1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN PROGRAMA DE … · 5 AGRADECIMENTOS ESPECIAIS...
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SHEYLA CHRISTINNE LIRA MONTENEGRO
CONDIO PERI-IMPLANTAR E FATORES ASSOCIADOS S DOENAS PERI-
IMPLANTARES EM PACIENTES REABILITADOS NO SERVIO
ODONTOLGICO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRN
Natal-RN
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
CENTRO DE CINCIAS DA SADE- CCS
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA - DOD
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM SADE COLETIVA
REA DE CONCENTRAO: ODONTOLOGIA
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SHEYLA CHRISTINNE LIRA MONTENEGRO
CONDIO PERI-IMPLANTAR E FATORES ASSOCIADOS S DOENAS PERI-
IMPLANTARES EM PACIENTES REABILITADOS NO SERVIO ODONTOLGICO
DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRN
Dissertao apresentada ao Mestrado em Sade
Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte UFRN com o objetivo de obter o
ttulo de Mestre na rea de concentrao em
Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Bruno Csar de
Vasconcelos Gurgel.
Natal-RN
2012
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SHEYLA CHRISTINNE LIRA MONTENEGRO
CONDIO PERI-IMPLANTAR E FATORES ASSOCIADOS S DOENAS PERI-
IMPLANTARES EM PACIENTES REABILITADOS NO SERVIO ODONTOLGICO
DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRN
Dissertao apresentada ao Mestrado em
Sade Coletiva da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte UFRN com o
objetivo de obter o ttulo de Mestre na
rea de concentrao em Odontologia.
Data:___/___/_____
Banca examinadora:
_______________________________________________________
Prof. Dr. Renato de Vasconcelos Alves
Faculdade de Odontologia de Pernambuco UPE
(1 examinador)
_______________________________________________________
Prof. Dr. Euler Maciel Dantas
Departamento de Odontologia - UFRN
(2 examinador)
________________________________________________________
Prof. Dr. Bruno Csar de Vasconcelos Gurgel
Departamento de Odontologia - UFRN
(Orientador)
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DEDICATRIA
Dedico esta obra inteiramente ao meu esposo Robinsom Montenegro que me impulsionou e
proporcionou a oportunidade para realizar esse curso e aos meus anjinhos, filhos adorveis,
Thales e Ticianne que suportaram a ausncia de uma me e superaram a falta de ateno
durante esses anos.
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao nico que digno de receber toda honra e toda a glria, ao meu bom Deus que me
ampara e me encoraja, agradeo primeiramente pela minha vida e em segundo lugar por me
proporcionar oportunidades especiais como a realizao deste mestrado.
minha me, Valderi Souza Lira, um agradecimento mais que especial por sempre
me apoiar nos meus estudos e no meu crescimento profissional. Me, obrigada e eu te amo!
Aos meus avs, Josefa Auderi de Souza Lira e Valdemir de Araujo Lira, obrigada por
me educarem e me criarem com tanto amor e carinho, o mesmo tenho em dobro por vocs.
Ao meu tio preferido, Wamberto Alexandre de Souza Lira, que me acompanhou nesse
mestrado dando um apoio incondicional mostrando-se sempre disposto a ajudar.
Aos meus sogros, Olinete e Robinsom Montenegro, e aos meus cunhados Celina,
Melcades, Rafaella e Oliveiros pelo apoio que me deram tomando conta e educando os meus
filhos.
Ao meu Orientador, Prof Dr Bruno Csar de V. Gurgel, agradeo a confiana
depositada em mim, o apoio e dedicao em orientar e contribuir para o meu aprendizado.
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AGRADECIMENTOS
Aos professores que me marcaram pela inteligncia e pacincia, Kenio e ngelo,
obrigada por calmamente me ensinarem um pouco da estatstica e, muito, mas muito obrigada
pelas orientaes.
professora Patrcia que esteve sempre presente durante a coleta de dados da
pesquisa.
Ao professor Euler, companheiro de clnicas.
Aos meus Xuxus (Bruno e Ana Luiza), Natlia, Matheus e Hilana agradeo a
dedicao durante o projeto. Sem vocs essa obra no seria possvel.
s funcionrias das clnicas rica e Andra e ao secretrio da ps-graduao Lucas
sou grata pela ateno.
A Universidade Federal do Rio Grade do Norte, especialmente ao departamento de
Odontologia pelo apoio e pela permisso para a realizao desse trabalho nas clnicas e nas
demais instalaes.
s amigas especiais de mestrado: Anglica, Poliana, Karyna e Isabelle, que juntas
efrentamos essa batalha de dias difceis e alegres e construmos uma amizade que ser
inesquecvel.
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RESUMO
A introduo dos implantes dentrios osseointegrados como uma ferramenta na reabilitao
oral de pacientes edntulos e parcialmente edntulos uma realidade no cotidiano do
cirurgio-dentista. Estudos reportam uma alta taxa de sucesso da utilizao de implantes no
tratamento reabilitador. Entretanto, outras investigaes tm mostrado a perda desses
implantes devido a infeces peri-implantares, como a mucosite e a peri-implantite. O
objetivo deste trabalho foi avaliar a frequncia das doenas peri-implantares e seus fatores
associados em pacientes com implantes dentais em funo reabilitados no servio
odontolgico da Faculdade de Odontologia da UFRN. Foram examinados 155 indivduos
portadores de 523 implantes e 2718 dentes. Dentes e implantes foram avaliados por meio de
sondagem periodontal, observando-se a profundidade de sondagem, retrao gengival, bem
como foram avaliados ndices de placa visvel (IPV) e sangramento gengival (ISG) e presena
de supurao. Os dados foram armazenados em fichas clnicas e avaliados estatisticamente
por meio da estatstica descritiva e inferencial. A idade mdia dos pacientes foi de 54,05 (
12,61) anos, sendo 79,4% do sexo feminino. As frequncias da mucosite, peri-implantite e
periodontite em indivduos foram 54%, 28% e 50%, respectivamente. Dos 523 implantes
avaliados, 43% tinham mucosite, 14% peri-implantite e 43% sade. Os testes Qui-quadrado
de Pearson e Exato de Fisher mostraram que as doenas peri-implantares esto associadas as
doenas periodontais, uso de medicao, alteraes sistmicas nmero de implantes, IPV,
ISG, ao tempo de funo das prteses, regio do implante, nmero de roscas expostas e faixa
de mucosa queratinizada (p 10% (OR = 1,742), com implantes instalados na maxila (OR = 2,654), onde a
prtese sobre o implante tinham mais de 2 anos em funo (OR = 3,144) e que
radiograficamente apresentavam uma perda ssea atingindo a terceira rosca do implante (OR
= 4,701) mostram uma associao positiva com as doenas peri-implantares de maneira que
esses indivduos tm mais chances de ter essas doenas. Os resultados sugerem que a
frequncia das doenas peri-implantares na populao em estudo foi de 82% dos pacientes e
que estas doenas esto associadas a fatores relacionados aos indivduos como: a presena da
doena periodontal, piores IPV e IS, alteraes sistmicas, uso de medicao e maior nmero
de implantes; e a fatores locais relacionados aos implantes como: ausncia ou faixa de mucosa
menor que 2mm, implantes na maxila e na regio anterior, perda ssea atingindo a terceira
rosca do implante e a um tempo de reabilitao prtetica maior que 2 anos.
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Palavras-chave: Implante dentrio. Estomatite. Periimplantite.
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ABSTRACT
The introduction of osseointegrated dental implants as a tool in oral and maxillo-facial
rehabilitation is an everyday dentist reality. Several studies have reported a high rate of
successful use of osseointegrated implants in the rehabilitation treatment. However, other
investigations have shown some loss of these implants due to peri-implant infections, such
periimplantitis. Thus, the aim of this study was to evaluate the frequency of peri-implant
mucositis and periimplantitis in osseointegrated implants in function as well as the frequency
of periodontal disease in patients with dental implants. It was examined 155 individuals and
523 implants and 2718 teeth. The teeth and implants were evaluated by periodontal probing,
observing the probing pocket depth, gingival recession and clinical attachment level, visible
plaque index and gingival bleeding index, mobility and the presence of suppuration. The data
were stored and evaluated in a descriptive statistical analysis. The average patient age was
54,05 (12,61) years and 79,4% were female. The frequency of mucositis, periimplantitis and
periodontitis in patients were 54%, 28% and 50%, respectively. From 523 implants evaluated,
43% had mucositis, 14% had periimplantitis and 43% heath. The Chi-square test and Fisher's
Exact test showed that patients with peri-implant diseases were associated with periodontal
diseases, medication use, number of implants, Visible Plaque Index (VPI), Gingival Bleeding
Index (GBI) and the time when the prosthesis is in function (p 10% (OR = 1.742), with implants placed in the jaw (OR = 2.654) where
the prosthesis on the implant had over 2 years in function (OR = 3.144) and had a
radiographic bone loss reaching the third implant thread (OR = 4.701) showed a positive
association with peri-implant disease so that these individuals are more chance to have these
peri-implant diseases. The results suggest that the frequency of peri-implant disease in the
study population was 82% of patients and these diseases are associated with factors related to
subjects such as: the presence of periodontal disease, and worse VPI and GBI, systemic
changes, use of medication and more implants, and the local factors related to implants such
as absence or mucosa range smaller than 2 mm, the jaw implant and the anterior bone loss
reaching the third screw implant and a prosthetic rehabilitation time greater than 2 years.
Keywords: Dental implants. Stomatitis. Periimplantitis.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Descrio da obteno da amostra do estudo. 33
Figura 2 Sonda periodontal milimetrada (PCP-UNC 15, Hu-friedy,
Chicago, Illinois, USA) utilizada para a mensurao dos
parmetros periodontais e peri-implantares.
34
Figura 3 Sonda periodontal da Organizao Mundial de Sade (OMS). 35
Figura 4 Profundidade de sondagem na lingual de um implante dentrio
correpondente ao elemento dentrio 44.
35
Figura 5 Sangramento durante a sondagem. 36
Figura 6 Mensurao da faixa de mucosa queratinizada do implante
dentrio na regio do elemento 22.
37
Figura 7 Perda ssea radiogrfica ao redor dos implantes dentrios. 37
Figura 8 Diagnstico da peri-implantite em implante com profundidade de
sondagem maior que 5mm e sangramento.
39
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 01 Distribuio da frequncia das doenas periodontais. 49
Grfico 02 Distribuio da frequncia do diagnstico peri-implantar nos
indivduos.
49
Grfico 03 Distribuio da frequncia do diagnstico peri-implantar nos implantes
dentrios.
50
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12
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Descrio das prevalncias / frequncias das doenas peri-
implantares relatas por estudos na literatura cientfica.
27
Quadro 2 Descrio das variveis independentes gerais e sua categorizao 39
Quadro 3 Descrio das variveis independentes relacionadas condio
peri-implantar, sua categorizao e descrio.
40
Quadro 4 Descrio das variveis independentes relacionadas condio
bucal e sua categorizao.
