos e necessitam de

silencio, respectivamente.

Assim, os efeitos do ruído na saúde e no desempenho do

trabalhador podem ter como conseqüência mais evidente a surdez. A surdez pode

ter naturezas diferentes:

· surdez de condução: causada por infecção, perfuração do

tímpano, acúmulo de cera;

· surdez nervosa: redução da sensibilidade das células nervosas.

Essa insensibilidade pode ocorrer, principalmente, nas faixas de

maior freqüência, acima de 1000 Hertz e em função da idade,

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sobretudo após os 40 anos. Os homens apresentam uma perda

auditiva mais rápida do que as mulheres, principalmente na faixa

de 2000 a 4000 Hz; e

· surdez temporária ou permanente: a exposição diária a um certo

NPS elevado, durante a jornada de trabalho, sempre provoca

algum tipo de surdez temporária, que tende a desaparecer com o

descanso diário (desaparece num intervalo de 24 a 48 horas).

Fatores diversos como freqüência, intensidade e tempo da duração

da exposição podem influir de modo a não haver mais a recuperação, tendendo a

um efeito cumulativo; nestes casos a surdez temporária passa a ser permanente e

irreversível. A Figura 1, a seguir, mostra de forma esquematizada os efeitos

oriundos do excesso de ruído sobre a saúde do trabalhador e a comunicação com

seus colegas.

Fonte: SANTOS, 2005, p. 5-10.

Figura 1. Efeitos do excesso de ruído

Efeitos Psicológicos

- nervosismo - fadiga mental - frustração - perturbações da atenção e do sono - causa irritabilidade

Efeitos na comunicação

- prejudica a qualidade do trabalho

- dificulta a troca de informações

Efeitos Fisiológicos

- perda da audição – vômitos - dor de cabeça - diminuição do controle muscular - dilatação da pupila- aumento da produção de hormônios da tireóide - aumento do ritmo de batimento cardíaco

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Nos países industrializados existem normas próprias e também

recomendações específicas sobre índices e níveis de ruído para vários tipos de

ambientes, a saber:

· ISO (International Standard Organization) - R 1996 (1971) e R

1999 (1975).

· BS (British Standard) - BS 4141 (1967).

· NFS (Association Française de Normalization) - NFS 31-010

(1974).

· ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) - NBR 10151

e 10152.

· IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) - Resolução

Conama 001 e 002 de 17 de Agosto de 1990.

As normas francesas consideram como nível suportável de ruído é

de até 80 dB, a partir do qual já podem ocorrer alterações do sistema auditivo; Leq

= 85 dB(A) é considerado como nível de alerta; e Leq = 90 dB(A) como nível de

perigo.

No Brasil, a portaria do Ministério do Trabalho n. 3.214/78, fixa o

NPS máximo permitido de 85 dB (A) para 8 horas de jornada de trabalho. Esta

portaria só é válida para ambientes industriais onde existem ruídos de máquinas e

processos ruidosos. No caso dos hospitais, igrejas, bibliotecas, salas de aula,

laboratórios, hotéis etc, o nível de pressão sonora deve ser muito menor do que

85dB(A). A Tabela 2, a seguir, apresenta o nível de pressão sonora para diferentes

ambientes de trabalho.

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Tabela 2: Valores de dB (A) recomendados

Locais dB(A)

Hospitais apartamentos, enfermarias, berçários laboratórios, áreas para uso público serviços

35-45 40-50 45-55

Escolas bibliotecas, salas de desenho salas de aula, laboratórios circulação

35-45 40-50 45-55

Hotéis

Apartamentos restaurantes, salas de estar portaria, recepção, circulação

35-45 40-50 45-55

Escritórios salas de reunião salas de gerência, salas de projetos salas de computadores

30-40 35-45 45-65

Locais para esportes pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas

45-60

Fonte: SANTOS, 2005, p. 5-10.

A Tabela 3, a seguir, mostra os limites de tolerância para ruído

contínuo ou intermitente, segundo a NR-15 (Anexo 1) (Apêndice A).

Tabela 3: Limites de tolerância de ruídos contínuo ou intermitente

NPS dB(A) Máxima exposição diária permissível 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 114 115

08 horas 07 horas 06 horas 05 horas 04 horas e 30 minutos 04 horas 03 horas e 30 minutos 03 horas 02 horas e 30 minutos 02 horas e 15 minutos 02 horas 1 horas e 45 minutos 1 horas e 15 minutos 01 horas 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 08 minutos 07 minutos

Fonte: NR-15 (Anexo 1) do Ministério do Trabalho.

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Ponzetto (2002, p. 41) acrescenta que os funcionários podem ficar

expostos ao ruído continuo ou intermitente e ao ruído de impacto. Nesse contexto, a

Norma Regulamentadora NR-15 define:

· ruído de impacto: aquele que apresenta picos de energia

acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos

superiores a um segundo;

· ruído contínuo ou intermitente: compreende todo ruído contrário

ao de impacto.

