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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS REALENGO II ATIVIDADE 14 DE GEOGRAFIA 1ª ANO – ENSINO MÉDIO 06/08/2020 Olá, 1º ano! Nos dois últimos materiais foram abordados temas relacionados à Hidrografia e Geopolítica da água em várias escalas. Dando sequência às atividades propostas pela Prof. Mariana Abdalah, trataremos neste e no próximo material das Dinâmicas climáticas, fenômenos e impactos na atmosfera. Hoje, especificamente, falaremos da dinâmica do tempo e do clima. Para retirada de dúvidas, entrem em contato com a Prof. Amanda Cavaliere ([email protected]), identificando nome e turma. Terei prazer em responder. Vamos lá! 1) TEMPO E CLIMA Hoje em dia é muito comum utilizarmos aplicativos no celular antes de sairmos, para consultarmos a previsão do tempo para aquele dia ou final de semana, planejarmos uma viagem ou simplesmente não errarmos na escolha da roupa (bateu saudade do mundo pré-pandemia e daquela liberdade de sair por aí faça chuva ou faça sol, né?! Por aqui também...). Um exemplo de onde podemos encontrar tal informação com segurança é o site do Climatempo, onde é possível verificar as condições meteorológicas, a respeito das temperaturas mínima e máxima para diferentes localidades (medida, aqui no Brasil, em ºC [graus Celsius], e em alguns outros países em ºF [graus Farenheit]), bem como a umidade do ar, a probabilidade de chover, nevar, entre outros aspectos, como você pode verificar aqui: https://www.climatempo.com.br/previsao-do- tempo/cidade/321/riodejaneiro-rj . Jornais e emissoras de TV também dedicam atenção à divulgação das condições atmosféricas. É fundamental que citem a fonte de dados e informações utilizada (essa questão é básica para toda e qualquer pesquisa, tratando-se de dar crédito a quem produziu algo sobre o qual iremos nos debruçar). Duas siglas costumam ser vistas, a saber: CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Você mesmo pode buscar as informações direto na fonte: https://clima.cptec.inpe.br/ . Tudo o que falamos até agora refere-se ao tempo atmosférico ou meteorológico, que é o estado físico atual da atmosfera em um determinado local e instante, sendo caracterizado pelas condições de temperatura, umidade, vento, radiação, chuva etc. Quando você quer puxar assunto com alguém e dizer que esquentou ou esfriou, você está se referindo ao tempo (qualificamos de “atmosférico” ou “meteorológico” porque também existe o “tempo geológico”, o “tempo histórico”...). Já mudança de clima é outra coisa, não acontece de um dia/semana/mês/ano para outro. Este assunto (mudanças climáticas) trataremos em breve, em outro material. Mas então, o que é clima? Esta palavra origina-se do grego e significa “inclinação” de ponto da Terra, da linha do equador ao polo, em relação ao sol, referindo-se, portanto, à curvatura da Terra, que condiciona em grande parte os diferentes tipos climáticos terrestres . Um tipo climático é definido a partir de uma combinação de tempos, feita através do estudo do comportamento médio do tempo ao longo dos meses e anos em alguma localidade. Com a observação contínua das características da atmosfera, o clima abrange mais dados e eventos possíveis das condições de tempo para uma localidade ou região. Nos anos 1960, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) definiu clima como o estado médio da atmosfera caracterizado pela temperatura, umidade, vento, chuva, pressão, radiação solar etc, em um período de no mínimo trinta anos de observação. Ou seja, o clima corresponde à história do comportamento do tempo atmosférico.

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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS REALENGO II

ATIVIDADE 14 DE GEOGRAFIA

1ª ANO – ENSINO MÉDIO

06/08/2020

Olá, 1º ano! Nos dois últimos materiais foram abordados temas relacionados à Hidrografia e Geopolítica da água em várias escalas. Dando sequência às atividades propostas pela Prof. Mariana Abdalah, trataremos neste e no próximo material das Dinâmicas climáticas, fenômenos e impactos na atmosfera. Hoje, especificamente, falaremos da dinâmica do tempo e do clima. Para retirada de dúvidas, entrem em contato com a Prof. Amanda Cavaliere ([email protected]), identificando nome e turma. Terei prazer em responder.

Vamos lá!

