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Conhec. Dest., Serra, ES, v. 01, n. 02, jul./dez. 2012. PEDAGOGIA SOCIAL: DEFINIÇÕES, FORMAÇÃO, ESPAÇOS DE TRABALHO, GRANDES NOMES & EPISTEMOLOGIAS Hiran Pinel 1 Paulo Roque Colodete 2 Jacyara Silva Paiva 3 Resumo Apresenta contemporaneamente a Pedagogia Social definindo-a como um saberfazer em processo de construção; descrevendo espaços de trabalho ou de intervenção (e interferência); destacando os Grandes Nomes na construção dessa Pedagogia e finalmente pontua as Epistemologias, dando destaque a uma de foco humanista existencial crítico que transita, por exemplo, entre pensadores como Freire, Merleau- Ponty, Rogers etc. Palavras-chave: Pedagogia Social: Grandes Nomes. Epistemologias: Humanista- Existencial Crítica. Formação: Inicial: Continuada. Educador social: Profissionalização. 1 Professor Associado III da Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Educação, Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais, Programa de Pós-Graduação em Educação UFES/ CE / DTEPE / PPGE. Doutor em Psicologia Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação pela UFES. Graduado psicólogo. Licenciado em Pedagogia. Licenciado em Filosofia. Licenciado em Psicologia. Bacharel em Psicologia. Psicopedagogo. Educador social. Líder da Linha de Pesquisa: Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas. Pós doutorando em Educação e Cinema, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, FAE/ UFMG. Autor principal. E-mail: [email protected] 2 Doutor e Mestre em Educação pela UFES/ CE / DTEPE / PPGE. Graduado em Enfermagem. Psicólogo. Licenciado em Psicologia. Bacharel em Psicologia. Profissional de saúde pública enfermeiro e psicólogo. Educador social. Psicopedagogo. Professor universitário. Coautor. Paulo Roque Colodete CV: http://lattes.cnpq.br/1608282389805237 3 Doutor e Mestre em Educação pela UFES/ CE / DTEPE / PPGE. Bacharel em Direito. Licenciada em Pedagogia. Advogada. Professora. Educadora social. Professora universitária. Gestora escolar. Coautora. [email protected]

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PEDAGOGIA SOCIAL: DEFINIÇÕES, FORMAÇÃO, ESPAÇOS DE TRABALHO,

GRANDES NOMES & EPISTEMOLOGIAS

Hiran Pinel1

Paulo Roque Colodete2

Jacyara Silva Paiva3

Resumo Apresenta contemporaneamente a Pedagogia Social definindo-a como um saberfazer em processo de construção; descrevendo espaços de trabalho ou de intervenção (e interferência); destacando os Grandes Nomes na construção dessa Pedagogia e finalmente pontua as Epistemologias, dando destaque a uma de foco humanista existencial crítico que transita, por exemplo, entre pensadores como Freire, Merleau-Ponty, Rogers etc. Palavras-chave: Pedagogia Social: Grandes Nomes. Epistemologias: Humanista-Existencial Crítica. Formação: Inicial: Continuada. Educador social: Profissionalização.

1 Professor Associado III da Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Educação, Departamento

de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais, Programa de Pós-Graduação em Educação – UFES/ CE

/ DTEPE / PPGE. Doutor em Psicologia – Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação pela

UFES. Graduado psicólogo. Licenciado em Pedagogia. Licenciado em Filosofia. Licenciado em

Psicologia. Bacharel em Psicologia. Psicopedagogo. Educador social. Líder da Linha de Pesquisa:

Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas. Pós doutorando em Educação e Cinema, pela

Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, FAE/ UFMG. Autor principal. E-mail:

[email protected]

2 Doutor e Mestre em Educação pela – UFES/ CE / DTEPE / PPGE. Graduado em Enfermagem.

Psicólogo. Licenciado em Psicologia. Bacharel em Psicologia. Profissional de saúde pública –

enfermeiro e psicólogo. Educador social. Psicopedagogo. Professor universitário. Coautor. Paulo Roque

Colodete CV: http://lattes.cnpq.br/1608282389805237

3 Doutor e Mestre em Educação pela – UFES/ CE / DTEPE / PPGE. Bacharel em Direito. Licenciada em

Pedagogia. Advogada. Professora. Educadora social. Professora universitária. Gestora escolar.

Coautora. [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

A origem deste artigo emergiu de uma pesquisa bibliográfica discursiva, cujo objetivo

era o de descrever, pela via reflexiva, acerca de alguns fundamentos da Pedagogia

Social, considerada como muitas vezes interligada à esfera da Educação Especial e

Inclusiva encontrando justamente aí correlações de apoio e força, e com isso

destacando as definições, as formações, os espaços de trabalho, os Grandes Nomes e

uma Epistemologia representada aqui por Carl Rogers que foi marcado por Paulo Freire

na prática, mesmo que filosoficamente façam travessias diferenciadas a partir da

Fenomenologia. Focamos uma Pedagogia Social que subsidie ações do educador

social.

Convém esclarecermos que os termos Pedagogia Social e Educação Social não são

sinônimos. Pedagogia Social é uma disciplina científica; uma teoria que irá fornecer as

ferramentas para a Educação Social, que é uma práxis. Entretanto, uma está

intrinsecamente ligada à outra, mesmo que se diferenciem na produção discursiva

(Pedagogia Social) para criar tentativa de sustentação de uma práxis (Educação

Social). Trata-se de mais uma invenção de diferenciar termos frente ao uso deles com

igual intensidade e densidade (e tensidade) na nossa realidade; trata-se ao nosso

sentir, de demarcar espaços profissionais e discursivos (teóricos).

Nesse contexto é que levantamos e respondemos às seguintes questões pelo método

bibliográfico fenomenológico de pesquisa: O que é Pedagogia Social? Qual o seu

objeto de estudo? Qual a diferença entre Pedagogia Social e Educação Social? O que é

formação do educador social? Como se apresentam os documentos oficiais de seus

cursos – com as disciplinas – que nos indica o que se espera do seu labor? Quais são

os espaços de trabalho do educador social? Quem fundou o que se denomina

Pedagogia Social? Qual a referência teórica atual? Que Epistemologia ganha sentido

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no contexto dos dois autores supracitados?

2 DEFININDO PEDAGOGIA SOCIAL

Zucchetti (2008; p. 1) diz, em relação à Pedagogia Social, existem poucos estudos

nessa seara, já na Europa (especialmente Espanha) esse saberfazer é entendido como

ciência da Educação. Mas o seu enfoque se deu no século XIX na Alemanha, “mas é ao

longo do século XX que a pedagogia social se consolida e se transforma em formação

acadêmica”.

