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1 1 - RESUMO Este trabalho teve por objetivo testar a utilização de uma mistura de Calcarea carbonica 30 CH e Calcarea phosphorica 30 CH na dieta de Bovinos de dois grupos genéticos, quanto à composição corporal e à qualidade da carcaça. O estudo foi realizado na Unidade Universitária de Aquidauana da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Foram utilizados 39 Bovinos, machos, não castrados, sendo 20 ½ Simental x ½ Nelore e 19 ½ Holandês x ½ Nelore. O peso inicial médio foi de 325 kg. Os bovinos foram alimentados com uma dieta composta por 50% de concentrado na matéria seca, e a dieta foi balanceada segundo o NRC (2000) para um ganho de peso vivo diário de 1,2 kg. Metade dos animais recebeu a mistura de Calcarea carbonica 30 CH e Calcarea phosphorica 30 CH na proporção de 1 : 1, veiculada em carbonato de cálcio e misturada ao premix mineral em quantidade que garantia um consumo de 2 gr/animal/dia. As pesagens foram realizadas a cada 28 dias. À medida que os animais se aproximavam do peso de abate pré-estabelecido (entre 15 e 17 @), era definida a data de abate a partir de uma projeção da evolução do peso vivo. Antes do abate, os animais foram submetidos a um jejum prévio de 16 hs. Para o cálculo do peso de corpo vazio pesou-se: a carcaça, o sangue, cabeça, couro, cauda, pés, vísceras e órgãos. O peso total de órgãos foi calculado pela soma dos pesos da carne industrial, fígado, coração, rins, baço, pulmão e língua. Para calcular o peso total de vísceras somou-se os pesos do: rumem, retículo, omaso, abomaso, intestino delgado e grosso, mesentério, gordura interna, esôfago, traquéia e aparelho reprodutor. O total de gordura visceral foi calculada pela soma do peso do mesentério + o da gordura visceral, o total de gordura interna pela soma de gordura visceral total + gordura interna cavitária, e a gordura corporal total pela soma da gordura da carcaça + a gordura visceral total. Determinou-se o comprimento da ½ carcaça direita. Na ½ carcaça esquerda resfriada coletou-se uma amostra correspondente à seção da 9ª a 11ª costela (seção H.H) para determinação dos componentes físicos das carcaças. Também foram medidas a área de olho de lombo e a espessura de gordura subcutânea na posição da 12ª costela. Utilizou-se para análise de variância, o teste F a 5% de probabilidade. Para comparação das médias utilizou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade ou o teste T de Student de acordo com o coeficiente de variação de cada característica conforme Sampaio (1998). Ambos os grupos reagiram de forma semelhante ao tratamento com as Calcareas. O tratamento mostrou tendência a melhorar o rendimento de carcaça, e alterou os sítios de depósitos

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1 - RESUMO

Este trabalho teve por objetivo testar a utilização de uma mistura de Calcarea

carbonica 30 CH e Calcarea phosphorica 30 CH na dieta de Bovinos de dois grupos

genéticos, quanto à composição corporal e à qualidade da carcaça. O estudo foi

realizado na Unidade Universitária de Aquidauana da Universidade Estadual de Mato

Grosso do Sul (UEMS). Foram utilizados 39 Bovinos, machos, não castrados, sendo 20

½ Simental x ½ Nelore e 19 ½ Holandês x ½ Nelore. O peso inicial médio foi de 325

kg. Os bovinos foram alimentados com uma dieta composta por 50% de concentrado na

matéria seca, e a dieta foi balanceada segundo o NRC (2000) para um ganho de peso

vivo diário de 1,2 kg. Metade dos animais recebeu a mistura de Calcarea carbonica 30

CH e Calcarea phosphorica 30 CH na proporção de 1 : 1, veiculada em carbonato de

cálcio e misturada ao premix mineral em quantidade que garantia um consumo de 2

gr/animal/dia. As pesagens foram realizadas a cada 28 dias. À medida que os animais se

aproximavam do peso de abate pré-estabelecido (entre 15 e 17 @), era definida a data

de abate a partir de uma projeção da evolução do peso vivo. Antes do abate, os animais

foram submetidos a um jejum prévio de 16 hs. Para o cálculo do peso de corpo vazio

pesou-se: a carcaça, o sangue, cabeça, couro, cauda, pés, vísceras e órgãos. O peso total

de órgãos foi calculado pela soma dos pesos da carne industrial, fígado, coração, rins,

baço, pulmão e língua. Para calcular o peso total de vísceras somou-se os pesos do:

rumem, retículo, omaso, abomaso, intestino delgado e grosso, mesentério, gordura

interna, esôfago, traquéia e aparelho reprodutor. O total de gordura visceral foi

calculada pela soma do peso do mesentério + o da gordura visceral, o total de gordura

interna pela soma de gordura visceral total + gordura interna cavitária, e a gordura

corporal total pela soma da gordura da carcaça + a gordura visceral total. Determinou-se

