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1 SUMÁRIO
2 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3
3 O QUE É AUTISMO, DAS CAUSAS AOS SINAIS E O TRATAMENTO
.............................................................................................................4
3.1 Sinais e Sintomas .................................................................. 11
3.1.1 Fatores de Riscos .................................................................... 8
3.1.2 A Prevenção ............................................................................. 8
3.1.3 O Diagnóstico ........................................................................... 9
4 Conheça 4 Tipos de Autismo e Suas Características ...................... 10
4.1 Quais São os Tipos De Autismo? .......................................... 11
5 COMO É O AUTISMO EM MULHERES? ........................................ 13
5.1 Quais os Principais Sintomas? ............................................... 14
6 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? ............................................... 15
7 EXISTE TRATAMENTO? ................................................................. 16
8 AUTISMO: SAIBA COMO IDENTIFICAR DE LEVES A SEVEROS. 16
9 O QUE CARACTERIZA O AUTISMO? ............................................ 17
9.1 Como Um Autista Organiza o Mundo Que o Cerca? ............. 18
10 INTERAÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS AUTISTAS ...................... 20
11 A DIFICULDADE DO DIAGNÓSTICO DE AUTISMO NO BRASIL21
12 QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS DE AUTISMO? ....................... 21
13 GRAUS DE AUTISMO .................................................................. 25
14 A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NA VIDA DO
AUTISTA............................................................................................................30
14.1 A Importância Escolar Para o Desenvolvimento Das
Habilidades Dos Autistas .............................................................................. 32
15 QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS DO AUTISMO LEVE? ........ 33
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16 APRENDA A IDENTIFICAR OS PRIMEIROS SINTOMAS DE
AUTISMO INFANTIL! ....................................................................................... 35
17 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E TRATAMENTOS PARA O
AUTISMO...........................................................................................................40
18 AUTISMO NA VIDA ADULTA: O QUE É PRECISO SABER? ...... 43
19 O PROTAGONISMO DA CRIANÇA COM AUTISMO ATRAVÉS DA
LEITURA: COMO INCENTIVAR? .................................................................... 46
19.1 Como Incentivar a Autonomia da Criança Com Autismo? .... 46
20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 49
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2 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro –
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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3 O QUE É AUTISMO, DAS CAUSAS AOS SINAIS E O TRATAMENTO
Fonte: eurekka.me
O autismo é uma palavra de origem grega (autós), que significa por si
mesmo. O termo é usado pela psiquiatria para denominar comportamentos
humanos que se centralizam em si mesmos, voltados para o próprio sujeito. Foi
postulado em suas primeiras formas, na década de 40, no ano de 1943, por Léo
Kanner, psiquiatra austríaco, residente nos Estados Unidos, dedicou-se ao
estudo e à pesquisa de crianças que apresentavam comportamentos estranhos
e peculiares, caracterizados por estereotipias (repetição de gestos), por outros
sintomas aliados a uma imensa dificuldade no estabelecimento de relações
interpessoais. De acordo com Kanner, o autismo tinha causa sediada em pais
altamente intelectuais, indivíduos emocionalmente frios e dotados de pouco ou
nenhum interesse nas relações humanas infantis.
Assim, Kanner definiu o autismo como um distúrbio infantil caracterizado por uma inabilidade inata de relacionar-se afetivamente com outras pessoas, apresentando uma minuciosa descrição desse transtorno (KAJIHARA 2014, apud, SANTOS, 2015 p. 25).
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O termo “autismo” perpassou por diversas alterações ao longo do tempo,
e atualmente é chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA, 2014).
A terminologia é utilizada pela Psiquiatria para denominar comportamentos
humanos que se centralizam em si mesmos, voltados ao próprio sujeito. Essa
terminologia foi utilizada pela primeira vez por Bleuler em 1919 para fazer alusão
à perda de contato com a realidade e consequente dificuldade ou impossibilidade
de comunicação.
O autismo refere-se a um grupo de transtornos caracterizados por uma
tríade de prejuízos qualitativos, quanto à interação social, à comunicação e a
comportamentos, que poderão variar em menor ou maior agravo para a criança.
Pode vir associado a múltiplas etiologias, havendo inclusive, a participação de
fatores genéticos e ambientais.
A condição, popularmente conhecida como autismo, possui, na realidade, 4
tipos diferentes de apresentação: 1. Transtorno Autista; 2. Transtorno
Desintegrativo da Infância; 3. Transtorno Generalizado do Desenvolvimento
Não-Especificado; 4. Síndrome de Asperger. A junção dos quatro tipos de
apresentação do problema é classificada como Transtorno do Espectro do
Autismo (TEA).
O autismo diante do mundo em que vivemos, ditos normais, pode ser
considerado como um território pouco explorado, porém cabe enfatizar que os
autistas apresentam um desenvolvimento físico normal. Mas têm grande
dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em
um mundo isolado. Neste contexto, é relevante entender as questões que
permeiam os autistas; logo, vale evidenciar que não se sabe ao certo o que
causa o autismo. Pautada na psicanalítica, os estudiosos da época afirmavam
que o que gerava o transtorno era a ruptura da ilusão de continuidade do bebê
com a mãe, ou seja, relação afetivo-emocional descontruída de forma precoce
geraria os comportamentos inadequados presentes no espectro. (MOTA;
BRITES, 2019); porém através de estudos disponíveis, afirma-se que o TEA não
possui essa causa e, sim estando associado a explicações neurobiológicas.
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Diagnosticar o autismo não é tão simples, e vale ressaltar que ainda é um
grande desafio. Há intensas pesquisas e estudos sobre assunto, porém as
causas do autismo ainda são desconhecidas, sabe-se que a genética e fatores
externos desempenham um papel importante nas causas desse transtorno.
Por se tratar, de um transtorno neurobiológico complexo caracterizado por
déficits comportamentais, faz-se necessário observar suas manifestações de
comportamento e avaliar clinicamente para um diagnóstico preciso e que seja
feito de maneira precoce para que possa se obter resultados mais eficazes. O
quanto antes for identificado os sinais e sintomas, melhor será para o tratamento
e desenvolvimento da criança.
Os primeiros sinais do autismo, podem ser percebidos, geralmente, na
infância, entre os 2 e 3 anos de idade, período esse de maior interação das
crianças com pessoas e ambientes, com manifestos das principais
características, sendo elas: dificuldade em atividades que envolvam abstração,
interações sociais, comunicação verbal e não verbal. Os transtornos do espectro
do autismo (TEA) são considerados um dos mais severos
transtornos infantis.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):
O lactente pode demonstrar sinais de autismo desde os primeiros meses de vida. O atraso para adquirir o sorriso social, demonstrar interesse em objetos sorrindo para eles e movimentando o corpinho em detrimento a desinteresse ou pouco interesse pela face humana, o olhar não sustentado ou ausente, a preferência por dormir sozinho no berço e demonstrar irritabilidade quando ninado no colo, a ausência da ansiedade de separação e indiferença quando os pais se ausentam podem ser sinais precoces que indicam que o desenvolvimento precisa ser avaliado e que há a necessidade de estimulação precoce focada na socialização, linguagem e afeto dessa criança. Cabe ao pediatra inserir essa investigação nas consultas de puericultura.
Em relação a possíveis causas do autismo além do uso de vacinas,
atualmente há pesquisas que tentam relacionar como possível causa a
inflamação em células cerebrais. O estudo que intenta fazer essa relação é
desenvolvido no projeto “A fada do dente” coordenado por uma dupla de
neurocientistas brasileiros, Patrícia Beltrão (USP) e Alysson Muotri
(Universidade da Califórnia) da Universidade de São Paulo, a partir do dente de
leite de crianças diagnosticadas ou não com autismo que são doados para o
projeto possibilita entender as modificações que ocorrem no cérebro de crianças
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com autismo. Freire (2018) esclarece que a partir da recuperação de algumas
células extraídas do interior do dente de leite é possível recriar as células do
cérebro. Esses estudos confirmaram que a inflamação em células cerebrais
denominadas astrócitos tende a estar associada ao transtorno. As crianças com
diagnóstico de autismo apresentaram neurônios mais imaturos, menos
complexos e com menos ramificações e que realizam menos conexões. Ele
pontua ainda que, “[...] caso outros estudos confirmem a influência dessa
neuroinflamação sobre certas formas de autismo, talvez, no futuro, torne-se
possível desenvolver um tratamento farmacológico para o problema [...].”
(FREIRE, 2018, p. 50-52, apud LIMA e LIMA, 2019, p.15).
Anteriormente o problema era dividido em cinco categorias, entre elas a
síndrome de Asperger. Hoje, ele tem uma única classificação, com diferentes
graus de funcionalidade e sob o nome técnico de transtorno do espectro do
autismo (TEA).
Na forma qualificada como de baixa funcionalidade, a criança
praticamente não interage, vive repetindo movimentos e apresenta atraso
mental. O quadro provavelmente vai exigir tratamento pela vida toda.
Na média funcionalidade, o paciente tem dificuldade de se comunicar e
repete comportamentos. Já na alta funcionalidade, esses mesmos prejuízos são
mais leves, e os portadores conseguem estudar, trabalhar e constituir uma
família com menos empecilhos.
Há ainda uma categoria denominada savant. Ela é marcada por déficits
psicológicos, só que com uma memória fora do comum, além de talentos
específicos.