Isso significa que os níveis de impacto devem ser avaliados em

decibéis (dB), com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e

circuito de resposta para impacto. Dessa forma a realização da avaliação ambiental

depende do conhecimento do tipo de ruído existente. De acordo com Ponzetto

(2002, p. 42), quando o ambiente possui ruídos diversos e não existe medição

anterior, deve ser verificado:

· item 1: a existência de máquinas ou equipamentos motorizados

no ambiente;

· item 2: se os ruídos emitidos por máquinas ou equipamentos

motorizados no ambiente causam transtorno quando uma pessoa

se concentra em um trabalho;

· item 3: se, além do transtorno na concentração no trabalho,

também causa irritação, dores constantes de cabeça e dores no

ouvido.

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Quando o ambiente atende aos itens 1 e 2, é passível de risco

grande de ruído, aconselhando-se uma análise mais específica nesse sentido.

Quando o ambiente atende ao item 3, faz-se necessária a análise urgente do nível

do ruído para confirmar ou não a existência de insalubridade.

Segundo Saliba (2001, p. 78), as medidas de controle do ruído

podem ocorrer na fonte ou trajetória, no meio e no homem, sendo as duas primeiras

devem ser prioritárias quando viáveis tecnicamente:

· controle na fonte: trata-se do meio mais recomendado quando

existe a viabilidade técnica. A fase mais apropriava para as

medidas de prevenção na fonte se concentra no planejamento

durante a concepção da empresa, pois se pode organizar o

layout, colocando os postos de trabalho (escritórios), nos quais se

desenvolvem atividades mentais, em locais afastados das fontes

de ruído (máquinas) e/ou de janelas voltadas para ruas

movimentadas; e através da compra de equipamentos menos

ruidosos (dentro do recomendado);

· controle na trajetória: compreende medidas que visam a

eliminação do ruído, através da manutenção constante (fixação,

ajuste dos parafusos e equilíbrio dos aparelhos rotatórios); das

adaptações na tecnologia (troca de peças retas por helicoidais

das engrenagens, silenciadores nos escapamentos de ar

comprimido); na aquisição de pés anti-vibratórios, pranchas

intermediárias, fundações independentes; no isolamento interno,

usar placas de material absorvente de som no teto e nas paredes

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(escritórios); em gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte

de ruído.

· controle do meio: na impossibilidade do controle na fonte,

verifica-se as possíveis medidas de controle do meio, ou seja,

busca-se evitar a propagação, mediante o isolamento (isolamento

da fonte ou do receptor) ou tratamento acústico das superfícies;

· controle do homem: não sendo possível o controle na fonte,

trajetória ou no meio, deve-se, como último recurso, adotar as

medidas de controle no trabalhador, que complemente às

medidas anteriores, ou quando as mesmas não forem suficientes

para corrigir o problema, através da limitação do tempo de

exposição ou do fornecimento de protetores auriculares.

Para Ponzetto (2002, p. 43), além de todas essas medidas é

necessária uma análise qualitativa do operador do equipamento para constatar ou

não se as condições ambientais interferem no trabalho e no bom andamento do

serviço, mesmo com o uso de todas as proteções necessárias.

5.5.5 Vibração

Santos (2005, p. 11-12) define vibração como: “qualquer movimento

que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Esse movimento pode ser regular,

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do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum padrão determinado”.

Contudo, a vibração é definida pelas três variáveis demonstradas na Figura 2, a

seguir, ou seja, na freqüência (Hz) - aceleração máxima sofrida pelo corpo (m/s2) e

pela direção do movimento, que é dada em três eixos: x (das costas para frente), y

(da direita para esquerda) e z (dos pés à cabeça).

Fonte: SANTOS, 205, p. 11-12.

Figura 2. Eixos de propagação das vibrações

A vibração pode afetar o corpo inteiro, quando há uma vibração dos

pés (posição em pé) ou do assento (posição sentada), ou apenas parte do corpo,

com as mãos e os braços, ou seja,

o funcionamento de máquinas, veículos e a manipulação de ferramentas produzem vibrações que são transmitidas ao conjunto do organismo, mas de forma diferente, conforme as partes do corpo, as quais não são sensíveis às mesmas freqüências. Cada parte do corpo pode tanto amortecer como ampliar as vibrações. As ampliações ocorrem quando partes do corpo passam a vibrar na mesma freqüência e, então, dizemos que entrou em ressonância. (SANTOS, 2005, p. 11-12).

O corpo inteiro é mais sensível na faixa de 4 a 8 Hz, que

corresponde à freqüência de ressonância na direção vertical (eixo z). Na direção x e

y, as ressonâncias ocorrem a freqüências mais baixas, de 1 a 2 Hz. Os efeitos da

z

y

x

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vibração direta sobre o corpo humano podem danificar permanentemente alguns

órgãos do corpo humano, contudo as que mais prejudicam o organismo estão nas

freqüências de 1 a 80 Hz, que provocam lesões nos ossos, juntas e tendões. As

freqüências de 30 a 200Hz causam doenças cardiovasculares, mesmo com baixas

amplitudes, e as freqüências acima de 300 Hz provocam dores agudas e distúrbios,

os quais podem ser reversíveis após um longo período de descanso.