41
Quadro 5 Descrio das variveis independentes relacionadas reabilitao
prottica e sua categorizao.
41
Quadro 6 Descrio da varivel dependente e sua categorizao. 41
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13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Categorizao das variveis quantitativas relacionadas ao indivduo. 42
Tabela 2 Categorizao das variveis quantitativas relacionadas ao implante de
acordo com seus percentis.
43
Tabela 3 Distribuio absoluta e percentual de acordo com o gnero dos
pacientes. Mdia e desvio padro de acordo com a idade dos pacientes.
45
Tabela 4 Distribuio absoluta e percentual de acordo com o uso de
medicamentos, diabticos, alteraes sistmicas, relato de sangramento
gengival e boca seca.
46
Tabela 5 Distribuio absoluta e percentual de acordo com os hbitos de fumar e
ingesto de bebidas alcolicas.
46
Tabela 6 Mdia, desvio padro, mediana, intervalo de confiana Q25 e Q75 do
ndice de placa visvel (IPV), ndice de sangramento gengival (ISG) e
nmero de dentes.
47
Tabela 7 Mdia, desvio padro, mediana e percentis 25 e 75 do nmero de
implantes, tempo de reabilitao dos implantes em meses, nmero de
implantes na maxila e na mandbula
47
Tabela 8 Mdia, desvio padro, mediana e percentis 25 e 75 das profundidades de
sondagem, retraes gengivais, faixa de mucosa queratinizada e nmero
de roscas expostas. Natal/RN, 2012.
48
Tabela 9 Distribuio absoluta e percentual de acordo com as profundidades de
sondagem peri-implantares.
48
Tabela 10 Frequncia das doenas peri-implantares nos indivduos de acordo com
os critrios de Roos-Jansaker et al. (2006) e Berglundh et al. (2002).
50
Tabela 11 Frequncia das doenas peri-implantares nos implantes de acordo com
os critrios de Roos-Jansaker et al. (2006) e Berglundh et al. (2002).
51
Tabela 12 Anlise bivariada entre a varivel dependente doenas peri-implantares e
as variveis independentes relacionadas aos indivduos, valor de p, odds
ratio (OR) e intervalo de confiana (IC).
52
Tabela 13 Anlise bivariada entre a varivel dependente doenas peri-implantares e
as variveis independentes relacionadas aos indivduos e aos implantes
dentrios, valor de p, odds ratio (OR) e intervalo de confiana (IC).
53
Tabela 14 Modelo de regresso logstica binria para a varivel dependente
diagnstico peri-implantar (sade x doenas peri-implantares).
55
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14
SUMRIO
1 INTRODUO E JUSTIFICATIVA 17
2 REVISTA DA LITERATURA 20
2.1 DEFINIO DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES 20
2.2 DIAGNSTICO DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES 23
2.3 PREVALNCIA DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES 24
3 OBJETIVOS 30
3.1 GERAL 30
3.2 ESPECFICOS 30
4 METODOLOGIA 32
4.1 CARACTERIZAO DO ESTUDO 32
4.2 LOCAL DO ESTUDO 32
4.3 POPULAO E AMOSTRA 32
4.3.1 Critrios de incluso 32
4.3.2 Critrios de excluso 32
4.3.3 Amostragem 32
4.3.3.1 Clculo da amostra 32
4.4 AVALIAO PELO COMIT DE TICA 34
4.5 COLETA DOS DADOS 34
4.5.1 Entrevista 34
4.5.2 Exame Clnico Periodontal/Peri-implantar 35
4.5.3 Exame Radiogrfico 37
4.6 DIAGNSTICO DA DOENA PERIODONTAL 38
4.7 DIAGNSTICO DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES 38
4.8 ELENCO DE VARIVEIS 39
4.9 ANLISE ESTATSTICA 41
5 RESULTADOS 45
5.1 CARACTERIZAO DA AMOSTRA 45
5.2 CARACTERIZAO DA AMOSTRA QUANTO S CONDIES
PERIODONTAIS E PERI-IMPLANTARES
47
5.3 FREQUNCIA DAS DOENAS PERIODONTAIS E PERI-
IMPLANTARES
49
5.4 ANLISE INFERENCIAL 51
5.4.1 Anlise bivariada 51
5.4.2 Anlise multivariada 54
6 DISCUSSO 57
7 CONCLUSES 67
REFERNCIAS 69
APNDICE 77
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15
Introduo
-
17
1 INTRODUO
Com a evoluo das tcnicas cirrgicas, os implantes dentais tm sido utilizados na
prtica odontolgica com grande frequncia para substituio de dentes perdidos em pacientes
edntulos totais ou parciais. A reabilitao oral de pacientes atravs de prteses sobre
implantes tem como objetivo devolver a esttica, a funo mastigatria, a fontica e
proporcionar conforto aos pacientes (ROMEO et al., 2004).
Os pacientes com implantes dentais, salvo em casos de perdas dentais por acidente,
so indivduos, na sua maioria, que tiveram perdas por processos infecciosos (endodnticos,
periodontais, cariosos). Portanto, possuem antecedentes de higiene precria e, por isso, esto
predispostos a desenvolverem ou a permanecerem com focos infecciosos (SCHOU et al.,
1993). Assim como nos elementos dentais, a presena de implantes e a sua reabilitao por
meio de prteses est suscetvel colonizao pelo biofilme bacteriano, o qual o principal
fator etiolgico das doenas periodontais (gengivite e periodontite). Ao redor dos implantes,
essas doenas correspondem, respectivamente, mucosite e peri-implantite (TONETTI,
1998).
De acordo com o 6 Workshop Europeu de Periodontologia, as doenas peri-
implantares so doenas infecciosas em que a mucosite peri-implantar descrita como uma
leso inflamatria que ocorre na mucosa ao redor do implante, enquanto a peri-implantite
afeta o osso de suporte do implante, caracterizada pela perda ssea (LINDHE; MEYLE,
2008). A ocorrncia dessas doenas tem sido relatada como causadora de falhas e insucessos
na terapia com implantes (ESPOSITO et al., 1998). A presena do acmulo do biofilme dental
nas superfcies e a ausncia de uma terapia de acompanhamento rigoroso desses pacientes
quanto aos cuidados com a higiene oral favorece ao aparecimento dessas doenas
(FERREIRA et al., 2006; KAROUSSIS; KOTSOVILIS; FOURMOUSIS, 2007).
Esposito et al. (1998), em uma reviso de literatura, demonstraram que a mdia de
prevalncia de perdas de implantes devido peri-implantite foi de 2,8% em relao ao
nmero total de perdas de implantes. Berglundh, Persson e Klinge (2002), em uma reviso
sistemtica, relataram que a frequncia de peri-implantite pode variar entre 0% e 14,4%. Em
outra reviso sistemtica, Pjetursson et al. (2004) verificaram que a incidncia das peri-
implantites foi de 8,6% ao longo de 5 anos. J Ferreira et al. (2006) observaram uma
prevalncia de 8,9% para peri-implantite e 64,6% para mucosite em um grupo de 212
brasileiros parcialmente edntulos.
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18
Outros estudos mostraram que entre 28% e 56% dos implantes que estavam em funo
entre 4-5 anos mostram uma perda marginal do osso e profundidade de sondagem aumentadas
por causa da peri-implantite (ROOS-JANSKER et al., 2006a, FRANSSON et al. 2005).
Costa et al. (2012), ao avaliar 212 indivduos com implantes dentrios por um perodo de 5
anos verificaram que a incidncia da peri-implantite foi de 31,2%, mostrando um aumento
dessa doena na populao estudada, ao longo do tempo.
O nmero crescente de reabilitaes orais atravs de implantes dentrios, uma
ausncia de padronizao no diagnstico e o aumento da frequncia das doenas peri-
implantares, justificam a necessidade de estudos que averigem a relao entre a presena e
os fatores associados essas doenas. Desta forma, o presente estudo prope-se a investigar a
frequncia das doenas peri-implantares alm de buscar fatores associados ao aparecimento
dessas doenas.
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19
Revista da Literatura
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20
2 REVISTA DA LITERATURA
Desde que Brnemark, em 1969, descobriu os princpios da osseointegrao entre o
titnio e o osso humano, as cirurgias com implantes dentrios para a substituio de dentes
perdidos objetivando restaurar a dentio cresce exponencialmente (OKAYASU; WANG,
2011). Inicialmente, os estudos relacionados Implantodontia estavam focados no sucesso da
osseointegrao dos implantes dentrios com seus diversos designs inseridos em locais de
qualidades sseas diferentes (NOROWSKI JNIOR; BUMGARDNER, 2009). Estudos
posteriores passaram a avaliar as taxas das falhas dos implantes durante o perodo de funo
prottica. As taxas de sucesso e a sobrevida so elevadas e bem documentadas por estudos
clnicos na literatura sendo as complicaes tcnicas e fatores biolgicos associados s falhas
de implantes em funo na cavidade oral (NOROWSKI JNIOR; BUMGARDNER, 2009).
Processos patolgicos antes da obteno da osseointegrao ou aps o estabelecimento
da mesma podem resultar, respectivamente, na falha precoce ou tardia de uma parcela dos
implantes instalados (MOMBELLI, 1993; MEFFERT, 1996; TONETTI, 1998; ESPOSITO et
al., 1998). A falha precoce tem sido associada a fatores inerentes ao hospedeiro (tabagismo,
doenas sistmicas, qualidade e quantidade ssea do leito receptor), ao procedimento
cirrgico, (trauma e superaquecimento sseo, contaminao bacteriana durante a cirurgia,
estabilidade inicial do implante, habilidade tcnica do operador) e ao tipo de implante
(material, desenho, topografia, tipo de superfcie) (ESPOSITO et al., 1998). Alm disso, a
sobrecarga oclusal antes da consolidao do processo de osseointegrao tambm um fator
que pode levar a perda precoce de um implante osseointegrvel (BAIN; MOY, 1993;
TONETTI, 1998; ESPOSITO et al., 1998). A perda tardia, por sua vez, est associada
sobrecarga oclusal e/ou infeco bacteriana (ESPOSITO et al.,1998; TONETTI, 1998).
2.1 DEFINIO E ETIOPATOGENIA DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES
As doenas periodontais so classificadas em diferentes formas de gengivites e
periodontites. O termo gengivite refere-se a uma inflamao gengival sem sinais de perda de
tecido de suporte, enquanto a periodontite, alm da inflamao gengival, caracterizada pela
perda do nvel clnico de insero periodontal e perda ssea. Os tecidos peri-implantares se
diferenciam do periodonto pela ausncia do ligamento periodontal, menor nmero de
fibroblastos e fibras colgenas dispostas paralelamente superfcie do implante. Assim, o
-
21
implante mantm-se no osso alveolar atravs do fenmeno descrito por Branemark et al.