3.1 Sinais e sintomas
As crianças autistas vivem em mundo à parte criado por elas mesmas,
estabelecem relação com objetos que por elas fazem sentido, sejam cores,
formas e sabores. Os autistas se importam mais com as sensações do que com
as explicações e têm grande dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas
e dão mostras de viver em um mundo isolado. A lógica autista transcende nossa
limitada capacidade de compreendê-la. Porém, através do desenvolvimento da
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criança, é possível observar sinais iniciais desse transtorno. Os sintomas que
podem ser apresentados por qualquer criança autista, incluem:
– Bebês que evitam o contato visual com a mãe, inclusive durante a
amamentação
– Choro ininterrupto
– Apatia
– Inquietação exacerbada
– Pouca vontade para falar
– Surdez aparente: a criança não atende aos chamados
– Transtorno de linguagem, com repetição de palavras que ouve
– Movimentos pendulares e repetitivos de tronco, mãos e cabeça
– Ansiedade
– Agressividade
– Resistência a mudanças na rotina: recusa provar alimentos ou aceitar
um novo brinquedo, por exemplo.
3.1.1 Fatores de risco
Segundo pesquisas, homens são mais vulneráveis a desordens
neurológicas como o autismo do que mulheres, assim, a prevalência do
Transtorno Espectro do Autista é mais comum em homens do que em mulheres,
estima-se em 1 menina para cada 4 meninos. Os fatores de risco estão
relacionados a:
– Predisposição genética
– Poluição
– Infecções como rubéola durante a gravidez
3.1.2 A prevenção
O que se sabe é que o autismo é uma alteração genética e não é possível
sua prevenção, antes ou durante a gravidez, devido a fatores que estão
envolvidos no seu surgimento. Se o casal tiver alguns cuidados periódicos com
a saúde, é possível diminuir o riso de alterações genéticas, e nestas, inclui-se o
autismo.
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Na falta de causas comprovadamente capazes de provocar o autismo, a
recomendação para as grávidas é evitar ambientes com alto nível de poluição,
exposição a produtos tóxicos e ingestão de bebida alcoólica, por exemplo. Outra
medida bem-vinda é se vacinar contra rubéola para evitar essa doença
infecciosa durante a gestação.
Sabendo-se que as pesquisas sobre o autismo são muitas e
dispendiosas, há pesquisadores que já afirmam que ao optar por uma fertilização
in vitro diminui grandemente as chances da criança ser autista, devido a esse
método, excluir os embriões mais saudáveis.
3.1.3 O diagnóstico
Não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar
o autismo. Em geral, o médico considera o histórico do paciente, a observação
de seu comportamento e os relatos dos pais.
A partir daí ele costuma seguir critérios estabelecidos pelo Manual de
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou pela Classificação
Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. São observados
ainda traços como inabilidade para interagir socialmente e comportamento
restritivo e repetitivo.
A avaliação da criança com autismo exige um histórico cuidadoso do desenvolvimento físico e psicológico, das habilidades adaptativas nos diversos momentos e contextos. Devem ser verificadas evidências de perdas ou prejuízos, auditivos e atrasos motores. O diagnóstico é feito por exclusão, diferenciando os sintomas causados por fatores orgânicos, como convulsão e esclerose tuberosa, ou alterações por causas genéticas como a Síndrome do X Frágil. (FRANZIN,2014, apud, SANTOS 2015, p. 28).
Advertimos para o número considerável de diagnósticos equivocados,
principalmente nos extremos dos níveis de funcionamento intelectual. A hipótese
deve acontecer quando a criança entre um ano e um ano e meio não desenvolve
linguagem, não responde às abordagens, mas reagem de forma dramática aos
sons e objetos inanimados, como por exemplo, o som do aspirador de pó ligado.
Se por um lado há autistas gravemente incapacitados, que não
conseguem nem falar, por outro se encontra o problema em pessoas com alto
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desempenho em alguma habilidade, como pintar ou fazer contas matemáticas.
Pacientes de alta funcionalidade, com ausência dos sinais clássicos da doença,
muitas vezes acabam recebendo o diagnóstico correto apenas quando adultos.
Não há cura para o autismo. Remédios para lidar com ele só são
prescritos na presença de agressividade e de outras doenças paralelas, como
depressão.
O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando médicos,
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos. Em resumo, tudo isso
visa incentivar o indivíduo a realizar, sozinho, tarefas como se vestir, escovar os
dentes e comer. Isso, claro, sempre de acordo com o grau de dificuldade de cada
criança.
Quando as intervenções são feitas precocemente, há boa chance de
melhora nos sinais do autismo.
4 CONHEÇA 4 TIPOS DE AUTISMO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Dificuldades de comunicação, de linguagem e de socialização. De uma
forma bem ampla esses são os sintomas clássicos de uma pessoa com autismo
– um tipo de transtorno do desenvolvimento que tem sido cada vez mais
estudado e debatido pela sociedade, inclusive com personagens em novelas e
seriados.
Apesar de a condição estar mais em evidência, nem todas as pessoas
sabem que existem tipos de autismo diferentes e que, muitas vezes, é possível
sofrer com o autismo sem, necessariamente, demonstrar os sintomas mais
clássicos.
De acordo com os dados do Center of Deseases Control and Prevention, CDC, o autismo afeta 1 a cada 110 pessoas no mundo. Assim, a estimativa é que no Brasil existem mais ou menos 2 milhões de autistas. (Apud INGAGE R. 2019)
Apesar de ser uma condição antiga, foi apenas em 1993 que a síndrome
passou a integrar à Classificação Internacional de Doenças da OMS
(Organização Mundial de Saúde). E, em 2013, o autismo passou a ser chamado
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de Transtorno do Espectro Autista, justamente devido à comprovação de que
existem vários tipos de autismo.
Fonte: vittude.com
De uma maneira geral, o transtorno se define pela presença de déficits
persistentes na interação social e na comunicação. Até hoje ainda não se sabe
a causa precisa do autismo – e por isso o diagnóstico é realizado, principalmente,
por meio da observação do paciente.
Como o transtorno autista se relaciona a inúmeros elementos essenciais
da vida do indivíduo, diagnosticá-lo como autista e proceder com o tratamento
adequado é de suma importância, trazendo mais qualidade de vida a pessoa que
sofre com a condição.
4.1 Quais São os Tipos De Autismo?
Percebe-se que o autismo apresenta níveis de acordo com intensidade
dos sintomas, sendo necessário a distinção dos casos em leve, moderado ou
grave.
É possível que alguns autistas enfrentem dificuldades de aprendizado,
enquanto outros podem ter uma vida aparentemente “normal”, mas ainda assim
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sentirem que não se “encaixam” na sociedade, especialmente pelas dificuldades
de socialização.
Veja os tipos de autismo mais comuns e suas principais características.
1- Síndrome de Asperger
É considerada a forma mais leve entre os tipos de autismo e é três vezes
mais comum em meninos do que em meninas. Normalmente, quem possui a
síndrome conta com uma inteligência bastante superior à média e pode ser
chamado também de “autismo de alto funcionamento”.
Também é normal que esse autista se torne extremamente obsessivo por
um objeto ou um único assunto – e passe horas discutindo ou falando sobre o
assunto.
Se a Síndrome não for diagnosticada na infância, o adulto
com Asperger poderá ter mais chances de desenvolver quadros depressivos e
de ansiedade.
2- Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
Essa é uma “fase intermediária”, já que ela é um pouco mais grave que a
Síndrome de Asperger, mas não tão forte quanto o Transtorno Autista.
Nesse caso, os sintomas são muito variáveis. Porém, de uma maneira
geral o paciente apresentará:
• Quantidade menor de comportamentos repetitivos;
• Dificuldades com a interação social;
• Competência linguística inferior à Síndrome de Asperger mas superior ao
Transtorno Autista.
3- Transtorno Autista
São aqueles que apresentam sintomas mais graves que os dois outros
tipos de autismo. Neste caso, várias capacidades são afetadas de forma mais
intensa, como os relacionamentos sociais, a cognição e a linguística. Outro fator
bem comum é a presença intensificada dos comportamentos repetitivos.
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Esse é o tipo “clássico” de autismo e que costuma ser diagnosticado de
forma precoce, em geral antes dos 3 anos. Os principais sinais que indicam a
condição são:
• Falta de contato com os olhos;
• Comportamentos repetitivos como bater ou balançar as mãos;
• Dificuldades em fazer pedidos usando a linguagem;
• Desenvolvimento tardio da linguagem.
4- Transtorno Desintegrativo da Infância
É considerado o tipo mais grave do espectro autista e o menos comum.
Em geral, a criança apresenta um período normal de desenvolvimento, porém a
partir dos 2 aos 4 anos de idade, ela passa a perder as habilidades intelectuais,
linguísticas e sociais sem conseguir recuperá-las.
5 COMO É O AUTISMO EM MULHERES?
O autismo é uma síndrome que costuma apresentar sintomas mais
expressivos nos meninos do que nas meninas. E com isso muitas mulheres
podem passar a vida subdiagnosticadas, ou seja, estando em algum dos
espectros do Autismo, mas sem terem o diagnóstico fechado.
Normalmente, apenas as meninas com os tipos de Autismo mais graves
costumam receber o diagnóstico logo na infância, enquanto outras com níveis
mais leves passam “desapercebidas” ou com diagnósticos errados, como
transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de personalidade limítrofe,
agorafobia, entre outros.
Isso acontece, geralmente, porque as meninas apresentam menos
atitudes restritivas e repetitivas, além de conseguirem “camuflar” melhor os
sintomas, imitando comportamentos sociais de outras crianças da sua idade.
Porém, com a chegada da adolescência, essa “camuflagem” se torna
mais difícil de ser mantida, e muitas enfrentam a depressão e as síndromes de
ansiedade. Apesar disso, nem todas são diagnosticadas corretamente e levam
essas questões para a vida adulta, o que torna cada vez mais difícil para elas se
relacionarem e terem uma vida autônoma com qualidade.