A Pedagogia Social é um saberfazer que tem sido mais estudado na

contemporaneidade. Apesar de bibliografias esparsas encontradas na década de 60,

no Brasil existe a emergência das práticas educacionais, por exemplo, aos meninos e

meninas em situação de rua. Organizações da sociedade atual acabam por demandar a

presença e a ação do educador social, como as fazem as ONGs (Organizações Não-

Governamentais), OSCs (Organizações da Sociedade Civil), OSCIPs (Organizações da

Sociedade Civil de Interesse Público), Institutos, Fundações e outras entidades do

Terceiro Setor. Enfim, há um intenso interesse por esse tema, seja como o nomeamos

(Pedagogia Social e educador social), seja com outras nomenclaturas como Pedagogia:

Empresarial (sob um enfoque crítico psico-sócio-pedagógico), Hospitalar, Comunitária,

Especial e Inclusiva - fora ou dentro da escola numa perspectiva defendida nesse

artigo, da Família e Comunidade, Não-Formal, Não-Escolar, Social de Rua, das

Medidas Sócioeducativas, dentre outros.

Procurou-se nesse artigo provocar os iniciantes acerca do sentido e definição da

Pedagogia Social e do educador social. Quando nos interessamos por um determinado

campo de conhecimento, adentramos em um mundo muito complexo e marcado por

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diversos tipos de lutas, em palcos diferenciados. Assim, o que construímos como

Pedagogia Social perpassa essa complexidade de diferentes campos sociais que lutam

por existir e por interesses específicos de acordo com protagonismos de certos grupos.

Tais grupos direcionam investimentos (econômicos, sociais, pessoais, intelectuais) para

a constituição efetiva desse campo.

Especificamente no Brasil, de acordo com Pinel (2011), podemos citar o papel e tarefas

desempenhadas pelo Prof. Dr. Roberto da Silva, da Faculdade de Educação da

Universidade de São Paulo. Sganderla e Carvalho (2007; p. 108), referindo-se à idéia

de Bourdieu, afirmam que esses embates individuais/ pessoais e intelectuais4 têm

campos com uma lógica própria e especificidades sui generis (ou quase) que se

desvelam pelas “[...] relações de força entre os agentes (indivíduos e grupos) e as

instituições que lutam pela hegemonia no interior do campo, isto é, pelo monopólio da

autoridade que detém o poder de ditar as regras, de repartir o capital específico de cada

campo”.

A Pedagogia Social está sendo trazida a lume graças a um grupo de pessoas

(professores, educadores sociais, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos,

psicopedagogos, psicanalistas – dentre outros) que investe seu tempo em pesquisas e

na produção de conhecimento que venha esclarecer algo em constante devir, um

projeto aberto. Martin (2001, p. 21), por exemplo, define a Pedagogia Social como um

tipo de intervenção social (trabalho social), realizada desde estratégias e conteúdos

educativos, em áreas de promoção do bem-estar e de melhora da qualidade de vida,

mediante uma série de mecanismos (serviços sociais, políticas educativas e sociais),

4 Investem em estudos e pesquisas temáticos como o de especificar o objeto de identidade da Pedagogia Social que justifique, por exemplo, com isso, a criação de um ofício regulamentado, o de educador social, que trabalhará fundamentado na Pedagogia. Ou se inventa/ cria um objeto não tão específico assim, mas que possibilite delimitar possibilidades profissionais, mesmo que para a sua existência demande recorrer às Ciências da Educação, por exemplo, como a Psicologia, Sociologia, Filosofia, Biologia, História – dentre outras ciências, artes e letras.

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encaminhados a resolver problemas carenciais de coletivos marginalizados, a prevenir

problemas da população em geral, a garantir uma série de direitos para uma correta

vida comunitária (desenvolvimento comunitário) e, em suma, otimizar os processos de

socialização.

Caliman (2011) conceitua a Pedagogia Social como uma ciência prática, social e

educativa, não-formal, que justifica e compreende em termos mais amplos a tarefa da

socialização e, em modo particular, a prevenção e a recuperação no âmbito das

deficiências da socialização e da falta de satisfação das necessidades fundamentais.

Esse mesmo autor destaca o fato de que a Pedagogia Social pode ser entendida por

outros estudiosos também como uma articulação e especialização do discurso

pedagógico, como o são também a Pedagogia Comparada, a História da Pedagogia, a

Pedagogia Especial etc.

Atualmente, a Pedagogia Social parece orientar-se sempre mais para a realização

prática da educabilidade humana voltada para pessoas que se encontram em

condições sociais desfavoráveis. O trabalho do educador social emerge, pois, como

uma necessidade da sociedade industrializada, enquanto nela se desenvolvem

situações de risco e mal-estar social (no que se descreve civilização) que se

manifestam nas formas de pobreza, marginalidade, consumo de drogas, abandono,

indiferença social, exposição às “balas perdidas”, rejeição escolar e familiar, humilhação

comunitária advindo de preconceitos, estigmas e discriminação.

A Pedagogia Social é uma ciência que se produz pela prática (e práxis)

educacional/pedagógica (bem como social e psicossocial) não-formal (e formal), que

dentre outras tarefas-saberes, propõe ser uma forma pedagógica e educacional de

trabalho social de ajuda (de acordo com as necessidades) e de revitalização crítica da

solidariedade e cidadania, havendo mais perspectivas que podem ganhar sentido,

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dependendo do contexto sócio-histórico e realidade vivida, como o esforço de inserir o

educando em movimentos políticos (há o perigo aí de partidos repressores e

moralizantes), luta por uma ecologia social (e qualidade de vida), socialização em geral

nas escolas, por exemplo, Educação Moral e Cívica, Educação para a Justiça – dentre

outros.

Sua proposta é a de educar (e cuidar – em todos os seus sentidos, inclusive no de

educar) ao outro através de teorias/ recursos e técnicas didático-pedagógicas, aos

problemas e aos sofrimentos humanos na esfera da socialização, com atuação em

áreas de risco visando a minimização, bem como fazer o acompanhamento psicossocial

e pedagógico (não-formal e formal, inclusive escolar). Trata-se dos educandos que

vivenciam processos de marginalização e que se sentem sem a mínima autonomia para

protestar e denunciar esse vivido injusto – sem ter seus direitos humanos garantidos.

Apresenta ainda - esse humano - carências afetivas (e vitais – como alimentação,

tratamento médico etc.) ou faltas sociais (em todas as dimensões) – humanos, grupos,

coletividade, comunidades, sociedades. É preciso ser protagonista.