(1969), denominado osseointegrao. Resultados de alguns estudos clnicos e experimentais
revelam que a resposta tecidual frente formao do biofilme dental semelhante nos
implantes dentais (BERGLUNDH et al., 1992; ERICSSON et al., 1992; PONTORIERO et al.,
1994; ZITZMANN et al., 2001); entretanto, outros trabalhos sugerem que essas variaes nos
tecidos podem induzir a diferenas na resposta dos tecidos peri-implantares, frente a uma
agresso, comparativamente aos tecidos periodontais (BERGLUNDH et al., 2004).
As diferenas na estrutura dos tecidos peri-implantares e do periodonto somadas a uma
histria de higiene oral pobre e edentulismo fazem com que os implantes possam ser mais
susceptveis a inflamao e perda ssea que os dentes naturais quando expostos ao acmulo
de biofilme ou invaso microbiana (BERGLUNDH et al., 2004).
Doena peri-implantar um termo genrico relacionado s reaes infecciosas que
ocorrem nos tecidos que circundam um implante em funo, resultando em um processo
inflamatrio com destruio ssea ou no. Assim como na classificao da doena
periodontal, as doenas peri-implantares incluem duas entidades: a mucosite peri-implantar
que corresponde gengivite e a peri-implantite que corresponde periodontite (ZITZMANN;
BERGLUNDH, 2008).
A definio das doenas peri-implantares foi proposta em um relatrio do 1
Workshop Europeu de Periodontia. A mucosite foi definida como uma reao inflamatria
reversvel nos tecidos moles que rodeiam um implante em funo e a peri-implantite descrita
como reaes inflamatrias associadas perda de tecido de sseo ao redor de um implante em
funo (ALBREKTSSON; ISIDOR, 1994). A expresso "reversvel" no foi includa para a
peri-implantite e, desta forma, estas definies implicavam que o processo inflamatrio que
ocorre na peri-implantite era irreversvel e que, portanto, sem tratamento (ZITZMANN;
BERGLUNDH, 2008). Assim, no 6 Workshop Europeu de Periodontologia, o termo
reversvel para a mucosite foi retirado e as doenas peri-implantares passaram a ser
definidas como doenas infecciosas em que a mucosite peri-implantar descreve uma leso
inflamatria que ocorre na mucosa ao redor do implante, enquanto a peri-implantite afeta,
alm da mucosa, o tecido sseo de suporte (LINDHE; MEYLE, 2008). uma condio
complexa, multifatorial, associada presena de infiltrado inflamatrio entre a superfcie do
implante e do osso (BERGLUNDH et al., 2007, BORSANI et al., 2005), aos altos nveis de
produtos quimiotcticos, angiognicos, da matriz da degradao na leso (DEGIDI et al.,
2006; BORDIN; FLEMMIG; VERARDI, 2009) e da perda ssea em torno da superfcie mais
coronal do implante (MANZ, 2000).
-
22
A etiologia das doenas peri-implantares tem sido atribuda presena do acmulo do
biofilme nas superfcies e ausncia de uma terapia de acompanhamento rigoroso dos pacientes
quanto aos cuidados com a higiene oral (FERREIRA et al., 2006; KAROUSSIS;
KOTSOVILIS; FOURMOUSIS, 2007). A infeco bacteriana pode levar perda da
osseointegrao, resultando na perda do implante. J est bem estabelecido na literatura o
carter infeccioso das doenas peri-implantares uma vez que muitos estudos objetivaram
estabelecer o perfil microbiano que acomete essas infeces (MOMBELLI et al., 1987;
LEONHARDT et al., 2002; QUIRYNEN et al., 2006). De maneira geral, estes estudos
demonstraram que essas doenas esto associadas presena de periodontopatgenos gram-
negativos tais como Agreggatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis,
Prevotella intermedia e Treponema denticola encontrados em casos de peri-implantite e em
implantes fracassados.
Por outro lado, em implantes saudveis, a microbiota similar encontrada em dentes
com sade periodontal (LEONHARDT; RENVERT; DAHLN, 1999). Rutar et al. (2001)
realizaram um estudo em animais, cujos resultados indicaram que 66% dos implantes
apresentaram uma profundidade de sondagem maior de 4 mm. Nos stios onde havia peri-
implantite, 6,25% dos implantes mostraram evidncias no cultivo de presena de
Porphyromonas gingivalis, e dois implantes deram positivo para Agreggatibacter
actinomycetemcomitans. A anlise estatstica revelou uma relao significativa entre a
profundidade de sondagem peri-implantar e o total da microbiota anaerbia cultivvel, tanto
quanto a frequncia da deteco de P. gingivalis.
A etiopatognese da doena peri-implantar ainda matria sob investigao, mas
evidncias apontam que a doena resultado da resposta ineficiente do hospedeiro ao desafio
bacteriano (ROMEO et al., 2004) o que indica que o paciente susceptvel periodontite pode
ser tambm susceptvel peri-implantite. Estudos indicam que bactrias podem ser
transmitidas dos dentes remanescentes para os stios peri-implantares. Assim, as bolsas
periodontais podem funcionar como nichos de infeco para os implantes adjacentes.
(MOMBELLI et al., 1995; SUMIDA et al., 2002).
A peri-implantite comea na poro coronria do implante, enquanto a poro mais
apical do mesmo conserva o estado de osseointegrao. Se no tratada, pode levar a perda do
osso de suporte, perda da osseointegrao e insucesso do implante, sendo uma das principais
causas de insucessos dos implantes em longo prazo (MOMBELLI; LANG, 1998).
A perda ssea ao redor dos implantes osseointegrados tambm tem sido atribuda a
fatores mecnicos incluindo distribuio incorreta dos implantes e da carga sobre os mesmos,
-
23
comprimento do cantilever, tipo de prteses ou at mesmo fraturas dos componentes
protticos (ESPOSITO et al., 1998).
2.2 DIAGNSTICO DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES
A deteco inicial dos sinais da doena essencial para se prever o prognstico e
indicar um tratamento adequado (CLAFFEY et al., 2008). Entretanto, a literatura no relata
um consenso de quais so os melhores parmetros para o diagnstico das doenas peri-
implantares, havendo uma grande divergncia entre os autores. As principais diferenas so
observadas quando comparados as profundidades de sondagem que variam de 4 a 6 mm e o
nmero de roscas expostas ou quantidade de milmetros de perda ssea nos implantes para o
diagnstico da peri-implantite.
O diagnstico de inflamao na mucosa peri-implantar requer o procedimento de
sondagem peri-implantar para identificar a presena de sangramento e/ou supurao. Para a
peri-implantite, alm da avaliao do sangramento gengival, presena de supurao,
radiografias so necessrias para comprovar a perda ssea. Durante o diagnstico radiogrfico
importante distinguir o processo de remodelao ssea que ocorre logo aps a instalao dos
implantes, e a perda do suporte sseo que pode ser detectada em implantes em funo, aps o
processo de osseointegrao (ZITZMANN; BERGLUNDH, 2008).
Mombelli (1999) classificaram implantes com mucosite aqueles que apresentaram
medidas de profundidade de sondagem de at 5mm, com sangramento sondagem e/ou
marginal na ausncia de perda ssea radiogrfica e supurao
Para Roos-Jansaker et al. (2006a), a mucosite caracterizada clinicamente pela
presena de sangramento sondagem associado uma profundidade de sondagem maior ou
igual a 4mm, no entanto Ferreira et al. (2006) consideram que a presena do sangramento
sondagem por si s, capaz de determinar a doena. Alguns autores consideraram tambm,
para este diagnstico, alteraes no volume como edema e/ou na colorao (vermelhido) dos
tecidos marginais peri-implantares (ADELL et al., 1986; APSE et al., 1991). Luterbacher et
al., (2000) acredita que a avaliao do sangramento a sondagem pode ser um valioso
parmetro para acompanhar a evoluo dos tecidos peri-implantares e sugeriu que a ausncia
de sangramento pode indicar uma condio peri-implantar saudvel.
Mombelli (1999) diagnosticaram implantes com peri-implantite quando estes
apresentaram sangramento sondagem e/ou supurao, bolsa ao redor do implante maior ou
igual a 5mm e perda ssea visvel radiograficamente envolvendo no mnimo 3 roscas. J
-
24
Behneke, Behneke e Dhoedt. (2002) propuseram que a peri-implantite seja diagnosticada na
presena de inflamao clnica (sangramento, vermelhido, inchao e pus) e progressiva perda
ssea (no definida em milmetros). J Ekelund et al. (2003) descreveram peri-implantite
como uma combinao de inflamao, dor e contnua perda ssea, enquanto para Ferreira et
al. (2006), o diagnstico de peri-implantite dado a implantes que tiveram profundidade de
sondagem maior ou igual a 5mm, sangramento sondagem ou supurao e perda ssea
vertical. Para Roos-Jansaker et al. (2006b), a deteco da peri-implantite requer pelo menos
1,8mm de perda ssea depois do primeiro ano em funo, em combinao com sangramento
ou supurao aps a sondagem.
Os implantes do tipo Branemark perdem osso ao redor das primeiras roscas durante o
perodo de reparo e o primeiro ano aps a instalao da prtese por meio de um processo
fisiolgico denominado saucerizao (ADELL et al., 1986; OH et al., 2002). Entretanto, a
infeco bacteriana manifestada na peri-implantite uma das principais causas da perda ssea
peri-implantar, podendo levar ao comprometimento total da osseointegrao ao redor do
implante e conseqente perda do mesmo (SCHOU et al., 1993; BERGLUNDH et al., 2008).
2.3 PREVALNCIA DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES
Com a utilizao dos implantes dentais osseointegrados em Odontologia, tem-se
observado nos estudos clnicos, um aumento na frequncia da mucosite e da peri-implantite
em diversas populaes (BERGLUNDH; PERSSON; KLINGE, 2002; FERREIRA et al.,
2006; ROOS-JANSKER et al., 2006a; COSTA et al., 2012).
A peri-implantite no est distribuda de forma uniforme na populao; ela afeta
pequenos grupos de indivduos que apresentam alto risco de desenvolv-la. Em regra, os
hbitos, condies sistmicas e orais so apontadas como fatores de risco para a peri-
implantite, entretanto o perfil do indviduo suscetvel a peri-implantite ainda no est bem
estabelecido (ESPOSITO et al., 1998). Poucos estudos discutem as taxas de prevalncia das
doenas peri-implantares em indivduos tratados com implantes dentrios. Alm disso, os
diversos critrios de diagnstico fazem com que muitos estudos publicados percam evidncias
cientficas (ZITZMANN; BERGLUNDH, 2008).