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Não são raros os casos em que as mulheres apenas recebem o
diagnóstico de autismo quando adultas. A boa notícia é que cada vez mais os
pesquisadores têm buscado estudar o autismo em mulheres, desenvolvendo
métodos de diagnóstico que sejam mais precisos para elas.
Fonte: medium.com
5.1 Quais os Principais Sintomas?
São muitos os sintomas do espectro autista. Em geral eles são
observados logo na infância, mas, por existirem vários tipos e níveis, muitas
vezes o problema pode se alastrar até a vida adulta.
De forma geral, podemos citar como sintomas:
• entre 8 a 10 meses, a criança autista pode apresentar falta de resposta
quando for chamada e desinteresse com as pessoas ao redor;
• apresentam dificuldades em participar de brincadeiras em grupo,
preferindo sempre brincar sozinhas e dificuldades em interpretar
expressões faciais e gestos;
• crianças com autismo podem não balbuciar e nem aprender a comunicar
com gestos;
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• atraso anormal na fala;
• quando começam a falar, os autistas podem ter dificuldades para
combinar palavras em frases que façam sentido ou repetir a mesma frase
várias vezes;
• os comportamentos repetitivos e incomuns são sintomas clássicos,
algumas ações que podem estar presentes são: balançar o corpo, bater
as mãos, reorganizar objetos e repetir palavras e sons;
• quando adultos, os autistas podem se tornarem obsessivos por
determinados temas, como datas, números ou assuntos.
Além disso, alguns autistas podem apresentar: acessos de raiva,
hiperatividade ou excesso de passividade, necessidade intensa de repetição,
baixa capacidade de atenção, movimentos corporais repetitivos, dificuldades
para lidar com determinados ruídos, aumento ou diminuição da resposta à dor e
falta de empatia.
6 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
Em geral, o diagnóstico do autismo é clínico, ou seja, é realizado por meio
da observação direta do comportamento da criança, além de uma entrevista com
os pais ou os responsáveis. Normalmente, são os pais que notam os primeiros
sintomas – que costumam estar presentes logo nos primeiros 3 anos de vida da
criança.
Porém, em alguns casos, é possível que o diagnóstico seja feito apenas
na adolescência ou logo no início das atividades escolares – fase em que a
criança pode apresentar dificuldades para fazer amigos e se relacionar com os
colegas.
Em outras situações, principalmente nos níveis mais leves, o diagnóstico
apenas acontece na fase adulta. Nesses casos, é comum que o próprio paciente
perceba em si alguns dos sintomas e busque a ajuda de um psiquiatra ou
psicólogo.
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7 EXISTE TRATAMENTO?
Ainda que não exista cura, o autismo tem sim tratamento, capaz de
melhorar a qualidade de vida do paciente. Em geral, uma equipe multidisciplinar
é indicada, já que cada especialista trabalhará uma dificuldade específica do
autista.
Costuma-se indicar acompanhamentos com:
• fonoaudiólogo que poderá acompanhar a criança no desenvolvimento da
linguagem não-verbal e verbal;
• ludoterapia, ou seja, por meio de jogos e brinquedos o terapeuta trabalha
a interação social e o contato visual da criança;
• análise aplicada de comportamento, com o objetivo de amenizar
determinados comportamentos nocivos e estimular outros;
• grupos de habilidades sociais para praticar as interações sociais do dia a
dia e melhorar o comportamento social;
• medicamentos que, embora não sejam específicos para o autismo,
ajudam com possíveis problemas emocionais comuns no espectro como
ansiedade, hiperatividade, ataques de raiva, impulsividade, agressividade
e alterações de humor.
Como você viu, existem inúmeros tipos de autismo e também graus de
comprometimento, por isso nem todos os autistas são iguais ou apresentam os
mesmos sintomas.
De qualquer forma, é muito importante para o autista contar com uma rede
de apoio, em especial da família, compreendendo suas limitações e dificuldades
e ajudando-os a enfrentarem os seus desafios.
Para quem sofre com o autismo, a dica é sempre procurar ajuda, tanto
com profissionais especializados, como com grupos de autistas.
8 AUTISMO: SAIBA COMO IDENTIFICAR DE LEVES A SEVEROS
O autismo, que também pode ser conhecido como Transtorno do Espectro
Autista (TEA), consiste em um tipo de desenvolvimento atípico.
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O indivíduo que apresenta esse desenvolvimento atípico necessita de
alguns cuidados e atenções especiais em diversos aspectos da vida, inclusive
na educação.
O autismo consiste em um tipo de transtorno do desenvolvimento, que por anos vem desafiando a Ciência. Isso porque suas causas, mesmo que sejam bastante investigadas por diversas pesquisas, em diversos países, ainda são pouco conhecidas. (Apud FREITAS M. 2018)
O que se sabe é que os fatores genéticos são um dos fatores mais
importantes. E os métodos de diagnóstico que são utilizados atualmente vem
permitindo que cada vez mais casos venham sendo identificados.
As estimativas dos estudos sobre os casos de diagnóstico de autismo
consideram a incidência de um caso do transtorno a cada 100 crianças.
Existem graus diferentes do transtorno. Algumas crianças conseguem um
desenvolvimento bastante aproximado daquelas que possuem um
desenvolvimento típico.
Já outras, possuem quadros mais severos e possuem dificuldades
extremas no desenvolvimento, não chegando sequer a aprender a falar.
Poder identificar sinais de autismo precocemente é possível fazer o
diagnóstico do transtorno mais cedo.
Isso possibilita o tratamento adequado desde muito cedo. Contribuindo,
assim, para uma melhora na qualidade de vida e no desenvolvimento dos
portadores do transtorno.
Desta forma, conhecer os sinais, seja de quadros leves ou de quadros
mais severos do transtorno, é importante para que caso eles se apresentem os
responsáveis pela criança possam procurar o diagnóstico e um tratamento
adequado para o transtorno.
9 O QUE CARACTERIZA O AUTISMO?
O autismo é atualmente considerado como um tipo de distúrbio ou
transtorno do desenvolvimento. Ele é desencadeado através de condições que
podem ser genéticas e ambientais.
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É importante ressaltar que não é só uma condição apenas que pode
desencadear o transtorno.
Dessa forma, o entendimento é que tanto os fatores genéticos quanto os
ambientais influenciam para o surgimento do mesmo.
Essas condições são mais comuns do que era imaginado anteriormente
pela ciência. E podem ser encontradas nos mais diversos locais ou ambientes,
seja a escola, o trabalho, entre outros.
Atualmente, a medicina tem tratado o tema como um conjunto de
autismos. Isso por conta da enorme variabilidade em que o transtorno pode se
apresentar.
As características fundamentais do autismo são consideradas as
seguintes:
• Um prejuízo na comunicação;
• Um prejuízo na interação social;
• A presença de comportamentos repetitivos (os comportamentos
estereotipados).
Esses comportamentos repetitivos, também conhecidos como
comportamentos estereotipados, podem ser definidos como uma série de ações
executadas pelo indivíduo que não apresentam significado e são realizados de
forma repetitiva sem uma finalidade muito clara.
Pessoas com autismo costumam apresentar uma certa atração por
movimentos circulares.
Podem passar horas fascinadas e focadas nos movimentos giratórios de
um cata-ventos ou de um ventilador, por exemplo.
9.1 Como Um Autista Organiza o Mundo Que o Cerca?
O autista pode ser considerado um indivíduo metódico. Desta forma, o
mundo ideal para um portador desse transtorno é um mundo onde as coisas não
passam por mudanças.
Acordar sempre no mesmo horário, vestir a mesma roupa, tomar o café
da mesma maneira, todos os dias.
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Ou seja, a existência de uma rotina estruturada e fixa são confortáveis
para o portador de autismo. E qualquer variação nessa rotina causa um extremo
desconforto.
Tal desconforto pode ser manifestado até mesmo na execução de tarefas
simples, como a escolha de uma roupa para vestir.
Muito frequentemente, os portadores de autismo são intolerantes a
determinados sons. Além disso, apresentam uma grande dificuldade em
questões relacionadas a interação social.
Fonte: iped.com.br
Para essas pessoas, a movimentação, os sons e olhar dos outros no
ambiente a seu redor provocam um curto circuito em seus cérebros. Isso acaba
acarretando em desorientação e insegurança.
No autismo, a rede de neurônios responsável pela comunicação e pela
interação social está organizada dentro do cérebro de uma forma completamente
diversa das pessoas com desenvolvimento típico.
Inclusive, essa organização diversa da estrutura dos neurônios dos
autistas, pode ser responsável por criar nos portadores do transtorno algumas
habilidades especiais, que podem ser surpreendentes.
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10 INTERAÇÃO SOCIAL DE PESSOAS AUTISTA
Dentre os sintomas identificados no TEA, um deles é a interação social,
uma habilidade muitas vezes prejudicada pela incidência do transtorno. Por
conviverem com diversas situações como a hipersensibilidade, o indivíduo com
autismo pode não se sentir muito bem em determinados ambientes, devidos a
barulhos excessivos, ambientes agitados como espaço escolar por exemplo;
visto que, o ambiente escolar é um local mais oportuno para o desenvolvimento
de habilidades por meio de atividades que visam a diminuição de sintomas dos
comportamentos indesejáveis, além do estímulo a atitudes mais adequadas para
o convívio social.
Geralmente os autistas possuem uma grande dificuldade de perceber
sutilezas apresentadas na linguagem. Assim como de decifrar gestos, emoções
e intenções nas expressões faciais das outras pessoas.
É muito comum que autistas levem tudo ao pé da letra, não conseguindo
compreender metáforas e ironias, por exemplo.