Moraes (2010, p.1) a define esclarecendo que a Pedagogia Social vem sendo estudada

por diferentes pesquisadores e apresenta múltiplas definições, o que dá a ela uma

característica peculiar. Poderíamos defini-la inicialmente como uma ação teórico-prática

e sócioeducativa realizada por educadores ou agentes sociais. Ela pode ser vista como

um campo de estudo no qual a conexão entre Educação e Sociedade acontece de

forma prioritária, ou ainda, uma esfera de atividades que acontece em diferentes

espaços não-formais de educação e que combate e ameniza os problemas sociais, por

meios de ações educacionais.

Outros autores procuram obstinadamente especificá-la na ânsia de encontrar um objeto

único, definindo o seu lugar no âmbito referencial da Pedagogia Social. Esse referencial

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está formado por todos os processos educativos que compartilham, no mínimo, dois ou

três dos seguintes atributos: “dirigem-se prioritariamente ao desenvolvimento da

sociabilidade dos sujeitos; têm como destinatários privilegiados indivíduos ou grupos

em situações de conflito social; têm lugar em contextos ou por meios educativos não

formais” (TRILLA, PETRUS e ROMANS, 2003, p. 29).

Entretanto essa seara ainda precisa dizer a que veio, considerando que o tema

Pedagogia Social é recente e o que mais se discute e busca atualmente é a elaboração

de uma Epistemologia (PINEL, 2011). A criação científica de conceitos que podem

trazer alguma identidade à Pedagogia Social e aos educadores sociais que a praticam

está apenas começando, especialmente no Brasil, confirmando inclusive sua presença

(política e curricular) nos cursos de Pedagogia e licenciatura, bem como nas práticas

educativas em geral5. A Pedagogia Social produz conhecimentos que poderão subsidiar

as práticas do educador social que objetiva a promoção da cidadania. Ela é um

saberfazer pedagógico e, portanto, também ligado ao curso de Pedagogia e aos

sujeitos que forma inicialmente. Pinel (2011) descreve como objeto (inserido no mundo

em constante mudança e no seu estado devir) da Pedagogia Social, o processo

educativo6 oferecido ao ser educando do homem, considerando a disposição que todos

temos para adentrarmos aos reinos das educabilidades (formais, considerando que as

informais já nos envolvem cotidianamente). Outros autores pontuam que o objeto é o

ser do homem aberto à educação (ser educando).

Machado (2009) afirma que há dois objetos da Pedagogia Social, sendo o primeiro a

socialização do sujeito (desenvolvida pela família, escola, agências não-escolares etc.)

5 No curso de Pedagogia da UFES foi recentemente incluída (2008) essa disciplina - como optativa.

6 O objeto de toda Pedagogia [recordemos que toda ela é ou deveria ser social] é o processo educativo intencional [contextualizado social e politicamente – LIBÂNEO, 2001] não-formal e até formal – dentre outros espaços-tempos em que existe e se põe (e impõe) à Pedagogia como intervenção, estudo e pesquisa.

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caracterizando-a como uma Ciência Pedagógica da Educação; e o segundo remetido

ao trabalho social com enfoque pedagógico que é planejado, executado e avaliado por

uma equipe multidisciplinar (da qual faz parte o educador social como profissional da

Pedagogia Social), objetivando atender às necessidades sociais do ser humano7.

Por estar no mundo, a Pedagogia Social se nutre de outros saberes-fazeres para se

constituir – Educação Especial, Educação Inclusiva, Psicopedagogia, Sociologia,

Política, Artes e Literatura, Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento,

Psicologia Clínica, Psicologia Social Marxiana, Filosofia – dentre outros. Ela se

reinventa e/ou se produz/cria pelos contextos pedagógicos/educacionais e o faz numa

procura incessante de iluminar sempre alguma originalidade de ser ciência, mesmo que

esbarre (de modo positivo), nas pluralidades de diversas produções interligadas a ela -

puro hibridismo.

Dentre outros, de modo geral, as ações (e pesquisas) na esfera da Pedagogia Social

estão interessadas em dois pontos quase sempre indissociáveis: 1) a colocação do

sujeito da educação nas redes sociais, sua inclusão; 2) a promoção humana através de

ações socioculturais visando aprendizagens-desenvolvimento. O objetivo da educação

é o de capacitar o indivíduo para viver em sociedade (PETRUS, 1977; 1994).

Enfim, concordamos também que a Pedagogia Social exige um processo permanente

de teorização sobre a prática, para o avanço histórico do movimento popular em que se

insere. A criação e recriação dos fundamentos metodológicos favorecem a formação

sólida e consistente da postura do Educador Social, principalmente transformando-o em

um agente multiplicador, ou seja, formador de formadores, na prática social, junto aos

7

Pinel (2011) diz que o educador social pode tanto ser um profissional da Pedagogia (de um curso geral da Pedagogia, mas que se especializou em Pedagogia Social e se interessa profundamente por esse ramo) ou de um profissional habilitado em um curso superior específico (bacharelado ou licenciatura) em Pedagogia Social.

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setores populares. Os momentos de reflexão e de sistematização coletiva favorecem o

crescimento, a autonomia e a independência dos educadores sociais, bem como a

autocrítica e a auto-revisão constante de seu processo como agente de mudança,

também do grupo com o qual partilha sua ação educativa (GRACIANI, 2009).

3 FORMANDO EDUCADORES SOCIAIS NO BRASIL

Primeiramente, é preciso entender o sentido do termo formação. Esse termo está

relacionado a alguma tarefa, atividade, trabalho, labor, oficina. Trata-se aqui e agora da

formação (inicial e ou continuada) de educadores sociais ou a sua supervisão (outra

visão de sentido na formação). Nesse contexto, a formação tem uma função social de

aperfeiçoamento dos recursos humanos de uma instituição, transmitindo

saberesfazeres, saber-ser para quem irá atender e opção por quem você fez – projetos

de vida, escolhas, decisões, responsabilidades. A Pedagogia Social luta no sentido de

conceber um profissional mais qualificado, com uma formação técnica (teórica) e clínica

(o sofrimento do trabalhador) – um duplo sentido de aprender (e de ensinar) que se faz

muitas vezes indissociável. Para Pinel (2011) ser educador social é uma experiência de

alegrias, mas também de tristezas, donde vemos a miséria em todos os sentidos e

também passamos e vivemos ameaças às nossas próprias vidas, especialmente no

Brasil no trabalho com meninos e meninas de rua e detentos – ameaças, diga-se de

passagem, advindas de todos os lados e ideologias. Finalmente, existe uma formação

na qual a proposta é lidar e mexer com a cultura e o clima institucionais.