o comprimento da ½ carcaça direita. Na ½ carcaça esquerda resfriada coletou-se uma

amostra correspondente à seção da 9ª a 11ª costela (seção H.H) para determinação dos

componentes físicos das carcaças. Também foram medidas a área de olho de lombo e a

espessura de gordura subcutânea na posição da 12ª costela. Utilizou-se para análise de

variância, o teste F a 5% de probabilidade. Para comparação das médias utilizou-se o

teste de Tukey a 5% de probabilidade ou o teste T de Student de acordo com o

coeficiente de variação de cada característica conforme Sampaio (1998). Ambos os

grupos reagiram de forma semelhante ao tratamento com as Calcareas. O tratamento

mostrou tendência a melhorar o rendimento de carcaça, e alterou os sítios de depósitos

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de gordura no corpo animal, deslocando depósitos de gordura interna para a carcaça,

tendendo a priorizar os depósitos de gordura subcutânea nesta.

2 - PALAVRAS-CHAVE

Qualidade de carcaça, Composição corporal, Homeopatia Veterinária.

3 - INTRODUÇÃO

Atualmente o mercado Brasileiro de carne bovina vive um momento histórico,

tendo atingido o topo do ranking mundial dos exportadores. Assiste-se hoje a um

crescimento na produção, acompanhado do aumento dos custos desta sem, contudo, que

se observe alterações no preço final da carne bovina. Assim, todas as técnicas para

melhoria da produtividade devem ser testadas relacionando-se ainda, o custo x benefício

antes de serem utilizadas.

A bovinocultura de corte brasileira, almejando o aumento de sua produtividade

com sustentabilidade, busca, atualmente, produtos alternativos na homeopatia

veterinária. Segundo Rüdinger (1998), na Alemanha, 90% dos veterinários usam

medicamentos homeopáticos. Isto acontece principalmente porque os proprietários dos

animais já tiveram experiências positivas com a homeopatia em seus próprios

tratamentos. Existe também uma grande desconfiança com relação aos tratamentos

convencionais em geral e aos antibióticos e corticosteróides, em particular, que são

associados a reações medicamentosas adversas. Embora a homeopatia tenha um uso

prático bastante amplo, ela ainda carece de base científica sobre sua eficácia clínica e

produtiva na medicina veterinária.

Briones (1987) ressalta a necessidade do aumento de produção de proteína

animal a baixo custo e com qualidade para sustentar a população que vem crescendo

bastante nas últimas décadas, principalmente as mais pobres. Este autor lembra ainda

que, com a intenção de aumentar a produtividade, surgiram substâncias conhecidas

como “promotores de crescimento”, onde se destacam as de origem hormonal e os

antibióticos, atualmente proibidas em alguns paises, devido ao risco que seus resíduos

representam à saúde humana. Ele conclui que em razão disso, surgiram os

medicamentos homeopáticos no campo da produção animal, com a finalidade de obter

preparados com ação comparada àquela dos “promotores de crescimento” alopáticos,

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mas sem riscos, por pequenos que sejam, para o consumidor e a custos muito mais

baixos para a produção animal.

A maior dificuldade no uso da homeopatia veterinária é adaptar uma terapia

essencialmente individual ao tratamento de uma população. Em geral, a Calcarea

phosphorica atua muito bem em casos de nutrição deficiente, com crescimento

imperfeito dos tecidos, especialmente o ósseo e o ganglionar. Já a Calcarea carbonica é

utilizada em indivíduos com tendência à obesidade e formação de gordura, de

crescimento rápido, escassa pigmentação da pele e que sofram facilmente transtornos do

tecido ósseo.

Trabalhando com estas duas Calcareas, em frangos da raça “Broiler”, que são

eminentemente carbonicos, e suínos cruzados das raças “Largewhite” e “Landrase” de

constituição phosphorica, Briones (1987) conclui que as Calcareas homeopáticas atuam

melhor como “promotores de crescimento” quando o potencial genético dos animais

não é explorado eficientemente.

Por outro lado, com a finalidade de reduzir o custo de produção, o mercado de

carnes brasileiro tem procurado abater bovinos mais jovens, em geral, pesando entre 15

e 17 arrobas. Entretanto, quando se trabalha com animais a pasto, sem suplementação, é

difícil obter um acabamento de carcaça ideal com este peso. Para se obter animais com

carcaças pesadas e bem acabadas é necessário se procurar material genético adequado

ou utilizar promotores de crescimento ou dietas mais ricas em energia, o que encarece o

sistema de produção.

No entanto, a falta de valorização de carcaças com melho r acabamento tem

colaborado para o abate de animais mais velhos e pesados, mas a um custo de produção

maior.

Por outro lado, a única forma de promover crescimento, não só em quantidade,

mas também em valores negociados nas exportações brasileiras de carne bovina, será

através do fornecimento de um produto com melhor qualidade e homogeneidade (NIEZ,

2004).