Tais particularidades relacionadas ao transtorno, podem interferir também
nos relacionamentos afetivos dos autistas.
É provável que uma das características mais marcantes e intrigantes do
autismo, que se apresenta nos graus mais diversos do transtorno, esteja ligada
a questão do olhar.
Os seres humanos usam diversos tipos de interação para expressarem
afeto, tais como o toque físico e o contato visual. Um bebê com desenvolvimento
típico, já nasce com o impulso de fazer contato visual e do toque.
Entretanto, os autistas, de forma geral, não costumam ser capazes de
fazer contato visual.
Autistas costumam rejeitar aproximação e contato visual e físico com as
outras pessoas. Pois, isso pode causar um grande desconforto nos mesmos.
Todavia, esse fator não significa que eles sejam incapazes de sentir afeto
e de se interagir com outras pessoas. É preciso que familiares, educadores e
terapeutas busquem orientações e esclarecimentos que os possibilite aprender
formas de promover a interação social dos autista.
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11 A DIFICULDADE DO DIAGNÓSTICO DE AUTISMO NO BRASIL
Um dos fatores que mais dificulta o tratamento do Autismo é a demora na
identificação do transtorno.
O Autismo é um transtorno que se instala no decorrer dos 3 primeiros
anos de vida da criança, no momento em que os neurônios que coordenam a
comunicação e os relacionamentos interpessoais acabam deixando de formar as
conexões necessárias para um desenvolvimento típico.
Ainda que o transtorno não tenha cura, a demora no diagnóstico acarreta
em uma dificuldade no tratamento. Pois, perde-se um tempo em que esses
neurônios poderiam estar sendo estimulados no momento correto, para que a
criança possa ter um melhor desenvolvimento.
Enquanto em países como os EUA, os diagnósticos do transtorno costumam ocorrer antes dos 3 anos de idade, no Brasil, ele costuma ser identificado geralmente entre os 5 e 7 anos da criança. (Apud FREITAS M. 2018)
Esse atraso acaba agravando as deficiências no causadas pelo Autismo
e prejudica o desenvolvimento da criança. Consequentemente, aumenta o
sofrimento das famílias.
12 QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS DE AUTISMO?
Ainda que haja somente suspeita clínica, quanto mais precoce se inicia o
tratamento, maior a qualidade de vida.
Em geral, a partir de um ano e meio de idade, alguns sinais de autismo —
ou Transtorno do Espectro do Autismo, seu nome técnico — já podem aparecer,
até mesmo mais cedo em casos mais graves. Há uma grande importância de se
iniciar o tratamento o quanto antes, objetivando intervenção terapêutica
adequada, mesmo que haja somente uma suspeita clínica, pois quanto antes
iniciem-se as intervenções, maior será a qualidade de vida da pessoa.
O tratamento psicológico com evidência de eficácia, segundo a
Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção
comportamental — aplicada por psicólogos. A mais usada delas é o ABA (sigla
]
22
em inglês para Applied Behavior Analysis — em português, análise aplicada do
comportamento), embora existam outros. Como o tratamento para autismo é
interdisciplinar e adequado as necessidades especificas dos indivíduos, ou seja,
além da psicologia, pacientes podem se beneficiar com intervenções de
fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros profissionais.
Sinais em crianças
Estes são alguns dos sinais de autismo em crianças, mas é importante
destacar que apenas três desses sinais já justificam uma suspeita para se
consultar um médico neuropediatra ou um psiquiatra da infância e da juventude.
Testes como o M-CHAT (inclusive a versão em português) estão disponíveis na
internet para serem aplicados por profissionais.
Contato Visual —Um sinal muito comum na maioria das pessoas com
autismo, é não manter contato visual, ou pelo menos não olhar nos olhos por
mais de 2 segundos.
Atender pelo nome — Muitas vezes confundido por surdez ou algum
nível de deficiência auditiva, muitos autistas costumam não atender pelo nome
quando são chamados.
Isolamento — Não se interessar por outras crianças ou isolar-se, ainda
que estejam num ambiente com outras pessoas, é um dos mais comuns
comportamentos entre as pessoas que estão dentro do espectro do autismo.
Rotinas — Ser muito preso a rotinas, querem sempre fazer as mesmas
coisas, nos mesmos horários, ou ainda, ter os objetos nas mesmas posições e
ordem é outra característica muito comum na maioria dos autistas. A rotina traz
segurança e previsibilidade para todos nós. A maioria das pessoas com autismo,
porém, tem isso potencializado e pode ficar preso a rotinas, de maneira inflexível.
Brincar — Não brincar com brinquedos de forma convencional, como, por
exemplo, jogar um carrinho como se fosse uma bola, ao invés de colocá-lo no
chão e fazê-lo andar como um carro de verdade, pode ser comum entre crianças
no espectro do autismo. Ou ainda, focar em apenas uma parte do brinquedo,
como ficar girando apenas a rodinha do carrinho, é muito comum acontecer com
autistas.
]
23
Movimentos repetitivos — Fazer movimentos repetitivos sem função
aparente é outro sinal importante em muitas crianças com Transtorno do
Espectro do Autismo. Os mais comuns são o movimento de balançar
rapidamente as duas mãos soltas, chamado de “flapping”, e o balançar do tronco
para frente e para trás. Muitas crianças também mudam seus movimentos
repetitivos de tempos em tempos, como se fossem fases que se alteram.
Fala — Não falar ou não fazer gestos para se expressar é outra
característica presente em muitos autistas. Estatísticas dão conta de que um
terço das pessoas com TEA são não-verbais, ou seja, não usam a fala para se
comunicar — apesar de, muitas vezes, terem a capacidade de falar, mas não se
comunicam através da fala. Se expressar por comunicação não-verbal também,
como um gesto mostrar algo, também é um prejuízo notado em vários casos no
espectro. Técnicas de comunicação alternativa — até mesmo aparelhos para
esse fim — ajudam de maneira significativa essas pessoas.
Ecolalia — Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem
a devida função é a chamada ecolalia, presente também no rol de sinais de
autismo, presente tanto em autistas que estão adquirindo a fala até em
indivíduos pouco verbais que se comunicam somente com frases prontas que
ouviram em filmes, programas de TV, propagandas, músicas ou que escutaram
alguém dizer muitas vezes exatamente da mesma forma — em alguns casos,
até a entonação é a mesma —, porém sem contexto ou sem função. Há autistas
que se comunicam com contexto correto, mas usando frases prontas e são
extremamente rígidos em usá-las exatamente da mesma forma, sem
flexibilidade, como, por exemplo, responder a uma pergunta simples: “Você quer
suco? ” — e responde “Suco é muito bom para a saúde! ”; e se você perguntar
outra coisas sobre suco, como: “Tem suco na geladeira? ” — Responde a mesma
frase: “Suco é muito bom para a saúde! ”.
Compartilhar interesses e atenção — Mostrar para alguém algo que
você está interessado, achou legal, bonito ou trouxe algum incômodo é uma
atitude entre as pessoas, faz parte da interação social. Não compartilhar seus
interesses ou não olhar quando apontamos algo, por exemplo, é outro sinal bem
significativo entre as pessoas que estão dentro do espectro do autismo.
]
24
Fazer referência com adulto — Emocionalmente é importante a criança
olhar para o outro para fazer referência e co-regular suas emoções com um
adulto frente a algo incerto, algo com o qual não sabemos lidar e esse é um
déficit notado em muitos autistas. Um exemplo pode ajudar melhor: imagine a
cena de uma criança de um ano brincando sentada no chão e o adulto, seja o
pai ou a mãe, numa poltrona no mesmo cômodo; e cada um entretido com uma
atividade diferente, sem estarem interagindo. De repente, um objeto cai fazendo
um barulho alto. O bebê não sabe como reagir, não sabe se aquilo é bom ou
ruim, engraçado ou assustador. O comportamento esperado é que o bebê olhe
para o adulto para se co-regular emocionalmente, decidir que reação terá. Se o
adulto cair na gargalhada, é bem provável que o bebê dará risada também. Se
o adulto se assustar, ficar preocupado ou ainda chorar, é bem provável que o
bebê terá a mesma reação do adulto. Uma criança com autismo pode ignorar o
barulho e poderá nem olhar para o adulto, ainda que o pai ou a mãe tenham uma
reação de susto ou espanto. Muitas vezes confunde-se esse comportamento
com déficit auditivo, quando na realidade é comportamento ligado a dificuldade
na habilidade socioemocional.
Fonte: saredrogarias.com.br
]
25
Girar objetos — Alguns autistas têm uma obsessão em girar coisas, sem
uma função aparente. Outro relato comum é o de crianças que gostam de ficar
observando objetos que giram, como ventiladores, rodas de carros ou trem em
movimentos e máquinas de lavar roupas.
Interesses restritos, hiperfoco — uma quase obsessão por um assunto
específico é muito comum na maioria das pessoas com autismo, que querem ler,
se informar, falar sobre determinado tema — alguns chegam a tornar-se
praticamente um especialista no assunto. Por muitos, essa característica é
considerada uma vantagem em algumas áreas profissionais, a depender do
assunto de interesse.
Não imitar — É imitando que se aprende. E, não ter essa habilidade, pode
dificultar o aprendizado de muitas crianças com autismo, o que não é raro. Até
mesmo um bebê de dias de vida, instintivamente, imita — se você ficar abrindo
sua boca várias vezes, o bebê tenderá a abrir a boca também. Imitar é inato do
ser humano.