1) TEMPO E CLIMA

Hoje em dia é muito comum utilizarmos aplicativos no celular antes de sairmos, para consultarmos a previsão do tempo para aquele dia ou final de semana, planejarmos uma viagem ou simplesmente não errarmos na escolha da roupa (bateu saudade do mundo pré-pandemia e daquela liberdade de sair por aí faça chuva ou faça sol, né?! Por aqui também...). Um exemplo de onde podemos encontrar tal informação com segurança é o site do Climatempo, onde é possível verificar as condições meteorológicas, a respeito das temperaturas mínima e máxima para diferentes localidades (medida, aqui no Brasil, em ºC [graus Celsius], e em alguns outros países em ºF [graus Farenheit]), bem como a umidade do ar, a probabilidade de chover, nevar, entre outros aspectos, como você pode verificar aqui: https://www.climatempo.com.br/previsao-do-tempo/cidade/321/riodejaneiro-rj . Jornais e emissoras de TV também dedicam atenção à divulgação das condições atmosféricas. É fundamental que citem a fonte de dados e informações utilizada (essa questão é básica para toda e qualquer pesquisa, tratando-se de dar crédito a quem produziu algo sobre o qual iremos nos debruçar). Duas siglas costumam ser vistas, a saber: CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Você mesmo pode buscar as informações direto na fonte: https://clima.cptec.inpe.br/ .

Tudo o que falamos até agora refere-se ao tempo atmosférico ou meteorológico, que é o estado físico atual da atmosfera em um determinado local e instante, sendo caracterizado pelas condições de temperatura, umidade, vento, radiação, chuva etc. Quando você quer puxar assunto com alguém e dizer que esquentou ou esfriou, você está se referindo ao tempo (qualificamos de “atmosférico” ou “meteorológico” porque também existe o “tempo geológico”, o “tempo histórico”...). Já mudança de clima é outra coisa, não acontece de um dia/semana/mês/ano

para outro. Este assunto (mudanças climáticas) trataremos em breve, em outro material.

Mas então, o que é clima? Esta palavra origina-se do grego e significa “inclinação” de ponto da Terra, da linha do equador ao polo, em relação ao sol, referindo-se, portanto, à curvatura da Terra, que condiciona em grande parte os diferentes tipos climáticos terrestres. Um tipo climático é definido a partir de uma combinação de tempos, feita através do estudo do comportamento médio do tempo ao longo dos meses e anos em alguma localidade. Com a observação contínua das características da atmosfera, o clima abrange mais dados e eventos possíveis das condições de tempo para uma localidade ou região. Nos anos 1960, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) definiu clima como o estado médio da atmosfera caracterizado pela temperatura, umidade, vento, chuva, pressão, radiação solar etc, em um período de no mínimo trinta anos de observação. Ou seja, o clima corresponde à história do comportamento do tempo atmosférico.

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2) FATORES CLIMÁTICOS

Existem diferentes tipos de clima. O que define o clima de um determinado local e o diferencia de outros? Para oferecer essa resposta, recorremos aos fatores climáticos, que são os agentes causais que condicionam os atributos do clima. Fatores geográficos tais como latitude, altitude, continentalidade/maritimidade, tipo de corrente oceânica (fria ou quente), interferem nos atributos do clima. - Latitude: devido ao formato aproximadamente esférico (na verdade, de um elipsóide) da Terra, os raios solares que incidem sobre a sua superfície através de inclinações variadas. Observe, na imagem ao lado, a angulação reta (90º) na altura da linha do equador (onde os raios incidem perpendicularmente, proporcionando maior calor), e a inclinação mais oblíqua (inclinada) dos raios solares ao atingirem os polos. Assim, vemos que a variação latitudinal é o principal (mas não o único) fator de diferenciação climática, definindo as zonas climáticas (tropicais, temperadas e polares).

- Altitude: A distância de um determinado local em relação ao nível do mar também influencia o clima. Pense nos jogos de futebol, quando um time carioca vai jogar em uma cidade que fica em uma altitude bastante elevada. Os jogadores precisam chegar antes para se ambientarem com o clima, onde a pressão atmosférica é baixa e o ar fica mais rarefeito. Por haver menor concentração de gases e de umidade, a retenção de calor é baixa, diminuindo a temperatura e contribuindo para um clima mais frio. Nas maiores altitudes, a área da menor, colaborando para o processo que

superfície que recebe e irradia calor também é acabamos de explicar.

