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C 12H 22

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M uitos alunos e alunasdemonstram dificuldadesem aprender química, nos

diversos níveis do ensino, por nãoperceberem o significado ou a vali-dade do que estudam. Quando osconteúdos não são contextualizadosadequadamente, estes tornam-se dis-tantes, assépticos e difíceis, nãodespertando o interesse e a motivaçãodos alunos.

Mais preocupante ainda é a dificul-dade demonstrada mesmo por algunsprofessores de química em relacionarconteúdos específicos com eventosda vida cotidiana. Não é raro a químicaser resumida a conteúdos, o que temgerado uma carência generalizada defamiliarização com a área, uma espé-cie de analfabetismo químico quedeixa lacunas na formação dos cida-dãos e cidadãs.

Não são recentes as preocupa-ções em relação à ineficiência daformação em química ao longo doensino fundamental. Em geral, os pro-fessores de ciências têm formaçãodeficiente em química, por isso énecessário intensificar o debate e areflexão em torno desta problemáticapara que a química — tão presente navivência cotidiana — possa ser maiscontemplada na formação básica dosalunos, trazendo maior contribuição

para a melhoria na qualidade de vida.Livros-texto definem o lugar da

química no ensino fundamental na 8ªsérie, ao longo de um semestre, naárea de ciências. Paradoxalmente, ostemas estudados em ciências nasséries anteriores são o ar, a água, osolo, alimentos e alimentação, saúde,meio ambiente, higiene, seres vivos,transformações, fenômenos, energia,ciclos de vida, corpo humano. Valeperguntar: esses temas não sãoassuntos de química? E que químicaé essa que não está presente emtemas como esses? Qual a especi-ficidade do conheci-mento químico quecircula no meio esco-lar? Que química éessa que se ‘ensina’nas escolas?

Chassot (1992) dizque “o conhecimentoquímico deve permeartoda a área de ciênciasde 5ª a 8ª séries, e não se restringir aum semestre isolado, no final doprimeiro grau, onde em geral seantecipam conteúdos do segundograu”. O autor critica o fato da área deciências ser fracionada em disciplinas.

É com base em preocupaçõescomo essas que estamos trazendo opresente relato de experiência viven-

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Aprendizado Real N° 2, NOVEMBRO 1995

ciada na EFA (Escola de 1º e 2º GrausFrancisco de Assis, de Ijuí - RS), dandoênfase ao processo de ensino-apren-dizagem em ciências desenvolvidojunto às turmas de 4ª série ao longodos últimos seis anos. Nossas açõese reflexões têm apontado para asuperação da forma fragmentada edistante com que a química vemsendo abordada, e estamos cada vezmais nos convencendo de que énecessário e possível iniciar os alunosnuma certa abordagem da químicamuito antes da 8ª série.

O ensino de ciênciasO processo de ensino-aprendiza-

gem em ciências na EFA é organizadocom base em temas amplos deestudo, conforme descrito por Araújoe Maldaner (1992). Os alunos sãointensamente envolvidos na execuçãode atividades problematizadoras emque buscam e sistematizam conheci-

mentos, não os rece-bendo prontos dosprofessores. Este en-foque inclui o estudosobre os materiais, assubstâncias, as trans-formações, a energiae a estrutura da ma-téria, aprofundadosna 8ª série mas já

introduzidos nas séries anteriores.Os temas amplos abordados no

ensino de ciências de 4ª a 8ª sériessão: alimentos e alimentação; ar, águae solo; os vegetais no ambiente; osanimais no ambiente; o homem, serque se transforma e transforma oambiente; os materiais, a energia e astransformações no ambiente. A equipe

Esta seção é um espaço em que professoras e professores dequímica podem socializar suas experiências em sala de aula. Areflexão sobre as práticas é uma forma de melhorá-las.No primeiro número de QNE, trouxemos um relato sobre o ensinode química no nível médio. Neste número, dirigimos nossa atençãoao nível fundamental.

conhecimento químico escolar, dinamização curricular, aprendizagemsignificativa, linguagem conceitual

RELATOS

EM SALA

DE AULA H 2O

H2OCl –

Na+

C12 H

22 O11

C 6H 12

O 6

Na+ C

l–

Lenir Basso ZanonEliane Mai Palharini

FUNDAMENTALd e c i ê n c i a s

A q u í m i c an o e n s i n o

Preocupa o fato demesmo os professores

de químicademonstrarem

dificuldades emrelacionar conteúdos

específicos com eventosda vida cotidiana

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de professores tem exercitado avivência da interdisciplinaridade nosplanejamentos e na execu-ção do currículo, na escola,através da participação emespaços interativos de es-tudos semanais, buscandosuperar as visões fragmen-tadas e simplistas sobre aciência e sobre as realidades vividas.Assim, cada tema procura abranger asdiversas ciências, de forma organi-zada e dinâmica.