Faz-de-conta — Várias pessoas com autismo têm dificuldade em
pensamentos abstratos, são muito presas a conceitos concretos — o que explica
o fato de muitos adultos terem dificuldades com significados de duplo sentido ou
figuras de linguagem, como a ironia. Não brincar de faz-de-conta é uma
consequência desse déficit em crianças com autismo, que, por exemplo, não
simulam estar tomando café numa xícara de brinquedo vazia: “Não tem nada
dentro da xícara para eu tomar! ”
Há outros sinais relatados por famílias com crianças autistas, como andar
nas pontas dos pés; ser resistente (ou não demonstrar reação) à dor; não reagir
emocionalmente às emoções dos outros, como o sorriso motivado (sorrir de volta
para um sorriso), seletividade alimentar; mas ainda sem estudos que os
coloquem como sinais de autismo em volume significativo.
13 GRAUS DE AUTISMO
De acordo com o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria, não existem subtipos de
autismo, mas sim diferentes níveis ou graus do transtorno.
]
26
Esses graus são definidos de acordo com as habilidades e capacidades
da pessoa autista.
Autismo Leve
Também chamado de autismo de grau leve e autismo de nível 1, é
considerado um tipo sutil de autismo, diagnosticado a partir da observação de
alguns detalhes sobre o comportamento do indivíduo.
Veja alguns exemplos.
• Estabelece pouco contato visual com outras pessoas.
• Não dá prosseguimento aos diálogos.
• Não sabe se comunicar por gestos.
• Tem dificuldade em aceitar regras de imediato.
• É antissocial.
• Não costuma responder quando chamado pelo nome, entre outras
características.
No autismo leve a pessoa não apresenta dificuldades motoras ou na
linguagem, como acontece em alguns graus mais graves deste distúrbio.
Caso haja a suspeita de que a criança tenha autismo leve, os pais ou
responsáveis devem procurar um psicólogo ou pediatra para fazer exames.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será a resposta do
paciente ao tratamento e maiores as possibilidades de ajudá-lo a ter qualidade
de vida.
Muitas pessoas associam o autismo leve à Síndrome de Asperger,
principalmente devido à grande semelhança entre os sintomas encontrados em
ambas.
A diferença está no fato de a Síndrome de Asperger não afetar a
linguagem e os aspectos cognitivos da pessoa.
Além disso, quem tem Síndrome de Asperger costuma ter uma habilidade
de memorização bastante desenvolvida.
Autismo moderado
]
27
Também chamado de autismo de grau moderado e autismo de nível 2, o
autismo moderado tem como principais sintomas os transtornos de comunicação
e a deficiência de linguagem.
O autismo moderado é um meio-termo onde o autista não é tão
independente como no autismo leve, mas não precisa de tanto suporte como no
autismo severo.
A pessoa autista de nível dois apresenta alguma inflexibilidade
comportamental e pouca iniciativa de interação social.
Autismo severo
Também chamado de autismo de grau severo ou autismo de nível 3, o
autismo severo geralmente apresenta como principais sintomas a não
verbalização e a acentuada dependência.
A comunicação não-verbal também é bastante prejudicada.
O autista apresenta um grande nível de estresse e grande dificuldade em
lidar com mudanças de rotina.
Além disso, é frequente a pessoa autista de nível 3 apresentar
comportamentos repetitivos.
O autismo não tem cura. A criança com autismo se tornará um adulto com
autismo.
Porém, existem diversos tratamentos que ajudam a minimizar os sintomas
das pessoas que possuem esse distúrbio.
A criança com autismo deve ser acompanhada por um fonoaudiólogo que
a ajudará a desenvolver sua linguagem verbal e não verbal.
A terapia ocupacional ou comportamental também é importante para
ajudar o autista a desenvolver uma melhor resposta aos estímulos sensoriais.
Não existe um medicamento para o autismo e nem um tratamento geral,
visto que são aplicadas diferentes técnicas de acordo com a gravidade da
doença.
O constante acompanhamento psicológico feito por profissionais
qualificados é essencial para a aplicação de qualquer tipo de terapia.
]
28
14 AUTISMO E EDUCAÇÃO
Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em
seu título VII, capítulo III, seção I da Educação:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL/ CF, Art. 205 1988, n.p1).
Na busca por uma educação igualitária e inclusiva, a temática de inclusão
dos alunos com Transtorno do Espectro Autista ainda é amplamente discutida
no contexto educacional. São várias as limitações atuais que não promovem e
asseguram uma educação inclusiva efetiva, certos de que a educação traz
consigo a responsabilidade de preparar o indivíduo, construindo conhecimentos
e comportamentos indispensáveis para a sua convivência em sociedade.
Pensar em uma educação inclusiva, é repensar quanto ao papel do
professor, quanto as práticas inclusivas para lidar com as dificuldades e desafios
provindas para se promover a inclusão dos alunos autistas e, em políticas
públicas educacionais voltadas realmente pra uma educação inclusiva que
atendam à reais necessidades desse público.
Mesmo com a criação da Lei 13.146, de 16 de julho de 2015, na qual a
mesma postula que:
“A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”.
Apesar de amparo em legislações específicas à inclusão dos alunos com
Transtorno do Espectro Autista nas redes regulares de ensino, sabe-se que a
realidade das escolas e profissionais é desafiadora e perceptível que os direitos
nos tempos atuais, não se fazem cumprir. É reconhecer a necessidade de
capacitar os profissionais para a inclusão escolar, visando inserir práticas
]
29
pedagógicas voltadas para os alunos com autismo através de metodologias
diferenciadas de ensino.
Os psicólogos aconselham algumas atividades destinadas ao ensino dos
autistas, principalmente aquelas que envolvam o estímulo visual e a reprodução
de determinadas situações para exemplificar conceitos, por exemplo.
Nesse contexto, compreende-se a necessidade de políticas públicas
educacionais e inclusivas efetivas que visam garantir o acesso e a permanência
destes indivíduos em escolas regulares, reconhecendo as crianças autistas e
suas especificidades.
Curiosidades
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização
Pan-Americana de Saúde, 2017, 1 em cada 160 crianças são diagnosticadas
com autismo. Com os avanços em pesquisas e estudos científicos, afirma-se
que o Transtorno Espectro do Autismo – TEA, não consigna distúrbio de fundo
afetivo, mas especificamente um distúrbio do desenvolvimento.
Em 2017 foi sancionada uma lei no Brasil que institui a inclusão do
símbolo referente ao autismo nas placas de atendimento prioritário de
estabelecimentos privados e públicos. A lei foi publicada no Diário Oficial em
maio de 2017 e os estabelecimentos que a descumprirem ficam sujeitos a multas
e sanções.
Com o aumento da prevalência do Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA) e por não haver hoje no Brasil, dados oficiais sobre a quantidade de
autistas no país e nem sua localização, em julho de 2019, foi sancionada e
publicada no Diário Oficial da União - Seção 1 em 19/07/2019, a Lei nº
13.861/2019 que altera a Lei nº 7.853 de outubro de 1989; pelo Presidente da
República, para incluir as especificidades inerentes ao transtorno do espectro
autista nos censos demográficos e para que esses dados sejam efetivos e
acompanhados pelas políticas públicas brasileiras. Por isso, a nova Lei, que já
está em vigor, é considerada um avanço e uma vitória para as pessoas com
autismo e sua família; pois, atende aos anseios de organismos e movimentos
como: o Movimento Orgulho Autista Brasil – MOAB, o Capricha na Inclusão e
]
30
a Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo –
Abraça.
Com a edição dessa nova lei, finalmente a Política Nacional criada pela
Lei 12.764 editada em 2012 poderá ter mais eficácia. Com base no resultado do
Censo, os Governos podem desenhar e implementar políticas públicas que
atendam às necessidades desses cidadãos.
15 A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NA VIDA DO AUTISTA
O nascimento de uma criança é sempre um momento de alegria e
contentamento para família, o que se constitui um novo ciclo vital. Entretanto,
quando acontece alguma ruptura nesses planos, todos os membros da família
são diretamente afetados. Compreende-se que não é nada fácil receber o
diagnóstico do autismo e que esse momento se torna complexo e desafiador
pela família, devido a essa situação desencadear alterações na vida familiar
através das necessidades de acompanhamento da criança para seu
desenvolvimento. Nesse contexto, o processo de aceitação do diagnóstico é
difícil, delicado e permeado por um misto de emoções envolvidos são vários: o
choque, a tristeza, a raiva, a culpa e o medo. Por isso, é de fundamental
importância planejar essa revelação, com informações que facilitam a
compreensão e aceitação do problema da criança, permitindo aos familiares
estabelecer e buscar estratégias e apoio para o enfrentamento do problema.
Os pais e responsáveis também precisam de acompanhamento nesta
etapa, e ainda de conhecimento sobre o que é realmente o autismo e instruções
para como lidar com o desenvolvimento desta criança, para assim poder auxilia-
la no seu processo educativo e de desenvolvimento social.
[...] Cuidar de uma criança diagnosticada com autismo requer um
aprendizado constante e uma enorme capacidade de comemorar pequenos
progressos. Felizmente, a ciência está avançando rapidamente e já se conhece
uma boa parte da tarefa sobre como lidar com uma criança diagnosticada com
autismo [....] (BORBA e BARROS, 2018, pág. 2)
A família precisa estar disposta a auxiliar o autista nos tratamentos, para
que este possa viver com melhores condições de desenvolvimento social. É
]
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preciso, acompanhar, incentivar e ajudá-lo a vencer determinadas barreiras com
o auxílio e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar adequada a lidar
com esta criança e que possam estimular o seu desenvolvimento de muitas
maneiras.
Quando há a não aceitação do problema em si pela família, deparamo-
nos com um fator preocupante no acompanhamento e tratamento da criança
autista; e em muitos casos, percebe-se uma maior dificuldade da criança em
desenvolver suas habilidades, podendo em algumas situações agravar seu nível
autista, causando-lhes prejuízos no decorrer das etapas de sua vida, levando
essa criança ao recolhimento interno, buscando cada vez mais o isolando social.
