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FUNDAMENTOS DE GRAMTICA DA
LNGUA PORTUGUESA
2012
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APRESENTAO
Estimados alunos,
As formas de se articular o conhecimento foram reavaliadas com o advento e
avano dos veculos tecnolgicos de divulgao da informao. As transformaes
sociais, culturais e econmicas so arcabouos promovedores de modificaes,
segundo certas necessidades e urgncias.
Em um contexto representado pela criao e avano das tcnicas de lidar
com o conhecimento, a Educao Distncia une o produto humano ao tecido
tecnolgico, irrompendo as distncias geogrficas, ampliando o alcance e a
abrangncia das formas de comunicao, informao, alm de reelaborar o
processo ensinar/aprender.
A revoluo tecnolgica no apenas diminuiu distncias; fez a sociedade
perceber a inquestionvel onipresena das mdias modernas aplicadas educao
e vida social; fez o indivduo reagrupar as novas concepes em como lidar com a
informao e sua popularizao. Desta forma, as novas posturas sociais sofreram
alteraes nas formas de como se pesquisar e apreender o conhecimento. A partir
desse atual perfil, a Educao Distncia tem como aporte o movimento
(deslocamento) das atuais sociedades rumo ao futuro.
Com uma forte densidade social, a Educao Distncia apoia o
desenvolvimento social e humano valorizando e qualificando as iniciativas voltadas
para desenvolvimento dos indivduos, ampliando as formas de se obter qualificao
educacional e profissional, capacitando pessoas para o exerccio do trabalho e da
pesquisa.
A Educao Distncia prope a transformao da educao, ultrapassando
os limites da sala de aula, transportando-a para a espacialidade do aluno segundo
sua convenincia e preferncia, oportunizando solues em culturas
internacionalizadas e unidas pelas relaes sem fronteiras.
sabido, tambm, do nvel de disciplina e responsabilidade necessrias
para cursos de formato distncia. Portanto, a EAD representa uma reinveno do
contato com o conhecimento em contextos profissional e acadmico, levando no
apenas informao alm-fronteiras - intercambializada pela acessibilidade sncrona2
Fundamentos de Gramtica da Lngua Portuguesa
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e assncrona de informaes-, mas conduzindo pessoas ao mais inequvoco
elemento transformador de posturas sociais: o conhecimento.
Everaldo dos Santos Almeida - Professor
UNIDADEGeneralidades gramaticais:
elementos bsicos
Concordncia Verbal e Nominal
Crase
Homfonas, homgrafas e parnimas
Ortografia
Pontuao
Acentuao grfica
Regncia verbal e nominal
3Fundamentos de Gramtica da Lngua Portuguesa
I
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CONCORDNCIA NOMINAL
Saiba como fazer a concordncia nominal da forma correta.
Na lngua portuguesa, existem conceitos e regras complicados, pelo menos
ao cidado comum, que no est acostumado com a utilizao da lngua padro, e
sim com a linguagem cotidiana, solta, despreocupada. Por exemplo, com qual
segurana o indivduo usaria a frase escrita acima? "... conceitos e regras
complicados" ou "... conceitos e regras complicadas"? Como saber o certo? Vamos,
ento, aos estudos:
Quando dois ou mais substantivos forem qualificados por um s adjetivo,
deve-se analisar se este funciona como adjunto adnominal ou como predicativo.
Como chegar resposta? Simples: substitua os substantivos por um pronome; se o
adjetivo desaparecer com essa substituio, sua funo ser a de adjunto
adnominal; se no desaparecer, ser a de predicativo.
Por exemplo: "Existem conceitos e regras complicados". Substituindo os
substantivos por um pronome teremos "Eles existem", e no "Eles existem
complicados". O adjetivo desapareceu com a substituio; , ento, adjunto
adnominal. J na frase "Considero os conceitos e as regras complicados".
Substituindo os substantivos por um pronome teremos "Considero-os complicados".
O adjetivo no desapareceu; , ento, predicativo. E como qualifica o objeto direto,
denomina-se predicativo do objeto.
Adjetivo como adjunto Adnominal
Aps os substantivos: Quando o adjetivo funcionar como adjunto
adnominal e estiver aps os substantivos, tanto poder concordar
com a soma destes quanto concordar apenas com o elemento mais
prximo. Por isso a frase apresentada inicialmente tanto poder ser
escrita "Existem conceitos e regras complicados" quanto "Existem
conceitos e regras complicadas". Outros exemplos: "Ela escolheu
coordenador e assistente pssima" ou "Ela escolheu coordenador e4
Fundamentos de Gramtica de Lngua Portuguesa
-
assistente pssimos"; "Encontrei colgios e faculdades timas" ou
"Encontrei colgios e faculdades timos". O adjunto adnominal
concordar apenas com o elemento mais prximo, se a qualidade
pertencer somente a este (P. Exemplo: Comprei cerveja e carne
bovina), se os substantivos forem sinnimos (P. Exemplo: Magoaram
o povo e a gente brasileira) ou se formarem gradao (P. Exemplo:
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho).
Antes dos substantivos: Quando o adjetivo funcionar como adjunto
adnominal e estiver antes dos substantivos, concordar apenas com
o elemento mais prximo. Por exemplo: "Existem complicadas regras
e conceitos"; "Ela escolheu pssima assistente e coordenador";
"Encontrei timas faculdades e colgios". Quando houver apenas um
substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos, haver duas
possibilidades de construo: colocar o substantivo no plural e
enumerar os adjetivos no singular, ou colocar o substantivo no
singular e, ao enumerar os adjetivos, tambm no singular, antepor um
artigo a cada um, menos no primeiro deles. Por exemplo: "Ele estuda
as lnguas inglesa, francesa e alem" ou "Ele estuda a lngua inglesa,
a francesa e a alem"; "As selees brasileira, italiana e argentina
esto prontas para o torneio" ou "A seleo brasileira, a italiana e a
argentina esto prontas para o torneio".
Adjetivo como predicativo
Com o verbo aps o sujeito: Se adjetivo funcionar como predicativo
do sujeito, este concordar com a soma dos elementos. Por exemplo:
"A casa e o quintal estavam abandonados"; "A casa e o quintal,
abandonados, foram invadidos pelos garotos"; "Abandonados, a casa
e o quintal foram invadidos pelos garotos".
Com o verbo antes do sujeito: O predicativo do sujeito
acompanhar a concordncia do verbo, que tanto concordar com a
soma dos elementos quanto com o mais prximo. Por exemplo:
"Estava abandonada a casa e o quintal" ou "Estavam abandonados a
-
casa e o quintal"; "Parecia perdida a garota e os irmozinhos" ou
"Pareciam perdidos a garota e os irmozinhos".
Adjetivo como predicativo do objeto
mais aconselhvel concordar com a soma dos substantivos. Por isso o
mais indicado "Considero os conceitos e as regras complicados", "Tenho como
irresponsveis o chefe do setor e seus subordinados" e "Julgo culpados pela derrota
o treinador e os jogadores". H gramticos, porm, que admitem a concordncia
apenas com o elemento mais prximo.
Pronto. Essa foi a primeira parte dos estudos da concordncia nominal. Na
prxima semana, continuaremos a matria. At mais ver.
6Fundamentos de Gramtica de Lngua Portuguesa
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CONCORDNCIA NOMINAL
1 - Adjetivo / substantivo: O adjetivo concorda com o substantivo a que se
refere em gnero e nmero. Se a palavra que funciona como adjetivo for
originalmente um substantivo, ficar invarivel. Exemplos:
Rosas vermelhas e jasmins prolaTernos cinza e camisas amarelas
2 - Adjetivo composto: Quando houver adjetivo composto, apenas o
ltimo elemento concordar com o substantivo a que se refere; os
demais ficaro na forma masculina, singular. Se um dos elementos
for originalmente um substantivo, todo o adjetivo composto ficar
invarivel.
Violetas azul-claras com folhas verde-musgoCalas rosa-claro e camisas verde-mar
3 - Obrigado / Mesmo / Prprio: Concordam com o elemento a que se
referem: A menina disse, em nome de todas as garotas: Muito
obrigadas.
Elas mesmas conversaram conosco.A prpria autora vir para o debate.
Nota: Quando mesmo significar realmente, ser advrbio, portanto ficarinvarivel. Exemplo: Os jovens resolveram mesmo a situao.
4 - S / Ss: "S" ser pluralizvel, quando significar sozinhos, sozinhas; ser
invarivel, quando significar apenas, somente. Exemplo:
As garotas s queriam ficar ss. (Somente queriam ficar sozinhas)
Nota: A locuo a ss invarivel. Exemplo: Ela gostava de ficar a ss.5 - Quite / Anexo / Incluso: Concordam com o elemento a que se referem.
Exemplo:
azul-marinho, azul-
celeste, ultravioleta e
qualquer adjetivo
composto iniciado por
cor-de-... so sempre
invariveis.
Os adjetivos
compostos surdo-
mudo e pele-vermelha
tm os dois
elementos
flexionados.
-
Estamos quites com o Banco.As notas promissrias foram quites hoje pela manh.Seguem anexas as certides negativas.Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
6 Meio: Concordar com o elemento a que se refere, quando significar metade.
Ser invarivel, quando significar um pouco, mais ou menos. Exemplo:
Ela estava meio (um pouco)nervosa, pois j era meio-dia emeia(hora), e seu filho ainda no havia chegado.
7 - Casa dois / Pgina vinte: Numeral utilizado aps substantivo, cardinal (um,
dois, trs...). Do contrrio, usa-se o numeral ordinal (primeiro, segundo,
terceiro...). Exemplos:
Estamos na segunda pgina.Arrancaram a pgina duzentos.
8 - proibido entrada / proibida a entrada: Quando o sujeito for tomado em sua
generalidade, sem qualquer determinante, o verbo ser - ou qualquer outro verbo
de ligao - ficar no singular, e o predicativo do sujeito no masculino, singular.
Se o sujeito vier determinado, a concordncia do verbo e do predicativo ser
regular, ou seja, tanto o verbo quanto o predicativo concordaro com o
determinante. Exemplo:
Caminhada bom para a sade.Esta caminhada est boa. proibido entrada de crianas. proibida a entrada de crianas.Pimenta bom?A pimenta boa?
