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Acredite “Um manual para viver melhor”

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Ficha Técnica Acredite - Um manual para viver melhor Copyright © Giselle Morais Nenhuma parte desta publicação pode ser armazenada, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos, eletrônicos ou outros quaisquer sem a prévia autorização da Editora. [email protected] São Paulo, 2009 1ª Edição

Editora LivroPronto www.livropronto.com.br

Editor Responsável João Antonio Carvalho Produção editorial LivroPronto Revisão Pedro Pincer Diagramação Paula Chiuratto Capa Rodrigo Rojas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro / SP Brasil) Morais, Giselle. Acredite - Um manual para viver melhor. / Giselle Morais. — São Paulo: LivroPronto, 2009. ISBN 978-85-7869-107 1. Literatura. I. Título.

Acredite “Um manual para viver melhor”

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Dedicatoria Este livro é dedicado às pessoas fantásticas que são os personagens reais da minha história. Pessoas que me ensinaram a acreditar!

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Índice Acreditar 1 Acredite...................................................................... 1.1 Outro ponto de vista............................................... 1.2 Acredite em alguém, além de você mesmo........... 1.3 As coisas simples ................................................... 2.Quando acreditar...................................................... 2.1 Promessas a cumprir!............................................ 2.2 Senhora Persistência............................................. 3.Acredite: existem amigos de verdade! .................... 3.1 A amizade supera barreiras................................... 4. (suspiro) Ah, o Amor...Acredite!............................. 4.1 Uma versão diferente do “Patinho Feio”............... 4.2 O Amor Transforma 5. Acredite: para ajudar é preciso saber receber ajuda! 5.1 Não tenha vergonha de aceitar ajudar.................. 5.2 Coloque-se no lugar do outro................................. 6. Acredite: sempre é possível ajudar.......................... 7. Acredite em milagres............................................... 7.1.Acreditar em quem .................................................

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Acreditar... Palavra fácil de pronunciar, difícil de praticar! Acreditar em

que? Acreditar em quem? Acreditar quando? Enfim... Poderíamos usar os cinco questionamentos básicos da vida para acharmos uma MOTIVAÇÃO para acreditarmos...Vivemos num mundo muito místico! As pessoas têm depositado sua fé em amuletos, em objetos, noutras pessoas... Mas, e se formos desafiados a acreditarmos em nós mesmos? E se formos desafiados a acreditarmos em Deus?

Li neste livro que, nas nossas vidas, somos acometidos de situações

que nos trazem marcas; marcas essas que nos trazem sofrimento, muitas vezes nos levando a nos queixarmos de Deus dizendo: — Mas, Senhor, por quê? Isso não era da Tua vontade? Eu vi que era! Até que, um dia, nós amadurecemos e descobrimos que nem tudo o que acontece nas nossas vidas é VONTADE de Deus. As nossas vidas parecem estar cheias de um sentimento humano que pode ser resultado da nossa falta de fé ou da nossa falta de compreensão do que é a vontade de Deus: o sofrimento? Parece que precisamos dele para aprender a acreditar!

Tenho visto nos nossos dias pessoas sofrendo com dores no

coração (aqui representando o centro da alma), com traumas na psique (fonte das emoções) e até dores no corpo (físicas) como reflexo desse sentimento. Essas pessoas têm perdido o amor pela vida, têm dificuldades terríveis de se relacionarem afetivamente com o outro e até com o próprio Deus. Vivem uma vida de medos. Não se sentem cuidadas, amadas, e acreditam serem vítimas da vida e de um Deus que está só esperando pelo seu erro e dizendo: “Tá vendo? Bem que eu avisei!”, ao invés de acreditarem em um Deus que nos ama, que cuida de nós até nas nossas falhas e que nos disciplina porque nos ama e quer gerar em nós crescimento.

Alargando nosso entendimento nesse tema, podemos saber por

que passamos por estes eventos. Nesse livro, somos desafiados a viajarmos juntos com a “Gi”, no relato de uma parte da sua vida, e ver que somos desafiados diariamente a ACREDITAR... Posso ressistematizar esse livro te desafiando a vê-lo sob as seguintes óticas: 1 – Aprendendo a acreditar, mesmo em meio ao sofrimento; 2 – Aprendendo a acreditar, mesmo quando erramos; 3 – Aprendendo a acreditar porque, no final, enxergaremos a Deus; Que Deus nos ensine, cada dia mais, a acreditar! Daniel Senna Alexandrino, B. Th

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1. Acredite

Acreditar. Esse verbo pode parecer uma ação

extremamente simples de executar. Mas a ideia deste livro surgiu exatamente devido a situações — das quais, em algumas eu fui espectadora; em outras, protagonista — que provaram que é necessário resgatar no ser humano essa incrível capacidade de acreditar. E executar esta ação faz toda a diferença na vida de uma pessoa. Mas existem várias perguntas a serem respondidas para que possamos acreditar. Afinal, acreditar em que ou em quem? Como é possível acreditar quando tudo parece tão caótico? Essas e outras perguntas serão respondidas de forma prática nas paginas a seguir. Então, comece a se exercitar e ACREDITE!

Talvez, observando o título do livro, você esteja pensando “é fácil acreditar quando se tem uma boa vida, se é bem-sucedida... se tem uma bela família... blábláblá...”. Se você acredita que a vida da autora é um mar de rosas, eu garanto: “Não é! E graças a Deus por isso”. Afinal, isso não é algo que eu tenha almejado um segundo sequer da minha vida. Para começar, rosa não é uma das minhas cores preferidas. Mas, para que você entenda melhor o que quero dizer, vamos analisar essa expressão: “mar de rosas”.

Imagine uma rosa, uma bela e perfumada flor, certo? Realmente, as rosas têm pétalas macias e um aroma

agradável, mas em contrapartida podemos dizer que, estruturalmente, uma rosa é constituída em 70% por um caule cheio de espinhos. Agora que observamos isso, imagine um “mar de rosas”! Muitas pessoas acreditam que ter a vida como um mar de rosas é algo maravilhoso, mas,

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do meu ponto de vista, essa pessoa vai se machucar bastante .Lógico que ela terá o perfume e a beleza ainda existentes, mas provavelmente a dor causada pelos espinhos a impedirá de ver as coisas positivas. Eu acredito que, nesse exato momento, algumas pessoas acabam de perceber que sua vida está sendo um mar de rosas! Você tem família, amigos, saúde, força, beleza; mas os seus problemas, o trânsito, as doenças, as dificuldades, simplesmente, às vezes te impedem de observar isso. E o que fazer para que a sua vida seja diferente? Acreditar!

Eu nasci em uma pequena cidade no oeste do Pará.

Algumas pessoas ainda não acreditam que eu tenha nascido naquele lugar e tenha me tornado a pessoa que eu sou hoje. Mas foi lá, “no meio da selva”, numa cidade pequena e maravilhosa, que eu comecei a conviver com pessoas tão diferentes e que me ensinaram muito. Ensinaram algo que por alguns anos eu iria esquecer, mas que, quando eu voltei a executar, funcionou e isto é ACREDITAR!

Imagine, no início da década de oitenta, uma criança nascendo prematuramente no meio da selva, portando uma grave doença respiratória e com recursos médicos que não eram suficientes. Você acreditaria que esta criança sobreviveria? Não se sinta mal se a sua resposta for: não.

Os médicos e várias pessoas amigas também não

acreditaram. Mas os meus pais e alguns amigos e parentes acreditaram que seria possível... E se agarraram com fé no que eles acreditavam. E eu não tenho dúvidas em dizer que, por causa disso, eu estou hoje saudável, com vinte e oito anos, escrevendo sobre como é importante acreditar... Mas, como eu disse, aprendi a acreditar. Eu ouvi a minha própria história por alguns anos e quando o meu irmão nasceu, eu tive a minha primeira grande oportunidade de

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exercitar o que havia aprendido. Meu irmão também nasceu prematuro, de uma gravidez complicada. A minha mãe passava mais tempo no hospital que em qualquer outro lugar. E quando o meu irmão nasceu não havíamos escolhido um nome, não havia quase nenhum enxoval, porque praticamente ninguém acreditava que ele iria conseguir sobreviver...

Eu era muito pequena, mas me lembro bem de tudo que aconteceu naqueles dias... As conversas “de adulto”, que ignoravam a minha presença; afinal, criança não entende.Bem, a minha família é uma família cristã e, depois que os médicos disseram aos meus pais que eles não acreditavam que meu irmão iria sobreviver, o meu pai veio conversar comigo e tentou, da melhor forma, explicar para uma criança de três anos que provavelmente ela perderia o irmão que acabara de ganhar.

Mas, enquanto ele falava, dentro de mim, eu discordava daquilo, pois eu acreditava que, assim como eu, meu irmão iria conseguir. E, naquele momento, eu e o meu pai dobramos os joelhos e ele orou. E eu também... Eu me lembro bem de como ele chorava e de como ele estava triste quando começou a orar, e, quando a oração terminou, ele já estava calmo e com outra fisionomia. O que eu só fiquei sabendo anos depois é que naquele momento ele sentiu paz, mas ele, desta vez, achava que Deus havia levado meu irmão.

E alguns minutos depois daquela oração, o telefone

tocou. Meu pai, conformado, foi atender ao telefone, esperando o pior. E eu tinha certeza de que o que eu acreditava havia acontecido e comecei a pular e correr dizendo:

_O neném vem pra casa! Meu irmão vem pra casa!

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E realmente foi o que aconteceu: inexplicavelmente, o meu irmão estava saudável e pronto para vir para casa. E, hoje, o Jonatas (que significa “dado por Deus”) está forte e saudável, e casado com uma moça linda, o que também é mais uma prova de que vale a pena acreditar.

Mas você pode ainda estar na defensiva dizendo: “Muito bonito isso...Mas, eu não tenho ninguém quase morrendo... meus problemas são outros... por que eu devo acreditar que algo vai mudar?”

Como eu disse anteriormente, “por alguns anos” eu esqueci como acreditar... A minha vida deu voltas, ou talvez eu tenha dado voltas com ela, e acabei em uma situação na qual eu não acreditava mais... Nada fazia sentido... A minha família morou em seis cidades diferentes até os meus dezesseis anos. Aos dezoito, eu conhecia quase 80% do território nacional e já havia sido militante estudantil, skatista, nerd, professora de escola dominical, amiga, inimiga, boa filha, péssima filha... Enfim, aos dezoito anos, quando o mundo coloca toda a responsabilidade em cima dos nossos ombros e precisamos escolher que carreira seguir, trabalhar duro e estabelecer objetivos para o resto de nossas vidas, eu estava indo para mais uma mudança e, simplesmente, nesse momento eu deixei de acreditar.

Eu me sentia perdida. Não tinha amigos, ou pensava

que não tinha. Pensava que Deus havia se esquecido completamente de mim e, como eu não pretendia fazer nada de bom para merecer qualquer favor Dele, eu simplesmente decidi não pedir mais nada. Deixar a vida seguir, fazer coisas que eu nunca fiz. E, assim, eu consegui um bom emprego, entrei na faculdade e, com pouco mais de um ano, eu percebi que detestava o curso que estava fazendo. Gastei tanto dinheiro com coisas que nem eu sabia por que, me enfiei em dívidas. E, como eu não

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acreditava em Deus, em mim e no resto do mundo... tudo o que eu queria era desaparecer...Voltando um pouco no tempo, quando eu estava com treze anos, estabeleci três sonhos na minha vida: ser mãe, escrever um livro e morar em São Paulo.

Sempre fui apaixonada por biologia e, por razões óbvias, eu acho a coisa mais linda do universo ter um filho. E escrever um livro era um sonho porque aos treze anos eu já havia vivenciado tantas coisas interessantes e achava injusto não compartilhar isso. E São Paulo porque eu era tão agitada quanto a cidade e toda aquela diversidade me encantava.

Mas, aos dezenove anos, lá estava eu, perdida, com dívidas, cheia de questionamentos e sem nenhuma resposta. Entrei em depressão e, quando eu achava que tudo já estava ruim o bastante, eu descobri que estava grávida, mas era uma gravidez ectópica. Fui operada de urgência e, como eu não acreditava em mais absolutamente nada, tudo o que eu queria era morrer. Como é triste não acreditar!

O meu namorado, na época, não foi me ver no hospital depois da cirurgia. Disse que ele era muito novo para lidar com a situação e que eu não o procurasse mais. E assim por anos eu disse “perdi um filho sozinha”. É possível perdoar alguém que nos abandona dessa forma?

Pode acreditar que sim! Encontramo-nos por acaso,

alguns anos depois. E, acredite, foi bom vê-lo. Foi como olhar para uma cicatriz de um acidente grave e perceber “já não dói mais e graças a Deus eu sobrevivi e superei isso”. Ele ficou feliz porque eu estava bem e na ocasião eu já havia me transformado novamente em alguém que acredita. O que poderia ser um grande trauma, uma mágoa, um rancor, deu lugar ao perdão e à amizade...

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Mas, na época em que toda essa confusão aconteceu na minha vida, eu fiquei tão furiosa com tudo, com o acaso ,a vida, Deus, comigo mesma. E, naquele momento, um dos meus sonhos simplesmente havia praticamente desaparecido, pois, depois disso, ser mãe, no meu caso, passou a beirar o impossível.

Então, como todo ser humano, eu decidi fugir. Na

época, a palavra que eu usava era mudar. Mudei para uma grande metrópole. Pelo menos, um dos meus sonhos eu iria realizar. Mudei para São Paulo. E, no começo, tudo era lindo. Resgatei romances do passado, fiz “amigos”, comecei a cursar fisioterapia e tudo parecia um “mar de rosas”. E se tornou mesmo, mas, com o tempo, apenas os espinhos pareciam existir nesse mar. Nesse período, algumas pessoas tentaram me convencer a voltar a acreditar. E diziam: você precisa acreditar em você mesma, você precisa acreditar em Deus, você precisa acreditar que vai melhorar. E algumas vezes eu disse: se Deus quiser que eu acredite, então Ele mesmo mande o recado. Com algum tempo, o frágil castelo de cartas que eu havia construído começou a desmoronar.

E lá estava eu,novamente cercada de problemas,

perguntas, sem amigos, cheia de traumas e mágoas. E no dia em que eu estava me sentindo realmente péssima, pensando que eu não iria mais conseguir viver, eu resolvi fazer algo que eu sempre fazia quando precisava pensar. Eu entrava no metrô e passeava, de um lado para outro, por pelo menos uma hora, observando as pessoas, os lugares, e tentando ter alguma ideia ou colocar a cabeça no lugar.

E naquele dia, eu passeava pelo metrô pensando

seriamente em descer em alguma estação e “acabar” com o meu sofrimento. Mas, sempre que eu ensaiava levantar para descer, minhas pernas pareciam não me obedecer. Quando o metrô parou na estação do Belém, pela janela,

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eu vi a igreja que foi fundada por parte da minha família... Belém... Belém... Pará... onde eu nasci... onde eu aprendi a acreditar... E eu comecei a lembrar de várias coisas... E meus olhos se encheram de lágrimas... Mas eu balancei a cabeça, respirei fundo e decidi que iria descer na estação seguinte. Quando a porta estava quase fechando, um rapaz entrou. E, quando eu o vi, baixei a cabeça bem depressa.

Eu sabia que ele iria falar comigo. Pensei em

levantar, mas a outra estação chegou e o metrô lotou de tal forma que eu não conseguiria me levantar. E ele veio caminhando em minha direção e falando em uma língua que muitas pessoas não entendiam, mas eu entendia tudo. Ali estava o recado sendo mandado diretamente por Deus. E o recado dizia que era hora de voltar; não importava o que estava acontecendo, era hora de acreditar e reagir, pois eu teria o melhor ponto de apoio possível. Eu comecei a chorar. E as pessoas perguntavam se eu estava bem, e eu dizia: agora, eu estou. A partir desse dia, as coisas começaram a mudar, e para melhor.

Eu conheci a Gisele nesse mesmo dia. Não estou

falando de mim mesma, mas de uma amiga de verdade, que Deus colocou no meu caminho naquele dia e ela me ajudou muito. Também foi uma pessoa que me ensinou a acreditar.A Gisele sempre me dava uma palavra de incentivo quando eu pensava em desistir. Às vezes, quando percebia que eu estava triste, ela me chamava para passar a tarde em sua casa. Nós conversávamos muito e ela fazia minhas unhas e me ensinava truques de maquiagem. Tudo isto pode parecer uma bobagem, mas o que ela estava tentando fazer era me mostrar que eu precisava estar bem e gostar de mim mesma.

Um ano depois, a minha vida havia mudado

completamente. Vieram outros amigos. Eu voltei a ser parte integrante da minha família e comecei a acreditar.

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Em Deus, em mim mesma, e que as coisas iriam melhorar. E foi assim que, no mar de rosas em que eu estava, comecei a ver a beleza e o perfume. E descobri que, na verdade, sempre tive muitos amigos, independentemente da distância que eles estavam. Percebi que meus sonhos ainda eram possíveis.

Voltar a acreditar me fez voltar a viver. E, com o

passar do tempo, aprendi que tudo o que eu havia vivenciado tinha um propósito. Finalmente eu descobri qual a minha vocação, que é ajudar. Mas para que eu pudesse ajudar, eu precisava receber ajuda primeiro, saber como é estar na situação. E por isso este livro está sendo escrito. Para que você possa perceber, através do que será passado aqui, como é importante acreditar. E se, mesmo assim, você ainda achar que não é possível acreditar? Eu faço um desafio. Continue lendo porque eu tenho certeza que você vai acreditar. E tenha certeza, isso fará toda a diferença na sua vida.

1.1 Acreditar em quem...

Acreditar não é algo puramente emocional, como algumas pessoas costumam demonstrar. Quando o assunto é fé, por exemplo, muitas pessoas encaram a crença como algo impulsionado por emoções e belos discursos que fazem multidões chegar às lágrimas e a sentimentos dos quais às vezes tentamos nos manter distantes. Mas eu sempre fui contrária a esse tipo de visão. Sei, com certeza, que acreditar gera novas emoções e sentimentos na vida de uma pessoa, mas, pelo menos para mim, acreditar implica em conhecimento. E, ao contrário da máxima que diz “ciência X crença”, eu gosto de utilizar “ciência&crença”.

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Entrar no curso de Fisioterapia, por incrível que pareça para alguns, reafirmou vários conceitos da minha fé. E para seguir em frente com a minha ideia de que crença e ciência podem, sim, andar juntas, e seguindo a minha vocação, eu entrei no curso de Teologia também. E isto foi uma experiência riquíssima para quem estava voltando a acreditar, foi extremamente interessante me deparar com questionamentos que colocavam em xeque “verdades” que pareciam tão lógicas. Mas responder a estes questionamentos me fez acreditar ainda mais.

Quando você começar a eliminar as dúvidas que povoam o seu pensamento é um sinal que você está descobrindo em que acreditar. E isto não significa que você nunca mais terá dúvidas. Quanto mais aprendemos, mais questionamentos irão surgir. O que é necessário saber é que as respostas para estes questionamentos também virão. E é isto que nos faz aprender, acreditar e viver.

Vamos começar respondendo de forma simples uma

questão importante: “Acreditar em quem?”

A primeira resposta para este questionamento, e que será o primeiro passo para começar a acreditar, é colocada de forma simples. Acreditar em ....... (favor colocar seu nome na linha pontilhada)

É isso mesmo. Você não conseguirá acreditar em outra coisa enquanto você não acreditar em si mesmo. E começar a acreditar em si mesmo o faz perceber as milhares de coisas que somos capazes de fazer e por anos não observamos. Algumas vezes, outras pessoas já constataram essas nossas habilidades, mas nós mesmos ainda não acreditamos que sejamos capazes.

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Eu passei por isso quando comecei o curso de

Teologia. O hábito de escrever e dissertar foi resgatado na minha vida. Mas eu passei algum tempo achando que o sonho de escrever o livro seria algo impossível, pois eu havia perdido o jeito. Eu até possuía alguns textos guardados, que às vezes eu lia, mas achava que ninguém iria gostar. Além disso, sempre gostei de escrever como quem conversa com outra pessoa bem próxima e sempre fui muito descritiva; então, pensava que se um dia eu terminasse algum livro, ele seria uma enciclopédia e nem mesmo a minha família teria paciência de ler.