- Albedo: Este nome se dá ao índice de reflexão de uma superfície, que varia de acordo com a sua cor (que depende da sua composição química e do seu estado físico). Pense nesses dias mais frios que têm feito em nossa cidade na última semana. Caso você fosse sair, consideraria usar uma roupa clara ou escura? Tenho certeza de que roupas mais próximas ao preto seriam mais adequadas, pois ajudam a aquecer mais. Já em dias de verão, é comum usarmos roupas mais claras, por serem mais leves e frescas. O branco, encontrado em espaços com neve, tem um albedo elevado (reflete de 75 a 90% dos raios solares incidentes), enquanto cores mais

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escuras, como o verde de áreas com florestas tropicais, têm um albedo menor (refletem cerca de 5 a 20% da luz solar incidente). Quanto menor o albedo, maior a absorção dos raios solares, e com mais calor retido, maior é a irradiação.

Valores do Albedo (porcentagem refletida)*

*Tradução:

Fresh snow Neve fresca Moon Lua

Forests Florestas Water bodies Corpos hídricos Crops, grasslands Cultivos, pastagens Dark roof Teto/telhado escuro

Grass Relva, grama Light roof Teto/telhado claro Asphalt (black top) Asfalto, topo escuro Brick, stone Tijolo, pedra, rocha Concrete, dry Concreto, seco (calçada) Earth’s albedo

(average) Albedo terrestre (média)

- Massas de ar: São grandes porções de ar que se deslocam de uma superfície homogênea (como o oceano, uma área de floresta, uma cadeia montanhosa, as calotas polares, entre outras) devido a diferença de pressão atmosférica em comparação com outras áreas (existem centros de baixa e de alta pressão atmosférica), carregando características comuns (temperatura, umidade e pressão) que correspondem às áreas de onde se originam. Os deslocamentos de massas de ar acontecem em várias escalas, desde a global até a local (podendo ocorrer entre áreas que estão distantes por alguns quilômetros, como acontece com o movimento da brisa marítima, ou por regiões muito mais abrangentes, passando por especificidades como ocorre no sul e sudeste asiático, com as monções). As massas de ar podem ser oceânicas (úmidas) ou continentais (secas – OBS: embora as que se originam em áreas de florestas possam ser úmidas), tropicais e equatoriais (quentes) ou temperadas e polares (frias). Para facilitar a compreensão, a primeira imagem abaixo mostra as características dos centros de alta pressão atmosférica (de onde partem os ventos) e de baixa pressão (para onde vão os ventos). A segunda imagem mostra a dinâmica global de circulação geral atmosférica e na terceira imagem vemos as massas de ar que influenciam a dinâmica climática brasileira.

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Centros dispersores de ventos

Centros receptores de ventos

Extraído de: Climatempo

Massas de ar atuantes no Brasil

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- Continentalidade e Maritimidade: Pense em um dia de verão escaldante no Rio de Janeiro (uma cidade litorânea) que você decide ir à praia. Chegando lá, ao pisar na areia não aguenta a elevada temperatura dela na parte mais afastada do mar e precisa permanecer de chinelos. Conforme vai se aproximando da água, a temperatura da areia vai diminuindo e a água do mar está gélida. Em outro dia desse verão, você decide fazer um luau com amigos para aproveitar o fim da quarentena e de tanto tempo sem ver e poder estar em aglomerações. Você consegue pisar tranquilamente na faixa de areia, pode sentir um friozinho ali, pois assim como aquece rapidamente, também perde calor rapidamente, e poder mergulhar no mar desfrutando de uma água com temperatura amena, morna e agradável, pois a água demora mais a aquecer, mas também leva mais tempo para perder o calor (em Física, você vai compreender melhor isso através do “calor específico” da água – olhe que interessante essa experiência feita em apenas 30 segundos pelo prof. Alfredo Sotto: https://www.youtube.com/watch?v=5_UIv8h4DbA). Outra relação: pense em um deserto, onde faz um calor escaldante durante o dia, mas um frio Através desses exemplos e síntese bem simples é possível pensar na influência da continentalidade e da maritimidade nos climas: quanto mais próximo um local estiver de mares e oceanos, menor é a amplitude térmica diária (a variação entre a temperatura máxima e mínima ao longo de um dia) pela influência da maritimidade; e quanto mais para o interior de um continente um local estiver, distante do litoral, maior será a amplitude térmica diária, dada a influência da continentalidade.