A formação do educador social no Brasil acontece mais frequentemente em cursos de

pós-graduação lato sensu e em alguns poucos cursos de graduação. Na Itália, pondera

Caliman (2006), há uma divisão de saberes que constituem o curso de graduação

(inserido na Universidade em um Centro de Educação): para formar os educadores

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sociais, em um curso de Pedagogia Social, a Faculdade de Educação da UPS8 (Itália)

distribui assim a sua grade disciplinar: 31,2% de disciplinas pedagógicas; 14,6% de

psicológicas; 14,6% de humanísticas; 12,5% são disciplinas sociológicas; 12,5% de

técnicas e de animação cultural e os outros 4,2% de disciplinas jurídicas.

Um curso de pós-graduação lato sensu (especialização) no Brasil apresenta assim a

sua ementa9: Conhecer a história das políticas sociais, da legislação e da assistência

no Brasil; analisar as transformações experimentadas pela concepção da situação da

criança na sociedade brasileira; instrumentalizar os profissionais que trabalham com a

infância e adolescência em situação de risco, no conhecimento das políticas públicas

de atendimento, da evolução dos programas sociais e da prevenção, para embasar a

prática social e profissional; instrumentalizar os profissionais que trabalham com idosos

para a intervenção nas políticas públicas e atendimento, nos programas sociais e na

comunidade, de forma a proporcionar um maior alcance de direitos.

Uma grade curricular de um curso de especialização em Pedagogia Social10: Formação

do Povo Brasileiro e Análise da Conjuntura Atual; Política Pública e a Aplicação dos

Estatutos e da LOAS11; Pedagogia Social: Histórico e Conceitos; Conceito de Educação

Social e Intervenção Sócio-Educativa; Fundamentos Antropológicos da Educação

Social; Psicologia do Desenvolvimento: Contextos e Socialização; Educação Popular:

Prática da Liberdade e da Autonomia; Educação de Jovens e Adultos: Suas

Metodologias e Implicações; Educação Comunitária: Contextos e Significados;

Animação Sócio-Cultural: da Criança ao Idoso; Redes Sociais: Planejamento, Estrutura

e Sustentabilidade; Metodologia do Trabalho Científico; Orientação das Monografias.

8 Università Pontifícia Salesiana di Roma – UPS.

9 In:http://www.topformacao.com.br/pos-graduacao/pos-graduacao-pedagogia-social-presencial-facinter-faculdade-internacional-de-curitiba-cu12710. Acesso em: 06/06/2010.

10 In: http://www.educaedu-brasil.com/pos-graduacao-em-pedagogia-social-pos-graduacao-15788.html. Acesso em: 06/06/2010.

11 Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS.

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Um manual de orientação profissional, por exemplo, indica que o curso de Pedagogia

apresenta algumas especializações e aponta para a área de Pedagogia Social dizendo

que nesta especialização “o profissional de pedagogia desenvolve atividades e

conteúdos específicos para ONGs”12 – mas na prática vivida a Pedagogia Social é

muito mais do que isso. O pedagogo deve estar onde demanda Educação/Pedagogia

assim como uma parte dela, que é a Pedagogia Social, cabendo também ao

profissional muita luta pela respeitabilidade do seu ofício.

4 ESPAÇOS DE TRABALHO

Cada país onde foi regulamentada a profissão de educador social faz as suas

exigências desse sujeito no seu labor, criando legislações, Códigos de Ética,

descrevendo tarefas que lhe são específicas e em equipes multidisciplinares,

supervisionando - mesmo que de modo geral - suas intervenções – dentre outros.

Dentre esses espaços, há o de produzir intervenção no sentido de atuar na inadaptação

social – ou o que isso significa no mundo (cultura, sociedade...), diz Pinel (2011). Assim,

a Pedagogia Social (Pinel, 2011): a) é compreendida como sinônimo de correta

socialização – no que quer dizer “correta” e a crítica disso-daí-mesmo; b) pressupõe

intervenção qualificada de profissionais com a ajuda de recursos e presença de umas

determinadas circunstâncias sobre um sistema social – diálogo profissional

individual/grupal, categoria e sociedade; c) refere-se também à aquisição de

competências sociais – agindo criativamente nesse contexto, criando e subvertendo o

que é competente numa dada sociedade; d) representa o conjunto de estratégias e

intervenções sócio-comunitárias no meio social; e) é concebida como formação social e

12

GUIA DA CARREIRA. Disponível em: <http://www.guiadacarreira.com.br/artigos/profissao/pedagogia/>. Acesso em: 06/06/2010.

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política do indivíduo, como educação política do cidadão crítico e não subserviente; f)

atua na prevenção de desvios sociais – numa proposta de resistência ao estabelecido

como sólido e verdadeiro universalmente; g) define-se como trabalho social, entendido,

programado e realizado desde a perspectiva educativa e não meramente

assistencialista – mas sem negar os momentos de profundo conflito onde comer é sinal

de viver e estar de pé para respirara e com isso resistir e lutar; h) é definida como ação

educadora da sociedade (PETRUS, 1977; 1994) donde a Pedagogia aparece e se

presentifica de modo crítico, bem no sentido paulofreireano.

Já Quintana (1988), diz que a Pedagogia Social, como uma das áreas no campo de

Trabalho Social, envolve uma série de especialidades: 01. Atenção à infância com

problemas (abandono, ambiente familiar desestruturado etc.); 02. Atenção à

adolescência (orientação pessoal e profissional, tempo livre, férias etc.); 03. Atenção à

juventude (política de juventude, associacionismo, voluntariado, atividades, emprego

etc.); 04. Atenção à família em suas necessidades existenciais (famílias

desestruturadas, adoção, separações etc.); 05. Atenção à terceira idade; 06. Atenção

aos deficientes físicos, sensoriais e psíquicos; 07. Pedagogia Hospitalar – tornando-se

assim parte do complexo mosaico do que é Pedagogia Social, afirmaríamos; 08.

Prevenção e tratamento das toxicomanias e do alcoolismo – dentro de uma perspectiva

de Educação em Saúde e Saúde Pública, diríamos; 09. Prevenção da delinqüência

juvenil (reeducação dos dissocializados) – dentro de uma perspectiva crítica,

refletiríamos; 10. Atenção a grupos marginalizados (imigrantes, minorias étnicas, presos

e ex- presidiários); 11. Promoção da condição social da mulher; 12. Educação de

adultos; 13. Animação sócio-cultural. Pinel (2011) e Colodete (2013) acrescentam a

Pedagogia Empresarial como parte da Pedagogia Social, especialmente depois de

desenvolver pesquisa capixaba, em que educadores sociais se denominavam também

pedagogos sociais.