Mas no curso de Teologia eu ganhei mais uma amiga,

a Natália. Em pouco tempo, nós nos tornamos muito amigas e, em tempo menor ainda, ganhamos a fama de “terroristas”, por causa das perguntas bombásticas que costumávamos fazer, além das nossas argumentações, principalmente nas aulas de filosofia. A história da Natália foi uma das experiências que reforçou em mim a importância de acreditar. A minha amiga não veio de uma família rica, também teve sérios problemas de saúde na infância; todo o contexto em torno dela faria qualquer pessoa desacreditar em qualquer coisa boa. Porém, contrariando todas as expectativas, quando eu conheci a Natália, a única coisa que eu via era uma pessoa vencedora, alegre e com uma disposição incrível para viver. Se ela mesma não tivesse me contado a sua história de vida, eu jamais imaginaria que ela passou por tantas coisas e estava ali. Bem, firme e forte.

A Natália sempre dizia “essas suas histórias merecem um livro”. Como nós fazíamos muitos trabalhos juntas, ela sempre falava: “por que você não escreve um livro?” Mas eu ainda não acreditava que eu fosse capaz. E desconversava. Nesse período, os meus pais voltaram a fazer faculdade. E eu fiquei tão orgulhosa de vê-los estudando. Em um país onde terminar uma faculdade é

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uma grande vitória, aquilo representava um verdadeiro desafio. E, como uma boa filha, sempre que eu podia, tentava ajudá-los com os trabalhos. E eles também diziam: “você escreve tão bem. Por que você não faz o seu livro?”... Mas, para mim aquilo era conversa de pais corujas e eu não levava muito a sério...

Estávamos quase na metade do ano e a ideia de

escrever ardia cada vez mais dentro de mim... Mas eu ainda precisava acreditar... Também no curso de Teologia, eu conheci a Kathy, uma pessoa fantástica que me ajudou, com o seu exemplo, a voltar a acreditar em mim mesma. A Kathy é uma pessoa muito inteligente, amiga, com uma voz simplesmente maravilhosa e, também, é deficiente visual. Por isso, desde o primeiro minuto em que eu a conheci, eu passei a admirá-la. Como estudante de Fisioterapia, sei bem que a acessibilidade, em todos os sentidos, para uma pessoa com qualquer tipo de deficiência ainda não é adequada, principalmente no Brasil.

Mas a Kathy simplesmente possuía essa incrível capacidade de executar as mesmas tarefas que todos nós, com um bom humor admirável, como se as dificuldades não estivessem ali. E foi em uma das celebrações do seminário que o exemplo da Kathy falou profundamente comigo. Eu estava subindo as escadas e ouvi que era ela que estava cantando; apertei os passos, curiosa para saber quem a acompanhava no violão de forma tão harmônica.

E, quando finalmente cheguei onde todos estavam, vi

lá na frente a Kathy cantando e tocando o violão. Os meus olhos se encheram de lágrimas e eu comecei a pensar que, por anos, eu quis aprender a tocar um instrumento de cordas, mas sempre me achei completamente incapaz; e a Kathy estava demonstrando que eu estava completamente errada sobre mim mesma. Naquele momento, eu pensei: preciso começar a escrever hoje mesmo. E preciso

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agradecer ao exemplo dessa amiga, que me fez acreditar novamente que eu também sou capaz. Depois desse dia, eu comecei a fazer rascunhos,resgatei os meus textos antigos, comecei até a escrever para um site de poesias na internet. Publicava um pouco de tudo para tentar descobrir que tipo de leitores eu agradava, o que eu poderia melhorar. E aqui estou eu escrevendo o meu segundo livro, com algumas centenas de poesias guardadas e produzindo cada vez mais.

Talvez, você tenha começado a ler esse livro porque

você quer voltar a acreditar em alguma coisa, ou simplesmente você já não acredita em tantas coisas e quer desacreditar o livro também. Eu entendo essas duas posturas; afinal, é tão difícil acreditar nas autoridades, nos políticos, nos familiares, até nos amigos nesses dias em que todos são tão individualistas e tudo parece tão errado.Mas a primeira iniciativa para que possamos modificar essa realidade é acreditar em nós mesmos. Afinal, como poderemos acreditar em qualquer outra coisa quando não conseguimos enxergar as nossas próprias habilidades?

A nossa sociedade que cultua o perfeito, mas só é

capaz de apontar os defeitos e deficiências em tudo, nos deixou mal acostumados a olhar sempre para baixo com essa carga pesada sobre nossos ombros. Por isso, só vemos pedras no caminho. Você pode estar pensando agora que não é capaz porque é alto demais, baixo demais, está com alguns quilinhos a mais, não estudou nos melhores colégios, não tem amigos, não tem nenhuma habilidade especial, já perdeu tantas coisas... No seu ponto de vista, a verdade é que não é possível você acreditar em si mesmo; afinal, você não consegue gostar de nada do que você vê quando se olha no espelho.

Então vamos questionar essa verdade e começar a

acreditar. Olhe para a sua mão agora, mova os seus dedos,

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observe como eles são. Agora, olhe para o seu pé. Observe como ele é diferente da sua mão. Também tem cinco dedos, mas eles são diferentes. Afinal, a sua mão e o seu pé têm funções diferentes. E que interessante é observar que temos tantas estruturas diferentes no nosso corpo, e que todas elas funcionam de forma diferente,e é isto que mantém o corpo funcionando, vivo!

Agora imagine o seu fígado chorando as mágoas, porque ele não é o pulmão, não tem a mesma capacidade de expansão, não tem alvéolos, não é ele quem faz diretamente você respirar, coitadinho. Agora, imagine se ele resolvesse parar por causa disso. Está entendendo o meu recado?

Todas as pessoas são diferentes, elas têm funções diferentes. Mas não são mais ou menos importantes por causa disso. Imagine o mundo sem dentistas. Imagine o mundo sem professores. Imagine o Brasil sem agricultores. Imagine o Brasil sem atletas. Imagine São Paulo sem operários. Imagine o Nordeste sem artistas. Imagine qualquer cidade, pode ser a sua, sem motoristas de ônibus, sem médicos, sem garis. Quando observamos que todos têm funções diferentes, e todas estas funções são essenciais para a sociedade continuar existindo, podemos perceber que nós somos parte desta sociedade.Logo, também somos importantes.

As pessoas confundem o fato de não identificarem

suas habilidades com o não ter habilidades. Mas observe a si mesmo neste momento. Você esta lendo, suas mãos estão segurando o livro, você pode até estar comendo ao mesmo tempo, ou andando dentro do ônibus ou do metrô, esperando alguém... Se você é capaz de tantas ações ao mesmo tempo, pergunte para você mesmo do que mais você é capaz?

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A resposta para isso é: tudo! Mas, para identificar uma habilidade específica, a melhor forma é estabelecer objetivos. Geralmente os objetivos das pessoas estão ligados às suas capacidades. Eu passei pela péssima experiência de descobrir que estava fazendo o curso errado na faculdade; mas para não cometer o mesmo erro duas vezes, eu comecei a observar os meus objetivos. Ser mãe, escrever um livro, morar em São Paulo.

Ser mãe implica em responsabilidade, cuidado,

pensar primeiramente no outro. Escrever um livro para que? Para compartilhar. Quero que as pessoas percebam que não estão sozinhas, que outra pessoa já passou por determinada situação. São Paulo?! Agitação 24 horas, muita gente, correria. Então, que habilidades eu tenho?Sou capaz de me adaptar, gosto e quero ajudar as pessoas, tenho dinamismo e gosto por desafios. Juntando todos esses fatores, eu cheguei à Fisioterapia.

E você, quais são as suas habilidades? Você é bom

com números? Você é organizado? Você é aventureiro? Você não desenha casas nem de palitinhos? Você não suporta ver sangue? Você trabalha melhor à noite? Você canta? Você gosta de flores? Comece a se questionar. Afinal, qual é o seu objetivo? Ter uma família? Seguir uma carreira? As duas coisas? Ajudar sua família? Trabalhar com computadores? Construir coisas? Ser alguém importante?

Se o seu objetivo é a última pergunta, tenho boas

notícias. Você é alguém importante. Acredite nisso. Estabeleça seus objetivos. Acredite em você mesmo.Tenho certeza que todas essas perguntas fizeram você perceber coisas que gosta e não gosta, quer e não quer.E até mesmo descobrir que você não sabia de suas habilidades porque não havia estabelecido ainda objetivos. Quando você consegue estabelecer um objetivo, isto é um sinal que você está começando a acreditar em você mesmo. Pois, no

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fundo, você sabe que é capaz! E acreditar em si mesmo é um exercício diário. É preciso começar a focar as coisas boas que temos. E se nos olhamos no espelho e não gostamos do que estamos vendo, devemos nos perguntar:

_O que eu posso fazer para mudar?

Só quem pode mudar algo em você é você mesmo. Partindo desse ponto, estabeleça objetivos pessoais: emagrecer três quilos, cortar o cabelo, ter um dia de folga (realmente), aprender um novo idioma, fazer novos amigos, viajar...Conquistá-los trará uma grande satisfação e fará você acreditar cada vez mais.

Estabeleça os objetivos e esforce-se para alcança-

los,sabendo que isso irá ocorrer gradativamente.Nós não nascemos correndo,em algumas fases da vida alguém nos carrega no colo, em outra nos dá a mão como apoio, e assim nós “cheios de independência” damos os primeiros passos que nos levarão a verdadeiras maratonas um dia. Da mesma forma temos que aprender a cada conquista de um objetivo. E não se deixe frustrar se cometer algum tropeço nessa busca, mas mantenha o foco e lembre-se que é necessário levantar-se para voltar a caminhar em direção do seu alvo.

1.2 Outro ponto de vista

Durante todo o livro, eu darei vários exemplos que envolvem a experiência de outras pessoas. O objetivo disto é demonstrar que, com certeza, devemos aprender com nossos erros e acertos, mas é maravilhoso quando começamos a perceber que podemos aprender, muito, com as pessoas que estão à nossa volta.

O que os nossos amigos estão nos ensinando com suas

histórias? O que podemos aprender com nossos pais?

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Nossos filhos? Até com nossos animais de estimação? O mundo é uma gigantesca sala de aula e podemos aprender muito mais se tivermos um olhar amplo, observando as diferenças, as contradições, os exemplos... Por isso, não ignore o seu cotidiano. A grande lição da sua vida pode não vir de um renomado palestrante internacional, mas do seu filho de quatro anos, do seu amigo que joga bola com você todas as quartas ou da sua vizinha de 60 anos do apartamento ao lado... Para aprendermos e acreditarmos, precisamos saber para onde olhar. Por exemplo, olhe os fundos de uma geladeira.O que você vê? Uma estrutura de metal, talvez algo que você não faça a menor ideia do que é...

E pode ser que olhando os fundos de uma geladira, ela

não pareça útil. Agora olhe a frente de uma geladeira. Você vê uma porta! Ou até mais que uma porta.E nesse momento a geladeira se torna algo útil. Você sabe que o que estiver contido dentro da geladeira estará refrigerado. Por isso, você poderá tomar uma água gelada, sabe que os alimentos terão maior durabilidade. Talvez na sua geladeira existam fotos, ou desenhos pendurados, ou aquele monte de adesivos de farmácia e de restaurantes de tudo quanto é tipo de comida, principalmente pizzarias... E você, provavelmente, durante todos esses anos não tenha percebido como é importante uma geladeira... Afinal, que raios isso tem a ver com acreditar? Vamos à explicação.

Pouco antes de começar a desacreditar, eu conheci um

grande amigo. E provavelmente, da forma como nos conhecemos, poucas pessoas acreditariam que nos tornaríamos amigos de verdade. Mas ainda bem que as pessoas erram. O Pedro começou a fazer parte da minha vida e, na época em que passei a desacreditar em tudo, ele teve uma paciência de Jó comigo. Me deu muitas broncas. Depois que toda a confusão passou, eu percebi que ele era um dos amigos que eu tinha, mas não enxergava. Um dia

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depois de escrever mais de vinte páginas em poucas horas, empolgada, liguei para o meu amigo dizendo: — Estou empolgada, amigo. Acho que agora, finalmente, o livro vai ficar pronto! Mas estou preocupada em ficar muito grande... não gostaria de ultrapassar muito o número de cem páginas... (E ele respondeu na lata...) — Só isso? É um manual de máquina de lavar roupa? (Eu, ainda sorrindo, respondi...) — Algumas pessoas parecem máquinas de lavar roupa... E, como bom amigo, ele concordou... — É... Algumas, às vezes, soltam espuma pela boca...outras batem, batem, rodam; rodam, andam... mas acabam sempre no mesmo lugar...

Acredito que eu não teria explicado melhor. E apesar de sempre defender a ideia, que os seres humanos são diferentes. Então, cada caso é um caso. A idéia principal deste livro se assemelha a algo como um manual... Pois a ideia principal é ajudar as pessoas a acreditar e nós sempre podemos ajudar e ser ajudados, basta querer.

O Pedro tem um irmão mais novo, o Marco

Aurélio.Uma pessoa maravilhosa. O Pedro, como irmão mais velho e coruja, sempre falava muito bem do irmão. E eu sempre achei a amizade dos dois, e a admiração que um tem pelo outro, algo muito bonito. Eu também tenho um irmão mais novo, que eu admiro muito, e sou irmã-coruja assumida. Mas os dois me chamavam atenção também porque eles apresentavam uma capacidade que, para mim, era algo extremamente difícil de realizar. Eles tinham objetivos e eram persistentes em relação ao que queriam. Por isso, sempre que eu precisava de um exemplo de pessoas bem sucedidas, eu acabava citando os dois. Aos vinte e poucos anos, os dois estavam formados,

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estabilizados, viajaram bastante, conheciam vários lugares. Enfim, para mim, eles sempre foram e serão um bom exemplo.

Quando eu conheci o Marco pessoalmente, ele

realmente era exatamente como o Pedro descrevia. E posso dizer que ficamos muito amigos também.E quando o Marco se formou, fiquei muito feliz, muito orgulhosa, como se fosse o meu próprio irmão que estivesse se formando. Pois, eu sei como foi difícil para ele se dedicar todos esses anos, abrir mão de estar perto da família. E enfrentar uma verdadeira barra devido a um acidente que ele teve na época em que estava na faculdade. Mas olhando para as fotos, era possível ver que, naquele momento, todas essas coisas difíceis não importavam mais.

E por um curioso acaso, após se formar o Marco teve

que ir trabalhar justamente em uma cidadezinha chamada Santarém, que, por sinal, é muito próxima do lugar onde eu nasci. Eu fiquei novamente feliz por ele, pois eu sei que, assim como eu, ele vai aprender bastante naquele lugar. Acontece que quando eu comecei a escrever o livro, logicamente, quando pensei em falar sobre objetivos e amizade, o Pedro e o Marco eram os personagens certos dessa história. Então, em uma das minhas conversas com o Marco, eu comentei que achava ele e o irmão um grande exemplo e tal. Para minha surpresa, ele ficou surpreso e disse: “_ ...agora que você falou foi que eu percebi que realmente nós somos assim...” Continuamos a conversa e ele falou... “_ É, mas o que temos de bem-sucedidos é em nível profissional, não temos sorte com os romances...”

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E eu comecei a questioná-lo... E ele começou a perceber que, na verdade, ele estava vendo as coisas por um ângulo, enquanto eu estava tentando mostrar outro ponto de vista. Então, chegamos a um ponto crítico na conversa... Eu me assustei quando, ao perguntar se ele pensava em ter filhos, ele respondeu com um “Não”... Curiosíssima, perguntei o porquê dessa negativa. Ele respondeu: _Porque o mundo está tão difícil e as pessoas passam por tantas situações ruins e ninguém pede para nascer, e depois que está aqui tem que aguentar...

E continuou dizendo que a tarefa de ser pai é algo muito difícil, como saber se você está agindo corretamente? Eu percebi que aquele discurso não podia partir da pessoa bem sucedida e centrada que eu conhecia. Investigando mais, descobri que o Marco teve uma namorada “encrenca”, que repetia isso como um mantra... Mas, e agora, o que eu poderia fazer para tentar ajudá-lo? Precisava agir. Aquela resposta era uma verdadeira prova de fogo! Seria realmente possível fazer alguém ter um novo ponto de vista? Na verdade, a única coisa que eu posso fazer é tentar apontar uma direção e torcer para que a pessoa queira e consiga realmente ver as outras possibilidades. Então comecei a perguntar: — Amigo você já passou por muita coisa ruim? — Sim. Algumas... — Já passou por algo que não desejaria nem para o pior inimigo? — Sim. — Já perdeu algo? — Sim. — Agora me responda: Como você se sentiu quando você se formou? — Foi muito massa! Principalmente depois de tudo o que eu passei para conseguir chegar ali.

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— Como você se sentiu quando conseguiu o seu cantinho? — É outra coisa muito legal também. Uma realização. Aí eu entrei de voadora (não literalmente) — Você se lembra do seu primeiro beijo? Lembra dos Natais? Você se lembra de como seus pais se sentiram quando você se formou? Você sabe que você já deu algum trabalho para eles... Mas você lembra bem a cara deles na sua formatura? Agora imagina todos os lugares bonitos que você já conheceu? Pense nas pessoas que você conhece, nos amigos que você tem, na família linda que você tem... — Agora, imagina tudo isso e imagina que o seu filho é você! Imagine ele se formando, comprando o primeiro apartamento, trazendo a primeira namorada em casa, viajando... E aí? (A resposta não poderia ser melhor.) — Quando você falou a última parte, eu abri um sorriso do tamanho do mundo. Então eu continuei: — Quanto à responsabilidade de agir corretamente com os filhos, você acha que alguma vez seus pais agiram errado com você? — Sim. — Mas você acha que eles são péssimos pais por causa disso? — Com certeza que não. Eles são maravilhosos! — Então, assim como seus pais já erraram algumas vezes, afinal eles são tão humanos quanto você, provavelmente você também vai errar em alguma coisa com seu filho, mas isso não vai impedi-lo de ser um bom pai.Hoje, você sabe que mesmo quando os nossos pais erram,na verdade, tudo o que eles estão fazendo é tentando acertar. Eles estão

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sempre querendo o melhor para nós, até mesmo quando eles projetam sobre nós algo que eles não tiveram. O que eles querem é sempre o melhor. E você também vai ser assim. Tenho certeza de que você será um excelente pai. (Um aviso aos pais: vocês não são perfeitos, mas isso não significa que não são bons pais. Não é por que seus filhos passam por fases difíceis que vocês erraram em tudo e estão arruinados como pais. Aprendemos com os nossos erros e os filhos não nascem com um manual de instruções. Se seus filhos estão dando alguma dor de cabeça agora, comece a acreditar que eles vão descobrir as habilidades que têm. Demonstre que você acredita que eles são capazes de atingir seus objetivos. E imagine-se vendo seu filho conquistar esse objetivo. Olhe para trás e veja todas as coisas boas que seu filho já fez. Lembre-se do primeiro dia de aula, do cartão pintado a mão de Dia das Mães, do abraço no dia dos pais — que parece ser o melhor do ano inteiro —, lembre-se das notas boas, lembre-se do primeiro dia do seu filho na sua vida. Você lembra como se sentiu quando recebeu a notícia que ia ser papai ou mamãe? É capaz de imaginar tudo de bom que você sonhou para os seus filhos? Olhem por esse novo ponto de vista e vocês começarão a descobrir que são excelentes pais.) (Um aviso aos filhos: quando nós nascemos, não trazemos na mão um manual de instruções. Os nossos pais são tão humanos quanto nós. E eles irão errar. Mas isso não significa que são maus pais. Eles podem ficar muito bravos quando nós erramos, mas não é porque querem que sejamos perfeitos. Eles só querem que nós possamos ter o melhor. Eles acreditam em nossas habilidades. Habilidades que, às vezes, nem nós percebemos. Por isso, tente acreditar que

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seus pais não são pessoas de outro século que só querem “pegar no seu pé”. Acredite que eles são os seus melhores amigos, são as pessoas que vão lhe dar o apoio para que você possa alcançar seus objetivos. Agora, tente lembrar qual a expressão dos seus pais quando você tira uma nota alta, quando você fez aquela apresentação de balé, ou o teatrinho do colégio... Se você já está grandinho, você lembra como eles se sentiram quando você conseguiu o primeiro emprego, quando você se casou, quando você se formou... Mantenha estas coisas na sua mente. E procure ser um bom filho porque provavelmente amanhã você estará no lugar dos seus pais... E os seus filhos não virão com um manual de instrução! E quando você começar a acreditar que tem excelentes pais, naturalmente você será um excelente filho...) Depois disso, como um bom amigo, ele recomendou: _Escreva mesmo! A nossa geração está precisando de uma injeção de ânimo!

Mas o que eu espero é que esse meu grande amigo; e que você, leitor; entenda é que o “Acredite” não é uma injeção de ânimo. Se você está se sentindo animado, que ótimo! Mas quem está fazendo isso com você é você mesmo, que começou a acreditar em si mesmo e a perceber que as situações e as pessoas têm diversos ângulos. O que eu tento fazer é apontar para o que me fez acreditar e torcer para que você consiga ter na sua própria vivência um novo ponto de vista.