Segundo Goldmann (apud SANTOS, 2005, p. 11-12), primeiro a

realizar um estudo quantitativo, publicado em 1960, os efeitos da vibração sobre o

corpo humano podem causar:

· visão turva - o efeito das vibrações sobre a visão diminui o

desempenho do trabalhador diminui, e aumenta o risco de

acidentes. A partir de 4 HZ, as vibrações reduzem a acuidade

visual e tornam a visão turva;

· perda de equilíbrio – o ser humano que opera manualmente

equipamentos vibratórios, tais como martelo pneumático e

motosserra, apresentam degeneração gradativa do tecido

muscular e nervoso.

· falta de concentração;

· danificação permanente de determinados órgãos do corpo - os

efeitos aparecem na forma de perda da capacidade para

manipular e de controle do tato nas mãos (dedo branco),

observadas, principalmente, em trabalhadores de minas e

florestais (motosserras à 50-200 Hz). Os “dedos mortos”

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surgem no máximo após 6 meses de trabalho com uma

ferramenta vibratória.

No Brasil, a NR-15 estabelece os níveis máximos de vibração com

base nos dados da ISO 263, que normatiza e apresenta valores máximos de

vibrações suportáveis para tempos de um minuto a 12 horas de exposição, em três

critérios de severidade:

· limite de conforto, sem maior gravidade (ex: veículos de

transporte coletivo);

· limite de fadiga, que provoca a redução da eficiência dos

trabalhadores (ex: máquinas que vibram);

· limite de exposição, que corresponde ao limiar do risco à saúde.

(SANTOS, 2005, p. 11-12).

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6 CARACTERIZACAO DA EMPRESA

NOME DA EMPRESA: Indústria de Embalagens.

FORMA JURÍDICA: Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada.

ENDEREÇO: Arapongas - Paraná.

RAMO DE ATIVIDADE: Indústria

ATIVIDADE PRINCIPAL: Produção de embalagens.

TOTAL DE EMPREGADOS: 67.

ÁREA DE ATUAÇÃO: Estados do Paraná e mais quatro estados.

CAPITAL SOCIAL: Dado não fornecido pela empresa.

FATURAMENTO MENSAL: Dado não fornecido pela empresa.

6.1 Histórico da Empresa

Fundada em 2002, compreende a mais nova filiada de um grupo que

atua há mais de quarenta anos, como um dos dez maiores produtores de papelão

ondulado do Brasil, que juntos geram mais de 1000 empregos e produzem mais de

20.000 toneladas/mês de papelão em todo o Brasil.

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7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Com o objetivo de detectar e analisar os possíveis riscos físicos, que

acarretam em afastamentos temporários e permanentes, em uma indústria de

embalagens da cidade de Arapongas-PR, e contribuir para o melhoramento da

segurança e saúde do trabalho, o presente estudo buscou conhecer a opinião do

responsável pela segurança no trabalho (Anexo A), e dos funcionários da empresa

(Anexo B), quanto à existência de aspectos nocivos no ambiente de trabalho, tais

como: ruídos e calor.

7.1 Análise da Pesquisa Realizada com o Técnico de Segurança de Trabalho –

Representante da Empresa

A empresa, no ato representada por seu Técnico de Segurança do

trabalho, com 2o Grau completo, funcionário há menos de um ano, informou que a

empresa possui alto nível de ruído, porém suportável, ou seja, incomoda, mas não

causa danos físicos e psicológicos; que a temperatura existente no ambiente de

trabalho é normal, ou seja, que a empresa oferece um ambiente suportável quanto à

temperatura (lembrando que suportável compreende uma temperatura que

incomoda, mas não causa danos físicos e/ou psicológicos ao ser humano). Contudo,

a empresa fornece e exige o uso de equipamentos de proteção, que compreendem

protetores auriculares, máscaras para poeira e névoas, protetor facial, luvas contra

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riscos mecânicos e de látex, creme para proteção, avental contra riscos mecânicos,

óculos com tonalidade, calçados de segurança, máscara de solda e mangote de

raspa. No entanto, segundo ele, a fiscalização quanto à utilização dos equipamentos

por parte dos funcionários não é constante, pois somente às vezes é realizada pela

empresa.

7.2 Análise da Pesquisa Realizada com os funcionários da Empresa

Visando detectar o nível de risco ambiental existente na empresa

objeto de estudo, foram entregues um total de 11 (onze) questionários, destinados à

obtenção de respostas de um funcionário de cada setor da indústria, composto por

questões objetivas e subjetivas (Anexo B), cujos resultados são apresentados em

forma de tabelas, gráficos e respectivos comentários.