Considerando a ciência comoprodução humana e como processodinâmico em constante evolução,abordam-se as temáticas de formacrítica e reflexiva, buscando-se estabe-lecer interações fundamentais noâmbito da sobrevivência e da melhoriada qualidade de vida. Por considerarque o mundo se transformou e que asconstantes e profundas transforma-ções atingem os modos de vida comoum todo, o ensino de ciências na EFAnão se restringe ao estudo da natu-reza. Procura-se abordar o meio emsua complexidade, como o meio emconstante transformação. É tambémcom base nisso que percebemos anecessidade de que a química sejamais contemplada ao longo do ensinofundamental.

O ensino de ciênciasna 4ª série

Na 4ª Série, na EFA, as criançassão iniciadas no currículo por área, istoé, ingressam formalmente no mundodas ciências. Ampliam-se as relaçõesentre “os o que, os como e os porquês”, intensificando-se a busca pornovas formas de explicação. Enfatiza-mos a identidade da 4ª série enquantoespaço-tempo em que a criançasistematiza e amplia seus conheci-mentos, ao mesmo tempo em quefundamenta aprendizagens desenvol-vidas no currículo por atividades, maiscentradas na instrumentalização parao saber, conforme Barcellos (1990).

As crianças sempre se mostramcuriosas em saber como é e comofunciona o mundo, e isso ajuda areforçar suas capacidades e suaautoconfiança durante o processo deaprendizagem. Embora elas se mos-trem propensas a desenvolver os pro-

• preparação, cocção e consumode alimentos na escola;

• desidratação de alimentos;• uso de condimentos — sal,

açúcar, vinagre — e água na conser-vação de alimentos;

• produção de leite de soja,iogurte, queijo, manteiga, compotas,conservas, doces, farinha de man-dioca, polvilho;

• coleta, classificação e estudo derótulos/embalagens de alimentosindustrializados, identificando e estu-dando os aditivos químicos, comelaboração de painéis.

Temos adotado estratégias instru-cionais que mobilizam os alunos nasistematização e ampliação dosconhecimentos, tais como uso de re-portagens, vídeos, elaboração depainéis, cartazes, poesias, históriasem quadrinhos, dramatizações, leiturae discussão de textos, produção detextos, relatos escritos sobre asatividades, preparação e apresen-tação de seminários, elaboração detrabalhos de pesquisa apresentadosem forma científica (capa, sumário,introdução, desenvolvimento, conclu-são e bibliografia), visitas, entrevistas.Cuidamos para que o aluno percebaas diversas etapas envolvidas em suasaprendizagens, dando atenção àmodalidade de organização nosestudos e investigações, em relaçãoaos conceitos centrais na série.

A química no ensino deciências na 4ª série

Paulo Freire (1987) alerta que nomundo escolar lemos palavras quecada vez menos se relacionam comnossas experiências concretas, sobreas quais não lemos, comentando quea escola silencia o mundo das expe-riências vividas ao ensinar a ler apenas

as palavras da es-cola e não as ‘pa-lavras do mundo’.Em nosso traba-lho, temos obser-vado o interesse ea naturalidade comque as crianças,

sem usar a palavra ‘química’, ingres-sam no estudo de ciências através deaprendizagens centradas nessa área.Tratam de forma atenta, interativa e

cessos de abstração e de reflexão,consideramos imprescindível o uso de

conhecimentospróximos, de ní-vel concreto ope-racional, comopontos de partidapara fazer outrasincursões e apli-

cações. O componente afetivo é bas-tante presente: época de segredos efantasias, de mistura de delicadezacom agressividade.