Fonte: innovapsy.webnode.com
Com a entrada desta criança na escola, os responsáveis precisam estar
ainda mais presentes, pois, ali o autista pode se desenvolver ou não, e sua
participação neste processo é de suma importância para com o autista, a rotina
proposta, as questões visuais, as dificuldades no desenvolvimento das
atividades propostas e no processo de construção de conhecimento, nas suas
atividades do dia-a-dia, enfim, em todo o contexto de vida do autista a família
precisa estar presente.
Por isto, segundo CRUZ (2015, pág. 12) é necessário que:
]
32
O diagnóstico precoce e o atendimento especializado à criança e à família podem auxiliar no seu processo, aumentando sua capacidade de interação. Quando estimuladas adequadamente, de forma sistemática, podem ter bons resultados, daí a importância da família no processo desde o nascimento. (Apud SILVA A.B. 2018)
15.1 A Importância Escolar Para o Desenvolvimento Das Habilidades Dos Autistas
Sabemos que uma educação pública e gratuita é um direito de todos,
assegurados na nossa constituição e em todas as bases e diretrizes curriculares
brasileiras. Mas, nem sempre foi assim, por longos períodos, as crianças com
qualquer tipo de Necessidades Educativas Especiais (NEE) eram excluídas
deste convívio educacional e pior ainda, de toda uma sociedade. No Brasil, após
a Constituição de 1988, esse direito passou a ser obrigatório nacionalmente.
Hoje, sabemos que é lei e direito que toda criança com qualquer tipo de
NEE tem que ser incluída no sistema de ensino nacional. Mais esta inclusão não
é tão simples, ela precisa acontecer de forma adequada, com professores
capacitados, escola estruturada para receber qualquer criança,
acompanhamento educacional adequado que promova a construção de
conhecimentos e desenvolvimentos de habilidades naquele aluno, enfim, uma
gama de fatores está presente nesta inclusão e que podem prejudicar este aluno
ainda mais se não ocorrer de maneira adequada.
A escola nesse contexto tem de possuir capacidade de incluir aquele
aluno efetivamente, ou seja, estimulando suas habilidades, vencendo os
desafios diários da criança e da sociedade, porque não é só faze-lo aprender, e
sim que a sociedade o respeite e o aceite como ser humano igual, mais com
necessidades diferentes. Para isto a escola necessita, de estrutura física
adequada, acompanhamento especializado para aquele aluno, professores
capacitados a trabalhar com estas crianças, do apoio da família para que ela se
encontre presente nesse processo de adaptação e desenvolvimento, de
mudanças na pratica cotidiana como na linguagem, nos métodos educativos, na
rotina, e etc., para que aquele aluno realmente seja incluído, enfim, a escola
precisa estar capacitada para lhe dar com este novo alunado que precisa ser
incluído e aceitado.
]
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Na prática, o que temos são escolas ainda em grande maioria, sem
capacidade de incluir este aluno, que não possuem recursos e métodos
adequados para lhe dar com eles, famílias que não aceitam a criança como ela
é e não lhes fornecem um acompanhamento adequado, e professores sem
conhecimento do transtorno e sem qualificação adequada para atuar com estas
crianças. Quando pensamos no papel do professor, precisamos pensar que é
necessário que o professor esteja disposto para trabalhar com quaisquer
dificuldades que lhe apareça. Sua prática educacional deve esta adequada e
preparada para receber os alunos e suas necessidades. O professor precisa
sempre estar se atualizando, não apenas se acomodar nos conteúdos estudados
na graduação, mas buscar através de leituras e de especializações novos
conhecimentos para trabalharem com as crianças e não se surpreenderem
quando tiver que ensinar uma criança com autismo. (UCHÔA, 2015, pág. 20)
16 QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS DO AUTISMO LEVE?
Uma criança que apresenta os sintomas do autismo leve pode ser
facilmente percebida, correto? Não. Eis o que muitos pais temem quando não
sabem diferenciar o que pode ser o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou
uma introspecção, por exemplo.
As situações podem ser diversas até que os responsáveis pelo pequeno
descubram de fato que a criança convive com o distúrbio. No entanto, o caminho
tomado até esse ponto não é fácil, devido aos sintomas do grau mais leve do
transtorno.
Por que é difícil perceber as características mais comuns?
O motivo que torna essa percepção mais complicada é o fato de uma
criança com autismo leve desempenhar funções que um indivíduo sem TEA, e
da mesma faixa etária, exerce.
No entanto, vale destacar que se de um lado as competências são
colocadas em prática; por outro, o desenvolvimento de tais habilidades não
demonstra a mesma desenvoltura. A linguagem é uma das principais.
]
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Outra razão pela qual os sintomas do autismo leve não costumam ser
notados se dá em função de o pequeno ir à escola e até conseguir um pouco de
interação com os coleguinhas, mas de forma bem reticente, o que muitos
acabam confundindo com timidez.
Finalmente os pontos que podem indicar a existência do TEA em seu grau
mais leve. Vejam a seguir:
– Pouco contato visual;
– Interação social e conversas aquém do esperado para a idade;
– Não aceitar a imposição de regras;
– Inflexibilidade para modificar alguma coisa que faça parte da rotina;
– Linguagem verbal fluida, mas de forma mecânica;
– Ausência de contato visual constante (nesse caso, o pequeno costuma
olhar mais para a mão de seu interlocutor);
– Não costuma responder quando chamam por seu nome;
– Existência de estereotipias e repetições;
– Apego demasiado a um determinado objeto.
Autismo leve e o diagnóstico tardio
Considerando que o TEA não é possível ser confirmado por exames de
imagem, a maneira mais eficaz de se chegar ao diagnóstico é através da
observação de pais e professores. Logo depois, o passo que possibilita esse
resultado é a consulta médica.
No consultório, os responsáveis pela criança devem relatar ao
especialista tudo o que acontece na vida do pequeno, considerando a
abrangência da vida familiar, escolar e social. Essa abordagem é extremamente
importante para que o profissional realize seus procedimentos e chegue ao
diagnóstico de fato.
É sempre válido lembrar que quanto mais tardia for a descoberta, maiores
podem ser os impactos na vida do pequeno. Muitas situações corriqueiras
podem passar despercebidas.
Podem existir comorbidades no autismo leve?
]
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A resposta é sim. É comum haver comorbidades neurológicas em todos
os casos de autismo, inclusive nesse. As situações mais frequentes em
pacientes são as seguintes: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH), Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) e Transtorno Bipolar.
Isso demonstra a real necessidade de um tratamento que acompanhe a
criança por um bom tempo. Tal acompanhamento é fundamental para o processo
de desenvolvimento de habilidades, cuja evolução tende a resultar em uma
autonomia maior do pequeno frente aos desafios que surgirem na pré-
adolescência, juventude e fase adulta.
17 APRENDA A IDENTIFICAR OS PRIMEIROS SINTOMAS DE AUTISMO
INFANTIL!
Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-
americano, uma a cada 68 crianças nasce com autismo no mundo. O transtorno,
que se manifesta logo nos primeiros anos de vida, é uma espécie de pane do
desenvolvimento neurológico.
Há exames médicos que podem identificá-lo, mas é mais fácil perceber o
quadro dentro de casa. Por isso, é fundamental que os pais conheçam os sinais
iniciais de sua manifestação.
Sintomas de autismo infantil
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) afeta o desenvolvimento e acaba
comprometendo a capacidade da pessoa de lidar com o mundo que a cerca.
E é chamado de espectro por conta das suas variações, que acabam
fazendo com que o transtorno se manifeste de forma diferente em cada um. No
entanto, alguns sinais são mais frequentes e podem indicar a necessidade de
uma avaliação.
Como ainda não desenvolveram suas capacidades cognitivas, é mais
difícil saber se bebês muito pequenos têm ou não autismo. Por isso, o distúrbio
pode ser identificado pelos pais principalmente na linguagem corporal dos filhos.
]
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Ainda assim, alguns sintomas podem já surgir na primeira infância, como no
caso de bebês inquietos, que não dormem a quantidade de horas esperada,
choram muito ou só querem ficar no colo, independentemente de quem seja.
Nesse sentido, aliás, a criança autista geralmente não tem muita afeição.
Por isso, vai ao colo de qualquer pessoa. Também é preciso observar quando
dormem em posições estranhas ou preferem ficar sozinhas no berço em vez de
ter contato com os pais (em especial com a mãe).
Fonte: tuasaudee.com
A partir dos 5 meses
Os bebês sem autismo, a partir de cerca de 5 meses de vida, começam a
apresentar sinais de curiosidade, alegria e prazer no contato físico com outras
pessoas. Nas crianças autistas, porém, tais comportamentos são bem menos
intensos e frequentes.
Nessa mesma época, os pequenos também começam a reconhecer o
próprio nome, já atendendo ao “chamado” por meio de olhares ou risadas. Já os
bebês com autismo costumam levar um tempo muito maior para interagir nesse
tipo de situação.
Outro sinal que deve ser observado para identificar se o seu filho é autista
é que, à medida que for crescendo, ele pode apresentar mais dificuldade para
]
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falar do que as demais crianças. E, quando aprende, costuma se chamar pela
terceira pessoa (ele/ela) em vez de “eu”.
Após o primeiro ano
Pela Classificação Internacional de Doenças e pelo Manual Diagnóstico
Estatístico de Transtornos Mentais, a criança é considerada autista quando
demonstra prejuízo das três áreas cognitivas: interação, comunicação
e comportamento.