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As áreas são, algumas vezes, muito complexas e híbridas, por isso é sempre adequado

confirmar um trabalho de Pedagogia Social inter e multidisciplinar, e a produção de

mais conhecimentos esclarecedores, mas é muito estimulante um saberfazer que se

imbrica e nos provoca a refleti-la e a encontrar caminhos específicos (próprios) e com

outras ciências que complementam, as artes e as literaturas também.

Na Universidade Federal do Espírito Santo, no Centro de Educação, demos um curso

de aperfeiçoamento, com duração de um ano, em Pedagogia Social. Nesse curso de

extensão universitária, criamos disciplinas como Pedagogia Social e Movimentos

Sociais (destacamos aqui a prática do MST13, de grande significado e sentido, e outros

movimentos atuais e passados); Legislações Indispensáveis ao Educador Social;

Psicologia Fenomenológica e Existencial; História da Pedagogia Social; Psicologia

Social Marxiana14; Pedagogia Comunitária; Educação de Jovens, Adultos e Idosos

dentre outras.

Na disciplina Métodos e Técnicas de Intervenção em Pedagogia Social, ao estudarmos

Boran, Carkhuff, Levy Moreno, Rogers, Baremblitt, Lourau, Lapassade, Pichón-Riviere,

Bleger, Deleuze dentre outros teóricos, nos pareceu, de modo explícito, que o objeto da

Pedagogia Social é o que podemos chamar de “movimentos sociais”, no sentido maior

de socialização (de tendência marxiana com leituras de Makarenko - de 1888 a1939) e

de cuidado com os oprimidos (Paulo Freire), fornecendo-lhes condições imediatas de

sobrevivência, ensino e de modos de lutar pela sua cidadania (que é de todos e de

todas) que, muitas vezes, é arrancada à força.

13

Movimento dos Sem Terra. 14

Aron (2005) assim conceitua como marxista que pesquisadores que são ortodoxos, isto é, aqueles que defendem a dialética da luta de classes – base do que se denomina marxismo de Marx; como marxiano que é a proposição de investigação que se remete ao pensamento de Marx sem pertencer à interpretação ortodoxa do marxismo; já o marxólogo é o especialista no conhecimento e na interpretação científica do pensamento de Marx. Há evidentemente a Psicologia Marxista também, que segue [o mais perto possível], de modo ortodoxo, as ideias de Marx, e que por isso se autonomeiam marxistas.

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Segundo Machado (2010), por serem os objetos da Pedagogia Social decorrentes de

necessidades sociais, essas áreas de intervenções sofrem muitas alterações de acordo

com as pressões sócio-históricas, a realidade vivida.

Quintana (1988) coloca-se na defesa do duplo objeto da Pedagogia Social: 1)

socialização do indivíduo; 2) Trabalho Social, remetendo à Pedagogia Especial, às

questões dos Meios de Comunicação, bem como da Pedagogia do Tempo Livre e

Pedagogia Empresarial.

Já Ventosa (1992) destaca a Educação Para/ Pelo Trabalho que se distingue de

Educação de Jovens, Adultos (e Idosos), pela natureza das propostas; inclui novas

áreas como Educação Cívica e Educação Para a Paz.

Entretanto, para fins de estruturação e estudo, é preciso entender que pelas

características próprias (MACHADO, 2009; 2010), as áreas de intervenção sócio-

educacional podem ser organizadas em três grandes grupos que, separados ou

integrados, respondem à diversidade de contextos e de intervenções. São eles: 1) a

Animação Sociocultural; 2) a Educação de Adultos; 3) a Educação Especializada, onde

a

Educação Especial pode vir compor o complexo mosaico do que seja o devir sempre Pedagogia Social – ou vice versa – ensinando-a a planejar, executar o a ação e avaliar inclusive programas especiais para e com pessoas com deficiência, promovendo a inclusão social e até escolar (no sentido do religare à escola) – bem como denunciando injustiças e articulando com grupos de movimentos de resistência, de oposição ao estabelecido como verdade única (PINEL, 2011, p. 122).

Gohn (2001, p. 32) define Educação Não-Fornal (Pedagogia Social) como,

práticas que abordam processos educativos que ocorrem fora das escolas, em processos educativos da sociedade civil, ao redor de ações coletivas do chamado terceiro setor da sociedade, abrangendo movimentos sociais, organizações não governamentais e outras

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entidades sem fins lucrativos que atuam na área (GOHN, 2001, p. 32).

Santos (1994, p. 47) sugere que, ao conceito apresentado por Gohn, seja acrescido da

Educação no Terceiro Setor que “deve ser voltada para as populações pauperizadas e

ter, como compromissos centrais, o apoio aos processos de emancipação humana e

superação das condições de exploração, às quais grandes parcelas sociais estão

submetidas”.

Essas terminologias indicam subdivisões com uma ênfase maior nos sujeitos e suas

condições do que em características pedagógicas comuns, ocasionando uma

multiplicidade de formas de nomeação, ao infinito, no âmbito do não-formal. Assim, há

Educação de/na Rua, Educação Comunitária, Educação no/do Terceiro Setor dentre

outras, sugerindo uma tentativa de circunscrever as especificidades em detrimento das

convergências dentro desse saberfazer (ZUCCHETTI, 2003). O fato é a existência de

uma demanda urgente em aprofundar discussões, ampliar o domínio de conhecimentos

teóricos e investir em pesquisas na área de Pedagogia Social (MACHADO, 2009).

Trata-se assim de um dos desafios à formação do educador social, uma formação que

lhe dê sustentação teórica de enfoque afetivo, cognitivo e filosófico, bem como que

encontre um espaço de escuta para sua pessoa singular e em grupo – com alegria, com

tristeza, ou alegriatristeza.

5 GRANDES NOMES: FUNDADORES DA PEDAGOGIA SOCIAL

Desde a Grécia antiga, perpassando pela educação oriental, houve Grandes Nomes

que produziram Educação Social. Assim, a História da Educação traz em suas

entrelinhas ou de modo explícito, grandes educadores sociais como foram Korczak,

Natorp e Freire como bem confirma Pinel (2011).