O tema amplo de estudos traba-lhado na 4ª série é alimentos e alimen-tação, enfocando o contexto próximo— o ar, a água, o solo, os ambientes,o bairro, o município — nas aborda-gens e construções. Dentre as ativi-dades desenvolvidas na série, desta-camos:

• levantamento dos alimentosconsumidos durante uma semana eclassificação (origem; sólido, líquido,gás; natural ou artificial);

• identificação em laboratório denutrientes em alimentos (proteínas,amido, açúcar, água, gordura, vitaminaC);

• investigações e estudos sobre oleite materno, enquanto alimentocompleto (bebês);

• estudo detalhado sobre cadanutriente e sobre os diversos gruposde alimentos;

• estudos sobre receitas, dietas ea qualidade alimentar;

• pesquisa sobre alimentos que sediz não poderem ser ingeridos juntose desmistificação de tabus alimen-tares;

• pesquisa sobre o preparo dealimentos no passado e comparaçãocom a preparação nos dias de hoje;

• visitas a indústrias de alimentos(artesanais, de grande porte), hortas,granjas, criação de ani-mais, abatedouros deanimais;

• criação de animaissob diferentes condiçõesde alimentação, explo-rando o valor nutricionaldos alimentos;

• coleta de informações junto apessoas, instituições e especialistassobre formas de preparação e consu-mo de alimentos;

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“A escola silencia omundo das experiênciasvividas ao ensinar a lerapenas as palavras da

escola e não as palavrasdo mundo”

Percebemos a 4ª sériecomo o espaço-tempo

em que a criançasistematiza e ampliaseus conhecimentos

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organizada as informações, os conteú-dos, as classificações, usando ade-quadamente os conceitos e as termi-nologias introduzidas. Sendo os estu-dos centrados na compreensão e nãona exigência de memorizações, ascrianças usam palavras e conceitosnovos em seus contextos próximos deação, e não encontram dificuldades aotrabalhar com textos densos deconteúdos, abordados em suas impli-cações com as vivências. Localizandopalavras-chave e idéias centrais, osalunos fazem incursões próprias daquímica e estabelecem as relaçõesesperadas de forma natural.

Dentre as palavras/conceitos dequímica intencionalmente utilizados,de forma natural, durante as falas eexplicações, destacamos por exemploa palavra ‘substância’, uma das maiscentrais em química porém muitasvezes introduzida tardiamente nasescolas. Referindo-se aos nutrientesnum alimento, uma criança diz: “é umaparte... uma das coisas que existemdentro do alimento. O nutriente éaquilo que tem no alimento.” Nessecontexto, cabe introduzir a palavrasubstância, mesmo sem defini-la demaneira completa ou formal. Explora-se o uso da palavra substância emmuitas situações como essa, em quese lida com “misturas de substâncias”,por exemplo quando se aborda eexplora a existência das diversaságuas (torneira, poço, rio, mar, águamineral, água poluída etc.).

O termo ‘ácido’, outro exemplo, temum contexto de uso na 4ª série, quandoas crianças se referem às frutas cítricas,de sabor azedo ou ácido; quandoexploram o efeito do limão ou do vinagre(ácidos) no leite, quando investigam eexplicam como o leite azeda ou coagulasob certas condições; quando explo-ram a ação de microorganismos queproduzem o ácido lático nas fermen-tações; quando exploram a produçãodo queijo, do iogurte; quando diferen-ciam entre o sabor azedo e o amargoem alimentos etc.

Noções simples como a de que‘identificamos’ cada material ousubstância reconhecendo suas pro-priedades, e que a ‘utilidade’ é semprerelacionada às propriedades de cada

material ou substância, são abordadascomo noções básicas em química. Aidéia de que é possível separar umamistura ao se considerarem as pro-priedades das subs-tâncias é exploradaquando se investi-gam, por exemplo, osprocessos de obten-ção da nata, do quei-jo, da manteiga.

Quando as crian-ças classificam os ali-mentos e outros materiais em ‘sólidos,líquidos ou gases’; de origem ‘animalou vegetal’; ‘naturais ou artificiais’, elastambém exploram o uso de idéiasbásicas em química. São abordadasmuitas ‘transformações’ envolvendoos materiais, as substâncias, a ener-gia, procurando-se enfatizar as inter-relações com situações conhecidas.A exploração do valor nutricional dosalimentos, agrupados em energéticos,construtores ou reguladores, abrangeestudos e aprendizagens intensas,bastante relacionados à química.