Os fatores relacionados à qualidade da carne são principalmente a idade de abate

(ligada à maciez), o acabamento de gordura (ligado à proteção, ao resfriamento e ao

sabor) e o peso adequado de carcaça (ligado ao tamanho dos cortes). Segundo Felício

(1997), a falta de acabamento da carcaça pode influir ainda, desfavoravelmente, sobre

características de maciez, suculência e palatabilidade da carne de animais jovens

enviados ao abate.

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A produção de carcaças com qualidade, desejada em condições de pastagens nos

trópicos, só é possível através da utilização de tecnologias como suplementação ou

confinamento, permitindo elevar o nível nutricional dos animais na recria e na engorda

(NIEZ, 2004).

Biologicamente, o crescimento do animal é uma medida quantitativa do aumento

de massa corporal, que depende da hiperplasia, hipertrofia e diferenciação das células,

dando origem a tecidos de diferentes estruturas e funções (PAULINO e RUAS, 1988).

O maior interesse no estudo dos animais produtores de carne está centrado no

crescimento dos tecidos musculares, adiposo e ósseo. Os tecidos do corpo animal

desenvolvem-se de forma diferenciada: ossos e órgãos vitais apresentam

desenvolvimento precoce; músculos, intermediário; e tecido adiposo, tardio. Durante o

crescimento e a engorda dos animais, as diferentes taxas de síntese dos tecidos alteram a

composição física e química da carcaça, influenciadas principalmente por idade, estádio

fisiológico, nutrição, genótipo e sexo do animal (BERG & BUTTERFIELD, 1979).

A taxa de desenvolvimento do tecido adiposo e a distribuição do mesmo

influencia muito o valor da carcaça. A gordura intramuscular (marmorizada) confere

melhor sabor à carne. Já a gordura subcutânea (gordura de cobertura) protege a carne

contra o frio, evitando o “Cold Shortning” (encurtamento do sarcômero pelo frio), que

provoca o encolhimento das fibras musculares, tornando rígidas as carnes mais

superficiais. Além disso, alguns cortes comerciais como a picanha e o contra filé são

valorizados pela gordura de acabamento. Já a deposição de gordura visceral requer

maior energia de mantença. O tecido adiposo é o mais variável no corpo animal e o

excesso de gordura é fator importante que pode contribuir para redução do rendimento

de carcaça (BERG e BUTTERFIELD, 1979; FONTES, 1995).

De acordo com Berg e Butterfield (1979), a proporção dos tecidos na carcaça no

momento do abate é o aspecto da composição do animal de maior importância, que

determina grande parte de seu valor econômico e influi na eficiência e no custo de

produção da carne. Uma carcaça é considerada superior quando apresenta quantidade

máxima de musculatura, mínima de ossos e adequada de gordura, que varia segundo os

desejos do consumidor.

Bovinos de diferentes raças ou originados de seus cruzamentos diferem no peso

em que iniciam a engorda e, provavelmente, também diferem na velocidade de

deposição de gordura. Durante esta etapa segundo Berg e Butterfield (1979), Fontes

(1995) e Oliveira (1999), animais precoces e de altas taxas de maturação têm menores

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exigências de mantença que animais de grande porte, mas normalmente apresentam

requerimentos nutricionais elevados para garantir rápidos períodos de intenso

crescimento e de engorda. Animais de altas taxas de maturação, independente do peso

adulto, se submetidos a períodos de subnutrição, podem apresentar prejuízos de caráter

permanente, relacionados ao desenvolvimento corporal e peso ao abate. Portanto, o

aumento de eficiência de produção requer a identificação de genótipos mais adequados

para ambientes e sistemas de produção específicos.

Os sistemas de produção devem utilizar materiais genéticos apropriados aos seus

objetivos e ambos devem ser compatíveis com o ambiente. Decisões acertadas podem

reduzir custos e tempo de produção, além de elevar os índices zootécnicos e a qualidade

dos produtos obtidos (BARBOSA, 1998; LANNA, 1997). Assim, juntamente com as

exigências dos diferentes mercados consumidores, também há necessidade de se avaliar

as disponibilidades e os requerimentos de alimentos, como também os custos associados

a cada sistema.

Altas taxas de ganho de peso, como conseqüência de boa alimentação, exercem

grande influência na composição da carcaça de animais em crescimento. Alguns

experimentos indicam que, para um mesmo genótipo, o crescimento rápido provocado

por um plano de nutrição alto, produz maior deposição de gordura no corpo do que

quando o crescimento é mais lento. A velocidade de engorda e a quantidade de gordura

depositada são determinadas principalmente pelo plano de nutrição, genótipo, estádio

fisiológico e pelo sexo do animal. A ingestão de energia é o aspecto nutricional mais

importante, porque modifica a partição percentual da energia utilizada para mantença e

produção. Porém, deficiências de outros nutrientes podem ter influência sobre as taxas

de crescimento e de maturação dos animais. O nível de consumo de energia também

modifica a participação da utilização deste nutriente para retenção de proteínas e

lipídios ou seja, em termos de tecidos na carcaça, para o desenvolvimento dos tecidos

musculares a adiposo (BERG e BUTTERFILED, 1979).