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65

27

,27

%

36

,36

%

9,1

0%

27

,27

%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

1

De 19 a 25 anos

De 26 a 30 anos

De 31 a 40 anos

Acima de 40 anos

7.2.1 Resultados

A idade dos funcionários compõe os dados apresentados na Tabela

4, a seguir:

Tabela 4. Idade dos funcionários

Quantidade de Funcionários Percentual Idade

03 27,27% De 19 a 25 anos

04 36,36% De 26 a 30 anos

01 9,10% De 31 a 40 anos

03 27,27% Acima de 40 anos

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 1, a seguir, mostra a distribuição dos funcionários

estudados segundo a faixa etária.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 1. Distribuição dos funcionários estudados segundo a faixa etária

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Os resultados demonstram que os funcionários são jovens adultos,

ou seja, a maioria (36,36%) possui idade entre 26 a 30 anos e 18,18% de 19 a 25

anos. Os demais se dividem em 9,10% de 31 a 40 anos e 27,27% acima de 40 anos.

Isso indica que a empresa opta por selecionar e recrutar colaboradores com idade

de até 30 anos, considerada como a de maior produtividade.

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A Tabela 5, a seguir, apresenta a escolaridade dos funcionários.

Tabela 5. A escolaridade dos funcionários

Quantidade de Funcionários Percentual Grau de Instrução

01 9,09% 2o Grau completo

02 18,18% 2o Grau incompleto

07 63,63% 1o Grau completo

01 9,10% 3o Grau completo

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 2, a seguir, apresenta a distribuição dos funcionários

estudados segundo a escolaridade.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 2. Distribuição dos funcionários estudados segundo a escolaridade

9,09% 18

,18

%

63

,63

%

9,10%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

1

Segundo Grau Completo

Segundo Grau Incompleto

Primeiro Grau Completo

Terceiro Grau Completo

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Os resultados demonstram que o grau de instrução detectado na

maioria da população, Primeiro Grau completo, não condiz com a formação

educacional natural para a idade, ou seja, uma população de jovens adultos, com

idade ente 19 a 30 anos, normalmente já teria que ter concluído o Segundo Grau do

Ensino Fundamental. Isso demonstra que o trabalho executado na empresa exige

capacitação escolar mínima.

Como tentativa de coletar dados e conhecer a opinião de todos os

setores da empresa, os questionários foram entregues propositalmente para um

funcionário de cada setor. Assim, as funções dos entrevistados são relacionadas a

seguir:

· gerente Financeiro;

· manutenção – mecânico;

· operador de Caldeira

· encarregado de Onduladeira;

· encarregado de Acessórios;

· operador de Impressora Rotativa;

· conferente;

· modelista (amostra);

· montador de Clichê – Pré-montador;

· operador de Impressora;

· operador de Empilhadeira.

As funções listadas, desempenhadas pela população entrevistada,

comprovam que as tarefas são puramente técnicas, o que denota a necessidade de

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conhecimento técnico para sua eficiência, o qual é sabidamente adquirido em

Cursos Técnicos Específicos, o que não implica obrigatoriamente na conclusão do

Ensino Fundamental, embora este, sem sombra de dúvida, viesse a somar

competências e capacidades.

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70

O tempo de serviço dos funcionários está demonstrado na Tabela 6,

a seguir:

Tabela 6. Tempo de serviço dos funcionários na empresa

Quantidade de Funcionários Percentual Tempo de serviço

06 54,54% De 1 ano e 1 mês a 5 anos

04 36,36% Menos de 1 ano

01 9,10% De 5 anos e 1 mês a 10 anos

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 3, a seguir, mostra a distribuição dos funcionários estudos

segundo o tempo de serviço.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 3. Distribuição dos funcionários estudados segundo o tempo de serviço

Os resultados demonstram que a maioria dos funcionários (54,54%

da população) possui tempo de serviços inferior a cinco anos.

54,54%

36,36%

9,10%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

1

De 1 ano e 1 mês a 5anos

Menos de 1 ano

De 5 anos e um mês a 10anos

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71

A intensidade do ruído existente no local de trabalho é demonstrada

na Tabela 7, a seguir:

Tabela 7. Intensidade do ruído no local de trabalho

Quantidade de Funcionários Percentual Intensidade do Ruído

03 27,27% Baixo

06 54,54% Médio

02 18,19% Alto

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 4, a seguir, apresenta a distribuição dos funcionários

estudos segundo a intensidade do ruído no local de trabalho.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 4. Distribuição dos funcionários estudados segundo a intensidade do ruído

no local de trabalho

27,27%

54,54%

18,19%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

1

Baixo

Médio

Alto

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Os resultados apontam que a maioria (54,54%) dos funcionários

considera a intensidade de ruído de grau médio; e 27,27% de grau baixo. Contudo,

18,18% consideram de grau alto. Quando comparadas às respostas às funções,

observa-se que os funcionários que consideram o ruído alto são operadores de

máquinas (empilhadeiras e onduladeiras), que possuem motores potentes e

produzem barulho constante, e os que consideram baixo são funcionários que

exercem funções administrativas (gerente financeiro) e de produção (modelista).