Para o que você tem olhado? Para os seus defeitos? Para os seus problemas? Para tudo de ruim que você já viveu? Não estou dizendo que você ignore tudo isso. Mas será que tudo isso não tem o outro lado? As coisas ruins

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que você passou já passaram, certo? E você está vivo! E superou isto. E será que você não terá a mesma força para superar outras coisas?

E as coisas boas? Basta virar a cabeça para o outro

lado e enxergar que também há coisas boas. A força. A amizade.Os chocolates. As frutas. As viagens. Os irmãos. Os amigos. A família. Os Natais. As férias. Tudo o que você aprendeu. Comece a fazer uma lista de coisas boas que acontecem no seu dia ou que já aconteceram na sua vida. Você vai se surpreender... Comece a acreditar em si mesmo. Olhe os vários ângulos que você tem. Você tem defeitos? Com certeza! Mas você tem qualidades e são muitas! Por isso, você é capaz! Acredite em você mesmo! Acredite!

1.3 Acredite em alguém além de você mesmo... “Ou Deus existe ou não existe. Mas qual das alternativas devemos escolher? A razão não pode determinar nada: existe um infinito caos a nos dividir. No ponto extremo desta distância infinita, uma moeda está sendo girada e terminará por cair como cara ou coroa. Em que você aposta?’ Blaise Pascal, Pensamentos (edição póstuma, 1844)

Como eu já disse, tenho uma orientação cristã e sou estudante de Teologia. Então seria praticamente impossível não falar sobre esse assunto tão polêmico: Deus!

Quando comecei a escrever este capítulo, pesquisei um pouco mais sobre o ateísmo, em respeito aos meus leitores ateus, e tenho algo a dizer. Na verdade, é um

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pedido. Como pessoas defensoras da razão e da lógica que são, por favor, leiam este capítulo. Assim como Pascal fez esta “aposta”, eu pergunto:

“Pode alguém que não existe’ surtir qualquer influência sobre a sua escolha pelo ceticismo apenas porque você irá ler um capítulo que fala sobre Deus?” Se a sua resposta é uma negativa, então leia e aproveite o que for possível, pois este capítulo será inócuo para sua vida. E você terá mais uma prova de que não acreditar em Deus está correto. Se, por algum acaso, esta pergunta lhe causou dúvida, eu faço um desafio. Leia e descubra outra resposta. Você realmente é ateu?

Respondendo à pergunta de Pascal, a minha resposta

é: Deus existe. Eu acredito nisso. E, agora que você já acredita em você mesmo, é hora de dar um passo adiante. Você precisa acreditar em alguém que não seja você mesmo. E o meu conselho é acredite em Deus. Não estou tentando converter ninguém a qualquer culto ou religião, até porque não possuo tal poder e não almejo isto. Mas o que quero é convidar você a acreditar. Algumas pessoas já me perguntaram: Como você, uma pessoa que estuda tanto e conhece tantas coisas, pode acreditar em Deus? E eu pergunto: Como você pode me conhecer e não acreditar em Deus?

Mas vou responder que, como defensora da Fé e da

Ciência, eu posso até dizer que acredito em Deus por “método científico”. Para muitos, agora eu acabo de falar a maior insanidade imaginável, pois método científico não poderia ser utilizado para provar coisas como sentimentos ou crenças. Porém, para avaliar isso melhor vamos ao conceito: Método científico é uma observação lógica e sistemática que irá gerar um conjunto de teorias baseadas nessa observação até que se chegue a uma explicação satisfatória para os fatos observados. Essa teoria resultante deve ser consistente com os fatos. Deve-se poder prever que, em condições e situações idênticas, os

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resultados esperados devam se repetir. Agora eu pergunto: Por que não podemos usar o método científico para sentimentos ou crenças?

Eu sempre escutei uma ilustração simples para

explicar a existência de Deus. “Você consegue enxergar o vento? Não. Mas você é capaz de senti-lo? Sim. Então, o vento existe ou não existe? Ele existe. Da mesma forma, existe Deus. Você talvez não consiga vê-lo, mas você pode senti-lo trabalhando na sua vida”. Durante anos, eu tentei questionar mais e mais esse ensinamento. Pois eu precisava provar para mim mesma que estava correto aquilo que eu acreditava. Mas sempre aparecia aquela pergunta: Se tantas pessoas não acreditam, será que realmente é possível sentir Deus? Será que Ele realmente existe? E a resposta para isso veio enquanto eu brincava em um jogo online.

Eu estava conversando com amigos que moram no

Canadá. E, por causa de um dos cenários do jogo, comentei que eu tinha verdadeira paixão por saber como era a neve. Eu tenho vinte e oito anos e, infelizmente, nunca vi a neve. E pedi para uma dessas pessoas que me descrevesse como era quando estava nevando. Começava assim como começa uma chuva? É bonito? E a pessoa começou a me contar algumas experiências de invernos passados, dificuldades para dirigir, as brincadeiras com os filhos, as tais bolas de neve. E eu posso dizer uma coisa: nunca vi essa tal neve na minha vida, mas eu acredito que a neve é real.

Agora imagine se eu falasse para essas pessoas: “Você

pode até me dizer tudo isso, mas eu nunca vi. Então, não existe! No meu país não tem neve! Então a neve não existe!Você pode contar todas essas histórias bonitas, mas porque isso aconteceu com você, e não comigo, a neve não existe! Não existe! E não existe e pronto!” E imagine ela me pedindo para provar que a neve não existe. Então, de

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forma bem egoísta, eu responderia: “Não existe porque eu não vi. Eu conheço milhões de pessoas que nunca viram neve, também, então, por isso, não existe. Para falar a verdade, se não existe, eu não preciso provar que não existe... Simplesmente não existe e ponto final!”Hummm... Você acha que o discurso da neve parece com algo que você já ouviu?

Eu acredito em Deus, eu costumo falar para as

pessoas sobre as maravilhosas experiências que eu tive, ou já vi outras pessoas terem, com Deus. Porém, mesmo assim, algumas pessoas que não conseguem enxergar as coisas de outros ângulos, ou se distanciaram tanto de Deus que não conseguem mais senti-lo, ou provavelmente sempre estiveram distantes e por isso nunca sentiram Deus tocar suas vidas, dizem: “Deus não existe e ponto final!” Eu estou me programando para, no próximo ano, visitar um desses países gelados e, finalmente, poder sentir a tal neve. E você, se quiser, pode acreditar que Deus existe, basta querer. Quantas pessoas já lhe contaram histórias dizendo que Deus existe? Assim, eu me perguntei por que algumas pessoas não acreditam até encontrar uma resposta. Pergunte a si mesmo por que tantas pessoas acreditam.

Para sentir Deus, você não precisa viajar para outro lugar, esperar uma época do ano. Você pode fazê-lo agora mesmo. Converse com Ele. Pode acreditar, Ele está e sempre esteve bem perto de você. Fale; ”Deus, que tanta gente diz que existe, eu quero sentir que Você é de verdade.” Eu acredito que você vai sentir. Abra bem os olhos e observe toda a sua vida... Ela pode ser a maior prova de que Deus existe.

Mas voltando à parte do método científico, eu não

esqueci -- e sei que algumas pessoas ainda querem o meu lindo fígado por unir Deus e método científico. Eu vejo de forma bem arcaica a não utilização do método científico

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para sentimentos e crenças. Até porque, quando é para desacreditar algo de qualquer natureza que seja, muitos pseudocientistas usam esta ferramenta ignorando a regra que eles próprios gritam a plenos pulmões quando não querem ser contestados.

Imagine a seguinte situação: vamos fazer um teste

com dez casais. A tarefa é simples. No meio da semana, os maridos irão acordar mais cedo e levar café na cama para as esposas, com direito a florzinha e tudo mais... Você é capaz de dizer qual será o sentimento gerado por esta ação? Eu posso apostar que a primeira coisa será surpresa.

Afinal, durante anos, as esposas se acostumaram

acordar mais cedo e deixar o café arrumado para os maridos e filhos. Isso é quase uma tradição mundial. E, por isso mesmo, tenho certeza ao dizer que o sentimento gerado por este gesto, com certeza, seria de felicidade. Como mulher, posso apostar que nas mesmas condições observadas, os resultados seriam os mesmos. Se você duvida, faça o teste com a sua esposa. Ou faça o seu marido ler este parágrafo e deixe ele mesmo testar.

É bom observar fatos, esperar um padrão e testar

exaustivamente até ter os mesmos resultados em semelhantes condições. Só que agora o alvo é provar a ação de Deus. Ok! 1º Teste Aos três anos, eu orei com meu pai pelo meu irmão, que estava doente. Nenhum médico era capaz de curá-lo. Resultado: Ele ficou curado. Sem explicação lógica para a ciência. Se não foi algo lógico, significa que foi algo além do natural. Eu passei a chamar este algo sobrenatural de Deus.

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2º Teste Quando eu estava com cinco anos, minha mãe perdeu um bebê e, devido a vários erros médicos e à gravidade da situação, ela estava em coma e os médicos disseram não poder curá-la. Minhas tias oraram por ela. Resultado: Ela ficou curada. Sem explicação lógica para a ciência. Se não foi algo lógico, significa que foi algo além do natural. Deus! 3º Teste Aos dezesseis anos, eu sofri um grave acidente de carro e fiquei com um traumatismo craniano e coágulo no cérebro. Os médicos disseram ter feito o que podiam, mas se eu sobrevivesse, teria graves sequelas motoras. Meus amigos oraram por mim. Minha família orou por mim. Resultado: Eu fiquei curada e não tenho nenhuma sequela motora. Sem explicação lógica para a ciência. Se não foi algo lógico, significa que foi algo além do natural. Deus! 4º Teste Aos vinte e dois anos, minha grande amiga Gisele me pediu que orasse por ela, pois sentia terríveis dores nas costas e nenhum médico conseguia sequer dizer o que estava errado. Eu orei junto com ela. Resultado: Ela ficou curada. Sem explicação lógica para a ciência. Se não foi algo lógico, significa que foi algo além do natural. E eu chamo esse sobrenatural de Deus!

Vale salientar que no método científico — por ser algo criado por homens e sendo nós, seres humanos, falhos — existe tolerância para uma margem de erro. Mas posso dizer que estes quatro testes, demonstrando condições semelhantes, tiveram em 100% o mesmo resultado: todos foram curados, por Deus. Estes são uma pequenina parte de muitos outros testes. E Deus não age somente na saúde, mas em toda a vida das pessoas. É simplesmente incrível: quando pedimos a Deus para ajudar na saúde, na vida

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emocional, na vida financeira, em qualquer área; quando acreditamos realmente, funciona. Faça o teste. Mas, não esqueça, o ingrediente fundamental do teste é acreditar.

“18. E, de manhã, voltando à cidade, teve fome; 19. E avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas.E disse-lhe: nunca mais nasça fruto de ti. E imediatamente a figueira secou. 20. E os discípulos, vendo isto, maravilharam-se dizendo: Como secou imediatamente a Figueira? 21. Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira; mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e precipita-te ao mar, assim será feito; 22. E tudo que pedirdes em oração, crendo, o recebereis. (Mateus 21.18-22)”

Você pode estar se perguntando: “E, se eu não acreditar em Deus, acreditar em mim mesmo não vai adiantar de nada?” A resposta é: “Acreditar em nós mesmos é, sem dúvida, um grande passo e, com toda a certeza, já irá surtir um grande efeito na sua vida. Quanto a acreditar em Deus ou em Alguém superior a você, isto é uma escolha. O que eu posso dizer é que quando me aconselharam a acreditar, a voltar a acreditar em Deus, foi a escolha que eu fiz e foi fundamental para o meu caminho, para uma vida melhor.”

A minha pergunta é: O que você perde se tentar

começar a acreditar em Deus? Como eu já disse, eu posso indicar um sentido, dizer

como acreditar pode fazer diferença para a vida de alguém. Mas não posso decidir por você. Mas, repito, Acredite!Isso fará toda a diferença na sua vida.

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1.4 As coisas simples Sei que com tudo o que vemos acontecer no mundo, e

até em nossas vidas, às vezes fica difícil acreditar em Deus. Afinal, por que há tantas coisas ruins e por que nos sentimos sozinhos? Questionamos por que Deus permite tais coisas. Eu pergunto:

Quem faz todas estas coisas ruins acontecerem é

realmente Deus? Deus tem poluído nossas fontes de água potável? Deus tem escondido alguns bens dos consumidores para provocar uma procura maior e fazer com que as bolsas oscilem freneticamente? Deus é quem briga com alguém no trânsito e atira em alguém que nunca viu na vida porque não gostou do que ouviu? É Deus que faz todas essas coisas? É Ele quem se isola, no computador, por dias inteiros? É Deus quem não fala com os vizinhos? É Deus quem não atende aos telefonemas da família e depois fica se sentido só?

A resposta para todas essas perguntas é um sonoro :

NÃO! Na verdade, somos nós, seres humanos, dotados da tal razão e cada vez mais distante de qualquer crença, que fazemos todas essas coisas. E você pergunta: Então, por que Ele permite? E eu pergunto a você: Porque um Deus amoroso, que não é um tirano iria interferir para impedir o que fazemos com o nosso mundo ,quando boa parte do tempo nós ignoramos sua existência e agimos como se tivéssemos todos as resposta?!As pessoas deixaram de acreditar e estamos entregues as nossas próprias mãos; mãos falhas, cansadas, rancorosas... e, por isso, tudo está como está...

Comece a acreditar e você poderá comprovar como as

coisas irão mudar na sua vida, na sua rua, no seu trabalho, na sua cidade, e até, por que não, no seu país.

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Podemos pensar que somos apenas mais uma gota nesse oceano ou perceber que somos a gota necessária para fazer o copo transbordar. Nós temos essa capacidade de gerar uma reação positiva transformando o nosso cotidiano e refletindo no cotidiano de muitas outras pessoas.

Vivemos em sociedade, nos relacionamos com

diversas pessoas. Quando acreditamos em Deus e começamos a praticar os Seus ensinamentos — perdão, amor, caridade — isto começa a gerar uma reação em cadeia. E acredite, você pode se tornar um exemplo para outras pessoas, que também irão acreditar e também passarão a ter novos pontos de vista sobre você, sobre elas mesmas, sobre o mundo...

Se alguns dos grandes nomes da história se deixassem

levar pela idéia que eram “apenas mais uma gota no oceano”. Provavelmente a energia elétrica, os telefones, os computadores, os aviões, a democracia, as vacinas e tantas outras coisas benéficas não existiriam. E a Humanidade ainda acreditaria que a Terra é plana.

Observemos nomes como Gandhi, Martin Luther King, Lutero, Madre Thereza e Beethoven, seres que influenciaram o curso da história porque acreditavam com tanta intensidade que sabiam que eram capazes de fazer a diferença. E defenderam o que acreditavam sem olhar para os defeitos que possuíam ou as circunstâncias que os cercavam.

Essas pessoas tinham o foco em seus objetivos e não

enxergavam o mundo apenas como ele estava, mas acreditavam no mundo como ele poderia ser. Um mundo melhor, um mundo igualitário, um mundo com melodia, um mundo capaz de acreditar, um mundo onde as pessoas sejam capazes de ajudar e receber ajuda.

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Você pode até achar que eu comecei a ficar um tanto quanto utópica neste momento. Afinal, não se pode ser tão simples. Mas eu costumo dizer que nós, humanos, gostamos de dramatizar... de complicar... Se não houver algo errado é porque tem algo muito errado! Mas vamos observar que o nosso complexo mundo é feito de coisas simples.

Essa semana, alguém a quem tenho muito apreço,

começou em um novo trabalho e pediu para que eu comprasse algum material que ele iria precisar. Eu comprei pastas, réguas (com nomes diferentes, mas são réguas), lápis, canetas... E, quando voltei com o material, comecei a perguntar para que serviam uma das tais réguas, que, por sinal, eu havia comprado na medida errada... E, por isso, precisaria trocar. Perguntei por que não servia, pois, para mim, é uma régua como todas as outras que eu vi.

Então, ele começou a me explicar que a tal régua com

vários lados possuía umas medidas específicas de escala, que eram necessárias para que ele pudesse trabalhar com as plantas. Depois da explicação, eu fiquei ainda analisando a tal régua e falei: “Você não acha incrível que você, um arquiteto, tenha uma ferramenta de trabalho tão simples?” E ele respondeu com algo no estilo “é simples, mas é essencial”. E eu voltei para continuar escrevendo e comecei a pensar que arquitetos, engenheiros usam réguas e calculadoras...

Nós, fisioterapeutas, temos por ferramenta essencial

as nossas próprias mãos... Um cirurgião necessita, além de todo o conhecimento, de um bisturi (uma faquinha metida a besta)...Escritores precisam de canetas, uma máquina de datilografar, ou um computador... Advogados não existiriam se não existisse o papel... Cabeleireiros precisam de escovas... Mecânicos precisam de caixa de ferramentas... Professores de natação precisam de água...

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Empresários não vivem sem telefones... E assim por diante... Se você começar a observar, muitas das complexas funções que você exerce não existiriam se não houvesse estas ferramentas simples cercando o seu dia.

Então, por que quando pensamos que ter fé em Deus pode fazer coisas complexas em nossas vidas, isto parece utopia? Por que nós, simples ferramentas dessa complexa sociedade, não podemos torná-la melhor? Acreditar é necessário e saber em quem acreditar é muito importante. Pois isto irá nos ajudar a descobrir os nossos objetivos e habilidades. Eu acredito que Deus nos auxilia e nos capacita, segundo os nossos objetivos. E discordo de que “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. Deus escolhe sempre pessoas capacitadas. Não é porque você não acredita ter habilidades que você realmente não tem. Ninguém melhor do que Aquele que nos criou para saber das nossas habilidades. Ele sabe tudo o que somos capazes de fazer.

Jesus escolheu como discípulos pessoas diferentes, de

médicos a pescadores. E, por acaso, Lucas era mais capacitado do que os outros discípulos? Ou talvez Paulo fosse o mais capacitado, afinal era cidadão romano, possuía cultura! Na verdade, Jesus estava demonstrando que todos tinham habilidades e estas habilidades eram diferentes, pois Jesus entendia que um corpo, para estar vivo, precisa de diferentes estruturas com diferentes habilidades. E, segundo a habilidade de cada um, Ele os capacitou; esta é uma das grandes lições de liderança de Cristo.

Afinal, se você me entregar uma das tais réguas que

um arquiteto usa para mim, eu não serei capaz de desenhar uma planta de uma casinha de cachorro; da mesma forma, não adianta entregar uma caixa de ferramentas para um cabeleireiro e pedir que ele conserte o motor de um carro, ou pedir a um cirurgião para dar

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aulas de natação, por mais que exista uma piscina olímpica na frente dele. Nós devemos nos capacitar segundo as nossas habilidades.

E quando estivermos em posição de liderança,

devemos observar as diferentes habilidades dos nossos liderados e auxiliá-los, estabelecendo objetivos que estejam de acordo com essas funções. E Deus, como um excelente líder, nos capacita segundo as nossas habilidades: “10. Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. 11. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. 12. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo. (Efésios 4:10-12)”

Eu acredito que todas as mudanças de cidades que eu tive na minha vida, os problemas de saúde pelos quais passei, e as experiências, más e boas, que eu tive foram um treinamento, pois, me capacitaram, segundo as minhas habilidades, para que eu conseguisse desempenhar as funções que tenho hoje.

E este aprendizado não terminou, mas é contínuo. E

isto é simplesmente maravilhoso. Por isso, acredite em Deus. Ele pode te ajudar a descobrir as suas habilidades, a estabelecer novos objetivos, ou a restabelecer o que você já havia desacreditado. E você vai perceber que com as ferramentas simples que você tem em mãos, você será capaz de fazer coisas grandiosas.

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2.Quando Acreditar?

Sempre! É isso mesmo. Quando devemos acreditar?

S E M P R E Se você já começou a buscar acreditar, mas ainda

acha que a situação à sua volta não é a mais apropriada para acreditar, você precisa que pelo menos alguma coisa à sua volta melhore para você acreditar? É muito bom começar a mudar de ideia. Eu costumo dizer que a época mais fácil de começar a acreditar é exatamente quando tudo parece estar extremamente ruim.

Afinal, o que você vai perder se começar a acreditar?

Nada. Mas o que você pode ganhar se acreditar? Será esta a sua tábua de salvação? Você vai precisar testar para descobrir... Eu acredito que sim. E vamos falar agora de duas pessoas muito importantes que eu conheço e que acreditaram mesmo quando tudo estava ruim.