9 - Menos / Pseudo: So palavras invariveis. Pseudo ser hifenizado quando a
palavra seguinte se iniciar por H, R, S e Vogal. Exemplos:
Havia menos violncia antigamente.Aquelas garotas so pseudo-atletas.
10 - Muito / Bastante: Quando modificarem substantivo, concordaro com ele.
Quando modificarem verbo, adjetivo, ou outro advrbio, ficaro invariveis. Se
-
puderem ser substitudos por vrios ou vrias ficaro no plural (bastantes
tambm pode ser substitudo por suficientes); se puderem ser substitudos por
bem, ficaro invariveis. Exemplos:
Bastantes(vrios) alunos ficaram bastante(bem) irritados com oprofessor.
H testemunhas bastantes(suficientes) para incriminar o acusado.
11 - Tal qual: Tal concorda com o substantivo anterior, e qual, com o posterior.
Exemplos:
O filho tal qual o pai.O filho tal quais os pais.Os filhos so tais qual o pai.Os filhos so tais quais os pais.
Nota: Se o elemento anterior um verbo, tal fica invarivel; se o elemento
posterior um verbo, qual fica invarivel. Exemplos:
Eles agem tal quais as ordens do pai.Eles agem tal qual forem as ordens do pai.
12 Grama: Quando representar unidade de massa, ser masculino. Exemplos:
Comprei duzentos gramas de presunto.Ele foi preso com um grama de cocana.
13 Silepse: Concordncia irregular, tambm chamada concordncia figurada.
a que se opera no com o termo expresso, mas com outro termo latente, isto
, oculto, mentalmente subentendido.
a) Silepse de gnero: So Paulo linda. (Usa-se linda, por tratar-se da
cidade de So Paulo)
b) Silepse de nmero: Estaremos aberto nesse final de semana. (Usa-
se aberto porque o que estar aberto ser o estabelecimento)
c) Silepse de pessoa: Os brasileiros estamos esperanosos. (Usa-se
estamos, pois ns somos os brasileiros)
-
14 - Possvel: Em frases enfticas, como o mais, o menos, o melhor, o pior,
possvel concordar com o artigo. Exemplos:
Conheci garotas o mais belas possvel.Conheci garotas as mais belas possveis.
Pronto. Agora sim terminamos a concordncia nominal. Estude bem essas
regras e fale cada dia melhor a nossa lngua. At mais ver.
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CONCORDNCIA VERBAL
A concordncia verbal um dos aspectos gramaticais mais temidos pelos
estudantes. A nica maneira de usar o verbo convenientemente, em relao
concordncia, raciocinar, encontrar o sujeito a que o verbo se refere, a fim de
deixar este no mesmo nmero e pessoa que aquele. Hoje estudaremos apenas
alguns casos especiais.
Concordncia verbal consiste no estudo do verbo quanto maneira como ele
dever surgir na frase (singular ou plural), dependendo de qual elemento seja o
sujeito da orao, ou at dependendo da prpria existncia do sujeito. Se o sujeito
for um substantivo singular, o mesmo ocorrer com o verbo; se for um termo no
plural, o verbo tambm o ser. Por exemplo: "O prdio ruiu"; "Os bombeiros
chegaram". Para se encontrar o sujeito, pergunta-se ao verbo "Que(m) que...?".
Casos Especiais
Verbo SER: Decerto, se apresentarem a frase "O vestibular so as
esperanas dos estudantes" a maioria dir que h inadequao, pois "O vestibular
so..." parece estar errado, no mesmo?
Mas est certo, pois o verbo ser, quando tiver como sujeito e como
predicativo do sujeito elementos numericamente diferentes (um no singular, outro no
plural), dever concordar com o plural, no importando a sequncia em que os
elementos se encontrem na orao. Exemplo:
"O mundo dela so as suas bonecas"; "Nem tudo so alegrias navida".
Essa concordncia s no ocorrer, se o sujeito for um nome prprio ou
indicar pessoa; nesse caso, o verbo ser concordar com a pessoa. Exemplo:
"O homem cinzas"; "Mariella as alegrias da famlia".
Outro caso especial do verbo ser ocorre em frases que indicam quantidade:
Qual o certo? "Trezentos gramas de carne (ou so) o suficiente para esse
-
prato"? A resposta "Trezentos gramas de carne o suficiente", porque o verbo ser
ficar no singular, quando o predicativo for uma expresso como "muito, pouco, o
bastante, o suficiente, uma fortuna, uma misria, demais...". Exemplo:
"Duzentos mil reais muito para essa casa"; "Quatro voluntrios obastante para realizar o servio".
O verbo ser tambm pode ser impessoal, ou seja, pode apresentar-se sem
sujeito. Isso ocorrer quando indicar horas, datas ou distncias.Ao indicar horas ou
distncias, o verbo ser concordar com o numeral a que se refere; ao indicar datas,
tanto poder ficar no singular, quanto no plural, com exceo do primeiro dia do
ms; nesse caso, ser ficar no singular. Exemplo:
" uma hora"; So duas horas"; " um quilmetro daqui at l"; "Sodois quilmetros daqui at l"; " vinte e nove de agosto"; "So vintee nove de agosto".
Que voc diria da frase "Bateram dez horas o relgio da matriz"? Certa ou
errada?Errada!
Os verbos DAR, BATER e SOAR concordam com o sujeito (relgio, torre,
campanrio, sino), a no ser que esses elementos estejam com a preposio em;
nesse caso, no funcionaro como sujeito, e os verbos passaro a concordar com o
numeral. Exemplo
"Bateram dez horas no relgio da matriz"; "Bateu dez horas o relgioda matriz"; "Soaram quatro horas no sino"; "Soou quatro horas osino".
"Viva os jogadores!" Quem nunca gritou frase desse tipo algum dia? Quem
nunca cometeu esse erro? Erro, porque o verbo VIVER, nas oraes optativas, deve
concordar com o sujeito, que sempre estar posposto ao verbo. Exemplo:
"Vivamos ns!"; "Vivam os artistas!".
-
Vivam as borboletas que parece bailarem quando voam! Qu?! "parece
bailarem"? Exatamente.Tanto se pode dizer "parece bailarem" quanto "parecem
bailar".
Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo e o
sujeito for um elemento no plural, ou flexiona-se o verbo parecer, ou o infinitivo.
Exemplo:
"As borboletas parecem bailar" (sujeito) (locuo verbal)
J em "As borboletas parece bailarem" o sujeito de "parece" "as borboletas
bailarem", denominado de orao subordinada substantiva subjetiva reduzida de
infinitivo, e o verbo parecer intransitivo.
Essa ltima construo equivalente a"Parece que as borboletas bailam",
retirando-se a conjuno "que" e colocando-se o verbo no infinitivo.
-
CRASE
Regras de uso e emprego.
A palavra crase de origem grega e significa fuso, mistura. Em gramtica,
basicamente a crase se refere fuso da preposio a com o artigo feminino a: Vou
escola. O verbo ir rege a preposio a, que se funde com o artigo exigido pelo
substantivo feminino escola: Vou (a+a) escola.
A ocorrncia de crase marcada com o acento grave (`). A troca de escola
por um substantivo masculino equivalente comprova a existncia de preposio e
artigo: Vou ao (a+o) colgio.
No caso de ir a algum lugar e voltar de algum lugar, usa-se crase quando:
"Vou Bolvia. Volto da Bolvia". No se usa crase quando: "Vou a So Paulo. Volto
de So Paulo". Ou seja, se voc vai a e volta da, crase h. Se voc vai a e volta de,
crase para qu?
erro colocar acento grave antes de palavras que no admitam o artigo
feminino a, como verbos, a maior parte dos pronomes e as palavras masculinas.
A tabela resume os principais casos em que a crase deve (ou no) ser
utilizada:
-
Caso Uso obrigatrio Uso proibitivo Uso facultativo
Antes de palavras masculinas
Quando estiver implcito moda de: mveis Lus 15;
Quando subentendido termo feminino: vou [praa]Joo Mendes
Viajar a convite, traje a rigor, passeio a p, sal a gosto, TV a cabo, barco a remo, carro a lcool etc.
Antes de verbos Disposto a colaborar.
Antes de pronomes
Antes da maior parte deles: Disse a ela queno vir; nunca se refere a voc.
Pronomes possessivos:Enviou a carta sua famlia. Enviou a carta a sua famlia.
Quando "a" vem antes de plural
A pesquisa no se refere a mulheres casadas.
Expresses formadas por palavras repetidas
Cara a cara; ponta a ponta frente a frente; gota a gota.
Depois de "para", "at", "perante", "com", "contra" outras preposies
O jogo est marcado para as 16h; foi at a esquina; lutou contra as americanas.
Antes de cidades, Estados, pases
Foi Itlia (voltou da Itlia).
Chegou Paris dos poetas (voltou da Parisdos poetas).
Foi a Roma (voltoude Roma).
Foi a Paris (voltou de Paris).
Locues adverbiais, conjuntivas ou prepositivas de base feminina
s vezes, s pressas, primeira vista, medida que, noite, custa de, procura de, beira de, tarde, vontade, s cegas, s escuras, s claras, etc.
Locues femininas de meio ou instrumento: vela/a vela; bala/a bala; vista/a vista; mo/a mo. (Prefira crase quando for preciso evitar ambigidade: Receber bala).
Aquele, aqueles, aquilo, aquela, aquelas
Referiu-se quilo; Foi quele restaurante; Dedicou-se quela
tarefa.
-
Com demonstrativo a
A capitania de Minas Gerais estava ligada de So Paulo;
Falarei s que quiserem me ouvir.
-
HOMNIOS E PARNIMOS
So muito comuns os erros de grafia e pronncia de palavras semelhantes
na Lngua Portuguesa. A seguir, alguns mais corriqueiros, a partir dos quais vamos
esclarecer algumas dvidas relativas ao assunto.
COMO SE FALA E SE ESCREVE? cumprimento ou comprimento?
descrio ou discrio? a fim ou afim?
acento ou assento?
s vezes, ouvimos uma pessoa dizer "que tem muitos homnimos", ou seja,
que h outras pessoas com o nome igual ao dela. Para entendermos melhor como
isto ocorre, necessrio que conheamos um pouco da formao das palavras.
HOMNIMO(ou palavras homnimas) quer dizer:
(do grego) HOMOS = igual + ONYMA = nome
So vocbulos que se pronunciam ou se escrevem da mesma forma, mas
tm sentidos diferentes. Ou seja, so palavras polissmicas. Exemplo:
manga de camisa e a fruta manga.