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Korczak pode ser descrito como um educador principalmente de tendência

fenomenológico-existencial e, posteriormente, de tendência pedagógico-libertária ou

ainda, parte dos dois movimentos – Pinel (2011). Seu nome de batismo era Henryk

Goldszmit. Nascido em Varsóvia no dia 22 de julho de 1878/1879 e morto em Treblinka

em agosto de 1942. Foi pediatra, autor infantil e pedagogo.

Seus escritos eram densos, tensos, intensos e, através da ficção falava de sua

Pedagogia – Escolar e Social. Korczak era cuidadoso no trato com as crianças, mas

impunha a responsabilidade diante das escolhas que faziam na vida. Textos alegres,

tristes – e alguma vezes um discurso datado, da sua época, mas sempre profundo no

sentido fenomenológico. Seus livros nos evocam a refletir sobre os seus projetos de

vida, sua disposição em criticar a sociedade da época – enfim uma produção textual

brilhante. De sua produção, destacamos: “Como Amas Uma Criança”, “Diário do

Gueto”, “Quando Eu Voltar a Ser Criança” dentre outros.

Durante o seu trabalho com orfanatos, casas-lares ou o que hoje se denomina abrigos,

com o objetivo de acolher e educar meninos e meninas pobres, órfãos, abandonados

de guerra etc, sua amiga (pedagoga) Stefa Wilczinska teve influência pela escolha da

faculdade de Pedagogia. Ali ele entrou em contato com as obras dos pensadores da

Escola Nova, que estava em voga por toda a Europa.

Um dos pioneiros desse movimento foi o escritor russo Leon Tolstoi (1828-1910), muito

admirado por Korczak pelas idéias anarquistas, pacifistas, pela pregação de uma vida

simples e em proximidade à natureza e, além de tudo, um denunciador de instituições

como as igrejas e governos, dogmas e tribunais - entendidas como ferramentas de

dominação e submissão ao outro. No final da década de 1850, Tolstoi preocupado com

a deficiência da educação do campo, criou em Iasnaia Poliana uma escola para filhos

de camponeses, onde ele mesmo escreveu grande parte do material didático,

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provocando a Pedagogia de sua época ao valorizar que os discentes ficassem livres,

sem excessivas regras e sem punições físicas.

Korczak gostava também do estilo (e discurso) educacional de Johann Heinrich

Pestalozzi (1746-1827), um pedagogo suíço e educador pioneiro da reforma

educacional. No livro “Como Gertrudes ensina suas crianças" ele expõe seu método

pedagógico, de partir do mais fácil e simples para o mais difícil e complexo.

Para educar as crianças e jovens, Korczak recorria ao teatro – sempre produzindo

reflexões críticas baseadas no humanismo-existencial que impregnava a sua

Pedagogia Social e práxis. Desenvolveu a reprodução política do seu país no micro-

contexto do orfanato a partir de técnicas (e filosofia) de Parlamento, Tribunal de Justiça,

por isso o orfanato era chamado de República das Crianças. Lá, as crianças aprendiam

o que é justiça, amor, generosidade, cidadania, solidariedade vivenciando esses valores

subjetivos (e concretos), pois os problemas cotidianos eram resolvidos nesses

encontros. Publicou um jornal com texto das crianças. Defendeu e deu origem o que

hoje chamamos de Direitos da Criança – sendo precursor.

Entretanto, uma Pedagogia (ainda mais a Social) recebe impactos das variáveis sócio-

histórica, política e econômica. Assim é que a crise econômica mundial deflagrada em

1929 e o fortalecimento das ideologias nacionalistas e totalitárias foram aos poucos

destruindo ideais revolucionários como os de Korczak. O anti-semitismo em toda a

Europa tornou cada vez mais difícil a situação para os judeus, sobretudo na Polônia.

Em 1936, o velho professor (e médico) foi despedido da rádio onde dava conselhos

médico, psicológicos e pedagógicos aos pais – e por isso era muito popular. Motivo da

demissão? Ser judeu. Visitou Israel e ficou muito impressionado com os kibutzim

(propriedades agrícolas coletivas), chegando a pensar em mudar seu orfanato para

aquele país.

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A invasão nazista na Polônia, que causou a eclosão da II Guerra Mundial, no dia 01 de

setembro de 1939, impediu a realização dos planos de Korczak, que foi trabalhar em

um hospital militar, abandonando suas funções no Lar das Crianças. Além disso, ainda

havia os progronim, isto é, atentados populares contra os descendentes da religião

judaica, impedindo que o educador social sequer levasse suas crianças para passeios

fora da cidade, estratégia muito utilizada por ele para educá-las.

Descrevem Lewowicki, Singer e Murahovschi (1998) que, em 1940 o orfanato de

Korczak já havia sobrevivido a dois progronim. Em 1942, a Gestapo ordenou a

transferência da instituição para uma casa pequena e suja, no gueto de Varsóvia. Ali, o

médico pedagogo social usou sua influência para conseguir alimentos e medicamentos

para as crianças. Famoso e de prestígio, o educador obteve propostas de escapar do

gueto, mas recusou-as, preferindo ficar com suas crianças, produzindo o texto (registro)

“Memórias”, escrito entre maio e agosto.

Lewowicki (1994) destaca positivamente o programa social planejado, executado e

avaliado por Korczak, docentes e discentes. Esse pedagogo tinha muita sensibilidade

pelos problemas sociais que experienciava, sempre atuando contra todas as

manifestações de maldade, arbitrariedade e injustiça. Ele soube capturar o fato de que

fenômenos negativos se manifestam ou produzem impactos tanto na dimensão

individual como na social e sempre se opôs a toda forma de violência material,

psicológica, espiritual e pedagógica. Ainda assim, prosseguiu lutando contra os

fenômenos da pobreza, do desemprego, da exploração e da desigualdade social.

Korczak morreu junto com suas duzentas crianças e jovens do internato, quando foi

obrigado a dirigir-se a um campo de concentração, morrendo em câmaras de gás. O

dia: 10 de agosto de 1942. O professor foi à frente das crianças, caminhando como

numa procissão, para os trens que os levariam para a morte.

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Paul Natorp (1854-1924) é outro educador social sempre citado. Defendendo a ideia de

que a palavra “Pedagogia” não significa somente a educação da criança nas suas

formas tradicionais, mas sim à obra inteira de elevação do homem ao alto da plena

humanidade – conceito até hoje aprovado. A Pedagogia Social não é a educação do

indivíduo isolado, mas sim do homem que vive em uma comunidade, porque a sua

finalidade não é somente o indivíduo.