2.1 Promessas a cumprir!

Esta semana, eu fui à colação de grau dos meus pais. Os pais irem à formatura dos filhos é algo até normal; mas um filho na minha idade ir à formatura dos pais, isso é raro. E eu estou muito orgulhosa.

Foi algo realmente emocionante, principalmente por

saber que eles não chegaram ali facilmente, foi uma longa e trabalhosa estrada. Mas eles não desistiram, eles acreditaram! O meu pai é, sem dúvida, uma pessoa fantástica. Tenho orgulho de ser filha de quem eu sou. Sempre escuto as pessoas dizendo: seu pai é muito bacana...

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Seu pai é um excelente profissional. Já ouvi até “eu queria ter a sorte de ter um pai assim”... Todas essas afirmações só confirmam que eu realmente tenho que agradecer pelo pai maravilhoso que eu tenho. E não é à toa, que eu escuto todas essas coisas. Mas ouvir tudo isso, só é possível porque ele acreditou que ele é uma pessoa capaz mesmo quando ninguém acreditava. Essa, com certeza, foi a melhor coisa que ele me ensinou.

O meu querido pai, já foi criança pequena lá em

Barbacena. A família do meu pai é grande; são oito ao todo, entre irmãos e irmãs. Mas aos seis anos, o meu pai já havia perdido a mãe. Os irmãos foram divididos nas casas dos tios e tias. E o meu pai lembra claramente de ouvir de alguns adultos “esses meninos não vão dar em nada... não vão ser boa coisa na vida...”. Mas, naquele momento, o meu pai começou a mostrar que acreditava em si mesmo e acreditava que iria dar certo.

Ele e o irmão mais novo ficaram no mesmo lugar. Por

isso, meu pai puxou o irmão mais novo para uma conversa séria: “não quero ver você metido com coisas erradas... ouviu bem??” Algum tempo depois, o meu avô também faleceu... E aos doze anos ele já não teria mais nem o pai ou a mãe por perto. Agora vamos analisar a situação: uma criança de uma cidade de interior, sem pai e sem mãe, com a família toda espalhada e ouvindo pessoas dizendo que o futuro não era nada promissor.

Essa era a situação apropriada para começar a

acreditar em si mesmo? Acreditar que as coisas iriam dar certo? Acreditar em qualquer coisa? Provavelmente não. Mas, contrariando toda esta situação, aquela criança, que hoje orgulhosamente eu chamo de pai, acreditou que iria dar certo. E deu muito certo. No caminho até chegar aos seus objetivos, ter uma família, fazer uma faculdade e ser alguém importante, ele passou por vários momentos difíceis. Mas conseguiu vencer.

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Nessa mesma semana, o meu querido pai teve seu

nome estampado na primeira página do caderno de economia de um importante jornal da região. E por um bom motivo: a administração de um empreendimento inovador. Pois bem, hoje o Sr. Durval trabalha bastante, tem dois filhos, se formou e está começando mestrado. E se você perguntar se ele acredita que pode ir mais longe, a resposta será, com certeza, um SIM. E achei muito interessante descobrir que o combustível para acreditar em coisas boas em situações tão adversas veio através de promessas.

O meu pai estava compartilhando um pouco das suas

historias para chegar aonde chegou e, com lágrimas nos olhos, ele disse: “eu prometi várias coisas ao meu pai... uma delas é que eu seria alguém importante... E eu não desisti de alcançar esse objetivo...” Eu me lembrei de uma dessas promessas, que eu já sabia que ele havia cumprido. Quando eu estava com uns oito anos, nós viajamos em família para as férias do Natal e fomos para Belo Horizonte. Mas não ficamos nas casas das minhas tias como de costume, fomos para um hotel. Um hotel pomposo, mas muito, muito antigo, no centro da cidade.

Então meu pai contou que, uma vez, ele viu pessoas

entrando naquele hotel e viu os porteiros, todos bem-arrumados, carregando as malas e abrindo as portas, e ele perguntou ao meu avô por que eles usavam aquele uniforme bonito e que lugar era aquele. O meu avô explicou que era um hotel, mas apenas pessoas que têm dinheiro, quando viajavam, ficavam naquele tipo de lugar e os rapazes de uniforme eram empregados que trabalhavam lá.

E o meu pai, naquele momento, fez uma das

promessas ao meu avô: “Pai, quando eu for grande e tiver a minha família, eu vou ter dinheiro e viajar e trazer todos

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para ficar nesse hotel.”E, anos depois, lá estávamos nós cumprindo a tal promessa.

O cômico foi que o hotel ainda era como muitos anos

atrás. Era bonito, mas tinha cheiro de armário velho e a minha mãe começou a passar mal de alergia. Mas ela sabia da tal promessa, então, a princípio, não falou nada. Eu e meu irmão adoramos as camas de mola e começamos a fazer aquela bagunça. Então, a minha mãe resolveu dar um banho em nós dois para ver se nós ficávamos mais calmos. Então nós vimos que tinha uma banheira...

Que beleza! Até colocarmos a banheira para encher, e

a água começar a sair completamente amarela... Hahahaha... Parece que a tubulação também tinha tantos anos quanto a promessa. Foi a gota d’água. A minha mãe olhou pra o meu pai e disse:

“Já cumpriu a promessa? Então vamos para outro lugar.”

Ele gosta de contar essa história e sempre dá muitas

risadas. E se você acha que ele fica triste porque o hotel já não era como antes, pode acreditar que não, pois ninguém é capaz de tirar a realização que ele sente em lembrar que conseguiu cumprir mais essa promessa. E existe, com certeza, mais uma característica do meu pai que eu acredito que o ajudou a chegar onde ele está hoje. Eu vejo o meu pai como uma pessoa positiva e acredito que isso influenciou na sua trajetória de sucesso.

Em uma das fases mais difíceis que passamos, o meu

pai começou a contrariar a situação negativa em alto e bom tom. Sempre que alguém perguntava: “E aí, como é que vai?” Ele respondia: “Excelente!” E era incrível como isso surtia um efeito maravilhoso nas pessoas. Parecia uma injeção de ânimo ou algo do tipo. Quando eu estava com dezesseis anos, tive um grave acidente. O ônibus no qual eu viajava para o interior da Bahia capotou.

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Ninguém morreu. Advinha quem ficou gravemente ferida? Eu! Algumas horas depois do acidente, eu precisa ser removida de um hospital para outro.

Meu pai já havia sido informado do acidente, mas o

médico disse que precisava falar com ele. Então ele começou a conversar comigo para tentar descobrir o telefone. Eu estava muito confusa. Mas, quando finalmente ele pegou o telefone e conseguiu ligar, caiu na caixa de mensagens e a mensagem do meu pai era a seguinte:

“Alô... hoje o dia está excelente! Tão excelente que você

não vai conseguir falar comigo agora! Por favor, deixe sua mensagem após o sinal...”

Quando o médico retornou ao quarto, ele estava

segurando um sorriso. Então, eu perguntei se ele havia conseguido falar com meu pai. Ele disse: ”Ainda não, mas vou começar a acreditar no que ele disse, que hoje o dia está excelente.” E abriu um sorriso. Aí, perguntou: “E você, como está se sentindo? ”Eu não tive dúvida em responder:

_ “Excelente!” E, realmente, apesar do acidente que ocorreu às cinco

horas da manhã, às onze horas da noite, depois de um verdadeiro milagre, eu podia dizer que aquele foi um dia excelente. E essa história do “Excelente” acabou ganhando força.

A equipe que trabalhava com meu pai começou a usar o “excelente”. Quando o meu pai começou a história do “excelente”, a equipe estava entre os piores lugares de desempenho no quadro da empresa. Parece que bastaram três meses respondendo que tudo estava excelente para que a motivação tomasse conta do grupo, melhorando a qualidade do trabalho. E eles ganharam o primeiro lugar em desempenho. Se você me perguntar se acreditar é uma atitude positiva, eu responderei que é uma atitude realista,

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mas acreditar pode te tornar uma pessoa positiva. E se você acredita que ser positivo dá certo, faço minha a palavra de meu pai: “EXCELENTE!”

Então, agora que você já sabe tudo isso, eu pergunto:

qual a sua história triste? Você tem usado isso de muleta para não acreditar e ficar estagnado? Você perdeu os pais? Você não estudou nos melhores colégios? Você sofreu algum acidente? Você não é de família rica? Você até tem uma história de vida bacana, mas o triste é que você ainda não se encontrou? Você não consegue achar sua outra metade?

Se você respondeu afirmativamente a qualquer uma

das questões, eu quero lembrar que você está vivo e tem superado isto. Então, que tal tentar ir além e transformar o que parecia uma derrota em vitória? Você fez promessas a alguém? Prometeu aos seus filhos que daria o melhor para eles? Prometeu aos seus pais que passaria no vestibular? Prometeu a você mesmo que teria uma vida melhor? O que você prometeu? E o que você tem feito com essas promessas? Escondeu embaixo do travesseiro e só em sonho elas se realizam? Ou você está usando isso como combustível para atingir seus objetivos. Errar faz parte da natureza humana. E não é porque não alcançamos um objetivo na primeira vez que nunca vamos conseguir alcançá-lo.

Com os erros que eu cometi, eu machuquei muitas

pessoas de quem eu gostava e me machuquei bastante também. Por algum tempo, achava que seria impossível acreditar. Mas da situação que era péssima, eu tirei o combustível para atingir um dos meus principais objetivos. Prometi a mim mesma, e a uma das pessoas que eu mais gostei nessa vida, que, para compensar o mal que eu fiz, eu ajudaria muitas pessoas e seria alguém importante. E é isto que eu tenho procurado fazer todos os dias, seja ajudando uma senhora a atravessar a rua, seja escrevendo

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um livro para tentar ajudar as pessoas a voltar a acreditar.

Então procure cumprir suas promessas. Realizá-las

será um incentivo ainda maior para que você consiga se fortalecer e superar os obstáculos no caminho dos seus objetivos. E quando cumprir uma promessa, procure fazer novas promessas. O ser humano tem necessidade de novos desafios, de sentir “borboletas no estômago” por algo ou alguém. Por isso, precisamos cada vez mais deste combustível para continuar acreditando. Se a sua situação está complicada, mas você acreditar que é forte para superar isto e cumprir as suas promessas, quando alguém perguntar como vai você em meio a este vendaval, não se esqueça da resposta: “Excelente!”.

2.2 Senhora Persistência

“Atrás de um grande homem, sempre existe uma grande mulher.”

Escutei isso durante muito tempo da minha vida.

Digo escutei por que o individualismo tem sido pregado como algo tão louvável, a partir da minha geração, que frases como essa cada vez mais são escondidas como algo errado no fundo do armário. Porém, posso dizer que conheço vários exemplos que comprovam que esta máxima é um fato. E tenho certeza que, se você observar a sua volta, vai perceber que isto é verdade.

Quem não conhece um amigo ou um parente que ao

encontrar a mulher certa subiu na vida, se tornou responsável, conquistou melhores lugares no trabalho, tornou-se mais amável e tantas outras coisas boas. Essas mulheres são uma verdadeira coluna de sustentação e quando você olha para o iluminado que tem uma mulher dessas na vida, você não consegue imaginar como seria a

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vida do mesmo sem essa esposa, mãe, irmã, às vezes até amiga.

Sei bem que existe o outro lado da moeda: mulheres

que entram na vida de alguém e são verdadeiros furacões. E se, por algum acaso, uma destas criaturas já atravessou o seu caminho, saiba que todo ser humano merece uma segunda chance e todos nós, sem exceção, podemos mudar. Não pretendo me ater à parte ruim do assunto “mulher”. Até porque se você quer ler algo ruim, existem diversas fontes de informação para isso. Mas este livro se propõe a ser algo bom e a exaltar as coisas boas que temos nesta vida. E não me canso de dizer que “o que temos de bom é muito maior do que o que existe de ruim!” Há muito mais mães amorosas, esposas dedicadas, namoradas apaixonadas, mulheres batalhadoras, excelentes amigas, do que estes furacões que possam aparecer.

A maioria das grandes mulheres que eu conheço só

chega a atingir 1,70m de altura com um salto bem alto. Mas, atrás da aparência frágil, é possível encontrar uma fortaleza. Como já disse, tive a graça de conhecer e conviver com muitas dessas mulheres e todas elas, com certeza, me ajudaram a acreditar. Mas seria injusto não falar da principal, aquela que me ensinou e ainda me ensina como devo agir para me tornar uma dessas fortalezas.

Essa mulher admirável é a minha maravilhosa mãe,

que aqui eu vou chamar de Senhora Persistência e, para entender o porquê disso, vou contar um pouquinho da história da minha supermãe.

A Sra. Edenize nasceu em Santarém (um lugar logo

ali, um dia subindo o rio do lugar onde eu nasci) e é a caçula de oito entre irmãos e irmãs. Não nasceu em uma família rica, não estudou nos melhores colégios e, como algumas pessoas pensam devido a essa combinação, não

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teria um futuro muito promissor. Mas, desde quando eu era criança, quando a minha mãe me dava algum exemplo de como batalhou para conseguir algo, eu sempre ficava admirada, pensando: como ela não desistiu?

E talvez você imagine que toda criança admira a mãe

como uma heroína, mas eu posso afirmar que agora, eu admiro a minha mãe muito mais do que naquela época, principalmente por entender que o que para a minha imaginação infantil já era difícil, para a realidade que eu passei a conhecer me provou que era mais do que difícil, era praticamente impossível. Mas quando eu perguntava: por que ela não desiste, e quando, algumas vezes, até eu a aconselhei dizendo: “mãe, deixa isso para lá, não adianta...”, ela sempre me respondia: “Minha filha, o segredo de se conseguir algo está na persistência.”

Mas vamos a uma dessas histórias de persistência. No

início da década de 1990, a minha família mudou-se para Juiz de Fora. Meus pais haviam feito um belo “pé-de-meia” e abriram um mercadinho com sistema de entrega, o que era uma inovação na época. Compramos um belo apartamento, num lugar muito bonito, e eu e meu irmão fomos para um dos melhores colégios da cidade. Tudo muitíssimo lindo. A minha querida mãe havia parado de trabalhar quando eu estava com uns três anos, para tomar conta de mim e do meu irmão, após algumas experiências nada agradáveis com babás.

Na mesma época em que mudamos para Juiz de Fora

e começamos esta história de conto de fadas, com tudo para dar certo, o Brasil conhecia um presidente jovem “collorido”, que iria gerar muitos problemas. Nesta época, a economia nacional entrou em crise, e com a crise econômica ocorreu uma desordem geral — corrida aos bancos, pessoas perdendo tudo o que tinham.

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E nós entramos para as estatísticas quando o nosso mercadinho foi um dos estabelecimentos que foram saqueados. Arrobaram a porta? Não. Os ladrões, ousadamente, abriram um buraco a marretadas na parede, um buraco enorme o suficiente para passar umas três pessoas. E, claro, levaram praticamente tudo.

A consequência disso é que como todo o investimento

feito precisava ser pago, as nossas economias foram todas para pagar credores, reformar e fechar as portas. Eu e meu irmão saímos do colégio particular e fomos, para um colégio público, que ficava na mesma rua, mas estava caindo aos pedaços. Perdemos tudo, carros, apartamentos, e ficamos morando num apartamento menor, alugado, que algumas pessoas da nossa família ajudaram a pagar por um período. Como não conhecíamos ninguém na cidade, além das pessoas da igreja, o meu pai, para não ficar parado, começou a trabalhar de ajudante de pintor.

E nesse cenário, onde nada parecia promissor, que a

minha mãe começou a demonstrar a tal persistência. O meu irmão chorava porque estávamos num colégio cujo teto poderia cair sobre as nossas cabeças a qualquer momento. E a minha mãe dizia: ”Meu filho, vamos orar para que Deus nos ajude a modificar essa realidade.” E, claro, como uma boa mãe, ela foi ao colégio verificar a situação e participou de reunião de pais. E em menos de um mês foi lançado um projeto de mutirão pela escola, onde a escola daria todo material necessário para a reforma e os próprios pais dos alunos iriam realizar a reforma.

E como foi bom saber que muitos dos pais eram

pedreiros, pintores... E pessoas que não eram pais dos alunos, mas eram chefes dessas pessoas, foram voluntários e ajudaram na realização dessa obra. As mulheres faziam lanches e ajudavam na limpeza. Todos trabalharam nos finais de semana, que era o tempo que possuíam livre. E

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em tempo recorde a escola estava reformada. E não só o meu irmão, mas todos ficaram muito felizes com o resultado (mais à frente vamos falar da importância de ajudar e ser ajudado).

Mas, observando isso, era uma pequena vitória perto

dos grandes problemas que ainda existiam. Nesse período, para deixar a situação mais caótica do que já estava, eu e meu irmão estávamos entrando na adolescência. E eu chorava porque não tinha amigos. Naquela época, comecei a descobrir que muitos dos amigos, que eu acreditava serem meus amigos, na verdade, eram amigos do que nós possuíamos.

Também foi nesta época que a minha família ganhou

amigos de verdade. No meio deste vendaval, mudaram-se para nossa cidade dois casais, que foram para nossa igreja. Eles conheceram a nossa família, souberam da nossa história e, prontamente, começaram a nos ajudar. Um destes casais indicou o meu pai para uma vaga de emprego e o ajudou em toda a preparação para que tudo corresse bem. E deu tudo muito certo. Foi nesse lugar que meu pai passou a dizer “excelente”. E isto foi uma das muitas coisas em que eles nos ajudaram.

O outro casal indicou a minha mãe para uma vaga de

emprego na área de vendas. Mas, analise comigo, que chances existem para alguém fora do mercado de trabalho havia mais de dez anos, com dois filhos, para trabalhar em algo em que não possui experiência alguma, acima dos trinta anos, sendo mulher? Algumas pessoas podem até ter dito que a chance era nula. Porém, eu digo que, para quem acredita e tem persistência, a chance sempre existe. E a minha mãe conseguiu o emprego para o qual foi indicada.

Quando começou a trabalhar com venda de seguros,

a minha mãe, que nunca havia vendido uma agulha, treinava bastante. Ela vendia para ela mesma na frente do

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espelho, vendia para mim, para o meu irmão. E procurava ler tudo que fosse possível a respeito. Em poucos meses, esta mulher persistente se tornou uma das melhores entre os vendedores existentes. E então, o meu pai foi transferido para outra cidade: Belo Horizonte. E se você pensa que ela resolveu parar por aí, de jeito nenhum. Ela conseguiu a transferência e começou o trabalho todo de novo, num lugar que ela não conhecia, com pessoas que ela não conhecia. Neste lugar, ela já recebeu premiações e foi promovida.

Se você acha que nessa época a situação era tranquila para que ela tivesse condições de se dedicar, eu posso dizer, com muita vergonha, que foi a época em que eu mais dei trabalho para os meus pais, que eu não os enxergava como amigos, mas como inimigos. A minha mãe, então... Eu queria estar perto de qualquer pessoa, menos da minha mãe. Mergulhei no mundo das drogas, me envolvi com pessoas erradas. O meu pai teve câncer na coluna nesta mesma época. E se você acha que ela priorizou o trabalho em lugar da família, eu garanto que ela não desistiu de me resgatar, ajudou o meu pai todo esse tempo e ainda conseguiu espaço para ajudar meu irmão com as lições de casa.

E ela arrumava a casa, lavava, passava, cozinhava e

ainda trabalhava a motivação da equipe pela qual ela era responsável. Quando as premiações começaram a ocorrer, eu já estava melhor. O meu pai já estava bem de saúde e trabalhando de novo. E ela pode colher os frutos da tal persistência de que ela sempre falou. Nessa época, nós mudamos outra vez. Agora para a terra da alegria, Salvador. E quem conhece os diferentes lados do Brasil na realidade, não como um estereótipo da mídia, sabe que a forma de viver é bem diferente de um lugar para o outro.

(Eu costumo dizer que o Brasil fala brasileirês. Para tirar a prova, coloque um baiano, um mineiro, um carioca, um

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paranaense e um manauara para conversar e é possível perceber os quase dialetos que existem. Isso faz com que quem trabalha com pessoas em locais diferentes tenha a necessidade de se adaptar. Adaptar-se não significa perder a sua essência, mas aprender a conviver em uma realidade diferente. Devemos ter orgulho de onde viemos, mas isso não significa que gostar de outro Estado seja um pecado mortal. E se orgulhar da sua naturalidade não é exaltar as maravilhas de um lugar em detrimento de outros. É exatamente por causa desse tipo de atitude que o Brasil ainda não se descobriu como a grande nação que é. Se deixarmos os bairrismos de lado e pararmos de apontar as coisas ruins do nosso vizinho — mas observarmos o que estes lugares têm de bom e procurarmos mostrar o que também temos de bom —vamos descobrir que o Brasil é maravilhoso. E eu agradeço aos meus pais por me ensinarem isto.)