Infográfico: Gerson Mora (Extraído de: https://novaescola.org.br/conteudo/2280/que-fatores-interferem-na-amplitude-termica)

- Correntes Marítimas: Lembra de “Procurando Nemo”? Nesse link (https://www.youtube.com/watch?v=7coJPtoxIVs) você pode refrescar a memória com o trecho do filme que mostra o Nemo (junto de tartarugas e outras espécies marinhas) se encontrando no almejado deslocamento da Correste Leste-Australiana, que você pode localizar no mapa abaixo. As correntes marinhas são esses grandes volumes de água que se deslocam pelos oceanos, em direções que puderam ser mapeadas e nos mostram suas áreas de origem (de onde carregam a característica da temperatura – podendo ser correntes frias, oriundas de zonas polares e temperadas, ou correntes marítimas quentes, originadas nas zonas tropicais e equatorial) e destino, bem como seu sentido (no Hemisfério Norte, o sentido é horário, enquanto no hemisfério sul, é anti-horário). Elas movimentam-se tanto pela ação dos ventos, quanto pela influência do movimento de rotação da Terra. Além da temperatura, da direção e sentido, as massas de ar

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também se diferenciam pela salinidade. As correntes marítimas influenciam o clima ao alterarem a temperatura atmosférica, como podemos observar a relação entre a formação de desertos e a presença de correntes marítimas frias – na costa oeste da América do Sul (deserto do Atacama - corrente de Humboldt), no oeste da América do Norte (deserto da Califórnia - corrente da Califórnia), no sul da África (deserto de Calaari - corrente de Benguela), condicionando áreas de baixa ocupação e densidade demográfica.

Correntes marítimas e principais regiões áridas e semi-áridas do mundo

Mas como correntes frias influenciam a formação de desertos? Vamos exemplificar com o esquema a seguir, que explica a formação do deserto do Atacama, destacada no círculo pontilhado no mapa acima. O que ocorre é que a corrente fria de Humboldt provoca queda da temperatura da massa de ar úmido que se desloca na direção do continente. Ao resfriar essa corrente de vento, o vapor condensa e provoca chuvas no oceano Pacífico. Ao continuar o deslocamento, a massa de ar, que já perdeu sua umidade ao descarregar chuvas sobre o oceano, chega ao continente com a característica oposta, de ar seco, conforme podemos observar no esquema a seguir.

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- Vegetação: Lembra que há pouco falamos do albedo? Então, dependendo do tipo de cobertura vegetal, o calor absorvido e irradiado pode ser diferente, o que influencia diretamente no clima. O grau de umidade também será afetado pelo tipo de vegetação. Áreas com maior e mais densa cobertura vegetal evitam que a incidência solar se dê diretamente sobre o solo, protegendo-o e diminuindo o seu aquecimento, ao passo que uma vegetação desmatada contribui para a redução da umidade e para a elevação das temperaturas médias. A título de exemplificação, observe as imagens a seguir, veiculadas pelo jornal O Globo em 19/07/2020 em uma matéria que abordava a importância da manutenção da Floresta Amazônica em pé para as atividades do agronegócio – mas que podemos expandir para além de uma esfera econômica, pensando na qualidade do ambiente que vivemos, do ar que respiramos, da água de que dependemos.

Capa do jornal O Globo de 19/07/2020

- Relevo: O relevo baixo de uma planície pode facilitar a penetração das massas de ar oceânicas no continente. Já um relevo mais acidentado, com a presença de uma cadeia montanhosa, pode bloquear e impedir a passagem de ar vinda do oceano, por exemplo, afetando a possibilidade de ocorrência de chuvas e a formação de ambientes secos. Um exemplo interessante é pensar no Nordeste brasileiro, que muitos generalizam como sendo quente e seco, como se a parte do sertão nordestino dominasse toda a região. Mas, ao analisarmos sua topografia, vemos o papel exercido pelo Planalto da Borborema como feição bloqueadora das massas de ar úmido vindas do litoral (onde há a Zona da Mata [Atlântica] e ainda o Agreste mais para o interior, mas antes da Borborema), contribuindo, assim, para o desenho das sub-regiões nordestinas.