De acordo com Barbosa (1998) e Lanna (1997), a forma mais simples para

alcançar a composição desejada da carcaça é por intermédio do fornecimento de

alimentação de alta qualidade no período de terminação do animal, aumentando o peso

de abate e proporcionando o acabamento adequado de carcaça.

De acordo com Robelin e Geay (1984) o problema é saber precisar os benefícios

e quando e em que extensão é possível manipular o crescimento dos tecidos; que tecidos

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e componentes estão mais envolvidos e em que proporção eles podem ser modificados

por alterações na nutrição.

Os sistemas de tipificação e classificação de carcaças existentes no Brasil, ainda

não remunerarem adequadamente e de forma diferenciada aquelas de melhor

acabamento, conformação e qualidade geral (MATTOS, 1995; EUCLIDES FILHO et

al, 1997). Apesar disto, o mercado de bovinos para abate, que antes considerava apenas

o peso da carcaça ou peso vivo do animal e o rendimento da carcaça, está passando a

avaliar também a qualidade da carne. Determinados mercados consumidores já exigem

carcaças com rendimento superior da porção comestível (cortes desossados e aparados

do excesso de gordura) e carne com maciez, suculência, sabor e aroma adequados

(LUCHIARI FILHO, 1995; FELÍCIO, 1997).

Algumas características quantitativas da carcaça têm sido usadas para se estimar

o rendimento de cortes comerciais, incluindo-se o tecido muscular e a uma quantidade

aceitável de gordura, sem a necessidade de se efetuar a separação física dos tecidos da

carcaça. Dentre estes, incluem-se o comprimento da carcaça, a área transversal do

músculo Longissimus dorsi (área de olho de lombo) e a espessura de gordura

subcutânea, os dois últimos tomados à altura da 12ª costela.

Geay (1975 citado por ALVES et al 2004) salienta que o rendimento de carcaça,

calculado sobre o peso corporal vazio, é mais consistente que em relação ao peso vivo,

em função da variação a que o peso do conteúdo gastrintestinal está suscetível (10 a

20% do peso vivo). Essa variação pode ser decorrente da influência do tempo em jejum

dos animais antes do abate, da raça, do tipo da dieta, do sexo (SEIDEMAN et al., 1982),

do peso de abate e/ ou da idade e do grau de engorda (FIELD e SCHOONOVER, 1967;

PRESTON e WILLIS, 1974). Da mesma forma, o peso do couro e da cabeça também

podem influenciar o rendimento de carcaça (GONÇANVES, 1988; GALVÃO, 1991;

PERÓN et al., 1991; JORGE, 1997).

Segundo Müller (1980), a área de olho de lombo, utilizada em conjunto com

outros parâmetros, auxilia na avaliação do rendimento em cortes desossados da carcaça.

Em adição, Crouse e Dikeman (1976) e Fernandes (2001) demonstraram relação

positiva entre a área de lombo e várias medidas de rendimento de carcaça.

Segundo Alves et al. (2004) a composição física da carcaça, normalmente

expressa em termos de porcentagem de ossos, músculo e tecido adiposo, é avaliada com

o propósito de determinar possíveis diferenças existentes entre animais, devido a fatores

genotípicos ou ambientais.

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O objetivo deste trabalho foi testar a utilização da Calcarea carbonica 30CH e

Calcarea phosphorica 30CH na dieta de bovinos de dois grupos genéticos, não

castrados e confinados, quanto à qualidade da carcaça e composição corporal.

4 - MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi realizado na Unidade Universitária de Aquidauana da Universidade

Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Aquidauana - MS.

Foram utilizados 39 bovinos, machos, não castrados de dois grupos genéticos,

sendo 20 ½ Simental x ½ Nelore, e 19 ½ Holandês x ½ Nelore. O peso inicial médio

dos animais foi de 325 kg, representativo do peso vivo inicial de animais encaminhados

à terminação.

Os animais foram alojados em grupos de cinco, em baias com piso de cascalho,

com cerca de 80 m2 cada e área coberta de 10 m2, providas de bebedouro e cochos para

alimentação.

Antes do início do experimento, os animais foram vacinados contra Botulismo e

Carbúnculo, e vermifugados com Ivermectina a 1% para controle e tratamento de endo e

ectoparasitos. Além disto, receberam 2.000.000 de unidades internacionais de vitamina

A.

Os animais foram alimentados com dietas compostas por 50% de concentrado

(tabela 1) e 50% de volumoso, balanceadas segundo o NRC (2000) para um ganho de

peso vivo diário de 1,2 kg. Nos primeiros 64 dias de confinamento, a porção volumosa

da dieta era composta por 80% de silagem de milho e 20% de feno de aveia picado

grosseiramente, a partir daí a porção volumosa passou a constituir-se apenas de silagem

de milho.