Na realização das atividades expe-rimentais, no laboratório, as criançasexercitam diversas técnicas de inves-tigação química. Na simples observa-ção da fervura do leite, por exemplo,discutem por que o leite derrama, aprodução do vapor de água, o engor-duramento da parede do tubo deensaio, e pequisam outros alimentosque derramam ao serem cozidos(arroz, massa, clara de ovo), explo-rando-se a hipótese de que se tratade um efeito sobre forças na superfícieda água. Investigam no laboratório apresença de nutrientes em diversosalimentos: proteína através da reaçãodo biureto, amido pelo teste do iodo,lactose através da reação de Benedict.Os alunos demonstram interesse eatuam de forma organizada, atentosàs observações, registros e discus-sões – sendo que nesta série não sãoabordadas as equações que repre-sentam as reações envolvidas. Emcada caso, as crianças investigam,familiarizando-se com os proce-dimentos, os materiais e os termos.

Ao utilizarem o papel indicador decloreto de cobalto para pesquisar apresença de água, por exemplo, pode-

se partir da problematização do usopopular do ‘galo do tempo’ para preverchuvas. Testam e se convencem deque é a umidade do ar que muda a

cor do galo. Inves-tigam a propriedadedo cloreto de cobalto,uma substância atéentão desconhecidapara eles. Testam ouso do papel indica-dor (em álcool, ace-tona, gasolina, vina-

gre, azeite e outros líquidos), passan-do a adotar o teste para pesquisar apresença de água. Podem observartambém a mudança na cor de outrasubstância, o sulfato de cobre, ao serdesidratado por aquecimento.

Chama a atenção o modo naturalcomo as crianças usam termos econceitos de química, mesmo sem oscompreenderem completamente. Elasusam palavras com um sentido singu-lar, válido para aqueles contextospróximos de interação, e não raroutilizam dicionário para ampliar ocontexto de uso das novas palavras.

Assim como na 4ª série, em muitasoutras situações de estudo, nas sériesseguintes, a aprendizagem abrangeamplas relações com a química. Naabordagem dos seguintes temas deestudo dá-se continuidade a essalinha de familiarização e de iniciaçãoem química. Na 8ª série, as apren-dizagens em química são aprofunda-das e ampliadas, consolidando-sealguns conceitos enquanto formasespecíficas de conhecer e de lidar como mundo.

Considerações finaisAo questionarmos o lugar da quí-

mica no ensino fundamental, estamosdirigindo a discussão aos professoresde química, na expectativa de que,com uma postura mais aberta, ve-nham a subsidiar aqueles que atuamnas séries mais iniciais, em busca deuma educação química mais ampla econtinuada, cientes de que a aprendi-gem, em cada série/nível, não se es-gota no imediatismo da série/nívelseguinte. Frisamos que, ao defender-mos uma abordagem da química na4ª série do ensino fundamental, consi-

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Chama a atenção o modonatural como as criançasusam termos e conceitos

de química, mesmo sem oscompreenderemcompletamente

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deramos o contexto de grande intera-ção das crianças nas realidades trazi-das e nas situa-ções criadas emsala de aula, pro-curando desen-volver linguagense conceitos bási-cos, sem privile-giar o uso dassimbologias, dosmodelos teóricose das formula-ções químicas.

Cabe ressaltar que a equipe deprofessores que atua na área deciências na EFA tem boa formação eexperiência de atuação em química(70% tem habilitação plena na área dequímica), e isto facilita a explicitaçãodos conceitos químicos e das suasrelações com eventos do cotidianodos alunos. Importa conferir visibilida-de ao fluxo das relações entre osconceitos no currículo. Aprender érelacionar: quanto mais se relaciona,mais se aprende de forma significativa.

Estamos atentas ao risco de seincorrer em deturpações de conceitoscomplexos. Alguns dos textos utiliza-dos são elaborados pelo professor, esão tomados cuidados especiais emrelação a isso. Muitas das palavras/idéias são introduzidas como meiosfacilitadores da aprendizagem, nasérie, não como uma mera antecipa-ção da química.

Diversas atividades são planejadase desenvolvidas em conjunto com ou-tras áreas, cada uma com sua inter-venção e colaboração, e os estudosse associam a outras temáticas abor-dadas, como a saúde, a energia, o

ambiente, a agricultura, a industria-lização, a modernização, a sociedade

e a tecnologia, dentre ou-tras. A área de estudos so-ciais centra seus estudosno município, por isso sãoinúmeras as atividades arti-culadas, na série. Fazem-seestudos sobre outros muni-cípios ou estados, exploran-do os rótulos e embalagensde alimentos coletados,onde consta o município deorigem.