Representação do Planalto da Borborema e chuvas orográficas

Subregiões do Nordeste

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3) ATRIBUTOS OU ELEMENTOS DO CLIMA Os elementos ou atributos do clima são grandezas (variáveis) que caracterizam o

estado da atmosfera, sendo eles: radiação solar, temperatura do ar, umidade do ar, pressão atmosférica, precipitação e velocidade e direção do vento. Esse conjunto de variáveis descreve as condições atmosféricas em um dado local e instante. Os três atributos climáticos mais importantes são temperatura (correspondente à intensidade de calor existente na atmosfera), umidade (medida pela quantidade de vapor d’água presente na atmosfera, que resulta da evapotranspiração – evaporação da água dos corpos hídricos superficiais da Terra, somada à transpiração das plantas – e que pode influenciar em nossa saúde, na sensação de conforto ou desconforto térmico, podendo agravar problemas respiratórios em ambientes e dias muito secos) e pressão atmosférica (que já explicamos junto no subtópico “Massas de ar”).

No caso da umidade, cabe alguns outros esclarecimentos. Existe a umidade absoluta, medida em g/m³, que corresponde à quantidade total de vapor presente na atmosfera, e a umidade relativa, que é a mais utilizada em previsões de tempo, pois é dada em %, correspondendo à relação entre a quantidade de vapor presente no momento e a quantidade de vapor suportado pela atmosfera. De modo que quanto mais próxima a 100% está a umidade relativa, maior é a probabilidade do ponto de saturação da atmosfera (o limite do quanto a atmosfera comporta de vapor de água) ser atingido e, assim, ocorrer precipitação.

Observe a imagem a seguir, com a previsão do tempo de 06/08/2020 para a cidade do Rio de Janeiro. Além da temperatura em ºC, conseguimos verificar que a umidade relativa do ar está em 59%, ou seja, está a 59% de atingir o limite suportado pela atmosfera. Por isso, a probabilidade de ocorrência de chuva é baixa (2%).

Previsão do tempo para o Rio de Janeiro (RJ) em 06/08/2020

Existem outras formas de precipitação para além da chuva. Em áreas temperadas e

polares, a precipitação ocorre em forma de neve quando a temperatura está abaixo de 0ºC . Pode ocorrer também precipitação sob a forma de granizo (cuidado para não confundir com granito, que é um tipo de rocha magmática intrusiva, bastante utilizada em pias de banheiro e em outros ornamentos na construção civil), que são gotas d’água congeladas em nuvens, e caem parecendo pedrinhas de gelo.

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Fontes consultadas: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil – volume único. 6ª ed. São Paulo: Ática, 2018. https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=74296 http://geoconceicao.blogspot.com/2012/03/clima-resumo-muitas-pessoas-confundem.html https://medium.com/@eltonwade/a-explica%C3%A7%C3%A3o-mais-simples-do-aquecimento-global-de-todos-os-tempos-b4ceefa21dff https://www.climatempo.com.br/noticia/2016/12/23/alta-pressao-x-baixa-pressao-5386 https://novaescola.org.br/conteudo/2280/que-fatores-interferem-na-amplitude-termica

ATIVIDADE PROPOSTA

Elabore um mapa conceitual autoral sobre o assunto abordado em uma folha de papel ofício (A4), de forma esquemática, sintética e bastante visual. O exemplo abaixo não é para ser copiado ou reproduzido na íntegra, mas apenas para servir de ilustração a respeito de como pode ser um mapa conceitual. Use e abuse de setas, balões de pensamento, desenhos esquemáticos, cores, buscando ser o mais visual possível, e o menos textual. Esse é um recurso excelente de revisão, sistematização e síntese de conteúdos, configurando em uma estratégia de estudo bastante eficaz. Será um exercício interessante antes de resolvermos algumas questões de fixação e de vestibulares. Ao finalizar, tire uma foto com boa resolução ou scaneie e me envie por e-mail ([email protected]). Caso disponha de um tempo de 45 minutos, assista a aula do prof. Leandro Almeida (professor do campus Duque de Caxias) gravada no canal ProEnem nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=Y71m3sEaqqE sobre o tema abordado no presente material. Se possível, assista de forma ativa, fazendo anotações e registros do que julgar importante. Certamente será enriquecedora para seus estudos e para a construção do seu mapa conceitual.

Exemplo de mapa conceitual – tema: “Fatores e elementos climáticos”

Fonte: Descomplica (disponível em: https://descomplica.com.br/artigo/mapa-mental-fatores-e-elementos-do-clima/4DM/)