A metade dos animais recebeu uma mistura de Calcarea carbonica e Calcarea

phosphorica na proporção 1:1, veiculadas em carbonato de cálcio, na diluição de CH

30. As Calcareas foram misturadas ao premix mineral do concentrado de forma a

garantir um consumo médio de dois gramas por animal /dia.

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Tabela 1. Composição da ração concentrada fornecida aos animais do experimento.

Ingrediente %

Milho 83,00

Farelo de Soja 15,02

Uréia 1,17

Premix Mineral 0,81

A ração foi fornecida uma vez ao dia e os cochos completados, se necessário, cerca de

14 horas após a alimentação. Tanto a quantidade de ração fornecida diariamente como as

sobras semanais foram registradas para determinação do consumo médio de cada grupo

genético.

Os animais foram pesados a cada 28 dias. À medida que um animal aproximava-se do

peso de abate pré-estabelecido (entre 15 e 17 arrobas), era definida a data de abate a partir de

uma projeção da evolução do peso vivo do animal com base no ganho de peso médio diário

do último período. Por exigência do frigorífico onde eram realizados os abates, os animais

eram abatidos em lotes com 15 ou 30 animais. Antes do abate, os animais foram submetidos a

um período de jejum de 16 horas.

De cada animal abatido pesou-se o sangue, orelha, chifres, máscara, rúmen, retículo,

omaso, abomaso, intestino delgado, intestino grosso, mesentério, gordura visceral, carne

industrial, gordura interna cavitária, fígado, coração, rins, baço, pulmão, língua, couro, cauda,

esôfago, traquéia, aparelho reprodutor, cabeça e pés. Nesta oportunidade também foi medido

o comprimento da meia carcaça direita.

As duas meias-carcaças foram pesadas no dia do abate e, posteriormente, resfriadas

em câmara fria (– 5º C), durante um período de 24 horas. Após esse período, coletou-se uma

amostra representativa da meia-carcaça esquerda, correspondendo à seção da 9ª à 11ª costela,

segundo Hankins e Howe (1946, citado por SANTOS et al., 2002), seção H x H, para

posteriores dissecações e determinação dos componentes físicos das carcaças. Também foram

medidas a área da seção transversal do músculo Longissimus dorsi (Área de Olho de Lombo

– AOL) e a espessura de gordura subcutânea na posição da 12a costela.

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O total de órgãos foi determinado pela soma dos pesos da carne industria l, fígado,

coração, rins, baço, pulmão e língua. Já o total de vísceras foi calculado pela soma dos pesos

do rúmem, retículo, omaso, abomaso, intestino delgado, intestino grosso, mesentério, gordura

visceral, esôfago, traquéia e aparelho reprodutor.

A gordura visceral total foi determinada pela soma do mesentério e da gordura

visceral. Já a gordura interna total, pela soma da gordura visceral total e da gordura interna

cavitária. A gordura corporal total foi determinada pela soma da gordura da carcaça e da

gordura interna total.

O peso do corpo vazio dos animais foi determinado pela soma do peso de carcaça,

sangue,orelhas, chifres, máscara, cabeça, couro, cauda, pés, vísceras e órgãos.

O comprimento da meia carcaça direita foi medido, partindo-se da porção anterior

medial da primeira costela até o ponto médio da curvatura do osso púbis.

A partir das proporções de músculo, tecido adiposo e ossos na seção H x H,

determinou-se a proporção dos mesmos na carcaça, segundo as equações desenvolvidas por

Hankins e Howe (1946).

Músculo: Y = 16,08 + 0,80 X;

Tecido Adiposo: Y = 3,54 + 0,80 X;

Ossos: Y = 5,52 + 0,57 X;

em que X é a percentagem dos componentes na seção HH.

Para o estudo de todas as características utilizou-se um modelo estatístico que

considerava os efeitos do grupo genético, do tratamento com as Calcareas e da

interação entre grupo genético e tratamento com Calcareas. Como não foram

observadas interações significativas, avaliaram-se os dados de ambos os grupos

genéticos em conjunto.

Nas análises de variância utilizou-se o teste F, a 5% de probabilidade. Na

comparação das médias aplicou-se o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade,

ou o teste T de Student, de acordo com o coeficiente de variação de cada característica,

conforme sugestões de Sampaio (1998).

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5 - RESULTADOS E DISCUSSÂO

O consumo diário de matéria seca, a conversão alimentar, o ganho médio diário

de peso e o peso vivo de abate não foram afetados (P>0,05) pelo tratamento com

Calcareas (tabela 2).

Observou-se um consumo diário de matéria seca (CDM) correspondente a

2,31% do peso vivo dos animais tratados com Calcareas e a 2,38% do PV para os não

tratados. Estes resultados são bem semelhantes ao predito pelo NRC (2000), que

preconiza valores em torno de 2,38% do peso vivo para animais nestas condições.

Junqueira et al. (1998) trabalhando com animais F1 Marchigiana X Nelore

consumindo uma dieta com 40% de volumoso e 60% de concentrado, relataram

consumo diário de matéria seca abaixo do encontrado neste trabalho (2,15% do PV).