Mas voltando à nossa história, na Bahia a minha mãe teve recompensas que provavelmente foram, para sua carreira, verdadeiras premiações. Ela pode começar a ajudar as pessoas através da sua experiência.

Ela sempre falava para sua equipe para acreditar na

vitória. E ouvia muitas vezes: “Mas eu nunca vendi nada na vida... Eu não consigo porque estou passando por uma situação difícil na família.” E então, aos poucos, ela contava uma experiência aqui, outra ali... E essas pessoas, que só percebiam o problema, começavam a se fortalecer e descobriam como acreditar faz toda a diferença. E a perceber que, além de simplesmente acreditar, era necessário ser persistente.

Atualmente, moramos em Recife. A Senhora

Persistência tem uma família de comercial de margarina. Não que eu e meu irmão não tenhamos problemas, mas procuramos colocar em prática o que a nossa mãe nos

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ensinou e agora entendemos bem o que ela queria dizer com “a minha felicidade é ver vocês felizes”. A minha mãe tem um casamento bem-sucedido, de mais de vinte e oito anos. E está há dezoito anos trabalhando com vendas de seguros. Pode-se dizer que também é um casamento bem-sucedido. Tem uma grande equipe, que eu costumo dizer que são os filhos adotivos da minha mãe, e muito, muito trabalho.

Ela se formou este ano em Comércio Exterior, pois

fazer uma faculdade sempre fez parte dos seus planos. E, independentemente de todo o trabalho e da situação, que às vezes não parecia favorável, ela persistiu. Persistiu de tal forma que conquistou coisas que nem imaginou um dia conseguir. As pessoas que trabalham com a minha mãe sabem que ela é exigente e não aceita desculpas para a falta de produtividade, mas sabem que ela é uma pessoa amiga e que está sempre disposta a ajudar e a treinar mais um pouco.

Quando conheço alguém que trabalha com a minha

mãe, sempre escuto as pessoas dizendo: “Sua mãe é uma guerreira! (isso soa até engraçado levando em conta a aparência delicadinha da minha mãe.) Ela é uma excelente profissional!” E eu sempre digo que o segredo disso tudo é algo que ela sempre me ensinou: “persistência”.

Então, querido leitor, “uma caminhada começa com o

primeiro passo”, mas para ser caminhada é preciso que existam outros passos. E o que vai manter você caminhando é a persistência. É com essa ferramenta que você vai ultrapassar os dias chuvosos, os caminhos acidentados e os problemas que possam surgir.

E, ao contrário de uma velha ideia errada que pode

ecoar nos seus ouvidos, ainda dizendo que a história da minha mãe é uma exceção, eu posso garantir que conheço muitas outras histórias de pessoas persistentes e, se você

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observar, vai perceber que também conhece. Então, não olhe para quem desiste, olhe para quem persiste. A história da humanidade traz várias dessas pessoas, então siga os bons exemplos. Por isso eu repito: Acredite e seja persistente! Seja persistente em acreditar!

3. Acredite, existem amigos de verdade!

A palavra “amigo”, segundo o dicionário, significa alguém unido a outra pessoa por laços de amizade, defensor, aliado. Como já falei, podemos observar que o individualismo tem se tornado algo cada vez mais gritante na nossa sociedade. E por isso parece ser cada vez mais difícil acreditar que é possível encontrar amigos de verdade.

Mas se tudo está tão ruim assim, por que será que eu

tenho tantos exemplos de amigos e suas histórias sendo citadas?

Por acaso eu sou melhor que alguém? Por isso eu

tenho bons amigos? Com certeza que não. Eu sou como qualquer outra pessoa. E conheço pessoas que também têm muitos amigos. Então, sei que não sou a única que tem amigos de verdade. E quero dizer para você, que você também pode ter amigos de verdade. Talvez você até já tenha estas pessoas bem do seu lado, mas, assim como eu na época em que não acreditava, não esteja percebendo que eles estão aí. E por que se concentrar tanto na ideia de ter amigos?

Provavelmente é mais um dos casos em que

precisamos de um novo ponto de vista. Tenho aprendido que a melhor forma de ter bons amigos é sendo um bom amigo. Há algum tempo, tive um verdadeiro susto quando

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alguém me confrontou com a seguinte afirmação quando falávamos a respeito do tema amizade:“as pessoas não encontram bons amigos por que querem apenas ter amigos, mas se esquecem de serem amigos. A amizade é uma via de mão dupla! E ser amigo é a melhor parte!”

Quando comecei a escrever esse capítulo, eu

simplesmente travei no segundo parágrafo. Sabia sobre o que queria escrever, mas me senti como quando alguém lhe pede de surpresa para cantar uma música que você gosta. Você pode saber milhões de músicas, mas não consegue lembrar uma que consiga cantar.

Então, eu resolvi ficar duas semanas inteiras sem

escrever. Iria procurar os amigos, conversar e tentar descobrir algo realmente importante para falar. E foi nesse período que aconteceram coisas maravilhosas e percebi, realmente, que ser amigo é a melhor forma de ter um amigo. Já citei aqui histórias da Gisele e da Natália, que são duas grandes amigas que sempre me ajudaram muito. E, justamente nessas duas semanas, eu tive a oportunidade de retribuir. Falei com Gi pela internet e ela estava um pouco de baixo astral, preocupada com algumas coisas.

Então comecei a fazer por ela exatamente o que ela

fez por mim. Uma bela massagem no ego, lembrando a pessoa maravilhosa que ela era e, claro, pedi para ela dar uma lida no que eu já havia escrito, pois sabia que seria uma forma de aconselhá-la. E como foi maravilhoso receber a notícia, poucos dias depois, de que ela estava muito melhor e pronta para começar o seu próprio negócio, que é algo que ela sempre sonhou. E eu tenho certeza de que será muito bem-sucedido.

Na outra semana, a Natália é quem ficou muito mal,

com uma crise de coluna absurda. Mas um bom amigo sempre conhece o outro e eu sabia que, no caso da Natália,

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a dor na coluna era consequência de outra dor, essa do coração. A Nat teve uma separação traumática recentemente e sofreu um bocado quando percebeu que estava rodeada de muitas pessoas de quem ela era amiga, mas que não eram amigas dela. Por isso, eu não tive dúvida. Como moramos em extremos da cidade, chamei a Nat para passar uns dias na minha casa.

Assim eu a acompanharia nas consultas médicas e

também teria tempo suficiente para ajudá-la a enxergar a situação com outros olhos. E não foi fácil como um passe de mágica. Ela ainda está tratando os problemas relacionados à dor na coluna, pois é algo crônico e vai levar algum tempo para sarar. Mas fiquei muito feliz quando fui levá-la de volta para casa e ela estava novamente sorrindo, com um novo corte e cor de cabelo, maquiada. Está se cuidando novamente, o que demonstra claramente que o momento difícil está se tornando um momento de superação.

E o curioso é que justo nessa semana em que a Natália

estava aqui em casa, algo muito triste aconteceu. O meu gatinho, o Elvis, resolveu ir para o céu dos gatinhos. O Elvis é a criaturinha mais encantadora que já conheci em toda minha vida. Já tive outros bichinhos de estimação, mas o Elvis era um gato com essa mania de achar que era cachorro, ou gente. Tinha um miado bem diferente, gostava de dormir em cima da cama, ficava emburrado quando tomava banho e não chegava perto de ninguém (pelo menos até o pelo secar), comia sempre nas mesmas horas (e alguém tinha que fazer companhia, ficar olhando) e era extremamente carinhoso e companheiro. É muito triste estar escrevendo agora e não tê-lo aqui encostado nos meus pés.

E foi realmente um dia muito triste para mim, quando

o Elvinhos partiu. E para muitas pessoas isso pode ser uma bobagem, mas para mim era algo importantíssimo. E

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como é bom ter um amigo por perto em horas como essas. A Natália, a quem eu deveria estar ajudando, foi que me ajudou, me deu apoio. Porque o verdadeiro amigo não menospreza a dor do outro. Não importa se o seu peixinho dourado morreu, ou se você brigou com o namorado, ou se você sofreu um acidente de carro; o amigo não questiona o grau de importância que os fatos tenham para os outros. Ele te dá apoio porque sabe como aquilo é importante para você. Por isso, se você quer ser um bom amigo e ter bons amigos, por mais que para você não parece ser o fim do mundo, apoie seus amigos nos momentos difíceis. Um dia você pode estar do outro lado e é sempre bom ter com quem contar.

3.1 A amizade supera barreiras Eu passei a minha vida inteira mudando de uma cidade para outra por causa do trabalho dos meus pais e, por muitas vezes, eu me senti completamente sozinha. Chorava, reclamava com minha mãe que eu não tinha nenhum amigo e, com o passar do tempo, percebi que a amizade é capaz de superar as barreiras. Algumas pessoas me chamam de “defensora da ciência” e, de fato, se defender a ciência é defender o que facilita a vida dos seres humanos e faz bem às pessoas, então eu realmente irei defender.

Eu me lembro quando a internet começou a existir na

minha vida. Foi maravilhoso! Meus pais também concordam porque, finalmente, graças aos e-mails eu parei de proporcionar contas de telefones absurdas. Tenho até arrepios só de lembrar. E apesar de muita gente condenar a internet e dizer que tem um bando de loucos e que é perigoso e blábláblá...

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O que eu percebo com as pessoas que condenam a ciência ou a internet como algo ruim é a falta de capacidade de observar que o mal não está na ciência em si, ou na internet, mas no mau uso que algumas pessoas podem fazer das mesmas. Deixando claro: “o problema não é a ciência, mas o que as pessoas fazem com a mesma!!!” Não estou ignorando fatos ruins que ocorrem graças à internet. Com certeza, é necessário ser cuidadoso.

Mas, como eu digo desde o princípio, não estou aqui

para focar as coisas ruins e sim, as boas. E a sociedade deveria parar de perder excelentes ferramentas para rótulos negativistas. Eu uso a rede há anos. Já conheci muitas pessoas pela internet que depois conheci ao vivo e que hoje são grandes amigos e conhecem minha família.Com certeza, essa ferramenta encurtou de uma vez por toda a distância entre os velhos amigos. O impressionante é perceber que mesmo que isso não existisse, ainda assim a amizade transpõe barreiras. Tenho cartas em papel que recebi, desde quando tinha dez anos, dos meus amigos. E os amigos sempre encontram um jeito de se comunicar.

E mesmo quando passam anos sem se verem, quando

se encontram existe aquela mesma alegria e cumplicidade que existia quando estavam próximos. E se você nunca viu seu amigo pessoalmente, não pense que vocês são menos amigos por causa disso. Há alguns meses, conheci uma moça muito bacana através da internet. E começamos a conversar bastante. Ela é uma pessoa inteligente, sempre muito animada. Tem uma família grande e linda. E nos tornamos muito amigas. Algumas semanas atrás, notei que ela estava um pouco quieta e perguntei se ela estava bem.

Fiquei surpresa ao saber que ela havia feito uma

complicada cirurgia na coluna. Ela disse que estava sentindo algumas dores e que era difícil ter de ficar parada

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e dependendo de todos quando ela estava acostumada, como super mãe, a tomar conta de tudo. Não acredito em coincidência. Acredito que Deus não deixa nada acontecer por acaso. Quando soube disso, procurei ajudar a Raquel da forma que eu podia. Dava pequenos conselhos, pois meu pai fez uma cirurgia muito parecida com a dela alguns anos atrás, então eu já sabia algumas coisas. E justamente nessa última semana em que eu estava entrando em contato com todos os amigos para descobrir o que seria realmente relevante escrever, passei alguns dias sem falar com a Raquel. E, apesar de tudo que eu já havia vivenciado, eu estava com aquela sensação de que “está faltando alguma coisa”.

E em uma das minhas noites insones, eu lembrei que

já não falava com a minha amiga havia alguns dias. Liguei o computador e, devido ao fuso horário, eu tinha esperança de que ela ainda estivesse acordada. E que surpresa quando eu entrei na internet. Quem era a única amiga online? Exatamente!

Então conversei um pouco e perguntei como ela

estava se sentindo. Ela começou a dizer que não estava mais sentindo nenhuma melhora e já estava começando a achar que podia até estar piorando. E eu comecei a conversar com ela e explicar que nesse tipo de procedimento, como a recuperação leva um tempo maior, é normal ter essa impressão. E comecei a falar que ela é uma pessoa maravilhosa, tem uma família linda e é uma essa forte e, por isso, iria superar tudo isso.

Como eu disse, Deus não faz nada por acaso. Comecei

a contar para a Raquel quando eu tive um terrível acidente de carro, que a recuperação foi demorada e para mim foi muito difícil, mas “o que eu havia passado, já era passado”.Entende?!E como eu já estive do outro lado da moeda, eu podia dizer com autoridade que, com certeza, ela irá ficar muito melhor. Apesar de já nos conhecermos

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havia meses, Raquel era apenas o nickname desta minha amiga.

Então, no meio da conversa, ela me revelou qual era o

seu nome real. Quando ela falou o seu nome real, eu sabia que ele tinha um significado forte; é um nome bíblico. Então eu perguntei: “amiga, você sabe qual o significado do seu nome?” Ela respondeu que não. Procurei em um dicionário de nomes que tenho e fiquei muito feliz em dizer a ela que o significado do seu nome é “God is my Salvation” (Deus é minha salvação). Ela ficou impressionada. Então eu disse: ”você não pode ter um nome forte como esse e não acreditar que é forte.”

Fiquei muito feliz quando ela disse que gostou de

saber o significado e que estava se sentindo melhor só por causa da nossa conversa. E eu sei que nos próximos meses ainda teremos muitas conversas, mas tenho certeza absoluta de que vou poder cumprir a minha promessa, de ir conhecê-la ao vivo quando ela estiver melhor, e nós vamos passear bastante. O que eu quero dizer com essa história é que a amizade não transpõe apenas as barreiras físicas, como a distância. Para a verdadeira amizade, não importa cor, crença, não importa se o seu amigo só tem um real ou tem um jatinho; independentemente de qualquer coisa, vocês são amigos e ponto! E você fica feliz pela vitória do outro, e fica preocupado quando a pessoa tem algum problema. E algo importante a respeito da amizade é: “Acredite, você sempre pode ajudar.”

Um abraço, um aperto de mão, um ombro amigo,

uma palavra, uma música... Coisas que não têm preço, mas que são ferramentas maravilhosas para ajudar. Às vezes se ajuda um amigo simplesmente estando ao lado da pessoa. Lembro de um amigo que perdeu o pai quando nós ainda éramos adolescentes. Eu já estava em outra cidade, então, só pude falar com ele através do telefone e e-mails. Alguns dias depois, ele conversava comigo e disse que as

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pessoas estavam preocupadas porque ele não falava absolutamente nada.

Ele disse que não sentia força para conseguir dizer

nada e que alguns dos nossos amigos chegaram e não disseram uma palavra, apenas o abraçaram e ficaram ao redor dele. E ele disse que foi a maior demonstração de amizade que ele teve. “Amiga, a melhor coisa para mim foi perceber que eu nem sequer precisava dizer uma palavra, pois os meus amigos me entendiam, e eu senti uma força muito grande em olhar em volta e saber que eu não ia estar sozinho”.

E, realmente, estes amigos que ele citou ainda tomam

conta dele até hoje. Ele pode ter perdido o pai naquele dia, mas foi adotado pelos amigos. E os amigos não são apenas para os momentos tristes. As pessoas costumam dizer que nas horas tristes você descobre os verdadeiros amigos. Eu digo que isso ocorre nas horas alegres também. Imagine a cena: você acabou de comprar um carro, ou ser promovido e está muito feliz.

Liga para alguém que você considera um grande

amigo e, quando você dá a notícia vibrante, recebe um banho de água fria. A pessoa parece ter uma pontinha de ciúme, inveja ou coisa parecida. Cuidado com essas pessoas! Pode ser um daqueles casos em que você é o amigo, mas a recíproca não é verdadeira. Mas isso é reversível, essa é a grande vantagem de ser amigo.

Mais forte do que um monte de palavras bonitas são

os exemplos através de atitudes. Demonstre ficar feliz quando um amigo obtém uma conquista e o seu exemplo pode ajudá-lo a perceber que é possível ficar feliz com a felicidade dos outros. Meus amigos me ensinaram que os amigos são a extensão da nossa família que nós escolhemos. Então, faça boas escolhas.

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Para isso, é necessário conhecer e, lembre-se, a sua vida é um reflexo de você mesmo. Se você é mal-humorado, ranzinza, não gosta de ajudar, por que as outras pessoas deveriam ser cordiais, sorridentes ou ajudar você? Se você é arrogante com todos, porque esperar humildade como resposta? Se você é intolerante com o erro dos outros, como poderá exigir a sua segunda chance? A Érika e a Vânia (mais conhecida como Vida) sabem exatamente o que eu quero dizer com isso. Acredito que elas foram as primeiras amigas que eu tive depois da primeira pausa, após tantas mudanças.

E nós três éramos muito diferentes, mas exatamente

por isso nos dávamos muito bem. A Vida era tranquila e a mãe do grupo organizada ela estava sempre tomando conta de todos. Érika era observadora, uma verdadeira parabólica; ela sempre sabia de todas as notícias primeiro. E eu, bem eu sempre fui a tagarela, então ficava de relações públicas da turma. E tudo parecia ir muito bem. Mas eu acabei entrando em um dos meus períodos “encrenca” e as pessoas começaram a me chamar de revolucionária, o que a meu ver, é algo bom. Contudo , no caso, o termo era usado de forma pejorativa e, com o passar do tempo, aquilo começou a me incomodar e eu perdi o foco. Esqueci das maravilhosas amigas que tinha ao meu lado, e que não me abandonaram, quando todo mundo falava coisas terríveis a meu respeito.

Eu só conseguia enxergar a falsidade e a maldade de quem estava à minha volta e tomei uma decisão: “Chega de ser boazinha. Agora vai ser a ferro e fogo”. Desta forma, me tornei uma pessoa péssima, amarga, vingativa... Tudo estava ruim. Eu distribuía patadas para todos os lados (o que, na minha cabeça, era apenas uma forma de me proteger).Porém, com essas atitudes, eu comecei a machucar quem estava bem do meu lado e só queria me ajudar. E a Érika e a Vânia me deram a maior bronca: ”Você não percebe que você está refletindo o que

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você está fazendo e ainda está atingindo quem gosta de você?” A Erika ainda dá algumas risadas quando nos lembramos dessa fase porque eu realmente falava coisas sem noção. A Vida diz que prefere nem se lembrar dessa minha fase “anticristo”. Pode parecer um termo pesado “fase anticristo”, mas é uma definição muito acertada.

Afinal, Cristo trouxe exemplos de amor, bondade e

paciência; e as minhas atitudes eram contrárias a tudo isso. Mas como é bom encontrar amigos de verdade. Hoje, anos depois de tudo isso, é bom falar com a Vânia e a Érika e poder demonstrar que a bronca que elas me deram foi válida e me ajudou bastante, pois hoje ainda continuo sendo “a tagarela”, mas as minhas atitudes mudaram para melhor e posso dizer que gosto do que tenho visto no espelho.

Se você me perguntar se eu tenho problemas? Com

certeza. Mas isso não faz mais com que a minha vida seja um reflexo de amargura. E até ver as pessoas que me fizeram tão mal naquela época já não me causa mal algum, pois o mal que existia era causado por mim mesma e pela mágoa que eu carregava comigo. A amizade é algo excelente, um dos maiores benefícios da humanidade. E o que eu percebo é que “amar o próximo como a ti mesmo” parece ser algo extremamente difícil, pois nós nem sempre gostamos de nós mesmos, do que vemos no espelho alguns dias, e refletimos isso projetando sobre os outros problemas que, às vezes, são nossos.

Então, vou novamente bater na mesma tecla:

“Acredite em você mesmo! Goste de você mesmo!”. Se acha que há algo errado, você é quem tem o poder de decidir permanecer da mesma forma, ou mudar! E não se engane, é impossível agradar a todos, mas tenha certeza de que seus amigos vão gostar de você, apesar dos seus defeitos, assim como você gosta deles, mesmo sabendo que eles não são perfeitos!

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Para terminar, eu não poderia passar por esse capítulo sem falar sobre a Amanga. O nome dela de verdade é Amanda, mas para mim ela é a Manga. Esta minha amiga é, provavelmente, um dos melhores exemplos de coisas boas da amizade. Nós sempre nos falamos bastante, mesmo quando eu estava em outra cidade. E quando estamos juntas, até fazer compras no supermercado torna-se algo extremamente divertido.