Nesse contexto, cabe salientar que:

O ruído é um fator de risco, que atua acumulativamente, produzindo efeitos psicológicos e, posteriormente, fisiológicos, irreversíveis, como a surdez. Por isso, quando a intensidade de ruído pode ser prejudicial, deve-se fazer o possível para eliminá-lo ou reduzi-lo por meio de um controle da fonte ou do meio. Quando esses métodos de controle não forem suficientes ou forem inviáveis, o recurso é dotar o indivíduo exposto de equipamento de proteção auricular. (AYRES; CORRÂ, 2001, p. 77, grifo nosso).

Para tanto, pode-se servir de um dos dois tipos de protetores

disponíveis no mercado, observando a melhor adequação :

· protetores circum-auriculares (tipo fone ou concha), que

envolvem e isolam o ouvido externo, promovendo uma adequada

proteção do sistema auditivo; ou

· protetores de inserção (tipo plugue ou tampão), que são

colocados na entrada do canal externo do ouvido. (AYRES;

CORRÊA, 2001, p. 78-79).

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A confortabilidade do ruído a que os funcionários ficam expostos é

demonstrada na Tabela 8, a seguir:

Tabela 8. Confortabilidade do ruído

Quantidade de Funcionários Percentual Confortabilidade

07 63,63% Suportável

04 36,37% Confortável

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 5, a seguir, mostra a distribuição dos funcionários

estudados segundo a confortabilidade do ruído a que ficam expostos.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 5. Distribuição dos funcionários estudados segundo a confortabilidade do

ruído a que ficam expostos

63,63%

36,37%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

1

Suportável

Confortável

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Os resultados indicam uma certa divisão entre suportar e sentir-se

confortável com a intensidade do ruído a que se expõem os funcionários da

empresa. Mais uma vez, encontra-se justificatida a observação de que a sensação

de conforto é pertinente aos funcionários que não estão diretamente ligados a áreas

ou atividades exercidas com equipamentos de motor potente, e a suportabilidade

aos que operam esses tipos de equipamento.

Contudo, os entrevistados foram unânimes em responder que o

ruído, independentemente de ser confortável ou suportável, não causa danos físicos

ou psicológicos.

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75

A temperatura a que se expõem os funcionários, durante suas

jornadas de trabalho, é apresentada na Tabela 9, a seguir:

Tabela 9. Temperatura

Quantidade de Funcionários Percentual Temperatura

08 72,72% Normal

02 18,18% Amena

01 9,10% Elevada

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 6 apresenta a distribuição dos funcionários estudados

segundo a temperatura a que expõem durante a jornada de trabalho.

Fonte: Dados coletados pelos autores

Gráfico 6. Distribuição dos funcionários estudados segundo a temperatura a que se

expõem durante a jornada de trabalho

72,72%

18,18%

9,10%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

1

Normal

Amena

Elevada

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Os resultados revelam que a maioria dos funcionários (72,72%)

considera a temperatura a que se expõem durante a jornada de trabalho normal,

enquanto 18,18% consideram amena. Contudo, 9,10% dos funcionários

asseveraram que a temperatura é elevada. Quando comparada à função, observa-

se que os funcionários que alegam trabalharem sob alta temperatura desenvolvem

suas funções na caldeira, local que, por sua própria natureza, concentra alta

temperatura.

Contudo, vale salientar que, segundo Barbosa Filho (2001, p. 67), é

comum a percepção da idéia de que a condição térmica e o conforto a ela associado

estão direta e tão-somente ligados à temperatura do ambiente no qual o trabalhador

executa suas funções. Contudo, é imprescindível considerar também o esforço físico

dispendido, além da umidade e ventilação ou circulação local, que, cada qual com

suas particularidades e exigências, contribuem para a definição da condição térmica

confortável ou não. Assim como outros fatores:

(...) as vestimentas, a posição e a localização geográfica das edificações, bem como as suas características construtivas (materiais, dimensões, cobertas etc.). Há ainda a influência das exigências físicas impostas pela atividade realizada. Em alguns casos, chega a ser significativa a influência térmica do aquecimento provocado em um ambiente pelo sistema de iluminação e pelos equipamentos elétricos, devendo, nesses casos, seus efeitos ser igualmente considerados. (BARBOSA FILHO, 2001, p. 68).

O contrário é observado nos funcionários que consideram a

temperatura amena, pois desenvolvem suas atividades em área administrativa.

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A confortabilidade da temperatura a que se expõem os funcionários

é apresentada na Tabela 10, a seguir:

Tabela 10. Confortabilidade da temperatura

Quantidade de Funcionários Percentual Conforto

07 63,63% Suportável

04 36,37% Confortável

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 7 apresenta a distribuição dos funcionários estudados

segundo a confortabilidade da temperatura a que se expõem.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 7. Distribuição dos funcionários estudados segundo a confortabilidade da

temperatura a que se expõem

63,63%

36,37%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

1

Suportável

Confortável

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A percepção de conforto está vinculada ao local onde a atividade é

desenvolvida pelo funcionário, ou seja, funcionários da área administrativa

consideram-na confortável, enquanto funcionários da área de produção e

funcionários de áreas cujas características naturais são de temperatura levadas

(caldeira) consideram-na suportável.