Isto pode ser atribuído ao maior peso inicial dos animais e à dieta mais rica em energia,

reportados por estes autores.

Diferente do observado neste experimento, Briones (1987), citando um trabalho

com suínos castrados, observou uma melhor conversão alimentar nos grupos tratados

com Calcarea phosphorica (2,745), seguidos pelos tratados com Calcarea carbonica

(2,886). Ambos os grupos apresentaram ainda melhor (P<0,05) conversão alimentar

quando comparados com o controle.

Este autor observa ainda que, ao final do período experimental de 112 dias, os

pesos alcançados pelo grupo tratado com Calcarea carbonica (83,89 kg) e com

Calcarea phosphorica (86,44 kg) foram significativamente superiores (P<0,05) ao

grupo controle (77,42 kg). Neste mesmo trabalho, o autor relata ainda um experimento

com frangos onde observou, no grupo tratado com uma combinação de calcareas

(Calcarea carbonica D6, D12, D18 + Calcarea fluorica D6, D12, D18+ Calcarea

phosphorica D6, D12, D18) na fase de recria e engorda, um peso 12,1% (P< 0,01)

superior ao grupo controle.

Já a semelhança do peso médio de abate dos animais tratados ou não com

Calcareas aqui observada foi obtida graças ao acompanhamento preciso da evolução do

peso vivo dos animais experimentais.

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Tabela 2. Médias por quadrados mínimos do consumo diário de matéria seca (CMD), da

conversão alimentar (CA), do ganho médio diário de peso (GMD) e do peso vivo ao

abate (PV), de bovinos cruzados de dois grupos genéticos, tratados ou não com

Calcareas.

Tratamentos CMD

(KgMS/DIA)

CA

(KgMS /

Kg GPV)

GMD

(kg/d)

PV

(Kg)

Com Calcareas

10,47

7,27

1,506

452,68

Sem Calcareas 10,81 7,49 1,463

452,54

C.V. (%) 3,27 6,92 14,24 4,33

Na tabela 3, são apresentadas as médias do peso de corpo vazio (PCVZ), do

rendimento de carcaça quente (RCQ), do total de vísceras (VIS) e de órgãos (ORG) dos

animais experimentais, todos expressos em porcentagem do peso vivo.

Não houve diferenças (P>0,05) entre os tratamentos quanto ao peso de corpo

vazio, expresso como porcentagem do peso vivo. Os valores aqui observados foram

semelhantes ao proposto pelo NRC (2000) (89,1 %). Ambos os valores, entretanto,

ficaram abaixo do encontrado por Fontes (1995), revisando diversos trabalhos

realizados em condições brasileiras (92,58 %).

Foi observada uma tendência (P<0,10) de que o peso relativo de órgãos dos

animais tratados com Calcareas fosse menor que daqueles não tratados. Os valores aqui

observados foram superiores aos reportados por Fernandes (2001) e por Alves et al.

(2004), ambos trabalhando com animais cruzados. Neste último trabalho, no entanto, o

peso da carne industrial e da língua não foram computados no total de órgãos, o que

pode justificar parte desta diferença.

Observou-se um peso relativo das vísceras dos animais tratados com Calcareas

menor (P<0,05) que daqueles não tratados.

Os valores aqui observados para porcentagem de vísceras em relação ao peso

vivo ficaram abaixo dos encontrados por Fernandes (2001), que trabalhou com animais

F1 Nelore x Caracu, F1 Nelore x Holandês e Nelores. Este autor observou valores de

12

9,77 % , 9,42 % e 9,62 % respectivamente. Ainda segundo este autor, animais

submetidos à seleção leiteira tendem a privilegiar maior desenvolvimento de órgãos e

vísceras, com o intuito de aumentar a capacidade de ingestão de alimentos e a maior

atividade metabólica dos mesmos. Por outro lado, as raças zebuínas de corte possuem

um perfil de adaptação a condições ambientais adversas. Esta situação beneficia animais

de baixo metabolismo basal, com menores tamanhos de vísceras e órgãos menos ativos.

Isto nos permite inferir que um dos efeitos do uso das Calcareas tenha sido a redução

do metabolismo basal dos animais, ou que poderia permitir um maior aporte de

nutrientes para produção.

Observou–se ainda uma tendência (P<0,10) dos animais tratados com Calcareas

apresentarem um maior rendimento de carcaça quente. Esta tendência parece estar

diretamente ligada aos menores pesos relativos de órgãos e vísceras aqui observados, já

que o peso vivo e o peso de corpo vazio dos animais não diferiram.

O rendimento de carcaça obtido neste trabalho foi menor que os observados por

Fernandes (2001), sendo superior, no entanto, ao rendimento de 54,96 % encontrado por

Alves et al. (2004) em bovinos ½ sangue Holandês x ½ sangue Guzerá e ½ sangue

Holandês x ½ sangue Gir. Neste último experimento, uma dieta mais rica em volumosos

fornecida aos animais experimentais pode explicar um maior desenvolvimento do trato

gastro- intestinal, com efeitos inversos sobre o rendimento de carcaça dos mesmos.