No estudo transversal realizado por Fransson et al. (2005), cerca de 28% dos sujeitos
tinham pelo menos um implante com o perda ssea. Em 2008, os autores afirmaram que de
todos os 3.413 implantes Branemark examinados, 422 (12,4%) apresentavam perda ssea ao
nvel da terceira rosca do implante. Os resultados dos exames clnicos dos indivduos revelou
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25
que 94% dos implantes exibiu sangramento durante a sondagem e, portanto, diagnosticados
com peri-implantite
Ferreira et al. (2006) examinaram, clinica e radiograficamente, 212 indivduos
parcialmente desdentados reabilitados com implantes osseointegrados para avaliar o estado
peri-implantar. A prevalncia da mucosite e da peri-implantite foram 64,6% e 8,9%,
respectivamente. Na anlise univariada, os tecidos peri-implantares saudveis apresentaram
menores escores de biofilme, menos sangramento sondagem e tinham menos tempo
decorrido desde a colocao das coroas protticas. Nas anlises multivariadas, as variveis de
risco associadas ao aumento para ter doena peri-implantar incluram: sexo, escores de
biofilme e sangramento sondagem. A presena da periodontite e diabetes foram
estatisticamente associadas ao risco aumentado de peri-implantite. O tempo decorrido desde a
colocao das supra-estruturas protticas e a frequncia das visitas de manuteno no
estavam associadas. Atravs da regresso logstica multinomial, os autores sugeriram que
indivduos com periodontite (OR = 3,1), diabetes (OR = 1,9) e deficiente higiene bucal (OR =
14,3) eram mais propensos a desenvolver peri-implantite.
Roos-Jansaker et al. (2006c) procuraram avaliar os fatores relacionadas s doenas
peri-implantares e examinaram 218 pacientes tratados com implantes com 9 a 14 anos em
funo. A presena de mucosa queratinizada e o biofilme foram associados a mucosite
(profundidade de sondagem 4mm e sangramento a sondagem). O nvel sseo nos implantes
foi associado presena de mucosa queratinizada e a presena de supurao. A peri-
implantite foi relacionada a uma histria prvia de periodontite e os indivduos que fumam
mais propensos a desenvolver doenas peri-implantares.
Zitzmann e Berglundh (2008), em uma reviso sistemtica a respeito da prevalncia
das doenas peri-implantares, avaliaram estudos seccionais e longitudinais com perodo de
acompanhamento de pelo menos 5 anos. A prevalncia das doenas peri-implantares nos
implantes relatadas pelos estudos variou de 24% a 92%. A mucosite, nos nove estudos
selecionados, variou entre 24% e 91%. Apenas trs publicaes reportaram a frequncia da
peri-implantite, que nos sujeitos que foi de 27,8% a 77,4% e nos implantes de 12,4% a 43,3%.
Alm disto, os autores verificaram que as taxas da peri-implantite podem ser encontradas na
literatura baseadas nos indivduos ou nos implantes e que h necessidade dos estudos em
descreverem a extenso da doena peri-implantar, o nmero de implantes afetados em cada
paciente bem como a severidade e o grau de perda ssea ao redor dos implantes.
Rinke et al. (2011) avaliaram 89 pacientes parcialmente edntulos em um estudo
seccional retrospectivo e encontraram uma prevalncia de 44,9% dos indivduos com
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26
mucosite e 11,2% com peri-implantite. J Pjetursson et al. (2004) reportaram uma incidncia
da peri-implantite de 8,6% em sujeitos que foram acompanhados por no mnimo 5 anos.
Koldsland, Scheie e Aass (2010) avaliaram a prevalncia da doena peri-implantar
com diferentes mtodos de diagnstico de acordo com os graus de perda ssea dos implantes.
Um total de 109 indivduos com implantes dentrios e tempo mdio das prteses em funo
de 8,4 anos ( 4,6 anos) foram examinados clinicamente e radiograficamente. Os critrios
utilizados para descrever a condio peri-implantar foram: a presena de sangramento na
sondagem em bolsas com profundidade de sondagem 4 ou 6 mm e a perda ssea peri-
implantar radiogrfica 2 ou 3mm. Os autores concluram que avaliando a peri-implantite
em diferentes nveis de severidade ocorreu uma variao substancial na prevalncia dessa
doena na populao em estudo (11,3% a 47,1%) o que sugere uma padronizao nesses
critrios para melhor determinar esses dados.
Costa et al. (2012) realizaram exames clnicos peri-implantar e periodontal em 212
indivduos parcialmente desdentados, reabilitados com implantes dentrios, acompanhando os
pacientes do estudo prvio de Ferreira et al. (2006). Cinco anos depois do primeiro estudo, 80
indivduos que haviam sido diagnosticados com mucosite no exame inicial foram examinados
novamente. Estes indivduos foram divididos em dois grupos: um grupo sem a manuteno
preventiva durante o perodo de estudo (GNTP, n = 39) e outro grupo com tratamento de
manuteno preventiva (GTP, n = 41). Os seguintes parmetros foram avaliados clinicamente:
ndice de placa, sangramento e supurao sondagem periodontal e peri-implantar,
profundidade de sondagem e perda ssea peri-implantar. A influncia de variveis de risco
biolgicos e comportamentais associadas ocorrncia da peri-implantite foi analisada na
anlise univariada e na regresso logstica multivariada. Os autores verificaram uma
incidncia de peri-implantite na amostra global de 31,2% (GNTP = 43,9% e GTP = 18,0%).
Os autores concluram que a falta de manuteno preventiva em indivduos com mucosite foi
associada a uma elevada incidncia da peri-implantite. Os autores concluram que indivduos
que tinham mucosite peri-implantar, principalmente aqueles sem manuteno preventiva,
apresentaram uma elevada incidncia da peri-implantite; alm disso, parmetros clnicos, tais
como profundidade de sondagem e sangramento sondagem, e a presena da periodontite
foram significativamente associados com um risco aumentado de peri-implantite.
Mir-Mari et al. (2012) realizaram um estudo transversal com 245 pacientes (964
implantes dentrios) de uma clnica odontolgica inscritos em um programa de manuteno
periodontal, a fim de determinar a prevalncia de doenas peri-implantares. Implantes com
pelo menos 1 ano em funo foram includos. Os autores consideraram implantes saudveis
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27
aqueles com perda ssea no atingindo a segunda rosca e sem sangramento durante
sondagem. Implantes que no tinham sangramento durante a sondagem, mas a perda ssea
atingia a segunda rosca foram considerados estveis clinicamente. A mucosite foi
diagnosticada em implantes com sangramento durante a sondagem e perda ssea menor que 2
roscas, enquanto na peri-implantite ocorria o sangramento a sondagem e a perda ssea
encontrava-se na segunda rosca do implante. Os resultados mostraram que 21,6% dos
implantes tinham mucosite, afetando 38,8% dos pacientes; j a peri-implantite ocorreu em
9,1% dos implantes e em 16,3% dos pacientes. O estudo concluiu que pacientes com mucosite
so um achado comum, prevalncia que se assemelha aos estudos publicados que foram
realizados em universidades, e que a peri-implantite parece ser uma doena generalizada, uma
vez que a maioria dos implantes em pacientes diagnosticados com peri-implantite so
afetados pela doena.
O quadro 1 mostra uma sntese dos estudo e as prevalncias / frequncias das doena
peri-implantares relatadas.
Quadro 1- Descrio das prevalncias / frequncias das doenas peri-implantares relatadas por estudos na
literatura cientfica.
Autor/ano Indivduos/implantes Taxas de mucosite/peri-
implantite indivduos
Taxas de mucosite/peri-
implantite implantes
Fransson et al.,
2005
662 / 3413 Peri-implantite = 28% Peri-implantite = 12.4%
Ferreira et al.,
2006
212 indivduos Mucosite = 64,6%
Peri-implantite 8,9%
Mucosite = 62.6%
Peri-implantite = 7.44%
Roos-Jansaker
et al., 2006 a 218 / 987 Mucosite = 79.2%
Peri-implantite = 55.6 77.4%
Mucosite = 50.6%
Peri-implantite = 43.3%
Zitzmann e
Berglundh,
2008
9 estudos Mucosite = 24%-91%
Peri-implantite = 27,8% a 77,4%
-
Koldsland,
Scheie e Aass,
2010?
109 indivduos 11,3% - 47,11% -
Rinke et al.,
2011
89 indivduos Mucosite = 44,9%
Peri-implantite = 11,2 %
-
Costa et al.,
2012
212 indivduos Peri-implantite = 31,2% -
Mir Mari et
al., 2012
245 / 964 Mucosite = 38,8%
Peri-implantite = 16,3%
Mucosite = 21,6%
Per-implantite = 9,1%
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
-
28
A variabilidade na prevalncia das doenas peri-implantares pode ser explicada por
fatores como: diversos critrios de diagnstico, variao das populaes em estudo (fumantes,
diabticos e imunodeprimidos). Significativas relaes entre a doena periimplantar e o status
scio-econmico, condies sistmicas (massa corprea, diabetes, osteoporose e osteopenia) e
hbitos como o fumo tambm so encontradas em alguns estudos (EKELUND et al., 2003;
MAXIMO, 2008); entretanto, outros relatam apenas a atuao da diabetes e fumo
(FERREIRA et al., 2006; ROOS-JANSKER et al., 2006c). O uso de implantes em
indivduos parcialmente desdentados relativamente recente (PJETURSSON et al., 2004);
alm disso, informaes relativas prevalncia da mucosite peri-implantar e da peri-
implantite ainda so escassas. A comparao entre as diversas taxas de prevalncia destas
complicaes no mbito mundial tem sido dificultada pelo uso de diferentes conceitos e
critrios para caracterizar sade e doena peri-implantar. Adicionalmente, a incidncia destas
condies deve aumentar consideravelmente em virtude do aumento do nmero de usurios
de prteses implanto-suportadas (JEPSEN et al., 1996).
Estudos indicam um risco das variveis, especialmente periodontites, mucosite,
tabagismo, diabetes, ndice de placa ruim e uma ausncia de manuteno preventiva associada
com a peri-implantite e a perda tardia do implante (LEONHARDT et al., 2002; ROSS-
JANSAKER et al., 2006c; AGLIETTA et al., 2010; ANNER et al., 2010; SIMONIS;
DUFOUR; TENENBAUM, 2010; ZUPNIK et al., 2011).
Assim, diante do nmero crescente das reabilitaes com implantes dentrios e das
discrepncias nas taxas das frequncias das doenas peri-implantares o presente estudo
prope-se a determinar a frequncia das doenas peri-implantares em indivduos reabilitados
com implantes dentrios no departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte e os fatores associados a essas doenas.
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Objetivos
-
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar as condies peri-implantares e os fatores associados s doenas peri-
implantares em pacientes reabilitados com implantes osseointegrados no departamento de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no perodo de maio de 2011 a
abril de 2012.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Determinar a frequncia das doenas peri-implantares e periodontais;
Caracterizar o perfil dos participantes de acordo com o diagnstico peri-implantar;
Buscar fatores associados presena das doenas peri-implantares relacionados aos
indivduos;
Buscar fatores associados presena das doenas peri-implantares relacionados aos
implantes.
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31
Materiais e Mtodos
-
32
4 MATERIAIS E MTODOS
4.1 CARACTERIZAO DO ESTUDO
O presente trabalho consistiu em uma pesquisa de campo aplicada, sendo um estudo
quantitativo e com objetivo descritivo. A metodologia adotada caracterizou-se por uma
abordagem indutiva em um estudo observacional seccional (MEDRONHO, 2004).