POLISSEMIA (do grego) POLYS = muitos + SEMA = significao / sinal
Ocorre quando fazemos uso de um termo com vrios sentidos. o caso dos
homnimos.
Ceclia Meireles faz uso de homnimos em sua poesia "Moda da menina
trombuda". Utiliza a palavra "muda" com dois sentidos: adjetivo / sem voz e verbo
mudar.
E a moda da menina muda da menina trombuda que muda de modos e d medo. (...)
-
Entre os homnimos, h dois tipos especiais: os homgrafos (palavras
homgrafas) e os homfonos (palavras homfonas). E, claro, os homnimos
perfeitos (que so homgrafos e homfonos ao mesmo tempo). Vejamos:
Homnimo HOMGRAFO (ou palavras homgrafas) quer dizer: (do grego) HOMOS = igual + GRAPHEIN = escrita
So vocbulos que se escrevem da mesma forma, mas a pronncia
diferente. Exemplos:
Vou colher as frutas. (recolher) A colher de ch est suja. (utenslio de mesa e cozinha)
No seguinte trava-lnguas, podemos observar o uso ambguo de maria-mole
como palavra homgrafa. Ou seja, a mesma palavra utilizada como nome de um
doce e, por associao de idia, como atributo de uma pessoa preguiosa.
Maria-Mole molenga, se no molenga,No Maria-Mole. coisa malemolente, Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole.
Homnimo HOMFONO (ou palavras homfonas) quer dizer: (do grego) HOMOS = igual + PHONE = som
So vocbulos que tm a mesma pronncia, mas a grafia e o sentido so
diferentes. Exemplo:
Acerca de um assunto (a respeito de) H cerca de dois anos (h um certo tempo)
Observe como a letra de "Vamos fugir", interpretada por Gilberto Gil, torna-se
interessante com o uso de um homnimo homfono bastante criativo: "regue" (verbo
regar) e "reggae" (ritmo musical).
(...) Vamos fugir Pr'onde haja um tobogOnde a gente escorregue Todo dia de manh Flores que a gente regue Uma banda de ma
-
Outra banda de reggae...(...)
Homnimos Perfeitos
So vocbulos que se pronunciam e se escrevem da mesma forma, mas tm
sentidos diferentes. Exemplos:
(a)cerca de 100 metros (a uma certa distncia de) (a) cerca de um quintal (o que est em torno de um terreno, demadeira, de plantas) cerca de 14h (aproximadamente) cumprimento ao mestre (saudao) cumprimento das tarefas (realizao)
Observe o uso dos homnimos perfeitos nos versos da cano "Tire as mos
de mim", interpretada por Chico Buarque de Hollanda. A brincadeira lingstica
consiste no uso da palavra "ns" como substantivo (lao apertado) e como pronome
(1 pessoa do plural).
(...) ramos nsEstreitos nsEnquanto tus lao frouxo (...)
PARNIMOS (ou palavras parnimas) quer dizer: PARA = a lado de + ONYMA = nome
So vocbulos que tm grafia e pronncia semelhantes / parecidas, mas
significados diferentes. Exemplo:
comprimento da camisa (tamanho) cumprimento ao professor (saudao)
Observe como Gabriel, O Pensador faz uso de um parnimo como forma de
se referir a uma composio de Chico Buarque e Gil: "cale-se" (verbo no imperativo)
e "clice" (substantivo/taa).
-
Alguns exemplos mais usados de Homnimos e Parnimos:
(Obs: lista completa no site www.dsignos.com.br)
Erros diversos relacionados pronncia ou escrita das palavras:
-
A publicidade e a literatura utilizam-se muito da homonmia ou polissemia
para criar a ambigidade da mensagem (palavras iguais que levam possibilidades
de interpretao pela aproximao dos diferentes sentidos). Os jogos de adivinhas e
os ditados populares tambm brincam com o duplo sentido das palavras:
-
ORTOGRAFIA I
A palavra Ortografia formada por "orto", elemento de origem grega, usado
como prefixo, com o significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de
composio de origem grega com o significado de ao de escrever; ortografia,
ento, significa ao de escrever direito. fcil escrever direito? No!! , de fato,
muito difcil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mnimo
de erros ortogrficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matria. Abaixo
seguem algumas frases com as respectivas regras sobre o uso de , s, ss, z, x...
Vamos a elas:
01 - Uma das intenes da casa de deteno levar o que cometeu graves
infraes a alcanar a introspeco, por intermdio da reeducao.
a) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos terminados em TO:
intento = intenocanto = canoexceto = exceojunto = juno
b) Usa-se em palavras terminadas em TENO referentes a verbos
derivados de TER:
deter = detenoreter = retenoconter = contenomanter = manuteno
c) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos terminados em TOR:
infrator = infraotrator = traoredator = redaosetor = seo
-
d) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos terminados em TIVO:
introspectivo = introspecorelativo = relaoativo = aointuitivo intuio
e) Usa-se em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a
desinncia R:
reeducar = reeducaoimportar = importaorepartir = repartiofundir = fundio
f) Usa-se aps ditongo quando houver som de s:
eleio
traio
02 - A pretensa diverso de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a
sua expulso, porque ps uma frase horrorosa sobre a diretora Lusa.
a Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou
NDIR:
pretender = pretenso, pretensa, pretensiosodefender = defesa, defensivocompreender = compreenso, compreensivorepreender = repreensoexpandir = expansofundir = fusoconfundir = confuso
g) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou
ERTIR:
inverter = inversoconverter = conversoperverter = perversodivertir = diverso
-
h) Usa-se s aps ditongo quando houver som de z:
Creusacoisamaisena
i) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substantivos femininos:
LusaHelosaPoetisaProfetisa
Obs: Juza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que tambm se
escreve com z.
j) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou
PELIR:
concorrer = concursodiscorrer = discursoexpelir = expulso, expulsocompelir = compulsrio
k) Usa-se s na conjugao dos verbos PR, QUERER, USAR:
ele psele quisele usou
l) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:
frasetesecriseosmose*Excees: deslize e gaze.
m) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:
horrorosagostoso*Exceo: gozo
03 I. Teresinha, a esposa do campons ingls, avisou que cantaria de
improviso.
-
II. Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mulherzinha no fez a
limpeza.
a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra
fizer parte do radical da palavra de origem; com z quando a palavra de
origem no tiver o radical terminado em s:
Teresa = TeresinhaCasa = casinhaMulher = mulherzinhaPo = pozinho
b) Os verbos terminados em ISAR sero escritos com s quando esta letra
fizer parte do radical da palavra de origem; os terminados em IZAR
sero escritos com z quando a palavra de origem no tiver o radical
terminado em s:
improviso = improvisaranlise = analisarpesquisa = pesquisarterror = aterrorizartil = utilizareconomia = economizar
c) As palavras terminadas em S e ESA sero escritas com s quando
indicarem nacionalidade, ttulos ou nomes prprios; as terminadas em
EZ e EZA sero escritas com z quando forem substantivos abstratos
provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:
TeresaCamponsInglsEmbriaguezLimpeza
04 - O excesso de concesses dava a impresso de compromisso com o
progresso.
a) Os verbos terminados em CEDER tero palavras derivadas escritas com
CESS:
exceder = excesso, excessivo
-
conceder = concessoproceder = processo
b) Os verbos terminados em PRIMIR tero palavras derivadas escritas com
PRESS:
imprimir = impressodeprimir = depressocomprimir = compressa
c) Os verbos terminados em GREDIR tero palavras derivadas escritas
com GRESS:
progredir = progressoagredir = agressor, agresso, agressivotransgredir = transgresso, transgressor
d) Os verbos terminados em METER tero palavras derivadas escritas com
MISS ou MESS:
comprometer = compromissoprometer = promessaintrometer = intromissoremeter = remessa
05 - Para que os filhos se encorajem, o lojista come jil com canjica.
a) Escreve-se com j a conjugao dos verbos terminados em JAR:
Viajar = espero que eles viajemEncorajar = para que eles se encorajemEnferrujar = que no se enferrujem as portas
b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocbulos terminados em
JA:
loja = lojistacanja = canjicasarja = sarjetagorja = gorjeta
c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.
JilJibiaJirau
-
06 - O relgio que ele trouxe da viagem ao Mxico em uma caixa de madeira caiu
na enxurrada.
1. Escrevem-se com g as palavras terminadas em GIO, GIO, GIO,
GIO, GIO:
pedgiosacrilgioprestgiorelgiorefgio
2. Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:
a viagema coragema ferrugem Excees: pajem, lambujem
3. Palavras iniciadas por ME sero escritas com x:
MexericaMxicoMexilhoMexer Exceo: mecha de cabelos
4. As palavras iniciadas por EN sero escritas com x, a no ser que
provenham de vocbulos iniciados por ch:
EnxadaEnxertoEnxurradaEncher provm de cheioEnchumaar provm de chumao
5. Usa-s x aps ditongo:
ameixacaixapeixe Excees: recauchutar, guache
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ORTOGRAFIA II
Regras para escrever corretamente
No sabe como escrever uma palavra? com S ou com Z? Para esse tipo
de dvida, to comum em portugus, deve-se entender que a lngua tem,
basicamente, dois sistemas de escrita: regular e irregular.
Muitas vezes, as grafias no podem ser explicadas por nenhuma regra, pois
a origem da palavra ou a tradio de uso que justificam a forma de escrever. Por
exemplo, a palavra "hoje" escrita com "h" devido etimologia do termo, pois a
forma latina "hodie".
Em outras situaes, no entanto, possvel prever a grafia, porque se pode
"adivinhar" sua forma. Por exemplo: a palavra "portugus", que escrita com "s" e
no com "z". Logo, as outras palavras do mesmo grupo, como "francs", "japons"
ou "noruegus", so tambm escritas assim, com S!
Os adjetivos que indicam lugar de origem so escritos com "s" e no com
"z". Verifique: portugus, portuguesa, portugueses, portuguesas, francs, francesa,
franceses, francesas, noruegus, norueguesa, noruegueses, norueguesas,
finlands, finlandesa, finlandeses, japons, japonesa, japoneses, japonesas...
Amplie a lista e confirme a regra!
Veja mais exemplos na tabela a seguir. Vamos mostrar primeiro exemplos de
casos irregulares.