Tabela 3. Médias por quadrados mínimos do peso de corpo vazio (PCVZ), do

rendimento de carcaça quente (RCQ), do total de vísceras (VIS) e do total de órgãos

(ORG), expressos como porcentagem do peso vivo de bovinos cruzados de dois grupos

genéticos, tratados ou não com Calcareas.

Tratamentos PCVZ

(%PV)

RCQ

(%PV)

VIS

(%PV)

ORG

(%PV)

Com Calcareas

90,26a

55,99 a

8,18a

4,78 a

Sem Calcareas 89,37 a 55,09 a

8,71b 4,95 a

C.V. (%) 2,19 2,78 7,12 5,65

Médias na mesma coluna, seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tuckey ao nível de 5% de

significância.

13

A tabela 4 apresenta as médias de comprimento de carcaça, de área de olho de

lombo e de espessura de gordura subcutânea dos animais experimentais, parâmetros

normalmente utilizados para se estimar o acabamento e as proporções das partes

comestíveis da carcaça.

Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os tratamentos com relação ao

comprimento de carcaça e à área de olho de lombo. A área de olho de lombo medida por

Fernandes (2001) em animais ½ sangue Holandês X ½ sangue Nelore foi maior

(80,23cm) do que a observada neste experimento. Já os valores de comprimento de

carcaça aqui observados são bastante semelhantes aos encontrados por este autor.

Euclides Filho et al. (1997), por sua vez, trabalhando com animais ½ sangue

Simental x ½ sangue Nelore, e abatidos com 440 kg de peso vivo, observou

comprimentos de carcaça inferiores (variando de 1,20 a 1,25m). Jorge et al. (1999)

lembram ainda que animais abatidos a maiores pesos vivos apresentam maior

comprimento de carcaça e área de olho de lombo, porém este resultado se inverte

quando se considera o comprimento de carcaça em função do peso do animal. Segundo

este autor, isto mostra que animais mais pesados apresentam carcaças mais compactas,

em conseqüência de um maior desenvolvimento dos seus tecidos moles, especialmente

adiposo e muscular, na fase em que já ocorreu desaceleração do tecido ósseo. As

maiores áreas de olho de lombo destes animais devem refletir exatamente esta situação.

Os animais tratados com as Calcareas mostraram tendência (P<0,10) a

apresentar uma maior espessura de gordura que os não tratados. O alto coeficiente de

variação (36,28%) observado para esta característica indica que fatores não controlados

interferiram na resposta, o que pode ter prejudicado a acurácia da análise, impedindo

que a diferença observada (cerca de 22,9%) fosse significativa.

14

Tabela 4. Médias por quadrados mínimos do comprimento de carcaça (COMPCAR), da

área de olho lombo (AOL) e da espessura de gordura (ESPGORD) de bovinos cruzados,

de dois grupos genéticos, tratados ou não com Calcareas.

Tratamentos AOL

(cm2)

COMPCAR

(m )

ESPGORD

( mm )

Com Calcareas 64,22 1,28 4,12

Sem Calcareas 63,30 1,28 3,38

C.V. (%) 10,32 1,95 36,28

Os cortes comerciais da carcaça compreendem músculos, quantidades variáveis

de tecido adiposo e, em certos casos, ossos. As proporções estimadas de músculos (M),

ossos (O) e gordura (G) da carcaça em porcentagem do peso vivo e do peso da carcaça

são apresentadas na tabela 5.

Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os tratamentos quanto à

quantidade de músculo, osso e gordura da carcaça (tabela 5). Isto mostra que a

utilização das Calcareas não interferiu sobre a composição física final das carcaças

produzidas. Considerando-se este aspecto, a tendência observada de maior deposição de

gordura de cobertura quando da utilização das Calcareas (tabela 4) parece indicar uma

tendência do animal beneficiar este local de depósito de gordura, em detrimento da

deposição de gordura intra e inter muscular. Isto é importante quando se busca uma

carcaça com melhor cobertura de gordura e, ao mesmo tempo, uma carne menos

gordurosa.

Alves et al. (2004), trabalhando com bovinos ½ sangue Holandês x ½ sangue

Guzerá e ½ Holandês x ½ sangue Gir, observou proporções de músculo, gordura e osso

semelhantes às encontradas neste experimento. Já Peron et al. (1995) trabalhando com

animais Nelore, ½ sangue Holandês x ½ sangue Nelore , ½ sangue Chianina x ½ sangue

Nelore , ½ sangue Holandês x ½ sangue Gir e 1/4 sangue Holandês x 3/4 sangue Gir

obtiveram menores proporções de músculo em relação à carcaça (52,42 %), e maiores

ossos (19,50 %) e gordura (28,08 %). Estas diferenças podem ser explicadas pela maior

quantidade de ossos em raças grandes (como a Chianina) e à dieta mais rica em energia

fornecida aos animais naquele experimento.