Eu e a Manga nunca vivemos nenhum momento tenso, absurdamente triste ou complicado. Mas eu sei que ela é minha amiga, e ela sabe que a recíproca é verdadeira. Ela ficou feliz por mim quando eu entrei no curso que eu queria na faculdade. Quando eu mudei para a cidade onde eu queria estar; eu fiquei feliz por ela quando ela foi efetivada no trabalho, quando trocou de carro, quando ela se acertou de vez com namorado. E durante os anos em que nós nos conhecemos, muitas coisas boas aconteceram. E isto pode não parecer tão tocante para algumas pessoas, mas, de acordo com que fui me reerguendo na vida, foi possível perceber como é bom ter amigos de verdade para compartilhar e celebrar as vitórias, e que eles existem, mas são uma verdadeira raridade.

Então, se você está se sentindo sozinho, querendo

desesperadamente um amigo, o meu conselho é: seja amigo! Só é possível entender vivendo. Não importa se você está no Brasil e seus amigos estão no Japão; mande um e-mail, telefone para quem está perto, diga que você está com saudades ou, simplesmente, diga como é bom ser amigo daquela pessoa.

As respostas a essas atitudes são maravilhosas.

Acredite nos verdadeiros amigos e torne-se um deles! Nessas duas semanas, mandei e-mails, telefonei, pedi desculpas a alguns amigos. E é indescritível a felicidade ao receber as fotos, as mensagens, os telefonemas. E, claro, esteja aberto a fazer novos amigos. Nessas duas semanas,

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também ganhei excelentes amigos. Por isso, seja cordial com as pessoas, sorria, não perca a oportunidade de ser amigo. Você pode ganhar um presente maravilhoso, acredite!

E não se esqueça de olhar bem ao seu redor. Às vezes,

nos sentimos sozinhos e os nossos melhores amigos estão muito próximos, mas nós ignoramos este fato. Quando eu chorava para minha mãe porque não tinha amigos, não era capaz de perceber que ela estava bem ali do meu lado, me ouvindo, me aconselhando como a minha melhor amiga, o que ela é.

O meu irmão se tornou, sem dúvida, o meu melhor

amigo no passar dos anos, pois como estávamos sempre em adaptação devido às mudanças, ele era o único amigo que sempre me acompanhava até o novo colégio e, provavelmente, eu teria evitado muitos momentos ruins na minha vida se tivesse prestado mais atenção aos conselhos que ele me deu. O meu pai também sempre foi um grande amigo.

Assim como a Amanda, ele fazia as atividades mais

simples se tornarem uma coisa divertida. E, por falar em pai, é válido lembrar que existe um Pai, que é Amigo, Conselheiro, e sempre está perto de nós e pronto a nos ajudar, mesmo quando choramos no Seu colo e ignoramos o fato que Ele está bem junto de nós.

Estou falando de Deus. E, repito o que falei

anteriormente, acreditar em Deus é uma opção e eu optei por acreditar, isso tem feito toda diferença na minha vida. Assim como você escolhe ser ou não ser amigo de alguém, você pode escolher acreditar e aceitar Deus como seu amigo. E, como qualquer outra pessoa, você precisa conhece-lo para tomar esta decisão.

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Algumas pessoas têm uma imagem de Deus como alguém superior, inalcançável, um parente muito rico e que está muito distante, mas que às vezes se lembra de mandar algum presente.

Bom, o Deus que eu conheço, e que me foi

apresentado, é uma pessoa superior com certeza, mas não é arrogante, é um excelente amigo, com quem eu sempre posso conversar e contar. Alguém que me faz perceber que as coisas mais simples são maravilhosas, sentir a brisa num dia quente, olhar as estrelas, conversar com alguém, caminhar, ouvir uma música...

E o extraordinário é que Ele é o único amigo que

poderia se indignar com os meus defeitos, pois Ele é perfeito. Poderia escolher não ser meu amigo porque eu sou ranzinza às vezes, porque às vezes deixo o perdão como última alternativa, porque insisto em dizer que não tenho habilidades para fazer nada quando Ele mesmo me formou com habilidades e me colocou num universo de possibilidades infinitas... Mas Ele me aceita e me ama como eu sou. E isto não é um privilégio meu.

Ele ama a todos da mesma forma.“Porque Deus

AMOU O MUNDO de tal maneira, que deu Seu Filho unigênito, para que TODO aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna (Jo3:16)”.

E esse amigo maravilhoso fica triste com a nossa

tristeza e está sempre pronto a nos ajudar. E Ele também fica alegre com a nossa alegria. Eu imagino como Deus ficou feliz no dia em que eu estive na formatura dos meus pais, Ele estava feliz por mim, por eles, pois, com certeza, Ele já sabia que eles tinham capacidade para essa realização.

E, com toda certeza, esse Amigo fica feliz quando você

está de bom humor, quando tudo dá certo no seu dia,

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quando você compra um carro novo, quando você vai bem em uma prova da faculdade, quando seu filho nasce, quando você encontra o amor da sua vida.. Ele não tem inveja de você e jamais vai abandoná-lo. Por isso, vou dizer novamente: se você quer ter bons amigos, seja amigo!

Essa regra também vale para esse Amigo especial e

isso tem feito toda a diferença na minha vida. Pode ser assim para você também, basta uma simples ação: ACREDITE! Um presentinho para os meus maravilhosos amigos, os que já conheço e os que ainda irei conhecer:

“ BONS AMIGOS Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente! Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar. Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende. Amigo a gente entende! Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar. Porque amigo sofre e chora. Amigo não tem hora pra consolar! Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção. Amigo é a base quando falta o chão! Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. Ter amigos é a melhor cumplicidade! Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!”

(Machado de Assis)

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4.(suspiro) Ah, o Amor... Acredite!

Provavelmente este foi o capítulo mais difícil de ser

escrito, ao contrário do tema amizade, no qual eu sabia que havia muitas coisas a serem ditas, mas não conseguia escolher o principal. Falar sobre amor, em parte, é como olhar para uma das minhas cicatrizes e lembrar como foi doloroso ter aquele ferimento e quanto tempo aquilo demorou a sarar. Por outro lado, seria impossível acreditar em qualquer coisa se eu não houvesse resgatado a minha capacidade de acreditar no amor. E a boa notícia é que você também pode acreditar.

4.1 Uma versão diferente do “Patinho Feio”

Mas vamos fazer uma viagem no tempo até o principio da década de 80, quando eu ainda tinha apenas uns seis anos. Se eu tivesse que comparar a minha infância com alguma história, eu nunca teria dúvidas, seria a do “Patinho Feio”. Se eu era feia? Ah, isso já não era verdade. Mas vamos dizer que eu era diferente, eu não tinha o cabelo lisíssimo, não era loira e não tinha olhos azuis.

E desde pequena eu me achava estranha porque eu

não achava o que a maioria vê como beleza, bonito. Eu sempre, desde pequena, achava os meninos gordinhos mais bonitos que os magricelas ou os sarados, achava as ruivas sardentas mais bonitas que as loiras dos comerciais e assim por diante... Mas o que o padrão demonstrava é que eu não era bonita. Não peguei a época da inclusão

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social e eu não me parecia em nada com uma criança das que apareciam nos comerciais.

E foi mais ou menos com essa idade que eu ouvi a

frase “looks or books”1 e eu não tive dúvidas. Não existia varinha mágica para eu escolher “looks”, então a opção foi “books”. Eu estudava como louca, tinha prazer em saber palavras que as pessoas não sabiam o significado. E como eu não acreditava que iria ser bonita nunca, evitava andar com as meninas. Na minha cabeça, andar perto delas só ia me fazer deixar mais claro como eu era feia. Por isso, eu sempre andava com os meninos, jogava futebol, detestava cor-de-rosa. Romances, argh! Nem pensar! Mas com tudo isso, o meu pobre coraçãozinho foi flechado e eu me “apaixonei profundamente” por um dos meus amigos de infância. Ele ficou sabendo disso, quase vinte anos depois, e achou muito engraçado. Disse que nunca desconfiou...

Com certeza, ele jamais iria desconfiar, até porque ele

era apaixonado por uma das bonitonas da turma. Ela realmente é uma pessoa muito bonita e muito bacana também. E como eu era amiga dos dois, mesmo com o coração partido, eu dei uma ajudinha para ele conquistar a moça e vice-versa. E com o tempo, ver os dois de mãozinhas dadas pelo colégio já não fazia meu coração doer. Eu pensava: “não tem jeito mesmo, meus namorados serão os meus livros”.

Pelo menos, eles não me abandonam eu sempre

aprendo com eles e carrego para onde quiser. E assim, o primeiro “romance” da minha vida me fez detestar mais ainda essa história de romances. Os anos passaram e eu me acostumei à função de ser eternamente a amiga e cupido das histórias e nunca, a namorada. E com as muitas mudanças, ter um namorado era algo realmente

1 Looks or books_ expressão americana para evidenciar que ou se escolhe a beleza, o visual, ou se for desprovido destes atributos só resta escolher os livros, pejorativamente induz a idéia que pessoas bonitas são tolas e pessoas muito inteligentes são feias, de acordo com suas escolhas.

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inviável, eu não gostava da ideia de cenas de choros e despedidas.

Então, quanto mais longe disso tudo, melhor. Outra

coisa: sempre ouvi que “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar” e meus pais tinham uma história dessas de romance de televisão; então, a probabilidade de isso acontecer novamente na família seria praticamente nula. Mas ainda bem que eu estava errada. Quando eu estava com quase dezesseis anos, perto de fazer vestibular, no pior ano da vida para resolver se enfiar em paixonites, foi inevitável. Um dos meus melhores amigos começou com a ideia insistente de que eu era bonita, só precisava me arrumar. Mas eu me negava.

Quem gostasse de mim, teria de gostar da minha

inteligência, porque beleza é coisa que some com o tempo e beleza de maquiagem some depois do primeiro banho. E aí, ele veio com a conversa: “você é uma rosa atrás de um muro de concreto”. Aquilo foi como bater de frente com um caminhão. Ele disse: “você tem essa aparência ai, de sou forte, inteligente e não me preocupo em ser bonita. Mas isso tudo é uma tentativa de esconder quem você realmente é. Uma pessoa bonita, que precisa de carinho e cuidados”. Não tem como não se apaixonar por alguém que te diz esse tipo de coisas.

Mas quando eu pensei em me declarar, no mês

seguinte, eu mudei novamente de cidade.E o, quem sabe, namorado, tornou-se apenas amigo. Mas eu resolvi seguir os conselhos que ele me deu. E quando eu descobri os efeitos de um trato nos cabelos e um batom, foi maravilhoso; e, em seguida, desastroso. Pulei de Patinho Feio para a Superpoderosa. Livros? Que nada. Academia, shopping e amigas fúteis, de preferência bonitas para poder mostrar que gente bonita atrai gente bonita. E então, eu comecei a brincar com o sentimento dos outros. Resolvi ir à forra depois de anos me sentindo

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menosprezada e rejeitada. Agora a regra era: namoro é qualquer coisa que passar de duas semanas, porque esse era o tempo máximo que eu levava para achar alguém mais bonito. Tsc...Tsc...Tsc... Essa atitude com o tempo me fez perceber, da pior forma, que os excessos são extremamente prejudiciais. Cultivar a beleza é algo bom, saudável.

Ter apenas isso como foco é apenas vaidade. E a

vaidade é um poço sem fundo. Buscar conhecimento, aprender, também é necessário; mas focar isso a tal ponto de se esquecer de si mesmo, e não querer se encarar no espelho, também é errado. Qualquer uma dessas duas posturas é prejudicial. Como alguém pode amar outra pessoa se não é capaz de se amar? Como alguém é capaz de amar outra pessoa se o seu único amor é a sua própria beleza? Quando comecei a me sentir mal com as minhas atitudes e a perceber que estava fazendo um verdadeiro estrago na vida de pessoas que não mereciam aquilo — e depois de passar pela pior experiência que uma pessoa pode ter na vida, que é a traição —, eu resolvi procurar um “meio termo”, conciliar um pouco das duas coisas.

Eu precisava aprender com aquilo tudo. Por que

aquilo aconteceu? O que eu fiz de errado? Nunca mais quero passar por isso. Será que a pessoa é que precisava se autoafirmar? Após responder para mim mesma a maioria destes questionamentos, eu decidi perdoar. Todo mundo merece uma segunda chance. O relacionamento durou até mais uma das minhas mudanças. E nos tornamos bons amigos. Na minha cabeça, eu me sentia tranquila por ter tentado e por não terem ficado vestígios de mágoa do aconteceu. Mas eu ainda iria descobri que a autossuficiência aliada à obsessão é uma combinação bombástica.

Depois de um ano de introspecção, decidi que estava

pronta para me enfiar de cabeça em uma relação, mas

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queria que fosse algo como nos filmes de romance e me sentia tão segura que resolvi correr atrás de um velho romance de infância, que gerava uma verdadeira confusão. A família avisou, meus amigos avisaram: “não vai dar certo”. Mas eu estava ciente de que já havia sofrido o suficiente na minha vida — já fui oito ou oitenta, passei por muita coisa que pessoas com o dobro da minha idade não passaram.

É isso que eu quero, a pessoa é perfeita para mim e eu

sou perfeita para aquela pessoa. E, apesar de tudo que todos haviam dito, no princípio, entre farpas e faíscas, tudo parecia ir muito bem. Mas com o tempo, começamos a perceber que tínhamos objetivos completamente diferentes. E com o tempo, isso foi gerando um isolamento. Estávamos numa relação, mas, apesar de vê-lo constantemente, eu me sentia sozinha. O que era muito importante para mim não era tanto para ele.

E, como uma pessoa extremamente ativa, eu queria

de alguma forma fazer com que aquele “projeto” desse certo. Mas como eu havia parado de falar com a maioria dos meus amigos, porque não queria ouvir sermões, eu me sentia cada vez mais só e, agora, eu realmente estava ficando uma pessoa feia. Nesse ponto da vida, eu comecei a parar de acreditar. Afinal, nada dava certo para mim.

Depois de tudo o que eu passei, e tudo o que achava

que sabia, simplesmente não me ajudavam em nada. Nada do que eu fizesse faria a pessoa gostar mais de mim. Nenhum dos meus projetos de vida seria realizado -- eu era um fracasso na vida, no amor, nas amizades... Eu me sentia um lixo e por mais que alguém me amasse muito, naquela época eu seria incapaz de enxergar isto. E foi quando eu ouvi um dos piores conselhos que já recebi na vida: ”você precisa é de mais alguém, alguém que te faça sentir bem de novo. Não adianta nada você estar com alguém e estar só. Você é bonita, pode ficar com quem você

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quiser e tirar a prova se você gosta, ou não, da pessoa”. E assim, eu fui para o outro lado de uma história que eu já tinha vivido.

O que eu aprendi com isso é o que eu digo às pessoas

que têm problemas de relacionamento e começam a ver a traição como uma opção: trair é como tentar suicídio para conseguir matar outro alguém. Você pode até ferir a outra pessoa, mas quem vai se ferir mais em toda a história é você mesmo.E foi o que aconteceu comigo.

Quando a história veio à tona, eu não tive o benefício

da segunda chance. Ouvi coisas que ser humano nenhum gostaria de ouvir na vida. Perdi amigos maravilhosos, pois os magoei de tal forma com as minhas atitudes que eles eram incapazes de me perdoar. E eu não posso culpá-los por isso. Eu sei que, talvez, algum dia as pessoas envolvidas nesse episódio me perdoem e percebam que eu realmente errei, mas assumi o meu erro e, mais uma vez, vou aproveitar o espaço para pedir de forma extremamente pública: “Espero que vocês me perdoem, algum dia. O que não posso nunca assumir ou esperar perdão é pelo que não fiz. É o que só existiu na história de más línguas invejosas.” Mas aprendi que o mundo gira e as pessoas se reencontram. E, assim como o meu erro veio a ser descoberto, o que é mentira também fica provado com o tempo.

E para fechar essa única parte do livro na qual falo

sobre algo extremamente ruim, que é a traição, o conselho de alguém que esteve dos dois lados é: Não tome atitudes precipitadas. Trair nunca é o melhor remédio. Não deveria nem ser cogitado como opção. Converse. A outra pessoa não tem bola de cristal para saber do que você sente falta. Não deixe de se arrumar para quem você ama como quando vocês namoravam e você se perfumava e arrumava o cabelo.

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Por que, agora que o tempo passou, isso não é mais necessário? Relacionamento é uma reconquista diária.Você não precisa trair para se autoafirmar. Quer uma prova de que você é importante? Observe a pessoa que está com você. Ela lhe entende, lhe ama, mesmo quando o seu dia não é bom, depois dos seus quilinhos a mais, ou depois de tanto tempo convivendo com as suas manias!

Se você não quer ser traído, cuide de quem está ao seu

lado. Dê atenção à pessoa. Respeite o espaço que ela necessita. Se arrume para a outra pessoa como quando vocês eram namorados. Relacionamento é uma reconquista diária. Demonstre que você ama a outra pessoa mesmo quando o dia não é bom, ou depois dos quilinhos a mais, ou depois de tanto tempo convivendo com as muitas manias!

E, para quem ainda está pensando em entrar numa

relação sem certeza de que ama a pessoa da mesma forma que ela o ama: Não faça isso! Você vai ferir a outra pessoa e vai se ferir. Ser leviano com o coração de outra pessoa não é direito de ninguém. Seja sábio. Você não precisa passar pelo mesmo capítulo dessa história na sua vida para aprender o que não deve fazer e o que deve ser feito.

Mas a maior de todas as lições que eu tirei de toda

essa confusão é que, daquele dia em diante eu tinha uma certeza: posso ter aprendido muito, mas isso não me impede de cometer enganos. E, por mais que já tenha aprendido coisas infinitas, ainda existe uma infinidade de coisas a aprender.

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4.2 O Amor transforma

Após tantas idas e vindas, a vida ainda me reafirmaria algo que aprendi desde cedo. A felicidade está na simplicidade do cotidiano! Podemos encontrar verdadeiros tesouros - pessoas, lições, conquistas, sabores, memorias – se tão somente aproveitarmos o momento que estamos vivendo, sem se deixar levar por reclamações e pelos contratempos. Alguém gosta de ficar ao lado de quem reclama o tempo inteiro? Mas observo que as pessoas tem esse hábito de pautar o dia nas reclamações, as redes sociais estão abarrotadas de reclamações, dilemas, problemas, e ao vivo a coisa fica mais séria. Você encontra alguém e se o dia está ensolarado, a conversa que poderia começar: _Hoje o dia está bonito... ensolarado... Mas geralmente começa assim: _Hoje está tão quente, um calor horrível...

Se estivesse chovendo, ou um frio daqueles cortantes até parece que a pessoa estaria mais feliz... As pessoas não dizem mais “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite” as conversas já começam pautadas nas reclamações, as pessoas falam da gripe, da dor nas costas, do carro que bateu, dos políticos corruptos, etc. Enfim, os problemas são as grandes vedetes dos nossos bate-papos do dia a dia. É válido frisar que só quem pode mudar isso somos nós. Mas, que relação isso tem com o Amor que transforma? O avesso de todo esse mau humor viral, foi o que trouxe um tesouro para a minha vida.

Um dia comum, por sinal o dia com record de

reclamações, domingo, véspera da “famigerada” segunda,

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e eu poderia reclamar mais que as outras pessoas, aquele domingo marcava o fim das férias. Eu poderia ficar em casa reclamando da vida porque faltavam menos de 24hs para a segunda e todo esse blábláblá. Mas, eu acredito que coisas boas acontecem quando estamos em movimento, aproveitando o que é bom e não se preocupando com o que é ruim. Estava aquele calor maravilhoso, do qual as pessoas reclamam sempre, não pensei duas vezes e fui à praia aproveitar a tarde daquele dia lindo. Mal sabia eu que ele ficaria mais lindo ainda.

Existe um quiosque na praia, o qual eu frequento

quase que religiosamente há mais de dois anos, os atendentes são muito carismáticos, gosto de ir pra lá conversar, distrair, ver a praia, o movimento... Mas, neste domingo peculiar, quando me aproximei do quiosque, como fã do futebol, vi de longe uma camisa do Ceará Futebol Clube, na minha mente borbulharam as boas memórias dos meses que passei em Fortaleza. Povo amistoso, caloroso, hospitaleiro. Dentro da tal camisa, um moço lindo e muito sorridente falava ao telefone. Bom humor, no dia nacional do mau humor, não resisti fiquei hipnotizada! Com alguns minutos percebi que o interesse recíproco era um fato. Mas, eu tão independente e cheia de iniciativa, desta vez resolvi agir diferente e esperar. Não é que deu certo!