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Dvida Grafiacorreta Justificativa Como saber?
Homemou
omem?Homem A origem da palavra latina: homine,com h.
Memorizar ouconsultardicionrio
Casaou
caza?Casa A origem da palavra latina: casa.
Memorizar ouconsultardicionrio
Observe agora casos regulares que se aplicam a substantivos e adjetivos.
Dvida Grafiacorreta
Justificativa Como saber?
Firmesaou
firmeza?Firmeza
Nos substantivos quederivam de adjetivos, o finalda palavra (sufixo) esa:
firme/firmeza.
Levantar outros casos que confirmam a regra: belo/beleza, bonito/boniteza, pobre/pobreza, rico/riqueza.
Famosoou
famozo?Famoso Adjetivos com o sufixooso escrevem-se com s.
Lembrar de outros casos: gostoso/ dengoso/ oleoso/saboroso.
Chaticeou
chatisse?Chatice
Substantivos comterminao ice escrevem-se
com c.
Lembrar de outros casos: doidice/meninice.
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Para grafar corretamente os verbos tambm podemos recorrer s
regularidades.
Dvida Grafiacorreta Justificativa Como saber?
Falou,falol
ou fal?Falou
Verbos no passado, naterceira pessoa dosingular, terminam emou.
Em posio final depalavra ou slaba, o u eo l concorrem. O verbono passado, na terceirapessoa do singular, tem aterminao em u.
Cantaramou
cantaro?
As duasformaspodemestarcorretas.
As duas formas esto naterceira pessoa do plural,mas cada uma indica umtempo verbal diferente.
No presente (cantam)ou nopassado(cantaram),escreve-se com m nofinal. No futuro(cantaro), a nasalidade marcada com o.
Falar oufal? Falar Verbo no infinitivo
O nome dos verbos soescritos sempre com rfinal.
Pedisseou
pedice?Pedisse
Verbo no modo subjuntivo(que indica hiptese) tema forma isse.
O sufixo ice parasubstantivo (chatice) e aterminao isse paraverbo.
Para finalizar, vamos pensar nos casos de regularidades contextuais. Mas o
que isso, afinal? Vejamos um bom exemplo. Quando o som nasal, na escrita
podemos indic-lo de diversas maneiras: "campons", "canto", "an", "linha".
A regularidade chamada de contextual porque depende da posio da letra
na palavra ou slaba. No caso da nasalizao, analise a tabela a seguir.
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Ocorrncia de nasalizao Regularidades
homem, tatuagem,homenagem, triagem,tiragem, amm, tambm,ningum
Em posio final de palavra, a nasalizaodo ditongo /ei/ marcada na escrita comm.
banda, cantar, andou,brincava, mansa campons,tambm
Em posio final de slaba, a nasalizao marcada com n. Ateno: antes das letrasp e b, o som nasal representado porm e no n.
an, manh, s, vil, Em posio final, a vogal nasal marcadacom til.
linha, galinha, minha, tinha,latinha
O dgrafo nh tambm marca denasalidade (representa um fonemaconsonantal nasal).
Ento? No bom constatar que sabemos mais do que imaginvamos?
bem produtiva a compreenso das regularidades do sistema de escrita, no
verdade? Se descobrirmos o princpio que gera uma grafia, podemos inferir muitas
outras formas relativas ao mesmo princpio... A nossa memria agradece!
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PONTUAO
Os sinais de pontuao servem para marcar pausas (a vrgula, o ponto-e-
vrgula, o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamao, o ponto de
interrogao, etc.). Geralmente, esto ligados organizao sinttica dos termos na
frase, eles so regidos por regras.
Vrgula: Ela marca uma pausa de curta durao e serve para separar os termos de uma orao ou oraes de um perodo. A ordem normal dos termos na frase : sujeito, verbo, complemento. Quando temos uma frase nessa ordem, no separamos seus termos imediatos. Assim, no pode haver vrgula entre o sujeito e overbo e seu complemento.
Quando, na ordem direta, houver um termo com vrios ncleos a vrgula
ser utilizada para separ-los.
Na fala de Madonna, a vrgula est separando vrios ncleos do predicado
na segunda orao. Ex.:
"A obscenidade existe e est bem diante de nossas caras. o racismo, a
discriminao sexual, o dio, a ignorncia, a misria. Tem coisa mais obscena do
que a guerra?"
Utilizamos a vrgula quando a ordem direta rompida. Isso ocorre
basicamente em dois casos:
- quando intercalamos alguma palavra ou expresso entre os termos
imediatos, quebrando a seqncia natural da frase. Ex: Os filhos, muitas vezes,
mostraram suas razes para seus pais com muita sabedoria.
"O que o galhofista queria que eu, coronel de nimo desenfreado, fosse
para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente".
- quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu
lugar natural na frase. Ex.:
Para os pais, os filhos mostraram suas razes com muita sabedoria.
Com muita sabedoria, os filhos mostraram suas razes para os pais.
Ponto-e-vrgula: O ponto-e-vrgula marca uma pausa maior que a vrgula, porm menor que a do ponto. Por ser intermedirio entre a vrgula e o ponto, fica difcil sistematizar seu emprego. Entretanto, h algumas normas para sua utilizao.
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- usamos ponto-e-vrgula para separar oraes coordenadas que j
apresentem vrgula em seu interior;
- nunca use ponto-e-vrgula dentro de uma orao. Lembre-se ele s pode
separar uma orao de outra.
Com razo, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensveis
burocratas, porm, em tempo algum, deram ateno a elas.
"Os espelhos so usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma." Bernard
Shaw
- o ponto-e-vrgula tambm utilizado para separar vrios incisos de um
artigo de lei ou itens de uma lista. Ex:
[...] Considerando: A) a alta taxa de juros; B) a carncia de mo-de-obra; C) o alto valor de matria-prima; [...]
Dois Pontos: Os dois-pontos marcam uma sensvel suspenso da melodia da frase. So utilizados quando se vai iniciar uma seqncia que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma idia anterior, ou quando se quer dar incio fala ou citao de outrem.
Observe: (Percebeu? Vamos iniciar uma seqncia de exemplos, da os dois
pontos)
Descobri a grande razo da minha vida: voc J dizia o poeta: "Deus d o frio conforme o cobertor". "Por descargo de conscincia, do que no carecia, chamei os santosde que sou devocioneiro: - "So Jorge, Santo Onofre, So Jos!"
Aspas: As aspas devem ser utilizadas para isolar citao textual colhida a outrem, falas ou pensamentos de personagens em textos narrativos, ou palavras ou expresses que no pertenam lngua culta (grias, estrangeirismos, neologismos,etc)
O rapaz ficou "grilado" com o resultado da prova. Morava em um "flat" onde havia "playground".
Travesso: O travesso serve para indicar que algum fala de viva voz (discurso direto). Seu emprego constante em textos narrativos em que personagens dialogam. Leia o texto abaixo:
-Salve! - Como que vai? - Amigo, h quanto tempo... - Um ano, ou mais.
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Podem se usar dois travesses para substituir duas vrgulas que separam
termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes nfase.
Pel - o maior jogador de futebol de todos os tempos - hoje um bem-sucedido empresrio.
Reticncias: As reticncias marcam uma interrupo da seqncia lgica do enunciado, com a conseqente suspenso da melodia da frase. So utilizadas para permitir que o leitor complemente o pensamento que ficou suspenso.
Nas dissertaes objetivas, evite reticncias. Exemplo:
Eu no vou dizer mais nada. Voc j deve ter percebido que... "Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem - era sexta-feira..."
Parnteses: Os parnteses servem para isolar explicaes, indicaes ou comentrios acessrios. No caso de citaes referncias bibliogrficas, o nome doautor e as informaes referentes fonte tambm aparecem isolados por parnteses.
"Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil-ris,fora despesas midas com automveis, gorjetas, etc.) e embarqueivinte e quatro horas depois..." Graciliano Ramos.
"Ela (a rainha) a representao viva da mgoa..." Lima Barreto.
O ponto: usado para marcar o trmino das oraes declarativas. O ponto usado para marcar o final do texto conhecido como ponto final. Exemplo:
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, Pero Vaz deCaminha escreveu uma carta ao rei D. Manuel na qual informavasobre o descobrimento.
Exclamao: usado no final dos enunciados exclamativos, que denotam espanto,surpresa, admirao. Exemplo:
Ateno!, Al!, Bom dia!.
Interrogao: usado ao final dos enunciados interrogativos. Exemplo: - Tudo bem com voc? - Tudo. E voc? - Tudo bem!
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ACENTUAO GRFICA
Tabela traz regras do Manual de Redao da "Folha de S. Paulo" Veja como
usar corretamente os acentos. Para isso, necessrio saber o que so slabas
tnicas, oxtonas, paroxtonas e proparoxtonas - conceitos de acentuao tnica.
E ateno. No futuro, as regras podem mudar, com a entrada em vigor da
reforma ortogrfica da lngua portuguesa.
Por enquanto, estas continuam valendo.
Tipo de palavra Quando acentuar Exemplos No acentue
Proparoxtonas sempre simptica, lcido, slido, cmodo
Paroxtonas
terminadas em:LIISNUM, UNSUSRXPS, SO, OSditongo, seguido ou no de S
fciltxitnishfenprtonlbum(ns)vruscarterltexbcepsm, rfsbno, rfoscrie, rduos
terminadas em ENS:hifens, polens.
Oxtonas
terminadas em: A, ASE,ESO, OSEM, ENS
VatapIgarapav, avsrefm, parabns
terminadas em I, IS, U, US: tatu, Morumbi, abacaxi
Tipo de palavra Quando acentuar Exemplos No acentue
Monosslabos tnicos
terminados em A, AS,E, ES,O,OS
v, psp, msp, ps
Hiatosquando I,IS, U ou USesto sozinhos no hiato e so tnicos
saa, razes, traste,pas, balastre
quando a silaba seguinte comea com NH: rainha
Ditongos abertos EI, EISEU, EUS idia, anis ru (s),
no ocorre ditongo em constroem e
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OI,OIS vu (s) destri, lenis destroem
Ge, gi, qe quando o U tnico argi, obliqe, averigem
o, e quando a primeira vogal tnica vo, perdo, vem
Verbos ter e virna terceira pessoa do plural do presentedo indicativo
eles tm,eles vm
Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir)
na terceira pessoa do singular,na terceira pessoa do plural do presentedo indicativo
ele obtm, detm, mantmeles obtm, detm, mantm
Acento diferencial
pde (passado); pra(verbo); plo (cabelo), plo, pla eplas (verbo pelar); plo (em geografia, fsica e esporte) e plo (ave); pr (verbo); pra (fruta) epra (pedra); ca, cas (verbo coar); qu, pla e plas (substantivos)
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REGNCIA VERBAL
a parte da Gramtica Normativa que estuda a relao entre dois termos,
verificando se um termo serve de complemento a outro. A palavra ou orao que
governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante;
Os termos ou orao que dela dependem so os regidos ou subordinados.