Já Galvão et al. (1991), utilizando bovinos machos, não castrados, das raças

Nelore, F1 Nelore x Marchigiana e F1 Nelore x Limousin, observaram proporção de

15

músculos na carcaça dos animais Nelores próxima à deste experimento. A proporção de

ossos de todas as raças ficou um pouco abaixo do aqui observado (entre 14,71 % e

15,42 %). Por outro lado, a proporção de gordura aqui observada foi semelhante à dos

animais F1 Nelore x Marchigiana e dos F1 Nelore x Limousin e inferior à observada

nos Nelores.

Tabela 5. Médias por quadrados mínimos das porcentagens, em relação ao peso vivo e

ao peso de carcaça, da quantidade de músculos (M), de ossos (O) e de gordura (G) da

carcaça de bovinos cruzados, de dois grupos genéticos, tratados ou não com Calcareas.

Tratamentos M

( % PV)

O

( % PV)

G

( % PV)

M

( % CARC)

O

(%CARC)

G

(% CARC)

Com Calcareas

32,73

9,60

13,9

58,42

17,15

24,85

Sem Calcareas

32,07 9,42 13,85 58,18 17,11 25,16

C.V. (%) 6,38 7,18 8,07 4,42 7,23 8,94

Na tabela 6 são apresentadas as médias de gorduras visceral, cavitária, interna

total e total como porcentagens do peso vivo, e de gorduras interna e da carcaça

expressas como porcentagem da gordura total.

Observou-se menos (P<0,05) gordura visceral e cavitária nos animais tratados

com Calcareas em relação àqueles não tratados. Como conseqüência, o total de gordura

interna também foi significativamente menor (P<0,05) nos animais tratados com

Calcareas.

Já a gordura total do corpo animal não variou significativamente entre os

tratamentos. Por outro lado, a porcentagem de gordura interna em relação à total foi

menor (P<0,05) e a de gordura da carcaça maior (P<0,05) no grupo dos animais tratados

com Calcareas.

Estes resultados sugerem um deslocamento do sítio de deposição de gordura

interna para a carcaça nos bovinos tratados com Calcareas, sem que se observe, no

entanto, aumento da quantidade total de gordura corporal, o que aumentaria a demanda

de energia para ganho.

Uma vez que não se observou aumento significativo do total de gordura

depositada na carcaça (tabela 5), pode-se sugerir que o deslocamento do sítio de

16

deposição tendeu a beneficiar exclusivamente os depósitos subcutâneos de gordura

(Tabela 4) ao mesmo tempo em que reduziu os depósitos intra e intermuscular.

A menor deposição de gordura interna, pode ainda explicar, em parte, o menor

peso das vísceras e órgãos (tabela 3) observados em animais tratados com as Calcareas.

Fernandes (2001) observou que, do total de gordura corporal, os animais de

origem leiteira tendem a depositar maior percentual na forma de gordura visceral, ao

contrário dos animais oriundos de seleções para corte. Neste contexto, o tratamento com

as Calcareas induziu uma resposta fisiológica semelhante àquela observada em grupos

genéticos que têm origem em raças tradicionalmente selecionadas para corte.

Tabela 6. Médias por quadrados mínimos, expressas em porcentagem do peso vivo, da

gordura visceral total (GVIT), da gordura cavitária (GCAVT), da gordura interna total

(GINT), e da gordura total (GT); e médias por quadrados mínimos da gordura interna

total (GINPT) e da gordura da carcaça (GCARPT), expressas em porcentagem da

gordura total, de bovinos cruzados, de dois grupos genéticos, tratados ou não com

Calcareas.

Tratamentos GVIT

(%PV)

GCAVT

(%PV)

GINT

(%PV)

GT

(%PV)

GINPT

(%GT)

GCARPT

(%GT)

Com Calcáreas

1,42a

2,05a

3,47a

17,38ª

19,99a

80,01a

Sem Calcáreas

1,64b 2,24b 3,88b 17,73ª 21,87b 78,13b

C.V. (%) 17,78 12,26 12,70 7,85 9,57 2,54

Médias na mesma coluna, seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tuckey ao nível de 5% de

significância.

6 – CONCLUSÕES

Ambos os grupos genéticos reagiram de forma semelhante ao tratamento com

Calcareas.

O tratamento com as Calcareas mostrou tendência a melhorar o rendimento de

carcaça dos animais, na medida em que reduziu os tamanhos de órgãos e vísceras dos

mesmos.

17

O tratamento alterou os sítios de depósitos de gordura no corpo animal,

deslocando depósitos de gordura interna para a carcaça, tendendo a priorizar os

depósitos de gordura subcutânea nesta.

Novas pesquisas são necessárias para se validar os resultados aqui observados,

bem como para que se avalie a resposta à utilização de Calcareas em animais de outros

grupos genéticos, planos nutricionais, estágio fisiológico e sexo. Sugere-se ainda,

nessas novas pesquisas, a inclusão da avaliação das características organolépticas da

carne.

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