A comunidade local é recurso efonte de informações para as diversastemáticas, utilizando-se reportagens,artigos de jornais, revistas, folhetos,boletins, vídeos e entrevistas, dentreoutras fontes. As inúmeras atividadessuscitam explicações diversas eabrangem amplo acesso a textos,livros, materiais didáticos audiovisuais,livros paradidáticos,visitas a instituições,entrevistas com es-pecialistas. As crian-ças coletam e socia-lizam informações nasala de aula, na bi-blioteca, na escola, em casa, na co-munidade, motivadas a explorar astemáticas em questão.

Percebe-se que a criança, ao serenvolvida em contextos de problema-tização e de interação, usa e modificasuas idéias/linguagem à medida quefaz tentativas de explicação das situa-ções, assim como quando ela apren-de a falar: ela identifica e nomeia, na-turalmente, o que existe em seu mun-do. Por exemplo, ao dizer “é plástico”ou “é vidro”, ela reconhece pro-

priedades típicas de cada material.Entendemos que a escola deve darcontinuidade a essa aprendizagem,desafiando e auxiliando a criança naexploração de seus contextos, embusca de novas compreensões.

Assim, ao invés de ‘ensinar’ teoriasou de ‘transmitir’ conteúdos prontosde química, procura-se criar condi-ções para que as crianças exercitemo uso de seus conhecimentos ediscutam em torno de suas ‘teoriasexplicativas’, na concorrência entreformas diversas de conhecimento.Temos nos preocupado em promoverestratégias instrucionais que propi-ciem a negociação entre idéias dosenso comum e idéias das ciênciasnas tentativas de explicação, e esta-mos atentas ao papel mediador doprofessor nesses processos de apren-der a aprender. Centramos a atençãonas formas do estudar, do conhecer,

do expressar, na pers-pectiva da significaçãodas aprendizagens de-senvolvidas através doprofessor e da escola.As crianças contamcada vez mais com a

parceria do professor, ao perseguiremestratégias dirigidas à ampliação eaprofundamento das explicações, mo-bilizando fontes de informação ecomunicação, dentro e fora da escola.

Lenir Basso Zanon é mestre em bioquímica doDepartamento de Biologia e Química da UniversidadeRegional do Noroeste do Estado do Rio Grande doSul (UNIJUÍ), Ijuí - RS.

Eliane Mai Palharini é licenciada em ciências eem pedagogia e professora da EFA (Escola de 1º e2º Graus Francisco de Assis), Ijuí - RS.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Aprendizagem Real N° 2, NOVEMBRO 1995

Para saber maisARAÚJO, M.C.P. e MALDANER, O.A.

A participação do professor na cons-trução do currículo escolar em Ciências.Espaços da Escola. Ijuí: UNIJUÍ, n. 3,18-28 ,1992.

BARCELLOS, Eronita S.(Coord.)Quarta série: identidade e função nocurrículo de primeiro grau. Ijuí: UNIJUÍ,1990.

BONADIMAN, H. e col. Ciências -

8ª série: proposta alternativa de ensino.3ª ed. Ijuí: UNIJUÍ, 1986.

CHASSOT, A.I. Para que(m) é útil onosso ensino de química. Espaços da Es-cola. Ijuí: UNIJUÍ, n. 5, p. 43-51, 1992.

FREIRE, P. Medo e ousadia: ocotidiano do professor. 2. ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1987.

MARIN, L.B. Uma proposta alterna-tiva para o ensino de ciências para a 4ªsérie do primeiro grau. Monografia.

UNIJUÍ, 1987.ZANON, L.B. A Investigação temá-

tica da realidade vivida e a construçãodo conhecimento no currículo escolar.Revista do Ensino. Secretaria do Estadodo RS, n. 181, p. 27-31, 1994.

__________. Uma experiência dedinamização curricular, com ênfase nasignificação do currículo praticado.Espaços da Escola. Ijuí: UNIJUÍ, n. 16,p. 63-74, 1995.

Aprender é relacionar:quanto mais se

relaciona, mais seaprende de forma

significativa

Assim como quandoaprende a falar e

nomeia o que a cerca, acriança modifica suasidéias/linguagem para

tentar explicar assituações apresentadas

em contextos deproblematização e

interação