Os pediatras realizam uma série de exames, mas, se os sintomas ainda
forem leves, os testes podem não acusar alterações significativas. Dessa forma,
se torna essencial que os pais observem atentamente o comportamento dos
filhos no dia a dia.
Quando completam 18 meses, é possível fazer um teste de triagem
chamado M-CHAT, que conta com 23 questões sobre comportamento. Entre os
principais itens, se avalia:
• O interesse do pequeno em se relacionar com outras crianças;
• Se ele aponta para mostrar o que quer (um brinquedo, um copo d’água,
etc.);
• Se leva esses objetos para o pai ou a mãe;
• Se tem o hábito de imitar os adultos ao seu redor;
• A forma como responde ao ser chamado pelo nome (com o olhar, que
seja).
Após os 2 anos de idade ou mais
Alguns sintomas são bem característicos da criança com autismo, mas é
necessário que eles apareçam com certa frequência para que a patologia possa
ser considerada pelo especialista. Veja, abaixo, quais são eles:
Dificuldade de interagir socialmente
Uma característica que pode ser bem marcante é que as crianças com
autismo, nessa idade, não se deixam ser abraçadas por não gostarem de
receber carinho ou qualquer demonstração de afeto.
Ela passará quase todo o tempo brincando sozinha, ainda que esteja
rodeada de diversas outras crianças. Como não consegue realizar essa
]
38
interação e se relacionar com pessoas da sua idade, o isolamento acaba
acontecendo.
Não olhar nos olhos de alguém, dar gargalhadas em momentos que não
são apropriados (como batizados e casamentos) e brincar sempre com os
mesmos brinquedos são outros traços presentes.
Alterações comportamentais
Crianças autistas parecem muito corajosas e não possuem nenhum temor
de situações que representam perigo para a maioria das pessoas, como, por
exemplo, atravessar a rua sem olhar o trânsito. Outros sinais são:
• Ficar com o olhar “perdido no tempo”;
• Brincar com partes dos brinquedos;
• Não demonstrar que sente dor;
• Aparentar gostar de se machucar e de machucar outras pessoas de forma
proposital;
• Ficar muito agitada quando precisa se adaptar a uma nova rotina.
Dificuldade para se comunicar
É muito comum que crianças autistas fiquem caladas a maior parte do
tempo. Elas sabem falar, mas preferem não se expressar, ainda que sejam
questionadas sobre algum assunto. Outras características desse aspecto são:
• As expressões faciais são sempre as mesmas;
• Ao se sentirem desconfortáveis, olham com o canto do olho;
• Não atendem, mesmo sendo chamadas pelo nome;
• Referem-se a elas mesmas como “você”.
Comportamento nas brincadeiras
Nas brincadeiras, de forma geral, a criança autista também não se
comporta da forma como os adultos esperam.
Como não ficam muito confortáveis com o contato físico, não respondem
bem a brincadeiras de colo, como o “cavalinho”, nem gostam de imitar (fazendo
caretas, por exemplo). Também evitam a interação com outras crianças e
fogem de atividades em grupo como “esconde-esconde”.
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Quando estão sozinhos, os pequenos autistas não sabem usar
brinquedos simples, como carros ou peças de montar. E também não
entendem situações de “faz de conta”, como falar ao telefone ou dar comida
para uma boneca, por exemplo.
Além disso, têm uma propensão ao isolamento e a criar as próprias
distrações, com alguns comportamentos que podem até ser considerados
“estranhos” aos olhos das outras crianças.
Assim, a reclusão é bastante frequente, o que pode, ainda, interferir na
escola e nas relações sociais de forma geral.
Atividades do dia a dia
Mesmo em momentos não sociais, como a hora de dormir, as crianças
autistas também apresentam comportamentos diferentes.
Se o seu filho já é metódico desde cedo e gosta de seguir rituais antes de
comer e dormir, ou de realizar atividades muito repetitivas, isso pode ser um
indicativo de autismo.
Outros sintomas comuns são a falta da necessidade de chamar a atenção
dos pais (preferem se virar sozinhas) e atitudes agressivas com outras pessoas
e até com ela mesma.
Inclusão da criança autista
Ao descobrirem o autismo em seus filhos, muitos pais acabam isolando-
os. Contudo, privá-los do contato com os outros não é a melhor solução, já que
ele é necessário para que consigam conviver em sociedade de forma
independente quando estiverem mais velhos.
Dentro das escolas, também há certa dificuldade de acolhimento desses
alunos — que de modo algum devem ter seu empenho comparado ao dos
demais.
É comum que a criança autista não consiga realizar as mesmas atividades
junto aos colegas, ou que as faça de forma diferente. O importante é desenvolver
suas habilidades sociais e cognitivas.
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A política inclusiva é clara: a escola deve se adaptar ao aluno, e não o
contrário. Ocorre que ela ainda é muito recente, portanto nem todos os espaços
educacionais conseguiram se adaptar.
Por vezes, são usadas medidas facilitadoras, como professoras de
reforço, cuidadores e salas de aceleração.
Embora tais iniciativas ajudem os alunos a permanecer no ensino regular,
a solução ideal seria a capacitação dos docentes, para que pudessem
elaborar atividades pedagógicas direcionadas também essas crianças.
Diante disso, alguns pais acabam optando pelas instituições de ensino
especializadas, que prometem proporcionar o suporte adequado. De fato, elas
são muito importantes, mas acabam impedindo o aluno de estar em um meio
social com a diversidade e a cultura escolar.
Por isso, a questão da inclusão em escolas regulares ainda é bastante
debatida e deve ser bem avaliada pela família.
O essencial é que todos — pais, professores e profissionais do ambiente
escolar — estejam envolvidos, para que haja a melhor integração possível e o
aluno consiga desfrutar completamente desse espaço.
18 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E TRATAMENTOS PARA O AUTISMO
Treinamento dos pais e familiares
A participação dos pais e dos familiares é considerado um elemento
essencial nos programas de intervenção para crianças com autismo.
O pressuposto básico do treinamento comportamental dos pais é que o
comportamento das crianças seja aprendido e mantido através de contingências
dentro do contexto familiar, e que os pais possam ser ensinados a mudar essas
contingências para promover e reforçar o comportamento adequado.
Evidências baseadas em pesquisas feitas apoiam a recomendação do
treinamento para os pais como um método efetivo para o aumento das
habilidades sociais da criança.
No entanto, a maneira com a qual os pais são incorporados no processo
de intervenção é importante, assim como a individualização do programa de
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educação parental para se considerar diferentes circunstâncias e necessidades
familiares.
Apesar disso, nem todos os pais acabam se beneficiando do treinamento
em prol de seus filhos.
Fonte: nucleotatianaserra.com.br
Musicoterapia
A presença da música no tratamento do autismo é fundamental para que
ele consiga se relacionar melhor com o mundo ao redor. As melodias conseguem
mexer com as emoções, tornando mais provável que elas aflorem e aumentando
a vontade de se expressar do autista.
Há também outros benefícios da musicoterapia, como:
• Redução de movimentos estereotipados;
• Melhora da organização do pensamento;
• Redução da hiperatividade;
• Aumento da criatividade;
Todos esses benefícios costumam ser conquistados num tratamento de
longo prazo, porém é possível perceber mudanças positivas já nas primeiras
sessões.
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Análise Aplicada do Comportamento (ABA)
Tem como foco a produção de intervenções que sejam de relevância
social. Trata-se de um campo da psicologia que vem sendo aplicado para
compreender alguns desvios de comportamento e, por isso, é bastante utilizado
no tratamento do autismo.
A ABA permite uma análise completa, não olhando o indivíduo de forma
isolada, mas como parte de um todo, e fazendo uma associação entre o
ambiente, a aprendizagem e o comportamento humano.
Ela deve ser feita especificamente para cada criança, afinal cada uma
delas apresenta um comportamento diferente, que precisa ser analisado e
melhorado. Assim, diversos fatores pessoais são levados em consideração,
como, por exemplo, o ambiente no qual se vive.
Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com
Déficit relacionados com a Comunicação (TEACCH)
O TEACCH é um serviço clínico e programa de treinamento profissional
baseado na sala de aula, desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte,
em Chapel Hill, e iniciado em 1972 por Eric Schopler.
Esse programa tem sido amplamente incorporado nos contextos
educativos Norte Americanos, e tem contribuído significativamente para uma
base concreta de intervenções do autismo.
A abordagem do TEACCH é chamada de estrutura de ensino porque tem
como base a evidência e a observação de que indivíduos com autismo
compartilham um padrão de comportamentos, como as formas que os indivíduos
pensam, comem, se vestem, compreendem seu mundo e se comunicam.
Os mecanismos essenciais da estrutura de ensino TEACCH consistem
na:
• Organização do ambiente e de atividades de maneiras que possam ser
compreendidas pelos indivíduos;
• No uso dos pontos fortes dos indivíduos em habilidades visuais e
interesse em detalhes visuais para suprir habilidades relativamente mais
fracas;
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• No uso dos interesses especiais dos indivíduos para engajá-los no
aprendizado; e
• No apoio ao uso da iniciativa própria em comunicação significativa.
Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
Um crescente número de relatórios forneceu evidências moderadas para
a eficácia da abordagem da TCC para crianças em idade escolar e jovens
adolescentes com TEA.
Melhoras na ansiedade, na autoajuda e nas habilidades do dia-a-dia têm
sido relatadas, com 78% das crianças de 7 a 11 anos no grupo tratado com a
TCC classificadas com uma resposta positiva em teste.
As descobertas encorajam a consideração de abordagens da TCC
modificadas para abordar a ansiedade em crianças com TEA que tenham
elevado nível funcional, o que é importante, considerando que de 30 a 40% das
crianças com TEA relatam níveis altos de sintomas relacionados à ansiedade.