4.2 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado no Departamento de Odontologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, onde os pacientes foram avaliados nas clnicas odontolgicas.
4.3 POPULAO E AMOSTRA
A populao do estudo foi composta por 353 pacientes que foram avaliados e
submetidos colocao de implantes dentrios no Departamento de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no perodo de maio de 2011 a abril de 2012.
4.3.1 Critrios de incluso
Foram includos os seguintes pacientes:
Pacientes parcial ou totalmente edntulos tratados com implantes dentrios que foram
reabilitados com prteses em funo por no mnimo 6 meses;
4.3.2 Critrios de excluso
Foram excludos os indivduos submetidos terapia periodontal e/ou antibitica dois
meses previamente ao exame clnico.
4.3.3 Amostragem
4.3.3.1 Clculo da amostra
O clculo amostral teve como base a prevalncia da peri-implantite. Tendo em vista a
variabilidade desta prevalncia relatada pela literatura, buscou-se uma reviso sistemtica e,
-
33
aps anlise da mesma, foi escolhida a prevalncia relatada pelo estudo de Fransson et al.
(2005), que foi de 28%.
A seleo dos pacientes foi realizada aps uma avaliao prvia dos pronturios dos
indivduos submetidos colocao de implantes dentais no referido departamento no perodo
de 2000 a 2011. Aps a identificao dos pacientes que apresentavam implantes dentais com
pelo menos seis meses em funo, realizou-se o clculo amostral.
A amostra foi calculada para um estudo seccional atravs do software Dimam 1.0, em
que um nvel de confiana de 95% foi adotado, assim como uma margem de erro de 20% e
um N de 353 indivduos, os quais representavam os pacientes que se enquadravam nos
critrios de incluso desta pesquisa. Como resultado deste clculo, obteve-se um n de 146
indivduos ao qual foi adicionado mais 20% como mtodo de segurana para alguma eventual
perda na amostra, resultando assim em 182 indivduos.
Todos os indivduos foram convidados a participar da pesquisa atravs de ligaes
telefnicas e por intermdio dos prprios participantes da pesquisa, entretanto, nossa amostra
foi finalizada em 155 pacientes. Os motivos das perdas dos pacientes esto descritos na figura
1.
Figura 1 - Descrio da obteno da amostra do estudo
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN,2012).
-
34
4.4 AVALIAO PELO COMIT DE TICA
O estudo foi executado de acordo com a resoluo 196/96 do Conselho Nacional de
Sade, aps aprovao do Comit de tica em Pesquisa da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte parecer n 024/2011, protocolo 186/10-P (Apndice A).
Todos os indivduos foram informados quanto aos objetivos e as caractersticas do
trabalho. Aps o esclarecimento verbal e por escrito, aqueles que estavam de acordo
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e, assim, participaram da pesquisa
(Apndice B).
4.5 COLETA DOS DADOS
4.5.1 Entrevista
Todos os participantes foram submetidos a anamnese e exame clnico (Apndice C)
aplicado pela pesquisadora com o intuito de identificar possveis fatores
associados/relacionados com a presena/ausncia das doenas peri-implantares.
4.5.2 Exame Clnico Periodontal/Peri-implantar
O exame clnico periodontal/peri-implantar foi realizado atravs da utilizao de uma
sonda periodontal milimetrada convencional (PCP-UNC 15, Hu-friedy, Chicago, Illinois,
USA) e da sonda milimetrada da OMS (Organizao Mundial de Sade) ilustradas nas figuras
2 e 3.
Figura 2 - Sonda periodontal milimetrada (PCP-UNC 15, Hu-friedy, Chicago, Illinois, USA) utilizada para a
mensurao dos parmetros periodontais e peri-implantares.
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
-
35
Figura 3 - Sonda periodontal da Organizao Mundial de Sade (OMS).
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
Os seguintes parmetros clnicos periodontais e peri-implantares foram coletados para
o diagnstico:
Profundidade de sondagem: medida obtida pela distncia, em milmetros (mm), da
margem da gengiva/mucosa ao fundo da bolsa ou sulco peri-implantar ou periodontal
realizada em 6 stios ao redor dos dentes e dos implantes (mesiovestibular, mdio-
vestibular, distovestibular, mesiolingual, mdio-lingual, distolingual) presentes na
cavidade bucal. O examinador, ao inserir a sonda no sulco peri-implantar ou gengival,
acompanhou a configurao anatmica da raiz. A figura 4 mostra a sondagem peri-
implantar de um implante na mandbula.
Figura 4 - Profundidade de sondagem na lingual de um implante dentrio correpondente ao elemento
dentrio 44.
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
-
36
Para avaliao do nvel de higiene bucal, foram utilizados os seguintes ndices:
ndice de Placa Visvel (IPV): com os implantes e dentes previamente secos, os valores
foram atribudos de forma dicotmica, sendo (0) ausncia e (1) presena de depsitos de
biofilme na regio adjacente ao tecido gengival ou da mucosa (AINAMO; BAY, 1975).
ndice de Sangramento Gengival (ISG): presena ou ausncia de sangramento da
mucosa ou gengiva marginal aps percorrer levemente o sulco/bolsa peri-implantar ou
periodontal com a sonda periodontal (AINAMO; BAY, 1975).
Sangramento Sondagem: sangramento aps a sondagem at a base do sulco/bolsa peri-
implantar ou periodontal verificado com a utilizao da sonda milimetrada (figura 5).
Figura 5 - Sangramento durante a sondagem.
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
Ainda foram avaliados os seguintes parmetros periodontais:
Supurao: presena ou ausncia de supurao espontnea ou aps sondagem do
sulco/bolsa peri-implantar ou periodontal;
Mobilidade: avaliao da mobilidade vertical e horizontal do dente e do implante, atravs
do uso do cabo do espelho;
Mucosa queratinizada: tamanho da faixa de mucosa queratinizada associada a cada
implante (Figura 6).
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37
Figura 6 - Mensurao da faixa de mucosa queratinizada associada ao implante dentrio na regio do
elemento 22.
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
4.4.3 Exame Radiogrfico
Os implantes foram avaliados atravs de radiografias periapicais padronizadas obtidas
atravs da tcnica do paralelismo com o auxlio de posicionadores. A quantificao do nvel
sseo peri-implantar foi feita de acordo com sua posio dentro do osso. A altura do osso
peri-implantar foi definida em funo da quantidade de roscas expostas do implante, sendo
considerada exposio das roscas quando radiograficamente o osso circundante no cobriu
completamente toda a sua superfcie. Foi registrado o maior nmero de roscas expostas
encontrada por implante dentrio (Figura 7).
Figura 7 - Perda ssea radiogrfica ao redor dos implantes dentrios.
Fonte: Dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
-
38
4.5 DIAGNSTICO DA DOENA PERIODONTAL
A periodontite foi diagnosticada na presena de quatro ou mais dentes com um ou
mais stios com profundidade de sondagem 4 mm e nvel clnico de insero 3 mm no
mesmo stio, conforme o estudo de Lopez et al. (2002).
4.6 DIAGNSTICO DAS DOENAS PERI-IMPLANTARES
O diagnstico das doenas peri-implantares foi determinado com base no estudo de
Mombelli (1999). Foram considerados implantes com sade peri-implantar aqueles que no
apresentaram sangramento sondagem, sangramento marginal e supurao, com
profundidade de sondagem menor que 5 mm, ausncia de perda ssea radiogrfica e de
mobilidade.
Para classificao como mucosite, os implantes deveriam apresentar sangramento
sondagem e/ou marginal com ausncia de perda ssea radiogrfica e supurao. Implantes que
apresentaram medidas de profundidade de sondagem a partir de 5mm, com sangramento
sondagem e no apresentaram perda ssea, confirmada pelo exame radiogrfico, tambm
foram diagnosticados como portadores de mucosite peri-implantar (MOMBELLI 1999).
O diagnstico de peri-implantite foi considerado em implantes com sangramento
sondagem e/ou supurao, bolsa ao redor do implante maior ou igual a 5mm e perda ssea
visvel radiograficamente envolvendo no mnimo 3 roscas. Implantes com profundidade de
sondagem maior ou igual a 5mm, mesmo no havendo sangramento e/ou supurao, mas que
apresentava perda ssea no exame radiogrfico tambm foram enquadrados com peri-
implantite (figura 08) (MOMBELLI, 1999).
-
39
Figura 08 - Diagnstico da peri-implantite em implante com profundidade de sondagem maior que 5mm e
sangramento.
Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2012).
4.7 ELENCO DE VARIVEIS
O quadro 2 descreve as variveis independentes gerais do estudo.
Quadro 2 - Descrio das variveis independentes gerais e sua categorizao.
Variveis Categoria Descrio
Idade Anos Idade em anos.
Sexo 0 - masculino
1 - feminino
Sexo dos pacientes.
Medicao 0 - No
1 - sim
Uso de medicamentos.
Diabtico 0 - no
1 - sim
Paciente com histrico de glicemia acima de 120mg/ml.
Alteraes sistmicas 0 - no
1 - sim
Presena de qualquer alterao sistmica.
Fumante 0 - no
1 - sim
Relata se o paciente fuma ou no.
lcool 0 - No
1 - sim
Refere-se ingesto de bebidas alcolicas.
Fonte: Banco de dados da pequisa (NATAL/RN, 2012).
O quadro 3 refere-se s variveis independentes relacionadas condio peri-
implantar.
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Quadro 3 - Descrio das variveis independentes relacionadas condio peri-implantar, sua categorizao e
descrio.
Variveis Categoria Descrio
Tempo das prteses Meses Tempo em meses das prteses sobre implante na boca.
Nmero de implantes Unidades Nmero de implantes na cavidade bucal.
Nmero de implantes maxila Unidades Nmero de implantes na maxila.
Nmero de implantes mandbula Unidades Nmero de implantes na maxila.
Localizao dos implantes na
boca
0 Maxila
1 - Mandbula
Determina a localizao do implante quanto aos maxilares.
Localizao dos implantes na
arcada
0 anterior
1 - posterior
Determina a localizao do implante quanto as regies
anterior e posterior.
Profundidade de sondagem dos
implantes na distovestibular
Milmetros Medida obtida pela distncia da margem da gengiva/mucosa
ao fundo do sulco peri-implantar na distovestibular.
Profundidade de sondagem dos
implantes na vestibular
Milmetros Medida obtida pela distncia da margem da gengiva/mucosa
ao fundo do sulco peri-implantar na vestibular.
Profundidade de sondagem dos
implantes na msiovestibular
Milmetros Medida obtida pela distncia da margem da gengiva/mucosa
ao fundo do sulco peri-implantar na msiovestibular.
Profundidade de sondagem dos
implantes na distolingual
Milmetros Medida obtida pela distncia da margem da gengiva/mucosa
ao fundo do sulco peri-implantar na distolingual.
Profundidade de sondagem dos
implantes na lingual
Milmetros Medida obtida pela distncia da margem da gengiva/mucosa
ao fundo do sulco peri-implantar na lingual
Profundidade de sondagem dos
implantes na msiolingual
Milmetros Medida obtida pela distncia da margem da gengiva/mucosa
ao fundo do sulco peri-implantar na msiolingual.