Exemplo:
Aspiro o perfume da flor. (cheirar)/ Aspiro a uma vida melhor.(desejar)
1. Chegar/ ir deve ser introduzido pela preposio a e no pela preposio
em.
Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte.
2. Morar/ residir normalmente vm introduzidos pela preposio em.
Ex.: Ele mora em So Paulo./ Maria reside em Santa Catarina.
3. Namorar no se usa com preposio.
Ex.: Joana namora Antnio.
4. Obedecer/desobedecer exigem a preposio a.
Ex.: As crianas obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu aoprofessor.
5. Simpatizar/ antipatizar exigem a preposio com.
Ex.: Simpatizo com Lcio./ Antipatizo com meu professor de Histria.
Estes verbos no so pronominais, portanto, so considerados construes
erradas quando aparecem acompanhados de pronome oblquo: Simpatizo-me com
Lcio./ Antipatizo-me com meu professor de Histria.
6. Preferir - este verbo exige dois complementos sendo que um usa-se sem
preposio e o outro com a preposio a.
Ex.: Prefiro danar a fazer ginstica.
-
Segundo a linguagem formal, errado usar este verbo reforado pelas
expresses ou palavras: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, etc.
Ex.: Prefiro mil vezes danar a fazer ginstica.
Verbos que apresentam mais de uma regncia
1 Aspirar
a)no sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposio. Ex.: Aspirou o
ar puro da manh.
b)b - no sentido de almejar, pretender: exige a preposio a. Ex.:
Esta era a vida a que aspirava.
2 Assistir
a)no sentido de prestar assistncia, ajudar, socorrer: usa-se sem
preposio.
Ex.: O tcnico assistia os jogadores novatos.
b)no sentido de ver, presenciar: exige a preposio a.
Ex.: No assistimos ao show.
c)no sentido de caber, pertencer: exige a preposio a.
Ex.: Assiste ao homem tal direito.
d)no sentido de morar, residir: intransitivo e exige a preposio em.
Ex.: Assistiu em Macei por muito tempo.
3 - Esquecer/lembrar
a)Quando no forem pronominais: so usados sem preposio.
Ex.: Esqueci o nome dela.
b) Quando forem pronominais: so regidos pela preposio de.
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Ex.: Lembrei-me do nome de todos.
4 - Visar
a) no sentido de mirar: usa-se sem preposio.
Ex.: Disparou o tiro visando o alvo.
b) no sentido de dar visto: usa-se sem preposio. Ex.: Visaram os
documentos.
c) no sentido de ter em vista, objetivar: regido pela preposio a.
Ex.: Viso a uma situao melhor.
5 - Querer
a) no sentido de desejar: usa-se sem preposio.
Ex.: Quero viajar hoje.
b) no sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposio a.
Ex.: Quero muito aos meus amigos.
6 - Proceder
a) no sentido de ter fundamento: usa-se sem preposio.
Ex.: Suas queixas no procedem.
b) no sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposio de.
Ex.: Muitos males da humanidade procedem da falta derespeito ao prximo.
c) no sentido de dar incio, executar: usa-se a preposio a.
Ex.: Os detetives procederam a uma investigao criteriosa.
7 - Pagar/ perdoar
a) se tem por complemento palavra que denote coisa: no exigem
preposio.
Ex.: Ela pagou a conta do restaurante.
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b) se tem por complemento palavra que denote pessoa: so regidos
pela preposio a.
Ex.: Perdoou a todos,
8 - Informar
a) no sentido de comunicar, avisar, dar informao: admite duas
construes:
I. objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas
preposies de ou sobre).
Ex.: Informou todos do ocorrido.
II. objeto indireto de pessoa ( regido pela preposio a) e direto de
coisa.
Ex.: Informou a todos o ocorrido.
9 - Implicar
a) no sentido de causar, acarretar: usa-se sem preposio.
Ex.: Esta deciso implicar srias conseqncias.
b) no sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos,
um direto e um indireto com a preposio em.
Ex.: Implicou o negociante no crime.
c) no sentido de antipatizar: regido pela preposio com.
Ex.: Implica com ela todo o tempo.
10- Custar
a) no sentido de ser custoso, ser difcil: regido pela preposio a.
Ex.: Custou ao aluno entender o problema.
b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem
preposio.
Ex.: O carro custou-me todas as economias.
c) no sentido de ter valor de, ter o preo: usa-se sem preposio.
Ex.: Imveis custam caro.
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REGNCIA NOMINAL
Alguns nomes tambm exigem complementos preposicionados. Conhea
alguns:
acessvel a
acostumado a, com
adaptado a, para
afvel com, para com
aflito com, em, para, por
agradvel a
alheio a, de
alienado a, de
aluso a
amante de
anlogo a
ansioso de, para, por
apto a, para
atento a, em
averso a, para, por
vido de, por
benfico a
capaz de, para
certo de
compatvel com
compreensvel a
comum a, de
constante em
contemporneo a, de
contrrio a
curioso de, para, por
desatento a
descontente com
desejoso de
desfavorvel a
devoto a, de
diferente de
difcil de
digno de
entendido em
equivalente a
erudito em
escasso de
essencial para
estranho a
fcil de
favorvel a
fiel a
firme em
generoso com
grato a
hbil em
habituado a
horror a
hostil a
idntico a
impossvel de
imprprio para
imune a
-
incompatvel com
inconseqente com
indeciso em
independente de, em
indiferente a
indigno de
inerente a
insacivel de
leal a
lento em
liberal com
medo a, de
natural de
necessrio a
negligente em
nocivo a
ojeriza a, por
paralelo a
parco em, de
passvel de
perito em
permissivo a
perpendicular a
pertinaz em
possvel de
possudo de
posterior a
prefervel a
prejudicial a
prestes a
propenso a, para
propcio a
prximo a, de
relacionado com
residente em
responsvel por
rico de, em
seguro de, em
semelhante a
sensvel a
sito em
suspeito de
til a, para
versado em
-
UNIDADEGneros textuais e retextualizao
Texto - a construo das idias
Coerncia - construo do pargrafo
Coeso - construo do pargrafo
Redao
Oralidade e Escrituralidade
II
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TEXTO a construo das idias
Voc sabe qual o conceito?
Voc provavelmente est acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual
o seu conceito? Para entend-lo, pense nas duas seguintes situaes:
1. Voc foi visitar um amigo que est hospitalizado e, pelos
corredores, voc v placas com a palavra "Silncio".
2. Voc est andando por uma rua, a p, e v um pedao de
papel, jogado no cho, onde est escrito "Ouro".
Em qual das situaes uma nica palavra pode constituir um texto?
Na situao 1, a palavra "Silncio" est dentro de um contexto significativo
por meio do qual as pessoas interagem: voc, como leitor das placas, e os
administradores do hospital, que tm a inteno de comunicar a necessidade de
haver silncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silncio" um texto.
Na situao 2, a palavra "Ouro" no um texto. apenas um pedao de
papel encontrado na rua por algum. A palavra "Ouro", na circunstncia em que
est, quer dizer o qu? No h como saber.
Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas
costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades
grandes que anunciam a compra de ouro? A sim, nessa situao, a palavra "Ouro"
constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que algum
quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, ento anuncia
isso.
Texto , ento, uma seqncia verbal (palavras), oral ou escrita, que forma
um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma
determinada situao.
O texto pode ter uma extenso varivel: uma palavra, uma frase ou um
conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto
significativo para existir.
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Constituindo sentidos
Agora, Leia o texto a seguir de modo a aprofundar ainda mais o conceito de
"texto".
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. gua. Escova, creme dental,gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, gua,cortina, sabonete, gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelo;pente. Cueca, camisa, abotoaduras, cala, meias, sapatos, gravata,palet. Carteira, nqueis, documentos, caneta, chaves, leno, relgio,maos de cigarros, caixa de fsforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xcara epires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro.Cigarro, fsforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone,agenda, copo com lpis, canetas, blocos de notas, esptula, pastas,caixas de entrada, de sada, vaso com plantas, quadros, papis,cigarro, fsforo. Bandeja, xcara pequena. Cigarro e fsforo. Papis,telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,bilhetes, telefone, papis. Relgio. Mesa, cavalete, cinzeiros,cadeiras, esboos de anncios, fotos, cigarro, fsforo, bloco de papel,caneta, projetos de filmes, xcara, cartaz, lpis, cigarro, fsforo,quadro-negro, giz, papel. Mictrio, pia, gua. Txi. Mesa, toalha,cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xcara. Maode cigarros, caixa de fsforos. Escova de dentes, pasta, gua. Mesa epoltrona, papis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fsforo,telefone interno, externo, papis, prova de anncio, caneta e papel,relgio, papel, pasta, cigarro, fsforo, papel e caneta, telefone, canetae papel, telefone, papis, folheto, xcara, jornal, cigarro, fsforo,papel e caneta. Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet,gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,talheres, copos, guardanapos. Xcaras, cigarro e fsforo. Poltrona,livro. Cigarro e fsforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fsforo.Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, cala, cueca, pijama, espuma,gua. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.(Ricardo Ramos)
Voc considera que em "Circuito fechado" h apenas uma srie de palavras
soltas? Ou se trata de um texto? Por qu?
Na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente,
sem relao, numa primeira leitura, possvel dizer, depois de outra leitura mais
atenta, que h uma articulao entre elas.
-
Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" h, quase que
exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como
"homem", "livro", "inteligncia" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e
as coisas).
Verifique que pela escolha dos substantivos e pela seqncia em que so
usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implcito, um elemento que as
une e relaciona, formando o texto.
Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem
comum. Quais palavras e que seqncia nos indicam isso?
Note que no incio do texto, h substantivos relacionados a hbitos
rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba
(para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar caf da manh.
Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. gua. Escova, creme dental,
gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, gua, cortina, sabonete,
gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa,
abotoaduras, cala, meias, sapatos, gravata, palet. Carteira, nqueis, documentos,
caneta, chaves, leno, relgio, mao de cigarros, caixa de fsforos.
J no final do texto, h o voltar para casa, comer, ler livro, ver televiso,
fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir.
Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet, gravata. Poltrona, copo,
revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xcaras,
cigarro e fsforos. Poltrona, livro. Cigarro e fsforo. Televisor, poltrona. Cigarro e
fsforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, cala, cueca, pijama, espuma, gua.
Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
Descobrimos que a personagem um homem tambm pela escolha dos
substantivos. Parece que sua profisso pode estar relacionada publicidade.
Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa,abotoadura, cala, meia, sapatos, gravata, palet [...] Mesa epoltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone, agenda, copo com lpis,canetas, blocos de notas, esptula, pastas, caixas de entrada, de sada[...] Papis, telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques,memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras,esboos de anncios, fotos, cigarro, fsforo, bloco de papel, caneta,projetos de filmes, xcara, cartaz, lpis, cigarro, fsforo, quadro-negro, giz, papel.
-
Tambm ficamos sabendo que na casa da personagem h quadros, pois o
narrador usa a palavra duas vezes: no momento do caf e na volta para casa. No
escritrio h "Relgio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relgio e
trabalho, trabalho e rotina.
Depreendemos que o homem um grande fumante, basicamente, pelo
nmero de vezes em que o narrador fala desse hbito, em vrios momentos do dia
da personagem: 14 vezes. Alm disso, interessante notar como h sempre a
referncia dupla "cigarro e fsforo".
A palavra que explicita o incio da ao do homem, ou da atuao da
personagem, num dia de sua rotina "chinelos", usada no incio do texto para
mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir.
H tambm uma marcao de mudana de espao, por meio dos termos
"carro", usado como que mostrando o horrio de sair de manh e a volta para casa,
noite. No meio do texto h tambm o uso de um "txi", provavelmente uma sada
do trabalho: um almoo? Um jantar? Uma visita a um cliente?
Enfim, "Circuito fechado" uma crnica - um texto narrativo curto, cujo tema
o cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente
substantivos, o autor do texto produziu um texto que termina onde comeou. Essa
estrutura circular tem relao com o ttulo ("Circuito fechado") e com os dias atuais?
Sem dvida nenhuma, podemos compreender suas relaes, no mesmo? O
cotidiano repete-se, fecha-se em si mesmo a cada dia. Rotinas...
Para voc pensar
Voc sabia que o conceito de texto no se limita linguagem verbal
(palavras)? O texto pode ter vrias dimenses, como o texto cinematogrfico, o
teatral, o coreogrfico (dana e msica), o pictrico (pintura), etc. Leia a reproduo
de um famoso quadro de Van Gogh chamado "Noite estrelada". Atente para suas
linhas, suas cores, sua perspectiva. Fazendo isso, voc comea a l-lo...
-
COERNCIA construo do Pargrafo
A sua redao precisa fazer sentido.
Para que seu texto seja claro, compreensvel e possa transmitir a idia que
voc queira passar, importante que ele tenha duas caractersticas: coeso e a
coerncia. Entenda o que so esses conceitos e saiba como utiliz-los em suas
redaes.
Deve-se ter em mente que escrever no apenas colocar palavras no
papel. preciso trabalhar muito para ter um bom texto. Ento a vai uma dica: para
comear, pense no fim! Isso mesmo! Qual a finalidade do seu texto? O que voc
quer com ele? Responda ento, para si mesmo, s seguintes questes:
1- Qual a finalidade do texto? Para que ele serve?
2 - Qual o assunto? Sobre o que vou escrever?
3 - Quem vai ler o meu texto?
4 - Qual tipo de texto vou fazer?
Vamos a um exemplo concreto. Imagine que voc vai escrever uma carta
(ou um e-mail) para um jornal comentando uma notcia sobre alimentos
transgnicos. Voc deve, ento, levar em considerao:
a finalidade de sua carta (participar do debate, dando sua opinio);
o que quer comentar (alimentao e transgnicos);
para quem est escrevendo (os outros leitores do jornal);
o tipo de texto: a carta ou e-mail.
Depois de ter pensado nisso tudo, voc d sua opinio, usando elementos
da carta e escolhendo argumentos que sustentem suas idias. Assim, para
escrever sua carta, voc - como autor - precisa elaborar um texto "coerente", ou
seja, que faa sentido. O texto deve ser coerente no s com suas idias, mas
tambm coerente em relao ao seu objetivo, ao leitor que pretende atingir, ao
gnero textual que est desenvolvendo.
Vamos pensar um pouco mais a esse respeito...
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Coeso e coerncia
Imagine a seguinte situao: na grande deciso de um campeonato, o
tcnico de um dos times declarou aos jornalistas:
"Vamos respeitar o adversrio, mas, agora, nosso time est coeso".
Agora, numa outra situao, a namorada diz para o namorado:
"No adianta. No vou mais perdoar voc. Quero que tenha atitudescoerentes."
Na primeira situao, o tcnico enfatizou o fato de seu time estar coeso,
como uma qualidade importante para ganharem o jogo. "Coeso" significa "unido",
"intimamente ligado", "harmnico".
Na segunda situao, a namorada cobra atitudes coerentes do namorado.
"Coerncia" significa "harmonia", "conexo", "lgica".
Sem coeso e coerncia, sua redao no existe! Quando muito, h um
amontoado desconexo de palavras colocadas lado a lado. Vamos a mais uma
reflexo? Desta vez, leia o trecho de uma crnica de Millr Fernandes.
As mulheres tm uma maneira de falar que eu chamo de vago-especfica - Richard GehmanMaria, ponha isso l fora em qualquer parte."Junto com as outras?"No ponha junto com as outras, no. Seno pode vir algum equerer fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.";Sim senhora. Olha, o homem est a."Aquele de quando choveu?"No o que a senhora foi l e falou com ele no domingo."Que que voc disse a ele?"Eu disse para ele continuar."Ele j comeou?"Acho que j. Eu disse que podia principiar por onde quisesse."(...)
(Millr Fernandes. "Trinta anos de mim mesmo". So Paulo: Abril Cultural,
1973)
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Veja como o humorista faz sua stira, a partir de duas idias bsicas: "as
mulheres falam demais" e "somente as mulheres se entendem".
Comece a analisar pelo ttulo a ironia do autor: "A vaguido especfica"
(como algo pode ser vago e especfico, ao mesmo tempo? S as mulheres, diria
Millr e os que pensam como ele...). Para confirmar suas idias, ele busca uma
"autoridade" para fazer a citao: Richard Gehman (quem seria? Um estrangeiro,
pelo nome. Novamente, o humorista brinca com uma idia pronta: sendo "algum
de fora" deve ter muito a nos ensinar...).
Quem participa da histria narrada? Duas mulheres. So elas patroa e
empregada? Me e filha? No sabemos. Qual o assunto de que falam as duas
mulheres? Ns, leitores, no sabemos, mas as duas personagens sabem, no
mesmo?
A que se referem as palavras e trechos: "isso", "outras", "algum", "qualquer
coisa", "lugar do outro dia", "o homem", "Aquele", "o que a senhora foi l e falou
com ele no domingo", "continuar", "comeou"? Os leitores no sabem, mas as
mulheres sim e como as duas sabem do que esto falando, a "costura" do texto vai
sendo feito de forma coerente e coesa.
Voc viu que Millr Fernandes, intencionalmente, quis brincar com um
preconceito social a respeito da mulher e seu jeito de falar, considerado excessivo.
Assim, para entendermos o texto, como coerente e coeso, preciso levar em conta
o fato do autor ser um humorista e seu texto trazer essa marca da "surpresa" ou do
"olhar sobre outro ngulo" - como numa piada.
COESO construo do pargrafo
As partes de sua redao formam um todo?
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Ao lado da coerncia, a coeso outro requisito para que sua redao seja
clara, eficiente. A seguir, mostramos alguns elementos que permitem que sua
redao seja coesa. Para entender melhor a coeso textual, analise como algumas
palavras/frases esto ligadas entre si dentro de uma seqncia, numa conhecida
fbula de Esopo.
O co e a lebre
Um co de caa espantou uma lebre para fora de sua toca, masdepois de longa perseguio, ele parou a caada. Um pastor decabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo: Aquele pequeno animal melhor corredor que voc. O co de caa respondeu: Voc no v a diferena entre ns: eu estava correndo apenas porum jantar, mas ela por sua vida.
Moral:O motivo pelo qual realizamos uma tarefa que vai determinarsua qualidade final.
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Fbula Elementos de coeso
Um co de caa espantou uma lebrepara fora de sua toca, mas depois de longa perseguio,ele parou a caada. Um pastor de cabras, vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:
Aquele pequeno animal melhor corredor que voc.
O co de caa respondeu:
Voc no v a diferena entre ns: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ele por sua vida.
1- No incio da fbula, as personagensso indicadas por artigos indefinidosque marcam uma informao nova (ouno dita anteriormente): Um co decaa + uma lebre + Um pastor decabras, o que tambm sinaliza umasituao genrica, como tpico nasfbulas.
2- Sua toca: o pronome possessivorefere-se casa da lebre.
3 - No lugar de repetir a palavra co,foi usado o pronome pessoal por trsvezes:ele = covendo-o + ridicularizou-o = vendo oco + ridicularizou o co.
4- Para retomar o substantivo lebre foiusada uma expresso semelhante:Aquele pequeno animal.
5- No meio do texto, h o uso do artigodefinido o co de caa e no mais umco como no incio. Aqui a refernciaao animal est sendo retomada: j sesabe qual co era.
6- A conjuno mas indica umcontraste: o co corria por um jantarenquanto a lebre corria para salvar suavida
Voc percebeu que os sentidos do texto so "fios entrelaados" e no
palavras soltas ou frases desconectas? So os elementos coesivos que organizam
o texto de forma a constituir tambm sua coerncia.
A coeso textual pode ser feita atravs de termos que:
retomam palavras, expresses ou frases j ditas anteriormente
("anfora") ou antecipam o que vai ser dito ("catfora"). Na fbula,
so exemplos de anforas os itens 2, 3, 4 e 5 da coluna direita da
tabela;
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encadeiam partes ou segmentos do texto: so palavras ou
expresses que criam as relaes entre os elementos do texto.