Tratamento farmacológico para sintomas-alvo
O tratamento farmacológico nos casos de TEA é altamente empregado
como uma abordagem de tratamento coadjuvante na maioria dos indivíduos ao
longo da vida.
As melhores metas estabelecidas pela farmacoterapia são para controlar
sintomas-alvo associados, como a insônia, a hiperatividade, a impulsividade, a
irritabilidade, as autoagressões, a falta de atenção, a ansiedade e a
comportamentos obsessivo-compulsivos.
19 AUTISMO NA VIDA ADULTA: O QUE É PRECISO SABER?
O autismo em adultos pode parecer improvável, mas é bastante possível
que as pessoas cheguem à fase adulta e não saibam que convivem há anos com
o TEA (Transtorno do Espectro Autista). Isso se deve ao fato de esses indivíduos
não manifestarem características moderadas ou severas do distúrbio.
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Como alguém consegue viver anos sem saber sobre sua condição?
A situação não é tão simples como parece. Muitas vezes, as pessoas
vivem normalmente, realizam atividades que fazem parte do que é considerado
normal: trabalham, estudam, prestam concursos públicos, convivem em sala de
aula regular e constituem famílias.
É verdade que ao longo de sua vida, alguns traços ganham evidências. É
comum que essas pessoas sejam bem inteligentes e consigam resolver
determinadas situações. Além disso, a capacidade cognitiva delas permite sua
autonomia. Contudo, é importante salientar a dificuldade que elas podem ter para
manter uma interação com seu interlocutor, contato visual, etc.
Não são poucas as vezes em que o autismo em adulto passa
despercebido. Isso acontece também porque as pessoas que se encaixam
nesse grupo são, muitas vezes, apenas consideradas tímidas, o que não abre
espaço para uma investigação mais detalhada.
Como os adultos ficam sabendo sobre o autismo?
De fato, existem chances reais de uma pessoa adulta ficar sabendo de
seu diagnóstico. No entanto, podemos explicar que isso só se torna possível,
muitas vezes, quando os pais levam seus filhos ao médico para analisar um
possível caso de autismo infantil.
Durante uma conversa, o especialista começa a investigar o histórico familiar do paciente. A partir desse contato, os pais se abrem mais e falam sobre alguns traços de seus comportamentos. O profissional cruza os sintomas manifestados pelos pequenos e pelos adultos. Assim, ele observa os indicativos que demonstram a incidência do autismo leve no pai ou na mãe. (Apud BRITES C. 2018)
Além disso, como ficar sabendo que o adulto convive com TEA?
O autismo adulto pode ser identificado também em situações onde o
homem ou a mulher demonstra determinadas características comportamentais.
Vejam quais são elas:
– Dificuldade em entender discursos;
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– Entender contextos, situações afetivas e emocionais que envolvam
comunicação olho no olho, gestos, olhares;
– Pouca compreensão para entender o uso de algumas palavras em duplo
sentido;
– Hiperfoco em ferramentas, instrumentos, mecanismos tecnológicos e
coisas materiais;
Fonte: casadaptada.com.br
Existem mais situações em que as pessoas podem conviver com o
autismo e não sabem. Nesse caso, esses comportamentos passam
despercebidos, a saber:
– Quando o indivíduo é extremamente ingênuo;
– Quando não desconfiam de determinados sinais sociais;
– Quando possuem linguagem direta;
– Não sabem falar de maneira mais delicada e utilizam linguagem direta;
– Quando tem certa obsessão por seguir regras, rotinas, detalhes
sequenciais de tarefas;
– Irritam-se facilmente quando as coisas saem da rotina;
– Outros.
Autismo em adultos: atento aos sinais
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Com o acesso à informação acerca das características presentes no
autismo, as pessoas conseguem obter formas de receber o diagnóstico. No
entanto, é importante salientar que somente com auxílio de um profissional é que
a resposta deve ser considerada. Procure por ajuda com especialistas e veja o
que pode ser feito.
20 O PROTAGONISMO DA CRIANÇA COM AUTISMO ATRAVÉS DA
LEITURA: COMO INCENTIVAR?
A autonomia da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma
grande preocupação de pais e cuidadores, e está diretamente ligada ao incentivo
do seu protagonismo desde cedo.
Para essas crianças, a leitura traz estímulos muito importantes, ajudando
a desenvolver habilidades de comunicação, memória e compreensão de ideias
abstratas. Se livros comuns já proporcionam o desenvolvimento de qualquer
criança, nós da Dentro da História acreditamos que os livros personalizados têm
um potencial ainda maior para as crianças com TEA.
20.1 Como Incentivar a Autonomia da Criança Com Autismo?
O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico que influencia
principalmente as habilidades sociais e a comunicação da criança. A palavra
“espectro” da sigla TEA (Transtorno do Espectro Autista) refere-se ao fato de
que os sintomas podem ser muito diferentes de pessoa para pessoa. Algumas
crianças são mais severamente afetadas, enquanto outras apresentam sintomas
mais leves.
Segundo Camila Comitre, os desafios para estimular a autonomia das
crianças autistas variam conforme a idade e grau do TEA, mas estão ligados a
alguns fatores principais:
Desenvolvimento da comunicação para compreender e ser
compreendido, tendo maior consciência de suas responsabilidades e
autocuidado na rotina;
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Terapias ajustadas e estímulo incansável e repetido, além de muita
paciência e amor, pois quando menos se espera, as crianças com TEA
surpreendem a todos;
A celebração de cada nova conquista, encorajando novos desafios e
acreditando sempre na capacidade de desenvolvimento da criança.
Para a especialista Camila Comitre:
Um ambiente que estimula ao invés de vitimizar faz com que a criança se fortaleça em diversos sentidos. Por isso é importante que os estímulos não se restrinjam a determinados momentos ou ambientes que a criança frequenta, mas que estejam presentes tanto em casa, como nas terapias e também na escola. (Apud COMITRE C. 2019)
O incentivo constante no dia a dia é importante também para a autoestima
das crianças. “O estímulo de responsabilidades com a rotina de higiene,
vestuário, alimentação, organização dos pertences e estudo traz como resultado
a sensação de autoconfiança. Isso porque quando a criança se sente
responsável por algo, mesmo que de maneira monitorada, estamos favorecendo
um cenário de envolvimento e pertencimento, segurança e motivação para novas
conquistas e descobertas de habilidades ”
Benefícios da leitura para crianças com TEA
A leitura traz benefícios diversos para o desenvolvimento de qualquer
criança, e para as crianças com autismo não é diferente.
“Independente do perfil sensorial da criança com TEA, o contato com
obras de literatura traz estímulos diversificados. Enquanto alguns se apegam à
forma e cores do livro, outros se divertem com os personagens e histórias. ”,
explica Camila. Segundo ela, uma rotina leitora de qualidade traz como
principais benefícios o treino da escuta, da memória e do foco, habilidades
importantes para a autonomia das crianças.
Além disso, a leitura promove o desenvolvimento e contato com
pensamentos abstratos e um mundo simbólico, onde o faz-de-conta, que pode
ser tão complexo para as crianças com TEA, vai se tornando algo habitual.
Livros que geram protagonismo
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Para transformar a leitura em uma atividade ainda mais potente no
incentivo ao protagonismo das crianças com autismo, a personalização dos
livros é um importante recurso. Nos livros da Dentro da História, a criança com
TEA se reconhece na história ao lado de personagens que também geram
identificação, aprofundando sua conexão com a leitura.
“Com o poder que a histórias já exercem, e sendo a criança o personagem
principal no livro, que se mostra como alguém ativo, que interage com
personagens já conhecidos e queridos, o livro personalizado mostra-se como
forte ferramenta no estímulo de habilidades sociais e de comunicação que são
desafios peculiares para as crianças com TEA. ”
Principais benefícios dos livros personalizados para as crianças com
autismo:
• A identificação do nome da criança no texto auxilia no processo de
estímulo na fase de alfabetização, sendo uma primeira conexão com o
livro.
• Ver-se de maneira ilustrada com suas características e roupas, gera a
empatia que fortalece essa conexão, dando espaço para o protagonismo.
• Quando a criança pode se ver em situações inusitadas, interagindo, se
comunicando, tomando decisões, resolvendo conflitos ou simplesmente
se divertindo em uma aventura, o livro personalizado torna-se uma fonte
de repertório, memória emocional e encorajamento para a vida real.
Como incentivar crianças com autismo a ler?
Para que os benefícios da leitura sejam aproveitados, é preciso torná-la
um hábito presente no dia a dia da criança. “Um ambiente leitor silencioso e
organizado, com rotina de leitura estabelecida, onde a criança participa do
processo de escolha, construção e leitura das histórias, favorece a conexão com
o mundo mágico dos livros.”
Algumas dicas de práticas para ler com crianças com autismo são criar
uma narrativa envolvente, com entonações lúdicas e treino de expressões
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faciais. Isso estimula a compreensão de temas e situações mais abstratas
presentes nas histórias.
21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COMITRE, Camila. O protagonismo da criança com autismo através da
leitura: como incentivar? 2019.
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com Deficiência. Diário Oficial da República do Brasil. Brasília. D.F. 06,
Julho.2019.
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50
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PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a construção de currículos. Curitiba SC: 2006.
PORTELA, Pietro Navarro. Conhecendo o Autismo: Sua origem, história e
características. 2018.
SILVA, Andrezza Borges da. A inclusão de alunos com transtorno do
espectro Autista (TEA) na educação infantil: dificuldades no Processo de
inclusão educacional. 2018.
TENORIO, Goretti. O que é autismo, das causas aos sinais e o tratamento.
2018.