Maior profundidade de sondagem Milmetros Maior medida obtida durante a profundidade de sondagem
dos seis stios de cada implante.
Mucosa Queratinizada Milmetros Medida da quantidade de mucosa queratinizada em
milmetros (mm) na vestibular de cada implante.
Nmero de roscas expostas Unidades Maior nmero de roscas expostas durante a avaliao
radiogrfica.
Retrao gengival em implantes
na vestibular
Milmetros Distncia da cervical do implante margem da
gengiva/mucosa na vestibular.
Retrao gengival em implantes
na lingual
Milmetros Distncia da cervical do implante margem da
gengiva/mucosa na lingual.
Mobilidade em implantes 0 - No
1 - sim
Representa a presena ou ausncia de mobilidade nos
implantes.
Dor 0 - No
1 - sim
Relato de dor no implante durante a mastigao ou a
percusso horizontal e vertical
Hiperplasia 0 - No
1 - sim
Avaliao da presena de hiperplasia gengival no implante.
Fstula 0 - No
1 - sim
Avaliao da presena de fstulas na regio do implante.
Inflamao gengival 0 - No
1 - sim
Avaliao se houve sangramento durante a sondagem do
implante.
Presena de mucosa
queratinizada
0 - No
1 - sim
Avaliao da presena de mucosa queratinizada na regio do
implante.
Enxerto 0 - No
1 - sim
Relata se foi realizado algum procedimento de enxertia na
regio do implante.
Papila 0 ausentes
1 na mesial
2 na distal
3 - ambas
Determina a presena das papilas ao redor dos implantes
Fonte: Banco de dados da pequisa (NATAL/RN, 2012).
-
41
O quadro 4 refere-se s variveis independentes relacionadas condio periodontal
dos pacientes.
Quadro 4 - Descrio das variveis independentes relacionadas condio bucal e sua categorizao.
Variveis Categoria Descrio
Nmero de dentes Unidades Nmero de dentes na cavidade bucal
ndice de Sangramento
oral
% Quantifica o ndice de Placa Visvel
ndice de Placa Visvel % Avalia se h biofilme dental.
Diagnstico Periodontal 0 - Sade
1 - Gengivite
2 - Periodontite
Descreve a condio periodontal do indivduo.
Sensao de boca seca 0 - No
1 - sim
Relato do paciente se sente a boca seca e dificuldade de
ingerir alimentos.
Sangramento oral 0 - No
1 - sim
Relato do paciente de algum sangramento na cavidade
bucal.
Fonte: Banco de dados da pequisa (NATAL/RN, 2012).
O quadro 5 menciona as variveis independentes relacionadas reabilitao prottica.
Quadro 5 - Descrio das variveis independentes relacionadas reabilitao prottica e sua categorizao.
Variveis Categoria Descrio
Prtese 0 - Definitiva
1- Provisria
Descreve o tipo de prtese quanto ao carater
definitivo ou provisrio.
Tipo de prtese 0 Prtese unitria
1 Prtese total removvel
2 Protocolo
3 Prtese parcial mltipla
Descreve o tipo da prtese.
Falha na adaptao 0 No
1 Sim
Relata se houve alguma falha na adaptao dos
componentes protticos ou da prtese no implante.
Fonte: Banco de dados da pequisa (NATAL/RN, 2012).
O quadro 6 descreve as variveis dependentes do estudo e sua categorizao.
Quadro 6 - Descrio da varivel dependente e sua categorizao.
Variveis Categoria Descrio
Doenas peri-implantares 0 - No
1 - Sim
Descreve o diagnstico da condio peri-implantar
do indivduo em 2 categorias.
Fonte: Banco de dados da pequisa (NATAL/RN, 2012).
4.8 ANLISE ESTATSTICA
Os dados coletados foram anotados em fichas clnicas desenvolvidas para esse estudo
(Apndice C) e armazenados em bancos de dados do Microsoft Access. Ao final do perodo
de anlises, os dados referentes s informaes individuais dos pacientes em relao s
-
42
variveis demogrficas, periodontais e peri-implantares foram analisados estatisticamente de
forma descritiva e inferencial atravs do software SPSS 19.0.
Devido ao perfil da amostra, buscou-se, estatisticamente, distribuir de forma mais
adequada as frequncias do diagnstico peri-implantar. Sendo assim, a varivel dependente:
doenas peri-implantares (sim x no) foi utilizada para as associaes ao invs da diviso das
doenas peri-implantares em mucosite e em peri-implantite.
Analisando os dados e com base na literatura cientfica, verificou-se que as doenas
peri-implantares podem estar associadas a fatores inerentes ao indivduo como tambm a
fatores locais relacionados ao implante como: sua localizao, caractersticas do tecido mole
ao redor do implante, tipo de prteses, entre outros. Assim, para que fosse possvel realizar a
anlise inferencial, dois bancos de dados foram criados. O primeiro teve como unidade
amostral o indivduo e o segundo o implante dentrio. Os testes estatsticos de Qui-quadrado
de Pearson e exato de Fisher foram utilizados a fim de buscar associaes entre as variveis
dependentes e as independentes. As variveis quantitativas foram categorizadas de acordo
com os seus percentis acumulados (Tabela 1 e 2).
Tabela 1 - Categorizao das variveis quantitativas relacionadas ao indivduo.
Idade (anos) N %
18-59 103 65,5
60 52 34,5
Total 155 100,0
Indice de Placa Visvel N %
0-30,0% 40 25,8
30,01% 100% 115 74,2
Total 155 100,0
ndice de Sangramento Gengival N %
10,0% 81 52,3
>10,0% 73 47,1
Total 155 100,0
Nmero de Implantes N %
1-2 70 45,2
3 85 54,8
Total 155 100,0
Nmero de dentes N %
0 - 16 54 34,8
17 - 31 101 65,2
Total 155 100,0
Tempo das prteses sobre implantes N %
24 meses 45 29,0
> 24 meses 110 71,0
Total 155 100,0
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
-
43
Tabela 2 - Categorizao das variveis quantitativas relacionadas ao implante de acordo com seus percentis.
Mucosa queratinizada (mm) N %
0 - 1,9 mm 312 60,0
2 mm 208 40,0
Total 520 100,0
Nmero de roscas expostas (unidade) N %
0 - 2 400 76,5
3 123 24,5
Total 523 100,0
Tempo das prteses sobre implantes N %
24 meses 156 29,8
>24 meses 321 61,4
Total 477 100,0
Fonte: Banco de dados da pesquisa (Natal/RN, 2012).
Por meio da Regresso logstica binria, buscou-se um modelo explicativo para o
surgimento das doenas peri-implantares. O modelo foi realizado baseado em um banco de
dados tendo como unidade os implantes, buscando fatores locais e gerais associados s
doenas peri-implantares. Um intervalo de confiana de 95% foi adotado.
-
44
Resultados
-
45
5 RESULTADOS
Com o objetivo de promover uma melhor compreenso dos dados, os resultados foram
divididos em 4 partes:
1. Caracterizao da amostra;
2. Caracterizao da amostra quanto s condies periodontais e peri-implantares;
3. Frequncia das doenas periodontais e peri-implantares;
4. Anlise inferencial
a) nalise bivariada;
b) Anlise multivariada.
5.1 CARACTERIZAO DA AMOSTRA
Durante o perodo de coleta dos dados (13 meses) foram atendidos 155 pacientes com
523 implantes e 2718 dentes. A tabela 3 apresenta a distribuio amostral obtida segundo o
gnero e a idade dos pacientes. A varivel idade assumiu uma distribuio normal sendo
representada pela sua mdia e desvio-padro.
Tabela 3 - Distribuio absoluta e percentual de acordo com o gnero dos pacientes. Mdia e desvio padro de
acordo com a idade dos pacientes.
Gnero N %
Masculino 32 20,6
Feminino 123 79,4
Mdia DP Mediana Q25-Q75
Idade em anos 54,05 12,61 47,00-63,00
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
De acordo com esses dados, observa-se um maior percentual de pacientes do gnero
feminino que foram submetidos ao tratamento de reabilitao oral com implantes dentrios. A
mdia da idade dos indivduos foi de 54,05 ( 12,61) onde a menor idade encontrada foi 18
anos e a maior 88 anos.
Tratando-se da anlise descritiva referente ao uso de medicamentos que poderiam
causar alteraes nos tecidos peri-implantares, a presena de alteraes sistmicas nos
pacientes, o relato de sangramento gengival e a presena da sensao de boca seca, a tabela 4
mostra esses dados.
-
46
Tabela 4 - Distribuio absoluta e percentual de acordo com o uso de medicamentos, diabticos, alteraes
sistmicas, relato de sangramento gengival e boca seca.
Sim No
n % N %
Uso de medicao 69 44,5 86 55,5
Alteraes sistmicas 53 34,2 102 65,8
Relato de sangramento gengival 24 15,5 131 84,5
Boca seca 27 17,4 128 82,6
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
A maioria dos pacientes no fazia uso de medicamentos no momento da entrevista. Os
medicamentos considerados foram os hormnios sexuais e da tireide, antidepressivos e
reguladores da presso arterial. Apenas 3 (1,9%) pacientes eram diabticos, assim, foram
includos na varivel independente alteraes sistmicas. Entretanto, 53 (34,2%) relataram ter
alguma alterao sistmica como alteraes na presso sangunea, hormonais, doenas da
tireide e osteoporose. O relato de sangramento gengival foi citado por 24 (15,5%) pacientes
e a sensao de boca seca por 27 (17,4%) pacientes. Alguns hbitos nocivos como fumar e
ingerir bebidas alcolicas esto descritos na tabela 5.
Tabela 5 - Distribuio absoluta e percentual de acordo com os hbitos de fumar e ingesto de bebidas
alcolicas.
Sim No
n % N %
Fumante 20 12,9 135 87,1
Ingesto de bebida alcolica 56 36,1 99 63,9
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
De acordo com os dados, a maioria dos pacientes no eram fumantes e o cigarro foi o
nico tipo de substncia relatada. Bebidas alcolicas como cerveja, vinho, cachaa e usque
foram relatadas por 36,1% (n = 56) da amostra e sua frequncia de ingesto variava de uma
vez ao ms a trs vezes por semana.
-
47
5.2 CARACTERIZAO DA AMOSTRA QUANTO S CONDIES PERIODONTAIS
E PERI-IMPLANTARES
As variveis relacionadas s condies periodontais dos indivduos como o ndice de
placa visvel, ndice de sangramento gengival e o nmero de dentes presentes na cavidade
bucal esto descritas na tabela 6.
Tabela 6 - Mdia, desvio padro, mediana, intervalo de confiana Q25 e Q75 do ndice de placa visvel (IPV),
ndice de sangramento gengival (ISG) e nmero de dentes.