Paulo Freire (1921–1997) entende que ninguém "Já agora ninguém educa ninguém,

como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão,

mediatizados pelo mundo" (FREIRE, 1983, p. 79). Freire traz em seus discursos marcas

da Fenomenologia, Existencialismo, Marxismo e talvez seja o teórico mais conhecido e

estudado pelos pedagogos sociais no Brasil e no mundo.

Freire sempre se interessou pela Pedagogia Social de modo específico, além de seu

pensamento (discurso advindo da prática/práxis) ser rico em possibilidades para tal

área do saberfazer, tanto que em 1986 foi publicado pela UNICEF e extinta FUNABEM

o manual onde consta um diálogo entre ele e educadores sociais de rua acerca do que

significa ser esse trabalhador (FREIRE, 1986).

6 EPISTEMOLOGIA HUMANISTA-EXISTENCIAL CRÍTICA

Paiva (2010) procura e desvela uma Epistemologia da Pedagogia Social de Rua que se

concretiza embasada em Paulo Freire e em Enrique Dussel encontrando neles marcas

da Fenomenologia, do Existencialismo e do Marxianismo (Aron, 2005): “Ter Paulo Freire

como marco teórico da ação interventiva da Pedagogia Social é algo vital e de máxima

urgência, uma clínica subversiva e de muita alegria” (PINEL, 2006, p. 27).

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Aqui-agora, de modo alternativo e como ato de resistência, pretendemos trazer alguns

sentidos advindos da produção da Psicologia e Pedagogia criada por Carl Ransom

Rogers (1902-1987), denominada de Abordagem Centrada na Pessoa ou ACP. Diz

Pinel (2006, p. 17) que

fui trabalhar como educador social, ligado à instituição estatal IESBEM, tendo por marco teórico idéias e ações propostas por Rogers, um psicólogo e pedagogo que me marcava em 1983, e que era muito presente nas minhas formações em Psicologia e em Orientação Educacional, bem como já estava atraído pela demanda de mostrar-me projeto de vida profissional interligando-me aos diversos temas de Paulo Freire como alegria, esperança e especialmente conscientização crítica – mas reconhecia em ambos as raízes filosóficas diferenciadas.

Rogers se desvela humanista-existencial produzindo seu discurso pelo método

fenomenológico de investigação. Rogers, por exemplo, depois de se envolver

existencialmente com os fenômenos que ele estudava (pela via da prática clínica

psicológica e como professor universitário junto aos latinos e negros dentre outros)

produzia um distanciamento reflexivo (indissociado do envolvimento) donde descrevia e

narrava o vivido.

Tal perspectiva, ao contrário de algumas afirmativas, considera também o impacto do

ambiente imediato e amplo (ideológico, econômico, político, midiático – dentre outros)

no processo de subjetivação. Mesmo que veja o mundo com “uma oferta mundana

negativa ao humano” (PINEL, 2006, p. 22), há aspectos positivos que ele descreve,

mesmo que se referindo ao imediato.

Ao longo de sua produção, Rogers nomeou seu discurso como no que denominou de

Abordagem Centrada na Pessoa (ou: ACP). Não em vão ele não recusava em participar

de passeatas contra o uso da energia nuclear em bombas atômicas, por exemplo.

A ACP, ao nosso sentir, descreve seis pressupostos que foram revisitados por Pinel

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(2006) que assim os reescreveu a partir de sua prática como psicólogo, psicopedagogo,

pedagogo social e educador especial e inclusivo: 1) Uma concepção do homem

embasada na corrente humanista da Psicologia, produzida pelo método

fenomenológico, donde ele (ser-sendo humano) é descrito como bom, positivo e

naturalmente socializado, aberto às experiências de sentido que o torna digno de

confiança e com isso que se mostra com Tendência Atualizante (TA):

Todo o organismo é movido por uma tendência inerente a desenvolver todas as suas potencialidades e a desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e enriquecimento. (...) A tendência atualizante não visa somente (...) a manutenção das condições elementares de subsistência como as necessidades de ar, alimentação, etc. Ela preside, igualmente, atividades mais complexas e mais evoluídas tais como a diferenciação crescente dos órgãos e funções; a revalorização do ser por meio de aprendizagens de ordem intelectual, social, prática... (ROGERS; KINGET, 1977, apud GOBBI et al., 1998, p. 144).

2) Uma abordagem (fenomenológica e com traços existenciais, por focar o sujeito

concreto vivido no cotidiano) que dá destaque à “experiência subjetiva”, donde o outro

(outridade/ alteridade) é vital e resignificado nas relações interpessoais (intersubjetivas)

compreendidos empaticamente, ou seja, do seu próprio quadro de referências; 3) Um

modo de ser (sendo no mundo) que facilita a penetração em relações que o constituem

de modo inventivo envolvido existencialmente que está no encontro entre pessoas,

pessoa-pessoa-pessoas – ser no mundo; 4) uma noção de problema ( do ser no

mundo) advindo do choque entre o “eu ideal” (romantizado mas com possibilidades

concretas de devir-ser) e o “eu real” (aquilo que precisa ser concretamente vivido até

para alcançar seu projeto de vida sonhado); 5) de uma intervenção humanista-

existencial que foque o resgate do sentido existencial de ser-sendo (sempre no mundo),

através das atitudes de empatia, aceitação incondicional e congruência – atitudes que

podem ser associadas as três outras descritas por Robert Carkhuff (PINEL, 2006):

confrontação, imediaticidade e concreticidade; 6) o professor, educador ou outro

ensinante que trabalha com a ACP se transforma e ao ensino/ensinante - pelas atitudes

positivas que são favoráveis á saúde mental. O ensino mecânico e rígido é provocado

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demais pela ACP desfazendo-a e com isso afastando-se da mera repetição e a visão do

outro como repositório de informações destacando o vivido em “aprendizagem

significativa” (encarnada), pois toca o mais profundo ser (sendo) da pessoa (no mundo)

fazendo mudanças subjetivas, comportamentais, afetivas, cognitivas, sociais – falamos

“aprendizagem-carne” (PINEL, 2009) aquela que resgata a TA: os princípios e as

atitudes rogerianos facilitam “não só o desenvolvimento intelectual do aluno, como

também o seu crescimento enquanto pessoa total, promovendo a aprendizagem

significativa e a interiorização do processo de aprender” (CAPELO, 2000; p. 9).