O moço mexeu e remexeu inventou uma desculpa e

deu um jeito de trocar de lugar e ficar do meu lado no quiosque. Enquanto ele caminhava em minha direção, eu nada romântica, com o meu olhar clinico avaliava a postura do moço e pensava “meu Deus, ele pisa errado, precisa endireitar a postura, olha só esse passo! (...) É trabalho para uma vida inteira! (suspiro) mas ele é muito bonito”. Xiii...Alerta e paixonite soando alto na minha mente. Quando finalmente começamos a conversar a coisa “piorou” ele não reclamava da vida, bem humorado, falava sempre distribuindo sorrisos entre uma frase e outra,

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quando algum assunto possuía um tom mais tenso, ele apenas franzia as sobrancelhas, parecendo criança quando é contrariada e discorda só com a expressão, sem reclamar.

Fiquei tão feliz ao perceber que ele é um grande fã de

futebol, desses que entende, joga, fala a respeito e o mais importante, não se incomodou porque eu sou apaixonada por futebol. Aliás, no país do futebol, a paixão nacional foi o ponto de partida para um amor com poder transformador. O curioso também, foi constatarmos que nós andávamos nos mesmo lugares, eramos vizinhos há mais de 2 anos e NUNCA nos esbarramos antes. Porque? Sinceramente, eu não perco tempo corroendo a minha alma perguntando “porque não encontrei algo antes”. Eu fico extasiada porque FINALMENTE encontrei. Fizemos um acordo, um distanciamento muito estratégico, só para colocar os pensamentos em ordem e nos certificarmos que era de fato a hora de abandonar o time dos solteiros. O tal afastamento deveria durar duas semanas, não chegou a cinco dias e o namoro tornou-se oficial.

Tudo parecia ir muito bem, algumas dificuldades que

surgiram logo no inicio nos aproximou mais e mais. Quando estávamos namorando já há quatro meses, dois dias depois do dia dos namorados, um acontecimento trouxe uma intensidade ainda maior para o nosso relacionamento. Viajamos para uma cidade vizinha para passar o fim de semana com a família, chegando lá eu tive a “feliz” ideia de andar de patins, mas: “no meio do caminho havia uma pedra... havia uma pedra no meio do caminho”(Carlos Drumonnd de Andrade)

...no meu caso não foi exatamente uma pedra, mas

um sinalizador, no qual eu tropecei e cai apoiando todo o peso do corpo no braço direito. Como os patins são móveis, na queda eu ainda fiz a arte de girar o corpo e torci o braço de tal forma que quebrei o úmero (é o osso entre o

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ombro e o cotovelo) desloquei cotovelo e punho. Uma dor indescritível, que era apenas o prenuncio do gigante que eu teria que enfrentar. Saí do local do acidente, após ser socorrida já de ambulância, e cada movimento parecia que o meu braço estava sendo arrancado.

O meu então namorado, agora protetor, acompanhou

no caminho inteiro, a família toda ficou muitíssimo preocupada. E chegando no 1º hospital duas notícias péssimas, a confirmação da fratura e da gravidade da situação, acompanhada da notícia que não havia médico anestesista, ou equipe que pudesse me operar. Uma prova que a saúde no Brasil anda tão doente, que ter um bom plano de saúde já não é mais garantia alguma. Fui transferida para um hospital público na tentativa, que devido à emergência eu fosse atendida. Passei a madrugada deitada num corredor com meu braço apoiado na parede. A essa altura meus pais já haviam sido informados, e também já estavam no hospital, e tentaram com o plano a minha transferência para a cidade onde eu moro, onde uma equipe já estaria me esperando para a cirurgia. Quando finalmente conseguiram a transferência já era o começo da manhã.

Mas, voltando a parte romântica da história! Para

quem pensa que príncipe é só aquele que vem em um cavalo branco, beijar a mocinha e quebrar algum feitiço, eu informo existe príncipe que faz bem mais. O meu príncipe viajou na ambulância comigo, sentadinho em uma beiradinha da maca, pois a cada buraco da estrada ele dava um jeito de segurar firme o meu braço para que o mesmo não se mexesse, para eu não sentir mais dor. Já na minha cidade, depois que fui operada, quem ficou para tomar conta de mim? A personificação da minha versão de príncipe encantado! Alguém que não me prometeu uma prova de amor, mas me deu a maior prova de todas, e a cena foi a seguinte:

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“depois da cirurgia, todo movimento me fazia sentir dor. Ele andava de um lado para o outro tentando me ajudar, ajeitando os travesseiros, buscando uma coisa aqui outra acolá. Já era madrugada e ele veio me dar um carinhoso beijo de boa noite... Eu disparei em um pedido de desculpa: _...me desculpe por te dar todo esse trabalho... Ele me interrompeu e disse... _Ei...shhhh...Não é trabalho nenhum...Na alegria ou na tristeza...na saúde ou na doença...Com braço quebrado ou inteiro...(ele disse outras combinações, que não posso revelar-segredinho nosso)... (Ele sorriu para mim e mais uma vez me fez acreditar que esse tal “amor” existe.) Naquele instante, eu pensei se algum dia eu tive um coração partido, hoje eu ganhei um coração novo, graças ao meu braço quebrado. E alguém muito especial por quem esse coração vai bater muito... Descompassado as vezes, mas feliz sempre !"

E com uma declaração dessas a história não poderia evoluir de maneira diferente. Precisava pedir esse moço em casamento e isso rendeu outro bom episódio dessa história, que merece um livro inteiro. E por isso mesmo eu posso garantir como prova viva, que o amor tem esse poder transformador! Eu que nunca imaginei escrever um romance, ou mesmo vivenciar um e hoje me vejo as voltas com músicas melosas e projetos românticos, só para garantir a existência do sorriso que me faz feliz todos os dias, simplesmente por existir. Fico alegre quando as pessoas a volta comentam que parece que estamos juntos há uma vida inteira.

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Interessante é a transformação do pensamento, por toda a vida eu pensei, que romances estavam ligados a ideia de encontrar “a outra metade”. Mas, na verdade o romance real é a união de duas pessoas inteiras, que se complementam, que somam gostos, manias e qualidades e descobrem que além da realização do “eu”, do “meu” existe a plenitude do “nosso”. E esse nosso incluem: nossos sonhos, nossos projetos, nossa família, nossos problemas, nossas adversidades... É necessário perceber que se fosse realmente uma junção de metades a força para enfrentar os momentos turbulentos seria de uma pessoa só! Mas, o verdadeiro amor, une duas pessoas inteiras e multiplica as forças, soma as capacidades e eleva ao infinito a possibilidade das vitórias.

O amor também transforma o cenário em que vivemos. Sinto-me iluminada por ter recebido de Deus, esse amor tão lindo, através dessa pessoa maravilhosa, que trouxe de volta as cores para o meu mundo. E me fez perceber que vale a pena continuar acreditando! Pois, mesmo quando os sonhos parecem impossíveis, em uma manhã ensolarada Deus, caprichosamente, nos entrega um milagre de presente. E esse amor transforma-se também em gratidão, pois quando até eu pensei: “não mereço tudo isso”, fui agraciada com muito mais!

Somos abençoados por ter a nossa volta pessoas maravilhosas, família e amigos, que agora não são mais "meu" ou "dele", são NOSSOS! Pessoas incríveis e surpreendentes com quem podemos compartilhar a alegria de estarmos juntos. Por isso, gostaria de aproveitar para registrar o agradecimento a esse Deus, que eu acredito, e que nos concedeu familiares e amigos que de forma tão zelosa acompanham nossa história.

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Sendo assim, não poderia encerrar sem declarar, mais uma vez, o que está estampado no meu olhar e registrado no meu coração:

Eu encontrei um amor verdadeiro! Um amor que não tem a

pretensão de ser eterno, mas que com certeza é para a vida inteira!

Eu te amo, meu Príncipe!

5. Acredite: para ajudar é preciso saber receber ajuda

“O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada

com isso.” (Mário Quintana)

Essa frase, de um dos meus autores favoritos, traduz

exatamente porque ajudar é tão difícil. Porém, eu aprendi que o difícil é o desconhecido. Se alguém que não é da área de saúde, observar dois médicos conversando sobre algum procedimento cirúrgico em linguagem técnica, por mais simples que seja o procedimento, a pessoa que observa pode achar que aquilo deve ser extremamente difícil, mas para quem entende o que eles estão dizendo não parece tão difícil assim.

Algumas pessoas deixam de aprender outras línguas

porque dizem “é muito difícil”. Infelizmente, temos esse péssimo hábito de rotular de difícil quase tudo que desconhecemos. Mas a questão é: por que fazemos isso?

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5.1 Não tenha vergonha de aceitar ajudar

Eu aprendi a língua inglesa quando ainda era

criança, mas como não utilizei por anos, com quinze anos eu repetia, como um mantra, que eu era uma muda em outra língua. Era capaz de ler, escrever, mas falar... Ah, falar é muito difícil! Mas como, devido ao trabalho, cada vez mais surgia à necessidade de falar o inglês, matriculei-me num. curso de conversação.

No princípio, ficava furiosa quando o professor perguntava as coisas para mim com aquele ar de quem diz: ”você já sabe!” E eu me tornei uma aluna irritante. Falava em português só de pirraça, às vezes. Um belo dia, ele pediu para conversar comigo antes da aula e eu fui. Apesar de detestar inglês, adorava aquele professor.

Ele não ligava para as minhas pirraças e era uma

pessoa muito inteligente, cheio de histórias interessantes. Eu imaginava que iria levar uma bronca, mas me enganei. Quando começamos a conversar, a primeira pergunta que ele fez foi:

_Por que você tem medo de falar inglês?

Fiquei indignada. Medo?! Eu com medo?! Eu sou

independente, trabalho, sou inteligente (nada modesta), sempre fui a melhor aluna em tudo! E eu respondi:

_Não tenho medo de nada, é que é difícil!”

Ele me disse o mesmo exemplo que eu citei anteriormente da conversa dos médicos e perguntou: _Quando você era criança e estava aprendendo a falar, logo na primeira vez, você pediu ’mamãe, por favor, eu

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gostaria de um copo com água‘, ou foi algo mais parecido com ‘mama, aga, aga’?

Ele estava certo. O meu pânico de falar errado era tanto que eu me escondia atrás do rótulo “é difícil”. Depois desse dia, em pouquíssimo tempo eu voltei a falar realmente em inglês. Se você perguntar se o meu inglês é impecável? Ainda não. Mas eu me esforço para aprender cada vez mais e aprendi uma coisa básica: “se você não sabe, pergunte.

Pedir ajuda de alguém que sabe mais do que você no

momento não deve gerar vergonha. Veja como é bom ter alguém para pedir ajuda.” Essa foi a lição que o meu professor de inglês me transmitiu, e que, quando comecei a colocar em prática em todas as áreas da minha vida, ajudou incrivelmente. Afinal, se funcionou com o inglês por que não funcionaria com o resto?

E o que tudo isso tem a ver com ajudar e ser ajudado?

Esse meu professor só teve esta atitude porque disse que, um dia, ele já esteve do outro lado. Por onde eu passo, sempre escuto alguém falando: ”é tão difícil ajudar fulano”. Ou quando alguém se dispõe a ajudar, as pessoas logo dizem: é tão difícil achar alguém assim disposto a ajudar”.

Eu tenho certeza de que, enquanto você lia as páginas

anteriores deste livro, já passaram pela sua mente nomes de pessoas que, com certeza, precisavam aprender alguma coisa, ou outra, do que você viu. E você ficou imaginando “como isso poderia ajudá-lo!”. Digo que, realmente, quando voltamos a acreditar, e isto começa a transformar as nossas atitudes e começamos a transformar a nossa vida, queremos transmitir isso ao máximo de pessoas possível. Mas o meu aviso é: ”você só irá realmente conseguir ajudar alguém quando você se deixar ser ajudado”.

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Provavelmente, se você está pensando em ajudar é

porque, de alguma forma, o livro conseguiu atingir o seu objetivo, que é ajudar alguém. Mas vamos levar isso mais para o cotidiano. Seu filho está com dificuldade na tal matemáticae tirou uma nota baixa. Você o coloca de castigo até ele estudar e se sair bem na próxima prova? Não quero dizer que impor limites não seja necessário, e sei que às vezes são necessárias medidas mais drásticas para promover uma melhoria. Mas a minha questão é: “quantas vezes você sentou com o seu filho para ajudá-lo a estudar? Ele está aí dentro da sua casa, perto de você, e como você tem tentado ajudá-lo?”

Mas vamos supor que, como todos os pais de hoje,

você está muito ocupado trabalhando, para pagar o melhor colégio para o seu filho. E lá está você muito atarefada(o), no seu ambiente de trabalho, precisando desesperadamente que alguém consiga uma cópia de uns documentos para você, e quando você olha para a sua amiga, da mesa ao lado, ela foi para a xerox e nem perguntou se você queria alguma coisa. Seria tão bom se ela tivesse ajudado você! Será que ela não tem o mínimo senso de cooperação?

Vamos pensar dessa forma: ela é só a pessoa da mesa

ao lado, ela não é sua mãe, sua parente e não tem a menor obrigação de ajudar você! Da mesma forma que você está ocupada demais para ajudar o seu filho, ela está ocupada demais para ajudar você. Provavelmente, a sua amiga que não te ajudou com as cópias estava cansada e estressada porque ficou até de madrugada arrumando a casa, que estava completamente bagunçada porque ninguém pode ajudá-la a arrumar, ou, pelo menos, a manter arrumada. E essa mesma pessoa, da mesa ao lado, não ajudou o vizinho da porta ao lado a carregar as compras porque ela estava tão apressada para o trabalho que não podia ajudar.

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E se começarmos a puxar essa linha da história,

vamos ver que isto é um ciclo. A maioria das pessoas reclama que nunca é ajudada, mas as mesmas nunca tentaram ajudar ninguém. Isto acaba gerando essa reação em cadeia. Mas isso pode ser quebrado e, para gerar a mudança, é preciso começar nas pequenas coisas. E existe também o fato de que muitas pessoas não recebem ajuda porque, o tempo todo, cantam aos quatro ventos: “eu consigo fazer sozinha”. Alguém pergunta: você precisa de ajuda para instalar isso? ” E a pessoa responde prontamente: “não, não! Eu já sei.” E cinco minutos depois, está com vergonha de admitir que precisa de ajuda. E você é capaz de receber ajuda? Ser independente não significa ser autossuficiente. Para ter independência é necessário muito trabalho e muita ajuda. Um dos estilos de liderança mais admirado é aquele que consegue manter o líder livre para executar o que realmente é sua função porque ele tem segurança de que conseguiu delegar as tarefas às pessoas certas, que irão ajudá-lo.

Por mais que exista esse foco no individualismo, a

sociedade ainda vive em grupos. Para realizar inúmeras tarefas, é necessário que existam grupos. Um elemento complementa o outro, um elemento ajuda o outro. Para construir a casa em que você mora, com certeza, um grupo de pessoas se ajudou para que a casa fosse construída.

Você pode até ter escolhido sozinho os seus móveis,

mas, se ainda não percebeu, alguém os desenhou, alguém os construiu e alguém tinha uma loja para que os móveis chegassem até você. Isso pode ser visto apenas como trabalho... Ou você pode começar a perceber que existem muitos grupos interagindo e se ajudando para que possamos viver. Então, eu pergunto: “ninguém nunca ajudou você? Você tem vergonha ou é orgulhoso demais para aceitar ajuda?

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”Eu observo que o ato de ajudar deveria ser ensinado exatamente na fase em que os “adultos” nos ignoram: a infância. Eu lembro, muitas vezes, de, quando eu era criança e escutava; “Pode falar. Ela não entende, ainda é muito criança!” Quantas vezes estamos na cozinha e as crianças chegam e perguntam: “Posso ajudar?” A resposta é um: “Saia daqui, vá brincar. Cozinha não é lugar de criança!”. Então, alguns anos depois você escuta: “meu filho (a) não me ajuda nem a tirar as coisas da mesa, não lava um copo sequer.”

Não estou dizendo para colocar uma criança de cinco

anos para lavar a louça do jantar, ou para deixá-la ficar próxima ao fogão, mas aproveite a oportunidade para ensinar os perigos que existem e como trabalhar em cooperação.

Quando eu era criança, algumas das minhas tias me

colocavam em cima de um banquinho para que eu ficasse na altura da pia e ajudasse a lavar a louça. Na maioria das vezes, o máximo que eu fazia era colocar um pouco de sabão na esponja. Mas eu aprendi a ajudar na cozinha. Não vou dizer que lavar louça é minha atividade preferida, mas pelo menos eu aprendi a fazer e, quando é necessário, eu faço.

Quando o meu pai ia lavar o carro, ele nos colocava

para ajudar. Nós lavávamos as rodas, pois o tempo que iríamos demorar passando sabão provavelmente mancharia a pintura. Mas quando tiramos as nossas habilitações e começamos a utilizar o carro, meu pai tinha tranquilidade de saber que nós iríamos manter o mesmo limpo e bem cuidado.

Com essas atitudes, eles nos ensinaram a trabalhar

em cooperação e, que por mais que fossem os nossos “superfantásticos” pais, eles recebiam a nossa ajuda. Eles poderiam se recusar a recebê-la. Afinal, éramos apenas

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crianças! Eles, com certeza, conseguiriam desenvolver tais atividades sem nossa ajuda. Então, quando alguém lhe oferecer ajuda, aceite! E não delegue a quem está te ajudando função maior do que ela possa aguentar para não desestimular. Mas aceite a ajuda e lembre-se, sempre, de agradecer.

5.2 Coloque-se no lugar do outro

Bem, quando eu era muito criança ainda, meus pais

viajavam pelos rios da Amazônia, junto com um grupo da igreja, levando assistência médica e mantimentos para tribos indígenas e comunidades na beira dos rios. E, por isso, eu cresci sabendo que existe muita gente precisando de ajuda e que sempre é possível ajudar alguém. E acredito que Deus permitiu que eu tivesse todos esses altos e baixos na minha vida para que eu entendesse que precisava aprender a receber ajuda, para saber como ajudar.

Isto ficou bem claro na minha mente quando eu estava no segundo período da faculdade de fisioterapia. Logo nas primeiras aulas do semestre, uma professora teve a brilhante ideia de desenvolver uma atividade bem diferente durante as aulas. Para tal atividade, ela utilizou cadeiras de rodas, muletas, vendas, adesivos, um verdadeiro arsenal. A atividade foi a seguinte: metade da classe escolheu os objetos.

Enquanto se escolhia, ela começou a explicar: quem

escolheu a cadeira de rodas vai estar temporariamente paraplégico, quem pegou as muletas fez uma complicada

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cirurgia de joelho e não pode pisar no chão, quem escolheu as vendas será temporariamente um deficiente visual e quem pegou os adesivos, temporariamente não pode utilizar a fala. A ideia era fazer com que entendessem como vivem os pacientes que iriam encontrar. A outra metade da classe iria se juntar, em dupla, com alguém que era temporariamente deficiente e iria ajudá-lo a desenvolver algumas tarefas. As tarefas eram, aparentemente, simples:

• Pegar um livro na biblioteca (para quem estava na cadeira de rodas).

• Ir à sala da coordenação (para quem estava de muletas).

Essas duas primeiras tarefas ficavam no outro prédio da faculdade. • Tirar xerox de uma das páginas que ficavam na pasta de xerox da matéria. (para quem estava com as vendas). • Comprar uma bala na cantina (para quem estava com os adesivos)

A primeira coisa que percebemos quando começamos a tentar desenvolver as tarefas é que todos olham para você quando, por alguma razão, você tem alguma deficiência. Segundo: se os arquitetos e engenheiros usassem cadeira de rodas, muletas ou vendas por uma hora, o significado de barreiras arquitetônicas ficaria extremamente claro e as mesmas seriam evitadas nos projetos, ou existiriam mais alternativas.

A maioria dos livros não está disponível em braile.

Por isso, tirar uma xerox pode ser um verdadeiro suplício se a pessoa estiver sozinha. Como nem todo mundo sabe a linguagem dos sinais, haja mímica para conseguir a tal balinha de morango. Mas como havia alguém para auxiliar, apesar de todas as dificuldades, as atividades

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foram desenvolvidas. Então, veio a segunda fase da tarefa. A professora falou, triunfante: “troquem de papéis e façam tudo outra vez”. Foi quando percebemos que o segundo grupo foi mais rápido do que o primeiro. Por que isto aconteceu?