Exemplo na fbula: item 6, a conjuno "mas" que, alm de ligar as
duas partes do texto (uma que se refere atitude da lebre e a outra,
ao co), estabelece uma determinada relao entre elas, isto , um
contraste.
A coeso por retomada ou antecipao pode ser feita por: pronomes,
verbos, numerais, advrbios, substantivos, adjetivos.
A coeso por encadeamento pode ser feita por conexo ou por justaposio.
1. A coeso por conexo traz elementos que:
a. fazem uma gradao na direo de uma concluso: "at",
"mesmo", "inclusive" etc;
b. argumentam em direo a concluses opostas: "caso
contrrio", "ou", "ou ento", "quer... quer"; etc;
c.ligam argumentos em favor de uma mesma concluso: "e",
"tambm", "ainda", "nem", "no s... mas tambm" etc;
d. fazem comparao de superioridade, de inferioridade ou
igualdade: "mais... do que", "menos... do que", "tanto... quanto", etc
e. justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "j que", "que",
"pois" etc;
f. introduzem uma concluso: portanto, logo, por conseguinte, pois,
etc;
g. contrapem argumentos: "mas", "porm", "todavia", "contudo",
"entretanto", "no entanto", "embora", "ainda que" etc;
h. indicam uma generalizao do que j foi dito: "de fato",
"alis", "realmente", "tambm" etc;
i. introduzem argumento decisivo: "alis", "alm disso", "ademais",
"alm de tudo" etc;
j. trazem uma correo ou reforam o contedo do j dito: "ou
melhor", "ao contrrio", "de fato", "isto ", "quer dizer", "ou seja",
etc;
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k.trazem uma confirmao ou explicitao: "assim", "dessa maneira",
"desse modo", etc;
l. especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como,
etc.
2. Os elementos coesivos por justaposio estabelecem a seqncia do
texto, ou seja:
a. introduzem o tema ou indicam mudana de assunto: "a propsito", "por falar nisso",
"mas voltando ao assunto" etc;
b. marcam a seqncia temporal: "cinco anos depois", "um pouco mais
tarde", etc;
c. indicam a ordenao espacial: " direita", "na frente", "atrs", etc;
d. indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir",
"finalmente", etc;
Para analisar o papel da coeso na construo dos sentidos de um texto,
faa a correlao entre os provrbios e os elementos coesivos respectivos,
preenchendo as lacunas, de tal forma que haja coerncia entre as duas partes que
constituem esse tipo de texto:
Provrbios Elementos de coeso porconexo
Devagar ....... sempre se chega na frente. mas
Trate os outros ..... quer ser tratado. mais... do que
A aparncia pode ser mudada, ..... a natureza no. e
Ao carneiro ......pea l. como
....vale pacincia pequenina ... fora de leo. somente
Voc percebeu que, nos casos acima, a preciso no uso dos elementos de
coeso faz toda a diferena na significao de cada provrbio, no mesmo?
Para concluir, podemos afirmar que o texto tanto produto como processo.
Ao escrever, o autor planeja seu texto, a partir de sua finalidade, deixando pistas de
sua intencionalidade. O leitor, por sua vez, vai perseguindo essas pistas, para poder
-
interpretar o texto. Nesse sentido, a coeso textual - ou pistas lingsticas - tem
uma importante funo na produo de todo e qualquer texto.
-
Oralidade e Escrituralidade
No existe o oral, mas os orais sob mltiplas formas, que, por outro lado,
entram em relao com os escritos, de maneiras muito diversas: podem se
aproximar da escrita e mesmo dela depender como o caso da exposio oral
ou, ainda mais, do teatro e da leitura para os outros , como tambm podem estar
mais distanciados como nos debates ou, claro, na conversao cotidiana. No
existe uma essncia mtica do oral que permitiria fundar sua didtica, mas prticas
de linguagem muito diferenciadas, que se do, prioritariamente, pelo uso da palavra
(falada), mas tambm por meio da escrita, e so essas prticas que podem se
tornar objetos de um trabalho escolar. (SCHNEUWLY, 2004, p. 135)
Muito se tem discutido, nos anos recentes, sobre as relaes que se
estabelecem entre as modalidades oral e escrita no uso da lngua[1]. As dcadas
de 70 e 80 testemunharam uma abordagem dicotmica dos dois fenmenos, que
buscava e, por vezes, mistificava, semelhanas e diferenas de um oral tido como
puro e de uma escrita to transparente e pura quanto.
O quadro 1, montado a partir das discusses presentes em Marcuschi
(2001a, p. 27-31), mostra as qualidades tidas como privativas de uma ou de outra
modalidade, nos anos 80[2]:
Cultura oral versus Cultura letrada
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pensamento concreto
raciocnio prtico
atividade artesanal
cultivo da tradio
ritualismo
pensamento abstrato
raciocnio lgico
atividade tecnolgica
inovao constante
analiticidade
Formas sociais orais versus Formas sociais escriturais
esquemas prticos
saber fazer
competncias culturais
difusas
despossesso
conjunto de saberes
objetivados
coerentes
sistematizados
poder de mando e de
dizer
Fala versus Escrita
contextualizada
dependente
implcita
redundante
descontextualizada
autnoma
explcita
condensada
-
no-planejada
imprecisa
no-normatizada
fragmentria
planejada
precisa
normatizada
completa
Quadro 1 A perspectiva dicotmica das modalidades e de seu contexto de uso.
Ou seja, via-se a fala como desorganizada, varivel, heterognea e a escrita
como lgica, racional, estvel, homognea; a fala seria no-planejada e a escrita,
planejada e permanente; a fala seria o espao do erro e a escrita, o da regra e da
norma, enquanto a escrita serviria para comunicar distncia no tempo e no
espao; a fala somente aconteceria face a face; a escrita se inscreveria, a fala seria
fugaz; a fala expresso unicamente sonora; a escrita, unicamente grfica.
Estas semelhanas e diferenas levantadas tambm teriam origem ou
decorrncia para as culturas e os contextos de uso da linguagem oral ou escrita e,
logo, para os letramentos: a escrita levaria, por si s, a estgios mais complexos e
desenvolvidos de cultura e de organizao cognitiva e daria acesso por si mesma
ao poder e mobilidade social.
Relaes entre linguagem oral e linguagem escrita um debate em aberto.Em muito devido s mudanas histricas decorrentes das novas tecnologias
eletrnicas e digitais da comunicao e da informao, que colocaram em causa,
com suas mdias, muitas dessas constataes como a situao face-a-face da
fala e a distncia da escrita; a fugacidade da fala e a preservao do escrito etc. ,
da dcada de 90 em diante, comeou-se a pensar relaes menos simplistas e
dogmticas entre a fala e a escrita nas sociedades complexas e letradas. Duas
posies ganharam relevo nestas discusses mais recentes:
a. existncia de um contnuo ou gradao entre fala/escrita (lingstica
textual, anlise conversacional, teorias de gneros textuais); e
-
b. existncia de relaes complexas de constitutividade mtua entre fala e
escrita em contextos especficos de uso (teorias da enunciao e do
discurso).
No Brasil, o proponente e articulador principal da viso do contnuo
Marcuschi (2001a; 2001b, dentre outros). Antes dele, j Kato (1986) apresentava
uma viso de continuidade entre as construes de fala e escrita na criana em
desenvolvimento:
Figura 1 Relaes de continuidade fala/escrita na criana.
Ou seja, a criana desenvolveria uma fala inicial sem contato com a escrita
(F1). Quando de seus contatos iniciais com a escrita (E1), sua fala seria modificada
por efeitos de letramento (F2 Fn), assim como sua escrita (E2En) tambm
sofreria impactos desses processos.
Marcuschi (2001a, 2001b) apresenta viso mais sofisticada destas relaes
de continuidade, fundada nos gneros textuais. Para ele, as diferenas entre fala e
escrita se do dentro do continuum tipolgico das prticas sociais de produo
textual e no na relao dicotmica de dois plos opostos. Em conseqncia,
temos a ver com correlaes em vrios planos, surgindo da um conjunto de
variaes e no uma simples variao linear (MARCUSCHI, 2001a, p. 37,
destaque do autor).
EXERCCIO
leia o texto a seguir; identifique e comente pelo menos trs exemplos de
coeso por conexo e trs exemplos de coeso por justaposio.
REVISTA EDUCAO - EDIO 133 Editora Segmento Ltda acesso
pelo site WWW.uol.com.br em 03/06/2008 s 12h58min
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MUDANA DE HBITO
Nmero de leitores que
utilizam suporte
tradicional est em
declnio no mundo; para
especialistas, novas formas interagem com aquela j
consagrada.
Fabiano Curi
Regina Zilberman, da UFRGS: "A escola anda de patinete e a sociedade, de
avio"
A escola sempre se refere ao livro como algo positivo na educao de seus
alunos. No poderia ser diferente, afinal as instituies de ensino se sustentam em
textos impressos para educ-los. Seus professores foram formados nessa cultura e
nada mais natural do que passar essa maneira de aprender para as novas
geraes.
Entretanto, uma ampla pesquisa da NEA (National Endowment for the Arts),
uma agncia do governo norte-americano para o acompanhamento do
desenvolvimento das artes no pas, apontou tendncias nada reconfortantes para
os defensores do livro como principal instrumento de formao escolar. Entre 1984
e 2004, o nmero de adolescentes de 13 anos que nunca leram um livro aumentou
de 8% para 13%, enquanto o dos que lem diariamente baixou de 35% para 30%.
Pode no parecer catastrfico, mas o problema aumenta consideravelmente
conforme a faixa etria: entre os jovens de 19 anos, ou seja, entre aqueles que
esto deixando a escola, esses nmeros passaram de 9% para 19% entre os que
nunca leram e de 31% para 22% entre os que se dedicam todos os dias aos livros.
Os dados so mais reveladores quando notamos que nesses 20 anos o
nmero de crianas que lem diariamente por prazer permaneceu praticamente
inalterado (de 53% para 54%), mas esse hbito cai vertiginosamente com o
avanar dos anos: entre os adolescentes de 17 anos a porcentagem era de 31%,
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em 1984, de 25%, em 1999, e chegou a 22% em 2004. Ou seja, se o objetivo da
escola nos Estados Unidos formar leitores, ela fracassa.