Contudo, a totalidade dos funcionários afirmou que a temperatura

não lhes afeta, ou melhor, não lhes causa danos físicos e psicológicos.

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A Tabela 11, a seguir, mostra a assiduidade com a qual os

equipamentos de proteção são usados pelos funcionários.

Tabela 11. Assiduidade do uso dos equipamentos de proteção

Quantidade de Funcionários Percentual Assiduidade de Uso

08 72,72% Sempre

03 27,28% Às vezes

Fonte: Dados coletados pelos autores.

O Gráfico 9, a seguir, mostra a distribuição dos funcionários

estudados segundo a assiduidade do uso dos equipamentos de proteção.

Fonte: Dados coletados pelos autores.

Gráfico 8. Distribuição dos funcionários estudados segundo a assiduidade do uso

dos equipamentos de proteção

72,72%

27,28%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

1

Sempre

Às vezes

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Cabe salientar que:

A educação e o treinamento são os pontos mais importantes na proteção do trabalhador. É necessário informar sobre a toxidez, inflamabilidade, reatividade com outros produtos, vias de penetração, limites de tolerância e medidas preventivas a serem tomadas. A seleção do EPI deve considerar os efeitos do produto químico, sua concentração e vias de penetração. (AYRES; CORRÊA, 2002, p. 144),

No entanto, além da educação e do treinamento, há necessidade de

preocupação constante por parte da administração com a fiscalização do uso, pois é

comum o funcionário se recusar a usar os equipamentos de proteção pessoal,

mesmo quando tem total conhecimento dos riscos que corre, alegando motivos,

como:

· “A máscara incomoda, pois quando o tempo está muito quente a

respiração fica dificultada.” (Colaborador 6).

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7.3 Avaliação Técnica do Ruído Existe no Ambiente de trabalho

A Tabela 12, a seguir, apresenta a avaliação de ruídos realizada na

empresa objeto do presente estudo.

Tabela 12. Avaliação de ruídos

Empresa: Indústria de Embalagens Objeto do Estudo

Setor/Área Cargo Tempo (hh:mm)

Leq dB(A)

Dose (%)

Lmax dB(A)

Funcionário

Expedição

Expedição

Expedição

Expedição

Produção

Onduladeira

Onduladeira

Onduladeira

Onduladeira

Onduladeira

Onduladeira

Onduladeira

Onduladeira

Caldeira

Supervisor (Faturista)

Motorista

Conferente

Ajudante

Operador de Empilhadeira

Encarregado de Onduladeira

Conferente (Riscador e

Facão)

Operador de Forradeira

Operador de Onda B

Operador de Onda C

Superior (Op. Onda “Maria Mole”)

Operador de Cola

Ajudantes

Operador de Caldeira

00:15

00:15

00:15

00:15

00:44

00:56

00:47

00:54

00:54

00:50

00:45

00:55

00:40

00:53

66,5

76,5

78,1

78,1

86,7

86,2

85,9

85,2

91,4

91,0

82,6

86,2

85,7

75,0

7,7

41,2

38,4

38,4

126,9

117,9

113

103

243,8

229,7

71,7

117,9

110

25

82,0

83,0

104,2

104,2

108,1

106,8

105,7

104,3

110,5

108,2

104,2

106,3

104,9

102,2

Legenda:

Tempo Leq Dose Lmax

= Tempo de Medição = Nível Equivalente de Ruído = Dose de Ruído = Nível Máx. de Ruído emResposta Lenta

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Empresa: Indústria de Embalagens Objeto do Estudo

Setor/Área Cargo Time (hh:mm)

Leq dB(A)

Dose (%)

Lmax Db(A)

Funcionário

Corte e Vinco

Corte e Vinco

Acabamento

Acabamento

Acabamento

Acabamento

Acabamento

Acabamento

Acessórios

Acessórios

Acessórios

Amostras

Clicheria

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Operador de Impressora

Rotativa

Operador (Corte e Vinco Plano)

Operador de Impressora

Formateiro

Supervisor

Supervisor (Op. de Coladeira)

Ajudante / Auxiliar de

Coladeira

Ajudante (Impressora)

Ajudante (Prensa)

Encarregado

Ajudante

Modelista

Montador de Clichê (Pré Montador)

Gerente de Produção

Gerente Financeiro

Gerente de Vendas

Diretor

Auxiliar de Vendas

Recepcionista

Zeladora

00:40

00:29

00:43

00:43

00:43

00:38

00:24

00:38

00:35

00:30

01:00

00:20

00:20

00:15

00:15

00:15

00:15

00:15

00:15

00:15

87,6

76,6

88,9

80,2

81,3

79,7

80,9

89,2

84,2

86,1

86,3

77,0

78,2

68,0

68,0

68,0

68,0

68,0

68,0

68,0

143,9

31,2

172

51,7

60,2

48,2

56,9

180

90

116,9

119,9

33

39,2

9,5

9,5

9,5

9,5

9,5

9,5

9,5

104,9

96,8

108,2

104,3

108,2

104,1

93,5

106,2

107,2

105,3

104,2

102,1

104,2

76,2

76,2

76,2

76,2

76,2

76,2

76,2

Legenda:

Tempo Leq Dose Lmax

= Tempo de Medição = Nível Equivalente de Ruído = Dose de Ruído = Nível Máx. de Ruído em Resposta Lenta

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Empresa: Indústria de Embalagens Objeto do Estudo

Setor/Área Cargo Tempo (hh:mm)

Leq dB(A)

Dose (%)

Lmax dB(A)

Funcionário

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Administrativo

Manutenção

Manutenção

Vigia (Noturno)

Auxiliar de Depto Pessoal

Auxiliar de Compras

Auxiliar de Depto. Financeiro

Eletricista

Mecânico

00:15

00:15

00:15

00:15

00:46

00:30

68,0

68,0

68,0

68,0

83,2

83,1

9,5

9,5

9,5

9,5

77,9

76,8

76,2

76,2

76,2

76,2

113,2

112,1

Legenda:

Tempo Leq Dose Lmax

= Tempo de Medição = Nível Equivalente de Ruído = Dose de Ruído = Nível Máx. de Ruído em Resposta Lenta

Fonte: Dados coletados e organizados pelos autores

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A avaliação técnica constante da Tabela 12 mostra que em alguns

setores da empresa o ambiente de trabalho apresenta grau de ruído superior a 85

dB(A), ou seja, índices que ultrapassam os limites de tolerância permitidos pela

legislação vigente (NR-15 – Anexo 1).

No entanto, nesse contexto, é possível a utilização de medidas de

controle no homem, através de:

· limitação do tempo de exposição: consiste em reduzir o tempo de

exposição do indivíduo aos níveis de ruído superiores a 85 dB(A);

· protetores auriculares: trata-se de equipamentos de proteção

individual ou dispositivos para serem colocados nos ouvidos da

pessoa e utilizados sempre que não for possível reduzir, por

outras medidas, o ruído a nível satisfatório. (AYRES; CORRÊA,

2001, p. 112).

Contudo,

(...) o simples uso do protetor auricular não elimina o risco do empregado vir a sofrer diminuição de sua capacidade auditiva, caso o equipamento não apresente os requisitos de qualidade para atenuar o ruído, bem como seja usado de forma incorreta. (AYRES; CORRÊA, 2001, p. 112).

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8 CONCLUSÃO

Desenvolver o presente trabalho junto à Indústria de Embalagens,

permitiu a análise do ambiente de trabalho por ela proporcionado, quanto aos riscos

físicos à saúde que poderiam causar doença ocupacional de seus funcionários,

cujas condições, segundo Ponzetto (2002), obedecem às determinações da NR-15,

do Ministério do Trabalho e Emprego, e deve ser avaliada in loco (sempre que

existirem pessoas trabalhando, mesmo quando o tempo de permanência se limitar a

minutos) a exposição do ser humano aos aspectos físicos nocivos à sua saúde e

integridade física.

Nesse contexto, o presente estudo investigou e concluiu que, de

maneira geral, a empresa gerencia a questão de riscos ambientais de maneira

satisfatória.

Segundo a empresa e os funcionários, a questão é bem

administrada. Mesmo o calor, que enfrentam os funcionários locados em setor, onde

a mesma lhe é pertinente (caldeira), consideram-no suportável, ou seja, o calor

incomoda, mas não causa danos físicos ou psicológicos. Ademais, a empresa

fornece os Equipamentos de Proteção Individual tanto para a alta temperatura

quanto para o ruídos.

Contudo, observou-se a resistência, por parte de alguns

funcionários, em utilizar corretamente e constantemente os equipamentos fornecidos

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para sua segurança, motivo pelo qual sugere-se que a empresa intensifique o

programa de informações, educação e conscientização sobre a importância do EPI

(Equipamento de Proteção Individual) permanentemente, através de palestras,

cursos e/ou similares.

Dessa forma, o estudo mostrou que há consenso geral entre

empresa e colaboradores, de que o ambiente de trabalho está assistido a contento,

quanto à prevenção de doenças ocupacionais, provenientes da execução de tarefas

na presença de agentes físicos prejudiciais a integridade física e à saúde humana.

Finalizando, espera-se que a realização deste trabalho some e

acrescente o conhecimento acadêmico, além de servir de parâmetro para

proporcionar ou implementar o bem-estar de pessoas que desenvolvem atividades e

provêm seus sustentos em empresas cujos riscos ambientais são uma realidade

constante.

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APÊNDICES

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Apêndice A - ANEXO Nº 1 da NR-15 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE

1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. 2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. 3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. (115.003-0/ I4) 4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações:

exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.

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Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro deste Anexo. 7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

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Apêndice B - ANEXO Nº 3 da NR-15

LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR

1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo" - IBUTG definido pelas equações que se seguem: (115.006.5/ I4) Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural tg = temperatura de globo tbs = temperatura de bulbo seco. 2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.(115.007-3/ I4) 3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. (115.008-1/I4)

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro n º 1.