Mdia DP Mediana Q25-Q75
IPV 48,83 26,60 46,96 29,32-67,18
ISG 7,98 13,71 1,85 0,00-11,45
Nmero de dentes 17,54 10,32 22,0 9,0-25,0
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
Os pacientes apresentaram uma mdia de IPV na boca completa de 48,83% ( 26,60) e
ISG de boca completa representado por sua mediana 1,85. Quanto ao nmero de dentes
presentes, houve uma variao de 0 a 31 dentes onde a mediana por paciente foi de 22 dentes.
Com relao aos implantes dentrios, o nmero mdio de implantes, seu tempo de reabilitao
com as prteses e sua distribuio quanto arcada esto descritos na tabela 7.
Tabela 7 - Mdia, desvio padro, mediana e percentis 25 e 75 do nmero de implantes, tempo de reabilitao dos
implantes em meses, nmero de implantes na maxila e na mandbula.
Mdia DP Mediana Q25-Q75
Nmero de implantes 3,39 2,41 3,00 2,00-4,00
Tempo de reabilitao dos implantes (meses) 47,42 26,45 47,00 24,00-60,00
Implantes na maxila 1,52 1,83 1,00 0,00-3,00
Implantes na mandbula 1,79 1,84 1,00 0,00-3,00
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
O nmero de implantes total examinados na pesquisa foi de 523 implantes e a mediana
por paciente foi de 3,0. Os implantes mostraram uma distribuio entre as arcadas semelhante
representadas pelsa sua mediana (1,00) tanto para maxila quanto para a mandbula. A mdia
do tempo das prteses sobre os implantes foi de 47,42 meses ( 26,45) e o tempo mnimo e
mximo das prteses foram, respectivamente, de 6 e 120 meses. O maior nmero de implantes
encontrados nos indivduos foi de 11 implantes.
A tabela 8 descreve os aspectos peri-implantares relacionados s profundidades de
sondagem nos seis stios de cada implante, s retraes gengivais na vestibular e lingual, a
-
48
medida da faixa da mucosa queratinizada, alm do nmero de roscas expostas devido perda
ssea.
Tabela 8 - Mdia, desvio padro, mediana e percentis 25 e 75 das profundidades de sondagem, retraes
gengivais, faixa de mucosa queratinizada e nmero de roscas expostas.
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
A maior profundidade de sondagem encontrada nos implantes foi de 8 mm e a menor
de 1mm. As retraes gengivais na face lingual variaram de 0 a 8 mm, enquanto na face
vestibular de 0 a 5 mm. O valor mximo da faixa de mucosa queratinizada encontrada foi de 7
mm e o implante que apresentou uma maior perda ssea apresentou 7 roscas expostas. A
frequncia da maior profundidade de sondagem por indivduo est descrita na tabela 9.
Tabela 9 - Distribuio absoluta e percentual de acordo com as profundidades de sondagem peri-implantares.
Natal/RN, 2012.
Profundidade de sondagem peri-implantar n %
PS3mm 288 55,1
PS=4mm 114 21,8
PS5mm 118 22,6
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN, 2012).
Ao classificar as profundidade de sondagem em 3, 4 e 5 mm a mais frequente nos
implantes foram aquelas que atingiram 3 mm de profundidade afentando 55,1% (n = 288) da
amostra.
Mdia DP Mediana Q25-Q75
Maior PS por implante 3,59 1,20 3,00 3,00 4,00
PS na distovestibular 2,78 1,00 3,00 3,00 4,00
PS na vestibular 2,23 0,97 2,00 2,00 3,00
PS na msiovestibular 2,91 1,17 3,00 2,00 3,00
PS na distolingual 2,78 1,11 3,00 2,00 3,00
PS na lingual 2,38 1,06 2,00 2,00 3,00
PS na msiolingual 2,79 1,19 3,00 2,00 3,00
Retrao gengival na vestibular 0,409 0,88 0,00 0,00
Retrao gengival na lingual 0,392 1,04 0,00 0,00
Faixa de mucosa queratinizada 2,15 1,76 2,00 0,50 3,00
Nmero de roscas expostas 1,25 1,44 1,00 0,00 2,00
-
49
5.3 FREQUNCIA DAS DOENAS PERIODONTAIS E PERI-IMPLANTARES
Com relao ao diagnstico das doenas periodontais na amostra, o grfico 1 mostra a
frequncia dessas doenas nos pacientes estudados.
Grfico 01 - Distribuio da frequncia das doenas periodontais.
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
Na amostra, 28 (18,1%) pacientes eram desdentados bimaxilares, portanto o
diagnstico periodontal no pode ser aplicado para eles e o n passou a ser de 127 pacientes. A
maioria dos pacientes foi diagnosticada com doena periodontal caracterizando uma amostra
de pacientes com perfil periodontal doente.
A frequncia do diagnstico peri-implantar (sade, mucosite e peri-implantite) foi
dada para os indivduos como tambm para os implantes e esto apresentadas nos grficos 2 e
3.
Grfico 02 - Distribuio da frequncia do diagnstico peri-implantar nos indivduos.
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
7%
43% 50%
Sade Gengivite Periodontite
18%
54%
28%
Sade Mucosite Peri-implantite
-
50
Grfico 03 - Distribuio da frequncia do diagnstico peri-implantar nos implantes dentrios.
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
A mucosite mostrou ser a doena peri-implantar mais frequente, afetando 54% (n =
83) de todos os pacientes examinados. Quando a amostra foi categorizada em pacientes
saudveis e com doena peri-implantar (mucosite + peri-implantite), o nmero de pacientes
doentes alcanou 82% da amostra (n = 127). Nos 525 implantes, 57% (n = 296) foram
diagnosticados com doenas peri-implantares, a mucosite esteve presente em 224 implantes, a
peri-implantite em 72 e 227 implantes foram diagnosticados com sade.
A tabela 10 descreve os valores das frequncias das doenas peri-implantares nos
indivduos baseados nos critrios de diagnstico de Roos-Jansaker et al. (2006a) e Berglundh;
Persson; Klinge et al. (2002).
Tabela 10 - Frequncia das doenas peri-implantares nos indivduos de acordo com os critrios de Roos-Jansaker et al. (2006a) e Berglundh; Persson; Klinge et al. (2002).
Diagnstico n %
Roos-Jansaker et al. (2006a)
Sade 75 48,1
Mucosite (PS 4mm + Sangramento/Supurao) 35 22,4
Peri-implantite (PS 4mm + Sangramento/Supurao + 3 roscas expostas) 45 29,5
Berglundh; Persson; Klinge et al. (2002).
Sade 75 48,1
Mucosite (PS 4mm + Sangramento/Supurao) 65 42,3
Peri-implantite (PS 6mm + Sangramento/Supurao + 3 roscas expostas) 15 9,6
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
43%
43%
14%
Sade Mucosite Peri-implantite
-
51
Baseados em critrios diferentes as frequncias das doenas peri-implantares
mostraram ser distintas. De acordo com o critrio de Roos-Jansaker et al. (2006a), 51,9% (n =
80) dos indivduos tinham doenas peri-implantares. Para os critrios de Berglundh; Persson;
Klinge et al. (2002). A frequncia das doenas peri-implantares foi a mesma (51,9%), contudo
a frequncia da peri-implantite foi bem menor, 9,6 % (n = 15) nos indivduos. A tabela 11
descreve os valores das frequncias das doenas peri-implantares nos implantes baseados nos
critrios de diagnstico de Roos-Jansaker et al. (2006a) e Berglundh; Persson; Klinge et al.
(2002).
Tabela 11 - Frequncia das doenas peri-implantares nos implantes de acordo com os critrios de Roos-Jansaker et al. (2006a) e Berglundh; Persson; Klinge et al. (2002).
Diagnstico n %
Roos-Jansaker et al. (2006a)
Sade 340 65,0
Mucosite (PS 4mm + Sangramento/Supurao) 101 19,3
Peri-implantite (PS 4mm + Sangramento/Supurao + 3 roscas expostas) 83 15,7
Berglundh; Persson; Klinge et al. (2002)
Sade 340 65,0
Mucosite (PS 4mm + Sangramento/Supurao) 164 31,4
Peri-implantite (PS 6mm + Sangramento/Supurao + 3 roscas expostas) 19 3,6
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
De acordo com o critrio de Roos-Jansaker et al. (2006), a mucosite esteve frequente
em 19,3% (101) dos implantes e a peri-implantite em 15,7% (n = 83). Para os critrios
Berglundh; Persson; Klinge et al. (2002) 31,4% (n = 164) tinham mucosite e apenas 3,6% (n
= 19) peri-implantite. Os critrios de diagnsticos diferentes mostraram influenciar
fortemente nas frequncias das doenas peri-implantares.
5.4 ANLISE INFERENCIAL
5.4.1 Anlise bivariada
Uma anlise bivariada entre a varivel dependente doenas peri-implantares e as
variveis independentes do estudo relacionadas ao indivduo foi realizada atravs dos testes
Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher, conforme a tabela 12.
-
52
Tabela 12 - Anlise bivariada entre a varivel dependente doenas peri-implantares e as variveis independentes relacionadas aos indivduos, valor de p, odds ratio (OR) e intervalo de confiana (IC).