Outros nmeros importantes da pesquisa (disponvel em
www.nea.gov/research/toread.pdf) mostram a diminuio do capital empregado
pelas famlias anualmente na compra de livros e as conseqncias dessa
diminuio da dedicao aos textos: notas escolares proporcionais ao nmero de
livros que as pessoas tm em casa, maiores dificuldades para conseguir empregos
e remuneraes consideravelmente inferiores entre os leitores que raramente
freqentam as pginas dos livros.
O cenrio desanimador nos Estados Unidos no muito diferente daquele
encontrado em outros pases ricos. Contudo, pelo menos nos dados de mercado
editorial, a Amrica Latina mostra resultados distintos. Em uma avaliao do Centro
Regional para el Fomento del Libro en Amrica Latina, el Caribe, Espaa y Portugal
(Cerlalc), editores de vrios pases da regio apontaram melhora do cenrio no
ltimo ano, principalmente em vendas no varejo, ou seja, nas livrarias, o que
significa diminuio da dependncia do governo, que normalmente o principal
comprador de livros para repass-los ao ensino pblico. Alm disso, a expectativa
do setor para o futuro prximo otimista.
Seria precipitado diagnosticar os resultados alvissareiros da Amrica Latina
como um maior equilbrio no consumo de literatura no mundo, uma vez que a
estabilidade econmica da maior parte desses pases foi responsvel pelo aumento
de bens de consumo, inclusive culturais. A tendncia global outra, e est
direcionada para a diminuio do impresso. "De acordo com vrios estudos que
conheo, geral na maior parte dos pases do mundo - isso em decorrncia da
forte penetrao da escrita virtual, dinamizada pela internet, que vem velozmente
mudando os hbitos de leitura das populaes", argumenta Ezequiel Theodoro da
Silva, professor da Faculdade de Educao da Unicamp e presidente de honra da
ALB (Associao de Leitura do Brasil).
A mudana de suporte da leitura, ou seja, a migrao de leitores de
impressos para sistemas audiovisuais e digitais trar conseqncias para a forma
de pensar das novas geraes, o que no significa um futuro sombrio. "Uma
concepo de leitura e de leitor deve contemplar, hoje, todos os meios e
linguagens, fazendo com que uma linguagem seja suporte para o entendimento das
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demais. A escrita permitindo entender melhor a imagem e, vice-versa, a imagem
facilitando a compreenso crtica da escrita", reflete Silva.
"So linguagens distintas e uma no pode se sobrepor outra", considera
Adilson Citelli, professor da Escola de Comunicaes e Artes da USP e pesquisador
de comunicao e educao. Ele concorda com a afirmao de Silva e diz que
"precisamos ampliar o nosso conceito de leitura".
Regina Zilberman, professora de literatura na UFRGS e autora de diversos
livros sobre a leitura no Brasil, acredita que o padro de leitura individual e
silenciosa deve se modificar, mas no enxerga problemas nisso. Ela lembra que h
alguns sculos a leitura era feita em voz alta para o pblico. "As coisas vo se
acomodando e o pblico se adapta."
Escola perdida
Se a sociedade vai modificar suas formas de ler e de lidar com textos, o
mesmo no se pode dizer da sala de aula. "A escola anda de patinete e a
sociedade, de avio", brinca Regina. Ela desconfia que o ambiente escolar corre o
risco de se tornar dispensvel caso no se prepare para abarcar outras formas de
leitura amplamente disseminadas pela mdia e cada vez mais acessveis a todos os
grupos da populao.
Para Citelli, a escola precisa se ressignificar. O professor argumenta que
hoje ela uma instituio entre tantas outras e que precisa descobrir como vai se
especializar no trato do conhecimento. O grande objetivo da escola, segundo ele,
deve ser alfabetizar para a palavra.
Na opinio de Theodoro da Silva, o professor na escola deve "usar bom
senso e criatividade na preparao de suas aulas, entrelaando as diferentes
mdias no seu planejamento de ensino e nas suas metodologias". Ele faz questo
de lembrar que as mdias digitais tambm se sustentam na "escrita".
De qualquer modo, so poucas as instituies de ensino e os professores
preparados para trabalhar com outras linguagens e, quando se sentem ameaados
por suportes que no dominam, tendem a refut-los. "Eu no vejo as linguagens
como coisas estanques, mas co-ocorrendo dinamicamente numa sociedade. Por
isso mesmo, nenhum meio deve ser demonizado mesmo porque so conquistas
culturais que servem para o enriquecimento da comunicao humana", pondera
Theodoro da Silva.
Para que serve a literatura?
-
Um grande jornal lanou este ano uma coleo de ttulos de literatura
brasileira e a anunciou como a oportunidade de "colecionar conhecimento". Nada
mais evidente do que, em uma sociedade que valoriza amplamente o carter
utilitrio de tudo, tentar estabelecer para obras em que impossvel quantificar um
uso a possibilidade de acumular um "bem": o conhecimento. Como estratgia de
marketing, pode valer, mas se pararmos para pensar um pouco nos colocaremos a
questo: para que serve a literatura em um mundo no qual tudo precisa ter uma
aplicao? Para o prazer? Distrao? Outros meios conseguem suprir essa
necessidade humana de forma muito mais imediata.
"Ainda que os veculos digitais e eletrnicos venham galopantemente
ganhando mais espao no gosto ou preferncia de grande parte da populao,
percebo uma convivncia equilibrada desses veculos com o livro e demais veculos
impressos", observa Theodoro da Silva. "Isso porque o livro, em sua forma
tradicional, um fortssimo instrumento cultural, enraizado na conscincia dos
povos da forma como ele sempre se apresentou e vem sendo lido." Ele considera
ainda que "o livro impe um modo de percepo, inteleco e fruio que muito
diferente de outras mdias existentes".
Citelli indica que estamos desconsiderando uma dimenso programtica no
sentido de uma dimenso pragmtica, ou seja, de buscar razes prticas para tudo.
Para ele, a literatura no para resolver problemas imediatos, um compromisso
maior com o ser humano. "A temporalidade da literatura outra."
Fim do livro?
Recentemente, a grande loja de comrcio eletrnico Amazon lanou um
aparelho que permite armazenar cerca de 100 mil livros em formato digital, alm de
jornais, blogs e outros arquivos de texto. Perguntado se a Apple, depois de
renascer investindo em msica e vdeos, entraria tambm no mercado de suporte
para textos, seu presidente pop star, Steve Jobs, disse que no, pois as pessoas
no lem mais livros. A afirmao ganhou manchetes de jornais, e o livro, mais uma
vez, foi decretado morto.
Bem mais comedida, a revista norte-americana The New Yorker publicou
uma matria sobre as conseqncias para a populao dos Estados Unidos que,
paulatinamente, se dedica mais aos audiovisuais e internet do que a livros,
revistas e jornais. A reportagem cita uma srie de estudos que apontam
caractersticas de grupos pouco afeitos ao texto escrito, como necessidade de
-
informaes grficas e de metforas para compensar a falta de um vocabulrio
passivo mais amplo. O autor do texto no acredita na extino da leitura e da
escrita, mas considera sua diminuio e que a leitura por prazer ficar restrita a
grupos de interessados.
Para o professor da Unicamp Ezequiel Theodoro da Silva, o livro tem
qualidades que no so facilmente dispensveis, a comear pelo seu formato. "O
veculo ou objeto cultural 'livro' possui uma portabilidade insubstituvel e, alm
disso, tem uma funo importante junto a segmentos que ainda necessitam da folha
impressa para as prticas de leitura", diz. "O livro no precisa ser ligado numa
tomada para ser lido."
Mesmo que o impresso perca espao para meios digitais, isso tambm no
significa o fim da literatura. A professora da
UFRGS Regina Zilberman salienta o crescimento de outros veculos de
divulgao de textos na prpria internet por onde a produo literria pode se
disseminar.
-
Unidade III
UNIDADERedao
documentacional
Aprendendo a se corresponder em diversas situaes de trabalho
Aviso
Memorando
Carta comercial moderna
Ata
Currculo
Ofcio
Procurao
Requerimento
Declarao
E-mail
Carta comercial moderna
Resenha
Estrutura de um artigo cientfico
Modelo de um artigo cientfico
II
-
Aprendendo a se corresponder em diversas situaes de trabalho
AVISO - um tipo de correspondncia cujas caractersticas so amplas e variveis.
O aviso pode ser uma comunicao direta ou indireta; unidirecional ou
multidirecional; redigida em papel prprio, afixada em local pblico ou publicada por
meio da imprensa.
Aviso usado na correspondncia particular, oficial e empresarial. Muitas
vezes, aproxima-se do comunicado, do edital ou do ofcio.
Geralmente no traz destinatrio, fecho ou expresses de cortesia.
Modelo de Aviso
EXERCCIO
Elaborar um aviso, comunicando prazo para os alunos pedirem opo e
transferncia de curso na Universidade X.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SULSECRETARIA DA SEGURANA PBLICA
POLCIA CIVILACADEMIA DE POLCIA CIVIL
DIVISO DE RECRUTAMENTEO E SELEO
Aviso n 003/20..
CONCURSO PARA DELEGACIA DE POLCIA E CONCURSOPARA ESCRIVO DE POLCIA
A Comisso de Concurso designada para coordenar o ConcursoPblico de ingresso no Curso Superior de Formao de Delegado dePolcia e Concurso Pblico de ingresso no Curso Mdio de Formao deEscrivo de Polcia comunica que foram publicados no Dirio Oficial doEstado, edio de 20/05/..., segunda-feira, os Editais nmeros 015 016/...,dispondo sobre os resultados das Provas de Capacitao Vocacional (3fase) de ambos os concursos.
Porto Alegre, 27 de agosto de 20..
Del. Pol. Fulano de TalPresidente da Comisso de Concurso
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Unidade III
MEMORANDO - Pode ser interno ou externo. O primeiro uma correspondncia
interna e sucinta entre duas sees de um mesmo rgo. O segundo pode ser
oficial e comercial. O oficial assemelha-se ao ofcio; e o comercial, carta
comercial. O papel usado para qualquer tipo de memorando o de meio-ofcio.
Sua caracterstica principal a agilidade (transmisso rpida e simplificada
de procedimentos burocrticos). Isso implica fazer os despachos no prprio
documento ou, se necessrio, em folha de continuao.
Modelo