QUADRO Nº 1 (115.006-5/ I4)

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2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. 3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita consultando-se o Quadro nº 3.

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local (local de descanso). 1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve.

2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro nº 2.

QUADRO Nº 2 (115.007-3/ I4)

Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte fórmula:

Sendo:

Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho. Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de

trabalho. Md - taxa de metabolismo no local de descanso. Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de

descanso.

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é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula:

Sendo:

IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho. IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso. Tt e Td = como anteriormente definidos.

Os tempos e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. 3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro n º 3. 4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

QUADRO Nº 3 TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE (115.008-1/I4)

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ANEXOS

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ANEXO A - QUESTIONÁRIO – EMPRESA

Este questionário tem a finalidade de angariar dados que possam dar

embasamento ao trabalho de conclusão, apresentado ao Curso de Especialização

em Engenharia de Segurança do Trabalho UEPG – Universidade Estadual de Ponta

Grossa-PR, que é exigido como requisito para aprovação.

Sua colaboração é de suma importância para a realização do

mesmo, e portanto, desde já antecipo agradecimento.

1. Idade:

( ) até 18 anos ( ) de 19 a 25 anos ( ) de 26 a 30 anos

( ) de 31 a 40 anos ( ) acima de 40 anos.

2) Escolaridade:

( ) 1o Grau completo

( ) 2o Grau incompleto

( ) 2o Grau completo

( ) 3o Grau incompleto

( ) 3o Grau completo

( ) pós-graduação

3) Sua função: ___________________________.

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4) Tempo de trabalho:

( ) menos de 1 ano

( ) de 1 ano e 1 mês a 5 anos

( ) de 5 anos e 1 mês a 10 anos

( ) acima de 10 anos.

5) No ambiente de trabalho existe ruído?

( ) baixo

( ) normal

( ) alto

6) O ruído a que os funcionários ficam expostos durante a jornada de trabalho

é:

( ) confortável (não incomoda)

( ) suportável (incomoda, mas não causa dano físicos e psicológicos)

( ) insuportável (causa danos físicos e psicológicos)

7) Se causa danos, quais?

_________________________________________________________________.

8) A temperatura do ambiente de trabalho é:

( ) amena

( ) normal

( ) elevada

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9) Quanto a temperatura, o ambiente que a empresa oferece é:

( ) confortável (não incomoda)

( ) suportável (incomoda, mas não causa danos físicos e psicológicos)

( ) insuportável (causa danos físicos e psicológicos)

10) Se causa danos, quais?

_________________________________________________________________.

11) A empresa fornece e exige o uso de equipamentos de proteção?

( ) sim ( ) não

12) Se sim, quais?

__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________.

13) A utilização é fiscalizada pela empresa:

( ) sempre

( ) às vezes

( ) nunca

14) Se não, qual o motivo?

__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________.

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ANEXO B - QUESTIONÁRIO – FUNCIONÁRIOS

Este questionário tem a finalidade de angariar dados que possam

dar embasamento ao trabalho de conclusão, apresentado ao Curso de

Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho UEPG – Universidade

Estadual de Ponta Grossa-PR, que é exigido como requisito para aprovação.

Sua colaboração é de suma importância para a realização do

mesmo, e portanto, desde já antecipo agradecimento.

1. Idade:

( ) até 18 anos ( ) de 19 a 25 anos ( ) de 26 a 30 anos

( ) de 31 a 40 anos ( ) acima de 40 anos.

2) Escolaridade:

( ) 1o Grau completo

( ) 2o Grau incompleto

( ) 2o Grau completo

( ) 3o Grau incompleto

( ) 3o Grau completo

( ) pós-graduação

3) Sua função: ___________________________.

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4) Tempo de trabalho:

( ) menos de 1 ano

( ) de 1 ano e 1 mês a 5 anos

( ) de 5 anos e 1 mês a 10 anos

( ) acima de 10 anos.

5) No seu local de trabalho existe ruído?

( ) baixo

( ) normal

( ) alto

6) O ruído a que fica exposto durante o período de trabalho é:

( ) confortável (não incomoda)

( ) suportável (incomoda, mas não causa dano físicos e psicológicos)

( ) insuportável (causa danos físicos e psicológicos)

7) Se causa danos, quais?

_________________________________________________________________.

8) A temperatura do seu local de trabalho é:

( ) amena

( ) normal

( ) elevada

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9) Quanto a temperatura, você se sente:

( ) confortável (não incomoda)

( ) suportável (incomoda, mas não causa danos físicos e psicológicos)

( ) insuportável (causa danos físicos e psicológicos)

10) Se causa danos, quais?

_________________________________________________________________.

11) A empresa fornece equipamentos de proteção?

( ) sim ( ) não

12) Se sim, quais?

__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________.

13) Os equipamentos são utilizados por você:

( ) sempre

( ) às vezes

( ) nunca

14) Se não, qual o motivo?

__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________________.