Doenas peri-implantares
No Sim
n % n % p OR IC (95%)
Sexo Masculino 2 6,3 30 93,8 0,050* 0,249 0,056 - 1,110
Feminino 26 21,1 97 78,9
Medicao No 22 25,6 64 74,4 0,007* 3,689 1,385 - 8,248
Sim 6 8,7 63 91,3
Alteraes sistmicas No 22 22,9 74 77,1 0,045* 2,626 0,996 - 6,922
Sim 6 10,2 53 89,8
Ingesto de bebidas
alcolicas
No 21 21,2 78 78,8 0,176* 1,885 0,746-4,762
Sim 7 12,5 49 87,5
Fumante No 24 17,8 111 82,2 0,809** 0,865 0,265-2,818
Sim 4 20,0 16 80,0
Boca seca No 22 17,2 106 82,8 0,537** 0,726 0,263-2,008
Sim 106 22,2 21 77,8
Doena periodontal No 7 77,8 2 22,2 10% 7 9,6 66 90,4
Nmero de implantes 1-2 19 27,1 51 72,9 0,008* 3,105 1,302 - 7,405
3 9 10,7 75 89,3
Nmero de dentes 17 - 31 22 21,8 79 78,2 0,100* 2,228 0,843 - 5,885
0 - 16 6 11,1 48 88,9
Tempo das prteses sobre os
implantes
6 - 24 meses 12 26,7 33 73,3 0,075* 2,136 0,916 - 4,984
>24 meses 16 14,5 94 85,5
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
* valores de p
-
53
Tabela 13 - Anlise bivariada entre a varivel dependente doenas peri-implantares e as variveis independentes
relacionadas aos indivduos e aos implantes dentrios, valor de p, odds ratio (OR) e intervalo de confiana (IC). Doenas peri-implantares
No Sim
n % n % p OR IC (95%)
Sexo Feminino 53 41,7 74 58,3 0,662 1,094 0,730 - 1,640
Masculino 174 43,9 222 56,1
Medicao No 123 90,1 127 9,9 0,010* 1,574 1,111 - 2,229
Sim 104 38,1 169 61,9
Alteraes sistmicas No 136 48,2 146 51,8 0,016* 1,535 1,082 - 2,179
Sim 91 37,8 150 62,2
Ingesto de bebidas
alcolicas
No 164 45,1 200 54,9 0,249* 1,250 0,855 - 1,825
Sim 63 39,6 96 60,4
Fumante No 190 43,3 249 56,7 0,897 0,969 0,606 - 1,551
Sim 37 44,0 47 56,0
Boca seca No 198 44,2 250 55,8 0,371 1,256 0,761 - 2,073
Sim 29 38,7 46 61,3
Idade (anos) 18-50 50 42,4 68 57,6 0,797 0,947 0,626 - 1,434
51-88 177 43,7 228 56,3
ndice de Placa Visvel 0 30,0% 53 47,7 58 52,3 0,298 1,250 0,821 - 1,904
>30% 174 42,2 238 57,8
ISG 10% 186 51,4 176 48,6 10% 41 25,5 120 74,5
Nmero de implantes 1-2 42 40,0 63 60,0 0,431 0,840 0,543 - 1,298
3 185 44,3 233 55,7
Nmero de dentes 17-31 129 45,7 153 54,3 0,243 1,230 0,869 - 1,742
0-16 98 40,7 143 59,3
Tempo das prteses sobre os
implantes
6-24 meses 98 62,8 58 37,2
-
54
Doenas peri-implantares
No Sim
n % n n p OR IC (95%)
Ocluso Normal 154 43,3 202 56,7 0,584 0,900 0,617 - 1,313
Malocluso 72 45,9 85 54,1
Prtese Provisria 210 43,4 274 56,6 0,981 0,992 0,514 -1,915
Definitiva 181 43,6 138 56,4
Tipo da Prtese Unitria 83 42,1 114 57,9 0,167 Total
Removvel
35 36,5 61 63,5
Protocolo 37 53,6 32 46,4
Parcial
Mltipla
72 44,7 89 55,3
Material da prtese Metalocermi
ca
138 43,3 181 56,7 0,934 0,985 0,691 - 1,404
Resina 89 43,6 115 56,4
Fixao Parafusada 60 50,8 58 49,2 0,131 1,387 0,906 - 2,123
Cimentada 132 42,7 177 57,3
Falha na adaptao da
prtese
No 188 42,6 253 57,4 0,408 0,819 0,511 - 1,314
Sim 39 47,6 43 52,4
Fonte: Banco de dados da pesquisa (NATAL/RN2012).
* valores de p
-
55
Tabela 14 - Modelo de regresso logstica binria para a varivel dependente diagnstico peri-implantar
(sade x doenas peri-implantares).
Doenas peri-implantares
OR
IC (95%)
OR ajustada
IC (95%)
ISG >10% 3,093 (2,053 - 4,661)
p < 0,001
1,742 (1,056 2,871)
p = 0,030
Mais de 2 anos de prtese 3,110 (2,090 - 4,628)
p
-
56
Discusso
-
57
6 DISCUSSO
Parmetros clnicos comumente empregados em Periodontia foram utilizados neste
estudo com o objetivo de avaliar a frequncia das doenas peri-implantares bem como os
fatores associados a estas doenas. A frequncia das doenas peri-implantares relatada pela
literatura varia consideravelmente. No presente estudo, as doenas peri-implantares foram
encontradas em 82% (n = 127) dos 155 indivduos examinados. A mucosite e a peri-
implantite afetaram 54% (n = 83) e 28% (n = 43) dos indivduos, respectivamente. Estas
frequncias mostraram estar de acordo com os achados de Zitzmann e Berglundh (2008), que
em uma reviso sistemtica, concluram que a frequncia das doenas peri-implantares
variava na literatura entre 24% e 91%. Ferreira et al. (2006) relataram que de 212 indivduos
73,3% tinham doena peri-implantar. J Roos-Jansaker et al. (2006b) encontraram uma
frequncia de 83,2% de doenas peri-implantes em 216 pacientes.
Em termos gerais, a prevalncia das doenas peri-implantares enquadra-se na faixa da
frequncia citada por Zitzmann e Berglundh (2008). A maior variao verificada quando a
doena classificada em mucosite ou peri-implantite. A frequncia da peri-implantite
encontrada foi elevada quando comparada a alguns relatos na literatura. Berglundh; Persson;
Klinge et al. (2002), em uma reviso sistemtica, relataram que a frequncia de peri-
implantite pode variar entre 0% e 14,4%. J Ferreira et al. (2006) citaram que, nos 212
indivduos 64,4% apresentaram mucosite, enquanto que 8,9% peri-implantite. No estudo
seccional de Roos-Jansaker et al. (2006b), um total de 216 pacientes e 978 implantes foram
avaliados e a mucosite foi diagnosticada em 76,6% dos pacientes, enquanto que a peri-
implantite foi diagnosticada em 16% dos pacientes e 6,6% dos implantes. O presente estudo
teve seus resultados semelhantes aos de Fransson et al. (2005), os quais avaliaram 662
pacientes e 3412 implantes, e os autores encontraram a peri-implantite em 27,8% dos
indivduos e em 12,4% dos implantes.
A grande disparidade encontrada na frequncia da peri-implantite em diversos estudos
pode ser justificada pelo fato de diferentes parmetros clnicos serem utilizados para avaliar e
definir a doena, bem como a falta de padronizao na avaliao, o que dificulta comparaes
entre os estudos (PJETURSSON et al., 2004).
Para Roos-Jansaker et al. (2006a), a mucosite caracterizada clinicamente pela
presena de sangramento sondagem associada a uma profundidade de sondagem maior do
que 4mm; no entanto, Ferreira et al. (2006) consideram que a presena do sangramento
sondagem por si s, capaz de determinar a doena. O critrio utilizado para o diagnstico
-
58
das doenas peri-implantares no presente estudo foi o mesmo utilizado por Mombelli (1999) e
posteriormente por Ferreira et. al (2006), em que a ocorrncia do sangramento sondagem
peri-implantar, por ser um sinal clnico objetivo e simples, caracterizava a presena de
mucosite. O registro do sangramento sondagem (SS) pareceu ser o parmetro mais indicado
para diagnstico das mucosites e para o monitoramento clnico dos implantes, alguns autores
consideraram tambm, para este diagnstico, alteraes no volume como edema e/ou na
colorao (vermelhido) dos tecidos marginais peri-implantares (APSE et al., 1991;
PJETURSSON et al., 2004). A ausncia de mucosa queratinizada e a presena de cicatrizes
provenientes de procedimentos cirrgicos prvios podem influenciar o investigador no
momento de quantificar o grau de inflamao pelo critrio visual. Adicionalmente,
dificuldades na reprodutibilidade destes ndices foram citados em inmeros estudos (COX;
ZARB, 1987; PJETURSSON et al., 2004; SALVI; LANG, 2004). Portanto, este critrio no
foi incorporado no mtodo do presente estudo em razo das particularidades de vieses que
acompanham estas informaes subjetivas.
O diagnstico de peri-implantite foi dado a implantes que tiveram profundidade de
sondagem maior ou igual a 5mm, sangramento sondagem ou supurao e perda ssea
envolvendo a terceira rosca do implante, critrio preconizado por Mombelli . (1999) e
utilizado por Ferreira et al. (2006) e Costa et al. (2012).
Na literatura tambm se atribui o diagnstico ao paciente pela pior situao do
implante. Entretanto, o diagnstico generalizado de um indivduo pela presena de apenas um
implante comprometido parece no ser justo. Ao avaliar a frequncia da peri-implantite em
implantes observou-se que a mesma declinou. As doenas peri-implantares afetaram 57% dos
523 implantes de maneira que a mucosite ocorreu em 43% dos implantes e a peri-implantite
em 14%, fato tambm observado por Fransson et al. (2005) onde a frequncia da peri-
implantite de 27,8% dos indivduos reduziu para 12,4% dos implantes. Mir-Mari et al. (2012)
detectaram a mucosite em 21,6% dos implantes avaliados e em 38,8% dos pacientes; j a peri-
implantite ocorreu em 9,1% dos implantes e em 16,3% dos pacientes. Desta forma, a doena
peri-implantar parece ser mais dependente do implante do que do indivduo.
Zupnik et al. (2011), avaliando os fatores de risco para as falhas nos implantes
dentrios de 341 pacientes, relatam que os homens tm um maior nmero de falhas, em longo
prazo, comparados s mulheres. Shiau e Reynolds (2010) realizaram uma meta anlise tendo
como base 12 populaes diferentes e um total de mais 50.000 pacientes para verificar a
influncia do sexo na destruio periodontal. Os autores verificaram que a doena periodontal
causava uma maior destruio no periodonto dos homens que no das mulheres. Os homens
-
59
mostraram uma maior perda ssea e uma maior profundidade de sondagem aumentadas que as
mulheres. Ferreira et al. (2006) e Koldsland, Scheie e Aass, (2010) tambm verificaram que o sexo
masculino esteve associado presena das doenas peri-implantares. No presente estudo, os
homens tambm tiveram mais doenas peri-implantares (p = 0,051) e o sexo feminino teve
mais sade com uma OR= 0,249. Contudo, Costa et al. (2012) no mostrou nenhuma relao
entre o sexo e as doenas peri-implantares. Como a doena periodontal relatada como fator
de risco para as falhas de implantes, esta diferena significativa entre os sexos pode ser
explicada devido a maior frequncia das doenas periodontais em homens.
A idade mdia dos pacientes avaliados foi de 54,05 anos (12,61). Indivduos com
mais de 51 anos tinham mais doenas peri-implantares, entretanto, uma diferena significativa
entre as idades no foi encontrada. Ferreira et al. (2006) apontam para uma maior
susceptibilidade s doenas peri-implantares em indivduos mais velhos, enquanto outros
estudos afirmam que os indivduos mais jovens tiveram piores condies peri-implantares.
(RUTAR et al., 2001).
Pacientes com diabetes, alteraes cardiovasculares, alteraes hormonais e
osteoporose mostraram ser mais susceptveis s doenas peri-implantares (p = 0,045)
aumentando o aparecimento destas doenas em 2,6 vezes (OR = 2,626). Para Roos-Jansaker
et al. (2006c), que buscaram os fatores de risco para as doenas peri-implantares em 218
pacientes durante um perodo de acompanhamento de 9 a 14 anos, essas doenas no foram
significativas para o aparecimento das doenas peri-implantares, entretanto, os pacientes com
essas doenas tinham 1,1 vezes mais chance de ter mucosite. Ao estudar populaes
diferentes, os resultados das associaes parecem ser contraditrios; logo, mais estudos a
respeito da influncia de alteraes sistmicas devem ser realizados. Pacientes com alteraes
sistmicas necessitam do uso de medicamentos para controlar os efeitos dessas alteraes no
organismo, assim, uma diferena estatstica si