O criador da ACP também marcou profundamente a formação de assistentes sociais do

seu país e em alguns outros do Ocidente – sua presença era comum na formação

dessas profissionais brasileiras: “... em Vitória ES, uma das primeiras profissionais (e

em maior quantidade; em serviço público) a penetrarem na Educação Social foram as

assistentes sociais, que desenvolviam intervenções diversas junto aos meninos e

meninas em situação de rua e em instituições de abrigo e cuidado. Foram elas que me

requisitaram do meu trabalho do internato para as ruas da capital, donde teimávamos

desenvolver prevenção ao uso de drogas a partir de profunda escuta empática e

orientações devidas” (PINEL, 2011; p. 19). Também marcou as enfermeiras, como

alguns cursos de Direito, e muito os pedagogos e psicólogos.

Dizia Rogers que ele produziu seu discurso, sem influencias teóricas específicas, mas

podemos capturar dessa invenção discursiva dele, marcas de Lao Tsé (filósofo chinês

nascido entre os séculos IV aC e VII aC15 que de modo geral apregoava a não-

diretividade: “Se nada for feito, tudo estará bem”, escreveu Tsé in "O Livro do Caminho

e da sua Virtude"); essa marca foi depois reconhecida por ele), Martin Buber (1878-

15

Talvez Lao Tsé seja um mito e não uma pessoa real. Sua obra é composta por discursos que provavelmente foram sendo agregados de diversas contribuições de mestres taoístas. Tao pode ser traduzido como "via" ou "caminho": é o que há de profundo e misterioso na realidade; é o que faz com que tudo seja como é.

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1965; foco nas relações Eu+Tu+Nós), do Zen-Budismo (no momento em que esse

apregoa a centralidade da "experiência direta da/na realidade"), Sigmund Freud (1856-

1939; reconhecia os mecanismos de defesa e a transferência, mas não o inconsciente,

descrevendo essa instancia primitiva como sociável, dialógica e relacional). Outra

marca sua advém do fundador do Existencialismo Søren Kierkegaard (1813-1855).

Paulo Freire (1921-1997) é outro nome associado às práticas rogerianas (centradas na

pessoa)16. O próprio Rogers reconheceu isso em 1978. Eles apresentam raízes

filosóficas semelhantes, a fenomenológica, mas as modificam nas suas travessias

científicas. Há dois nomes da ACP que também fazem essa associação: Maureen

O’Hara e John Wood. Já o centrado na pessoa, o brasileiro Fonseca (2006, p. 8) diz

que há “um no fundo de um abismo entre as obras de Freire e de Rogers”, mas não

contesta que há semelhantes preocupações dos dois pensadores da Educação

(inclusive a Social) com os marginalizados, mesmo que esses sejam abordados

pedagógica e psicopedagogicamente de modo diferenciados devido à cultura

(sociedade e história) em que estão envolvidos, bem como os sujeitos das

intervenções, em fim ambos atuaram em contextos diferentes, Freire no Terceiro Mundo

e Rogers no Primeiro Mundo que bem se legitima os Estados Unidos. Entretanto,

produzir críticas aos dois pensadores (e a outros) é um ato cheio de inventividade,

criação, participação e diálogo – obra de arte que é (sendo) - e quase nunca significa

apenas produzir dissociação fundamentalista.

Hoje alguns estudiosos buscam as possíveis relações, mesmo que distantes entre

Rogers e: Paulo Freire (indo além das semelhanças reconhecidas por ele), Vigostski,

bem como os filósofos Heidegger e Sartre (PINEL, 2011).

16

Há também um movimento entre pesquisadores freireanos de trazer ao núcleo de seu pensamento diversos autores, dentre eles Rogers e seus seguidores, que nesse caso específico, traz o artigo, provando essa associação, de Maureen O'Hara (GADOTTI, 2001).

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Assim há na contemporaneidade um denso, tenso e intenso resgate da ACP, que

mesmo trazendo a lume criticidade à sua produção (acusada até injustamente de muito

romântica e não crítica), pontua a vitalidade no seu discurso acerca do resgate da

pessoa plena (holística) em contraposição (prática psicopedagógica de resistência) ao

tempo-espaço neoliberal de massificação e negação do sujeito; da valorização do ser

humano se estiver inserido no consumismo e competição vorazes, processos de

subjetivação que reproduz a alienação. Já não se quer ser (sendo) si-mesmo, mas um

desejo atroz de ser o outro em um sentido de esquizofrenização.

7 PÓS-ESCRITO

A Pedagogia Social de marcas profundas (outras vezes, mais suaves) humanistas-

existenciais demanda adotar sempre as ideias (e ou algumas delas) de Rogers.

Precisará o educador social desenvolver atitudes centradas na pessoa, acreditando

com fortaleza na capacidade do sujeito da Pedagogia Social, em crescer e aprender

significativamente, e com isso de fazer-se consciente da realidade vivida e o papel do

afeto na comoção de ações de intervenções que objetivam modificar a realidade

imediata e a mais ampla, tonando-se cotidianamente cidadãos que exigem o modo

democrático como o melhor de se viver e lutar. Nesse sentido mais belicoso,

defendemos que na formação do educador social se faz necessário a associação entre

Rogers e Freire, destacando, entretanto as diferenças (e leves semelhanças) filosóficas,

e reiluminando as possibilidades de interferência e intervenção:

Uma abordagem desse tipo, centrada na pessoa, é uma filosofia que se acha em consonância com os valores, os objetivos e os ideais que historicamente constituíram o espírito da nossa democracia. (...) Ser plenamente humano, confiar nas pessoas, conceder liberdade com responsabilidade não são coisas fáceis de atingir. O caminho que apresentamos constitui um desafio. Envolve mudanças em nosso modo de pensar, em nossa maneira de ser, em nossos

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relacionamentos com os estudantes. Envolve uma dedicação difícil a um ideal democrático (ROGERS, 1986; p. 326-327).

Entretanto, é preciso que se faça uma leitura refletiva e crítica de Rogers. Ele tem sido

objeto de algumas críticas como o excesso romantismo na crença na pessoa; o não

reconhecimento dos aspectos maléficos do ser humano; da não descrição (e análise)

desses “modos de ser sendo junto ao outro no mundo” (PINEL, 2006) com sua

metafórica “carne em sangue exposta em praça pública (e inter e intra pessoalmente)”;

pouco (ou nenhum) enfoque nos aspectos socioculturais e históricos na existência junto

ao outro no mundo etc. Uma opção epistemológica não pode significar alienação do

educador social, que pode transitar nesse tipo de humanismo-existencial construindo

uma ponte crítica, e produzindo negociação discursiva com outros autores como

Merleau-Ponty e Paulo Freire, por exemplo.

8 REFERÊNCIAS

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