Porque o primeiro grupo a receber ajuda já tinha

uma noção melhor do que fazer para ajudar, e do que não fazer, pois algumas atitudes, apesar da boa intenção dos amigos, não tinham ajudado em nada. E quem estava recebendo ajuda no segundo grupo tinha confiança em quem estava ajudando, pois sabíamos que eles já haviam estado na “nossa situação”. Por isso, iriam saber como ajudar.

Estou me formando em breve e, de todas as coisas que

eu aprendi na faculdade, sem dúvida, esta lição foi uma das mais importantes. Entender a dificuldade do outro, colocar-se no lugar do outro e imaginar como alguém poderia ajudar pode ser a melhor estratégia para ajudar alguém. Posso dizer que tive a sorte de ter alguns professores excelentes, pessoas que realmente amavam o que estavam fazendo e que estavam ali para nos ensinar a crescer em conhecimento e como pessoas.

E demonstraram, todos os dias, que para ajudar é

preciso ter humildade de se saber ser ajudado e que, quando se consegue ajudar alguém, a recompensa é tão maravilhosa que cada vez que você ajuda uma pessoa, a vitória daquela pessoa se torna a sua vitória. E como este livro tem por finalidade focar as coisas boas, posso garantir que poder agradecer é algo excelente. Por isso, aos meus maravilhosos professores: “muito obrigada”. Eu sempre terei uma eterna admiração pelas pessoas que trabalham na área acadêmica, que insistem em acreditar em pessoas que, às vezes, ainda não aprenderam a acreditar em si mesmas.

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Ter essa habilidade de lapidar joias, que muitas vezes chegam em estado bruto, e transformá-las em pessoas confiantes através da conquista do conhecimento é algo que salário nenhum será capaz de retribuir. Mas participar das vitórias dos seus pupilos é um tesouro que deve recompensar todo o seu investimento. E por reconhecer a importância dessa profissão tão maravilhosa para a minha vida, e para a vida de tantas pessoas, que, mais uma vez, eu digo “muito obrigada”. Só cheguei até aqui porque vocês, pessoas fascinantes, um dia passaram pela minha vida.

6. Acredite: sempre é possível ajudar

A partir do momento em que descobrimos estas estratégias e passamos a entender melhor o problema do próximo, uma coisa fica muito clara: ”sempre é possível ajudar”. Isso é algo em que precisamos acreditar. Quando nós precisamos de ajuda, imediatamente lembramos de alguém que poderia nos ajudar. E, às vezes, ficamos frustrados porque esta ajuda não acontece.

Mas é necessário observar que talvez a pessoa que

esperávamos que nos ajudasse não tenha percebido que é capaz de fazer isso. Certa vez, perguntei a uma pessoa por que ela não me ajudou em uma determinada situação. A resposta, foi: “você é tão inteligente, não imaginei que eu fosse capaz de lhe ajudar em alguma coisa, não vivi tantas histórias como você”. E eu comecei a mostrar que pensar daquela forma era uma bobagem. Nós sempre podemos ajudar uns aos outros.

Talvez você esteja dizendo: ”você só escreveu isso

porque não sabe a situação em que eu estou. Eu não

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conseguiria ajudar ninguém!” E, felizmente, eu posso discordar disso. Em todos os momentos difíceis por que eu passei, recebi ajuda de pessoas que aos olhos de muita gente não teriam nada a oferecer. Lembre-se: nada acontece por acaso. Pelo menos eu acredito que não é assim. E, talvez, o que para você é uma limitação ou um momento difícil, para outras pessoas pode ser um exemplo e uma fonte de inspiração que ajuda outras pessoas a enfrentarem algum problema. Ajudar é uma questão de atitude.

Quando comecei a fazer estágio, lembro de um

paciente que fez uma cirurgia complicada de joelho e não podia fazer muitas coisas no período da recuperação. Ele sempre perguntava: ”o que eu posso fazer para ajudar?” Na verdade, ele já estava fazendo tudo que lhe era pedido. E quando nós respondíamos: “o senhor já está ajudando, não precisa fazer mais nada”, ele sempre retrucava: “se eu der um sorriso também ajuda” e abria um belo sorriso. Tínhamos de admitir que, com certeza, o tal sorriso sempre ajudava. Às vezes, essa simples brincadeira estimulava outros pacientes a sair da postura de vítima em que estavam se sentindo. E você? O que você pode fazer para ajudar? Você pode conversar com alguém. Você pode sorrir para quem está por perto.

Você pode ajudar a pessoa a pegar os papéis que

caíram no chão. Você pode dar banho no cachorro. Você pode lavar o carro para os seus pais. Você pode dizer para quem está cuidando de você: ”muito obrigada”. Você pode ajudar a alguém ajudando a você mesmo e reagindo contra o que tem feito mal a você (más companhias, drogas, depressão, egoísmo...). Você pode fazer uma doação a uma instituição de caridade. Você não tem um centavo, mas tem tempo livre para ser voluntário? O que você pode fazer para ajudar? Você pode escrever um livro. Escrever um blog e compartilhar algo com outras pessoas.

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Lembre-se: ajudar é uma ação. Sendo assim, tome uma atitude. Tem muita gente precisando de ajuda e você pode ajudar muitas pessoas. Ensine isso para os seus amigos, seus filhos. Isso é muito importante, pois quando você precisar de ajuda, outras pessoas vão estar aptas a lhe ajudar. Falo da questão do exemplo porque o exemplo dos meus pais foi fundamental para mim, como o de alguns amigos e professores. Por isso, eu sempre procuro estimular as pessoas ao voluntariado e a qualquer tipo de ajuda. Por menor que aquilo parece para você, pode ser algo de muito valor para muitas pessoas.

Sempre que visito orfanatos, o meu coração fica

partido por imaginar quantas pessoas gastam cinco vezes o valor que gastariam com uma criança com um cachorro. Não sou contra os animais de estimação. Mas adotar é algo que sempre esteve nos meus planos e que eu vou cumprir porque sei que posso até ter meus filhos naturalmente, mas sei que também posso me planejar para ter um filho adotivo e dar a esta criança tudo o que ela realmente merece.

E procuro não julgar a causa pela qual elas foram

parar naquele lugar. Penso que, pelo menos, elas encontraram um abrigo e podem, a partir dali, ter a chance de uma vida melhor. Enquanto ainda não posso adotar, eu ajudo como é possível. Levo brinquedos, faço doações, vou visitar, incentivo quem pode adotar a fazê-lo. E sempre que eu falo em adoção, o meu foco é em mostrar que a maioria das crianças que estão em orfanatos não é mais bebê. Elas já passaram, na maioria, dos três anos e quanto mais os anos passam, mais difícil fica de serem adotadas. E isto ocorre devido ao engano de se achar que é mais fácil a adaptação quando se adota um bebê.Tenho vários amigos que são filhos adotivos, conheço alguns que foram adotados ainda bebês e outros que foram adotados maiores.

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E o que foi possível constatar foi exatamente o inverso. Os que foram adotados quando estavam maiores tinham consciência de que haviam ganhado “novos pais”. Então, não passaram pelo conflito dos que os que foram adotados quando bebês e que, ao chegarem à adolescência e descobrirem que haviam sido adotados, ficaram revoltados, pois queriam saber o porquê de terem ido parar em um orfanato e, depois, ficavam revoltados com os pais adotivos porque sempre diziam que deveriam ter contado isso a eles antes.

Mas, independente de todas essas coisas, todos meus

amigos que foram adotados são unânimes em dizer que ser adotado foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Por isso, nós estudamos nos mesmos colégios; por isso, eles viajaram para muitos lugares; por isso, eles não passavam os Natais sozinhos; por isso, eles têm alguém para dizer “boa noite”.

Adotar é uma forma de ajudar e, mais do que apenas

ajudar, é uma forma de receber ajuda. É um verdadeiro ato de amor. Se você pode adotar, pense a respeito. Não importa a idade que você prefere adotar, importante é os pais maravilhosos que vocês irão se revelar. Adoção é um dos maiores presentes que vocês poderão dar e receber na vida. E não poderia falar apenas dos orfanatos e esquecer de falar dos asilos. Quantas mentes brilhantes sozinhas nestes lugares. Alguns filhos aparecem para visitar, só no Natal.

E, mesmo assim, as pessoas que estão nos asilos esperam ansiosas pelo Natal, pois sabem que será única visita do ano. Outros nem mesmo aparecem, mas mandam o dinheiro para cumprir com as “obrigações”. É uma pena que um cheque ou uma nota, mesmo que seja de cem reais, não possa sentar para conversar com as pessoas que estão ali, pois assim, com certeza, seriam mais úteis.

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Sei que algumas pessoas precisam estar nessas instituições porque requerem alguns cuidados, que a família talvez não pudesse suprir. E existem instituições muito boas, com profissionais amáveis e cuidadosos, mas nada disso substitui a família e a ajuda que a família pode dar. Não pretendo deixar que os meus pais fiquem em um desses lugares, mas provavelmente eu penso dessa forma porque os meus pais me ensinaram isso através do exemplo.

Nas primeiras visitas que fiz a orfanatos e asilos, eu

ainda era bem pequena e acompanhava os meus pais, que iam a esses lugares para tentar ajudar de alguma forma. Eu gosto quando faço visita a asilos. Sempre escuto histórias incríveis e confirmo que “um sorriso sempre ajuda”.

E já recebi muita ajuda de pessoas que estavam nestes

lugares. A vida é algo surpreendente e é realmente um reflexo se você ajuda recebe ajuda em retribuição. Por isso, se você tem qualquer tempo, mesmo que seja uma vez por mês, vá visitar um lugar desses. Seja exemplo para quem está à sua volta. Ou ajude de alguma forma. Descubra o que eles precisam. Tenha certeza de que você sempre pode ajudar. E ajudar faz um bem maior a quem ajuda do que a quem está sendo ajudado.

7. Acredite em milagres

A creditar em milagres?! Você pode estar um pouco

irritado, imaginando: ela estava indo tão bem... Mas vai acabar estragando com esse papo de “milagres”. Fique tranquilo (a), querido (a) amigo (a) leitor (a). Acredito que posso chamá-lo de amigo (a) a esta altura do campeonato.

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Afinal, você já conhece muitas coisas da minha história, sabe dos meus objetivos e se chegou até aqui é porque tem aceitado a minha forma de ajudá-lo. Então, sinto-me livre para usar o termo amigo (a). E a minha pergunta é: _Há quanto tempo você não ganha uma amiga assim tão rápido? Por acaso, isso não seria um milagre? Uma das definições a respeito da palavra milagre diz que, milagre é um fato que tem caráter extraordinário, fora do comum; a sua realização é considerada como um ato de intervenção divina no curso normal dos acontecimentos.

E é exatamente baseada nesta informação que eu afirmo: ”acredite em milagres!”. Se você possuía um conceito errado do que é milagre, agora isto mudou. Por isso, você pode começar a analisar tudo à sua volta, voltar um pouquinho no tempo, e vai começar a perceber quantos milagres você já presenciou.

Comece a pensar na sua vida. Veja as pessoas

maravilhosas que você conhece. Quantas vezes você já pôde sentir o calor do sol na sua pele? Ou observou um arco-íris depois da chuva? Quantas crianças você já viu sorrindo? E o que dizer da encantadora fidelidade dos seus bichinhos de estimação? E todas as coisas que a humanidade criou e você pode usufruir? A roda, a escrita, os computadores, as vacinas, a comida congelada, os papéis, os filmes... Isso tudo não são coisas extraordinárias?

Mas se isso tudo ainda tem um sentido muito amplo,

vamos imaginar algo mais pessoal: você descobrir que deve acreditar em si mesmo. Se você já começou a colocar isto em prática de alguma forma, isto já fez bons efeitos na sua vida. Você está mais bem-humorado, você estabeleceu objetivos, resgatou promessas. Está procurando ser mais persistente. E isso tem refletido no seu cotidiano. Isto não é algo fora do comum?

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E agora, vamos a algo muito revelador: “você é um

milagre!”. Não importa se você é rico ou não, não importa se você é portador de algum tipo de deficiência, não importa se você tem pele clara ou escura, não importa quanto dinheiro você tem ou não tem, não importa se você está lendo isso no momento mais difícil da sua vida inteira. Você é um milagre! Uma pessoa dotada de habilidades, capaz de se comunicar, capaz de ser amigo, de ter amigos, capaz de amar e ajudar. E, o mais importante, capaz de acreditar! Isso é um verdadeiro milagre!

E onde estaria a intervenção divina para que tudo o

que foi falado nos últimos parágrafos caracterize realmente um milagre? Afinal, se a roda e as outras invenções foram criadas pelos homens, quem tomou atitude de acreditar e agir de forma diferente foi você e você é humano. Então o que há de divino nisso tudo?

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, a imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1.27

Esta é a maior prova que você é um milagre: a intervenção divina explícita na sua vida. Você é a obra-prima do criador. E, se você não acredita em Deus, como ficaria essa história de acreditar em milagres? Eu faço aquela velha pergunta: “as rosas teriam perfume diferente se alguém as chamasse por outro nome?”

Um milagre deixou de ser milagre porque alguém o

chamou de destino? Eu prefiro não perder coisas boas por rótulos. Mas, logicamente, vou chamar o fator sobrenatural dos milagres, que somos eu e você, de Deus porque é nisso que eu acredito e é isto que tem feito a grande diferença na minha existência. E, repito, acreditar é uma opção. A minha recomendação é que você acredite em Deus!!! Acredite em você!!!

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Acredite em milagres porque faz toda a diferença na vida de alguém poder olhar à sua volta, todos os dias, e presenciar milagres acontecendo. E milagres são coisas extraordinárias realmente, não podem ser limitados pelos homens. Se você falasse há oitenta anos que cada pessoa carregaria seu telefone no bolso e conseguiria falar com outras pessoas em qualquer lugar do mundo, provavelmente iriam dizer que isso seria um verdadeiro milagre, pois seria, aos olhos das pessoas daquela época, algo impossível.

No entanto, foi exatamente o que aconteceu. E quem

tem uma notável coleção de pontos e cicatrizes, como eu, não consegue viver sem acreditar em milagres. E, indo além da minha vivência, posso citar inúmeras mulheres que conheço e que, segundo os médicos, nunca poderiam gerar um filho, mas hoje em dia são mães. Uma das minhas melhores amigas nasceu com uma deficiência neuromotora e, segundo os prognósticos, jamais iria andar ou ter uma vida normal, mas posso dizer que nós viajamos juntas algumas semanas atrás e ela estava até dançando.

Se fosse contar todos os milagres que já vivi e

presenciei, precisaria escrever uma enciclopédia. E sou muito grata a Deus por tudo isso. E por que acreditar em milagres e saber que você mesmo é um milagre é algo tão importante? Porque é verdade. E ter conhecimento da verdade nos traz liberdade. Liberdade para reagir, para viver intensamente, para ter certeza de que vamos superar os momentos difíceis. Liberdade para valorizar a família, as pessoas que gostam de você. Liberdade para se sentir a pessoa mais linda do mundo, mesmo que você esteja de pijamas, às seis da manhã. Liberdade para perdoar. Liberdade para fazer o que eu estou fazendo, expressar a sua opinião, mesmo que isso pareça positivismo diante de uma sociedade pessimista. Liberdade para acreditar e ver milagres acontecendo.

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Você é um milagre! Você foi criado para ser livre.

Você está se perguntando por que às vezes você se sente tão pesado, como se estivesse preso pelo seu próprio cotidiano? E onde está Deus e os milagres nestas horas? Deus está onde sempre esteve, bem ao seu lado, pronto para ajudar. E o que prende você? Vícios? Doenças? Complexos? Excesso de trabalho? Orgulho? Mágoas? Falta de dinheiro? Excesso de dinheiro? Medo? Desânimo?

Se essas são as cadeias, ou alguma outra coisa que

não está aqui, quero dizer para você que a pessoa capaz de fazer com que isso deixe de aprisionar a sua vida é você mesmo, através de algumas atitudes. A primeira delas é acreditar. A segunda é reagir! Você foi criado à imagem e semelhança de Deus, você é muito mais forte do que todas essas coisas. E, que fique bem claro, liberdade implica, sim, em responsabilidade.

Ser livre não é ser libertino, não é usar a bandeira da

“liberdade” para encobrir atos que vão acabar por lhe aprisionar em alguma cadeia que você mesmo irá criar. Não se engane. Sempre que você usar erroneamente a liberdade, para fazer mal, você jamais irá ferir somente a você; sempre outras pessoas estarão sendo machucadas pelo mal que você estiver causando. Por exemplo, uma pessoa que quer beber até passar mal pode acreditar que está fazendo mal somente a ela. Mas se isso fosse verdade, os acidentes causados por embriaguez não seriam tão revoltantes. Uma pessoa que comete suicídio não está fazendo mal aparentemente a mais ninguém.

Mas só quem já perdeu um parente ou um amigo

desta forma (o que é o meu caso) sabe o misto de tristeza (por não ter percebido que a pessoa poderia fazer isso e por ser impossível fazer qualquer coisa para transformar essa situação) e raiva (por que, raios, essa pessoa usou isso como opção? (SEMPRE EXISTE ALTERNATIVA!) Mas o

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que quero deixar bem claro é que não importa o mal que você já sofreu ou que já possa ter causado. Todos nós, sem exceção, fomos criados por Deus.

E exatamente por nos conhecer que o nosso Criador

nos proporciona uma “segunda chance”. E isso também é um milagre. Por mais que possamos pensar que não merecemos, o perdão é algo divino. E, acredite, com o perdão vem o amor, e com o imenso poder do amor vem a transformação, sempre para melhor. Por isso, tenha a certeza de que você é um milagre. Se a sua existência até agora não tem parecido um milagre para você, a chave para mudar este quadro já está em suas mãos. Acredite!

Acredite. O ser humano não foi criado por acaso, não

existe por existir. A história da sua vida é fantástica e tem um significado importante! Você é essencial e, não importa o que os outros digam, você é insubstituível. E assim como, por anos, a humanidade disse que a terra era plana e perseguiu quem tinha ideias contrárias, eu tenho certeza de que, um dia, a “louca ideia de acreditar em Deus e acreditar em milagres” vai deixar de ser uma utopia de “mentes positivistas”, para se tornar uma verdade tão clara quanto a que temos agora de que a terra não é plana.

Mas, lembre-se, acreditar é uma opção. E ninguém

pode escolher por você. É você quem deve tomar a decisão de acreditar. E eu insisto em dizer que isso irá fazer toda a diferença na sua vida. Acreditar em milagres é o que faz com que eles aconteçam. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.” (Hb11:1)”Espera um pouco? Desde quando estamos falando de fé? Preciso ser sincera, estamos falando de fé desde o primeiro capítulo. Afinal, a palavra “acreditar” significa: crer, confiar, ter fé. Por saber que através da fé somos capazes de fazer extraordinárias é que eu estou dizendo, insistentemente, em todas estas páginas: ACREDITE!

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O livro está terminando e a vida fora dessas páginas

pode aparentar não ser tão simples, tão alegre, tão cheia de oportunidades. Talvez esse livro tenha chegado a suas mãos em um momento difícil ou de grandes decisões e, mais uma vez, eu pergunto: O que você quer? Você quer entrar na faculdade? Você quer se casar? Você quer vencer uma doença? Você quer ter uma vida “normal”? Você quer ter uma vida diferente? Você quer jogar futebol? Você quer ganhar uma medalha? Você quer ter um filho? Acredite, você pode conquistar tudo isso e muito mais. A chave para abrir todas as portas sempre esteve bem ao alcance das suas mãos. Agora é hora de você agir, acreditar, ser persistente. Não desista.

Meu pai sempre me ensinou que se alguém se prepara

para uma corrida, uma maratona, por exemplo, que só acontece uma vez por ano, e no meio da corrida essa pessoa desiste, ela vai precisar treinar novamente por mais um ano inteiro para poder ter uma nova chance de completar a prova. Por isso, já que você chegou até aqui, não desista.

Você pode ir muito além. Nada do que acontece na

sua vida é por acaso. Procure sempre focar as coisas boas e veja como você poderá usar o que você tem aprendido para ajudar os outros. Mantenha a sua mente ativa. Nós sempre temos algo novo a aprender. Acredite em Deus. Ele existe, quer ser seu amigo. Ele é quem realmente pode ajudar muito você. Qual o grande milagre de que você precisa?

Acreditar é o primeiro passo para que isto aconteça.

Por isso, acredite, sua vida é um milagre. Acredite, você ainda vai viver e presenciar muitos milagres. Acredite em Deus. Acredite na vida. Acredite na amizade. Acredite no amor. Acredite, é sempre possível ajudar e ser ajudado.

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Acredite em você, e, aconteça o que acontecer, SEMPRE,

SEMPRE, ACREDITE!