NÁPOLES

Nápoles estende seu olhar sobre o Tirreno. A cidade fundada pelos gregos viu a história sendo escrita com sangue em suas ruas e vielas. Os romanos deixaram marcas e lágrimas na destruição de Pompéia. Ducado sob os bizantinos, reinado sob Aragão, Nápoles foi porta de entrada dos exércitos aliados na Segunda Grande Guerra.

Era o dia 16 de junho de 1944. Os brasileiros avistaram o Vesúvio e a baía de Nápoles. Um sentimento de angústia toma conta do coração de cada um dos pracinhas. A imagem da família chega mais forte. A guerra assume contornos de prédios e casas destruídas pelos alemães. A bela Nápoles se tornara um punhado de escombros e desolação. Os brasileiros não sabiam que seu destino seria a Itália.

A informação era segredo de guerra – apenas o alto comando estava a par do desembarque. Quando a tropa inicia a marcha pelas ruas de Nápoles, espanto. Vaia do povo italiano. Logo, a surpresa ganha explicação. O uniforme verde dos brasileiros se confundiu com o verde dos prisioneiros do exército nazista. Quando os italianos percebem a palavra ‘BRAZIL’ na farda dos pracinhas, a população entende que acabam de chegar reforços na libertação da Velha Bota. A fome está no dia a dia dos napolitanos. A vaia se transforma em pedido de comida. Os pracinhas desfilam e a foto ganha manchetes no Brasil. Getúlio joga com o destino na noite do Distrito Federal. Rigoberto nunca esteve tão longe de casa...